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UFRJ/IFCS
2007
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2
Orientador:
RIO DE JANEIRO
2007
3
Filosofia.
Aprovada por:
_________________________________________
Prof. Dr. Aquiles Côrtes Guimarães
(Orientador – UFRJ)
_________________________________________
Prof. Dr. Luigi Bordin
(Membro – UFRJ)
__________________________________________
Prof. Dr. José Carlos Rodrigues
(Membro – UFJF)
__________________________________________
Profª. Drª. Regina Coeli Barbosa Pereira
(Membro - UFJF)
__________________________________________
Profª. Drª. Rosilene de Oliveira Pereira
(Membro - UFJF)
4
AGRADECIMENTOS
nessa caminhada.
horizonte do pensar.
7
RESUMO
ABSTRACT
Joseph Marechal develops his philosophical system from the kantian criticism over
come through a widely coherent doctrine – the rethinking of the metaphysical realism
of the thomist criticism of knowledge. Marechal, in this perspective shows that the
practical and subjective need of the practical reasoning postulates consists, on an
even manner, in a theorical and objective necessity. This, an object produced on the
act of affirmation, is through this same act, a sensible fact, an objective synthesis –
the content of the judgement is reported to the absolute order of being. When one
affirms that something do exist, one experiences and concludes something as
requirable, while value, therefore it is regarded as an axiology. Widening the a priori
and the transcendental as terms that express the reference of the being and the
knowing on the existential conditions, Marechal doesn’t close his thought on the
restrict horizon of a relative humanism. He opens then his horizon for an Absolute
which imposes itself everywhere. He pursues his investigation beyond the potencies,
beyond nature, beyond the subject and the object, until reaching the primordial
condition of all possibility, of all existence, of all fact. The philosophical “Marechalian”
path points to a linking among philosophy, theology and the mystic and under this
aspect lies the originality of his thought.
ABREVIATURAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................12
CONCLUSÃO ...............................................................................................185
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................191
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................193
12
12
INTRODUÇÃO
primeira metade do século XX. É verdade que sua influência permanece como
volumes. Toda sua obra está recolhida nos cinco cadernos sob o título Le point de
publicados durante sua vida (I, II, III, V), sendo o quarto editado postumamente
(1947).
filosofia.
para Marechal, herdeiro assim de toda a tradição que tem origem em Parmênides,
não se resume em tornar Kant palatável aos meios acadêmicos da tradição neo-
necessariamente numa intuição do Absoluto. Ora, essa intuição, não obstante sua
Tomás de Aquino.
razão prática, e recusa à razão pura qualquer tipo de intuição com alcance
sua interpretação da Crítica da razão pura. Mas, a partir do próprio Kant, como
do Ser absoluto e infinito, ela deve ser dinamicamente ordenada a essa intuição
reconhecido e celebrado como o mais alto cimo que a inteligência humana pode
“reconstrução” que acabou por depor a metafísica do lugar eminente que ocupava.
ciência do ser enquanto ser, para ocupar-se com o sujeito. A modernidade não
subjetividade transcendental.
universalidade formal do ser o que implica, por sua vez, referí-lo ao absoluto real,
17
ao absoluto.
não é uma postulação inicial, mas deve-se admitir sua possibilidade, ou mesmo
mas o fim do discurso metafísico. Ela supõe que a estrutura metafísica do real
elucidação que nos permite articular tal demonstração. Ela não seria possível se
intelectual.
significar que não se pretende, como também tal não é a intenção de Marechal,
metafísica clássica tem seu ponto culminante na síntese tomista levada a cabo na
dessa transição que será realizada no último capítulo dessa investigação. Trata-se
mística e a teologia.
20
CAPÍTULO I
consciência de que esta crítica preliminar da afirmação bastava para fundar seu
conhecimento.
esta jurisdição universal implica uma verdade fundamental: todo objeto (todo dado
mesmo é preciso, antes de tudo, de uma outra maneira, ser. Aplicar o princípio de
21
meu pensamento não é ser de nenhuma maneira, é totalmente não-ser. Para que
uma proposição semelhante tivesse sentido, seria preciso que o total não-ser, a
1
No original: que la idea de la nada no es más que una pseudo-idea, un amontonamiento verbal al
que no corresponde (ni puede corresponder) ningún concepto homogéneo. La pretendida nada que
nos representamos es siempre relativa, siempre el no-ser de alguna cosa; no el no-ser absoluto,
sino lo outro, es decir, tambíen el ser, real o posible. (MARECHAL, Joseph. El punto de partida de
la Metafisica. I,p.58)
22
todo o realismo antigo. Aristóteles, ao desenhar sua protofilosofia tinha dela uma
absoluta como um preâmbulo crítico posto de uma vez por todas, se organizaria o
Média.
2
Cf. MARECHAL, Joseph. El punto de partida de la Metafísica, I, p.60
23
imutável?
problema do conhecimento.
socráticos
unidade na pluralidade3.
3
Cf.Ibid.p.61
24
tempo: não é possível passar duas vezes no mesmo rio, já que este arrasta
mortal para os homens”). Pelo demais, a contradição não tem nada que deva
contradição íntima dos objetos, pode deixar transparecer que a afirmação absoluta
4
PLATÃO, Crátilo, 402
25
não encontre realmente nada em que se apoiar; porque não há afirmação possível
sem uma certa unidade objetiva coerente e estável. Contudo, por uma espécie de
instinto metafísico, mais que por um raciocínio rigoroso, Heráclito restaura essa
atomistas, movidos pelo instinto unitário da razão, também se esforçaram, por sua
simplificação introduzida deste modo nas coisas não tem mais a aparência da
dita5.
Não existe meio termo. Nem o menor rastro de não-ser pode contaminar
o ser. A multiplicidade, a divisibilidade, a mudança, o movimento,
implicam o não-ser. Por conseguinte, nem o múltiplo nem o cambiante
são. O ser é indivisível, imutável, imóvel: é uno6.
5
Cf. MARECHAL, op.cit., p. 63
6
No original: No hay término medio. Ni el menor rastro de no-ser podría contaminar al ser. La
multiplicidad, la divisibilidad,el cambio, el movimiento, implican el no-ser. Por consiguiente, ni lo
múltiple ni lo cambiante son. El ser es indivisible, inmutable, inmóvil: es uno. (Ibid.,p.65)
27
não-ser.
ser; pelo lado do sujeito cognoscente negam todo valor objetivo ao sentido,
conhecimento
outra coisa que o objeto entendido no sentido estrito, isto é, as coisas exteriores
aos outros, e quando por acaso se estendeu até o sujeito cognoscente, também a
próprio de uma crítica dos objetos, posto que, segundo o temos de ver com mais
terreno.
múltiplo
Heráclito, e à inversa. Ele não podia combater à Sofística de um modo mais eficaz
que o de habituar aos filósofos a conduzir seu espírito, sem contradição, desde as
sensações múltiplas até as unidades conceituadas cada vez mais gerais. Porque,
inteligência imperfeita.
a construir uma metafísica geral nem uma cosmologia. Sua filosofia não pode
ficar imune ao gérmen cético, mas outro grupo de discípulos de Sócrates continua
nova fase7.
pluralidade vão, por fim, encontrar-se, sem excluir-se, no seio de uma filosofia que
até a idéia geral que expressa sua essência inteligível, seu substrato lógico
imediato e sua unidade universal ; ele ensina a comparar entre si estas formas
referi-las todas ao último substrato ideal que lhes serve de base comum e não tem
7
Cf. MARECHAL, op.cit., p.69
31
termo universal.
lógicas.
que traduz a semelhança material das coisas sensíveis; não é, então, objeto de
com o sensível cai dentro dos limites da aparência, da opinião. Com efeito, Platão
reconhece com Heráclito que as aparências sensíveis, o mundo das idéias, são a
da sensibilidade.
8
Cf. Ibid., p.71.
32
dialética vivente das idéias, presidida pelo guia divino, o amor. O saber verdadeiro
cada vez mais até a Idéia suprema do Bem. Ao recorrer, desde o centro mesmo
teológico.
destas Idéias.
9
No original: Esta idea se introduce bajo las representaciones sensibles como su sostérn inteligible
y la espresíon misma de su relidad, porque en todas las cosas es la idea,y sólo ella, lo que nuestra
inteligencia conoce. (Ibid., p.72)
33
10
No original: As ideas subsistentes, objetos inmediatos de nuestro conocimiento intelectual,
constituyen al mismo tiempo la unidad real – inmanente o transcendente – de las cosas que nos
aparcen. El dogma del paralelismo entre el pensamiento y los objetos halla así una amplia base
metafísica. (Ibid., p.73)
34
semelhança de sua forma, seja por sua realidade própria? A partir da teoria da
primeiro.
conhecimento tem como fim último o mesmo do amor (Eros): a possessão do Bem
absoluto.
11
No original: las ideas generales, latentes en nosostros y despiertas com ocasíon de la percepcíon
sensible, nos son innatas: forman en nosostros el residuo de la intuicíon inmediata que habríamos
tenido de las Ideas subsistentes en una existencia anterior, vivía directamente la vida de las Ideas.
(Ibid., p.75)
35
problema crítico. Assim, por exemplo, pode reduzir de um modo excessivo o papel
produtos da abstração.
12
Cf. Ibid., p.523
36
ser se confunde para com nosso conceito do ser, com a forma representativa do
crítica que fará possível que o Ser se coloque acima da região do conceito, até o
entendimento
universal.
conceito universal não provém de uma intuição ontológica das idéias subsistentes,
inteligível.
sensível se pode dizer, num sentido verdadeiro, que encerra o universal, a idéia.
Com efeito, segundo a física aristotélica, todos os objetos que afetam a nossa
especificativa que é uma verdadeira idéia, imanente aos indivíduos. E esta idéia
espécie inteira.
das coisas exteriores. Mas ao mesmo tempo, por sua inteligência imaterial,
reacional sobre a imagem concreta que se lhe apresenta, de maneira que não
assimile mais que seu elemento formal, sem a matéria. Segundo Aristóteles, a
inteligência abstrativa, o tipo geral da espécie [...], livre da concreção material que
uma metafísica do indivíduo material e, por uma vez, traz consigo como
realismo do entendimento.
segue sendo o tema das mais sutis discussões entre filósofos. Aristóteles a
formula quase com a mesma claridade com que logo o farão os tomistas: toda
13
No original: representa, en la inteligencia abstractiva, el tipo general de la espécie (...), libre de la
concrecíon material que la aprisionaba en el seno de los individuos múltiples. (Ibid., p.79-80)
38
multiplicidade. Deste modo, a essência não subsiste nas coisas com a forma da
enquanto tal, isto é, de uma crítica a qual recai sobre as condições do valor da
14
Cf. ARISTÓTELES. Metafísica, A, 1074 a, 33.
15
No original: a necesidad de una afirmacíon absoluta de todo objeto, es decir, la verdad absoluta
del primer principio (principio de identidad) en su aplicacíon a cualquier contenido de conciencia.
(MARECHAL, op.cit., p.82)
39
metafísico; isto é, do ser sob a norma do primeiro princípio. Com outras palavras:
conteúdo.
diante a razão o monismo do ser. Ele não encontra outro caminho que evite sair
metafísico: é, por certo, na sua Física nos remete à crítica decisiva do imobilismo
16
Cf. ARISTÓTELES, Metafísica, A, 986 b, 30.
