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Os óculos do intelectual: possibilidades de escrita da trajetória de Virgínius da Gama e

Melo

Virgínius Figueiredo da Gama e Melo (1922-1975): o ilustre crítico, cronista,


dramaturgo, romancista, conferencista e cineasta; o menestrel, rebelde e solitário. Neste
trabalho, discuto as representações em torno deste advogado e escritor paraibano,
tomando como referência seus escritos e os olhares de seus familiares, amigos, críticos,
editores e escritores com os quais ele manteve relações pessoais e profissionais. Sob a
perspectiva da “Escrita de si”, atento para a capacidade performativa do sujeito a partir
de suas práticas profissionais e pessoais e que são expressas em suas cartas,
depoimentos, crônicas e perpassando toda sua literatura. A sua trajetória é marcada pela
representação de vários papéis, desde a do intelectual proveniente de uma família de
governadores e senadores, até a do boêmio, marginal e militante. A partir de tais
representações e trajetória, discuto as definições de autor e intelectual a partir das
teorizações de Jean-François Sirinelli, Pierre Bourdieu, Noberto Bobbio, Edward Said e
Sérgio Miceli. Virgínius da Gama e Melo desempenhou o fazer de crítico literário,
escreveu romances, peças teatrais, roteiros para cinema, crônicas e esteve à frente de
colunas em jornais e suplementos literários na Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro,
São Paulo, entre outros estados, estabelecendo fortes relações com nomes como
Gilberto Freyre, José Américo de Almeida, José Lins do Rêgo e Josué de Castro.
Nesse sentido, articulo as noções de “rede de sociabilidades” e “campo” buscando
esboçar uma cartografia do campo intelectual deste contexto.

Como coloca Sirinelli, um grupo social no qual todos têm “a pena sempre alerta” e,
Concebendo esse personagem como um desses sujeitos, problematizo a base
documental que compõe a escrita dessa “história intelectual”, visto que a abundância da
documentação que constitui o Acervo Virgínius da Gama e Melo, reunido ao longo de
sua vida e hoje sob guarda da Fundação Casa de José Américo, para além de possibilitar
uma profusão de fontes, deve ser entendido como parte de uma autorrepresentação do
próprio fazer intelectual.

Neste percurso, analiso as cartas por ele recebidas, além de depoimentos e discursos
proferidos em sua homenagem para decompor o seu perfil biográfico e autobiográfico e
como são construídas tais representações ao longo de sua vida e após a sua morte e
discuto as problemáticas do gênero biográfico a partir das narrativas biográficas sobre o
escritor, bem como os dilemas e possibilidades de uma escrita da sua trajetória pelo
historiador.

Atenta-se para as correspondências trocadas com editores, os rascunhos

“Destino de escritor é destino vario”: projetos, polêmicas e boemia na trajetória


intelectual de Virgínius da Gama e Melo

Na memória recente da cultura paraibana um nome emerge trazendo consigo uma


multiplicidade de representações e ensejando vários sentimentos: Virgínius da Gama e
Melo (1923-1975). Esta personagem costumava dizer que “destino de escritor é destino
vario” para explicar os vários destinos, entre consagração e esquecimentos, que um
escritor pode experimentar em vida e após a morte. Os vários destinos podem ser
tomados para entender a trajetória desse escritor paraibano. A sua trajetória é marcada
pela representação de vários papéis, desde a do intelectual proveniente de uma família
de governadores e senadores e “destinado” a ser um escritor consagrado, até a do
boêmio e marginal. Nesse sentido, analiso cartas por ele recebidas e enviadas, além de
obras biográficas, depoimentos e discursos proferidos em sua homenagem para
decompor o seu perfil (auto)biográfico e como são construídas tais representações ao
longo de sua vida e após a sua morte, revelando as problemáticas do gênero biográfico,
bem como os dilemas e possibilidades de uma escrita da sua trajetória. As biografias e
relatos, escritos principalmente por sujeitos próximos ao escritor, também naturalizam
as relações e laços de amizade entre Virgínius e seus pares, não evidenciado os jogos de
interesses e conflitos que marcaram as suas redes de sociabilidades. Ao propor uma
história dos intelectuais, o processo que elevou Virgínius a essa condição deve ser
compreendido a partir das condições e dimensão material de uma disputa em torno de
tal categoria, que envolveu projetos, circunstâncias, cálculo e estratégias, colocando em
cena redes de sociabilidades que demarcaram as disputas travadas no seu processo de
construção da sua persona pública que o levou ao epíteto de intelectual consagrado e
liderança cultural na Paraíba. Atento para um projeto intelectual que se forjou a partir de
êxitos e frustrações. Virgínius encontrou no embate direto com figuras consagradas, em
especial Gilberto Freyre e José Américo de Almeida, uma forma de promoção da sua
imagem de crítico literário. O tom desabusado e polêmico trouxe notoriedade. E,
depois, por diversas circunstâncias, Virgínius acabou por se tornar pressurosa linha
auxiliar dos nomes que procurou detratar em suas críticas literárias. Ao mapear o
percurso empreendido por Virgínius na construção de sua autoimagem, chama atenção
várias peculiaridades que ajudam a entender a complexidade em categorizar tais
personagens. Portanto, mais que tentar enquadrar Virgínius num modelo, procuro
mapear e entender a sua experiência e, assim, compreender o que o caracteriza com tal
ator social denominado intelectual. Com efeito, articulo as noções de “Escrita de Si”
(GOMES), “ilusão biográfica”, “campo” (BOURDIEU), “intelectualidade” e “rede de
sociabilidades” (SIRINELLI).

