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RESUMO PENAL

Sanções Penais - Finalidades

A sanção penal subdivide-se em penas e medidas de segurança. Pena é uma espécie do


gênero “sanção penal".

Pena é a sanção penal imposta pelo Estado, mediante o devido processo legal, ao autor de
um fato típico e ilícito que foi reconhecido culpado, tendo por finalidade puni-lo e
ressocializá-lo, bem como prevenir a prática de novas infrações mediante a intimidação
penal. Observamos, assim, que a pena justifica-se pela ocorrência de uma infração penal
apurada mediante o devido processo legal.

O longo dos tempos, o Direito Penal tem dado respostas diferentes à questão da
criminalidade, as quais são denominadas teorias da pena.

Constituem teorias oficiais de reação à criminalidade as teorias absolutas, ligadas


essencialmente às doutrinas da retribuição ou da expiação; e de outro lado, as teorias
relativas, relacionadas às idéias de prevenção geral e especial, e, por fim, as teorias mistas
ou unificadoras. Tais teorias tornam-se essenciais para a verificação das finalidades de
pena.

Sanções Penais – Modalidades de Sanções Penais

Temos três espécies de penas que são:

·Penas Privativas de Liberdade.


·Penas Restritivas de direitos,
·Multa.

Considerações Gerais

Com o iluminismo e a grande repercussão das idéias dos reformadores como Beccaria,
Howard e Bentham a crise da sanção penal começou a tomar contornos. A pena de prisão
fracassava em todos os seus objetivos declarados, haja vista o alto índice de reincidência.
A partir do século XIX, quando a prisão se converteu na principal resposta do direito
penal, acreditou-se que poderia ser um meio adequado para conseguir a reforma do
delinqüente. Durante muito tempo imperou um ambiente otimista, onde havia a firme
convicção de que a prisão poderia ser um meio idôneo para realizar todas as finalidades
da pena e que, dentro de certas condições, seria possível reabilitar o delinqüente. Tal
otimismo desapareceu e hoje reina uma certa atitude pessimista, já que não se têm muitas
esperanças sobre os resultados que se possa conseguir com a prisão tradicional.

Atualmente, prevalece a convicção de que o encarceramento, a não ser para os


denominados presos residuais, é uma injustiça flagrante. O elenco de penas do século
passado não satisfaz mais nos dias atuais. A pena privativa de liberdade atingiu seu
apogeu na segunda metade do século XIX, e enfrenta a sua decadência antes mesmo que
esse século termine. Mas reprovações, no entanto, em seu início, se fazem contra as penas
de curta duração e tiveram seu marco fundamental com o Programa de Marburgo de Von
Liszt. Sua incapacidade para exercer influxo educativo sobre o condenado, a falta de
eficácia intimidativa diante do delinqüente entorpecido, retirar o réu de seu convívio
familiar, estigmas que a passagem pela prisão causam no recluso são alguns dos
argumentos que apoiavam os ataques a pena privativa de liberdade que se iniciavam no
seio da União Internacional de Direito Penal, ou seja, o Congresso de Bruxelas de 1889.

A reforma de 1984 do Código Penal tentou seguir essa política criminal liberal, adotando,
entre outras inovações, modernas alternativas à pena de privativa de liberdade, como as
penas restritivas de direitos, além de revitalizar a pena de multa com o sistema dias-multa,
além de transformar o velho sursis em um instituto sério e eficaz.

O nosso Código Penal somente reconhece duas espécies de pena privativa de liberdade:
reclusão e detenção. A diferença principal entre elas está no regime penitenciário a que a
pena está sujeita.

Desse modo, passaremos a analisá-las.

Reclusão, Detenção e Prisão simples.

A citada Reforma Penal Brasileira de 1984 adotou as penas privativas de liberdade como
gênero e manteve a reclusão e a detenção como espécies.

Questão

O Código Penal de 1984 dividiu as penas em


a) principais e acessórias
b) privativas de liberdade
c) restritivas de direito
d) privativas de liberdade, restritivas de direito e multas

GABARITO D: Em inteligência ao disposto no art. 32 do Código Penal


Penas privativas de liberdade - Diferenças entre reclusão e detenção

Pena de reclusão: admite o regime penitenciário fechado, semi-aberto ou aberto. Pena de


detenção: admite o regime penitenciário semi-aberto e aberto, salvo necessidade de
transferência para regime fechado – art. 33, “caput" do CP.

No caso de concurso material de crimes, aplicando-se cumulativamente penas de reclusão


e detenção, executa-se primeiro a de reclusão (arts. 69 “caput" e 76 do CP)..

Medida de segurança: se o delito é punido com detenção poderá ser determinado o


tratamento ambulatorial (art. 97 do CP).

Art. 92, II do CP – incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela –


crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra filho tutelado ou curatelado.

OBS: Prisão preventiva: desde que presentes os requisitos dos arts. 282 do CPP (redação
conferida pela lei 12403/2011), poderá ser decretada nos crimes punidos com pena
privativa de liberdade máxima superior a 04 anos (independente de serem apenados com
reclusão ou detenção).

A prisão simples é especifica para as contravenções penais, tendo como característica:


ausência de rigor penitenciário; estabelecimento especial ou seção especial de prisão
comum; regime semi-aberto ou aberto; o condenado deverá ficar separado dos demais
condenados à reclusão e detenção; o trabalho é facultativo. (vide art. 6° da Lei de
Contravenções Penais).

