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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0026757-28.2014.8.05.0001


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : MARCOS RAMOS DE ALMEIDA PARAISO

:
Recorrido(s) : LEADER S A ADM DE CARTOES DE CREDITO

:
Origem : 1ª VSJE DO CONSUMIDOR (BROTAS MATUTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR.BANCO.


SENTENÇA QUE EXTINGUIU O FEITO PELA
COMPLEXIDADE DA CAUSA. DESNECESSIDADE DE
PERÍFICA GRAFOTÉCNICA. ELEMENTOS SUFICIENTES
NOS AUTOS PARA O JULGAMENTO DA DEMANDA.
TEORIA DA CAUSA MADURA ( ART.515, § 3º DO CPC.
AUSÊNCIA DE CONTRATAÇÃO. BANCO QUE NÃO
JUNTA AOS AUTOS INSTRUMENTO CONTRATUAL,
NEM ELEMENTOS INDICATIVOS DA REGULAR
AVENÇA. COBRANÇA INDEVIDA. INSCRIÇÃO DO
NOME DO AUTOR NOS CADASTROS DE RESTRIÇÃO
DE CRÉDITO. DANO MORAL IN RE IPSA.. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA.

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA AUXILIADORA
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2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

SOBRAL LEITE – Relatora, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ, presidente
e LEÔNIDES BISPO DOS SANTOS, em proferir a seguinte decisão: RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do
julgamento. Sem custas e honorários advocatícios, pelo êxito parcial do recorrente.

Salvador, Sala das Sessões, 24 de Setembro de 2015.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora
BELA. CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0026757-28.2014.8.05.0001


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : MARCOS RAMOS DE ALMEIDA PARAISO

:
Recorrido(s) : LEADER S A ADM DE CARTOES DE CREDITO

:
Origem : 1ª VSJE DO CONSUMIDOR (BROTAS MATUTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR.BANCO.


SENTENÇA QUE EXTINGUIU O FEITO PELA
COMPLEXIDADE DA CAUSA. DESNECESSIDADE DE
PERÍFICA GRAFOTÉCNICA. ELEMENTOS SUFICIENTES
NOS AUTOS PARA O JULGAMENTO DA DEMANDA.
TEORIA DA CAUSA MADURA ( ART.515, § 3º DO CPC.
AUSÊNCIA DE CONTRATAÇÃO. BANCO QUE NÃO
JUNTA AOS AUTOS INSTRUMENTO CONTRATUAL,
NEM ELEMENTOS INDICATIVOS DA REGULAR
AVENÇA. COBRANÇA INDEVIDA. INSCRIÇÃO DO
NOME DO AUTOR NOS CADASTROS DE RESTRIÇÃO
DE CRÉDITO. DANO MORAL IN RE IPSA.. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA.

RELATÓRIO

Dispensado o relatório nos termos da Lei n.º 9.099/95.


Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,
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saliento que o Recorrente MARCOS RAMOS DE ALMEIDA PARAISO, pretende a reforma


da sentença lançada nos autos que julgou extinto o processo sem julgamento de mérito,
nos termos do art.51, II da lei 9099/95, em razão da incompetência do juizado face à
complexidade da matéria, a demandar realização de perícia grafotécnica.

Em suas razões recursais, o recorrente alega que “ Inúmeros são os indícios


demonstrados no processo que o contrato é fraudulento: o endereço cadastrado no
contrato é divergente do endereço do autor, as assinaturas são divergentes, nunca
houve pagamento de nenhuma fatura e houve negativação indevida”. Pugna pela
condenação da demandada em danos morais.

Sem contrarrazões, vieram os autos conclusos.


Os autos foram distribuídos à 2ª Turma Recursal, cabendo-me a função de
Relatora.
Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,
apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, que submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO

Sem preliminares, passo ao exame do mérito.

Trata-se de ação na qual o autor alega que teve seus dados pessoais

incluidos pela ré indevidamente nos cadastros de proteção ao crédito, referente à dívida

de cartão de crédito e débito que alega desconhecer, no valor de R$ 432,19 (quatrocentos

e trinta e dois reais e dezenove centavos).

