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Panorama Geral do livro: A IDENTIDADE DO SUJEITO

CONSTITUCIONAL DE MICHEL ROSENFELD.

A identidade do sujeito constitucional não pode se confundir com as demais identidades,


como identidade religiosa, identidade nacional, etc. Nele, busca-se ler a constituição abrindo
mão da interpretação por parte de identidades religiosas, nacionais, etc.
Uma identidade constitucional é complexa, porosa, sempre em construção. É ao estudo dessa
forma de identidade e como ela se propaga na sociedade que se dedica Rosenfeld em seu livro
“A identidade do sujeito Constitucional”, é uma obra extremamente complexa, visto que
incorpora a rica tensão entre o constitucionalismo, como experiência universal da sociedade
moderna, e as diferentes tradições históricas constitucionais que dão vida à esse
constitucionalismo.
Rosenfeld discorre à respeito da natureza evasiva do sujeito constitucional. A própria
ideia de identidade constitucional advém dos sujeitos constitucionais, entretanto, até mesmo a
definição desses sujeitos dá-se de forma problemática e evasiva, uma vez que a própria palavras
“subject” pode vir a referir-se ao sujeito que se sujeita à Constituição, àqueles que elaboram a
Constituição ou mesmo à matéria que é objeto da Constituição. Ele ressalta que, além do fato
de a identidade estar propensa a alterar-se com o tempo, a identidade constitucional está sujeita
a afundar-se em relações complicadas com as demais identidades. É preciso, portanto, que
trace-se linhas que interliguem a história constantemente em movimento da identidade
constitucional, para que a mesma não se perca ou não se confunda com outras identidades
existentes, visto que ela pode chegar a ser conflitante, distinta e oposta às demais identidades
relevantes.
Uma vez que as Constituições escritas são passíveis de diferentes interpretações
plausíveis, visto que são escritas e não seria possível abortar todas as matérias à ela incumbidas
de forma detalhada e completa. Sendo assim, uma vez que a sociedade está em constante
mudança e é necessário que as normas se adequem socialmente, as constituições permanecem,
e devem mesmo permanecer, sempre abertas à interpretações. Entretanto, essa abertura à
interpretações, juntamente com a possibilidade de emendas constitucionais, podem conflitar-se
diretamente com a identidade constitucional construída no país até o momento.
A identidade constitucional, para Rosenfeld, surge, portanto, como algo complexo,
parcial, fragmentado e incompleto. Com isso, ele chega à conclusão de que seria, portanto, mais
fácil estabelecer o que o sujeito e a matéria constitucionais não são do que colocar o que eles
são. Ele considera, assim, que a identidade do sujeito constitucional desenvolve-se em um hiato,
algo vazio, uma ausência; uma vez que ele se dá por algo incompleto, necessitando
constantemente de reconstrução, reconstrução essa que não pode ser definitiva, não a
estagnando.
Segundo Rosenfeld, a questão do sujeito emerge da necessidade do confronto com o
outro. A existência ou o lugar do sujeito não serão capazes de levantar problemas significativos
até que seja percebida a clivagem entre o “eu” e o “outro”. O condicionalismo moderno coloca
em contraste estes dois aspectos. Baseando-se na Fenomenologia de Hegel e na psicanálise de
Lacan, evidencia-se que o confronto entre o “eu” e o “outro” decorre da relação entre o sujeito
e o objeto. O sujeito está sempre desejando alcançar um objeto, e ao alcança-lo, parte para a
busca de outro objeto, a falta ou a separação do sujeito para com o objeto causa no mesmo a
sensação de carência, ausência e incompletude. A questão do sujeito, portanto, aparece apenas
depois de um mesmo haver experienciado tais sensações. Que se dão quando percebem que as
suas relações limitam-se a objetos. Sendo assim, o “eu” procura o “outro” buscando
reconhecimento. A identidade do sujeito acaba por se tornar predicável com o reconhecimento
dos outros.
Uma vez sendo o detentor do poder constituinte, o sujeito constitucional parece em
condições de impor sua vontade. Entretanto, quando a situação é analisada de forma mais
