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CRÔNICA ARTIGO DE OPINIÃO

Produzido para jornais e revistas Produzido para jornais, revistas, redação ou


qualquer outro lugar (face, sites etc.)
Linguagem simples e coloquial - oralidade Linguagem jornalística, informativa, sem uso
de oralidade
Busca entreter e trazer reflexão ao leitor Busca informar, convencer, e trazer reflexão
para o leitor de maneira clara.
Trata de acontecimentos corriqueiros e Trata de tema do dia-a-dia: política,
cotidianos, mas que podem tornar-se economia, cultura, esportes, ciência etc.
universais
Visão pessoal e subjetiva do cronista sobre Visão subjetiva ou objetiva. Argumentativa -
qualquer tema. baseada em dados e informações concretas.
Explora o humor e a ironia Argumentação
Possui personagens Normalmente não possui personagem
Texto curto Texto curto normalmente
Não há, necessariamente introdução, Tem introdução, desenvolvimento e
desenvolvimento e conclusão conclusão

Questões sobre os artigos de opinião:


 Qual é o tema do artigo?
 Onde está a introdução, o desenvolvimento e a conclusão?
 Qual são os dados (histórico, leis etc.) utilizados para sustentar a opinião?
 Qual a argumentação do autor (a)? Ele/ela tenta convencer o leitor (a)?
 Qual a reflexão que o artigo de opinião traz?
A era do feminismo: por quê estamos falando tanto de feminismo? – Mari Nascimento

Já no início deste artigo me proponho a quebrar alguns tabus sobre o feminismo, então, se você acredita
no feminismo como o contrário do machismo, como uma fase e “modinha” social ou ainda pela busca
de igualdade entre homens e mulheres, este artigo é para você. Precisamos conhecer melhor o
feminismo!
O conceito de feminismo pode ser entendido como a ação política das mulheres, que atuam como
sujeitos de sua própria transformação social. Ou seja, uma luta contra a opressão que insiste manter os
homens no poder de tomar decisões e realizar escolhas em nome das mulheres, interferindo no direito
humano à liberdade e ao livre arbítrio. Desta forma por meio de ações individuais e coletivas as
mulheres garantem direitos de se expressarem de um modo geral, seja na arte, na teoria ou na política.
Desde já é importante compreender que o feminismo deveria ser definido não como uma luta de
igualdade mas como uma luta contra a opressão, uma luta que reconhece que a opressão não está ligada
apenas à discriminação de gênero, mas que também se expressa no privilégio de classes sociais, no
racismo e na negação de toda sexualidade que que não seja heterossexual. Assim é preciso entender o
feminismo como um movimento plural e não universal, tendo em vista a diversidade entre as mulheres,
sobretudo diante dos privilégios. É preciso entender que há um feminismo negro, um feminismo
branco e um feminismo indígena. Cada um com suas particularidades.
Quando tudo começou…
Para conversarmos melhor sobre o feminismo é preciso entender um pouquinho sobre o seu percurso
na história. As tendências do movimento feminista tiveram início no final do século XIX, o que já
descarta a ideia sobre modinha passageira, e sua principal proposta era a libertação da mulher e não
apenas sua emancipação. Isso significa que as reivindicações buscavam afirmar a mulher como um
indivíduo autônomo e independente perante suas ações e escolhas, procurando equiparar-se aos
homens em direitos jurídicos, políticos e econômicos. Sim, como já dizia Sérgio Britto e Arnaldo
Antunes: “a gente não quer só comida, a gente tem desejo, necessidade e vontade.”
No Brasil, a primeira onda do feminismo ocorreu de maneira pública por meio da luta pelo direito de
voto por volta de 1910. Nessa onda, além da reivindicação de direitos políticos se reivindicava também
as condições de trabalho das mulheres operárias, submetidas a desumanas jornadas de trabalho e
abusos. Infelizmente o movimento perdeu força nesta época e no Brasil só foi possível retomar mais
profundamente o movimento na década de 70, quando em resposta à opressão do regime militar e da
ditadura ocorreram as primeiras manifestações feministas.
Com a progressão das lutas feministas, a década de 90 abordava um conjunto de assuntos muito mais
amplos relacionados às lutas das mulheres como: violência, sexualidade, direito ao trabalho, igualdade
no casamento, direito à terra, direito à saúde materno-infantil, luta contra o racismo e opções sexuais.
Ainda navegando pela história é fundamental citar alguns grandes marcos para os movimentos
feministas, como:
 A criação do Conselho Nacional da Condição da Mulher (CNDM), em 1984, que impulsionou que a
Constituição de 1988 fosse uma das que mais garante direitos para a mulher no mundo;
 A manutenção desse conselho no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva com a criação da
Secretaria Especial de Políticas para Mulheres;
 A criação das Delegacias Especiais da Mulher sob a Lei Maria da Penha (Lei n. 11 340, de 7 de agosto
de 2006), que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher;
 As duas Conferências Nacionais para a Política da Mulher, ocorridas em 2005 e 2007, que
mobilizaram mais de 3000 mulheres e produziram documentos importantes de análise sobre a situação
da mulher no Brasil.
Mas afinal por quê temos falado tanto sobre feminino?!
Como você pode ter percebido com sua leitura até aqui, o feminismo como movimento social e luta
por direitos vem de muito tempo, e vem conquistando aos poucos seu lugar de fala nas sociedades.
Porém, talvez em nenhuma outra época o feminino tenha sido tão debatido, e talvez não soubéssemos
tantas coisas sobre esse universo ou ainda não tivéssemos compreensão sobre as urgências que
possuíamos em debater sobre assunto.
Fato é, que a representatividade das mulheres e da pauta sobre as mulheres nos meios de comunicação
vem aumentando expressivamente, e agora não dispensamos o direito de contar e questionar nossas
próprias histórias, mostrando que não precisamos que uma voz nos seja concedida mas sim que a
possuímos e temos muito a dizer.
E assim surgem novas perspectivas e as mulheres, lésbicas, negras, bi e trans, não vão mais se calar.
Assim vamos ganhando espaços e nos fazendo presente diante das pequenas vitórias contra o
machismo, o racismo e a lgbtfobia. Vamos quebrando novos paradigmas e já não aceitamos as
verdades enfiadas garganta abaixo sobre a superioridade do gênero masculino a partir do discurso de
força física e racionalidade, pois sabemos que precisamos de muito mais do que isso para a construção
de um mundo fraterno, solidário e igualitário.
Nossa sociedade está repleta de feridas, que apenas racionalidade e força física não são capazes de
curar, precisamos repensar as coisas pela esfera do lado emocional e aos poucos os valores do feminino
vão se encaixando perfeitamente ao nosso cotidiano. Isso vai para além do fato de ser mulher, isso é
sobre gentileza, empatia e respeito. É sobre repensar os modos de vida, como temos conduzido nossas
trajetórias e o que realmente queremos fazer. A era do feminino traz o autoconhecimento como pauta
fundamental e com isso nos permitimos a ser mais felizes, tanto homens quanto mulheres. Sem o peso
da lógica que automatiza as pessoas vamos criando conexões com os nossos sentimentos, nossa saúde,
mente e alma.
O feminino impulsiona o feminismo, assim como o feminismo impulsiona o feminino. São forças que
juntas prezam por um mundo melhor, mais justo e coerente. Eu espero que após essa leitura você possa
compreender um pouco melhor sobre o feminismo e sobre a importância dessa luta, e que traga para
o seu dia a dia situações em que repense o quanto essas lutas possam ter impactado a sua própria vida
e que entenda que você é seu próprio lar. O caminho ainda é longo, mas é preciso estar atenta e forte.
Ainda há tempo!
Índio, Bolsonaro e seu pecado – Leão Serva

