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João 15:5
Deus seja louvado.
Guerreiro, Helder
Eu odeio Fenômenos de Transporte I. / Helder Guerreiro
– Manaus, 2017.
Bibliografia
Exemplo 1 ....................................................................................................................................................................... 21
Exemplo 2 ....................................................................................................................................................................... 29
Exemplo 3 ....................................................................................................................................................................... 40
4. Treinamento de cães – Exercícios resolvidos ........................................................... 44
4.1 Base Teórica ........................................................................................................................................................... 44
Questão 1 .................................................................................................................................................................... 48
Questão 2 .................................................................................................................................................................... 49
Questão 3 .................................................................................................................................................................... 50
5.9 Vazão......................................................................................................................................................................... 60
Exemplo 5 ....................................................................................................................................................................... 69
Exemplo 6 ....................................................................................................................................................................... 70
Exemplo 7 ....................................................................................................................................................................... 71
Questão 2 ........................................................................................................................................................................ 74
Questão 3 ........................................................................................................................................................................ 75
Questão 4 ........................................................................................................................................................................ 76
Questão 5 ........................................................................................................................................................................ 77
Questão 6 ........................................................................................................................................................................ 78
Questão 7 ........................................................................................................................................................................ 80
Exemplo 8 ....................................................................................................................................................................... 87
14. Uma visão microscópica - Camada limite, turbulência e vórtices ................... 124
13.1 As condições ...................................................................................................................................................... 124
15. Desejo boa sorte para você - Diagrama de Moody ........................................... 128
15.1 Condutos ............................................................................................................................................................. 128
Infelizmente, é uma realidade que nem todo mundo se dá bem na faculdade, nem todos
puderam fazer um bom ensino fundamental e médio, nem todos puderam pagar os
melhores cursinhos pré-vestibulares, mas lutam todos os dias para valorizar o seu curso
e aprendizado. Isso ocorreu comigo, eu sou um leigo que aprendeu a ensinar, eu nunca
aprendo do jeito como os livros mostram, porque eu não entendo, nem mesmo as vídeo
aulas da internet me ajudam (elas dão é sono), mas através de incessantes horas de estudo
e dedicação eu consigo assimilar meus estudos a coisas simples do nosso dia a dia.
Se você é que nem eu, ou seja, uma pessoa que nunca aprende as coisas logo de cara e
sente dificuldade em estudar por livros, este livro é para você. É uma triste verdade que
nem todos os professores são bons e nem todos os livros tem boa didática, as vezes os
alunos são abandonados sozinhos, sem ajuda do professor, sem monitor, sem alguém para
tirar suas dúvidas. Foi pensando em pessoas assim que este livro foi criado. Eu serei seu
amigo em todos as páginas deste livro, lhe mostrando os mínimos detalhes e sempre
associando coisas difíceis com as óbvias.
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Observações
• Este material é baseado no livro: Mecânica dos Fluidos – Franco Brunetti e nas
aulas do professor do autor.
• Referências constadas no final deste livro que não foram citadas no meio deste,
foram responsáveis pela formulação do pensamento do autor, sendo assim
contribuições indiretas.
• As questões abordadas aqui serão as mesmas que foram utilizadas pelo professor,
mesmo que sejam de outros livros.
• Todas as imagens não pertencentes ao autor foram devidamente referenciadas
na imagem e no final deste livro, as que não contem referência são de autoria
do próprio autor deste livro.
• Este livro é amador e não obteve ajuda de terceiros, ou seja, o autor pensou,
escreveu, editou e publicou este livro sozinho, o que faz deste passível de certos
erros pequenos nesta edição, o que não comprometerá o seu estudo, dessa forma
peço sua compreensão caso encontre algum erro neste livro.
• Para dúvidas, sugestões, aviso de erros, elogios ou algo que necessite contato,
envie um e-mail para: heldermeloguerreiro@gmail.com .
• Este livro é gratuito e não deve, de forma alguma, ser vendido por nenhuma
pessoa física ou jurídica, o autor deliberou de boa vontade este livro como livre
para todo aquele que queira possuí-lo.
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1. O seu conhecimento nas gotas de orvalho –
Definições Gerais
1.1 Conceitos Fundamentais
- É uma substância que não tem uma forma própria, assume o formato do recipiente.
• Princípio da Aderência:
- Os pontos de um fluido, em contato com uma superfície sólida, aderem aos pontos
dela, com os quais estão em contato.
1.2 Fluido
Fluido é qualquer substância que pode fluir (1), a água pode fluir, qualquer gás pode
fluir. E uma pedra pode fluir? Mas afinal o que é fluir?
Fluir é simplesmente correr (2), ou seja, é a habilidade que um certo tipo de material
tem de fazer seu corpo correr em um certo espaço.
Então uma pedra não é um fluido. Ela não pode se desfazer e correr por um pátio e
depois se refazer novamente.
Um ketchup é um fluido, pois ele flui através do pote que apertamos para que ele saia e
caia no sanduiche.
Mas para a mecânica dos fluidos uma definição mais técnica (chata) deve ser
desenvolvida.
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1.3 Princípio da Aderência
Se você imaginar duas placas, superior e inferior, em um sólido talvez você possa
perceber que se você mexer a placa de cima para o lado o sólido se deformará muito
pouco, ou quase nada. Por exemplo uma borracha se deformará um pouco para o lado,
mas uma pedra se deformará praticamente nada.
Quando a placa é movida a camada do fluido que está em contato com ela se move na
mesma velocidade, ou seja, o fluido está ligado à placa.
Ou
“Uma substância que, quando submetida a uma força tangencial constante, não atinge
uma nova configuração de equilíbrio estático. ”
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1.5 Tensão de Cisalhamento
Tensão de cisalhamento é uma força que tende a puxar um certo material com duas
forças opostas cada uma em uma metade do material. É como se você pegasse uma
borracha em pé, na parte de cima você puxa para a direita e na parte de baixo para a
esquerda. Se forçar demais, pode ser que a borracha se rasgue no meio. Por isso se chama
cisalhamento (cortar).
𝐹𝜏
𝜏=
𝐴
Veja como essa força 𝐹𝜏 está atingindo ao lado da placa. Isso a fará se movimentar, da
mesma forma como analisamos no princípio da aderência (alguém mexeu a placa para
o lado).
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1.7 As Tensões Entre Camadas
Mas porque haveria uma força interna? Imagine que essa “velocidade constante” é na
verdade velocidade nula, ou seja, a placa superior parou. Quando se aplica a força a um
determinado material e ele se move, ele irá parar somente se houver alguma força
contra esse material que o fará diminuir a sua velocidade gradualmente até parar.
E é verdade que se empurramos uma placa em cima da água uma hora ela irá parar,
não? E que forças internas são essas?
Como o fluido é formado por várias “placas” quando a placa superior é movimentada a
debaixo irá se movimentar também e assim sucessivamente, mas você se lembra que a
placa inferior não se move? Isso significa que as placas se deslizam uma em cima da
outra, mas com velocidades cada vez menores. E essa velocidade só reduz porque algo
vai de contra. Esse “algo” é uma espécie de atrito, mas que aqui é chamado de tensão
de cisalhamento.
Então vamos resumir: cada camada de um fluido que desliza sobre o outro irá formar
tensões de cisalhamento, que multiplicando pela área da “placa” encontra-se as forças
𝐹𝜏 que foi visto anteriormente.
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1.9 Viscosidade
𝑑𝑣
𝜏=𝜇
𝑑𝑦
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1.11 Condições Ambientais
1.12 O Gradiente
para taxa de variação da velocidade como define James Stewart (4): “O quociente
é denominado taxa média de variação de y em relação a x no intervalo [𝑥1 , 𝑥2 ]
∆𝑦 𝑑𝑦
𝑜𝑢
∆𝑥 𝑑𝑥
e pode ser interpretado como a inclinação da reta secante PQ na figura ao lado. ”
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Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos
O gradiente mede o quão rápido a função sai de uma camada até a outra. Mas quando
o espaço entre essas camadas é muito pequeno, a derivada pode ser simplesmente
ignorada e então usamos uma equação comum em vez de derivadas.
𝑣0
𝜏=𝜇 𝑠𝑒 𝑒 𝑠𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑠𝑒 𝑦 = 𝜀 < 4 𝑚𝑚
𝜀
Exemplo 1
Vamos imaginar a imagem apresentada virada na horizontal. Veja como agora temos
placas uma em cima das outras, considere as laterais do cilindro e do pistão como placas
também. Então, nós queremos analisar o fluido que está entre as placas do cilindro e do
pistão.
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Ora, o peso do pistão pode ser interpretado como uma 𝐹𝜏 , de tal forma que essa força
irá provocar a tensão cisalhante. Podemos calcular essa tensão, usando a área de contato
com o pistão. Veja que a área de contato não é a área total do pistão, porque o fluido
não está completamente em todo pistão, somente em volta.
Mas porque tem que ser a área de contato do pistão e não a do cilindro em volta do
pistão? Deixa eu lhe fazer uma pergunta: quem está se momento o pistão ou o cilindro
em volta dele?
𝐹𝑡 4𝑁 4𝑁
𝜏= = = = 254,648 𝑁/𝑚2
𝐴 2𝜋𝑟𝐿 2𝜋(0,05 𝑚)(0,05 𝑚)
Agora vamos analisar a posição do fluido entre essas placas. Veja que entre o pistão e o
cilindro temos 0,1 cm de distância e dividindo esse valor para cada lado onde o fluido
está temos 0,5 mm. Esse valor é a distância entre uma placa e a outra onde entre elas
está o fluido. Logo temos que 𝜀 = 0,5 mm que é muito menor que 4 mm.
Com isso podemos usar a relação abaixo para encontra a viscosidade desse fluido:
𝑣0 𝜀 0,0005 𝑚
𝜏=𝜇 → 𝜇 = 𝜏 = (254,648 𝑁/𝑚2 ) = 6,37 × 10−2 𝑁𝑠/𝑚2
𝜀 𝑣0 2 𝑚/𝑠
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2. Descobrindo a ponta do iceberg –
Características e Tipos de Fluidos
2.1 Massa Específica
A massa específica não é nenhuma novidade, mas esse termo será abordado aqui por
causa da confusão que envolve explicar porque massa específica é diferente de densidade.
Segundo Leonardo Araújo em seu artigo na internet (5):
Então temos as diferenças das definições descritas por Nelson Lima (6):
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2.2 Peso Específico
Sabe aquelas versões 2.0 dos softwares? Então, o peso específico é a versão 2.0 da massa
específica. Bom já sabemos que o peso é a massa vezes a aceleração da gravidade, então
basicamente o peso específico é a massa específica vezes a aceleração da gravidade.
Existe alguma explicação glamorosa em porque devemos usar esse tal peso específico?
Não. É só mais uma relação da mecânica dos fluidos, mas que não deixa de ser verdade.
𝐺
𝛾=
𝑉
Então podemos analisar essa relação. Veja que quanto maior a massa específica maior é
a viscosidade dinâmica. Isso significa que se um fluido é denso sua viscosidade será maior.
Bom até que isso tem sentido, não? Veja que se um gás é denso, significa que suas
moléculas estão cada vez mais próximas, isso tem como consequência uma viscosidade
maior, num líquido o pensamento é análogo.
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2.4 Tipos de Fluidos
• Ideal;
• Incompressível.
• Newtoniano;
• Dilatante;
• Pseudo Plástico;
• Plástico de Bingham.
Uma vez um professor disse assim: “Um gás ideal é que nem a pessoa ideal, não existe.
”, maltratando os corações iludidos.
Bom, segundo Brunetti: “Fluido ideal é aquele cuja viscosidade é nula.”. Então a
viscosidade ser nula significa que o fluido não tem atrito interno, logo o comportamento
da tensão cisalhante nesse fluido seria nulo. Pois quanto mais viscoso o fluido, maior é a
tensão cisalhante. Digamos que a viscosidade é a “potência” da tensão de cisalhamento.
Ora, se não há tensão de cisalhamento então as placas do fluido não serão atrasadas
com o movimento da placa superior. Isso significa que tanto a placa superior como a
inferior se movimentarão ao mesmo tempo, a placa inferior não terá mais a velocidade
nula.
Imagine uma pessoa em um pequeno barco no meio de um rio, essa pessoa pega um
remo e começa a remar.
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Ao entrar em contato com a água com a força exercida pela pessoa, o remo irá deslocar
as camadas da água com a mesma velocidade que está sendo movido (princípio da
aderência), o deslocamento dessas camadas irá produzir forças tangenciais contrárias
(consequentemente tensão de cisalhamento).
Pela terceira Lei de Newton, toda ação tem uma reação, quanto maior for a força do
remo ao entrar em contato com a água maior serão as forças tangenciais contrárias.
Essas forças resultarão numa forma de resistência contra o remo e pelo fato da pessoa
está em um pequeno barco num rio, cujo atrito na superfície da água é muito pequeno,
o pequeno barco irá se deslocar na direção oposta à força do remo, pois a resultante das
forças opostas é maior do que a força do remo.
Veja que quando o remo entrar na água a sua força irá deslocar as camadas do fluido.
Mas você se lembra o que foi dito sobre um fluido com viscosidade nula? Bom, não
existirá nenhuma força oposta à força do remo, porque não haverá tensão de
cisalhamento. Consequentemente as camadas superiores terão a mesma velocidade que
as camadas inferiores, ou seja, é como se o remo estivesse empurrando um grande bloco
de gelo. Mas por ser um fluido com viscosidade nula, seria um fluido superfino, mais fino
do que o ar (daí você imagina), logo seria praticamente impossível deslocar o pequeno
barco no meio de um fluido ideal.
E se uma pessoa tentasse “nadar” nesse fluido? A pessoa cairia até se deparar com
alguma superfície sólida. (Imagine se jogar de um avião ás alturas, é a mesma coisa).
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2.8 Fluido Incompressível
Você um dia já deve ter sido uma criança peralta. Quem sabe um dia você já pegou uma
seringa (sem a agulha) e colocou água dentro dela e o seu dedo na ponta da seringa. Aí
depois de seu dedo quase cair você percebe que aconteceu absolutamente nada!
Então, um fluido é incompressível segundo Brunetti quando: “o seu volume não varia ao
modificar a pressão. ” Simplesmente você não pode diminuir o volume da água
apertando com toda força do mundo o êmbolo da seringa.
Digamos que todos os líquidos e alguns gases (em certas condições) são incompressíveis.
Bom, na Termodinâmica, você verá que o fato de um fluido ser incompressível não é
totalmente verdade, porque quando um fluido é submetido a uma certa pressão,
realmente existe uma variação de volume, porém é tão pequena que para efeito de
cálculos, pode ser desprezada.
Possa se dizer que 90 % dos fluidos incompressíveis são Newtonianos, aqueles que
obedecem a Lei de Newton: “a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional à
taxa de variação da velocidade em y e à viscosidade do fluido”.
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2.10 Tensão Cisalhante e o Tempo
Porque devemos trocar o óleo do carro ou da moto? Bom, quando você tiver que abrir
o motor e pagar uns 200 R$ por isso você terá um bom motivo para trocar de óleo
periodicamente.
Quando um fluido perde sua tensão cisalhante com o tempo, significa que as forças
contrarias a qualquer força externa serão diminuídas. Então imagine que o óleo que está
deslizando entre os pistões do carro está se tornando água, o atrito do pistão com as
paredes cilíndricas vai aumentar e causar superaquecimento, então temos dois tipos de
fluidos que variam sua tensão cisalhante com o tempo.
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Exemplo 2
Nunca devemos esquecer que estamos nunca disciplina de mecânica, ora continua sendo
toda aquela mecânica que você aprendeu antes, só que dessa vez é nos fluidos!
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Então vamos desenhar um diagrama de corpo livre sobre a situação descrita:
Veja que o enunciado expõe que o mesmo fluido está em ambos os pistões, então a força
tangencial é a mesma para os dois pistões e a corda é a mesma para os dois pistões,
então a força de tensão será a mesma.
Não temos o valor da altura dos cilindros. Temos duas incógnitas, o valor do peso
específico de 2 e a altura dos cilindros, mas em contrapartida podemos ter duas
equações. Isso é um sistema.
𝑇 = 𝐺2 + 𝐹𝜏
{ → 𝑆𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜 → 𝐺1 = 𝐺2 + 2𝐹𝜏
𝐺1 = 𝑇 + 𝐹𝜏
𝐹𝜏 𝑣 2 𝑚/𝑠
𝜏= → 𝐹𝜏 = 𝜏𝐴 = 𝜇 𝐴 = (10−2 𝑁𝑠/𝑚) 𝐴 = 40𝐴
A 𝑒 0,0005 𝑚
Agora, como não temos os pesos de cada pistão utilizamos a alternativa do peso
específico:
𝐺
𝛾= → 𝐺 = 𝛾𝑉
𝑉
80𝐴
𝐺1 = 𝐺2 + 80𝐴 → 𝛾1 𝑉 = 𝛾2 𝑉 + 80𝐴 → 𝛾1 = 𝛾2 +
𝑉
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Não temos o valor da altura do cilindro, mas temos a presença da altura tanto no
volume quanto na área, então a altura será cancelada:
80(2𝜋𝑟𝐿) 80(2𝜋(0,05))
𝛾1 = 𝛾2 + 2
= 𝛾2 + = 𝛾2 + 3200
𝜋𝑟 𝐿 𝜋(0,05)2
𝛾2 = 20000 − 3200 = 16800 𝑁/𝑚3
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3. A entidade que te persegue por toda
faculdade - Pressão
3.1 Estática dos fluidos
Algo que está estático é tudo aquilo que está em repouso, imóvel, sem se mover (2). E
porque o estudo de fluidos estáticos seria interessante? No coração desse assunto está os
estudos das pressões de fluidos, um assunto realmente interessante.
O que seria essa tal pressão? Bom, com o seu dedo você pode empurrar o braço de um
colega seu, a ação que o seu dedo faz ao empurrar o braço de alguém é justamente uma
pressão.
Muita gente usa a expressão “estou sendo pressionado por fulano”, hum.. Quer dizer que
fulano está sentando em cima de você e te pressionando? Acho que sentar em cima de
alguém é outra coisa e não pressão... Na verdade a pressão no dito popular é na verdade
uma metáfora, mas é condizente ao real sentido de pressão.
Imagine que alguém está lhe empurrando na beira de uma janela para você cair, e você
faz força para que essa pessoa não consiga jogar você da janela. Isso é a pressão do dito
popular.
3.2 Pressão
Mas então, o que é mesmo pressão? Basicamente é uma força distribuída numa certa
área. Mas se apertar o dedo no braço de alguém é uma pressão, o que seria uma força?
32
Na verdade, quando empurramos a geladeira de casa na hora da limpeza o que estamos
exercendo é uma força e a geladeira está sofrendo uma pressão. Nós não somos capazes
de fazer com que a geladeira sofra uma força, nossas mãos conduzem força até a
geladeira e então estamos pegando uma certa área (mesmo que pequena) da geladeira.
Lembre-se, uma força é pontual e um ponto não tem dimensões.
Segundo Young (1): “quando um fluido (um gás ou líquido) está em repouso, ele exerce
uma força perpendicular sobre qualquer superfície que esteja em contato come ele [...]
as forças exercidas pelo fluido são oriundas das colisões moleculares com as superfícies
vizinhas. ”
Porque um fluido exerce uma pressão? Imagine uma piscina, você está do lado de fora,
não há nada interferindo no volume da água, então ela está de boas. Mas a partir do
momento que você entra na piscina, você se torna meio que um “corpo estranho” então
a água deve estar pensando: “quem é esse filho de égua que está dentro mim? Sai fora
daqui! ”
Lembra da pessoa te empurrando para você cair da janela? Bom, agora ela se chama
água. Sem delongas, as moléculas ficam se colidindo com a superfície da sua pele que
tem moléculas diferentes da água, ou seja, temos um caso de xenofobia aqui, essas colisões
são forças que distribuída sobre a sua pele resulta na pressão.
