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Aula 02

AULA 02
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

Sumário
Sumário ...................................................................................................................................... 2
1 - Considerações Iniciais........................................................................................................... 3
2 – Diferenciação entre Princípios e Regras................................................................................ 4
2.1 – Concepção clássica – distinção fraca .....................................................................................4
2.2 – Concepção de Dworkin e Alexy – distinção forte .....................................................................4
3 –Princípios em espécie ............................................................................................................ 5
3.1 – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana .............................................................................5
3.2 – Princípio do Devido Processo Legal........................................................................................7
3.3 – Princípio da Legalidade ........................................................................................................8
3.4 – Princípio da Intervenção Mínima (ultima ratio) ..................................................................... 16
3.5 – Princípio da Adequação Social ............................................................................................ 18
3.6 – Princípio da Culpabilidade .................................................................................................. 21
3.7 – Princípio da Ofensividade ou Lesividade............................................................................... 21
3.8 – Princípio da Autorresponsabilidade...................................................................................... 22
3.9 – Princípio da Individualização da Pena .................................................................................. 23
3.10 – Princípio da Coculpabilidade ou da Corresponsabilidade ....................................................... 25
3.11 – Princípio da Confiança ..................................................................................................... 26
3.12 – Princípio da Pessoalidade ou da Personalidade .................................................................... 27
3.13 – Princípio da Alteridade ou da Transcendentalidade .............................................................. 28
3.14 – Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato........................................................... 29
3.15 – Princípio da Proporcionalidade .......................................................................................... 30
3.16 – Princípio da Presunção de Inocência (ou da Não Culpa) ....................................................... 32
3.17 – Princípio da Vedação da Dupla Punição pelo Mesmo Fato ..................................................... 33
3.18 – Princípio da Irretroatividade ............................................................................................. 34
3.19 – Princípio da Insignificância (ou Bagatela) ........................................................................... 34
4 –Princípios do Garantismo ..................................................................................................... 40
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5 – Questões Objetivas............................................................................................................. 41
5.1 – Lista de Questões sem Comentários.................................................................................... 41
5.2 – Gabarito .......................................................................................................................... 57
5.3 – Lista de Questões com Comentários.................................................................................... 57
6 – Questão Dissertativa .......................................................................................................... 88
7 - Destaques da Legislação e da Jurisprudência ...................................................................... 90
8 – Resumo............................................................................................................................... 96
Diferenciação entre princípios e regras ........................................................................................ 96
Princípios em espécie ................................................................................................................ 96
Princípios do garantismo ............................................................................................................ 99
9 - Considerações Finais ........................................................................................................... 99

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL


1 - Considerações Iniciais
Nesta aula, será estudado um tema relevantíssimo para a disciplina do Direito
Penal, que são os princípios. Não é possível estudar os demais institutos penais
nem os crimes em espécie sem conhecimento prévio sobre os princípios que
fundamentam e orientam toda a disciplina. A aula será composta, em sua
estrutura, dos seguintes capítulos:

Princípios do
Diferenciação entre Princípios do
Direito Penal em
princípios e regras Garantismo
espécie

De início, é preciso entender o que são os princípios e diferenciá-los das regras.


Entender o conceito de princípio é pressuposto para compreensão de cada um
dos princípios do Direito Penal. Depois, é o momento de estudarmos os princípios,
um a um, com exemplos de sua aplicação prática, o tratamento doutrinário e sua
utilização na jurisprudência. Por fim, tema muito relevante é o garantismo, teoria
em evidência, que preconiza a existência de novos princípios que devem ser
adotados pelo Direito Penal, com o fito de se garantir os direitos fundamentais
dos indivíduos acusados da prática de uma infração criminal, bem como daquelas
já condenados definitivamente.
Desejo uma ótima aula a todos!
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nem ponderação. Não há graus de incidência da norma. É uma questão de tudo


ou nada (all or nothing). O conflito ocorre no plano abstrato, bastando a
comparação de uma norma e outra. Assim, sem análise de nenhum caso
concreto, decide-se se uma norma revoga a outra, segundo o critério cronológico
(a norma posterior revoga a anterior), por exemplo.
Diferenciam-se princípios e normas pelo plano do conflito, que é abstrato, no caso
dos princípios, e concreto, no caso das regras. Ademais, o princípio comporta
diferentes graus de realização ou otimização, enquanto as regras atuam
conforme o adágio do “tudo ou nada”, ou se aplicam ao caso ou não se aplicam.
Ademais, regras são as normas que estabelecem o que é obrigatório, permitido
ou proibido, com aplicação mediante subsunção.
Com o estudo destas duas formas de diferenciar, podemos entender melhor a
função e as características dos princípios no ordenamento jurídico.

3 –Princípios em espécie
Feita esta introdução, passemos à análise dos princípios que norteiam o Direito
Penal, analisando um a um, com estudo do seu conceito e da sua aplicação
prática.

3.1 – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana


O princípio da dignidade da pessoa humana possui importância nuclear no nosso
sistema jurídico, por orientar e permear todas as demais normas nele presentes.
Preconiza que haja um tratamento à pessoa que não lhe prive do mínimo
necessário para que possa exercer sua capacidade de autodeterminação. Afasta
qualquer tratamento degradante, impondo a um indivíduo uma privação maior
que aquela necessária para os fins previstos na norma. No caso de pena, por
exemplo, esta deve ser proporcional e necessária, não visando simplesmente a
um tratamento cruel ou de vingança.
Trata-se de princípio fundamental da República Federativa do Brasil, ou seja, é
um dos princípios que orientam a própria formação do Estado. Deste modo,
torna-se um princípio regente do Direito Penal, norteando a interpretação de
todas as suas normas.
Assim prevê a Constituição no seu artigo 1º
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
(...)

Percebam que a dignidade da pessoa humana possui status de fundamento da


República Federativa do Brasil, o que demonstra sua relevância, mesmo diante
de outros princípios constitucionais.
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Referido princípio também está previsto no Pacto de São José da Costa Rica, no
seu artigo 11, 1, o que denota seu reconhecimento e importância também no
nosso sistema regional de proteção dos Direitos Humanos:
Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade
1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade.
(...)

 Princípio da Humanidade

Como aplicação do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana no


Direito Penal, a doutrina costuma fazer referência a ele como princípio da
humanidade. Se a dignidade da pessoa humana é fundamento da nossa
República, a humanidade é a denominação usual da doutrina para sua incidência
específica neste ramo do Direito.
O princípio da humanidade consiste na vedação a que o legislador adote sanções
penais violadoras da dignidade da pessoa humana, atingindo de forma
desnecessária a incolumidade físico-psíquica do agente.
Há efeitos específicos deste princípio previstos no artigo 5º, inciso XLVII, da
Constituição:
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Portanto, é o princípio da humanidade que veda a pena de morte (salvo em caso


de guerra), as penas de caráter perpétuo, as penas de trabalhos forçados, as de
banimento e, de modo geral, as cruéis.
O banimento ou desterro consiste na expulsão do indivíduo do território nacional,
enquanto durar a pena. As penas perpétuas também não são admitidas, prevendo
nosso ordenamento jurídico limite para a duração das penas, atualmente de 30
anos, nos termos do artigo 75 do Código Penal. Por fim, a Constituição veda
qualquer pena que seja cruel, conceito aberto que visa a evitar penas, atuais ou
futuras, que possuam caráter degradante, afrontando a dignidade humana.
Ademais, há outras consequências previstas diretamente no texto constitucional
sobre a incidência do princípio da humanidade na seara criminal. Entretanto,
devem ser estudados no âmbito do Direito Processual Penal. A título de exemplo,
podemos citar o artigo 5º, inciso LXIII, da CF:
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.
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sob o viés do confronto com as normas constitucionais, seja sob o âmbito do


atendimento da proporcionalidade. Esta vertente do princípio também permite o
controle das decisões judiciais, também sob o âmbito da proporcionalidade e
razoabilidade.
O devido processo legal formal vincula-se ao respeito das normas processuais,
isto é, as regras e princípios que orientam e determinam o procedimento penal,
desde o oferecimento da denúncia ou queixa até o trânsito em julgado,
abarcando, posteriormente, a execução da pena ou da medida de segurança.
Inclui os princípios acima mencionados, que são seus corolários, como
contraditório, ampla defesa, juiz natural, imparcialidade do julgador, etc. Esta
vertente é que a determina que se devem obedecer a garantias mínimas do
acusado no decorrer do processo penal.
A previsão do princípio do devido processo penal, na Constituição, está no artigo
5º, LIV:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal.

Referido princípio também foi consagrado no Pacto de São José da Costa Rica, a
Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969:
Art. 8 - Garantias judiciais
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de
um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada
contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista,
fiscal ou de qualquer outra natureza.

3.3 – Princípio da Legalidade


O princípio da legalidade tem sua origem apontada na Magna Carta, da
Inglaterra, de 1.215. À época, representou a revolta da nobreza contra o Rei
João, conhecido como João Sem Terra. Os barões ingleses buscavam uma
garantia de que não seriam punidos senão de acordo com a lei, na expressão
inglesa, “law of land” (lei da terra). A lei representava, então, uma garantia
contra a tirania do soberano.
Atualmente, com o advento dos Estados Democráticos de Direito, as constituições
ganharam grande importância, com o reconhecimento de direitos fundamentais
e da separação de poderes. Neste âmbito, há o reconhecimento da legalidade
como único meio para se limitar direitos dos cidadãos, já que a lei representa,
em último caso, a vontade do povo.
Na Constituição, de modo genérico, o princípio da legalidade está previsto no
inciso II do seu artigo 5º
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Quanto à seara criminal, o princípio pode ser encontrado no artigo 5º, inciso
XXXIX:
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XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.

O Código Penal, quase nos mesmos termos, também prevê o princípio da


legalidade em seu artigo 1º:
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

Há previsão da legalidade também no Pacto de São José da Costa Rica, vejamos:


Artigo 9º - Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento
em que foram cometidos, não constituam delito, de acordo com o direito aplicável.
Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência
do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve,
o deliquente deverá dela beneficiar-se.

O princípio da legalidade possui conteúdo jurídico e político. Possui


conteúdo jurídico por determinar que deve haver lei formal e anterior para que
um fato seja considerado crime, por impedir a retroatividade da lei penal mais
gravosa, por não permitir que um fato típico seja previsto em uma portaria, etc.
Ocorre que, de forma concomitante, a legalidade também possui um viés político,
por representar uma conquista da sociedade e uma garantia do povo que o poder
será exercido segundo a sua vontade, que, na democracia representativa, se
expressa justamente na aprovação de uma lei.
Decorrem da legalidade os seguintes princípios:
Princípio da anterioridade: preconiza que a lei penal deve ser anterior para
incidir sobre o fato. Só pode uma conduta ser considerada infração penal se
estiver prevista em uma lei formal anterior. A exceção a este princípio é a lei
penal mais benéfica, que pode retroagir para beneficiar o réu.
Princípio da reserva legal: determina que deve haver lei formal para a
previsão de crimes e contravenções penais. Isto é, não basta haver um ato
normativo que preveja a conduta e lhe comine certa sanção. Para o Direito Penal,
é preciso que haja lei, não bastando um decreto ou uma portaria.
Diante do princípio da reserva legal, surgem questionamentos acerca da
possibilidade de se prever crimes e contravenções penais por meio de medidas
provisórias e delegadas:

Pode medida provisória prever crimes?


Antes da Emenda Constitucional nº 32, de 2001, a doutrina debatia a
possibilidade de medida provisória veicular a configuração de infrações penais.
Vários doutrinadores se posicionavam contrariamente, devido à necessidade de
maior controle popular sobre matéria que afeta diretamente os direitos e
garantias fundamentais, inclusive a liberdade.
Com o advento da referida emenda, a Constituição passou a tratar
especificamente do tema:
Art. 62, § 1º: É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
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(...)
b) direito penal, processual penal e processual civil (...)

Com isso, ficou claro que não se pode editar medida provisória com a introdução
de novos tipos penais no ordenamento jurídico. Entretanto, e se tratarmos de
normas não incriminadoras, ou seja, aquelas que cuidam da Matéria de Direito
Penal, mas não determinam que condutas sejam consideradas crimes ou
contravenções penais?
O Supremo Tribunal Federal enfrentou o tema ao julgar o RE 254.818/PR (Veja
o teor em “Destaques da Legislação e da Jurisprudência”, abaixo). Neste julgado,
o Tribunal Pleno entendeu que é possível a edição de medida provisória, caso se
trate de norma penal não incriminadora. Entretanto, este caso foi julgado antes
da EC 32/2001.
Após a EC 32/2001, o STF não enfrentou o tema diretamente. Entretanto, já se
deparou com o tema, ao julgar outro assunto. Ao tratar das medidas provisórias
que estenderam o prazo para os possuidores e proprietários de armas de fogo as
regularizarem ou as entregarem às autoridades competentes. Esta modificação
do prazo teve reflexos direitos no Direito Penal, por ter sido um período de
descriminalização temporária das condutas típicas de “possuir ou ser
proprietário” de arma de fogo. Ainda que não enfrentando o tema diretamente,
o Supremo Tribunal Federal não levantou nenhuma inconstitucionalidade por
essas medidas provisórias tratarem de matéria penal, mesmo após a EC 32/2001.
Vale registrar que, também neste caso, as medidas provisórias tratavam, de certo
modo, de Direito Penal não incriminador.
Em linha de conclusão, medida provisória não pode prever crime. Entretanto, a
jurisprudência do STF aponta uma tendência para se aceitar medida provisória
que trate de Direito Penal não incriminador, ou seja, que cuide de matéria penal,
mas não preveja novos crimes nem potencialize o poder punitivo estatal.
Pode lei delegada prever crime?
Sobre medidas provisórias, a Constituição prevê, em seu artigo 68, §1º, o
seguinte:
Art. 68 (...)
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso
Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a
matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais

Da leitura deste dispositivo, a doutrina conclui que não é possível que lei delegada
veicule crimes ou contravenções criminais.
Primeiro, porque para parte da doutrina a reserva legal exige lei ordinária ou
complementar proveniente da União, não sendo possível entender que a lei
delegada supre esta exigência.
Em segundo lugar, não é possível que lei delegada preveja crimes devido à
vedação de delegação de legislação sobre direitos individuais. Como o Direito
Penal representa a disciplina jurídica com as sanções de maior influência nos
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direitos individuais, podendo, inclusive, limitar de forma bem drástica a liberdade


do condenado, não é possível que medida provisória introduza novas infrações
penais no ordenamento jurídico.
Portanto, não se admite lei delegada que preveja novos crimes ou contravenções
penais.
Legalidade formal e material
a) Formal: a legalidade formal diz respeito ao devido processo legislativo. Não
basta que haja lei, é necessário que seja uma lei vigente.
b) Material: a legalidade matéria se relaciona ao conteúdo da lei, exigindo que
haja respeito à Constituição Federal e aos Tratados Internacionais de Direitos
Humanos. Não basta uma lei vigente, é preciso que também seja uma lei válida.
Taxatividade e analogia
A lei penal deve ter como atributo a taxatividade, ou seja, prever exatamente
aquilo que é considerado infração penal. Essa exigência de que a lei seja taxativa
é decorrência da legalidade e do princípio da segurança jurídica, pois os cidadãos,
destinatários da norma, devem ter conhecimento prévio de qual conduta
configura uma infração penal e qual comportamento não enseja repressão penal.
Exige-se que haja lei formal, vigente e válida, mas não basta. Deve existir uma
lei precisa.
Neste âmbito, cumpre relembrar o que vimos na nossa aula introdutória acerca
da analogia. A analogia é técnica de integração em caso de lacuna na legislação.
Utiliza-se uma norma que veicula situação distinta para disciplinar caso similar,
não compreendido no seu âmbito de regulação. Devido à exigência de
taxatividade da norma penal, é vedada a analogia in malam partem. Não se pode
utilizar uma norma, por analogia, para estender o poder punitivo estatal para
além do que a lei efetivamente prevê. Deste modo, só se admite a analogia em
favor do réu, ou seja, in bonam partem.
Taxatividade, determinação e descrição genérica
Os tipos penais devem ser claros e certos, e não indeterminados, imprecisos,
ambíguos. Como dito acima, essa é uma exigência da taxatividade, que decorre
do princípio da legalidade. Não respeita a legalidade um tipo penal que seja vago
ou impreciso, em cujo conteúdo se possa incluir conduta não prevista de forma
certa e determinada. É preciso que a lei penal seja certa, determinada.
Apontam-se como exceção os tipos abertos dos crimes culposos. A culpa pode
ter como modalidades a imprudência, a imperícia ou a negligência. Ainda que
esta matéria seja vista em outra aula, pelas modalidades de culpa já podemos
perceber que não há uma definição muito fechada. O que é imprudência? O que
seria um caso de imperícia? Quais são as hipóteses de negligência?
Não é possível dar uma resposta precisa sobre os limites da imprudência, aquilo
que a configura e aquilo que não a configura. Mesmo nesse caso, exige-se um
mínimo de determinação, um meio-termo. Sendo o elemento subjetivo (a culpa)
um termo de definição menos precisa, os demais elementos do tipo devem estar
previstos de forma determinada, sem ambiguidades.
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Cabe, neste ponto, registrar que existem leis penais incompletas, aquelas que
dependem de complemento. Vejamos sua subdivisão:

A incompletude da norma pode decorrer de se exigir uma outra norma ou um


complemento valorativo para sua aplicação. Deste modo, se uma norma não
exige complementação (nem normativa nem valorativa), teremos uma lei penal
completa.
Se a norma incompleta depende do complemento valorativo, nós temos um tipo
aberto. É o caso dos tipos dos crimes culposos, acima mencionados. Um homicídio
culposo praticado por imprudência, depende, por exemplo, da definição do
complemento valorativo “imprudência”. Só após definirmos o que se entenderá
por imprudência e seus limites no ordenamento, será possível a aplicação da
norma.
Por outro lado, se a norma incompleta depende de complemento normativo, ou
seja, da conjugação com outra norma para ser aplicada, há o que se denomina
de norma penal em branco. A norma penal em branco é aquela que exige a
utilização de outra para que seja possível sua aplicabilidade. Vamos estudar este
tipo de norma de forma mais detida:
✓ Norma penal em branco:
Norma penal em branco, como visto, é aquela que depende de complementação
normativa. Classifica-se em:
Própria, em sentido estrito ou heterogênea: quando o seu complemento está
em norma de fonte normativa diversa, ou seja, não está prevista em lei em
sentido formal.
Vamos ao exemplo, com a leitura do artigo 33, caput, da Lei 11.343/2006:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
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Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500


(mil e quinhentos) dias-multa.

Da leitura do tipo penal, é possível perceber que não é completo. Não se pode,
da sua simples leitura, definir se alguém praticou ou não o crime, pois é preciso
entender o que são drogas.
Somente com a leitura da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998, e
suas posteriores modificações, da ANVISA, é possível entender o que é
considerado droga para os fins do tipo penal insculpido no artigo 33 da Lei
11.343/2006. Por ser o complemento normativo uma portaria, o caso é de norma
penal em branco própria, sem sentido estrito ou heterogênea.
Imprópria, em sentido amplo ou homogênea: é a norma penal incompleta
cujo complemento provém da mesma fonte normativa, ou seja, de lei em
sentido formal.
Há uma subdivisão, podendo a norma penal em branco imprópria ser
homovitelina ou heterovitelina.
a) Homovitelina: caso o complemento normativo esteja no mesmo
documento legal, a norma penal em branco homogênea será denominada
homovitelina.
Como exemplo, temos o caso do art. 312, complementado pelo art. 327,
ambos do Código Penal (mesmo diploma legal):
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em
proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze)
anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

O conceito de funcionário público, que é o complemento normativo


necessário para a aplicação da norma acima transcrito, está previsto no
mesmo diploma normativo, o Código Penal. Vejamos o que define o artigo
327 do referido estatuto:
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.

Portanto, a norma penal incompleta (artigo 312 do CP) e o conceito de


funcionário público que ela requer (artigo 327 do CP) estão no mesmo
diploma normativo (o Código Penal). Por isso, temos uma norma penal em
branco imprópria ou homogênea (o complemento está em norma da
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mesma fonte legislativa: lei) e homovitelina (o complemento está na


mesma lei).

b) Heterovitelina: caso o complemento normativo da lei penal em branco


homogênea esteja situado em documento legal diverso, será
denominada de heterovitelina.
Um exemplo que pode ser citado é o do artigo 236 do Código Penal, cujo
complemento é encontrado no artigo 1.521 do Código Civil. Portanto, são
documentos legais diversos.
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou
ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode
ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro
ou impedimento, anule o casamento.

Para que compreendamos o que é impedimento matrimonial, devemos


recorrer ao Código Civil, cujo artigo 1.521 possui o seguinte teor, que
complementa a norma penal acima:
CAPÍTULO III
Dos Impedimentos
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio
contra o seu consorte.

Assim, verificamos que a norma penal incompleta (artigo 236 do CP) e o


conceito de impedimento matrimonial que ela requer (artigo 1.521 do CC)
estão no mesmo diploma normativo (o Código Penal). Por isso, temos uma
norma penal em branco imprópria ou homogênea (o complemento está
em norma da mesma fonte legislativa: lei) e heterovitelina (o
complemento está em lei diversa: Código Civil, enquanto o tipo está no
Código Penal).

Invertida ou ao revés: Por fim, é possível encontrar norma penal em branco


cujo complemento seja necessário para o preceito secundário da norma.
Relembrando, o preceito primário da norma é aquele que prevê o tipo penal, a
conduta que configura o crime (exemplo: “matar alguém”). O preceito secundário
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3.4 – Princípio da Intervenção Mínima (ultima ratio)


O princípio da intervenção mínima preconiza que só se deve criminalizar uma
conduta se houver necessidade para a proteção do bem jurídico. O Direito Penal
só deve atuar se os outros meios de controle social foram insuficientes,
possuindo, portanto, caráter subsidiário, de ultima ratio. Isto é, o Direito Penal
só deve ser invocado, com a criação de um tipo penal, se os demais ramos do
Direito não forem suficientes para coibir a conduta indesejada. Ademais, só se
deve utilizar uma norma penal para punir condutas que afrontem os bens
jurídicos mais importantes para a sociedade, e não para a proteção de qualquer
interesse social.
Referido princípio foi consagrado na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, da França, de 1989:
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e
ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes
do delito e legalmente aplicada.

