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Básica na Universidade
Departamento de Física
Universidade Federal de Minas Gerais
Edição Junho/2018
1
© 2018, Os Autores
Esse livro não pode ser comercializado sob qualquer forma sem autorização escrita de todos os Autores.
2
Sumário
Apresentação ................................................................................................................................ 5
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA ........................................................................... 6
Avaliação e expressão de medições e de suas incertezas ............................................................. 7
Apresentação de tabelas e gráficos ............................................................................................. 16
Ajuste de uma curva aos dados experimentais ........................................................................... 17
EXPERIMENTOS DE MECÂNICA ................................................................................................ 20
Movimento retilíneo com aceleração constante ......................................................................... 21
Movimento de um projétil .......................................................................................................... 24
Forças impulsivas ....................................................................................................................... 28
Propriedades elásticas de sólidos................................................................................................ 31
Constante elástica de molas ........................................................................................................ 33
Deformação elástica de uma haste: constante de flexão e módulo de flexão ............................ 35
Movimento harmônico simples: sistema massa-mola ................................................................ 39
Momento de inércia: movimentos combinados de translação e de rotação .............................. 43
Colisão inelástica ........................................................................................................................ 49
Densidade de um líquido ............................................................................................................ 51
Pêndulo de torção ....................................................................................................................... 53
Força de atrito estático................................................................................................................ 56
Deformação inelástica e processo irreversível ........................................................................... 58
Tensão superficial....................................................................................................................... 61
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA ................................................................................... 66
Calor específico da água ............................................................................................................. 67
Determinação da capacidade térmica de um calorímetro ........................................................... 69
Gases ideais ................................................................................................................................ 71
Calibração de um termopar ........................................................................................................ 74
Calor específico de um gás: determinação de pelo método de clément-desormes ................. 78
Calor específico de um gás: determinação de pelo método de rüchhardt .............................. 81
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO ........................................................................... 84
Elemento resistivo linear ............................................................................................................ 85
Resistividade elétrica .................................................................................................................. 88
Resistência interna de um voltímetro ......................................................................................... 90
Análise de circuitos elétricos: regras de kirchhoff ..................................................................... 92
Campo magnético da terra .......................................................................................................... 94
Circuito rc ................................................................................................................................... 97
Campo magnético no centro de uma bobina ............................................................................ 100
3
Lei de indução de faraday......................................................................................................... 103
Diodo semicondutor ................................................................................................................. 106
EXPERIMENTOS DE ONDAS ...................................................................................................... 111
Ondas estacionárias em um meio sólido .................................................................................. 112
Ondas estacionárias em um tubo .............................................................................................. 116
Velocidade do som em metais .................................................................................................. 120
EXPERIMENTOS DE ÓTICA........................................................................................................ 124
Interferência e difração da luz .................................................................................................. 125
Interferômetro de michelson..................................................................................................... 131
Lentes e espelhos ...................................................................................................................... 135
Polarização da luz ..................................................................................................................... 139
APÊNDICES.................................................................................................................................... 143
Redação de um relatório ........................................................................................................... 144
Valores de grandezas e constantes físicas ................................................................................ 146
Código de cores para valores de resistências ........................................................................... 147
Valor eficaz de tensões e correntes .......................................................................................... 148
4
APRESENTAÇÃO
Os Autores
5
I N T R O D U Ç Ã O A O
L A B O R A T Ó R I O D E
F Í S I C A
6
AVALIAÇÃO E EXPRESSÃO DE MEDIÇÕES E DE SUAS INCERTEZAS
INTRODUÇÃO
Pode-se observar que os resultados das medições estão distribuídos em torno de ~2,02 s e que eles
variam, aproximadamente, de 1,90 s a 2,10 s. Observa-se também que há um grande número de
resultados de medidas próximos ao do valor de maior incidência e que valores mais afastados são
menos frequentes. Sempre que se efetua uma série de medições de uma grandeza, as medidas
apresentam essas características. Isso é inerente ao processo de medição.
Figura 1. Distribuição dos resultados das medições Figura 2. Distribuição dos resultados das medições
do tempo de queda de um objeto. do tempo realizadas com um sensor de final da queda
do objeto.
1
Ver www.bipm.org/en/committees/cipm/.
2
Guia para Expressão da Incerteza de Medição, 3ª Ed. Brasileira, ABNT, INMETRO, Rio de Janeiro, 2003,
www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/gum_final.pdf.
8
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
Dependendo do método utilizado para expressar o valor da incerteza de uma medição, ela pode
ser qualificada, de maneira resumida, em duas categorias:
Incerteza tipo A: a incerteza é avaliada por meio de uma análise estatística de muitas medidas;
Incerteza tipo B: a incerteza é avaliada por meio de métodos não estatísticos, quando não se
dispõe de observações repetidas.
Avaliação da Incerteza tipo A
Nessa avaliação, a incerteza é calculada com base em um grande número de valores obtidos em
medições de uma mesma grandeza. Considere que uma medição foi repetida n vezes, nas mesmas
condições, obtendo-se os valores x1, x2, ... xn. Nesse caso, estabelece-se que a melhor estimativa para
a medida é dada pela média aritmética x dos valores obtidos, ou seja,
1 n
x xi
n i 1 ,
e a incerteza padrão da medição é definida como o desvio padrão u da média das medidas, dado por
1
1 n
2
xi x
2
u
n(n 1) i 1 .
Exemplo 1
Considere que um aluno fez um conjunto
de 8 medições do tempo t de queda de um medida ti (s) |ti - <t>| (s)
objeto. Os valores obtidos estão mostrados na 1 2,06 0,0425
2 1,96 0,0575
tabela bem como o valor da média do tempo e
3 2,00 0,0175
a média do valor absoluto da diferença entre 4 2,03 0,0125
cada medida e a média. 5 2,05 0,0325
6 2,04 0,0225
7 1,99 0,0275
8 2,01 0,0075
média 2,0175 0,0275
O valor médio t é a média aritmética dos valores observados
9
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
1 n 1
t ti 8 2,06 + 1,96 + 2,00 + 2,03 + 2,05 + 2,04 + 1,99 + 2,01 = 2,0175 s
n i 1
t = (2,02 ± 0,01) s.
Exemplo 2
Considere que um objeto de massa m foi colocado sobre uma balança que apresentou uma leitura
de 93 g. A única informação disponível sobre a balança era “erro máximo = 4g”.
Nessa situação, o resultado da medição da massa do objeto pode ser
m = (93 ± 4)g .
Há casos em que a única informação que se tem sobre a medição de uma grandeza x é que o seu
valor se situa entre os limites x e x+. Nesse caso, é aceitável supor que x pode assumir qualquer
valor dentro desse intervalo com igual probabilidade, ou seja, a chance de se medir o valor de x no
intervalo entre x– e x+ é um e será zero fora desse intervalo, que corresponde a uma distribuição
retangular.
Em casos como este, o valor mais provável da grandeza x é a média das medidas e a incerteza
pode ser o desvio padrão dessa distribuição retangular, dados respectivamente por
x x x x
x e u
2 2 3
3
Conforme detalhado posteriormente, a incerteza deve ser escrita com apenas um algarismo significativo e ela
determina o número de algarismos da medida.
10
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
Exemplo 3
Na Figura 3, está mostrado um voltímetro analógico
usado para medir uma tensão elétrica. Devido a flutuações
na tensão, observa-se que o ponteiro do aparelho oscila,
aproximadamente, entre V = 12,5V e V+ = 14,0V. Usando-
se esses valores como limites para uma avaliação da
incerteza Tipo B, obtém-se
V V
V 13,25 V, e
2
V V
u 0, 43V
2 3 Figura 3. Voltímetro analógico durante a
medição de uma tensão elétrica.
Assim, o resultado da medição dessa tensão é (13,3 0,4)V.
Exemplo 4
Na Figura 4, está mostrado um
osciloscópio sendo usado para medir a tensão
elétrica em um indutor. Devido a ruídos no
circuito, a amplitude do sinal registrado não é
estável. Observando-se o sinal na tela, pode-se
estimar que a tensão pico-a-pico está entre
4,3 divisões e 5,5 divisões (cada divisão vale
0,1 V). Usando-se esses valores como limites
para uma avaliação da incerteza Tipo B
obtém-se
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INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
Para se apresentar corretamente o resultado de uma medição devem ser observadas estas três
regras:
A incerteza deve ser arredondada de forma a ter apenas um algarismo significativo.
A incerteza incide sobre o último algarismo significativo da medida, ou seja, é a incerteza que
determina o número de algarismos significativos de uma medida.
O resultado de uma medição deve ser escrito na forma (veja outras formas no exemplo que
segue):
(valor da grandeza incerteza da medição) [unidade]
No Exemplo 1, depois de realizadas as várias medições, obteve-se o tempo médio de queda do
objeto de 2,0175 s com um desvio padrão da média de 0,0275 s. A incerteza é obtida arredondando-
se o desvio padrão para ficar com um algarismo significativo, ou seja, u = 0,03 s. Como essa incerteza
incide sobre o segundo algarismo após a vírgula da medida, esta deve ser arredondada e truncada
nesta casa. Portanto, o resultado dessa medição deve ser apresentado em uma dessas formas:
t = (2,02 0,03) s
t = 2,02 (3) s
t = 2,02 (0,03) s
12
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
Propagação de incertezas
Nem sempre é possível se fazer a medição direta de uma grandeza. Muitas vezes, o valor da
grandeza deve ser determinado por meio de medições de outras grandezas relacionadas com ela.
Nesse caso, em que a medição é indireta, a incerteza o valor a ser determinado depende das incertezas
de todas as medições feitas. Esse cálculo é conhecido como propagação de incertezas.
Considere uma grandeza Y, que não pode ser medida diretamente, mas que é uma função f de N
outras grandezas X1, X2, ... XN , ou seja,
Y f ( X 1 , X 2 , , X N ) .
Se resultados das medições de X1, X2, ... XN forem iguais a x1 u(x1), x2 u(x2), ... xn u(xN), então o
resultado y da medição da grandeza Y depende de todas essas medições, ou seja,
y f ( x1 , x2 , , xN ) .
A incerteza padrão da medição de uma grandeza obtida por meio de uma medição indireta é
chamada de incerteza padrão combinada uc, e é dada por
2
N
f 2
u ( y)
2
c u ( xi )
i 1 xi
,
ou seja, a incerteza padrão combinada4 da grandeza y é igual à raiz quadrada da soma dos
2
f
quadrados das incertezas das medições das outras grandezas, ponderadas pelo termo . Esse
xi
termo avalia o quanto o resultado da medição varia com a mudança em cada grandeza xi.
Observação: a equação anterior é válida apenas para o caso em que todas as grandezas de entrada (xi)
sejam independentes umas das outras. Para efeito de simplificação, o caso em que elas são
correlacionadas não será tratado aqui.
4
Esse cálculo para a incerteza padrão combinada é válido apenas se todas as grandezas xi forem independentes umas
das outras. O caso, mais complexo, em que elas são correlacionadas não será tratado neste texto.
13
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
Exemplo 5
Deseja-se medir a potência elétrica P dissipada por um resistor ligado à rede elétrica. Para isso,
foram feitas várias medições da resistência elétrica R do resistor e da tensão elétrica V da rede.
Determinou-se, então, os valores médios e as incertezas padrão dessas grandezas. Os resultados
obtidos são
V 2 127 2
P 6451, 6 W
R 2, 5
V2
P
Como, R , então
P 2V P V2
2
V R , R R .
Na Tabela 1, estão mostrados exemplos de cálculos da incerteza padrão combinada para alguns
casos em que a grandeza que se deseja medir depende das demais grandezas por meio de relações
simples.
14
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
y ax1 bx2
uc ( y ) a 2 u 2 ( x1 ) b 2 u 2 ( x2 ) ...
em que a, b,... são constantes)
2
uc ( y ) N
u ( x1 )
y
pi
i 1 x1
2 2 2
uc ( y ) u ( x1 ) u ( x2 ) u ( xN )
y ax1p1 x2p2 ... xNpN p1 p2 ... pN
y x1 x 2 xN
15
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
Os resultados de medições são comumente apresentados em tabela e gráficos, tanto para registrar
as informações obtidas quanto para mostrar comportamentos e tendências das grandezas medidas em
relação a outras.
TABELAS
As tabelas devem ser numeradas para serem referenciadas no texto. Uma tabela deve conter
as seguintes partes.
Legenda: colocada acima da tabela, deve conter a referência (por exemplo, Tabela 1) seguida
por uma descrição sucinta do seu conteúdo e, quando necessário, das variáveis,
símbolos e abreviações não incluídas no texto.
Cabeçalho: é a primeira linha da tabela, que deve conter os nomes ou símbolos das grandezas
listadas nas colunas, com suas respectivas unidades e, caso necessário, incertezas.
Conteúdo: os resultados que se pretende apresentar; se forem medidas, devem ter o número
correto de algarismos significativos.
GRÁFICOS E FIGURAS
Um gráfico é um recurso extremamente útil para a apresentação de resultados experimentais, pois
permite uma visualização ampla dos resultados e da dependência existente entre as grandezas
representadas. Um gráfico deve conter:
Legenda: colocada abaixo da figura, deve conter a referência (por exemplo, Figura 1), seguida
de uma descrição sucinta do seu conteúdo e, quando necessário, das variáveis,
símbolos e abreviações não incluídas no texto.
Eixos: no caso de gráficos, cada eixo deve conter o nome ou símbolo da grandeza
correspondente, com suas respectivas unidades. As escalas devem ser ajustadas para
permitir que os dados ocupem todo a área do gráfico. Podem ser lineares ou
logarítmicas para ressaltar a dependência entre as grandezas.
Exemplo 6
50
3) .
V (V) 0,1V I (mA) 30
16
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
Em muitas das análises de dados de experimentos de Física, deseja-se determinar uma expressão
analítica ou um modelo matemático que melhor descreva a relação entre as grandezas medidas. Para
isso, há métodos para se encontrar os parâmetros de uma equação ou de uma curva que melhor se
ajusta a um conjunto de dados. Esse procedimento é conhecido como ajuste de curva.
Considere um conjunto de n pontos (xi, yi), em que i = 1, 2, ..., n que podem, por exemplo, terem
sido obtidos medindo-se uma grandeza y enquanto se varia outra grandeza x. Deseja-se determinar
os m parâmetros aj de uma função f (xi, aj) que melhor se ajusta ao conjunto de pontos, ou seja, de
forma que a função f (xi, aj) gere um valor bastante próximo de yi para todos os pontos.
A melhor maneira de se determinar esses parâmetros por meio do método de mínimos
quadrados. Esse método estabelece que os parâmetros aj que melhor ajustam uma função aos dados
são aqueles que minimizam a soma dos quadrados das diferenças entre os valores medidos yi e os
correspondentes valores de f (xi, aj). Essa soma é dada por
n 2
S yi f ( xi , a j ) .
i 1
Então, os parâmetros aj, com j =1, 2, ..., m, que minimizam S são as soluções do sistema de equações
dado por
S
0
a1
S
0
am
17
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
Os parâmetros a e b que melhor ajustam essa reta aos pontos (xi, yi) são os que minimizam a soma
S yi ( axi b ) . Portanto, esses parâmetros são as soluções das equações
2
S
2 yi axi b xi 0
a e
S
2 yi axi b 0
b .
Há situações em que é possível utilizar o método de regressão linear para ajustar uma função que
não é linear, desde que seja possível expressá-la em termos de outras variáveis de forma a obter uma
função linear. Veja o exemplo a seguir.
Exemplo 7
Sabe-se que durante o resfriamento de um objeto, a sua temperatura T decresce
exponencialmente com o tempo t, ou seja, esse processo é descrito por uma equação do tipo
T ce kt . Considere que em um experimento foi medida a temperatura desse objeto em diferentes
instantes de tempo, obtendo-se os pontos (Ti, ti) que estão representados na Figura 6(a). Nesse
gráfico, também está plotada a função f (t ) ce kt . Nesse caso, a determinação dos parâmetros c e
k da função f que melhor se ajusta ao conjunto de dados (Ti, ti) não pode ser feita por uma regressão
linear, pois a função não é linear em k.
30 4
ln(T / C)
T ( C)
o
o
25
3
20
15 2
kt
f (x) = ce
10
i = yif (xi) 1
0 0
0 100 200 300 400 500 0 100 200 300 400 500
t (s) t (s)
(a) (b)
Figura 6. Temperatura T de um objeto em função do tempo t, enquanto ele se esfria. (a) gráfico de T versus t,
(b) gráfico de lnT versus t.
18
INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE FÍSICA
No entanto, é possível reescrever essa função de forma a se obter uma equação linear. Isso pode
ser feito, calculando-se o logaritmo de ambos os termos da função, obtendo-se
ln T ln(c) kt
Percebe-se, então, que lnT varia linearmente com t, ou seja, o gráfico de lnT t é o de uma reta
cuja inclinação a = k e tem coeficiente linear b = ln(c), como mostrado na Figura 6(b).
Assim, ao invés de se fazer um ajuste não-linear por mínimos quadrados da função exponencial
T ce kt aos dados (Ti, ti), que é um cálculo aproximado, é melhor fazer uma regressão linear
com os dados (lnTi, ti).
Dessa regressão linear obtêm-se a inclinação a e o coeficiente linear b da reta que melhor se
ajusta aos dados:
a = (6,64 0,07) s1 e
b= (3,31 0,03)
Com estes valores, calcula-se, então, k e c
k = a = (6,64 0,07) s1 e
c eb 27, 4 0, 08 o C .
19
Experimentos de Mecânica
E X P E R I M E N T O S D E
M E C Â N I C A
20
Experimentos de Mecânica
INTRODUÇÃO
A 2ª lei de Newton estabelece que a força resultante F sobre um objeto é igual ao produto da
massa inercial m do objeto pela aceleração a adquirida por ele, ou
F ma .