Lembra quando você tentava sair correndo da piscina e lá na frente saiu quase morrendo
de tanto fazer esforço? O nome dela é pressão, a garota que te faz sofrer, ela dificulta
sua vida, torna tudo tão mais pesado e não se pode evita-la.
Lembra daquele papo de que os bolivianos mascam folha de coca? Bom, eles não
drogados, calma ae. A folha de coca ajuda na respiração e o coração, isso porque a
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Bolívia é um país de grande altitude e consequentemente é mais difícil respirar. Mas
porque é difícil respirar? Sim, por causa da pressão. Como o nosso ar atmosférico é um
fluido, então a sonsa da pressão está lá. Do mesmo jeito que explicado antes, nós somos
um “corpo estranho” nas moléculas do ar, e então essas moléculas se chocam com as
nossas e causam a pressão. No caso da altitude, temos uma baixa pressão e isso significa
que as colisões estão diminuindo. Mas como se ainda estou lá? Se você ainda está lá e a
pressão está diminuindo significa que outros tipos de moléculas não estão presentes e
uma delas é justamente o oxigênio que respiramos.
Sim, é verdade que o ar que respiramos é um gás e que ele também tem suas pressões
altas e baixas assim como foi exemplificado anteriormente. Mas para casos laboratoriais
e industriais é inútil se preocupara com a modificação da pressão de um gás dentro de
um recipiente. Veja que para ocorrer mudança na pressão atmosférica é necessário
saímos do terreno comum para uma altitude muito alta, como uma montanha.
Por isso, a diferença de pressão entre dois pontos de um gás é desprezada, o gás é tido
como um fluido com pressão constante em toda sua extensão, pois suas moléculas estão
longe demais e são muito poucas para causar colisões grandes à uma superfície.
𝐹
𝑃=
𝐴
Olhando um pouco melhor para essa equação temos que quanto menor a área maior a
pressão.
Lembra quando você ia encher as garrafas de água da sua casa e então você apertava a
boca da mangueira porque pensava que era mais rápido? Então, quando a boca da
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mangueira é larga a água sai numa velocidade menor, isso porque não há muita pressão
da mangueira, mas quando você coloca seu dedo a área diminui muito e então a água
começa a sair numa velocidade maior, porém a vazão volumétrica é a mesma.
Se você não tem muita noção de pressão relacionada com velocidade, lembre-se de uma
seringa com água: quanto maior for a força no êmbolo mais rápido a água sairá.
∆𝑃 = 𝛾∆ℎ = 𝜌𝑔∆ℎ
O teorema de Stevin remete o que já sabemos por experiência da vida que a pressão
varia com a altura, assim como foi dado no exemplo da Bolívia. Mas como entender isso?
Imagine a água novamente, sabemos que carregar 100 litros de água é impossível, 10
litros já se pode carregar com um certo esforço e 1 litro é muito fácil. Imagine um
tanque de água e uma escada dentro dele, a cada degrau que você desce você precisa
carregar a água que toca no degrau, e quanto mais se desce a quantidade de água vai
acumulando. Quando se chega no fundo, existe uma grande quantidade de água para se
carregar, se tornando muito pesado para as suas costas.
Nesse caso o “pesado” seria uma pressão alta e o “leve” uma pressão baixa.
𝑃 = 𝑃𝑜 + 𝜌𝑔ℎ
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A explicação dada por Young (2) é que 𝑃𝑜 é a pressão na superfície do fluido, ou seja,
seria a pressão na altura zero e 𝑃 é uma pressão de qualquer ponto do fluido. Então, a
pressão de qualquer parte do fluido é simplesmente a própria pressão na superfície do
fluido mais a altura em produto com o peso específico.
Veja que o peso específico participa do cálculo, ou seja, quanto mais profundo se está no
fluido mais “pesado” ele fica, assim como foi explicado com o exemplo do tanque, um
objeto no fundo de um fluido terá que suportar toda a quantidade de fluido que está
acima dele, como se ele estivesse o carregando nas costas.
Pelo fato de muitas das vezes a pressão atmosférica não interferir nos processos voltados
aos fluidos, a pressão atmosférica é desconsiderada. A pressão atmosférica seria
representada pelo 𝑃𝑜 , que é a pressão na superfície do fluido (sem interferência humana
ou mecânica), então a pressão em qualquer ponto de um fluido é:
𝑃 = 𝜌𝑔ℎ
Muitas das vezes não é conveniente envolver a pressão atmosférica nessas análises, isso
porque essa pressão não muda facilmente ficando quase estática se tornando uma simples
constante.
Ou seja, é como se o fluido se comportasse num efeito dominó. Se você empurrar o fluido
na sua superfície com um pistão as moléculas vão empurrar uma fileira após a outra até
chegar no fundo recipiente. É como se houvessem várias fileiras de pessoas e cada fileira
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empurrasse a de trás contra a parede, com certeza o pessoal da última fileira vai morrer
espremido.
A Lei de Pascal não procura quantificar a pressão do fluido e sim o quanto ele aumentou,
porque assim como a pressão é transmitida para todo o fluido a mesma pressão exercida
na sua superfície será somada à pressão no fundo do recipiente.
𝑃 = 𝑃𝑜
Mas como assim a pressão da superfície é igual a pressão de qualquer ponto do fluido?
Lembre-se: essa lei não está medindo a pressão do fluido, e sim a pressão exercida sobre
o fluido.
No exemplo da imagem, pela lei de Pascal, uma pressão qualquer exercida sobre o fluido
será transmitido, sem perdas, por toda a extensão do fluido, então no exemplo acima a
pressão exercida pelo êmbolo 1 será a mesma que empurrará o êmbolo 2. Portanto:
𝐹1 𝐹2
𝑃1 = 𝑃2 → =
𝐴1 𝐴2
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Fonte: Silva, Domiciano. Mundo Educação
Para isso ser verdade não deve haver descontinuidade no fluido, como uma barreira ou
a presença de outro fluido.
Essas escalas são utilizadas justamente por causa do que foi explicado sobre pressão
atmosférica, ela é desprezada. A pressão absoluta leva a pressão atmosférica em
consideração e a pressão efetiva a despreza.
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3.14 Medidores de Pressão
3.14.1 Barômetro
3.14.2 Piezômetro
Mede a pressão diretamente. Pode ser ligado a um reservatório ou uma encanação, mas
possui desvantagens: sua configuração faz com que grandes pressões resultem em valores
de altura da coluna inviáveis, ou seja, para
medir algo com alta pressão é necessária
uma coluna enorme para o sistema;
3.14.3 Manômetro em U
O mesmo manômetro, mas dessa vez é uma medição sem a pressão atmosférica, como
mostra a figura ao lado:
Exemplo 3
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Fonte: Washington Braga, PUC – Rio. Editado pelo Autor
Primeiramente se deve ter uma referência. Para isso, escolhemos o ponto 2 como
referência. Lembre-se: Estamos estudando mecânica dos Fluidos, e mecânica sempre
precisa de uma referência.
Veja o ponto 1, esse cara está um pouco abaixo da superfície, se ele estivesse na superfície
a pressão nesse ponto seria o próprio 𝑃𝐴 . Lembra do exemplo do tanque com uma escada
dentro? Então, se estamos na superfície não precisamos carregar nada, mas ao descer
um pouquinho aquele ponto além da pressão de A terá que “suportar” o “peso” da água
em cima dele. Então a pressão no ponto 1 é a pressão de A mais alguma coisa e essa
coisa é calculada pelo peso específico do fluido com a altura:
𝑁 𝑁
𝑃1 = 𝑃𝐴 + 𝛾ℎ = 𝑃𝐴 + (9800 3
) (0,15 𝑚) = 𝑃𝐴 + 1470 2
𝑚 𝑚
Veja que o ponto 1 está na mesma altura que o ponto 2, se eles são o mesmo fluido
então temos a lei de Pascal que diz que a pressão aplicada é distribuída sem perda por
todo o fluido. Como os dois pontos estão na mesma altura e como a altura é relacionada
a pressão os dois pontos são iguais:
𝑃1 = 𝑃2
41
Agora observando o ponto 2’, veja que já estamos em outro fluido. A água que está um
pouco mais embaixo exerce uma pressão na superfície do fluido essa pressão é conhecida,
pois acabamos de encontrá-la. Como o ponto está um pouco mais acima a pressão será
a pressão na superfície menos alguma coisa, essa coisa é o peso específico com a altura,
mas porque menos? É como se ao subir a quantidade de água que o ponto deve
“suportar” seja cada vez menor, ou seja, ao subir a pressão é aliviada.
𝑘𝑔 𝑚 𝑁
𝑃2′ = 𝑃2 + 𝜌𝑔ℎ = 𝑃2 − (720 2
) (9,8 2 ) (0,25 𝑚) = 𝑃2 − 1764 2
𝑚 𝑠 𝑚
O ponto 3’ está na mesma altura que o ponto 2’ logo já sabemos o resultado né:
𝑃2′ = 𝑃3′
E o ponto 3 já está dentro da água. o fluido A está exercendo uma pressão na superfície
da água, a qual já conhecemos o valor, mas como o ponto 3 está um pouco embaixo da
superfície ele terá que “carregar” mais água em suas costas, ficando assim:
𝑁 𝑁
𝑃3 = 𝑃3′ + (9800 3
) (0,25 𝑚) = 𝑃3′ + 2450 2
𝑚 𝑚
𝑃3 = 𝑃4
A pressão no ponto 4 agora está sendo influenciado pela pressão de B que está exercendo
uma pressão superficial na água. Portanto, o ponto 4 terá que suportar a pressão de B
mais o peso da água:
𝑁 𝑁
𝑃4 = 𝑃𝐵 + (9800 3
) (0,35 𝑚) = 𝑃𝐵 + 3430 2
𝑚 𝑚
𝑃1 = 𝑃𝐴 + 1470
𝑃1 = 𝑃2
′ 𝑃1 − 𝑃𝐴 = 1470
𝑃2 = 𝑃2 − 1764
𝑃′ − 𝑃1 = −1764 𝑁
𝑃2′ = 𝑃3′ →{ 2 ′ → 𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 = 1274 2
𝑃3 − 𝑃2 = 2450 𝑚
𝑃3 = 𝑃3′ + 2450
𝑃3 − 𝑃𝐵 = 3430
𝑃3 = 𝑃4
{𝑃4 = 𝑃𝐵 + 3430
42
𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 = 1274 → 𝑃𝐴 = 1274 + 𝑃𝐵
Esse método utilizado foi somente para o início do seu compreendimento de como os
pontos influenciam um ao outro no manômetro, mas no próximo capítulo você verá
métodos mais rápidos de resolução desses tipos de situações.
43
4. Treinamento de cães – Exercícios
resolvidos
4.1 Base Teórica
Antes de você meter a cara na resolução dos exercícios é preciso entender o que é que
está acontecendo. Os exercícios a frente irão
abordar manômetro e todos eles obedecem às
teorias estudadas antes.
𝑃 = 𝑃𝑜 + 𝜌𝑔ℎ
A lei de Pascal diz que uma pressão aplicada no fluido será distribuída, sem perdas, por
todo o fluido e pelas paredes do recipiente.
𝐹1 𝐹2
=
𝐴1 𝐴2
Não importa a forma do manômetro, se você estiver a par da teoria saberá lhe dar com
qualquer situação. Toda vez que um manômetro for calculado deve-se prestar atenção
com qual o tipo de fluido e que tipo de manômetro é esse.
44
Abordarei três casos aqui:
Pela lei de Pascal a pressão no fundo horizontal do fluido manométrico é igual em toda
sua extensão, isso faz com que a pressão que os fluidos estão exercendo de um lado do
fluido manométrico seja igual as pressões exercidas do outro lado.
• Expresse o fluido manométrico pelas suas cotas e não pela diferença de alturas:
Muitos estão acostumados a representar todos os fluidos por “h” que é a diferença de
cotas, mas no fluido manométrico isso deve ser evitado para não causar erros. O correto
é representar o fluido manométrico, de um lado por 𝑦1 e do outro por 𝑦2 , como no
exemplo abaixo:
Pressão não é um vetor, mas partiu de um, se o fluido estiver subindo a coluna do
manômetro a sua pressão está sendo diminuída pelo teorema de Stevin. E se estiver
descendo a coluna a sua pressão está aumentando. Por isso certifique-se de subtrair as
pressões ascendentes e somar as pressões descendentes.
45
A essência do aprendizado é saber o porquê das coisas, se você sabe porque uma pressão
está sendo subtraída ou somada e se sabe que o fluido manométrico possui pressão
constante em toda sua extensão horizontal, você resolve qualquer questão.
Inicie sua análise do extremo do manômetro até o fluido manométrico, não importando
a posição, nunca faça o contrário, isso pode confundir você na convenção de quem está
subindo ou descendo a coluna do manômetro.
Veja que de um lado há um balão de vidro com um gás dentro com uma pressão P e do
outro lado o manômetro está aberto recebendo pressão da
atmosfera.
46
Essas equações surgiram justamente por causa do teorema de Stevin. Como dos dois
lados a densidade é a mesma (na parte horizontal há somente um fluido) e aceleração
da gravidade também, podemos simplificar:
No nosso caso vamos desconsiderar a pressão atmosférica mesmo, por pura frescura.
Como os fluidos ao lado desse líquido são gases e, como já foi dito antes, os gases tem
uma “pressão constante” em toda sua extensão, não há o que calcular. Então a pressão
do gás no balão de vidro é:
𝑃 = 𝜌𝑔ℎ
Parecido com o anterior, mas dessa vez temos um fluido ao lado do fluido manométrico,
veja a imagem ao lado:
47
4.1.4 Manômetro fechado com três líquidos
𝑃𝐴 − 𝑃𝐵 = 𝜌𝐴 𝑔ℎ + 𝑃á𝑔𝑢𝑎2 − 𝑃á𝑔𝑢𝑎1
Portanto, veja que no final a altura h do fluido A ficou 𝑦1 − 𝑦2 , onde 𝑦1 > 𝑦2 logo o
resultado será positivo, se caso contrário seria negativo sem nenhum problema.
Veja que usamos a diferença ℎ3 − ℎ2 para termos a altura correta entre os extremos do
fluido. Lembre-se sempre de fazer isso.
Questão 1
48
Fonte: Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos
Questão 2
49
PA − PB = −γHg h2 + γóleo h3 − γágua h1 = −132100 Pa
Questão 3
Perceba que são duas câmaras com ar, mas nós concordamos aqui que os gases não
possuem variação de pressão consideráveis. De um lado sabemos qual é a pressão e para
saber qual é a pressão no manômetro A temos que subtrair a pressão das duas câmaras,
pois um manômetro exibe seus resultados em diferenças de pressões.
A única coisa que varia de pressão e pode ser calculada é o mercúrio que está no tubo
ligado à câmara do manômetro A.
Lembrando da lei de Pascal, qualquer pressão aplicada no fluido será distribuída, sem
perda, por toda sua extensão. Então a pressão da câmara do manômetro A é a pressão
que está sendo exercida no mercúrio do tubo, isso porque aqui os gases não variam de
pressão então a mesma pressão que está no manômetro A está sendo exercida no
mercúrio.
A pressão na câmara é:
50
5. Velozes e Ferozes – Cinemática dos
fluidos
5.1 Cinemática
É óbvio que cinemática significa movimento, então porque exatamente falar só sobre
cinemática? Não seria mais importante falar sobre cinemática dos fluidos? Acalme-se
um pouco, que tal fazer o alicerce antes de construir a casa?
Alguma vez na vida você chegou a ter contato com as leis de Newton e que elas podem
ser aplicadas em quase tudo no nosso dia a dia. Como seria entender a cinemática de
um fluido através da mecânica newtoniana?
Primeiramente sabemos que uma partícula é representada por um vetor, por isso usa-
se um diagrama de forças, então como seria a representação de um fluido já que não é
um ponto e sim um corpo muito extenso?
Segundo Young (1) podemos representar um corpo extenso por uma partícula, desde
que essa partícula possa representa-lo por completo. Portanto, se o fluido for a mesma
coisa em toda sua extensão, então podemos usar uma partícula.
Um fluido pode estar estático sem nenhum problema, mas devido ao seu comportamento
a sua representação é mais complexa. Como estamos acostumados a representar os
fluidos como camadas, então consideraremos cada camada uma partícula a ser
analisada.
51
A primeira força que representamos é o peso. A primeiro momento de análise a força
peso indica que o fluido tem tendência de se deslocar para o centro da terra. É claro
que isso é óbvio, mas é do óbvio que chegamos a grandes entendimentos. A força peso é
o grande indicador da energia potencial que será de grande uso.
Em tudo que aprendemos até hoje vamos exemplificar no movimento das partículas com
uma força empurrando o fluido pelo encanamento:
Agora ficou interessante né? Porque a primeira e última partícula não tem movimento?
Lembrando do que estudamos anteriormente: por causa da tensão de cisalhamento, as
placas do fluido se movimentam cada vez menos ao passo que se afastam do local onde
a força foi aplicada. A força está vindo pela lateral e não de cima como antes, dessa
forma a velocidade máxima está no meio do fluido.
Lembrando da lei de Pascal, uma pressão aplicada ao fluido será transmitida sem perdas
em toda extensão do fluido e ás paredes do recipiente. E quanto a força?
Analisando a lei de Pascal vamos procurar desenvolvê-la para entender o que acontece
com a força:
52
Se a lei de Pascal é verdadeira e se a área no tubo é a mesma em 𝐴1 e 𝐴2 , podemos dizer
que: 𝑃1 = 𝑃2 , logo:
𝐹𝐴1 𝐹𝐴2
= → 𝐴1 = 𝐴2 → 𝐹𝐴1 = 𝐹𝐴2
𝐴1 𝐴2
Então do mesmo jeito que a pressão é distribuída sem perda, nesse caso, a força também
se segue uniforme no movimento do fluido.
Não podemos dizer que algumas das forças apresentadas nas camadas será igual à força
aplicada no fluido, porque as forças das camadas são várias forças pontuais aplicadas
pelo fluido, enquanto a força aplicada ao fluido é uma resultante. Portanto o mais
correto é dizer que a resultante das forças no fluido é igual a força aplicada ao fluido,
nesse caso.
Porque toda essa explicação é importante? Isso irá lhe ajudar a olhar um fluido
incompressível com outros olhos, esse entendimento irá abrir sua mente (insight) para
novos conhecimentos.
Como estamos falando de um fluido, aplicar uma força a ele causará o seu deslocamento,
logo á uma relação entre as forças de um fluido e velocidade. Primeiro vamos relembrar
que força é massa vezes aceleração, com isso abrimos nossa mente para buscar
entendimento ao comportamento da velocidade num fluido.
𝑊 = 𝐹𝑑
53
Esse trabalho será constante em todo o fluido, quando a área for constante. O trabalho
pode representar a energia cinética do fluido através da diferença entre a energia
cinética antes e depois da aplicação da força:
𝑚𝑣𝑓2 𝑚𝑣𝑖2
𝑊= −
2 2
Supondo que a velocidade inicial seja zero, ou seja, o fluido estava em repouso:
𝑣𝑓 = √2𝑎𝑑
Perceba que a velocidade final é sempre maior que a inicial, isso resulta no
comportamento da velocidade em relação a força aplicada ao fluido. Mas para
entendermos melhor o que essa relação quer dizer ampliaremos a equação para
representa-la em função da força e pressão aplicada.
