Resveratrol

O resveratrol tem sido reportado por seu efeito protetor contra
lesões isquêmicas e doenças neurodegenerativas. Além disso,
uma série de estudos tem descrito os efeitos benéficos do
resveratrol sobre doenças cardiovasculares, baseados em sua
propriedade antioxidante e anticoagulante.
O resveratrol é um composto fenólico, que quimicamente pertence ao
grupo dos estilbenos que possuem um esqueleto característico C6-C2-C6.
Encontra-se em vários frutos, como uvas, amendoins, e frutos do bosque e
em outras partes das plantas como, por exemplo, raízes, como é o caso da
sua presença no Polygonum cuspidatum. Este último é a fonte mais rica em
resveratrol e é muito utilizado na medicina oriental para tratar, entre
outras, doenças hiperlipidémicas, cardiovasculares e hepáticas e
inflamação da pele. Nas plantas, o resveratrol é uma fitoalexina sendo
sintetizado em resposta a um stress ambiental, nomeadamente infecções
microbianas, radiações UV, variações de temperatura e exposição ao
ozono. O resveratrol é sintetizado naturalmente na planta sob duas
formas isômeras: trans-resveratrol (trans-3, 5,4'- trihidroxiestilbeno) e cis-
resveratrol (cis-3, 5,4'-trihidroxiestilbeno). O isômero trans-resveratrol é
convertido para cis-resveratrol em presença da luz visível, pois esta forma
é mais estável.
Vários estudos realizados in vitro sugerem que o resveratrol inibe ambas as
vias. O resveratrol inibe a agregação plaquetar, assim como a síntese de 12-
hidroxiheptadecatrienoato, 5-hidroxieicosatetraenoato, 12-
hidroxieicosatetraenoato e tromboxano B2 induzidas por ácido
araquidónico, colagénio, trombina e ADP. Alguns destes estudos sugeriram
a inibição da 12-lipoxigenase. A atividade anti-plaquetar do resveratrol
também foi observada in vivo.
Na modulação do relaxamento vascular:
O relaxamento vascular, deficiente na aterosclerose, é modulado por dois
reguladores cruciais: o vasoconstritor endotelina-1 e o vasodilatador •NO.
O resveratrol tem demonstrado ser capaz de melhorar a função vasomotora
por modular ambas as entidades. O resveratrol inibe a endotelina-1 ao
nível da sua secreção, do seu mRNA e da sua actividade promotora por
atenuar a atividade de ligação de AP-1 e interferir com ERK1/2. O papel do
•NO no relaxamento vascular foi sugerido, após ter sido demonstrado que
o resveratrol relaxa anéis de aortas pré-contraídas com endotélio intacto,
sem afetar aortas cujo endotélio foi removido.

Papel do resveratrol:
No metabolismo lipídico:
Estudos realizados in vitro com uma linha de hepatocarcinoma humano –
HepG2, que retém a maioria das funções das células do parênquima
hepático normal, em particular, as que se relacionam com a síntese e
secreção de lipoproteínas, indicaram que o resveratrol diminui a
concentração intracelular e a capacidade de secreção da apoB e de ésteres
de colesterol, assim como a capacidade de secreção de triacilgliceróis,
apesar dos seus níveis intracelulares se manterem inalterados. O
resveratrol teria então capacidade de diminuir a produção de VLDL e
consequentemente LDL.

Na atividade antioxidante:
Vários estudos demonstraram que a atividade antioxidante direta do
resveratrol se deve essencialmente à sua capacidade em quelatar o cobre e
à atividade captadora de radicais livres. Adicionalmente, o resveratrol
também diminui de uma forma eficiente a peroxidação lipídica das LDL
induzida pela ferrilmioglobina, reduzindo o complexo oxoferrilo a
metamioglobina, assim como as modificações oxidativas proteicas das
LDL induzidas pelo peroxinitrito. Além da atividade antioxidante direta,
o resveratrol caracteriza-se por uma ação antioxidante indireta devido aos
seus efeitos em diferentes sistemas enzimáticos e antioxidantes celulares
que no seu conjunto melhoram o estado redox da célula.
Na atividade anti-inflamatória:
Os diversos estudos que se encontram publicados na literatura, relativos
às propriedades anti-inflamatórias do resveratrol, indicam que ele poderá
melhorar a inflamação subjacente à aterosclerose por, em parte, reduzir a
produção de moléculas de adesão e citocinas. O resveratrol suprime
ainda, de uma forma dependente da concentração, a expressão do fator
tecidular em células endoteliais estimuladas com IL-1 , TNF- e
lipopolissacarídeos (LPS). Adicionalmente, as propriedades anti-
inflamatórias do resveratrol são, também, sustentadas pela sua
capacidade em alterar a síntese de eicosanóides. Assim, o resveratrol inibe
de uma forma seletiva e direta a cicloxigenase-1 e a cicloxigenase-2,
suprimindo ainda a ativação da expressão do gene desta última, via
transdução direta do sinal da proteína cinase C.
Na inibição da proliferação de células musculares lisas:
O resveratrol inibe a proliferação de células musculares lisas tratadas por
diferentes estímulos, como o soro, PDGF, EGF, angiotensina II, TNF- . Os
efeitos antiproliferativos do resveratrol não estão associados à indução da
apoptose, mas antes a uma paragem do ciclo celular na fase G1.
Na modulação da agregação plaquetar e da trombose:
Nas plaquetas humanas existem duas vias principais para a síntese de
eicosanóides a partir do ácido araquidónico. A via da cicloxigenase, a
partir da qual é formado o tromboxano A2, que tem um papel importante
na propagação da agregação plaquetar e a via que envolve o sistema
enzimático da 12-lipoxigenase, que sintetiza uma família de eicosanóides
designados de hepoxilinas, que são mediadores da mobilização de cálcio,
permeabilidade vascular e ativação de neutrófilos.
Indicações:
• Antioxidante,
• Inibidor da agregação plaquetária,
• Combate ao colesterol (LDL),
• Melhora na flexibilidade de vasos sanguíneos,
• Cardioprotetor,
• Anticâncer.
Posologia:
Usualmente de 5 a 15mg, podendo chegar a 30mg por dia.
Interações medicamentosas:
O resveratrol foi encontrado para inibir agregação de plaquetas de in vitro.
Teoricamente, o consumo elevado de resveratrol (por exemplo, de
suplementos) pode aumentar o risco de sangramento quando tomado com
anticoagulante de drogas, tais como o varfarina, antiagregantes
plaquetários, como o clopidogrel e dipiridamol e não-esteróides fármacos
antiinflamatórios não esteróides (AINE), incluindo aspirina, ibuprofeno e
outros.
Referências:
ROCHA,K,H,R,Katiucha;Efeitos do resveratrol, polifenol da uva, sobre metabolismo
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BRITO, M. Paula; Papel do resveratrol no contexto da prevenção da aterosclerose:
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Universidade de Coimbra, 2007. 181p. Tese de Doutorado. Faculdade de Farmácia da
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SIMAO, Fabricio; Ação neuroprotetora e moduladora da angiogênese e da neurogênese
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