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FICHAMENTO

BENEDICT, Ruth. Padrões de Cultura. Tradução: Alberto Candeias. Lisboa: livros do Brasil,
2013.

O antigo método de construção de uma história da cultura humana baseada em prova


arqueológica que tenta estabelecer conexões entre as diversas características culturais, atualmente,
perdeu grande parte da sua influência.
A arqueologia encontrou nos materiais e objetos colhidos informações sobre a vida social,
econômica, tecnologia, arte, religião entre outras categorias diversas, mas faltava a "cola" que
unificava todas essas categorias, daí surge a antropologia como método de análise.
O método antropológico, possibilitou unificar a história da cultura e da civilização,
influenciando a análise das culturas e, por isso, “trabalho com culturas vivas resultou num maior
interesse na totalidade de cada cultura". (BENEDICT, 2013, p.10 e 11).
Boas escreve que "devemos compreender o indivíduo vivendo na sua cultura e a cultura
vivida por indivíduos", desse modo, compreendemos que na contemporaneidade os traços culturais
devem ser compreendidos dentro de seu contexto, evidenciando que a abordagens que tomam
apenas uma categoria ou condição são insuficientes e conduzem a impressões distorcidas.
Boas escreve que "é preciso penetrar fundo no gênio da cultura", quer dizer, nas “atitudes
que controlam o comportamento individual e grupal" (p.11). Esse "gênio" é chamado por Benedict
de "configuração", um "enfoque que se ocupa da descoberta das atitudes fundamentais e não das
relações funcionais de todo elemento cultural".

