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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
Maringá
2019
Felipe Sobrinho Polon
Maringá
2019
1 – RESUMO
Uma das características fundamentais para a realização de projetos é a
condutividade térmica (𝑘) dos materiais, ela é definida pela habilidade do material em
conduzir energia térmica. Para determinar o seu valor, diversos métodos podem ser
utilizados, dentre eles o método da fita quente (Hot-Strip Method), descrito neste trabalho,
que consiste em introduzir uma fonte de calor entre as superfícies do material, acoplando
no centro da resistência um termopar, a fim de medir a temperatura. O método foi
utilizado para obtenção da condutividade térmica do Nylon 6,6 e do aço ASMT A36.
Depois de efetuado o experimento, obteve-se valores de 𝑘 para o nylon de 0,2538
[𝑊/𝑚 ∙ 𝐾] e 0,9019 [𝑊/𝑚 ∙ 𝐾] para o aço. Comparando os resultados obtidos com a
literatura foi calculado um erro experimental pequeno para o polímero e muito grande
para o aço, concluindo assim a eficácia deste método para o cálculo da condutividade
térmica do polímero, mas grande divergência na caracterização do aço, não sendo então
recomendado tal uso.
Palavras-chave: condutividade térmica, fita quente, nylon 6,6, aço ASMT A36.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1
1.1. OBJETIVOS.................................................................................................. 1
2. METODOLOGIA....................................................................................................... 2
2.2. MATERIAIS.................................................................................................. 5
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 8
4. CONCLUSÃO........................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 13
1 – INTRODUÇÃO
A crescente busca pela caracterização termodinâmica dos materiais, trouxe à
engenharia a possibilidade não só de antecipar os fatores naturais, mas também viabilizar
os melhores materiais para específicas utilizações. Uma das características mais
importantes e indispensável em projetos, é a condutividade térmica do material “𝑘”,
compreendida como a habilidade do material de conduzir energia térmica. Sua aplicação
vai desde a seleção de materiais para grandes construções na engenharia civil, quanto para
projetos aerodinâmicos na indústria aeroespacial.
A partir dos dados de condutividade térmica, um novo conceito que relaciona a
temperatura aos efeitos atômicos dos mais variados materiais começou a ser introduzido
na engenharia. As especificações e necessidades de cada projeto, estão ligados a
capacidade térmica do material. Materiais com alta condutividade térmica conduzem
calor de forma mais rápida que os materiais com baixa condutividade térmica. Desta
maneira, materiais com alta condutividade térmica são utilizados como dissipadores de
calor e materiais de baixa condutividade térmica são utilizados como isolantes térmicos.
Hongyu (2016) aborda a importância da condutividade térmica para a dissipação de calor
em equipamentos eletrônicos, podendo aumentar o tempo de vida e confiabilidade do
equipamento, muito importante, por exemplo, para pequenos chips de computadores, que
tendem a aumentar a temperatura com facilidade. Sendo assim, a melhor escolha está
diretamente ligada à utilização do material.
Os métodos de medição de condutividade térmica são geralmente divididos em
duas categorias: permanentes e transientes, a principal diferença está no tempo requeridos
para medições. Houngan (2015) enfatiza que a maioria dos métodos testados na literatura
são realizados no modo estacionário, o que apresenta maior desvantagem relacionado ao
tempo de duração. Um dos métodos mais recorrentes no regime transiente é o método da
fita quente (hot-strip method), o qual foi utilizado neste experimento. Jannot (2004)
enfatiza as vantagens desse método, apresentando sua simplicidade, curto tempo de
experimentação, e baixo custo de implementação, tendo como elemento principal de
medição apenas um termopar.
1.1 - Objetivos
Aplicar os conhecimentos teóricos da disciplina transferência de calor de forma
experimental;
Medir a condutividade térmica da liga metálica Aço ASTM A36;
Medir a condutividade térmica do polímero Nylon 6,6;
Comparar os valores experimentais com os encontrados na literatura.
1
2 – METODOLOGIA
A condutividade térmica do material é uma propriedade de transporte, fornece
uma indicação da taxa na qual a energia é transferida pelo processo de difusão. Ela
depende da estrutura física da matéria, da atômica e da molecular, que está relacionada
ao estado da matéria [4].
A lei de Fourier é a base matemática na descrição da condução térmica de calor.
Ela é baseada em evidências experimentais e para a condução térmica unidimensional, a
condutividade térmica associada à condução na direção 𝑥 é definida conforme segue.
