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"[...] porque sem mim nada podeis fazer.

"
João 15:5
Deus seja louvado.

Guerreiro, Helder
Eu odeio Fenômenos de Transporte I. / Helder Guerreiro
– Manaus, 2017.

Bibliografia

Livro não catalogado e não institucional, o mesmo é amador.


Sumário
Apresentação ..................................................................................................................... 13
Observações ........................................................................................................................ 14
1. O seu conhecimento nas gotas de orvalho – Definições Gerais............................ 15
1.1 Conceitos Fundamentais .................................................................................................................................... 15

1.2 Fluido ........................................................................................................................................................................ 15

1.3 Princípio da Aderência ...................................................................................................................................... 16

1.4 Fluido em Mecânica dos Fluidos ..................................................................................................................... 16

1.5 Tensão de Cisalhamento .................................................................................................................................... 17

1.6 Tensão de Cisalhamento num Fluido............................................................................................................ 17

1.7 As Tensões Entre Camadas .............................................................................................................................. 18

1.8 Lei de Newton ....................................................................................................................................................... 18

1.9 Viscosidade .............................................................................................................................................................. 19

1.10 Tensão de Cisalhamento e Viscosidade ..................................................................................................... 19

1.11 Condições Ambientais ...................................................................................................................................... 20

1.12 O Gradiente ......................................................................................................................................................... 20

1.13 Simplificação Prática ....................................................................................................................................... 20

Exemplo 1 ....................................................................................................................................................................... 21

2. Descobrindo a ponta do iceberg – Características e Tipos de Fluidos ............... 23


2.1 Massa Específica .................................................................................................................................................... 23

2.2 Peso Específico ....................................................................................................................................................... 24

2.3 Viscosidade Cinemática ...................................................................................................................................... 24

2.4 Tipos de Fluidos .................................................................................................................................................... 25

2.5 Fluido Ideal ............................................................................................................................................................. 25


2.6 Reflexões Sobre a Viscosidade .......................................................................................................................... 25

2.7 A Consequência de uma Viscosidade Nula .................................................................................................. 26

2.8 Fluido Incompressível .......................................................................................................................................... 27

2.9 Tipos de Fluidos Incompressíveis .................................................................................................................... 27

2.10 Tensão Cisalhante e o Tempo ....................................................................................................................... 28

Exemplo 2 ....................................................................................................................................................................... 29

3. A entidade que te persegue por toda faculdade - Pressão ...................................... 32


3.1 Estática dos fluidos .............................................................................................................................................. 32

3.2 Pressão ..................................................................................................................................................................... 32

3.3 Pressão de um Fluido ......................................................................................................................................... 33

3.4 Exemplos de Pressão de Fluidos ..................................................................................................................... 33

3.5 Pressão de um Gás .............................................................................................................................................. 34

3.6 Equação da Pressão ............................................................................................................................................. 34

3.7 Teorema de Stevin .............................................................................................................................................. 35

3.8 Explicação Analítica ............................................................................................................................................ 35

3.9 Pressão Atmosférica ............................................................................................................................................ 36

3.10 Lei de Pascal ....................................................................................................................................................... 36

3.11 Análise da Lei de Pascal ................................................................................................................................. 37

3.12 Pressão e Altura ................................................................................................................................................ 37

3.13 Pressão Absoluta e Efetiva ............................................................................................................................. 38

3.14 Medidores de Pressão ...................................................................................................................................... 39

3.14.1 Barômetro .................................................................................................................................................... 39

3.14.2 Piezômetro ................................................................................................................................................... 39

3.14.3 Manômetro em U ...................................................................................................................................... 40

3.14.4 Manômetro Diferencial ........................................................................................................................... 40

Exemplo 3 ....................................................................................................................................................................... 40
4. Treinamento de cães – Exercícios resolvidos ........................................................... 44
4.1 Base Teórica ........................................................................................................................................................... 44

4.1.1 Forma correta de utilizar o teorema de Stevin ............................................................................... 45

4.1.2 Manômetro aberto com um líquido e um gás .................................................................................. 46

4.1.3 Manômetro aberto com dois líquidos ................................................................................................... 47

4.1.4 Manômetro fechado com três líquidos ................................................................................................. 48

4.2 Exercícios resolvidos ............................................................................................................................................ 48

Questão 1 .................................................................................................................................................................... 48

Questão 2 .................................................................................................................................................................... 49

Questão 3 .................................................................................................................................................................... 50

5. Velozes e Ferozes – Cinemática dos fluidos........................................................... 51


5.1 Cinemática .............................................................................................................................................................. 51

5.2 As aplicações de maneira diferente .............................................................................................................. 51

5.2.1 Observação Prática ...................................................................................................................................... 55

5.2.2 O Sentido de Tudo Isso .............................................................................................................................. 55

5.3 A Experiência de Reynolds ............................................................................................................................... 56

5.4 Escoamento Laminar .......................................................................................................................................... 56

5.5 Escoamento de Transição e Turbulento ...................................................................................................... 57

5.6 Número de Reynolds ........................................................................................................................................... 57

5.7 Linha de Corrente................................................................................................................................................ 58

5.8 Tipos de Escoamento .......................................................................................................................................... 58

5.8.1 Escoamento Unidimensional .................................................................................................................... 58

5.8.2 Escoamento Bidimensional ....................................................................................................................... 59

5.8.3 Escoamento Tridimensional ..................................................................................................................... 59

5.9 Vazão......................................................................................................................................................................... 60

5.10 Cálculo de Velocidade Média ......................................................................................................................... 60


Exemplo 4 ....................................................................................................................................................................... 61

6. Outros assuntos da viscosidade – Reometria e pseudoplástico.............................. 63


6.1 Comportamento pseudoplástico em polímeros ........................................................................................ 63

6.2 Como se mede a viscosidade (reometria)? ................................................................................................. 65

7. Não desista, continue – A equação da continuidade ............................................. 66


7.1 Balanço de Massa ................................................................................................................................................. 66

7.2 Relação Velocidade–Massa ............................................................................................................................... 66

7.3 Equação da Continuidade ................................................................................................................................. 67

7.4 Vazão (de novo) .................................................................................................................................................... 68

7.5 Reflexões entre Pressão e Velocidade ........................................................................................................... 68

Exemplo 5 ....................................................................................................................................................................... 69

Exemplo 6 ....................................................................................................................................................................... 70

Exemplo 7 ....................................................................................................................................................................... 71

8. Treinamento de cães – Exercícios resolvidos ........................................................... 73


Questão 1 ........................................................................................................................................................................ 73

Questão 2 ........................................................................................................................................................................ 74

Questão 3 ........................................................................................................................................................................ 75

Questão 4 ........................................................................................................................................................................ 76

Questão 5 ........................................................................................................................................................................ 77

Questão 6 ........................................................................................................................................................................ 78

Questão 7 ........................................................................................................................................................................ 80

9. Equacionando o seu desespero – A equação de Bernoulli .................................... 82


9.1 Balanço de Energia.............................................................................................................................................. 82

9.2 Balanço de Energia Geral ................................................................................................................................. 82

9.3 Interpretação ......................................................................................................................................................... 84

9.4 Balanço de Energia em Escoamentos........................................................................................................... 85


9.5 Equação de Bernoulli .......................................................................................................................................... 85

9.6 Interpretação da equação de Bernoulli ....................................................................................................... 86

Exemplo 8 ....................................................................................................................................................................... 87

Segundo método ....................................................................................................................................................... 89

10. Uma pausa - Semelhança, Análise Dimensional e Teorema Pi ...................... 91


10.1 Problemática ................................................................................................................................................... 91

10.2 Análise dimensional ...................................................................................................................................... 91

10.3 Teorema Pi ...................................................................................................................................................... 92

10.4 Importância ..................................................................................................................................................... 93

10.5 Semelhança ...................................................................................................................................................... 94

11. Colocando o seu sofrimento em prática - Máquinas ............................................ 95


11.1 Os desprezos reconsiderados ......................................................................................................................... 95

11.2 Máquinas ............................................................................................................................................................... 95

11.2.1 Bombas .......................................................................................................................................................... 96

11.2.2 Turbinas ........................................................................................................................................................ 96

11.2.3 Bomba x Turbina ....................................................................................................................................... 98

11.4 Cargas manométricas do escoamento ...................................................................................................... 99

11.5 Máquinas e escoamento .................................................................................................................................. 99

11.6 Potência e rendimento de máquinas ....................................................................................................... 100

Exemplo 9 ..................................................................................................................................................................... 100

12. Desvendando mínimos detalhes - Perda de carga, Escoamento multipontos e


Diagrama de velocidades............................................................................................... 103
12.1 Atrito ................................................................................................................................................................... 103

12.2 Bernoulli em todos os lugares .................................................................................................................... 103

12.3 As máquinas ...................................................................................................................................................... 104

12.4 O efeito do atrito ............................................................................................................................................ 104


12.5 A grande jogada .............................................................................................................................................. 105

12.6 Perda de carga................................................................................................................................................. 106

12.7 Equacionando perda de carga.................................................................................................................... 107

12.8 Escoamento multipontos .............................................................................................................................. 107

12.9 Diagrama de velocidades .............................................................................................................................. 108

12.10 Perfis de velocidade ..................................................................................................................................... 110

13. Treinamento de cães – Exercícios resolvidos ..................................................... 111


Questão 1 ...................................................................................................................................................................... 111

Questão 2 ...................................................................................................................................................................... 113

Questão 3 ...................................................................................................................................................................... 115

Questão 4 ...................................................................................................................................................................... 117

Questão 5 ...................................................................................................................................................................... 121

14. Uma visão microscópica - Camada limite, turbulência e vórtices ................... 124
13.1 As condições ...................................................................................................................................................... 124

14.2 Consequências do atrito ................................................................................................................................ 124

14.3 Viscosidade ......................................................................................................................................................... 125

14.4 Camada Limite ................................................................................................................................................ 125

14.5 O número de Reynolds e Turbulência ..................................................................................................... 126

14.6 Camada Limite e Turbulência .................................................................................................................... 126

14.7 Vórtices................................................................................................................................................................ 127

15. Desejo boa sorte para você - Diagrama de Moody ........................................... 128
15.1 Condutos ............................................................................................................................................................. 128

15.2 Analogia .............................................................................................................................................................. 129

15.3 Raio/Diâmetro hidráulico ............................................................................................................................ 130

15.4 Cano quadrado? ............................................................................................................................................... 131

15.5 Rugosidade ......................................................................................................................................................... 132


15.6 Rugosidade relativa ........................................................................................................................................ 132

15.7 O entendimento da rugosidade ................................................................................................................. 133

15.8 O Nascimento de um diagrama ................................................................................................................ 134

15.9 Diagrama de Moody....................................................................................................................................... 135

15.9.1 Escoamento Laminar ............................................................................................................................. 138

15.9.2 Escoamento de Transição..................................................................................................................... 138

15.9.3 Regime hidraulicamente liso ............................................................................................................... 138

15.9.4 Transição de regime liso para rugoso.............................................................................................. 139

15.9.5 Regime hidraulicamente rugoso ........................................................................................................ 139

Exercício ......................................................................................................................................................................... 140

16. Aprendendo a perder -Perda de carga total........................................................ 143


16.1 Comprimento real e equivalente ............................................................................................................... 143

16.2 Um segundo método ...................................................................................................................................... 143

16.3 Uma tabela ........................................................................................................................................................ 144

16.4 Como utilizá-la ................................................................................................................................................ 145

Exemplo 9 ..................................................................................................................................................................... 146

Exemplo 10 .................................................................................................................................................................. 150

Exemplo 11 .................................................................................................................................................................. 153

17. Está ocorrendo cavitação na sua vida? - Cavitação e Associação de Bombas


.......................................................................................................................................... 157
17.1 Pressão de vapor (Pv).................................................................................................................................... 157

17.2 Variáveis que influenciam ............................................................................................................................ 157

17.3 Pressão de vapor em um escoamento .................................................................................................... 159

17.4 O princípio da cavitação .............................................................................................................................. 160

17.5 Cavitação ............................................................................................................................................................ 160

17.6 Cavitação e Bombas ....................................................................................................................................... 161


17.7 NPSH.................................................................................................................................................................... 162

17.8 Análise de NPSH.............................................................................................................................................. 164

17.9 Associação de Bombas ................................................................................................................................... 165

17.10 Curva da bomba ........................................................................................................................................... 167

Exemplo 12 .................................................................................................................................................................. 168

Exemplo 13 .................................................................................................................................................................. 169

18. Uma discussão final - Fenômenos de transporte 1 e climatologia ................. 174


19. Pronto para ser um engenheiro? – Projeto de um sistema hidráulico ............ 177
19.1 Problema ............................................................................................................................................................ 177

19.2 Primeiros cálculos............................................................................................................................................ 178

19.3 Considerações .................................................................................................................................................... 179

19.4 Desenvolvimento de Equações .................................................................................................................... 180

19.4.1 Bomba.......................................................................................................................................................... 180

19.4.2 Sistema de tubulação ............................................................................................................................. 180

19.4.3 Equações ...................................................................................................................................................... 181

19.4.4 Áreas ............................................................................................................................................................ 181

19.5 Escolha de casos ............................................................................................................................................... 182

19.5.1 Corrosão ...................................................................................................................................................... 182

19.6 Estudo de Caso ................................................................................................................................................. 183

19.6.1 Automação do projeto .......................................................................................................................... 184

19.7 Resultados .......................................................................................................................................................... 187

19.7.1 Aço Inox e bomba A ............................................................................................................................... 188

19.7.2 Aço Inox e bomba B ............................................................................................................................... 190

19.7.3 Aço Inox e bomba C ............................................................................................................................... 191

19.8 Discussões............................................................................................................................................................ 193

19.8.1 Bombas ........................................................................................................................................................ 193


19.8.2 Tubulação.................................................................................................................................................... 195

19.9 Conclusão ............................................................................................................................................................ 195

20. Adeus ....................................................................................................................... 197


Referências ..................................................................................................................... 198
Apresentação
Olá, meu nome é Helder Guerreiro, aluno de Engenharia Química na Universidade Federal
do Amazonas. Todo aquele que faz engenharia (pelo menos suponho que a maioria) terá
de enfrentar um dia o Fenômenos de transporte I, onde o objetivo dessa disciplina é
estudar o comportamento dos fluidos e como domá-los para que eles venham agir em
nosso favor.

Infelizmente, é uma realidade que nem todo mundo se dá bem na faculdade, nem todos
puderam fazer um bom ensino fundamental e médio, nem todos puderam pagar os
melhores cursinhos pré-vestibulares, mas lutam todos os dias para valorizar o seu curso
e aprendizado. Isso ocorreu comigo, eu sou um leigo que aprendeu a ensinar, eu nunca
aprendo do jeito como os livros mostram, porque eu não entendo, nem mesmo as vídeo
aulas da internet me ajudam (elas dão é sono), mas através de incessantes horas de estudo
e dedicação eu consigo assimilar meus estudos a coisas simples do nosso dia a dia.

Se você é que nem eu, ou seja, uma pessoa que nunca aprende as coisas logo de cara e
sente dificuldade em estudar por livros, este livro é para você. É uma triste verdade que
nem todos os professores são bons e nem todos os livros tem boa didática, as vezes os
alunos são abandonados sozinhos, sem ajuda do professor, sem monitor, sem alguém para
tirar suas dúvidas. Foi pensando em pessoas assim que este livro foi criado. Eu serei seu
amigo em todos as páginas deste livro, lhe mostrando os mínimos detalhes e sempre
associando coisas difíceis com as óbvias.

Boa sorte nos seus estudos e vamos avante.

13
Observações
• Este material é baseado no livro: Mecânica dos Fluidos – Franco Brunetti e nas
aulas do professor do autor.

• As teorias retiradas de outros livros e da internet serão destacadas com as suas


respectivas referências através de números: (1), (2) etc.

• Referências constadas no final deste livro que não foram citadas no meio deste,
foram responsáveis pela formulação do pensamento do autor, sendo assim
contribuições indiretas.

• As questões abordadas aqui serão as mesmas que foram utilizadas pelo professor,
mesmo que sejam de outros livros.
• Todas as imagens não pertencentes ao autor foram devidamente referenciadas
na imagem e no final deste livro, as que não contem referência são de autoria
do próprio autor deste livro.
• Este livro é amador e não obteve ajuda de terceiros, ou seja, o autor pensou,
escreveu, editou e publicou este livro sozinho, o que faz deste passível de certos
erros pequenos nesta edição, o que não comprometerá o seu estudo, dessa forma
peço sua compreensão caso encontre algum erro neste livro.
• Para dúvidas, sugestões, aviso de erros, elogios ou algo que necessite contato,
envie um e-mail para: heldermeloguerreiro@gmail.com .
• Este livro é gratuito e não deve, de forma alguma, ser vendido por nenhuma
pessoa física ou jurídica, o autor deliberou de boa vontade este livro como livre
para todo aquele que queira possuí-lo.

14
1. O seu conhecimento nas gotas de orvalho –
Definições Gerais
1.1 Conceitos Fundamentais

• Fluido (e não Fluído):

- É uma substância que não tem uma forma própria, assume o formato do recipiente.

• Princípio da Aderência:

- Os pontos de um fluido, em contato com uma superfície sólida, aderem aos pontos
dela, com os quais estão em contato.

1.2 Fluido

Fluido é qualquer substância que pode fluir (1), a água pode fluir, qualquer gás pode
fluir. E uma pedra pode fluir? Mas afinal o que é fluir?

Fluir é simplesmente correr (2), ou seja, é a habilidade que um certo tipo de material
tem de fazer seu corpo correr em um certo espaço.

Então uma pedra não é um fluido. Ela não pode se desfazer e correr por um pátio e
depois se refazer novamente.

Um ketchup é um fluido, pois ele flui através do pote que apertamos para que ele saia e
caia no sanduiche.

Mas para a mecânica dos fluidos uma definição mais técnica (chata) deve ser
desenvolvida.

15
1.3 Princípio da Aderência

Se você imaginar duas placas, superior e inferior, em um sólido talvez você possa
perceber que se você mexer a placa de cima para o lado o sólido se deformará muito
pouco, ou quase nada. Por exemplo uma borracha se deformará um pouco para o lado,
mas uma pedra se deformará praticamente nada.

Mas e se fosse em um fluido? Ao mover a placa superior o fluido se deformará


infinitamente, como se fosse uma super-borracha que pode ser esticada para sempre.

Quando a placa é movida a camada do fluido que está em contato com ela se move na
mesma velocidade, ou seja, o fluido está ligado à placa.

1.4 Fluido em Mecânica dos Fluidos

Comparando os acontecimentos descritos com as placas em um sólido e em um fluido


temos que a definição mais técnica (chata) de um fluido é:

“Uma substância que se deforma continuamente, quando submetida a uma força


tangencial constante qualquer. ”

Ou

“Uma substância que, quando submetida a uma força tangencial constante, não atinge
uma nova configuração de equilíbrio estático. ”

Força tangencial = mexer a placa para o lado

16
1.5 Tensão de Cisalhamento

Tensão de cisalhamento é uma força que tende a puxar um certo material com duas
forças opostas cada uma em uma metade do material. É como se você pegasse uma
borracha em pé, na parte de cima você puxa para a direita e na parte de baixo para a
esquerda. Se forçar demais, pode ser que a borracha se rasgue no meio. Por isso se chama
cisalhamento (cortar).

Brunetti define a tensão de cisalhamento como uma força


aplicada tangente à uma superfície (mexeram a superfície para
o lado), então decompondo essa força temos a força normal e
uma força que atinge ao lado da superfície, essa é uma força de
cisalhamento que está sendo aplicada sobre a superfície de área
A.

𝐹𝜏
𝜏=
𝐴

1.6 Tensão de Cisalhamento num Fluido

Imagina-se que o fluido é formado por um aglomerado de camadas (placas) uma em


cima da outra. A observação feita no princípio da aderência (onde duas placas estavam
entre um fluido) ainda é válida.

Veja como essa força 𝐹𝜏 está atingindo ao lado da placa. Isso a fará se movimentar, da
mesma forma como analisamos no princípio da aderência (alguém mexeu a placa para
o lado).

Observou-se anteriormente que o fluido, quando se movia a placa superior, se


comportava como uma “borracha que se estica infinitamente”. Isso significa que a placa
inferior nunca vai se mover. Então, quando a placa superior for atingida por uma força
ela tenderá a atingir uma velocidade 𝑣0 constante e isso é indício de que há forças
internas no fluido que acabam por se equilibrar com a força aplicada 𝐹𝜏 .

17
1.7 As Tensões Entre Camadas

Mas porque haveria uma força interna? Imagine que essa “velocidade constante” é na
verdade velocidade nula, ou seja, a placa superior parou. Quando se aplica a força a um
determinado material e ele se move, ele irá parar somente se houver alguma força
contra esse material que o fará diminuir a sua velocidade gradualmente até parar.

E é verdade que se empurramos uma placa em cima da água uma hora ela irá parar,
não? E que forças internas são essas?

Como o fluido é formado por várias “placas” quando a placa superior é movimentada a
debaixo irá se movimentar também e assim sucessivamente, mas você se lembra que a
placa inferior não se move? Isso significa que as placas se deslizam uma em cima da
outra, mas com velocidades cada vez menores. E essa velocidade só reduz porque algo
vai de contra. Esse “algo” é uma espécie de atrito, mas que aqui é chamado de tensão
de cisalhamento.

1.8 Lei de Newton

Então vamos resumir: cada camada de um fluido que desliza sobre o outro irá formar
tensões de cisalhamento, que multiplicando pela área da “placa” encontra-se as forças
𝐹𝜏 que foi visto anteriormente.

De um outro ponto de vista, a tensão de cisalhamento é relacionada a diferença de


velocidade entre as “placas”. Porque se há uma diferença de velocidade então há alguma
força que impede velocidades iguais.

Newton descreve que a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional á variação


da velocidade em y (que é a altura). Ou seja, a velocidade varia ao passo que descemos
as camadas, elas ficam mais lentas, logo a tensão de cisalhamento será menor.

18
1.9 Viscosidade

Em uma definição primária: a viscosidade é o atrito interno em um fluido (1). Segundo


Brunetti a viscosidade é originada por uma coesão (força atrativa) entre as moléculas e
o choque entre elas. Brunetti também defini a viscosidade como: uma propriedade que
indica a maior ou menor dificuldade que um fluido tem de fluir.

Basicamente a viscosidade é o quanto mais “grosso” é o fluido. Veja o Ketchup, ele é um


fluido “grosso” difícil de escorrer, isso significa que ele é um fluido viscoso.

Como a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional á variação da velocidade


com a altura, está faltando algo para se formar uma equação: uma constante.

Já foi visto que a tensão de cisalhamento é a responsável pelo retardo da velocidade do


deslizamento entre camadas. Mas e se fosse um fluido como a água? Ou como um
ketchup? Se fosse num ketchup com certeza as camadas do fluido se moveriam muito
pouco (porque ele é “grosso”) se relacionado com a água.

1.10 Tensão de Cisalhamento e Viscosidade

Entendemos agora que um fluido quando é viscoso a velocidade de deslizamento diminui


drasticamente porque se torna mais difícil de mover suas placas. A tensão de
cisalhamento é o “atrito” que diminui a velocidade de deslizamento das camadas, logo
chegamos a conclusão de que quanto maior a viscosidade de um fluido maior será o
“atrito” que irá impedir a velocidade de deslizamento. Por fim:

𝑑𝑣
𝜏=𝜇
𝑑𝑦

A tensão de cisalhamento é diretamente proporcional ao produto da viscosidade (𝜇) com


a variação de velocidade em y.

19
1.11 Condições Ambientais

Analisando os fluidos de acordo com as condições ambientais, uma alta temperatura em


fluidos líquidos resulta na diminuição da viscosidade enquanto em fluidos gases a
viscosidade aumenta.

O aumento da temperatura aumentará a energia cinética das moléculas dos fluidos e


num fluido líquido as suas moléculas tendem a diminuir suas interações intermoleculares
(é por essa razão que um líquido entra em ebulição) consequentemente a viscosidade
diminuirá. Num fluido gasoso o aumento da temperatura irá agitar as moléculas cada
vez mais, diminuindo os espaços entre as moléculas do gás, dessa forma o gás ficará
mais “denso” e consequentemente sua viscosidade aumentará.

1.12 O Gradiente

Quando foi dito que a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional á variação da


velocidade em y, na verdade estamos falando de um gradiente de velocidade.

Segundo James Stewart (3): “Se f é uma função de


duas variáveis x e y, então o gradiente de f é a função
vetorial 𝛻𝑓 definida por: 𝛻𝑓(𝑥, 𝑦) = (𝑓𝑥 (𝑥, 𝑦), 𝑓𝑦 (𝑥, 𝑦)) =
𝑖 + 𝜕𝑦 𝑗 ”
𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝜕𝑥

Mas temos um porém, essa velocidade não está


dependendo só de y? Como é que ela vai ter duas
variáveis? Bom, na verdade esse “gradiente” está mais Fonte: James Stewart, Cálculo I

para taxa de variação da velocidade como define James Stewart (4): “O quociente
é denominado taxa média de variação de y em relação a x no intervalo [𝑥1 , 𝑥2 ]
∆𝑦 𝑑𝑦
𝑜𝑢
∆𝑥 𝑑𝑥
e pode ser interpretado como a inclinação da reta secante PQ na figura ao lado. ”

1.13 Simplificação Prática

O gradiente da velocidade descreve este comportamento abaixo:


𝑑𝑣
𝑑𝑦

20
Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos

O gradiente mede o quão rápido a função sai de uma camada até a outra. Mas quando
o espaço entre essas camadas é muito pequeno, a derivada pode ser simplesmente
ignorada e então usamos uma equação comum em vez de derivadas.
𝑣0
𝜏=𝜇 𝑠𝑒 𝑒 𝑠𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑠𝑒 𝑦 = 𝜀 < 4 𝑚𝑚
𝜀

Exemplo 1

Um pistão de peso G = 4 N cai dentro de um cilindro com uma velocidade constante de


2 m/s. O diâmetro do cilindro é 10,1 cm e o do pistão é 10,0 m. Determinar a
viscosidade do lubrificante colocado na folga entre o pistão e o cilindro.

Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos

Vamos imaginar a imagem apresentada virada na horizontal. Veja como agora temos
placas uma em cima das outras, considere as laterais do cilindro e do pistão como placas
também. Então, nós queremos analisar o fluido que está entre as placas do cilindro e do
pistão.

21
Ora, o peso do pistão pode ser interpretado como uma 𝐹𝜏 , de tal forma que essa força
irá provocar a tensão cisalhante. Podemos calcular essa tensão, usando a área de contato
com o pistão. Veja que a área de contato não é a área total do pistão, porque o fluido
não está completamente em todo pistão, somente em volta.

Mas porque tem que ser a área de contato do pistão e não a do cilindro em volta do
pistão? Deixa eu lhe fazer uma pergunta: quem está se momento o pistão ou o cilindro
em volta dele?

Agora calculamos a tensão cisalhante no fluido provocado pelo pistão:

𝐹𝑡 4𝑁 4𝑁
𝜏= = = = 254,648 𝑁/𝑚2
𝐴 2𝜋𝑟𝐿 2𝜋(0,05 𝑚)(0,05 𝑚)

Porque 2𝜋𝑟𝐿? Essa é a área lateral de um cilindro, o comprimento de uma circunferência


pela altura do cilindro.

Agora vamos analisar a posição do fluido entre essas placas. Veja que entre o pistão e o
cilindro temos 0,1 cm de distância e dividindo esse valor para cada lado onde o fluido
está temos 0,5 mm. Esse valor é a distância entre uma placa e a outra onde entre elas
está o fluido. Logo temos que 𝜀 = 0,5 mm que é muito menor que 4 mm.

Com isso podemos usar a relação abaixo para encontra a viscosidade desse fluido:

𝑣0 𝜀 0,0005 𝑚
𝜏=𝜇 → 𝜇 = 𝜏 = (254,648 𝑁/𝑚2 ) = 6,37 × 10−2 𝑁𝑠/𝑚2
𝜀 𝑣0 2 𝑚/𝑠

Por fim, encontramos a viscosidade do fluido.

22
2. Descobrindo a ponta do iceberg –
Características e Tipos de Fluidos
2.1 Massa Específica

A massa específica não é nenhuma novidade, mas esse termo será abordado aqui por
causa da confusão que envolve explicar porque massa específica é diferente de densidade.
Segundo Leonardo Araújo em seu artigo na internet (5):

Os conceitos de densidade e massa específica podem ser os mesmos,


dependendo do contexto. [...] No entanto, esta aparente confusão pode ser
eliminada com o emprego do termo ‘densidade absoluta’, utilizado por
Baptista e Lara (2010) para se referir à ‘massa específica’ e ‘densidade
relativa’ para deixar claro que se refere à razão de massas específicas de
dois fluidos.

Resumindo: a densidade é uma propriedade de materiais e objetos enquanto massa


específica é uma propriedade de substâncias.

Então temos as diferenças das definições descritas por Nelson Lima (6):

“A massa específica de uma substância é a razão entre a massa e o volume da substância.


[...] Densidade absoluta de um corpo é a razão entre a massa e o volume do corpo. ”

23
2.2 Peso Específico

Sabe aquelas versões 2.0 dos softwares? Então, o peso específico é a versão 2.0 da massa
específica. Bom já sabemos que o peso é a massa vezes a aceleração da gravidade, então
basicamente o peso específico é a massa específica vezes a aceleração da gravidade.

Existe alguma explicação glamorosa em porque devemos usar esse tal peso específico?
Não. É só mais uma relação da mecânica dos fluidos, mas que não deixa de ser verdade.

𝐺
𝛾=
𝑉

Onde G = peso (não sei porque)

Com isso podemos dizer que o peso específico da água é:

𝛾 = 𝜌𝑔 ≅ (1000 𝑘𝑔/𝑚3 )(9,8 𝑚/𝑠 2 ) ≅ 9800 𝑁/𝑚3

2.3 Viscosidade Cinemática

E para mais um upgrade de equações conhecidas, temos a viscosidade cinemática, uma


versão 2.0 da viscosidade dinâmica (ou só viscosidade). Simplesmente é a viscosidade
dinâmica sobre a massa específica.
𝜇
𝜈=
𝜌

Então podemos analisar essa relação. Veja que quanto maior a massa específica maior é
a viscosidade dinâmica. Isso significa que se um fluido é denso sua viscosidade será maior.
Bom até que isso tem sentido, não? Veja que se um gás é denso, significa que suas
moléculas estão cada vez mais próximas, isso tem como consequência uma viscosidade
maior, num líquido o pensamento é análogo.

A viscosidade cinemática descreve o comportamento da viscosidade em relação à massa


específica.

24
2.4 Tipos de Fluidos

Os fluidos podem ser descritos como:

• Ideal;

• Incompressível.

E entre os incompressíveis estão os:

• Newtoniano;

• Dilatante;

• Pseudo Plástico;

• Plástico de Bingham.

2.5 Fluido Ideal

Uma vez um professor disse assim: “Um gás ideal é que nem a pessoa ideal, não existe.
”, maltratando os corações iludidos.

Bom, segundo Brunetti: “Fluido ideal é aquele cuja viscosidade é nula.”. Então a
viscosidade ser nula significa que o fluido não tem atrito interno, logo o comportamento
da tensão cisalhante nesse fluido seria nulo. Pois quanto mais viscoso o fluido, maior é a
tensão cisalhante. Digamos que a viscosidade é a “potência” da tensão de cisalhamento.

Ora, se não há tensão de cisalhamento então as placas do fluido não serão atrasadas
com o movimento da placa superior. Isso significa que tanto a placa superior como a
inferior se movimentarão ao mesmo tempo, a placa inferior não terá mais a velocidade
nula.

2.6 Reflexões Sobre a Viscosidade

Imagine uma pessoa em um pequeno barco no meio de um rio, essa pessoa pega um
remo e começa a remar.

25
Ao entrar em contato com a água com a força exercida pela pessoa, o remo irá deslocar
as camadas da água com a mesma velocidade que está sendo movido (princípio da
aderência), o deslocamento dessas camadas irá produzir forças tangenciais contrárias
(consequentemente tensão de cisalhamento).

Pela terceira Lei de Newton, toda ação tem uma reação, quanto maior for a força do
remo ao entrar em contato com a água maior serão as forças tangenciais contrárias.
Essas forças resultarão numa forma de resistência contra o remo e pelo fato da pessoa
está em um pequeno barco num rio, cujo atrito na superfície da água é muito pequeno,
o pequeno barco irá se deslocar na direção oposta à força do remo, pois a resultante das
forças opostas é maior do que a força do remo.