𝐹𝑑 𝐹𝑑 2
𝑚(𝑣𝑓2 − 𝑣𝑖2 ) = 2𝐹𝑑 → 𝑣𝑓2 − 𝑣𝑖2 = 2 → 𝑣𝑓 = √2 + 𝑣𝑖2 → 𝑠𝑒 𝑣𝑖 = 0 → 𝑣𝑓 = √𝐹𝑑
𝑚 𝑚 𝑚
𝐹𝑑 𝑃𝐴𝑑 2
𝑣𝑓 = √2 = √2 = √𝑃𝑉𝑡
𝑚 𝑚 𝑚
54
distância exercida pelo trabalho, ou seja, a distância com que uma força foi aplicada ao
fluido, essa distância não é o comprimento do tubo.
Imagine uma seringa (sem agulha), quando você aperta o êmbolo o fluido é fluído pela
outra ponta (fluído significa jorrar). Neste caso, as equações que encontramos não são
válidas porque não temos um valor fixo de área pelo qual o fluido passa, a ponta da
seringa tem uma área muito menor do que o seu corpo. Mas a observação prática desta
situação é válida.
Quando você pressiona o êmbolo com pouca força o fluido sai devagar, mas quando você
aperta com força percebe que o fluido é fluído mais ferozmente, ou seja, a pressão que
você aplica no êmbolo resulta na velocidade de saída da seringa.
Tudo que foi apresentado a você antes teve cunho pedagógico, ou seja, eu queria abrir
sua mente para você perceber a relação existente entre pressão e velocidade. Mas o caso
apresentado antes não é um caso geral, é somente um único caso em particular, por
isso as equações apresentadas anteriormente não são de grande valor científico.
A mecânica dos fluidos procurar demonstrar casos gerais, que possam representar o
comportamento de um fluido em qualquer ocasião que pode envolver um tubo sinuoso,
55
atrito, subidas e descidas etc. Todas essas variáveis influenciam na velocidade final do
fluido, mas que a pressão e a força aplicada no fluido têm grande contribuição é fato.
𝜌𝑣𝐷 𝑣𝐷
𝑅𝑒 = = Viscosidade cinemática
𝜇 𝜈
56
Fonte: Sears Young
57
5.7 Linha de Corrente
O caso que apresentei no início desta aula de um tubo com área constante é um caso de
uma representação unidimensional de um escoamento, pois segundo Brunetti: “O
escoamento é dito unidimensional quando uma única coordenada é suficiente para
descrever as propriedades do fluido. Para que isso aconteça, é necessário que as
propriedades sejam constantes em cada seção. “
58
Fonte: Franco Brunetti
Neste caso o escoamento do fluido está dependendo de duas variáveis, o caso mais
comum que pode ser citado aqui é a diferença de áreas em partes do tubo.
59
E é nesse assunto que você acaba se deparando com um dos seus maiores terrores de
calouro: integrais simples, duplas e triplas. Olha o tio Stewart de volta.
5.9 Vazão
A velocidade média tenta linearizar todas as velocidades dentro do fluido, como se fosse
uma regressão linear, sendo que a velocidade real se comporta como se fosse uma
parábola (pois a camada superior e inferior tem velocidades nula) e a velocidade média
é uma seção reta.
A equação da vazão é:
𝑉
𝑄= 𝑜𝑢 𝑄 = 𝑣𝐴
𝑡
60
Utiliza-se a vazão como ponto de partida, onde: 𝑑𝑄 = 𝑣𝑑𝐴.
𝑄 = ∫ 𝑣𝑑𝐴 = 𝑣𝑚 𝐴
𝐴
1
𝑣𝑚 = ∫ 𝑣𝑑𝐴
𝐴 𝐴
Exemplo 4
𝑟 2
𝑣 = 𝑣 [1 − ( ) ] , 𝑣 = 𝑣𝑚á𝑥
𝑅
𝑑𝑄 = 𝑣𝑑𝐴
Com as coordenadas polares 𝑑𝐴 = 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 e os limites de uma área circular são, para o
ângulo, de 0 a 2π e, para o raio, de 0 a r.
A integral dupla foi adotada porque tanto o ângulo quanto o raio podem variar nesse
escoamento:
61
𝑅 2𝜋
𝑟2
𝑄=∫ ∫ 𝑣 [1 − ] 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 →
0 0 𝑅2
Fazendo 𝑄 = 𝑣𝑚 𝐴,
𝑅 2𝜋 𝑅 2𝜋
𝑟2 𝑟2
𝑣𝑚 𝐴 = ∫ ∫ 𝑣 [1 − 2 ] 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 → 𝑣 é 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 → 𝑣𝑚 𝐴 = 𝑣 ∫ ∫ [1 − 2 ] 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃
0 0 𝑅 0 0 𝑅
Distribui r,
𝑅 2𝜋 𝑅
𝑟3 𝑟3
𝑣𝑚 𝐴 = 𝑣 ∫ ∫ [𝑟 − 2 ] 𝑑𝑟𝑑𝜃 → 1° 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑔𝑟𝑎𝑙 → 𝑣𝑚 𝐴 = 𝑣2𝜋 ∫ [𝑟 − 2 ] 𝑑𝑟
0 0 𝑅 0 𝑅
Segunda integral
𝑅2 𝑅4 𝑅2 𝑅2 2𝑅 2 − 𝑅 2 𝑅2 𝑅2
𝑣𝑚 𝐴 = 𝑣2𝜋 [ − 2 ] = 𝑣2𝜋 [ − ] = 𝑣2𝜋 [ ] = 𝑣2𝜋 = 𝑣𝜋
2 4𝑅 2 4 4 4 2
2
𝑅2 2
𝑅2
𝑣𝑚 𝜋𝑅 = 𝑣𝜋 → 𝑣𝑚 𝑅 = 𝑣
2 2
Logo:
𝑣
𝑣𝑚 =
2
62
6. Outros assuntos da viscosidade –
Reometria e pseudoplástico
6.1 Comportamento pseudoplástico em polímeros
63
umas ligadas ás outras. Essa desorganização dificulta o movimento desse polímero, pois
ao observar o comportamento de um fluido newtoniano observa-se que suas camadas
favorecem o deslocamento do fluido com a aplicação de uma força tangencial, porém
um polímero concentrado não possui característica de uniformidade alguma e como
nesse caso em vez de camadas o estudo é baseado nas suas moléculas, a resistência delas
ao movimento é maior tanto por causa dos “enroscos” quanto por causa das forças
contrárias resultantes produzidas pelas moléculas.
Pode-se comparar essa reorganização das moléculas do polímero com a organização dos
elétrons contidos em um condutor, que primeiramente estão em disposição caótica e
não possuem um fluxo, mas após serem mantidos a uma diferença de potencial os
elétrons se rearranjam em uniformidade no sentido positivo (escassez de elétrons)
resultando numa corrente elétrica no condutor.
64
6.2 Como se mede a viscosidade (reometria)?
Cada reômetro tem sua forma de medição, ou seja, reômetros diferentes medem
diferentes tipos de dados e esses dados são relacionados a variáveis, como temperatura,
pressão, vazão, volume entre outras, que tem ligação com as propriedades reológicas do
material estudado.
65
7. Não desista, continue – A equação da
continuidade
7.1 Balanço de Massa
“A massa do universo (em estudo) não pode ser criada ou destruída”, essa lei já está
tatuada no nosso cérebro, então será fácil desvendá-la.
66
Veja que as áreas 𝐴1 e 𝐴2 formam dois cilindros, onde a base são as áreas e a altura é
formada por 𝑣𝑑𝑡. Veja que a equação da densidade é:
𝑚
𝜌=
𝑉
Como temos dois cilindros, temos também seus volumes que é base vezes altura: 𝑑𝑉 =
𝐴𝑣𝑑𝑡. Então podemos dizer que as massas nos dois pontos são:
𝑑𝑚1 = 𝑑𝑚2
Que fica:
𝜌1 𝐴1 𝑣1 𝑑𝑡 = 𝜌2 𝐴2 𝑣2 𝑑𝑡 → 𝜌1 𝐴1 𝑣1 = 𝜌2 𝐴2 𝑣2
Se fluido for incompressível sua densidade não irá variar, mas existem dois casos possíveis
que podem ser encontrados num escoamento: quando há mudança de densidade e
quando não há mudança.
𝜌1 𝐴1 𝑣1 = 𝜌2 𝐴2 𝑣2 𝐴1 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2
𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙 𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙
𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑆𝑒𝑚 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
67
7.4 Vazão (de novo)
A vazão é uma quantidade de volume que passa por um determinado ponto por unidade
de tempo, que pode ser descrita como:
𝑑𝑉
𝑑𝑚1 = 𝜌1 𝑑𝑉1 = 𝜌1 𝐴1 𝑣1 𝑑𝑡 → 𝜌𝑑𝑉 = 𝜌𝐴𝑣𝑑𝑡 → 𝜑 = 𝐴𝑣 =
𝑑𝑡
A vazão é igual a taxa de variação do volume com o tempo. Segundo Young (1): “Quando
a seção reta de um escoamento diminui, a velocidade aumenta e vice-versa. ”, ou seja,
a vazão em todo os pontos do tubo será a mesma, isso significa que a velocidade e a área
se equilibrarão entre si a fim de encontrar sempre o mesmo valor. Diminuir a área a
qual o fluido está significa aumentar sua velocidade e aumentar a área significa diminuir
a velocidade.
𝐹↑
𝑉𝑎𝑧ã𝑜: 𝐴 ↓ 𝑣 ↑ 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜: 𝑝 ↑=
𝐴↑
Como visto antes, assim como a velocidade aumenta a pressão aumenta também.
Podemos concluir que quando o fluido se submete a uma área pequena sua pressão está
aumentando, assim como na biologia o mais “concentrado” tende a se deslocar para o
68
menos “concentrado”, nesse caso estou querendo dizer que as moléculas ficam mais
apertadas (concentradas) e tendem a sair o mais rápido possível desse local.
Exemplo 5
O ar escoa num tubo convergente, a área da maior seção é 20 𝑐𝑚2 e da menor é 10 𝑐𝑚2 .
A massa específica do ar no ponto 1 é de 1,2 𝑘𝑔/𝑚3 e no ponto 2 é 0,9 𝑘𝑔/𝑚3 . Sendo 𝑣1 =
10 𝑚/𝑠, determinar a vazão em massa, peso e a velocidade na seção do ponto 2.
𝐴1 = 20 𝑐𝑚2 𝐴2 = 10 𝑐𝑚2
𝜌1 = 1,2 𝑘𝑔/𝑚3 𝜌2 = 0,9 𝑘𝑔/𝑚3
𝑣1 = 10 𝑚/𝑠
Como a ar é um fluido compressível, sua densidade irá mudar de acordo com a situação:
𝐴1 𝑣1 𝜌1 = 𝐴2 𝑣2 𝜌2 → (20 𝑐𝑚2 )(10 𝑚/𝑠)(1,2 𝑘𝑔/𝑚3 ) = (10 𝑐𝑚2 )𝑣2 (0,9 𝑘𝑔/𝑚3 )
𝑣2 = 26,7 𝑚/𝑠
69
𝜑𝑚́ = (0,0267 𝑚3 /𝑠)(0,9 𝑘𝑔/𝑚3 ) = 0,02403 𝑘𝑔/𝑠
Exemplo 6
Um tubo admite água (𝜌 = 100 𝑘𝑔/𝑚3 ) num reservatório com vazão de 20 𝐿/𝑠 e ao mesmo
tempo óleo (𝜌 = 800 𝑘𝑔/𝑚3 ) por outro tubo com vazão de 10 𝐿/𝑠. A mistura homogênea é
escoada num tubo de área de 30 𝑐𝑚2 . Determinar a massa específica da mistura e sua
velocidade.
Listando valores:
A velocidade fica:
70
1 𝑚3 𝐿
𝜑3 = 𝐴𝑣 → 𝑣 =
𝜑3
= 1000 𝐿 30 𝑠 =
0,03 𝑚3 /𝑠
= 10𝑚/𝑠
𝐴 1 𝑚2 2 0,003 𝑚2
30 𝑐𝑚
10000 𝑐𝑚2
𝜑𝑚3 28 𝑘𝑔/𝑠
𝜑𝑚3 = 𝜌3 𝜑3 → 𝜌3 = = = 933,33 𝑘𝑔/𝑚3
𝜑3 0,03 𝑚3 /𝑠
Exemplo 7
a) O gradiente de velocidade em 𝑦 = 2 𝑐𝑚
71
d) A vazão em massa
𝑑𝑣 𝑑
𝑣 = 30𝑦 − 𝑦 2 → = [30𝑦 − 𝑦 2 ] = 30 − 2𝑦 = 30 − 2(2) = 26 𝑠 −2
𝑑𝑦 𝑑𝑡
𝑁 0,9 𝑘𝑔𝑚/𝑠 2
𝜇 = 𝜈𝜌 → 𝑛ã𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒 𝑑𝑒 𝜌 → 𝛾 = 0,9 = = 900 𝑘𝑔/𝑠 2 𝑚2
𝐿 0,001 𝑚3
𝛾 900 𝑘𝑔/𝑠 2 𝑚2
𝜌= = = 90 𝑘𝑔/𝑚3
𝑔 10 𝑚/𝑠 2
𝜇 = 𝜈𝜌 = (0,7 𝑐𝑚2 /𝑠)(90 𝑘𝑔/𝑚3 ) = (7 × 105 𝑚2 /𝑠)(90 𝑘𝑔/𝑚3 ) = 0,0063 𝑁/𝑚2
𝑑𝑣
𝜏=𝜇 = (0,0063 𝑘𝑔/𝑠𝑚)(30 𝑠 −2 ) = 0,189 𝑁/𝑚2
𝑑𝑦
1 5 1 𝑟 2
1 𝑟 2
1 𝑟2 𝑟3
𝑣𝑚 = ∫ 𝑣𝑑𝐴 = ∫ [30𝑦 − 𝑦 ]𝑏𝑑𝑦 = ∫ [30𝑦 − 𝑦 ]𝑑𝑦 = [30 − ]
𝐴 0 𝑟𝑏 0 𝑟 0 𝑟 2 3
b = base 𝑟2 52
r = raio 𝑣𝑚 = 15𝑟 − = 15(5) − = 66,7 𝑐𝑚/𝑠
3 3
72
8. Treinamento de cães – Exercícios
resolvidos
Questão 1
E. X, Y, Z e W são iguais
73
Se o líquido é o mesmo, então em todos os recipientes a densidade é a mesma, que
vamos chamar de 𝜌. O enunciado também afirma que a temperatura 𝑇 também é a
mesma em todos eles.
𝑃=𝑃_𝑎𝑡𝑚+𝜌𝑔𝑦
Letra E)
Questão 2
A. 0,1
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥
ℎ
B. 0,2
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥
ℎ
C. 1,8
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥
ℎ
D. 2,0
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥
ℎ
E. 2,2
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥
ℎ
74
O enunciado diz que o módulo da tensão cisalhante deve estar a uma distância de h/10
das placas, ou seja, o valor da tensão cisalhante está 0,1 h distante de qualquer uma
das placas, então o restante pertence a nossa análise. Então, dividimos a altura em h
para os dois lados, como foi dado a distância de h/10, então divide-se o h em dez
partes, logo h/10 é a parte não analisada e 9h/10 será parte de nosso estudo.
𝑑𝑣
𝜏=𝜇
𝑑𝑦
𝑑𝑣 𝑦 2 𝑑 𝑦2 𝑑 𝑦
= 𝑣𝑚𝑎𝑥 [1 − ( ) ] = [𝑣𝑚𝑎𝑥 − 𝑣𝑚𝑎𝑥 2 ] = −2𝑣𝑚𝑎𝑥 2
𝑑𝑦 ℎ 𝑑𝑦 ℎ 𝑑𝑦 ℎ
𝑦 9ℎ 9 𝑣𝑚𝑎𝑥
𝜏 = 𝜇 (−2𝑣𝑚𝑎𝑥 2
)→𝑦= → 𝜇 (−2𝑣𝑚𝑎𝑥 ) = 𝜇 (−1,8 )
ℎ 10 10ℎ ℎ
Aplicando módulo:
𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥 𝜇𝑣𝑚𝑎𝑥
|𝜏| = |−1,8 | → |𝜏| = 1,8
ℎ ℎ
Letra C)
Questão 3
75
A. 125 𝑐𝑚/𝑠
B. 1125 𝑚𝑚/𝑠
C. 1,4 𝑚/𝑠
D. 110 𝑐𝑚/𝑠
E. 13 𝑑𝑚/𝑠
Segundo Reynolds:
𝑣𝐷
> 2400
𝜈
Logo:
Letra C)
Questão 4
A. 𝑣1 = 𝑣2
B. 𝑣1 = 3𝑣2
C. 𝑣1 = 3 𝑣2
1
D. 𝑄1 > 𝑄2
E. 𝑄1 < 𝑄2
76
As áreas são relacionadas assim:
1
𝐴1 = 𝐴
3 2
1 1
𝐴1 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2 → 𝐴2 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2 → 𝑣1 = 𝑣2
3 3
𝑣1 = 3𝑣2
Letra B)
Questão 5
Uma placa quadrada de 1 𝑚 de lado e 100 𝑁 de peso desliza sobre uma película de óleo
em plano inclinado de 30°. A velocidade da placa é constante e igual a 4 𝑚/𝑠. Qual é a
viscosidade dinâmica do óleo se a espessura da película é 3 𝑚𝑚?
O peso da placa é como se fosse uma força exercida sobre o fluido, mas para acharmos
a força que realmente nos importa, ou seja, a força tangencial precisaremos decompor
essa força, utilizando sua decomposta em relação ao eixo x.
77
Como a distância entre as duas superfícies que espremem o fluido é de 3 mm pode-se
usar a equação mais light da tensão de cisalhamento em relação a viscosidade dinâmica:
𝑣0 𝜀 0,003 𝑚
𝜏=𝜇 → 𝜇 = 𝜏 = (50 𝑁/𝑚2 ) = 0,0375 𝑁𝑠/𝑚2
𝜀 𝑣0 4 𝑚/𝑠
Questão 6
A)
𝑑𝑣 𝑑
= [3𝑦 2 ] = 6𝑦
𝑑𝑦 𝑑𝑦
B)
1 1 1 𝐻 1 1 𝐻3
𝑣𝑚 = ∫ 𝑣𝑑𝐴 = ∫ ∫ 3𝑦 2 𝑑𝑦𝑑𝑥 = ∫ 𝐻 3 𝑑𝑥 =
𝐴 𝐴 𝐴 0 0 𝐴 0 𝐴
78
𝐻3
𝑣𝑚 = → 𝑣𝑚 = 𝐻 3
1 𝑚2
C)
𝑉 1 𝑚3
𝑄= = = 1,11 × 10−3 𝑚3 /𝑠
𝑡 900 𝑠
3 𝑄
𝑄 = 𝐴𝑣𝑚 → 𝑣𝑚 = 𝐻 3 → 𝐻 = √ = 0,1 𝑚
𝐴
D)
Para y = 0,
𝑑𝑣
𝜏=𝜇 = 𝜇6𝑦 = 0
𝑑𝑦
Para y = H/3
𝑑𝑣
𝜏=𝜇 = 𝜇6𝑦 = 𝜇2𝐻 = 3,38 × 10−5 𝑁/𝑚2
𝑑𝑦
Para y = H/2
𝑑𝑣
𝜏=𝜇 = 𝜇6𝑦 = 𝜇3𝐻 = 5,07 × 10−5 𝑁/𝑚2
𝑑𝑦
Para y = H
𝑑𝑣
𝜏=𝜇 = 𝜇6𝑦 = 𝜇6𝐻 = 1,014 × 10−4 𝑁/𝑚2
𝑑𝑦
E)
79
F)
Podemos observar que com y = 0, o valor da tensão foi zero, isso porque y = 0 é o fundo
da calha onde as camadas do fluido não estão em “movimento” e consequentemente
não causam tensão de cisalhamento. Mas ao aumentar o valor de y até chegar em H a
tensão foi aumentando cada vez mais.
Com velocidade alta na camada da superfície do fluido, pela terceira lei de Newton, a
resposta da tensão de cisalhamento será alta na mesma medida.