A título de observação, cabe registrar que o alemão Winfried Hassemer defende


que se trabalhe com um Direito Penal Funcional para o combate da criminalidade
atual. Segundo seu ponto de vista, o Direito Penal não deve ser utilizado para a
gestão dos riscos, mas sim para as graves violações aos bens jurídicos mais
relevantes da sociedade. O autor observa que em casos como os dos crimes
ambientais, espera-se que o Direito Penal atue como sola ratio ou prima ratio,
dando uma resposta efetiva e célere para a questão.
Do princípio da intervenção mínima, decorrem os princípios da fragmentariedade
e da subsidiariedade:

Princípio da Fragmentariedade
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RECURSO ESPECIAL. PROCESSAMENTO SOB O


RITO DO ART. 543-C DO CPC. RECURSO
REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ESTUPRO
DE VULNERÁVEL. VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS.
FATO POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 12.015/09. CONSENTIMENTO DA VÍTIMA.
IRRELEVÂNCIA. ADEQUAÇÃO SOCIAL. REJEIÇÃO. PROTEÇÃO LEGAL E
CONSTITUCIONAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior
Tribunal de Justiça assentou o entendimento de que, sob a normativa anterior
à Lei nº 12.015/09, era absoluta a presunção de violência no estupro e no
atentado violento ao pudor (referida na antiga redação do art. 224, "a", do
CPB), quando a vítima não fosse maior de 14 anos de idade, ainda que esta
anuísse voluntariamente ao ato sexual (EREsp 762.044/SP, Rel. Min. Nilson
Naves, Rel. para o acórdão Ministro Felix Fischer, 3ª Seção, DJe 14/4/2010). 2.
No caso sob exame, já sob a vigência da mencionada lei, o recorrido manteve
inúmeras relações sexuais com a ofendida, quando esta ainda era uma criança
com 11 anos de idade, sendo certo, ainda, que mantinham um namoro, com troca
de beijos e abraços, desde quando a ofendida contava 8 anos. 3. Os
fundamentos empregados no acórdão impugnado para absolver o recorrido
seguiram um padrão de comportamento tipicamente patriarcal e sexista, amiúde
observado em processos por crimes dessa natureza, nos quais o julgamento
recai inicialmente sobre a vítima da ação delitiva, para, somente a partir daí,
julgar-se o réu. 4. A vítima foi etiquetada pelo "seu grau de discernimento",
como segura e informada sobre os assuntos da sexualidade, que "nunca
manteve relação sexual com o acusado sem a sua vontade". Justificou-se, enfim,
a conduta do réu pelo "discernimento da vítima acerca dos fatos e o seu
consentimento", não se atribuindo qualquer relevo, no acórdão vergastado,
sobre o comportamento do réu, um homem de idade, então, superior a 25 anos
e que iniciou o namoro - "beijos e abraços" - com a ofendida quando esta
ainda era uma criança de 8 anos. 5. O exame da história das ideias penais -
e, em particular, das opções de política criminal que deram ensejo às
sucessivas normatizações do Direito Penal brasileiro - demonstra que não mais
se tolera a provocada e precoce iniciação sexual de crianças e adolescentes
por adultos que se valem da imaturidade da pessoa ainda em formação física e
psíquica para satisfazer seus desejos sexuais. 6. De um Estado ausente e de um
Direito Penal indiferente à proteção da dignidade sexual de crianças e
adolescentes, evoluímos, paulatinamente, para uma Política Social e Criminal
de redobrada preocupação com o saudável crescimento, físico, mental e
emocional do componente infanto-juvenil de nossa população, preocupação
que passou a ser, por comando do constituinte (art. 226 da C.R.),
compartilhada entre o Estado, a sociedade e a família, com inúmeros reflexos na
dogmática penal. 7. A modernidade, a evolução moral dos costumes sociais
e o acesso à informação não podem ser vistos como fatores que se
contrapõem à natural tendência civilizatória de proteger certos
segmentos da população física, biológica, social ou psiquicamente
fragilizados. No caso de crianças e adolescentes com idade inferior a 14 anos,
Aula 02

o reconhecimento de que são pessoas ainda imaturas - em menor ou maior grau


- legitima a proteção penal contra todo e qualquer tipo de iniciação sexual
precoce a que sejam submetidas por um adulto, dados os riscos imprevisíveis
sobre o desenvolvimento futuro de sua personalidade e a impossibilidade
de dimensionar as cicatrizes físicas e psíquicas decorrentes de uma decisão que
um adolescente ou uma criança de tenra idade ainda não é capaz de livremente
tomar. 8. Não afasta a responsabilização penal de autores de crimes a
aclamada aceitação social da conduta imputada ao réu por moradores de sua
pequena cidade natal, ou mesmo pelos familiares da ofendida, sob pena de
permitir-se a sujeição do poder punitivo estatal às regionalidades e diferenças
socioculturais existentes em um país com dimensões continentais e de tornar
írrita a proteção legal e constitucional outorgada a específicos segmentos da
população. 9. Recurso especial provido, para restabelecer a sentença proferida
nos autos da Ação Penal n. 0001476-20.2010.8.0043, em tramitação na
Comarca de Buriti dos Lopes/PI, por considerar que o acórdão recorrido
contrariou o art. 217-A do Código Penal, assentando-se, sob o rito do Recurso
Especial Repetitivo (art. 543-C do CPC), a seguinte tese: Para a caracterização
do crime de estupro de vulnerável previsto no art. 217-A, caput, do Código
Penal, basta que o agente tenha conjunção carnal ou pratique qualquer ato
libidinoso com pessoa menor de 14 anos. O consentimento da vítima, sua
eventual experiência sexual anterior ou a existência de relacionamento
amoroso entre o agente e a vítima não afastam a ocorrência do crime. (STJ, REsp
1480881/PI, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, Terceira Seção, DJe 10/09/2015).

O STJ também afasta a aplicação do princípio no caso da venda de CDs e DVDs


“piratas”, falsificados:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. OFENSA AO PRINCÍPIO
DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. VENDA DE CD E DVD PIRATAS.
VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO
SOCIAL. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO DESPROVIDO. 1.Não há ofensa ao princípio
da colegialidade quando o relator, com fundamento no art. 557, caput, do
Código de Processo Civil/1973, aplicável subsidiariamente no âmbito penal,
negou seguimento ao recurso em virtude da decisão impugnada estar em
consonância com jurisprudência dominante da Corte Suprema ou de Tribunal
Superior. 2.Consoante jurisprudência pacificada deste Superior Tribunal de
Justiça, não se aplica o princípio da adequação social à conduta de vender cd's
e dvd's falsificados, sendo, portanto típica, formal e materialmente, nos termos
do artigo 184, § 2º, do Código Penal. 3. Agravo regimental de fls. 336-342 (e-
STJ) não provido. Agravos regimentais de fls. 343-349, 350-356 e 357-363
(e-STJ) não conhecidos por serem reiterações do primeiro. (STJ, AgRg no REsp
1351687/AC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 18/10/2017).
Aula 02

3.6 – Princípio da Culpabilidade

O princípio da culpabilidade preconiza não haver crime sem culpabilidade.


Isto é, não haver responsabilidade penal sem dolo ou culpa. Também é
denominado princípio da responsabilidade subjetiva, em oposição à
responsabilidade penal objetiva, vedada em nosso ordenamento jurídico.
Neste ponto, cumpre enfatizar que culpabilidade
pode ser elemento do crime (fato típico, ilícito e
culpável), elemento de determinação da pena
(a pena deve ser individualizar na medida da
culpabilidade de cada sujeito) e vedação da responsabilidade objetiva
(exigência de dolo ou culpa).
Cumpre observar, ainda, que a doutrina distingue o chamado Direito Penal do
Autor e o Direito Penal do Fato. No Direito Penal do Autor, julga-se o indivíduo
por aquilo que ele é. No Direito Penal do Fato, o que se busca é o julgamento dos
fatos que o indivíduo teria cometido. Não se adota no Brasil de forma irrestrita o
Direito Penal do Autor, por ser odioso, ao buscar o julgamento do indivíduo por
sua personalidade, e não por aquilo que fez.
Dentre deste enfoque, a doutrina distingue a culpabilidade pelo fato
individual e a culpabilidade do autor. A culpabilidade pelo fato individual se
volta ao desvalor do fato praticado, analisando-se o modo de execução e as
circunstâncias do crime, por exemplo. Já a culpabilidade do autor valora o sujeito
ativo do delito, em razão de sua conduta social, personalidade e antecedentes.
Na dosimetria da pena adotada pelo Código Penal, encontramos a adoção de
ambas as espécies de culpabilidade, com análise das duas para fixação da sanção
penal.
Neste ponto, como princípio fundamental do Direito Penal, estamos tratando da
vedação da responsabilidade objetiva, aquela que não exige a análise do
elemento subjetivo, com apuração do dolo ou culpa do indivíduo para que haja
sua punição.
Um exemplo doutrinário de aplicação do princípio da culpabilidade é o caso de
uma facada desferida em um hemofílico, sem que o agente saiba desta condição.
Ora, tendo atingido a vítima de forma não letal, no seu braço, ele pretendia
apenas causar lesão corporal. Deste modo, se não se comprovar que procedeu
com dolo ou culpa, não responderá pelo resultado morte, mas apenas pela lesão
corporal. O caso concreto deve ser analisado, de toda forma, para se concluir se
o agente atuou ou não com alguma modalidade de culpa.

3.7 – Princípio da Ofensividade ou Lesividade


Consoante o princípio da ofensividade ou da lesividade, não pode haver crime
sem que haja conteúdo ofensivo a bens jurídicos. A repressão penal
somente se justifica se houver lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico.
Aula 02

Com base neste princípio, há doutrinadores que defendem a inconstitucionalidade


dos crimes de perigo abstrato. Não há, nesses casos, perigo concreto a um bem
jurídico. São exemplos destes crimes o porte ilegal de arma de fogo e a omissão
de socorro. Não é necessário que o bem jurídico seja efetivamente posto em
perigo, sendo que o perigo é presumido, possibilitando a punição de quem pratica
a conduta típica. Esta posição não é acolhida pela jurisprudência, que vem
entendendo serem constitucionais os crimes de perigo abstrato.
“EMENTA Recurso ordinário em habeas corpus.
Embriaguez ao volante (art. 306 da Lei nº
9.503/97). Alegada inconstitucionalidade do tipo
por ser referir a crime de perigo abstrato. Não
ocorrência. Perigo concreto. Desnecessidade.
Ausência de constrangimento ilegal. Recurso não provido. 1. A jurisprudência é
pacífica no sentido de reconhecer a aplicabilidade do art. 306 do Código de
Trânsito Brasileiro – delito de embriaguez ao volante –, não prosperando a
alegação de que o mencionado dispositivo, por se referir a crime de perigo
abstrato, não é aceito pelo ordenamento jurídico brasileiro. 2. Esta Suprema
Corte entende que, com o advento da Lei nº 11.705/08, inseriu-se a quantidade
mínima exigível de álcool no sangue para se configurar o crime de embriaguez
ao volante e se excluiu a necessidade de exposição de dano potencial, sendo
certo que a comprovação da mencionada quantidade de álcool no sangue pode
ser feita pela utilização do teste do bafômetro ou pelo exame de sangue, o que
ocorreu na hipótese dos autos. 3. Recurso não provido.” (STF, RHC 110258/DF,
Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, Julgamento: 08/05/2012).
Do princípio da ofensividade, pode-se retirar outros dois subprincípios, que
podem também ser entendidos como compreendidos no conceito daquele:
Princípio do Fato ou da Responsabilidade pelo Fato: o Direito Penal não
pode se ocupar dos pensamentos ou intenções. A conduta que deve ser coibida
pelo direito penal é o fato que causa lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico,
e não planejamentos e intenções presentes no íntimo do sujeito.
Princípio da Exclusiva Lesão ao Bem Jurídico: não compete ao Direito Penal
tutelar valores puramente morais, éticos ou religiosos. Assim, o Direito Penal não
deve ser utilizado para sancionar ideologias.

3.8 – Princípio da Autorresponsabilidade


Segundo o princípio da autorresponsabilidade, os danos sofridos por alguém
em virtude de seu comportamento livre, consciente e responsável só
podem ser a ele imputados, e não a quem os tenha motivados.
Para esclarecimento, cumpre registrar que este princípio também é estudado na
Criminologia, designando a necessidade de se estudar a vítima ao lado do autor
do fato.
No campo do Direito Penal, a autorresponsabilidade não permite a punição de
alguém por ter sido estimulado por outrem a praticar uma conduta arriscada. A
Aula 02

sociedade convive com riscos permitidos, como atividade profissional de limpeza


de janelas de prédios muito altos ou a prática de esportes radicais.
Imaginem que João estimule seu desafeto a comprar uma passagem de avião,
desejando ardentemente que haja uma pane e ele faleça no acidente. Mesmo que
o avião venha a cair, por uma falha do piloto que sequer sabia do desejo do João,
este último não poderá ser responsabilizado. Isto porque ele incentivou que seu
inimigo viajasse, mas os riscos de uma viagem são permitidos e aceitos pela
sociedade.
Imaginemos, ainda, que um sujeito presenteie sua namorada com um salto de
bungee jump. Quando a moça salta, a corda se rompe e ela morre. O namorado,
ainda que querendo o mal para sua namorada, não poderá ser responsabilizado,
também porque se trata de uma decisão dela, livre e consciente, de assumir os
riscos desta atividade radical.
Por fim, imaginem que o agente desfere um golpe de faca no dedo da vítima que,
sabendo ser grave o ferimento, não se medica. Segundo a doutrina, ele não pode
ser responsabilizado por eventual óbito, se a doença não possuía o potencial de
causar o óbito, decorrendo de uma conduta livre e consciente da vítima de não
se tratar e deixar que a ferida infeccionasse e seu estado se agravasse.

3.9 – Princípio da Individualização da Pena


O princípio da individualização da pena é a exigência de se respeitar a proporção
entre a conduta praticada e a pessoa do autor. Veda-se, assim, a padronização
de punições. Não pode haver uma pena padrão para todos aqueles que cometem
homicídio, mas sim uma consideração das circunstâncias específicas de cada fato
e uma pena individualizada para cada agente.
A individualização da pena abrange tanto a fixação da pena na sentença, dentro
dos limites mínimo e máximo de pena, quanto seu cumprimento (execução), com
análise do mérito para progressão de regime, livramento condicional, etc. O
princípio deve, ainda, nortear o legislador na definição das sanções penais para
os mais variados delitos, com correlação entre um e outro, e das normas penais
que disciplinam a execução da pena. O legislador não pode evitar que o juiz
proceda à individualização da pena, tornando-a padronizada.
Referido princípio está previsto no artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.

Sobre a execução da pena, é importante analisar os seguintes trechos de julgados


do STF a respeito da incidência da individualização da pena. A Corte deixou claro
que não pode o legislador retirar o espaço do juiz na individualização da pena,
Aula 02

sendo que o Judiciário deve definir o regime de cumprimento da pena e as


espécies de penas adequadas ao caso (substituição da pena privativa de liberdade
por pena de multa ou pena restritiva de direitos).
STF: EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE
DROGAS. ART. 44 DA LEI 11.343/2006:
IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE EM PENA RESTRITIVA
DE DIREITOS. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE
INCONSTITUCIONALIDADE. OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (INCISO XLVI DO ART. 5º DA CF/88). ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. O processo de individualização da pena é um
caminhar no rumo da personalização da resposta punitiva do Estado,
desenvolvendo-se em três momentos individuados e complementares: o
legislativo, o judicial e o executivo. Logo, a lei comum não tem a força de subtrair
do juiz sentenciante o poder-dever de impor ao delinqüente a sanção criminal
que a ele, juiz, afigurar-se como expressão de um concreto balanceamento ou
de uma empírica ponderação de circunstâncias objetivas com protagonizações
subjetivas do fato-tipo. Implicando essa ponderação em concreto a opção
jurídico-positiva pela prevalência do razoável sobre o racional; ditada pelo
permanente esforço do julgador para conciliar segurança jurídica e justiça
material. (...) 5. Ordem parcialmente concedida tão-somente para remover o
óbice da parte final do art. 44 da Lei 11.343/2006, assim como da expressão
análoga “vedada a conversão em penas restritivas de direitos”, constante do §
4º do art. 33 do mesmo diploma legal. Declaração incidental de
inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da proibição de substituição da pena
privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos; determinando-se ao Juízo
da execução penal que faça a avaliação das condições objetivas e subjetivas da
convolação em causa, na concreta situação do paciente. (STF, HC 97.256, Rel.
Min. Ayres Brito, Pleno, DJ 16/12/2010)
“Habeas corpus. Penal. Tráfico de entorpecentes. Crime praticado durante a
vigência da Lei nº 11.464/07. Pena inferior a 8 anos de reclusão. Obrigatoriedade
de imposição do regime inicial fechado. Declaração incidental de
inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90. Ofensa à garantia
constitucional da individualização da pena (inciso XLVI do art. 5º da CF/88).
Fundamentação necessária (CP, art. 33, § 3º, c/c o art. 59). Possibilidade de
fixação, no caso em exame, do regime semiaberto para o início de cumprimento
da pena privativa de liberdade. Ordem concedida. (...) 5. Ordem concedida tão
somente para remover o óbice constante do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90,
com a redação dada pela Lei nº 11.464/07, o qual determina que “[a] pena por
crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado“.
Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da
obrigatoriedade de fixação do regime fechado para início do cumprimento de pena
decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado.” (STF, HC
111.840, Rel. Min. Dias Toffoli, Pleno, DJ 17/12/2013)
Aula 02

O que o STF entendeu em ambos os casos acima


transcritos é que o legislador não pode impedir que
o juiz proceda à individualização da pena no caso
concreto, atendendo às particularidades de cada
fato e de cada processo em julgamento, bem como analise o comportamento do
executado durante o cumprimento da pena.

3.10 – Princípio da Coculpabilidade ou da Corresponsabilidade


O princípio da coculpabilidade ou da corresponsabilidade é aquele que reconhece
a participação da sociedade na responsabilidade pela prática de uma
infração penal, em virtude da influência do meio social na formação do indivíduo
e da desigualdade de oportunidades a que cada cidadão tem acesso.
Trata-se de princípio rejeitada pela maioria da doutrina, por transferir do sujeito
ativo do crime para a sociedade parcela da responsabilidade pelo fato criminoso.
Entretanto, existe a possibilidade de seu reconhecimento na dosagem da sanção
penal, atendendo-se também ao princípio da individualização da pena. Assim,
deve ser tratado diferente um sujeito que furta para poder auxiliar sua família a
pagar uma dívida e aquele que, proveniente de uma classe privilegiada, furta
para aumentar sua riqueza. A possibilidade de o juiz atenuar a pena deriva de o
artigo 66 do Código Penal prever a chamada atenuante genérica:
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior
ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

Verifiquemos um trecho de um acordão do STJ,


demonstrando a possibilidade de aplicação da
atenuante genérica do artigo 66 no caso de
coculpabilidade:
“ATENUANTE GENÉRICA. ART. 66 DO CÓDIGO PENAL. COCULPABILIDADE.
NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. A
atenuante genérica prevista no art. 66 do Código Penal pode se valer da teoria
da coculpabilidade como embasamento, pois trata-se de previsão genérica, que
permite ao magistrado considerar qualquer fato relevante - anterior ou posterior
à prática da conduta delitiva - mesmo que não expressamente previsto em lei,
para reduzir a sanção imposta ao réu; 2. No caso destes autos não há
elementos pré-constituídos que permitam afirmar que a conduta criminosa
decorreu, ao menos em parte, de negligência estatal, de modo que a aplicação
do benefício pleiteado depende de aprofundado exame dos fatos e provas
coligidos ao longo da instrução para que se modifique o entendimento da Corte
de origem acerca da inaplicabilidade da atenuante. Tal providência, porém, não
se coaduna com os estreitos limites do habeas corpus. 3. Habeas corpus não
conhecido.” (STJ, HC 411243/PE, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe
19/12/2017).
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3.11 – Princípio da Confiança


O princípio da confiança funda-se na legítima expectativa de que os demais
indivíduos da sociedade agirão em conformidade com as regras sociais.
Presume-se que todas as pessoas agirão de forma responsável, em razão do
dever objetivo de cuidado que incide sobre todos.
É estudado principalmente nos casos de crimes culposos, em que a culpa do
indivíduo (por negligência, imprudência ou imperícia) deve ser analisada a partir
do pressuposto de que ele pode agir esperando que os demais também respeitem
as regras. Deste modo, o motorista que trafega pela via preferencial e passa
diretamente pelo cruzamento, não pode ser responsabilizado por alguém ter
desrespeitado a regra de trânsito e, assim, ter havido uma colisão. Também não
pode ser considerado responsável pela infecção do paciente o cirurgião que
recebe tesoura do instrumentador, acreditando que ela estava esterilizada,
conforme obrigação deste último profissional.
Além disso, deve-se ter em vista que, dentro de limites, há perigos socialmente
aceitáveis, que consistem no risco socialmente tolerado. Assim, a construção de
altos edifícios, com envio de funcionários para pavimentos muito altos para o
trabalho, parte do pressuposto da confiança nos sistemas de segurança do
trabalho e no gerenciamento dos riscos.

Importante a leitura do seguinte excerto de acórdão


do STJ, mencionando o princípio da confiança para
afastar a responsabilização penal:
“(...) 4. Ainda que se admita a existência de relação
de causalidade entre a conduta dos acusados e a morte da vítima, à luz da teoria
da imputação objetiva, necessária é a demonstração da criação pelos agentes de
uma situação de risco não permitido, não-ocorrente, na hipótese, porquanto é
inviável exigir de uma Comissão de Formatura um rigor na fiscalização das
substâncias ingeridas por todos os participantes de uma festa. 5. Associada à
teoria da imputação objetiva, sustenta a doutrina que vigora o princípio da
confiança, as pessoas se comportarão em conformidade com o direito, o que
não ocorreu in casu, pois a vítima veio a afogar-se, segundo a denúncia, em
virtude de ter ingerido substâncias psicotrópicas, comportando-se, portanto, de
forma contrária aos padrões esperados, afastando, assim, a responsabilidade dos
pacientes, diante da inexistência de previsibilidade do resultado, acarretando a
atipicidade da conduta. 6. Ordem concedida para trancar a ação penal, por
atipicidade da conduta, em razão da ausência de previsibilidade, de nexo de
causalidade e de criação de um risco não permitido, em relação a todos os
denunciados, por força do disposto no art. 580 do Código de Processo Penal.(...)”
(STJ, HC 46525/MT, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJ
10/04/2006).
Aula 02

Para encerrar o estudo do princípio da alteridade,


há um precedente do STJ em que se utilizou o
princípio para a conclusão de não haver justa causa
para a ação penal, vejamos:
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. POLUIÇÃO AMBIENTAL: ART. 54, § 2.º
INCISO V E § 3.º DA LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS. (1) JUSTA CAUSA.
CARÊNCIA. (A) TIPICIDADE. ELEMENTAR: DESCUMPRIMENTO DE EXIGÊNCIA DE
AUTORIDADE COMPETENTE. CONFLUÊNCIA NA MESMA PESSOA DO AGENTE E
DO SUJEITO PASSIVO MEDIATO. IMPOSSIBILIDADE. 1. É da índole do Direito
Penal moderno o princípio da exclusiva tutela de bens jurídicos, os quais se
notabilizam pela alteridade. In casu, recebeu-se a denúncia apontando que o
paciente teria funcionado, ao mesmo tempo, como emissor de determinação de
controle ambiental e como responsável pelo seu descumprimento, a acoimar a
exordial acusatória de carência de justa causa, em razão do não comparecimento
da elementar descumprimento de determinação de autoridade competente. 2.
Ordem concedida para trancar a ação penal. (STJ, HC 81175/SC, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 07/02/2011).