𝑞 ′′𝑥
𝑘𝑥 = − 𝜕𝑇 (1)
𝜕𝑥
Onde:
𝑘𝑥 é a condutividade térmica na direção 𝑥;
𝑞 ′′ 𝑥 é o fluxo térmico na direção 𝑥;
𝜕𝑇
é o gradiente de temperatura na direção 𝑥;
𝜕𝑥
2
Pela modelagem teórica, tem-se:
𝜕 2 𝑇𝑠 (𝑥, 𝑦, 𝑡) 𝜕 2 𝑇𝑠 (𝑥, 𝑦, 𝑡) 1 𝜕𝑇𝑠 (𝑥, 𝑦, 𝑡)
+ = (2)
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 ∝ 𝜕𝑡
Em que:
𝑇𝑠 é temperatura no centro da fita quente;
∝ é a difusividade térmica;
𝑡 é tempo;
𝑥, 𝑦 𝑒 𝑧 são as coordenadas cartesianas.
𝜕𝑇𝑠 (0,𝑦,𝑡)
2. Em 𝑥 = 0: = 0 devido à simetria;
𝜕𝑦
Em que:
𝑏 é a metade da largura da fita quente;
𝐿 é a metade da largura da amostra;
𝑒 é espessura da amostra;
Como apresentado por Jannot (2004), para grandes períodos de tempo, a fita quente
tem comportamento semelhante ao do fio quente, estudado por Ladevie (1988). Através
de modelagem matemática, parametrização, encontra-se a seguinte função resposta para
a temperatura no centro da fita/fio.
𝑟
𝑙𝑛 ( ℎ𝑤 )
ϕ √∝ + 0.577 ]
𝑇𝑠 (𝑡) = ln(𝑡) + ϕ [𝑅𝑐 + (3)
4𝜋𝑘𝐿𝑐 2𝜋𝑘𝐿𝑐 4𝜋𝑘𝐿𝑐
Onde:
𝑅𝑐 é a resistência da fita;
3
𝑟ℎ𝑤 é o raio do fio;
ϕ
𝐴= (4)
4𝜋𝑘𝐿𝑐
ϕ
𝑘= (5)
4𝜋𝐴𝐿𝑐
ϕ=U∙I (6)
4
Em que 𝑈 representa a tensão, em V, e I a corrente elétrica, dada em A.
Com isso, o valor de 𝑘 pode ser obtido por:
U∙I
𝑘= (7)
4𝜋𝐴𝐿𝑐
Dessa forma, é possível encontrar a condutividade térmica das amostras, através
da medição de temperatura, tempo, tensão e corrente para cada material ensaiado.
2.2 – Materiais
Para a efetuação da prática foi necessária a utilização dos seguintes materiais:
Duas amostras do aço ASTM A36 com dimensões de 98,15 x 31,60 x 4,60 mm;
Duas amostras do polímero Nylon 6,6 com dimensões de 78,65 x 13,1 x 3,4 mm;
Arduino MEGA;
Módulo MAX6675 para Arduino;
Termopar tipo K;
Fita de resistência elétrica de Níquel-Cromo;
Fonte de Alimentação para PC;
Potenciômetro;
Notebook;
Paquímetro;
Multímetro digital.
5
Figura 2.3.1 – Representação da fita quente e termopar entre as amostras.
.
Fonte: Próprios autores, 2019
O sensor termopar, por sua vez, foi conectado ao módulo MAX6675 no Arduino,
microcontrolador utilizado para leitura dos dados de temperatura e tempo para o
experimento.
Figura 2.3.2 – Montagem das amostras de Nylon no suporte com o termopar e Arduino.
6
Figura 2.3.3 – Programa carregado no Arduino para leitura de dados.
Figura 2.3.4 – Planilha do EXCEL com o PLX-DAQ para as medições para o metal.
Ao final das medições, com a fonte ainda ligada e todo o aparato ainda conectado,
foram medidos os valores de tensão e corrente na fita, com o auxílio de um multímetro
digital. O mesmo procedimento foi realizado exatamente da mesma forma, tanto para o
metal quanto para o polímero.
7
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
80
70
60
Temperatura (°C)
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
ln (t)
Figura 4.1.2 – Dados de temperatura em função do 𝑙𝑛(𝑡) para o aço ASTM A36.
80
70
Temperatura (°C)
60
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
ln(t)
8
A partir do gráfico, foi observada a região onde a curva apresentava
comportamento mais próximo ao linear, para eliminar os erros, conforme disposto na
figura 2.1.2. Esse intervalo foi então plotado e linearizado. Para o nylon, tal região
compreende-se entre 40 e 70 °𝐶. Para o metal, entre 40 e 50 °𝐶.
