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Ministério uma questão de Identidade

Lucas 4:1-14
E ensinava nas suas sinagogas, e por todos era louvado.
E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na
sinagoga, e levantou-se para ler.
Lucas 4:15,16
E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do
reino de Deus,
E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no
evangelho.
E, andando junto do mar da Galiléia, viu Simão, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao
mar, pois eram pescadores.
E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens.
Marcos 1:14-17
E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e
Naftali;
Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz:
A terra de Zebulom, e a terra de Naftali, Junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galiléia
das nações;
O povo, que estava assentado em trevas, Viu uma grande luz; aos que estavam assentados na
região e sombra da morte,A luz raiou.
Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos
céus.
Mateus 4:13-17
E aconteceu naqueles dias que Jesus, tendo ido de Nazaré da Galiléia, foi batizado por João, no
Jordão.
E, logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito, que como pomba descia sobre ele.
E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo.

Marcos 1:9-11
E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de
Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.
E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.

Mateus 3:16,17
E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o
céu se abriu;
E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do
céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.

Lucas 3:21,22
Contextualizando nossa passagem:
1- Em todos os evangelhos antes de ser tentado Jesus é chamado ´´Filho amado de
Deus``. Assim a IDENTIDADE de Jesus é ressaltada.( Mc.1:9-11; Mt.3:16-17; Lc. 3:21-
22)
2- Depois de ser tentado, os evangelistas situam Jesus em situações diferentes.
 Em Marcos, Jesus começa a pregar o Evangelho e a separar trabalhadores para sua
Seara; Mc.1:14-17
 Em Mateus, a ênfase do início do ministério de Jesus, diz respeito ao lugar onde A
Profecia bíblica o direciona a pregar a mensagem do Reino; Mt.4:13-17
 Em Lucas, Jesus começa seu ministério enfatizando o ensino. Lc.4;15-16

3- Durante as tentações houve uma padronização entre elas: Cada uma delas tem como
base passagens bíblicas. Descontextualizadas, mas passagens bíblicas.
Embora sendo diferentes aspectos, os três evangelistas ressaltam o ministério, o trabalho
de Jesus.
Entre a manifestação da identidade de Jesus e início oficial de seu ministério, temos a
tentação de Jesus.
Assim, a pergunta hermenêutica que é ressaltada dentro do contexto da tentação é:
Permanececeremos fiéis a identidade de Cristo em Nós (Filhos amados de Deus), ao
exercitarmos o ministério para o qual fomos chamados?
Como saberemos a resposta a esta pergunta?
Se entendermos que o nosso chamado, o nosso ministério nos conduz para sermos
completamente irrelevantes, a luz do caminho descendente de Jesus e assim
estarmos neste mundo sem nada a oferecer a não ser a nossa própria pessoa
vulnerável.
Como isto é possível?
Prestando atenção a tentação de Jesus.

A Tentação de ser auto suficiente

A primeira tentação de Jesus era para ser auto suficiente, egoísta:

Quando Satanás manipulou o texto bíblico e disse para Jesus , transformar pedras em pães estava
querendo manchar a identidade de Jesus como Filho Amado de Deus através de um
comportamento egoísta, auto suficiente de transformar pedras em pães, Mas Jesus se apegou a
sua missão de proclamar a Palavra. Ele percebeu que a tentação diabólica queria que Ele usasse
seus poderes de modo egoísta, para seu próprio benefício. Cristo poderia ter operado um milagre
em Seu próprio benefício e mostrar que era independente, mas é isto precisamente o que sempre
Ele se negou a fazer. A auto suficiência egoísmo individualismo.
A Tentação de SER ESPETACULAR