F 1x m1a1 x T e
F 1y m1a1 y N m1 g 0
Para o objeto dependurado na corda só existem forças na direção y, sendo possível escrever
F 2y m 2 a 2 y T m2 g
Como a corda é inextensível, os módulos das acelerações serão iguais para os dois objetos, porém
terão sinais contrários: um deslocamento de m1 no sentido de x positivo causa um deslocamento de
m2 no sentido negativo de y; ou seja, a1x = – a2y = a . Eliminando T nas equações em y e em x, tem-se
m2
a g
m1 m2 . (1)
21
Experimentos de Mecânica
1 2
x(t ) xo vo t at
2 , (2)
m2 m1 sen
a g
m1 m2 (3)
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Analisar o movimento de um objeto que se desloca sob a ação de uma força constante.
Sugestão de material
Computador, interface, sensor de movimento, trilho de ar, objetos com massas m1 e m2 5m1),
suporte (ms m1 ), carrinho (mc 8m1 ), fio inextensível e trena.
PROCEDIMENTO
Observação: O processo de aquisição automática de dados e posterior tratamento dessas
informações com uso de computador é específico a cada experimento e depende dos instrumentos e
programas utilizados. Explicações detalhadas sobre o uso do sistema de aquisição e dos programas,
assim como os parâmetros adequados ao experimento, deverão estar disponíveis junto à montagem.
Neste experimento, é utilizada a montagem representada na Fig. 3, para analisar o movimento de
um objeto sujeito a uma força constante. Um carrinho desliza puxado por um fio que passa por uma
roldana e em cuja extremidade está dependurado um suporte onde são colocados objetos de massas
conhecidas. Ar sob pressão sai através de orifícios dispostos sobre o trilho e permite que o carrinho
22
Experimentos de Mecânica
se desloque praticamente sem atrito. A roldana é parte de um sensor que, ligado a um computador,
permite que se determine a posição do objeto em cada instante.
Inicialmente, será estudado o movimento do carrinho com o trilho na horizontal e, posteriormente,
com o trilho inclinado.
23
Experimentos de Mecânica
MOVIMENTO DE UM PROJÉTIL
INTRODUÇÃO
Conforme proposto por Galileu no seu livro Diálogos sobre novas ciências, o movimento de um
projétil na superfície da Terra pode ser analisado, separadamente, nas direções horizontal e vertical.
Desprezando-se as forças de atrito, a única força que atua em um projétil é o seu peso e, portanto, ele
se move com velocidade constante na direção horizontal, e com aceleração constante, na vertical.
Isso resulta em uma trajetória parabólica.
Considere a trajetória de um objeto lançado na superfície da Terra com uma velocidade vo que
faz um ângulo com a horizontal, como representada na Fig. 1. Nessa figura, também estão
representados os eixos cartesianos, com origem no ponto de lançamento. Nessa situação, as
coordenadas x e y da posição do objeto, em função do tempo, são dadas por
PARTE EXPERIMENTAL
Neste experimento, são sugeridos dois procedimentos para se obter a trajetória de um projétil: no
primeiro, as medições são feitas manualmente, e, no segundo, por meio da aquisição de imagens com
uma câmera de vídeo e posterior tratamento das imagens. A escolha de um ou de outro depende da
disponibilidade ou não de uma câmera de vídeo. A análise dos dados é semelhante para os dois
procedimentos.
Objetivos
Registrar e analisar a trajetória de um projétil.
Determinar o ângulo de lançamento, a velocidade inicial e ponto de contato com o chão.
24
Experimentos de Mecânica
PROCEDIMENTO
Na Fig. 2, apresenta-se uma maneira simples de se obter a trajetória descrita por uma esfera que
é lançada como um projétil. Depois de deslizar por uma canaleta, uma esfera sai com uma velocidade
vo em uma direção que faz um ângulo com a horizontal e atinge um anteparo que é posicionado
perpendicularmente ao plano da trajetória da esfera. Sobre esse anteparo, é fixada uma folha de papel
branco e, sobre esta, uma folha de papel carbono. Quando a esfera se choca com o anteparo, fica
registrada sua posição sobre a folha de papel. No instante do choque, a distância do anteparo à
extremidade da canaleta corresponde à coordenada x da posição da esfera; a coordenada y
corresponde à altura da marca feita no papel. Para se obter registros da trajetória da esfera, ela é solta
na canaleta, repetidas vezes, de uma mesma altura. Inicialmente, o anteparo é colocado encostado na
extremidade da canaleta. Após cada lançamento, o anteparo deve ser deslocado de uma mesma
distância nas direções x e –z.
Figura 2. Montagem utilizada para registrar a trajetória de uma esfera; se a cada vez que
o anteparo for afastado da canaleta uma distância x, ele também for deslocado, da mesma
distância, na direção -z, as marcas dos impactos registrarão as coordenadas x e y da esfera;
desse modo, a trajetória real do projétil é transferida para a folha, no anteparo.
Faça alguns lançamentos preliminares para determinar de que altura a esfera deve ser solta na
canaleta para gerar uma parábola de tamanho compatível com o do anteparo.
Para o registro de cada marca, solte a esfera três vezes a fim de minimizar erros aleatórios
inerentes ao processo. Obtenha a primeira marca com o anteparo encostado na canaleta. Dessa
forma, a extremidade da canaleta corresponde à origem (0,0) do sistema de coordenadas.
Visando ao registro completo da trajetória, após cada registro, desloque o anteparo 2,0 cm nas
direções x e –z.
Retire, então, o papel e trace nele os eixos das coordenadas x e y com origem na primeira
marca produzida pela esfera. Utilizando uma régua milimetrada, meça as coordenadas médias
de cada ponto e construa uma tabela com os valores obtidos.
Analise os dados como descrito no final desse roteiro.
25
Experimentos de Mecânica
PROCEDIMENTO
OBS. O processo de aquisição automática de dados e posterior tratamento dessas informações com uso de
computador é específico a cada experimento e depende da instrumentação e dos programas utilizados.
Explicações detalhadas sobre o uso do sistema de aquisição e dos programas, assim como os parâmetros
adequados ao experimento, deverão estar disponíveis junto à montagem.
Na Fig. 3, está mostrada a montagem para se obter a trajetória de um projétil utilizando uma
câmera de vídeo. Uma esfera, depois de ser solta de determinada altura em uma canaleta, é lançada
com uma velocidade vo, que faz um ângulo θ com a horizontal. A câmera registra a trajetória da esfera
por meio de imagens que são capturadas a uma determinada taxa. Uma escala deve ser colocada no
plano da trajetória da esfera para permitir, na análise dos dados, determinação das coordenadas da
esfera em cada imagem.
26
Experimentos de Mecânica
procedimento pelo menos três vezes. Compare o resultado medido com o calculado segundo
a equação do movimento.
Considere a energia potencial gravitacional da esfera na posição inicial em que a esfera foi
solta na canaleta. Com base no princípio de conservação da energia mecânica, determine o
módulo da velocidade da esfera no instante em que ela deixa a canaleta. Compare esse valor
com o obtido anteriormente. Comente os resultados.
27
Experimentos de Mecânica
FORÇAS IMPULSIVAS
INTRODUÇÃO
Há várias situações em que a força resultante que atua sobre um objeto varia com o tempo e, em
algumas delas, essa variação pode ocorrer em um intervalo de tempo muito curto. Isso acontece, por
exemplo, durante colisões.
De acordo com a segunda lei de Newton, F dp dt , ou seja, a variação do momentum de uma
partícula é igual à força resultante F que atua sobre ela. Considere que o momentum de uma partícula
muda de pi, no instante ti, para pf, no instante tf. A variação p no momentum dessa partícula é,
portanto,
tf
p p f pi Fdt . (1)
ti
Define-se o vetor impulso I de uma força F que atua sobre uma partícula durante o intervalo de
tempo de ti a tf como
tf
I Fdt . (2)
ti
Assim, o impulso da força resultante F que atua sobre uma partícula é igual à variação do
momentum da partícula, ou seja, I = p. Esse resultado é conhecido como Teorema do impulso-
momentum.
PARTE EXPERIMENTAL
Neste experimento, será estudado como a força de tração em um fio varia com o tempo quando
ele é esticado bruscamente. Esse estudo será feito com fios de materiais diferentes.
Objetivo
Medir e analisar a força de tração sobre um fio ao ser esticado bruscamente.
Sugestão de material
Computador, interface, sensor de força, suporte, fios de nylon e de algodão, objeto com
gancho para ser preso ao fio e régua.
PROCEDIMENTO
OBS. O processo de aquisição automática de dados e posterior tratamento dessas informações com
uso de computador é específico a cada experimento e depende da instrumentação e dos
programas utilizados. Explicações detalhadas sobre o uso do sistema de aquisição e dos
programas, assim como os parâmetros adequados ao experimento, deverão estar disponíveis
junto à montagem.
28
Experimentos de Mecânica
A montagem utilizada neste experimento está mostrada na Fig. 1. Uma das extremidades de um
fio está presa em um sensor de força, ou transdutor, e um objeto está preso na outra extremidade. O
sensor de força é um dispositivo que converte a força exercida nele em um sinal elétrico. Esse sensor
é conectado a um computador por meio de uma interface. Um programa no computador monitora a
aquisição dos dados transmitidos pela interface e registra-os em um gráfico.
Ao ser solto de uma determinada altura, o objeto tem sua queda interrompida, bruscamente,
quando o fio é esticado. Neste experimento, será obtido o gráfico da tensão no fio em função do
tempo, durante esse processo.
Esboce o gráfico da tensão no fio em função do tempo, desde o instante em que o objeto é solto
até o instante em que ele fica em equilíbrio. Explique por que você espera que esse gráfico seja
dessa forma.
29
Experimentos de Mecânica
Faça um diagrama das forças que atuam no objeto enquanto o fio é esticado e indique qual
força o sensor mede. Lembre-se de que, na equação 1, F é a força resultante sobre o objeto e
o sensor mede a tensão no fio. Com base nessas informações e no valor da área sob o primeiro
pico no gráfico, calcule o impulso da força resultante sobre o objeto.
Durante o movimento de queda livre do objeto, ou seja, do instante em que ele é solto até
imediatamente antes de ser puxado pelo fio, sua energia mecânica é conservada. Com base
nessa lei de conservação, calcule a velocidade do objeto imediatamente antes de o fio ser
tensionado. Com o valor do impulso da força resultante, determine a velocidade do objeto no
instante em que o fio deixa de exercer força sobre ele. Lembre-se de que o momentum final e
o inicial têm sentidos opostos. Calcule, então, a perda percentual de energia nesse processo.
Para os fios utilizados, compare os valores obtidos para a perda percentual de energia, a tensão
máxima no fio e o tempo de interação deste com o objeto e tente explicar as diferenças entre
eles. As formas das curvas F versus t são diferentes? Elas são simétricas? Por que?
Suponha que você vai saltar de uma determinada altura, preso a uma corda que vai sustentar seu
corpo para que você não atinja o solo. As curvas I e II do gráfico apresentado a seguir mostram
como varia a tensão em duas cordas em função do tempo, quando elas são tensionadas
bruscamente.
I
F
II
Apenas com base nesse gráfico, escolha com qual dessas cordas você acharia mais conveniente
saltar. Justifique sua escolha. Esboce o gráfico que você considera que seria o da tensão de uma
corda utilizada para saltos em bungee jumping.
BIBLIOGRAFIA
30
Experimentos de Mecânica
INTRODUÇÃO
Sob a ação de uma força externa, todo objeto deforma-se, ou seja, tem a sua forma e/ou dimensão
alterada. A razão entre essa força e uma determinada área de seção reta do objeto é chamada de
tensão. Diferentes tipos de deformação podem ocorrer dependendo do material, das dimensões do
objeto e do tipo de tensão a que ele é submetido. Se o objeto recupera sua forma primitiva após cessar
a atuação da força, essa deformação é elástica. Em geral, para pequenas deformações, a tensão é
proporcional à deformação e a constante de proporcionalidade é chamada de módulo de elasticidade.
O módulo de elasticidade depende do material de que é feito o objeto e do tipo de deformação
produzida; ele caracteriza o material quanto à rigidez ou flexibilidade: quanto maior o seu valor,
maior a rigidez do material (menor flexibilidade).
Uma tensão que atua perpendicularmente à superfície do objeto no sentido de puxá-la ou empurrá-
la, é chamada, respectivamente, de tração ou compressão. Considere a haste de comprimento x e área
da seção reta A, mostrada na Fig.1a, que é esticada de x por uma força F, perpendicular à superfície
da haste. Nesse caso, a tensão e a deformação são definidas por
F x
tensão deformação
A e x ,
F A
e o módulo de elasticidade Y é chamado de módulo de Young. Esse módulo é uma
x x
propriedade do material que mede a resistência do sólido a tensões de tração. Esse resultado é
conhecido como lei de Hooke e é comumente expresso na forma
F k x
YA
em que k é a constante de deformação elástica.
x
Na Fig. 1b, uma força F atua paralelamente à superfície de área A de um objeto, fazendo-a
deslocar-se de x em relação a outro plano paralelo, situado a uma distância y.
Nesse caso, a deformação e a tensão, são chamadas de cisalhamento e são definidas por
F
tensão de cisalhamento x
A e deformação de cisalhamento ,
y
F A
e o módulo de elasticidade G , chamado de módulo de cisalhamento, está associado à
x y
resistência do material a tensões de cisalhamento.
31
Experimentos de Mecânica
(a) (b)
Figura 1. Em (a), uma força F, aplicada perpendicularmente a uma das faces do bloco
produz uma deformação de tração. Em (b), se aplicada paralelamente a uma das faces, a
força produz uma deformação de cisalhamento.
Há outros módulos definidos para outros tipos de deformações de sólidos, mas que não serão
discutidos aqui.
Na Tabela 1, estão apresentados os valores médios dos módulos de Young e de cisalhamento de
alguns materiais.
Tabela 1
Valores aproximados dos módulos de
Young Y e de cisalhamento G de alguns
materiais.
Material Y (GPa) G (GPa)
Aço 200 a 207 76 a 83
Alumínio 69 26
Cobre 117 45
Ferro 170 a 200 75
Madeira (pinho) 11 4
Vidro (SiO2) 94 26
32
Experimentos de Mecânica
Na Fig. 2a, se vê uma mola helicoidal, de massa desprezível, pendurada por uma de suas
extremidades, em equilíbrio. Na Fig. 2b, um objeto de massa m está suspenso, em equilíbrio, na outra
extremidade da mola. O peso do objeto produz um alongamento x na mola e é equilibrado por uma
força F = kx exercida pela mola no objeto, em que k é a constante elástica da mola.
(a) (b)
(b) (b)
Figura 2 - Mola em duas situações de equilíbrio:
em (a) a mola não está alongada e em (b) a mola
Figura 3. Associação de duas molas a) em
está alongada de x devido ao peso do objeto de
série e b) em paralelo.
massa m.
Gd 4
k
8ND3 , (2)
33
Experimentos de Mecânica
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivos
Determinar a constante elástica de uma mola.
Determinar a constante elástica de uma associação de molas.
Determinar o módulo de cisalhamento do material de uma mola.
Material utilizado
Duas molas, objetos para serem pendurados na mola, suporte e régua milimetrada.
PROCEDIMENTO
Este experimento consiste em se aplicar várias forças a uma mola vertical e medir os respectivos
alongamentos produzidos.
Pendure o suporte para os objetos na extremidade da mola, como ilustrado na Fig. 2. Coloque
um objeto de cada vez no suporte e anote, para cada um, a massa e o respectivo alongamento
produzido na mola.
Retire todos os objetos do suporte. A mola volta à sua posição inicial? O que se pode afirmar
sobre esse tipo de deformação?
Associe as duas molas em série, como mostrado na Fig. 3a. Repita o procedimento anterior
com este novo arranjo.
Associe, a seguir, as duas molas em paralelo, como mostrado na Fig. 3b e, depois, repita o
procedimento anterior com este arranjo.
Faça os gráficos de F versus x com os dados obtidos com uma mola, com as duas molas
associadas em série e com elas associadas em paralelo.
Por meio de uma regressão linear, determine o valor da constante elástica e sua respectiva
incerteza, para cada uma das situações.
Sejam k1 e k2 as constantes elásticas, respectivamente, da primeira e da segunda molas. Com
o valor obtido para a constante elástica da associação de molas em série (ou em paralelo),
determine o valor de k2.
Explique por que na associação de molas em série o conjunto ficou “mais macio” do que com
cada mola individualmente e, na associação em paralelo, ficou “mais duro”.
Com um paquímetro, meça o diâmetro médio da primeira mola e, com um micrômetro, meça
o diâmetro do seu fio. Determine, então, o módulo de cisalhamento do fio da mola e comente
sobre o resultado obtido.
34
Experimentos de Mecânica
Considere a situação em que uma haste, presa por uma de suas extremidades (Fig. 4), é flexionada
por uma força vertical aplicada na extremidade livre. Essa flexão depende do valor da força aplicada,
do material e da forma geométrica da haste. No regime elástico, o comportamento da haste será
análogo ao de uma mola, ou seja, o módulo F da força aplicada é diretamente proporcional à flexão
y produzida na haste – lei de Hooke –, ou seja,
F = kf y , (3)
Yle3
kf
4 x3 (4)
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar a constante de flexão e o módulo de Young de uma haste, no regime elástico.
Sugestão de material
Uma haste ou mais, prendedor, suporte, objetos de massa (mi ± mi), régua e paquímetro.
Como haste, pode-se usar uma lâmina de serra (“segueta”) de aço ou uma régua de madeira,
plástico ou de outro material.
São sugeridos dois procedimentos diferentes para se determinar a constante de flexão e o módulo
de Young da haste, ambos com base na montagem representada na Fig. 4 e nas equações 3 e 4. No
primeiro, a distância x entre o ponto de fixação da haste e a sua extremidade livre será mantida
35
Experimentos de Mecânica
constante e serão feitas medidas da flexão y para diferentes forças aplicadas na extremidade livre. No
segundo procedimento, a força aplicada na extremidade da haste é mantida constante, enquanto varia-
se a distância x (que é equivalente a reduzir o comprimento da haste).