Penas privativas de liberdade - Progressão de regime penitenciário

Como já é sabido, a Reforma Penal de 1984 adotou um sistema progressivo de


cumprimento da pena, que possibilita ao próprio condenado, através de seus
procedimentos, da sua conduta carcerária, direcionar o ritmo de cumprimento de sua
sentença, com mais ou menos rigor. Possibilita, desse modo, ao condenado ir galgando
paulatinamente sua liberdade, objetivando a sua gradativa reinserção social.

O condenado adquire o direito a passar do regime inicial para um regime mais brando
após, em regra, o cumprimento de 1/6 da pena (critério objetivo), desde que o seu mérito
autorize a progressão (critério subjetivo), conforme prevê o art. 112 da LEP.

Desse modo, podemos depreender ser impossível que o condenado passe do regime
fechado para o aberto sem passar pelo semiaberto.
O mérito do condenado será avaliado através do atestado de bom comportamento
carcerário emitido pelo Diretor do Estabelecimento prisional, indicando, assim que o
condenado encontra-se está apto a cumprir a sanção imposta em regime menos rigoroso,
sem, portanto, prejudicar os fins da pena.

Ao tratarmos do regime aberto, devemos atinar que além do cumprimento de um sexto da


pena e do mérito do condenado (bom comportamento), deve-se observar se o beneficiário
preenche os requisitos do artigo 114 da LEP, ou seja, se o apenado está trabalhando ou se
demonstra a possibilidade de vir a fazê-lo imediatamente e, se apresenta, pelos seus
antecedentes e pelo resultado dos exames que se submeteu, fundados indícios de que se
ajustará com autodisciplina e senso de responsabilidade ao novo regime.

Cabe-nos ressaltar ainda que a jurisprudência não tem conhecido, em regra, a impetração
de habeas corpus para se requerer a progressão de regimes, visto que ele não tem dilação
probatória para se comprovar o mérito do condenado.

Obs: segundo o STF o exame criminológico não é obrigatório para a progressão de


regime, porém poderá ser determinado pelo Juiz da VEC.

Requisitos para a obtenção da Progressão

Nesse tópico faremos uma análise dos requisitos objetivos/formais(cumprimento de um


sexto da pena e mérito do condenado) e subjetivos/materiais (atestado de bom
comportamento carcerário) para que o apenado obtenha a progressão de regime. Foi a Lei
de Execuções Penais que estabeleceu que para que tal pessoa obtenha a progressão se faça
presentes alguns requisitos (art. 112 da LEP). Senão vejamos:

a) Um sexto da pena: Cumprimento de ao menos 1/6 da pena no regime anterior.

b) Atestado de conduta carcerária: concedido àqueles que apresentarem bom


comportamento carcerário. Desse modo, o mérito do condenado vem a ser a comprovação
da existência de condições que façam presumir que ele condenado, está preparado para ir
conquistando, progressivamente, a sua liberdade, adaptando-se, portanto, a um regime
mais liberal, sem que contanto, venha apresentar prejuízo para os fins da execução da
pena. Tal documento é expedido pelo Diretor do estabelecimento prisional.

c) Reparação do Dano nos crimes contra a Administração Pública: Com o advento da Lei
10.763/2003, que acrescentou ao artigo 33 do Código Penal, o parágrafo 4º, passou-se a
exigir a reparação do dano ou a devolução do produto ilícito para que o condenado por
crime contra administração pública pudesse obter a progressão de regime.

Em resumo, podemos afirmar que a progressão de regime deve ser uma conquista do
condenado pelo seu merecimento e pressupõe o cumprimento mínimo de um sexto da
pena no regime anterior (art.112 da LEP). A lei 10763/03 suprimiu o exame
criminológico. No entanto, ele ainda subsiste quando do inicio do cumprimento da pena
(art. 8° da LEP).

Obs: de acordo com a Súmula 715 do STF a pena unificada pelo art. 75 não é considerada
para concessão de outros benefícios.

Progressão por Salto

Também chamada de progressão per saltum, é a passagem direta do regime fechado para
o aberto. No Brasil, não é possível a progressão per saltum, visto que a Lei de Execução
Penal exige para progressão de pena o cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior e
o regime anterior ao aberto é o semiaberto, não podendo haver passagem direta do regime
fechado para o aberto.
Saliente-se que o STF vem entendendo ser constrangimento ilegal submeter o paciente a
regime mais rigoroso que o fixado na sentença.

Progressão nos Crimes Hediondos

A redação original do art. 2° da lei 8072/90 vedava a progressão de regime nos crimes
hediondos, com visível afronta ao principio da individualização da pena. O STF, ao julgar
HC, no caso concreto, portanto, declarou a inconstitucionalidade desta previsão
concedendo à Decisão, entretanto, efeito erga omnes.

Posteriormente à mencionada Decisão, o legislador editou a Lei 11.464/2007, alterando


a lei dos crimes hediondos, minimizando, assim, os equivocados excessos da Lei 8072/90.
Desta forma, a atual redação do art. 2° de seus parágrafos da lei 8072/90, dispõe que:

a) o cumprimento da pena iniciará em regime fechado;

b) a progressão nos crimes hediondos ocorrerá após o cumprimento de 2/5, em caso


de apenado primário, e de 3/5, se reincidente;

c) em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu


poderá apelar em liberdade.