A segunda tentação à qual Jesus foi exposto foi precisamente a tentação de fazer algo
espetacular, algo que pudesse render-lhe grandes aplausos. "Atira-te do pináculo do templo e deixa
que os anjos te segurem e te carreguem em seus braços". Mas Jesus recusou-se a ser um super-
homem. Ele não veio para se mostrar. Ele não veio para caminhar sobre brasas incandescentes,
para engolir fogo ou para colocar a sua mão na boca do leão para demonstrar o grande valor do
que tinha a dizer.
Em algumas ocasiões, os evangelistas afirmam que Jesus ficou famoso devido os sinais que
realizava no meio do povo. Jesus não buscava a fama e/ou prestígio social, mas a autenticidade
de seus sinais levava as pessoas a acreditar que ele era, de fato, o Messias prometido pelos
profetas. Durante toda a sua vida, foi tentado a abandonar o projeto do Pai para enveredar-se no
caminho do prestígio. Ele tinha de tudo para se tornar um homem extraordinariamente famoso e
influente, capaz de tomar para si o poder imperial.

O Evangelho mostra, claramente, que Jesus optou por outro caminho, escolheu o lugar dos
últimos: “Mas Jesus percebeu que iam pegá-lo para fazê-lo rei. Então ele se retirou sozinho, de
novo, para a montanha” (Jo 6, 15). Jesus fugiu de toda mania de grandeza, prestígio,
autoglorificação, elogios etc. Sua missão era permanecer junto dos desprestigiados, dos
esquecidos, dos mal afamados.

Quando você olha a igreja de hoje, é fácil ver o predomínio do individualismo espetacular entre
ministros e líderes.

Pode-se dizer que a maioria de nós se sente como um trapezista fracassado, que não tinha poder
para atrair multidões, que não conseguia promover muitas conversões, não tinha o talento para
criar belos programas, não era tão popular entre os jovens, os adultos ou os idosos como esperava,
e que não era tão capaz de atender às necessidades do povo como queria.

Ao mesmo tempo, a maioria sente que deveria ter sido capaz de fazer tudo isto, e de fazê-lo com
sucesso. A ambição de ser uma estrela ou herói individual, que é tão comum na nossa sociedade
competitiva, também não é um sentimento estranho na igreja. Nela também a imagem dominante
é aquela do homem ou mulher que conseguiu o sucesso sem a ajuda de ninguém, ou daquele que
pode fazer tudo sozinho.

A Tentação de SER PODEROSO

Todos sabem qual foi a terceira tentação de Jesus. Foi a tentação do poder. "Eu te darei todos
os reinos deste mundo e a sua glória", o diabo disse a Jesus.
A tentação do poder é a pior de todas as tentações, porque suas conseqüências são mais
desastrosas na vida do ser humano. Uma pessoa dominada pelo poder torna-se um demônio
encarnado! Quando contaminado pelo vírus do poder, a pessoa é capaz de cometer as piores
atrocidades para consegui-lo e para manter-se nele. A luta pelo poder tem causado muitas
perseguições e mortes no mundo.

O poder pressupõe a manipulação e o controle do outro. Cria-se um regime de alienação e


opressão. As piores opressões que existem são promovidas pelo poder religioso, pois se trata de
opressão ora sutil, ora explícita em nome de Deus. A alienação e opressão religiosas conseguem
controlar mais o ser humano, porque o espírito religioso lhe explora mais intimamente.
Uma das maiores ironias da história do cristianismo é que os seus líderes constantemente caíram
ante a tentação do poder - poder político, poder militar, poder econômico, ou poder moral e espiritual
- muito embora continuassem a falar no nome de Jesus, que não se apegou ao seu poder divino,
mas esvaziou-se a si mesmo e tornou-se como um de nós.

A tentação de considerar o poder um instrumento apto para a proclamação do Evangelho é a maior


de todas. Estamos sempre ouvindo de outros, e dizendo a nós mesmos, que ter poder (desde que
o usemos no serviço de Deus e em favor dos seres humanos) é uma boa coisa.)

Era com ESTE RACIOCÍNIO que cruzadas foram realizadas; inquisições foram instituídas; índios
foram escravizados; posições de grande influência foram cobiçadas; palácios pastorais, catedrais
esplêndidas e opulentos seminários foram construídos; e muita manipulação de consciência foi
usada.

