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SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR

DE ESGOTO SANITÁRIO

MÓDULO DIDÁTICO I

“Felizes os que se instruem e fazem dos seus conhecimentos


alimentos saborosos para aqueles que anseiam por conhecer”
(Antonio Carlos, 1993 – A Casa do Escritor).

ENGo LUIZ CARLOS A. DE A. FONTES


Professor do Curso de Engenharia Civil
Instituto de Engenharia, Arquitetura e Tecnológicas

SALVADOR - BAHIA
2018.1

1
APRESENTAÇÃO

Escrever um livro é uma tarefa que exige grande labor, porém, é muito
recompensadora por tornar realidade um sonho de quem se dedica ao ensino, à pesquisa,
ao estudo permanente ...
Escrever um livro é, também, possibilitar, para quem utilizá-lo, uma caminhada
intelectual para a conquista do saber estruturado que, com o tempo, liberta a consciência
da escravidão das trevas da ignorância para dar lugar à luz do discernimento e da
responsabilidade...
O presente MÓDULO DIDÁTICO dá continuidade ao projeto de elaborar textos
técnicos com a intenção de servir de apoio às atividades de ensino nesta área do
conhecimento. A coleta, a condução, o afastamento e o destino final dos esgotos
sanitários domésticos, ou seja, a caracterização, a elaboração e o dimensionamento de
um sistema da instalação hidráulica predial domiciliar de esgoto sanitário constituem o
foco básico da abordagem que é feita neste texto didático para atender, parcialmente, ao
conteúdo da disciplina identificada pela terminologia “INSTALAÇÕES
HIDRÁULICAS PREDIAIS”, e por outras expressões similares, a qual faz parte da
estrutura curricular do curso de Engenharia Civil e de cursos afins, bem como objetivando
atender aos cursos de nível médio de ensino que são ministrados em diversas escolas
técnicas brasileiras.
Observa-se uma disponibilidade muito reduzida de textos didáticos como este ora
apresentado, de maneira que temos a convicção que o mesmo será muito útil à
comunidade a que se destina. Esta é, pelo menos, a nossa maior pretensão.
Este texto didático também poderá servir aos colegas docentes de outras
universidades e de escolas técnicas, como fonte de exercícios para seus estudantes, bem
como aos profissionais-técnicos de nível médio e engenheiros que desejem reciclar seus
estudos nesta útil e fascinante área de conhecimento da engenharia.
Neste texto didático apresenta-se a parte teórica relativa ao tema SISTEMA
PREDIAL DOMICILIAR DE ESGOTO SANITÁRIO, sem ter a pretensão de expor
toda a temática com grande profundidade, porém com uma abordagem que permita aos
estudantes acompanharem as aulas e, posteriormente, resolverem os exercícios propostos
na segunda parte deste Módulo Didático.
Bons estudos!

O AUTOR

2
SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR
DE ESGOTO SANITÁRIO

S U M Á R I O

Página

APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 2

CAPÍTULO I – ESGOTAMENTO SANITÁRIO

1 GENERALIDADES ................................................................................................. 6

2 RECORDANDO A HISTÓRIA .............................................................................. 6

3 ASPECTOS TEÓRICOS ......................................................................................... 7

4 SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO ............................................... 8


4.1 Aspectos conceituais ............................................................................................ 8
4.2 Tipologia dos sistemas públicos de esgotos........................................................... 9
4.2.1 Sistema unitário ........................................................................................... 9
4.2.2 Sistema separador absoluto .......................................................................... 9
4.2.3 Sistema misto ou combinado........................................................................ 10

5 ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR


DE ESGOTO SANITÁRIO....................................................................................... 11

6 OUTROS DISPOSITIVOS E ACESSÓRIOS COMPONENTES DO SISTEMA


PREDIAL DOMICILIAR DE ESGOTO SANITÁRIO .............................................. 14

7 BASES PARA O PROJETO E DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA PREDI


AL DOMICILIAR DE ESGOTO SANITÁRIO....................................................... 15

8 ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DO PROJETO DO SISTEMA PREDIAL


DE ESGOTO SANITÁRIO .......................................................... .............................. 16
8.1 Traçado das canalizações: critérios que devem ser observados .............................. 16

9 ROTEIRO DOS CÁLCULOS A SEREM REALIZADOS PARA O DIMEN


SIONAMENTO DO SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR DE ESGOTO SANI
TÁRIO............................................................................................................................ 18

10 SISTEMA ELEVATÓRIO PARA ESGOTO SANITÁRIO...................................... 19

CAPÍTULO I I – CAIXAS RETENTORAS DE GORDURA

3
1 GENERALIDADES ........................................................................................................ 21

2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS GERAIS DOS


TIPOS DE CAIXAS RETENTORAS DE GORDURA................................................. 22

3 DIMENSIONAMENTO DAS CAIXAS RETENTORAS DE GORDURA....... ......... 23

CAPÍTULO I I I – NOÇÕES PRELIMINARES SOBRE O

TRATAMENTO E O DESTINO FINAL DO ESGOTO DOMÉSTICO PREDIAL

1 GENERALIDADES.............................................................................................................. 25
1.1 Sistemas coletivos ........................................................................................................... 25
1.2 Sistemas individuais......................................................................................................... 26

2 SISTEMA DE TANQUE SÉPTICO............ ....................................................................... 26


2.1 Retrospectiva histórica ...................................................................................................... 27
2.2 O fenômeno bioquímico da digestão séptica ..................................................................... 28
2.3 Tipos e formas geométricas da fossa séptica ..................................................................... 28
2.4 Dimensionamento de fossas sépticas de câmara única ...................................................... 29

3 DESTINO FINAL DO ESGOTO DOMÉSTICO ............................................................... 30


3.1 Alternativas técnicas .......................................................................................................... 30

CAPÍTULO I V – QUESTÕES TEÓRICAS

QUESTÕES TEÓRICAS ........................................................................................................ 33

CAPÍTULO V – QUESTÕES APLICATIVAS NUMÉRICAS

QUESTÕES APLICATIVAS NUMÉRICAS ........................................................................ 34

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 44

ANEXOS ................................................................................................................................... 46

4
TEORIA
5
SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR
DE ESGOTO SANITÁRIO

CAPÍTULO I – ESGOTAMENTO SANITÁRIO

1 GENERALIDADES

Saneamento básico, por definição, é um serviço público que


compreende os sistemas de abastecimento de água, de esgotos sanitários, de drenagem
das águas pluviais e de coleta de lixo. Estes são os serviços considerados como
essenciais que, se bem executados com regularidade, elevará o nível de saúde da
população beneficiada, gerando expectativa de maior longevidade da vida humana e,
consequentemente, melhor qualidade existencial.

2 RECORDANDO A HISTÓRIA

Antiga é a preocupação com os despejos humanos, principalmente, com


os resíduos resultantes do processo da digestão que são expelidos pelo corpo humano.
Além de poderem constituir fontes de doenças epidêmicas, como registra a História,
o ar ambiente fica contaminado pelo odor desagradável que os gases fecais exalam.
As pesquisas arqueológicas revelam que povos antigos, a exemplo dos
babilônios, que construíram sistemas de esgotos sanitários; os egípcios utilizavam
recipientes para a coleta de materiais fecais, conhecidos pela denominação de privadas
(atuais bacias sanitárias ou vasos sanitários); posteriormente, os gregos
desenvolveram as duchas. Isto representa a preocupação destes povos com referência
aos aspectos do saneamento ambiental, principalmente sob a perspectiva de propiciar
saúde e melhoria dos padrões de qualidade de vida para o ser humano.
A instalação predial de esgotos sanitários constitui um conjunto de
tubulações e demais acessórios que têm por finalidade coletar, conduzir, tratar e
afastar da edificação as denominadas águas residuárias, encaminhando para um
destino conveniente todos os despejos domésticos, hospitalares ou industriais.
As instalações prediais de esgotos sanitários surgiram nos Estados
Unidos da América, por volta de 1845. As primeiras instalações eram interligadas à
rede urbana de drenagem das águas pluviais. Devido aos graves problemas sanitários

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e epidemias que ocorreram no ano de 1866, as instalações prediais de esgotos
sanitários foram regulamentadas e tornadas obrigatórias. A partir de então, uma
crescente evolução analítica e de pesquisa nesta área tem ocorrido, em nível
internacional, possibilitado um maior entendimento dos fenômenos hidráulicos que
ocorrem no interior dos sistemas de coleta de esgotos, resultando no aperfeiçoamento
da metodologia das técnicas de projeto e dimensionamento das instalações, bem como
dos aspectos relacionados com a construção, a inspeção e a manutenção da
funcionalidade das mesmas.
Os sistemas prediais de coleta dos esgotos sanitários utilizados no
Brasil são resultantes, em grande parte, da experiência desenvolvida nos Estados
Unidos da América e na Inglaterra. Os sistemas usuais no Brasil, em princípio, não
diferem, ao nível conceitual, dos sistemas tradicionais.
Na década de 1950, foi elaborada a primeira norma nacional sobre
instalações prediais de esgotos sanitários, denominada de Norma Brasileira 19/NB –
19, sob a chancela da Associação Brasileira de Normas Técnicas/ABNT.
Em 1983, a NB-19 foi reeditada, pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas, com modificações, resultando na NBR 8160/ABNT, esta sendo
atualizada em setembro de 1999, para a versão denominada de NBR 8160
SISTEMAS PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO – PROJETO E
EXECUÇÃO. A versão atualizada “estabelece as exigências e recomendações
relativas ao projeto, execução, ensaio e manutenção dos sistemas prediais de esgoto
sanitário, para atenderem às exigências mínimas quanto à higiene, segurança e
conforto dos usuários, tendo em vista a qualidade destes sistemas”.

