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Natanael B. P. Moraes
Introdução
Por vários anos a Igreja Adventista do Sétimo dia (IASD) vem trabalhando com
Pequenos Grupos (PG) em suas congregações do Brasil. Um dos primeiros pastores a formar
PG foi José Umberto Moura, quando ainda atuava como professor no Unasp, Campus São
Paulo, lá pelos idos de 1988.1 Desde então os PG se consolidaram praticamente em todos os
campos da Divisão Sul-Americana (DSA).
Particularmente tenho trabalhado com PG desde o ano de 1997, quando os
implantamos no distrito pastoral do Instituto Adventista Cruzeiro do Sul, na Associação Sul-
Riograndense. A segunda experiência com PG ocorreu na igreja do Instituto Adventista de
Ensino do Nordeste (iAENE). Posteriormente, ainda na União Nordeste realizamos, juntamente
com o pastor José Umberto Moura, uma experiência pioneira onde foi conjugado o trabalho
de PG com evangelismo público na cidade de Maceió, no ano de 2003. Tanto o preparo quanto
a continuação do esforço evangelístico foi feito pelo trabalho dos PG. A terceira experiência
com PG está sendo realizada no Unasp-EC, através dos alunos do segundo ano teológico.
Julgou-se necessário, no momento, mencionar a realização do VIII Simpósio Teológico-
Bíblico Sul-Americano na Faculdade Adventista da Bahia entre os dias 16-19 de julho de 2009.
O tema geral foi “Teologia e Metodologia da Missão”. No dia 19, um domingo, o professor
Wilson Paroschi apresentou uma palestra com o titulo, “Os Pequenos Grupos e a
Hermenêutica: o Mito da “Base Bíblica”. Sua apresentação provocou diversas reações. Alguns
pensaram que o professor Paroschi estivesse questionando a validade do trabalho com os PG,
mas não é verdade, como bem se pode ver pelo teor do que ele escreveu.
1
Para uma melhor noção sobre o histórico dos PG, ver a tese doutoral de José Umberto Moura.
1
uma tremenda bênção para a igreja apostólica e pós-apostólica; ou (3) que não devamos nos
esforçar para retornar a esse modelo. E é aqui que os pequenos grupos se encaixam. Embora
não sendo um retorno completo ao modelo do cristianismo primitivo, eles certamente
consistem na melhor estratégia disponível e viável no momento para diminuir o impacto das
grandes congregações, que não propiciam o envolvimento e a interação necessários para que
haja saúde e crescimento espiritual, tanto individual quanto coletivo.
Talvez não seja prudente, portanto, apresentar os pequenos grupos, ou mesmo as
igrejas-do-lar do período apostólico, como uma verdade bíblica normativa ou prescritiva, mas
nem por isso o esforço por implantá-los, como alternativa metodológica para servir à missão
da igreja, esteja necessariamente equivocado. À luz de nossa estrutura eclesiástica atual, acho
que é o melhor que podemos fazer nesse momento e, por isso, devemos nos esforçar para
fazê-lo. Grupos pequenos têm uma lógica inerente tão clara e óbvia que qualquer imperativo
bíblico nesse sentido chegaria a ser redundante. Além disso, nem tudo o que é bom ou nem
tudo o que fazemos precisa obrigatoriamente ser respaldado por uma explícita ordem ou
recomendação divina. Dentro dos claros parâmetros estabelecidos pelas Escrituras, temos
liberdade para buscar alternativas e estratégias que levem à otimização das várias
organizações e atividades da igreja como um todo e, assim, levá-la a cumprir sua cabalmente
missão.