40
análise racional mais rigorosa. Descobre nela os elementos de sua teoria geral
Aristóteles os dois grandes princípios metafísicos que são, para os outros, a chave
seio da multiplicidade.
como supunha Parmênides senão o não-ato, a potência. Tal distinção entre o não-
referência a um ato que chega a cumpri-la, senão que dela mesma procede, em
última análise, de um ato anterior que a mantém. A potência passiva não é senão
antecedente.
aos outros.
o fim de um devir particular contém todavia algo de potência ao lado do ato, eles
mesmos constituem devir e exigem, por sua vez, um ato que seja seu princípio e
outro que seja seu fim. A totalidade do devir; ou o dever como tal, se desenrola,
Ato puro, e um fim absolutamente último, que é igualmente Ato puro. E o que
primeira.
objeto inteiro do conhecimento direto, desde a pura potência, a matéria prima, até
o ‘primeiro motor imóvel’17, que é Ato puro e, por conseguinte, também Idéia
pura”18
17
Cf. ARISTÓTELES, Metafísica, K., 1072 a, 25
18
Cf. Ibid., K., 1074 b, 34
42
grandes linhas de uma metafísica do objeto alcançam seu perfil definitivo, irradiam
o opõe a ele mesmo, o sujeito cognoscente se encontra, portanto, referido por sua
19
No original: Todo el objeto del conocimiento reflexivo. La reflexión, captando e lacto directo de
conocimiento, percibe em él la oposicíon inmanente de Suejto activo y Objeto representado, o,
dicho de otra forma, la que hay entre Yo y No-yo. (MARECHAL, Joseph. El punto de partida de la
Metafísica, I, p.88)
43
sujeito.
subjetivas. Mas, diante disso Marechal coloca uma questão: se o objeto primário,
inextenso?
20
No original: El conocimiento, considerado em si mismo como relacíon de objeto y sujeto. Em
efecto, combinando los datos del conocimiento directo y los del conocimiento reflexivo, se puede
ver que el contenido de la conciencia, o la conciencia considerada objetivamente, depende a la vez
del Yo e del No-yo. Supone uma cierta relacíon de identidad entre um sujeto real y um objeto real.
Es lo que Santo Tomás expresará más tarde com la célebre fórmula intelligibile in actu est
intelligens in actu, simple traducción metafísica del pricipio aristotélico: (Ibid., p.89.)
44
maneira física sobre nossos sentidos; a imagem que resulta desta ação prolonga a
sensível, isto é, uma potência de intelecção atual. Mas como o ato pode mover a
prolongado, no que toca a sua forma, pela imaginação. De outro lado, o espírito
21
Cf. Ibid., p.91
45
encontrará senão sob a de poder exercer sobre a imaginação uma operação que o
ajusta sua ação aos caracteres formais deste, para reproduzi-los no intelecto
22
No original: La forma universal, abstraída del fantasma por el intelecto activo, llega, por tanto, a
través de un encadenamiento continuo de causalidades ontológicas, a representar o, más
exactamente, a prolongar, hasta el seno de la inteligência pasiva, la forma concreta del objeto
exterior. De este modo se realiza la medida de inmanencia del objeto requerido por la inteleccíon;
la forma sensible, desmaterializada por el intelecto activo, se convierte em um νοητόν , en un
inteligible em acto inherente al νομς . (Ibid., p.92)
46
Pelo que toca a este primeiro princípio, trata-se de algo que não
prova transcendental.
medida de sua essência com todas as relações que esta traz consigo; a ciência da
sua relação com a existência concreta; cada uma delas não existem realmente
23
Cf. Ibid., p.94
47
essências, mas por títulos e sob modos muito diversos, e não necessariamente
pelo título da subsistência própria; pois o ser, objeto formal de nossa razão
metafísicos.
24
No original: el ser em cuanto tal tiene más de um sentido: unas veces designa el accidente, otras
significa la verdade, por oposicíon al no-ser, que sería lo falso; otras veces e atribuído según la
división de lãs categorias. es decir, según la esencia, la cualidad, la cantidad,el lugar, el tiempo, y
así sucesivamente; por último, además, de todo esto, el ser abarca la potencia y e lacto
(ARISTÓTELES, Metafísica, E., 1026 a, 33).
48
CAPÍTULO II
geral da metafísica com relação aos objetos, e, a relação particular dos objetos
conhecimento
49
intelectual. 25 Causa parcial, porque a intelecção abarca algo mais que a sensação
união substancial da alma e o corpo, nossa inteligência não é movida mais que se
convertendo-se em um fantasma27.
se imobiliza.
25
Cf. TOMÁS DE AQUINO, Summa Theologica, I, 84, art.6
26
Cf. Ibid., I, 84, art.6
27
Ibid., I.c., art.7
28
No original: Mis ojos veían, juntos, a Sócrates, Callias, Antístenes y tantos otros; mi inteligência
los suelda, por así decirlo, en un único concepto que representa a todos y cada uno de ellos: el
hombre. Heráclito decía: la mano no toca dos veces el água de um rio que fluye; la sensacíon, por
expresar um objeto esencialmente cambiante, no podría reaparecer de um modo idêntico; y sin
embargo mi inteligência, inmóvil em la orilla, contempla, bajo la incesante corriiente material, bajo
el flujo del tiempo que huye, el água siempre idêntica. (Ibid., I, 84, art.1)
50
não posso sacrificar desse modo o valor de minha inteligência. Mas Platão não
resolve o problema: a ciência que trata de explicar é a ciência abstrata das coisas
sensíveis e imutáveis; sobre estas, e não sobre nenhum estranho mundo de idéias
tese fundamental do realismo crítico, que mais acima temos visto desprender-se
esplendor.
legítima – e não trazer, antes ou depois, uma contradição interna – deve liberar o
objeto do modo subjetivo que o envolve. Uma crítica do objeto pensado: isto é o
Para São Tomás o conceito, por si mesmo, não é verdadeiro nem falso;
mero “estado subjetivo” pode ser materialmente semelhante ou
dessemelhante com relação a algum objeto exterior: A verdade ou o erro
só surge no momento em que o sujeito cognoscente “se decide” pela
significação do conceito e o coloca “per modum composiotionis aut
divisionis” na afirmação judicativa. “Cum ergo dicitur quod intellectus est
falsus, qui intelligit rem aliter quam sit, verum est si ly aliter referatur ad
rem intellectam: tunc enim intellectus est falsus, quando intelligit rem
esse aliter quam sit” 30.
dizer do uso legítimo da afirmação (isto é, do juízo) supõe uma prévia crítica do
objeto pensado. Portanto, o fim desta crítica consiste em extrair do conteúdo bruto
maneira objetiva.
29
No original: El próprio Santo Tomás se hace, sin embargo, el reparo siguiente:¿ no es emprender
el camino del escepticismo el distinguir em el concepto um modo meramente subjetivo y um
contenido objetivo? Quicumque enim intellectus intelligit rem aliter quam sit, est falsus... Si ergo
intelligamus res materiales per abstractionem specierum a phantasmatibus, erit falsitas in intellectu
nostro. (TOMÁS DE AQUINO, Summa Theologica, I, 85, art.1,1º)
30
No original: El concepto, por sií mismo, no es verdadero ni falso; mero estado subjetivo puede
ser materialmente semejante o desemejante com relacíon a algún objeto exterior: eso es todo. La
verdade o el error solo surge en el momento en que el sujeto cognoscente se decide por la
significacíon del concepto y lo pone per modum compositionis aut divisionis en la afirmacíon
judicativa. Cum ergo dicitur quod intellectus est falsus, qui intelligit rem aliter quam sit, verum est si
ly aliter referatur ad rem intellctam: tunc enim intellectus est falsus, quando intelligit rem esse aliter
quam sit . (MARECHAL, op. cit., p.111)
52
esta demonstração que permite afirmar o valor metafísico dos objetos, como
31
TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica, q.3, a.4, in c.
32
No original: Esse actualitas omnis formae vel naturae; [...] Diendum ipsum esse perfectissimum
omnium; comparatur enim ad omnia ut actus; nihil enim habet actualitatem nisi in quantum est,
unde esse est actualitas omnium rerum,et etiam ipsarum formaum. (Ibid. I., q.4, a.1, ad 3m)
53
“Como um ser é conhecível enquanto atual, Deus, Ato puro, sem nenhuma
conhecimento: não se conhece a potência mais que pelo ato. E a causa disso é
porque a inteligência é ato. E por isso, é preciso que aquelas coisas que são
forma, e a forma finita que é, todavia, potência somente como limitação do ser ou
inteligibilidade do objeto.
33
No original: Necesse est id quod est primum ens, esse actu et nullo modo in potentia. Licet enim
in uno et eodem, quod exit de potentia in actum, prius sit tempore potentia, quam actus, simpliciter
tamen actus prior est potentia, quia quod est in potentia non reducitur in actum nisi per ens in actu.
(Ibid., I, q.3, a.1, in c.)
34
No original: Dicendum quod, cum unumquodque sit cognoscibile secundum quad est in actu,
Deus, qui est actus purus, absque omni permixtione potentiae, quantum est in se, maxime
cognoscibile est.
(Ibid., I, q.12, a.1, in c.)
35
No original: Et hujus causa est quia intellectus actus est. Et ideo ea, quaeintelliguntur, oporter
esse in actu. Propter quo ex actu cognoscitur potentia. (ARISTÓTELES, Metafísica. Livro IX,
lição10)
54
afastamento da potência no seu grau mais ínfimo, define em qualquer ser o seu
36
No original: Immaterialitas alicujus rei est ratio quod sit cognoscitiva, es secundum modum
immaterialitas est modus cognitionis. (TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica, I, q.14, a.1)
37
Cf. MARECHAL, El punto de partida de la Metafisica,III, p. 315
38
Cf. Ibid. I, q.14, a.1,2,3
55
relação ao seu grau de ser ou a sua essência, esta forma subsistente está em ato
acabado, determinado. E visto que essa essência se abre por sua potencialidade
também na medida de sua atualidade própria. Já que está unida ao corpo como
forma substancial, não possui o ato último de sua essência: a união substancial
com a matéria significa precisamente que todo ato acabado desta forma depende
material, tem o poder sendo espiritual, de conhecer-se por reflexão sobre sua
intuição essencial dos anjos, se reduz aqui a uma “consciência de si”: é o grau
39
Ibid. I , q.14, a.2; I. , q.56, a.1
40
MARECHAL, op. cit., p. 317
56
logicamente se conheceria os objetos tais quais são, por uma idéia simples, sem
não se pode intervir, não podemos ser enganos; mas faltamos em não atingi-
las.42”
41
Cf. Ibid. p. 319
42
No original: In rebus simplicibus, in quarum definitionibus compositio intervenire non potest, non
possumus decipi; sed deficimus in totaliter non attingendo. (TOMÁS DE AQUINO, Suma
Teológica, I, q.85, a.6, in c.)
57
Sem dúvida, como se havia dito mais acima: “absolutamente existem aquelas
possível dizer, pura e simplesmente, que são. Neles, com efeito, o ato está
revestido de potência.
potência ao ato.
toda a forma, não constitui pois, um objeto legítimo de afirmação. Isso se confirma
em diversas expressões repetidas por Santo Tomás, onde ele afirma que a
43
No original: Simpliciter sunt, quae actu sunt. (Ibid., I, q.14, a.9, in c.)
44
No original: Ea vero quae no sunt actu, sunt in potentia, vel ipsius Dei, vel creaturae,; sive in
potentia activa, sive in passiva; sive in potentia opinandi, vel imaginandi, vel quocumque modo
dignificandi.
(Ibid., I, q.14, a.9, in c.)
45
Ibid., I, q.15, a.1, ad 1m
58
matéria não existe por si, não possui nem inteligibilidade, nem verdade, nem
atividade, nem bondade, nem nada que possa constituir um termo de ação:
A matéria prima, não sendo atual, mas somente potencial, não existe por
si mesma na natureza das coisas; e, por isso, tem mais de concriado que
de criado. Deus tem certamente idéia da matéria, não diferente, porém,
da idéia do composto. A matéria prima, assim como o ente, não existe
senão em potência, assim o bem existe senão em potência. Mas, na
verdade, alguma coisa participa do bem, certamente na mesma ordem ou
aptidão para o bem; e, por isso, não convém a si aquilo que é desejável,
mas aquilo que ele deseja. A matéria prima é mais alguma coisa formada
do que criada46.