3 ASPECTOS TEÓRICOS

Define-se como esgoto, de maneira ampla, como sendo o refugo líquido


que deve ser conduzido para um destino final adequado, enquanto que a expressão
esgoto sanitário caracteriza os despejos líquidos de casas, edifícios e
estabelecimentos comerciais, provenientes do uso da água para fins higiênicos e que
devem ser coletados e conduzidos, convenientemente, para um local, de modo técnico
e ambientalmente adequado.
Os esgotos podem ser classificados como domésticos, hospitalares e
industriais. Os esgotos domésticos são constituídos pelas denominadas águas
residuárias, oriundas, basicamente, do uso da água para fins higiênicos. Os esgotos
industriais são normalmente constituídos por águas que passaram por complexos
processos industriais. Por sua vez, os esgotos hospitalares, que englobam os de
origem em unidades hospitalares, clínicas médicas, postos de saúde e assemelhados,
apresentam elevado risco contaminante em decorrência da natureza de seus
constituintes. É de grande importância sanitária dar um adequado destino final para
esses efluentes, sejam oriundos de esgotos domésticos, hospitalares ou industriais,
com o propósito principal de se evitar danos ambientais e de saúde pública.
Os esgotos domésticos podem ser conduzidos ao seu destino final com
ou sem transporte hídrico, ou seja, a água sendo utilizada ou não como veículo de
transporte dos dejetos. Os sistemas de coleta, condução e tratamento dos esgotos
domésticos com transporte hídrico são adotados em locais onde há abastecimento de
água em quantidade suficiente para tal. Quando não há água em quantidade suficiente

7
ou, até mesmo, sua inexistência em termos de um sistema predial de abastecimento e
distribuição de água, os esgotos domésticos não recebem o auxílio da água para a
condução dos mesmos, sendo coletados e lançados diretamente em um poço escavado
no subsolo. Os esgotos domésticos sem transporte hídrico são comuns em zonas rurais
e em áreas situadas na periferia de grandes centros populacionais, regiões que são
geralmente desprovidas de infraestrutura urbana de serviços de saneamento básico.
Estes esgotos domésticos que não sofrem transporte por via hídrica devem ser
lançados em escavações no subsolo, as quais recebem a denominação de fossa seca;
caso haja a possibilidade dos despejos domésticos contaminarem lençol o freático
existente, este situado numa profundidade inferior a 1,50m, medida a partir do fundo
da escavação (poço), este sistema recebe a designação de fossa negra.
Uma situação bastante deplorável, do ponto de vista de saúde pública e
da dignidade humana, é o lançamento dos esgotos domésticos a céu aberto, os quais
comumente escoam ao longo de ruas e vielas que não possuem a mínima infraestrutura
urbana, misturando transeuntes, animais domésticos, insetos, roedores e dejetos.
Em locais onde existe a rede pública de esgotos sanitários, a instalação
predial deve destinar os despejos domésticos a esta rede. Em locais onde a rede urbana
de esgotos sanitários esteja ausente, o destino final dos esgotos prediais deve ser feito
de forma a não contaminar o solo, o subsolo, o ar, o lençol freático e, eventualmente,
mananciais superficiais que possam existir. Portanto, toda a instalação predial
domiciliar de esgoto sanitário deve permitir a coleta e o afastamento dos esgotos
domésticos, encaminhando-os para a uma rede pública (sistema urbano de esgotos)
ou, na falta desta, para um sistema particular de tratamento (tipo fossa séptica,
sumidouro, irrigação sub-superficial ou trincheiras filtrantes).

4 SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR DE ESGOTO SANITÁRIO


4.1 Aspectos conceituais

A instalação predial domiciliar de esgotos é o conjunto de aparelhos


sanitários, canalizações e dispositivos destinados para coletar, conduzir, tratar e
afastar da edificação as águas residuárias, encaminhando-as ao destino tecnicamente
adequado.
As águas residuárias domésticas ou, simplesmente, esgotos
domésticos são conceitualmente entendidas como consistindo os despejos higiênicos
das habitações, as quais podem ser tipificadas essencialmente, em: águas imundas
(esgotos que contém material fecal, este sendo transportado pela água oriunda da
descarga das bacias sanitárias); águas servidas, estas resultantes de operações de
lavagem e limpeza de cozinhas, banheiros e tanques de lavar roupas, decorrentes do
uso da água pelo habitante da edificação, também com fins higiênicos; águas de
infiltração, as quais tem origem, por infiltração para o interior das canalizações de
esgotos que possuem trechos subterrâneos, das águas de chuva. Para sistemas prediais
de esgotamento sanitário esta contribuição é praticamente nula, porém para os
sistemas urbanos de esgotamento sanitário, que possuem grandes extensões de
canalizações, esta contribuição não deve ser desprezada no dimensionamento.
Então, a instalação hidráulica predial domiciliar de esgoto sanitário,
denominada também de rede interna domiciliar de esgoto sanitário, constitui um
sistema que se inicia nos aparelhos sanitários (lavatório, banheira, pia de cozinha,

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chuveiro, etc.) e termina no coletor predial, este sendo ligado à rede pública de
esgotamento sanitário, ou terá complementação mediante sua vinculação a outros
dispositivos sanitários, tal como a um sistema individual de tratamento e destino final
dos esgotos (por exemplo, um sistema do tipo fossa séptica – sumidouro).

4.2 Tipologia dos sistemas públicos de esgotos

Os esgotos prediais são, ou deveriam ser, preferencialmente, lançados


na rede pública de esgotos da cidade. Esta rede pode ser construída segundo um dos
seguintes sistemas:

4.2.1 Sistema unitário

É o sistema através do qual as águas pluviais e as águas residuárias e de


infiltrações são conduzidas numa mesma canalização ou galeria, conforme indicação
dada na Figura 1. As águas de infiltração têm origem no subsolo, no qual as
canalizações estão assentadas, e que penetram no interior do sistema devida a ausência
absoluta de estanqueidade das ligações entre trechos de canalizações feitas na forma
de ponta e bolsa com anéis de borracha (sistema de “junta elástica”).

Figura 1: característica do sistema unitário

4.2.2 Sistema separador absoluto

É o sistema no qual há duas redes públicas inteiramente independentes,


geralmente situadas em lados opostos da rua ou da avenida, sendo uma destinada para
a condução das águas pluviais e a outra somente para a condução das águas
residuárias.
O sistema separador absoluto é recomendado ser adotado na definição
do sistema urbano de esgotamento sanitário, pela Norma Brasileira NBR
8160/1999/ABNT. Esta adoção evita a possibilidade de contaminação do ar ambiente
nas vias publicas pelos gases que transitam pelo interior do sistema urbano de
esgotamento sanitário e que, no tipo unitário, podem escapar pelos dispositivos que
coletam as águas de chuva que escoam superficialmente nas vias públicas e

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conduzem-nas para o interior do sistema único mediante aberturas denominadas
“boca de lobo”.
Observe a ilustração dada na Figura 2.

Figura 2: característica do sistema separador absoluto

4.2.3 Sistema misto ou combinado

É o sistema concebido de modo que as águas de esgoto sanitário


possuem condução em canalizações próprias, independentes, porém, estes condutos
estão instalados no interior das galerias de águas pluviais, conforme mostra a Figura
3. Há, portanto, dois sistemas de canalizações totalmente independentes, em que o
sistema urbano de drenagem das águas pluviais, mediante galerias, abriga em seu
interior o sistema urbano de esgotos sanitários. O sistema combinado é,
comparativamente, o de maior custo de execução.

Figura 3: característica do sistema combinado

Na maioria das cidades brasileiras é adotado o sistema separador


absoluto para o esgotamento sanitário. A adoção deste sistema é devido às vantagens
que apresenta em relação ao sistema unitário, dentre as quais a exigência de menor
diâmetro das canalizações e menor custo de elevatórias e estações de tratamento.

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O projeto do sistema predial domiciliar de esgotamento sanitário deve
estar apoiado nos seguintes princípios gerais:

 Permitir o rápido escoamento dos despejos e fáceis desobstruções;


 Vedar a passagem de gases e animais das canalizações para o interior dos edifícios;
 Não permitir vazamentos, escapamento de gases ou formação de depósitos no
interior das canalizações;
 Impedir a contaminação da água potável.

Estes princípios gerais estão contidos na NBR 8160/1999/ABNT, que


fixa as exigências técnicas mínimas quanto à higiene, segurança, economia e ao
conforto a que devem obedecer as instalações hidráulicas prediais de esgotos
sanitários.
De uma maneira geral, um projeto completo de instalações
hidráulicas prediais de esgotos sanitários compreende:

 Plantas, esquemas e detalhes, com o dimensionamento e itinerário das


canalizações;
 Memorial descritivo, de justificativas e de cálculos;
 Orçamento, compreendendo o levantamento das quantidades, dos preços unitários
para os diversos itens do projeto e do custo global para a execução das instalações.