É nesse sentido que, talvez, tenhamos que melhorar nossa hermenêutica dos
pequenos grupos. Os detalhes de sua implantação, porém, como tamanho, estrutura e
atividades são questões administrativas e missiológicas que devem ser decididas à luz das
situações específicas, tanto geográficas quanto sociais e culturais, predominantes em nossas
comunidades. Isso significa que um único modelo pode não fazer justiça à diversidade que nos
caracteriza como igreja. Mas, como eu disse, essa é uma questão que os administradores e
missiólogos devem decidir em conjunto. A verdade é que talvez nunca tenha sido da vontade
de Deus que tivéssemos grandes congregações com centenas e, muito menos, com milhares
de membros. No período de maior consagração e crescimento da igreja, período esse que se
estendeu até o início do quarto século, as igrejas-do-lar, com no máximo umas poucas dezenas
de membros, foram o instrumento mais eficiente para manter a igreja unida, fervorosa e
dinâmica naquele que, talvez, tenha sido o período mais difícil de sua história. Não tenho
dúvida de que os pequenos grupos poderão ter um efeito semelhante nesses momentos finais
de nossa história na Terra”. 2
2
Wilson Paroschi, “Os Pequenos Grupos e a Hermenêutica: Evidências Bíblicas e Históricas em
Perspectiva”, em Teologia e metodologia da missão, VIII Simpósio Bíblico-Teológico Sul-Americano,
2
O Conteudo do Artigo do Professor José Umberto Moura
A edição do segundo semestre de 2010 da Revista Parousia traz um artigo do professor
José Umberto Moura, onde ele procura apresentar “Uma Fundamentação Bíblica para os
Pequenos Grupos”. Uma análise cuidadosa de seu artigo indica que tanto ele quanto o
professor Paroschi concordam com o fato de que em Atos dos Apóstolos o que encontramos
são as igrejas do lar.3
A seguir o pensamento do professor Moura: “... os grupos pequenos do periodo
neotestamentario eram igrejas com poucas pessoas que se reuniam nas casas – igrejas em
casa. Nao eram Pequenos Grupos/Células conforme se entende no presente, porem,
hospedavam em seu modus operandi um princípio básico dos Pequenos Grupos/Células do
presente – as reuniões nas casas”.4
Seu artigo tambem apresenta uma definição de PG: “... um sistema desenvolvido
dentro de um processo organizado intencionalmente para o crescimento espiritual, com
multiplicação e conservação de seus membros. Seu objetivo missional envolve os aspectos
espiritual e social, profético e escatológico. Seus diversos ministérios desenvolvem-se a partir
de reuniões interativas , em grupos pequenos, compostos por membros da comunidade de fé,
seus familiares, amigos e convidados. Seus encontros acontecem em dia, local e horario
regulares, em comunhão, através do louvor, oração, testemunho e estudo da Palavra”. 5
Em palestra ministrada aos alunos do segundo ano de teologia, o professor Moura
mencionou seis princípios fundamentais dos PG:
1. Principio da Comunidade – Gênesis 1:26-27.
2. Princípio da Comunhão – Êxodo 12:3-5.
3. Princípio Orgânico – Êxodo 18:19-22.
4. Princípio Relacional – Marcos 3:13-14; João 17:21-21; Mateus 28:20úp.
5. Princípio Operacional (igrejas do lar) – Atos 1:12-14; 2:1-2, 46; 5:42; 8:3; 10:1-2;
11:12, etc.
6. Princípio Metodológico-Estrutural – elaborado por Wesley.
Ainda em sua palestra, o professor Moura disse que há outros princípios bíblicos
fundamentais para os PG a serem descobertos. Atendendo ao seu desafio, aproveito a
editor Elias Brasil de Souza (Cachoeira, BA: Centro de Pesquisa em Literatura Bíblica – CePLIB, 2011),
367-369.
3
Ibid., 355-367. Ver, José Umberto Moura, “Uma Fundamentação Bíblica para os Pequenos Grupos”,
Parousia, 9, nº 2, 2º Semestre, 2010, 83-93.
4
Moura, 89.
5
Ibid., 84.
3
oportunidade para sugerir mais um principio fundamental para os PG, trata-se do principio
multiplicador.
7. Princípio Multiplicador – 2 Timóteo 2:1-2.6
6
Principio sugerido por Natanael Moraes.