Obs: em relação à possibilidade da progressão de regime antes do trânsito em julgado de


decisão condenatória – vide súmulas 716 e 717 do STF

* Súmula 716: “Admite-se a progressão de regime de cumprimento de pena ou a aplicação


imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da
sentença condenatória”.
*Súmula 717 que nos ensina: “Não impede a progressão de regime de execução da pena
fixada em sentença transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial”.

*Sobre o tem ainda importa verificar a dicção da seguinte súmula vinculante: STF -
Súmula Vinculante nº 26 - "Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena
por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade
do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado
preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar,
para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico".
REGIMES PENAIS (SISTEMAS PENITENCIÁRIOS).

- Origem no século XVIII.

- Pensilvânico (celular) – proibição de visitas. O acusado ficava isolado em sua cela,


buscando o arrependimento através da leitura da bíblia.

- Auburbiano – 1818 – Origem em Nova York – Permitia o trabalho dos presos em grupo,
durante o dia. Previa o isolamento noturno. Os presos não podiam se comunicar, pois
existia a lei do silêncio.

- Progressivo – Inglaterra – Século XIX.

Como é cediço o Brasil adotou o sistema progressivo, objetivando, com o gradual retorno
do agente ao convívio social, viabilizar sua reinserção social. Desta forma, o regime
fixado pelo juiz sentenciante é apenas o inicial, sendo determinado pela espécie da pena
(reclusão/detenção), quantidade da pena, bem como reincidência. A progressão de
regime, ao seu turno, analisa critérios objetivos e subjetivos do condenado, conforme
verifica-se pelo art. 112 da LEP. Assim, segundo previsão do Código Penal, existem três
regimes iniciais de cumprimento de pena: FECHADO, SEMI-ABERTO E ABERTO, os
quais se distinguem pelas seguintes regras principais:

Regras do Regime Fechado

No regime fechado o condenado cumpre a pena em penitenciária e estará obrigado ao


trabalho em comum dentro do estabelecimento penitenciário (arts. 31 e 32 da LEP), na
conformidade de suas aptidões ou ocupações anteriores, desde que compatíveis com a
execução da pena. Nesse regime o condenado fica sujeito ao isolamento durante o repouso
noturno conforme o artigo 34, §1º do CP e art. 88 da LEP.

O recluso que cumpre pena em regime fechado não tem direito a freqüentar cursos e o
trabalho externo só será possível ou admissível em obras ou serviços públicos, desde que
o condenado tenha cumprido, pelo menos, um sexto da pena. (arts. 36 e 37 da LEP). O
trabalho em instituição privada somente será autorizado mediante expresso
consentimento do condenado.

Regras do Regime Semiaberto

Nesta espécie de regime de cumprimento de pena não há a previsão para o isolamento


durante o repouso noturno. Nesse regime, o condenado terá direito de freqüentar cursos
profissionalizantes, de instrução de 2º grau ou superior. Também ficará sujeito ao trabalho
comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou em estabelecimento
similar.
Neste regime, o trabalho externo é admissível, inclusive na iniciativa privada, ao contrário
do que ocorre no regime fechado. Este, o serviço externo, pode ser o penúltimo estágio
de preparação para o retorno do apenado ao convívio social. O próximo e derradeiro passo
será o livramento condicional.

Os detentos em regime semiaberto têm direito a saídas temporárias, durante o período de


07 dias, para participar de curso supletivo, visitar a família e desenvolver atividade que
auxiliem em sua reintegração social, nos termos do art. 122 a 125 da LEP.As saídas
temporárias serão deferidas pelo Juiz das Execuções, após oitiva do MP e cumprimento
mínimo de 1/6 da pena, se o condenado for primário, e ¼ se reincidente, somados aos
requisitos subjetivos previstos nos mencionados artigos. Em relação ao às saídas
temporárias, deverão ser observadas as novas disposições trazidas pela lei 12258 de 06
de junho de 2010.

Regras do Regime Aberto

Este regime se baseia na autodisciplina e no senso de responsabilidade do apenado. O


condenado só permanecerá recolhido em casa de albergado ou em estabelecimento
adequado durante o repouso noturno e nos dias de folga. O condenado deverá trabalhar,
frequentar cursos ou exercer outra atividade autorizada fora do estabelecimento e sem
vigilâncias. Com responsabilidade e disciplinadamente, o detento deverá demonstrar que
merece a adoção desse regime e que para ele está preparado, sem frustrar os fins da
execução penal, sob pena de ser transferido para outro regime mais rigoroso como nos
ensina o artigo 36, §2º do Código Penal.

O grande mérito do regime aberto é manter o condenado em contato com a sua família e
com a sociedade, permitindo que o mesmo leve uma vida útil e prestante. Outra grande
vantagem desse regime é a obrigatoriedade do trabalho.
Regras do Regime Disciplinar Diferenciado

Pela a nova redação do artigo 52 da LEP, dada pela Lei n.10.792/2003, o regime
disciplinar diferenciado poderá ser aplicado, PARA CONDENADOS DEFINITIVOS E
PROVISÓRIOS, sem prejuízo da sanção correspondente à falta grave, nas seguintes
situações:

a) prática de fato previsto como crime doloso que ocasione subversão da ordem ou
disciplina internas – artigo 52, “caput”.

b) Apresente alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da


sociedade – artigo 52, § 1º.

c) Quando houver fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer


título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando.