5 ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR


DE ESGOTO SANITÁRIO

O sistema predial de esgoto sanitário é composto basicamente de duas


partes: 1 - A instalação primária de esgotos, que é o conjunto de tubulações e
dispositivos onde tem acesso os gases provenientes do coletor público ou dos
dispositivos de tratamento; 2 - A instalação secundária de esgotos, que é outro
conjunto de tubulações e dispositivos onde não tem acesso os gases provenientes do
coletor público ou dos dispositivos de tratamento. Em conseqüência, fazem-se
referências às canalizações denominadas primárias ou secundárias.
Os elementos que constituem um sistema completo de esgotamento
sanitário são:

5.1 Aparelhos sanitários

Define-se como aparelho sanitário ao equipamento ligado à instalação


predial e destinado ao uso de água para fins higiênicos ou a receber dejetos e águas
servidas. Cita-se, como exemplo alguns aparelhos sanitários, lavatório de residência,
tanque de lavar roupas, máquina de lavar roupas, bidê, banheira, pia de residência,
dentre outros.

5.2 Ramal de descarga

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É o trecho de tubulação que recebe diretamente os efluentes dos
aparelhos sanitários. Os gases oriundos dos dispositivos de tratamento não têm acesso
a esses trechos de canalização. É denominada de canalização secundária.

5.3 Ramal de esgoto

É o trecho de tubulação que recebe os efluentes dos ramais de descarga.


Os gases provenientes da decomposição do material fecal circulam neste tipo de
canalização. É denominada, por sua vez, de canalização primária.

5.4 Desconector

É um dispositivo hidráulico provido de fecho hídrico, este, consistindo


em uma camada líquida, destinada a impedir a passagem de gases e insetos para o
interior do ambiente doméstico. A caixa sifonada, por exemplo, é um desconector
destinado a receber efluentes dos ramais de descarga, mediante orifícios existentes na
mesma, nos quais são conectados os ramais de descarga oriundos dos aparelhos
sanitários. Este dispositivo consiste de uma caixa com dimensões varáveis, tendo uma
tampa plana tipo grelha, através da qual a caixa pode coletar as águas de lavagem de
piso. O vaso sanitário também possui fecho hídrico, portanto, é outro tipo de
desconector.

5.5 Tubo de queda

É o trecho de tubulação disposta verticalmente, existente nos prédios de


dois ou mais pavimentos, e que recebe os efluentes dos ramais de esgoto e dos ramais
de descarga de bacias sanitárias, os quais transitam na sua parte interna em queda
livre, sob a ação da gravidade.

5.6 Tubo ventilador

É o tubo destinado a possibilitar a movimentação do ar atmosférico para


o interior da instalação primária de esgotos e vice-versa, com a finalidade de proteger
o fecho hídrico dos desconectores de possíveis rupturas por aspiração ou compressão
de gases presentes no interior do sistema, emanados do coletor público ou da fossa
séptica, e encaminhá-los à atmosfera. É disposto verticalmente e se desenvolve através
de um ou mais andares, cuja extremidade superior é aberta à atmosfera ou ligada a um
barrilete de ventilação. Quando atende a único pavimento, a canalização recebe a
denominação de tubo ventilador primário. Quando, porém, desenvolve-se por mais
do que um andar, denomina-se coluna de ventilação.

5.7 Ramal de ventilação

Trecho de canalização que interliga o ramal de esgoto do desconector


(caixa sifonada) ou o ramal de descarga de uma bacia sanitária a uma coluna de
ventilação ou a um tubo ventilador. A ligação também pode ser feita diretamente entre
a coluna de ventilação e o tubo de queda. A função do ramal de ventilação é melhorar
a movimentação dos gases presentes na instalação primária, facilitando o mecanismo

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de transferência dos mesmos à atmosfera, reduzindo o risco do fenômeno de ruptura
hídrica nos desconectores.
A Figura 4 ilustra parte do esquema que constitui um sistema de
esgotos sanitários.

Figura 4: principais partes de um sistema de esgoto sanitário

5.8 Barrilete de ventilação

Tubulação horizontal com extremidade de saída localizada em um


ponto adequado da edificação para se efetivar a emanação dos gases presentes no
interior do sistema predial de esgoto sanitário para a atmosfera, podendo estar
conectada a dois ou mais tubos/colunas de ventilação para ventilação em forma de
circuito..

5.9 Subcoletor

Tubulação que recebe efluentes de um ou mais tubos de queda ou


ramais de esgoto.

5.10 Coletor predial

Trecho de tubulação compreendido entre a última inserção de


subcoletor, ramal de esgoto ou de descarga e o coletor público ou sistema particular
para tratamento prévio do esgoto sanitário.

5.11 Coletor Público

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Tubulação pertencente ao sistema público de esgotos sanitários e
destinada a receber e conduzir os efluentes dos coletores prediais.

5.12 Fossa séptica

Unidade de sedimentação e digestão, de fluxo horizontal e


funcionamento contínuo destinado ao tratamento primário do esgoto sanitário.

5.13 Sumidouro

Cavidade executada no subsolo e destinada a receber o efluente de


dispositivo de tratamento (fossa séptica) e a permitir sua infiltração subterrânea, desde
que o solo possua condições adequadas de permeabilidade.

5.14 Rede pública de esgoto sanitário

Conjunto de tubulações, acessórios, estação de tratamento de esgoto,


etc., pertencentes ao sistema urbano de esgotos sanitários. A rede pública é
diretamente controlada pela autoridade pública.

6 OUTROS DISPOSITIVOS E ACESSÓRIOS DO SISTEMA PREDIAL


DOMICILIAR DE ESGOTO SANITÁRIO

São dispositivos complementares ao processo de esgotamento sanitário.


São eles:

6.1 Caixa de distribuição

Caixa destinada a receber o esgoto e distribuí-lo uniforme e


proporcionalmente à vazão efluente, de modo a manter descargas efluentes próximas
de grandezas pré-estabelecidas.

6.2 Caixa de passagem

Caixa dotada de grelha plana ou tampa cega destinada a receber água


de lavagem de pisos e efluentes de tubulação secundária de uma mesma unidade
autônoma.

6.3 Caixa retentora de gordura

Caixa dotada de fecho hídrico destinada à receber efluentes da


instalação secundária de esgoto. É conveniente o uso desta caixa nos esgotos
sanitários que contribuem resíduos gordurosos oriundos, principalmente, de pias de
cozinha. A sua instalação deve ser feita em local de fácil acesso. Devem se fechadas
hermeticamente, porém, possuir tampa removível para permitir a retirada dos resíduos
acumulados e possíveis desobstruções.

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6.4 Caixa de inspeção

Caixa destinada a permitir a inspeção, limpeza e desobstrução das


tubulações.

6.5 Caixas sifonadas

É a peça da instalação de esgotos que recebe as águas servidas de


lavatórios, banheiras, tanques, pias, etc., ao mesmo tempo em que impede o retorno
dos gases contidos nos esgotos para os ambientes internos dos compartimentos. Além
disso, permite recolher as águas provenientes de lavagem de pisos e protege a
instalação contra a entrada de insetos e roedores devido ao fecho hídrico.

6.6 Poço de visita

Dispositivo destinado a permitir a visita para a inspeção, limpeza e


desobstrução das tubulações.

6.7 Ralo sifonado

Caixa dotada de grelha na parte superior, destinada a receber águas de


lavagem de piso ou de chuveiro. O sifão interno do ralo sifonado tem como função a
de auxiliar na sifonagem (impedir o acesso de gases para o interior da edificação,
originando o mau odor característico), assim como a de dificultar a penetração de
sujeiras que possam penetrar para o interior da instalação de esgotos.

6.8 Sifão

É um dispositivo que contém uma camada líquida, denominada fecho


hídrico, destinada a vedar a passagem dos gases contidos nos esgotos. Recebe
efluentes da instalação de esgotos sanitários, geralmente intercalados nos trechos de
ramais de descarga de lavatório, pia de cozinha, etc.

6.9 Tubo operculado

Peça de inspeção em forma de tubo provida de abertura com tampa


removível. A instalação de esgotos sanitários, pela própria característica de uso, está
sujeita a receber os mais variados tipos de despejos, que podem não ser eficientemente
carregados pelo fluxo hidráulico, ficando, portanto, a instalação suscetível à deposição
desses despejos. Deve-se, então, na etapa de elaboração do projeto do sistema predial
de esgoto sanitário, prover meios de acesso a trechos da instalação que permitam a
retirada dos materiais depositados, recompondo-se, assim, as condições normais de
funcionamento da instalação. Estes acessos são promovidos mediante as caixas de
inspeção, poços de visita e conexões operculadas inseridas nos trechos retilíneos das
canalizações de esgotos.