2.7 A Consequência de uma Viscosidade Nula

Então, imagine a mesma situação descrita anteriormente.

Veja que quando o remo entrar na água a sua força irá deslocar as camadas do fluido.
Mas você se lembra o que foi dito sobre um fluido com viscosidade nula? Bom, não
existirá nenhuma força oposta à força do remo, porque não haverá tensão de
cisalhamento. Consequentemente as camadas superiores terão a mesma velocidade que
as camadas inferiores, ou seja, é como se o remo estivesse empurrando um grande bloco
de gelo. Mas por ser um fluido com viscosidade nula, seria um fluido superfino, mais fino
do que o ar (daí você imagina), logo seria praticamente impossível deslocar o pequeno
barco no meio de um fluido ideal.

E se uma pessoa tentasse “nadar” nesse fluido? A pessoa cairia até se deparar com
alguma superfície sólida. (Imagine se jogar de um avião ás alturas, é a mesma coisa).

26
2.8 Fluido Incompressível

Você um dia já deve ter sido uma criança peralta. Quem sabe um dia você já pegou uma
seringa (sem a agulha) e colocou água dentro dela e o seu dedo na ponta da seringa. Aí
depois de seu dedo quase cair você percebe que aconteceu absolutamente nada!

Então, um fluido é incompressível segundo Brunetti quando: “o seu volume não varia ao
modificar a pressão. ” Simplesmente você não pode diminuir o volume da água
apertando com toda força do mundo o êmbolo da seringa.

Digamos que todos os líquidos e alguns gases (em certas condições) são incompressíveis.

Bom, na Termodinâmica, você verá que o fato de um fluido ser incompressível não é
totalmente verdade, porque quando um fluido é submetido a uma certa pressão,
realmente existe uma variação de volume, porém é tão pequena que para efeito de
cálculos, pode ser desprezada.

2.9 Tipos de Fluidos Incompressíveis

Possa se dizer que 90 % dos fluidos incompressíveis são Newtonianos, aqueles que
obedecem a Lei de Newton: “a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional à
taxa de variação da velocidade em y e à viscosidade do fluido”.

Abaixo observa-se o comportamento de alguns tipos de fluidos em relação a Lei de


Newton:

27
2.10 Tensão Cisalhante e o Tempo

Porque devemos trocar o óleo do carro ou da moto? Bom, quando você tiver que abrir
o motor e pagar uns 200 R$ por isso você terá um bom motivo para trocar de óleo
periodicamente.

Quando um fluido perde sua tensão cisalhante com o tempo, significa que as forças
contrarias a qualquer força externa serão diminuídas. Então imagine que o óleo que está
deslizando entre os pistões do carro está se tornando água, o atrito do pistão com as
paredes cilíndricas vai aumentar e causar superaquecimento, então temos dois tipos de
fluidos que variam sua tensão cisalhante com o tempo.

28
Exemplo 2

Um dispositivo é constituído de dois pistões de mesmas dimensões geométricas que se


deslocam em dois cilindros de mesmas dimensões. Entre os pistões e os cilindros existe
um lubrificante de viscosidade dinâmica 10−2 𝑁𝑠/𝑚2 . O peso específico do pistão 1 é
20000 𝑁/𝑚3 qual é o peso específico de 2 para que o conjunto se desloque na direção
indicada com a velocidade constante de 2 𝑚/𝑠? Desprezar atrito das cordas.

Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos

Nunca devemos esquecer que estamos nunca disciplina de mecânica, ora continua sendo
toda aquela mecânica que você aprendeu antes, só que dessa vez é nos fluidos!

29
Então vamos desenhar um diagrama de corpo livre sobre a situação descrita:

Veja que o enunciado expõe que o mesmo fluido está em ambos os pistões, então a força
tangencial é a mesma para os dois pistões e a corda é a mesma para os dois pistões,
então a força de tensão será a mesma.

Não temos o valor da altura dos cilindros. Temos duas incógnitas, o valor do peso
específico de 2 e a altura dos cilindros, mas em contrapartida podemos ter duas
equações. Isso é um sistema.

As equações baseadas no diagrama:

𝑇 = 𝐺2 + 𝐹𝜏
{ → 𝑆𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜 → 𝐺1 = 𝐺2 + 2𝐹𝜏
𝐺1 = 𝑇 + 𝐹𝜏

Vamos calcular 𝐹𝜏 . Veja que o lubrificante está entre o pistão de 10 cm e o cilindro ao


redor de 10,1 cm, então em cada lado o lubrificante está a 0,5 mm que é muito menor
que 4 mm, por isso usamos a simplificação:

𝐹𝜏 𝑣 2 𝑚/𝑠
𝜏= → 𝐹𝜏 = 𝜏𝐴 = 𝜇 𝐴 = (10−2 𝑁𝑠/𝑚) 𝐴 = 40𝐴
A 𝑒 0,0005 𝑚

Agora, como não temos os pesos de cada pistão utilizamos a alternativa do peso
específico:

𝐺
𝛾= → 𝐺 = 𝛾𝑉
𝑉

E como as dimensões são as mesmas, o volume é igual para ambos:

80𝐴
𝐺1 = 𝐺2 + 80𝐴 → 𝛾1 𝑉 = 𝛾2 𝑉 + 80𝐴 → 𝛾1 = 𝛾2 +
𝑉

30
Não temos o valor da altura do cilindro, mas temos a presença da altura tanto no
volume quanto na área, então a altura será cancelada:

80(2𝜋𝑟𝐿) 80(2𝜋(0,05))
𝛾1 = 𝛾2 + 2
= 𝛾2 + = 𝛾2 + 3200
𝜋𝑟 𝐿 𝜋(0,05)2
𝛾2 = 20000 − 3200 = 16800 𝑁/𝑚3

31
3. A entidade que te persegue por toda
faculdade - Pressão
3.1 Estática dos fluidos

Algo que está estático é tudo aquilo que está em repouso, imóvel, sem se mover (2). E
porque o estudo de fluidos estáticos seria interessante? No coração desse assunto está os
estudos das pressões de fluidos, um assunto realmente interessante.

O que seria essa tal pressão? Bom, com o seu dedo você pode empurrar o braço de um
colega seu, a ação que o seu dedo faz ao empurrar o braço de alguém é justamente uma
pressão.

Muita gente usa a expressão “estou sendo pressionado por fulano”, hum.. Quer dizer que
fulano está sentando em cima de você e te pressionando? Acho que sentar em cima de
alguém é outra coisa e não pressão... Na verdade a pressão no dito popular é na verdade
uma metáfora, mas é condizente ao real sentido de pressão.

Imagine que alguém está lhe empurrando na beira de uma janela para você cair, e você
faz força para que essa pessoa não consiga jogar você da janela. Isso é a pressão do dito
popular.

3.2 Pressão

Mas então, o que é mesmo pressão? Basicamente é uma força distribuída numa certa
área. Mas se apertar o dedo no braço de alguém é uma pressão, o que seria uma força?

32
Na verdade, quando empurramos a geladeira de casa na hora da limpeza o que estamos
exercendo é uma força e a geladeira está sofrendo uma pressão. Nós não somos capazes
de fazer com que a geladeira sofra uma força, nossas mãos conduzem força até a
geladeira e então estamos pegando uma certa área (mesmo que pequena) da geladeira.
Lembre-se, uma força é pontual e um ponto não tem dimensões.

3.3 Pressão de um Fluido

Segundo Young (1): “quando um fluido (um gás ou líquido) está em repouso, ele exerce
uma força perpendicular sobre qualquer superfície que esteja em contato come ele [...]
as forças exercidas pelo fluido são oriundas das colisões moleculares com as superfícies
vizinhas. ”

Porque um fluido exerce uma pressão? Imagine uma piscina, você está do lado de fora,
não há nada interferindo no volume da água, então ela está de boas. Mas a partir do
momento que você entra na piscina, você se torna meio que um “corpo estranho” então
a água deve estar pensando: “quem é esse filho de égua que está dentro mim? Sai fora
daqui! ”

Lembra da pessoa te empurrando para você cair da janela? Bom, agora ela se chama
água. Sem delongas, as moléculas ficam se colidindo com a superfície da sua pele que
tem moléculas diferentes da água, ou seja, temos um caso de xenofobia aqui, essas colisões
são forças que distribuída sobre a sua pele resulta na pressão.

3.4 Exemplos de Pressão de Fluidos

Lembra quando você tentava sair correndo da piscina e lá na frente saiu quase morrendo
de tanto fazer esforço? O nome dela é pressão, a garota que te faz sofrer, ela dificulta
sua vida, torna tudo tão mais pesado e não se pode evita-la.

Lembra daquele papo de que os bolivianos mascam folha de coca? Bom, eles não
drogados, calma ae. A folha de coca ajuda na respiração e o coração, isso porque a

33
Bolívia é um país de grande altitude e consequentemente é mais difícil respirar. Mas
porque é difícil respirar? Sim, por causa da pressão. Como o nosso ar atmosférico é um
fluido, então a sonsa da pressão está lá. Do mesmo jeito que explicado antes, nós somos
um “corpo estranho” nas moléculas do ar, e então essas moléculas se chocam com as
nossas e causam a pressão. No caso da altitude, temos uma baixa pressão e isso significa
que as colisões estão diminuindo. Mas como se ainda estou lá? Se você ainda está lá e a
pressão está diminuindo significa que outros tipos de moléculas não estão presentes e
uma delas é justamente o oxigênio que respiramos.

3.5 Pressão de um Gás

Sim, é verdade que o ar que respiramos é um gás e que ele também tem suas pressões
altas e baixas assim como foi exemplificado anteriormente. Mas para casos laboratoriais
e industriais é inútil se preocupara com a modificação da pressão de um gás dentro de
um recipiente. Veja que para ocorrer mudança na pressão atmosférica é necessário
saímos do terreno comum para uma altitude muito alta, como uma montanha.

Por isso, a diferença de pressão entre dois pontos de um gás é desprezada, o gás é tido
como um fluido com pressão constante em toda sua extensão, pois suas moléculas estão
longe demais e são muito poucas para causar colisões grandes à uma superfície.

3.6 Equação da Pressão

A pressão é definida matematicamente por:

𝐹
𝑃=
𝐴

Olhando um pouco melhor para essa equação temos que quanto menor a área maior a
pressão.

Lembra quando você ia encher as garrafas de água da sua casa e então você apertava a
boca da mangueira porque pensava que era mais rápido? Então, quando a boca da

34
mangueira é larga a água sai numa velocidade menor, isso porque não há muita pressão
da mangueira, mas quando você coloca seu dedo a área diminui muito e então a água
começa a sair numa velocidade maior, porém a vazão volumétrica é a mesma.

Se você não tem muita noção de pressão relacionada com velocidade, lembre-se de uma
seringa com água: quanto maior for a força no êmbolo mais rápido a água sairá.

3.7 Teorema de Stevin

“A pressão de um fluido é função direta da altura (profundidade) e não da largura ou


comprimento. ”

∆𝑃 = 𝛾∆ℎ = 𝜌𝑔∆ℎ

O teorema de Stevin remete o que já sabemos por experiência da vida que a pressão
varia com a altura, assim como foi dado no exemplo da Bolívia. Mas como entender isso?

Imagine a água novamente, sabemos que carregar 100 litros de água é impossível, 10
litros já se pode carregar com um certo esforço e 1 litro é muito fácil. Imagine um
tanque de água e uma escada dentro dele, a cada degrau que você desce você precisa
carregar a água que toca no degrau, e quanto mais se desce a quantidade de água vai
acumulando. Quando se chega no fundo, existe uma grande quantidade de água para se
carregar, se tornando muito pesado para as suas costas.

Nesse caso o “pesado” seria uma pressão alta e o “leve” uma pressão baixa.

3.8 Explicação Analítica

O exemplo do grande tanque é só para se ter o entendimento de como é o


comportamento da pressão em um fluido. Mas ao organizar a equação mostrada antes
temos:

𝑃 = 𝑃𝑜 + 𝜌𝑔ℎ

35
A explicação dada por Young (2) é que 𝑃𝑜 é a pressão na superfície do fluido, ou seja,
seria a pressão na altura zero e 𝑃 é uma pressão de qualquer ponto do fluido. Então, a
pressão de qualquer parte do fluido é simplesmente a própria pressão na superfície do
fluido mais a altura em produto com o peso específico.

Veja que o peso específico participa do cálculo, ou seja, quanto mais profundo se está no
fluido mais “pesado” ele fica, assim como foi explicado com o exemplo do tanque, um
objeto no fundo de um fluido terá que suportar toda a quantidade de fluido que está
acima dele, como se ele estivesse o carregando nas costas.

3.9 Pressão Atmosférica

Pelo fato de muitas das vezes a pressão atmosférica não interferir nos processos voltados
aos fluidos, a pressão atmosférica é desconsiderada. A pressão atmosférica seria
representada pelo 𝑃𝑜 , que é a pressão na superfície do fluido (sem interferência humana
ou mecânica), então a pressão em qualquer ponto de um fluido é:

𝑃 = 𝜌𝑔ℎ

Muitas das vezes não é conveniente envolver a pressão atmosférica nessas análises, isso
porque essa pressão não muda facilmente ficando quase estática se tornando uma simples
constante.

3.10 Lei de Pascal

A Lei de Pascal expressa o seguinte:

“A pressão aplicada a um fluido no interior de um recipiente é transmitida sem


nenhuma diminuição a todos os pontos do fluido e para as paredes do recipiente. ”

Ou seja, é como se o fluido se comportasse num efeito dominó. Se você empurrar o fluido
na sua superfície com um pistão as moléculas vão empurrar uma fileira após a outra até
chegar no fundo recipiente. É como se houvessem várias fileiras de pessoas e cada fileira

36
empurrasse a de trás contra a parede, com certeza o pessoal da última fileira vai morrer
espremido.

A Lei de Pascal não procura quantificar a pressão do fluido e sim o quanto ele aumentou,
porque assim como a pressão é transmitida para todo o fluido a mesma pressão exercida
na sua superfície será somada à pressão no fundo do recipiente.

𝑃 = 𝑃𝑜

3.11 Análise da Lei de Pascal

Mas como assim a pressão da superfície é igual a pressão de qualquer ponto do fluido?
Lembre-se: essa lei não está medindo a pressão do fluido, e sim a pressão exercida sobre
o fluido.

Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos

No exemplo da imagem, pela lei de Pascal, uma pressão qualquer exercida sobre o fluido
será transmitido, sem perdas, por toda a extensão do fluido, então no exemplo acima a
pressão exercida pelo êmbolo 1 será a mesma que empurrará o êmbolo 2. Portanto:

𝐹1 𝐹2
𝑃1 = 𝑃2 → =
𝐴1 𝐴2

3.12 Pressão e Altura

A pressão é distribuída uniformemente em toda a extensão do fluido. Como a pressão


independe do formato do recipiente no qual o fluido está, a altura atingida pelo fluido
numa certa pressão sempre será a mesma. A figura abaixo exemplifica essa situação:

37
Fonte: Silva, Domiciano. Mundo Educação
Para isso ser verdade não deve haver descontinuidade no fluido, como uma barreira ou
a presença de outro fluido.

3.13 Pressão Absoluta e Efetiva

Nos laboratórios e na indústria é muito utilizado escalas de pressão, a absoluta e a efetiva.

Essas escalas são utilizadas justamente por causa do que foi explicado sobre pressão
atmosférica, ela é desprezada. A pressão absoluta leva a pressão atmosférica em
consideração e a pressão efetiva a despreza.

Um exemplo de pressão efetiva são os medidos de pressões, eles medem na verdade a


pressão efetiva de alguma coisa e não a pressão absoluta. Mas já estamos acostumados
com a pressão atmosférica no dia a dia se houver alguma pressão diferente aí sim iremos
sentir. Por esse motivo os medidores de pressão trabalham somente com a pressão
efetiva.

38
3.14 Medidores de Pressão

3.14.1 Barômetro

Um barômetro é representado pela imagem ao lado:

O barômetro foi construído por Torricelli para o estudo


da pressão atmosférica.

A pressão atmosférica é medida diretamente da altura


atingida pelo mercúrio. A pressão atmosférica atinge o
mercúrio no prato e pela lei de Pascal essa mesma pressão
é transmitida por todo o fluido e como no topo da coluna
somente há alguns gases de mercúrio, então considera-se
isso como vácuo, logo não há pressão contra a pressão
atmosférica e a altura atingida será o resultado direto da
pressão atmosférica. Fonte: Sears Young

A altura encontrada foi:

760 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 760 𝑇𝑜𝑟𝑟 = 1 𝑎𝑡𝑚

3.14.2 Piezômetro

Um piezômetro é exemplificado ao lado:

Mede a pressão diretamente. Pode ser ligado a um reservatório ou uma encanação, mas
possui desvantagens: sua configuração faz com que grandes pressões resultem em valores
de altura da coluna inviáveis, ou seja, para
medir algo com alta pressão é necessária
uma coluna enorme para o sistema;

Seu sistema não permite a medição de


pressão negativa, isto é, vácuo, porque
simplesmente a pressão atmosférica é

Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos


39
maior do que o vácuo e fará o medidor sair de sua escala.

3.14.3 Manômetro em U

Young (1) expõe melhor o que é um Manômetro em U ao


lado:

Esse medidor já pode fazer uma medição de pressão


negativa. A pressão dentro do balão é uma pressão que se
deseja conhecer enquanto o outro tudo está aberto à pressão
atmosférica. Como a pressão no fundo do recipiente é
conhecida, pois as pressões são iguais mesmo com pressões
inicias diferentes, pode-se calcular a pressão existente
dentro do balão através da diferença de altura das colunas.
Fonte: Sears Young

3.14.4 Manômetro Diferencial

O mesmo manômetro, mas dessa vez é uma medição sem a pressão atmosférica, como
mostra a figura ao lado:

Um fluido está entre dois gases com pressões diferentes,


cada gás irá exercer uma pressão no fluido e o gás de
maior pressão irá empurrar o fluido do seu lado
aumentado a altura do fluido no lado do outro gás.

Pressões iguais dos dois lados irão equilibrar o fluido em


alturas iguais nas colunas.
Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos

Exemplo 3

Tem-se um manômetro diferencial abaixo, a densidade de do fluido A tem valor de


720 𝑘𝑔/𝑚2 . Determine 𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 e quem é maior. Onde ℎ1 = 15 𝑐𝑚 , ℎ2 = 25 𝑐𝑚 e ℎ3 = 35 𝑐𝑚.

40
Fonte: Washington Braga, PUC – Rio. Editado pelo Autor

Primeiramente se deve ter uma referência. Para isso, escolhemos o ponto 2 como
referência. Lembre-se: Estamos estudando mecânica dos Fluidos, e mecânica sempre
precisa de uma referência.

Veja o ponto 1, esse cara está um pouco abaixo da superfície, se ele estivesse na superfície
a pressão nesse ponto seria o próprio 𝑃𝐴 . Lembra do exemplo do tanque com uma escada
dentro? Então, se estamos na superfície não precisamos carregar nada, mas ao descer
um pouquinho aquele ponto além da pressão de A terá que “suportar” o “peso” da água
em cima dele. Então a pressão no ponto 1 é a pressão de A mais alguma coisa e essa
coisa é calculada pelo peso específico do fluido com a altura:

𝑁 𝑁
𝑃1 = 𝑃𝐴 + 𝛾ℎ = 𝑃𝐴 + (9800 3
) (0,15 𝑚) = 𝑃𝐴 + 1470 2
𝑚 𝑚

Veja que o ponto 1 está na mesma altura que o ponto 2, se eles são o mesmo fluido
então temos a lei de Pascal que diz que a pressão aplicada é distribuída sem perda por
todo o fluido. Como os dois pontos estão na mesma altura e como a altura é relacionada
a pressão os dois pontos são iguais:

𝑃1 = 𝑃2

41
Agora observando o ponto 2’, veja que já estamos em outro fluido. A água que está um
pouco mais embaixo exerce uma pressão na superfície do fluido essa pressão é conhecida,
pois acabamos de encontrá-la. Como o ponto está um pouco mais acima a pressão será
a pressão na superfície menos alguma coisa, essa coisa é o peso específico com a altura,
mas porque menos? É como se ao subir a quantidade de água que o ponto deve
“suportar” seja cada vez menor, ou seja, ao subir a pressão é aliviada.

𝑘𝑔 𝑚 𝑁
𝑃2′ = 𝑃2 + 𝜌𝑔ℎ = 𝑃2 − (720 2
) (9,8 2 ) (0,25 𝑚) = 𝑃2 − 1764 2
𝑚 𝑠 𝑚

O ponto 3’ está na mesma altura que o ponto 2’ logo já sabemos o resultado né:

𝑃2′ = 𝑃3′

E o ponto 3 já está dentro da água. o fluido A está exercendo uma pressão na superfície
da água, a qual já conhecemos o valor, mas como o ponto 3 está um pouco embaixo da
superfície ele terá que “carregar” mais água em suas costas, ficando assim:

𝑁 𝑁
𝑃3 = 𝑃3′ + (9800 3
) (0,25 𝑚) = 𝑃3′ + 2450 2
𝑚 𝑚

Por fim já sabemos que a pressão do ponto 3 é igual ao ponto 4:

𝑃3 = 𝑃4

A pressão no ponto 4 agora está sendo influenciado pela pressão de B que está exercendo
uma pressão superficial na água. Portanto, o ponto 4 terá que suportar a pressão de B
mais o peso da água:

𝑁 𝑁
𝑃4 = 𝑃𝐵 + (9800 3
) (0,35 𝑚) = 𝑃𝐵 + 3430 2
𝑚 𝑚

Com isso agora temos um belo sistema linear:

𝑃1 = 𝑃𝐴 + 1470
𝑃1 = 𝑃2
′ 𝑃1 − 𝑃𝐴 = 1470
𝑃2 = 𝑃2 − 1764
𝑃′ − 𝑃1 = −1764 𝑁
𝑃2′ = 𝑃3′ →{ 2 ′ → 𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 = 1274 2
𝑃3 − 𝑃2 = 2450 𝑚
𝑃3 = 𝑃3′ + 2450
𝑃3 − 𝑃𝐵 = 3430
𝑃3 = 𝑃4
{𝑃4 = 𝑃𝐵 + 3430

Em função do resultado encontrado temos que:

42
𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 = 1274 → 𝑃𝐴 = 1274 + 𝑃𝐵

Ou seja, a pressão em A é muito maior do que em B. O resultado encontrado através


das equações é sempre o mesmo, mas a equação sempre pode mudar de acordo com o
método adotado por você e de acordo com o ponto de referência escolhido.

Esse método utilizado foi somente para o início do seu compreendimento de como os
pontos influenciam um ao outro no manômetro, mas no próximo capítulo você verá
métodos mais rápidos de resolução desses tipos de situações.

43
4. Treinamento de cães – Exercícios
resolvidos
4.1 Base Teórica

Antes de você meter a cara na resolução dos exercícios é preciso entender o que é que
está acontecendo. Os exercícios a frente irão
abordar manômetro e todos eles obedecem às
teorias estudadas antes.

Veja o manômetro abaixo que usamos no exemplo


da aula anterior:

O manômetro se fundamenta no teorema de


Stevin e na lei de Pascal. Vamos relembra-los:

O teorema de Stevin diz que a pressão em


qualquer ponto do fluido é a pressão superficial Fonte: Washington Braga, PUC –
mais alguma coisa: Rio. Editado pelo Autor

𝑃 = 𝑃𝑜 + 𝜌𝑔ℎ

A lei de Pascal diz que uma pressão aplicada no fluido será distribuída, sem perdas, por
todo o fluido e pelas paredes do recipiente.

𝐹1 𝐹2
=
𝐴1 𝐴2

Não importa a forma do manômetro, se você estiver a par da teoria saberá lhe dar com
qualquer situação. Toda vez que um manômetro for calculado deve-se prestar atenção
com qual o tipo de fluido e que tipo de manômetro é esse.

44
Abordarei três casos aqui:

• Manômetro aberto, com um líquido e um gás;

• Manômetro aberto, com dois líquidos;

• Manômetro fechado, com três líquidos.

4.1.1 Forma correta de utilizar o teorema de Stevin

O equívoco na hora de resolver questões com manômetros está na forma errada de


utilização do teorema de Stevin, para evitar confusões vamos estabelecer um padrão:

• O fluido manométrico é o divisor de águas:

Pela lei de Pascal a pressão no fundo horizontal do fluido manométrico é igual em toda
sua extensão, isso faz com que a pressão que os fluidos estão exercendo de um lado do
fluido manométrico seja igual as pressões exercidas do outro lado.

• Expresse o fluido manométrico pelas suas cotas e não pela diferença de alturas:

Muitos estão acostumados a representar todos os fluidos por “h” que é a diferença de
cotas, mas no fluido manométrico isso deve ser evitado para não causar erros. O correto
é representar o fluido manométrico, de um lado por 𝑦1 e do outro por 𝑦2 , como no
exemplo abaixo:

𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠õ𝑒𝑠 + 𝜌𝑔𝑦1 = 𝜌𝑔𝑦2 + 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠õ𝑒𝑠

• Tomar cuidado com a direção das pressões:

Pressão não é um vetor, mas partiu de um, se o fluido estiver subindo a coluna do
manômetro a sua pressão está sendo diminuída pelo teorema de Stevin. E se estiver
descendo a coluna a sua pressão está aumentando. Por isso certifique-se de subtrair as
pressões ascendentes e somar as pressões descendentes.

• Não torne esse método mecânico:

45
A essência do aprendizado é saber o porquê das coisas, se você sabe porque uma pressão
está sendo subtraída ou somada e se sabe que o fluido manométrico possui pressão
constante em toda sua extensão horizontal, você resolve qualquer questão.

• Nunca analise partindo do fluido manométrico:

Inicie sua análise do extremo do manômetro até o fluido manométrico, não importando
a posição, nunca faça o contrário, isso pode confundir você na convenção de quem está
subindo ou descendo a coluna do manômetro.

4.1.2 Manômetro aberto com um líquido e um gás

A imagem de Young (1) ao lado exemplifica essa situação:

Veja que de um lado há um balão de vidro com um gás dentro com uma pressão P e do
outro lado o manômetro está aberto recebendo pressão da
atmosfera.

Uma dica: tenha sempre o fluido manométrico como o ponto


de referência! O fluido manométrico é aquele que está no
meio, entre dois gases ou dois líquidos, ele muda as suas
alturas dos dois lados de acordo com a pressão exercida de
cada lado.

A pressão na parte horizontal do manômetro é igual em toda


sua extensão, por causa da lei de Pascal e pelo fato da
variação de altura ser muito pequena. Por causa disso chega-
se à conclusão de que a pressão de um lado é igual a pressão
do outro lado. Fonte: Sears Young

O líquido no meio do manômetro estabiliza as pressões dentro de si através da mudança


de altura das colunas. Como as pressões são iguais na parte horizontal (justamente onde
está o líquido medidor) podemos dizer que:

𝑃 + 𝜌𝑔𝑦1 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝜌𝑔𝑦2

46
Essas equações surgiram justamente por causa do teorema de Stevin. Como dos dois
lados a densidade é a mesma (na parte horizontal há somente um fluido) e aceleração
da gravidade também, podemos simplificar:

𝑃 − 𝑃𝑎𝑡𝑚 = 𝜌𝑔(𝑦2 − 𝑦1 ) = 𝜌𝑔ℎ

No nosso caso vamos desconsiderar a pressão atmosférica mesmo, por pura frescura.
Como os fluidos ao lado desse líquido são gases e, como já foi dito antes, os gases tem
uma “pressão constante” em toda sua extensão, não há o que calcular. Então a pressão
do gás no balão de vidro é:

𝑃 = 𝜌𝑔ℎ

4.1.3 Manômetro aberto com dois líquidos

Parecido com o anterior, mas dessa vez temos um fluido ao lado do fluido manométrico,
veja a imagem ao lado:

Como o fluido manométrico é o


divisor de águas, no lado de 𝑃1 as
pressões que vem contra ele são 𝑃1
e a pressão que vem do fluido A.

No outro lado a única pressão que


vem contra o fluido manométrico Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos
é a pressão atmosférica

𝑃1 + 𝑃𝐴 + 𝜌𝐵 𝑔𝑦1 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝜌𝐵 𝑔𝑦2


𝑃1 = 𝜌𝐵 𝑔(𝑦2 − 𝑦1 ) − 𝜌𝐴 𝑔ℎ𝐴 + 𝑃𝑎𝑡𝑚
PB PA

47
4.1.4 Manômetro fechado com três líquidos

A mais complexa das análises, veja a imagem ao


lado:

Seguindo os princípios ensinados anteriormente, a


pressão que está no fluido A do lado de 𝑃𝐴 é a
pressão 𝑃𝐴 mais a pressão que vem da água. Veja
que o fluido A está ascendendo a coluna do
manômetro.

Do outro lado a pressão 𝑃𝐵 mais as pressões da água


estão relacionadas com a pressão do seu lado Fonte: Washington Braga, PUC –
direito no fluido A. Rio. Editado pelo Autor

𝑃𝐴 + 𝑃á𝑔𝑢𝑎1 − 𝜌𝐴 𝑔𝑦1 = −𝜌𝐴 𝑔𝑦2 + 𝑃á𝑔𝑢𝑎2 + 𝑃𝐵

𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 = 𝜌𝐴 𝑔ℎ + 𝑃á𝑔𝑢𝑎2 − 𝑃á𝑔𝑢𝑎1

As alturas h devem representar a diferença entre as alturas dos extremos do fluido.

Portanto, veja que no final a altura h do fluido A ficou 𝑦1 − 𝑦2 , onde 𝑦1 > 𝑦2 logo o
resultado será positivo, se caso contrário seria negativo sem nenhum problema.

𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 = 𝜌𝐴 𝑔ℎ − 𝜌á𝑔𝑢𝑎 𝑔ℎ1 + 𝜌á𝑔𝑢𝑎 𝑔(ℎ3 − ℎ2 )

Veja que usamos a diferença ℎ3 − ℎ2 para termos a altura correta entre os extremos do
fluido. Lembre-se sempre de fazer isso.

4.2 Exercícios resolvidos

Questão 1

No manômetro abaixo, o fluido A é água e o B é mercúrio. Qual é a pressão 𝑃1 ?


Dados: 𝛾𝐻𝑔 = 136000 𝑁/𝑚3 , 𝛾á𝑔𝑢𝑎 = 104 𝑁/𝑚3

48
Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos

O manômetro é aberto, logo a pressão atmosférica é desconsiderada e o fluido medidor


terá sua pressão dependente somente de 𝑃1 e da água, logo:

𝑃1 + 𝛾á𝑔𝑢𝑎 (0,075 − 0,05) + 𝛾𝐻𝑔 (0,05) = 𝛾𝐻𝑔 (0,15) + 𝑃𝑎𝑡𝑚 → 𝑃1 = 13350 𝑃𝑎

Questão 2

Na figura abaixo o fluido A é agua e o fluido B é óleo e o fluido manométrico é mercúrio.


Sendo ℎ1 = 25 𝑐𝑚 , ℎ2 = 100 𝑐𝑚 , ℎ3 = 80 𝑐𝑚 e ℎ4 = 10 𝑐𝑚. Qual é a diferença de pressão 𝑃𝐴 −
𝑃𝐵 . 𝛾á𝑔𝑢𝑎 = 104 𝑁/𝑚3, 𝛾𝐻𝑔 = 136000 𝑁/𝑚3 e 𝛾ó𝑙𝑒𝑜 = 8000 𝑁/𝑚3 .

Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos

Observando o mercúrio no lado A e no lado B temos:

𝑃𝐴 + 𝑃á𝑔𝑢𝑎 + 𝜌𝐻𝑔 𝑔𝑦1 = 𝜌𝐻𝑔 𝑔𝑦2 + 𝑃ó𝑙𝑒𝑜 + 𝑃𝐵

𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 = 𝜌𝐻𝑔 𝑔(𝑦2 − 𝑦1 ) + 𝑃ó𝑙𝑒𝑜 − 𝑃á𝑔𝑢𝑎

Veja que 𝑦2 é menor que 𝑦1 , logo sua altura h ficará negativa:

49
PA − PB = −γHg h2 + γóleo h3 − γágua h1 = −132100 Pa

Questão 3

Calcular a leitura do manômetro A da figura abaixo. 𝛾𝐻𝑔 = 136000 𝑁/𝑚3 .

Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos

Perceba que são duas câmaras com ar, mas nós concordamos aqui que os gases não
possuem variação de pressão consideráveis. De um lado sabemos qual é a pressão e para
saber qual é a pressão no manômetro A temos que subtrair a pressão das duas câmaras,
pois um manômetro exibe seus resultados em diferenças de pressões.

A única coisa que varia de pressão e pode ser calculada é o mercúrio que está no tubo
ligado à câmara do manômetro A.

Lembrando da lei de Pascal, qualquer pressão aplicada no fluido será distribuída, sem
perda, por toda sua extensão. Então a pressão da câmara do manômetro A é a pressão
que está sendo exercida no mercúrio do tubo, isso porque aqui os gases não variam de
pressão então a mesma pressão que está no manômetro A está sendo exercida no
mercúrio.

A pressão na câmara é:

𝛾𝐻𝑔 (0,15) = 20,4 𝑘𝑃𝑎

A pressão medida pelo manômetro é:

𝑃𝐴 = 100 − 20,4 = 79,4 𝑘𝑃𝑎

50
5. Velozes e Ferozes – Cinemática dos
fluidos
5.1 Cinemática

É óbvio que cinemática significa movimento, então porque exatamente falar só sobre
cinemática? Não seria mais importante falar sobre cinemática dos fluidos? Acalme-se
um pouco, que tal fazer o alicerce antes de construir a casa?

Alguma vez na vida você chegou a ter contato com as leis de Newton e que elas podem
ser aplicadas em quase tudo no nosso dia a dia. Como seria entender a cinemática de
um fluido através da mecânica newtoniana?

Primeiramente sabemos que uma partícula é representada por um vetor, por isso usa-
se um diagrama de forças, então como seria a representação de um fluido já que não é
um ponto e sim um corpo muito extenso?

Segundo Young (1) podemos representar um corpo extenso por uma partícula, desde
que essa partícula possa representa-lo por completo. Portanto, se o fluido for a mesma
coisa em toda sua extensão, então podemos usar uma partícula.

5.2 As aplicações de maneira diferente

Um fluido pode estar estático sem nenhum problema, mas devido ao seu comportamento
a sua representação é mais complexa. Como estamos acostumados a representar os
fluidos como camadas, então consideraremos cada camada uma partícula a ser
analisada.

51
A primeira força que representamos é o peso. A primeiro momento de análise a força
peso indica que o fluido tem tendência de se deslocar para o centro da terra. É claro
que isso é óbvio, mas é do óbvio que chegamos a grandes entendimentos. A força peso é
o grande indicador da energia potencial que será de grande uso.

Em tudo que aprendemos até hoje vamos exemplificar no movimento das partículas com
uma força empurrando o fluido pelo encanamento:

Agora ficou interessante né? Porque a primeira e última partícula não tem movimento?
Lembrando do que estudamos anteriormente: por causa da tensão de cisalhamento, as
placas do fluido se movimentam cada vez menos ao passo que se afastam do local onde
a força foi aplicada. A força está vindo pela lateral e não de cima como antes, dessa
forma a velocidade máxima está no meio do fluido.

Lembrando da lei de Pascal, uma pressão aplicada ao fluido será transmitida sem perdas
em toda extensão do fluido e ás paredes do recipiente. E quanto a força?

Analisando a lei de Pascal vamos procurar desenvolvê-la para entender o que acontece
com a força:

52
Se a lei de Pascal é verdadeira e se a área no tubo é a mesma em 𝐴1 e 𝐴2 , podemos dizer
que: 𝑃1 = 𝑃2 , logo:

𝐹𝐴1 𝐹𝐴2
= → 𝐴1 = 𝐴2 → 𝐹𝐴1 = 𝐹𝐴2
𝐴1 𝐴2

Então do mesmo jeito que a pressão é distribuída sem perda, nesse caso, a força também
se segue uniforme no movimento do fluido.

Não podemos dizer que algumas das forças apresentadas nas camadas será igual à força
aplicada no fluido, porque as forças das camadas são várias forças pontuais aplicadas
pelo fluido, enquanto a força aplicada ao fluido é uma resultante. Portanto o mais
correto é dizer que a resultante das forças no fluido é igual a força aplicada ao fluido,
nesse caso.

Porque toda essa explicação é importante? Isso irá lhe ajudar a olhar um fluido
incompressível com outros olhos, esse entendimento irá abrir sua mente (insight) para
novos conhecimentos.

Como estamos falando de um fluido, aplicar uma força a ele causará o seu deslocamento,
logo á uma relação entre as forças de um fluido e velocidade. Primeiro vamos relembrar
que força é massa vezes aceleração, com isso abrimos nossa mente para buscar
entendimento ao comportamento da velocidade num fluido.

O problema é que não conseguimos representar a velocidade somente pensando em


forças, mas para isso vamos pensar em trabalho, ora se houve uma força constante
aplicada ao fluido por uma certa distância temos um trabalho:

𝑊 = 𝐹𝑑

53
Esse trabalho será constante em todo o fluido, quando a área for constante. O trabalho
pode representar a energia cinética do fluido através da diferença entre a energia
cinética antes e depois da aplicação da força:

𝑚𝑣𝑓2 𝑚𝑣𝑖2
𝑊= −
2 2

Pode-se simplificar essa equação de maneira a desvendar o entendimento do


comportamento desse fluido analisado.

2𝑊 = 𝑚𝑣𝑓2 − 𝑚𝑣𝑖2 → 2𝑊 = 𝑚(𝑣𝑓2 − 𝑣𝑖2 ) → 𝑚(𝑣𝑓2 − 𝑣𝑖2 ) = 2𝐹𝑑

Abrindo a equação da força:

𝑚(𝑣𝑓2 − 𝑣𝑖2 ) = 2𝑚𝑎𝑑 → 𝑣𝑓2 − 𝑣𝑖2 = 2𝑎𝑑 → 𝑣𝑓 = √2𝑎𝑑 + 𝑣𝑖2

Supondo que a velocidade inicial seja zero, ou seja, o fluido estava em repouso:

𝑣𝑓 = √2𝑎𝑑

Perceba que a velocidade final é sempre maior que a inicial, isso resulta no
comportamento da velocidade em relação a força aplicada ao fluido. Mas para
entendermos melhor o que essa relação quer dizer ampliaremos a equação para
representa-la em função da força e pressão aplicada.

Se não abrirmos a equação da força a equação final resultará em:

𝐹𝑑 𝐹𝑑 2
𝑚(𝑣𝑓2 − 𝑣𝑖2 ) = 2𝐹𝑑 → 𝑣𝑓2 − 𝑣𝑖2 = 2 → 𝑣𝑓 = √2 + 𝑣𝑖2 → 𝑠𝑒 𝑣𝑖 = 0 → 𝑣𝑓 = √𝐹𝑑
𝑚 𝑚 𝑚

Se em vez de força utilizarmos pressão temos:

𝐹𝑑 𝑃𝐴𝑑 2
𝑣𝑓 = √2 = √2 = √𝑃𝑉𝑡
𝑚 𝑚 𝑚

Pelos resultados encontrados podemos focar na velocidade final da pressão, quando o


fluido está inicialmente em repouso. Se a pressão é distribuída uniformemente em toda
extensão do fluido e se a massa for constante, logo essa velocidade final representa a
velocidade com que o fluido é jorrado do tubo. Vale ressaltar que essa distância é a

54
distância exercida pelo trabalho, ou seja, a distância com que uma força foi aplicada ao
fluido, essa distância não é o comprimento do tubo.

5.2.1 Observação Prática

Imagine uma seringa (sem agulha), quando você aperta o êmbolo o fluido é fluído pela
outra ponta (fluído significa jorrar). Neste caso, as equações que encontramos não são
válidas porque não temos um valor fixo de área pelo qual o fluido passa, a ponta da
seringa tem uma área muito menor do que o seu corpo. Mas a observação prática desta
situação é válida.

Quando você pressiona o êmbolo com pouca força o fluido sai devagar, mas quando você
aperta com força percebe que o fluido é fluído mais ferozmente, ou seja, a pressão que
você aplica no êmbolo resulta na velocidade de saída da seringa.

A relação da velocidade final em função da pressão explica o mesmo acontecimento (mas


sem diferença de áreas), a raiz do dobro da pressão aplicada em um certo volume de
fluido em produto com o inverso da massa é igual a velocidade final do fluido, ou seja,
a velocidade de saída do tubo.

As equações demonstradas anteriormente servem somente para lhe provar a relação


entre velocidade e pressão.

5.2.2 O Sentido de Tudo Isso

Tudo que foi apresentado a você antes teve cunho pedagógico, ou seja, eu queria abrir
sua mente para você perceber a relação existente entre pressão e velocidade. Mas o caso
apresentado antes não é um caso geral, é somente um único caso em particular, por
isso as equações apresentadas anteriormente não são de grande valor científico.

A mecânica dos fluidos procurar demonstrar casos gerais, que possam representar o
comportamento de um fluido em qualquer ocasião que pode envolver um tubo sinuoso,

55
atrito, subidas e descidas etc. Todas essas variáveis influenciam na velocidade final do
fluido, mas que a pressão e a força aplicada no fluido têm grande contribuição é fato.

5.3 A Experiência de Reynolds

Essa experiência é apresentada pela imagem ao lado:

Foi utilizado um tanque com grande


capacidade de armazenamento, isso
faz com que a perda de fluido no
tanque, através de uma saída “2”,
não altere o valor da altura atingida
pelo fluido no tanque. Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos

Corante foi adicionado ao fluido e percebeu-se o comportamento retilíneo do fluido pelo


tubo como se formasse uma camada dentro dele. Ao passo que a velocidade de saída
aumentava o comportamento do corante tendia para uma senoidal, e quando a
velocidade era muito grande não existia mais um comportamento uniforme, mas sim
um grande caos chamado de turbulência.

5.4 Escoamento Laminar

Reynolds conseguiu representar o comportamento do fluido de acordo com esses


acontecimentos: Velocidade

𝜌𝑣𝐷 𝑣𝐷
𝑅𝑒 = = Viscosidade cinemática
𝜇 𝜈

Portanto, descreve três tipos de comportamentos em um fluido newtoniano


incompressível: laminar, transição e turbulento. O laminar é o comportamento que
segundo Young (1): “camadas adjacentes do fluido deslizam umas sobre as outras e o
escoamento é estacionário. “ Como mostra a imagem abaixo:

56
Fonte: Sears Young

5.5 Escoamento de Transição e Turbulento

O escoamento de transição é a mudança do comportamento laminar para uma


formação de ondas cada vez maiores até que o
escoamento se torne turbulento.

Um escoamento turbulento segundo Young (1): “não


pode existir nenhuma configuração com escoamento
estacionário; a configuração do escoamento varia
com o tempo. “ Podemos ver um exemplo na imagem
abaixo:

A fumaça de varetas de incenso tem comportamento


laminar no início, mas após um certo ponto torna- Fonte: Sears Young
se um escoamento turbulento.

5.6 Número de Reynolds

Para determinar se um fluido está em escoamento laminar, de transição ou turbulento,


Reynolds aponta uma faixa de numeração adimensional resultantes da sua equação que
são:

• Turbulento: 𝑅𝑒 > 2400

• Transição: 2000 < 𝑅𝑒 < 2400

• Laminar: 𝑅𝑒 < 2000

57
5.7 Linha de Corrente

A linha de corrente é a representação de cada parte do fluido em um escoamento


através de uma linha, representando o fluxo, e a representação do fluido por partículas
vetoriais:

Fonte: Franco Brunetti, editado pelo autor

O objetivo dessa representação é analisar a direção do fluido no escoamento, pois tem-


se em mente que se a direção do fluido mudar houve uma força necessária para essa
mudança, logo perdeu-se energia.

5.8 Tipos de Escoamento

5.8.1 Escoamento Unidimensional

Um escoamento pode ser representado pelo Cálculo de três forma diferentes:


unidimensional, bidimensional e tridimensional.

O caso que apresentei no início desta aula de um tubo com área constante é um caso de
uma representação unidimensional de um escoamento, pois segundo Brunetti: “O
escoamento é dito unidimensional quando uma única coordenada é suficiente para
descrever as propriedades do fluido. Para que isso aconteça, é necessário que as
propriedades sejam constantes em cada seção. “

58
Fonte: Franco Brunetti

5.8.2 Escoamento Bidimensional

Neste caso o escoamento do fluido está dependendo de duas variáveis, o caso mais
comum que pode ser citado aqui é a diferença de áreas em partes do tubo.

Fonte: Franco Brunetti

5.8.3 Escoamento Tridimensional

A terceira dimensão pode ser a consequência da variação de alturas no escoamento, ou


seja, o tubo o qual o fluido está apresenta uma certa declividade.

Fonte: Franco Brunetti

59
E é nesse assunto que você acaba se deparando com um dos seus maiores terrores de
calouro: integrais simples, duplas e triplas. Olha o tio Stewart de volta.

5.9 Vazão

O conceito de vazão é muito simples, é segundo Brunetti: “a quantidade de volume de


fluido que atravessa uma certa seção do escoamento por unidade de tempo. “ O
problema é que essa velocidade nem sempre é uniforme nos escoamentos, pois como
temos o comportamento do fluido através de camadas há a diferença de velocidade em
cada uma delas. Portanto, um olhar mais vasto deve ser feito através de integração e
então busca-se a velocidade média do escoamento para representar a velocidade do
fluido.

A velocidade média tenta linearizar todas as velocidades dentro do fluido, como se fosse
uma regressão linear, sendo que a velocidade real se comporta como se fosse uma
parábola (pois a camada superior e inferior tem velocidades nula) e a velocidade média
é uma seção reta.

A equação da vazão é:

𝑉
𝑄= 𝑜𝑢 𝑄 = 𝑣𝐴
𝑡

5.10 Cálculo de Velocidade Média

Tem-se o um caso geral abaixo:

Fonte: Franco Brunetti

60
Utiliza-se a vazão como ponto de partida, onde: 𝑑𝑄 = 𝑣𝑑𝐴.

𝑄 = ∫ 𝑣𝑑𝐴 = 𝑣𝑚 𝐴
𝐴

Isolando a velocidade média temos a relação:

1
𝑣𝑚 = ∫ 𝑣𝑑𝐴
𝐴 𝐴

O resultado é a imagem abaixo.

Fonte: Franco Brunetti

Exemplo 4

Calcule a 𝑉𝑚 para o perfil de velocidade da seguinte equação:

𝑟 2
𝑣 = 𝑣 [1 − ( ) ] , 𝑣 = 𝑣𝑚á𝑥
𝑅

Considerando que há um escoamento bidimensional dentro de um tubo cilíndrico.

Como estamos falando de um cilindro e precisamos da área da seção reta do escoamento,


utilizamos coordenadas polares a partir de uma integral dupla para desenvolver todo o
volume do escoamento:

𝑑𝑄 = 𝑣𝑑𝐴

Com as coordenadas polares 𝑑𝐴 = 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 e os limites de uma área circular são, para o
ângulo, de 0 a 2π e, para o raio, de 0 a r.

A integral dupla foi adotada porque tanto o ângulo quanto o raio podem variar nesse
escoamento:

61
𝑅 2𝜋
𝑟2
𝑄=∫ ∫ 𝑣 [1 − ] 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 →
0 0 𝑅2

Fazendo 𝑄 = 𝑣𝑚 𝐴,
𝑅 2𝜋 𝑅 2𝜋
𝑟2 𝑟2
𝑣𝑚 𝐴 = ∫ ∫ 𝑣 [1 − 2 ] 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 → 𝑣 é 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 → 𝑣𝑚 𝐴 = 𝑣 ∫ ∫ [1 − 2 ] 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃
0 0 𝑅 0 0 𝑅

Distribui r,
𝑅 2𝜋 𝑅
𝑟3 𝑟3
𝑣𝑚 𝐴 = 𝑣 ∫ ∫ [𝑟 − 2 ] 𝑑𝑟𝑑𝜃 → 1° 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑔𝑟𝑎𝑙 → 𝑣𝑚 𝐴 = 𝑣2𝜋 ∫ [𝑟 − 2 ] 𝑑𝑟
0 0 𝑅 0 𝑅

Segunda integral

𝑅2 𝑅4 𝑅2 𝑅2 2𝑅 2 − 𝑅 2 𝑅2 𝑅2
𝑣𝑚 𝐴 = 𝑣2𝜋 [ − 2 ] = 𝑣2𝜋 [ − ] = 𝑣2𝜋 [ ] = 𝑣2𝜋 = 𝑣𝜋
2 4𝑅 2 4 4 4 2

Como a área analisada é a área da seção reta de um cilindro então 𝐴 = 𝜋𝑅 2

2
𝑅2 2
𝑅2
𝑣𝑚 𝜋𝑅 = 𝑣𝜋 → 𝑣𝑚 𝑅 = 𝑣
2 2

Logo:

𝑣
𝑣𝑚 =
2

62
6. Outros assuntos da viscosidade –
Reometria e pseudoplástico
6.1 Comportamento pseudoplástico em polímeros

O comportamento pseudoplástico em polímeros está ligado à diminuição da viscosidade


com o aumento da taxa de cisalhamento. A viscosidade em fluidos não newtonianos é
descrita pela tensão de cisalhamento sobre a taxa de cisalhamento, ou seja, a energia
aplicada sobre a frequência. A medida que um polímero com comportamento
pseudoplástico recebe uma energia aplicada (tensão de cisalhamento) ou uma frequência
dela (taxa de cisalhamento) a sua viscosidade diminui, isto é, ao passo que esse polímero
segue seu fluxo sua característica muda tornando-se um polímero mais fino.

Para entender esse comportamento, busca-se analisar as teorias que demonstram o


comportamento de polímeros. As teorias de rede apresentam uma explicação plausível
do comportamento de um polímero e pode ser utilizada para o entendimento do
comportamento pseudoplástico. Essa teoria expõe que as moléculas de um polímero, por
causa sua grande extensão, tendem a se conectar umas com as outras, o que em teoria
é chamado de enrosco, fazendo referência ao enrosco de cordas. Essa conexão, como se
fosse um nó, é temporária fazendo com que as moléculas se movimentem juntas e após
um certo tempo ou após alguma ação externa elas se separam. O entendimento desse
comportamento através de enroscos é superficial, o mais correto seria o que a teoria
chama de reptação, referente ao movimento de um réptil, pois as moléculas não se
encostariam e essa conexão seria como um réptil passando sobre o outro.

Para desvendar o comportamento pseudoplástico entende-se que um polímero fundido,


ou seja, concentrado, teria um grande aglomerado desorganizado de suas moléculas

63
umas ligadas ás outras. Essa desorganização dificulta o movimento desse polímero, pois
ao observar o comportamento de um fluido newtoniano observa-se que suas camadas
favorecem o deslocamento do fluido com a aplicação de uma força tangencial, porém
um polímero concentrado não possui característica de uniformidade alguma e como
nesse caso em vez de camadas o estudo é baseado nas suas moléculas, a resistência delas
ao movimento é maior tanto por causa dos “enroscos” quanto por causa das forças
contrárias resultantes produzidas pelas moléculas.

Com a aplicação de uma força a um polímero pseudoplástico em um tubo a taxa de


cisalhamento ocorre nas suas paredes, mas o que ocorre com as moléculas do polímero
é um rearranjo de acordo com o fluxo, ou seja, as moléculas tendem a se comportam
de uma forma um pouco mais linear, pois os “enroscos” ainda existirão, mas não haverá
uma desorganização completa. As moléculas tenderão a formar “camadas” e tenderão
a se esticar linearmente para direção do fluxo, abandonando a primeira situação em
que a desorganização das moléculas do fluido era total. Com isso tem-se que a estrutura
do polímero é mudada para uma forma mais fácil de fluir.

Pode-se comparar essa reorganização das moléculas do polímero com a organização dos
elétrons contidos em um condutor, que primeiramente estão em disposição caótica e
não possuem um fluxo, mas após serem mantidos a uma diferença de potencial os
elétrons se rearranjam em uniformidade no sentido positivo (escassez de elétrons)
resultando numa corrente elétrica no condutor.

Como a viscosidade é dita como a dificuldade de um fluido fluir, a facilidade aumentada


no polímero descrito anteriormente remete a uma viscosidade menor. A consequência
dessa diminuição da viscosidade está na tensão de cisalhamento que será menor, pois
como a viscosidade é diretamente proporcional à tensão de cisalhamento as forças
opostas a ação de uma força tangencial serão menores, logo haverá uma pequena
diferença de velocidade entre as camadas do polímero.

64
6.2 Como se mede a viscosidade (reometria)?

A viscosidade pode ser quantificada, esse método é nomeado reometria, ou seja, é o


estudo da deformação de matéria e seu escoamento. Essa técnica não tem como único
objetivo a viscosidade, mas sim as propriedades reológicas que podem ser viscosidade,
elasticidade, plasticidade e escoamento de matéria. O uso dessa técnica é voltado à
ciência e exploração de casos não comuns, como, por exemplo, os fluidos não newtonianos
no estudo de suas viscosidades.

Para os procedimentos da reometria é de suma importância a escolha dos instrumentos


certos dependendo do tipo de medição e o que será medido. Cada instrumento possui
suas características próprias para um certo tipo de medição, alguns deles produzem
tensão de cisalhamento através do movimento do instrumento e outros através da
pressão aplicada sobre o material em estudo.

Os instrumentos podem ser reômetros ou viscosímetros, sendo o primeiro muito mais


caro e tecnológico que o segundo, porém o segundo pode ser empregado, se de forma
correta, para ter-se bons resultados. Possuindo de várias geometrias, os reômetros
tornam-se flexíveis a cada caso diferente.

Cada reômetro tem sua forma de medição, ou seja, reômetros diferentes medem
diferentes tipos de dados e esses dados são relacionados a variáveis, como temperatura,
pressão, vazão, volume entre outras, que tem ligação com as propriedades reológicas do
material estudado.

Através dos dados encontrados pelo instrumento faz-se o tratamento de dados


realizando gráficos e medição de constantes que, se utilizando a equação correta, irá
remeter ao valor da viscosidade do material utilizado. Em casos de fluidos não
newtonianos uma gama de equações e relações foram elaboradas e estudadas até
atualmente, como o comportamento do material se mostra exótico à ciência newtoniana
os fluidos são trabalhados na modelagem através dos seus comportamentos.

65
7. Não desista, continue – A equação da
continuidade
7.1 Balanço de Massa

“A massa do universo (em estudo) não pode ser criada ou destruída”, essa lei já está
tatuada no nosso cérebro, então será fácil desvendá-la.

Segundo Mazzucco (10): “O balanço de massa global é responsável por computar as


quantidades totais das correntes que fluem em um processo. ” Como estamos falando
de tubos o balanço de massa nos faz entender que o que estiver entrando no tubo, não
importa o que aconteça pelo meio do caminho (exceto perda de matéria) no outro lado
deverá sair a mesma quantidade daquilo que entrou.

Essa informação é o estopim para formular o comportamento dos fluidos em meio a


correntes contínuas, ou seja, temos uma relação importante que diz:

𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑎𝑖

7.2 Relação Velocidade–Massa

Considere o tubo abaixo:

66
Veja que as áreas 𝐴1 e 𝐴2 formam dois cilindros, onde a base são as áreas e a altura é
formada por 𝑣𝑑𝑡. Veja que a equação da densidade é:
𝑚
𝜌=
𝑉

Como temos dois cilindros, temos também seus volumes que é base vezes altura: 𝑑𝑉 =
𝐴𝑣𝑑𝑡. Então podemos dizer que as massas nos dois pontos são:

𝑑𝑚1 = 𝜌𝑑𝑉1 𝑒 𝑑𝑚2 = 𝜌𝑑𝑉2

7.3 Equação da Continuidade

Pelo balanço de massa a quantidade em um ponto 1 deverá ser igual a quantidade do


ponto 2. Portanto podemos fazer:

𝑑𝑚1 = 𝑑𝑚2

Que fica:

𝜌1 𝐴1 𝑣1 𝑑𝑡 = 𝜌2 𝐴2 𝑣2 𝑑𝑡 → 𝜌1 𝐴1 𝑣1 = 𝜌2 𝐴2 𝑣2

Se fluido for incompressível sua densidade não irá variar, mas existem dois casos possíveis
que podem ser encontrados num escoamento: quando há mudança de densidade e
quando não há mudança.

𝜌1 𝐴1 𝑣1 = 𝜌2 𝐴2 𝑣2 𝐴1 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2
𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙 𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙
𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑆𝑒𝑚 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

67
7.4 Vazão (de novo)

A vazão é uma quantidade de volume que passa por um determinado ponto por unidade
de tempo, que pode ser descrita como:

𝑑𝑉
𝑑𝑚1 = 𝜌1 𝑑𝑉1 = 𝜌1 𝐴1 𝑣1 𝑑𝑡 → 𝜌𝑑𝑉 = 𝜌𝐴𝑣𝑑𝑡 → 𝜑 = 𝐴𝑣 =
𝑑𝑡

A vazão é igual a taxa de variação do volume com o tempo. Segundo Young (1): “Quando
a seção reta de um escoamento diminui, a velocidade aumenta e vice-versa. ”, ou seja,
a vazão em todo os pontos do tubo será a mesma, isso significa que a velocidade e a área
se equilibrarão entre si a fim de encontrar sempre o mesmo valor. Diminuir a área a
qual o fluido está significa aumentar sua velocidade e aumentar a área significa diminuir
a velocidade.

Um exemplo desse entendimento é o tubo de Venture que é exemplificado abaixo:

7.5 Reflexões entre Pressão e Velocidade

Na aula anterior procurou-se entender melhor o que a pressão podia influenciar na


velocidade de um escoamento, chegamos a uma conclusão de que com a aplicação de
uma força a velocidade aumentaria. E agora o que podemos concluir depois de ter
encontrado a equação da continuidade?

Quando a área é pequena:

𝐹↑
𝑉𝑎𝑧ã𝑜: 𝐴 ↓ 𝑣 ↑ 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜: 𝑝 ↑=
𝐴↑

Como visto antes, assim como a velocidade aumenta a pressão aumenta também.
Podemos concluir que quando o fluido se submete a uma área pequena sua pressão está
aumentando, assim como na biologia o mais “concentrado” tende a se deslocar para o

68
menos “concentrado”, nesse caso estou querendo dizer que as moléculas ficam mais
apertadas (concentradas) e tendem a sair o mais rápido possível desse local.

Exemplo 5

O ar escoa num tubo convergente, a área da maior seção é 20 𝑐𝑚2 e da menor é 10 𝑐𝑚2 .
A massa específica do ar no ponto 1 é de 1,2 𝑘𝑔/𝑚3 e no ponto 2 é 0,9 𝑘𝑔/𝑚3 . Sendo 𝑣1 =
10 𝑚/𝑠, determinar a vazão em massa, peso e a velocidade na seção do ponto 2.

Fonte: Franco Brunetti


Listando valores:

𝐴1 = 20 𝑐𝑚2 𝐴2 = 10 𝑐𝑚2
𝜌1 = 1,2 𝑘𝑔/𝑚3 𝜌2 = 0,9 𝑘𝑔/𝑚3
𝑣1 = 10 𝑚/𝑠

Como a ar é um fluido compressível, sua densidade irá mudar de acordo com a situação:

𝐴1 𝑣1 𝜌1 = 𝐴2 𝑣2 𝜌2 → (20 𝑐𝑚2 )(10 𝑚/𝑠)(1,2 𝑘𝑔/𝑚3 ) = (10 𝑐𝑚2 )𝑣2 (0,9 𝑘𝑔/𝑚3 )
𝑣2 = 26,7 𝑚/𝑠

Vazão em volume no ponto 1:

𝜑 = 𝐴𝑣 = (20 × 10−4 𝑚2 )(10 𝑚/𝑠) = 0,02 𝑚3 /𝑠

Vazão em volume no ponto 2:

𝜑 = 𝐴𝑣 = (10 × 10−4 𝑚2 )(26,7 𝑚/𝑠) = 0,0267 𝑚3 /𝑠

Vazão em massa no ponto 1:

𝜑𝑚́ = (0,02 𝑚3 /𝑠)(1,2 𝑘𝑔/𝑚3 ) = 0,024 𝑘𝑔/𝑠

Vazão em massa no ponto 2:

69
𝜑𝑚́ = (0,0267 𝑚3 /𝑠)(0,9 𝑘𝑔/𝑚3 ) = 0,02403 𝑘𝑔/𝑠

Vazão em peso no ponto 1:

𝜑𝑚́ = (0,024 𝑘𝑔/𝑠)(10 𝑚/𝑠 2 ) = 0,24 𝑁/𝑠

Vazão em peso no ponto 2:

𝜑𝑚́ = (0,02403 𝑘𝑔/𝑠)(10 𝑚/𝑠 2 ) = 0,2403 𝑁/𝑠

Exemplo 6

Um tubo admite água (𝜌 = 100 𝑘𝑔/𝑚3 ) num reservatório com vazão de 20 𝐿/𝑠 e ao mesmo
tempo óleo (𝜌 = 800 𝑘𝑔/𝑚3 ) por outro tubo com vazão de 10 𝐿/𝑠. A mistura homogênea é
escoada num tubo de área de 30 𝑐𝑚2 . Determinar a massa específica da mistura e sua
velocidade.

Fonte: Franco Brunetti

Listando valores:

𝜌1 = 1000 𝑘𝑔/𝑚3 𝜌2 = 800 𝑘𝑔/𝑚3


𝜑1 = 20 𝐿/𝑠 𝜑2 = 10 𝐿/𝑠
𝐴3 = 30 𝑐𝑚2

Pelo balanço de massa temos:

𝜑1 + 𝜑2 = 𝜑3 → 𝜑3 = 20 𝐿/𝑠 + 10 𝐿/𝑠 = 30 𝐿/𝑠

A velocidade fica:

70
1 𝑚3 𝐿
𝜑3 = 𝐴𝑣 → 𝑣 =
𝜑3
= 1000 𝐿 30 𝑠 =
0,03 𝑚3 /𝑠
= 10𝑚/𝑠
𝐴 1 𝑚2 2 0,003 𝑚2
30 𝑐𝑚
10000 𝑐𝑚2

As vazões mássicas ficam:

𝜑𝑚1 = 𝜑1 𝜌1 = (0,02 𝑚3 /𝑠)(1000 𝑘𝑔/𝑚3 ) = 20 𝑘𝑔/𝑠

𝜑𝑚2 = 𝜑2 𝜌2 = (0,01 𝑚3 /𝑠)(800 𝑘𝑔/𝑚3 ) = 8 𝑘𝑔/𝑠

Pelo balanço de massa temos:

𝜑𝑚1 + 𝜑𝑚2 = 𝜑𝑚3 → 𝜑𝑚3 = 20 𝑘𝑔/𝑠 + 8 𝑘𝑔/𝑠 = 28 𝑘𝑔/𝑠

Logo sua densidade é:

𝜑𝑚3 28 𝑘𝑔/𝑠
𝜑𝑚3 = 𝜌3 𝜑3 → 𝜌3 = = = 933,33 𝑘𝑔/𝑚3
𝜑3 0,03 𝑚3 /𝑠

Exemplo 7

O esquema a seguir corresponde à seção longitudinal de um canal de 25 cm de largura.


Admitindo escoamento 2D e o diagrama de velocidade igual a 𝑣 = 30𝑦 − 𝑦 2 (y em
centímetros e v em centímetros por segundo) e o 𝛾 = 0,9 𝑁/𝐿 e viscosidade cinemática
𝜈 = 70 𝑐𝑠𝑡 e 𝑔 = 10 𝑚/𝑠 2 .

