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All content following this page was uploaded by Marcelo Negri Soares on 20 October 2015.
Resumo: Este trabalho visa a reflexão e análise acerca do Direito ao Esquecimento, especialmente na
Sociedade da Informação. Apesar de não haver dispositivo legal específico que dele o trate, o referido direito
é recepcionado pela Constituição Federal, pela Doutrina e Jurisprudência brasileira. O Direito ao Esquecimento
se diferencia dos demais conflitos que envolvem os princípios constitucionais da liberdade de expressão e da
privacidade, principalmente pelo fator tempo, requisito indispensável para sua configuração e reconhecimento.
Este estudo, com esteio no método hipotético-dedutivo, foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica e
documental. O trabalho não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas busca instigar reflexões e indagações
sobre o Direito ao Esquecimento e a influência da Sociedade da Informação na resolução de conflitos dele
decorrentes.
Abstract: This work aims to reflection and analysis about the Right to Oblivion, especially in the Information
Society. Although there is no specific legal provision, that right is received by the Federal Constitution, by the
Brazilian Doctrine and Jurisprudence. The Right to Oblivion is different from other conflicts involving the
constitutional principles of freedom of expression and privacy, especially by the time factor, indispensable
requirement for your configuration and recognition. This study, with mainstay in the hypothetical-deductive
method, was conducted from bibliographical and documentary research. The work does not pretend to exhaust
the subject, but seeks to instigate reflections and questions on the Right to Oblivion and the influence of the
Information Society in the conflict resolution arising.
1. Introdução
1
COSTA Júnior, Paulo José da. O direito de estar só: tutela penal da intimidade. 4. ed. ver. atual. - São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 09.
3
pois tenta auxiliar o sistema jurídico a acompanhar os fatos sociais. Ainda que os efeitos
desse direito também sejam somente deduzíveis, o esforço é para torná-los os mais eficazes
possíveis.
Assim, o texto tem como objetivo geral a análise dos efeitos que a Sociedade da
Informação pode acarretar sobre o direito de liberdade de expressão, tendo como baliza
constitucional interpretativa o direito à privacidade, à intimidade e, sobretudo, o princípio da
dignidade da pessoa humana. O método utilizado para desenvolvimento do presente trabalho
é o hipotético-dedutivo, realizado por meio de análise de jurisprudências, artigos científicos,
doutrina, legislação nacional e internacional, a fim de promover uma discussão razoável e
fundamentada.
2. Desenvolvimento
2
Internet (Inter Communication Network) é uma rede internacional de computadores que se comunicam entre
si por meio de uma linguagem informática, enviando pacotes de informações de que fazem parte os
endereços virtuais do remetente e do destinatário.
4
O tema possui seu cerne na Constituição Federal, tendo em vista que nada mais é
do que um complexo confronto entre o direito à privacidade, à intimidade e o direito à
informação, à liberdade de expressão. A ponderação destes direitos já é peculiar por si só,
5
O ano de 1890, nos Estados Unidos, considera-se, até aonde se tem notícia, como a
data da primeira publicação de artigo de revisão da lei cujo conteúdo abordava o direito à
privacidade, tratando-o como um "direito de ser deixado em paz", em inglês "right to be
alone", com admirável propriedade e fundamentação que perduram no tempo, tanto é que
6
seus autores, Louis Brandeis e Samuel Warren3, são ainda muito citados quando o assunto é
privacidade.
A decisão do processo C-131/12 na Corte de Justiça da União Europeia, por sua vez,
reconheceu que qualquer pessoa tem o Direito ao Esquecimento, e, dessa forma, concedeu
autoridade para o Google, e mecanismos de buscas, determinarem quando acatar o pedido
3
BRADEIS, Louis D.; WARREM, Samuel D. The right to privacy. Disponível em
<HTTP://groups.csail.mit.edu/Mac/classes/6.805/articles/privacy/Privacy_brand_warr2.html> Acesso em
agosto de 2015.
4
SCHWABE, Jürgen. 50 anos de jurisprudência do Tribunal Constitucional Alemão. Org. e trad. Leonardo
Martins e outros. Uruguai: Ed. Konrad-Adenauer-STIPTUNG E.V., 2005.