Questão 7
80
Analisando com calma o comportamento dos fluidos, tem-se:
A pressão atmosférica está descendo e a pressão do mercúrio está descendo, mas no óleo
a sua pressão está subindo e em seguida a pressão do mercúrio no outro lado está
descendo e, por fim, a pressão do Ar está subindo.
𝑝𝑎𝑡𝑚 𝑝𝐻𝑔1 −𝑝𝑜𝑙𝑒 𝑝𝐻𝑔2 −𝑝𝐴𝑟
=0
𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒 𝑠𝑜𝑏𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒 𝑠𝑜𝑏𝑒
Portanto temos:
Ou
81
9. Equacionando o seu desespero – A equação
de Bernoulli
9.1 Balanço de Energia
Na aula anterior foi observado que a massa do universo não pode ser criada nem
destruída, ou seja, definimos o balanço de massa. Agora é hora de entender o balanço
de energia, onde deveremos utilizar dos conceitos de termodinâmica para poder
entender o que ocorre.
Segundo Smith (11): “Correntes escoando para dentro e para fora do volume de
controle têm associada a elas, energia em suas formas interna, potencial e cinética. E
todas contribuem para a variação de energia do sistema. ”
Segundo Smith (11): “Cada unidade de massa de uma corrente carrega consigo uma
energia total 𝑈 + 2 𝑢2 + 𝑧𝑔, onde u é a velocidade média da corrente, z é a sua elevação
1
Levando em consideração dois pontos em um tubo, essas energias ditas acima serão
analisadas no ponto 1 e no ponto 2, isso leva a uma variação (∆). Além disso, deve se
82
considerar que o fluido também pode realizar trabalho, através da variação de pressão,
e também fazer troca de calor. Todas essas energias em conjunto fazem parte de uma
só, que resume todas, ela é a energia interna. Aqui a variação de energia interna será
colocada em sua forma diferencial, pois essa energia representa cada ponto no fluido
fazendo com que o fluido seja infinitos pontos dentro do tubo. A equação fica então:
𝑑𝑈𝑚 1
= −∆ [(𝑈 + 𝑢2 + 𝑧𝑔 − 𝑊) 𝑚̇] + 𝑄̇ + 𝑊̇
𝑑𝑡 2
Perceba que além da taxa de trabalho, também foi colocado um outro trabalho dentro
dos colchetes, mas o que isso quer dizer? Isso significa que 𝑄̇ , 𝑊̇ e , são variáveis que
𝑑𝑈𝑚
𝑑𝑡
indicam qual o estado atual do fluido, ou seja, elas indicam a situação do fluido, enquanto
aquelas que estão dependendo do delta (∆), são variáveis que vem das correntes que
chegam no fluido e não do próprio fluido, que é o nosso sistema.
O valor das energias ficou negativo, pois como estamos analisando no ponto 1 e 2
significa que estamos levando em consideração o ponto 1 menos o ponto 2, ou seja, o
que entra menos o que sai, o que é a lógica de um escoamento num tubo.
Calor e trabalho estão representados por taxa, pois estão relacionados com o tempo, ou
seja, a quantidade de calor em relação ao tempo, assim como a massa também. Pois
estamos falando de um escoamento, muita coisa muda com o tempo.
Porque a energia interna está na forma diferencial enquanto as outras energias não?
Como dito antes, a energia interna representa infinitos ponto do fluido, porem as outras
energias representam somente dois pontos.
Qual a diferença entre a energia interna diferencial ( ) e a comum (∆𝑈) que estão na
𝑑𝑈𝑚
𝑑𝑡
equação? A energia interna como uma função de estado (∆𝑈) é a energia interna que
vem de uma corrente que chega e sai do sistema, já a energia interna diferencial
representa todo o sistema analisado por você, do início ao fim.
83
A função de estado da energia interna
representa o ponto 1 e 2, ou seja, a chegada
e a saída do sistema. Enquanto a energia
interna diferencial representa todo o
sistema.
Existem dois tipos de trabalho, porque existe o trabalho que entra no sistema, que está no
sistema e o que sai do sistema, o que entra e o que sai é a função de estado (𝑊) enquanto
o outro é o valor correspondente ao sistema em si (𝑊̇ ).
𝐻 = 𝑈 + 𝑃𝑉
E trabalho é 𝑊 = −𝑃𝑉
𝑑𝑈𝑚 1
+ ∆ [(𝐻 + 𝑢2 + 𝑧𝑔) 𝑚̇] = 𝑄̇ + 𝑊̇
𝑑𝑡 2
A partir dessa equação se encontra muitas outras, cada uma para um caso específico.
Logo iremos definir o balanço de energia para o caso que estamos querendo desvendar:
energia mecânica de um fluido.
9.3 Interpretação
𝑑𝑈𝑚 1 𝑑𝑈𝑚
+ ∆ [(𝐻 + 𝑢2 + 𝑧𝑔) 𝑚̇] → + ∆𝐻𝑚 + ∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
84
propriedades do fluido não mudam e como a energia interna é o resultado de todas as
energias do sistema, a sua diferença será zero. Já no caso das taxas de trabalho, estamos
falando da mudança de trabalho e calor com o tempo, o que pode ocorrer sem mudar
as características do fluido. Portanto a equação fica:
Como a entalpia é importante para transferência de calor, não podemos mais chamar
𝑄 de calor, vamos nomeá-lo de energia mecânica:
85
𝑚𝑣 2
∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 + 𝑃𝑉 = 𝐸𝑚𝑐 → + 𝑚𝑔𝑧 + 𝑃𝑉 = 𝐸𝑚𝑐
2
𝑚1 𝑣12 𝑚2 𝑣22
+ 𝑚1 𝑔𝑧1 + 𝑃1 𝑉1 = + 𝑚2 𝑔𝑧2 + 𝑃2 𝑉2
2 2
𝑚1 𝑣12 𝑚1 𝑚2 𝑣22 𝑚2
+ 𝑚1 𝑔𝑧1 + 𝑃1 = + 𝑚2 𝑔𝑧2 + 𝑃2
2 𝜌1 2 𝜌2
𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
+ 𝑧1 + = + 𝑧2 + Cada lado da igualdade chama-se
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
Carga Manométrica do ponto x.
(𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐵𝑒𝑟𝑛𝑜𝑢𝑙𝑙𝑖)
Perceba que todas as unidades dessa equação serão em metros, como será mostrado
abaixo:
𝑘𝑔 𝑚 𝑘𝑔 𝑚
𝑚2 𝑠2 𝑚2 𝑠2
𝑠 + 𝑚 + 𝑚 = 𝑠2 + 𝑚 +
2 2 𝑚2 → 𝑚 = 𝑚
𝑚 𝑚 𝑘𝑔 𝑚 𝑚 𝑘𝑔
𝑠2 2
𝑠 𝑚 3 𝑠 2
𝑠 2 𝑚3
Porém essa é uma unidade da consequência dos dados realizados por Bernoulli, o que
importa é de onde essa equação veio: do balanço de energia. Portanto, o resultado
86
expresso por essa equação representa a energia total do sistema no determinado ponto,
mesmo a unidade estando em metros.
Uma curiosidade: existe uma técnica de Equações Diferenciais Ordinárias (EDO) chamada
Equações de Bernoulli.
Exemplo 8
Utilizando a equação de Bernoulli, temos que o eixo horizontal segue contínuo por dentro
do tubo, ou seja, os centros geométricos de (1) e (2) são os mesmos. Z é a posição dos
centros, portanto 𝑧1 − 𝑧2 = 0.
imagem do exemplo e os dados da questão você percebe que a área de [2] é menor que
87
a de [1], se as vazões são as mesmas em [1] e [2] e se a área diminuiu em [2], então a
velocidade em [2] é maior do que em [1].
No caso da pressão, observe o manômetro, veja que em [2] o mercúrio está mais em
cima enquanto que em [1] o mercúrio está mais abaixo, isso quer dizer que a pressão
sendo exercida no mercúrio em [1] é maior do que em [2].
A pressão pode ser descoberta pelo manômetro com mercúrio ligado no tubo:
𝑃1 = −𝛾𝐻2 𝑂 ℎ + 𝛾𝐻𝑔 ℎ + 𝑃2
As cotas são as mesmas para a água e mercúrio, muda somente a forma de representa-
la, pois, o teorema de Stevin afirma que em qualquer ponto do fluido a pressão será a
pressão da superfície mais 𝜌𝑔ℎ, e a superfície da água não está no tubo, está de encontro
com a superfície do mercúrio, pois não há nenhuma pressão significativa na água dentro
do tubo.
𝐴2 10 𝑐𝑚2 0,001 𝑚2 𝑣2
𝑣1 = 𝑣2 = 𝑣2 = 𝑣2 =
𝐴1 20 𝑐𝑚2 0,002 𝑚2 2
88
Não era necessário transformar de 𝑐𝑚2 para 𝑚2 , porém é importante não esquecer que
as unidades devem ser compatíveis, veja que a velocidade está em 𝑚2 /𝑠 2 .
𝑣22 3
v22 − = 25,20 → 𝑣22 = 25,20 → 𝑣2 = √33,6 = 5,8 𝑚/𝑠
4 4
Como as vazões são iguais em [1] e em [2] por causa da equação da continuidade, não
necessitamos conhecer o valor da velocidade em [1], portanto:
Segundo método
Há outra forma de resolver esse exercício que o livro não expõe, é o que veremos agora.
A velocidade pode ser representada pela vazão dividida pela área, pois 𝑄 = 𝐴𝑣.
𝑄2 2 𝑄1 2
( ) − ( ) = 25,20 𝑚2 /𝑠 2
𝐴2 𝐴1
𝑄2 2 𝑄2 2
( ) − ( ) = 25,20 𝑚2 /𝑠 2
𝐴2 𝐴1
Desmembrando:
89
1,008 × 10−10 𝑚10 /𝑠 2
𝑄22 = = 3,36 × 10−6 𝑚6 /𝑠 2
3 × 10−6 𝑚4
𝑄2 = √3,36 × 10−6 𝑚6 /𝑠 2 = 5,8 × 10−3 𝑚3 /𝑠 = 5,8 𝐿/𝑠
90
10. Uma pausa - Semelhança, Análise
Dimensional e Teorema Pi
10.1 Problemática
Na engenharia, muitos casos não se acomodam às equações descritas por modelos ideias
ou diferenciais, ou seja, a descrição do comportamento de um objeto de estudo em um
certo local através de modelos matemáticos diferenciais e integrais não é o suficiente.
Geralmente, isso ocorre diante do fato das situações exigirem uma análise e observação
mais simples, evitando toda a complexidade das equações diferenciais e parciais;
portanto, para esses casos, é abordado a análise dimensional, onde as observações
prezam por parâmetros ligados ao objeto de estudo. Esse objeto é relacionado aos
parâmetros que podem ser: altura, diâmetro, rugosidade, volume, entre outros, e,
através dessa relação, encontrar dados coerentes com o comportamento do objeto de
estudo no meio especificado.
A análise dimensional é aplicada em inúmeros estudos e pesquisas, mas neste caso o foco
de estudo são os fluidos, que por muitas vezes não podem ser perfeitamente modelados
e estudados através das diferenciais, exigindo-se uma análise das dimensões. Essa análise
utiliza de sistemas de dimensões e de equações, ou seja, os parâmetros observados
possuem suas variáveis e, então, se faz troca das variáveis pelas suas respectivas
dimensões, por exemplo, a massa independente de natureza e unidade é representado
91
pela dimensão M e o mesmo se segue para comprimento (L), tempo (t), temperatura
(T) e força (F). Quando se quer representar outros casos, como volume ou área, utiliza-
se o sistema de dimensões também, por exemplo, L3 para volume, L2 para área, M/L3
para densidade, entre outros. Uma equação vinda da análise dimensional pode ser
apresentada como abaixo:
𝐹 = 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 ⋯ 𝑥𝑛 )
Ou seja, no princípio de uma análise dimensional, deve-se ter um olhar crítico para
encontrar a maior quantidade de parâmetros necessários para descrever o
comportamento do objeto de estudo. Após a definição dessa equação, então, é aplicado
metodologias para o desenvolvimento da mesma.
10.3 Teorema Pi
Este teorema expõe que uma equação, que será obtida após análise, contendo k
parâmetros pode ser reduzida a k – r conjuntos adimensionais que independem entre
si, onde r é a quantidade de dimensões necessárias para descrever esses parâmetros. Por
exemplo, se a equação a ser estudada possui como parâmetros área e densidade então
suas dimensões são L2 e M/L3, portanto percebe-se que para definir área e densidade
foram necessários somente duas dimensões: L e M, logo, neste caso, r = 2. É perceptível
que k também é igual a 2, isso demonstra o quão é importante um análise detalhada
92
para se ter o máximo de parâmetros necessários que envolvam o objeto de estudo, pois
isso aumentará a possibilidade de modelagem do comportamento do mesmo. Este
teorema tem esse nome por que a representação dos parâmetros da equação é feita
através do símbolo Pi.
(𝐿2 )𝑎 (𝑀𝐿−3 )𝑏 = 𝑀0 𝐿0
10.4 Importância
93
10.5 Semelhança
94
11. Colocando o seu sofrimento em prática -
Máquinas
11.1 Os desprezos reconsiderados
O livro base destas aulas aborda na sua didática a reconsideração de alguns pontos que
foram desprezados quando a equação de Bernoulli foi construída. Isso porque buscou-se
a representação mais simples possível do balanço de energia num escoamento. Agora que
já obtemos a equação de Bernoulli, podemos acrescentar algumas situações a mais para
incrementarmos a equação. Dessa forma a equação é cada vez mais usada para
modelagem de escoamentos reais.
11.2 Máquinas
Esta aula não abordará de forma aprofundada os estudos das máquinas, porém aqui
podemos introduzi-las para observar o efeito delas sobre a modelagem do
comportamento de fluidos. Para isso Brunetti afirma que máquina, neste estudo, será:
“qualquer dispositivo introduzido no escoamento, o qual forneça ou retire carga dele, na
forma de trabalho. ”
95
Esta definição simples é o suficiente para estudarmos o efeito de máquinas sobre os
escoamentos, pois não é necessário conhecer com profundidade as características da
máquina presente no escoamento.
Aqui vamos abordar dois tipos de máquinas que podem estar presentes num escoamento:
bombas e turbinas. Uma é o inverso da outra, enquanto que a bomba fornece energia ao
escoamento (essa energia digamos que é um impulso, energia cinética) a turbina retira
energia.
11.2.1 Bombas
As bombas mais comuns são aquelas que podem ser vistas o tempo todo no nosso dia a
dia. Bombas de água são muito usadas em casa quando a rede de água está fraca, outros
tipos de bombas também são aquelas usadas em máquinas de lava a jato e até as piscinas
usam bombas para a troca de águas.
11.2.2 Turbinas
O exemplo mais clássico e óbvio de todos é a turbina de um avião, mas também podemos
citar as turbinas das usinas hidrelétricas. Resumindo, uma turbina é o oposto de uma
bomba. Imagine se em vez da energia elétrica acionar a bomba, a velocidade do
escoamento produziria energia cinética nas pás da bomba e essa energia cinética pudesse
ser transformada em elétrica. Bom, isso é a função da turbina.
96
A turbina de uma usina hidrelétrica usa da queda de grande impacto (energia potencial)
e velocidade da água sobre suas pás, isso produzirá uma grande energia cinética, que
pode ser vista pela grande velocidade que as turbinas atingem. Então, como essas
turbinas estão ligadas a um gerador síncrono, pela Lei de Maxwell, teremos uma força
eletromotriz formando uma ddp e consequentemente uma corrente elétrica alternada.
Estudos da eletricidade. Esse impacto com certeza fará a água sair da turbina com uma
velocidade bem menor.
97
11.2.3 Bomba x Turbina
98
11.4 Cargas manométricas do escoamento
Agora que temos a equação de Bernoulli, sabemos que dois pontos do escoamento de um
fluido podem ser representados pelas cargas manométricas (H). Caso não houvesse
nenhuma máquina no meio do escoamento com certeza a carga manométrica no ponto
1 seria igual no ponto 2.
𝐻1 = 𝐻2
𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
+ 𝑧1 + = + 𝑧2 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
A adição de uma máquina no escoamento fará com que haja uma adição de mais uma
carga manométrica, pois a máquina terá suas próprias energia cinética, potencial e
trabalho assim como o fluido. Logo:
𝐻1 + 𝐻𝑀 = 𝐻2
Se a máquina for uma bomba (𝐻𝐵 ), então será uma carga somada pois a bomba está
transformando energia para acelerar o fluido, mas se for uma turbina (𝐻𝑇 ), será uma
carga subtraída pois a turbina está retirando energia do fluido.
𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 → 𝐻1 + 𝐻𝐵 = 𝐻2
𝑀á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 {
𝑇𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 → 𝐻1 − 𝐻𝑇 = 𝐻2
99
11.6 Potência e rendimento de máquinas
Não, não é aquele rendimento de máquinas que você viu na termodinâmica, aquele é um
rendimento envolvendo máquinas térmicas com calores e temperaturas diferentes. Aqui
estamos falando de rendimento voltado a potência da máquina.
A potência ideal é
A potência real é descrita como: um valor dado
original da bomba.
𝑃𝑜𝑡 = 𝛾𝑄𝐻𝑀
Exemplo 9
O reservatório de grandes dimensões fornece água para o tanque indicado na figura com
uma vazão 10 𝐿/𝑠. Verificar se a máquina instalada é bomba ou turbina e determinar
sua potência se o rendimento é 75 %, supor fluido ideal. Dados: 𝛾𝐻2 𝑂 = 104 𝑁/𝑚3 , 𝐴𝑇𝑢𝑏𝑜 =
10 𝑐𝑚2 , 𝑔 = 10 𝑚/𝑠 2 .
100
Utilizando a equação das cargas de um escoamento:
𝐻1 + 𝐻𝑀 = 𝐻2
𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
+ 𝑧1 + + 𝐻𝑀 = + 𝑧2 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
Veja na imagem que o eixo está traçado na máquina, então temos uma diferença de
altura no ponto 1 e 2, logo 𝑧1 = 20 𝑚 e 𝑧2 = 5 𝑚. A pressão não varia, pois no ponto 1 o
tanque está aberto a atmosfera e no ponto 2 a saída também está aberta a atmosfera,
por causa disso as pressões irão se cancelar dos dois lados.
𝑣12 𝑣22
+ 𝑧1 + 𝐻𝑀 = + 𝑧2
2𝑔 2𝑔
A velocidade no ponto 1 é zero. Imagine que o primeiro tanque é tão grande que a altura
do fluido não muda com a saída dele, então a posição 1 não vai mudar e como a
velocidade é derivada da posição, a velocidade é zero.
No ponto 2 com certeza tem velocidade, se não a vazão seria zero e o fluido não seria
transferido para o segundo tanque. Ela pode ser calculada através da equação da
continuidade.
Não se pode pré-julgar se a máquina da questão é uma bomba ou uma turbina. Uma
bomba poderia muito facilmente fazer o que está sendo apresentado no desenho e uma
turbina também através da energia potencial da água do primeiro tanque. Então, temos
que:
𝑃𝑜𝑡𝑇
0,75 = → 𝑃𝑜𝑡𝑇 = (0,75)(104 𝑁/𝑚3 )(10 𝐿/𝑠)(10 𝑚)
𝛾𝑄𝐻𝑇
101
Inconsistência de unidades, convertendo as unidades fica:
102
12. Desvendando mínimos detalhes - Perda de
carga, Escoamento multipontos e Diagrama de
velocidades.
12.1 Atrito
O atrito é discutido desde muito tempo na física. O atrito é uma forma de dissipação
de energia, é uma energia perdida, não aproveitável, é a resultante de forças contrárias
ao movimento do objeto de estudo. O atrito não está ligado somente a uma bola rolando
pelo chão, os fluidos também possuem atrito, o que já conhecemos por viscosidade.