Toda vez que vemos uma grande crise na história da igreja, notamos que a maior causa da divisão
é sempre o poder exercido por aqueles que dizem ser seguidores do pobre e despojado Jesus.

O que torna a tentação do poder aparentemente tão irresistível?


Talvez porque o poder ofereça um fácil substituto para a difícil tarefa de amar...

Parece mais fácil ser Deus do que amar a Deus, mais fácil controlar as pessoas do que amá-las,
mais fácil ser dono da vida do que amar a vida.
Os mesmos pecados que encontramos nas relações de poder entre seculares acontecem, quase
que igualmente, no mundo religioso. A ambição, o desejo e o apego ao poder são os mesmos. O
que está em jogo é o poder e quem for politicamente fraco não consegue nada. Uma vez cristalizada
e quase que intocável, a hierarquia é lugar desejado por muitos homens.

O perigo do poder é que o mesmo gera apego e desserviço, ou seja, uma vez apegada ao poder,
a pessoa não quer servir, mas ser servida por aqueles que lhe são inferiores. Quando a autoridade
constituída não coloca o poder a serviço, cai na tentação de usá-lo para alienar e oprimir. O
verdadeiro discípulo de Jesus de Nazaré é aquele que procura servir até as últimas consequências.
Jesus serviu a todos durante toda a sua vida e na morte de Cruz demonstrou amor e compaixão
até para com seus algozes (cf. Lc 23, 34).

Para ser verdadeiro discípulo de Jesus de Nazaré, o cristão precisa permanecer em estado de
vigilância. “Vigiai e orai, para não cair na tentação! Porque o espírito está pronto para resistir, mas
a carne é fraca”, disse Jesus (Mc 14, 38). Vigiar significa permanecer acordado, estar de olhos
abertos para enxergar o perigo. Quem vigia e ora nunca é pego de surpresa e dificilmente cai na
tentação.
As três tentações na vida da Igreja

Estas três tentações estão presentes na vida da Igreja?


 Quando a igreja transforma todos os bens desta vida em benefícios a si mesma, ela está
sendo egoísta?
 Ao aparecer, não somente aparecer, mas ao destacar sua aparição como Salvadora da
Pátria, como Taumaturgo dos desesperados, Benemérita das obras ostentosas, não está a
igreja se mostrando espetacular?
 Quando enfatizamos que sem dinheiro, coligação política, networking, não podemos
alcançar nossos muitos objetivos como igreja. Não estamos manifestando que estamos
cedendo a tentação do Poder?

A igreja cristã, no seu início, precisou estar consciente de que caso ela não manifestasse a
Identidade de Cristo em meio as sociedades judaica e greco-romana, ela não teria a companhia
de Jesus. Como seria então a identidade de Jesus? Uma identidade de compaixão, de
caminho descendente e total dependência de Deus.
Situando

1.1 Marcos 1,12-13 mostra como a Boa-nova foi testada na hora da tentação de Jesus no deserto
(Marcos 1,12-13). Jesus, com a força do Espírito do Deus da vida, recebida no Batismo (Marcos
1,9-11), começa a derrotar as forças de Satanás, as forças da morte.

1.2 Agora, aparece o resultado da longa preparação: Jesus anuncia a Boa-nova


publicamente ao povo (Marcos 1,14-15).