Fonte: Franco Brunetti

a) O gradiente de velocidade em 𝑦 = 2 𝑐𝑚

b) A máxima tensão de cisalhamento (𝑁/𝑚2 )

c) A velocidade média (𝑐𝑚/𝑠)

71
d) A vazão em massa

a) O gradiente de velocidade é uma taxa de variação da velocidade em relação a y:

𝑑𝑣 𝑑
𝑣 = 30𝑦 − 𝑦 2 → = [30𝑦 − 𝑦 2 ] = 30 − 2𝑦 = 30 − 2(2) = 26 𝑠 −2
𝑑𝑦 𝑑𝑡

b) A máxima tensão de cisalhamento é a viscosidade dinâmica vezes o maior valor do


gradiente de velocidade, pois mais velocidade irá resultar numa maior resposta de tensão
de cisalhamento. Porém não se tem viscosidade dinâmica, somente cinemática:

𝑁 0,9 𝑘𝑔𝑚/𝑠 2
𝜇 = 𝜈𝜌 → 𝑛ã𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒 𝑑𝑒 𝜌 → 𝛾 = 0,9 = = 900 𝑘𝑔/𝑠 2 𝑚2
𝐿 0,001 𝑚3
𝛾 900 𝑘𝑔/𝑠 2 𝑚2
𝜌= = = 90 𝑘𝑔/𝑚3
𝑔 10 𝑚/𝑠 2
𝜇 = 𝜈𝜌 = (0,7 𝑐𝑚2 /𝑠)(90 𝑘𝑔/𝑚3 ) = (7 × 105 𝑚2 /𝑠)(90 𝑘𝑔/𝑚3 ) = 0,0063 𝑁/𝑚2
𝑑𝑣
𝜏=𝜇 = (0,0063 𝑘𝑔/𝑠𝑚)(30 𝑠 −2 ) = 0,189 𝑁/𝑚2
𝑑𝑦

c) Utilizando um caso geral para velocidade média:

1 5 1 𝑟 2
1 𝑟 2
1 𝑟2 𝑟3
𝑣𝑚 = ∫ 𝑣𝑑𝐴 = ∫ [30𝑦 − 𝑦 ]𝑏𝑑𝑦 = ∫ [30𝑦 − 𝑦 ]𝑑𝑦 = [30 − ]
𝐴 0 𝑟𝑏 0 𝑟 0 𝑟 2 3

b = base 𝑟2 52
r = raio 𝑣𝑚 = 15𝑟 − = 15(5) − = 66,7 𝑐𝑚/𝑠
3 3

d) A vazão massa é dada por:

𝜑 = 𝜌𝑣𝑚 𝐴 = (90 𝑘𝑔/𝑚3 )(0,667 𝑚/𝑠)(0,0125 𝑚2 ) = 0,75 𝑘𝑔/𝑠

72
8. Treinamento de cães – Exercícios
resolvidos
Questão 1

(Petrobras) A figura abaixo representa quatro recipientes diferentes com um mesmo


líquido, a mesma temperatura. Sabendo-se que os quatro recipientes estão abertos para
a atmosfera, conclui-se que a(s) pressão(ões) no fundo dos recipientes...

A. X é maior que no fundo dos demais recipientes

B. Y é maior que no fundo dos demais recipientes

C. Z é maior que no fundo dos demais recipientes

D. W é maior que no fundo dos demais recipientes

E. X, Y, Z e W são iguais

73
Se o líquido é o mesmo, então em todos os recipientes a densidade é a mesma, que
vamos chamar de 𝜌. O enunciado também afirma que a temperatura 𝑇 também é a
mesma em todos eles.

Olhando pelo teorema de Stevin:

𝑃=𝑃_𝑎𝑡𝑚+𝜌𝑔𝑦

Ora, se a pressão atmosférica está presente em todos os recipientes e se a densidade é


a mesma, logo conclui-se que pegando um mesmo ponto em cada um dos recipientes
terá uma única pressão para todos eles.

Letra E)

Questão 2

(Petrobras, 2010) Um fluido newtoniano de viscosidade absoluta/dinâmica escoa entre


duas placas planas paralelas que estão separadas por uma distância de 2 h, com o
𝑦 2
seguinte perfil de velocidades: 𝑣 = 𝑣𝑚𝑎𝑥 [1 − (ℎ) ], em que 𝑣 é a velocidade, 𝑣𝑚𝑎𝑥 é a

velocidade máxima e 𝑦 é a distância medida perpendicularmente ás placas. O módulo


da tensão cisalhante no fluido, a uma distância das placas, é:

10

A. 0,1
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥

B. 0,2
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥

C. 1,8
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥

D. 2,0
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥

E. 2,2
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥

Podemos visualizar a situação como na imagem abaixo:

74
O enunciado diz que o módulo da tensão cisalhante deve estar a uma distância de h/10
das placas, ou seja, o valor da tensão cisalhante está 0,1 h distante de qualquer uma
das placas, então o restante pertence a nossa análise. Então, dividimos a altura em h
para os dois lados, como foi dado a distância de h/10, então divide-se o h em dez
partes, logo h/10 é a parte não analisada e 9h/10 será parte de nosso estudo.

A tensão cisalhante é dada por:

𝑑𝑣
𝜏=𝜇
𝑑𝑦

Logo derivamos o perfil da velocidade em relação a y:

𝑑𝑣 𝑦 2 𝑑 𝑦2 𝑑 𝑦
= 𝑣𝑚𝑎𝑥 [1 − ( ) ] = [𝑣𝑚𝑎𝑥 − 𝑣𝑚𝑎𝑥 2 ] = −2𝑣𝑚𝑎𝑥 2
𝑑𝑦 ℎ 𝑑𝑦 ℎ 𝑑𝑦 ℎ

Retornando a equação da tensão cisalhante:

𝑦 9ℎ 9 𝑣𝑚𝑎𝑥
𝜏 = 𝜇 (−2𝑣𝑚𝑎𝑥 2
)→𝑦= → 𝜇 (−2𝑣𝑚𝑎𝑥 ) = 𝜇 (−1,8 )
ℎ 10 10ℎ ℎ

Aplicando módulo:
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥 𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥
|𝜏| = |−1,8 | → |𝜏| = 1,8
ℎ ℎ

Letra C)

Questão 3

(Petrobras, 2010) Um fluido, de viscosidade cinemática de 21 𝑚𝑚2 /𝑠, desloca-se por


uma tubulação de 35 𝑚𝑚 de diâmetro. Para que tal fluido escoe em regime turbulento,
sua velocidade deve ser de:

75
A. 125 𝑐𝑚/𝑠

B. 1125 𝑚𝑚/𝑠

C. 1,4 𝑚/𝑠

D. 110 𝑐𝑚/𝑠

E. 13 𝑑𝑚/𝑠

Segundo Reynolds:

𝑣𝐷
> 2400
𝜈

Logo:

𝑣(35 𝑚𝑚) 50400 𝑚𝑚2 /𝑠


> 2400 → 𝑣 >
21 𝑚𝑚2 /𝑠 35 𝑚𝑚

Então a velocidade deve ser maior que:

𝑣 > 1,4 𝑚/𝑠

Letra C)

Questão 4

(Petrobras, 2012) Considere um escoamento na tubulação descrita na figura, onde 𝐴1 e


𝐴2 são as áreas das seções transversais 1 e 2, respectivamente, e 𝐴1 é 1/3 de 𝐴2 . Se 𝑣1 e
𝑣2 são as velocidades de escoamento, e 𝑄1 e 𝑄2 as vazões em 1 e 2, respectivamente,
então:

A. 𝑣1 = 𝑣2

B. 𝑣1 = 3𝑣2

C. 𝑣1 = 3 𝑣2
1

D. 𝑄1 > 𝑄2

E. 𝑄1 < 𝑄2

76
As áreas são relacionadas assim:

1
𝐴1 = 𝐴
3 2

Pelo balanço de massa temos a equação da continuidade:

1 1
𝐴1 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2 → 𝐴2 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2 → 𝑣1 = 𝑣2
3 3

Logo a relação das velocidades fica:

𝑣1 = 3𝑣2

Letra B)

Questão 5

Uma placa quadrada de 1 𝑚 de lado e 100 𝑁 de peso desliza sobre uma película de óleo
em plano inclinado de 30°. A velocidade da placa é constante e igual a 4 𝑚/𝑠. Qual é a
viscosidade dinâmica do óleo se a espessura da película é 3 𝑚𝑚?

O peso da placa é como se fosse uma força exercida sobre o fluido, mas para acharmos
a força que realmente nos importa, ou seja, a força tangencial precisaremos decompor
essa força, utilizando sua decomposta em relação ao eixo x.

𝐹 100 𝑁 sen 30°


𝜏= = = 50 𝑁/𝑚2
𝐴 1 𝑚2

77
Como a distância entre as duas superfícies que espremem o fluido é de 3 mm pode-se
usar a equação mais light da tensão de cisalhamento em relação a viscosidade dinâmica:

𝑣0 𝜀 0,003 𝑚
𝜏=𝜇 → 𝜇 = 𝜏 = (50 𝑁/𝑚2 ) = 0,0375 𝑁𝑠/𝑚2
𝜀 𝑣0 4 𝑚/𝑠

Questão 6

Uma calha com seção quadrada de 1 𝑚 × 1 𝑚 alimenta um reservatório de 1 𝑚3 em


15 𝑚𝑖𝑛. Considerando que o perfil da velocidade do escoamento na calha obedece à
equação 𝑣 = 3𝑦 2 ( 𝑠 ), onde y é expresso em metros. Sendo a viscosidade do fluido a
𝑚

1,69 × 10−4 𝑃𝑎𝑠. Determine:

A. O gradiente da velocidade na forma diferencial (𝑑𝑣/𝑑𝑦)

B. A velocidade média do escoamento (𝑚/𝑠)

C. O nível do fluido na calha (𝐻)

D. A tensão de cisalhamento para 𝑦 = 0, 3 , 2 𝑒 𝐻


𝐻 𝐻

E. O esboço do perfil de velocidade

F. Explique porque a tensão em H não foi nula

A)

Deriva-se o perfil de velocidade em relação a y:

𝑑𝑣 𝑑
= [3𝑦 2 ] = 6𝑦
𝑑𝑦 𝑑𝑦

B)

Para encontrar a velocidade média do fluido utilizamos:

1 1 1 𝐻 1 1 𝐻3
𝑣𝑚 = ∫ 𝑣𝑑𝐴 = ∫ ∫ 3𝑦 2 𝑑𝑦𝑑𝑥 = ∫ 𝐻 3 𝑑𝑥 =
𝐴 𝐴 𝐴 0 0 𝐴 0 𝐴

78
𝐻3
𝑣𝑚 = → 𝑣𝑚 = 𝐻 3
1 𝑚2

C)

Procura-se a profundidade, ou seja, o valor de H. Para isso usa-se de dados já disponíveis


utilizando a equação da vazão:

𝑉 1 𝑚3
𝑄= = = 1,11 × 10−3 𝑚3 /𝑠
𝑡 900 𝑠

Outra equação para a mesma vazão pode ser utilizada:

3 𝑄
𝑄 = 𝐴𝑣𝑚 → 𝑣𝑚 = 𝐻 3 → 𝐻 = √ = 0,1 𝑚
𝐴

D)

Para y = 0,

𝑑𝑣
𝜏=𝜇 = 𝜇6𝑦 = 0
𝑑𝑦

Para y = H/3

𝑑𝑣
𝜏=𝜇 = 𝜇6𝑦 = 𝜇2𝐻 = 3,38 × 10−5 𝑁/𝑚2
𝑑𝑦

Para y = H/2

𝑑𝑣
𝜏=𝜇 = 𝜇6𝑦 = 𝜇3𝐻 = 5,07 × 10−5 𝑁/𝑚2
𝑑𝑦

Para y = H

𝑑𝑣
𝜏=𝜇 = 𝜇6𝑦 = 𝜇6𝐻 = 1,014 × 10−4 𝑁/𝑚2
𝑑𝑦

E)

79
F)

A tensão de cisalhamento em H é a altura máxima do fluido, ou seja, a altura atingida


pelo fluido. Normalmente na superfície a velocidade é máxima e a tensão de cisalhamento
é máxima.

Podemos observar que com y = 0, o valor da tensão foi zero, isso porque y = 0 é o fundo
da calha onde as camadas do fluido não estão em “movimento” e consequentemente
não causam tensão de cisalhamento. Mas ao aumentar o valor de y até chegar em H a
tensão foi aumentando cada vez mais.

Com velocidade alta na camada da superfície do fluido, pela terceira lei de Newton, a
resposta da tensão de cisalhamento será alta na mesma medida.

Questão 7

Qual a pressão absoluta do ar dentro do tubo nas seguintes condições: considere a


densidade do óleo como sendo 770 𝑘𝑔/𝑚3 , a densidade do Hg (mercúrio) como sendo
13600 𝑘𝑔/𝑚3 . A constante de aceleração gravitacional é 9,81 𝑚/𝑠 2 e a pressão atmosférica
é padrão 100000 𝑃𝑎 .

80
Analisando com calma o comportamento dos fluidos, tem-se:

A pressão atmosférica está descendo e a pressão do mercúrio está descendo, mas no óleo
a sua pressão está subindo e em seguida a pressão do mercúrio no outro lado está
descendo e, por fim, a pressão do Ar está subindo.
𝑝𝑎𝑡𝑚 𝑝𝐻𝑔1 −𝑝𝑜𝑙𝑒 𝑝𝐻𝑔2 −𝑝𝐴𝑟
=0
𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒 𝑠𝑜𝑏𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒 𝑠𝑜𝑏𝑒

Portanto temos:

𝑝𝐴𝑟 = 100000 𝑃𝑎 + 𝜌𝐻𝑔 𝑔(0,27 𝑚) − 𝜌𝑜𝑙𝑒 𝑔(0,07 𝑚) + 𝜌𝐻𝑔 𝑔(0,13 𝑚) = 152837,641 𝑃𝑎

Ou

𝑝𝐴𝑟 = 1,51 𝑎𝑡𝑚

81
9. Equacionando o seu desespero – A equação
de Bernoulli
9.1 Balanço de Energia

Na aula anterior foi observado que a massa do universo não pode ser criada nem
destruída, ou seja, definimos o balanço de massa. Agora é hora de entender o balanço
de energia, onde deveremos utilizar dos conceitos de termodinâmica para poder
entender o que ocorre.

Segundo Smith (11): “Correntes escoando para dentro e para fora do volume de
controle têm associada a elas, energia em suas formas interna, potencial e cinética. E
todas contribuem para a variação de energia do sistema. ”

Assim como a massa é conservada a energia também é, porém, a forma de analisar o


balanço de energia exige conhecimento de todas as formas de energias possíveis dentro
do sistema, que no nosso caso é uma tubulação a qual ocorre o escoamento de um fluido.

9.2 Balanço de Energia Geral

Segundo Smith (11): “Cada unidade de massa de uma corrente carrega consigo uma
energia total 𝑈 + 2 𝑢2 + 𝑧𝑔, onde u é a velocidade média da corrente, z é a sua elevação
1

em relação a um nível de referência, e g é a aceleração da gravidade local. Dessa forma,


cada corrente transporta energia na taxa (𝑈 + 2 𝑢2 + 𝑧𝑔) 𝑚̇. ”.
1

Levando em consideração dois pontos em um tubo, essas energias ditas acima serão
analisadas no ponto 1 e no ponto 2, isso leva a uma variação (∆). Além disso, deve se

82
considerar que o fluido também pode realizar trabalho, através da variação de pressão,
e também fazer troca de calor. Todas essas energias em conjunto fazem parte de uma
só, que resume todas, ela é a energia interna. Aqui a variação de energia interna será
colocada em sua forma diferencial, pois essa energia representa cada ponto no fluido
fazendo com que o fluido seja infinitos pontos dentro do tubo. A equação fica então:

𝑑𝑈𝑚 1
= −∆ [(𝑈 + 𝑢2 + 𝑧𝑔 − 𝑊) 𝑚̇] + 𝑄̇ + 𝑊̇
𝑑𝑡 2

Perceba que além da taxa de trabalho, também foi colocado um outro trabalho dentro
dos colchetes, mas o que isso quer dizer? Isso significa que 𝑄̇ , 𝑊̇ e , são variáveis que
𝑑𝑈𝑚
𝑑𝑡

indicam qual o estado atual do fluido, ou seja, elas indicam a situação do fluido, enquanto
aquelas que estão dependendo do delta (∆), são variáveis que vem das correntes que
chegam no fluido e não do próprio fluido, que é o nosso sistema.

O valor das energias ficou negativo, pois como estamos analisando no ponto 1 e 2
significa que estamos levando em consideração o ponto 1 menos o ponto 2, ou seja, o
que entra menos o que sai, o que é a lógica de um escoamento num tubo.

Calor e trabalho estão representados por taxa, pois estão relacionados com o tempo, ou
seja, a quantidade de calor em relação ao tempo, assim como a massa também. Pois
estamos falando de um escoamento, muita coisa muda com o tempo.

Porque a energia interna está na forma diferencial enquanto as outras energias não?
Como dito antes, a energia interna representa infinitos ponto do fluido, porem as outras
energias representam somente dois pontos.

Qual a diferença entre a energia interna diferencial ( ) e a comum (∆𝑈) que estão na
𝑑𝑈𝑚
𝑑𝑡

equação? A energia interna como uma função de estado (∆𝑈) é a energia interna que
vem de uma corrente que chega e sai do sistema, já a energia interna diferencial
representa todo o sistema analisado por você, do início ao fim.

A imagem abaixo exemplifica o que quero falar sobre as energias internas:

83
A função de estado da energia interna
representa o ponto 1 e 2, ou seja, a chegada
e a saída do sistema. Enquanto a energia
interna diferencial representa todo o
sistema.
Existem dois tipos de trabalho, porque existe o trabalho que entra no sistema, que está no
sistema e o que sai do sistema, o que entra e o que sai é a função de estado (𝑊) enquanto
o outro é o valor correspondente ao sistema em si (𝑊̇ ).

Com a definição de entalpia podemos simplificar a equação pois:

𝐻 = 𝑈 + 𝑃𝑉

E trabalho é 𝑊 = −𝑃𝑉

Portanto, A equação do balanço de energia geral é usualmente escrita como:

𝑑𝑈𝑚 1
+ ∆ [(𝐻 + 𝑢2 + 𝑧𝑔) 𝑚̇] = 𝑄̇ + 𝑊̇
𝑑𝑡 2

A partir dessa equação se encontra muitas outras, cada uma para um caso específico.
Logo iremos definir o balanço de energia para o caso que estamos querendo desvendar:
energia mecânica de um fluido.

9.3 Interpretação

Vamos observar bem de quais energias estamos falando aqui:

𝑑𝑈𝑚 1 𝑑𝑈𝑚
+ ∆ [(𝐻 + 𝑢2 + 𝑧𝑔) 𝑚̇] → + ∆𝐻𝑚 + ∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡

Nesta disciplina abordaremos o comportamento dos fluidos em regime permanente, ou


seja, as características e propriedades não variam com o tempo, logo a energia interna
do fluido infinitesimal será nula. Não confunda anular a energia interna infinitesimal
com as taxas de trabalho e calor, o que ocorre no regime permanente é que as

84
propriedades do fluido não mudam e como a energia interna é o resultado de todas as
energias do sistema, a sua diferença será zero. Já no caso das taxas de trabalho, estamos
falando da mudança de trabalho e calor com o tempo, o que pode ocorrer sem mudar
as características do fluido. Portanto a equação fica:

∆𝐻𝑚 + ∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 = 𝑄̇ + 𝑊̇


(𝑟𝑒𝑔𝑖𝑚𝑒 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒)

9.4 Balanço de Energia em Escoamentos

Os nossos estudos estão voltados a transporte, e em mecânica dos fluidos o transporte


que estamos falando é mecânico e não energético, ou seja, não nos importa agora a
transferência de calor somente o transporte de fluidos. Por causa disso podemos ocultar
o termo entalpia do nosso balanço de energia. Vamos desconsiderar a relação do calor e
trabalho com tempo, pois como ainda estamos levando em consideração o balanço de
massa a equação da continuidade continua valendo, por isso a massa não irá variar com
o tempo, nem o calor e nem o trabalho, que estão relacionados de forma indireta com
a massa.

Como a entalpia é importante para transferência de calor, não podemos mais chamar
𝑄 de calor, vamos nomeá-lo de energia mecânica:

∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 − 𝑊 = 𝐸𝑚𝑐 Lembre-se: W = -PV

∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 + 𝑃𝑉 = 𝐸𝑚𝑐


(𝐵𝑎𝑙𝑎𝑛ç𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠)

9.5 Equação de Bernoulli

Esse brother pensou em uma forma de balancear a energia de um escoamento em regime


permanente de tal forma que facilite encontrar dados específicos do fluido. Para isso ele
considerou que o fluido é incompressível, sem qualquer tipo de perda de energia e o tubo
tem seção uniforme, ou seja, sem protuberância ao longo do tubo.

Desmembrando o balanço de energia temos:

85
𝑚𝑣 2
∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 + 𝑃𝑉 = 𝐸𝑚𝑐 → + 𝑚𝑔𝑧 + 𝑃𝑉 = 𝐸𝑚𝑐
2

Bernoulli afirma que a energia mecânica presente em um ponto no escoamento de um


fluido nas condições citadas acima é igual a energia mecânica em qualquer outro ponto
do escoamento. Ou seja, 𝐸𝑚𝑐1 = 𝐸𝑚𝑐2

𝑚1 𝑣12 𝑚2 𝑣22
+ 𝑚1 𝑔𝑧1 + 𝑃1 𝑉1 = + 𝑚2 𝑔𝑧2 + 𝑃2 𝑉2
2 2

Podemos usar a densidade para simplificar a equação: 𝜌 =


𝑚 𝑚
→𝑉=
𝑉 𝜌

𝑚1 𝑣12 𝑚1 𝑚2 𝑣22 𝑚2
+ 𝑚1 𝑔𝑧1 + 𝑃1 = + 𝑚2 𝑔𝑧2 + 𝑃2
2 𝜌1 2 𝜌2

A massa está presente em todos os termos, segundo a equação da continuidade a massa


do ponto 1 é igual a massa do ponto 2, por isso pode-se anular todas essas massas da
equação:

𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2 𝜌1 = 𝜌2 𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2


+ 𝑔𝑧1 + = + 𝑔𝑧2 + → 𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙 → + 𝑔𝑧1 + = + 𝑔𝑧2 +
2 𝜌1 2 𝜌2 2 𝜌 2 𝜌

Dividindo tudo pela gravidade e fazendo 𝑔𝜌 = 𝛾 temos:

𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
+ 𝑧1 + = + 𝑧2 + Cada lado da igualdade chama-se
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
Carga Manométrica do ponto x.
(𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐵𝑒𝑟𝑛𝑜𝑢𝑙𝑙𝑖)

9.6 Interpretação da equação de Bernoulli

Perceba que todas as unidades dessa equação serão em metros, como será mostrado
abaixo:

𝑘𝑔 𝑚 𝑘𝑔 𝑚
𝑚2 𝑠2 𝑚2 𝑠2
𝑠 + 𝑚 + 𝑚 = 𝑠2 + 𝑚 +
2 2 𝑚2 → 𝑚 = 𝑚
𝑚 𝑚 𝑘𝑔 𝑚 𝑚 𝑘𝑔
𝑠2 2
𝑠 𝑚 3 𝑠 2
𝑠 2 𝑚3

Porém essa é uma unidade da consequência dos dados realizados por Bernoulli, o que
importa é de onde essa equação veio: do balanço de energia. Portanto, o resultado

86
expresso por essa equação representa a energia total do sistema no determinado ponto,
mesmo a unidade estando em metros.

Uma curiosidade: existe uma técnica de Equações Diferenciais Ordinárias (EDO) chamada
Equações de Bernoulli.

Exemplo 8

A água escoa em regime permanente no venture da figura. No trecho considerado,


supõe-se as perdas por atrito desprezíveis e as propriedades uniformes nas seções. A
área 1 é 20 𝑐𝑚2 , enquanto a da garganta 2 é 10 𝑐𝑚2 . Um manômetro cujo fluido
manométrico é mercúrio é ligado entre as seções 1 e 2 que indica o desnível mostrado
na figura. Pede-se a vazão da água que escoa pelo venture. 𝛾𝐻𝑔 = 136000 𝑁/𝑚3
𝛾𝐻2 𝑂 = 104 𝑁/𝑚3

Fonte: Franco Brunetti

Utilizando a equação de Bernoulli, temos que o eixo horizontal segue contínuo por dentro
do tubo, ou seja, os centros geométricos de (1) e (2) são os mesmos. Z é a posição dos
centros, portanto 𝑧1 − 𝑧2 = 0.

𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2 𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2 𝑣22 − 𝑣12 𝑃1 − 𝑃2


+ 𝑧1 + = + 𝑧2 + → + = + → =
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
v22 −v21 v21 −v22
Como saber se devo fazer ou e se devo fazer ou ? Observando a
P1 −P2 P2 −P1
γ γ 2g 2g

imagem do exemplo e os dados da questão você percebe que a área de [2] é menor que

87
a de [1], se as vazões são as mesmas em [1] e [2] e se a área diminuiu em [2], então a
velocidade em [2] é maior do que em [1].

No caso da pressão, observe o manômetro, veja que em [2] o mercúrio está mais em
cima enquanto que em [1] o mercúrio está mais abaixo, isso quer dizer que a pressão
sendo exercida no mercúrio em [1] é maior do que em [2].

A pressão pode ser descoberta pelo manômetro com mercúrio ligado no tubo:

𝑃1 + 𝛾𝐻2 𝑂 𝑦1 + 𝛾𝐻𝑔 𝑦1 = 𝛾𝐻𝑔 𝑦2 + 𝛾𝐻2 𝑂 𝑦2 + 𝑃2

𝑃1 = −𝛾𝐻2 𝑂 ℎ + 𝛾𝐻𝑔 ℎ + 𝑃2

O 𝑦1 é a cota do manômetro em [1] e 𝑦2 é a cota em [2]. Para encontrarmos o “h”


dado fizemos 𝑦2 − 𝑦1 para o mercúrio, mas para encontrar o “h” na água deve ser o
inverso 𝑦1 − 𝑦2 , pois “h” sempre deve ser a diferença entre a maior e menor cota. Por
isso 𝛾𝐻𝑔 𝑦1 foi jogado para o lado direito, ficando positivo e 𝛾𝐻2 𝑂 𝑦2 para o lado esquerdo,
ficando negativo (sem ofensa aos de esquerda).

As cotas são as mesmas para a água e mercúrio, muda somente a forma de representa-
la, pois, o teorema de Stevin afirma que em qualquer ponto do fluido a pressão será a
pressão da superfície mais 𝜌𝑔ℎ, e a superfície da água não está no tubo, está de encontro
com a superfície do mercúrio, pois não há nenhuma pressão significativa na água dentro
do tubo.

Não temos como encontrar as pressões separadas mas podemos encontrar 𝑃1 − 𝑃2 :

𝑃1 − 𝑃2 = −𝛾𝐻2 𝑂 ℎ + 𝛾𝐻𝑔 ℎ = (−𝛾𝐻2 𝑂 + 𝛾𝐻𝑔 )ℎ

𝑃1 − 𝑃2 = (−10000 + 136000)0,1 = 12600 𝑃𝑎


v22 −v21
Agora usamos a relação para encontrarmos as velocidades:
P1 −P2
=
2g γ

v22 − v12 12600 𝑁/𝑚2


= = 1,26 𝑚 → v22 − v12 = 25,20 𝑚2 /𝑠 2
2g 10000 N/m3

Utilizando a equação da continuidade 𝐴1 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2 :

𝐴2 10 𝑐𝑚2 0,001 𝑚2 𝑣2
𝑣1 = 𝑣2 = 𝑣2 = 𝑣2 =
𝐴1 20 𝑐𝑚2 0,002 𝑚2 2

88
Não era necessário transformar de 𝑐𝑚2 para 𝑚2 , porém é importante não esquecer que
as unidades devem ser compatíveis, veja que a velocidade está em 𝑚2 /𝑠 2 .

Portanto podemos achar cada velocidade:

𝑣22 3
v22 − = 25,20 → 𝑣22 = 25,20 → 𝑣2 = √33,6 = 5,8 𝑚/𝑠
4 4

Como as vazões são iguais em [1] e em [2] por causa da equação da continuidade, não
necessitamos conhecer o valor da velocidade em [1], portanto:

𝑄2 = 𝐴2 𝑣2 = (5,8 𝑚/𝑠)(0,001 𝑚2 ) = 0,0058 𝑚3 /𝑠 = 5,8 𝐿/𝑠

Segundo método

Há outra forma de resolver esse exercício que o livro não expõe, é o que veremos agora.

Retornando a mesma equação encontrada antes, ao invés de encontrar as velocidades


podemos encontrar a vazão. A pressão não vai mudar, e como já encontramos ela, não
precisamos calcular de novo:

v22 − v12 P1 − P2 12600 𝑁/𝑚2


= = 3
= 1,26 𝑚 → v22 − v12 = 25,20 𝑚2 /𝑠 2
2g γ 10000 N/m

A velocidade pode ser representada pela vazão dividida pela área, pois 𝑄 = 𝐴𝑣.

𝑄2 2 𝑄1 2
( ) − ( ) = 25,20 𝑚2 /𝑠 2
𝐴2 𝐴1

Mas, pela equação da continuidade, 𝑄1 = 𝑄2.

𝑄2 2 𝑄2 2
( ) − ( ) = 25,20 𝑚2 /𝑠 2
𝐴2 𝐴1

Desmembrando:

𝑄22 𝑄22 𝐴12 𝑄22 − 𝑄22 𝐴22


2 − 2 = 2 2 = 25,20 → 𝐴12 𝑄22 − 𝑄22 𝐴22 = 25,20 𝑚2 /𝑠 2 (0,001 𝑚2 )2 (0,002 𝑚2 )2
𝐴2 𝐴1 𝐴2 𝐴1
𝐴12 𝑄22 − 𝑄22 𝐴22 = 1,008 × 10−10 𝑚10 /𝑠 2
(𝐴12 − 𝐴22 )𝑄22 = 1,008 × 10−10 → (3 × 10−6 𝑚4 )𝑄22 = 1,008 × 10−10 𝑚10 /𝑠 2

89
1,008 × 10−10 𝑚10 /𝑠 2
𝑄22 = = 3,36 × 10−6 𝑚6 /𝑠 2
3 × 10−6 𝑚4
𝑄2 = √3,36 × 10−6 𝑚6 /𝑠 2 = 5,8 × 10−3 𝑚3 /𝑠 = 5,8 𝐿/𝑠

90
10. Uma pausa - Semelhança, Análise
Dimensional e Teorema Pi
10.1 Problemática

Na engenharia, muitos casos não se acomodam às equações descritas por modelos ideias
ou diferenciais, ou seja, a descrição do comportamento de um objeto de estudo em um
certo local através de modelos matemáticos diferenciais e integrais não é o suficiente.
Geralmente, isso ocorre diante do fato das situações exigirem uma análise e observação
mais simples, evitando toda a complexidade das equações diferenciais e parciais;
portanto, para esses casos, é abordado a análise dimensional, onde as observações
prezam por parâmetros ligados ao objeto de estudo. Esse objeto é relacionado aos
parâmetros que podem ser: altura, diâmetro, rugosidade, volume, entre outros, e,
através dessa relação, encontrar dados coerentes com o comportamento do objeto de
estudo no meio especificado.

10.2 Análise dimensional

A análise dimensional é aplicada em inúmeros estudos e pesquisas, mas neste caso o foco
de estudo são os fluidos, que por muitas vezes não podem ser perfeitamente modelados
e estudados através das diferenciais, exigindo-se uma análise das dimensões. Essa análise
utiliza de sistemas de dimensões e de equações, ou seja, os parâmetros observados
possuem suas variáveis e, então, se faz troca das variáveis pelas suas respectivas
dimensões, por exemplo, a massa independente de natureza e unidade é representado

91
pela dimensão M e o mesmo se segue para comprimento (L), tempo (t), temperatura
(T) e força (F). Quando se quer representar outros casos, como volume ou área, utiliza-
se o sistema de dimensões também, por exemplo, L3 para volume, L2 para área, M/L3
para densidade, entre outros. Uma equação vinda da análise dimensional pode ser
apresentada como abaixo:

𝐹 = 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 ⋯ 𝑥𝑛 )

Ou seja, no princípio de uma análise dimensional, deve-se ter um olhar crítico para
encontrar a maior quantidade de parâmetros necessários para descrever o
comportamento do objeto de estudo. Após a definição dessa equação, então, é aplicado
metodologias para o desenvolvimento da mesma.

10.3 Teorema Pi

Como metodologia de análise dimensional, utiliza-se um teorema chamado de teorema


Pi de Buckingham, cujo objetivo é encontrar o número de grupos adimensionais
necessários para substituir a relação original de variáveis, ou seja, é a redução do
conjunto de variáveis dimensionais, presentes na relação observada por análise, a um
conjunto menor de grupos adimensionais. Portanto, o teorema Pi tem na sua solução
final o resultado expresso em uma equação adimensional, assim como equações
conhecidas na engenharia. Porém, utilizando a teoria pode-se chegar somente a metade
do caminho das soluções, pois a função que determina a relação entre as variáveis deve
ser encontrada experimentalmente.

