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UniSALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium


Curso de Psicologia

INGRID DOS SANTOS DE ALMEIDA


PRISCILA DE OLIVEIRA GUIMARÃES
VANESSA LEAL ASSEM

RESILIÊNCIA DE PACIENTES EM TRATAMENTO


AO CÂNCER DE PRÓSTATA

LINS – SP
2017
INGRID DOS SANTOS DE ALMEIDA
PRISCILA DE OLIVEIRA GUIMARÃES
VANESSA LEAL ASSEM

RESILIÊNCIA DE PACIENTES EM TRATAMENTO AO CÂNCER DE


PRÓSTATA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à Banca Examinadora do
Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium, curso de Psicologia, sob a
Orientação do Prof. Dr. José Ricardo
Lopes Garcia e orientação técnica da
Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.

LINS – SP
2017
Almeida, Ingrid dos Santos de; Guimarães, Priscila de Oliveira;
Assem, Vanessa Leal
S235r Resiliência de pacientes em tratamento ao câncer de próstata /
Ingrid dos Santos de Almeida; Priscila de Oliveira Guimarães;
Vanessa Leal Assem – – Lins, 2017.
82p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico


Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em
Psicologia, 2017.
Orientadores: José Ricardo Lopes Garcia; Jovira Maria Sarraceni

1. Câncer de próstata. 2. Homem contemporâneo. 3. Resiliência.


4. Masculinidade. I Título.
CDU 159.9
INGRID DOS SANTOS DE ALMEIDA
PRISCILA DE OLIVEIRA GUIMARÃES
VANESSA LEAL ASSEM

RESILIÊNCIA DE PACIENTES EM TRATAMENTO AO CÂNCER


DE PRÓSTATA

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,


para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

Aprovada em: __/__/___

Banca Examinadora:

Prof. Orientador: José Ricardo Lopes Garcia

Titulação: Doutor em Psicologia Clínica, pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil.

Assinatura: __________________________

1º Prof: ______________________________________________________________

Titulação: _____________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Assinatura: _________________________

2º Prof: ______________________________________________________________

Titulação: _____________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Assinatura: _________________________
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, que nos sustentou e
abençoou até aqui, tornando possível a concretização do sonho da graduação.
Aos nossos familiares que se fizeram presentes em todos os momentos com
palavras de incentivo e apoio.
Aos pacientes que viabilizaram a realização deste trabalho
compartilhando suas vivências para que se tornasse possível à elaboração
desta pesquisa.

Ingrid dos Santos de Almeida


Priscila de Oliveira Guimarães
Vanessa Leal Assem
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus no qual me sustentou e fortaleceu até


aqui, tornando possível a realização desse sonho, da conclusão desse curso.
Aos meus pais Ivair e Eliana, nos quais se fizeram presentes em todos
os momentos da minha vida, inclusive nesses cinco anos de faculdade, me
incentivando, motivando, e apoiando incondicionalmente, com todo amor,
carinho e preocupação, me acolhendo diante das dificuldades, e jamais
deixando de acreditar em mim, não há palavras suficientes para descrever
minha gratidão e amor por vocês, pois esse foi um sonho no qual sonhamos
juntos, e sem vocês não seria possível.
As minhas amigas e companheiras de TCC, Priscila e Vanessa nas
quais sempre me ajudaram diante das dificuldades, e ao companheirismo, e
carinho que sempre tiveram por mim, e amizade essa que se iniciou no
primeiro ano de faculdade, e quero levar para o resto da vida.
Aos meus familiares nos quais sempre me apoiaram e vibram com
minhas conquistas.
Aos meus irmãos Rithiele e Ivair Júnior, nos quais amo
incondicionalmente, e sempre torcem pela minha felicidade.
Aos meus avós Nair, Alcides, e Elisabethe, que sempre me
incentivaram, apoiaram, e me proporcionavam palavras de amor, carinho, e
sabedoria, nas quais me motivaram a tentar ser cada vez melhor, amo muito
vocês.
Ao meu noivo Roger, no qual sempre me apoiou, e foi compreensível
diante de todas as dificuldades, sempre acreditando em mim e demonstrando
seu amor e carinho comigo.
Ao nosso orientador José Ricardo, pelas suas orientações, paciência, e
instruções, nas quais tornaram possível a realização desse trabalho.
A orientadora Jovira, por suas orientações, instruções, e correções,
colaborando para a qualidade deste trabalho.

Ingrid dos Santos de Almeida


Agradeço primeiramente a Deus por ter me sustentado. Sua força me
fez caminhar, me direcionou para que esse sonho se tornasse realidade e
cuidou de tudo para que eu chegasse até aqui.
Aos meus pais, Vivaldo e Nusia, que desde a infância me incentivaram
aos estudos e sempre acreditaram no meu potencial, me elogiando e me
fazendo acreditar que eu sou capaz. Obrigada pai e mãe, pelo amor, carinho,
compreensão e auxílio não somente durante essa caminhada, mas durante
toda a minha vida. Não existem palavras para expressar a minha gratidão por
vocês.
Ao meu namorado e companheiro de vida, Gabriel. Você foi fundamental
nessa jornada, seus elogios me impulsionaram e me incentivaram a todo
instante. Obrigada pelo cuidado, amor e dedicação que teve comigo durante os
cinco anos de faculdade.
Aos meus irmãos, Jessé e Samuel, que estiveram presentes em todos
os momentos da minha formação. A nossa união me fortalece. Sou grata a
Deus por tê-los em minha vida.
Aos meus avós e familiares que vibram com a minha formação e se
alegram pela minha conquista
Às minhas companheiras de TCC, Vanessa e Ingrid, que estão juntas
comigo nessa caminhada desde o primeiro ano de faculdade. Nossa amizade e
o respeito entre nós foram essenciais para a conclusão deste belo trabalho.
Ao nosso orientador José Ricardo, pelos ensinamentos e orientações
que possibilitou a realização deste trabalho.
A orientadora Jovira, pelo suporte, correções e orientações.
A todos os participantes da pesquisa e profissionais da saúde que
possibilitaram a realização da pesquisa prática.
A todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para que este
trabalho se concretizasse

Priscila de Oliveira Guimarães


Agradeço primeiramente a Deus, que possibilitou a vivência do sonho da
graduação, abençoando e guiando meu caminho até aqui. A ele toda honra e
toda glória.
A minha família, que esteve sempre presente, ensinou os princípios
necessários para ser quem sou hoje. Meus pais Vanuza e Wilson, sempre
dispostos ajudar no que fosse necessário, pelas palavras de apoio nos
momentos difíceis, conselhos, e sempre me impulsionando a buscar o melhor.
Ao meu irmão Valdeir, que sempre se orgulhou de cada conquista, vibrou
comigo em cada uma delas. Agradeço a Deus por ter vocês ao meu lado,
pessoas de índole inestimável, obrigada pelo amor e carinho, mesmo quando
menos mereci. Pelos abraços que me confortaram. A união que se fez presente
me estimulou a continuar.
A minha supervisora de estágio, Geisla, que será sempre uma referência
tanto profissional, quanto pessoal. Assim como a instituição Núcleo de apoio ao
atendimento especializado de Lins, que contribui tanto para minha formação no
âmbito acadêmico quanto para vida.
Ao meu namorado Júlio, que sempre se fez presente, auxiliando e se
dedicando no que fosse necessário durante todos esses anos da graduação.
Obrigada pela sua grande contribuição.
Ao nosso orientador professor Dr. José Ricardo, por ter acreditado em
nosso projeto, aceitando a nossa proposta e o entusiasmo em fazer com que
tudo desse certo, sendo fundamental para execução do nosso trabalho.
As minhas parceiras de trabalho e amigas, desde o início da graduação,
Priscila e Ingrid. Nossa amizade tornou possível ultrapassar todas as barreiras
para chegar ao fim desse projeto tão significativo em nossas vidas.
Aos participantes da pesquisa, que de despuseram a nos ajudar,
compartilhando suas vivências para elaboração do projeto.
A todos que passaram por mim e contribuíram de alguma forma para
minha formação, e para a realização desse trabalho.
A orientadora Jovira, pelo empenho para contribuir com a elaboração
deste trabalho.
Vanessa Leal Assem
RESUMO

Este trabalho aborda reflexões acerca da resiliência em indivíduos adoecidos


pelo câncer de próstata, envolvendo questões relacionadas ao homem
contemporâneo e a sua relação com a doença. Teve por objetivo principal
investigar a influência da resiliência no tratamento ao câncer de próstata e
identificar as formas de enfrentamento da doença. Foi utilizado o método de
pesquisa clínico-qualitativo e a psicanálise para a análise de resultados.
Utilizou-se a entrevista semiestruturada com cinco pacientes, abordando
questões relacionadas ao tratamento e enfrentamento de pacientes com câncer
de próstata ou que tenham encerrado o tratamento em até um ano no momento
da pesquisa e seu conteúdo foi gravado em áudio para a sua transcrição
posteriormente. A proposta de tratamento suscita medo e ansiedade nos
indivíduos diagnosticados com câncer de próstata, gerando pensamentos de
finitude. Durante o processo de tratamento é comum os pacientes se sentirem
invadidos e ameaçados com a possibilidade da perda da masculinidade e
virilidade, visto que esse é um constructo social enraizado no homem no
contemporâneo que mesmo em processo de mudanças desses ideais sociais,
busca por meios próprios as formas de superar as adversidades,
caracterizando dessa forma, o homem resiliente.

Palavras-chave: Câncer de próstata. Homem contemporâneo. Resiliência.


Masculinidade.
ABSTRACT

This work presents observations on resilience in individuals with prostate


cancer, involving issues related to contemporary man and his relationship with
this disease. Its main purpose was to investigate the influence of resilience in
the treatment of prostate cancer and identify ways to face this disease. The
clinical-qualitative research and the psychoanalysis methods were used to
analyze the results. We used the semi-structured interview with five patients,
addressing issues related to the treatment and how do they deals with it or
patients who ended the treatment within a year. Its content was recorded in
audio for its transcription later. The treatment purpose raises fear and anxiety in
individuals diagnosed with prostate cancer, generating thoughts of finitude.
During the treatment process, it is common for patients to feel invaded and
threatened with the possibility of loss of their masculinity and virility, since it is a
social ideal rooted in the contemporary man who, even in the process of
changing of social ideals, seeks his own ways of overcoming adversities, thus
characterizing the resilient man.

Key words: Prostate cancer, Contemporary man, Resilience, Masculinity


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Sistema genital masculino.............................................................15


FIGURA 2: Próstata normal.............................................................................16
FIGURA 3: Próstata aumentada......................................................................16

LISTA DE SIGLAS

BAI – Bloqueio androgênico intermitente


CAP – Câncer de próstata
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
INCA – Instituto Nacional do Câncer
OMS – Organização Mundial de Saúde
PSA – Antígeno Prostático Específico
PTR – Prostatovesiculectomia
RXT – Radioterapia externa
SUS – Sistema Único de Saúde
TCLE – Termo Consentimento Livre Esclarecido
UBS – Unidade Básica de Saúde
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 12

CAPÍTULO I - CÂNCER DE PROSTATA ........................................................ 15

1 Conceituação do câncer ............................................................................ 15

1.1 Câncer de Próstata ................................................................................. 16

1.2 Diagnóstico.............................................................................................. 18

1.3 Tratamento .............................................................................................. 20

1.4 Aspectos Psicológicos do Câncer. ......................................................... 22

CAPÍTULO II - RESILIÊNCIA ........................................................................... 26

1 Conceituações da resiliência ...................................................................... 26

1.1 Resiliência e psicanálise ......................................................................... 28

1.2 O homem resiliente ................................................................................. 32

1.3 Câncer de próstata e resiliência .............................................................. 33

CAPÍTULO III - O HOMEM CONTEMPORÂNEO ............................................ 36

1 A identidade masculina .............................................................................. 36

1.1 Masculinidade ......................................................................................... 38

1.2 Sexualidade............................................................................................. 39

1.3 O homem e a família ............................................................................... 41

1.4 A aparência e a estética .......................................................................... 42

1.5 O homem e a doença .............................................................................. 44

CAPÍTULO IV - METODOLOGIA ..................................................................... 46

1 Metodologia clínico-qualitativa ................................................................... 46

1.1 Instrumento ............................................................................................ 47

1.2 Participantes............................................................................................ 48
1.3 Procedimentos éticos .............................................................................. 48

1.4 Riscos e benefícios ................................................................................. 49

1.5 Local da coleta de dados......................................................................... 49

1.6 Critérios de inclusão ................................................................................ 49

1.7 Critérios de exclusão. .............................................................................. 50

CAPÍTULO V - ANÁLISE DE CONTEÚDO ...................................................... 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 63

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 65

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 66

APÊNDICE ....................................................................................................... 75

ANEXO ............................................................................................................. 80
12

INTRODUÇÃO

De acordo com o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – ICESP


(2016), durante o processo de organização celular pode haver o surgimento de
uma desordem, que se caracteriza na multiplicação desenfreada das células,
denominada tumor ou neoplasia, podendo ser benigna ou maligna. Quando
assume caráter maligno nomeia-se câncer. O câncer é associado a mais de
100 afecções, com a possibilidade de atingir vários órgãos.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva –
INCA (2016), o câncer de próstata é o quarto tipo de câncer mais comum. Se
comparado ao sexo masculino, é considerado o segundo mais frequente.
Esses dados são baseados na população brasileira.
O câncer é ainda uma doença estigmatizada, com viés para a finitude.
Existem várias manifestações psíquicas suscitadas diante do diagnóstico como
o medo, ansiedade, depressão, tristeza, isolamento e também o preconceito. O
câncer de próstata, especificamente, está associado à invasão da
masculinidade e virilidade por se tratar de um órgão que traz representações
do universo masculino e mexe com o imaginário desse público.
Atualmente, existem diversos tipos de tratamentos disponíveis como
alternativa para combater a doença, sendo eles a radioterapia, quimioterapia, a
prostatovesiculectomia, braquiterapia, o bloqueio hormonal, a cirurgia radical e
a orquiectomia bilateral.
O homem, diante do tratamento ao câncer de próstata, sente-se
angustiado frente à possiblidade de interferência nos aspectos
biopsicossociais. No que se refere no campo da sexualidade, o indivíduo tem
grande preocupação relacionada à impotência sexual, visto que ela pode ser
considerada uma ameaça à concepção social de masculinidade.
A resiliência surge como um aspecto positivo perante o tratamento do
câncer, pois auxilia a ressignificação dos eventos traumáticos, propiciando ao
indivíduo uma melhora significativa no seu quadro através da aceitação do
diagnóstico e do tratamento.
Segundo Melillo e Ojeda (2005) a resiliência torna-se um atributo da
saúde mental, promovendo seu subsídio e sua manutenção. Contribui para o
13

desenvolvimento da aptidão humana de enfrentamento das adversidades,


saindo delas evoluído.
Diante desse aspecto positivo que a resiliência proporciona, torna-se
fundamental a investigação de sua influência no tratamento do câncer de
próstata para o homem contemporâneo, visto que esse se encontra mais
receptivo no que diz respeito aos cuidados com a saúde. Entretanto, ainda
pode-se observar certa resistência a assuntos de cunho sexual, fator esse que
pode ser atribuído à cultura em que o sujeito está inserido e o papel que ele
ocupa na sociedade, centrado na visão de homem provedor, produtivo e viril.
O presente trabalho possui como objetivo a investigação da influência da
resiliência no tratamento do câncer de próstata a fim de conhecer as formas de
enfrentamento dessa adversidade. A pesquisa desenvolve-se a partir do
seguinte problema: qual a influência da resiliência no tratamento do câncer de
próstata?
A influência da resiliência pode ser um aspecto positivo e favorável no
enfrentamento e reabilitação de pacientes que realizam o tratamento de câncer
de próstata. “O papel da resiliência é desenvolver a capacidade humana de
enfrentar, vencer e sair fortalecido de situações adversas e transformado”
(MELILLO; OJEDA, 2005, p.18). Dessa forma, a capacidade de ser resiliente
contribui para a qualidade de vida de pacientes em tratamento e enfrentamento
do câncer de próstata e para a sua recuperação.
No primeiro capítulo, buscou-se conceituar o câncer, o processo de
formação da neoplasia denominada carciogênese, informações acerca do
câncer de próstata, como os sintomas, o diagnóstico, o tratamento e os
aspectos psicológicos diante do câncer.
No segundo capítulo foi retratada a resiliência a partir do trauma descrito
na abordagem psicanalítica, conceituando o homem resiliente e o câncer a
partir dessa perspectiva.
O terceiro capítulo baseia-se na construção histórica do homem,
enfatizando as mudanças presentes no homem contemporâneo, abordando
aspectos como a sexualidade, masculinidade, o homem e a família, aparência
e o processo de adoecimento.
O quarto capítulo descreve a metodologia clínico-qualitativa utilizada
para a elaboração da pesquisa, com aporte teórico de Turato (2003).
14