Porém, o atrito interno dos fluidos é um atrito que atua contra qualquer corpo estranho
no fluido, o que será discutido agora será o atrito que vai de contra o fluido.
Não importa o quão liso e perfeito seja a tubulação a qual o fluido escoa, há um atrito.
Esse atrito possui energia, e essa energia pode ser representada por uma carga
manométrica.
Você já deve ter percebido que a equação de Bernoulli foi modelada para representar
um escoamento estacionário de um fluido, com algumas considerações. Então porque
usamos essa mesma equação para uma bomba e para o atrito também?
103
Revisando, as considerações para a equação de Bernoulli são: fluido incompressível, sem
qualquer tipo de perda de energia (atrito, máquina e calor), tubo com seção uniforme e
escoamento estacionário. Vamos analisar essas considerações nos casos em questão.
Mesmo que estejamos falando de uma máquina e atrito, a carga manométrica vindo
delas ainda sim representa o fluido, como?
12.3 As máquinas
Uma máquina é uma simples “joça” que fica no meio do caminho do fluido. Vamos
imaginar os limites de uma bomba entre os pontos 1 e 2. A vazão que entra na máquina
será a mesma de saída, imagine a máquina como um cano, então o que entra no cano,
sai do cano. Neste caso a equação da continuidade já é respeitada. Se o fluido for
estacionário, então o fluido que está na máquina também é estacionário. Uma condição
já foi.
Logo, a equação de Bernoulli irá representar o fluido que está dentro da máquina, pois
o fluido que está na máquina tem energia cinética, potencial e trabalho diferentes do
fluido que está no escoamento comum.
É um pouco mais difícil de pensar no atrito, porque sempre o vemos como uma coisa
parada no chão. Mas agora com a adição do atrito o fluido será divido em fluido afetado
pelo atrito e fluido não afetado.
104
O fluido afetado pelo atrito possui uma energia cinética, potencial e trabalho diferentes
do fluido não afetado. Perceba, que o atrito não está sendo diretamente calculado, o que
está sendo calculado é o fluido afetado, nessa jogada o atrito continua sendo desprezado,
pois estamos simplesmente calculando o mesmo fluido com valores de energia diferentes.
Sim, esse fluido afetado é a camada limite.
Perceba a estratégia desses caras, eles continuam desprezando atrito, máquina etc.,
através de em vez de calcular o atrito, a máquina ou o que quer que seja, calcular o
fluido afetado. Então, já sabe né? A equação de Bernoulli sempre irá representar somente
fluidos, nada de máquinas, atrito, fluxo de calor ou qualquer coisa do gênero.
105
12.6 Perda de carga
Não estamos aqui somente para discutir sobre atrito, na verdade ele serviu como uma
introdução, pois o que realmente quero apresentar a você é a perda de carga.
A perda de carga pode ser resultante de: atrito e/ou mudança de fluxo. A mudança de
fluxo é quando o escoamento sofre uma mudança de direção, como uma curva, ventures
ou queda, quando o escoamento se divide, como em tubulações de união ou separação,
e quando o escoamento sofre retenções, como em caso de válvulas.
106
A perda de carga por ser classificada em dois tipos: distribuída e localizada. A perda de
carga distribuída tem como exemplo o atrito, que é a perda de carga ao longo da
tubulação, e a perda de carga localizada pode-se ter como exemplo equipamentos,
tubulações de desvios, curvas etc.
𝐻1 − 𝐻𝑃𝐶 = 𝐻2
Onde:
A perda de carga é representada assim como uma turbina. Sempre se subtrai o ponto
1, pois o ponto 1 representa a entrada e o desenvolvimento do escoamento e o ponto
2 representa o resultado desse escoamento, ou seja, a saída do fluido. Podemos adicionar
sem problemas uma máquina a essa equação, para a imagem abaixo:
107
𝐻1 = 𝐻2
𝐸1 + 𝐸2 + 𝐸3 = 𝐸𝐴 + 𝐸𝐵 + 𝐸𝐶
∞ ∞
∑ 𝐸𝑖𝑛 = ∑ 𝐸𝑜𝑢𝑡
𝐸=0 𝐸=0
𝑣12
Como antes não havia atrito nem o princípio de aderência, é uma equação que
2𝑔
representa um perfil de velocidade pistonado (reto que nem uma tábua) e agora não
serve para representar o caso real.
Tudo que representa um caso real deve estar na sua forma infinitesimal, porque é mais
fácil você usar uma integral para representar um desenho super escroto do que tentar
inventar uma formula geométrica como de um cubo ou cilindro.
𝑑𝑚 2
𝑑𝐸𝐶 = 𝑣
2
108
Quando você começa a estudar termodinâmica você demora para se acostumar com o
fato de que quase todos os cálculos estão em taxa de fluxo, aí você esquece de que potência
é energia sobre o tempo e que potência e taxa de trabalho é a mesma coisa.
Aqui vamos usar taxa de energia cinética também, pois estamos falando de um
escoamento, não? Hello! Fluxo de fluidos...
A taxa de energia cinética será representada pela letra C, não esqueça que taxa significa
alguma coisa sobre o tempo.
𝑑𝑚 2
𝑑𝐶 = 𝑣
𝑑𝑡2
Já conhecemos aquele 𝑑𝑚/𝑑𝑡 de algum lugar, hein. Isso mesmo, é a vazão mássica. Logo:
𝑑𝑚 𝑣2 𝜌𝑣 3
= 𝑑𝑄𝑚 = 𝜌𝑑𝑄 = 𝜌𝑣𝑑𝐴 → 𝑑𝐶 = 𝜌𝑣𝑑𝐴 → 𝑑𝐶 = 𝑑𝐴
𝑑𝑡 2 2
Você sabe o que acontece quando você ver derivada dos dois lados né? Saudades de
cálculo? Cuidado, ele pode voltar na forma de cálculo renal.
𝜌𝑣 3
𝐶=∫ 𝑑𝐴
2
Integrar aquela coisa é fácil, mas tem um porém: se o princípio da aderência já está
valendo, isso significa que a velocidade será diferente em cada ponto do fluido.
Com isso uma grande inovação nunca vista antes foi formulada, para “tapar esse
buraco”: uma constante.
109
𝜌𝑣 3 3
𝜌𝑣𝑚 𝐴
∫ 𝑑𝐴 = 𝛼 ρ é constante
2 2
2 𝜌𝑣 3 1 𝑣 3
𝛼= 3 ∫ 𝑑𝐴 = ∫ ( ) 𝑑𝐴
𝜌𝑣𝑚 𝐴 2 𝐴 𝑣𝑚
𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
𝛼1 + 𝑧1 + = 𝛼2 + 𝑧2 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
(𝑁𝑜𝑣𝑎 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐵𝑒𝑟𝑛𝑜𝑢𝑙𝑙𝑖)
𝑟 2
𝑣 = 𝑣𝑚á𝑥 [1 − ( ) ]
𝑅
𝑟 1/7
𝑣 = 𝑣𝑚á𝑥 (1 − )
𝑅
110
13. Treinamento de cães – Exercícios
resolvidos
Questão 1
Cada canto numerado da imagem representa uma situação diferente, e para modelar o
mais próximo possível da realidade vários pontos cada vez mais específicos deverão ser
adotados.
Ponto 1:
111
Velocidade nula Pressão atm
desconsiderada
𝑣12 𝑃1
𝐻1 = + 𝑧1 + = 0 + 24 + 0 = 24𝑚
2𝑔 𝛾
Pronto 2:
2
𝑄 2 0,01 𝑚3 /𝑠
(𝐴 ) 𝑃2 ( ) 0,16 × 106 (𝑁. 𝑚)
0,001 𝑚2
𝐻2 = + 𝑧2 + = +4+ = 25 𝑚
2𝑔 𝛾 2(10 𝑚/𝑠 2 ) 104 𝑁/𝑚3
O objetivo desta questão é saber se a máquina no sistema é uma bomba ou uma turbina,
então não necessitamos calcular todos os pontos para isso. Para isso resumimos o
caminho de todo o sistema com o ponto inicial e final, que são os pontos 1 e 4.
Mas porque diabos eu calculei o ponto 2? Calma meu caro leitor, isso se chama análise.
Nós podemos analisar o sentido que o fluido escoa através das comparações entre cargas
manométricas. Veja, o ponto 1 é 24 m e o ponto 2 é 25 m, por causa disso agora
sabemos que o sentido do escoamento é de 2 para 1, porque 𝐻2 > 𝐻1.
Se o escoamento está indo de 2 a 1, perceba que isso é uma subida, para isso acontecer
essa máquina só pode ser uma bomba.
𝐻4 + 𝐻𝐵 = 𝐻1
Mas também temos a perda de carga de 1 até 4, então como vou posicionar essa perda
de carga na equação? Veja que os últimos pontos do sistema são somente uma resultante
das cargas anteriores, então a carga do final é consequência do inicial (ora, equação de
Bernoulli é balanço de energia!), então a perda de carga está associada ao atrito, para
você saber o quanto de carga irá perder aonde devemos analisar? Nos pontos iniciais o
atrito ainda nem influenciou o escoamento, mas no final do escoamento o fluido terá
“sentido” mais o atrito, então a perda de carga é mais evidente. Concluindo: a perda
de carga é posicionada no final do escoamento que, neste caso, é no ponto 1.
𝐻4 + 𝐻𝐵 = 𝐻1 + 𝐻𝑝 4,1
Preste atenção como você escreve o índice subscrito da perda de carga, porque:
𝐻𝑝 4,1 ≠ 𝐻𝑝 1,4
112
No primeiro caso temos que a perda de carga ocorre do ponto 4 ao 1, mas no outro
lado o índice diz que a perda de carga ocorre do ponto 1 ao 4, que vai totalmente de
contra ao fato de que o fluido está subindo e não descendo o sistema.
𝑣42 𝑃4
𝐻4 = + 𝑧4 + = 0
2𝑔 𝛾
O ponto 4 está parado (velocidade nula) porque está num tanque, ou sei lá o que; o
ponto 4 está no eixo de referência, logo seu z será zero; o ponto 4 está num lugar aberto,
mas a pressão atmosférica é desconsiderada, logo o ponto 4 é igual a zero.
𝐻4 + 𝐻𝐵 = 𝐻1 + 𝐻𝑝 4,1
0 + 𝐻𝐵 = 24 + 2
𝐻𝐵 = 26 𝑚
O resultado positivo nos confirma que a máquina é uma bomba. Então agora podemos
determinar a sua potência:
𝑃𝑜𝑡 𝛾𝑄𝐻𝐵
𝜂𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 = =
𝑃𝑜𝑡𝐵 𝑃𝑜𝑡𝐵
𝛾𝑄𝐻𝐵 (104 𝑁/𝑚3 )(10 𝐿/𝑠)(26 𝑚) (104 𝑁/𝑚3 )(0,01 𝑚3 /𝑠)(26 𝑚) 𝑁𝑚
𝑃𝑜𝑡𝐵 = = = = 3,47 𝑘
𝜂𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 0,75 0,75 𝑠
𝑘𝐽
𝑃𝑜𝑡𝐵 = 3,47 = 3,47 𝑘𝑊
𝑠
Questão 2
Quais são as vazões de óleo em massa e em peso do tubo convergente da figura para
elevar uma coluna de 20 cm de óleo no ponto zero. Dados: desprezar perda de cargas,
𝛾ó𝑙𝑒𝑜 = 8000 𝑁/𝑚3 , 𝑔 = 10 𝑚/𝑠 2 .
113
Fonte: Franco Brunetti
Perceba que estamos querendo somente a vazão do óleo e nada mais. Temos somente
dois pontos, então o nosso objetivo é procurar a velocidade do escoamento, pois a área
já pode ser encontrada pelos dados da questão.
𝑃𝑜
𝑃𝑜 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝛾ó𝑙𝑒𝑜 ℎ → = ℎ = 20 𝑐𝑚
𝛾ó𝑙𝑒𝑜
Está vendo aquela pressão sobre o peso específico do óleo? É a mesma da equação de
Bernoulli né? Isso mesmo, essa jogada facilita a nossa vida de vez em quando, então da
próxima vez que você ver uma coluna aberta no escoamento, desconfie.
𝑃0 𝑣12 − 𝑣02
0,2 𝑚 = =
𝛾 2𝑔
Logo:
𝑣12 − 𝑣02 = 4 𝑚2 /𝑠 2
114
Substituindo então:
8000 𝑁⁄𝑚3
𝑄𝑚 = 𝜌𝑄 = ( ) (2,6 × 10−3 𝑚3 /𝑠) = 2,1 𝑘𝑔/𝑠
10 𝑚/𝑠 2
Questão 3
Se você comparar a questão anterior com essa, você perceberá que a questão anterior
coloca o ponto zero exatamente em baixo da coluna que permitíamos calcular a pressão
sobre o peso específico do fluido. Nessa questão, temos que fazer uma jogada de mestre,
o pessoal que já sabe gosta de ficar decorando, mas você não deve fazer isso.
115
A jogada é o seguinte: adicionar mais um ponto no escoamento. Ora, um ponto é algo
totalmente arbitrário e desde que eu tenha coordenadas para ele eu posso usá-lo onde
eu quiser. Por isso vamos criar um ponto zero, exatamente embaixo da coluna. Como as
condições do fluido não mudaram em nada com esse ponto, ele será igual a 1, então o
que vamos fazer na verdade é puxar o ponto 1 para debaixo da coluna.
Temos então:
𝐻1 = 𝐻0
Logo:
𝑣12 𝑃1 𝑣02 𝑃0
+ 𝑧1 + = + 𝑧0 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
𝑣12 𝑃1 𝑣02 𝑃0
+ = +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
Mais um detalhe você não pode deixar escapar, o formato da coluna. Perceba que na
questão anterior a coluna era simplesmente um buraco no escoamento com um cano
em cima, agora temos um cano embutido dentro do escoamento, isso muda algumas
coisas.
Você colocar um ponto exatamente embaixo dessa coluna, significa que o ponto está
dentro do cano, porque o ponto não pode sair do eixo (neste caso), o fluido que está
dentro do cano não pode continuar se movimentando no sentido do fluxo, porque que
as paredes internas impedem, então temos que a velocidade do fluido neste ponto é
zero.
𝑣12 𝑃1 𝑃0
+ =
2𝑔 𝛾 𝛾
116
o ponto continua lá embaixo, no eixo, então pelo teorema de Steven, quanto mais fundo
maior será a pressão no ponto zero, por isso chegamos ao resultado acima.
𝑃𝑜
𝑃𝑜 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝛾𝐻2 𝑂 ℎ → = ℎ = 3,80 𝑚
𝛾𝐻2 𝑂
𝑣12 𝑃1
+ = 3,80 𝑚
2𝑔 𝛾
𝑣12 𝑃1
3,80 = + 𝑧1 +
2𝑔 𝛾
O escoamento segue em cima do eixo, por esse fato z é nulo. A pressão 2 pode ser
descoberta pelo manômetro.
𝑃1 + 𝜌𝐻2 𝑂 𝑔𝑦1 + 𝜌𝐻𝑔 𝑔𝑦1 = 𝑃2 + 𝜌𝐻2 𝑂 𝑔𝑦2 + 𝜌𝐻𝑔 𝑔𝑦2 → 𝑃1 = 𝑃2 + 𝜌𝐻2 𝑂 𝑔ℎ + 𝜌𝐻𝑔 𝑔ℎ
Logo:
Questão 4
117
a) Determinar a vazão;
c) A pressão do gás.
Dados: 𝐻𝑝 1,2 = 𝐻𝑝 5,6 = 1,5 𝑚; 𝐻𝑝 3,4 = 0,7 𝑚; 𝐻𝑝 4,5 = 0; 3𝐴5 = 𝐴4 = 100 𝑐𝑚2 ; 𝛾𝐻2 𝑂 = 104 𝑁/𝑚3 .
a) Determinar a vazão
Devemos utilizar o ponto cuja quantidade de dados fornecida a nós seja mais acessível.
Veja que o enunciado da questão lhe mostra que 3𝐴5 = 𝐴4 , como a área e a velocidade
são os dois termos necessários para o cálculo da vazão é mais conveniente utilizarmos os
pontos 4 e 5.
𝐻4 = 𝐻5
𝑣42 𝑃4 𝑣52 𝑃5
+ 𝑧4 + = + 𝑧5 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
118
𝑃4 − 𝑃5 𝑣52 − 𝑣42
=
𝛾 2𝑔
𝑃4 + 𝛾𝐻2 𝑂 𝑦4 + 𝛾𝐹 𝑦4 = 𝑃5 + 𝛾𝐻2 𝑂 𝑦5 + 𝛾𝐹 𝑦5
𝑣4 𝐴4 = 𝑣5 𝐴5 → 𝑣4 3𝐴5 = 𝑣5 𝐴5 → 𝑣5 = 3𝑣4
Portanto:
176
9𝑣42 − 𝑣42 = 176 𝑚2 /𝑠 2 → 𝑣4 = √ = 4,7 𝑚/𝑠
8
c) A pressão do gás.
Muitos de vocês podem pensar em utilizar o ponto 5 e igualar ao ponto 6 para encontrar
a pressão no ponto 6, isso não está errado, mas você deve prestar atenção nos seus
dados para poder fazer isso. Veja que em momento algum descobrimos a pressão do
ponto 5, a pressão que encontramos foi a diferença entre o a pressão do ponto 4 e o 5.
Logo, não temos dados o suficiente para encontrar a pressão de 6 através do ponto 5,
porque vamos acabar caindo em outra diferença.
Mas aí vem a questão, o enunciado não nos fornece a pressão de nenhum outro ponto!
Por isso que você está fazendo engenharia, para você aprender a se virar.
119
Vou lhe dar só uma dica, aí você pensa um pouco: a pressão atmosférica é
desconsiderada....
Já pensou em algo? Que nada, você só quer saber a resposta que eu sei...
Por isso, a bomba e a perda de carga são os pontos mais importantes que podem
descrever um escoamento.
𝐻1 + 𝐻𝐵 = 𝐻6 + 𝐻𝑝 1,6
Mas o enunciado não fala de perda de carga de 1 a 6. Sim é verdade, mas fala de 1 a
2, de 2 a 3 é a bomba, de 3 a 4, de 4 a 5 e de 5 a 6. Podemos simplesmente somar
essas perdas de carga, para temos a perda de carga resultante em 6, porque estaremos
somando os caminhos até 6.
𝑣12 𝑃1 𝑣62 𝑃6 𝑃6
+ 𝑧1 + + 𝐻𝐵 = + 𝑧6 + + 𝐻𝑝 1,6 → = 4,8 − 2 − 4 − 3,7 = −4,9
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾 𝛾
𝑃6 = −49 𝑘𝑃𝑎
Z1 é negativo, porque o tanque
está abaixo do eixo de referência.
120
Questão 5
a) O sentido do escoamento;
b) 𝐻𝑝 2,3
d) A pressão do Ar em 4 (MPa).
a) O sentido do escoamento
Antes de iniciar uma questão, sempre observe seus dados. Veja não é tão simples usar o
ponto inicial e final, temos uma bomba entre esses pontos. Por isso, é mais simples usar
o ponto 2 e 3, onde temos valores de pressões já estipulados. A velocidade em cada
ponto pode ser encontrada através da vazão dada no enunciado.
0,016 𝑚3 /𝑠 = 𝑣2 𝐴2 → 𝑣2 = 8 𝑚/𝑠
0,016 𝑚3 /𝑠 = 𝑣3 𝐴3 → 𝑣3 = 2 𝑚/𝑠
121
Você sabe porque estamos fazendo isso né? Deixa eu refrescar sua memória, para
descobrirmos o sentido de um escoamento, devemos comparar dois pontos do sistema e
verificar quem é maior, aquele que possuir maior carga estará indo, e o de menor carga
estará chegando.
