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AULA 02
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
Sumário
Sumário ...................................................................................................................................... 2
1 - Considerações Iniciais........................................................................................................... 3
2 – Diferenciação entre Princípios e Regras................................................................................ 4
2.1 – Concepção clássica – distinção fraca .....................................................................................4
2.2 – Concepção de Dworkin e Alexy – distinção forte .....................................................................4
3 –Princípios em espécie ............................................................................................................ 5
3.1 – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana .............................................................................5
3.2 – Princípio do Devido Processo Legal........................................................................................7
3.3 – Princípio da Legalidade ........................................................................................................8
3.4 – Princípio da Intervenção Mínima (ultima ratio) ..................................................................... 16
3.5 – Princípio da Adequação Social ............................................................................................ 18
3.6 – Princípio da Culpabilidade .................................................................................................. 21
3.7 – Princípio da Ofensividade ou Lesividade............................................................................... 21
3.8 – Princípio da Autorresponsabilidade...................................................................................... 22
3.9 – Princípio da Individualização da Pena .................................................................................. 23
3.10 – Princípio da Coculpabilidade ou da Corresponsabilidade ....................................................... 25
3.11 – Princípio da Confiança ..................................................................................................... 26
3.12 – Princípio da Pessoalidade ou da Personalidade .................................................................... 27
3.13 – Princípio da Alteridade ou da Transcendentalidade .............................................................. 28
3.14 – Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato........................................................... 29
3.15 – Princípio da Proporcionalidade .......................................................................................... 30
3.16 – Princípio da Presunção de Inocência (ou da Não Culpa) ....................................................... 32
3.17 – Princípio da Vedação da Dupla Punição pelo Mesmo Fato ..................................................... 33
3.18 – Princípio da Irretroatividade ............................................................................................. 34
3.19 – Princípio da Insignificância (ou Bagatela) ........................................................................... 34
4 –Princípios do Garantismo ..................................................................................................... 40
Aula 02
5 – Questões Objetivas............................................................................................................. 41
5.1 – Lista de Questões sem Comentários.................................................................................... 41
5.2 – Gabarito .......................................................................................................................... 57
5.3 – Lista de Questões com Comentários.................................................................................... 57
6 – Questão Dissertativa .......................................................................................................... 88
7 - Destaques da Legislação e da Jurisprudência ...................................................................... 90
8 – Resumo............................................................................................................................... 96
Diferenciação entre princípios e regras ........................................................................................ 96
Princípios em espécie ................................................................................................................ 96
Princípios do garantismo ............................................................................................................ 99
9 - Considerações Finais ........................................................................................................... 99
Princípios do
Diferenciação entre Princípios do
Direito Penal em
princípios e regras Garantismo
espécie
3 –Princípios em espécie
Feita esta introdução, passemos à análise dos princípios que norteiam o Direito
Penal, analisando um a um, com estudo do seu conceito e da sua aplicação
prática.
Referido princípio também está previsto no Pacto de São José da Costa Rica, no
seu artigo 11, 1, o que denota seu reconhecimento e importância também no
nosso sistema regional de proteção dos Direitos Humanos:
Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade
1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade.
(...)
Princípio da Humanidade
Referido princípio também foi consagrado no Pacto de São José da Costa Rica, a
Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969:
Art. 8 - Garantias judiciais
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de
um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada
contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista,
fiscal ou de qualquer outra natureza.
Quanto à seara criminal, o princípio pode ser encontrado no artigo 5º, inciso
XXXIX:
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XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.
(...)
b) direito penal, processual penal e processual civil (...)
Com isso, ficou claro que não se pode editar medida provisória com a introdução
de novos tipos penais no ordenamento jurídico. Entretanto, e se tratarmos de
normas não incriminadoras, ou seja, aquelas que cuidam da Matéria de Direito
Penal, mas não determinam que condutas sejam consideradas crimes ou
contravenções penais?
O Supremo Tribunal Federal enfrentou o tema ao julgar o RE 254.818/PR (Veja
o teor em “Destaques da Legislação e da Jurisprudência”, abaixo). Neste julgado,
o Tribunal Pleno entendeu que é possível a edição de medida provisória, caso se
trate de norma penal não incriminadora. Entretanto, este caso foi julgado antes
da EC 32/2001.
Após a EC 32/2001, o STF não enfrentou o tema diretamente. Entretanto, já se
deparou com o tema, ao julgar outro assunto. Ao tratar das medidas provisórias
que estenderam o prazo para os possuidores e proprietários de armas de fogo as
regularizarem ou as entregarem às autoridades competentes. Esta modificação
do prazo teve reflexos direitos no Direito Penal, por ter sido um período de
descriminalização temporária das condutas típicas de “possuir ou ser
proprietário” de arma de fogo. Ainda que não enfrentando o tema diretamente,
o Supremo Tribunal Federal não levantou nenhuma inconstitucionalidade por
essas medidas provisórias tratarem de matéria penal, mesmo após a EC 32/2001.
Vale registrar que, também neste caso, as medidas provisórias tratavam, de certo
modo, de Direito Penal não incriminador.
Em linha de conclusão, medida provisória não pode prever crime. Entretanto, a
jurisprudência do STF aponta uma tendência para se aceitar medida provisória
que trate de Direito Penal não incriminador, ou seja, que cuide de matéria penal,
mas não preveja novos crimes nem potencialize o poder punitivo estatal.
Pode lei delegada prever crime?
Sobre medidas provisórias, a Constituição prevê, em seu artigo 68, §1º, o
seguinte:
Art. 68 (...)
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso
Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a
matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais
Da leitura deste dispositivo, a doutrina conclui que não é possível que lei delegada
veicule crimes ou contravenções criminais.
Primeiro, porque para parte da doutrina a reserva legal exige lei ordinária ou
complementar proveniente da União, não sendo possível entender que a lei
delegada supre esta exigência.
Em segundo lugar, não é possível que lei delegada preveja crimes devido à
vedação de delegação de legislação sobre direitos individuais. Como o Direito
Penal representa a disciplina jurídica com as sanções de maior influência nos
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Cabe, neste ponto, registrar que existem leis penais incompletas, aquelas que
dependem de complemento. Vejamos sua subdivisão:
Da leitura do tipo penal, é possível perceber que não é completo. Não se pode,
da sua simples leitura, definir se alguém praticou ou não o crime, pois é preciso
entender o que são drogas.
Somente com a leitura da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998, e
suas posteriores modificações, da ANVISA, é possível entender o que é
considerado droga para os fins do tipo penal insculpido no artigo 33 da Lei
11.343/2006. Por ser o complemento normativo uma portaria, o caso é de norma
penal em branco própria, sem sentido estrito ou heterogênea.
Imprópria, em sentido amplo ou homogênea: é a norma penal incompleta
cujo complemento provém da mesma fonte normativa, ou seja, de lei em
sentido formal.
Há uma subdivisão, podendo a norma penal em branco imprópria ser
homovitelina ou heterovitelina.
a) Homovitelina: caso o complemento normativo esteja no mesmo
documento legal, a norma penal em branco homogênea será denominada
homovitelina.
Como exemplo, temos o caso do art. 312, complementado pelo art. 327,
ambos do Código Penal (mesmo diploma legal):
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em
proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze)
anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
Princípio da Fragmentariedade
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Por outro lado, não pode, a pretexto de cumprir a norma superior, prever uma
sanção penal desproporcional ao legislar sobre o tema, sob pena de se configurar
excesso.
Há, portanto, limites para ambos os lados. Não se pode deixar de tutelar o bem
jurídico, mas, do outro, não se pode causar uma punição excessiva a título de
proteção de um bem jurídico protegido por norma constitucional.
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Com relação a este princípio, o STF tem discutido se é possível a prisão após a
condenação em segunda instância. Seria, em análise técnica, uma relativização
do princípio da presunção de inocência. É muito importante acompanhar o tema,
que tem causado polêmica e pode ser revisto pela Suprema Corte. Vejamos o
recente precedente:
“Ementa: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL
PENAL. CRIMES DE TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES E DE ASSOCIAÇÃO PARA O
TRÁFICO. ARTIGOS 33 E 35 DA LEI Nº 11.343/06.
PLEITO DE REVOGAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR.
TEMA NÃO DEBATIDO PELAS INSTÂNCIAS PRECEDENTES. SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA. JULGAMENTO DE RECURSO PELO TRIBUNAL DA ORIGEM. PERDA
SUPERVENIENTE DO OBJETO NA INSTÂNCIA A QUO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA
SUPERVENIENTE À CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA E ANTES DO
TRÂNSITO EM JULGADO DO PROCESSO. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
INEXISTÊNCIA DE TERATOLOGIA, ABUSO DE PODER OU FLAGRANTE
ILEGALIDADE. APLICABILIDADE DO ENTENDIMENTO FIRMADO PELO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 925. ALEGADA
NEGATIVA DE AUTORIA E ILICITUDE DA PROVA PRODUZIDA. REVOLVIMENTO
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Assim, entende-se que, sempre que o delito for praticado contra a Administração
Pública, não haverá incidência do princípio da insignificância. Podemos pensar,
de imediato, em delitos envolvendo o patrimônio público, em período histórico
em que o combate à corrupção é tema em pauta.
Ocorre que, sobre o tema, mostra-se importante analisar se o Supremo Tribunal
Federal tem decidido neste mesmo sentido. Há um precedente da Segunda
Turma da Corte Suprema que reconheceu a bagatela de um delito
praticado contra a Administração Pública:
“AÇÃO PENAL. Delito de peculato-furto. Apropriação, por carcereiro, de farol de
milha que guarnecia motocicleta apreendida. Coisa estimada em treze reais. Res
furtiva de valor insignificante. Periculosidade não considerável do agente.
Circunstâncias relevantes. Crime de bagatela. Caracterização. Dano à probidade
da administração. Irrelevância no caso. Aplicação do princípio da insignificância.
Atipicidade reconhecida. Absolvição decretada. HC concedido para esse fim. Voto
vencido. Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato tido por delituoso, à
luz das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas corpus, ser
absolvido por atipicidade do comportamento.” (STF, HC 112.388/SP, Rel. p/
acórdão Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, Julgamento: 21/08/2012.
Verifica-se, portanto, que ainda que não demonstre uma jurisprudência
consolidada, referido precedente demonstra não haver, de início, concordância
entre as Cortes Superiores sobre o tema.
O que deve também ser refletido, aqui, é que o próprio STJ já possuía
jurisprudência consolidada acerca da possibilidade de se aplicar o
princípio em estudo ao crime de descaminho. Esta infração penal está
localizada, no Código Penal, no Título XI, denominado “Dos Crimes contra a
Administração Pública”, mais precisamente no Capítulo II, “Dos Crimes Praticados
pelo Particular contra a Administração em Geral”. Quanto ao crime de
descaminho, o STF também tem admitido o reconhecimento do chamado delito
de bagatela.
Vejamos um julgado de cada um dos tribunais, os quais representam esse
entendimento:
“EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL E DIREITO PENAL.