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7 BASES PARA O PROJETO E DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA
PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO

Para a elaboração do projeto e dimensionamento do sistema predial


domiciliar de esgoto sanitário são necessárias as plantas completas de arquitetura e de
estrutura da edificação, a fim de se conhecer o que precisa ser esgotado e por onde
passarão as canalizações. Igualmente importante é o conhecimento, pelo projetista,
das características do sistema urbano de esgoto sanitário adotado pela autoridade
pública, de maneira que se possa identificar o local onde será feita a ligação predial
entre a instalação interna (coletor predial do sistema domiciliar) e a instalação externa
(coletor da rede pública). Esta ligação é da responsabilidade da autoridade pública.
O sistema de esgotamento sanitário funciona por gravidade, isto é,
existe pressão atmosférica no interior de todo o sistema, característica esta mantida
pela ventilação da instalação.
O dimensionamento é simples, mediante o uso de tabelas, em função do
material e da declividade mínima fixada. As tabelas são elaboradas com base na
fórmula de Chèzy, com a canalização trabalhando hidraulicamente à meia-seção na
condução das águas residuárias domésticas e, na parte superior, estar disponível para
permitir a movimentação dos gases e do ar atmosférico.
Sabe-se que as quantidades (vazões) de esgotos que escoam pela
instalação predial são variáveis em função das contribuições de cada um dos aparelhos
sanitários dessa instalação. Cada aparelho sanitário possui uma vazão própria,
consequentemente, para vazões maiores, terão diâmetros maiores e vice-versa.
Para fins de dimensionamento, as tubulações de esgotamento sanitário
têm diâmetro dependente do número total de UNIDADES HUNTER DE
CONTRIBUIÇÃO associadas aos aparelhos a que servirem. A Unidade Hunter de
Contribuição constitui fator probabilístico numérico, o qual representa a freqüência
habitual de utilização associada à vazão característica de cada uma das diferentes
peças de um conjunto de aparelhos heterogêneos em funcionamento simultâneo, em
horas de contribuição máxima no hidrograma unitário. Portanto, os diâmetros das
canalizações que servem funcionalmente como ramais de descarga, ramais de esgoto,
tubos de queda, coluna de ventilação, ramal de ventilação, subcoletores, coletores
prediais e barrilete de ventilação são estabelecidos em função das Unidades Hunter de
Contribuição (UHC). As Unidades Hunter de Contribuição são baseadas na descarga
de um lavatório de residência, com vazão igual a 28 litros por minuto. As descargas
de todas as demais peças foram estabelecidas a partir da vazão de referência do
lavatório de residência, cujo valor correspondente em termos de Unidade Hunter de
Contribuição é igual a unidade (UHC = 1).
Estes valores estão apresentados nas tabelas em anexo.

8 ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DO PROJETO DO SISTEMA


PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO

De acordo com o projeto arquitetônico, o projetista já conhece a posição


de locação dos vários aparelhos sanitários, situados nos diversos pavimentos do

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prédio, bem da localização da edificação em relação ao coletor público. Deve existir
estreita colaboração entre o projetista da instalação e o arquiteto, da qual resultará um
projeto mais bem elaborado tecnicamente.

8.1 Traçado das canalizações: critérios que devem ser observados

Após a análise das diversas peças gráficas que compõem os projetos de


arquitetura e estrutural da edificação predial, deve-se:
 Localizar em planta e traçar em perspectiva e esquematicamente a disposição
vertical dos tubos de queda, considerando:
a)Posição dos parelhos sanitários em relação ao tubo de queda;
b)Superposição dos diversos compartimentos do prédio em vários pavimentos. Os
tubos de queda devem obedecer, sempre que possível, a um só alinhamento
vertical;
c)A posição mais vantajosa para subcoletores e coletores prediais.
 Traçar a posição dos ramais de descarga e dos ramais de esgotos em todos os
pavimentos (ligações a serem feitas de acordo a TABELA 1), observando:
a)Os ramais de descarga, quando em canalização primária, devem ter início em
sifão sanitário ou fecho hídrico devidamente protegido;
b)Os ramais de descarga que recebem efluentes de vasos sanitários e de pias de
despejos serão sempre canalizações primárias. Os que recebem efluentes de
mictórios não podem ser ligados a caixa sifonadas com grelhas, mas ligados a
caixas sifonadas com “tampa cega”;
 Localizar em planta e traçar em perspectiva e esquematicamente a disposição
vertical das colunas de ventilação e dos tubos de queda, observando-se a posição
das colunas, que devem ser estudadas simultaneamente com a posição dos tubos de
queda;
 Escolher, relativamente a cada tubo de queda, o tipo de ventilação mais adequado,
observando-se a ventilação individual:
a)Comum (tubo de ventilação individual é ligado diretamente ao sifão do tubo de
descarga);
b)Contínua (os tubos de ventilação são prolongamentos dos trechos verticais dos
ramais de descarga);
c)Ventilação em circuito (servem a um grupo de aparelhos ligados aos ramais de
descarga ou de esgoto).
 Indicar a posição dos ramais de ventilação e dos tubos de ventilação individual,
quando for esse o tipo, e dos tubos ventiladores em circuito e ventiladores
suplementares, no caso de ventilação em circuito, observando a distância máxima
do sifão ao tubo, que não deve exceder aos limites da TABELA 7.
 Localizar, em cada compartimento sanitário, nas plantas, a posição das caixas
sifonadas ou ralos sifonados que se fizerem necessárias para a proteção dos
aparelhos sanitários.

17
 Traçar em planta, em perspectiva e esquematicamente a localização dos
subcoletores e do coletor predial. Estas canalizações, sempre que possível, deverão
ser construídos na parte não edificada do terreno, segundo trechos subterrâneos.
 Localizar, em planta, em perspectiva ou esquematicamente, quando for o caso, o
sistema de esgotamento dos efluentes que necessitam ser recalcados: ramais de
descarga, ramais de esgoto, poço de sucção (caixa coletora), bomba, motores,
canalizações de sucção e recalque. Recomenda-se ligar os ramais de descarga e de
esgoto a poços de visita antes do lançamento nas caixas coletoras.

9 ROTEIRO DOS CÁLCULOS A SEREM REALIZADOS PARA O


DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO
SANITÁRIO

Após a concepção do projeto do sistema predial de esgoto sanitário, em


termos dos pontos de coleta, do traçado das canalizações, em planta e verticalmente,
para a condução e ventilação do esgoto sanitário, assim como do seu destino final,
passa-se para a etapa do dimensionamento dos diversos elementos componentes da
instalação sanitária, observando-se, preliminarmente, o seguinte roteiro:

 Determinação dos diâmetros dos ramais de descarga, usando a TABELA 1


(trechos com declividade mínima igual a 2 %);
 Dimensionamento dos ramais de esgoto: soma dos valores correspondentes as
Unidades Hunter de Contribuição (TABELA 1) e determinação, através desta
soma, dos diâmetros dos ramais de esgoto, utilizando a TABELA 2. Observar a
declividade mínima para os ramais de esgoto.
 Dimensionamento dos tubos de queda, observando:

a)Para cada tubo de queda, determinar, para cada pavimento, o número de


Unidades Hunter de Contribuição, somando os valores que correspondam a
todos os aparelhos sanitários contribuintes (TABELA 1);
b)Determinar para cada tubo de queda, o número total de Unidades Hunter de
Contribuição dos aparelhos sanitários contribuintes, somando os valores obtidos
em cada pavimento.
c)Determinar os diâmetros dos tubos de queda de acordo com a TABELA 3.
Observar que, segundo a NBR 8160/1999/ABNT, os tubos de queda que
conduzem a contribuição de vasos sanitários devem ter o diâmetro mínimo igual
(DN) a 100.
 Dimensionamento das colunas de ventilação, observando:
a)Medir o comprimento total de cada coluna de ventilação;
b)Tomar em consideração o número total de Unidades Hunter de Contribuição dos
aparelhos que devem ser ventilados;
c)Tomar em consideração o diâmetro do tubo de queda de interesse a cada coluna
de ventilação;

18
d)Determinar o diâmetro das colunas de acordo com a TABELA 4.
 Dimensionamento dos tubos ventiladores
1 – VENTILAÇÃO INDIVIDUAL
a)Os tubos ventiladores individuais não devem ter diâmetro nominal (DN)
inferior a 40, nem a metade do tubo de descarga (ramal de descarga a que
estiver ligado);
b)Ramais de ventilação (contínuo): determinar os diâmetros de acordo com a
TABELA 5.
2 – VENTILAÇÃO EM CIRCUITO
a)Os tubos ventiladores em circuito não devem ter diâmetro inferior ao do
ramal de esgoto ou da coluna de ventilação a que estiver ligado (optar pelo
maior);
b)Os tubos ventiladores suplementares não devem ter diâmetro inferior à
metade do ramal de esgoto a que estiver ligado.
 Dimensionamento dos subcoletores e coletores prediais
a)Determinar o número de Unidades Hunter de Contribuição correspondente à cada
subcoletor e coletor. Dimensionar pela TABELA 6.
b)Adotar as declividades referidas na TABELA 6.

OBS.: o diâmetro nominal (DN) é um simples número que serve para classificar
dimensionalmente os elementos de tubulações (tubos, conexões,
condutores, calhas, etc.) e que corresponde aproximadamente ao diâmetro
da tubulação, em milímetros.