46
No original: Materia prima non existit in rerum natura per se ipsam, cum non sit in actu, sed
potentia tantum. Materia secundum se, neque esse habet, neque cognoscibils est. Habet quidem
materia ideam in Deo, non tamen ab idea compositi. Materia prima, sicut non est ens nisi in
potentia, ita ne bonum nisi i potentia. Sed tamen aliquid participat de bono scilicet ipsum ordinem,
vel aptitudinem ad bonum; et ideo non convenit sibi quod sit appetibile, sed quod appetat. (Ibid., I,
q.7, a.2, ad 3m; I, q.15, a.3, ad 3m.)
47
No original: Et ideo, cum fieri et creari non conveniant priprie nisi rei subsistenti... formarum non
est fieri, neque creari, sed concreatas esse. Quod autem proprie fit ab agenti naturali, est
compositum, quod fit ex materia. (Ibid., I, q.45, a.8, in c.)
59
matéria não pode, pois, representar mais que uma abstração de nosso
somente de um ser se pode afirmar que sua essência e sua existência sejam
idênticas:
48
Cf. MARECHAL, op. cit., p.322
49
No original: Esse est actualitas omnis formae, vel naturae... Oportet igitur quod ipsum esse ad
essentiam, quae est alio ab ipso, sicut actus ad potentiam. Cum igitur in Deo nihil sit potentiale (...),
seguitur quo non sit aliud in eo essentia quam suum esse. Sua igitur essentia est suum esse. (Ibid.
I, q.3, a.4, in c.)
60
50
No original: Materia et forma dívidunt substantiam materialem, potentia autem et actum dívidunt
ens commune. (TOMÁS DE AQUINO.Summa contra gentes, II, 54.)
51
No original: Todo “devenir transcedental” - o, para emplear la terminología propiamente
escolástica, toda contingencia metafísica – implica, de suyo, una indeterminación radical frente al
ser, un inacabamiento de las condiciones internas de posibilidad. El objeto contingente, cunado es,
podría no ser, y cuando no es, podría ser: existente, no es simplemente nada, puesto que es
posible. Este objeto no presenta, pues, por sí solo, a nuestra inteligencia, las condiciones lógicas,
sea de ua afirmación plena, sea de una, negación plena: no devendrá completamente afirmable
más que en una síntesis superior que lo refiera a una condición absolutade
ser, es decir, que lo relacione a esta cima, donde la essencia alcanza a la existencia y lo posible a
lo necesario. (MARECHAL, op. cit. 325)
61
existência atual. Isso quer dizer que o mesmo ato existencial de toda essência
pensamento52.
ser, precisam pelo menos, de uma determinação específica. O gênero pode ser
representado por um conceito preciso distinto, mas numa relação com a espécie,
52
É importante salientar, por conseguinte, que, para Marechal, o ser enquanto tal que constitui,
assim, o termo final, saturativo de nossa inteligência não é o ser abstrato, o ser oposto ao concreto,
o ideal, oposto ao real. Na verdade, o conteúdo, afirmado ou afirmável de nossa consciência, não
é, por si mesmo suficiente, logicamente, como representação pura ideal, oposto ao real . Nossa
afirmação do ser, que, em razão de sua matéria primitiva, se caracteriza, por uma invasão do real,
prolonga-se e completa-se (no implicitamente vivido) pela posição absoluta do Real transcendente:
passividade inicial, posição terminal, todo nosso saber formal se torna inobjetivo e inconsistente, a
não ser que seja referido a estes dois extremos.
62
já que a existência (seja atual, seja possível); não tem idéia própria 53: “Aos
espécie”54.
inteligência humana é a qüididade da coisa material, que cai sob o sentido e sob a
imaginação”55.
necessário que o primeiro objeto que afete nossas faculdades intelectuais seja
onde descobrimos todos nossos outros conceitos objetivos; estes serão conceitos
53
Cf. Ibid., p.326
54
No original: Genera non possunt habere ideam ab idea speciei, secundum quod idea signíficat
exemplar: quia nunquam genus fit nisi in aliqua specie. (TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica, I,
q.15, a.3, ad 4m.)
55
No original: Intellectus humani proprium objectum est quidditas rei materialis, quae sub sensu et
imaginatione cadit. (TOMÁS DE AQUINO, Summa contra gentes, I, q.85, a.5, ad 3m.)
63
nenhum universal pode ser, como tal, “subsistência”, “essência primeira” porque
ao ato puro de ser. Sendo, então, a pura matéria e Ato puro, requeridos para toda
56
Cf. MARECHAL. op. cit. p.330
57
No original: En efecto, la materia prima, lejos de constituir, en nuestro conocimiento, una
representación yuxtapuesta a otras representaciones, una especie de materia prima ideal, señala
realmente el límite inferior, extramental, de nuestros conceptos, o, si se quiere, el punto crítico
donde expira, para nosostros, el orden intencional. Nadie se representa un tal límite, sino en la
medida en que, físicamente, se sufre su constriccíon. Por otra parte, en el límite superior de
nuestros conceptos, el Ser puro, unidad suprema, no puede ya ser representado en nosostros por
una forma ideal cualquiera que le convenga en sentido propio; para asentar la clave de bóveda de
nuestro pensamiento objetivo, debemos franquear los límites de este pensamiento mismo y
sumergirnos en lo real por un procedimiento que utilice la representación conceptual
sobrepasándola. (Ibid, p.330)
64
inicia em nós por uma invasão do real concreto, se prossegue e termina (no
implícito vivido) pela posição absoluta do real transcendente, Ato Puro. Isso nos
em nós, mais que mero “possível“, e que esse conhecimento do “possível” não
portanto, não é inteligivelmente cognoscível mais que por sua relação vivida ao
é.
58
Cf. CAMPOS. Tomismo Hoje, p.162
59
MARECHAL, op. cit. p.333
65
conhecimento não pode pertencer mais que a uma Atualidade pura, pois essa
criadora de seu objeto. Desse modo, pode-se dizer que a forma das coisas está
através de sua própria essência”61. E essa essência divina não é outra que o Ato
Ser divino é o próprio Deus; pois Deus é essência e seu próprio ser62.
60
No original: Intellectus divinus est mensurans, non mensuratus. (TOMÁS DE AQUINO, Summa
contra gentes, I, 44)
61
No original: Intellectus divinus nulla alia specie intelligit quam essentia sua. ( Ibid. I, 53)
62
No original: Intellígere Dei est divina essentia; et divinum esse est ipse Deus; nam Deus est
essentia et suum esse. (Ibid., I, 45, 1)
66
degrau, somente não é atualidade pura, mas uma potência sempre em ato: uma
idéias subsistentes, o mundo imaterial não se revela mais que através da analogia
da matéria. E ainda que nossa inteligência participe da Inteligência divina, ela não
goza, de nenhuma maneira, nem em nenhum grau dessa visão objetiva em Deus.
cognoscitiva, deve buscar outro complemento que lhe falta: deve receber
fora e reagir somente sob a dependência imediata dessa impressão sofrida, o que
é o próprio da sensibilidade.
E, por causa disso, uma sensibilidade não pode ser mais que
sua operação própria a eleva claramente acima da matéria concreta. Mas, agora é
63
Cf. MARECHAL., op. cit., p.339
67
não objetiva, enquanto ser, está limitada extrinsecamente por “coisas em si”
donde deve para passar ao ato objetivo, assimilar-se, por através dos sentidos, as
aportações sucessivas.
64
Cf. Ibid., p.339
65
Cf. Ibid., seç. II, c.3 .p.340
66
Ibid., p.341
68
potência que, ao apresentar uma parte de passividade, deve ser movida a seu
ato ou, como se dizia precedentemente, que por si mesma fica indeterminada
vontade desde o primeiro momento não menos que os seguintes, tanto do ponto
seja aos agentes inconscientes, seja aos agentes capazes de conhecimento, mais
que operam por modo natural, sem ser guiados atualmente, em sua ação, por um
(exercício) que é obra da vontade, de tal maneira que, na relação imanente das
universal do bem68.
Visto que a vontade, como apetite ilícito, regula sua operação pelo
objeto que ela apreende; mas como esta apreensão intelectual do objeto é
uma determinação formal própria, uma espécie de “ato primeiro formal” que possui
67
MARECHAL, El punto de partida de la metafisica, III, p.382
68
Ibid., p.383
69
Ibid., p.384
70
externa, direta ou indireta, do objeto. Resulta quase supérfluo notar que essa luz
primeiro formal.
de uma primeira especificação natural, por meio do qual passará ao ato segundo,
segundo por meio do movimento formal deste dado e sob o impulso permanente
70
Ibid., p.388
71
causa final: pois, é obra do apetite racional seja como vontade natural, seja como
certeza, refere-se a ordem da causa formal, nunca ao apetite como tal, o qual não
inteligência, por sua parte, se inserta, como forma, seja natural, seja intencional,
realmente distintas.
71
Ibid., p.389
72
Cf. MARECHAL., op. cit., p.390
73
TOMÁS DE AQUINO,Suma Teológica, I, q.16, a.4, ad 1m.
72
tal, embasa a correlação que existe entre o primeiro princípio e último da atividade
mede pela virtualidade produtora inerente a este ato, pois ela, longe de identificar-
se com o não-ser , designa uma aptidão positiva para o ser, uma exigência de
ser.
74
Cf. Ibid., p.408
73
Se como foi afirmado o principio primeiro e o fim último são correlativos, logo o
principio do movimento75.
que essas faculdades racionais nascem de uma origem comum. Buscar o principio
inteligência.
de uma virtualidade que vem pela natureza e que é imposta ao agente. Isso
um agente cujo o ato não está limitado por nenhuma potência. Sendo o ato de ser
75
Cf. TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica,I, q.12, a.1, in c.
76
Cf. MARECHAL., op. cit., p.410
74
autonomia.
inteligência e a vontade.
intrínseco; mas este princípio intrínseco pode ser de outro princípio extrínseco.”77
todo ato elícito da vontade. Ela possui um dinamismo natural através de um poder,
seu objeto, não pode ser mais que uma moção divina.
realidade uma aplicação dos axiomas escolásticos que exigem que toda potência
se apoie sobre um ato, onde se mede e fundamente sua realidade, e que toda
77
No original: Moveri voluntarie est moveri ex se, id est a principio intrinseco; sed illud principium
intrinsecum potest esse ab alio principio extrinseco. (TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica,I,
q.105, a.4)
75
como princípio primeiro de toda atuação. Logo, um ato somente realiza esta dupla
condição universal, o Ato Puro e simples, Deus. Nossa natureza intelectual, como
atualidade infinita.
condição formal a priori que regula nossa apreensão de objetos eventuais. Para
que esse deve ser inerente a cada inteligência, visto que a atuação universal e
78
Cf. MARECHAL, op. cit., p.415
76
Primeiro.
pela intuição dos primeiros princípios que nossa razão, discursivamente e não
inteligência pura79.
Absoluta. O que quer dizer que a natureza seja ativa ou passiva, é uma
sua potência aquisitiva ilimitada, mais que no contato com os dados externos, vai
79
Cf. Ibid., p.418
80
Cf. Ibid., p.419
77
implícito vivido: único movimento intelectual que não tem sua fonte na passividade
possível afirmar que o homem recebe alguma participação da verdade divina, das
idéias divinas, admitindo não mais que uma participação limitada aos “primeiros
origem de nossos atos, um ato precede toda forma. Numa metafísica existencial
não se pode então parar aos aspectos formais da vida, mas é preciso ir até a
81
Ibid., p.419
78
CAPÍTULO III
si mesmo (eu empírico), e, sem embargo, não formar com ele mais que um
mesmo sujeito? Em outros termos: como pode dizer que eu, enquanto inteligência
que conheço os demais fenômenos, ou seja, não tal como sou ante o
como fenômeno?