Esse regime terá duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por
nova falta grave da mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada, o
recolhimento será em cela individual, admitindo visitas semanais de duas pessoas, sem
contar as crianças, com duração de duas horas e o preso terá direito à saída da cela por
duas horas diárias para banho de sol.

Tal medida será imposta pelo Juiz, após requerimento do Diretor do estabelecimento, e
desde que ouvido o MP e a defesa.
Em relação ao RDD, manifestou-se o STJ no seguinte sentido:

“Por outro lado, cumpre salientar que o regime disciplinar diferenciado não constituiu
uma nova modalidade de prisão penal de caráter provisório, ou um novo regime de
cumprimento de pena em acréscimo aos regimes já existentes (fechado, semi-aberto e
aberto). Na verdade, o RDD nada mais é do que um regime de disciplina carcerária
especial, dentro do regime fechado, que tem como característica um maior grau de
isolamento do preso com o mundo exterior, inclusive com o bloqueio de comunicação
por telefone celular e outros aparelhos. Trata-se de uma medida emergencial que visa
transformar o caos do sistema penitenciário para, ao menos em relação aos presos mais
perigosos, impor-lhes um verdadeiro regime de segurança máxima, sem o qual,
infelizmente, a atuação desses líderes de organizações criminosas não pode ser contida.”
(Recurso Especial n° 662.637-MT)
Penas privativas de liberdade – Reincidência

Conceito e natureza jurídica: a reincidência, conceituada no art. 63 do CP, é circunstância


agravante da pena, a teor do disposto no art. 61, I do CP. Dispõe o art. 63: “verifica-se a
reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a
sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

Espécies:
Reincidência ficta: ocorre quando o sujeito pratica nova infração depois de haver
transitado em julgado sentença que o tenha condenado pelo cometimento de infração
posterior. (foi a teoria acolhida pelo CPB no art. 63).

Reincidência real: é aquela em que o agente comete nova infração após cumprir, integral
ou parcialmente, a pena imposta em virtude de delito anterior.

Hipóteses geradoras de reincidência:


Conjugando-se o art. 63 do CP e o art. 7º da LCP, verifica-se a reincidência nas seguintes
situações:

-entre crimes e crime;

-entre crime e contravenção;

-entre contravenção e contravenção.

Não há hipótese de reincidência entre contravenção e crime, por absoluta ausência de


previsão legal.

Efeitos da reincidência:
A reincidência acarreta, especialmente, os seguintes efeitos:

-agrava a pena (art. 61, I);

-constitui circunstância preponderante no concurso de agravantes (art. 67 do CP);

-impede a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos, se o


condenado for reincidente em crime doloso. (art. 44, II);

-impede a concessão de suspensão condicional da pena quando se der entre crimes


dolosos (art. 77, I)

-torna maior o prazo de cumprimento da pena para a obtenção do livramento condicional


(art. 83, II);

-impede o livramento condicional quando for especifica entre crimes de natureza


hedionda e aqueles a estes equiparados (art. 83, V)

-aumenta em 1/3 o prazo da prescrição da pretensão executória (art. 110, caput);

-interrompe o curso do prazo da prescrição da pretensão executória (art. 117, VI);


-veda a aplicação de algumas causas de diminuição de pena (art. 155, § 2º, 171, § 1º).

Por fim, dispõe o art. 64 do CP, as hipóteses em que não irá ocorrer a reincidência:
I – não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 05 anos,
computado o período de suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação

II – não se consideram os crimes militares próprios e políticos; (tanto próprios ou


impróprios, segundo doutrina majoritária, por ausência de distinção legal).

No tocante ao inciso I, acolheu o legislador brasileiro, a respeito da eficácia temporal da


condenação anterior para efeito de reincidência, o sistema da temporariedade segundo o
qual não há reincidência quando entre a data segundo o qual não há reincidência quando
entre a data do cumprimento ou a extinção da pena e a prática da nova infração transcorrer
um período superior a 05 anos. Para fins de contagem deste prazo, quando ao condenado
tiver sido concedida a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional, o
inicio da contagem do prazo de 05 anos ocorrerá a partir da data da audiência admonitória
ou da cerimônia do livramento condicional, desde que não revogada a medida e declarada
a extinção da pena (arts. 82 e 90 do CP). Se não houver revogação do sursis ou do
livramento condicional, ultrapassado o período de cinco anos, não poderá a condenação
anterior ser considerada para efeitos de reincidência, prevalecendo tão somente para
configuração dos maus antecedentes.

Questão
- Em relação a reincidência, assinale a opção correta:

A)Para se caracterizar a reincidência na prática de crime, é necessário que haja trânsito em julgado
da sentença condenatória por prática de crime anterior

B)O agente que, na fase de recurso de sentença condenatória pela prática de crime, comete
contravenção penal, deve ser considerado reincidente não-específico

C)Para efeito de reincidência específica, prevalece a condenação anterior, se, entre a data do
cumprimento da pena e a infração posterior, tiver decorrido tempo superior a 5 anos

D)Para efeitos de reincidência, são considerados os crimes eleitorais, os crimes militares próprios e
os crimes políticos

GABARITO A: Conforme art. 63 do CP, sendo certo que a prática de crime anterior, para fins de
reincidência pode ocorrer tanto no Brasil como no estrangeiro.
laração expressa na sentença
Penas privativas de liberdade - Remição de pena

O significado de remição é resgatar, abater, descontar, pelo trabalho realizado dentro do


sistema prisional, parte do tempo de pena a cumprir. O preso provisório que não está
obrigado ao trabalho, se trabalhar poderá remir parte de sua futura condenação.