10 SISTEMA ELEVATÓRIO PARA ESGOTO SANITÁRIO

Quando a situação exigir o projeto de um sistema de bombeamento dos


efluentes que necessitam ser recalcados, isto porque as instalações de esgoto sanitário
estão em nível inferior ao da via pública (não pode ser feito por gravidade), deve-se
localizar, em planta, em perspectiva ou esquematicamente, quando for o caso, o
itinerário das canalizações de recalque e de sucção.
Os efluentes devem ser encaminhados a uma caixa coletora, que
deverá ser estanque e hermeticamente fechada, a qual servirá como poço de sucção.
A caixa coletora deverá ter ventilação própria ou ligada à ventilação do prédio. O
recalque será feito para o coletor predial.
No dimensionamento do sistema de recalque dever-se-á
observar:

a)Vazão de recalque: será determinada a partir de valores calculados de contribuição,


acumulando-se separadamente vasos sanitários e outros aparelhos;
b)Determinação da capacidade da caixa coletora: volume máximo. Metade da
capacidade horária de cada bomba; volume acumulado durante cinco (5) minutos
no período;

19
c)Diâmetro das canalizações de sucção e recalque e definição da potência do
sistema motor-bomba: o cálculo é semelhante ao realizado em instalações
hidráulicas prediais de água fria.

A Figura 5 ilustra um modelo típico de sistema de bombeamento


utilizado para transporte de esgoto sanitário.

Figura 5: sistema elevatório de esgoto sanitário

20
SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR

DE ESGOTO SANITÁRIO

CAPÍTULO I I – CAIXAS RETENTORAS DE GORDURA

1 GENERALIDADES

Dispositivo intercalado no sistema de esgotamento sanitário com


finalidade de recolhimento de resíduos gordurosos provenientes de pias de cozinhas em
edificações residenciais ou comerciais – lanchonetes, bares, restaurantes e similares.
Trata-se de um reservatório que deve ser instalado em local de fácil acesso e adequadas
condições de ventilação, tendo fechamento hermético.
O recolhimento dos resíduos gordurosos neste tipo de dispositivo sanitário
objetiva impedir a deposição dos mesmos no interior da instalação predial de
esgotamento, favorecendo a ocorrência de obstrução parcial e, até mesmo, de
entupimento total da seção transversal de escoamento da canalização.
As contribuições de pias de cozinhas localizadas em vários pavimentos,
de maneira superposta, devem promover suas descargas em tubos de queda que
conduzam, por sua vez, os esgotos para caixas retentoras de gordura coletiva localizadas
no pavimento térreo ou no subsolo. No caso de edificações térreas utiliza-se caixa de
gordura individual, devendo-se evitar sua construção sob a pia da cozinha e, sim, localizá-
la na parte externa da edificação por razões sanitárias e de facilidades de acesso para
remoção periódica dos resíduos gordurosos acumulados.
As caixas retentoras de gordura denominada de ESPECIAL ou
COLETIVA devem ser construídas com duas câmaras, uma denominada receptora (local
de decantação dos resíduos gordurosos) e a outra denominada de vertedoura (local de
origem dos efluentes líquidos após a segregação dos resíduos gordurosos). Estas duas
câmaras são separadas por um septo não-removível, cuja parte submersa deve ter 20 cm,
no mínimo, abaixo do nível da geratriz inferior da canalização de saída da caixa retentora
de gordura.
As caixas retentoras de gordura podem ser construídas com geometria
cilíndrica ou prismática, cuja forma geométrica é dependente da disponibilidade de área
de terreno para sua execução.
As Figuras 1 e 2, apresentadas adiante, ilustram dois modelos construtivos
de caixas retentoras de gordura.
A Figura 1 mostra uma caixa de gordura individual, enquanto que a
Figura 2 apresenta uma caixa retentora de gordura do tipo coletivo, esta possuindo dois
compartimentos (câmaras). São caixas de gordura construídas em alvenaria de blocos,
com revestimento interno impermeabilizante, ou moldadas em concreto, também com
revestimento interno impermeabilizante.
Existe disponível comercialmente caixa retentora de gordura fabricadas
em PVC, utilizada em atendimento individual para cada pia de cozinha.

21
Figura 1: Caixa de gordura individual

Figura 2: Caixa de gordura coletiva

2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS GERAIS DOS


TIPOS DE CAIXAS RETENTORAS DE GORDURA

22
As caixas retentoras de gordura podem ser classificadas em:
2.1 Caixa de gordura pequena (CGP): atende apenas a uma pia de cozinha
 Características: diâmetro interno = 30 cm
parte submersa do septo = 20 cm
capacidade de retenção = 18 litros
DN da tubulação de saída = 75

2.2 Caixa de gordura simples (CGS): atende a uma ou duas pias de cozinha
 Características: diâmetro interno = 40 cm
parte submersa do septo = 20 cm
capacidade de retenção = 31 litros
DN da tubulação de saída = 75

2.3 Caixa de gordura dupla (CGD): atende de três a doze pias de cozinha
 Características: diâmetro interno = 60 cm
parte submersa do septo = 35 cm
capacidade de retenção = 120 litros
DN da tubulação de saída = 75

2.4 Caixa de gordura especial (CGE): atende mais que doze pias de cozinha
 Características: geometria prismática – base retangular;
possui duas câmaras: câmara receptora (CR)
câmara vertedoura (CV)
distância mínima entre o septo e a tubulação de saída deve ser
igual a 20 cm;
altura molhada mínima = 60 cm
parte submersa do septo = 40 cm
DN da tubulação de saída = 100
Capacidade de retenção (V)

3 DIMENSIONAMENTO DAS CAIXAS RETENTORAS DE GORDURA

As caixas retentoras de gordura são dimensionadas com a utilização das


seguintes expressões empíricas:

V = 2xN + 20 (01)

onde, V : volume de contribuição que ocupará a caixa de retenção de gordura;


N :número de pessoas servidas pela (s) cozinha(s) que contribui (em) para a
caixa de gordura;

O volume de contribuição será reservado nas duas câmaras, ou seja:

V = VCR + VCV
23
(02)
onde, VCR : volume da câmara receptora de gordura
VCV : volume da câmara vertedoura

Admite-se, para fins de dimensionamento, uma relação entre os volumes


correspondentes às câmaras receptoras e vertedoura, tal como:

VCR = 2xVCV (03)

Por tentativas, considerando as dimensões da área disponível do local onde


deverá ser construída a caixa de gordura, bem como as condições do terreno de fundação
(subsolo), com presença de material rochoso próximo à superfície do terreno, existência
de nível d’água e sua profundidade, valores compatíveis construtivamente para a largura
ou para o comprimento da caixa, estabelecendo-se suas dimensões internas, como serão
ilustrados com os exemplos aplicativos.

24
SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR

DE ESGOTO SANITÁRIO

CAPÍTULO I I I – NOÇÕES PRELIMINARES


SOBRE O TRATAMENTO E O DESTINO FINAL
DO ESGOTO SANITÁRIO PREDIAL

1 GENERALIDADES

O tratamento e o destino final dos esgotos domésticos têm sua definição


mediante duas possibilidades:

1.1 Sistemas Coletivos

Este sistema consiste numa rede de tubulações assentadas


subterraneamente nas vias públicas dos centros urbanos, mediante a qual é realizada a
coleta e a condução das águas residuárias domésticas das unidades domiciliares ou
comerciais (cinemas, teatros, igrejas, etc.), encaminhando-as adequadamente para um
local onde é feito o seu tratamento e posterior lançamento final num curso d’água.
De uma forma abrangente, pode-se descrever a trajetória das águas
residuárias, coletadas mediante um sistema coletivo, da seguinte maneira: os esgotos
domésticos são encaminhados pelo coletor predial até a rede coletora pública que passa
pelas ruas e avenidas da cidade, a qual os encaminha até uma estação de tratamento de
esgotos (E.T.E). Nesta estação de tratamento, inicialmente, são retiradas as impurezas
mais grosseiras (sólidos, gorduras, partículas de areia e outros detritos), por gradeamento,
para, em seguida ser removida a matéria orgânica. Posteriormente, os efluentes são
lançados através de um emissário ao seu destino final, apresentando o esgoto resultante
um elevado grau de purificação. Portanto, uma estação de tratamento de esgotos tem a
finalidade de promover uma despoluição nos esgotos domésticos, colocando-os em
condição de serem lançados em corpos aquáticos, tais como rios, riachos, lagos ou no
mar, sem causar danos a estes ambientes. Na ausência de ambientes aquáticos naturais, o
destino final poderá ser o subsolo mediante diversas alternativas técnicas.
Na elaboração do projeto e dimensionamento do sistema predial domiciliar
de esgotamento sanitário o projetista deverá estar bem ciente da localização dos diversos
aparelhos sanitários, indicada na planta de arquitetura, da localização dos coletores
públicos de esgotos sanitários e de águas pluviais e dos itinerários a serem seguidos pelas
canalizações que devem ser os mais curtos e retilíneos possíveis.
As prescrições relativas às instalações hidráulicas prediais de
esgotos sanitários variam em nosso país conforme as municipalidades. Todos, entretanto,

25
seguem fundamentalmente a Norma Brasileira NBR 8160/1999/ABNT, que fixa as
condições mínimas para o projeto e a execução das referidas instalações.