DESCAMINHO. IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INADMISSIBILIDADE DO WRIT. VALOR INFERIOR AO
ESTIPULADO PELO ART. 20 DA LEI 10.522/2002. PORTARIAS 75 E 130/2012 DO
MINISTÉRIO DA FAZENDA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE.
1. Há óbice ao conhecimento de habeas corpus impetrado contra decisão
monocrática do Superior Tribunal de Justiça, cuja jurisdição não se esgotou.
Precedentes. 2. A pertinência do princípio da insignificância deve ser avaliada
considerando-se todos os aspectos relevantes da conduta imputada. 3. Para
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5 – Questões Objetivas
Q2. CESPE/TJ-PB/2015
Acerca dos princípios e fontes do direito penal, assinale a opção correta.
a) Segundo a jurisprudência do STJ, o princípio da insignificância deve ser
aplicado a casos de furto qualificado em que o prejuízo da vítima tenha sido
mínimo.
b) Conforme entendimento do STJ, o princípio da adequação social
justificaria o arquivamento de inquérito policial instaurado em razão da
venda de CDs e DVDs.
c) Depreende-se do princípio da lesividade que a autolesão, via de regra,
não é punível.
d) Depreende-se da aplicação do princípio da insignificância a determinado
caso que a conduta em questão é formal e materialmente atípica.
e) As medidas provisórias podem regular matéria penal nas hipóteses de leis
temporárias ou excepcionais.
Q3. FCC/TJ-SC/2015
A afirmação de que o Direito Penal não constitui um sistema exaustivo de
proteção de bens jurídicos, de sorte a abranger todos os bens que
constituem o universo de bens do indivíduo, mas representa um sistema
descontínuo de seleção de ilícitos decorrentes da necessidade de criminalizá-
los ante a indispensabilidade da proteção jurídico-penal, amolda-se, mais
exatamente,
a) ao conceito estrito de reserva legal aplicado ao significado de taxatividade
da descrição dos modelos incriminadores.
b) à descrição do princípio da fragmentariedade do Direito Penal que é
corolário do princípio da intervenção mínima e da reserva legal.
c) à descrição do princípio da culpabilidade como fenômeno social.
d) ao conteúdo jurídico do princípio de humanidade relacionado ao conceito
de Justiça distributiva.
e) à descrição do princípio da insignificância em sua relativização na busca
de mínima proporcionalidade entre gravidade da conduta e cominação de
sanção.
Q4. FCC/TJ-SC/2015
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Q5.FCC/TJ-AP/2014
Desde o advento da Lei nº 8.072/1990, a vedação absoluta de progressão
de regime prisional, originalmente instituída para os crimes hediondos ou
assemelhados, comportou intenso debate acadêmico e jurisprudencial.
Importantes vozes na doutrina desde logo repudiaram o regime
integralmente fechado. Mas o Pleno do Supremo Tribunal Federal, então, em
dois julgados antológicos, afastou a pecha da inconstitucionalidade (HC
69.603/SP e HC 69.657/SP), posicionamento que se irradiou para as outras
Cortes e, desse modo, ditou a jurisprudência do país por mais de 13 anos.
Somente em 2006 o STF rediscutiu a matéria, agora para dizer
inconstitucional aquela vedação (HC 82.959-7/SP). A histórica reversão da
jurisprudência, afinal, fez com que se reparasse o sistema normativo.
Editou-se a Lei nº 11.464/2007 que, pese admitindo a progressividade na
execução correspondente, todavia lhe estipulou lapsos diferenciados. Todo
esse demorado debate mais diretamente fundou-se especialmente em um
dado postulado de direito penal que, portanto, hoje mais que nunca
estrutura o direito brasileiro no tópico respectivo. Precipuamente, trata-se
do postulado da:
a) pessoalidade.
b) legalidade.
c) proporcionalidade.
d) individualização.
e) culpabilidade.
Q6. FUNDEP/TJ-MG/2014
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Q7.FUNDEP/TJ-MG/2014
A respeito dos princípios que regem o direito penal brasileiro, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) O princípio da legalidade penal, do qual decorre o princípio da reserva
legal, impede o uso dos costumes e analogia para criar tipos penais
incriminadores ou agravar as infrações existentes.
b) De acordo com o chamado princípio da insignificância o Direito Penal não
deve se ocupar com assuntos irrelevantes. A aplicação de tal princípio exclui
a tipicidade material da conduta.
c) O direito penal possui natureza fragmentária, ou seja, somente protege
os bens jurídicos mais importantes, pois os demais são protegidos pelos
outros ramos do direito.
d) O princípio da taxatividade, ao exigir lei com conteúdo determinado,
resulta na proibição da criação de tipos penais abertos.
Q8. VUNESP/TJ-RJ/2011
O agente que mata alguém, por imprudência, negligência ou imperícia, na
direção de veículo automotor, comete o crime previsto no art. 302, da Lei
n.º 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), e não o crime previsto no art.
121, § 3.º, do Código Penal. Assinale, dentre os princípios adiante
mencionados, em qual deles está fundamentada tal afirmativa.
a) Princípio da consunção.
b) Princípio da alternatividade.
c) Princípio da especialidade.
d) Princípio da legalidade.
Q9. FCC/TJ-MS/2010
O princípio de intervenção mínima do Direito Penal encontra expressão:
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Q10. CESPE/TJ-SE/2008
Assinale a opção correta a respeito das penas.
a) O princípio da transcendência estabelece que nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, contudo a obrigação de reparar o dano se estende
aos sucessores ilimitadamente.
b) Não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada.
c) Não haverá penas de caráter perpétuo, de banimento, cruéis ou
pecuniárias.
d) A pena será cumprida preferencialmente em estabelecimentos distintos,
de acordo com a natureza do delito e as condições socioeconômicas do
apenado.
e) É assegurado aos presos o respeito à integridade física, moral e material,
sendo vedada pena que implique perda ou privação de bens.
para benefício do réu, combinar dispositivos de uma mesma lei penal para
encontrar pena mais proporcional ao caso concreto.
b) Do princípio da culpabilidade procede a responsabilidade penal subjetiva,
que inclui, como pressuposto da pena, a valoração distinta do resultado no
delito culposo ou doloso, proporcional à gravidade do desvalor representado
pelo dolo ou culpa que integra a culpabilidade.
c) O princípio do ne bis idem está expressamente previsto na CF e preconiza
a impossibilidade de uma pessoa ser sancionada ou processada duas vezes
pelo mesmo fato, além de proibir a pluralidade de sanções de natureza
administrativa sancionatórias.
d) A infração bagatelar própria está ligada ao desvalor do resultado e (ou)
da conduta e é causa de exclusão da tipicidade material do fato; já a
imprópria exige o desvalor ínfimo da culpabilidade em concurso necessário
com requisitos post factum que levam à desnecessidade da pena no caso
concreto.
e) O princípio da ofensividade ou lesividade não se presta à atividade de
controle jurisdicional abstrata da norma incriminadora ou à função político-
criminal da atividade legiferante.
Q14. CESPE/MPE-RR/2017
No direito penal, o princípio da:
a) fragmentariedade informa que o direito penal é autônomo e cuida das
condutas tidas por ilícitas penalmente, sendo aplicável a lei penal
independentemente da solução do problema por outros ramos do direito.
b) irretroatividade da lei se aplica absolutamente.
c) insignificância, segundo o entendimento do STF, pressupõe apenas três
requisitos para a sua configuração: mínima ofensividade da conduta do
agente, nenhuma periculosidade social e reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento.
d) proporcionalidade fundamenta a declaração de inconstitucionalidade de
parte do art. 44 da Lei Antidrogas, que veda a concessão de liberdade
provisória em crimes relacionados às drogas.
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Q15. CESPE/MPE-SP/2014
No tocante aos princípios constitucionais penais, assinale a opção correta
a) No que se refere à aplicação do princípio da insignificância, o STF tem
afastado a tipicidade material dos fatos em que a lesão jurídica seja
inexpressiva, sem levar em consideração os antecedentes penais do agente.
b) O direito penal constitui um sistema exaustivo de proteção de todos os
bens jurídicos do indivíduo, de modo a tipificar o conjunto das condutas que
outros ramos do direito consideram antijurídicas.
c) Uma das vertentes do princípio da proporcionalidade é a proibição de
proteção deficiente, por meio da qual se busca impedir um direito
fundamental de ser deficientemente protegido, seja mediante a eliminação
de figuras típicas, seja pela cominação de penas inferiores à importância
exigida pelo bem que se quer proteger.
d) Segundo entendimento consolidado do STF, a imposição de regime
disciplinar diferenciado ao executando ofende o princípio da individualização
da pena, visto que extrapola o regime de cumprimento da reprimenda
imposta na sentença condenatória.
e) Prevalece na doutrina o entendimento de que constitui ofensa ao princípio
da legalidade a existência de leis penais em branco heterogêneas, ou seja,
daquelas cujos complementos provenham de fonte diversa da que tenha
editado a norma que deva ser complementada
Q16. MPDFT/MPDFT/2013
Examine os itens seguintes, indicando o CORRETO:
a) O princípio da culpabilidade limita-se à impossibilidade de declaração de
culpa sem o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
b) O princípio da legalidade impede a aplicação de lei penal ao fato ocorrido
antes do início de sua vigência.
c) Integram o núcleo do princípio da estrita legalidade os seguintes
postulados: reserva legal, proibição de aplicação de pena em hipótese de
lesões irrelevantes, proibição de analogia in malam partem.
d) A aplicação de pena aos inimputáveis, dada a sua incapacidade de
sensibilização pela norma penal, viola o princípio da culpabilidade.
e) Os princípios da insignificância penal e da adequação social se identificam,
ambos caracterizados pela ausência de preenchimento formal do tipo penal.
Q17. MPE-GO/MPE-GO/2012
Em relação as causas de exclusão da tipicidade penal, em especial o princípio
da insignificância, assinale a alternativa correta:
a) O princípio da insignificância não conta com reconhecimento normativo
explícito da nossa legislação penal, seja comum ou especial;
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Q18. UFMT/DPE-MT/2016
O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a:
a) punibilidade.
b) executividade.
c) tipicidade material.
d) ilicitude formal.
e) culpabilidade.
Q19. MPDFT/MPDFT/2011
É correto afirmar, no tocante aos princípios constitucionais penais:
a) O princípio da legalidade dos crimes e das penas, sob a perspectiva do
nullum crimen sine lege scricta, repudia o emprego da interpretação
extensiva in malam partem.
b) O uso de leis penais em branco, em sentido estrito, foi banido pelo
Supremo Tribunal Federal, por caracterizar ofensa ao princípio da
taxatividade.
c) O princípio da reserva legal é mitigado no âmbito do direito da infância e
da juventude, dada a inimputabilidade absoluta do menor de 18 anos de
idade.
d) O princípio da lesividade ou da ofensividade, entre outros aspectos, repele
a punição do cidadão cuja conduta sequer se inicia.
e) Como decorrência imediata do princípio da culpabilidade, não é possível
a criminalização de simples estados existenciais.