Escrevo sentado em uma casinha próxima a uma comunidade de índios de contato recente na
Amazônia, os suruwahá. Ao terminar, mando o artigo para o jornal usando a antena local de wi-
fi. Entre outras histórias, acompanho o tratamento dentário que foi oferecido a dezenas de
pessoas do grupo, cerca de 50 homens e mulheres que receberam próteses produzidas em
impressoras 3D.

É possível que nem o dentista do futuro presidente, Jair Bolsonaro, tenha acesso a esse
equipamento, ainda raro no país. Mesmo assim, leio no site da Folha o eleito dizer que "os
índios querem internet e dentista" e que vai dar isso a eles. Não vai dar, porque eles já têm.

Bolsonaro tem especial predileção para falar de índios. Mas parece que escuta a arara cantar e
não sabe onde, como se só os conhecesse dos filmes de Hollywood ou de ouvir falar (mal).

Diz o eleito que os índios precisam empreender. Pois, a esta altura, a lista dos produtos
indígenas bem-sucedidos não cabe neste artigo. O chef mais famoso do Brasil, Alex Atala, fez
de seus temperos a base de pratos badalados, que rendem mais ao país que muitos hectares de
soja. Em Roraima, índios criam uma em cada dez cabeças de gado; no Acre, constroem uma
fábrica de polpa, para otimizar sua produção de frutas, e exportam urucum para multinacional
de cosméticos. Mas nesses lugares, elites preconceituosas negam os fatos, para manter o
estigma do índio preguiçoso.
O futuro presidente afirma que o turismo pode fazer bem à Amazônia. Mais uma vez, chove no
molhado: diversas agências oferecem viagens a terras indígenas.

Em vez de pagar multa por pesca ilegal, Bolsonaro pode ir a uma comunidade, ficar hospedado
e fisgar peixe. Tudo perfeitamente legal, ajudando índios empreendedores a manter a floresta de
pé.

Sua proposta de arrendar terras de índios já foi tentada no passado. Os conflitos mais tensos que
temos foram causados por esse modelo: depois de uma ou duas gerações, os fazendeiros alegam
direitos adquiridos e tomam as terras. Foi assim no sul da Bahia, na Raposa Serra do Sol e em
Mato Grosso do Sul.

Também a autorização para mineração em áreas indígenas não é novidade. É prevista em lei.
Mas precisa ser autorizada pelo Congresso e exige aval das comunidades. A legislação, na
Constituição de 1988, não foi obra de "esquerdistas" ou "internacionalistas". Foram os militares
que a conceberam.

O autor do texto foi o ex-ministro coronel Jarbas Passarinho, em consenso com indigenistas
nacionais. A ideia: as terras são patrimônio inalienável da União, e os índios têm usufruto,
ajudando a manter a floresta. As fotos de satélite, produzidas pela elite da aeronáutica (Inpe),
provam que o modelo deu certo: o patrimônio da União só é preservado nessas áreas; fora, é
grilado, desmatado e queimado.

Bolsonaro precisa conhecer mais a complexa realidade indígena. Se até o rei da Noruega veio ao
Brasil se hospedar em uma aldeia, nosso líder também merece. Não precisa de coroa para ter
majestade, basta despir-se do orgulho.

Há índios que querem viver isolados, e precisam de proteção; outros cursam as melhores
universidades. A Unicamp criou um vestibular para eles; a Federal de São Carlos tem dezenas
de alunos, e a de Roraima mantém cursos de temática especializada. E o que dizer dos indígenas
do Exército? Alguém acha que vêm do "zoológico"?
Bolsonaro deve entender que, para ser um bom cristão, não basta repetir sempre o mesmo
versículo da Bíblia, mas superar o pecado. No seu caso, a soberba.

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