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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Nome da Unidade: Departamento de Ciências Sociais


Código da
Disciplina: CSO 04706 - Nome da Disciplina: “Branco sai, preto fica”: uma introdução à
Identidades e diferenças: raça, antropologia de autores negros/as
gênero e classe

Carga horária: 60hs Créditos: 4


Teóricas: 35hs Exercício: 15hs Laboratório: 10hs
Encargos Didáticos: Docente: Messias Basques (Prof. Substituto)

Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/7032010286340637

OBJETIVOS

Apresentar uma introdução à antropologia de autores negros/as, cujas obras contêm reflexões
sobre temas fundamentais à disciplina, tais como:

1) a construção da raça enquanto categoria ficcional entre os séculos XVIII e XIX;


2) o racismo e o surgimento de antropologias antirracistas;
3) as comunidades negras e as diversas formas de ativismo político;
4) os usos contemporâneos dos conceitos de classe, raça, gênero, etnicidade e negritude;
5) o pensamento anticolonial e as críticas pan-africanistas;
6) alteridade e identidade na diáspora;
7) as políticas de ações afirmativas e o combate ao racismo institucional.

EMENTA

“Branco sai, preto fica” (2015) é o nome de um filme premiado em festivais no Brasil e no exterior,
com roteiro e direção de Adirley Queirós. A expressão que dá nome ao filme se refere à fala de um
policial, durante a invasão de um baile de black music em 1986. Na cena, os brancos deveriam
deixar o salão, enquanto os pretos ficam e apanham. Com a ação da polícia, tiros são trocados e
dois dançarinos acabam feridos. Segundo os críticos, o mérito do filme está na mistura bem-
sucedida de elementos do gênero documental, de musicais e de ficção científica, numa trama que
revela o apartheid entre a cidade satélite de Ceilândia e o Plano Piloto de Brasília.
Esta disciplina parte da inspiração cinematográfica de “Branco sai” para apresentar uma introdução
à antropologia de autores negros e negras, cujas obras, estilos e temas têm sido sistematicamente
silenciados na história da disciplina. Um silenciamento explícito e reiterado, que pode ser
percebido, por exemplo, na quase inexistência desses autores nas ementas das disciplinas dos
cursos universitários e no número ínfimo de traduções e de títulos publicados em português das
obras de antropólogos negros e negras. Veja-se o caso do antropólogo haitiano Anténor Firmin
(1850-1911), que publicou no ano de 1885, em Paris, o seu Discurso sobre a igualdade das raças:
antropologia positiva. Embora a obra de Firmin seja anterior aos primeiros escritos de Émile
Durkheim e Marcel Mauss, o seu nome não aparece nas disciplinas de história da Antropologia e
tampouco no panteão dos fundadores da antropologia francesa.
Nesta disciplina, “Preto fica” se refere a uma proposta de releitura da história da Antropologia,
baseando-se para tanto nas obras de autores negros e negras e em seus diferentes estilos,
abordagens e temas. Tal como no filme de Adirley Queirós, não se trata de apresentar uma
narrativa linear e muito menos exaustiva, mas sobretudo de ler e de analisar as trajetórias e as
obras de autores que, em suas pesquisas e diferentes estilos de escrita, transitaram entre os
movimentos sociais, a ficção, a etnografia e a teoria antropológica.

METODOLOGIA
Aulas expositivas, utilização de recursos audiovisuais, discussão sobre conceitos e obras
pertinentes ao curso.

PERÍODO

07 a 25 de janeiro de 2019, das 13h30 às 17hs.

AVALIAÇÃO

Trabalhos escritos a respeito de temas relativos à disciplina, com a utilização obrigatória de ao


menos um/a autor/a presente na bibliografia básica.

CRONOGRAMA

07/01 – Apresentação da disciplina


KILOMBA, Grada. Quem pode falar? (Who can speak?). Plantation memories. Episodes of
everyday racism. Münster: Unrast-Verlag, 2010. Tradução de Anne Caroline Quiangala

08/01 – O que a antropologia deve a Joseph-Anténor Firmin?


FLUEHR-LOBBAN, Carolyn. Anténor Firmin: o haitiano pioneiro da antropologia. In: American
Anthropologist, vol. 102, n. 3, 2000, pp. 449-466. Tradução de Ellis Aguiar, mimeo.

09/01 – Martin Delany: “Princípios de Etnologia” e a ideia de nacionalismo negro


GILROY, Paul. “Martin Delany e a instituição da pátria”. In: O Atlântico negro: modernidade e dupla
consciência. São Paulo: Ed. 34, 2001, pp.65-82.

10/01 – Manuel Raymundo Querino e a aurora da antropologia no Brasil


QUERINO, M.R. O colono preto como fator da civilização brasileira. Afro-Ásia, n.13, 1980 (1918)

Complementar:
LEAL, Maria das Graças de Andrade. Manuel Querino: entre letras e lutas. São Paulo, SP:
Annablume, 2009. 483 p.