1.2 Sistemas Individuais

O sistema individual é aquele em que cada unidade domiciliar (prédio de


apartamentos ou casa) possui o seu próprio sistema de coleta, transporte, tratamento e
destino final do esgoto doméstico. O sistema individual caracteriza-se por apresentar,
além dos componentes típicos de um sistema predial de esgoto sanitário (tubulações,
caixas, conexões, sistema de bombeamento e aparelhos sanitários), dispositivos que tem
a função de efetuar a transformação dos excrementos humanos (principalmente material
fecal) em lodo digerido e em gases, estes sendo expelidos para a atmosfera pelas
tubulações de ventilação.
A funcionalidade do sistema individual ocorre em duas etapas: na
primeira, ocorre a decomposição da matéria orgânica presente nos despejos domésticos,
num dispositivo denominado de fossa séptica; na etapa subseqüente, ocorre à condução
do efluente líquido, proveniente da fossa séptica, para seu destino final no subsolo, por
infiltração, ou num ambiente aquático (lago, riacho, rio ou mar). Os mecanismos
utilizados para a condução dos efluentes que saem da fossa séptica para o subsolo, por
infiltração, são denominados de sumidouro (poço absorvente) e sistema de irrigação
subsuperficial (valas de infiltração). Há uma outra sistemática, denominada de Sistema
de Filtros (Trincheiras Filtrantes), na qual os efluentes que saem da fossa séptica, antes
de serem lançados num ambiente aquático, passam por uma filtragem prévia.
O sistema individual é geralmente adotado em cidades desprovidas de uma
rede pública de coleta e de tratamento dos esgotos domésticos.
Registra-se também a existência de um outro dispositivo auxiliar ao
sistema predial de esgotamento doméstico, também de importante função sanitária, que
são as caixas retentoras de gordura, cujo resíduo gorduroso possui origem na operação de
limpeza e higiene efetuada nas pias de cozinhas.

2 SISTEMA DE TANQUE SÉPTICO

O tanque séptico ou também designado pela expressão fossa séptica é um


dispositivo de tratamento de esgoto doméstico destinado a receber a contribuição de uma
ou mais unidades domiciliares, bem poderá receber os excrementos humanos providos
em unidades comerciais (cinemas, teatros, etc.) ou industriais, com capacidade de dar ao
esgoto sanitário um grau de tratamento compatível com a sua simplicidade e custo. Trata-
se de uma unidade com geometria cilíndrica ou prismática retangular, de fluxo horizontal
das águas residuárias, que promoverá o tratamento bioquímico do esgoto bruto por
processos de sedimentação, flotação e digestão, cujo efluente apresentará reduzido
volume e a depuração de elevada carga de agentes patogênicos – vírus, bactérias,
protozoários e outros microorganismos, estes geralmente presentes nos esgotos sanitários
domiciliares e responsáveis pela transmissão de doenças, principalmente por veiculação
hídrica.
Segundo a NBR 7229 – Projeto, construção e operação de sistemas de
tanques sépticos/ABNT/1993, o uso de sistemas de tanque séptico somente é indicado
para:

26
a)Área desprovida de rede pública coletora de esgoto;

b)Alternativa de tratamento de esgoto em áreas providas de rede coletora local;

c)Retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando da utilização de rede coletora com
diâmetro e/ou declividade reduzidos para transporte de efluente livre de sólidos
sedimentáveis.

Como os demais sistemas de tratamento, a fossa séptica deverá dar


condições aos seus efluentes de:

 Impedir perigo de poluição de mananciais destinados ao abastecimento domiciliar;

 Impedir alteração das condições de vida aquática nas águas receptoras;

 Não prejudicar as condições de balneabilidade de praias e outros locais de recreio e


esporte;

 Impedir perigo de poluição de águas subterrâneas, de águas localizadas (lagos ou


lagoas), de cursos d’água que atravessem núcleos de população, ou de águas utilizadas
na dessedentação de rebanhos e na horticultura, além dos limites permissíveis.

2.1 Retrospectiva histórica

As pesquisas de caráter histórico registram como inventor das fossas


sépticas o francês Jean Louis Mouras que, em 1860, construiu um tanque de alvenaria, no
qual eram coletados, antes de serem encaminhados para um sumidouro, os esgotos
domésticos, restos de cozinhas e águas pluviais de uma pequena habitação em Vesoul, na
França. Este tanque, aberto doze anos mais tarde, não apresentava acumulada a
quantidade de sólidos que foi previamente estimada, pela constatação em função da
redução apresentada no resíduo armazenado do tanque. Deste modo, as fossas sépticas se
constituíram, a partir de então, em câmaras convenientemente construídas para deter os
despejos domésticos e/ou industriais, por um período de tempo especificamente
estabelecido, de modo a permitir a decantação dos sólidos e retenção do material graxo
contido naturalmente nos esgotos sanitários, transformando-os, bioquimicamente, em
substâncias e compostos mais simples e estáveis. Portanto, os efluentes das fossas sépticas
são constituídos por despejos domésticos de cozinhas, lavanderias domiciliares,
lavatórios, vasos sanitários, bidês, banheiros, chuveiros, mictórios, ralos de pisos de
compartimentos interiores e outros efluentes cujas características se assemelham às do
esgoto doméstico, exceção às contribuições oriundas de pias de cozinha. Em alguns locais
é obrigatória a intercalação de um dispositivo de retenção de gordura (caixa de gordura)
na canalização que conduz os despejos de cozinhas para a fossa séptica. São também
vetados os lançamentos diretos de qualquer despejo que possam, por qualquer motivo,
causar condições adversas ao bom funcionamento das fossas sépticas ou que apresentem
um elevado índice de contaminação.
O sistema de tanques sépticos aplica-se primordialmente ao tratamento de
esgotos domésticos. No caso de tratamento de despejos de hospitais, clínicas, laboratórios
de análises clínicas, postos de saúde e demais estabelecimentos de serviços de saúde sua
utilização deve ser apreciada e definida por autoridade sanitária e ambiental competentes.

27
2.2 O fenômeno bioquímico da digestão séptica

O funcionamento das fossas sépticas pode ser considerado como realizado


nas seguintes etapas:

 Retenção (T)

O esgoto é detido na fossa séptica por um período racionalmente


estabelecido, que pode variar de 12 a 24 horas, dependendo do valor das contribuições
dos efluentes (ver Tabela, em anexa).

 Decantação

A decantação consiste em um processo em que, por gravidade, um líquido


se separa dos sólidos que contém em suspensão. Simultaneamente, a fase de retenção,
processa-se a sedimentação de 60 % a 70 % dos sólidos contidos nos esgotos em estado
de suspensão, formando-se uma substância semilíquida denominada lodo. Parte dos
sólidos não decantados, formados por óleos, graxas, gorduras e outros materiais
misturados com gases, é retida na superfície livre do líquido, no interior da fossa séptica,
os quais são comumente denominados de escuma.

 Digestão

A digestão consiste na decomposição da matéria orgânica contida nos


esgotos em substâncias progressivamente mais simples e estáveis. Ambos componentes
do esgoto, lodo e escuma, são atacados por bactérias anaeróbias, mediante processo de
natureza bioquímica, provocando uma destruição total ou parcial de organismos
patogênicos, reduzindo o grau de contaminação.

 Redução de volume

Do fenômeno bioquímico processado na etapa anterior, a digestão do


denominado esgoto bruto, resultam gases, líquidos e acentuada redução de volume dos
sólidos retidos e digeridos, que adquirem características estáveis capazes de permitir que
o efluente líquido das fossas sépticas possa ser lançado em ambiente adequado em
melhores condições de segurança do que as do esgoto bruto. Aa parcela do esgoto bruto,
também denominado de lodo fresco, resulta, após decantação e digestão, um resíduo
estabilizado denominado de Iodo digerido.

2.3 Tipos e formas geométricas da fossa séptica

Os principais tipos de fossas sépticas são:

 Fossa séptica de câmara única


 Fossa séptica de câmaras sobrepostas
 Fossa séptica de câmaras em série

28
Quanto à forma, tanto as fossas sépticas prismáticas retangulares, quanto
às cilíndricas são equivalentes. Fossas de iguais capacidades, com formas geométricas
diferentes, apresentam eficiências idênticas.
A NBR 13969 Tanques Sépticos – Unidades de tratamento complementar
e disposição final dos efluentes líquidos – Projeto, construção e operação apresenta
detalhes e relação entre dimensões a serem obedecidos. É importante ressaltar que seja
mantida a condição de escoamento e que as características hidráulicas são perturbem o
funcionamento das fossas sépticas. A forma prismática favorece o atendimento de tais
exigências.

2.4 Dimensionamento de fossas sépticas de câmara única

A fossa séptica de câmara única consiste numa unidade de tratamento de


esgoto com apenas um compartimento, em cuja zona superior deve ocorrer processos de
sedimentação e de flotação e digestão da escuma, prestando-se a zona inferior ao acúmulo
e digestão do lodo fresco sedimentado.
A Figura 1 apresentada adiante revela um modelo de câmara única e os
níveis se posicionamento dos elementos componentes do esgoto em processo de digestão
anaeróbica, assim como o escoamento predominantemente horizontal do efluente
sanitário.