3.14 – Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato


Segundo o princípio da exteriorização ou materialização do fato, o Estado só
pode criminalizar condutas humanas voluntárias que se exteriorizem por
meio de conduta, seja comissiva (ação), seja omissiva (omissão).
Não deve haver tipos penais que imponham sanção por pensamentos ou desejos
íntimos. Deste modo, o Estado não deve punir convicções pessoais, ideologias ou
a personalidade do cidadão.
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A exteriorização ou materialização do fato implica na vedação ao Direito Penal do


autor, com a consagração do Direito Penal do Fato. Não se pode julgar um caso
por quem é acusado, mas sim pelo fato que se lhe imputa.

3.15 – Princípio da Proporcionalidade


O princípio da proporcionalidade consiste na limitação da ação estatal, com
base nos critérios da necessidade e da adequação, ponderando-se os
meios utilizados e os fins pretendidos. No Direito Penal, a criação, pelo
legislador, de tipos penais, deve atender a uma vantagem social relevante
(relação de custo-benefício). Ademais, as penas devem guardar a devida
proporção quanto aos atos a que visam punir e à importância do bem jurídico
tutelado.
O princípio da proporcionalidade pode ser extraído, de forma indireta, do artigo
98, I, da Constituição, em que se determina que haja um procedimento oral e
mais abreviado, com possibilidade de transação, para os casos de infrações
penais de menor potencial ofensivo:
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes
para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade
e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de
recursos por turmas de juízes de primeiro grau;

O princípio da proporcionalidade pode se desdobrar em cinco elementos:


necessidade, adequação, legitimidade do meio, legitimidade do fim e
proporcionalidade em sentido estrito ou ponderação. Deste modo, uma
medida estatal que influencie os direitos individuais deve ser necessária, deve
ser adequada àquilo que pretende, deve se utilizar de meios legítimos para
alcançar um fim legítimo e, por fim, deve haver uma proporcionalidade entre
todos esses critérios, ou, em outras palavras, ponderação que demonstre que
estão consonantes e compatíveis.
Vejamos os elementos do princípio da proporcionalidade:
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O princípio da proporcionalidade também possui as seguintes balizas: a


proibição do excesso e a vedação da proteção deficiente.
Por vezes, a Constituição determina a criminalização de determinadas condutas,
podendo até mesmo preconizar um tratamento mais rígido a algumas infrações
penais. Nestes casos, o legislador não pode deixar o bem jurídico sem proteção,
sob pena de violar a norma constitucional. É o caso da proteção ao Meio
Ambiente, dispondo o artigo 225, § 3º, o seguinte:
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados

Por outro lado, não pode, a pretexto de cumprir a norma superior, prever uma
sanção penal desproporcional ao legislar sobre o tema, sob pena de se configurar
excesso.
Há, portanto, limites para ambos os lados. Não se pode deixar de tutelar o bem
jurídico, mas, do outro, não se pode causar uma punição excessiva a título de
proteção de um bem jurídico protegido por norma constitucional.
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3.16 – Princípio da Presunção de Inocência (ou da Não Culpa)


De acordo com o princípio da presunção de inocência, nenhuma pessoa deve
ser considerada culpada, senão após o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória.
Não se veda a prisão cautelar, que deve, entretanto, ser excepcional e, por óbvio,
fundamentada. Ademais, conforme determina este princípio, o ônus da prova
incumbe à acusação, sendo que eventual dúvida do juiz deve ser resolvida em
favor do réu (in dubio pro reo).
Está previsto expressamente no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória,

Com relação a este princípio, o STF tem discutido se é possível a prisão após a
condenação em segunda instância. Seria, em análise técnica, uma relativização
do princípio da presunção de inocência. É muito importante acompanhar o tema,
que tem causado polêmica e pode ser revisto pela Suprema Corte. Vejamos o
recente precedente:
“Ementa: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL
PENAL. CRIMES DE TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES E DE ASSOCIAÇÃO PARA O
TRÁFICO. ARTIGOS 33 E 35 DA LEI Nº 11.343/06.
PLEITO DE REVOGAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR.
TEMA NÃO DEBATIDO PELAS INSTÂNCIAS PRECEDENTES. SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA. JULGAMENTO DE RECURSO PELO TRIBUNAL DA ORIGEM. PERDA
SUPERVENIENTE DO OBJETO NA INSTÂNCIA A QUO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA
SUPERVENIENTE À CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA E ANTES DO
TRÂNSITO EM JULGADO DO PROCESSO. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
INEXISTÊNCIA DE TERATOLOGIA, ABUSO DE PODER OU FLAGRANTE
ILEGALIDADE. APLICABILIDADE DO ENTENDIMENTO FIRMADO PELO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 925. ALEGADA
NEGATIVA DE AUTORIA E ILICITUDE DA PROVA PRODUZIDA. REVOLVIMENTO
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DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INADMISSIBILIDADE NA VIA ELEITA.


VOTO PROFERIDO NO SENTIDO DE PREJUDICAR A IMPETRAÇÃO QUANTO AO
PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA E NEGAR SEGUIMENTO AO WRIT QUANTO
AOS PEDIDOS DE RECONHECIMENTO DE NEGATIVA DE AUTORIA E DE
DECLARAÇÃO DE NULIDADE DO PROCESSO. 1. A execução provisória da pena
imposta em condenação de segunda instância, ainda que pendente o efetivo
trânsito em julgado do processo, não ofende o princípio constitucional da
presunção de inocência, conforme decidido por esta Corte Suprema no
julgamento das liminares nas ADCs nºs 43 e 44, no HC n.º 126.292/SP e no ARE
n.º 964.246, o qual teve repercussão geral reconhecida Tema n.º 925.
Precedentes: HC 135.347-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Edson Fachin, Dje de
17/11/2016, e ARE 737.305-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe
de 10/8/2016. 2. A negativa de autoria do delito e a licitude da prova não são
aferíveis na via do writ, por demandar minucioso exame fático e probatório
inerente a meio processual diverso. Precedente: HC nº 130.439, Rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Turma, DJe de 12/05/2016. 3. In casu, o paciente foi condenado à
pena de 8 (oito) anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, bem como
ao pagamento de 1.200 (um mil e duzentos) dias-multa, pela prática dos crimes
previstos nos artigos 33 e 35 da Lei 11.343/2006, tendo sido mantida a prisão
cautelar do sentenciado. 4. O título prisional superveniente decorrente do
julgamento do habeas corpus pelo Tribunal de origem torna prejudicada a
impetração. 5. A supressão de instância impede o conhecimento de Habeas
Corpus impetrado per saltum, porquanto ausente o exame de mérito perante a
instância a quo. 6. Impetração inadmitida. Revogada a liminar anteriormente
implementada.” (HC 121348/MG, Rel. p/ acórdão Min. Luiz Fux, Primeira Turma,
Julgamento: 12/09/2017).

3.17 – Princípio da Vedação da Dupla Punição pelo Mesmo Fato


É o princípio que veda a dupla punição pelo mesmo fato, bem como a dupla
valoração de um mesmo fato para agravamento da pena. Também se
proíbe a execução em dobro de uma pena, bem como que o indivíduo
seja processado duas vezes pelo mesmo crime. Também denominado Princípio
da Proibição do Bis in Idem.
O artigo 8º do Código Penal, que trata da extraterritorialidade, prevê uma
exceção a esta regra:
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Referido artigo é de duvidosa constitucionalidade, mas o STF não foi instado a se


manifestar sobre o tema. Enquanto não houver manifestação, presume-se a
constitucionalidade da norma, especialmente para questões objetivas de
concursos.
O Estatuto de Roma, que instituiu o Tribunal Penal Internacional, prevê, no artigo
20, o princípio do ne bis in idem:
1. Salvo disposição contrária do presente Estatuto, nenhuma pessoa poderá ser julgada
pelo Tribunal por atos constitutivos de crimes pelos quais este já a tenha condenado ou
absolvido.
Aula 02

Deste modo, parece acertada a posição do STF de fazer a análise casuísta de


incidência do princípio.
Por fim, cabe destacar que existe, ainda, a chamada bagatela imprópria,
reservada para aqueles casos em que, ainda que a lesão ou ameaça de lesão se
mostrem relevantes, incida o princípio da desnecessidade da pena. São casos em
que há uma lesão ou ameaça de lesão significativa a um bem jurídico, mas as
circunstâncias que envolvem o caso demonstram que a pena é prescindível
naquele caso.
O exemplo mais citado é o do perdão judicial previsto no artigo 121, § 5º, do
Código Penal. Imaginem o caso do pai que, por imprudência no trânsito, acaba
por causar a morte de sua esposa e do seu filho que viajam com ele no carro.
Processado por homicídio culposo, o juiz percebe que ele, o réu, por causa do
ocorrido, ficou tetraplégico e apresenta depressão severa, conforme laudo
médico. Neste caso, o juiz deve deixar de aplicar a pena, se presentes os
requisitos da lei, não por causa da insignificância da lesão provocada (bagatela
própria), mesmo porque houve duas mortes. O perdão judicial se fundamenta na
desnecessidade da pena (bagatela imprópria).
Neste caso, vige o chamado princípio da irrelevância penal do fato. Ainda
que o fato seja formal e materialmente típico, dada a desnecessidade de pena,
não se deve aplicar a sanção penal ao sujeito ativo da conduta.
Aula 02

Como o STF tem aplicado o princípio da


insignificância:

Crimes ambientais: STF reconhece em alguns casos, HC 112.563


Rádio Clandestina: STF, 2ª Turma reconhece. HC 126.592. 1ª Turma, não. HC
131.591.
Descaminho: STF reconhece. HC 121.717.
Contrabando: STF não reconhece. ARE 924.284 AgR.
Moeda Falsa: STF não reconhece HC 126.285.
Posse de drogas para consumo próprio: STF não reconhece. ARE 728.688
AgR

✓ A súmula 589 do Superior Tribunal de Justiça


O Superior Tribunal de Justiça, no âmbito do tema da insignificância, aprovou a
Súmula 589, com o seguinte teor:
É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

Em razão da questão da violência doméstica e familiar contra a mulher, que


envolve um desvalor maior, o STJ sumulou seu entendimento de que não se deve
considerar que qualquer violência praticada, inclusive se configuradora da
contravenção de vias de fato, represente lesão ou ameaça de lesão irrelevante
ao bem jurídico. Isto porque o próprio legislador, ao dar um tratamento
diferenciado à violência praticada nessas circunstâncias, decidiu implantar regras
específicas e mais rígidas.
O desvalor maior decorre da vulnerabilidade da mulher, em razão da cultura que,
por anos a fio, a delegou a um papel subalterno na sociedade. Ainda que hoje a
mulher tenha garantida a igualdade de tratamento no ordenamento jurídico e
tenha conquistado seu espaço de direito na sociedade, ainda há muito o que se
fazer neste aspecto.
Ademais, agrava a situação o fato de tal violência ser praticada no âmbito
doméstico, ou seja, no local de descanso, no âmbito de privacidade da mulher,
ou por algum familiar ou alguém que tenha ou tivera relação afetiva com ela. São
situações que tornam a mulher mais vulnerável à violência, justificando um
tratamento diferenciado à questão.
Assim, qualquer crime ou contravenção penal que sejam praticados contra a
mulher, envolvendo relações domésticas, não serão considerados insignificantes.
Pelo contrário, adotando-se a tese do STJ, serão sempre relevantes a lesão ou a
ameaça de lesão, o que impede a aplicação do princípio da insignificância.
Aula 02

✓ A súmula 599 do Superior Tribunal de Justiça


Também tratando do princípio da insignificância, o Superior Tribunal de Justiça
aprovou a Súmula 599, cujo enunciado é o seguinte:
O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.

Assim, entende-se que, sempre que o delito for praticado contra a Administração
Pública, não haverá incidência do princípio da insignificância. Podemos pensar,
de imediato, em delitos envolvendo o patrimônio público, em período histórico
em que o combate à corrupção é tema em pauta.
Ocorre que, sobre o tema, mostra-se importante analisar se o Supremo Tribunal
Federal tem decidido neste mesmo sentido. Há um precedente da Segunda
Turma da Corte Suprema que reconheceu a bagatela de um delito
praticado contra a Administração Pública:
“AÇÃO PENAL. Delito de peculato-furto. Apropriação, por carcereiro, de farol de
milha que guarnecia motocicleta apreendida. Coisa estimada em treze reais. Res
furtiva de valor insignificante. Periculosidade não considerável do agente.
Circunstâncias relevantes. Crime de bagatela. Caracterização. Dano à probidade
da administração. Irrelevância no caso. Aplicação do princípio da insignificância.
Atipicidade reconhecida. Absolvição decretada. HC concedido para esse fim. Voto
vencido. Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato tido por delituoso, à
luz das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas corpus, ser
absolvido por atipicidade do comportamento.” (STF, HC 112.388/SP, Rel. p/
acórdão Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, Julgamento: 21/08/2012.
Verifica-se, portanto, que ainda que não demonstre uma jurisprudência
consolidada, referido precedente demonstra não haver, de início, concordância
entre as Cortes Superiores sobre o tema.
O que deve também ser refletido, aqui, é que o próprio STJ já possuía
jurisprudência consolidada acerca da possibilidade de se aplicar o
princípio em estudo ao crime de descaminho. Esta infração penal está
localizada, no Código Penal, no Título XI, denominado “Dos Crimes contra a
Administração Pública”, mais precisamente no Capítulo II, “Dos Crimes Praticados
pelo Particular contra a Administração em Geral”. Quanto ao crime de
descaminho, o STF também tem admitido o reconhecimento do chamado delito
de bagatela.
Vejamos um julgado de cada um dos tribunais, os quais representam esse
entendimento:
“EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL E DIREITO PENAL.
DESCAMINHO. IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INADMISSIBILIDADE DO WRIT. VALOR INFERIOR AO
ESTIPULADO PELO ART. 20 DA LEI 10.522/2002. PORTARIAS 75 E 130/2012 DO
MINISTÉRIO DA FAZENDA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE.
1. Há óbice ao conhecimento de habeas corpus impetrado contra decisão
monocrática do Superior Tribunal de Justiça, cuja jurisdição não se esgotou.
Precedentes. 2. A pertinência do princípio da insignificância deve ser avaliada
considerando-se todos os aspectos relevantes da conduta imputada. 3. Para
Aula 02

Com esta enumeração dos princípios do garantismo, encerramos o respectivo


tema e a nossa aula.

5 – Questões Objetivas

5.1 – Lista de Questões sem Comentários


Q1. FAURGS/TJ-RS/2016
I - Em nome do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, a
abolitio criminis e a lex mitior alcançam todos os fatos delitivos anteriores à
sua entrada em vigor, inclusive aqueles previstos em legislação penal
temporária ou excepcional.
II - A lei penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos a bordo de
embarcações e aeronaves estrangeiras de propriedade privada que estejam
localizadas no mar territorial ou sobrevoando o espaço aéreo brasileiro,
sendo também consideradas como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
localizadas em mar territorial ou no espaço aéreo de outro país, desde que
estejam a serviço do governo brasileiro.
III - Segundo dispõe o princípio da consunção, quando a concretização da
prática de um crime depende direta e necessariamente da prática de uma
conduta delitiva antecedente, o juiz, no momento da sentença, deve afastar
o reconhecimento do concurso de infrações, aplicando ao réu apenas a pena
do crime mais grave.
Aula 02

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

Q2. CESPE/TJ-PB/2015
Acerca dos princípios e fontes do direito penal, assinale a opção correta.
a) Segundo a jurisprudência do STJ, o princípio da insignificância deve ser
aplicado a casos de furto qualificado em que o prejuízo da vítima tenha sido
mínimo.
b) Conforme entendimento do STJ, o princípio da adequação social
justificaria o arquivamento de inquérito policial instaurado em razão da
venda de CDs e DVDs.
c) Depreende-se do princípio da lesividade que a autolesão, via de regra,
não é punível.
d) Depreende-se da aplicação do princípio da insignificância a determinado
caso que a conduta em questão é formal e materialmente atípica.
e) As medidas provisórias podem regular matéria penal nas hipóteses de leis
temporárias ou excepcionais.

Q3. FCC/TJ-SC/2015
A afirmação de que o Direito Penal não constitui um sistema exaustivo de
proteção de bens jurídicos, de sorte a abranger todos os bens que
constituem o universo de bens do indivíduo, mas representa um sistema
descontínuo de seleção de ilícitos decorrentes da necessidade de criminalizá-
los ante a indispensabilidade da proteção jurídico-penal, amolda-se, mais
exatamente,
a) ao conceito estrito de reserva legal aplicado ao significado de taxatividade
da descrição dos modelos incriminadores.
b) à descrição do princípio da fragmentariedade do Direito Penal que é
corolário do princípio da intervenção mínima e da reserva legal.
c) à descrição do princípio da culpabilidade como fenômeno social.
d) ao conteúdo jurídico do princípio de humanidade relacionado ao conceito
de Justiça distributiva.
e) à descrição do princípio da insignificância em sua relativização na busca
de mínima proporcionalidade entre gravidade da conduta e cominação de
sanção.

Q4. FCC/TJ-SC/2015
Aula 02

Em referência ao chamado princípio da insignificância penal,


a) a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça e do
Supremo Tribunal Federal não distingue sua aplicação aos crimes de
descaminho e de contrabando, indiferenciadamente aceitando-o, em tese,
nos dois casos, sob os mesmos pressupostos técnicos, posto que idêntico o
bem jurídico tutelado em ambas as normas legais.
b) a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Amapá e do Superior Tribunal
de Justiça vem admitindo sua aplicação, em tese, aos crimes de roubo.
c) a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal vem admitindo sua
aplicação, em tese, aos crimes de roubo.
d) por dizer respeito à tipicidade estritamente objetiva, a jurisprudência do
Tribunal de Justiça do Amapá e das duas turmas criminais do Superior
Tribunal de Justiça não admitem considerar, especificamente para seu
acolhimento, o exame das condições subjetivas do agente, tais como seus
antecedentes e eventual habitualidade criminal.
e) a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça vem
admitindo ser ele, em tese, aplicável ao crime de descaminho, desde que o
valor do tributo respectivo seja de até dez mil reais.

Q5.FCC/TJ-AP/2014
Desde o advento da Lei nº 8.072/1990, a vedação absoluta de progressão
de regime prisional, originalmente instituída para os crimes hediondos ou
assemelhados, comportou intenso debate acadêmico e jurisprudencial.
Importantes vozes na doutrina desde logo repudiaram o regime
integralmente fechado. Mas o Pleno do Supremo Tribunal Federal, então, em
dois julgados antológicos, afastou a pecha da inconstitucionalidade (HC
69.603/SP e HC 69.657/SP), posicionamento que se irradiou para as outras
Cortes e, desse modo, ditou a jurisprudência do país por mais de 13 anos.
Somente em 2006 o STF rediscutiu a matéria, agora para dizer
inconstitucional aquela vedação (HC 82.959-7/SP). A histórica reversão da
jurisprudência, afinal, fez com que se reparasse o sistema normativo.
Editou-se a Lei nº 11.464/2007 que, pese admitindo a progressividade na
execução correspondente, todavia lhe estipulou lapsos diferenciados. Todo
esse demorado debate mais diretamente fundou-se especialmente em um
dado postulado de direito penal que, portanto, hoje mais que nunca
estrutura o direito brasileiro no tópico respectivo. Precipuamente, trata-se
do postulado da:
a) pessoalidade.
b) legalidade.
c) proporcionalidade.
d) individualização.
e) culpabilidade.
Q6. FUNDEP/TJ-MG/2014
Aula 02

A respeito da aplicação da lei penal, assinale a alternativa INCORRETA.


a) A revogação do complemento da lei penal em branco, quando essa for a
parte essencial da norma, gera abolitio criminis.
b) Em relação ao tempo do crime, nosso Código Penal adotou a teoria da
atividade, considerando-o praticado no momento da ação ou omissão.
c) As situações de aplicação extraterritorial da lei penal brasileira e que
constituem exceções ao princípio geral da territorialidade (Artigo 5º) em
nosso ordenamento jurídico são previstas, exclusivamente, no rol taxativo
constante do Artigo 7º do CP.
d) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. Trata-se de uma
exceção ao princípio da retroatividade benéfica.

Q7.FUNDEP/TJ-MG/2014
A respeito dos princípios que regem o direito penal brasileiro, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) O princípio da legalidade penal, do qual decorre o princípio da reserva
legal, impede o uso dos costumes e analogia para criar tipos penais
incriminadores ou agravar as infrações existentes.
b) De acordo com o chamado princípio da insignificância o Direito Penal não
deve se ocupar com assuntos irrelevantes. A aplicação de tal princípio exclui
a tipicidade material da conduta.
c) O direito penal possui natureza fragmentária, ou seja, somente protege
os bens jurídicos mais importantes, pois os demais são protegidos pelos
outros ramos do direito.
d) O princípio da taxatividade, ao exigir lei com conteúdo determinado,
resulta na proibição da criação de tipos penais abertos.

Q8. VUNESP/TJ-RJ/2011
O agente que mata alguém, por imprudência, negligência ou imperícia, na
direção de veículo automotor, comete o crime previsto no art. 302, da Lei
n.º 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), e não o crime previsto no art.
121, § 3.º, do Código Penal. Assinale, dentre os princípios adiante
mencionados, em qual deles está fundamentada tal afirmativa.
a) Princípio da consunção.
b) Princípio da alternatividade.
c) Princípio da especialidade.
d) Princípio da legalidade.

