EU TENHO UMA DÚVIDA:
Qual é a origem e o significado do
Tempo do Advento?
O surgimento do Tempo
do Advento.
No Tempo do Advento, que
este ano iniciamos no dia 02 de
dezembro de 2018, “a Santa
Igreja, no ciclo do ano, revela
todo o mistério de Cristo,
desde a Encarnação e a
Natividade e a expectação da
feliz esperança e vinda do
Senhor (SC 102).
Todavia, por força do processo de
formação dos Tempos Litúrgicos na
Igreja, foi apenas no séc. VI que as
primeiras referências litúrgicas em
sentido de Advento surgem nos mais
antigos Lecionários romanos. Ora, o
Natal não possuía uma preparação
especial e os domingos, que hoje o
precedem, eram destinados a fechar o
Ano Litúrgico, com a recordação da
“Segunda Vinda de Cristo”.
Do séc. VIII em diante, o Natal é
precedido por um período de
preparaçao que se chama “Advento”
(=Vinda). Nesse período, a celebração
do Advento tem caráter de preparação
do Natal e da Epifania, de modo
semelhante ao que acontece com a
Quaresma em relação à Páscoa e o
Tempo Pascal.
Atualmente, a liturgia romana dedica
à preparação do Natal quatro semanas
com seus respectivos domingos. Assim,
o Advento começa nas primeiras
vésperas do domingo e cai no dia 30 de
novembro ou no dia mais próximo
desta festa, e termina antes das
primeiras vésperas do Natal e, a partir
do dia 17 de novembro, intensifica-se
a preparação para o Natal.
A Teologia do Advento
As temáticas que repousam sobre os
quatro domingos do Advento são duas:
a) o cumprimento da espera do Antigo
Israel na expectativa do Messias;
b) a espera da Igreja da consumação
da filiação divina comunicada por
Cristo em sua vinda histórica (cf. Rm
8,19; 1Jo 3,2).
• O I DOM. ADVENTO gira em torno da
vigilância e da prática das boas obras da
luz na espera da última vinda do Senhor.
A esperança é a nota dominante como
atitude fundamental da vida cristã
• O II DOM. ADVENTO introduz os avisos
de João Batista: “preparai os caminhos do
Senhor”. Sua linguagem veemente chama
à conversão e à mudança de vida e nos
convidam a sair corajosos para o encontro
com o Senhor que vem
• O III DOM. ADVENTO, denominado
Gaudete (alegrai-vos!) segundo o
conselho paulino de Fl 4,4-5 (2ª leitura,
ano C), está todo marcado pela alegria
“porque o Senhor está perto” (cf. oração
do dia). Novamente o Batista reflete as
atitudes do Advento.
• O IV DOM. ADVENTO se situa já nos
acontecimentos que precederam o
nascimento de Jesus. É o domingo das
anunciações a José (evangelho do ano A),
a Maria (evangelho do ano B) e a Isabel
(evangelho do ano C) e também o
domingo em que a figura de Maria, a
Mulher (Nova Eva) e Mãe do Senhor,
confere uma nota singular a toda a
celebração.
LUIS CARLOS PEREIRA
Já os dias da semana do Advento são o
complemento dos domingos, mas formam
dois blocos:
a) Até o dia 16 de dezembro: lê-se o livro
de Isaías como 1ª leitura das missas e as
leituras dos evangelhos referem-se a João
Batista;
b) Desde o dia 17 até o dia 24 de
dezembro: são lidos na primeira leitura
textos proféticos relacionados coom o
evangelho e, neste, os acontecimentos
que preparam o nascimento do Senhor
Concluindo...
• O Advento não representa o AT que se
coloca à espera do Messias, e portanto é
uma transposição do Igreja para uma
atitude ao Antigo Israel
• O Advento é preparação para o
nascimentode Cristo, não no seu aspecto
histórico, mas como Mistério, ou seja,
participação da filiação divina
• O Advento, entretanto, tende para
decididamente para uma segunda vinda,
concebida como “manifestação” da graça
da filiação divina, que hoje não aparece.
Todo Advento-Nascimento nos prepara,
portanto, muito mais para o Advento-
Parusia, reafirmando em nós a imagem de
“Filho” de Deus.
• O Advento é o tempo mais característico
da Igreja, enquanto Esposa que se
prepara, à espera das núpcias de Cristo:
“O Espírito e a Esposa dizem: Vem!”(cf.
Ap 22,17)
“Celebrando cada ano este mistério,
a Igreja nos exorta a renovar
continuamente a lembrança de tão
grande amor de Deus para conosco.
Ensina-nos também que a vinda de
Cristo não foi proveitosa apenas
para os seus contemporâneos, mas
que a sua eficácia é comunicada a
todos nós se, mediante a fé e os
sacramentos, quisermos receber a
graça que ele nos prometeu, e
orientar nossa vida de acordo com os
seus ensinamentos”.
(São Carlos Borromeu, bispo – séc. XVI)