PROCEDIMENTO
PARTE I
Com uma das extremidades da haste fixa no suporte, pendure, gradativamente, objetos na
extremidade livre e meça a flexão y correspondente a cada força aplicada.
Trace o gráfico de F versus y e, por meio de uma regressão linear, determine o valor da
constante de flexão da haste e sua respectiva incerteza.
Meça as dimensões da haste e calcule o valor do módulo de Young do material da haste e sua
respectiva incerteza. Comente o resultado obtido.
PARTE II
Com um objeto pendurado na extremidade da haste, varie a distância entre o ponto de fixação
e a extremidade livre da haste. Meça os valores correspondentes da flexão y para cada
comprimento x. Informe-se sobre o valor máximo que a haste pode ser deformada para
permanecer no regime elástico. Trace o gráfico de y versus x e, por meio de uma regressão
linear, determine o valor do módulo de Young do material da haste e sua respectiva incerteza.
Justifique o alto valor encontrado para a incerteza ∆E.
Compare o resultado encontrado com o valor médio do módulo de flexão para diferentes tipos
de aço, que é de (1,9 ± 0,2) x 1011 N/m2.
36
Experimentos de Mecânica
(a) (b)
Figura A1 – (a) Na associação de duas molas em série, a força F atua nas duas e o
alongamento de uma é independente do da outra. (b) Na associação de duas molas em
paralelo, a força aplicada é distribuída nas duas e o alongamento de uma é igual ao da outra.
e, então,
F F F 1 1 1
+ = = +
k1 k2 k série k série k1 k2
Com um raciocínio análogo, é fácil chegar-se à equação para n molas associadas em série:
1 1 1 1
= + ...+ .
k série k1 k2 kn
37
Experimentos de Mecânica
38
Experimentos de Mecânica
INTRODUÇÃO
em que k é a constante elástica da mola. Essa força é contrária ao sentido do deslocamento (por isso,
o sinal negativo) e, portanto, tende a levar o objeto de volta à sua posição de equilíbrio. Forças desse
tipo são chamadas de forças restauradoras.
d 2 x(t )
m kx(t )
dt 2 , (2)
39
Experimentos de Mecânica
Mostre que, para a equação 3 ser uma solução da equação 2, a frequência angular tem de ser dada
por
k
. (4)
m
Portanto, o período de um movimento harmônico simples é dado por
m
T 2 (5)
k
Esboce o gráfico de x versus t para um movimento harmônico simples. Identifique, nesse gráfico,
a amplitude e o período do movimento. Indique que alteração haverá nesse gráfico se a constante
de fase for modificada.
Com base nas equações 1 e 3, pode-se escrever o módulo da força resultante sobre o objeto como
F (t ) Fmax cos(t ) (5)
PARTE EXPERIMENTAL
PROCEDIMENTO
Parte I
Este experimento consiste em se pendurar objetos de massas diferentes na extremidade de
uma mola e medir o período de oscilação para cada situação.
40
Experimentos de Mecânica
Pendure, na mola, um objeto de massa conhecida e, em seguida, coloque-o para oscilar. Com um
cronômetro, meça o período desse movimento. Repita esse procedimento variando-se a massa do
objeto dependurado na mola.
Tendo como base a equação 5, utilize processos de linearização e de regressão linear para
determinar a constante elástica da mola.
Parte II
Neste experimento, será medida a força que atua em um objeto que oscila na extremidade de
uma mola, em função do tempo. Para isso, a mola será dependurada em um sensor de força, como
mostrado na Fig. 3. O sensor de força é conectado, por meio de uma interface, a um computador e
um programa fará a aquisição das medidas de força F(t) e o seu registro gráfico.
Junto à montagem haverá explicações sobre o uso do sistema de aquisição de dados e dos
programas utilizados. Procure familiarizar-se com os instrumentos da montagem e com o
programa de aquisição de dados.
Escolha uma taxa de aquisição de dados adequada para sua medição, ou seja, quanto pontos
serão medidos por segundo. Para isso, lembre-se de que o movimento é periódico e você
deseja ter um número suficiente de pontos medidos por período.Toda informação sobre esse
movimento está contida em apenas um período, portanto é suficiente registrar apenas alguns
ciclos do movimento.
Com o objeto em repouso na extremidade da mola, ajuste a leitura do sensor em zero (tarar o
sensor). Ponha, então, o objeto para oscilar e, depois, comece a aquisição de medidas da força
em função do tempo.
Analisando o gráfico obtido, estime os valores dos parâmetros Fmax , e da equação 5 .
Em seguida, utilizando um programa de ajuste de dados (instruções anexas à montagem),
determine os valores dos parâmetros Fmax , e que melhor ajustam a curva descrita pela
equação (5) aos resultados experimentais F(t). Expresse os valores de Fmax , e com suas
respectivas incertezas.
Com o valor da massa do objeto, determine a constante elástica da mola e a sua respectiva
incerteza. Encontre o valor da amplitude A de oscilação do movimento. Escreva a equação do
movimento do objeto.
Determine o valor da constante elástica da mola por algum outro processo e compare-o com
o valor encontrado anteriormente e com o valor encontrado na parte I desse experimento.
Repita a aquisição de dados de F(t) com uma maior amplitude de oscilação e compare o
gráfico obtido com o anterior. O período de oscilação se alterou? Comente.
41
Experimentos de Mecânica
42
Experimentos de Mecânica
MOMENTO DE INÉRCIA:
MOVIMENTOS COMBINADOS DE TRANSLAÇÃO E DE ROTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Figura 1 - Um objeto gira com velocidade angular de módulo em torno de um eixo
perpendicular ao plano da figura, que passa pelo ponto O.
Considerando que o objeto gira apenas em torno do eixo O (ele não gira em torno de si mesmo),
a velocidade angular é a mesma para qualquer elemento de massa dm, portanto, o termo 2 pode ser
colocado fora da integral e o resultado para a energia cinética de rotação é
1 2 2 1
K ω r dm ω 2 I , (2)
2 2
43
Experimentos de Mecânica
Pode-se mostrar que qualquer objeto com distribuição de massa com simetria cilíndrica ou
esférica em relação ao seu eixo central (objeto em forma de cilindro, disco, anel, casca esférica ou
esfera maciça), tem um momento de inércia dado por
I MR 2 , (3)
em que é M é a massa do objeto, R é o seu raio e é um parâmetro que depende apenas da sua simetria.
Mostra-se que é igual a 2/5 para uma esfera, igual a 1/2 para um cilindro e igual a 1 para um aro
ou anel. Mostra-se que para objetos e forma de esfera, cilindro, aro ou anel, esse parâmetro vale,
respectivamente, esfera= 2/5, cilindro=1/2, aro= anel=1.
As atividades experimentais aqui abordadas são divididas em duas partes: na primeira, estuda-
se o movimento de objetos que giram sem deslizamento e,na segunda, com deslizamento. No segundo
caso, há dissipação de energia e a energia mecânica não se conserva.
Considere um objeto de seção circular que desce uma rampa, rolando, sem deslizar, como
ilustrado na Fig. 2.
Como não há deslizamento (e desprezando-se o atrito com o ar), a energia mecânica desse sistema
se conserva, ou seja, em qualquer instante a soma das energias potencial gravitacional, cinética de
translação e cinética de rotação é constante.
Com base na conservação da energia mecânica mostre que, se o objeto for colocado para rolar
sobre a rampa a partir do repouso, após percorrer uma distância x, módulo v de sua velocidade
será dado por
2 g sen
v2 x, (4)
1
em que g é a aceleração da gravidade e é o ângulo de inclinação da rampa. Note que, nessa
expressão, a velocidade de um objeto de seção circular não depende de sua massa nem de seu raio,
mas apenas da maneira como essa massa é distribuída, em torno de seu eixo, ou seja, do parâmetro
.
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar, experimentalmente, o parâmetro para um aro ou cilindro e para uma esfera.
44
Experimentos de Mecânica
Sugestão de material
Rampa com ~1,5m de comprimento, com suporte para elevação de um dos lados da rampa,
esfera, aro e cilindro, trena, cronômetro.
PROCEDIMENTO
Eleve uma das extremidades da rampa de forma que ela faça um ângulo de cerca de 5o com
a horizontal. Especifique o ângulo escolhido.
Antes de iniciar as medidas, familiarize-se com a forma como será feita a medição do tempo
gasto pelo objeto para percorrer determinada distância desde o instante em que ele é solto.
Coloque um dos objetos – esfera e aro (ou cilindro) – para rolar sobre a rampa e meça o tempo
de percurso para diferentes distâncias. Faça isso para, pelo menos, cinco distâncias diferentes
e, para cada distância, repita a medição do tempo de percurso pelo menos cinco vezes, para a
minimizar os erros aleatórios. Procure obter essas medidas com desvios percentuais de no
máximo 2%, pois a determinação do valor de é bastante sensível a essas medidas.
Como a rampa é reta e considerando-se que a força de atrito permanece constante durante
todo o percurso, a força resultante sobre o objeto é constante e, portanto, sua aceleração a
também. Para um movimento de translação com aceleração constante,
x =½at2 e v = at.
A partir das medidas das distâncias percorridas e dos respectivos tempos médios, calcule as
velocidades do objeto ao final de cada percurso. Com base na equação 4, obtenha, por uma
análise gráfica, o valor de (e sua respectiva incerteza) para o objeto utilizado e compare-o
com o valor esperado.
Repita os procedimentos e as medições com o outro objeto.
A Fig. 4 ilustra o movimento de um pequeno volante que desce, rolando, por uma calha inclinada.
volante
calha
Sejam M a massa e R o raio do volante, r o raio de seu eixo e o ângulo de inclinação da calha
em relação à horizontal. Durante o movimento desse volante, as forças que atuam nele são o seu peso
P, a força de atrito fa e a força normal N que a calha exerce em seu eixo. Essas grandezas estão
representadas na Fig. 5.
45
Experimentos de Mecânica
Figura 5 - As forças que atuam no volante são o seu peso P, a força de atrito fa e a força
normal N exercida pela calha.
O peso atua no centro de gravidade do volante e a normal, no ponto de contato do eixo do volante
com a calha. Como essas forças atuam em uma direção que passa pelo eixo do volante, elas não
produzem torque. Por sua vez, a força de atrito atua a uma distância r desse eixo, e é perpendicular e
ele, portanto produz o torque que faz o volante girar.
Dependendo da inclinação da calha e do atrito entre ela e o volante, podem ocorrer dois tipos de
movimento do volante: com deslizamento ou sem deslizamento.
Considere que o volante, inicialmente em repouso, é solto de uma altura h em relação à base da
calha. Desprezando-se todas as formas de atrito, a energia mecânica se conserva.
Mostre que, nessa situação, o volante chega ao final da calha com velocidade vcm dada por
v cm ( 2 gh ) 2 .
1
(2)
o volante não deslizará sobre a calha. Nesse caso, há movimentos de translação e de rotação do
volante – ele gira com velocidade angular em torno de seu eixo, enquanto seu centro de massa se
desloca com velocidade
vcm r ,
46
Experimentos de Mecânica
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivos
Medir a aceleração e a velocidade do centro de massa de um volante que desce, rolando, por
uma calha inclinada.
Analisar o movimento do volante em duas situações: com deslizamento e sem deslizamento.
Sugestão de material
Calha, volante, trena e cronômetro
PROCEDIMENTO
Posicione o volante na calha inclinada de aproximadamente 5 em relação à mesa, e, em
seguida, solte-o. Repita o mesmo procedimento que foi feito com a esfera e com o cilindro
para determinar a velocidade com que ele chega ao final da calha. Para isso, meça a distância
percorrida pelo volante e o tempo médio gasto no percurso. Calcule, então, os valores da
aceleração e da velocidade final do centro de massa do volante, com suas respectivas
incertezas.
Considere, então, duas hipóteses: o volante desliza ou ele não desliza enquanto desce pela
calha. Para cada uma dessas hipóteses, calcule a aceleração e a velocidade final esperadas
para o volante (não é necessário calcular as incertezas).
Compare esses resultados com os que foram obtidos experimentalmente e discuta qual das
duas hipóteses é a mais adequada à situação analisada.
47
Experimentos de Mecânica
48
Experimentos de Mecânica
COLISÃO INELÁSTICA
INTRODUÇÃO
Uma colisão entre dois objetos pode ser classificada considerando-se a energia cinética do sistema
antes e depois da colisão: quando essa energia se conserva, a colisão é elástica, caso contrário, ela é
inelástica. Quando os dois objetos permanecem unidos após a colisão, esta é perfeitamente inelástica.
Considere uma bola de algum material elástico que, ao ser solta de uma altura hi, chega ao chão
com velocidade vi, como representado na Fig. 1a. Durante o contato com o chão, a bola é comprimida
e perde parte de sua energia cinética; em seguida, ela sobe com velocidade vj, até atingir uma altura
hj, como representado na Fig. 1b.
j
em que r é chamado de coeficiente de restituição da colisão.
i
Em uma colisão elástica, tem-se r = 1 já que E = 0. Em uma colisão inelástica, parte da energia
cinética é dissipada e, portanto, r < 1.
Em cada colisão com o chão, a bola perde parte de sua energia cinética e atinge, sucessivamente,
alturas cada vez menores. É possível determinar-se o coeficiente de restituição medindo-se as alturas
hi e hj (veja figura 1). Considerando-se que há conservação de energia mecânica nos intervalos antes
e após cada colisão, então,
1 2 1 2
mi mghi e m j mgh j
2 2
49
Experimentos de Mecânica
j hj hj
r ou r2 .
i hi hi
Dessa forma, a altura que a bola atinge após colidir-se com o chão é igual à razão entre as alturas
máximas antes e depois de cada colisão e esse valor independe da altura inicial de que ela caiu.
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar o coeficiente de restituição na colisão de uma bola com o chão.
Sugestão de material
Fita métrica fixada sobre um suporte ou na parede da sala e bola de material elástico com alto
coeficiente de restituição.
PROCEDIMENTO
Solte a bola de uma altura inicial h0 2 m e anote a altura h1 que ela atinge após a primeira
colisão. Repita essa operação, pelo menos, cinco vezes e determine o valor médio de h1 e o
desvio h1. Sugestão: treine esse procedimento algumas vezes antes de começar a fazer as
medidas.
Em seguida, solte a bola da altura h1 e determine a altura h2 que ela atinge após a colisão; essa
altura é a mesma que a bola atingiria após duas colisões com o chão, depois de ser solta da
altura h0. Repita esse procedimento até, pelo menos, a altura h6 e anote os resultados em uma
tabela. Faça o gráfico de hn em função de n.
h h h hn
Utilizando a equação r 2 = 1 = 2 = 3 = . . . , mostre que hn = h0 r 2n .
h0 h1 h2 hn1
Com base na equação acima, faça um gráfico e uma regressão linear para determinar o
coeficiente de restituição e sua respectiva incerteza. Compare o valor de h0 encontrado a partir
do gráfico com o valor medido.
Utilizando o valor do coeficiente de restituição encontrado, determine a fração percentual da
energia cinética dissipada em cada colisão da bola com o chão.
Qual é o coeficiente de restituição de uma bola que atinge 10% da altura original da queda depois
de 5 colisões?
50
Experimentos de Mecânica
DENSIDADE DE UM LÍQUIDO
INTRODUÇÃO
Um objeto, ao ser mergulhado em um fluido qualquer, fica sujeito a uma força para cima devido
à diferença entre as pressões nas suas partes superior e inferior. O módulo E dessa força, chamada de
empuxo, é igual ao peso do fluido deslocado pelo objeto, ou seja,
E gV
(a) (b)
Figura 1 - Representação das forças que agem sobre o objeto; Em (a), o dinamômetro
indica o peso P; em (b), o dinamômetro indica o peso aparente P.’
51
Experimentos de Mecânica
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar a densidade de um líquido.
Sugestão de material
Cilindro de alumínio graduado, dinamômetro, recipiente transparente contendo líquido de
densidade desconhecida, haste com suporte e régua.
PROCEDIMENTO
Utilizando o dinamômetro e a régua, determine o peso e o volume do cilindro de alumínio.
Mergulhe o cilindro, ainda pendurado no dinamômetro, gradualmente no líquido. Para cada
graduação do cilindro, registre o valor do peso aparente P’ e o do volume mergulhado V.
Faça o gráfico de P’ em função de V. A relação linear entre essas grandezas pode ser
representada pela equação P’ = a + b V . Especifique as grandezas físicas que correspondem
às constantes a e b.
Com os resultados obtidos, faça uma regressão linear e determine os valores dessas duas
constantes.
Compare os resultados encontrados neste experimento com aqueles mostrados na Tab. 1 e
veja se é possível identificar o líquido utilizado.
Tabela 1
Densidades de alguns líquidos, em g/cm3, à
temperatura ambiente (~20o C).
Água 1,00 (1)
Benzeno 0,90 (1)
Etanol 0,80 (2)
Éter 1,49 (1)
Glicerina 1,26 (1)
Mercúrio 13,6 (1)
52
Experimentos de Mecânica
PÊNDULO DE TORÇÃO
INTRODUÇÃO
em que k é uma constante que depende das propriedades do fio comprimento, diâmetro, material e
é denominada constante de torção do fio. Chamando de I o momento de inércia do objeto em relação
ao eixo de rotação, a 2ª Lei de Newton para movimento de rotação estabelece que a aceleração angular
é proporcional ao torque restaurador, isto é,
d 2
k I
dt 2 .
d 2 k
0 . (1)
dt 2 I
Observa-se uma forte semelhança dessa equação a de um sistema massa-mola. Nesse sistema, a
força restauradora é
53
Experimentos de Mecânica
F = Kx ,
em que K é a constante elástica da mola e x é o seu deslocamento linear. Essa equação pode ser
reescrita como
d 2x K
x0 , (2)
dt 2 m
m
cuja solução é um movimento oscilatório, com um período de oscilação dado por T 2 .