200 𝑘𝑃𝑎 82
𝐻2 = 0 + + = 23,2 𝑚
104 𝑁/𝑚3 20
400 𝑘𝑃𝑎 82
𝐻3 = 0 + + = 40,2 𝑚
104 𝑁/𝑚3 20
b) 𝐻𝑝 2,3
Com a carga perdida entre o ponto 1 e 2, podemos calcular a carga da máquina, pois
o ponto 1 é adicionado com a máquina, mas a carga que sai em 2 não é a mesma que
entrou, porque houve uma perda resultante do atrito. O que estou querendo dizer é que:
𝐻2 + 𝐻𝑀 ≠ 𝐻1
𝐻2 + 𝐻𝑀 = 𝐻1 + 𝐻𝑝 1,2
Onde:
0,1 𝑀𝑃𝑎
𝐻1 = = 10 𝑚
104 𝑁/𝑚3
Logo:
122
Então, temos que a máquina é uma turbina.
d) A pressão do Ar em 4 (MPa)
𝑃4
𝐻4 = 𝐻3 + 𝐻𝑝 3,4 → 𝐻4 = 41,2 𝑚 → 41,2 𝑚 = 5 𝑚 + → 𝑃4 = 36,2 × 104 𝑁/𝑚4
𝛾
123
14. Uma visão microscópica - Camada limite,
turbulência e vórtices
13.1 As condições
Imagina-se que um fluido incompressível, cujo fundo está em contato com uma superfície
sólida não porosa, seja submetido a uma força à sua superfície tal que o fluido se desloque
numa velocidade v ao longo do eixo x cujo comprimento é muito longo. Como forma de
análise, será considerado que um fluido é formado por inúmeras placas adjacentes acima
e abaixo entre si. Logo, a força aplicada ao fluido em sua superfície fará sua placa superior
se deslocar na velocidade v, o deslocamento da placa superior causará o deslizamento
sobre a placa abaixo, consequentemente uma tensão de cisalhamento será formada por
causa do “atrito” entre essas placas.
124
A mudança de velocidades implica que as placas irão diminuir sua velocidade cada vez
mais, pois cada vez que as forças contrárias ocorrem a velocidade de cada placa diminui
e a velocidade da última placa será aplicada aquela que estiver abaixo e assim
sucessivamente. Portanto, chega-se à conclusão de que em um determinado momento
as placas não se deslizarão mais, ou seja, a velocidade será constante, nesse caso: nula.
Logo, entende-se que a última placa do fluido no fundo do mesmo, que está em contato
com a superfície sólida, tem velocidade nula.
14.3 Viscosidade
A viscosidade tem papel importante nesse estudo, por definição a viscosidade é o atrito
interno do fluido, ou seja, denota a dificuldade de o fluido escoar. Um fluido cuja
viscosidade seja alta, terá mais resistência à força aplicada em sua superfície, ou seja, a
velocidade na superfície do fluido com a mesma força aplicada será menor. Como pode
ser percebido pela lei de Newton do fluido, a tensão de cisalhamento é diretamente
proporcional a viscosidade do fluido.
Essa placa adjacente à superfície sólida no fundo é a camada limite. Onde a viscosidade
determina o comportamento dessa camada e o gradiente de velocidade são significativos,
ou seja, a queda de velocidade até zero ocorre em um espaço muito pequeno, logo seu
gradiente de velocidade é notável. A espessura e o comportamento da camada limite
são estudos de várias equações formuladas para entender seu comportamento, como a
equação de Navier-Stokes e a equação de Euler. Quanto mais difícil é de o fluido escoar
(viscosidade) maior será seu atrito interno, a camada limite experimenta esse atrito
mais intensamente, pois seu gradiente de velocidade despenca para zero, logo as forças
contrárias são muito fortes, causado pelo atrito entre a superfície e o atrito interno do
fluido. Em vários casos envolvendo a espessura da camada limite, percebeu-se que sua
espessura aumenta no regime turbulento, pelo fato que será explicado logo.
125
14.5 O número de Reynolds e Turbulência
A camada limite em um regime turbulento tem uma espessura maior que no regime
laminar. Como foi explicado antes no caso do fluido por cima de uma superfície sólida,
126
a força aplicada na superfície do fluido o fará se mover e assim gerar tensão de
cisalhamento, mas desta vez a viscosidade está muito pequena, o atrito entre o fluido e
a superfície sólida é maior do que qualquer outro atrito dentro do fluido. Como as forças
de atrito contrárias estão desprezíveis no fluido, a camada limite, que está sofrendo
atrito da superfície sólida, não terá forças opostas para diminuir seu efeito amentando
sua espessura.
14.7 Vórtices
Como esperado, os vórtices presentes próximos a camada limite são pequenos, pois a
viscosidade é mais notável neste ponto, logo a ocorrência do vórtice é retardada, já no
caso da formação de vórtices no meio do fluido seu tamanho é médio ou grande, pois é
onde há a maior quantidade de energia cinética do fluido e onde os efeitos da viscosidade
são desprezíveis dando mais liberdade aos movimentos aleatórios dos vórtices. Os vórtices
maiores transferem energia até os vórtices menores, que estão próximos a camada
limite, onde após sofrerem ação da viscosidade e o atrito da superfície a energia é
dissipada.
127
15. Desejo boa sorte para você - Diagrama de
Moody
15.1 Condutos
Os condutos fechados são aqueles que já estamos cansados de ver nos exemplos, são no
estilo de um cano (não precisa ser necessariamente cilíndrico) e o seu tipo de escoamento
é chamado de escoamento forçado.
O escoamento é forçado por causa da diferença de pressão que há num sistema de tubos,
onde a pressão é influenciada pelas características do escoamento, por exemplo, subidas
e descidas, desvios, máquinas, etc.
Brunetti fala que: “O conduto é dito forçado quando o fluido que nele escoa o preenche
totalmente, estando em contato com toda a sua parede interna, não apresentando
nenhuma superfície livre. ”.
Bom, se o fluido está preenchendo totalmente o conduto, quer dizer que o “cara tá
espremido”, ou seja, você cutuca lá atrás e o “cara” fica se batendo todo nas paredes
do conduto. Então, daí você entende o porquê da variação de pressão, o fluido não tem
128
como compensar as pressões que o atingem, então a sua própria pressão muda para se
comportar de acordo com as condições.
Um conduto meio cheio, ou seja, nem com superfície livre, nem com conduto
completamente cheio se equipara ao caso dos condutos com superfície livre.
Os condutos abertos são comparados a calhas (tipo aquelas que desviam a água da chuva
do telhado das casas para algum lugar), onde sua pressão é constante. Por esse fato, o
escoamento nesse tipo de tubo possui diferença de pressão nula (claro que não estamos
falando de uma calha do tamanho de um rio, a diferença de altura numa calha comum
irá alterar de forma insignificante a pressão do fluido).
Digamos que quando o fluido está num conduto aberto, as ações que causariam variações
de pressão são compensadas pela sua liberdade, pois num conduto fechado o fluido não
tem como compensar a pressão que estão exercendo nele, porque ele está espremido,
diferente do fluido com conduto aberto, onde ele tem liberdade para se comportar de
acordo com a pressão.
15.2 Analogia
Mas se você tirar o bico do pneu, o ar sairá numa velocidade muito alta e o pneu
esvaziará. O ar fora do pneu não pode ser domado. Veja, quando um carro passa em
alta velocidade por perto, sentimos aquele vento batendo em nós, mas o ar não muda
sua pressão, ele somente está se deslocando, pois agora ele está livre.
129
O fluido em um conduto aberto é semelhante, existem bombas, subidas e descidas para
aumentar a pressão do fluido, mas com a sua superfície livre ele pode se comportar de
tal forma a “liberar” essa pressão que está sobre si.
O diâmetro hidráulico é o cálculo feito para termos uma noção de por onde o fluido está
passando dentro do tubo, ou seja, teremos a representação numérica de por onde o
fluido está passando.
𝜋𝐷2
𝐴= → 𝑃𝑀 = 𝜋𝐷
4
𝐴 𝐷
𝑅𝐻 = = 𝐷𝐻 = 4𝑅𝐻 = 𝐷
𝑃𝑀 4
𝐷𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝐻𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑜
𝑅𝑎𝑖𝑜 𝐻𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑜
A é área do tubo;
PM é o perímetro molhado, nome dado para o
perímetro em que o fluido está escoando, então neste
caso o tubo está completamente cheio.
Com esse resultado, temos que, quando o tubo está cheio, o diâmetro do tubo coincide
com o diâmetro hidráulico, por isso nunca tínhamos precisado calcular o diâmetro
hidráulico dos tubos antes, porque sempre estávamos considerando-os cheios. Veja a
tabela abaixo.
130
15.4 Cano quadrado?
É meio estranho pensar que uma indústria iria utilizar um “cano quadrado”. Esse termo
é horrível, nunca use isso, é mais elegante falar “tubo quadrado” do que isso.
Bom, você pode relacionar com uma calha retangular, que é como se fosse um tubo
cortado em paralelo com as bases, só que essas calhas geralmente tem a função de
desviar água, certo? Sim, mas e no caso industrial?
No caso industrial é meio complicado, esses tipos de tubos propiciam a oxidação do tubo,
dependendo do que está sendo transportado dentro dele. As quinas do tubo podem
concentrar quantidades suficiente de substâncias para oxida-lo, e isso pode ocorrer em
vários pontos. Após um ponto ser oxidado, outro mais à frente ou atrás poderá ser
oxidado também (isso falando na mesma linha).
Lembrando da época que você quase morre para tentar entender as reações de
oxirreduções, a oxidação é a reação que causa perda de elétrons, ou seja, no caso do tubo
quadrado o conduto estará perdendo elétrons nas reações que ocorrem nas suas quinas,
e se um outro ponto, na mesma linha, também ocorre oxidação, então aí temos a ddp.
Meu Deus, elétrica já? Sim meu amigo, a diferença de elétrons entre dois pontos do tubo
é a diferença de potencial que fará com que uma corrente de elétrons corra de um ponto
a outro no tubo. Não viaja, não vai ocorrer uma corrente de elétrons no tubo o suficiente
para eletrizar tudo e o pessoal pegar choque, calma aí. A quantidade de elétrons é muito
131
pequena, por favor você sabe disso né? Química hello! Como essa quantidade é muito
pequena, o que pode ocorrer é um lastro de oxidação dentro do tubo que vai deteriora-
lo cada vez mais.
15.5 Rugosidade
Então, a rugosidade que estudaremos aqui é a rugosidade das tubulações, óbvio né, isso
porque é claro que o fluido vai “sentir” diferença entre passar por cima de um vidro e
por cima de um concreto. Você percebe que a rugosidade faz muita diferença quando
você joga água em cima de um vidro, a água se desliza quase que espontaneamente de
tão fácil que é escoar por cima, enquanto se você jogar água em cima da sua laje, lá ela
vai ficar, a menos que tenha tanta água a ponto de escoar, mas isso não vale.
Olha o diâmetro hidráulico ali. Porque essa fração é tão importante? Simplesmente
porque ela irá ser uma das nossas coordenadas para o diagrama de Moody.
A interpretação é que essa fração relaciona a rugosidade do material (𝜀) com o diâmetro
que o fluido está tocando (𝐷𝐻 ). Isso porque se o material não está todo preenchido por
um fluido, não faz sentido considerar toda a sua área como rugosidade, então devemos
132
ter uma referência para sabermos quanto exatamente devemos considerar dessa
rugosidade.
A rugosidade afeta o fluido por causa do atrito, então deve-se saber realmente a área
de impacto do fluido com o conduto.
Você deve se lembrar de camada limite né? Cheguei a explicar sobre isso antes deste
capítulo. Então, a camada limite é uma “expansão” do conceito inicial do princípio da
aderência, onde nas paredes do conduto a velocidade é nula. A camada limite é a área
do fluido onde o perfil de velocidade cai drasticamente até a velocidade nula, é onde os
efeitos de perda de energia mecânica não são sentidos, claro porque não tem como você
perder energia se você tá parado.
133
Fonte: Franco Brunetti
Adicionando o conceito que temos sobre rugosidade, se a camada limite não sofre as
perdas de energia mecânica (se toca, eu estou falando de perda de carga), então se a
rugosidade estiver entre a camada limite, o efeito dessa rugosidade não será sentido. Se
a rugosidade aumentar (sim é possível) ou a camada limite diminuir, então as
irregularidades do conduto irão afetar o fluido causando perda de energia mecânica.
Essa perda de energia mecânica é nada menos do que a perda de carga, lembra do
conceito inicial da equação de Bernoulli?
Após toda essa viagem, agora sabemos que para conhecermos realmente a perda de
carga distribuída (estou falando de atrito lembra?) devemos levar em consideração a
camada limite do fluido, além da rugosidade do conduto claro.
Mas como relacionar essa tal camada limite? Bom, se você se lembra dos conceitos e do
entendimento que rodeiam a camada limite, temos que a viscosidade e a velocidade são
fatores dominantes, além do fato se ter a noção se o regime é turbulento ou laminar.
134
Para isso utilizamos o número de Reynolds e a rugosidade relativa, onde o número de
Reynolds irá nos dizer se o regime é laminar ou turbulento e a rugosidade relativa irá
nos dizer “onde” está a rugosidade em relação a camada limite.
O diagrama de Moody é formado por três eixos: número de Reynolds no eixo inferior,
rugosidade relativa no eixo lateral direito (a sua direita) e o fator de atrito no eixo
lateral esquerdo (a sua esquerda).
O fator de atrito (𝑓) é o resultado que queremos, ele irá nos dizer quão grande é o atrito
na tubulação escolhida. A partir do fator de atrito e todos os dados que temos, podemos
definir a equação da perda de carga distribuída.
𝐿 𝑣2
𝐻𝑓 = 𝑓
𝐷𝐻 2𝑔
135
136
137
15.9.1 Escoamento Laminar
A área laranja é a área que demonstra que o escoamento no conduto é laminar (Re <
2000), e por causa disso o fator de atrito sempre será:
64
𝑓=
𝑅𝑒
Se você olhar com mais cuidado, perceberá que a rugosidade não interfere em nada no
fator de atrito, isso por causa daquela explicação que eu lhe falei sobre a camada limite
e a rugosidade. Relembrando: a camada limite no escoamento laminar é maior do que
a rugosidade, por causa disso, a rugosidade não pode afetar o fluido e consequentemente
não haverá perda de energia mecânica.
A área azul bebê é a área que demonstra que o escoamento está em estado de transição
(2000 < Re < 2400).
Essa área exige detalhes mais precisos para se ter o entendimento do fator de atrito,
porque tudo irá depender do tamanho da camada limite, que nós sabemos que nesse
ponto já está diminuindo.
Após passar pelo estado de transição, chega-se ao regime turbulento com o regime
hidraulicamente liso, que está demarcado em verde. Ele tem esse nome porque o fluido
quando em regime turbulento, ao chegar nas condições do regime hidraulicamente liso,
não é interferido pela rugosidade do material, pois a camada limite ainda o cobre, por
esse fato ele é chamado de liso.
“Quanto menor o número de Reynolds, mais espessa é a camada que pode cobrir as
asperezas. “ (BRUNETTI, 2008).
138
Isso explica porque a linha do regime hidraulicamente liso é como se fosse um logaritmo
natural, ou seja, ao passo que o número de Reynolds aumenta o valor do regime
hidraulicamente liso diminui, isso porque a camada limite está ficando pequena e então
é cada vez mais difícil se manter em um regime liso, isto é, longe da rugosidade.
Se você olhar mais cuidadosamente no diagrama, a linha do regime não tem relação
com , só depois dessa linha que começam a aparecer as linhas que estão ligadas com
𝜀
𝐷𝐻
a rugosidade relativa. Isso significa que, nessas condições, o fator de atrito não depende
da rugosidade relativa, somente do número de Reynolds, assim como no regime laminar.
Nesse caso você percebe várias linhas saindo da linha do regime liso, isso quer dizer que
ao passo que a linha do regime linha desce o número de Reynolds aumenta, o que faz
com que a camada limite diminua. Por causa disso, há vários pontos na reta que possuem
um certo valor fixo de Reynolds, esses pontos suportam a diminuição da camada limite
até um certo ponto, depois disso elas saem do regime liso em forma de linhas.
A última área, destacada em azul, mostra o regime em que a rugosidade está mais
exposta e o número de Reynolds muito alto, o que por consequência faz com que as
forças de atrito interno (viscosidade) sejam pouco significantes, é por isso que as linhas
que saíram do regime liso estão praticamente paralelas entre si no regime rugoso.
139
Nesse ponto, por causa do paralelo entre as linhas, o fator de atrito não depende mais
do número de Reynolds, por que a viscosidade está pouco significante, então o fator de
atrito dependerá agora somente da rugosidade relativa.
Exercício
Tente encontrar o fator de atrito com o diagrama de Moody com os seguintes dados.
140
141
Respostas
142
16. Aprendendo a perder -Perda de carga
total
16.1 Comprimento real e equivalente
Foi falado na aula anterior que o 𝐿 da equação abaixo é o comprimento do tubo, sim isso
é verdade, porém é o comprimento total que envolve o comprimento real e equivalente
do tubo.
O comprimento real é o comprimento normal do tubo, aquele que você conhece através
de uma trena na mão ou nas especificações do produto.
Isso até faz sentido, veja que as cargas manométricas são todas de unidade metro, então
o que estamos fazendo e simplesmente um cálculo da equação de Bernoulli.
𝐿 𝑣2
𝐻𝑓 = 𝑓 → 𝐿 = 𝐿𝑟 + 𝐿𝑒𝑞
𝐷𝐻 2𝑔
143
𝑣2
ℎ𝑠 = 𝑘𝑠
2𝑔
Então fazemos a perda de carga localizada (ℎ𝑠 ) mais a perda de carga distribuída (ℎ𝑑 ),
logo:
𝐻𝑓 = ℎ𝑠 + ℎ𝑑
𝑣2 𝐿𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑣 2
𝐻𝑓 = ∑ 𝑘𝑠 +𝑓
2𝑔 𝐷𝐻 2𝑔
Veja que o L não é mais o L total, agora é somente o real. O k estará presente em várias
partes do sistema, devendo ser somado cada coeficiente, por isso o somatório.
Como ninguém aqui quer ficar se matando para calcular cada pontinho minúsculo de
uma tubulação só para descobrir a sua carga manométrica, usamos uma tabela que
geralmente as indústrias de fabricação de acessórios hidráulicos possuem.
Essa tabela relaciona cada acessório com o seu respectivo valor de perda de carga, além
disso também se leva em consideração o material o qual o acessório é feito.
144
16.4 Como utilizá-la
Quando você tiver de calcular a perda de carga total de algum sistema hidráulico, deve
primeiramente verificar o comprimento real da tubulação e após isso deverá identificar
145
quais são os pontos que ocasionam a perda de carga, esses pontos são todos aqueles que
se encaixam na tabela de perda de carga.
É só isso, a coisa mais fácil do mundo é você utilizar uma tabela, ou você preferiria
calcular a carga manométrica em cada ponto? Chega de sofrer, né.
Exemplo 9
Uma vazão de 1,6 𝑚3 /𝑠 de água a 14 °𝑐 (𝜇 = 1,14 × 10−3 𝑁𝑠/𝑚2 ) ocorre em um duto com
100 m de comprimento. Determine a diferença de pressão estimada para a condição
se:
Mas o que é trabalho para uns não é para os outros, o que quero dizer é que o trabalho
tão discutido da termodinâmica já não é a mesma coisa aqui em mecânica dos fluidos,
aqui já chamamos de energia de pressão.