Figura 1: desenho esquemático, em corte, de uma fossa séptica


de câmara única e fundo plano.
O dimensionamento segue o seguinte procedimento:

 Cálculo do volume útil de despejos do esgoto bruto (V)

V = Nx(C T + 100xLF)
x

onde, os vários termos possuem a seguinte significação:

V : volume útil, em litros (valor mínimo de 1.250 litros)


N : número de contribuintes

29
C : contribuição de despejos (litro/hab/dia – Tabela, em anexo)
T : período de detenção do lodo, em dias (Tabela, em anexo)
LF : contribuição de lodos frescos (litro/hab/dia – Tabela, em anexo)

No dimensionamento devem ser observadas as seguintes condições:

I)Para fossas sépticas com geometria cilíndrica

o Diâmetro interno (d)  1,10 m


o Profundidade útil (hútil) : 1,10 m
o Diâmetro interno (d)  2xhútil

Obs.: os tanques sépticos cilíndricos são empregados em situações onde se pretende


minimizar a área útil em favor da profundidade. A profundidade interna total de
um tanque séptico corresponde na medida entre a face inferior da laje de
fechamento e a superfície superior da base do tanque.Por sua vez, entende-se
como profundidade útil a medida entre o nível mínimo de saída do efluente e a
superfície superior da base do tanque séptico.

II)Para fossas sépticas com geometria prismática retangular

o Largura interna (b)  0,80 m


o Relação entre o comprimento (L) e a largura (b): 2  L/b  4
o Profundidade útil (hútil)  1,10 m
o A largura da fossa séptica (b)  2x hútil

Obs: os tanques sépticos prismáticos retangulares são empregados nos casos em que
esteja disponível uma área de terreno relativamente maior para obter uma menor
profundidade.

Caso o volume diário de despejos correspondente ao efluente de esgoto


bruto seja inferior a 1250 litros, obtido pelo uso da expressão (1), este será o valor do
parâmetro a ser considerado no dimensionamento da fossa séptica.

3 DESTINO FINAL DO ESGOTO DOMÉSTICO

Após a despoluição processada no esgoto doméstico no interior de uma


fossa séptica, o seu efluente líquido estará em condição de ser lançado em um corpo
d’água, tal como num ambiente aquático representado por um rio, riacho, lago ou no mar,
sem causar danos a estes ambientes. Na ausência de ambientes aquáticos naturais, o
destino final poderá ser o subsolo mediante diversas alternativas técnicas.

3.1 Alternativas técnicas

As alternativas técnicas mais comuns para a disposição final do esgoto


sanitário no subsolo são representadas pelo Sumidouro, também denominado de Poço
absorvente e pela Vala de Infiltração (Irrigação sub-superficial). Apesar da diferenciação

30
tipológica quanto aos dispositivos para promover a disposição final do esgoto sanitário
em função do ambiente de lançamento do mesmo, poderá haver combinação de
alternativas, numa perspectiva de natureza técnico-econômica e ambiental.
Um dos tipos de dispositivo sanitário mais empregado para a disposição
final do esgoto é o Poço Absorvente ou Sumidouro. Trata-se de poço seco escavado no
subsolo e não impermeabilizado, que orienta a infiltração da água residuária no ambiente
subterrâneo. É a unidade de depuração e de disposição final do efluente de um tanque
séptico verticalizado. Seu uso é favorável somente em áreas em que o lençol freático de
abastecimento for profundo, onde se possa garantir a profundidade mínima de 1,50 m
(exceto areia) entre o seu fundo e o nível máximo do aquífero.
Os sumidouros podem ter geometria cilíndrica ou prismático-retangular,
cujo cálculo da área de infiltração deve ser a área vertical interna do sumidouro abaixo da
geratriz inferior da tubulação de lançamento do afluente no sumidouro, acrescida da
superfície do fundo. A altura útil do sumidouro deve ser determinada de modo a manter
a distância vertical mínima de 1,50 m entre o fundo do poço e o nível máximo aquífero,
caso exista. O seu menor diâmetro possui valor igual a 0,30 m.
Escapa ao enfoque didático da abordagem temática desta obra detalhar
estes equipamentos sanitários, comumente estudados na disciplina/matéria denominada
de Saneamento, na estrutura curricular do curso de Engenharia Civil.

31
QUESTÕES

PROPOSTAS

32
SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR
DE ESGOTO SANITÁRIO

CAPÍTULO I V– QUESTÕES TEÓRICAS

Responder de forma sucinta e clara às questões teóricas apresentadas neste


Capítulo. Caso possível, ilustrar a resposta com um desenho esquemático.

01)Quais os usos mais comuns para a água nas edificações residenciais?

02)Qual o significado da expressão “dessedentação de animais”?

03)Quais os princípios gerais que norteiam o projeto e a construção de um sistema predial


de esgotos sanitários domésticos, segundo a NBR 8160/1999/ABNT?

04)Do ponto de vista de concepção, quais os tipos de sistemas urbanos de esgotos


sanitários? Qual o tipo recomendado pela NBR 8160/1999/ABNT?

05)Defina esgoto sanitário e classifique-o quanto a sua origem.

06)Como são classificadas as águas pertinentes ao esgoto doméstico? Defina cada tipo e
sua origem.

07)Relacione os diversos elementos de um sistema predial domiciliar de esgotamento


sanitário que constituem as denominadas instalação primária e instalação
secundária? Qual a razão essencial desta divisão?

08)Qual o significação da expressão “fossa seca”? E para a expressão “fossa negra”?

09)Qual a finalidade e objetivo do emprego do dispositivo sanitário denominado de


“caixa retentora de gordura” num sistema predial de esgotamento sanitário?

10)Defina o dispositivo designado por fossa séptica, sua finalidade e em que situação é
recomendada sua utilização.

11)Qual a razão básica para que os sistemas de esgotamento sanitário e de drenagem de


águas pluviais não sejam interligados?

33
SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR
DE ESGOTO SANITÁRIO

CAPÍTULO V – QUESTÕES APLICATIVAS NUMÉRICAS

01)Dimensionar, segundo as prescrições contidas na NBR 8160/83/ABNT, a


instalação predial domiciliar de esgoto correspondente a um sanitário de serviço,
conforme desenho apresentado abaixo na escala 1:20. O edifício de apartamentos
possui quatro (4) pavimentos, os quais possuem pé direito igual a 2,80 m. A
cobertura predial possui platibanda com altura de 1,00 m. As canalizações a serem
utilizadas na montagem da instalação serão constituídas de material PVC. Elaborar
a relação de material necessário para executar esta instalação, ilustrando com
imagem de conteúdo publicitário relativo a cada item da relação.

02)Solicita-se dimensionar o sistema predial de esgoto doméstico relativo a um


banheiro social, conforme desenho esquemático apresentado a seguir, pertinente a
um edifício de apartamentos com seis (6) pavimentos. A edificação possui pé
direito com altura igual a 2,80 m. Adicionalmente, informa-se que todas as
canalizações serão do tipo PVC. Observar os aspectos recomendados pela Norma
Brasileira. NBR 8160/1999/ABNT. A cobertura predial possui platibanda com
altura igual a 1,00 m.

34
03)A partir da planta do pavimento-tipo dada a seguir, confeccionada na escala 1:50,
relativa à instalação domiciliar de esgotamento sanitário de um banheiro
completo, pertencente a um edifício de apartamentos com quatro (4) pavimentos.
Solicita-se dimensionar o referido sistema predial em conformidade com a NBR
8160/1999/ABNT. A edificação tem pé direito igual a 3,00 m e todo o sistema será
construído com canalizações do tipo PVC. A platibanda da cobertura possui altura
de 1,20 m. Em seguida, elaborar a relação do material a ser utilizado para a
execução desta instalação.

04)Dimensionar subsistema residencial de esgoto doméstico ilustrado no desenho


esquemático apresentada a seguir, sabendo-se que o valor do pé-direito a ser

35
considerado vale 3,00 m e que toda a instalação predial será construída com tubos
e conexões em PVC. Ilustrar a resolução desta questão mediante a anexação de
material publicitário relativo às canalizações e acessórios a serem utilizados na
montagem desta instalação.

05)A partir da planta-baixa esquemática apresentada adiante e com apoio nas


considerações técnicas da NBR 8160/1999/ABNT, solicita-se dimensionar
instalação domiciliar de esgoto sanitário da residência que possui apenas um
pavimento e cujo pé-direito corresponde ao valor 2,80 m. A cobertura da residência
não possui platibanda e toda a instalação será executada com tubos e conexões em
PVC.

36
06)O desenho esquemático, adiante apresentado, refere-se à instalação sanitária de
uma cozinha residencial. Solicita-se dimensionar este subsistema domiciliar de
esgoto, inclusive fornecendo informações técnicas sobre o tipo e detalhes
construtivos relativos à caixa retentora de gordura. A edificação residencial possui
pé-direito igual a 3,00 m.

07)Solicita-se dimensionar, em conformidade com as disposições técnicas contidas na


NBR 8160/1999/ABNT, a instalação predial de esgotamento sanitário, conforme
planta dada abaixo, sem escala, relativa a um banheiro social em um prédio
residencial com cinco (5) pavimentos. A edificação possui pé-direito igual a 2,80
m e platibanda com 1,00 m de altura. Elaborar a relação do material necessário para
a execução desta instalação, sabendo-se que as canalizações e conexões serão em
PVC.