79
empírico, se confunde, deste ponto de vista, com a coisa em si. De outro lado,
determinável são dois aspectos do mesmo eu. Mas então, se o eu empírico está
em mim como meu – e mais ainda se é percebido como meu – segue sendo puro
fenômeno? Para aparecer como um eu, ou seja, como uma agrupação qualquer
interno?
atual de uma síntese a priori. “Eu: simples representação, por si mesma vazia de
todo conteúdo, de que nem sequer se pode dizer que seja um conceito, senão que
objeto.
sujeito não é um problema tão fácil de resolver. Assim, Kant, de acordo com o
84
No original: El hombre consciente ( de los) cambios ( de su pensamento), ¿ puede aún pretender
que es un solo y el mismo sujeto ( em cuanto al alma)? La cuestíon es impertinete; porque no ha
adquirido conciencia de esos cambios sino representándose de sus estados. Ciertamente, el yo del
hombre es doble em cuanto a la forma (es decir, en cuanto al modo de representacíon que de él se
hace), pero no en cuanto a la materia. (KANT, Antropologia, § 4, nota final)
82
se, não somente como unidade lógica de nossas apercepções particulares, nem
unicamente como pedra angular do edifício das condições a priori, senão como
filosofia transcendental.
qual nos seja dado um objeto. A mesma declaração se faz no começo da Lógica
85
No original: ...del sujeto aperceptivo, del yo lógico en cuanto representacíon a priori, no hay nada
más que conocer: ni su esencia, ni su constituicíon natural; este yo es [ para nosostros] algo
análogo a [ lo que seria] la sustancia, despojada de todos los accidentes que le fueran inherentes,
y sustraída así absolutamente a todo conocimiento ulterior, puesto que los accidentes serían
precisamente los que nos harían cognoscible. (MARECHAL, op.cit., p.112)
86
A intuição em Kant significa o modo como se refere imediatamente aos objetos e ao qual tende
como um meio de pensamento.
87
MARECHAL, op.cit. , p.114
84
(receptiva) – seja unificado no conceito, quer dizer, referido, mediante alguma das
suspende o objeto de consciência entre dois pontos fixos e, por assim dizer, entre
dois pólos opostos: por um lado, através das categorias a unidade suprema do eu;
Nossa natureza quer que a intuição não possa ser nunca (para nós),
senão sensível, quer dizer, não contenha outra coisa que a maneira como
somos afetados pelos objetos [...] Sem a sensibilidade, nenhum objeto
nos seria dado; sem o entendimento, nenhum seria pensado Os
pensamentos sem matéria são vazios; as intuições sem conceitos são
cegas88.
88
No original: Nuestra naturaleza quiere que la intuicíon no pueda ser nunca ( para nosostros), sino
sensible, es decir, no contenga outra cosa que la manera como somos afectados por los objetos
[...] Sin la sensibilidad, ningún objeto nos seria dado; sin el entedimiento, ninguno seria pensado.
Los pensamientos sin materia son vacios; las intuiciones sin conceptos son ciegas. ( KANT, KRV,
A, p.51; B, p.75)
85
desde fora, por uma coação obscura. Assim, pois, de uma e outra parte, a intuição
consciência formal e algo absoluto, indiscutível, que reside, por cima e por fora da
à condição de que não se introduza a coisa em si, como termo, nas relações de
verdade objetiva de que pode ocupar-se a Crítica; mas nada impede que essas
coisa em si.
priori e inclusive necessários, por relação à experiência. Isso pela razão de que
Afirma-se, não somente que o objeto está constituído por fenômenos, senão que
89
No original: Si los objetos de que se ocupa nuestro cooncimieto fuesen cosas em si, no
podríamos tener de ellos conceptos a priori. Efectivamente, ¿ de dónde los sacaríamos? [...] Por el
contrario, si no podemos entendérnoslas em modo alguno más que com los fenómenos, no sólo es
posible, sino necesario, que determinados conceptos a priori precedan al conocimiento empíricode
los objetos. En efecto, como fenómenos, constituyen un objeto que sólo existe em nosostros,
puesto que uma pura modificacíon de nuestra sensibilidad nunca se encunetra fuera de nosostros.
Ahora bien, esta misma consideracíon, a saber, que todos los fenomenos en cuestíon, y
consiguintemente todos los objetos de que podemos ocuparnos, residen en mí, es decir, son
determinaciones de mi yo idéntico, hace resaltar la necesidad de una perfecta de estos fenómenos
en una sola e la misma apercepcíon. Pero en esta unidad del conocimiento posible [ el subrayado
es nuestro] consiste precisamente la forma de todo conocimiento de objetos (aquello en virtud de lo
cual lo diverso es pensado como perteneciente a un objeto). KANT, KRV, A, p.129.
90
Cf. Ibid., A, p.130
87
91
No original: Toda experiencia contiene, además de la intuicíon sensible por la que algo viene
dado, el concepto de un objeto ( que sea) dado como fenómeno en esa intuicíon: hay, por tanto,
conceptos de objetos en general que, como condicíon a prori, sirven de fundamento a todo
conocimiento de experiencia. (KANT, KRV, A, p.93; B, p.126)
88
particularizante.
nossos juízos são primeiramente simples, juízos de percepção, válidos para nós
uma nova relação – relação a um objeto – e pretendemos que (o juízo) seja válido,
não somente para nós em qualquer tempo, senão também para todos.
juízos pronunciados sobre esse mesmo objeto devem assim concordar entre si;
deste modo, o valor objetivo do juízo da experiência não significa outra coisa que
para considerar um juízo como universal e necessário, deve-se, por ele mesmo,
89
reconhecer que é objetivo, quer dizer, que não expressa somente a relação de
mesmo valor transubjetivo está fundado, fora do sujeito, nas coisas em si, único
conceito puro, não somente pela relação do conceito a uma intuição empírica
possível, senão também, de maneira mais próxima, pela relação do conceito das
posteriormente.
consciência, que abstrai dela a forma de unidade; mas esta abstração – que é
análise, de uma condição a priori puramente sintética, que Kant não duvida em
espontaneidade do sujeito93.
esta unidade, ali onde reside o princípio de unidade dos diferentes conceitos no
93
Cf.Ibid., p.125
91
denominado síntese, para dar a entender assim que não se pode representar
A síntese é a única que não pode ser-nos proporcionada pelos objetos, senão
somente pelo sujeito mesmo, posto que é um ato de sua espontaneidade. É fácil
94
No original: El principio (de la unidad sintética necesaria de la apercepcíon) no es, empero,
aplicable a todo entendimiento posible, sino sólo a aquel cuya pura actividad aperceptiva, ejercida
en la represenrtacíon del Yo soy, no produce todavia ningun contenido diverso. Un entedimiento,en
el cual lo diverso de la intuicíon sería dado por la simple conciencia de si (en otros térrminos) un
entendimiento en el que la representacíon realizaria, al mismo tiempo, en la existencia, los objetos
de esa representacíon; semejante entendimiento no necesitaria para nada un acto sintético
particular que redujese lo diverso a la unidad de la conciencia. (Ibid., p.128).
92
observar aqui que este ato deve ser originariamente um e aplicar-se por igual a
toda síntese, e que a decomposição, a análise, que parece ser seu contrário, a
supõe sempre.
95
No original: Por tanto, tengo conciencia de un yo idéntico, por relacíon a la diversidad de las
representaciones que me son dadas en uma intuicíon, puesto que llamo mías a todas esas
representaciones, que no constituyen más que una sola (unidad analítica). Ahora bien, esto
equivale a decir que tengo conciencia de una síntesis necesaria a priori de estas representaciones,
y éso es lo que constituye la unidad sintética originaria de la apercepcíon, a la cual se encuentram
sometidas todas las representaciones que me son dadas, pero debiendo reducirse a ella por medio
de una síntesis. (KANT, KRV, B, § 16, p.135-6)
93
função sintética tomando aqui o termo síntese em sua mais ampla acepção, segue
alcance radical, sendo que não pode ser de modo algum restringido por nenhuma
Neste sentido, Kant não nos oferece mais que um caminho destas
transcendental que faz com que a unidade formal dos termos seja objetiva, mais
96
Cf. MARECHAL.op.cit.p.134
94
sensível para constituir um objeto, se presencia que o valor objetivo será buscado,
síntese, quanto à prioridade absoluta do ato sintético que impõe uma forma ao
transcendental. Ele assinala inclusive a noção de espaço e tempo como uma das
97
No original: El movimiento de un objeto en el espacio no pertenece una ciencia pura ni, por
consiguiente, a la geometria; porque no podemos saber a priori, sino únicamente por experiencia,
que algo es móvil. Pero el movimiento como descripcíon de un espacio es un acto puro de la
síntesis sucesiva realizada, por la imaginacíon productiva, entre los elementos diversos contenidos
en la intuicíon exterior en general, y (en cuanto tal) no pertenece solamente a la geometria, sino
tambíen a la filosofia transcendental. (KANT, KRV., B, § 24, p.155)
95
não temos mais que uma representação empírica, a síntese pura do espaço
sensibilidade.
mesmo tempo, aparece cada vez mais claro que as relações entre a unidade
96
não as deduz desse eu; com respeito ao eu transcendental, seguem sendo algo
contingente.
98
Cf. Ibid., p.150
97
uma falta em dois níveis: nem as intuições puras do espaço e tempo nem as
o a priori da sensibilidade, têm parte nas oposições, não eliminadas por completo,
que temos denunciado mais acima: oposição entre o objeto em geral e o objeto da
objeto
ação deliberada à mesma lei de unidade universal que, enquanto ato aperceptivo,
lugar de fazer a síntese direta destes dois aspectos de uma mesma posição
mediante a teoria dos postulados. Esta teoria nos exige que, a examinemos
hermetismo das duas razões ou, com maior precisão, o problema da relação entre
objetivo geral.
em seu uso moral, tem realidade objetiva, é, em resumo, o que a Crítica da Razão
preciso que uma meta, ou um fim, sejam dados a priori por modo de objeto, e que
99
No original: Entiendo por postulado de la razón prática [...] una proposicíon teórica, en cuanto
ésta, que es teoricamente indemostrable, es también inseparablemente solidaria de una ley
práctica válida a priori e incondicionalmente. (KANT apud MARECHAL. El punto de partida de la
Metafísica, II, p.162).
99
soberano bem. Mas este não é possível (concebível) senão pressupondo três
possibilidade, a realidade objetiva que essa razão não pode assegurá-los. Deste
bem,a razão teórica (que não concebe o soberano bem mais que rodeado de
postulados; com efeito, não nos é dado nada de sua intuição real ou possível100.
100
Cf. KANT, KPV, p. 243-244
100
(o soberano bem).
prática como verdadeiros objetos com respeito a nossa ação; e a razão teórica dá
com que as idéias reguladoras rodeavam a seus objetos hipotéticos, antes de ser
universo deve ser imensamente sábio, bom, poderoso, mas não pode ir mais
enquanto postulada pela lei moral, recebe por este título, não somente a
inacessível por qualquer outro caminho: efetivamente, a razão teórica julga que
absolutamente perfeito101.
101
Cf. KANT, KPV, p.252
101
são de ordem lógica, analítica? Isso não é inteiramente exato. Kant põe à prova,
teoria.
postulados.
tenda com todas as minhas forças; para fazê-lo, devo pressupor a possibilidade
imortalidade.
Mas o efeito subjetivo desta lei (do dever), quero dizer a intenção
102
No original: La necesidad teórica responde a la tendencia que el pensamiento tiene hacia su
propia perfeccíon subjetiva; pero la posibilidad – que se reconoce – de alcanzar esse término no se
requiere, en manera alguna, para la objetividad de los conocimientos que la preceden. (KANT.
KPV, p.256).