Este teorema expõe que uma equação, que será obtida após análise, contendo k
parâmetros pode ser reduzida a k – r conjuntos adimensionais que independem entre
si, onde r é a quantidade de dimensões necessárias para descrever esses parâmetros. Por
exemplo, se a equação a ser estudada possui como parâmetros área e densidade então
suas dimensões são L2 e M/L3, portanto percebe-se que para definir área e densidade
foram necessários somente duas dimensões: L e M, logo, neste caso, r = 2. É perceptível
que k também é igual a 2, isso demonstra o quão é importante um análise detalhada

92
para se ter o máximo de parâmetros necessários que envolvam o objeto de estudo, pois
isso aumentará a possibilidade de modelagem do comportamento do mesmo. Este
teorema tem esse nome por que a representação dos parâmetros da equação é feita
através do símbolo Pi.

No desenvolvimento do teorema, utiliza-se da análise dimensional para fazer igualdade


entre as dimensões dos parâmetros, observados e determinados pelo teorema Pi, com
todas as dimensões necessárias para construir esses parâmetros elevadas a zero, isto é,
adimensionais. Por exemplo, no caso dito antes sobre a área e densidade tem-se:

(𝐿2 )𝑎 (𝑀𝐿−3 )𝑏 = 𝑀0 𝐿0

Através de sistema linear pode-se encontrar os valores de a e b necessários para tornar


os parâmetros da equação adimensionais. Este processo é repetido para variáveis não
repetidas determinadas pelo teorema e então faz-se relação entre as equações
encontradas.

10.4 Importância

A maior importância desses estudos está na grande diminuição no número de


experimentos necessários para determinar a função que relaciona essas equações, pois
comumente, numa modelagem comum, seriam necessários milhares de experimentos e
anos de trabalho para se determinar funções que descrevam com fidelidade o objeto de
estudo, porém com a aplicação da análise dimensional tem-se uma redução abrupta
para somente algumas dezenas no máximo. Além da facilidade de fazer ciência, esse
método de análise impacta também na questão financeira dos estudos, pois experimentos
envolvendo fluidos, por exemplos, exigem túneis de ar ou água e uma tecnologia de ponta
para detecção de dados e detalhes, o que é muito caro.

93
10.5 Semelhança

Na aplicação da análise dimensional há o estudo da semelhança, ou seja, a projeção de


equações e parâmetros dos objetos reais para modelos menores e mais viáveis. Por
exemplo, existe a necessidade de entender o comportamento de aeronaves, veículos,
objetos, barcos, balões, entre outros, em situações proporcionadas pelo comportamento
do fluido em contato com o mesmo. Portanto em muitos estudos de modelagem e
experimentos é utilizado a semelhança, que pode ser cinemática ou dinâmica.

A semelhança cinemática é mais simples e tem como exigência somente a semelhança


geométrica, ou seja, as características do modelo devem ser compatíveis com as do objeto
de estudo, tanto a escala deve ser compatível como os detalhes, por exemplo, rugosidade,
cortes do design, material, entre outros. Na semelhança dinâmica não só a semelhança
geométrica é necessária, mas como também a semelhança entre os grupos adimensionais
do modelo e o objeto de estudo. Os grupos adimensionais para cada situação podem ser
encontrados através do teorema Pi, com isso cada grupo adimensional independente
deverá ter o mesmo valor no modelo e no objeto de estudo. Por fim, os estudos e
resultados do modelo poderão ser aplicados também no objeto de estudo.

94
11. Colocando o seu sofrimento em prática -
Máquinas
11.1 Os desprezos reconsiderados

O livro base destas aulas aborda na sua didática a reconsideração de alguns pontos que
foram desprezados quando a equação de Bernoulli foi construída. Isso porque buscou-se
a representação mais simples possível do balanço de energia num escoamento. Agora que
já obtemos a equação de Bernoulli, podemos acrescentar algumas situações a mais para
incrementarmos a equação. Dessa forma a equação é cada vez mais usada para
modelagem de escoamentos reais.

Agora um dos pontos desprezados será reconsiderado, a perda ou ganho de energia


(carga). Uma máquina em meio a um escoamento é um corpo estranho que atua
acrescentando ou retirando carga do fluido. Para se retirar carga do fluido, essa carga
deve ser transformada em alguma forma de energia e para adicionar carga ao fluido,
essa carga deve vir de algum lugar de alguma forma.

11.2 Máquinas

Esta aula não abordará de forma aprofundada os estudos das máquinas, porém aqui
podemos introduzi-las para observar o efeito delas sobre a modelagem do
comportamento de fluidos. Para isso Brunetti afirma que máquina, neste estudo, será:
“qualquer dispositivo introduzido no escoamento, o qual forneça ou retire carga dele, na
forma de trabalho. ”

95
Esta definição simples é o suficiente para estudarmos o efeito de máquinas sobre os
escoamentos, pois não é necessário conhecer com profundidade as características da
máquina presente no escoamento.

Aqui vamos abordar dois tipos de máquinas que podem estar presentes num escoamento:
bombas e turbinas. Uma é o inverso da outra, enquanto que a bomba fornece energia ao
escoamento (essa energia digamos que é um impulso, energia cinética) a turbina retira
energia.

11.2.1 Bombas

As bombas mais comuns são aquelas que podem ser vistas o tempo todo no nosso dia a
dia. Bombas de água são muito usadas em casa quando a rede de água está fraca, outros
tipos de bombas também são aquelas usadas em máquinas de lava a jato e até as piscinas
usam bombas para a troca de águas.

A bomba tem um único objetivo: transformar alguma forma de energia em energia


hidrodinâmica. Essa energia hidrodinâmica é a dinâmica dos fluidos, ou seja, a bomba
serve para aumentar a velocidade do fluxo. Por exemplo, uma bomba de água comum
que temos em casa é ligada na tomada para poder funcionar, a energia elétrica é
transformada em energia cinética, através da centrifugação das pás da bomba, e essa
energia cinética é transformada em energia hidrodinâmica, acelerando o fluido.

11.2.2 Turbinas

O exemplo mais clássico e óbvio de todos é a turbina de um avião, mas também podemos
citar as turbinas das usinas hidrelétricas. Resumindo, uma turbina é o oposto de uma
bomba. Imagine se em vez da energia elétrica acionar a bomba, a velocidade do
escoamento produziria energia cinética nas pás da bomba e essa energia cinética pudesse
ser transformada em elétrica. Bom, isso é a função da turbina.

96
A turbina de uma usina hidrelétrica usa da queda de grande impacto (energia potencial)
e velocidade da água sobre suas pás, isso produzirá uma grande energia cinética, que
pode ser vista pela grande velocidade que as turbinas atingem. Então, como essas
turbinas estão ligadas a um gerador síncrono, pela Lei de Maxwell, teremos uma força
eletromotriz formando uma ddp e consequentemente uma corrente elétrica alternada.
Estudos da eletricidade. Esse impacto com certeza fará a água sair da turbina com uma
velocidade bem menor.

97
11.2.3 Bomba x Turbina

Fonte: Escola da vida.

Fonte: Danilo Nogueira – saber ENEM química e física.

98
11.4 Cargas manométricas do escoamento

Agora que temos a equação de Bernoulli, sabemos que dois pontos do escoamento de um
fluido podem ser representados pelas cargas manométricas (H). Caso não houvesse
nenhuma máquina no meio do escoamento com certeza a carga manométrica no ponto
1 seria igual no ponto 2.

Fonte: Franco Brunetti

𝐻1 = 𝐻2
𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
+ 𝑧1 + = + 𝑧2 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾

11.5 Máquinas e escoamento

A adição de uma máquina no escoamento fará com que haja uma adição de mais uma
carga manométrica, pois a máquina terá suas próprias energia cinética, potencial e
trabalho assim como o fluido. Logo:

𝐻1 + 𝐻𝑀 = 𝐻2

Se a máquina for uma bomba (𝐻𝐵 ), então será uma carga somada pois a bomba está
transformando energia para acelerar o fluido, mas se for uma turbina (𝐻𝑇 ), será uma
carga subtraída pois a turbina está retirando energia do fluido.

𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 → 𝐻1 + 𝐻𝐵 = 𝐻2
𝑀á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 {
𝑇𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 → 𝐻1 − 𝐻𝑇 = 𝐻2

99
11.6 Potência e rendimento de máquinas

Não, não é aquele rendimento de máquinas que você viu na termodinâmica, aquele é um
rendimento envolvendo máquinas térmicas com calores e temperaturas diferentes. Aqui
estamos falando de rendimento voltado a potência da máquina.
A potência ideal é
A potência real é descrita como: um valor dado
original da bomba.
𝑃𝑜𝑡 = 𝛾𝑄𝐻𝑀

Onde 𝛾 é o peso específico e Q é a vazão. A potência real é


calculada no momento
do escoamento.
Os rendimentos são calculados assim:
Real
𝑃𝑜𝑡 𝛾𝑄𝐻𝐵
𝜂𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 = =
𝑃𝑜𝑡𝐵 𝑃𝑜𝑡𝐵 Ideal
O rendimento da máquina é
o quão próximo ela consegue
se aproximar do valor ideal. 𝑃𝑜𝑡𝑇 𝑃𝑜𝑡𝑇 Ideal
𝜂𝑇𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 = =
𝑃𝑜𝑡 𝛾𝑄𝐻𝑇
Real

Exemplo 9

O reservatório de grandes dimensões fornece água para o tanque indicado na figura com
uma vazão 10 𝐿/𝑠. Verificar se a máquina instalada é bomba ou turbina e determinar
sua potência se o rendimento é 75 %, supor fluido ideal. Dados: 𝛾𝐻2 𝑂 = 104 𝑁/𝑚3 , 𝐴𝑇𝑢𝑏𝑜 =
10 𝑐𝑚2 , 𝑔 = 10 𝑚/𝑠 2 .

Fonte: Franco Brunetti

100
Utilizando a equação das cargas de um escoamento:

𝐻1 + 𝐻𝑀 = 𝐻2
𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
+ 𝑧1 + + 𝐻𝑀 = + 𝑧2 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾

Veja na imagem que o eixo está traçado na máquina, então temos uma diferença de
altura no ponto 1 e 2, logo 𝑧1 = 20 𝑚 e 𝑧2 = 5 𝑚. A pressão não varia, pois no ponto 1 o
tanque está aberto a atmosfera e no ponto 2 a saída também está aberta a atmosfera,
por causa disso as pressões irão se cancelar dos dois lados.

𝑣12 𝑣22
+ 𝑧1 + 𝐻𝑀 = + 𝑧2
2𝑔 2𝑔

A velocidade no ponto 1 é zero. Imagine que o primeiro tanque é tão grande que a altura
do fluido não muda com a saída dele, então a posição 1 não vai mudar e como a
velocidade é derivada da posição, a velocidade é zero.

No ponto 2 com certeza tem velocidade, se não a vazão seria zero e o fluido não seria
transferido para o segundo tanque. Ela pode ser calculada através da equação da
continuidade.

𝑄2 10 𝐿/𝑠 10000 𝑐𝑚3 /𝑠


𝑄1 = 𝑄2 → 𝐴1 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2 → 𝑣2 = = = = 1000 𝑐𝑚/𝑠 = 10 𝑚/𝑠
𝐴2 10 𝑐𝑚2 10 𝑐𝑚2

Não se pode pré-julgar se a máquina da questão é uma bomba ou uma turbina. Uma
bomba poderia muito facilmente fazer o que está sendo apresentado no desenho e uma
turbina também através da energia potencial da água do primeiro tanque. Então, temos
que:

𝑣22 𝑣22 (10 𝑚/𝑠)2


𝑧1 + 𝐻𝑀 = + 𝑧2 → 𝐻𝑀 = + 𝑧2 − 𝑧1 = + 5𝑚 − 20 𝑚 = −10 𝑚
2𝑔 2𝑔 2(10 𝑚/𝑠 2 )

O resultado mostra claramente que a tal máquina é uma turbina.

Como a turbina é representada por −𝐻𝑇 então a carga manométrica da turbina é 𝐻𝑇 =


10 𝑚. Então, a potencia pode ser descoberta pelo rendimento da turbina.

𝑃𝑜𝑡𝑇
0,75 = → 𝑃𝑜𝑡𝑇 = (0,75)(104 𝑁/𝑚3 )(10 𝐿/𝑠)(10 𝑚)
𝛾𝑄𝐻𝑇

101
Inconsistência de unidades, convertendo as unidades fica:

𝑃𝑜𝑡𝑇 = (0,75)(104 𝑁/𝑚3 )(0,01 𝑚3 /𝑠)(10 𝑚) = 750 𝐽/𝑠 = 750 𝑊

102
12. Desvendando mínimos detalhes - Perda de
carga, Escoamento multipontos e Diagrama de
velocidades.
12.1 Atrito

O estudo da modelagem dos escoamentos continua, dessa vez é hora de levar em


consideração mais um dos desprezos necessários para se encontrar a equação de
Bernoulli: o atrito.

O atrito é discutido desde muito tempo na física. O atrito é uma forma de dissipação
de energia, é uma energia perdida, não aproveitável, é a resultante de forças contrárias
ao movimento do objeto de estudo. O atrito não está ligado somente a uma bola rolando
pelo chão, os fluidos também possuem atrito, o que já conhecemos por viscosidade.
Porém, o atrito interno dos fluidos é um atrito que atua contra qualquer corpo estranho
no fluido, o que será discutido agora será o atrito que vai de contra o fluido.

Não importa o quão liso e perfeito seja a tubulação a qual o fluido escoa, há um atrito.
Esse atrito possui energia, e essa energia pode ser representada por uma carga
manométrica.

12.2 Bernoulli em todos os lugares

Você já deve ter percebido que a equação de Bernoulli foi modelada para representar
um escoamento estacionário de um fluido, com algumas considerações. Então porque
usamos essa mesma equação para uma bomba e para o atrito também?

103
Revisando, as considerações para a equação de Bernoulli são: fluido incompressível, sem
qualquer tipo de perda de energia (atrito, máquina e calor), tubo com seção uniforme e
escoamento estacionário. Vamos analisar essas considerações nos casos em questão.

Mesmo que estejamos falando de uma máquina e atrito, a carga manométrica vindo
delas ainda sim representa o fluido, como?

12.3 As máquinas

Uma máquina é uma simples “joça” que fica no meio do caminho do fluido. Vamos
imaginar os limites de uma bomba entre os pontos 1 e 2. A vazão que entra na máquina
será a mesma de saída, imagine a máquina como um cano, então o que entra no cano,
sai do cano. Neste caso a equação da continuidade já é respeitada. Se o fluido for
estacionário, então o fluido que está na máquina também é estacionário. Uma condição
já foi.

Se o fluido for incompressível, o que estiver dentro da máquina também será. Se a


máquina não tiver atrito ou transferência de calor, então todas as condições serão
respeitadas.

Logo, a equação de Bernoulli irá representar o fluido que está dentro da máquina, pois
o fluido que está na máquina tem energia cinética, potencial e trabalho diferentes do
fluido que está no escoamento comum.

12.4 O efeito do atrito

É um pouco mais difícil de pensar no atrito, porque sempre o vemos como uma coisa
parada no chão. Mas agora com a adição do atrito o fluido será divido em fluido afetado
pelo atrito e fluido não afetado.

104
O fluido afetado pelo atrito possui uma energia cinética, potencial e trabalho diferentes
do fluido não afetado. Perceba, que o atrito não está sendo diretamente calculado, o que
está sendo calculado é o fluido afetado, nessa jogada o atrito continua sendo desprezado,
pois estamos simplesmente calculando o mesmo fluido com valores de energia diferentes.
Sim, esse fluido afetado é a camada limite.

12.5 A grande jogada

Perceba a estratégia desses caras, eles continuam desprezando atrito, máquina etc.,
através de em vez de calcular o atrito, a máquina ou o que quer que seja, calcular o
fluido afetado. Então, já sabe né? A equação de Bernoulli sempre irá representar somente
fluidos, nada de máquinas, atrito, fluxo de calor ou qualquer coisa do gênero.

105
12.6 Perda de carga

Não estamos aqui somente para discutir sobre atrito, na verdade ele serviu como uma
introdução, pois o que realmente quero apresentar a você é a perda de carga.

A perda de carga pode ser resultante de: atrito e/ou mudança de fluxo. A mudança de
fluxo é quando o escoamento sofre uma mudança de direção, como uma curva, ventures
ou queda, quando o escoamento se divide, como em tubulações de união ou separação,
e quando o escoamento sofre retenções, como em caso de válvulas.

106
A perda de carga por ser classificada em dois tipos: distribuída e localizada. A perda de
carga distribuída tem como exemplo o atrito, que é a perda de carga ao longo da
tubulação, e a perda de carga localizada pode-se ter como exemplo equipamentos,
tubulações de desvios, curvas etc.

12.7 Equacionando perda de carga

A perda de carga é dada por:

𝐻1 − 𝐻𝑃𝐶 = 𝐻2

Onde:

𝐻𝑃𝐶 = 𝐻𝑃𝐶𝑑𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢í𝑑𝑎 + 𝐻𝑃𝐶𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎

A perda de carga é representada assim como uma turbina. Sempre se subtrai o ponto
1, pois o ponto 1 representa a entrada e o desenvolvimento do escoamento e o ponto
2 representa o resultado desse escoamento, ou seja, a saída do fluido. Podemos adicionar
sem problemas uma máquina a essa equação, para a imagem abaixo:

12.8 Escoamento multipontos

Quando um escoamento, que atenda as exigências da equação de Bernoulli, é submetido


a uma divisão de múltiplas entradas e saídas a equação de Bernoulli continua valendo
nesse fluido, assim como o balanço de massa.

107
𝐻1 = 𝐻2
𝐸1 + 𝐸2 + 𝐸3 = 𝐸𝐴 + 𝐸𝐵 + 𝐸𝐶
∞ ∞

∑ 𝐸𝑖𝑛 = ∑ 𝐸𝑜𝑢𝑡
𝐸=0 𝐸=0

12.9 Diagrama de velocidades

Riscando mais um da lista de desconsiderações da equação de Bernoulli, a velocidade


apresentada na equação é uma velocidade resultada do desprezo de atrito e do princípio
de aderência no escoamento. Mas já acabamos de reconsiderar o atrito e agora é hora
da velocidade.

𝑣12
Como antes não havia atrito nem o princípio de aderência, é uma equação que
2𝑔

representa um perfil de velocidade pistonado (reto que nem uma tábua) e agora não
serve para representar o caso real.

Então, lá vamos nós mexer nos cálculos de novo.

Tudo que representa um caso real deve estar na sua forma infinitesimal, porque é mais
fácil você usar uma integral para representar um desenho super escroto do que tentar
inventar uma formula geométrica como de um cubo ou cilindro.

Então a velocidade cinética de um escoamento qualquer é:

𝑑𝑚 2
𝑑𝐸𝐶 = 𝑣
2

108
Quando você começa a estudar termodinâmica você demora para se acostumar com o
fato de que quase todos os cálculos estão em taxa de fluxo, aí você esquece de que potência
é energia sobre o tempo e que potência e taxa de trabalho é a mesma coisa.

Aqui vamos usar taxa de energia cinética também, pois estamos falando de um
escoamento, não? Hello! Fluxo de fluidos...

A taxa de energia cinética será representada pela letra C, não esqueça que taxa significa
alguma coisa sobre o tempo.

𝑑𝑚 2
𝑑𝐶 = 𝑣
𝑑𝑡2

Já conhecemos aquele 𝑑𝑚/𝑑𝑡 de algum lugar, hein. Isso mesmo, é a vazão mássica. Logo:

𝑑𝑚 𝑣2 𝜌𝑣 3
= 𝑑𝑄𝑚 = 𝜌𝑑𝑄 = 𝜌𝑣𝑑𝐴 → 𝑑𝐶 = 𝜌𝑣𝑑𝐴 → 𝑑𝐶 = 𝑑𝐴
𝑑𝑡 2 2

Você sabe o que acontece quando você ver derivada dos dois lados né? Saudades de
cálculo? Cuidado, ele pode voltar na forma de cálculo renal.

𝜌𝑣 3
𝐶=∫ 𝑑𝐴
2

Integrar aquela coisa é fácil, mas tem um porém: se o princípio da aderência já está
valendo, isso significa que a velocidade será diferente em cada ponto do fluido.

Com isso uma grande inovação nunca vista antes foi formulada, para “tapar esse
buraco”: uma constante.

109
𝜌𝑣 3 3
𝜌𝑣𝑚 𝐴
∫ 𝑑𝐴 = 𝛼 ρ é constante
2 2

Essa coisa aqui

Simplesmente isolando o α temos:

2 𝜌𝑣 3 1 𝑣 3
𝛼= 3 ∫ 𝑑𝐴 = ∫ ( ) 𝑑𝐴
𝜌𝑣𝑚 𝐴 2 𝐴 𝑣𝑚

Para conseguirmos o perfil da velocidade correspondente ao fluido dividimos a energia


cinética pela vazão em peso, resultando hein:
3
𝜌𝑣𝑚 𝐴
𝐶 𝛼 2 2
𝑣𝑚
= =𝛼
𝛾̇ 𝜌𝑔𝑣𝑚 𝐴 2𝑔

Andamos tanto só para dizer que devemos multiplicar um tal de α na velocidade


cinética:

𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
𝛼1 + 𝑧1 + = 𝛼2 + 𝑧2 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
(𝑁𝑜𝑣𝑎 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐵𝑒𝑟𝑛𝑜𝑢𝑙𝑙𝑖)

12.10 Perfis de velocidade

Para α = 2, temos o caso de escoamentos laminares numa seção circular que é


representada por:

𝑟 2
𝑣 = 𝑣𝑚á𝑥 [1 − ( ) ]
𝑅

Para α = 1, temos o caso de escoamentos turbulentos também numa seção circular:

𝑟 1/7
𝑣 = 𝑣𝑚á𝑥 (1 − )
𝑅

Essas equações são os diagramas de velocidade (ou perfis, se preferi).

110
13. Treinamento de cães – Exercícios
resolvidos
Questão 1

Na instalação da figura, verificar se a máquina é uma bomba ou turbina e determinar


sua potência sabendo que seu rendimento é 75 %. Sabe-se que a pressão indicada por
um manômetro instalado na seção 2 é 0,16 𝑀𝑝𝑎 , a vazão é 10 𝐿/𝑠, a área da seção é
10 𝑐𝑚2 e a perda de carga entre as seções 1 e 4 é 2 m. Não é dado o sentido do
escoamento. 𝛾𝐻2 𝑂 = 104 𝑁/𝑚3 , 𝑔 = 10 𝑚/𝑠 2 .

Fonte: Franco Brunetti

Cada canto numerado da imagem representa uma situação diferente, e para modelar o
mais próximo possível da realidade vários pontos cada vez mais específicos deverão ser
adotados.

Ponto 1:

111
Velocidade nula Pressão atm
desconsiderada

𝑣12 𝑃1
𝐻1 = + 𝑧1 + = 0 + 24 + 0 = 24𝑚
2𝑔 𝛾

Pronto 2:
2
𝑄 2 0,01 𝑚3 /𝑠
(𝐴 ) 𝑃2 ( ) 0,16 × 106 (𝑁. 𝑚)
0,001 𝑚2
𝐻2 = + 𝑧2 + = +4+ = 25 𝑚
2𝑔 𝛾 2(10 𝑚/𝑠 2 ) 104 𝑁/𝑚3

O objetivo desta questão é saber se a máquina no sistema é uma bomba ou uma turbina,
então não necessitamos calcular todos os pontos para isso. Para isso resumimos o
caminho de todo o sistema com o ponto inicial e final, que são os pontos 1 e 4.

Mas porque diabos eu calculei o ponto 2? Calma meu caro leitor, isso se chama análise.
Nós podemos analisar o sentido que o fluido escoa através das comparações entre cargas
manométricas. Veja, o ponto 1 é 24 m e o ponto 2 é 25 m, por causa disso agora
sabemos que o sentido do escoamento é de 2 para 1, porque 𝐻2 > 𝐻1.

Se o escoamento está indo de 2 a 1, perceba que isso é uma subida, para isso acontecer
essa máquina só pode ser uma bomba.

A equação do sistema deve ser descrita no sentido do escoamento. Primeiro partimos de


4, passamos pela bomba e depois chegamos em 1.

𝐻4 + 𝐻𝐵 = 𝐻1

Mas também temos a perda de carga de 1 até 4, então como vou posicionar essa perda
de carga na equação? Veja que os últimos pontos do sistema são somente uma resultante
das cargas anteriores, então a carga do final é consequência do inicial (ora, equação de
Bernoulli é balanço de energia!), então a perda de carga está associada ao atrito, para
você saber o quanto de carga irá perder aonde devemos analisar? Nos pontos iniciais o
atrito ainda nem influenciou o escoamento, mas no final do escoamento o fluido terá
“sentido” mais o atrito, então a perda de carga é mais evidente. Concluindo: a perda
de carga é posicionada no final do escoamento que, neste caso, é no ponto 1.

𝐻4 + 𝐻𝐵 = 𝐻1 + 𝐻𝑝 4,1

Preste atenção como você escreve o índice subscrito da perda de carga, porque:

𝐻𝑝 4,1 ≠ 𝐻𝑝 1,4

112
No primeiro caso temos que a perda de carga ocorre do ponto 4 ao 1, mas no outro
lado o índice diz que a perda de carga ocorre do ponto 1 ao 4, que vai totalmente de
contra ao fato de que o fluido está subindo e não descendo o sistema.

Conhecemos 𝐻1 e 𝐻𝑝 4,1 , mas ainda nos resta o ponto 4:

𝑣42 𝑃4
𝐻4 = + 𝑧4 + = 0
2𝑔 𝛾

O ponto 4 está parado (velocidade nula) porque está num tanque, ou sei lá o que; o
ponto 4 está no eixo de referência, logo seu z será zero; o ponto 4 está num lugar aberto,
mas a pressão atmosférica é desconsiderada, logo o ponto 4 é igual a zero.

𝐻4 + 𝐻𝐵 = 𝐻1 + 𝐻𝑝 4,1

0 + 𝐻𝐵 = 24 + 2
𝐻𝐵 = 26 𝑚

O resultado positivo nos confirma que a máquina é uma bomba. Então agora podemos
determinar a sua potência:

𝑃𝑜𝑡 𝛾𝑄𝐻𝐵
𝜂𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 = =
𝑃𝑜𝑡𝐵 𝑃𝑜𝑡𝐵
𝛾𝑄𝐻𝐵 (104 𝑁/𝑚3 )(10 𝐿/𝑠)(26 𝑚) (104 𝑁/𝑚3 )(0,01 𝑚3 /𝑠)(26 𝑚) 𝑁𝑚
𝑃𝑜𝑡𝐵 = = = = 3,47 𝑘
𝜂𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 0,75 0,75 𝑠
𝑘𝐽
𝑃𝑜𝑡𝐵 = 3,47 = 3,47 𝑘𝑊
𝑠

Questão 2

Quais são as vazões de óleo em massa e em peso do tubo convergente da figura para
elevar uma coluna de 20 cm de óleo no ponto zero. Dados: desprezar perda de cargas,
𝛾ó𝑙𝑒𝑜 = 8000 𝑁/𝑚3 , 𝑔 = 10 𝑚/𝑠 2 .

113
Fonte: Franco Brunetti
Perceba que estamos querendo somente a vazão do óleo e nada mais. Temos somente
dois pontos, então o nosso objetivo é procurar a velocidade do escoamento, pois a área
já pode ser encontrada pelos dados da questão.

Perceba a coluna de 20 cm, veja o pequeno cálculo que vamos fazer:

𝑃𝑜
𝑃𝑜 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝛾ó𝑙𝑒𝑜 ℎ → = ℎ = 20 𝑐𝑚
𝛾ó𝑙𝑒𝑜

Está vendo aquela pressão sobre o peso específico do óleo? É a mesma da equação de
Bernoulli né? Isso mesmo, essa jogada facilita a nossa vida de vez em quando, então da
próxima vez que você ver uma coluna aberta no escoamento, desconfie.

A equação fica assim: Se você der uma olhadinha de


novo no desenho, vai perceber
𝑣02 𝑃0 𝑣12 𝑃1 que o ponto 1 está
+ 𝑧0 + = + 𝑧1 + exatamente na boca do
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾 conduto, ou seja, a pressão
nesse ponto é a atmosférica.

𝑃0 𝑣12 − 𝑣02
0,2 𝑚 = =
𝛾 2𝑔

Logo:

𝑣12 − 𝑣02 = 4 𝑚2 /𝑠 2

Como já temos os seus diâmetros, fazemos então:

𝐴0 𝑣0 = 𝐴1 𝑣1 → 𝜋(0,04 𝑚)2 𝑣0 = 𝜋(0,02 𝑚)2 𝑣1


4𝑣0 = 𝑣1

114
Substituindo então:

16𝑣02 − 𝑣02 = 15𝑣02 = 4 𝑚2 /𝑠 2 → 𝑣0 = 0,52 𝑚/𝑠

Portanto a vazão do fluido é:

𝐴0 𝑣0 = 𝜋(0,04 𝑚)2 (0,52 𝑚/𝑠) = 2,6 × 10−3 𝑚3 /𝑠 = 2,6 𝐿/𝑠

Podemos calcular agora a vazão em massa e em peso.

8000 𝑁⁄𝑚3
𝑄𝑚 = 𝜌𝑄 = ( ) (2,6 × 10−3 𝑚3 /𝑠) = 2,1 𝑘𝑔/𝑠
10 𝑚/𝑠 2

𝑄𝑝 = 𝛾𝑄 = (8000 𝑁⁄𝑚3 )(2,6 × 10−3 𝑚3 /𝑠) = 21 𝑁/𝑠

Questão 3

Dado o dispositivo da figura, calcular a vazão do escoamento da água no conduto. 𝛾𝐻2 𝑂 =


104 𝑁/𝑚3, 𝛾𝐻𝑔 = 6 × 104 𝑁/𝑚3, 𝑃2 = 20 𝑘𝑃𝑎 , 𝐴 = 10−2 𝑚2 , 𝑔 = 10 𝑚/𝑠 2 . Desprezar as perdas e
considerar o diagrama de velocidades uniforme (𝛼 = 1).

Fonte: Franco Brunetti

Se você comparar a questão anterior com essa, você perceberá que a questão anterior
coloca o ponto zero exatamente em baixo da coluna que permitíamos calcular a pressão
sobre o peso específico do fluido. Nessa questão, temos que fazer uma jogada de mestre,
o pessoal que já sabe gosta de ficar decorando, mas você não deve fazer isso.

115
A jogada é o seguinte: adicionar mais um ponto no escoamento. Ora, um ponto é algo
totalmente arbitrário e desde que eu tenha coordenadas para ele eu posso usá-lo onde
eu quiser. Por isso vamos criar um ponto zero, exatamente embaixo da coluna. Como as
condições do fluido não mudaram em nada com esse ponto, ele será igual a 1, então o
que vamos fazer na verdade é puxar o ponto 1 para debaixo da coluna.

Temos então:

𝐻1 = 𝐻0

Logo:

𝑣12 𝑃1 𝑣02 𝑃0
+ 𝑧1 + = + 𝑧0 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾

As cotas z serão anuladas, porque os dois estão no mesmo eixo.

𝑣12 𝑃1 𝑣02 𝑃0
+ = +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾

Mais um detalhe você não pode deixar escapar, o formato da coluna. Perceba que na
questão anterior a coluna era simplesmente um buraco no escoamento com um cano
em cima, agora temos um cano embutido dentro do escoamento, isso muda algumas
coisas.

Você colocar um ponto exatamente embaixo dessa coluna, significa que o ponto está
dentro do cano, porque o ponto não pode sair do eixo (neste caso), o fluido que está
dentro do cano não pode continuar se movimentando no sentido do fluxo, porque que
as paredes internas impedem, então temos que a velocidade do fluido neste ponto é
zero.

𝑣12 𝑃1 𝑃0
+ =
2𝑔 𝛾 𝛾

Uma outra explicação é interessante. Toda energia se transforma, então quando um


fluido em alta velocidade se bate contra a parede de uma coluna e começa a subir,
significa que o fluido está perdendo energia cinética e ganhando energia potencial, em
consequência disso, a pressão no ponto zero vai mudar, porque mesmo que o fluido suba

116
o ponto continua lá embaixo, no eixo, então pelo teorema de Steven, quanto mais fundo
maior será a pressão no ponto zero, por isso chegamos ao resultado acima.

