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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) PROCURADOR (A) REGIONAL DA

REPÚBLICA NO DISTRITO FEDERAL.

ÉRIKA JUCÁ KOKAY, brasileira, bancária, portadora da CI nº


626183 SSS/DF e CPF nº 224.411.071-00, atualmente no exercício do
mandato de Deputada Federal pelo PT/DF, com endereço na Câmara dos
Deputados – Anexo IV – Gabinete nº. 203 e endereço eletrônico
dep.erikakokay@camara.leg.br, vêm respeitosamente à presença de V. Exa.,
propor

REPRESENTAÇÃO

Em face do Senhor PEDRO GUIMARÃES, brasileiro, estado civil ignorado,


atualmente no exercício do cargo de Presidente da Caixa Econômica Federal
- CEF, com endereço sito no Bloco A Lotes 3/4, 70092-900, SBS Q. 4 - Asa Sul,
Brasília - DF, tendo em vista a prática de ato, em tese, ilegal e imoral,
ensejador, entre outras penalidades, de improbidade administrativa,
conforme fatos e fundamentos jurídicos adiante apresentados.

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I – Dos Fatos.

Com efeito, há poucos dias a imprensa nacional e local noticiou


que o Representado havia contratado seu “personal trainer”, Senhor Cleyton
Carregari, como consultor da Presidência da Caixa e com salário em torno de
R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Segundo consta da matéria publicada no Jornal “Metrópoles”,


de circulação no Distrito Federal
(https://www.metropoles.com/brasil/servidor-brasil/caixa-economica-
confirma-contratacao-de-personal-trainer), a Caixa Econômica Federal
confirmou que o educador físico Cleyton Carregari é o novo consultor da
presidência do banco.

Consoante afirma a matéria que denuncia a possível ilegalidade


e violação aos princípios da administração pública, notadamente os da
impessoalidade e imoralidade, o Presidente da Caixa teria negado o vínculo
contratual privado com o nomeado, afirmando ter feito a contratação de um
amigo, que tem formação em marketing esportivo, para realizar uma
auditoria de contratos na área de esportes.

Ora, nem é preciso asseverar que a Caixa Econômica Federal


conta com uma competente área de auditoria e de controle interno entre
seus servidores efetivos, podendo ainda se valer do trabalho realizado pela
Controladoria-Geral da União e Tribunal de Contas da União ou até mesmo
contratar uma auditoria independente para analisar tais contratos, de modo
que a justificativa para a nomeação do educador físico do Presidente se
mostra no mínimo bastante ofensiva ao princípio da razoabilidade.

Na verdade, a citada auditoria, se houver, será realizada pelos


órgãos e servidores competentes, de modo que o nomeado, amigo pessoal
e personal trainer do Presidente ora Representado, nenhuma atribuição terá
nessa seara específica.

Há, nessa perspectiva, claros sinais de nomeação em cargo


público, para fins de atender interesses privados, o que viola,
evidentemente, todos os postulados legais e morais.

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II – Violação ao texto constitucional. Prática, em tese, de Ato de Improbidade
Administrativa.

Com efeito, a Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu


art. 37, caput, preceitua:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerão aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte”:

Como dito, a justificativa lançada pelo Representado no sentido


de que o nomeado será responsável por uma auditoria em contrato não se
apresenta crível e razoável, seja pela ausência de formação na área de
auditoria, seja pela inexperiência e/ou vivência em relação à vida e aos
normativos da Instituição Caixa Econômica Federal.

Assim, manifesta e escancarada a intenção do Representado de


beneficiar o seu amigo e personal trainer Cleyton Carregari com a nomeação
para um cargo bem melhor remunerado, com menoscabo aos princípios da
moralidade e da impessoalidade e em prejuízo ao Erário.

A impessoalidade é um princípio tributário da isonomia que não


se compadece com o procedimento do Presidente da Caixa de nomear seu
amigo e personal trainer como "forma de compensação" por eventuais
serviços privados ou, o que seria pior, remunerar, por intermédio do Erário,
as atividades privadas de que faz uso o Senhor Presidente da Caixa.

O princípio da impessoalidade, segundo Maria Sylvia Zanella Di


Pietro, "significa que a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar
ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse
público que deve nortear o seu comportamento" (Direito Administrativo,
19ª Ed., Atlas, São Paulo: 2006, p.85).

Nas palavras sempre inspiradas de Celso Antônio Bandeira de


Mello, o princípio da impessoalidade encerra "a ideia de que a
Administração tem que tratar todos os administrados sem discriminações

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benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismos nem perseguições são
toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não
podem interferir na atuação administrativa e muito menos interesses
sectários, de facções ou grupos de qualquer espécie. O princípio em causa é
o próprio princípio da igualdade ou isonomia" (Curso de Direito
Administrativo, 16ª Ed., Malheiros, São Paulo: 2003. p. 104).

Vê-se, portanto, que o ato de nomeação, além de não encontrar


justificativa razoável, vai acarretar prejuízo aos cofres públicos, uma vez que
a anunciada função que será desempenhada pelo nomeado, já é de
responsabilidade de outros setores e departamentos da Instituição bancária.

Registre-se, ademais, que a manutenção dessa nomeação viola


o princípio da moralidade. Segundo a hoje Ministra Presidente do Supremo
Tribunal Federal, Carmem Lúcia Antunes Rocha, a moralidade administrativa
“é o princípio segundo o qual o Estado define o desempenho da função
administrativa segundo uma ordem ética acordada com os valores sociais
prevalentes e voltada a realização de seus fins. Esta moral institucional,
consoante aos parâmetros sociais, submete o administrador público”
(Princípios Constitucionais da Administração Pública, Ed. Del Rey, 1994, p.
193). Assim, a prática do administrador público há de ser orientada pelo
acatamento desse princípio, por um comportamento virtuoso, marcado por
uma conduta conforme a natureza do cargo por ele desenvolvida, dos fins
buscados e consentâneos com o Direito, e dos meios utilizados para o
atingimento destes fins (Idem, ibidem, p. 193).

A conduta administrativa deve ser eficiente, à medida que ao


agente público é exigível o dever da boa administração, o que não significa
apenas honestidade, mas, também, produtividade, profissionalismo e
adequação técnica do exercício funcional às metas administrativas e a
legalidade. (Marino Pazzagli Filho. Improbidade Administrativa, SP: Atlas,
1996, p. 50).

Por outro lado, a nomeação ora hostilizada, diante das


circunstâncias que informam o caso concreto, pode caracterizar também,
prática de improbidade administrativa, sem prejuízo de outros ilícitos civis,
administrativos e penais.

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III – Do pedido.

Face ao exposto requer-se desse Ministério Público Federal que


promova a instauração de inquérito para apurar a legalidade e
compatibilidade moral dessa nomeação com os princípios norteadores da
atividade pública e, ao final, havendo alguma irregularidade, em tese,
promova as medidas legais pertinentes.

Brasília (DF), 24 de abril de 2019.

Érika Kokay
Deputada Federal – PT/DF

Ao
Ministério Público Federal
Procuradoria Regional da República no Distrito Federal.
SAS quadra 05 bloco E lote 08, Saus Quadra 5
Brasília (DF).

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