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Índice

UFPB
Universidade Federal da Paraíba
Assistente em Administração
Ensino Médio Completo
EDITAL Nº - 53, DE DE 22 DE OUTUBRO DE 2015

ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS

LÍNGUA PORTUGUESA

Fonologia: conceito, encontros vocálicos, dígrafos, ortoépia, divisão silábica, prosódia-acentuação e ortografia;.....01
Morfologia: estrutura e formação das palavras, classes de palavras;.............................................................................14
Sintaxe: termos da oração, período composto, conceito e classificação das orações......................................................45
Concordância verbal e nominal, regência verbal e nominal, crase e pontuação;...........................................................56
Semântica: a significação das palavras no texto; Interpretação de texto........................................................................75

RACIOCÍNIO LÓGICO

Princípio da Regressão ou Reversão...................................................................................................................................01


Lógica Dedutiva, Argumentativa e Quantitativa...............................................................................................................03
Lógica matemática qualitativa, Sequências Lógicas envolvendo Números, Letras e Figuras.......................................14
Geometria básica...................................................................................................................................................................27
Álgebra básica e sistemas lineares.......................................................................................................................................31
Calendários............................................................................................................................................................................48
Numeração.............................................................................................................................................................................51
Razões Especiais....................................................................................................................................................................60
Análise Combinatória e Probabilidade...............................................................................................................................63
Progressões Aritmética e Geométrica..................................................................................................................................71
Conjuntos; as relações de pertinência, inclusão e igualdade; operações entre conjuntos, união, interseção e
diferença........................................................................................................................................................................................78
Comparações.........................................................................................................................................................................78

Didatismo e Conhecimento
Índice

CONHECIMENTOS GERAIS

Domínio de tópicos relevantes de diversas áreas, tais como: política, economia, sociedade, educação, tecnologia,
energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável, segurança, artes e literatura e suas vinculações históricas,
a nível regional, nacional e internacional.............................................................................................................................01/46

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Constituição Federal: Da Administração Pública..............................................................................................................01


Administração direta, indireta e fundacional.....................................................................................................................07
Controle da Administração Pública;...................................................................................................................................10
Contrato administrativo;......................................................................................................................................................14
Serviços públicos;..................................................................................................................................................................18
Bens públicos.........................................................................................................................................................................30
Improbidade Administrativa na Lei nº 8.429/92................................................................................................................36
Seguridade Social do Servidor Público...............................................................................................................................39
Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/90).............................................................................................................................39
Lei Federal nº 8.027, de 12 de abril de 1990, e Decreto Federal nº 1.171, de 22 de junho de 1994 - Código de Ética dos
Servidores Públicos......................................................................................................................................................................69

CONHECIMENTOS ESPECÍFICO

Documentação; conceituação: ata, atestado, certidão, circular, comunicado, convite, convocação, edital, memorando,
ofício, ordem de serviço, portaria, requerimento;....................................................................................................................01
Noções de administração: conceitos básicos; .....................................................................................................................22
Tipos de organização; estruturas organizacionais;............................................................................................................23
Organogramas e fluxogramas;.............................................................................................................................................26
Noções de funções administrativas: planejamento, organização, direção e controle;....................................................28
Noções de administração: financeira, de pessoas e de materiais;.....................................................................................32
Qualidade no atendimento: comunicação telefônica e formas de atendimento;.............................................................36
Noções de liderança, motivação e comunicação;................................................................................................................40
Noções de arquivologia;........................................................................................................................................................43
Direito Administrativo: Ato Administrativo: conceito, elementos/requisitos, atributos, Convalidação,
Discricionariedade e Vinculação;...............................................................................................................................................48
Poderes da Administração;...................................................................................................................................................51
Processo Administrativo, Lei nº. 9.784/99;..........................................................................................................................54
Constitucional: Os poderes do Estado e as respectivas funções;......................................................................................64
Hierarquia das normas;........................................................................................................................................................97
Princípios fundamentais da CF/88;.....................................................................................................................................97
Direitos e garantias fundamentais;....................................................................................................................................100
Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; educação, cultura e desporto; ciência e tecnologia;
comunicação social; meio ambiente; família, criança, adolescente e idoso;......................................................................... 119
Organização político-administrativa do Estado;.............................................................................................................132
Orçamento Público: Conceitos e Princípios Orçamentários...........................................................................................133

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Português - paginas 82,86,90.
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Artigo
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A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO

Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.

Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.

E então, você já teve estes problemas?


Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral,
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em
tudo que fazemos.

*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.

Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não
FONOLOGIA: CONCEITO, ENCONTROS representam fonemas. Observe os exemplos: Compra, conta.
VOCÁLICOS, DÍGRAFOS, ORTOÉPIA, Nessas palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que
DIVISÃO SILÁBICA, as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
PROSÓDIA-ACENTUAÇÃO “n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas
E ORTOGRAFIA letras “a” e “n”.
- A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.
hoje fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234
A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono
(“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa Classificação dos Fonemas
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. O
homem, ao falar, emite sons. Cada indivíduo tem uma maneira Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:
própria de realizar esses sons no ato da fala. Essas particularidades 1) Vogais
na pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética. As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma
Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
estabelecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, desempenham o papel de núcleo das sílabas. Assim, isso significa
nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção entre que em toda sílaba há necessariamente uma única vogal.
os pares de palavras: Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As
amor - ator vogais podem ser:
morro - corro - Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, /o/, /u/.
vento - cento
- Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
Cada segmento sonoro refere-se a um dado da língua /ã/: fã, canto, tampa
portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que / ẽ /: dente, tempero
você, como falante de português, guarda de cada um deles. É essa / ĩ/: lindo, mim
imagem acústica, esse referencial de padrão sonoro, que constitui /õ/ : bonde, tombo
o fonema. Os fonemas formam os significantes dos signos / ũ / : nunca, algum
linguísticos. Geralmente, aparecem representados entre barras.
- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, bola.
Assim: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, bola.
Fonema e Letra
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Na língua
- Abertas: pé, lata, pó
escrita, representamos os fonemas por meio de sinais chamados
- Fechadas: mês, luta, amor
letras. Portanto, letra é a representação gráfica do fonema. Na - Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras:
palavra sapo, por exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê- dedo, ave, gente
-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/
(lê-se zê). Quanto à zona de articulação:
- Anteriores ou Palatais - A língua eleva-se em direção ao
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais palato duro (céu da boca): é, ê, i
de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que pode ser - Posteriores ou Velares - A língua eleva-se em direção ao
representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio. palato mole (véu palatino): ó, ô, u
- Médias - A língua fica baixa, quase em repouso: a
- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um
fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar: 2) Semivogais
- o fonema /sê/: texto Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem
- o fonema /zê/: exibir apoiados em uma vogal, formando com ela uma só emissão de
- o fonema /che/: enxame voz (uma sílaba). Nesse caso, esses fonemas são chamados de
- o grupo de sons /ks/: táxi semivogais. A diferença fundamental entre vogais e semivogais
está no fato de que estas últimas não desempenham o papel de
- O número de letras nem sempre coincide com o número de núcleo silábico.
fonemas. Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa-
pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca é o “a”. Ele
tóxico fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: tóxico é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão forte quanto ele. É
1 2 3 4 5 6 7 123456 a semivogal. Outros exemplos: saudade, história, série.
galho fonemas: /g/a/lh/o/ letras: g a l h o Obs.: os fonemas /i/ e /u/ podem aparecer representados na
1 2 3 4 12345 escrita por “e”, “o” ou “m”. Veja:
pães /pãis/ mão /mãu/ cem /c i/

Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
3) Consoantes Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para
Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos representar um único fonema (di = dois + grafo = letra). Em nossa
pulmões encontra obstáculos ao passar pela cavidade bucal. Isso língua, há um número razoável de dígrafos que convém conhecer.
faz com que as consoantes sejam verdadeiros “ruídos”, incapazes Podemos agrupá-los em dois tipos: consonantais e vocálicos.
de atuar como núcleos silábicos. Seu nome provém justamente
desse fato, pois, em português, sempre consoam (“soam com”) as Dígrafos Consonantais
vogais. Exemplos: /b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc.
Letras Fonemas Exemplos
Encontros Vocálicos Lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e ch /xe/ chave
semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante rr /re/ (no interior da palavra) carro
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em sílabas. ss /se/ (no interior da palavra) passo
Existem três tipos de encontros: o ditongo, o tritongo e o hiato. qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
1) Ditongo sc /se/ crescer
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) sç /se/ desço
numa mesma sílaba. Pode ser: xc /se/ exceção
- Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal: sé-rie (i
= semivogal, e = vogal) Dígrafos Vocálicos: registram-se na representação das vogais
- Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal: pai (a nasais.
= vogal, i = semivogal) Fonemas Letras Exemplos
- Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai, série /ã/ am tampa
- Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais: mãe an canto
/ ẽ / em templo
2) Tritongo en lenda
É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma
/ ĩ/ im limpo
semivogal, sempre nessa ordem, numa só sílaba. Pode ser oral ou
in lindo
nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tritongo nasal.
/õ/ om tombo
on tonto
3) Hiato
/ ũ / um chumbo
É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
un corcunda
pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais de uma
vogal numa sílaba: saída (sa-í-da), poesia (po-e-si-a).
Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando
Encontros Consonantais seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/: guitarra,
aquilo. Nesses casos, a letra “u” não corresponde a nenhum
O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” representa um
intermediária, recebe o nome de encontro consonantal. Existem fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...).
basicamente dois tipos: Nesse caso, “gu” e”qu” não são dígrafos. Também não há dígrafos
1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r” e quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo).
ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no, a-tle-ta, - Repare que, quando você “ouve” o som do “u” em “gu”
cri-se. ou “qu”, não temos dígrafos. Exemplo: Água = /agua/ nós
2-) os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes pronunciamos a letra “u”, senão ficaria /aga/. Temos aqui 4 letras
a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta. e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ não pronunciamos o “u”,
Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos então temos dígrafo (aliás, dois dígrafos: “rr”). Portanto: 8 letras
vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo, psi-có-lo-go. e 6 fonemas.

Dígrafos Questões sobre Letra e Fonema


De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por
apenas uma letra. 01. Assinale a alternativa errada a respeito da palavra
lixo - Possui quatro fonemas e quatro letras. “churrasqueira”.
A) apresenta 13 letras e 10 fonemas
Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por B) apresenta 3 dígrafos: ch, rr, qu
duas letras. C) divisão silábica: chur-ras-quei-ra
bicho - Possui quatro fonemas e cinco letras. D) é paroxítona e polissílaba
Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ foram E) apresenta o tritongo: uei
utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.

Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
02. A alternativa que apresenta uma incorreção é: RESOLUÇÃO
A) o fonema está diretamente ligado ao som da fala.
B) as letras são representações gráficas dos fonemas. 1-) apresenta o tritongo: uei
C) a palavra “tosse” possui quatro fonemas. Não ouço o som do “u”. Há um dígrafo (qu = duas letras e um
D) uma única letra pode representar fonemas diferentes. fonema). O ‘qu” tem o som de /k/.
E) a letra “h” sempre representa um fonema.
2-) a letra “h” sempre representa um fonema. = não representa
03. Todas as palavras abaixo possuem um encontro vocálico e fonema quando inicia uma palavra como, por exemplo, hoje.
um encontro consonantal, exceto: 3-) C) adstringente. = há encontro consonantal (tr), mas não
A) destruir. B) magnésio. C) adstringente. há vocálico.
D) pneu. E) autóctone.
4-)
04. A série em que todas as palavras apresentam dígrafo é. A) assinar / bocadinho / arredores.
A) assinar / bocadinho / arredores. B) residência / pingue-pongue / dicionário.
B) residência / pingue-pongue / dicionário. C) digno / decifrar / dissesse.
C) digno / decifrar / dissesse. D) dizer / holandês / groenlandeses.
D) dizer / holandês / groenlandeses. E) futebolísticos / diligentes / comparecimento.
E) futebolísticos / diligentes / comparecimento.
5-)
05. Indique a palavra que tem 5 fonemas: A) ficha = 4 B) molhado = 6
A) ficha. B) molhado. C) guerra. D) fixo. E) hulha. C) guerra = 4 D) fixo = 5 /f i k s o/
E) hulha = 3
06. Dadas as palavras: tung-stê-nio / bis-a-vô / du-e-lo,
constatamos que a separação silábica está correta: 6-) tungs – tê - nio / bi – sa - vô / du- e –lo
a) apenas nº 1 b) apenas nº 2
7-) Aquilo (6 Letras / 5 Fonemas = /akilo/ )
c) apenas nº 3 d) em todas as palavras
e) n. d. a.
8-) máximo = /s/
07. Há relação INCORRETA de letras e fonemas em:
9-) 8 letras e 7 fonemas = v a s s o u r a (8 letras); /vasoura/
A) Pássaro (7 Letras / 6 Fonemas);
- 7 fonemas
B) Comovente (9 Letras / 8 Fonemas);
C) Molhada (7 Letras / 6 Fonemas);
10-) charuto = /xaruto/ 7 letras e 6 fonemas; 1 dígrafo
D) Plástica (8 Letras / 8 Fonemas);
E) Aquilo (6 Letras / 6 Fonemas). A ortoépia e a prosódia são duas áreas na gramática
responsáveis pela correta pronúncia das palavras, e por isso se
08. Assinale a alternativa em que a letra “x” da palavra não relacionam bastante com a fonética e a fonologia.
possui a pronúncia de /ks/: Prosódia é o estudo do ritmo, da entonação e das demais
A) tóxico B) léxico C) máximo D) prolixo propriedades acústicas relacionadas à fala, ou seja, aquelas que não
podem ser identificadas na transcrição ortográfica. É a prosódia
09. A palavra vassoura tem: que cuida da acentuação tônica das palavras. Dizemos que ocorre
A) 8 letras e 8 fonemas; B) 8 letras e 7 fonemas; transposição quando o acento tônico de uma palavra é transportado
C) 7 letras e 8 fonemas; D) 7 letras e 7 fonemas; de uma sílaba para outra (na fala), transformando, assim, uma
E) 8 letras e 6 fonemas. paroxítona em oxítona, ou uma proparoxítona em paroxítona.
Vejamos algumas palavras que causam dúvidas quanto à
10. A palavra “charuto” apresenta: pronúncia, ou seja, ocasionam erros de prosódia:
A) um dígrafo e seis fonemas. B) um dígrafo e sete OXÍTONAS: mister, nobel, ruim, cateter, hangar
fonemas. PAROXÍTONAS: avaro, caracteres, ibero, gratuito, fortuito,
C) sete letras e sete fonemas. D) sete letras e dois dígrafos. pudico, rubrica
E) sete letras e cinco fonemas. PROPAROXÍTONAS: elétrodo, protótipo, arquétipo, etíope,
ínterim, idólatra
GABARITO
Há ainda as palavras que admitem dupla pronúncia como
01. E 02. E 03. C 04. A 05. D acrobata/acróbata, crisântemo/crisantemo, Oceânia/oceania,
06. C 07. E 08. C 09. B 10. A réptil/reptil, estas facilitam a vida de quem escreve, pois as duas
formas estão corretas. Já existem outras palavras que, apesar de
admitirem dupla pronúncia, mudam o significado de acordo com
a acentuação tônica, como são os casos de valido (verbo) e válido
(adjetivo), ou vivido (aquele que viveu muito) e vívido (que tem
vivacidade).

Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
A Ortoépia, por sua vez, é o estudo que determina as normas Divisão Silábica
que regem a pronúncia das palavras em uma determinada língua.
É a ortoepia que trata das divergências entre a pronúncia de uma Na divisão silábica das palavras, cumpre observar as seguintes
palavra no dia a dia, pelos falantes, abrangendo contextos formais normas:
e informais. Contudo, vale lembrar que os desvios na pronúncia, - Não se separam os ditongos e tritongos: foi-ce, a-ve-ri-guou
em contextos informais, na linguagem popular, são facilmente
admitidos, porém em contextos formais são altamente reprovados. - Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu: cha-ve, ba-ra-
Enquanto a prosódia trata dos casos de mudança na sílaba lho, ba-nha, fre-guês, quei-xa
tônica, a ortoépia trata dos casos de emissão incorreta de vogais,
articulação imprópria de consoantes e timbre incorreto. Estes - Não se separam os encontros consonantais que iniciam
desvios geralmente interferem na escrita, pois as pessoas acabam sílaba: psi-có-lo-go, re-fres-co
escrevendo da mesma forma que falam. Por exemplo, se uma
pessoa pronuncia “cabelereiro”, quando for escrever esta palavra - Separam-se as vogais dos hiatos: ca-a-tin-ga, fi-el, sa-ú-de
terá uma grande inclinação para grafá-la desta maneira, e não da
forma correta que é “cabeleireira”. - Separam-se as letras dos dígrafos rr, ss, sc, sç xc: car-ro, pas-
Vejamos outros desvios (erros de ortoépia): sa-re-la, des-cer, nas-ço, ex-ce-len-te

CORRETO ERRADO - Separam-se os encontros consonantais das sílabas internas,


Bandeja Bandeija excetuando-se aqueles em que a segunda consoante é “l” ou “r”:
Caranguejo Carangueijo ap-to, bis-ne-to, con-vic-ção, a-brir, a-pli-car
Empecilho Impecilho
Reivindicar Reinvindicar Acento Tônico
Beneficência Beneficiência
Meteorologia Metereologia Na emissão de uma palavra de duas ou mais sílabas, percebe-
Pneu Peneu se que há uma sílaba de maior intensidade sonora do que as demais.
Freada Freiada calor - a sílaba lor é a de maior intensidade.
Cabeçalho Cabeçário faceiro - a sílaba cei é a de maior intensidade.
Advogado Adevogado sólido - a sílaba só é a de maior intensidade.
Estupro Estrupo Obs.: a presença da sílaba de maior intensidade nas palavras,
Estes desvios, relacionados à ortoépia, são chamados de em meio a sílabas de menor intensidade, é um dos elementos que
cacoepia. dão melodia à frase.

Sílabas Classificação da Sílaba quanto à Intensidade


Tônica: é a sílaba pronunciada com maior intensidade.
A - MOR Átona: é a sílaba pronunciada com menor intensidade.
Subtônica: é a sílaba de intensidade intermediária. Ocorre,
A palavra amor está dividida em grupos de fonemas principalmente, nas palavras derivadas, correspondendo à tônica
pronunciados separadamente: a - mor. A cada um desses grupos da palavra primitiva. Veja o exemplo abaixo:
pronunciados numa só emissão de voz dá-se o nome de sílaba.
Em nossa língua, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal: não Palavra primitiva: be - bê
existe sílaba sem vogal e nunca há mais do que uma vogal em átona tônica
cada sílaba. Dessa forma, para sabermos o número de sílabas de
uma palavra, devemos perceber quantas vogais tem essa palavra. Palavra derivada: be - be - zi - nho
Atenção: as letras “i” e “u” (mais raramente com as letras “e” e átona subtônica tônica átona
“o”) podem representar semivogais.
Classificação das Palavras quanto à Posição da Sílaba
Classificação das Palavras quanto ao Número de Sílabas Tônica
De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos
1) Monossílabas: possuem apenas uma sílaba: mãe, flor, lá, da língua portuguesa que contêm duas ou mais sílabas são
meu classificados em:
Oxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a última: avó,
2) Dissílabas: possuem duas sílabas: ca-fé, i-ra, a-í, trans-por urubu, parabéns

3) Trissílabas: possuem três sílabas: ci-ne-ma, pró-xi-mo, Paroxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a penúltima:
pers-pi-caz, O-da-ir dócil, suavemente, banana

4) Polissílabas: possuem quatro ou mais sílabas: a-ve-ni-da, Proparoxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a
li-te-ra-tu-ra, a-mi-ga-vel-men-te, o-tor-ri-no-la-rin-go-lo-gis-ta antepenúltima: máximo, parábola, íntimo

Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
Saiba que: Obs.: pode ocorrer que, de acordo com a autonomia fonética,
São palavras oxítonas, entre outras: cateter, mister, Nobel, um mesmo monossílabo seja átono numa frase, porém tônico em
novel, ruim, sutil, transistor, ureter. outra.
São palavras paroxítonas, entre outras: avaro, aziago, boêmia, Que foi? (átono)
caracteres, cartomancia, celtibero, circuito, decano, filantropo, Você fez isso por quê? (tônico)
fluido, fortuito, gratuito, Hungria, ibero, impudico, inaudito,
intuito, maquinaria, meteorito, misantropo, necropsia (alguns Questões sobre Sílaba
dicionários admitem também necrópsia), Normandia, pegada,
policromo, pudico, quiromancia, rubrica, subido(a). 01. Classifique as palavras quanto à localização do acento
São palavras proparoxítonas, entre outras: aerólito, bávaro, tônico, relacionando a primeira coluna com a segunda:
bímano, crisântemo, ímprobo, ínterim, lêvedo, ômega, pântano, (1) Oxítona
trânsfuga. (2) Paroxítona
As seguintes palavras, entre outras, admitem dupla tonicidade: (3) Proparoxítona
acróbata/acrobata, hieróglifo/hieroglifo, Oceânia/Oceania,
( ) Pegadas
ortoépia/ortoepia, projétil/projetil, réptil/reptil, zângão/zangão.
( ) Protótipo
( ) Gratuito
Monossílabos ( ) Ruim
O sol já se pôs. ( ) Sutil
Essa frase é formada apenas por monossílabos. É possível Após relacionar as colunas, a ordem na numeração, de cima
verificar que os monossílabos sol, já e pôs são pronunciados com para baixo, é:
maior intensidade que os outros. São tônicos. Possuem acento A) 2, 3, 2, 1, 1. B) 3, 3, 2, 2, 1.
próprio e, por isso, não precisam apoiar-se nas palavras que os C) 1, 2, 3, 1, 2. D) 1, 3, 3, 2, 2.
antecedem ou que os seguem. Já os monossílabos “o” e “se” são
átonos, pois são pronunciados fracamente. Por não terem acento 02. Assinale o vocábulo abaixo cuja tonicidade recai na última
próprio, apoiam-se nas palavras que os antecedem ou que os sílaba.
seguem. A) caracteres. B) austero. C) ureter.
D) rubrica. E) tambores.
Critérios de Distinção
Muitas vezes, fazer a distinção entre um monossílabo átono 03. As palavras abaixo são, respectivamente:
e um tônico pode ser complicado. Por isso, observe os critérios a Principal - poderosa - álcool
seguir. A) Oxítona, paroxítona e proparoxítona.
1- Modificação da pronúncia da vogal final. B) Oxítona, paroxítona e paroxítona.
Nos monossílabos átonos a vogal final modifica-se ou C) Proparoxítona, proparoxítona e proparoxítona.
pode se modificar na pronúncia. Com os tônicos, não ocorre tal D) Paroxítona, oxítona e paroxítona.
possibilidade.
Vou de carro para o meu trabalho. (de = monossílabo átono - 04. Qual o único par de palavras que deve ser acentuado?
é possível a pronúncia di ônibus.) A) palacio e egoista. B) quente e esquilo.
Dê um auxílio às pessoas que necessitam. (dê = monossílabo C) funcionario e caqui. D) formosura e raposa.
tônico - é impossível a pronúncia di um auxílio.) E) refens e cascavel.

05. Assinale a alternativa em que as palavras estão separadas


2- Significado isolado do monossílabo
corretamente:
O monossílabo átono não tem sentido quando isolado na frase. A) Dis-tra-í-do, ru-im, le-gais
Veja: B) Pri-me-iro, graú-do, paí-ses
Meus amigos já compraram os convites, mas eu não. C) Juí-zes, faí-sca, ter-ra
O monossílabo tônico, mesmo isolado, possui significado. D) Raí-nha, sai-da, ca-sa
Observe:
Existem pessoas muito más. 06. Palavras proparoxítonas são classificadas quando a sílaba
Nessa frase, o monossílabo possui sentido: más = ruins. tônica é a antepenúltima. Das palavras descritas abaixo qual
podemos classificar utilizando esta regra?
São monossílabos átonos: A) Café. B) Máquinas. C) Revólver. D) Espontâneo.
artigos: o, a, os, as, um, uns
pronomes pessoais oblíquos: me, te, se, o, a, os, as, lhe, nos, 07. Aponte a separação silábica correta:
vos A) Ca-m-po. B) Guer-ra. C) Ami-go. D) Fo-lh-a.
preposições: a, com, de, em, por, sem, sob
pronome relativo: que 08. As palavras das alternativas a seguir estão com sua
conjunções: e, ou, que, se sílaba tônica sublinhada. Uma delas, porém, está sublinhada
incorretamente. Aponte-a:
São monossílabos tônicos: todos aqueles que possuem A) rubrica B) interim
autonomia na frase: mim, há, seu, lar, etc. C) gratuito D) pudico

Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
GABARITO Regras básicas – Acentuação tônica

01. A 02. C 03. A 04. A A acentuação tônica implica na intensidade com que são
05. A 06. B 07. B 08. B pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma
mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais,
RESOLUÇÃO como são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas
de átonas.
1-) (1) Oxítona (2) Paroxítona (3) Proparoxítona De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas
pe ga das = penúltima sílaba tônica = paroxítona 2 como:
pro tó ti po= antepenúltima sílaba é a tônica = propar. 3 Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última
sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
gra tui to = penúltima sílaba tônica = paroxítona 2
Ru im = última sílaba tônica = oxítona 1
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai na
su til = última sílaba tônica = oxítona 1 penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível
2-) Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica está na
A) caracteres = Ca rac te res antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médico
B) austero = aus te ro – ônibus
C) ureter = u re ter
D) rubrica = Ru bri Ca Como podemos observar, os vocábulos possuem mais de
E) tambores = tam bo res uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com uma
sílaba somente: são os chamados monossílabos que, quando
3-) Principal - poderosa - álcool pronunciados, apresentam certa diferenciação quanto à intensidade.
Prin ci pal = oxítona Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em
Po de ro sa = paroxítona uma dada sequência de palavras. Assim como podemos observar
Ál co ol = proparoxítona no exemplo a seguir:

4-) Pares que DEVEM “Sei que não vai dar em nada,
A) palacio e egoista. Palácio - egoísta Seus segredos sei de cor”.
B) quente e esquilo. Ésquilo - foi um dramaturgo da Grécia
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os demais,
Antiga. (= pode ser acentuada)
como átonos (que, em, de).
C) funcionario e caqui. Funcionário - cáqui(cor) e caqui(fruta)
= podem ser acentuadas Os acentos
D) formosura e raposa. = nenhuma
E) refens e cascavel. Reféns / cascavel ou cascável acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», «u» e
sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras representam as
5-) vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns.
Pri mei ro gra ú do pa í ses Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto.
Ju í zes fa ís ca ter-ra Ex.: herói – médico – céu (ditongos abertos)
Ra i nha sa í da Ca sa
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e
6-) “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: tâmara –
Café Ca fé = oxítona (última sílaba) Atlântico – pêssego – supôs
Máquinas má qui nas = antepenúltima (proparoxítona) acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
Revólver re vól ver = penúltima (paroxítona) artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
Espontâneo es pon tâ neo = penúltima (paroxítona) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmente
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras
derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleriano (de
7-) Cam po Guer ra A mi go Fo lha
Müller)
8-) ín te rim = proparoxítona til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais
nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras
estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de Regras fundamentais:
algumas particularidades, às quais devemos estar atentos,
procurando estabelecer uma relação de familiaridade e, Palavras oxítonas:
consequentemente, colocando-as em prática na linguagem escrita. Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”,
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) –
redigir, automaticamente aprimoramos essas competências, e logo armazém(s)
nos adequamos à forma padrão. Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:

Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA PORTUGUESA
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos
ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas como antes: CRER, DAR, LER e VER.
de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo
Repare:
Paroxítonas: 1-) O menino crê em você
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em: Os meninos creem em você.
- i, is : táxi – lápis – júri 2-) Elza lê bem!
- us, um, uns : vírus – álbuns – fórum Todas leem bem!
- l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps 3-) Espero que ele dê o recado à sala.
- ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos Esperamos que os garotos deem o recado!
4-) Rubens vê tudo!
-- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Eles veem tudo!
Repare que essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas
que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, * Cuidado! Há o verbo vir:
ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização! Ele vem à tarde!
Eles vêm à tarde!
-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de
“s”: água – pônei – mágoa – jóquei Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando
seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru-im, con-tri-
Regras especiais: bu-in-te, sa-ir, ju-iz

Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos abertos), Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem
que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
* Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma palavra precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são acentuados. Ex.:
herói, céu, dói, escarcéu. As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com
“u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não
Antes Agora serão mais acentuadas. Ex.:
assembléia assembleia Antes Depois
idéia ideia apazigúe (apaziguar) apazigue
geléia geleia averigúe (averiguar) averigue
jibóia jiboia argúi (arguir) argui
apóia (verbo apoiar) apoia
paranóico paranoico Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do
plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir)
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados
ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter,
Luís deter, abster.
ele contém – eles contêm
Observação importante: ele obtém – eles obtêm
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato ele retém – eles retêm
quando vierem depois de ditongo: Ex.: ele convém – eles convêm
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram
feiúra feiura acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes (regra do
Sauípe Sauipe acento diferencial). Apenas em algumas exceções, como:
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido. perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo acentuada para
Ex.: diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do
Antes Agora indicativo). Ex:
crêem creem Ela pode fazer isso agora.
lêem leem Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
vôo voo O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da
enjôo enjoo preposição por.

Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”, a) trajetória, inútil, café e baú.
estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; nos outros b) exercício, balaústre, níveis e sofá.
casos, “por” preposição. Ex: c) necessário, túnel, infindáveis e só.
Faço isso por você. d) médio, nível, raízes e você.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui? e) éter, hífen, propôs e saída.

Questões sobre Acentuação Gráfica 08. (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) São


acentuados graficamente de acordo com a mesma regra de
01. (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA acentuação gráfica os vocábulos
– VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as palavras são A) também e coincidência.
acentuadas graficamente pelos mesmos motivos que justificam, B) quilômetros e tivéssemos.
respectivamente, as acentuações de: década, relógios, suíços. C) jogá-la e incrível.
(A) flexíveis, cartório, tênis. D) Escócia e nós.
E) correspondência e três.
(B) inferência, provável, saída.
(C) óbvio, após, países.
09. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
(D) islâmico, cenário, propôs.
CESPE/2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de
(E) república, empresária, graúda.
acordo com a mesma regra de acentuação gráfica.
(...) CERTO ( ) ERRADO
02. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SÃO PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – GABARITO
VUNESP/2013) Assinale a alternativa com as palavras acentuadas 01. E 02. D 03. E 04. C 05. E
segundo as regras de acentuação, respectivamente, de intercâmbio 06. C 07. D 08. B 09. E
e antropológico.
(A) Distúrbio e acórdão. RESOLUÇÃO
(B) Máquina e jiló.
(C) Alvará e Vândalo. 1-) Década = proparoxítona / relógios = paroxítona terminada
(D) Consciência e características. em ditongo / suíços = regra do hiato
(E) Órgão e órfãs. (A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em ditongo /
tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida de “s”)
03. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE (B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / provável
– TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) As = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato
palavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são acentuadas de (C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após = oxítona
acordo com a mesma regra de acentuação gráfica. terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato
( ) CERTO ( ) ERRADO (D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona terminada
em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o” + “s”
04. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS (E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona
GERAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Assinale a terminada em ditongo / graúda = regra do hiato
afirmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação.
A) tevê – pôde – vê 2-) Para que saibamos qual alternativa assinalar, primeiro
B) únicas – histórias – saudáveis temos que classificar as palavras do enunciado quanto à posição
C) indivíduo – séria – noticiários de sua sílaba tônica:
Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo;
D) diário – máximo – satélite
Antropológico = proparoxítona (todas são acentuadas). Agora,
vamos à análise dos itens apresentados:
05. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
(A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo; acórdão =
CESPE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do paroxítona terminada em “ão”
acento gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. (B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada em
(...) CERTO ( ) ERRADO “o”
(C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo =
06. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – proparoxítona
CESPE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” (D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo;
recebem acento gráfico com base na mesma regra de acentuação características = proparoxítona
gráfica. (E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em “ão” e
(...) CERTO ( ) ERRADO “ã”, respectivamente.

07. (BACEN – TÉCNICO DO BANCO CENTRAL – 3-) “Conteúdo” é acentuada seguindo a regra do hiato; calúnia
CESGRANRIO/2010) As palavras que se acentuam pelas = paroxítona terminada em ditongo; injúria = paroxítona terminada
mesmas regras de “conferência”, “razoável”, “países” e “será”, em ditongo.
respectivamente, são RESPOSTA: “ERRADO”.

Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) Quilômetros = proparoxítona; tivéssemos = proparoxítona
A) tevê – pôde – vê C) jogá-la e incrível.
Tevê = oxítona terminada em “e”; pôde (pretérito perfeito Oxítona terminada em “a”; incrível = paroxítona terminada
do Indicativo) = acento diferencial (que ainda prevalece após o em “l’
Novo Acordo Ortográfico) para diferenciar de “pode” – presente D) Escócia e nós.
do Indicativo; vê = monossílaba terminada em “e” Escócia = paroxítona terminada em ditongo; nós = monossílaba
B) únicas – histórias – saudáveis terminada em “o + s”
Únicas = proparoxítona; história = paroxítona terminada em E) correspondência e três.
ditongo; saudáveis = paroxítona terminada em ditongo. Correspondência = paroxítona terminada em ditongo; três =
C) indivíduo – séria – noticiários monossílaba terminada em “e + s”
Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; séria =
paroxítona terminada em ditongo; noticiários = paroxítona 9-) Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monossílaba
terminada em ditongo. terminada em “o”; céu = monossílaba terminada em ditongo
D) diário – máximo – satélite aberto “éu”.
Diário = paroxítona terminada em ditongo; máximo = RESPOSTA: “ERRADO”.
proparoxítona; satélite = proparoxítona.
A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia correta
5-) Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona. das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão culto da língua.
Ambas são acentuadas pela mesma regra (antepenúltima sílaba é As palavras podem apresentar igualdade total ou parcial no
tônica, “mais forte”). que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo tendo significados
RESPOSTA: “ERRADO”. diferentes. Essas palavras são chamadas de homônimas (canto, do
grego, significa ângulo / canto, do latim, significa música vocal).
6-) Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária As palavras homônimas dividem-se em homógrafas, quando têm
= paroxítona terminada em ditongo; paciência = paroxítona a mesma grafia (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular
terminada em ditongo. Os três vocábulos são acentuados devido do verbo gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço,
à mesma regra. palácio ou passo, movimento durante o andar).
RESPOSTA: “CERTO”.
Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-se
observar as seguintes regras:
7-) Vamos classificar as palavras do enunciado:
1-) Conferência = paroxítona terminada em ditongo
O fonema s:
2-) razoável = paroxítona terminada em “l’
3-) países = regra do hiato
Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substantivadas
4-) será = oxítona terminada em “a”
derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent:
pretender - pretensão / expandir - expansão / ascender - ascensão
a) trajetória, inútil, café e baú.
Trajetória = paroxítona terminada em ditongo; inútil = / inverter - inversão / aspergir aspersão / submergir - submersão /
paroxítona terminada em “l’; café = oxítona terminada em “e” divertir - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
b) exercício, balaústre, níveis e sofá. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / sentir
Exercício = paroxítona terminada em ditongo; balaústre = - sensível / consentir - consensual
regra do hiato; níveis = paroxítona terminada em “i + s”; sofá =
oxítona terminada em “a”. Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes derivados
c) necessário, túnel, infindáveis e só. dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced, prim ou com
Necessário = paroxítona terminada em ditongo; túnel = verbos terminados por tir ou meter: agredir - agressivo / imprimir -
paroxítona terminada em “l’; infindáveis = paroxítona terminada impressão / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso
em “i + s”; só = monossílaba terminada em “o”. / percutir - percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão /
d) médio, nível, raízes e você. comprometer - compromisso / submeter - submissão
Médio = paroxítona terminada em ditongo; nível = paroxítona *quando o prefixo termina com vogal que se junta com a
terminada em “l’; raízes = regra do hiato; será = oxítona terminada palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimétrico /
em “a”. re + surgir - ressurgir
e) éter, hífen, propôs e saída. *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exemplos:
Éter = paroxítona terminada em “r”; hífen = paroxítona ficasse, falasse
terminada em “n”; propôs = oxítona terminada em “o + s”; saída
= regra do hiato. Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos de
origem árabe: cetim, açucena, açúcar
8-) *os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
A) também e coincidência. Juçara, caçula, cachaça, cacique
Também = oxítona terminada em “e + m”; coincidência = *os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, uço:
paroxítona terminada em ditongo barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança,
B) quilômetros e tivéssemos. carapuça, dentuço

Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / deter - *as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): xampu,
detenção / ater - atenção / reter - retenção lagartixa.
*após ditongos: foice, coice, traição *depois de ditongo: frouxo, feixe.
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): marte - *depois de “en”: enxurrada, enxoval.
marciano / infrator - infração / absorto - absorção Observação: Exceção: quando a palavra de origem não
derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
O fonema z:
Escreve-se com CH e não com X:
Escreve-se com S e não com Z: *as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, freguesa,
freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc. As letras e e i:
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamorfose. *os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, “i”, só o ditongo interno cãibra.
quiseste. *os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são escritos
*nomes derivados de verbos com radicais terminados em com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os verbos com
“d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empresa / infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
difundir - difusão - atenção para as palavras que mudam de sentido quando
*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir
*após ditongos: coisa, pausa, pouso à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a pé),
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina com “s”: pião (brinquedo).
anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar
Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
Escreve-se com Z e não com S: ortografia
*os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo:
macio - maciez / rico - riqueza Questões sobre Ortografia
*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de origem
não termine com s): final - finalizar / concreto - concretizar 01. (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
as frases que seguem, a única correta é:
*como consoante de ligação se o radical não terminar com s:
a) Ele se esqueceu de que?
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + inho - lapisinho
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-lo
entre os presentes.
O fonema j:
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críticas.
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos
Escreve-se com G e não com J:
funcionários.
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, gesso.
e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim.
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas 02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alternativa
exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a norma-
Observação: Exceção: pajem -padrão.
*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, litígio, (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
relógio, refúgio. (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
*os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir. (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
*depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, surgir. (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
*depois da letra “a”, desde que não seja radical terminado (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
com j: ágil, agente.
03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
Escreve-se com J e não com G: Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar os
*as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. usuários sobre o festival Sounderground.
*as palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, Prezado Usuário
manjerona. ________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do
*as palavras terminada com aje: aje, ultraje. metrô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30,
começa o Sounderground, festival internacional que prestigia os
O fonema ch: músicos que tocam em estações do metrô.
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão e
Escreve-se com X e não com CH: divirta-se!
*as palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se preencher
muxoxo, xucro. as lacunas, correta e respectivamente, com as expressões

Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
A) A fim ...a partir ... as B) A fim ...à partir ... às D) É difícil entender o por quê de tanto sofrimento,
C) A fim ...a partir ... às D) Afim ...a partir ... às principalmente daqueles que procuram viver com dignidade e
E) Afim ...à partir ... as simplicidade.
E) As dificuldades por que passamos certamente nos fazem
04. (TRF - 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - mais fortes e preparados para os infortúnios da vida.
FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na seguinte
frase: 09.Assinale a alternativa cuja frase esteja incorreta:
(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa A) Porque essa cara? B) Não vou porque não quero.
a ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos C) Mas por quê? D) Você saiu por quê?
aeroportos.
(B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontaneidade, 10-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO
mas nada que ponha em cheque sua reputação de pessoa cortês. FORENSE - CESPE/2013 - adaptada) Uma variante igualmente
(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de correta do termo “autópsia” é autopsia.
descançar após o almoço sob a frondoza árvore do pátio. ( ) Certo
(D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa mágoa ( ) Errado
pode estar sendo o grande impecilho na superação dessa sua crise. GABARITO
(E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta quantia, 01.E 02. D 03. C 04. A 05. B
mas não quiz ser taxado de conivente na concessão de privilégios 06. E 07. C 08. E 09. A 10. C
ilegítimos.
RESOLUÇÃO
05.Em qual das alternativas a frase está corretamente escrita?
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. 1-)
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança. (A) Ele se esqueceu de que? = quê?
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. (B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa. distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
(C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos excessivos
06.(IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM] - CCI) – nas críticas.
VUNESP/2011) Assinale a alternativa em que o trecho – Mas ela (D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindicações
cresceu ... – está corretamente reescrito no plural, com o verbo no dos funcionários.
tempo futuro. (E) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
(A) Mas elas cresceram...
(B) Mas elas cresciam... 2-)
(C) Mas elas cresçam... (A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = tabeliães
(D) Mas elas crescem... (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. =
(E) Mas elas crescerão... cidadãos
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. =
07. (IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM – CCI] – certidões
VUNESP/2011 - ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = degraus
trecho – O teste decisivo e derradeiro para ele, cidadão ansioso e
sofredor...– está escrito corretamente no plural. 3-) Prezado Usuário
(A) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadãos A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do metrô,
ansioso e sofredores... a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa o
(B) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos Sounderground, festival internacional que prestigia os músicos
ansioso e sofredores... que tocam em estações do metrô.
(C) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão
ansiosos e sofredores... e divirta-se!
(D) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadões A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; antes de
ansioso e sofredores... horas: há crase
(E) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos
ansiosos e sofredores... 4-) Fiz a correção entre parênteses:
(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa
08. (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FUJB/2011) a ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos
Assinale a alternativa em que a frase NÃO contraria a norma culta: aeroportos.
A) Entre eu e a vida sempre houve muitos infortúnios, por isso (B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua
posso me queixar com razão. espontaneidade, mas nada que ponha em cheque (xeque) sua
B) Sempre houveram várias formas eficazes para reputação de pessoa cortês.
ultrapassarmos os infortúnios da vida. (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza (frondosa)
vermos a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida. árvore do pátio.

Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Não sei se isso influe (influi), mas a persistência dessa 3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e sem:
mágoa pode estar sendo o grande impecilho (empecilho) na além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casado, aquém-
superação dessa sua crise. -fiar, etc.
(E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção dessa alta
quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de conivente na concessão 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas
de privilégios ilegítimos. exceções continuam por já estarem consagradas pelo uso: cor-
-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-
5-) -colônia, queima-roupa, deus-dará.
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. =
mendigo/caderneta/poupança 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-Niterói,
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. =
percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações históricas ou
mendigo/caderneta/poupança
ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Alsácia-Lorena, etc.
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.
=mendigo/depositou/caderneta/poupança
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-
6-) Futuro do verbo “crescer”: crescerão. Teremos: mas elas quando associados com outro termo que é iniciado por r: hiper-
crescerão... resistente, inter-racial, super-racional, etc.

7-) Como os itens apresentam o mesmo texto, a alternativa 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, ex-
correta já indica onde estão as inadequações nos demais itens. -presidente, vice-governador, vice-prefeito.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-natal,
8-) Fiz as correções entre parênteses: pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.
A) Entre eu (mim) e a vida sempre houve muitos infortúnios,
por isso posso me queixar com razão. 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraça-o,
B) Sempre houveram (houve) várias formas eficazes para lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
ultrapassarmos os infortúnios da vida.
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que 10. Nas formações em que o prefixo tem como segundo termo
vermos (virmos) a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida. uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, eletro-higrómetro,
D) É difícil entender o por quê (o porquê) de tanto sofrimento, geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, super-
principalmente daqueles que procuram viver com dignidade e
-homem.
simplicidade.
E) As dificuldades por que (= pelas quais; correto) passamos
certamente nos fazem mais fortes e preparados para os infortúnios 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo termina
da vida. na mesma vogal do segundo elemento: micro-ondas, eletro-ótica,
semi-interno, auto-observação, etc.
9-) Por que essa cara? = é uma pergunta e o pronome está Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros termos:
longe do ponto de interrogação. reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.

10-) autopsia s.f., autópsia s.f.; cf. autopsia - Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mudança
(fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/ de linha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por hífen,
start.htm?sid=23) repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-inflamatório
RESPOSTA: “CERTO”. e, ao final, coube apenas “anti-”. Na linha debaixo escreverei:
“-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para ligar
os elementos de palavras compostas (couve-flor, ex-presidente) e Não se emprega o hífen:
para unir pronomes átonos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei).
Serve igualmente para fazer a translineação de palavras, isto 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina
é, no fim de uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/ em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou “s”. Nesse caso,
sa; compa-/nheiro).
passa-se a duplicar estas consoantes: antirreligioso, contrarregra,
infrassom, microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
Uso do hífen que continua depois da Reforma Ortográfica:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam uma 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo
unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem para formam termina em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal
um novo significado: tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoestrada,
tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco- autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoescola,
-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. infraestrutura, etc.

2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoológicas: 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos “dês” e
couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-menina, erva-doce, “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, inábil,
feijão-verde. desabilitar, etc.

Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o 07.Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobrigação, grafadas corretamente:
coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc. A) autocrítica, contramestre, extra-oficial
B) infra-assinado, infra-vermelho, infra-som
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção de C) semi-círculo, semi-humano, semi-internato
composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista, etc. D) supervida, superelegante, supermoda
E) sobre-saia, mini-saia, superssaia
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfeito,
benquerer, benquerido, etc. 08.Assinale o item em que o uso do hífen está incorreto.
A) infraestrutura / super-homem / autoeducação
Questões sobre Hífen
B) bem-vindo / antessala /contra-regra
01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o novo C) contramestre / infravermelho / autoescola
Acordo, está sendo usado corretamente: D) neoescolástico / ultrassom / pseudo-herói
A) Ele fez sua auto-crítica ontem. E) extraoficial / infra-hepático /semirreta
B) Ela é muito mal-educada.
C) Ele tomou um belo ponta-pé. 09.Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção quanto
D) Fui ao super-mercado, mas não entrei. ao emprego do hífen.
E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões. A) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura para
relacionamento extraconjugal.
02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do hífen: B) Era extraoficial a notícia da vinda de um extraterreno.
A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que faria C) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultramarinas.
uma superalimentação. D) O anti-semita tomou um anti-biótico e vacina antirrábica.
B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada. E) Era um suboficial de uma superpotência.
C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido.
D) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos. 10.Assinale a alternativa em que ocorre erro quanto ao
E) O autodidata fez uma autoanálise. emprego do hífen.
A) Foi iniciada a campanha pró-leite.
03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego do
B) O ex-aluno fez a sua autodefesa.
hífen, respeitando-se o novo Acordo.
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo. C) O contrarregra comeu um contra-filé.
B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal do D) Sua vida é um verdadeiro contrassenso.
campeonato. E) O meia-direita deu início ao contra-ataque.
C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu.
D) O recém-chegado veio de além-mar. GABARITO
E) O vice-reitor está em estado pós-operatório.
01. B 02. B 03. A 04. E 05. C
04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro 06. D 07. D 08. B 09. D 10. C
(avarento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o hífen
é obrigatório: RESOLUÇÃO
A) em nenhuma delas.
B) na segunda palavra. 1-)
C) na terceira palavra. A) autocrítica
D) em todas as palavras. C) pontapé
E) na primeira e na segunda palavra. D) supermercado
E) infravermelhos
05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __. Qual
alternativa completa corretamente as lacunas?
2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada.
A) sobreumano/interregional
B) sobrehumano-interregional
C) sobre-humano / inter-regional 3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo.
D) sobrehumano/ inter-regional
E) sobre-humano /interegional 4-)
a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de moleque
06. Suponha que você tenha que agregar o prefixo sub- às (doce)
palavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assinale aquela a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam
que tem de ser escrita com hífen: elementos de ligação.
A) (sub) chefe b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies
B) (sub) entender animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes,
C) (sub) solo sementes), tenham ou não elementos de ligação.
D) (sub) reptício c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos
E) (sub) liminar de ligação.

Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o campeonato Afixos
inter-regional. Como vimos, o acréscimo do morfema – ar - cria uma nova
- Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o acréscimo dos
- Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com morfemas sub e arização à forma escol- criou subescolarização.
que se inicia a outra palavra Esses morfemas recebem o nome de afixos.
Quando são colocados antes do radical, como acontece
6-) Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante com sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como
de palavra iniciada por r. : subchefe, subentender, subsolo, sub- arização, surgem depois do radical os afixos são chamados de
-reptício (sem o hífen até a leitura da palavra será alterada; /subre/, sufixos. Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe
ao invés de /sub re/), subliminar gramatical, são capazes de introduzir modificações de significado
no radical a que são acrescentados.
7-)
A) autocrítica, contramestre, extraoficial Desinências
B) infra-assinado, infravermelho, infrassom Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como
amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas
C) semicírculo, semi-humano, semi-internato
modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado
D) supervida, superelegante, supermoda = corretas
em número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou
E) sobressaia, minissaia, supersaia
terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do
verbo (amava, amara, amasse, por exemplo).
8-) B) bem-vindo / antessala / contrarregra Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam
as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim
9-) D) O antissemita tomou um antibiótico e vacina antirrábica. das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há
desinências nominais e desinências verbais.
10-) C) O contrarregra comeu um contrafilé.
Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos
nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as
desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina.
MORFOLOGIA: ESTRUTURA E FORMAÇÃO Para a indicação de número, costuma-se utilizar o morfema
DAS PALAVRAS, CLASSES DE PALAVRAS –s, que indica o plural em oposição à ausência de morfema,
que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; menino/
meninos; menina/meninas.
No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
Observe as seguintes palavras: plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/
escol-a cruzes.
escol-ar
escol-arização Desinências verbais: em nossa língua, as desinências verbais
escol-arizar pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam o modo
sub-escol-arização e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que indicam o
número e a pessoa dos verbos (desinência número-pessoais):
Percebemos que há um elemento comum a todas elas: a cant-á-va-mos
forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, cant: radical -
á-: vogal temática
responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por
-va-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito
exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar
imperfeito do indicativo)
pelo acréscimo do elemento destacável: ar.
-mos:desinência número-pessoal
Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas
palavras que selecionamos, podemos depreender a existência cant-á-sse-is
de diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos cant: radical
formadores é uma unidade mínima de significação, um elemento -á-: vogal temática
significativo indecomponível, a que damos o nome de morfema. -sse-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito
imperfeito do subjuntivo)
Classificação dos morfemas: -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda pessoa
do plural)
Radical
Há um morfema comum a todas as palavras que estamos Vogal temática
analisando: escol-. É esse morfema comum – o radical – que Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais,
faz com que as consideremos palavras de uma mesma família surge sempre o morfema –a. Esse morfema, que liga o radical às
de significação – os cognatos. O radical é a parte da palavra desinências, é chamado de vogal temática. Sua função é ligar-
responsável por sua significação principal. -se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao tema (radical
+ vogal temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os
verbos como os nomes apresentam vogais temáticas.

Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas En-- -----trist- ----ecer
finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste, Prefixo radical sufixo
base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa, en----- ---tard--- --ecer
escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a essas prefixo radical sufixo
vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural:
mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais tônicas Outros tipos de derivação
(sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam vogal
temática. Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que
haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva e a
Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam três derivação imprópria.
grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. Assim, os 1-) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira conjugação; redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação de
aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à segunda conjugação substantivos derivados de verbos. Exemplo: A pesca está proibida.
e os que têm vogal temática -i pertencem à terceira conjugação. (pescar). Proibida a caça. (caçar)

Vogal ou consoante de ligação 2-) Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é obtida
pela mudança de categoria gramatical da palavra primitiva. Não
As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que surgem ocorre, pois, alteração na forma, mas tão somente na classe
por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar gramatical.
a leitura de uma determinada palavra. Temos um exemplo de vogal Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva
de ligação na palavra escolaridade: o - i - entre os sufixos -ar- da conjunção porque)
e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos: Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui,
gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, substantivo)
tricota.
Outros processos de formação de palavras:
Processos de formação de palavras:
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos oriundos de
1-) Composição línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
sociologia (socio: latim; logia: grego)
radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de composição;
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)
justaposição e aglutinação.
1.1-) Justaposição: ocorre quando os elementos que formam
- Abreviação vocabular, cujo traço peculiar manifesta-se por
o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos: corre-
meio da eliminação de um segmento de uma palavra no intuito de
corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
se obter uma forma mais reduzida, geralmente aquelas mais longas.
1.2-) Aglutinação: ocorre quando os elementos que formam
Vejamos alguns exemplos: metropolitano/metrô, extraordinário/
o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde sua extra, otorrinolaringologista /otorrino, telefone/fone, pneumático/
integridade sonora: aguardente (água + ardente), planalto (plano pneu
+ alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre)
- Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando imitar
Derivação por acréscimo de afixos sons da natureza ou sons repetidos. Por exemplo: zum-zum, cri-cri,
tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá.
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas)
pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação pode ser: - Siglas: As siglas são formadas pela combinação das letras
prefixal, sufixal e parassintética. iniciais de uma sequência de palavras que constitui um nome. Por
1-) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por exemplo:IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística);
acréscimo de prefixo. IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano).
In------ --feliz des----------leal As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não
Prefixo radical prefixo radical ser que haja mais de três letras e a sigla seja pronunciável sílaba
por sílaba. Por exemplo: Unicamp, Petrobras.
2-) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
acréscimo de sufixo. fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
Feliz---- mente leal------dade formacao-de-palavras-i.htm
Radical sufixo radical sufixo
Questões sobre Estrutura das Palavras
3-) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem o 01.(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não “existiria”). - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
Por parassíntese formam-se, principalmente, verbos. Assinale a alternativa contendo palavra formada por prefixo.

Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
(A) Máquina. Na notícia do jornal, as palavras “superfesta” e “cinquentona”
(B) Brilhantismo. exemplificam, respectivamente, casos de formação de palavras por
(C) Hipertexto. A)hibridismo e neologismo.
(D) Textualidade. B)justaposição e aglutinação.
(E) Arquivamento. C)composição e derivação.
D)prefixação e sufixação.
02. A palavra “aguardente” formou-se por: E)conversão e regressão.
A) hibridismo B) aglutinação
C) justaposição D) parassíntese 10. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO
E) derivação regressiva DO RIO DE JANEIRO – PROCESSO DE SELEÇÃO PARA
CURSO INTERNO – BIORIO CONCURSOS/2013) Na palavra
03. Que item contém somente palavras formadas por INSEGURANÇA, o prefixo IN- significa “negação”; a palavra
justaposição? abaixo em que esse mesmo prefixo apresenta outro significado é:
A) desagradável - complemente (A) incompetência;
B) vaga-lume - pé-de-cabra (B) incapacidade;
C) encruzilhada - estremeceu (C) intranquilidade;
D) supersticiosa - valiosas (D) inalação;
E) desatarraxou - estremeceu (E) inexatidão.
04. “Sarampo” é: GABARITO
A) forma primitiva
B) formado por derivação parassintética 01. C 02. B 03. B 04. C 05. B
C) formado por derivação regressiva 06. D 07. D 08. D 09. D 10. D
D) formado por derivação imprópria
E) formado por onomatopeia RESOLUÇÃO
05.As palavras são formadas através de derivação 1-)
parassintética em
A – Máquina = sem acréscimo de afixos (prefixo ou sufixo)
A)infelizmente, desleal, boteco, barraco.
B - Brilhantismo. = acréscimo de sufixo (ismo)
B)ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer.
C – Hipertexto = acréscimo de prefixo (hiper)
C)caça, pesca, choro, combate.
D – Textualidade = acréscimo de sufixo (idade)
D)ajoelhar, pesca, choro, entristecer.
E – Arquivamento = acréscimo de sufixo (mento)
06.(Escrevente TJ SP –Vunesp/2011) Leia o trecho.
2-) água + ardente = aguardente ( aglutinação)
Estudo da ONG Instituto Pólis mostra que, infelizmente, sem
o tratamento e a destinação corretos,…
Assinale a alternativa que contém uma palavra formada pelo 3-) vaga-lume - pé-de-cabra = não houve alteração em
mesmo processo do termo destacado. nenhuma delas (nem acréscimo, nem redução, estão apenas
(A) infiel. (B) democracia. “postas” uma ao lado da outra, justaposição).
(C) lobisomem. (D) ilegalidade.
(E) cidadania. 4-) formado por derivação regressiva = a palavra primitiva é
sarampão!
07. Assinale a letra em que as palavras são formadas por
derivação regressiva, derivação parassintética e composição por 5-) ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer = nenhuma
aglutinação, respectivamente. delas pode ter o prefixo ou o sufixo retirados, pois elas só têm
a) neurose, infelizmente, pseudônimo; significado com ambos, juntos, ligados a elas.
b) ajuste, aguardente, arco-íris; (Tardecer? Noitecer? Tristecer? Entarde?)
c) amostra, alinhar, girassol;
d) corte, emudecer, outrora; 6-) infelizmente = derivação prefixal e sufixal – existe infeliz
e) pesca, deslealdade, vinagre. e felizmente, portanto não é caso de derivação parassintética. O
outro vocábulo que também apresenta tal formação é ilegalidade
08. Na frase “Ele tem um quê especial como gestor”, o (ilegal e legalidade).
processo de formação da palavra destacada chama-se: 7-) corte, emudecer, outrora
A)composição B)justaposição Cortar / emudecer (não posso retirar nem o prefixo nem o
C)aglutinação D)derivação imprópria sufixo) / outra hora.

09. Brasília comemorou seu aniversário com uma superfesta. 8-) Ele tem um quê especial como gestor.
A cinquentona planejada por Lúcio Costa é hoje uma metrópole Dentre suas várias classificações (pronome, conjunção), nessa
que oferece alta qualidade de vida. frase o “que” pertence à classe do substantivo, pois vem precedido
(Fonte: O Globo, 21/04/2010, com adaptações) de um artigo. Quando alteramos a classe gramatical de uma

Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
palavra sem realizar nenhuma mudança na palavra, dá-se o nome França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
de derivação imprópria (não é a classe gramatical “própria” dela. Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Outro exemplo: olhar é verbo, mas em “Seu olhar mexe comigo”, Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
temos um substantivo). Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
9-) superfesta” e “cinquentona Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
= super + festa (prefixação) / cinquenta + ona (sufixação)
Flexão dos adjetivos
10-) Em todas as alternativa o IN- é prefixo de negação, com
exceção de “inalar”, na qual o IN faz parte do radical do verbo O adjetivo varia em gênero, número e grau.
(aspirar).
Gênero dos Adjetivos
Classes de Palavras
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou (masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos,
característica do ser e se relaciona com o substantivo. classificam-se em:
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu
lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa e judia.
bondosa. Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade, somente o último elemento. Por exemplo: o moço norte-americano,
não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade, a moça norte-americana.
moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portanto, não é adjetivo, Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
mas substantivo.
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como
Morfossintaxe do Adjetivo: para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença
de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto político-social.
adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
Número dos Adjetivos
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
Plural dos adjetivos simples
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com
alguns deles: as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos
simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins
Estados e cidades brasileiros: boa e boas
Alagoas alagoano
Amapá amapaense Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função
Aracaju aracajuano ou aracajuense de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver
Amazonas amazonense ou baré qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo,
Belo Horizonte belo-horizontino ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra cinza é
Brasília brasiliense originalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando um
Cabo Frio cabo-friense elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável.
Campinas campineiro ou campinense Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Veja outros exemplos:
Adjetivo Pátrio Composto Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Adjetivo Composto
Observe alguns exemplos:
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente,
África afro- / Cultura afro-americana esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na
América américo- / Companhia américo-africana forma masculina, singular. Caso um dos elementos que formam
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o
China sino- / Acordos sino-japoneses adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra rosa é
Espanha hispano- / Mercado hispano-português originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um
Europa euro- / Negociações euro-americanas elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra

Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA PORTUGUESA
por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substantivo Superlativo
adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Por
exemplo: O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou
Camisas rosa-claro. em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou relativo
Ternos rosa-claro. e apresenta as seguintes modalidades:
Olhos verde-claros. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um ser
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se nas
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. formas:
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras que
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O secretário é
adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis. muito inteligente.
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de
dois elementos flexionados. sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.

Grau do Adjetivo Observe alguns superlativos sintéticos:


benéfico beneficentíssimo
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a intensidade bom boníssimo ou ótimo
da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o comparativo comum comuníssimo
e o superlativo. cruel crudelíssimo
difícil dificílimo
Comparativo doce dulcíssimo
fácil facílimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída a fiel fidelíssimo
dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas ao
mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade, de superioridade Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser
ou de inferioridade. Observe os exemplos abaixo: é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade pode ser:
No comparativo de igualdade, o segundo termo da comparação De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão. De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.

Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superioridade Note bem:
Analítico 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos
No comparativo de superioridade analítico, entre os dois advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepostos
substantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma ao adjetivo.
é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais... 2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas
que”. formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo:
Superioridade Sintético fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma popular é constituída
do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo,
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de agilíssimo.
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: bom 3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo,
/melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, grande/maior, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas
baixo/inferior. seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í.
Observe que:
a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade, O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes
pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente. na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo,
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade,
(melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre contiguidade. Essa proximidade faz referência ao processo verbal,
duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as formas no sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias
analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por em que esse processo se desenvolve.
exemplo: O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não é
elementos. modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também modifica
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas o adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns exemplos:
qualidades de um mesmo elemento. Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, você
está até bem informado.
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Inferioridade Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
Sou menos passivo (do) que tolerante. alheio, representando uma qualidade, característica.

Didatismo e Conhecimento 18
LÍNGUA PORTUGUESA
O artista canta muito mal. Locução adverbial
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio.
verificar que se tratava de somente uma palavra funcionando Exemplo:
como advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por mais de Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
uma palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar tal função. Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
Temos aí o que chamamos de locução adverbial, representada por
algumas expressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a Há locuções adverbiais que possuem advérbios
frente, de modo algum, entre outras. correspondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advérbios, apressadamente.
eles se classificam em distintas categorias, uma vez expressas por:
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única
às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios é
desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, a de grau:
lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam
Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
em -”mente”: calmamente, tristemente, propositadamente,
- longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosamente,
inconstitucionalissimamente, etc.;
bondosamente, generosamente
Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto -
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão,
tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica
muito, por completo. se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida.
Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o número
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, amanhã, dos substantivos.
cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante,
nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, breve, Classificação dos Artigos
constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente,
provisoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira
manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia
Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de maneira
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei um animal.
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, Combinação dos Artigos
alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância, à
distancia de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao É muito presente a combinação dos artigos definidos e
lado, em volta indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por essas
de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de combinações:
forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
Preposições Artigos
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente,
o, os
quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
a ao, aos
de do, dos
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto,
efetivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, em no, nos
indubitavelmente (=sem dúvida). por (per) pelo, pelos
a, as um, uns uma, umas
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, à, às - -
simplesmente, só, unicamente da, das dum, duns duma, dumas
na, nas num, nuns numa, numas
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também pela, pelas - -

de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente - As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o


artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida por
de designação: Eis crase.

de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quando?


(tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), para
quê? (finalidade)

Didatismo e Conhecimento 19
LÍNGUA PORTUGUESA
Constatemos as circunstâncias em que os artigos se Morfossintaxe
manifestam:
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa,
“ambos”: Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas. o artigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo
a que se refere. Tal função independe da função exercida pelo
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do substantivo:
artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... A existência é uma poesia.
Uma existência é a poesia.
- Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar
toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou
dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo:
- No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo: O amiguinhas.
Pedro é o xodó da família.
Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
- No caso de os nomes próprios personativos estarem no 1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as
plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os Incas, amiguinhas
Os Astecas...
Cada informação está estruturada em torno de um verbo:
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações:
conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e mostrou
pronome assume a noção de qualquer. 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados. terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As
(qualquer classe) palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo:
Observe: Gosto de natação e de futebol.
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes
ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e” está ligando
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de
termos de uma mesma oração.
aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns vinte
anos.
Morfossintaxe da Conjunção
- O artigo também é usado para substantivar palavras oriundas
de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de tudo isso. As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem
propriamente uma função sintática: são conectivos.
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo cujo Classificação
(e flexões). - Conjunções Coordenativas
Este é o homem cujo amigo desapareceu. - Conjunções Subordinativas
Este é o autor cuja obra conheço.
Conjunções coordenativas
- Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no sentido
de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), a menos que Dividem-se em:
venham especificadas. - ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gosto
Eles estavam em casa. de cantar e de dançar.
Eles estavam na casa dos amigos. Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também,
Os marinheiros permaneceram em terra. não só...como também.
Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposição,
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa excelência Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo,
resolverá os problemas de Sua Senhoria. todavia, no entanto, entretanto.

- Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome - ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Estado de Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
S. Paulo. Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer...
quer, já...já.

Didatismo e Conhecimento 20
LÍNGUA PORTUGUESA
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções,
Ex. Estudei muito, por isso mereço passar. sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (depois interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que,
do verbo), portanto, por conseguinte, assim. para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais
elaboradas. Observe o exemplo:
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora.
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua
do verbo), porquanto. raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia ter dito: - Estou
com muita raiva de você! Mas usou simplesmente uma palavra.
Conjunções subordinativas Ele empregou a interjeição Droga!
As sentenças da língua costumam se organizar de forma
- CAUSAIS lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por outro
vez que, como (= porque). lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma ideia
Ele não fez o trabalho porque não tem livro. expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locução
interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentença.
- COMPARATIVAS Veja os exemplos:
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como, Bravo! Bis!
mais...do que, menos...do que. bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi muito
Ela fala mais que um papagaio. bom! Repitam!”
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença
- CONCESSIVAS (sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!”
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que,
mesmo que, apesar de, se bem que. A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que não
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sentenças
inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um
cansada) contexto específico. Exemplos:
Apesar de ter chovido fui ao cinema. Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
- CONFORMATIVAS Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
Principais conjunções conformativas: como, segundo, hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
conforme, consoante
Cada um colhe conforme semeia. O significado das interjeições está vinculado à maneira como
Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade. elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita o sentido
que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação.
- CONSECUTIVAS Exemplos:
Expressam uma ideia de consequência. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão na
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”, rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! Ei,
“tão”, “tamanho”). espere!”
Falou tanto que ficou rouco. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão em
um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
- FINAIS silêncio!”
Expressam ideia de finalidade, objetivo. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
Todos trabalham para que possam sobreviver. puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
(=para que), puxa: interjeição; tom da fala: decepção

- PROPORCIONAIS As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:


Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto 1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
mais, ao passo que, à proporção que. tristeza, dor, etc.
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha. Você faz o que no Brasil?
Eu? Eu negocio com madeiras.
- TEMPORAIS Ah, deve ser muito interessante.
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que.
Quando eu sair, vou passar na locadora. 2) Sintetizar uma frase apelativa
Cuidado! Saia da minha frente.

Didatismo e Conhecimento 21
LÍNGUA PORTUGUESA
As interjeições podem ser formadas por: Observações:
- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô. - As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por
- palavras: Oba!, Olá!, Claro! exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = Peço-lhe
- grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora que me desculpe.
bolas!
- Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu
A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes da tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais
entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que uma podem aparecer como interjeições.
interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos)
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade) Fora! Francamente! (Advérbios)
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase”
Classificação das Interjeições porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: Socorro!,
Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto!
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, - Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas,
Atenção!, Olha!, Alerta! que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba! Zás!
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah! - Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!, homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc.
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca! Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa! depois do “ó” vocativo.
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã! “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!, Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá! - Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
- Desculpa: Perdão! de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, diminutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Obrigadinho!
Eh!
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!, Interjeições, leitura e produção de textos
Ora!
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!, Usadas com muita frequência na língua falada informal,
Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam
Putz! conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!, disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora! - como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Adeus!, - particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso das
Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Deus! interjeições com o objetivo de caracterizar personagens e, também,
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! graças à sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh! e conteúdo mais emocional do que racional fazem das interjeições
presença constante nos textos publicitários.
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não
sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes, nem de Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No php
entanto, em uso específico, algumas interjeições sofrem variação
em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que não se trata de um Numeral é a palavra que indica os seres em termos numéricos,
processo natural dessa classe de palavra, mas tão só uma variação isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa em determinada
que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, sequência.
até loguinho. Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
Locução Interjetiva Eu quero café duplo, e você?
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma expressão ...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bolas! Quem me A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó de casa! Ai de mim! ...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de
Valha-me Deus! Graças a Deus! Alto lá! Muito bem! “fila”]

Didatismo e Conhecimento 22
LÍNGUA PORTUGUESA
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os “Me empresta duzentinho...”
números indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão É artigo de primeiríssima qualidade!
é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata de numerais, O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda
mas sim de algarismos. divisão de futebol)
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras Emprego dos Numerais
consideradas numerais porque denotam quantidade, proporção ou
ordenação. São alguns exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes
novena. em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do
Classificação dos Numerais substantivo:

Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico: Ordinais Cardinais


um, dois, cem mil, etc.
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada: João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
primeiro, segundo, centésimo, etc. D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
dos seres: meio, terço, dois quintos, etc. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada: dobro, triplo,
quíntuplo, etc. *Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal
até nono e o cardinal de dez em diante:
Leitura dos Numerais
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Separando os números em centenas, de trás para frente, Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no início,
também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se *Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e
vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”. outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente
1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez
e seis. referência.
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância
Flexão dos numerais da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/
duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em diante: Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática.
trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
como milhão, bilhão, trilhão, variam em número: milhões, bilhões,
trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:

primeiro segundo milésimo


primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em


funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e conseguiram
o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número.
Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia,
um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos
numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É o
que ocorre em frases como:

Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários
um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente há uma
subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura da língua, pois estabelecem a
coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em,
entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante, exceto, fora,
mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas: abaixo de,
acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com,
perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em gênero ou
em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir de dois processos:

Didatismo e Conhecimento 24
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Combinação: A preposição não sofre alteração. A dona da casa não quis nos atender.
preposição a + artigos definidos o, os Como posso fazer a Joana concordar comigo?
a + o = ao
preposição a + advérbio onde - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois termos
a + onde = aonde e estabelece relação de subordinação entre eles.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar
Preposição + Artigos um tratamento adequado.
De + o(s) = do(s)
De + a(s) = da(s) - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ou
De + um = dum a função de um substantivo.
De + uns = duns Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como parte
De + uma = duma da família
De + umas = dumas Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
Em + o(s) = no(s) Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
Em + a(s) = na(s)
Em + um = num 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das
Em + uma = numa preposições:
Em + uns = nuns Destino = Irei para casa.
Em + umas = numas Modo = Chegou em casa aos gritos.
A + à(s) = à(s) Lugar = Vou ficar em casa;
Por + o = pelo(s) Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Por + a = pela(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Preposição + Pronomes Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tratamento.
De + ele(s) = dele(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + ela(s) = dela(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + este(s) = deste(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + esta(s) = desta(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + esse(s) = desse(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + essa(s) = dessa(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + aquele(s) = daquele(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + aquela(s) = daquela(s) Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + isto = disto Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + isso = disso Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aquilo = daquilo
De + aqui = daqui Fonte:
De + aí = daí http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + ali = dali
De + outro = doutro(s) Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
De + outra = doutra(s) se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o de alguma
Em + este(s) = neste(s) forma.
Em + esta(s) = nesta(s)
Em + esse(s) = nesse(s) A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
Em + aquele(s) = naquele(s) [substituição do nome]
Em + aquela(s) = naquela(s) A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
Em + isto = nisto [referência ao nome]
Em + isso = nisso Essa moça morava nos meus sonhos!
Em + aquilo = naquilo [qualificação do nome]
A + aquele(s) = àquele(s)
A + aquela(s) = àquela(s) Grande parte dos pronomes não possuem significados fixos, isto
A + aquilo = àquilo é, essas palavras só adquirem significação dentro de um contexto,
o qual nos permite recuperar a referência exata daquilo que está
Dicas sobre preposição sendo colocado por meio dos pronomes no ato da comunicação.
Com exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal demais pronomes têm por função principal apontar para as pessoas
oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja um artigo, do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no
virá precedendo um substantivo. Ele servirá para determiná-lo tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes
como um substantivo singular e feminino. apresentam uma forma específica para cada pessoa do discurso.

Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA PORTUGUESA
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala] indicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós)
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] Pronome Oblíquo

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras variáveis Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença,
em gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto)
plural). Assim, espera-se que a referência através do pronome ou complemento nominal.
seja coerente em termos de gênero e número (fenômeno da Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
concordância) com o seu objeto, mesmo quando este se apresenta
ausente no enunciado. Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante
do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca
escola neste ano. o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância oração.
adequada] Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a
[neste: pronome que determina “ano” = concordância acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.
adequada]
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância Pronome Oblíquo Átono
inadequada]
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: Ele
me deu um presente.
Pronomes Pessoais O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me
São aqueles que substituem os substantivos, indicando - 2ª pessoa do singular (tu): te
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, “você” - 1ª pessoa do plural (nós): nos
ou “vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, “eles” ou - 2ª pessoa do plural (vós): vos
“elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que
exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo. Observações:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta
Pronome Reto na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome “o” ou
“a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar diretamente uma
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a função de objeto
exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito. indireto na oração.
Nós lhe ofertamos flores. Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos
como objetos indiretos.
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos
(apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal diretos.
flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
quadro dos pronomes retos é assim configurado: com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los,
- 1ª pessoa do singular: eu no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas
- 2ª pessoa do singular: tu formas nos exemplos que seguem:
- 3ª pessoa do singular: ele, ela - Trouxeste o pacote?
- 1ª pessoa do plural: nós - Sim, entreguei-to ainda há pouco.
- 2ª pessoa do plural: vós - Não contaram a novidade a vocês?
- 3ª pessoa do plural: eles, elas - Não, no-la contaram.

Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”,
comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais
formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em
pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. tempo que a terminação verbal é suprimida. Por exemplo:

Didatismo e Conhecimento 26
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fiz + o = fi-lo Pronome Reflexivo
fazeis + o = fazei-lo
dizer + a = dizê-la São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem
como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração.
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
formas no, nos, na, nas. Por exemplo: O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
viram + o: viram-no - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
repõe + os = repõe-nos Eu não me vanglorio disso.
retém + a: retém-na Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
tem + as = tem-nas
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
Assim tu te prejudicas.
Pronome Oblíquo Tônico
Conhece a ti mesmo.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos por - 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
preposições, em geral as preposições a, para, de e com. Por esse Guilherme já se preparou.
motivo, os pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto Ela deu a si um presente.
da oração. Possuem acentuação tônica forte. Antônio conversou consigo mesmo.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo - 1ª pessoa do plural (nós): nos.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo Lavamo-nos no rio.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco - 2ª pessoa do plural (vós): vos.
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são Eles se conheceram.
a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem Elas deram a si um dia de folga.
a forma do pronome pessoal do caso reto.
A Segunda Pessoa Indireta
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes
pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos
A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando
contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlocutor
pronomes costumam ser usados desta forma: (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa.
Não há mais nada entre mim e ti. É o caso dos chamados pronomes de tratamento, que podem ser
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. observados no quadro seguinte:
Não há nenhuma acusação contra mim.
Não vá sem mim. Pronomes de Tratamento

Atenção: Há construções em que a preposição, apesar de Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso reto. Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. oficiais-generais
Não vá sem eu mandar. Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores
de universidades
- A combinação da preposição “com” e alguns pronomes Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento
exercem a função de adjunto adverbial de companhia.
cerimonioso
Ele carregava o documento consigo. Vossa Onipotência V. O. Deus
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora
nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são reforçados por e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou algum tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar.
numeral. Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil;
Você terá de viajar com nós todos. em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras,
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias. pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem
Ele disse que iria com nós três. litúrgica, ultraformal ou literária.

Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: 2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse.
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de Podem ter outros empregos, como:
tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro,
compareça a este encontro. b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 anos.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa. c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá seus
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o defeitos, mas eu gosto muito dela.
Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o
- Os pronomes de tratamento representam uma forma pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência trouxe
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos sua mensagem?
um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos
endereçando à excelência que esse deputado supostamente tem 4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
para poder ocupar o cargo que ocupa. concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e anotações.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos
2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa. átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os passos. (=
Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos Vou seguir seus passos.)
empregados em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, Pronomes Demonstrativos
para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto.
dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do texto, a Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou
pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, discurso.
se começamos a chamar alguém de “você”, não poderemos usar No espaço:
“te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro
pessoa. está perto da pessoa que fala.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro
cabelos. (errado) está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus fala.
cabelos. (correto) Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo.
cabelos. (correto)
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto
Pronomes Possessivos por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de
fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao
acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída). destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade.
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular) Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade
NÚMERO PESSOA PRONOME destinatária).
singular primeira meu(s), minha(s) Reafirmamos a disposição desta universidade em participar
singular segunda teu(s), tua(s) no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que
singular terceira seu(s), sua(s) envia a mensagem).
plural primeira nosso(s), nossa(s) No tempo:
plural segunda vosso(s), vossa(s) Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere
plural terceira seu(s), sua(s) ao ano presente.
Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa um passado próximo.
gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com o Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se
objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele referindo a um passado distante.
momento difícil.
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
Observações: invariáveis, observe:
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu José. aquela(s).

Didatismo e Conhecimento 28
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Invariáveis: isto, isso, aquilo. - Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar do
ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo,
- Também aparecem como pronomes demonstrativos: alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, outrem, quem,
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem tudo.
ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo. Algo o incomoda?
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) Quem avisa amigo é.
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
te indiquei.) - Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade
- mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que o aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).
procuraram ontem. Cada povo tem seus costumes.
Certas pessoas exercem várias profissões.
- próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o
problema. Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora
pronomes indefinidos adjetivos:
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
- tal, tais: Tal era a solução para o problema.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
Note que: quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
- Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
construções redundantes, com finalidade expressiva, para salientar Menos palavras e mais ações.
algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa é que dera Alguns se contentam pouco.
em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar das belezas
brasileiras, isso é que é sorte! Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variáveis e
invariáveis. Observe:
- O pronome demonstrativo neutro ou pode representar Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto,
um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, tanta,
aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto: O outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, todos, muitos,
casamento seria um desastre. Todos o pressentiam. poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, todas,
muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.
- Para evitar a repetição de um verbo anteriormente expresso, é Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo,
comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, chamado, então, cada.
verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes de): Ninguém teve
coragem de falar antes que ela o fizesse. São locuções pronominais indefinidas:

- Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa mencionada cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem
em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro lugar: O quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual
referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos; aquele (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado] Cada um escolheu o vinho desejado.
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica: A Indefinidos Sistemáticos
menina foi a tal que ameaçou o professor?
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, percebemos
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com
que existem alguns grupos que criam oposição de sentido. É o caso
pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso,
de: algum/alguém/algo, que têm sentido afirmativo, e nenhum/
no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
ninguém/nada, que têm sentido negativo; todo/tudo, que indicam
Pronomes Indefinidos uma totalidade afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma
totalidade negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa,
São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso, e algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza, e
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade qualquer, que generaliza.
indeterminada. Essas oposições de sentido são muito importantes na
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém- construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas vezes
plantadas. dependem a solidez e a consistência dos argumentos expostos.
Observe nas frases seguintes a força que os pronomes indefinidos
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa de destacados imprimem às afirmações de que fazem parte:
quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma imprecisa, Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano que prático.
seguramente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou não se Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
quer revelar. Classificam-se em: pessoas quaisquer.

Didatismo e Conhecimento 29
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Pronomes Relativos Ele fez tudo quanto havia falado.
(antecedente)
São aqueles que representam nomes já mencionados
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as orações - O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
subordinadas adjetivas. precedido de preposição.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um É um professor a quem muito devemos.
grupo racial sobre outros. (preposição)
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros =
oração subordinada adjetiva). - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa onde morava
introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema” foi assaltada.
é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em
demonstrativo o, a, os, as. que.
Não sei o que você está querendo dizer. Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso. exterior.
Quem casa, quer casa.
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:
Observe: - como (= pelo qual): Não me parece correto o modo como
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, você agiu semana passada.
cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas. - quando (= em que): Bons eram os tempos quando podíamos
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. jogar videogame.

Note que: - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa


- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo só frase.
por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído por o O futebol é um esporte.
O povo gosta muito deste esporte.
qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente que
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
conversava, (que) ria, (que) fumava.
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
Pronomes Interrogativos
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas
verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem-
ter várias classificações) são pronomes relativos. Todos eles são -se à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes
usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações).
depois de determinadas preposições: Regressando de São Paulo, Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. (O uso de Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
“que”, neste caso, geraria ambiguidade.) preferes.
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos
dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) passageiros desembarcaram.

- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se Sobre os pronomes:


refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou de ser
poeta, que era a sua vocação natural. O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito
na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desempenha
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente, mas função de complemento. Vamos entender, primeiramente, como o
com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais, das pronome pessoal surge na frase e que função exerce. Observe as
quais. orações:
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
(antecedente) (consequente) 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe
ajudar.
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente
um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo: Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
Emprestei tantos quantos foram necessários. exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto.
(antecedente) Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo
função de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo.

Didatismo e Conhecimento 30
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Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie
pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Próprio: é aquele
pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar.... que designa os seres de uma mesma espécie de forma particular:
Ajudar quem? Você (lhe). Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.

Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do 2 - Substantivos Concretos e Abstratos


pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo
“ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou LÂMPADA MALA
entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”)
esteja no infinitivo ou gerúndio. Os substantivos lâmpada e mala designam seres com
Eu desejo lhe perguntar algo. existência própria, que são independentes de outros seres. São
Eu estou perguntando-lhe algo. substantivos concretos.

Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe,
os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente dos independentemente de outros seres.
segundos que são sempre precedidos de preposição. Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava real e do mundo imaginário.
fazendo. Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília,
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que etc.
eu estava fazendo. Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc.

Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo Observe agora:
é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam Beleza exposta
os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
também nomeiam:
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... O substantivo beleza designa uma qualidade.
-sentimentos: raiva, amor...
-estados: alegria, tristeza... Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que
-qualidades: honestidade, sinceridade... dependem de outros para se manifestar ou existir.
-ações: corrida, pescaria... Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa
Morfossintaxe do substantivo que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar.
Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações
exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua como e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e sem
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou os quais não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade),
indireto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar como viagem (ação), saudade (sentimento).
núcleo do complemento nominal ou do aposto, como núcleo do
predicativo do sujeito, do objeto ou como núcleo do vocativo. 3 - Substantivos Coletivos
Também encontramos substantivos como núcleos de adjuntos
adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas funções são Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
desempenhadas por grupos de palavras. abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Classificação dos Substantivos Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.

1- Substantivos Comuns e Próprios Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra abelha...
muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular
oposição aos bairros). (enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie
(abelhas).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade. Isso Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo
significa que a palavra cidade é um substantivo comum. estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma espécie.
mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, homem,
mulher, país, cachorro.
Estamos voando para Barcelona.

Didatismo e Conhecimento 31
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Substantivo coletivo Conjunto de: Formação dos Substantivos
assembleia pessoas reunidas
alcateia lobos Substantivos Simples e Compostos
acervo livros Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.
antologia trechos literários selecionados O substantivo chuva é formado por um único elemento ou
arquipélago ilhas radical. É um substantivo simples.
banda músicos
bando desordeiros ou malfeitores Substantivo Simples: é aquele formado por um único
banca examinadores elemento.
batalhão soldados Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora:
cardume peixes O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos (guarda
caravana viajantes peregrinos + chuva). Esse substantivo é composto.
cacho frutas Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais
cáfila camelos elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas Substantivos Primitivos e Derivados
chusma gente, pessoas Meu limão meu limoeiro,
concílio bispos meu pé de jacarandá...
congresso parlamentares, cientistas.
elenco atores de uma peça ou filme O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de
esquadra navios de guerra nenhum outro dentro de língua portuguesa.
enxoval roupas Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma
falange soldados, anjos outra palavra da própria língua portuguesa. O substantivo limoeiro
fauna animais de uma região é derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
feixe lenha, capim Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra
flora vegetais de uma região palavra.
frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício Flexão dos substantivos
horda bandidos, invasores
junta médicos, bois, credores, examinadores O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável
júri jurados quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo,
legião soldados, anjos, demônios pode sofrer variações para indicar:
leva presos, recrutas Plural: meninos Feminino: menina
malta malfeitores ou desordeiros Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
manada búfalos, bois, elefantes,
matilha cães de raça Flexão de Gênero
molho chaves, verduras
multidão pessoas em geral Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar
ninhada pintos sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.) gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero masculino os
penca bananas, chaves substantivos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.
pinacoteca pinturas, quadros Veja estes títulos de filmes:
quadrilha ladrões, bandidos O velho e o mar
ramalhete flores Um Natal inesquecível
rebanho ovelhas Os reis da praia
récua bestas de carga, cavalgadura
repertório peças teatrais, obras musicais Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir
réstia alhos ou cebolas precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
romanceiro poesias narrativas A história sem fim
revoada pássaros Uma cidade sem passado
sínodo párocos As tartarugas ninjas
talha lenha
tropa muares, soldados Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
turma estudantes, trabalhadores
vara porcos Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de
seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao
sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino
e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem – mulher,
poeta – poetisa, prefeito - prefeita

Didatismo e Conhecimento 32
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Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para
única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de
feminino. Classificam-se em: epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade de
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a cobra especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea. A cobra macho picou o marinheiro.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas: a A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o
indivíduo. Sobrecomuns:
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por Entregue as crianças à natureza.
meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a doente, o artista
e a artista. A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino,
quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem um
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados em ema possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se
ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, refere a palavra. Veja:
o teorema. A criança chorona chamava-se João.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam A criança chorona chamava-se Maria.
em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação
emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade) Outros substantivos sobrecomuns:
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes criatura.
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de Marcela
- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - aluna. faleceu
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
masculino: freguês - freguesa Comuns de Dois Gêneros:
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
formas:
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona a palavra motorista é um substantivo uniforme.
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - A distinção de gênero pode ser feita através da análise do
sultana artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo: o colega -
a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem - uma jovem; artista
- Substantivos terminados em -or: famoso - artista famosa; repórter francês - repórter francesa
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora - A palavra personagem é usada indistintamente nos dois
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul - pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os personagens
consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque - duquesa dos contos de carochinha.
/ conde - condessa / profeta - profetisa b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: O
problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam a
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por personagem.
-a: elefante - elefanta - Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte.
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no Observe o gênero dos substantivos seguintes:
feminino: bode – cabra / boi - vaca
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó (pena),
- Substantivos que formam o feminino de maneira especial, o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o maracajá, o clã,
isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: czar – czarina o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o proclama, o
réu - ré pernoite, o púbis.

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, a cal,
Epicenos: a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de origem grega
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o plasma, o
porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, o estratagema,
masculino e o feminino. o dilema, o teorema, o trema, o eczema, o edema, o magma, o
estigma, o axioma, o tracoma, o hematoma.

Didatismo e Conhecimento 33
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Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. - Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas
maneiras:
Gênero dos Nomes de Cidades: - Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
A histórica Ouro Preto. Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras:
A dinâmica São Paulo. répteis ou reptis (pouco usada).
A acolhedora Porto Alegre.
Uma Londres imensa e triste. - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. maneiras:
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo
Gênero e Significação: de “es”: ás – ases / retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: o
Muitos substantivos têm uma significação no masculino e lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à frente da
tropa, indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três
que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão),
maneiras.
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibição
de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do corpo), o - substituindo o -ão por -ões: ação - ações
cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato de cismar, - substituindo o -ão por -ães: cão - cães
desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza (resíduos de - substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
combustão), o capital (dinheiro), a capital (cidade), o coma (perda
dos sentidos), a coma (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, - Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o látex
canto em coro), a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, - os látex.
usado na administração da crisma e de outros sacramentos), a
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura Plural dos Substantivos Compostos
(ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta
planície de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia -A formação do plural dos substantivos compostos depende
(documento, pena grande das asas das aves), o grama (unidade da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o
de peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são
(recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente grafados sem hífen comportam-se como os substantivos simples:
(vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés,
costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente malmequer/malmequeres.
(a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria- O plural dos substantivos compostos cujos elementos são
fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a pala ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões.
(parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho Algumas orientações são dadas a seguir:
receptor), a rádio (estação emissora), o voga (remador), a voga - Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
(moda, popularidade). substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
Flexão de Número do Substantivo adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
Em português, há dois números gramaticais: o singular, que
indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que indica mais de
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
um ser ou grupo de seres. A característica do plural é o “s” final.
formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
Plural dos Substantivos Simples
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” -falantes
fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – ímãs; hífen palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
- hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon - cânones.
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em “ns”: formados de:
homem - homens. substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-
colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural pelo substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor
acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. e cavalos-vapor
Atenção: O plural de caráter é caracteres. substantivo + substantivo que funciona como determinante do
primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior:
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se palavra-chave - palavras-chave, bomba-relógio - bombas-relógio,
no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; caracol – notícia-bomba - notícias-bomba, homem-rã - homens-rã, peixe-
caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e cônsules. espada - peixes-espada.

Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA PORTUGUESA
- Permanecem invariáveis, quando formados de: Observe o exemplo:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora Este jogador faz gols toda vez que joga.
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.

- Casos Especiais Plural com Mudança de Timbre


o louva-a-deus e os louva-a-deus
o bem-te-vi e os bem-te-vis Certos substantivos formam o plural com mudança de timbre
o bem-me-quer e os bem-me-queres da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético chamado
o joão-ninguém e os joões-ninguém. metafonia (plural metafônico).
Plural das Palavras Substantivadas Singular Plural
corpo (ô) corpos (ó)
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes esforço esforços
gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
fogo fogos
flexões próprias dos substantivos.
forno fornos
Pese bem os prós e os contras.
fosso fossos
O aluno errou na prova dos noves.
imposto impostos
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
olho olhos
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” osso (ô) ossos (ó)
não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis e ovo ovos
alguns dez. poço poços
porto portos
Plural dos Diminutivos posto postos
tijolo tijolos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
acrescenta-se o sufixo diminutivo. Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
pãe(s) + zinhos = pãezinhos esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
animai(s) + zinhos = animaizinhos Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
botõe(s) + zinhos = botõezinhos molho (ó) = feixe (molho de lenha).
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos Particularidades sobre o Número dos Substantivos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas - Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o norte, o
flore(s) + zinhas = florezinhas leste, o oeste, a fé, etc.
mão(s) + zinhas = mãozinhas - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, as
papéi(s) + zinhos = papeizinhos espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:
funi(s) + zinhos = funizinhos bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom nome) e
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos honras (homenagem, títulos).
pai(s) + zinhos = paizinhos - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
pé(s) + zinhos = pezinhos
sentido de plural:
pé(s) + zitos = pezitos
Aqui morreu muito negro.
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
Plural dos Nomes Próprios Personativos
improvisadas.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre
que a terminação preste-se à flexão. Flexão de Grau do Substantivo
Os Napoleões também são derrotados.
As Raquéis e Esteres. Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado
normal. Por exemplo: casa
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos
como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto quando - Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser.
terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os jipes, os Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os réquiens. aumento. Por exemplo: casarão.

Didatismo e Conhecimento 35
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- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser. * Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Normalmente,
Pode ser: são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que impessoais são:
indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. ** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de ou fazer (em orações temporais).
diminuição. Por exemplo: casinha. Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos: Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); ocorrência
(nascer); desejo (querer). ** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
possíveis significados. Observe que palavras como corrida, Era primavera quando a conheci.
chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns Estava frio naquele dia.
verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as
possibilidades de flexão que esses verbos possuem. ** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
Estrutura das Formas Verbais escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresentar
-humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado.
os seguintes elementos:
Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significado
de ser impessoal para ser pessoal.
essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
fal-)
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), 2ª
- Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - (partir). ** São impessoais, ainda:
- Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo:
tempo e o modo do verbo. Por exemplo: Já passa das seis.
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de,
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem, Está
pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural): muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência a sujeito
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso, classificar o
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, então, pessoais.
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados possível”. Por exemplo:
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a Não deu para chegar mais cedo.
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver Dá para me arrumar uns trocados?
desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do verbo:
põe, pões, põem, etc. * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se
apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas A fruta amadureceu.
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos As frutas amadureceram.
verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos
facilidade que nas formas rizotônicas o acento tônico cai no pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu bastante.
radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas
formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de
na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos.
animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar:
galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
Classificação dos Verbos
Classificam-se em:
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências normais Os principais verbos unipessoais são:
de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical: 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
canto cantei cantarei cantava cantasse. (preciso, necessário, etc.):
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse. bastante.)
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais: É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)

Didatismo e Conhecimento 36
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2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que provavelmente
causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade
considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas verbais repudiadas
por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a popularização da informática, tem sido
conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer no
particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular). Observe:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais, ides, fui, foste,
pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando acompanhado
de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

Didatismo e Conhecimento 37
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SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

Didatismo e Conhecimento 38
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HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa
do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo
(reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, ater-
-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita no radical do
verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma, pois não recebe
ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é
conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.

Didatismo e Conhecimento 39
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Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e - Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três
respectivos pronomes): pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta
Eu me arrependo desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais,
Tu te arrependes flexiona-se da seguinte maneira:
Ele se arrepende 2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
Nós nos arrependemos 1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
Vós vos arrependeis 2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
Eles se arrependem 3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em colocação.
que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado
por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito - Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou
faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos advérbio. Por exemplo:
transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de adjetivo)
chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na
exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Maria penteou-me. Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos - Particípio: quando não é empregado na formação dos
átonos dos verbos pronominais não possuem função sintática. tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado de
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau.
oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, são Por exemplo:
os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar Terminados os exames, os candidatos saíram.
de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções
sintáticas. Por exemplo: Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
direto) - 1ª pessoa do singular (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para
representar a escola.
Modos Verbais
Tempos Verbais
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo
na expressão de um fato. Em Português, existem três modos: Tomando-se como referência o momento em que se fala, a
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sempre ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:
estudo. 1. Tempos do Indicativo
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu - Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
estude amanhã. - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda agora, momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
menino. terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
Formas Nominais momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advérbio), antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as lições
sendo por isso denominadas formas nominais. Observe: quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo de lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo. - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer
Por exemplo: num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele estudará
Viver é lutar. (= vida é luta) as lições amanhã.
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer
posteriormente a um determinado fato passado: Se eu tivesse
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma dinheiro, viajaria nas férias.
simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro. 2. Tempos do Subjuntivo
Era preciso ter lido este livro. - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
atual: É conveniente que estudes para o exame.

Didatismo e Conhecimento 40
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- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo: Se ele
viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à loja, levará as
encomendas.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja, levará as
encomendas.

Presente do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo pela
desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim,
o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o
tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Didatismo e Conhecimento 42
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Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós)
eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou conselho só
se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (Agente Polícia Vunesp 2013) Considere o trecho a seguir.


É comum que objetos ___________ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pessoas
_____________ a atenção voltada para seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
(A) sejam … mantesse (B) sejam … mantivessem (C) sejam … mantém (D) seja … mantivessem (E) seja … mantêm

02. (Escrevente TJ SP Vunesp 2012-adap.) Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando quedas sucessivas de
2005 para cá. –, a locução verbal em destaque expressa ação
(A) concluída. (B) atemporal. (C) contínua. (D) hipotética. (E) futura.

03. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013-adap.) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais
terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.

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04. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa 09. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a
contendo a frase do texto na qual a expressão verbal destacada alternativa em que a concordância das formas verbais destacadas
exprime possibilidade. se dá em conformidade com a norma-padrão da língua.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sistema (A) Chegou, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos.
capaz de disponibilizar um grande número de obras literárias... (B) Haviam várias hipóteses acerca do que poderia ter
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação e acontecido com a criança.
arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual. (C) Fazia horas que a criança tinha saído e os pais já estavam
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por associação, preocupados.
e não mais por sequências fixas previamente estabelecidas. (D) Era duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse conceito (E) Existia várias maneiras de voltar para casa, mas a criança
está ligado a uma nova concepção de textualidade... se perdeu mesmo assim.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibilizar
toda a literatura do mundo... 10. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
– 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madeira
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O no animal.
crescimento econômico, se associado à ampliação do emprego, II. Existiam muitos ferimentos no boi.
PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
passarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito do movimentada.
indicativo, teremos a forma: Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este pelo
A) puder. verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
B) poderia. A) Existia – Haviam – Existiam
C) pôde. B) Existiam – Havia – Existiam
D) poderá. C) Existiam – Haviam – Existiam
E) pudesse. D) Existiam – Havia – Existia
E) Existia – Havia – Existia
06. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa em
que todos os verbos estão empregados de acordo com a norma- GABARITO
-padrão.
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da 01. B 02. C 03. E 04. B 05. B
impressão definitiva. 06. A 07. C 08. B 09. C 10. D
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em silêncio.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a trabalhar RESOLUÇÃO
no feriado.
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga... 1-) É comum que objetos sejam esquecidos em locais
(E) Se você quer a promoção, é necessário que a requera a seu públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as
superior. pessoas mantivessem a atenção voltada para seus pertences,
conservando-os junto ao corpo.
07. (Papiloscopista Policial Vunesp 2013-adap.) Assinale
a alternativa que substitui, corretamente e sem alterar o sentido 2-) os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando
da frase, a expressão destacada em – Se a criança se perder, quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução verbal em destaque
quem encontrá-la verá na pulseira instruções para que envie uma expressa ação contínua (= não concluída)
mensagem eletrônica ao grupo ou acione o código na internet.
(A) Caso a criança se havia perdido… 3-) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de
(B) Caso a criança perdeu… um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da
(C) Caso a criança se perca… pergunta “débito ou crédito?”.
(D) Caso a criança estivera perdida… Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de classificar
(E) Caso a criança se perda… segundo ideias preconcebidas.

08. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013-adap.). 4-) (B) Funcionando como um imenso sistema de informação
Assinale a alternativa em que o verbo destacado está no tempo e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo
futuro. virtual. = verbo no futuro do pretérito
A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar. 5-) Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”… Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós poderíamos,
D) … de onde vem o produto…? vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é crescimento
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… econômico (singular), portanto, terceira pessoa do singular (ele)
= poderia.

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6-) - frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em pergunta: Que queres fazer?
silêncio. - frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a trabalhar ou faz um pedido: Dê-me uma mãozinha! Faça-o sair!
no feriado. - frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo:
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga... Que dia difícil!
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a requeira a - frases declarativas: o emissor constata um fato: Ele já
seu superior. chegou.

7-) Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve Quanto à estrutura da frase, as frases que possuem verbo
uma grande perda salarial...) (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais: sujeito
e predicado. O sujeito é o termo da frase que concorda com o
8-) verbo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
tema do que se vai comunicar”. O predicado é a parte da frase que
A) Os consumidores são assediados pelo marketing = presente
contém “a informação nova para o ouvinte”. Ele se refere ao tema,
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”…
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
= pretérito do Subjuntivo
Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o
D) … de onde vem o produto…? = presente predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver num nome, teremos um
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… = predicado nominal:
pretérito perfeito Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de
opinião.
9-) A existência é frágil.
(A) Chegaram, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos.
(B) Havia várias hipóteses acerca do que poderia ter acontecido A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples)
com a criança. quando encerra um pensamento completo e vem limitada por
(D) Eram duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada. ponto-final, ponto de interrogação, ponto de exclamação e por
(E) Existiam várias maneiras de voltar para casa, mas a criança reticências.
se perdeu mesmo assim. Um vulto cresce na escuridão. Clarissa encolhe-se. É Vasco.

10-) I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de Acima temos três orações correspondentes a três períodos
madeira no animal. simples ou a três frases. Mas, nem sempre oração é frase: “convém
II. Existiam muitos ferimentos no boi. que te apresses” apresenta duas orações, mas uma só frase,
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida pois somente o conjunto das duas é que traduz um pensamento
movimentada. completo.
Haver – sentido de existir= invariável, impessoal; Outra definição para oração é a frase ou membro de frase
existir = variável. Portanto, temos: que se organiza ao redor de um verbo. A oração possui sempre
I – Existiam onze pessoas... um verbo (ou locução verbal), que implica na existência de um
II – Havia muitos ferimentos... predicado, ao qual pode ou não estar ligado um sujeito.
III – Existia muita gente... Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo.
Dessa forma:
Rua! = é uma frase, não é uma oração.
SINTAXE: TERMOS DA ORAÇÃO, Já em: “Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar
PERÍODO COMPOSTO, CONCEITO E a noite do meu bem.” Temos uma frase e três orações: As duas
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES últimas orações não são frases, pois em si mesmas não satisfazem
um propósito comunicativo; são, portanto, membros de frase.

Quanto ao período, ele denomina a frase constituída


por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
Frase, período e oração: completo. O período pode ser simples ou composto.
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
estabelecer comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou Período simples é aquele constituído por apenas uma oração,
fenômeno, transmite um apelo, ordem ou exterioriza emoções. que recebe o nome de oração absoluta.
Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito Chove.
e o predicado – mas não obrigatoriamente, pois em Português há A existência é frágil.
orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo que não chove. Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de
opinião.
Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoação,
na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação. Período composto é aquele constituído por duas ou mais
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e orações:
nominais, feita a partir de seus elementos constituintes, elas podem “Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.”
ser classificadas a partir de seu sentido global: Cantei, dancei e depois dormi.

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Termos essenciais da oração: Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado de
duas maneiras:
O sujeito e o predicado são considerados termos essenciais - com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito
da oração, ou seja, sujeito e predicado são termos indispensáveis não tenha sido identificado anteriormente:
para a formação das orações. No entanto, existem orações formadas Bateram à porta;
exclusivamente pelo predicado. O que define, pois, a oração, é a Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.
presença do verbo.
O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo. - com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do
“Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.” pronome se. Esta é uma construção típica dos verbos que não
“Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”. apresentam complemento direto:
Precisa-se de mentes criativas;
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha Vivia-se bem naqueles tempos;
e primeira referem-se ao conceito básico expresso em lágrima. Trata-se de casos delicados;
Lágrima é, pois, a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, Sempre se está sujeito a erros.
denominada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito relaciona-se
com o verbo, estabelecendo a concordância. O pronome se funciona como índice de indeterminação do
A função do sujeito é basicamente desempenhada por sujeito.
substantivos, o que a torna uma função substantiva da oração.
Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras palavras As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado,
substantivadas (derivação imprópria) também podem exercer a
articulam-se a partir de um verbo impessoal. A mensagem está
função de sujeito.
centrada no processo verbal. Os principais casos de orações sem
Ele já partiu;
sujeito com:
Os dois sumiram;
- os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Um sim é suave e sugestivo.
Amanheceu repentinamente;
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o de Está chuviscando.
determinação ou indeterminação e o de núcleo do sujeito.
Um sujeito é determinado quando é facilmente identificável - os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam fenômenos
pela concordância verbal. O sujeito determinado pode ser simples meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral:
ou composto. Está tarde.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possível Ainda é cedo.
identificar claramente a que se refere a concordância verbal. Isso Já são três horas, preciso ir;
ocorre quando não se pode ou não interessa indicar precisamente Faz frio nesta época do ano;
o sujeito de uma oração. Há muitos anos aguardamos mudanças significativas;
Estão gritando seu nome lá fora; Faz anos que esperamos melhores condições de vida;
Trabalha-se demais neste lugar.
O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada
O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único oração contém a informação nova para o ouvinte. Nas orações sem
núcleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou no plural; pode sujeito, o predicado simplesmente enuncia um fato qualquer:
também ser um pronome indefinido. Chove muito nesta época do ano;
Nós nos respeitamos mutuamente; Houve problemas na reunião.
A existência é frágil;
Ninguém se move; Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se
O amar faz bem. declara a respeito desse sujeito.
Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que
O sujeito composto é o sujeito determinado que possui mais difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
de um núcleo. Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado);
Alimentos e roupas andam caríssimos; Passou-me (predicado) uma ideia estranha (sujeito) pelo
Ela e eu nos respeitamos mutuamente; pensamento (predicado).
O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma moeda.
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referência núcleo está num nome ou num verbo. Deve-se considerar também
ao sujeito oculto ( ou elíptico), isto é, ao núcleo do sujeito que está se as palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo
implícito e que pode ser reconhecido pela desinência verbal ou ou também ao sujeito da oração.
pelo contexto. Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulheres
Abolimos todas as regras. = (nós) de opinião.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se
pode identificar claramente a que o predicado da oração refere- refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se direta ou
-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrário, indiretamente ao verbo.
teríamos uma oração sem sujeito. A existência (sujeito) é frágil (predicado).

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O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;
oração. O verbo atua como elemento de ligação entre o sujeito e a Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;
palavra a ele relacionada. Dou-lhes três.
Houve muita confusão na partida final.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo significativo
um verbo: O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
Chove muito nesta época do ano; - com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes
Senti seu toque suave; a pessoas:
O velho prédio foi demolido. Amar a Deus;
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem apenas Adorar a Xangô;
para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos. Estimar aos pais.

O predicado nominal é aquele que tem como núcleo - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de
significativo um nome; esse nome atribui uma qualidade ou tratamento:
estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujeito. Não excluo a ninguém;
O predicativo é um nome que se liga a outro nome da oração por Não quero cansar a Vossa Senhoria.
meio de um verbo.
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto - para evitar ambiguidade:
é, não indica um processo. O verbo une o sujeito ao predicativo, Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria
indicando circunstâncias referentes ao estado do sujeito: outra)
“Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.”
O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente
Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar, ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
andar, ficar, parecer, permanecer ou continuar, atuando como Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas. Os homens pedem-lhes amor sincero;
A função de predicativo é exercida normalmente por um Gosto de música popular brasileira.
adjetivo ou substantivo.
O termo que integra o sentido de um nome chama-se
O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois complemento nominal. O complemento nominal liga-se ao nome
núcleos significativos: um verbo e um nome. No predicado que completa por intermédio de preposição:
verbo-nominal, o predicativo pode referir-se ao sujeito ou ao Desenvolvemos profundo respeito à arte;
complemento verbal. A arte é necessária à vida;
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo, Tenho-lhe profundo respeito.
indicando processos. É também sempre por intermédio do verbo
que o predicativo se relaciona com o termo a que se refere. Termos acessórios da oração e vocativo:
O dia amanheceu ensolarado;
As mulheres julgam os homens inconstantes Os termos acessórios recebem esse nome por serem acidentais,
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas adverbial, adjunto adnominal, o aposto e o vocativo.
funções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação. Esse
predicado poderia ser desdobrado em dois, um verbal e outro O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma
nominal: circunstância do processo verbal, ou intensifica o sentido de um
O dia amanheceu; adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao
O dia estava ensolarado. advérbio e às locuções adverbiais exercerem o papel de adjunto
adverbial.
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.
complemento homens como o predicativo inconstantes.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto
Termos integrantes da oração: adverbial são:
- acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço.
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o - afirmação: Sim, realmente irei partir.
complemento nominal são chamados termos integrantes da oração. - assunto: Falavam sobre futebol.
Os complementos verbais integram o sentido dos verbos - causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede…
transitivos, com eles formando unidades significativas. Esses - companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas.
verbos podem se relacionar com seus complementos diretamente, - concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.
sem a presença de preposição ou indiretamente, por intermédio de - conformidade: Fez tudo conforme o combinado.
preposição. - dúvida: Talvez nos deixem entrar.
O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao - fim: Estudou para o exame.
verbo. - frequência: Sempre aparecia por lá.

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- instrumento: Fez o corte com a faca. A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos,
- intensidade: Corria bastante. pronomes substantivos, numerais e palavras substantivadas esse
- limite: Andava atabalhoado do quarto à sala. papel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade. João, venha comigo!
- matéria: Compunha-se de substâncias estranhas. Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo. PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
- negação: Não há ninguém que mereça.
- preço: As casas estão sendo vendidas a preços exorbitantes. O período composto caracteriza-se por possuir mais de uma
- substituição ou troca: Abandonou suas convicções por oração em sua composição. Sendo assim:
privilégios econômicos. - Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração)
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
(Período Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, - Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um protetor
especifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva, solar. (Período Composto = três verbos, três orações).
pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel
de adjunto adnominal na oração. Também atuam como adjuntos Cada verbo ou locução verbal corresponde a uma oração.
adnominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos. Isso implica que o primeiro exemplo é um período simples, pois
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo tem apenas uma oração, os dois outros exemplos são períodos
de infância. compostos, pois têm mais de uma oração.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre as
O adjunto adnominal liga-se diretamente ao substantivo a que orações de um período composto: uma relação de coordenação ou
se refere, sem participação do verbo. Já o predicativo do objeto uma relação de subordinação.
liga-se ao objeto por meio de um verbo. Duas orações são coordenadas quando estão juntas em um
O poeta português deixou uma obra originalíssima. mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de informações,
O poeta deixou-a. marcado pela pontuação final), mas têm, ambas, estruturas
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: adjunto individuais, como é o exemplo de:
adnominal) Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
O poeta português deixou uma obra inacabada. (Período Composto)
O poeta deixou-a inacabada. Podemos dizer:
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do objeto) 1. Estou comprando um protetor solar.
2. Irei à praia.
Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um Separando as duas, vemos que elas são independentes.
substantivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal relaciona-se É esse tipo de período que veremos agora: o Período Composto
apenas ao substantivo. por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas.
desenvolver ou resumir a ideia contida num termo que exerça
qualquer função sintática. Coordenadas Assindéticas
Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas.
Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo que
se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira passei o Coordenadas Sindéticas
dia mal-humorado. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si,
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na mas que são ligadas através de uma conjunção coordenativa. Esse
oração, em: caráter vai trazer para esse tipo de oração uma classificação. As
a) explicativo: A linguística, ciência das línguas humanas, orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo. aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.
b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coisas:
amor, arte, ação. Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais
c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo conjunções são: e, nem, não só... mas também, não só... como,
isso forma o carnaval. assim... como.
d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram- Não só cantei como também dancei.
se por muito tempo na baía anoitecida. Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou Comprei o protetor solar e fui à praia.
interpelar um ouvinte real ou hipotético.

Didatismo e Conhecimento 48
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Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas 1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto, A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e
porém, no entanto, ainda, assim, senão. vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se).
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. Suponho que você foi à biblioteca hoje.
Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando. Oração Subordinada Substantiva
Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia.
Você sabe se o presidente já chegou?
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas Oração Subordinada Substantiva
principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...
seja. Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. introduzem as orações subordinadas substantivas, bem como os
Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os
diferentes. exemplos:
Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quarto. O garoto perguntou qual seu nome.
Oração Subordinada Substantiva
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por conseguinte, Não sabemos por que a vizinha se mudou.
consequentemente, pois (posposto ao verbo) Oração Subordinada Substantiva
Passei no concurso, portanto irei comemorar.
Conclui o meu projeto, logo posso descansar. Classificação das Orações Subordinadas Substantivas
Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
A situação é delicada; devemos, pois, agir De acordo com a função que exerce no período, a oração
subordinada substantiva pode ser:
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas a) Subjetiva
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade, pois É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito do
(anteposto ao verbo). verbo da oração principal. Observe:
Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo. É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Só fiquei triste por você não ter viajado comigo. Sujeito
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
É fundamental que você compareça à reunião.
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO Oração Principal Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva
Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes:
“Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.” Atenção:
Oração Principal Oração Subordinada Observe que a oração subordinada substantiva pode ser
substituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos um período
Observe que na oração subordinada temos o verbo “existe”, simples:
que está conjugado na terceira pessoa do singular do presente É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
do indicativo. As orações subordinadas que apresentam verbo
em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a
subjuntivo e imperativo), são chamadas de orações desenvolvidas função de sujeito
ou explícitas. Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
Podemos modificar o período acima. Veja: principal:
- Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo:
Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto. É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro -
Oração Principal Oração Subordinada Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa.
A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto”
é a oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada - Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-se -
“existir em meu gesto o teu gesto”. Note que a oração subordinada Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado - Ficou
apresenta agora verbo no infinitivo. Além disso, a conjunção provado
“que”, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
orações subordinadas cujo verbo surge numa das formas nominais
(infinitivo - flexionado ou não -, gerúndio ou particípio) chamamos - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar
orações reduzidas ou implícitas. - ocorrer - acontecer
Convém que não se atrase na entrevista.
Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por
conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subjetiva,
introduzidas por preposição. o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular.