Q20. MPDFT/MPDFT/2011
Aula 02
Q21. FCC/DPE-MA/2015
A proscrição de penas cruéis e infamantes, a proibição de tortura e maus-
tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar
sua infraestrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação
e a dessocialização dos condenados são desdobramentos do princípio da:
a) proporcionalidade.
b) intervenção mínima do Estado.
c) fragmentariedade do Direito Penal.
d) humanidade.
e) adequação social.
Q22. CESPE/DPE-PE/2015
O Estado, para garantir a segurança dos cidadãos, deve proibir ou restringir
todas aquelas ações que se refiram, de maneira imediata, só a quem as
realize, das quais derive lesão aos direitos dos outros, isto é, que atinjam
sua liberdade e propriedade, sem o seu consentimento ou contra ele, ou das
que haja de temê-las provavelmente; probabilidade na qual haverá de
considerar a dimensão do dano que se quer causar e a importância da
limitação da liberdade produzida por lei proibitiva.
Wilhem Von Humboldt. Los límites de la acción del estado. 1792, p. 122
(com adaptações).
Com relação ao fragmento de texto acima, aos princípios de direito penal e
às teorias do bem jurídico, julgue o item a seguir.
O fragmento em questão, seu autor, há já mais de duzentos anos, se referia
ao que hoje se entende como princípios jurídico-penais da intranscendência
e da fragmentariedade.
o Certo
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o Errado
Q23.FCC/DPE-PB/2014
"A terrível humilhação por que passam familiares de presos ao visitarem
seus parentes encarcerados consiste na obrigação de ficarem nus, de
agacharem diante de espelhos e mostrarem seus órgãos genitais para
agentes públicos. A maioria que sofre esses procedimentos é de mães,
esposas e filhos de presos. Até mesmo idosos, crianças e bebês são
submetidos ao vexame. É princípio de direito penal que a pena não
ultrapasse a pessoa do condenado".
(DIAS, José Carlos. "O fim das revistas vexatórias". In: Folha de São Paulo.
São Paulo: 25 de julho de 2014, 1o caderno, seção Tendências e Debates,
p. A-3)
Além da ideia de dignidade humana, por esse trecho o inconformismo do
autor, recentemente publicado na imprensa brasileira, sustenta-se mais
diretamente também no postulado constitucional da:
a) individualização.
b) fragmentariedade.
c) pessoalidade.
d) presunção de inocência.
e) legalidade.
Q24.FCC/DPE-SP /2013
Sobre a relação entre o sistema penal brasileiro contemporâneo e a
Constituição Federal, é correto afirmar que:
a) o princípio constitucional da humanidade das penas encontra ampla
efetividade no Brasil, diante da adequação concreta das condições de
aprisionamento aos tratados internacionais de direitos humanos.
b) o princípio constitucional da legalidade restringe-se à tipificação de
condutas como crimes, não abarcando as faltas disciplinares em execução
penal.
c) o estereótipo do criminoso não contribui para o processo de
criminalização, pois violaria o princípio constitucional da não discriminação.
d) a seletividade do sistema penal brasileiro, por ser um problema
conjuntural, poderia ser resolvida com a aplicação do princípio da igualdade
nas ações policiais.
e) o princípio constitucional da intranscendência da pena não é capaz de
impedir a estigmatização e práticas violadoras de direitos humanos de
familiares de pessoas presas.
Q25. CESPE/DPE-DF/2013
Aula 02
Q26. CESPE/DPE-TO/2013
Considerando os princípios básicos de direito penal, assinale a opção correta.
a) O princípio da culpabilidade impõe a subjetividade da responsabilidade
penal. Logo, repudia a responsabilidade objetiva, derivada, tão só, de uma
relação causal entre a conduta e o resultado de lesão ou perigo a um bem
jurídico, exceto no caso dos crimes perpetrados por pessoas jurídicas.
b) Os princípios da legalidade e da irretroatividade da lei penal são aplicáveis
à pena cominada pelo legislador, aplicada pelo juiz e executada pela
administração, não sendo, todavia, esses princípios extensíveis às medidas
de segurança, dotadas de escopo curativo e não punitivo.
c) Constituem funções do princípio da lesividade, proibir a incriminação de
atitudes internas, de condutas que não excedam a do próprio autor do fato,
de simples estados e condições existenciais e de condutas moralmente
desviadas que não afetem qualquer bem jurídico.
d) O princípio da intervenção mínima não está previsto expressamente no
texto constitucional nem pode dele ser inferido.
e) O princípio da humanidade proíbe a instituição de penas cruéis, como a
de morte e a de prisão perpétua, mas não a de trabalhos forçados.
Q27. CESPE/DPE-TO/2013
Sobre os princípios da legalidade e da anterioridade (artigo 1º do Código
Penal) é correto afirmar:
a) pelo princípio da legalidade compreende-se que ninguém responderá por
um fato que a lei penal preveja como crime e, pelo princípio da anterioridade
compreende-se que alguém somente responderá por crime devidamente
previsto em lei que tenha entrado em vigor um ano anteriormente à prática
da conduta;
b) os princípios da legalidade e da anterioridade pressupõem a existência de
lei anterior à prática de uma determinada conduta para que esta possa ser
considerada como crime;
c) tais princípios são sinônimos e significam a necessidade da existência de
lei para que uma conduta seja considerada crime;
Aula 02
( ) Certo ( ) Errado
Q31. FCC/TCE-SP/2011
O princípio constitucional da legalidade em matéria penal
a) não vigora na fase de execução penal.
b) impede que se afaste o caráter criminoso do fato em razão de causa
supralegal de exclusão da ilicitude.
c) não atinge as medidas de segurança.
Aula 02
Q32. CESPE/PG-DF/2013
À luz das fontes do direito penal e considerando os princípios a ele aplicáveis,
julgue o item abaixo.
Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, a aplicação do princípio da
insignificância no direito penal está condicionada ao atendimento,
concomitante, dos seguintes requisitos: primariedade do agente, valor do
objeto material da infração inferior a um salário mínimo, não contribuição da
vítima para a deflagração da ação criminosa, ausência de violência ou grave
ameaça à pessoa.
o Certo
o Errado
Q33. FUNDATEC/PC-RS/2018
Em relação à teoria geral da norma penal, assinale a alternativa correta.
a) Dentre os princípios gerais do Direito Penal, pode-se citar o princípio da
exclusiva proteção de bens jurídicos e o princípio da intervenção mínima.
b) Os princípios só podem ser explícitos, ou seja, positivados no
ordenamento jurídico.
c) O princípio da igualdade (ou da isonomia) não está previsto de maneira
expressa na CF/1988.
d) O princípio da presunção de inocência (ou da não culpa) expresso na
CF/1988 no artigo 5º, inciso LVII, determina que "ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória".
Destarte, não é aceitável a decretação (excepcional) de uma prisão
temporária ou preventiva sobre alguém sobre o qual pairam indícios
suficientes de autoria, mas que ainda não pode ser considerado culpado.
e) O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine iniuria) não
exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado.
Q34. CESPE/PC-MA/2018
O princípio da legalidade compreende
a) a capacidade mental de entendimento do caráter ilícito do fato no
momento da ação ou da omissão, bem como de ciência desse entendimento.
b) o juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da
vontade do responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir
a necessidade de imposição de pena.
Aula 02
Q35. CESPE/PCJ-MT/2017
De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princípio da
insignificância pressupõe a constatação de certos vetores para se
caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)
a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
b) desvalor relevante da conduta e do resultado.
c) mínima periculosidade social da ação.
d) relevante ofensividade da conduta do agente.
e) expressiva lesão jurídica provocada
Q36. FCC/DPE-RS/2017
O que nos parece é que as duas dimensões do bem jurídico-penal a
valorativa e a pragmática apresentam áreas de intensa interpenetração,
o que origina a tendencial convergência entre elevada dignidade penal e
necessidade de tutela penal, assim como, inversamente, entre reduzida
dignidade penal e desnecessidade de tutela penal.
(CUNHA, Maria da Conceição Ferreira da. Constituição e crime: uma
perspectiva da criminalização e da descriminalização. Porto: Universidade
Católica Portuguesa Editora, 1995, p. 424)
Nesse tópico, o tema central do raciocínio da jurista portuguesa radica
primacialmente no campo da ideia constitucional de
a) individualização.
b) dignidade humana.
c) irretroatividade.
d) proporcionalidade.
e) publicidade.
Q37. FAPEMS/PC-MS/2017
Com relação aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, em especial no que
se refere ao princípio da adequação social, assinale a alternativa correta.
Aula 02
a) O Direito Penal deve tutelar bens jurídicos mais relevantes para a vida em
sociedade, sem levar em consideração valores exclusivamente morais ou
ideológicos.
b) só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do direito não forem
suficientes.
c) Deve-se analisar se houve uma mínima ofensividade ao bem jurídico
tutelado, se houve periculosidade social da ação e se há reprovabilidade
relevante no comportamento do agente.
d) Não há crime se não há lesão ou perigo real de lesão a bem jurídico
tutelado pelo Direito Penal.
e) Apesar de uma conduta subsumir ao modelo legal, não será considerada
típica se for historicamente aceita pela sociedade.
Q38. FAPEMS/PC-MS/2017
No que diz respeito aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, analise os
textos a seguir.
A proteção de bens jurídicos não se realiza só mediante o Direito Penal,
senão que nessa missão cooperam todo o instrumental do ordenamento
jurídico.
ROXIN, Claus. Derecho penai- parte geral. Madrid: Civitas, 1997.1.1, p. 65.
A criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário
para a proteção de ataques contra bens jurídicos importantes.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratada de direito penal: parte geral. 20. ed.
São Paulo: Saraiva, 2014, p. 54.
Q39. IBADE/PC-AC/2017
“O suicídio é um crime (assassínio) [...]. Aniquilar o sujeito da moralidade
na própria pessoa é erradicar a existência da moralidade mesma do mundo,
o máximo possível, ainda que a moralidade seja um fim em si mesma.
Consequentemente, dispor de si mesmo como um mero meio para algum
fim discricionário é rebaixar a humanidade na própria pessoa (homo
noumenon), à qual o ser humano (homo phaenomenon) foi, todavia,
confiado para preservação” (KANT, Immanuel, a Metafísica dos Costumes).
Q40. IBFC/PC-PA/2017
Expressiva parcela da doutrina sustenta a inadequação do crime de escrito
ou objeto obsceno (art. 234 do CP) para com os princípios que instruem o
direito penal democrático. Um dos focos dessa inadequação reside na
indevida alocação do sentimento público de pudor como objeto da tutela
jurídica. Isso representa, em tese, violação ao princípio da:
a) intranscendência.
b) culpabilidade.
c) taxatividade.
d) ofensividade.
e) insignificância.