Q9. FCC/TJ-MS/2010
O princípio de intervenção mínima do Direito Penal encontra expressão:
Aula 02

a) nos princípios da fragmentariedade e da subsidiariedade.


b) na teoria da imputação objetiva e no princípio da fragmentariedade.
c) no princípio da fragmentariedade e na proposta funcionalista.
d) na teoria da imputação objetiva e no princípio da subsidiariedade.
e) no princípio da subsidiariedade e na proposta funcionalista.

Q10. CESPE/TJ-SE/2008
Assinale a opção correta a respeito das penas.
a) O princípio da transcendência estabelece que nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, contudo a obrigação de reparar o dano se estende
aos sucessores ilimitadamente.
b) Não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada.
c) Não haverá penas de caráter perpétuo, de banimento, cruéis ou
pecuniárias.
d) A pena será cumprida preferencialmente em estabelecimentos distintos,
de acordo com a natureza do delito e as condições socioeconômicas do
apenado.
e) É assegurado aos presos o respeito à integridade física, moral e material,
sendo vedada pena que implique perda ou privação de bens.

Q.11. CESP/TRF 5ª Região/2017


Assinale a opção que apresenta princípios que devem ser observados pelas
leis penais por expressa previsão constitucional.
a) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, economicidade,
individualização da pena
b) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da
inocência, eficiência da pena
c) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da
inocência, individualização da pena
d) legalidade, irretroatividade, moralidade, presunção da inocência,
individualização da pena
e) legalidade, impessoalidade, irretroatividade, presunção da inocência,
individualização da pena

Q.12. CESP/TRF 5ª Região/2017


No que tange aos princípios básicos do direito penal e à interpretação da lei
penal, assinale a opção correta.
a) Embora o princípio da legalidade proíba o juiz de criar figura típica não
prevista na lei, por analogia ou interpretação extensiva, o julgador pode,
Aula 02

para benefício do réu, combinar dispositivos de uma mesma lei penal para
encontrar pena mais proporcional ao caso concreto.
b) Do princípio da culpabilidade procede a responsabilidade penal subjetiva,
que inclui, como pressuposto da pena, a valoração distinta do resultado no
delito culposo ou doloso, proporcional à gravidade do desvalor representado
pelo dolo ou culpa que integra a culpabilidade.
c) O princípio do ne bis idem está expressamente previsto na CF e preconiza
a impossibilidade de uma pessoa ser sancionada ou processada duas vezes
pelo mesmo fato, além de proibir a pluralidade de sanções de natureza
administrativa sancionatórias.
d) A infração bagatelar própria está ligada ao desvalor do resultado e (ou)
da conduta e é causa de exclusão da tipicidade material do fato; já a
imprópria exige o desvalor ínfimo da culpabilidade em concurso necessário
com requisitos post factum que levam à desnecessidade da pena no caso
concreto.
e) O princípio da ofensividade ou lesividade não se presta à atividade de
controle jurisdicional abstrata da norma incriminadora ou à função político-
criminal da atividade legiferante.

Q13. CESPE/TRF – 1ª Região/2015


Conforme a jurisprudência do STF, o princípio da insignificância
a) não se aplica ao crime de contrabando.
b) não se aplica ao tráfico internacional de armas de fogo, exceto em casos
que se restrinjam a cápsulas de munição.
c) deve ser adotado em casos de crime de tráfico de drogas.
d) é aplicável ainda que o agente seja reincidente ou tenha cometido o
mesmo gênero de delito reiteradas vezes.
e) é aplicável ao crime de roubo.

Q14. CESPE/MPE-RR/2017
No direito penal, o princípio da:
a) fragmentariedade informa que o direito penal é autônomo e cuida das
condutas tidas por ilícitas penalmente, sendo aplicável a lei penal
independentemente da solução do problema por outros ramos do direito.
b) irretroatividade da lei se aplica absolutamente.
c) insignificância, segundo o entendimento do STF, pressupõe apenas três
requisitos para a sua configuração: mínima ofensividade da conduta do
agente, nenhuma periculosidade social e reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento.
d) proporcionalidade fundamenta a declaração de inconstitucionalidade de
parte do art. 44 da Lei Antidrogas, que veda a concessão de liberdade
provisória em crimes relacionados às drogas.
Aula 02

Q15. CESPE/MPE-SP/2014
No tocante aos princípios constitucionais penais, assinale a opção correta
a) No que se refere à aplicação do princípio da insignificância, o STF tem
afastado a tipicidade material dos fatos em que a lesão jurídica seja
inexpressiva, sem levar em consideração os antecedentes penais do agente.
b) O direito penal constitui um sistema exaustivo de proteção de todos os
bens jurídicos do indivíduo, de modo a tipificar o conjunto das condutas que
outros ramos do direito consideram antijurídicas.
c) Uma das vertentes do princípio da proporcionalidade é a proibição de
proteção deficiente, por meio da qual se busca impedir um direito
fundamental de ser deficientemente protegido, seja mediante a eliminação
de figuras típicas, seja pela cominação de penas inferiores à importância
exigida pelo bem que se quer proteger.
d) Segundo entendimento consolidado do STF, a imposição de regime
disciplinar diferenciado ao executando ofende o princípio da individualização
da pena, visto que extrapola o regime de cumprimento da reprimenda
imposta na sentença condenatória.
e) Prevalece na doutrina o entendimento de que constitui ofensa ao princípio
da legalidade a existência de leis penais em branco heterogêneas, ou seja,
daquelas cujos complementos provenham de fonte diversa da que tenha
editado a norma que deva ser complementada

Q16. MPDFT/MPDFT/2013
Examine os itens seguintes, indicando o CORRETO:
a) O princípio da culpabilidade limita-se à impossibilidade de declaração de
culpa sem o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
b) O princípio da legalidade impede a aplicação de lei penal ao fato ocorrido
antes do início de sua vigência.
c) Integram o núcleo do princípio da estrita legalidade os seguintes
postulados: reserva legal, proibição de aplicação de pena em hipótese de
lesões irrelevantes, proibição de analogia in malam partem.
d) A aplicação de pena aos inimputáveis, dada a sua incapacidade de
sensibilização pela norma penal, viola o princípio da culpabilidade.
e) Os princípios da insignificância penal e da adequação social se identificam,
ambos caracterizados pela ausência de preenchimento formal do tipo penal.
Q17. MPE-GO/MPE-GO/2012
Em relação as causas de exclusão da tipicidade penal, em especial o princípio
da insignificância, assinale a alternativa correta:
a) O princípio da insignificância não conta com reconhecimento normativo
explícito da nossa legislação penal, seja comum ou especial;
Aula 02

b) Mesmo sem lei expressa o princípio da insignificância tem sido


reconhecido pelos nossos Tribunais Superiores, em especial o STF, posto que
deriva dos valores, regras e princípios constitucionais, que são normas
cogentes do ordenamento jurídico;
c) Infração bagatelar imprópria é a que já nasce sem nenhuma relevância
penal, ou porque não há desvalor da ação (não há periculosidade na conduta,
isto é, idoneidade ofensiva relevante; ou porque não há desvalor do
resultado (não se trata de ataque intolerável ao bem jurídico);
d) O princípio da insignificância confunde-se com o princípio da irrelevância
penal do fato. O primeiro não afasta a tipicidade material, uma vez que o
fato será típico (formal e materialmente), ilícito e culpável. O segundo
possibilita o arquivamento ou o não recebimento da ação ou a absolvição
penal nas imputações de fatos bagatelares próprios, ou seja, os que não
possuem tipicidade material.

Q18. UFMT/DPE-MT/2016
O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a:
a) punibilidade.
b) executividade.
c) tipicidade material.
d) ilicitude formal.
e) culpabilidade.

Q19. MPDFT/MPDFT/2011
É correto afirmar, no tocante aos princípios constitucionais penais:
a) O princípio da legalidade dos crimes e das penas, sob a perspectiva do
nullum crimen sine lege scricta, repudia o emprego da interpretação
extensiva in malam partem.
b) O uso de leis penais em branco, em sentido estrito, foi banido pelo
Supremo Tribunal Federal, por caracterizar ofensa ao princípio da
taxatividade.
c) O princípio da reserva legal é mitigado no âmbito do direito da infância e
da juventude, dada a inimputabilidade absoluta do menor de 18 anos de
idade.
d) O princípio da lesividade ou da ofensividade, entre outros aspectos, repele
a punição do cidadão cuja conduta sequer se inicia.
e) Como decorrência imediata do princípio da culpabilidade, não é possível
a criminalização de simples estados existenciais.

Q20. MPDFT/MPDFT/2011
Aula 02

a) A lesividade do bem jurídico protegido pela lei penal é critério de


legalidade material ou substancial e depende da existência da lei para
caracterizar o delito.
b) A culpabilidade significa que será penalmente punido aquele que houver
agido com culpa ou dolo o que implica adoção pelo nosso Código Penal da
teoria da responsabilidade objetiva.
c) O princípio da legalidade exige, além da previsão legal do crime e da pena
anteriores ao fato praticado, definição de conduta e cominação balizada de
punição.
d) A proporcionalidade é regra constitucional implícita e se utiliza dos sub-
princípios da adequação, e necessidade, à exceção no direito penal, da
proporcionalidade em sentido estrito.
e) A individualização da pena, na forma prevista na Constituição Federal,
apenas se opera no plano judicial.

Q21. FCC/DPE-MA/2015
A proscrição de penas cruéis e infamantes, a proibição de tortura e maus-
tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar
sua infraestrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação
e a dessocialização dos condenados são desdobramentos do princípio da:
a) proporcionalidade.
b) intervenção mínima do Estado.
c) fragmentariedade do Direito Penal.
d) humanidade.
e) adequação social.
Q22. CESPE/DPE-PE/2015
O Estado, para garantir a segurança dos cidadãos, deve proibir ou restringir
todas aquelas ações que se refiram, de maneira imediata, só a quem as
realize, das quais derive lesão aos direitos dos outros, isto é, que atinjam
sua liberdade e propriedade, sem o seu consentimento ou contra ele, ou das
que haja de temê-las provavelmente; probabilidade na qual haverá de
considerar a dimensão do dano que se quer causar e a importância da
limitação da liberdade produzida por lei proibitiva.
Wilhem Von Humboldt. Los límites de la acción del estado. 1792, p. 122
(com adaptações).
Com relação ao fragmento de texto acima, aos princípios de direito penal e
às teorias do bem jurídico, julgue o item a seguir.
O fragmento em questão, seu autor, há já mais de duzentos anos, se referia
ao que hoje se entende como princípios jurídico-penais da intranscendência
e da fragmentariedade.
o Certo
Aula 02

o Errado

Q23.FCC/DPE-PB/2014
"A terrível humilhação por que passam familiares de presos ao visitarem
seus parentes encarcerados consiste na obrigação de ficarem nus, de
agacharem diante de espelhos e mostrarem seus órgãos genitais para
agentes públicos. A maioria que sofre esses procedimentos é de mães,
esposas e filhos de presos. Até mesmo idosos, crianças e bebês são
submetidos ao vexame. É princípio de direito penal que a pena não
ultrapasse a pessoa do condenado".
(DIAS, José Carlos. "O fim das revistas vexatórias". In: Folha de São Paulo.
São Paulo: 25 de julho de 2014, 1o caderno, seção Tendências e Debates,
p. A-3)
Além da ideia de dignidade humana, por esse trecho o inconformismo do
autor, recentemente publicado na imprensa brasileira, sustenta-se mais
diretamente também no postulado constitucional da:
a) individualização.
b) fragmentariedade.
c) pessoalidade.
d) presunção de inocência.
e) legalidade.

Q24.FCC/DPE-SP /2013
Sobre a relação entre o sistema penal brasileiro contemporâneo e a
Constituição Federal, é correto afirmar que:
a) o princípio constitucional da humanidade das penas encontra ampla
efetividade no Brasil, diante da adequação concreta das condições de
aprisionamento aos tratados internacionais de direitos humanos.
b) o princípio constitucional da legalidade restringe-se à tipificação de
condutas como crimes, não abarcando as faltas disciplinares em execução
penal.
c) o estereótipo do criminoso não contribui para o processo de
criminalização, pois violaria o princípio constitucional da não discriminação.
d) a seletividade do sistema penal brasileiro, por ser um problema
conjuntural, poderia ser resolvida com a aplicação do princípio da igualdade
nas ações policiais.
e) o princípio constitucional da intranscendência da pena não é capaz de
impedir a estigmatização e práticas violadoras de direitos humanos de
familiares de pessoas presas.

Q25. CESPE/DPE-DF/2013
Aula 02

Com relação aos conceitos, objetivos e princípios do direito penal, às penas


restritivas de direitos, ao livramento condicional e à reincidência, julgue os
itens subsecutivos.
A versão clássica do modelo penal garantista ideal se funda sob os princípios
da legalidade estrita, da materialidade e lesividade dos delitos, da
responsabilidade pessoal, do contraditório entre as partes e da presunção de
inocência
o Certo
o Errado

Q26. CESPE/DPE-TO/2013
Considerando os princípios básicos de direito penal, assinale a opção correta.
a) O princípio da culpabilidade impõe a subjetividade da responsabilidade
penal. Logo, repudia a responsabilidade objetiva, derivada, tão só, de uma
relação causal entre a conduta e o resultado de lesão ou perigo a um bem
jurídico, exceto no caso dos crimes perpetrados por pessoas jurídicas.
b) Os princípios da legalidade e da irretroatividade da lei penal são aplicáveis
à pena cominada pelo legislador, aplicada pelo juiz e executada pela
administração, não sendo, todavia, esses princípios extensíveis às medidas
de segurança, dotadas de escopo curativo e não punitivo.
c) Constituem funções do princípio da lesividade, proibir a incriminação de
atitudes internas, de condutas que não excedam a do próprio autor do fato,
de simples estados e condições existenciais e de condutas moralmente
desviadas que não afetem qualquer bem jurídico.
d) O princípio da intervenção mínima não está previsto expressamente no
texto constitucional nem pode dele ser inferido.
e) O princípio da humanidade proíbe a instituição de penas cruéis, como a
de morte e a de prisão perpétua, mas não a de trabalhos forçados.

Q27. CESPE/DPE-TO/2013
Sobre os princípios da legalidade e da anterioridade (artigo 1º do Código
Penal) é correto afirmar:
a) pelo princípio da legalidade compreende-se que ninguém responderá por
um fato que a lei penal preveja como crime e, pelo princípio da anterioridade
compreende-se que alguém somente responderá por crime devidamente
previsto em lei que tenha entrado em vigor um ano anteriormente à prática
da conduta;
b) os princípios da legalidade e da anterioridade pressupõem a existência de
lei anterior à prática de uma determinada conduta para que esta possa ser
considerada como crime;
c) tais princípios são sinônimos e significam a necessidade da existência de
lei para que uma conduta seja considerada crime;
Aula 02

d) são incompatíveis um com o outro, já que pressupõem circunstâncias


diversas;
e) pelo princípio da anterioridade compreende-se a previsão anterior de
determinada conduta como criminosa independentemente de definição por
lei em sentido estrito.

Q28. CESPE/DPF/2013 (adaptada)

No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante,


julgue o item subsequente.

• Se os crimes funcionais, previstos no art. 3.º da Lei n.º 8.137/1990,


forem praticados por servidor contra a administração tributária, a pena
imposta aumentará de um terço até a metade.

( ) Certo ( ) Errado

Q29. INSTITUTO CIDADES/DPE-AM/2011


É pacífico, na doutrina e na jurisprudência, que o agente que furta objetos
de valor irrisório deve ser absolvido com base no princípio da insignificância,
uma vez que, nessas circunstâncias, está excluída
a) a tipicidade formal.
b) a tipicidade material.
c) a ilicitude da conduta.
d) a culpabilidade do agente.
e) a punibilidade da conduta.

Q30. INSTITUTO CIDADES/DPE-AM/2011


O postulado da fragmentariedade em matéria penal relativiza:
a) a proporcionalidade entre o fato praticado e a consequência jurídica.
b) a dignidade humana como limite material à atividade punitiva do Estado.
c) o concurso entre causas de aumento e diminuição de penas.
d) a função de proteção dos bens jurídicos atribuída à lei penal.
e) o caráter estritamente pessoal que decorre da norma penal.

Q31. FCC/TCE-SP/2011
O princípio constitucional da legalidade em matéria penal
a) não vigora na fase de execução penal.
b) impede que se afaste o caráter criminoso do fato em razão de causa
supralegal de exclusão da ilicitude.
c) não atinge as medidas de segurança.
Aula 02

d) obsta que se reconheça a atipicidade de conduta em função de sua


adequação social.
e) exige a taxatividade da lei incriminadora, admitindo, em certas situações,
o emprego da analogia.

Q32. CESPE/PG-DF/2013
À luz das fontes do direito penal e considerando os princípios a ele aplicáveis,
julgue o item abaixo.
Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, a aplicação do princípio da
insignificância no direito penal está condicionada ao atendimento,
concomitante, dos seguintes requisitos: primariedade do agente, valor do
objeto material da infração inferior a um salário mínimo, não contribuição da
vítima para a deflagração da ação criminosa, ausência de violência ou grave
ameaça à pessoa.
o Certo
o Errado

Q33. FUNDATEC/PC-RS/2018
Em relação à teoria geral da norma penal, assinale a alternativa correta.
a) Dentre os princípios gerais do Direito Penal, pode-se citar o princípio da
exclusiva proteção de bens jurídicos e o princípio da intervenção mínima.
b) Os princípios só podem ser explícitos, ou seja, positivados no
ordenamento jurídico.
c) O princípio da igualdade (ou da isonomia) não está previsto de maneira
expressa na CF/1988.
d) O princípio da presunção de inocência (ou da não culpa) expresso na
CF/1988 no artigo 5º, inciso LVII, determina que "ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória".
Destarte, não é aceitável a decretação (excepcional) de uma prisão
temporária ou preventiva sobre alguém sobre o qual pairam indícios
suficientes de autoria, mas que ainda não pode ser considerado culpado.
e) O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine iniuria) não
exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado.

Q34. CESPE/PC-MA/2018
O princípio da legalidade compreende
a) a capacidade mental de entendimento do caráter ilícito do fato no
momento da ação ou da omissão, bem como de ciência desse entendimento.
b) o juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da
vontade do responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir
a necessidade de imposição de pena.
Aula 02

c) a oposição entre o ordenamento jurídico vigente e um fato típico praticado


por alguém capaz de lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos
penalmente protegidos.
d) a obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei
penal e, principalmente, na elaboração de seu conteúdo normativo.
e) a conformidade da conduta reprovável do agente ao modelo descrito na
lei penal vigente no momento da ação ou da omissão.

Q35. CESPE/PCJ-MT/2017
De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princípio da
insignificância pressupõe a constatação de certos vetores para se
caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)
a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
b) desvalor relevante da conduta e do resultado.
c) mínima periculosidade social da ação.
d) relevante ofensividade da conduta do agente.
e) expressiva lesão jurídica provocada

Q36. FCC/DPE-RS/2017
O que nos parece é que as duas dimensões do bem jurídico-penal a
valorativa e a pragmática apresentam áreas de intensa interpenetração,
o que origina a tendencial convergência entre elevada dignidade penal e
necessidade de tutela penal, assim como, inversamente, entre reduzida
dignidade penal e desnecessidade de tutela penal.
(CUNHA, Maria da Conceição Ferreira da. Constituição e crime: uma
perspectiva da criminalização e da descriminalização. Porto: Universidade
Católica Portuguesa Editora, 1995, p. 424)
Nesse tópico, o tema central do raciocínio da jurista portuguesa radica
primacialmente no campo da ideia constitucional de
a) individualização.
b) dignidade humana.
c) irretroatividade.
d) proporcionalidade.
e) publicidade.

Q37. FAPEMS/PC-MS/2017
Com relação aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, em especial no que
se refere ao princípio da adequação social, assinale a alternativa correta.
Aula 02

a) O Direito Penal deve tutelar bens jurídicos mais relevantes para a vida em
sociedade, sem levar em consideração valores exclusivamente morais ou
ideológicos.
b) só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do direito não forem
suficientes.
c) Deve-se analisar se houve uma mínima ofensividade ao bem jurídico
tutelado, se houve periculosidade social da ação e se há reprovabilidade
relevante no comportamento do agente.
d) Não há crime se não há lesão ou perigo real de lesão a bem jurídico
tutelado pelo Direito Penal.
e) Apesar de uma conduta subsumir ao modelo legal, não será considerada
típica se for historicamente aceita pela sociedade.

Q38. FAPEMS/PC-MS/2017
No que diz respeito aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, analise os
textos a seguir.
A proteção de bens jurídicos não se realiza só mediante o Direito Penal,
senão que nessa missão cooperam todo o instrumental do ordenamento
jurídico.
ROXIN, Claus. Derecho penai- parte geral. Madrid: Civitas, 1997.1.1, p. 65.
A criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário
para a proteção de ataques contra bens jurídicos importantes.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratada de direito penal: parte geral. 20. ed.
São Paulo: Saraiva, 2014, p. 54.

Nesse sentido, é correto afirmar que os textos se referem ao


a) princípio da intervenção mínima, imputando ao Direito Penal somente
fatos que escapem aos meios extrapenais de controle social, em virtude da
gravidade da agressão e da importância do bem jurídico para a convivência
social.
b) princípio da insignificância, que reserva ao Direito Penal a aplicação de
pena somente aos crimes que produzirem ataques graves a bem jurídicos
protegidos por esse Direito, sendo que agir de forma diferente causa afronta
à tipicidade material.
c) princípio da adequação social em que as condutas previstas como ilícitas
não necessariamente revelam-se como relevantes para sofrerem a
intervenção do Estado, em particular quando se tornarem socialmente
permitidas ou toleradas.
d) princípio da ofensividade, pois somente se justifica a intervenção do
Estado para reprimir a infração com aplicação de pena, quando houver dano
ou perigo concreto de dano a determinado interesse socialmente relevante
e protegido pelo ordenamento jurídico.
e) princípio da proporcionalidade, em que somente se reserva a intervenção
do Estado, quando for estritamente necessária a aplicação de pena em
Aula 02

quantidade e qualidade proporcionais à gravidade do dano produzido e a


necessária prevenção futura.

Q39. IBADE/PC-AC/2017
“O suicídio é um crime (assassínio) [...]. Aniquilar o sujeito da moralidade
na própria pessoa é erradicar a existência da moralidade mesma do mundo,
o máximo possível, ainda que a moralidade seja um fim em si mesma.
Consequentemente, dispor de si mesmo como um mero meio para algum
fim discricionário é rebaixar a humanidade na própria pessoa (homo
noumenon), à qual o ser humano (homo phaenomenon) foi, todavia,
confiado para preservação” (KANT, Immanuel, a Metafísica dos Costumes).