7
do solicitante, que o faz diretamente. Recomendou-se, ainda, que se tenha cautela quando o
requerente se tratar de figura pública.5
Vale ressaltar que a decisão é tão somente para excluir a notícia do resultado da
pesquisa nos sites de buscas, e não de onde originalmente está hospedada; ainda, que é válida
para todo o território da União Europeia, assim, se a busca for feita em território alheio a
essa determinação, é possível que a informação ainda seja encontrada. O que possibilita a
reflexão sobre: o que é território significativamente importante para uma pessoa na
Sociedade da Informação? E se fosse a respeito de uma empresa com reputação
internacional? Isso só corrobora, entre outros questionamentos possíveis, que a decisão não
é suficiente para esgotar o tema. Contudo, esses desdobramentos serão refletidos com maior
profundidade em momento oportuno.
Há, ainda, outras decisões judiciais - não menos importantes - que devem ser
consideradas para o razoável desenvolvimento do tema proposto. Como os Recursos
Especiais números 1.335.153 – RJ6 e 1.334.097 - RJ7, que discutiram diretamente o
5
BRASIL. Disponível em <http://www.migalhas.com.br/arquivos/2014/5/art20140514-04.pdf> Acórdão do
Tribunal de Justiça. Acesso em agosto de 2015.
6
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1.335.153 - RJ.
7
BRASIL, Acórdão do Superir Tribunal de Justiça. Disponível em:
<http://s.conjur.com.br/dl/direitoesquecimento-acordao-stj.pdf>. Acesso em agosto de 2015.
8
Apesar disso, é possível encontrar decisões que não tratem exatamente do Direito
ao Esquecimento, mas que envolvem também o conflito entre os princípios constitucionais
da liberdade de expressão e da privacidade, que se tornam importantes fontes para reflexão
sobre o assunto e apontam argumentos a ser considerados para a lapidação do direito de ser
esquecido, a fim de proporcionar segurança jurídica diante das possíveis e futuras violações.
A título de exemplo, a Reclamação nº 18.685/ES, cujo Relator é o Ministro Ricardo Villas
Bôas Cueva, a Reclamação nº 5.027/AC, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi, o Habeas
Corpus nº 284.307/SP, o Habeas Corpus nº 256.210 impetrado no Superior Tribunal de
Justiça, e o Processo Digital nº 1102375-05.2013.8.26.0110, julgado pelo Tribunal de Justiça
do Estado de São Paulo, de autoria do candidato a Presidente da República nas eleições de
2014, Aécio Neves da Cunha; entre outros.
3. Considerações finais
A Internet é um produto que, por sua vez, oferece inúmeros outros produtos e
atividades. Desde que exista procura haverá demanda. Todavia, impulsionou o consumo de
informação, que tomou status de objeto de negociações das mais variadas formas. E aqui
podemos observar a atual e peculiar importância do Direito ao Esquecimento novamente.
Rodotà, a respeito da privacidade, alerta: "menos privacidade, mais segurança' é uma receita
falsa. [...] A vigilância não conhece fronteiras". E pede para que se tenha mais atenção quanto
a situações que aparecem como inócuas ou benéficas, em princípio bem-intencionadas, mas
que sua exploração em demasia pode colocar o âmago do ser humano em questão. Neste
mesmo sentido, registra Podestá:
9
Por fim, o artigo a ser desenvolvido com base nesta prévia apresentação não terá a
intenção de esgotar o tema, que, como visto, é vasto, denso e intenso, mas tão somente
fomentar a discussão e a reflexão sobre o Direito ao Esquecimento.
8
PODESTÁ, Henrique. Direito à intimidade em ambiente da internet. LUCCA, Newton de; SIMÃO Filho,
Adalberto. (coord.) Direito & Internet - aspectos jurídicos relevantes. Bauru, SP: ADIPRO, 2000. p. 155.
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4. Referências bibliográficas
COSTA Júnior, Paulo José da. O direito de estar só: tutela penal da intimidade. 4. ed.
rev. e atual. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.