Utilizando o mesmo cálculo da questão 2 temos:

𝑃𝑜
𝑃𝑜 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝛾𝐻2 𝑂 ℎ → = ℎ = 3,80 𝑚
𝛾𝐻2 𝑂

Por fim, temos que a carga manométrica do ponto 1 é:

𝑣12 𝑃1
+ = 3,80 𝑚
2𝑔 𝛾

A subida no ponto 1 nos representa a carga manométrica desse ponto, o que já é um


adiantamento nos nossos cálculos. Como estamos querendo encontrar a vazão do
escoamento, devemos procurar a velocidade e área através dos dados que temos.

Como já temos a carga manométrica do ponto 1, vamos aproveitar:

𝑣12 𝑃1
3,80 = + 𝑧1 +
2𝑔 𝛾

O escoamento segue em cima do eixo, por esse fato z é nulo. A pressão 2 pode ser
descoberta pelo manômetro.

𝑃1 + 𝜌𝐻2 𝑂 𝑔𝑦1 + 𝜌𝐻𝑔 𝑔𝑦1 = 𝑃2 + 𝜌𝐻2 𝑂 𝑔𝑦2 + 𝜌𝐻𝑔 𝑔𝑦2 → 𝑃1 = 𝑃2 + 𝜌𝐻2 𝑂 𝑔ℎ + 𝜌𝐻𝑔 𝑔ℎ

𝑃1 = 𝑃2 − 𝛾𝐻2 𝑂 ℎ + 𝛾𝐻𝑔 ℎ = 30 𝑘𝑃𝑎

Logo:

𝑣12 30 𝑘𝑃𝑎 30 𝑘𝑃𝑎


3,80 = + 4 → 𝑣1 = √(3,80 − ) 2(10 𝑚/𝑠 2 ) = 4 𝑚/𝑠
2
2(10 𝑚/𝑠 ) 10 𝑁/𝑚 3
4 𝑁
10 3
𝑚
𝑄 = 𝑣1 𝐴1 = (4 𝑚/𝑠)(10−2 𝑚2 ) = 40 L/s

Questão 4

Sabendo que a potência da bomba é 3 kW, seu rendimento é 75 % e que o escoamento


é de 1 para 2.

117
a) Determinar a vazão;

b) A carga manométrica da bomba;

c) A pressão do gás.

Dados: 𝐻𝑝 1,2 = 𝐻𝑝 5,6 = 1,5 𝑚; 𝐻𝑝 3,4 = 0,7 𝑚; 𝐻𝑝 4,5 = 0; 3𝐴5 = 𝐴4 = 100 𝑐𝑚2 ; 𝛾𝐻2 𝑂 = 104 𝑁/𝑚3 .

Fonte: Franco Brunetti

a) Determinar a vazão

Devemos utilizar o ponto cuja quantidade de dados fornecida a nós seja mais acessível.
Veja que o enunciado da questão lhe mostra que 3𝐴5 = 𝐴4 , como a área e a velocidade
são os dois termos necessários para o cálculo da vazão é mais conveniente utilizarmos os
pontos 4 e 5.

𝐻4 = 𝐻5
𝑣42 𝑃4 𝑣52 𝑃5
+ 𝑧4 + = + 𝑧5 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾

Os pontos 4 e 5 estão no eixo de referência, portanto as cotas z se anulam. Então:

118
𝑃4 − 𝑃5 𝑣52 − 𝑣42
=
𝛾 2𝑔

Mas ainda não temos as pressões. Para isso, utilizaremos o manômetro.

𝑃4 + 𝛾𝐻2 𝑂 𝑦4 + 𝛾𝐹 𝑦4 = 𝑃5 + 𝛾𝐻2 𝑂 𝑦5 + 𝛾𝐹 𝑦5

𝑃4 − 𝑃5 = −𝛾𝐻2 𝑂 ℎ + 𝛾𝐹 ℎ = −(104 𝑁/𝑚3 )(0,8 𝑚) + (1,2 × 105 𝑁/𝑚3 )(0,8 𝑚) = 88 𝑘𝑃𝑎

Então voltamos a utilizar a equação abaixo:

𝑃4 − 𝑃5 𝑣52 − 𝑣42 88 𝑘𝑃𝑎 𝑚


= → 𝑣52 − 𝑣42 = 2 (10 ) = 176 𝑚2 /𝑠 2
𝛾 2𝑔 𝑁 𝑠
104 3
𝑚

Logo, utilizando a equação da continuidade:

𝑣4 𝐴4 = 𝑣5 𝐴5 → 𝑣4 3𝐴5 = 𝑣5 𝐴5 → 𝑣5 = 3𝑣4

Portanto:

176
9𝑣42 − 𝑣42 = 176 𝑚2 /𝑠 2 → 𝑣4 = √ = 4,7 𝑚/𝑠
8

A vazão então será:

𝑄 = 𝑣4 𝐴4 = (4,7 𝑚/𝑠)(100 𝑐𝑚2 ) = (4,7 𝑚/𝑠)(0,01 𝑚2 ) = 0,047 𝑚3 /𝑠 = 47 𝐿/𝑠

b) A carga manométrica da bomba

𝑃𝑜𝑡 𝛾𝑄𝐻𝐵 𝑃𝑜𝑡𝐵 𝜂𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 (3 × 103 𝑊)(0,75)


𝜂𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 = = → 𝐻𝐵 = = = 4,8 𝑚
𝑃𝑜𝑡𝐵 𝑃𝑜𝑡𝐵 𝛾𝑄 (104 𝑁/𝑚3 )(0,047 𝑚3 /𝑠)

c) A pressão do gás.

Muitos de vocês podem pensar em utilizar o ponto 5 e igualar ao ponto 6 para encontrar
a pressão no ponto 6, isso não está errado, mas você deve prestar atenção nos seus
dados para poder fazer isso. Veja que em momento algum descobrimos a pressão do
ponto 5, a pressão que encontramos foi a diferença entre o a pressão do ponto 4 e o 5.
Logo, não temos dados o suficiente para encontrar a pressão de 6 através do ponto 5,
porque vamos acabar caindo em outra diferença.

Mas aí vem a questão, o enunciado não nos fornece a pressão de nenhum outro ponto!
Por isso que você está fazendo engenharia, para você aprender a se virar.

119
Vou lhe dar só uma dica, aí você pensa um pouco: a pressão atmosférica é
desconsiderada....

Já pensou em algo? Que nada, você só quer saber a resposta que eu sei...

O tanque de água é o ponto 1, justamente onde a pressão é desconsiderada e a velocidade


é nula. Porém, veja que há um longo caminho até o ponto 6, tudo isso deve ser
considerado. Mas como vou fazer isso? Devo somar todos os pontos até o 6? Calma, não
é assim, para podermos fazer isso devemos nos lembrar que a equação de Bernoulli é
um balanço de energia, o que entra terá de sair. Por isso, entenda que quando o
escoamento começa pelo ponto 1, há uma carga inicial que é adicionada com a bomba,
no final a carga será menor, ela será menor porque houve perda.

Por isso, a bomba e a perda de carga são os pontos mais importantes que podem
descrever um escoamento.

𝐻1 + 𝐻𝐵 = 𝐻6 + 𝐻𝑝 1,6

Mas o enunciado não fala de perda de carga de 1 a 6. Sim é verdade, mas fala de 1 a
2, de 2 a 3 é a bomba, de 3 a 4, de 4 a 5 e de 5 a 6. Podemos simplesmente somar
essas perdas de carga, para temos a perda de carga resultante em 6, porque estaremos
somando os caminhos até 6.

𝐻𝑝 1,6 = 1,5 + 1,5 + 0,7 = 3,7 𝑚

Logo, temos que:

𝑣12 𝑃1 𝑣62 𝑃6 𝑃6
+ 𝑧1 + + 𝐻𝐵 = + 𝑧6 + + 𝐻𝑝 1,6 → = 4,8 − 2 − 4 − 3,7 = −4,9
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾 𝛾
𝑃6 = −49 𝑘𝑃𝑎
Z1 é negativo, porque o tanque
está abaixo do eixo de referência.

120
Questão 5

Na instalação da figura, a vazão da água na máquina é 16 L/s e tem-se 𝐻𝑝 1,2 = 𝐻𝑝 3,4 =


1 𝑚. O manômetro na seção 2 indica 200 kPa e o da seção 3 indica 400 kPa.
Determinar:

a) O sentido do escoamento;

b) 𝐻𝑝 2,3

c) O tipo de máquina e a potência que troca como o fluido em kW;

d) A pressão do Ar em 4 (MPa).

Fonte: Franco Brunetti

a) O sentido do escoamento

Antes de iniciar uma questão, sempre observe seus dados. Veja não é tão simples usar o
ponto inicial e final, temos uma bomba entre esses pontos. Por isso, é mais simples usar
o ponto 2 e 3, onde temos valores de pressões já estipulados. A velocidade em cada
ponto pode ser encontrada através da vazão dada no enunciado.

0,016 𝑚3 /𝑠 = 𝑣2 𝐴2 → 𝑣2 = 8 𝑚/𝑠
0,016 𝑚3 /𝑠 = 𝑣3 𝐴3 → 𝑣3 = 2 𝑚/𝑠

121
Você sabe porque estamos fazendo isso né? Deixa eu refrescar sua memória, para
descobrirmos o sentido de um escoamento, devemos comparar dois pontos do sistema e
verificar quem é maior, aquele que possuir maior carga estará indo, e o de menor carga
estará chegando.

Calculando as cargas manométricas temos:

200 𝑘𝑃𝑎 82
𝐻2 = 0 + + = 23,2 𝑚
104 𝑁/𝑚3 20
400 𝑘𝑃𝑎 82
𝐻3 = 0 + + = 40,2 𝑚
104 𝑁/𝑚3 20

Por fim, concluímos que o escoamento segue de 3 para 2.

b) 𝐻𝑝 2,3

Veja, entre os pontos 2 e 3 não há nada, a bomba está antes de 2 e já sabemos os


valores das cargas de 2 e 3. Podemos aplicar a equação muito facilmente com a ideia
de que a carga que entra em 2 é diferente em 3, porque houve perda de carga.

𝐻3 = 𝐻2 + 𝐻𝑝 3,2 → 𝐻𝑝 3,2 = 40,2 − 23,2 = 17 𝑚

c) O tipo de máquina e a potência que troca como o fluido em kW

Com a carga perdida entre o ponto 1 e 2, podemos calcular a carga da máquina, pois
o ponto 1 é adicionado com a máquina, mas a carga que sai em 2 não é a mesma que
entrou, porque houve uma perda resultante do atrito. O que estou querendo dizer é que:

𝐻2 + 𝐻𝑀 ≠ 𝐻1

Portanto, a perda de carga é a correção de um sistema de escoamento.

𝐻2 + 𝐻𝑀 = 𝐻1 + 𝐻𝑝 1,2

Onde:

0,1 𝑀𝑃𝑎
𝐻1 = = 10 𝑚
104 𝑁/𝑚3

Logo:

𝐻𝑀 = 𝐻1 + 𝐻𝑝 1,2 − 𝐻2 = 10 𝑚 + 1 − 23,2 = −12,2 𝑚 → 𝐻𝑇 = 12,2 𝑚

122
Então, temos que a máquina é uma turbina.

d) A pressão do Ar em 4 (MPa)

Já conhecemos o ponto 3 e temos os dados do ponto 4, basta calcularmos sem nos


esquecermos da perda de carga.

𝑃4
𝐻4 = 𝐻3 + 𝐻𝑝 3,4 → 𝐻4 = 41,2 𝑚 → 41,2 𝑚 = 5 𝑚 + → 𝑃4 = 36,2 × 104 𝑁/𝑚4
𝛾

123
14. Uma visão microscópica - Camada limite,
turbulência e vórtices
13.1 As condições

Imagina-se que um fluido incompressível, cujo fundo está em contato com uma superfície
sólida não porosa, seja submetido a uma força à sua superfície tal que o fluido se desloque
numa velocidade v ao longo do eixo x cujo comprimento é muito longo. Como forma de
análise, será considerado que um fluido é formado por inúmeras placas adjacentes acima
e abaixo entre si. Logo, a força aplicada ao fluido em sua superfície fará sua placa superior
se deslocar na velocidade v, o deslocamento da placa superior causará o deslizamento
sobre a placa abaixo, consequentemente uma tensão de cisalhamento será formada por
causa do “atrito” entre essas placas.

14.2 Consequências do atrito

Analogamente as situações analisadas nas leis de Newton, um corpo cuja velocidade


esteja constante permanecerá constante até que uma força qualquer seja imposta sobre
o mesmo. Neste caso, o deslizamento entre placas causará forças contrárias a esse
deslizamento, ou seja, tensão de cisalhamento, e como denota a lei de Newton da inércia:
a velocidade irá mudar, dessa vez para menor por ser forças contrárias.

124
A mudança de velocidades implica que as placas irão diminuir sua velocidade cada vez
mais, pois cada vez que as forças contrárias ocorrem a velocidade de cada placa diminui
e a velocidade da última placa será aplicada aquela que estiver abaixo e assim
sucessivamente. Portanto, chega-se à conclusão de que em um determinado momento
as placas não se deslizarão mais, ou seja, a velocidade será constante, nesse caso: nula.
Logo, entende-se que a última placa do fluido no fundo do mesmo, que está em contato
com a superfície sólida, tem velocidade nula.

14.3 Viscosidade

A viscosidade tem papel importante nesse estudo, por definição a viscosidade é o atrito
interno do fluido, ou seja, denota a dificuldade de o fluido escoar. Um fluido cuja
viscosidade seja alta, terá mais resistência à força aplicada em sua superfície, ou seja, a
velocidade na superfície do fluido com a mesma força aplicada será menor. Como pode
ser percebido pela lei de Newton do fluido, a tensão de cisalhamento é diretamente
proporcional a viscosidade do fluido.

14.4 Camada Limite

Essa placa adjacente à superfície sólida no fundo é a camada limite. Onde a viscosidade
determina o comportamento dessa camada e o gradiente de velocidade são significativos,
ou seja, a queda de velocidade até zero ocorre em um espaço muito pequeno, logo seu
gradiente de velocidade é notável. A espessura e o comportamento da camada limite
são estudos de várias equações formuladas para entender seu comportamento, como a
equação de Navier-Stokes e a equação de Euler. Quanto mais difícil é de o fluido escoar
(viscosidade) maior será seu atrito interno, a camada limite experimenta esse atrito
mais intensamente, pois seu gradiente de velocidade despenca para zero, logo as forças
contrárias são muito fortes, causado pelo atrito entre a superfície e o atrito interno do
fluido. Em vários casos envolvendo a espessura da camada limite, percebeu-se que sua
espessura aumenta no regime turbulento, pelo fato que será explicado logo.

125
14.5 O número de Reynolds e Turbulência

O pesquisador Reynolds, ao tentar entender o comportamento de um fluido em alta


velocidade, descreveu cálculos que resultavam em números adimensionais que poderiam
mensurar e demonstrar o comportamento do fluido em três situações: laminar,
transição e turbulento. Pela equação de Reynolds, entendeu-se que se o número de
Reynolds for muito alto (tendendo ao infinito) a viscosidade do fluido tenderá a ser nula,
ou seja, a viscosidade do fluido poderá ser desconsiderada tornando o fluido, nessas
condições, em um fluido ideal.

Um número de Reynolds alto denota turbulência. A turbulência é um fenômeno que


ocorre no interior do fluido, é o nome dado a uma grande desordem que ocorre dentro
do fluido. Ao passo que a velocidade do fluido aumenta, suas placas internas oscilam
cada vez mais, ou seja, as moléculas do fluido começam a se instabilizar por causa da
velocidade, mas quando a velocidade está muito alta, as moléculas do fluido se
comportam de forma totalmente desordenada, perdendo toda a característica de que
um fluido é formado por placas. Um fluido em turbulência tem um comportamento não
linear, aleatório, difuso e complexo.

14.6 Camada Limite e Turbulência

Como o fluido em turbulência já não tem mais a característica de placas adjacentes


acima e abaixo entre si, o “atrito” entre o deslizamento de placas já não existe, ou seja,
a tensão de cisalhamento irá depender somente de alguns eventos de deslizamento que
talvez ocorra dentro do fluido em turbulência, a consequência disso é a viscosidade cada
vez menor, pois seu atrito interno está diminuindo. Por esse fato, um fluido com alto
número de Reynolds pode ter sua viscosidade desconsiderada se tornando em um fluido
ideal.

A camada limite em um regime turbulento tem uma espessura maior que no regime
laminar. Como foi explicado antes no caso do fluido por cima de uma superfície sólida,

126
a força aplicada na superfície do fluido o fará se mover e assim gerar tensão de
cisalhamento, mas desta vez a viscosidade está muito pequena, o atrito entre o fluido e
a superfície sólida é maior do que qualquer outro atrito dentro do fluido. Como as forças
de atrito contrárias estão desprezíveis no fluido, a camada limite, que está sofrendo
atrito da superfície sólida, não terá forças opostas para diminuir seu efeito amentando
sua espessura.

14.7 Vórtices

Em meio ao grande caos da turbulência de um fluido, estudos podem encontrar


características comuns a esse comportamento como, por exemplo, o fato da turbulência
ser tridimensional, o gasto de energia cinética em calor e também, o que será discutido
agora, a formação de vórtices. O fenômeno chamado vórtice, que ocorre quando o fluido
está em regime turbulento, é rapidamente temporário, é a formação de uma circulação
do fluido em um ponto, que é destruída logo em seguida. Esses eventos são difusos e
repetitivos, com a possibilidade de ocorrer em dois pontos diferentes: próximo a camada
limite e no meio do fluido.

Como esperado, os vórtices presentes próximos a camada limite são pequenos, pois a
viscosidade é mais notável neste ponto, logo a ocorrência do vórtice é retardada, já no
caso da formação de vórtices no meio do fluido seu tamanho é médio ou grande, pois é
onde há a maior quantidade de energia cinética do fluido e onde os efeitos da viscosidade
são desprezíveis dando mais liberdade aos movimentos aleatórios dos vórtices. Os vórtices
maiores transferem energia até os vórtices menores, que estão próximos a camada
limite, onde após sofrerem ação da viscosidade e o atrito da superfície a energia é
dissipada.

127
15. Desejo boa sorte para você - Diagrama de
Moody
15.1 Condutos

Para chegarmos ao entendimento de o que é o diagrama de Moody, devemos começar


a entender todos os conceitos que o rodeia. O primeiro é conduto.

Segundo Brunetti: “Conduto é qualquer estrutura sólida, destinada ao transporte de


fluidos. ”.

Nos nossos estudos, há dois tipos de condutos: os abertos e os fechados.

Os condutos fechados são aqueles que já estamos cansados de ver nos exemplos, são no
estilo de um cano (não precisa ser necessariamente cilíndrico) e o seu tipo de escoamento
é chamado de escoamento forçado.

O escoamento é forçado por causa da diferença de pressão que há num sistema de tubos,
onde a pressão é influenciada pelas características do escoamento, por exemplo, subidas
e descidas, desvios, máquinas, etc.

Brunetti fala que: “O conduto é dito forçado quando o fluido que nele escoa o preenche
totalmente, estando em contato com toda a sua parede interna, não apresentando
nenhuma superfície livre. ”.

Bom, se o fluido está preenchendo totalmente o conduto, quer dizer que o “cara tá
espremido”, ou seja, você cutuca lá atrás e o “cara” fica se batendo todo nas paredes
do conduto. Então, daí você entende o porquê da variação de pressão, o fluido não tem

128
como compensar as pressões que o atingem, então a sua própria pressão muda para se
comportar de acordo com as condições.

Um conduto meio cheio, ou seja, nem com superfície livre, nem com conduto
completamente cheio se equipara ao caso dos condutos com superfície livre.

Os condutos abertos são comparados a calhas (tipo aquelas que desviam a água da chuva
do telhado das casas para algum lugar), onde sua pressão é constante. Por esse fato, o
escoamento nesse tipo de tubo possui diferença de pressão nula (claro que não estamos
falando de uma calha do tamanho de um rio, a diferença de altura numa calha comum
irá alterar de forma insignificante a pressão do fluido).

Digamos que quando o fluido está num conduto aberto, as ações que causariam variações
de pressão são compensadas pela sua liberdade, pois num conduto fechado o fluido não
tem como compensar a pressão que estão exercendo nele, porque ele está espremido,
diferente do fluido com conduto aberto, onde ele tem liberdade para se comportar de
acordo com a pressão.

15.2 Analogia

Imagine um pneu de um carro ou sei lá o que. O pneu guarda dentro de si um fluido, o


ar. Esse ar está mantido a uma forte pressão.

Então fazemos uma analogia em que o pneu é um tubo fechado e o ar está em um


escoamento forçado, pois com o peso do automóvel o ar não poderá compensar tamanha
pressão.

Mas se você tirar o bico do pneu, o ar sairá numa velocidade muito alta e o pneu
esvaziará. O ar fora do pneu não pode ser domado. Veja, quando um carro passa em
alta velocidade por perto, sentimos aquele vento batendo em nós, mas o ar não muda
sua pressão, ele somente está se deslocando, pois agora ele está livre.

129
O fluido em um conduto aberto é semelhante, existem bombas, subidas e descidas para
aumentar a pressão do fluido, mas com a sua superfície livre ele pode se comportar de
tal forma a “liberar” essa pressão que está sobre si.

15.3 Raio/Diâmetro hidráulico

A perda de carga distribuída é uma consequência do atrito proveniente da tubulação


utilizada. Mas para calcularmos essa perda de carga é necessário conhecermos melhor a
tubulação que estamos utilizando. O primeiro termo novidade desta aula é o diâmetro
(ou raio) hidráulico.

O diâmetro hidráulico é o cálculo feito para termos uma noção de por onde o fluido está
passando dentro do tubo, ou seja, teremos a representação numérica de por onde o
fluido está passando.

Por exemplo: um tubo circular completamente cheio.

𝜋𝐷2
𝐴= → 𝑃𝑀 = 𝜋𝐷
4
𝐴 𝐷
𝑅𝐻 = = 𝐷𝐻 = 4𝑅𝐻 = 𝐷
𝑃𝑀 4
𝐷𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝐻𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑜
𝑅𝑎𝑖𝑜 𝐻𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑜

A é área do tubo;
PM é o perímetro molhado, nome dado para o
perímetro em que o fluido está escoando, então neste
caso o tubo está completamente cheio.

Com esse resultado, temos que, quando o tubo está cheio, o diâmetro do tubo coincide
com o diâmetro hidráulico, por isso nunca tínhamos precisado calcular o diâmetro
hidráulico dos tubos antes, porque sempre estávamos considerando-os cheios. Veja a
tabela abaixo.

130
15.4 Cano quadrado?

É meio estranho pensar que uma indústria iria utilizar um “cano quadrado”. Esse termo
é horrível, nunca use isso, é mais elegante falar “tubo quadrado” do que isso.

Bom, você pode relacionar com uma calha retangular, que é como se fosse um tubo
cortado em paralelo com as bases, só que essas calhas geralmente tem a função de
desviar água, certo? Sim, mas e no caso industrial?

No caso industrial é meio complicado, esses tipos de tubos propiciam a oxidação do tubo,
dependendo do que está sendo transportado dentro dele. As quinas do tubo podem
concentrar quantidades suficiente de substâncias para oxida-lo, e isso pode ocorrer em
vários pontos. Após um ponto ser oxidado, outro mais à frente ou atrás poderá ser
oxidado também (isso falando na mesma linha).

Lembrando da época que você quase morre para tentar entender as reações de
oxirreduções, a oxidação é a reação que causa perda de elétrons, ou seja, no caso do tubo
quadrado o conduto estará perdendo elétrons nas reações que ocorrem nas suas quinas,
e se um outro ponto, na mesma linha, também ocorre oxidação, então aí temos a ddp.

Meu Deus, elétrica já? Sim meu amigo, a diferença de elétrons entre dois pontos do tubo
é a diferença de potencial que fará com que uma corrente de elétrons corra de um ponto
a outro no tubo. Não viaja, não vai ocorrer uma corrente de elétrons no tubo o suficiente
para eletrizar tudo e o pessoal pegar choque, calma aí. A quantidade de elétrons é muito

131
pequena, por favor você sabe disso né? Química hello! Como essa quantidade é muito
pequena, o que pode ocorrer é um lastro de oxidação dentro do tubo que vai deteriora-
lo cada vez mais.

15.5 Rugosidade

A rugosidade é outro termo necessário para calcularmos a perda de carga distribuída.


Os sinônimos de rugosidade são aspereza e imperfeições, ela é nada mais nada menos a
quão “grossa” é uma superfície, por exemplo, se você passar a mão por cima de uma
janela perceberá que ela é muito lisa, mas se você passar a mão por cima do concreto
perceberá que ele é muito grosso, a ponto de arrancar a sua pele.

Então, a rugosidade que estudaremos aqui é a rugosidade das tubulações, óbvio né, isso
porque é claro que o fluido vai “sentir” diferença entre passar por cima de um vidro e
por cima de um concreto. Você percebe que a rugosidade faz muita diferença quando
você joga água em cima de um vidro, a água se desliza quase que espontaneamente de
tão fácil que é escoar por cima, enquanto se você jogar água em cima da sua laje, lá ela
vai ficar, a menos que tenha tanta água a ponto de escoar, mas isso não vale.

15.6 Rugosidade relativa

A rugosidade relativa é simplesmente calculada pela fração abaixo:


𝜀
𝐷𝐻

Olha o diâmetro hidráulico ali. Porque essa fração é tão importante? Simplesmente
porque ela irá ser uma das nossas coordenadas para o diagrama de Moody.

A interpretação é que essa fração relaciona a rugosidade do material (𝜀) com o diâmetro
que o fluido está tocando (𝐷𝐻 ). Isso porque se o material não está todo preenchido por
um fluido, não faz sentido considerar toda a sua área como rugosidade, então devemos

132
ter uma referência para sabermos quanto exatamente devemos considerar dessa
rugosidade.

A rugosidade afeta o fluido por causa do atrito, então deve-se saber realmente a área
de impacto do fluido com o conduto.

15.7 O entendimento da rugosidade

A rugosidade é a altura média das irregularidades do conduto. Veja a imagem abaixo


para ter uma noção.

Fonte: Franco Brunetti

Você deve se lembrar de camada limite né? Cheguei a explicar sobre isso antes deste
capítulo. Então, a camada limite é uma “expansão” do conceito inicial do princípio da
aderência, onde nas paredes do conduto a velocidade é nula. A camada limite é a área
do fluido onde o perfil de velocidade cai drasticamente até a velocidade nula, é onde os
efeitos de perda de energia mecânica não são sentidos, claro porque não tem como você
perder energia se você tá parado.

A camada limite diminui quando a velocidade do fluido aumenta, ou seja, velocidade


alta num fluido é quase que falar de turbulência, então em regime turbulento a camada
limite é bem pequena. Não foi eu que disse, é o Brunetti que está falando e o meu
professor confirmou, então é.

133
Fonte: Franco Brunetti

Adicionando o conceito que temos sobre rugosidade, se a camada limite não sofre as
perdas de energia mecânica (se toca, eu estou falando de perda de carga), então se a
rugosidade estiver entre a camada limite, o efeito dessa rugosidade não será sentido. Se
a rugosidade aumentar (sim é possível) ou a camada limite diminuir, então as
irregularidades do conduto irão afetar o fluido causando perda de energia mecânica.

Essa perda de energia mecânica é nada menos do que a perda de carga, lembra do
conceito inicial da equação de Bernoulli?

∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 + 𝑃𝑉 = 𝐸𝑚𝑐

A sedimentação e corrosão são os motivos que fazem a rugosidade de um conduto


aumentar, não é simplesmente mágica.

15.8 O Nascimento de um diagrama

Após toda essa viagem, agora sabemos que para conhecermos realmente a perda de
carga distribuída (estou falando de atrito lembra?) devemos levar em consideração a
camada limite do fluido, além da rugosidade do conduto claro.

Mas como relacionar essa tal camada limite? Bom, se você se lembra dos conceitos e do
entendimento que rodeiam a camada limite, temos que a viscosidade e a velocidade são
fatores dominantes, além do fato se ter a noção se o regime é turbulento ou laminar.

134
Para isso utilizamos o número de Reynolds e a rugosidade relativa, onde o número de
Reynolds irá nos dizer se o regime é laminar ou turbulento e a rugosidade relativa irá
nos dizer “onde” está a rugosidade em relação a camada limite.

Assim, nasce o diagrama de Moody.

15.9 Diagrama de Moody

O diagrama de Moody é formado por três eixos: número de Reynolds no eixo inferior,
rugosidade relativa no eixo lateral direito (a sua direita) e o fator de atrito no eixo
lateral esquerdo (a sua esquerda).

O fator de atrito (𝑓) é o resultado que queremos, ele irá nos dizer quão grande é o atrito
na tubulação escolhida. A partir do fator de atrito e todos os dados que temos, podemos
definir a equação da perda de carga distribuída.

𝐿 𝑣2
𝐻𝑓 = 𝑓
𝐷𝐻 2𝑔

L e o comprimento do tubo. E então, vamos dar uma olhada no diagrama de Moody e


então vamos entende-lo um pouco melhor.

135
136
137
15.9.1 Escoamento Laminar

A área laranja é a área que demonstra que o escoamento no conduto é laminar (Re <
2000), e por causa disso o fator de atrito sempre será:

64
𝑓=
𝑅𝑒

Se você olhar com mais cuidado, perceberá que a rugosidade não interfere em nada no
fator de atrito, isso por causa daquela explicação que eu lhe falei sobre a camada limite
e a rugosidade. Relembrando: a camada limite no escoamento laminar é maior do que
a rugosidade, por causa disso, a rugosidade não pode afetar o fluido e consequentemente
não haverá perda de energia mecânica.

15.9.2 Escoamento de Transição

A área azul bebê é a área que demonstra que o escoamento está em estado de transição
(2000 < Re < 2400).

Essa área exige detalhes mais precisos para se ter o entendimento do fator de atrito,
porque tudo irá depender do tamanho da camada limite, que nós sabemos que nesse
ponto já está diminuindo.

Após passar pelo estado de transição, chega-se ao regime turbulento com o regime
hidraulicamente liso, que está demarcado em verde. Ele tem esse nome porque o fluido
quando em regime turbulento, ao chegar nas condições do regime hidraulicamente liso,
não é interferido pela rugosidade do material, pois a camada limite ainda o cobre, por
esse fato ele é chamado de liso.

15.9.3 Regime hidraulicamente liso

“Quanto menor o número de Reynolds, mais espessa é a camada que pode cobrir as
asperezas. “ (BRUNETTI, 2008).

138
Isso explica porque a linha do regime hidraulicamente liso é como se fosse um logaritmo
natural, ou seja, ao passo que o número de Reynolds aumenta o valor do regime
hidraulicamente liso diminui, isso porque a camada limite está ficando pequena e então
é cada vez mais difícil se manter em um regime liso, isto é, longe da rugosidade.

Se você olhar mais cuidadosamente no diagrama, a linha do regime não tem relação
com , só depois dessa linha que começam a aparecer as linhas que estão ligadas com
𝜀
𝐷𝐻

a rugosidade relativa. Isso significa que, nessas condições, o fator de atrito não depende
da rugosidade relativa, somente do número de Reynolds, assim como no regime laminar.

15.9.4 Transição de regime liso para rugoso

A área avermelhada mostra a transição entre a linha que representa o regime


hidraulicamente liso e o regime hidraulicamente rugoso.

Nesse caso você percebe várias linhas saindo da linha do regime liso, isso quer dizer que
ao passo que a linha do regime linha desce o número de Reynolds aumenta, o que faz
com que a camada limite diminua. Por causa disso, há vários pontos na reta que possuem
um certo valor fixo de Reynolds, esses pontos suportam a diminuição da camada limite
até um certo ponto, depois disso elas saem do regime liso em forma de linhas.

A partir da transição de regime liso para rugoso, começam a aparecer as primeiras


protuberâncias da rugosidade que afetam o fluido. Quando o fluido chegar no último
regime, a rugosidade estará mais evidente, afetando mais ainda o fluido.

15.9.5 Regime hidraulicamente rugoso

A última área, destacada em azul, mostra o regime em que a rugosidade está mais
exposta e o número de Reynolds muito alto, o que por consequência faz com que as
forças de atrito interno (viscosidade) sejam pouco significantes, é por isso que as linhas
que saíram do regime liso estão praticamente paralelas entre si no regime rugoso.