75
y = 20,297x - 70,329
70
65
Temperatura (°C)
60
55
50
45
40
35
30
5.3 5.5 5.7 5.9 6.1 6.3 6.5 6.7 6.9
ln (t)
Figura 4.1.4 – Linearização do gráfico para o Aço ASTM A36 e equação da reta.
53
51
y = 6,3613x + 8,1485
49
Temperatura (°C)
47
45
43
41
39
37
35
4.8 5 5.2 5.4 5.6 5.8 6 6.2 6.4 6.6
ln (t)
9
Dessa forma, para o Nylon, tem-se um coeficiente angular 𝐴 = 20,297 e para o
metal tem-se 𝐴 = 6,3613.
Foi obtida a tensão de 1,68 V e uma corrente de 3,03 𝐴 quando o polímero estava
em contato com a fita e uma tensão de 2,29 𝑉 e uma corrente de 3,09 𝐴 para o aço.
Utilizando-se desses valores encontrados e dos comprimentos das amostras, são obtidos
os valores das condutividades térmicas dos materiais, de acordo com a equação (7).
1,68 ∙ 3,03
𝑘𝑛𝑦𝑙𝑜𝑛 =
4𝜋 ∙ 20,297 ∙ 0,07865
2,29 ∙ 3,09
𝑘𝑎ç𝑜 =
4𝜋 ∙ 6,3613 ∙ 0,09815
0,24 − 0,2538
𝐷𝑛𝑦𝑙𝑜𝑛 = | | . 100 %
0,24
𝐷𝑛𝑦𝑙𝑜𝑛 = 5,75 %
51,9 − 0,9019
𝐷𝑎ç𝑜 = | | . 100 %
51,9
𝐷𝑎ç𝑜 = 98,26 %
10
Enquanto que para o aço não houve nenhuma relação plausível entre o valor
encontrado através dos testes com o teórico, evidenciando grande erro no experimento.
Foi descoberto depois que o metal apresentava um revestimento cerâmico contendo óxido
de Ferro, o que contribuiu ainda mais para a diminuição da condutividade térmica do
material.
No entanto, já era de se esperar tal erro já que o método da fita quente/ fio quente
não é indicado para metais, como mostrado por Hongyu, a faixa de condutividade térmica
do material a ser avaliado deve estar abaixo de 25 [𝑊/𝑚 ∙ 𝐾], o metal utilizado
apresentava o dobro desse valor para 𝑘.
Tabela 4.1.1 – Comparação de diferentes métodos de determinação da condutividade
térmica e materiais adequados para cada método.
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5 – CONCLUSÃO
A partir dos dados obtidos e análises efetuadas, pode-se observar que para o nylon
6,6 foi alcançado um valor de 𝑘 bem próximo ao da literatura, contendo um erro
experimental bem baixo, considerando a simplicidade dos materiais utilizados e
facilidade de execução, demonstrando êxito no experimento.
No entanto, para o aço A36, foi obtido um valor de 𝑘 muito destoante do valor
presente na literatura, contabilizando um erro experimental muito grande. Esses valores
divergentes confirmam que o método da fita quente não é adequado para ser utilizado em
metais, devido à faixa de trabalho de condutividade térmica do método. Esse grande
desvio pode ser também justificado pela simplicidade do método, considerando os corpos
como muito extenso e desconsiderando assim alguns efeitos de dissipação de calor para
o ambiente, não sendo adequado, portanto, para materiais com maiores condutividades
térmica. O metal utilizado apresentava ainda um revestimento cerâmico, para melhora de
suas propriedades mecânicas, tal revestimento, por estar disposto sobre a superfície do
material, colaborou para a diminuição da condutividade térmica, haja visto que cerâmicas
geralmente comportam-se como isolantes térmicos.
Com isso, o método da fita quente mostra-se viável e pode ser utilizado sem
preocupações para a obtenção rápida e fácil da condutividade térmica de polímeros, já
para metais, recomenda-se o estudo e uso de outras técnicas experimentais, que sejam de
fato eficientes, como por exemplo o método estacionário de fluxo axial ou dos métodos
transientes por laser ou fonte plana, que abrangem a faixa de condutividade do aço
utilizado, conforme apresentado por Hongyu.
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REFERÊNCIAS
[7] LOPES, H., VIEIRA,A. e SOARES, S. “Soil thermal characterization by the hot wire
method”, Portugal, 2015.
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