A remição, segundo previsão da lei 12433 de 29 de junho de 2011, poderá ocorrer pelo
trabalho ou pelo estudo, podendo beneficiar presos definitivos (regime fechado, semi-
aberto e aberto, bem como em livramento condicional, nos dois últimos casos nos termos
do art.126, §6º da LEP), bem como presos provisórios, conforme previsão do art. 126,
§7º da LEP (redação dada pela lei 12433/11).

No que tange ao trabalho, a remição ocorrerá na proporção de três dias de trabalho por
um a menos na pena, nos termos do art. 126, §1º, II da LEP, enquanto em relação ao
estudo a contagem de tempo será feita à razão de 01 (um) dia de pena a cada 12 (doze)
horas de frequência escolar, a qual poderá ocorrer em atividade de ensino fundamental,
médio, profissionalizando, superior, ou ainda de qualificação profissional. (art. 126, §1º,
I da LEP).

O estudo para fins de remição de pena poderá ser desenvolvido de forma presencial ou
por metodologia de ensino a distância e deverá ser certificado pelas autoridades
educacionais competentes dos cursos frequentados, sendo que o preso impossibilitado,
por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a
remição.

Prevê o art. 126 da LEP, ainda, que o tempo a remir em função das horas de estudo será
acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou
superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do
sistema de educação.

Alterando entendimento anterior do STF, o qual autorizava que o condenado perdesse


todos os dias remidos ante à pratica de falta grave, prevê o art. 127 da LEP, com redação
também conferida pela Lei 12433, que em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até
1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a
contagem a partir da data da infração disciplinar.
PENAS PRIVATIVAS DE DIREITO

Conceito

Considerações Gerais

Segundo disposto no art. 44 do CP, as penas restritivas de direitos são autônomas e


substituem as privativas de liberdade, aparecendo como alternativos penais à pena
privativa de liberdade. Assim, portanto, qualquer opção sancionatória que não leve à
privação da liberdade é chamada de pena alternativa.

Existem duas espécies de penas alternativas:

 penas alternativas restritivas de direitos e multa.

Cominação e Aplicação das Penas Alternativas

Como nos traz o artigo 59, inciso IV do Código Penal, as penas alternativas estão ali
elencadas e à disposição do juiz para serem executadas no momento da determinação da
pena na sentença, tendo em vista que pela sua própria natureza, requer a prévia
determinação da quantidade da pena que será imposta.

De todos é sabido que o juiz, na dosagem da pena, deve escolher a sanção mais adequada
ao réu, considerando a personalidade do agente e demais elementos do artigo citado e,
também, a finalidade preventiva. É nesse momento que se examina a possibilidade de
substituir a pena privativa de liberdade por uma restritiva de direito.

Assim, logo após o juiz determinar o quantum final da pena de prisão, se esta não for
superior a quatro anos ou se o delito for culposo, o juiz, imediatamente, deverá considerar
a possibilidade de substituição. Apenas se não for possível tal substituição é que o juiz
passará a examinar a possibilidade da suspensão condicional da pena, conforme os artigos
77, III, do CP e 157 da LEP.

Cabe-nos ressaltar que o tempo de duração das penas restritivas será o mesmo que teria a
pena privativa de liberdade substituída, conforme nos ensina o artigo 55 do Código Penal,
salvo no caso da prestação de serviços à comunidade.

É sabido que a prisão não é local mais idôneo para empreender qualquer tentativa de
reeducação ou tratamento terapêutico de problemas estruturais de personalidade. É nesse
sentido que afirma Beccaria que é a celeridade e a certeza da pena, mais que sua
severidade, que produz a efetiva intimidação.
Espécies (Davi) – Modalidades das Penas Restritivas de Direito

Perda de Bens e Valores

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso XLVI, já havia previsto a perda
de bens como modalidade de pena a ser adotada pelo legislador ordinário. A Lei número
9714/98 cuidou de discipliná-la entre as penas restritivas de direitos.

A perda de bens e valores pertencentes ao condenado dar-se-á em favor do Fundo


Penitenciário Nacional, salvo disposição diversa em lei especial. Seu valor máximo é o
montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em
conseqüência da prática do crime, conforme previsto no art. 45, §3° do CP.

Nesse passo, importante se faz a distinção entre o confisco-pena e o confisco-efeito da


condenação. O confisco-pena destina-se ao Fundo Penitenciário Nacional e seu objeto é
o patrimônio pertencente ao condenado. Já o confisco-efeito da condenação penal destina-
se à União, como receita não tributária e tem por objeto os instrumentos e produtos do
crime, como nos ensina o artigo 91, inciso II do Código Penal.