102
ação empírica com a lei de nossa liberdade. Aceitar este fim último é, ao mesmo
103
Cf. MARECHAL. El punto de partida de la Metafísica, II, p.166
103
moral supremo, quer dizer, do soberano bem, ao menos enquanto esse soberano
bem representa uma perfeição moral. Assim, a aliança entre a razão prática e a
supra-sensível do numêno104.
no sentido de que nossa razão – que não vê outra hipótese explicativa, mas que
104
Cf. MARECHAL, Joseph. El punto de partida de la Metafísica, III, p.332
104
pela representação dos efeitos, quer dizer, uma ordem de fins objetivos. Mas o
conhece suas causas e efeitos. Mas, sabendo que existem e que devem estar
faculdade de julgar:
os fins morais, e entre eles o fim absolutamente último, cuja possibilidade não está
condicionada por nenhum outro fim. A este fim está radicalmente ordenada a
moral. Sendo já fim de última natureza, seu destino moral o faz capaz também de
105
No original: ... ofrece, en la idea de una finalidad de la naturaleza, el intermediario conceptual
[ que nos es indispensable] entre los conceptos de naturaleza y los conceptos de liberdad, es decir,
un concepto que haga posible el paso del puro ámbito teórico al puro ámbito práctico, de la
regularidad rígida del primero a la perfeccíon final del segundo. (KANT, K.U. , p. 55)
105
fazer é solicitar de nós uma adesão de fé doutrinal. Mas, tal como é, abre o
ética-teologia:
moral, cujo valor prático e certeza não é inferior, em sua ordem, ao valor certo das
evidências especulativas.
106
No original: La físico-teologia es una teologia física mal comprendida, solamente utilizable como
preparacíon (propedéutica) para la teologia; no puede contribuir, más directamente, a dicho fin si
no es tomado como punto de apoyo un principio enteramente diferente (el principio moral). (KANT,
K. U., § 85, p.410)
106
coordenação criaria conflitos: estas razões estão subordinadas uma a outra, sob a
metafísica puramente especulativa, uma ciência do ser, não pode ter, no kantismo,
Assim, o homem se revela, cada vez mais, como a chave do sistema kantiano,
como o centro de perspectiva desde o qual devem ser vistas todas as coisas para
107
No original: En la unión de la razón especulativa con la razón pura práctica con vistas al
conocimiento, la primacía pertenece a la razón práctica [...] En último análisis, todo interés de la
razón es práctico (moral): el mismo interés especulativo es condicionado y sólo alcanza su
plenitud en el uso práctico (moral). (KANT, KPV, p.218-9)
107
CAPÍTULO IV
PENSAMENTO
de 1917.
ele designa o Ato puro, Absoluto sendo independente de qualquer outra coisa; ou
de afirmação, mas esta tese só será provada no final de nosso relato. No segundo
metafísica. Tal pressuposto não é um preconcebido. Para ser verídico, ele exige
uma demonstração.
Se houver verdade o qual tudo nos conspira, uma verdade que vivemos,
mesmo antes de conhecê-la , e que podemos perceber com certeza
antes mesmo de submetê-la ao controle da prova por conceitos, com
certeza é a existência de Deus109.
108
No original: Avant de pouvoir élaborer une science, avant toute pensée, avant tout acte [...] il y a
déjà la présence de l’Absolu. Nous baignons dans sa lumière, nous agissons sous son impulsion:
c’est lui qui agit en nous. Impossible d’échapper à son emprise, impossible de s’en passer, de le
négliger. Il faut en tenir compte parce qu’il nous a saisis dès notre naissance à l’être, parce que
dans chaque acte nous communions à sa bonté. (DIRVEN, E. De la forme a L’Acte, p.150)
109
No original: S’il est une vérité vers laquelle tout em nous conspire, une vérité que nous vivons
avant même de la connaître, et que – tant elle nous est connaturelle – nous pouvons percevoir
avec certitude avant même de la soumettre au contrôle de la preuve par concepts, c’est à coup sûr
l’existence de Dieu. (Ibid.p.151)
109
espontânea de Deus.
maneira em que as provas da existência de Deus segundo São Tomás podem ser
legitimamente interpretadas.
ação, ela mesma, for racional . Aqui se abre o horizonte do divino. Para atingi-lo,
somente como fim último objetivo que a existência de Deus se impõe ao nosso
consentimento.
místicos, era preciso se perguntar se não seria mais lógico apresentar o real, a
dúvida e no subjetivo.
homem, ele mesmo, e todo ser, serão orientados em direção ao Absoluto, Ato
110
No original: L’intelligence humaine, dit-il, n’est pas un simple miroir reflétant passivement les
objets qui passent à sa portée, mais une activité, orientée dans son fond le plus intime vers un
terme dernier, le seul où elle puisse s’absorber complètement, vers l’Etre absolu, Vrai et Bien
absolus. L’Absolu a mis sa marque sur la tendance foncière de notre intelligence; aussi bien, cette
tendance dépasse-t-elle constamment les intellections particulières, toujours relatives en tant que
particulières. (MARECHAL, J. Etudes sur la Psychologie des Mystiques, p.120)
111
Marechal é: actus prior est forma. Porque o Ato puro condiciona toda a existência,
é impossível ter uma explicação da existência sem se referenciar a este Ato. Esta
visão vai se impor à inteligência porque, a inteligência ela mesma, está sempre
nossa existência concreta tem ainda uma preeminência sob o aspecto formal.
que tem a atualidade de uma forma, é inexplicável. É esta visão que dirigiu os
indicar onde se situa este absoluto; indicar sua presença e para bem dizer o modo
de operação, o funcionamento111.
afirmação. Esta crítica objetiva do conhecimento, quase finda nos Gregos, atinge
É então normal concluir que além do pensamento deve existir uma outra regra que
porque ele é incapaz de tomar uma atitude, seja por pura negação, seja por pura
111
Cf. DIRVEN, E., De la forme a L`Acte. p.154
112
Cf. Ibid., p.155
113
vontade : num esforço crítico pode-se dizer que, sempre o ser sustenta o não-ser,
fim absoluto: tanto pelo pensamento quanto pelo poder, deposita-se sempre então
absoluta
absoluta. O que sabemos, nosso pensamento, nosso fim, nosso ser, apresentam,
aceita, mas que não se impõe. Aquele que entende a estrutura do ser e a natureza
da existência no mundo, percebe que ela é desenvolvida nela mesma, sobre ela
que sou, do que conheço, do que trato. Mesmo se eu me afirmar como autônomo
total num ato de liberdade espontânea, gratuita; mesmo se considero este ato
mim mesmo – em outras palavras: mesmo se examino o ato o mais elevado, que
uma realidade.
113
No original: Ce moi, il est vrai, n’est plus le moi restreint, étriqué, d’un psychologisme maladif, ou
le moi-sujet d’un rationalisme étranger à la vie, ou le moi transcendantal d’une critique enfermée
sur elle-même [...] Il est expérimenté comme source de toute activité, logique, psychologique et
morale, comme initiative, [...] Mais ce n’est que le moi. Impossible d’inférer de là l’existence d’un
absolu: on ne l’atteindra jamais. (DIRVEN, op. cit., p.167)
115
vista, totalmente legítimo. Ele sustenta que o homem só pode conhecer o humano
imediato, está sempre em uma oposição mais ou menos reconhecida no qual ele é
o objeto ou o fenômeno.
que o realismo tomista de Marechal exige. A polêmica deve começar desde que
species como tal, ou seja, a forma particular deste ato. Reconhece-se aqui a
condena por ele mesmo à contradição interna que se destrói por si mesma.
Ora por definição a species como tal não é mais que uma
ela não exclui nenhuma variabilidade; ela pode parar de ser, assim como ela pode
não ter sido: ela é uma relação sem essência nem suppositum, um simples esse
114
Cf. TOMAS DE AQUINO, Suma Teologica, I, 85.
115
Cf.TROISFONTAINES, De l`existence à l´etre, p.10
116
No original: ...ou bien nous ne jugeons que de l’apparence subjective actuelle, et auncun
jugement n’est absolument vrai ni faux; si tous sont vrais, tous sont faux, car ils se contredisent; –
ou bien la species intelligibilis, c’est-à-dire la détermination subjective actuelle de notre intelligence,
ne fait point elle-même fonction d’objet primaire, mais seulement de forme spécifiante selon
laquelle l’acte intellectuel se porte directement à l’objet. Il faut choisir entre cette vérité immédiate
de l’objet et la négation même du “premier principe” comme norme des jugements “contradictoriae
essent simul verae”. (TOMÁS DE AQUINO, op. cit., I, 85, 2, c)
117
qualidades. O que o elemento bruto, por ele mesmo, não expressa ainda, o
imutável, absoluto.
síntese primordial deste elemento ao ser. A afirmação objetiva vai então além do
princípio de identidade.
uma das bases que torna esse argumento sólido. Em nenhum lugar a referência
somente diante do fato, sobretudo se este fato é ele mesmo quem o coloca e o
118
qual ele não pode deixar de colocá-lo. Nenhuma questão grave, unindo o ser e o
onde a questão se torna difícil, o raciocino não tem saída. Só o fato oferece uma
saída.
refutação daqueles que não aceitam esta norma, enquanto que por outro lado esta
que só o primeiro princípio deve dar conta tanto da existência do absoluto quanto
do seu valor.
117
No original: Nous posons l’être, disions-nous, comme une norme extérieure à notre pensée
actuelle et subjective. Pour que “vérité soit”, il faut qu’entre cette norme extérieure et la pensée
actuelle, existe un rapport fixe, entièrement déterminé, de concordance ou de discordance. Si
l’objet de ma pensée actuelle ne contractait avec l’être qu’une relation incertaine et indéterminée,
oscillant du oui au non, c’est en vain que je parlerais d’un rapport de vérité [...] Ma pensée n’est
vraie ou fausse que si, dans chaque détermination qu’elle se donne, correspond un rapport
absolument stable – positif ou négatif – avec l’être. Or, cette stabilité nécessaire de tout objet pensé
est exprimée par le “premier principe”, le principe d’identité. (DIRVEN, op. cit., p.175)
119
abstrato e como concreto vivido. Estas duas maneiras vão, inclusive mais ou
menos juntas, com as duas funções do princípio de identidade: o ser é ser, o que
coincidem. Ou, como identidade do ser com ele mesmo. Ele é sintético enquanto
que os dois termos são seguramente diferentes ou, como identidade do ser com o
pensamento.
118
No original: Ce principe n’est pas une tautologie. Il exprime l’identité de l’être réel et de l’être
intelligible: l’être tel qu’il est en lui-même est identique à l’être tel qu’il est dans la pensée. C’est le
principe que les modernes appellent “principe de l’identité de la pensée et de l’être. Il énonce
l’absolue objectivité de la pensée”. (Ibid. p.176)
120
da identidade, vista tanto como princípio sintético que como princípio analítico
pensamento e do ser”119.
pensar sem dizer que uma coisa é inteligível. Se isso não é dito, não se diz mais
acrescentar à função formal do ser como sujeito, a razão inteligível do ser como
próprio, se ela já existisse, ela não poderia acontecer. Em suma: o ser que se
119
SCHEUER apud DIRVEN, De la forme a L`Acte, p. 177
121
este concreto é a identidade do real e ideal. Assim não se tem outra prova a dar
de nosso princípio fundamental, a não ser que dizer que há um fato que pense
nele próprio ; que desta forma, é eu; que quando eu aplico a palavra ser, eu
concebido por homologia com a presença do eu no eu, não tem mais conteúdo,
conhece por si mesmo somente no seus atos, e que eles dependem de todos,
empírico e os objetos empíricos, nossa inteligência não faz, no ponto de vista que
relação objetiva ao absoluto, então um objeto inteligível do eu, não é nem mais
120
No original: Ainsi la connaissance humaine n’est pas un système de vérités abstraites qui se
déroulent devant l’esprit, qui ne sont qu’un objet devant le sujet et extérieures à un sujet, mais elle
est un ensemble dont un sujet lui-même fait partie; notre existence fait partie de l’ensemble des
choses, et c’est em tant que cet ensemble prend la forme du sujet conscient que nous disons que
cet ensemble devient connu. (SCHEUER apud DIRVEN, De la forme a L`Acte, p.177)
121
Cf.DIRVEN,op.cit., p.178
122
parece indecisa e incompleta sobre este ponto de vista, e que Marechal busca
atividade profunda do eu, pode ser substituída por uma expressão mais precisa,
imanente que eles chamavam actio per modum naturae: ela é vizinha da
sabe que muitas dificuldades podem ser resolvidas levando em conta este ponto.
importância no fato de ser uma intuição, de ser diretamente clara e evidente como
substância, mas no fato de ser uma atividade, que se revela por si mesmo, como
do eu.122
122
Cf.Ibid., p.183
123
toda aplicação do princípio de identidade segundo a sua forma abstrata; ela nos é
não é nada mais que uma outra expressão da mesma necessidade. E a conclusão
sua forma abstrata. Parece mesmo ser o único do qual ele fala. Ele supõe que
primeiro princípio, pelo menos como regra analítica do pensamento. Além disso,
ens est ens ou: o que é, é o que é, o sentido explícito dessas proposições
só pode ser o que segue : ens est id quod habet r a t i o n e m (formam)
entis; ou: o que é, é o que tem a qualidade (ou a forma) expressada nas
palavras: o que é, todos julgamentos que traduzem, mediante a cópula
124
ele conclua que é pela aplicação mesma do primeiro princípio que um reflexo de
priori por excelência, aquela que fundamenta todas as outras sínteses; a síntese
da consciência – deve ser enraizada no vivido do ser, no concreto do ato, para ser
plenamente válida.