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b) Objetiva Direta e) Predicativa
A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel de
função de objeto direto do verbo da oração principal. predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre
Todos querem sua aprovação no concurso. depois do verbo ser.
Objeto Direto Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito
Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem
isso) Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo era isso)
Oração Principal oração Subordinada Substantiva Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta Predicativa

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva “de” para
desenvolvidas são iniciadas por: realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não fui bem na prova.
- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A
professora verificou se todos alunos estavam presentes. f) Apositiva
A oração subordinada substantiva apositiva exerce função de
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes aposto de algum termo da oração principal.
regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O pessoal Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
queria saber quem era o dono do carro importado. Aposto
(Fernanda tinha um grande sonho: isso.)
- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes
regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu não sei por Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
que ela fez isso. Oração Subordinada Substantiva Apositiva
reduzida de infinitivo
c) Objetiva Indireta
A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua como * Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de
preposição. 2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Meu pai insiste em meu estudo. Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor
Objeto Indireto e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações vêm
introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto
Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste nisso) adnominal do antecedente. Observe o exemplo:
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na
oração. Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo adjetivo
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos outra construção,
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta a qual exerce exatamente o mesmo papel. Veja:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
d) Completiva Nominal Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
A oração subordinada substantiva completiva nominal
completa um nome que pertence à oração principal e também vem Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e
marcada por preposição. o termo da oração principal que ela modifica é feita pelo pronome
relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações,
Sentimos orgulho de seu comportamento. o pronome relativo desempenha uma função sintática na oração
Complemento Nominal subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o
antecede.
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sentimos Obs.: para que dois períodos se unam num período composto,
orgulho disso.) altera-se o modo verbal da segunda oração.
Oração Subordinada Substantiva Completiva Atenção: Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o
Nominal pronome relativo que: ele sempre pode ser substituído por: o qual
- a qual - os quais - as quais
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas objetivas Refiro-me ao aluno que é estudioso.
indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações Essa oração é equivalente a:
subordinadas substantivas completivas nominais integram o Refiro-me ao aluno o qual estuda.
sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário
levar em conta o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença
entre o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro
complementa um verbo, o segundo, um nome.

Didatismo e Conhecimento 50
LÍNGUA PORTUGUESA
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa,
condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem introduzida
Quando são introduzidas por um pronome relativo e por uma das conjunções subordinativas (com exclusão das
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as orações integrantes). Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução
subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, conjuntiva que a introduz.
existem as orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não
são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
por preposição) e apresentam o verbo numa das formas nominais Oração Subordinada Adverbial
(infinitivo, gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. Observe que a oração em destaque agrega uma circunstância
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. de tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adverbial
temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que
No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva indicam uma circunstância referente, via de regra, a um verbo. A
desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo “que” classificação do adjunto adverbial depende da exata compreensão
e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. da circunstância que exprime. Observe os exemplos abaixo:
No segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha
infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo. vida.
Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas minha vida.

Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto
as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas maneiras adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No
diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do segundo período, esse papel é exercido pela oração “Quando vi
termo a que se referem, individualizando-o. Nessas orações não a estátua”, que é, portanto, uma oração subordinada adverbial
há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas temporal. Essa oração é desenvolvida, pois é introduzida por uma
restritivas. Existem também orações que realçam um detalhe conjunção subordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal
ou amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra do modo indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo).
suficientemente definido, as quais denominam-se subordinadas Seria possível reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de minha
adjetivas explicativas.
vida.
Exemplo 1:
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma das
homem que passava naquele momento.
formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é introduzida
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”,
combinada com o artigo “o”).
Nesse período, observe que a oração em destaque restringe e
Obs.: a classificação das orações subordinadas adverbiais é
particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-se de um homem feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos adverbiais.
específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não Baseia-se na circunstância expressa pela oração.
se refere a todos os homens, mas sim àquele que estava passando
naquele momento. Circunstâncias Expressas pelas Orações Subordinadas
Adverbiais
Exemplo 2: a) Causa
O homem, que se considera racional, muitas vezes age A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca
animalescamente. um determinado fato, ao motivo do que se declara na oração
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa principal. “É aquilo ou aquele que determina um acontecimento”.
Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido restritivo Outras conjunções e locuções causais: como (sempre
em relação à palavra “homem”; na verdade, essa oração apenas introduzido na oração anteposta à oração principal), pois, pois
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de que, já que, uma vez que, visto que.
“homem”. As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicativa é Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve
separada da oração principal por uma pausa que, na escrita, é alternativa a não ser cancelá-lo.
representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação Já que você não vai, eu também não vou.
seja indicada como forma de diferenciar as orações explicativas
das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre isoladas por b) Consequência
vírgulas; as restritivas, não. As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem
um fato que é consequência, que é efeito do que se declara na
3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS oração principal. São introduzidas pelas conjunções e locuções:
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a que, de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas
função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Dessa tão...que, tanto...que, tamanho...que.

Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE No entanto, quando se comparam ações diferentes, isso não
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. (comparação do
É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa dor.) verbo falar e do verbo fazer).
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
concretizando-os. f) Conformidade
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida de As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam
Infinitivo) ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um modelo
adotado para a execução do que se declara na oração principal.
Principal conjunção subordinativa conformativa:
c) Condição CONFORME
Condição é aquilo que se impõe como necessário para a Outras conjunções conformativas: como, consoante e segundo
realização ou não de um fato. As orações subordinadas adverbiais (todas com o mesmo valor de conforme).
condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se Fiz o bolo conforme ensina a receita.
realize ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos
Principal conjunção subordinativa condicional: SE iguais.
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde
que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma g) Finalidade
vez que (seguida de verbo no subjuntivo). As orações subordinadas adverbiais finais indicam a intenção,
a finalidade daquilo que se declara na oração principal.
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE
certamente o melhor time será campeão. Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a
Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o locução conjuntiva para que.
contrato. Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
Caso você se case, convide-me para a festa. Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada
entrasse.
d) Concessão
As orações subordinadas adverbiais concessivas indicam h) Proporção
concessão às ações do verbo da oração principal, isto é, admitem As orações subordinadas adverbiais proporcionais exprimem
uma contradição ou um fato inesperado. A ideia de concessão está ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao expresso na
diretamente ligada ao contraste, à quebra de expectativa. oração principal.
Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: À
Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA
PROPORÇÃO QUE
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locuções Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto que, passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior), quanto
apesar de que. maior...(menor), quanto menor...(maior), quanto menor...(menor),
Só irei se ele for. quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir só se (mais), quanto menos...(menos).
realizará caso essa condição seja satisfeita. À proporção que estudávamos, acertávamos mais questões.
Compare agora com: Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
Irei mesmo que ele não vá. Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei
i) Tempo
de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A oração
As orações subordinadas adverbiais temporais acrescentam
destacada é, portanto, subordinada adverbial concessiva. uma ideia de tempo ao fato expresso na oração principal,
Observe outros exemplos: podendo exprimir noções de simultaneidade, anterioridade ou
Embora fizesse calor, levei agasalho. posterioridade.
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
população continua à margem do mercado de consumo. Outras conjunções subordinativas temporais: enquanto, mal
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora não e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
estudasse). (reduzida de infinitivo) antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
e) Comparação Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
Mal você saiu, ela chegou.
As orações subordinadas adverbiais comparativas estabelecem
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando terminou a
uma comparação com a ação indicada pelo verbo da oração festa) (Oração Reduzida de Particípio)
principal.
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO Questões sobre Orações Coordenadas
Ele dorme como um urso.
Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações 01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplantação
subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo: integral de gosto e de estilo” tem valor:
Agem como crianças. (agem) A) conclusivo B) adversativo C) concessivo
Oração Subordinada Adverbial Comparativa D) explicativo E) alternativo

Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. A C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocupe.
oração em destaque é: (oposição)
a) coordenada explicativa b) coordenada adversativa D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã.
c) coordenada aditiva d) coordenada conclusiva (alternância)
e) coordenada assindética E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a
chuva. (conclusão)
03. (Agente Educacional – VUNESP – 2013-adap.) Releia o
seguinte trecho: 08. Analise sintaticamente as duas orações destacadas
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a no texto “O assaltante pulou o muro, mas não penetrou na
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida casa, nem assustou seus habitantes.” A seguir, classifique-as,
prática. respectivamente, como coordenadas:
Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a norma- A) adversativa e aditiva. B) explicativa e aditiva.
-padrão da língua portuguesa, ao se substituir o termo em destaque, C) adversativa e alternativa. D) aditiva e alternativa.
o trecho estará corretamente reescrito em:
A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase 09. Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as
toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida pessoas que não sabem cozinhar. A palavra “porque” pode ser
prática. substituída, sem alteração de sentido, por
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase A) entretanto. B) então. C) assim. D) pois. E) porém.
toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
prática. GABARITO
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. 01. B 02. E 03. D 04. E 05. D
D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como quase toda a 06. A 07. B 08. A 09. D
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a RESOLUÇÃO
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
1-) “Não se verificou, todavia, uma transplantação integral
04. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013-adap.) de gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portanto: oração
Em – ...fruto não só do novo acesso da população ao automóvel coordenada sindética adversativa
mas também da necessidade de maior número de viagens... –, os
termos em destaque estabelecem relação de 2-) Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a oração
A) explicação. B) oposição. C) alternância. em destaque não é introduzida por conjunção, então: coordenada
D) conclusão. E) adição. assindética

05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que 3-) Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção (e
estaremos a seu lado sempre. ideia) adversativa
Marque a opção correta quanto à sua classificação: A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase
A) Coordenada sindética aditiva. toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
B) Coordenada sindética alternativa. prática. = conclusiva
C) Coordenada sindética conclusiva. B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase
D) Coordenada sindética explicativa. toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
prática. = conformativa
06. A frase abaixo em que o conectivo E tem valor adversativo C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a
é: cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. = conclusiva
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a
C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
pedir esmola”. = explicativa
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu substituir
miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”. por porque; como conclusiva: substituo por portanto.
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de
moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde 4-) fruto não só do novo acesso da população ao automóvel
E à educação”. mas também da necessidade de maior número de viagens...
estabelecem relação de adição de ideias, de fatos
07. Assinale a alternativa em que o sentido da conjunção
sublinhada está corretamente indicado entre parênteses. 5-) Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre.
A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende = conjunção explicativa (= porque) - coordenada sindética
trabalhar como advogado. (explicação) explicativa
B) Não fui ao cinema nem assisti ao jogo. (adição)

Didatismo e Conhecimento 53
LÍNGUA PORTUGUESA
6-) A visão de adensamento com uso abundante de transporte
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. = mas não ajuda coletivo precisa ser recuperada. Desse modo, será possível
(ideia contrária) reverter esse processo de uso cada vez mais intenso do transporte
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. = individual, fruto não só do novo acesso da população ao
adição automóvel, mas também da necessidade de maior número de
C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de viagens em função da distância cada vez maior entre os destinos
pedir esmola”. = adição da população.
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da (Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adaptado)
miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”. = adição
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de As expressões mais denso e menos trânsito, no título,
moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde estabelecem entre si uma relação de
E à educação”. = adição (A) comparação e adição. (B) causa e consequência.
(C) conformidade e negação. (D) hipótese e concessão.
7-)
(E) alternância e explicação
A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende
trabalhar como advogado. = adversativa
C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocupe. 02. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
= conclusão – 2013). No trecho – Tem surtido um efeito positivo por eles
D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã. se tornarem uma referência positiva dentro da unidade, já que
= explicativa cumprem melhor as regras, respeitam o próximo e pensam melhor
E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a nas suas ações, refletem antes de tomar uma atitude. – o termo em
chuva. = alternativa destaque estabelece entre as orações uma relação de
A) condição. B) causa. C) comparação. D) tempo.
8-) - mas não penetrou na casa = conjunção adversativa E) concessão.
- nem assustou seus habitantes = conjunção aditiva
03. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas que
9-) Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as aparecem nos períodos abaixo são todas subjetivas, exceto:
pessoas que não sabem cozinhar. A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço.
= conjunção explicativa: pois B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita sobre sua
vida.
Questões sobre Orações Subordinadas
C) Ignoras quanto custou meu relógio?
01. (Papiloscopista Policial – Vunesp/2013). D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebidos.
Mais denso, menos trânsito E) Convinha-nos que você estivesse presente à reunião

As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e em 04. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
processo de deterioração agudizado pelo crescimento econômico Considere a tirinha em que se vê Honi conversando com seu
da última década. Existem deficiências evidentes em infraestrutura, Namorado Lute.
mas é importante também considerar o planejamento urbano.
Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de
desconcentração, incentivando a criação de diversos centros
urbanos, na visão de que isso levaria a uma maior facilidade de
deslocamento.
Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos centros
e o aumento das distâncias multiplicam o número de viagens,
dificultando o investimento em transporte coletivo e aumentando
a necessidade do transporte individual.
Se olharmos Los Angeles como a região que levou a
desconcentração ao extremo, ficam claras as consequências. Numa
região rica como a Califórnia, com enorme investimento viário,
temos engarrafamentos gigantescos que viraram característica da
cidade.
Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com elevado
adensamento e predominância do transporte coletivo, como
mostram Manhattan e Tóquio.
O centro histórico de São Paulo é a região da cidade mais
bem servida de transporte coletivo, com infraestrutura de
telecomunicação, água, eletricidade etc. Como em outras grandes
cidades, essa deveria ser a região mais adensada da metrópole.
Mas não é o caso. Temos, hoje, um esvaziamento gradual do
centro, com deslocamento das atividades para diversas regiões da (Dik Browne, Folha de S. Paulo, 26.01.2013)
cidade.

Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
É correto afirmar que a expressão contanto que estabelece A) condição e finalidade. B) conformidade e proporção.
entre as orações relação de C) finalidade e concessão. D) proporção e comparação.
A) causa, pois Honi quer ter filhos e não deseja trabalhar E) causa e consequência.
depois de casada.
B) comparação, pois o namorado espera ter sucesso como 09. “Os Estados Unidos são considerados hoje um país bem
cantor romântico. mais fechado – embora em doze dias recebam o mesmo número
C) tempo, pois ambos ainda são adolescentes, mas já pensam de imigrantes que o Brasil em um ano.” A alternativa que substitui
em casamento. a expressão em negrito, sem prejuízo ao conteúdo, é:
D) condição, pois Lute sabe que exercendo a profissão de A) já que. B) todavia. C) ainda que.
músico provavelmente ganhará pouco. D) entretanto. E) talvez.
E) finalidade, pois Honi espera que seu futuro marido torne-se
um artista famoso. 10. (Escrevente TJ SP – Vunesp – 2013) Assinale a alternativa
que substitui o trecho em destaque na frase – Assinarei o
05. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – documento, contanto que garantam sua autenticidade. – sem que
Apesar da desconcentração e do aumento da extensão urbana haja prejuízo de sentido.
verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar ainda (A) desde que garantam sua autenticidade.
mais os diversos centros já existentes... –, sem que tenha seu (B) no entanto garantam sua autenticidade.
sentido alterado, o trecho em destaque está corretamente reescrito (C) embora garantam sua autenticidade.
em: (D) portanto garantam sua autenticidade.
A) Mesmo com a desconcentração e o aumento da Extensão (E) a menos que garantam sua autenticidade.
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar
ainda mais os diversos centros já existentes... GABARITO
B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento 01. B 02. B 03. C 04. D 05. A
da extensão urbana no Brasil, é importante desenvolver e adensar 06. C 07. D 08. E 09. C 10. A
ainda mais os diversos centros já existentes...
C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumento RESOLUÇÃO
da extensão urbana no Brasil, é importante desenvolver e adensar
ainda mais os diversos centros já existentes... 1-) mais denso e menos trânsito = mais denso,
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão consequentemente, menos trânsito, então: causa e consequência
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar
ainda mais os diversos centros já existentes... 2-) já que cumprem melhor as regras = estabelece entre as
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da orações uma relação de causa com a consequência de “tem um
extensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e efeito positivo”.
adensar ainda mais os diversos centros já existentes...
3-) Ignoras quanto custou meu relógio? = oração subordinada
06. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – É substantiva objetiva direta
fundamental que essa visão de adensamento com uso abundante A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou seja, não
de transporte coletivo seja recuperada para que possamos reverter se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos verbos “convir”,
esse processo de uso… –, a expressão em destaque estabelece “parecer”, “importar”, “constar” etc., e também não inicia com as
entre as orações relação de conjunções integrantes “que” e “se”.
A) consequência. B) condição. C) finalidade.
D) causa. E) concessão. 4-) a expressão contanto que estabelece uma relação de
condição (condicional)
07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013 – adap.).
Considere o trecho: “Como as músicas eram de protesto, naquele 5-) Apesar da desconcentração e do aumento da extensão
mesmo ano foi enquadrado na lei de segurança nacional pela urbana verificados no Brasil = conjunção concessiva
ditadura militar e exilado.” O termo Como, em destaque na B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento da
primeira parte do enunciado, expressa ideia de extensão urbana no Brasil, = causal
A) contraste e tem sentido equivalente a porém. C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumento
B) concessão e tem sentido equivalente a mesmo que. da extensão urbana no Brasil = comparativa
C) conformidade e tem sentido equivalente a conforme. D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão
D) causa e tem sentido equivalente a visto que. urbana verificados no Brasil = causal
E) finalidade e tem sentido equivalente a para que. E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da
extensão urbana verificados no Brasil = consecutivas
08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
Públicas – VUNESP – 2013-adap.) No trecho – “Fio, disjuntor, 6-) para que possamos = conjunção final (finalidade)
tomada, tudo!”, insiste o motorista, com tanto orgulho que chega
a contaminar-me. –, a construção tanto ... que estabelece entre as 7-) “Como as músicas eram de protesto = expressa ideia de
construções [com tanto orgulho] e [que chega a contaminar-me] causa da consequência “foi enquadrado” = causa e tem sentido
uma relação de equivalente a visto que.

Didatismo e Conhecimento 55
LÍNGUA PORTUGUESA
8-) com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a 5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão
construção estabelece uma relação de causa e consequência. (a “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de um
causa da “contaminação” – consequência) candidato se inscreveu no concurso de piadas.
Observação:
9-) Os Estados Unidos são considerados hoje um país bem - No caso da referida expressão aparecer repetida ou associada
mais fechado – embora em doze dias recebam o mesmo número a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, necessariamente,
de imigrantes que o Brasil em um ano.” = conjunção concessiva: deverá permanecer no plural:
ainda que Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na
campanha de doação de alimentos.
10-) contanto que garantam sua autenticidade. = conjunção Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades
condicional = desde que de formatura.

6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos


CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL, que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos que
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL, atuaram na Copa América.
CRASE E PONTUAÇÃO
7) Em casos relativos à concordância com locuções
pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós, quais
de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos atermos
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos a duas questões básicas:
referindo à relação de dependência estabelecida entre um termo - No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, o
e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes verbo poderá com ele concordar, como poderá também concordar
principais desse processo são representados pelo sujeito, que no com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos. / Alguns de
caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha a nós o receberão.
função de subordinado. - Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso no
Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-se singular, o verbo permanecerá, também, no singular: Algum de
pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número e nós o receberá.
pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno
chegou atrasado. Temos que o verbo apresenta-se na terceira 8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome
pessoa do singular, pois faz referência a um sujeito, assim também “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular ou
expresso (ele). Como poderíamos também dizer: os alunos poderá concordar com o antecedente desse pronome: Fomos nós
chegaram atrasados. quem contou toda a verdade para ela. / Fomos nós quem contamos
toda a verdade para ela.
Casos referentes a sujeito simples
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo “que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa
em número e pessoa: O aluno chegou atrasado. palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / Em
casa sou eu que decido tudo.
2) Nos casos referentes a sujeito representado por substantivo
coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do singular: A 10) No caso de o sujeito aparecer representado por expressões
multidão, apavorada, saiu aos gritos. que indicam porcentagens, o verbo concordará com o numeral
Observação: ou com o substantivo a que se refere essa porcentagem: 50%
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal dos funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50% do
no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o eleitorado apoiou a decisão.
plural:
Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. Observações:
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. - Caso o verbo apareça anteposto à expressão de porcentagem,
esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram a decisão da
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, diretoria 50% dos funcionários.
representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular:
de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode concordar 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.
com o núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a - Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
segue: A maioria dos alunos resolveu ficar. A maioria dos alunos determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os 50%
resolveram ficar. dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.

4) No caso de o sujeito ser representado por expressões 11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por
aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de mil pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das
candidatos se inscreveram no concurso. homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.

Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos que masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
os determinam: - Ela tem pai e mãe louros.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser, - Ela tem pai e mãe loura.
este permanece no singular, contanto que o predicativo também
esteja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
criação de Machado de Assis. para o plural.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também - O homem e o menino estavam perdidos.
permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
potência mundial. próximo.
Comi delicioso almoço e sobremesa.
Casos referentes a sujeito composto Provei deliciosa fruta e suco.

1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando com o mais próximo ou vai para o plural.
relacionado a dois pressupostos básicos: Estavam feridos o pai e os filhos.
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as demais: Estava ferido o pai e os filhos.
Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na 2ª ou c) Um substantivo e mais de um adjetivo
na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são primos. - antecede todos os adjetivos com um artigo.
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto
ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois filhos - coloca o substantivo no plural.
compareceram ao evento. Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
d) Pronomes de tratamento
poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer
- sempre concordam com a 3ª pessoa.
no plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos.
Vossa Santidade esteve no Brasil.
Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.

4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com mais e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: Meu esposo - Concordam com o substantivo a que se referem.
e grande companheiro merece toda a felicidade do mundo. As cartas estão anexas.
A bebida está inclusa.
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas ou Precisamos de nomes próprios.
ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá permanecer Obrigado, disse o rapaz.
no singular ou ir para o plural: Minha vitória, minha conquista,
minha premiação são frutos de meu esforço. / Minha vitória, f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
minha conquista, minha premiação é fruto de meu esforço. - Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular
e o adjetivo no plural.
Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos demais Renato advogou um e outro caso fáceis.
termos da oração para que concordem em gênero e número com o Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o
numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se g) É bom, é necessário, é proibido
flexionará à sua maneira. - Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome de artigo ou outro determinante.
concordam em gênero e número com o substantivo. Canja é bom. / A canja é boa.
- A pequena criança é uma gracinha. É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
é proibida.
Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra
geral mostrada acima. h) Muito, pouco, caro
a) Um adjetivo após vários substantivos
- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou - Como adjetivos: seguem a regra geral.
concorda com o substantivo mais próximo. Comi muitas frutas durante a viagem.
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. Pouco arroz é suficiente para mim.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui. Os sapatos estavam caros.

Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
- Como advérbios: são invariáveis. (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro
Comi muito durante a viagem. regime democrático, em que se respeita tanto as liberdades
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. individuais quanto as coletivas.
Comprei caro os sapatos. (D) As instituições fundamentais de um regime democrático
não pode estar subordinado às ordens indiscriminadas de um único
i) Mesmo, bastante poder central.
- Como advérbios: invariáveis (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados para o
Preciso mesmo da sua ajuda. momento eleitoral, que expõem as diferentes opiniões existentes
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. na sociedade.

- Como pronomes: seguem a regra geral. 02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. concordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em:
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura, que
satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelectual,
j) Menos, alerta estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras, sua
- Em todas as ocasiões são invariáveis. matéria-prima.
Preciso de menos comida para perder peso. B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre
Estamos alerta para com suas chamadas. delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor ao
ultrapassar os limites da época em que vivem seus autores, gênios
k) Tal Qual no domínio das palavras, sua matéria-prima.
- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe
consequente. permitem criar todo um mundo de ficção, em que personagens
As garotas são vaidosas tais qual a tia. se transformam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. verdadeira interação com a realidade.
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor
l) Possível somente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias entre
- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual
ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões. deste último e o prazer da leitura.
A mais possível das alternativas é a que você expôs. E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que constitui
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo que
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da ultrapassa os limites de tempo e de época.
cidade.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para
m) Meio responder à questão.
- Como advérbio: invariável. _________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
Estou meio (um pouco) insegura. está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada
em melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono,
- Como numeral: segue a regra geral. a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que
Comi meia (metade) laranja pela manhã. mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em si
___________diferença, as companhias não podem suportar ter de
n) Só pagar, de repente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono,
- apenas, somente (advérbio): invariável. sem qualquer preparação. Portanto, elas começam a usar preços-
Só consegui comprar uma passagem. -sombra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira
de quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem eles a
- sozinho (adjetivo): variável. maioria das políticas de crescimento verde sempre ___________
Estiveram sós durante horas. a segunda opção.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)
Fonte:
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as
htm lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente,
com:
Questões sobre Concordância Nominal e Verbal (A) Restam… faça… será (B) Resta… faz… será
(C) Restam… faz... serão (D) Restam… façam…
01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A serão
concordância verbal e nominal está inteiramente correta na frase: (E) Resta… fazem… será
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
que determinam as escolhas dos governantes, para conferir 04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alternativa
legitimidade a suas decisões. em que o trecho
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem ser – Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de
embasados na percepção dos valores e princípios que regem a quantificar adequadamente os insumos básicos.– está corretamente
prática política. reescrito, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.

Didatismo e Conhecimento 58
LÍNGUA PORTUGUESA
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até 08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos. FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de concordância
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou verbal e nominal em:
até agora uma maneira adequada de os insumos básicos ser a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre
quantificados. os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até humildes, são cada vez mais comuns nos dias de hoje.
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony
quantificado. Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até seu tempo, não estão apenas nos livros que escreveram.
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos seja c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e
quantificado. judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou próximos de serem resolvidos ou pelo menos de terem alguma
até agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos trégua.
básicos. d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade,
ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa,
05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO costumam encontrar muito mais detratores que admiradores.
- VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto: e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais e
I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negativa... escritores como Edward Said, que não apenas era notícia pelos
II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classificação livros que publicavam como pelas posições que corajosamente
do continente americano (2,0)... assumiam.
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e II, a
concordância segue as mesmas regras, na ordem dos exemplos, 09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
em: O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propostas para o
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próximo segmento grifado, deverá ser colocado no plural, está em:
ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria? (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas)
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas. Vêm (B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do planeta)
pessoas de muito longe para brincar de quadrilha. (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O consumo
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase todos mundial de barris de petróleo)
quiseram ficar até o nascer do sol na praia. (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas também da matéria-prima... (Constantes aumentos)
existem umas que não merecem nossa atenção. (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas)

06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - 10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013)


FCC/2012) Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e Assinale a alternativa em que a concordância das formas verbais
locais de peregrinação. destacadas está de acordo com a norma-padrão da língua.
O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural caso (A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higienização
o segmento grifado seja substituído por: subterrânea.
(A) Há folheteiros que (B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os
(B) A maior parte dos folheteiros trabalhadores da área de limpeza.
(C) O folheteiro e sua família (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos de
(D) O grosso dos folheteiros se contrair alguma doença.
(E) Cada um dos folheteiros (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da
manhã, eu já estava fazendo meu serviço.
07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente,
Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas em: começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção de seus
(A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem funcionários.
preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas criações
poéticas tão originais. GABARITO
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído 01. A 02. A 03. A 04. E 05. A
à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores 06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C
universidades do país.
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a RESOLUÇÃO
situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos
requizessem o respeito que faziam por merecer. 1-) Fiz os acertos entre parênteses:
(D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e a (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser resultado que determinam as escolhas dos governantes, para conferir
do puro e simples desconhecimento. legitimidade a suas decisões.
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os problemas (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem (deve)
dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de ser embasados (embasada) na percepção dos valores e princípios
representatividade. que regem a prática política.

Didatismo e Conhecimento 59
LÍNGUA PORTUGUESA
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um verdadeiro (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
regime democrático, em que se respeita (respeitam) tanto as (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram
liberdades individuais quanto as coletivas. (plural)
(D) As instituições fundamentais de um regime democrático (D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas
não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às ordens (plural)
indiscriminadas de um único poder central. (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados formas estão no plural)
(voltado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as
diferentes opiniões existentes na sociedade. 6-)
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto
2-) “folheterios”)
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura, que B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional)
satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelectual, C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras, sua D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional)
matéria-prima. = correta E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre
delineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o leitor 7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta:
ao ultrapassarem os limites da época em que vivem seus autores, (A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a considerar o
gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima. cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes dessas criações poéticas tão originais.
permite criar todo um mundo de ficção, em que personagens (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído
se transformam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores
verdadeira interação com a realidade. universidades do país.
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a
somente se realizam plenamente caso haja afinidade de ideias entre situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual requizessem (requeressem) o respeito que faziam por merecer.
deste último e o prazer da leitura.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desvalorização
E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que
e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode (podem)
constituem leitura obrigatória e se tornam referências por seu
ser resultado do puro e simples desconhecimento.
conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época.
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que os
problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
3-) _Restam___dúvidas
representatividade.
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em
si __faça __diferença
a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____ 8-) Fiz as correções entre parênteses:
será_____ a segunda opção. a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre
Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto no os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais
plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/faça/ humildes, são (é) cada vez mais comuns (comum) nos dias de hoje.
serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequadas. b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony
Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de
4-) seu tempo, não estão (está) apenas nos livros que escreveram.
(A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e
agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos. judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou (esteja) próximos (próximo) de serem (ser) resolvidos (resolvido)
até agora uma maneira adequada de os insumos básicos serem ou pelo menos de terem (ter) alguma trégua.
quantificados. d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade,
(C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa,
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam costumam encontrar muito mais detratores que admiradores.
quantificados. e) No final do século XX já não se via (viam) muitos
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas era
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas posições
quantificados. que corajosamente assumiam.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou
até agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos 9-)
básicos. = correta (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = “há”
permaneceria no singular
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos aos (B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do planeta) =
itens: “sabe” permaneceria no singular
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O consumo
(singular) mundial de barris de petróleo) = “dá” permaneceria no singular

Didatismo e Conhecimento 60
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo Verbos Intransitivos
da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete” passaria para
“refletem-se” Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos
mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas) = adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
“pressiona” permaneceria no singular - Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de
10-) Fiz as correções: lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular) ou direção são: a, para.
(B) Ainda existe muitas pessoas = existem
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos Fui ao teatro.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da Adjunto Adverbial de Lugar
manhã = eram
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, começou Ricardo foi para a Espanha.
= começaram Adjunto Adverbial de Lugar

Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que - Comparecer


ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a.
Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último
não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado, jogo.
que sejam corretas e claras.
Verbos Transitivos Diretos
Regência Verbal
Os verbos transitivos diretos são complementados por
Termo Regente: VERBO objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para o
estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos,
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam
os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas
objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais),
capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, objetos
as diversas significações que um verbo pode assumir com a simples indiretos.
mudança ou retirada de uma preposição. Observe: São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar,
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar. abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar,
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
prazer”, satisfazer. condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar,
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agradar humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar,
a alguém”. socorrer, suportar, ver, visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
Saiba que: verbo amar:
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos Amo aquele rapaz. / Amo-o.
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também Amo aquela moça. / Amo-a.
nominal). As preposições são capazes de modificar completamente Amam aquele rapaz. / Amam-no.
o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos: Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais).
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é
muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, Verbos Transitivos Indiretos
cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos
acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preposição
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes
em frases distintas. pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como
objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não
se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos

Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não representam - Na utilização de pronomes como complementos, veja as
pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa construções:
(ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
- Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição eles)
“em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para
todos. Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos
introduzidos pela preposição “a”: Comparar
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
Eles desobedeceram às leis do trânsito. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento indireto.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
- Responder - Tem complemento introduzido pela preposição
“a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a quem” ou “ao Pedir
que” se responde. Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma
Respondi ao meu patrão. de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Respondemos às perguntas. Pedi-lhe favores.
Respondeu-lhe à altura. Objeto Indireto Objeto Direto

Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica. Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Veja: Objetiva Direta
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente. Saiba que:
- A construção “pedir para”, muito comum na linguagem
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
introduzidos pela preposição “com”. entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver
Antipatizo com aquela apresentadora. subentendida.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
para uma minoria privilegiada. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para ir
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos entregar-lhe os catálogos em casa).

Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de - A construção “dizer para”, também muito usada
um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo: popularmente, é igualmente considerada incorreta.
Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos que apresentam objeto
direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas. Preferir
Veja os exemplos: Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto
Agradeço aos ouvintes a audiência. introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Objeto Indireto Objeto Direto Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus.
Paguei o débito ao cobrador.
Objeto Direto Objeto Indireto Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no
particular cuidado. Observe: próprio verbo (pre).
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Mudança de Transitividade X Mudança de Significado
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade,
Paguei minhas contas. / Paguei-as. apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferentes
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. regências desses verbos é um recurso linguístico muito importante,
pois além de permitir a correta interpretação de passagens escritas,
Informar oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto os principais, estão:
ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Informe os novos preços aos clientes. AGRADAR
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos - Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
preços) acariciar.

Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada - No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
quando o revê. transitivo indireto.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia Muito custa viver tão longe da família.
não perde oportunidade de agradá-lo. Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Intransitivo Reduzida de Infinitivo
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a,
satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela
preposição “a”. atitude.
O cantor não agradou aos presentes. Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
O cantor não lhes agradou. Indireto Reduzida de Infinitivo
ASPIRAR
- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa.
Observe:
- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custei para entender o problema.
como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida. Forma correta: Custou-me entender o problema.
(Aspirávamos a elas)
IMPLICAR
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, - Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o exemplo: implicavam um firme propósito.
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) b) Ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadurecimento
ASSISTIR político de um povo.
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
assistência a, auxiliar. Por exemplo: - Como transitivo direto e indireto, significa comprometer,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem não
estar presente, caber, pertencer. Exemplos: trabalhasse arduamente.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. PROCEDER
Essa lei assiste ao inquilino. - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar de modo.
introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada As afirmações da testemunha procediam, não havia como
cidade. refutá-las.
Você procede muito mal.
CHAMAR
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a - Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”
atenção ou a presença de. de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la. preposição “a”) é transitivo indireto.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar O delegado procederá ao inquérito.
objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicionado
ou não. QUERER
A torcida chamou o jogador mercenário. - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade
A torcida chamou ao jogador mercenário. de, cobiçar.
A torcida chamou o jogador de mercenário. Querem melhor atendimento.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. Queremos um país melhor.

CUSTAR - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar,


- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor amar.
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e Quero muito aos meus amigos.
verduras não deveriam custar muito. Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.

Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
VISAR
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de sentido. É
uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses.
Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).

SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.

Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é
sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apresentam exatamente
o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure,
sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente a;
relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).


... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes desiguais...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extremos de sutileza.

Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a
troncos mais robustos. alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, texto, de acordo com as regras de regência.
não raro, quem... Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal
serra de Tunuí... e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
mestre e colaborador... mídia pode exercer sobre os jovens.
A) dos … na B) nos … entre a
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). C) aos … para a D) sobre os … pela
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... E) pelos … sob a
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da
frase acima se encontra em: 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão da
verbo latino dirigere... língua, assinale a alternativa em que os trechos destacados estão
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
sociedades... A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de dez
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela mil tomadas.
justiça. B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver um
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
da justiça... C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento logotipos e negociar.
de justiça. D) O taxista levou o autor a indagar no número de tomadas
do edifício.
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse
em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho de a um prédio na marginal.
2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, seu 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). Assinale
espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais notável a alternativa que substitui a expressão destacada na frase, conforme
em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros. as regras de regência da norma-padrão da língua e sem alteração
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente de sentido.
seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de direitos
notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em dos trabalhadores domésticos.
outros. A) da B) na C) pela
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente D) sob a E) sobre a
seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais
notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em GABARITO
outros.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente 01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais 06. A 07. C 08. A 09. C
notável em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em
outros. RESOLUÇÃO
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, seu
espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais notável 1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras
em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros. ciências ...
Facilitar – verbo transitivo direto
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação
alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque. B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a ligação
responsabilidade pelo problema. C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transitivo
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se direto e indireto
perdido. E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = verbo
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de um transitivo indireto
índio na porta do prédio.
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se perdido 2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos
de sua família. filhos do sueco.
(E) A família toda se organizou para realizar a procura à Pedir = verbo transitivo direto e indireto
garotinha. A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = transitivo
direto

Didatismo e Conhecimento 66
LÍNGUA PORTUGUESA
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de ligação 8-)
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver um
=verbo intransitivo homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento. C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em criar
=transitivo direto logotipos e negociar.
D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em tomadas do edifício.
partes desiguais... E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse
Constar = verbo intransitivo em um prédio na marginal.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos
troncos mais robustos. =ligação 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de direitos
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, dos trabalhadores domésticos.
não raro, quem... =transitivo direto
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”,
serra de Tunuí... = transitivo direto “mistura”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção”
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, de duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da
mestre e colaborador...=transitivo direto preposição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial
dos pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo
4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... a qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para
Lidar = transitivo indireto indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental também,
sociedades... =transitivo direto para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a usar a crase,
justiça. =ligação portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência simultânea
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da de uma preposição e um artigo ou pronome. Observe:
justiça... =transitivo direto e indireto Vou a + a igreja.
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento Vou à igreja.
de justiça. =transitivo direto
No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pontuação exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
também. Assinalei apenas os desvios quanto à regência (pontuação “a” que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando
encontra-se em tópico específico) ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, é indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos:
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pontuação) Conheço a aluna.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto à Refiro-me à aluna.
pontuação)
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente, No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode
notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir-
outros. -se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”. Portanto, a crase
é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e admita o
6-) artigo feminino “a” ou um dos pronomes já especificados.
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter se
perdido. Casos em que a crase NÃO ocorre:
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de um índio
na porta do prédio. - diante de substantivos masculinos:
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdido de Andamos a cavalo.
sua família. Fomos a pé.
(E) A família toda se organizou para realizar a procura pela Passou a camisa a ferro.
garotinha. Fazer o exercício a lápis.
Compramos os móveis a prazo.
7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou já
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e - diante de verbos no infinitivo:
a exposição a imagens idealizadas pela mídia. A criança começou a falar.
A pesquisa faz um alerta para a influência negativa que a Ela não tem nada a dizer.
mídia pode exercer sobre os jovens. Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exemplos
acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.

Didatismo e Conhecimento 67
LÍNGUA PORTUGUESA
- diante da maioria dos pronomes e das expressões de “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por
dona: um verbo que peça a preposição “de” ou “em”. A ocorrência da
Diga a ela que não estarei em casa amanhã. contração “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o
Entreguei a todos os documentos necessários. artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem. Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a]
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos. França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
podem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto
por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, Alegre.)
ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.) *- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ;
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
senhor.) Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
Vou à praia. = Volto da praia.
Cláudio para sair mais cedo.)
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
- diante de numerais cardinais:
Chegou a duzentos o número de feridos. ocorrerá crase. Veja:
Daqui a uma semana começa o campeonato. Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela
regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Casos em que a crase SEMPRE ocorre: Irei à Salvador de Jorge Amado.

- diante de palavras femininas: Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega. Aquela (s), Aquilo
Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores. Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo
Sou grata à população. regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Fumar é prejudicial à saúde. Refiro-me a + aquele atentado.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone. Preposição Pronome
Refiro-me àquele atentado.
- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de”
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida): O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição,
Usava sapatos à (moda de) Luís XV. portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho. Aluguei aquela casa.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige
- na indicação de horas: preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros
Acordei às sete horas da manhã. exemplos:
Elas chegaram às dez horas. Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Foram dormir à meia-noite. Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que
Não obedecerei àquele sujeito.
participam palavras femininas. Por exemplo:
Assisti àquele filme três vezes.
à tarde às ocultas às pressas à medida que
à noite às claras às escondidas à força Espero aquele rapaz.
à vontade à beça à larga à escuta Fiz aquilo que você disse.
às avessas à revelia à exceção de à imitação de Comprei aquela caneta.
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as
quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exigir
Crase diante de Nomes de Lugar a preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência
da crase nesses casos utilizando a substituição do termo regido
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:
“a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade.

Didatismo e Conhecimento 68
LÍNGUA PORTUGUESA
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase. - diante de pronome possessivo feminino:
Veja outros exemplos:
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo.
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam Observe:
responder nenhuma das questões. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por
A sessão à qual assisti estava vazia. você.
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” por você.
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo
também pode ser detectada através da substituição do termo das seguintes formas:
regente feminino por um termo regido masculino. Veja: Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
Minha revolta é ligada à do meu país. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Meu luto é ligado ao do meu país.
As orações são semelhantes às de antes. - depois da preposição até:
Os exemplos são semelhantes aos de antes.
Suas perguntas são superiores às dele. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
Seus argumentos são superiores aos dele. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
Sua blusa é idêntica à de minha colega. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. até às cinco horas da tarde.

A Palavra Distância Questões sobre Crase

Se a palavra distância estiver especificada, determinada, 01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as discussões
a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância de sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos jurídicos ou
policiais. É como se suas únicas consequências estivessem em
100km daqui. (A palavra está determinada)
legalismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler ____
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A
respeito envolvendo questões de saúde pública como programas
palavra está especificada.)
de esclarecimento e prevenção, de tratamento para dependentes
e de reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não
nome de um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um
pode ocorrer. Por exemplo:
drogado da nossa própria família?
Os militares ficaram a distância.
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo, 17.09.2012.
Gostava de fotografar a distância. Adaptado)
Ensinou a distância. As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
Dizem que aquele médico cura a distância. respectivamente, com:
Reconheci o menino a distância. (A) aos … à … a … a (B) aos … a … à … a
(C) a … a … à … à (D) à … à … à … à
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, (E) a … a … a … a
pode-se usar a crase. Veja:
Gostava de fotografar à distância. 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia o
Ensinou à distância. texto a seguir.
Dizem que aquele médico cura à distância. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
-lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
- diante de nomes próprios femininos: que fez.
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de Janeiro:
Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes Globo, 1997, p. 6)
próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe: Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. dada:
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. A) à – a – a B) a – a – à
C) à – a – à D) à – à – a
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo E) a – à – à
feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos
escrever as frases abaixo das seguintes formas: 03 (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL -
VUNESP/2013) De acordo com a norma-padrão da língua
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto. portuguesa, o acento indicativo de crase está corretamente
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto. empregado em:

Didatismo e Conhecimento 69
LÍNGUA PORTUGUESA
(A) A população, de um modo geral, está à espera de que, com B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos
o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes. mecanismos biológicos de controle emocional.
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
a sua postura. D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições alimentam a violência crescente nas cidades.
muito mais severas. E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade
(D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida dos atinge os mais vulneráveis.
demais motoristas e de pedestres.
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). O
nova lei para que ela possa funcionar. sinal indicativo de crase está correto em:
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não me biotecnologia.
estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e efervescente. B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se o educação dos filhos.
segmento grifado for substituído por: C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
A) leitura apressada e sem profundidade. instalações do prédio.
B) cada um de nós neste formigueiro. D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe
C) exemplo de obras publicadas recentemente. que envolva a segurança das pessoas.
D) uma comunicação festiva e virtual. E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
E) respeito de autores reconhecidos pelo público. comprometa o bem-estar do cidadão.

05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP 09. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
– 2013). FCC/2012) O detetive Gervase Fen, que apareceu em 1944, é
O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) um homem de face corada, muito afeito ...... frases inteligentes
também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ e citações dos clássicos; sua esposa, Dolly, uma dama meiga e
ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará- sossegada, fica sentada tricotando tranquilamente, impassível ......
propensão de seu marido ...... investigar assassinatos.
-lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em
(Adaptado de P.D.James, op.cit.)
liberdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e uma
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
vida digna.
dada:
(Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/qual_e_a_
(A) à - à - a
importancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso em: 18.08.2012.
(B) a - à - a
Adaptado)
(C) à - a - à
(D) a - à - à
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente,
(E) à - a – a
as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa. 10. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO
A) à … à … à B) a … a … à C) a … à … à SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) Em qual das
D) à … à ... a E) a … à … a opções abaixo o acento indicativo de crase foi corretamente
indicado?
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE A) O dia fora quente, mas à noite estava fria e escura.
SÃO PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – B) Ninguém se referira à essa ideia antes.
VUNESP/2013) Assinale a alternativa que completa as lacunas do C) Esta era à medida certa do quarto.
trecho a seguir, empregando o sinal indicativo de crase de acordo D) Ela fechou a porta e saiu às pressas.
com a norma-padrão. E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo.
Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cederemos
espaço ____ nenhuma ação que se proponha ____ prejudicar GABARITO
nossas instituições. 01. B 02. A 03. A 04. A 05. D
(A) à … à … à 06.C 07. E 08. B 09.B 10. D
(B) a … à … à
(C) à … a … a RESOLUÇÃO
(D) à … à … a
(E) a … a … à 1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais.
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina não
07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP há crase)
– 2013-adap) O acento indicativo de crase está corretamente de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida = à)
empregado em: o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar encaminhar
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as um drogado da nossa própria família? (antes de pronome
dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos. indefinido/relativo)

Didatismo e Conhecimento 70
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la sobre B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos
a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que _a__ mecanismos biológicos de controle emocional. (se o “a” está no
cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ confiança (objeto singular e antecede palavra no plural, não há crase)
direto), e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
(artigo indefinido)
3-) D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá para alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra masculina)
substituir por “esperando”) de que E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nominal:
(antes de verbo) desfavorável a?)
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições
(generalizando, palavra no plural) 8-)
(D) À ninguém (pronome indefinido) A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de
biotecnologia. (artigo indefinido)
(E) Cabe à todos (pronome indefinido)
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à
educação dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada e sem
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
profundidade.
instalações do prédio. (verbo no infinitivo)
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe
indefinido) que envolva a segurança das pessoas. (pronome indefinido)
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
masculina) comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido)
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (palavra 9-) Afeito a frases (generalizando, já que o “a” está no
masculina) singular e “frases”, no plural)
Impassível à propensão (regência nominal: pede preposição)
5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional A investigar (antes de verbo no infinitivo não há acento
(INAP) também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__ indicativo de crase)
ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará- Sequência: a / à / a.
-lo para o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando em
liberdade, ele estará capacitado__a___ ter uma profissão e uma 10-)
vida digna. A) O dia fora quente, mas à noite = mas a noite (artigo e
- Apoio a ? Regência nominal pede preposição; substantivo. Diferente de: Estudo à noite = período do dia)
- retorno a? regência nominal pede preposição; B) Ninguém se referira à essa ideia antes.= a essa (antes de
- antes de verbo no infinitivo não há crase. pronome demonstrativo)
C) Esta era à medida certa do quarto. = a medida (artigo e
6-) Vamos por partes! substantivo, no caso. Diferente da conjunção proporcional: À
- Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, portanto: medida que lia, mais aprendia)
pede preposição; D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. = correta (advérbio de
- quem cede, cede algo A alguém, então teremos objeto direto modo = apressadamente)
e indireto; E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. = palavra
- quem se propõe, propõe-se A alguma coisa. masculina
Vejamos:
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cederemos espaço
para compor a coesão e a coerência textual, além de ressaltar
A nenhuma ação que se proponha A prejudicar nossas instituições.
especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
* Sujeitar A + A corrupção;
funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
* ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto portuguesa.
indireto. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhuma” é
pronome indefinido); Ponto
* que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no caso, 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
oração subordinada com função de objeto indireto. Não há - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
acento indicativo de crase porque temos um verbo no infinitivo – se encontra.
“prejudicar”). - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
7-)
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as 2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos. (antes
de verbo no infinitivo não há crase)

Didatismo e Conhecimento 71
LÍNGUA PORTUGUESA
Ponto e Vírgula ( ; ) Vírgula
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
importância. Não se usa vírgula
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão *separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se
a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de diretamente entre si:
nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) - entre sujeito e predicado.
Todos os alunos da sala foram advertidos.
2- Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas. Sujeito predicado
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas,
frio e cobertor. - entre o verbo e seus objetos.
O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos, V.T.D.I. O.D. O.I.
decreto de lei, etc.
- Ir ao supermercado; Usa-se a vírgula:
- Pegar as crianças na escola; - Para marcar intercalação:
- Caminhada na praia; a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância,
- Reunião com amigos. vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
Dois pontos produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
1- Antes de uma citação c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir mão
dos lucros altos.
2- Antes de um aposto
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde - Para marcar inversão:
e calor à noite. a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois
das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas.
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio
rotina de sempre.
de 1982.
4- Em frases de estilo direto
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em
Maria perguntou:
enumeração):
- Por que você não toma uma decisão?
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
Ponto de Exclamação
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto, - Para marcar elipse (omissão) do verbo:
súplica, etc. Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você! - Para isolar:
2- Depois de interjeições ou vocativos - o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira,
- Ai! Que susto! possui um trânsito caótico.
- João! Há quanto tempo! - o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
Ponto de Interrogação Fontes:
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo) http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm

Reticências Questões sobre Pontuação


1- Indica que palavras foram suprimidas.
- Comprei lápis, canetas, cadernos... 01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alternativa
em que a pontuação está corretamente empregada, de acordo com
2- Indica interrupção violenta da frase. a norma-padrão da língua portuguesa.
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!” (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
- Este mal... pega doutor? ajudar a revelar quem era a sua dona.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou
- Deixa, depois, o coração falar... a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
ajudar a revelar quem era a sua dona.

Didatismo e Conhecimento 72
LÍNGUA PORTUGUESA
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone de
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou quem a encontrou e informar um ponto de referência
a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
ajudar a revelar quem era a sua dona. 06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramaticalmente
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou correto, é necessário inserir sinais de pontuação. Assinale a posição
a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse em que não deve ser usado o sinal de ponto, e sim a vírgula, para
ajudar a revelar quem era a sua dona. que sejam respeitadas as regras gramaticais. Desconsidere os
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora, ajustes nas letras iniciais minúsculas.
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas
a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse de bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o
ajudar a revelar quem era a sua dona. programa desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças
utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos
02. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 - ajudam a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre
ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times entraram cidadania e reciclagem(C) as escolas participantes se tornam
em campo em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do também centros de descarte de garrafas PET(D) destinadas
Campeonato Nacional em apoio à campanha que visa 4 reduzir depois para reciclagem(E) o programa possibilitará o retorno
o número de pessoas que não possuem o nome do pai em sua das bicicletas pela saúde das crianças e transformação das
certidão de nascimento. (...) comunidades em lugares melhores para se viver.
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai em (Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117)
sua certidão de nascimento” não é antecedida por vírgula porque a) A
tem natureza restritiva. b) B
( ) Certo ( ) Errado c) C
d) D
03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – e) E
BNDES/2012) Em que período a vírgula pode ser retirada,
mantendo-se o sentido e a obediência à norma-padrão? 07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO –
VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino.
pontuação.
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes?
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara
circunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
para o evento.
(B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramento
você está junto; com os outros motoristas cujos comportamentos,
do desportista.
são desconhecidos.
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô,
(C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma
natação e canoagem.
extensão de nossa personalidade.
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os
04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012) níveis de estresse em alguns motoristas.
Assinale a alternativa em que a pontuação está correta. (E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua,
a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem! são as principais causas da ira de trânsito.
b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da transação.
c) Maria, você trouxe os documentos? 08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema. GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL -
e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimentação FUMARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo
estranha. econômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame, você
aí desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada para te dizer,
05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). Assinale agora afasta que abriu o sinal.”
a alternativa em que a frase mantém-se correta após o acréscimo No período acima, as vírgulas foram empregadas em
das vírgulas. “Paciência, minha filha, este é [...]”, para separar
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira (A) aposto.
instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo ou (B) vocativo.
acione o código na internet. (C) adjunto adverbial.
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o (D) expressão explicativa.
código foi acionado.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, 09. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a criança PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011) O período
foi encontrada. corretamente pontuado é:
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro (A) Os filmes que, mostram a luta pela sobrevivência em
às, areias do Guarujá. condições hostis nem sempre conseguem agradar, aos espectadores.

Didatismo e Conhecimento 73
LÍNGUA PORTUGUESA
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si, 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional. (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na
(C) A história de heroísmo e de determinação que nem sempre, pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrônica
é convincente, se passa em um cenário marcado, pelo frio. ao grupo ou acione o código na internet.
(D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr riscos (B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de
iminentes que comprometem, a sobrevivência. onde o código foi acionado.
(E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a liberdade, (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados ,
nada poderia parecer, realmente intransponível. (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo que a
criança foi encontrada.
GABARITO (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega
01. C 02. C 03. D 04. C 05. E primeiro às , (X) areias do Guarujá.
06. D 07. A 08. B 09.B
6-)
RESOLUÇÃO O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas
de bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A). O
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas programa desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora, utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B). Os alunos
(X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma intimidade, ajudam a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que cidadania e reciclagem(C). As escolas participantes se tornam
pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. também centros de descarte de garrafas PET(D), destinadas
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa e, depois para reciclagem(E). O programa possibilitará o retorno
embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma intimidade, das bicicletas pela saúde das crianças e transformação das
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que comunidades em lugares melhores para se viver.
pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posição
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, (D), pois antecipa um termo explicativo.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade,
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo 7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas:
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora circunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
, (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse,
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo porque você está junto; (X) com os outros motoristas cujos
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. comportamentos, (X) são desconhecidos.
2-) A oração restringe o grupo que participará da campanha (C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros podem
(apenas os que não têm o nome do pai na certidão de nascimento). ser uma extensão de nossa personalidade.
Se colocarmos uma vírgula, a oração tornar-se-á “explicativa”, (D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X)
generalizando a informação, o que dará a entender que TODAS as aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
pessoa não têm o nome do pai na certidão. (E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua,
RESPOSTA: “CERTO”. (X) são as principais causas da ira de trânsito.

3-) 8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado para se
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. = dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo.
mantê-la (termo deslocado)
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? = 9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão inadequadas
mantê-la (vocativo) ou faltantes:
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara (A) Os filmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência
para o evento. em condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) aos
= mantê-la (explicação) espectadores.
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramento (B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
do desportista. podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional.
= pode retirá-la (advérbio de tempo) (C) A história de heroísmo e de determinação (X) que nem
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô, sempre, (X) é convincente, se passa em um cenário marcado, (X)
natação e canoagem. pelo frio.
= mantê-la (enumeração) (D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é correr
riscos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobrevivência.
4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou faltante: (E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar a
a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem! liberdade, nada poderia parecer, (X) realmente intransponível.
b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da transação.
c) Maria, você trouxe os documentos? Recomendo a visualização do link abaixo para entender,
d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema. de uma maneira criativa, a importância da pontuação!
e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma
movimentação estranha. http://www.youtube.com/watch?v=JxJrS6augu0

Didatismo e Conhecimento 74
LÍNGUA PORTUGUESA
Questões sobre Significação das Palavras
SEMÂNTICA: A SIGNIFICAÇÃO
DAS PALAVRAS NO TEXTO; 01. Assinale a alternativa que preenche corretamente as
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO lacunas da frase abaixo:
Da mesma forma que os italianos e japoneses _________
para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor;
- Sinônimos internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto - a) imigraram - emigram - migram
abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. b) migraram - imigram - emigram
Observação: A contribuição greco-latina é responsável c) emigraram - migram - imigram.
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adversário d) emigraram - imigram - migram.
e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; e) imigraram - migram – emigram
contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
transformação e metamorfose; oposição e antítese. Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013 -
Leia o texto para responder às questões de números 02 e 03.
- Antônimos
São palavras de significação oposta: ordem - anarquia; Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica
soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
Observação: A antonímia pode originar-se de um prefixo Você comprou um smartphone e acha que aquele seu celular
de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo para alguns
e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo pode ser matéria-prima para outros. O CMID – Centro Marista
e inativo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista; de Inclusão Digital –, que funciona junto ao Colégio Marista de
simétrico e assimétrico. Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ensina os alunos do colégio a
fazer robôs a partir de lixo eletrônico.
O que são Homônimos e Parônimos: Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo,
- Homônimos constroem carros com sensores de movimento que respondem
a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferentes na à aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de baterias
pronúncia: de celular. “Tirando alguns sensores, que precisamos comprar,
rego (subst.) e rego (verbo); é tudo reciclagem”, comentou o instrutor de robótica do CMID,
colher (verbo) e colher (subst.); Leandro Schneider. Esses alunos também aprendem a consertar
jogo (subst.) e jogo (verbo); computadores antigos. “O nosso projeto só funciona por causa
denúncia (subst.) e denuncia (verbo); do lixo eletrônico. Se tivéssemos que comprar tudo, não seria
providência (subst.) e providencia (verbo). viável”, completou.
Em uma época em que celebridades do mundo digital fazem
b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e diferentes campanha a favor do ensino de programação nas escolas,
na escrita: é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da turma
acender (atear) e ascender (subir); avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já sabe qual
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); será sua profissão. “Quero ser programador. No início das aulas,
cela (compartimento) e sela (arreio); eu achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse.
censo (recenseamento) e senso (juízo); (Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013.
paço (palácio) e passo (andar). Adaptado)

c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São palavras 02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns
iguais na escrita e na pronúncia: sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... – pode ser
caminho (subst.) e caminho (verbo); substituída, sem alteração do sentido da mensagem, pela seguinte
cedo (verbo) e cedo (adv.); expressão:
livre (adj.) e livre (verbo). A) Pelo menos B) A contar de
C) Em substituição a D) Com exceção de
- Parônimos E) No que se refere a
São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro e
couro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede e 03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo para
cede; comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; autuar e o termo destacado em – …“No início das aulas, eu achava meio
atuar; degradar e degredar; infligir e infringir; deferir e diferir; chato, mas depois fui me interessando”, disse.
suar e soar. A) Estimulante. B) Cansativo.
C) Irritante. D) Confuso.
h t t p : / / w w w. c o l a d a w e b . c o m / p o r t u g u e s / s i n o n i m o s , - E) Improdutivo.
antonimos,-homonimos-e-paronimos

Didatismo e Conhecimento 75
LÍNGUA PORTUGUESA
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP 08. Assinale a alternativa correta, considerando que à direita
– 2013). Analise as afirmações a seguir. de cada palavra há um sinônimo.
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído, sem b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
alteração do sentido do texto, por “faz”. c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescrita d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação. e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente aqui
no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se substituir a GABARITO
expressão em destaque por “em razão do”, sem alterar o sentido 01. A 02. D 03. A 04. A
do texto. 05. D 06. E 07. E 08. A
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, está
correto o que se afirma em RESOLUÇÃO
A) I, II e III. B) III, apenas.
C) I e III, apenas. D) I, apenas. 1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses imigraram
E) I e II, apenas. para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros emigram
para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor;
05. Leia as frases abaixo: internamente, migram para o Sul, pelo mesmo motivo.
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi;
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em Marte. 2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos
3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas de comprar, é tudo reciclagem”...
humor.
4 - ___________ dias que não falo com Alfredo. 3-) antônimo para o termo destacado : “No início das aulas, eu
achava meio chato, mas depois fui me interessando”
Escolha a alternativa que oferece a sequência correta de “No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas depois
vocábulos para as lacunas existentes: fui me interessando”
a) concerto – há – a – cessões – há;
b) conserto – a – há – sessões – há; 4-)
c) concerto – a – há – seções – a; I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
d) concerto – a – há – sessões – há; por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído, sem
e) conserto – há – a – sessões – a . alteração do sentido do texto, por “faz”. = correta
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescrita
06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação. = correta
– 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para responder à III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente aqui
questão. no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se substituir a
Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram expressão em destaque por “em razão do”, sem alterar o sentido
valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram do texto. = correta
limites de disciplina.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse trecho, 5-)
é: 1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
A) de desprendimento. B) de responsabilidade. 2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe) vida
C) de abnegação. D) de amor. em Marte.
E) de egoísmo. 3 – As sessões da câmara são verdadeiros programas
de humor.
07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser preenchida 4- Há dias que não falo com Alfredo. (= tempo
com a primeira alternativa da série dada nos parênteses: passado)
A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das enchentes.
(afim- a fim). 6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
B) A bandeira está ________. (arreada - arriada). transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inflingirem lhes impuseram limites de disciplina.
- infringirem). O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse trecho,
D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos. é de egoísmo
(concelhos - conselhos). Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nos seres
E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca humanos e outros seres vivos, em que as ações de um indivíduo
de - acerca de). beneficiam outros. É sinônimo de filantropia. No sentido comum
do termo, é muitas vezes percebida, também, como sinônimo
de solidariedade. Esse conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo,
que são as inclinações específica e exclusivamente individuais
(pessoais ou coletivas).

Didatismo e Conhecimento 76
LÍNGUA PORTUGUESA
7-) Denotação e Conotação
A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das
enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para indicar - Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o
que uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas que têm seu significado primitivo e original, com o sentido do dicionário;
temperamentos afins, ou seja, parecidos) usada de modo automatizado; linguagem comum. Veja este
B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar arreio exemplo: Cortaram as asas da ave para que não voasse mais.
no cavalo) Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido próprio,
C) Serão punidos os que infringirem o regulamento. comum, usual, literal.
(inflingirem = aplicarem a pena)
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais velhos; MINHA DICA - Procure associar Denotação com Dicionário:
(concelhos= Porção territorial ou parte administrativa de um trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado em seu
distrito). sentido dicionarístico.
E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. (acerca
de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.). - Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o
seu significado secundário, com o sentido amplo (ou simbólico);
8-) usada de modo criativo, figurado, numa linguagem rica e
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) = expressiva. Veja este exemplo:
significados invertidos Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes que
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = significados seja tarde demais.
invertidos Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma figurada,
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = significados fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de ações;
invertidos disciplina, limitação de conduta e comportamento.
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação =
significados invertidos Fonte:
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabola, justica-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figurado-das-
que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser definida como palavras.html
sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente
com a ideia associada a este conjunto. Questões sobre Denotação e Conotação

1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


Sentido Próprio e Figurado das Palavras
SÃO PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
VUNESP/2013) O sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao
Pela própria definição acima destacada podemos perceber que
da expressão de mármore. Assinale a alternativa contendo as
a palavra é composta por duas partes, uma delas relacionada a sua
expressões com sentidos equivalentes, respectivamente, aos das
forma escrita e os seus sons (denominada significante) e a outra
palavras ígneo e pétreo.
relacionada ao que ela (palavra) expressa, ao conceito que ela traz (A) De corda; de plástico.
(denominada significado). (B) De fogo; de madeira.
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdividem-se (C) De madeira; de pedra.
assim: (D) De fogo; de pedra.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido (E) De plástico; de cinza.
comum que costumamos dar a uma palavra.
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figurado”, que 2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
podemos dar a uma palavra. - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes ADAPTADO) Para responder à questão, considere a seguinte
contextos: passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-
1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento) se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes,
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradável, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
que adota condutas pouco apreciáveis)
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhece Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
muito sobre alguma coisa, “expert”) (A) considerar ao acaso, sem premeditação.
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido comum (B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado em sentido (C) adotar como referência de qualidade.
figurado. (D) julgar de acordo com normas legais.
Podemos então concluir que um mesmo significante (parte (E) classificar segundo ideias preconcebidas.
concreta) pode ter vários significados (conceitos).
3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as palavras
destacadas nas seguintes passagens do texto:

Didatismo e Conhecimento 77
LÍNGUA PORTUGUESA
Desde o surgimento da ideia de hipertexto... No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido figurado é
... informações ligadas especialmente à pesquisa acadêmica, (A) menino.
... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por analogia (B) chão.
e associação... (C) testa.
(D) penumbra.
Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a ideia de (E) tenda.
hipertexto...
... 20 anos depois de seu artigo fundador... 7-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA –
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder à
As palavras destacadas que expressam ideia de tempo são: questão.
(A) algo, especialmente e Quando.
(B) Desde, especialmente e algo. RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançando a
(C) especialmente, Quando e depois. Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar a cidade.
Em primeira instância, a campanha é educativa. Equipes da
(D) Desde, Quando e depois.
Companhia Municipal de Limpeza Urbana estão percorrendo
(E) Desde, algo e depois.
as ruas para flagrar maus cidadãos jogando coisas onde não
devem e alertá-los para o que os espera. Em breve, com guardas
4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) municipais, policiais militares e 600 fiscais em ação, as multas
A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o movimento começarão a chegar para quem tratar a via pública como a casa
cordelista pode ser comparada à de outros dois grandes nomes... da sogra.
Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem prejuízo da Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os
correção, o elemento grifado pode ser substituído por: recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas
(A) contrastada. que, nas últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas, pichar
(B) confrontada. monumentos, vandalizar prédios públicos, quebrar orelhões,
(C) ombreada. arrancar postes, apedrejar vitrines, depredar bancos, saquear
(D) rivalizada. lojas e, por uma estranha compulsão, destruir lixeiras, jogar o
(E) equiparada. lixo no asfalto e armar barricadas de fogo com ele.
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não estão
5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por algum motivo,
COMUNITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não parecem querer levar ao colapso.
te abras com teu amigo – o verbo em destaque foi empregado em Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalismo,
sentido figurado. saque, formação de quadrilha, desacato à autoridade, resistência
à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos públicos, talvez seja
Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir”
possível enquadrá-los por sujar a rua.
continua sendo empregado em sentido figurado. (Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo, 21.08.2013. Adaptado)
(A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
(B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abridor. Na oração – ... parecem querer levar ao colapso. – (3.º
(C) Para aprender, é preciso abrir a mente. parágrafo), o termo em destaque é sinônimo de
(D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em casa. (A) progresso.
(E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico. (B) descaso.
(C) vitória.
6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – (D) tédio.
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, (E) ruína.
considere o texto abaixo.
8-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
A marca da solidão BNDES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho:
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de “Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva anos”. A
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa frase em que esse verbo está usado com o mesmo sentido é:
pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra (A) O menino leva o material adequado para a escola.
na tarde quente. (B) João levou uma surra da mãe.
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo.
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a prova.
tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínfimos
bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver Resolução
para, apenas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o
mundo cabe numa fresta. 1-)
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta negra Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou associação
bazar, 2010. p. 47) de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos fogo, combustão...
Pedra, petrificado. Encontrou a resposta?
RESPOSTA: “D”.

Didatismo e Conhecimento 78
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) Tomando como exemplo as frases já mencionadas,
Classificar conforme regras conhecidas, mas não confirmadas analisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo com seu
se verdadeiras. sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo dicionário.
RESPOSTA: “E”. Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, eficiência
diante do ato praticado. Nas outras que seguem o significado é de:
3-) participação, interação mediante a uma tarefa realizada; mão como
As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são: desde, parte do corpo humano e por último simboliza o roubo, visto de
quando e depois. maneira pejorativa.
RESPOSTA: “D”. Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo percebemos
que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo. Possibilidades
4-) de várias interpretações levando-se em consideração as situações
Ao participar de um concurso, não temos acesso a dicionários de aplicabilidade.
para que verifiquemos o significado das palavras, por isso, caso Há uma infinidade de outros exemplos em que podemos
não saibamos o que significam, devemos analisá-las dentro do verificar a ocorrência da polissemia, como por exemplo:
contexto em que se encontram. No exercício acima, a que se O rapaz é um tremendo gato.
“encaixa” é “equiparada”. O gato do vizinho é peralta.
RESPOSTA: “E”. Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
5-) sobrevivência
Em todas as alternativas o verbo “abrir” está empregado em O passarinho foi atingido no bico.
seu sentido denotativo. No item C, conotativo (“abrir a mente” =
aberto a mudanças, novas ideias). Polissemia e homonímia
RESPOSTA: “C”.
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante comum.
6-) Quando a mesma palavra apresenta vários significados, estamos
Novamente, responderemos com frase do texto: seu rosto na presença da polissemia. Por outro lado, quando duas ou mais
formando uma tenda. palavras com origens e significados distintos têm a mesma grafia e
RESPOSTA: “E”. fonologia, temos uma homonímia.
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
7-) significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é polissemia
Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção do autor porque os diferentes significados para a palavra manga têm origens
ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-se à queda, ao fim, diferentes, e por isso alguns estudiosos mencionam que a palavra
à ruína da cidade. manga deveria ter mais do que uma entrada no dicionário.
RESPOSTA: “E”. “Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode significar
o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou a
8-) caligrafia de um determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes
No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o sentido significados estão interligados porque remetem para o mesmo
de “duração/tempo” conceito, o da escrita.
(A) O menino leva o material adequado para a escola. =
carrega Polissemia e ambiguidade
(B) João levou uma surra da mãe. = apanhou
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. = direciona interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode ser
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a prova ambíguo, ou seja, apresenta mais de uma interpretação. Essa
= duração/tempo ambiguidade pode ocorrer devido à colocação específica de uma
palavra (por exemplo, um advérbio) em uma frase. Vejamos a
Consideremos as seguintes frases: seguinte frase: Pessoas que têm uma alimentação equilibrada
Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja! frequentemente são felizes. Neste caso podem existir duas
Vamos! Coloque logo a mão na massa! interpretações diferentes. As pessoas têm alimentação equilibrada
As crianças estão com as mãos sujas. porque são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi. equilibrada.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela pode
Chegamos à conclusão de que se trata de palavras idênticas no induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpretação. Para
que se refere à grafia, mas será que possuem o mesmo significado? fazer a interpretação correta é muito importante saber qual o
Existe uma parte da gramática normativa denominada contexto em que a frase é proferida.
Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significados que
uma mesma palavra apresenta de acordo com o contexto em que
se insere.

Didatismo e Conhecimento 79
LÍNGUA PORTUGUESA
É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a - Através do texto, infere-se que...
preocupação com a interpretação de textos. Por isso, vão aqui - É possível deduzir que...
alguns detalhes que poderão ajudar no momento de responder às - O autor permite concluir que...
questões relacionadas a textos. - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas Compreender significa


entre si, formando um todo significativo capaz de produzir - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está
interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar ). escrito.
- o texto diz que...
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em - é sugerido pelo autor que...
cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação - o narrador afirma...
do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome
de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão Erros de interpretação
grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original e
analisada separadamente, poderá ter um significado diferente É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de
daquele inicial. erros de interpretação. Os mais frequentes são:
- Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do contexto,
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento
diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo prévio do tema quer pela imaginação.
de recurso denomina-se intertexto.
- Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias,
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema
partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, desenvolvido.
as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento
das questões apresentadas na prova. - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrárias
às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e,
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: consequentemente, errando a questão.

- Identificar – é reconhecer os elementos fundamentais de Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a
uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso,
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de mais.
diferenças entre as situações do texto.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relaciona
realidade, opinando a respeito. palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo,
em um só parágrafo. uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras. relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.

Condições básicas para interpretar OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia
e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome
Fazem-se necessários: oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes
literários, estrutura do texto), leitura e prática; relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) adequação ao antecedente.
e semântico; Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação
Observação – na semântica (significado das palavras) de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo,
incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo
sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de linguagem, entre adequado a cada circunstância, a saber:
outros.
- Capacidade de observação e de síntese e - que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas
- Capacidade de raciocínio. depende das condições da frase.
- qual (neutro) idem ao anterior.
Interpretar X compreender - quem (pessoa)
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o
Interpretar significa objeto possuído.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. - como (modo)

Didatismo e Conhecimento 80
LÍNGUA PORTUGUESA
- onde (lugar) 2-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE
quando (tempo) COMUNITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) De acordo com
quanto (montante) o poema, é correto afirmar que
(A) não se deve ter amigos, pois criar laços de amizade é algo
Exemplo: ruim.
Falou tudo QUANTO queria (correto) (B) amigo que não guarda segredos não merece respeito.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria (C) o melhor amigo é aquele que não possui outros amigos.
aparecer o demonstrativo O ). (D) revelar segredos para o amigo pode ser arriscado.
(E) entre amigos, não devem existir segredos.
Dicas para melhorar a interpretação de textos
3-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; – SECRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA – AGENTE
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a PENITENCIÁRIO – VUNESP/2013) Leia o poema para responder
leitura; à questão.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
menos duas vezes; Casamento
- Inferir;
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; Há mulheres que dizem:
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; Meu marido, se quiser pescar, pesque,
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor mas que limpe os peixes.
compreensão; Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
questão; É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
Fonte: “prateou no ar dando rabanadas”
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/ e faz o gesto com a mão.
como-interpretar-textos O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
QUESTÕES Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Coisas prateadas espocam:
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) O somos noivo e noiva.
contexto em que se encontra a passagem – Se deixou de bajular os (Adélia Prado, Poesia Reunida)
príncipes e princesas do século 19, passou a servir reis e rainhas
do 20 (2.º parágrafo) – leva a concluir, corretamente, que a menção A ideia central do poema de Adélia Prado é mostrar que
a (A) as mulheres que amam valorizam o cotidiano e não
(A) príncipes e princesas constitui uma referência em sentido gostam que os maridos frequentem pescarias, pois acham difícil
não literal. limpar os peixes.
(B) reis e rainhas constitui uma referência em sentido não (B) o eu lírico do poema pertence ao grupo de mulheres que
literal. não gostam de limpar os peixes, embora valorizem os esbarrões de
(C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referência cotovelos na cozinha.
em sentido não literal. (C) há mulheres casadas que não gostam de ficar sozinhas
(D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referência com seus maridos na cozinha, enquanto limpam os peixes.
em sentido literal. (D) as mulheres que amam valorizam os momentos mais
(E) reis e rainhas constitui uma referência em sentido literal. simples do cotidiano vividos com a pessoa amada.
(E) o casamento exige levantar a qualquer hora da noite, para
Texto para a questão 2: limpar, abrir e salgar o peixe.

DA DISCRIÇÃO 4-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –


Mário Quintana FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão,
Não te abras com teu amigo considere o texto abaixo.
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo A marca da solidão
Possui amigos também... Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de
(http://pensador.uol.com.br/poemas_de_amizade) paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa
pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra
na tarde quente.

Didatismo e Conhecimento 81
LÍNGUA PORTUGUESA
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de Pela leitura do fragmento acima, é correto afirmar que, em sua
cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e estrutura sintática, houve supressão da expressão
tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínfimos a) vigilantes.
bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver b) carga.
para, apenas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o c) viatura.
mundo cabe numa fresta. d) foi.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta negra e) desviada.
bazar, 2010. p. 47)
8-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
reduzido no qual o menino detém sua atenção é — Carta para o 9.326!!!
(A) fresta. Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está em
(B) marca. branco, e um outro pergunta:
(C) alma. — Quem te mandou essa carta?
(D) solidão. — Minha irmã.
(E) penumbra. — Mas por que não está escrito nada?
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
5-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adaptações).
CESPE/2012) O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto acima
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a decorre
totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a concepção A) da identificação numérica atribuída ao louco.
de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que se estende B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a carta no
a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de alguma maneira, o hospício.
aspecto festivo do mundo inteiro, em todos os seus níveis, uma C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a carta.
espécie de segunda revelação do mundo.
D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco.
Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Renascimento:
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele.
o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1987, p. 73 (com
adaptações).
9-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Um homem se dirige à recepcionista de uma clínica:
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual “O
— Por favor, quero falar com o dr. Pedro.
riso”.
— O senhor tem hora?
(...) CERTO ( ) ERRADO
O sujeito olha para o relógio e diz:
6-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – — Sim. São duas e meia.
CESPE/2010) — Não, não... Eu quero saber se o senhor é paciente.
Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atingiu — O que a senhora acha? Faz seis meses que ele não me paga
pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge uma o aluguel do consultório...
explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e generalizado Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adaptações).
de energia no final de 2009.
Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica No texto acima, a recepcionista dirige-se duas vezes ao
(ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa estatal homem para saber se ele
Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900 km A) verificou o horário de chegada e está sob os cuidados do
que separam Itaipu de São Paulo. dr. Pedro.
Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de B) pode indicar-lhe as horas e decidiu esperar o pagamento
investimentos e também erros operacionais conspiraram para do aluguel.
produzir a mais séria falha do sistema de geração e distribuição C) tem relógio e sabe esperar.
de energia do país desde o traumático racionamento de 2001. D) marcou consulta e está calmo.
Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações). E) marcou consulta para aquele dia e está sob os cuidados do
dr. Pedro.
Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas do texto
acima apresentado, julgue os próximos itens. (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO DA
A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010 - ADAPTADA) Atenção:
do país” tem, nesse contexto, valor restritivo. As questões de números 10 a 13 referem-se ao texto abaixo.
(...) CERTO ( ) ERRADO Liderança é uma palavra frequentemente associada a feitos
e realizações de grandes personagens da história e da vida social
7-) (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ou, então, a uma dimensão mágica, em que algumas poucas
ADMINISTRAÇÃO – AOCP/2010) “A carga foi desviada e a pessoas teriam habilidades inatas ou o dom de transformar-se em
viatura, com os vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte grandes líderes, capazes de influenciar outras e, assim, obter e
de São Paulo.” manter o poder.

Didatismo e Conhecimento 82
LÍNGUA PORTUGUESA
Os estudos sobre o tema, no entanto, mostram que a maioria 12-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO –
das pessoas pode tornar-se líder, ou pelo menos desenvolver TÉCNICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O fenômeno
consideravelmente as suas capacidades de liderança. da liderança só ocorre na inter-relação ... (4º parágrafo)
Paulo Roberto Motta diz: “líderes são pessoas comuns No contexto, inter-relação significa
que aprendem habilidades comuns, mas que, no seu conjunto, (A) o respeito que os membros de uma equipe devem
formam uma pessoa incomum”. De fato, são necessárias algumas demonstrar ao acatar as decisões tomadas pelo líder, por resultarem
habilidades, mas elas podem ser aprendidas tanto através das em benefício de todo o grupo.
experiências da vida, quanto da formação voltada para essa (B) a igualdade entre os valores dos integrantes de um
finalidade. grupo devidamente orientado pelo líder e aqueles propostos pela
O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; envolve organização a que prestam serviço.
duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para serem (C) o trabalho que deverá sempre ser realizado em equipe,
atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem a de modo que os mais capacitados colaborem com os de menor
interação cooperativa dos membros envolvidos. Não pressupõe capacidade.
proximidade física ou temporal: pode-se ter a mente e/ou o (D) a criação de interesses mútuos entre membros de uma
comportamento influenciado por um escritor ou por um líder equipe e de respeito às metas que devem ser alcançadas por todos.
religioso que nunca se viu ou que viveu noutra época. [...]
Se a legitimidade da liderança se baseia na aceitação do 13-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO –
poder de influência do líder, implica dizer que parte desse poder TÉCNICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) Não
encontra-se no próprio grupo. É nessa premissa que se fundamenta pressupõe proximidade física ou temporal ... (4º parágrafo)
a maioria das teorias contemporâneas sobre liderança. A afirmativa acima quer dizer, com outras palavras, que
Daí definirem liderança como a arte de usar o poder que (A) a presença física de um líder natural é fundamental para
existe nas pessoas ou a arte de liderar as pessoas para fazerem o que seus ensinamentos possam ser divulgados e aceitos.
que se requer delas, da maneira mais efetiva e humana possível. (B) um líder verdadeiramente capaz é aquele que sempre se
[...] atualiza, adquirindo conhecimentos de fontes e de autores diversos.
(Augusta E.E.H. Barbosa do Amaral e Sandra Souza Pinto. Gestão de (C) o aprendizado da liderança pode ser produtivo, mesmo se
pessoas, in Desenvolvimento gerencial na Administração pública do Estado houver distância no tempo e no espaço entre aquele que influencia
de São Paulo, org. Lais Macedo de Oliveira e Maria Cristina Pinto Galvão,
e aquele que é influenciado.
Secretaria de Gestão pública, São Paulo: Fundap, 2. ed., 2009, p. 290 e 292,
(D) as influências recebidas devem ser bem analisadas e
postas em prática em seu devido tempo e na ocasião mais propícia.
com adaptações)

14-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR –


10-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – FGV PROJETOS/2010)
TÉCNICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) De acordo Painel do leitor (Carta do leitor)
com o texto, liderança Resgate no Chile
(A) é a habilidade de chefiar outras pessoas que não pode ser
desenvolvida por aqueles que somente executam tarefas em seu Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de
ambiente de trabalho. salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo de
(B) é típica de épocas passadas, como qualidades de heróis uma mina de cobre e ouro no Chile.
da história da humanidade, que realizaram grandes feitos e se Um a um os mineiros soterrados foram içados com sucesso,
tornaram poderosos através deles. mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cumprimentando seus
(C) vem a ser a capacidade, que pode ser inata ou até mesmo companheiros de trabalho. Não se pode esquecer a ajuda técnica
adquirida, de conseguir resultados desejáveis daqueles que e material que os Estados Unidos, Canadá e China ofereceram
constituem a equipe de trabalho. à equipe chilena de salvamento, num gesto humanitário que
(D) torna-se legítima se houver consenso em todos os grupos só enobrece esses países. E, também, dos dois médicos e dois
quanto à escolha do líder e ao modo como ele irá mobilizar esses “socorristas” que, demonstrando coragem e desprendimento,
grupos em torno de seus objetivos pessoais. desceram na mina para ajudar no salvamento.
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – painel do leitor –
11-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – 17/10/2010)
TÉCNICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O texto
deixa claro que Considerando o tipo textual apresentado, algumas expressões
(A) a importância do líder baseia-se na valorização de todo o demonstram o posicionamento pessoal do leitor diante do fato
grupo em torno da realização de um objetivo comum. por ele narrado. Tais marcas textuais podem ser encontradas nos
(B) o líder é o elemento essencial dentro de uma organização, trechos a seguir, EXCETO:
pois sem ele não se poderá atingir qualquer meta ou objetivo. A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
(C) pode não haver condições de liderança em algumas B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma mina de
cobre e ouro no Chile.”
equipes, caso não se estabeleçam atividades específicas para cada
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
um de seus membros.
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
(D) a liderança é um dom que independe da participação dos
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, desceram na
componentes de uma equipe em um ambiente de trabalho.
mina...”

Didatismo e Conhecimento 83
LÍNGUA PORTUGUESA
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
– VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às
questões de números 15 a 17.

Férias na Ilha do Nanja

Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as malas nos


seus carros, olhando o céu para verem que tempo faz, pensando
nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras* – sem falar
em bandidos, milhões de bandidos entre as fissuras, as pedras
soltas e as barreiras...
Meus amigos partem para as suas férias, cansados de tanto (Adail et al II. Antologia brasileira de humor. Volume 1. Porto Alegre:
trabalho; de tanta luta com os motoristas da contramão; enfim, L&PM, 1976. p. 95.)
cansados, cansados de serem obrigados a viver numa grande
cidade, isto que já está sendo a negação da própria vida. A charge anterior é de Luiz Carlos Coutinho, cartunista
E eu vou para a Ilha do Nanja. mineiro mais conhecido como Caulos. É correto afirmar que o
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as tema apresentado é
férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce (A) a oposição entre o modo de pensar e agir.
como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já estou vendo (B) a rapidez da comunicação na Era da Informática.
os pescadores com suas barcas de sardinha, e a moça à janela a (C) a comunicação e sua importância na vida das pessoas.
namorar um moço na outra janela de outra ilha. (D) a massificação do pensamento na sociedade moderna.
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende. Adaptado)
Resolução
*fissuras: fendas, rachaduras
1-)
15-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas” do século
– VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a maneira 20 são as personalidades da mídia, os “famosos” e “famosas”.
como se preparam para suas férias, a autora mostra que seus Quanto a príncipes e princesas do século 19, esses eram da corte,
amigos estão literalmente.
(A) serenos.
(B) descuidados. RESPOSTA: “B”.
(C) apreensivos.
(D) indiferentes. 2-)
(E) relaxados. Pela leitura do poema identifica-se, apenas, a informação
contida na alternativa: revelar segredos para o amigo pode ser
16-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO arriscado.
– VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar que,
assim como seus amigos, a autora viaja para RESPOSTA: “D”.
(A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
(B) escapar do lugar em que está. 3-)
(C) reencontrar familiares queridos. Pela leitura do texto percebe-se, claramente, que a autora
(D) praticar esportes radicais. narra um momento simples, mas que é prazeroso ao casal.
(E) dedicar-se ao trabalho.
RESPOSTA: “D”.
17-) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lugar onde, “à 4-)
beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce como um bosque” Com palavras do próprio texto responderemos: o mundo cabe
(último parágrafo), a autora sugere que viajará para um lugar numa fresta.
(A) repulsivo e populoso.
(B) sombrio e desabitado. RESPOSTA: “A”.
(C) comercial e movimentado.
(D) bucólico e sossegado. 5-)
(E) opressivo e agitado. Vamos ao texto: O riso é tão universal como a seriedade; ele
abarca a totalidade do universo (...). Os termos relacionam-se. O
18-) (POLÍCIA MILITAR/TO – SOLDADO – pronome “ele” retoma o sujeito “riso”.
CONSULPLAN/2013 - ADAPTADA) Texto para responder à
questão. RESPOSTA: “CERTO”.

Didatismo e Conhecimento 84
LÍNGUA PORTUGUESA
6-) 13-)
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo menos Não pressupõe proximidade física ou temporal = o aprendizado
1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por “o qual”, portanto, da liderança pode ser produtivo, mesmo se houver distância no
trata-se de um pronome relativo (oração subordinada adjetiva). tempo e no espaço entre aquele que influencia e aquele que é
Quando há presença de vírgula, temos uma adjetiva explicativa influenciado.
(generaliza a informação da oração principal. A construção seria:
“do apagão, que atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados RESPOSTA: “C”.
do país”); quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe,
delimita a informação – como no caso do exercício). 14-)
Em todas as alternativas há expressões que representam a
RESPOSTA: “CERTO’. opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da Terra / Não se
pode esquecer / gesto humanitário que só enobrece / demonstrando
7-) coragem e desprendimento.
“A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes,
abandonada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.” Trata-se RESPOSTA: “B”.
da figura de linguagem (de construção ou sintaxe) “zeugma”, que
consiste na omissão de um termo já citado anteriormente (diferente 15-)
da elipse, que o termo não é citado, mas facilmente identificado). “pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras
No enunciado temos a narração de que a carga foi desviada e de – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre as fissuras, as
que a viatura foi abandonada. pedras soltas e as barreiras...” = pensar nessas coisas, certamente,
deixa-os apreensivos.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
8-)
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais aparece 16-)
no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah, porque nós Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta da
brigamos e não estamos nos falando”. própria autora!

RESPOSTA: “D”. RESPOSTA: “B”.

9-) 17-)
“O senhor tem hora? (...) Não, não... Eu quero saber se o Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
senhor é paciente” = a recepcionista quer saber se ele marcou
horário e se é paciente do Dr. Pedro. RESPOSTA: “D”.

RESPOSTA: “E”. 18-)


Questão que envolve interpretação “visual”! Fácil. Basta
10-) observar o que as personagens “dizem” e o que “pensam”.
Utilizando trechos do próprio texto, podemos chegar à
conclusão: O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; RESPOSTA: “A”.
envolve duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para
serem atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem
a interação cooperativa dos membros envolvidos = equipe

RESPOSTA: “C”.

11-)
O texto deixa claro que a importância do líder baseia-se na
valorização de todo o grupo em torno da realização de um objetivo
comum.
RESPOSTA: “A”.

12-)
Pela leitura do texto, dentre as alternativas apresentadas, a que
está coerente com o sentido dado à palavra “inter-relação” é: “a
criação de interesses mútuos entre membros de uma equipe e de
respeito às metas que devem ser alcançadas por todos”.

RESPOSTA: “D”.

Didatismo e Conhecimento 85
RACIOCÍNIO LÓGICO
RACIOCÍNIO LÓGICO
2 – Um indivíduo fez uma promessa a São Sebastião, se este
PRINCÍPIO DA REGRESSÃO dobrar o seu dinheiro, ele doará R$ 20,00 para a igreja, no final
OU REVERSÃO. da 3º dobra, nada mais lhe restara, quanto possuía o indivíduo ini-
cialmente?
14,50
15,50
1 – Princípio da regressão 16,50
17,50
Este princípio tem como objetivo resolver determinados pro- 18,50
blemas de forma não algébrica, mas utilizando uma técnica basea-
da em raciocínio lógico, conhecida como princípio da regressão Solução:
ou reversão. a) Solução Algébrica
Esta técnica consiste em determinar um valor inicial pedido Valor que possuía inicialmente: x
pelo problema a partir de um valor final dado. Utiliza-se para reso- 1º dobra: 2x – 20
lução dos problemas as operações matemáticas básicas com suas 2° dobra: 2(2x – 20) – 20
respectivas reversões. 3° dobra: 2[2(2x – 20) – 20] – 20 = 0
Resolvendo a equação encontramos x = 17,50
1.1. Fundamento da regressão
Utilizando as quatro operações fundamentais, podemos obter
uma construção quantitativa lógica fundamentada no princípio da Resposta: Inicialmente o indivíduo possui R$17,50
regressão, cujo objetivo é obter o valor inicial do problema pro-
posto através da operação inversa b) Solução pelo método da regressão

Pelo método da regressão, vamos abordar o problema do final


para o início, ou seja, partiremos do passo IV até o passo I.
IV) Se no final restou 0, significa que todo o dinheiro foi doa-
Veja o exemplo abaixo:
1 – Uma pessoa gasta metade do seu capital mais R$ 10,00, do.
ficando sem capital algum. Quanto ela possuía inicialmente? III) No terceiro passo, ele dobrou o capital que tinha e deu 20
reais para a igreja, fazendo a regressão, podemos dizer se ele deu
Solução: 20 reais para a igreja (representar – 20), então, ele os possuía ini-
cialmente 20 (representar +20). Como ele dobrou o capital, temos
agora que reduzi-lo a metade (20 ÷ 2) = 10. Conclusão: na tercei-
ra etapa ele possuía 10 reais, que dobrados originaram 20 reais.
Como doou 20 reais, ficou com nada no quarto passo.
II) No segundo passo, ele já possuía 10 reais, mas doou 20
para a igreja (-20) e ao recuperá-lo ficou com 10 + 20 = 30. Como
ele dobrou o capital, temos agora que reduzi-lo a metade (30 ÷
2) = 15. Conclusão: na segunda etapa ele possuía 15 reais, que
dobrados originaram 30 reais. Como doou 20 reais, ficou com 10
no terceiro passo.
I) Inicialmente, ele possuirá os 15 reais mais 20 reais que se-
rão recuperados, ou seja, 35 reais e reduzir o capital pela metade
(35 ÷ 2) = 17,50.

Resposta: Inicialmente, possuía R$ 17,50.

No problema acima, a pessoa gastou em dinheiro (– R$ Gabarito: D


10,00), ou seja, houve uma perda. Pelo princípio da regressão, Explicações do item 2,3,4 .
iremos supor que ele recuperará o dinheiro, para que possamos
chegar à situação inicial (+ R$ 10,00). Posteriormente, ele gasta Tabela verdade e equivalência lógica, negação e validade
metade do seu capital (÷2). Para voltarmos a situação inicial deve- de um argumento.
mos multiplicar por 2 o valor em dinheiro que ele possuía. Logo, 2 Regras de Inferência
× R $10,00 = R$ 20,00. Diagramas de Euller-Venn

Didatismo e Conhecimento 1
RACIOCÍNIO LÓGICO
O candidato deve ficar atento, após o entendimento da tabela De acordo com a tabela, podemos garantir que o argumento é
verdade, este deve saber aplicar as regras de inferência, diagramas válido, pois existe pelo menos uma linha toda verdadeira (V, V,
de Venn, equivalência e negação, assim ele verificará que não exis- V) e a verdade das premissas (V, V) garante a verdade da conclu-
te lógica pelas frases ou suas interpretações, veja o modelo abaixo são (V).
(caso 1 e 2).
Gabarito: V, pois o argumento é válido.
Caso 1: validade de um argumento ( ) É correto o raciocínio lógico dado pela seqüência de pro-
Um argumento é válido caso satisfaça duas condições: posições seguintes:
I – A proposição 1, a proposição 2 e a conclusão (p1, p2, C), Se Célia tiver um bom currículo, então ela conseguirá um bom
têm pelo menos uma linha verdadeira quando construída a sua emprego.
tabela-verdade. Ela conseguiu um bom emprego.
II – (p1 p2) → C é tautológica, caso contrário, temos um so- Portanto, Célia tem um bom currículo.
fisma.
Solução:
Nota: argumento possui 3 premissas no mínimo e uma p1: p → q p2: q C: p
conclusão e silogismo 2 premissas e uma conclusão , assim de
início chamarei o silogismo de argumento sem o rigor da defi- V V V
nição , pois a preocupação é quanto a validade , e percebe que F F V
não há correlação com o português , mas sim com a estrutura . V V F
Exemplo: V F F
Verifique se o argumento (silogismo) abaixo é válido: Neste caso, a primeira condição é satisfeita, ou seja, temos
Premissa 1 (P1): p q uma linha toda verdadeira (V, V, V). No entanto, a verdade das
Premissa 2 (P2): ~q premissas, além de garantir a verdade da conclusão, também ga-
Conclusão (C): p rantiu a sua falsidade, havendo assim uma contradição (também
conhecido como princípio do terceiro excluído).
Condição I: P1, P2 e C devem ter pelo menos uma linha da Exemplo:
tabela-verdade toda verdadeira. p1 p2 C
P1: p q P2: ~q C: p V V V
V F V V V F
V V V
A conclusão não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo,
V F F
logo o argumento não é válido.
F V F
Gabarito: F
Condição II: (p1 p2) → C deve ser tautológica
(p q) ~q → p Caso 2
F V V
13.5 DIAGRAMS DE VENN- EULLER –EXPRESSÕES
V V V CATEGÓRICAS
F V F As expressões categóricas são:
• TODO
F V F
• ALGUM
Resposta: O argumento é válido, pois satisfaz as duas con-
dições. • NENHUM
1) Verifique se os argumentos abaixo são válidos:
( ) p1: hoje é sábado ou domingo. NOTA: Deve ficar claro que a negação destas expressões
p2: hoje não é sábado. não tem nenhuma relação com a gramática, língua Portuguesa
C: hoje é domingo. ou relação com o seu antônimo como todo, nenhum ou coisa
do gênero, na verdade a negação destas expressões tem relação
Solução: direta com a cisão topológica do diagrama, podendo ainda ser
Construindo a tabela, temos: associada à mecânica dos fluidos no que se refere a volume de
controle, para não entramos no contexto da física será feito
p1: p q p2: ~p C: q apenas uma abordagem topológica da estrutura.
V F V
V F F Caso 1: Negação da expressão Nenhum
A estrutura abaixo foi cobrada na prova da BR da banca Ces-
V V V granrio, a princípio tinha várias respostas possíveis, mas devido à
F V F topologia da estrutura uma terá a preferência, vejamos:

Didatismo e Conhecimento 2
RACIOCÍNIO LÓGICO
Qual a negação da proposição: “Nenhum rondoniense é casado”

i) deve ficar claro que a negação de nenhum não é todo ou pelo menos um ou qualquer associação que se faça com o português, a topo-
logia da estrutura nos fornecerá várias respostas, vejamos:
Possíveis negações: Negar a frase é na verdade verificar os possíveis deslocamentos dos círculos.
I ) pelo menos 1 rondoniense é casado
II) algum rondoniense é casado
III) existe rondoniense casado
IV) Todo rondoniense é casado
V) Todo casado é rondoniense

Definir:
A = Rondoniense
B= Casado

CONCLUSÃO: Topologicamente o pelo menos 1 é a condição mínima de existência; algum e existe estão no mesmo nível de impor-
tância e o todo é a última figura sendo assim topologicamente possível mas a última, em termos de importância .

LÓGICA DEDUTIVA,
ARGUMENTATIVA E QUANTITATIVA.

Raciocínio Lógico Matemático

Os estudos matemáticos ligados aos fundamentos lógicos contribuem no desenvolvimento cognitivo dos estudantes, induzindo a or-
ganização do pensamento e das ideias, na formação de conceitos básicos, assimilação de regras matemáticas, construção de fórmulas e
expressões aritméticas e algébricas. É de extrema importância que em matemática utilize-se atividades envolvendo lógica, no intuito de
despertar o raciocínio, fazendo com que se utilize do potencial na busca por soluções dos problemas matemáticos desenvolvidos e baseados
nos conceitos lógicos.
A lógica está presente em diversos ramos da matemática, como a probabilidade, os problemas de contagem, as progressões aritméticas e
geométricas, as sequências numéricas, equações, funções, análise de gráficos entre outros. Os fundamentos lógicos contribuem na resolução
ordenada de equações, na percepção do valor da razão de uma sequência, na elucidação de problemas aritméticos e algébricos e na fixação
de conteúdos complexos.
A utilização das atividades lógicas contribui na formação de indivíduos capazes de criar ferramentas e mecanismos responsáveis pela
obtenção de resultados em Matemática. O sucesso na Matemática está diretamente conectado à curiosidade, pesquisa, deduções, experimen-
tos, visão detalhada, senso crítico e organizacional e todas essas características estão ligadas ao desenvolvimento lógico.

Didatismo e Conhecimento 3
RACIOCÍNIO LÓGICO
Raciocínio Lógico Dedutivo

A dedução é uma inferência que parte do universal para o mais particular. Assim considera-se que um raciocínio lógico é dedutivo
quando, de uma ou mais premissas, se conclui uma proposição que é conclusão lógica da(s) premissa(s). A dedução é um raciocínio de tipo
mediato, sendo o silogismo uma das suas formas clássicas. Iniciaremos com a compreensão das sequências lógicas, onde devemos deduzir,
ou até induzir, qual a lei de formação das figuras, letras, símbolos ou números, a partir da observação dos termos dados.

Humor Lógico

Orientações Espacial e Temporal

Orientação espacial e temporal verifica a capacidade de abstração no espaço e no tempo. Costuma ser cobrado em questões sobre a
disposições de dominós, dados, baralhos, amontoados de cubos com símbolos especificados em suas faces, montagem de figuras com subfi-
guras, figuras fractais, dentre outras. Inclui também as famosas sequências de figuras nas quais se pede a próxima. Serve para verificar a
capacidade do candidato em resolver problemas com base em estímulos visuais.

Argumentos

Um argumento é “uma série concatenada de afirmações com o fim de estabelecer uma proposição definida”. É um conjunto de
proposições com uma estrutura lógica de maneira tal que algumas delas acarretam ou tem como consequência outra proposição. Isto é, o
conjunto de proposições p1,...,pn que tem como consequência outra proposição q. Chamaremos as proposições p1,p2,p3,...,pn de premissas do
argumento, e a proposição q de conclusão do argumento. Podemos representar por:

p1
p2
p3
.
.
.
pn
∴ q
Exemplos:

01.
Se eu passar no concurso, então irei trabalhar.
Passei no concurso
________________________
 Irei trabalhar

02.
Se ele me ama então casa comigo.
Ele me ama.
__________________________
 Ele casa comigo.

03.
Todos os brasileiros são humanos.
Todos os paulistas são brasileiros.
__________________________
 Todos os paulistas são humanos.

Didatismo e Conhecimento 4
RACIOCÍNIO LÓGICO
04. Desse modo, o fato de um argumento ser válido não significa
Se o Palmeiras ganhar o jogo, todos os jogadores receberão necessariamente que sua conclusão seja verdadeira, pois pode ter
o bicho. partido de premissas falsas. Um argumento válido que foi derivado
Se o Palmeiras não ganhar o jogo, todos os jogadores de premissas verdadeiras é chamado de argumento consistente.
receberão o bicho. Esses, obrigatoriamente, chegam a conclusões verdadeiras.
__________________________
Premissas: Argumentos dedutíveis sempre requerem certo
 Todos os jogadores receberão o bicho.
número de “assunções-base”. São as chamadas premissas. É a
partir delas que os argumentos são construídos ou, dizendo de outro
Observação: No caso geral representamos os argumentos modo, é as razões para se aceitar o argumento. Entretanto, algo que
escrevendo as premissas e separando por uma barra horizontal é uma premissa no contexto de um argumento em particular pode
seguida da conclusão com três pontos antes. Veja exemplo: ser a conclusão de outro, por exemplo. As premissas do argumento
sempre devem ser explicitadas. A omissão das premissas é
Premissa: Todos os sais de sódio são substâncias solúveis comumente encarada como algo suspeito, e provavelmente
em água. reduzirá as chances de aceitação do argumento.
Todos os sabões são sais de sódio. A apresentação das premissas de um argumento geralmente
____________________________________ é precedida pelas palavras “admitindo que...”, “já que...”,
“obviamente se...” e “porque...”. É imprescindível que seu oponente
Conclusão:  Todos os sabões são substâncias solúveis em
concorde com suas premissas antes de proceder à argumentação.
água. Usar a palavra “obviamente” pode gerar desconfiança. Ela
ocasionalmente faz algumas pessoas aceitarem afirmações falsas
Os argumentos, em lógica, possuem dois componentes em vez de admitir que não entenda por que algo é “óbvio”. Não
básicos: suas premissas e sua conclusão. Por exemplo, em: “Todos se deve hesitar em questionar afirmações supostamente “óbvias”.
os times brasileiros são bons e estão entre os melhores times do
mundo. O Brasiliense é um time brasileiro. Logo, o Brasiliense Inferência: Uma vez que haja concordância sobre as
está entre os melhores times do mundo”, temos um argumento com premissas, o argumento procede passo a passo por meio do
duas premissas e a conclusão. processo chamado “inferência”. Na inferência, parte-se de uma ou
Evidentemente, pode-se construir um argumento válido a mais proposições aceitas (premissas) para chegar a outras novas.
Se a inferência for válida, a nova proposição também deverá ser
partir de premissas verdadeiras, chegando a uma conclusão também
aceita. Posteriormente, essa proposição poderá ser empregada em
verdadeira. Mas também é possível construir argumentos válidos a novas inferências. Assim, inicialmente, apenas se pode inferir algo
partir de premissas falsas, chegando a conclusões falsas. O detalhe a partir das premissas do argumento; ao longo da argumentação,
é que podemos partir de premissas falsas, proceder por meio de entretanto, o número de afirmações que podem ser utilizadas
uma inferência válida e chegar a uma conclusão verdadeira. Por aumenta. Há vários tipos de inferência válidos, mas também alguns
exemplo: inválidos. O processo de inferência é comumente identificado
Premissa: Todos os peixes vivem no oceano. pelas frases “Consequentemente...” ou “isso implica que...”.
Premissa: Lontras são peixes.
Conclusão: Logo, focas vivem no oceano. Conclusão: Finalmente se chegará a uma proposição que
consiste na conclusão, ou seja, no que se está tentando provar.
Há, no entanto, uma coisa que não pode ser feita: a partir de Ela é o resultado final do processo de inferência e só pode ser
classificada como conclusão no contexto de um argumento em
premissas verdadeiras, inferirem de modo correto e chegar a uma particular. A conclusão respalda-se nas premissas e é inferida a
conclusão falsa. Podemos resumir esses resultados numa tabela partir delas.
de regras de implicação. O símbolo A denota implicação; A é a A seguir está exemplificado um argumento válido, mas que
premissa, B é a conclusão. pode ou não ser “consistente”.
Regras de Implicação 1. Premissa: Todo evento tem uma causa.
2. Premissa: O universo teve um começo.
Premissas Conclusão Inferência 3. Premissa: Começar envolve um evento.
A B AàB 4. Inferência: Isso implica que o começo do universo envolveu
um evento.
Falsas Falsa Verdadeira 5. Inferência: Logo, o começo do universo teve uma causa.
Falsas Verdadeira Verdadeira 6. Conclusão: O universo teve uma causa.
Verdadeiras Falsa Falsa
A proposição do item 4 foi inferida dos itens 2 e 3. O item 1,
Verdadeiras Verdadeira Verdadeira então, é usado em conjunto com proposição 4 para inferir uma
nova proposição (item 5). O resultado dessa inferência é reafirmado
- Se as premissas são falsas e a inferência é válida, a conclusão (numa forma levemente simplificada) como sendo a conclusão.
pode ser verdadeira ou falsa (linhas 1 e 2).
- Se as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa, a Validade de um Argumento
inferência é inválida (linha 3).
Conforme citamos anteriormente, uma proposição é verdadeira
- Se as premissas e a inferência são válidas, a conclusão é
ou falsa. No caso de um argumento diremos que ele é válido ou não
verdadeira (linha 4).
válido. A validade de uma propriedade dos argumentos dedutivos

Didatismo e Conhecimento 5
RACIOCÍNIO LÓGICO
que depende da forma (estrutura) lógica das suas proposições Argumentos Dedutivos e Indutivos
(premissas e conclusões) e não do conteúdo delas. Sendo assim
podemos ter as seguintes combinações para os argumentos válidos O argumento será dedutivo quando suas premissas fornecerem
dedutivos: prova conclusiva da veracidade da conclusão, isto é, o argumento
é dedutivo quando a conclusão é completamente derivada das
a) Premissas verdadeiras e conclusão verdadeira. Exemplo:
premissas. Exemplo:
Todos os apartamentos são pequenos. (V)
Todos os apartamentos são residências. (V) Todo ser humano tem mãe.
__________________________________ Todos os homens são humanos.
 Algumas residências são pequenas. (V) __________________________
 Todos os homens têm mãe.
b) Algumas ou todas as premissas falsas e uma conclusão
verdadeira. Exemplo: O argumento será indutivo quando suas premissas não
fornecerem o apoio completo para retificar as conclusões.
Todos os peixes têm asas. (F) Exemplo:
Todos os pássaros são peixes. (F)
__________________________________ O Flamengo é um bom time de futebol.
 Todos os pássaros têm asas. (V) O Palmeiras é um bom time de futebol.
O Vasco é um bom time de futebol.
c) Algumas ou todas as premissas falsas e uma conclusão O Cruzeiro é um bom time de futebol.
falsa. Exemplo: ______________________________
 Todos os times brasileiros de futebol são bons.
Todos os peixes têm asas. (F)
Todos os cães são peixes. (F) Portanto, nos argumentos indutivos a conclusão possui
__________________________________ informações que ultrapassam as fornecidas nas premissas. Sendo
 Todos os cães têm asas. (F) assim, não se aplica, então, a definição de argumentos válidos ou
não válidos para argumentos indutivos.
Todos os argumentos acima são válidos, pois se suas premissas
fossem verdadeiras então as conclusões também as seriam. Argumentos Dedutivos Válidos
Podemos dizer que um argumento é válido quando todas as suas
premissas são verdadeiras, acarreta que sua conclusão também é Vimos então que a noção de argumentos válidos ou não
verdadeira. Portanto, um argumento será não válido se existir a válidos aplica-se apenas aos argumentos dedutivos, e também
possibilidade de suas premissas serem verdadeiras e sua conclusão que a validade depende apenas da forma do argumento e não dos
falsa. Observe que a validade do argumento depende apenas da respectivos valores verdades das premissas. Vimos também que
estrutura dos enunciados. Exemplo: não podemos ter um argumento válido com premissas verdadeiras
e conclusão falsa. A seguir exemplificaremos alguns argumentos
Todas as mulheres são bonitas. dedutivos válidos importantes.
Todas as princesas são mulheres.
__________________________ Afirmação do Antecedente: O primeiro argumento dedutivo
 Todas as princesas são bonitas. válido que discutiremos chama-se “afirmação do antecedente”,
Observe que não precisamos de nenhum conhecimento também conhecido como modus ponens. Exemplo:
aprofundado sobre o assunto para concluir que o argumento é
válido. Vamos substituir mulheres bonitas e princesas por A, B e C Se José for reprovado no concurso, então será demitido do
serviço.
respectivamente e teremos:
José foi aprovado no concurso.
___________________________
Todos os A são B.
 José será demitido do serviço.
Todos os C são A.
________________
Este argumento é evidentemente válido e sua forma pode ser
 Todos os C são B.
escrita da seguinte forma:
Logo, o que é importante é a forma do argumento e não o
Se p, então q, p→q
conhecimento de A, B e C, isto é, este argumento é válido para p
p. ou
quaisquer A, B e C, portanto, a validade é consequência da forma
∴ q. ∴q
do argumento. O atributo validade aplica-se apenas aos argumentos
dedutivos.

Didatismo e Conhecimento 6
RACIOCÍNIO LÓGICO
Outro argumento dedutivo válido é a “negação do Argumentos Dedutivos Não Válidos
consequente” (também conhecido como modus tollens). Obs.:
( ) ( )
p → q é equivalente a ¬q → ¬p . Esta equivalência é Existe certa quantidade de artimanhas que devem ser evitadas
chamada de contra positiva. Exemplo: quando se está construindo um argumento dedutivo. Elas são
conhecidas como falácias. Na linguagem do dia a dia, nós
“Se ele me ama, então casa comigo” é equivalente a “Se ele denominamos muitas crenças equivocadas como falácias, mas, na
não casa comigo, então ele não me ama”; lógica, o termo possui significado mais específico: falácia é uma
falha técnica que torna o argumento inconsistente ou inválido
Então vejamos o exemplo do modus tollens. Exemplo: (além da consistência do argumento, também se podem criticar as
intenções por detrás da argumentação).
Se aumentarmos os meios de pagamentos, então haverá Argumentos contentores de falácias são denominados
inflação. falaciosos. Frequentemente, parecem válidos e convincentes,
às vezes, apenas uma análise pormenorizada é capaz de revelar
Não há inflação.
a falha lógica. Com as premissas verdadeiras e a conclusão falsa
______________________________
nunca teremos um argumento válido, então este argumento é não
 Não aumentamos os meios de pagamentos.
válido, chamaremos os argumentos não válidos de falácias. A
seguir, examinaremos algumas falácias conhecidas que ocorrem
Este argumento é evidentemente válido e sua forma pode ser com muita frequência. O primeiro caso de argumento dedutivo não
escrita da seguinte maneira: válido que veremos é o que chamamos de “falácia da afirmação do
consequente”. Exemplo:
Se p, então q, p→q
Se ele me ama então ele casa comigo.
Não q. ou ¬q Ele casa comigo.
∴ Não p. ∴ ¬p _______________________
 Ele me ama.

Podemos escrever esse argumento como:


Existe também um tipo de argumento válido conhecido pelo
nome de dilena. Geralmente este argumento ocorre quando alguém Se p, então q, p→ q
é forçado a escolher entre duas alternativas indesejáveis. Exemplo:
q ou q
∴p ∴p
João se inscreve no concurso de MS, porém não gostaria de
sair de São Paulo, e seus colegas de trabalho estão torcendo por
ele.Eis o dilema de João:
Este argumento é uma falácia, podemos ter as premissas
Ou João passa ou não passa no concurso. verdadeiras e a conclusão falsa.
Se João passar no concurso vai ter que ir embora de São Paulo.
Se João não passar no concurso ficará com vergonha diante Outra falácia que corre com frequência é a conhecida por
dos colegas de trabalho. “falácia da negação do antecedente”. Exemplo:
_________________________
 Ou João vai embora de São Paulo ou João ficará com Se João parar de fumar ele engordará.
vergonha dos colegas de trabalho. João não parou de fumar.
________________________
Este argumento é evidentemente válido e sua forma pode ser  João não engordará.
escrita da seguinte maneira:
Observe que temos a forma:
p ou q. p∨ q
Se p então r p→ r Se p, então q, p→q
ou
q→s Não p. ou ¬p
Se p então s.
∴r ∨ s ∴ Não q. ∴ ¬q
∴ r ou s

Este argumento é uma falácia, pois podemos ter as premissas


verdadeiras e a conclusão falsa.