Apresentaram-se os instrumentos deste estudo, a descrição dos sujeitos, local


de coleta de dados, procedimentos éticos, riscos e benefícios e os critérios de
inclusão e exclusão.
Por fim, o quinto capítulo apresenta a análise de conteúdo, associando
as entrevistas dos participantes à teoria proposta no desenvolvimento do
trabalho.
15

CAPÍTULO I

CÂNCER DE PROSTATA

1 Conceituação do câncer

Segundo o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva


(INCA, 2012), a palavra câncer tem origem grega, oriunda do termo karkinos,
que se traduzido literalmente, significa caranguejo. A palavra foi pronunciada
pela primeira vez por Hipócrates, o pai da Medicina.
O câncer é definido como um grupo de mais de cem doenças, as quais
apresentam um aspecto semelhante entre si, ou seja, o crescimento
desenfreado de células que acometem os órgãos e tecidos, tornando-se um
tumor maligno. Ao se espalhar para outras regiões do corpo humano é
considerada metástase e a divisão veloz das células possui a tendência de
ocorrer de forma agressiva e incontrolável, originando as neoplasias malignas.
(INCA, 2017)
Os tumores originados do crescimento desordenado das células podem
ser benignos ou malignos. A partir da constatação de que um tumor foi
identificado em uma área, apresentando-se restrito à ela, e que ao receber um
tratamento através de cirurgia, não provocam danos posteriores, recebem o
nome de tumor benigno. Os tumores malignos possuem características
específicas e apresentam-se de forma agressiva. (SPEECHLEY;
ROSENFIELD, 2000).

Os cânceres ou tumores malignos têm duas características


específicas: eles podem se espalhar ou se infiltrar nos arredores dos
órgãos ou tecidos, e as células cancerosas podem se desligar do
tumor original e serem carregadas pela corrente sangüínea para
locais distantes do corpo onde podem formar novos tumores
chamados metástases ou tumores secundários. (SPEECHLEY;
ROSENFIELD, 2000, p.12).

De acordo com os autores acima citados, a capacidade de propagação


das células cancerosas aos órgãos vitais torna o câncer um risco eminente à
vida devido a sua capacidade de atingir o funcionamento normal do organismo.
A formação do câncer ocorre através do processo denominado
16

carcinogênese ou oncogênese. Geralmente esse processo desenvolve-se de


forma lenta, levando vários anos para uma célula cancerosa se espalhar,
dando origem a um tumor evidente. O acúmulo dos efeitos dos agentes
cancerígenos determina o início, a promoção, a progressão e a inibição do
tumor. (INCA, 2012).

1.1 Câncer de Próstata

Segundo Small (2005), o câncer de próstata é definido como uma


doença não epidérmica, mais frequente entre a população masculina,
apresentando cerca de 200.000 novos casos a cada ano nos Estados Unidos,
com aproximadamente 32.000 mortes no país. De acordo com o INCA (2017) a
incidência dessa patologia é maior em países desenvolvidos.
A próstata é um órgão da região pélvica, localizado abaixo da bexiga
urinária e que passa sua dimensão por meio da área prostática da uretra. É
constituída por uma musculatura lisa, tecido fibroso e glândulas. (DANGELO;
FATTINI, 2011)

Figura 1 – Localização da próstata

Fonte: Reis, 2014

Este órgão possui a função de produzir um líquido leitoso e fino,


composto por cálcio, íon, citrato, íon fosfato, uma enzima de coagulação e uma
17

pró fibrinolisina. Ao secretá-lo, a próstata se contrai juntamente com o canal


deferente gerando essa substância, na qual fará parte da composição do
sêmen. O líquido prostático tem uma importante função para a fertilização do
óvulo, pois auxilia a aniquilar a acidez dos diferentes líquidos seminais que
compõem o sêmen, resultando na ampliação da mobilidade e fertilidade dos
espermatozoides. (GUYTON; HALL, 2011)
A espessura da próstata sofre alterações durante o desenvolvimento
sexual masculino, iniciando na adolescência, sendo que aos 25 anos possui 27
mm no eixo vertical, 40 mm no eixo transversal e 35 mm no eixo sagital,
totalizando o peso de 25 gramas. No processo de envelhecimento, com o
indivíduo idoso, ocorre o aumento anormal da próstata, que resulta na
compressão da bexiga, gerando dificuldades para urinar. Devido à sua
localização anteriorizada ao reto, torna-se um órgão palpável por meio do
toque retal, fundamental para o diagnóstico do câncer de próstata. (DANGELO;
FATTINI, 2011).

Figura 2 – Próstata normal.

Fonte: Rocha, 2017.

Figura 3 – Próstata aumentada.

Fonte: Rocha, 2017.


Small (2005) destaca que alguns fatores são consideráveis para o
aumento do risco do câncer de próstata, tais como o histórico familiar, idade,
18

raça afro-americana e fatores nutricionais. Estudos apontam que a redução do


consumo de gordura e uma dieta a base de proteínas de soja, licopeno,
vitamina E, e suplementos com selênio podem proteger contra a evolução do
câncer de próstata. Os afro-americanos são mais suscetíveis ao câncer de
próstata em vista aos americanos brancos e, quando diagnosticado nesse
público específico, as chances de sobrevida são inferiores.
No estágio inicial, se a doença estiver restrita apenas a próstata, grande
parte dos pacientes não possuem sintomas. Os indicativos do câncer de
próstata são observados com maior evidência na existência da neoplasia local
em estado avançado com o crescimento desordenado para outros órgãos,
sendo observados através da disfunção miccional, como a ausência de força
do fluxo urinário ou fluxo descontínuo (SMALL, 2005).
O autor citado acima destaca que a doença ao se espalhar para os
linfonodos pélvicos, pode gerar desconfortos pélvicos ou edemas. É comum o
processo metastático se desenvolver para os ossos, possuindo como sintoma
mais significativo a dor acentuada e permanente. As metástases ósseas
contribuem para o surgimento de fraturas e pressão da medula óssea, e apesar
de ser incomum, existe a possibilidade de ocorrer uma proliferação para as
vísceras, resultando na metástase pulmonar, hepáticas, pleurais, peritoneais e
do sistema nervoso central.

1.2 Diagnóstico

Segundo Maia (2012) o diagnóstico precoce do câncer de próstata


auxilia nos resultados positivos no tratamento da doença e, consequentemente,
na sua cura. Porém, isso torna-se viável através da realização do exame de
toque retal, associado ao exame de sangue antígeno prostático específico
(PSA) de forma periódica, possibilitando a diminuição de erro no diagnóstico
em 8%. Um dos principais exames preventivos é o toque retal, que possibilita
identificar a presença de um nódulo palpável.

O toque retal é um exame preventivo que permite avaliar diversos


aspectos da próstata como: tamanho e forma, consistência,
sensibilidade, dor incômoda ou assintomática à pressão com o dedo
e, ainda, o tônus do esfíncter anal. (MAIA, 2012, p.19).
19

De acordo com Small (2005) o PSA apresenta melhor exatidão para o


diagnóstico do câncer de próstata, mas aponta pouca especificidade do tumor.

Os testes da fração do PSA livre circulante (por cento-PSA livre)


podem ajudar a distinguir o câncer de próstata dos processos
benignos: nos pacientes com nível de PSA de 4 a 10 ng/ml, a
porcentagem de PSA livre parece ser um agente preditivo
independente de câncer de próstata, e o valor limite de PSA livre
inferior a 25% pode detectar 95% dos tumores ao mesmo tempo em
que evita a realização de 20% de biópsias desnecessárias. (SMALL,
2005, p.1440).

Para um diagnóstico preciso, de acordo com os sintomas apresentados,


o médico necessita fazer a junção de todas as informações sobre o processo e
histórico da doença no paciente. Os exames utilizados para constatação,
incluindo a sintomatologia, toque retal e PSA são: ultrassonografia transretal,
ressonância magnética, tomografia computadorizada, ecografia, urografia,
endoscopia urinária e biópsia. (MAIA, 2012).
O Instituto Oncoguia (2014) aponta a ultrassonografia como um método
de diagnóstico através de imagem, utilizando ondas sonoras de frequência
para reproduzir fielmente os órgãos, tecidos e fluxo sanguíneo do corpo.
Normalmente a sua aplicação é utilizada para a realização da biópsia da
próstata para conduzir a localização das agulhas.
De acordo com Dornas et al. (2008) a biópsia prostática trata-se de um
procedimento invasivo com possíveis complicações durante o processo,
podendo ser realizada com agulha fina. Apresenta como principal complicação
o sangramento, que pode ter duração de até sete dias, e aproximadamente
0,7% dos indivíduos possuem acúmulo de coágulos. A biópsia transretal é
indicada em casos de suspeita de alteração através do toque retal ou alteração
dos valores do PSA, sendo realizada através da ultrassonografia.
A tomografia computadorizada é uma análise realizada através de
reprodução computadorizada com o objetivo de gerar imagens precisas de
partes do corpo. Na ressonância magnética aplicam-se ondes eletromagnéticas
para a constituição de imagens, possibilitando identificar o processo
metastático para as vesículas seminais ou bexiga. (INSTITUTO ONCOGUIA,
2014).
20

O exame de urografia consiste na realização da radiografia do trato


urinário, na qual uso de substâncias intravenosas para detectar tumores em
todos esses sistemas, sendo eliminadas posteriormente através da corrente
sanguínea por meio dos rins, deslocando-se pelos ureteres e bexiga.
(INSTITUTO ONCOGUIA, 2017).
A ecografia é um procedimento utilizado para a análise da próstata por
vias supra púbicas e transretal para a realização da biópsia do órgão. Sua
utilização é indicada em casos de toque retal anormal e valores de PSA
alterados para fornecer dados complementares para o diagnóstico.
(INSTITUTO DA PRÓSTATA E INCONTINÊNCIA URINÁRIA, 2017).

1.3 Tratamento

Após o paciente ser diagnosticado com o câncer de próstata, é realizada


a avaliação do grau da doença. Diante dos diversos tratamentos as neoplasias
malignas são estabelecidas formas terapêuticas com o objetivo de controle
oncológico juntamente com a manutenção da qualidade de vida. (DORNAS et
al., 2008).
Para Dornas et al. (2008) é fundamental levar em conta o estadiamento
da doença, também a expectativa de vida do paciente e as possíveis
comorbidades, como também os efeitos colaterais oriundos de cada
tratamento.
Paiva (2008) também aponta que para definir o tipo de tratamento, é
necessário levar em conta a singularidade de cada paciente, considerado as
variáveis, idade, estadiamento do tumor, dimensões da próstata, os anseios e
os recursos técnicos que se despõe.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, existem procedimentos distintos
para os tipos de câncer.

Para doença localizada, cirurgia, radioterapia e até mesmo


observação vigilante (em algumas situações especiais) podem ser
oferecidos. Para doença localmente avançada, radioterapia ou
cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados.
Para doença metastática (quando o tumor original já se espalhou
para outras partes do corpo), o tratamento de eleição é a terapia
hormonal. (INCA, 2017)
21

Crippa et al. (2009) sugere que deve-se adotar tratamentos


tradicionalistas, como o tratamento hormonal, para casos nos quais a
expectativa de sobrevida seja inferior a dez anos, seja pelo fator idade, ou por
consequência de comorbidades. Entretanto, quando a expectativa de sobrevida
for superior a dez anos e o paciente tiver as condições adequadas, deve optar-
se pelo tratamento curativo radical.
Bacelar et al. (2015) define qual o tratamento adequado para o
carcinoma localizado e disseminado. Para o carcinoma localizado, o autor
sugere como alternativa a cirurgia radical, radioterapia e observação vigilante.
Esses métodos são utilizados em pacientes com idade superior a 75 anos de
idade com tumores de baixo grau histológico e baixa expectativa de vida.
O principal procedimento cirúrgico é a prostatovesiculectomia radical
(PTR), indicado para o câncer de próstata localizado. Estima-se que 85% dos
pacientes que tenham realizado o método do PTR não apresentam sinais da
doença em um período de cinco anos, e 2/3 no período de dez anos.
(BACELAR et al., 2015).
Segundo o Ministério da Saúde (2008) o pós-cirúrgico da
prostatovesiculectomia radical pode acarretar complicações como incontinência
urinária, disfunção erétil, estenose de uretra ou colo vesical e lesão de reto.

Embora seu valor curativo seja inquestionável, a prostatectomia


radical pode provocar impotência sexual e incontinência urinária,
comprometendo a qualidade de vida do paciente. A impotência surge
em 95% dos casos operados com mais de 70 anos de idade, em 50%
a 60% dos indivíduos com 55 a 65 anos e em 15% a 20% dos
pacientes com menos de 55 anos. Incontinência urinária moderada
ou grave surge em 20% a 40% dos pacientes submetidos à cirurgia
em centros não especializados, mas acomete apenas 2% a 4% dos
casos quando a intervenção é realizada por equipes habilitadas.
(CRIPPA et al., 2009).