A extinção da própria vida já foi objeto de sancionamento penal em diversos


países. Esclarece Galdino Siqueira (Tratado, tomo III, p. 68) que o direito
romano punia com confisco de bens o ato de suicidar-se para fugir a uma
acusação ou à pena por outro delito. A mesma pena foi aplicada em França.
O confisco-segundo o autor-persistia na Inglaterra no início do século XX,
desde que o suicídio não fosse efeito de uma desordem mental provada.
Tendo por base o confisco de bens outrora pertencentes ao suicida - que tem
herdeiros - como forma de punição penal, é correto afirmar que
responsabilização de terceiros pela conduta de alguém viola o princípio
penal, denominado:

a) individualização judicial da pena.


b) taxatividade
c) intranscendência.
d) ofensividade.
e) inderrogabilidade.

Q40. IBFC/PC-PA/2017
Expressiva parcela da doutrina sustenta a inadequação do crime de escrito
ou objeto obsceno (art. 234 do CP) para com os princípios que instruem o
direito penal democrático. Um dos focos dessa inadequação reside na
indevida alocação do sentimento público de pudor como objeto da tutela
jurídica. Isso representa, em tese, violação ao princípio da:
a) intranscendência.
b) culpabilidade.
c) taxatividade.
d) ofensividade.
e) insignificância.

Q41. FCC/SEGEP-MA/2016
O princípio do direito penal que possui claro sentido de garantia fundamental
da pessoa, impedindo que alguém possa ser punido por fato que, ao tempo
do seu cometimento, não constituía delito é
Aula 02

a) atipicidade.
b) reserva legal.
c) punibilidade.
d) analogia.
e) territorialidade.

5.2 – Gabarito
Q1. B Q15. C Q29. B
Q2. C Q16. D Q30. D
Q3. B Q17. A Q31. E
Q4. E Q18. C Q32. ERRADA
Q5. D Q19. D Q33. A
Q6. C Q20. C Q34. D
Q7. D Q21. D Q35. A
Q8. C Q22. ERRADA Q36. D
Q9. A Q23. C Q37. E
Q10. B Q24. E Q38. D
Q11. C Q25. CORRETA Q39. C
Q12. D Q26. C Q40. D
Q13. A Q27. B Q41. B
Q14. D Q28. B
5.3 – Lista de Questões com Comentários
Q1. FAURGS/TJ-RS/2016
I - Em nome do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, a
abolitio criminis e a lex mitior alcançam todos os fatos delitivos anteriores à
sua entrada em vigor, inclusive aqueles previstos em legislação penal
temporária ou excepcional.
II - A lei penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos a bordo de
embarcações e aeronaves estrangeiras de propriedade privada que estejam
localizadas no mar territorial ou sobrevoando o espaço aéreo brasileiro,
sendo também consideradas como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
localizadas em mar territorial ou no espaço aéreo de outro país, desde que
estejam a serviço do governo brasileiro.
III - Segundo dispõe o princípio da consunção, quando a concretização da
prática de um crime depende direta e necessariamente da prática de uma
conduta delitiva antecedente, o juiz, no momento da sentença, deve afastar
o reconhecimento do concurso de infrações, aplicando ao réu apenas a pena
do crime mais grave.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
Aula 02

b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

Comentários
O item I está incorreto, pois, as leis temporária e excepcional não estão sujeitas
aos efeitos da abolitio criminis. De acordo com o art. 3º do Código Penal, embora
cessadas as circunstâncias que as determinaram ou decorrido o prazo de sua
duração, aplicam-se elas aos fatos praticados durante sua vigência.
O item II está correto e é o gabarito da questão. A aplicação da norma penal no
Brasil se encontra regulamentada pelos §§ 1º e 2º do art. 5 do Código Penal.
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro
onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.

O item III está incorreto. Segundo dispõe o princípio da consunção, o juiz não
deve aplicar ao réu a pena do crime mais grave. No caso concreto, deverá se
analisar qual crime é o crime-meio e qual é o crime-fim, conforme jurisprudência
do STJ.
Portanto, a alternativa B é a opção correta.

Q2. CESPE/TJ-PB/2015
Acerca dos princípios e fontes do direito penal, assinale a opção correta.
a) Segundo a jurisprudência do STJ, o princípio da insignificância deve ser
aplicado a casos de furto qualificado em que o prejuízo da vítima tenha sido
mínimo.
b) Conforme entendimento do STJ, o princípio da adequação social
justificaria o arquivamento de inquérito policial instaurado em razão da
venda de CDs e DVDs.
c) Depreende-se do princípio da lesividade que a autolesão, via de regra,
não é punível.
d) Depreende-se da aplicação do princípio da insignificância a determinado
caso que a conduta em questão é formal e materialmente atípica.
e) As medidas provisórias podem regular matéria penal nas hipóteses de leis
temporárias ou excepcionais.
Aula 02

Comentários
A alternativa A está incorreta, haja vista que, segundo jurisprudência do STJ,
existem quatro requisitos para a incidência do princípio da insignificância, quais
sejam: mínima ofensividade da conduta do agente; ausência de periculosidade
social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e
inexpressividade da lesão jurídica causada. O furto qualificado, por mais que seja
mais reprovável, não afasta totalmente a aplicação do princípio da insignificância,
mas sua aplicação não é automática em caso de pequeno prejuízo, pois todos os
requisitos devem ser analisados.
Por fim, O STJ tem entendido assim: “2. Nos termos da jurisprudência pacífica
deste Tribunal Superior a prática do delito de furto qualificado por escalada,
arrombamento, rompimento de obstáculo ou concurso de agentes, indica a
especial reprovabilidade do comportamento e afasta a aplicação do princípio da
insignificância.” (AgRg no AREsp 1204004/MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, Sexta Turma, DJe 08/03/2018).
A alternativa B está incorreta. O princípio da adequação social preconiza que o
Direito Penal só deve considerar criminoso um fato que contrarie o sentimento
de justiça da comunidade. Entretanto, como visto na aula, o STJ não entende
aplicável o princípio no caso de falsificação de CDs e DVDs.
A alternativa C está correta. O princípio da lesividade considera que não pode
haver crime sem que haja conteúdo ofensivo a bens jurídicos. O Direito Penal não
se ocupa em tutelar os bens jurídicos que envolvem a prática de autolesão.
A alternativa D está incorreta. A aplicação do princípio da insignificância
pressupõe que embora o fato seja típico formalmente, a lesão ou ameaça de lesão
a bens jurídicos são ínfimas, por isso, sem relevância para o Direito Penal no que
se refere à tipicidade material.
A alternativa E está incorreta. Com a Emenda Constitucional nº 32, a matéria
restou pacificada no âmbito constitucional. Isto porque o art. 62 da CF passou a
prever o seguinte:
Art. 62. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
(...)
b) direito penal, processual penal e processual civil (...)

Q3. FCC/TJ-SC/2015
A afirmação de que o Direito Penal não constitui um sistema exaustivo de
proteção de bens jurídicos, de sorte a abranger todos os bens que
constituem o universo de bens do indivíduo, mas representa um sistema
descontínuo de seleção de ilícitos decorrentes da necessidade de criminalizá-
los ante a indispensabilidade da proteção jurídico-penal, amolda-se, mais
exatamente,
Aula 02

a) ao conceito estrito de reserva legal aplicado ao significado de taxatividade


da descrição dos modelos incriminadores.
b) à descrição do princípio da fragmentariedade do Direito Penal que é
corolário do princípio da intervenção mínima e da reserva legal.
c) à descrição do princípio da culpabilidade como fenômeno social.
d) ao conteúdo jurídico do princípio de humanidade relacionado ao conceito
de Justiça distributiva.
e) à descrição do princípio da insignificância em sua relativização na busca
de mínima proporcionalidade entre gravidade da conduta e cominação de
sanção.
Comentários:
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, conforme se extrai do
conceito do princípio de fragmentariedade do Direito Penal, que preconiza que o
Direito Penal só deve criminalizar as condutas mais graves que sejam praticados
contra os bens jurídicos mais importantes.

Q4. FCC/TJ-SC/2015
Em referência ao chamado princípio da insignificância penal,
a) a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça e do
Supremo Tribunal Federal não distingue sua aplicação aos crimes de
descaminho e de contrabando, indiferenciadamente aceitando-o, em tese,
nos dois casos, sob os mesmos pressupostos técnicos, posto que idêntico o
bem jurídico tutelado em ambas as normas legais.
b) a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Amapá e do Superior Tribunal
de Justiça vem admitindo sua aplicação, em tese, aos crimes de roubo.
c) a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal vem admitindo sua
aplicação, em tese, aos crimes de roubo.
d) por dizer respeito à tipicidade estritamente objetiva, a jurisprudência do
Tribunal de Justiça do Amapá e das duas turmas criminais do Superior
Tribunal de Justiça não admitem considerar, especificamente para seu
acolhimento, o exame das condições subjetivas do agente, tais como seus
antecedentes e eventual habitualidade criminal.
e) a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça vem
admitindo ser ele, em tese, aplicável ao crime de descaminho, desde que o
valor do tributo respectivo seja de até dez mil reais.
Comentários:
Esta questão explora o entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de
Justiça a respeito da aplicação do princípio da insignificância nos crimes de
descaminho e contrabando. Para melhor compreensão, segue, respectivamente
as ementas:
Aula 02

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART.105, III, A E


C DA CF/88. PENAL. ART. 334, § 1º, ALÍNEAS C E D, DO CÓDIGO PENAL. DESCAMINHO.
TIPICIDADE. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. I - Segundo
jurisprudência firmada no âmbito do Pretório Excelso - 1ª e 2ª Turmas - incide o
princípio da insignificância aos débitos tributários que não ultrapassem o limite de
R$ 10.000,00 (dez mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei nº 10.522/02. II
- Muito embora esta não seja a orientação majoritária desta Corte (vide EREsp 966077/GO,
3ª Seção, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 20/08/2009), mas em prol da otimização do sistema,
e buscando evitar uma sucessiva interposição de recursos ao c. Supremo Tribunal Federal,
em sintonia com os objetivos da Lei nº 11.672/08, é de ser seguido, na matéria, o escólio
jurisprudencial da Suprema Corte. Recurso especial desprovido. (REsp 1112748/TO, Rel.
Ministro FELIX FISCHER, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/09/2009, DJe 13/10/2009)

PROCESSO PENAL E PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


CONTRABANDO DE MEDICAMENTOS. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Não se
vislumbra no caso concreto nenhuma excepcionalidade que autorize o afastamento da
orientação jurisprudencial desta Corte no sentido da inaplicabilidade do princípio
da insignificância às hipóteses de contrabando de medicamentos, não havendo falar
em absolvição por atipicidade da conduta. 2. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp
1708371/PR, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2018,
DJe 02/03/2018)

Assim, constata-se que a aplicação do princípio da insignificância nos crimes de


descaminho é reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça, contudo, no que se
refere ao crime de contrabando, o STJ não reconhece a aplicação do referido
princípio.
Desse modo, a alternativa E é a correta e gabarito da questão.

Q5.FCC/TJ-AP/2014
Desde o advento da Lei nº 8.072/1990, a vedação absoluta de progressão
de regime prisional, originalmente instituída para os crimes hediondos ou
assemelhados, comportou intenso debate acadêmico e jurisprudencial.
Importantes vozes na doutrina desde logo repudiaram o regime
integralmente fechado. Mas o Pleno do Supremo Tribunal Federal, então, em
dois julgados antológicos, afastou a pecha da inconstitucionalidade (HC
69.603/SP e HC 69.657/SP), posicionamento que se irradiou para as outras
Cortes e, desse modo, ditou a jurisprudência do país por mais de 13 anos.
Somente em 2006 o STF rediscutiu a matéria, agora para dizer
inconstitucional aquela vedação (HC 82.959-7/SP). A histórica reversão da
jurisprudência, afinal, fez com que se reparasse o sistema normativo.
Editou-se a Lei nº 11.464/2007 que, pese admitindo a progressividade na
execução correspondente, todavia lhe estipulou lapsos diferenciados. Todo
esse demorado debate mais diretamente fundou-se especialmente em um
dado postulado de direito penal que, portanto, hoje mais que nunca
estrutura o direito brasileiro no tópico respectivo. Precipuamente, trata-se
do postulado da:
Aula 02

a) pessoalidade.
b) legalidade.
c) proporcionalidade.
d) individualização.
e) culpabilidade.
Comentários:
Pela inteligência do princípio da individualização, deve-se respeitar a proporção
entre a conduta praticada e a pessoa do autor. Como visto, a individualização da
pena abrange tanto a fixação de pena na sentença quanto seu cumprimento, com
análise do mérito para progressão de regime. Deste modo, verifica-se que a Lei
nº 8.072/1990, que instituiu a vedação absoluta de progressão de regime
prisional para os crimes hediondos ou assemelhados, padronizou as penas para
os crimes hediondos, evitando, assim, o legislador que, juízes individualizassem
as penas de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Desse modo, a alternativa D é a correta e gabarito da questão.

Q6. FUNDEP/TJ-MG/2014
A respeito da aplicação da lei penal, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A revogação do complemento da lei penal em branco, quando essa for a
parte essencial da norma, gera abolitio criminis.
b) Em relação ao tempo do crime, nosso Código Penal adotou a teoria da
atividade, considerando-o praticado no momento da ação ou omissão.
c) As situações de aplicação extraterritorial da lei penal brasileira e que
constituem exceções ao princípio geral da territorialidade (Artigo 5º) em
nosso ordenamento jurídico são previstas, exclusivamente, no rol taxativo
constante do Artigo 7º do CP.
d) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. Trata-se de uma
exceção ao princípio da retroatividade benéfica.
Comentários:
A alternativa A está correta, pois, se tratando de elemento essencial do crime,
a revogação do complemento da lei penal em branco gera abolitio criminis, em
observância ao princípio da irretroatividade.
A alternativa B está correta. Nosso ordenamento jurídico adotou a teoria da
atividade conforme se constata no art. 6º do CP:
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

A alternativa C está incorreta. Este assunto foi tratado na aula inaugural, mas
vale relembrá-lo. Embora as situações de aplicação extraterritorial da lei penal
Aula 02

brasileira estejam previstas no Artigo 7º do CP, não se tratam de hipóteses


exclusivas, uma vez que o art. 12 prevê:
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial,
se esta não dispuser de modo diverso.

Portanto, leis especiais podem prever exceções ao princípio da territorialidade.


A alternativa D está correta. A lei excepcional e a temporária são leis ultra-
ativas, conforme estipula o art. 3º do CP:
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.

Desse modo, a alternativa C é a incorreta e gabarito da questão.

Q7. FUNDEP/TJ-MG/2014
A respeito dos princípios que regem o direito penal brasileiro, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) O princípio da legalidade penal, do qual decorre o princípio da reserva
legal, impede o uso dos costumes e analogia para criar tipos penais
incriminadores ou agravar as infrações existentes.
b) De acordo com o chamado princípio da insignificância o Direito Penal não
deve se ocupar com assuntos irrelevantes. A aplicação de tal princípio exclui
a tipicidade material da conduta.
c) O direito penal possui natureza fragmentária, ou seja, somente protege
os bens jurídicos mais importantes, pois os demais são protegidos pelos
outros ramos do direito.
d) O princípio da taxatividade, ao exigir lei com conteúdo determinado,
resulta na proibição da criação de tipos penais abertos.
Comentários:
A alternativa D está incorreta. Há tipos abertos no nosso Direito Penal, como é
o caso dos crimes culposos. Tipos abertos são aqueles que dependem de
complementação valorativa.
O que a doutrina exige é que, nestes casos, haja uma mínimo de determinação,
sob pena de ofensa ao princípio da taxatividade.
Desse modo, a alternativa D é a incorreta e gabarito da questão.

Q8. VUNESP/TJ-RJ/2011
O agente que mata alguém, por imprudência, negligência ou imperícia, na
direção de veículo automotor, comete o crime previsto no art. 302, da Lei
n.º 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), e não o crime previsto no art.
Aula 02

121, § 3.º, do Código Penal. Assinale, dentre os princípios adiante


mencionados, em qual deles está fundamentada tal afirmativa.
a) Princípio da consunção.
b) Princípio da alternatividade.
c) Princípio da especialidade.
d) Princípio da legalidade.
Comentários:
O princípio da especialidade preconiza que lei especial derroga lei geral. Desse
modo, a alternativa C é a correta e gabarito da questão.

Q9. FCC/TJ-MS/2010
O princípio de intervenção mínima do Direito Penal encontra expressão:
a) nos princípios da fragmentariedade e da subsidiariedade.
b) na teoria da imputação objetiva e no princípio da fragmentariedade.
c) no princípio da fragmentariedade e na proposta funcionalista.
d) na teoria da imputação objetiva e no princípio da subsidiariedade.
e) no princípio da subsidiariedade e na proposta funcionalista.
Comentários: A alternativa A é a correta e gabarito da questão, pois do
princípio da intervenção mínima decorrem os princípios da fragmentariedade e
da subsidiariedade.

Q10. CESPE/TJ-SE/2008
Assinale a opção correta a respeito das penas.
a) O princípio da transcendência estabelece que nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, contudo a obrigação de reparar o dano se estende
aos sucessores ilimitadamente.
b) Não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada.
c) Não haverá penas de caráter perpétuo, de banimento, cruéis ou
pecuniárias.
d) A pena será cumprida preferencialmente em estabelecimentos distintos,
de acordo com a natureza do delito e as condições socioeconômicas do
apenado.
e) É assegurado aos presos o respeito à integridade física, moral e material,
sendo vedada pena que implique perda ou privação de bens.
Comentários:
Aula 02

A alternativa A está incorreta, pois, o princípio da alteridade ou da


transcendentalidade determina que o Direito Penal não pode se ocupar de
atitudes meramente internas, que não apresentem potencial de lesionar o bem
jurídico, não podendo ser confundido com o princípio da intranscendência da
pena. Ademais, a obrigação de reparar o dano (assim como a perda de bens) se
estende aos sucessores até o limite do patrimônio transferido.
A alternativa B está correta. Observa-se o disposto no art. 5º do CF, inciso
XLVII, alínea a:
Art. 5º. XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

A alternativa C está incorreta. O Código Penal prevê penas de caráter


pecuniário, como, por exemplo as multas e a pena restritiva de direito de
prestação pecuniária. Na verdade, o que a Constituição Federal prevê em seu art.
5º, inciso XLVII, alíneas b, c, d, e, são as seguintes exceções, além daquela vista
na resposta da alternativa B:
Art. 5º. XLVII - não haverá penas:
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Portanto, penas pecuniárias não são proibidas pela Constituição Federal.


A alternativa D está incorreta, tendo em vista que a assertiva destoa do
enunciado do art. 5º, inciso XLVIII:
Art. 5º. XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado.

A alternativa E está incorreta. É assegurado aos presos o respeito à integridade


física e moral, sendo possível a aplicação de pena que implique perda ou privação
de bens. Vejamos o teor do dispositivo em comento:
Art. 5º. XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

Desse modo, a alternativa B é a correta e gabarito da questão.

Q.11. CESP/TRF 5ª Região/2017


Assinale a opção que apresenta princípios que devem ser observados pelas
leis penais por expressa previsão constitucional.
a) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, economicidade,
individualização da pena
b) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da
inocência, eficiência da pena
Aula 02

c) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da


inocência, individualização da pena
d) legalidade, irretroatividade, moralidade, presunção da inocência,
individualização da pena
e) legalidade, impessoalidade, irretroatividade, presunção da inocência,
individualização da pena
Comentários:
A alternativa C é a correta e gabarito da questão, uma vez que tais princípios
estão previstos na Constituição Federal nos seguintes dispositivos:
• Princípio da legalidade:
Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;

• Princípio da irretroatividade:
Art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

• Princípio da responsabilidade pessoal:


Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas
aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

• Princípio da presunção de inocência:


Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;

• Princípio da individualização da pena:


Art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

Q.12. CESP/TRF 5ª Região/2017


No que tange aos princípios básicos do direito penal e à interpretação da lei
penal, assinale a opção correta.
a) Embora o princípio da legalidade proíba o juiz de criar figura típica não
prevista na lei, por analogia ou interpretação extensiva, o julgador pode,
para benefício do réu, combinar dispositivos de uma mesma lei penal para
encontrar pena mais proporcional ao caso concreto.
b) Do princípio da culpabilidade procede a responsabilidade penal subjetiva,
que inclui, como pressuposto da pena, a valoração distinta do resultado no
Aula 02

delito culposo ou doloso, proporcional à gravidade do desvalor representado


pelo dolo ou culpa que integra a culpabilidade.
c) O princípio do ne bis idem está expressamente previsto na CF e preconiza
a impossibilidade de uma pessoa ser sancionada ou processada duas vezes
pelo mesmo fato, além de proibir a pluralidade de sanções de natureza
administrativa sancionatórias.
d) A infração bagatelar própria está ligada ao desvalor do resultado e (ou)
da conduta e é causa de exclusão da tipicidade material do fato; já a
imprópria exige o desvalor ínfimo da culpabilidade em concurso necessário
com requisitos post factum que levam à desnecessidade da pena no caso
concreto.
e) O princípio da ofensividade ou lesividade não se presta à atividade de
controle jurisdicional abstrata da norma incriminadora ou à função político-
criminal da atividade legiferante.

Comentários:
A alternativa A está incorreta. A Constituição Federal em seu art. 5º, inciso
XXXIV, bem como o Código Penal em seu art. 1º preveem expressamente que
“não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal”. Desta forma, em consonância com o princípio da legalidade, constata-se
que o tipo penal, bem como a pena devem estar previstos em lei anterior formal.
A alternativa B está incorreta, pois, na teoria finalista, atualmente adotada, o
dolo e a culpa não integram a culpabilidade. O dolo é natural e, conforme a teoria
clássica, deixa de integrar a culpabilidade, passando a integrar a conduta.
A alternativa C está incorreta. O princípio do ne bis idem não é um princípio
administrativo, nem possui previsão constitucional expressa.
A alternativa D é a alternativa correta. A chamada bagatela própria afasta a
tipicidade material da conduta, já a imprópria afasta a aplicação da pena, tendo
em vista sua desnecessidade.
A alternativa E está incorreta. Na verdade, o princípio da ofensividade ou
lesividade se presta à atividade de controle jurisdicional abstrata da norma
incriminadora e à função político-criminal da atividade legiferante, uma vez que
preconiza que não pode haver crime sem que haja conteúdo ofensivo a bens
jurídicos.
Desse modo, a alternativa D é a correta e gabarito da questão.