Q41. FCC/SEGEP-MA/2016
O princípio do direito penal que possui claro sentido de garantia fundamental
da pessoa, impedindo que alguém possa ser punido por fato que, ao tempo
do seu cometimento, não constituía delito é
Aula 02
a) atipicidade.
b) reserva legal.
c) punibilidade.
d) analogia.
e) territorialidade.
5.2 – Gabarito
Q1. B Q15. C Q29. B
Q2. C Q16. D Q30. D
Q3. B Q17. A Q31. E
Q4. E Q18. C Q32. ERRADA
Q5. D Q19. D Q33. A
Q6. C Q20. C Q34. D
Q7. D Q21. D Q35. A
Q8. C Q22. ERRADA Q36. D
Q9. A Q23. C Q37. E
Q10. B Q24. E Q38. D
Q11. C Q25. CORRETA Q39. C
Q12. D Q26. C Q40. D
Q13. A Q27. B Q41. B
Q14. D Q28. B
5.3 – Lista de Questões com Comentários
Q1. FAURGS/TJ-RS/2016
I - Em nome do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, a
abolitio criminis e a lex mitior alcançam todos os fatos delitivos anteriores à
sua entrada em vigor, inclusive aqueles previstos em legislação penal
temporária ou excepcional.
II - A lei penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos a bordo de
embarcações e aeronaves estrangeiras de propriedade privada que estejam
localizadas no mar territorial ou sobrevoando o espaço aéreo brasileiro,
sendo também consideradas como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
localizadas em mar territorial ou no espaço aéreo de outro país, desde que
estejam a serviço do governo brasileiro.
III - Segundo dispõe o princípio da consunção, quando a concretização da
prática de um crime depende direta e necessariamente da prática de uma
conduta delitiva antecedente, o juiz, no momento da sentença, deve afastar
o reconhecimento do concurso de infrações, aplicando ao réu apenas a pena
do crime mais grave.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
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b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.
Comentários
O item I está incorreto, pois, as leis temporária e excepcional não estão sujeitas
aos efeitos da abolitio criminis. De acordo com o art. 3º do Código Penal, embora
cessadas as circunstâncias que as determinaram ou decorrido o prazo de sua
duração, aplicam-se elas aos fatos praticados durante sua vigência.
O item II está correto e é o gabarito da questão. A aplicação da norma penal no
Brasil se encontra regulamentada pelos §§ 1º e 2º do art. 5 do Código Penal.
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro
onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.
O item III está incorreto. Segundo dispõe o princípio da consunção, o juiz não
deve aplicar ao réu a pena do crime mais grave. No caso concreto, deverá se
analisar qual crime é o crime-meio e qual é o crime-fim, conforme jurisprudência
do STJ.
Portanto, a alternativa B é a opção correta.
Q2. CESPE/TJ-PB/2015
Acerca dos princípios e fontes do direito penal, assinale a opção correta.
a) Segundo a jurisprudência do STJ, o princípio da insignificância deve ser
aplicado a casos de furto qualificado em que o prejuízo da vítima tenha sido
mínimo.
b) Conforme entendimento do STJ, o princípio da adequação social
justificaria o arquivamento de inquérito policial instaurado em razão da
venda de CDs e DVDs.
c) Depreende-se do princípio da lesividade que a autolesão, via de regra,
não é punível.
d) Depreende-se da aplicação do princípio da insignificância a determinado
caso que a conduta em questão é formal e materialmente atípica.
e) As medidas provisórias podem regular matéria penal nas hipóteses de leis
temporárias ou excepcionais.
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Comentários
A alternativa A está incorreta, haja vista que, segundo jurisprudência do STJ,
existem quatro requisitos para a incidência do princípio da insignificância, quais
sejam: mínima ofensividade da conduta do agente; ausência de periculosidade
social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e
inexpressividade da lesão jurídica causada. O furto qualificado, por mais que seja
mais reprovável, não afasta totalmente a aplicação do princípio da insignificância,
mas sua aplicação não é automática em caso de pequeno prejuízo, pois todos os
requisitos devem ser analisados.
Por fim, O STJ tem entendido assim: “2. Nos termos da jurisprudência pacífica
deste Tribunal Superior a prática do delito de furto qualificado por escalada,
arrombamento, rompimento de obstáculo ou concurso de agentes, indica a
especial reprovabilidade do comportamento e afasta a aplicação do princípio da
insignificância.” (AgRg no AREsp 1204004/MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, Sexta Turma, DJe 08/03/2018).
A alternativa B está incorreta. O princípio da adequação social preconiza que o
Direito Penal só deve considerar criminoso um fato que contrarie o sentimento
de justiça da comunidade. Entretanto, como visto na aula, o STJ não entende
aplicável o princípio no caso de falsificação de CDs e DVDs.
A alternativa C está correta. O princípio da lesividade considera que não pode
haver crime sem que haja conteúdo ofensivo a bens jurídicos. O Direito Penal não
se ocupa em tutelar os bens jurídicos que envolvem a prática de autolesão.
A alternativa D está incorreta. A aplicação do princípio da insignificância
pressupõe que embora o fato seja típico formalmente, a lesão ou ameaça de lesão
a bens jurídicos são ínfimas, por isso, sem relevância para o Direito Penal no que
se refere à tipicidade material.
A alternativa E está incorreta. Com a Emenda Constitucional nº 32, a matéria
restou pacificada no âmbito constitucional. Isto porque o art. 62 da CF passou a
prever o seguinte:
Art. 62. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
(...)
b) direito penal, processual penal e processual civil (...)
Q3. FCC/TJ-SC/2015
A afirmação de que o Direito Penal não constitui um sistema exaustivo de
proteção de bens jurídicos, de sorte a abranger todos os bens que
constituem o universo de bens do indivíduo, mas representa um sistema
descontínuo de seleção de ilícitos decorrentes da necessidade de criminalizá-
los ante a indispensabilidade da proteção jurídico-penal, amolda-se, mais
exatamente,
Aula 02
Q4. FCC/TJ-SC/2015
Em referência ao chamado princípio da insignificância penal,
a) a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça e do
Supremo Tribunal Federal não distingue sua aplicação aos crimes de
descaminho e de contrabando, indiferenciadamente aceitando-o, em tese,
nos dois casos, sob os mesmos pressupostos técnicos, posto que idêntico o
bem jurídico tutelado em ambas as normas legais.
b) a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Amapá e do Superior Tribunal
de Justiça vem admitindo sua aplicação, em tese, aos crimes de roubo.
c) a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal vem admitindo sua
aplicação, em tese, aos crimes de roubo.
d) por dizer respeito à tipicidade estritamente objetiva, a jurisprudência do
Tribunal de Justiça do Amapá e das duas turmas criminais do Superior
Tribunal de Justiça não admitem considerar, especificamente para seu
acolhimento, o exame das condições subjetivas do agente, tais como seus
antecedentes e eventual habitualidade criminal.
e) a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça vem
admitindo ser ele, em tese, aplicável ao crime de descaminho, desde que o
valor do tributo respectivo seja de até dez mil reais.
Comentários:
Esta questão explora o entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de
Justiça a respeito da aplicação do princípio da insignificância nos crimes de
descaminho e contrabando. Para melhor compreensão, segue, respectivamente
as ementas:
Aula 02
Q5.FCC/TJ-AP/2014
Desde o advento da Lei nº 8.072/1990, a vedação absoluta de progressão
de regime prisional, originalmente instituída para os crimes hediondos ou
assemelhados, comportou intenso debate acadêmico e jurisprudencial.
Importantes vozes na doutrina desde logo repudiaram o regime
integralmente fechado. Mas o Pleno do Supremo Tribunal Federal, então, em
dois julgados antológicos, afastou a pecha da inconstitucionalidade (HC
69.603/SP e HC 69.657/SP), posicionamento que se irradiou para as outras
Cortes e, desse modo, ditou a jurisprudência do país por mais de 13 anos.
Somente em 2006 o STF rediscutiu a matéria, agora para dizer
inconstitucional aquela vedação (HC 82.959-7/SP). A histórica reversão da
jurisprudência, afinal, fez com que se reparasse o sistema normativo.
Editou-se a Lei nº 11.464/2007 que, pese admitindo a progressividade na
execução correspondente, todavia lhe estipulou lapsos diferenciados. Todo
esse demorado debate mais diretamente fundou-se especialmente em um
dado postulado de direito penal que, portanto, hoje mais que nunca
estrutura o direito brasileiro no tópico respectivo. Precipuamente, trata-se
do postulado da:
Aula 02
a) pessoalidade.
b) legalidade.
c) proporcionalidade.
d) individualização.
e) culpabilidade.
Comentários:
Pela inteligência do princípio da individualização, deve-se respeitar a proporção
entre a conduta praticada e a pessoa do autor. Como visto, a individualização da
pena abrange tanto a fixação de pena na sentença quanto seu cumprimento, com
análise do mérito para progressão de regime. Deste modo, verifica-se que a Lei
nº 8.072/1990, que instituiu a vedação absoluta de progressão de regime
prisional para os crimes hediondos ou assemelhados, padronizou as penas para
os crimes hediondos, evitando, assim, o legislador que, juízes individualizassem
as penas de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Desse modo, a alternativa D é a correta e gabarito da questão.
Q6. FUNDEP/TJ-MG/2014
A respeito da aplicação da lei penal, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A revogação do complemento da lei penal em branco, quando essa for a
parte essencial da norma, gera abolitio criminis.
b) Em relação ao tempo do crime, nosso Código Penal adotou a teoria da
atividade, considerando-o praticado no momento da ação ou omissão.
c) As situações de aplicação extraterritorial da lei penal brasileira e que
constituem exceções ao princípio geral da territorialidade (Artigo 5º) em
nosso ordenamento jurídico são previstas, exclusivamente, no rol taxativo
constante do Artigo 7º do CP.
d) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. Trata-se de uma
exceção ao princípio da retroatividade benéfica.
Comentários:
A alternativa A está correta, pois, se tratando de elemento essencial do crime,
a revogação do complemento da lei penal em branco gera abolitio criminis, em
observância ao princípio da irretroatividade.
A alternativa B está correta. Nosso ordenamento jurídico adotou a teoria da
atividade conforme se constata no art. 6º do CP:
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
A alternativa C está incorreta. Este assunto foi tratado na aula inaugural, mas
vale relembrá-lo. Embora as situações de aplicação extraterritorial da lei penal
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Q7. FUNDEP/TJ-MG/2014
A respeito dos princípios que regem o direito penal brasileiro, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) O princípio da legalidade penal, do qual decorre o princípio da reserva
legal, impede o uso dos costumes e analogia para criar tipos penais
incriminadores ou agravar as infrações existentes.
b) De acordo com o chamado princípio da insignificância o Direito Penal não
deve se ocupar com assuntos irrelevantes. A aplicação de tal princípio exclui
a tipicidade material da conduta.
c) O direito penal possui natureza fragmentária, ou seja, somente protege
os bens jurídicos mais importantes, pois os demais são protegidos pelos
outros ramos do direito.
d) O princípio da taxatividade, ao exigir lei com conteúdo determinado,
resulta na proibição da criação de tipos penais abertos.