Outra alternativa utilizada no tratamento ao câncer de próstata é a


radioterapia, na qual subdivide-se em externa e intersticial (braquiterapia). A
radioterapia externa (RXT) é o procedimento indicado para tratar o tumor
localizado e para pacientes que possuem alguma restrição ao procedimento
cirúrgico. São apontados como principais efeitos colaterais alterações
gastrointestinais e cistite actínica. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
22

O método da braquiterapia intersticial é proposto apenas para pacientes


portadores do câncer de próstata (CAP), com bom prognóstico ou como um
complemento a radioterapia externa em casos nos quais o prognóstico
apresenta-se negativo. Esse procedimento deve ser desconsiderado em caso
de tumores protuberantes ou submetido anteriormente à extração da próstata
via transuretral ou a prostatectomia convencional e em próstatas cujo peso e
tamanho sejam inferiores a 20 gramas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
Para o carcinoma levemente avançado, Bacelar et al. (2015) afirma que
o tratamento monoterapico torna-se ineficiente. O autor aponta como melhores
alternativas para o tratamento a junção do bloqueio hormonal à cirurgia radical,
a RXT ou cirurgia radical acompanhada da radioterapia.

O bloqueio androgênico intermitente (BAI) tem sido utilizado para


pacientes em bom estado geral, com doença metastásica mínima,
que apresentam queda satisfatória do PSA após seis meses de
tratamento, e que se encontram assintomáticos. (BACELAR et al.,
2015)

A opção terapêutica em caso de escape hormonal engloba a utilização


de medicação a base de glicocorticoides, cetoconazol, e quimioterapia
associada à mitroxantrona e taxanes. (BACELAR et al., 2015).
Para o tratamento do carcinoma disseminado, o Ministério da Saúde
(2002) aponta que a cura é incerta, e o tratamento está concentrado na
supressão androgênica. A principal alternativa desse método é a orquiectomia
bilateral, seguida de outras técnicas de supressão androgênica, como os
análogos do hormônio liberador do hormônio luteinizante, estrógenos, e
antiandrogenos ou mistos.
Em casos onde o portador do câncer de próstata apresenta um estado
geral positivo, cuja doença metastática é apontada como mínima, e mostra
diminuição satisfatória dos níveis de PSA em seis meses após o início do
tratamento é indicada a utilização do bloqueio androgênico intermitente (BAI),
porém é necessária a ausência de sintomas para a realização deste método.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

1.4 Aspectos Psicológicos do Câncer


23

Moscheta e Santos (2011) afirmam que o paciente diagnosticado com


câncer de próstata tem sua vida modificada nos âmbitos físicos, psíquicos e
sociais. Essas mudanças ocorrem durante o processo de enfrentamento da
doença, desde o diagnóstico ao tratamento e a reabilitação. Vieira (2010)
reforça esse pensamento reconhecendo que o diagnóstico e o tratamento do
câncer de próstata geram grandes alterações na vida do indivíduo acometido
pela doença.

Para os pacientes oncológicos e seus familiares, o longo percurso se


inicia na necessidade de prevenção, passa por diagnóstico,
tratamentos, reabilitação, e os conduz até a terminalidade, podendo
levá-los à morte ou cura, reinserção social e luto. Muitos aspectos
psicológicos são mobilizados ao longo do trajeto fazendo com que,
frequentemente, se torne necessária intervenção psicossocial
adequada. (VEIT; CARVALHO, 2010).

No diagnóstico, Moscheta e Santos (2011) afirmam ser frequente os


casos em que o paciente se sinta estigmatizado, levando-se em conta o fato de
que muitas vezes a doença é associada à morte. Considera-se também o fato
do câncer de próstata acometer um órgão específico, responsável pelas
funções sexuais masculinas, o que pode gerar sofrimento psíquico relacionado
às questões da sexualidade.
Em relação ao tratamento são evidenciadas dificuldades resultantes de
procedimentos terapêuticos, como a prostatectomia radical, quimioterapia e
radioterapia. É comum que ao final dessas intervenções terapêuticas o
indivíduo apresente sinais físicos e psicológicos como a diminuição da libido,
impotência sexual e incontinência urinária. (MOSCHETA E SANTOS, 2011).
Campos et al. (2011) afirmam que a angústia e humor depressivo
resultante da disfunção erétil são os fatores mais difíceis a serem enfrentados
se comparado aos problemas físicos, pois geram no indivíduo com câncer de
próstata a incapacidade sexual e baixa autoestima, ocasionando dificuldades
conjugais e emocionais.
De acordo com Magalhães (2017) o desdobrar do tratamento também
intervém na forma psicológica de enfrentamento, uma vez que mobilizando os
recursos emocionais há uma melhor anuência, aceitação das manifestações e
reações, como também ao entendimento do caso e resposta ao tratamento.
24

Embora a perspectiva de cura do câncer de próstata possa ser


favorável, muitos pacientes podem reagir ao diagnóstico como uma sentença
final, manifestando medo de morrer. Caso o estágio da doença esteja
avançado ou com poucas perspectivas terapêuticas, podendo evoluir para a
morte, são conhecidas algumas reações psicológicas associadas a esse
processo. Nessas duas situações podemos identificar um conjunto de
manifestações características no enfrentamento do risco ou ocorrência do
processo do morrer.
Kübler-Ross (1969) define especificamente cada etapa de enfretamento
da doença terminal, a partir do diagnóstico até a morte, sendo eles:

i. Negação e isolamento: refere-se ao período inicial no qual ocorre


sofrimento psíquico diante do diagnóstico sendo frequentemente
identificado questionamentos de negação;
ii. Raiva: é comum observar nesse período o sentimento de revolta
na busca de compreender o motivo da doença, apresentando
hostilidade com a família e cuidadores;
iii. Barganha: o paciente estabelece acordos internos como forma de
aumentar sua expectativa de vida;
iv. Depressão: é a circunstância de intenso sofrimento psíquico para
o paciente e a família, pois é o momento de preparo para a morte
e as vivências de perdas em decorrência da doença. Nesse
período o paciente apresenta humor depressivo;
v. Aceitação: os indivíduos podem apresentar aceitação de sua vida
a partir do apoio dos familiares nos estágios anteriores; nesse
momento realizam uma despedida dos entes queridos com
serenidade preparando-se para o processo da morte.

Um importante fator para o enfretamento das fases mencionadas acima,


é a família, considerada uma rede de apoio. Ela promove assistência na
adaptação às dificuldades do tratamento, promovendo a redução do estresse.
(MOSCHETA; SANTOS, 2011).
25

A família e o paciente poderão se beneficiar de uma crise de vida


representada pelo aparecimento do câncer e iminência da morte, ou
mesmo da morte real, se permitirem que os efeitos conjuntos dos
processos individuais, familiares e sociais promovam a reestruturação
de seu equilíbrio e aquisição da resiliência; porém, seja qual for à
direção que as relações da família tomem, após o diagnostico e uma
morte por câncer de um de seus membros, ela jamais será a mesma.
(CAMPOS et al., 2011, p.498).

A partir disso, grupos de apoio psicológico têm sido criados como uma
possibilidade para complementar a vivência de pacientes com câncer de
próstata que não apresentam relações familiares e sociais, com impacto
necessário e positivo no suporte as suas demandas diante da doença. Possui o
objetivo de oferecer informações, orientações, encorajamento, o
compartilhamento de experiências e apoio psicológico para o desenvolvimento
da resiliência. (MOSCHETA; SANTOS, 2011).
26

CAPÍTULO II

RESILIÊNCIA

1 Conceituações da resiliência

Resiliência é um termo contemporâneo, porém, pode ser encontrado


desde os primórdios da humanidade, visto alguns exemplos como na
passagem bíblica da história de Jó, de figuras e personagens que tiveram ao
longo da vida vários processos de mudanças (ZANQUI; EMILIO, 2012)
O termo resiliência é originário da física, de acordo com o dicionário
Aurélio da língua portuguesa: „‟Resiliência [do ingl. Resilience] s.f.1. Fis.
Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é
devolvida quando cessa a tensão causadora de uma deformação elástica‟‟.
(FERREIRA, 1986, p.1493).
Souza e Cerveny (2006) citam que na década de 70 o termo resiliência
passou a ser utilizado na área da saúde, com análise de indivíduos que mesmo
sendo submetidos a eventos considerados traumáticos e propícios para o
surgimento de doenças psíquicas, não adoeciam conforme era previsto.

As primeiras pesquisas em resiliência trataram principalmente de


identificar os fatores e as características das crianças que viviam em
condições adversas e eram capazes de superá-las e de diferenciá-las
das que viviam nas mesmas condições, mas sem capacidade de
vencer ou enfrentar positivamente a experiência. (MELILLO; OJEDA,
2005, p. 16)

Para Sordi, Manfro e Hauck (2011) a definição de resiliência percorre


diversas áreas do conhecimento: Física, Biologia e Psicologia. Rangel e Souza
(2014) também sugerem o interesse dessas áreas no termo resiliência, tendo
em vista sua aplicação, que pode contemplar diversas áreas.
Na área da Psicologia, a definição de resiliência não é tão explícita se
comparada com a Física, por exemplo; isso levando em conta a complexidade
que existem nos estudos dos fenômenos que envolvem os seres humanos
(POLETTO; KOLLER, 2011).
Para Solomon (2013) a resiliência é um termo contemporâneo para o
27

que antes era conhecido por perseverança. Até então a resiliência era tida
como uma aptidão excepcional, porém, estudos recentes sugerem como sendo
parte de um potencial da maioria das pessoas, e que nutri-la é essencial para o
desenvolvimento de todos.
Yunes (2003) ressalta o fato de que na Psicologia o estudo da resiliência
é parcialmente novo. Embora venha sendo pesquisado há aproximadamente
trinta anos, somente há cerca de cinco anos esse fenômeno vem ganhando
atenção, com encontros internacionais para discuti-lo.
„‟Os precursores do termo resiliência na Psicologia são os termos
invencibilidade ou invulnerabilidade, ainda bastante referidos na literatura‟‟.
(YUNES, 2003, p.77). No entanto Rangel e Souza (2014) se atentam ao fato
de que em pesquisas recentes existe uma dissociação, que geralmente é
estabelecida entre o conceito de resiliência e uma compreensão de
invulnerabilidade, que é definida como atitude fixa de superação de toda a
adversidade da vida, visto que o indivíduo resiliente não é um sujeito que
nunca falhe, e nem está livre de vivenciar situações difíceis de superações no
momento em que se encontra com as dificuldades.
Frank (2014) traduz resiliência na Psicologia como o ato de expor
alguém a dada pressão física ou psicológica e retirá-la dessa situação antes
que se atinja o ponto de cedência.
Laranjeira (2007) informa que o conceito de resiliência resulta em uma
adaptação frente ao perigo, a capacidade de sair vencedor de determinada
situação que poderia ter sido traumática.
Cabral e Levandowski (2013) citam resiliência enquanto construto
psicológico, definido como adaptação individual exitosa frente a
acontecimentos adversos.
Na concepção de Silva et al. (2005), o termo resiliência refere-se a
capacidade humana de desenvolver uma história de vida favorável e sadia,
mesmo vivendo em meio à situações adversas.
Grotberg (2005) define a resiliência como a „‟capacidade humana de
enfrentar, vencer e ser fortalecido por experiências de adversidade‟‟. (MELILLO;
OJEDA e colbs, 2005, p.15). Segundo a autora a maior parte das demais
definições do termo resiliência é variável dessa.
28

Ao se falar de resiliência, refere-se à capacidade humana de enfrentar


eventos trágicos, obter recursos e, ainda assim, sair confortado e forte dessas
experiências; possivelmente uma conceituação simples do termo resiliência,
seja recuperar-se. (ZANQUI; EMILIO, 2012)
Melillo e Ojeda (2005) ressaltam o fato de quer ser resiliente não é
simplesmente superar as situações adversas.

O papel da resiliência é desenvolver a capacidade humana de


enfrentar, vencer e sair fortalecido de situações adversas e
transformado. É um processo que excede o simples „‟superar‟‟ essas
experiências, já que permite sair fortalecido por elas, o que
necessariamente afeta a saúde mental. (MELILLO; OJEDA e colbs,
2005, p.18).

Rangel e Souza (2014) sugerem que existe ainda uma compreensão de


resiliência como um processo e como um produto. Quando vista sob a
perspectiva especialmente na qualidade de produto, geralmente ressalta
elementos intrapsíquicos e ambientais, agentes da maneira de sentir, pensar e
agir diante de acontecimentos adversos. Quando é perspectivado como um
processo, leva-se em consideração a perspectiva de desenvolvimento e
incitação da resiliência por intermédio da influência e persistência da família, de
grupos de apoio, instituições e colaboradores escolares, reconhecendo-se a
probabilidade de decorrer do estímulo ocasionado em resposta a situações de
dificuldades, as quais possibilitam aos indivíduos transformações relevantes
que fortaleceriam o mesmo.
O campo da resiliência segue crescendo. Governos e universidades
oferecem apoio em pesquisas e implantações de projetos de resiliência. De
fato ainda haverá novas descobertas e questões sobre a conceituação do
termo. Houve muitos avanços desde o início das pesquisas e estudos, e
atualmente com bases consolidadas pode-se continuar construindo novas
significâncias desse conceito. (MELILLO; OJEDA, 2005).

1.1 Resiliência e psicanálise

A palavra resiliência é um termo não especifico da psicanálise, mas tem


sido utilizada frequentemente na Psicologia, conquistando destaque entre os
29

psicanalistas. É definida como um fenômeno interiorizado no indivíduo que


favorece o enfrentamento de forma positiva às situações adversas.
(ZIMERMAN, 2010).
De acordo com Freud (1895) em seus estudos sobre a histeria, a
psicanálise é definida como um método terapêutico devido ao fato de ser
considerada uma forma de tratamento aos pacientes.
Em seu caráter de Psicologia, a psicanálise através do ponto de vista
topográfico, descreve que o aparelho mental é composto de um “id”, no qual
concentram-se os impulsos instintuais, de um “ego”, considerado a
superficialidade do id e alterado por meio da ação do mundo externo, e de um
“superego” no qual desenvolve-se a partir do “id”, sendo o responsável pela
inibição dos instintos humanos. (FREUD, 1923).
A psicanálise descreve a resiliência a partir do traumatismo gerado e da
capacidade do aparelho intrapsíquico do indivíduo de criar novas condições
psíquicas como forma de enfrentamento. (CABRAL; LEVANDOWSKI, 2013).
De acordo com Ferenczi (1992) o trauma é constituído por um
acontecimento iniciado por um elemento externo capaz de desencadear
alterações no aparelho psíquico do indivíduo, de forma desestruturante.
Freud (1895) retrata que o trauma psíquico refere-se aos sinais que o
sistema nervoso apresenta dificuldade em eliminar.