K
Por analogia, o período de oscilação de um pêndulo de torção, para pequenas oscilações, é dado
por
I
T 2
k (3)
em que a constante de torção está relacionada com o módulo de cisalhamento do fio pela equação
r4
k , (4)
2
em que r é o raio do fio e é o seu comprimento. O módulo de cisalhamento, que é uma propriedade
do material foi definido no experimento Propriedades Elásticas de Sólidos.
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivos
Determinar a constante de torção e o módulo de cisalhamento de um fio.
Determinar o momento de inércia de um objeto.
Sugestão de material
Suporte, régua, cronômetro, micrômetro, fio de aço, um cilindro e paralelepípedo.
PROCEDIMENTO
A montagem utilizada nesse experimento está mostrada na Fig. 2. Girando-se o cilindro de
um pequeno ângulo, ele oscilará devido à torção no fio de aço.
O momento de inércia de um cilindro, em relação a um eixo coincidente com a direção do fio,
como mostrado na Fig. 2, é dado por
1
Icil MR 2
2 ,
54
Experimentos de Mecânica
M 2
I paral ( a b2 )
12 ,
O paralelepípedo possui três arestas diferentes. Justifique a escolha das duas arestas, a e b, para
o cálculo do momento de inércia.
55
Experimentos de Mecânica
INTRODUÇÃO
A força de atrito estático fe entre duas superfícies em contato pode ter estes valores:
fe e N , (1)
tan e . (2)
Bloco
Lâmina
Figura 1 - Um bloco é colocado sobre uma superfície plana, que é inclinada até que ele
comece a deslizar.
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivos
Determinar o coeficiente de atrito estático entre duas superfícies.
Analisar a dependência do coeficiente de atrito estático com a rugosidade, com a área de uma
superfície e com a força normal a ela.
Sugestão de material
Base, transferidor, três lâminas de diferentes materiais, bloco de metal polido em forma de
paralelepípedo, quatro objetos com suporte para fixar-se um no outro e pedaço de flanela.
56
Experimentos de Mecânica
PROCEDIMENTO
Fixe uma das lâminas na base e coloque o bloco sobre ela, como mostrado na Fig. 1. Em
seguida, incline a base, lentamente, até que o bloco esteja prestes a se mover. Meça o valor
do ângulo de inclinação e, utilizando a equação 2, determine o coeficiente de atrito estático
entre as superfícies do bloco e da lâmina. Repita esse procedimento para obter um valor médio
de e.
Repita o mesmo procedimento utilizando lâminas de materiais diferentes e determine os
coeficientes de atrito entre a superfície de cada uma delas e a do bloco. Verifique se os valores
obtidos, comparativamente, correspondem à sua expectativa.
Em seguida, analise a influência da área de contato sobre a força de atrito. Para isso, determine
o coeficiente de atrito estático entre uma das lâminas e cada face de diferente área do bloco.
Verifique se o resultado encontrado é compatível com a equação 1.
Agora, analise a dependência do coeficiente de atrito estático com a força normal à superfície.
Para variar essa força, coloque, gradativamente, objetos de massa conhecida sobre a
superfície. Verifique se o resultado encontrado é compatível com a equação 1.
57
Experimentos de Mecânica
INTRODUÇÃO
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Estudar a deformação produzida em gominhas de borracha.
Sugestão de material
Duas gominhas de borracha, base, haste de sustentação, régua milimetrada, suporte e objetos
com massas de, aproximadamente, 50 g.
PROCEDIMENTO
58
Experimentos de Mecânica
Coloque um objeto de, aproximadamente, 500 g no suporte, segurando-o para que a gominha
não se estique. Deixe que o suporte desça lentamente até ele se equilibrar sozinho, e faça,
imediatamente, a leitura do comprimento inicial yo da gominha, nessas condições. Nesse
momento, dispare o cronômetro. Faça leituras do comprimento y da gominha, a cada 20 s, até
180 s.
Esboce do gráfico do alongamento y = y – yo da gominha em função do tempo.
59
Experimentos de Mecânica
60
Experimentos de Mecânica
TENSÃO SUPERFICIAL
INTRODUÇÃO
Fenômenos de superfície têm interesse multidisciplinar e são importantes tanto para a Física
quanto para a Química, a Biologia e as Engenharias. Além disso, há vários efeitos observados no dia-
a-dia, que estão relacionados às propriedades da interface entre duas fases – por exemplo, grãos de
areia, clipes de papel e outros objetos pequenos podem flutuar sobre a superfície da água, mesmo
sendo mais densos que ela; algumas espécies de insetos conseguem andar sobre a superfície da água
sem se molhar; na extremidade de um conta-gotas, um líquido sai na forma de gotas, e não como um
filete contínuo.
Para entender esses fenômenos, considere a interface de um líquido com seu próprio vapor ou
com o ar, como representado na Figura 1. Cada molécula no interior do líquido é atraída pelas demais
moléculas igualmente, em todas as direções, enquanto as moléculas que estão na superfície são
atraídas para o interior do líquido mais fortemente que em direção ao ar. Ocorre, então, uma contração
espontânea da superfície. No interior do líquido, as forças de coesão atuam no sentido de estabilizar
o sistema, reduzindo a energia potencial de cada molécula. Porém, por não ter o mesmo número de
vizinhas, uma molécula na superfície apresenta maior energia potencial que as no interior do líquido.
Portanto, para aumentar a superfície de um líquido, devem-se transferir moléculas de seu interior para
a interface, e isso requer certa energia.
Define-se a tensão superficial como a razão entre o trabalho externo W, necessário para
aumentar de A a área da interface do líquido, e essa área, ou seja,
W
A . (1)
61
Experimentos de Mecânica
As forças na interface de um líquido são semelhantes àquelas que mantêm películas elásticas
de sólidos esticadas, por exemplo, em membranas e balões de borracha. No entanto, como a tensão
superficial independe da área da superfície do líquido, esses sistemas são muito diferentes de películas
elásticas sólidas. Quando a área dessas películas é modificada, o número de moléculas na superfície
permanece constante, no entanto, as forças e as distâncias entre as moléculas se alteram. Por outro
lado, uma alteração na área de uma interface ocorre por meio da variação do número de moléculas,
mas a distância média entre elas e a força permanecem praticamente constantes.
A existência de forças na superfície de um líquido pode ser demonstrada com o dispositivo
representado na Figura 2, em que um laço de linha fina tem suas extremidades amarradas a um arame
dobrado em forma de anel. Mergulhando-se esse conjunto em uma solução de água com sabão, forma-
se uma película na parte interna do anel onde o laço de linha flutua livremente, sem forma definida.
Nessa situação, as moléculas do líquido, tanto na parte interna quanto na parte externa do laço,
exercem forças sobre a linha, permitindo que ela fique em equilíbrio. Quando a película na parte
interna do laço é destruída, o laço assume uma forma circular. Isso ocorre devido às forças radiais
exercidas pelas moléculas sobre a superfície da película.
A tensão superficial de um líquido pode ser determinada medindo-se a força por unidade de
comprimento necessária para aumentar a área da superfície desse líquido. Considere, por exemplo,
um fio dobrado em forma de U, sobre o qual um outro fio, de comprimento , pode deslizar sem
atrito, como mostrado na Figura 3.
fio
fio móvel
película
a) F
62
Experimentos de Mecânica
Esse conjunto é imerso em uma solução de água com sabão e, em seguida, retirado. Deslocando-
se o fio móvel, forma-se uma película de água com sabão, como mostrado na Figura 3. Se esse fio
for solto, observa-se que ele é puxado pelo líquido devido à tensão superficial que tende a minimizar
a superfície do líquido. Seja F a força necessária para deslocar o fio de x com velocidade constante.
Nessa situação, a energia para mover as moléculas do interior do líquido para a superfície da película
é igual ao trabalho realizado pela força externa sobre o fio. Como a película tem duas superfícies, o
aumento de sua área é de 2x. Utilizando-se a equação 1, obtém-se
F x F
ou . (2)
2 x 2
Esse resultado é utilizado, atualmente, nos principais métodos para se medir a tensão superficial
de líquidos. Neste experimento, será utilizado o Método de Du Nouy, também conhecido como
Método do Anel. Nele, um anel metálico circular é suspenso em uma balança de precisão –
dinamômetro de torção –, e uma base de altura ajustável é usada para levantar o líquido a ser medido
até que entre em contato com o anel. Em seguida, o recipiente é novamente abaixado para esticar a
película de líquido que se forma em torno do anel, como mostrado no detalhe da Fig. 4a. O módulo
F da força que o líquido faz sobre esse anel, devido à tensão superficial, é dado por
F 2 (2 r ) cos ,
em que 2r é o perímetro do anel, é o ângulo de contato do líquido e o fator 2 se deve às duas
películas que se formam – uma na parte interna e outra na parte externa do anel, como representado
na Figura 4a.
Quando o anel está em equilíbrio, a balança exerce uma força sobre ele, cujo módulo F é
F 4 r cos P P ,
em que P é o peso do anel e P é o peso do líquido que é levantado junto com ele. Na Figura 4b, essa
força está representada em função do deslocamento do anel a partir da superfície do líquido.
Quando o módulo dessa força é máximo, Fmax, ela tem direção vertical; nesse momento, o ângulo
de contato = 0o. Desprezando-se o peso P do líquido que fica retido no anel e tarando-se a balança
para descontar o peso do anel, a tensão superficial é, então, dada por
Fmax
4 r . (3)
Tabela 1.
Tensão superficial de alguns líquidos no ar.
Temperatura Tensão superficial
Líquido
(oC) (103 N/m)
Álcool etílico 20 22,3
Glicerina 20 63,1
Mercúrio 20 465
Água 0 75,6
Água 20 72,8
Água 60 66,2
Água 100 58,9
Oxigênio -193 15,7
Hélio -269 0,12
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar a tensão superficial da água e de uma solução de água com sabão.
Sugestão de material
Dinamômetro de torção com sensibilidade de 104 N, anel metálico com diâmetro de ~2,0 cm,
base elevatória, recipiente para líquido com diâmetro maior que 10 cm, água destilada, álcool,
paquímetro, detergente.
PROCEDIMENTO
Meça o diâmetro do anel e calcule seu perímetro. Em seguida, limpe-o, cuidadosamente, com
álcool para remover qualquer resíduo de gordura existente nele, enxágue-o com água destilada
e seque-o com uma toalha de papel limpa. Isso feito, não toque mais no anel.
Lave o recipiente com água corrente, limpe-o com uma toalha de papel embebida em álcool,
enxágue-o e seque-o bem.
Pendure o anel no dinamômetro e, em seguida, tare a balança – ou seja, ajuste sua leitura em
zero, de forma a eliminar o peso do anel na medida de força.
Coloque o recipiente com água destilada sobre a base elevatória e ajuste sua altura para que o
anel fique completamente submerso. Em seguida, abaixe-a, lenta e gradualmente, e, ao mesmo
64
Experimentos de Mecânica
tempo, nivele o braço do dinamômetro a cada passo. Faça isso até o instante em que o anel se
desprende da superfície do líquido. Nessa situação, a leitura, na balança, é igual à força
máxima da água sobre o anel, dada pela equação 3.
Repita essa medida várias vezes e determine o melhor valor dessa força, com sua respectiva
incerteza. Determine, então, a tensão superficial da água, também com a respectiva incerteza.
Em seguida, deve-se medir a tensão superficial de uma solução de água com sabão. Para isso,
acrescente 5 a 10 gotas de detergente à água do recipiente. Homogeneíze a mistura obtida e
repita o procedimento descrito para se medir a força máxima do líquido sobre o anel.
Calcule, então, a tensão superficial da solução de água com detergente, com sua respectiva
incerteza.
Compare os resultados obtidos com aqueles mostrados na Tabela 1.
65
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
E X P E R I M E N T O S D E
T E R M O D I N Â M I C A
66
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
INTRODUÇÃO
O Efeito Joule consiste na dissipação de energia elétrica sob forma de energia térmica em um
condutor, no qual se estabelece uma corrente. Esse efeito tem aplicação prática, por exemplo em
aquecedores elétricos.
A energia E dissipada em um aquecedor elétrico, em um intervalo de tempo t, é dada por
E = I V t,
Figura 1 - Aquecedor ligado à rede elétrica aquecendo uma quantidade de água de massa
m.
IV
T To t
mc , (1)
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar o calor específico da água.
Sugestão de Material
Miliamperímetro, recipiente termicamente isolado, água, aquecedor, misturador, cronômetro
e termômetro.
PROCEDIMENTO
Este experimento consiste em fornecer energia elétrica a um aquecedor enquanto se mede a
temperatura T da água em função do tempo t. Para isso, usa-se a montagem mostrada na Fig. 1
Meça a temperatura inicial da água. Depois, ligue o aquecedor à rede elétrica e comece a
marcar o tempo. Anote o valor da corrente no circuito. Meça a temperatura da água em função
do tempo até que a temperatura fique cerca de 10 oC acima da temperatura inicial. Durante o
aquecimento, mexa a água para homogeneizar sua temperatura. Construa o gráfico de
T versus t.
Tendo como base a equação 1, utilize o processo de regressão linear para obter o calor
específico da água e sua temperatura inicial. Considere 1,00 cal = 4,18 J.
Que alteração se poderia esperar na medida do calor específico da água se a capacidade
térmica do calorímetro não tivesse sido desprezada?
68
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
INTRODUÇÃO
Quando um sistema absorve calor, pode haver um aumento em sua temperatura, dependendo do
processo termodinâmico envolvido. Define-se capacidade térmica Cs de um sistema como sendo a
razão entre a quantidade de calor Q que ele recebe e a consequente variação de temperatura T, ou
seja,
Q Q
Cs
T T TO
Para um sistema que não perde energia para a vizinhança, mostre que sua temperatura final T,
após o aquecedor ficar ligado durante um tempo t, será dada pela equação:
VI
T To t (1)
Cs
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Medir a capacidade térmica de um calorímetro.
Sugestão de material
Voltímetro, amperímetro, ebulidor, termômetro, cronômetro, fonte de tensão, recipiente
termicamente isolado, agitador, água, cabos para ligações elétricas.
Com um ebulidor convencional, recomenda-se utilizar 200 ml de água, voltímetro com escala
de até ~20 V e amperímetro, de até ~5 A.
69
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
PROCEDIMENTO
Monte o circuito esquematizado na Fig. 1. Peça ao professor que confira as ligações. Valores
da tensão elétrica a ser utilizada e a corrente correspondente devem estar indicados na
montagem.
70
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
GASES IDEAIS
INTRODUÇÃO
Gases são fluidos em que a interação entre suas moléculas é bastante fraca e as moléculas não
apresentam organização espacial. Em escala macroscópica, um gás pode ocupar todo o volume finito
do recipiente que o confina. O estado termodinâmico de uma certa quantidade de um gás fica
determinado quando se especificam sua temperatura Kelvin T, sua pressão p e seu volume V. Um gás
é chamado ideal quando essas grandezas macroscópicas, denominadas variáveis de estado, estão
relacionadas de acordo com a equação
pV = nRT, (1)
em que n é o número de moles e R = 8,3145 J/(mol.K) é a constante universal dos gases. Em baixas
densidades, um gás real tem um comportamento próximo ao de um gás ideal. Também, quando se
tem pequenas variações de p, V ou T , um gás real tem comportamento aproximado pela equação
(1).
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Verificar a validade da equação de estado dos gases ideais para uma certa quantidade de ar.
Sugestão de material
Os procedimentos indicados baseiam-se no equipamento representado na Fig. 1.
Figura 1 - O dispositivo utilizado neste experimento, que permite variar e medir a pressão, o volume
e a temperatura de uma certa quantidade de gás, é composto por 9 itens, como descritos acima.
71
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
PROCEDIMENTO
O equipamento necessário para este experimento permite variar-se a pressão, o volume e a
temperatura de uma certa quantidade fixa de gás. Este experimento é constituído de três etapas
distintas e, em cada uma delas mantém-se constante uma das variáveis de estado p, V ou T, enquanto
se observa o comportamento das outras duas. Nas descrições que se seguem, os números apresentados
entre colchetes referem-se aos itens assinalados na Fig. 1. Para a obtenção das medidas de
temperatura, volume e pressão, deve-se considerar que:
os valores da temperatura T usados nas equações são na escala Kelvin.
o volume de ar a ser medido é o volume interno do tubo [1], limitado pela coluna de mercúrio
[4]. Especificações para o cálculo deste volume – como, por exemplo, o diâmetro do tubo –
devem acompanhar a montagem.
para variar a pressão do ar no tubo [1], deve-se mover o reservatório de mercúrio [6] para
cima ou para baixo. Inicialmente, é preciso remover a tampa do reservatório móvel [8] para
que a pressão na superfície do mercúrio, neste reservatório, seja igual à pressão atmosférica
local.
Considerando que, nas condições normais de temperatura e pressão, 1 mol de gás ocupa um
volume de 22,4 litros avalie se o resultado encontrado corresponde ao esperado.
73
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
CALIBRAÇÃO DE UM TERMOPAR
INTRODUÇÃO
74
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
O valor do coeficiente Seebeck é muito pequeno para os termopares típicos, ou seja, a força
eletromotriz gerada é pequena mesmo para grandes variações de temperatura. Na Fig. 3, representa-
se esse coeficiente em função da temperatura para alguns tipos de termopares comerciais; na Tab. 1,
estão listados valores do coeficiente Seebeck para a temperatura de 20º C.
TABELA 1
Coeficiente de Seebeck de alguns termopares comerciais, a 20º C.