Comentários:
A alternativa D está incorreta. Há tipos abertos no nosso Direito Penal, como é
o caso dos crimes culposos. Tipos abertos são aqueles que dependem de
complementação valorativa.
O que a doutrina exige é que, nestes casos, haja uma mínimo de determinação,
sob pena de ofensa ao princípio da taxatividade.
Desse modo, a alternativa D é a incorreta e gabarito da questão.
Q8. VUNESP/TJ-RJ/2011
O agente que mata alguém, por imprudência, negligência ou imperícia, na
direção de veículo automotor, comete o crime previsto no art. 302, da Lei
n.º 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), e não o crime previsto no art.
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Q9. FCC/TJ-MS/2010
O princípio de intervenção mínima do Direito Penal encontra expressão:
a) nos princípios da fragmentariedade e da subsidiariedade.
b) na teoria da imputação objetiva e no princípio da fragmentariedade.
c) no princípio da fragmentariedade e na proposta funcionalista.
d) na teoria da imputação objetiva e no princípio da subsidiariedade.
e) no princípio da subsidiariedade e na proposta funcionalista.
Comentários: A alternativa A é a correta e gabarito da questão, pois do
princípio da intervenção mínima decorrem os princípios da fragmentariedade e
da subsidiariedade.
Q10. CESPE/TJ-SE/2008
Assinale a opção correta a respeito das penas.
a) O princípio da transcendência estabelece que nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, contudo a obrigação de reparar o dano se estende
aos sucessores ilimitadamente.
b) Não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada.
c) Não haverá penas de caráter perpétuo, de banimento, cruéis ou
pecuniárias.
d) A pena será cumprida preferencialmente em estabelecimentos distintos,
de acordo com a natureza do delito e as condições socioeconômicas do
apenado.
e) É assegurado aos presos o respeito à integridade física, moral e material,
sendo vedada pena que implique perda ou privação de bens.
Comentários:
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• Princípio da irretroatividade:
Art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A Constituição Federal em seu art. 5º, inciso
XXXIV, bem como o Código Penal em seu art. 1º preveem expressamente que
“não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal”. Desta forma, em consonância com o princípio da legalidade, constata-se
que o tipo penal, bem como a pena devem estar previstos em lei anterior formal.
A alternativa B está incorreta, pois, na teoria finalista, atualmente adotada, o
dolo e a culpa não integram a culpabilidade. O dolo é natural e, conforme a teoria
clássica, deixa de integrar a culpabilidade, passando a integrar a conduta.
A alternativa C está incorreta. O princípio do ne bis idem não é um princípio
administrativo, nem possui previsão constitucional expressa.
A alternativa D é a alternativa correta. A chamada bagatela própria afasta a
tipicidade material da conduta, já a imprópria afasta a aplicação da pena, tendo
em vista sua desnecessidade.
A alternativa E está incorreta. Na verdade, o princípio da ofensividade ou
lesividade se presta à atividade de controle jurisdicional abstrata da norma
incriminadora e à função político-criminal da atividade legiferante, uma vez que
preconiza que não pode haver crime sem que haja conteúdo ofensivo a bens
jurídicos.
Desse modo, a alternativa D é a correta e gabarito da questão.
Comentários:
A alternativa A está correta. O STF não reconhece o princípio da insignificância
tendo em vista que o bem juridicamente tutelado pelo tipo penal é a saúde
pública, e não apenas o valor pecuniário do imposto não recolhido ao fisco.
A alternativa B está incorreta, pois, referido princípio destina-se aos fatos que
apresentem os seguintes requisitos: mínima ofensividade da conduta, ausência
de periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento e inexpressividade da lesão jurídica causada. Não é o caso do
tráfico internacional de armas e munições. Neste sentido, decidiu o STF em
26/10/2010: “(...) III – Mostra-se irrelevante, no caso, cogitar-se da mínima
ofensividade da conduta (em face da quantidade apreendida), ou, também, da
ausência de periculosidade da ação, porque a hipótese é de crime de perigo
abstrato, para o qual não importa o resultado concreto da ação, o que também
afasta a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância.” (HC 97777/MS,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski).
A alternativa C está incorreta. O tráfico de drogas extrapola o potencial ofensivo
aceitável para a aplicação do princípio. Precedentes: STJ/HC 156543 e STF/HC
88820.
A alternativa D está incorreta. Como mencionado na aula, o próprio STF tem
analisado caso a caso, não se entendendo que a reincidência, por si só, afasta a
aplicação do princípio da insignificância.
A alternativa E está incorreta. A prática do crime de roubo não apresenta os
requisitos para a aplicação do mencionado princípio, principalmente no que se
refere à ofensividade da conduta do agente.
Q14. CESPE/MPE-RR/2017
No direito penal, o princípio da:
a) fragmentariedade informa que o direito penal é autônomo e cuida das
condutas tidas por ilícitas penalmente, sendo aplicável a lei penal
independentemente da solução do problema por outros ramos do direito.
b) irretroatividade da lei se aplica absolutamente.
c) insignificância, segundo o entendimento do STF, pressupõe apenas três
requisitos para a sua configuração: mínima ofensividade da conduta do
agente, nenhuma periculosidade social e reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento.
Aula 02
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O princípio da fragmentariedade preconiza que o
Direito Penal só deve criminalizar as condutas mais graves que sejam praticadas
contra os bens jurídicos mais relevantes, enquanto o princípio da subsidiariedade
determina que o direito penal apenas será utilizado quando os outros ramos do
direito fracassarem.
A alternativa B está incorreta, pois, o princípio da irretroatividade apresenta
exceção, pois, se for para beneficiar o réu a lei retroage.
A alternativa C está incorreta. O STF exige quatro requisitos para a incidência
do princípio da insignificância, quais sejam: mínima ofensividade da conduta,
ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento e inexpressividade da lesão jurídica causada.
A alternativa D é a alternativa correta. O princípio da proporcionalidade possui
as seguintes balizas: a proibição do excesso e a vedação da proteção deficiente.
Desta forma, havendo sanção penal desproporcional estipulada pelo legislador,
cabe ao juiz aplicar o princípio da proporcionalidade a fim de coibir o excesso.
Q15. CESPE/MPE-SP/2014
No tocante aos princípios constitucionais penais, assinale a opção correta
a) No que se refere à aplicação do princípio da insignificância, o STF tem
afastado a tipicidade material dos fatos em que a lesão jurídica seja
inexpressiva, sem levar em consideração os antecedentes penais do agente.
b) O direito penal constitui um sistema exaustivo de proteção de todos os
bens jurídicos do indivíduo, de modo a tipificar o conjunto das condutas que
outros ramos do direito consideram antijurídicas.
c) Uma das vertentes do princípio da proporcionalidade é a proibição de
proteção deficiente, por meio da qual se busca impedir um direito
fundamental de ser deficientemente protegido, seja mediante a eliminação
de figuras típicas, seja pela cominação de penas inferiores à importância
exigida pelo bem que se quer proteger.
d) Segundo entendimento consolidado do STF, a imposição de regime
disciplinar diferenciado ao executando ofende o princípio da individualização
da pena, visto que extrapola o regime de cumprimento da reprimenda
imposta na sentença condenatória.
e) Prevalece na doutrina o entendimento de que constitui ofensa ao princípio
da legalidade a existência de leis penais em branco heterogêneas, ou seja,
Aula 02
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O STF tem analisado caso a caso, definindo a
incidência do princípio da insignificância de acordo com as circunstâncias do caso.
A alternativa B está completamente errada. No Direito Penal, aplica-se o
princípio da fragmentariedade, que preconiza que o Direito Penal só deve
criminalizar as condutas mais graves que sejam praticadas contra os bens
jurídicos mais relevantes. Aliás, o princípio da subsidiariedade, que também
decorre do princípio da intervenção mínima, determina que o direito penal deve
apenas ser utilizado quando os outros ramos do direito não forem eficazes na
proteção de um bem jurídico.
A alternativa C está correta. O princípio da proporcionalidade possui como baliza
a proibição de proteção deficiente, sendo assim, o legislador não pode deixar o
bem jurídico sem proteção, sob pena de violar a norma constitucional.
A alternativa D está incorreta. O STF não tem considerado o Regime Disciplinar
Diferenciado, previsto na Lei de Execução Penal, contrário às normas
constitucionais, nem mesmo violador do princípio da individualização da pena. Na
verdade, parte da doutrina entende que a ofensa ocorre em relação ao princípio
da humanidade, já que a imposição do RDD é feita de forma individualizada, de
acordo com cada caso concreto, não havendo que se falar em ofensa à
individualização da pena.
A alternativa E está incorreta. Ainda que haja vozes contrárias à admissão das
normas penais em branco heterogêneas, não se trata do entendimento que
prevalece na doutrina.
Q16. MPDFT/MPDFT/2013
Examine os itens seguintes, indicando o CORRETO:
a) O princípio da culpabilidade limita-se à impossibilidade de declaração de
culpa sem o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
b) O princípio da legalidade impede a aplicação de lei penal ao fato ocorrido
antes do início de sua vigência.
c) Integram o núcleo do princípio da estrita legalidade os seguintes
postulados: reserva legal, proibição de aplicação de pena em hipótese de
lesões irrelevantes, proibição de analogia in malam partem.
d) A aplicação de pena aos inimputáveis, dada a sua incapacidade de
sensibilização pela norma penal, viola o princípio da culpabilidade.
Aula 02
Q17. MPE-GO/MPE-GO/2012
Em relação as causas de exclusão da tipicidade penal, em especial o princípio
da insignificância, assinale a alternativa correta:
a) O princípio da insignificância não conta com reconhecimento normativo
explícito da nossa legislação penal, seja comum ou especial;
b) Mesmo sem lei expressa o princípio da insignificância tem sido
reconhecido pelos nossos Tribunais Superiores, em especial o STF, posto que
deriva dos valores, regras e princípios constitucionais, que são normas
cogentes do ordenamento jurídico;
c) Infração bagatelar imprópria é a que já nasce sem nenhuma relevância
penal, ou porque não há desvalor da ação (não há periculosidade na conduta,
isto é, idoneidade ofensiva relevante; ou porque não há desvalor do
resultado (não se trata de ataque intolerável ao bem jurídico);
d) O princípio da insignificância confunde-se com o princípio da irrelevância
penal do fato. O primeiro não afasta a tipicidade material, uma vez que o
fato será típico (formal e materialmente), ilícito e culpável. O segundo
possibilita o arquivamento ou o não recebimento da ação ou a absolvição
penal nas imputações de fatos bagatelares próprios, ou seja, os que não
possuem tipicidade material.
Comentários:
Aula 02
Q18. UFMT/DPE-MT/2016
O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a:
a) punibilidade.
b) executividade.
c) tipicidade material.
d) ilicitude formal.
e) culpabilidade.