Devemos antes presumir que o trauma psíquico – ou, mais


precisamente, a lembrança do trauma – age como um corpo estranho
que, muito depois de sua entrada, deve continuar a ser considerado
como um agente que ainda está em ação. (FREUD, 1895, p. 42)

O trauma é originado por situações que provocam sentimentos aflitivos,


como intensas dores físicas, angústia, susto ou vergonha e está relacionado à
vulnerabilidade do indivíduo afetado. O traumatismo psíquico atua como um
agente causador da histeria, na qual pode ser desencadeada por diversos
traumas e não apenas um específico. (FREUD, 1886-1899).
O psicanalista Cyrulnik (2004) descreve que atualmente o traumatismo é
considerado como uma ocorrência atroz, a qual impede o indivíduo de um
crescimento previsível e sadio. Segundo o autor, o indivíduo que vivenciou
situações traumáticas consegue se reestabelecer devido aos mecanismos de
30

defesa interiorizados na primeira infância. O psicanalista ainda explica que é


importante englobar três planos ao estudar a resiliência:

1) O desenvolvimento de recursos internos desde a infância clarifica a


forma de enfrentar as adversidades, determinando tutores para o seu
progresso;
2) A estrutura do primeiro ataque sofrido explica os danos dessa
agressão, o ferimento ou a falta. Porém, a interpretação atribuída na
história do indivíduo no âmbito familiar e social será responsável por
explicar os impactos devastadores do segundo golpe, o gerador do
traumatismo;
3) Por fim, a probabilidade de ser acolhido de maneira afetuosa, de
palavras e atividades que a sociedade propõe, às vezes, disponibiliza
ao ferido tutores de resiliência, nos quais poderão auxiliar na
retomada de um desenvolvimento após o trauma.

Cremasco (2008) confirma que o trauma só é considerado como tal após


duas situações de sofrimento. A superação do mesmo inicialmente ocorrerá a
partir da utilização dos recursos internalizados em sua memória e
posteriormente necessitará de recursos externos, como uma instituição social
ou cultural e uma relação de afeto que lhe ofereça o suporte necessário para a
superação.
Na infância, as crianças que possuem um apego seguro, apresentam
melhor prognóstico de desenvolvimento e melhor resiliência, devido à
construção de recursos internos, proporcionando a construção de seu ego
resiliente. A figura de apego (pai, mãe ou cuidador do bebê) proporciona
proteção, crescimento emocional e aprendizagem. Isso só será possível caso a
criança tenha um tutor da resiliência como um continente psíquico durante os
primeiros momentos de vida. (CYRULNIK, 2004)

O importante, ao observarmos a instalação dos recursos internos da


resiliência, é constatar que, quando uma pequena provação
sobrevém na vida de uma criança, ela terá de se defender com o
capital psíquico adquirido nesse momento. (CYRULNIK, 2004, p. 78).
31

De acordo com o autor, a elaboração do processo de resiliência ocorre


inicialmente por meio de etapas nas quais abrange o acolhimento e as
representações do traumatismo ainda na infância, para que posteriormente o
indivíduo possa tecer a resiliência em outras situações na vida adulta.

A elaboração do processo de resiliência externa deve ser contínua


em torno da criança ferida. Seu acolhimento após a agressão
constitui a primeira malha necessária, e não necessariamente verbal,
para reatar o vínculo após o ferimento. A segunda malha, mais tardia,
exige que as famílias e as instituições ofereçam à criança lugares em
que ela produza suas representações do traumatismo. A terceira
malha, social e cultural, se elabora quando a sociedade oferece a
essas crianças a possibilidade de se socializar. Só resta então tecer a
sua resiliência durante o resto de sua vida. (CYRULNIK, 2004, p.
152).

Segundo Mello Neto (2012) a elaboração de uma situação traumática


está na capacidade de ligar os seus traços, retidos de forma dissociada e
inerte, a diversos elementos psíquicos, sejam eles afetivos ou representativos.
Trata-se de um processo integrativo e de associação para situações
inesperadas e as que exigem imediatismo para o excessivo.
A elaboração de um traumatismo ou a diminuição de afeto direcionado a
mesma está relacionada à reação energética ao fato. O uso da linguagem
proporciona o descarregamento dos afetos, como substituta da ação,
resultando na ab-reação. Ao indivíduo que não reage ou reprime uma reação, o
afeto mantém-se associado à lembrança do trauma, não proporcionando um
efeito inteiramente catártico. (FREUD, 1895).
A ab-reação não é considerada com a única ferramenta para o
enfrentamento de um trauma psíquico. A recordação do traumatismo, no qual
não foi ab-reagido, se aprofunda no complexo de associações, defrontando
com experiências que o contradiz e possibilitando retificar outras
representações. Através do processo de associação é possível ocasionar uma
diminuição ou ausência do afeto ligado ao trauma. (FREUD, 1895).
A psicanálise contribui muito ao escrever sobre os efeitos do
traumatismo no psíquico e destacar a importância da fantasia (ressignificação)
na origem da angústia humana. Na clínica psicanalítica isso ocorre por meio da
ressignificação do traumatismo e, posteriormente, nos impactos produzidos
32

também na temporalidade representacional que constitui um período de análise


como forma de enfrentar o trauma. (CREMASCO, 2008).

1.2 O homem resiliente

Em pacientes oncológicos, a resiliência é definida como a capacidade de


superar e ressignificar positivamente as situações adversas, manejando a
doença e o tratamento ao longo do tempo (RODRIGUES, POLIDORI, 2012).
Muitos indivíduos demonstram-se deprimidos e desanimados diante das
adversidades que surgem durante sua vida, diferentemente de outras pessoas,
as quais não permitem abater-se frente aos obstáculos. Utilizam as etapas
difíceis como forma de superação e progresso, lidando com os problemas de
maneira positiva, atribuindo uma ressignificação aos contratempos. (PINTO et
al., 2014).
O autor ainda destaca a importância de compreender o homem como
um ser histórico e cultural, o qual atribui à devida significação as suas vivências
e situações de acordo com sua identidade e relações construídas ao longo de
sua vida (PINTO et al., 2014).
Considerando que cada indivíduo enfrenta a sua doença de acordo com
sua trajetória de vida e individualidade, torna-se relevante e significativo um
olhar diferenciado e centrado em sua singularidade, devido à representação
individual que homem confere à enfermidade, desencadeando inúmeras
possibilidades de reação em cada paciente. (ANGST, 2009).
A partir do momento em que o indivíduo procura ajustar sua conduta
como meio de resposta às situações que demonstram riscos, é nessa
contrapartida que a resiliência se apresenta, indicando o risco como algo
necessário para que se avaliem atitudes resilientes (DELL‟AGLIO, 2011).
Segundo Rodrigues e Polidori (2012) a resiliência presente no indivíduo
se dá através de fatos como: questões pessoais, crenças, valores, coragem, fé,
pensamentos positivos e a ânsia pela cura.
De acordo com Dell‟Aglio (2011), o significado de ser uma pessoa
resiliente está ligado ao fato de como um indivíduo se ajusta às diferentes
condições e situações adversas presentes em sua vida. O ser resiliente tem a
33

capacidade de retornar velozmente ao seu habitual estado de saúde e espírito,


após passar por enfermidades e adversidades.
Em relação à doença, o indivíduo se mostra resiliente quando sabe ou
aprende a lidar com seu adoecimento, aceitando sua nova condição e limitação
na qual se encontra, adaptando-se e enfrentando com concordância o
tratamento imposto e necessário. O autor ressalta que através da resiliência o
indivíduo passa a buscar possibilidades para sobressair à essas adversidades,
fazendo uso de recursos internos, ou seja, em si mesmo e no meio que o
rodeia, de maneira que venha colaborar para o enfrentamento dos problemas.
(ANGST, 2009)
De acordo com uma pesquisa realizada por Rodrigues e Polidori (2012),
os pacientes que demonstram alto grau de resiliência focaram no
enfrentamento da doença, empenhando-se para intervir em situações adversas
que lhe causam sofrimento, ressignificando as dificuldades através de suas
atuais capacidades de autocuidado, favorecendo o tratamento.
A resiliência possibilita que o indivíduo tenha maior entendimento em
relação ao transcurso do adoecer e recuperação do sobrevivente acometido
pelo câncer de próstata, permitindo que o sujeito enfrente a doença de maneira
otimista e confiante e aumente sua qualidade de vida. (PINTO, 2011).
Sendo o homem considerado um ser ativo frente ao meio no qual
transita, tem-se como suposição de que quanto mais resiliente for frente às
adversidades, maiores serão as possibilidades de vantagens no enfrentamento
de suas dificuldades. (DELL‟AGLIO, 2011).

1.3 Câncer de próstata e resiliência

Receber o diagnóstico do câncer e dar início ao tratamento gera grande


estresse no paciente oncológico, afetando sua qualidade de vida e repercutindo
nos âmbitos físicos, psíquicos e também nas relações sociais. (ARMANDO,
2010).
A ciência e a tecnologia cada vez mais possibilitam o diagnóstico
precoce e a terapêutica adequada das doenças, permitindo sua
evolução e até mesmo a cura. Porém, mesmo com tais avanços,
muitas moléstias promovem alterações orgânicas, emocionais e
sociais, que exigem constantes cuidados e, consequentemente,
processos adaptativos. (BIANCHINI; DELL‟AGLIO, 2006, p. 430).
34

O processo do tratamento ao câncer causa efeitos colaterais que se


tornam desgastantes ao paciente. Além de afetar as células tumorais,
produzem sinais físicos frequentes, como náuseas, diarreia, vômito e alopécia,
resultando consequentemente no sofrimento psíquico e emocional,
prejudicando a qualidade de vida do enfermo. (TOMAZ; VERAZ JUNIOR;
CARVALHO, 2015).
No aspecto psicológico do bem estar global do indivíduo, alguns
pacientes são acometidos pela depressão, gerando assim um mau prognóstico.
(ARMANDO, 2010).
Tofani e Vaz (2007) afirmam que após receber o diagnóstico do câncer,
os pacientes expressam pensamentos de finitude, negação e isolamento,
devido às representações da doença construída socialmente. Em razão disso,
o diagnóstico é frequentemente recebido juntamente com sintomas depressivos
pela dificuldade existente de interiorizar a aceitação.
Diante disso, Armando (2010) sugere que é fundamental o paciente
oncológico apresentar capacidade de confrontar a situação adversa a qual se
encontra para manter uma qualidade de vida satisfatória, sendo essa
capacidade de enfrentamento particular de cada paciente.
Os pacientes portadores da neoplasia desenvolvem de maneira
particular suas formas de enfrentamento, buscando suporte familiar, espiritual,
práticas de religiosidade, fé e apoio em outros pacientes que superaram a
doença. Todas essas condutas apresentam-se como um aspecto positivo e
significativo para a manutenção do enfrentamento à adversidade. Oposto a
isso, outros indivíduos utilizam como mecanismo de defesa a negação da
sintomatologia e da patologia, evitando o problema e o contato com
informações sobre o seu prognóstico. (TOMAZ; VERAS JUNIOR; CARVALHO,
2015).
Gianini (2007) descreve que os homens possuem grande dificuldade em
utilizar o suporte social para o enfrentamento do câncer de próstata, limitando o
seu contato e o compartilhamento apenas ao cuidador principal e aos familiares
próximos. Isso significa que o cuidador adoece juntamente ao paciente, devido
à sobrecarga direcionada a essa figura, que geralmente é representada pela
companheira/esposa. O autor enfatiza que alguns homens ainda possuem uma
visão de saúde como um aspecto ligado ao universo feminino, limitando o uso
35

dos serviços de saúde. Ademais, apresentam em sua maioria, dificuldade de


reconhecer e expressar os seus sentimentos diante o diagnóstico e tratamento
da neoplasia, demonstrando autocontrole como forma de preservação de sua
identidade masculina à sociedade, não contribuindo com a manutenção da
resiliência para o enfrentamento.
O tratamento do câncer modifica toda a rotina estabelecida durante a
vida do indivíduo e de seus familiares, tais como os costumes, hábitos,
cuidados pessoais e autorrealização. Essa ruptura gera sintomas psíquicos até
a aceitação da patologia. (RODRIGUES; POLIDORI, 2012).
Sória et al. (2009) enfatiza em sua pesquisa a importância da resiliência
no enfrentamento do câncer, pois ela favorece a adesão do paciente pelo
tratamento.
No contexto do adoecer por câncer, indivíduos resilientes apresentam a
capacidade do enfrentamento à adversidade de forma a encará-la como um
aprendizado e como uma nova possibilidade de viver. Para isso, utilizam
mecanismos de defesa, como proteção, assim como seus familiares, tais como
a fé, coragem, crenças pessoais, pensamento positivo e o anseio pela cura.
Outros se apoiam na confiança no médico e no acolhimento dos amigos e
familiares. (RODRIGUES; POLIDORI, 2012).
Os autores ainda destacam que o enfrentamento centrado na emoção e
no problema gera grandes resultados, uma vez que auxilia no desenvolvimento
da resiliência por meio da identificação, pelo paciente, vantagens e benefícios
com a doença. Dessa forma, a resiliência é percebida também na competência
de reorganizar a vida com planos para o futuro. (RODRIGUES; POLIDORI,
2012).
Rodrigues e Polidori (2012) destacam que é importante a realização de
intervenções com o objetivo de amparar e orientar os familiares a contribuírem
para a melhora do indivíduo adoecido, priorizando sua qualidade de vida,
manutenção da autonomia, habilidade de autocuidado, interação familiar e
social. A resiliência auxilia o paciente a aderir ao tratamento e a empenhar-se
pela reabilitação.
36

CAPÍTULO III

O HOMEM CONTEMPORÂNEO

1 A identidade masculina

A construção histórica do gênero masculino ocorreu de forma


diferenciada do feminino. O homem ocupava um papel de destaque, sendo
possível transitar e conviver em espaços públicos, enquanto às mulheres cabia
apenas a vida privada com funções limitadas. Entretanto, atualmente o homem
contemporâneo vivencia uma fase distinta da antiguidade, com mudanças na
identidade que podem ser consideradas, para muitos, um momento de crise.
Isso iniciou a partir da década de 60, em decorrência do início das
reivindicações e estabelecimento de movimentos feministas, os quais geraram
modificações do modelo patriarcal e consequentemente alteraram a identidade
masculina construída historicamente. (SILVA et al., 2007).

Após o advento do movimento feminista, o modelo tradicional de


masculinidade não conseguia se sustentar mais frente às mudanças
ocorridas no campo do trabalho, das relações afetivas, sociais e
sexuais. Nos países mais desenvolvidos, a celeuma provocada pelo
movimento feminista provocou uma outra ainda maior, desta vez por
parte dos estudos masculinistas em defesa de melhor definição da
identidade do homem contemporâneo, conformando, assim, a atual
crise da masculinidade. (SILVA, 2006, p.126).