Tipo do Coeficiente Seebeck em
Metais ou ligas da junção
termopar T = 20º C (V/º C)
E Cromel/Constantan 62
J Fe/Constantan 51
K Cromel/Alumel 40
R Pt/Pt + 13% Rd 7
S Pt/Pt + 10% Rd 7
T Cu/Constantan 40
5
Alguns autores chamam este coeficiente de potência termoelétrica.
75
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
Neste experimento, serão vistos o princípio de funcionamento de termopares e o modo como eles
são construídos e calibrados.
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Calibrar um termopar.
Sugestão de material utilizado
Termopar, voltímetro com sensibilidade mínima de 10 V, termômetro de referência,
ebulidor, agitador de água, recipiente para água, recipiente refratário, nitrogênio líquido,
fósforo, isqueiro ou vela.
PROCEDIMENTO
O processo de calibração de um termopar consiste em fazer medições da força eletromotriz gerada
para diversos valores conhecidos de temperatura da junção de medida. Para determinação dessa
temperatura, deve-se utilizar um termômetro de referência, já calibrado.
Faça a montagem representada na Fig. 2. Diferentemente da situação mostrada na Fig. 2, a
junção de referência será mantida à temperatura ambiente, cujo valor deve ser previamente
medido com o termômetro de referência.
No recipiente refratário, aqueça cerca de 200 ml de água com o ebulidor, até que o termômetro
de referência indique uma temperatura entre 90 oC e 100 oC.
Mergulhe a junção de medida do termopar na água. Feito isso, meça, com o voltímetro, a
diferença de potencial e, com o termômetro de referência, a temperatura da água. Mantenha a
ponta do termopar próxima ao bulbo do termômetro para garantir que ambos estejam à mesma
temperatura.
Em seguida, deve-se medir a diferença de potencial no termopar para diversos valores de
temperatura da água. Para isso, aos poucos, adicione água fria à água quente contida no
recipiente e repita as medidas feitas na etapa anterior.
Faça o gráfico da diferença de potencial no termopar em função da temperatura da água. Com
base nesse gráfico, verifique se o coeficiente Seebeck desse termopar é constante na faixa de
temperatura observada. Nesse caso, faça uma regressão linear dos resultados das medições e
determine o valor desse coeficiente. Escreva, então, a equação de calibração (T) do termopar.
Determine o valor da temperatura de referência TR encontrado a partir da regressão linear.
Agora que o termopar está calibrado, utilize-o para medir a temperatura ambiente e a
temperatura de uma pessoa. Meça essas temperaturas, também, com o termômetro de
referência e compare os valores obtidos em cada caso.
Utilize o termopar para medir a temperatura do nitrogênio líquido e da chama de fogo. Sabe-
se que a temperatura do nitrogênio líquido é de –196 oC. Avalie e comente os resultados
obtidos nessas medições.
O que você observa com relação ao valor de quando o termopar é colocado em uma chama?
76
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
em que é a condutividade elétrica do metal e é uma constante. Por simplicidade, supôs-se uma
amostra unidimensional.
Quando a amostra do metal está em um circuito aberto, J = 0 e, nesse caso, o campo elétrico é
dado por
dT dT
E Q
T dx dx ,
Portanto a força eletromotriz, nesse circuito, é uma função da diferença de temperatura das duas
junções e da diferença entre as potências termoelétricas dos dois metais. Esse resultado é conhecido
como Efeito Seebeck.
77
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
INTRODUÇÃO
Processos termodinâmicos em que não há troca de calor são denominados adiabáticos. Esses
processos podem ocorrer em sistemas termicamente isolados ou em transformações rápidas, em que
não há tempo para o sistema trocar calor com a vizinhança – por exemplo, durante uma compressão
ou uma expansão rápida de um gás.
A relação entre pressão p e volume V de um gás durante um processo adiabático é dada por
pV γ constante,
p
pi i
Inicialmente, esse gás está no estado i, à temperatura ambiente, com volume Vi e à pressão pi, um
pouco acima da pressão atmosférica p0. Em seguida, o gás expande-se, rapidamente, até um volume
Vf e sua pressão chega à pressão atmosférica. Nesse processo – representado no diagrama pela curva
ia –, a temperatura do gás reduz-se para um valor ligeiramente abaixo da temperatura ambiente.
Considerando-se esse processo como adiabático e quase estático, pode-se escrever
piVi p 0V f
. (1)
Posteriormente, o gás retorna à temperatura ambiente, mantendo-se seu volume constante. Nesse
processo – af –, a pressão do gás aumenta até o valor pf.
78
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
Uma vez que as temperaturas do gás nos estados i e f são iguais, pode-se escrever
p i V i p 0V f
. (2)
pi
ln
p i p i p0
(3)
p 0 p f p i
ln
p f
gh i gh f
p i p 0 1 e p f p 0 1
p0 p0 , (4)
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar a razão = cp /cv entre os calores específicos à pressão e à volume constantes do
ar.
Sugestão de material
O procedimento utilizado, neste experimento, para medir a relação entre os calores
específicos de um gás é conhecido como Método de Clément-Desormes e a instrumentação
utilizada está mostrada na Fig.2.
79
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
O aparelho consiste em um balão de vidro tampado com uma rolha de borracha que contém duas
saídas. Uma delas (B) é conectada a uma bomba para se injetar gás no balão, aumentando sua pressão;
ela possui uma válvula de alívio que possibilita a expansão rápida do gás. A outra saída (A) é
conectada a um manômetro de óleo (M). No caso de o gás ser o próprio ar, é recomendável a
colocação de material secante – por exemplo, sílica – dentro do balão, para absorver qualquer
umidade nele presente.
Procedimento
Usando uma bomba manual, injete um pouco de ar no balão, provocando um aumento de
pressão caracterizado pelo deslocamento h da coluna de óleo. (O desnível h não deve
ultrapassar 30 cm.)
Isole a bomba do sistema, usando, se necessário, uma pinça na mangueira e aguarde o bulbo
entrar em equilíbrio térmico com o ambiente, ou seja, até a diferença entre as colunas de óleo
se estabilizar. Anote o valor hi indicado no manômetro.
Nessa situação a pressão no interior do balão será
pi = po + ghi (5)
Repita o procedimento usando, pelo menos, seis valores diferentes da pressão inicial do ar no
balão.
Com base em um gráfico de hf em função de hi e do resultado obtido na equação 5, obtenha
o valor de com sua respectiva incerteza.
Compare o valor encontrado com os valores determinados pela Teoria Cinética dos Gases e,
considerando a composição do ar, avalie se o resultado corresponde ao esperado.
80
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
INTRODUÇÃO
Processos termodinâmicos em que não há troca de calor são denominados adiabáticos. Esses
processos podem ocorrer em sistemas termicamente isolados ou em transformações rápidas, nas quais
não há tempo para o sistema trocar calor com a vizinhança – por exemplo, durante uma compressão
ou uma expansão rápida de um gás.
A relação entre pressão p e volume V de um gás durante um processo adiabático é dada por:
pV γ = constante (1)
em que γ = cp /cv = razão entre os calores específicos molares, a pressão constante cp e a volume
constante cv do gás. A Teoria Cinética dos Gases, considerando os graus de liberdade de cada
molécula, prevê que para gases monoatômicos tem-se γ = 1,67, para gases diatômicos γ = 1,4 e, para
gases poliatômicos γ = 1,33.
Rüchhardt propôs um método simples para se determinar γ, como descrito a seguir.
A Fig. 1 mostra um cilindro de volume V e seção transversal A, preenchido com um gás; na parte
superior do cilindro há um êmbolo de massa m. A pressão do gás dentro do cilindro é dada por
mg
p po
A
(2)
81
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
Este deslocamento provoca uma pequena diminuição p na pressão. A força F resultante sobre
o êmbolo é, desprezando-se o atrito, igual a Ap, ou seja
F
p
A (4)
p A2
F y
V
(6)
4 ² mV
γ
A² p² (7)
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivos
Determinar o coeficiente γ de um gás ideal.
Determinar se o gás é monoatômico, diatômico ou poliatômico.
Sugestão de material
Cilindro com êmbolo de diâmetro d e massa m, sensor de baixa pressão.
PROCEDIMENTO
Para se utilizar o método de Rüchhardt para determinação do γ de um gás utiliza-se uma
montagem como a ilustrada na figura 2.
82
EXPERIMENTOS DE TERMODINÂMICA
8
Oscilação da pressão dentro do cilindro
6
Pressão (kPa)
4
-2
-4
-6
-8
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
tempo (s)
(a) (b)
Figura 2 – (a) Dispositivo que permite registrar a oscilação da pressão, quando se faz uma
pequena perturbação no êmbolo dentro do cilindro. (b) Registro gráfico da pressão em
função do tempo; constata-se o movimento harmônico amortecido.
A pressão no interior do cilindro é medida por um sensor que, por meio de uma interface,
transmite os valores para um computador. É importante que a aquisição dos dados seja feita em
frequência alta ( ~1000 Hz) pois o período de oscilação é bem pequeno.
Procure familiarizar-se com os instrumentos e com o programa de aquisição de dados.
(Instruções adicionais devem estar disponíveis juntamente com a montagem.)
Escolha um volume inicial. Desloque o êmbolo de sua posição de equilíbrio fazendo uma
pressão sobre ele. Solte-o e registre sua oscilação em um gráfico usando o programa de
aquisição de dados.
Determine o período de oscilação do sistema a partir de uma média dos valores do período no
gráfico.
Repita o procedimento com pelo menos 8 diferentes volumes iniciais. Para cada valor de
volume, faça algumas medições do período.
A partir de uma análise gráfica, obtenha o valor de γ com sua respectiva incerteza, tendo como
base a equação (7).
Compare o valor encontrado com os valores determinados pela Teoria Cinética dos Gases e,
considerando a composição do ar, avalie se o resultado corresponde ao esperado.
83
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
E X P E R I M E N T O S D E
E L E T R O M A G N E T I S M O
84
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
INTRODUÇÃO
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivos
Encontrar o valor da resistência de resistores em circuitos puramente resistivos.
Praticar a utilização de um multímetro digital.
Sugestão de material
Fonte de tensão contínua, multímetro digital, miliamperímetro analógico, resistor R1 com
código de cores, resistor R2 “desconhecido”, painel para ligações, cabos para conexões e
tabela com código de cores.
PROCEDIMENTO
Utilização de um multímetro
Medições de tensão, corrente e resistência elétricas são usualmente feitas com multímetros, que
são aparelhos em que se pode selecionar a função voltímetro, amperímetro ou ohmímetro. Para usar
um multímetro analógico ou digital, devem-se observar as seguintes regras básicas:
com a chave seletora do aparelho, escolha o tipo de medida a ser feita;
caso o aparelho não tenha escala automática, escolha a escala apropriada para a medição;
conecte corretamente os cabos ao multímetro:o conector COM é comum para todos os tipos
de medição e é o polo negativo para medidas de corrente contínua.
85
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
I I
R R
V
(a) (b)
Figura 1 - Circuito constituído de uma fonte de tensão elétrica , um resistor R e um
multímetro. Em (a), o multímetro, na função voltímetro, está conectado em paralelo com o
resistor; em (b), o multímetro, na função amperímetro, está conectado em série com o
resistor
I
R
V
A
Varie a tensão da fonte e obtenha pares de valores V, I. Atenção: não exceda o limite de
corrente estabelecido! Trace o gráfico V x I com os dados obtidos. Faça uma regressão linear
para determinar a equação da reta que melhor se ajusta a esses pontos. A partir dos valores
obtidos na regressão linear, especifique o valor da resistência do resistor com sua respectiva
incerteza.
Compare e comente, do ponto de vista de confiabilidade e precisão, os valores da resistência
desse primeiro resistor encontrados nos três processos. Indique o melhor resultado para o valor
da resistência.
Determinação da resistência elétrica de uma associação de resistores em série ou em paralelo
Conecte os dois resistores, R1 e R2, em série no painel de ligações. Com o multímetro na
posição ohmímetro, meça o valor da resistência Rs do conjunto. Conecte, agora, os resistores
em paralelo e meça o valor da resistência Rp do conjunto.
86
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
87
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
RESISTIVIDADE ELÉTRICA
INTRODUÇÃO
A aplicação de uma diferença de potencial elétrico V em um fio faz aparecer, nele, uma corrente
elétrica i. A resistência elétrica R entre dois pontos quaisquer de um condutor é definida pela equação
V
R
I (1)
E
J (2)
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivos
Determinar a resistividade elétrica de um fio de metal.
Sugestão de material
Fio preso a um suporte, cabos para contatos elétricos, régua e ohmímetro.
88
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
PROCEDIMENTO
Observe a montagem representada na Fig. 1.
Usando um multímetro na função ohmímetro, meça a resistência R de um trecho do fio de
comprimento l, entre o ponto de contato fixo P1 e um outro ponto variável P2. Obtenha pares
de valores para R e l em número suficiente para definir experimentalmente a relação entre essas
duas grandezas.
Faça um gráfico de R versus l e, tendo como base a equação 4, faça uma regressão linear para
obter a resistividade do fio. A área da seção reta do fio utilizado está indicada na montagem.
89
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
INTRODUÇÃO
V0
V(t)
R V0/2
(a) S
C
0
2 4 t
V0
V(t)
(b) S V0/2
C
0
2 4 t
As equações que descrevem o modo como a carga no capacitor varia com o tempo nesses
processos podem ser deduzidas, aplicando-se regras de análise de circuitos aos circuitos mostrados
na Fig. 1 – ver experimento “Circuito RC”. No caso da descarga (b), a solução das equações mostra
que a tensão, nas placas do capacitor, varia com o tempo da seguinte maneira:
t
V ( t ) V0 e . (1)
em que V0 é a tensão inicial no capacitor e c (constante de tempo capacitiva) é igual ao produto dos
valores da resistência e da capacitância: c = RC.
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivos
Determinar a resistência interna de um voltímetro.
90
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
Sugestão de material
Fonte de tensão contínua, capacitor eletrolítico de alta capacitância (C ~ dezenas de mF) e
voltímetro analógico.
PROCEDIMENTO
Nesse experimento, um capacitor é carregado até uma tensão Vo e, em seguida, devem ser
feitas medições da tensão nele em função do tempo, enquanto ele se descarrega através de um
resistor que, nesse caso, será a resistência interna do próprio aparelho de medida.
V
R
1
S 2
C
Monte o circuito mostrado na Fig. 2. Carregue o capacitor com uma tensão compatível com
o voltímetro e o capacitor fornecidos, conectando a chave S no ponto 1. Em seguida, desligue
a fonte, mudando a posição da chave S para o ponto 2. Obtenha pares de valores de V e t em
um número suficiente para definir, experimentalmente, a relação entre essas grandezas. Antes
de realizar propriamente as medidas, simule o experimento para se acostumar com a taxa do
decaimento da tensão.
Tendo como base a equação 1, utilize processos de linearização e regressão linear para
encontrar a resistência interna do voltímetro.
Justifique por que este processo não é adequado para se medir a resistência interna de um
voltímetro digital.
91
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
INTRODUÇÃO
Circuitos elétricos simples formados por uma única malha podem ser analisados com base nas
regras para associações de resistores em série e em paralelo e na relação V = R I. Circuitos mais
complexos são analisados mais facilmente utilizando-se duas regras – conhecidas como Regras de
Kirchhoff – que se baseiam nas leis de conservação de energia e de carga elétrica.
Há duas definições que se fazem necessárias ao se usarem as regras de Kirchhoff: a de nó e a de
malha em um circuito. Um ponto de um circuito a que três ou mais elementos estão conectados é
denominado nó e um percurso fechado do circuito é chamado de malha. No circuito mostrado na
Fig. 1, por exemplo, os pontos B e E são nós e os percursos ABEFA, BCDEB e ABCDEFA são
malhas.
R3
A B C
I3
1 I2 R2 2
I1
F R1 E D
Aplicando-se a regra das malhas para as malhas ABEFA e BCDEB obtém-se, respectivamente,
1 = R1 I1 + R2 I2 e (2)
2 = – R2 I2 + R3 I3 . (3)
92
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar as correntes e tensões nos resistores de um circuito por meio das regras de
Kirchhoff.
Sugestão de material
Fonte de tensão 1 = 6 VCC (tensão contínua), fonte de tensão 2 = 3 VCC; multímetro; painel
para conexões; cabo; resistores R1 = R2 = 680 e R3 = 1k.
PROCEDIMENTO
Com o multímetro, meça as resistências de todos os resistores e as tensões das fontes. Nessas
medidas, cada elemento deve estar desconectado do circuito.
Com esses valores medidos, use as regras de Kirchhoff para calcular as correntes I1, I2 e I3 no
circuito mostrado na Fig. 1. A seguir, calcule as diferenças de potencial V1, V2 e V3 nos
resistores R1, R2 e R3.
Monte o circuito mostrado na Fig. 1. Antes de ligar as fontes, chame o professor para conferir
as ligações.
Meça as diferenças de potencial e as correntes em cada um dos resistores do circuito. Registre
essas medidas, com suas respectivas incertezas.
Compare os valores de correntes e de tensões medidos nos resistores com os valores
calculados utilizando as regras de Kirchhoff.
93
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
INTRODUÇÃO
em que I é a corrente elétrica, N é o número de espiras em cada bobina e µ0 = 1,26 106 Tm/A é a
permeabilidade magnética do vácuo, que é, aproximadamente, igual à do ar.
94
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
Considere que a Bobina de Helmholtz é posicionada sobre a mesa com seu eixo orientado na
direção Leste-Oeste. Nessa situação, o campo magnético B, no centro do arranjo das bobinas, faz um
ângulo de 90º com o campo magnético BT da Terra, como mostrado, esquematicamente, na Figura 3.
Se B=0 T, a agulha de uma bússola, colocada no centro das bobinas, orienta-se na direção da
componente horizontal de BT – a direção Norte-Sul. Para B0 T, a agulha gira de um ângulo e
orienta-se na direção do campo resultante BR, como representado na mesma Fig. 3.