37
08)Tem-se a seguir uma planta-baixa indicativa de uma instalação domiciliar de
esgotamento sanitário, sem escala, relativa a uma edificação residencial com cinco
(5) pavimentos-tipo (pé-direito = 3,00 m), sendo um Apartamento por pavimento.
Adicionalmente, informa-se que a edificação possui padrão construtivo
considerado médio e com telhado protegido com estrutura de platibanda que possui
1,00 m de altura. Solicita-se dimensionar a referida instalação sanitária, incluindo
os detalhes executivos, em planta e corte, correspondentes aos dispositivos
sanitários caixa retentora de gordura (CGD) e a fossa séptica (FS – geometria
cilíndrica). As tubulações e conexões a serem empregadas na execução da
instalação serão em PVC.

09)Solicita-se fazer o dimensionar da instalação domiciliar de esgotos relativa a um


sanitário social de residência térrea, sendo constituída pelos seguintes aparelhos
sanitários: lavatório de residência, chuveiro de residência, vaso sanitário e bidê,
cuja locação dos aparelhos sanitários está apresentada no desenho esquemático
apresentado na página seguinte. A edificação possui telhado sem a estrutura de
platibanda e com pé direito com 3,00 m. Toda a canalização e conexões serão em
material PVC.
Solicita-se também fazer a relação de material necessário para executar esta
instalação sanitária. Ilustrar com material publicitário cada item constante da
relação elaborada.

38
10)Solicita-se realizar o dimensionamento do sistema predial correspondente à
instalação de esgoto, a ser executada num edifício de apartamentos com dez (10)
pavimentos-tipo, segundo a orientação técnica contida na NBR 8160/1999, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, e em conformidade com o
desenho dado a seguir, elaborado na escala 1:50. A edificação possui cobertura
com estrutura em telhado, protegida com platibanda de 1,50 m de altura. Cada
pavimento apresenta pé-direito de 3,00 m. Após, fazer a relação de material
necessário para a execução da instalação dimensionada, sabendo-se que as
canalizações e conexões serão em material PVC.

39
11)A partir da análise técnica da planta arquitetônica dada a seguir, relativa à
instalação predial domiciliar de esgotamento sanitário de um banheiro social
pertencente a um edifício de apartamentos com quatro (4) pavimentos, solicita-se
dimensionar a referida instalação segundo as prescrições técnicas contidas na NBR
8160/1999/ABNT. Adicionalmente, informa-se que cada pavimento possui pé-
direito igual a 3,00 m e que a edificação apresenta estrutura de platibanda com
altura igual a 1,50 m. Todo o sistema de canalizações e conexões será executado
com material PVC. OBS.: planta-baixa confeccionada na escala 1:50.

12)Dispõe-se da planta arquitetônica apresentada a seguir, na escala 1:50, relativa à


instalação predial domiciliar de esgotamento sanitário para banheiros superpostos
pertencentes a um edifício de apartamentos com cinco (5) pavimentos. A edificação
possui a estrutura de telhado por platibanda que possui 1,30 m de altura e cada
pavimento apresenta pé-direito igual a 3,00 m. Solicita-se dimensionar a referida
instalação em conformidade com a NBR 8160/1999/ABNT.

40
13)Solicita-se realizar o dimensionamento relativo à instalação predial domiciliar de
esgoto sanitário representada na planta-baixa dada a segui, confeccionada na escala
1:50. A instalação sanitária representada é referente a um conjunto de banheiros
superpostos, pertencentes a um edifício de apartamentos com seis (6) pavimentos
(pé-direito igual a 3,00 m), cuja cobertura predial possui uma platibanda com altura
de 1,20 m. Proceder ao dimensionamento de acordo com as orientações contidas
na NBR 8160/1999/ABNT.

14)Apresenta-se adiante a planta-baixa relativa à instalação sanitária de um banheiro


social, confeccionada na escala 1:25, pertencente a uma edificação predial com
dois (2) pavimentos. Solicita-se dimensionar a instalação sanitária representada,
sabendo-se que cada pavimento-tipo possui pé-direito com 3,00 m de altura e que
a estrutura do telhado apresenta beiral com 1,00 m de largura. No dimensionamento
deverão ser observadas as prescrições técnicas contidas na NBR
8160/1999/ABNT.

41
15)A planta arquitetônica feita na escala 1:50 indica a representação gráfica relativa à
instalação predial domiciliar de esgoto sanitário de um conjunto de banheiros
pertencentes a um edifício de apartamentos com três (3) pavimentos. Cada banheiro
possui os seguintes aparelhos sanitários: vaso sanitário, chuveiro, lavatório e
ducha. A edificação possui em sua cobertura a estrutura do telhado envolvida
perimetralmente por uma platibanda de 1,00 m de altura. Sabendo-se que cada
pavimento possui pé-direito igual a 3,00 m, solicita-se dimensionar a referida
instalação de acordo com as orientações técnicas contidas na NBR
8160/1999/ABNT.

42
SISTEMA PREDIAL DOMICILIAR

DE

ESGOTAMENTO SANITÁRIO

BIBLIOGRAFIA

43
BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 8160/1983/


ABNT – Instalação Predial de Esgoto Sanitário.

BACELLAR, Ruy Honório – Instalações hidráulicas e sanitárias (domiciliares e


industriais), São Paulo Editora Mc Graw-Hill do Brasil Ltda, 1977

COELHO, Ronaldo Sérgio de Araújo – Instalações Hidráulicas Domiciliares. São


Paulo, Editora Hemus.

CREDER, Hélio – Instalações Hidráulicas e Sanitárias. 5a edição, Rio de Janeiro,


Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda, 1988.

FONTES, Luiz Carlos A de A – Instalações Prediais Domiciliares de Esgotos


Sanitários – Notas de Aulas (N0 2492/82) Centro de Educação Técnica da Bahia -
CETEBA/Superintendência de Ensino Superior do Estado da Bahia.

MACINTYRE, Archibald Joseph – Instalações Hidráulicas. Rio de Janeiro, Editora


Guanabara Dois, 1982.

44
ANEXOS

45
SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO DOMÉSTICO

DADOS PARA PROJETO E DIMENSIONAMENTO

UNIDADES HUNTER DE CONTRIBUIÇÃO DOS APARELHOS SANITÁRIOS


E
DIÂMETRO NOMINAL DOS RAMAIS DE DESCARGA (TABELA 1)

NÚMERO DE UNIDADES HUNTER DIÂMETRO NOMINAL


APARELHOS DE DO RAMAL DE
CONTRIBUIÇÃO (UHC) DESCARGA (DN)
Banheira de residência 3 40
Banheira de uso geral 4 40
Bebedouro⁄Filtro de parede 0,5 40
Bidê⁄Ducha 1 40
Chuveiro de residência 2 40
Lavatório de residência 1 40
Pia de residência 3 40
Tanque de lavar roupas 3 40
Máquina de lavar pratos 4 75
Máquina de lavar roupas 10 75
Vaso sanitário 6 100

NOTAS
a)O diâmetro nominal (DN) indicado nesta TABELA 1 e relacionado com o número de Unidades Hunter de
Contribuição é considerado como mínimo.

b)A TABELA 1 é um resumo daquela apresentada na NBR 8160⁄ABNT⁄1999, contendo apenas os


aparelhos mais comuns nos sistemas hidráulicos prediais de esgotos domésticos

46
DIMENSIONAMENTO DE TUBOS DE QUEDA (TABELA 3)

Número máximo de Unidades Hunter de Contribuição (UHC)


Diâmetro nominal do tubo Prédio com mais que 3 pavimentos
Prédio de até 3
(DN)
pavimentos Em 1 pavimento Em todo o tubo de queda
40 4 2 8
50 10 6 24
75 30 16 70
100 240 90 500
150 960 350 1900

DIMENSIONAMENTO DE COLUNAS E BARRILETES DE VENTILAÇÃO (TABELA 4)

Número de Diâmetro nominal do tubo de ventilação (DN)


Diâmetro nominal
Unidades
Do tubo de queda
Hunter de 40 50 60 75 100 150
Ou ramal de esgoto
Contribuição
(DN)
(UHC) Comprimento máximo permitido (m)
40 8 46
40 10 30
50 12 23 61
50 20 15 46
75 10 13 46 110 317
75 21 10 33 82 247
75 53 8 29 70 207
75 102 8 26 64 189
100 43 - 11 26 76 299
100 140 - 8 20 61 229
100 320 - 7 17 52 95
100 530 - 6 15 46 177
150 500 - - - 10 40 305
150 1100 - - - 8 31 238
150 2000 - - - 7 26 201
150 2900 - - - 6 23 183

DIMENSIONAMENTO DE RAMAIS DE VENTILAÇÃO (TABELA 5)

Grupo de aparelhos sem vasos sanitários Grupo de aparelhos com vasos sanitários
Número de UHC DN Número de UHC DN
Até 12 40 Até 17 50
13 a 18 50 18 a 60 75
19 a 36 75 - -

47
DIMENSIONAMENTO DE COLETORES E SUBCOLETORES (TABELA 6)

Diâmetro Nominal Número de Unidades Hunter de Contribuição (UHC)


do Declividades mínimas (%)
Tubo (DN) 0,5 1,0 2,0 4,0
100 - 180 216 250
150 - 700 840 1000
200 1400 1600 1920 2300

DISTÂNCIA MÁXIMA DE UM DESCONECTOR AO TUBO VENTILADOR (TABELA 7)

Diâmetro Nominal do Ramal de Descarga Distância Máxima (m)


40 1,00
50 1,20
75 1,80
100 2,40

48

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