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O QUE É TEOLOGIA

e sua importância para hoje


Osvaldo Luiz Ribeiro

Todo mundo faz teologia

Teologia é uma palavra usada nos seminários e nos livros. Mas teologia é coisa que todo mundo faz. Quando,
por exemplo, uma pessoa próxima sofre algum infortúnio, e um crente aproxima-se numa atitude de conforto e
diz: "Não se deixe abater: Deus sabe o que faz!", o que esse crente está fazendo é teologia. Quando Jó, diante
de toda a desgraça que lhe caiu na cabeça, afirmou: "O Senhor deu, e o Senhor tirou" (Jó 1,21b), Jó
fez teologia. Quando a mulher cananéia respondeu a Jesus, dizendo: "Sim, mas até os cachorrinhos comem das
migalhas" (Mt 15,27b), também ela fez teologia

Teologia e Deus

O que é teologia? Será que é igual a biologia? Quer dizer, se biologia é o estudo da vida (bio = vida e logia =
estudo), então teologia é o estudo de Deus (teo = Deus e logia = estudo)? Será?

Vamos pensar um pouco. A biologia estuda a vida dissecando organismos ou analisando pequenos pedaços de
tecido orgânico no microscópio. O biólogo pega o ser vivo, leva-o para o laboratório, coloca-o sob
determinadas condições e o examina. Assim aprende. Assim se faz biologia.

Será se dá para fazer isso com Deus? Colocá-lo numa mesa de laboratório e examiná-lo? Você consegue
imaginar os teólogos sentados à mesa, com Deus ali esticado, um examinando o pé; outro, o olho; outro, o
esôfago? Você acha que nos seminários estamos estudando Deus? E aqui, na classe, é Deus que estamos
estudando?

Deixe-me contar uma história da Bíblia. Com certeza você já leu Ex 33,18-23. Leia novamente, mas com duas
pequenas observações sobre o v. 19: 1) deve-se ler "Eu (é que) farei"; e 2) deve-se ler "e proclamarei o meu
nome adiante de ti". Moisés pede que Yahveh lhe mostre a sua glória (v. 18). Yahveh lhe responde que vai
fazer passar a sua bondade diante dele; vai proclamar o seu nome adiante dele; e vai ter misericórdia de quem
ele, o próprio Yahveh, quiser ter misericórdia (v.19). A rigor, Moisés não tinha falado nada sobre a
misericórdia. Por que na sua resposta Yahveh tem de falar a Moisés: "e terei misericórdia de quem (eu) tiver
misericórdia, e compaixão de quem eu tiver compaixão"? Moisés queria ver a glória de Yahveh, e Yahveh
responde que terá misericórdia de quem Yahveh quiser ter misericórdia. Faz sentido? Se pensarmos no objetivo
do texto como sendo apresentar Yahveh como Deus Incontrolável faz sentido. Quem escreveu Ex 33,18-23
queria deixar claro que a intenção de ver a glória de Deus traduz a intenção de controlar as ações de Deus.
Talvez fossem dias em que se estava tentando separar aqueles que se entendia merecerem a misericórdia de
Yahveh daqueles que se entendia não a merecerem. Como fazer isso? Controlando o discurso sobre Deus.
Geralmente, quando julgamos saber quem Deus é, logo tratamos de julgar que a vida desse ou daquele irmão
não agrada a Deus. Teologia como estudo de Deus e julgamento caminham muito próximos um do outro. Para o
autor de Ex 33,18-23, porém, ninguém, nem Moisés, pode decidir afinal de quem Yahveh terá misericórdia -
porque Yahveh é incontrolável e tem compaixão de quem quiser.

Voltando ao nosso tema: teologia é o estudo de Deus? Há teólogos que julgam que sim, e afirmam que
a teologia é o estudo de Deus e das coisas de Deus. Isso significa, que o conteúdo da teologia - as doutrinas e
os dogmas - são uma espécie de descrição de Deus e das coisas de Deus. Para esse tipo de teologia e de teólogo,
Deus não só pode ser conhecido, mas descrito (ainda que parcialmente).

Mas voltemos ao texto de Ex 33,18-23. Moisés é colocado na fenda da rocha. Yahveh tapa a fenda com a sua
mão e faz passar a sua glória. Moisés está lá dentro, sem poder ver nada ("até que (eu) passe", v. 22). Yahveh
termina de passar; retira a mão e, então, diz a Moisés que Moisés verá as costas de Yahveh, mas que "as minhas
faces não serão vistas" (v. 23).

Yahveh diz a Moisés que, se quiser ver a sua glória, que veja as suas costas - o que deve ser compreendido
como "se quiser ver a minha glória, siga-me" (cf. Ex 3,1-15). Yahveh vai à frente, proclamando o seu
nome adiante, e Moisés vai atrás, seguindo, com os olhos fixos nas costas de Yahveh. Yahveh é Deus que se
conhece nas experiências da vida. Yahveh não está disponível na teologia.

Compare essa história com a de Elias na caverna (1 Re 19,8-13). Elias está na caverna (v. 9);
Yahveh passa enquanto Elias ainda está lá dentro (v. 11-13a); Yahveh chama Elias para fora: Elias cobre o
rosto com a capa e sai (v. 11a.13a); Elias não vê Yahveh: apenas ouve uma voz (v. 13b). Yahveh não pode ser
apreendido pelo homem. Elias cobre o rosto (cf. Jz 13,20-23; Is 6,5). Moisés tem que ser colocado na fenda da
rocha e Yahveh tem que tapar o buraco, porque ele queria ver a sua glória. Como a teologia deve se comportar:
como o Moisés de Ex 33,18 ou como o Elias de 1 Re 19,8-13?

Teologia e vida

O texto de Ex 33,18-23 poderia nos ajudar a pensar uma teologia que não se comporta como um estudo de
Deus. 1 Re 19,8-13 poderia nos ajudar a pensar que a presença de Deus ultrapassa nossa capacidade de
apreensão, compreensão e manipulação. Sim, ouvimos "uma voz", mas com o rosto coberto.

Mas se teologia então não deve ser tratada como estudo sobre Deus, como deve ser tratada? Ora, como um
falar sobre Deus, sobre a vida, e sobre o que cremos que Deus faz na vida. Não foram esses os exemplos com
que começamos esse estudo: o crente, Jó e a mulher cananéia falaram. A sua fala que era? Nos três casos,
interpretação dos fatos da vida a partir de suas convicções pessoais a respeito de Deus. Teologia então, não
seria compreendida como estudo sobre Deus, mas como estudo sobre o que os homens pensam sobre
Deus. Teologia tem a ver com a compreensão que os homens têm sobre Deus e não com o próprio Deus.
Teologia é pura vida e história pessoal pulsando no coração. É o concurso de tudo quanto somos e fazemos,
tudo isso concentrado em nosso discurso sobre Deus. E então se diga: boa vida e bom coração, boa teologia;
vida má e mau coração, má teologia.

Teologia é importante. Tanto que todos nós fazemos teologia, uns sem saber que fazem, outros sabendo.
A teologia, no entanto, pode servir para uma adaptação (o caso de Jó) ou para uma confrontação (o caso da
mulher cananéia). A teologia pode servir para conformar-nos com modelos prontos, mas também pode e deve
servir para transformar-nos. Sim, sim: teologia pode e deve ser transformadora. Quando Paulo em Rm 12,2
diz: "não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente", Paulo está a
dizer: façam teologia transformadora! A transformação começa na "vossa mente". Teologia começa na nossa
mente. Teologia e transformação começam no mesmo lugar.

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