B
Figura 3. A componente horizontal Th do campo
magnético da Terra somada ao campo B da Bobina
de Helmholtz produz o campo resultante BR. A
agulha de uma bússola orienta-se na direção desse
campo. (Para facilitar a visualização, somente uma
das bobinas do arranjo é mostrada.).
Nessa situação, a componente horizontal BTh do campo magnético da Terra pode ser obtida por
meio da relação
B
tg
BTh
, (2)
em que B é o módulo do campo magnético das bobinas na região onde se encontra a bússola.
Substituindo a equação 1 em 2, obtém-se
BTh
I tg
C (3)
95
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
8 o N
em que C
5 5 R
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar o valor da componente horizontal do campo magnético da Terra.
Sugestão de material
Bússola, bobinas de Helmholtz, amperímetro, fonte de corrente contínua, suporte para bússola
e fios para ligação.
PROCEDIMENTO
Para a obtenção de bons resultados nas medições, é importante que as bobinas sejam
colocadas longe da influência de campos magnéticos perturbadores – por exemplo, aqueles
produzidos por peças de ferro próximas ao local de medida. Para encontrar o melhor local,
mova a bússola sobre a mesa – se houver materiais magnéticos próximos, a agulha se desviará
da direção Norte-Sul.
Determine o valor médio do raio das bobinas e sua respectiva incerteza.
Coloque a bússola no centro das bobinas, sobre o suporte, como mostrado na Figura 2; oriente
a Bobina de Helmholtz para que o seu eixo fique na direção Leste-Oeste.
Neste experimento, a componente horizontal do campo magnético da Terra será determinada
variando-se a corrente nas bobinas e medindo-se, para cada valor, o respectivo ângulo de
desvio da agulha da bússola. Faça essas medições, atentando para que a corrente máxima
permitida nas bobinas não seja ultrapassada.
Por meio de uma análise gráfica, tendo como base a equação 3, obtenha o valor de BTh , com
sua respectiva incerteza.
Indique qual seria a informação complementar à medição feita, necessária para se determinar a
componente vertical do campo magnético da Terra.
96
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
CIRCUITO RC
INTRODUÇÃO
Enquanto houver corrente no circuito, cargas se acumularão nas placas do capacitor. De acordo
com a definição da capacitância C de um capacitor, em cada instante essa carga será dada por
q CVab ,
Com a chave S na posição A, de acordo com a regra das malhas de Kirchhoff as tensões nos
elementos do circuito são tais que
q
iR .
C
Como i = dq/dt , essa equação pode ser escrita na forma
dq q
R ou
dt C (1)
dq q
dt RC R
97
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
q(t ) C 1 e t / RC , (2)
cuja solução é
q (t ) C e t / RC ou
t / RC
(3)
q (t ) qo e
Mostre que, no processo de descarga, a variação da tensão elétrica nos terminais do capacitor
pode ser escrita como
t
V (t ) Vo e RC
, (4)
em que Vo é a tensão elétrica no capacitor no instante em que ele começa a descarregar (t = 0).
Mostre que para esse tempo, num processo de descarga, a tensão elétrica do capacitor cai para
0,37 de seu valor inicial.
Mostre que RC tem dimensão de tempo.
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Obter curvas de descarga de um capacitor em um circuito RC.
Determinar as constantes de tempo capacitivas dos circuitos analisados.
Sugestão de material
Computador com interface para aquisição de dados, sensor de tensão elétrica, fios,
capacitor de capacitância C, dois resistores R1 e R2 = 30R1 e fonte de tensão elétrica.
Valores sugeridos: C ~ 2,2 mF, R1 = 300 , e R2 =10 k e fonte de 7 V (CC).
PROCEDIMENTO
Escolhendo-se valores elevados de resistência e de capacitância para os respectivos elementos, a
medição de tempo pode ser feita com um cronômetro comum. Entretanto, um sistema de aquisição
98
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
99
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
INTRODUÇÃO
Sabe-se que uma carga elétrica em movimento ou uma corrente elétrica produz um campo
magnético em sua vizinhança. Na Figura 1, representa-se uma bobina de comprimento L, formada
por N espiras de seção reta circular de raio r. Uma corrente Io nas espiras produz um campo magnético
B cujo módulo, no centro da bobina, é dado por
I 0 N
B cos
L , (1)
Sabe-se que a força que um campo magnético B exerce sobre um fio reto no qual existe uma
corrente elétrica I é dada por
F=IxB , (2)
em que é um vetor dirigido ao longo do fio, no sentido da corrente elétrica, com módulo igual ao
comprimento do fio.
O módulo do campo magnético em uma região pode ser determinado por meio da medição dessa
força. Para isso, utiliza-se uma balança de corrente, como a que é mostrada na Fig. 2. Ela consiste em
uma espira retangular de lados a (largura) e (comprimento), na qual existe uma corrente elétrica I
(veja detalhe na Fig. 2). Essa espira pode girar em torno de um eixo que está apoiado em dois suportes
verticais. Fixada nesse eixo, há, também, uma haste sobre a qual um objeto de massa m pode ser
posicionado, de forma que a espira fique em equilíbrio com o seu plano na horizontal.
100
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
Figura 2 - Balança de corrente utilizada para medir o campo magnético no interior de uma
bobina. Essa balança consiste em uma espira, que pode girar em torno de um eixo; um
objeto de massa m produz um torque na haste em sentido oposto ao que é produzido pela
força magnética na espira.
Considere que essa espira é colocada no interior de uma bobina de forma que o trecho de tamanho
fique perpendicular ao campo magnético B nessa região (veja Figura 2). Nessa situação, o campo
exerce uma força sobre essa parte da espira, cujo módulo é dado por
F = I B.
Essa força produz um torque na espira cujo módulo, em relação ao seu eixo de rotação, é
= | r x F | = a I B .
Para manter-se a espira nivelada horizontalmente, deve-se, então, produzir um outro torque com
sentido oposto. Isso pode ser feito colocando-se um objeto de massa m sobre a haste da balança a
uma distância x do eixo de rotação de forma que se satisfaça a relação
a I B = m g x. (3)
Neste experimento, o campo magnético no centro da bobina será determinado por meio de
medições da corrente I necessária para equilibrar a espira com o objeto em diferentes posições x.
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Medir o campo magnético no centro de uma bobina, utilizando-se uma balança de corrente.
101
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
Sugestão de material
Balança de corrente, bobina de seção reta circular, fonte de tensão contínua para até 2 A, fonte
de tensão contínua para até 8 A, objeto de massa ~ 0,20 g, 2 amperímetros, fios para ligação
e um pequeno laser tipo caneta.
PROCEDIMENTO
Faça a montagem representada na Fig. 2. Escolha as fontes de tensão e os amperímetros para
a bobina e para a balança de acordo com a corrente máxima permitida a cada um. Ajuste a
posição da bobina de forma que o trecho da espira com comprimento fique no seu centro.
Na balança, há um dispositivo – não mostrado na Fig. 2 – que serve para ajustar a inclinação
da espira. Utilize-o para colocar a espira na posição horizontal quando não houver torques
sobre ela, ou seja, quando I = 0 A, e não houver qualquer objeto pendurado na haste da
balança. Essa posição de equilíbrio da espira deve ser registrada com precisão, pois será
utilizada posteriormente. Para isso, direcione o feixe de um laser sobre o pequeno espelho
que está fixado no eixo da balança, como mostrado na Fig. 3. Com a espira na horizontal,
marque a posição em que o feixe refletido atinge um anteparo o mais afastado possível da
balança.
Ajuste a corrente elétrica I0 na bobina para um valor entre 1,0 e 1,5 A. Essa corrente produz
um campo magnético homogêneo entorno do centro da bobina.
Esse campo magnético será determinado por meio de medições da corrente I necessária para
equilibrar a espira com o objeto em diferentes posições x. Para isso, coloque o objeto de massa
m sobre a haste, a cerca de 1,0 cm do eixo da balança. Em seguida, ajuste a corrente I na espira
até que esta retorne à mesma posição de equilíbrio registrada inicialmente. Nessa condição, o
feixe do laser deve incidir na posição marcada anteriormente no anteparo.
Repita esse procedimento para diferentes posições do objeto sobre a haste.
Faça um gráfico de x versus I e, com base na equação 3, determine o melhor valor para o
campo magnético no centro da bobina, com sua respectiva incerteza.
Com base na equação 1, calcule o valor previsto para o campo magnético no interior da bobina
e compare-o com o valor medido neste experimento.
Caso um medidor de campo magnético – teslâmetro – esteja disponível, meça diretamente o
campo magnético no centro da bobina e compare com os dois valores já obtidos.
102
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
INTRODUÇÃO
103
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
B (t ) B0 cos t ,
Figura 2 - Uma Bobina de Helmholtz, ligada a uma fonte de corrente alternada, produz
um fluxo magnético variável em seu interior. Esse fluxo dá origem a uma força eletromotriz
induzida na outra bobina (menor), cujo valor é medido com o voltímetro
Esse campo magnético produz na bobina menor, de área A e com N espiras (veja Fig. 2), um fluxo
magnético variável que é dado por
B (t ) NBo A cos cos t
em que
0 NAB0 cos .
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Verificar a indução de corrente elétrica em uma bobina devido à variação de fluxo magnético.
Medir a força eletromotriz induzida em uma bobina.
Sugestão de material
Microamperímetro analógico com zero central, diodo emissor de luz (LED), ímã, bobina com,
~1200 espiras, multímetro digital, fonte de corrente alternada, medidor de campo magnético
com sensibilidade de 0,01 mT, Bobina de Helmholtz com ~100 espiras e diâmetro de ~40 cm,
104
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
bobina com menor com diâmetro de ~10 cm e N (>3) espiras e, suporte giratório para bobina
e cabos para conexões elétricas.
PROCEDIMENTO
Observação da corrente induzida em uma bobina
Conecte a bobina de 1200 espiras ao microamperímetro analógico. Em seguida, movimente o
ímã ao longo do eixo da bobina, aproximando-o e afastando-o dela e observe a corrente
indicada no microamperímetro. Repita esse procedimento, invertendo os polos do ímã e,
também, variando a velocidade dele em relação à bobina. Descreva suas observações e
explique-as com base nas leis de Faraday e de Lenz.
Retire o microamperímetro e conecte a bobina ao LED. Repita o procedimento descrito no
item anterior e explique o que você observa. Lembre-se de que o LED é um dispositivo que
permite corrente elétrica apenas em um sentido.
Medição da força eletromotriz induzida em uma bobina
Monte o circuito representado na Figura 2. A Bobina de Helmholtz deve ser conectada à fonte
de corrente alternada e o voltímetro, à bobina menor. Todos os cabos de conexão devem ser
trançados em pares, como mostrado nessa figura, para evitar campos magnéticos adicionais
indesejáveis.
Gire a bobina menor até alinhar o eixo dela com o da Bobina de Helmholtz. Ajuste a tensão
alternada da fonte para 14 V e, com o voltímetro, observe a força eletromotriz induzida na
bobina menor. Explique a origem dessa força eletromotriz.
Meça o valor da força eletromotriz induzida na bobina menor para diferentes ângulos e
registre os resultados obtidos em um gráfico. Considere que, em um circuito de corrente
alternada, o voltímetro mede o valor quadrático médio da força eletromotriz – chamado de
tensão eficaz –, dado por eficaz 0 2 . (veja Apêndice H)
Por meio de uma análise gráfica dos dados adquiridos, obtenha o valor da amplitude B0 do
campo magnético induzido na bobina menor.
Com o medidor de campo magnético, meça o valor eficaz desse campo no centro da Bobina
de Helmholtz e compare-o com o valor determinado no item anterior. Observe que, assim
como no voltímetro, o medidor de campo magnético mede, para campos alternados, o valor
eficaz do campo, que é dado por Beficaz B0 2.
105
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
DIODO SEMICONDUTOR
INTRODUÇÃO
Ao ser conectada a uma fonte de força eletromotriz, uma junção p-n permite o fluxo de corrente
apenas em um sentido – da região p para a região n. Considere a situação em que um diodo está
conectado a uma fonte de forma que a região tipo p está em um potencial mais alto que a tipo n. Essa
configuração é chamada de polarização direta. A fonte, continuamente, injeta elétrons na região n, ao
mesmo tempo em que remove outros elétrons – ou, equivalentemente, injeta buracos – na região p.
Nessa situação, o campo elétrico da fonte tem sentido oposto ao campo produzido pelos íons na região
de depleção. Essa região, então, estreita-se, facilitando o fluxo de cargas através da interface.
106
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
Por outro lado, diz-se que um diodo está com polarização reversa quando a região tipo p está em
um potencial menor que a do tipo n. Nesse caso, a região de depleção alarga-se, reduzindo, então, a
corrente através do diodo.
Na Fig. 2, estão mostrados circuitos em que (a) o diodo está polarizado diretamente e (b)
reversamente. O diodo só conduz quando está com polarização direta e com uma tensão superior a
uma tensão de corte VF. Quando polarizado reversamente, o diodo não conduz.
i=0
-
V1 R
r = inverso da
I inclinação
VF = ponto de
quebra ou
“joelho”
VF V
VF r
107
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
em que Is é uma pequena corrente, aproximadamente constante, que aparece em polarização reversa
e é o chamado “fator de idealidade” que depende da fabricação do diodo (tipo de material, dopagem
etc.). VT é uma constante de origem térmica dada por
kT
VT
q
A energia dos fótons emitidos por eletroluminescência é dada por E = hf, sendo f a frequência da
radiação emitida e h a constante Planck. Esta energia é proporcional à tensão de corte do diodo, isto
é, E q VF , em que q = 1,6 x 10-19 C é a carga elementar. Desta forma, pode-se relacionar o
comprimento de onda da luz emitida por um LED com sua tensão de corte através da relação
hc
hf qV F
(3)
108
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Observar o comportamento de um LED em polarização direta e reversa e levantar sua curva
característica I x V.
Medir o comprimento de onda da luz emitida por um LED e determinar o valor da constante
de Planck.
Sugestão de material
1 fonte de tensão CC (0 a 25V), 2 multímetros digitais, 1 painel de ligação, cabos, 1 LED, 1
resistor de 220 , 1 espectrômetro.
PROCEDIMENTO
Características elétricas de um LED
Atenção: todo LED tem um valor máximo de corrente permitido. Verifique qual é esse valor
para não danificar o LED.
Monte o circuito da Fig. 5 com o voltímetro, inicialmente, sobre a fonte de alimentação.
Chame o professor para conferir. Ajuste a tensão da fonte (não a do diodo!) para 5 V. Observe
a leitura do amperímetro e a luminosidade do LED. Inverta o LED no circuito e identifique
quais são as posições para polarização direta e reversa.
A corrente no circuito da Figura 5 pode ser calculada por I = ( V – VF) / R. Calcule esta
corrente para os valores sugeridos na montagem da figura e compare com o valor medido para
a polarização direta.
Ajuste a fonte para a menor tensão possível e, em seguida, conecte o voltímetro aos terminais
do LED. Varie a tensão na fonte até que a tensão sobre o LED seja de, aproximadamente,
1,3 V. Varie lentamente a tensão e registre pares de valores da tensão V sobre o LED e da
109
EXPERIMENTOS DE ELETROMAGNETISMO
corrente I, tendo o cuidado em obter uma boa definição da curva nas proximidades de VF (veja
Figura 3). Evite registrar pontos para correntes acima de 10 mA.
Tendo como base a relação aproximada entre I e V (equação 2), obtenha, por meio de uma
análise gráfica, os valores das constantes Is e , com os respectivos erros e unidades.
Apenas como uma referência comparativa, a corrente de saturação reversa Is pode estar na
faixa de 10-4 a 10-17 A e o fator de idealidade, próximo de 2 (LED vermelho).
Como já foi comentado e ilustrado, para efeito de análise, pode-se considerar que o diodo é
constituído por uma fonte de tensão VF em série com uma resistência r. Ajuste manualmente
uma reta sobre a parte aparentemente retilínea da curva I x V e determine os valores de VF
e de r.
A
B
Figura 6. Espectrômetro. “A” é uma janela para
entrada de luz. Em “B” há, além de uma abertura .
para observação, uma rede de difração .
.
C
(transparente) refletora. Em “C” há uma escala
calibrada para a leitura do comprimento de onda.
BIBLIOGRAFIA
SZE, S. M. Physics of Semicondutors Devices. 2. ed. New York: John Whiley, 1981. (Capítulo
12 - LED and Semicondutor Lasers)
110
E X P E R I M E N T O S D E
O N D A S
111
EXPERIMENTOS DE ONDAS
INTRODUÇÃO
T
v . (1)
em que n = 1, 2, 3,… Portanto, as frequências de oscilação dessa uma corda são dadas por
v v
f n
2 .
Figura 1. Representação dos modos n = 1, 2 e 3 das ondas estacionárias em uma corda que
tem ambas as extremidades fixas.
Essas ondas estacionárias, mostradas na Fig. 1, são chamadas de modos normais de vibração da
corda. O modo fundamental corresponde à frequência em que n = 1; o primeiro sobretom, ou segundo
harmônico, corresponde àquela em que n = 2; e assim, sucessivamente.
As ondas produzidas por vibrações de uma corda são rapidamente amortecidas, a não ser que seja
continuamente fornecida energia para manter suas amplitudes constantes. Se a corda for submetida a
uma força externa, periódica, com frequência igual à de um de seus modos normais, mesmo uma
112
EXPERIMENTOS DE ONDAS
pequena força poderá produzir ondas de grande amplitude. Esse efeito é chamado de ressonância.
Nesse caso, a força externa fornece energia à corda continuamente, e o amortecimento, causado pelo
atrito, determina a amplitude das oscilações – se o amortecimento for pequeno, a amplitude das
oscilações poderá ser muito grande.