Cap. I - A ciência do costume


A palavra antropologia tem origem no grego anthropos, "homem" e logos significa "razão",
"pensamento", "estudo". É portanto, uma ciência que estuda os seres humanos de forma ampla,
abrangendo o homem e a humanidade em todas as suas perspectivas. "concentra sua atenção nas
características físicas, nas técnicas industriais, nas convenções e nos valores que distinguem uma
comunidade de todas as outras que pertencem a uma tradição diferente." (p.13)
A antropologia está interessada no comportamento humano, nos costumes encontrados nas
diversas culturas, propondo também compreender como essas culturas mudam, se transformam e se
diferenciam de outras.
Compreendemos que o costume exerce papel preponderante na regulação comportamental
do indivíduo. Uma vez que o comportamento do indivíduo afeta o costume tradicional, o costume
sofre uma alteração, uma mudança, passando a aderir uma nova constituição.
Benedict afirma que no geral é dado pouca importância ao costume como fonte de estudos e
pesquisa, em virtude de considerarmos o costume "apenas um comportamento de mais extrema
banalidade" (p.13).
Contudo, Benedict nos chama atenção para aspectos ainda pouco explorados do costume que
é a concepção do costume como fator da experiência e da crença. Se tradicionalmente o costume é
um "conjunto de comportamento detalhado”, culturalmente, o costume são atos habituais que se
enraízam numa determinada sociedade e tornam-se a característica cultural de um povo.
Os costumes de uma sociedade moldam o indivíduo, sua experiência e comportamento
desde o seu nascimento e durante toda a vida adulta. Costumes estão nos hábitos e crenças da
cultura de um grupo, são esses hábitos que diferenciam e definem o indivíduo de modo que outro
indivíduo exterior a esse grupo não poderá
Benedict aponta a importância das crenças na história da humanidade para explicar nossas
realizações ou melhor, as realizações da nossa civilização. Claramente, a ciência transforma os
costumes que transformam a humanidade. A ciência delineia novos rumos para a sociedade e
institui marcos civilizatórios.
A civilização ocidental é a que mais se espalhou no mundo, mais do que qualquer outro
grupo. podemos observar que ela é, de certo modo, padronizada, com comportamentos humanos
dirigidos e crenças uniformizadas, especialmente com relação aos povos primitivos, que aceitaram
as imposições do homem branco e passaram a experienciar características dominantes, mas eles têm
consciência desse arranjo em suas vidas.
A disseminação da cultura ocidental trouxe consequências psicológicas, "poupou-nos (...) de
ter de levar a sério as civilizações de outros povos; (...) conferiu à nossa cultura uma maciça
universalidade" (p.16). As consequências materiais também afetaram a experiência e os costumes
da cultura, "prova de que essa é a motivação fundamental com que a natureza humana pode
contar"(p.16). O homem moderno fez desta tese um dos pontos cruciais no seu pensamento e no seu
comportamento prático, evidenciando a diferença de classe entre “o meu próprio” grupo fechado e o
de fora.
Essa distinção dualística também é percebida em detrimento da religião, quando tomam
Deus como a única e aceitável verdade e tudo o que não se assemelha a esse pensamento é posto de
lado. Era, portanto, impensável igualar os pensamento, comportamento, visto que não
intencionavam compreender a religião, assim como tantos outros traços humanos.
"A religião já não é o campo onde se travam batalhas importantes na vida moderna?" (p.16).
Dito isto, Benedict nos chama atenção para o fato de que na história da humanidade a questão
religiosa permeou as grandes disputas e conduziu pensamentos e comportamentos.
O estudo do costume no campo da antropologia cultural é algo tardio e de pouco interesse,
dado que os teóricos sociais concebiam o costume como componente de pouca potência, por se
tratar da própria essência do pensamento deles. Na prática, o costume institucionaliza nossa cultura,
normatizando-a e padronizando comportamentos.
"O estudo de diferentes culturas tem outra relação importante com o pensamento e o
comportamento atuais”. (p.18) A ideia presente na fala de Ruth deixa claro que o contato e as trocas
entre culturas contribuíram para certos comportamentos condicionados, predominando neles o
"nacionalismo e o esnobismo racial" (p.18), daí a "necessidade de pessoas realmente cientes do
aspecto cultural, capazes de ver o comportamento socialmente condicionado de outros povos de
maneira objetiva" (p.18).
Benedict nos chama a pensar sobre "o desprezo pelo estrangeiro", uma condição costumeira
da época para solucionar a mistura ou "contato entre raças e nacionalidades".
"Reconhecer o fundamento cultural do preconceito racial é uma necessidade premente na
civilização ocidental da atualidade". (p.19) A fim de pensarmos sobre os costumes culturais em face
do preconceito, a autora compreende que o primeiro passo para a reflexão é compreender a
necessidade de discussão sobre o tema no âmbito da cultura, onde encontra-se arraigado em nossa
civilização. A partir disso, introduz como método de análise a antropologia que trata o tema sob 2
aspectos: a natureza da cultura e a natureza da herança.
A partir de vários exemplos que colocam em destaque a diferença cultural do homem, a
autora conclui que "a cultura não é um conjunto de se transmita biologicamente" (p.21).
Assim sendo, a cultura tem sua base "na capacidade original do ser humano" de (re)criar e
adaptar-se às situações diversas.
A fim de esclarecer as formas e processos culturais na sociedade atual, devemos nos deter ao
material das sociedades primitivas, "que tenham a menor relação histórica possível" (p.23) com
outras sociedades. Visto que as culturas primitivas são hoje (...) laboratório onde podemos estudar a
diversidade de instituições humanas. Em razão de seu relativo isolamento (...) tiveram séculos para
elaborar as características culturais que lhes são próprias" (p.23).
“Uma vez que nos vemos forçados a acreditar que a raça do homem é uma única espécie (...)
Nada justifica que se identifique um determinado costume primitivo contemporâneo com o
comportamento humano original” (p.23-24). Apesar de costumeiramente acreditarmos que a raça
humana é uma espécie única, nada justifica que o homem contemporâneo identifique um
determinado costume como o comportamento humano original.
O uso dos costumes primitivos para estabelecer a origem do homem é uma suposição, sem
qualquer prova fundada na materialidade. Portanto, Benedict acredita que o estudo de sociedade
primitivas se faz importante não pelo viés romântico da preservação e sim
[...] porque elas fornecem material exemplificativo para o estudo de formas e
processos culturais. Eles nos ajudam a distinguir as respostas que são próprias de
tipos culturais (...) comuns ao gênero humano. Além disso, eles nos ajudam a
avaliar e compreender o papel de enorme importância desempenhado pelo
comportamento culturalmente condicionado (BENEDICT, 2013, p. 25).