123
No original: “ ens est ens” ou: “ ce qui est, est ce qui est”, le sens explicité de ces propositions ne
peut être que le suivant: “ ens est id quod habet rationem (formam) entis”; ou: “ ce qui est, est ce
qui a la qualité (ou la forme) exprimée dans les mots: ce qui est”, tous jugements qui traduisent,
moyennat la copule affirmative, l’unité necéssaire d’un suppositum hypothétique – l’être comme
donnée brute – et d’ une forme – l’ être comme ‘raison intellible”. ( DIRVEN,op.cit., p.184-185).
124
Cf. TROISFONTAINES, De l`existence à l´etre, p.89
125
sujeito, mas que é ao mesmo tempo sujeito e objeto. Seria de fato errado
imaginar uma experiência do ser numa tomada subjetiva do eu, e ao lado dela a
objetividade da qual se deve ainda provar que ela tem verdadeiramente uma
identidade.
se revela à nossa inteligência numa síntese concreta, ou seja, que toda noção de
a supposita materiais. Neste caso, ele mantém sempre uma conotação do tempo
que é.
125
No original: ce qui est, ne peut pas, en même temps et sous le même rapport, ne pas être.
(DIRVEN,op.cit., p.186)
126
o mais geral possível. É o Absoluto, Ato puro, onde esse e essência, realidade e
do Absoluto. Mas este Absoluto nunca nos é dado na sua própria unidade. Não
ato, mas a outra tem nela todas as marcas da passividade, já que ela é
passividade e o ato que evoca o Absoluto. Mas, essa síntese universal só pode
ser fundada no Absoluto e esta aliança é possível somente por meio da finalidade
sucessivas.
126
Cf. BRETON, S. Essende et Existence. PUF. 1962.
127
Mas o que não pode ser representado pode ser significado. Aqui
tomismo. Para isso ele destaca da metafísica tomista as linhas salientes de uma
modernos.
imediata das faculdades que erigem este em objeto conhecido. Quer dizer, em
cognoscível. De fato, Marechal nota ele mesmo, no início de seu estudo, esta
127
Cf. MARECHAL, Joseph. El punto de partida de la Metafisica, II, p. 90..
128
No original: Désormais, et sans perdre de vue que nous devons avant tout interpréter fidèlement
une doctrine métaphysique, nous allons adopter la méthode franchement déductive qu’exige
l’achèvement d’une démonstration critique […] Et peut-être nous suffirait-il ensuite d’alléger notre
démonstration du contexte métaphysique dont elle s’entourait, pour la transposer légitimement,
amincie mais non énervée, sur le terrain de la philosophie kantienne. (DIRVEN,op.cit.,p.191)
129
marechaliano.
4.6 - O método
129
No original: Le terme immanent d’une action est nécessairement conforme à la nature de l’agent.
(Ibid. p.193)
130
mesmo da empresa.
identidade
verdade lógica existe e que tem um conteúdo necessário nas nossas afirmações.
nas suas duas partes sintéticas: o dado afirmável e sua aplicação ao ser.
cada aplicação de princípio; que este primeiro princípio se apresenta sob dois
impõe inevitavelmente, como um fato, em cada ato de pensamento, mas que ele
130
No original: La critique transcendantale présuppose, elle aussi, tant les données objectives que
le premier principe, mais “elle suspend l’affirmation primitive absolue de l’être pour examiner en
eux-mêmes les contenus de conscience”. (Ibid., p.195)
132
ser parece destinada à uma cláusula final que a joga no abstrato e que,
pensamento.
sistema. Daí as críticas finalmente não constituir sem uma propedêutica, mas
conceito clássico muito esquecido dos cartesianos assim como dos empiristas,
condições do objeto.
131
Cf. Ibid., p.195
133
deve então se situar numa ordem dinâmica de casualidade, deve ser entendida no
significação expansiva. Ela vai além da forma estática como uma condição
permanente e dominadora.
não é um resíduo inerte, uma estrutura que constata-se e que descreve-se, mas o
conhecimento deve primeiro se deixar captar pela corrente que leva o sujeito para
132
No original: ce qui l’intéresse, c’est moins le dépeçage de l’objet déjà constitué, que l’objet dans
sa possibilité interne, l’objet à l’état naissant (in fieri). (Ibid. p.199)
134
natureza intelectual.
por um lado mostrar no a priori um caráter dinâmico e conclusivo, por outro lado
perceber a atividade imanente como inelutável e como condição sine qua non de
mesmo momento onde ela “se insere e põe em ato o elemento material de nossas
objeto pensado nos é oferecido “como passando da potência ao ato, como fase de
ser este: que nossos conceitos objetivos nos sejam dados, na reflexão, como
apesar de que Kant dele não tirou todas as conclusões. Ele ignorou, de fato,
numa certa forma “o papel essencial que a finalidade ativa do sujeito atual na
método transcendental”.135
133
No original: compénètre et met en acte l’élément matériel de nos représentations. (Ibid. p.200)
134
No original: comme passant de la puissance à l’acte, comme phase d’un mouvement ou d’un
devenir intellectuel. (Ibid. p.200)
135
No original: le rôle essentiel que la finalité active du sujet joue dans la constitution même de
l’objet immanent, et cet oubli frappe d’impuissance sa méthode transcendantale. (Ibid., p.201)
135
atitude espontânea dos Antigos, para se colocar no plano da crítica. Ele aceita o
primeiro princípio, mas sem mencionar que ele lhe dá inicialmente somente um
Essa norma terá um valor ontológico, como nos Antigos, mas somente se
ela controla realmente a realidade inteira; se podemos alcançá-la em sua
função de controle; se controle e aplicação à realidade concordam de
fato. Neste momento, diversificando, a realidade se fixará como
expressão e referência ao absoluto. Neste momento teremos reunido o
ideal ao real, o pensamento ao ser136.
afirmativo.
136
No original: Cette norme aura une valeur ontologique, comme chez les Anciens, mais seulement
pour autant qu’elle contrôle effectivement la réalité entière; pour autant qu’on puisse la saisir dans
sa fonction de contrôle; pour autant que contrôle et application à la réalité coïncident de fait. A ce
moment-là, tout en se diversifiant, la réalité s’imposera comme expression et réference à absolu. A
ce moment-là on aura renoué l’idéal au réel, la pensée à l’être. (Ibid., p.201)
136
o que o primeiro aplicava desde muito tempo, mas muitas vezes de forma
impensada.
em ato.
explicitação de análise e de prova. Na sua fase implícita, ela coincide com o ato
mesmo do conhecer. Ela é então uma consciência concomitante que permite uma
prática, mas para a teoria. A afirmação ocupa esta função se ela toma o objeto
conteúdo de consciência, esta afirmação participa do valor teórico dos objetos que
de uma evidência especulativa indireta (analógica). Mas então, nós não nos
objetiva.
surpreender. Não seria lhe conceder um valor que na verdade ele não possui?
Assim, para ter uma relação de verdade lógica deve haver uma
presente, mas que ela não atinja nossa consciência de forma alguma, nem mesmo
implicitamente, então ela é para nós como algo sem realidade. A verdade no
existentes, dependem de uma fonte de verdade: elas emergem do ser por uma
entre seu ser (se exercitando no ato da inteligência) e o objeto real (encontrando
verdade no sentido próprio, a inteligência é medida pela coisa; ela fica ao mesmo
137
No original: La vérité de ce que possêde notre intelligence n’est pas cette vérité ontologique. En
empruntant la voie de notre intelligence pour apparaître à la surface de la conscience
philosophique, en voulant devenir en nous expression de vérité, la chose contracte un certain
rapport avec notre intelligence: tout en étant intégrée dans la connaissance, la chose mesure notre
intelligence. (Ibid., p.205)
139
medida em que essa toma consciência de sua assimilação ao objeto o qual ela se
absoluto.
sua identificação com o objeto. Sujeito e objeto devem coincidir para que um
conhecimento ilumine nosso mundo interior. O conhecimento não ata esta união,
ele é a união, ele supõe a união feita. Mas nossa inteligência humana não é
intuitiva. Ela é discursiva, e uma inteligência discursiva, que nem sempre está apta
a conhecer, deve receber seus objetos. Seus objetos lhe são dados. Ela depende
se estar preparado para o que se quer aceitar; e isto só se alguma coisa for dada
defrontam, se freqüentam. Para que eles se unem um deve agir sobre o outro.
atividade do objeto, recebidas como aceitas pela inteligência. Dom e recepção são
inteligência-objeto.
de sofrer uma influência vinda do exterior, ela pede a aplicação de uma faculdade
imanência, no ato.
imanente, ela não é totalmente absorvida pela matéria, ela emerge. Nela a
exterioriza numa recepção material que a coloca em contato com o mundo físico.
material do sujeito e do objeto em si. Seu próprio conteúdo é a forma que resulta
diretamente da união dos dois termos, a marca pela qual o mundo exterior vem
esta forma considerada como tal, pertence tanto ao sujeito como ao objeto. Ela é
formal.
marca sempre uma relação recíproca do sujeito ao objeto. Ele é o acordo mútuo,
potência se relacionam.
138
No original: A l’unité universelle qu’il exprime, les objets particuliers sont réellement en
puissance, comme à leur acte complémentaire dans un sujet connaissant; d’autre part, l’objet
formel est la puissance même (la capacité) du sujet relativement aux objets extérieurs, dont les
déterminations sont reçues par le sujet comme autant d’actes seconds qui le “perfectionnent”. Dans
toute connaissance d’objet, l’actuation est donc mutuelle: l’objet formel e représente, pour chaque
faculté, la condition commune, mitoyenne, où objet et sujet se complètent l’un l’autre et
communient par connaturalité, selon une relation réciproque d’acte et de puissance. (Ibid., p.210)
142
que ele possui uma vez integrado no conhecimento. De fato, estas qualidades
já estar na ordem das idéias assim como partícipe analogicamente das qualidades
da forma subsistente.
imanente. Mas ao mesmo tempo ela se apresenta como uma operação que, se
139
Cf. MARECHAL, Joseph. El punto de partida de la Metafísica, III, p.341
143
não objetiva, enquanto ser, está limitada extrinsecamente por “coisas em si”
donde deve para passar ao ato objetivo, assimilar-se, por através do sentidos, as
aportações sucessivas.