Ondas estacionárias em uma barra
Em uma barra, podem ser produzidas vibrações tanto longitudinais quanto transversais e, na maior
parte dos casos, é difícil produzir um tipo de movimento sem o outro. As vibrações longitudinais são
semelhantes às que ocorrem em uma corda. Para uma barra longa e fina, a velocidade de propagação
de pulsos ou de ondas longitudinais é dada por
Y
v
,
em que Y é o módulo de Young – uma grandeza característica de cada material – e é a sua densidade.
Para vibrações transversais, o consequente aparecimento de torques e de forças de cisalhamento
torna a análise mais complicada. Ondas transversais de frequências diferentes propagam-se com
velocidades diferentes, ou seja, uma barra é um meio dispersivo para essas ondas.
Uma outra situação comum em que ocorre dispersão é a que se verifica na propagação da luz em
um líquido ou em um sólido – luz de diferentes cores, ou frequências, propaga-se com velocidades
diferentes e isso dá origem a efeitos como o arco-íris, por exemplo.
Cite uma evidência experimental de que não ocorre dispersão em ondas sonoras que se propagam
no ar.
Pode-se mostrar6 que uma onda transversal de frequência f se propaga em uma barra com
velocidade
v 2 f c k
,
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Produzir ondas estacionárias em uma corda, em uma barra metálica e em um aro de arame.
6
KINSLER, L. E.; FREY, A. R.; COPPENS, A. B.; SANDERS, J. V. Fundamentals of Acoustics. 3. ed., Nova York,
John Wiley & Sons, 1982.
7
Idem.
113
EXPERIMENTOS DE ONDAS
PROCEDIMENTO
Ondas estacionárias em uma corda
Na Fig. 2, representa-se a montagem utilizada neste experimento. Um objeto, de massa conhecida,
está dependurado em uma das extremidades de um fio elástico; esse fio passa por uma polia e tem
sua outra extremidade fixada em um vibrador mecânico. Esse vibrador é conectado a um gerador de
sinais de áudio e produz no elástico, oscilações, cujas frequência e amplitude podem ser variadas.
114
EXPERIMENTOS DE ONDAS
lâminas metálicas
trava
vibrador
Figura 3. Vibrador mecânico, lâminas e aro metálicos usados para produção de ondas
estacionárias.
115
EXPERIMENTOS DE ONDAS
INTRODUÇÃO
A velocidade de propagação de uma onda mecânica depende das propriedades elástica e inercial
do meio em que a onda se propaga. Para uma onda sonora, a velocidade v de propagação é dada por
B
v
, (1)
116
EXPERIMENTOS DE ONDAS
estacionárias de pressão formadas em tubos de vários comprimentos, com uma das extremidades
aberta e a outra fechada.
Figura 1 - Ondas estacionárias de pressão em um tubo que tem uma das extremidades
fechada.
Os modos normais de vibração em um tubo podem ser excitados por uma onda sonora colocada
próximo à extremidade aberta do tubo. Quando a frequência dessa onda coincidir com uma das
frequências dos modos normais do tubo, haverá ressonância, e a intensidade da onda no tubo será
máxima.
Se a frequência da fonte de onda sonora for mantida fixa, as condições de ressonância podem ser
satisfeitas variando-se o comprimento da coluna de ar no tubo. Medindo-se esses comprimentos,
pode-se determinar a velocidade de propagação do som no ar.
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Verificar as condições de ressonância em um tubo.
Determinar a velocidade do som no ar.
Sugestão de material
Gerador de sinais de áudio, osciloscópio, tubo com êmbolo, alto-falante e microfone.
PROCEDIMENTO
A montagem utilizada neste experimento, mostrada na Fig. 2, consiste de um tubo que tem uma
das extremidades fechada por um êmbolo. O comprimento da coluna de ar no tubo pode ser alterado
movimentando-se o êmbolo. Próximo à extremidade aberta desse tubo, há um alto-falante ligado a
um gerador de sinais de áudio. Um pequeno microfone, ligado a um osciloscópio, está fixado na
extremidade de uma haste e pode ser posicionado em qualquer lugar no interior do tubo. As ondas
sonoras captadas pelo microfone são observadas no osciloscópio.
117
EXPERIMENTOS DE ONDAS
Ajuste o gerador de sinais de áudio para produzir uma onda senoidal com frequência entre
1,5 kHz e 3 kHz.
Inicialmente, posicione o microfone próximo ao alto-falante. Conecte o osciloscópio ao
microfone e ajuste-o de forma que se possa visualizar a onda sonora.
Em seguida, mova o êmbolo e determine todos os comprimentos da coluna de ar no tubo em
que se observam ressonâncias.
Nessa situação, a distância entre duas posições consecutivas do êmbolo corresponde a meio
comprimento de onda. Considerando as medidas realizadas, determine o melhor valor do
comprimento de onda da onda sonora e o melhor valor da velocidade de propagação do som
no ar.
Indique que dificuldades seriam encontradas para se realizar este experimento com ondas sonoras
de frequência muito menor ou muito maior que a utilizada.
Agora, coloque o êmbolo em uma posição em que ocorre ressonância, aproximadamente no
meio do tubo. Em seguida, mova o microfone no interior do tubo e alguns centímetros para
fora da boca do tubo e determine as posições dos nós e antinós de pressão. Esboce a forma da
onda captada pelo microfone. Determine experimentalmente a distância mais próxima da
extremidade aberta do tubo que se encontra um nó de pressão. Comente se a extremidade
fechada do tubo é um nó ou um antinó de pressão.
Utilizando-se o modelo de um gás ideal (veja o Apêndice deste experimento), pode-se
demonstrar que a velocidade do som nesse gás é dada por
RT , (4)
v
M
em que R = 8,31 J/K é a constante universal dos gases; = cp / cv é a razão entre o calor
específico medido a pressão e volume constantes, T é a temperatura; e M é a massa molecular
do gás. Para um gás ideal diatômico, 1,4 e, para o ar seco, M = 28,8 g/mol. Utilizando a
equação 4, determine a velocidade do som no ar e compare-a com o valor medido
anteriormente.
118
EXPERIMENTOS DE ONDAS
em que V é a variação no volume de um gás produzida por uma variação p em sua pressão,
estando o gás a uma temperatura constante. É igual ao coeficiente de compressibilidade isotérmica.
Com base nas equações 1 e A1, e sabendo-se que = m V, obtém-se
B p
v2
(A2)
As compressões e rarefações produzidas por uma onda sonora são muito rápidas e, assim, não há
tempo para calor se transferir de uma região para outra do gás. Portanto esses processos são
adiabáticos e, nesse caso, a relação entre a pressão e o volume do gás, antes da compressão (p0,V0)
e depois dela (p, V) é dada por
pV p 0V0
Portanto,
p p p
0 1 0
0 0 ,
119
EXPERIMENTOS DE ONDAS
INTRODUÇÃO
A propagação de ondas mecânicas em um meio material dá-se pela transmissão de vibrações das
partículas constituintes do meio, produzidas pela fonte geradora da onda. Quando a vibração é
paralela à direção de propagação, a onda é chamada de longitudinal. O som é um exemplo de uma
onda mecânica longitudinal. Uma onda se diz transversal quando produz vibrações perpendiculares
à direção de propagação. Além de ondas longitudinais e transversais, perturbações mecânicas em um
sólido podem produzir, também, ondas de torção.
As propriedades do meio que determinam a velocidade de propagação de uma onda mecânica são
a inércia e a elasticidade. A elasticidade do meio dá origem a forças restauradoras e a inércia
determina como o meio responde a tais forças. Em um sólido, a velocidade v de propagação de pulsos
longitudinais é dada por
Y
v
,
120
EXPERIMENTOS DE ONDAS
Sendo l o comprimento da barra e tc o intervalo de tempo em que esta fica em contato com o piso,
a velocidade do pulso é dada por
2l
v
tc .
Durante a descarga, a tensão V(t) no capacitor C decresce com o tempo t de acordo com a equação
V (t ) V0 e (t / )
,
em que = RC é chamado de constante de tempo do circuito. Então, se a barra for solta sucessivas
vezes, as tensões Vi e Vf , respectivamente, antes e após cada colisão, são tais que
V f Vi e (tc / )
.
8
SPEZIALI, N.L; VEAS LETELIER, E F.O; Ondas Longitudinais: Determinação da Velocidade do Som Em Metais.
Rev. Ens. de Fis. 8/1, 3-9 (1986).
121
EXPERIMENTOS DE ONDAS
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar a velocidade de propagação de um pulso longitudinal em barras de metal.
Sugestão de material
Fonte de tensão contínua, capacitor eletrolítico, resistor, multímetro digital, barras metálicas
e trena.
PROCEDIMENTO
Nesse experimento, são sugeridas duas formas de se fazer as medições. Você pode escolher uma
delas, mas deverá argumentar sobre uma possível diferença nos resultados obtidos das duas maneiras.
Para orientar sua escolha, leia previamente os dois procedimentos.
Monte o circuito mostrado na Fig. 1.
Atenção: antes de ligar a fonte, verifique se o capacitor eletrolítico está ligado com a polaridade
correta e que a tensão da fonte está ajustada para zero volt.
Para evitar que a ponta da barra se amasse, ela deve ser solta de uma altura de, no máximo,
15 cm acima da base metálica.
Ligue a chave S para carregar o capacitor.
Procedimento I
Desconecte a chave S, anote o valor da tensão no capacitor e solte, imediatamente, a barra.
Depois de ela colidir com a base, segure-a no ar, antes que caia novamente, e anote o novo
valor da tensão. Repita esse procedimento várias vezes, anotando, a cada vez, os valores das
tensões no capacitor antes e após cada colisão. Se necessário, carregue novamente o capacitor
para fazer outras medições.
Esboce o gráfico da tensão no capacitor em função do tempo, desde o instante em que você
começou as medidas até a quarta colisão da barra com a base. Represente, no gráfico, tanto
os intervalos de tempo em que a está no ar, quanto aqueles em que ela está em contato com a
base. Explique o seu esboço.
Com os valores medidos, faça o gráfico de Vf versus Vi.
Procedimento II
Anote o valor inicial da tensão no capacitor.
Desligue a chave S e solte, imediatamente a barra. Segure-a, no ar, depois de ela colidir com
a base. Leia e anote, rapidamente, a tensão no capacitor. Solte novamente a barra, segure-a e
anote a tensão. Repita esse procedimento até que a tensão no capacitor pare de variar.
Durante cada colisão, a barra fica em contato com a base por um tempo tc. Assim, depois de
n colisões, o tempo total que a barra ficou em contato com base é ntc. Então, a tensão no
capacitor na n-ésima colisão é dada por
Vn V0 e ( ntc / )
122
EXPERIMENTOS DE ONDAS
Análise
Para qualquer um dos procedimentos escolhidos, analise o gráfico obtido e as equações
relevantes. Proponha e faça um outro gráfico que lhe permita obter uma relação linear entre
duas variáveis; por meio de uma regressão linear, determine, então, o tempo tc de contato da
barra com a base e a velocidade de propagação do som na barra, com sua respectiva incerteza.
Compare os resultados obtidos experimentalmente com os valores apresentados na Tab. 1 e
avalie as possíveis causas de erro no resultado.
Discuta a vantagem ou desvantagem de se determinar o tempo de contato tc da barra por meio
da regressão linear de um gráfico linearizado ou por meio de um ajuste de curva exponencial.
123
EXPERIMENTOS DE ÓTICA
E X P E R I M E N T O S D E
Ó T I C A
124
INTERFERÊNCIA E DIFRAÇÃO DA LUZ
INTRODUÇÃO
A luz é uma onda eletromagnética; portanto é constituída por campos elétrico e magnético que
oscilam, periodicamente, no tempo e no espaço, perpendiculares entre si. A natureza ondulatória da
luz fica evidente, quando seu comprimento de onda é comparável às dimensões de obstáculos ou
aberturas existentes em seu caminho. Fenômenos de interferência e difração da luz são exemplos de
sua natureza ondulatória.
O efeito de duas ou mais ondas ao se encontrarem em um ponto do espaço, em certo instante, é
determinado pelo princípio da superposição. Se elas têm a mesma frequência e encontram-se em fase
(seus máximos coincidem), elas produzem uma onda resultante, cuja amplitude é igual à soma das
amplitudes de cada uma – nesse caso, diz-se que ocorre interferência construtiva das ondas. Por outro
lado, se as ondas, ao se encontrarem, estão fora de fase – ou seja, se o máximo de uma coincide com
o mínimo da outra –, ocorre interferência destrutiva e a amplitude da onda produzida é igual à
diferença entre as amplitudes das duas ondas.
Experiência de Young – interferência em fenda dupla
O experimento de interferência com a luz, feito pela primeira vez por Thomas Young, em 1801,
foi determinante para estabelecer-se a natureza ondulatória da luz – somente ondas podem apresentar
o fenômeno de interferência e/ou difração. Nesse experimento, uma onda plana incide sobre uma
placa opaca, que tem duas fendas estreitas e difrata-se em cada fenda, divergindo radialmente, como
mostrado na Fig. 1. As ondas provenientes de cada fenda superpõem-se e interferem construtiva ou
destrutivamente, em um certo ponto, dependendo da diferença de fase entre elas. Devido a esse efeito,
observam-se, em um anteparo colocado na frente das fendas, regiões em que a intensidade da luz é
máxima, alternadas com outras em que a intensidade é mínima, como mostrado, esquematicamente,
na Fig. 1.
125
Para se obter esse padrão de interferência, com franjas claras e escuras, as ondas provenientes de
cada fenda devem ser monocromáticas – ou seja, de mesma frequência – e coerentes – ou seja, a
diferença de fase entre elas deve permanecer constante no tempo. A luz de um laser tem essa
característica tornando-se assim adequada para a obtenção de padrões de interferência.
Na Fig. 2, está representada uma onda plana que incide em uma placa com duas fendas. Nessa
figura estão indicadas a separação d entre as fendas, a distância D da placa ao anteparo e o
comprimento de onda da luz. Considere o ponto P, situado no anteparo, em uma posição
determinada pelo ângulo . Para atingir esse ponto, as ondas provenientes de cada fenda percorrem
distâncias diferentes. Se a diferença entre essas distâncias é igual a um número inteiro de
comprimentos de onda, essas ondas chegam em fase em P e a intensidade da luz, nesse ponto, será
máxima. Se, por outro lado, a diferença entre essas distâncias é igual a um número ímpar de meios
comprimentos de onda, as ondas chegam fora de fase em P e a intensidade, nesse ponto, será mínima.
Se D >> d, as retas FP e F’P são praticamente paralelas e a diferença entre esses dois percursos
é, aproximadamente, dsen. Assim, as condições para haver um máximo ou um mínimo de
interferência em P são:
126
em que a intensidade I da luz no anteparo em função de é dada por
2
a
sen
I I m , (3)
a
Princípio de Babinet
O padrão de difração observado quando a luz incide sobre uma abertura de qualquer forma é o
mesmo obtido quando a luz incide sobre um objeto que é o complemento da abertura: essa é uma das
formas de se enunciar o chamado princípio de Babinet. Isso quer dizer, por exemplo, que, se for
recortada uma parte de uma placa opaca, deixando uma abertura de qualquer forma, tanto a placa
quanto a parte removida, individualmente, produzirão o mesmo padrão de difração. Essa situação está
representada esquematicamente na Fig. 4. Esse resultado não se aplica a pontos situados na região
central do anteparo – sombra geométrica do objeto.
P
Figura 4 - Princípio de Babinet: a figura de
difração produzida por uma abertura é a mesma
que a produzida por seu complemento em
qualquer ponto P, situado fora da região central.
127
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Analisar padrões de difração e de interferência da luz.
Determinar a largura e a separação entre fendas a partir dos padrões de interferência e de
difração produzidos por elas.
Determinar a espessura de um fio de cabelo por meio do padrão de difração que ele produz.
Sugestão de material
Laser de He-Ne, lâmina com fendas e orifícios de várias dimensões, suporte para lâmina,
anteparo, trena, detector de luz, computador com interface para aquisição de dados.
A montagem utilizada nesse experimento está mostrada na Fig. 5. A luz emitida por um laser
passa por uma determinada abertura em uma lâmina e produz um padrão de interferência/difração
sobre um anteparo. A lâmina consiste de um filme fotográfico que contém fendas e orifícios de
diversas dimensões, como mostrado na Fig. 6. O feixe de laser pode ser direcionado para a fenda
escolhida.
a 2a 3a 4a
r 2r n=4 n=8
PROCEDIMENTO
ATENÇÃO: nunca olhe diretamente para o feixe do laser, pois isso poderá causar danos sérios
e permanentes na sua retina.
PROCEDIMENTO
Substitua o suporte para as fendas por outro a que possa prender um fio de cabelo.
Prenda um fio de cabelo ao suporte; alinhe-o adequadamente com o laser até observar um
padrão de difração no anteparo.
129
Na folha em que foram traçados os padrões anteriores, registre o padrão de difração produzido
pelo fio de cabelo.
Determine o diâmetro do fio de cabelo.
130
INTERFERÔMETRO DE MICHELSON
INTRODUÇÃO
A luz é constituída de campos elétrico e magnético oscilantes se propagam no espaço como ondas.
Quando duas ondas de luz se encontram no espaço, esses campos eletromagnéticos se superpõem e o
campo resultante é determinado pela soma vetorial dos campos de cada onda. Essa superposição de
ondas é chamada de interferência.
Quando as duas ondas se originam de uma mesma fonte, pode haver uma correlação entre as fases
dos campos oscilantes e, nesse caso, em determinados pontos do espaço as ondas podem se superpor
em fase – crista com crista ou vale com vale –, produzindo uma onda resultante com amplitude igual
à soma das amplitudes de cada onda. Esses pontos aparecem mais brilhantes para um observador. Em
outros pontos do espaço, essas ondas podem se encontrar fora de fase – crista com vale. Nesses
pontos, a amplitude é igual à diferença entre as amplitudes das duas ondas e a região correspondente
será escura ou menos brilhante.
