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OBJETIVOS
Apresentar uma introdução à antropologia de autores negros/as, cujas obras contêm reflexões
sobre temas fundamentais à disciplina, tais como:
EMENTA
“Branco sai, preto fica” (2015) é o nome de um filme premiado em festivais no Brasil e no exterior,
com roteiro e direção de Adirley Queirós. A expressão que dá nome ao filme se refere à fala de um
policial, durante a invasão de um baile de black music em 1986. Na cena, os brancos deveriam
deixar o salão, enquanto os pretos ficam e apanham. Com a ação da polícia, tiros são trocados e
dois dançarinos acabam feridos. Segundo os críticos, o mérito do filme está na mistura bem-
sucedida de elementos do gênero documental, de musicais e de ficção científica, numa trama que
revela o apartheid entre a cidade satélite de Ceilândia e o Plano Piloto de Brasília.
Esta disciplina parte da inspiração cinematográfica de “Branco sai” para apresentar uma introdução
à antropologia de autores negros e negras, cujas obras, estilos e temas têm sido sistematicamente
silenciados na história da disciplina. Um silenciamento explícito e reiterado, que pode ser
percebido, por exemplo, na quase inexistência desses autores nas ementas das disciplinas dos
cursos universitários e no número ínfimo de traduções e de títulos publicados em português das
obras de antropólogos negros e negras. Veja-se o caso do antropólogo haitiano Anténor Firmin
(1850-1911), que publicou no ano de 1885, em Paris, o seu Discurso sobre a igualdade das raças:
antropologia positiva. Embora a obra de Firmin seja anterior aos primeiros escritos de Émile
Durkheim e Marcel Mauss, o seu nome não aparece nas disciplinas de história da Antropologia e
tampouco no panteão dos fundadores da antropologia francesa.
Nesta disciplina, “Preto fica” se refere a uma proposta de releitura da história da Antropologia,
baseando-se para tanto nas obras de autores negros e negras e em seus diferentes estilos,
abordagens e temas. Tal como no filme de Adirley Queirós, não se trata de apresentar uma
narrativa linear e muito menos exaustiva, mas sobretudo de ler e de analisar as trajetórias e as
obras de autores que, em suas pesquisas e diferentes estilos de escrita, transitaram entre os
movimentos sociais, a ficção, a etnografia e a teoria antropológica.
METODOLOGIA
Aulas expositivas, utilização de recursos audiovisuais, discussão sobre conceitos e obras
pertinentes ao curso.
PERÍODO
AVALIAÇÃO
CRONOGRAMA
Complementar:
LEAL, Maria das Graças de Andrade. Manuel Querino: entre letras e lutas. São Paulo, SP:
Annablume, 2009. 483 p.
Complementar:
HURSTON, Z. N. Dust Tracks on a Road: An Autobiography. New York: Harper Collins, 2010.
14/01 – Katherine Dunham e a antropologia da dança
DUNHAN, Katherine. Entrevista no jornal Correio da Manhã, julho de 1950.
BURT, R. Katherine Dunham e Maya Deren sobre ritual, modernidade e diáspora africana. ARJ -
Art Research Journal, v. 3, n. 2, p. 44-51, 18 dez. 2016.
Complementar:
DUNHAM, Katherine. Excerpts From the Dances of Haiti. Journal of Black Studies, Vol. 15, No. 4,
African and African-American Dance, Music, and Theatre (Jun., 1985), pp. 357-379.
Complementares:
ROSSI, Gustavo. Uma família de cultura: os Souza Carneiro na Salvador de inícios do século XX.
Lua Nova, 2012, n.85, pp.81-131.
_______. O intelectual “feiticeiro”: Édison Carneiro e o campo de estudos das relações raciais no
Brasil. Tese de Doutorado em Antropologia Social, UNICAMP, 2011.
16/01 – “Luzes Negras”: Primeiro Congresso de Escritores e Artistas Negros, 1956, Paris
Exibição do documentário Luzes Negras, de Bob Swain, 2007, 52 min.
Complementar:
BALDWIN, J. Princess and Powers: Letter from Paris. Encounter, 1957.
Complementares:
DUNKER, Christian. “Institucionalismo”. In: Mal-estar, sofrimento e sintoma: Uma psicopatologia
do Brasil entre muros. São Paulo: Boitempo Editorial, 2015.
GOMES, Janaína Damaceno. Os segredos de Virgínia: estudos de atitudes raciais em São Paulo
(1945-1955). Tese de Doutorado em Antropologia Social. PPGAS-USP, São Paulo, 2013.
Complementar:
RATTS, Alex; RIOS, Flavia. Lélia Gonzalez. São Paulo: Selo Negro, 2010.
22/01 - Archie Mafeje: a ideologia do tribalismo e a antropologia colonial
BORGES, A. et al. Pós-Antropologia: as críticas de Archie Mafeje ao conceito de alteridade e sua
proposta de uma ontologia combativa. Soc. Estado., 2015, vol.30, n.2, pp.347-369.
Complementar:
MAFEJE, Archie. The ideology of "Tribalism". The Journal of Modern African Studies, v. 9, n. 2, p.
253-261, 1971.
Complementares:
MUNANGA, K. Origens africanas do Brasil contemporâneo: histórias, línguas, culturas e
civilizações. São Paulo: Global, 2009.
MUNANGA, K. Negritude - Usos e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
Complementar:
MENEZES NETO, Hélio Santos. Entre o visível e o oculto: a construção do conceito de arte afro-
brasileira. Dissertação de mestrado em Antropologia Socia, FFLCH-USP, São Paulo, 2018.
MULLINGS, Leith. Interrogando el racismo. Hacia una Antropología antirracista. Revista CS, vol.12,
2013, pp.325-374.
BIBLIOGRAFIA GERAL
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