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º 133
DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número — Kz: 130,00
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República››, deve ser dirigida à Imprensa
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c) assegurar uma protecção policial e jurisdicional b) violência patrimonial — toda a acção que confi-
célere e eficaz às vítimas de violência doméstica; gure a retenção, a subtracção, a destruição
d) criar serviços especializados de atendimento às parcial ou total dos objectos, documentos, ins-
vítimas de violência doméstica junto dos órgãos trumentos de trabalho, bens móveis ou imóveis,
competentes; valores e direitos da vítima;
e) incentivar as associações e outras organizações da c) violência psicológica — qualquer conduta que
sociedade civil vocacionadas para a prevenção
cause dano emocional, diminuição de auto-es-
da violência doméstica;
tima ou que prejudique e perturbe o pleno desen-
f) fomentar políticas de sensibilização nas áreas de
volvimento psico-social;
educação, informação, saúde e apoio social;
g) responsabilizar administrativa, civil e criminal- d) violência verbal — toda a acção que envolva a uti-
mente os agentes dos actos de violência domés- lização de impropérios, acompanhados ou não
tica; de gestos ofensivos, que tenha como finalidade
h) criar espaços de aconselhamento e de abrigo tem- humilhar e desconsiderar a vítima, configurando
porário dos envolvidos; calúnia, difamação ou injúria;
i) desencorajar qualquer acto que, com base nos usos e) violência física — toda a conduta que ofenda a inte-
e costumes, atente contra a dignidade da pessoa gridade ou a saúde corporal da pessoa;
humana; f) abandono familiar — qualquer conduta que desres-
j) afastar o agente de perto da vítima, quando se mos- peite, de forma grave e reiterada, a prestação de
tre necessário, atendendo à gravidade da situa- assistência nos termos da lei.
ção;
k) responder de forma rápida, eficaz e integrada aos
serviços sociais de emergência de apoio à vítima. CAPÍTULO II
Princípios Específicos
ARTIGO 2.°
(Âmbito) ARTIGO 4.°
(Princípio da prevenção da violência doméstica)
A presente lei aplica-se aos factos ocorridos no seio
familiar ou outro que, por razões de proximidade, afecto, O princípio da prevenção da violência doméstica consiste
relações naturais e de educação, tenham lugar, em especial: em criar medidas que visem inibir o surgimento de actos de
violência doméstica, em especial:
a) nos infantários;
b) nos asilos para idosos; a) promover o respeito e o reconhecimento da perso-
c) nos hospitais; nalidade e da dignidade de outrem;
d) nas escolas; b) promover conselhos de reconciliação familiar e
e) nos internatos femininos ou masculinos; outras instâncias inter-familiares para dirimir
f) nos espaços equiparados de relevante interesse conflitos;
comunitário ou social.
c) promover a igualdade de género;
d) reforçar a protecção à mulher grávida, à criança e
ARTIGO 3.° ao idoso no seio familiar e social, garantindo os
(Definição e tipo de violência doméstica) mecanismos de assistência;
e) promover o diálogo, a moral e os valores tradicio-
1. Para efeitos da presente lei, entende-se por violência
doméstica, toda a acção ou omissão que cause lesão ou nais reconhecidos pela comunidade que não aten-
deformação física e dano psicológico temporário ou perma- tem contra a dignidade da pessoa humana;
nente que atente contra a pessoa humana no âmbito das f) criar mecanismos conducentes à responsabilização
relações previstas no artigo anterior. criminal das relações sexuais entre ascendentes
e descendentes ou irmãos, especialmente contra
2. A violência doméstica classifica-se em: menores.
a) violência sexual — qualquer conduta que obrigue
a presenciar, a manter ou participar de relação ARTIGO 5.°
sexual por meio de violência, coacção, ameaça (Princípio da confidencialidade)
ou colocação da pessoa em situação de incons-
ciência ou de impossibilidade de resistir; O princípio da confidencialidade traduz-se em:
I SÉRIE — N.º 133 — DE 14 DE JULHO DE 2011 3415
a) respeitar a privacidade, o bom-nome e a honra dos 2. Para efeitos do número anterior as instituições devem
envolvidos nos actos de violência; apoiar-se, preferencialmente, nas áreas das ciências sociais,
b) manter em sigilo os dados obtidos no âmbito do humanas e médicas.
processo sobre a violência doméstica.
ARTIGO 10.°
ARTIGO 6.° (Formação)
(Princípio da responsabilidade criminal)
Incumbe ao Estado integrar, nos programas curriculares Instaurado o processo criminal por infracção considerada
de ensino, matérias que visem prevenir crimes de violência violência doméstica, nos termos da presente lei, o lesado
doméstica, proporcionando às crianças e aos jovens, concei- adquire automaticamente o estatuto de vítima para os efeitos
tos básicos, especialmente: legais, nomeadamente:
1. O Estado deve promover a criação de condições 4. A queixa ou a denúncia pode ser apresentada, verbal-
necessárias para o apoio psicológico e psiquiátrico do agente mente, por escrito, por telefone, por via electrónica ou por
do crime de violência doméstica. outra via bastante, perante a autoridade policial ou ao Minis-
tério Público.
2. Devem ser elaborados e implementados programas
de recuperação dos agentes do crime de violência doméstica. 5. Recebida a queixa ou a denúncia, as autoridades
competentes devem averiguar da sua veracidade, para efeitos
ARTIGO 21.° de procedimento criminal, nos termos da lei.