Comentando

2.1 Marcos 1,12-13: A Boa-nova é testada e provada no deserto

Depois do batismo, o Espírito de Deus toma conta de Jesus e o empurra para o deserto, onde ele
se prepara para a missão (Marcos 1,12-13). Marcos diz que Jesus esteve no deserto 40 dias e
que foi tentado por Satanás. Em Mateus 4,1-11 se explicita a tentação: tentação do pão, tentação
do prestígio, tentação do poder. Foram as três tentações que derrubaram o povo no deserto,
depois da saída do Egito (Deuteronômio 8,3; 6,16; 6,13). Tentação é tudo aquilo que afasta
alguém do caminho de Deus. Orientando-se pela Palavra de Deus, Jesus enfrentava as
tentações e não se deixava desviar (Mateus 4,4.7.10). Ele é igual a nós em tudo, até nas
tentações, menos no pecado (Hebreus 4,15). Inserido no meio dos pobres e unido ao Pai pela
oração, fiel a ambos, ele resistia e seguia pelo caminho do Messias-Servidor, o caminho do
serviço a Deus e ao povo (Mateus 20,28).

2.2 Marcos 1,14: Jesus inicia o anúncio da Boa-nova de Deus

Marcos dá a entender que, enquanto Jesus se preparava no deserto, João Batista havia sido
preso pelo rei Herodes. Diz o texto: Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia
proclamando a Boa-nova de Deus. A prisão de João Batista não assustou Jesus! Pelo contrário!
Ele viu nela um sinal da chegada do Reino. Hoje, os fatos da política e da polícia também influem
no anúncio que nós fazemos da Boa-nova ao povo.

Marcos diz que Jesus proclamava a Boa-nova de Deus. Pois Deus é a maior Boa Notícia para a
vida humana. Ele responde à aspiração mais profunda do nosso coração.
2.3 Marcos 1,15: O resumo da Boa Notícia de Deus

O anúncio da Boa-nova de Deus tem quatro pontos: (a) Esgotou-se o pra¬zo! (b) O Reino
de Deus chegou! (c) Mudem de vida! (d) Acreditem nessa Boa Notícia! (Marcos 1,14-15). Esses
quatro pontos são um resumo de toda a pregação de Jesus. Cada um deles tem um significado
importante:

1. Esgotou-se o prazo! Para os outros judeus, o prazo ainda não tinha se esgotado. Faltava muito para o
Reino chegar. Para os fariseus, por exemplo, o Reino só chegaria quando a observância da Lei fosse
perfeita. Para os essênios, quando o país fosse purificado ou quando eles tivessem o domínio sobre o
país. Jesus pensa de modo diferente. Ele tem outra maneira de ler os fatos. Diz que o prazo já se
esgotou.
2. O Reino de Deus chegou! Para os fariseus e os essênios, a chegada do Reino dependia do esforço deles.
Só chegaria depois que eles tivessem rea-lizado a sua parte, a saber, observar toda a lei, purificar todo o
país. Jesus diz o contrário: “O Reino chegou!” Já estava aí! Independentemente do esforço feito! Quando
Jesus diz “O Reino chegou!”, ele não quer dizer que o Reino estava che¬gando só naquele momento, mas
sim que já estava aí. Aquilo que todos espera¬vam já estava presente no meio do povo, e eles não o
sabiam nem o percebiam (cf. Lucas 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um olhar
diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo que Jesus vai revelar e anunciar aos
pobres da sua terra. É esta a semente do Reino que vai receber a chuva da sua palavra e o calor do seu
amor.
3. Mudem de vida! Alguns traduzem Fazei penitência. Outros, Conver¬tei-vos ou Arrependei-vos. O sentido
exato é mudar o modo de pensar e de viver. Para poder perceber essa presença do Reino, a pessoa terá
que começar a pen¬sar, a viver e a agir de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar outra
forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo do ensino dos fariseus e permitir que a nova
experiência de Deus invada sua vida e lhe dê olhos novos para ler e entender os fatos.
4. Acreditem nessa Boa Notícia! Não era fácil aceitar a mensagem. Não é fácil você começar a pensar de
forma diferente de tudo que aprendeu, desde pequeno. Isto só é possível através de um ato de fé. Quando
alguém traz uma notícia diferente, difícil de ser aceita, você só aceita se a pessoa que traz a notícia for de
confiança. Aí, você dirá aos outros: “Pode aceitar! Eu conheço a pessoa! Ela não engana, não. É de
confiança. Fala a verdade!” Jesus é de confiança!