Cap.. II - A diversidade de culturas

Mitologia indígena, explicando a vida do homem. A história do ancião indígena nos permite
compreender que o povo dele antes do contato com outras culturas tinham seus valores, princípios,
tradições e um sistema social que funcionava bem. Com o contato branco as coisas que antes
consideravam importantes se perderam e "com elas a forma e o sentido dessa vida" também
sumiram. (p.26).
“Na civilização ocidental nossas experiências têm sido diferentes. Somos criados numa
única cultura cosmopolita e nossas ciências sociais, nossa psicologia e nossa teologia ignoram
teimosamente a verdade expressa” (p.27).
“Acontece na vida cultural do mesmo modo que na fala: a seleção é a necessidade
primordial (...) cada língua tem de fazer a sua seleção e sujeitar-se a ela” (p. 27). A língua assim
como a cultura são passíveis de transformação, assim, se adapta a fim de se fazer entendível aos que
estão nessa inter-relação.
A autora coloca em evidência os ritos de passagem da adolescência para a vida adulta.
Afirmando sua importância em todas as culturas, e ainda destaca que "as cerimônias ressaltam um
fato social: as prerrogativas de adulto dos homens são mais amplas do que as das mulheres, em
todas as culturas" (p. 29) Contudo, é sabido, e a própria Ruth afirmar isso, que existem sociedade
onde os ritos são equivalentes para homens e mulheres "ainda que, em razão do papel dominante do
homem na cultura, seu período de treinamento na adolescência seja objeto de maior ênfase que o da
mulher"(p.30).
E há ainda culturas onde o rito de passagem da mulher é visto como oportunidade de
doutrinação e submissão, onde elas são separadas de seu seio familiar e passam a viver em espécie
de enclausuramento a fim de receber as lições para ser uma boa esposa. Há ritos de mutilação
genital e até o isolamento e abandono da menina que agora é mulher, ao passo que nessas
sociedades, elas tornam-se impuras a partir do 1 ciclo menstrual. Portanto, "ritos de puberdade para
moças fundamentam-se em crenças relacionadas à menstruação, os ritos não se aplicam aos rapazes,
cuja puberdade é apenas levemente ressaltada com simples provas de masculinidade" (p. 31)
"A guerra é outra questão social que pode ou não ser utilizada em uma determinada
cultura."(p. 32) A guerra pode ter diferentes fins conforme a sociedade ou cultura onde se instala.
Pode ser para sacrifícios religiosos como no caso dos astecas; para estabelecer a soberania de um
povo ou de um indivíduo sobre outro e etc.
A luta armada não é um caso isolado. Em todos os cantos do mundo e todos os níveis de
complexidade cultural há exemplos de elaboração arrogante e frequentemente insocial de um traço
cultural" (p. 32). A exemplo disso Benedict cita a "organização social", onde o costume e as
tradições vão ao encontro dos impulsos biológicos, como é o caso do casamento. Inúmeras
sociedades apontam proibições quanto a esse assunto, argumentando sobre as proibições fatores
religiosos, econômicos, sociais e biológicos entre outros. As causas mudam, "todas as sociedades
humanas coincidem em impor alguma restrição" (p. 33)

As sociedades sempre têm justificado suas formas tradicionais preferidas. Quando


estes traços ficam fora de controle e se recorre a algum tipo de comportamento
suplementar, a forma tradicional passa a ser exaltada imediatamente, como se o
comportamento suplementar não existisse. (BENEDICT, 2013, p. 35)

Os dilemas culturais nas sociedades atuais justificam sua escolha pelas formas tradicionais
que podem ser mais bem controladas. Cada cultura e cada época exploram apenas algumas
possibilidades de padronização cultural.
O que a autora propõe é a tomada de consciência e tolerância quanto as diferenças culturais,
posto que nenhuma sociedade é igual, pois na verdade, a complexidade cultural existente favorece a
recepção de novos padrões e motiva suas transformações. Chama atenção para a clareza do
processo visto que generalizar ou padronizar traços culturais equivaleria a instituir uma "lei
sociológica ou um fenômeno universal"
"Precisamos ser capazes de analisar traços da nossa cultura considerando suas diversas
partes. Nossa análise (...) ganharia clareza se aprendêssemos a compreender (...) complexidade dos
nossos comportamentos". (p. 40) As questões sociais são fatores que determinam uma cultura. e
compreendê-los requer de nós um esforço e abertura a fim de separar o que é de ordem biológica do
preconceito condicionado, especialmente introduzidos pelos povos anglo-saxões.
" (...) a história da cultura é, em grande parte, uma história da natureza, do destino e das
associações desses traços. Todavia, o vínculo genético que vemos com facilidade num traço
complexo e nossa aversão a qualquer alteração de suas inter-relações são em grande medida
ilusórios”. (p. 40) Benedict encerra sua discussão sobre as questões sociais como fatores
determinantes da cultura de um povo, afirmando que a história da cultura tem sua base na natureza,
contudo o vínculo genético que é usado para definir traços estéticos são enganosos. A cultura e as
ordens sociais se erguem das inter-relações e suas vastas combinações de fatores sociais como
religião, costumes, crenças, comportamentos, sistema financeiro etc.
Cáp. III - A integração da cultura