4
uma rede de amigos na igreja. Quando isto não acontece, o ‘crescimento’ é apenas uma
exposição de números que não reflete a realidade do que deveria ser”. 7
Outro exemplo do interesse da igreja mundial no programa dos PG é demonstrado no
documento intitulado, “Evangelism and Church Growth”. A seção “Evangelism and Church
Growth – From Batism to Discipleship” deste documento, votada no Concilio Anual de 2003
recomenda no item 2 que, “os orçamentos dos programas de evangelismo internacional
deveriam incluir provisões de no mínimo um ano de atividades especificas de continuidade”. O
item b, desta seção diz, “Membresia [a direcionada] numa congregação local ou em pequenos
grupos que não necessitam de um templo local”.8
Os PG também estão presentes no Apelo feito pela Comissão Executiva da Associação
Geral, votado no dia 10 de abril de 2007. Consideremos primeiro o contexto no qual os PG
estão inseridos no Apelo. Entre 2000-2005 a igreja batizou 5 milhões de pessoas, contudo a
perda de membros, neste mesmo período, chegou a 1,4 milhão. O índice percentual anual de
perda chega a 28% dos batismos. Os membros deixam a igreja por varias razões. As pesquisas
sobre os motivos pelos quais os membros abandonam a igreja indicam que os fatores mais
significativos são de natureza social e relacional, mais do que discordância dos ensinos
denominacionais. As razões citadas com mais frequência pelas pessoas que deixaram a igreja
estão na área dos relacionamentos, na ausência de um senso de pertencer e na falta de
envolvimento significativo com a igreja local e em sua missão. Evidentemente a perda de
membro por estas razões poderia ser evitada. 9
Por outro lado, a IASD sabe que milhares e milhares de conversões ocorrerão nos
eventos finais dos últimos dias. Certamente as pessoas que vierem para a igreja procurarão
uma fundamentação espiritual e uma identificação com a comunidade de crentes que se
apega às verdades da Palavra de Deus. A igreja precisa se preparar para receber este grande
influxo de membros. Também precisa recuperar os membros afastados, alem de prevenir a
perda dos novos na fé.10
7
Jan Paulsen, “Opening Address”, Annual Council 2002, 7 de outubro, pesquisa realizada na internet, no
site http://www.adventist.org/world-church/official-meetings/2000annualcouncil/paulsen-
opening.html, no dia 26 de outubro de 2011.
8
Evangelism and Church Growth – From Batism to Discipleship” em “Evangelism and Church Growth”,
2003 Annual Council, pesquisa realizada no site http://www.adventist.org/world-church/official-
meetings/2003annualcouncil/156g.html, no dia 26 de outubro de 2011.
9
“Conserving Membership Gains – an Appeal”, este “Apelo” feito pela Comissão Executiva da
Associação Geral foi votado no dia 10 de abril de 2007. Pesquisa realizada no site
http://www.adventist.org/beliefs/other-documents/conserving-gains.html, no dia 26 de outubro de
2011.
10
ibid.
5
A resposta da igreja mundial a este apelo pode variar, mas há fatores específicos que
são universais, tais como a alimentação espiritual através da Palavra de Deus e da oração. Em
seguida, a comissão menciona três fatores essenciais para a conservação dos membros da
igreja, mas antes declara, “Se um destes fatores estiver fora, o membro pode se enfraquecer,
mas pode sobreviver. Se dois fatores estiverem ausentes, é quase certo que ele abandonará o
convívio da igreja”.11
Os três fatores:
1. Os membros devem saber articular as suas crenças.
2. Eles devem ter amigos dentro da congregação.
3. Eles devem ser envolvidos num ministério pessoal significante.
Cada membro, batizado ou não, deveria experimentar uma atmosfera que promovesse
o seu crescimento espiritual; ele também deveria ter um senso de identidade com a igreja e,
também, que pertence à igreja, além de empregar os seus dons espirituais no avanço da
missão.
Entre os seis fatores sugeridos para a implementação do Apelo, destaca-se o terceiro
referente aos PG: “Assegurar que os métodos de conquista de almas usados pela igreja levem
em consideração a maneira pela qual os novos membros serão integrados à vida da família da
igreja bem como o seu avanço na senda do discipulado. Tal planejamento deveria incluir a
formação de amizade e companheirismo em pequenos grupos, participação ativa no
testemunhar e recrutamento para papeis e responsabilidades específicas como membro de
uma congregação local”.12
Por sua vez, a DSA, na pessoa do seu presidente, pastor Erton Köhler, definiu os PG
como estilo de vida permanente da igreja no América do Sul. Entre os dias 2-5 de novembro de
2008, teve lugar em Brasília o II Fórum de Pequenos Grupos da DSA. Todos os presidentes de
missões, associações e uniões foram convidados; os professores de prática pastoral que
conduzem o trabalho nos seminários de teologia também.
A certa altura de sua mensagem, disse o pastor Erton:
• “Não buscamos um PEQUENO GRUPO carismático ou contemplativo.
11
Ibid.
12
Ibid.
6
• Não buscamos tirar o foco da mensagem para colocá-lo nos relacionamentos.