O fenômeno de interferência é uma evidência da natureza ondulatória da luz e os dispositivos que
permitem observar esse efeito são chamados de interferômetros. Alguns desses dispositivos são
usados para medir o comprimento de onda da luz ou para medir distâncias extremamente pequenas,
menores que o comprimento de onda da luz. Em 1881, Albert A. Michelson construiu um
interferômetro para testar a existência do éter – um meio hipotético em que a luz se propagaria. Seus
trabalhos foram cruciais para demonstrar que essa hipótese não era viável, contribuindo, assim, para
consolidar a posição, hoje aceita, de que a luz é uma onda que não necessita de um meio para se
propagar.
Neste experimento, o interferômetro de Michelson, mostrado na Fig. 1 será utilizado para medir
o comprimento de onda da luz de um laser e o índice de refração do ar. Nesse dispositivo, o feixe de
luz de um laser incide sobre um divisor de feixe com um ângulo de 45º. Esse divisor consiste de um
espelho semitransparente, que reflete metade da intensidade da luz incidente e transmite o restante.
O feixe que é refletido se propaga em direção ao espelho E1 e o outro, que foi transmitido, se propaga
em direção ao espelho E2. Esses espelhos refletem os feixes de volta ao divisor de feixe onde,
novamente, metade da intensidade da luz proveniente do espelho E1 é transmitida em direção ao
anteparo e a outra metade, proveniente do espelho E2, é refletida também em direção ao anteparo. A
superposição desses feixes no anteparo produze um ponto brilhante ou escuro dependendo de se eles
chegam, respectivamente, em fase ou fora de fase. Como os dois feixes se originam de uma mesma
fonte, inicialmente, eles estão em fase. Ao se superporem em qualquer ponto da tela, a diferença de
fase entre eles depende da diferença entre os caminhos percorridos por cada um até a tela.
131
Figura 1 - Interferômetro de Michelson. O feixe de luz de um laser incide sobre um divisor
de feixe e se divide em dois: o feixe transmitido vai em direção ao espelho móvel E1,
enquanto o feixe refletido vai em direção ao espelho fixo E2. Nesses espelhos, os dois feixes
são refletidos de volta ao divisor de feixe para, então, se superporem sobre o anteparo,
produzindo anéis circulares de interferência.
Colocando-se uma lente divergente na frente do laser, o feixe de luz se expande na forma de um
cone de luz, que dá origem a um padrão de anéis claros e escuros sobre a tela, como mostrado na Fig.
1.
No interferômetro, o espelho E1 pode ser deslocado perpendicularmente ao feixe incidente, por
meio de um micrômetro e, dessa forma, é possível alterar a distância percorrida pelo feixe de luz até
esse espelho. Sejam L1 e L2, respectivamente, as distâncias dos espelhos E1 e E2 ao divisor de feixe.
Depois de passar pelo divisor, cada feixe de luz percorre essas distâncias duas vezes. Portanto, a
diferença de caminho percorrido pelos dois feixes é d = 2(L1 L2). Quando essa diferença for igual a
um número inteiro m de comprimentos de onda , as duas ondas chegarão ao centro do anteparo em
fase e produzirão uma franja brilhante, ou seja,
2d = m , m = 0,1,2,...
132
Figura 2. Uma câmara transparente é colocada no caminho de um dos feixes do
interferômetro.
Nesse caso, a luz que atravessa a câmara tem o seu caminho ótico alterado em relação ao feixe
que percorre a mesma distância fora da câmara. Isso acontece se o gás contido na câmara for diferente
do ar ou, mesmo sendo ar, se sua pressão for diferente. Isso acontece porque o índice de refração de
um gás também varia com a pressão.
Considere que o comprimento de onda da luz no gás à pressão p é (p). Mostre que o índice de
refração n do gás à pressão p é dado por
0
n( p )
( p)
Portanto, uma alteração na pressão do gás na câmara que está em um dos ramos do interferômetro
produz um efeito semelhante ao de se alterar a diferença de caminho entre os feixes. Considere que,
ao variar a pressão do gás na câmara, um número de franjas m se alterna de claro-escuro-claro,
devido à variação n no índice de refração. Então,
0 m
n
2d .
Considere, também, que o índice de refração do gás varia linearmente com a pressão, ou seja,
n
n( p ) n( p0 ) p p0
p .
133
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar o comprimento de onda da luz de um laser.
Determinar o índice de refração do ar em função da pressão.
Sugestão de material
Laser de He-Ne, interferômetro de Michelson, câmara transparente e bomba de vácuo.
PROCEDIMENTO
Atenção: Nesse experimento, são utilizados componentes óticos muito delicados. Os espelhos são
metalizados na superfície frontal e podem ser facilmente danificados se tocados.
NÃO toque e nem tente limpar a superfície de nenhum dos componentes!
134
LENTES E ESPELHOS
INTRODUÇÃO
A luz é uma onda eletromagnética e interage com a matéria por meio de seus campos elétrico e
magnético. Nessa interação, podem ocorrer alterações na velocidade, na direção de propagação, na
intensidade e na polarização da luz. Esses fenômenos são descritos pelas equações de Maxwell, mas,
em muitas situações, uma análise baseada nesse formalismo pode ser bastante complexa. Alguns
fenômenos associados à propagação da luz podem ser descritos, de forma mais simples, pela óptica
geométrica.
Nesse escopo, fenômenos tais como a refração e a reflexão são descritos usando-se o conceito de
raios de luz – linhas perpendiculares às frentes de onda, que indicam a direção de propagação da luz.
A óptica geométrica é válida somente em situações em que as dimensões dos objetos com que a luz
interage – por exemplo, lentes, espelhos ou anteparos – são muito maiores que o comprimento de
onda da luz.
O tipo e a posição da imagem de um objeto, formada por um espelho esférico de pequena abertura,
é determinada pela equação
1 1 1
, (1)
o i f
É comum caracterizar-se uma lente por seu grau, ou dioptria, que é dado pelo inverso de sua
distância focal em metros. Assim, uma lente de grau +5 , ou +5 dioptrias, é uma lente cuja distância
focal é igual a (1/5)m = 0,2 m, ou 20 cm.
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivo
Determinar a distância focal de espelhos e lentes.
135
Sugestão de material
Trilho para montagem dos elementos ópticos; fonte de luz com objeto; duas lentes
convergentes e uma lente divergente; espelhos plano, côncavo e convexo; anteparo; suportes
para lentes, espelhos e anteparo.
PROCEDIMENTO
Neste experimento, serão analisadas as imagens de um objeto formadas por alguns elementos
ópticos e determinadas as distâncias focais de lentes e de espelhos. O objeto pode ser uma abertura
de qualquer forma em um material opaco, ou um desenho em uma folha transparente, iluminado por
uma lâmpada. As lentes, espelhos e anteparo são montados em suportes que podem ser deslocados
horizontalmente, ao longo de um trilho.
Atenção: Nesse experimento, são utilizados componentes óticos muito delicados.
Entre os elementos ópticos fornecidos, procure identificar, apenas pela observação, os espelhos
côncavo e convexo e as lentes divergente e convergente.
NÃO toque e nem tente limpar a superfície de nenhum dos componentes!
d D( D 4 f ) . (2)
Determine a menor distância que deve haver entre o objeto e o anteparo a partir da qual se poderá
obter apenas uma imagem real nítida do objeto.
136
Figura 1 - Diagrama esquemático em que se mostra a
formação da imagem de um objeto por uma lente
convergente em duas posições distintas.
Utilizando a mesma lente da etapa anterior e mantendo o objeto e o anteparo fixos, mova a
lente entre eles e determine as duas posições dela em que se observam imagens nítidas.
Utilizando a equação 2, determine a distância focal dessa lente.
Considere duas lentes finas – uma convergente (f > 0) e outra divergente (f < 0) – colocadas muito
próximas uma da outra (d ~ 0). Determine qual deve ser, nessa situação, a relação entre as
distâncias focais das duas lentes para que a lente composta equivalente seja convergente.
Escolha uma lente divergente cuja distância focal deseje determinar. Em um mesmo suporte,
junte a ela uma lente convergente, de distância focal conhecida, para formar uma lente
composta convergente.
Determine a distância focal dessa lente composta empregando um dos dois métodos descritos
anteriormente. Utilize, então, a equação 3 para determinar a distância focal da lente
divergente.
137
Medida da distância focal de um espelho convexo
Explique por que o método, descrito anteriormente, para se medir a distância focal de um espelho
côncavo não pode ser usado para um espelho convexo.
Escolha uma lente convergente de distância focal conhecida e coloque-a no suporte, entre o
objeto e o anteparo. Ajuste a posição da lente para obter uma imagem nítida e não muito
grande no anteparo. Em seguida, coloque o espelho convexo, cuja distância focal será
determinada, entre a lente e o anteparo, como mostrado, esquematicamente, na Fig. 2. Mova
o espelho até obter uma imagem nítida do objeto na mesma posição em que o objeto se
encontra. (Se necessário, gire muito levemente a lente até que a imagem se forme ao lado do
objeto e possa ser visualizada.)
Para que a imagem do objeto se forme na mesma posição em que este se encontra, os raios de luz
dele provenientes, após passarem pela lente, devem incidir perpendicularmente sobre a superfície do
espelho, como mostrado na Fig. 2. Dessa forma, a imagem formada pela lente atua como um objeto
virtual, localizado no centro de curvatura do espelho convexo. Com base nessas informações,
determine a distância focal do espelho convexo.
138
POLARIZAÇÃO DA LUZ
INTRODUÇÃO
Uma onda eletromagnética é formada por campos elétricos e magnéticos que variam no tempo e
no espaço, perpendicularmente um ao outro, como representado na Figura 1. A direção de polarização
de uma onda eletromagnética é definida como a direção do campo elétrico E dessa mesma onda. Por
exemplo, a onda mostrada na Fig. 1 é linearmente polarizada ao longo da direção y.
No caso da luz produzida por lâmpadas comuns e pelo Sol, as ondas são originadas de um grande
número de irradiadores independentes, que emitem ondas polarizadas em direções aleatórias; essa luz
é não-polarizada.
Ondas eletromagnéticas polarizadas podem ser obtidas, no momento da emissão – por exemplo,
ondas de rádio e de televisão são produzidas por oscilações de cargas elétricas nas antenas e, em
geral, são linearmente polarizadas ao longo da direção paralela à antena – ou posteriormente a ela,
pela absorção seletiva das ondas de um feixe de luz não-polarizada.. Há vários processos para se
produzirem ondas de luz polarizadas a partir de luz não-polarizada. Dois desses processos são
discutidos a seguir.
Polarização por absorção seletiva
Um tipo comum de polarizador – dispositivo usado para produzir luz polarizada – consiste em
uma placa feita com um material que só deixa passar as componentes de campo elétrico da luz que
estão em uma determinada direção. Um desses materiais, o polaróide, é constituído de longas cadeias
de moléculas orientadas em uma direção. Essas cadeias são boas condutoras elétricas e absorvem luz
incidente, cujo campo elétrico é paralelo a elas e transmite luz cujo campo elétrico é perpendicular.
Na Fig. 2, está representado um feixe de luz não-polarizada que incide sobre uma lâmina de
polaróide, cujo eixo de transmissão está na direção vertical. A luz transmitida através dessa primeira
lâmina – chamada de polarizador – é linearmente polarizada nessa direção. Na mesma figura também
se mostra uma segunda lâmina de polaróide – chamada de analisador –, cujo eixo de transmissão está
girado um ângulo em relação ao eixo do polarizador. Ao incidir no analisador, uma onda de luz que
139
tem a componente do campo elétrico E perpendicular ao eixo do analisador é absorvida. O analisador
permite a passagem da componente do campo que é paralela ao seu eixo, cujo módulo é E cos. Como
a intensidade de uma onda eletromagnética é proporcional ao quadrado de sua amplitude, ou seja, do
valor máximo do campo elétrico, a intensidade I da luz transmitida através do analisador é dada por
em que Imax é a intensidade da luz polarizada que incide no analisador. Essa expressão é conhecida
como lei de Malus.
Utilizando-se as equações de Maxwell, pode-se mostrar que, quando o ângulo entre os feixes
refletido e refratado é de 90º, como mostrado na Fig. 3, o feixe refletido é completamente polarizado
140
na direção paralela à superfície. Nessa situação, o ângulo de incidência p é chamado de ângulo de
Brewster.
Com base na lei de Snell (n1 sen 1 = n2 sen2), demonstre que, quando um feixe de luz,
propagando-se no ar, incide sobre a superfície de um material que tem índice de refração n, o
ângulo de Brewster é dado por
tan p n
.
Suponha que um feixe de luz que incide em uma superfície esteja polarizado em um plano
perpendicular a essa superfície. Nessa situação, qual é a intensidade da luz refletida quando o
ângulo de incidência for igual ao ângulo de Brewster?
PARTE EXPERIMENTAL
Objetivos
Analisar, qualitativamente, a polarização da luz emitida por diferentes fontes.
Verificar a Lei de Malus.
Determinar o índice de refração do acrílico por meio de polarização por reflexão – ângulo de
Brewster.
Sugestão de material
Laser não-polarizado, fotômetro, placa plana de acrílico, transferidor, polarizadores com
medidor de ângulo, suportes e base.
PROCEDIMENTO
Com um polarizador na frente dos olhos, observe a luz emitida por uma lâmpada
incandescente ou fluorescente. Em seguida, gire o polarizador em torno da direção
perpendicular ao seu plano. Descreva o que foi observado e explique.
Agora, observe a mesma lâmpada através de dois polarizadores paralelos. Mantenha um deles
fixo e gire o outro. Descreva o que acontece com a intensidade da luz que você observa e
explique o que ocorre.
Observe, através de um polarizador, a luz refletida por uma superfície qualquer. Gire o
polarizador. Descreva o que acontece com a intensidade da luz que você observa e explique.
Lei de Malus
Atenção: Nesse experimento, será utilizado um laser. Nunca olhe diretamente para o feixe do laser,
pois isso poderá causar danos sérios e permanentes à retina de seus olhos.
Na Fig. 4, mostra-se a montagem a ser utilizada nesta parte do experimento. Um feixe de luz de
um laser, não-polarizado, passa através de dois polarizadores e, em seguida, incide em um fotômetro.
141
Figura 4. Montagem para medir a intensidade
do feixe de um laser em função do ângulo entre
as direções de polarização do feixe e a de um
polarizador.
Faça a montagem mostrada na Fig. 4 e direcione o feixe do laser para a abertura do fotômetro.
Inicialmente, ajuste o ângulo entre os eixos dos polarizadores de forma que a intensidade da
luz transmitida seja máxima. Em seguida, mantendo um polarizador fixo, gire o outro e meça
a intensidade I da luz em função do ângulo entre os polarizadores. Por meio de uma análise
gráfica das variáveis I e , verifique se seus resultados estão de acordo com a Lei de Malus.
Monte o laser, o polarizador e o transferidor com a placa de acrílico, como mostrado na Fig.
5. Posicione o polarizador, de forma que o feixe, do laser, após passar por ele, esteja
polarizado verticalmente. Observe a luz refletida pela placa de acrílico sobre a base de apoio
dos componentes da montagem.
Em seguida, gire, lentamente, a placa de acrílico até o ângulo em que a luz refletida
desaparece. Nessa situação, o ângulo de incidência é igual ao Ângulo de Brewster. Meça esse
ângulo e, a partir dele, determine o índice de refração do acrílico, com a respectiva incerteza.
142
APÊNDICES
A P Ê N D I C E S
143
APÊNDICES
APÊNDICE A
REDAÇÃO DE UM RELATÓRIO
OUTRAS OBSERVAÇÕES
Os resultados de medidas devem ser sempre apresentadas em tabelas.
Os resultados finais devem ser apresentados com suas respectivas incertezas e as unidades
devem ser, preferencialmente, as do Sistema Internacional de Unidades.
Cada gráfico ou tabela deve ser acompanhado de uma legenda que descreve o que está sendo
apresentado. Cada eixo de um gráfico deve ter o nome ou símbolo da variável com sua
144
APÊNDICES
respectiva unidade e deve ter uma escala adequada para que as curvas ocupem toda a região
do gráfico. Quando houver mais de uma curva no mesmo gráfico, deve-se adicionar uma
legenda.
As etapas intermediárias de um cálculo não devem ser mostradas. É suficiente que se
apresentem as equações utilizadas, os valores de todas as variáveis envolvidas, e o resultado
obtido.
145
APÊNDICES
APÊNDICE B
PREFIXOS
Símbolo Nome valor
m mili 103
micro 106
n nano 109
p pico 1012
k quilo 103
M mega 106
G giga 109
T terá 1012
146
APÊNDICES
APÊNDICE C
Exemplos
147
APÊNDICES
APÊNDICE D
Considere uma tensão alternada senoidal V (t ) Vo sen (2 f t ) , com amplitude V0 e frequência f ,
aplicada em um resistor R. A potência instantânea p(t) dissipada no resistor é dada por
V02
p (t ) sen(2ft )2
R
O valor médio Pmed dessa potência é obtido integrando-se p(t) no intervalo de um período T =1/f,
ou seja,
1 V02 T Vo2
sen (2 ft )dt
2
Pmed
T R 0 2R .
Define-se o valor eficaz Vef de uma tensão alternada como igual ao valor de uma tensão contínua
que, aplicada no mesmo resistor R, produz a mesma potência dissipada. A potência P dissipada por
um resistor R sujeito a uma tensão contínua Vef é dada por
Vef2
P
R .
V0
Vef
2.
De uma forma geral, o valor eficaz xef de uma grandeza periódica x(t) com período T é dado por
1 T
xef
T
0
x 2 (t ) dt
.
O valor eficaz xef de uma grandeza é também conhecido como valor quadrático médio ou valor RMS,
xRMS (do inglês, root mean square).
148