Preparo-me para a Leitura orante, invocando a Santíssima Trindade:


Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e atuante na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.

1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Tomo contato com o texto de hoje, lendo-o, na Bíblia, em Mt 4,1-11.
Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito, para ser posto à prova pelo diabo. Ele jejuou durante
quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome. O tentador aproximou-se e disse-lhe: "Se és Filho
de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!" Ele respondeu: "Está escrito: 'Não se
vive somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus'". Então, o diabo o levou à Cidade
Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe: "Se és Filho de Deus, joga-te daqui
abaixo! Pois está escrito: 'Ele dará ordens a seus anjos a teu respeito, e eles te carregarão nas mãos,
para que não tropeces em alguma pedra'". Jesus lhe respondeu: "Também está escrito: 'Não porás
à prova o Senhor teu Deus'!" O diabo o levou ainda para uma montanha muito alta. Mostrou-lhe todos
os reinos do mundo e sua riqueza, e lhe disse: "Eu te darei tudo isso, se caíres de joelhos para me
adorar". Jesus lhe disse: "Vai embora, Satanás, pois está escrito: 'Adorarás o Senhor, teu Deus, e só
a ele prestarás culto'". Por fim, o diabo o deixou, e os anjos se aproximaram para servi-lo.O texto
apresenta duas partes: as tentações de Jesus e o início de sua evangelização. Inicia dizendo que o Espírito
conduziu Jesus fosse para o deserto. Todos os três evangelistas (Mateus, Lucas e Marcos) têm como
principal autor desse retiro no deserto o Espírito.
Jesus vai para o deserto. Deserto significa lugar desabitado, solitário, desamparado, abandonado. No
sentido bíblico, deserto era terra da aridez, símbolo da privação de chuva e de fertilidade. É o lugar da
purificação e da pobreza.
No deserto Jesus ficou quarenta dias. Este número recorda os quarenta anos do Povo de Deus no deserto,
rumo à libertação. Foram quarenta dias em que Moisés permaneceu no alto do Horeb diante de Deus. para
receber as tábuas da lei (Dt 9,9).
Sendo tentado pelo diabo, diz o Evangelho. As tentações de Jesus eram para desviá-lo de sua missão
messiânica.
E os anjos foram servi-lo. O evangelho apresenta prova segura da existência dos anjos, não como
mensageiros, mas como seres que servem.

2. Meditação(Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Conversão. Eis o ponto central da Boa-Nova de Jesus. Devo renovar minhas idéias sobre o Reino. O anúncio
de Jesus me chama à conversão que é colocar Deus em primeiro lugar na minha vida. Tudo o mais me será
dado por acréscimo: pão e o necessário para viver.
Agora, num instante de silêncio, verifico se Deus tem o primeiro lugar na minha vida ou se devo me converter,
em vista desta prioridade.

Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4, 4).

Neste I Domingo da Quaresma, o Evangelho fala das três tentações de Jesus (cf. Mt 4, 1 – 11). Neste texto,
encontramos Jesus sendo conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, onde foi tentado pelo diabo. Este significa as
forças de divisão que há em nós e no mundo no qual vivemos. Nossa reflexão quer pensar e meditar as seguintes
questões: O que são as tentações e por que nelas caímos? O que é o pecado e por que pecamos? Como Jesus venceu as
tentações e como devemos vencer as nossas? Quais as tentações que nos desviam do caminho de Jesus e quebram
nossa fidelidade ao projeto de Deus?

Desde o início, todos pecaram

A primeira leitura da Liturgia da Palavra deste Domingo (cf. Gn 2, 7 – 9; 3, 1 – 7) fala da criação do homem e da
mulher à imagem e semelhança de Deus, assim como da desobediência deste primeiro casal. A narração coloca a
“árvore do conhecimento do bem e do mal” no centro do jardim. O fruto desta árvore era proibido e, justamente por
isso, instigado pela serpente (símbolo do mal), o casal atraído pela vontade de conhecer, resolve comer do fruto
proibido. Isto é o que nos diz a letra do texto.