Didatismo e Conhecimento 7
RACIOCÍNIO LÓGICO
Os argumentos dedutivos não válidos podem combinar Um argumento não equivale a uma explicação. Suponha
verdade ou falsidade das premissas de qualquer maneira com a que, tentando provar que Albert Einstein cria em Deus, alguém
verdade ou falsidade da conclusão. Assim, podemos ter, por dissesse: “Einstein afirmou que ‘Deus não joga dados’ porque
exemplo, argumentos não válidos com premissas e conclusões acreditava em Deus”. Isso pode parecer um argumento relevante,
verdadeiras, porém, as premissas não sustentam a conclusão. mas não é. Trata-se de uma explicação da afirmação de Einstein.
Exemplo: Para perceber isso, deve-se lembrar que uma afirmação da forma
“X porque Y” pode ser reescrita na forma “Y logo X”. O que
Todos os mamíferos são mortais. (V) resultaria em: “Einstein acreditava em Deus, por isso afirmou que
Todos os gatos são mortais. (V) ‘Deus não joga dados’”. Agora fica claro que a afirmação, que
___________________________ parecia um argumento, está admitindo a conclusão que deveria
 Todos os gatos são mamíferos. (V) estar provando. Ademais, Einstein não cria num Deus pessoal
preocupado com assuntos humanos.
Este argumento tem a forma:
QUESTÕES
Todos os A são B.
Todos os C são B. 01. Se Iara não fala italiano, então Ana fala alemão. Se Iara fala
_____________________ italiano, então ou Ching fala chinês ou Débora fala dinamarquês.
Se Débora fala dinamarquês, Elton fala espanhol. Mas Elton fala
 Todos os C são A.
espanhol se e somente se não for verdade que Francisco não fala
francês. Ora, Francisco não fala francês e Ching não fala chinês.
Podemos facilmente mostrar que esse argumento é não válido,
Logo,
pois as premissas não sustentam a conclusão, e veremos então que a) Iara não fala italiano e Débora não fala dinamarquês.
podemos ter as premissas verdadeiras e a conclusão falsa, nesta b) Ching não fala chinês e Débora fala dinamarquês.
forma, bastando substituir A por mamífero, B por mortais e C por c) Francisco não fala francês e Elton fala espanhol.
cobra. d) Ana não fala alemão ou Iara fala italiano.
e) Ana fala alemão e Débora fala dinamarquês.
Todos os mamíferos são mortais. (V)
Todas as cobras são mortais. (V) 02. Sabe-se que todo o número inteiro n maior do que 1
__________________________ admite pelo menos um divisor (ou fator) primo.Se n é primo, então
 Todas as cobras são mamíferas. (F) tem somente dois divisores, a saber, 1 e n. Se n é uma potência
de um primo p, ou seja, é da forma ps, então 1, p, p2, ..., ps são os
Podemos usar as tabelas-verdade, definidas nas estruturas divisores positivos de n. Segue-se daí que a soma dos números
lógicas, para demonstrarmos se um argumento é válido ou falso. inteiros positivos menores do que 100, que têm exatamente três
Outra maneira de verificar se um dado argumento P1, P2, P3, divisores positivos, é igual a:
...Pn é válido ou não, por meio das tabelas-verdade, é construir a) 25
a condicional associada: (P1 ∧ P2 ∧ P3 ...Pn) e reconhecer se b) 87
essa condicional é ou não uma tautologia. Se essa condicional c) 112
associada é tautologia, o argumento é válido. Não sendo tautologia, d) 121
o argumento dado é um sofisma (ou uma falácia). e) 169
Tautologia: Quando uma proposição composta é
sempre verdadeira, então teremos uma tautologia. Ex: 03. Ou Lógica é fácil, ou Artur não gosta de Lógica. Por outro
P (p,q) = ( p ∧ q) ↔ (p V q) . Numa tautologia, lado, se Geografia não é difícil, então Lógica é difícil. Daí segue-se
o valor lógico da proposição composta P (p,q,s) = que, se Artur gosta de Lógica, então:
a) Se Geografia é difícil, então Lógica é difícil.
{(p ∧ q) V (p V s) V [p ∧ (q ∧ s)]} → p será sempre verdadeiro.
b) Lógica é fácil e Geografia é difícil.
c) Lógica é fácil e Geografia é fácil.
Há argumentos válidos com conclusões falsas, da mesma
d) Lógica é difícil e Geografia é difícil.
forma que há argumentos não válidos com conclusões verdadeiras.
e) Lógica é difícil ou Geografia é fácil.
Logo, a verdade ou falsidade de sua conclusão não determinam a
04. Três suspeitos de haver roubado o colar da rainha foram
validade ou não validade de um argumento. O reconhecimento de
levados à presença de um velho e sábio professor de Lógica. Um
argumentos é mais difícil que o das premissas ou da conclusão.
dos suspeitos estava de camisa azul, outro de camisa branca e o
Muitas pessoas abarrotam textos de asserções sem sequer
outro de camisa preta. Sabe-se que um e apenas um dos suspeitos é
produzirem algo que possa ser chamado de argumento. Às vezes,
culpado e que o culpado às vezes fala a verdade e às vezes mente.
os argumentos não seguem os padrões descritos acima. Por
Sabe-se, também, que dos outros dois (isto é, dos suspeitos que
exemplo, alguém pode dizer quais são suas conclusões e depois
justificá-las. Isso é válido, mas pode ser um pouco confuso. são inocentes), um sempre diz a verdade e o outro sempre mente.
Para complicar, algumas afirmações parecem argumentos, O velho e sábio professor perguntou, a cada um dos suspeitos,
mas não são. Por exemplo: “Se a Bíblia é verdadeira, Jesus foi qual entre eles era o culpado. Disse o de camisa azul: “Eu sou o
ou um louco, ou um mentiroso, ou o Filho de Deus”. Isso não culpado”. Disse o de camisa branca, apontando para o de camisa
é um argumento, é uma afirmação condicional. Não explicita as azul: “Sim, ele é o culpado”. Disse, por fim, o de camisa preta:
premissas necessárias para embasar as conclusões, sem mencionar “Eu roubei o colar da rainha; o culpado sou eu”. O velho e sábio
que possui outras falhas. professor de Lógica, então, sorriu e concluiu corretamente que:

Didatismo e Conhecimento 8
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) O culpado é o de camisa azul e o de camisa preta sempre 07. (ESAF - 2012 - Auditor Fiscal da Receita Federal) Parte
mente. superior do formulário
b) O culpado é o de camisa branca e o de camisa preta sempre Caso ou compro uma bicicleta. Viajo ou não caso. Vou morar
mente. em Passárgada ou não compro uma bicicleta. Ora, não vou morar
c) O culpado é o de camisa preta e o de camisa azul sempre em Passárgada. Assim,
mente. (A) não viajo e caso.
d) O culpado é o de camisa preta e o de camisa azul sempre (B) viajo e caso.
diz a verdade. (C) não vou morar em Passárgada e não viajo.
e) O culpado é o de camisa azul e o de camisa azul sempre (D) compro uma bicicleta e não viajo.
diz a verdade. (E) compro uma bicicleta e viajo.

05. O rei ir à caça é condição necessária para o duque sair 08. (FCC - 2012 - TST - Técnico Judiciário) Parte superior do
do castelo, e é condição suficiente para a duquesa ir ao jardim. formulário
A declaração abaixo foi feita pelo gerente de recursos humanos
Por outro lado, o conde encontrar a princesa é condição necessária
da empresa X durante uma feira de recrutamento em uma faculdade:
e suficiente para o barão sorrir e é condição necessária para a
“Todo funcionário de nossa empresa possui plano de saúde e
duquesa ir ao jardim. O barão não sorriu. Logo: ganha mais de R$ 3.000,00 por mês”. Mais tarde, consultando
a) A duquesa foi ao jardim ou o conde encontrou a princesa. seus arquivos, o diretor percebeu que havia se enganado em sua
b) Se o duque não saiu do castelo, então o conde encontrou a declaração. Dessa forma, conclui-se que, necessariamente,
princesa. (A) dentre todos os funcionários da empresa X, há um grupo
c) O rei não foi à caça e o conde não encontrou a princesa. que não possui plano de saúde.
d) O rei foi à caça e a duquesa não foi ao jardim. (B) o funcionário com o maior salário da empresa X ganha, no
e) O duque saiu do castelo e o rei não foi à caça. máximo, R$ 3.000,00 por mês.
(C) um funcionário da empresa X não tem plano de saúde ou
06. (FUNIVERSA - 2012 - PC-DF - Perito Criminal) Parte ganha até R$ 3.000,00 por mês.
superior do formulário (D) nenhum funcionário da empresa X tem plano de saúde ou
Cinco amigos encontraram-se em um bar e, depois de algumas todos ganham até R$ 3.000,00 por mês.
horas de muita conversa, dividiram igualmente a conta, a qual (E) alguns funcionários da empresa X não têm plano de saúde
fora de, exatos, R$ 200,00, já com a gorjeta incluída. Como se e ganham, no máximo, R$ 3.000,00 por mês.
encontravam ligeiramente alterados pelo álcool ingerido, ocorreu
uma dificuldade no fechamento da conta. Depois que todos 09. (CESGRANRIO - 2012 - Chesf - Analista de Sistemas)
julgaram ter contribuído com sua parte na despesa, o total colocado Parte superior do formulário
Se hoje for uma segunda ou uma quarta-feira, Pedro terá
sobre a mesa era de R$ 160,00, apenas, formados por uma nota de
aula de futebol ou natação. Quando Pedro tem aula de futebol ou
R$ 100,00, uma de R$ 20,00 e quatro de R$ 10,00. Seguiram-se,
natação, Jane o leva até a escolinha esportiva. Ao levar Pedro até
então, as seguintes declarações, todas verdadeiras:
a escolinha, Jane deixa de fazer o almoço e, se Jane não faz o
almoço, Carlos não almoça em casa. Considerando-se a sequência
Antônio: — Basílio pagou. Eu vi quando ele pagou. de implicações lógicas acima apresentadas textualmente, se Carlos
Danton: — Carlos também pagou, mas do Basílio não sei almoçou em casa hoje, então hoje
dizer. (A) é terça, ou quinta ou sexta-feira, ou Jane não fez o almoço.
Eduardo: — Só sei que alguém pagou com quatro notas de (B) Pedro não teve aula de natação e não é segunda-feira.
R$ 10,00. (C) Carlos levou Pedro até a escolinha para Jane fazer o
Basílio: — Aquela nota de R$ 100,00 ali foi o Antônio quem almoço.
colocou, eu vi quando ele pegou seus R$ 60,00 de troco. (D) não é segunda, nem quarta, mas Pedro teve aula de apenas
Carlos: — Sim, e nos R$ 60,00 que ele retirou, estava a nota uma das modalidades esportivas.
de R$ 50,00 que o Eduardo colocou na mesa. (E) não é segunda, Pedro não teve aulas, e Jane não fez o
almoço.
Imediatamente após essas falas, o garçom, que ouvira
atentamente o que fora dito e conhecia todos do grupo, dirigiu-se 10. (VUNESP - 2011 - TJM-SP) Parte superior do formulário
exatamente àquele que ainda não havia contribuído para a despesa Se afino as cordas, então o instrumento soa bem. Se o
e disse: — O senhor pretende usar seu cartão e ficar com o troco instrumento soa bem, então toco muito bem. Ou não toco muito
em espécie? Com base nas informações do texto, o garçom fez a bem ou sonho acordado. Afirmo ser verdadeira a frase: não sonho
pergunta a acordado. Dessa forma, conclui-se que
(A) Antônio. (A) sonho dormindo.
(B) Basílio. (B) o instrumento afinado não soa bem.
(C) Carlos. (C) as cordas não foram afinadas.
(D) Danton. (D) mesmo afinado o instrumento não soa bem.
(E) Eduardo. (E) toco bem acordado e dormindo.

Didatismo e Conhecimento 9
RACIOCÍNIO LÓGICO
Respostas Da premissa 1 tem-se: Se Iara não fala italiano, então Ana
fala alemão. Ora ocorreu o antecedente, vamos reparar no
01. consequente... Só será verdadeiro quando V Î V = V pois se o
(P1) Se Iara não fala italiano, então Ana fala alemão. primeiro ocorrer e o segundo não teremos o Falso na premissa que
(P2) Se Iara fala italiano, então ou Ching fala chinês ou é indesejado, desse modo: Ana fala alemão.
Débora fala dinamarquês.
(P3) Se Débora fala dinamarquês, Elton fala espanhol. Observe que ao analisar todas as premissas, e tornarmos todas
(P4) Mas Elton fala espanhol se e somente se não for verdade verdadeiras obtivemos as seguintes afirmações:
que Francisco não fala francês.
Francisco não fala francês
(P5) Ora, Francisco não fala francês e Ching não fala chinês.
Ching não fala chinês
Elton não fala espanhol
Ao todo são cinco premissas, formadas pelos mais diversos
Débora não fala dinamarquês
conectivos (Se então, Ou, Se e somente se, E). Mas o que importa Iara não fala italiano
para resolver este tipo de argumento lógico é que ele só será válido Ana fala alemão.
quando todas as premissas forem verdadeiras, a conclusão também
for verdadeira. Uma boa dica é sempre começar pela premissa A única conclusão verdadeira quando todas as premissas
formada com o conectivo e. foram verdadeiras é a da alternativa (A), resposta do problema.

Na premissa 5 tem-se: Francisco não fala francês e Ching não 02. Resposta “B”.
fala chinês. Logo para esta proposição composta pelo conectivo O número que não é primo é denominado número composto.
e ser verdadeira as premissas simples que a compõe deverão ser O número 4 é um número composto. Todo número composto pode
verdadeiras, ou seja, sabemos que: ser escrito como uma combinação de números primos, veja: 70 é
um número composto formado pela combinação: 2 x 5 x 7, onde 2,
Francisco não fala francês 5 e 7 são números primos. O problema informou que um número
Ching não fala chinês primo tem com certeza 3 divisores quando puder ser escrito da
forma: 1 p p2, onde p é um número primo.
Na premissa 4 temos: Elton fala espanhol se e somente se não
for verdade que Francisco não fala francês. Temos uma proposição Observe os seguintes números:
1 2 22 (4)
composta formada pelo se e somente se, neste caso, esta premissa
1 3 3² (9)
será verdadeira se as proposições que a formarem forem de mesmo
1 5 5² (25)
valor lógico, ou ambas verdadeiras ou ambas falsas, ou seja, como
1 7 7² (49)
se deseja que não seja verdade que Francisco não fala francês e ele 1 11 11² (121)
fala, isto já é falso e o antecedente do se e somente se também terá
que ser falso, ou seja: Elton não fala espanhol. Veja que 4 têm apenas três divisores (1, 2 e ele mesmo) e o
mesmo ocorre com os demais números 9, 25, 49 e 121 (mas este
Da premissa 3 tem-se: Se Débora fala dinamarquês, Elton último já é maior que 100) portanto a soma dos números inteiros
fala espanhol. Uma premissa composta formada por outras duas positivos menores do que 100, que têm exatamente três divisores
simples conectadas pelo se então (veja que a vírgula subentende positivos é dada por: 4 + 9 + 25 + 49 = 87.
que existe o então), pois é, a regra do se então é que ele só vai ser
falso se o seu antecedente for verdadeiro e o seu consequente for 03. Resposta “B”.
falso, da premissa 4 sabemos que Elton não fala espanhol, logo, O Argumento é uma sequência finita de proposições lógicas
para que a premissa seja verdadeira só poderemos aceitar um valor iniciais (Premissas) e uma proposição final (conclusão). A validade
lógico possível para o antecedente, ou seja, ele deverá ser falso, de um argumento independe se a premissa é verdadeira ou falsa,
pois F Î F = V, logo: Débora não fala dinamarquês. observe a seguir:

Da premissa 2 temos: Se Iara fala italiano, então ou Ching fala Todo cavalo tem 4 patas (P1)
chinês ou Débora fala dinamarquês. Vamos analisar o consequente Todo animal de 4 patas tem asas (P2)
do se então, observe: ou Ching fala chinês ou Débora fala Logo: Todo cavalo tem asas (C)
dinamarquês. (temos um ou exclusivo, cuja regra é, o ou exclusivo, Observe que se tem um argumento com duas premissas,
só vai ser falso se ambas forem verdadeiras, ou ambas falsas), no P1 (verdadeira) e P2 (falsa) e uma conclusão C. Veja que este
caso como Ching não fala chinês e Débora não fala dinamarquês, argumento é válido, pois se as premissas se verificarem a conclusão
temos: F ou exclusivo F = F. Se o consequente deu falso, então também se verifica: (P1) Todo cavalo tem 4 patas. Indica que se
o antecedente também deverá ser falso para que a premissa seja é cavalo então tem 4 patas, ou seja, posso afirmar que o conjunto
verdadeira, logo: Iara não fala italiano. dos cavalos é um subconjunto do conjunto de animais de 4 patas.

Didatismo e Conhecimento 10
RACIOCÍNIO LÓGICO
Sendo as proposições:
p: Lógica é fácil
q: Artur não gosta de Lógica
p v q = Ou Lógica é fácil, ou Artur não gosta de Lógica (P1)

(P2) Todo animal de 4 patas tem asas. Indica que se tem 4 patas Observe que só nos interessa os resultados que possam tornar
então o animal tem asas, ou seja, posso afirmar que o conjunto dos a premissa verdadeira, ou seja, as linhas 2 e 3 da tabela verdade.
animais de 4 patas é um subconjunto do conjunto de animais que Mas já sabemos que Artur gosta de Lógica, ou seja, a premissa
tem asas. q é falsa, só nos restando a linha 2, quer dizer que para P1 ser
verdadeira, p também será verdadeira, ou seja, Lógica é fácil.
Sabendo que Lógica é fácil, vamos para a P2, temos um se então.

Se Geografia não é difícil, então Lógica é difícil. Do se então


já sabemos que:
(C) Todo cavalo tem asas. Indica que se é cavalo então tem
asas, ou seja, posso afirmar que o conjunto de cavalos é um Geografia não é difícil - é o antecedente do se então.
subconjunto do conjunto de animais que tem asas. Lógica é difícil - é o consequente do se então.

Chamando:
r: Geografia é difícil
~r: Geografia não é difícil (ou Geografia é fácil)
p: Lógica é fácil
Observe que ao unir as premissas, a conclusão sempre se (não p) ~p: Lógica é difícil
verifica. Toda vez que fizermos as premissas serem verdadeiras,
a conclusão também for verdadeira, estaremos diante de um ~r → ~p (lê-se se não r então não p) sempre que se verificar
argumento válido. Observe: o se então tem-se também que a negação do consequente gera a
negação do antecedente, ou seja: ~(~p) → ~(~r), ou seja, p → r ou
Se Lógica é fácil então Geografia é difícil.

De todo o encadeamento lógico (dada as premissas


verdadeiras) sabemos que:
Desse modo, o conjunto de cavalos é subconjunto do conjunto Artur gosta de Lógica
dos animais de 4 patas e este por sua vez é subconjunto dos Lógica é fácil
animais que tem asas. Dessa forma, a conclusão se verifica, ou Geografia é difícil
seja, todo cavalo tem asas. Agora na questão temos duas premissas
e a conclusão é uma das alternativas, logo temos um argumento. Vamos agora analisar as alternativas, em qual delas a
O que se pergunta é qual das conclusões possíveis sempre será conclusão é verdadeira:
verdadeira dadas as premissas sendo verdadeiras, ou seja, qual a a) Se Geografia é difícil, então Lógica é difícil. (V → F = F) a
conclusão que torna o argumento válido. Vejamos: regra do “se então” é só ser falso se o antecedente for verdadeiro e
Ou Lógica é fácil, ou Artur não gosta de Lógica (P1) o consequente for falso, nas demais possibilidades ele será sempre
Se Geografia não é difícil, então Lógica é difícil. (P2)
verdadeiro.
Artur gosta de Lógica (P3)
b) Lógica é fácil e Geografia é difícil. (V ^ V = V) a regra do
Observe que deveremos fazer as três premissas serem “e” é que só será verdadeiro se as proposições que o formarem
verdadeiras, inicie sua análise pela premissa mais fácil, ou seja, forem verdadeiras.
aquela que já vai lhe informar algo que deseja, observe a premissa c) Lógica é fácil e Geografia é fácil. (V ^ F = F)
três, veja que para ela ser verdadeira, Artur gosta de Lógica. Com d) Lógica é difícil e Geografia é difícil. (F ^ V = F)
esta informação vamos até a premissa um, onde temos a presença e) Lógica é difícil ou Geografia é fácil. (F v F = F) a regra
do “ou exclusivo” um ou especial que não aceita ao mesmo tempo do “ou” é que só é falso quando as proposições que o formarem
que as duas premissas sejam verdadeiras ou falsas. Observe a forem falsas.
tabela verdade do “ou exclusivo” abaixo:
04. Alternativa “A”.
p q pVq Com os dados fazemos a tabela:
V V F Camisa azul Camisa Branca Camisa Preta
V F V “Eu roubei o colar
“sim, ele (de camisa
“eu sou culpado” da rainha; o culpado
F V V azul) é o culpado”
sou eu”
F F F

Didatismo e Conhecimento 11
RACIOCÍNIO LÓGICO
Sabe-se que um e apenas um dos suspeitos é culpado e que o 3) O conde encontrar a princesa é condição necessária e
culpado às vezes fala a verdade e às vezes mente. Sabe-se, também, suficiente para o barão sorrir. Chamando D (proposição conde
que dos outros dois (isto é, dos suspeitos que são inocentes), um encontrar a princesa) e E (proposição barão sorrir) podemos
sempre diz a verdade e o outro sempre mente. escrever que D se e somente se E ou D ↔ E (conhecemos este
conectivo como um bicondicional, um conectivo onde tanto o
I) Primeira hipótese: Se o inocente que fala verdade é o de antecedente quanto o consequente são condição necessária e
camisa azul, não teríamos resposta, pois o de azul fala que é suficiente ao mesmo tempo), onde poderíamos também escrever E
culpado e então estaria mentindo. se e somente se D ou E → D.
4) O conde encontrar a princesa é condição necessária para a
duquesa ir ao jardim. Chamando D (proposição conde encontrar a
II) Segunda hipótese: Se o inocente que fala a verdade é o de princesa) e C (proposição duquesa ir ao jardim) podemos escrever
camisa preta, também não teríamos resposta, observem: Se ele fala que se C então D ou C → D. Lembre-se de que ser condição
a verdade e declara que roubou ele é o culpado e não inocente. necessária é ser consequente no “se então”.
A única informação claramente dada é que o barão não sorriu,
III) Terceira hipótese: Se o inocente que fala a verdade é o ora chamamos de E (proposição barão sorriu). Logo barão não
de camisa branca achamos a resposta, observem: Ele é inocente sorriu = ~E (lê-se não E).
e afirma que o de camisa branca é culpado, ele é o inocente que Dado que ~E se verifica e D ↔ E, ao negar a condição
sempre fala a verdade. O de camisa branca é o culpado que ora fala necessária nego a condição suficiente: esse modo ~E → ~D (então
a verdade e ora mente (no problema ele está dizendo a verdade). o conde não encontrou a princesa).
Se ~D se verifica e C → D, ao negar a condição necessária
O de camisa preta é inocente e afirma que roubou, logo ele é o
nego a condição suficiente: ~D → ~C (a duquesa não foi ao jardim).
inocente que está sempre mentindo.
Se ~C se verifica e A → C, ao negar a condição necessária
nego a condição suficiente: ~C → ~A (então o rei não foi à caça).
O resultado obtido pelo sábio aluno deverá ser: O culpado é o Se ~A se verifica e B → A, ao negar a condição necessária
de camisa azul e o de camisa preta sempre mente (Alternativa A). nego a condição suficiente: ~A → ~B (então o duque não saiu do
castelo).
05. Resposta “C”.
Uma questão de lógica argumentativa, que trata do uso do Observe entre as alternativas, que a única que afirma uma
conectivo “se então” também representado por “→”. Vamos a um proposição logicamente correta é a alternativa C, pois realmente
exemplo: deduziu-se que o rei não foi à caça e o conde não encontrou a
Se o duque sair do castelo então o rei foi à caça. Aqui estamos princesa.
tratando de uma proposição composta (Se o duque sair do castelo
06. Resposta “D”.
então o rei foi à caça) formada por duas proposições simples (duque
Como todas as informações dadas são verdadeiras, então
sair do castelo) (rei ir à caça), ligadas pela presença do conectivo podemos concluir que:
(→) “se então”. O conectivo “se então” liga duas proposições 1 - Basílio pagou;
simples da seguinte forma: Se p então q, ou seja: 2 - Carlos pagou;
→ p será uma proposição simples que por estar antes do então 3 - Antônio pagou, justamente, com os R$ 100,00 e pegou
é também conhecida como antecedente. os R$ 60,00 de troco que, segundo Carlos, estavam os R$ 50,00
→ q será uma proposição simples que por estar depois do pagos por Eduardo, então...
então é também conhecida como consequente. 4 - Eduardo pagou com a nota de R$ 50,00.
→ Se p então q também pode ser lido como p implica em q.
→ p é conhecida como condição suficiente para que q ocorra, O único que escapa das afirmações é o Danton.
ou seja, basta que p ocorra para q ocorrer.
Outra forma: 5 amigos: A,B,C,D, e E.
→ q é conhecida como condição necessária para que p ocorra,
ou seja, se q não ocorrer então p também não irá ocorrer. Antônio: - Basílio pagou. Restam A, D, C e E.
Danton: - Carlos também pagou. Restam A, D, e E.
Vamos às informações do problema: Eduardo: - Só sei que alguém pagou com quatro notas de R$
1) O rei ir à caça é condição necessária para o duque sair do 10,00. Restam A, D, e E.
castelo. Chamando A (proposição rei ir à caça) e B (proposição Basílio: - Aquela nota de R$ 100,00 ali foi o Antônio. Restam
duque sair do castelo) podemos escrever que se B então A ou B → D, e E.
A. Lembre-se de que ser condição necessária é ser consequente no Carlos: - Sim, e nos R$ 60,00 que ele retirou, estava a nota
“se então”. de R$ 50,00 que o Eduardo colocou. Resta somente D (Dalton) a
2) O rei ir à caça é condição suficiente para a duquesa ir ao pagar.
jardim. Chamando A (proposição rei ir à caça) e C (proposição 07. Resposta “B”.
duquesa ir ao jardim) podemos escrever que se A então C ou A → 1°: separar a informação que a questão forneceu: “não vou
morar em passárgada”.
C. Lembre-se de que ser condição suficiente é ser antecedente no
2°: lembrando-se que a regra do ou diz que: para ser verdadeiro
“se então”.
tem de haver pelo menos uma proposição verdadeira.

Didatismo e Conhecimento 12
RACIOCÍNIO LÓGICO
3°: destacando-se as informações seguintes: 1ª Proposição: Todo funcionário de nossa empresa possui
- caso ou compro uma bicicleta. plano de saúde.
- viajo ou não caso. 2ª Proposição: ganha mais de R$ 3.000,00 por mês.
- vou morar em passárgada ou não compro uma bicicleta.
Lembre-se que no enunciado não fala onde foi o erro da
Logo: declaração do gerente, ou seja, pode ser na primeira proposição e
- vou morar em pasárgada (F) não na segunda ou na segunda e não na primeira ou nas duas que
- não compro uma bicicleta (V) o resultado será falso.
- caso (V) Na alternativa C a banca fez a negação da primeira proposição
- compro uma bicicleta (F) e fez a da segunda e as ligaram no conectivo “ou”, pois no
- viajo (V) conectivo “ou” tanto faz a primeira ser verdadeira ou a segunda
- não caso (F) ser verdadeira, desde que haja uma verdadeira para o resultado ser
Conclusão: viajo, caso, não compro uma bicicleta. verdadeiro.
Atenção: A alternativa “E” está igualzinha, só muda o
Outra forma: conectivo que é o “e”, que obrigaria que o erro da declaração fosse
nas duas.
c = casar
b = comprar bicicleta A questão pede a negação da afirmação: Todo funcionário
v = viajar de nossa empresa possui plano de saúde “e” ganha mais de R$
p = morar em Passárgada 3.000,00 por mês.
Essa fica assim ~(p ^ q).
Temos as verdades: A negação dela ~pv~q
c ou b
v ou ~c ~(p^q) ↔ ~pv~q (negação todas “e” vira “ou”)
p ou ~b
A 1ª proposição tem um Todo que é quantificador universal,
Transformando em implicações: para negá-lo utilizamos um quantificador existencial. Pode ser:
~c → b = ~b → c um, existe um, pelo menos, existem...
No caso da questão ficou assim: Um funcionário da empresa
~v → ~c = c → v
não possui plano de saúde “ou” ganha até R$ 3.000,00 por mês. A
~p → ~b
negação de ganha mais de 3.000,00 por mês, é ganha até 3.000,00.
Assim:
09. Resposta “B”.
~p → ~b
~b → c
Sendo:
c→v
Segunda = S e Quarta = Q,
Pedro tem aula de Natação = PN e
Por transitividade: Pedro tem aula de Futebol = PF.
~p → c
~p → v V = conectivo ou e → = conectivo Se, ... então, temos:
S V Q → PF V PN
Não morar em passárgada implica casar. Não morar em
passárgada implica viajar. Sendo Je = Jane leva Pedro para a escolinha e ~Je = a negação,
ou seja Jane não leva Pedro a escolinha. Ainda temos que ~Ja =
08. Resposta “C”. Jane deixa de fazer o almoço e C = Carlos almoça em Casa e ~C =
Carlos não almoça em casa, temos:
A declaração dizia:
“Todo funcionário de nossa empresa possui plano de saúde e PF V PN → Je
ganha mais de R$ 3.000,00 por mês”. Porém, o diretor percebeu Je → ~Ja
que havia se enganado, portanto, basta que um funcionário não ~Ja → ~C
tenha plano de saúde ou ganhe até R$ 3.000,00 para invalidar,
negar a declaração, tornando-a desse modo FALSA. Logo, Em questões de raciocínio lógico devemos admitir que todas
necessariamente, um funcionário da empresa X não tem plano de as proposições compostas são verdadeiras. Ora, o enunciado diz
saúde ou ganha até R$ 3.000,00 por mês. que Carlos almoçou em casa, logo a proposição ~C é Falsa.

Proposição composta no conectivo “e” - “Todo funcionário de ~Ja → ~C


nossa empresa possui plano de saúde e ganha mais de R$ 3.000,00 Para a proposição composta ~Ja → ~C ser verdadeira, então
por mês”. Logo: basta que uma das proposições seja falsa para a ~Ja também é falsa.
declaração ser falsa. ~Ja → ~C

Didatismo e Conhecimento 13
RACIOCÍNIO LÓGICO
Na proposição acima desta temos que Je → ~Ja, contudo O FALSO passa para trás. Com isso, A = FALSO. ~A =
já sabemos que ~Ja é falsa. Pela mesma regra do conectivo Se, Verdadeiro = As cordas não foram afinadas.
... então, temos que admitir que Je também é falsa para que a
proposição composta seja verdadeira. Outra forma: partimos da premissa afirmativa ou de conclusão;
Na proposição acima temos que PF V PN → Je, tratando PF última frase:
V PN como uma proposição individual e sabendo que Je é falsa, Não sonho acordado será VERDADE
para esta proposição composta ser verdadeira PF V PN tem que Admita todas as frases como VERDADE
ser falsa. Ficando assim de baixo para cima
Ora, na primeira proposição composta da questão, temos
que S V Q → PF V PN e pela mesma regra já citada, para esta Ou não toco muito bem (V) ou sonho acordado (F) = V
ser verdadeira S V Q tem que ser falsa. Bem, agora analisando Se o instrumento soa bem (F) então toco muito bem (F) = V
individualmente S V Q como falsa, esta só pode ser falsa se as duas Se afino as cordas (F), então o instrumento soa bem (F) = V
premissas simples forem falsas. E da mesma maneira tratamos PF
V PN. A dica é trabalhar com as exceções: na condicional só dá
falso quando a primeira V e a segunda F. Na disjunção exclusiva
Representação lógica de todas as proposições: (ou... ou) as divergentes se atraem o que dá verdade. Extraindo as
conclusões temos que:
S V Q → PF V PN Não toco muito bem, não sonho acordado como verdade.
(f) (f) (f) (f) Se afino as corda deu falso, então não afino as cordas.
F F Se o instrumento soa bem deu falso, então o instrumento não
soa bem.
PF V PN → Je
F F Joga nas alternativas:
(A) sonho dormindo (você não tem garantia de que sonha
Je → ~Ja dormindo, só temos como verdade que não sonho acordado, pode
F F ser que você nem sonhe).
(B) o instrumento afinado não soa bem deu que: Não afino as
~Ja → ~C cordas.
F F (C) Verdadeira: as cordas não foram afinadas.
(D) mesmo afinado (Falso deu que não afino as cordas) o
Conclusão: Carlos almoçou em casa hoje, Jane fez o almoço
instrumento não soa bem.
e não levou Pedro à escolinha esportiva, Pedro não teve aula de
(E) toco bem acordado e dormindo, absurdo. Deu não toco
futebol nem de natação e também não é segunda nem quarta. Agora
muito bem e não sonho acordado.
é só marcar a questão cuja alternativa se encaixa nesse esquema.

10. Resposta “C”.


LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA,
Dê nome: SEQUÊNCIAS LÓGICAS ENVOLVENDO
A = AFINO as cordas; NÚMEROS, LETRAS E FIGURAS.
I = INSTRUMENTO soa bem;
T = TOCO bem;
S = SONHO acordado.

Montando as proposições: O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental.


1° - A → I Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, para
2° - I → T concluir através de mecanismos de comparações e abstrações,
3° - ~T V S (ou exclusivo) quais são os dados que levam às respostas verdadeiras, falsas ou
prováveis. Foi pelo processo do raciocínio que ocorreu o desen-
Como S = FALSO; ~T = VERDADEIRO, pois um dos termos volvimento do método matemático, este considerado instrumento
deve ser verdadeiro (equivale ao nosso “ou isso ou aquilo, escolha puramente teórico e dedutivo, que prescinde de dados empíricos.
UM”). Logo, resumidamente o raciocínio pode ser considerado também
~T = V um dos integrantes dos mecanismos dos processos cognitivos su-
T=F periores da formação de conceitos e da solução de problemas, sen-
I→T do parte do pensamento.
(F)
Em muitos casos, é um macete que funciona nos exercícios Sequências Lógicas
“lotados de condicionais”, sendo assim o F passa para trás.
Assim: I = F As sequências podem ser formadas por números, letras, pes-
Novamente: A → I soas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer uma se-
(F) quência, o importante é que existam pelo menos três elementos

Didatismo e Conhecimento 14
RACIOCÍNIO LÓGICO
que caracterize a lógica de sua formação, entretanto algumas séries ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU
necessitam de mais elementos para definir sua lógica. Algumas se-
quências são bastante conhecidas e todo aluno que estuda lógica B1 2F H4 8L N16 32R T64
deve conhecê-las, tais como as progressões aritméticas e geomé-
tricas, a série de Fibonacci, os números primos e os quadrados Nesse caso, associou-se letras e números (potências de 2), al-
perfeitos. ternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3 e 1 posições.

Sequência de Números ABCDEFGHIJKLMNOPQRST

Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um mesmo Sequência de Pessoas


número.
Na série a seguir, temos sempre um homem seguido de duas
mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma posição múltipla de
três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e a posição dos braços sempre
alterna, ficando para cima em uma posição múltipla de dois (2º, 4º,
6º, 8º,...). Sendo assim, a sequência se repete a cada seis termos,
tornando possível determinar quem estará em qualquer posição.
Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente um
mesmo número.

Sequência de Figuras

Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão visto na


Incremento em Progressão: O valor somado é que está em sequência de pessoas ou simplesmente sofrer rotações, como nos
progressão. exemplos a seguir.

Série de Fibonacci: Cada termo é igual a soma dos dois an-


teriores.

1 1 2 3 5 8 13
Sequência de Fibonacci
Números Primos: Naturais que possuem apenas dois diviso-
res naturais.
O matemático Leonardo Pisa, conhecido como Fibonacci,
2 3 5 7 11 13 17 propôs no século XIII, a sequência numérica: (1, 1, 2, 3, 5, 8,
13, 21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem uma lei de formação
Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são na- simples: cada elemento, a partir do terceiro, é obtido somando-
turais. se os dois anteriores. Veja: 1 + 1 = 2, 2 + 1 = 3, 3 + 2 = 5 e
assim por diante. Desde o século XIII, muitos matemáticos, além
1 4 9 16 25 36 49 do próprio Fibonacci, dedicaram-se ao estudo da sequência que
foi proposta, e foram encontradas inúmeras aplicações para ela no
Sequência de Letras desenvolvimento de modelos explicativos de fenômenos naturais.
Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de
As sequências de letras podem estar associadas a uma série de Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma das
números ou não. Em geral, devemos escrever todo o alfabeto (ob- maravilhas da Matemática. A partir de dois quadrados de lado 1,
servando se deve, ou não, contar com k, y e w) e circular as letras podemos obter um retângulo de lados 2 e 1. Se adicionarmos a esse
dadas para entender a lógica proposta. retângulo um quadrado de lado 2, obtemos um novo retângulo 3
ACFJOU x 2. Se adicionarmos agora um quadrado de lado 3, obtemos um
retângulo 5 x 3. Observe a figura a seguir e veja que os lados dos
Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses núme- quadrados que adicionamos para determinar os retângulos formam
ros estão em progressão.
a sequência de Fibonacci.

Didatismo e Conhecimento 15
RACIOCÍNIO LÓGICO
Como: b = y – a (2).
Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0.
Resolvendo a equação:

em que não convém.

Logo:

Esse número é conhecido como número de ouro e pode ser


representado por:

Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor lado


for igual a é chamado retângulo áureo como o caso da fachada do
Partenon.
Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de
circunferência inscrito em cada quadrado, encontraremos uma As figuras a seguir possuem números que representam uma
espiral formada pela concordância de arcos cujos raios são os sequência lógica. Veja os exemplos:
elementos da sequência de Fibonacci.
Exemplo 1

A sequência numérica proposta envolve multiplicações por 4.


6 x 4 = 24
O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre 24 x 4 = 96
arquiteto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje em 96 x 4 = 384
ruínas, era um retângulo que continha um quadrado de lado igual à 384 x 4 = 1536
altura. Essa forma sempre foi considerada satisfatória do ponto de
vista estético por suas proporções sendo chamada retângulo áureo Exemplo 2
ou retângulo de ouro.

A diferença entre os números vai aumentando 1 unidade.


13 – 10 = 3
17 – 13 = 4
22 – 17 = 5
Como os dois retângulos indicados na figura são semelhantes 28 – 22 = 6
temos: (1). 35 – 28 = 7

Didatismo e Conhecimento 16
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo 3

Multiplicar os números sempre por 3.


1x3=3
3x3=9
9 x 3 = 27
27 x 3 = 81
81 x 3 = 243 A carta que está oculta é:
243 x 3 = 729
729 x 3 = 2187 (A) (B) (C)

Exemplo 4

(D) (E)

A diferença entre os números vai aumentando 2 unidades. 02. Considere que a sequência de figuras foi construída
24 – 22 = 2 segundo um certo critério.
28 – 24 = 4
34 – 28 = 6
42 – 34 = 8
52 – 42 = 10
64 – 52 = 12
78 – 64 = 14

QUESTÕES

01. Observe atentamente a disposição das cartas em cada linha Se tal critério for mantido, para obter as figuras subsequentes,
do esquema seguinte: o total de pontos da figura de número 15 deverá ser:
(A) 69
(B) 67
(C) 65
(D) 63
(E) 61

Didatismo e Conhecimento 17
RACIOCÍNIO LÓGICO
03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000, 990, (D)
970, 940, 900, 850, ... 2
(A) 800
(B) 790 3 6 1
(C) 780 4 5
(D) 770
(E)
04. Na sequência lógica de números representados nos
3
hexágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de um deles
que pode ser: 2 1 6 5
4

07. As figuras da sequência dada são formadas por partes


iguais de um círculo.

(A) 76
(B) 10
(C) 20 Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16 círculos
(D) 78 completos na:
05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos de (A) 36ª figura
fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme indicado (B) 48ª figura
abaixo: (C) 72ª figura
(D) 80ª figura
(E) 96ª figura
.............
1° 2° 3° 08. Analise a sequência a seguir:

Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?


(A) 20 palitos
(B) 25 palitos
(C) 28 palitos
(D) 22 palitos Admitindo-se que a regra de formação das figuras seguintes
permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figura que ocuparia a
06. Ana fez diversas planificações de um cubo e escreveu em 277ª posição dessa sequência é:
cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo, ela deseja que
a soma dos números marcados nas faces opostas seja 7. A única (A) (B)
alternativa cuja figura representa a planificação desse cubo tal
como deseja Ana é:

(A)

1 3 6
2 4 5 (C) (D)
(B)
4
5 1 2 3
6

(C)
(E)
5
6 4 1 2
3

Didatismo e Conhecimento 18
RACIOCÍNIO LÓGICO
09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual é o
próximo número?
(A) 20
(B) 21
(C) 100
(D) 200
Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais que X +
10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo Y é igual a:
número? (A) 40
(A) 4 (B) 42
(B) 20 (C) 44
(C) 31 (D) 46
(E) 48
(D) 21
14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas em
11. Os dois pares de palavras abaixo foram formados segundo forma de triângulo, segundo determinado critério.
determinado critério.

LACRAÇÃO → cal
AMOSTRA → soma
LAVRAR → ?

Segundo o mesmo critério, a palavra que deverá ocupar o


lugar do ponto de interrogação é:
(A) alar Considerando que na ordem alfabética usada são excluídas as
(B) rala letra “K”, “W” e “Y”, a letra que substitui corretamente o ponto
(C) ralar de interrogação é:
(D) larva (A) P
(E) arval (B) O
(C) N
12. Observe que as figuras abaixo foram dispostas, linha a (D) M
linha, segundo determinado padrão. (E) L

15. Considere que a sequência seguinte é formada pela


sucessão natural dos números inteiros e positivos, sem que os
algarismos sejam separados.

1234567891011121314151617181920...

O algarismo que deve aparecer na 276ª posição dessa


sequência é:
(A) 9
(B) 8
(C) 6
Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui (D) 3
(E) 1
corretamente o ponto de interrogação é:
16. Em cada linha abaixo, as três figuras foram desenhadas de
acordo com determinado padrão.
(A) (B) (C)

(D) (E)

13. Observe que na sucessão seguinte os números foram


colocados obedecendo a uma lei de formação.

Didatismo e Conhecimento 19
RACIOCÍNIO LÓGICO
Segundo esse mesmo padrão, a figura que deve substituir o O padrão que completa a sequência é:
ponto de interrogação é:
(A) (B) (C)
XXX XXB XXX
XXX XBX XXX
(A) (B)
XXX BXX XXB

(D) (E)
XXX XXX
(C) (D) XBX XBX
XXX BXX

21. Na série de Fibonacci, cada termo a partir do terceiro é


igual à soma de seus dois termos precedentes. Sabendo-se que os
dois primeiros termos, por definição, são 0 e 1, o sexto termo da
(E) série é:
(A) 2
17. Observe que, na sucessão de figuras abaixo, os números (B) 3
que foram colocados nos dois primeiros triângulos obedecem a um (C) 4
mesmo critério. (D) 5
(E) 6

22. Nosso código secreto usa o alfabeto A B C D E F G H


I J L M N O P Q R S T U V X Z. Do seguinte modo: cada letra
é substituída pela letra que ocupa a quarta posição depois dela.
Para que o mesmo critério seja mantido no triângulo da direita, Então, o “A” vira “E”, o “B” vira “F”, o “C” vira “G” e assim por
o número que deverá substituir o ponto de interrogação é: diante. O código é “circular”, de modo que o “U” vira “A” e assim
(A) 32 por diante. Recebi uma mensagem em código que dizia: BSA HI
(B) 36 EDAP. Decifrei o código e li:
(C) 38 (A) FAZ AS DUAS;
(D) 42 (B) DIA DO LOBO;
(E) 46 (C) RIO ME QUER;
(D) VIM DA LOJA;
18. Considere a seguinte sequência infinita de números: 3, 12, (E) VOU DE AZUL.
27, __, 75, 108,... O número que preenche adequadamente a quarta
posição dessa sequência é: 23. A sentença “Social está para laicos assim como 231678
(A) 36, está para...” é melhor completada por:
(B) 40, (A) 326187;
(C) 42, (B) 876132;
(D) 44, (C) 286731;
(E) 48 (D) 827361;
(E) 218763.
19. Observando a sequência (1, , , , , ...) o próximo
numero será: 24. A sentença “Salta está para Atlas assim como 25435 está
(A) para...” é melhor completada pelo seguinte número:
(A) 53452;
(B) (B) 23455;
(C) 34552;
(D) 43525;
(C) (E) 53542.

25. Repare que com um número de 5 algarismos, respeitada


(D) a ordem dada, podem-se criar 4 números de dois algarismos.
Por exemplo: de 34.712, podem-se criar o 34, o 47, o 71 e o 12.
20. Considere a sequência abaixo: Procura-se um número de 5 algarismos formado pelos algarismos
4, 5, 6, 7 e 8, sem repetição. Veja abaixo alguns números desse
BBB BXB XXB tipo e, ao lado de cada um deles, a quantidade de números de
XBX XBX XBX dois algarismos que esse número tem em comum com o número
BBB BXB BXX procurado.

Didatismo e Conhecimento 20
RACIOCÍNIO LÓGICO

Número Quantidade de números de 2 Excluídas do alfabeto as letras K, W e Y e fazendo cada letra


dado algarismos em comum restante corresponder ordenadamente aos números inteiros de 1 a
23 (ou seja, A = 1, B = 2, C = 3,..., Z = 23), a soma dos números
48.765 1 que correspondem às letras que compõem o nome do animal é:
86.547 0 (A) 37
(B) 39
87.465 2 (C) 45
48.675 1 (D) 49
(E) 51
O número procurado é:
(A) 87456 Nas questões 29 e 30, observe que há uma relação entre o
(B) 68745 primeiro e o segundo grupos de letras. A mesma relação deverá
(C) 56874 existir entre o terceiro grupo e um dos cinco grupos que aparecem
nas alternativas, ou seja, aquele que substitui corretamente o ponto
(D) 58746
de interrogação. Considere que a ordem alfabética adotada é a
(E) 46875 oficial e exclui as letras K, W e Y.

26. Considere que os símbolos ♦ e ♣ que aparecem no quadro 29. CASA: LATA: LOBO: ?
seguinte, substituem as operações que devem ser efetuadas em (A) SOCO
cada linha, a fim de se obter o resultado correspondente, que se (B) TOCO
encontra na coluna da extrema direita. (C) TOMO
(D) VOLO
(E) VOTO
36 ♦ 4 ♣ 5 = 14
48 ♦ 6 ♣ 9 = 17 30. ABCA: DEFD: HIJH: ?
(A) IJLI
54 ♦ 9 ♣ 7 = ? (B) JLMJ
(C) LMNL
Para que o resultado da terceira linha seja o correto, o ponto de (D) FGHF
interrogação deverá ser substituído pelo número: (E) EFGE
(A) 16 31. Os termos da sucessão seguinte foram obtidos considerando
(B) 15 uma lei de formação (0, 1, 3, 4, 12, 123,...). Segundo essa lei, o
(C) 14 décimo terceiro termo dessa sequência é um número:
(D) 13 (A) Menor que 200.
(E) 12 (B) Compreendido entre 200 e 400.
(C) Compreendido entre 500 e 700.
(D) Compreendido entre 700 e 1.000.
27. Segundo determinado critério, foi construída a sucessão (E) Maior que 1.000.
seguinte, em que cada termo é composto de um número seguido
de uma letra: A1 – E2 – B3 – F4 – C5 – G6 – .... Considerando Para responder às questões de números 32 e 33, você deve
que no alfabeto usado são excluídas as letras K, Y e W, então, de observar que, em cada um dos dois primeiros pares de palavras
acordo com o critério estabelecido, a letra que deverá anteceder o dadas, a palavra da direita foi obtida da palavra da esquerda
número 12 é: segundo determinado critério. Você deve descobrir esse critério e
usá-lo para encontrar a palavra que deve ser colocada no lugar do
(A) J ponto de interrogação.
(B) L
(C) M 32. Ardoroso → rodo
(D) N Dinamizar → mina
(E) O Maratona → ?
(A) mana
(B) toma
28. Os nomes de quatro animais – MARÁ, PERU, TATU e (C) tona
URSO – devem ser escritos nas linhas da tabela abaixo, de modo (D) tora
que cada uma das suas respectivas letras ocupe um quadrinho e, (E) rato
na diagonal sombreada, possa ser lido o nome de um novo animal.
33. Arborizado → azar
Asteroide → dias
Articular → ?
(A) luar
(B) arar
(C) lira
(D) luta
(E) rara

Didatismo e Conhecimento 21
RACIOCÍNIO LÓGICO
34. Preste atenção nesta sequência lógica e identifique quais 41. Observe as multiplicações a seguir:
os números que estão faltando: 1, 1, 2, __, 5, 8, __,21, 34, 55, __, 12.345.679 × 18 = 222.222.222
144, __... 12.345.679 × 27 = 333.333.333
... ...
35. Uma lesma encontra-se no fundo de um poço seco de 12.345.679 × 54 = 666.666.666
10 metros de profundidade e quer sair de lá. Durante o dia, ela
consegue subir 2 metros pela parede; mas à noite, enquanto dorme, Para obter 999.999.999 devemos multiplicar 12.345.679 por
escorrega 1 metro. Depois de quantos dias ela consegue chegar à quanto?
saída do poço?

36. Quantas vezes você usa o algarismo 9 para numerar as 42. Esta casinha está de frente para a estrada de terra. Mova
páginas de um livro de 100 páginas? dois palitos e faça com que fique de frente para a estrada asfaltada.

37. Quantos quadrados existem na figura abaixo?

38. Retire três palitos e obtenha apenas três quadrados.

43. Remova dois palitos e deixe a figura com dois quadrados.

39. Qual será o próximo símbolo da sequência abaixo?

44. As cartas de um baralho foram agrupadas em pares,


segundo uma relação lógica. Qual é a carta que está faltando,
sabendo que K vale 13, Q vale 12, J vale 11 e A vale 1?

40. Reposicione dois palitos e obtenha uma figura com cinco


quadrados iguais.

45. Mova um palito e obtenha um quadrado perfeito.

46. Qual o valor da pedra que deve ser colocada em cima de


todas estas para completar a sequência abaixo?

Didatismo e Conhecimento 22
RACIOCÍNIO LÓGICO
Na figura 2: 02 pontos de cada lado  04 pontos no total.
Na figura 3: 03 pontos de cada lado  06 pontos no total.
Na figura 4: 04 pontos de cada lado  08 pontos no total.
Na figura n: n pontos de cada lado  2.n pontos no total.

Em particular:
Na figura 15: 15 pontos de cada lado  30 pontos no total.

Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de simetria, tem-


47. Mova três palitos nesta figura para obter cinco triângulos. se:
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo  04 pontos no total.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo  06 pontos no total.
Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo  08 pontos no total.
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo  10 pontos no total.
Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo  2.(n+1) pontos
no total.

Em particular:
48. Tente dispor 6 moedas em 3 fileiras de modo que em cada Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo  32 pontos no total.
fileira fiquem apenas 3 moedas. Incluindo o ponto central, que ainda não foi considerado, temos
para total de pontos da figura 15: Total de pontos = 30 + 32 + 1 =
63 pontos.

49. Reposicione três palitos e obtenha cinco quadrados. 03. Resposta “B”.
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre 1000 e
990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, entre 940
e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre 850 e o próximo
número é 60, dessa forma concluímos que o próximo número é
790, pois: 850 – 790 = 60.

04. Resposta “D”


Nessa sequência lógica, observamos que a diferença: entre 24
e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre 42 e 34 é 8, entre
52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto entre o próximo número
e 64 é 14, dessa forma concluímos que o próximo número é 78,
pois: 76 – 64 = 14.
50. Mude a posição de quatro palitos e obtenha cinco
triângulos. 05. Resposta “D”.
Observe a tabela:

Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª
Nº de Palitos 4 7 10 13 16 19 22

Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade de palitos


das três primeiras figuras. Feito isto, basta perceber que cada figura
a partir da segunda tem a quantidade de palitos da figura anterior
Respostas acrescida de 3 palitos. Desta forma, fica fácil preencher o restante
da tabela e determinar a quantidade de palitos da 7ª figura.
01. Resposta: “A”.
A diferença entre os números estampados nas cartas 1 e 2, em 06. Resposta “A”.
Na figura apresentada na letra “B”, não é possível obter
cada linha, tem como resultado o valor da 3ª carta e, além disso, o
a planificação de um lado, pois o 4 estaria do lado oposto ao 6,
naipe não se repete. Assim, a 3ª carta, dentro das opções dadas só somando 10 unidades. Na figura apresentada na letra “C”, da
pode ser a da opção (A). mesma forma, o 5 estaria em face oposta ao 3, somando 8, não
formando um lado. Na figura da letra “D”, o 2 estaria em face oposta
02. Resposta “D”. ao 4, não determinando um lado. Já na figura apresentada na letra
Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de simetria, “E”, o 1 não estaria em face oposta ao número 6, impossibilitando,
tem-se: portanto, a obtenção de um lado. Logo, podemos concluir que a
Na figura 1: 01 ponto de cada lado  02 pontos no total. planificação apresentada na letra “A” é a única para representar
um lado.

Didatismo e Conhecimento 23
RACIOCÍNIO LÓGICO
07. Resposta “B”. 15. Resposta “B”.
Como na 3ª figura completou-se um círculo, para completar A sequência de números apresentada representa a lista dos
16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 : 3 . 16 = 48. Portanto, números naturais. Mas essa lista contém todos os algarismos
na 48ª figura existirão 16 círculos. dos números, sem ocorrer a separação. Por exemplo: 101112
representam os números 10, 11 e 12. Com isso, do número 1 até
08. Resposta “B”. o número 9 existem 9 algarismos. Do número 10 até o número 99
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. Assim, existem: 2 x 90 = 180 algarismos. Do número 100 até o número 124
continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A figura de número existem: 3 x 25 = 75 algarismos. E do número 124 até o número
277 ocupa, então, a mesma posição das figuras que representam 128 existem mais 12 algarismos. Somando todos os valores, tem-
número 5n + 2, com n N. Ou seja, a 277ª figura corresponde à 2ª se: 9 + 180 + 75 + 12 = 276 algarismos. Logo, conclui-se que o
figura, que é representada pela letra “B”. algarismo que ocupa a 276ª posição é o número 8, que aparece no
número 128.
09. Resposta “D”.
A regularidade que obedece a sequência acima não se dá por 16. Resposta “D”.
padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada número. “Dois, Na 1ª linha, internamente, a 1ª figura possui 2 “orelhas”, a 2ª
Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito, Dezenove, ... Enfim, o figura possui 1 “orelha” no lado esquerdo e a 3ª figura possui 1
próximo só pode iniciar também com “D”: Duzentos. “orelha” no lado direito. Esse fato acontece, também, na 2ª linha,
mas na parte de cima e na parte de baixo, internamente em relação
10. Resposta “C”. às figuras. Assim, na 3ª linha ocorrerá essa regra, mas em ordem
Esta sequência é regida pela inicial de cada número. Três, inversa: é a 3ª figura da 3ª linha que terá 2 “orelhas” internas,
Treze, Trinta,... O próximo só pode ser o número Trinta e um, pois uma em cima e outra em baixo. Como as 2 primeiras figuras da 3ª
ele inicia com a letra “T”. linha não possuem “orelhas” externas, a 3ª figura também não terá
11. Resposta “E”. orelhas externas. Portanto, a figura que deve substituir o ponto de
Na 1ª linha, a palavra CAL foi retirada das 3 primeiras letras da interrogação é a 4ª.
palavra LACRAÇÃO, mas na ordem invertida. Da mesma forma, na 17. Resposta “B”.
2ª linha, a palavra SOMA é retirada da palavra AMOSTRA, pelas No 1º triângulo, o número que está no interior do triângulo
4 primeira letras invertidas. Com isso, da palavra LAVRAR, ao se dividido pelo número que está abaixo é igual à diferença entre
retirarem as 5 primeiras letras, na ordem invertida, obtém-se ARVAL. o número que está à direita e o número que está à esquerda do
triângulo: 40 5 21 13 8.
12. Resposta “C”. A mesma regra acontece no 2º triângulo: 42 ÷ 7 = 23 - 17 = 6.
Em cada linha apresentada, as cabeças são formadas por Assim, a mesma regra deve existir no 3º triângulo:
quadrado, triângulo e círculo. Na 3ª linha já há cabeças com círculo ? ÷ 3 = 19 - 7
e com triângulo. Portanto, a cabeça da figura que está faltando é
? ÷ 3 = 12
um quadrado. As mãos das figuras estão levantadas, em linha reta
ou abaixadas. Assim, a figura que falta deve ter as mãos levantadas ? = 12 x 3 = 36.
(é o que ocorre em todas as alternativas). As figuras apresentam as
2 pernas ou abaixadas, ou 1 perna levantada para a esquerda ou 1 18. Resposta “E”.
levantada para a direita. Nesse caso, a figura que está faltando na Verifique os intervalos entre os números que foram fornecidos.
3ª linha deve ter 1 perna levantada para a esquerda. Logo, a figura Dado os números 3, 12, 27, __, 75, 108, obteve-se os seguintes 9,
tem a cabeça quadrada, as mãos levantadas e a perna erguida para 15, __, __, 33 intervalos. Observe que 3x3, 3x5, 3x7, 3x9, 3x11.
a esquerda. Logo 3x7 = 21 e 3x 9 = 27. Então: 21 + 27 = 48.

13. Resposta “A”. 19. Resposta “B”.


Existem duas leis distintas para a formação: uma para a parte
Observe que o numerador é fixo, mas o denominador é
superior e outra para a parte inferior. Na parte superior, tem-se que:
do 1º termo para o 2º termo, ocorreu uma multiplicação por 2; já do formado pela sequência:
2º termo para o 3º, houve uma subtração de 3 unidades. Com isso,
X é igual a 5 multiplicado por 2, ou seja, X = 10. Na parte inferior, Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto
tem-se: do 1º termo para o 2º termo ocorreu uma multiplicação por
3x4= 4x5= 5x6=
3; já do 2º termo para o 3º, houve uma subtração de 2 unidades. 1 1x2=2 2x3=6
12 20 30
Assim, Y é igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y = 30. Logo, X
+ Y = 10 + 30 = 40.
20. Resposta “D”.
14. Resposta “A”. O que de início devemos observar nesta questão é a quantidade
A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade direita de B e de X em cada figura. Vejamos:
do triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a esquerda;
continua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas pares na ordem BBB BXB XXB
inversa – pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª linha, então, as letras são, XBX XBX XBX
da direita para a esquerda, “M”, “N”, “O”, e a letra que substitui BBB BXB BXX
corretamente o ponto de interrogação é a letra “P”. 7B e 2X 5B e 4X 3B e 6X

Didatismo e Conhecimento 24
RACIOCÍNIO LÓGICO
Vê-se, que os “B” estão diminuindo de 2 em 2 e que os “X” numérica é a mesma. Observando as duas palavras dadas podemos
estão aumentando de 2 em 2; notem também que os “B” estão perceber facilmente que tem cada uma 6 letras e que as letras
sendo retirados um na parte de cima e um na parte de baixo e os de uma se repete na outra em uma ordem diferente. Essa ordem
“X” da mesma forma, só que não estão sendo retirados, estão, sim, diferente nada mais é, do que a primeira palavra de trás para frente,
sendo colocados. Logo a 4ª figura é: de maneira que SALTA vira ATLAS. Fazendo o mesmo com a
sequência numérica fornecida temos: 25435 vira 53452, sendo
XXX esta a resposta.
XBX
XXX 25. Resposta “E”.
1B e 8X Pelo número 86.547, tem-se que 86, 65, 54 e 47 não acontecem
no número procurado. Do número 48.675, as opções 48, 86 e 67
21. Resposta “D”. não estão em nenhum dos números apresentados nas alternativas.
Montando a série de Fibonacci temos: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, Portanto, nesse número a coincidência se dá no número 75. Como o
34... A resposta da questão é a alternativa “D”, pois como a questão único número apresentado nas alternativas que possui a sequência
nos diz, cada termo a partir do terceiro é igual à soma de seus dois 75 é 46.875, tem-se, então, o número procurado.
termos precedentes. 2 + 3 = 5
26. Resposta “D”.
22. Resposta “E”. O primeiro símbolo representa a divisão e o 2º símbolo
A questão nos informa que ao se escrever alguma mensagem, representa a soma. Portanto, na 1ª linha, tem-se: 36 ÷ 4 + 5 = 9
cada letra será substituída pela letra que ocupa a quarta posição, + 5 = 14. Na 2ª linha, tem-se: 48 ÷ 6 + 9 = 8 + 9 = 17. Com isso,
além disso, nos informa que o código é “circular”, de modo que a na 3ª linha, ter-se-á: 54 ÷ 9 + 7 = 6 + 7 = 13. Logo, podemos
letra “U” vira “A”. Para decifrarmos, temos que perceber a posição concluir então que o ponto de interrogação deverá ser substituído
do emissor e do receptor. O emissor ao escrever a mensagem conta pelo número 13.
quatro letras à frente para representar a letra que realmente deseja,
enquanto que o receptor, deve fazer o contrário, contar quatro letras 27. Resposta “A”.
atrás para decifrar cada letra do código. No caso, nos foi dada a As letras que acompanham os números ímpares formam a
frase para ser decifrada, vê-se, pois, que, na questão, ocupamos a sequência normal do alfabeto. Já a sequência que acompanha os
posição de receptores. Vejamos a mensagem: BSA HI EDAP. Cada números pares inicia-se pela letra “E”, e continua de acordo com a
letra da mensagem representa a quarta letra anterior de modo que: sequência normal do alfabeto: 2ª letra: E, 4ª letra: F, 6ª letra: G, 8ª
VxzaB: B na verdade é V; letra: H, 10ª letra: I e 12ª letra: J.
OpqrS: S na verdade é O;
UvxzA: A na verdade é U; 28. Resposta “D”.
DefgH: H na verdade é D; Escrevendo os nomes dos animais apresentados na lista
EfghI: I na verdade é E; – MARÁ, PERU, TATU e URSO, na seguinte ordem: PERU,
MARÁ, TATU e URSO, obtém-se na tabela:
AbcdE: E na verdade é A;
ZabcD: D na verdade é Z;
UvxaA: A na verdade é U; P E R U
LmnoP: P na verdade é L; M A R A
T A T U
23. Resposta “B”.
A questão nos traz duas palavras que têm relação uma U R S O
com a outra e, em seguida, nos traz uma sequência numérica. É
perguntado qual sequência numérica tem a mesma ralação com a O nome do animal é PATO. Considerando a ordem do alfabeto,
sequência numérica fornecida, de maneira que, a relação entre as tem-se: P = 15, A = 1, T = 19 e 0 = 14. Somando esses valores,
palavras e a sequência numérica é a mesma. Observando as duas obtém-se: 15 + 1 + 19 + 14 = 49.
palavras dadas, podemos perceber facilmente que têm cada uma
6 letras e que as letras de uma se repete na outra em uma ordem 29. Resposta “B”.
diferente. Tal ordem, nada mais é, do que a primeira palavra de Na 1ª e na 2ª sequências, as vogais são as mesmas: letra
“A”. Portanto, as vogais da 4ª sequência de letras deverão ser as
trás para frente, de maneira que SOCIAL vira LAICOS. Fazendo o
mesmas da 3ª sequência de letras: “O”. A 3ª letra da 2ª sequência
mesmo com a sequência numérica fornecida, temos: 231678 viram
é a próxima letra do alfabeto depois da 3ª letra da 1ª sequência de
876132, sendo esta a resposta.
letras. Portanto, na 4ª sequência de letras, a 3ª letra é a próxima letra
depois de “B”, ou seja, a letra “C”. Em relação à primeira letra,
24. Resposta “A”.
tem-se uma diferença de 7 letras entre a 1ª letra da 1ª sequência e a
A questão nos traz duas palavras que têm relação uma com
1ª letra da 2ª sequência. Portanto, entre a 1ª letra da 3ª sequência e
a outra, e em seguida, nos traz uma sequência numérica. Foi
a 1ª letra da 4ª sequência, deve ocorrer o mesmo fato. Com isso, a
perguntado qual a sequência numérica que tem relação com a já
1ª letra da 4ª sequência é a letra “T”. Logo, a 4ª sequência de letras
dada de maneira que a relação entre as palavras e a sequência
é: T, O, C, O, ou seja, TOCO.

Didatismo e Conhecimento 25
RACIOCÍNIO LÓGICO
30. Resposta “C”. Portanto, depois de 9 dias ela chegará na saída do poço.
Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras letras do
alfabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra da sequência. Na 2ª 36. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – 91 – 92
sequência, continua-se da 3ª letra da sequência anterior, formando- – 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são necessários 20
algarismos.
se DEF, voltando-se novamente, para a 1ª letra desta sequência: D.
Com isto, na 3ª sequência, têm-se as letras HIJ, voltando-se para a 37.
1ª letra desta sequência: H. Com isto, a 4ª sequência iniciará pela
letra L, continuando por M e N, voltando para a letra L. Logo, a 4ª
sequência da letra é: LMNL.
= 16
31. Resposta “E”.
Do 1º termo para o 2º termo, ocorreu um acréscimo de 1
unidade. Do 2º termo para o 3º termo, ocorreu a multiplicação do
termo anterior por 3. E assim por diante, até que para o 7º termo
temos 13 . 3 = 39. 8º termo = 39 + 1 = 40. 9º termo = 40 . 3 = 120.
= 09
10º termo = 120 + 1 = 121. 11º termo = 121 . 3 = 363. 12º termo
= 363 + 1 = 364. 13º termo = 364 . 3 = 1.092. Portanto, podemos
concluir que o 13º termo da sequência é um número maior que
1.000.

32. Resposta “D”.


Da palavra “ardoroso”, retiram-se as sílabas “do” e “ro” e = 04
inverteu-se a ordem, definindo-se a palavra “rodo”. Da mesma
forma, da palavra “dinamizar”, retiram-se as sílabas “na” e “mi”,
definindo-se a palavra “mina”. Com isso, podemos concluir que da
palavra “maratona”. Deve-se retirar as sílabas “ra” e “to”, criando-
se a palavra “tora”.

33. Resposta “A”.


Na primeira sequência, a palavra “azar” é obtida pelas letras
“a” e “z” em sequência, mas em ordem invertida. Já as letras “a” =01
e “r” são as 2 primeiras letras da palavra “arborizado”. A palavra
“dias” foi obtida da mesma forma: As letras “d” e “i” são obtidas Portanto, há 16 + 9 + 4 + 1 = 30 quadrados.
em sequência, mas em ordem invertida. As letras “a” e “s” são as 2
primeiras letras da palavra “asteroides”. Com isso, para a palavras 38.
“articular”, considerando as letras “i” e “u”, que estão na ordem
invertida, e as 2 primeiras letras, obtém-se a palavra “luar”.

34. O nome da sequência é Sequência de Fibonacci. O número


que vem é sempre a soma dos dois números imediatamente atrás
dele. A sequência correta é: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144,
233...

35.
39. Os símbolos são como números em frente ao espelho.
Dia Subida Descida Assim, o próximo símbolo será 88.
1º 2m 1m
40.
2º 3m 2m
3º 4m 3m
4º 5m 4m
5º 6m 5m
6º 7m 6m
7º 8m 7m
8º 9m 8m
9º 10m ----

Didatismo e Conhecimento 26
RACIOCÍNIO LÓGICO
41. 48.
12.345.679 × (2×9) = 222.222.222
12.345.679 × (3×9) = 333.333.333
... ...
12.345.679 × (4×9) = 666.666.666
Portanto, para obter 999.999.999 devemos multiplicar
12.345.679 por (9x9) = 81

42.

49.

43.

50.
44. Sendo A = 1, J = 11, Q = 12 e K = 13, a soma de cada par
de cartas é igual a 14 e o naipe de paus sempre forma par com
o naipe de espadas. Portanto, a carta que está faltando é o 6 de
espadas.

45. Quadrado perfeito em matemática, sobretudo na aritmética


e na teoria dos números, é um número inteiro não negativo que
pode ser expresso como o quadrado de um outro número inteiro.
Ex: 1, 4, 9...

No exercício 2 elevado a 2 = 4
GEOMETRIA BÁSICA.

A Geometria é a parte da matemática que estuda as figuras e


suas propriedades. A geometria estuda figuras abstratas, de uma
perfeição não existente na realidade. Apesar disso, podemos ter
46. Observe que: uma boa ideia das figuras geométricas, observando objetos reais,
como o aro da cesta de basquete que sugere uma circunferência,
3 6 18 72 360 2160 15120 as portas e janelas que sugerem retângulos e o dado que sugere
x2 x3 x4 x5 x6 x7 um cubo.
Reta, semirreta e segmento de reta
Portanto, a próxima pedra terá que ter o valor: 15.120 x 8 =
120.960

47.

Didatismo e Conhecimento 27
RACIOCÍNIO LÓGICO
Definições. A conta que faríamos seria somar todos os lados da sala, me-
nos 1m da largura da porta, ou seja:
a) Segmentos congruentes. P = (5 + 5 + 8 + 8) – 1
Dois segmentos são congruentes se têm a mesma medida. P = 26 – 1
P = 25
b) Ponto médio de um segmento.
Um ponto P é ponto médio do segmento AB se pertence ao
segmento e divide AB em dois segmentos congruentes.

c) Mediatriz de um segmento.
É a reta perpendicular ao segmento no seu ponto médio
Ângulo

Colocaríamos 25m de rodapé.


A soma de todos os lados da planta baixa se chama Perímetro.
Portanto, Perímetro é a soma dos lados de uma figura plana.

Área
Área é a medida de uma superfície.
A área do campo de futebol é a medida de sua superfície (gra-
mado).
Definições. Se pegarmos outro campo de futebol e colocarmos em uma
malha quadriculada, a sua área será equivalente à quantidade de
a) Ângulo é a região plana limitada por duas semirretas de quadradinho. Se cada quadrado for uma unidade de área:
mesma origem.

b) Ângulos congruentes: Dois ângulos são ditos congruentes


se têm a mesma medida.

c) Bissetriz de um ângulo: É a semirreta de origem no vértice


do ângulo que divide esse ângulo em dois ângulos congruentes.

Perímetro: entendendo o que é perímetro.

Imagine uma sala de aula de 5m de largura por 8m de com-


primento.
Quantos metros lineares serão necessários para colocar rodapé
nesta sala, sabendo que a porta mede 1m de largura e que nela não Veremos que a área do campo de futebol é 70 unidades de
se coloca rodapé? área.
A unidade de medida da área é: m² (metros quadrados), cm²
(centímetros quadrados), e outros.
Se tivermos uma figura do tipo:

Didatismo e Conhecimento 28
RACIOCÍNIO LÓGICO
Quadrado
Sua área será um valor aproximado. Cada é uma unida-
de, então a área aproximada dessa figura será de 4 unidades. É o quadrilátero que tem os lados congruentes e todos os ân-
No estudo da matemática calculamos áreas de figuras planas e gulos internos a congruentes (90º).
para cada figura há uma fórmula pra calcular a sua área.

Retângulo

É o quadrilátero que tem todos os ângulos internos congruen-


tes e iguais a 90º.

Sua área também é calculada com o produto da base pela altu-


ra. Mas podemos resumir essa fórmula:

No cálculo da área de qualquer retângulo podemos seguir o


raciocínio:

Como todos os lados são iguais, podemos dizer que base é


igual a e a altura igual a , então, substituindo na fórmula A = b .
h, temos:
A= .
A= ²

Área do Trapézio

Pegamos um retângulo e colocamos em uma malha quadriculada A área do trapézio está relacionada com a área do triângulo
onde cada quadrado tem dimensões de 1 cm. Se contarmos, veremos que é calculada utilizando a seguinte fórmula:
que há 24 quadrados de 1 cm de dimensões no retângulo. Como sa- A = b . h (b = base e h = altura).
bemos que a área é a medida da superfície de uma figuras podemos 2
dizer que 24 quadrados de 1 cm de dimensões é a área do retângulo.
Observe o desenho de um trapézio e os seus elementos mais
importantes (elementos utilizados no cálculo da sua área):

O retângulo acima tem as mesmas dimensões que o outro, só


que representado de forma diferente. O cálculo da área do retângu-
lo pode ficar também da seguinte forma: Um trapézio é formado por uma base maior (B), por uma base
A = 6 . 4 A = 24 cm² menor (b) e por uma altura (h).
Podemos concluir que a área de qualquer retângulo é: Para fazermos o cálculo da área do trapézio é preciso dividi-lo
em dois triângulos, veja como:

Primeiro: completamos as alturas no trapézio:

A=b.h

Didatismo e Conhecimento 29
RACIOCÍNIO LÓGICO
Segundo: o dividimos em dois triângulos: Área do Triângulo

Observe o retângulo abaixo, ele está dividido ao meio pela


diagonal:

A área do retângulo é A = b. h, a medida da área de cada metade


A área desse trapézio pode ser calculada somando as áreas dos será a área do retângulo dividida por dois. Cada parte dividida do
dois triângulos (∆CFD e ∆CEF). retângulo é um triângulo, assim podemos concluir que a área do
Antes de fazer o cálculo da área de cada triângulo separada- triangulo será:
mente observamos que eles possuem bases diferentes e alturas
iguais. A= b.h
          2
Cálculo da área do ∆CEF:
Mas como veremos a altura no triângulo? A altura deve ser
sempre perpendicular à base do triângulo.
A∆1 = B . h
2
Cálculo da área do ∆CFD:

A∆2 = b . h
2 No triângulo retângulo é fácil ver a altura, pois é o próprio
lado do triângulo, e forma com a base um ângulo de 90° (ângulo
Somando as duas áreas encontradas, teremos o cálculo da reto).
área de um trapézio qualquer:

AT = A∆1 + A∆2

AT = B . h + b . h
2 2

Quando a altura não coincide com o lado do triângulo,


AT = B . h + b . h → colocar a altura (h) em evi- devemos traçar uma reta perpendicular à base (formando um
ângulo de 90º com a base) que será a altura do triângulo.
2
dência, pois é um termo comum aos dois fatores. Observe o exemplo:

Observe o triângulo equilátero (todos os lados iguais). Calcule


AT = h (B + b) a sua área.
2
Portanto, no cálculo da área de um trapézio qualquer utiliza-
mos a seguinte fórmula:

A = h (B + b)
2

h = altura
B = base maior do trapézio
b = base menor do trapézio

Didatismo e Conhecimento 30
RACIOCÍNIO LÓGICO
Como o valor da altura não está indicado, devemos calcular Procedimento e justificativa: Se 3x – 2 dá 16, conclui-se que
o seu valor, para isso utilizaremos o teorema de Pitágoras no 3x dá 16 + 2, isto é, 18 (invertemos a subtração). Se 3x é igual a 18,
triângulo: é claro que x é igual a 18 : 3, ou seja, 6 (invertemos a multiplicação
por 3).

Registro

3x – 2 = 16
3x = 16 + 2
3x = 18
18
x=
3
x=6

Exemplo 2
2 1
Resolução da equação 1 – 3x + =x+ , efetuando a
5
mesma operação nos dois lados da igualdade. 2
42 = h2 + 22
16 = h2 + 4 Procedimento e justificativa: Multiplicamos os dois lados
16 – 4 = h2 da equação por mmc (2;5) = 10. Dessa forma, são eliminados
12 = h2 os denominadores. Fazemos as simplificações e os cálculos
h = √12 necessários e isolamos x, sempre efetuando a mesma operação nos
h = 2√3 cm dois lados da igualdade. No registro, as operações feitas nos dois
lados da igualdade são indicadas com as setas curvas verticais.
Com o valor da altura, basta substituir na fórmula   o valor da
base e da altura. Registro
1 – 3x + 2/5 = x + 1 /2
10 – 30x + 4 = 10x + 5
A = 4 . 2√3 -30x - 10x = 5 - 10 - 4
            2 -40x = +9(-1)
40x = 9
A = 2 . 2√3 x = 9/40
x = 0,225
A = 4 √3 cm2
Há também um processo prático, bastante usado, que se baseia
nessas ideias e na percepção de um padrão visual.
- Se a + b = c, conclui-se que a = c + b.
ÁLGEBRA BÁSICA E SISTEMAS LINEARES.
Na primeira igualdade, a parcela b aparece somando no lado
esquerdo; na segunda, a parcela b aparece subtraindo no lado
direito da igualdade.
Equação do 1º Grau - Se a . b = c, conclui-se que a = c + b, desde que b ≠ 0.
Na primeira igualdade, o número b aparece multiplicando no
Veja estas equações, nas quais há apenas uma incógnita: lado esquerdo; na segunda, ele aparece dividindo no lado direito
3x – 2 = 16 (equação de 1º grau) da igualdade.
O processo prático pode ser formulado assim:
- Para isolar a incógnita, coloque todos os termos com
2y3 – 5y = 11 (equação de 3º grau) incógnita de um lado da igualdade e os demais termos do outro
lado.
2
1 – 3x + =x+ 1 (equação de 1º grau) - Sempre que mudar um termo de lado, inverta a operação.
5 2
O método que usamos para resolver a equação de 1º grau é Exemplo
isolando a incógnita, isto é, deixar a incógnita sozinha em um dos 5(x+2) (x+2) . (x-3) x2
Resolução da equação = - , usando o
lados da igualdade. Para conseguir isso, há dois recursos: processo prático. 2 3 3
- inverter operações;
- efetuar a mesma operação nos dois lados da igualdade. Procedimento e justificativa: Iniciamos da forma habitual,
multiplicando os dois lados pelo mmc (2;3) = 6. A seguir, passamos
Exemplo 1 a efetuar os cálculos indicados. Neste ponto, passamos a usar o
Resolução da equação 3x – 2 = 16, invertendo operações. processo prático, colocando termos com a incógnita à esquerda e
números à direita, invertendo operações.

Didatismo e Conhecimento 31
RACIOCÍNIO LÓGICO
Registro Respostas
5(x+2) (x+2) . (x-3) x2 1) Resposta “ x =
-31
- = 17

2 3 3
6. 5(x+2) - 6. (x+2) . (x-3) = 6. x Solução:
2

2 3 3 x+3 x-4
x-1
- = 2x -
15(x + 2) – 2(x + 2)(x – 3) = – 2x2 2 4 3
15x + 30 – 2(x2 – 3x + 2x – 6) = – 2x2
15x + 30 – 2(x2 – x – 6) = – 2x2 6(x - 1) - 3(x + 3) = 24x - 4(x - 4)
15x + 30 – 2x2 + 2x + 12 = – 2x2 12
17x – 2x2 + 42 = – 2x2 6x – 6 – 3x – 9 = 24x – 4x + 16
17x – 2x2 + 2x2 = – 42 6x – 3x – 24x + 4x = 16 + 9 + 6
17x = – 42 10 x – 27x = 31
42 (-1) - 17x = 31
x=-
17
Note que, de início, essa última equação aparentava ser de x = -31
x2 17
2º grau por causa do termo - no seu lado direito. Entretanto,
3 2) Resposta “ ”
depois das simplificações, vimos que foi reduzida a uma equação
de 1º grau (17x = – 42). Solução:

Exercícios
x-1 x+3 x-4
1. Resolva a seguinte equação: - = 2x -
2 4 3

2. Resolva:
3) Solução:
3. Calcule: a) -3x – 5 = 25
a) -3x – 5 = 25 -3x = 25 + 5
(-1) -3x = 30
b) 2x - 1 = 3 3x = -30
- 30
2 x= = -10
3
c) 3x + 24 = -5x
b) 2x - 1 = 3
4. Existem três números inteiros consecutivos com soma igual 2
a 393. Que números são esses? 2(2x) - 1 = 6
2
5. Determine um número real “a” para que as expressões (3a 4x – 1 = 6
4x = 6 + 1
+ 6)/ 8 e (2a + 10)/6 sejam iguais.
4x = 7
6. Determine o valor da incógnita x: 7
x=
a) 2x – 8 = 10 4
b) 3 – 7.(1-2x) = 5 – (x+9)
c) 3x + 24 = -5x
3x + 5x = -24
7. Verifique se três é raiz de 5x – 3 = 2x + 6. 8x = -24

8. Verifique se -2 é raiz de x² – 3x = x – 6. - 24
x= = -3
9. Quando o número x na equação ( k – 3 ).x + ( 2k – 5 ).4 + 8
4k = 0 vale 3, qual será o valor de K? 4) Resposta “130; 131 e 132”.
Solução:
10. Resolva as equações a seguir: x + (x + 1) + (x + 2) = 393
a)18x - 43 = 65 3x + 3 = 393
3x = 390
b) 23x - 16 = 14 - 17x
x = 130
c) 10y - 5 (1 + y) = 3 (2y - 2) - 20 Então, os números procurados são: 130, 131 e 132.

Didatismo e Conhecimento 32
RACIOCÍNIO LÓGICO
5) Resposta “22”. Equação do 2º Grau
Solução:
(3a + 6) / 8 = (2a + 10) / 6 Denomina-se equação do 2º grau na incógnita x toda equação
6 (3a + 6) = 8 (2a + 10) da forma ax2 + bx + c = 0, em que a, b, c são números reais e a ≠ 0.
18a + 36 = 16a + 80 Nas equações de 2º grau com uma incógnita, os números reais
2a =  44 expressos por a, b, c são chamados coeficientes da equação:
a = 44/2 = 22 - a é sempre o coeficiente do termo em x2.
- b é sempre o coeficiente do termo em x.
6) Solução: - c é sempre o coeficiente ou termo independente.
a) 2x – 8 = 10 Equação completa e incompleta:
2x = 10 + 8 - Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa.
2x = 18 Exemplos
x = 9  →  V = {9} 5x2 – 8x + 3 = 0 é uma equação completa (a = 5, b = – 8, c = 3).
b) 3 – 7.(1-2x) = 5 – (x+9) y2 + 12y + 20 = 0 é uma equação completa (a = 1, b = 12, c
3 –7 + 14x = 5 – x – 9 = 20).
14x + x = 5 – 9 – 3 + 7 - Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se
15x= 0 diz incompleta.
x = 0  →  V= {0}
Exemplos
7) Resposta “Verdadeira”. x2 – 81 = 0 é uma equação incompleta (a = 1, b = 0 e c = – 81).
Solução: 10t2 +2t = 0 é uma equação incompleta (a = 10, b = 2 e c = 0).
5x – 3 = 2x + 6 5y2 = 0 é uma equação incompleta (a = 5, b = 0 e c = 0).
5.3 – 3 = 2.3 + 6
15 – 3 = 6 + 6 Todas essas equações estão escritas na forma ax2 + bx + c
12 = 12 → verdadeira = 0, que é denominada forma normal ou forma reduzida de uma
Então 3 é raiz de 5x – 3 = 2x + 6 equação do 2º grau com uma incógnita.
Há, porém, algumas equações do 2º grau que não estão escritas
8) Resposta “Errada”. na forma ax2 + bx + c = 0; por meio de transformações convenientes,
Solução: em que aplicamos o princípio aditivo e o multiplicativo, podemos
x2 – 3x = x – 6 reduzi-las a essa forma.
(-2)2 – 3. (-2) = - 2 - 6
4+6=-2–6 Exemplo: Pelo princípio aditivo.
10 = -8
Então, -2 não é raiz de x2 – 3x = x – 6 2x2 – 7x + 4 = 1 – x2
2x2 – 7x + 4 – 1 + x2 = 0
29 2x2 + x2 – 7x + 4 – 1 = 0
9) Resposta “ k = ”
Solução:
15 3x2 – 7x + 3 = 0
(k – 3).3 + (2k – 5).4 + 4k = 0 Exemplo: Pelo princípio multiplicativo.
3k – 9 + 8k – 20 + 4k = 0 2 1 x
3k + 8k + 4k = 9 + 20 - =
x 2 x-4
15k = 29 4.(x - 4) - x(x - 4) 2x2
k = 29 2x(x - 4)
=
2x(x - 4)
15
10) Resposta 4(x – 4) – x(x – 4) = 2x2
a) 18x = 65 + 43 4x – 16 – x2 + 4x = 2x2
18x = 108 – x2 + 8x – 16 = 2x2
x = 108/18 – x2 – 2x2 + 8x – 16 = 0
x = 6 – 3x2 + 8x – 16 = 0
Resolução das equações incompletas do 2º grau com uma
b) 23x = 14 - 17x + 16 incógnita.
23x + 17x = 30 - A equação é da forma ax2 + bx = 0.
40x = 30 x2 + 9 = 0 ⇒ colocamos x em evidência
x = 30/40 = ¾ x . (x – 9) = 0
x=0 ou x–9=0
c) 10y - 5 - 5y = 6y - 6 -20 x=9
5y - 6y = -26 + 5 Logo, S = {0, 9} e os números 0 e 9 são as raízes da equação.
-y = -21
y = 21 - A equação é da forma ax2 + c = 0.

Didatismo e Conhecimento 33
RACIOCÍNIO LÓGICO
x2 – 16 = 0 ⇒ Fatoramos o primeiro membro, que é uma Na equação ax2 + bx + c = 0
diferença de dois quadrados. - Δ = b2 – 4.a.c
(x + 4) . (x – 4) = 0 - Quando Δ ≥ 0, a equação tem raízes reais.
x+4=0 x–4=0 - Quando Δ < 0, a equação não tem raízes reais.
x=–4 x=4 - Δ > 0 (duas raízes diferentes).
- Δ = 0 (uma única raiz).
Logo, S = {–4, 4}.
Exemplo: Resolver a equação x2 + 2x – 8 = 0 no conjunto R.
Fórmula de Bhaskara temos: a = 1, b = 2 e c = – 8
Usando o processo de Bhaskara e partindo da equação escrita Δ= b2 – 4.a.c = (2)2 – 4 . (1) . (–8) = 4 + 32 = 36 > 0
na sua forma normal, foi possível chegar a uma fórmula que vai
nos permitir determinar o conjunto solução de qualquer equação Como Δ > 0, a equação tem duas raízes reais diferentes, dadas
do 2º grau de maneira mais simples. por:
Δ -(2) - √
+ 36
-b +- √ -2 +
Essa fórmula é chamada fórmula resolutiva ou fórmula de x= = = -6
2.a 2.(1) 2
Bhaskara. -2 + 6 4 -2 - 6 -8
x’ = = =2 x” = = = -4
2 2 2 2
Δ
-b +- √
x= Então: S = {-4, 2}.
2.a
Exercícios
Nesta fórmula, o fato de x ser ou não número real vai depender
do discriminante r; temos então, três casos a estudar. 1. Se x2 = – 4x, então:
a) x = 2 ou x = 1
1º caso: Δ é um número real positivo ( Δ > 0). b) x = 3 ou x = – 1
Neste caso, √ Δ é um número real, e existem dois valores reais c) x = 0 ou x = 2
diferentes para a incógnita x, sendo costume representar esses d) x = 0 ou x = – 4
valores por x’ e x”, que constituem as raízes da equação. e) x = 4 ou x = – 1

2. As raízes reais da equação 1,5x2 + 0,1x = 0,6 são:


Δ
-b + √ -b + √Δ
x= - x’ =
2.a 2.a
a) 2 e 1
-b - √Δ 5
x’’ =
2.a b) 3 e 2
5 3
2º caso: Δ é zero ( Δ = 0). c) - 3 e - 2
5 5
Δ é igual a zero e ocorre:
Neste caso, √
-b +- √ 0 -b +- √
Δ x = -b +- √ 0 -b d) - 2 e 2
x= = = = 2a
2.a 2.a 2.a 5 3
e) 3 e- 2
Observamos, então, a existência de um único valor real para 5 3
a incógnita x, embora seja costume dizer que a equação tem duas
raízes reais e iguais, ou seja: 3. As raízes da equação x3 – 2x2 – 3x = 0 são:
-b a) –2, 0 e 1
x’ = x” = b) –1, 2 e 3
2a
c) – 3, 0 e 1
d) – 1, 0 e 3
3º caso: Δ é um número real negativo ( Δ < 0). e) – 3, 0 e 2

Neste caso, √Δ não é um número real, pois não há no conjunto 4. Verifique se o número 5 é raiz da equação x2 + 6x = 0.
dos números reais a raiz quadrada de um número negativo.
Dizemos então, que não há valores reais para a incógnita x, ou 5. Determine o valor de m na equação x2 + (m + 1)x – 12 = 0
seja, a equação não tem raízes reais. para que as raízes sejam simétricas.
A existência ou não de raízes reais e o fato de elas serem
duas ou uma única dependem, exclusivamente, do discriminante 6. Determine o valor de p na equação x2 – (2p + 5)x – 1 = 0
para que as raízes sejam simétricas.
Δ= b2 – 4.a.c; daí o nome que se dá a essa expressão.

Didatismo e Conhecimento 34
RACIOCÍNIO LÓGICO
7. (U. Caxias do Sul-RS) Se uma das raízes da equação 2x2 – Δ = -22 – 4 . 1 . – 3
3px + 40 = 0 é 8, então o valor de p é: Δ = 4 + 12
a) 5 Δ = 16
13
b)
-(-2) +- √16 2 +- 4
c) 73 x= = =
6
= 3 ou
-2
= -1
d) –5 2.1 2 2 2
e) –7
4) Resposta “Não”.
8. O número de soluções reais da equação: -6x 2 + 4x = -4,
2 2

com x ≠ 0 e x ≠ 3 é: 2x - 3x
2 Solução:
a) 0
b) 1 -b -6 c 0
c) -2 S= = = -6 P= = =0
a 1 a 1
d) 3
e) 4 Raízes: {-6,0}
Ou x2 + 6x = 0
9. O(s) valor(es) de B na equação x2 – Bx + 4 = 0 para que o x (x + 6) = 0
discriminante seja igual a 65 é(são): x=0 ou x+6=0
a) 0 x=-6
b) 9
c) –9 5) Resposta “-1”.
d) –9 ou 9 Solução:
e) 16
-(m + 1) c -12
S = -b = =-m-1 P= = = -12
10. Um valor de b, para que a equação 2x2 + bx + 2 = 0 tenha a 1 a 1
duas raízes reais e iguais é:
a) 2 -m-1=0
b) 3
m = -1
c) 4
d) 5
6) Resposta “ -5/2”.
e) 6
Respostas Solução:
x2 – (2p + 5)x – 1 = 0 (-1)
1. Resposta “D”. -x2 +(2p + 5)x + 1 = 0
Solução:
x2 = – 4x -(2p + 5) c
-b 1
x2 + 4x = 0 S= = = 2p + 5P= = = -1
a -1 a -1
x (x + 4) = 0
x=0 x+4=0 2p + 5 = 0
x = -4 2p = -5
2) Resposta “E”. p = - 5/2
Solução:
1,5x2 + 0,1x = 0,6 7) Resposta “C”
1,5x2 + 0,1x - 0,6 = 0 (x10) Solução:
15x2 +1x - 6 = 0 2x2 – 3px + 40 = 0
Δ = b2 – 4.a.c 282 – 3p8 + 40 = 0
Δ = 12 – 4 . 15 . – 6 2.64 – 24p + 40 = 0
Δ = 1 + 360 128 – 24p + 40 = 0
Δ = 361 -24p = - 168 (-1)
-1 +- √
361 -1 +- 19 18 3 -20 p = 168/24
x= = = = ou =-
2
p=7
2.15 30 30 5 30 3
3) Resposta “D”.
8) Resposta “C”.
Solução:
Solução
x3 – 2x2 – 3x = 0 -6x2 + 4x3 x(-6x + 4x2)
= = -4
x (x2 – 2x – 3) = 0 2x - 3x
2 x(2x - 3)
x=0 x2 – 2x – 3 = 0 -8x + 12 = -6x + 4x2
Δ = b – 4.a.c
2
4x2 + 2x - 12 = 0

Didatismo e Conhecimento 35
RACIOCÍNIO LÓGICO
Δ = b2 – 4.a.c 2x1 – 3 3 + x3 = 0
Δ = 22 – 4 . 4 . -12 x2
Δ = 4 + 192
( 3 é o impedimento)
Δ = 196 x2
-2 +- √196 -2 +- 14
x= =
12
=
3
ou
-16
= -2 Observação: Uma equação é linear quando os expoentes das
2.4 8 8 2 8 incógnitas forem iguais a l e em cada termo da equação existir uma
9) Resposta “D”. única incógnita.
Solução:
x2 – Bx + 4 = 0 Solução de ama Equação Linear
b2 – 4.a.c Uma solução de uma equação linear a1xl +a2x2 +a3x3+...anxn
b2 – 4 . 1 . 4 = b, é um conjunto ordenado de números reais α1, α2, α3,..., αn
b2 – 16 = 65 para o qual a sentença a1{α1) + a2{αa2) + a3(α3) +... + an(αn) = b é
b2= 65 + 16 verdadeira.
b = √81
b=9 Exemplos
b = -B - A terna (2, 3, 1) é solução da equação:
B = ±9 x1 – 2x2 + 3x3 = -1 pois:
(2) – 2.((3) + 3.(1) = -1
10) Resposta “C”. - A quadra (5, 2, 7, 4) é solução da equação:
Solução:
0x1 - 0x2 + 0x3 + 0x4 = 0 pois:
2x2 + Bx + 2 = 0
0.(5) + 0.(2) + 0.(7) + 0.(4) = 0
b2 – 4.a.c
b2 – 4 . 2 . 2
b2 - 16 Conjunto Solução
b2 = 16 Chamamos de conjunto solução de uma equação linear o
b = √16 conjunto formado por todas as suas soluções.
b=4
Observação: Em uma equação linear com 2 incógnitas, o
Sistema Linear conjunto solução pode ser representado graficamente pelos pontos
de uma reta do plano cartesiano.
O estudo dos sistemas de equações lineares é de fundamental
importância em Matemática e nas ciências em geral. Você Assim, por exemplo, na equação
provavelmente já resolveu sistemas do primeiro grau, mais 2x + y = 2
precisamente aqueles com duas equações e duas incógnitas.
Vamos ampliar esse conhecimento desenvolvendo métodos Algumas soluções são (1, 0), (2, -2), (3, -4), (4, -6), (0, 2),
que permitam resolver, quando possível, sistemas de equações (-1,4), etc.
do primeiro grau com qualquer número de equações e incógnitas. Representando todos os pares ordenados que são soluções da
Esses métodos nos permitirão não só resolver sistemas, mas equação dada, temos:
também classificá-los quanto ao número de soluções.

Equações Lineares
Equação linear é toda equação do tipo a1x1 + a2x2 + a3x3+...anxn
= b, onde a1, a2, a3,.., an e b são números reais e x1, x2, x3,.., xn são
as incógnitas.
Os números reais a1, a2, a3,.., an são chamados de coeficientes
e b é o termo independente.

Exemplos
- São equações lineares: Equação Linear Homogênea
x1 - 5x2 + 3x3 = 3 Uma equação linear é chamada homogênea quando o seu
2x – y + 2z = 1 termo independente for nulo.
0x + 0y + 0z = 2
0x + 0y + 0z = 0 Exemplo
- Não são equações lineares: 2x1 + 3x2 - 4x3 + 5x4 - x5 = 0
x3-2y+z = 3
(x3 é o impedimento) Observação: Toda equação homogênea admite como solução
2x1 – 3x1x2 + x3 = -1 o conjunto ordenado de “zeros” que chamamos solução nula ou
(-3x1x2 é o impedimento) solução trivial.

Didatismo e Conhecimento 36
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo 2. Método da Adição:
(0, 0, 0) é solução de 3x + y - z – 0 2x + 3y = 8 (I)

x - y = - 1 (II)
Equações Lineares Especiais
Dada a equação: Multiplicamos a equação II por 3 e a adicionamos, membro a
a1x1 + a2x2 +a3x3+...anxn = b, temos: membro, com a equação I.
 2x + 3y = 8
 3 x − 3 y = −3

- Se a1 = a2 = a3 =...= na = b = 0, ficamos com: 
0x1 + 0x2 +0x3 +...+0xn, e, neste caso, qualquer seqüências (α1, 5x = 5 ⇒ x = 5 = 1
 5
α2, α3,..., αn) será solução da equação dada.
- Se a1 = a2 = a3 =... = an = 0 e b ≠ 0, ficamos com: Fazendo x = 1 na equação (I), por exemplo, obtemos:
0x1 +0x2 + 0x3 +...+0xn= b ≠0, e, neste caso, não existe Assim: S = {(1,2)}
seqüências de reais (α1, α2, α3,...,αn) que seja solução da equação
dada. Sistema Linear 2 x 2 com infinitas soluções

Sistema Linear 2 x 2 Quando uma equação de um sistema linear 2 x 2 puder ser


Chamamos de sistema linear 2 x 2 o conjunto de equações obtida multiplicando-se a outra por um número real, ao tentarmos
lineares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente. resolver esse sistema, chegamos numa igualdade que é sempre
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo: verdadeira, independente das incógnitas. Nesse caso, existem
infinitos pares ordenados que são soluções do sistema.
a1 x + b1 y = c1
 Exemplo
a2 + b2 y = c2 ⎧2x + 3y = 8(I )

Um par (α1, α2) é solução do sistema linear 2 x 2 se, e somente ⎩−4x − 6y = −16(II )
se, for solução das duas equações do sistema.
Note que multiplicando-se a equação (I) por (-2) obtemos a
Exemplo equação (II).
(3, 4) é solução do sistema Resolvendo o sistema pelo método da substituição temos:
⎧ x − y = −1 8 − 2x
⎨ Da equação (I), obtemos y = , que substituímos na
⎩2x + y = 10 equação (II). 3

 8 − 2x 
- 4 x - 6 .   =-16 →-4x-2(8-2x)=-16
pois é solução de suas 2 equações: 3/ 
(3)-(4) = -l e 2.(3) + (4) = 10
-4x-16+4x=-16→-16=-16
- 16= -16 é uma igualdade verdadeira e existem infinitos pares
Resolução de um Sistema 2 x 2 ordenados que são soluções do sistema.
Resolver um sistema linear 2 x 2 significa obter o conjunto
5   8
solução do sistema. Entre outros, (1, 2), (4, 0),  ,1 e  0,  são soluções do
Os dois métodos mais utilizados para a resolução de um 2   3
sistema. ⎛ 8 − 2α ⎞
sistema linear 2x2 são o método da substituição e o método da Sendo a, um número real qualquer, dizemos que ⎜ α , ⎟
⎝ 3 ⎠
adição. é solução do sistema.
Para exemplificar, vamos resolver o sistema 2 x 2 abaixo
usando os dois métodos citados. (Obtemos 8 − 2α substituindo x =α na equação (I)).
3
2x + 3y = 8 Sistema Linear 2 x 2 com nenhuma solução

x - y = - 1 Quando duas equações lineares têm os mesmos coeficientes,
porém os termos independentes são diferentes, dizemos que não
1. Método da Substituição: existe solução comum para as duas equações, pois substituindo uma
2x + 3y = 8 (I) na outra, obtemos uma igualdade sempre falsa.
 Exemplo
x - y = - 1 (II)
2x+3y=6(I) e 2x+3y=5(II)

Da equação (II), obtemos x = y -1, que substituímos na Substituindo 2x+3y da equação (I) na equação (II) obtemos:
equação (I) 6=5 que é uma igualdade falsa. Se num sistema 2x2 existir
2(y- 1) +3y = 8  5y = 10  y = 2 um número real que, multiplicado por uma das equações, resulta
uma equação com os mesmos coeficientes da outra equação do
Fazendo y = 2 na equação (I), por exemplo, obtemos: sistema, porém com termos independentes diferentes, dizemos
Assim: S = {(1,2)} que não existe par ordenado que seja solução do sistema.

Didatismo e Conhecimento 37
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo 2.
 x + 2 y = 5( I )
 x1 + 3 x2 − 2 x3 + x4 = 0
 
2 x + 4 y = 7( II )  x1 + 2 x2 − 3 x3 + x4 = 2
x − x + x + x = 5
 1 2 3 4
Multiplicando-se equação (I) por 2 obtemos:
2x+4y=10 (sistema 3 x 4)

Que tem os mesmo coeficientes da equação (II), porém os 3.


termos independentes são diferentes. x + 2 y = 1
Se tentarmos resolver o sistema dado pelo método de 
x − y = 4
substituição, obtemos uma igualdade que é sempre falsa, 2 x − 3 y = 0
independente das incógnitas. 
 x + 2 y = 5( I )
 (sistema 3 x 2)
2 x + 4 y = 7( II )
 5− x 
Da equação (I), obtemos ,  y = 2  que substituímos na Matriz Incompleta
 
equação (II)
5 − x
Chamamos de matriz incompleta do sistema linear a matriz
2x- 4.   =7→2x+2(5-x)=7 formada pelos coeficientes das incógnitas.
 2/ 

2x+10-2x=7→10=7 a a12 a13  a1n 


 11 
10=7 é uma igualdade falsa e não existe par ordenado que seja  
a
 21 a 22 a 23  a 2n 
solução do sistema.
 
A = a31 a32 a33  a3n 
Classificação  
De acordo com o número de soluções, um sistema linear 2x2 ..................................... 
pode ser classificado em:  
- Sistema Impossíveis ou Incompatíveis: são os sistemas que am1 am 2 am 3  amn 
não possuem solução alguma.  
- Sistemas Possíveis ou compatíveis: são os sistemas que Exemplo
apresentam pelo menos uma solução.
- Sistemas Possíveis Determinados: se possuem uma única No sistema:
solução. 
- Sistemas Possíveis Indeterminados: se possuem infinitas x − y + 2z = 1
soluções. 
x + z=0
Sistema Linear m x n 
− x + y = 5
Chamamos de sistema linear M x n ao conjunto de m equações 
a n incógnitas, consideradas simultaneamente, que podem ser
escrito na forma:
A matriz incompleta é:
a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + ... + a1n xn = b1  
a x + a x + a x + ... + a x = b  1 −1 2 
 21 1 22 2 23 3 2n n 2  
+ + + + = A= 1 0 1
 31 1
a x a x
32 2 a x
33 3 ... a x
3n n b 3  
.........................................................  
  − 1 1 0
am1 x1 + am 2 x2 + am 3 x3 + ... + amn xn = bm  

Onde: Forma Matricial


X1, x2, x3,…,xn são as incógnitas;
aij, com 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ n, são os coeficientes das incógnitas; Consideremos o sistema linear M x n:
bi, com 1 ≤ i ≤ m, são os termos independentes. a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 +  + a1n xn = b1

Exemplos a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 +  + a2 n xn = b2

1.
a31 x1 + a32 x2 + a33 x3 +  + a3n xn = b3
 x − 2 y + 3z = 5 ........................................................
 
x + y − z + 2
am1 x1 + am 2 x2 + am 3 x3 +  + amn xn = bm
(sistema 2 x 3) 

Didatismo e Conhecimento 38
RACIOCÍNIO LÓGICO
Sendo A a Matriz incompleta do sistema chamamos, Assim:
respectivamente, as matrizes S={(1, 1, 4)}
 x1   
  b1  2º) Resolver o sistema pelo método da substituição:
 x2  b2 
  ⎧ x + 3y − z = 1 (I )
X =  x3  e B = b3  ⎪
    ⎨ y + 2z = 10 (II )
    ⎪
    ⎩ 3z = 12 (III )
 xn  bm 
Resolução
de matriz incógnita e matriz termos independentes.
E dizemos que a forma matricial do sistema é A.X=B, ou seja: Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
equações (II) e (III), temos:
a11 a12 a13  a1n     
   x1  b1 
a   x2  b2  x + 2y – z = -1 → x = -2y + z - 1
a22 a23  a2 n    
 21 
   x3  b3  Na equação (II)
a31 a32 a33  a3n       2(-2y + z - 1) – y + z = 5 →5y + 3z = 7 (IV)
     
...................................     
   xn  bm  Na equação (III)
am1 am 2 am 3  amn  (-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V)
 
Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV) e (V):
Sistemas Lineares – Escalonamento (I)
Resolução de um Sistema por Substituição ⎪⎧−5y + 3z = 7 (IV )
Resolvemos um sistema linear m x n por substituição, do ⎨
mesmo modo que fazemos num sistema linear 2 x 2. Assim, ⎪⎩ y − z = −3 (V )
observemos os exemplos a seguir.
Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na
Exemplos equação (IV), temos:
- Resolver o sistema pelo método da substituição.
 x + 2 y − z = −1 ( I ) y – z = -3 → y = z - 3
 -5(z - 3) + 3z = 7 → z = 4

2 x − y + z = 5 ( II )
 Substituindo z = 4 na equação (V)
 x + 3 y − 2 z = −4( III ) y – 4 = -3 → y = 1

Substituindo y = 1 e z = 4 na equação (I)
Resolução x + 2(1) - (4) = -1 → x = 1
Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
equações (II) e (III), temos: Assim:
x + 2y – z - 1→ x = -2y + z - 1 S={(1, 1, 4)}
Na equação (II)
2(-2y + z - 1) – y + z = 5 → -5y + 3z = 7 (IV) 2º) Resolver o sistema pelo método da substituição:
Na equação (III)
(-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V) ⎧ x + 3y − z = 1 (I )
Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV) e (V): ⎪
⎨ y + 2z = 10 (II )
⎧⎪−5y + 3z = 7 (IV ) ⎪
⎩ 3z = 12 (III )

⎩⎪ y − z = −3 (V )
Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na Resolução
equação (IV), temos: Na equação (III), obtemos:
y – z = -3 → y = z - 3 3z = 12 → z = 4
Substituindo z = 4 na equação (II), obtemos:
-5 (z - 3) + 3z = 7→ z = 4
y + 2 . 4 = 10 → y = 2
Substituindo z = 4 e y = 2 na equação (I), obtemos:
Substituindo z = 4 na equação (V)
x + 3 . 2 – 4 = 1 → x = -1
y – 4 = -3 → y = 1 Assim:
Substituindo y = 1 e z = 4 na equação (I) S{(-1, 2, 4)}
x + 2 (1) - (4) = -1 →x = 1

Didatismo e Conhecimento 39
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observação: Podemos observar que a resolução de sistemas
pelo método da substituição pode ser demasiadamente longa e a11a12 a13  a1n
trabalhosa, quando os sistemas não apresentam alguma forma
0 a22 a23  a2 n
simplificada como no primeiro exemplo. No entanto, quando
o sistema apresenta a forma simples do segundo exemplo, que D = 0 0 a33  a3n = D = a11 .a22 .a33 ..ann ≠ 0
denominamos “forma escalonada”, a resolução pelo método da
substituição é rápida e fácil. .................
Veremos, a seguir, como transformar um sistema linear m x
n qualquer em um sistema equivalente na “forma escalonada”. 0 0 0 ann

Sistemas Lineares Escalonados Como D ≠ 0, os sistemas deste tipo são possíveis e determinados
Dizemos que um sistema linear é um sistema escalonado e, para obtermos a solução única, partimos da n-ésima equação
quando: que nos dá o valor de xn; por substituição nas equações anteriores,
- Em cada equação existe pelo menos um coeficiente não- obtemos sucessivamente os valores de xn-1,xn-2,…,x3,x2 e x1.
nulo;
- O número de coeficiente nulos, antes do primeiro coeficiente Exemplo
não-nulo, cresce “da esquerda para a direita, de equação para
equação”. Resolver o sistema:

Exemplos
⎧2x + y − z + t = 5(I )

2 x + y − z = 3 ⎪ y + z + 3t = 9(II )
1º)  ⎨
2z − t = 0(III )
 2 y + 3 z = 2 ⎪
⎪ 3t = 6(IV )


x + 2 y − 3z = 4
2º) 
 Resolução
 y + 2z = 3
 Na equação (IV), temos:
 z =1
 3t = 6 → t = 2
Substituindo t = 2 na equação (III), temos:
x+ y+ z+t =5 2z – 2 = 0 → z = 1
3º)  Substituindo t = 2 e z = 1 na equação (II), temos:
 y−t =2
 y + 1 +3 . 2 = 9 → y = 2
Substituindo t = 2, z = 1 e y = 2, na equação (I), temos:
 2 x1 + 3x2 − x3 + x4 = 1 2x + 2 – 1 + 2 = 5 → x = 1

 Assim:
4º)  x 2 + x3 − x 4 = 0
S {(1, 2, 1, 2)}

 3 x4 = 5 Tipo: número de equações menor que o número de incógnitas.
 Para resolvermos os sistemas lineares deste tipo, devemos
Existem dois tipos de sistemas escalonados: transformá-los em sistemas do 1º tipo, do seguinte modo:
- As incógnitas que não aparecem no inicio de nenhuma
Tipo: número de equações igual ao número de incógnitas.
das equações do sistema, chamadas variáveis livres, devem ser
a11 x1 + a12 x2 + a13 x 3 +  + a1n xn = b1 “passadas” para os segundos membros das equações. Obtemos,
 assim, um sistema em que consideramos incógnitas apenas as
 a22 x2 + a23 x3 +  + a2 n xn = b2 equações que “sobraram” nos primeiros membros.

 - Atribuímos às variáveis livres valores literais, na verdade
 a33 x33 +  + a3n xn = b3 “valores variáveis”, e resolvemos o sistema por substituição.

...................................................
 Exemplo
 ann xn = bn
Resolver o sistema:
Notamos que os sistemas deste tipo podem ser analisados  x + y + 2 z = 1
pelo método de Cramer, pois são sistemas n x n. Assim, sendo D o  2y − z = 2
determinante da matriz dos coeficientes (incompleta), temos: 

Didatismo e Conhecimento 40
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução Exemplo

A variável z é uma “variável livre” no sistema.


Então:  
 x + y = 1 − 2 z x + 2 y + z = 5 2 y + z + x = 5
 2y = 2 + z  
 (S ) =  x + 2 z = 1 ~ ( S1 ) 2z + x = 1
 
 3x = 5  3x = 5
Fazendo z = α, temos:  

⎧⎪ x + y = 1− 2α
⎨ - Multiplicar (ou dividir) uma equação por um número real
⎩⎪ 2y = 2 + α não-nulo.
2 +α
2y = 2 + α → y =
2 Exemplo

x + 2 y = 3  x + 2 y = 3
2 + α na 1ª equação, temos:
Substituindo y = ( S ) ~ ( S1 )
2 3 x − y = 1 6 x − 2 y = 3
2 +α
x+ = 1− 2α
2
Agora para continuar fazemos o mmc de 2, e teremos: Multiplicamos a 2ª equação de S por 2, para obtermos S1.
- Adicionar a uma equação uma outra equação do sistema,
2x + 2α = 2(1-2α) previamente multiplicada por um número real não-nulo.
2x + 2α = 2 - 4α
4α + 2x + 2 + α - 2 = 0 Exemplo
5α + 2x = 0
2x = -5α  x + 3 y = 5
x = −5α x + 3 y = 5
(S ) =  ~ ( S1 )
2 2 x + y = 3  − 5 y = −7

Assim:
Multiplicamos a 1ª equação do S por -2 e a adicionamos à 2ª
⎧⎛ 5α 2 + α ⎞ ⎫
S = ⎨⎜ , , α ⎟ , α ∈R ⎬ equação para obtermos s1.
⎩ ⎝ 2 2 ⎠ ⎭
Para transformarmos um sistema linear (S) em outro,
Observações: Para cada valor real atribuído a α, encontramos equivalente e escalonado (S1), seguimos os seguintes passos.
uma solução do sistema, o que permite concluir que o sistema é
possível e indeterminado. - Usando os recursos das três primeiras transformações
- A quantidade de variáveis livres que um sistema apresenta
elementares, devemos obter um sistema em que a 1ª equação tem
é chamada de grau de liberdade ou grau de indeterminação do
a 1ª incógnita com o coeficiente igual a 1.
sistema.
Sistema Lineares – Escalonamento (II) - Usando a quarta transformação elementar, devemos “zerar”
Escalonamento de um Sistema todos os coeficientes da 1ª incógnita em todas as equações restantes.
Todo sistema linear possível pode ser transformado num - “Abandonamos”a 1ª equação e repetimos os dois primeiros
sistema linear escalonado equivalente, através das transformações passos com as equações restantes, e assim por diante, até a
elementares a seguir. penúltima equação do sistema.
- Trocar a ordem em que as equações aparecem no sistema.
Exemplo Exemplos

x + 3 y = 2 2 x − y = 5 1º) Escalonar e classificar o sistema:


(S ) =  ~ ( S1 )
2 x − y = 5 x + 3 y = 2 2 x + y + z = 5

3 x − y 2 z = −2
- Inverter a ordem em que as incógnitas aparecem nas x + 2 y − z = 1

equações.