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, Alega ainda o autor que nunca fora cliente da empresa e que fora vítima de fraude,

aduzindo ainda que nunca recebera qualquer fatura em sua residência, nem nunca

efetuou nenhum pagamento relativo ao contrato em tela.. Requer indenização por danos

morais oriundos da indevida inclusão. A demandada, por outro lado, sustenta que agiu no

exercício regular de um direito, cobrando dívida regularmente constituída.

Ab initio, não há nos autos a necessidade de realização de perícia


grafotécnica, estando presentes elementos documentais suficientes para o seu deslinde.
Nada obsta que a matéria versada nos presentes autos sejam devidamente analisadas
em sede de juizados. Nesses termos, vem decidindo a jurisprudência:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO COM


INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. DESCONTOS NO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO POR EMPRÉSTIMO CONSIGNADO E CONTRATADO. INVERSÃO DO
ÕNUS PROBATÓRIO COM JUNTADA DE PROVA DOCUMENTAL PELO BANCO RÉU, ART.
6º,VIII CDC . DESNECESSIDADE DE PERÍCIA GRAFOTÉCNICA. COMPETÊNCIA DO
JUIZADO ESPECIAL. SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
RECURSO DESPROVIDO. (TJ-RS - Recurso Cível: 71004925350 RS , Relator: Glaucia Dipp
Dreher, Data de Julgamento: 27/06/2014, Quarta Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário
da Justiça do dia 03/07/2014)

O exame dos autos evidencia que razão assiste ao autor recorrente, tendo
em vista que a empresa recorrida deixou de trazer elementos probatórios que refutassem
as alegações da parte autora, não apresentando elementos que legitimassem a cobrança
da dívida em comento. Conforme se vê no evento 24 do Projudi, a demandada junta
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documento, todavia não colaciona o instrumento contratual, bem como não traz
elementos probatórios suficientes para configurar a regular contratação. Tendo a parte
autora alegado desconhecer ter pactuado o contrato em tela, incumbia à parte ré trazer
aos autos prova suficiente da contratação, através de documentos que a comprovassem.
Nestes termos vem decidindo a jurisprudência pátria:

AÇÃO INDENIZATÓRIA. BANCO. INSCRIÇÃO DO NOME DO


AUTOR NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO QUE SE
AFIGURA INDEVIDA. DÉBITO NÃO RECONHECIDO. AUSÊNCIA
DE PROVA DO BANCO ACERCA DA CONTRATAÇÃO. DANO
MORAL CONFIGURADO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO
PROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005328604, Terceira Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Cleber Augusto Tonial,
Julgado em 12/03/2015).

Ao revés, a alegação da parte autora, de que desconhece a origem da


dívida que vinha sendo cobrada, é dotada de verossimilhança, e não fora impugnada por
elementos probatórios idôneos.
Assim, caberia à empresa trazer aos autos elementos que indicassem a
efetiva contratação , em documento idôneo que contivesse a assinatura da parte
demandada, , o que justificaria a cobrança em tela e a inscrição do nome da autora nos
cadastros de proteção ao crédito.
.. Mas se assim não o fez, precluída esta a oportunidade, restando-lhe
suportar o ônus da sua inabilidade processual.
Por outro lado, o autor junta com a exordial, no evento projudi 01,
certidão que atesta o apontamento indevido , por solicitação da demandada,
desincumbindo-se assim do ônus de provar o fato constitutivo de seu direito , nos
termos do art.333, Ido CPC. Ademais, observa-se que a própria demandada, no
evento 24 do projudi, colaciona certidão da CDL, na qual consta o apontamento

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indevido. É cediço na jurisprudência pátria que a negativação do nome do


consumidor nos cadastros de proteção ao crédito por cobrança indevida gera dano
moral in re ipsa, que prescinde de comprovação. Nesse sentido :