Uma contribuição muito importante ocorreu no início do século XXI, com


o progresso da ciência e das tecnologias, possibilitando uma diminuição da
desigualdade gerada no imaginário das pessoas, relacionado a homens e
mulheres no mundo contemporâneo. Isso é evidenciado por meio das
mudanças da prática da paternidade e papéis intrafamiliares, demonstrando
que os padrões de convívio estabelecidos historicamente entre os membros da
família foram alterados através das transformações da sociedade
contemporânea e atual. (SILVA; DAUBER, 2013).
Uma nova redefinição no modelo de masculinidade descrito na literatura
pode ser vista por meio do papel de pai do homem contemporâneo (SILVA,
2006).
37

De acordo com Oliveira e Silva (2011) algumas funções foram


acrescentadas ao homem contemporâneo diante da paternidade. A figura do
pai autoritário perde a força, possibilitando uma abertura para o diálogo, para a
aproximação afetiva, para a flexibilidade e sensibilidade. Ao homem atual
cabem funções que eram consideradas femininas, como a participação na vida
dos filhos e o envolvimento emocional.
A família tradicional regida pela autoridade patriarcal perdeu sua força e
em razão disso, existe a necessidade de reestruturação das funções parentais
no mundo contemporâneo. O modelo de família autoritária deu espaço à família
contemporânea e consequentemente a novos papéis parentais. (SILVA;
DAUBER, 2013).
A paternidade no mundo contemporâneo não tem sido aceita por alguns
pais e familiares, visto que se apresenta em outros padrões e novos papéis
vêm sendo reconfigurados (SILVA, 2006).
Se pensarmos nessa perspectiva da mudança na paternidade
observamos que esse sujeito trouxe influência na emergência do homem
contemporâneo, uma vez que o homem passou a conhecer novos
engendramentos na vivência de sua experiência em sociedade, e por outro
lado o pai passou a ser um novo modelo no desenvolvimento dos filhos,
representado por um homem de novas possibilidades.
O novo modelo do homem contemporâneo está pautado na
demonstração dos sentimentos e não em sua contenção. Além disso, possui o
direito de manifestar suas emoções, de amar, de ser sensível e não apenas ser
agressivo, ainda que publicamente, e sem se envergonhar. Outra possibilidade
é a de participar da educação dos filhos, nas atividades domésticas e possuir
renda inferior a de sua companheira. (SILVA, 2006).

De fato, como decorrente do aparecimento dos estudos de gênero


masculino na Europa e Estados Unidos, os homens passariam a
reivindicar uma nova qualidade no espaço social, redefinindo a si
mesmo, não mais como um “macho” inveterado, onde sua virilidade
estaria intocada. O novo homem agora admitia sua fraqueza, sua
fragilidade; o corpo já não servia para impor uma condição masculina.
A sensibilidade feminina também passaria a fazer parte das novas
subjetividades masculinas. A forma de vestir, de falar, de se
comportar, já não mais se sustentariam por si só. Até mesmo uma
possível quantidade de feminilidade já passava a ser admitida pelos
homens. Mas nem sempre, esse novo conjunto de características
masculinas contemporâneas, conseguiu dizer da verdadeira
38

identidade masculina. Ela não conseguiria descrever a todos os


homens, promovendo, com isso, a atual crise de identidade
masculina. (SILVA, 2000, p. 13).

Ao homem atual, são permitidas falhas no desempenho sexual, a


passividade, a ser dominado e a alternatividade nas identidades sexuais, como
a homossexualidade, bissexualidade e transexualidade. Atualmente nos
deparamos com uma nova conceituação desse homem, o metrossexual como
forma de rotular o homem contemporâneo, o qual apresenta-se centrado e
dispondo de cuidados com a saúde, estética e com a aparência física e de
suas vestimentas, entretanto sem alterar a sua identidade, orientação sexual e
masculinidade. (SILVA, 2006).

1.1 Masculinidade

De acordo com Oliveira (2004) a utilização da palavra masculinidade


ocorreu por volta do século XVIII, com a preocupação científica em nomear
aspectos de distinção entre os sexos. A palavra deriva-se do termo latim
masculinus. O autor define a masculinidade:

(...) na qualidade de estrato constitutivo e articulado do socius,


apresenta-se como uma significação social, um ideal culturalmente
elaborado ou sistema relacional que aponta para uma ordem de
comportamentos socialmente sancionados. (OLIVEIRA, 2004, p.13).

O termo masculinidade surge em um momento que os homens estavam


preocupados com a feminilidade presente em alguns indivíduos do sexo
masculino. Em decorrência disso, criaram aspectos e papéis para representar o
“ser homem”. (SILVA, 2000).
A masculinidade estava diretamente relacionada a comportamentos
considerados ideais para os nobres, como a coragem, bravura, perseverança,
lealdade, correção, probidade e sobriedade. O autor destaca que na sociedade
moderna a masculinidade apresenta-se como um mito efetivo, que seria uma
construção social projetada na vida coletiva. O fator primordial do homem
moderno, como um ideal de masculinidade, estaria relacionado à formação de
uma família, ou seja, isso seria uma comprovação de que o homem não é
homossexual. (OLIVEIRA, 2004).
39

Segundo Connell (1995) “a masculinidade é uma configuração de prática


em torno da posição dos homens na estrutura das relações de gênero.”
(p.188). O autor complementa que culturalmente existem condutas e
sentimentos próprios dos homens. Isso demonstra que os jovens são coagidos
a se afastarem de comportamentos e atitudes consideradas femininas, por
parte da família, grupo de amigos, escola e da mídia.

A maior parte dos rapazes internaliza essa norma social e adota


maneiras e interesses masculinos, tendo como custo,
frequentemente, a repressão de seus sentimentos. Esforçar-se de
forma demasiadamente árdua para corresponder à norma masculina
pode levar à violência ou à crise pessoal e a dificuldades nas
relações com as mulheres. (CONNELL, 1995, p. 190).

A primeira crise da identidade masculina ocorreu a partir do medo por


parte de alguns homens de se tornarem homossexuais devido à ameaça da
feminilidade que poderia estar ligada ao sexo masculino. Com isso, sentiram-se
na obrigação de mostrar o sexo forte, como uma forma de comprovar a
masculinidade e virilidade. (SILVA, 2000).
Silva (2000) enfatiza que atualmente é necessário que a sociedade em
geral se liberte de conceitos reducionistas, incluindo as identidades de gênero
(masculinidade e feminilidade), pois o respeito às singularidades adquiridas por
meio da diversidade histórica fomenta o respeito as nossas próprias
construções singulares e identitárias.
Connell (1995) sugere uma nova política do gênero para os homens, ou
seja, uma forma diferente e nova de se pensar, além de uma abertura para
diversas experiências e formas de colocá-la em prática.

1.2 Sexualidade

A sociedade burguesa no século XIX tratava a questão do gênero não só


como algo físico e biológico, mas estabelecendo normas, funções sociais e
culturais. Com o surgimento da Revolução Industrial, estabeleceu o
enraizamento da visão de homem viril e hegemônico.
Silva (2000) observa que os homens se empenhavam cada vez mais em
demonstrar sua virilidade e masculinidade pelo receio de expressarem algum
traço de feminilidade ou homossexualidade. Como forma de comprovar sua
40

virilidade, realizavam sua iniciação sexual com garotas de programa, negavam


a homossexualidade e seguiam certo modelo de comportamento sexual
considerado masculino para que não fossem rejeitados pela sociedade.
Entre essas preocupações também predominava o medo de apresentar
impotência no ato sexual, pois considerava-se necessário e de suma
importância para o homem que ele funcionasse perfeitamente. (GOMES, 2003)
A partir do crescimento do movimento feminista, iniciaram-se as
discussões e lutas a respeito dos novos papéis sociais estipulados pela ordem
sexual burguesa. Com o surgimento de estudos sobre o gênero masculino nos
Estados Unidos e Europa, o homem passou a indagar sobre a visão de
homem, de um indivíduo “macho”, viril, exigindo um novo espaço social,
assumindo suas fraquezas e sua vulnerabilidade (SILVA, 2000).
Segundo Araújo (2002), a sexualidade foi e ainda é construída
socialmente, envolvendo impactos produzidos na postura e nas ligações
sociais. A prática sexual, no decorrer da história, sempre foi cercada de tabus e
repreensão, objetivando a manutenção da moral dos sujeitos, fundada na
ideologia social, ocasionando mudanças na sociedade.
Na contemporaneidade o patrimônio conjugal passou a ser dissolúvel e
ter menor comprometimento; em razão disso, a sexualidade passou a não ser
definida apenas como reprodução. No relacionamento espera-se como postura
da figura masculina a colaboração na formação dos filhos e na execução das
tarefas domésticas. Para a mulher é cobrada a responsabilidade de ajudar no
sustento financeiro da família e no compartilhamento das responsabilidades e
tomada de decisões, incluindo a possibilidade de procriação (NEGREIROS;
CARNEIRO 2004).
Com as mudanças ocorridas na sociedade, a intimidade do homem
sofreu modificações, viabilizando ao homem o contato com o desconhecido,
como o toque afetivo, a proximidade com os demais, troca de carinho,
compreensão e amparo.
Apesar de todas as mudanças ocorridas em relação ao conceito de
masculinidade, ainda existem barreiras em relação à prevenção e cuidados a
saúde do homem, como no caso do câncer de próstata, pois, entre as medidas
preventivas destaca-se o toque retal, o qual mexe com o imaginário masculino,
visto que o mesmo traz o medo de sentir dor, sendo ela física e simbólica. A
41

possibilidade de ser penetrado traz representações de invasão e violação de


seu espaço e mesmo aqueles que possuem mais acesso a informações,
podem demonstrar a resistência e constrangimento em relação ao exame.
E mesmo que não exista a dor física, depara-se com o incômodo e a
aflição de ser tocado em uma parte considerada proibida entre a população
masculina. Entre esses medos, também é decorrente a aflição da possibilidade
de ocorrer uma ereção durante o exame de toque retal, pois no imaginário
masculino a penetração gera o prazer. Esse fato dificulta a prevenção e os
cuidados à saúde do homem. (GOMES, 2003).

1.3 O homem na família

A função do homem na dinâmica familiar foi reconsiderada a partir do


momento em que iniciaram-se indagações sobre o lugar das mulheres nas
atividades sociais, repensando nos aspectos da vida sexual e reprodutiva do
homem. Isso retrata a individualidade dos sujeitos resultando em novas
funções no convívio social (CRUZ; NUNES; DIAMANTINO, 2015).
Existem três fases na evolução da família ocidental, até a constituição da
família tradicional, responsável pela propagação do legado do patrimônio. A
partir dessa concepção, a família tinha uma organização definida pela
autoridade patriarcal, fundada na Teoria Monarquista do Direito Divino,
baseada no homem como autoridade máxima na família e na obediência aos
mandamentos de Deus.
Porém, no final do século XVIII o modelo de família tradicional passou a
decair, mas ainda mantinha a autoridade do homem e a submissão da mulher,
passando por mudanças apenas no fim do século XIX.
Na segunda fase, a família passou a ser respaldada no romantismo,
exigindo reciprocidade em relação aos sentimentos e desejos sexuais no
patrimônio conjugal. Em decorrência desse fato, havendo a dessacralização da
família e reconhecimento da mulher, o poder patriarcal foi perdendo espaço
para o governo, o qual assumiu a responsabilidade da educação dos filhos
para a obtenção do controle social.
E assim, o homem foi deixando de ser soberano e a mulher passou a
indagar a dependência do marido, centralizando seus valores no amor e afeto,
42

e não somente no patrimônio conjugal. Dessa forma, cria-se a possibilidade do


divórcio (CRUZ; NUNES; DIAMANTINO, 2015).
Já na terceira fase foi constituída a família contemporânea ou pós-
moderna, baseada na busca de um relacionamento íntimo e sexual satisfatório,
sem subordinação e poder (SILVA, 2013).
No atual modelo familiar, as funções entre homem e mulher passaram a
ser similares, possibilitando uma das partes exercerem o papel denominado
anteriormente somente ao homem ou à mulher. Em relação à mulher, foi
viabilizado o surgimento de várias funções denominadas masculinas, como
oficial de forças armadas. E ao homem foi concedida a oportunidade dos
cuidados com o lar.
Outras possibilidades foram tornando-se presentes na vida de ambos
devido à liberdade de escolha, isto é, de estar solteiro, a mulher como chefe de
família, casais homossexuais, companheiros masculinos mais jovens, a opção
de exercer ou não a maternidade e paternidade, produção independente, bebê
de proveta, entre outros. (NEGREIROS; CARNEIRO, 2004).
Oliveira (2009) aponta que na família contemporânea o vínculo familiar
foi alterado, modificando o modelo de família considerada patriarcal, devido ao
fato de os membros familiares estarem realizando mais questionamentos,
evidenciando as mudanças no modo de pensar e os novos modelos familiares
presentes no mundo atual. O autor menciona também que a estrutura de cada
família dependerá de sua organização, do histórico familiar, da situação social
e financeira, as quais são afetadas e modificadas também pelas mudanças
sociais.

1.4 A aparência e a estética

Barbosa, Matos e Costa (2011) sugerem que a cultura e a sociedade


desempenham papel importante na construção do ideal de corpo, pois são
pontos chaves na determinação dos atributos que serão exaltados, criando os
padrões. São esses padrões que abrangem aspectos relacionados à saúde,
beleza e postura e que irão oferecer subsídios aos indivíduos para se
estabelecerem quanto homens e mulheres.
43

Estabelecendo relação da atualidade com os primórdios, na Grécia


Antiga o corpo era valorizado, prezava-se por um corpo belo e idealizado, que
se dava através de treinamento e meditações. Esse modelo não está muito
longe na atual realidade, e ainda hoje pode ser tido como referência.
(BARBOSA; MATOS; COSTA, 2011).
Iriart, Chaves e Orleans (2009) compartilham da ideia da influência da
sociedade e da cultura na construção dos padrões de beleza e enfatizam como
o tempo age nessas manifestações.

Os padrões de beleza, os significados associados aos músculos ou


ao corpo obeso transformam-se ao longo do tempo e refletem os
valores centrais de cada contexto cultural. Nas sociedades
tradicionais, as marcas sociais no corpo indicavam o pertencimento
do nativo a determinada etnia e sua inserção no espaço social.
(IRIART; CHAVES; ORLEANS, 2009, p. 774).

O corpo se tornou algo de grande importância na sociedade


contemporânea, e vem ganhando destaque em nosso cotidiano; considerando
as possíveis alterações que possam ocorrer no mesmo, através de métodos
artificiais, musculações e tratamentos estéticos, disponíveis para ambos os
sexos. (GARCIA, 2004).
Para Oliveira e Cancela (2012), atualmente é comum associar o
homem com os cuidados do seu corpo, não se limitando somente a forma
física, mas também com outros aspectos vinculados à estética. Sendo que se
preza uma apresentação mais elaborada de si, com isso passa a ser frequente
a presença de homens em centros estéticos, em busca de uma imagem mais
satisfatória.
Para Cerqueira (2008) é inegável que estamos vivendo em uma
sociedade de consumismo e de exaltação da imagem e da aparência. O corpo
se tornou um objeto almejado. Para a autora vivemos o paradigma da
comparabilidade.