aprofundada, vê-se que assim como os correlatos de Hegel e Lacan o sujeito constitucional
surge como uma carência ou como alienado. É percebido que o sujeito constitucional prende-
se às certas heranças e tradições. Essas tradições são, na verdade, transformadas e incorporadas
à nova ordem. É necessário que no presente, os constituintes forjem uma identidade que
ultrapasse sua subjetividade. Fazendo com que surja um vácuo resultado do distanciamento
entre os próprios constituintes e a comunidade política. Uma tentativa para o preenchimento
deste vazio é o estabelecimento de uma identidade comum, o próprio texto constitucional; o
qual acaba por conjugar os vários “eu” a seus outros.
Visto que o sujeito constitucional só adquire identidade no domínio intersubjetivo do
discurso constitucional, ressalta-se que sua personificação não deve ocorrer, uma vez que nem
os constituintes, nem os intérpretes da constituição são propriamente o sujeito constitucional.
Eles formam partes desse sujeito, pertencendo a eles, entretanto, o sujeito constitucional não se
resume a isso. Ele deve ser construído e reconstruído, o que são duas coisas distintas. A
construção é necessária pois a tomada de decisão constitucional sempre ocorre a partir de
condições que excluem a possibilidade de uma determinação completa.
A reconstrução, em seu turno, visa harmonizar os elementos existentes com os elementos
novos. As principais ferramentas para a reconstrução são: a negação, a metáfora e a metonímia.
A configuração do sujeito ocorre na medida em que é negado o recurso exclusivo às demais
formas de identidade relevantes. Nesse processo, se da o abandono de identidades tradicionais
e são reprimidas as formações de identidades positivas, visando-se proteger certas identidades
não constitucionais. Essas identidades que foram, inicialmente, negadas, podem se integrar
novamente, entretanto, de forma seletiva. A metáfora, por sua vez, é a ferramenta que fornece
o ponto de apoio da relação dialética entre a identidade (no sentido de similaridade) e a
diferença. A partir de um processo de combinação e substituição, ela explora similaridades e
equivalências, visando forjar vínculos de identidade; além disso, ela colabora para o
assentamento de pontos essenciais de referência da ordem constitucional. Por sim, mas não
menos importante, tem-se a ferramenta da metonímia, que se dá em contraposição da busca da
metáfora por similaridades relacionadas a um código. Ela promove relações de contiguidade no
interior de um contexto. Na argumentação jurídica, é dada na intenção de demonstrar que as
analogias propostas, ultrapassam o caso. A metonímia também contribui para definir a
identidade do sujeito constitucional, uma vez que busca garantir o pluralismo e a
heterogeneidade, ela assegura as bases do constitucionalismo, preenchendo o vazio supracitado
entre o “eu” e o “outro”.
Após analisadas tais ferramentas, o autor trata da dialética presente nas mesmas, a qual
expressa certa abstração, assim como, possui repercussões no âmbito da concretude. A partir
dessa dialética, por fim, Rosenfeld explora o potencial e as limitações do sujeito constitucional
em sua luta por alcançar um equilíbrio em um cenário sócio politico que esta sempre em
constante mudança.
A construção e a reconstrução do sujeito constitucional encontram limites estruturais,
funcionais e culturais. A relação de separação entre o “eu” e o “outro” é insuperável; podendo
se dar de forma externa ou interna, mas sempre dentro dos limites impostos. Configura-se
interna a relação quando a comunidade política constitucional é pluralista, e externa quando
essa comunidade distingue-se das demais. Sendo assim, o equilíbrio entre “eu” e “outro” se dá
da melhor forma quando o máximo possível de diferenças conseguir ser abarcado, visto que o
ideal de integrar todas elas é inalcançável. Com isso, deve-se lembrar que todas as identidades
constitucionais são falhas, insuficientes e sempre em carência constante, necessitando sempre
de reconstruções e aperfeiçoamento.

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