4.6.3 - Universalização
explica numa teoria da intencionalidade onde a forma surge além da matéria, tira
140
Ibid., p.341
144
ordem da idéia.
sensibilidade.
nosso conhecimento.
sensibilidade, não se fixam nem para o ato nem para o produto da inteligência. O
receptividade imaterial, que aja sobre a imagem sensível, que assim revele a
sua fonte própria na inteligência e que só seja atividade, sem nenhuma recepção.
sensibilidade, mas que ela seja espontânea num sentido mais estrito.
material.
admitir que a inteligência, neste ponto de vista, não necessita de ato desconhecido
para entrar em ação e que ela está sempre atuando. Os efeitos particulares de
141
No original: la part vraiment spontanée de son intervention ne dépasse pas certains caractères
absolument généraux, dont la spécification prochaine dépend du phantasme. Kant disait de même,
en termes critiques: le concept n’est pas totalement a priori ni totalement spontané: il est a
posteriori (ou empirique) quant à sa matière (son contenu divers), a priori et spontané quant à sa
forme synthétique (sa forme d’universalité). (Ibid., p.216-7)
142
Cf. Ibid., p.408
147
física da imagem sensível, mas por uma abstração da forma universal. Ao invés
como sua real existência, a abstração rende à imagem recebida todo teor
143
Cf. TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica, I, q.12, a.1, in c.
148
a reflexão) não é o objeto exterior, com certeza que não, mas ela realiza o que
o objeto possui de valido, de importante144.
mesmo tempo e sob certos aspectos uma causa formal e causa eficiente.
dos dois elementos cognitivos. De fato, existe uma solidariedade natural muito
potências numa formação humana. Para São Tomás e para Marechal, o ser
humano só forma uma unidade, uma substância, um principio radical de agir. Toda
exprime o ser humano inteiro, mas ao seu modo. Esta unidade não impede a
de unificação contínua.
sensível é, por um lado a de uma casualidade material e formal e, por outro lado,
144
No original: l’intelligence elle-même n’était qu’en puissance, mais avec la possibilité de sortir, de
soi-même, de son état d’attente, à l’occasion d’un objet présent sur sa route. Elle capte donc une
possibilité préexistante dans l’objet pour l’actualiser. Cette actualisation (l’universel tel qu’il est
révélé dans l’intelligence après réflexion) n’est pas l’objet extérieur, sûrement pas, mais elle réalise
ce que l’objet possêde de vraiment valable, d’important. (Ibid., p.217)
149
ação.
(como possibilidade) uma função dinâmica e formal, mas não objetiva. Marechal
diz que ela é, a linha característica de uma atitude, mas de uma atitude objetiva,
Kant, estes conceitos só têm uma real existência por uma síntese concreta que os
ligam à unidade categorial do real. Marechal diz também que de uma maneira
deve ser liberada de qualquer resíduo particular próprio e estar integrada numa
função universal; em segundo lugar ela deve permanecer ligada de uma matéria
146
No original: De la rencontre, nécessaire et inconsciente, de l’intellect-agent et du phantasme, le
premier se subordonnant activement le second (analogiquement comme cause principale et cause
instrumentale), résulte dans la faculté intellectuelle une détermination dynamique correspondant à
la structure qualitative du phantasme, terme de cette activité. (Ibid., p.220)
151
concreta, segundo São Tomás e Marechal, ainda não se vai além da função
do objeto, não é ainda conhecer o objeto ele mesmo como que se opondo
conhecimento próprio. Ele deve ser atribuído de maneira explicita ao objeto, ele
152
dá conta. Isolado, ele é apenas uma representação. Ele tem nele a marca da
concreção, quer dizer de sua origem e de sua relação à imagem sensível; mas ele
não é outra que a unidade abstrata do número. Ora São Tomás e Marechal
objeto, ela deve, sobretudo se opor a ele ativamente. É preciso que não somente
se ele existe de verdade), mas que conserve a relação ad extra, que ele afirme
esta relação na imanência do sujeito. Por isso, o tomismo tem o título de verdade
graça ao julgamento que afirma e que nega. A síntese, a pura composito e divisio
(quer dizer: uma união de um dado com as categorias do real ou do irreal), não
153
existente é necessária147.
conformidade entre eles e o objeto, como num retrato, nada mais. A verdade aí se
encontra, mas somente como ela se encontra numa coisa na qual a realidade
147
Cf. MARECHAL, Joseph. El punto de partida de la Metafísica,III, p.498
148
No original: la vérité se rattache formellement, non à une expression conceptuelle, mais à un
principe quase intuitif, l’activité intellectuelle. Celleci déborde de cadre de l’immanence subjective
pour repporter à un objet le contenu de la représentation conceptuelle. (Ibid., p.223)
149
Cf. MARECHAL,op.cit., p.502
154
Ora, sem perceber, ela esta presente em toda a evolução, em toda a gênese de
dinamismo final. Ela confere finalmente ao conceito uma relação de oposição que
afirmação. Essas conseqüências poderiam ser como tantas razões que forçam a
representação formal; porque nosso poder de afirmar não é restrito aos objetos
não é aquilo que nós conhecemos: São Tomás e Marechal nela voltam
155
significar o objeto real, e por isso ser relatada ativamente à realidade, ao ser.
Ora, após a doutrina analisada até agora, deve-se dizer que o fato
de não ser representável não leva a dizer que o Absoluto não possa ser
não é afirmação. A afirmação vai muito mais longe que a representação; o que
pelo menos mínima. Ela servirá de veículo à significação enquanto que esta falará
natureza própria de Deus. O julgamento sobre Deus deve então ter alguma coisa
150
Cf.MARECHAL,op.cit., p.503
156
qualidade evidente, poderia não fazer nenhuma dificuldade e assim pedir nenhum
luminosa.
mais longe que a representação. Sendo mais que uma representação, o objeto
exige que a atividade atinja mais que a representação, que ela significa o ser
intelectual151.
tinha conhecimento antes e tende a conhecer vários outros; ela domina este
conhecimento com todo seu condicionamento a priori. Ela entra em ação por uma
espontaneidade que ela mesma esta orientada para uma aquisição de objetos.
objetivo.
intelectual é especificado por seu objeto formal. A uma tal capacidade pode só
151
Cf. MARECHAL,op.cit.,p.402
158
sem limites, não somente ideal, mas ainda existente, é preciso agora falar da
necessidade prática do bem agir. Este caminho é certamente uma via praticável
de onde Kant inferiu seus postulatos práticos, pode ser negados sem cair em
deste fim. Então, por causa da necessidade geral de agir, é necessário afirmar,
de uma maneira absoluta, tudo aquilo que condiciona a existência deste agir, ou
existência de Deus.
Não se deve dizer como Kant propõe, que a cognoscibilidade do Ser Absoluto
recebe uma certeza convincente somente após estar necessariamente posto pela
condições que regem a ação só tem valor se tiver sido atualizada pela ação. Em
159
outros termos: já que o ato voluntário é, dentre outros atos, o único que afeta
posição efetiva do ato. Só neste momento deve aceitar, pelo nosso conhecimento,
atividade voluntária.
arbitrário de nossa vontade, mas o conhecimento das condições que regem este
152
No original: L’action volontaire pose dans l’absolu toutes les relations spéculatives inséparables
de l’objet comme tel. Il faut remarquer que cette position absolue survient à l’objet déjà constitué
dans la pensée, au moins comme objet phénoménal, et résulte donc immédiatement non pas de la
constitution nécessaire de l’objet pensé, mais seulement de la constitution nécessaire du sujet
agissant qui, pour vouloir, doit jeter l’objet phénoménal dans l’ordre des fins et le traiter comme un
objet nouménal. La nécessité spéculative de poser les objets métaphysiques dans l’ordre de la
réalité, demeurerait donc assujettie à mon engagement, elle serait, après tout, subjective. (Ibid.,
p.235)
160
vontade na prova de Deus, quando ele diz que: a unidade, que fundamenta a
vontade ilícita. Ela não é então o resultado de uma opção livre. A afirmação do
independente de um poder explícito ou de uma opção. Deus não pode não ser
ou, pelo contrário, a livre aceitação, importa não sobre a finalidade, mas, como diz
princípio pode ser somente um aspecto do movimento afirmativo, tal como ele se
impõe à nós.
como evidência intelectual e não poder recusá-lo como exercício mostra que o
simplesmente um ato imanente ao sujeito, mas que ele é sempre propulsado por
perseguir um fim, seu fim. Ele deve se realizar: o fim é para ele um bem que ele
não pode negar. É este querer que visa-se falar da vontade, intervindo de uma
fazer, para que a necessidade prática e subjetiva dos postulados se torne uma
substratum ontológico.
lados: como potência que exige o ato seguinte, que é de novo uma propensão
153
No original: Il faudrait que l’introduction de l’objet dans l’absolu des fins, au lieu de se faire
seulement par des vouloirs élicites, supposant l’objet déjà constitué devant la conscience,
s’effectuât dans la genèse même de l’objet comme objet, dans la région de ce dynamisme implicite,
encore indifférencié, où la spéculation et l’action ont également leur source. (Ibid., p.239)
163
transcendental kantiano):
movimento não pode existir sem o fim, já que a forma é somente antecipada do
fim.
imanente ao agente ou que tenha um efeito exterior, deve sempre ser distinto da
atividade mesma:
154
No original: C’est le lieu naturel, l’exigence formelle de déterminations; c’est donc ce que les
scolastiques appellent une puissance passive, doublée d’une tendance. Dans le deuxième cas, la
détermination survenue pourrait être considérée comme un effet de la donnée. Mais tout en rendant
possible une acquisition ultérieure, la donnée, pour être subsumée dans la faculté, doit, dans cette
mesure, et corrélativement, répondre à l’exigence qu’elle sature. (Ibid., p.241)
164
Assim, é preciso explicar esta tendência que se desloca sempre para o objeto.
Sem objeto infinito, pelo menos tão real quanto a realidade, vivida, inelutável,
Mas isto não implica nem que este objeto deve existir fora do
sujeito nem que ele seja mais real que o dinamismo. Em outras palavras: isto não
objeto não esteja na medida de nossa tendência como nossa. Isto implica,
portanto, que não se pode atribuir aos objetos intermediários uma realidade maior
do que aquela do objeto final ilimitado na medida da tendência infinita, nem uma
155
No original: Jamais une activité tendancielle, c’est-à-dire une activité qui se déploie par passage
de la puissance à l’acte, ne saurait être à soi-même sa propre fin: l’acte par lequel on veut quelque
chose ne se confond pas avec le ‘quelque chose’ que l’on veut par cet acte; aussi, la fin
absolument dernière de nos actions immanentes ne peut-elle être un acte de vouloir, puisque aussi
bien celui-ci, par définition même, est ordonné ultérieurement à un objet, qui ne peut être
indéfiniment un vouloir. (Ibid., p.242)
165
Marechal. Esta transposição, pelo nosso conhecimento, nunca foi notada nem por
primeiro; eles são objetivos para nós, porque eles são captados na afirmação que
assimilação ao Ser absoluto seja possível, é preciso antes de tudo que este Ser
desejo, toma uma importância nova quando se trata de Deus. O que pressupõe
claro que esta existência dá um novo significado a tudo que é afirmado, mesmo na
possibilidade.
156
Cf. MARECHAL, op.cit.,p.521
157
No original: la possibilité de notre fin dernière subjective présuppose logiquement l’existence de
notre fin derniére objective, Dieu, et qu’ainsi dans chaque acte intellectuel, est affirmée
implicitement l’existence d’un Etre absolu. De la possibilité de Dieu suit réellement l’existence de
Dieu, parce qu’il a été prouvé que Dieu est vraiment, dans l’existence, la condition de toute
possibilité. (Ibid., p.251)
167
necessidade analítica, diz ele, nos tece uma rede hipotética de alternativas
por causa disto pode e deve conceder o ser, não somente a Deus ele mesmo,
158
No original: l’evidence proprement objective, dans l’ordre de la connaissance métaphysique,
dérive à la fois de deux sources logiques: d’une nécessité normative, strictement analytique, et
d’une nécessité pure, radicale, naturelle d’affirmer, que l’on nous permettra d’appeler une nécessité
transcendantale. (Ibid., p.251)
168
eliminar todo possível. Mas suprimir todo possível é negar o pensamento objetivo,
mesma.
pensamento objetivo. Este não pode ser interpretado somente segundo seu
conteúdo pensado, deve ser levado em toda sua importância vivida e real, de tal
maneira que uma forma lógica seja aplicada a um conteúdo real. O pensamento
objetivo é, de fato, radicalmente impossível, não somente se não tem norma lógica
conclui:
outro lado, para não se cair de novo no ontologismo, é preciso também que este
conteúdo objetivo metempírico não seja nem idéia inata, nem intuição ontológica.