146
Tem-se que o fluido exercerá uma certa pressão em cada ponto infinitesimal do seu
volume, o que faz com que a equação da energia de pressão seja:
𝐸𝑝𝑟 = 𝑝𝑑𝑉
Mas neste assunto, é muito importante entendermos a energia de pressão, pois isso é
essencial para se saber porque a pressão varia ao longo do conduto.
Ora, se a energia mecânica se modifica com o fluxo, isso por causa das máquinas e das
perdas de carga, então todas as energias associadas a ela tenderão a mudar.
Mas no caso como a letra a), tem-se que não há energia potencial, porque os pontos
estão no eixo, também não há energia cinética, porque se o que entra é igual ao que sai,
então a equação da continuidade é satisfeita, mas a área em toda a extensão do conduto
não muda e na equação elas vão se cancelar, ou seja, a velocidade é igual nos dois pontos.
𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝑃𝑉 = 𝐸𝑚𝑐 → 𝑃𝑉 = 𝐸𝑚𝑐
Conclui-se que, neste caso, ao longo do fluxo a energia de pressão é cada vez mais
perdida o que causa a variação de pressão no fluido.
Você poderia logo pensar em montar a equação de Bernoulli para conseguir encontrar
a variação de pressão da seguinte forma:
Só tem um problema: não dá para resolver por aí. Simplesmente porque a variação de
velocidade é zero e a variação de altura também, ou seja, não vamos chegar a lugar
algum.
Esse resultado implica que a variação de pressão não é resultante de velocidade ou altura
e sim da perda de carga que há no conduto, se não fosse a perda de carga a variação
de pressão seria zero.
Letra a)
147
∆𝑣 2 ∆𝑝
𝐻1 = 𝐻2 + 𝐻𝑝𝑐 → ∆𝑧 + + = 𝐻𝑝𝑐
2𝑔 𝛾
∆𝑣 2 ∆𝑝 𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2
∆𝑧 + + = 𝐻𝑝𝑐 → ∆𝑝 = (𝑓 )𝛾
2𝑔 𝛾 𝐷𝐻 2𝑔
Temos o diâmetro, a velocidade pode ser achada através da vazão, o que nos resta é o
fator de atrito, para isso vamos utilizar do diagrama de Moody.
Mas é claro que não é tão fácil assim utilizar o diagrama, pois devemos conhecer o valor
do número de Reynolds e da rugosidade relativa.
Número de Reynolds:
Rugosidade relativa:
𝜀 0,00026 𝑚
= = 0,0052
𝐷𝐻 0,05 𝑚
148
149
Exemplo 10
𝑚3
1,6 𝑠
𝜋(0,05)2 2
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2 100 𝑚 𝑚
∆𝑝 = (𝑓 )𝛾 = 0,03 4 (104 𝑁/𝑚3 ) = 25 𝑀𝑃𝑎
𝐷𝐻 2𝑔 0,05 𝑚 2 (9,81 𝑚 )
𝑠2
( )
Com certeza esse valor é um absurdo, mas isso é só um exemplo mesmo, não pire.
Letra b)
Dessa vez temos o mesmo conduto, com um diâmetro maior, porém ele está inclinado
para cima. Vamos analisar com cuidado a consequência desse aclive, veja que a área do
conduto não muda com o fluxo e a equação da continuidade continua valendo, ou seja,
a velocidade continua a mesma coisa que o caso anterior.
Veja que a energia de pressão sempre estará presente em condutos fechados, o que
implica dizer que a única mudança que o aclive ocasionou foi a diferença de altura.
A altura pode ser encontrada através de uma simples relação trigonométrica, e então
após isso aplicamos na equação da perda de carga total.
∆𝑧
sen 20° = → ∆𝑧 = sen 20° 100 = 34,2 𝑚
100
∆𝑣 2 ∆𝑝 𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2
∆𝑧 + + = 𝐻𝑝𝑐 → ∆𝑝 = (𝑓 − ∆𝑧) 𝛾
2𝑔 𝛾 𝐷𝐻 2𝑔
150
𝑚3
1,6 𝑠
𝜋(0,1)2 2
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2 100 𝑚 𝑚
∆𝑝 = (𝑓 − ∆𝑧) 𝛾 = 0,03 4 − 34,2 𝑚 (104 𝑁/𝑚3 ) = 2,8 𝑀𝑃𝑎
𝐷𝐻 2𝑔 0,1 𝑚 2 (9,81 𝑚 )
𝑠2
( )
Letra c)
Com o declive as coisas não são muito diferentes do que foi mostrado na letra b), porém
o material do conduto mudou, o que vai mudar o fator de atrito da equação e a
trigonometria é feita da mesma forma que foi mostrado na letra b).
∆𝑧
sen 60° = → ∆𝑧 = sen 60° 100 = 86,6 𝑚
100
Hora de procurar novos dados para encontrarmos o fator de atrito para o PVC. Mas ao
observar a tabela de rugosidade você perceberá que a rugosidade do PVC é zero, mas
isso não significa que o fator de atrito é zero.
Hora, existem duas partes do diagrama que são independentes da rugosidade relativa:
o escoamento laminar e o regime hidraulicamente liso.
Como não estamos trabalhando com escoamento laminar, nos resta o regime
hidraulicamente liso, que é a curva mãe da transição do regime liso para o regime
rugoso, ou seja, a primeira curva da transição dos regimes hidráulicos.
151
152
Veja que o nosso número de Reynolds é muito maior do que a curva que temos como
guia no diagrama (hidraulicamente liso), dessa forma, não temos para onde fugir, o
fator de atrito deste caso é o mínimo possível, ou seja, 0,008. Calculando a variação de
pressão então:
∆𝑣 2 ∆𝑝 𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2
𝑧+ + = 𝐻𝑝𝑐 → ∆𝑝 = (𝑓 − ∆𝑧) 𝛾
2𝑔 𝛾 𝐷𝐻 2𝑔
𝑚3
1,6 𝑠
𝜋(0,05)2 2
𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣 2 100 𝑚 𝑚
∆𝑝 = (𝑓 − ∆𝑧) 𝛾 = 0,008 4 − 86,6 𝑚 (104 𝑁/𝑚3 ) = 12,4 𝑀𝑃𝑎
𝐷𝐻 2𝑔 0,05 𝑚 2 (9,81 𝑚 )
𝑠2
( )
Exemplo 11
Porem nossos estudos mostram que o comprimento participante dos cálculos não é
somente o real, mas é o total que é o comprimento real mais o equivalente.
153
comprimento equivalente e então somaremos todos esses comprimentos para obter o
comprimento equivalente.
𝐿𝑒𝑞 = 4 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎𝑠 𝑑𝑒 45° + 2 𝑗𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜𝑠 𝑑𝑒 90° + 1𝑟𝑒𝑔𝑖𝑠𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑔𝑙𝑜𝑏𝑜 = 4(0,2) + 2(0,8) + (8,2) = 10,6 𝑚
A velocidade fica:
𝑄 0,002 𝑚3 /𝑠
= = 4 𝑚/𝑠
𝐴 5,01 × 10−4 𝑚2
Os dados estão praticamente concluídos para o cálculo de perda de carga, porém nos
resta encontrar o fator de atrito, então:
O comprimento equivalente é:
𝜀 0,000045 𝑚
= = 2 × 10−3
𝐷𝐻 0,0254 𝑚
154
155
Com um valor de aproximadamente 0,024 encontrado para o fator de atrito, a perda
de carga total nesse sistema hidráulico pe:
156
17. Está ocorrendo cavitação na sua vida? -
Cavitação e Associação de Bombas
17.1 Pressão de vapor (Pv)
Você nunca se perguntou porque se formam pequenas gotículas nas garrafas de água?
Claro que sim né? Todo mundo sabe que isso é evaporação.
Mas o que muita gente não sabe é que essa evaporação vai tornando esse ar existente
entre o líquido e a garrafa cada vez mais saturado. Saturado como? O ar fica carregado
de umidade.
Fogaça (18) fala que: “Isso acontece quando as moléculas da superfície ganham energia
suficiente para desfazer as suas ligações intermoleculares e escaparem para fora da
massa líquida. ”.
Então, esse vapor que fica suspenso no ar exerce uma pressão sobre o líquido ou sólido,
e essa pressão é chamada de pressão de vapor. Peraí, sólido? Desde quando sólido
evapora? É meu caro gafanhoto, as taxas são muito pequenas mas existe isso sim.
Numa definição mais técnica temos que a pressão de vapor é uma sinalização
quantitativa de que parte das moléculas estão passando para a fase gasosa. Com isso,
157
temos que se o volume da substância diminui a pressão de vapor também diminuirá,
pois quanto menos volume menos ocorrerá a evaporação.
[...] a massa molar da água é menor que a do álcool, que, por sua vez, é
menor que a do éter. Assim, quanto maior a massa molar, maior será a
energia que as moléculas precisarão para romper a inércia e as ligações
intermoleculares e, assim, passarem para o vapor; ou seja, menos volátil
será e com menor pressão de vapor.
Bom, isso nem é mais fenômenos de transporte, já estamos falando de química orgânica
I. Isso você deveria saber hein, mas ninguém é computador aqui né, eu nem lembro mais
como é que se define o zef (a tal barreira) de um átomo, assunto lá da química geral.
Mas não precisa de tanta frescura assim, basta você se tocar que o fato da substância
ser ou não volátil influencia muito na pressão de vapor.
Agora falando de temperatura, Fogaça (19) fala que: “Quanto maior a temperatura,
mais energia terão as moléculas e mais fácil será para elas passarem para o estado de
vapor, o que acarretará numa maior pressão de vapor. ”.
Veremos uma tabela abaixo que mostra a pressão de vapor exercida pela água em relação
a temperatura em um tubo circular fechado.
158
Eu enrolei tanto e ainda não falei sobre a influência disso no escoamento né? Calma
apressadinho, depois fala que não entende o que tá lendo. Vamos ver agora tudo isso em
um escoamento. Agora sim, é fenômenos de transporte.
O foco do estudo não é somente na pressão de vapor, mas também a pressão do sistema,
pois a pressão de vapor depende da temperatura do sistema, que é a influência mais
importante deste estudo, e de outras variáveis intrínsecas da substância.
Ao passo que a velocidade do escoamento aumenta, sua pressão diminui. Como eu sei
disso? Bernoulli baby.
𝑣12
𝑣12 𝑃1 𝐻1 − 2𝑔 − 𝑧1 𝐻1 𝑣12 𝑧1
+ 𝑧1 + = 𝐻1 → 𝑃1 = → 𝛾 = 𝑔𝜌 → 𝑃1 = − −
2𝑔 𝛾 𝛾 𝛾 2𝜌 𝛾
Veja que a velocidade e a posição relativa (z) do sistema fazem a pressão diminuir. A
velocidade sempre vai possuir um valor muito maior que o da posição relativa, porque a
velocidade está ao quadrado e está sendo divido por duas vezes a massa específica,
159
enquanto a posição relativa está sendo dividida pelo peso específico que é um valor bem
maior e na maioria das vezes “z” é um valor pequeno. Por causa disso, a velocidade é a
variável dominante na queda de pressão.
O problema acontece quando pressão do sistema cai demais, a ponto de ser menor que
a pressão de vapor. Aí você deve imaginar o que acontece com aquele nosso desenho né?
Isso mesmo, a pressão de vapor começa a empurrar o fluido para dentro, e o que é que
tem na pressão de vapor? Isso mesmo, ar.
17.5 Cavitação
Eu falo “estourar”, mas não fale assim perto do seu professor, por favor. O termo correto
é que a bolha entrar em colapso.
A bolha dentro do fluido se expande, mas como o fluido, que já está sendo forçado pelo
conduto, irá reagir a essa expansão comprimindo a bolha, claro que a bolha não vai
aguentar tamanha pressão e vai estourar. Mas, quando a bolha estoura ela libera energia,
porque o fluido se esforça para estourá-la e quando ela estoura o fluido se bate entre si.
Esse choque é pequeno, mas o problema é que isso acontece ao mesmo tempo com outras
milhões de bolhas no conduto o que forma uma cadeia de choques entre fluidos.
160
Mas não pense que tudo isso acontecerá em um milissegundo. As bolhas são formadas e
pelo fato da pressão do sistema ser menor que a de vapor elas continuarão passeando
pelo escoamento, mas quando a velocidade cair ou a pressão aumentar, essa bicha vai
estourar.
São as bombas que aumentam a velocidade do escoamento e são elas que aumentam a
pressão também. Então, elas têm tudo para cavitar, por isso é necessário ter muito
cuido com elas e deve se saber bem onde elas serão colocadas.
Você lembra daquele lance de cargas manométricas coisa e tal né? Então você deve se
lembrar disso:
𝐻1 + 𝐻𝐵 = 𝐻2
Você se tocou que a bomba adiciona pressão, velocidade e altura relativa ao sistema?
Então, o escoamento antes de sofrer influência da bomba é 𝐻1 , com pressões e velocidades
menores, então a partir do momento que a bomba faz efeito no escoamento a pressão
e velocidade aumentam.
Então, se 𝐻1 possuir uma pressão menor que a pressão de vapor, a bomba fará essa
pressão voltar a ser maior novamente, mas é aí que acontece a cavitação.
Não pense que o escoamento só muda suas características quando passa pela bomba. Não
é só a água passar pela bomba e pá! Pressão e velocidades maiores...
161
Cada bomba tem a sua “área de influência” que é área em que o fluido começa a sentir
os efeitos da bomba, mas o perigo é que se a bomba estiver longe demais a velocidade
do fluido pode cair muito o que ocasionará a cavitação.
Então não é tão simples com uma soma matemática. Na vida real o 𝐻𝐵 vai aumentando
aos poucos no sistema até que chegue ao ponto que a bomba está ocasionando sua total
influência no fluido.
Porém, o correto é que a influência da bomba seja boa em tua sua extensão, para evitar
a cavitação.
17.7 NPSH
Como o ser humano é um ser muito complexo e muita das vezes sem noção, criaram
um termo que nem eles mesmo sabem definir bem: NPSH.
Isso quer dizer “Net Positive Suction Head” que em uma tradução aprimorada para o
nosso entendimento podemos dizer que NPSH é “carga líquida positiva de sucção”. Isso
não ajudou em nada. Deixa o nome pra lá, o que importa é saber o que é essa coisa.
162
NPSH é um termo utilizado para escoamentos que utilizam bombas e é divido em dois:
NPSH disponível e requerido. Em vez de explicar por palavras, uma equação pode valer
mais do que isso:
𝑃0 − 𝑃𝑣
𝑁𝑃𝑆𝐻 = + ∆𝑧 − 𝐻𝑃𝐶
𝛾
É a pressão do fluido menos a pressão de vapor sobre o peso específico mais a diferença
de altura relativa menos a perda de carga total entre dois pontos.
𝐻0 + 𝐻𝐵 = 𝐻1 + 𝐻𝑃𝐶
𝐻𝐵 = 𝐻0 − 𝐻1 − 𝐻𝑃𝐶
𝑣02 − 𝑣12 𝑃0 − 𝑃1
𝐻𝐵 = + ∆𝑧 + − 𝐻𝑃𝐶
2𝑔 𝛾
𝑣12 − 𝑣02 𝑃0 − 𝑃1
+ 𝐻𝐵 = + ∆𝑧 − 𝐻𝑃𝐶
2𝑔 𝛾
Como o sistema é fechado, podemos chegar a uma conclusão de que a pressão total do
sistema é a pressão do líquido mais a pressão de vapor. Como o nosso objetivo aqui é
atentar para a pressão de vapor, então a nossa pressão de vapor será o 𝑃1 .
Observando a equação, que está repetida abaixo, a velocidade no ponto 1 deve ser maior
que no ponto 0, o que é coerente com as pressões, em que a pressão 0 deve ser maior
que pressão 1 (de vapor). Ou seja, mostramos que a velocidade alta no ponto 1 faz a
pressão diminuir e a velocidade baixa no ponto 0 faz a pressão aumentar.
𝑣12 − 𝑣02 𝑃0 − 𝑃1
+ 𝐻𝐵 = + ∆𝑧 − 𝐻𝑃𝐶
2𝑔 𝛾
163
Do seu lado esquerdo, temos o NPSH requerido e do seu lado direito temos o NPSH
disponível.
Ou seja, o NPSH disponível fala da situação atual do sistema, se a pressão de vapor está
alta ou baixa, já o NPSH requerido fala qual é a quantidade mínima que de carga
manométrica que uma bomba deve atingir para que não ocorra cavitação.
Então, o NPSH disponível sempre deve ser maior que o requerido para se ter um bom
sistema hidráulico.
NPSH não passa de mais um tipo de carga manométrica que nós teremos que lhe dar.
Então, ela é medida em forma de diagramas, como mostrado abaixo.
164
Se você não entendeu o efeito que a bomba tem sobre a pressão de vapor, tente se
lembrar da época que você estudava química geral e você via nas fotos e livros que
quando conectavam uma bomba em um Erlenmeyer e sugavam o ar, fazendo vácuo, o
líquido entrava em ebulição. Isso ocorre semelhante a água em 1 atm que entra em
ebulição a 100 °C, mas a água em 2 atm já entra em uma temperatura maior.
As bombas em série resolvem problemas com o NPSH, pois se o caminho for muito longo
uma bomba não dará conta de tudo sozinha, pois a sua curva de pressão vai cair e
poderá se tornar menor que a pressão de vapor, causando a cavitação. Então, como as
bombas em série ajudam a resolver problemas de NPSH é uma consequência que elas
aumentam a pressão do sistema.
Aumentar a pressão do sistema pode ser bom ou ruim. Se você colocar uma bomba
muito perto da outra a pressão pode se tornar alta demais e a tubulação pode não
aguentar. Se você colocar uma bomba muito longe da outra o NPSH disponível será
menor que o NPSH requerido, ou seja, a pressão do sistema se tornará menor que a de
vapor.
Uma pressão muito alta também pode causar problemas mecânicos, pois a bomba se
desgasta muito mais rápido trabalhando a grandes pressões.
165
As bombas em paralelo é a associação mais utilizada nas industrias, pois possibilita o
desligamento de uma para uma eventual manutenção enquanto a outra trabalha sem
perigo. Essa associação aumenta a vazão do sistema, o que ajuda o processo industrial.
Um bom conselho é que sempre quando for associar bombas escolha sempre do mesmo
modelo, pois elas terão o mesmo NPSH requerido e as mesmas características. Imagine
se você tiver 10 bombas e todas pifarem, mas todas são de modelos diferentes, então se
prepare para ligar para 10 empresas diferentes, receber 10 técnicos diferentes e pagar
10 manutenções.
Se um sistema possui duas bombas trabalhando em paralelo e se por acaso uma delas
for desligada, não significa que a vazão do sistema será reduzida pela metade. Por
exemplo, com duas bombas a vazão é 10 então com uma bomba será 5. Isso não é
verdade. A vazão depende de muitos outros fatores além da bomba, ainda mais que a
perda de carga total vai aumentar, porque uma bomba terá que trabalhar por duas,
então essa bomba percorrerá o dobro do seu caminho, aumentando a perda de carga.
166
17.10 Curva da bomba
Com lágrima nos olhos, esse é o último tópico de todo o nosso estudo em Fenômenos de
Transporte I. Mas relaxa, o nosso sofrimento aqui nem se compara com o de Fenômenos
de Transporte II.
Para que serve isso? Bom, para se conhecer melhor a bomba que você está comprando
né?
Um engenheiro pode calcular a curva do sistema e incluir dados de qualquer bomba que
deseja, assim ele irá escolher qual é a bomba que se encaixa mais perfeitamente com o
seu sistema. A escolha é feita comparando o ponto de operação com a curva de
rendimento da bomba, ou seja, o objetivo é encontrar uma bomba cujo ponto de
operação seja o mais próximo possível do rendimento máximo.
167
Com o passar do tempo e ao passo que a bomba sofre certos problemas o seu diagrama
vai mudando, o que tem consequência a perda da eficiência da bomba.