"Um campo do comportamento humano pode ser ignorado em algumas sociedades (...), Mas
ele também pode monopolizar todo o comportamento organizado da sociedade(...) Traços sem
relação intrínseca um com outro e historicamente independentes combinam-se e se tornam
indissociáveis. (...) Por consequência, as normas quanto a todo e qualquer aspecto do
comportamento variam, em diferentes culturas, entre o extremo positivo e o negativo"(p. 41)
Quanto à integração da cultura, Benedict afirma que em se tratando do campo do
comportamento humano esse também é visto sob diferentes óticas dependendo da sociedade em
voga. Determinados comportamentos de senso comum, por exemplo, pedem numa sociedade
determinada ser positivo, aceitável e até louvável em outro grupo social podem ser pecado, crime e
até uma conduta abominável. Portanto, temos sociedades diversas e padrões de cultura variáveis de
acordo com os costumes e outros fatores sociais que regem o equilíbrio sociocultural de um povo.
" (...) uma cultura é um padrão de pensamento e ação mais ou menos coerente. Em cada
cultura surgem propósitos característicos não necessariamente compartilhados por outros tipos de
sociedade" (p. 42) O que vem reforçar que o comportamento cultural é variável e não se extingue
dado a uma compreensão local, ele passa a ser integrado à outros padrões de cultura. Desse modo, o
comportamento cultural é algo moldável a partir da experiência de cada povo que passa a adotar
certos preceitos motivados por questões emocionais e intelectuais dessa sociedade.
"Entre os possíveis traços existentes nas regiões circundantes, o propósito escolhe aqueles
que pode usar, descarta os que não pode utilizar e modifica outros de acordo com suas
necessidades." (p. 42) É possível perceber pela fala de Benedict a constante interação da cultura,
como um organismo vivo que se adequa e transforma para "sobreviver", e isso é algo natural,
ocorrendo, muitas vezes de forma inconsciente. Esse processo inicializa os "padrões de
comportamento humano".
Já compreendemos que os comportamentos culturais se integram por meio da interação com
uma variedade de condutais e costumes. Nesse sentido, a antropologia tem se dedicado a estudar os
traços culturais e não à cultura em si, de forma geral ou agrupada.
O papel do traço cultural na análise antropológica diz respeito a discussões em torno do de
um determinado aspecto numa sociedade/grupo determinado. Visto que "Se o que nos interessa é o
processo cultural, o único modo de conhecermos o significado do detalhe de comportamento
escolhido é no contexto dos motivos, emoções e valores institucionalizados nessa cultura."(p. 43)
Para corroborar com essa ideia Benedict cita os estudos de Malinowiski, que insistiu na
necessidade dos estudos funcionais ou de traços culturais no contexto vivo e não em análises frias
de organismos dissecados.
Desse modo, os antropólogos começam a estudar as culturas primitivas - no plural - dando
importância a análise ou estudo como um todo, ou seja, comparando aspectos de determinadas
culturas e identificando padrões clássicos que antes não apareciam, exemplo disso pode ser visto
nos estudos da escola de Struktur e em especial com Wihelm Ster, comparando a arte desenvolvida
em 2 períodos: o grego e o bizantino.
Essa ideia de que para se compreender as partes, é preciso, antes, compreender o todo
influenciou a "era Gestalt" e toda uma gama de concepções em torno processo de dar forma, de
configurar o que é colocado diante dos olhos, ou seja, tornar mais explícito o que está implícito.
A autora usa a pesquisa e proposições de Oswald Spengeler sobre o ciclo das civilizações
que para ele " toda civilização tem sua juventude viçosa, sua virilidade vigorosa e sua senectude
desintegradora."(p. 46) Para Spengeler a civilização está sujeita a 2 tipos de destino:
• Apolíneo - concebe o homem sem vontade própria, que vive num universo ordenado, sem
expressão de sua personalidade autêntica e ele vive a vida sob a ameaça de uma catástrofe.
O que lhe acontece pode acontecer de igual maneira a outra pessoa.
• Faústico - o homem que se faz, sua vida individual é resultado de seu desenvolvimento
interior, de suas escolhas e experiência.
Essa visão fáustica e apolínea do mundo são interpretações que Benedict se apropria para
explicar que "A civilização do mundo clássico foi construída com base na visão apolínea da vida, ao
passo que o mundo moderno vem realizando as implicações da visão fáustica em todas as suas
instituições" (p. 46).
Contudo a autora adverte que "Embora a argumentação de Spengler sobre o homem fáustico
seja muito sugestiva (...) e por mais justa que seja a sua ênfase na relatividade dos valores, a sua
análise não pode ser definitiva porque é possível delinear outras descrições" (p. 47).
Para Benedict "o estudo de povos mais simples é a maneira de se compreender melhor o
problema da formação dos padrões de hábito das pessoas sob a influência do costume
tradicional"(48). Mas isso não significa dizer que as descobertas realizadas no estudo são aplicáveis
somente a civilizações antigas, visto que as configurações culturais são importantes e potentes em
sociedade mais avançadas e complexas como a que vivemos hoje.

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