Didatismo e Conhecimento 41
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução

⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1
⎪ ⎪ ⎪
⎨ 3x − y − 2z = −2 ~ ⎨ 3x − y − 2z = −2 ← −3 ~ ⎨−7y + z = −5
⎪2x + y + z = 5 ⎪ ⎪
⎩ ⎩ 2x + y + z = 5 ← −2 ⎩−3y + 3z = 3 : −3

⎧ x + 2y − z = −1 ⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1
⎪ ⎪ ⎪
⎨−7y + z = 5 ~ ⎨ y − z = −1 ~ ⎨ y − z = −1
⎪ y − z = −1 ⎪−7y + z = −5 ← 7 ⎪
⎩ ⎩ ⎩ − 6z = −12

O sistema obtido está escalonado e é do 1º tipo (nº de equações igual ao nº de incógnitas), portanto, é um sistema possível e determinado.

2º) Escalonar e classificar o sistema:

3 x + y − z = 3

2 x − y + 3 z = 5
8 x + y + z = 11

Resolução

O sistema obtido está escalonado e é do 2º tipo (nº de equações menor que o nº de incógnitas), portanto, é um sistema possível e
indeterminado.

(*) A terceira equação foi eliminada do sistema, visto que ela é equivalente à segunda equação. Se nós não tivéssemos percebido essa
equivalência, no passo seguinte obteríamos na terceira equação: 0x+0z=0, que é uma equação satisfeita para todos os valores reais de x e z.

3º) Escalonar e classificar o sistema:



2 x + 5 y + z = 5

 x + 2y − z = 3

4 x + 9 y − z = 8

Resolução

O sistema obtido é impossível, pois a terceira equação nunca será verificada para valores reais de y e z.

Didatismo e Conhecimento 42
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observação Resolução

Dado um sistema linear, sempre podemos “tentar” o seu


1 1−1
escalonamento. Caso ele seja impossível, isto ficará evidente pela
presença de uma equação que não é satisfeita por valores reais D2 3 1 = 9 + a − 2a + 3 − 6 − a 2
(exemplo: 0x + 0y = 3). No entanto, se o sistema é possível, nós
sempre conseguimos um sistema escalonado equivalente, que terá 1 a 3
nº de equações igual ao nº de incógnitas (possível e determinado),
ou então o nº de equações será menor que o nº de incógnitas D=0 → -a2-a+6=0 → a=-3 ou a=2
(possível e indeterminado).
Este tratamento dado a um sistema linear para a sua resolução Assim, para a≠-3 e a≠2, o sistema é possível e determinado.
é chamado de método de eliminação de Gauss.
Sistemas Lineares – Discussão (I) Para a=-3, temos:
Discutir um sistema linear é determinar; quando ele é:
- Possível e determinado (solução única);
 
- Possível e indeterminado (infinitas soluções); 
x + y − z =1 
x + y − z = 1 x + y − z = 1
- Impossível (nenhuma solução), em função de um ou mais   
2 x + 3 y − 3 z = 3 ← −2 ~  y − z =1 ~  y − z =1
parâmetros presentes no sistema.   
Estudaremos as técnicas de discussão de sistemas com o  x − 3 y + 3z = 2 ← −1 − 4 y + 4 z = 1 ←4  y + z = 5 sistema impossível
  
auxilio de exemplos.

Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de Para a=2, temos:


Incógnitas
Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao nº 
x + y − z =1 

de incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente calculamos  x + y − z = 1 x + y − z = 1
  
o determinante D da matriz dos coeficientes (incompleta), e: 2 x + 3 y + 2 z = 3 ← −2

~  y + 4z = 1

~

y + 4z = 1 sistema possível in det er min ado
1º) Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.  x + 2 y + 3 z = 2 ← −1  y + 4z = 1


2º) Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou
impossível. Assim, temos:
Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado ou
impossível, devemos conseguir um sistema escalonado equivalente a≠-3 e a ≠ 2 →SPD
pelo método de eliminação de Gauss. a=-3 → SI
a=2 → SPI
Exemplos 03 – Discutir, em função de m e k, o sistema:
01 – Discutir, em função de a, o sistema:
⎧ x + 3y = 5 ⎧ mx + y = k
⎨ ⎨
⎩2x + ay = 1 ⎪⎩ x + my = k
2

Resolução Resolução
1 3 m 1
D= = a−6 D= = m2 −1
2 a 1 m
D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6 D=0 → m2-1=0→ m=+1 ou m=-1
Assim, para m≠+1 e m≠-1, o sistema é possível e determinado.
Assim, para a≠6, o sistema é possível e determinado.
Para m=1, temos:
Para a≠6, temos:
 x + 3 y = 5 x + 3 y = 5  x + y = K x + y = K
2 x + 6 y = 1 ← −2
~ x + y = K 2 ~
 0 x + 0 y = −9  ← −1 0 x + 0 y = − K + K
2

que é um sistema impossível.


Se –k + k2=0, ou seja, k=0 ou k=1, o sistema é possível e
Assim, temos: indeterminado.
a≠6 → SPD (Sistema possível e determinado)
a=6 → SI (Sistema impossível) Se –K+k2≠0, ou seja, k≠0 ou k≠1, o sistema é impossível.
02 – Discutir, em função de a, o sistema:
Para m=-1, temos:
⎧x + y − z = 1

⎨2x + 3y + az = 3
⎪ x + ay + 3z = 2

Didatismo e Conhecimento 43
RACIOCÍNIO LÓGICO
Se k2+k=0, ou seja, k=0 k=-1, o sistema é possível e Resolução:
indeterminado.
Se k2+k≠0, ou seja, k≠0 k≠-1, o sistema é indeterminado.

Assim, temos:

m = +1 e k = 0 ou k = 1 ⎫

ou ⎬ ⇒ SPI
m = −1 e k = 0 ou k = −1⎪⎪

m = +1 e k ≠ 0 ou k ≠ 1 ⎫

ou ⎬ ⇒ SI

m = −1 e k ≠ 0 ou k ≠ −1⎪
⎭ Assim, para ∀k ∈ R , o sistema é possível e determinado.
Sistemas Lineares – Discussão (II)
Sistemas com Número de Equações Diferente do Número
de Incógnitas
Sistema Linear Homogêneo
Quando o sistema linear apresenta número de equações dife- Já sabemos que sistema linear homogêneo é todo sistema
rente do número de incógnitas, para discuti-lo, devemos obter um cujas equações têm todos os termos independentes iguais a zero.
sistema escalonado equivalente pelo método de eliminar de Gauss. São homogêneos os sistemas:
Exemplos
01 – Discutir, em função de m, o sistema: 3 x + 4 y = 0
01 
⎧x + y = 3 x − 2 y = 0

⎨2x + 3y = 8
⎪ x − my = 3 x + 2 y + 2z = 0


02 3 x − y + z = 0
Resolução 5 x + 3 y − 7 z = 0

⎧ x+y= 3
⎪⎪ Observe que a dupla (0,0) é solução do sistema 01 e a terna
⎨2z + 3y = 8 → −2 ~ (0,0,0) é solução do sistema 02.

⎪⎩ x − my = 3 → −1 Todo sistema linear homogêneo admite como solução uma
seqüência de zero, chamada solução nula ou solução trivial.
⎧ x+y= 3 ⎧x + y = 3 Observamos também que todo sistema homogênea é sempre
⎪⎪ ⎪ possível podendo, eventualmente, apresentar outras soluções além
~⎨ y=2 ~ ⎨y = 2
da solução trivial, que são chamadas soluções próprias.
⎪ ⎪
⎪⎩(−1− m)y = 0 → 1+ m ⎩0y = 2 + 2m
Discussão e Resolução
2+2m=0→m=-1
Assim, temos:
Lembre-se que: todo sistema linear homogêneo tem ao
m≠-1→ SI
menos a solução trivial, portanto será sempre possível.
m=-1→ SPD

Vejamos alguns exemplos:
02 – Discutir, em função de k, o sistema:
01 – Classifique e resolva o sistema:
⎧ x + 2y − z = 5
⎪ 3 x + y + z = 0
⎪2x + 5y + 3z = 12 
⎨ x + 5 y − z = 0
⎪ 3x + 7y − 2z = 17 x + 2 y − z = 0
⎪5x + 12y + kz = 29 

Didatismo e Conhecimento 44
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução Resolução

3 1 1 O sistema é homogêneo e, para apresentar soluções diferentes


da trivial, devemos ter D=0
D = 1 5 − 1 = −12 1 1 1
1 2 −1
D = 1− k 1 = k 2 + 2k + 1 = (k + 1) 2 = 0 ⇒ k = −1
Como D≠0, o sistema é possível e determinado admitindo só
a solução trivial, logo: k −1−1

Resposta: k=-1
02 – Classifique e resolva o sistema:
Exercícios
a + b + 2c = 0 2 x + 3 y = 8
 1. Resolver e classificar o sistema: 
a − 3b − 2c = 0 3 x − 2 y = −1
2 a − b + c = 0

2. Determinar m real, para que o sistema seja possível e
Resolução determinado: ⎧2x + 3y = 5

1 1 2 ⎩ x + my = 2 3 x − y + z = 5

D = 1− 3 − 2 = 0 3. Resolver e classificar o sistema:  x + 3 y = 7
2 x + y − 2 z = −4
2 −1 1 
4. Determinar m real para que o sistema seja possível e
Como D=0, o sistema homogêneo é indeterminado. determinado. ⎧ x + 2y + z = 5

Fazendo o escalonamento temos: ⎨2x − y + 2z = 5
⎪ 3x + y + mz + 0

 a + b + 2c = 0  a + b + 2c = 0
   a + b + 2c = 0
  
a − 3b + −2c = 0 ~ 0 − 4b − 4c = 0 ~ 0 + b + 4c = 0 5. Se o terno ordenado (2, 5, p) é solução da equação linear
  0 + 0 + 0 = 0 6x - 7y + 2z = 5, qual o valor de p?
2a − b + c = 0 0 − 3b − 3c = 0 
6. Escreva a solução genérica para a equação linear 5x - 2y
Teremos, então: + z = 14, sabendo que o terno ordenado ( , , ) é solução.
a + b + 2c = 0
7.  Determine o valor de m de modo que o sistema de
 b+c =0
 equações abaixo, 
2x - my = 10
3x + 5y = 8, seja impossível.
Fazendo c=t, teremos:
=-c→b=-t 8. Se os sistemas:
a-t+2t=0→a=-t S1: x + y = 1 e S2: ax – by = 5
X – 2y = -5 ay – bx = -1
Portanto:
São equivalentes, então o valor de a2 + b2 é igual a:
S = {( −t,−t,t ) ,t ∈R} a) 1
b) 4
c) 5
Note que variando t obteremos várias soluções, inclusive a
d) 9
trivial para t=0.
e) 10

03 – Determine K de modo que o sistema abaixo tenha solução 9. Resolva o seguinte sistema usando a regra de Cramer:
diferente da trivial. x + 3y - 2z = 3
2x - y + z = 12
⎧x + y + z = 0 4x + 3y - 5z = 6

⎨ x − ky + z = 0 2 x − y = 7
⎪ kx − y − z = 0 10. Resolver o sistema  .
⎩  x + 5 y = −2

Didatismo e Conhecimento 45
RACIOCÍNIO LÓGICO
Respostas

1) Resposta “S= {(1, 2)}”.


Solução: Calculemos inicialmente D, Dx e Dy:
2 3
D= = −4 − 9 = −13
3 −2

8 3
Dx = = −16 + 3 = 13
−1 −2
Como D= -25 ≠ 0, o sistema é possível e determinado e:
2 8
Dy = = −2 − 24 = −26 Dx −25 D −50 D 100
3 −1 x= = = 1; y = y = = 2; z = z = =4
D −25 D −25 D −25
Como D =-13 ≠ 0, o sistema é possível e determinado e:
Assim: S = {(1, 2, 4)} e o sistema são possíveis e determinados.
D −13 D −26
x= x = =1 y = y = =2
4) Resposta “ {
D −13 D −13 m ∈R / m ≠ 3} ”.
e

Assim: S= {(1, 2)} e o sistema são possíveis e determinados. Solução: Segundo a regra de Cramer, devemos ter D ≠ 0.
Assim:
2) Resposta “ m ∈ R / m ≠  ”.
3
 2
Solução: Segundo a regra de Cramer, devemos ter D ≠ 0, em 1 2 1
que: 2 3 D = 2 − 1 2 = −m + 12 + 2 + 3 − 2 − 4m
D= = 2m − 3 3 1 m
1 m
D = -5m + 15
3 Assim: -5m + 15 ≠ 0 → m ≠ 3
Assim: 2m -3 ≠ 0 → m ≠ Então, os valores reais de m, para que o sistema seja possível e
2 determinado, são dados pelos elementos do conjunto:
Então, os valores reais de m, para que o sistema seja possível
e determinado, são dados pelos elementos do conjunto: {m ∈R / m ≠ 3}
⎧ 3⎫
⎨ m ∈R / m ≠ ⎬ 5) Resposta “14”.
⎩ 2⎭
Solução:
3) Resposta “ S = {(1, 2, 4)}”. Teremos por simples substituição, observando que x = 2, y =
Solução: Calculemos inicialmente D, Dx, Dy e Dz 5 e z = p, 6 . 2 – 7 . 5 + 2 . p = 5.

Logo, 12 - 35 + 2p = 5.

Daí vem imediatamente que 2p = 28 e, portanto, p = 14.

6) Solução:
Podemos escrever: 5 α- 2 β + γ = 14. Daí, tiramos: γ = 14 - 5
α + 2 β. Portanto, a solução genérica será o terno ordenado (α,β,
14 - 5 α + 2 β).
Observe que se arbitrando os valores para α e β, a terceira
variável ficará determinada em função desses valores.
Por exemplo, fazendo-se α = 1, β= 3, teremos:
γ = 14 - 5 α+ 2 β = 14 – 5 . 1 + 2 . 3 = 15,
ou seja, o terno (1, 3, 15) é solução, e assim, sucessivamente.

Verificamos, pois que existem infinitas soluções para a equa-


ção linear dada, sendo o terno ordenado (α, β, 14 - 5 α + 2β) a
solução genérica.

Didatismo e Conhecimento 46
RACIOCÍNIO LÓGICO
7) Solução: 9) Resposta “S = {(5, 2, 4)}”.
Teremos, expressando x em função de m, na primeira equa- Solução: Teremos:
ção:
x = (10 + my) / 2 1 3 −2
Δ = 2 −1 1 = 24
Substituindo o valor de x na segunda equação, vem: 4 3 −5
3[(10+my) / 2] + 5y = 8

Multiplicando ambos os membros por 2, desenvolvendo e 1 3 −2


simplificando, vem: Δx1 = 12 −1 1 = 120
6 3 −5
3(10+my) + 10y = 16
30 + 3my + 10y = 16
(3m + 10)y = -14 1 3 3
y = -14 / (3m + 10) Δx3 = 2 −1 12 = 96
4 3 6
Ora, para que não exista o valor de y e, em consequência não
exista o valor de x, deveremos ter o denominador igual a zero, já
1 3 −2
que , como sabemos, não existe divisão por zero.
Δx2 = 2 12 1 = 48
Portanto, 3m + 10 = 0, de onde se conclui m = -10/3, para que
o sistema seja impossível, ou seja, não possua solução.
4 6 −5

8) Resposta “E”. Portanto, pela regra de Cramer, teremos:


Solução: Como os sistemas são equivalentes, eles possuem a x1 = D x1 / D = 120 / 24 = 5
mesma solução. Vamos resolver o sistema: x2 = D x2 / D = 48 / 24 = 2
S1: x + y = 1 x3 = D x3 / D = 96 / 24 = 4
x - 2y = -5 Logo, o conjunto solução do sistema dado é S = {(5, 2, 4)}.

10) Solução:
Subtraindo membro a membro, vem: x - x + y - (-2y) = 1 - (-5).
⎡ 2 −1 ⎤
Logo, 3y = 6 \ y = 2. A=⎢ ⎥ ⇒ det A = 11
Portanto, como x + y = 1, vem, substituindo: x + 2 = 1 \ x = -1. ⎣ 1 5 ⎦
O conjunto solução é, portanto S = {(-1, 2)}. ⎡ 7 −1 ⎤
A1 = ⎢ ⎥ ⇒ det A1 = 33
Como os sistemas são equivalentes, a solução acima é tam- ⎣ −2 5 ⎦
bém solução do sistema S2.
Logo, substituindo em S2 os valores de x e y encontrados para ⎡ 2 7 ⎤
A2 = ⎢ ⎥ ⇒ det A2 = −11
o sistema S1, vem: ⎣ 1 −2 ⎦
a(-1) - b(2) = 5 → - a - 2b = 5 det A1 33
x= = =3
a(2) - b (-1) = -1 → 2 a + b = -1 det A 11

Multiplicando ambos os membros da primeira equação por det A2 −11


y= = = −1
2, fica: det A 11
-2 a - 4b = 10
Somando membro a membro esta equação obtida com a se- Resposta: S={(3,-1)}
gunda equação, fica:
-3b = 9 \ b = - 3

Substituindo o valor encontrado para b na equação em ver-


melho acima (poderia ser também na outra equação em azul), te-
remos:

2 a + (-3) = -1 \ a = 1.
Portanto, a2 + b2 = 12 + (-3)2 = 1 + 9 = 10.

Didatismo e Conhecimento 47
RACIOCÍNIO LÓGICO
“ano”. Seria muito simples (e quem sabe, definitivo!) fazer um
CALENDÁRIOS. Calendário se os ciclos que determinam o ano (translação da Terra
em torno do Sol) e o mês lunar (translação da Lua em torno da Ter-
ra) compreendes em um número inteiro de dias (rotação da Terra
em torno de seu próprio eixo) e fossem perfeitamente comensurá-
veis entre si. Pra complicar mais as coisas, a duração desses ciclos
História oscila constantemente em torno de uma média que também varia
ao longo dos séculos.
Existem indícios que mesmo em eras pré-históricas, alguns
homens já se preocupavam em marcar o tempo. Na Europa, há Períodos
20.000 anos, caçadores escavavam pequenos orifícios e riscavam
traços em pedaços de ossos e madeira, possivelmente contando os O “ano tropical” é definido a partir do posicionamento do ca-
dias entre fases da Lua.
minho diário do Sol no céu e equivale ao ciclo das estações.
Há 5.000 anos, os Sumérios tinham um Calendário bem pare-
Atualmente corresponde a 365,242190 dias, mas ele varia.
cido com o nosso, com um ano dividido em 12 meses de 30 dias, o
dia em 12 períodos e cada um desses períodos em 30 partes. Em 1900 correspondia a 365,242196 dias e em 2100 corresponde-
Há 4.000 anos, na Babilônia, havia um calendário com um rá a 365,242184 dias.
ano de 12 meses lunares que se alternavam em 29 e 30 dias, num Esses números entretanto são médias. Devido à influência de
total de 354 dias. forças gravitacionais de outros planetas, a duração de um ano tro-
Os egípcios inicialmente fizeram um calendário baseado nos pical, em particular, pode variar por vários minutos em relação a
ciclos lunares, mas depois notaram que quando o Sol se aproxima- essa média. O tempo decorrido entre duas Luas Novas é chamado
va da “Estrela do Cão” (Sírius), estava próximo do Nilo inundar. de “mês sinódico” e atualmente corresponde a 29,5305889 dias;
Notaram que isso acontecia em ciclos de 365 dias. Com base nes- mas ele também varia. Em 1900 correspondia a 29,5305886 dias e
se conhecimento eles fizeram um Calendário com um ano de 365 em 2100 corresponderá a 29,5305891 dias.
dias, possivelmente inaugurado em 4.236 AC. Essa é a primeira Também aqui estamos falando de médias. O tempo decorrido
data registrada na história. entre duas Luas Novas pode variar por várias horas devido a uma
Quando Cabral chegou por aqui, encontrou os nossos índios série de fatores, tais como a inclinação orbital da Lua. Como o
medindo o tempo pelos ciclos lunares. O Francês Paulmier de
ano tropical não corresponde a um múltiplo inteiro do mês sinó-
Gonneville na sua viagem ao Brasil em 1503-1504 teria levado no
seu retorno à França, o filho do chefe dos Carijós, com a promessa dico, não podemos ter um Calendário que mantenha uma relação
de trazê-lo de volta no prazo de 20 Luas (Livro: Vinte Luas; autor: intrínseca entre os seus dias e o posicionamento do Sol no céu (Ca-
Leyla Perrone-Moisés; editora: Companhia das Letras). lendário Solar) ao mesmo tempo que mantém essa mesma relação
entre os seus dias e o posicionamento da Lua no céu (Calendário
Base Lunar).
Entretanto 19 anos tropicais correspondem a 234,997 meses
O Sol, a Lua e os seus ciclos sempre chamaram a atenção do sinódicos (quase um número inteiro). Assim sendo, em um Ca-
homem. Como não perceber o “nascer...por... nascer...” do Sol? lendário Solar como o nosso, a cada 19 anos as fases da Luas e
Como não perceber a mudança cíclica na forma como vemos a repetem nas mesmas datas.
Lua no céu? Prestando atenção,não é difícil perceber a mudança
também cíclica do posicionamento da trajetória diária que o Sol Tipos
faz no céu; ou mesmo a sua aproximação também cíclica às estre-
las de fundo.
Na atualidade existem aproximadamente 40 Calendários em
Em geral os Calendários se baseiam nos ciclos do Sol e/ou da
uso no mundo, que podem ser classificados em três tipos.
Lua, que sã o os objetos celestes que mais chamam a atenção do
homem. Existem algumas exceções como o Calendário dos Maias 1- Solares: Baseados no movimento da Terra em torno do Sol;
(2.000 a 1.500 AC) que além da Lua e do Sol, baseava-se também os meses não têm conexão com o movimento da Lua. (exemplo:
no planeta Vênus. Imagine-se cidadão de uma sociedade primi- Calendário Cristão)
tiva. 2- Lunares: Baseados no movimento da Lua; o ano não tem
O movimento do Sol no céu, “gerando” o claro/escuro, se im- conexão com o movimento da Terra em torno do Sol. (exemplo:
põe, sendo impossível não ser percebido. Temos aí o “dia”. Calendário Islâmico)
As fases da Lua e o seu movimento em relação ás estrelas Note que os meses de um Calendário Lunar, como o Islâmico,
também seriam percebidos com facilidade, bastando para isso um sistematicamente vão se afastando dos meses de um Calendário
mínimo de lembrança do passado. (Lembre-se que fora das gran- Solar, como o nosso.
des cidades atuais você vê e veria a Lua com freqüência). Temos 3- Lunisolares: Os anos estão relacionados com o movimento
aí o conceito do “mês”. da Terra em torno do Sol e os meses com o movimento da Lua em
As sombras de árvores, pedras, etc., talvez tenham sido os pri- torno da Terra. (exemplo: Calendário Hebreu)
meiros sinalizadores, para um observador mais atento, indicando
O Calendário Hebreu possui uma seqüência de meses baseada
que o caminho diário do Sol no céu também muda em ciclos. Esses
ciclos também poderiam ter sido observados, pela primeira vez, nas fases da Lua mas de tempos em tempos um mês inteiro é in-
através do movimento do Sol em relação ás estrelas. Temos aí o tercalado para o Calendário se manter em fase com o ano tropical.

Didatismo e Conhecimento 48
RACIOCÍNIO LÓGICO
Calendários Cristãos Data Origem

Os Calendários Cristãos têm anos de 365 ou 366 dias divi- Uma vez estabelecido como será um determinado Calendário,
didos em 12 meses que não estão relacionados ao movimento da surge outra questão: Quando cairá o primeiro dia desse Calendá-
Lua. rio? Essa questão no nosso caso foi: A que dia da história corres-
Paralelamente a esse sistema, flui o conceito de “semana”, em ponderá o dia primeiro de janeiro do ano um?
que os dias estão agrupados em conjuntos de sete. Esses conjuntos O Calendário Cristão surgiu no ano 532 da nossa era. Era o
vão se sucedendo sem manter relação direta com a Lua, o Sol ou ano 248 da era Diocletiana (os anos eram Julianos e estavam sendo
qualquer outro astro. Possivelmente o conceito de semana surgiu contados a partir de um decreto de Diocletiano) quando Dionysius
Exiguus, um calculista do Papa (fazia os “complicados” cálculos
da necessidade religiosa de se homenagear cada uma das sete di-
para a determinação da Páscoa), sugeriu que a contagem dos anos
vindades astronômicas então conhecidas (Sol, Lua, Mercúrio, Vê-
tivesse início no ano do nascimento de Cristo. Não se sabe dos
nus, Marte, Júpiter e Saturno) comum dia diferente para cada. cálculos, provas, etc. que Dionysius teve para fixar o nascimento
São dois os Calendário Cristãos ainda em uso no mundo. de Cristo (erradamente) 532 anos atrás, no dia que passou a ser 25
O Calendário Juliano foi proposto por Sosígenes, astrônomo de dezembro do ano um.
de Alexandria, e introduzido por Julio César em 45 AC. Foi usado O início da era Cristã ficou sendo, desta maneira, 359 dias
pelas igrejas e países cristãos até o século XVI, quando começou antes daquele que Dionysius presumiu ser o dia do nascimento de
a ser trocado pelo Calendário Gregoriano. Alguns países, como a Cristo.
Grécia e a Rússia, o usaram até o século passado. Ainda é usado
por algumas Igrejas Ortodoxas, entre elas a Igreja Russa. Calendário Romando
O Calendário Gregoriano foi proposto por Aloysius Lilius, as-
trônomo de Nápoles, e adotado pelo Papa Gregório XIII, seguindo Em diversas sociedades, a necessidade da mensuração do
instruções do Concíliode Trento (1545-1563). O decreto instituin- tempo motivou a construção de calendários. Nesta perspectiva,
do esse Calendário foi publicado em 24 de fevereiro de 1582. os calendários assumem o formato de “regrador” e orientador da
A diferença entre esses dois Calendários está na duração con- vida, estabelecendo aos membros da sociedade uma função para os
siderada do ano (365,25 dias no Juliano e 365,2425 dias no Gre- dias e anos. Sendo assim, além de objetos científicos, eles passam
goriano) e nas regras para recuperação do dia perdido, acumulado a ganhar também um caráter cultural, ligado inclusive a crenças e
durante os anos, devido à fração de dias na duração do ano con- religiosidade.
Os mais primitivos calendários do velho continente são o he-
siderada.
breu e o egípcio. Ambos tinham um ano civil de 360 dias. Por
Note que atualmente sabemos ser a duração do ano tropical de
volta do ano 5000 a.C. e depois de muitas reformas, os egípcios
365,242190 dias. Devido às diferenças entre as durações do ano estabeleceram um ano civil invariável de 365 dias. O atraso de
consideradas nesses dois calendários e a duração verificada, o ano aproximadas 6 horas por ano em relação ao ano trópico fez com
tropical se defasa de 1 dia a cada 128 anos no Calendário Juliano e que as estações egípcias fossem atrasando lentamente.
a cada 3.300 anos no Calendário Gregoriano.
O Calendário Juliano estava 10 dias atrasado em relação ao O Calendário Romano Primitivo
ano tropical quando o Calendário Gregoriano foi decretado. Por
isso, constou da bula papal que 10 dias do mês de outubro deve- Na tradição Romana, a origem da construção dos calendários
riam ser “pulados”, passando o Calendário do dia 4 de outubro, civis se confunde com as origens da cidade de Roma (753 a.C.),
imediatamente para o dia 15. Os dias 5 a 14 de outubro de 1582 sendo atribuída a Rômulo, fundador lendário de Roma, a introdu-
não constam da história daqueles países que imediatamente ado- ção do primeiro calendário romano.
taram o novo Calendário (Portugual, Espanha, Itália e Polônia). No Calendário Romano Primitivo, o ano tinha 304 dias distri-
buídos por 10 meses. Os quatro primeiros tinham nomes próprios
Calendário Gregoriano dedicados aos deuses da mitologia romana, sendo os restantes de-
signados por números ordinais. Tratava-se de um calendário sem
No Calendário Gregoriano o ano é considerado como sendo nenhuma base astronômica, pois os períodos que nele eram defi-
de 365 + 97/400 dias (=365,2425 dias). Assim sendo, no Calen- nidos não possuíam quaisquer relações com movimentos do Sol
ou da Lua.
dário Gregoriano, existem 97 anos de 366 dias (que chamamos de
bissextos) em cada período de 400 anos.
O Calendário De Numa Pompílio
Os anos bissextos são determinados pela seguinte regra:
1- Todo ano divisível por 4 é bissexto. Numa Pompílio, o segundo Rei de Roma (715-673 a.C.), ins-
2- Todo ano divisível por 100 não é bissexto. tituiu um calendário com base astronômica solar, composto de 355
3- Todo ano divisível por 400 é bissexto. dias distribuídos por 12 meses. Por considerar meses com dias
O item 3 prevalece ao item 2 que por sua vez prevalece ao pares “azarados”, diminuiu um dia a cada um dos seis meses de
item 1. 30 dias. A estes 6 dias juntou mais 50, formando dois novos me-
ses, Januarius e Februarius. Este último, ter 28 dias (número par),
Os anos são formados por meses constituídos por 30 ou 31 foi dedicado a Februa, deus da purificação dos mortos, a quem os
dias; com exceção de fevereiro constituído por 29 dias nos anos romanos ofereciam sacrifícios para pagar pelas faltas cometidas
bissextos e 28 nos demais anos. durante todo o ano. Por este motivo, passou a ser o último mês

Didatismo e Conhecimento 49
RACIOCÍNIO LÓGICO
O Calendário Juliano Havia três estações determinadas pelo fluxo do rio Nilo:
Cheias (akket); Semeio (pert) e Colheita (shemu). A relação entre
Os romanos cada vez mais sentiam a necessidade de coorde- as estações definidas pelo Nilo e as estações naturais era feita pelo
nar o seu ano lunar com o ciclo das estações e estabeleceram um nascer heliacal da estrela Sirius, conhecida dos egípcios pelo nome
sistema solar-lunar rudimentar, introduzindo no seu calendário, de de Sothis. A primeira aparição da estrela no céu da manhã, depois
dois em dois anos, um novo mês, Mercedonius, cuja duração era da sua conjunção com o sol determinava o início da contagem das
de 22 ou 23 dias. Dessa forma, existia um ano de 377 dias e outro estação das Cheias.
de 378 entre dois anos com 355 dias. Ao analisarmos a média a O calendário egípcio foi reconhecido pelos astrônomos gregos
cada 4 anos, vemos que ela é de 366,25 dias, 1 dia a mais que o e tornou-se o calendário de referência da astronomia por muito
ano trópico. Entretanto, as intercalações de Mercedonius passa- tempo. Copérnico usou-o para construir suas tábuas da lua e pla-
ram a ser feitas de acordo com interesses políticos – os Pontífices netas.
alongavam ou encurtavam o ano conforme as suas simpatias com Já no ano 238 a.C., o Rei Ptolomeu III tentou acrescentar um
que estava no poder. A desordem foi tanta que chegou ao ponto de dia extra ao calendário a cada 4 anos, como no ano bissexto atual.
o começo do ano estar adiantado cerca de 3 meses em relação ao No entanto sua proposta não teve eco. Somente entre 26 a.C. e 23
ciclo das estações. a.C., a modificação é realizada, sob o império romano na mão de
Augusto que introduziu tal modificação no calendário.
Julio Cesar, ao chegar ao poder em Roma, estava decidido a
O ano egípcio de 23-22 aC possui o mês correspondente a
acabar com o problema, chamando o astrônomo grego Sosígenes
agosto com 30 dias. A partir de então, este mesmo mês voltou a
para que examinasse a situação. que concluiu que o Calendário
possuir 29 dias salvo nos anos bissextos, quando tinha um dia a
Romano estava 67 dias adiantado em relação ao ciclo das esta-
mais. Esse novo calendário passou a se chamar Alexandrino.
ções. Júlio César, então, ordenou que aquele ano (46 a.C.), além
Esta reforma não foi aceita integralmente e os dois calendá-
do Mercedonius, existiriam mais 2 meses – um de 33 e outro de 34
rios permaneceram paralelos até pelo menos 238 dC. Os astrôno-
dias – resultando em um ano civil de 445 dias, o maior de todos os
mos e astrólogos mantiveram a notação antiga. Ptolomeu usava-o,
tempos. Ficou conhecido como o Ano da Confusão.
salvo no tratado de fenômenos anuais em que o novo calendário
Depois disso, foi adotado o calendário solar, conhecido por
tinha mais conveniência.
Juliano, que começou a vigorar no ano 45 a.C., mediante um sis- Os persas adotaram o antigo calendário egípcio em 500 aC.
tema que devia desenrolar-se por ciclos de quatro anos, com três Não é bem certo se foi adotado exatamente ou com modificações.
comuns de 365 dias e um bissexto de 366 dias, a fim de compen- Os armênios ainda o adotam. Os três últimos meses do calendário
sar as quase seis horas que havia de diferença para o ano trópico. armênio correspondem exatamente aos três primeiros do antigo
Suprimiu-se o Mercedonius e Februarius passou a ser o segundo calendário egípcio. Em seguida vêm os cinco dias finais, caracte-
mês do ano. Como homenagem, o mês Quintilis passou a se cha- rísticos deste.
mar Julius O calendário alexandrino é ainda usado na Etiópia, na igreja
Cóptica e para fins de agricultura no moderno Egito e vizinhos do
O Calendário de Augusto César norte da África.
No ano 730 de Roma, o Senado romano decretou que Sextilis,
passasse a chamar-se Augustus, pois durante este mês o imperador Calendário Maia
César Augusto pôs fim à guerra civil que desolava o povo romano.
E para que o mês dedicado a César Augusto não tivesse menos dias O calendário maia é um dos mais complexos que se tem co-
que o dedicado a Júlio César, Augustus passou a ter 31 dias. Este nhecimento e um dos mais precisos.
dia “saiu” do mês de Februarius, que ficou com 28 dias nos anos Para exemplo de comparação, nosso calendário, o gregoriano,
comuns e 29 nos bissextos. Também para que não houvesse tantos tem uma defasagem anual de seis horas entre a contagem dos dias
meses seguidos com 31 dias, reduziram-se para 30 dias os meses e o movimento de revolução da Terra em torno do Sol, necessitan-
de September e November, passando a ter 31 dias os de October do de um dia a mais a cada quatro anos (bissexto) para corrigir a
e December. Assim se chegou a uma distribuição, sem lógica, dos defasagem, correção que não é necessária no calendário maia. Va-
dias pelos meses, que ainda hoje perdura, e que se transcreve com mos ver mais detalhadamente cada um dos ciclos desse fascinante
os nomes atuais em língua portuguesa. calendário.
A data de 21 de dezembro de 2012 seria o fim do Longo Ciclo
Calendário Egípcio Maia, um calendário que tinha como contagem os dias corridos; o
dia era chamado de kin. Vinte kins formavam um uinal; 18 uinals,
Primeiro calendário da história da humanidade e começa com um tun; 20 tuns, um katun; 20 katuns formavam um baktun; e 13
a enchente anual do rio Nilo. Surge por volta de 3000 a.C. O ano baktuns formavam o Longo Ciclo, composto de 1.872.000 dias!
tem 365 dias, divididos em 12 meses de 30 dias e mais cinco dias O atual Longo Ciclo, pelo qual estaríamos passando, iniciou-se
extras, dedicados aos deuses. no ano de 3.114 a.C. e terminará em 21 de dezembro de 2012,
Os egípcios são os primeiros a utilizar um calendário solar , no solstício de inverno, no Hemisfério Norte; ou no de verão, no
embora os 12 meses de 30 dias sejam de origem lunar. O ano tem Hemisfério Sul. Segundo alguns estudiosos dos maias, esta data
365 dias - e 6 horas a menos que o ano solar, o que significa atraso representaria o fim da civilização e a recriação do mundo, inician-
de um dia a cada quatro anos. do um novo Longo Ciclo.

Didatismo e Conhecimento 50
RACIOCÍNIO LÓGICO
Mas além deste Longo Ciclo, os maias se orientavam na con- Z*+ = {1, 2, 3, 4,...}
tagem da passagem do tempo por mais dois calendários. Um ba-
seado no movimento da Terra ao redor do Sol (calendário solar), - O conjunto dos números inteiros não positivos:
cujo ano, o haab, continha 365 dias, divididos em 18 uinals, meses Z_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1, 0}
de 20 dias cada, e com mais cinco dias epagômenos (dias adicio-
nais), considerados como dias de má sorte. Os uinals eram nomea- - O conjunto dos números inteiros negativos:
dos, entretanto, não havia uniformidade na nomeação de cada um Z*_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1}
deles e nem na utilização deste calendário pelas várias comunida-
des maias, o que poderia fazer com que o início de cada um dos Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a distância
ciclos caísse em dias diferentes para cada uma delas. ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira.
Havia ainda outro calendário, este religioso e que se baseava Representa-se o módulo por | |.
no movimento realizado pelo planeta Vênus, sendo assim um ca- O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0
lendário sideral (que se utiliza de astros para a contagem do tempo, O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7
que não o sol ou a lua). Neste calendário, chamado de tzolkin, o O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9
ano durava 260 dias e era dividido em 13 períodos de 20 dias cada. O módulo de qualquer número inteiro, diferente de zero, é
Se no calendário anterior os uinals se referiam aos nossos meses, sempre positivo.
no tzolkin, eles estabeleciam relações com nossas semanas, e cada
dia do uinal neste calendário tinha um nome. Números Opostos: Dois números inteiros são ditos opostos
Os maias utilizavam os calendários de forma complementar, um do outro quando apresentam soma zero; assim, os pontos que
indicando os dias em cada um dos calendários, o que levava eles os representam distam igualmente da origem.
a localizarem um dia em “anos” diferentes, no haab solar e no Exemplo: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 é 2, pois
tzolkin sideral. Os anos de cada calendário não concordavam e 2 + (-2) = (-2) + 2 = 0
as denominações dos dias demoravam a se repetir, o que acon- No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de a é – a, e
tecia apenas a cada 52 anos. Por este motivo, os maias não viam vice-versa; particularmente o oposto de zero é o próprio zero.
necessidade de marcar seus “anos”, tanto nos haabs quanto nos Adição de Números Inteiros
tzolkin. Era uma forma extremamente complexa para se localizar
no tempo, mas bem exata, já que se adequava aos movimentos dos Para melhor entendimento desta operação, associaremos aos
astros celestes. números inteiros positivos a idéia de ganhar e aos números inteiros
negativos a idéia de perder.
Entretanto, eles criaram a “roda do tempo”, um mecanismo Ganhar 5 + ganhar 3 = ganhar 8 (+5) + (+3) = (+8)
que conjugava as indicações dos dois calendários em dois círculos Perder 3 + perder 4 = perder 7 (-3) + (-4) = (-7)
(engrenagens), o que possibilitava a indicação exata dos dias em Ganhar 8 + perder 5 = ganhar 3 (+8) + (-5) = (+3)
ambos os calendários. Perder 8 + ganhar 5 = perder 3 (-8) + (+5) = (-3)

NUMERAÇÃO. O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas
o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser dispensado.
Propriedades da adição de números inteiros: O conjunto
Z é fechado para a adição, isto é, a soma de dois números inteiros
Conjunto dos Números Inteiros – Z ainda é um número inteiro.

Associativa: Para todos a,b,c em Z:


Definimos o conjunto dos números inteiros como a reunião do a + (b + c) = (a + b) + c
conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...}, o con- 2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7
junto dos opostos dos números naturais e o zero. Este conjunto é
denotado pela letra Z (Zahlen=número em alemão). Este conjunto Comutativa: Para todos a,b em Z:
pode ser escrito por: Z = {..., -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, ...}
a+b=b+a
O conjunto dos números inteiros possui alguns subconjuntos
3+7=7+3
notáveis:

- O conjunto dos números inteiros não nulos: Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a cada z em
Z* = {..., -4, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 4,...}; Z, proporciona o próprio z, isto é:
Z* = Z – {0} z+0=z
7+0=7
- O conjunto dos números inteiros não negativos:
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4,...} Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em Z, tal que
Z+ é o próprio conjunto dos números naturais: Z+ = N z + (–z) = 0
9 + (–9) = 0
- O conjunto dos números inteiros positivos:

Didatismo e Conhecimento 51
RACIOCÍNIO LÓGICO
Subtração de Números Inteiros Com o uso das regras acima, podemos concluir que:

A subtração é empregada quando: Sinais dos números Resultado do produto


- Precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade;
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto uma delas Iguais Positivo
tem a mais que a outra; Diferentes Negativo
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a
uma delas para atingir a outra. Propriedades da multiplicação de números inteiros: O
conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a multiplicação
A subtração é a operação inversa da adição. de dois números inteiros ainda é um número inteiro.
Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9
diferença Associativa: Para todos a,b,c em Z:
subtraendo a x (b x c) = (a x b) x c
minuendo 2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7

Comutativa: Para todos a,b em Z:


Considere as seguintes situações: axb=bxa
3x7=7x3
1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião passou de
+3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da temperatura? Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por todo z
Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) – (+3) = +3 em Z, proporciona o próprio z, isto é:
zx1=z
2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, durante o dia,
era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de 3 graus. Qual a 7x1=7
temperatura registrada na noite de terça-feira? Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de zero, existe
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + (–3) = +3 um inverso z–1=1/z em Z, tal que
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que (+6) – (+3) z x z–1 = z x (1/z) = 1
é o mesmo que (+6) + (–3). 9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1
Temos: Distributiva: Para todos a,b,c em Z:
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3 a x (b + c) = (a x b) + (a x c)
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3 3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5)
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3
Divisão de Números Inteiros
Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros é o mes-
mo que adicionar o primeiro com o oposto do segundo.
Multiplicação de Números Inteiros Dividendo divisor dividendo:
Divisor = quociente 0
A multiplicação funciona como uma forma simplificada de Quociente . divisor = dividendo
uma adição quando os números são repetidos. Poderíamos analisar
tal situação como o fato de estarmos ganhando repetidamente al-
guma quantidade, como por exemplo, ganhar 1 objeto por 30 vezes Sabemos que na divisão exata dos números naturais:
consecutivas, significa ganhar 30 objetos e esta repetição pode ser
indicada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30 40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40
Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2 + 2 + 2
36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36
+ ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60
Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos: (–2) +
(–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60 Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a divisão
Observamos que a multiplicação é um caso particular da adi- exata de números inteiros. Veja o cálculo:
ção onde os valores são repetidos.
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indi- (–20) : (+5) = q  (+5) . q = (–20)  q = (–4)
cado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras.
Para realizar a multiplicação de números inteiros, devemos Logo: (–20) : (+5) = - 4
obedecer à seguinte regra de sinais:
(+1) x (+1) = (+1)
Considerando os exemplos dados, concluímos que, para efe-
(+1) x (-1) = (-1)
tuar a divisão exata de um número inteiro por outro número in-
(-1) x (+1) = (-1)
(-1) x (-1) = (+1) teiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo pelo
módulo do divisor. Daí:

Didatismo e Conhecimento 52
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal, o quo- Radiciação de Números Inteiros
ciente é um número inteiro positivo.
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferentes, o quo- A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a é a ope-
ciente é um número inteiro negativo. ração que resulta em outro número inteiro não negativo b que ele-
- A divisão nem sempre pode ser realizada no conjunto Z. Por vado à potência n fornece o número a. O número n é o índice da
exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são divisões que não podem raiz enquanto que o número a é o radicando (que fica sob o sinal
ser realizadas em Z, pois o resultado não é um número inteiro. do radical).
- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro a é a ope-
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro. ração que resulta em outro número inteiro não negativo que eleva-
1- Não existe divisão por zero. do ao quadrado coincide com o número a.
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não existe um
número inteiro cujo produto por zero seja igual a –15. Observação: Não existe a raiz quadrada de um número inteiro
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de negativo no conjunto dos números inteiros.
zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é
igual a zero. Erro comum: Frequentemente lemos em materiais didáticos
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 b) 0 : (+6) = 0 c) 0 : (–1) = 0 e até mesmo ocorre em algumas aulas aparecimento de:
√9 = ±3
Potenciação de Números Inteiros mas isto está errado. O certo é:
√9 = +3
A potência an do número inteiro a, é definida como um produ-
to de n fatores iguais. O número a é denominado a base e o número Observamos que não existe um número inteiro não negativo
n é o expoente. que multiplicado por ele mesmo resulte em um número negativo.
an = a x a x a x a x ... x a A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a opera-
a é multiplicado por a n vezes ção que resulta em outro número inteiro que elevado ao cubo
Exemplos:33 = (3) x (3) x (3) = 27 seja igual ao número a. Aqui não restringimos os nossos cálcu-
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125 los somente aos números não negativos.
(-7)² = (-7) x (-7) = 49 Exemplos
(+9)² = (+9) x (+9) = 81
- Toda potência de base positiva é um número inteiro posi- (a) 3 8 = 2, pois 2³ = 8.
tivo. (b) 3 − 8 = –2, pois (–2)³ = -8.
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9 (c) 3 27 = 3, pois 3³ = 27.
(d) 3 − 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
- Toda potência de base negativa e expoente par é um núme-
ro inteiro positivo. Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o produto
Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64 de números inteiros, concluímos que:
(a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de número
- Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um
inteiro negativo.
número inteiro negativo.
(b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a raiz de
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125
qualquer número inteiro.
Propriedades da Potenciação:
Exercícios
Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base
1. Qual é o maior quadrado perfeito que se escreve com
e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 = (–7)9
dois algarismos?
Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se
a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 = (+13)8 – 6 = 2. Um número inteiro é expresso por (53 – 38 + 40) – 51 +
(+13)2 (90 – 7 + 82) + 101. Qual é esse número inteiro?

Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se 3. Calcule:


os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10 a) (+12) + (–40)
b) (+12) – (–40)
Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1 = +9 c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20)
(–13)1 = –13 d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15)

Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual 4. Determine o valor de x de modo a tornar as sentenças
a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1 verdadeiras:

Didatismo e Conhecimento 53
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) x + (–12) = –5 a) (+12) + (–40) = 12 – 40 = -28
b) x + (+9) = 0 b) (+12) – (–40) = 12 + 40 = 52
c) x – (–2) = 6 c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20) = +5 -16 – 9 + 20 = 25 – 25 = 0
d) x + (–9) = –12 d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) = -3 + 6 – 4 – 2 – 15 =
e) –32 + x = –50 6 – 24 = -18
f) 0 – x = 8
4) Solução:
a) x + (–12) = –5 → x = -5 + 12 → x = 7
5. Qual a diferença prevista entre as temperaturas no Piauí b) x + (+9) = 0 → x = -9
e no Rio Grande do Sul, num determinado dia, segundo as in- c) x – (–2) = 6 → x = 6 – 2 → x = 4
formações? d) x + (–9) = –12 → x = -12 + 9 → x = -3
Tempo no Brasil: Instável a ensolarado no Sul. e) –32 + x = –50 → x = -50 + 32 → x = -18
Mínima prevista -3º no Rio Grande do Sul. f) 0 – x = 8 → x = -8
Máxima prevista 37° no Piauí.
5) Resposta “40˚”.
6. Qual é o produto de três números inteiros consecutivos Solução:
em que o maior deles é –10? A diferença está entre -3º e +37º. Se formos ver... -3º, -2º, -1º,
0º, 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º... será +40º.
6) Resposta “-1320”.
7. Três números inteiros são consecutivos e o menor deles
Solução:
é +99. Determine o produto desses três números.
(x) . (x+1) . (x+2) = ?
8. Copie as igualdades substituindo o x por números inteiros
de modo que elas se mantenham:
a) (–140) : x = –20 x+2 = -10
b) 144 : x = –4 x= -10 -2
c) (–147) : x = +21 x = -12
d) x : (+13) = +12
e) x : (–93) = +45 (-12) . (-12+1) . (-12+2) =
f) x : (–12) = –36 -12 . -11 . -10 = - 1320
9. Adicionando –846 a um número inteiro e multiplicando a 7) Resposta “999900”.
soma por –3, obtém-se +324. Que número é esse? Solução:
(x) . (x+1) . (x+2) = ?
10. Numa adição com duas parcelas, se somarmos 8 à primei-
ra parcela, e subtrairmos 5 da segunda parcela, o que ocorrerá com
o total? x= 99

Respostas (99) . (99+1) . (99+2) =


99 . 100 . 101 = 999900
1) Resposta “9²”. 8) Solução:
Solução: Basta identificar os quadrados perfeitos. a) (–140) : x = –20
Os números quadrados perfeitos são: -20x = -140
1² = 1 (menor que dois algarismos)
x=7
2² = 4
3² = 9
4² = 16 (dois algarismos) b) 144 : x = –4
5² = 25 -4x = 144
6² = 36 x = -36
7² = 49
8² = 64 c) (–147) : x = +21
9² = 81
21x = -147
10² = 100 (mais que dois algarismos)
x = -7
Logo, o maior quadrado perfeito é o 9² = 81
d) x : (+13) = +12
2) Resposta “270”. x = 12 . 13
Solução: x = 156
(53 – 38 + 40) – 51 + (90 – 7 + 82) + 101
55 – 51 + 165 + 101 = 270 e) x : (–93) = +45
x = 45 . -93
Portanto, o número inteiro é 270.
x = -4185
3) Solução:

Didatismo e Conhecimento 54
RACIOCÍNIO LÓGICO
f) x : (–12) = –36
2 = 0,4
x = -36 . -12
5
x = 432
1 = 0,25
9) Resposta “738”.
4
Solução:
x + (-846) . -3 = 324 35 = 8,75
x – 846 . -3 = 324 4
-3 (x – 846) = 324
-3x + 2538 = 324 153 = 3,06
3x = 2538 – 324 50
3x = 2214
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos
x= algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente. Deci-
mais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
1
x = 738 = 0,333...
3
10) Resposta “3”.
Solução: Seja t o total da adição inicial. 1 = 0,04545...
Ao somarmos 8 a uma parcela qualquer, o total é acrescido de 22
8 unidades: t + 8 167 = 2,53030...
Ao subtrairmos 5 de uma parcela qualquer, o total é reduzido 66
de 5 unidades: Temos:
Representação Fracionária dos Números Decimais
t+8-5=t+3
Trata-se do problema inverso: estando o número racional es-
Portanto o total ficará acrescido de 3 unidades. crito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na forma de fração.
Temos dois casos:
Conjunto dos Números Racionais – Q 1º) Transformamos o número em uma fração cujo numerador
m é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto
Um número racional é o que pode ser escrito na forma pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas
n
, onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente decimais do número decimal dado:
de zero. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de
m por n. 0,9 = 9
Como podemos observar, números racionais podem ser obti- 10
dos através da razão entre dois números inteiros, razão pela qual, o
57
conjunto de todos os números racionais é denotado por Q. Assim, 5,7 =
é comum encontrarmos na literatura a notação: 10
m
Q={ : m e n em Z, n diferente de zero} 0,76 = 76
n
100
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos:
3,48 = 348
- Q* = conjunto dos racionais não nulos; 100
- Q+ = conjunto dos racionais não negativos;
- Q*+ = conjunto dos racionais positivos;
0,005 = 5 = 1
- Q _ = conjunto dos racionais não positivos; 1000 200
- Q*_ = conjunto dos racionais negativos.

Representação Decimal das Frações 2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para tan-
to, vamos apresentar o procedimento através de alguns exemplos:
p
Tomemos um número racional q , tal que p não seja múltiplo
de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar a divisão do Exemplo 1
numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos: Seja a dízima 0, 333... .

1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um nú- Façamos x = 0,333... e multipliquemos ambos os membros
mero finito de algarismos. Decimais Exatos: por 10: 10x = 0,333

Didatismo e Conhecimento 55
RACIOCÍNIO LÓGICO
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade da se- Propriedades da Adição de Números Racionais
gunda:
10x – x = 3,333... – 0,333... ⇒ 9x = 3 ⇒ x = 3/9 O conjunto Q é fechado para a operação de adição, isto é,
a soma de dois números racionais ainda é um número racional.
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração 3 . - Associativa: Para todos a, b, c em Q: a + ( b + c ) = ( a
9 +b)+c
Exemplo 2 - Comutativa: Para todos a, b em Q: a + b = b + a
- Elemento neutro: Existe 0 em Q, que adicionado a todo q
em Q, proporciona o próprio q, isto é: q + 0 = q
Seja a dízima 5, 1717...
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q, tal
que q + (–q) = 0
Façamos x = 5,1717... e 100x = 517,1717... .
Subtraindo membro a membro, temos:
Subtração de Números Racionais
99x = 512 ⇒ x = 512/99
A subtração de dois números racionais p e q é a própria
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração 512 . operação de adição do número p com o oposto de q, isto é:
Exemplo 3 99
p – q = p + (–q)
Multiplicação (Produto) de Números Racionais
Seja a dízima 1, 23434...
Como todo número racional é uma fração ou pode ser escri-
Façamos x = 1,23434... 10x = 12,3434... 1000x = to na forma de uma fração, definimos o produto de dois números
racionais a e c , da mesma forma que o produto de frações,
1234,34... .
através de: b d
Subtraindo membro a membro, temos:
990x = 1234,34... – 12,34... ⇒ 990x = 1222 ⇒ x= a c ac
x =
b d bd
1222/990

Simplificando, obtemos x = 611 , a fração geratriz da dí- O produto dos números racionais a e b também pode ser in-
zima 1, 23434... 495 dicado por a × b, axb, a.b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as
letras.
Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto que re- Para realizar a multiplicação de números racionais, devemos
presenta esse número ao ponto de abscissa zero. obedecer à mesma regra de sinais que vale em toda a Matemática:
(+1) × (+1) = (+1)
(+1) × (-1) = (-1)
Exemplo: Módulo de - 3 é 3 . Indica-se - 3 = 3 (-1) × (+1) = (-1)
2 2 2 2 (-1) × (-1) = (+1)
Podemos assim concluir que o produto de dois números com o
3 mesmo sinal é positivo, mas o produto de dois números com sinais
Módulo de + 3 é 3 . Indica-se + 3 = diferentes é negativo.
2 2 2 2
Propriedades da Multiplicação de Números Racionais
Números Opostos: Dizemos que – 32 e 32 são números ra-
cionais opostos ou simétricos e cada um deles é o oposto do O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é, o produto
outro. As distâncias dos pontos – 3 e 3 ao ponto zero da reta de dois números racionais ainda é um número racional.
2 2 - Associativa: Para todos a, b, c em Q: a × ( b × c ) = ( a ×
são iguais.
b)×c
- Comutativa: Para todos a, b em Q: a × b = b × a
Soma (Adição) de Números Racionais - Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por todo
q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q × 1 = q
Como todo número racional é uma fração ou pode ser escri-
- Elemento inverso: Para todo q = a em Q, q diferente de
to na forma de uma fração, definimos a adição entre os números b
a c
racionais e , da mesma forma que a soma de frações,
b d zero, existe q-1 = b em Q: q × q-1 = 1 a x b = 1
através de: a b a

a ad + bc
+ c = - Distributiva: Para todos a, b, c em Q: a × ( b + c ) = ( a ×
b d bd
b)+(a×c)

Didatismo e Conhecimento 56
RACIOCÍNIO LÓGICO
Divisão de Números Racionais 2 3 2+3 5
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2 2⎞ ⎛ 2 2 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞
⎜⎝ ⎟⎠ .⎜ ⎟ = ⎜ . ⎟ .⎜ . . ⎟ = ⎜ ⎟ =⎜ ⎟
A divisão de dois números racionais p e q é a própria operação 5 ⎝ 5⎠ ⎝ 5 5⎠ ⎝ 5 5 5⎠ ⎝ 5⎠ ⎝ 5⎠
de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p ÷ q =
p × q-1 - Quociente de potências de mesma base. Para reduzir um
quociente de potências de mesma base a uma só potência, conser-
Potenciação de Números Racionais vamos a base e subtraímos os expoentes.

A potência qn do número racional q é um produto de n fa-


tores iguais. O número q é denominado a base e o número n é o
expoente.
qn = q × q × q × q × ... × q, (q aparece n vezes)
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de potência
Exemplos: a uma potência de um só expoente, conservamos a base e multipli-
camos os expoentes
3
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ 8
a) ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ .⎜ ⎟ .⎜ ⎟ =
⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ 125
b)
Radiciação de Números Racionais
c) (–5)² = (–5) . ( –5) = 25

d) (+5)² = (+5) . (+5) = 25 Se um número representa um produto de dois ou mais fato-


res iguais, então cada fator é chamado raiz do número. Vejamos
Propriedades da Potenciação: Toda potência com expoente alguns exemplos:
0 é igual a 1.
0 Exemplo 1
⎛ 2⎞ = 1
⎜⎝ + ⎟⎠
5 4 Representa o produto 2 . 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz quadrada
- Toda potência com expoente 1 é igual à própria base. de 4. Indica-se √4= 2.
1 Exemplo 2
⎛ 9⎞ 9
⎜⎝ − ⎟⎠ = - 4
4 ⎛ 1⎞
2
Representa o produto . Logo,
1 1 1 1
9 3 . 3 ou ⎜⎝ ⎟⎠
3 3 é a raiz
= 3
1 1 1
- Toda potência com expoente negativo de um número racio- quadrada de 9
.Indica-se
9
nal diferente de zero é igual a outra potência que tem a base igual
ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do ex- Exemplo 3
poente anterior.
−2 2 0,216 Representa o produto 0,6 . 0,6 . 0,6 ou (0,6)3. Logo, 0,6
⎛ 3⎞ ⎛ 5 ⎞ 25 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 3 0,216 = 0,6.
⎜⎝ − ⎟⎠ .⎜⎝ − ⎟⎠ =
5 3 9
Assim, podemos construir o diagrama:
- Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da
base.
3
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ 8 N Z Q
⎜⎝ ⎟⎠ = ⎜⎝ ⎟⎠ .⎜⎝ ⎟⎠ .⎜⎝ ⎟⎠ =
3 3 3 3 27

- Toda potência com expoente par é um número positivo. Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá o nú-
mero zero ou um número racional positivo. Logo, os números ra-
2
⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ 1 cionais negativos não têm raiz quadrada em Q.
⎜⎝ − ⎟⎠ = ⎜⎝ − ⎟⎠ .⎜⎝ − ⎟⎠ =
5 5 5 25
O número -100 não tem raiz quadrada em Q, pois tanto -10
9 3
- Produto de potências de mesma base. Para reduzir um pro- como +10 , quando elevados ao quadrado, dão 100 .
3 9
duto de potências de mesma base a uma só potência, conservamos Um número racional positivo só tem raiz quadrada no conjun-
a base e somamos os expoentes. to dos números racionais se ele for um quadrado perfeito.

Didatismo e Conhecimento 57
RACIOCÍNIO LÓGICO
2 Respostas
O número não tem raiz quadrada em Q, pois não existe
3
número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3 1) Solução
Exercícios 7 ⎡⎛ 5 1 ⎞ ⎛ 7 3 ⎞ ⎤ 7 ⎡⎛ 10 − 3 ⎞ ⎛ −14 + 9 ⎞ ⎤
a) − ⎜ − ⎟ −⎜− + ⎟ = − ⎜ ⎟ −⎜ ⎟
24 ⎢⎣⎝ 12 8 ⎠ ⎝ 6 4 ⎠ ⎥⎦ 24 ⎢⎣⎝ 24 ⎠ ⎝ 12 ⎠ ⎥⎦
1. Calcule o valor das expressões numéricas:
7 ⎛ 7 5 ⎞ 7 ⎛ 7 + 10 ⎞ 7 17 10 5
a)
7 ⎡⎛ 5 1 ⎞ ⎛ 7 3 ⎞ ⎤ −⎜ + ⎟= −⎜ ⎟⎠ = − =− =−
− ⎜ − ⎟ −⎜− + ⎟ ⎝ ⎠ ⎝
24 ⎢⎣⎝ 12 8 ⎠ ⎝ 6 4 ⎠ ⎥⎦
24 24 12 24 24 24 24 24 12

⎡⎛ 3 ⎞ ⎛ 1 ⎞ 5 ⎤ ⎛ 9 7⎞ b)
b) ⎢⎜ + ⎟ :⎜ − ⎟ + − ⎜ − ⎟
⎝⎣ 16 ⎠ ⎝ 12 ⎠ 2 ⎥⎦ ⎝ 4 2 ⎠

3 7
 2  2
2. Escreva o produto  + . +  como uma só potência.
 3  3

mmc:(4;2)=4
12 4
3. Escreva o quociente ⎛⎜ −
16 ⎞ ⎛ 16 ⎞
⎝ ⎟ : ⎜ − ⎟ como uma só 2) Solução:
potência. 25 ⎠ ⎝ 25 ⎠
10
4. Qual é o valor da expressão ⎛ 2⎞
⎜⎝ + ⎟⎠
3
3) Solução:
5. Para encher um álbum de figurinhas, Karina contribuiu com 8
1
das figurinhas, enquanto Cristina contribuiu com das figurinhas ⎛ 16 ⎞
⎜⎝ − ⎟⎠
6
3 . Com que fração das figurinhas as duas juntas contribuíram? 25
4

6. Ana está lendo um livro. Em um dia ela leu 14 do livro e no


4) Solução:
dia seguinte leu 16 do livro. Então calcule:
a) A fração do livro que ela já leu. − 13  − 1   + 3 
3

b) A fração do livro que falta para ela terminar a leitura. −  : 


24  2   4 

7. Em um pacote há 45 de 1 Kg de açúcar. Em outro pacote − 13  − 1   + 3 


1
há . Quantos quilos de açúcar o primeiro pacote tem a mais que − : 
3 24  8   4 
o segundo?
− 13  − 1   + 4 
8. A rua onde Cláudia mora está sendo asfaltada. Os 59 da rua −  . 
24  8   3 
já foram asfaltados. Que fração da rua ainda resta asfaltar?
− 13  − 4 
9. No dia do lançamento de um prédio de apartamentos, 1 − 
1 3 24  24 
desses apartamentos foi vendido e 6 foi reservado. Assim:
− 13 4
a) Qual a fração dos apartamentos que foi vendida e reservada? +
24 24
b) Qual a fração que corresponde aos apartamentos que não
foram vendidos ou reservados? −9 −3
=
24 8
10. Transforme em fração:
a) 2,08
5) Resposta 11
b) 1,4
Solução: 12
c) 0,017
d) 32,17 1 3 2 9
+ = + = 11
6 4 12 12 12

Didatismo e Conhecimento 58
RACIOCÍNIO LÓGICO
6) Solução: Exemplo

a) 1 + 1 = 3 + 2 = 5 O número real abaixo é um número irracional, embora pareça


4 6 12 12 12 uma dízima periódica: x = 0,10100100010000100000...

b) 1- 5 =
12 5
- = 7 Observe que o número de zeros após o algarismo 1 aumenta
12 12 12 12 a cada passo. Existem infinitos números reais que não são dízimas
periódicas e dois números irracionais muito importantes, são:
7) Respostas 7
Solução: 15 e = 2,718281828459045...,
Pi () = 3,141592653589793238462643...
4 5
- 1 = 12 - = 7
5 3 15 15 15 Que são utilizados nas mais diversas aplicações práticas
como: cálculos de áreas, volumes, centros de gravidade, previsão
populacional, etc.
8) Resposta 4
Solução: 9
Classificação dos Números Irracionais
= 9 -
5 5
1- = 4 Existem dois tipos de números irracionais:
9 9 9 9
- Números reais algébricos irracionais: são raízes de po-
9) Solução: linômios  com coeficientes inteiros. Todo número real que pode
1 1 1 3 1 ser representado através de uma quantidade finita de somas,
a) + = 2 + = = subtrações, multiplicações, divisões e raízes de grau inteiro a partir
3 6 6 6 6 2
dos números inteiros é um número algébrico, por exemplo, 
.
b) 1- 1 = 2 - 1 = 1
2 2 2 2
A recíproca não é verdadeira: existem números algébricos que
10) Solução:
não podem ser expressos através de radicais, conforme o teorema
208 52
a) 2,08 → = de Abel-Ruffini.
100 25
14 7
b) 1,4 → = - Números reais transcendentes: não são raízes de polinômios
10 5 com coeficientes inteiros. Várias constantes matemáticas são
17 transcendentes, como pi ( ) e o  número de Euler ( ). Pode-se
c) 0,017 →
1000 dizer que existem mais números transcendentes do que números
3217 algébricos (a comparação entre conjuntos infinitos pode ser feita
d) 32,17 → na teoria dos conjuntos).
100
Números Irracionais A definição mais genérica de números algébricos e transcen-
dentes é feita usando-se números complexos.
Os números racionais, aqueles que podem ser escritos na for-
ma de uma fração  a/b onde a e b são dois números inteiros, com Identificação de números irracionais
a condição de que b seja diferente de zero, uma vez que sabemos
da impossibilidade matemática da divisão por zero.
Vimos também, que todo número racional pode ser escrito na Fundamentado nas explanações anteriores, podemos afirmar
forma de um número decimal periódico, também conhecido como que:
dízima periódica.

Vejam os exemplos de números racionais a seguir: - Todas as dízimas periódicas são números racionais.
3 / 4 = 0,75 = 0, 750000... - Todos os números inteiros são racionais.
- 2 / 3 = - 0, 666666...
1 / 3 = 0, 333333... - Todas as frações ordinárias são números racionais.
2 / 1 = 2 = 2, 0000... - Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
4 / 3 = 1, 333333... - Todas as raízes inexatas são números irracionais.
- 3 / 2 = - 1,5 = - 1, 50000...
- A soma de um número racional com um número irracional é
0 = 0, 000...  
sempre um número irracional.
Existe, entretanto, outra classe de  números que não podem - A diferença de dois números irracionais, pode ser um núme-
ser escritos na forma de fração a/b, conhecidos como números ir- ro racional.
racionais. 

Didatismo e Conhecimento 59
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo 1
Exemplo:  = 0 e 0 é um número racional.
A razão entre 20 e 50 é 20 = 2 ; já a razão entre 50 e 20 é
50 5 . 50 5
- O quociente de dois números irracionais, pode ser um nú- =
mero racional. 20 2

Exemplo 2
Exemplo:  :  = 2  e 2 é um número racional.

- O produto de dois números irracionais, pode ser um número Numa classe de 42 alunos há 18 rapazes e 24 moças. A razão
racional. 18 3
entre o número de rapazes e o número de moças é = , o que
24 4
Exemplo:    = 5 e 5 é um número racional.
significa que para “cada 3 rapazes há 4 moças”. Por outro lado,
- A união do conjunto dos números irracionais com o conjunto a razão entre o número de rapazes e o total de alunos é dada por
dos números racionais, resulta num conjunto denominado conjun- 18 3
to R  dos números reais. = , o que equivale a dizer que “de cada 7 alunos na classe,
- A interseção do conjunto dos números racionais com o con- 42 7
junto dos números irracionais, não possui elementos comuns e, 3 são rapazes”.
portanto,  é igual ao conjunto vazio Razão entre grandezas de mesma espécie

Simbolicamente, teremos: A razão entre duas grandezas de mesma espécie é o quo-


ciente dos números que expressam as medidas dessas grandezas
numa mesma unidade.
Exemplo

Uma sala tem 18 m2. Um tapete que ocupar o centro dessa


RAZÕES ESPECIAIS. sala mede 384 dm2. Vamos calcular a razão entre a área do tapete
e a área da sala.
Primeiro, devemos transformar as duas grandezas em uma
mesma unidade:
Área da sala: 18 m2 = 1 800 dm2
Razão Área do tapete: 384 dm2
Estando as duas áreas na mesma unidade, podemos escrever
Sejam dois números reais a e b, com b ≠ 0. Chama-se razão a razão:
entre a e b (nessa ordem) o quociente a b, ou .
384dm 2 384 16
A razão é representada por um número racional, mas é lida de 2
= =
modo diferente. 1800dm 1800 75
Razão entre grandezas de espécies diferentes
Exemplos
3 Exemplo 1
a) A fração lê-se: “três quintos”.
5
Considere um carro que às 9 horas passa pelo quilômetro 30
b) A razão 3 lê-se: “3 para 5”. de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilômetro 170.
5
Os termos da razão recebem nomes especiais. Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h
O número 3 é numerador
3 Calculamos a razão entre a distância percorrida e o tempo
a) Na fração
5 gasto para isso:
O número 5 é denominador
140km
O número 3 é antecedente = 70km / h
2h
a) Na razão 3
5 O número 5 é consequente A esse tipo de razão dá-se o nome de velocidade média.

Didatismo e Conhecimento 60
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que: Exemplo 1
- as grandezas “quilômetro e hora” são de naturezas dife- 2 6
rentes; Na proporção = , temos 2 x 9 = 3 x 6 = 18;
3 9
- a notação km/h (lê-se: “quilômetros por hora”) deve acom-
e em 1 = 4 , temos 4 x 4 = 1 x 16 = 16.
panhar a razão. 4 16
Exemplo 2 Exemplo 2

A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Ja- Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se a seguinte
neiro e São Paulo) tem uma área aproximada de 927 286 km2 dosagem: 5 gotas para cada 2 kg do “peso” da criança.
e uma população de 66 288 000 habitantes, aproximadamente,
segundo estimativas projetadas pelo Instituto Brasileiro de Geo- Se uma criança tem 12 kg, a dosagem correta x é dada por:
grafia e Estatística (IBGE) para o ano de 1995. 5gotas x
= → x = 30gotas
Por outro lado, se soubermos que foram corretamente minis-
2kg 12kg
Dividindo-se o número de habitantes pela área, obteremos o tradas 20 gotas a uma criança, podemos concluir que seu “peso”
número de habitantes por km2 (hab./km2): é 8 kg, pois:
6628000 5gotas
≅ 71,5hab. / km 2 = 20gotas / p → p = 8kg
927286 2kg
A esse tipo de razão dá-se o nome de densidade demográ-
fica. (nota: o procedimento utilizado nesse exemplo é comumente
chamado de regra de três simples.)
A notação hab./km2 (lê-se: ”habitantes por quilômetro quadra- Propriedades da Proporção
do”) deve acompanhar a razão. O produto dos extremos é igual ao produto dos meios: essa
Exemplo 3
propriedade possibilita reconhecer quando duas razões formam
ou não uma proporção.
Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L de gasolina.
Dividindo-se o número de quilômetros percorridos pelo número de 4 12
litros de combustível consumidos, teremos o número de quilôme- e
3 9 formam uma proporção, pois
tros que esse carro percorre com um litro de gasolina:
83, 76km
≅ 10, 47km / l Produtos dos extremos ← 4.9
 = 3.12
 → Produtos dos
8l meios. 36 36

A esse tipo de razão dá-se o nome de consumo médio.


A notação km/l (lê-se: “quilômetro por litro”) deve acompa- A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro (ou
nhar a razão. para o segundo termo) assim como a soma dos dois últimos está
para o terceiro (ou para o quarto termo).
Exemplo 4
Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse comprimento é re- 5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14
presentado num desenho por 20 cm. Qual é a escala do desenho? = ⇒⎨ = ⇒ =
2 4 ⎩ 5 10 5 10
comprimento i no i desenho 20cm 20cm 1
Escala = = = = ou1 : 40
comprimento i real 8m 800cm 40
ou
5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14
A razão entre um comprimento no desenho e o correspondente = ⇒⎨ = ⇒ =
comprimento real, chama-se Escala. 2 4 ⎩ 2 4 2 4

Proporção
A diferença entre os dois primeiros termos está para o pri-
A igualdade entre duas razões recebe o nome de proporção. meiro (ou para o segundo termo) assim como a diferença entre os
dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).
3 6
Na proporção 5 = 10 (lê-se: “3 está para 5 assim como 6 4 8 4 − 3 8 − 6 1 2
= ⇒ = ⇒ =
está para 10”), os números 3 e 10 são chamados extremos, e os 3 6  4 8 4 8
números 5 e 6 são chamados meios.
Observemos que o produto 3 x 10 = 30 é igual ao produto 5 x 6 ou
= 30, o que caracteriza a propriedade fundamental das proporções:
4 8 4 − 3 8 − 6 1 2
= ⇒ = ⇒ =
“Em toda proporção, o produto dos meios é igual ao pro- 3 6  3 6 3 6
duto dos extremos”.

Didatismo e Conhecimento 61
RACIOCÍNIO LÓGICO
A soma dos antecedentes está para a soma dos consequentes 9. Água e tinta estão misturadas na razão de 9 para 5. Saben-
assim como cada antecedente está para o seu consequente. do-se que há 81 litros de água na mistura, o volume total em litros
é de:
12 3 ⎧12 + 3 12 15 12
= ⇒⎨ = ⇒ = a) 45
8 2 ⎩ 8+2 8 10 8 b) 81
c) 85
ou d) 181
e) 126
12 3 ⎧12 + 3 3 15 3 10. A diferença entre dois números é 65. Sabe-se que o pri-
= ⇒⎨ = ⇒ =
8 2 ⎩ 8 + 2 2 10 2 meiro está para 9 assim como o segundo está para 4. Calcule
A diferença dos antecedentes está para a diferença dos con- esses números.
sequentes assim como cada antecedente está para o seu conse-
quente. Respostas

3 1 ⎧ 3−1 3 2 3 1) Resposta “1320 km”.


= ⇒⎨ = ⇒ =
15 5 ⎩15 − 5 15 10 15 Solução: 1cm (no mapa) = 22.000.000cm (na realidade)

*SP ---------------------- cidade A ------------------------ cidade


ou
B
3 1 ⎧ 3−1 1 2 1 4cm 6cm
= ⇒⎨ = ⇒ =
15 5 ⎩15 − 5 5 10 5
O mínimo de extensão será a da cidade mais longe (6cm)
Exercícios
22.000.000 x 6 = 132.000.000 cm = 1320 km.
1. Em um mapa verifica-se que a escala é 1 : 22 000 000. Duas
Logo, o mínimo de extensão que ela teria corresponde à
cidades estão distantes de São Paulo, respectivamente, 4 e 6 cm. Se 1320 km.
fosse feita uma estrada ligando as três cidades, qual seria o mínimo
de extensão que ela teria? 2) Resposta “1: 7 000 000”.
Solução: Dados:
2. Em um mapa, a distância em linha reta entre Brasília e Pal- Comprimento do desenho: 10 cm
mas, no Tocantins é de 10 cm. Sabendo que a distância real entre Comprimento no real: 700 km = (700 . 100 000) cm = 70
as duas cidades é de 700 km, qual a escala utilizada na confecção 000 000 cm
do mapa?
comprimentododesenho 10 1
Escala = = = ou1 : 7000000
3. Uma estátua de bronze tem 140 kg de massa e seu volume comprimentoreal 70000000 7000000
é de 16 dm³. Qual é a sua densidade?
A escala de 1: 7 000 000 significa que:
4. Um trem percorreu 453 km em 6 horas. Qual a velocidade - 1 cm no desenho corresponde a 7 000 000 cm no real;
média do trem nesse percurso? - 1 cm no desenho corresponde a 70 000 m no real;
- 1 cm no desenho corresponde a 70 km no real.
5. O estado de Tocantins ocupada uma área aproximada de
278 500 km². De acordo com o Censo/2000 o Tocantins tinha uma 3) Resposta “8,75 kg/dm³”.
população de aproximadamente 1 156 000 habitantes. Qual é a Solução: De acordo com os dados do problema, temos:
densidade demográfica do estado de Tocantins? 140kg
densidade = = 8, 75kg / dm 3
6. A diferença entre a idade de Ângela e a idade de Vera é 12 16dm 3
anos. Sabendo-se que suas idades estão uma para a outra assim Logo, a densidade da estátua é de 8,75 kg/dm³, que lemos
como 5 , determine a idade de cada uma. como: 8,75 quilogramas por decímetro cúbico.
2
7. Um segmento de 78 cm de comprimento é dividido em duas 4) Resposta “75,5 km/h”.
partes na razão de 4 . Determine o comprimento de cada uma das
partes. 9 Solução: De acordo com que o enunciado nos oferece, te-
mos:
8. Sabe-se que as casas do braço de um violão diminuem de 453km
velocidademédia = = 75,5km / h
largura seguindo uma mesma proporção. Se a primeira casa do 6h
braço de um violão tem 4 cm de largura e a segunda casa, 3 cm,
calcule a largura da quarta casa. Logo, a velocidade média do trem, nesse percurso, foi de
75,5 km/h, que lemos: 75,5 quilômetros por hora.

Didatismo e Conhecimento 62
RACIOCÍNIO LÓGICO
5) Resposta “4,15 hab./km² Onde:
Ti = termo inicial, neste caso: 4
Solução: O problema nos oferece os seguintes dados: P = proporção entre Ti e o seguinte (razão), neste caso:
n = número sequencial do termo que se busca, neste caso: 4
1156000hab.
Densidadedemográfica = = 4,15hab. / km 2 Teremos:
278500km 2
6) Resposta “Ângela 20; Vera 8”. (Ti = 4; P = ; n – 1 = 3)

Solução: 4. =
A – V = 12 anos
A = 12 + V 9) Resposta “E”.
Solução:
A 5 12 + V 5 A = 81 litros
= → =
V 2 V 2 A 9 81 9
= → =
2 (12+V) = 5V T 5 T 5
24 + 2V = 5V
9T = 405
5V – 2V = 24
T=
3V = 24
V = 24
T = 45
V (Vera)
3 =8
A+T=?
A – 8 = 12
81 + 45 = 126 litros
A = 12 + 8
A (Ângela) = 20
10) Resposta “117 e 52”.
7) Resposta “24 cm; 54 cm”. Solução:
x – y = 65
Solução: x = 65 + y
x + y = 78 cm x 9 65 + y 9
x = 78 - y = → =
y 4 y 4
x 4 78 − y 4
= → = 9y = 4 (65 + y)
y 9 y 9
9 (78 - y) = 4y 9y = 260 + 4y
702 – 9y = 4y 9y – 4y = 260
702 = 4y + 9y 5y = 260
13y = 702 y=
y = 702
13 y = 52
y = 54cm
x – 52 = 65
x + 54 = 78 x = 65 + 52
x = 78 - 54 x = 117
x = 24 cm

8) Resposta “ 27 ”. ANÁLISE COMBINATÓRIA


cm
16 E PROBABILIDADE.
Solução: Caso a proporção entre a 2ª e a 1ª casa se mantenha
constante nas demais, é só determinar qual é esta proporção exis-
tente entre elas: no caso, = 0,75, ou seja, a largura da 2ª casa é Análise Combinatória
75% a largura da 1ª; Portanto a largura da 3ª casa é (3 . 0,75) =
2,25 cm. Análise combinatória é uma parte da matemática que estuda,
Logo, a largura da 4ª casa é de (2,25 . 0,75) = 1,69 cm. ou melhor, calcula o número de possibilidades, e estuda os métodos
de contagem que existem em acertar algum número em jogos de
Portanto a sequência seria: (4...3... ... ...) e assim por diante. azar. Esse tipo de cálculo nasceu no século XVI, pelo matemático
italiano Niccollo Fontana (1500-1557), chamado também de Tar-
Onde a razão de proporção é ... e pode ser representada pela taglia. Depois, apareceram os franceses Pierre de Fermat (1601-
expressão: 1665) e Blaise Pascal (1623-1662). A análise desenvolve métodos
Ti . P elevado à (n - 1) que permitem contar, indiretamente, o número de elementos de um

Didatismo e Conhecimento 63
RACIOCÍNIO LÓGICO
conjunto. Por exemplo, se quiser saber quantos números de quatro Generalizações: Um acontecimento é formado por k estágios
algarismos são formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9, é sucessivos e independentes, com n1, n2, n3, … , nk possibilidades
preciso aplicar as propriedades da análise combinatória. Veja quais para cada. O total de maneiras distintas de ocorrer este aconteci-
propriedades existem: mento é n1, n2, n3, … , nk
Técnicas de contagem: Na Técnica de contagem não importa
- Princípio fundamental da contagem a ordem.
- Fatorial Considere A = {a; b; c; d; …; j} um conjunto formado por 10
- Arranjos simples elementos diferentes, e os agrupamentos ab, ac e ca”.
- Permutação simples ab e ac são agrupamentos sempre distintos, pois se diferen-
- Combinação ciam pela natureza de um dos elemento.
- Permutação com elementos repetidos ac e ca são agrupamentos que podem ser considerados distin-
tos ou não distintos pois se diferenciam somente pela ordem dos
Princípio fundamental da contagem: é o mesmo que a Regra
elementos.
do Produto, um princípio combinatório que indica quantas vezes e
Quando os elementos de um determinado conjunto A forem
as diferentes formas que um acontecimento pode ocorrer. O acon-
algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes algarismos preten-
tecimento é formado por dois estágios caracterizados como suces-
demos obter números, neste caso, os agrupamentos de 13 e 31 são
sivos e independentes:
considerados distintos, pois indicam números diferentes.
• O primeiro estágio pode ocorrer de m modos distintos. Quando os elementos de um determinado conjunto A forem
• O segundo estágio pode ocorrer de n modos distintos. pontos, A = {A1, A2, A3, A4, A5…, A9}, e com estes pontos preten-
demos obter retas, neste caso os agrupamentos são
Desse modo, podemos dizer que o número de formas diferente iguais, pois indicam a mesma reta.
que pode ocorrer em um acontecimento é igual ao produto m . n Conclusão: Os agrupamentos...

Exemplo: Alice decidiu comprar um carro novo, e inicialmen- 1. Em alguns problemas de contagem, quando os agrupamen-
te ela quer se decidir qual o modelo e a cor do seu novo veículo. tos se diferirem pela natureza de pelo menos um de seus elemen-
Na concessionária onde Alice foi há 3 tipos de modelos que são tos, os agrupamentos serão considerados distintos.
do interesse dela: Siena, Fox e Astra, sendo que para cada carro há ac = ca, neste caso os agrupamentos são denominados com-
5 opções de cores: preto, vinho, azul, vermelho e prata. Qual é o binações.
número total de opções que Alice poderá fazer?
Pode ocorrer: O conjunto A é formado por pontos e o proble-
Resolução: Segundo o Principio Fundamental da Contagem, ma é saber quantas retas esses pontos determinam.
Alice tem 3×5 opções para fazer, ou seja,ela poderá optar por 15
carros diferentes. Vamos representar as 15 opções na árvore de 2. Quando se diferir tanto pela natureza quanto pela ordem
possibilidades: de seus elementos, os problemas de contagem serão agrupados e
considerados distintos.
ac ≠ ca, neste caso os agrupamentos são denominados arran-
jos.

Pode ocorrer: O conjunto A é formado por algarismos e o pro-


blema é contar os números por eles determinados.

Fatorial: Na matemática, o fatorial de um número natural n,


representado por n!, é o produto de todos os inteiros positivos
menores ou iguais a n. A notação n! foi introduzida por Christian
Kramp em 1808. A função fatorial é normalmente definida por:

Por exemplo, 5! = 1 . 2 . 3 . 4 . 5 = 120

Note que esta definição implica em particular que 0! = 1, por-


que o produto vazio, isto é, o produto de nenhum número é 1.
Deve-se prestar atenção neste valor, pois este faz com que a função
recursiva (n + 1)! = n! . (n + 1) funcione para n = 0.

Didatismo e Conhecimento 64
RACIOCÍNIO LÓGICO
Os fatoriais são importantes em análise combinatória. Por Cálculo do número de permutação simples:
exemplo, existem n! caminhos diferentes de arranjar n objetos dis-
tintos numa sequência. (Os arranjos são chamados permutações) E O número total de permutações simples de n elementos indi-
o número de opções que podem ser escolhidos é dado pelo coefi- cado por Pn, e fazendo k = n na fórmula An,k = n (n – 1) (n – 2) . …
ciente binomial. . (n – k + 1), temos:

Pn = An,n= n (n – 1) (n – 2) . … . (n – n + 1) = (n – 1) (n – 2)
. … .1 = n!
Portanto: Pn = n!
Arranjos simples: são agrupamentos sem repetições em que
um grupo se torna diferente do outro pela ordem ou pela natureza Combinações Simples: são agrupamentos formados com os
dos elementos componentes. Seja A um conjunto com n elementos elementos de um conjunto que se diferenciam somente pela na-
e k um natural menor ou igual a n. Os arranjos simples k a k dos tureza de seus elementos. Considere A como um conjunto com n
n elementos de A, são os agrupamentos, de k elementos distintos elementos k um natural menor ou igual a n. Os agrupamentos de k
cada, que diferem entre si ou pela natureza ou pela ordem de seus elementos distintos cada um, que diferem entre si apenas pela na-
elementos. tureza de seus elementos são denominados combinações simples k
a k, dos n elementos de A.
Cálculos do número de arranjos simples:
Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com ele-
Na formação de todos os arranjos simples dos n elementos de mentos distintos. Com os elementos de A podemos formar 4 com-
A, tomados k a k: binações de três elementos cada uma: abc – abd – acd – bcd
n → possibilidades na escolha do 1º elemento. Se trocarmos ps 3 elementos de uma delas:
n - 1 → possibilidades na escolha do 2º elemento, pois um
deles já foi usado. Exemplo: abc, obteremos P3 = 6 arranjos disdintos.
n - 2 → possibilidades na escolha do 3º elemento, pois dois
deles já foi usado. abc abd acd bcd
.
. acb
. bac
n - (k - 1) → possibilidades na escolha do kº elemento, pois bca
l-1 deles já foi usado.
cab
No Princípio Fundamental da Contagem (An, k), o número total cba
de arranjos simples dos n elementos de A (tomados k a k), temos:
Se trocarmos os 3 elementos das 4 combinações obtemos to-
An,k = n (n - 1) . (n - 2) . ... . (n – k + 1) dos os arranjos 3 a 3:
(é o produto de k fatores)

abc abd acd bcd
Multiplicando e dividindo por (n – k)! acb adb adc bdc
bac bad cad cbd
bca bda cda cdb
cab dab dac dbc
cba dba dca dcb
Note que n (n – 1) . (n – 2). ... .(n – k + 1) . (n – k)! = n!
(4 combinações) x (6 permutações) = 24 arranjos
Podemos também escrever
Logo: C4,3 . P3 = A4,3

Cálculo do número de combinações simples: O número total


Permutações: Considere A como um conjunto com n ele-
de combinações simples dos n elementos de A representados por C
mentos. Os arranjos simples n a n dos elementos de A, são de-
n,k
, tomados k a k, analogicamente ao exemplo apresentado, temos:
nominados permutações simples de n elementos. De acordo com
a) Trocando os k elementos de uma combinação k a k, obte-
a definição, as permutações têm os mesmos elementos. São os n mos Pk arranjos distintos.
elementos de A. As duas permutações diferem entre si somente b) Trocando os k elementos das Cn,k . Pk arranjos distintos.
pela ordem de seus elementos.

Didatismo e Conhecimento 65
RACIOCÍNIO LÓGICO
Portanto: Cn,k . Pk = An,k ou 02. Organiza-se um campeonato de futebol com 14 clubes,
sendo a disputa feita em dois turnos, para que cada clube enfrente
A o outro no seu campo e no campo deste. O número total de jogos
C n,k = n,k a serem realizados é:
Pk
(A)182
Lembrando que: (B) 91
(C)169
(D)196
(E)160
Também pode ser escrito assim:
03. Deseja-se criar uma senha para os usuários de um sistema,
começando por três letras escolhidas entre as cinco A, B, C, D e
E, seguidas de quatro algarismos escolhidos entre 0, 2, 4, 6 e 8. Se
entre as letras puder haver repetição, mas se os algarismos forem
todos distintos, o número total de senhas possíveis é:
(A) 78.125
Arranjos Completos: Arranjos completos de n elementos, de k
(B) 7.200
a k são os arranjos de k elementos não necessariamente distintos. (C) 15.000
Em vista disso, quando vamos calcular os arranjos completos, de- (D) 6.420
ve-se levar em consideração os arranjos com elementos distintos (E) 50
(arranjos simples) e os elementos repetidos. O total de arranjos 04. (UFTM) – João pediu que Cláudia fizesse cartões com
completos de n elementos, de k a k, é indicado simbolicamente por todas as permutações da palavra AVIAÇÃO. Cláudia executou
A*n,k dado por: A*n,k = nk a tarefa considerando as letras A e à como diferentes, contudo,
Permutações com elementos repetidos João queria que elas fossem consideradas como mesma letra. A
diferença entre o número de cartões feitos por Cláudia e o núme-
Considerando: ro de cartões esperados por João é igual a
(A) 720
(B) 1.680
α elementos iguais a a,
(C) 2.420
β elementos iguais a b, (D) 3.360
γ elementos iguais a c, …, (E) 4.320
λ elementos iguais a l,
05. (UNIFESP) – As permutações das letras da palavra PRO-
Totalizando em α + β + γ + … λ = n elementos. VA foram listadas em ordem alfabética, como se fossem palavras
de cinco letras em um dicionário. A 73ª palavra nessa lista é
Simbolicamente representado por Pnα, β, γ, …, λ o número (A) PROVA.
de permutações distintas que é possível formarmos com os n ele- (B) VAPOR.
mentos: (C) RAPOV.
(D) ROVAP.
(E) RAOPV.

06. (MACKENZIE) – Numa empresa existem 10 diretores,


dos quais 6 estão sob suspeita de corrupção. Para que se ana-
lisem as suspeitas, será formada uma comissão especial com 5
Combinações Completas: Combinações completas de n ele- diretores, na qual os suspeitos não sejam maioria. O número de
mentos, de k a k, são combinações de k elementos não necessaria- possíveis comissões é:
mente distintos. Em vista disso, quando vamos calcular as combi- (A) 66
nações completas devemos levar em consideração as combinações (B) 72
com elementos distintos (combinações simples) e as combinações (C) 90
com elementos repetidos. O total de combinações completas de n (D) 120
(E) 124
elementos, de k a k, indicado por C*n,k
07. (ESPCEX) – A equipe de professores de uma escola pos-
sui um banco de questões de matemática composto de 5 questões
sobre parábolas, 4 sobre circunferências e 4 sobre retas. De quan-
tas maneiras distintas a equipe pode montar uma prova com 8
questões, sendo 3 de parábolas, 2 de circunferências e 3 de retas?
(A) 80
QUESTÕES (B) 96
(C) 240
01. Quantos números de três algarismos distintos podem ser (D) 640
formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8? (E) 1.280

Didatismo e Conhecimento 66
RACIOCÍNIO LÓGICO
08. Numa clínica hospitalar, as cirurgias são sempre assis- 04.
tidas por 3 dos seus 5 enfermeiros, sendo que, para uma even- I) O número de cartões feitos por Cláudia foi
tualidade qualquer, dois particulares enfermeiros, por serem os
mais experientes, nunca são escalados para trabalharem juntos.
Sabendo-se que em todos os grupos participa um dos dois enfer-
II) O número de cartões esperados por João era
meiros mais experientes, quantos grupos distintos de 3 enfermei-
ros podem ser formados?
(A) 06
(B) 10 Assim, a diferença obtida foi 2.520 – 840 = 1.680
(C) 12 05. Se as permutações das letras da palavra PROVA forem
listadas em ordem alfabética, então teremos:
(D) 15
P4 = 24 que começam por A
(E) 20 P4 = 24 que começam por O
09. Seis pessoas serão distribuídas em duas equipes para P4 = 24 que começam por P
concorrer a uma gincana. O número de maneiras diferentes de
formar duas equipes é A 73.ª palavra nessa lista é a primeira permutação que começa
(A) 10 por R. Ela é RAOPV.
06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de corrup-
(B) 15 ção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão de 5 diretores
(C) 20 na qual os suspeitos não sejam maioria, podem ser escolhidos, no
(D) 25 máximo, 2 suspeitos. Portanto, o número de possíveis comissões é
(E) 30

10. Considere os números de quatro algarismos do sistema


decimal de numeração. Calcule:
a) quantos são no total;
b) quantos não possuem o algarismo 2;
c) em quantos deles o algarismo 2 aparece ao menos uma vez; 07. C5,3 . C4,2 . C4,3 = 10 . 6 . 4 = 240
d) quantos têm os algarismos distintos;
08.
e) quantos têm pelo menos dois algarismos iguais.
I) Existem 5 enfermeiros disponíveis: 2 mais experientes e
outros 3.
Resoluções II) Para formar grupos com 3 enfermeiros, conforme o enun-
ciado, devemos escolher 1 entre os 2 mais experientes e 2 entre os
3 restantes.
01. III) O número de possibilidades para se escolher 1 entre os 2
mais experientes é

02. O número total de jogos a serem realizados é A14,2 = 14 .


13 = 182.
IV) O número de possibilidades para se escolher 2 entre 3
03. restantes é

Algarismos
V) Assim, o número total de grupos que podem ser formados
é2.3=6

09.
Letras
10.
As três letras poderão ser escolhidasde 5 . 5 . 5 =125 maneiras. a) 9 . A*10,3 = 9 . 103 = 9 . 10 . 10 . 10 = 9000
Os quatro algarismos poderão ser escolhidos de 5 . 4 . 3 . 2 = b) 8 . A*9,3 = 8 . 93 = 8 . 9 . 9 . 9 = 5832
120 maneiras. c) (a) – (b): 9000 – 5832 = 3168
O número total de senhas distintas, portanto, é igual a 125 . d) 9 . A9,3 = 9 . 9 . 8 . 7 = 4536
120 = 15.000. e) (a) – (d): 9000 – 4536 = 4464

Didatismo e Conhecimento 67
RACIOCÍNIO LÓGICO
Probabilidade

Ponto Amostral, Espaço Amostral e Evento

Em uma tentativa com um número limitado de resultados,


todos com chances iguais, devemos considerar:
Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos resultados
possíveis.
Espaço Amostral: Corresponde ao conjunto dos resultados
possíveis; será representado por S e o número de elementos do
espaço amostra por n(S).
Evento: Corresponde a qualquer subconjunto do espaço
amostral; será representado por A e o número de elementos do
evento por n(A).

Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S, portanto União de Eventos


são eventos.
Ø = evento impossível. Considere A e B como dois eventos de um espaço amostral S,
S = evento certo. finito e não vazio, temos:

Conceito de Probabilidade A

As probabilidades têm a função de mostrar a chance


de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer um B
determinado evento A, que é simbolizada por P(A), de um espaço S
amostral S ≠ Ø, é dada pelo quociente entre o número de elementos
A e o número de elemento S. Representando:

Exemplo: Ao lançar um dado de seis lados, numerados de 1 a


6, e observar o lado virado para cima, temos: Logo: P(A B) = P(A) + P(B) - P(A B)
- um espaço amostral, que seria o conjunto S {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
- um evento número par, que seria o conjunto A1 = {2, 4, 6} Eventos Mutuamente Exclusivos
C S.
- o número de elementos do evento número par é n(A1) = 3.
- a probabilidade do evento número par é 1/2, pois A

B
Propriedades de um Espaço Amostral Finito e Não Vazio S

- Em um evento impossível a probabilidade é igual a zero. Em


um evento certo S a probabilidade é igual a 1. Simbolicamente: Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão denominados
P(Ø) = 0 e P(S) = 1. mutuamente exclusivos. Observe que A ∩ B = 0, portanto: P(A
- Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤ P(A) ≤ 1. B) = P(A) + P(B). Quando os eventos A1, A2, A3, …, An de S
- Se A for o complemento de A em S, neste caso: P(A) = 1 - forem, de dois em dois, sempre mutuamente exclusivos, nesse
P(A). caso temos, analogicamente:

Demonstração das Propriedades P(A1 A2 A3 … An) = P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... +


P(An)
Considerando S como um espaço finito e não vazio, temos:
Eventos Exaustivos

Quando os eventos A1, A2, A3, …, An de S forem, de dois em


dois, mutuamente exclusivos, estes serão denominados exaustivos
se A1 A2 A3 … An = S

Didatismo e Conhecimento 68
RACIOCÍNIO LÓGICO
Considerando A e B como eventos independentes, logo
P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A ∩ B) = P(A) .
P(B). Para saber se os eventos A e B são independentes, podemos
utilizar a definição ou calcular a probabilidade de A ∩ B. Veja a
representação:

A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou


A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) . P(B)

Lei Binominal de Probabilidade


Então, logo:
Considere uma experiência sendo realizada diversas vezes,
dentro das mesmas condições, de maneira que os resultados de cada
Portanto: P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... + P(An) = 1 experiência sejam independentes. Sendo que, em cada tentativa
ocorre, obrigatoriamente, um evento A cuja probabilidade é p ou o
Probabilidade Condicionada complemento A cuja probabilidade é 1 – p.

Considere dois eventos A e B de um espaço amostral S, finito Problema: Realizando-se a experiência descrita exatamente n
e não vazio. A probabilidade de B condicionada a A é dada pela vezes, qual é a probabilidade de ocorrer o evento A só k vezes?
probabilidade de ocorrência de B sabendo que já ocorreu A. É
representada por P(B/A). Resolução:
- Se num total de n experiências, ocorrer somente k vezes
o evento A, nesse caso será necessário ocorrer exatamente n – k
Veja:
vezes o evento A.
- Se a probabilidade de ocorrer o evento A é p e do evento A é
1 – p, nesse caso a probabilidade de ocorrer k vezes o evento A e
n – k vezes o evento A, ordenadamente, é:

Eventos Independentes - As k vezes em que ocorre o evento A são quaisquer entre as


n vezes possíveis. O número de maneiras de escolher k vezes o
Considere dois eventos A e B de um espaço amostral S, finito evento A é, portanto Cn,k.
e não vazio. Estes serão independentes somente quando: - Sendo assim, há Cn,k eventos distintos, mas que possuem
a mesma probabilidade pk . (1 – p)n-k, e portanto a probabilidade
P(A/N) = P(A) P(B/A) = P(B) desejada é: Cn,k . pk . (1 – p)n-k

Intersecção de Eventos QUESTÕES

Considerando A e B como dois eventos de um espaço amostral 01. A probabilidade de uma bola branca aparecer ao se retirar
S, finito e não vazio, logo: uma única bola de uma urna que contém, exatamente, 4 bolas
brancas, 3 vermelhas e 5 azuis é:

(A) (B) (C) (D) (E)

02. As 23 ex-alunas de uma turma que completou o Ensino


Médio há 10 anos se encontraram em uma reunião comemorativa.
Várias delas haviam se casado e tido filhos. A distribuição das
Assim sendo: mulheres, de acordo com a quantidade de filhos, é mostrada no
gráfico abaixo. Um prêmio foi sorteado entre todos os filhos dessas
P(A ∩ B) = P(A) . P(B/A) ex-alunas. A probabilidade de que a criança premiada tenha sido
P(A ∩ B) = P(B) . P(A/B) um(a) filho(a) único(a) é

Didatismo e Conhecimento 69
RACIOCÍNIO LÓGICO
10. Uma lanchonete prepara sucos de 3 sabores: laranja,
abacaxi e limão. Para fazer um suco de laranja, são utilizadas 3
laranjas e a probabilidade de um cliente pedir esse suco é de 1/3.
Se na lanchonete, há 25 laranjas, então a probabilidade de que,
para o décimo cliente, não haja mais laranjas suficientes para fazer
o suco dessa fruta é:

(A) 1 (B) (C) (D) (E)

Respostas
(A) (B) (C) (D) (E)
01.
03. Retirando uma carta de um baralho comum de 52 cartas,
qual a probabilidade de se obter um rei ou uma dama? 02.
A partir da distribuição apresentada no gráfico:
04. Jogam-se dois dados “honestos” de seis faces, numeradas 08 mulheres sem filhos.
de 1 a 6, e lê-se o número de cada uma das duas faces voltadas para 07 mulheres com 1 filho.
cima. Calcular a probabilidade de serem obtidos dois números 06 mulheres com 2 filhos.
ímpares ou dois números iguais? 02 mulheres com 3 filhos.
05. Uma urna contém 500 bolas, numeradas de 1 a 500. Uma
Como as 23 mulheres têm um total de 25 filhos, a probabilidade
bola dessa urna é escolhida ao acaso. A probabilidade de que seja
de que a criança premiada tenha sido um(a) filho(a) único(a) é
escolhida uma bola com um número de três algarismos ou múltiplo
igual a P = 7/25.
de 10 é 03. P(dama ou rei) = P(dama) + P(rei) =
(A) 10%
(B) 12% 04. No lançamento de dois dados de 6 faces, numeradas de 1 a
(C) 64% 6, são 36 casos possíveis. Considerando os eventos A (dois números
(D) 82% ímpares) e B (dois números iguais), a probabilidade pedida é:
(E) 86%

06. Uma urna contém 4 bolas amarelas, 2 brancas e 3 bolas 05. Sendo Ω, o conjunto espaço amostral, temos n(Ω) = 500
vermelhas. Retirando-se uma bola ao acaso, qual a probabilidade
de ela ser amarela ou branca? A: o número sorteado é formado por 3 algarismos;
A = {100, 101, 102, ..., 499, 500}, n(A) = 401 e p(A) = 401/500
07. Duas pessoas A e B atiram num alvo com probabilidade
B: o número sorteado é múltiplo de 10;
40% e 30%, respectivamente, de acertar. Nestas condições, a
B = {10, 20, ..., 500}.
probabilidade de apenas uma delas acertar o alvo é:
(A) 42% Para encontrarmos n(B) recorremos à fórmula do termo geral
(B) 45% da P.A., em que
(C) 46% a1 = 10
(D) 48% an = 500
(E) 50% r = 10
Temos an = a1 + (n – 1) . r → 500 = 10 + (n – 1) . 10 → n = 50
08. Num espaço amostral, dois eventos independentes A e B
são tais que P(A U B) = 0,8 e P(A) = 0,3. Podemos concluir que o Dessa forma, p(B) = 50/500.
valor de P(B) é:
(A) 0,5 A Ω B: o número tem 3 algarismos e é múltiplo de 10;
A Ω B = {100, 110, ..., 500}.
(B) 5/7
De an = a1 + (n – 1) . r, temos: 500 = 100 + (n – 1) . 10 → n =
(C) 0,6
41 e p(A B) = 41/500
(D) 7/15
(E) 0,7 Por fim, p(A.B) =

09. Uma urna contém 6 bolas: duas brancas e quatro pretas. 06.
Retiram-se quatro bolas, sempre com reposição de cada bola antes Sejam A1, A2, A3, A4 as bolas amarelas, B1, B2 as brancas e V1,
de retirar a seguinte. A probabilidade de só a primeira e a terceira V2, V3 as vermelhas.
serem brancas é: Temos S = {A1, A2, A3, A4, V1, V2, V3 B1, B2} → n(S) = 9
A: retirada de bola amarela = {A1, A2, A3, A4}, n(A) = 4
(A) (B) (C) (D) (E) B: retirada de bola branca = {B1, B2}, n(B) = 2

Didatismo e Conhecimento 70
RACIOCÍNIO LÓGICO

PROGRESSÕES ARITMÉTICA
E GEOMÉTRICA.

Como A B = , A e B são eventos mutuamente exclusivos; Progressão Aritmética (PA)


Logo: P(A B) = P(A) + P(B) =
Podemos, no nosso dia-a-dia, estabelecer diversas sequências
como, por exemplo, a sucessão de cidades que temos numa viagem
de automóvel entre Brasília e São Paulo ou a sucessão das datas de
07. aniversário dos alunos de uma determinada escola.
Se apenas um deve acertar o alvo, então podem ocorrer os Podemos, também, adotar para essas sequências uma ordem
seguintes eventos: numérica, ou seja, adotando a1 para o 1º termo, a2 para o 2º termo
(A) “A” acerta e “B” erra; ou até an para o n-ésimo termo. Dizemos que o termo an é também
(B) “A” erra e “B” acerta. chamado termo geral das sequências, em que n é um número na-
tural diferente de zero. Evidentemente, daremos atenção ao estudo
Assim, temos: das sequências numéricas.
P (A B) = P (A) + P (B) As sequências podem ser finitas, quando apresentam um últi-
P (A B) = 40% . 70% + 60% . 30% mo termo, ou, infinitas, quando não apresentam um último termo.
P (A B) = 0,40 . 0,70 + 0,60 . 0,30 As sequências infinitas são indicadas por reticências no final.
P (A B) = 0,28 + 0,18
P (A B) = 0,46 Exemplos:
P (A B) = 46%
08. - Sequência dos números primos positivos: (2, 3, 5, 7, 11, 13,
Sendo A e B eventos independentes, P(A B) = P(A) . P(B) e 17, 19, ...). Notemos que esta é uma sequência infinita com a1 = 2;
como P(A B) = P(A) + P(B) – P(A B). Temos: a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 11; a6 = 13 etc.
P(A B) = P(A) + P(B) – P(A) . P(B) - Sequência dos números ímpares positivos: (1, 3, 5, 7, 9, 11,
0,8 = 0,3 + P(B) – 0,3 . P(B) ...). Notemos que esta é uma sequência infinita com a1 = 1; a2 = 3;
0,7 . (PB) = 0,5 a3 = 5; a4 = 7; a5 = 9; a6 = 11 etc.
P(B) = 5/7. - Sequência dos algarismos do sistema decimal de numeração:
(0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Notemos que esta é uma sequência finita
09. Representando por a com a1 = 0; a2 = 1; a3 = 2; a4 = 3; a5 = 4; a6 = 5; a7 = 6; a8 = 7; a9 =
probabilidade pedida, temos: 8; a10 = 9.
=
1. Igualdade
=
As sequências são apresentadas com os seus termos entre
parênteses colocados de forma ordenada. Sucessões que apresen-
tarem os mesmos termos em ordem diferente serão consideradas
sucessões diferentes.
Duas sequências só poderão ser consideradas iguais se, e
somente se, apresentarem os mesmos termos, na mesma ordem.
10. Supondo que a lanchonete só forneça estes três tipos de
sucos e que os nove primeiros clientes foram servidos com apenas Exemplo
um desses sucos, então: A sequência (x, y, z, t) poderá ser considerada igual à sequência
I- Como cada suco de laranja utiliza três laranjas, não é (5, 8, 15, 17) se, e somente se, x = 5; y = 8; z = 15; e t = 17.
possível fornecer sucos de laranjas para os nove primeiros clientes, Notemos que as sequências (0, 1, 2, 3, 4, 5) e (5, 4, 3, 2, 1) são
pois seriam necessárias 27 laranjas. diferentes, pois, embora apresentem os mesmos elementos, eles
II- Para que não haja laranjas suficientes para o próximo estão em ordem diferente.
cliente, é necessário que, entre os nove primeiros, oito tenham
pedido sucos de laranjas, e um deles tenha pedido outro suco. 2. Formula Termo Geral
A probabilidade de isso ocorrer é: Podemos apresentar uma sequência através de uma determina
o valor de cada termo an em função do valor de n, ou seja,
dependendo da posição do termo. Esta formula que determina o
valor do termo an e chamada formula do termo geral da sucessão.

Didatismo e Conhecimento 71
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos Observação 2
- Determinar os cincos primeiros termos da sequência cujo
termo geral e igual a: Algumas sequências não podem, pela sua forma “desorgani-
an = n – 2n,com n € N* a zada” de se apresentarem, ser definidas nem pela lei das recor-
rências, nem pela formula do termo geral. Um exemplo de uma
Teremos: sequência como esta é a sucessão de números naturais primos que
A1 = 12 – 2 . 1 a a1 = 1 já “destruiu” todas as tentativas de se encontrar uma formula geral
A2 = 22 – 2 . 2 a a2 = 0 para seus termos.
A3 = 32 – 2 . 3 a a3 = 3
A4 = 42 – 4 . 2 a a4 = 8 4. Artifícios de Resolução
A5 = 55 – 5 . 2 a a5 = 15
Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas alguns
- Determinar os cinco primeiros termos da seqüência cujo elementos da PA, é possível, através de artifícios de resolução,
termo geral é igual a: tornar o procedimento mais simples:
an = 3 . n + 2, com n € N*. PA com três termos: (a – r), a e (a + r), razão igual a r.
a1 = 3 . 1 + 2 a a1 = 5 PA com quatro termos: (a – 3r), (a – r), (a + r) e (a + 3r), razão
a2 = 3 . 2 + 2 a a2 = 8 igual a 2r.
a3 = 3 . 3 + 2 a a3 = 11 PA com cinco termos: (a – 2r), (a – r), a, (a + r) e (a + 2r),
a4 = 3 . 4 + 2 a a4 = 14 razão igual a r.
a5 = 3 . 5 + 2 a a5 = 17 Exemplo

- Determinar os termos a12 e a23 da sequência cujo termo geral - Determinar os números a, b e c cuja soma é, igual a 15, o
é igual a: produto é igual a 105 e formam uma PA crescente.
an = 45 – 4 + n, com n € N*.
Teremos:
Teremos:
a12 = 45 – 4 . 12 a a12 = -3 Fazendo a = (b – r) e c = (b + r) e sendo a + b + c = 15, teremos:
a23 = 45 – 4 . 23 a a23 = -47 (b – r) + b + (b + r) = 15 → 3b = 15 → b = 5.

3. Lei de Recorrências Assim, um dos números, o termo médio da PA, já é conhecido.


Uma sequência pode ser definida quando oferecemos o valor Dessa forma a sequência passa a ser:
do primeiro termo e um “caminho” (uma formula) que permite (5 – r), 5 e ( 5 + r ), cujo produto é igual a 105, ou seja:
a determinação de cada termo conhecendo-se o seu antecedente.
Essa forma de apresentação de uma sucessão é dita de recorrências. (5 – r) .5 . (5 + r) = 105 → 52 – r2 = 21
Exemplos r2 = 4 → 2 ou r = -2.
- Escrever os cinco primeiros termos de uma sequência em Sendo a PA crescente, ficaremos apenas com r= 2.
que: Finalmente, teremos a = 3, b = 5 e c= 7.
a1 = 3 e an+1 = 2 . an - 4, em que n € N*.
Teremos: 5. Propriedades
a1 = 3
a2 = 2 . a1 – 4 a a2 = 2 . 3 – 4 a a2 = 2 P1: para três termos consecutivos de uma PA, o termo médio é
a3 = 2 . a2 – 4 a a3 = 2 . 2 - 4 a a3 = 0 a media aritmética dos outros dois termos.
a4 = 2 . a3 – 4 a a4 = 2 . 0 - 4 a a4 = -4
a5 = 2 . a4 – 4 a a5 = 2 .(-4) – 4 a a5 = -12
Exemplo
- Determinar o termo a5 de uma sequência em que:
a1 = 12 e an+ 1 = an – 2, em que n € N*. Vamos considerar três termos consecutivos de uma PA: an-1, an
e an+1. Podemos afirmar que:
a2 = a1 – 2 → a2 = 12 – 2 → a2=10 I - an = an-1 + r
a3 = a2 – 2 → a3 = 10 – 2 → a3 = 8 II - an = an+ 1 –r
a4 = a3 – 2 → a4 = 8 – 2 → a4 = 6
a5 = a4 – 2 → a5 = 6 – 2 → a5 = 4 Fazendo I + II, obteremos:
2an = an-1 + r + an +1 - r
Observação 1 2an = an -1+ an + 1
Devemos observar que a apresentação de uma sequência atra- an + 1
Logo: an = an-1 +
vés do termo geral é mais pratica, visto que podemos determinar 2
um termo no “meio” da sequência sem a necessidade de determi-
narmos os termos intermediários, como ocorre na apresentação da Portanto, para três termos consecutivos de uma PA o termo
sequência através da lei de recorrências. médio é a media aritmética dos outros dois termos.