Comentários:
A alternativa C está correta e se trata do gabarito da questão. O princípio da
bagatela afasta a tipicidade material da conduta pela irrelevância da lesão ou da
ameaça de lesão ao bem jurídico.
Q19. MPDFT/MPDFT/2011
É correto afirmar, no tocante aos princípios constitucionais penais:
a) O princípio da legalidade dos crimes e das penas, sob a perspectiva do
nullum crimen sine lege scricta, repudia o emprego da interpretação
extensiva in malam partem.
b) O uso de leis penais em branco, em sentido estrito, foi banido pelo
Supremo Tribunal Federal, por caracterizar ofensa ao princípio da
taxatividade.
Aula 02
Q20. MPDFT/MPDFT/2011
a) A lesividade do bem jurídico protegido pela lei penal é critério de
legalidade material ou substancial e depende da existência da lei para
caracterizar o delito.
b) A culpabilidade significa que será penalmente punido aquele que houver
agido com culpa ou dolo o que implica adoção pelo nosso Código Penal da
teoria da responsabilidade objetiva.
c) O princípio da legalidade exige, além da previsão legal do crime e da pena
anteriores ao fato praticado, definição de conduta e cominação balizada de
punição.
d) A proporcionalidade é regra constitucional implícita e se utiliza dos sub-
princípios da adequação, e necessidade, à exceção no direito penal, da
proporcionalidade em sentido estrito.
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Q21. FCC/DPE-MA/2015
A proscrição de penas cruéis e infamantes, a proibição de tortura e maus-
tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar
sua infraestrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação
e a dessocialização dos condenados são desdobramentos do princípio da:
a) proporcionalidade.
b) intervenção mínima do Estado.
c) fragmentariedade do Direito Penal.
d) humanidade.
e) adequação social.
Comentários:
A alternativa D está correta e se trata do gabarito da questão. O princípio da
humanidade consiste na vedação a que o legislador adote sanções penais
violadoras da dignidade da pessoa humana, atingindo de forma desnecessária a
incolumidade físico-psíquica do agente.
Q22. CESPE/DPE-PE/2015
O Estado, para garantir a segurança dos cidadãos, deve proibir ou restringir
todas aquelas ações que se refiram, de maneira imediata, só a quem as
Aula 02
realize, das quais derive lesão aos direitos dos outros, isto é, que atinjam
sua liberdade e propriedade, sem o seu consentimento ou contra ele, ou das
que haja de temê-las provavelmente; probabilidade na qual haverá de
considerar a dimensão do dano que se quer causar e a importância da
limitação da liberdade produzida por lei proibitiva.
Wilhem Von Humboldt. Los límites de la acción del estado. 1792, p. 122
(com adaptações).
Com relação ao fragmento de texto acima, aos princípios de direito penal e
às teorias do bem jurídico, julgue o item a seguir.
O fragmento em questão, seu autor, há já mais de duzentos anos, se referia
ao que hoje se entende como princípios jurídico-penais da intranscendência
e da fragmentariedade.
o Certo
o Errado
Comentários:
A assertiva está errada. No referido texto, o autor conceitua o princípio da
intranscendência no seguinte trecho:
“(...)O Estado, para garantir a segurança dos cidadãos, deve proibir ou restringir todas
aquelas ações que se refiram, de maneira imediata, só a quem as realize, das quais
derive lesão aos direitos dos outros, isto é, que atinjam sua liberdade e propriedade, sem o
seu consentimento ou contra ele(...)”
Q23.FCC/DPE-PB/2014
"A terrível humilhação por que passam familiares de presos ao visitarem
seus parentes encarcerados consiste na obrigação de ficarem nus, de
agacharem diante de espelhos e mostrarem seus órgãos genitais para
agentes públicos. A maioria que sofre esses procedimentos é de mães,
esposas e filhos de presos. Até mesmo idosos, crianças e bebês são
submetidos ao vexame. É princípio de direito penal que a pena não
ultrapasse a pessoa do condenado".
(DIAS, José Carlos. "O fim das revistas vexatórias". In: Folha de São Paulo.
São Paulo: 25 de julho de 2014, 1o caderno, seção Tendências e Debates,
p. A-3)
Além da ideia de dignidade humana, por esse trecho o inconformismo do
autor, recentemente publicado na imprensa brasileira, sustenta-se mais
diretamente também no postulado constitucional da:
a) individualização.
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b) fragmentariedade.
c) pessoalidade.
d) presunção de inocência.
e) legalidade.
A alternativa C está correta e se trata do gabarito da questão. O princípio da
pessoalidade determina que a pena não pode passar da pessoa do condenado.
Q24.FCC/DPE-SP /2013
Sobre a relação entre o sistema penal brasileiro contemporâneo e a
Constituição Federal, é correto afirmar que:
a) o princípio constitucional da humanidade das penas encontra ampla
efetividade no Brasil, diante da adequação concreta das condições de
aprisionamento aos tratados internacionais de direitos humanos.
b) o princípio constitucional da legalidade restringe-se à tipificação de
condutas como crimes, não abarcando as faltas disciplinares em execução
penal.
c) o estereótipo do criminoso não contribui para o processo de
criminalização, pois violaria o princípio constitucional da não discriminação.
d) a seletividade do sistema penal brasileiro, por ser um problema
conjuntural, poderia ser resolvida com a aplicação do princípio da igualdade
nas ações policiais.
e) o princípio constitucional da intranscendência da pena não é capaz de
impedir a estigmatização e práticas violadoras de direitos humanos de
familiares de pessoas presas.
De início, ressalto que esta questão aborda temas de criminologia, assunto
tratado em outra disciplina. Mesmo assim, trouxe a questão para ilustrar nosso
estudo, mesmo porque os conceitos tratados não são difíceis e podemos inclusive
aprendê-los aqui, reforçando os estudos também de Criminologia, disciplina que
deve ser estudada pelo material próprio, caso seja cobrada em seu concurso.
A alternativa A está incorreta, pois a realidade nos presídios do Brasil demonstra
total desrespeito aos tratados internacionais de direitos humanos.
A alternativa B está incorreta, pois, o princípio da legalidade exige lei formal e
anterior com descrição clara da figura típica, bem como como da penalidade. As
faltas disciplinares graves, com influência na progressão de regime, estão
previstas na Lei de Execução Penal, a qual determina, no seu artigo 49, que as
faltas médias e leves devem ser disciplinadas pela legislação local.
A alternativa C está incorreta, pois, o estereótipo do criminoso contribui para o
processo de criminalização.
A alternativa D está incorreta. As ações policiais, tratando-se de atos de agentes
públicos, possuem um âmbito de discricionariedade. Além disso, a seletividade
Aula 02
diz respeito aos próprios tipos penais, sendo que o tratamento dado aos crimes
praticados pela população mais pobre (furto e roubo) não possuem o mesmo
tratamento dos crimes de colarinho branco (caso dos crimes tributários). Basta
relembrar que os últimos possuem a possibilidade de suspensão da punibilidade
e do processo no caso de parcelamento da dívida, enquanto sua quitação pode
ensejar a extinção da punibilidade. Esta diferença já é referida por Michel
Foucault, em seu clássico “Vigiar e Punir”: "E essa grande redistribuição das
ilegalidades se traduzirá até por uma especialização dos circuitos judiciários; para
as ilegalidades de bens _ para o roubo _ os tribunais ordinários e os castigos;
para as ilegalidades de direitos _ fraudes, evasões fiscais, operações comerciais
irregulares _ jurisdições especiais com transações, acomodações, multas
atenuadas etc. A burguesia se reservou o campo fecundo da ilegalidade dos
direitos."
A alternativa E está correta. O princípio da intranscendência da pena não é
eficaz no Brasil no que se refere aos familiares do prisioneiro, tendo em vista que
seus direitos humanos são cotidianamente violados.
Portanto, o gabarito da questão é a alternativa E.
Q25. CESPE/DPE-DF/2013
Com relação aos conceitos, objetivos e princípios do direito penal, às penas
restritivas de direitos, ao livramento condicional e à reincidência, julgue os
itens subsecutivos.
A versão clássica do modelo penal garantista ideal se funda sob os princípios
da legalidade estrita, da materialidade e lesividade dos delitos, da
responsabilidade pessoal, do contraditório entre as partes e da presunção de
inocência
o Certo
o Errado
Comentários:
A assertiva está correta. Deve-se lembrar que o garantismo não exclui os
princípios clássicos do Direito Penal, mas estipula outros para adequada garantia
dos direitos fundamentais dos acusados, dos condenados e dos executados.
Observe abaixo a enumeração de princípios elencados pelo Professor Luigi
Ferrajoli, criador da Teoria do Garantismo:
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Q26. CESPE/DPE-TO/2013
Considerando os princípios básicos de direito penal, assinale a opção correta.
a) O princípio da culpabilidade impõe a subjetividade da responsabilidade
penal. Logo, repudia a responsabilidade objetiva, derivada, tão só, de uma
relação causal entre a conduta e o resultado de lesão ou perigo a um bem
jurídico, exceto no caso dos crimes perpetrados por pessoas jurídicas.
b) Os princípios da legalidade e da irretroatividade da lei penal são aplicáveis
à pena cominada pelo legislador, aplicada pelo juiz e executada pela
administração, não sendo, todavia, esses princípios extensíveis às medidas
de segurança, dotadas de escopo curativo e não punitivo.
c) Constituem funções do princípio da lesividade, proibir a incriminação de
atitudes internas, de condutas que não excedam a do próprio autor do fato,
de simples estados e condições existenciais e de condutas moralmente
desviadas que não afetem qualquer bem jurídico.
d) O princípio da intervenção mínima não está previsto expressamente no
texto constitucional nem pode dele ser inferido.
e) O princípio da humanidade proíbe a instituição de penas cruéis, como a
de morte e a de prisão perpétua, mas não a de trabalhos forçados.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A responsabilidade objetiva, derivada, tão só, de
uma relação causal entre a conduta e o resultado de lesão ou perigo a um bem
jurídico, não é aplicada, nem mesmo no caso dos crimes perpetrados por pessoas
jurídicas.
Aula 02
Q27. CESPE/DPE-TO/2013
Sobre os princípios da legalidade e da anterioridade (artigo 1º do Código
Penal) é correto afirmar:
a) pelo princípio da legalidade compreende-se que ninguém responderá por
um fato que a lei penal preveja como crime e, pelo princípio da anterioridade
compreende-se que alguém somente responderá por crime devidamente
previsto em lei que tenha entrado em vigor um ano anteriormente à prática
da conduta;
b) os princípios da legalidade e da anterioridade pressupõem a existência de
lei anterior à prática de uma determinada conduta para que esta possa ser
considerada como crime;
c) tais princípios são sinônimos e significam a necessidade da existência de
lei para que uma conduta seja considerada crime;
d) são incompatíveis um com o outro, já que pressupõem circunstâncias
diversas;
e) pelo princípio da anterioridade compreende-se a previsão anterior de
determinada conduta como criminosa independentemente de definição por
lei em sentido estrito.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Pelo princípio da legalidade compreende-se que
deve existir lei formal anterior que defina o fato como crime e, pelo princípio da
anterioridade compreende-se que alguém somente responderá por crime
devidamente previsto em lei que seja anterior à prática da conduta;
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No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, julgue
o item subsequente.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários:
Vejamos o que a legislação prevê:
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos
previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que
tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou
parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou
contribuição social;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu
exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa
de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição
social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito)
anos, e multa.
