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HUGO RODRIGUES
PEDIATRIA
Capacidade cognitiva
É, sem dúvida, o mais fácil de avaliar. Actualmente existem uma série de testes que
permitem quantificar o Quociente de Inteligência (QI) das crianças de forma bem
objectiva, pelo que não é difícil perceber se a criança tem “capacidade” ou não para
acompanhar as exigências. Para além disso, com esse tipo de avaliação torna-se
possível também perceber quais as áreas mais fortes e mais fracas da criança, o que
ajuda a estabelecer melhor de que forma aquela criança precisa de ser estimulada.
Na prática, a maior parte das crianças ditas “condicionais” acabam por ter um QI que
lhes permite, do ponto de vista cognitivo, acompanhar as outras, pelo que não costuma
ser este o aspecto que mais condiciona a decisão dos pais.
Maturidade
É muito subjectiva e, como tal, não existe nenhum método muito eficaz para a avaliar.
Depende de muitos aspectos que não se conseguem quantificar, pelo que é uma área
onde são os pais quem melhor pode tirar conclusões. Apesar de ser possível ter uma
ideia geral, nenhum profissional de saúde consegue dar uma opinião muito
fundamentada em relação à maturidade de uma criança. E devia ser exactamente este
o principal discriminador para decidir se a criança avança ou não…
A maturidade é algo que não se aprende, pois é “biológica”. Precisa de tempo para se
desenvolver e não se adquire por imitação. Os comportamentos podem-se imitar, mas
a maturidade tem que ir surgindo. E quando não está presente, as dificuldades vão-se
fazer notar. Por muitas capacidades que uma criança tenha, se não tiver maturidade
para entender o que se lhe ensina e o que se lhe exige, os seus resultados vão sempre
ficar aquém do que ela merece e é capaz. E esta questão pode fazer a diferença entre
a positiva e a negativa, como é lógico, mas pode também fazer a diferença entre um
aluno ser brilhante ou “apenas” muito bom.
Assim, em jeito de conclusão, diria que a regra deveria ser que só entrariam para a
Escola Primária as crianças com 6 anos já feitos. Pontualmente poderia abrir-se uma
ou outra excepção, mas essa seria a decisão mais acertada para a esmagadora
maioria. Não é preciso pressas, apenas respeitar o que a biologia nos diz e os estudos
comprovam. Sei que haverá muita gente que discorda desta opção, mas acredito
mesmo que é a mais acertada.
Todas as crianças devem ter oportunidade de usar as capacidades que têm e, para
isso, precisam de maturidade e segurança. E, acredite, todas elas têm muitos anos
para ser adultos, mas muito poucos para ser crianças. E atrevo-me até a dizer que é
quase “criminoso” impedir que elas usufruam desses poucos anos que têm enquanto
crianças…