Cabe-nos, por último, ressaltar que o confisco apresenta duas limitações que são: a
limitação do quantum a confiscar, que tem por seu teto o montante do prejuízo causado
ou do proveito obtido com a prática do crime e a limitação em razão da quantidade de
pena aplicada, somente cabendo este tipo de sanção na hipótese de condenações que não
ultrapassem quatro anos de prisão. Ainda assim, só caberá a pena de perda de bens ou
valores quando for possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas
de direitos, conforme o ensinamento do artigo 45 e seus parágrafos do Código Penal.

Prestação de Outra Natureza ou Inominada

O artigo 45, § 2º prevê a possibilidade da substituição da prestação pecuniária por


prestação de outra natureza se houver concordância do beneficiário. Trata-se de uma pena
inominada e indeterminada que objetiva atender às necessidades das partes.

Contudo, torna-se óbvio que aqui não poderemos ter uma sanção aplicada de natureza
pecuniária, que é a natureza da prestação substituída, eliminando-se, assim, as penas de
multa e perda de bens e valores, pois desse modo não seria uma sanção de outra natureza.

Há entendimentos no sentido de que tal modalidade de pena viola o princípio da


legalidade, o qual exige que preceito e sanção sejam claros, precisos, certos e
determinados.
A substituição em tela tem caráter consensual, visto que se faz necessária a aceitação do
beneficiário. Assim, levando em consideração essa sua natureza consensual, essa pena
nunca poderá ser aplicada por um órgão recursal.

Limitação de Fim de Semana (art. 48 do CP).

A limitação de fim de semana tem por intenção evitar o afastamento do apenado de suas
tarefas diárias, objetivando manter suas relações familiares, profissionais e sociais.

Caberá ao juiz da execução criminal providenciar a intimação do condenado para cumprir


a pena imposta, notificando-o do local (casas de albergado ou estabelecimento congênere,
onde assistirá a palestras, cursos e atividades educativas afins), dias e horários em que
deverá apresentar-se. O estabelecimento designado deverá encaminhar relatório mensal
sobre o condenado, informando o juiz sobre sua ausência ou falta disciplinares (LEP, arts.
151 a 153).

De acordo com a LEP, a medida será convertida em pena privativa de liberdade se ocorrer
quaisquer das hipóteses previstas no art. 181, §2° do mencionado diploma legal.

A limitação de fim de semana é uma pena restritiva de direitos de pouca aplicação, pois
inexistem no País estabelecimentos em números suficientes e adequados para o
cumprimento desta medida.

Difere-se do regime aberto, devendo o condenado permanecer em casa do albergado, aos


sábados e domingos, por cinco horas diárias, devendo assistir cursos e palestras de caráter
educativo.

Prestação de Serviços à Comunidade ou a Entidades Públicas (art. 46 do CP).

A disciplina da prestação de serviços à comunidade também foi alterada pela Lei 9714/98.
Consiste ela na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. Essa atribuição é realizada
pelo juiz da execução penal de acordo com as aptidões do condenado, devendo ser
cumprida à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixada de modo a não
prejudicar a jornada normal de trabalho do condenado.

Na definição desta sanção percebe-se a nítida preocupação em estabelecer quais entidades


poderão participar da prestação gratuita de serviços comunitários arrolando,
exemplificativamente, as entidades assistenciais, os orfanatos, hospitais, escolas e, como
diz a lei, “outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários e estatais".
Afastaram-se as entidades privadas que visam lucros, de forma a coibir a exploração de
mão-de-obra gratuita e o conseqüente enriquecimento ilícito.

Conforme estabelece o novo texto legal, a prestação de serviços à comunidade ou


entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação de
liberdade. Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir
a pena substitutiva em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade aplicada. Isso se deve ao fato de uma hora de tarefa corresponde a um dia de
condenação, de forma que, se o condenado realizar várias horas de tarefa por dia, poderá
cumprir a pena substitutiva em menor tempo, desde que seja respeitado o limite de metade
do tempo da pena privativa de liberdade.

Trata-se de uma oportunidade dada ao beneficiado que queira terminar o cumprimento da


pena mais rápido, possibilitando que ele realize suas atividades durante uma carga horária
superior a 8 (oito) horas semanais.

A premissa em exegese aplica-se somente à pena de prestação de serviços à comunidade.

Enumera o art. 181, §1° da Lei de Execuções Penais os casos em que a medida de
prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas será convertida em pena
privativa de liberdade:

- quando o condenado não for encontrado, por estar em


lugar incerto e não sabido, ou desatender à intimação por edital;

- quando não comparecer, injustificadamente, à entidade


ou programa em que deve prestar serviço;

- quando se recusar, injustificadamente, a prestar o serviço


que lhe for imposto;

- quando sofrer condenação por outro crime a pena


privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa (art. 181, parágrafo 1º).
Neste caso, deverá o magistrado converter a pena restritiva de direitos em privativa de
liberdade só se o regime imposto impossibilitar o cumprimento da pena restritiva de
direitos. É o que deflui da mens legis no parágrafo 5º, do artigo 44.

A prestação de serviços comunitários, na legislação pátria, é uma modalidade de pena


substitutiva que dispensa o aceite do condenado, devendo ser cumprida à razão de 01 hora
de tarefa por dia de condenação, a fim de não prejudicar a jornada normal de trabalho
(art. 46, §3° do CP).
Interdição Temporária de Direitos

Esse tipo de pena restritiva de direito, ao contrário das outras que são genéricas, aplica-
se, em geral, a determinados crimes.