A exegese bíblica feita por Carlos Mesters, o maior biblista vivo da Igreja no Brasil, é de extraordinário valor para
compreendermos bem este relato, mas já que nossa tentativa é de tirarmos uma mensagem breve do texto
(hermenêutica) e não fazermos análise exegética do mesmo, então, queremos, juntamente com o citado biblista,
destacar três aspectos e/ou verdades hermenêuticas que transparecem no texto: 1) Deus é bom e criou todas as coisas
boas; 2) O homem é livre para obedecer ou não a Deus e 3) O Paraíso terrestre é uma possibilidade real.

Nós cremos que Deus é bom, pois como nos fala o apóstolo João: “Deus é amor” (1 Jo 4, 8). Por ser Deus plenamente
amor, Ele é também perfeito. Assim, não podemos afirmar que Deus seja o autor do mal, pois o amor e a perfeição não
dão origem ao mal. Longe de querer ser um relato realista, o relato da criação chama-nos a atenção para a bondade
divina que criou todas as coisas boas para o nosso bem. A mulher e o homem foram criados para viverem em plena
comunhão com Deus, participando da vida divina, portanto, livres do pecado e a morte.
O ser humano foi criado na liberdade e para a liberdade. Deus concedeu-lhe a liberdade de escutá-lo e obedecê-lo ou
não. A presença simbólica do fruto proibido e da serpente mostra que há possibilidade para se desviar do projeto
pensado por Deus. Abusando da liberdade concedida, a mulher e o homem resolvem optar por conhecer outra
realidade oposta ao projeto de Deus e passaram, assim, a experimentar o pecado e a morte.

Deus não criou o pecado e a morte para o ser humano, mas a vida eterna. Em outras palavras, o ser humano não foi
criado para sofrer e morrer, mas para viver, eternamente, em comunhão com a fonte da vida, que é o próprio Deus.
Esta comunhão plena com a fonte da vida e esta realidade sem pecado e morte denominamos Reino de Deus. Este
Reino é a possibilidade real do Paraíso terrestre, ou seja, a partir do momento em que Adão e Eva desobedeceram a
Deus, este continuou acreditando no ser humano. A partir daí, deu-se início ao que chamamos de História da
Salvação.

O pecado é algo que passou a fazer parte da vida do ser humano por sua própria escolha, ou seja, desde Adão e Eva
escolhemos ser pecadores e pecamos. A respeito do pecado, precisamos considerar três questões: 1) Nenhum pecado
tem o poder de nos tirar a filiação adotiva em Cristo Jesus, porque Deus nos ama, somente ele é bom e misericordioso;
2) Por ser bom e misericordioso Deus nos perdoa, incondicionalmente e 3) Em nossas experiências de pecado se
manifestam o amor e a bondade de Deus, por isso, procuremos ser cada vez mais humanos por meio do
reconhecimento de nossas fraquezas e limitações.

A experiência de Jesus no deserto

Antes de assumir publicamente sua missão, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, onde permaneceu durante
quarenta dias. O número quarenta tem ligação com os quarenta anos da caminhada do povo de Deus rumo à terra
prometida. No deserto, Jesus sofre três tentações. Vamos vê-las e atualizá-las.

A tentação do TER

Jesus sentiu fome e o diabo lhe sugeriu que transformasse pedras em pão. Jesus responde: “Não só de pão vive o
homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Se Jesus cedesse a esta tentação, estaria usando de seu poder
para satisfação de suas próprias necessidades. Esta tentação sugere a aquisição e o apego aos bens materiais. Jesus não
podia reduzir sua missão à satisfação de desejos por coisa alguma. Ele era um homem livre, despojado, desapegado de
si mesmo e de tudo aquilo que poderia impedi-lo de exercer sua missão.