As globalizadas sociedades de consumo parecem atribuir aos


indivíduos a responsabilidade pela plasticidade de seu corpo. Com
esforço e trabalho físico, homens e mulheres são persuadidos a
alcançar a aparência desejável, mesmo que para isso sejam
necessários exercícios intensos, cirurgias plásticas e dietas radicais
[...]. (SIQUERIA; FARIA 2012, p. 172)
44

Siqueira e Faria (2007) ainda sugerem que a representação social


contemporânea que indicaria um corpo saudável se baseia na aparência de um
corpo com músculos rígidos.

Um corpo musculoso, forte e viril (tirado de academias, imagens


publicitárias e veículos de entretenimento) vem historicamente se
tornando o referencial de corporeidade masculina, enquanto corpos
que desviam deste padrão são comumente satirizados ou mesmo
excluídos da mídia. (BEIRAS et al., 2007, p. 62)

Iriart, Chaves e Orleans (2009) destacam o fato de que a grande


importância dada à aparência do corpo entra em um processo de que o corpo
físico gera grande influência na exteriorização da subjetividade e na
estruturação da identidade.

1.5 O homem e a doença

O processo saúde-doença do homem é uma vertente expansiva que


requer abordagem específica considerando os fatores preponderantes que
dificultam a busca por assistência multidisciplinar para o enfrentamento dessa
questão (BRAZ, 2005).
Rouquayrol (2006) frisa o fato de que desde os primórdios se concebe a
ideia, o dito popular de que homens são fisicamente mais fortes em seu
aspecto físico que as mulheres; no entanto o índice de sobrevivência é menor
do que as mesmas. Estudos comparativos entre sexos mostram que os
homens possuem mais vulnerabilidade à doenças em relação às mulheres,
visto que os mesmos retardam a busca por serviços de saúde, contribuindo,
assim, significativamente com as altas taxas de morbimortalidade (BRASIL,
2008).
Diniz (2008) sugere que o homem não apresenta o hábito de frequentar
serviços de atenção básica, isso porque a prevenção não é incluída em seu
dia-dia. A busca desses indivíduos se da quando já adoecidos, sendo que,
assim, morrem mais precocemente.
Para Gomes (2003) os indicadores que maximizam a não-adesão aos
serviços de assistência relacionam-se com questões culturais e sociais, bem
como barreiras de cunho institucional. A compreensão desses fatores
45

preponderantes é indispensável para elaboração estratégica de intervenção de


alta abrangência voltada para promoção, prevenção e reabilitação da saúde do
homem (BRASIL, 2008).
Além disso, a doença é distorcida pela subjetividade masculina que
repelem a fragilidade representada por essa condição biológica (SABO, 2002).
Silva (2000) afirma que a masculinidade está presente e é modificada desde os
primórdios da humanidade, de acordo com o período histórico proposto. O
mesmo autor ainda explana sobre a estreita relação entre virilidade, aparência
física e comportamento social, daí a importância de preservação da
autoimagem masculina como o sexo forte.
Couto et al. (2010) sugere que nos modelos de masculinidade que são
idealizados por homens, se apresentam os pensamentos de invulnerabilidade e
comportamentos de risco como padrões culturais do universo masculino. Além
disso, pode-se encontrar também dificuldades em falar das necessidades de
saúde, visto que supõe-se que falar de saúde pode significar demonstração de
fraqueza ou feminilização diante de outras pessoas.
Para Meirelles e Hohl (2009) os homens não apreciam ir ao médico e,
com exceção do urologista, as outras especialidades recebem maior número
de mulheres que homens. Ainda segundo os autores, o fato dos homens
negligenciarem a saúde está relacionado às raízes culturais; essa resistência
pode ser atribuída ao fato de muitas vezes ser relacionada à concepção que a
doença é uma „‟fraqueza‟‟ que se contrasta com a masculinidade.
A manutenção dessa postura heróica diminui a busca por ajuda, já que
as crenças enraizadas postulam que os homens foram criados para prover
cuidados e não para necessitá-los, diferenciando-os das mulheres, que são
frágeis (BRAZ, 2005).
46

CAPÍTULO IV

METODOLOGIA

1 Metodologia clínico-qualitativa

O trabalho desenvolvido possui como proposta a utilização do método


de pesquisa clínico-qualitativa. Baseia-se no aprofundamento dos fenômenos
psíquicos, isto é, o pesquisador apreende as ansiedades e angústias para que
seja realizada uma compreensão e interpretação do conteúdo psíquico.
(TURATO, 2003).
Domingues, Heubel e Abel (2003) confirmam que “o método qualitativo
se resume em um método descritivo de caso, onde a amostra é reduzida,
entretanto é um método preocupado com a profundidade da pesquisa” (p.116).
A metodologia clínico-qualitativa é caracterizada na junção da pesquisa
qualitativa com o olhar clínico.

Essa metodologia de investigação visa principalmente a detectar as


regularidades contidas em um conjunto de elementos que, direta ou
indiretamente, poderão adquirir uma significação para a teoria, seja
porque ainda não foram integradas na construção teórica ou vêm a
confirmar hipóteses teóricas específicas. Assim, essa forma de
pesquisa científica busca realizar uma integração teórica sobre as
relações entre eventos ou processos. Alguns sentidos de tais
relações podem ser particularidades que só fazem sentido dentro do
processo específico. (PINTO, 2004, p. 75)

De acordo com Bassora e Campos (2010) a metodologia clínico-


qualitativa faz uso do entusiasmo do pesquisador como mola propulsora do
início do questionamento diante dos fenômenos para assimilação das questões
humanas.
O pesquisador deve ter autonomia e criatividade diante da pesquisa,
tendo uma visão diferenciada do senso comum, baseada no conhecimento
científico e nos padrões da pesquisa qualitativa. Turato (2003) descreve que o
investigador deve estar preparado e qualificado a pensar, de forma a avistar e
trilhar sua própria direção. “Porque ele não terá receitas, experimentos
padronizados, questionário fechado, escalas validadas, e todos os
instrumentos científicos que podem ser aplicados por qualquer leigo treinado”
47

(p. 25).
A psicologia é uma área da ciência que estuda o comportamento
humano, seus processos mentais e sua relação com o mundo. Dentro dessa
ciência, existem linhas teóricas que nortearam a conduta do psicólogo e a
forma como este irá lançar o olhar sobre determinado fenômeno manifestado
pelo indivíduo. Segundo Turato (2003) a psicologia clínica é definida como uma
área da Psicologia que oferece subsídio ao indivíduo perante as adversidades,
sejam elas de ordem emocional, comportamental e intelectual. Em muitos
trabalhos essa linha de pesquisa recebe grande influência da psicanálise,
sendo esta, destacada pelo autor como importante devido ao suporte que
proporciona para a interpretação dos resultados.
O sujeito da pesquisa, por sua vez, é aquele que de forma voluntária se
submete a experiência científica. De acordo com a metodologia clínico-
qualitativa, o sujeito de pesquisa trata-se de qualquer indivíduo que se
considerado nas questões da saúde é aquele que pode ser ouvido de forma
que confere a compreensão das situações relacionadas à problemática saúde-
doença e os respectivos significados atribuídos. (TURATO, 2003).

1.1 Instrumento

Diante disso, foi utilizada a entrevista semiestruturada (APÊNDICE A),


que aborda questões acerca do fenômeno a ser estudado. Isso, com o intuito
de levantar informações para a realização da análise dos conteúdos manifestos
no discurso.

As entrevistas semi-estruturadas combinam perguntas abertas e


fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o
tema proposto. O pesquisador deve seguir um conjunto de questões
previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito
semelhante ao de uma conversa informal. O entrevistador deve ficar
atento para dirigir, no momento que achar oportuno, a discussão para
o assunto que o interessa fazendo perguntas adicionais para elucidar
questões que não ficaram claras ou ajudar a recompor o contexto da
entrevista, caso o informante tenha “fugido” ao tema ou tenha
dificuldades com ele. [...] (BONI, QUARESMA, 2005, p. 75)

Nessa pesquisa as entrevistas foram gravadas em áudio e as


informações obtidas foram transcritas posteriormente, conforme o
48

consentimento para fotografias, vídeos e gravações (APÊNDICE D).

1.2 Participantes

Realizou-se a pesquisa com cinco homens, com idades compreendidas


entre 62 e 82 anos que estão em tratamento do câncer de próstata ou que já
encerraram o tratamento em até um ano no momento da pesquisa. Os sujeitos
de pesquisa são cadastrados na Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade de
Lins/SP, ou seja, fazem uso do serviço público do município e do Sistema
Único de Saúde (SUS) e realizaram ou estão realizando o tratamento no
serviço especializado de oncologia.
Inicialmente, o levantamento de participantes da pesquisa foi feito
juntamente com a equipe de profissionais da unidade, sendo eles, a enfermeira
e os agentes comunitários de saúde, que realizam visitas domiciliares aos
pacientes da área da UBS. Após isso, foram realizados os contatos por meio
de ligação telefônica para convidá-los a participar da pesquisa, explicando o
objetivo. No momento, foram informados sobre a necessidade e importância de
assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), enfatizando
o sigilo e a preservação dos dados e de sua identificação. Por conta disso, os
pacientes foram identificados na análise como: entrevistado 1, 2, 3, 4 e 5.

1.3 Procedimentos éticos

O projeto de pesquisa foi submetido na Plataforma Brasil, aprovado pelo


Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium de Araçatuba, com parecer consubstanciado nº 2.134.110, em 22 de
junho de 2017 (ANEXO A).
A pesquisa com os participantes foi iniciada somente após a aprovação
pelo CEP. No momento da entrevista, foi realizada a leitura da Carta de
Participação ao Participante de Pesquisa (APÊNDICE B), do Consentimento
para fotografias, vídeos e gravações (APÊNDICE D), devido à necessidade da
gravação em áudio para a transcrição do conteúdo, enfatizando a preservação
da identidade do indivíduo e esclarecendo dúvidas que surgirem no momento,
49

para que posteriormente fosse assinado o Termo de Consentimento Livre e


Esclarecido (APÊNDICE C).

1.4 Riscos e benefícios

A pesquisa apresenta riscos mínimos, tendo em vista que se trata de


uma pesquisa de caráter exploratório não invasivo, sendo que os fatores mais
consideráveis podem envolver o constrangimento dos participantes no
momento da entrevista, e o contato direto com questões que os fazem retomar
o processo de tratamento, podendo ou não lhes causar sofrimento.
Com o objetivo de minimizar possíveis riscos, o processo de entrevista e
interação com os participantes ocorreu em local privado para que os mesmos
se sentissem mais seguros e confiantes para colaborar com os pesquisadores,
avançando então essa etapa de forma sigilosa e discreta. Além de buscarmos
os participantes vinculados a uma rede de apoio que oferecerá aporte aos
mesmos, caso necessitem.
A pesquisa apontou como benefício à identificação pelo próprio sujeito
de elementos da resiliência que podem favorecer o seu tratamento. Além disso,
proporciona ao homem falar sobre o câncer de próstata e suas vivências, por
meio da entrevista semiestruturada, observando assim a necessidade de um
encaminhamento para o serviço de Psicologia oferecido gratuitamente pelo
UniSALESIANO e Unidades Básicas de Saúde (UBS), desmistificando alguns
fatores que contribuam para a sua resistência. A verbalização que a entrevista
contribuiu para a exposição de alguns sentimentos diante do câncer de
próstata, que são pouco falados e, consequentemente, um alívio de angústias
e ansiedades.

1.5 Local da coleta de dados

A coleta de dados foi realizada na Unidade Básica de Saúde (UBS) “Dr.


Adalberto Ariano Crespo” do município de Lins-SP, localizada no bairro do
Junqueira. As Unidades Básicas de Saúde são administradas pela Secretaria
da Saúde (SESA) da Prefeitura Municipal de Lins, sob a responsabilidade da
secretária de saúde Cláudia Regina Nunes.
50

1.6 Critérios de inclusão

a. Estar em tratamento de câncer de próstata ou ter encerrado o


tratamento em até um ano no momento da pesquisa;
b. Ter idade compreendida entre 30 a 85 anos;
c. Concordar em participar da pesquisa através da assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

1.7 Critérios de exclusão.

a. Ter encerrado o tratamento ao câncer de próstata há mais de um


ano.
b. Tumor benigno na próstata;
c. Negar-se a assinar o TCLE.
51

CAPÍTULO V

ANÁLISE DE CONTEÚDO

A análise de conteúdo iniciou-se pela captação dos dados por meio de


um questionário semiestruturado baseado na metodologia clínico-qualitativa
proposta por Turato (2003). As entrevistas foram gravadas seguindo os
procedimentos éticos e transcritas posteriormente, elencando as categorias e
elementos a serem analisados. Participaram dessa pesquisa cinco homens,
com idade compreendida entre 62 e 82 anos, que estão em tratamento ao
câncer de próstata ou que já encerraram o processo em até um ano no
momento da entrevista.
Atualmente o homem tem transitado dos padrões rígidos de uma cultura
tradicional para se adequar a sociedade contemporânea. Sua identidade foi
construída historicamente e pautada na masculinidade e virilidade como forma
de se relacionar e se posicionar socialmente. Entretanto, com a crise da
masculinidade, os olhares desses indivíduos passaram a ser voltados para os
cuidados com a saúde, prevenção e o autocuidado, sem a preocupação de
represálias, como foi observado nos relatos a seguir.

Sempre cuidei (saúde) [...] é meio constrangimento né que faz a


operação por baixo e tem certas área que é mulher que vem fazer
curativo, mas a gente encara tudo numa boa né, eu trabalhei em
hospital aqui, homem é mulher, mulher vira homem é tudo igual.
(Entrevistado 3).

Sempre vou... (ao médico) [...] quando eu encontro uma pessoa aí, um
conhecido velho meu, eu falo pra ele que eu passei por isso...
Problema de próstata, então aconteceu isso e isso. (Entrevistado 4).

Sempre, sempre me cuidei, ainda a C. (companheira) falava pra mim:


“você fica procurando doença, você vai no médico todo dia, todo
mês”... Mas, é assim como se diz, preventivo né? [...] eu nunca
52

esperava o câncer, inclusive eu fazia o PSA, fazia o toque todo ano.


(Entrevistado 2).

[...] eu fazia o câncer de próstata pelo toque e pelo sangue, entendeu?


Aí teve um ano que apareceu um carocinho [...] (Entrevistado 5).

Atualmente, foi criado o termo metrossexual como forma de rotular o


homem contemporâneo que se apresenta dispondo de cuidados com a saúde,
estética, cuidados com a aparência física e vestimentas, entretanto sem alterar
a sua identidade, orientação sexual e masculinidade. (SILVA, 2006).

Aí um dia eu tinha cortado o cabelo e eu faço a barba todo dia, eu pinto


o cabelo, mas agora não achei a tinta certa que eu pinto, e pintei com a
tinta ruim e ficou vermelho. Mas, eu pinto com a tinta castanho escuro.
(Entrevistado 1).

O novo modelo do homem contemporâneo está pautado na


demonstração dos sentimentos e não em sua contenção. Além disso, possui o
direito de manifestar suas emoções, de amar, de ser sensível e não apenas ser
agressivo, ainda que publicamente, e sem se envergonhar. Outra possibilidade
é a de participar da educação dos filhos, de atividades domésticas e possuir
renda inferior a de sua companheira. (SILVA, 2006).