Q13. CESPE/TRF – 1ª Região/2015


Conforme a jurisprudência do STF, o princípio da insignificância
a) não se aplica ao crime de contrabando.
b) não se aplica ao tráfico internacional de armas de fogo, exceto em casos
que se restrinjam a cápsulas de munição.
c) deve ser adotado em casos de crime de tráfico de drogas.
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d) é aplicável ainda que o agente seja reincidente ou tenha cometido o


mesmo gênero de delito reiteradas vezes.
e) é aplicável ao crime de roubo.

Comentários:
A alternativa A está correta. O STF não reconhece o princípio da insignificância
tendo em vista que o bem juridicamente tutelado pelo tipo penal é a saúde
pública, e não apenas o valor pecuniário do imposto não recolhido ao fisco.
A alternativa B está incorreta, pois, referido princípio destina-se aos fatos que
apresentem os seguintes requisitos: mínima ofensividade da conduta, ausência
de periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento e inexpressividade da lesão jurídica causada. Não é o caso do
tráfico internacional de armas e munições. Neste sentido, decidiu o STF em
26/10/2010: “(...) III – Mostra-se irrelevante, no caso, cogitar-se da mínima
ofensividade da conduta (em face da quantidade apreendida), ou, também, da
ausência de periculosidade da ação, porque a hipótese é de crime de perigo
abstrato, para o qual não importa o resultado concreto da ação, o que também
afasta a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância.” (HC 97777/MS,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski).
A alternativa C está incorreta. O tráfico de drogas extrapola o potencial ofensivo
aceitável para a aplicação do princípio. Precedentes: STJ/HC 156543 e STF/HC
88820.
A alternativa D está incorreta. Como mencionado na aula, o próprio STF tem
analisado caso a caso, não se entendendo que a reincidência, por si só, afasta a
aplicação do princípio da insignificância.
A alternativa E está incorreta. A prática do crime de roubo não apresenta os
requisitos para a aplicação do mencionado princípio, principalmente no que se
refere à ofensividade da conduta do agente.

Desse modo, a alternativa A é a correta e gabarito da questão.

Q14. CESPE/MPE-RR/2017
No direito penal, o princípio da:
a) fragmentariedade informa que o direito penal é autônomo e cuida das
condutas tidas por ilícitas penalmente, sendo aplicável a lei penal
independentemente da solução do problema por outros ramos do direito.
b) irretroatividade da lei se aplica absolutamente.
c) insignificância, segundo o entendimento do STF, pressupõe apenas três
requisitos para a sua configuração: mínima ofensividade da conduta do
agente, nenhuma periculosidade social e reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento.
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d) proporcionalidade fundamenta a declaração de inconstitucionalidade de


parte do art. 44 da Lei Antidrogas, que veda a concessão de liberdade
provisória em crimes relacionados às drogas.

Comentários:
A alternativa A está incorreta. O princípio da fragmentariedade preconiza que o
Direito Penal só deve criminalizar as condutas mais graves que sejam praticadas
contra os bens jurídicos mais relevantes, enquanto o princípio da subsidiariedade
determina que o direito penal apenas será utilizado quando os outros ramos do
direito fracassarem.
A alternativa B está incorreta, pois, o princípio da irretroatividade apresenta
exceção, pois, se for para beneficiar o réu a lei retroage.
A alternativa C está incorreta. O STF exige quatro requisitos para a incidência
do princípio da insignificância, quais sejam: mínima ofensividade da conduta,
ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento e inexpressividade da lesão jurídica causada.
A alternativa D é a alternativa correta. O princípio da proporcionalidade possui
as seguintes balizas: a proibição do excesso e a vedação da proteção deficiente.
Desta forma, havendo sanção penal desproporcional estipulada pelo legislador,
cabe ao juiz aplicar o princípio da proporcionalidade a fim de coibir o excesso.

Desse modo, a alternativa D é a correta e gabarito da questão.

Q15. CESPE/MPE-SP/2014
No tocante aos princípios constitucionais penais, assinale a opção correta
a) No que se refere à aplicação do princípio da insignificância, o STF tem
afastado a tipicidade material dos fatos em que a lesão jurídica seja
inexpressiva, sem levar em consideração os antecedentes penais do agente.
b) O direito penal constitui um sistema exaustivo de proteção de todos os
bens jurídicos do indivíduo, de modo a tipificar o conjunto das condutas que
outros ramos do direito consideram antijurídicas.
c) Uma das vertentes do princípio da proporcionalidade é a proibição de
proteção deficiente, por meio da qual se busca impedir um direito
fundamental de ser deficientemente protegido, seja mediante a eliminação
de figuras típicas, seja pela cominação de penas inferiores à importância
exigida pelo bem que se quer proteger.
d) Segundo entendimento consolidado do STF, a imposição de regime
disciplinar diferenciado ao executando ofende o princípio da individualização
da pena, visto que extrapola o regime de cumprimento da reprimenda
imposta na sentença condenatória.
e) Prevalece na doutrina o entendimento de que constitui ofensa ao princípio
da legalidade a existência de leis penais em branco heterogêneas, ou seja,
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daquelas cujos complementos provenham de fonte diversa da que tenha


editado a norma que deva ser complementada

Comentários:
A alternativa A está incorreta. O STF tem analisado caso a caso, definindo a
incidência do princípio da insignificância de acordo com as circunstâncias do caso.
A alternativa B está completamente errada. No Direito Penal, aplica-se o
princípio da fragmentariedade, que preconiza que o Direito Penal só deve
criminalizar as condutas mais graves que sejam praticadas contra os bens
jurídicos mais relevantes. Aliás, o princípio da subsidiariedade, que também
decorre do princípio da intervenção mínima, determina que o direito penal deve
apenas ser utilizado quando os outros ramos do direito não forem eficazes na
proteção de um bem jurídico.
A alternativa C está correta. O princípio da proporcionalidade possui como baliza
a proibição de proteção deficiente, sendo assim, o legislador não pode deixar o
bem jurídico sem proteção, sob pena de violar a norma constitucional.
A alternativa D está incorreta. O STF não tem considerado o Regime Disciplinar
Diferenciado, previsto na Lei de Execução Penal, contrário às normas
constitucionais, nem mesmo violador do princípio da individualização da pena. Na
verdade, parte da doutrina entende que a ofensa ocorre em relação ao princípio
da humanidade, já que a imposição do RDD é feita de forma individualizada, de
acordo com cada caso concreto, não havendo que se falar em ofensa à
individualização da pena.
A alternativa E está incorreta. Ainda que haja vozes contrárias à admissão das
normas penais em branco heterogêneas, não se trata do entendimento que
prevalece na doutrina.

Desse modo, a alternativa C é a correta e gabarito da questão.

Q16. MPDFT/MPDFT/2013
Examine os itens seguintes, indicando o CORRETO:
a) O princípio da culpabilidade limita-se à impossibilidade de declaração de
culpa sem o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
b) O princípio da legalidade impede a aplicação de lei penal ao fato ocorrido
antes do início de sua vigência.
c) Integram o núcleo do princípio da estrita legalidade os seguintes
postulados: reserva legal, proibição de aplicação de pena em hipótese de
lesões irrelevantes, proibição de analogia in malam partem.
d) A aplicação de pena aos inimputáveis, dada a sua incapacidade de
sensibilização pela norma penal, viola o princípio da culpabilidade.
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e) Os princípios da insignificância penal e da adequação social se identificam,


ambos caracterizados pela ausência de preenchimento formal do tipo penal.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A afirmativa dessa alternativa descreve o
conceito do princípio da presunção da inocência em vez do princípio da
culpabilidade.
A alternativa B está incorreta, pois do enunciado constata-se que o conceito
refere-se ao princípio da irretroatividade.
A alternativa C está incorreta. Integram o núcleo do princípio da legalidade os
postulados da reserva legal e da anterioridade.
A alternativa D é a alternativa correta. No caso retratado há evidente
desrespeito ao princípio da culpabilidade, uma vez que não deve haver crime sem
culpabilidade.
A alternativa E está incorreta pelo fato de que os princípios da insignificância
penal e da adequação social não se identificam pela ausência de preenchimento
formal do tipo penal. A incidência do princípio da insignificância exclui a tipicidade
material, enquanto o princípio da adequação social caracteriza-se pela
determinação de se proceder à releitura do tipo penal de acordo com o
sentimento de justiça da sociedade.
Portanto, o gabarito da questão é a alternativa D.

Q17. MPE-GO/MPE-GO/2012
Em relação as causas de exclusão da tipicidade penal, em especial o princípio
da insignificância, assinale a alternativa correta:
a) O princípio da insignificância não conta com reconhecimento normativo
explícito da nossa legislação penal, seja comum ou especial;
b) Mesmo sem lei expressa o princípio da insignificância tem sido
reconhecido pelos nossos Tribunais Superiores, em especial o STF, posto que
deriva dos valores, regras e princípios constitucionais, que são normas
cogentes do ordenamento jurídico;
c) Infração bagatelar imprópria é a que já nasce sem nenhuma relevância
penal, ou porque não há desvalor da ação (não há periculosidade na conduta,
isto é, idoneidade ofensiva relevante; ou porque não há desvalor do
resultado (não se trata de ataque intolerável ao bem jurídico);
d) O princípio da insignificância confunde-se com o princípio da irrelevância
penal do fato. O primeiro não afasta a tipicidade material, uma vez que o
fato será típico (formal e materialmente), ilícito e culpável. O segundo
possibilita o arquivamento ou o não recebimento da ação ou a absolvição
penal nas imputações de fatos bagatelares próprios, ou seja, os que não
possuem tipicidade material.
Comentários:
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A alternativa A está correta. O princípio da insignificância não possui previsão


normativa.
A alternativa B está incorreta, pois, embora o princípio da insignificância tenha
sido reconhecido pelos nossos Tribunais Superiores por derivar dos valores,
regras e princípios constitucionais, os valores não são considerados normas
cogentes.
A alternativa C está incorreta. Infração bagatelar imprópria é reservada para os
casos em que, ainda que a lesão ou ameaça de lesão se mostrem relevantes,
incida o princípio da desnecessidade da pena. Deste modo, a infração possui
relevância penal, mas as circunstâncias que envolvem o caso demonstram a
prescindibilidade da pena naquele caso.
A alternativa D está incorreta. O princípio da insignificância afasta a tipicidade
material, uma vez que o fato será típico formalmente, ilícito e culpável. Quanto
ao princípio da irrelevância penal do fato, este possibilita apenas o arquivamento
ou o não recebimento da ação nas imputações de fatos bagatelares impróprios,
ou seja, nos casos de desnecessidade da pena.
Portanto, o gabarito da questão é a alternativa A.

Q18. UFMT/DPE-MT/2016
O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a:
a) punibilidade.
b) executividade.
c) tipicidade material.
d) ilicitude formal.
e) culpabilidade.
Comentários:
A alternativa C está correta e se trata do gabarito da questão. O princípio da
bagatela afasta a tipicidade material da conduta pela irrelevância da lesão ou da
ameaça de lesão ao bem jurídico.

Q19. MPDFT/MPDFT/2011
É correto afirmar, no tocante aos princípios constitucionais penais:
a) O princípio da legalidade dos crimes e das penas, sob a perspectiva do
nullum crimen sine lege scricta, repudia o emprego da interpretação
extensiva in malam partem.
b) O uso de leis penais em branco, em sentido estrito, foi banido pelo
Supremo Tribunal Federal, por caracterizar ofensa ao princípio da
taxatividade.
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c) O princípio da reserva legal é mitigado no âmbito do direito da infância e


da juventude, dada a inimputabilidade absoluta do menor de 18 anos de
idade.
d) O princípio da lesividade ou da ofensividade, entre outros aspectos, repele
a punição do cidadão cuja conduta sequer se inicia.
e) Como decorrência imediata do princípio da culpabilidade, não é possível
a criminalização de simples estados existenciais.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O nullum crimen sine lege scricta proíbe a
analogia em malam partem, mas não veda a interpretação extensiva in malam
partem.
A alternativa B está incorreta, haja vista que não houve o banimento de normas
penais em branco pelo Supremo Tribunal Federal, prevalecendo o entendimento
de que tais normas consistem em exceção ao princípio da taxatividade, como
espécie de norma penal incompleta.
A alternativa C está incorreta, haja vista inexistir mitigação ao princípio da
legalidade. Inclusive, a legislação penal prevê expressamente a inimputabilidade
do menor de 18 anos.
A alternativa D está correta. O princípio da lesividade ou da ofensividade
determina que a repressão penal somente se justifica se houver lesão ou ameaça
de lesão a um bem jurídico.
A alternativa E está incorreta. O princípio da culpabilidade preconiza não haver
crime sem culpabilidade. A impossibilidade de criminalização de simples estados
existenciais decorre do princípio da ofensividade ou lesividade.
Portanto, o gabarito da questão é a alternativa D.

Q20. MPDFT/MPDFT/2011
a) A lesividade do bem jurídico protegido pela lei penal é critério de
legalidade material ou substancial e depende da existência da lei para
caracterizar o delito.
b) A culpabilidade significa que será penalmente punido aquele que houver
agido com culpa ou dolo o que implica adoção pelo nosso Código Penal da
teoria da responsabilidade objetiva.
c) O princípio da legalidade exige, além da previsão legal do crime e da pena
anteriores ao fato praticado, definição de conduta e cominação balizada de
punição.
d) A proporcionalidade é regra constitucional implícita e se utiliza dos sub-
princípios da adequação, e necessidade, à exceção no direito penal, da
proporcionalidade em sentido estrito.
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e) A individualização da pena, na forma prevista na Constituição Federal,


apenas se opera no plano judicial.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois a repressão penal se justifica também se
houver ameaça de lesão a um bem jurídico e, ainda, há exceção. O crime de
perigo abstrato configura-se mesmo que o bem jurídico não seja exposto a
perigo, sendo o perigo, nestes casos, presumido.
A alternativa B está incorreta, pois, o princípio da culpabilidade consagra a
reponsabilidade subjetiva.
A alternativa C está correta, O princípio da legalidade exige determina que deve
haver lei formal e anterior para que o fato seja considerado crime.
A alternativa D está incorreta. O princípio da proporcionalidade encontra
aplicação integral no direito penal.
A alternativa E está incorreta. O princípio da individualização da pena deve
nortear o legislador na definição das sanções penais para os mais variados
direitos, com correlação entre um e outro, e das normas penais que disciplinam
a execução da pena.
Portanto, o gabarito da questão é a alternativa C.

Q21. FCC/DPE-MA/2015
A proscrição de penas cruéis e infamantes, a proibição de tortura e maus-
tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar
sua infraestrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação
e a dessocialização dos condenados são desdobramentos do princípio da:
a) proporcionalidade.
b) intervenção mínima do Estado.
c) fragmentariedade do Direito Penal.
d) humanidade.
e) adequação social.
Comentários:
A alternativa D está correta e se trata do gabarito da questão. O princípio da
humanidade consiste na vedação a que o legislador adote sanções penais
violadoras da dignidade da pessoa humana, atingindo de forma desnecessária a
incolumidade físico-psíquica do agente.

Q22. CESPE/DPE-PE/2015
O Estado, para garantir a segurança dos cidadãos, deve proibir ou restringir
todas aquelas ações que se refiram, de maneira imediata, só a quem as
Aula 02

realize, das quais derive lesão aos direitos dos outros, isto é, que atinjam
sua liberdade e propriedade, sem o seu consentimento ou contra ele, ou das
que haja de temê-las provavelmente; probabilidade na qual haverá de
considerar a dimensão do dano que se quer causar e a importância da
limitação da liberdade produzida por lei proibitiva.
Wilhem Von Humboldt. Los límites de la acción del estado. 1792, p. 122
(com adaptações).
Com relação ao fragmento de texto acima, aos princípios de direito penal e
às teorias do bem jurídico, julgue o item a seguir.
O fragmento em questão, seu autor, há já mais de duzentos anos, se referia
ao que hoje se entende como princípios jurídico-penais da intranscendência
e da fragmentariedade.
o Certo
o Errado
Comentários:
A assertiva está errada. No referido texto, o autor conceitua o princípio da
intranscendência no seguinte trecho:
“(...)O Estado, para garantir a segurança dos cidadãos, deve proibir ou restringir todas
aquelas ações que se refiram, de maneira imediata, só a quem as realize, das quais
derive lesão aos direitos dos outros, isto é, que atinjam sua liberdade e propriedade, sem o
seu consentimento ou contra ele(...)”

E se refere ao princípio da proporcionalidade ao dispor:


“(...) probabilidade na qual haverá de considerar a dimensão do dano que se quer
causar e a importância da limitação da liberdade produzida por lei proibitiva (...)”

Q23.FCC/DPE-PB/2014
"A terrível humilhação por que passam familiares de presos ao visitarem
seus parentes encarcerados consiste na obrigação de ficarem nus, de
agacharem diante de espelhos e mostrarem seus órgãos genitais para
agentes públicos. A maioria que sofre esses procedimentos é de mães,
esposas e filhos de presos. Até mesmo idosos, crianças e bebês são
submetidos ao vexame. É princípio de direito penal que a pena não
ultrapasse a pessoa do condenado".
(DIAS, José Carlos. "O fim das revistas vexatórias". In: Folha de São Paulo.
São Paulo: 25 de julho de 2014, 1o caderno, seção Tendências e Debates,
p. A-3)
Além da ideia de dignidade humana, por esse trecho o inconformismo do
autor, recentemente publicado na imprensa brasileira, sustenta-se mais
diretamente também no postulado constitucional da:
a) individualização.
Aula 02

b) fragmentariedade.
c) pessoalidade.
d) presunção de inocência.
e) legalidade.
A alternativa C está correta e se trata do gabarito da questão. O princípio da
pessoalidade determina que a pena não pode passar da pessoa do condenado.

Q24.FCC/DPE-SP /2013
Sobre a relação entre o sistema penal brasileiro contemporâneo e a
Constituição Federal, é correto afirmar que:
a) o princípio constitucional da humanidade das penas encontra ampla
efetividade no Brasil, diante da adequação concreta das condições de
aprisionamento aos tratados internacionais de direitos humanos.
b) o princípio constitucional da legalidade restringe-se à tipificação de
condutas como crimes, não abarcando as faltas disciplinares em execução
penal.
c) o estereótipo do criminoso não contribui para o processo de
criminalização, pois violaria o princípio constitucional da não discriminação.
d) a seletividade do sistema penal brasileiro, por ser um problema
conjuntural, poderia ser resolvida com a aplicação do princípio da igualdade
nas ações policiais.
e) o princípio constitucional da intranscendência da pena não é capaz de
impedir a estigmatização e práticas violadoras de direitos humanos de
familiares de pessoas presas.
De início, ressalto que esta questão aborda temas de criminologia, assunto
tratado em outra disciplina. Mesmo assim, trouxe a questão para ilustrar nosso
estudo, mesmo porque os conceitos tratados não são difíceis e podemos inclusive
aprendê-los aqui, reforçando os estudos também de Criminologia, disciplina que
deve ser estudada pelo material próprio, caso seja cobrada em seu concurso.
A alternativa A está incorreta, pois a realidade nos presídios do Brasil demonstra
total desrespeito aos tratados internacionais de direitos humanos.
A alternativa B está incorreta, pois, o princípio da legalidade exige lei formal e
anterior com descrição clara da figura típica, bem como como da penalidade. As
faltas disciplinares graves, com influência na progressão de regime, estão
previstas na Lei de Execução Penal, a qual determina, no seu artigo 49, que as
faltas médias e leves devem ser disciplinadas pela legislação local.
A alternativa C está incorreta, pois, o estereótipo do criminoso contribui para o
processo de criminalização.
A alternativa D está incorreta. As ações policiais, tratando-se de atos de agentes
públicos, possuem um âmbito de discricionariedade. Além disso, a seletividade
Aula 02

diz respeito aos próprios tipos penais, sendo que o tratamento dado aos crimes
praticados pela população mais pobre (furto e roubo) não possuem o mesmo
tratamento dos crimes de colarinho branco (caso dos crimes tributários). Basta
relembrar que os últimos possuem a possibilidade de suspensão da punibilidade
e do processo no caso de parcelamento da dívida, enquanto sua quitação pode
ensejar a extinção da punibilidade. Esta diferença já é referida por Michel
Foucault, em seu clássico “Vigiar e Punir”: "E essa grande redistribuição das
ilegalidades se traduzirá até por uma especialização dos circuitos judiciários; para
as ilegalidades de bens _ para o roubo _ os tribunais ordinários e os castigos;
para as ilegalidades de direitos _ fraudes, evasões fiscais, operações comerciais
irregulares _ jurisdições especiais com transações, acomodações, multas
atenuadas etc. A burguesia se reservou o campo fecundo da ilegalidade dos
direitos."
A alternativa E está correta. O princípio da intranscendência da pena não é
eficaz no Brasil no que se refere aos familiares do prisioneiro, tendo em vista que
seus direitos humanos são cotidianamente violados.
Portanto, o gabarito da questão é a alternativa E.

Q25. CESPE/DPE-DF/2013
Com relação aos conceitos, objetivos e princípios do direito penal, às penas
restritivas de direitos, ao livramento condicional e à reincidência, julgue os
itens subsecutivos.
A versão clássica do modelo penal garantista ideal se funda sob os princípios
da legalidade estrita, da materialidade e lesividade dos delitos, da
responsabilidade pessoal, do contraditório entre as partes e da presunção de
inocência
o Certo
o Errado
Comentários:
A assertiva está correta. Deve-se lembrar que o garantismo não exclui os
princípios clássicos do Direito Penal, mas estipula outros para adequada garantia
dos direitos fundamentais dos acusados, dos condenados e dos executados.
Observe abaixo a enumeração de princípios elencados pelo Professor Luigi
Ferrajoli, criador da Teoria do Garantismo:
Aula 02

Q26. CESPE/DPE-TO/2013
Considerando os princípios básicos de direito penal, assinale a opção correta.
a) O princípio da culpabilidade impõe a subjetividade da responsabilidade
penal. Logo, repudia a responsabilidade objetiva, derivada, tão só, de uma
relação causal entre a conduta e o resultado de lesão ou perigo a um bem
jurídico, exceto no caso dos crimes perpetrados por pessoas jurídicas.
b) Os princípios da legalidade e da irretroatividade da lei penal são aplicáveis
à pena cominada pelo legislador, aplicada pelo juiz e executada pela
administração, não sendo, todavia, esses princípios extensíveis às medidas
de segurança, dotadas de escopo curativo e não punitivo.
c) Constituem funções do princípio da lesividade, proibir a incriminação de
atitudes internas, de condutas que não excedam a do próprio autor do fato,
de simples estados e condições existenciais e de condutas moralmente
desviadas que não afetem qualquer bem jurídico.
d) O princípio da intervenção mínima não está previsto expressamente no
texto constitucional nem pode dele ser inferido.
e) O princípio da humanidade proíbe a instituição de penas cruéis, como a
de morte e a de prisão perpétua, mas não a de trabalhos forçados.