A resposta de Jesus nos revela que não podemos reduzir a nossa vida à satisfação desenfreada de nossos desejos e ao
apego aos bens materiais.

É verdade que somos seres de desejos e necessidades, que precisam ser satisfeitas para a sobrevivência neste mundo.
O que Jesus nos ensina é que não vivemos somente de pão, ou seja, nele nos tornamos filhos de Deus e participantes
da vida divina. Nossa filiação adotiva e participação na vida de Deus exigem que estejamos em comunhão com ele
através da palavra que sai de sua boca. A dimensão material é uma das dimensões de nossa vida, não a única.

Jesus é a Palavra de Deus, nele está a nossa vida. Ninguém pode ser chamado de cristão sem a escuta e a prática da
palavra que saiu da boca de Deus. Portanto, a exemplo de Jesus, somos chamados a vencer a tentação do TER fazendo
uso somente das coisas que são necessárias à vida. Quando os bens comprometerem a nossa liberdade e a nossa
relação com o Deus que nos criou é sinal de que precisam ser repensados. O acúmulo de bens gera apego e este tira-
nos a liberdade.

A tentação do PRAZER

O diabo leva Jesus à parte mais alta do Templo da Cidade Santa e lhe pede que se jogue, a fim de que os anjos o
protejam. Jesus responde: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. Esta tentação sugere o prestígio e a autoglorificação de
si mesmo. Jesus foi tentado a usar o poder que lhe foi concedido por Deus não para a construção do Reino, mas para a
busca da fama.

Em outras ocasiões, os evangelistas afirmam que Jesus ficou famoso devido os sinais que realizava no meio do povo.
Jesus não buscava a fama e/ou prestígio social, mas a autenticidade de seus sinais levava as pessoas a acreditar que ele
era, de fato, o Messias prometido pelos profetas. Durante toda a sua vida, foi tentado a abandonar o projeto do Pai
para enveredar-se no caminho do prestígio. Ele tinha de tudo para se tornar um homem extraordinariamente famoso e
influente, capaz de tomar para si o poder imperial.

O Evangelho mostra, claramente, que Jesus optou por outro caminho, escolheu o lugar dos últimos: “Mas Jesus
percebeu que iam pegá-lo para fazê-lo rei. Então ele se retirou sozinho, de novo, para a montanha” (Jo 6, 15). Jesus
fugiu de toda mania de grandeza, prestígio, autogloficação, elogios etc. Sua missão era permanecer junto dos
desprestigiados, dos esquecidos, dos mal afamados.

Numa sociedade que prega o culto da própria imagem, o cristão é tentado a viver segundo as aparências, portanto, na
superficialidade. Não é difícil encontrarmos pessoas que procuram ser vistas buscando reconhecimentos, títulos,
aplausos, elogios etc. O seguimento de Jesus propõe o inverso, sugere o anonimato, a humildade, a serenidade e a
discrição. No caminho de Jesus, quem quiser ser grande, deve ser o servidor de todos (cf. Mt 20, 26).

A tentação do PODER

O diabo levou Jesus para um monte muito alto e lá lhe mostrou todos os reinos do mundo e sua glória e lhe sugeriu
que se ajoelhasse e o adorasse. Jesus responde: “Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a ele prestarás culto”. Esta
tentação sugere o poder, o domínio, o controle, o autoritarismo etc. Jesus é tentado a deixar de lado o Reino de Deus
para construir um reino para si mesmo.

A tentação do poder é a pior de todas as tentações, porque suas conseqüências são mais desastrosas na vida do ser
humano. Uma pessoa dominada pelo poder torna-se um demônio encarnado! Quando contaminado pelo vírus do
poder, a pessoa é capaz de cometer as piores atrocidades para consegui-lo e para manter-se nele. A luta pelo poder tem
causado muitas perseguições e mortes no mundo.