139
Nesse ponto, por causa do paralelo entre as linhas, o fator de atrito não depende mais
do número de Reynolds, por que a viscosidade está pouco significante, então o fator de
atrito dependerá agora somente da rugosidade relativa.

Exercício

Tente encontrar o fator de atrito com o diagrama de Moody com os seguintes dados.

140
141
Respostas

142
16. Aprendendo a perder -Perda de carga
total
16.1 Comprimento real e equivalente

Foi falado na aula anterior que o 𝐿 da equação abaixo é o comprimento do tubo, sim isso
é verdade, porém é o comprimento total que envolve o comprimento real e equivalente
do tubo.

O comprimento real é o comprimento normal do tubo, aquele que você conhece através
de uma trena na mão ou nas especificações do produto.

O comprimento equivalente é uma “conversão” da perda de carga que certos pontos do


tubo possuem, ou seja, nós representamos a perda de carga que esse ponto causa através
de uma soma no comprimento real.

Isso até faz sentido, veja que as cargas manométricas são todas de unidade metro, então
o que estamos fazendo e simplesmente um cálculo da equação de Bernoulli.

𝐿 𝑣2
𝐻𝑓 = 𝑓 → 𝐿 = 𝐿𝑟 + 𝐿𝑒𝑞
𝐷𝐻 2𝑔

16.2 Um segundo método

Ainda há outra forma de calcular a perda de carga total de um sistema hidráulico,


através do coeficiente de perda de carga singular, representado pela letra k.

Ele pode ser calculado pela seguinte equação:

143
𝑣2
ℎ𝑠 = 𝑘𝑠
2𝑔

Então fazemos a perda de carga localizada (ℎ𝑠 ) mais a perda de carga distribuída (ℎ𝑑 ),
logo:

𝐻𝑓 = ℎ𝑠 + ℎ𝑑

𝑣2 𝐿𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑣 2
𝐻𝑓 = ∑ 𝑘𝑠 +𝑓
2𝑔 𝐷𝐻 2𝑔

Veja que o L não é mais o L total, agora é somente o real. O k estará presente em várias
partes do sistema, devendo ser somado cada coeficiente, por isso o somatório.

16.3 Uma tabela

Como ninguém aqui quer ficar se matando para calcular cada pontinho minúsculo de
uma tubulação só para descobrir a sua carga manométrica, usamos uma tabela que
geralmente as indústrias de fabricação de acessórios hidráulicos possuem.

Essa tabela relaciona cada acessório com o seu respectivo valor de perda de carga, além
disso também se leva em consideração o material o qual o acessório é feito.

Vamos dar uma olhada na tabela para que eu a explique melhor.

144
16.4 Como utilizá-la

Quando você tiver de calcular a perda de carga total de algum sistema hidráulico, deve
primeiramente verificar o comprimento real da tubulação e após isso deverá identificar

145
quais são os pontos que ocasionam a perda de carga, esses pontos são todos aqueles que
se encaixam na tabela de perda de carga.

É só isso, a coisa mais fácil do mundo é você utilizar uma tabela, ou você preferiria
calcular a carga manométrica em cada ponto? Chega de sofrer, né.

As atividades relacionadas a perda de carga total estão sempre relacionadas com o


diagrama de Moody, pois necessitamos do fator de atrito para calcular a perda de carga
total.

Exemplo 9

Uma vazão de 1,6 𝑚3 /𝑠 de água a 14 °𝑐 (𝜇 = 1,14 × 10−3 𝑁𝑠/𝑚2 ) ocorre em um duto com
100 m de comprimento. Determine a diferença de pressão estimada para a condição
se:

a) O duto for de ferro fundido com 5 cm de diâmetro interno na horizontal;

b) O duto for de ferro fundido com 10 cm de diâmetro interno com 20 ° de


inclinação em aclive;

c) O duto for de PVC com 5 cm de diâmetro interno com 60 ° de inclinação em


declive.

Se o conduto é fechado, com certeza no decorrer do fluxo haverá variação de pressão,


pois a energia é perdida ao decorrer do fluxo e a energia mecânica de um fluido é
constituído de energia cinética, potencial e de pressão, que é representada pela equação
do trabalho.

Mas o que é trabalho para uns não é para os outros, o que quero dizer é que o trabalho
tão discutido da termodinâmica já não é a mesma coisa aqui em mecânica dos fluidos,
aqui já chamamos de energia de pressão.

146
Tem-se que o fluido exercerá uma certa pressão em cada ponto infinitesimal do seu
volume, o que faz com que a equação da energia de pressão seja:

𝐸𝑝𝑟 = 𝑝𝑑𝑉

Mas neste assunto, é muito importante entendermos a energia de pressão, pois isso é
essencial para se saber porque a pressão varia ao longo do conduto.

Ora, se a energia mecânica se modifica com o fluxo, isso por causa das máquinas e das
perdas de carga, então todas as energias associadas a ela tenderão a mudar.

Mas no caso como a letra a), tem-se que não há energia potencial, porque os pontos
estão no eixo, também não há energia cinética, porque se o que entra é igual ao que sai,
então a equação da continuidade é satisfeita, mas a área em toda a extensão do conduto
não muda e na equação elas vão se cancelar, ou seja, a velocidade é igual nos dois pontos.

Bom, depois dessas considerações temos o resultado:

𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝑃𝑉 = 𝐸𝑚𝑐 → 𝑃𝑉 = 𝐸𝑚𝑐

Conclui-se que, neste caso, ao longo do fluxo a energia de pressão é cada vez mais
perdida o que causa a variação de pressão no fluido.

Você poderia logo pensar em montar a equação de Bernoulli para conseguir encontrar
a variação de pressão da seguinte forma:

𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2 𝑣22 − 𝑣12


𝑧1 + + = 𝑧2 + + → 𝑃2 − 𝑃1 = ( + ∆𝑧) 𝛾
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔

Só tem um problema: não dá para resolver por aí. Simplesmente porque a variação de
velocidade é zero e a variação de altura também, ou seja, não vamos chegar a lugar
algum.

Esse resultado implica que a variação de pressão não é resultante de velocidade ou altura
e sim da perda de carga que há no conduto, se não fosse a perda de carga a variação
de pressão seria zero.

Letra a)

147
∆𝑣 2 ∆𝑝
𝐻1 = 𝐻2 + 𝐻𝑝𝑐 → ∆𝑧 + + = 𝐻𝑝𝑐
2𝑔 𝛾

Porém, como foi dito antes:

∆𝑣 2 ∆𝑝 𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2
∆𝑧 + + = 𝐻𝑝𝑐 → ∆𝑝 = (𝑓 )𝛾
2𝑔 𝛾 𝐷𝐻 2𝑔

Temos o diâmetro, a velocidade pode ser achada através da vazão, o que nos resta é o
fator de atrito, para isso vamos utilizar do diagrama de Moody.

Mas é claro que não é tão fácil assim utilizar o diagrama, pois devemos conhecer o valor
do número de Reynolds e da rugosidade relativa.

Número de Reynolds:

𝜌𝐷𝑣 (103 𝑘𝑔/𝑚3 )(0,05 𝑚)(814,9 𝑚/𝑠)


𝑅𝑒 = = = 4 × 107
𝜇 1,14 × 10−3 𝑁𝑠/𝑚2

Rugosidade relativa:

𝜀 0,00026 𝑚
= = 0,0052
𝐷𝐻 0,05 𝑚

Temos dados o suficiente para encontrar o fator de atrito no diagrama de Moody.

148
149
Exemplo 10

Agora temos que o fator de atrito possui o valor de 0,03. Portanto:

𝑚3
1,6 𝑠
𝜋(0,05)2 2
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2 100 𝑚 𝑚
∆𝑝 = (𝑓 )𝛾 = 0,03 4 (104 𝑁/𝑚3 ) = 25 𝑀𝑃𝑎
𝐷𝐻 2𝑔 0,05 𝑚 2 (9,81 𝑚 )
𝑠2

( )

Com certeza esse valor é um absurdo, mas isso é só um exemplo mesmo, não pire.

Letra b)

Dessa vez temos o mesmo conduto, com um diâmetro maior, porém ele está inclinado
para cima. Vamos analisar com cuidado a consequência desse aclive, veja que a área do
conduto não muda com o fluxo e a equação da continuidade continua valendo, ou seja,
a velocidade continua a mesma coisa que o caso anterior.

Veja que a energia de pressão sempre estará presente em condutos fechados, o que
implica dizer que a única mudança que o aclive ocasionou foi a diferença de altura.

A altura pode ser encontrada através de uma simples relação trigonométrica, e então
após isso aplicamos na equação da perda de carga total.

∆𝑧
sen 20° = → ∆𝑧 = sen 20° 100 = 34,2 𝑚
100

Com isso, a equação da perda de carga fica:

∆𝑣 2 ∆𝑝 𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2
∆𝑧 + + = 𝐻𝑝𝑐 → ∆𝑝 = (𝑓 − ∆𝑧) 𝛾
2𝑔 𝛾 𝐷𝐻 2𝑔

150
𝑚3
1,6 𝑠
𝜋(0,1)2 2
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2 100 𝑚 𝑚
∆𝑝 = (𝑓 − ∆𝑧) 𝛾 = 0,03 4 − 34,2 𝑚 (104 𝑁/𝑚3 ) = 2,8 𝑀𝑃𝑎
𝐷𝐻 2𝑔 0,1 𝑚 2 (9,81 𝑚 )
𝑠2

( )

Letra c)

Com o declive as coisas não são muito diferentes do que foi mostrado na letra b), porém
o material do conduto mudou, o que vai mudar o fator de atrito da equação e a
trigonometria é feita da mesma forma que foi mostrado na letra b).

∆𝑧
sen 60° = → ∆𝑧 = sen 60° 100 = 86,6 𝑚
100

Hora de procurar novos dados para encontrarmos o fator de atrito para o PVC. Mas ao
observar a tabela de rugosidade você perceberá que a rugosidade do PVC é zero, mas
isso não significa que o fator de atrito é zero.

Hora, existem duas partes do diagrama que são independentes da rugosidade relativa:
o escoamento laminar e o regime hidraulicamente liso.

Como não estamos trabalhando com escoamento laminar, nos resta o regime
hidraulicamente liso, que é a curva mãe da transição do regime liso para o regime
rugoso, ou seja, a primeira curva da transição dos regimes hidráulicos.

Então para isso, necessitamos somente do valor do número de Reynolds:

𝜌𝐷𝑣 (103 𝑘𝑔/𝑚3 )(0,05 𝑚)(814,9 𝑚/𝑠)


𝑅𝑒 = = = 4 × 107
𝜇 1,14 × 10−3 𝑁𝑠/𝑚2

151
152
Veja que o nosso número de Reynolds é muito maior do que a curva que temos como
guia no diagrama (hidraulicamente liso), dessa forma, não temos para onde fugir, o
fator de atrito deste caso é o mínimo possível, ou seja, 0,008. Calculando a variação de
pressão então:

∆𝑣 2 ∆𝑝 𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2
𝑧+ + = 𝐻𝑝𝑐 → ∆𝑝 = (𝑓 − ∆𝑧) 𝛾
2𝑔 𝛾 𝐷𝐻 2𝑔

𝑚3
1,6 𝑠
𝜋(0,05)2 2
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2 100 𝑚 𝑚
∆𝑝 = (𝑓 − ∆𝑧) 𝛾 = 0,008 4 − 86,6 𝑚 (104 𝑁/𝑚3 ) = 12,4 𝑀𝑃𝑎
𝐷𝐻 2𝑔 0,05 𝑚 2 (9,81 𝑚 )
𝑠2

( )

Exemplo 11

Água escoa em um tubo de 1” conforme a figura abaixo. A vazão é 2 L/s e o tubo é de


aço comercial. Qual é o 𝐻𝑃𝐶 ?

Observando o desenho, o comprimento total de todos os tubos presentes no sistema


hidráulico é de 74 m, esse é o comprimento real.

Porem nossos estudos mostram que o comprimento participante dos cálculos não é
somente o real, mas é o total que é o comprimento real mais o equivalente.

O comprimento equivalente será calculando utilizando a tabela de perda de carga em


acessórios, onde cada acessório (como joelhos, desvios, válvulas, etc) terá um

153
comprimento equivalente e então somaremos todos esses comprimentos para obter o
comprimento equivalente.

𝐿𝑒𝑞 = 4 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎𝑠 𝑑𝑒 45° + 2 𝑗𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜𝑠 𝑑𝑒 90° + 1𝑟𝑒𝑔𝑖𝑠𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑔𝑙𝑜𝑏𝑜 = 4(0,2) + 2(0,8) + (8,2) = 10,6 𝑚

A velocidade fica:

𝑄 0,002 𝑚3 /𝑠
= = 4 𝑚/𝑠
𝐴 5,01 × 10−4 𝑚2

Os dados estão praticamente concluídos para o cálculo de perda de carga, porém nos
resta encontrar o fator de atrito, então:

𝜌𝐷𝑣 (103 𝑘𝑔/𝑚3 )(0,0254 𝑚)(4 𝑚/𝑠)


𝑅𝑒 = = = 1016000 = 106
𝜇 (10)−4 𝑁𝑠/𝑚2

O comprimento equivalente é:

𝜀 0,000045 𝑚
= = 2 × 10−3
𝐷𝐻 0,0254 𝑚

Dessa forma o fator de atrito é:

154
155
Com um valor de aproximadamente 0,024 encontrado para o fator de atrito, a perda
de carga total nesse sistema hidráulico pe:

𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2 84,6 𝑚 (4 𝑚/𝑠)2


𝐻𝑝𝑐 =𝑓 = (0,024) = 65,19 𝑚
𝐷𝐻 2𝑔 0,0254 𝑚 2(9,81 𝑚/𝑠 2 )

156
17. Está ocorrendo cavitação na sua vida? -
Cavitação e Associação de Bombas
17.1 Pressão de vapor (Pv)

Você nunca se perguntou porque se formam pequenas gotículas nas garrafas de água?
Claro que sim né? Todo mundo sabe que isso é evaporação.

Mas o que muita gente não sabe é que essa evaporação vai tornando esse ar existente
entre o líquido e a garrafa cada vez mais saturado. Saturado como? O ar fica carregado
de umidade.

Fogaça (18) fala que: “Isso acontece quando as moléculas da superfície ganham energia
suficiente para desfazer as suas ligações intermoleculares e escaparem para fora da
massa líquida. ”.

Então, esse vapor que fica suspenso no ar exerce uma pressão sobre o líquido ou sólido,
e essa pressão é chamada de pressão de vapor. Peraí, sólido? Desde quando sólido
evapora? É meu caro gafanhoto, as taxas são muito pequenas mas existe isso sim.

17.2 Variáveis que influenciam

A natureza da substância e a temperatura são as variáveis que determinam o vapor de


pressão, mas existem outras que acabam por influenciá-lo também.

Numa definição mais técnica temos que a pressão de vapor é uma sinalização
quantitativa de que parte das moléculas estão passando para a fase gasosa. Com isso,

157
temos que se o volume da substância diminui a pressão de vapor também diminuirá,
pois quanto menos volume menos ocorrerá a evaporação.

No caso da natureza da substância, temos que segundo Fogaça (19): “Quando


consideramos diversos líquidos diferentes, notamos que o mais volátil será o que tiver
maior pressão de vapor. ”. Eu acho que isso é meio óbvio, não? Se a evaporação é que
aumenta a quantidade de vapor no ar e consequentemente a pressão de vapor, então é
meio que claro que o mais volátil terá maior pressão de vapor em relação a um menos
volátil.

E temos mais uma descoberta surpreendente. Fogaça (19) diz que:

[...] a massa molar da água é menor que a do álcool, que, por sua vez, é
menor que a do éter. Assim, quanto maior a massa molar, maior será a
energia que as moléculas precisarão para romper a inércia e as ligações
intermoleculares e, assim, passarem para o vapor; ou seja, menos volátil
será e com menor pressão de vapor.

Bom, isso nem é mais fenômenos de transporte, já estamos falando de química orgânica
I. Isso você deveria saber hein, mas ninguém é computador aqui né, eu nem lembro mais
como é que se define o zef (a tal barreira) de um átomo, assunto lá da química geral.

Mas não precisa de tanta frescura assim, basta você se tocar que o fato da substância
ser ou não volátil influencia muito na pressão de vapor.

Agora falando de temperatura, Fogaça (19) fala que: “Quanto maior a temperatura,
mais energia terão as moléculas e mais fácil será para elas passarem para o estado de
vapor, o que acarretará numa maior pressão de vapor. ”.

Veremos uma tabela abaixo que mostra a pressão de vapor exercida pela água em relação
a temperatura em um tubo circular fechado.

158
Eu enrolei tanto e ainda não falei sobre a influência disso no escoamento né? Calma
apressadinho, depois fala que não entende o que tá lendo. Vamos ver agora tudo isso em
um escoamento. Agora sim, é fenômenos de transporte.

17.3 Pressão de vapor em um escoamento

Vou desenhar para você entender:

Você se lembra que o escoamento em conduto fechado é um escoamento forçado? E que


há uma diferença de pressão em toda sua extensão? Então, a pressão de vapor já é algo
natural que acontece em qualquer recipiente ou conduto fechado, mas no caso de
escoamentos, não temos somente pressão de vapor, agora temos as pressões do sistema,
a pressão do líquido contra a parede do conduto.

O foco do estudo não é somente na pressão de vapor, mas também a pressão do sistema,
pois a pressão de vapor depende da temperatura do sistema, que é a influência mais
importante deste estudo, e de outras variáveis intrínsecas da substância.

Ao passo que a velocidade do escoamento aumenta, sua pressão diminui. Como eu sei
disso? Bernoulli baby.

𝑣12
𝑣12 𝑃1 𝐻1 − 2𝑔 − 𝑧1 𝐻1 𝑣12 𝑧1
+ 𝑧1 + = 𝐻1 → 𝑃1 = → 𝛾 = 𝑔𝜌 → 𝑃1 = − −
2𝑔 𝛾 𝛾 𝛾 2𝜌 𝛾

Veja que a velocidade e a posição relativa (z) do sistema fazem a pressão diminuir. A
velocidade sempre vai possuir um valor muito maior que o da posição relativa, porque a
velocidade está ao quadrado e está sendo divido por duas vezes a massa específica,

159
enquanto a posição relativa está sendo dividida pelo peso específico que é um valor bem
maior e na maioria das vezes “z” é um valor pequeno. Por causa disso, a velocidade é a
variável dominante na queda de pressão.

17.4 O princípio da cavitação

O problema acontece quando pressão do sistema cai demais, a ponto de ser menor que
a pressão de vapor. Aí você deve imaginar o que acontece com aquele nosso desenho né?

Isso mesmo, a pressão de vapor começa a empurrar o fluido para dentro, e o que é que
tem na pressão de vapor? Isso mesmo, ar.

A consequência disso é a formação de bolhas, porque o ar está adentrando no fluido,


mas como o escoamento é forçado e não tem espaço para o fluido se comportar, essa
bolha vai “estourar” dentro do fluido. Essa é a famosa cavitação.

17.5 Cavitação

Eu falo “estourar”, mas não fale assim perto do seu professor, por favor. O termo correto
é que a bolha entrar em colapso.

A bolha dentro do fluido se expande, mas como o fluido, que já está sendo forçado pelo
conduto, irá reagir a essa expansão comprimindo a bolha, claro que a bolha não vai
aguentar tamanha pressão e vai estourar. Mas, quando a bolha estoura ela libera energia,
porque o fluido se esforça para estourá-la e quando ela estoura o fluido se bate entre si.
Esse choque é pequeno, mas o problema é que isso acontece ao mesmo tempo com outras
milhões de bolhas no conduto o que forma uma cadeia de choques entre fluidos.

160
Mas não pense que tudo isso acontecerá em um milissegundo. As bolhas são formadas e
pelo fato da pressão do sistema ser menor que a de vapor elas continuarão passeando
pelo escoamento, mas quando a velocidade cair ou a pressão aumentar, essa bicha vai
estourar.

17.6 Cavitação e Bombas

O que as bombas têm haver com a cavitação? Tudo.

São as bombas que aumentam a velocidade do escoamento e são elas que aumentam a
pressão também. Então, elas têm tudo para cavitar, por isso é necessário ter muito
cuido com elas e deve se saber bem onde elas serão colocadas.

Você lembra daquele lance de cargas manométricas coisa e tal né? Então você deve se
lembrar disso:

𝐻1 + 𝐻𝐵 = 𝐻2

Você se tocou que a bomba adiciona pressão, velocidade e altura relativa ao sistema?
Então, o escoamento antes de sofrer influência da bomba é 𝐻1 , com pressões e velocidades
menores, então a partir do momento que a bomba faz efeito no escoamento a pressão
e velocidade aumentam.

Então, se 𝐻1 possuir uma pressão menor que a pressão de vapor, a bomba fará essa
pressão voltar a ser maior novamente, mas é aí que acontece a cavitação.

Não pense que o escoamento só muda suas características quando passa pela bomba. Não
é só a água passar pela bomba e pá! Pressão e velocidades maiores...

161
Cada bomba tem a sua “área de influência” que é área em que o fluido começa a sentir
os efeitos da bomba, mas o perigo é que se a bomba estiver longe demais a velocidade
do fluido pode cair muito o que ocasionará a cavitação.

Então não é tão simples com uma soma matemática. Na vida real o 𝐻𝐵 vai aumentando
aos poucos no sistema até que chegue ao ponto que a bomba está ocasionando sua total
influência no fluido.

Porém, o correto é que a influência da bomba seja boa em tua sua extensão, para evitar
a cavitação.

17.7 NPSH

Como o ser humano é um ser muito complexo e muita das vezes sem noção, criaram
um termo que nem eles mesmo sabem definir bem: NPSH.

Isso quer dizer “Net Positive Suction Head” que em uma tradução aprimorada para o
nosso entendimento podemos dizer que NPSH é “carga líquida positiva de sucção”. Isso
não ajudou em nada. Deixa o nome pra lá, o que importa é saber o que é essa coisa.

162
NPSH é um termo utilizado para escoamentos que utilizam bombas e é divido em dois:
NPSH disponível e requerido. Em vez de explicar por palavras, uma equação pode valer
mais do que isso:

𝑃0 − 𝑃𝑣
𝑁𝑃𝑆𝐻 = + ∆𝑧 − 𝐻𝑃𝐶
𝛾

É a pressão do fluido menos a pressão de vapor sobre o peso específico mais a diferença
de altura relativa menos a perda de carga total entre dois pontos.

NPSH é, matematicamente, a diferença entre a pressão do fluido e a pressão de vapor,


relacionados com as características da carga manométrica da bomba.

Partindo da equação de Bernoulli podemos chegar até a equação do NPSH.

𝐻0 + 𝐻𝐵 = 𝐻1 + 𝐻𝑃𝐶
𝐻𝐵 = 𝐻0 − 𝐻1 − 𝐻𝑃𝐶
𝑣02 − 𝑣12 𝑃0 − 𝑃1
𝐻𝐵 = + ∆𝑧 + − 𝐻𝑃𝐶
2𝑔 𝛾
𝑣12 − 𝑣02 𝑃0 − 𝑃1
+ 𝐻𝐵 = + ∆𝑧 − 𝐻𝑃𝐶
2𝑔 𝛾

Como o sistema é fechado, podemos chegar a uma conclusão de que a pressão total do
sistema é a pressão do líquido mais a pressão de vapor. Como o nosso objetivo aqui é
atentar para a pressão de vapor, então a nossa pressão de vapor será o 𝑃1 .

Porque 𝑃1 é a pressão de vapor e não 𝑃0 ? Simplesmente porque a pressão decai com a


velocidade do escoamento, então devemos fazer uma comparação entre a pressão num
ponto inicial até outro ponto.

Observando a equação, que está repetida abaixo, a velocidade no ponto 1 deve ser maior
que no ponto 0, o que é coerente com as pressões, em que a pressão 0 deve ser maior
que pressão 1 (de vapor). Ou seja, mostramos que a velocidade alta no ponto 1 faz a
pressão diminuir e a velocidade baixa no ponto 0 faz a pressão aumentar.

𝑣12 − 𝑣02 𝑃0 − 𝑃1
+ 𝐻𝐵 = + ∆𝑧 − 𝐻𝑃𝐶
2𝑔 𝛾

163
Do seu lado esquerdo, temos o NPSH requerido e do seu lado direito temos o NPSH
disponível.

O NPSH requerido é a pressão mínima exigida na entrada da bomba para evitar a


cavitação e o NPSH disponível é a pressão absoluta exercida pelo sistema na entrada da
bomba.

Ou seja, o NPSH disponível fala da situação atual do sistema, se a pressão de vapor está
alta ou baixa, já o NPSH requerido fala qual é a quantidade mínima que de carga
manométrica que uma bomba deve atingir para que não ocorra cavitação.

Então, o NPSH disponível sempre deve ser maior que o requerido para se ter um bom
sistema hidráulico.

Obs.: O NPSH requerido depende da 𝑣12 − 𝑣02 𝑃0 − 𝑃1


+ 𝐻𝐵 + ∆𝑧 − 𝐻𝑃𝐶
fabricação da bomba, enquanto o NPSH 2𝑔 < 𝛾
disponível depende das variáveis do 𝑁𝑃𝑆𝐻 𝑟𝑒𝑞𝑢𝑒𝑟𝑖𝑑𝑜 𝑁𝑃𝑆𝐻 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙
escoamento controlado pelo engenheiro (você).

17.8 Análise de NPSH

NPSH não passa de mais um tipo de carga manométrica que nós teremos que lhe dar.
Então, ela é medida em forma de diagramas, como mostrado abaixo.

164
Se você não entendeu o efeito que a bomba tem sobre a pressão de vapor, tente se
lembrar da época que você estudava química geral e você via nas fotos e livros que
quando conectavam uma bomba em um Erlenmeyer e sugavam o ar, fazendo vácuo, o
líquido entrava em ebulição. Isso ocorre semelhante a água em 1 atm que entra em
ebulição a 100 °C, mas a água em 2 atm já entra em uma temperatura maior.

A consequência disso é que a evaporação é aumentada, consequentemente a pressão de


vapor também.

17.9 Associação de Bombas

A associação de bombas é necessária quando queremos aumentar a carga manométrica


da bomba ou a vazão. Ela pode ser associada em série (para longos caminhos) ou em
paralelo (para aumentar a vazão). Sim meu amigo, eletricidade não te abandona
(entendedores entenderão).

As bombas em série resolvem problemas com o NPSH, pois se o caminho for muito longo
uma bomba não dará conta de tudo sozinha, pois a sua curva de pressão vai cair e
poderá se tornar menor que a pressão de vapor, causando a cavitação. Então, como as
bombas em série ajudam a resolver problemas de NPSH é uma consequência que elas
aumentam a pressão do sistema.

Aumentar a pressão do sistema pode ser bom ou ruim. Se você colocar uma bomba
muito perto da outra a pressão pode se tornar alta demais e a tubulação pode não
aguentar. Se você colocar uma bomba muito longe da outra o NPSH disponível será
menor que o NPSH requerido, ou seja, a pressão do sistema se tornará menor que a de
vapor.

Uma pressão muito alta também pode causar problemas mecânicos, pois a bomba se
desgasta muito mais rápido trabalhando a grandes pressões.

165
As bombas em paralelo é a associação mais utilizada nas industrias, pois possibilita o
desligamento de uma para uma eventual manutenção enquanto a outra trabalha sem
perigo. Essa associação aumenta a vazão do sistema, o que ajuda o processo industrial.

Um bom conselho é que sempre quando for associar bombas escolha sempre do mesmo
modelo, pois elas terão o mesmo NPSH requerido e as mesmas características. Imagine
se você tiver 10 bombas e todas pifarem, mas todas são de modelos diferentes, então se
prepare para ligar para 10 empresas diferentes, receber 10 técnicos diferentes e pagar
10 manutenções.

Se um sistema possui duas bombas trabalhando em paralelo e se por acaso uma delas
for desligada, não significa que a vazão do sistema será reduzida pela metade. Por
exemplo, com duas bombas a vazão é 10 então com uma bomba será 5. Isso não é
verdade. A vazão depende de muitos outros fatores além da bomba, ainda mais que a
perda de carga total vai aumentar, porque uma bomba terá que trabalhar por duas,
então essa bomba percorrerá o dobro do seu caminho, aumentando a perda de carga.

166
17.10 Curva da bomba

Com lágrima nos olhos, esse é o último tópico de todo o nosso estudo em Fenômenos de
Transporte I. Mas relaxa, o nosso sofrimento aqui nem se compara com o de Fenômenos
de Transporte II.

As empresas fabricantes de bombas utilizam de um diagrama que representa várias


curvas referentes as características das bombas. Esse assunto exige bastante estudo, pois
é longo e complexo, porém nosso objetivo aqui não é adentrar tanto assim na mecânica,
afinal de contas estou num curso de Engenharia Química e não Mecânica.

O ponto de operação é o equilíbrio permanente entre a vazão e a altura manométrica


total da bomba centrífuga e o sistema hidráulico.

Ou seja, é o ponto que demonstra os dados da bomba quando está trabalhando


normalmente.

Para que serve isso? Bom, para se conhecer melhor a bomba que você está comprando
né?

Um engenheiro pode calcular a curva do sistema e incluir dados de qualquer bomba que
deseja, assim ele irá escolher qual é a bomba que se encaixa mais perfeitamente com o
seu sistema. A escolha é feita comparando o ponto de operação com a curva de
rendimento da bomba, ou seja, o objetivo é encontrar uma bomba cujo ponto de
operação seja o mais próximo possível do rendimento máximo.

167
Com o passar do tempo e ao passo que a bomba sofre certos problemas o seu diagrama
vai mudando, o que tem consequência a perda da eficiência da bomba.

Exemplo 12

Água escoa conforme a figura a 20 °C. Calcule o máximo valor de h nessa situação.
Refaça para T = 50 °C, refaça para duas temperaturas se Hpc = 2 m. (P1 = 600 mmHg)

Nossos pontos de referência serão o ponto 1 e o 2, onde o ponto 2 é o ponto onde ocorre
a pressão de vapor.

Logo, nossa equação fica:

𝐻1 = 𝐻2
𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
+ 𝑧1 + = + 𝑧2 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾

A altura 𝑧1 está em cima do eixo, portanto pode ser descartada. A velocidade nos pontos
1 e 2 serão desconsideradas, pois a área do tubo é a mesma em toda sua extensão. Dessa
forma:

𝑃1 𝑃2 𝑃1 − 𝑃2
= 𝑧2 + → 𝑧2 =
𝛾 𝛾 𝛾

A pressão de vapor que iremos utilizar está tabelada lá no início desta aula, mas eu não
sou um cara mal e não vou fazer você voltar tudo isso. Esses dados são tabelados, pois
como já foi explicado, para cada temperatura há uma pressão de vapor.

168
Convertendo a pressão 1 para kPa, temos P1 = 80,0 kPa. Então basta substituir os
valores para encontrar a altura máxima para evitar a cavitação. Vamos aproveitar e
calcular para 50 °C também.

80,0 𝑘𝑃𝑎 − 2,313 𝑘𝑃𝑎 80,0 𝑘𝑃𝑎 − 12,25 𝑘𝑃𝑎


𝑧2 = = 7,77 𝑚 𝑧2 = = 6,78 𝑚
104 𝑁/𝑚3 104 𝑁/𝑚3

Agora imaginando perda de carga total de 2 m, basta subtrair 2 m aos valores que
encontramos, pois:

𝐻1 = 𝐻2 − 𝐻𝑃𝐶

Então:

𝑧2 = 7,77 𝑚 − 2𝑚 = 5,77 𝑚 𝑧2 = 6,78 𝑚 − 2 𝑚 = 4,78 𝑚

Exemplo 13

Encontre o comprimento máximo do desenho abaixo.

Bom, nós podemos começar calculando dados simples, como por exemplo encontrar a
velocidade do fluido. Temos vazão e temos o diâmetro, essa questão está pedindo para
que nós encontremos a velocidade. Lembrando que temos que converter polegadas em
metros.

169
𝑄 0,06 𝑚3 /𝑠
𝑣= = = 30 𝑚/𝑠
𝐴 𝜋(0,0508 𝑚)2
4

Agora podemos montar a equação de Bernoulli. Mas primeiro, quais serão os pontos que
vamos utilizar? Um já sabemos, antes da bomba, mas e o outro? Bom, pensa comigo,
estamos analisando as pressões que ocorrem dentro de tubos, pois o NPSH é válido
somente para tubos. Então, não podemos escolher um ponto que esteja fora do tubo,
então vamos escolher o primeiro ponto que inicia o tubo.