Exemplo 12
Água escoa conforme a figura a 20 °C. Calcule o máximo valor de h nessa situação.
Refaça para T = 50 °C, refaça para duas temperaturas se Hpc = 2 m. (P1 = 600 mmHg)
Nossos pontos de referência serão o ponto 1 e o 2, onde o ponto 2 é o ponto onde ocorre
a pressão de vapor.
𝐻1 = 𝐻2
𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
+ 𝑧1 + = + 𝑧2 +
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
A altura 𝑧1 está em cima do eixo, portanto pode ser descartada. A velocidade nos pontos
1 e 2 serão desconsideradas, pois a área do tubo é a mesma em toda sua extensão. Dessa
forma:
𝑃1 𝑃2 𝑃1 − 𝑃2
= 𝑧2 + → 𝑧2 =
𝛾 𝛾 𝛾
A pressão de vapor que iremos utilizar está tabelada lá no início desta aula, mas eu não
sou um cara mal e não vou fazer você voltar tudo isso. Esses dados são tabelados, pois
como já foi explicado, para cada temperatura há uma pressão de vapor.
168
Convertendo a pressão 1 para kPa, temos P1 = 80,0 kPa. Então basta substituir os
valores para encontrar a altura máxima para evitar a cavitação. Vamos aproveitar e
calcular para 50 °C também.
Agora imaginando perda de carga total de 2 m, basta subtrair 2 m aos valores que
encontramos, pois:
𝐻1 = 𝐻2 − 𝐻𝑃𝐶
Então:
Exemplo 13
Bom, nós podemos começar calculando dados simples, como por exemplo encontrar a
velocidade do fluido. Temos vazão e temos o diâmetro, essa questão está pedindo para
que nós encontremos a velocidade. Lembrando que temos que converter polegadas em
metros.
169
𝑄 0,06 𝑚3 /𝑠
𝑣= = = 30 𝑚/𝑠
𝐴 𝜋(0,0508 𝑚)2
4
Agora podemos montar a equação de Bernoulli. Mas primeiro, quais serão os pontos que
vamos utilizar? Um já sabemos, antes da bomba, mas e o outro? Bom, pensa comigo,
estamos analisando as pressões que ocorrem dentro de tubos, pois o NPSH é válido
somente para tubos. Então, não podemos escolher um ponto que esteja fora do tubo,
então vamos escolher o primeiro ponto que inicia o tubo.
Temos a equação:
𝐻1 = 𝐻2 + 𝐻𝑃𝐶
𝑣12 𝑃1 𝑣22 𝑃2
+ 𝑧1 + = + 𝑧2 + + 𝐻𝑃𝐶
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
𝑃2 𝐿𝑡 𝑣 2
𝑧1 = +𝑓
𝛾 𝐷𝐻 2𝑔
Nós vamos encontrar o nosso comprimento máximo através do 𝐿𝑡 que irá nos mostrar
qual é o maior comprimento possível para se evitar a cavitação.
Só de olhar para essa beleza você já deve ter se tocado que vamos ter que usar o
diagrama de Moody, né? Chega até dói de preguiça em alguns. Calculando Reynolds e a
rugosidade relativa, temos:
170
𝜌𝑣𝐷 (103 𝑘𝑔/𝑚3 )(30 𝑚/𝑠)(0,0508 𝑚) 𝜀 0,045 × 10−3 𝑚
𝑅𝑒 = = = 2 × 106 = = 0,0009
𝜇 0,00089 𝑃𝑎. 𝑠 𝐷𝐻 0,0508 𝑚
171
172
Buscando mais uma vez os dados da pressão de vapor na nossa tabela, temos que a
pressão de vapor na água para 50 °C é 12,25 kPa.
Substituindo dados:
Não liga para esse resultado estranho, o que importa é que você aprendeu a resolver
esta questão.
173
18. Uma discussão final - Fenômenos de
transporte 1 e climatologia
Há tempos, houve a discussão sobre a Amazônia ser o pulmão do mundo, por causa da
sua imensidão verde, composta por inestimáveis espécies vegetais, porém atualmente
entende-se que esse termo é errôneo e que a floresta amazônica não procede como uma
“geradora” de oxigênio. Nobre (2014), dá um novo olhar para a Amazônia: um sistema
circulatório, composto por coração, veias e artérias, onde o sangue é a água, porém aqui
pode-se descrevê-la de uma forma mais mecânica, como uma grande planta industrial
formada por uma poderosa bomba, um imenso reservatório e tubulações fortes e eficazes
escoando um fluido precioso: água.
174
motriz de uma bomba mecânica, onde o fluido é o ar carregado de umidade. Esses
fluidos correm por artérias, que são chamadas de rios voadores, ou seja, a grande
quantidade de água vaporizada presente na atmosfera, mas para chegar até as
distâncias mais longas do continente é necessário o funcionamento da bomba biótica.
A bomba biótica de umidade é a floresta costeira que está em contato com o oceano,
onde as suas raízes aproveitam da abundância de água e através da transpiração e
condensação liberam grandes quantidades de água para atmosfera. A bomba biótica é
acionada pela sua força motriz, ou seja, a diferença de evaporação e condensação entre
a floresta e o oceano, que por sua vez gera uma diferença de pressão entre esses locais.
O oceano possui baixa pressão pela sua pouca evaporação e por causa disso a floresta
possui uma pressão maior. Como a variação de pressão determina o movimento dos
ventos essa diferença de pressão cria um gradiente de pressão que direciona os ventos
carregados de umidade para o meio do continente, onde está a floresta.
A área continental, carregada de umidade, fará a pressão local cair ao passo que as
nuvens se tornam cada vez maiores, pois grandes nuvens são formadas com o movimento
vertical de baixo (da superfície) para cima (em direção ao céu) dos ventos, porém após
a precipitação a pressão aumentará novamente, o que faz com que os ventos carregados
de umidade tomem várias direções através do continente, daí vem as influências da
floresta amazônica em muitos outros lugares do mundo.
A situação imposta, caso a floresta costeira for devastada, é melhor descrita como a
reversão da bomba biótica, ou seja, em vez de trazer a umidade e o ventos para o
continente, ela irá tira-los. Com a inexistência da floresta costeira a evaporação não
175
será mais tão forte assim, pois a distância entre o grande reservatório de água (oceano)
e a floresta já é muito grande, a consequência disso é que a pressão em vez de ser baixa,
será maior que a do oceano, isto é, a evaporação será maior no oceano do que na floresta,
por fim, o curso dos ventos seria revertido.
Por fim, o grande sistema formado pela floresta, oceano e a bomba biótica fazem do
mesmo equivalente ao sistema circulatório de um corpo humano ou animal e ao sistema
hidráulico de uma grande planta industrial. A bomba biótica está conectada a toda
planta industrial, para o seu funcionamento é necessárias árvores costeiras em contato
com o oceano, ou seja, a bomba necessita de contato com o seu grande reservatório, que
irá distribuir essa água através de grandes tubulações projetadas pelo engenheiro para
evitar a cavitação. Ao alimentar, a indústria a água será reciclada ou reutilizada através
de um sistema de gestão ambiental que fará com que a água retorne em tubulações que
levam ao grande reservatório, fechando assim o grande ciclo dessa planta industrial
chamada Amazônia.
176
19. Pronto para ser um engenheiro? – Projeto
de um sistema hidráulico
19.1 Problema
Água de um lago será levada através de uma tubulação até a indústria de acordo com
a figura abaixo. Você é o engenheiro responsável e possui tubulações de diversos materiais
e diâmetros e diversas bombas a seguir. Portanto deve-se considerar todos os casos e
definir a melhor opção assim como plotar gráficos Potência e rendimento versus vazão
para 3 possibilidades. Sabe-se que a vazão não pode passar de 40 𝑚3 /h.
177
Nome Fator de Atrito (mm) Diâmetro (mm)
Aço inoxidável 0,002 25
Aço comercial 0,045 30
Ferro galvanizado 0,15 28
Cobre 0,0015 20
𝐿𝑟𝑒𝑎𝑙 = 50 + 30 + 10 + 5 = 95 𝑚
𝐿𝑒𝑞 = (𝐽𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜 90°) + (𝐽𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜 45°) + (𝐶𝑢𝑟𝑣𝑎 90°) + (𝐶𝑢𝑟𝑣𝑎 90°) + (𝑉á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎)
Logo: 𝐿𝑇 = 105,4 𝑚.
Logo: 𝐿𝑇 = 108,77 𝑚.
178
c) Ferro galvanizado (28 mm)
Logo: 𝐿𝑇 = 106,91 𝑚.
Logo: 𝐿𝑇 = 103,782 𝑚.
19.3 Considerações
179
19.4 Desenvolvimento de Equações
19.4.1 Bomba
Procura-se uma equação geral para qualquer bomba, então, utilizando as equações de
Bernoulli de cargas manométricas dos pontos, da bomba e da perda, tem-se:
𝐻1 + 𝐻𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 = 𝐻2 + 𝐻𝑃𝐶
𝑣12 𝑝1 𝑣 2 𝑝2
𝑍1 + + + 𝐻𝐵 = 𝑍2 + + + 𝐻𝑃𝐶
2𝑔 𝛾 2𝑔 𝛾
𝐻𝐵 = 22,329 + 𝐻𝑃𝐶
𝐿𝑇 𝑣 2
𝐻𝑃𝐶 = 𝑓
𝐷𝐻 2𝑔
As equações serão diferenciadas por causa dos diferentes valores de fator de atrito
(I) e
comprimento total, todas as equações advindas dessa serão equações (II).
a) Aço inoxidável
105,4 𝑚 𝑣2
𝐻𝑃𝐶 = 0,002 = 0,430𝑣 2
0,025 𝑚 2(9,81 𝑚/𝑠 2 )
b) Aço comercial
108,77 𝑚 𝑣2
𝐻𝑃𝐶 = 0,045 = 8,315𝑣 2
0,030 𝑚 2(9,81 𝑚/𝑠 2 )
c) Ferro galvanizado
106,91 𝑚 𝑣2
𝐻𝑃𝐶 = 0,15 = 29,191𝑣 2
0,028 𝑚 2(9,81 𝑚/𝑠 2 )
180
d) Cobre
103,782 𝑚 𝑣2
𝐻𝑃𝐶 = 0,0015 = 0,397𝑣 2
0,02 𝑚 2(9,81 𝑚/𝑠 2 )
19.4.3 Equações
Substituindo (I) em (II) para cada caso, tem-se que as equações da carga manométrica
da bomba em função da velocidade é:
𝐻𝐵 = 22,329 + 0,430𝑣 2
𝐻𝐵 = 22,329 + 8,315𝑣 2
𝐻𝐵 = 22,329 + 29,191𝑣 2
𝐻𝐵 = 22,329 + 0,397𝑣 2
19.4.4 Áreas
Com a utilização de tubulações diferentes, a área faz a distinção entre cada um, o que
faz desse dado muito importante, então, para cada caso, tem-se:
𝐷𝐻2
𝐴=𝜋 = 4,909 × 10−4 𝑚2
4
181
b) Aço comercial (0,030 m)
𝐷𝐻2
𝐴=𝜋 = 7,069 × 10−4 𝑚2
4
d) Cobre (0,020 m)
𝐷𝐻2
𝐴=𝜋 = 3,142 × 10−4 𝑚2
4
Como é dado apenas a possibilidade de se estudar três casos, faz-se, então, a escolha
dos casos, não imediatamente, pois deve-se analisar que tipo de material e qual bomba
mais convém para este projeto.
19.5.1 Corrosão
Uma das maiores causas de prejuízos que há em indústrias químicas é a corrosão, por
menores que sejam, causam grandes impactos no processo industrial, por esse motivo os
pesquisadores da área afirmam que existem três estágios importantes de um
componente (quaisquer que envolvam presença de fluidos):
Projetista:
182
• Forma geométrica e estrutura;
• Escolha de materiais;
• Ambiente operacional;
• Uso de revestimento.
Fabricante:
• Reprodução precisa do projeto;
• Uso dos materiais especificados;
• Uso do tratamento térmico correto;
• Uso das técnicas de fabricação correto;
• Aplicação correta dos revestimentos protetores.
Usuário:
Percebe-se que a questão geométrica do tubo ter uma forma quadrada ou circular é
bem evidente no primeiro estágio citado acima, o que condiz com o fato de todos os
tubos discutidos neste projeto são de área de seção reta circular.
Para discutir sobre corrosão, deve-se conhecer que tipo de fluido será utilizado na
tubulação, mas em momento algum os dados afirmam sobre a água ser doce ou salgada,
portanto fica a escolha. Escolhe-se, então, que o lago possui água doce, que é
característica da região a qual está sendo feita este projeto.
Com a afirmação de Callister (24) sobre corrosão, tem-se que: “ O ferro fundido, o aço,
o alumínio, o cobre, o latão e alguns aços inoxidáveis são, em geral, adequados para o
uso com água doce [...] “, portanto, tem-se o veredito que o aço inoxidável será utilizado
no estudo deste projeto, em que cada possibilidade corresponderá a uma das três
bombas.
183
são: área, velocidade, carga manométrica da bomba, potência utilizada da bomba (NB),
potência útil máxima da bomba e o rendimento do sistema. Equações da área, da carga
manométrica da bomba e da potência útil máxima já foram apresentadas antes. As
equações abaixo demonstram como será calculado a potência utilizada da bomba e o
rendimento do sistema.
𝑄𝛾𝐻𝐵
𝑁𝐵 =
𝜂𝐵
𝑁𝐵
𝑟𝑒𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =
𝑁𝑚á𝑥
Optou-se por calcular os dados para todos materiais disponíveis, mesmo sem utilizá-los,
pois, o programa será capaz de calcular qualquer situação deste projeto e com as
condições dadas por ele, dessa forma, outros materiais também poderiam ser explorados,
mas como foi afirmado anteriormente, o melhor material para as condições deste
projeto é o aço inoxidável.
184
Figura 1: Programa em linguagem Python
185
Figura 2: Programa em linguagem Python
Para melhor estudo, utiliza-se dos resultados do programa descrito acima com outro
que plotará todos os gráficos juntos, o que melhorará a comparação entre os mesmos. A
construção deste segundo programa é descrita abaixo:
186
Figura 3: Programa em linguagem Python
19.7 Resultados
Após testes com o programa, percebeu-se que a vazão máxima a ser atingida pela bomba
de menor potência (A) é de 7 𝑚3 /ℎ, dessa forma, utiliza-se os a quantidade mínima de
pontos até a vazão 7 para haver uma comparação precisa entre as bombas.
187
19.7.1 Aço Inox e bomba A
188
Gráfico 1: Potência e Vazão aço inox e bomba A
189
19.7.2 Aço Inox e bomba B
190
Gráfico 4: Rendimento e Vazão aço inox e bomba C
191
Gráfico 5: Potência e Vazão aço inox e bomba C
192
19.8 Discussões
19.8.1 Bombas
193
Gráfico 8: Comparação entre gráficos de rendimento por vazão
Os gráficos 7 e 8 são visualmente opostos, o que é coerente. É visto que que a bomba C
no primeiro gráfico se mostra com uma linha mais alta, o que significa que dada uma
vazão a potência utilizada por essa bomba será maior que a das outras. A priori, a bomba
A parece ser mais promissora que as outras, porém deve-se discutir um pouco mais esta
premissa.
Com os dados tabelados, observa-se que a bomba A atinge no máximo uma vazão de 7
𝑚3 /ℎ, a bomba B atinge 7,5 𝑚3 /ℎ e a bomba C atinge 9 𝑚3 /ℎ. Em vista desses dados, a
diferença de vazão da bomba A com a bomba C é de 2 𝑚3 /ℎ, o que remete que a única
qualidade da bomba C é acelerar o sistema.
O gráfico 7 expõe que a bomba A é a que possui o menor consumo para uma dada vazão,
de semelhante modo o gráfico 8 expõe que a bomba A possui o melhor rendimento tendo
194
uma distância significativa das outras bombas, isso é consequência do fato de que a
bomba A tem o maior rendimento entre as bombas, com 0,8.
Por fim, o fato de o escoamento do sistema ser mais rápido pode ser um assunto em
questão a se discutir e analisar, porém é necessário atentar à cavitação, que causaria
danos irreversíveis a todo o sistema. Percebe-se que quanto maior é a vazão máxima da
bomba, maior será a velocidade atingida, então, além de consumir mais energia, bombas
mais potentes podem acabar causando a cavitação
19.8.2 Tubulação
O aço inoxidável não é o mais barato entre as tubulações, porém há um fator mais
importante: corrosão. Em um site de notícias é exposto a seguinte situação:
Com esta afirmação, tem-se que os custos e as situações desagradáveis causadas pela
corrosão são mais impactantes do que o custo de instalar uma tubulação de aço
inoxidável.
A tubulação de aço inoxidável também tem pontos positivos ao observar que seu fator
de atrito é o segundo menor dentre as tubulações disponibilizadas, perdendo somente
para o cobre, o que remete ao fato de que, de acordo com o diagrama de Moody, seu
fator de atrito pequeno aumenta a capacidade de o fluido escoar em regime laminar e
de transição, enquanto o regime turbulento é mais trabalhoso de se atingir.
19.9 Conclusão
195
inoxidável é o melhor a ser instalado neste projeto, de acordo com as condições e
considerações citadas neste relatório.
196
20. Adeus
Bom, chegamos ao fim. Este material tentou trazer para você os ensinos mais
importantes da mecânica dos fluidos da melhor maneira possível. Não, não sou professor,
aluno de pós-graduação ou sei lá o quê, nem iniciação científica eu faço, eu sou só um
cara que não sabe muito, mas que aprendeu Fenômenos de Transporte I e agora quer
passar para você como ele aprendeu.
Eu espero que este livro tenha ajudado você, ele também será muito útil como consulta.
Este livro foi resultado de muito esforço e força de vontade, pois fazer tudo sozinho não
é fácil para ninguém, porém meu objetivo nunca foi querer ganhar em cima disso, só
quero que aqueles que estão encurralados pelas aulas ineficazes e livros não didáticos
seguidos da falta de base para estudo venham encontrar uma saída através da minha
didática.
Obrigado por ter lido este livro, você pode compartilha-lo se quiser, pois ele é gratuito
então você tem liberdade em fazer o que bem quiser com ele, só atente em fazer as
devidas referências ao citar este livro ou publicá-lo em algum site.
197
Referências
Livro Base:
BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluidos – 2° ed. rev. – São Paulo: Pearson, 2008.
Referência Adicionais:
198
(7)SILVA, Domiciano. Consequências da Lei de Stevin – Mundo Educação. Disponível
em < http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/consequencias-lei-stevin.htm >.
Acesso em 29/03/2017.
(15) SOUZA, Líria Alves de. Oxidação e Redução; Brasil Escola. Disponível em <
http://brasilescola.uol.com.br/quimica/oxidacao-reducao.htm >. Acesso em 09 de
junho de 2017.
199
(16) WIKILIVROS. Mecânica dos fluidos. Disponível em <
https://pt.wikibooks.org/wiki/Mec%C3%A2nica_dos_fluidos >. Acesso 09 de junho
de 2017.
(19) FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. Fatores que alteram a pressão de vapor de
um líquido. Propriedades Coligativas, Mundo Educação. Disponível em <
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/fatores-que-alteram-pressao-
vapor-um-liquido.htm >. Acesso em 01 de julho de 2017.
200
(25) DIARIO DO COMERCIO. Os danos da corrosão na economia. Disponível em <
http://www.diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=os_danos_da_corrosao_na_ec
onomia_&id=101214 >. Acesso em 14 de junho de 2017.
(28) FOX, Robert W; et al. Introdução à Mecânica dos Fluidos. Tradução e revisão
técnica: Ricardo Nicolau Nassar Koury, Luiz Machado. –[Reimpr.]. – Rio de
Janeiro: LTC, 2011.
201