Comentários
A alternativa A está incorreta. A responsabilidade objetiva, derivada, tão só, de
uma relação causal entre a conduta e o resultado de lesão ou perigo a um bem
jurídico, não é aplicada, nem mesmo no caso dos crimes perpetrados por pessoas
jurídicas.
Aula 02

A alternativa B está incorreta pelo fato de que os princípios da legalidade e da


irretroatividade da lei penal são princípios extensíveis às medidas de segurança.
A alternativa C é a correta e gabarito da nossa questão. Nesta alternativa há a
descrição fidedigna do princípio da lesividade.
A alternativa D está incorreta. Lembre-se de que o princípio da intervenção
mínima não encontra previsão legal, mas pode ser extraído das normais
constitucionais.
Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a Constituição também proíbe pena
de trabalhos forçados. Vejamos o dispositivo:
Art. 5° XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

Q27. CESPE/DPE-TO/2013
Sobre os princípios da legalidade e da anterioridade (artigo 1º do Código
Penal) é correto afirmar:
a) pelo princípio da legalidade compreende-se que ninguém responderá por
um fato que a lei penal preveja como crime e, pelo princípio da anterioridade
compreende-se que alguém somente responderá por crime devidamente
previsto em lei que tenha entrado em vigor um ano anteriormente à prática
da conduta;
b) os princípios da legalidade e da anterioridade pressupõem a existência de
lei anterior à prática de uma determinada conduta para que esta possa ser
considerada como crime;
c) tais princípios são sinônimos e significam a necessidade da existência de
lei para que uma conduta seja considerada crime;
d) são incompatíveis um com o outro, já que pressupõem circunstâncias
diversas;
e) pelo princípio da anterioridade compreende-se a previsão anterior de
determinada conduta como criminosa independentemente de definição por
lei em sentido estrito.

Comentários:
A alternativa A está incorreta. Pelo princípio da legalidade compreende-se que
deve existir lei formal anterior que defina o fato como crime e, pelo princípio da
anterioridade compreende-se que alguém somente responderá por crime
devidamente previsto em lei que seja anterior à prática da conduta;
Aula 02

A alternativa B está correta pelo fato de que o princípio da legalidade e da


anterioridade, que decorre do princípio da legalidade, preconiza que a lei penal
deve ser anterior para incidir sobre o fato.
A alternativa C está incorreta, posto que tais princípios não são sinônimos.
Ademais, tais princípios determinam que a lei penal deve ser anterior para incidir
sobre o fato.
A alternativa D está incorreta, vez que não são incompatíveis, tratando-se do
princípio da anterioridade um corolário do princípio da legalidade.
Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, pelo princípio da anterioridade
compreende-se a previsão anterior de determinada conduta como criminosa,
exigindo para isso, sua definição por lei em sentido estrito.

Q28. CESPE/DPF/2013 (adaptada)

No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, julgue
o item subsequente.

• Se os crimes funcionais, previstos no art. 3.º da Lei n.º 8.137/1990, forem


praticados por servidor contra a administração tributária, a pena imposta
aumentará de um terço até a metade.

( ) Certo ( ) Errado

Comentários:
Vejamos o que a legislação prevê:
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos
previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que
tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou
parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou
contribuição social;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu
exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa
de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição
social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito)
anos, e multa.
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário
público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
(...)
Aula 02

Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a
metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°:
I - ocasionar grave dano à coletividade;
II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas
funções;
III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao
comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.
A própria lei já exclui o artigo 3º das causas de aumento de pena que prevê,
dentre elas a de ser o crime praticado por servidor.
De todo modo, um crime funcional também não poderia prever como
circunstância que modifique a pena o fato de ser o delito praticado por funcionário
público. Isto porque, se o crime já é próprio e exige a qualidade de funcionário
público do sujeito ativo para sua configuração, a previsão do mesmo fato como
agravante ou majorante configura bis in idem. Como sabemos, o bis in idem,
neste caso a dupla valoração do mesmo fato para efeitos de fixação da pena, é
vedado pelo Direito Penal.
O item está incorreto. Referida situação violaria o princípio do ne bis in idem.
Percebam que, apesar de se tratar de questão envolvendo a legislação penal
extravagante, poderíamos solucioná-la tão-somente com o estudo dos princípios
do Direito Penal.

Q29. INSTITUTO CIDADES/DPE-AM/2011


É pacífico, na doutrina e na jurisprudência, que o agente que furta objetos
de valor irrisório deve ser absolvido com base no princípio da insignificância,
uma vez que, nessas circunstâncias, está excluída
a) a tipicidade formal.
b) a tipicidade material.
c) a ilicitude da conduta.
d) a culpabilidade do agente.
e) a punibilidade da conduta.
Comentários:
A alternativa B está correta e se trata do gabarito da questão. O princípio da
insignificância afasta a tipicidade material.

Q30. INSTITUTO CIDADES/DPE-AM/2011


O postulado da fragmentariedade em matéria penal relativiza:
a) a proporcionalidade entre o fato praticado e a consequência jurídica.
Aula 02

b) a dignidade humana como limite material à atividade punitiva do Estado.


c) o concurso entre causas de aumento e diminuição de penas.
d) a função de proteção dos bens jurídicos atribuída à lei penal.
e) o caráter estritamente pessoal que decorre da norma penal.
Comentários:
A alternativa D está correta e constitui o gabarito da questão. O princípio da
fragmentariedade em matéria penal relativiza a função de proteção dos bens
jurídicos atribuídos à lei penal, determinando que o Direito Penal só deve
criminalizar as condutas mais graves que sejam praticadas contra os bens
jurídicos mais importantes.

Q31. FCC/TCE-SP/2011
O princípio constitucional da legalidade em matéria penal
a) não vigora na fase de execução penal.
b) impede que se afaste o caráter criminoso do fato em razão de causa
supralegal de exclusão da ilicitude.
c) não atinge as medidas de segurança.
d) obsta que se reconheça a atipicidade de conduta em função de sua
adequação social.
e) exige a taxatividade da lei incriminadora, admitindo, em certas situações,
o emprego da analogia.
Comentários:
A alternativa E está correta é o gabarito da questão. Como vimos na nossa aula
introdutória, é vedada a analogia in malam partem, porém, admite-se a analogia
quando favorecer o réu.

Q32. CESPE/PG-DF/2013
À luz das fontes do direito penal e considerando os princípios a ele aplicáveis,
julgue o item abaixo.
Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, a aplicação do princípio da
insignificância no direito penal está condicionada ao atendimento,
concomitante, dos seguintes requisitos: primariedade do agente, valor do
objeto material da infração inferior a um salário mínimo, não contribuição da
vítima para a deflagração da ação criminosa, ausência de violência ou grave
ameaça à pessoa.
o Certo
o Errado
Aula 02

A alternativa D está incorreta, posto que a prisão temporária ou preventiva é


aceitável pelo ordenamento jurídico. Não se veda a prisão cautelar, que deve,
entretanto, ser excepcional.
A alternativa E está incorreta, pois, pelo princípio da ofensividade não pode
haver crime sem que haja conteúdo ofensivo a bens jurídicos (lesão ou ameaça
de lesão).

Q34. CESPE/PC-MA/2018
O princípio da legalidade compreende
a) a capacidade mental de entendimento do caráter ilícito do fato no
momento da ação ou da omissão, bem como de ciência desse entendimento.
b) o juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da
vontade do responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir
a necessidade de imposição de pena.
c) a oposição entre o ordenamento jurídico vigente e um fato típico praticado
por alguém capaz de lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos
penalmente protegidos.
d) a obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei
penal e, principalmente, na elaboração de seu conteúdo normativo.
e) a conformidade da conduta reprovável do agente ao modelo descrito na
lei penal vigente no momento da ação ou da omissão.
Comentários:
A alternativa D está correta. A definição do princípio da legalidade está na
assertiva da alternativa D, haja vista que para o Direito Penal é necessário que
haja lei que descreva a conduta, bem como a pena.

Q35. CESPE/PCJ-MT/2017
De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princípio da
insignificância pressupõe a constatação de certos vetores para se
caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)
a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
b) desvalor relevante da conduta e do resultado.
c) mínima periculosidade social da ação.
d) relevante ofensividade da conduta do agente.
e) expressiva lesão jurídica provocada
Comentários:
A alternativa A está correta. Segundo o STF, os vetores do princípio da
insignificância são: mínima ofensividade da conduta do agente; ausência de
Aula 02

periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do


comportamento e inexpressividade da lesão jurídica causada. Trata-se do
acróstico mnemônico MARI.

Q36. FCC/DPE-RS/2017
O que nos parece é que as duas dimensões do bem jurídico-penal a
valorativa e a pragmática apresentam áreas de intensa interpenetração,
o que origina a tendencial convergência entre elevada dignidade penal e
necessidade de tutela penal, assim como, inversamente, entre reduzida
dignidade penal e desnecessidade de tutela penal.
(CUNHA, Maria da Conceição Ferreira da. Constituição e crime: uma
perspectiva da criminalização e da descriminalização. Porto: Universidade
Católica Portuguesa Editora, 1995, p. 424)
Nesse tópico, o tema central do raciocínio da jurista portuguesa radica
primacialmente no campo da ideia constitucional de
a) individualização.
b) dignidade humana.
c) irretroatividade.
d) proporcionalidade.
e) publicidade.
Comentários:
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O princípio da
proporcionalidade consiste na limitação da ação estatal, com base nos critérios
da necessidade e da adequação, ponderando-se os meios utilizados e os fins
pretendidos.

Q37. FAPEMS/PC-MS/2017
Com relação aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, em especial no que
se refere ao princípio da adequação social, assinale a alternativa correta.
a) O Direito Penal deve tutelar bens jurídicos mais relevantes para a vida em
sociedade, sem levar em consideração valores exclusivamente morais ou
ideológicos.
b) só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do direito não forem
suficientes.
c) Deve-se analisar se houve uma mínima ofensividade ao bem jurídico
tutelado, se houve periculosidade social da ação e se há reprovabilidade
relevante no comportamento do agente.
Aula 02

d) Não há crime se não há lesão ou perigo real de lesão a bem jurídico


tutelado pelo Direito Penal.
e) Apesar de uma conduta subsumir ao modelo legal, não será considerada
típica se for historicamente aceita pela sociedade.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois, nela há a definição do princípio da lesividade
e da fragmentariedade.
A alternativa B está incorreta pelo fato de que o conceito descrito se refere ao
princípio da subsidiariedade.
A alternativa C está incorreta, uma vez que descreve os requisitos para a
incidência do princípio da insignificância.
A alternativa D está incorreta, a assertiva descreve o princípio da ofensividade.
A alternativa E está correta, pois, pelo princípio da adequação social só deve
considerar criminoso um fato que contrarie o sentimento de justiça da
comunidade.

Q38. FAPEMS/PC-MS/2017
No que diz respeito aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, analise os
textos a seguir.
A proteção de bens jurídicos não se realiza só mediante o Direito Penal,
senão que nessa missão cooperam todo o instrumental do ordenamento
jurídico.
ROXIN, Claus. Derecho penai- parte geral. Madrid: Civitas, 1997.1.1, p. 65.
A criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário
para a proteção de ataques contra bens jurídicos importantes.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratada de direito penal: parte geral. 20. ed.
São Paulo: Saraiva, 2014, p. 54.

Nesse sentido, é correto afirmar que os textos se referem ao


a) princípio da intervenção mínima, imputando ao Direito Penal somente
fatos que escapem aos meios extrapenais de controle social, em virtude da
gravidade da agressão e da importância do bem jurídico para a convivência
social.
b) princípio da insignificância, que reserva ao Direito Penal a aplicação de
pena somente aos crimes que produzirem ataques graves a bem jurídicos
protegidos por esse Direito, sendo que agir de forma diferente causa afronta
à tipicidade material.
c) princípio da adequação social em que as condutas previstas como ilícitas
não necessariamente revelam-se como relevantes para sofrerem a
intervenção do Estado, em particular quando se tornarem socialmente
permitidas ou toleradas.
Aula 02

d) princípio da ofensividade, pois somente se justifica a intervenção do


Estado para reprimir a infração com aplicação de pena, quando houver dano
ou perigo concreto de dano a determinado interesse socialmente relevante
e protegido pelo ordenamento jurídico.
e) princípio da proporcionalidade, em que somente se reserva a intervenção
do Estado, quando for estritamente necessária a aplicação de pena em
quantidade e qualidade proporcionais à gravidade do dano produzido e a
necessária prevenção futura.
Comentários:
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. O princípio da intervenção
mínima preconiza que só deve criminalizar conduta se houver necessidade para
a proteção do bem jurídico. O Direito Penal só deve atuar se os outros meios de
controle social forem insuficientes, possuindo, portanto, caráter subsidiário, de
ultima ratio.

Q39. IBADE/PC-AC/2017
“O suicídio é um crime (assassínio) [...]. Aniquilar o sujeito da moralidade
na própria pessoa é erradicar a existência da moralidade mesma do mundo,
o máximo possível, ainda que a moralidade seja um fim em si mesma.
Consequentemente, dispor de si mesmo como um mero meio para algum
fim discricionário é rebaixar a humanidade na própria pessoa (homo
noumenon), à qual o ser humano (homo phaenomenon) foi, todavia,
confiado para preservação” (KANT, Immanuel, a Metafísica dos Costumes).

A extinção da própria vida já foi objeto de sancionamento penal em diversos


países. Esclarece Galdino Siqueira (Tratado, tomo III, p. 68) que o direito
romano punia com confisco de bens o ato de suicidar-se para fugir a uma
acusação ou à pena por outro delito. A mesma pena foi aplicada em França.
O confisco – segundo o autor – persistia na Inglaterra no início do século XX,
desde que o suicídio não fosse efeito de uma desordem mental provada.
Tendo por base o confisco de bens outrora pertencentes ao suicida - que tem
herdeiros - como forma de punição penal, é correto afirmar que
responsabilização de terceiros pela conduta de alguém viola o princípio
penal, denominado:

a) individualização judicial da pena.


b) taxatividade
c) intranscendência.
d) ofensividade.
e) inderrogabilidade.
Comentários:
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. O princípio da
intranscendência da pena preconiza que a pena não pode passar da pessoa do
condenado.
Aula 02

Q40. IBFC/PC-PA/2017
Expressiva parcela da doutrina sustenta a inadequação do crime de escrito
ou objeto obsceno (art. 234 do CP) para com os princípios que instruem o
direito penal democrático. Um dos focos dessa inadequação reside na
indevida alocação do sentimento público de pudor como objeto da tutela
jurídica. Isso representa, em tese, violação ao princípio da:
a) intranscendência.
b) culpabilidade.
c) taxatividade.
d) ofensividade.
e) insignificância.
Comentários:
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O princípio da
ofensividade determina que nenhum delito pode existir sem que ofenda o bem
jurídico tutelado pela norma penal (nullum crime sine injuria), seja com lesão ou
ameaça de lesão.

Q41. FCC/SEGEP-MA/2016
O princípio do direito penal que possui claro sentido de garantia fundamental
da pessoa, impedindo que alguém possa ser punido por fato que, ao tempo
do seu cometimento, não constituía delito é
a) atipicidade.
b) reserva legal.
c) punibilidade.
d) analogia.
e) territorialidade.
Comentários:
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O princípio da legalidade
preconiza que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.

6 – Questão Dissertativa
Q1. MPSP/MPSP/2012/Promotor de Justiça Substituto
Aula 02

É aplicável o perdão judicial aos crimes de homicídio e lesão corporal


praticados na direção de veículo automotor?
Comentários:
De início, observo que a questão envolve legislação penal extravagante, mas
pode ser resolvida com base nos princípios estudados nesta aula. Ademais, o
enunciado se refere a exemplo utilizado neste material para explicação da
bagatela imprópria, com aplicação do princípio da desnecessidade da pena e da
irrelevância penal do fato.
Além da bagatela própria, referente ao princípio da insignificância, existe a
chamada bagatela imprópria, reservada para aqueles casos em que, ainda que
a lesão ou ameaça de lesão se mostrem relevantes, incida o princípio da
desnecessidade da pena. São casos em que há uma lesão ou ameaça de lesão
significativa a um bem jurídico, mas as circunstâncias que envolvem o caso
demonstram que a pena é prescindível naquele caso.
Ainda que o perdão judicial, no caso de homicídio e lesão corporal, esteja previsto
no Código Penal, sem igual previsão no Código de Trânsito Brasileiro, não há
vedação à analogia in bonam partem, isto é, para beneficiar o réu. Deste modo,
a previsão do artigo 121, § 5º, e do artigo 129, § 8º, pode ser aplicada aos crimes
previstos em legislação penal extravagante, se possível a analogia, como é o caso
de homicídio e lesão corporal culposos praticados na direção de veículo
automotor.
Ademais, o Superior Tribunal de Justiça tem admitido esta possibilidade, como
se nota do seguinte precedente:
“HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO.
EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. PERDÃO JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE.
INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. AUSÊNCIA DE FLAGRANTE ILEGALIDADE.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO 1. Diante da hipótese de habeas corpus
substitutivo de recurso próprio, a impetração não deve ser conhecida,
segundo orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal e deste
Superior Tribunal de Justiça. Contudo, ante as alegações expostas na inicial,
afigura-se razoável a análise do feito para verificar a existência de eventual
constrangimento ilegal. 2. Estipula o Código Penal, em seu art. 107, inciso
IX, que se extingue a punibilidade "pelo perdão judicial, nos casos previstos em
lei". Desse modo, somente será possível a aplicação do instituto se houver
expressa previsão legal para a hipótese em comento. In casu, o voto
minoritário do colegiado a quo foi proferido no sentido da aplicabilidade do
instituto do perdão judicial à espécie, "nos termos do art. 129, § 8º, combinado
com o art. 121, § 5º, do Código Penal". De fato, ainda que o Código de Trânsito
não preveja expressamente hipóteses de perdão judicial, entende-se que o
diploma admite a aplicação analógica do instituto aos delitos de homicídio e
lesão corporal, ambos na modalidade culposa, por inteligência das razões de
veto apostas ao diploma. Na espécie, todavia, o delito de trânsito imputado
ao paciente é o de condução de veículo automotor sob influência de álcool, para
o qual não se encontra previsão legal de aplicação do perdão judicial Habeas
Aula 02

corpus não conhecido.” (STJ, HC 359018/RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta
Turma, DJe 10/10/2016).

7 - Destaques da Legislação e da Jurisprudência


Neste ponto da aula, citamos, para fins de revisão, os principais dispositivos de
lei e entendimentos jurisprudenciais que podem fazer a diferença na hora da
prova. Lembre-se de revisá-los!

 art. 1, III, da CF: dignidade da pessoa humana


Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
(...)
 art. 11, 1 do Pacto de São José da Costa Rica: reconhecimento da dignidade pelo sistema
regional de proteção dos Direitos Humanos
Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade
1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade.
(...)
 art. 5°, inciso XLVII da CF: efeitos do princípio da dignidade humana
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
 art. 5°, inciso LXIII da CF: outras consequências do princípio da dignidade
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.
 art. 5°, inciso LIV da CF: princípio do devido processo legal
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal.
 art. 8° do Pacto de São José da Costa Rica: princípio do devido processo legal
Art. 8 - Garantias judiciais
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de
um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada
contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista,
fiscal ou de qualquer outra natureza.
 art. 5°, inciso XXXIX da CF: princípio da legalidade
Aula 02