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. TELEFONIA. AUSÊNCIA


DE PROVA DA CONTRATAÇÃO. DÉBITO INEXISTENTE.
INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO. DANO MORAL IN RE IPSA. 1. Diante da alegação do autor
no sentido de que jamais realizou algum tipo de contratação com a
requerida, incumbia à re apresentar as provas da contratação, seja por
contrato assinado pela parte e os documentos apresentados no momento da
instalação, seja a gravação pelo Call Center, caso tenha sido realizado via
telefone. 2. Todavia, nenhuma prova neste sentido veio aos autos e as telas
de sistema apresentadas pela ré são documentos unilaterais que podem ser
facilmente manipulados pela parte interessada, não servindo como único
meio de prova para comprovar as alegações da requerida. 3. A requerida
sustenta que a dívida refere-se a um terminal fixo de telefone, instalado em
02/05/2012 e retirado em 06/01/2013, por inadimplência. Tratando-se de
terminal fixo, mais fácil ainda era a comprovação de suas alegações, pois,
nestes casos, os prepostos da ré comparecem ao local de instalação e
solicitam a assinatura do cliente na ordem de serviço. No entanto, nenhum
documento foi apresentado aos autos. 4. Não havendo prova da
contratação, nem provas de que a ré tenha tomado as devidas providências
para evitar a contratação fraudulenta em nome do autor, o débito deve ser
declarado inexistente e a inscrição junto aos órgãos de inscrição ao crédito
considerada indevida. 5. A situação dos autos gerou ao autor angústias,
aborrecimentos, frustrações e abalo em sua paz psíquica, transtornos que
extrapolam os meros aborrecimentos do cotidiano. 6. O quantum arbitrado
pelo Juízo de origem (R$ 5.000,00) não comporta minoração, uma vez que
está abaixo dos parâmetros utilizados pelas Turmas Recursais em casos

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semelhantes, sendo o patamar mínimo para atingir o caráter pedagógico,


evitando que a recorrente volte a praticar os mesmos erros novamente.
Ademais, deve-se considerar as peculiaridades do caso em apreço,
observando-se que o autor teve negado a renovação do seu crédito agrícola,
situação que por si só já configura a existência de danos extrapatrimoniais.
RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. (TJ-RS - Recurso
Cível: 71004824850 RS , Relator: Glaucia Dipp Dreher, Data de
Julgamento: 27/06/2014, Quarta Turma Recursal Cível, Data de Publicação:
Diário da Justiça do dia 03/07/2014).

Logo, vislumbrada a necessidade de reparação do dano moral decorrente da


cobrança indevida, conjugada com a negativação do nome do autor, passo a discutir o
quantum fixado.
Nesta seara obtempera Des. Luiz Gonzaga Hofmeister do TJ-RS no proc.
595032442:
O critério de fixação do valor indenizatório, levará em conta
tanto a qualidade do atingido, como a capacidade financeira
do ofensor, de molde a inibi-lo a futuras reincidências,
ensejando-lhe expressivo, mas suportável, gravame
patrimonial.

Diz ainda Wilson Melo Da Silva, em “O Dano Moral e sua Reparação”,


obra basilar sobre a matéria:

É preponderante, na reparação dos danos morais, o papel


do juiz. A ele, a seu prudente arbítrio, compete medir as
circunstâncias, ponderar os elementos probatórios, inclinar-
se sobre as almas e perscrutar as coincidências em busca
da verdade, separando sempre o joio do trigo, o lícito do
ilícito, o moral do imoral, as aspirações justas das miragens
do lucro, referidas por DERNBURG. E após tudo, decidindo
com prudência, deverá, depois, determinar, em favor do

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ofendido, se for o caso, uma moderada indenização por


danos morais. (Forense, pg. 630/631).
Levando em conta os parâmetros objetivos acima delineados, face à
negativação havida, por dívida que não tivera comprovação nos autos de sua regular
constituição, condeno a parte demandada a indenizar o autor no valor de R$ 2.000,00
( dois mil reais) a título de danos morais.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER DO


RECURSO e DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, para declarar inexigível a dívida
objeto dos presentes autos, bem como condenar o réu ao pagamento de R$ 2.000,00
( dois mil reais) a título de danos morais. Sem custas e honorários advocatícios, pelo êxito
da parte no recurso.

Salvador, 24 de setembro de 2015

Bela. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora

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