159
No original: Nous avons dit, en examinant cet argument, que si Kant en abandonna plus tard la
conclusion , ce fut seulement parce qu’il crut ne trouver, dans notre pensée, d’autre contenu que du
‘donné phénoménal’, tout le reste y étant d’ordre purement fonctionnel et formel. (Ibid., p.253)
169
conteúdos só são reais porque eles são inseridos numa afirmação onde tem Deus
sua existência. Mas Deus é possível? É provado, não pela análise lógica do
conteúdo conceitual, nem por um exame do puro finalismo (exame dos termos da
atividade intelectual), mas por uma fixação no ser do dinamismo, por uma
nos ensina sobre a extensão e a essência desta fonte. A relação de união, que
numa forma concreta, que é a ordem da finalidade. Por isso, esta ordem concreta
em vez de informar somente sobre uma causa final ideal e abstrata, ela significa:
primeiramente uma origem que se explica somente em relação com uma causa
eficiente, depois um fim que retorna a uma causa final, e em terceiro, um laço
170
entre as duas que designa um mesmo Ser Absoluto tanto para a origem como
para o Fim.
de Deus do único finalismo; ela apela tanto à causa eficiente, como à causa final;
ela pretende que as duas causas sejam significadas pela ordem da finalidade.
último final, mas que se fixa numa natureza, e uma tendência que indica um
participação.
objetiva, certamente não como efeito produzido, mas como fim finalizado.
afirma.
entre esses diferentes componentes. De uma certa forma, temos duas ordens: a
160
No original: Dans le cadre d’une métaphysique franche de l’acte et de la puissance, on tiendra
donc pour démontré, que tout concept abstrait, objectivé dans une affirmation d’être, a dû non
seulement se concrétiser par référence à la matière, et déjà s’extérioriser ainsi par rapport à la
pensée, mais surtout se subordonner, selon la relation d’analogie, à une condition essentielle
supérieure et absolue, qui ne peut davantage demeurer interne à notre pensée, et même qui ne
peut être que le sommet absolu du réel, l’Acte pur. (Ibid., p.258)
172
não separar elementos que estão necessariamente juntos. Para maior clareza nós
os consideramos progressivamente.
inteligência.
pode se manter numa pura forma, mas exige uma relação definida entre um
presente.
Tudo isto nos mostra que a forma inteligível não existe isolada,
mas ela é levada por um exercício, assim ela pode ser considerada nela mesma
intelectual pode se chamar, de uma certa forma, uma vontade consciente, não
como vontade elícita conhecida pela inteligência, mas como consciência de uma
ciência prática.
161
No original: ...la possession couronne l’ordre de la cause finale. Au sein de la connaissance
objective, conscience (l’acte propre de l’intelligence) et possession (l’acte qui rassasie la tendance
de la volonté dans l’intelligence) coïncident, la conscience étant l’épanouissement caractéristique
de la possession dans une faculté spéculative. (DIRVEN, op. cit., p.260)
174
a vontade depende de fins objetivos que lhe são oferecidos somente pela
inteligência.
opinião.
este antes de conhecer, está em potência com várias formas de intelecção. Ora,
162
Cf. MARECHAL, op.cit.,p.380
175
alguma coisa que está em potência com relação a vários objetos precisa de uma
dupla intervenção para sair de seu estado de potência. A primeira intervenção visa
[...] Mas quanto para a determinação do ato que é da parte do objeto, o intelecto
nunca opera sem a forma que a determina. Mas isto traz esta grave conseqüência:
que não se pode jamais separar a forma ou a especificação (ou o fim) da realidade
ontológico pelo fato que ele está inserido num exercício do valor de ser. Para
163
No original: Primum autem principium formale est ens, et verum universale, quod est objectum
intellectus. Et ideo isto modo motionis intellectus movet voluntatem sicut praesentans ei objectum
suum . (TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica, I,82, 3 ,ad.3)
164
Voluntas movet intellectum quantum ad exercitium actus [...] Sed quantum ad determinationem
actus, quae est ex part objecti, intellectus movet voluntatem.” (Ibid., ad. 3)
176
própria verdade é um certo bem, ao lado do qual o intelecto é uma certa coisa, e a
verdade é um fim de si própria.”165 “Está claro também que nada impede que a
verdade seja um certo bem, segundo o qual o intelecto que conhece é aceito
166
como certa coisa.” A inteligência e suas operações pertencem a ordem da
por causa de ser a caminho de um objetivo, mas por causa de sua inserção na
existência pelo exercício real que tende para um objetivo. A luminosidade interna
reveladora, que é a primeira propriedade do ato como ato, tudo o que apresenta o
165
No original: Ipsum verum est quodddam bonum, secundum quod intellectusres quedam est, et
verum finis ipsius. (Ibid. 1,82, 3, ad 1)
166
No original: Patet etiam quod nihil prohibet verum esse quoddam bonum , secundum quod
intellectus cognoscens accipitur ut quaedam res. (ARISTÓTELES, Metafísica, Livro VI, lição IV)
177
é preciso então estudar o conhecimento na sua primeira aparição, onde ele toma
único finalismo da tendência, que nos faz concluir a idéia de um Ser único e
necessário para a sua existência. Um final ideal, por mais perfeito que seja, não é
ainda uma existência real. O fim pode ser a soma de uma infinidade de perfeições
uma idéia; ela é um fato e um fato que é ao mesmo tempo realidade, idéia e
Marechal. Ainda é necessário justificar o princípio que nos permite apelar para
esta origem primeira. Ora este princípio se firma no ato da afirmação: ele é um
explicitar.
coerência.
167
No original: Refuser cette dépendance, d’un être refuser l’ordre même de la finalité. Accepter
cette dêpendance, c’est reconnaitre le principe de causalité en exercice. Car, reconnaitre le
principe de causalité c’est idenquement admettre que la constitution-dans-l’être de la tendace
concréte exige una relation ontologique à une origine existentielle. (DIRVEN, De la forma a L’acte,
p.270)
180
ativas: Deus é nosso último fim. Mas, posto que, em um sentido, Deus é o fim
último de tudo o que existe, é preciso saber como Ele é nosso fim. Do homem,
pois, a Deus, é o fim último, não de uma maneira qualquer, senão objetivamente,
deseja possuir direta ou indiretamente a Deus mesmo como sua própria forma
momento a vontade tende para o ato final do intelecto, se bem que é necessário
168
TOMÁS DE AQUINO, op. cit., I, q.26, a.1 et 2, in c.
169
Ibid., q.26, a.2
181
fé, na cognição de Deus, que é pela fé, porque se é verdade que a fé amplia o
Por isso, Santo Tomás conclui com uma audácia perfeitamente justificada: A
última e perfeita beatitude não pode ser senão visão da divina essência171.
sensibilidade garante para nós o patrimônio de outra vida. ‘É impossível que nesta
alcança aqui os limites de sua potência natural de intuição; para subir mais acima
por seu próprio esforço, deveria sobrepassar-se a si mesma. E, sem embargo, seu
desejo profundo não fica satisfeito: “No conhecimento natural que as inteligências
E como deve ser esta visão se presume suficientemente pelo que já foi
dito. Pois temos demonstrado que a substância divina não pode ser vista
170
TOMÁS DE AQUINO, Summa contra gentes, III, 39, 40
171
Cf. TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica, q.25, a.3
172
TOMÁS DE AQUINO, Summa contra gentes, III, 48
173
No original: In naturali cognitione quam habent substantiae separatae de Deo non quiescit eorum
naturale desiderium. (Ibid., III, 50)
182
pelo entendimento mediante uma espécie criada. Por isso, é peciso que o
entendimento conheça através da própria essência de Deus, de modo
que em tal visão seja a essência divina a que se conhece e vê também o
meio se conhecer174.
libertação das amarras materiais, por meio de uma condição extrínseca, superior a
nossa natureza, ou seja, uma comunicação ativa do Ser absoluto, que nesse
sentido não exige nada a respeito da criatura teologicamente falando , uma “graça
sobrenatural”175.
sobrenaturalmente. Nesse contexto, Santo Tomás com o cuidado de não cair num
fideísmo, afirma que mesmo que só a fé ensine que Deus quer ou não fazer
felicidade, isto é, a existência das causas objetivas que fazem possível sua
realização.
174
No original: Modus autem huius visionis satis iam ex dictis, qualis esse debeat, apparet.
Ostensum enim est supra, quod divina substantia non potest videri per intellectum in aliqua specie
creata. Unde oportet, si Dei essentia videatur, quod per ipsammet essentiam divinam intellectus
ipsam videat; ut sic, in tali visione, divina essentia sit et quod videtur et quo videtur. (Ibid., III, 51)
175
MARECHAL, op. cit., p.402
183
do fim último, para o qual nos orienta nosso desejo, e a ausência de toda
dom inteiramente livre e gratuito por parte de Deus. E inclusive podemos dizer
176
No original: Supra probatum est quo omnis intellectus naturaliter desiderat divinae substantiae
visionem. Naturale autem desiderium non potest esse iname. Quilibet igitur intellectus creatus
potest pervenire ad divinae substantiae visionem, non impediente inferioritate naturae. (TOMÁS DE
AQUINO, Summa contra gentes, III, 57)
177
Cf. MARECHAL, op. cit., p.406
184
naturais. E, sem dúvida, esse impulso radical que lhe faz tender Absoluto não é
178
Cf. Ibid., p.407
185
CONCLUSÃO
vontade, a integração na razão teórica do Ato puro como condição a priori de toda
Marechal, o Kant histórico ficou sempre fechado num formalismo relativo que se
reconhecendo o que ele tinha de válido, ser ultrapassado por um apelo ao ato.
devia ser integrada numa concepção existencial, que não pode se entender,
tradição escolástica, onde ele estudou, durante vários anos, com coerência e
audácia de abordar Kant com uma real simpatia a fim de reconhecer o que era
enfim um idealista. E neste sentido, ele mostra como o Absoluto pode se re-
pensamento e nosso agir. O caráter racional desta idéia de Deus: isto é para ele a
unindo-o ao tomismo.
187
eficaz num dinamismo reflexivo; e que os problemas metafísicos criados por ela,
ele, uma solução adequada numa posição atual, que é ao mesmo tempo
qual ele nunca se distanciou: só o ato vital faz a pergunta e pelo próprio fato a
resolve.
intelectual.
problemas que ele oferece uma solução adequada, coerente e o tanto quanto
comporta até mesmo elementos irracionais, ao nível humano, tais como o amor ou
porquê e a necessidade.
ativo na teoria do ato e da forma. O tomismo escolástico que ele conhecia dava
perspectiva mais dinâmica. O contato com os textos de São Tomás o fez perceber
potência.
as partes se unem, sem por isso ser isento de mistérios e de problemas para a
inteligência humana, uma explicação desta realidade, não pode parar no caminho,
mas deve ser empurrada até a fonte de toda inteligibilidade: o Absoluto. Para
pela matéria pura ela encontra sua coerência na tensão dinâmica que liga o
princípio ao fim.
humanismo relativo. Ele abre então este horizonte para um Absoluto que se
impõe implicitamente em toda parte. Ele persegue sua investigação além das
parcialmente por uma reflexão existencial sobre o esse e o ato da vida concreta do
homem, elas só estão encontrando uma linha inaugurada há vários séculos por
tempo. Esta confrontação ficou singularmente atual e manteve seu vigor. Pois as
não impede de nenhuma maneira uma explicação discursiva e racional. Esta ação
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