A interdição de direitos, que é temporária, não se confunde com os efeitos secundários da


condenação enumerados pelo art. 92 em seus três incisos, que não são automáticos,
devendo ser motivados na sentença que os venha aplicar. As interdições previstas em lei
acham-se distribuídas em quatro incisos:

I- Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato


eletivo. A lei prescreveu exercício efetivo, não o eventual, que não será facilmente
abrangível por uma interdição temporária.

Depois de cumprida a pena, o condenado poderá voltar a exercer suas funções normais,
desde que não haja impedimento de ordem administrativa.

II- Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação


especial, de licença ou autorização do poder público.

Existem profissões, atividades ou ofícios que exigem habilitação especial ou autorização


do poder público para poderem ser exercidas. Podem ser exigências como cursos
superiores ou profissionalizantes, registros especiais, inscrições em Conselhos Regionais
entre outros que, de um modo geral, são controlados pelo poder público. Qualquer
profissional que for condenado por crime praticado no exercício de sua profissão, com
infrigência aos deveres que lhe são inerentes, poderá receber essa sanção, desde que, é
claro, preencha os requisitos necessários e a substituição revele-se suficiente à reprovação
e prevenção do crime.

A interdição, nesta hipótese, pressupõe que a ação criminosa tenha sido realizada com
abuso de profissão ou atividade, ou como infração de dever a ela inerente. Ademais, para
que se aplique a interdição, faz-se mister que a pena se revele suficiente para substituir a
pena privativa de liberdade de curta duração, tanto em seu enfoque repressivo quanto no
preventivo como nos ensina o artigo 44, III do Código Penal.

III- Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.

Com a edição do novo código de trânsito instituído pela lei 9.503, de 23 de setembro de
1997, a pena de suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículo, aplicado aos
delitos culposos de trânsito (lesões corporais culposas e homicídio culposo), foi revogado.
É que os crimes praticados na direção de veículo automotor, bem como as penas a eles
cominadas, passaram a ser disciplinado pelo código de trânsito.
IV- Proibição de freqüentar determinados lugares.

Tal modalidade de interdição de direitos foi introduzida pela lei 9.714/98. Já era prevista
entre as condições impostas ao condenado que fizesse jus ao sursis. Normalmente essa
proibição versa sobre a freqüência a bares e casas noturnas ou lugares de reputação
duvidosa.

A sanção de proibição de freqüentar determinados lugares, por preceito constitucional,


deverá restringir-se àquele ou àqueles locais do cometimento do crime.

Conversão das penas Restritivas de Direitos

As penas restritivas de direitos, enquanto substitutivas, só possuem a capacidade de coibir


o agente da infração face à possibilidade de sua conversão para uma pena privativa de
liberdade. É o que nos ensina o ilustre doutrinador Cezar Bitencourt:

“ao adotar as penas restritivas de direitos, as quais dependem de em grande parte da


autodisciplina e do senso de responsabilidade do sentenciado, era indispensável dotá-las
de coercibilidade. E para isso nada melhor que convertê-las em pena privativa de
liberdade, representando a espada de Dámocles pairando sobre a cabeça do apenado".

O artigo 45 “caput", atualmente revogado, do Código Penal dispunha que a conversão


devia ser efetuada pelo tempo da pena aplicada. No entanto, esta redação dava margem a
dupla interpretação: A primeira, corroborada por autores como Miguel Reale Júnior e
Ricardo Antunes Andreucci, defendia que o condenado deveria cumprir integralmente a
pena privativa de liberdade substituída; a segunda, seguida por Mirabete, defendia que o
réu deveria cumprir apenas o restante da pena, descontando-se o tempo já cumprido, sob
a argumentação de que não se trata de detração penal, mas sim de pena efetivamente
cumprida.

Para afastar essa injustiça, que já era combatida pela doutrina e jurisprudência, a nova lei
adotou, acertadamente, o Princípio da Detração Penal, determinando, na conversão para
pena privativa de liberdade, a dedução do tempo cumprido de pena restritiva de direitos,
conforme nos ensina o artigo 44, parágrafo 4º.

A legislação de desencarcerizadora de 1998 veio sanar tais divergências ao estipular, no


art. 44, § 4º do CP, que

“no cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da
pena restritiva de direitos, respeitando o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou
reclusão".
Na primeira parte do artigo temos a figura da detração penal, enquanto que na segunda
parte temos a forma que o legislador encontrou para impedir o abandono do cumprimento
da pena na sua fase final.

A parte final do parágrafo 4º postula que deverá ser respeitado o saldo mínimo de trinta
dias de detenção ou reclusão, o que, segundo alguns entendimentos, refere-se ao mínimo
de dias de penas alternativas para permitir a dedução da pena de prisão a converter. Ou
seja, conforme esse entendimento, em cumprimento de pena restritiva de direitos inferior
a 30 dias não poderia ser aplicada a detração. Já Cezar Roberto Bitencourt se posiciona
contrariamente a tal raciocínio ao postular que a ressalva referente ao “saldo mínimo de
trinta dias de detenção ou reclusão", para permitir a detração, refere-se ap período mínimo
de pena restante para cumprir e não ao período de tempo já cumprido. Assim, saldo é o
que falta para cumprir, e jamais o tempo de pena restritiva já cumprido. Assim, conclui
seu Bitencourt seu raciocínio, qualquer que seja o tempo cumprido, mesmo inferior a
trinta dias, deverá ser deduzido da pena a converter, para que o condenado não a cumpra
duas vezes.