Temos a equação:

𝐻1 = 𝐻2 + 𝐻𝑃𝐶
𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
+ 𝑧1 + = + 𝑧2 + + 𝐻𝑃𝐶
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾

Temos a mesma história do exemplo anterior, a velocidade nos pontos 1 e 2 são


desconsideradas por causa da área constante do tubo. A altura no ponto 2 é
desconsiderada porque está sobre o eixo e a altura no ponto 1 será de 2 m, por que este
ponto está sofrendo influência da pressão atmosférica que está a 2 m de si. A pressão
no ponto 1 será desconsiderada por ser a pressão atmosférica.

Achou estranho? Imagine se não houvesse reservatório. A pressão é atmosférica e a altura


desconsiderada, mas agora e se colocarmos um reservatório? Nós temos que o levar em
consideração, pois ele exerce influência sobre o escoamento, então nós consideramos o
reservatório fazendo a altura 2 m e a pressão atmosférica.

Nossa equação fica:

𝑃2 𝐿𝑡 𝑣 2
𝑧1 = +𝑓
𝛾 𝐷𝐻 2𝑔

Nós vamos encontrar o nosso comprimento máximo através do 𝐿𝑡 que irá nos mostrar
qual é o maior comprimento possível para se evitar a cavitação.

Só de olhar para essa beleza você já deve ter se tocado que vamos ter que usar o
diagrama de Moody, né? Chega até dói de preguiça em alguns. Calculando Reynolds e a
rugosidade relativa, temos:

170
𝜌𝑣𝐷 (103 𝑘𝑔/𝑚3 )(30 𝑚/𝑠)(0,0508 𝑚) 𝜀 0,045 × 10−3 𝑚
𝑅𝑒 = = = 2 × 106 = = 0,0009
𝜇 0,00089 𝑃𝑎. 𝑠 𝐷𝐻 0,0508 𝑚

171
172
Buscando mais uma vez os dados da pressão de vapor na nossa tabela, temos que a
pressão de vapor na água para 50 °C é 12,25 kPa.

Substituindo dados:

12,25 × 103 𝑃𝑎 𝐿𝑡 (30 𝑚/𝑠)2


2𝑚 = + 0,019 → 𝐿𝑡 = 0,05 𝑚
104 𝑁/𝑚3 0,0508 2(10 𝑚/𝑠 2 )

Não liga para esse resultado estranho, o que importa é que você aprendeu a resolver
esta questão.

173
18. Uma discussão final - Fenômenos de
transporte 1 e climatologia
Há tempos, houve a discussão sobre a Amazônia ser o pulmão do mundo, por causa da
sua imensidão verde, composta por inestimáveis espécies vegetais, porém atualmente
entende-se que esse termo é errôneo e que a floresta amazônica não procede como uma
“geradora” de oxigênio. Nobre (2014), dá um novo olhar para a Amazônia: um sistema
circulatório, composto por coração, veias e artérias, onde o sangue é a água, porém aqui
pode-se descrevê-la de uma forma mais mecânica, como uma grande planta industrial
formada por uma poderosa bomba, um imenso reservatório e tubulações fortes e eficazes
escoando um fluido precioso: água.

A gigantesca floresta amazônica se alastra através do continente sul americano, onde


entre os seus limites está o fator determinante no funcionamento do seu sistema
circulatório: o oceano. Esse gigante está em contato com grandes quantidades de floresta
costeira, que são as partes da floresta amazônica que entram em contato com o oceano,
porém, a evaporação e consequente condensação é baixa no oceano, por depender
somente da energia solar incidente sobre a água enquanto as árvores possuem um
delicado e poderoso sistema de evaporação.

A quantidade de vapor d’água presente na floresta amazônica é tão grande que se


compara a gêiseres, porém o seu funcionamento permanece intacto mesmo em época
de secas e a explicação para esse fenômeno é descrito pela bomba biótica de umidade, o
coração de todo o sistema circulatório.

O contraste de evaporação da superfície e da condensação entre o oceano e a grande


floresta forma a força motriz da bomba, assim como a diferença de pressão é a força

174
motriz de uma bomba mecânica, onde o fluido é o ar carregado de umidade. Esses
fluidos correm por artérias, que são chamadas de rios voadores, ou seja, a grande
quantidade de água vaporizada presente na atmosfera, mas para chegar até as
distâncias mais longas do continente é necessário o funcionamento da bomba biótica.

A bomba biótica de umidade é a floresta costeira que está em contato com o oceano,
onde as suas raízes aproveitam da abundância de água e através da transpiração e
condensação liberam grandes quantidades de água para atmosfera. A bomba biótica é
acionada pela sua força motriz, ou seja, a diferença de evaporação e condensação entre
a floresta e o oceano, que por sua vez gera uma diferença de pressão entre esses locais.
O oceano possui baixa pressão pela sua pouca evaporação e por causa disso a floresta
possui uma pressão maior. Como a variação de pressão determina o movimento dos
ventos essa diferença de pressão cria um gradiente de pressão que direciona os ventos
carregados de umidade para o meio do continente, onde está a floresta.

A área continental, carregada de umidade, fará a pressão local cair ao passo que as
nuvens se tornam cada vez maiores, pois grandes nuvens são formadas com o movimento
vertical de baixo (da superfície) para cima (em direção ao céu) dos ventos, porém após
a precipitação a pressão aumentará novamente, o que faz com que os ventos carregados
de umidade tomem várias direções através do continente, daí vem as influências da
floresta amazônica em muitos outros lugares do mundo.

Como o princípio de funcionamento da bomba biótica são as florestas costeiras, é crucial


que a floresta esteja em contato imediato ou bem próximo, em escalas de quilômetros,
do oceano assim como expõe Makarieva e Gorshkov (2006) que predizem que a distância
mínima que a floresta deve estar do oceano é o comprimento da escala do
enfraquecimento exponencial dos fluxos geofísicos de umidade oceânica para terra, que
é de 600 km. Isso significa que se a floresta costeira presente for desmatada, a bomba
biótica irá parar.

A situação imposta, caso a floresta costeira for devastada, é melhor descrita como a
reversão da bomba biótica, ou seja, em vez de trazer a umidade e o ventos para o
continente, ela irá tira-los. Com a inexistência da floresta costeira a evaporação não

175
será mais tão forte assim, pois a distância entre o grande reservatório de água (oceano)
e a floresta já é muito grande, a consequência disso é que a pressão em vez de ser baixa,
será maior que a do oceano, isto é, a evaporação será maior no oceano do que na floresta,
por fim, o curso dos ventos seria revertido.

Segundo Makarieva e Gorshkov (2006), as florestas internas do continente não são


capazes de fazer a bomba biótica funcionar. A consequência da reversão da bomba é que
as chuvas não chegarão até os rios e os solos não terão suas reservas de água recarregadas
e por fim esgotarão, pois, a água do solo escoa para os oceanos e através da transpiração
das árvores. As bacias secarão e a floresta irá morrer, pois a reversão da bomba biótica
irá ocasionar o desflorestamento e as bacias se tornarão desertos.

A bomba biótica não possui somente importância no clima e na hidrodinâmica da água,


mas também na prevenção de eventos catastróficos. Nobre (2014) dispõe a teoria de
Makarieva (2008) e Gorshkov (2000) afirmando que a fricção turbulenta local com o
dossel da floresta, que transpira ativamente, o que resulta em chuvas uniformes sobre
grandes áreas, e a tração do vento pela bomba biótica em distâncias maiores reduz
significativamente as chances de ocorrer eventos como formação de furacões e outros
padrões climáticos anômalos, incluindo secas e enchentes.

Por fim, o grande sistema formado pela floresta, oceano e a bomba biótica fazem do
mesmo equivalente ao sistema circulatório de um corpo humano ou animal e ao sistema
hidráulico de uma grande planta industrial. A bomba biótica está conectada a toda
planta industrial, para o seu funcionamento é necessárias árvores costeiras em contato
com o oceano, ou seja, a bomba necessita de contato com o seu grande reservatório, que
irá distribuir essa água através de grandes tubulações projetadas pelo engenheiro para
evitar a cavitação. Ao alimentar, a indústria a água será reciclada ou reutilizada através
de um sistema de gestão ambiental que fará com que a água retorne em tubulações que
levam ao grande reservatório, fechando assim o grande ciclo dessa planta industrial
chamada Amazônia.

176
19. Pronto para ser um engenheiro? – Projeto
de um sistema hidráulico
19.1 Problema

Água de um lago será levada através de uma tubulação até a indústria de acordo com
a figura abaixo. Você é o engenheiro responsável e possui tubulações de diversos materiais
e diâmetros e diversas bombas a seguir. Portanto deve-se considerar todos os casos e
definir a melhor opção assim como plotar gráficos Potência e rendimento versus vazão
para 3 possibilidades. Sabe-se que a vazão não pode passar de 40 𝑚3 /h.

177
Nome Fator de Atrito (mm) Diâmetro (mm)
Aço inoxidável 0,002 25
Aço comercial 0,045 30
Ferro galvanizado 0,15 28
Cobre 0,0015 20

Bomba Potência (W) Rendimento


A 900 0,8
B 1200 0,75
C 1800 0,68

19.2 Primeiros cálculos

Dessa forma, tem-se que o comprimento total do sistema hidráulico é o comprimento


real mais o comprimento equivalente dos joelhos, curvas e a válvula, determinado pela
tabela de perda de carga em acessórios hidráulicos.

𝐿𝑟𝑒𝑎𝑙 = 50 + 30 + 10 + 5 = 95 𝑚

Como cada material dado possui um diâmetro diferente, calcula-se o comprimento


equivalente para cada:

𝐿𝑒𝑞 = (𝐽𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜 90°) + (𝐽𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜 45°) + (𝐶𝑢𝑟𝑣𝑎 90°) + (𝐶𝑢𝑟𝑣𝑎 90°) + (𝑉á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎)

a) Aço Inoxidável (1 polegada)

𝐿𝑒𝑞 = 0,8 + 0,4 + 0,5 + 0,5 + 8,2 = 10,4 𝑚

Logo: 𝐿𝑇 = 105,4 𝑚.

b) Aço comercial (30 mm)

𝐿𝑒𝑞 = 1,016 + 0,472 + 0,5724 + 0,5724 + 10,444 = 13,077 𝑚

Logo: 𝐿𝑇 = 108,77 𝑚.

178
c) Ferro galvanizado (28 mm)

𝐿𝑒𝑞 = 0,922 + 0,441 + 0,541 + 0,541 + 9,465 = 11,91 𝑚

Logo: 𝐿𝑇 = 106,91 𝑚.

d) Cobre (20 mm)

𝐿𝑒𝑞 = 0,715 + 0,315 + 0,415 + 0,415 + 6,922 = 8,782 𝑚

Logo: 𝐿𝑇 = 103,782 𝑚.

19.3 Considerações

Para o estudo, tem-se alguns dados e considerações importantes para o desenvolvimento


do projeto. Vale ressaltar que a pressão atmosférica será desprezada neste projeto.

• A aceleração da gravidade é comum, com 9,81 𝑚/𝑠 2 ;


• A velocidade é a mesma em todo percurso, assim como a vazão, pois a área
é constante;
• Como se deseja conhecer os efeitos sobre toda o sistema hidráulico, os pontos
serão: (1) na entrada do sistema e (2) na saída;
• A diferença entre as alturas é: 𝑍2 − 𝑍1 = 6 𝑚;
• Peso específico da água: 𝛾 = 9810 𝑁/𝑚3 ;
• A pressão no ponto 1 é atmosférica;
• A pressão no ponto 2 é: 𝛾∆𝑧 + 𝑝𝑎𝑡𝑚 = 160,185 𝑃𝑎.

Com os dados disponíveis de potência e rendimento das bombas, tem-se a potência


máxima para cada bomba exposta na tabela abaixo.

Tabela 1: Dados das bombas

Bomba Potência (W) Rendimento Potência máxima (W)


A 900 0,80 720
B 1200 0,75 900
C 1800 0,68 1224
Fonte: Autoria própria, a partir de dados disponíveis

179
19.4 Desenvolvimento de Equações

19.4.1 Bomba

Procura-se uma equação geral para qualquer bomba, então, utilizando as equações de
Bernoulli de cargas manométricas dos pontos, da bomba e da perda, tem-se:

𝐻1 + 𝐻𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 = 𝐻2 + 𝐻𝑃𝐶
𝑣12 𝑝1 𝑣 2 𝑝2
𝑍1 + + + 𝐻𝐵 = 𝑍2 + + + 𝐻𝑃𝐶
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
𝐻𝐵 = 22,329 + 𝐻𝑃𝐶

19.4.2 Sistema de tubulação

O cálculo da perda de carga total do sistema de tubulação permitirá encontrar uma


equação em função da velocidade, o que possibilitará um estudo mais detalhado com o
uso de variável de fácil manuseio. Utilizando a equação de perda de carga total então:

𝐿𝑇 𝑣 2
𝐻𝑃𝐶 = 𝑓
𝐷𝐻 2𝑔

As equações serão diferenciadas por causa dos diferentes valores de fator de atrito
(I) e
comprimento total, todas as equações advindas dessa serão equações (II).

a) Aço inoxidável

105,4 𝑚 𝑣2
𝐻𝑃𝐶 = 0,002 = 0,430𝑣 2
0,025 𝑚 2(9,81 𝑚/𝑠 2 )

b) Aço comercial
108,77 𝑚 𝑣2
𝐻𝑃𝐶 = 0,045 = 8,315𝑣 2
0,030 𝑚 2(9,81 𝑚/𝑠 2 )

c) Ferro galvanizado
106,91 𝑚 𝑣2
𝐻𝑃𝐶 = 0,15 = 29,191𝑣 2
0,028 𝑚 2(9,81 𝑚/𝑠 2 )

180
d) Cobre
103,782 𝑚 𝑣2
𝐻𝑃𝐶 = 0,0015 = 0,397𝑣 2
0,02 𝑚 2(9,81 𝑚/𝑠 2 )

19.4.3 Equações

Substituindo (I) em (II) para cada caso, tem-se que as equações da carga manométrica
da bomba em função da velocidade é:

a) Bomba e tubulação de aço inoxidável

𝐻𝐵 = 22,329 + 0,430𝑣 2

b) Bomba e tubulação de aço comercial

𝐻𝐵 = 22,329 + 8,315𝑣 2

c) Bomba e tubulação de ferro galvanizado

𝐻𝐵 = 22,329 + 29,191𝑣 2

d) Bomba e tubulação de cobre

𝐻𝐵 = 22,329 + 0,397𝑣 2

19.4.4 Áreas

Com a utilização de tubulações diferentes, a área faz a distinção entre cada um, o que
faz desse dado muito importante, então, para cada caso, tem-se:

a) Aço inoxidável (0,025 m)

𝐷𝐻2
𝐴=𝜋 = 4,909 × 10−4 𝑚2
4

181
b) Aço comercial (0,030 m)
𝐷𝐻2
𝐴=𝜋 = 7,069 × 10−4 𝑚2
4

c) Ferro galvanizado (0,028 m)


𝐷𝐻2
𝐴=𝜋 = 6,158 × 10−4 𝑚2
4

d) Cobre (0,020 m)

𝐷𝐻2
𝐴=𝜋 = 3,142 × 10−4 𝑚2
4

19.5 Escolha de casos

Como é dado apenas a possibilidade de se estudar três casos, faz-se, então, a escolha
dos casos, não imediatamente, pois deve-se analisar que tipo de material e qual bomba
mais convém para este projeto.

19.5.1 Corrosão

Primeiramente, tem-se o fato de que a tubulação estará conduzindo água de um lago,


que a priori tem um pH aproximadamente neutro e condições normais de temperatura
e pressão. Dessa forma, tem-se que a tubulação não precisa ser necessariamente
preparada para receber fluidos agressivos, o que pode decidir no material a ser utilizado
nas tubulações.

Uma das maiores causas de prejuízos que há em indústrias químicas é a corrosão, por
menores que sejam, causam grandes impactos no processo industrial, por esse motivo os
pesquisadores da área afirmam que existem três estágios importantes de um
componente (quaisquer que envolvam presença de fluidos):

Projetista:

182
• Forma geométrica e estrutura;
• Escolha de materiais;
• Ambiente operacional;
• Uso de revestimento.
Fabricante:
• Reprodução precisa do projeto;
• Uso dos materiais especificados;
• Uso do tratamento térmico correto;
• Uso das técnicas de fabricação correto;
• Aplicação correta dos revestimentos protetores.

Usuário:

• Procedimentos corretos de manutenção;


o Uso de materiais corretos para substituir as partes corroídas.
o Manutenção do revestimento protetor.

Percebe-se que a questão geométrica do tubo ter uma forma quadrada ou circular é
bem evidente no primeiro estágio citado acima, o que condiz com o fato de todos os
tubos discutidos neste projeto são de área de seção reta circular.

Para discutir sobre corrosão, deve-se conhecer que tipo de fluido será utilizado na
tubulação, mas em momento algum os dados afirmam sobre a água ser doce ou salgada,
portanto fica a escolha. Escolhe-se, então, que o lago possui água doce, que é
característica da região a qual está sendo feita este projeto.

Com a afirmação de Callister (24) sobre corrosão, tem-se que: “ O ferro fundido, o aço,
o alumínio, o cobre, o latão e alguns aços inoxidáveis são, em geral, adequados para o
uso com água doce [...] “, portanto, tem-se o veredito que o aço inoxidável será utilizado
no estudo deste projeto, em que cada possibilidade corresponderá a uma das três
bombas.

19.6 Estudo de Caso

Com o material escolhido e as possibilidades dadas, pode-se desenvolver um estudo


crítico e comparativo dos casos. Dados importantes serão expressos nesta análise, que

183
são: área, velocidade, carga manométrica da bomba, potência utilizada da bomba (NB),
potência útil máxima da bomba e o rendimento do sistema. Equações da área, da carga
manométrica da bomba e da potência útil máxima já foram apresentadas antes. As
equações abaixo demonstram como será calculado a potência utilizada da bomba e o
rendimento do sistema.
𝑄𝛾𝐻𝐵
𝑁𝐵 =
𝜂𝐵
𝑁𝐵
𝑟𝑒𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =
𝑁𝑚á𝑥

Para facilitar o estudo, aplicou-se este projeto na linguagem de programação Python


que irá calcular todo o procedimento feito até aqui e irá expor o gráfico resultante de
cada bomba.

19.6.1 Automação do projeto

Optou-se por calcular os dados para todos materiais disponíveis, mesmo sem utilizá-los,
pois, o programa será capaz de calcular qualquer situação deste projeto e com as
condições dadas por ele, dessa forma, outros materiais também poderiam ser explorados,
mas como foi afirmado anteriormente, o melhor material para as condições deste
projeto é o aço inoxidável.

A construção do programa, que automatiza este projeto, é descrita abaixo:

184
Figura 1: Programa em linguagem Python

Fonte: Autoria própria

185
Figura 2: Programa em linguagem Python

Fonte: Autoria própria

Para melhor estudo, utiliza-se dos resultados do programa descrito acima com outro
que plotará todos os gráficos juntos, o que melhorará a comparação entre os mesmos. A
construção deste segundo programa é descrita abaixo:

186
Figura 3: Programa em linguagem Python

Fonte: Autoria própria

Dessa forma, obtêm-se os resultados.

19.7 Resultados

Após testes com o programa, percebeu-se que a vazão máxima a ser atingida pela bomba
de menor potência (A) é de 7 𝑚3 /ℎ, dessa forma, utiliza-se os a quantidade mínima de
pontos até a vazão 7 para haver uma comparação precisa entre as bombas.

A partir do programa de automação do projeto, tem-se as seguintes tabelas e gráficos


com os casos: aço e bomba A, aço e bomba B e aço e bomba C, respectivamente.

187
19.7.1 Aço Inox e bomba A

Tabela 2: aço inox e bomba A

Vazão Área Velocidade HB NB Nmáx


Rendimento
(𝑚 /ℎ)
3 (𝑚2 ) (𝑚/𝑠) (𝑚) (𝑊) (𝑊)
1 0,000491 0,566 22,467 76,526 720 0,106
2 0,000491 1,132 22,879 155,86 720 0,216
3 0,000491 1,698 23,567 240,83 720 0,334
4 0,000491 2,264 24,531 334,23 720 0,464
5 0,000491 2,829 25,769 438,88 720 0,620
6 0,000491 3,395 27,283 557,60 720 0,774
7 0,000491 3,961 29,072 693,19 720 0,963
Fonte: Autoria própria

188
Gráfico 1: Potência e Vazão aço inox e bomba A

Fonte: Autoria própria

Gráfico 2: Rendimento e Vazão aço inox e bomba A

Fonte: Autoria própria

189
19.7.2 Aço Inox e bomba B

Tabela 3: aço inox e bomba B

Vazão Área Velocidade HB NB Nmáx


Rendimento
(𝑚 /ℎ)
3 (𝑚2 ) (𝑚/𝑠) (𝑚) (𝑊) (𝑊)
1 0,000491 0,566 22,467 81,627 900 0,090
2 0,000491 1,132 22,879 166,26 900 0,185
3 0,000491 1,698 23,567 256,88 900 0,285
4 0,000491 2,264 24,531 356,51 900 0,396
5 0,000491 2,829 25,769 468,14 900 0,520
6 0,000491 3,395 27,283 594,77 900 0,661
7 0,000491 3,961 29,072 739,40 900 0,822
7,5 0,000491 4,244 30,070 819,408 900 0,910
Fonte: Autoria própria

Gráfico 3: Potência e Vazão aço inox e bomba B

Fonte: Autoria própria

190
Gráfico 4: Rendimento e Vazão aço inox e bomba C

Fonte: Autoria própria

19.7.3 Aço Inox e bomba C

Tabela 4: aço inox e bomba B


Vazão Área Velocidade HB NB Nmáx
Rendimento
(𝑚 /ℎ)
3 (𝑚2 ) (𝑚/𝑠) (𝑚) (𝑊) (𝑊)
1 0,000491 0,566 22,467 90,031 1224 0,0736
2 0,000491 1,132 22,879 183,37 1224 0,150
3 0,000491 1,698 23,567 283,33 1224 0,231
4 0,000491 2,264 24,531 393,21 1224 0,321
5 0,000491 2,829 25,769 516,33 1224 0,422
6 0,000491 3,395 27,283 656,00 1224 0,536
7 0,000491 3,961 29,072 815,52 1224 0,666
8 0,000491 4,527 31,136 998,20 1224 0,816
9 0,000491 5,093 33,476 1207,36 1224 0,986
Fonte: Autoria própria

191
Gráfico 5: Potência e Vazão aço inox e bomba C

Fonte: Autoria própria

Gráfico 6: Rendimento e Vazão aço inox e bomba C

Fonte: Autoria própria

192
19.8 Discussões

19.8.1 Bombas

Para melhor discussão dos resultados, utiliza-se o segundo programa com o


comportamento dos três casos em um único gráfico. Como a bomba A tem seu
rendimento máximo próximo a vazão de 7 𝑚3 /ℎ, a comparação estará limitada até essa
vazão em todas as bombas.

Gráfico 7: Comparação entre gráficos de potência por vazão

Fonte: Autoria própria

193
Gráfico 8: Comparação entre gráficos de rendimento por vazão

Fonte: Autoria própria

Os gráficos 7 e 8 são visualmente opostos, o que é coerente. É visto que que a bomba C
no primeiro gráfico se mostra com uma linha mais alta, o que significa que dada uma
vazão a potência utilizada por essa bomba será maior que a das outras. A priori, a bomba
A parece ser mais promissora que as outras, porém deve-se discutir um pouco mais esta
premissa.

Com os dados tabelados, observa-se que a bomba A atinge no máximo uma vazão de 7
𝑚3 /ℎ, a bomba B atinge 7,5 𝑚3 /ℎ e a bomba C atinge 9 𝑚3 /ℎ. Em vista desses dados, a
diferença de vazão da bomba A com a bomba C é de 2 𝑚3 /ℎ, o que remete que a única
qualidade da bomba C é acelerar o sistema.

Em nenhum momento é exposto que o tempo é uma variável de importância neste


projeto, dessa forma, o fato da bomba C acelerar o sistema é desprezível, pois há outras
variáveis a serem consideradas.

O gráfico 7 expõe que a bomba A é a que possui o menor consumo para uma dada vazão,
de semelhante modo o gráfico 8 expõe que a bomba A possui o melhor rendimento tendo

194
uma distância significativa das outras bombas, isso é consequência do fato de que a
bomba A tem o maior rendimento entre as bombas, com 0,8.

Por fim, o fato de o escoamento do sistema ser mais rápido pode ser um assunto em
questão a se discutir e analisar, porém é necessário atentar à cavitação, que causaria
danos irreversíveis a todo o sistema. Percebe-se que quanto maior é a vazão máxima da
bomba, maior será a velocidade atingida, então, além de consumir mais energia, bombas
mais potentes podem acabar causando a cavitação

19.8.2 Tubulação

O aço inoxidável não é o mais barato entre as tubulações, porém há um fator mais
importante: corrosão. Em um site de notícias é exposto a seguinte situação:

No Brasil, os gastos podem chegar a cerca de US$ 10 bilhões, grande parte


na indústria petrolífera. Nas grandes estruturas navais utilizadas pelas
companhias de petróleo, a corrosão é uma das principais responsáveis pelos
desastres ambientais que são os derramamentos de óleo no mar. Quando
não são causados por falha humana, esses desastres fatalmente são obra de
estruturas comprometidas pela corrosão (25)

Com esta afirmação, tem-se que os custos e as situações desagradáveis causadas pela
corrosão são mais impactantes do que o custo de instalar uma tubulação de aço
inoxidável.

A tubulação de aço inoxidável também tem pontos positivos ao observar que seu fator
de atrito é o segundo menor dentre as tubulações disponibilizadas, perdendo somente
para o cobre, o que remete ao fato de que, de acordo com o diagrama de Moody, seu
fator de atrito pequeno aumenta a capacidade de o fluido escoar em regime laminar e
de transição, enquanto o regime turbulento é mais trabalhoso de se atingir.

19.9 Conclusão

Observando a questão da corrosão, que está ligada a questões ambientais e econômicas,


tem-se por veredito que o sistema formado pela bomba A e uma tubulação de aço

195
inoxidável é o melhor a ser instalado neste projeto, de acordo com as condições e
considerações citadas neste relatório.

Evitar a corrosão, cavitação, danos ambientais e econômicos são as variáveis positivas


do sistema escolhido, o que, a longo prazo, são mais interessantes do que as outras
alternativas que, a curto prazo, observa-se serem melhores em questão de tempo e
trabalho.

196
20. Adeus
Bom, chegamos ao fim. Este material tentou trazer para você os ensinos mais
importantes da mecânica dos fluidos da melhor maneira possível. Não, não sou professor,
aluno de pós-graduação ou sei lá o quê, nem iniciação científica eu faço, eu sou só um
cara que não sabe muito, mas que aprendeu Fenômenos de Transporte I e agora quer
passar para você como ele aprendeu.

Eu espero que este livro tenha ajudado você, ele também será muito útil como consulta.
Este livro foi resultado de muito esforço e força de vontade, pois fazer tudo sozinho não
é fácil para ninguém, porém meu objetivo nunca foi querer ganhar em cima disso, só
quero que aqueles que estão encurralados pelas aulas ineficazes e livros não didáticos
seguidos da falta de base para estudo venham encontrar uma saída através da minha
didática.

Obrigado por ter lido este livro, você pode compartilha-lo se quiser, pois ele é gratuito
então você tem liberdade em fazer o que bem quiser com ele, só atente em fazer as
devidas referências ao citar este livro ou publicá-lo em algum site.

E aqui eu deixo o meu Adeus.

Helder Guerreiro, Manaus – AM

Dia 23 de julho de 2017.

197
Referências
Livro Base:

BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluidos – 2° ed. rev. – São Paulo: Pearson, 2008.

Referência Adicionais:

(1)YOUNG E FREEDMAN. Física II: Termodinâmica e Ondas; [colaborador A. Lewis


Ford]; tradução Cláudia Santana Martins; revisão técnica Adir Moysés Luiz – 12
ed. – São Paulo: Addison Wesley, 2008.

(2)FERREIRA, Aurélio Buarque. Dicionário Aurélio; Versão 8 – Curitiba: Positivo,


2010.

(3)STEWART, James. Cálculo Volume I; tradução técnica Antônio Carlos Moretti,


Antônio Carlos Gilli Martins; revisão técnica Helena Castro – 6° ed. – São Paulo:
Gengage Learning, 2011.

(4)STEWART, James. Cálculo Volume II – 6° ed. – São Paulo: Gengage Learning,


2011.

(5)ARAÚJO, Leonardo. Pensando como Engenheiro – massa específica ou densidade?


2016. Disponível em < http://pensandocomoengenheiro.blogspot.com.br/2016/
04/massa-especifica-ou-densidade.html >, Acesso em 24/03/2017.

(6)SOUZA, Nelson. Globo Educação – Massa Específica e Densidade Absoluta.


Disponível em < http://educacao.globo.com/fisica/assunto/mecanica/massa-
especifica-e-densidade-absoluta.html >, Acesso em 24/03/2017.

198
(7)SILVA, Domiciano. Consequências da Lei de Stevin – Mundo Educação. Disponível
em < http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/consequencias-lei-stevin.htm >.
Acesso em 29/03/2017.

(8)BRAGA, Washington. DEM, PUC – Rio, 2006. Disponível em <


http://wbraga.usuarios.rdc.puc-rio.br/fentran/mecflu/resolvidos/cap1/
primeira.htm >. Acesso em 29/03/2017.

(9)PIRES, Carlos. DEGGE, FCUL – Mecânica dos Fluidos. Disponível em <


https://moodle-arquivo.ciencias.ulisboa.pt/1213/pluginfile.php/32896/mod_
resource/content/2/MF-DEGGE-2011-2012-aula6-adobe.pdf >. Acesso em
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Smith, H. C. Van Ness, M. M. Abbor; tradução Eduardo Mach Queiroz, Fernando
Luiz Pellegrini Pessoa. – [Reimpr.]. – Rio de Janeiro: LTC, 2013.

(12) NOGUEIRA, Danilo. Energia Maremotriz. Saber ENEM – Química e Física.


Disponível em: < http://saberenemquimicaefisica.com.br/wp/energia-maremotri
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(14) GUSSOW, Milton. Eletricidade Básica. Tradução: Aracy Mendes da Costa. 2°


Ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1997.

(15) SOUZA, Líria Alves de. Oxidação e Redução; Brasil Escola. Disponível em <
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(18) FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. Pressão de Vapor. Propriedades


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um líquido. Propriedades Coligativas, Mundo Educação. Disponível em <
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/fatores-que-alteram-pressao-
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(20) WIKILIVROS. Mecânica dos fluidos/Outros fenômenos importantes.


Disponível em < https://pt.wikibooks.org/wiki/Mec%C3%A2nica_dos_fluidos
/Outros_fen% C3%B4 menos_importantes >. Acesso em 01 de julho de 2017.

(21) WIKIPÉDIA. NPSH. Disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/NPSH >.


Acesso em 01 de julho de 2017.

(22) RZRBOMBAS. Entenda o que é NPSH (e como evitar a cavitação). Disponível


em < http://www.rzrbombas.com.br/suporte/entenda-o-que-e-npsh-e-como-
evitar-a-cavitacao/ >. Acesso em 01 de julho de 2017.

(23) GUILHERME, Antônio. Mecânica dos Fluidos – Viscosidade. Disponível em <


http://www.antonioguilherme.web.br.com/Arquivos/viscosidade.php >. Acesso em
01 de julho de 2017.

(24) CALLISTER, W. D., Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. John


Wiley & Sons, Inc., 2002.

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(25) DIARIO DO COMERCIO. Os danos da corrosão na economia. Disponível em <
http://www.diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=os_danos_da_corrosao_na_ec
onomia_&id=101214 >. Acesso em 14 de junho de 2017.

(26) ARAÚJO, Alex Maurício. Mecânica dos Fluidos 2 – Capítulo 2. Universidade


Federal de Pernambuco. Recife, PE.

(27) SABINO, José; et al. Aproximação da Camada Limite. Universidade Federal


da Paraíba. João Pessoa, PB. 11 de setembro de 2013.

(28) FOX, Robert W; et al. Introdução à Mecânica dos Fluidos. Tradução e revisão
técnica: Ricardo Nicolau Nassar Koury, Luiz Machado. –[Reimpr.]. – Rio de
Janeiro: LTC, 2011.

201

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