O poder pressupõe a manipulação e o controle do outro. Cria-se um regime de alienação e opressão. As piores
opressões que existem são promovidas pelo poder religioso, pois se trata de opressão ora sutil, ora explícita em nome
de Deus. A alienação e opressão religiosas conseguem controlar mais o ser humano, porque o espírito religioso lhe
explora mais intimamente. Basta olharmos para a história do Cristianismo e de outras religiões e vermos a quantidade
de sangue derramado em nome de Deus e da religião.

O apego ao poder é uma doença gravíssima que tem levado muita gente à morte. Quando assimila o espírito do poder,
a pessoa nunca consegue se libertar. São pouquíssimos os casos de pessoas que renunciaram o poder; antes,
procuram-no cada vez mais. O poder é capaz de tornar o ser humano perigoso e, portanto, noviço à sociedade. O
ditador da Líbia, o general Muammar Kadafi, é um dos exemplos mais atuais de políticos que se apegam ao poder de
uma maneira que transformam a democracia em ditadura.

As três tentações na vida da Igreja

Estas três tentações estão presentes na vida da Igreja. Leigos e clérigos são tentados pelo ter, pelo prazer e pelo poder.
Às vezes, os clérigos pecam mais do que os leigos. A tentação que mais aflige a hierarquia eclesiástica é a do poder, isto
porque a hierarquia é constituída de forma piramidal: diácono, presbítero, bispo, cardeal, papa. Além destes títulos há
outros títulos que não valem a pena serem citados.

Houve uma época em que alguns destes títulos eram comprados, outros negociados. Com as reformas que foram se
dando na linguagem e na organicidade da Igreja, estas compras e negociações foram extintas, mas a estrutura
permaneceu. Nem o Concílio Vaticano II conseguiu mexer na estrutura eclesiástica da Igreja. Esta estrutura é mantida
pelas relações de poder entre os membros e organizações.

A funcionalidade, às vezes, parece ser tão complexa que nem os próprios católicos a entendem. O povo sabe que existe,
mas não sabe para que serve nem como funciona! O povo só conhece o diácono e o padre. Quanto ao bispo, se vê
ocasionalmente, quando na celebração da Crisma; mas devido a muitas ocupações burocráticas (maioria dos casos),
muitos bispos têm evitado o contato com o povo delegando cônegos e monsenhores para a administração do
Sacramento da Crisma, posse de párocos e outras atividades.

Os mesmos pecados que encontramos nas relações de poder entre seculares acontecem, quase que igualmente, no
mundo religioso. A ambição, o desejo e o apego ao poder são os mesmos. O que está em jogo é o poder e quem for
politicamente fraco não consegue nada. Uma vez cristalizada e quase que intocável, a hierarquia é lugar desejado por
muitos homens. Digo homens porque as mulheres não participam da hierarquia. Somente homens recebem o
Sacramento da Ordem, que os constitui e legitima.

O perigo do poder é que o mesmo gera apego e desserviço, ou seja, uma vez apegada ao poder, a pessoa não quer
servir, mas ser servida por aqueles que lhe são inferiores. Quando a autoridade constituída não coloca o poder a
serviço, cai na tentação de usá-lo para alienar e oprimir. O verdadeiro discípulo missionário de Jesus de Nazaré é
aquele que procura servir até as últimas conseqüências. Jesus serviu os pobres durante toda a sua vida e na morte de
Cruz demonstrou amor e compaixão até para com seus algozes (cf. Lc 23, 34).
Para ser verdadeiro discípulo missionário de Jesus de Nazaré, o cristão precisa permanecer em estado de
vigilância. “Vigiem e rezem, para não cair na tentação! Porque o espírito está pronto para resistir, mas a carne é
fraca”, disse Jesus (Mc 14, 38). Vigiar significa permanecer acordado, estar de olhos abertos para enxergar o perigo.
Quem vigia e reza nunca é pego de surpresa e dificilmente cai na tentação. Quaresma é tempo propício de vigilância e
oração. Estas nos ajudam a nos mantermos fiéis ao projeto de Deus.

Tiago de França

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