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário
público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
(...)
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Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a
metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°:
I - ocasionar grave dano à coletividade;
II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas
funções;
III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao
comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.
A própria lei já exclui o artigo 3º das causas de aumento de pena que prevê,
dentre elas a de ser o crime praticado por servidor.
De todo modo, um crime funcional também não poderia prever como
circunstância que modifique a pena o fato de ser o delito praticado por funcionário
público. Isto porque, se o crime já é próprio e exige a qualidade de funcionário
público do sujeito ativo para sua configuração, a previsão do mesmo fato como
agravante ou majorante configura bis in idem. Como sabemos, o bis in idem,
neste caso a dupla valoração do mesmo fato para efeitos de fixação da pena, é
vedado pelo Direito Penal.
O item está incorreto. Referida situação violaria o princípio do ne bis in idem.
Percebam que, apesar de se tratar de questão envolvendo a legislação penal
extravagante, poderíamos solucioná-la tão-somente com o estudo dos princípios
do Direito Penal.
Q31. FCC/TCE-SP/2011
O princípio constitucional da legalidade em matéria penal
a) não vigora na fase de execução penal.
b) impede que se afaste o caráter criminoso do fato em razão de causa
supralegal de exclusão da ilicitude.
c) não atinge as medidas de segurança.
d) obsta que se reconheça a atipicidade de conduta em função de sua
adequação social.
e) exige a taxatividade da lei incriminadora, admitindo, em certas situações,
o emprego da analogia.
Comentários:
A alternativa E está correta é o gabarito da questão. Como vimos na nossa aula
introdutória, é vedada a analogia in malam partem, porém, admite-se a analogia
quando favorecer o réu.
Q32. CESPE/PG-DF/2013
À luz das fontes do direito penal e considerando os princípios a ele aplicáveis,
julgue o item abaixo.
Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, a aplicação do princípio da
insignificância no direito penal está condicionada ao atendimento,
concomitante, dos seguintes requisitos: primariedade do agente, valor do
objeto material da infração inferior a um salário mínimo, não contribuição da
vítima para a deflagração da ação criminosa, ausência de violência ou grave
ameaça à pessoa.
o Certo
o Errado
Aula 02
Q34. CESPE/PC-MA/2018
O princípio da legalidade compreende
a) a capacidade mental de entendimento do caráter ilícito do fato no
momento da ação ou da omissão, bem como de ciência desse entendimento.
b) o juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da
vontade do responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir
a necessidade de imposição de pena.
c) a oposição entre o ordenamento jurídico vigente e um fato típico praticado
por alguém capaz de lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos
penalmente protegidos.
d) a obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei
penal e, principalmente, na elaboração de seu conteúdo normativo.
e) a conformidade da conduta reprovável do agente ao modelo descrito na
lei penal vigente no momento da ação ou da omissão.
Comentários:
A alternativa D está correta. A definição do princípio da legalidade está na
assertiva da alternativa D, haja vista que para o Direito Penal é necessário que
haja lei que descreva a conduta, bem como a pena.
Q35. CESPE/PCJ-MT/2017
De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princípio da
insignificância pressupõe a constatação de certos vetores para se
caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)
a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
b) desvalor relevante da conduta e do resultado.
c) mínima periculosidade social da ação.
d) relevante ofensividade da conduta do agente.
e) expressiva lesão jurídica provocada
Comentários:
A alternativa A está correta. Segundo o STF, os vetores do princípio da
insignificância são: mínima ofensividade da conduta do agente; ausência de
Aula 02
Q36. FCC/DPE-RS/2017
O que nos parece é que as duas dimensões do bem jurídico-penal a
valorativa e a pragmática apresentam áreas de intensa interpenetração,
o que origina a tendencial convergência entre elevada dignidade penal e
necessidade de tutela penal, assim como, inversamente, entre reduzida
dignidade penal e desnecessidade de tutela penal.
(CUNHA, Maria da Conceição Ferreira da. Constituição e crime: uma
perspectiva da criminalização e da descriminalização. Porto: Universidade
Católica Portuguesa Editora, 1995, p. 424)
Nesse tópico, o tema central do raciocínio da jurista portuguesa radica
primacialmente no campo da ideia constitucional de
a) individualização.
b) dignidade humana.
c) irretroatividade.
d) proporcionalidade.
e) publicidade.
Comentários:
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O princípio da
proporcionalidade consiste na limitação da ação estatal, com base nos critérios
da necessidade e da adequação, ponderando-se os meios utilizados e os fins
pretendidos.
Q37. FAPEMS/PC-MS/2017
Com relação aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, em especial no que
se refere ao princípio da adequação social, assinale a alternativa correta.
a) O Direito Penal deve tutelar bens jurídicos mais relevantes para a vida em
sociedade, sem levar em consideração valores exclusivamente morais ou
ideológicos.
b) só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do direito não forem
suficientes.
c) Deve-se analisar se houve uma mínima ofensividade ao bem jurídico
tutelado, se houve periculosidade social da ação e se há reprovabilidade
relevante no comportamento do agente.
Aula 02
Q38. FAPEMS/PC-MS/2017
No que diz respeito aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, analise os
textos a seguir.
A proteção de bens jurídicos não se realiza só mediante o Direito Penal,
senão que nessa missão cooperam todo o instrumental do ordenamento
jurídico.
ROXIN, Claus. Derecho penai- parte geral. Madrid: Civitas, 1997.1.1, p. 65.
A criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário
para a proteção de ataques contra bens jurídicos importantes.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratada de direito penal: parte geral. 20. ed.
São Paulo: Saraiva, 2014, p. 54.
Q39. IBADE/PC-AC/2017
“O suicídio é um crime (assassínio) [...]. Aniquilar o sujeito da moralidade
na própria pessoa é erradicar a existência da moralidade mesma do mundo,
o máximo possível, ainda que a moralidade seja um fim em si mesma.
Consequentemente, dispor de si mesmo como um mero meio para algum
fim discricionário é rebaixar a humanidade na própria pessoa (homo
noumenon), à qual o ser humano (homo phaenomenon) foi, todavia,
confiado para preservação” (KANT, Immanuel, a Metafísica dos Costumes).
Q40. IBFC/PC-PA/2017
Expressiva parcela da doutrina sustenta a inadequação do crime de escrito
ou objeto obsceno (art. 234 do CP) para com os princípios que instruem o
direito penal democrático. Um dos focos dessa inadequação reside na
indevida alocação do sentimento público de pudor como objeto da tutela
jurídica. Isso representa, em tese, violação ao princípio da:
a) intranscendência.
b) culpabilidade.
c) taxatividade.
d) ofensividade.
e) insignificância.
Comentários:
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O princípio da
ofensividade determina que nenhum delito pode existir sem que ofenda o bem
jurídico tutelado pela norma penal (nullum crime sine injuria), seja com lesão ou
ameaça de lesão.
Q41. FCC/SEGEP-MA/2016
O princípio do direito penal que possui claro sentido de garantia fundamental
da pessoa, impedindo que alguém possa ser punido por fato que, ao tempo
do seu cometimento, não constituía delito é
a) atipicidade.
b) reserva legal.
c) punibilidade.
d) analogia.
e) territorialidade.
Comentários:
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O princípio da legalidade
preconiza que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.
6 – Questão Dissertativa
Q1. MPSP/MPSP/2012/Promotor de Justiça Substituto
Aula 02
corpus não conhecido.” (STJ, HC 359018/RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta
Turma, DJe 10/10/2016).
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.
art. 1° do Código Penal: princípio da legalidade
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
art. 9° do Pacto de São José da Costa Rica: princípio da legalidade
Artigo 9º - Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento
em que foram cometidos, não constituam delito, de acordo com o direito aplicável.
Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência
do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve,
o deliquente deverá dela beneficiar-se.
art. 62, §1° da CF: vedação de edição de medida provisória prevendo crimes
Art. 62, § 1º: É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
(...)
b) direito penal, processual penal e processual civil (...)
RE 254.818/STF: sobre medidas provisórias e normas penais não inscriminadoras (antes da EC
32/2001)
EMENTA: I. Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela
doutrina consensual - da interpretação sistemática da Constituição -, não compreende a de
normas penais benéficas, assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance,
extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou de extinção de
punibilidade. II. Medida provisória: conversão em lei após sucessivas reedições, com
cláusula de "convalidação" dos efeitos produzidos anteriormente: alcance por esta de
normas não reproduzidas a partir de uma das sucessivas reedições. III. MPr 1571-6/97, art.
7º, § 7º, reiterado na reedição subseqüente (MPr 1571-7, art. 7º, § 6º), mas não
reproduzido a partir da reedição seguinte (MPr 1571-8 /97): sua aplicação aos fatos
ocorridos na vigência das edições que o continham, por força da cláusula de "convalidação"
inserida na lei de conversão, com eficácia de decreto-legislativo. (STF, RE 254/818/PR,
Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, Julgamento: 08/11/2000)
RHC 117566/STF: sobre medidas provisórias e normas penais não inscriminadoras (antes da
EC 32/2001)
PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE POSSE IRREGULAR DE ARMA
DE FOGO (ART. 12 DA LEI Nº 10.826/2003). ARMA DESMUNICIADA. TIPICIDADE. CRIME
DE MERA CONDUTA OU PERIGO ABSTRATO. PRECEDENTES. TUTELA DA SEGURANÇA
PÚBLICA E DA PAZ SOCIAL. ABOLITIO CRIMINIS TEMPORÁRIA (ARTS. 30 E 32 DA LEI N.
10.826/03). NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS DESPROVIDO.
1. A arma de fogo mercê de desmuniciada mas portada sem autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar configura o delito de porte ilegal previsto no art.