[...] eu pego lavo os trem da cozinha lá da janta lá, limpo tudo a pia,
fogão, pra hora que ela chegar tá tudo pronto pra fazer almoço, tiver
alguma coisinha [...] (Entrevistado 3).

Aqui em casa eu mexo com minhas bicicletas, arrumo cozinha, e ajudo


minha esposa, ajudo arrumar casa... E plantar flor. (Entrevistado 5).

[...] eu sou muito emotivo. (Entrevistado 2).

Esses relatos citados acima demonstram o cenário atual em que o


homem contemporâneo está inserido. A este, é permitido manifestações de
53

afeto, cuidados com a aparência e contribuição nos afazeres domésticos, sem


o constrangimento que isto causava anteriormente com o advento da
Revolução Industrial, que fortaleceu a mudança nos paradigmas.
Em contrapartida, mesmo com os avanços, alguns relatos evidenciaram
a existência de um tabu no que diz respeito ao câncer de próstata. Geralmente,
isso ocorre por conta dos indivíduos se sentirem invadidos pelos
procedimentos adotados, tanto para o tratamento quanto para a prevenção,
pois acreditam que está relacionado à perda da masculinidade e sentem sua
sexualidade afetada.
Campos et al. (2011) afirmam que a angústia e o humor depressivo
resultante da disfunção erétil são os fatores mais difíceis a serem enfrentados,
pois gera no indivíduo com câncer de próstata incapacidade sexual e baixa
autoestima, ocasionando dificuldades conjugais e emocionais.

Na verdade, quem tem essa doença quase não gosta de comentar.


Tem um monte de gente inclusive... Tem pessoas que vão à minha
casa que tem isso aí e já vi pessoas perguntarem: “Mas como foi lá?” e
respondem: “Por favor, eu não quero falar sobre isso”. (Entrevistado 1).

[...] sabe o homem como é meio machista [...] (Entrevistado 2).

[...] tem muitos cara aí que quer dar uma de machão e morreram com
câncer de próstata, outros aí que conheço então graças a Deus eu
cortei o mal pela raiz [...] a minha foi a radical tirou toda a próstata, e
muitos falam que o cara fica broxa mais não tem nada a ver.
(Entrevistado 3).

Apesar de todas as mudanças ocorridas em relação ao conceito de


masculinidade, ainda existem barreiras em relação à prevenção e cuidados a
saúde do homem, como no caso do câncer de próstata. Pois, entre as medidas
preventivas destaca-se o toque retal, o qual mexe com o imaginário masculino,
visto que o mesmo traz o medo de sentir dor, sendo ela física e simbólica. A
possibilidade de ser penetrado traz representações de invasão e violação de
seu espaço e mesmo aqueles que possuem mais acesso às informações
54

podem demonstrar a resistência e constrangimento em relação ao exame.


(GOMES, 2003).
Atualmente uma doença que vem acometendo cada vez mais os
homens é o câncer de próstata. Segundo Small (2005) o câncer de próstata é
definido como o tipo de doença mais frequente no público masculino,
apresentando grande incidência de novos casos a cada ano. Ou seja, é uma
enfermidade temida e presente na realidade do homem contemporâneo.
Receber o diagnóstico do câncer suscita no paciente algumas reações,
considerando a individualidade, cada um irá reagir de uma forma particular,
levando-se em conta suas experiências anteriores. Entretanto, é comum
observar algumas manifestações psíquicas diante do diagnóstico, tais como:
sentimentos de finitude, depressão, negação, ansiedade, entre outros.
Segundo Tofani e Vaz (2007) após receber o diagnóstico do câncer, os
pacientes expressam pensamentos de finitude, negação e isolamento, devido
às representações da doença construída socialmente. Em razão disso, o
diagnóstico é frequentemente recebido juntamente com sintomas depressivos,
pela dificuldade existente de interiorizar a aceitação.
Diante disso, foi possível observar nos relatos falas que caracterizam as
manifestações anteriormente citadas.

Ah, você pensa que vai morrer. (Entrevistado 1).

O sentimento que ia acontecer o pior, que ia morrer, sei lá.


(Entrevistado 2).

Vixi... Aí eu fiquei louco, aí eu... Nem saia mais [...] a primeira coisa que
vem na cabeça: “Eu vou morrer” [...] você fica muito assim, triste né?
São 24 horas que você não tira da cabeça aquilo lá, né, você receber
uma notícia que está com uma doença dessa, é dia e noite que você
pensa. Você dorme um pouquinho, acorda e pensa: “Aí meu Deus do
céu e agora?”. (Entrevistado 1).

[...] medo de morrer a gente fala que não tem, medo de morrer... Mas,
nessas horas a gente percebe que a morte está próxima da gente, né?
55

[...] olha pra mim foi um golpe bastante pesado [...] eu nunca esperava
o câncer [...] mas, infelizmente apareceu isso aí. (Entrevistado 2).

Observou-se também, a negação como um sintoma psíquico presente


no discurso. Kübler-Ross (1969) descreve que a negação refere-se ao período
inicial no qual ocorre o sofrimento psíquico diante do diagnóstico sendo
frequentemente identificados questionamentos de negação.

[...] ele falou pra mim, ah você tá com... Isso, eu falei, ah não tenho
nada não, vocês estão falando, eu não tenho nada, entendeu?
(Entrevistado 5).

Assim como o diagnóstico, o tratamento também carrega cargas


expressivas de angústias e sofrimentos físicos e emocionais.
O processo do tratamento do câncer causa efeitos colaterais que se
tornam desgastantes ao paciente. Além de afetar as células tumorais,
produzem sinais físicos frequentes, como náuseas, diarreia, vômito e alopécia,
resultando, consequentemente, no sofrimento psíquico e emocional e
prejudicando a qualidade de vida do enfermo. (TOMAZ; VERAZ JUNIOR;
CARVALHO, 2015).
O sintoma físico foi citado no depoimento dos entrevistados, tais como a
incontinência urinária, fraqueza, náusea, enjoo e disenteria.

[...] é só fazer força que solta a urina né, mas ontem fiquei o dia inteiro
em casa tudo, tô normal, mas que nem eu vou lavar o carro ou fazer
qualquer serviço, porque agora tô querendo podar uma árvore na frente
de casa ai o bicho pega, tenho que trocar a fralda umas duas vez por
dia, fralda não que eu pego a fralda e corto no meio só uso a metade,
às vezes a gente passa o dia inteiro e tá enxutinha, mas se começar a
se movimentar, trabalhar.... Então toda vez que eu ia lá o doutor
falava... Vai parar, vai parar sim, ai eu falava, vai parar, mas até agora
não parou não. (Entrevistado 3).

[...] então, 90% das pessoas dá disenteria, dá vômito, dá depressão, dá


56

uma série de coisas, passa mal [...] eu não senti nada, mas agora de 1
mês para cá, eu comecei a sentir [...] se eu comer talvez uma coisa que
eu gosto, um pouquinho a mais, dá enjoo. Estou com um pouco de
fraqueza, sabe? O que não deu quando eu fiz a radioterapia, está
dando agora. (Entrevistado 1).

Todo o processo de tratamento ao câncer traz sofrimento psíquico e


emocional ao indivíduo devido às representações que a doença carrega, bem
com os sinais físicos que influenciam no bem estar do doente. Os entrevistados
destacaram em sua experiência, a presença da depressão que se torna muito
comum, e isolamento, tristeza e a ansiedade como as principais manifestações
presentes em sua vivência.

Fiquei um pouco (ansioso), mas na verdade as pessoas que ficam lá, a


maioria saem com uma depressão profunda, saí doente mesmo, com
uma depressão violenta [...] tinha dias que eu não conversava [...]
quando você está assim em um lugar de gente doente, qualquer
pessoa sente, fica triste [...] (Entrevistado 1).

Lá (casa de apoio) tem horas que você não tem vontade de falar com
ninguém, entendeu? [...] sabe que teve um dia que me deu assim, olha,
me deu vontade de vim embora, acho que estava entrando em
depressão. (Entrevistado 2).

Foi possível identificar no discurso a barganha, outra etapa de


enfrentamento sugerida por Kübler-Ross (1969) na qual descreve a tentativa
que o paciente estabelece acordos internos como forma de aumentar sua
expectativa de vida.

Eu tenho mania de conversar com o pai: Ah, se eu viver mais uns seis
anos, está bom, né? (Entrevistado 1).

Um fator que vem sendo mais discutido para diante do enfrentamento do


câncer de próstata é a resiliência, assim como seus elementos que auxiliam em
57

sua manutenção. A psicanálise descreve a resiliência a partir do traumatismo


gerado e da capacidade do aparelho intrapsíquico do indivíduo de criar novas
condições psíquicas como forma de enfrentamento. (CABRAL;
LEVANDOWSKI, 2013).
O trauma é originado por situações que provocam sentimentos aflitivos,
como intensas dores físicas, angústia, susto ou vergonha e está relacionado à
vulnerabilidade do indivíduo afetado. (FREUD, 1895).
Um aspecto percebido nos relatos como fundamental para a
manutenção da resiliência é o apoio familiar que auxilia no processo de
enfrentamento da doença.
Cyrulnik (2004) ressalta que se o indivíduo se encontra em um meio,
cuja família não apresenta o aporte necessário para o enfrentamento daquela
agressão, o sujeito consequentemente cria mecanismos de defesa, negação,
segredos e angústia agressiva. Isso impede a instalação de recursos da
resiliência.

É, principalmente a S. (filha), ela foi importante. Era ela que me levava


com o carro dela [...] os telefones que vinha fazendo chamada pra
comparecer lá, vinha pra casa dela, pro celular dela e ela me
comunicava... Marcava o dia, o horário, aí ele pegava com o carro dela
e me levava em Penápolis e Araçatuba. (Entrevistado 4).

[...] o apoio da família ajuda bastante [...] minhas filhas “não pai, não
pai, o senhor vai ficar bom” tá sempre falando. (Entrevistado 2).

Os meus filhos no que eu precisar [...] ajuda [...] os três tem carro. Fim
de semana ficou marcado... Um fim de semana um, no outro, outro
(filho) para me buscar lá em Botucatu na casa de apoio. (Entrevistado
1).

Diante disso, pode-se perceber a importância da família no processo do


adoecimento, pois ela oferece o acolhimento e o suporte para que o indivíduo
crie mecanismos de enfrentamento. Cremasco (2008) define que a superação
do trauma inicialmente ocorrerá a partir da utilização dos recursos
58

internalizados em sua memória e posteriormente necessitará de recursos


externos, como uma instituição social ou cultural e uma relação de afeto que
lhe ofereça o suporte necessário para a superação.
Por fim, a probabilidade de ser acolhido de maneira afetuosa, de
palavras e atividades que a sociedade propõe, às vezes, disponibiliza às
pessoas doentes tutores de resiliência, nos quais poderão auxiliar na retomada
de um desenvolvimento após o trauma. (CYRULNIK, 2004).
A fé e a religiosidade também se mostram presentes nos discursos
apresentados pelos entrevistados, constituindo mais um elemento promotor da
resiliência.
Segundo Rodrigues e Polidori (2012) a resiliência presente no indivíduo
se dá através de fatos como questões pessoais, crenças, valores, coragem, fé,
pensamentos positivos e a ânsia pela cura.

Tava (confiante), primeiro a gente confia naquele lá de cima né [...] só


pedia a proteção de Deus, é o único que pode nos valer né [...] eu não
sou católico, nem evangélico de tá todo dia na igreja, mas eu acho que
Deus sempre me atendeu meus pedido [...] (Entrevistado 3).

Sempre botei muita fé em Deus [...] em primeiro lugar eu apoio com


muita fé em Deus né [...] eu sinto muito feliz, graças a Deus estou
alegre [...] (Entrevistado 4).

Ah, eu não sei te explicar, mas a gente tem muita fé em Deus [...] eu
aprendi que é primeiramente Deus e depois o tratamento médico.
(Entrevistado 2).

A busca por outras atividades ou ocupações nos pacientes em


tratamento do câncer de próstata são consideradas atitudes resilientes como
forma de direcionar suas energias para atividades tidas como prazerosas.
Em relação à doença, o indivíduo se mostra resiliente quando sabe ou
aprende a lidar com seu adoecimento, aceitando sua nova condição e limitação
na qual se encontra, se adaptando, enfrentando com concordância o
tratamento imposto e necessário. Angst (2009) ressalta que através da
59

resiliência o indivíduo passa a buscar possibilidades para sobressair a essas


adversidades, fazendo uso de recursos internos, ou seja, em si mesmo e no
meio que o rodeia, de maneira que venha colaborar para o enfrentamento dos
problemas.

Eu ia para o clube, ficava lá no clube na parte da tarde, ficava lá com o


pessoal [...] e eu saio também no fim de semana, vou ao jogo de
futebol no campo, sabe? Vou assistir o pessoal jogar. Nos dias da
semana no Country tem rodada no campeonato e eu vou lá assistir o
pessoal jogar bola [...] eu nado uma hora e meia todo dia [...] eu moro
em frente, na casa que tem um pé de coco. Ali é três, quatro
churrascos por semana (risos). Os amigos meus e os amigos do meu
filho vão lá assar carne. (Entrevistado 1).

É que tem certos tipos de problema que a pessoa fica de cama, sente
dor e tudo, então eu nunca passei por isso. Sempre fazendo minhas
caminhadas, sempre carpindo o meu quintal, fazendo vassoura, é isso
aí, sempre fiz isso aí [...] eu acho que essas caminhadas minhas tem
sido uma grande coisa na minha vida. Essas caminhadas, esse
servicinho que eu faço. Sem ser essas caminhadas, eu vou às vezes
daqui, lá no centro, dá um quilometro. Eu vou lá, sei dirigir meus
negócios, vou na farmácia, vou no banco, vou no posto de saúde e
tudo, e... Quer dizer que além da caminhada ainda tem mais essas
caminhadas [...] eu toco, eu canto [...] sempre cantei música sertaneja
aqui na minha casa, sempre diverti, sempre diverti. (Entrevistado 4).

A busca por outras atividades torna o homem ativo diante a doença,


caracterizando uma via para que o mesmo se sinta útil e capaz de
desempenhar tarefas sociais. Sendo o homem considerado um ser ativo frente
ao meio no qual transita, tem-se como suposição de que quanto mais resiliente
for frente às adversidades, maiores serão as possibilidades de vantagens no
enfrentamento as suas dificuldades. (DELL‟AGLIO, 2011).
60

Algumas experiências traumáticas anteriores ao câncer, relatadas pelos


entrevistados, contribuíram para manutenção da resiliência, fazendo com que
eles conseguissem se reestabelecer diante da vivência do adoecimento.