Art.44 – (...)

“§ 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da


execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao
condenado cumprir a pena substitutiva anterior".

Trata-se da revogação por condenação superveniente a qual, segundo o novo texto, é


facultativa, cabendo ao Magistrado ao analisar o caso concreto decidir ou não pela
conversão. É salutar destacar que em caso de condenação superveniente por contravenção
não há de se falar em conversão, já que o texto legal expressa a necessidade da prática de
outro crime.

“Pena restritiva de direitos – Condenado que deixa de prestar serviços à comunidade –


Conversão em privativa de liberdade, descontando-se somente os dias em que realmente
compareceu ao estabelecimento adequado. Em nome da lógica do razoável, duas regras
hão de ser observadas quando penas restritivas de direitos forem convertidas em
privativas de liberdade: I – quando o agente satisfez, rigorosamente, as penas restritivas
de direitos até o dia da conversão, terá se ser cumprido tão só o restante pena. Há então o
desconto, na pena convertida, do tempo da pena restritiva de direitos já cumprido; II –
quando não houver satisfeito regular e integralmente, a pena restritiva de direitos e, bem
por isso, houver a conversão, descontar-se-ão apenas os dias em que o agente realmente
tenha comparecido ao estabelecimento adequado, para prestar serviços à comunidade ou
sofrer limitação de fim de semana, sem direito a qualquer vantagem complementar. É
que, nesses dias, ainda que parcialmente, acabou sendo privado da liberdade, de sorte que
importaram em verdadeiras penas" (TACrim – SP –RA – Rel. Silva Pinto – RJD 4/26).
- Causas Gerais de Conversão

As causas gerais de conversão surgem para garantir, preventivamente, o êxito das penas
alternativas tendo em vista que estas dependem da autodisciplina e senso de
responsabilidade do sentenciado, necessitando, portanto de coercibilidade.

Assim, encontra-se em nossa legislação duas hipóteses que podem levar à conversão à
pena privativa de liberdade, sendo uma obrigatória e a outras facultativa.

A primeira hipótese acontece no caso de descumprimento injustificado da restrição


imposta, surgindo a obrigatoriedade da conversão, conforme nos ensina o artigo 44, § 4º
do Código Penal.

Já a segunda hipótese, diz respeito a nova condenação por outro crime, que se mostra
como uma causa de relativa obrigatoriedade de conversão em pena de prisão, pelo restante
da pena a cumprir, conforme o ensinamento do artigo 44, §5º do Código Penal. Nesta
hipótese, deverá o magistrado verificar se as duas condenações são compatíveis entre si,
viabilizando ao apenado cumpri-las simultaneamente.

- Causas Especiais de Conversão e o Princípio do Devido Processo Legal

As causas especiais de conversão estão previstas no artigo 181 da LEP e são especificas
para cada uma das modalidades de penas restritivas de direitos, sendo que não há qualquer
incompatibilidade entre as disposições da Lei de Execução Penal e a existente no CPB.

Observa-se que a conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade ocorre


em situações determinadas, sendo que suas hipóteses são taxativas e elencadas nos artigos
mencionados do Código Penal e da Lei de Execuções Penais sendo que para que se opere
esta conversão é necessária a observância da ampla defesa e do contraditório inerentes ao
Princípio do Devido Processo Legal.

Questão

1- Se o réu for reincidente:


a)A substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos só é cabível se a
reincidência resultar de condenações por crimes culposos;

b)É incabível o sursis, ainda que a reincidência decorra de anterior condenação a pena de
multa;

c)É possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos, em


algumas situações, se a reincidência não decorrer da prática da mesma infração;
d)É cabível o livramento condicional, ainda que reincidente específico em crime
hediondo;

e)Deve iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade em regime fechado, mesmo


que condenado por crime apenado com detenção.

GABARITO C : conforme preceitua o art. 44,§ 3° do CP, somente a reincidência dolosa


operada em virtude da prática do mesmo crime é que impede totalmente a substituição da
pena. Assim, a reincidência genérica, quando socialmente recomendável a aplicação de
penas restritivas de direitos, não impede o beneficio.

QUESTÃO ABERTA:

- Dick Farney da Silva praticou um crime de tráfico de drogas, tendo sido condenado a
uma pena de três anos e seis meses de reclusão e 500 dias-multa, em regime fechado, em
virtude do reconhecimento do privilegio constante no §4º do art. 33 da lei 11343/06. O
Juiz, entretanto, deixou de proceder a substituição da pena ou mesmo de conceder o sursis
alegando que a natureza hedionda do crime, bem como expressa vedação legal. No seu
entendimento, como advogado de Dick, você recorreria pleiteando algo em seu favor?
Resposta justificada.

Gabarito: apesar de existir vedação expressa na lei 11343 da conversão no delito de tráfico
de drogas da pena privativa de liberdade em restritivas de direitos, o candidato deve ficar
atento à tendência do STF em permitir tal conversão, alegando a inconstitucionalidade da
vedação em abstrato. Ademais, deve-se fundamentar a resposta à luz do art. 5º da CF,
notadamente em virtude do principio da individualização da pena, bem como das
finalidades da pena e dos objetivos das penas alternativas.

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