Sei sulla pagina 1di 5

O Modernismo, despoletado pelos avanços tecnológicos do

final do século XIX, é uma corrente que afirma o poder do


Homem em fazer, melhorar e transformar o ambiente que o
rodeia, alicerçada no conheciemento científico e
tecnológico. Embarcando numa onda de inovação e mudança, o
Modernismo engloba o trabalho de investigadores, artistas,
escritores e designers que se viram confrontados com os
novos aspectos económicos, sociais e políticos do emergente
mundo moderno – que, por sua vez, excediam os limites das
tradições historicistas do final do século XIX.

O Modernismo instaurou-se, então, nas práticas académicas,


artísticas e corporativas sob a forma de artefactos
produzidos industrialmente e em massa, despidos de
ornamento (ver o manifesto “Ornament and Crime”, da autoria
do arquitecto Adolf Loos) – em que a forma segue a função –
maximizando o seu carácter funcional.

“Then there has been a consistent urge to treat


modernism as a style sheet, where it can be separated
from its substance—like a Helvetica-styled ‘identity’
can perfectly essentialize a luxury beauty product, an
airline, a mediocre sushi-bar franchise, and countless
other examples.”1

Elencado nos preceitos do Modernismo, o leque de oferta que


nos é proprocionado pelo mercado capitalista dos dias de
hoje corresponde a uma série de características
transversais, destacando que se deve apresentar como
apelativo ao consumidor e lucrativo às indústrias. Estes
objectos têm que ser viáveis, funcionais e úteis. Mas estes
requisitos são transmutáveis ao longo do tempo e as lógicas
do mercado em que se inserem acompanham a mudança, num

1
(“Autoreply: Modernism”, Metahaven 2011)
estado de constante adaptação - através de nova tecnologia,
novas criações tornam-se viáveis. Modelos de negócio
colapsam ou emergem da ruptura. 2

A este ponto, surge então a questão: por que é que todos os


artefactos consumíveis têm que ser necessária e
estritamente funcionais? O objecto que não se esgota no
cumprimento da sua tarefa é menos pertinente face àquele
que cumpre uma função puramente utilitária na nossa vida
quotidiana?

É precisamente esta a hipótese levantada pela dupla de


designers Anthony Dunne e Fiona Raby, com o projecto
Placebo:

“Do real products need to be mass-produced and sold in


a shop? Who decides what's real and what's not? And
why are conceptual products less real than non-
conceptual products? One can argue that even
hallucinations are real in one person's mind.”3

Dunne e Raby inserem-se numa vertente do design que se


encontra ciente da ausência de questionamento crítico no
seio da própria disciplina em relação ao progresso tecnológico e ao
papel que os objectos que comumente possuímos exercem no nosso
quotidiano. Em vez de se dedicarem a uma prática de design que
decorre em torno da solução de problemas (por oposição a
definição de problemas) a dupla parte de uma análise
crítica e consciente da realidade para tecer cenários
especulativos e possibilidade futuras. Na década de 1990

2
“Through new technology, new things become buildable. Business models collapse or emerge
from disruption.” (Bruce Sterling 2013)

3
(Dunne & Raby, citado por Puolakka & Sutela 2010)
acabaram por cunhar o termo design crítico como título
desta corrente de pensamento.

A prática de Dunne e Raby tem raízes que penetram para além


do design de produtos que subvertem a norma capitalista: a
dupla encara a sua disciplina como um meio para colocar
questões sobre design e através de design. Uma vez que o
design crítico evoca o pensamento crítico, o questionamento
da norma e a tentativa de entender as lógicas que a
estabeleceram, o seu objectivo é o de utilizar a disciplina
como via de incutir uma atitude céptica à sociedade em
geral. 4

“We purposefully create unnatural, awkward,


exaggerated and not-that-friendly objects in order to
point out that design is artificial and it always
involves decisions. Therefore, I'd say that instead
of designing objects that stimulate behaviour, we
design objects that stimulate questions. Our objects
don't make sense and fit into the system, but instead
they create another parallel world of alternative
reality that makes you question the existing system
and its values.” 5

No início do século XX, a influência da máquina


(industrial) Moderna forçou os designers a repensarem a sua
prática e a adaptarem-na a um novo mercado.

Fazem parte deste novo mercado as plataformas digitais, que


ademais se tornaram a via pela pela qual o produto do

4
“Critical
design is about critical thinking, about
questioning things, and trying to understand what's behind
them. In essence, our objective is to use design as a means
for applying skepticism to society at large.” (Dunne &
Raby, citado por Puolakka & Sutela 2010)
5
(Dunne & Raby, citado por Puolakka & Sutela 2010)
design é grandemente dessiminado. Ainda assim, o trabalho
crítico encontrado neste meio é ilustrado por projectos
como o tumblr Critical Graphic Design. Tratam-se
fundamentalmente de trabalhos críticos em relação à prática
da crítica, que em pouco contribuem para avanços no campo
disciplinar ou para fomentar debate, deixando o trabalho
crítico relevante encerrado num nicho reservado a
académicos e intelectuais.

No contexto actual de crise do design enquanto actividade


radicada nos preceitos do modernismo a crítica é vista como
um luxo.6 Para que seja possível subverter esta posição, é
necessário utilizar as plataformas de comunicação actuais
para engajar na discussão o público em geral, de modo a que
o design crítico deixe de ser visto com um luxo – supérfulo
e dispensável – e assuma a potencialidade de ser ele
próprio um medium através do qual é possível (re)pensar
questões políticas e sociais.

Ainda que não consigam mudar a realidade, os designers


podem mudar a percepção das pessoas perante a mesma7 e,
assim, conseguir que esta vertente especulativa conduza a
que, no futuro, a disciplina de design se desenvolva não em
torno da realidade instutuida, mas a par e passo com ela.

Notas:

Referências:

[1] Metahaven (2011). Autoreply: Modernism. In Print. Disponível em:


https://www.printmag.com/article/autoreply-modernism/

6
“(…) criticality is a luxury in the current conditions under
which graphic design is produced.” (Francisco Laranjo 2014)
7
“Designers cannot always solve problems (...). Although
we cannot change reality, we can change people's perception
of it.” (Dunne & Raby 2001)
[2] Sterling, B. (2013). Patently untrue: fleshy defibrillators and synchronised baseball are
changing the future. In Wired. Disponível em: https://www.wired.co.uk/article/patently-
untrue

[3] Puolakka, A. Sutela, J. (2010). Dreaming Objects. In OK Do (Ed.), Science Poems (pp.
22-27). Helsínquia e Paris
[4] Laranjo, F. (2014). Critical Graphic Design: Critical of What?. In Design Observer. Disponível
em: https://designobserver.com/feature/critical-graphic-design-critical-of-what/38416/

[5] Dunne, A. Raby, F. (2001). Design Noir: The Secret Life of Electronic Objects.
August Media: London, UK.

Potrebbero piacerti anche