Ah, sobre o câncer... Isso todo mundo tem [...] eu mesmo tive uma irmã
minha que morreu de câncer [...] ela falava “é o seguinte, quando eu
morrer não quero ninguém chorando no meu caixão [...] não quero que
ninguém chora, a gente tem que ser firme [...] inclusive, minha irmã
teve um câncer também, na cabeça, do tamanho de uma laranja, fez
cirurgia agora pouco tempo [...] depois de seis meses eu perdi outro
irmão [...] o meu irmão foi acidente de bicicleta [...] outro irmão meu
veio lá de (cidade) se enforcar aqui. (Entrevistado 5)

Minha mãe teve trombose, amputou a perna, e eu tenho diabetes,


então eu convivia assim na minha cabeça que um dia ia me dar
trombose e eu ia ter que amputar o órgão. (Entrevistado 2).

O psicanalista Cyrulnik (2004) descreve que atualmente o traumatismo é


considerado como uma ocorrência atroz, a qual impede o indivíduo de um
crescimento previsível e sadio. Segundo o autor, o indivíduo que vivenciou
situações traumáticas consegue se reestabelecer devido aos mecanismos de
defesa interiorizados na primeira infância. A estrutura do primeiro ataque
sofrido explica os danos dessa agressão, o ferimento ou a falta. Porém, a
interpretação atribuída na história do indivíduo no âmbito familiar e social será
responsável por explicar os impactos devastadores do segundo golpe, o
gerador do traumatismo.
O trauma é resultado de uma experiência que não foi elaborada, onde o
indivíduo não consegue atrelar o fato ocorrido a sua história de vida. De acordo
com Zimerman (2004) a palavra “elaboração” remete ao trabalho que a mente
do paciente está realizando para assimilar os insights parciais obtidos no
decorrer da análise. O processo de elaboração geralmente é acompanhado de
uma dor psíquica, sendo que essa pode ter dois significados diferentes. Trata-
se da dor que é sentida, mas não elaborada e a outra refere-se ao “sofrer” essa
dor, ou seja, o paciente entra em contato com seu sofrimento psíquico. Isto
61

significa que está ocorrendo a elaboração na perspectiva de ressignificar o


traumatismo.
Nas entrevistas realizadas foi possível observar as novas significações
atribuídas pelos participantes durante e após o tratamento ao câncer de
próstata através dos planos futuros, mesmo com o acontecimento traumático
vivenciado por eles.

Conforme vem acontecendo eu imagino que meu futuro é daqui pra


melhor, porque toda vez que eu faço o retorno tá dando melhora, então
quer dizer que o que eu considero é isso aí. A minha idade já é uma
idade suficiente pro ser humano usar, né. Agora aí é Deus é que
manda, se Ele quiser dar mais anos eu aceito (risos). (Entrevistado 4).

Ah, eu tenho planos de viver mais uns 30 anos, espero [...] para ver
meus netos crescer. (Entrevistado 2).

[...] tenho que tocar o barco [...] Deus me deu a perna e os braços
perfeitos, enquanto eu tiver saúde eu quero trabalhar [...] e mexer com
minhas florzinhas. (Entrevistado 5).

Eu tenho um plano, porque eu vendi o rancho lá, e agora não tem mais
onde eu passar o fim de semana né, e eu tô vendo o loteamento que
vai sair aqui (lugar). (Entrevistado 3).

[...] eu vou fazer 63 anos e chega um ponto que o dinheiro que você
tem não vale mais nada, o carro que você tem não vale nada, sua casa
não vale nada [...] a minha vida é essa [...] o pessoal lá em casa vai
fazer festa [...] Um leva um quilo de carne, o outro leva refrigerante,
assim os amigos para fazer a festa [...] de quarta e sexta [...] mas parar
tudo, eu não paro não, eu gosto de uma festa. (Entrevista 1).

A elaboração é um processo de descobertas, por isso pode proporcionar


prazer, evitando que se instale o mecanismo de defesa da negação,
possibilitando um alívio ao indivíduo atrelado ao sentimento de autenticidade.
62

Em contra partida, o trabalho de elaboração implica em um certo grau de


sofrimento, pois requer do sujeito renúncia a aspectos idealizados e aceitação
das perdas, enfrentando pressões sociais e pessoais. (ZIMERMAN 2004).
No contexto da construção histórica do homem, visto como um ser
onipotente pelos ideais sociais, precisa se desvencilhar desse atributo que será
substituído pela capacidade de reflexão, como também a onisciência na qual
deve sucumbir ao aprendizado com as experiências e por último o individuo
deve dar espaço ao reconhecimento de sua prepotência, em outras palavras,
terá que entrar em contato com sua fragilidade, parte infantil e desamparo.
Diante do observado nos resultados podemos observar que o
enfrentamento do câncer de próstata pode requerer do sujeito muito mais do
que um tratamento médico físico e químico, exigindo com isso que esse sujeito
possa revisitar seus valores e crenças, no sentido de superar alguns medos e
representações sobre a doença, bem como pode utilizar recursos dos quais já
introjetou em sua história, dos quais poderão ampliar sua capacidade para lidar
com o adoecimento.
A resiliência nesses casos mostrou a potencialidade psíquica do sujeito
enfrentar sua realidade de um modo sadio, dando recurso a esse de superar o
elemento do traumático.
A busca pelos recursos resilientes do sujeito se faz necessária na
compreensão da terapêutica atual. Contar com o sujeito em todas as suas
dimensões mostra-se cada vez mais um recurso necessário como uma forma
de suplantar um modelo tradicional de tratamento.
63

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da pesquisa, foi possível observar que o diagnóstico do paciente


oncológico é recebido com grande pesar tanto para o indivíduo quanto para a
família, pois gera grande carga de angústia, visto que o diagnóstico de câncer
traz representações de morte e finitude.
Muitas vezes, o diagnóstico do câncer de próstata é obtido tardiamente
pela resistência do homem em relação à prevenção e aos cuidados com a
saúde. Porém, a crise da masculinidade possibilitou mudanças significativas no
processo saúde-doença do homem, tais como a manifestação de sentimentos,
cuidados com a saúde, prevenção, cuidados estéticos, participação ativa na
criação dos filhos e dos afazeres domésticos.
Esses avanços contribuíram para o enfrentamento do tratamento, pois
desmistificam algumas concepções errôneas acerca da forma como ocorre a
terapêutica. Também contribuem para desestigmatizar a visão de que o
homem que busca o autocuidado perde a sua masculinidade e virilidade.
O tratamento do câncer de próstata provoca sofrimentos físicos e
psíquicos para o homem. Muitos vivenciam a ansiedade, depressão,
isolamento e a tristeza em decorrência de todo o processo. Além disso,
convivem com os desconfortos físicos como a incontinência urinária,
impotência sexual, enjoos, náuseas, tontura e alopécia. Todos esses sintomas
afetam a qualidade de vida do homem adoecido.
O novo cenário em que o homem está inserido foi evidenciado através
da pesquisa realizada, pois no levantamento do público-alvo não houve
oposições e limitadores dos convidados a falar sobre a temática do câncer de
próstata. Isso reafirma a teoria discutida, em que coloca o homem como ativo
frente ao processo de mudanças, confirmando a influência positiva da
resiliência nessa vivência.
A resiliência se insere nesse contexto como facilitadora da elaboração
psíquica do adoecido, proporcionando a capacidade de enfrentamento e
reabilitação do indivíduo frente às adversidades e contribuindo para a
manutenção da qualidade de vida e na recuperação do domem. Os elementos
resilientes encontrados nos discursos referem-se ao apoio familiar, as crenças
64

e a busca ou manutenção por outras atividades e ocupações, as quais tornam


o homem ativo frente à doença.
65

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

De acordo com análise dos resultados, observou-se a importância de


projetos de políticas públicas voltados para o público masculino. Oferecer
aporte para que os homens possam receber informações acerca da
importância da prevenção, isso iniciando nas unidades básicas de saúde, tendo
em vista que essa é a assistência primária que acolhe a maior parte da
demanda municipal. Promover palestras, encontros com profissionais da
saúde e o público masculino, visando sanar as dúvidas, desmistificar
concepções errôneas acerca dos exames e tratamentos.
A proposta de intervenção está voltada em facilitar o acesso à porta de
entrada aos homens nas UBS, visto que se torna referência em tratamento aos
pacientes que utilizam os serviços para, posteriormente, serem encaminhados
e orientados aos serviços especializados. Por isso, a importância de realizar
atividades educativas no serviço primário para que a resistência masculina seja
diminuída frente ao tema que ainda gera preconceitos, favorecendo a
realização dos exames preventivos de câncer de próstata.
Ao oferecer acesso a informações sobre exames e terapêuticas,
favorece a aquisição de conhecimentos, e consequentemente diminui a
ansiedade e angústia diante de uma hipótese diagnóstica. Diante disso,
ocorrerá uma abertura ao homem para expor suas demandas para o
profissional capacitado aos cuidados.
No âmbito individual, propõe-se acompanhamento psicoterápico, que
contribuirá para aquisições de meios de enfrentamento, de questões
secundárias a doença. Oferecendo espaço onde o homem ganha voz, para
falar sobre sentimentos e angústias, evitando a negação da doença, o que
favorece o processo de tratamento e contribuindo para elaboração psíquica do
processo saúde-doença.
66

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75

APÊNDICE

APÊNDICE A – Entrevista semiestruturada

1 – Qual o sua idade?


2 – Onde mora? E com quem reside?
3 – Como é a sua rotina atualmente?
4 – Como era a sua rotina antes do diagnóstico?
5 – Como recebeu o diagnóstico do câncer de próstata?
6 – Qual foi sua reação diante do diagnóstico?
7 – Qual o tipo de tratamento que o médico prescreveu? Conte sua
experiência.
8 – Tem/teve algum sofrimento ou dificuldade com o tratamento?
9 – Quando o tratamento parece estar sendo difícil, como você lida com isso?
Conte-nos sobre isso.
10 – Como se sentiu após o início do tratamento?
11 – Hoje você se sente melhor? Conseguiu identificar atitudes suas que
contribuíram para a sua melhora?
12 – Onde buscou ajuda para enfrentar esse processo? E como isso contribuiu
para o enfrentamento da doença?
13 – E a família tem ajudado? Conte-nos sua experiência.
14 – Como se sente falando sobre o câncer de próstata com outras pessoas?
15 – Quais os aspectos positivos percebidos no decorrer do tratamento?
16 – Como imagina que será o seu futuro? E quais os planos que possui?
76

APÊNDICE B – Carta de informação ao participante

CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE DE PESQUISA

Projeto de pesquisa: Resiliência de pacientes em tratamento ao câncer de


próstata.

A pesquisa a ser realizada recebe o título de “Resiliência de pacientes


em tratamento ao câncer de próstata”. A resiliência é a capacidade do indivíduo
de passar por um momento difícil, conseguir se adaptar e superar de forma
positiva as dificuldades.
Possui como objetivo a investigação da influência da resiliência em
homens que estão ou foram afetados pelo câncer de próstata, ou seja, busca
compreender os benefícios da resiliência para o tratamento da doença.
Será aplicada a entrevista semiestruturada, isto é, com perguntas sobre
a experiência enfrentada durante o tratamento ao câncer de próstata. As
entrevistas serão gravadas através de áudio para depois serem escritas no
trabalho de pesquisa, preservando a identidade dos participantes, ou seja, o
nome não será divulgado.
A pesquisa apresenta poucos riscos, tendo em vista que não se trata de
uma pesquisa invasiva, sendo que os fatores mais consideráveis podem
envolver o constrangimento dos participantes no momento da entrevista, e o
contato direto com questões que os fazem retomar o processo de tratamento,
podendo ou não lhes causar sofrimento.
Com o objetivo de minimizar possíveis riscos, o processo de entrevista e
interação com os participantes se ocorrerá em local privado para que os
mesmos se sintam mais seguros e confiantes para colaborar com os
pesquisadores, avançando então essa etapa de forma sigilosa e discreta. Além
de buscarmos os participantes vinculados a uma rede de apoio que oferecera
suporte aos mesmos, caso necessitem.
A pesquisa aponta como benefício a identificação pelo próprio sujeito de
elementos da resiliência que podem favorecer o seu tratamento. Além disso,
proporciona ao homem falar sobre o câncer de próstata e suas experiências,
por meio da entrevista semiestruturada, observando assim a necessidade de
77

um encaminhamento para o serviço de Psicologia oferecido gratuitamente pelo


UNISALESIANO e Unidades Básicas de Saúde (UBS). A verbalização que a
entrevista proporciona, contribui para a exposição de alguns sentimentos diante
do câncer de próstata pouco falado e consequentemente alívio de angústias e
ansiedades.
A pesquisa propõe acessar um público restrito, com o objetivo de
contribuir para futuras pesquisas acerca do universo masculino e do câncer de
próstata.
O participante da pesquisa deve assinar o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido e esta Carta de Informação ao Participante da Pesquisa,
sabendo que existe a liberdade para solicitar sua exclusão da pesquisa a
qualquer momento, sem prejuízo algum.
Por estarem entendidos, assinam o presente termo.

Lins, ............. de ............... de 2017.

.............................................................
Assinatura do Participante da Pesquisa

.............................................................
José Ricardo Lopes Garcia
78

ANEXO C – Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO


(T.C.L.E)

Eu................................................................................................................
........ , portador do RG n°. ............................................................, atualmente
com ............. anos, residindo na
...............................................................................................................................
.... , após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE DA
PESQUISA, devidamente explicada pela equipe de pesquisadores Ingrid dos
Santos de Almeida, Priscila de Oliveira Guimarães e Vanessa Leal Assem,
apresento meu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO em participar da
pesquisa proposta, e concordo com os procedimentos a serem realizados para
alcançar os objetivos da pesquisa.
Concordo também com o uso científico e didático dos dados,
preservando a minha identidade.
Fui informado sobre e tenho acesso a Resolução 466/2012 e, estou
ciente de que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial
guardada por força do sigilo profissional e que a qualquer momento, posso
solicitar a minha exclusão da pesquisa.
Ciente do conteúdo, assino o presente termo.

Lins, ............. de ............... de 2017.

.............................................................
Assinatura do Participante da Pesquisa

.............................................................
José Ricardo Lopes Garcia
Rua: Dr. Gonzaga Machado, 5-35, Bauru-SP.
(14) 997111503
79

ANEXO D – Consentimento para fotografias, vídeos e gravações

CONSENTIMENTO PARA FOTOGRAFIAS, VÍDEOS E GRAVAÇÕES

Permito que seja realizada a gravação do áudio da entrevista


semiestruturada, para fins da pesquisa científica intitulada “Resiliência de
pacientes em tratamento ao câncer de próstata” e concordo que o material
e informações obtidas relacionadas à minha pessoa possam ser publicados em
eventos científicos ou publicações científicas. Porém, eu não devo ser
identificado por nome ou rosto em qualquer uma das vias de publicação ou
uso.
A gravação do áudio ficará sob a propriedade do grupo de
pesquisadores pertinentes ao estudo e, sob a guarda dos mesmos.

Lins, _____ de ____________ de 2017.

________________________________
Nome e assinatura do participante
CPF: ____________________
80

ANEXO

ANEXO A – Parecer Consubstanciado


81
82

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