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.
 art. 1° do Código Penal: princípio da legalidade
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
 art. 9° do Pacto de São José da Costa Rica: princípio da legalidade
Artigo 9º - Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento
em que foram cometidos, não constituam delito, de acordo com o direito aplicável.
Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência
do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve,
o deliquente deverá dela beneficiar-se.
 art. 62, §1° da CF: vedação de edição de medida provisória prevendo crimes
Art. 62, § 1º: É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
(...)
b) direito penal, processual penal e processual civil (...)
 RE 254.818/STF: sobre medidas provisórias e normas penais não inscriminadoras (antes da EC
32/2001)
EMENTA: I. Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela
doutrina consensual - da interpretação sistemática da Constituição -, não compreende a de
normas penais benéficas, assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance,
extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou de extinção de
punibilidade. II. Medida provisória: conversão em lei após sucessivas reedições, com
cláusula de "convalidação" dos efeitos produzidos anteriormente: alcance por esta de
normas não reproduzidas a partir de uma das sucessivas reedições. III. MPr 1571-6/97, art.
7º, § 7º, reiterado na reedição subseqüente (MPr 1571-7, art. 7º, § 6º), mas não
reproduzido a partir da reedição seguinte (MPr 1571-8 /97): sua aplicação aos fatos
ocorridos na vigência das edições que o continham, por força da cláusula de "convalidação"
inserida na lei de conversão, com eficácia de decreto-legislativo. (STF, RE 254/818/PR,
Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, Julgamento: 08/11/2000)
 RHC 117566/STF: sobre medidas provisórias e normas penais não inscriminadoras (antes da
EC 32/2001)
PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE POSSE IRREGULAR DE ARMA
DE FOGO (ART. 12 DA LEI Nº 10.826/2003). ARMA DESMUNICIADA. TIPICIDADE. CRIME
DE MERA CONDUTA OU PERIGO ABSTRATO. PRECEDENTES. TUTELA DA SEGURANÇA
PÚBLICA E DA PAZ SOCIAL. ABOLITIO CRIMINIS TEMPORÁRIA (ARTS. 30 E 32 DA LEI N.
10.826/03). NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS DESPROVIDO.
1. A arma de fogo mercê de desmuniciada mas portada sem autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar configura o delito de porte ilegal previsto no art.
10, caput, da Lei nº 9.437/1997, crime de mera conduta e de perigo abstrato. 2. Deveras,
o delito de porte ilegal de arma de fogo tutela a segurança pública e a paz social, e não a
incolumidade física, sendo irrelevante o fato de o armamento estar municiado ou não. Tanto
é assim que a lei tipifica até mesmo o porte da munição, isoladamente. Precedentes: HC
104206/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, DJ de 26/8/2010; HC 96072/RJ, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, Dje de 8/4/2010; RHC 91553/DF, rel. Min. Carlos Britto,
1ª Turma, DJe de 20/8/2009. 3. In casu, o recorrente foi autuado em flagrante, porquanto
em cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão expedidos em seu
desfavor, foi encontrada em sua residência um revólver calibre 38, marca Rossi, em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar. 4. Os artigos 30 e 32 da Lei
10.826/2003 estabeleceram o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para os possuidores e
Aula 02

proprietários de armas de fogo as regularizarem ou as entregarem às autoridades


competentes, descriminalizando, temporariamente, as condutas típicas de “possuir ou ser
proprietário” de arma de fogo. Esse período iniciou-se em 23 de dezembro de 2003 e
encerrou-se no dia 23 de junho de 2005, sendo, posteriormente, prorrogado até
23/10/2005, conforme Medida Provisória 253/2005, e estendido até 31 de dezembro de
2008, nos termos da Medida Provisória 417/2008, convertida na Lei 11.706/2008. A Lei
11.922/2009, prorrogou, novamente, este prazo para 31 de dezembro de 2009. 5. No caso
sub examine, a arma foi encontrada em poder do paciente em 27/4/2010, portanto,
posteriormente, as sucessivas prorrogações legais para a entrega espontânea ou
regularização das armas de fogo em desacordo com a previsão legal e que
descriminalizaram temporariamente a conduta de possuir arma de fogo de uso permitido,
por isso não houve a abolitio criminis para a conduta imputada ao recorrente. 6. Recurso
ordinário em habeas corpus desprovido. (STF, RHC 117566/SP, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira
Turma, Julgamento em 24/09/2013)”
 art. 68, §1° da CF: vedação de que lei delegada preveja crimes
Art. 68 (...)
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do
Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais
 art. 8°, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1989: princípio da intervenção
mínima.
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém
pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e
legalmente aplicada.
 HC 104.467/STF: sobre a não incidência do princípio da insignificância
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. CASA DE PROSTITUIÇÃO.
APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA FRAGMENTARIEDADE E DA ADEQUAÇÃO SOCIAL:
IMPOSSIBILIDADE. CONDUTA TÍPICA. CONSTRANGIMENTO NÃO CONFIGURADO. 1. No
crime de manter casa de prostituição, imputado aos Pacientes, os bens jurídicos protegidos
são a moralidade sexual e os bons costumes, valores de elevada importância social a serem
resguardados pelo Direito Penal, não havendo que se falar em aplicação do princípio da
fragmentariedade. 2. Quanto à aplicação do princípio da adequação social, esse, por si só,
não tem o condão de revogar tipos penais. Nos termos do art. 2º da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (com alteração da Lei n. 12.376/2010), ‘não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue’. 3. Mesmo que
a conduta imputada aos Pacientes fizesse parte dos costumes ou fosse socialmente aceita,
isso não seria suficiente para revogar a lei penal em vigor. 4. Habeas corpus denegado.
(STF, HC 104.467/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 09/03/2011).
 art. 5°, inciso XLVI da CF: princípio da individualização da pena
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.
 HC 97.256/STF: a incidência do Princípio da individualização da pena
Aula 02

EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 44 DA LEI 11.343/2006:


IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM PENA
RESTRITIVA DE DIREITOS. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE.
OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (INCISO XLVI
DO ART. 5º DA CF/88). ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. O processo de
individualização da pena é um caminhar no rumo da personalização da resposta punitiva do
Estado, desenvolvendo-se em três momentos individuados e complementares: o legislativo,
o judicial e o executivo. Logo, a lei comum não tem a força de subtrair do juiz sentenciante
o poder-dever de impor ao delinqüente a sanção criminal que a ele, juiz, afigurar-se como
expressão de um concreto balanceamento ou de uma empírica ponderação de circunstâncias
objetivas com protagonizações subjetivas do fato-tipo. Implicando essa ponderação em
concreto a opção jurídico-positiva pela prevalência do razoável sobre o racional; ditada pelo
permanente esforço do julgador para conciliar segurança jurídica e justiça material. (...) 5.
Ordem parcialmente concedida tão-somente para remover o óbice da parte final do art. 44
da Lei 11.343/2006, assim como da expressão análoga “vedada a conversão em penas
restritivas de direitos”, constante do § 4º do art. 33 do mesmo diploma legal. Declaração
incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da proibição de substituição da pena
privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos; determinando-se ao Juízo da
execução penal que faça a avaliação das condições objetivas e subjetivas da convolação em
causa, na concreta situação do paciente. (STF, HC 97.256, Rel. Min. Ayres Brito, Pleno, DJ
16/12/2010)
 HC 111.840/STF: a incidência do Princípio da individualização da pena
Habeas corpus. Penal. Tráfico de entorpecentes. Crime praticado durante a vigência da Lei
nº 11.464/07. Pena inferior a 8 anos de reclusão. Obrigatoriedade de imposição do regime
inicial fechado. Declaração incidental de inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei nº
8.072/90. Ofensa à garantia constitucional da individualização da pena (inciso XLVI do art.
5º da CF/88). Fundamentação necessária (CP, art. 33, § 3º, c/c o art. 59). Possibilidade de
fixação, no caso em exame, do regime semiaberto para o início de cumprimento da pena
privativa de liberdade. Ordem concedida. (...) 5. Ordem concedida tão somente para
remover o óbice constante do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada pela
Lei nº 11.464/07, o qual determina que “[a] pena por crime previsto neste artigo será
cumprida inicialmente em regime fechado“. Declaração incidental de inconstitucionalidade,
com efeito ex nunc, da obrigatoriedade de fixação do regime fechado para início do
cumprimento de pena decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado.” (STF,
HC 111.840, Rel. Min. Dias Toffoli, Pleno, DJ 17/12/2013)
 art. 66 do Código Penal: aplicação do princípio da coculpabilidade ou da corresponsabilidade
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior
ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei
 art. 5°, inciso XLV da CF: princípio da pessoalidade ou da personalidade
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
 art. 98, inciso I da CF: princípio da proporcionalidade
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para
a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e
infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de
recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
 art. 5°, inciso LVII da CF: princípio da presunção de inocência
Aula 02

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória,
 art. 8° do Código Penal: princípio da vedação da dupla punição pelo mesmo fato
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
 art. 20, 1 do Estatuto de Roma: princípio da vedação da dupla punição pelo mesmo fato
1. Salvo disposição contrária do presente Estatuto, nenhuma pessoa poderá ser julgada
pelo Tribunal por atos constitutivos de crimes pelos quais este já a tenha condenado ou
absolvido.
 art. 5°, inciso XL da CF: princípio da irretroatividade
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
 HC 116.242/STF: requisitos para a incidência do princípio da insignificância
Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CONTRABANDO (ART. 334, § 1º,
C, DO CP). PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. NECESSIDADE, OU NÃO,
DA PRÉVIA CONCLUSÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL ANTES DA
PROPOSITURA DA AÇÃO PENAL. MATÉRIA NÃO SUBMETIDA À APRECIAÇÃO DAS
INSTÂNCIAS PRECEDENTES. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. VEDAÇÃO. ORDEM DENEGADA.
1. O princípio da insignificância incide quando presentes, cumulativamente, as seguintes
condições objetivas: (a) mínima ofensividade da conduta do agente, (b) nenhuma
periculosidade social da ação, (c) grau reduzido de reprovabilidade do comportamento, e
(d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 2. A aplicação do princípio da
insignificância deve, contudo, ser precedida de criteriosa análise de cada caso, a fim de
evitar que sua adoção indiscriminada constitua verdadeiro incentivo à prática de pequenos
delitos patrimoniais. 3. No crime de descaminho, o princípio da insignificância deve ser
aplicado quando o valor do tributo sonegado for inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais),
limite estabelecido no artigo 20 da Lei 10.522/02, na redação conferida pela Lei 11.033/04,
para o arquivamento de execuções fiscais. Todavia, ainda que o quantum do tributo não
recolhido aos cofres públicos seja inferior a este patamar, não é possível a aplicação do
aludido princípio quando tratar-se de crime de contrabando, tendo vem vista que, neste
delito, não há apenas uma lesão ao erário e à atividade arrecadatória do Estado, mas
também a outros interesses públicos. Precedentes: HC 110.841, Segunda Turma, Relatora
a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 14.12.12; HC 110.964, Segunda Turma, Relator o Ministro
Gilmar Mendes, DJe de 02.04.12; HC 100.367, Primeira Turma, Relator o Ministro Luiz Fux,
DJe de 08.09.11. 4. In casu, conforme decidido pelas instâncias precedentes, a conduta
praticada pelo paciente – ingressar no território nacional com 585 (quinhentos e oitenta e
cinco) litros de gasolina proveniente da Venezuela, sem recolher aos cofres públicos o
respectivo tributo, com o finalidade de revenda – amolda-se ao tipo de contrabando,
provocando, além da lesão ao erário, violação à “política pública no país na área de energia,
onde são reguladas produção, refino, distribuição e venda de combustíveis derivados do
petróleo”. 5. Destarte, em que pese o valor do tributo sonegado ser inferior ao limite
estabelecido no artigo 20 da Lei 10.522/02, na redação conferida pela Lei 11.033/04, não
é possível aplicar-se o princípio da insignificância, porquanto trata-se de crime de
contrabando. 6. A instauração de procedimento administrativo fiscal antes da propositura
da ação penal sobre ser ou não necessária não foi submetida à apreciação das instâncias
precedentes, razão pela qual é inviável o conhecimento do habeas corpus neste ponto, sob
pena de supressão de instância. Precedentes: HC 100.616, Segunda Turma, Relator o
Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 14.03.11, HC 103.835, Primeira Turma, Relator o Ministro
Ricardo Lewandowski, DJ de 08.02.11). 7. Ordem denegada.
 Súmula 589 do STJ: a incidência do princípio da insignificância nos crimes praticados contra as
mulheres.
É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Aula 02

 Súmula 599 do STJ: a incidência do princípio da insignificância nos crimes praticados contra A
Administração Pública.
O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
 HC 112.388/STF: aplicação do princípio da insignificância de delito praticado contra a
Administração Pública
AÇÃO PENAL. Delito de peculato-furto. Apropriação, por carcereiro, de farol de milha que
guarnecia motocicleta apreendida. Coisa estimada em treze reais. Res furtiva de valor
insignificante. Periculosidade não considerável do agente. Circunstâncias relevantes. Crime
de bagatela. Caracterização. Dano à probidade da administração. Irrelevância no caso.
Aplicação do princípio da insignificância. Atipicidade reconhecida. Absolvição decretada. HC
concedido para esse fim. Voto vencido. Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato
tido por delituoso, à luz das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas corpus,
ser absolvido por atipicidade do comportamento.” (STF, HC 112.388/SP, Rel. p/ acórdão
Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, Julgamento: 21/08/2012.
 HC 121.717/STF: aplicação do princípio da insignificância de delito praticado contra a
Administração Pública
EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL E DIREITO PENAL. DESCAMINHO.
IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
INADMISSIBILIDADE DO WRIT. VALOR INFERIOR AO ESTIPULADO PELO ART. 20 DA LEI
10.522/2002. PORTARIAS 75 E 130/2012 DO MINISTÉRIO DA FAZENDA. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. 1. Há óbice ao conhecimento de habeas corpus
impetrado contra decisão monocrática do Superior Tribunal de Justiça, cuja jurisdição não
se esgotou. Precedentes. 2. A pertinência do princípio da insignificância deve ser avaliada
considerando-se todos os aspectos relevantes da conduta imputada. 3. Para crimes de
descaminho, considera-se, para a avaliação da insignificância, o patamar previsto no art.
20 da Lei 10.522/2002, com a atualização das Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da
Fazenda. Precedentes. 4. Descaminho envolvendo elisão de tributos federais em quantia
pouco superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) enseja o reconhecimento da atipicidade
material do delito dada a aplicação do princípio da insignificância. 5. Habeas corpus extinto
sem resolução de mérito. Ordem concedida de ofício para reconhecer a atipicidade da
conduta imputada à paciente, com o consequente trancamento da ação penal na origem.”
(STF, HC 121717/PR, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, Julgamento: 03/06/2014).
 REsp 1688878/STJ: aplicação do princípio da insignificância de delito praticado contra a
Administração Pública
RECURSO ESPECIAL. PROPOSTA DE AFETAÇÃO PARA FINS DE REVISÃO DO TEMA N. 157.
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS CRIMES TRIBUTÁRIOS FEDERAIS E
DE DESCAMINHO, CUJO DÉBITO NÃO EXCEDA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS). ART. 20 DA
LEI N. 10.522/2002. ENTENDIMENTO QUE DESTOA DA ORIENTAÇÃO CONSOLIDADA NO
STF, QUE TEM RECONHECIDO A ATIPICIDADE MATERIAL COM BASE NO PARÂMETRO
FIXADO NAS PORTARIAS N. 75 E 130/MF - R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS). AFETADO O
RECURSO PARA FINS DE ADEQUAÇÃO DO ENTENDIMENTO. Considerando os princípios da
segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia, nos termos do art. 927, § 4º,
do Código de Processo Civil, afetou-se recurso especial para fins de revisão da tese fixada
no REsp n. 1.112.748/TO (representativo da controvérsia) - Tema 157 (Relator Ministro
Felix Fischer, DJe 13/10/2009), a fim de adequá-la ao entendimento externado pela
Suprema Corte, o qual tem considerado o parâmetro fixado nas Portarias n. 75 e 130/MF -
R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para aplicação do princípio da insignificância aos crimes
tributários federais e de descaminho.” (ProAfF no REsp 1688878/SP, Rel. Min. Sebastião
Reis Jr., Terceira Seção, DJe 01/12/2017).
Aula 02

8 – Resumo
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um
resumo dos principais aspectos estudados ao longo
da aula. Sugerimos que esse resumo seja estudado
sempre previamente ao início da aula seguinte,
como forma de “refrescar” a memória. Além disso, segundo a organização de
estudos de vocês, a cada ciclo de estudos é fundamental retomar esses resumos.
Caso encontrem dificuldade em compreender alguma informação, não deixem de
retornar à aula.

Diferenciação entre princípios e regras

 PRINCÍPIOS E REGRAS: O ordenamento jurídico é composto por normas, que na doutrina


são divididas em regras e princípios. Esta diferenciação entre possui muitas variações entre os
juristas, sendo que as principais são as seguintes:

 CONCEPÇÃO CLÁSSICA – DISTINÇÃO FRACA: A concepção clássica define os princípios


como as normas de elevado grau de abstração e generalizada e as regras como sendo as
normas com pouco ou nenhum grau de abstração e generalidade.

CONCEPÇÃO DE DWORKIN E ALEXY – DISTINÇÃO FORTE: Na distinção forte, os


princípios são aplicados mediante ponderação. O conflito ocorre apenas no plano concreto.
As regras, por sua vez, estabelecem aquilo que é obrigatório, permitido ou proibido. Sua
aplicação se dá mediante subsunção. Não há meio termo, nem ponderação. É uma questão
de tudo ou nada. O conflito ocorre no plano abstrato.

Princípios em espécie

 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: preconiza que haja um tratamento à


pessoa que não lhe prive do mínimo necessário para quer possa exercer sua capacidade de
autodeterminação. Trata-se um princípio fundamental da República Federativa do Brasil.

 PRINCÍPIO DA HUMANIDADE: A doutrina tem o costume de fazer referência ao princípio


da dignidade da pessoa humana no Direito Penal como princípio da humanidade. Esse
princípio consiste na vedação a que o legislador adote sanções penais violadoras da
dignidade da pessoa humana, atingindo de forma desnecessária a incolumidade física-
psíquica do agente.

 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL: reza ser necessário que se respeite todo o
procedimento previsto nas leis para que, ao final de um processo condenatório, possa haver a
justa punição do acusado. O princípio do devido processo legal possui duas vertentes:
Aula 02

 o devido processo legal substancial: se refre à limitação do exercício do poder, que deve
se amoldar ao que determina a Constituição e, além disso, atender o princípio da
proporcionalidade.

 o devido processo legal formal: vincula-se ao respeito das normas processuais, isto é,
regras e princípios que orientam e determinam o procedimento penal.

 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: consiste no reconhecimento da legalidade como meio para se


limitar direitos dos cidadãos, já que a lei representa, em último caso a vontade do povo. Decorrem
da legalidade os seguintes princípios:

 Princípio da anterioridade: preconiza que a lei penal deve ser anterior para incidir sobre
o fato.

 Princípio da reserva legal: determina que deve haver lei formal para a previsão de crimes
e contravenções penais.

 PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA (ultima ratio): preconiza que só se deve


criminalizar uma conduta se houver necessidade para a proteção do bem jurídico. O Direito Penal
só deve atuar se os outros meios de controle social forem insuficientes, possuindo, portanto,
caráter subsidiário, de ultima ratio. Desse princípio, decorrem:

 Princípio da fragmentariedade: segundo essa diretriz, o Direito Penal só deve


criminalizar as condutas mais graves que sejam praticadas contra os bens jurídicos mais
importantes.

 Princípio da subsidiariedade:

 PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL: determina que o Direito Penal só deve considerar


criminoso um fato que contrarie o sentimento de justiça da comunidade.

 PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE: preconiza não haver crime sem culpabilidade. Isto é, não
haver responsabilidade penal sem dolo ou culpa. Também é denominado princípio da
responsabilidade subjetiva.

 PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE: consiste na proibição de haver crime sem que haja


conteúdo ofensivo a bens jurídicos. Desse princípio decorrem dois subprincípios:

 Princípio do Fato ou da Responsabilidade pelo Fato: o Direito Penal não pode se ocupar
dos pensamentos ou intenções.

 Princípio da Exclusiva Lesão ao Bem Jurídico: não compete ao Direito Penal tutelar
valores puramente morais, éticos ou religiosos.

 PRINCÍPIO DA AUTORRESPONSABILIDADE: preconiza que os danos sofridos por alguém


em virtude de seu comportamento livre consciente e responsável só podem a ele ser imputados,
e não a quem os tenha motivado.
Aula 02

 PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA: consiste na exigência de se respeitar a


proporção entre a conduta praticada e a pessoa do autor. Veda-se, assim, a padronização de
punições.

 PRINCÍPIO DA COCULPABILIDADE OU DA CORRESPONSABILIDADE: é aquele que


reconhece a participação da sociedade na responsabilidade pela prática de uma infração penal,
em virtude da influência do meio social na formação do indivíduo e da desigualdade de
oportunidades a que cada cidadão tem acesso. Trata-se de princípio rejeitado pela maioria da
doutrina.

 PRINCÍPIO DA CONFIANÇA: funda-se na legítima expectativa de que os demais indivíduos


da sociedade agirão em conformidade com as regras sociais.

 PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE OU DA PERSONALIDADE: determina que a pena não pode


passar da pessoa do condenado. Também denominado Princípio da Intranscendência da Pena,
segundo o qual a pena não pode passar da pessoa do agente, ou Princípio da Responsabilidade
Pessoal, a acusação e a pena devem ser individualizados, dizendo respeito especificamente ao
agente a quem se imputa a conduta.

 PRINCÍPIO DA ALTERIDADE OU DA TRANSCENDENTALIDADE: determina que o Direito


Penal não deve se ocupar de atitudes meramente internas, que não apresentem potencial de
lesionar o bem jurídico.

 PRINCÍPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU MATERIALIZAÇÃO DO FATO: preconiza que o


Estado só pode criminalizar condutas humanas voluntárias que se exteriorizem por meio de
conduta, seja comissiva, seja omissiva.

 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: consiste na limitação da ação estatal, com base


nos critérios da necessidade e da adequação, ponderando-se os meios utilizados e os fins
pretendidos. O princípio pode se desdobrar em cinco elementos: necessidade, adequação,
legitimidade do meio, legitimidade do fim (objetivo) e proporcionalidade em sentido
estrito/ponderação. Ademais, o princípio possui as seguintes balizas:

 Proibição do Excesso.

 Proibição da Proteção Deficiente.

 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (OU DA NÃO CULPA): orienta que nenhuma


pessoa deve ser considerada culpada, senão após o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.

 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA DUPLA PUNIÇÃO PELO MESMO FATO: é o princípio que


veda a dupla punição pelo mesmo fato, bem como a dupla valoração de um mesmo fato para
agravamento da pena. Também se proíbe a execução em dobro de uma pena, bem como que o
Aula 02

indivíduo seja processado duas vezes pelo mesmo crime. Também denominado Princípio da
Proibição do Bis in Idem.

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE: estabelece que a lei não pode retroagir, atingindo


fatos anteriores a ela, salvo se para beneficiar o réu.

 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: também chamado de bagatela, preconiza que o Direito


Penal não deve se preocupar com bagatelas, isto é, a configuração de uma infração penal exige
que haja uma ofensa de alguma gravidade ao bem jurídico protegido.

 Existem alguns requisitos exigidos pelo STF para a incidência desse princípio:

• Mínima ofensividade da conduta do agente;


• Ausência de periculosidade social da ação;
• Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
• Inexpressividade da lesão jurídica causada.

 BAGATELA IMPRÓPRIA: reservada para os casos em que, ainda que a lesão ou ameaça
de lesão se mostrem relevantes, incida o princípio da desnecessidade da pena.

Princípios do garantismo

 GARANTISMO: o garantismo consiste em um conjunto de princípios que visam a garantir os


direitos do acusado no curso do processo penal.

 ACEPÇÕES:

 A vinculação do Poder Público ao Estado de Direito, com a maximização da liberdade


dos indivíduos e limitação do poder punitivo.

 Distinção entre validade e vigência, não devendo o juiz aplicar as leis que, embora
vigentes, não sejam válidas por serem incompatíveis com o ordenamento jurídico.

 A necessidade de que o ponto de vista interno, o jurídico, se adeque ao ponto de vista


externo, ético-político, devendo o Estado justificar suas medidas jurídicas sob o ponto de
vista da justiça e da validade, com base nos bens e interesses que tutela.

9 - Considerações Finais
Finalizamos a nossa terceira aula! O estudo dos princípios constitui a base do
estudo do Direito Penal, razão pela qual a matéria de hoje deve estar bastante
sedimentada para prosseguirmos. Se houver dúvidas, procure reler a conversa e
conte com o fórum de dúvidas para que possamos ajudar.
Aula 02

Sempre que um princípio for citado nas próximas aulas e o conceito não estiver
bem delimitado, retorne aqui para que este assunto esteja bem claro. Os
princípios determinam a forma de interpretação e aplicação das normas que
estudaremos a partir desta aula.
Mais uma vez, relembro-os de que estou disponível para as dúvidas e quaisquer
sugestões são bem-vindas. O contato pode ser feito pelo fórum, por e-mail ou
pelo instragram.
Veremo-nos na próxima aula. Até breve e forte abraço!

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