10, caput, da Lei nº 9.437/1997, crime de mera conduta e de perigo abstrato. 2. Deveras,
o delito de porte ilegal de arma de fogo tutela a segurança pública e a paz social, e não a
incolumidade física, sendo irrelevante o fato de o armamento estar municiado ou não. Tanto
é assim que a lei tipifica até mesmo o porte da munição, isoladamente. Precedentes: HC
104206/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, DJ de 26/8/2010; HC 96072/RJ, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, Dje de 8/4/2010; RHC 91553/DF, rel. Min. Carlos Britto,
1ª Turma, DJe de 20/8/2009. 3. In casu, o recorrente foi autuado em flagrante, porquanto
em cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão expedidos em seu
desfavor, foi encontrada em sua residência um revólver calibre 38, marca Rossi, em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar. 4. Os artigos 30 e 32 da Lei
10.826/2003 estabeleceram o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para os possuidores e
Aula 02
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória,
art. 8° do Código Penal: princípio da vedação da dupla punição pelo mesmo fato
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
art. 20, 1 do Estatuto de Roma: princípio da vedação da dupla punição pelo mesmo fato
1. Salvo disposição contrária do presente Estatuto, nenhuma pessoa poderá ser julgada
pelo Tribunal por atos constitutivos de crimes pelos quais este já a tenha condenado ou
absolvido.
art. 5°, inciso XL da CF: princípio da irretroatividade
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
HC 116.242/STF: requisitos para a incidência do princípio da insignificância
Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CONTRABANDO (ART. 334, § 1º,
C, DO CP). PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. NECESSIDADE, OU NÃO,
DA PRÉVIA CONCLUSÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL ANTES DA
PROPOSITURA DA AÇÃO PENAL. MATÉRIA NÃO SUBMETIDA À APRECIAÇÃO DAS
INSTÂNCIAS PRECEDENTES. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. VEDAÇÃO. ORDEM DENEGADA.
1. O princípio da insignificância incide quando presentes, cumulativamente, as seguintes
condições objetivas: (a) mínima ofensividade da conduta do agente, (b) nenhuma
periculosidade social da ação, (c) grau reduzido de reprovabilidade do comportamento, e
(d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 2. A aplicação do princípio da
insignificância deve, contudo, ser precedida de criteriosa análise de cada caso, a fim de
evitar que sua adoção indiscriminada constitua verdadeiro incentivo à prática de pequenos
delitos patrimoniais. 3. No crime de descaminho, o princípio da insignificância deve ser
aplicado quando o valor do tributo sonegado for inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais),
limite estabelecido no artigo 20 da Lei 10.522/02, na redação conferida pela Lei 11.033/04,
para o arquivamento de execuções fiscais. Todavia, ainda que o quantum do tributo não
recolhido aos cofres públicos seja inferior a este patamar, não é possível a aplicação do
aludido princípio quando tratar-se de crime de contrabando, tendo vem vista que, neste
delito, não há apenas uma lesão ao erário e à atividade arrecadatória do Estado, mas
também a outros interesses públicos. Precedentes: HC 110.841, Segunda Turma, Relatora
a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 14.12.12; HC 110.964, Segunda Turma, Relator o Ministro
Gilmar Mendes, DJe de 02.04.12; HC 100.367, Primeira Turma, Relator o Ministro Luiz Fux,
DJe de 08.09.11. 4. In casu, conforme decidido pelas instâncias precedentes, a conduta
praticada pelo paciente – ingressar no território nacional com 585 (quinhentos e oitenta e
cinco) litros de gasolina proveniente da Venezuela, sem recolher aos cofres públicos o
respectivo tributo, com o finalidade de revenda – amolda-se ao tipo de contrabando,
provocando, além da lesão ao erário, violação à “política pública no país na área de energia,
onde são reguladas produção, refino, distribuição e venda de combustíveis derivados do
petróleo”. 5. Destarte, em que pese o valor do tributo sonegado ser inferior ao limite
estabelecido no artigo 20 da Lei 10.522/02, na redação conferida pela Lei 11.033/04, não
é possível aplicar-se o princípio da insignificância, porquanto trata-se de crime de
contrabando. 6. A instauração de procedimento administrativo fiscal antes da propositura
da ação penal sobre ser ou não necessária não foi submetida à apreciação das instâncias
precedentes, razão pela qual é inviável o conhecimento do habeas corpus neste ponto, sob
pena de supressão de instância. Precedentes: HC 100.616, Segunda Turma, Relator o
Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 14.03.11, HC 103.835, Primeira Turma, Relator o Ministro
Ricardo Lewandowski, DJ de 08.02.11). 7. Ordem denegada.
Súmula 589 do STJ: a incidência do princípio da insignificância nos crimes praticados contra as
mulheres.
É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Aula 02
Súmula 599 do STJ: a incidência do princípio da insignificância nos crimes praticados contra A
Administração Pública.
O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
HC 112.388/STF: aplicação do princípio da insignificância de delito praticado contra a
Administração Pública
AÇÃO PENAL. Delito de peculato-furto. Apropriação, por carcereiro, de farol de milha que
guarnecia motocicleta apreendida. Coisa estimada em treze reais. Res furtiva de valor
insignificante. Periculosidade não considerável do agente. Circunstâncias relevantes. Crime
de bagatela. Caracterização. Dano à probidade da administração. Irrelevância no caso.
Aplicação do princípio da insignificância. Atipicidade reconhecida. Absolvição decretada. HC
concedido para esse fim. Voto vencido. Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato
tido por delituoso, à luz das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas corpus,
ser absolvido por atipicidade do comportamento.” (STF, HC 112.388/SP, Rel. p/ acórdão
Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, Julgamento: 21/08/2012.
HC 121.717/STF: aplicação do princípio da insignificância de delito praticado contra a
Administração Pública
EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL E DIREITO PENAL. DESCAMINHO.
IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
INADMISSIBILIDADE DO WRIT. VALOR INFERIOR AO ESTIPULADO PELO ART. 20 DA LEI
10.522/2002. PORTARIAS 75 E 130/2012 DO MINISTÉRIO DA FAZENDA. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. 1. Há óbice ao conhecimento de habeas corpus
impetrado contra decisão monocrática do Superior Tribunal de Justiça, cuja jurisdição não
se esgotou. Precedentes. 2. A pertinência do princípio da insignificância deve ser avaliada
considerando-se todos os aspectos relevantes da conduta imputada. 3. Para crimes de
descaminho, considera-se, para a avaliação da insignificância, o patamar previsto no art.
20 da Lei 10.522/2002, com a atualização das Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da
Fazenda. Precedentes. 4. Descaminho envolvendo elisão de tributos federais em quantia
pouco superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) enseja o reconhecimento da atipicidade
material do delito dada a aplicação do princípio da insignificância. 5. Habeas corpus extinto
sem resolução de mérito. Ordem concedida de ofício para reconhecer a atipicidade da
conduta imputada à paciente, com o consequente trancamento da ação penal na origem.”
(STF, HC 121717/PR, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, Julgamento: 03/06/2014).
REsp 1688878/STJ: aplicação do princípio da insignificância de delito praticado contra a
Administração Pública
RECURSO ESPECIAL. PROPOSTA DE AFETAÇÃO PARA FINS DE REVISÃO DO TEMA N. 157.
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS CRIMES TRIBUTÁRIOS FEDERAIS E
DE DESCAMINHO, CUJO DÉBITO NÃO EXCEDA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS). ART. 20 DA
LEI N. 10.522/2002. ENTENDIMENTO QUE DESTOA DA ORIENTAÇÃO CONSOLIDADA NO
STF, QUE TEM RECONHECIDO A ATIPICIDADE MATERIAL COM BASE NO PARÂMETRO
FIXADO NAS PORTARIAS N. 75 E 130/MF - R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS). AFETADO O
RECURSO PARA FINS DE ADEQUAÇÃO DO ENTENDIMENTO. Considerando os princípios da
segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia, nos termos do art. 927, § 4º,
do Código de Processo Civil, afetou-se recurso especial para fins de revisão da tese fixada
no REsp n. 1.112.748/TO (representativo da controvérsia) - Tema 157 (Relator Ministro
Felix Fischer, DJe 13/10/2009), a fim de adequá-la ao entendimento externado pela
Suprema Corte, o qual tem considerado o parâmetro fixado nas Portarias n. 75 e 130/MF -
R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para aplicação do princípio da insignificância aos crimes
tributários federais e de descaminho.” (ProAfF no REsp 1688878/SP, Rel. Min. Sebastião
Reis Jr., Terceira Seção, DJe 01/12/2017).
Aula 02
8 – Resumo
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um
resumo dos principais aspectos estudados ao longo
da aula. Sugerimos que esse resumo seja estudado
sempre previamente ao início da aula seguinte,
como forma de “refrescar” a memória. Além disso, segundo a organização de
estudos de vocês, a cada ciclo de estudos é fundamental retomar esses resumos.
Caso encontrem dificuldade em compreender alguma informação, não deixem de
retornar à aula.
Princípios em espécie
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL: reza ser necessário que se respeite todo o
procedimento previsto nas leis para que, ao final de um processo condenatório, possa haver a
justa punição do acusado. O princípio do devido processo legal possui duas vertentes:
Aula 02
o devido processo legal substancial: se refre à limitação do exercício do poder, que deve
se amoldar ao que determina a Constituição e, além disso, atender o princípio da
proporcionalidade.
o devido processo legal formal: vincula-se ao respeito das normas processuais, isto é,
regras e princípios que orientam e determinam o procedimento penal.
Princípio da anterioridade: preconiza que a lei penal deve ser anterior para incidir sobre
o fato.
Princípio da reserva legal: determina que deve haver lei formal para a previsão de crimes
e contravenções penais.
Princípio da subsidiariedade:
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE: preconiza não haver crime sem culpabilidade. Isto é, não
haver responsabilidade penal sem dolo ou culpa. Também é denominado princípio da
responsabilidade subjetiva.
Princípio do Fato ou da Responsabilidade pelo Fato: o Direito Penal não pode se ocupar
dos pensamentos ou intenções.
Princípio da Exclusiva Lesão ao Bem Jurídico: não compete ao Direito Penal tutelar
valores puramente morais, éticos ou religiosos.
Proibição do Excesso.
indivíduo seja processado duas vezes pelo mesmo crime. Também denominado Princípio da
Proibição do Bis in Idem.
Existem alguns requisitos exigidos pelo STF para a incidência desse princípio:
BAGATELA IMPRÓPRIA: reservada para os casos em que, ainda que a lesão ou ameaça
de lesão se mostrem relevantes, incida o princípio da desnecessidade da pena.
Princípios do garantismo
ACEPÇÕES:
Distinção entre validade e vigência, não devendo o juiz aplicar as leis que, embora
vigentes, não sejam válidas por serem incompatíveis com o ordenamento jurídico.
9 - Considerações Finais
Finalizamos a nossa terceira aula! O estudo dos princípios constitui a base do
estudo do Direito Penal, razão pela qual a matéria de hoje deve estar bastante
sedimentada para prosseguirmos. Se houver dúvidas, procure reler a conversa e
conte com o fórum de dúvidas para que possamos ajudar.
Aula 02
Sempre que um princípio for citado nas próximas aulas e o conceito não estiver
bem delimitado, retorne aqui para que este assunto esteja bem claro. Os
princípios determinam a forma de interpretação e aplicação das normas que
estudaremos a partir desta aula.
Mais uma vez, relembro-os de que estou disponível para as dúvidas e quaisquer
sugestões são bem-vindas. O contato pode ser feito pelo fórum, por e-mail ou
pelo instragram.
Veremo-nos na próxima aula. Até breve e forte abraço!