(Encontros reconciliatórios)
prisão até dois anos, se outra pena mais grave não lhe couber 2. Para os efeitos previstos no número anterior, devem
nos termos da legislação em vigor. ser criados serviços especializados para tratamento dos
crimes de violência doméstica junto dos órgãos de investi-
4. As penas previstas nos números anteriores não preju-
gação e instrução criminal e do Ministério Público.
dicam o dever de indemnização imputável ao agente, nos
termos da lei.
ARTIGO 29.°
(Dever de comparência)
ARTIGO 26.°
(Elementos da queixa ou denúncia)
Aquele que for, legalmente, notificado pela autoridade
Da queixa ou denúncia devem constar os seguintes competente e não comparecer, por facto que lhe seja imputá-
elementos: vel, responde pelo crime de desobediência, punível nos
termos da lei.
a) a identificação completa, se possível, da vítima e ARTIGO 30.°
do agente; (Direito à indemnização)
b) a relação doméstica, familiar ou outra entre o agente 1. À vítima de violência doméstica é reconhecido o
e a vítima; direito a obter, do agente do crime, de forma célere, uma
c) a descrição dos factos que motivaram a denúncia; indemnização pelos danos sofridos.
d) os antecedentes de violência doméstica, se os hou-
ver. 2. A indemnização referida no número anterior deve ser
ARTIGO 27.°
arbitrada tendo em conta a gravidade da agressão e a condi-
(Auto de ocorrência) ção económica dos envolvidos.
1. O queixoso ou denunciante é atendido, prioritaria- 3. Não tendo sido deduzido o pedido de indemnização
mente, pelas autoridades competentes que devem elaborar o civil no processo penal ou em separado em caso de conde-
auto de ocorrência, contendo: nação, o tribunal pode arbitrar uma quantia a título de
reparação pelos prejuízos sofridos pela vítima.
a) todos os elementos constantes da queixa ou denún-
cia, nos termos do artigo anterior; CAPÍTULO VII
b) nome e idade da vítima, do agente e dos dependen- Disposições Finais e Transitórias
tes, se os houver;
ARTIGO 31.°
c) resumo sucinto dos factos e das medidas de protec-
(Regulamentação)
ção propostas pela vítima.
A regulamentação da presente lei compete ao Titular do
ARTIGO 28.° Poder Executivo.
(Atendimento ao queixoso ou denunciante)
ARTIGO 32.°
1. Nos casos de violência doméstica, deve o agente (Interpretação)
de instrução registar a ocorrência e, sem prejuízo do previsto
Na interpretação e aplicação da presente lei devem ser
no Código do Processo Penal, adoptar imediatamente os
consideradas as condições de vulnerabilidade da vítima em
seguintes procedimentos:
situação de violência doméstica.
A presente lei entra em vigor à data da sua publicação. O Dia Comemorativo do Antigo Combatente e Veterano
da Pátria é uma data de celebração nacional, cabendo às
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, instituições afins do Estado prestar toda a dignidade que a
aos 21 de Junho de 2011. efeméride merece.
ARTIGO 3.°
O Presidente da Assembleia Nacional, António Paulo (Institucionalização)
Kassoma.
É institucionalizado o dia 15 de Janeiro como o Dia do
Promulgada aos 7 de Julho de 2011. Antigo Combatente e Veterano da Pátria que, para todos os
efeitos, se comemora, nos termos do que dispõe a Lei
Publique-se. n.° 10/11, de 16 de Fevereiro — Lei dos Feriados Nacionais
e Locais e Datas de Celebração Nacional.
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
ARTIGO 4.°
(Dúvidas e omissões)
––––––––––
As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e
aplicação da presente lei são resolvidas pela Assembleia
Lei n.º 26/11 Nacional.
de 14 de Julho
ARTIGO 5.°
(Entrada em vigor)
A Independência Nacional, proclamada a 11 de Novem-
bro de 1975, constitui uma conquista inalienável do Povo A presente lei entra em vigor à data da sua publicação.
Angolano e foi alcançada à custa de muitos sacrifícios,
consentidos por vários filhos desta terra e outros anónimos Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,
que, durante o longo período da luta contra o então regime aos 21 de Junho de 2011.
colonial português, esses valorosos combatentes, em nome
da liberdade, sacrificaram-se e outros não pouparam as O Presidente da Assembleia Nacional, António Paulo
Kassoma.
suas próprias vidas, deixando para sempre os seus ente-que-
ridos;
Promulgada aos 7 de Julho de 2011.
O Estado Angolano, em reconhecimento, sentido patrió-
Publique-se.
tico e solidariedade nacional, assume como dever de honra,
velar pela dignidade e respeito pelos direitos e benefícios de O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
todos quantos tenham participado nessa conquista, dando
assim o seu contributo invariável para o alcance de tão inco-
––––––––––
mensurável valor, garantindo a sua protecção, preservação
e dignificação, considerando-os como fonte de inspiração
Lei n.º 27/11
na sustentabilidade do patriotismo nacional.
de 14 de Julho
A presente lei tem por objecto institucionalizar, na Repú- Considerando que tais ajustamentos têm contrapartida
blica de Angola, o Dia Comemorativo do Antigo Combatente no excesso de arrecadação que se prevê da receita petrolífera
e Veterano da Pátria. e de disponibilidades de linhas de crédito já contratadas.