• Não buscamos um grupo independente que viva apenas de acordo com a motivação,
a visão e o conteúdo de seu líder.
• Buscamos um PEQUENO GRUPO onde desenvolvam amor uns pelos outros, por Deus e
pelo conhecimento de Sua Palavra.
• Buscamos um PEQUENO GRUPO que não feche as portas da igreja para levá-la aos
lares, mas que use o convívio dos lares para fortalecer a frequência a igreja.
• Buscamos um PEQUENO GRUPO que seja missionário por essência, motivando seus
membros a sair e cumprir a missão e também recebendo e integrando os novos
interessados.
• Buscamos um PEQUENO GRUPO que leve seus membros às casas dos amigos para ai
realizar os estudos bíblicos.
• Buscamos um PEQUENO GRUPO que não seja estático, mas que cresça e se
multiplique.
• Buscamos um PEQUENO GRUPO que não seja fruto de campanhas massivas, mas que
tenha sigo gerado com solidez”.13
13
Erton Köhler, “Fórum de Pequenos Grupos – DSA”, Sermão apresentado na abertura, no dia 2 de
novembro de 2008.
7
Propósitos dos PG
O doutor Alberto Timm escreveu um capítulo no livro Pequenos grupos –
Aprofundando a caminhada, onde ele menciona o propósito dos PG adventistas que é o de
reavivamento e evangelização:
“E certo que a igreja pode ter pequenos grupos só de reavivamento (ou comunhão) e
pequenos grupos só de evangelização (ou missão). Mas uma junção de ambos os propósitos é
o ideal. Se reavivamento é ‘a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades’, por que
os pequenos grupos não podem se transformar em núcleos de reavivamento da igreja? Se, por
outro lado, a dedicação exclusiva a oração acaba cessando ou se transformando em mero
formalismo, por que os pequenos grupos não podem ser também poderosas agências
missionárias?”14
Sobre as diversas formas pelas quais a missao evangelizadora pode ser realizada pelos
PG, Timm declara:
“Uma delas é que o próprio pequeno grupo seja um núcleo evangelístico, para o qual
visitantes não adventistas são convidados com o propósito de aprofundar o conhecimento da
Palavra de Deus. Outra forma é que o grupo seja um núcleo de treinamento e capacitação
missionária de seus membros, que, por sua vez, desenvolverão atividades evangelísticas fora
das reuniões regulares do grupo. Uma terceira forma é que o grupo tenha suas reuniões
regulares de estudo aplicativo da Bíblia, e que apenas em determinados períodos do ano ele
realize séries especiais de evangelização para convidados não adventistas.
Independentemente da forma adotada, cada pequeno grupo deve participar diretamente na
missão evangelizadora da igreja”. 15
8
a persistente conservação de sua atitude de independência, contrariamente à decisão do
corpo geral’ (Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 260). Um pastor adventista pode fazer uma
escolha individual em aceitar dedicar-se ao serviço da igreja. No entanto, ao se tornar servidor
e líder na igreja, deve acatar certas obrigações para com o corpo da igreja.
1. Confie na liderança. Embora a liderança da igreja não possa ser descrita como
perfeita, ela permanece como autoridade devidamente constituída na igreja. Enquanto
dialoga, as variedades de opinião são tanto boas quanto permissíveis; quando as decisões são
tomadas, torna-se responsabilidade do pastor apoiar a liderança. ‘Nutramos o espírito de
confiança na sabedoria de nossos irmãos’ (Testemunhos Para Ministros, p. 500)”.16
"Completem a obra..."
a. A obra dos Pequenos Grupos começou e cresceu, agora nos reunimos para
amadurecê-la e completá-la.
Completem a obra!
Fórum:
Completem a obra!
Completem a obra!
4. Queremos sair daqui para chegar ao pleno potencial e ao pleno alcance dos
Pequenos Grupos, porque esse será um forte elemento para completarmos a obra que Deus
de à sua igreja e então veermos Cristo voltando nas nuvens dos céus.
16
Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, Guia para ministros (Tatuí,
SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010), 48-49.
9
5. Esse é o momento para darmos um passo histórico e completarmos a obra.
6. Deus e a DSA contam com toda a entrega de vocês para isso, neste momento
histórico”.17
Conclusão
17
Köhler, “Fórum de Pequenos Grupos – DSA”.
10