11/01 – Zora Neale Hurston e o “Renascimento do Harlem”


HURSTON, Zora Neale. O que os editores brancos não publicarão. Negro Digest, 1950.

Complementar:
HURSTON, Z. N. Dust Tracks on a Road: An Autobiography. New York: Harper Collins, 2010.
14/01 – Katherine Dunham e a antropologia da dança
DUNHAN, Katherine. Entrevista no jornal Correio da Manhã, julho de 1950.
BURT, R. Katherine Dunham e Maya Deren sobre ritual, modernidade e diáspora africana. ARJ -
Art Research Journal, v. 3, n. 2, p. 44-51, 18 dez. 2016.

Complementar:
DUNHAM, Katherine. Excerpts From the Dances of Haiti. Journal of Black Studies, Vol. 15, No. 4,
African and African-American Dance, Music, and Theatre (Jun., 1985), pp. 357-379.

15/01 – Edison Carneiro e o estudo das relações raciais


CARNEIRO, Edison. O negro como objeto de ciência. Afro-Ásia, 6-7, 1968, pp.91-100.

Complementares:
ROSSI, Gustavo. Uma família de cultura: os Souza Carneiro na Salvador de inícios do século XX.
Lua Nova, 2012, n.85, pp.81-131.
_______. O intelectual “feiticeiro”: Édison Carneiro e o campo de estudos das relações raciais no
Brasil. Tese de Doutorado em Antropologia Social, UNICAMP, 2011.

16/01 – “Luzes Negras”: Primeiro Congresso de Escritores e Artistas Negros, 1956, Paris
Exibição do documentário Luzes Negras, de Bob Swain, 2007, 52 min.

Complementar:
BALDWIN, J. Princess and Powers: Letter from Paris. Encounter, 1957.

17/01 - Virgínia Bicudo: diálogos entre antropologia e psicanálise


BICUDO, Virgínia. “Introdução” e “Resumos e hipóteses para pesquisa posterior”, In: MAIO, C.
(org.). Atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo. Ed. Sociologia e Política, 2010.

Complementares:
DUNKER, Christian. “Institucionalismo”. In: Mal-estar, sofrimento e sintoma: Uma psicopatologia
do Brasil entre muros. São Paulo: Boitempo Editorial, 2015.
GOMES, Janaína Damaceno. Os segredos de Virgínia: estudos de atitudes raciais em São Paulo
(1945-1955). Tese de Doutorado em Antropologia Social. PPGAS-USP, São Paulo, 2013.

18/01 – Exibição do filme Compasso de espera


Compasso de espera, Antunes Filho, Zózimo Bulbul, 1973, 1h38 min.

21/01 - Lélia González: a antropologia e o feminismo negro


GONZALEZ, Lélia. “Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira”. In: Revista Ciências Sociais Hoje,
Anpocs, 1984, pg 223-244.
________. “Por um feminismo afrolatinoamericano”. In: Caderno de Formação Política do Círculo
Palmarino n.1, 2011.

Complementar:
RATTS, Alex; RIOS, Flavia. Lélia Gonzalez. São Paulo: Selo Negro, 2010.
22/01 - Archie Mafeje: a ideologia do tribalismo e a antropologia colonial
BORGES, A. et al. Pós-Antropologia: as críticas de Archie Mafeje ao conceito de alteridade e sua
proposta de uma ontologia combativa. Soc. Estado., 2015, vol.30, n.2, pp.347-369.

Complementar:
MAFEJE, Archie. The ideology of "Tribalism". The Journal of Modern African Studies, v. 9, n. 2, p.
253-261, 1971.

23/01 – Ações afirmativas e identidade negra


MUNANGA, Kabenguele. Algumas considerações sobre raça, ação afirmativa e identidade negra
no Brasil – fundamentos antropológicos. Revista USP, n. 65, São Paulo, 2006, pp. 46-57.
_________. A difícil tarefa de definir quem é negro no Brasil. Estudos Avançados, n.18, 2004.

Complementares:
MUNANGA, K. Origens africanas do Brasil contemporâneo: histórias, línguas, culturas e
civilizações. São Paulo: Global, 2009.
MUNANGA, K. Negritude - Usos e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

24/01 – As artes afro-brasileiras e a antropologia


ARAÚJO, Emanoel. “O negro e as artes no Brasil”. In: SCHWARCZ, L. M.; & QUEIROZ, R. (orgs.).
Raça e diversidade. São Paulo, Edusp; Estação Ciência, 1996.

Complementar:
MENEZES NETO, Hélio Santos. Entre o visível e o oculto: a construção do conceito de arte afro-
brasileira. Dissertação de mestrado em Antropologia Socia, FFLCH-USP, São Paulo, 2018.

25/01 – Por uma antropologia antirracista

MULLINGS, Leith. Interrogando el racismo. Hacia una Antropología antirracista. Revista CS, vol.12,
2013, pp.325-374.

BIBLIOGRAFIA GERAL

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