Este trabalho analisa as representações acerca dessa personagem e os vestígios deixados


por esse escritor – os rascunhos, as obras publicadas, a crítica literária e as cartas que
trocava com escritores e editores –, buscando compreender a sua trajetória intelectual, o
percurso da consagração, os seus êxitos, bem como os projetos que não foram bem
sucedidos, mas que produziram curvas e desdobramentos importantes para seu percurso
no campo de produção cultural. Um escritor de “província” que estava em constante
diálogo com os agentes dos centros consagrados de produção de ideias.

Nesse processo, foram decompostos os percursos de um projeto intelectual, voltando


atenção para as polêmicas e conflitos que se fizeram presentes em sua trajetória, em
específico os embates com nomes consagrados da intelectualidade local, como Gilberto
Freyre e José Américo de Almeida, pa

as imagens que se cristalizaram nas memórias laudatórias de seus amigos e familiares e


que foram difundidas em homenagens e obras biográficas, problematizando a
naturalização em torno de sua vida enquanto sujeito destinado a ser um ilustre
intelectual, prestando atenção para as regras do campo de produção cultural e sua
relação com as redes de sociabilidade que a compunham nas décadas de 1940 a 1970 e
que foram centrais no processo de construção da sua identidade. Foram tomadas como
aportes teóricos as proposições de Gomes para pensar as construções biográficas; de
Sirinelli para repensar a categoria de intelectual e para mapear as redes de sociabilidade
e Bourdieu para analisar a configuração e funcionamento do campo de produção
cultural. Com efeito, a tese compôs uma análise sobre a trajetória de Virgínius da Gama
e Melo, atentando para as definições de seu projeto intelectual, percebendo as
estratégias e movimentos empreendidos no seu percurso em direção de um lugar central
num campo marcado por disputas.

Debruçar-se sobre Virgínius contribui com as discussões em torno das trajetórias


intelectuais, reforçando a ideia de que esses sujeitos não devem ser encaixados
forçadamente em categorização. É na experiência concreta desses sujeitos que é
possível perceber as múltiplas possibilidades de ser desses sujeitos. Como também as
diversas relações que se estabelecem entre os campos, como o de produção cultural e
político, principalmente em contextos onde as clivagens ideológicas são reforçadas.
Essa experiência lança novos olhares para compreender os sujeitos da produção cultural
durante a ditadura militar.

Virgínius Figueiredo da Gama e Melo (1922-1975): o ilustre crítico, cronista,


dramaturgo, romancista, conferencista e cineasta; o menestrel, rebelde e solitário. Neste
trabalho, discuto as representações em torno deste advogado e escritor paraibano,
tomando como referência seus escritos e os olhares de seus familiares, amigos, críticos,
editores e escritores com os quais ele manteve relações pessoais e profissionais. Sob a
perspectiva da “Escrita de si”, atento para a capacidade performativa do sujeito a partir
de suas práticas profissionais e pessoais e que são expressas em suas cartas,
depoimentos, crônicas e perpassando toda sua literatura. A sua trajetória é marcada pela
representação de vários papéis, desde a do intelectual proveniente de uma família de
governadores e senadores, até a do boêmio, marginal e militante. Neste percurso,
analiso as cartas por ele recebidas, além de depoimentos e discursos proferidos em sua
homenagem para decompor o seu perfil biográfico e autobiográfico e como são
construídas tais representações ao longo de sua vida e após a sua morte e discuto as
problemáticas do gênero biográfico a partir das narrativas biográficas sobre o escritor,
bem como os dilemas e possibilidades de uma escrita da sua trajetória pelo historiador.
A partir de tais representações e trajetória, discuto as definições de autor e intelectual a
partir das teorizações de Jean-François Sirinelli, Pierre Bourdieu, Noberto Bobbio,
Edward Said e Sérgio Miceli. Virgínius da Gama e Melo desempenhou o fazer de
crítico literário, escreveu romances, peças teatrais, roteiros para cinema, crônicas e
esteve à frente de colunas em jornais e suplementos literários na Paraíba, Pernambuco,
Rio de Janeiro, São Paulo, entre outros estados, estabelecendo fortes relações com
nomes como Gilberto Freyre, José Américo de Almeida, José Lins do Rêgo e Josué de
Castro. Nesse sentido, articulao as noções de “rede de sociabilidades” e “campo”
buscando esboçar uma cartografia do campo intelectual deste contexto.
Como coloca Sirinelli, um grupo social no qual todos têm “a pena sempre alerta” e
entendendo esse personagem como um desses sujeitos, problematiza-se a base
documental que compõe a escrita dessa “história intelectual”, visto que a abundância da
documentação que constitui o Acervo Virgínius da Gama e Melo, reunido ao longo de
sua vida e hoje sob guarda da Fundação Casa de José Américo, para além de possibilitar
uma profusão de fontes, deve ser entendido como parte de uma autorrepresentação do
próprio fazer intelectual.

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