Didatismo e Conhecimento 72
RACIOCÍNIO LÓGICO
6. Termos Equidistantes dos Extremos Considerando que todas estas parcelas, colocadas entre
parênteses, são formadas por termos equidistantes dos extremos
Numa sequência finita, dizemos que dois termos são equidis- e que a soma destes termos é igual à soma dos extremos, temos:
tantes dos extremos se a quantidade de termos que precederem o
primeiro deles for igual à quantidade de termos que sucederem ao 2Sn = (a1 + an) + (a1 + an) + (a1 + an) + (a1 + an) +
+… + (a1 + an) → 2Sn = ( a1 + an) . n
outro termo. Assim, na sucessão:
E, assim, finalmente:
(a1, a2, a3, a4,..., ap,..., ak,..., an-3, an-2, an-1, an), temos:
(a1 + an ).n
Sn =
a2 e an-1 são termos equidistantes dos extremos; 2
a3 e an-2 são termos equidistantes dos extremos; Exemplo
a4 an-3 são termos equidistantes dos extremos.
- Ache a soma dos sessenta primeiros termos da PA (2 , 5,
Notemos que sempre que dois termos são equidistantes dos 8,...).
extremos, a soma dos seus índices é igual ao valor de n + 1.
Assim sendo, podemos generalizar que, se os termos ap e ak são Dados: a1 = 2
equidistantes dos extremos, então: p + k = n+1. r=5–2=3
Calculo de a60:
A60 = a1 + 59r → a60 = 2 + 59 . 3
Propriedade a60 = 2 + 177
a60 = 179
Numa PA com n termos, a soma de dois termos equidistantes
dos extremos é igual à soma destes extremos. Calculo da soma:
(a1 + an )n (a + a ).60
Exemplo Sn = → S60 = 1 60
2 2
(2 + 179).60
Sejam, numa PA de n termos, ap e ak termos equidistantes dos S60 =
2
extremos. S60 = 5430

Teremos, então: Resposta: 5430


I - ap = a1 + (p – 1) . r a ap = a1 + p . r – r
II - ak = a1 + (k – 1) . r a ak = a1 + k . r – r Progressão Geométrica (PG)
Fazendo I + II, teremos:
Ap + ak = a1 + p . r – r + a1 + k . r – r PG é uma sequência numérica onde cada termo, a partir do
segundo, é o anterior multiplicado por uma constante q chamada
Ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) . r razão da PG.
an+1 = an . q
Considerando que p + k = n + 1, ficamos com: Com a1 conhecido e n € N*
ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) . r
ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) . r Exemplos
ap + ak = a1 + an - (3, 6, 12, 24, 48,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 3 e
razão q = 2.
Portanto numa PA com n termos, em que n é um numero
- (-36, -18, -9, −9 , −9 ,...) é uma PG de primeiro termo a1=
ímpar, o termo médios (am) é a media aritmética dos extremos. -36 e razão q = 1 . 2
a1 + an 4
Am = 2
2 - (15, 5, 5 , 5 ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 15 e
razão q = 1 . 3 9
7. Soma dos n Primeiros Termos de uma PA 3
- (-2, -6, -18, -54, ...) é uma PG de primeiro termo a1 = -2 e
Vamos considerar a PA (a1, a2, a3,…,an-2, an-1,an ) e representar razão q = 3.
por Sn a soma dos seus n termos, ou seja: - (1, -3, 9, -27, 81, -243, ...) é uma PG de primeiro termo a1 =
1 e razão q = -3.
Sn = a1 + a2 + a3 + …+ an-2 + an-1 + an - (5, 5, 5, 5, 5, 5,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 5 e
(igualdade I) razão q = 1.
- (7, 0, 0, 0, 0, 0,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 7 e
Podemos escrever também: razão q = 0.
Sn = an + an-1 + an-2 + ...+ a3 + a2 + a1 - (0, 0, 0, 0, 0, 0,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 0 e razão
(igualdade II) q qualquer.

Somando-se I e II, temos: Observação: Para determinar a razão de uma PG, basta efetuar
2Sn = (a1 + an) + (a2 + an-1) + (a3 + an-2) + …+ (an-2 + a3) + (an-1 o quociente entre dois termos consecutivos: o posterior dividido
+ a2) + (an + a1) pelo anterior.

Didatismo e Conhecimento 73
RACIOCÍNIO LÓGICO
an + 1 Artifícios de Resolução
q= (an ≠ 0) Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas alguns
an
elementos da PG, é possível através de alguns elementos de
resolução, tornar o procedimento mais simples.
Classificação PG com três termos:
As classificações geométricas são classificadas assim:
- Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto a a; aq
ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1. q
- Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior. Isto
ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1. PG com quatro termos:
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrario ao
do anterior. Isto ocorre quando q < 0. a q
; ; aq; aq3
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre q3 q
quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r = 0.
A PG constante é também chamada de PG estacionaria. PG com cinco termos:
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
quando a1 = 0 ou q = 0. a q ; a; aq; aq2
;
Formula do Termo Geral q2 q
A definição de PG está sendo apresentada por meio de uma
lei de recorrências, e nos já aprendemos nos módulos anteriores Exemplo
que a formula do termo geral é mais pratica. Por isso, estaremos, Considere uma PG crescente formada de três números.
neste item, procurando estabelecer, a partir da lei de recorrências, Determine esta PG sabendo que a soma destes números é 13 e o
a fórmula do termo geral da progressão geométrica. produto é 27.
Vamos considerar a PG em questão formada pelos termos a, b
Vamos considerar uma PG de primeiro termo a1 e razão q. e c, onde a = e c = b . q.
Assim, teremos: Assim,
a2 = a1 . q b . b . bq = 27 → b3 = 27 → b = 3.
a3 = a2 . q = a1 . q2
q
a4 = a3 . q = a1 . q3
a5 = a4 . q = a1 . q4
Temos:
. .
. . 3
+ 3 +3q = 13 → 3q2 – 10q + 3 = 0 a
. . q
an= a1 . qn-1
q = 3 ou q = 1
Exemplos 3
- Numa PG de primeiro termo a1 = 2 e razão q = 3, temos o Sendo a PG crescente, consideramos apenas q = 3. E, assim, a
termo geral na igual a: nossa PG é dada pelos números: 1, 3 e 9.

an = a1 . qn-1 → an = 2 . 3n-1 Propriedades


P1: Para três termos consecutivos de uma PG, o quadrado do
Assim, se quisermos determinar o termo a5 desta PG, faremos: termo médio é igual ao produto dos outros dois.
A5 = 2 . 34 → a5 = 162
Exemplo
- Numa PG de termo a1 = 15 e razão q = , temos o termo geral Vamos considerar três termos consecutivos de uma PG: an-1, an
e an+1. Podemos afirmar que:
na igual a:
an = a1 . qn-1 → an = 15 . n-1
I – an = an-1 . q e
II – an = an+1
Assim, se quisermos determinar o termo a6 desta PG, faremos:
q
(1).5 5
A6 = 15 . → a6 = Fazendo I . II, obteremos:
2 81
- Numa PG de primeiro termo a1 = 1 e razão = -3 temos o an+1
(an)2 = (an-1 . q). ( ) a (an )2 = an-1 . an+1
termo geral na igual a: q
an = a1 . qn-1 → an = 1 . (-3)n-1 Logo: (an)2 = an-1 . an+1

Assim, se quisermos determinar o termo a4 desta PG, faremos: Observação: Se a PG for positive, o termo médio será a media
A4 = 1 . (-3)3 → a4 = -27 geométrica dos outros dois:

Didatismo e Conhecimento 74
RACIOCÍNIO LÓGICO
an = √an-1 . an+1 Evidentemente que por qualquer um dos “caminhos” o
resultado final é o mesmo. É somente uma questão de forma de
P2: Numa PG, com n termos, o produto de dois termos apresentação.
equidistantes dos extremos é igual ao produto destes extremos.
Observação: Para q = 1, teremos sn = n . a1
Exemplo
Sejam, numa PG de n termos, ap e ak dois termos equidistantes Série Convergente – PG Convergente
dos extremos. Dada a sequência ( a1, a2, a3, a4, a5,..., an-2, an-1, an), chamamos
de serie a sequência S1, S2, S3, S4, S5,..., Sn-2, sn-1, sn,tal que:
Teremos, então:
I – ap = a1 . qp-1 S1 = a1
II – ak = a1 . qk-1 S2 = a1 + a2
S3 = a1 + a2 + a3
S4 = a1 + a2 + a3 + a4
Multiplicando I por II, ficaremos com:
S5 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5
ap . ak = a1 . qp-1 . a1 . qk-1
.
ap . ak = a1 . a1 . qp-1+k-1 .
.
Considerando que p + k = n + 1, ficamos com: Sn-2 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2
ap . ak = a1 . an Sn-1 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2 + an-1
Portanto, numa PG, com n termos, o produto de dois termos Sn = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2 + an-1 + an
equidistantes dos extremos é igual ao produto destes extremos. Vamos observar como exemplo, numa PG com primeiro
Observação: Numa PG positiva, com n termos, onde n é
termo a1 = 4 e razão q = , à série que ela vai gerar.
um numero impar, o termo médio (am) é a media geométrica dos
extremos ou de 2 termos equidistantes dos extremos. Os termos que vão determinar a progressão geométrica são:
(4, 2, 1, 1 , 1, 1, 1, 1, 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 1 1 1 ...)
, ,
am = √a1 . an 2 128 256 512

Soma dos termos de uma PG E, portanto, a série correspondente será:

Soma dos n Primeiros Termos de uma PG S1 = 4


S2 = 4 + 2 = 6
Vamos considerar a PG (a1, a2, a3, ..., an-2, an-1, an), com q
S3 = 4 + 2 + 1 = 7
diferente de 1 e representar por Sn a soma dos seus n termos, ou
seja: 1 15
S4 = 4 + 2 + 1 + = = 7, 5
Sn = a1 + a2 + a3 + ...+an-2 + an-1 + an
2 2
( igualdade I) 1 1 31
S5 = 4 + 2 + 1 + + = = 7, 75
Podemos escrever, multiplicando-se, membro a membro, a 2 4 4
igualdade ( I ) por q:
1 1 1 63
S6 = 4 + 2 + 1 + + + = = 7, 875
q . Sn = q . a1 + q . a2 + q . a3 + ...+ q . an-2 + 2 4 8 8
+ q . an-1 + q . an
1 1 1 1 127
Utilizando a formula do termo geral da PG, ou seja, an = a1 . S7 = 4 + 2 + 1 + + + + = = 7, 9375
2 4 8 16 16
qn-1, teremos:
q . Sn = a2 + a3 + ... + an-2 + an-1 + an + a1 . qn
(igualdade II) 1 1 1 1 1 255
S8 = 4 + 2 + 1 + + + + + = = 7, 96875
2 4 8 16 32 32
Subtraindo-se a equação I da equação II, teremos:
1 1 1 1 1 1 511
S9 = 4 + 2 + 1 + + + + + + =
q . Sn – Sn = a1 . qn – a1 → sn . (q – 1) = 2 4 8 16 32 64 64 = 7, 984375
= a1 . (qn – 1)
1 1 1 1 1 1 1 1023
E assim: S = a1 .(q − 1) S10 = 4 + 2 + 1 + + + + + + + =
n
=
2 4 8 16 32 64 128 128
q −1 7, 9921875
n

Se tivéssemos efetuado a subtração das equações em ordem


inversa, a fórmula da soma dos termos da PG ficaria: Devemos notar que a cada novo termo calculado, na PG, o seu
a .(1+ q n ) valor numérico cada vez mais se aproxima de zero. Dizemos que
Sn = 1
1− q esta é uma progressão geométrica convergente.

Didatismo e Conhecimento 75
RACIOCÍNIO LÓGICO
Por outro lado, na serie, é cada vez menor a parcela que se Exercícios
acrescenta. Desta forma, o ultimo termos da serie vai tendendo
a um valor que parece ser o limite para a série em estudo. No 1. Uma progressão aritmética e uma progressão geométrica
exemplo numérico, estudado anteriormente, nota-se claramente têm, ambas, o primeiro termo igual a 4, sendo que os seus tercei-
que este valor limite é o numero 8. ros termos são estritamente positivos e coincidem. Sabe-se ainda
Bem, vamos dar a esta discussão um caráter matemático. que o segundo termo da progressão aritmética excede o segundo
É claro que, para a PG ser convergente, é necessário que cada termo da progressão geométrica em 2. Então, o terceiro termo das
termo seja, um valor absoluto, inferior ao anterior a ele. Assim, progressões é:
temos que: a) 10
b) 12
PG convergente → | q | < 1 c) 14
ou d) 16
PG convergente → -1 < 1 e) 18

Resta estabelecermos o limite da serie, que é o Sn para quando 2. O valor de n que torna a sequência (2 + 3n; –5n; 1 – 4n) uma
n tende ao infinito, ou seja, estabelecermos a soma dos infinitos progressão aritmética pertence ao intervalo:
termos da PG convergente. a) [– 2, –1]
b) [– 1, 0]
Vamos partir da soma dos n primeiros termos da PG:
c) [0, 1]
a1 .(1+ q n ) d) [1, 2]
Sn =
1− q e) [2, 3]
3. Os termos da sequência (10; 8; 11; 9; 12; 10; 13; …) obe-
Estando q entre os números -1e 1 e, sendo n um expoente que
decem a uma lei de formação. Se an, em que n pertence a N*, é o
tende a um valor muito grande, pois estamos somando os infinitos
termo de ordem n dessa sequência, então a30 + a55 é igual a:
termos desta PG, é fácil deduzir que qn vai apresentando um
valor cada vez mais próximo de zero. Para valores extremamente a) 58
grandes de n não constitui erro considerar que qn é igual a zero. E, b) 59
assim, teremos: c) 60
d) 61
a1
S= e) 62
1− q
Observação: Quando a PG é não singular (sequência com 4. A soma dos elementos da sequência numérica infinita (3;
termos não nulos) e a razão q é de tal forma que q | ≥ 1, a serie é 0,9; 0,09; 0,009; …) é:
divergente. Séries divergentes não apresentam soma finita. a) 3,1
b) 3,9
Exemplos c) 3,99
- A medida do lado de um triângulo equilátero é 10. Unindo- d) 3, 999
se os pontos médios de seus lados, obtém-se o segundo triângulo e) 4
equilátero. Unindo-se os pontos médios dos lados deste novo
triangulo equilátero, obtém-se um terceiro, e assim por diante, 5. A soma dos vinte primeiros termos de uma progressão arit-
indefinidamente. Calcule a soma dos perímetros de todos esses mética é -15. A soma do sexto termo dessa PA., com o décimo
triângulos.
quinto termo, vale:
Solução: a) 3,0
b) 1,0
c) 1,5
d) -1,5
e) -3,0

6. Os números que expressam os ângulos de um quadrilátero,


estão em progressão geométrica de razão 2. Um desses ângulos
mede:
Temos: perímetro do 1º triangulo = 30 a) 28°
perímetro do 2º triangulo = 15 b) 32°
perímetro do 3º triangulo = 15 c) 36°
2 d) 48°
Logo, devemos calcular a soma dos termos da PG infinita 30, e) 50°
15, 15 ,... na qual a1 = 30 e q =. 1
2 2 7. Sabe-se que S = 9 + 99 + 999 + 9999 + ... + 999...9 onde a
30 30
S = a1 → s = 1− q =
última parcela contém n algarismos. Nestas condições, o valor de
1 = 60. 10n+1 - 9(S + n) é:
1−
2

Didatismo e Conhecimento 76
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) 1 Determinando o valor de r em (1) e substituindo em (2):
b) 10 (1) → r = -5n – 2 – 3n = -8n – 2
c) 100 (2) → 1 – 4n = -5n – 8n – 2 → 1 – 4n = -13n – 2
d) -1 → 13n – 4n = -2 – 1 → 9n = -3 → n = -3/9 = -1/3
e) -10
Ou seja, -1 < n < 0 e, portanto, a resposta correta é a b.
8. Se a soma dos três primeiros termos de uma PG decrescente
é 39 e o seu produto é 729, então sendo a, b e c os três primeiros 3) Resposta “B”.
termos, pede-se calcular o valor de a2 + b2 + c2. Solução: Primeiro, observe que os termos ímpares da sequên-
cia é uma PA de razão 1 e primeiro termo 10 - (10; 11; 12; 13; …).
Da mesma forma os termos pares é uma PA de razão 1 e primeiro
9. O limite da expressão   onde x é po- termo igual a 8 - (8; 9; 10; 11; …).
sitivo, quando o número de radicais aumenta indefinidamente é
igual a: Assim, as duas PA têm como termo geral o seguinte formato:
a) 1/x (1) ai = a1 + (i - 1).1 = a1 + i – 1
b) x
c) 2x Para determinar a30 + a55 precisamos estabelecer a regra geral
d) n.x de formação da sequência, que está intrinsecamente relacionada às
e) 1978x duas progressões da seguinte forma:
- Se n (índice da sucessão) é impar temos que n = 2i - 1, ou
10. Quantos números inteiros existem, de 1000 a 10000, que seja, i = (n + 1)/2;
não são divisíveis nem por 5 nem por 7 ? - Se n é par temos n = 2i ou i = n/2.
Respostas Daqui e de (1) obtemos que:
an = 10 + [(n + 1)/2] - 1 se n é ímpar
1) Resposta “D”. an = 8 + (n/2) - 1 se n é par
Solução: Logo:
Sejam (a1, a2, a3,…) a PA de r e (g1, g2, g3, …) a PG de razão q. a30 = 8 + (30/2) - 1 = 8 + 15 - 1 = 22 e
Temos como condições iniciais: a55 = 10 + [(55 + 1)/2] - 1 = 37
1 - a1 = g1 = 4
2 - a3 > 0, g3 > 0 e a3 = g3 E, portanto:
a30 + a55 = 22 + 37 = 59.
3 - a2 = g2 + 2
4) Resposta “E”.
Reescrevendo (2) e (3) utilizando as fórmulas gerais dos ter- Solução: Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1
mos de uma PA e de uma PG e (1) obtemos o seguinte sistema de a soma da PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 10 - 1 =
equações: 0,1. Assim:
4 - a3 = a1 + 2r e g3 = g1 . q2 → 4 + 2r = 4q2 S = 3 + S1
5 - a2 = a1 + r e g2 = g1 . q → 4 + r = 4q + 2 Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma
PG infinita para obter S1:
Expressando, a partir da equação (5), o valor de r em função S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4
de q e substituindo r em (4) vem:
5 - r = 4q + 2 – 4 → r = 4q – 2 5) Resposta “D”.
4 - 4 + 2(4q – 2) = 4q2 → 4 + 8q – 4 = 4q2 → 4q2 – 8q = 0 Solução: Aplicando a fórmula da soma dos 20 primeiros ter-
→ q(4q – 8) = 0 → q = 0 ou 4q – 8 = 0 → q = 2 mos da PA:
S20 = 20(a1 + a20)/2 = -15
Como g3 > 0,  q  não pode ser zero e então  q = 2. Para ob- Na PA finita de 20 termos, o sexto e o décimo quinto são equi-
ter r basta substituir q na equação (5): distantes dos extremos, uma vez que:
r = 4q – 2 → r = 8 – 2 = 6 15 + 6 = 20 + 1 = 21
Para concluir calculamos a3 e g3: E, portanto:
a6 + a15 = a1 + a20
a3 = a1 + 2r → a3 = 4 + 12 = 16
g3 = g1.q2 → g3 = 4.4 = 16
Substituindo este valor na primeira igualdade vem:
20(a6 + a15)/2 = -15 → 10(a6 + a15) = -15 → a6 + a15 = -15/10
2) Resposta “B”. = -1,5.
Solução: Para que a sequência se torne uma PA de razão r é
necessário que seus três termos satisfaçam as igualdades (aplica- 6) Resposta “D”.
ção da definição de PA): Solução: Seja x o menor ângulo interno do quadrilátero em
(1) -5n = 2 + 3n + r questão. Como os ângulos estão em Progressão Geométrica de ra-
(2) 1 – 4n = -5n + r zão 2, podemos escrever a PG de 4 termos:

Didatismo e Conhecimento 77
RACIOCÍNIO LÓGICO
(x, 2x, 4x, 8x). Portanto, a PG é: 9/q, 9, 9q, ou substituindo o valor de q vem:
Ora, a soma dos ângulos internos de um quadrilátero vale 27, 9, 3.
360º. O problema pede a soma dos quadrados, logo:
a2 + b2 + c2 = 272 + 92 + 32 = 729 + 81 + 9 = 819.
Logo,
x + 2x + 4x + 8x = 360º 9) Resposta “B”.
15.x = 360º Solução: Observe que a expressão dada pode ser escrita como:

Portanto,  x = 24º. Os ângulos do quadrilátero são, portan- x1/2. x1/4 . x1/8 . x1/16 . ... = x1/2 + 1 / 4 + 1/8 + 1/16 + ...
to: 24º, 48º, 96º e 192º.
O problema pede um dos ângulos. Logo, alternativa D. O expoente é a soma dos termos de uma PG infinita de primei-
ro termo a1 = 1 /2 e razão q = 1 /2.
7) Resposta “B”.
Solução: Observe que podemos escrever a soma S como:
Logo, a soma valerá:
S = (10 – 1) + (100 – 1) + (1000 – 1) + (10000 – 1) + ... +
S = a1 / (1 – q) = (1 /2) / 1 – (1 /2) = 1
(10n – 1)
S = (10 – 1) + (102 – 1) + (103 – 1) + (104 – 1) + ... + (10n – 1) Então, x1/2 + 1 / 4 + 1/8 + 1/16 + ... = x1 = x
Como existem n parcelas, observe que o número (– 1) é soma-
do n vezes, resultando em n(-1) = - n. 10) Resposta “6171”.
Solução: Dados:
Logo, poderemos escrever: M(5) = 1000, 1005, ..., 9995, 10000.
S = (10 + 102 + 103 + 104 + ... + 10n ) – n M(7) = 1001, 1008, ..., 9996.
Vamos calcular a soma Sn = 10 + 102 + 103 + 104 + ... + 10n, que M(35) = 1015, 1050, ... , 9975.
é uma PG de primeiro termo a1 = 10, razão q = 10 e último termo M(1) = 1, 2, ..., 10000.
an = 10n. Para múltiplos de 5, temos: an = a1+ (n-1).r → 10000 = 1000
Teremos: + (n - 1). 5 → n = 9005/5 → n = 1801.
Sn = (an.q – a1) / (q –1) = (10n . 10 – 10) / (10 – 1) = (10n+1 – 10) Para múltiplos de 7, temos: an = a1+ (n-1).r → 9996 = 1001 +
/9 (n - 1). 7 → n = 9002/7 → n = 1286.
Para múltiplos de 35, temos: an = a1 + (n - 1).r → 9975 = 1015
Substituindo em S, vem:
S = [(10n+1 – 10) / 9] – n + (n - 1).35 → n = 8995/35 → n = 257.
Para múltiplos de 1, temos: an = a1 = (n -1).r → 10000 = 1000
Deseja-se calcular o valor de 10n+1 - 9(S + n) + (n - 1).1 → n = 9001.
Temos que S + n = [(10n+1 – 10) / 9] – n + n = (10n+1 – 10) / 9
Sabemos que os múltiplos de 35 são múltiplos comuns
Substituindo o valor de S + n encontrado acima, fica: de 5 e 7, isto é, eles aparecem no conjunto dos múltiplos de 5
10n+1 – 9(S + n) = 10n+1 – 9(10n+1 – 10) / 9 = 10n+1 – (10n+1 – 10) e no conjunto dos múltiplos de 7 (daí adicionarmos uma vez tal
= 10. conjunto de múltiplos).
Total = M(1) - M(5) - M(7) + M(35).
8) Resposta “819”.
Total = 9001 - 1801 - 1286 + 257 = 6171
Solução: Sendo q a razão da PG, poderemos escrever a sua
forma genérica: (x/q, x, xq).
Como o produto dos 3 termos vale 729, vem:
x/q . x . xq = 729 de onde concluímos que: x3 = 729 = 36 = 33 .
33 = 93 , logo, x = 9. CONJUNTOS; AS RELAÇÕES
DE PERTINÊNCIA, INCLUSÃO E IGUAL-
Portanto a PG é do tipo: 9/q, 9, 9q DADE; OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS,
É dado que a soma dos 3 termos vale 39, logo: UNIÃO, INTERSEÇÃO E DIFERENÇA.
9/q + 9 + 9q = 39 de onde vem: 9/q + 9q – 30 = 0 COMPARAÇÕES.
Multiplicando ambos os membros por q, fica: 9 + 9q2  – 30q
=0
Dividindo por 3 e ordenando, fica: 3q2  – 10q + 3 = 0, que é
uma equação do segundo grau.
Resolvendo a equação do segundo grau acima encontraremos Número de Elementos da União e da Intersecção de Conjuntos
q = 3 ou q = 1/3.
Como é dito que a PG é decrescente, devemos considerar ape- Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura abaixo,
nas o valor  podemos estabelecer uma relação entre os respectivos números de
q = 1/3, já que para q = 3, a PG seria crescente. elementos.

Didatismo e Conhecimento 78
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em Geometria, por exemplo, os pontos são indicados por
letras maiúsculas e as retas (que são conjuntos de pontos) por
letras minúsculas.
Outro conceito fundamental é o de relação de pertinência que
nos dá um relacionamento entre um elemento e um conjunto.

Se x é um elemento de um conjunto A, escreveremos x ∈ A


Lê-se: x é elemento de A ou x pertence a A.

Se x não é um elemento de um conjunto A, escreveremos x


∉A
Lê-se x não é elemento de A ou x não pertence a A.
Note que ao subtrairmos os elementos comuns Como representar um conjunto
evitamos que eles sejam contados duas vezes.
Pela designação de seus elementos: Escrevemos os elementos
Observações: entre chaves, separando os por vírgula.

a) Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se mesmo um Exemplos


deles estiver contido no outro, ainda assim a relação dada será
verdadeira. - {3, 6, 7, 8} indica o conjunto formado pelos elementos 3,
b) Podemos ampliar a relação do número de elementos para 6, 7 e 8.
três ou mais conjuntos com a mesma eficiência. {a; b; m} indica o conjunto constituído pelos elementos a, b
e m.
Observe o diagrama e comprove. {1; {2; 3}; {3}} indica o conjunto cujos elementos são 1, {2;
3} e {3}.

Pela propriedade de seus elementos: Conhecida uma


propriedade P que caracteriza os elementos de um conjunto A, este
fica bem determinado.
P termo “propriedade P que caracteriza os elementos de um
conjunto A” significa que, dado um elemento x qualquer temos:
Assim sendo, o conjunto dos elementos x que possuem a
propriedade P é indicado por:
{x, tal que x tem a propriedade P}

Uma vez que “tal que” pode ser denotado por t.q. ou | ou ainda
:, podemos indicar o mesmo conjunto por:
{x, t . q . x tem a propriedade P} ou, ainda,
{x : x tem a propriedade P}

Exemplos

Conjuntos - { x, t.q. x é vogal } é o mesmo que {a, e, i, o, u}


- {x | x é um número natural menor que 4 } é o mesmo que
Conjuntos Primitivos {0, 1, 2, 3}
- {x : x em um número inteiro e x2 = x } é o mesmo que {0, 1}
Os conceitos de conjunto, elemento e pertinência são
primitivos, ou seja, não são definidos. Pelo diagrama de Venn-Euler: O diagrama de Venn-Euler
Um cacho de bananas, um cardume de peixes ou uma porção consiste em representar o conjunto através de um “círculo” de tal
de livros são todos exemplos de conjuntos. forma que seus elementos e somente eles estejam no “círculo”.
Conjuntos, como usualmente são concebidos, têm elementos.
Um elemento de um conjunto pode ser uma banana, um peixe ou Exemplos
um livro. Convém frisar que um conjunto pode ele mesmo ser - Se A = {a, e, i, o, u} então
elemento de algum outro conjunto.
Por exemplo, uma reta é um conjunto de pontos; um feixe de
retas é um conjunto onde cada elemento (reta) é também conjunto
(de pontos).
Em geral indicaremos os conjuntos pelas letras maiúsculas A,
B, C, ..., X, e os elementos pelas letras minúsculas a, b, c, ..., x, y,
..., embora não exista essa obrigatoriedade.

Didatismo e Conhecimento 79
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Se B = {0, 1, 2, 3 }, então Portanto A ≠ B significa que A é diferente de B. Portanto A ≠ B
se, e somente se, A não é subconjunto de B ou B não é subconjunto
de A. Simbolicamente: A ≠ B ⇔ A ⊄ B ou B ⊄ A

Exemplos

- {2,4} = {4,2}, pois {2,4} ⊂ {4,2} e {4,2} ⊂ {2,4}. Isto


nos mostra que a ordem dos elementos de um conjunto não deve
ser levada em consideração. Em outras palavras, um conjunto
Conjunto Vazio fica determinado pelos elementos que o mesmo possui e não pela
ordem em que esses elementos são descritos.
Conjunto vazio é aquele que não possui elementos. Representa- - {2,2,2,4} = {2,4}, pois {2,2,2,4} ⊂ {2,4} e {2,4} ⊂
se pela letra do alfabeto norueguês 0/ ou, simplesmente { }. {2,2,2,4}. Isto nos mostra que a repetição de elementos é
Simbolicamente: ∀ x, x ∉ 0/ desnecessária.
- {a,a} = {a}
Exemplos - {a,b = {a} ⇔ a= b
- {1,2} = {x,y} ⇔ (x = 1 e y = 2) ou (x = 2 e y = 1)
- 0/ = {x : x é um número inteiro e 3x = 1}
- 0/ = {x | x é um número natural e 3 – x = 4} Conjunto das partes
- 0/ = {x | x ≠ x}
Dado um conjunto A podemos construir um novo conjunto
Subconjunto formado por todos os subconjuntos (partes) de A. Esse novo
conjunto chama-se conjunto dos subconjuntos (ou das partes) de A
Sejam A e B dois conjuntos. Se todo elemento de A é também e é indicado por P(A).
elemento de B, dizemos que A é um subconjunto de B ou A é a Simbolicamente: P(A)={X | X ⊂ A} ou X ⊂ P(A) ⇔ X ⊂
parte de B ou, ainda, A está contido em B e indicamos por A ⊂ B. A
Simbolicamente: A ⊂ B ⇔ ( ∀ x)(x ∈ ∀ ⇒ x ∈ B)
Exemplos
Portanto, A ⊄ B significa que A não é um subconjunto de B
ou A não é parte de B ou, ainda, A não está contido em B. a) = {2, 4, 6}
Por outro lado, A ⊄ B se, e somente se, existe, pelo menos, P(A) = { 0/ , {2}, {4}, {6}, {2,4}, {2,6}, {4,6}, A}
um elemento de A que não é elemento de B.
Simbolicamente: A ⊄ B ⇔ ( ∃ x)(x ∈ A e x ∉ B) b) = {3,5}
P(B) = { 0/ , {3}, {5}, B}
Exemplos
c) = {8}
- {2 . 4} ⊂ {2, 3, 4}, pois 2 ∈ {2, 3, 4} e 4 ∈ {2, 3, 4} P(C) = { 0/ , C}
- {2, 3, 4} ⊄ {2, 4}, pois 3 ∉ {2, 4}
- {5, 6} ⊂ {5, 6}, pois 5 ∈ {5, 6} e 6 ∈ {5, 6} d) = 0/
Inclusão e pertinência P(D) = { 0/ }

A definição de subconjunto estabelece um relacionamento Propriedades


entre dois conjuntos e recebe o nome de relação de inclusão ( ⊂ ).
A relação de pertinência ( ∈ ) estabelece um relacionamento Seja A um conjunto qualquer e 0/ o conjunto vazio. Valem as
entre um elemento e um conjunto e, portanto, é diferente da seguintes propriedades
relação de inclusão.
Simbolicamente
x ∈ A ⇔ {x} ⊂ A 0/ ≠( 0/ ) 0/ ∉ 0/ 0/ ⊂ 0/ 0/ ∈ { 0/ }
x ∉ A ⇔ {x} ⊄ A 0/ ⊂ A ⇔ 0/ ∈ P(A) A ⊂ A ⇔ A ∈ P(A)

Igualdade
Se A tem n elementos então A possui 2n subconjuntos e,
Sejam A e B dois conjuntos. Dizemos que A é igual a B e portanto, P(A) possui 2n elementos.
indicamos por A = B se, e somente se, A é subconjunto de B e B é
também subconjunto de A. União de conjuntos
Simbolicamente: A = B ⇔ A ⊂ B e B ⊂ A
Demonstrar que dois conjuntos A e B são iguais equivale, A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjunto formado
segundo a definição, a demonstrar que A ⊂ B e B ⊂ A. por todos os elementos que pertencem a A ou a B. Representa-se
Segue da definição que dois conjuntos são iguais se, e somente por A ∪ B.
Simbolicamente: A ∪ B = {X | X ∈ A ou X ∈ B}
se, possuem os mesmos elementos.

Didatismo e Conhecimento 80
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos

- A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2}
CAB = A – B = {1,3} e CBA = B – A = φ

- A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4}
CAB = A – B = {1} e CBA = B – A = {14}
Exemplos
- A = {0, 2, 4} e B = {1 ,3 ,5}
- {2,3} ∪ {4,5,6}={2,3,4,5,6} CAB = A – B = {0,2,4} e CBA = B – A = {1,3,5}
- {2,3,4} ∪ {3,4,5}={2,3,4,5}
- {2,3} ∪ {1,2,3,4}={1,2,3,4} Observações: Alguns autores preferem utilizar o conceito de
- {a,b} ∪ φ {a,b} completar de B em relação a A somente nos casos em que B ⊂ A.
- Se B ⊂ A representa-se por B o conjunto complementar
Intersecção de conjuntos de B em relação a A. Simbolicamente: B ⊂ A ⇔ B = A – B =
CAB`
A intersecção dos conjuntos A e B é o conjunto formado por
todos os elementos que pertencem, simultaneamente, a A e a B.
Representa-se por A ∩ B. Simbolicamente: A ∩ B = {X | X ∈ A
ou X ∈ B}

Exemplos
Exemplos
Seja S = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}. Então:
- {2,3,4} ∩ {3,5}={3} a) A = {2, 3, 4} ⇒ A = {0, 1, 5, 6}
- {1,2,3} ∩ {2,3,4}={2,3} b) B = {3, 4, 5, 6 } ⇒ B = {0, 1, 2}
- {2,3} ∩ {1,2,3,5}={2,3} c) C = φ ⇒ C = S
- {2,4} ∩ {3,5,7}= φ
Número de elementos de um conjunto
Observação: Se A ∩ B= φ , dizemos que A e B são conjuntos
disjuntos. Sendo X um conjunto com um número finito de elementos,
representa-se por n(X) o número de elementos de X. Sendo, ainda,
A e B dois conjuntos quaisquer, com número finito de elementos
temos:
n(A ∪ B)=n(A)+n(B)-n(A ∩ B)
A ∩ B= φ ⇒ n(A ∪ B)=n(A)+n(B)
Subtração n(A -B)=n(A)-n(A ∩ B)
B ⊂ A ⇒ n(A-B)=n(A)-n(B)
A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto formado Exercícios
por todos os elementos que pertencem a A e não pertencem a B.
Representa-se por A – B. Simbolicamente: A – B = {X | X ∈ A e 1. Assinale a alternativa a Falsa:
X ∉ B} a) φ ⊂{3}
b)(3) ⊂ {3}
c)φ ∉ {3}
d)3 ∈ {3}
e)3={3}

2. Seja o conjunto A = {1, 2, 3, {3}, {4}, {2, 5}}. Classifique


as afirmações em verdadeiras (V) ou falsas (F).
a) 2 ∈ A
O conjunto A – B é também chamado de conjunto b) (2) ∈ A
complementar de B em relação a A, representado por CAB. c) 3 ∈ A
Simbolicamente: CAB = A - B{X | X ∈ A e X ∉ B} d) (3) ∈ A
e) 4 ∈ A

Didatismo e Conhecimento 81
RACIOCÍNIO LÓGICO
3. Um conjunto A possui 5 elementos . Quantos subconjuntos 3) Resposta “32”.
(partes) possuem o conjunto A? Solução: Lembrando que: “Se A possui k elementos, então
A possui 2k subconjuntos”, concluímos que o conjunto A, de 5
4. Sabendo-se que um conjunto A possui 1024 subconjuntos, elementos, tem 25 = 32 subconjuntos.
quantos elementos possui o conjunto A?
4) Resposta “10”.
5. 12 - Dados os conjuntos A = {1; 3; 4; 6}, B = {3; 4 ; 5; 7} e Solução: Se k é o número de elementos do conjunto A, então
C = {4; 5; 6; 8 } pede-se: 2k é o número de subconjuntos de A.
a) A ∪ B Assim sendo: 2k=1024 ⇔ 2k=210 ⇔ k=10.
b) A ∩ B
c) A ∪ C 5) Solução: Representando os conjuntos A, B e C através do
d) A ∩ C diagrama de Venn-Euler, temos:
a)
6. Considere os conjuntos: S = {1,2,3,4,5} e A={2,4}.
Determine o conjunto X de tal forma que: X ∩ A= φ e X ∪ A = S.

7. Seja A e X conjuntos. Sabendo-se que A ⊂ X e A ∪


X={2,3,4}, determine o conjunto X.

8. Dados três conjuntos finitos A, B e C, determinar o número


de elementos de A ∩ (B ∪ C), sabendo-se:
a) A ∩ B tem 29 elementos A ∪ B={1,3,4,5,6,7}
b) A ∩ C tem 10 elementos
c) A ∩ B tem 7 elementos. b)

9. Numa escola mista existem 42 meninas, 24 crianças ruivas,


13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se
a) quantas crianças existem na escola?
b) quantas crianças são meninas ou são ruivas?

10. USP-SP - Depois de n dias de férias, um estudante observa


que:
A ∩ B={3,4}
- Choveu 7 vezes, de manhã ou à tarde;
- Quando chove de manhã não chove à tarde; c)
- Houve 5 tardes sem chuva;
- Houve 6 manhãs sem chuva.

Podemos afirmar então que n é igual a:


a)7
b)8
c)9
d)10
e)11 A ∪ C={1,3,4,5,6,8}
Respostas d)

1) Resposta “E”.
Solução: A ligação entre elemento e conjunto é estabelecida
pela relação de pertinência ( ∈ ) e não pela relação de igualdade
(=). Assim sendo, 3 ∈ {3} e 3≠{3}. De um modo geral, x ≠ {x},
∀ x.
2) Solução:
a) Verdadeira, pois 2 é elemento de A. A ∩ C={4,6}
b) Falsa, pois {2} não é elemento de A.
c) Verdadeira, pois 3 é elemento de A. 6) Resposta “X={1;3;5}”.
d) Verdadeira, pois {3} é elemento de A. Solução: Como X ∩ A= φ e X ∪ A=S, então X= A
e) Falsa, pois 4 não é elemento de A. =S-A=CsA ⇒ X={1;3;5}

Didatismo e Conhecimento 82
RACIOCÍNIO LÓGICO
Assim sendo
a) O número total de crianças da escola é:

n( A ∪ B ∪ C ∪ D ) = n( A) + n( B ) + n(C ) + n( D ) = 15 + 9 + 13 + 33 = 70

b) O número de crianças que são meninas ou são ruivas é:


7) Resposta “X = {2;3;4}
Solução: Como A ⊂ X, então A ∪ X = X = {2;3;4}. n[( A ∪ B ) ∪ ( B ∪ D )] = n( A) + n( B ) + n( D ) = 15 + 9 + 33 = 57

8) Resposta “A”. 10) Resposta “C”.


Solução: De acordo com o enunciado, temos: Solução:
Seja M, o conjunto dos dias que choveu pela manhã e T o
conjunto dos dias que choveu à tarde. Chamando de M’ e T’ os
conjuntos complementares de M e T respectivamente, temos:

n(T’) = 5 (cinco tardes sem chuva)


n(M’) = 6 (seis manhãs sem chuva)
n(A ∩ B ∩ C) = 7 n(M Ç T) = 0 (pois quando chove pela manhã, não chove à
n(A ∩ B) = a + 7 = 26 ⇒ a = 19 tarde)
n(A ∩ C) = b + 7 = 10 ⇒ b = 3
Daí:
Assim sendo:
n(M È T) = n(M) + n(T) – n(M Ç T)
7 = n(M) + n(T) – 0

Podemos escrever também:


n(M’) + n(T’) = 5 + 6 = 11
e portanto n[A ∩ (B ∪ C)] = a + 7 + b = 19 + 7 + 3
Temos então o seguinte sistema:
Logo: n[A ∩ (B ∪ C)] = 29. n(M’) + n(T’) = 11
n(M) + N(T) = 7
9) Solução:
Somando membro a membro as duas igualdades, vem:
n(M) + n(M’) + n(T) + n(T’) = 11 + 7 = 18

Observe que n(M) + n(M’) = total dos dias de férias = n


Analogamente, n(T) + n(T’) = total dos dias de férias = n

Portanto, substituindo vem:


n + n = 18
2n = 18
n=9

Logo, foram nove dias de férias, ou seja, n = 9 dias.


Sejam:
A o conjunto dos meninos ruivos e n(A) = x
B o conjunto das meninas ruivas e n(B) = 9
C o conjunto dos meninos não-ruivos e n(C) = 13
D o conjunto das meninas não-ruivas e n(D) = y
De acordo com o enunciado temos:

n( B ∪ D) = n( B) + n( D) = 9 + y = 42 ⇔ y = 33

n( A ∪ D) = n( A) + n( B ) = x + 9 = 24 ⇔ x = 15

Didatismo e Conhecimento 83
CONHECIMENTOS GERAIS
CONHECIMENTOS GERAIS
“Agora é um novo caminho que vamos trilhar, dentro do Partido
DOMÍNIO DE TÓPICOS RELEVANTES da Mulher Brasileira, para que possamos ter os nossos direitos garan-
DE DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO: tidos, afirmados, dentro de tudo aquilo que sempre buscamos”, disse a
POLÍTICA, ECONOMIA, SOCIEDADE, fundadora, que é comerciante.
EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA, ENERGIA, No site da legenda, o PMB se define como um partido de “mulhe-
RELAÇÕES INTERNACIONAIS, res progressistas”, “ativistas de movimentos sociais e populares” e que,
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, junto com homens, “manifestaram sempre a sua solidariedade com as
SEGURANÇA, ARTES E LITERATURA mulheres privadas de liberdades políticas, vítimas de opressão, da ex-
E SUAS VINCULAÇÕES HISTÓRICAS, clusão e das terríveis condições de vida”.
A NÍVEL REGIONAL, NACIONAL E “Todos os partidos políticos têm mulheres, contudo a vida cotidia-
INTERNACIONAL. na de mulheres continua na mesma, dia após dia, ano após ano. Apesar
do trabalho partidário perseverante de muitas mulheres, os interesses
de mulheres nunca foram prioritários”, diz o texto.
Em outro trecho, o partido diz que “a balança da história está mu-
POLÍTICA dando; a força perde seu ímpeto e, com satisfação observamos a Nova
Ordem Mundial que será menos masculina, mas permeada pelos ideais
TSE autoriza criação do Rede Sustentabilidade, partido funda- femininos ou, melhor dizendo, será uma Era na qual os elementos mas-
do por Marina Silva culinos e femininos estarão em maior equilíbrio”.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta terça-feira (21), Fonte: G1 - (29/09/2015)
por 7 votos a 0, o registro da Rede Sustentabilidade, partido idealizado
pela ex-senadora Marina Silva. Este é o 34º partido do país.
TSE aponta 15 ‘inconsistências’ nas contas da campanha de
Com a decisão, a legenda fica apta a receber filiados e lançar candi-
Aécio Neves
datos para as eleições municipais de 2016. Mas para concorrer, segundo a
Folha, os eventuais candidatos terão que estar filiados à Rede dentro dos Técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) responsáveis por
próximos 10 dias, quando vence o prazo estipulado pela Justiça Eleitoral. analisar contas de campanha apontaram 15 “inconsistências” em infor-
Na sessão desta terça-feira, o relator João Otávio de Noronha pediu o mações sobre receitas, despesas e transferências na prestação de con-
deferimento do registro, seguido por Herman Benjamin, Henrique Neves, tas entregue no ano passado pelo candidato à Presidência pelo PSDB,
Luciana Lóssio, Gilmar Mendes, Rosa Weber e José Antonio Dias Toffo- Aécio Neves, derrotado no segundo turno pela candidata do PT, a atual
li. Marina Silva, conforme antecipou a coluna Expresso, acompanhou a presidente, Dilma Rousseff.
decisão do plenário. A prestação de contas do tucano ainda está sendo analisada pela
Em 2013, a um ano das eleições presidenciais, Marina Silva tentou relatora do processo, ministra Maria Thereza de Assis Moura, e não
criar o partido, mas por seis votos a um o registro foi negado. Não con- tem data para ser julgada pela Corte. Uma eventual rejeição das contas
seguira validar o número de assinaturas de apoio exigido pela legislação. ou aprovação com ressalvas não interfere no mandato de senador de
Fonte: Revista Época - (22/09/2015) Aécio e leva, no máximo, à aplicação de multa.
No último dia 14 de agosto, a ministra intimou Aécio Neves a
TSE aprova registro do Partido da Mulher Brasileira, o 35º esclarecer uma série de omissões e divergências nas contas.
do país Nesta segunda-feira (31), em Belo Horizonte, o senador afirmou
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta terça-feira (29) que os problemas apontados são “coisas eminentemente formais”.
o registro para o Partido da Mulher Brasileira (PMB), a 35ª legenda ofi- “Não há nenhuma denúncia – diferentemente do que ocorre em
cialmente reconhecido no país. Com a decisão, a nova legenda poderá relação às contas da presidente da República – de utilização de empre-
disputar as eleições municipais do ano que vem. O partido adotará nas sas fantasmas, de pagamentos indevidos, sem a correspondente presta-
urnas o número 35. ção dos serviços”, disse Aécio Neves.
O estatuto do partido não proíbe a filiação de homens e rege-se “sem
“Os advogados já, imediatamente, comunicaram as correções,
restrições de qualquer ordem: sexual, social, racial, econômica ou religio-
com as justificativas ao Tribunal Eleitoral. Não há nenhuma investiga-
sa”. Ainda conforme as regras, poderá se filiar “todo cidadão na plenitude
ção em relação a conta do PSDB”, declarou.
de seus direitos políticos que estiver de acordo com o Manifesto e o Pro-
grama partidário”. A assessoria do senador afirmou que as “inconsistências” não
O partido começou o processo de criação em 2008 e, desde então, configuram irregularidades e que todas as receitas e despesas estão
obteve apoio de 501 mil eleitores, quantidade que supera o mínimo atual- identificadas. De acordo com a assessoria, houve “desencontros de in-
mente exigido pela lei, de 486 mil (o equivalente a 0,5% dos votos dados formação” porque as transações são realizadas a partir de três contas
para o cargo de deputado federal nas eleições do ano passado). diferentes, uma em nome do candidato, outra do comitê financeiro e
O PMB também comprovou possuir mais de nove diretórios no país, uma terceira do partido.
outro requisito: já existem unidades em Alagoas, Amapá, Amazonas, Em alguns casos, segundo a assessoria, prestadores de serviços
Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, informaram ao TSE terem realizado serviços diretamente para o can-
Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima e Sergipe. didato, mas o fizeram para empresas contratadas pela campanha. Em
Ao final da aprovação no TSE, a fundadora e presidente da legenda, outras situações, repasses feitos a diretórios estaduais só puderam ser
Suêd Haidar Nogueira disse que a ideia do PMB surgiu da necessidade registrados posteriormente porque o valor foi gasto depois, também
de maior participação e respeito das mulheres em instâncias partidárias. conforme a assessoria.

Didatismo e Conhecimento 1
CONHECIMENTOS GERAIS
‘Inconsistências’ Com relação a doações não declaradas nas prestações parciais, o
Veja abaixo as 15 inconsistências apontadas pelos técnicos do partido disse que eles foram declarados na prestação final “unicamente
TSE na prestação de contas de Aécio Neves: em razão de trâmites contábeis posteriormente retificados” e que isso
1) Repasse de R$ 3,9 milhões da direção nacional do PSDB e não leva à desaprovação das contas.
de diretórios regionais à campanha de Aécio, mas declarados por ele Referindo-se a despesas de R$ 2,3 milhões registradas por pres-
somente numa retificação entregue em março deste ano, e na prestação tadores, mas não por Aécio, o partido disse que algumas delas foram
final, entregue em novembro do ano passado. realizadas pelo partido e outras por empresas e profissionais à produto-
2) O Comitê Financeiro informou que fez duas doações a Aécio ra responsável pelos programas de TV do partido, e não ao candidato.
no valor de R$ 651 mil em novembro, mas ele registrou o recebimento O PSDB também explicou o valor doado pela Construbase não
em outubro. Uma terceira doação registrada pelo diretório mineiro no
entrou na receita da prestação de Aécio por erro na informação do doa-
valor de R$ 5,7 mil foi declarada pelo candidato como sendo de R$
36 mil; dor. O erro teria sido corrigido, totalizando doações de R$ 1,75 milhão
3) O candidato declarou ter recebido R$ 4 milhões de diretórios da construtora ao comitê financeiro.
do PSDB e do PTB, mas o valor não teria sido declarado pelos diretó- Em relação à doação da Odebrecht, o partido diz que o erro tam-
rios em suas respectivas prestações de contas; bém foi corrigido, pois os R$ 2 milhões foram doados à Direção Na-
4) Comitê do PSDB de Goiás e o candidato a deputado federal cional do PSDB, que transferiu o valor ao comitê.
Rodrigo de Castro (PSDB-MG) declararam doações de R$ 48,4 mil a
Aécio, mas o tucano não registrou o recebimento; Celso de Mello autoriza inquéritos sobre Mercadante e Aloy-
5) Particulares declararam ter doado R$ 750 mil a Aécio, mas o sio Nunes
valor não apareceu na prestação de contas do candidato; O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF),
6) Repasses R$ 20 mil para a conta do candidato feitos no final de autorizou a abertura de investigações sobre o ministro Aloizio Mer-
julho, mas não declarados por ele em sua primeira prestação de contas cadante (Casa Civil) e o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP),
parcial, entregue no início de agosto; com base na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da
7) Repasses do Comitê Financeiro da campanha no valor de R$ UTC Engenharia.
4,2 milhões, recebidos no final de agosto, mas não registrados na se- Os dois pedidos de inquérito foram feitos pelo procurador-geral
gunda prestação parcial, entregue em setembro; da República, Rodrigo Janot, e repassados a Celso de Mello, por não
8) Aécio declarou ter doado R$ 500 mil para o comitê da campa- terem relação direta com o esquema de corrupção na Petrobras, segun-
nha de José Serra (PSDB-SP) ao Senado, mas o paulista não declarou
do as apurações preliminares. Por isso, o caso não ficou com o ministro
o recebimento em sua prestação;
Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo.
9) Dois escritórios de advocacia declararam ter recebido, cada um,
R$ 60 mil da campanha de Aécio, mas a prestação do tucano aponta Para Janot, não há indícios de que as menções feitas por Pessoa
valores menores, de R$ 56,3 mil e R$ 58,1 mil; a Mercadante e Aloysio Nunes estão relacionadas a desvios na Petro-
10) Fornecedores informaram ao TSE que receberam da campa- bras, mas sim a infrações eleitorais, com declaração incorreta de doa-
nha R$ 2,3 milhões para prestar diversos serviços, mas a prestação de ções às suas campanhas.
contas teria omitido esses pagamentos na prestação final de campanha; No pedido de abertura de inquérito, o procurador afirma não haver
11) Despesas de R$ 83,8 realizadas em julho não foram registra- indícios de que os dois atuaram para desviar dinheiro da Petrobras e
das na primeira prestação de contas parcial, entregue em agosto, mas ocultar a origem, só de que receberam dinheiro para campanha e não
somente na prestação final; declararam corretamente. Assim, poderiam não ter conhecimento de
12) Despesas de R$ 1 milhão realizadas em setembro não foram uma origem supostamente ilegal do dinheiro.
registradas na segunda prestação de contas parcial, entregue no mesmo Para Mercadante, Pessoa disse que doou R$ 500 mil em 2010,
mês, mas somente na prestação final; quando ele era candidato ao governo de São Paulo. Para o senador
13) Problemas no registro das chamadas “doações indiretas”, isto Aloysio Nunes Ferreira, o empresário disse ter doado R$ 300 mil de
é, valores repassados pela conta de Aécio a outros candidatos oriundos forma oficial e R$ 200 mil em dinheiro vivo, sem declaração.
de doadores privados. A prestação de contas do tucano informa, por Caberá a Mello supervisionar as investigações, que podem incluir
exemplo, que repassou R$ 500 mil a outros prestadores de contas (can- medidas como quebras de sigilo, tomada de depoimentos e intercepta-
didatos ou diretórios partidários) oriundos da Construbase Engenharia. ções telefônicas, por exemplo.
O valor, no entanto, não aparece na relação de doações recebidas na
No início do mês, quando veio à tona a existência de um pedido de
prestação de contas do candidato.
14) Comitê Financeiro da campanha registrou em sua prestação investigação, Mercadante disse que se reuniu uma única vez com Ri-
de contas o recebimento de R$ 2 milhões do candidato, oriundos da cardo Pessoa e que recebeu R$ 500 mil em doações, com comprovação
Construtora Odebrecht. A prestação de contas do tucano, no entanto, por meio de recibo e prestação de contas à Justiça Eleitoral.
não teria contabilizado esse repasse feito ao comitê. “Reafirmo que em toda a minha vida me reuni uma única vez com
15) Doações oriundas de terceiro depositadas pelo Comitê Finan- o senhor Ricardo Pessoa, por sua solicitação. Na oportunidade, não era
ceiro na conta de Aécio aparece como se tivesse outra origem na pres- ministro de Estado, mas senador e pré-candidato ao governo do Estado
tação do candidato. de São Paulo, em 2010. Nāo há, portanto, qualquer relação com as
apurações de fraude na Petrobras” declarou na nota.
Explicações Também no início do mês, o presidente do PSDB saiu em de-
Em resposta, o PSDB esclareceu alguns dos pontos questionados fesa de Aloysio Nunes. “O senador Aloysio Nunes, cuja biografia é
pelo TSE. Explicou que as doações de R$ 3,9 milhões “foram devi- reconhecida e respeitada até mesmo por seus adversários, foi um dos
damente declaradas”, mas que foram emitidos recibos em nome do primeiros a denunciar toda essa operação da qual, por razões óbvias,
PSDB Nacional em vez do PSDB do Ceará, que fez as despesas em jamais poderia ter participado”, afirmou à época, em nota.
favor da campanha do partido. Fonte: G1 – (22/09/2015)

Didatismo e Conhecimento 2
CONHECIMENTOS GERAIS
REFORMA MINISTERIAL Com as mudanças, o governo pretende organizar sua relação com
o PMDB e depois partir para tentar reaglutinar outros partidos da base
Pelo ajuste e contra impeachment, Dilma oferece cinco minis- aliada. Os novos arranjos vão tratar de siglas como o PSD, do ministro
térios ao PMDB Gilberto Kassab (Cidades), o PTB e o PP.
A presidente Dilma Rousseff decidiu oferecer cinco ministérios ao As mudanças têm no horizonte frear o avanço do impeachment
PMDB para atrair o apoio da legenda, aprovar o ajuste fiscal e barrar no Congresso e aprovar o pacote fiscal que inclui, entre outros pontos,
um possível processo de impeachment. Para tanto, sacrificou uma das a volta da CPMF.
principais pastas do PT, a Saúde, o que gerou descontentamento no Fonte: Uol Notícias - (23/09/2015)
seu partido. Ministério com o maior orçamento da Esplanada, é co-
mandado pelo PT desde o primeiro mandato de Dilma. Ele é ocupado Pepe Vargas deve retornar à Câmara com reforma ministerial
atualmente por um afilhado do ex-presidente Lula, Arthur Chioro. O ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Pepe Vargas, re-
A opção da presidente foi acalmar o PMDB diante da crise polí- velou a interlocutores que deverá retomar seu mandato na Câmara dos
tica. Assim, o Palácio do Planalto ofereceu dois ministérios à bancada
Deputados assim que a presidente Dilma Rousseff anunciar a reforma
do partido na Câmara e dois aos parlamentares do Senado. Um quinto
ministerial, o que deve ocorrer ainda nesta semana.
ministro seria indicado pelos peemedebistas das duas Casas.
Pepe Vargas e outros ministros da área social, como Miguel Ros-
Se esse novo arranjo for oficializado, o principal partido aliado e
setto (Secretaria-Geral), Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulhe-
fiel da balança neste momento de crise política, deverá ficar com cinco
ministérios na reforma --atualmente tem seis. Dilma manterá, pela cota res) e Nilma Lino Gomes (Igualdade Racial), se reuniram com Dilma
do Senado, Kátia Abreu na Agricultura, que a partir de agora abrigará na última quinta-feira (24), no Palácio da Alvorada, para discutir as
também o Ministério da Pesca. Além disso, Eduardo Braga continuará mudanças no primeiro escalão.
em Minas e Energia. Após o encontro na residência oficial da Presidência, Pepe contou
Pela Câmara, além da Saúde, o PMDB ganharia mais uma pasta a assessores próximos que Dilma informou os ministros sobre a inten-
a ser criada a partir da fusão de Portos com Aviação Civil. Essa pas- ção de criar um ministério que absorva as pastas de Direitos Humanos,
ta de infraestrutura teria à frente Eliseu Padilha, homem de confiança Mulheres, Igualdade Racial e parte das atribuições da Secretaria-Geral.
do vice-presidente Michel Temer, conforme sinalizou a presidente nas Deputado federal licenciado, Pepe pretende retomar o mandato na
conversas de ontem. Câmara com a saída do primeiro escalão. Ele comandou três pastas ao
Apesar disso, deputados apresentaram outros nomes para essa longo do governo Dilma Rousseff: Desenvolvimento Agrário, Rela-
vaga, como José Priante (PA), primo do senador Jader Barbalho, Mau- ções Institucionais e Direitos Humanos.
ro Lopes (MG), Celso Pansera (RJ) e Newton Cardoso Júnior (MG). Integrante da corrente petista Democracia Socialista (DS), Pepe
Embora o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi deslocado para a Secretaria de Direitos Humanos há pouco mais
tenha dito que não indicaria ninguém, Pansera, um dos nomes lem- de cinco meses. Ele teve de deixar o comando da articulação política
brados pela bancada, é seu aliado. O deputado foi citado pelo doleiro do Palácio do Planalto em razão de divergências com o presidente da
Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, como “pau mandado de Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O ministro foi um dos articula-
Cunha”. Afilhado de Temer e de Cunha, Henrique Eduardo Alves, ex- dores da candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presi-
-presidente da Câmara, deve seguir no Turismo. Essa seria a indicação dência da casa legislativa.
de consenso das duas Casas.
Impasse na reforma
Petistas Na tentativa de retomar o apoio da base aliada no Congresso Na-
Na tentativa de resistir, Arthur Chioro se reuniu no Palácio do cional com a reforma ministerial, a presidente tem promovido uma
Planalto com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Diante do série de reuniões diárias nas últimas semanas para tentar refazer a cor-
mal-estar causado no PT com a notícia da mudança, um emissário de
relação de forças na Esplanada dos Ministérios. Nos encontros, Dil-
Dilma chegou a telefonar para Chioro, à tarde, para dizer que o gover-
ma tem conversado com ministros, líderes partidários e dirigentes das
no precisava ceder o posto ao PMDB. A medida era necessária, segun-
legendas que integram a base governista, além do ex-presidente Luiz
do esse interlocutor, para manter o partido na base de sustentação no
Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Michel Temer.
Congresso, dar sinais positivos ao mercado e “conter a alta do dólar”.
Chioro foi indicado pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, com Inicialmente, Dilma pretendi anunciar as mudanças no primeiro
as bênçãos de Lula. As informações sobre sua saída provocaram revol- escalão na última quarta-feira (23). No entanto, um impasse em torno
ta no PT e nova divisão no PMDB. do espaço do PMDB na Esplanada inviabilizou a conclusão da reforma
Mesmo com a decisão do vice-presidente Michel Temer de não ministerial.
indicar ministros para a equipe de Dilma, o PMDB mostrou a divisão Fonte: G1 - (29/09/2015)
entre seus grupos. O líder na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), avisou
que a bancada queria a Saúde. A partir daí, os articuladores políticos do Dilma sanciona lei que reduz desoneração da folha de paga-
Planalto começaram a negociar com ele a indicação do PMDB do Rio, mento
em consórcio com deputados do partido em Minas. A presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que revê a desone-
O primeiro nome apresentado para ocupar o ministério foi o do ração na folha de pagamento concedida a 56 setores da economia e
deputado federal Saraiva Felipe (PMDB-MG), mas Dilma o vetou. aumenta as alíquotas incidentes sobre a receita bruta das empresas. A
Ontem à noite, o governo discutia os outros dois nomes indicados pe- presidenta vetou um trecho da lei que previa tributação diferenciada
los deputados peemedebistas - Manoel Júnior (PB), aliado de Cunha, e para o setor têxtil. A lei foi aprovada no dia 19 de agosto pelo Senado
Marcelo Castro (PI), que trocou acusações com o presidente da Câma- após meses de negociação e era a última medida do ajuste fiscal que
ra por causa da reforma política. dependia de aprovação do Congresso.

Didatismo e Conhecimento 3
CONHECIMENTOS GERAIS
Criada em 2011 pelo governo, a renúncia fiscal atingiu, em 2014, A manutenção dos vetos foi uma vitória para o governo, que até a
cerca de R$ 22 bilhões. A desoneração trocava a contribuição patronal segunda-feira tentava adiar a votação, temendo ser derrotado. Somente
de 20% sobre a folha de pagamentos para a Previdência por alíquotas na manhã de ontem o governo mudou sua estratégia de adiamento e
incidentes na receita bruta das empresas. Com a sanção de Dilma, o go- decidiu enfrentar a questão no plenário ontem à noite. Encorajada pela
verno aumentou as duas alíquotas atuais de 1% e 2% para, respectiva- sinalização positiva da bancada do PMDB na Câmara e temendo uma
mente, 2,5% e 4,5%. A mudança poderá resultar em uma arrecadação piora no quadro que levou o dólar a disparar, Dilma entrou em campo
de cerca de R$ 10 bilhões. As novas alíquotas só entrarão em vigor em pessoalmente para evitar uma derrota do governo e acionou seus mi-
1º de dezembro, porque a lei determina prazo de 90 dias nistros para que telefonassem aos parlamentares não só da base, mas
para a mudança na tributação. também da oposição, apelando pela manutenção dos vetos.
Aos parlamentares com quem conversou, a presidente disse estar
Veto de Dilma à proposta que muda a aposentadoria é man- preocupada com a alta do dólar, que ontem passou de R$ 4, a maior
tido pelo Congresso cotação da história do Real. Disse também, segundo relatos feitos ao
Após mais de seis horas de deliberações, foi encerrada a sessão GLOBO, que tem preocupação com novos rebaixamentos do grau de
do Congresso que analisava os vetos presidenciais a diversas maté- investimento do Brasil por outras agências de risco. A alguns parla-
rias, sem que fosse apreciado o veto da presidente Dilma Rousseff ao mentares, a presidente disse que a derrubada dos vetos causaria uma
aumento de servidores do Poder Judiciário. Os parlamentares manti- situação de extrema dificuldade para o país. Foram analisados 32 ve-
veram 26 dos 32 vetos na pauta, inclusive de temas polêmicos como a tos. O rombo calculado pelo governo em caso de derrubada era de R$
mudança no fator previdenciário e a isenção de PIS/Cofins para óleo 127,8 bilhões.
diesel. Mas, depois das 2h da manhã, partidos da oposição e alguns da Segundo líderes aliados, que consideravam arriscada a votação,
base decidiram entrar em obstrução para derrubar a sessão. Dilma ligou para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-
Depois de manter os vetos do fator previdenciário e do óleo diesel, -RJ), para dizer que o melhor seria enfrentar de uma vez a questão no
o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), comemorou as vitórias Congresso. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
e disse antever que a sessão cairia por falta de quórum. Parlamentares esteve com Dilma no início da tarde desta terça-feira e passou a defen-
de partidos da oposição, como PSDB, PPS e PSOL decidiram obstruir der a votação dos vetos presidenciais à noite. Mais cedo, antes do en-
a votação antes que o veto ao aumento do Judiciário fosse apreciado.
contro com Dilma, Renan havia defendido o adiamento. Ele se reuniu
O restante dos vetos, inclusive do Judiciário, ficará para uma próxima
com os líderes aliados e contava com a fidelidade dos senadores para
sessão, que pode se apenas em outubro.
manter os vetos mais importantes.
— O governo já obteve três vitórias, com a manutenção do fator e
— Se houver uma maioria que desfaça qualquer possibilidade de
do óleo diesel e ainda dos ex-territórios. A oposição que não quer mais
desarrumar ainda mais a economia, acho que pode apreciar — afirmou.
votar. Resolvemos 75% dos vetos, faltando apenas o do reajuste dos
A derrubada do veto ao aumento dos servidores do Judiciário cau-
servidores — comemorou o líder do governo na Câmara.
saria um rombo de R$ 36,2 bilhões em quatro anos. O reajuste médio
O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), tam-
é de 56%, mas pode chegar a 78,56% em alguns casos. Dilma chegou
bém comemorou o resultado e disse que irá defender junto ao presi-
a telefonar para uma senadora da oposição, Ana Amélia (PP-RS), para
dente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que a sessão para
concluir a análise do veto ao reajuste no Judiciário seja feita em breve. pedir ajuda. Mas, acabou ouvindo um “não”. A senadora disse à pre-
— A mobilização foi muito forte, especialmente na Câmara. E a sidente que havia assumido um compromisso com o Judiciário e que
presidente Dilma tem condições de manter a mobilização. A oposição não seria coerente manter o veto ao aumento salarial para a categoria.
viu que não tinha condições de vencer e derrubou a sessão. Hoje foi um Ana Amélia disse, porém, que poderia avaliar sua postura em relação
dia importante e o mercado vai verificar isso — disse Delcídio. aos demais vetos presidenciais.
Na sessão do Congresso iniciada na noite desta terça-feira e que A presidente argumentou, segundo relato de um senador que con-
varou a madrugada, os parlamentares mantiveram vetos com potencial versou com ela, que é preciso suspender a onda de notícias negativas e
de gerar forte impacto nas contas públicas, como o veto presidencial às manter o veto ao projeto que reajustou os salários do Judiciário. Além
mudanças no cálculo do fator previdenciário e o que garante isenção de da preocupação com a alta do dólar, a manutenção do veto, segundo
PIS/ Cofins para óleo diesel. Dilma, fará com que ela viaje aos Estados Unidos, amanhã, “mais tran-
A mudança no fator previdenciário era um dos pontos que mais quila”, e o governo consiga “respirar” em meio à crise.
preocupava o governo já que, se derrubado, poderia aumentar as des- O senador Blairo Maggi (PR-MT), um dos parlamentares que
pesas do Regime Geral da Previdência Social em R$ 883 bilhões até recebeu telefonema da presidente, chegou a aconselhá-la a trabalhar
2050. Já as alterações sobre a tributação ao óleo diesel poderiam gerar pelo adiamento da votação. O senador alertou Dilma de que o governo
um impacto de R$ 64,6 bilhões até 2019, segundo cálculos do Minis- “estaria acabado” se perdesse a votação.
tério do Planejamento. Ao longo do dia, ficou claro que a tendência dos parlamentares,
O texto que flexibilizava o fator previdenciário, aprovado como tanto na base, quanto na oposição, era de manter os vetos. Pesou nos
emenda a uma das Medidas Provisórias do ajuste fiscal, estabelecia cálculos oposicionistas a perspectiva de poder em um futuro próximo
a regra “85/95”, que permite a aposentadoria integral quando a soma e o tamanho do problema que o próximo governo poderia herdar com
da idade e do tempo de contribuição atingir 85 no caso das mulheres a derrubada dos vetos.
ou 95 anos para os homens. Para compensar o veto, Dilma enviou ao — Eu defendia antes que os vetos fossem derrubados para acabar
Congresso uma Medida Provisória com uma regra de progressividade logo com esse governo. Mas agora acho que o governo está tão perto
para o cálculo das aposentadorias, baseada na mudança de expectativa de acabar, que estou achando melhor manter esses vetos para não com-
de vida. prometer quem vier depois — explicou um senador da oposição.

Didatismo e Conhecimento 4
CONHECIMENTOS GERAIS
PMDB garantiu 45 votos “Como o presidente da Câmara é o terceiro na linha sucessória,
Além do veto presidencial ao projeto que garante reajustes aos obviamente esse dispositivo constitucional se aplica a ele”, explicou.
servidores do Judiciário, outros vetos também preocupavam o gover- “Além disso, é de notório conhecimento o comportamento do presi-
no. Entre eles, o veto à extensão do reajuste do salário-mínimo a todos dente da Câmara obstacularizando as investigações da Operação Lava
os benefícios do INSS, ou seja, aos aposentados e pensionistas; o que Jato”, completou.
garante isenção de Imposto de Renda a professores para a compra de A peça apresentada nesta quinta-feira pelo grupo de parlamentares
livros didáticos (impacto de R$ 16 milhões até 2019), entre outros. está vinculada ao prazo do STF em aceitar a denúncia contra Cunha.
A garantia da bancada do PMDB na Câmara de que ao menos 45 Esse prazo, entretanto, pode ser ampliado, já que os advogados do pee-
deputados do partido votariam a favor da manutenção dos vetos en- medebista solicitaram que o período de 15 dias para que Cunha apre-
corajou a presidente a defender a análise imediata. O apoio foi conse- sente sua defesa seja alterado para 30 dias. A decisão pode sair ainda
guido a partir do compromisso de Dilma de nomear dois deputados da nesta quinta e, como o Supremo já concedeu a ampliação do prazo para
bancada para a Esplanada dos Ministérios. O líder do partido, Leonar- o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), é possível que
do Picciani (PMDB-RJ), que vai levar a Dilma hoje as indicações de
Cunha seja beneficiado.
nomes para compor o ministério no âmbito da reforma administrativa,
Em meados de agosto, Janot apresentou ao STF acusação for-
deixou claro que as mudanças que estão sendo promovidas no governo
servirão para conquistar os votos necessários para manter os vetos. mal contra Cunha. A denúncia instaurou na Câmara um movimento
— É fundamental que a reforma ministerial sirva para isso. Ela de oposicionistas pelo afastamento do peemedebista do comando da
está sendo feita com dois objetivos. O primeiro é cortar gastos. O se- Casa. Cunha, entretanto, sempre tem dito que não cogita renunciar e
gundo é reorganizar a correlação de forças dentro da base de apoio do nem se afastar da presidência da Câmara.
governo — disse. Assinaram o documento os senadores Randolph Rodrigues
No início da tarde desta terça-feira, o líder do governo, José Gui- (PSOL-AP) e Lasier Costa Martins (PDT-RS) e os deputados Chi-
marães (PT-CE), esteve com Leonardo Picciani para definir a manu- co Alencar (PSOL-RJ), Edmilson Brito Rodrigues (PSOL-PA) Jean
tenção da sessão. Até a noite de segunda-feira, líderes aliados conta- Wyllys (PSOL-RJ), Alessandro Molon (PT-RJ) e Glauber Braga (PS-
bilizavam apenas 200 dos 257 votos necessários para manter os vetos. B-RJ).
Nenhum dos líderes arriscou dizer que o governo teria o número de Para Chico Alencar, o parlamento brasileiro “não pode aceitar que
votos suficientes para evitar a derrubada dos vetos, mas defenderam se naturalizem” investigações e denúncias contra “representantes da
que o melhor neste momento é encerrar de uma vez a questão. população”. “Há um corporativismo que faz com que esse assunto seja
— É melhor vencermos logo essa agonia. Passamos por dias de esquecido lá”, disse. “Mas o cinismo parlamentar não vai preponde-
muita instabilidade, o país não suporta mais aumento de despesas. rar”, disse.
Qualquer passo em falso pode agravar ainda mais a situação. Até com O deputado petista Alessandro Molon disse que a vinda à PGR
a oposição precisamos dialogar. É fundamental manter esses vetos. acontece depois de os parlamentares fazerem “tudo que podiam” na
Prefiro que o Congresso seja chamado a essa reflexão de uma vez — Câmara. “Chegamos ao limite do que podíamos fazer neste momen-
afirmou Guimarães. to”, disse. Segundo ele, caso Janot peça ao Supremo o afastamento de
Os servidores do Judiciário pressionaram os parlamentares a der- Cunha e o Supremo determine que ele deixe o cargo, o processo não
rubar os vetos. Um grupo de servidores, que conseguiu senha e acesso volta para a Câmara. “Sendo afastado, a Câmara terá que realizar no-
à Câmara, fez uma espécie de corredor polonês na entrada do plenário vas eleições no prazo de cinco sessões, que é o que está no regimento,
da Casa. Entre os mais festejados pelos manifestantes estavam os se- porque a Câmara não pode ficar sem presidente”, afirmou.
nadores Paulo Paim (PT-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Ana Além de ser o responsável por enviar a acusação formal contra
Amélia (PP-RS). Cunha, ontem, Janot enviou ao STF um parecer contrário ao recurso
Já no lado de fora do Congresso, servidores do Judiciário ocupa-
da Câmara dos Deputados que questiona a decisão do ministro Luis
ram o gramado em frente à Câmara com vuvuzelas, bastões e piscando
Roberto Barroso de indicar que contas de presidentes da República
luzes dos celulares Por alguns momentos, foi aberta uma grande faixa
devem ser apreciadas em sessão conjunta do Congresso, com deputa-
com a inscrição “impeachment”, depois fechada.
Fonte: O Globo - (22/09/2015) dos e senadores. A decisão de Barroso, do último dia 13, enfraquece as
articulações do presidente da Câmara, que ditavam o ritmo do processo
Parlamentares entregam representação a Janot na qual pe- de apreciação do balanço contábil relativo à gestão Dilma Rousseff
dem afastamento de Cunha em 2014.
Um grupo de sete parlamentares entregou nesta quinta-feira
(03/09) ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, uma repre- Manifesto
sentação com um pedido cautelar de afastamento do presidente da Câ- No fim de agosto, um grupo de 36 deputados opositores a Cunha
mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciado por corrupção e lava- divulgou um manifesto em que pede a saída do peemedebista do cargo.
gem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras. O pedido está Não há na lista nenhum parlamentar do PSDB, do Solidariedade e do
condicionado ao recebimento da denúncia contra Cunha no Supremo DEM. Do PMDB, só há o apoio do deputado Jarbas Vasconcelos (PE).
Tribunal Federal (STF). Dentre os apoiadores, o maior número vem do PT (18, ou 30% da
O documento entregue a Janot destaca que Cunha tem usado o bancada). Há ainda deputados do PSB, PPS, PSOL, PROS, PSC e PR.
cargo de presidente da Casa para benefício próprio e para tentar obs- Fonte: Época Negócios – (03/09/2015)
truir os andamentos das investigações. Segundo o senador Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP), a representação se baseia no artigo 86 da Cons-
tituição, que diz que o presidente da República não pode ser réu em
ação em ação no STF e, sendo réu, é necessário seu afastamento por
até 180 dias para que ele seja julgado.

Didatismo e Conhecimento 5
CONHECIMENTOS GERAIS
ESTATUTO DA FAMÍLIA Por outro lado, o deputado Evandro Gussi (PV-SP) defendeu o
projeto do Estatuto da Família. “Queremos que todas as pessoas ho-
Comissão aprova definição de família como união entre ho- mossexuais tenham seus direitos garantidos, mas a Constituição disse
mem e mulher que a família merece uma especial proteção, porque é base da socie-
Em reunião tumultuada, a comissão especial que discute o Esta- dade”, disse.
tuto da Família na Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira O deputado Elizeu Dionizio (SD-MS) também defendeu o tex-
(24) o texto principal do projeto, que define família como a união entre to de Diego Garcia e disse que, mesmo com as tentativas de adiar a
homem e mulher. A comissão aprovou o relatório por 17 votos favorá- votação, os defensores do projeto sairiam vitoriosos na reunião desta
veis e 5 contrários, mas quatro destaques ao texto ainda precisam ser quinta.
aprovados.
Os deputados chegaram a iniciar a discussão dos destaques, mas Adiamento
as votações no plenário, presididas por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Deputados contrários ao texto do Estatuto da Família apresen-
foram iniciadas. taram requerimentos para adiar a apreciação do texto, mas eles não
De acordo com o regimento interno da Casa, nenhuma comissão foram aprovados.
pode votar projetos e destaques simultaneamente ao plenário. Assim, Um desses parlamentares foi o deputado Glauber Braga (PSOL-
os destaques devem ser apreciados em uma próxima reunião. -RJ), que apresentou requerimento de adiamento da votação por cinco
sessões.
Trâmite Braga acusou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-
Após a conclusão da votação, a regra é que o projeto siga para o -RJ), de atrasar o início da sessão no plenário para que a votação sobre
Senado sem necessidade de ser votado pelo plenário da Câmara. De- o Estatuto da Família acontecesse ainda nesta quinta na comissão. A
putados podem, entretanto, apresentar recurso para pedir que o texto partir do momento em que a ordem do dia tem início no plenário da
seja votado pelo plenário antes de ir para o Senado. A deputada Érika Casa, as comissões não podem mais realizar votações.
Kokay (PT-DF), contrária ao projeto, já adiantou que fará isso. O primeiro vice-presidente da comissão que debate o Estatuto da
Após o fim da reunião que aprovou o Estatuto da Família, depu- Família é o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), conhecido por seu
tados favoráveis à definição de família como união heterossexual se conservadorismo e por defender a “cura gay”. Ele chegou a presidir a
reuniram para uma fotografia e comemoraram a aprovação do projeto. reunião desta quinta. O presidente da comissão é o deputado Sóstenes
O parecer do relator do projeto de lei que cria o Estatuto da Famí- Cavalcante (PSD/RJ).
lia, deputado federal Diego Garcia (PHS-PR), define a família como a Fonte: G1 - (24/09/2015)
união entre homem e mulher por meio de casamento ou união estável,
ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os fi- AVALIAÇÃO DO GOVERNO DILMA
lhos.
O texto dispõe sobre os direitos da família e as diretrizes das polí- Mais da metade dos eleitores de Dilma desaprovam o gover-
ticas públicas voltadas para atender a entidade familiar em áreas como no, aponta Ibope
saúde, segurança e educação. De autoria do deputado Anderson Ferrei- Mais da metade dos eleitores de Dilma Rousseff em 2014 desa-
ra (PR-PE), a proposta tramita na casa desde 2013. provam o governo da presidente segundo pesquisa Ibope encomen-
dada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta
Discussão quarta-feira (30).
Logo no início da sessão, antes mesmo de os parlamentares come- De acordo com a pesquisa, 52% dos entrevistados que afirmaram
çarem a discutir o texto do projeto, a deputada Érika Kokay (PT-DF) ter votado em Dilma no ano passado avaliam o governo da petista
afirmou que o projeto “institucionaliza o preconceito e a discrimina- como “ruim” ou “péssimo”. Na pesquisa anterior, divulgada em julho,
ção”. esse número era de 53%.
O deputado Takayama (PSC-PR) interrompeu a deputada e gritou A pesquisa CNI/Ibope foi realizada entre os dias 18 e 21 de setem-
que “homem com homem não gera” e “mulher com mulher não gera”. bro com 2.002 pessoas em 140 municípios e tem uma margem de erro
Em seguida, manifestantes contrários ao projeto rebateram: “não gera, de dois pontos percentuais.
mas cria”. Somados todos os entrevistados, a aprovação ao governo Dilma é
Mais tarde, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) criticou o texto de 10% em setembro, contra 9% em julho. O índice de reprovação ao
do relator. Ela disse que “dá nojo” ler o texto e afirmou que o deputa- governo, que em julho era de 68%, chegou a 69% em setembro.
do usou apenas preceitos religiosos em seu relatório. “O seu parecer é Quando avaliados apenas os entrevistados que afirmaram ter vo-
péssimo. E acho que a Câmara dos Deputados é melhor do que isso”, tado em Dilma, o índice de aprovação (“ótimo” ou “bom”) ao governo
afirmou. petista passou de 19%, em julho, para 17%, em setembro.
O deputado Bacelar (PTN-BA) defendeu que os homossexuais Para o gerente de pesquisas da CNI, Renato da Fonseca, o alto
têm direito de receber igual proteção às famílias compostas por casais índice de eleitores da presidente Dilma que reprovam o seu governo é
heterossexuais. resultado de uma “frustração de expectativas”.
“Que país é este? Que sociedade é esta que estamos construindo? “A ficha caiu. Só agora que as pessoas perceberam a crise e isso
Seria mais fácil, talvez, substituir a Constituição pela Bíblia”, ironizou. gera desapontamento e as pessoas acabam mudando de opinião”, afir-
O texto, segundo Bacelar, representa um retrocesso para a socie- mou Fonseca.
dade brasileira. “[O projeto] está excluindo, punindo e discriminando a Para o coordenador, os entrevistados estão descontentes com a di-
família formada por um casal homoafetivo. Está fomentando a intole- ferença entre as promessas de Dilma durante a campanha e a realidade
rância. É isso o resultado desse projeto de lei”, disse. do ajuste fiscal e da crise econômica.

Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS GERAIS
“Claramente a realidade é diferente das expectativas que foram Suposto operador do PMDB na Lava Jato se entrega à polícia
criadas. A queda da popularidade que foi muito rápida nas últimas três no Rio
pesquisas. Esse ano, a popularidade dela começou a cair a cair quando João Rezende Henriques, apontado pela Operação Lava Jato
as pessoas perceberam que havia um problema na economia”, afirmou. como o maior operador de propina na Diretoria Internacional da Pe-
trobras, se entregou na Superintendência da Polícia Federal (PF) do
Eleitores de Aécio Rio de Janeiro no início da tarde desta segunda-feira (21). O mandado
Quando avaliados os eleitores de Aécio Neves (PSDB-MG), que de prisão temporária contra ele foi expedido na 19ª fase da operação,
foi derrotado por Dilma no segundo turno das eleições presidenciais, a
deflagrada nesta manhã.
popularidade de petista é ainda pior.
Apenas 1% dos eleitores do tucano avaliavam o governo petista Nela também foi cumprido mandado de prisão preventiva – sem
como “ótimo” ou “bom” entre julho e setembro. Já os que avaliam prazo determinado – contra José Antunes Sobrinho, um dos donos da
como “ruim” ou “péssimo” são 89% em setembro. Engevix. Ele é investigado por ter pago R$ 140 milhões de propina da
Fonte: Uol - (30/09/2015) empresa para a Eletronuclear. Sobrinho foi preso em casa, em Floria-
nópolis, e chegou à sede da PF, em Curitiba, no início desta tarde.
OPERAÇÃO LAVA JATO Esta nova etapa da Lava Jato representa um avanço nas investiga-
ções da 15ª, 16ª e 17ª fases e está associada ao pagamento de propina a
Ex-deputado André Vargas (ex-PT) é o primeiro político con- partir de contratos na Eletronuclear.
denado na Lava Jato
A Justiça Federal condenou o ex-deputado André Vargas (ex-PT/ PMDB
PR) a 14 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem A Polícia Federal associa o nome de João Henriques ao PMDB,
de dinheiro supostamente desviado de contratos de publicidade da Cai- uma vez que ele agiria como operador do partido.
xa Econômica Federal. É o primeiro político condenado na Operação
“Esse operador é investigado por intermediar o pagamento de pro-
Lava Jato. Segundo sentença do juiz federal Sérgio Moro, o ex-parla-
mentar ‘recebeu propina não só no exercício do mandato de deputado pinas com destaque, especificamente, por um contrato de compra de
federal, mas também da função de vice-presidente da Câmara dos De- navios-sonda pela Petrobras no valor de mais de 1,8 bilhão de dólares,
putados, entre os anos de 2011 a 2014, período em que praticou a maior em que a propina ultrapassa 30 milhões de dólares. Há um indicativo
parte dos fatos criminosos’. do envolvimento do PMDB, até por ser um partido que vem sendo
Também foram condenados o publicitário Ricardo Hoffmann - 12 mencionado quando se diz respeito a diretoria Internacional”, disse o
anos e dez meses – e o irmão do ex-deputado, Leon Denis Vargas Ilá- delegado Igor Romário de Paula.
rio, a 11 anos e quatro meses. A direção do PMDB afirma que jamais autorizou ninguém a agir
Moro avalia a ‘personalidade desfavorável’ de Vargas e cita, na como intermediário, lobista ou operador junto à Petrobras.
sentença, uma passagem marcante do ex-deputado relativa ao Su-
premo Tribunal Federal. “A responsabilidade de um vice-presidente Contato com testemunhas
da Câmara é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade Sobre a prisão de um dos donos da Engevix, o Ministério Público
quando pratica crimes. A vetorial personalidade também lhe é desfavo- Federal (MPF) afirmou que José Antunes Sobrinho entrou em contato
rável. Rememoro aqui o gesto de afronta do condenado ao erguer o pu-
com testemunhas da Lava Jato para alterar a verdade.
nho cerrado ao lado do então Presidente do Supremo Tribunal Federal,
o eminente Ministro Joaquim Barbosa, na abertura do ano legislativo A propina paga pela empresa para Othon Luiz Pinheiro, ex-di-
de 2014, em 4 de fevereiro de 2014, e que foi registrado em diversas retor-presidente da Eletronuclear teria ocorrido por meio de contratos
fotos.” da Engevix com a estatal entre 2011 e 2013. De acordo com o MPF,
“O parlamentar, como outros e talvez até mais do que outros, tem Sobrinho realizou pagamentos de propina já com a operação em curso.
plena liberdade de manifestação”, prosseguiu o juiz. “Protestar contra “Ele [Sobrinho] fez movimentações em janeiro de 2015, inclu-
o julgamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal na Ação Penal sive, quando outro diretor da Engevix estava preso. Isso demonstra o
470 é algo, portanto, que pode e poderia ter sido feito por ele ou por quanto eles não têm limites nas suas operações”, disse o procurador
qualquer um, muito embora aquela Suprema Corte tenha agido com o Carlos Fernandes Santos Lima.
costumeiro acerto. Entretanto, retrospectivamente, constata-se que o
condenado, ao tempo do gesto, recebia concomitantemente propina em Réus
contratos públicos por intermédio da Borghi Lowe. Nesse caso, o ges- Tanto Sobrinho quanto Henriques já são réus em ações penais
to de protesto não passa de hipocrisia e mostra-se retrospectivamente oriundas na Lava Jato que tramitam na primeira instância da Justiça
revelador de uma personalidade não só permeável ao crime, mas tam-
Federal em Curitiba.
bém desrespeitosa às instituições da Justiça. Conduta social, motivos
e comportamento da vítima são elementos neutros. Circunstâncias de- Sobrinho responde pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de
vem ser valoradas negativamente. A prática dos crimes de corrupção dinheiro na mesma ação que envolve o ex-ministro da Casa Civil José
envolveu o pagamento de propinas de pelo menos R$ 1.103.950,12 Dirceu, referente a 17ª fase da operação.
por intermédio de contratos de publicidade firmados com a Caixa e o Já Henriques responde por corrupção passiva e lavagem de di-
Ministério da Saúde, um valor expressivo. As consequências também nheiro na mesma ação em que Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da área
devem ser valoradas negativamente, uma vez que o custo das propinas Internacional da Petrobras. As acusações partiram da 15ª fase da Lava
foi arcado pelas entidades públicas, prejudicando-as no mínimo em Jato.
igual medida do benefício ao condenado. Considerando quatro veto-
riais negativas, de especial reprovação, fixo, para o crime de corrupção Esquemas conexos
passiva, pena de quatro anos e seis meses de reclusão.” De acordo com o MPF, o Mensalão, o Petrolão e os casos de cor-
Fonte: Istoe.com.br – (22/09/2015) rupção descobertos na Eletronuclear estão ligados.

Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS GERAIS
Carlos Fernandes Santos Lima disse que os esquemas são cone- Posteriormente, a defesa de Pizzolato, no entanto, poderá requerer
xos, e que as autoridades trabalham com a hipótese de que tudo co- sua transferência para dois presídios localizados em Santa Catarina,
meçou na Casa Civil, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio onde tem familiares: em Curitibanos ou Itajaí. Todas as unidades fo-
Lula da Silva, quando Dirceu comandou a pasta. ram vistoriadas pela PGR, que garantiu às autoridades italianas terem
Fonte: G1 – (21/09/2015) condições de alojar o ex-diretor do BB, sem risco à sua integridade
física e moral.
Lava Jato condena Vaccari, Duque e mais oito por desvios na Nesta terça (22), o Conselho de Estado da Itália, última instância
Petrobras da justiça administrativa do país europeu, rejeitou uma decisão liminar
A Justiça condenou o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto a anterior que suspendia a extradição.
15 anos de prisão nas investigações da Lava Jato. Outras nove pessoas Com a decisão, o governo italiano está apto para entregar o petista
também foram condenadas pelos desvios na Petrobras ao Brasil. Ele, no entanto, ainda tem a possibilidade de recorrer à Corte
João Vaccari Neto foi condenado pelos crimes de corrupção e la- Europeia de Direitos Humanos, sediada em Estrasburgo, na França,
vagem de dinheiro. Ele pegou 15 anos e quatro meses de prisão, mais paralisando novamente o processo.
multa de R$ 826.016.
Na sessão desta terça, foram analisados novos documentos e ví-
Renato Duque foi condenado a 20 anos e oito meses de cadeia por
deos entregues pelo Brasil para assegurar o respeito aos direitos fun-
corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, além de uma
damentais dos presos. A defesa de Pizzolato usava como argumento
multa de R$ 1,25 milhão.
contra a extradição as más condições das cadeias no Brasil.
O Ministério Público apontou pagamento de propina de mais de
R$ 136 milhões em quatro obras da Petrobras. Mais de R$ 4,2 milhões Pizzolato fugiu em 2013 do Brasil para escapar da prisão. Ele foi
teriam sido entregues a João Vaccari Neto e ao Partido dos Trabalhado- preso no início de 2014 na Itália e desde então o governo brasileiro
res, inclusive por meio de doações oficiais de campanha. tenta a extradição.
Na sentença, o juiz Sergio Moro afirma que as doações aparentam Em nota, o Ministério da Justiça do Brasil disse que “as autori-
ser uma espécie de parcelamento de uma dívida. Ele cita as doações dades brasileiras estão prontas para cumprir o processo de extradição
mensais de R$ 60 mil entre junho de 2009 e janeiro de 2010 e entre do Sr. Henrique Pizzolato, tão logo receba as informações sobre o mo-
abril e julho de 2010. mento em que será feita a entrega pelo governo italiano”.
O juiz sustenta também que o elemento mais reprovável do es- O secretário de cooperação internacional da Procuradoria Geral
quema criminoso da Petrobras é a contaminação da esfera política pela da República, Vladimir Aras, que atua no caso, informou ainda que o
influência do crime procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai pedir urgência ao
Também nesta segunda-feira (21) a Polícia Federal deflagrou a Ministério da Justiça do Brasil na condução dos trâmites para trazer o
19ª fase da Operação Lava Jato. José Antunes Sobrinho, dono da cons- ex-diretor do BB.
trutora Engevix, foi preso em Florianópolis. A prisão dele é preventiva.
Os investigadores sustentam que ele conseguiu contrato com a Fuga e processo
Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, depois de ter pago propina Pizzolato foi condenado em 2012 por corrupção passiva, peculato
para Othon Pinheiro da Silva, ex-presidente da estatal. Othon está pre- e lavagem de dinheiro. No ano seguinte, antes de ser expedido o man-
so há quase dois meses dado de prisão, ele fugiu para a Itália.
A 19ª fase também investiga fraudes na Diretoria Internacional da Declarado foragido em 2014, ele foi encontrado e preso pela In-
Petrobras durante a gestão de Jorge Zelada, que está preso. As inves- terpol em Maranello, município do norte da Itália. Após Pizzolato ser
tigações apontaram o pagamento de propina na compra de um navio detido, o governo brasileiro pediu sua extradição à Justiça italiana.
sonda. A solicitação do Brasil foi negada na primeira instância pela Corte
Também foi preso nesta segunda-feira João Augusto Henriques, de Apelação de Bolonha, mas a Procuradoria-Geral da República re-
apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção. A pri- correu e a Corte de Cassação de Roma decidiu, em fevereiro deste ano,
são dele é temporária.
conceder a extradição. Em 24 de abril, o governo da Itália autorizou
Segundo a investigação, o operador teria simulado contratos de
que ele fosse enviado ao Brasil para cumprir a pena do mensalão.
prestação de serviços para receber dinheiro de empreiteiras investiga-
O processo sofreu um revés depois que a defesa apelou à Jus-
das no escândalo.
tiça administrativa da Itália, instância que tem poder para suspender
“Os casos do mensalão, do petrolão, Eletronuclear são todos co-
nexos porque dentro deles esta a mesma organização criminosa”, afir- decisões do governo. No caso, a autorização do Ministério da Justiça
ma o procurador Carlos Fernando Lima. italiano que liberou a entrega de Pizzolato a partir da decisão judicial.
Fonte: G1 – (22/09/2015) Fonte: G1 – (22/09/2015)

MENSALÃO REFORMA POLÍTICA

Após extradição, Pizzolato deverá começar a cumprir pena Dilma sanciona reforma política, mas veta doação de empresa
na Papuda a campanha
O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzola- A presidente Dilma Rousseff sancionou nesta terça-feira (29) a
to, condenado no processo do mensalão, deverá, inicialmente, começar Lei da Reforma Política aprovada pelo Congresso Nacional, mas ve-
a cumprir pena na Penitenciária da Papuda, nos arredores de Brasília, tou sete itens, incluindo o trecho que permitia a doação de empresas a
quando chegar ao país após a conclusão do processo de extradição, campanhas eleitorais. Os vetos foram publicados em edição extra do
conforme informado pela Procuradoria Geral da República. “Diário Oficial da União”.

Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS GERAIS
No último dia 17, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) Pela legislação atual, qualquer mudança no sistema eleitoral deve
decidiu declarar inconstitucionais normas que permitem a empresas ocorrer no prazo de até um ano antes do pleito – ou seja, no caso das
doar para campanhas eleitorais. Por outro lado, ao analisar itens da eleições de 2016, até a próxima sexta (2).
reforma política, em setembro, a Câmara havia aprovado projeto que
permite a doação empresarial. Troca de partido
O artigo sobre doações de empresas vetado pela presidente tinha Outro ponto do projeto aprovado no Congresso e mantido pela
a seguinte redação após ter sido aprovado no Congresso: “Doações e presidente na sanção da lei foi o que trata da perda do mandato do
contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais poderão detentor de cargo eletivo que se desfiliar sem justa causa.
ser feitas para os partidos políticos a partir do registro dos comitês fi- Fica permitida somente a mudança de partido que ocorrer dentro
nanceiros dos partidos ou coligações”. dos 30 dias que antecedem o prazo final - de seis meses - estabelecido
Ao justificar o veto, a presidente Dilma Rousseff se baseou na para a filiação com possibilidade de disputa na eleição, majoritária ou
decisão Supremo que considerou a doação de campanha por empresas proporcional. O período deve se referir aos meses finais do mandato.
inconstitucional. Pela lei, será considerada justa causa para a desfiliação de um par-
“A possibilidade de doações e contribuições por pessoas jurídicas tido, o que, portanto, não implica perda de mandato, “mudança subs-
tancial ou desvio reiterado do programa partidário” e “grave discrimi-
a partidos políticos e campanhas eleitorais, que seriam regulamentadas
nação política pessoal”.
por esses dispositivos, confrontaria a igualdade política e os princípios
republicano e democrático, como decidiu o Supremo Tribunal Federal Voto impresso
- STF”, diz a justificativa. Outro ponto aprovado pelo Congresso Nacional e vetado pela pre-
Diante do veto de Dilma, caberá ao Congresso Nacional analisá-lo sidente era o que previa a impressão, pela urna eletrônica, do registro
e decidir se o mantém ou o derruba. Para derrubar um veto presiden- do voto do eleitor.
cial, são necessários 257 votos de deputados e outros 41 de senadores. Segundo o projeto, esse comprovante seria depositado em um lo-
A próxima sessão de votação de vetos presidenciais está marcada para cal lacrado após a confirmação pelo eleitor de que a impressão estava
esta quarta-feira (30). correta.
Nesta terça-feira, em uma manobra para permitir o financiamento Ao justificar o veto, Dilma argumentou que o Tribunal Superior
empresarial de campanha nas eleições de 2016, o presidente da Câma- Eleitoral (TSE) manifestou-se contrariamente à sanção do item porque
ra, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), exigiu que eventual veto da presiden- isso geria “altos custos”, com impacto de R$ 1,8 bilhão.
te Dilma Rousseff a doações empresariais fosse incluído na pauta da “Além disso, esse aumento significativo de despesas não veio
sessão desta quarta-feira. acompanhado da estimativa do impacto orçamentário-financeiro, nem
“A posição da maioria dos líderes é não votar nenhum veto se não da comprovação de adequação orçamentária”, explicou a presidente.
puder votar também o veto da lei eleitoral. Eu cumpro o que a maioria Fonte: G1 - (29/09/2015)
dos líderes assim decidir”, disse Cunha.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, reagiu, dizendo que Sessão do Congresso é incógnita diante de impasse com Cunha
incluir o veto à doação de empresas na sessão de quarta seria um gesto O Congresso Nacional tem sessão marcada para as 11h30 des-
inútil. ta quarta-feira (30) para analisar vetos presidenciais a pautas-bomba,
“A apreciação desse veto na sessão de amanhã [quarta], quando o como o que barra o reajuste para servidores do Judiciário. No entanto,
Brasil espera que concluamos apreciação dos outros vetos, seria gesto a realização da votação ainda é uma incógnita diante de impasse com
inútil do Congresso Nacional. Seria um gesto sem nenhuma eficácia”, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
afirmou Renan. Em uma estratégia para inviabilizar a sessão conjunta de senado-
Ele argumentou que a apreciação desse possível veto iria contra res e deputados, que acontece no plenário da Câmara, Cunha convocou
a regra do Congresso Nacional que estabelece que os vetos devem ser para as 11h uma sessão extraordinária de votação exclusiva da Câmara.
Ele quer com isso fazer pressão para que seja incluído na pauta do
pautados depois de 30 dias a partir da data de chegada ao Legislativo.
Congresso o veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto de lei da
reforma política que barrou o financiamento privado de campanha e
PEC da reforma política
foi publicado nesta terça-feira.
O veto da presidente e a decisão do STF não interferem no an- O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), resiste
damento de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), em an- em colocar o veto na pauta de última hora para não contrariar a praxe
damento no Congresso, que restabelece a doação de empresas a cam- regimental. Ele argumenta que isso contraria a regra que estabelece
panhas. O texto já foi aprovado pela Câmara e agora aguarda votação que os vetos sejam analisados pelos parlamentares depois de 30 dias a
em dois turnos no Senado. Como se trata de uma PEC, sua aprovação partir da data de chegada ao Legislativo.
leva à promulgação pelo próprio Congresso, sem necessidade de san- Na tentativa de negociar uma saída para a situação, Renan poderá
ção pela presidente. sugerir aos líderes partidários que apresentem um requerimento para
A eventual aprovação pode levar a um novo julgamento no Su- inclusão do veto na pauta. A manobra tiraria das mãos dele a respon-
premo sobre as doações, caso alguma entidade ou partido questione a sabilidade de colocar o veto em votação. No entanto, para isso, ele
constitucionalidade da emenda. precisará convencer Cunha a liberar o plenário para o Congresso. Se
isso não ocorrer, o mais provável é que a sessão conjunta seja adiada.
Prazo para filiação Com base em acordo costurado com líderes na Câmara, Cunha
Ao sancionar o projeto de lei da reforma eleitoral, Dilma manteve defende que o veto da presidente à legislação eleitoral seja apreciado
o artigo aprovado no Congresso que determina que, para concorrer às antes de sexta-feira (2), prazo final para que as novas regras possam va-
eleições, o candidato deverá estar com a filiação partidária deferida ler para a eleição do ano que vem. Pela legislação, qualquer mudança
pela legenda no mínimo seis meses antes da data da eleição. tem que ser aprovada um ano antes do pleito.

Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS GERAIS
Cunha tem a intenção de derrubar o veto presidencial e garantir a Veto 29 – Aposentados
doação de empresas a campanhas na eleição do próximo ano. Para um O governo também batalha para manter o veto de Dilma ao texto
veto ser derrubado, são necessários os votos de ao menos 457 deputa- que estende para todos os aposentados e pensionistas as regras de rea-
dos e 41 senadores. juste anual do salário mínimo. A previsão é de que essa medida gere
um gasto de R$ 0,3 bilhão em 2016. Nos próximos quatro anos, a des-
Obstrução na Câmara pesa somará R$ 11 bilhões.
A lei sobre a reforma política foi sancionada com vetos nesta ter- Veto 31 – Clubes de futebol
ça-feira após pressão da Câmara. Parlamentares haviam condicionado A presidente vetou parcialmente a lei que refinancia as dívidas
a votação dos demais vetos já previstos na pauta do Congresso à apre- fiscais e trabalhistas de clubes de futebol. Vários trechos da lei foram
ciação do veto do financiamento eleitoral. vetados pelo Executivo, inclusive um que dava isenção de Imposto
A decisão de convocar sessão da Câmara para momentos antes sobre a Renda da premiação de uma loteria. Nessa caso, Dilma argu-
da reunião do Congresso foi anunciada por Cunha no plenário. O pee- mentou que a proposta de isenção implicaria renúncia de receita, sem a
medebista explicou que apenas seguia o que havia sido acordado entre devida estimativa de impacto orçamentário.
os líderes. “É uma obstrução dos líderes da Câmara. Eu vou continuar Veto 33 – Depósitos judiciais
tocando a pauta [da Câmara]. A sessão de Congresso só pode ser feita O texto prevê que haverá transferência para a conta única do Te-
com acordo, com a concordância das duas Casas”, afirmou Cunha. souro do Estado, do Distrito Federal ou do Município de 70% do valor
Antes de Cunha convocar a sessão, Renan Calheiros disse que, atualizado dos depósitos referentes a processos judiciais e administra-
caso isso ocorresse, a reunião do Congresso ocorreria assim que aca- tivos. Para isso, cria um fundo de reserva destinado a garantir a restitui-
basse a sessão da Câmara, no mesmo plenário. ção da parcela transferida ao Tesouro.
“Se por algum motivo não for possível, se houver convocação Um trecho vetado estabelece que até 10% da parcela destinada ao
da Câmara para funcionar no mesmo horário, vamos convocar desde fundo de reserva pode ser utilizado para constituição de fundo garan-
logo para o momento seguinte”, disse Renan. Segundo ele, a sessão do tidor de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e de investimentos de in-
Congresso ocorrerá “preferencialmente” na própria quarta-feira. fraestrutura. Segundo a presidente, isso elevaria o risco de insuficiência
Renan também criticou a possibilidade de inclusão do veto ao fi- para honrar resgates.
nanciamento privado de campanha na sessão. Segundo ele, esse seria Veto 37 – Código de Trânsito
A presidente vetou, parcialmente, um projeto que altera o Códi-
um “gesto inútil” do Congresso.
go de Trânsito para colocar regras sobre retenção, remoção e leilão de
veículos. Dilma vetou o trecho que revogava um artigo do Código de
Vetos
Trânsito que fixa elementos da penalidade de apreensão de veículo.
Na sessão do Congresso da última terça-feira (22), os parlamen-
Fonte: G1 - (30/09/2015)
tares chegaram a apreciar e manter 26 dos 32 vetos que estavam na
pauta. Além dos seis vetos que restaram da pauta da semana passada, Dilma veta financiamento empresarial de campanhas
um novo veto foi acrescentado à lista. A presidente Dilma Rousseff decidiu sancionar parcialmente o
O Palácio do Planalto tem trabalhado na articulação política com projeto de reforma política aprovado pela Câmara, mas vetou o finan-
a base aliada na Câmara e no Senado para evitar a derrubada dos vetos. ciamento empresarial de campanhas. De acordo com a Folha de S.
Essa possibilidade preocupa o Executivo porque significaria uma am- Paulo, Dilma deixou o decreto assinado no fim da tarde de quinta-feira
pliação nos gastos do governo, que já prevê um orçamento deficitário (24), antes de embarcar para Nova York, onde a presidente vai abrir a
para o próximo ano. Segundo cálculos do Executivo, uma eventual Assembleia Geral da ONU. A decisão foi comunicada por Dilma a li-
derrubada de todos os vetos geraria um gasto extra para o governo de deranças da base aliada, de acordo com O Globo, e deve ser publicada
R$ 23,5 bilhões em 2016. no Diário Oficial até a segunda-feira (28).
Confira os vetos na pauta do Congresso: A decisão da presidente coincide com a do STF, que, na semana
Veto 21 – Áreas da Marinha passada, determinou que o financiamento empresarial de campanha é
O Congresso havia decidido reduzir os custos dos contribuintes inconstitucional. Segundo a Folha, na última segunda-feira (21), Dil-
com taxas e multas sobre o uso de áreas costeiras da Marinha, de pro- ma já havia dado sinais de que tomaria essa decisão. Em jantar com o
priedade da União, mas a Presidência optou pelo veto parcial argumen- comando do PCdoB, Dilma disse que não poderia se opor a decisão da
tando que a medida iria provocaria perda de receitas, sem a indicação suprema corte.
de medidas compensatórias”. No mesmo encontro, Dilma disse que conversou a respeito com
Veto 25 – Dedução de IR para professores o presidente da Câmara, Eduardo Cunha . Favorável ao financiamento
Outro item vetado pela presidente e que pode impactar nas contas das campanhas , ele disse, na semana passada, que o assunto não está
públicas se o Congresso derrubar é a permissão para que professores encerrado, apesar da decisão do STF.
descontem do imposto de renda gastos com a compra de livros. De Fonte: Revista Época - (25/09/2015)
acordo com o Ministério do Planejamento, essa proposta vai gerar uma
perda de R$ 4 bilhões na arrecadação do governo neste ano. Até 2019, Por 8 votos a 3, STF proíbe doações de empresas a políticos
o impacto é de R$ 16 bilhões. Depois de um ano e nove meses, o STF (Supremo Tribunal Fe-
Veto 26 – Reajuste do Judiciário deral) concluiu nesta quinta-feira (17) o julgamento da proibição das
O tema mais polêmico que será analisado pelos parlamentares é o doações de empresas a candidatos e partidos políticos.
reajuste entre 53% e 78% a servidores do Judiciário. O projeto, vetado Por 8 votos a três, o tribunal considerou as doações inconstitucio-
por Dilma, previa que as correções fossem escalonadas até 2019. De nais. A ação que contestou as contribuições empresariais no financia-
acordo com o Planejamento, essa proposta vai gerar uma despesa de mento político foi movida em 2013 pela OAB (Ordem dos Advogados
R$ 5,3 bilhões no ano que vem. Em quatro anos, até 2019, o custo total do Brasil), com o argumento de que o poder econômico desequilibra
será de R$ 36,2 bilhões. a disputa eleitoral.

Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS GERAIS
Segundo o ministro Ricardo Lewandowski, presidente da Corte, a Argumentos contrários à proibição de doações
proibição já vale para as eleições municipais de 2016, “salvo alteração “O que a Constituição combate é a influência econômica abu-
legislativa significativa”. siva”, disse o decano Celso de Mello. “Entendo que não contraria a
Na última quinta-feira (10), a Câmara dos Deputados derrubou o Constituição o reconhecimento da possibilidade de pessoas jurídicas
veto do Senado e aprovou projeto de lei que permite doações de em- de direito privado contribuírem mediante doações a partidos políticos
presas a partidos, num limite de R$ 20 milhões. O texto seguiu para a e candidatos, desde que sob sistema de efetivo controle que impeça o
sanção da presidente Dilma Rousseff (PT), mas a decisão de hoje no abuso do poder econômico”, afirmou o ministro.
STF pode levar a presidente a vetar a nova legislação. A petista tem até Em complemento ao seu voto nesta quinta-feira, Zavascki voltou
o dia 30 para avaliar o projeto. a afirmar que não há na Constituição a proibição expressa às doações
Nas eleições de 2014, 70% do dinheiro arrecadado por partidos empresariais. No entanto, o ministro defendeu que o STF proponha a
e candidatos veio de empresas. Pela lei atual, pessoas jurídicas pode- proibição de doações de empresas com contratos com o poder público
riam doar até 2% do faturamento bruto do ano anterior ao das eleições. e que doem a candidatos rivais. “É possível afirmar que certas veda-
Pessoas físicas também podem fazer doações, no limite de 10% de seu ções constituem em decorrência natural do sistema constitucional”,
afirmou o ministro.
rendimento. Essa possibilidade foi mantida pelo STF.
Gilmar Mendes, por sua vez, fez um voto duro, com muitas crí-
O julgamento começou em dezembro de 2013 e foi interrompi-
ticas ao PT, partido da presidente Dilma Rousseff. Em seu voto, o mi-
do duas vezes. Em 2013, o ministro Teori Zavascki pediu vista e, em
nistro argumentou que a proibição das doações empresariais tornaria
abril de 2014, o ministro Gilmar Mendes fez o mesmo. O julgamen-
necessário o financiamento público, feito com recursos do governo, de
to só foi retomado nesta quarta-feira (16). Ontem, Mendes votou pela
gastos elevados das campanhas. Ele também argumentou que a proi-
permissão das contribuições eleitorais das empresas. Também votou bição “asfixiaria” os partidos de oposição. “Nenhuma dúvida de que
favoravelmente o ministro Teori Zavascki e Celso de Mello, o último ao chancelar a proibição das doações privadas estaríamos chancelando
a votar nesta quinta. um projeto de poder. Em outras palavras, restringir acesso ao financia-
mento privado é uma tentativa de suprimir a concorrência eleitoral e
Argumentos a favor de proibir as doações eternizar o governo da situação”, declarou.
A ministra Rosa Weber afirmou em seu voto que as doações pri- Fonte: Portal Uol – (17/09/2015)
vadas desequilibram as chances dos candidatos, favorecendo aqueles
que conseguem mais contribuições empresariais. “É de rigor, pois, Câmara conclui votação e mantém doação de empresas a par-
concluir, que a influência do poder econômico transforma o processo tidos
eleitoral em jogo político de cartas marcadas”, afirmou Weber. A Câmara concluiu nesta quarta-feira (9) a votação de um projeto
Já a ministra Cármen Lúcia, que também votou nesta quinta-feira, de reforma política e restabeleceu a doação de empresas para partidos.
acompanhou o relator no julgamento da inconstitucionalidade das doa- Os deputados também excluíram restrições à contratação de pesquisas
ções, e usou um argumento defendido por outros ministros, de que as de intenção de voto por veículos de comunicação. As alterações ha-
doações levam a um “abuso” do poder econômico. “Se não há regras viam sido feitas no Senado, após a Câmara ter feito a primeira votação.
expressas [na Constituição], considero que o espírito da Constituição O texto segue agora para sanção presidencial.
me leva a pedir vênia dos votos divergentes para acompanhar o rela- O projeto da reforma política foi aprovado em 14 de julho pelos
tor”, afirmou Lúcia. deputados e prevê, entre outros pontos, teto para doações empresariais
Em 2013, quatro ministros já haviam votado a favor de mudar e limite de gastos em campanhas. O texto seguiu para o Senado e foi
a lei e proibir o financiamento por empresas. Foram eles: Joaquim aprovado nesta terça (8), mas, como sofreu várias alterações, retornou
Barbosa (que já se aposentou da Corte), Luiz Fux, Dias Toffoli e Luís para a Câmara.
Roberto Barroso. Rodrigo Maia elaborou um novo texto, resgatando grande parte
E, em abril de 2014, os ministros Marco Aurélio Mello e Ricardo da redação aprovada pela Câmara e mantendo somente pequenas mo-
Lewandowski também votaram contra a doação por empresas. dificações feitas pelos senadores. Pelo texto do relator, será permitido
“No Brasil, os principais doadores de campanha contribuem para o financiamento empresarial a partidos políticos, limitado a R$ 20 mi-
lhões por empresa – o Senado havia proibido qualquer doação de em-
partidos que não têm identidade política e se voltam para obtenção de
presa. Também foram derrubadas restrições impostas pelos senadores
acordos com o governo. As empresas investem em todos os candidatos
a pesquisas eleitorais.
que têm chance de vitória”, afirmou Marco Aurélio ao votar.
Pelo texto aprovado no Senado, os veículos de comunicação fica-
“O financiamento fere profundamente o equilíbrio dos pleitos,
riam impedidos de contratar institutos de pesquisas que nos 12 meses
que nas democracias deve se reger pelo princípio do ‘one man, one anteriores à eleição tivessem prestado serviços a partidos políticos,
vote’ [um homem, um voto]”, disse Lewandowski. candidatos e a órgãos ou entidades da administração pública direta e
“O financiamento público de campanha surge como a única alter- indireta dos poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do
nativa de maior equilíbrio e lisura das eleições. Permitir que pessoas Distrito Federal e dos municípios. Os deputados retiraram esta regra.
jurídicas participem do processo eleitoral é abrir um flanco para dese-
quilíbrio da dicotomia público-privada”, afirmou Dias Toffoli. Teto de doações
“O papel do direito é procurar minimizar o impacto do dinheiro na O texto fixa teto de R$ 20 milhões como gasto máximo para o fi-
criação de desigualdade na sociedade e acho que temos uma fórmula nanciamento de campanha eleitoral por pessoas jurídicas. Atualmente,
que potencializa a desigualdade em vez de neutralizá-la”, disse Luís doações de empresas a campanhas obedecem à regra do limite de 2%
Roberto Barroso. do faturamento bruto, o que foi mantido.

Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS GERAIS
No entanto, a norma atual não estabelece teto com valor mone- Debate eleitoral
tário fixo. O projeto também altera as regras atuais de participação nos deba-
Outra imposição nova é a regra que impede uma companhia de tes eleitorais em emissoras de televisão, nas eleições majoritárias e pro-
doar mais que 0,5% do faturamento bruto a um único partido. Ou seja, porcionais. Atualmente têm direito a participar candidatos de partidos
o limite de 2% continua, mas desde que diluído entre ao menos quatro que possuam pelo menos um representante na Câmara dos Deputados.
siglas. Pelo texto aprovado pelos parlamentares, será assegurada a par-
A pessoa jurídica que não obedecer às novas regra poderá ser im- ticipação de candidatos dos partidos com representação superior a
pedida de participar de licitações e de firmar contratos públicos por cin- nove representantes na Câmara dos Deputados. Com isso, candidatos
co anos, além de pagar multa de cinco a dez vezes o valor da doação. de partidos menores não terão acesso a essa participação na televisão,
O texto mantém o limite de contribuições de pessoas físicas em como ocorreu na última eleição presidencial, quando participaram dos
10% dos rendimentos brutos obtidos no ano anterior à eleição, mas debates os candidatos Levy Fidelix (PRTB), Luciana Genro (PSOL)
prevê que a soma de doações para um mesmo partido ou candidato não e Eduardo Jorge (PV) – os três são de partidos com menos de nove
pode ultrapassar um quarto desse valor. deputados eleitos.
O projeto prevê que, no primeiro turno, se 2/3 dos candidatos con-
Empresas com contratos cordarem, o número de participantes nos debates poderá ser reduzido
O projeto impede de financiar campanhas companhias que exe- aos com mais chance de vitória.
cutam obras públicas. A pessoa jurídica que descumprir a regra poderá
pagar multa no valor de cinco a dez vezes a quantia doada, além de fi- Prazo de filiação
car proibida de participar de licitações e celebrar contratos com o poder O relator resgatou ainda o texto da Câmara que prevê que um po-
público pelo período de cinco anos. lítico, para se candidatar, precisa estar filiado ao partido político pelo
menos seis meses antes da eleição. A versão do Senado mantinha a
Tempo de propaganda regra atual, pela qual uma pessoa, para concorrer, precisar estar filiada
O projeto reduz a duração da campanha eleitoral de 90 para 45 pelo menos um ano antes da data do pleito.
dias. Também diminui o tempo da propaganda eleitoral gratuita no rá-
dio e na televisão dos atuais 45 dias para 35 dias. O objetivo é moder- Participação feminina
nizar e reduzir o custo da propaganda eleitoral gratuita. Apesar de rejeitar a maior parte das alterações do Senado, Rodrigo
Nas eleições gerais – para presidente, governadores, senadores, Maia aceitou sugestões dos senadores a respeito de medidas de estímu-
deputados federais e estaduais – o tempo de duração da propaganda lo à participação feminina na política. A Câmara havia fixado que pelo
eleitoral gratuita também vai mudar. Hoje são dois blocos de 50 mi-
menos um minuto do programa partidário de TV e dois minutos nas
nutos por dia, mais 30 minutos distribuídos ao longo da programação.
inserções fossem dedicados às mulheres. Os senadores estabeleceram
Pelo projeto, serão dois blocos de 25 minutos e outros 70 minutos ao
esse mínimo em 10% nos dois casos – o que acabou sendo acatado
longo da programação. As inserções serão de 30 segundos a um minu-
pelos deputados.
to, entre 5h e 0h – atualmente, vai de 8h a 0h.
Nas eleições municipais (prefeito, vereador), no primeiro turno,
serão dois blocos de 10 minutos cada, para candidatos a prefeito. Além Direito de resposta na internet
disso, haverá 80 minutos de inserções por dia, sendo 60% para prefei- Os deputados também aprovaram outra sugestão vinda do Sena-
tos e 40% para vereadores, com duração de 30 segundos a um minuto. do, que concede o direito de resposta em relação a conteúdo divulgado
No segundo turno, serão 60 minutos diários para a propaganda eleito- na internet. O pedido poderá ser apresentado a qualquer tempo ou em
ral, usados em inserções de até 60 segundos. até 72 horas após sua retirada do ar.
Fonte: G1 - (09/09/2015)
Teto de gastos
O projeto fixa ainda teto de gastos nas eleições baseado em per- Reforma política: Senado muda regras para eleição propor-
centuais de despesas declaradas nas disputas eleitorais imediatamente cional
anteriores à entrada em vigor dessa lei. Em sessão que durou cerca de oito horas, o plenário do Senado
De acordo com a proposta, para o primeiro turno das eleições de votou hoje (2) o Projeto de Lei 75/2015, que foi enviado pela Câmara
presidente da República, governadores e prefeitos, o limite de gasto dos Deputados e trata de diversos temas relacionados à reforma polí-
nas campanhas de cada candidato será de até 70% do maior gasto de- tica. O projeto havia sido discutido em comissão especial formada na
clarado para o cargo, quando a disputa foi definida em primeiro turno. Casa, mas recebeu mais de 100 emendas em plenário que modificaram
Nos casos em que a eleição foi para o segundo turno, o limite será de o texto da comissão.
50% do maior gasto declarado. (veja na tabela acima os demais limites Uma das mudanças propiciadas por emendas, no plenário, foi a
de gastos de campanha) que trata de eleições proporcionais e coligações partidárias. Pelo texto
aprovado, ficou estabelecido que, mesmo estando em uma coligação,
Veto a propaganda ‘cinematográfica’ um candidato só será eleito se atingir pelo menos 10% dos votos do
A proposta também limita o uso de recursos artísticos nas propa- quociente eleitoral. O quociente é dado segundo a divisão do total de
gandas, para evitar publicidades “cinematográficas”. De acordo com o votos de um colégio eleitoral pelo número de vagas disponível para
texto, não poderão ser usados “efeitos especiais, cenas externas, mon- o cargo. Atualmente, um candidato que recebe muitos votos além do
tagens, trucagens, computação gráfica, edições e desenhos animados”. quociente, que é o necessário para se eleger, pode ajudar a eleger um
Esses recursos só serão permitidos em vinhetas de abertura e en- colega de coligação que não atingiu o número.
cerramento. Pelo texto, o programa eleitoral terá a participação dos Outro tema tratado pelas emendas, foi o da extinção do domicílio
candidatos e dos apoiadores, que só poderão participar no limite de eleitoral. Atualmente, o candidato tem que morar na cidade ou estado
25% do tempo total. ao qual se candidatar, mas o projeto extinguiu essa obrigatoriedade.

Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS GERAIS
O texto-base do projeto também tratou da regulamentação do Para o desembargador, André Catão apenas cumpriu suas tarefas
tempo de TV e rádio para os programas político-partidários e de pro- como funcionário de Charter. No caso específico, Catão e Charter fo-
paganda eleitoral obrigatória. Pelo texto aprovado, ficou estabelecido ram condenados por lavar dinheiro do tráfico de drogas. “Ele é uma
uma redução de 50 minutos para 25 minutos no tempo de televisão pessoa que realizava os atos materiais de depositar numa conta e em
destinado à propaganda eleitoral de presidente da República e depu- outra, e o que temos aqui são dois ou três depósitos nestes autos apenas
tados federais. e tão somente. Há uma escuta telefônica que procura vincular essa pes-
A campanha de governadores, deputados estaduais e senadores soa aos fatos, ele não nega que fez os depósitos, mas afinal de contas
também será reduzida para 25 minutos. Já a de prefeitos e vereadores fazia parte das atividades profissionais dele diárias realizar operações
será de dez minutos corridos, com inserções que somarão 70 minutos financeiras.”
ao longo da programação, sendo 60% desse tempo para os prefeitos e O entendimento de Paulsen diverge da decisão de Moro. Ao con-
40% para os vereadores. “Ou seja, os comerciais serão os carros-chefes denar Catão, Moro afirmou que era “pouco plausível” que Catão, ge-
da campanha, o que diminui muito os custos”, disse o senador Romero rente financeiro do posto desde 2003, não soubesse da “utilização do
Jucá (PMDB-RR), relator da reforma. estabelecimento comercial para a lavagem de dinheiro e para a prática
Uma emenda da senadora Marta Suplicy (sem partido – SP) tam- de crimes financeiros”. Ele foi condenado a quatro anos, em regime
bém estabeleceu que as propagandas institucionais do Tribunal Supe- semiaberto, por lavagem de dinheiro.
rior Eleitoral deverão incentivar a participação feminina na política. Mesmo contrariando Moro, o desembargador Leandro Paulsen
Serão inserções de cinco minutos por 120 dias. elogiou o trabalho do juiz na condução da Lava Jato. “O magistrado
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) teve também uma emenda analisou cada caso, analisou as provas e decidiu com a independência
aprovada. Ela impõe a obrigatoriedade, após o voto do eleitor, de im- que lhe é peculiar. Então, estamos em um caso bem trabalhado, um
pressão de um recibo para que o eleitor confira o seu voto. Esse recibo caso que vem sendo analisado com cuidado desde o início.”
será colocado em urna lacrada pelo chefe da sessão eleitoral para que O advogado Marcelo Moura, que defende Catão, disse que seu
possa servir a uma eventual checagem de votos posterior. cliente ficou sete meses preso provisoriamente, em regime fechado,
O projeto retornará agora para a Câmara, onde os deputados po- enquanto a decisão no mérito era em semiaberto. Catão já está solto.
derão aprová-lo integral ou parcialmente. Eles podem ainda retomar o “Ele teve uma punição mais gravosa do que a própria condenação. Foi
texto original da Câmara apenas em alguns trechos, mas não poderão a primeira vez, no mérito, que um tribunal analisou a Lava Jato e, de
fazer novas inserções para modificar o projeto. A expectativa é que forma técnica, apontou ilegalidades nas decisões”, afirmou.
Fonte: Revista Época – (22/09/2015)
ele seja aprovado definitivamente, ainda este mês, para que as regras
possam valer para as eleições do ano que vem.
ECONOMIA
Fonte: Istoé.com.br – (03/09/2015)
ASSEMBLEIA GERAL DA ONU
Sérgio Moro sofre primeira derrota e réu da Lava Jato é ab-
solvido por lavagem
Na ONU, Dilma diz que Brasil não tem ‘problemas estrutu-
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região reverteu na segunda- rais graves’
feira (21), pela primeira vez, uma condenação do juiz Sérgio Moro na Em seu discurso na sessão de abertura da Assembleia Geral da
operação Lava Jato. Esse foi o primeiro recurso que chegou ao tribunal Organização das Nações Unidas (ONU), a presidente Dilma Rousseff
contra condenações de Moro sobre o mérito do esquema de lavagem admitiu aos líderes mundiais que o Brasil passa, atualmente, por um
de dinheiro. Por maioria, a 8ª Turma decidiu absolver André Catão, momento de dificuldades econômicas, com aumento da inflação, des-
funcionário do doleiro Carlos Charter. valorização cambial e queda de receitas. Ela, no entanto, ressaltou que,
O julgamento é simbólico porque Charter, junto com o doleiro apesar da crise, o país não vive “problemas estruturais graves”, e sim
Alberto Youssef, está na origem da operação. O nome Lava Jato, aliás, dificuldades pontuais.
é uma referência ao posto de gasolina usado por Charter para lavar Após destacar que, nos últimos seis anos, o Brasil adotou uma
dinheiro – Catão era o gerente. Eles foram o primeiro alvo da Polícia série de medidas para tentar reduzir os efeitos da crise econômica in-
Federal quando a operação foi deflagrada, em março do ano passado, ternacional de 2008 e que essas ações chegaram “ao limite”, Dilma
e tinha como foco lavagem de dinheiro – ainda não havia na ocasião frisou que o objetivo de seu governo é gerar mais oportunidades de
suspeitas da extensão do esquema na Petrobras. investimentos, ampliando a geração de empregos no país.
Até agora, a Justiça vinha mantendo a grande maioria das deci- Ao longo de cerca de 20 minutos de discurso, ela disse que a
sões provisórias do juiz Sérgio Moro, como a manutenção de prisões economia brasileira é “mais forte e sólida” do que em anos anterio-
preventivas. A decisão do TRF-4 foi a primeira que analisou o mérito res e tem condições de superar as dificuldades e “avançar na trilha do
da operação – ou seja, se as provas colhidas na investigação eram sufi- crescimento”. Como em discursos recentes, a petista voltou a afirmar
cientes para uma condenação. que o momento é de transição para o “novo ciclo de desenvolvimento
O voto vencedor foi do desembargar federal Leandro Paulsen, re- econômico”.
visor do caso. “Esse é o primeiro mérito, senhor presidente, da Opera- “A lenta recuperação da economia mundial e o fim do superciclo
ção Lava Jato que abordamos”, disse antes de anunciar seu voto, profe- das commodities incidiram negativamente sobre nosso crescimento. A
rido no fim de agosto. Nesta terça-feira, o desembargador Victor Laus desvalorização cambial e as pressões recessivas produziram inflação e
acompanhou Paulsen, formando maioria pela absolvição de Catão. forte queda da arrecadação, levando a restrições nas contas públicas. O
Para Paulsen, não ficou comprovado que André Catão, na condi- Brasil, no entanto, não tem problemas estruturais graves, nossos pro-
ção de funcionário, se beneficiou do esquema. “Não há nenhum ele- blemas são conjunturais e, diante desta situação, estamos reequilibran-
mento que aponte qualquer enriquecimento por parte dele, e sim ale- do o Orçamento e assumimos uma forte redução de nossas despesas,
gações no sentido de que é uma pessoa de modesto poder econômico”. gastos de custeio e parte do investimento”, enfatizou.

Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS GERAIS
Dilma citou no auditório da ONU que, na tentativa de conter a “O Brasil é um país de acolhimento, um país formado por refu-
crise econômica, seu governo propôs ao Congresso Nacional “cortes giados. Recebemos sírios, haitianos, homens e mulheres de todo mun-
drásticos” de despesas no Orçamento do ano que vem. Conforme a do. Assim como abrigamos há mais de um século europeus, árabes e
petista, o país deverá se reorganizar na economia, buscando a estabili- asiáticos, estamos abertos e de braços abertos para receber refugiados.
dade macroeconômica e a retomada do crescimento com distribuição Somos um país multiétnico”, disse a presidente, sendo intensamente
de renda. aplaudida pelos governantes mundiais.
“Propusemos cortes drásticos de despesas e redefinimos nossas Fonte: G1 - (28/09/2015)
receitas. Essas iniciativa visam a reorganizar o quadro fiscal, reduzir a
inflação, consolidar a estabilidade macroeconômica e garantir a reto- ALTA DO DÓLAR
mada do crescimento com distribuição de renda.”
A chefe do Executivo falou ainda sobre as políticas sociais e de Dólar fecha acima de R$ 4 pela primeira vez na história
transferência de renda implantadas nos últimos anos pelo governo bra- O dólar fechou em alta nesta terça-feira (22) e passou a máxima
sileiro. Segundo ela, a “eficácia” do programa Fome Zero pode ser histórica de R$ 4. A alta vem na esteira das preocupações do mercado
vista na retirada do Brasil do chamado “mapa da fome”, um dos itens com votações no Congresso e com a possibilidade de o Federal Reser-
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. ve, o banco central dos Estados Unidos, elevar os juros este ano.
A moeda norte-americana teve alta de 1,83%, vendida a R$
Corrupção 4,0538. Veja a cotação do dólar hoje. No ano, o dólar já tem alta acu-
Dilma também abordou, em meio ao discurso, o tema da corrup- mulada de 52,47%.
ção. A presidente afirmou que, graças ao “vigor de suas instituições”, A cotação de fechamento desta terça é a mais alta já registrada
o Estado brasileiro tem atuado de forma “firme e imparcial”, por meio desde a criação do real. A mais alta até então havia sido registrada em
de seus órgãos de fiscalização, para investigar e punir desvios e crimes. 10 de outubro de 2002, quando o dólar chegou a ser vendido a R$ 4 du-
Ela destacou que, no Brasil, o governo e a sociedade “não toleram a rante o pregão, mas desacelerou a alta e fechou naquele dia a R$ 3,98.
corrupção”. Na época, a moeda norte-americana foi impulsionada, entre ou-
“Queremos um país em que as leis sejam o limite. Muitos de nós tros, pelas perspectivas de que o então candidato à Presidência Luiz
lutamos por isso quando as leis e os direitos foram vilipendiados du- Inácio Lula da Silva (PT) seria eleito, algo que não agradava o mercado
rante a ditadura. Queremos um país em que os governantes se com- financeiro.
portem rigorosamente segundo suas atribuições, sem ceder a excessos, “(O dólar) vai continuar subindo, sabe-se lá até onde”, disse à
além de juízes que julguem com liberdade e imparcialidade, sem pres- Reuters o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues. “O
sões de qualquer natureza, desligados de paixões político-partidárias”, problema é a falta de credibilidade, o ambiente de incertezas. Não há
ressaltou. leilão que segure”, acrescentou, referindo-se às intervenções do Banco
Dilma também dedicou parte do discurso à defesa da democracia Central.
no Brasil. Em um dos trechos, ela citou uma declaração do ex-presi-
dente do Uruguai José Mujica, na qual ele afirma que a democracia não Dólar turismo a mais de R$ 4,50
é perfeita, mas é preciso defendê-la para melhorá-la. Nas casas de câmbio, a disparada do dólar já mostra seus reflexos.
Sem mencionar diretamente o atual momento político do Brasil, a Na manhã desta terça-feira, a cotação chegava a R$ 4,50 no cartão
presidente foi enfática ao dizer que o Brasil “continuará trabalhando” pré-pago, com o IOF de 6,38% incluído, na Confidence Câmbio. Em
pelo caminho democrático e não “abrirá mão” das conquistas pelas espécie, a moeda sai por R$ 4,27. Na Cotação, o dólar chegava a R$
quais “tanto lutamos”. 4,489 no cartão e a R$ 4,276 em espécie (ambos com imposto incluí-
“Queremos um país em que o confronto de ideias se ambiente de do). Na Vips Turismo, os valores eram de R$ 4,22 e R$ 4,45, respec-
civilidade e respeito. Queremos um país em que a liberdade de impren- tivamente.
sa seja fundamento dos direitos de opinião e manifestação”, declarou
a petista. Gastos no exterior
A disparada do dólar freia os gastos dos brasileiros no exterior.
Refugiados Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo BC, essas despesas
A presidente da República também usou seu discurso na Assem- caíram 46,2% em agosto, frente ao mesmo mês do ano anterior, para
bleia Geral da ONU para comentar a crise de imigração que o mundo US$ 1,26 bilhão.
vive atualmente. Na avaliação de Dilma, é um “absurdo impedir o livre
trânsito de pessoas”. Ela se referia a situação de refugiados que tentam Votações
chegar a países da Europa. A partir das 19h desta terça-feira, o Congresso Nacional se reúne
Nas últimas semanas, a Europa tem recebido milhares de imigran- para decidir se mantém ou rejeita vetos da presidente Dilma a projetos
tes ilegais saídos de países em conflito na África e no Oriente Médio. A que geram despesas e integram a chamada “pauta-bomba”.
emigração em massa vem gerando acirramento da repressão nas fron- Alvo de grande preocupação do governo, eventual derrubada dos
teiras europeias e acidentes envolvendo imigrantes que se arriscam vetos vai anular quase todo o esforço de corte de gastos que o gover-
para chegar a um novo país. no anunciou como parte do pacote de ajuste fiscal – R$ 26 bilhões
“Em um mundo onde circulam livremente mercadorias, capitais, – dificultando ainda mais o reajuste das contas públicas e alimentando
informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas”, apostas de que o país pode perder o selo de bom pagador por outras
opinou a presidente brasileira. agências de classificação de risco além da Standard and Poor’s. Nesta
Dilma voltou a declarar, a exemplo do que fez durante reuniões manhã, porém, o analista da Moody’s Mauro Leos afirmou que o Bra-
preliminares da ONU no fim de semana, que o Brasil está aberto para sil ainda está em condição melhor do que países que perderam o selo
receber imigrantes. de bom pagador.

Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS GERAIS
“Essas dificuldades que o governo enfrenta no Congresso deixam Na quinta-feira (24), quando o dólar bateu R$ 4,25 durante o dia, o
o país quase ingovernável do ponto de vista fiscal”, disse o operador da presidente do BC, Alexandre Tombini, declarou que as reservas inter-
corretora SLW, João Paulo de Gracia Correa. nacionais brasileiras “são um seguro, podem e devem ser utilizadas”.
Segundo ele, “certamente todos os instrumentos estão à disposição do
Juros dos EUA BC”.
Os mercados temem ainda que o Fed, banco central dos Estados — Em relação às reservas internacionais, são um seguro. Pode e
Unidos, eleve as taxas de juros do país. A elevação da taxa, mantida nas deve ser utilizado.
mínimas históricas desde a crise financeira internacional, deverá atrair Fonte: R7 - (26/09/2015)
recursos para os EUA, retirando dólares do Brasil – e incentivando a
alta na cotação da moeda em relação ao real. Congresso decide se mantém vetos do governo a aumentos de
O dólar subia globalmente após declarações de uma série de in- gastos
tegrantes do Federal Reserve, banco central norte-americano, ressalta- As atenções nesta terça-feira (22) estão voltadas para Brasília. O
rem que podem dar início ao aperto monetário ainda neste ano, após Congresso decide se mantém os vetos da presidente Dilma aos aumen-
postergar na semana passada esse movimento em meio a preocupações tos de gastos aprovados pelos próprios parlamentares. O governo pre-
com a economia global. fere até adiar a votação. Se for derrotado, o efeito nas contas públicas,
já em situação muito complicada, será devastador. Essa é a avaliação
Ação do BC de técnicos do governo. Quer ver um exemplo? Apenas um dos pro-
Na segunda-feira, o Banco Central fez um leilão de venda de US$ jetos que o governo derrubou, o que reajusta salários de servidores do
3 bilhões com compromisso de recompra. Mas a medida não foi su- Judiciário, representa gastos de R$ 36 bilhões de reais. É mais do que
ficiente para frear a alta na cotação do dólar frente ao real: a moeda os cortes de despesas anunciados no pacote fiscal.
terminou o dia em alta de 0,57%, vendida a R$ 3,9809. Foi um tal de gastar sola de sapato e se reunir tarde da noite, nesta
O salto da moeda dos EUA alimentava nas mesas de câmbio que o segunda-feira (21). Líderes dos partidos aliados confirmaram o que já
Banco Central pode ampliar ainda mais sua intervenção, uma vez que se sabia o dia inteiro. O governo não tem votos para barrar as despesas
cotações mais altas tendem a pressionar a inflação.
que foram aprovadas pelo Congresso, vetadas pela presidente Dilma, e
“(Resta) ao BC achar alguma saída para conter a desvalorização
que agora precisam da palavra final de deputados e senadores. Para não
do real, pois leilão de linha não faz mais preço”, escreveu o operador
correr risco, o jeito é evitar a votação.
da corretora Correparti, em nota a clientes, Guilherme França Esquel-
“Nós não podemos nem pensar em ver derrubados esses vetos,
bek, segundo a Reuters.
porque aí é um caos total”, adverte o líder do governo, Delcídio Amaral
O BC deu continuidade nesta terça ao seu programa diário de in-
(PT/MS) .
terferência no câmbio, seguindo a rolagem dos swaps cambiais que
Na lista de vetos da presidente, que o Congresso decidirá se man-
vencem em outubro, com oferta de até 9,45 mil contratos, equivalentes
tém ou não, estão:
a venda futura de dólares.
O reajuste de até 78% para os servidores do Judiciário, que até
Ao todo, já rolou o equivalente a US$ 6,740 bilhões, ou cerca de
71% do lote total, que corresponde a US$ 9,458 bilhões. 2019 custaria quase R$ 36 bilhões.
O reajuste aos aposentados e pensionistas igual ao salário mínimo,
Expectativas que custaria, até 2019 também, R$ 11 bilhões.
Segundo dados do boletim Focus, do Banco Central, a estimativa A isenção do PIS/Cofins para o óleo diesel, que teria impacto de
dos analistas dos bancos é que a valorização do dólar perca força. A R$ 64 bilhões.
projeção do mercado financeiro é que a taxa de câmbio chegue ao final E o desconto do Imposto de Renda para professor comprar livros,
do ano em R$ 3,86 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos mais R$ 16 bilhões.
analistas para a taxa de câmbio subiu de R$ 3,80 para R$ 4. Em um momento desse, de ajuste fiscal, o conjunto de vetos pro-
Fonte: G1 – (22/09/2015) duz R$ 127 bilhões a mais para o país, será que é justo eu quebrar o
pais?”, questiona o vice-líder do governo, deputado Sílvio Costa, do
Dilma afirma que Brasil tem reservas de dólares suficientes PSC-PE.
para “não haver nenhum problema” O governo está trabalhando para esvaziar a sessão e não ter parla-
Após o dólar bater recordes históricos ao longo da semana, a pre- mentar suficiente para a votação. A outra estratégia é o cancelamento, o
sidente Dilma Rousseff assegurou neste sábado (26), em Nova York, que pode ser feito pelo presidente do Senado, Renan Calheiros.E essas
que o Brasil tem reservas suficientes para lidar com as oscilações da sessões têm mesmo sido raras. A última votação de vetos no Congresso
moeda norte-americana e que o País tem uma posição firme e clara foi em março. De lá para cá, foram marcadas outras 10 sessões. Quatro
sobre a questão. não tiveram quórum e outras 6 nem aconteceram.
— O Brasil hoje tem reservas suficientes para que não tenhamos Até o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, do PMDB-
nenhum problema, nenhuma disruptura por conta do dólar. -RJ, justamente quem colocou esses projetos bilionários para votar, e
A presidente ressaltou que o governo se preocupa com a questão que vem cobrando cortes de despesa do governo, nesta segunda-feira,
pelo fato de que há empresas que têm dívidas em dólar. depois de uma reunião com a presidente Dilma, disse que a pauta é
Dilma aproveitou o tema para ressaltar a atuação do BC (Banco incendiária.
Central) para conter a alta brusca da moeda norte-americana. “Seria uma atitude de colocar mais gasolina na fogueira. Não tem
— O governo terá uma posição bem clara e firme como foi essa sentido a gente recriminar e não concordar com a criação de imposto e
que o Banco Central teve ao longo do final da semana passada. ajudar a criar despesas”, afirmou

Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS GERAIS
A oposição assiste de camarote a movimentação do governo. Entre essas medidas, também está a criação de um imposto sobre
“A responsabilidade pela derrubada do veto é do próprio governo. “ganho de capital progressivo”, que será cobrado sobre aumentos de
A oposição numericamente é raquítica, insignificante, não tem força receita das pessoas físicas; redução do benefício a ser concedido no
para derrubar veto algum”, afirma o senador Álvaro Dias, do PSDB- próximo ano para os exportadores de produtos manufaturados; e redu-
-PR. ção dos benefícios dados à indústria química por meio do PIS/Cofins.
Aguardando o que vai acontecer nesta terça-feira (22), o governo Além da PEC da “nova CPMF”, o governo também enviou ao
segurou o envio, ao Congresso, do pacote de ajuste fiscal. Enquanto Congresso nesta terça-feira outra proposta de emenda constitucional
isso, continua discutindo mudanças no primeiro escalão do governo. O que revoga o abono de permanência dos servidores públicos, adicional
prometido é o corte de 10 ministérios. Também nesta terça a presidente que a categoria recebe quando continua a trabalhar após a aposentado-
chamou partido por partido. O PMDB, que tem mais espaço, ficou até ria. Atualmente, há 101 mil servidores nessa situação e, com o corte, o
de madrugada em reunião. É que desagradar aliados neste momento de governo espera economizar R$ 1,2 bilhão.
ajuste fiscal não é prudente. E aí, haja jantar, haja reunião. O executivo também enviou ao Legislativo nesta terça Medida
E na noite desta terça-feira, o Sindijus, Sindicato dos Trabalhado- Provisória que altera a incidência do Imposto de Renda sobre o ganho
res do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito de capital em razão da alienação de bens e direitos, passando dos atuais
Federal, entrou com ação no Supremo Tribunal Federal para pedir que 15% fixos para 15% quando o ganho for até R$ 1 milhão; 20%, quan-
o Congresso seja obrigado a votar o veto presidencial ao projeto de lei do o ganho for entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões; R$ 25%, quando o
que trata do reajuste da categoria. ganho variar de R$ 5 milhões a R$ 20 milhões; e 30% quando o valor
O ministro Luiz Fachin está com o caso. Ele pediu que a Advoca- ultrapassar R$ 20 milhões.
cia-Geral da União preste esclarecimentos sobre o pedido e só depois Por último, o governo enviou ao Legislativo projeto de lei que
disse que vai decidir se concede ou não a liminar pedida. disciplina em todo o país a aplicação de um teto para a remuneração de
Fonte: G1 – (22/09/2015) agentes políticos e públicos. Segundo a proposta apresentada na sema-
na passada pela equipe econômica, o objetivo do governo é reduzir até
RECRIAÇÃO DA CPMF R$ 800 milhões com a medida.
Fonte: G1 – (22/09/2015)
Dilma envia ao Congresso PEC que cria ‘nova CPMF’
A presidente Dilma Rousseff enviou nesta terça-feira (22) ao Con- Governo vai rever tributação sobre smartphones, vinhos e
gresso Nacional Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria destilados
um imposto nos moldes da antiga Contribuição Provisória sobre Movi- O governo continuará adotando medidas para melhorar os resul-
mentação Financeira (CPMF). O envio foi publicado em edição extra tados das contas públicas em 2016 por meio do aumento de tributos e
do “Diário Oficial da União”, segundo informou a Casa Civil. venda de participações acionárias, além de novas concessões, infor-
Anunciada na semana passada pelo ministro da Fazenda, Joaquim mou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, ao comentar o pro-
Levy, após reunião da coordenação política do governo no Palácio do jeto do Orçamento de 2016.
Planalto, a criação do imposto foi considerada por ele “bastante cen- O documento, que prevê déficit inédito (gastos maiores que recei-
tral” no “esforço” de diminuir o déficit das contas. De acordo com o tas) de R$ 30,5 bilhões, o que representa 0,5% do Produto Interno Bru-
texto enviado para o Congresso Nacional, haverá noventena na co- to (PIB), foi entregue ao Congresso Nacional nesta segunda-feira (31).
brança do tributo, ou seja, a cobrança começa somente 90 dias depois Segundo o ministro, o governo irá rever a política de benefício
da eventual aprovação, informou a Receita Federal. fiscal do Programa de Inclusão Digital, que consistia na redução a
Segundo o Ministério da Fazenda, a PEC enviada estabelece uma zero das alíquotas do PIS/Cofins na venda a varejo de computadores
alíquota de 0,2% sobre as movimentações financeiras. Ao anunciar as e notebooks – e que também abrange tablets, modems, smartphones e
medidas, o governo informou que o novo imposto irá vigorar por até roteadores digitais. Em 2015, o impacto do programa é de cerca de R$
quatro anos, e os recursos arrecadados serão destinados à Previdência 8 bilhões.
Social. Além disso, o ministro do Planejamento informou que haverá
“O produto da arrecadação da contribuição, no período estabele- alta de impostos de bebidas quentes, como vinhos e destilados. Tam-
cido, será destinado ao custeio da previdência social e não integrará a bém devem ser feitas alterações no Imposto de Renda sobre direito de
base de cálculo da Receita Corrente Líquida”, diz o texto da proposta imagem e no Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) que incide
de emenda constitucional. nas operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Criada no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Social (BNDES). Com a elevação dos tributos, o governo espera arre-
(CPMF) para financiar investimentos na saúde, a CPMF foi extinta cadar mais R$ 11,2 bilhões em 2016.
pelo Congresso Nacional em 2007, durante o governo do ex-presidente As mudanças serão feitas por meio de atos administrativos e tam-
Luiz Inácio Lula da Silva. bém por envio de medida provisória (MP) ao Congresso.
Conforme mostrou o G1, a volta do imposto enfrenta resistências No caso da tributação sobre computadores e notebooks, entre
de parlamentares. O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral outros produtos, o ministro afirmou que será enviada uma Medida
(PT-MS), por exemplo, chegou a afirmar que as chances de aprovação Provisória ao Congresso para rever a atual política. Ele não informou,
pelo Legislativo da proposta que cria o imposto são “pequenas”. porém, se os benefícios acabarão por completo ou se serão reduzidos.
Em relação à tributação de vinhos e destilados, o aumento pode
Cortes e novos tributos ser implementado somente com ato legal da Receita Federal, confir-
No último dia 14, a equipe econômica do governo anunciou uma mou o Ministério do Planejamento. Já no caso do IOF, Barbosa expli-
série de medidas para reduzir gastos e aumentar a arrecadação. cou que ele pode ser implementado via decreto presidencial.

Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS GERAIS
CPMF Os estudos mais avançados no Ministério da Fazenda são o que
Questionado se o governo ainda considera em criar um tributo envolvem a alta da Cide-Combustíveis, segundo fontes. Um aumento
para financiar a saúde pública, após ter desistido de reeditar a Contri- da Cide dos atuais R$ 0,22 por litro para algo em torno de R$ 0,60
buição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o ministro representaria uma arrecadação extra para a União de cerca de R$ 12
do Planejamento informou que será iniciada uma discussão no Con- bilhões. O aumento menor para R$ 0,40 é outra opção em estudo. A
gresso sobre como melhorar a qualidade do gasto público nessa área. dificuldade para o Ministério da Fazenda é calibrar a alíquota sem fazer
A CPMF era um imposto sobre transações bancárias que vigorou um estrago gigantesco na inflação.
por dez anos e acabou em 2007, quando foi derrubado pelo Senado. Uma fonte da equipe econômica reconheceu, no entanto, que ne-
“Queremos ter uma ampla discussão sobre fontes e uso de recur- nhum dos tributos que podem ser elevados pela presidente tem capaci-
sos para a saúde. Vamos iniciar a discussão para construir uma pro- dade sozinho de garantir uma arrecadação em torno de R$ 64 bilhões,
posta em conjunto com o Congresso Nacional. O foco principal é me- que é tamanho do rombo que o governo precisa cobrir no Orçamento
lhorar a qualidade do gasto, não é aumento de receita [com aumento de 2016 para fechar as contas com superávit de R$ 34,4 bilhões e, junto
de tributo]. Se o Congresso achar que é necessário mais recursos...”,
com resultado previsto dos Estados e municípios de R$ 9,4 bilhões,
declarou ele.
fechar o ano dentro da meta de 0,7% Produto Interno Bruto (PIB).
Nelson Barbosa disse que “hoje o principal desafio fiscal do Bra-
A defesa do compromisso de cumprimento da meta de 0,7% foi
sil é controlar o crescimento dos gastos obrigatórios da União”. Isso
significa discutir, além de despesas com a saúde, os gastos com a Pre- assumida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do
vidência, com funcionários públicos, entre outros, afirmou o ministro. Banco Central, nas reuniões internas do G-20, na Turquia. Um recuo
Concessões e estatais nesse compromisso pela presidente Dilma comprometerá de vez a per-
Nelson Barbosa informou ainda que também haverá vendas de manência do ministro Levy no governo. O governo tem um prazo de
participações acionárias do governo, mas não detalhou quais empresas um mês para enviar ao Congresso um adendo à proposta de Orçamen-
públicas poderão ser alienadas, além do leilão da folha de pagamentos to.
da União. Ainda assim o governo dependerá de mudanças que terão ser fei-
Também estão previstos a ampliação do processo de concessões tas pelo Congresso. Uma das propostas também em estudo é a cria-
e venda de imóveis e o aperfeiçoamento e aumento da cobrança da ção de uma alíquota mais alta do Imposto de Renda da Pessoa Física
dívida ativa da União. Estas medidas renderão, de acordo com ele, R$ (IRPF) para atingir os mais ricos. Hoje, a alíquota mais alta é de 27,5%.
37,3 bilhões ao governo. Cálculos indicam que a elevação da alíquota para 35% poderia render
mais R$ 7 bilhões. Também há medidas em estudo para a tributação
Maior transparência de lucros e dividendos recebidos de empresas e o fim do benefício de
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, declarou que o governo Juros de Capital Próprio (JCP) para as grandes empresas.
está adotando uma série de medidas que representam sacrifício, como O espaço de cortes de despesas no curto prazo permanece muito
redução dos ministérios. restrito. Nas despesas discricionárias (as não obrigatórias) o máximo
“A gente sabe onde a gente quer chegar, a gente sabe como vai que poderá ser cortado é de cerca de R$ 2 bilhões, mesmo assim com
chegar, que é através de reformas, é fazer o Brasil mais justo simples, grande prejuízo para a administração da máquina e dos programas de
eficiente através de medidas legislativas em alguns casos. Precisa de governo. A previsão de gastos de R$ 250,4 bilhões com as despesas
uma ponte para assegurar a estabilidade fiscal, com receitas para cobrir discricionárias incluída na proposta de Orçamento de 2016 é em nível
despesas no curto prazo, podem ser ações provisórias, mas é importan- semelhante ao que foi pago em 2012, o que na avaliação de um inte-
te considerá-las”, disse Levy. grante da equipe econômica mostra o tamanho do esforço do governo
Segundo ele, essa é a conclusão que o orçamento apresentado é na redução dos gastos.
“transparente e provoca reflexão no momento em que o Brasil enfrenta Mesmo essas despesas não podem ser totalmente cortadas. Desse
uma mudança significativa do ambiente econômico”.
total, R$ 90 bilhões de gastos da União e R$ 17 bilhões da Educação
Fonte: G1 – (31/08/2015)
obedecem limites constitucionais. No grupo de despesas discricioná-
rias, também estão os recursos para o programa Bolsa Família (R$ 30
Governo avalia aumentar tributos que não precisam passar
pelo Congresso bilhões), bolsas de estudo, pagamentos de terceirizados, compras para
Diante da dificuldade de fechar as contas de 2016 sem a recriação a reforma agrária, seguro agrícola, contribuição para creches e transfe-
da CPMF, a área econômica já admite a possibilidade de recorrer à rências para penitenciárias.
elevação das alíquotas de tributos que não precisam de aprovação do Fonte: Istoe.com.br – (08/09/2015)
Congresso Nacional, como Cide, IPI e IOF, para tentar reduzir o rombo
no Orçamento da União. Governo prevê alta real dos gastos no Orçamento 2015
Esses tributos dependem apenas da “caneta” da presidente da Apesar de ter enviado, pela primeira vez, uma proposta de orça-
República e são utilizados como instrumento regulatório de políti- mento ao Congresso Nacional com déficit primário (despesas maiores
ca econômica para enfrentar determinadas situações conjunturais da do que receitas, sem contar os juros), o governo prevê gastar mais no
economia. Não há necessidade de aprovação de mudança legal pelos ano que vem.
deputados e senadores. As mudanças na alíquota podem ser feitas por A estimativa para as chamadas “despesas discricionárias”, ou seja,
meio de decreto presidencial. aquelas que não são obrigatórias, sobre as quais o governo tem contro-
Há consenso no governo sobre a necessidade de elevação da carga le, é de R$ 250 bilhões em 2016, uma alta de 9,2% contra os R$ 229
tributária. Caberá agora a presidente Dilma Rousseff decidir sobre o bilhões previstos para este ano (último limite, autorizado em julho).
tributo com menor efeito colateral na economia ou um “mix” de alta Em 2013 e 2014, respectivamente, as despesas discricionárias haviam
das alíquotas de todos eles. somado R$ 220 bilhões e R$ 259 bilhões.

Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS GERAIS
O aumento é maior do que a inflação prevista para o período, de De acordo com o Sindigás, o presidente da Sergás (sindicato das
5,4%. revendedoras), Robson Carneiro dos Santos, afirma que o reajuste será
Apesar da alta prevista, o governo informou que prevê estabilida- repassado ao consumidor. “Não tem como segurar o preço final por
de nas chamadas despesas discricionárias (não obrigatórias) em pro- muito tempo porque os nossos custos também subiram muito”, afir-
porção ao PIB, no patamar de 4% em 2016 – mesmo valor deste ano. mou, segundo nota divulgada no site do sindicato.
Quase todos os ministérios tiveram aumento autorizado em suas Fonte: G1 - (31/08/2015)
verbas, que também atingiu o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). O único que teve bloqueio, em relação ao limite autorizado REBAIXAMENTO DA NOTA DE CRÉDITO DO BRASIL
para este ano, foi o programa Ciência Sem Fronteiras, a cargo dos Mi-
nistérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. Fitch: mudança de ‘rating’ pode ocorrer a qualquer momento
Um diretor da agência de avaliação de risco Fitch Ratins disse
Orçamento 20,4% maior para o PAC. que a agência pode revisar a nota do país a qualquer momento. Rafael
No caso do PAC, depois do forte corte que está sendo implemen- Guedes, contudo, ressalvou que a agência não costuma mudar o rating
tado neste ano, os valores liberados voltarão a subir em 2016. De acor- em mais de um degrau por vez. Mas ele lembrou que em 2002 a Fitch
do com o documento, que foi enviado nesta segunda-feira (31) ao Con- rebaixou a avaliação do país duas vezes no mesmo ano.
gresso Nacional, as despesas do PAC deverão somar R$ 42,4 bilhões Atualmente, a nota do Brasil pela agência é BBB, dois degraus
em 2016, contra R$ 35,22 bilhões neste ano, o que representa uma alta acima do nível junk. Depois de perder, no início do mês, o selo de bom
de 20,4%. Em 2014, totalizaram R$ 57,68 bilhões. pagador da Standard & Poor’s, o país é considerado grau de investi-
“No PAC, a prioridade é completar nossas obrigações. E não co- mento por duas agências: Fitch e Moody’s. Se mais uma das agências
meçar projetos novos se não houver recursos. A prioridade é reduzir revisar para baixo a nota do Brasil, o país pode perder uma série de
os restos a pagar, completar as obras em andamento. Terminar mais investidores, já que muitos fundos de investimento só podem aplicar
de 1,5 milhão de unidades do Minha Casa Minha Vida, além de rodo- capital em países que tenham selo de bom pagador por pelo menos
vias, ferrovias, portos, aeroportos, mobilidade urbana. Iniciar projetos duas agências.
novos somente se forem compatíveis com nossa disponibilidade de re- Fonte: Yahoo Notícias - (28/09/2015)
cursos”, declarou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
Após rebaixamento, Dilma se diz comprometida com meta
Despesas obrigatórias fiscal
Já as despesas obrigatórias estão estimadas pelo governo federal Depois do rebaixamento do Brasil pela agência de avaliação de
em R$ 960 bilhões, ou 15,4% do PIB, em 2016, contra R$ 871 bilhões, risco Standard & Poor’s, a presidente Dilma Rousseff disse estar “com-
ou 15% do PIB, neste ano – um aumento de 0,4 ponto percentual. prometida” com a meta de superávit fiscal de 0,7% do PIB.
Sobre as despesas obrigatórias, o ministro do Planejamento afir- Dilma havia dado uma entrevista do jornal Valor Econômico antes
mou que sua redução envolve medidas que precisam ser enviadas ao do Brasil perder o grau de investimento e voltou a falar com o jornal
Congresso Nacional. “Em paralelo a este orçamento, temos ações para em seguida.
construir políticas de longo prazo para controlar os principais gastos “O governo brasileiro continua trabalhando para melhorar a exe-
da união (...) É possível controlar gastos obrigatórios e ainda assim cução fiscal e torná-la sustentável. É fundamental a retomada do cres-
atender demandas da população”, declarou ele. cimento”, afirmou Dilma.
No orçamento deste ano, o governo informou que o programa “Você vai notar que de 1994 a 2015 só em 7 anos, a partir de 2008,
fiscal de longo prazo tem como principais linhas de atuação medidas a nota foi acima de BB+. Portanto, essa classificação não significa que
legais e infra-legais para reduzir o déficit da Previdência Social e medi- o Brasil esteja em uma situação em que não possa cumprir as suas
das para reestruturar cargos dos servidores públicos, além de “redução obrigações. Pelo contrário, está pagando todos os seus contratos como
de concursos”. também temos uma clara estratégia econômica. Vamos continuar nesse
O plano também contempla medidas para reavaliar fontes e usos caminho e retomar o crescimento deste país”, completa.
de recursos para a Saúde “com foco na redução de custos judiciais e au- A presidente prometeu enviar um pacote de medidas ao Congresso
mento da qualidade do gasto”, além da chamada “reforma administra- Nacional com propostas de corte de despesas e aumento de impostos.
tiva” - que contempla redução de ministérios e cargos comissionados, Fonte: Exame.com (10/09/2015)
além da venda de imóveis, entre outras medidas.
Fonte: G1 - (31/08/2015) Levy diz que governo vai cortar gastos mais que em outros
casos
Gás de cozinha terá aumento de 15% a partir de terça, diz O ministro da Fazenda Joaquim Levy disse que “o governo vai,
Petrobras deve cortar gastos, sim. Mais do que já cortou em alguns casos”, após a
A Petrobras informou nesta segunda-feira (31) que reajustará os agência de classificação de risco Standard & Poors anunciar a perda do
preços de gás liquefeito de petróleo para uso residencial, envasado em grau de investimento para a economia brasileira. “Existe um problema
botijões de até 13 kg (GLP P-13). difícil, que é um programa que só vai ser vencido se as pessoas olharem
Segundo nota enviada à imprensa, a alta média será de 15% e com responsabilidade. A gente tem dado um diagnóstico transparente,
entra em vigência a partir de desta terça (1). verdadeiro e agora as pessoas têm que tomar essas responsabilidades
Segundo a Petrobras, este é o primeiro aumento do preço do gás em todos os níveis. O governo vai, deve cortar gastos, sim. Mais do
de cozinha desde dezembro de 2002. que já cortou em outros casos. E com gestão, ferramentas inteligen-
Em nota divulgada na sexta-feira (28), o Sindicato Nacional das tes. E, se precisar, a gente tem que ter disposição de também fazer um
Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) ha- sacrifício para todo mundo poder voltar a ter a economia crescendo”,
via informado que haveria o aumento, sem precisar de quanto seria. disse Levy.

Didatismo e Conhecimento 18
CONHECIMENTOS GERAIS
Levy voltou a falar sobre a necessidade de garantir o esforço fiscal Ajuste fiscal
para o Orçamento de 2016. “Nós queremos equilíbrio fiscal. A gente Desde o início do ano, em uma tentativa de melhorar os resulta-
quer atingir a meta que é necessária para trazer tranquilidade para a dos das contas públicas, foram aumentados tributos sobre emprésti-
economia brasileira”, comentou. mos, carros, cosméticos, cerveja, vinhos, destilados, bancos, receitas
Em comunicado, a agência S&P chama a atenção para a deterio- financeiras das empresas, taxas de fiscalização de serviços públicos,
ração fiscal e a falta de coesão da equipe ministerial, como causas da gasolina e exportações de manufaturados, entre outros.
decisão de rebaixar a nota. Também foram promovidas limitações de benefícios sociais,
“O mundo mudou, tinha mais tantas coisas que dava para fazer como seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial e pensão por
na época e que a gente fez, não dá mais para fazer assim se a gente morte, além de aumento da tributação sobre a folha de pagamentos.
quer crescer. E aí a gente vai ter que fazer essas escolhas. Qual vai ser Todas estas medidas já passaram pelo crivo do Congresso Nacional.
exatamente o imposto, quanto vai ser, qual vai ser exatamente o corte,
a gente vai conversar, foi isso o que Congresso pediu para a gente, e Brasil conquistou grau de investimento em 2008
depois, eu acho que nas próximas semanas, o governo vai ter que fazer A S&P é a primeira agência entre as maiores a tirar o grau de in-
isso com muita clareza. Agora, todo mundo vai ter que estar envolvido vestimento do Brasil. Na Moody´s, o país está no último degrau, antes
nisso e é um desafio para cada um de nós”, reforçou. do grau especulativo. Na Fitch, o Brasil segue dois degraus acima.
Segundo a S&P, a proposta do Orçamento para 2016 com um dé- O Brasil conquistou o grau de investimento pelas agências inter-
ficit R$ 30,5 bilhões, ou o equivalente a 0,3% do PIB em vez dos 0,7% nacionais Fitch Ratings e Standard & Poor’s em 2008. Em 2009, con-
previstos em julho, “reflete um desacordo com a composição e mag- quistou a classificação pela Moody’s.
nifude das medidas necessárias para reequilibrar as contas públicas”.
A peça orçamentária de 2016 foi enviada ao Congresso, pela pri- Selo de bom pagador
meira vez na história, com a previsão de déficit (despesas maiores do O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos
que receitas). A meta fiscal para o governo é de um déficit de R$ 30,5 investidores um menor risco de calotes. A partir da nota de risco que
bilhões no ano que vem, o equivalente a 0,5% do PIB. Para todo o setor determinado país recebeu, os investidores podem avaliar se a possibili-
público (envolvendo estados, municípios e empresas estatais), a meta dade de ganhos (por exemplo, com juros maiores) compensa o risco de
perder o capital investido com a instabilidade econômica local.
é de um resultado negativo de R$ 21,1 bilhões, ou 0,34% do PIB, em
Alguns fundos de pensão internacionais, de países da Europa ou
2016.
os Estados Unidos, por exemplo, seguem a regra de que só se pode
Nas últimas semanas, o governo tem anunciado a intenção de
investir em títulos de países que estão classificados com grau de in-
encontrar novas formas de receita para equilibrar o Orçamento vem,
vestimento por agências internacionais. Por isso, essa “nota” permite
inclusive sendo defendida em público pela presidente Dilma Rousseff
que o país receba recursos de investidores interessados em aplicar seu
como forma de evitar o déficit no Orçamento de 2016. Dilma avaliou
dinheiro naquele local.
recentemente o governo cortou “tudo que poderia ser cortado”, nas pa-
A perda do grau de investimento na S&P significa também um
lavras de Dilma. revés para a equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Joa-
Entre as ideias, surgiu a possibilidade de retomada da CPMF e, quim Levy, que vem trabalhando para tentar melhorar o perfil das con-
nesta semana, de aumento do Imposto de Renda. Os parlamentares, tas públicas visando não só o equilíbrio fiscal como também o risco de
porém, não têm demonstrado apoio a eventuais aumentos de tributos perda do chamado “grau de investimento”.
e têm defendido um corte maior de gastos. Mesmo com déficit, a peça Previsão para a economia
orçamentária de 2016 embute aumento de despesas. No comunicado, a agência diz esperar que o déficit fiscal do país
No mercado financeiro, a nota de um país funciona como um aumente para uma média de 8% do PIB em 2015 e 2016 antes de cair
“certificado de segurança” que as agências de classificação dão a paí- para 5,9% em 2017, contra 6,1% em 2014. Para a S&P, a dívida públi-
ses que elas consideram com baixo risco de calotes a investidores. ca do país (sem contar as reservas internacionais), deve subir para 53%
do PIB este ano e para 59% no próximo ano, de 47% em 2014. “Tam-
Contas públicas bém esperamos que a receita com os juros suba para acima de 20% este
As contas de todo o setor público (governo, estados, municípios ano e no próximo, dos 15% no ano passado”, conclui.
e empresas estatais) registraram em 2014 o primeiro déficit primário G1 - (10/09/2015)
(receitas menos despesas, sem contar juros) da história em 2014. No
ano passado, o déficit primário foi de R$ 32,53 bilhões, ou 0,63% do Standard & Poor’s tira grau de investimento da Petrobras e
PIB, em todo ano passado. bancos
Em 2015, as contas públicas registraram, de janeiro a julho, o pior A Standard & Poor’s (S&P) rebaixou a nota de 31 empresas nesta
resultado da série histórica, que começa em 2001, para este período. quinta-feira (10) – entre elas a Petrobras, que perdeu o grau de investi-
Em 12 meses até julho, houve um déficit primário de R$ 50,99 bilhões, mento – e de outras 13 instituições financeiras, das quais 11 perderam
ou 0,89% do PIB, também o pior resultado da série histórica para este o selo de bom pagador.
indicador. A ação de rating é um desdobramento direto do rebaixamento da
Quando se incorporam os juros da dívida pública na conta, no nota de crédito soberano do Brasil, anunciada na véspera, que fez o
conceito conhecido no mercado como resultado “nominal”, houve dé- país perder o selo de bom pagador na classificação da S&P. Não sig-
ficit de R$ 502 bilhões em 12 meses até julho, o equivalente a expres- nifica, necessariamente, que as companhias estão em situação ruim.
sivos 8,81% do PIB. Trata-se, também, do pior resultado da história. Segundo a agência, as novas notas refletem a visão da S&P de que
Esse número é acompanhado com atenção pelas agências de classifi- as empresas estão atualmente com o número máximo de “degraus” de
cação de risco na determinação da nota dos países. diferença acima da nota do país.

Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS GERAIS
Sete das 31 companhias mantiveram o grau de investimento por- Esse tipo de motor teria equipado modelos da Volks e também da
que existe uma “distância máxima” que pode ser mantida em relação Audi. Ao rodar normalmente, ele liberaria na atmosfera até 40 vezes
ao rating do país, rebaixado para BB+. Entre elas estão Ambev, Voto- mais gases do que o permitido pela regulação.
rantim e Globo – que, hoje, está dois degraus acima da nota do Brasil. Nesta terça-feira, a empresa anunciou que o caso é bem maior
(veja a lista abaixo) do que se imaginava e que até 11 milhões de carros em todo o mundo
Petrobras poderão ser afetados pelo problema. A companhia também disse que
A nota da Petrobras foi rebaixada em dois níveis, de “BBB-” para reservará 6,5 bilhões de euros no trimestre para cobrir despesas rela-
“BB”, com perspectiva negativa. A estatal está agora na categoria es- cionadas à polêmica, o que a forçará a reduzir a projeção de lucro para
peculativa. o ano.
Entre os 13 bancos com ratings afetados após o corte da nota do Além disso, a Volkswagen está sujeita a investigações nos Estados
Brasil, dois já não tinham grau de investimento; as demais o perderam. Unidos e poderá receber multas de até 18 bilhões de dólares.
Entre os bancos que têm agora grau especulativo estão o Banco do Os reguladores da União Europeia também vão se reunir para dis-
Brasil, Itaú, Bradesco, BNDES e Caixa Econômica Federal. cutir como lidar com o escândalo, que deve prejudicar a economia do
Dívida da Petrobras bloco.
Em comunicado, a S&P disse que a perspectiva negativa aplicada Na segunda-feira, as ações da companhia despencaram 20%, sua
à dívida da Petrobras – que abre a possibilidade de outro rebaixamento maior queda na história.
no futuro – é um reflexo da situação política e econômica do país. Fonte: Exame.com - (22/09/2015)
“Vamos continuar avaliando a qualidade de crédito das empresas
em uma base contínua em vista da enfraquecida qualidade do crédito INTERNACIONAL
soberano e de perspectivas macroeconômicas mais fracas”, afirmou a
S&P. ASSEMBLEIA GERAL DA ONU
Em teleconferência com jornalistas mais cedo, analistas da S&P
já tinham sinalizado que a Petrobras corria o risco de perder o grau de Obama acena a Putin na ONU por causa do impasse no con-
investimento e ter a sua dívida rebaixada para a categoria especulativa. flito da Síria
Segundo a agência, o Brasil precisa mostrar sólido e consistente O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o líder russo
comprometimento para reverter a sua situação e voltar a ter grau de Vladimir Putin transferiram nesta segunda-feira sua rivalidade para a
investimento. sede das Nações Unidas, em Nova York. Em discursos na Assembleia
Em comunicado, a Petrobras afirmou que a financiabilidade dos Geral da ONU, seguidos de uma reunião bilateral, Obama e Putin abor-
projetos da companhia, no médio prazo, foi alcançada por meio de fi- daram a guerra civil na Síria, que causou mais de 200.000 mortos e
nanciamentos captados neste ano com instituições financeiras no Bra- quatro milhões de refugiados.
sil e no exterior. O ativismo militar e diplomático da Rússia nos últimos dias preo-
“A companhia esclarece, ainda, que seus financiamentos não cupa a Administração Obama, paralisada entre a luta contra os jihadis-
possuem cláusulas atreladas ao rating das agências classificadoras de tas do Estado Islâmico (EI) e a oposição ao regime de Bashar al-Assad,
risco. Ou seja, a reclassificação não provocará alterações nos contratos a quem os EUA atribuem o início da guerra.
vigentes”, informou a estatal. “Os Estados Unidos estão dispostos a trabalhar com qualquer na-
Fonte: G1 – (10/09/2015) ção, incluindo a Rússia e o Irã, para resolver o conflito”, disse Obama
à Assembleia Geral. “Mas não pode haver, depois de tanto sangue e
Após escândalo, Volks demite presidente, diz imprensa alemã matanças, um retorno ao status quo anterior à guerra.” O presidente
Depois de ser acusada pelo governo dos Estados Unidos de ter dos EUA disse que, por realismo, será preciso aceitar compromissos,
equipado quase meio milhão de carros com um software que mascara mas também uma transição para um governo na Síria sem al-Assad.
a emissão de poluentes, a Volkswagen demitiu nesta terça-feira (22) o Há dois anos Obama e Putin não realizavam uma reunião formal
presidente global Martin Winterkorn, segundo o site alemão Der Ta- e há quase um ano não participavam de um encontro internacional. O
gespiegel. conflito na Ucrânia, entre acusações mútuas de interferência, e a anexa-
De acordo com a publicação, fontes informaram que o executivo ção da província ucraniana da Crimeia pela Rússia em 2014 esfriaram
será substituído pelo atual presidente da Porsche, Matthias Müller. a relação entre os dois líderes. Obama tentou isolar Putin e, com seus
Ainda conforme divulgou o Der Tagespiegel, a presidência do parceiros europeus, impôs sanções econômicas. A Síria oferece à Rús-
conselho da empresa deve se reunir na quarta-feira e uma reunião com sia a oportunidade de desempenhar um papel importante no Oriente
todos os vinte membros do conselho fiscal deve acontecer na sexta- Médio diante da paralisia dos EUA e da União Europeia na Síria.
feira. A Rússia enviou tropas e aviões para a Síria. Neste fim de semana,
A Volkswagen, entretanto, nega a saída de Winterkorn. Ao site chegou a um acordo com o Iraque, Irã e com a Síria para compartilhar
norte-americano Business Insider, um porta-voz da montadora disse informações na guerra contra o EI. O intervencionismo russo coincide
apenas que a empresa não pode comentar nada neste momento. “Ago- com a chegada diária na Europa de dezenas de milhares de refugiados
ra temos que esperar”, afirmou. provenientes de países em conflito, entre eles a Síria e o Iraque, parcial-
mente ocupados pelos jihadistas.
O escândalo O acordo das potências da ONU com o Irã —aliado, como a Rús-
A montadora alemã é acusada pela Agência de Proteção Ambien- sia, de al-Assad— permite, no papel, acelerar a cooperação contra o EI,
tal norte-americana (EPA), na sigla em inglês, de ter usado em motores objetivo comum de norte-americanos, russos e iranianos, mas Washin-
a diesel um software que mascara as emissões de poluentes durante gton e Moscou discordam no diagnóstico sobre as causas da guerra
testes. civil e suas soluções.

Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS GERAIS
Obama quer usar sua reunião com Putin para “entender” como o territorial de uma nação são violadas”. “O povo ucraniano está agora
crescente envolvimento da Rússia na Síria servirá para resolver o con- mais interessado do que nunca em se aliar à Europa ao invés de com a
flito. Os EUA, que há um ano estão bombardeando posições islamis- Rússia”, ressaltou Obama.
tas, acreditam que a brutalidade do regime de al-Assad tem alimentado
militantes islâmicos violentos e, portanto, não há solução para a guerra Hollande
sem uma transição política que, a longo prazo, tire al-Assad do poder. O presidente da França, François Hollande, se mostrou aberto
A Rússia discorda. O país argumenta que, para derrotar o Estado Islâ- para discutir com toda a comunidade internacional nesta segunda-feira
mico, é necessário aliar-se ao regime de al-Assad. uma solução para a guerra na Síria, mas insistiu que o líder do país,
A estratégia de Obama, além dos bombardeios contra o EI na Sí- Bashar al Assad, não pode fazer parte desse processo. “Al Assad é a
ria e no Iraque, consistiu em um plano para treinar e armar grupos de origem do problema, não pode ser parte da solução. Não se pode fazer
rebeldes que se opõem a al-Assad e aos jihadistas. O plano fracassou. as vítimas trabalharem ao lado dos carrascos”, discursou Hollande na
Pretendia treinar mais de 5.000 militantes. Apenas quatro ou cinco es- Assembleia Geral da ONU.
tão em combate.
O líder francês criticou os “esforços diplomáticos” de alguns paí-
Quando a guerra começou, em 2011, os EUA exigiram a saída de
ses para incluir o “ditador” em uma solução negociada para a crise e
al-Assad. Dois anos depois, Obama estava prestes a pedir uma inter-
insistiu que a ameaça dos jihadistas do Estado Islâmico (EI) não pode
venção contra o ditador sírio. No último minuto, suspendeu o ataque.
ser utilizada como desculpa para manter o regime. “Ainda hoje esse
Os avanços do EI forçaram uma mudança de estratégia e transforma-
ram al-Assad em um aliado de fato dos EUA contra os jihadistas. Ago- mesmo regime continua a atirar bombas sobre vilarejos civis inocen-
ra, a Administração Obama admite que possa ter um papel durante a tes”, lembrou Hollande.
transição. O presidente francês disse querer trabalhar com todos os agentes
O encontro com Obama tira Putin do ostracismo no qual o presi- internacionais, sem “descartar a ninguém”, e considerou que a ideia
dente norte-americano tentou colocá-lo desde a separação da Crimeia de formar uma “grande coalizão” para resolver a guerra é “possível”,
e o coloca no centro de todas as conversas esta semana em Nova York. “desejável” e “necessária”.
Há anos que a Assembleia Geral da ONU —o encontro que reúne “Mas esta coalizão deve ter uma base clara ou nunca verá a luz”,
todo mês de setembro os representantes de mais de 140 países— não disse Hollande, que considerou que o eixo dessa resposta tem que ser
reunia tantos líderes, entre eles o presidente do Irã, Hassan Rohani; Pu- o comunicado de Genebra selado há mais de três anos e que previa
tin, que há dez anos não discursava perante a Assembleia; e o cubano dar fim à violência com a formação de um governo de transição com
Raúl Castro, que nunca havia participado e planeja se encontrar com elementos do regime e da oposição.
Obama nesta terça-feira. “Aí está a base. Vamos utilizá-la, para avançar”, assinalou, ao in-
Fonte: El País Brasil - (28/09/2015) sistir que Al Assad não pode estar nessa estrutura por ter responsabili-
dade na tragédia. A França, que no último fim de semana anunciou seus
Obama chama Assad de “tirano” e diz que não procura outra primeiros ataques contra posições dos jihadistas do Estado Islâmico
Guerra Fria com a Rússia (EI) no leste da Síria, continuará a assumir “suas responsabilidades”,
O presidente dos EUA, Barack Obama, qualificou nesta segunda- garantiu Hollande.
feira (28/09) o líder sírio Bashar Al-Assad de “tirano” e disse que não O presidente francês também se referiu à crise dos refugiados e
procura uma nova “Guerra Fria” com a Rússia, durante seu discurso defendeu que a Europa “deve fazer seus deveres”, lembrando que os
perante a Assembleia Geral da ONU. vizinhos da Síria já demonstraram grande solidariedade. “A Europa
“Após tanto derramamento de sangue, não podemos voltar ao está fundada sobre valores e princípios, e o direito de asilo é parte de-
‘status quo’ na Síria”, ressaltou Obama, que acrescentou que “não há les”, disse Hollande, que pediu a todo o mundo que preste assistência
respostas fáceis” para resolver o conflito nesse país. aos refugiados.
O presidente americano lembrou que, no começo do conflito na Fonte: Época Negócios - (28/09/2015)
Síria há mais de quatro anos, o regime de Assad reagiu aos “protestos
pacíficos” com “repressão” e “assassinando” os manifestantes. “Os
Raúl Castro pede fim do embargo contra Cuba na assembleia
Estados Unidos estão preparados para trabalhar com todos os países,
da ONU
incluindo Rússia e Irã, para resolver o conflito”, garantiu Obama. Mas
O presidente de Cuba Raúl Castro fez nesta segunda-feira (28) seu
depois disse que na Síria é necessária “uma transição” com “um novo
líder e um governo inclusivo”. primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU, um discurso breve
O governo de Obama reivindica desde o início do conflito na Síria (menos de 20 minutos), mas ainda assim histórico, pelo momento de
a renúncia de Assad, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, dei- reaproximação com os EUA.
xou claro nos últimos dias que acredita que a “única solução” para crise Apesar do bom momento entre Washington e Havana, o manda-
é fortalecer o atual regime. Enquanto isso, o presidente do Irã, Hassan tário cubano pediu o fim do embargo contra a ilha e “alfinetou” os
Rohani, afirmou durante o fim de semana à rede “CNN” que “todo o americanos na questão de Porto Rico, pedindo sua independência do
mundo aceitou” a continuidade no poder de Assad para lutar contra o que chamou de dominação colonial -- os portorriquenhos atualmente
grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que ocupa parte da Síria. são uma espécie de território dos EUA.
Obama e Putin se reunirão nesta tarde na ONU, em sua primeira Em julho, EUA e Cuba retomaram suas relações diplomáticas e
reunião formal desde o início da crise ucraniana, para abordar tanto abriram embaixadas nos respectivos territórios. No entanto, o embargo
esse tema como o conflito na Síria. Sobre a Ucrânia, Obama defen- econômico ainda vigora e seu fim depende da aprovação do Congresso
deu as sanções impostas à Rússia após a anexação da Crimeia porque dos EUA. Nesta segunda mais cedo, o presidente americano Barack
os EUA não podem ficar calado “quando a soberania e a integridade Obama também defendeu o levantamento do bloqueio.

Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS GERAIS
“Depois de 56 anos, as relações diplomáticas foram restabelecidas — Os países do Leste recusam-se a receber refugiados, desrespei-
entre Cuba e os EUA”, disse Raúl Castro. “Agora se dá início a um tando a própria lei da UE — afirma Funke.
longo e complexo processo até à normalização das relações. Isso será O jurista Itziar Ruiz, da Anistia Internacional, assegura que a UE
alcançado quando se coloque fim ao bloqueio econômico, comercial “viola obrigações do Direito Internacional de proteção de refugiados e
e financeiro; se devolva à Cuba o território ocupado ilegalmente na de não devolução”.
base naval de Guantánamo; se acabe com as transmissões de rádio e — Os Estados-membros, à exceção da Alemanha, mantêm postu-
televisão e o programa de subversão e desestabilização contra a ilha; ras intoleráveis — criticou a também jurista Araceli Mangas, especia-
e se compense nosso povo pelos danos humanos e econômicos que lista em Direito Europeu da Universidade Complutense de Madri, em
ainda sofre”. entrevista ao jornal “El Mundo”.
Castro também lembrou que 188 países apoiaram o fim do embar- ‘Maior catástrofe humanitária da UE’
go diante da ONU. “Continuaremos apresentando o projeto de resolu-
Transformada em campo de refugiados, onde dois mil pessoas
ção pela necessidade de romper o bloqueio econômico imposto pelos
Estados Unidos a Cuba”, disse Castro. aguardam permissão para embarcar num trem em direção à Alemanha,
Castro também citou a presidente Dilma: “Reiteramos nosso a estacão ferroviária de Keleti, em Budapeste, é a imagem do caos que
apoio solidário à presidenta Dilma Rousseff e ao povo do Brasil na de- tomou conta da UE pelo fluxo de fugitivos. Ontem, com as mão dadas
fesa de suas importantes conquistas sociais e da estabilidade do país”. e erguidas, os imigrantes protestaram, gritando: “Liberdade! Liberda-
Sobre a crise migratória internacional, o cubano disse que a Europa de!” Para Funke, os países estão se distanciando cada vez mais dos
tem responsabilidade e precisa assumi-la: “A União Europeia deve as- ideais do bloco.
sumir de maneira plena e imediata suas responsabilidades pela crise — Trata-se da maior catástrofe humanitária da História da UE.
humanitária que ajudou a gerar. ” Pelo Protocolo de Dublin, Grécia e Itália deveriam processar a
Para Castro, o povo sírio “é capaz de resolver por si mesmo” os maior parte dos pedidos de asilo por serem os primeiros países da UE
seus problemas e criticou as “intervenções externas” no país. “Reno- onde eles pisam, chegando por mar. Ou mesmo a Hungria, o primeiro
vamos nossa confiança em que o povo sírio é capaz de resolver por si país do bloco na rota dos Bálcãs, após os fugitivos deixarem a Grécia.
mesmo suas diferenças”, disse. Mas, eleito três vezes com plataformas conservadoras, o primeiro-mi-
Ao encerrar o seu discurso, Raúl citou o irmão Fidel Castro, ex- nistro húngaro, Viktor Orban, considerou os fugitivos uma “explosão”
dirigente da ilha, que disse que se deve combater a fome, as doenças, a e “ameaça de infecção”. Já o ex-presidente tcheco Václav Klaus defi-
pobreza e a destruição dos meios naturais com urgência antes que seja niu a política de refugiados da UE propagada pela chanceler federal
muito tarde. alemã, Angela Merkel, de “suicídio”.
Fonte: G1 - (28/09/2015)
— Se a UE quer praticar o suicídio ao aceitar um número ilimita-
do de refugiados, pode fazer isso, mas sem a nossa aprovação — de-
CRISE MIGRATÓRIA NA EUROPA
clarou Klaus.
Mais de 350.000 migrantes cruzaram o Mediterrâneo desde Segundo o atual presidente tcheco, Milos Zeman, os fugitivos são
janeiro uma “tsunami” e, para ele, os muçulmanos seriam especialmente peri-
Mais de 350.000 migrantes atravessaram o Mediterrâneo desde gosos. Já o premier eslovaco, Robert Fico, classificou a ideia de a UE
janeiro e mais de 2.643 pessoas morreram no mar quando tentavam receber todos os refugiados de guerras de “maluca”.
chegar à Europa, anunciou nesta terça-feira a Organização Internacio- — Enquanto a Alemanha propõe a criação de cotas, para que os
nal para as Migrações (OIM). milhares de fugitivos sejam divididos entre os 28 países da UE, os
Quase 235.000 chegaram à Grécia e 115.000 à Itália, segundo a países do Leste querem fechar suas fronteiras — ressalta o cientista
organização com sede em Genebra. político Hajo Funke.
Mais de 2.000 chegaram à Espanha e quase uma centena a Malta. Mas não só os países do antigo bloco comunista são contra o in-
O número no decorrer de 2015 supera com folga o total de 2014, gresso de refugiados. O Reino Unido chegou a interromper o tráfego
quando 219.000 migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo. do Eurotúnel para impedir a entrada de refugiados. Cerca de quatro mil
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios pessoas estão acampadas em Calais, na França, aguardando a oportu-
em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais nidade de cruzar o Canal da Mancha.
numerosos são os eritreus. Líderes de alguns países do antigo bloco comunista na UE —
Além das vítimas fatais registradas durante a tentativa de chegar a Hungria, República Tcheca, Eslováquia e Polônia — se encontram em
Europa por mar, a OIM informou que outras 1.000 pessoas faleceram
Praga para uma conferência sobre a crise dos refugiados. Os quatro
este ano em outras rotas de imigração, como o deserto do Saara e a
Baía de Bengala, na Ásia. países, que fazem parte da UE desde 2004, desejam adotar uma po-
Fonte: Uol - (01/09/2015) sição comum para evitar a pressão da Alemanha, que quer resgatar a
validade do Protocolo de Dublin.
Países da União Europeia violam tratados em comum ao re- Na quarta-feira, uma imagem tornou-se símbolo da atual crise mi-
cusarem refugiados gratória. Aylan Kurdi, de apenas 3 anos, foi encontrado morto em uma
A maior crise de fugitivos na Europa desde o final da Segunda praia no balneário turístico de Bodrum, na Turquia. Ele se afogou, bem
Guerra Mundial tornou-se uma crise da própria União Europeia (UE), como outros 12 refugiados sírios, que tentavam alcançar de barco a
depois que os países do bloco leste começaram a desrespeitar as leis ilha grega de Kos. Outras cinco crianças, entre elas o irmão dele, Galip,
que regulamentam o asilo — tanto internas como internacionais. A 5 anos, estavam entre os mortos.
principal é o Protocolo de Dublin, assinado em 1999, que diz que o A cena do corpo do menino, com o rosto enfiado na areia, tomou
refugiado deve ficar no país onde teve acesso à UE. Segundo o cientis- conta das redes sociais e também foi publicada em vários jornais. “Se
ta político Hajo Funke, da Universidade Livre de Berlim, a norma foi essa imagem extraordinariamente poderosa de uma criança síria morta
sepultada sem nenhum diálogo ou votação. em uma praia não mudar a atitude da Europa com os refugiados, o

Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS GERAIS
que irá?”, questionava o título do britânico “The Independent”. Já o “Estes homens e estas mulheres, com suas famílias, fogem de
português “Público” justificou a publicação: “Vamos de forma pater- guerra e de perseguições. Precisam de proteção internacional que lhes
nalista proteger o leitor de quê? De ver uma criança morta à borda da é devida. A Convenção de Genebra, assinada após a guerra, vincula to-
água, com a cara na areia? Não sabemos se esta fotografia vai mudar dos os países. A Europa deve proteger aqueles para quem ela é a última
mentalidades e ajudar a encontrar soluções. Mas hoje, no momento de esperança”, conclui o comunicado.
decidir, acreditamos que sim.” O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apelou hoje (3)
aos Estados-Membros da União Europeia (UE) para aceitarem pelo
DIREITOS EM XEQUE
menos 100 mil refugiados, de modo a aliviar a pressão nos países da
Declaração Universal dos Direitos Humanos - O artigo 14 da De-
claração Universal dos Direitos Humanos prevê: “Em caso de perse- chamada linha da frente. “Aceitar mais refugiados é um gesto impor-
guição, toda pessoa tem direito de buscar asilo, e a desfrutar dele, em tante de verdadeira solidariedade”, disse Tusk, salientando ser atual-
qualquer país.” Países europeus têm infringido este direito ao fechar mente necessária “uma distribuição equitativa de pelo menos 100 mil
fronteiras ou criar cotas para migrantes fugindo de conflitos, extremis- refugiados pelos Estados-Membros”.
mo e ditaduras nos países de origem. O Reino Unido se nega a aceitar “Apelo a todos os dirigentes da UE para demonstrarem solidarie-
qualquer refugiado. dade com os Estados-Membros que enfrentam uma onda migratória
Convenção de Genebra - Muitos países não estão cumprindo o sem precedentes”, salientou Tusk, após uma reunião conjunta com o
Estatuto do Refugiado da Convenção de Genebra, de 1951, que esta- primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.
belece “a proteção que um Estado oferece a pessoas que não são seus Antes, o presidente do Conselho Europeu, discursou para os em-
nacionais e cuja vida ou liberdade está em perigo por atos, ameaças e baixadores da União Europeia e alertou para o risco de uma divisão
perseguições das autoridades de outro Estado”. Leste-Oeste por causa do acolhimento aos refugiados.
Carta de Direitos Fundamentais da UE - O artigo 9, “Direito ao Em julho, o Conselho Europeu recusou uma proposta da Comis-
asilo”, tem sido desrespeitado, bem como o artigo 6, que afirma a
são Europeia de estabelecer cotas obrigatórias para a reinstalação e re-
“obrigatoriedade de registrar todas as solicitações de proteção interna-
colocação de refugiados, tendo os chefes de Estado e de Governo dos
cional que sejam apresentadas”.
Convênio Europeu de Direitos Humanos - Os artigos 3, 13 e o 28 países chegado a um acordo para o acolhimento de 32 mil pessoas
protocolo 4° têm sido violados com as atitudes de países europeus na oriundas da Síria e da Eritreia, número inferior aos 40 mil propostos
atual crise migratória. É uma das tábuas de direitos mais descumpridas pelo executivo comunitário, em maio.
pela União Europeia (UE). Em 2014, o Tribunal Europeu dos Direitos
Humanos, em Estrasburgo, obrigou a Espanha a manter em território Alemanha pode receber 500 mil refugiados por ano a médio
nacional 30 saarauís aos quais o país se recusou conceder asilo, em prazo
2011. Com sua força econômica, a Alemanha pode receber meio milhão
Fonte: O Globo - (03/09/2015) de refugiados por ano a médio prazo, afirmou o vice-chanceler e minis-
tro da Economia, Sigmar Gabriel.
Alemanha e França propõem cotas obrigatórias para acolhi- “Acredito que podemos enfrentar um número da ordem de meio
mento de refugiados milhão (de refugiados por ano) durante vários anos, talvez mais”, disse
A Alemanha e a França decidiram apresentar à União Europeia
o líder social-democrata em uma entrevista ao canal público ZDF.
(UE) uma “iniciativa comum” para a imposição de cotas obrigatórias
“Mas não podemos aceitar a cada ano um milhão de pessoas e
no acolhimento de refugiados pelos países europeus, anunciou hoje a
chanceler alemã, Angela Merkel. integrá-las sem problema”, completou.
“Falei esta manhã com o presidente francês e a posição franco- A Alemanha espera receber este ano 800 mil pedidos de asilo, um
-alemã, que transmitirei às instituições europeias, é que estamos de número quatro vezes maior que em 2014.
acordo com a necessidade de cotas obrigatórias dentro da União Eu- Gabriel disse que a Alemanha pode continuar recebendo mais re-
ropeia para partilharmos a responsabilidade”, disse Merkel à imprensa fugiados de outros países europeus. “Somos economicamente um país
durante uma visita a Berna. forte”, afirmou.
Ela acrescentou que a poder econômico e o tamanho do país que Nesta segunda-feira (7), a chanceler alemã, Angela Merkel, anun-
vai acolher os refugiados têm de ser considerados, “mas sem as cotas ciou que vai destinar 6 bilhões de euros para administrar o grande fluxo
não poderemos resolver o problema”. de migrantes e afirmou que o fluxo em massa de imigrantes mudará o
A presidência francesa emitiu um comunicado em Paris anuncian- país, prometendo trabalhar para que estas modificações sejam “posi-
do que a França e a Alemanha vão transmitir a Bruxelas “propostas tivas”.
comuns para organizar o acolhimento de refugiados e uma repartição “O que vivemos agora é algo que seguirá nos ocupando pelos pró-
equitativa na Europa” e para “harmonizar as normas do sistema de asi-
ximos anos, nos mudará, e queremos que a mudança seja positiva e
lo europeu”.
pensamos que podemos conseguir isto”, declarou Merkel.
A iniciativa franco-alemã visa também “assegurar o regresso dos
imigrantes irregulares aos seus países de origem e dar o apoio e a coo- Merkel mencionou um fim de semana “emocionante e impactan-
peração necessários aos países de origem e de trânsito”, acrescenta o te”, durante o qual chegaram a Alemanha quase 20 mil refugiados pro-
comunicado. cedentes em sua maioria da Síria.
“Para os refugiados que tentam chegar à Europa (…) as tragédias A chanceler comemorou o fato da Alemanha “ter se transformado
sucedem-se aos dramas. Milhares de vítimas morreram desde o início em um país que as pessoas associam à esperança. É algo muito valioso
do ano. A União Europeia tem de agir de maneira decisiva e em con- se observarmos nossa história”.
formidade com os seus valores”, diz o texto. Fonte: G1 - (08/09/2015)

Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS GERAIS
Comissão Europeia apresenta plano para crise migratória e Chipre 274
pede coragem Croácia 1.064
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pediu à Eslováquia 1.502
União Europeia (UE) “ações corajosas e determinadas” para responder Eslovênia 631
à crise migratória na Europa e fez um apelo para que o bloco receba Espanha 14.931
160 mil refugiados, ao apresentar seu plano para que a UE divida a res- Estônia 373
ponsabilidade sobre receber as pessoas que têm chegado ao continente. Finlândia 2.398
“Os números são impressionantes”, afirmou Juncker em um dis- França 24.031
curso na Eurocâmara em Estrasburgo (leste da França), recordando Letônia 526
que quase 500 mil refugiados chegaram a países da UE desde o início Lituânia 780
do ano. Luxemburgo 440
“É o momento de ações corajosas e determinadas para a UE”, dis- Malta 133
se, antes de pedir que a UE distribua 120 mil refugiados além dos 40 Holanda 7.214
mil já solicitados pela Comissão aos países do bloco há alguns meses
Polônia 9.287
para ajudar Itália e Grécia, e agora a Hungria, países afetados pela che-
Portugal 3.074
gada maciça de migrantes.
República Tcheca 2.978
O objetivo é ajudar Itália e Grécia, e agora a Hungria, países afeta-
Romênia 4.646
dos pela chegada maciça de migrantes, a examinar os pedidos de asilo
e recebê-los em seus territórios. Suécia 4.469
Juncker pediu que depois da distribuição dos 160 mil solicitantes Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca não aparecem na lista por
de asilo, a UE instaure “um mecanismo permanente” para que o bloco conta da opção que permite a estes países não participar nesta política
possa enfrentar um novo fluxo migratório de maneira mais rápida. comunitária.
A chanceler alemã, Angela Merkel, que anunciou que seu país Fonte: G1 - (09/09/2015)
está comprometido a receber meio milhão de migrantes por ano, voltou
a pedir uma distribuição “obrigatória” na UE, medida que conta com a Obama decide receber 10 mil refugiados sírios
oposição de vários países do leste do bloco. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, decidiu que o
Merkel considera que a proposta de Juncker, pela qual a Alema- país vai receber 10 mil refugiados sírios até o ano que vem. Cerca de
nha oferecerá mais de 31.000 vagas para os demandantes de asilo, 1,5 mil serão recebidos até o final deste mês. A informação é do porta-
constitui “um primeiro passo para uma divisão equitativa”. voz da Casa Branca, John Earnest.
Alemanha, França e Espanha são os países com maiores cotas na Ele disse que o número representa aumento significativo e de-
nova proposta da Comissão Europeia. monstra o compromisso dos Estados Unidos na recepção e satisfação
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, não citou nú- das necessidades de refugiados da Síria. Mas o porta-voz destacou que
meros, mas afirmou que ficou “reconfortado” ao escutar Juncker, que o Congresso precisará fazer uma reserva financeira substancial para
propôs um fundo fiduciário para os refugiados de 1,8 bilhão de euros. acolher mais refugiados.
A maior parte do dinheiro do fundo será destinada aos países de O anúncio da gestão Obama chega um dia depois de o presidente
origem dos migrantes, a partir do Fundo para o Desenvolvimento da da Comissão Europeia ter proposto um plano para realocar mais 120
UE destinado aos países da África, do Caribe e do Pacífico (ACP), que mil refugiados.
já tem orçamento para o período 2014-2020. O governo norte-americano vinha sendo criticado por entidades
Juncker fez um apelo à União Europeia para que não estabeleça defensoras de direitos humanos por não ter anunciado aumento no nú-
diferença entre os refugiados de acordo com a religião. mero de refugiados, após a divulgação da foto do menino Aylan Kurdi,
“Não há religião, crença, filosofia quando se trata de refugiados”, de 3 anos, morto em uma praia da Turquia.
disse.
A organização Rescue Committee, que ajuda pessoas que fogem
Na semana passada, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban,
de conflitos e desastres naturais, pediu aos Estados Unidos que rece-
disse que a chegada de migrantes ameaça as “raízes cristãs” da Euro-
bam 65 mil refugiados até o fim do ano que vem. Em agosto, o Depar-
pa. Na França, alguns deputados defenderam que o país receba apenas
tamento de Estado havia anunciado que receberia entre 5 mil e 8 mil
refugiados cristãos.
Ao mesmo tempo, a Alemanha se mostrou “aberta” à possibilida- refugiados em 2016.
de de uma reunião extraordinária de chefes de Estado e de Governo da Fonte: Agência Brasil - (10/09/2015)
União Europeia para abordar a crise migratória.
Distribuição Hungria fecha fronteira e criminaliza entrada ilegal de refu-
A distribuição por país leva em consideração a população do Es- giados
tado, o PIB total, a taxa de desemprego e o número de solicitações de A Hungria anunciou na manhã desta terça-feira que abriu um pro-
asilo nos últimos quatro anos, segundo o documento publicado pela cesso criminal contra 60 migrantes por violarem a cerca que separa
Comissão Europeia. o país da Sérvia, informa a AFP. Budapeste fechou na segunda-feira
sua fronteira aos refugiados e só tramitará solicitações de asilo feitas
A seguir a distribuição proposta pela Comissão: por cidadãos documentados e procedentes de zonas de conflito que se
Alemanha 31.443 apresentarem nos pontos de entrada oficiais. A partir desta terça, co-
Áustria 3.640 meça a valer uma lei que estabelece penas de três anos de prisão para
Bélgica 4.564 quem entrar na Hungria de forma ilegal, mais cinco pela agravante de
Bulgária 1.600 danificar a cerca fronteiriça.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Juristas ouvidos pela emissora estatal de TV húngara M1 disse- O engenheiro mecânico decidiu deixar a Síria depois de ficar três
ram que as primeiras sentenças, com julgamento sumário, serão apenas meses e meio preso, confundido com um procurado das forças de se-
condicionais, acarretando a deportação do réu. Em caso de tentativa de gurança do ditador Bashar al-Assad. Ele e a família viveram por dez
reincidência, a pena de prisão poderia ser executada imediatamente. meses em condições precárias na Jordânia, assim como milhares de
Ao todo, 130 magistrados aplicarão a nova lei por meio de julgamentos sírios forçados a deixar o país em meio à guerra civil.
rápidos na cidade de Szeged (sul). A notícia de que o Brasil tinha acabado de aprovar uma normativa
A partir de hoje [ 15 de setembro] serão estabelecidos também para facilitar a concessão de asilo a sírios motivou a ida ao país, em
procedimentos acelerados para a tramitação dos pedidos de asilo, que dezembro de 2013. “Agora está melhor, mas quando eu cheguei aqui e
poderão ser concedidos em poucos dias. Em caso de recusa, no entan- tive que começar tudo de novo. Foi muito difícil. Não conhecia nada,
to, os solicitantes serão devolvidos à Sérvia. “Já que essa é a norma nem ninguém”, lembra.
jurídica internacional, é preciso fazer desse jeito”, afirmou o porta-voz Tinawi, a mulher e dois filhos estão entre os 2.077 refugiados sí-
do Governo húngaro, Zoltán Kovács, acrescentando que “começa uma rios que vivem atualmente no Brasil. A pequena de sete meses que
nova era, com esta lei e com o fechamento físico da fronteira” na loca- nasceu em São Paulo é a “brasileirinha” da família.
Os sírios são maioria entre os 8,4 mil asilantes de mais de 80 na-
lidade de Röszke.
cionalidades reconhecidos no país, de acordo com o Comitê Nacional
Em meio à pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda
para Refugiados (Conare), órgão do governo responsável pela análise
Guerra Mundial, o Governo húngaro construiu às pressas uma cerca
dos pedidos de refúgio. A norma que concede vistos especiais às pes-
de 175 quilômetros separando o seu território da Sérvia, na esperança
soas afetadas pelo conflito vale até 23 de setembro, mas o governo
de conter a onda imigratória, além de mobilizar 900 policiais e 4.300 estuda estender o prazo.
militares junto à sua fronteira sul. O Conselho de Ministros discutirá Apesar de ter uma legislação moderna e ser signatário dos princi-
nesta terça-feira o decreto de um estado de emergência por causa da pais tratados internacionais sobre refúgio, o Brasil falha na integração
“migração maciça”, o que facilitaria a adoção de medidas governa- dos estrangeiros que fogem de guerras e perseguições por causa da
mentais extraordinárias para barrar os refugiados. etnia, religião ou grupo social.
Na segunda-feira, a polícia húngara deteve 9.380 migrantes que “Após o reconhecimento do refúgio, pouco é oferecido para que
entraram no país pela Sérvia, maior número para um só dia desde o eles consigam subsistir”, explica Manuel Furriela, presidente da Co-
começo do ano, segundo relato de autoridades locais. No final do dia, missão da OAB-SP para os Direitos dos Refugiados. “Eles têm gran-
a polícia chegou inclusive a bloquear a principal passagem fronteiriça des desafios para conseguir uma colocação profissional, moradia, mes-
em Röszke, muito utilizada pelos migrantes, majoritariamente sírios, mo que provisória, e ter acesso aos serviços públicos.”
em sua tentativa de alcançar o norte da Europa.
Desde o começo do ano, as autoridades húngaras registraram a De solicitante a refugiado
entrada de mais de 180.000 refugiados em situação irregular. A imensa No Brasil, os requerentes de asilo são submetidos a entrevistas
maioria deles, no entanto, prosseguiu sua viagem rumo a Alemanha, para provar que foram vítimas diretas de conflitos e perseguições. En-
Holanda e nações escandinavas. O tratamento dispensado aos refu- quanto aguardam a resposta, os estrangeiros recebem uma documen-
giados tem sido duramente criticado por organizações como a Human tação provisória.
Rights Watch, que aponta condições “desumanas” nos centros de re- O governo brasileiro é parceiro do Alto Comissariado das Nações
cepção. Unidas para Refugiados (Acnur) e tem posição de liderança na Amé-
rica Latina na acolhida de requerentes de asilo. Entre 2010 e o fim de
Resposta da Sérvia 2014, o número de reconhecimentos de refúgio aumentou 1.240%.
A Sérvia alertou que não aceitará os refugiados que a Hungria “A situação melhorou, mas o processo ainda é lento. Alguns so-
tentar devolver “à força”. “Não seguraremos ninguém à força no nosso licitantes chegam a esperar mais de um ano pelo visto permanente”,
território, e por isso tampouco permitiremos a nenhum país que de- afirma Marcelo Haydu, diretor-executivo da ONG Adus - Instituto de
volva ninguém à força para o nosso território”, afirmou o ministro do Reintegração do Refugiado.
Em agosto de 2015, o governo registrou 12.668 pedidos de refú-
Trabalho sérvio, Aleksandar Vulin.
gio, que aguardam avaliação.
“Eles [refugiados] estão na Hungria e esperamos do Estado hún-
“O Conare está abarrotado de pedidos. O volume brasileiro é pe-
garo que os trate como se deve”, acrescentou Vulin. O ministro ob-
queno em relação aos grandes fluxos internacionais, mas a demanda
servou que os refugiados que fracassarem em sua tentativa de entrar
tem duplicado a cada ano. E o órgão não estava estruturado para aten-
na Hungria poderão permanecer na Sérvia e retornar aos centros de der esse volume”, observa Furriela.
acolhida. “Além disso, os processos são complexos, individuais e rigoro-
Fonte: El País Brasil - (15/09/2015) sos.”
Em agosto, o comitê para refugiados anunciou a criação de uni-
Brasil acolhe, mas ainda não integra refugiados dades regionais em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, além da
Mais de 8 mil refugiados vivem atualmente no país. Sírios são contratação de novos funcionários públicos e de voluntários, e o uso
maioria entre migrantes de 80 nacionalidades que conseguem asilo, de videoconferências para facilitar as entrevistas com os requerentes.
mas contam com pouca ajuda federal para encontrar moradia, emprego “O governo enfrenta uma nova realidade e diante dela tem apri-
e aprender o idioma. morado suas políticas públicas, inclusive com iniciativas para oferecer
Para o sírio Talal al-Tinawi, é difícil responder à pergunta “você abrigo e assistência jurídica, social e psicológica”, disse à DW Brasil
está feliz no Brasil?”, mas também não há outra opção. “Eu quero con- Beto Vasconcelos, secretário nacional de Justiça e presidente do Co-
tinuar a minha vida”, diz. nare.

Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS GERAIS
De onde vem a ajuda Hoje o pessoal vem até a casa dele buscar as encomendas, mas
Quando chegaram ao Brasil, em dezembro de 2013, Tinawi e a Talal sonha em abrir um restaurante. “Eu quero ficar, viver aqui .Por
família ficaram abrigados na casa de um imigrante sírio em São Paulo isso, eu tenho um plano para o futuro”, diz.
por três meses. O Brasil não foi a primeira opção. Primeiro, eles foram para o
“Do governo, só recebi ajuda para fazer os documentos”, diz. Líbano e tentaram o visto para vários países europeus. Todos negaram.
“Esse sírio cadastrou meus filhos na escola pública, alugou um posto Aí, pensaram em cruzar o oceano.
numa feira para que eu pudesse vender roupas e me ajudou a alugar o Em São Paulo, os refugiados costumam morar perto das mesqui-
apartamento onde vivo até hoje. Aprendi português numa mesquita.” tas, como uma no Brás, e acabam formando uma comunidade. Para
Depois de ser vendedor, ele conseguiu trabalho numa empresa de
chegar ao Brasil eles normalmente não precisam se arriscar tanto quan-
engenharia, mas durou apenas um ano. “Por causa da crise econômica,
to os sírios que fogem para a Europa, porque o Brasil concede visto
houve demissões e fiquei desempregado”.
Apesar de ser engenheiro, ele ainda não conseguiu validar o di- humanitário antes mesmo deles deixarem o Oriente Médio.
ploma no Brasil. Com essa documentação, conseguem viajar para o Brasil e quan-
Durante um jantar em casa feito pela mulher de Tinawi, uma vo- do desembarcam no país podem dar entrada no pedido de refúgio.
luntária de uma ONG sugeriu que a família abrisse um restaurante de A resolução que instituiu essa política é de 2013. Um ano antes,
comida árabe. Eles criaram uma página no Facebook e já fazem entre- por causa do aumento da tensão na Síria, o Brasil decidiu transferir os
ga sob encomenda de especialidades sírias e vendem os produtos em serviços consulares de Damasco para Beirute, no Líbano.
eventos para imigrantes e refugiados. Por isso, a jornada dos refugiados começa nos países vizinhos da
“Quem mais oferece suporte são as organizações do terceiro setor, Síria, onde tem representação diplomática brasileira. Primeiro, eles
principalmente as não-governamentais, que têm prestado esse trabalho têm que ir para o próprio Líbano ou para países como Jordânia e Tur-
muito mais do que o governo”, diz Furriela. quia para tirar o visto. Com ele, conseguem embarcar em um avião e
A meta de abrir um restaurante depende, agora, da solidariedade atravessar o Atlântico até o Brasil.
de internautas. Tinawi lançou uma campanha de crowdfunding para A resolução que facilita a vinda dos sírios para o Brasil tem vali-
comprar geladeiras, fogões e todos os utensílios necessários para a co- dade de dois anos e está prestes a vencer. A ONG Conectas, ligada aos
zinha. Direitos Humanos, defende que ela seja prorrogada.
A imigrante síria Nazek al-Attar, que vive há 37 anos no Brasil, “É uma medida muito interessante porque garante que os sírios
faz parte da “Oasis”, uma rede solidária de cidadãos sírios, que ajudou venham de uma forma segura até o Brasil, porque lamentavelmente o
Tinawi nos primeiros meses no Brasil.
que nós temos visto na Europa é que as pessoas estão buscando refúgio
“A maior parte dos que chegam aqui são formados e dificilmente
em países europeus, mas para isso eles têm que se lançar numa jornada
conseguem emprego na área em que trabalhavam”, conta Attar. “Te-
mos que ajudar em praticamente tudo. Eles chegam com quase nada muito perigosa e até mesmo mortal. Só que ainda tem um ponto em
de dinheiro, por causa dos custos da viagem.” que o Brasil melhorar e muito que é como ele vai lidar com a chegada
Os sobrinhos dela, Majid Kouider, 20, que vivia na Jordânia, e dos sírios. A chamada integração dos refugiados na sociedade”, ressal-
Majid Aasali, 24, da Síria, se arriscaram na travessia pelo Mediterrâneo ta Camila Asano, coordenadora de política externa da Conectas.
para chegar à Europa há duas semanas. Eles se encontraram na Turquia Não é fácil, mas a vontade de fazer dar certo é grande, dos dois
e pagaram a atravessadores para embarcar com centenas de migrantes lados. A casa do Talal está abarrotada de doações de brasileiros para
a uma ilha grega. refugiados sírios.
“Eles quase morreram. É assim: um parente na Síria, outro na Jor- A auxiliar de limpeza Suelen Souza conta que trouxe roupas, sa-
dânia, outro na Europa. É muito difícil sobreviver à guerra”. Os primos patos e uns ursinhos e disse que vai ver se consegue mais coisas.
seguiram para Hungria e chegaram finalmente à Alemanha. Dos 110 E assim a guerra vai aproximando dois países tão distantes, igual-
mil pedidos de refúgio feitos a Berlim desde 2011, 75% foram apro- zinho na parede da casa do Talal.
vados, de acordo com o Serviço Federal para Migração e Refugiados. São Paulo também tem recebido muitos haitianos, que chegam de
Fonte: Uol - (09/09/2015) ônibus vindos do Acre. Eles ficam em uma igreja católica no Centro da
cidade, muitas vezes em condições precárias.
Brasil recebeu mais de dois mil refugiados sírios desde 2011 Fonte: G1 - (07/09/2015)
Muita gente se emocionou com as imagens dos refugiados que
chegam a todo momento na Europa, mas essa realidade não está muito
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA GUATEMALA
distante do Brasil. Nós somos o principal destino dos sírios na América
Latina.
Desde 2011, mais de dois mil sírios chegaram ao país e a previsão Eleitores da Guatemala vão às urnas após renúncia do pre-
é que esse número continue a subir. Há quatro anos, 25% dos pedidos sidente
de refúgio concedidos pelo Ministério da Justiça são para sírios. As urnas da Guatemala se abriram neste domingo (6) para a reali-
São Paulo já tem uma grande comunidade síria, que começou a zação das eleições gerais. O pleito ocorre após denúncias de corrupção
chegar no século dezenove e deu muitas contribuições à capital paulis- levarem o ex-presidente Otto Pérez Molina a renunciar ao cargo. A
ta. Agora, começa a receber novas famílias que fogem da guerra. vice-presidente, Roxana Baldetti, foi presa.
Na casa de Talal Al Tinawi, a vida começou de novo. Sara tem No sábado, centenas de guatemaltecos protestaram fazendo um
sete meses e é brasileira, filha de pais sírios refugiados. Eles chegaram velório simbólico da democracia, que consideram morta.
há um ano e oito meses, com os filhos mais velhos, fugindo da guerra Apesar disso, as seções eleitorais abriram em clima de tranquilida-
no país onde nasceram. Foi lá que a família aprendeu a cozinhar os de nos 338 municípios do país, nos quais 7,5 milhões de guatemaltecos
pratos árabes que hoje garantem o próprio sustento. estão convocados a eleger um presidente entre 14 candidatos.

Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS GERAIS
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rudy Pineda, “Esse voto é uma vitória para a diplomacia, para a segurança na-
declarou aberta a votação nos quase 2.700 postos em todo o país, em cional americana e para a segurança do mundo. Daqui para frente, nós
uma breve cerimônia na presença de observadores internacionais. vamos voltar ao trabalho crítico de implementação e verificação do
Imagens exibidas pela televisão local mostravam pessoas fazendo acordo, para que o Irã não alcance uma arma nuclear”, disse Obama,
fila desde cedo para votar. Em algumas seções, os mesários fizeram agradecendo aos senadores.
orações e cantaram o hino nacional antes de começar a receber as cé- O Congresso americano têm até o dia 17 de setembro para dar
dulas a partir das 10h (horário de Brasília). o seu parecer sobre o acordo. Os críticos, principalmente a oposição
Fonte: G1 - (06/09/2015)
republicana, alegam que o pacto não é capaz de assegurar que o Irã
Comediante vence primeiro turno na Guatemala jamais desenvolverá armas nucleares. Eles argumentam que a suspen-
O diretor de cinema, ator e comediante Jimmy Morales surpreen- são das sanções vai apenas contribuir para que o regime dos aiatolás
deu ao vencer o primeiro turno das eleições presidenciais da Guatema- alcance seu objetivo.
la, segundo resultados divulgados nesta segunda-feira (07/09). Apoio internacional
Com 96,65% dos votos contados, Morales, candidato da Frente de Pouco antes da votação, a chanceler federal da Alemanha, Angela
Convergência Nacional (FCN-Nación), garantiu 24,14% dos votos. A Merkel, o presidente da França, François Hollande, e o primeiro-mi-
seguir, vieram Manuel Baldizón, da Liberdade Democrática Renovada nistro britânico, David Cameron, defenderam o acordo nuclear, em um
(Lider), com 19,43%, e Sandra Torres, da Unidade Nacional da Espe- artigo assinado em conjunto e publicado no jornal americano Washin-
rança (UNE), com 19,48%. gton Post.
O terceiro e o segundo colocados terão de esperar os resultados “Nós estamos confiantes de que o acordo proporciona as bases
definitivos, que podem demorar até cinco dias, para saber quem dispu- para resolver permanentemente o conflito sobre o programa nuclear
tará o segundo turno com Morales, em 25 de outubro. iraniano”, disseram os líderes.
O comediante, de 46 anos, que há poucos meses era praticamente
Após anos de impasse, Irã e as potências reunidas no grupo P5+1
um desconhecido, conseguiu capitalizar a frustração popular com os
políticos tradicionais em meio a uma onda de escândalos de corrupção, – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU
que levaram à queda do presidente Otto Pérez Molina e instalaram a (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) mais a Alemanha – con-
pior crise política do país em décadas. seguiram fechar um acordo sobre o programa nuclear iraniano em ju-
“Estou emocionado com resultados”, disse o candidato, asse- lho.
gurando que não tem compromisso com nenhum setor e que a única O acordo histórico visa garantir que o Irã não produza armas nu-
aliança que fez foi com o povo. cleares. Em contrapartida, Estados Unidos e União Europeia (UE) vão
A participação dos eleitores pode ter superado os 78%, sendo pos- aliviar as sanções que afetam drasticamente a economia iraniana. As
sivelmente o maior índice desde o retorno do país à democracia, há 30 negociações entre os dois lados haviam começado em 2006.
anos. A mais alta participação, de 69,34%, havia sido registrada em Fonte: Deutsche Welle Brasil - (11/09/2015)
2011, quando Pérez Molina venceu.
ELEIÇÕES NA CATALUNHA
Escândalo e renúncias
Muitos analistas consideravam difícil a realização das eleições
Coalizão separatista vence eleições regionais na Catalunha
devido às manifestações que ocorrem desde abril contra a corrupção e,
Os partidos separatistas conquistaram a maioria absoluta dos
em paralelo, para pedir a suspensão do processo eleitoral.
Na semana passada, o presidente Pérez Molina, um militar da re- assentos no Parlamento da Catalunha neste domingo (27), mas não
serva, foi preso e renunciou em meio a escândalos de corrupção. A sua alcançaram mais de 50% dos votos absolutos, o que pode levar o go-
vice-presidente, Roxana Baldetti, já havia renunciado há quatro meses verno a frear os planos separatistas liderados pelo presidente catalão,
pelo mesmo motivo. Ambos estariam à frente de uma rede de corrup- Artur Mas.
ção aduaneira batizada de La Línea. O movimento independentista conseguiu 72 das 135 vagas dispu-
Desde a prisão de Baldetti, os guatemaltecos saem à rua todos tadas na região, conseguindo maioria absoluta - Junts pel Si conseguiu
os sábados para exigir o fim da corrupção e da impunidade. Muitos 62 cadeiras, enquanto o CUP teve 10 assentos.
eleitores estavam indecisos em participar da eleição devido à não apro- O grupo havia proposto para este domingo um plebiscito para a
vação de reformas da Lei Eleitoral e de Partidos Políticos para evitar a independência, algo que os outros partidos acabaram não aceitando
reeleição de deputados e prefeitos. oficialmente. Entretanto, os partidos separatistas conseguiram 47,8%
Fonte: Deutsche Welle Brasil - (07/09/2015) dos votos absolutos, o que não seria suficiente para ganhar a consulta
popular.
Senado americano ratifica acordo nuclear iraniano
Junts pel Si e CUP propunham a independência da Catalunha,
O Senado americano ratificou nesta quinta-feira (10/09) o acordo
sobre o programa nuclear iraniano, ao vetar uma moção de repúdio uma opção que o governo espanhol - conduzido pelo Partido Popular
ao tratado, proposta pelo Partido Republicano. A ratificação foi uma (PP) - considerada inconstitucional com o respaldo do principal partido
importante vitória para o presidente americano, Barack Obama, em de oposição no país, o socialista PSOE.
direção à aprovação do pacto no Congresso. Os separatistas não conseguiram a maioria absoluta em número
Apesar de 58 votos contra e 42 a favor, eram necessários 60 para de votos – apesar de terem conseguido a maioria dos assentos no Par-
levar a medida ao plenário. Assim, em caso de vitória da oposição, o lamento – porque as eleições são proporcionais. Logo, um candidato
acordo ficaria sujeito a uma medida executiva do presidente. E para de uma região menos populosa precisa de menos votos para se eleger
invalidar o veto de Obama, seria necessária uma maioria de dois terços do que aquele que representa uma região com maior densidade popu-
no Senado e na Câmara dos Representantes. lacional.

Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS GERAIS
No caso catalão, regiões de menor população elegeram mais sepa- As advertências de Linde, em linha com outras de dirigentes da
ratistas, fazendo com que a coalizão alcançasse um grande número de União Europeia, estão entre as mais duras já feitas pelos membros do
cadeiras, mas não a maioria absoluta dos votos. BCE sobre o assunto. O bloco separatista liderado pelo presidente da
Coalizões Catalunha, Artur Mas, deve vencer a eleição, segundo as pesquisas
Abaixo da coalizão ganhadora se situaram vários partidos que mais recentes. Ele pode precisar, porém, do apoio de outro partido se-
rejeitam a hipótese independentista, como Ciudadanos (centro, 25 ca- paratista para formar um governo em Barcelona.
deiras), PSC (socialistas, 16), PP (centro-direita, 11) e Catalunya sí que Fonte: Época Negócios – (21/09/2015)
es pot (esquerda, 11).
Junts pel Si é uma coalizão integrada por políticos de diferen- PAPA FRANCISCO VISITA CUBA E OS ESTADOS UNI-
tes tendências, tanto da esquerda republicana como da centro-direita, DOS
como é o caso do presidente do Executivo regional, Artur Mas, que
deseja a reeleição e que no passado se caracterizou por ser um nacio- Papa Francisco pede aos cubanos que sirvam às pessoas e não
nalista moderado. às ideias
Cerca de 5,5 milhões de catalães foram convocados às urnas para O Papa Francisco pediu neste domingo em sua homilia durante a
pleitos destinados a renovar o parlamento regional e escolher o novo missa na Praça da Revolução de Havana que os cubanos sirvam às pes-
governo, mas os nacionalistas viam essas eleições como o início de um soas, e não às ideias, e insistiu que a importância das nações se mede
processo encaminhado à eventual secessão da Catalunha. em como atendem as necessidades dos mais desfavorecidos.
Mas e seus aliados falaram a seus simpatizantes em Barcelona e O pontífice disse que o povo cubano tem “vocação de grandeza” e
quiseram dar ao resultado uma leitura positiva ao afirmar que no pleito afirmou que deve cuidar especialmente dos mais frágeis.
“ganhou (seu projeto)” e se deu uma “grande legitimidade” à coalizão “A importância de um povo, de uma nação, a importância de uma
para seguir com o programa independentista. pessoa sempre se baseia em como serve à fragilidade de seus irmãos”,
Por outro lado, fontes do Executivo espanhol disseram à Agência continuou o papa, que dedicou sua homilia aos cristãos.
Efe que o governo considera que os resultados das eleições catalãs de- “Todos estamos convidados a cuidar uns dos outros por amor”.
monstram que Artur Mas fracassou em sua estratégia separatista, por- O papa alertou para a tentação de “querer beneficiar os ‘meus’ em
que não alcançou nem em votos nem em cadeiras o apoio suficiente da nome do ‘nosso’ porque isso pode gerar uma dinâmica de exclusão”.
sociedade catalã para seu projeto. “O serviço nunca é ideológico, já que não se serve às ideias, mas
Já o líder socialista, Pedro Sánchez, afirmou que os partidários
às pessoas”, continuou na missa, celebrada no mesmo local em que
da independência na Catalunha “perderam o plebiscito. Há uma maio-
os papas João Paulo II, em 1998, e Bento XVI, em 2012, realizaram
ria de catalães que não quer a independência, mas que quer abrir um
cerimônias.
tempo de convivência, diálogo e de reforma no conjunto” da Espanha.
Francisco lembrou que “o santo povo fiel a Deus que caminha em
Nas próximas semanas acontecerá a constituição do parlamento
Cuba é um povo que tem gosto pela festa, pela amizade, pelas coisas
regional e a formação do novo governo, tudo isso enquanto na Espanha
belas, e também tem feridas, mas sabe estar de braços abertos”.
se aproximam as eleições legislativas, previstas para dezembro e na
qual é provável que o debate catalão siga presente. “Hoje os convido a cuidarem dessa vocação, a cuidarem destes
O próprio Mas não tem garantida a reeleição à frente do Executivo dons que Deus os presenteou, mas especialmente quero convidá-los a
regional catalão, já que a CUP está em condições de apoiar a Junts pel cuidarem e servirem, de modo especial, à fragilidade de seus irmãos”.
Si, mas não o próprio Mas como presidente, por considerar que fez “Não descuidem deles por projetos que podem parecer sedutores,
uma política conservadora e de cortes sociais. mas que os afastam do rosto de quem está ao seu lado”, advertiu o papa
Fonte: G1 – (28/09/2015) na cerimônia, que foi assistida pelo presidente cubano, Raúl Castro, e
pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
BC da Espanha diz que Catalunha precisará deixar Euro, se “Servir significa, em grande parte, cuidar da fragilidade. Cuidar
declarar independência dos frágeis de nossas famílias, de nossa sociedade, de nosso povo”,
O presidente do Banco Central da Espanha, Luis Maria Linde, disse o papa.
disse nesta segunda-feira que a Catalunha, caso declare independência O pontífice celebrou a eucaristia diante de milhares de cubanos
do restante do país, será “automaticamente” excluída da zona do euro. que o esperavam desde o começo da manhã. Ele circulou para cum-
A declaração é feita dias antes de uma contestada eleição regional no primentá-los mais de perto a bordo de um papamóvel conversível de
domingo. fabricação cubana.
Também membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Fonte: G1 – (20/09/2015)
Linde disse que os bancos catalães perderiam imediatamente financia-
mento do BCE, no caso de uma separação unilateral da Espanha, como Após visitar Cuba, Papa Francisco chega aos Estados Unidos
ameaçado pelo governo catalão, deixando a economia local em sérias O Papa Francisco chegou por volta das 16h45 desta terça-feira
dificuldades. (22) à base Andrews, no estado norte-americano de Maryland, que
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, também é um forte serve a capital Washington. O Papa foi recebido pelo presidente ameri-
opositor dos separatistas catalães. Linde disse que a secessão levaria à cano Barack Obama, acompanhado da primeira-dama Michelle e suas
imposição de fortes restrições bancárias na Catalunha, como as vistas duas filhas, em sua primeira visita ao país. Em seguida, ele cumpri-
recentemente na Grécia. Questionado se um Estado catalão seria es- mentou bispos, inclusive o cardeal Donald Wuerl, da arquidiocese de
tável nessas condições, Linde disse que, ainda que a economia catalã Washington, e recebeu flores de crianças.
tenha um peso relativamente considerável, com um Produto Interno O pontífice deixou a base naval em um Fiat 500 com uma placa
Bruto (PIB) um pouco superior ao de Portugal, não faz sentido tratar SCV-1, que é usada em diferentes veículos para identificar o Papa Mó-
dessas questões “teóricas”. vel. A abreviação “SCV” significa “estado da Cidade do Vaticano”.

Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS GERAIS
Há grande expectativa quanto ao que Francisco dirá nos Estados “Ele falou com clareza, discrição e moderação”, disse o porta-voz
Unidos, onde fará o primeiro pronunciamento de um Papa perante o do Vaticano, Federico Lombardi, aos jornalistas, quando perguntado
Congresso, em Washington, e falará na Organização das Nações Uni- por que o Papa não tinha tratado diretamente de questões como o his-
das (ONU), em Nova York. O Papa também visitará a Filadélfia. tórico de Cuba em direitos humanos e o embargo comercial dos EUA,
O primeiro compromisso oficial de Francisco em Washington será ao qual o Vaticano se opõe.
uma visita a Obama na Casa Branca, na manhã de quarta-feira. Vin- “O papa quer fazer uma contribuição, mas a responsabilidade re-
te mil pessoas são aguardadas nos jardins da residência presidencial, cai sobre os líderes das nações. Ele não quer exagerar o seu papel, só
onde o Papa deverá dar um discurso em inglês. quer contribuir, fazendo sugestões, promovendo o diálogo, a justiça e o
O Papa concluiu nesta terça sua visita a Cuba, fazendo assim uma bem comum das pessoas”, disse o porta-voz.
ligação entre os dois países adversários de longa data que iniciaram Fonte: G1 - (22/09/2015)
uma abertura nas relações bilaterais com mediação do pontífice. Em
julho, EUA e Cuba retomaram sua relações diplomáticas e abriram Papa fala no Congresso dos EUA e pede fim de hostilidade aos
embaixadas nos respectivos territórios. imigrantes
Antes de aterrissar nos EUA, o pontífice disse a repórteres a bordo O Papa Francisco realizou na manhã desta quinta-feira (24) o pri-
do avião que o transportou que espera que o embargo imposto pelos meiro discurso de um papa no Congresso dos Estados Unidos, como
EUA contra Cuba seja levantado como parte das negociações entre os parte de sua agenda durante sua primeira visita ao país. Em seu dus-
dois países, mas que não falará sobre isso no Congresso norte-ameri- curso, o Papa pediu o fim da “mentalidade de hostilidade” contra os
cano, mas sim sobre as relações internacionais de uma maneira geral. imigrantes, falou sobre o fundamentalismo religioso, a necessidade de
“Meu desejo é que eles alcancem um bom resultado, que alcan- proteger as pessoas mais vulneráveis e a luta pela igualdade na socie-
cem um acordo que satisfaça os dois lados”, afirmou. dade norte-americana.
O pontífice também voltou a tocar no tema da mudança climática,
Cuba que divide republicanos e democratas nos EUA. Para ele, o Congresso
Em Cuba, Francisco se reuniu com o presidente Raúl Castro e dos EUA tem um importante papel a cumprir na luta contra os danos
também encontrou o ex-presidente Fidel Castro em sua casa em Hava- ambientais causados pela atividade humana, e pediu “ações valentes”
na. O encontro durou cerca de 40 minutos e ocorreu em um “ambiente neste sentido. “Estou convencido de que podemos fazer a diferença e
muito familiar e informal”, com a presença da esposa do líder cubano, não tenho nenhuma dúvida de que os EUA e este Congresso devem ter
Dalia Soto del Valle. um papel importante”.
Nesta terça, disse à repórteres a bordo do avião que o levava aos Em outro assunto polêmico, o Papa pediu a abolição global da
EUA que falou muito da encíclica papal “Laudato si”, na qual o pon- pena de morte. “Estou convencido de que este é o melhor modo, já que
tífice trata sobre o meio ambiente, em seu encontro com o líder da toda vida é sagrada”, disse. Em referência ao aborto e à eutanásia, ele
Revolução Cubana. afirmou que a humanidade deve “proteger e defender a vida humana
“Ele está muito interessado no tema da ecologia”, declarou Fran- em todos os estágios de seu desenvolvimento.”
cisco aos meios de comunicação internacionais, entre eles a Agência Francisco se disse ainda preocupado com o futuro dos casamentos
Efe. “O encontro não foi tão formal, mas espontâneo. Estava também e famílias, visto que “relações fundamentais estão sendo questiona-
sua família presente. Além de meus acompanhantes, meu motorista es- das”.
tava lá”, contou o pontífice. “A família foi essencial para construir esse país. E merece todo
“Do passado não falamos. Bom, sim do passado, de como eram nosso apoio e encorajamento. Mesmo assim, não oculto minhas preo-
os jesuítas, de como faziam-no trabalhar, disso sim”, revelou o papa cupações quanto à família, que está ameaçada, talvez como nunca an-
argentino quando perguntado se o ex-presidente cubano tinha lhe pas- tes, do lado de dentro e do lado de fora”, afirmou, segundo a agência
sado a sensação de que se arrependeu de algo do que fez no passado. France Presse.
“O arrependimento é uma coisa muito íntima. Uma coisa de cons- O pontífice iniciou seu discurso falando diretamente aos parla-
ciência”, acrescentou o Papa. mentares, sobre seu dever em defender e preservar a dignidade da po-
Além de Havana, o Papa visitou as cidades de Holguín e Santiago. pulação, e estimular o crescimento de todos os membros da sociedade,
Enquanto esteve na ilha o Papa evitou fazer declarações políticas os- principalmente aqueles mais vulneráveis.
tensivas, que os dissidentes esperavam que ele fizesse, mas usou suas “Eu gostaria não apenas de falar com vocês parlamentares, mas
homilias para enviar mensagens ligadas à espiritualidade e sobre a ne- através de vocês, com toda a população dos EUA. Queria esta opor-
cessidade de mudanças no país comunista, de partido único. tunidade para dialogar com milhares de mulheres e homens. Eles não
O pontífice pediu aos cubanos que pensem com maior abertura e estão apenas pagando seus impostos, mas em seu próprio modo susten-
sejam tolerantes às ideias de outras pessoas. Em uma missa na segun- tam a vida em sociedade”, disse Francisco.
da-feira para dezenas de milhares de pessoas em Holguín, no leste da Ele pediu que o Congresso dê esperança para as pessoas que estão
ilha, ele exortou seus ouvintes “a não se satisfazerem com a aparência “presas no ciclo da pobreza”.
ou com o que for politicamente correto”.
Moderação Imigração
A abordagem mais suave, um contraste com a adotada por seus Após falar sobre o tema da imigração em outras ocasiões durante
dois antecessores imediatos quando visitaram Cuba, parece impul- sua visira aos EUA, o Papa tocou novamente no assunto, lembrando
sionada por um desejo de incentivar calmamente os cubanos em um que ele é filho de imigrantes, assim como alguns dos presentes no Con-
momento delicado após a retomada das relações diplomáticas com os gresso. “Não devemos repetir os pecados e os erros do passado. Deve-
Estados Unidos. Enquanto isso, a Igreja cubana está discretamente ne- mos resolver viver agora de maneira tão nobre e justa quanto possível,
gociando mais espaço para a sua missão religiosa. enquanto educamos novas gerações.”

Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS GERAIS
Ele pediu que o Congresso rejeite a “mentalidade de hostilidade” O pontífice também buscou consolar o grupo. “Diante de situa-
em relação aos imigrantes e reconheça que as pessoas que querem se ções injustas, dolorosas, a fé nos traz essa luz que dissipa a escuridão.
mudar para os Estados Unidos são pessoas que estão tentando melho- Assim como José, a fé nos abre a presença silenciosa de Deus em toda
rar suas vidas e as de suas famílias. vida, em toda pessoa, em toda situação. Ele está presente em cada um
“Construir uma nação pede que reconheçamos que nós preci- de vocês, em cada um de nós”.
samos nos relacionar constantemente com os outros, rejeitando uma Depois, convidou-os a rezar com ele e abençoou a refeição de pei-
mentalidade de hostilidade para poder adotar uma de subsidiariedade to de frango desossado e salada de macarrão para o grupo antes de se
recíproca”, disse Francisco. misturar à multidão, trocando apertos de mão e parando para tirar fotos
Para ele, a crise dos refugiados é algo sem precedentes desde a enquanto admiradores gritavam “Papa! Papa!” em espanhol.
Segunda Guerra Mundial, e o drama no continente americano repre-
senta “grandes desafios e decisões difíceis”. Para ele, é necessário não Temas polêmicos
deixar-se intimidar por números, e adotar uma reposta que os trate de O Papa seguiu para Nova York na tarde desta quinta-feira. Ele
um modo sempre “humano, justo e fraternal”. chegou aos EUA na terça e participou de diversos compromissos em
Francisco pediu vigilância contra qualquer tipo de fundamentalis- Washington. Além do evento na Casa Branca, ele passeou de papamó-
mo, e advertiu que “nenhuma religião é imune às diversas formas de vel pelas ruas de Washington D.C., participou de um encontro com
aberração individual ou extremismo religioso”. “Combater a violên- bispos na catedral da cidade e canonizou um padre espanhol.
cia realizada em nome de uma religião, uma ideologia, ou um sistema Francisco tocou em temas polêmicos durante seus compromissos.
econômico e, ao mesmo tempo, proteger a liberdade das religiões, das Na visita à Casa Branca, além da mudança climática, ele e Obama fa-
ideias, e das pessoas requer um delicado equilíbrio sobre o qual temos laram sobre a aproximação dos EUA com Cuba e da crise migratória e
que trabalhar”, afirmou. dos refugiados em seus discursos.
O Papa assinalou que este ano marca o 120º aniversário do assas- No encontro com os bispos, o Papa disse que os crimes de abuso
sinato do presidente Abraham Lincoln, o “guardião da liberdade”, e sexual de menores pelos clérigos não devem se repetir jamais. “Eu sei
também lembrou da marcha de Martin Luther King saindo de Selma o quanto os fez sofrer o ferimento dos últimos anos, e tenho acompa-
realizada há 50 anos, como parte de seu sonho de que os afro-america- nhado de perto seu generoso esforço para curar as vítimas, consciente
nos tivessem direitos na América. “Esse sonho continua a nos inspirar,
de que, quando curamos, também somos curados, e por continuar a
e estou feliz de saber que a América continua a ser para muitos a ‘terra
trabalhar para garantir que esses crimes não se repitam mais”, disse.
dos sonhos’.”
Francisco adotou medidas severas contra a pedofilia, mas, nos
Participaram da sessão conjunta do Congresso diversas autori-
Estados Unidos, sua decisão de não se reunir com vítimas de abuso se-
dades, como os responsáveis do Supremo Tribunal, os presidentes do
xual decepcionou muitos seguidores, segundo a agência France Presse.
Senado e da Câmara dos Representantes, o Secretário de Estado e o
No mesmo discurso, lembrou as origens de imigração de sua fa-
decano do Corpo Diplomático.
mília e pediu que os sacerdotes dos EUA acolham os imigrantes latinos
“sem medo” em suas igrejas. “Agora há esta grande onda de imigração
Desabrigados
latina em muitas de suas dioceses. Talvez não seja fácil para vocês le-
Após o discurso desta manhã no Congresso, o Papa apareceu no
balcão e saudou a multidão que o aguardava em frente ao prédio. Ele rem suas almas; talvez sejam submetidos à prova por sua diversidade.
disse estar feliz por ver crianças e pediu, como costuma fazer, para que Em todo o caso, saibam que eles também têm recursos para comparti-
os fieis rezem por ele. lhar. Portanto, os acolham sem medo”, disse o pontífice.
“Senhor, abençoe este povo, abençoe a cada um deles, abençoe a Fonte: G1 - (24/09/2015)
suas famílias, dê a eles o que mais necessitam, e peço a vocês o favor de
rezarem por mim”, afirmou. “Ao que não creem ou não podem rezar, VENEZUELA
que me desejem coisas boas”, acrescentou, para delírio da multidão.
Mais tarde, durante visita à igreja de Saint Patrick, o Papa evo- Venezuela condena líder opositor López a 13 anos de prisão
cou o problema da falta de moradia. Ele lembrou a passagem bíblica A Justiça venezuelana condenou, nessa quinta-feira (10), o líder
que mostra a sagrada família também não tinha abrigo quando Maria opositor Leopoldo López a 13 anos e nove meses de prisão por in-
estava prestes a dar à luz. “Como o filho de Deus não tem casa?, se per- citação à violência durante uma marcha contra o governo de Nicolás
guntava José. Como José vocês podem se perguntar porque estamos Maduro.
sem casa?”, observou. Ele fez um apelo aos católicos para abrirem o Trata-se da maior pena possível para delitos de instigação pública,
coração. associação para delinquência, danos à propriedade e incêndio – previs-
Em seguida, o Papa se reuniu com cerca de 200 pessoas sem-teto tos no Código Penal e na Lei Orgânica contra a Delinquência Organi-
no centro beneficente desta igreja, que oferece alimento, assistência zada e Financiamento ao Terrorismo.
médica e ajuda para arrumar emprego. Francisco disse aos presentes, O advogado Juan Carlos Gutierrez disse que a defesa apelará “nos
que eles lembravam-no de “uma pessoa de que gosto, que é e foi mui- próximos dias” à sentença, que qualificou como “violação sistemática
to importante ao longo da minha vida (...) Vocês me lembram de São dos direitos humanos” e falha “baseada em mentiras”. Ele disse que
José”. não há uma “base jurídica sólida” para a sentença.
“Não encontramos nenhum tipo de justificativa social, moral, ou Os principais dirigentes oposicionistas da Venezuela classificaram
do tipo que for, para aceitar a falta de alojamento. São situações injus- a sentença para López, fundador e líder do partido Vontade Popular
tas, mas sabemos que Deus as está sofrendo conosco, está vivendo-as (VP), de “infame”, uma “provocação” produzida por uma “Justiça po-
ao nosso lado. Não nos deixa sozinhos”, disse o papa. dre”.

Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS GERAIS
“Esta sentença contra Leopoldo López é definitivamente uma pro- anunciaram em um comunicado conjunto lido pelo presidente equato-
vocação. Não se esqueça que estamos a 87 dias de eleições cruciais na riano, Rafael Correa, o retorno imediato dos embaixadores e a “norma-
Venezuela. Eleições que o governo está perdendo”, disse o secretário lização progressiva da fronteira”.
executivo da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba, Segundo o jornal espanhol, a crise, provocada por Maduro em
ao canal CNN. 19 de agosto, afetou 20 mil pessoas, segundo dados da ONU:1.500
Henrique Capriles, que foi candidato à presidência duas vezes es- porque eles foram deportados da Venezuela e o restante porque eles
creveu em sua conta no Twitter: “a Justiça na nossa Venezuela está decidiram sair de suas casas por medo de retaliação.
podre. Hoje mais do que nunca entendemos que o caminho para a li- “É a retomada das relações baseadas na cooperação e no respei-
berdade de Leopoldo e de todos começa no #6D”, disse em alusão às to e confrontação comum dos problemas que têm dois países”, disse
eleições, a serem realizadas no dia 6 de dezembro. Maduro após a reunião. “Foi uma reunião muito franca, muito clara,
Ao saírem do Palácio da Justiça, onde foi proferida a sentença, fa- num clima de fraternidade. Quem ganhou hoje? A sensatez, o diálogo,
miliares e colegas opositores de López se dirigiram à praça Bolivar, no e por isso deve sempre prevalecer, a paz.” “Foi uma discussão calma,
município de Chacao, onde falaram a dezenas de simpatizantes sobre o amigável e produtiva”, disse Santos.
resultado do julgamento, a posição do dirigente condenado e as ações Ambos os líderes concordaram em uma agenda de trabalho entre
os dois países. Nesta quarta-feira (23/9) ministros envolvidos na crise
que serão organizadas nos próximos dias.
vão se reunir em Caracas “para abordar as questões sensíveis de fron-
teiras”. Um dos aspectos a serem abordados será o contrabando.
“Me coloque as algemas” De acordo com o jornal El País, o encontro, realizado na residên-
A manifestação que resultou na condenação de López ocorreu no cia privada do presidente do Equador, durou quase cinco horas. Os dois
dia 12 de fevereiro de 2014 e não foi somente convocada e organizada líderes foram recebidos pelos presidentes Rafael Correa (Equador) e
pelo líder do VP, mas por vários outros dirigentes da oposição. A pena Tabaré Vázquez (Uruguai), facilitadores da reunião como presidente
deverá ser cumprida na prisão militar de Ramo Verde, próxima a Cara- temporário da Unasul e Celac, respectivamente. O formato da reu-
cas – onde ele já está preso há mais de um ano e meio. nião tinha sido previamente acordado pelas chancelarias. Primeiro os
A esposa de López, Lilian Tintori, pediu aos simpatizantes do ma- quatro líderes se encontraram, acompanhados pelos seus ministros dos
rido que mantenham a calma e esperem “a convocação” que o líder Negócios Estrangeiros durante três horas; então, e vendo a disponibi-
fará “junto com seus companheiros” da aliança opositora MUD. Ela lidade para o diálogo, a reunião foi ampliada para outros membros das
anunciou que López emitirá um comunicado nesta sexta-feira (11). delegações.
Segundo Tintori, durante o pronunciamento da sentença, o marido Desde o início, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos,
permaneceu tranquilo e disse ao militar que o acompanhava: “me colo- havia defendido uma solução diplomática e negociada para a crise pro-
que as algemas, porque elas não serão tiradas nem pela juíza nem pela vocada pela solução Maduro, embora os resultados fossem em vão.
Justiça injusta. Estas algemas serão tiradas pelo povo da Venezuela.” “Viemos com as melhores intenções, mas sem expectativas”, o menos
Fonte: Portal Terra – (11/09/2015) otimista do que o seu homólogo venezuelano presidente colombiano
disse antes de sair. “Eu venho com o maior desejo de paz com a Co-
EUA revelam profunda preocupação com condenação de Ló- lômbia”, disse Maduro na chegada em Quito, onde se mudaram uma
pez na Venezuela mensagem clara. “Ou ganhamos ou ganhamos paz paz” Ambos os lí-
A subsecretária de Estado dos Estados Unidos para o Hemisfério deres tentaram fechar atitude exibida na frente das câmeras.
Ocidental, Roberta Jacobson, se mostrou “profundamente preocupa- Este é o primeiro encontro entre os chefes de Estado desde Ma-
da” com a pena de 13 anos e nove meses de prisão ditada nesta quinta- duro decidiu fechar parte da fronteira com a Colômbia no dia 19 de
feira para o líder da oposição venezuelana Leopoldo López. agosto, depois de um incidente em que três membros da Guarda Na-
Em seu perfil no Twitter, Roberta escreveu que está “profunda- cional Bolivariana (GNB) ficaram feridos, de acordo com o governo
mente preocupada com a condenação de Leopoldo López” e pediu que venezuelano, por paramilitares e traficantes colombianos. O que ele foi
inicialmente interpretado como uma medida de precaução. O primei-
“o governo proteja a democracia e os direitos humanos na Venezuela”.
ro anúncio envolvendo o fechamento de 72 horas - dois dias depois
López foi condenado hoje a 13 anos e nove meses de prisão em
que ele levou o fechamento da ponte Simon Bolivar, no rio Táchira,
decisão de um tribunal de primeira instância, informaram fontes de seu ligando a Colômbia e a Venezuela. Maduro também declarou estado
partido, o Vontade Popular (VP), e seu advogado, Roberto Marrero. de emergência em vários municípios da Venezuela e da deportação de
“Terminou a audiência e a juíza (Susana) Barreiros sentenciou cidadãos colombianos que vivem no país vizinho começou.
Leopoldo a 13 anos, nove meses e sete dias de reclusão na prisão de Fonte: Jornal do Brasil – (22/09/2015)
Ramo Verde”, disse Marrero em seu perfil do Twitter.
Com isso, López pegou a pena máxima para os crimes dos quais Venezuela e Colômbia chegam a acordo para resolver crise
era acusado: incitação à violência, formação de quadrilha, danos à pro- na fronteira
priedade e incêndio, todos relacionados com os atos violentos ocorri- Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia,
dos no final de uma manifestação antigovernamental convocada por Juan Manuel Santos, se reuniram hoje (21) pela primeira vez desde o
ele e outros políticos no dia 12 de fevereiro de 2014, que terminou com início da crise na fronteira entre os dois países. A crise já dura um mês
três mortes. e fez com que cerca de 20 mil colombianos, que viviam em território
Fonte: Portal Terra – (11/09/2015) venezuelano, deixassem o país.
No final do encontro, na capital do Equador, Quito, os dois go-
Venezuela e Colômbia diminuem a tensão, mas a fronteira vernos anunciaram a decisão de normalizar imediatamente as relações
permanece fechada diplomáticas; de investigar denúncias de ambas partes e de fazer uma
Os presidentes da Colômbia e Venezuela, Juan Manuel Santos e reunião ministerial na capital venezuelana, Caracas, na próxima quar-
Nicolas Maduro, concordaram na segunda-feira em reduzir a tensão ta-feira (23), para encontrar formas de combater o contrabando e nar-
entre os dois países, mas a fronteira permanecerá fechada. Os líderes cotráfico na região.

Didatismo e Conhecimento 31
CONHECIMENTOS GERAIS
Tanto Maduro quanto Santos manifestaram a intenção de se reu- “A base de tudo a questão da educação, mas não a educação que
nir, o que foi possível com a ajuda e a participação dos presidentes do a gente vê, de entrar em uma escola, tirar uma carteira e ser habilitado.
Equador, Rafael Correa, e do Uruguai, Tabaré Vázquez. O Equador Essa educação tem que começar lá na escola, lá no Ensino Fundamen-
exerce a presidência pró-tempore da Comunidade de Estados Latino- tal, e vir gradualmente conscientizando o cidadão. Sem isso a gente
-Americanos e Caribenhos (Celac) e o Uruguai o da União de Nações não vai conseguir reduzir as estatísticas de trânsito, infelizmente”, con-
Sul-americanas (Unasul), daí a iniciativa de Correa e Tabaré Vázquez ta o agente da PRF Franklin Cardoso.
para que os dois presidentes se encontrassem. Na BR-020, ao norte de Brasília, motoristas não negam sua parce-
Os quatro presidentes ficaram satisfeitos com o que consideram la de culpa. “Enquanto nós não nos educarmos e entender que na fila de
ser um diálogo “construtivo”. Ficou acertado que os embaixadores da um hospital não é lugar para o cidadão estar, vai acontecer toda hora”,
Colômbia, em Caracas, e da Venezuela, em Bogotá, deverão voltar a defende o caminhoneiro Alaílson dos Santos.
seus postos, normalizando as relações diplomáticas. Mas eles não esquecem das deficiências das rodovias. “A infraes-
A crise foi desencadeada no dia 19 de agosto depois de uma em- trutura é precária no Brasil, precisa melhorar a condição das estradas.
boscada a três militares venezuelanos, que patrulhavam a fronteira, E também a conscientização dos motoristas, porque tem muita impru-
para impedir o contrabando de alimentos e combustível. Além dos dência também envolvida nisso”, diz o produtor rural Marcio Moisés.
militares, um civil venezuelano foi ferido por homens armados que Imprudência, desleixo, precariedade, abandono. O trânsito brasi-
fugiram de moto. leiro pede socorro para parar de machucar e matar.
Maduro atribuiu o ataque a “paramilitares” colombianos que, se- Nos últimos dez anos o número de mortos aumentou 34,5% e a
gundo ele, protegem o milionário negócio do contrabando, e mandou quantidade de feridos subiu 50%. Contra motoristas inconsequentes, a
fechar parte da fronteira. Cerca de mil colombianos, vivendo ilegal- Câmara dos Deputados aprovou um projeto que dobra a pena para o
mente na Venezuela, foram deportados. motorista que dirigir bêbado e provocar um acidente com morte.
Desde então, a tensão só aumentou, apesar dos chanceleres dos Atualmente, a pena máxima é de quatro anos de prisão. Pela pro-
dois países terem se reunido duas vezes. Colômbia chamou seu em- posta, a punição pode chegar a até oito anos. O projeto segue agora
baixador em Caracas “para consultas” e Venezuela fez o mesmo com o para votação no Senado.
seu representante em Bogotá. Fonte: G1 - (24/09/2015)
Em um mês, Maduro estendeu o “estado de exceção” a 23 muni-
cípios fronteiriços e cerca de 20 mil colombianos deixaram a Venezue-
Extintor de incêndio em carro deixará de ser obrigatório
la, temendo ser expulsos. O Ministério da Defesa colombiano acusou
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu em reunião
aviões venezuelanos de violarem seu espaço aéreo, o que foi negado
nesta quinta-feira (17) que o uso do extintor de incêndio em carros,
pela Venezuela.
caminhonetes, camionetas e triciclos de cabine fechadas, será opcional,
Fonte: Agência Brasil – (21/09/2015)
ou seja, a falta do equipamento não mais será considerada infração
CULTURA E SOCIEDADE nem resultará em multa.
A entidade justifica que os carros atuais possuem tecnologia com
Custo anual da imprudência no trânsito supera R$ 40 bilhões maior segurança contra incêndio e, além disso, o despreparo para o uso
Cada vez que um motorista faz uma barbeiragem nas estradas a do extintor poderia causar mais perigo para os motoristas.
conta é dividida com todo mundo. E não é pouco dinheiro, não. O O fim da obrigatoriedade do extintor para carros começará a valer
custo anual da imprudência dá mais de R$ 40 bilhões. a partir da publicação da resolução, o que deverá ocorrer nos próximos
Vidas perdidas, tragédias familiares. Essa é a consequência ime- dias, diz o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
diata que todos nós conhecemos. Mas economistas avaliaram também Desde 1970, rodar com veículos sem o equipamento ou com ele
o peso financeiro. Dinheiro público gasto com transporte de acidenta- vencido ou inadequado é considerado infração grave, com multa de
dos e até com o combustível que a Polícia Rodoviária usa para chegar R$ 127,69 e mais 5 pontos na carteira de motorista. O Brasil é um dos
até as vítimas. poucos países que obrigava automóveis a ter o extintor. Nos Estados
São apenas máquinas, mas que podem matar quando os condu- Unidos e na maioria das nações europeias não existe a obrigatoriedade.
tores não conhecem ou não respeitam seus limites. O motoqueiro que O equipamento continuará sendo exigido no país apenas para ca-
costura; o motorista do carro que corta; o caminhoneiro que desafia o minhões, caminhão-trator, micro-ônibus, ônibus e veículos destinados
trânsito. Nessa corrida da morte, infelizmente, o Brasil é um campeão. ao transporte de produtos inflamáveis.
Em 2014, só nas rodovias federais, foram 170 mil acidentes. Muita gente trocou o extintor
Além da perda de vida, os acidentes também causam prejuízos fi- A medida foi anunciada pouco antes de começar a valer a obri-
nanceiros e não só para o acidentado ou para família dele. Do combus- gatoriedade dos extintores do tipo ABC, prevista para 1º de outubro.
tível gasto pela polícia para chegar ao local; da ambulância usada para Quem não fizesse a substituição poderia ser multado.
transportar os feridos; do tratamento no hospital. Só com os acidentes O Contran havia decidido pelo uso desse tipo de equipamento
do ano passado, nas rodovias federais, todos nós pagamos uma conta porque ele combate o fogo em mais tipos de materiais do que o do tipo
que passou de R$ 12 bilhões. BC, que equipava carros até alguns anos atrás.
O estudo do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, A exigência da troca começou a valer em 1º janeiro deste ano e
e da Polícia Rodoviária Federal, também considera a renda que os provocou correria às lojas no fim do ano passado, resultando em falta
acidentados deixam de receber afastados do trabalho e os danos aos do produto e denúncias de preços exorbitantes e de venda de equipa-
veículos. mentos vencidos “maquiados” como novos.
Juntando com as estradas estaduais e municipais, a conta final Com isso, ela foi adiada para abril, para que as fabricantes con-
chega a R$ 42 bilhões de prejuízo por ano. E as causas mais comuns seguissem aumentar a produção e atender à demanda, Mas o extintor
dos acidentes são desatenção e desrespeito às leis de trânsito. continuou em falta em diversas cidades e houve novos adiamentos.

Didatismo e Conhecimento 32
CONHECIMENTOS GERAIS
Depois da terceira e última prorrogação do prazo, para outubro, Fases do PAC
o Contran realizou reuniões e ouviu dos fabricantes que era necessá- Segundo Carlos, os status das obras de cada fase do PAC são dis-
rio um tempo maior, de cerca de 3 a 4 anos, para atender à demanda. tintos e devem ser analisados de forma separada.
Porém, segundo o presidente do conselho, essa justificativa já estava Das 337 obras monitoradas, 213 são do PAC 1. O levantamento
sendo dada pelas indústrias há 11 anos. E foi decidido o fim da obriga- aponta que 45% das obras estavam concluídas, mas 42% estavam pa-
toriedade para carros. ralisadas ou atrasadas. Já entre os 124 projetos do PAC 2, os números
A decisão repercutiu nas redes sociais e é comparada à do kit de são ainda mais preocupantes: apenas 2% estavam concluídos. Além
primeiros socorros, que passou a ser obrigatórios nos carros em 1998
disso, 41% ainda não haviam sido iniciados.
e, no ano seguinte, a exigência foi derrubada.
“Quando fazemos a soma das duas fases, o 2 puxa o resultado
O que diz o Contran geral para baixo. E mesmo o 1 puxando o resultado para cima com
“A mudança na legislação ocorre após 90 dias de avaliação técni- o percentual de obras concluídas, não podemos ignorar que 42% das
ca e consulta aos setores envolvidos”, diz a nota do Contran. Segundo obras ainda têm algum tipo de problema”, diz o presidente.
o órgão, o uso do extintor sem preparo representa mais risco ao moto- Carlos também destaca os problemas específicos de cada fase.
rista do que o incêndio em si. E o Contran citou a baixa incidência de “Quando o PAC do Saneamento começou, em 2007, o setor vinha de
incêndios entre o volume total de acidentes com veículos, e um núme- duas décadas sem investimentos. Assim, os projetos que foram aprova-
ro menor ainda de pessoas que dizem ter usado o extintor. dos eram projetos engavetados que precisavam ser readequados. Isso
De acordo com o Contran, a Associação Brasileira de Engenharia leva tempo e atrasa o processo”, diz.
Automotiva (AEA) informou que dos 2 milhões de sinistros em veí- Com o PAC 2, anunciado em 2011, o setor esperava que a exe-
culos cobertos por seguros, 800 tiveram incêndio como causa. Desse cução fosse ser mais rápida, já que todos já tinham a experiência de
total, apenas 24 informaram que usaram o extintor, equivalente a 3%. participar da primeira fase. Os dados, porém, mostram outra realidade.
Estudos e pesquisas realizadas pelo Denatran constataram que as
“Comparada com a fase 1, [os contratos do PAC 2] são novos, mas é
inovações tecnológicas introduzidas nos veículos resultaram em maior
preocupante perceber que muitas obras nem começaram. Era para ser
segurança contra incêndio, afirma a nota.
Entre as quais, o corte automático de combustível em caso de melhor que o PAC 1, mas o PAC 2 sofre de burocracia muito forte, ex-
colisão, localização do tanque de combustível fora do habitáculo dos cessiva. Sofre de lentidão de aprovação de projeto e de licitação, bem
passageiros, flamabilidade de materiais e revestimentos, entre outras. como de obtenção de licenças ambientais”, comenta Carlos.
Segundo o próprio conselho, as autoridades consideram que falta
de treinamento e despreparo dos motoristas para o manuseio do ex- Evolução com problemas
tintor geram mais risco de danos à pessoa do que o próprio incêndio. Da amostra total, 181 são obras de esgoto. Neste recorte, o percen-
“Além disso, nos ‘test crash’ realizados na Europa e acompanhados por tual de obras inadequadas é ainda mais alto que a média das obras de
técnicos do Denatran, ficou comprovado que tanto o extintor como o saneamento no geral: 54% dos projetos estavam paralisados, atrasados
seu suporte provocam fraturas nos passageiros e condutores”, explica ou ainda não foram iniciados.
o presidente do conselho. Entre 2013 e 2014, houve um aumento no número de obras para-
Fonte: G1 - (17/09/2015) lisadas, que passaram de 34 (19%) para 38 (21%). Ao mesmo tempo,
porém, houve queda nas obras atrasadas - de 32 (18%) para 30 obras
Em cidades grandes, 52% das obras do PAC Saneamento têm
(17%). O percentual de obras concluídas também cresceu, passando de
problemas
A maioria das obras de água e esgoto do Programa de Aceleração 15% para 26%.
do Crescimento (PAC) nas grandes cidades do país está em situação “Houve uma evolução nas obras de esgoto, mas isso era espe-
inadequada em relação a seus cronogramas, aponta um estudo do Ins- rado, pois muitas obras estavam bem avançadas quando fizemos esta
tituto Trata Brasil referente a 2014. análise no ano passado”, diz Carlos. “Mas o que percebemos é que as
Das 337 obras planejadas para os municípios acima de 500 mil obras problemáticas ficam ‘saltando’ entre os status. De atrasada para
habitantes (41 cidades no total), 175 (52%) estavam paralisadas, atra- paralisada, depois volta para atrasada, e assim vai. O que vai mudan-
sadas ou ainda não haviam sido iniciadas em dezembro do ano passa- do nos percentuais é que as obras com andamento normal vão sendo
do. concluídas.”
Já 29,1% dos projetos analisados (ou 98 obras) estavam concluí- Já entre as 156 obras de água da amostra do levantamento, os nú-
dos no final de 2014. Desse total, porém, 19 obras estavam fisicamente meros são ligeiramente melhores: 33% estavam concluídas e outras
prontas, mas ainda apresentavam pendências e não haviam sido entre- 17% estavam em situação normal de andamento. “Há sempre um in-
gues para uso público. teresse maior das autoridades de fazer obras de água, pois a população
“As obras de água e esgoto formam uma amostra muito relevan-
reconhece mais esses projetos que os de esgoto”, diz Carlos.
te do PAC, de R$ 21,1 bilhões, e isso é muito dinheiro. Escolhemos
o recorte de cidades grandes porque teoricamente elas sabem fazer Apesar disso, 50% das obras estavam em situação inadequada -
projetos, licitações. Isso agrava o quadro, pois apesar de notarmos um 19% paralisadas, 17% atrasadas e 14% não iniciadas.
avanço nas obras concluídas, metade delas ainda têm problemas”, diz “As obras de água costumam ser maiores e, por isso, tem chance
o presidente do instituto, Édison Carlos. de encontrar mais problemas no terreno e na execução. Há uma buro-
De acordo com o levantamento, os principais problemas citados cracia muito grande na forma como o projeto é aprovado. A equipe faz
pelos tomadores dos recursos das obras que estão em situação inade- a sondagem de solo e registra que é fácil de escavar. Mas, se durante a
quada são atrasos na elaboração de projetos executivos e em licitação, obra encontra uma rocha e precisa fazer a detonação, isso faz o projeto
dificuldades e demora na obtenção de licenças de órgãos ambientais, parar e voltar tudo para trás, forçando uma reprogramação. Um episó-
adiamentos por conta da crise hídrica, entre outros. dio que devia ser rápido se torna muito burocrático”, diz Carlos.

Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS GERAIS
CASO UBER Faltam os votos de dez ministros.
Fonte: Istoe.com.br - (31/08/2015)
Câmara de Vereadores de SP aprova lei que proíbe o aplica-
tivo Uber STF retoma julgamento sobre criminalização do porte de dro-
A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou uma lei que proíbe gas
o Uber, serviço de transporte feito por particulares usando um aplicati- O Supremo Tribunal Federal (STF) deve retomar hoje (9) o jul-
vo. A aprovação veio depois de intensa pressão dos taxistas. gamento sobre a constitucionalidade da criminalização do porte de
A pressão pela votação começou nas ruas. Os táxis saíram de vá- drogas. Os ministros discutem se a criminalização, prevista na Lei de
rias regiões da cidade para se encontrar em frente à Câmara de São Drogas, fere o direito à vida privada. O julgamento será retomado com
Paulo. Nas galerias, mais gente vigiando de perto o voto dos verea- o voto-vista do ministro Edson Fachin.
dores. O julgamento conta um voto a favor da descriminalização do por-
Quem discursava contra a proibição dos aplicativos de transporte te, proferido no dia 20 de agosto pelo relator, ministro Gilmar Mendes.
com carros particulares era ouvido de costas pelos manifestantes. No
Para Mendes, o porte de entorpecentes não pode receber tratamento
final, a proibição do aplicativo foi aprovada por 43 votos a favor e ape-
criminal, por ofender a vida privada dos cidadãos. Segundo o minis-
nas três contra. Em frente à Câmara, os taxistas, que acompanharam
toda a votação do lado de fora, soltaram fogos e comemoraram, como tro, embora a norma trate de maneira distinta usuários e traficantes, na
uma vitória. prática a Lei de Drogas, na maioria dos casos de prisão, trata a todos
A proibição foi aprovada, mas resta uma brecha, que pode permi- como traficantes. Além disso, ele entende que é preocupante deixar ex-
tir a regularização do aplicativo no futuro. É que também foi aprova- clusivamente aos policiais a distinção entre os dois casos, sem critérios
da uma emenda enviada pela Prefeitura de São Paulo. No texto, fica claros estabelecidos na legislação.
determinado que haverá mais estudos para aprimorar a legislação de Se a maioria dos ministros seguir o relator, quem portar drogas
transporte individual de passageiros e a compatibilização de novos ser- não poderá ser preso, exceto se o policial entender que a situação con-
viços e tecnologias. figura tráfico de drogas. Em casos de dúvida sobre a situação, o preso
A Câmara dos Vereadores tem um prazo de dez dias para enca- deverá ser apresentado imediatamente ao juiz, que decidirá pelo en-
minhar o documento à Prefeitura. Depois de recebido, o prefeito Fer- quadramento como uso ou tráfico de entorpecentes.
nando Haddad terá quinze dias para decidir pela sanção ou pelo veto. O julgamento vai prosseguir com os votos dos ministros Edson
Fachin, Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Luiz Fux, Dias Toffoli,
Rio de Janeiro Cármen Lúcia, Marco Aurélio, Celso de Mello e o presidente do STF,
No Rio, a discussão sobre a proibição, ou não, do aplicativo Uber Ricardo Lewandowski.
foi parar na Assembleia Legislativa. Um representante da empresa A descriminalização é julgada no recurso de um ex-preso, conde-
Uber e cerca de 50 taxistas participaram da audiência. O representante nado a dois meses de prestação de serviços à comunidade por porte de
da Uber Daniel Mangabeira disse que a empresa fez um levantamento maconha. A droga foi encontrada na cela do detento.
sobre os hábitos dos seus passageiros e concluiu que a maioria usaria No recurso, a Defensoria Pública de São Paulo diz que o porte de
o próprio carro se não existisse o aplicativo. Ele declarou ainda que o drogas, tipificado no Artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006),
Uber não é concorrente dos taxis. não pode ser configurado crime, por não gerar conduta lesiva a ter-
O representante dos taxistas na audiência reconheceu que o servi- ceiros. Além disso, os defensores afirmam que a tipificação ofende os
ço precisa melhorar. princípios constitucionais da intimidade e a liberdade individual.
O secretário estadual de Transporte, Carlos Roberto Osório, afir- Fonte: Agência Brasil - (09/09/2015)
mou que considera o Uber ilegal. “Existe uma legislação que garante
ao sistema de taxis dos municípios a exclusividade do transporte indi-
EDUCAÇÃO
vidual de passageiros”, disse.
No mês passado, a Câmara dos Vereadores aprovou um projeto de
Governo prevê corte de R$ 1,4 bilhão em Ciência sem Fron-
lei que proíbe o aplicativo no Rio. O prefeito Eduardo Paes ainda vai
decidir se sanciona ou não a lei. teiras
Fonte: G1 – (10/09/2015) O programa Ciência Sem Fronteiras (vinculado aos ministérios
da Ciência e Tecnologia e Educação), que concede bolsas de estudos
DESCRIMINALIZAÇÃO DO PORTE DE DROGAS para alunos brasileiros estudarem no exterior, foi drasticamente corta-
do para 2016, segundo aponta a proposta orçamentária encaminhada
Fachin libera vista de ação sobre descriminalização do porte ao Congresso nesta segunda-feira pelo governo. O valor apresentado
de drogas para o programa no ano que vem - R$ 2,1 bilhões - é R$ 1,4 bi menor
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), do que o reservado para o ano de 2015. A desvalorização do real frente
liberou hoje (31) para julgamento o processo que trata da descriminali- ao dólar foi um dos fatores do corte. A maioria dos cursos é paga em
zação do porte de drogas. Há duas semanas, Fachin pediu vista da ação moeda americana.
para analisar melhor o assunto. Fonte: Revista Época - (31/08/2015)
A data para retomada do julgamento depende de decisão do presi-
dente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski. PAPA FRANCISCO
O julgamento foi interrompido após o voto do relator, ministro
Gilmar Mendes, que se manifestou a favor da descriminalização do Papa simplifica procedimentos para anulação de casamentos
porte de drogas. O crime é tipificado no Artigo 28 da Lei de Drogas O Papa Francisco simplificou os procedimentos para anulação de
(Lei 11.343/2006). De acordo com Gilmar Mendes, a criminalização é casamentos. O pontífice determinou que o trâmite será gratuito para
uma medida desproporcional e fere o direito à vida privada. todos e mais curto para os casos mais evidentes.

Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS GERAIS
Além disso, o “motu propio” (carta papal) decidiu que apenas Ela ressalta, no entanto, que há disparidades regionais. “O Brasil
uma sentença bastará para decretar a nulidade, ao invés das duas que tem experiências de sucesso, como São Paulo, que desde o início dos
eram exigidas até agora. anos 2000 tem apresentado uma redução expressiva das taxas de ho-
Nos casos mais evidentes, o bispo da diocese será juiz, com o micídio, o Rio de Janeiro, com as UPPs, e Pernambuco, por exemplo.
objetivo de que as decisões respeitem “a unidade católica na fé e na Só que essas experiências localizadas acabam anuladas pelo aumento
disciplina”, segundo a agência France Presse. em outras.”
O recurso ao tribunal da sede apostólica romana, a Rota, continua- “Fortaleza é um exemplo de um quadro muito grave de violência,
rá sendo possível, mas para casos excepcionais. que infelizmente a gente não tem tido sucesso em enfrentar. A taxa
O processo para conseguir um “decreto de nulidade” era criticado permanece praticamente idêntica ao longo dos anos e elevada”, afirma
por ser lento, caro e demorado. Casais e sacerdotes afirmam que os Samira.
procedimentos atuais desencorajavam mesmo aqueles com razões le- A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, in-
gítimas para fazer uma anulação. forma, por meio de nota, que conseguiu parar a curva de crescimento
As mudanças, anunciadas pelo Vaticano nesta terça-feira (8), são de crimes violentos no estado, como homicídios, latrocínios e lesões
consideradas as mais profundas dos últimos séculos, segundo a agên- corporais seguidas de morte, neste ano. A mudança ocorreu devido ao
cia Reuters. Programa em Defesa da Vida, segundo a secretaria.
O papa reafirma a “indissolubilidade do matrimônio”, mas deter- “A consolidação do Programa no início de 2015 possibilitou que,
mina que a igreja seja mais misericordiosa com os católicos em difi- no acumulado dos oito primeiros meses deste ano, Fortaleza registre
culdade. queda [nos crimes violentos] de 19,3%, passando de 1.372 casos, em
Para conseguir o “decreto de nulidade” é preciso mostrar que o 2014, para 1.107 em 2015. São 265 óbitos a menos no período”, diz
casamento não foi válido de acordo com a lei da Igreja por falta de a nota. “A queda é resultado da integração entre as forças de seguran-
alguns pré-requisitos não terem sido respeitados como a livre vontade, ça [...]; do trabalho das polícias focado nas áreas, horários e dias que
a maturidade psicológica e a abertura para ter filhos. apresentam maiores taxas de crimes, com base em análises estatísticas
Os católicos que se divorciam e se casar novamente fora da Igreja e criminais; dos levantamentos realizados pelas áreas de inteligência;
são considerados ainda ser casado com sua primeira esposa e viven- da interiorização de serviços especializados das polícias; entre outras
iniciativas.”
do em um estado de pecado, o que os impede de receber sacramentos
É a primeira vez que o fórum realiza um levantamento focado nas
como a comunhão.
capitais brasileiras. Os dados foram obtidos por meio de solicitações às
No domingo (6), o Papa Francisco pediu para que toda paróquia
secretariais estaduais da Segurança Pública com base na Lei de Acesso
e comunidade religiosa na Europa receba ao menos uma família imi-
à Informação e por meio de cruzamento de informações disponibiliza-
grante cada, em um gesto de solidariedade que, segundo ele, começará
das pelos órgãos na web.
pelo próprio Vaticano.
Homicídios, lesões e latrocínios
Na terça-feira (1º), o papa anunciou que dará permissão a todos
Fortaleza aparece no topo do ranking de crimes violentos em ra-
os padres para perdoar formalmente as mulheres que tiveram abortos
zão principalmente do número de homicídios. A cidade tem o maior
e buscarem perdão durante o Ano Santo da Igreja Católica, que vai de número absoluto de assassinatos do país (1.930) e, consequentemente,
dezembro de 2015 a novembro de 2016. a maior taxa (75 a cada 100 mil).
Fonte: G1 - (08/09/2015) Já São Luís (MA) é a capital com o maior número absoluto de
lesões corporais seguidas de morte (35) e, por isso, detém também a
VIOLÊNCIA maior taxa (3,3 a cada 100 mil).
Aracaju (SE) aparece na primeira posição com relação aos latro-
Capitais registram um assassinato a cada meia hora no país, cínios (os roubos seguidos de morte). A cidade tem um índice de 5,3
revela estudo mortes a cada 100 mil habitantes.
Uma pessoa é assassinada a cada meia hora, em média, nas capi- Campo Grande (MS) é a capital com a maior variação na taxa de
tais do país. É o que mostram dados do Fórum Brasileiro de Segurança crimes violentos intencionais de 2013 para 2014: 36,5% de aumento. A
Pública referentes a 2014. Os números constam do 9º Anuário Brasilei- cidade, no entanto, ainda possui o quarto menor índice do país.
ro de Segurança Pública, que está em fase de conclusão. A Secretaria da Segurança de Sergipe diz que houve um equívoco
De acordo com o anuário, houve 15.932 mortes decorrentes de porque os dados enviados para a confecção do relatório foram referen-
crimes violentos intencionais (homicídios dolosos, lesões corporais se- tes a todo o estado. “O número correto de latrocínios em 2014 foi 13
guidas de morte e latrocínios) nas 27 capitais no ano passado – o que (e não 33). O diretor do Centro de Estatística e Análise Criminal (Cea-
equivale a uma vítima a cada 30 minutos aproximadamente. crin), delegado Gefferson Alvarenga, emitiu um ofício para o fórum
Juntas, as capitais registraram uma taxa média de 33 mortes vio- retificado os dados e solicitando a devida alteração.”
lentas a cada 100 mil habitantes em 2014. Fortaleza (CE) é a que tem o As secretarias de Segurança Pública do Maranhão e de Mato
maior índice (77,3) e São Paulo (SP), o menor (11,4). Grosso do Sul foram procuradas pelo G1 para comentar os dados, mas
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), locais com índices ainda não responderam.
iguais ou superiores a 10 são tidos como zonas endêmicas de violência
– todas as capitais podem ser incluídas nessa classificação. Gastos com segurança
A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, O anuário mostra que, apesar da crise, os estados têm investido
Samira Bueno, diz que o quadro é bastante preocupante. “Os dados re- mais em segurança. Foram R$ 67,3 bilhões em 2014 – um aumento
velam as dificuldades encontradas no enfrentamento da violência letal de 17% em relação a 2013, quando a despesa com a área chegou a R$
nos grandes centros urbanos. ” 57,5 bilhões.

Didatismo e Conhecimento 35
CONHECIMENTOS GERAIS
Os municípios, somados, também gastaram R$ 3,9 bilhões com Boa parte das vítimas no país norte-americano é jovem e negro.
segurança no ano passado. Em 2014, vale lembrar, o jovem negro Michael Brown foi morto
“É preciso ressaltar que foi um ano eleitoral e é natural que os por um policial branco, Darren Wilson, na cidade de Ferguson, que
governantes queiram mostrar serviço, mas houve, sim, um aumento nem chegou a ser indiciado. O homicídio gerou uma onda de protestos
expressivo no gasto, inclusive com a crise econômica. Só que não por todo o país.
há nenhum estudo que mostre uma correlação direta entre aumento Fonte: Band.com.br - (07/09/2015)
de despesas e redução de crimes contra a vida. E o Brasil é o grande
exemplo disso, pois gasta o equivalente ao que Alemanha, França e ou- Mortalidade infantil no Brasil cai 73% em relação a 1990
tros países desenvolvidos gastam com segurança pública, e esse gasto O Brasil reduziu em 73% a mortalidade infantil em relação a
não tem se traduzido em eficiência da política pública, em melhoria”, 1990, segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS)
afirma Samira Bueno. e do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef). A taxa é maior
Os dados mostram exatamente isso: a taxa de mortes a cada 100 que a média mundial, que caiu 53% em relação ao mesmo período.
mil nas capitais se manteve estável em comparação a 2013 – ano com Segundo a pesquisa, há 25 anos, a cada mil nascidos vivos 61 morriam.
um número de crimes violentos menor, mas próximo (15.804). Este ano, a cada mil crianças 16 morrem.
Médias dos gastos com segurança (Foto: G1) No mundo, em 1990, 12,7 milhões de crianças de até cinco anos
O estado que mais investiu em policiamento, informação e inteli- tinham morrido, já neste ano, pela primeira vez, o índice deve ficar
gência e em Defesa Civil foi São Paulo: R$ 10,3 bilhões. Já o Acre foi abaixo de seis milhões. O relatório destaca que o Brasil teve uma redu-
o estado com o maior gasto per capita: R$ 568,88 por habitante. ção significativa e conseguiu inclusive diminuir as disparidades regio-
Apenas três unidades da federação diminuíram a verba destinada nais, mas elas ainda são fortes.
à segurança em um ano: Mato Grosso, Piauí e Tocantins. O Piauí é “Dos cerca de 5.500 municípios, mais de mil têm a taxa de morta-
o que tem o menor gasto do Brasil, tanto absoluto (R$ 59 milhões) lidade de crianças até 5 anos no patamar de cinco mortes para cada mil
quanto per capita, de R$ 18,48 – muito abaixo da média nacional (R$ nascidos vivos. Mas em 32 municípios, a taxa excede 80 mortes a cada
332,21). “Trata-se de um padrão de gasto muito baixo e que tem apre- mil nascidos vivos”, diz o relatório.
sentado um decréscimo. Neste caso, é claro que a área precisa de mais O estudo destaca ainda que as crianças indígenas têm duas vezes
recursos”, afirma a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segu- mais chance de morrer antes do primeiro ano de vida na comparação
rança Pública. com as demais crianças brasileiras.
“O problema é quando se tem muito e o dinheiro é mal gerido. No contexto global, apesar da queda de 50%, a OMS e a Unicef
Mas há também a questão do modelo de segurança pública. Há duas chamam atenção para o fato de a meta de redução da mortalidade in-
polícias que não têm ciclo completo, que não dialogam no âmbito esta- fantil em dois terços não ter sido cumprida. Segundo o estudo, cerca
dual, que deviam compartilhar informações, mas não o fazem, que não de 16 mil crianças na faixa etária até 5 anos morrem diariamente e,
trabalham, em geral, de forma integrada. É um modelo dispendioso”, segundo o estudo, o maior risco de morte é verificado nos primeiros
diz Samira. dias após o nascimento. Cerca de 45% dos casos ocorrem antes que a
A União também colocou menos dinheiro no setor no ano passa- criança complete um mês de vida.
do. Foram R$ 8,1 bilhões – contra R$ 8,3 bilhões em 2013. “Temos que reconhecer um tremendo progresso global, mas um
Fonte: G1 - (30/09/2015) grande número de crianças continua morrendo por causas evitáveis an-
tes do quinto aniversário. Isso deve nos impulsionar a redobrar nossos
Polícia brasileira é a que mais mata no mundo esforços para fazer o que sabemos que precisa ser feito”, afirmou a
O Brasil aparece no topo do ranking de um levantamento feito vice-diretora da Unicef, Geeta Rao Gupta.
pela Anistia Internacional sobre mortes causadas por forças policiais. Entre as causas da mortalidade infantil estão doenças evitáveis
Só em 2012, foram 56 mil mortes no país. Em 2014, 15,6% dos como pneumonia, diarreia e malária, mas o principal motivo da morte
homicídios ocorridos foram causados pela polícia. Os dados mostram de crianças nesta idade continua sendo a desnutrição, responsável por
também que, em alguns casos, as vítimas estavam rendidas, feridas ou metade das vítimas.
não foram advertidas para que pudessem se entregar. O relatório traça ainda as diferenças regionais. Na África subsaa-
No Rio de Janeiro, entre 2010 e 2013, 99,5% dessas vítimas eram riana, a chance de uma criança de até 5 anos morrer é de 1 em 12, já
homens, quase 80% negras e 75% com idades entre 15 a 29 anos. nos países ricos é de 1 em cada 147.
O levantamento mostra ainda que muitos desses casos não rece- Fonte: O Globo - (09/09/2015)
bem a punição devida. A Anistia Internacional acompanhou 220 inves-
tigações envolvendo mortes provocadas por policiais no Brasil desde Estado americano da Geórgia nega clemência e executará
2011. Um caso, apenas, teve o policial acusado formalmente pela Jus- mulher
tiça. Em 2015, 183 investigações ainda não haviam sido concluídas. A Comissão de Perdão e Liberdade Condicional do Estado da
No relatório, a Anistia sugere investigações independentes, puni- Geórgia negou, na tarde desta terça-feira (29 de setembro), a clemên-
ções em casos de abuso e regras mais rígidas de conduta para agentes cia para Kelly Renee Gissendaner e ela será executada hoje às 19 horas
da lei como ferramenta para reduzir esses números. (locais, 20h de Brasília). Kelly é a única mulher atualmente no corre-
dor da morte no Estado e será a primeira mulher a ser executada em 70
Estados Unidos anos na Geórgia e a 16ª no país desde que os EUA retomaram a pena
Ao lado do Brasil, no topo desse ranking está os Estados Unidos. de morte em 1976.
Não há números oficiais que dimensionem a violência policial no país. Sua execução estava prevista para março, mas o procedimento foi
Estatísticas sugerem, no entanto, que os números sejam bem parecidos adiado na última hora devido a um problema com o produto químico
com os do Brasil. utilizado na injeção letal.

Didatismo e Conhecimento 36
CONHECIMENTOS GERAIS
A mulher, de 46 anos e mãe de três filhos, foi condenada á morte Elizabeth II se tornou rainha com apenas 25 anos, após a morte
por planejar e conspirar em 1997 a morte de seu marido, Doug Gissen- repentina de seu pai, o rei George VI, em 1952. Antes disso, em seu
daner, junto ao amante, Gregory Bruce Owen, que foi o autor material 21º aniversário, prometeu dedicar sua vida ao império britânico em um
do assassinato, foi condenado á prisão perpétua após depor contra Gis- programa de rádio na Cidade do Cabo, onde viajava com sua família.
sendaner no julgamento. “Declaro a todos vocês que toda a minha vida, seja longa ou curta,
De acordo com o Centro de Informações sobre a Pena Capital estará dedicada a vosso serviço e ao serviço de nossa grande família
(DPIC), nos últimos 100 anos foram executadas mais de 40 mulheres imperial à qual todos pertencemos”, prometeu.
nos EUA. Até outubro de 2014, havia 57 mulheres no corredor da mor- Quando ascendeu ao trono, Winston Churchill era primeiro-mi-
te em todo o país. nistro, a Índia havia acabado de conseguir sua independência e a Grã-
Fonte: Estadão.com - (29/09/2015) -Bretanha ainda governava em partes da Ásia e da África.
Desde então, se converteu em um símbolo de constância que atra-
RAINHA ELIZABETH vessou a desintegração do império, a Guerra Fria, as mudanças sociais
do pós-guerra e dos anos 60, e a chegada da era digital, com a abertura
Rainha Elizabeth II se torna monarca a ocupar mais tempo o de uma conta no Twitter.
trono britânico Os tempos mudaram e a popularidade da monarquia sofreu altos
A rainha Elizabeth II se torna nesta quarta-feira (9) o monarca e baixos, mas a rainha sempre foi uma figura popular, possivelmente a
a ocupar o trono britânico por mais tempo. Precisamente a partir das mulher mais reconhecida do mundo.
13h30, pelo horário de Brasília, ela supera o reinado de sua tataravó, a
rainha Vitória, que permaneceu no trono por 63 anos e 216 dias, entre Sucessão
os anos de 1837 e 1901. O recorde de reinado de Elizabeth II significa que agora há três
Coroada no dia 2 de junho de 1953, a soberana de 89 anos ocupa gerações de futuros monarcas na lista de herdeiros, algo que não acon-
o trono do Reino Unido e outros 15 reinos, entre eles Canadá, Austrá- tecia desde a morte de Vitória.
lia, Nova Zelândia e Jamaica, e no passado também foi a monarca da O filho mais velho da rainha, o príncipe Charles, de 66 anos, é
África do Sul, Sri Lanka, Paquistão e Nigéria. agora mais velho que a idade de aposentadoria britânica. Ele é o her-
De acordo com a agência France Presse, o marco desta quarta não
deiro que passou mais tempo na função na história britânica, pois os-
contará com uma celebração pública. O único compromisso público
tenta a honra desde os três anos.
da rainha será a inauguração de uma nova linha férrea na Escócia, uma
A ordem de sucessão tem em segundo lugar o filho mais velho de
discrição dentro do padrão de austeridade de seu reinado.
Charles, o príncipe William, neto da rainha, de 33 anos. Em terceiro
Na semana passada, a casa da moeda do Reino Unido lançou uma
vem o filho mais velho de William, bisneto da rainha, o príncipe Geor-
edição especial de moedas para comemorar o feito de Elizabeth II. A
ge, que completou dois anos em julho.
peça de prata, com um valor de 20 libras (cerca de R$ 112), mostra
os cinco retratos de Elizabeth II que apareceram em moedas e notas
‘Vida de serviço’
britânicas desde sua coroação.
O reinado de Elizabeth II “será recordado como um feito im- Ao escrever o prefácio de uma nova biografia sobre a rainha, de
pressionante, permanecer de maneira segura no trono ao longo de um autoria do ex-secretário do Foreign Office Douglas Hurd, o príncipe
período de tremendas mudanças sociais e econômicas”, diz à AFP William afirma que sua avó é um “modelo de uma vida de serviço” a
Andrew Gimson, autor do livro “Gimson’s Kings and Queens: Brief seu cargo.
Lives of the Monarchs since 1066” (“Reis e Rainhas de Gimson: Bre- “O exemplo e a continuidade proporcionada pela rainha não ape-
ves Vidas dos Monarcas desde 1066”). nas é muito pouco frequente entre os líderes, mas também é uma gran-
Apesar de ser a monarca de mais idade no mundo depois da morte de fonte de orgulho e confiança”, escreveu.
do rei saudita Abdullah, aos 90 anos em janeiro, ela não é a pessoa que “Uma e outra vez, em silêncio e com modéstia, a rainha demons-
está há mais tempo na função. Esta honra corresponde a Bhumibol trou a todos que podemos abraçar com confiança o futuro, sem com-
Adulyadej, de 87 anos, rei da Tailândia desde 1946. prometer as coisas que são importantes”.
E no aspecto pessoal, completou, “a bondade da rainha e seu sen-
Trajetória so de humor, seu inato senso da calma e perspectiva, e seu amor pela
Elizabeth Alexandra Mary - apelidada de “Lilibeth” por sua fa- família e o lar são atributos que desfrutei em primeira mão”.
mília - era a terceira na linha de sucessão ao trono, atrás de seu tio
Edward, príncipe de Gales, e seu pai Albert, duque de York. Veja os principais acontecimentos que marcaram a trajetória
Nasceu em abril de 1926 e foi criada por tutoras. Se mudou ao pa- de Elizabeth II como monarca:
lácio de Buckingham em 1937, quando seu pai foi coroado, depois que Década de 1950: No dia 2 de junho de 1953 a rainha é coroada
seu tio Edward VIII abdicou ao trono para se casar com a divorciada quase 16 meses após a morte de seu pai, num momento em que o país
americana Wallis Simpson. No fim da Segunda Guerra Mundial, aos se reerguia da Segunda Guerra Mundial. A cerimônia, na abadia de
18 anos, se integrou às Forças Armadas como motorista. Westminster, é transmitida ao vivo no rádio e na televisão em 44 lín-
Em novembro de 1947 se casou com seu primo em terceiro grau, guas.
o comandante naval Philip Mountbatten, que renunciou aos seus títulos Década de 1960: Em 1965 a rainha fez uma visita histórica à Ale-
de príncipe da Grécia e da Dinamarca para se casar. Seu primeiro filho, manha, sendo o primeiro monarca britânico a visitar o país em 52 anos.
o príncipe Charles, nasceu em 1948. Foi seguido pela princesa Anne, Década de 1970: A rainha recebe o imperador Hirohito do Japão
em 1950, pelo príncipe Andrew em 1960 e pelo príncipe Edward em em 1971, em sua primeira visita à Grã-Bretanha desde a Segunda
1964. Guerra Mundial.

Didatismo e Conhecimento 37
CONHECIMENTOS GERAIS
Em 1977, celebra seu jubileu de prata (25 anos no trono), acompa- O presidente da Fundação Instituto de Geotécnica (Geo-Rio),
nhado por 500 milhões de espectadores na televisão. Os “Sex Pistols” Márcio Machado, afirmou que, além do acompanhamento de projetos
estragaram em parte a festa com a canção “God Save The Queen”, pri- em andamento, pretende fazer, até o fim do ano, vistorias em obras já
meira afronta real à monarquia, chamada de “regime fascista”. A capa realizadas:
do álbum mostra a rainha com os olhos e boca vendados. — É um instrumento valioso, que serve de apoio ao nosso traba-
Em 1979 recebe no palácio Buckingham a primeira premiê mu- lho diário em lugares de difícil acesso. Todas as obras concluídas são
lher, Margaret Thatcher e no mesmo ano se torna a primeira soberana inspecionadas depois de algum tempo. Desde 1966, fazemos voos de
da Grã-Bretanha a viajar ao Oriente Médio. helicóptero para identificar os problemas, mas há casos em que não é
Década de 1980: Como chefe da Igreja na Inglaterra, a rainha possível chegar muito perto. O drone é como o olho humano no local
recebe no palácio de Buckingham a visita do papa João Paulo II em das obras. O custo também é muito menor que o do uso de helicópte-
1982, que é a primeira visita de um Papa ao país em 450 anos. No ano ros.
seguinte, concede Ordem de Mérito à Madre Teresa de Calcutá, em Atento à segurança, o Comitê Organizador Rio 2016 busca solu-
Nova Déli, na Índia. ções para que a nova mania não atrapalhe as Olimpíadas. O comitê e o
Ministério da Defesa esperam o resultado da regulamentação para de-
Realizou a primeira visita oficial de um monarca britânico à Chi-
finir como serão feitas as proibições no espaço aéreo da cidade durante
na, em 1986.
o evento. A Força Aérea Brasileira informou que tem quatro drones na
Década de 1990: A rainha visitou lugares nunca antes imaginá-
Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e que os equipa-
veis, como Hungria, Rússia, Polônia e República Checa. Também es-
mentos poderão ser usados durante os Jogos.
teve com o presidente da África do Sul, Nelson Mandela, em visitas de Os riscos desse aumento de drones no céu são reais, alerta o em-
Estado reciprocadas realizadas em 1995 e 1996. presário Ricardo Cohen, vice-presidente da Associação Brasileira de
Em 1997 lançou o primeiro site da Monarquia Britânica. Em Multirrotores. Para ele, a fácil aquisição do equipamento não dispensa
1999, abriu órgãos constitucionais descentralizados no País de Gales uma boa capacitação.
e na Escócia. — Nosso mantra é: pratique o voo seguro e siga as normas. Para
Década de 2000: celebra seu jubileu de ouro (50 anos no trono) operar, tem que haver um aprendizado, uma orientação. Então, não é só
em 2002, com um tour pelos países do Commonwealth, como Jamai- ligar e sair voando. É que nem carro. Qualquer um pode comprar, mas
ca, Nova Zelândia, Austrália e Canadá, além de 70 cidades do Reino não é todo mundo que está habilitado — explicou.
Unido, e dois grandes shows nos jardins do palácio de Buckingham. Há equipamentos com peso entre 1,5kg e 20kg e com tamanho
Década de 2010: Visita a Irlanda em 2011, a primeira visita de um entre 25 centímetros e 1,2 metro. Na ausência de uma regulamenta-
monarca britânico ao país desde sua independência. No ano seguinte ção, o fotógrafo Francisco Almendra aprendeu a usar o equipamento
completa 60 anos no poder e comemora o jubileu de diamante com sozinho. Com o Drone do Amor, devidamente pintado e fantasiado,
uma viagem pelo Reino Unido e diversos países do Commonwealth. chegou a filmar blocos de carnaval. Atualmente, porém, deixou de so-
Em 2014 faz o seu primeiro tweet, para divulgar uma exposição brevoar multidões:
no Museu de Ciências de Londres. — É por questão de segurança. Nunca tive problemas, mas não
Fonte: G1 - (09/09/2015) acho certo. Revisei a forma como uso o drone. Voar em cidade é peri-
goso. Se aquilo cair na cabeça de alguém, faz um estrago. Há toda uma
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO série de precauções. É preciso um plano de voo muito bem feito.
As igrejas também já estão se acostumando com a presença dos
Anac apresenta proposta para regulamentar o uso do drone, drones. Segundo Reynaldo Cavalcanti, diretor de um estúdio fotográfi-
que já invadiu o céu carioca co, o serviço ficou bastante conhecido depois do casamento do cantor
Um zum-zum-zum tomou conta do céu no Rio. O ruído é carac- Naldo Benny com Ellen Cardoso, a Mulher Moranguinho, em 2013. O
terístico e deu nome ao equipamento: em inglês, drone significa zum- valor da filmagem pode chegar a R$ 9 mil.
bido. Para muitos cariocas, o robô cinegrafista já virou moda e pode — Toda noiva quer drone, é muito engraçado. As imagens são
inseridas no blu-ray do casamento ou mesmo editadas no mesmo dia e
ser visto em casamentos, shows, formaturas e obras. Até a prefeitura
exibidas durante a festa — diz Cavalcanti.
entrou na onda tecnológica. Mas a rápida popularização dessas aero-
Almendra acredita que o uso do drone vai se tornar cada vez mais
naves pilotadas remotamente não veio acompanhada de regras espe-
comum.
cíficas. Com um ano de atraso, a Agência Nacional de Aviação Civil — Drone é uma tecnologia nova e que vai ser tão popular quanto
(Anac) lança nesta quarta-feira uma proposta para regulamentar o uso o celular. A regulamentação é importante para que as pessoas enten-
dos aparelhos. A consulta pública permitirá que qualquer pessoa envie dam o que é permitido ou não. Por enquanto, o que temos é um vácuo
sugestões ou críticas sobre o projeto durante 30 dias. (na legislação).
A grande novidade do momento é o uso de drones na construção Fonte: O Globo - (01/09/2015)
civil. Em alguns casos, as construtoras enviam as imagens das tomadas
aéreas para os clientes, que se informam sobre o andamento de suas Estudo desvenda como veneno de vespa brasileira mata célula
futuras residências. A Secretaria municipal de Obras (SMO) também de câncer
usa esse serviço para monitorar seus projetos. A ciência já conhecia as propriedades anticancerígenas do veneno
Nesta segunda-feira, um equipamento fez um sobrevoo no costão da vespa brasileira Polybia paulista, que se mostrou eficaz em coibir a
da Avenida Niemeyer, para registrar a construção da ciclovia que ligará proliferação de células de câncer de próstata e bexiga, bem como de
Leblon a São Conrado. Ao custo de R$ 35,9 milhões, as obras estão leucemia. O que não se sabia era como a toxina presente no veneno
82% concluídas, de acordo com a SMO. A previsão de inauguração é conseguia atacar seletivamente determinadas células de câncer, dei-
dezembro. xando intactas as células normais.

Didatismo e Conhecimento 38
CONHECIMENTOS GERAIS
Uma pesquisa desenvolvida a partir de uma parceria entre a Uni- Biociências da Unesp e coautor do estudo. “Tanto a ação bactericida
versidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade de Leeds, no quanto a antitumoral estão relacionadas com a capacidade desse pep-
Reino Unido, descobriu o mecanismo de ação da toxina, abrindo o tídio para induzir filtrações nas células ao abrir os poros ou fissuras
caminho para o desenvolvimento de uma nova classe de drogas para na membrana da célula”, acrescenta. Como o MP1 é catiônico (tem
tratamento de câncer. Os resultados foram publicados na revista cientí- carga positiva) e tanto as bactérias quanto as membranas das celula-
fica “Biophysical Journal” nesta terça-feira (1º). res tumorais têm lipídios aniônicos (com carga negativa), a “atração
Nas células cancerígenas, existem dois tipos de lipídios que ficam eletrostática é a base para essa seletividade,” diz o cientista brasileiro.
do lado de fora da membrana das células. Em células normais, esses A membrana celular é formada, entre outros elementos, por vários
lipídios ficam localizados do lado de dentro da membrana. O que a tipos de lipídios, tais como a fosfatidilserina (PS, na nomenclatura in-
toxina MP1 faz é interagir com esses lipídios que por acaso só estão ternacional) ou a fosfatidilcolina (PE, mais conhecida como lecitina).
“acessíveis” nas células cancerígenas. Ambos são essenciais na estrutura exterior das células. Mas, enquan-
O resultado dessa interação é a formação de “buracos” na mem- to nas células saudáveis esses fosfolipídios tendem a se concentrar no
brana da célula cancerígena, mecanismo que acaba levando à morte interior da membrana, nas cancerosas aparecem na parte exterior. Na
das células. hipótese dos cientistas, essa diferença é o que permite que o veneno da
“Uma terapia de câncer que ataque a composição lipídica da vespa paulistinha diferencie as células saudáveis das cancerosas.
membrana da célula seria uma classe completamente nova de drogas Os pesquisadores utilizaram três modelos de membranas celulares
anticancerígenas”, disse um dos autores do estudo, Paul Beales, da para testar a teoria. Viram que o peptídio sintetizado a partir de veneno
Universidade de Leeds. “Isso poderia ser útil no desenvolvimento de de vespa se unia às células que mostravam uma concentração anormal
novas combinações de terapias, onde múltiplas drogas são usadas si- de PS e PE do lado de fora, mas não às que mostravam a configuração
multaneamente para tratar câncer ao atacar diferentes partes das células típica de uma célula saudável, segundo explicam no artigo publicado
de câncer simultaneamente.” pela revista científica Biophysical Journal.
Os pesquisadores puderam testar esse mecanismo de ação em De fato, as membranas enriquecidas com o lipídio PS aumenta-
modelos de membranas criadas em laboratório, que continham esses ram em sete vezes seu nível de aglutinação ao peptídio da vespa. Ao
tipos de lipídio. A exposição dessa membrana à ação da toxina MP1, mesmo tempo e reforçando o mecanismo, a maior presença de PS no
do veneno da vespa, revelou à formação de poros que, em uma célula exterior da célula elevou a porosidade da membrana em até 30 vezes.
de verdade, levaria à sua morte. “Formados em alguns segundos, esses poros são grandes o suficiente
Segundo os autores, a toxina tem o potencial para ser um trata- para que moléculas essenciais, como a RNA, ou proteínas escapem da
mento seguro contra câncer, mas mais pesquisas são necessárias para célula”, diz Ruggiero Neto.
desenvolver um medicamento. Esse enfraquecimento da membrana celular ocorre geralmente na
Fonte: G1 - (01/09/2015) chamada apoptose das células. A maioria delas tem sua morte progra-
mada, ditada por genes. Na verdade, essa apoptose é a base da vida, na
O veneno de uma vespa brasileira pode matar as células can- forma de regeneração celular: algumas morrem para que outras novas
cerosas cheguem. Mas, com o câncer, as células tumorais também apresentam
A vespa Polybia paulista, mais conhecida como paulistinha, tem uma maior permeabilidade da membrana. E essa poderia ser a entrada
uma picada muito dolorosa. No entanto, seu veneno poderia esconder para combater o tumor.
uma nova estratégia para atacar o câncer. Pesquisadores brasileiros e “As terapias contra o câncer que atacam a composição dos lipí-
britânicos estudaram como uma molécula da toxina age sobre as célu- dios da membrana celular poderiam representar uma nova e completa
las. Essa molécula tem capacidade de distinguir as células cancerosas classe de drogas anticâncer”, diz Paul Beales, pesquisador em biologia
das saudáveis, atacando apenas as doentes. molecular da Universidade de Leeds e coautor do estudo. Uma das
A paulistinha, um himenóptero da família Vespidae típico da re- possibilidades oferecidas pelo veneno sintetizado da paulistinha é que
gião sudeste do Brasil, vive em comunidades de dezenas ou centenas ele poderia ser um grande aliado em ofensivas múltiplas. Seu MP1
de insetos com uma estrutura social de castas liderada por várias ra- poderia atacar a membrana da célula tumoral enquanto outros agentes
inhas. Seu veneno é tão poderoso e complexo que há décadas chama se encarregariam do núcleo da célula. “Poderia ser de grande utilidade
a atenção dos cientistas. Já foram descobertas mais de cem proteínas no desenvolvimento de novas terapias combinadas, que utilizam várias
e peptídios (moléculas menores) e suspeita-se que ainda há mais por drogas simultaneamente para tratar o câncer, atacando diferentes partes
descobrir. da célula cancerosa ao mesmo tempo,” comenta o cientista britânico.
Um desses peptídios tem uma poderosa ação antibacteriana, per- Os pesquisadores, que receberam financiamento do Governo bra-
mitindo que a paulistinha mantenha seus ninhos protegidos contra as sileiro e da Comissão Europeia, agora querem aumentar a capacidade
bactérias. Daí surgiu o interesse científico por seu veneno. Poderia ser seletiva do MP1 e testá-lo primeiramente com culturas de células e,
uma alternativa para superar a crescente resistência aos antibióticos. depois, em animais.
Mas, em 2008, pesquisadores chineses descobriram que esse peptídio, Fonte: El País Brasil - (01/09/2015)
conhecido como MP1, também atacava células cancerosas de alguns
tipos de câncer. Agora, cientistas da Universidade Estadual Paulista DESCOBERTAS CIENTÍFICAS
(Unesp) e da Universidade de Leeds (Reino Unido) descobriram como
um veneno com propriedades antibacterianas consegue distinguir cé- Descoberto na Inglaterra ‘Stonehenge’ cinco vezes maior que
lulas tumorais das saudáveis. original
“Os peptídios de todos os venenos são geralmente citotóxicos Arqueólogos acreditam que cerca de cem monolitos descobertos
[tóxico às células], mas não o MP1, que tem uma poderosa atividade a poucos quilômetros do misterioso monumento arqueológico de Sto-
bactericida”, explica João Ruggiero Neto, pesquisador do Instituto de nehenge poderiam ser a maior estrutura neolítica da Grã-Bretanha.

Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS GERAIS
As pedras de 4,5 mil anos, algumas com mais de 4 metros de al- “Nossas descobertas apoiam fortemente a hipótese de que as li-
tura, estão enterradas a cerca de um metro de profundidade e foram nhas recorrentes em declives se formam como resultado de atividade
identificadas com o uso de um radar no “Super-henge” de Durrington contemporânea de água em Marte”, afirma o estudo, esclarecendo que
Walls, um enorme círculo de pedras, muito maior do que Stonehenge, “a origem da água que forma as atuais linhas em declives ainda não foi
na mesma região do monumento. compreendida”.
O monumento, que teria 1,5 km de circunferência e 500 m de “A água é essencial para a vida como a conhecemos. A presença
diâmetro, é de uma “escala extraordinária” e único, de acordo com os de água líquida em Marte hoje tem implicações astrobiológicas, geo-
pesquisadores. A área de Durrington Walls teria cinco vezes o tamanho lógicas e hidrológicas que podem afetar a futura exploração humana.”
de Stonehenge.
O grupo de cientistas do Stonehenge Hidden Landscapes está tra- ‘Fim do mistério’
balhando em um mapa subterrâneo da área há cinco anos. “Precisamos de múltiplas espaçonaves durante muitos anos para
O novo monumento fica a apenas três quilômetros de Stonehenge resolver esse mistério, e agora sabemos que há água líquida na super-
e, acredita-se, era um lugar destinado a realização de rituais. fície deste planeta frio e deserto”, afirmou Michael Meyer, cientista-
As pedras foram erguidas ao lado de uma vala circular escavada chefe do programa de exploração de Marte da Nasa, durante a coletiva.
na terra, formato característico dos henges, nome dado a um tipo espe- As imagens divulgadas pela agência espacial mostram penhascos
cífico de aterro do Período Neolítico que consiste em um área terrapla- e paredões em vales e crateras, marcados por linhas que podem se es-
nada em forma circular ou oval com uma vala interna cercando outra tender por centenas de metros durante o verão marciano. Em alguns
área circular de cerca de 20 m de diâmetro. pontos, as linhas se combinam formando padrões intrincados.
Os cientistas descobriram que as pedras ficavam de pé, no que Os cientistas ainda não sabem de onde poderia vir a água, mas o
poderia ser um monumento mais impressionante que o vizinho. estudo levanta possibilidades, ainda não comprovadas, como a de que
“Achamos que não há nada como isso no mundo”, disse o pesqui- ela venha de aquíferos salgados, se condense a partir da fina atmosfera
sador que liderou o grupo, Vince Gaffney, da Universidade de Brad- marciana, ou mesmo de uma combinação de ambos os fatores, em di-
ford. “Isso é completamente novo e a escala é extraordinária.” ferentes partes do planeta.
Uso de radar permitiu mapear estrutura sem fazer escavação O pesquisador Alfred McEwen, membro da equipe de pesquisa-
“A presença do que parecem ser pedras, cercando o local de um dores do MRO e professor de geologia planetária na Universidade do
dos maiores estabelecimentos neolíticos da Europa, acrescenta um
Arizona, afirma que ainda não foi encontrada “água parada” no plane-
novo capítulo à história de Stonehenge.”
ta, mas, sim, camadas finas de solo molhado. “Essa água é mais salga-
As descobertas estão sendo anunciadas no primeiro dia do Festi-
da do que a dos oceanos da Terra”, afirmou.
val de Ciência Britânico, na Universidade de Bradford.
Três espaçonaves devem ir a Marte nos próximos três anos. Uma
Fonte: G1 – (07/09/2015)
delas é o veículo ExoMars, da agência espacial europeia (ESA), que
As evidências que fazem a Nasa acreditar que exista água em vai perfurar a superfície do planeta para buscar vestígios de vida.
Marte ‘Como a Terra’
“Marte não é o planeta seco que pensávamos. Em certas circuns- De acordo com John Grunsfeld, chefe da equipe científica da
tâncias, existe água líquida em Marte”, disse Jim Green, diretor de Nasa, Marte já foi um planeta “muito parecido com a Terra, com mares
ciência planetária da Nasa, em anúncio nesta segunda-feira. salgados e mornos e lagos de água fresca”.
Em uma entrevista coletiva, cientistas da agência espacial ameri- “Mas algo aconteceu com Marte, que perdeu sua água. Será que já
cana afirmam que manchas escuras observadas na superfície de Marte houve vida no planeta e podemos descobrir isso?”
podem estar ligadas à existência de água corrente durante o verão no Pesquisadores já haviam encontrado provas de que o planeta
planeta. tinha água congelada em seus polos, em sua fina atmosfera e, mais
“Essas manchas se formam no fim da primavera, aumentam no recentemente, em pequenas poças que pareciam se formar à noite na
verão e somem no outono. Por 40 anos, não pudemos explicar por que superfície.
elas existiam”, afirmou Green. Em março, a Nasa revelou ter descoberto que um vasto oceano
“Marte sofreu uma enorme mudança climática e perdeu sua água. pode ter ocupado quase metade do hemisfério norte do planeta.
Mas há muito mais umidade no ar do que jamais havíamos imagina- De acordo com os pesquisadores, o oceano teria existido por cerca
do.” de 1,5 bilhão de anos, mas, com o tempo, a atmosfera do país ficou
Dados do satélite Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) mostram mais fina, e a queda na pressão do ar fez com que mais água fosse
que as linhas escuras, que aparecem em declives marcianos, estão as- perdida para o oceano.
sociadas a depósitos de sal, que podem alterar os pontos de congela- O planeta também teria perdido a maior parte de seu isolamento
mento e evaporação da água, fazendo com que ela fique líquida por térmico e, sem calor suficiente para manter a água líquida, o oceano
tempo suficiente para se mover. Sem isso, a água congelaria nas baixas diminuiu e acabou congelando. Hoje, apenas cerca de 13% da água
temperaturas do planeta. permaneceria, congelada nos polos marcianos.
A aparente existência de água líquida e corrente aumenta a possi- Em abril, a agência espacial divulgou que o veículo Curiosity en-
bilidade de que micróbios também possam existir hoje – ou ter existido controu informações que mostravam a existência de água bem salgada
– no planeta vermelho, segundo os cientistas. – uma espécie de salmoura – no solo marciano.
A descoberta também tem implicações para os planos de enviar Fonte: BBC – Brasil – (28/09/2015)
astronautas a Marte, já que a identificação de córregos perto da super-
fície poderia facilitar o estabelecimento de colônias. Nova espécie do gênero humano é descoberta na África do Sul
Minutos antes do anúncio, o estudo de Lujendra Ojha, do Instituto Um grupo de pesquisadores apresentou nesta quinta-feira (10) na
de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos, foi divulgado na publi- África do Sul os remanescentes fósseis de um primata que podem ser
cação científica Nature Geoscience. de uma espécie do gênero humano desconhecida até agora.

Didatismo e Conhecimento 40
CONHECIMENTOS GERAIS
A criatura foi encontrada na caverna conhecida como Rising Star O pesquisador é líder da equipe de brasileiros que encontrou um
(estrela ascendente), 50 km a nordeste de Johanesburgo, onde foram exoplaneta gêmeo de Júpiter orbitando uma distante gêmea do Sol,
exumados os ossos de 15 hominídeos. O primata foi batizado de Homo descoberta anunciada na semana passada pelo Observatório Europeu
naledi. Em língua sotho, “naledi” significa estrela, e Homo é o mesmo do Sul (ESO, na sigla em inglês). Caso as teorias mais aceitas atual-
gênero ao qual pertencem os humanos modernos. mente estejam corretas, isso significa que aquilo que os cientistas acha-
Os fósseis foram encontrados em uma área profunda e de difícil ram pode ser um sistema planetário semelhante ao nosso. E se a vida na
acesso da caverna, na área arqueológica conhecida como “Berço da Terra realmente só se desenvolveu graças à estabilidade gravitacional
Humanidade”, considerada patrimônio mundial pela Unesco. Por se
proporcionada por Júpiter, então é possível que esta estrela alieníge-
situar num depósito sedimentar onde as camadas geológicas se mistu-
ram de maneira complexa, os cientistas ainda não conseguiram datar na também abrigue um mundo rochoso com condições propícias para
o primata descoberto, que poderia ter qualquer coisa entre 100 mil e 4 a evolução de seres vivos. Seria a Terra 2.0 que os astrônomos tanto
milhões de anos. buscam. “Uma coisa interessante dessa gêmea solar é que ela tem uma
“Estou feliz de apresentar uma nova espécie do ancestral huma- idade similar à do Sol - ele tem 4,6 bilhões de anos, e essa gêmea tem
no”, declarou Lee Berger, pesquisador da Universidade Witwatersrand quatro bilhões de anos”, explica Meléndez. “Se lá existir uma gêmea
de Johannesburgo, numa entrevista coletiva em Moropeng, onde fica o da Terra, já teve tempo suficiente para ter desenvolvido algum tipo de
“Berço da Humanidade”. vida, inclusive vida mais complexa, como temos aqui.”
Em 2013 e 2014, os cientistas encontraram mais de 1.550 ossos Fonte: Revista Galileu - (20/07/2015)
que pertenceram a, pelo menos, 15 indivíduos, incluindo bebês, adul-
tos jovens e pessoas mais velhas. Todos apresentavam uma morfologia MEIO AMBIENTE
homogênea e pertenciam a uma “nova espécie do gênero humano que
era desconhecida até então”. Meta do Brasil é reduzir emissão de gases em 43% até 2030,
O Museu de História Natural de Londres classificou a descoberta
diz Dilma
como extraordinária.
“Alguns aspectos do Homo naledi, como suas mãos, seus punhos A presidente Dilma Rousseff afirmou, na Cúpula da ONU sobre
e seus pés, estão muito próximos aos do homem moderno. Ao mesmo Desenvolvimento Sustentável, que o Brasil tem a meta de reduzir em
tempo, seu pequeno cérebro e a forma da parte superior de seu corpo 43% a emissão de gases do efeito estufa até 2030. O ano base, segundo
são mais próximos aos de um grupo pré-humano chamado australopi- ela, é 2005.
thecus”, disse Chris Stringer, pesquisador do Museu de História Na- “Será de 37% até a 2025 a contribuição do Brasil para a redução
tural de Londres, autor de um artigo sobre o tema que acompanhou o de emissão de gases do efeito estufa e para 2030 a nossa ambição é de
estudo de Berger, publicado no periódico científico eLife. redução de 43%”, afirmou a presidente em discurso na sede de ONU,
A descoberta pode permitir uma compreensão melhor sobre a em Nova York. Esta é a proposta que o Brasil deve levar para a cúpula
transição, há milhões de anos, entre o australopiteco primitivo e o pri- do clima de Paris, a COP 21, a ser realizada em dezembro.
mata do gênero homo, nosso ancestral direto. Para Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima,
Se for muito antiga, com mais de 3 milhões de anos, a espécie o anúncio é uma indicação positiva, mas ainda com um grau de am-
teria convivido com os australopitecos, anteriores ao gênero homo. Se bição insuficiente. “Se comparar com outros países que são grandes
for mais recente, com menos de 1 milhão de anos, é possível que tenha
emissores, o Brasil é um dos que está se propondo a fazer mais. Mas se
coexistido com os neandertais -- primos mais próximos do Homo sa-
piens -- ou até mesmo com humanos modernos. comparar com o que o país tem de potencial de redução de emissões,
Os trabalhos que levaram à descoberta foram patrocinados pela com a nossa responsabilidade e com a urgência, poderíamos ser mais
National Geographic Society, dos EUA, e pela Fundação Nacional de ambiciosos”, afirmou.
Pesquisa da África do Sul. Se as propostas dos países para 2030 anunciadas até o momento
Fonte: G1 - (10/09/2015) forem concretizadas, o planeta ainda deve chegar a um aquecimento
entre 3ºC e 4ºC, segundo estimativas. Para o Painel Intergovernamen-
Teoria sugere que vida na Terra só foi possível graças a Jú- tal de Mudanças Climáticas (IPCC), o ideal seria de limitar o aqueci-
piter mento global a 2ºC.
Júpiter é o maior e mais imponente planeta do Sistema Solar, e seu A proposta brasileira, apesar de ser melhor do que a dos outros
nome é uma homenagem ao todo poderoso deus romano. Rei de todas grandes emissores do mundo, não está em compasso com o que seria
as divindades da Roma Antiga, seu equivalente na mitologia grega é necessário para atingir a meta proposta pelo IPCC. Para Rittl, o anún-
ninguém menos que Zeus. E conforme os astrônomos aprimoram suas cio “ainda não assegura que o Brasil esteja fazendo tudo o que pode
teorias sobre a formação de planetas e de sistemas solares, a escolha do
para limitar o aquecimento global a 2ºC e mostra que o país não está
nome se mostra cada vez mais apropriada. A comunidade astronômica
tem fortes indícios para crer que foi a presença de Júpiter que determi- explorando todo o potencial de redução de emissões com ganhos eco-
nou a configuração atual dos planetas. nômicos, seja na restauração florestal, na agricultura de baixo carbono
Ao que tudo indica, por ser gigantesco, ele atua como uma espécie e no investimento em energias renováveis”.
de barreira gravitacional que não deixa os outros gigantes gasosos mi- Levando em conta que o total de emissões em 2005 foi de 2,03
grarem para mais perto do Sol - o que destruiria os planetas rochosos bilhões de toneladas de CO2 equivalente, a meta representaria emi-
internos, inclusive o nosso. Em outras palavras, Júpiter seria o rei do tir 1,28 bilhões de toneladas em 2025 e 1,15 bilhões de toneladas em
Sistema Solar porque estabiliza as órbitas de todos os outros astros. 2030.
“Essa estabilidade, em uma escala de bilhões de anos, tem permitido o
surgimento da vida na Terra”, afirmou a GALILEU Jorge Meléndez, Combate ao desmatamento
astrônomo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosfé- A presidente também detalhou metas do país no combate ao des-
ricas (IAG) da USP. matamento e no reflorestamento de áreas degradadas.

Didatismo e Conhecimento 41
CONHECIMENTOS GERAIS
“Até 2020, o Brasil pretende: primeiro, o fim do desmatamento “Nós temos feito um imenso esforço para compatibilizar a gera-
ilegal no país. Segundo, a restauração e o reflorestamento de 12 mi- ção de energia com a preservação ambiental. Tem falha? Ah, não tenha
lhões de hectares. Terceiro, a recuperação de 15 milhões de hectares de dúvida que tem, mas o fato de ter falhas não significa que a gente vai
pastagens degradas. Quarto, a integração de 5 milhões de hectares de destruir esse processo, pelo contrário, a gente tem de reconhecê-las e
lavoura-pecuária-floresta”, disse a presidente. melhorar. Agora, não se iluda, tem falhas em qualquer construção de
Para Rittl, limitar a meta ao fim do desmatamento ilegal é um pon- qualquer projeto”, concluiu Dilma.
to preocupante do anúncio. “Significa que teremos que conviver com Fonte: G1 - (27/09/2015)
esse crime ambiental por muito tempo. O Brasil é o único país no mun-
do de renda média que convive com uma alta taxa de desmatamento e Plano fracassa e Congresso busca novo prazo para acabar
com muita ilegalidade.” com lixões
Ele lembra que 15 estados brasileiros que tem Mata Atlântica se Uma das formas de medir o atraso de um país é olhando para o
comprometeram a zerar o desmatamento ilegal em 2018, muito antes seu lixo. O Brasil, que falhou no plano de erradicar os lixões, continua
do que o governo federal se propõe a fazer no âmbito nacional. aumentando ano a ano a sua produção de resíduos.
Durante seu pronunciamento, a presidente enfatizou a importân- Para piorar, a atual crise econômica e o inédito déficit de mais
cia da COP 21. “A Conferência de Paris é uma oportunidade única de de R$ 30 bilhões nas contas do governo federal em 2016 prometem
construirmos uma resposta comum ao desafio global de mudanças do agravar ainda mais o cenário: além de empurrar mais pessoas para o
clima. O Brasil tem feito grande esforço para reduzir as emissões de degradante trabalho nos lixões, haverá menos recursos para enfrentar
gases de efeito estufa sem comprometer nosso desenvolvimento eco- a questão.
nômico e nossa inclusão social”, afirmou Dilma, que fará o discurso de “Sei que muita gente não tem coragem de encarar pela nojeira que
abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas nesta segunda-feira é, mas não tive outra opção”, conta Edson Sousa Silva, 31, recém-che-
(28). gado ao lixão de Peruíbe (no litoral sul de São Paulo).
Sem trabalho na construção civil, onde atuava, Edson começou a
Fontes renováveis catar materiais recicláveis há dois meses. Nesse período, ganhou R$
No discurso, Dilma citou também metas do Brasil para a área de 2.000.
energia. Um dos objetivos, segundo ela, é estabelecer um limite de Ele trabalha à noite, cavucando lixos domésticos com uma lanter-
45% de fontes renováveis no total da matriz energética. na presa à cabeça e sem nenhuma proteção nas mãos –”a luva atrapalha
“Na área de energia, também temos objetivos ambiciosos. Primei- e deixa o trabalho mais lento”.
ro, a garantia de 45% de fontes renováveis no total da matriz energé- O lixão de Peruíbe é exemplo do fracasso do país ao lidar com
tica [...] Segundo, a participação de 66% da fonte hídrica na geração seus resíduos. A reportagem da Folha visitou o local em três noites
de eletricidade. Terceiro, a participação de 23% das fontes renováveis, diferentes no último mês.
eólica, solar e biomassa, na geração de energia elétrica. Quarto, o au- Na Cetesb (companhia ambiental do governo paulista), a área é
mento de cerca de 10% na eficiência elétrica.Quinto, a participação de classificada como aterro sanitário de médio porte, que opera com uma
16% de etanol carburante e demais fontes derivadas da cana-de-açúcar licença provisória. Uma nova avaliação será feita em dezembro.
no total da matriz energética”, detalhou a presidente. Na prática, contudo, o local funciona como um lixão: embora
“As adaptações necessárias frente à mudança do clima estão sen- cercado, tem resíduos a céu aberto e dezenas de catadores –inclusive
do acompanhadas por transformações importantes nas áreas de uso da crianças, também equipadas com botas e lanternas na cabeça para en-
terra e florestas, agropecuária, energia, padrões de produção e consu- frentar as montanhas de lixo. Todos trabalham quando chega a noite,
mo”, continuou Dilma. “O Brasil assim contribui decisivamente para único horário permitido para a entrada deles na área.
que o mundo possa atender às recomendações do painel de mudança A 500 metros há um riacho, alvo potencial do resíduo formado
do clima, que estabelece limite máximo de 2°C de aumento de tempe- com a decomposição do lixo e que penetra o solo até o lençol freático.
ratura neste nosso século”, concluiu a presidente. A maioria reside no bairro vizinho, uma ocupação que cresceu às
margens da rodovia. “Prefiro viver aqui do que na cadeia”, afirma o ca-
Hidrelétricas tador José Carlos Sena, 39, há nove anos no lixão de Peruíbe. Ele mora
Após o discurso, a presidente deu entrevista coletiva para explicar na ocupação, numa pequena casa erguida com materiais recicláveis.
as metas do Brasil para o meio ambiente. Ao ser questionada sobre Até comida ele diz que já reaproveitou.
problemas na construção das hidrelétricas de Belo Monte e de entraves Engenheiro ambiental da Cetesb em Santos, responsável pela área
para o leilão da usina de São Luiz do Tapajós, que enfrenta resistência de Peruíbe, César Valente afirma que a “persistência dos lixões indica
de povos indígena, Dilma disse que o Brasil não está pronto “ainda” um desequilíbrio”. “Se tem catador operando, não dá para chamá-lo de
para abrir mão da energia de hidrelétricas. Ela admitiu falhas, mas en- aterro sanitário.”
fatizou que elas não farão o governo desistir de conciliar geração de O Ministério do Meio Ambiente estima em 3.000 os lixões ativos
energia com preservação ambiental. no Brasil, destino de quase metade do lixo produzido. São cerca de 800
“O Brasil não pode abrir mão da hidreletricidade ainda. Ele abrirá mil catadores em todo o país.
quando ele ocupar o potencial que ele tem para ocupar. Ele terá de
abrir e aí nós estaremos diante dos mesmos desafios que os países de- Ambição e fracasso
senvolvidos estão, colocar o que no lugar? Tem gente que coloca no Reflexo da euforia dos anos Lula (2003-2010), o Congresso apro-
lugar as fontes físseis [como as de material nuclear]. Eu espero que vou em 2010 um Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Entre outras
até lá tenham desenvolvido mais tanto a solar quanto a eólica”, disse medidas, a legislação fixou até data para o fim dos lixões: agosto de
a presidente. 2014. O Brasil passou muito longe da meta.

Didatismo e Conhecimento 42
CONHECIMENTOS GERAIS
“Talvez nem em 50 anos conseguiremos acabar com os lixões”, “O desmatador é esperto e aprendeu a evitar o satélite. Sabe que
afirma Albino Rodrigues Alvarez, pesquisador do Ipea (Instituto de se cortar acima de 25 hectares vai perder o lucro do seu crime. Então
Pesquisa Econômica Aplicada) responsável por um estudo sobre o adotou novas técnicas, como o corte multipontos, que vai comendo a
tema. “O plano era muito ambicioso. O lixo é um desafio civilizacional floresta por baixo das copas.”
e está diretamente ligado à educação.” Além disso, explica, o Deter tem uma resolução muito baixa, de
Exemplo da complexidade é o caso de Brasília, cidade que tem 250 metros, o que dificulta, por exemplo, diferenciar corte raso (que
a maior renda per capta do Brasil e onde está o Lixão da Estrutural, o configura a perda total da floresta) de degradação.
maior da América Latina. Ele diz que o Ibama tem buscado usar imagens em alta resolução
Apesar do fracasso, um novo projeto de lei, em trâmite no Con- de satélites que enxergam cortes menores que 25 hectares, mas são
gresso (aprovado no Senado e aguardando votação na Câmara), prevê mais lentos, só rodam de 16 em 16 dias.
ampliar o prazo para erradicar os lixões –para as pequenas cidades, o Assim, afirma, o Ibama tem conseguido agir antes que o problema
limite seria em 2021. se torne maior. Ele opina que a taxa oficial deve ser parecida com o
“Se não conseguimos acabar com eles nos últimos cinco anos, ano passado.
conseguiremos nos próximos cinco?”, questiona Ariovaldo Caodaglio, De acordo com Evaristo, o Inpe deve lançar em breve o que ele
presidente do Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana do chamou de Deter-B, um satélite com resolução de 56 metros, rodando
Estado de São Paulo). Segundo ele, para lidar com os resíduos, os mu- a cada cinco dias, para conseguir lidar com esse desmatamento mul-
nicípios dependem de verba federal, cada vez mais comprometida pelo tipontos.
arrocho fiscal.
Para alguns, mais do que opção à crise, o trabalho virou exemplo A humanidade já destruiu a metade de todas as árvores do
familiar. Após anos como catador, Aparecido Bonifácio, 65, se aposen- planeta
tou, mas continua retornando ao lixão de Peruíbe quase todas as noites. É o tipo de pergunta que pega qualquer pai de surpresa e que nem
Agora, vai ao local para acompanhar a mulher e a filha, que continuam as melhores mentes puderam responder de forma satisfatória: Quantas
tirando dali o sustento. árvores há no mundo?
Fonte: Folha.com - (09/09/2015) Um novo estudo acaba de apresentar o cálculo mais preciso até o
momento, e os resultados são surpreendentes, para o bem e para o mal.
Desmatamento na Amazônia aumenta em 69% no último ano Até agora se pensava que havia 400 bilhões de árvores em todo o pla-
Duas semanas depois de o governo federal anunciar que o desma- neta, ou 61 por pessoa. A contagem se baseava em imagens de satélite
tamento na Amazônia em 2014 foi o segundo menor da história, um e estimativas da área coberta por florestas, mas não em observações in
novo levantamento trouxe um indicativo de que a taxa oficial pode não loco. Depois, em 2013, estudos com base em contagens diretas confir-
se portar tão bem neste ano. maram que somente na Amazônia há quase 400 bilhões de árvores, por
O número de alertas de alteração da cobertura vegetal na Amazô- isso a pergunta continuou no ar. Trata-se de um dado crucial para en-
nia entre agosto do ano passado e julho deste ano subiu 68,7% na com- tender como funciona o planeta em nível global, em especial o ciclo do
paração com o período de agosto de 2013 a julho de 2014, de acordo carbono e as mudanças climáticas, mas também a distribuição de espé-
com dados divulgados nessa segunda, 31, pelo Deter, monitoramento cies animais e vegetais e o efeito da atividade humana em todas elas.
em tempo real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Uma nova verificação, publicada nesta quarta-feira pela revista
O levantamento registrou corte raso e degradação em uma área de Nature, mostra que na realidade há 3 trilhões de árvores em todo o
5.121,92 km² de floresta no ano que passou, contra 3.035,93 km² no planeta, umas oito vezes mais do que o calculado anteriormente. Em
ano anterior. É o número mais alto dos últimos seis anos e equivale a média, há 422 árvores para cada ser humano.
3,5 vezes o tamanho da cidade de São Paulo. A distribuição por país revela uma enorme desigualdade, com ri-
Apesar de ágil para observar em tempo real o que está aconte- cos como a Bolívia com mais de 5.000 árvores por pessoa, e notoria-
cendo e enviar alertas para a fiscalização, o Deter é impreciso. Desse mente pobres, como Israel, onde apenas há duas para cada habitante.
modo, ele não serve para fornecer o número oficial de perda da cober- Grande parte do contraste se deve a fatores naturais como o clima, a
tura florestal, mas dá uma boa pista de como ele pode se comportar. topografia ou as características do solo, mas também ao efeito incon-
O valor final da perda é fornecido por outro sistema do Inpe, o fundível da civilização. Quanto mais aumenta a população humana,
Prodes, e costuma ser divulgado em novembro, sendo confirmado no mais diminui a proporção de árvores. Em parte isso se explica porque
meio do ano seguinte. a vegetação prospera mais onde há maior umidade, os lugares que os
É esse o número oficial do desmatamento e foi o que a ministra humanos também preferem para estabelecer terras de cultivo.
do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou há duas semanas. O O trabalho calcula que, a cada ano, as atividades humanas des-
último dado do Prodes apontou que o desmatamento de agosto de 2013 troem 15 bilhões de árvores. A perda líquida, compensado com o apa-
a julho de 2014 foi o segundo menor da história - 5.012 km². recimento de novas árvores e o reflorestamento, é de 10 bilhões de
Se a tendência do Deter se confirmar, o Prodes poderá também exemplares. Desde o começo da civilização, o número de árvores do
trazer um aumento. Somente duas vezes desde que o monitoramen- planeta se reduziu em 46%, quase a metade do que havia, indica o
to começou a ser feito Deter e Prodes seguiram trajetórias diferentes. estudo publicado nesta quarta-feira na Nature.
Uma delas foi justamente no ano passado. Os alertas mostravam alta, Se esse ritmo de destruição prosseguir sem alterações, as árvores
mas o número final foi de baixa. desaparecerão do planeta em 300 anos. São três séculos, umas 12 ge-
rações. “Esse é o tempo que resta se não fizermos nada, mas temos a
Perfil esperança de que poderemos frear o ritmo e ampliar o reflorestamento
Para Luciano Evaristo, diretor de proteção ambiental do Ibama, nos próximos anos para aplacar o impacto humano nos ecossistemas
uma mudança no perfil do desmatamento é a principal explicação para e no clima”, explica Thomas Crowther, pesquisador da Universidade
essa diferença. Yale (EUA) e principal autor do estudo.

Didatismo e Conhecimento 43
CONHECIMENTOS GERAIS
Europa sem florestas a) Lavagem de dinheiro e peculato,
Há dois anos, representantes da “Campanha do 1 Bilhão de Ár- b) Lavagem de dinheiro e corrupção ativa,
vores”, da ONU, para replantar parte da vegetação perdida precisavam c) Lavagem de dinheiro e corrupção passiva, x
saber qual o impacto que seus esforços estavam tendo. Contataram d) Lavagem de dinheiro e formação de quadrilha,
Crowther, que trabalha na Escola de Estudos Florestais e de Meio Am- e) Lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
biente de Yale, para lhe perguntar quantas árvores há no mundo e quan-
tas nas diferentes regiões onde trabalham. Foi o começo do presente 4) De acordo com a PEC da reforma eleitoral, para poder con-
estudo, assinado por 38 pesquisadores de 14 países. Juntos compilaram correr às eleições de 2016, o candidato precisa estar devidamente
dados da densidade florestal tomados em mais de 400.000 pontos de filiado a algum partido político:
todos os continentes, menos a Antártida. Dividiram a Terra em 14 tipos a) No mínimo um ano antes da eleição,
de biomas, ou paisagens bioclimáticas, estimaram a densidade de árvo- b) No mínimo a seis meses antes da eleição,
res em cada um deles com base em imagens de satélite e comprovaram c) No mínimo a três meses antes da eleição,
sua confiabilidade com as medidas in loco. Por último, compuseram o
d) No mínimo a dois meses da eleição,
mapa global de árvores mais preciso feito até hoje, no qual cada pixel
e) No mínimo a quarenta e cinco dias das eleições
é um quilômetro quadrado.
Os resultados mostram que a maior densidade de árvores se en-
5) Com o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agên-
contra nas matas boreais e nas regiões subárticas da Rússia, Escandiná-
via e América do Norte. A maior extensão de floresta está nos trópicos, cia Standart & Poor’s, significa que o Brasil perdeu o selo de “bom
com 43% de todas as árvores do planeta. As matas do norte só contêm pagador” e passou para o grau especulativo. A afirmação está:
24% do total de exemplares e 22% estão nas zonas temperadas. ( ) Correta ( ) Errada
A Europa é uma das regiões mais castigadas. “Antes da civili-
zação, toda a Europa era uma grande floresta, mas a pressão humana 6) O opositor venezuelano Leopoldo López foi preso por:
resultante do desenvolvimento agrícola, industrial e urbano transfor- a) Incitação à violência durante uma caminhada contra o governo
mou essa região em uma das mais desmatadas em todo o mundo”. de Nicolás Maduro, x
Observa Crowther. Na Espanha, há 11,3 bilhões de árvores, sendo 245 b) Dano ao patrimônio público durante uma caminhada contra o
por pessoa. governo de Hugo Chávez,
Fonte: El País Brasil – (02/09/2015) c) Incitação à violência durante uma caminhada contra o governo
de Hugo Chávez,
QUESTÕES: d) Terrorismo,
e) Corrupção e dano ao erário.
1). Com a criação do PMB, o Partido da Mulher Brasileira, o
Brasil passou a ter: 7) O Uber, que está no centro de uma discussão envolvendo
a) 40 partidos taxistas e motoristas particulares, é:
b) 30 partidos a) Um aplicativo de carona solidária, ou seja, gratuita, para celu-
c) 32 partidos lares.
d) 35 partidos b) Um serviço de transporte particular em que o usuário paga pela
e) 25 partidos corrida, como um táxi.
c) Um aplicativo de comunicação utilizado por motoristas para
2) De acordo com o texto aprovado pela comissão da Câmara informar sobre as condições do tráfego nas cidades.
dos Deputados, que discute o Estatuto da Família, esta é definida d) Um programa de computador que realiza um mapeamento das
como: melhores condições de transporte, indicando se é mais viável recorrer
a) A união homossexual e a união heterossexual;
a taxistas ou motoristas particulares.
b) A união heterossexual, somente
e) Um aplicativo que incentiva a prática da locomoção utilizando
c) A comunidade composta por parentes em primeiro grau con-
bicicletas.
sanguíneo, desde que tenham a guarda e garantam os direitos da crian-
ça, além da união heterossexual.
d) A comunidade composta por parentes em até o segundo grau 8) A rainha Elizabeth se tornou a monarca a ocupar o trono
consanguíneo, desde que tenham a guarda e garantam os direitos da britânico por mais tempo, ao ultrapassar a marca de sua tataravó,
criança, além da união heterossexual. a Rainha Vitória, que ocupou o posto por 63 anos e 216 dias. A
e) A união heterossexual composta por parentes em até o terceiro afirmação está:
grau consanguíneo, desde que tenham a guarda e garantam os direitos ( ) Correta ( ) Errada
da criança, além da união heterossexual.
9) A nova espécie do gênero humano descoberta na África do
3) O ex-deputado André Vargas (ex-PT/PR) foi o primeiro po- Sul foi batizada de:
lítico condenado na Operação Lava Jato. Ele ficou conhecido por a) Homo economicus
repetir, no plenário da Câmara o mesmo gesto que nomes como b) Homo habilis
José Dirceu e José Genoíno executaram ao serem presos no Men- c) Homo novus
salão. A pena de 14 anos e 4 meses de prisão foi aplicada ao ex-de- d) Homo naledi
putado pelo cometimento dos crimes de: e) Homo capensis

Didatismo e Conhecimento 44
CONHECIMENTOS GERAIS
10) O Plano Nacional de Resíduos Sólidos estabelecia como
data limite para a extinção dos lixões, o mês de:
a) Julho de 2014
b) Março de 2015
c) Setembro de 2015
d) Abril de 2015
e) Agosto de 2014

Gabarito: 1-D/2-B/3-C/4-B/5-Errada/6-A/7-B/8-Correta
/9-D/10-E

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses que
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: DA representa, a administração pública está proibida de promover dis-
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. criminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma di-
ferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este
princípio, a administração pública deve tratar igualmente todos
aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio
Administração pública da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im-
pessoalidade no que tange à contratação de serviços. O princípio
1) Princípios da Administração Pública da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que qual o alvo a ser alcançado pela administração pública é somente
ele consolide o bem comum e garanta a preservação dos interes- o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode in-
ses da coletividade, se encontram exteriorizados em princípios e fluenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somente
regras. Estes, por sua vez, são estabelecidos na Constituição Fede- a preservação do interesse coletivo.
ral e em legislações infraconstitucionais, a exemplo das que serão c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no
estudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de
8.112/90 e Lei n° 8.429/92. moralidade administrativa, intimamente relacionada ao poder pú-
blico. A administração pública não atua como um particular, de
modo que enquanto o descumprimento dos preceitos morais por
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor
parte deste particular não é punido pelo Direito (a priori), o or-
público partem da Constituição Federal, que estabelece alguns
denamento jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
princípios fundamentais para a ética no setor público. Em outras
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio da mo-
palavras, é o texto constitucional do artigo 37, especialmente o
ralidade deve se fazer presente não só para com os administrados,
caput, que permite a compreensão de boa parte do conteúdo das
mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à
leis específicas, porque possui um caráter amplo ao preconizar os
noção de bom administrador, que não somente deve ser conhece-
princípios fundamentais da administração pública. Estabelece a
dor da lei, mas também dos princípios éticos regentes da função
Constituição Federal: administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE
ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta de com os dois princípios anteriores.
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal d) Princípio da publicidade: A administração pública é obri-
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes- gada a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao se- informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a publi-
guinte: [...] cação em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por exem-
plo, a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta
São princípios da administração pública, nesta ordem: ao ideário de que todos devem tomar conhecimento do processo
Legalidade seletivo de servidores do Estado. Diante disso, como será visto,
Impessoalidade se negar indevidamente a fornecer informações ao administrado
Moralidade caracteriza ato de improbidade administrativa.
Publicidade No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o princípio
Eficiência da publicidade seja deturpado em propaganda político-eleitoral:
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o
vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administra- Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, obras,
ção Pública. É de fundamental importância um olhar atento ao sig- serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter edu-
nificado de cada um destes princípios, posto que eles estruturam cativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
todas as regras éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
Improbidade Administrativa, tomando como base os ensinamentos pessoal de autoridades ou servidores públicos.
de Carvalho Filho1 e Spitzcovsky2:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade sig- Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a legali-
nifica a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo, dade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para
como a administração pública representa os interesses da coleti- proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV,
vidade, ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado de segu-
poderá fazer o que a lei expressamente determina (assim, na esfera rança. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
estatal, é preciso lei anterior editando a matéria para que seja pre-
servado o princípio da legalidade). A origem deste princípio está Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participa-
na criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Esta- ção do usuário na administração pública direta e indireta, regu-
do deve respeitar as leis que dita. lando especialmente:
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
2 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau- ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualida-
lo: Método, 2011. de dos serviços;

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e a in- Meirelles4 entende que o ato discricionário, editado sob os li-
formações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, mites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberdade
X e XXXIII; para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo
III -  a disciplina da representação contra o exercício negli- necessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamentação,
gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessidade de ob-
pública. servância da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricio-
e) Princípio da eficiência: A administração pública deve nário, é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho
manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de adotado pelo administrador. Gasparini5, com respaldo no art. 50
gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões
público seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para todos
manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar um os atos nele elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos
servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando discricionários quanto os vinculados.
o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é
a procura por produtividade e economicidade. Alcança os serviços 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servidores
públicos e os serviços administrativos internos, se referindo dire- O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princípios
tamente à conduta dos agentes. da administração pública estudados no tópico anterior, aos quais
Além destes cinco princípios administrativo-constitucionais estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes em qualquer
diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser apontados das esferas federativas, e, em seus incisos, regras mínimas sobre o
como princípios de natureza ética relacionados à função pública a serviço público:
probidade e a motivação: Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucional in- acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabele-
cluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o dever de cidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.
todo o administrador público, o dever de honestidade e fidelidade
com o Estado, com a população, no desempenho de suas funções. Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
Possui contornos mais definidos do que a moralidade. Diógenes
8.112/1990, que prevê:
Gasparini3 alerta que alguns autores tratam veem como distintos
os princípios da moralidade e da probidade administrativa, mas
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para in-
não há  características que permitam tratar os mesmos como pro-
vestidura em cargo público:
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar que a
I - a nacionalidade brasileira;
probidade administrativa é um aspecto particular da moralidade
II - o gozo dos direitos políticos;
administrativa.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao ad-
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
ministrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de efei-
tos concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos V - a idade mínima de dezoito anos;
mais importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido VI - aptidão física e mental.
processo legal, uma vez que a fundamentação surge como meio § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
interpretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado, outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
sendo verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade § 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e
dos atos da Administração. tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram à procedimentos desta Lei.
aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos administrativos
devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar o méri- Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
to do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207
controle, devem ser observados os motivos dos atos administrati- da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no
vos. ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
Em relação à necessidade de motivação dos atos administra-
tivos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único comporta- Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público
mento possível) e dos atos discricionários (aqueles que a lei, den- depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou
tro dos limites nela previstos, aponta um ou mais comportamentos de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
possíveis, de acordo com um juízo de conveniência e oportuni- do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
dade), a doutrina é uníssona na determinação da obrigatoriedade nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre no-
de motivação com relação aos atos administrativos vinculados; meação e exoneração.
todavia, diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis-
cricionários.
4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
São Paulo: Malheiros, 1993.
3 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: 5 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2004. Saraiva, 2004.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990: Observa-se o seguinte quadro comparativo6:

Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de car- Função de Confiança Cargo em Comissão
reira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia
habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, Exercidas exclusivamente por Qualquer pessoa, observado o
obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. servidores ocupantes de cargo percentual mínimo reservado
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o efetivo. ao servidor de carreira.
desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, Com concurso público, já
Sem concurso público,
serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de que somente pode exercê-la o
ressalvado o percentual
carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos. servidor de cargo efetivo, mas
mínimo reservado ao servidor
a função em si não prescindível
de carreira.
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu de concurso público.
desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de provas e É atribuído posto (lugar) num
títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também dos quadros da Administração
é considerado. Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não Somente são conferidas
Pública, conferida atribuições
exige concurso público, sendo exceção à regra geral. atribuições e responsabilidade
e responsabilidade àquele que
irá ocupá-lo
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público
será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. Destinam-se apenas às Destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e atribuições de direção, chefia e
Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto assessoramento assessoramento
no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público De livre nomeação e
de provas ou de provas e títulos será convocado com priorida- exoneração no que se refere De livre nomeação e
de sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na à função e não em relação ao exoneração
carreira. cargo efetivo.

Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990: Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o di-
reito à livre associação sindical.
Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá valida- A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos
de de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, tal como é garantida a todos na condição de direito individual e de
por igual período. direito social.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos ter-
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação. mos e nos limites definidos em lei específica.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públi-
expirado. cos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela preserva-
ção da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada
O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, uma legislação específica para os funcionários públicos, deverá ser
casos de isenção, número de vagas e prazo de validade. Havendo obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual
candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).
ser chamado para assumir eventual vaga e não ser realizado novo
concurso. Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê: empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
definirá os critérios de sua admissão.
Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos
II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:
responsável, nos termos da lei.
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiên-
Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização da- cia é assegurado o direito de se inscrever em concurso público
quele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no serviço para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis
público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas se-
e títulos. rão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no
concurso.
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusi-
vamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos ca-
sos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam- 6 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-com-
-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. parativo-funcao-de-confianca.html

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Prossegue o artigo 37, CF: § 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão
ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93.
por tempo determinado para atender a necessidade temporária de § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
excepcional interesse público. de caráter permanente, é irredutível.
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre
definindo a natureza da relação estabelecida entre o servidor con- servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter
tratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
temporária de excepcional interesse público”. § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que salário mínimo.
comporta dependência jurídica do servidor perante o Estado, duas
opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Es- Ainda, o artigo 37 da Constituição:
tado iure gestionis, sem usar das prerrogativas de Poder Público,
ou institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Esta- Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocupan-
do. Melhor dizendo: o sistema preconizado pela Carta Política de tes de cargos, funções e empregos públicos da administração
1988 é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
na esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando-se dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
no campo do Direito Público). [...] Uma solução intermediária não nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
um sistema híbrido, eclético, no qual coexistam normas trabalhis- percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pes-
tas e estatutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado soais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o sub-
e administrativo, no sentido de atender às exigências do Estado sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
moderno, que procura alcançar os seus objetivos com a mesma Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
eficácia dos empreendimentos não-governamentais”7. Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Depu-
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públicos tados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado
e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do sub-
fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa pri-
sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
vativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
mesma data e sem distinção de índices.
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen-
sores Públicos.
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocupan-
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Le-
tes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o
gislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos
disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150,
pagos pelo Poder Executivo.
II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea de
proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá perce-
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pú- ber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior
blica, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constitui- à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
ção, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Minis-
de livre nomeação e exoneração. tros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros
do Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. Excluem-se do
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos artigos teto de remuneração as vantagens previstas nos incisos II a VII
40 e 41: do art. 61.

Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem aprofunda-
de cargo público, com valor fixado em lei. mentos sobre o mencionado inciso XI:

Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres- Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito dos
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou cargo artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI do
7 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Arti- fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições
gos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014. e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desem-

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
bargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Estados, dos Territórios e dos Municípios.
Distritais e dos Vereadores. § 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada
à comprovação da compatibilidade de horários.
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equiparação §  3o  Considera-se acumulação proibida a percepção de
salarial: vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos
da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equiparação remunerações forem acumuláveis na atividade.
de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remunera-
ção de pessoal do serviço público. Art. 119, Lei nº 8.112/1990.  O servidor não poderá exercer
mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará-
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de polí- grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em
órgão de deliberação coletiva. 
tica de administração e remuneração de pessoal, integrado por ser-
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica à re-
vidores designados pelos respectivos Poderes (artigo 39, caput e §
muneração devida pela participação em conselhos de administra-
1º), sem qualquer garantia constitucional de tratamento igualitário
ção e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mis-
aos cargos que se mostrem similares. ta, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas
ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebidos participação no capital social, observado o que, a respeito, dispu-
por servidor público não serão computados nem acumulados ser legislação específica.
para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
Art. 120, Lei nº 8.112/1990.  O servidor vinculado ao regime
A preocupação do constituinte, ao implantar tal preceito, foi desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando
de que não eclodisse no sistema remuneratório dos servidores, ou investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado
seja, evitar que se utilize uma vantagem como base de cálculo de de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
um outro benefício. Dessa forma, qualquer gratificação que venha compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles,
a ser concedida ao servidor só pode ter como base de cálculo o pró- declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades
prio vencimento básico. É inaceitável que se leve em consideração envolvidos.
outra vantagem até então percebida.
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da acu-
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada de mulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no âmbito
cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de ho- do serviço público federal a vedação genérica constante do art.
rários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a)  a 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da República. De fato, a
de dois cargos de professor; b)  a de um cargo de professor com acumulação ilícita de cargos públicos constitui uma das infrações
outro, técnico ou científico; c)  a de dois cargos ou empregos pri- mais comuns praticadas por servidores públicos, o que se constata
vativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. observando o elevado número de processos administrativos ins-
taurados com esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se a é relativamente brando, quando cotejado com outros estatutos de
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso nessa ilici-
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e so- tude diversas oportunidades para regularizar sua situação e esca-
par da pena de demissão. Também prevê a lei em comentário, um
ciedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.
processo administrativo simplificado (processo disciplinar de rito
sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 9.
Segundo Carvalho Filho8, “o fundamento da proibição é im-
pedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o servidor Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus ser-
não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além vidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e juris-
disso, porém, pode-se observar que o Constituinte quis também dição, precedência sobre os demais setores administrativos, na
impedir a cumulação de ganhos em detrimento da boa execução forma da lei.
de tarefas públicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumu-
lação remunerada. Em consequência, se a acumulação só encerra a Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da União,
percepção de vencimentos por uma das fontes, não incide a regra dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades es-
constitucional proibitiva”. senciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão: carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realiza-
ção de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos previstos com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na
na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos forma da lei ou convênio.
públicos. 9 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/artigos/
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia do bem- Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às em-
-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públicos que dis- presas públicas e às sociedades de economia mista e suas subsi-
ponibiliza, seja através de investimentos na área social (educação, diárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Dis-
saúde, segurança pública). Para atingir esses objetivos primários, trito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de
deve desenvolver uma atividade financeira, com o intuito de obter pessoal ou de custeio em geral.
recursos indispensáveis às necessidades cuja satisfação se com-
prometeu quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. Continua o artigo 37, CF:
[...] A importância da Administração Tributária foi reconhecida
expressamente pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados na
Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência e de legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contra-
seus servidores sobre os demais setores da Administração Pública, tados mediante processo de licitação pública que assegure igual-
dentro de suas áreas de competência”10. dade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá ser efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis
de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei à garantia do cumprimento das obrigações.
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o art.
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa, em 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para li-
cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas citações e contratos da Administração Pública e dá outras provi-
no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas dências. Licitação nada mais é que o conjunto de procedimentos
em empresa privada. administrativos (administrativos porque parte da administração
pública) para as compras ou serviços contratados pelos governos
Órgãos da administração indireta somente podem ser criados Federal, Estadual ou Municipal, ou seja todos os entes federativos.
por lei específica e a criação de subsidiárias destes dependem De forma mais simples, podemos dizer que o governo deve com-
de autorização legislativa (o Estado cria e controla diretamente prar e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licitação
determinada empresa pública ou sociedade de economia mista, e é um processo formal onde há a competição entre os interessados.
estas, por sua vez, passam a gerir uma nova empresa, denominada Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de prescrição
subsidiária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
um parêntese para observar que quase todos os autores que abordam causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
o assunto afirmam categoricamente que, a despeito da referência ressarcimento.
no texto constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas
no inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades de A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encontra dis-
economia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle ciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
que existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria
de pessoas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias e Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar prescreverá:
fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
se o legislador de um ente federado pretendesse, por exemplo, são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição
autorizar a criação de uma subsidiária de uma fundação pública, de cargo em comissão;
NÃO haveria base constitucional para considerar inválida sua II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
autorização”11. III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
Ainda sobre a questão do funcionamento da administração in- § 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
direta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto nos §§ 8º e 9º fato se tornou conhecido.
do artigo 37, CF: § 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
às infrações disciplinares capituladas também como crime.
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária e § 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de processo
financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indi- disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
reta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre por autoridade competente.
seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a § 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, caben- correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
do à lei dispor sobre:
I -  o prazo de duração do contrato; Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direito
II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho, di- de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 anos para as
reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; infrações mais graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena
III -  a remuneração do pessoal. de suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver-
tência), contados da data em que o fato se tornou conhecido pela
10 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_
sao_paulo.htm
administração pública. Se a infração disciplinar for crime, valerão
11 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descompli- os prazos prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
cado. São Paulo: GEN, 2014. favoráveis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
a contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Da bém terão competência para exercer suas funções administrativas
abertura da sindicância ou processo administrativo disciplinar até endógenas (atividades administrativas-meio), gerindo internamen-
a decisão final proferida por autoridade competente não corre a te seus serviços, bens e pessoal. É importante lembrar que a exis-
prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa a contar do zero. tência de autonomia administrativa nas atividades-meio é condi-
Passado o prazo, não caberá mais propor ação disciplinar. ção para o exercício de todas as demais autonomias.
A estrutura organizacional da Administração Pública é enca-
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as res- beçada pelo Chefe do Poder Executivo, seguido pelos Ministros de
trições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta Estado, em sendo estadual e municipal é seguido pelos Secretários.
e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas. Ao Chefe do Poder Executivo compete exercer a direção su-
perior da Administração Pública, sendo competência dos Minis-
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre o conflito tros auxiliá-lo nessa função, orientando, coordenando e supervi-
de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Execu- sionando os órgãos e entidades da Administração Pública afetos à
tivo federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou sua área de competência.
emprego; e revoga dispositivos da Lei nº 9.986, de 18 de julho de Aragão explica que: além das normas constitucionais sobre a
2000, e das Medidas Provisórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de organização da Administração Pública, cada ente federativo pos-
2001, e 2.225-45, de 4 de setembro de 2001. sui, como requisito e manifestação da sua autonomia, a competên-
Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
cia de editar normas sobre a própria organização (auto-organiza-
ção), ressalvando-se alguns casos em que a Constituição prevê a
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configuram
edição de normas gerais pela União (por exemplo: as Juntas Co-
conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou emprego
merciais são entidades da Administração Indireta dos Estados, mas
no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos e restrições
a ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a informa- as normas gerais sobre seu funcionamento, a teor do art. 24, III,
ções privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do incumbem à União).
cargo ou emprego e as competências para fiscalização, avaliação Conforme disciplina o texto constitucional e as legislações
e prevenção de conflitos de interesses regulam-se pelo disposto extravagantes, a Administração Pública pode ser considerada em
nesta Lei. direta e indireta.
Para alguns doutrinadores a desconcentração denota uma di-
visão de competências entre órgãos integrantes de uma mesma
pessoa jurídica, ou seja, é forma de organização na qual distribui
ADMINISTRAÇÃO DIRETA, INDIRETA E competências e atribuições de um órgão central para órgãos peri-
FUNDACIONAL. féricos de escalões inferiores. Em regra fazem alusão da descon-
centração somente em relação à Administração Direta (o poder, na
esfera federal, teoricamente concentrado na figura do Presidente
da República, é desconcentrado para os órgãos de assessoramento
direto e para os ministérios, os quais, por sua vez, também efetuam
A Constituição Federal adota a forma federativa de Estado suas próprias desconcentrações, criando outros órgãos em suas es-
com isso apenas a República Federativa do Brasil possui sobera- truturas internas), mas o isto ocorre também internamente em cada
nia. A União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, ou pessoa jurídica da Administração Indireta.
seja, os entes parciais da Federação possuem apenas autonomia Para discorrer sobre o tema utilizaremos parte da obra do pro-
política. Conforme nos ensina o autor Alexandre Santos de Ara- fessor Marco Antonio Praxedes de Moraes Filho, conforme segue:
gão, o conceito de autonomia é: ao contrário da soberania, limita- A denominada Administração Pública Direta ou Centraliza-
do, consistindo na capacidade de agir livremente dentro do círculo da é o centro originário da Administração Pública, compreendendo
de atribuições previamente traçadas por um poder superior, no as pessoas jurídicas políticas centrais dotadas de função adminis-
caso, o próprio constituinte. trativa: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Para o referido professor: a Constituição de 1988 fortaleceu A denominada  Administração Pública Descentralizada  é o
os municípios de forma inédita na história brasileira, incluindo-os
deslocamento da atividade administrativa do núcleo, compreen-
expressamente, junto com a União, o Distrito Federal e os estados,
dendo determinadas pessoas jurídicas de direito público ou priva-
entre os entes integrantes da Federação brasileira (arts. 1º e 18).
do, agindo de forma específica para o qual foram criadas. Com o
Desta forma a Carta Magna garante aos entes da Federação
passar nos anos e o aumento da complexidade da vida em sociedade,
autonomia político-eleitoral (eleição dos seus dirigentes pelos ci-
dadãos domiciliados em seu território), normativa (competências o Poder Público, valendo-se do princípio da especialidade, começou
legislativas próprias) e administrativa (autogestão). Completa o a transferir responsabilidades suas para parceiros a fim de melhorar a
autor no sentido de que: cada ente da Federação tem competência prestação do serviço público.
para exercer funções administrativas exógenas (atividades admi- Na forma descentralizada ocorre, ainda, uma subdivisão em Ad-
nistrativas-fim), perseguindo a realização de determinadas finali- ministração Indireta e Administração por Serviços Públicos. A Ad-
dades públicas no seio da sociedade (assim, por exemplo, o ente ministração Pública Indireta  compreende as autarquias, fundações
federativo possui competência para prestar serviços educacionais, públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. A Ad-
realizar atividades destinadas a preservar o meio ambiente, fisca- ministração Pública por Serviços Públicos compreende as empresas
lizar atividades privadas, financiar manifestações culturais). Tam- concessionárias e permissionárias prestadoras de serviços públicos.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Ainda podemos mencionar as  Entidades Paraestatais, pessoas CF/88). O escopo desta qualificação, atribuída por decreto específi-
jurídicas de direito privado, que muito embora não integrem a Ad- co, é a busca de uma maior autonomia gerencial, operacional ou or-
ministração Pública, mantêm com ela um vínculo de parceria, agindo çamentária. A atribuição da qualidade de agência executiva atinge as
paralelamente, atuando em comunhão com o Poder Público. Inte- autarquias já existentes, não implicando na instituição de uma nova
gram o chamado terceiro setor: Serviços Sociais Autônomos (SSA), entidade, nem abrange qualquer alteração nas relações de trabalho
Organizações Sociais (OS) e Organizações da Sociedade Civil de dos funcionários das instituições beneficiadas. A grande maioria das
Interesse Público (OSCIP). agências executivas se encontra na seara da Administração Pública
federal.
Autarquias b) Agências Reguladoras
O conceito de autarquia, ainda que de forma incompleta, pode São autarquias qualificadas com regime especial definido em
ser encontrado expressamente positivado no art. 5º, I do  Decreto lei, responsáveis pela regulação e fiscalização de assuntos atinentes
-lei nº 200/67. Também é possível se depara com referências mani- às respectivas esferas de atuação.
festas à autarquia no art. 37, XIX da Constituição Federal de 1988. Autarquias como Conselhos Profissionais
Exemplos de autarquias: Instituto Nacional da Seguridade So- As Autarquias também podem funcionar como Conselhos Pro-
cial (INSS), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos fissionais ou Conselhos de Classe. São autarquias em regime es-
Naturais Renováveis (IBAMA), Banco Central do Brasil, Instituto pecial, denominadas de Autarquias-Corporativas,  pois apresentam
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), etc. função específica de fiscalização das profissões.
Diante da análise dos dispositivos constitucionais e infraconsti-
tucionais, podemos apontar inúmeras características das autarquias:  Fundações
a) criadas por lei ordinária específica,  É um conjunto de bens/patrimônios afetados visando atender
b) personalidade jurídica de direito público,  um determinado fim. Dá-se personalidade jurídica ao conglomerado
para que possa existir por si mesmo.  Há divergência na doutrina
c) execução de atividades típicas da Administração Púbica, 
quanto à natureza jurídica das fundações. Há autores afirmando que
d) especialização dos fins ou atividades, 
a fundação não poderia se trajar de caráter público, pois sua existên-
e) responsabilidade objetiva.
cia no mundo jurídico estaria restrita apenas à seara privada. Porém,
a) Criadas por lei ordinária específica: o instrumento adequado
a grande maioria da doutrina admite a possibilidade da subsistência
para a instituição das autarquias no mundo jurídico é a lei ordinária;
das fundações tanto na esfera privada quanto na seara pública.
o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda a menção de que as autarquias
As fundações se apresentam no ordenamento jurídico pátrio
deverão ser criadas pela aludida espécie normativa. sob duas grandes modalidades: as fundações de direito privado e as
b) Personalidade jurídica de direito público: a autarquia possui fundações de direito público. As primeiras, também denominadas
natureza jurídica de direito público devido à execução de atividades de fundações privadas, são aquelas instituídas pelos particulares e
típicas da Administração Pública. regidas pelas regras privatistas (Código Civil). As segundas, tam-
c) Execução de atividades típicas da Administração Pública: o bém denominadas de fundações públicas, estatais ou governamen-
legislador resolveu escolher a autarquia como sendo o ente descen- tais, são aquelas instituídas pelo poder público e regidas pelas regras
tralizado que trataria das questões características à Administração publicistas (CF/88, Decreto-Lei nº 200/67). Nestas, o poder público
Pública. ainda tem a faculdade de criar duas subespécies de fundações: a de
d) Especialização dos fins ou atividades: as autarquias são cria- direito público, também denominada de autarquia fundacional, e a
das exclusivamente para exercer os fins expressamente previstos em de direito privado.
lei, sendo-lhes vedado desempenhar atividades diversas daquelas Diante da análise dos dispositivos constitucionais e infraconsti-
para as quais foram instituídas. tucionais, podemos apontar inúmeras características das fundações: 
e) Responsabilidade objetiva:  as autarquias, na qualidade de a) autorizadas por lei ordinária específica, 
pessoas jurídicas de direito público, respondem de forma objetiva b) personalidade jurídica de direito público ou direito privado, 
pelos atos que seus agentes nesta qualidade causarem a terceiros, sen- c) qualificação de agências executivas,
do assegurada ação regressiva contra os responsáveis nos casos de d) responsabilidade objetiva.
dolo ou culpa (art. 37, § 6º, CF/88). A responsabilidade objetiva das a) Autorizadas por lei ordinária específica: o instrumento ade-
autarquias não afasta a responsabilidade subsidiária do Estado. Nos- quado para a instituição das fundações no mundo jurídico é a lei
sos tribunais superiores tem se posicionado no sentido de que, em um ordinária; o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda a menção de que as
primeiro momento, a ação de responsabilidade deve ser movida con- fundações deverão ser autorizadas pela aludida espécie normativa.
tra a própria autarquia; somente em um segundo momento, esgota- b) Personalidade jurídica de direito público ou direito priva-
da a possibilidade indenizatória pela autarquia, admite-se acionar do: há forte divergência doutrinária no tocante à natureza jurídica
subsidiariamente o este público. das fundações públicas. Podemos encontrar três correntes sobre o
Autarquias como Agências assunto: 
A agência, de origem norte-americana, é termo introduzido no i) personalidade jurídica de direito público (Celso Antônio
direito administrativo pátrio em decorrência do fenômeno da globa- Bandeira de Mello, Alexandre Mazza), 
lização. As autarquias podem ganhar feições próprias de agências. ii) personalidade jurídica de direito privado (Marcos Juruena
No regime jurídico administrativo brasileiro existem duas modali- Villela Souto, Rafael Carvalho Rezende Oliveira), 
dades de agências: agências executivas e agências reguladoras. iii) personalidade jurídica de direito público ou direito privado
a) Agências Executivas (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Irene Patrícia Nohara). Na juris-
É uma qualificação jurídica concedida para aquelas autarquias prudência tem prevalecido o entendimento de que as fundações
que celebrarem contrato de gestão com a Administração Pública Di- públicas possuem natureza jurídica de direito público ou direito
reta a fim de melhorar a eficiência e reduzir custos (art. 37, §8°, privado, conforme dispuser a legislação.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
c) Qualificação de Agências Executivas: as fundações autár- Estado. Pela visível ausência no texto constitucional às pessoas
quicas também podem receber a qualificação de agências execu- jurídicas de direito privado exploradoras de atividade econômicas,
tivas, desde que formalizem um contrato de gestão com o Poder deduz-se que há responsabilidade subjetiva.
Público. d) Capital público: para a Empresa Pública a composição do
d) Responsabilidade objetiva:  a natureza da responsabilida- patrimônio é exclusivamente público, sem exceções, não podendo
de civil das duas espécies de fundações estatais é idêntica, ambas o particular participar desta constituição. Todavia, tal publicida-
respondendo de forma objetiva, com fundamento no art. 37, §6º de não se limita a uma só entidade, podendo pertencer ao qua-
da Constituição Federal de 1988. Nas pessoas jurídicas de direito dro também outras entidades públicas, por exemplo, determinada
público estão inseridas as fundações estatais de direito público, e Empresa Pública é constituída de capital da União e determinado
nas pessoas jurídicas privadas prestadoras de serviço público estão Estado- membro, mesmo sendo duas entidades diferentes, ambas
inseridas as fundações estatais de direito privado. são públicas.
Exemplos: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e) Organização societária diversa:  a Empresa Pública pode
(IBGE), Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Fundação Nacio- ser organizada sob qualquer das formas de sociedade já existentes
nal de Saúde (FUNASA), Fundação Biblioteca Nacional, etc. em direito, podendo ainda no âmbito federal ser criada uma nova
forma, o que não ocorre na esfera estadual. A parte final do art.
Empresas Estatais 5°, II do Decreto-lei nº 200/67 trás expressamente tal permissivo
Por empresa estatal podemos entender toda sociedade, civil extensivo.
ou comercial, da qual o Estado tenha o controle acionário. São f) Possibilidade de falência: a via normal para a extinção de
pessoas jurídicas de direito privado, criadas por lei ordinária espe- empresas estatais é por meio de lei. Entende-se, contudo, que as
cífica para desempenhar atividade econômica em sentido estrito ou Empresas Públicas exploradoras de atividade econômica são pas-
prestar serviços públicos. O conceito abrange a empresa pública, a síveis de sofrerem falência, sendo uma forma excepcional de tér-
sociedade de economia mista e outras empresas que tenham neces- mino de suas atividades. Podendo ainda seu patrimônio – bens e
sariamente tal natureza. rendas – ser arrecadado para pagamento dos credores, penhoráveis
Empresas Públicas e executáveis, portanto, não respondendo o Estado em caráter sub-
São pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei sidiário. Não se aplicando o disposto no art. 242 da Lei das Socie-
ordinária específica, para a prestação de serviços público ou ex- dades Anônimas, onde afirma justamente o contrário.
ploração de atividade econômica. Podemos encontrar o conceito Exemplos: Caixa Econômica Federal (CEF), Empresa Brasi-
de Empresa Pública devidamente positivada no art. 5º, II do De- leira de Correios e Telégrafos (ECT), etc.
creto-Lei n° 200/67.
Diante da análise dos dispositivos constitucionais e infracons- Sociedades de Economia Mista
titucionais, podemos apontar inúmeras características das funda- São pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei
ções:  ordinária específica, para a prestação de serviços público ou ex-
a) autorizadas por lei ordinária específica,  ploração de atividade econômica. Podemos encontrar o conceito
b) personalidade jurídica de direito privado,  de Sociedade de Economia Mista devidamente positivada no art.
c) responsabilidade subjetiva,  5º, III do Decreto-Lei n° 200/67.
d) capital público,  Diante da análise dos dispositivos constitucionais e infracons-
e) organização societária diversa,  titucionais, podemos apontar inúmeras características das funda-
f) possibilidade de falência. ções: 
a) Autorizadas por lei ordinária específica: o instrumento ade- a) autorizadas por lei ordinária específica, 
quado para a instituição das empresas públicas no mundo jurídico b) personalidade jurídica de direito privado, 
é a lei ordinária; o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda a menção de c) responsabilidade subjetiva, 
que as empresas públicas deverão ser autorizadas pela aludida es- d) capital mista, 
pécie normativa. e) organização societária específica, 
b) Personalidade jurídica de direito privado: a empresa públi- f) possibilidade de falência.
ca possui natureza jurídica de direito privado devido à possibilida- a) Autorizadas por lei ordinária específica:  o instrumento
de de execução de atividades atípicas da Administração Pública. adequado para a instituição das sociedades de economia mista no
Outro motivo das empresas estatais serem pessoas jurídicas de mundo jurídico é a lei ordinária; o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda
direito privado é devido à aprovação do ato constitutivo e seu res- a menção de que as sociedades de economia mista deverão ser au-
pectivo registro em cartório. Tal inscrição é que origina o caráter torizadas pela aludida espécie normativa.
privado das empresas. O saudoso Hely Lopes Meirelles comenta b) Personalidade jurídica de direito privado: a sociedade de
ainda que tal personalidade é apenas a forma adotada para lhes economia mista também possui natureza jurídica de direito pri-
assegurar melhores condições de eficiência, pois sendo colocados vado devido à possibilidade de execução de atividades atípicas
em pé de igualdade com os particulares, suas ações e reações fica- da Administração Pública. Outro motivo das sociedades de eco-
riam um pouco mais livres, acompanhando as constantes e ágeis nomia mista serem pessoas jurídicas de direito privado é devido
transformações do mundo do mercado. à aprovação do ato constitutivo e seu respectivo registro em car-
c) Responsabilidade subjetiva: a responsabilidade das empre- tório. Tal inscrição é que origina o caráter privado das empresas.
sas públicas é subjetiva, devendo, portanto, ser provado o dolo ou O saudoso Hely Lopes Meirelles comenta ainda que tal perso-
a culpa. Tal previsão está no art. 37, § 6º da Constituição Federal nalidade é apenas a forma adotada para lhes assegurar melhores
de 1988, pois tal artigo refere-se a responsabilidade objetiva do condições de eficiência, pois sendo colocados em pé de igualdade

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
com os particulares, suas ações e reações ficariam um pouco mais livres, acompanhando as constantes e ágeis transformações do mundo
do mercado.
c) Responsabilidade subjetiva: a responsabilidade das sociedades de economia mista é subjetiva, devendo, portanto, ser provado o
dolo ou a culpa. Tal previsão está no art. 37, § 6º da Constituição Federal de 1988, pois tal artigo refere-se a responsabilidade objetiva do
Estado. Pela visível ausência no texto constitucional às pessoas jurídicas de direito privado exploradoras de atividade econômicas, deduz-
se que há responsabilidade subjetiva.
d) Capital misto: para as sociedades de economia mista o patrimônio é híbrido, de natureza pública e privada, o que não poderia ser
diferente, pois o termo “economia mista” já deixa bastante sugestivo a intenção do legislador. Esta reunião de recursos ocorre devido ao
fato de que nem sempre o Estado conterá recursos suficientes para investir em determinada atividade, daí a colaboração entre a esfera
pública e a privada. Todavia, deverá sempre o capital público ter o controle majoritário, mais da metade das ações com direito a voto, pois
cabe a este definir o objeto a ser cumprido. Se não tivesse tal maioria, impossível seria ter o controle da sociedade, podendo o destino da
empresa ser alterado.
e) Organização societária específica: na Sociedade de Economia Mista somente é admitida uma forma de composição societária, a
sociedade anônima (S/A). O art. 5°, II do Decreto-lei nº200/67 trás expressamente tal exigência.
f) Possibilidade de falência: a via normal para a extinção de empresas estatais é por meio de lei. Entende-se, contudo, que as Socieda-
des de Economia Mista exploradoras de atividade econômica são passíveis de sofrerem falência, sendo uma forma excepcional de término
de tais empresas. Podendo ainda seu patrimônio – bens e rendas – ser arrecadado para pagamento dos credores, penhoráveis e executáveis,
portanto, não respondendo o Estado em caráter subsidiário. Não se aplicando o disposto no art. 242 da Lei das Sociedades Anônimas, onde
afirma justamente o contrário.
Exemplos: Banco do Brasil S/A (BB), Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras), etc.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA;

Conceito de Controle Administrativo


É o conjunto de mecanismos que permitem a vigilância, a orientação e a correção da atuação administrativa quando ela se distancia das
regras e dos princípios do ordenamento jurídico administrativo.

Controle Externo x Controle Interno


O controle da Administração Pública compreende tanto o controle externo, como o controle interno.

Controle do Poder Legislativo


O Poder Legislativo tem por atribuição típica, além de inovar na ordem jurídica, a fiscalização do Poder Executivo.
O controle do Legislativo sobre o Executivo somente é efetivado na forma e nos limites permitidos pela Constituição Federal.

Controle do Poder Judiciário


Existem inúmeros instrumentos jurídicos que podem ser utilizados pelo administrado resultando no controle da atuação administrativa:
Habeas corpus (art. 5°, LXVIII), Habeas data (art. 5°, LXXII), Mandado de injunção (art. 5°, LXXI, CF; Lei n° 9.507/97), Mandado de
segurança individual (art. 5°, LXIX, CF; Lei n° 12.016/09), Mandado de segurança coletivo (art. 5°, LXX, CF; Lei n° 12.016/09), Ação
popular (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n° 4.717/65), Ação civil pública (art. 129, III, CF; Lei n° 7.347/85), Ação de improbidade administrativa
(art. 37, § 4°,CF; Lei n° 8.429/92).
A seguir traremos o artigo científico de Diogo Dias Ramis para aprofundarmos a respeito do tema solicitado neste tópico.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Para iniciar o entendimento de o que é o controle da adminis-  A Constituição Federal, em seu artigo 74, determina que de-
tração pública, cabe se utilizar do conceito da palavra controle, em verá ser mantido pelos Poderes sistemas de controle interno, esta-
tema de administração pública, utilizado pelo Professor Hely Lo- belecendo alguns itens mínimos que este controle deverá ter como
pes Meirelles, dizendo que controle “é a faculdade de vigilância, objeto, conforme exposto abaixo:
orientação e correção que um Poder, órgão ou autoridade exerce “Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário man-
sobre a conduta funcional de outro”. terão, de forma integrada, sistema de controle interno com a fina-
Já se utilizando deste conceito, Marcelo Alexandrino e Vicen- lidade de:
te Paulo conceituam o controle da administração pública dizendo I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plu-
que esta é tanto o poder como o dever, que a própria Administração rianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos
(ou outro Poder) tem de vigiar, orientar e corrigir, diretamente ou da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto
por meio de órgãos especializados, a sua atuação administrativa.
à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e pa-
É o controle que o Poder Executivo – e os outros órgãos adminis-
trimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
trativos dos demais Poderes – tem sobre suas próprias atividades, como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito
tendo como intenção a legitimidade de seus atos, mantê-los dentro privado;
da lei, a defesa dos direitos dos administrados e a conduta adequa- III - exercer o controle das operações de crédito, avais e ga-
da de seus agentes. rantias, bem como dos direitos e haveres da União;
Assim, chega-se ao conceito mais simples de Fernanda Mari- IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão ins-
nela, que explana o controle da administração como “o conjunto titucional.”
de mecanismos jurídicos e administrativos para a fiscalização e Em seu parágrafo primeiro, fica estabelecido que “Os respon-
revisão de toda atividade administrativa”. sáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qual-
 Cabe ressaltar que o controle da administração é exercitável quer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal
em todos e por todos os Poderes do Estado, devendo-se estender à de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária”. Ou
toda atividade administrativa e todos seus agentes. seja, se torna obrigatório a denúncia de qualquer irregularidade
  Qualquer atuação administrativa estará condicionada aos encontrada para o TCU.
princípios expressos no artigo 37 da Constituição Federal. Porém,
não há um capítulo ou título específico, nem um diploma único que - Controle externo
discipline o controle da administração. Por outro lado, a existência O controle externo ocorre quando outro Poder exerce contro-
de diversos atos normativos colaboram com regras, modalidades, le sobre os atos administrativos praticados por outro Poder. Nas
palavras de Hely Lopes Meirelles, “é o que se realiza por órgão
instrumentos, órgãos, etc. para a organização desse controle.
estranho à Administração responsável pelo ato controlado”. Este
Portanto, este controle é extremamente necessário para se ga-
mesmo autor utiliza como exemplo a apreciação das contas do
rantir que a administração pública mantenha suas atividades sem- Executivo e do Judiciário pelo Legislativo; a auditoria do Tribunal
pre em conformidade com os referidos princípios encontrados na de Contas sobre a efetivação de determinada despesa do Executi-
Constituição e com as regras expressas nos atos normativos – tor- vo; a anulação de um ato do Executivo por decisão do Judiciário; a
nando legítimos seus atos – e afastá-los da nulidade. sustação de ato normativo do Executivo pelo Legislativo.
- Controle externo popular
Classificação Já que a administração sempre atua visando o interesse pú-
Existem diversos tipos e formas de controlar a administração blico, é necessário a existência de mecanismos que possibilitem a
pública. Estes variam conforme o Poder, órgão ou autoridade que o verificação da regularidade da atuação da administração por parte
exercitará, ou também pelo sua fundamentação, modo e momento dos administrados, impedindo a prática de atos ilegítimos, lesivos
de sua efetivação. tanto ao indivíduo como à coletividade, e que também seja pos-
A classificação das formas de controle se dará, portanto, con- sível a reparação de danos caso estes atos de fato se consumem.
forme: sua origem; o momento do exercício; ao aspecto controla- O exemplo mais comum de controle externo popular é o pre-
do; à amplitude. visto no artigo 31, §3º, da Constituição Federal, que determina que
as contas dos Municípios fiquem, durante sessenta dias, anual-
Conforme a origem mente, à disposição de qualquer contribuinte para o exame e apre-
- Controle interno ciação, podendo questionar-lhes a legitimidade nos termos da lei.
Não existindo lei específica sobre o assunto, o controle poderá ser
O controle interno é aquele que é exercido pela entidade ou
feito através dos meios processuais comuns, como, por exemplo, o
órgão que é o responsável pela atividade controlada, no âmbito de
mandado de segurança e a ação popular.
sua própria estrutura. O controle  que as chefias exercem nos atos
de seus subordinados dentro de um órgão público é considerado Conforme o momento do exercício
um controle interno. Segundo Marinela, todo superior hierárquico - Controle prévio ou preventivo (a priori)
poderá exercer controle administrativo nos atos de seus subalter- Se chama prévio o controle exercido antes do início ou da
nos, sendo, por isso, responsável por todos os atos praticados em conclusão  do ato, sendo um requisito para sua eficácia e validade.
seu setor por servidores sob seu comando. É exemplo de controle prévio quando o Senado Federal autoriza a
 Sempre será interno o controle exercido no Legislativo ou no União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios a contrair
Judiciário por seus órgãos de administração, sobre seus servidores empréstimos externos. Outro exemplo apresentado por Hely Lopes
e os atos administrativos praticados por estes. Meirelles é o da liquidação da despesa para oportuno pagamento.

Didatismo e Conhecimento 11
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- Controle concomitante Segundo grande parte da doutrina, não cabe ao Poder Judi-
É o controle exercido durante o ato, acompanhando a sua rea- ciário exercer esta revisão, para não violar o princípio de sepa-
lização, com o intento de verificar a regularidade de sua formação. ração dos poderes. Quando o Poder Judiciário exerce controle
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo expõem como exemplos do sobre atos do Executivo, o controle será sempre de legalidade ou
controle concomitante a fiscalização da execução de um contrato legitimidade.
administrativo e a realização de uma auditoria durante a execução Entretanto, pelo fortalecimento dos princípios fundamentais
do orçamento, entre outros. da administração como o da moralidade e eficiência, e os princí-
pios constitucionais implícitos da razoabilidade e da proporcio-
- Controle subsequente ou corretivo (a posteriori) nalidade, existe atualmente, nas palavras de Alexandrino e Paulo,
Considera-se subsequente ou corretivo, o controle exercido “uma nítida tendência à atenuação dessa vedação ao exercício,
após a conclusão do ato, tendo como intenção, segundo Fernanda pelo Poder Judiciário, do controle de determinados aspectos de
Marinela, “corrigir eventuais defeitos, declarar sua nulidade ou alguns atos administrativos, que costumavam ser encobertos pelo
dar-lhe eficácia, a exemplo da homologação na licitação”. Ale- conceito vago de ‘mérito administrativo’”.
xandrino e Paulo ainda constatam que o controle judicial dos atos Portanto, hoje em dia o Poder Judiciário pode invalidar um
administrativos, por via de regra é um controle subsequente. ato administrativo de aplicação de uma penalidade disciplinar, por
considerar a sanção desproporcional ao motivo que a causou, por
Quanto ao aspecto controlado exemplo. Quando o Judiciário se utiliza do controle de mérito,
- Controle de legalidade ou legitimidade ele está declarando ilegal um ato que estará ferindo os princípios
É este tipo de controle que verifica se o ato foi praticado em jurídicos básicos, como no exemplo acima, o da razoabilidade.
conformidade com a lei; nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “é Cabe também lembrar que o Judiciário não poderá revogar o ato
o que objetiva verificar unicamente a conformação do ato ou do administrativo, e sim apenas anulá-lo.
procedimento administrativo com as normas legais que o regem”.
 O controle de legalidade e legitimidade não só verifica ape- Quanto à amplitude
nas a compatibilidade entre o ato e o disposto na norma legal po- - Controle hierárquico
sitivada, mas também deverá ser apreciado os aspectos relativos à O controle hierárquico, segundo Hely Lopes Meirelles, é
observância obrigatória da dos princípios administrativos. aquele “que resulta automaticamente do escalonamento vertical
  Poderá ser exercido tanto pela própria administração que dos órgãos do Executivo, em que os inferiores estão subordina-
praticou o ato (que configurará um controle interno de legalidade) dos aos superiores”. O controle é hierárquico sempre que os ór-
quanto pelo Poder Judiciário, no exercício de sua função jurisdi- gãos superiores (dentro de uma mesma estrutura hierárquica) têm
competência para controlar e fiscalizar os atos praticados por seus
cional, ou pelo Poder Legislativo em casos previstos na Consti-
subordinados.
tuição.
Esta forma de controle é sempre um controle interno, típico
  Nas palavras de Alexandrino e Paulo, “como resultado do
do Poder Executivo, mas que também existe nos demais pode-
exercício do controle de legalidade pode ser declarada a existên-
res. Nas palavras do professor Gustavo Mello,  “existe controle
cia de vício no ato que implique a declaração de sua nulidade”.
hierárquico em todos os poderes, quanto às funções administrati-
 O ato será declarado nulo nos casos em que existir ilegali-
vas, de acordo com a escala hierárquica ali existente, mas não há
dade neste, e poderá ser feita pela própria Administração, ou pelo
nenhum controle hierárquico entre Poderes distintos, vez que os
Poder Judiciário. A anulação terá efeito retroativo, desfazendo as
três Poderes são independentes entre si”. Um exemplo de controle
relações resultantes dele. hierárquico é o diretor de uma secretaria controlando o ato de seu
Com a edição da Lei nº 9.784/99, além de um ato poder ser serventuário.
válido ou nulo, passou a ser admitida a convalidação do ato admi- O controle hierárquico é irrestrito e não depende de alguma
nistrativo defeituoso, quando este não acarretar lesão ao interesse norma específica que o estabeleça ou o autorize. Graças a este
público ou a terceiros. controle que se pode verificar os aspectos relativos à legalidade e
- Controle de mérito ao mérito de todos atos praticados pelos agentes ou órgãos subor-
O controle de mérito tem como objetivo a verificação da efi- dinados a determinado agente ou órgão.
ciência, da oportunidade, da conveniência e do resultado do ato - Controle finalístico
controlado. Conforme Hely Lopes Meirelles, “a eficiência é com- É o controle que é exercido pela Administração Direta sobre
provada em face do desenvolvimento da atividade programada as pessoas jurídicas integrantes da Administração Indireta. É um
pela Administração e da produtividade de seus servidores”. controle que depende de lei que o estabeleça, determine os meios
Ele normalmente é de competência do próprio Poder que edi- de controle, as autoridades responsáveis pela sua realização, bem
tou o ato. Todavia, existem casos expressos na Constituição em como as suas finalidades.
que o Poder Legislativo deverá exercer controle de mérito sobre Em casos excepcionais (casos de descalabro administrativo),
atos que o Poder Executivo praticou, caso este previsto no artigo poderá a Administração Direta controlar a indireta independen-
49, inciso X: temente de regulamentação legal. É a chamada tutela extraordi-
“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacio- nária.
nal: (...)  Ele não se submete a hierarquia, visto que não há subordina-
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de ção entre a entidade controlada e a autoridade ou o órgão contro-
suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da adminis- lador. Segundo Hely Lopes Meirelles, “é um controle teleológico,
tração indireta;” de verificação do enquadramento da instituição no programa geral

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
no Governo e de seu acompanhamento dos atos de seus dirigentes - Habeas corpus
no desempenho de suas funções estatuárias, para o atingimento O habeas corpus tem como objetivo proteger o direito de loco-
das finalidades da entidade controlada”. moção. Gustavo Mello ensina que este “será concedido sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
Controle Judicial da Administração Pública em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.
O controle judiciário ou judicial é o exercido pelos órgãos Este instrumento poderá ser impetrado por qualquer pessoa
do Poder Judiciário sobre os atos administrativos exercidos pelo (não necessita de advogado) quando seu direito de ir, vir e ficar for
Poder Executivo, Legislativo e  do próprio Judiciário – quando prejudicado por alguém, tanto uma autoridade pública quanto um
este realiza atividade administrativa. particular estranho à Administração. Ele é gratuito, conforme dis-
De acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro, graças a posto no artigo 5º, inciso LXXVII e se encontra previsto no inciso
adoção do sistema da jurisdição una, fundamentado no artigo 5º, LXVIII deste mesmo artigo:
inciso XXXV da Constituição Federal, no direito brasileiro, o Po- “LXVIII - conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém
der Judiciário deverá apreciar qualquer lesão ou ameaça a direito, sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
mesmo que o autor da lesão seja o poder público. liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;”
Este tipo de controle é exercido, por via de regra, posterior-
mente. Ele tem como intuito unicamente a verificação da legalidade - Habeas data
do ato, verificando a conformidade deste com a norma legal que o O habeas data é o instrumento constitucional que será con-
rege. cedido para assegurar à pessoa física ou jurídica o conhecimento
Conforme Alexandrino e Paulo, os atos administrativos podem de informações contidas em registros concernentes ao postulante
ser anulados mediante o exercício do controle judicial, mas nunca e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis ao
revogados. A anulação ocorrerá nos casos em que a ilegalidade for público, ou para retificação de dados pessoais. A Lei nº 9.507/97,
constatada no ato administrativo, podendo a anulação ser feita pela acrescentou mais uma hipótese em seu artigo 7º, inciso III, garan-
própria Administração ou pelo Poder Judiciário, e terá efeitos re- tindo também “para a anotação nos assentamentos do interessado,
troativos, desfazendo as relações resultantes do ato. Entretanto, de de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificá-
acordo com os mesmos autores, a regra de o ato nulo não gerar efei- vel e que esteja sob pendência judicial ou amigável”.
 Deve-se lembrar que esse remédio constitucional tem como
tos “há que ser excepcionada para com os terceiros de boa-fé que
objetivo garantir que a pessoa tenha conhecimento de quais in-
tenham sido atingidos pelos efeitos do ato anulado. Em relação a
formações sobre sua própria pessoa constam de algum banco de
esses, em face da presunção de legitimidade que norteia toda a ativi-
dados, bem como para retificá-las, caso tenha interesse. O habeas
dade administrativa, devem ser preservados os efeitos já produzidos
data não serve para garantir o direito de obter uma informação
na vigência do ato posteriormente anulado”.
qualquer, mesmo sendo de seu interesse particular, mas que não se
No que concerne aos limites do controle do Poder Judiciário,
refira à sua vida pessoal.
este não deverá invadir os aspectos que são reservados à aprecia-
O  habeas data  será cabível, conforme o STJ consagrou em
ção subjetiva da Administração Pública, conhecidos como o mérito
sua Súmula nº 2, após a recusa por parte da autoridade administra-
(oportunidade e conveniência). Neste ponto, a doutrina se divide ao tiva em fornecer a informação indesejada.
analisar qual é o limite que a apreciação judicial poderá chegar: Ale-
xandrino e Paulo consideram que “o Judiciário não pode invalidar, - Mandado de segurança individual
devido ao acima explicado, a escolha pelo administrador (resultado O mandado de segurança  é o meio constitucional que será
de sua valoração de oportunidade e conveniência administrativas) concedido sempre para proteger um direito líquido e certo, que não
dos elementos motivo e objeto desses atos, que formam o chamado seja amparado por habeas corpus e habeas data, lesado ou ameaça-
mérito administrativo, desde que feita, essa escolha, dentro dos li- do de lesão por ato de autoridade pública ou agente de pessoa jurí-
mites da lei”, já Di Pietro considera que “não há invasão de mérito dica no exercício de atribuições do Poder Público. Segundo Hely
quando o Judiciário aprecia os motivos, ou seja, os fatos que pre- Lopes Meirelles, “Destina-se a coibir atos ilegais de autoridade
cedem a elaboração; a ausência ou falsidade do motivo caracteriza que lesam direito subjetivo, liquido e certo, do impetrante”.
ilegalidade, suscetível de invalidação pelo Poder Judiciário”. O prazo para impetrar o mandado de segurança é de 120 dias
O Poder Judiciário sempre poderá, portanto, anular atos admi- contados após o conhecimento do ato a ser impugnado. É um pra-
nistrativos, vinculados ou discricionários, desde que provocado, que zo decadencial, onde não se admite interrupção nem suspensão.
apresentem vícios de ilegalidade ou ilegitimidade. Existem diversos Este meio constitucional não será cabível nas hipóteses de: direitos
meios de controle dos atos da Administração, sendo alguns acessí- amparados pelo habeas corpus e habeas data;  para corrigir lesão
veis a todos os administrados, e outros restritos a legitimados espe- decorrente de lei em tese (conforme preceitua a Súmula nº 266 do
cíficos. Estes meios serão expostos a seguir. STF); ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspen-
sivo, independente de caução; decisão judicial que caiba recurso
Meios de controle judiciário com efeito suspensivo; e de decisão judicial transitada em julgado.
De acordo com Hely Lopes Meirelles, os meios de controle Esse remédio constitucional admite a suspensão liminar do
judiciário “são as vias processuais de procedimento ordinário, su- ato, e a ordem, quando concedida, tem efeito mandamental e ime-
maríssimo ou especial de que dispõe o titular do direito lesado ou diato, não podendo ser impedida sua execução por nenhum recurso
ameaçado de lesão para obter a anulação do ilegal em ação contra a comum, exceto pelo Presidente do Tribunal competente para apre-
Administração Pública”. ciar a decisão inferior.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Mandado de segurança coletivo
Esse tipo de mandado de segurança surgiu com a Constituição CONTRATO ADMINISTRATIVO;
Federal de 88, em seu artigo 5º, inciso LXX, que determina:
“LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impe-
trado por:
a) partido político com representação no Congresso Na-
cional; Para este tópico traremos os ensinamentos do autor Alexandre
b) organização sindical, entidade de classe ou associação le- Santos de Aragão, conforme segue:
galmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, A licitação é finalizada com a formalização da avença através
em defesa dos interesses de seus membros ou associados;” de um contrato tipicamente administrativo, regida por cláusulas
De acordo com Gustavo Mello, “cabe ressaltar que as enti- exorbitantes típicas do direito público, colocando a Administração
dades relacionadas na alínea b só podem defender os interesses em posição de supremacia.
de seus ‘membros ou associados’, enquanto os partidos políticos A Administração Pública, apesar de todos os seus poderes de
defendem os interesses da população.” interferência unilateral no patrimônio das pessoas (desapropriação
de bens, requisição administrativa de serviços etc.), não obtém to-
- Ação popular dos os insumos que precisa para a sua atividade de maneira apenas
A ação popular é um instrumento de defesa dos interesses coativa. Ao contrário, até mesmo porque isso seria incompatível
da coletividade. Ela é utilizável por qualquer de seus membros, com uma economia de mercado diante do grande “consumidor”
exercendo seus direitos cívicos e políticos. Não tem como inten- que o Estado é, a maior parte dos bens e serviços de que a Admi-
ção proteger direito próprio do autor, mas sim interesses de toda nistração Pública precisa é adquirida voluntariamente junto a em-
a comunidade. Ela poderá ser utilizada de forma preventiva ou de presas, mediante contratos, em princípio precedidos de licitação.
forma repressiva contra a atividade administrativa lesiva do patri- Conforme esses contratos celebrados pela Administração Pú-
mônio público. blica tenham maiores ou menores influxos do direito público, es-
Ela poderá ser proposta por qualquer cidadão, ou seja, o bra- pecialmente pela presença das chamadas cláusulas exorbitantes,
sileiro nato ou naturalizado, que está no gozo de seus direitos po- são tradicionalmente chamados, respectivamente, de contratos
líticos, apto a votar e ser votado. Caso derrotado na ação, o autor administrativos ou de contratos de direito privado celebrados pela
não será obrigado a pagar custas judiciais ou indenizar a parte con- Administração Pública. Ambos são regidos pela Lei n. 8.666/931 e
traria, visto que a ação visa proteger um interesse público, e não devem via de regra ser precedidos de licitação, mas a estes (contra-
o seu interesse individual, salvo se o autor houver movido a ação tos de direito privado celebrados pelo Estado) também é aplicável
de má-fé. a legislação de Direito Civil.
A ação popular se encontra prevista no artigo 5º, inciso Por essa razão, apesar de tratarmos também dos contratos de
LXXIII, da Constituição Federal: direito privado celebrados pela Administração Pública, o presente
“LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação capítulo terá como foco os contratos administrativos, ou seja, os
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de contratos de direito público celebrados pela Administração Públi-
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ca, aos quais são aplicáveis, mas apenas subsidiariamente, a teoria
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o geral dos contratos, de raiz civilística (art. 54, Lei n. 8.666/93).
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus Os contratos administrativos podem ser sucintamente defi-
da sucumbência”; nidos como os ajustes comutativos que a Administração Pública,
Em caso de desistência da ação por parte do autor, como esta nessa qualidade, celebra com particular ou outra entidade pública.
se trata de um interesse público, poderá haver o prosseguimento da Vejamos cada um dos elementos integrantes do seu conceito.
ação pelo Ministério Público ou por outro cidadão. Estabelece obrigações recíprocas para as partes, o que os dife-
rencia dos convênios (ver também subtópico a seguir), em que as
- Ação civil pública obrigações são convergentes. O parágrafo único do art. 2º da Lei
Nas palavras de Alexandrino e Paulo “a ação civil pública visa n. 8.666/93 caracteriza como contratos apenas os ajustes que esti-
reprimir ou impedir lesão a interesses difusos e coletivos, como os pulem “obrigações recíprocas”. ODETE MEDAUAR acompanha,
relacionados à proteção do patrimônio público e social, do meio contudo, aqueles que minoritariamente têm uma concepção mais
ambiente, do consumidor, etc.”. Ela nunca deverá ser proposta ampla de contrato, afirmando que também nos convênios há, de
para defesa de direitos individuais, e não se destina a reparar pre- certa forma, obrigações recíprocas (ex.: o Estado dá o terreno e a
juízos causados a particulares pela conduta comissiva ou omissiva prefeitura constrói a escola). Os convênios seriam, para essa posi-
do réu. ção doutrinária, uma espécie de contrato caracterizada pelo tipo de
O doutrinador Gustavo Mello considera que essa ação “não é resultado que com ele se pretende atingir. Segundo a autora, cuja
especificamente uma forma de controle da Administração, vez que posição veremos mais detalhadamente adiante, a própria dificul-
tem como sujeito passivo qualquer pessoa, pública ou privada, que dade em se distinguir os dois institutos seria demonstração da sua
cause o referido dano; eventualmente, essa pessoa poderá ser da indiferenciação.
Administração Pública”. Os contratos administrativos podem ser celebrados tanto pela
Administração Direta como pela Indireta, já que ambas podem fir-
mar contratos regidos pelo Direito Público. A redação dada pela
EC n. 19/99 ao art. 173, § 1º, II, da CF, impondo a paridade do re-

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
gime jurídico civil com as empresas privadas, só é aplicável às em- ministrativos, ou convênios, da mesma forma que pode haver ver-
presas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de dadeiros contratos travestidos com o nome de convênios, devendo
atividades econômicas em concorrência com a iniciativa privada. ser-lhes aplicável a disciplina dos contratos, inclusive a submissão
Quanto à distinção entre os contratos administrativos e os a prévia licitação.
contratos de direito privado celebrados pela Administração Públi- Deve-se estar sempre atento para os vícios comumente prati-
ca, ela não se dá em função de uma suposta peculiaridade do seu cados pela Administração Pública ao dar o nome de convênio ou
objeto ou da presença do interesse público, já que o objeto (obras, análogo para negócios que são substancialmente contratos, com o
serviços etc.) também pode constar de contratos privados, e o in- intuito de se evadir das exigências de prévia licitação, já que aos
teresse público deve estar presente em todos os atos e contratos da convênios é aplicável apenas o art. 116 da Lei n. 8.666/93 (cro-
Administração Pública. O que realmente caracteriza um contrato nograma de desembolso, plano de trabalho etc.); se houver várias
celebrado pela Administração como administrativo (e não como entidades interessadas em celebrar o convênio, a Administração
um contrato de direito privado da Administração) é a existência de Pública deverá ter mecanismos públicos e objetivos de seleção,
cláusulas exorbitantes. exigência para a qual o direito positivo brasileiro ainda tem que
As cláusulas exorbitantes, constantes do instrumento contra- avançar bastante. Mas, de qualquer maneira, não se lhes aplicam
tual ou derivadas diretamente da legislação, são aquelas que não as exigências das licitações formais da Lei n. 8.666/93.
poderiam ser admitidas nos contratos privados sob pena de sua Vejamos a distinção entre as duas espécies de negócio jurí-
nulidade. Para alguns também seriam as que, apesar de eventual- dico administrativo: “Quando se alude a contrato administrativo,
mente válidas, seriam incomuns em contratos de direito privado. indica-se um tipo de avença que se enquadra, em termos de teo-
Quando o contrato celebrado pela Administração Pública não ria geral do direito, na categoria dos contratos ‘comutativos’ ou
possuir tais cláusulas de poderes exorbitantes (ex.: poder de alte- ‘distributivos’ (...). Em tais atos, não há comunhão de interesses
rar unilateralmente o contrato), teríamos o que a doutrina costuma ou fim comum a ser buscado. Cada parte vale-se do contrato para
chamar de um contrato de direito privado celebrado pela Adminis- atingir um fim que não é compartilhado pela outra. Já no chamado
tração. Ressalte-se, no entanto, que o art. 62, §3º, I, atenua bastante ‘convênio administrativo’, a avença é instrumento de realização de
essa distinção ao determinar a aplicação aos contratos de direito um determinado e específico objetivo, em que os interesses não se
privado celebrados pela Administração de cláusulas exorbitantes contrapõem – ainda que haja prestações específicas e individuali-
fundamentais como a modificação unilateral (art. 58, I), rescisão zadas, a cargo de cada partícipe.”
unilateral (art. 58, II) e aplicação de sanções (art. 58, IV). DIÓGENES GASPARINI consigna expressamente a amplitu-
Alguns chegam a afirmar que o art. 62, §3º, I, publicizou os de do objeto e dos possíveis participantes dos convênios adminis-
contratos de direito privado celebrados pela Administração; que, trativos, do qual podem fazer parte inclusive empresas privadas.
no direito positivo brasileiro, todos contratos celebrados pela Ad- “O convênio pode ter por objeto qualquer coisa (obra, serviço,
ministração Pública são de direito público/administrativo ou que, atividade, uso de certo bem), desde que encarne, relacionado com
no máximo, há contratos administrativos de configuração privada. cada partícipe, um interesse público. A sua natureza administrativa
impede que o objeto apenas consagre o interesse privado que o
Convênios partícipe particular deseja ver privilegiado com a ajuda do con-
Muitas vezes os convênios são formalmente denominados por venente público. Pode ocorrer que o objeto, além de encarnar um
outros termos. A expressão “Termo de Cooperação”, por exemplo, interesse público, também sintetize um interesse particular, como
não corresponde a uma natureza jurídica própria, a um instituto é o caso do convênio em que um dos partícipes é pessoa priva-
específico do Direito Administrativo. Trata-se de mais uma ex- da. Nesse caso, não há qualquer óbice à constituição do convênio.
pressão, entre as muitas análogas que têm sido adotadas na prá- Com efeito, se assim não se admitisse, seria improvável que uma
xis administrativa (“Termo de Cooperação Técnica”, “Termo de pessoa privada tivesse algum interesse em conveniar com a Admi-
Cooperação Institucional”, “Acordo de Programa”, “Protocolo de nistração Pública.”
Intenções”, “Ajuste de Desenvolvimento de Projetos” etc.), que Sob ótica semelhante, EROS ROBERTO GRAU afirma que
vai corresponder a uma das duas modalidades básicas de negócios nos convênios, diferentemente dos contratos, “as partes desejam
jurídicos travados pela Administração Pública: o contrato adminis- a mesma coisa: realizar conjuntamente uma ou várias operações
trativo ou o convênio administrativo. comuns; seus interesses, ainda se diferentes, caminham na mesma
JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO explica que os direção”.
convênios “são normalmente consubstanciados através de ‘ter- Para os negócios de natureza convenial a Lei n. 8.666/93 não
mos’, ‘termos de cooperação’, ou mesmo com a própria denomi- é, ex vi do seu art. 2º, aplicável. Não envolvendo os convênios
nação de ‘convênio’. Mais importante que o rótulo é, porém, o “obrigações recíprocas”, não lhes são aplicáveis as exigências de
seu conteúdo, caracterizado pelo intuito dos pactantes de recíproca licitação ou de sua dispensa ou inexigibilidade previstas na Lei
cooperação, em ordem a ser alcançada determinado fim de seu in- n. 8.666/93. “A Lei n. 8.666/93 rege acordos de vontade que a
teresse comum”. Administração celebre com particulares estabelecendo obrigações
Em outras palavras, essas expressões que a práxis administra- recíprocas, seja sob o nome de contrato, ajuste, pacto, acordo, con-
tiva vem utilizando não têm substrato material próprio; têm apenas venção ou assemelhado, porque a todos considera contratos; a Lei
o papel de comunicar melhor à opinião pública e aos interessados n. 8.666/93 não rege convênios e consórcios administrativos, que
algum aspecto que, por certas razões (políticas, publicitárias etc.), contratos não são”.
se pretenda destacar na relação jurídica criada pelo ato. Tais “ter- Devem, contudo, ser observados no âmbito federal os condi-
mos” são, substancialmente, independentemente do nome (e em cionamentos estabelecidos pelo Decreto n. 5.504/05 e pela Instru-
Direito o nome é sempre o que menos importa), ou contratos ad- ção Normativa da Secretaria do Tesouro Nacional n. 01/97 (ve-

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
dação de pagamento de taxas de administração e de destinação O art. 57 enumera três exceções a esta regra da limitação do
de recursos financeiros a entidades com fins lucrativos; adoção de prazo dos contratos ao de cada exercício financeiro:
procedimentos licitatórios nas despesas efetuadas com recursos 1) Os contratos cujos objetos estejam previstos no plano plu-
transferidos à entidade privada conveniada etc.). rianual, que é uma lei orçamentária genérica para quatro anos (art.
Quando o ente público incumbido do serviço público conti- 165, CF). Esses contratos poderão, inclusive, ser prorrogados, des-
nuar prestando-o, mas como objeto de um convênio, não haverá de que esta prorrogação esteja prevista no edital;
delegação. O convênio seria apenas um mecanismo de exercício 2) Serviços de Prestação Contínua, ou seja, aqueles que não se
coordenado por mais de uma pessoa jurídica de atividades comuns esgotam em apenas uma atividade, correspondendo a necessidades
ou complementares. Contrariamente, se o ente público incumbido permanentes (limpeza, segurança, jardinagem, copeiros etc.): caso
do serviço deixar de prestá-lo diretamente para, por exemplo, pas- seja justificadamente mais favorável à Administração, podem ser
sar a financiar entidade conveniada para fazê-lo, poderemos estar prorrogados por iguais e sucessivos períodos, que devem ser idên-
diante de uma modalidade de delegação de serviço público, ainda ticos ao prazo original, até o limite de 60 meses, que, por sua vez,
que bem distinta da concessão. pode ser prorrogado por mais 12 meses (art. 57, § 4º);
3) Aluguel de equipamentos e a utilização de programas de
Cláusulas Exorbitantes: informática: podem ser prorrogados até o limite de 48 meses após
- Alteração unilateral do contrato o seu início;
- Rescisão unilateral do contrato 4) Alguns contratos relacionados à segurança nacional, nos
- Fiscalizar a execução do contrato termos do inciso V do art. 57.
- Aplicar sanções A maioria da doutrina entende que, independentemente de a
- Ocupar provisoriamente as instalações necessidade de previsão expressa no edital constar apenas do inci-
so I do art. 57, em qualquer das três hipóteses de prorrogação deve
Revisão e reajuste de preços estar sempre previamente autorizada pelo edital, pois, do contrá-
Apesar de ser a mais comum, a alteração do preço do con- rio, estaria sendo admitido ao contratado um benefício do qual os
trato não é a única forma de os contratos administrativos terem a demais licitantes não tinham conhecimento quando da realização
sua equação econômico-financeira restabelecida. Qualquer um dos da licitação.
elementos da relação contratual pode ser alterado para se alcançar Igualmente, apesar de apenas o inciso II do art. 57 se referir,
esse objetivo econômico (prazos, forma de pagamento, quantidade como condição da prorrogação, à verificação de condições mais
do fornecimento, qualidade do projeto etc.). favoráveis à Administração Pública do que as que poderiam ser
Se o restabelecimento da equação econômico-financeira se der propiciadas pela realização de uma nova licitação, entendemos ser
através da mudança, para mais ou para menos, do preço proposto, essa uma condição implícita a todas as hipóteses de prorrogação.
terá o nome específico de revisão de preços, que se distingue do A prorrogação não pode ser vista como uma benesse à dispo-
mero reajuste (correção monetária) de preços. A menor periodi- sição do administrador para ele conceder ao contratado de acordo
cidade admitida para o reajustamento é, segundo a legislação do com a sua livre vontade. Ela há de ser fundamentada objetiva e
Plano Real, de um ano (art. 28, Lei n. 9.069/95). economicamente, não sendo suficientes meras invocações retóri-
Já a revisão de preços é instituto umbilicalmente ligado à re- cas ao interesse público ou a outras categorias conceituais igual-
composição da equação econômico-financeira por áleas extraordi- mente vagas.
nárias. Por ela o preço é modificado para manutenção da equação, Aquelas “condições mais favoráveis” devem, com a devida
enquanto o reajuste de preços consiste na mera atualização do va- antecedência, ser objetivamente demonstradas pela Administração
lor monetário do preço em face da inflação, que é um fato plena- Pública, aplicando-se analogicamente o parágrafo único do art.
mente previsível, sendo inclusive cláusula obrigatória em todos 26 c/c art. 57, § 2º, até porque, materialmente, a prorrogação do
os contratos (art. 55, III), não representando sequer uma alteração prazo contratual é muito semelhante a uma dispensa de licitação
do contrato, mas simples aplicação de uma de suas cláusulas ori- em favor do particular que já está com um contrato vigente com o
ginais. mesmo objeto, aplicando-se, portanto, analogicamente o art. 26 da
Lei n. 8.666/93.
Prazo contratual e sua prorrogação Os contratos que não dependem de créditos orçamentários
O prazo dos contratos celebrados pela Administração tem (ex.: a maioria das concessões de obras e serviços públicos em
sempre que ser determinado (art. 57, § 3º), o que constitui exi- que, via de regra, o Estado até aufere renda com eles) não estão
gência para a própria determinação das obrigações contratuais e sujeitos à limitação do art. 57, caput. Aliás, a lei geral da concessão
licitadas, sem a qual não poderia ser considerada uma competição de serviços públicos não prevê prazo máximo para elas, mas, de
baseada em critérios objetivos. Com efeito, a primeira condição qualquer forma, não poderão ter prazos indeterminados para que o
para que uma competição seja justa é que todos os competidores seu objeto não fique indeterminado.
saibam exatamente pelo que estão concorrendo: uma coisa é pres- A prorrogação é alteração apenas do prazo do contrato; não
tar o serviço de limpeza por três meses, e não por um ano; ou ter pode servir de pretexto para a alteração de outros elementos. Caso
que construir uma ponte em seis meses, e não em dois anos. a alteração destes também seja necessária, será regida pela disci-
Os contratos têm, como prazo máximo, o dos créditos orça- plina própria das alterações quantitativas e qualitativas do objeto
mentários aos quais se vinculam (art. 57), que têm vigência apenas contratual, já vista acima.
no exercício financeiro do respectivo orçamento anual, salvo se Só pode haver prorrogação de contrato que esteja vigente, ou
o contrato for celebrado nos últimos quatro meses do exercício seja, antes da expiração do seu prazo, ressalvados os casos em que
financeiro (art. 167, § 2º, CF). a atitude da Administração Pública, antes do fim do prazo origi-

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
nário do contrato, tiver gerado objetivamente a confiança legítima do objeto contratual e, consequentemente, do próprio contrato. Em
do contratado na prorrogação do prazo contratual. Neste caso, a outros contratos, o objeto contratual existe de per se, independen-
depender das circunstâncias do caso concreto (ex.: presença das temente do prazo previsto para sua execução, que serve não como
“condições mais favoráveis” referidas pelo art. 57), a situação elemento de definição do objeto contratual, mas sim como critério
deve ser resolvida com a prorrogação ou com a indenização do de sua escorreita execução (ex.: construir a ponte com tais carac-
particular. terísticas no prazo de dois anos. Se o prazo de dois anos escoar
O § 1º do art. 57 estabelece hipóteses de prorrogação do pra- sem a construção da ponte, o contrato continua vigente, tanto que
zo de execução do objeto contratual que diferem das demais por deverão ser aplicadas sanções à contratada, inclusive para forçá-la
serem genéricas, por não terem que estar previstas no edital e por a cumprir, intempestivamente, o objeto contratual).
dizerem respeito a questões mais objetivas, não decorrendo direta- O contrato deve ser fielmente executado tanto pelo particular
mente da vontade de alguma das partes, tendo caráter mais fático, como pela Administração contratante (art. 66), e os pagamentos ao
como, por exemplo, a superveniência de fato imprevisto, a altera- contratado só podem ser feitos após a Administração Pública aferir
ção do projeto ou o atraso de providências a cargo da Administra- a perfeita execução das obrigações contratuais. A Administração
ção, circunstâncias analisadas no tópico anterior. Pública deve, além de cumprir as suas obrigações para com o con-
Os contratos administrativos só geram efeitos após publicação tratado, fiscalizar se ele está cumprindo as suas.
do seu extrato na imprensa oficial (art. 61, parágrafo único), e ape- Os órgãos de controle, sobretudo os Tribunais de Contas, têm
nas enquanto em curso o seu prazo de vigência.
incrementado o controle sobre se a Administração Pública está ou
Os contratos administrativos não podem ter efeitos financeiros
não fiscalizando adequadamente a execução dos contratos admi-
pretéritos. Serviços prestados sem cobertura contratual, inclusive
nistrativos, já que muitas vezes, até por ter que ser controlada in
após o fim de um contrato sem que ele fosse prorrogado, deve ser
loco, a irregularidade mais grave não está na letra do edital ou do
objeto de Termo de Ajuste de Contas, apurando-se também as res-
ponsabilidades funcionais pela situação fática irregular. contrato, mas sim no pagamento por prestações aquém das previs-
MARCOS JURUENA VILLELA SOUTO entende que tais tas contratualmente, com agentes públicos atestando como correta
ajustes de contas são uma exceção à vedação de retroatividade dos a entrega de bens, serviços ou obras em tempo, quantidades ou
contratos administrativos. Já TOSHIO MUKAI, com quem con- qualidade inferiores às licitadas.
cordamos, entende que os termos de ajustes são apenas uma forma A Administração pode e deve acompanhar a execução do con-
de documentação do ressarcimento devido para evitar o enrique- trato, o que abrange a fiscalização, orientação e até a intervenção
cimento sem causa da Administração. Há também divergências ou a interdição (arts. 67 a 69, 76, 58-IV, e 80). O correto é que
quanto ao valor a ser pago ao particular: se apenas os seus custos, a fiscalização não se dê apenas quando o contratado afirmar que
com o que concordamos, pois se trata de mera indenização por terminou o objeto contratual, mas, principalmente nos casos de
enriquecimento sem causa, não de contraprestação por um con- serviços e obras, durante toda a sua execução, para que eventuais
trato não mais existente, ou, segundo outra opinião, se se deve vícios sejam logo detectados e corrigidos. Esse acompanhamen-
tomar como parâmetro o valor de contrato já extinto com aquele to não ilide as responsabilidades técnicas do contratado, que não
particular. pode alegar, em caso de alguma falha, a aprovação ou o silêncio da
Além da vedação de efeitos temporais retroativos, outro ponto fiscalização (art. 70).
relevante na matéria é de quando o objeto contratual se extingue. O cumprimento final do contrato, com a liberação das garan-
O prazo é uma cláusula essencial a todo contrato celebrado tias eventualmente apresentadas pelo contratado, ocorre com a
pela Administração Pública (art. 55, IV). Prazo sempre deverá entrega e recebimento por parte da Administração do objeto do
existir, mas nem em todos os casos ele será definidor do objeto em contrato.
si do contrato (contratos por escopo), mas apenas da sua correta Trata-se do instituto do recebimento do objeto, que não ilide
execução, já que o ritmo da execução do contrato não pode ficar ao a responsabilidade do contratado (ex.: pela solidez da obra, nos
alvedrio do contratado. termos da legislação civil; por eventual plágio etc.) – art. 73, § 2º.
Mister se faz, portanto, distinguir entre prazo de execução do Em regra, há duas espécies de recebimento, uma sucessiva à
objeto contratual e prazo de vigência do contrato: “A extinção do outra: a primeira, o recebimento provisório, de caráter experimen-
contrato pelo término de seu prazo é a regra nos ajustes por tempo tal, para verificar a perfeição do objeto principal nos casos em que
determinado. Necessário é, portanto, distinguir os contratos que se
a verificação da correção da prestação contratual não puder ser
extinguem pela conclusão de seu objeto e os que terminam pela
verificada de pronto (ex.: o teste do funcionamento de um equi-
expiração do prazo de sua vigência: nos primeiros o que se tem em
pamento complexo só pode ser feito no dia a dia do seu funcio-
vista é a obtenção de seu objeto concluído, operando como limite
namento).
de tempo para a entrega da obra, do serviço ou da compra sem san-
ções contratuais; nos segundos o prazo é a eficácia do negócio ju- Após o prazo necessário do recebimento provisório ou dos
rídico contratado, e, assim sendo, expirado o prazo, extingue-se o procedimentos de sua aferição, dá-se o recebimento definitivo, de
contrato, qualquer que seja a fase de execução de seu objeto, como caráter permanente e revestido de maiores formalidades (art. 73).
ocorre na concessão de serviço público ou na simples locação de Nos casos de gêneros perecíveis e serviços profissionais de
coisa por tempo determinado. Há, portanto, prazo de execução e qualquer valor, assim como nas obras e serviços de baixo valor,
prazo extintivo do contrato”. pode ser dispensado o recebimento provisório, partindo-se logo
Assim, muitas vezes o prazo integra o próprio objeto contra- para o definitivo (art. 74). Essa faculdade, no entanto, inexistirá, se
tual (ex.: nos contratos de prestação de serviços, de locação, de as obras e serviços envolverem aparelhos ou instalações sujeitos à
comodato etc.), casos em que o seu fim representa também o fim verificação de funcionamento e produtividade.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O contrato pode prever o cumprimento do objeto em apenas
uma prestação ou em várias, às quais corresponderão também di- SERVIÇOS PÚBLICOS;
versos atos de recebimento do objeto contratual. As grandes obras
públicas, por exemplo, geralmente são pagas por etapas de execu-
ção do objeto, havendo sucessivas medições parciais.
Em qualquer hipótese, se o objeto entregue não se subsumir
ao descrito no edital e/ou no contrato, ao invés de recebê-lo, a Ad- Para discorrer sobre o tema traremos os ensinamentos dos pro-
ministração rejeitá-lo-á, no todo ou em parte (art. 76). O recebi- fessores: Marco Antonio Praxedes de Moraes Filho; Maria Sylvia
mento parcial é possível apenas nos casos de obrigações divisíveis. Zanella Di Pietro e Alexandre Santos de Aragão, conforme segue:
Em qualquer caso de descumprimento do contrato, o contra- Não é tarefa fácil definir o serviço público, pois a sua noção
tado ficará sujeito a sanções, inclusive se for o caso à rescisão do sofreu consideráveis transformações no decurso do tempo, quer
contrato (incisos XV e XVI do art. 78), arcando com as multas e no que diz respeito aos seus elementos constitutivos, quer no que
indenizações decorrentes. concerne à sua abrangência. Além disso, alguns autores adotam
Relevante é saber se há no Direito Administrativo o instituto conceito amplo, enquanto outros preferem um conceito restrito.
civilista da exceção do contrato não cumprido, que é a defesa da Nas duas hipóteses, combinam-se, em geral, três elementos para a
legitimidade do próprio inadimplemento com base no inadimple- definição: o material (atividades de interesse coletivo), o subjetivo
mento da outra parte (“se você descumpriu a sua parte, eu também (presença do Estado) e o formal (procedimento de direito público).
posso descumprir a minha”), que, no Direito Privado, é incontro- A noção de serviço público é variável em função do espaço e
verso. do tempo. É o ordenamento que outorga a determinada categoria
Em primeiro lugar, a exceção do contrato não cumprido pode de atividade a qualificação jurídica de serviço público, submeten-
(e deve) sempre ser utilizada pela Administração Pública, já que do-a total ou parcialmente ao regime jurídico administrativo.
ela só pode pagar ao contratado após receber o objeto contratual. Serviço público é a atividade material que a lei atribui ao Es-
Se o particular não cumprir com a sua parte, não será pago. Mas e tado para que exerça diretamente ou por meio de delegados, com
se o contrário ocorrer: se o particular não for pago, poderá deixar o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas,
de cumprir a sua obrigação para com a Administração? sob regime jurídico total ou parcialmente público.(Maria Sylvia
O problema que se realmente coloca é saber se o contratado Zanella di Pietro. Direito Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Atlas,
pela Administração Pública pode ou não se valer da exceção do 2009)
não cumprido, até porque infelizmente não são nada raros os casos Serviço público é toda atividade prestada pelo Estado ou por
em que a Administração Pública atrasa no cumprimento de sua seus delegados, basicamente sob regime de direito público, com
obrigação de pagar ao particular pelas prestações já recebidas. vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da
Tradicionalmente tal invocação não era admitida em razão dos coletividade.(José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito
princípios da supremacia do interesse público e da continuidade Administrativo. 25ª ed. São Paulo: Atlas,, 2012)
dos serviços públicos, salvo quando a continuidade das prestações Serviço público é toda atividade material ampliativa, definida
sem pagamento pudesse colocar em risco a própria existência da pela lei ou pela Constituição como dever estatal, consistente no
empresa, contrariando o próprio princípio da iniciativa privada. oferecimento de utilidades e comodidades ensejadoras de benefí-
Hoje, no entanto, temos regras legais expressas, que, ponde- cios particularizados a cada usuário, sendo prestada pelo Estado
rando os interesses e princípios em jogo – e a ponderação legis- ou por seus delegados, e submetida predominantemente aos prin-
lativa deve em princípio ser acatada pelo aplicador do Direito –, cípios e normas de direito público.(Alexandre Mazza. Manual de
disciplinam a questão. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2012)
O contratado pode valer-se da exceção do contrato não cum- A noção de serviço público alterou-se muito ao longo do tem-
prido apenas nas hipóteses do art. 78, XIV e XV (ambos in fine). po. Variou de acordo com as diferentes expectativas políticas, eco-
Trata-se de duas hipóteses em que, salvo estados de necessidade nômicas, sociais e culturais de cada comunidade.
pública, é dado ao contratado a opção de escolher entre (1) a res- A mutação dos anseios da coletividade e do papel reservado
cisão judicial por culpa da Administração ou (2) a suspensão das ao Estado ao procurar satisfazê-los acarreta modificações no con-
suas obrigações até que o ente contratante normalize a situação ceito de serviço público a altera o seu substrato material. Novas
cumprindo a sua parte no pactuado (exceção do contrato não cum- demandas sociais exigem novos meios de prestação de serviços
prido). públicos. Estes se alteram de modo a assegurar que os anseios da
As hipóteses em que o particular pode, suspendendo as suas sociedade sejam atendidos. (Marcelo Harger. Consórcios Públicos
prestações, invocar a defesa do contrato não cumprido contra a na Lei n° 11.107/05. Belo Horizonte: Fórum, 2007).
Administração são as seguintes: (a) suspensão do contrato por
mais de cento e vinte dias, ininterruptos ou intercalados, em razão Disciplina Legal
de ordem escrita da Administração Pública; e (b) atraso superior A prestação de serviços públicos está disciplinada tanto na
a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração. Constituição Federal, quanto na Legislação Extravagante.
- Constituição federal
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, direta-
mente ou sob regime de concessão e permissão, sempre através de
licitação, a prestação de serviços públicos.
- Legislação Infraconstitucional

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Lei n° 8.987/95 (Dispõe sobre o regime de concessão e permissão de serviços públicos).

Princípios
Constituem princípios que devem orientar a prestação dos serviços públicos.
- Princípio da Generalidade
- Princípio da Modicidade das Tarifas
- Princípio do Serviço Adequado
- Princípio da Atualidade
- Princípio da Continuidade do Serviço Público
- Princípio da Cortesia
- Princípio da Eficiência

Princípio da Generalidade: Também chamado de princípio da impessoalidade. Os serviços públicos devem beneficiar o maior número
possível de indivíduos sem discriminação dos usuários, isto é, a prestação deve ser feita de forma igual e impessoal, indistintamente à tota-
lidade dos usuários que deles necessitem, em busca da universalidade (art. 6°, § 1°).
Princípio da Modicidade das Tarifas: Os serviços públicos devem ser remunerados a preços módicos, que atendam à realidade econô-
mica da população, pois, se forem pagos com valores elevados, muitos usuários serão alijados do universo de beneficiários (art. 6°, § 1°).
Princípio do Serviço Adequado: Toda concessão ou permissão de serviço público pressupõe a prestação de um serviço adequado ao
pleno atendimento dos usuários (art. 6°, § 1°).
Princípio da Atualidade: Também chamado de princípio da atualização ou adaptatividade. A atualidade na prestação do serviço público
compreende a modernidade das técnicas utilizadas, a modernidade dos equipamentos disponíveis, a modernidade das instalações e a sua
respectiva conservação. Abrange, ainda, a constante melhoria e expansão do serviço público (Art. 6º, § 1º e 2º).

Princípio da Continuidade do Serviço Público: As atividades qualificadas como serviço público não podem ser interrompidas, devendo
ser eternamente contínuas e ininterruptas a sua prestação (art. 6º, § 1°). Todavia, o princípio não proíbe a interrupção do fornecimento do
serviço público. A legislação elencou três possibilidades de paralisação do serviço sem que este interrupção fosse considerada uma descon-
tinuidade (art. 6°, § 3°).

A temática da interrupção da prestação do serviço público por inadimplemento do usuário é bastante polêmico. Há muitos julgamentos
no sentido de que, se aquela atividade for considerada essencial não haverá a possibilidade de paralisação, devendo a concessionária buscar
as vias judiciais para reaver os valores não pagos. Ex. Hospitais.

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Princípio da Cortesia
O serviço público deve ser prestado de forma cortes, respeitosa e educada pelos seus agentes públicos. Para isso deve a Administração
Pública realizar frequentemente cursos de treinamento e reciclagem de seus integrantes a fim de que seja cumprido o dispositivo legal (art.
6º, § 1º).
Princípio da Eficiência
O serviço público deve ser prestado de forma a atender as necessidades do indivíduo, da comunidade e do próprio Estado (art. 6º, § 1º).

Concessão x Permissão
Há quatro diferenças básicas entre concessão e permissão de serviços públicos (art. 2°, II; art. 2°, IV).

Responsabilidade do Concessionário
O concessionário atua em seu nome, por sua conta e risco, incidindo a regra da responsabilidade objetiva (art. 37, § 6°, CF; art. 25, Lei
n° 8.987/95).
O Estado pode ser responsabilizado? Sim, desde que exauridas as possibilidades de reparação dos prejuízos causados pelo concessio-
nário. Logo, a responsabilidade do Poder Público é subsidiária.

Serviço Público Especial


Com o advento da Lei nº 11.079/04, que instituiu as Parcerias Público-Privada (PPP), foram criadas duas novas formas de prestação de
serviços públicos, denominadas de patrocinada e administrativa. Desta forma, estas se tonaram formas especiais da prestação de serviços pú-
blicos, enquanto as permissões e concessões, regidas pela Lei nº 8.987/95, ficaram sendo formas comuns da prestação de serviços públicos.

Princípios
Existem determinados princípios que são inerentes ao regime jurídico dos serviços públicos (cf. Rivero, 1981:501-503): o da continui-
dade do serviço público, o da mutabilidade do regime jurídico e o da igualdade dos usuários.
O princípio da continuidade d o serviço público, em decorrência do qual o serviço público não pode parar, tem aplicação especialmente
com relação aos contratos administrativos e ao exercício da função pública.
No que concerne aos contratos, o princípio traz como consequências:
1. a imposição d e prazos rigorosos a o contraente;
2. a aplicação da teoria da imprevisão, para recompor o equilíbrio econômico-financeiro do contrato e permitir a continuidade do ser-
viço;
3. a inaplicabilidade da exceptio non adimpleti contractus contra a Administração;
4. o reconhecimento de privilégios para a Administração, como o de encampação, o de uso compulsório dos recursos humanos e mate-
riais da empresa contratada, quando necessário para dar continuidade à execução do serviço.
Quanto ao exercício da função pública, constituem aplicação do princípio da continuidade, dentre outras hipóteses:
1. as normas que exigem a permanência d o servidor e m serviço, quando pede exoneração, pelo prazo fixado em lei;
2. os institutos da substituição, suplência e delegação;
3. a proibição do direito de greve, hoje bastante afetada, não só no Brasil, como também em outros países, como a França, por exemplo.
Lá se estabeleceram determinadas regras que procuram conciliar o direito de greve com as necessidades do serviço público; proíbe-se a gre-
ve rotativa que, afetando por escala os diversos elementos de um serviço, perturba o seu funcionamento; além disso, impõe-se aos sindicatos
a obrigatoriedade de uma declaração prévia à autoridade, no mínimo cinco dias antes da data prevista para o seu início.
No Brasil, o artigo 37, inciso VII, da Constituição assegura o direito de greve aos servidores públicos, nos termos e nos limites a serem
estabelecidos em lei específica.
O princípio da mutabilidade do regime jurídico ou da flexibilidade dos meios aos fins autoriza mudanças no regime de execução do
serviço para adaptá-lo ao interesse público, que é sempre variável no tempo. Em decorrência disso, nem os servidores públicos, nem os
usuários dos serviços públicos, nem os contratados pela Administração têm direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico;
o estatuto dos funcionários pode ser alterado, os contratos também podem ser alterados ou mesmo rescindidos unilateralmente para atender
ao interesse público.

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Pelo princípio da igualdade dos usuários perante o serviço pú- Para ele, serviços públicos próprios “são aqueles que se re-
blico, desde que a pessoa satisfaça às condições legais, ela faz jus à lacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (se-
prestação do serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal. A gurança, polícia, higiene e saúde públicas) e para a execução dos
Lei de concessões de serviços públicos (Lei nº 8.987, de 13-2-95) quais a Administração usa de sua supremacia sobre os administra-
prevê a possibilidade de serem estabelecidas tarifas diferenciadas dos. Por esta razão só devem ser prestados por órgãos ou entidades
“em função das características técnicas e dos custos específicos públicas, sem delegação a particulares”. Serviços públicos impró-
provenientes do atendimento aos distintos segmentos de usuário”; prios “são os que não afetam substancialmente as necessidades da
é o que permite, por exemplo, isenção de tarifa para idosos ou tari- comunidade, mas satisfazem a interesses comuns de seus membros
fas reduzidas para os usuários de menor poder aquisitivo; trata-se e por isso a Administração os presta remuneradamente, por seus
de aplicação do princípio da razoabilidade. órgãos, ou entidades descentralizadas (autarquias, empresas pú-
Além desses princípios, outros são mencionados na Lei nº blicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais)
8.987/95 (que disciplina a concessão e a permissão de serviços ou delega a sua prestação a concessionários, permissionários ou
públicos), cujo artigo 6º, §1º, considera como serviço adequado “o autorizatários”.
que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiên- O que o autor considera fundamental é o tipo de interesse
cia, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação atendido, essencial ou não essencial da coletividade, combinado
e modicidade das tarifas”. com o sujeito que o exerce; no primeiro caso, só as entidades pú-
blicas; no segundo, as entidades públicas e também as de direito
Classificação privado, mediante delegação.
Vários critérios têm sido adotados para classificar os serviços 2. Quanto ao objeto, os serviços públicos podem ser adminis-
públicos: trativos, comerciais ou industriais e sociais.
1. Serviços públicos próprios e impróprios. Serviços administrativos “são os que a Administração Públi-
Essa classificação foi feita originariamente por Arnaldo de ca executa para atender às suas necessidades internas ou preparar
Valles e divulgada por Rafael Bielsa (cf. Cretella Júnior, 1980:50). outros serviços que serão prestados ao público, tais como os da im-
Para esses autores, serviços públicos próprios são aqueles que, prensa oficial, das estações experimentais e outros dessa natureza”
atendendo a necessidades coletivas, o Estado assume como seus (cf. Hely Lopes Meirelles, 2003: 321).
e os executa diretamente (por meio de seus agentes) ou indireta- A expressão é equívoca porque também costuma ser usada
mente (por meio de concessionários e permissionários). E serviços em sentido mais amplo para abranger todas as funções adminis-
públicos impróprios são os que, embora atendendo também a ne- trativas, distinguindo-as da legislativa e jurisdicional (cf. Crete-
cessidades coletivas, como os anteriores, não são assumidos nem lla Júnior, 1980: 59) e ainda para indicar os serviços que não são
executados pelo Estado, seja direta ou indiretamente, mas apenas usufruídos diretamente pela comunidade, ou seja, no mesmo sen-
por ele autorizados, regulamentados e fiscalizados; eles corres- tido de serviço público uti universi, adiante referido. Além disso,
pondem a atividades privadas e recebem impropriamente o nome abrange as atividades-meios, nem sempre inseridas no conceito
de serviços públicos, porque atendem a necessidades de interesse de serviço público em sentido técnico preciso, conforme lição de
geral; vale dizer que, por serem atividades privadas, são exerci- Odete Medauar (2007:313).
das por particulares, mas, por atenderem a necessidades coletivas, Serviço público comercial o u industrial é aquele que a Admi-
dependem de autorização do Poder Público, sendo por ele regula- nistração Pública executa, direta ou indiretamente, para atender às
mentadas e fiscalizadas; ou seja, estão sujeitas a maior ingerência necessidades coletivas de ordem econômica. Ao contrário do que
do poder de polícia do Estado. diz Hely Lopes Meirelles (2003:321), entendemos que esses ser-
Na realidade, essa categoria d e atividade denominada de ser- viços não se confundem com aqueles a que faz referência o artigo
viço público impróprio não é serviço público em sentido jurídico, 173 da Constituição, ou seja, não se confundem com a atividade
porque a lei não a atribui ao Estado como incumbência sua ou, econômica que só pode ser prestada pelo Estado em caráter suple-
pelo menos, não a atribui com exclusividade; deixou-a nas mãos mentar da iniciativa privada.
do particular, apenas submetendo-a a especial regime jurídico, ten- O Estado pode executar três tipos de atividade econômica:
do em conta a sua relevância. São atividades privadas que depen- a) uma que é reservada à iniciativa privada pelo artigo 173 da
dem de autorização do Poder Público; são impropriamente chama- Constituição e que o Estado só pode executar por motivo de segu-
das, por alguns autores, de serviços públicos autorizados. rança nacional ou relevante interesse coletivo; quando o Estado a
Hely Lopes Meirelles (2003:385) dá o exemplo dos serviços executa, ele não está prestando serviço público (pois este só é as-
de táxi, de despachantes, de pavimentação de ruas por conta dos sim considerado quando a lei o define como tal), mas intervindo no
moradores, de guarda particular de estabelecimentos e de residên- domínio econômico; está atuando na esfera de ação dos particula-
cias. Ele diz que não constituem atividades públicas típicas, mas os res e sujeita-se obrigatoriamente ao regime das empresas privadas,
denomina de serviços públicos autorizados. salvo algumas derrogações contidas na própria Constituição;
Essa classificação carece de maior relevância jurídica e pade- b) outra que é considerada atividade econômica, mas que o
ce de um vício que justificaria a sua desconsideração: inclui, como Estado assume em caráter de monopólio, como é o caso da ex-
espécie do gênero serviço público, uma atividade que é, em face ploração de petróleo, de minas e jazidas, de minérios e minerais
da lei, considerada particular e que só tem em comum com aquele nucleares (arts. 176 e 177 da Constituição, com as alterações intro-
o fato de atender ao interesse geral. duzidas pelas Emendas Constitucionais 6 e 9, de 1995) ;
É interessante observar que Hely Lopes Meirelles (2003:321) c) e uma terceira que é assumida pelo Estado como serviço
adota essa classificação, mas lhe imprime sentido diverso d o ori- público e que passa a ser incumbência do Poder Público; a este
ginal. não se aplica o artigo 173, mas o artigo 175 da Constituição, que

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
determina a sua execução direta pelo Estado ou indireta, por meio de radiodifusão, energia elétrica, navegação aérea, transportes e
de concessão ou permissão; é o caso dos serviços de transportes, demais indicados no artigo 21, XII, o serviço de gás canalizado
energia elétrica, telecomunicações e outros serviços previstos nos (art. 25, § 2º). Outros serviços públicos podem ser executados pelo
artigos 21, XI e XII, e 25, § 2º, da Constituição, alterados, res- Estado ou pelo particular, neste último caso mediante autorização
pectivamente, pelas Emendas Constitucionais 8 e 5, de 1995; esta do Poder Público.
terceira categoria corresponde aos serviços públicos comerciais e Tal é o caso dos serviços previstos no título VIII da Consti-
industriais do Estado. tuição, concernentes à ordem social, abrangendo saúde (arts. 196
Serviço público social é o que atende a necessidades coletivas e 199), previdência social (art. 202), assistência social (art. 204) e
em que a atuação d o Estado é essencial, mas que convivem com a educação (arts. 208 e 209).
iniciativa privada, tal como ocorre com os serviços de saúde, edu- Com relação a esses serviços não exclusivos do Estado, pode-
cação, previdência, cultura, meio ambiente; são tratados na Consti- -se dizer que são considerados serviços públicos próprios, quando
tuição no capítulo da ordem social e objetivam atender aos direitos prestados pelo Estado; e podem ser considerados serviços públicos
sociais do homem, considerados direitos fundamentais pelo artigo impróprios, quando prestados por particulares, porque, neste caso,
6º da Constituição. ficam sujeitos a autorização e controle do Estado, com base em
3. Quanto à maneira como concorrem para satisfazer ao inte- seu poder de polícia. São considerados serviços públicos, porque
resse geral, os serviços podem ser: uti singuli e uti universi. atendem a necessidades coletivas; mas impropriamente públicos,
Serviços uti singuli são aqueles que têm por finalidade a satis- porque falta um dos elementos do conceito de serviço público, que
fação individual e direta das necessidades dos cidadãos . Pelo con- é a gestão, direta ou indireta, pelo Estado.
ceito restrito de serviço público adotado por Celso Antônio Ban-
deira de Mello, só esta categoria constitui serviço público: presta- Vários instrumentos de gestão de serviços públicos são pre-
ção de utilidade ou comodidade fruível diretamente pela comuni- vistos no direito brasileiro. O artigo 175 da Constituição estabe-
dade. Entram nessa categoria determinados serviços comerciais e lece que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente
industriais do Estado (energia elétrica, luz, gás, transportes) e de ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de lici-
serviços sociais (ensino, saúde, assistência e previdência social). tação, a prestação de serviços públicos”. O dispositivo agasalha,
Os serviços uti universi são prestados à coletividade, mas portanto, a concessão e a permissão de serviços públicos. No en-
usufruídos apenas indiretamente pelos indivíduos. É o caso dos tanto, faz referência à prestação direta pelo Poder Público. Além
serviços de defesa do país contra o inimigo externo, dos serviços disso, os artigos 21, XI e XII, preveem também a execução dire-
diplomáticos, dos trabalhos de pesquisa científica, de iluminação ta ou por meio de concessão, permissão ou autorização de vários
pública, de saneamento. serviços, como os de telecomunicações, energia elétrica, portos,
Quanto a este último, o STF, pela Súmula nº 670, consagrou navegação aérea, dentre outros. O artigo 25, § 2º, inclui na com-
o entendimento de que “o serviço de iluminação pública não pode petência dos Estados-membros a exploração direta ou por meio de
ser remunerado mediante taxa’’, exatamente por não ser usufruído concessão dos serviços de gás canalizado.
UTI singuli e não se enquadrar no conceito contido no artigo 145, Quando a Constituição fala em execução direta, tem-se que
II, da Constituição. entender que abrange a execução pela Administração Pública di-
4. Caio Tácito (1975:199) faz referência a outra classificação, reta (constituída por órgãos sem personalidade jurídica) e pela
que divide os serviços públicos em originários ou congênitos e Administração Pública indireta referida em vários dispositivos da
derivados ou adquiridos ; corresponde à distinção entre atividade Constituição, em especial no artigo 37, caput, e que abrange en-
essencial do Estado (tutela do direito) e atividade facultativa (so- tidades com personalidade jurídica própria, como as autarquias,
cial, comercial e industrial do Estado) . fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas pú-
O autor observa que “a evolução moderna do Estado exaltou blicas.
de tal forma a sua participação na ordem social, que a essencialida- Essas são as formas tradicionais de gestão dos serviços públi-
de passou a abranger tanto os encargos tradicionais de garantias de cos. No entanto, outras formas foram surgindo no direito positi-
ordem jurídica como as prestações administrativas que são e ma- vo brasileiro, como as parcerias público-privadas, os contratos de
nadas dos modernos direitos econômicos e sociais do homem, tão gestão com as organizações sociais, as franquias.
relevantes, na era da socialização do direito, como os direitos in- Também não se pode deixar de lado os consórcios públicos e
dividuais o foram na instituição da ordem liberal”. Mas acrescenta convênios de cooperação previstos no artigo 241 da Constituição.
que “há, todavia, uma sensível diferença entre os serviços públicos Atualmente, as principais formas de gestão abrangem:
que, por sua natureza, são próprios e privativos do Estado e aque- a) a concessão e a permissão de serviços públicos, disciplina-
les que, passíveis em tese de execução particular, são absorvidos das pela Lei nº 8.987, de 13-2-95;
pelo Estado, em regime de monopólio ou de concorrência com a b) a concessão patrocinada e a concessão administrativa,
iniciativa privada. Aos primeiros poderíamos chamar de serviços englobadas sob o título de parcerias público-privadas na Lei nº
estatais originários ou congênitos; aos últimos, de serviços estatais 11.079, de 30-12-04;
derivados ou adquiridos”. c) o contrato de gestão como instrumento de parceria com as
5. Um último critério de classificação considera a exclusivida- chamadas organizações sociais, disciplinadas, na esfera federal,
de ou não do Poder Público na prestação do serviço; esse critério pela Lei nº9637, de 15-5-98.
permite falar em serviços públicos exclusivos e não exclusivos do A Administração Pública não é inteiramente livre para esco-
Estado. Na Constituição, encontram-se exemplos de serviços pú- lher a forma de gestão. Quando se tratar de execução por meio de
blicos exclusivos, como o serviço postal e o correio aéreo nacional entidades da Administração Indireta, há necessidade de lei, confor-
(art. 21, X), o s serviços d e telecomunicações (art. 21, XI), os me artigo 37, XIX, da Constituição.

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Quando se tratar de formas de gestão que impliquem a dele- destaque para os bens minerais, inclusive os minerais nucleares e
gação a entidade privada, alguns critérios devem ser levados em o petróleo (arts. 20, 21, XXIII, 176 e 177), tema que será objeto de
consideração: capítulo específico.
a) para o serviço público de natureza comercial ou industrial, A exploração pelo Estado de outras atividades econômicas
que admita a cobrança de tarifa do usuário, o instituto adequado é stricto sensu, além daquelas que são objeto de monopólio, é per-
a concessão ou permissão de serviço público, em sua forma tra- mitida apenas em regime de concorrência com a iniciativa privada
dicional, regida pela Lei nº8.987/95, ou a concessão patrocinada; e desde que sejam necessárias aos imperativos da segurança na-
também é admissível a franquia (hoje já prevista para as ativida- cional ou ao atendimento de relevante interesse coletivo (art. 173).
des do correio); trata-se de formas de gestão que não podem ser Uma diferença formal importante é que a prestação de ativi-
utilizadas para: (1) atividades exclusivas do Estado, porque são dades econômicas stricto sensu pelo Estado em concorrência com
indelegáveis por sua própria natureza; (2) serviços sociais, porque a iniciativa privada pode ser prevista tanto na Constituição como
estes são prestados gratuitamente e, portanto, incompatíveis com a em leis, desde que atendidos os conceitos jurídicos indeterminados
concessão tradicional (a menos que possam ser mantidos exclusi- postos no caput do art. 173 (segurança nacional ou relevante inte-
vamente com receitas alternativas) e com a concessão patrocinada, resse coletivo). Já em relação aos monopólios, não há delegação
que se caracterizam pela cobrança de tarifa dos usuários; (3) os do Constituinte para que o Legislador possa criar outros além dos
serviços uti universi, não usufruíveis diretamente pelos cidadãos, já previstos na própria Constituição. Na comparação entre os ser-
como a limpeza pública, por exemplo, cuja prestação incumbe ao viços públicos e as atividades econômicas exploradas pelo Estado
poder público, com verbas provenientes dos impostos; há duas ordens de semelhanças simétricas.
b) para o serviço público de natureza comercial ou industrial, Em primeiro lugar, temos os serviços públicos do art. 175,
sem cobrança de tarifa do usuário, o instituto cabível é a concessão reservados ao Estado e consequentemente vedados à iniciativa
administrativa; privada salvo delegação, e as atividades econômicas monopoliza-
c) para os serviços sociais, são possíveis os contratos de ges- das, que também são reservadas ao Estado, podendo igualmente
tão com as organizações sociais e a concessão administrativa; ter apenas o seu exercício delegado à iniciativa privada (arts. 176
d) para qualquer tipo de serviço público é possível a gestão e 177). Em segundo lugar, há os serviços públicos sociais, que
associada entre entes federativos, por meio de convênios de coo- o Estado presta sem excluir a iniciativa privada, e as atividades
peração ou consórcios públicos, previstos no artigo 241 da Consti- econômicas exploradas pelo Estado com base no art. 173 sem ti-
tuição e disciplinados pela Lei nº 11.107, de 6-4-05. tularizar a atividade, ou seja, sem impedir que também possam ser
exploradas pela iniciativa privada por direito próprio (não como
Atividades econômicas exploradas pelo Estado (em con- mera delegatária).
corrência com a iniciativa privada e como monopólio) A diferença em ambos os casos é que os serviços públicos
De acordo com a doutrina e jurisprudência majoritárias, com têm por objetivo o atendimento direto de necessidades ou utilida-
as quais concordamos, a Constituição de 1988 distingue o serviço des públicas, não o interesse fiscal ou estratégico do Estado, como
público da atividade econômica stricto sensu explorada pelo Es- ocorre com as atividades econômicas stricto sensu, monopolizadas
tado, que em seu conjunto constituem as atividades econômicas ou não pelo Estado.
lato sensu. O interesse do Estado nesses casos, afirma GASPAR ARIÑO
A atividade econômica lato sensu destina-se à circulação de ORTIZ, “não é um interesse de utilidade do público, mas um in-
bens e/ou serviços do produtor ao consumidor final. O serviço pú- teresse econômico global”. Tanto nos serviços públicos como nas
blico é a atividade econômica lato sensu que o Estado toma como atividades econômicas, o Estado busca a realização de finalidades
sua em razão da pertinência que possui com necessidades coleti- públicas, que, todavia, são de espécies muito diferentes: “na gestão
vas. Há atividades econômicas exploradas pelo Estado, em regime econômica não há uma finalidade de serviço ao público, isto é, aos
de monopólio ou não, que possuem, naturalmente, interesse públi- cidadãos individualmente considerados, mas uma finalidade de or-
co, mas que não são relacionadas diretamente com o bem-estar da denação econômica, de conformação social, de serviço nacional,
coletividade, mas sim a razões fiscais, estratégicas ou econômicas isto é, de promoção econômico-social da nação considerada em
(p. ex.: o petróleo, o jogo; em alguns países, o tabaco etc.). seu conjunto”.
EROS ROBERTO GRAU é muito claro ao alertar “que a
mera atribuição de determinada competência atinente ao empreen- Atividades privadas regulamentadas
dimento de atividades do Estado não é suficiente para definir essa Atividades privadas regulamentadas, também chamadas de
prestação como serviço público. No caso (art. 21, XXIII, CF), as- serviços públicos impróprios ou virtuais, de atividades privadas de
sim como no do art. 177 – monopólio do petróleo e do gás natural interesse público ou de atividades privadas de relevância pública,
–, razões creditadas aos imperativos da segurança nacional é que constituem a linha fronteiriça entre a esfera público-estatal (ser-
justificam a previsão constitucional de atuação do Estado, como viços e monopólios públicos) e a esfera privada (livre mercado),
agente econômico, no campo da atividade econômica em sentido linha que nas últimas décadas tem, de certa forma, avançado sobre
estrito. Não há, pois, aí serviço público. (...) O que determina a a esfera pública, tornando por lei privadas atividades até há pouco
caracterização de determinada parcela da atividade econômica em consideradas como serviços públicos (ex.: telefonia celular).
sentido amplo como serviço público é a sua vinculação ao interes- São atividades da iniciativa privada para as quais a lei, em face
se social”. da sua relação com o bem-estar da coletividade e/ou por gerarem
Em relação à atividade econômica stricto sensu, a Constitui- desigualdades e assimetrias informativas para os usuários, exige
ção estabelece numerus clausus o monopólio em favor da União autorização prévia de polícia administrativa para que possam ser
de uma série de atividades correlatas a determinados bens, com exercidas, impondo-se ainda a sua contínua sujeição à regulação

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
da autoridade pública, através de um ordenamento jurídico setorial Não se deve, por isso, confundir “autorização operativa” ou
(ex.: distribuição de combustíveis, geração de energia eólica, ban- “de funcionamento” com “autorização por operação” (autoriza-
cos, planos de saúde, seguros, produção de sementes transgênicas, ções administrativas comuns): “Sem renunciar à função primária
táxis, indústria hoteleira, portos privativos etc.). de controle, que também canalizam, pretendem ir mais além dela,
Da qualificação dessas atividades, por um lado, como ativida- disciplinando e orientando positivamente a atividade do seu titular
des privadas (não como serviços públicos), mas por outro, como na direção previamente definida por planos ou programas seto-
atividades privadas de interesse público, sujeitas a uma permanen- riais. (...) Já nas autorizações por operação, a relação entre o Poder
te e incisiva regulação estatal, podem ser extraídas duas conse- Público e o autorizatório é episódica. E não cria nenhum vínculo
quências relativamente antagônicas, em relação às quais se deve estável entre eles. Realizada a operação comercial ou construído
sempre buscar o necessário e delicado equilíbrio: o edifício autorizado, os efeitos da autorização outorgada se es-
(a) as empresas exercem essas atividades não por uma deci- gotam,” ao passo que nas atividades privadas regulamentadas ou
são político-administrativa do Estado, mas por direito próprio, o de interesse público a autorização instaura, para propiciar uma re-
que não ilide, contudo, que sejam submetidas a exigência de uma gulação permanente sobre a atividade em razão de sua relevância
prévia autorização (art. 170, parágrafo único, CF), discricionária para a sociedade, uma relação jurídica continuada entre o agente
ou vinculada, e a uma forte regulação (art. 174, CF), que pode in- privado e o regulador.
clusive alcançar alguns aspectos essenciais do desenvolvimento da
atividade, como a fixação dos preços a serem cobrados dos usuá- Concessão
rios (ex.: táxis) e o conteúdo mínimo das prestações (ex.: planos É a delegação contratual e remunerada da execução de serviço
de saúde); público a particular para que por sua conta e risco o explore de
(b) essas competências autorizatórias e regulatórias da Admi- acordo com as disposições contratuais e regulamentares por deter-
nistração Pública não podem, contudo, ser legislativa ou adminis- minado prazo, findo o qual os bens afetados à prestação do serviço,
trativamente impostas como se essas atividades fossem do próprio devidamente amortizados, voltam ou passam a integrar o patrimô-
Estado (como se fossem serviços públicos), e não da iniciativa nio público.
privada. Pela concessão, o Poder Público se desonera da prestação de
Em outras palavras, o norte principal que distingue essas ativi- serviços públicos de sua titularidade em relação aos quais não tem
dades dos serviços públicos é o fato de elas se encontrarem prote- condições financeiras ou não entende ser conveniente prestar dire-
gidas pelo direito fundamental de livre-iniciativa privada, ao pas- tamente. A sua prestação é transferida a um agente privado que se
so que os serviços públicos são excluídos desse âmbito, podendo remunerará, via de regra, pelas tarifas que os usuários lhe pagarão
ser exercidos por particulares apenas mediante delegação quando,
em razão da fruição do serviço, mantendo o Estado a titularidade e
como e enquanto o Estado assim decidir.
os controles públicos sobre ele.
Distinguindo as autorizações tradicionais (por operação), in-
Ao final da concessão, os bens afetados ao serviço revertem
cidentes sobre as atividades privadas em geral, das autorizações
ao Poder Público. Reverterão tanto os bens cuja posse é transferida
operativas ou de funcionamento, incidentes sobre as atividades
ao concessionário no momento da concessão quanto os que o con-
privadas regulamentadas, que constituem o principal instrumen-
cessionário incorpora ao serviço durante a execução do contrato,
to da sua regulação. JUAN CARLOS CASSAGNE afirma que “a
diferença não é puramente conceitual ou didática, mas se projeta salvo no que diz respeito aos bens que, na forma do contrato, não
sobre as relações entre o particular e a administração. Nas autori- tiverem sido amortizados.
zações de operação, o poder desta última se esgota com a emissão Os serviços públicos concedidos à iniciativa privada não per-
do ato, não dando, salvo previsão expressa em contrário, origem a dem a sua natureza pública: à iniciativa privada é delegado o seu
nenhum vínculo posterior com o administrado. Ao revés, nas au- mero exercício, permanecendo o serviço sob a titularidade estatal
torizações de funcionamento há uma vinculação permanente com excludente da iniciativa privada, nos termos do art. 175 da Cons-
a administração, com a finalidade de tutelar o interesse público, tituição Federal.
admitindo-se – tanto na doutrina como na jurisprudência espanho- A bastante comum distinção entre exercício e titularidade do
la – a possibilidade de modificação do conteúdo da autorização serviço para fins de caracterização da concessão, apesar de não ser
para adaptá-lo, constantemente, à dita finalidade, durante todo o totalmente equivocada, deve, no entanto, ser tecnicamente com-
tempo em que a atividade autorizada seja exercida”. preendida em termos, mais como uma maneira de deixar claro que
EDUARDO GARCÍA DE ENTERRÍA e TOMÁS-RAMÓN o Estado mantém fortes poderes de direção sobre a sua prestação.
FERNÁNDEZ chamam a atenção para o fato de que “o conceito “A cisão entre titularidade e exercício corresponde a uma dissocia-
de autorização em sentido estrito que chegou até nós se formou ção entre uma fase estática e uma fase dinâmica de um direito. (...)
no final do século passado (...). A crise do esquema tradicional se O que a concessão implica é a transferência de um direito (o direito
deu mais agudamente a partir do momento em que, ultrapassando concedido) que é destacado de um direito da Administração. Há
o campo próprio da ordem pública, em sua tríplice dimensão com- aí uma relação análoga à que existe entre o direito de propriedade
preensiva da tranquilidade, segurança e salubridade, em função da e o direito de usufruto: o proprietário não atribui ao usufrutuário
qual foi pensado dito esquema, a autorização foi transplantada ao o exercício do direito de propriedade: o gozo da coisa é juridi-
complexo campo das atividades econômicas, nas quais desempe- camente enquadrado num novo direito – o direito de usufruto –,
nha um papel que não se reduz ao simples controle negativo do que deriva do primeiro. Porém, como o conteúdo do direito de
exercício de direitos, mas que se estende à própria regulação do usufruto (‘gozo pleno e temporário de uma coisa’) está incluído no
mercado, com o explícito propósito de orientar e conformar posi- conteúdo do direito de propriedade, pode dizer-se que a constitui-
tivamente a atividade autorizada no sentido da realização de uns ção do direito de usufruto implica a amputação de uma faculdade
objetivos previamente programados ou ao menos implicitamente integrada no direito de propriedade (‘o gozo pleno e exclusivo da
definidos nas normas aplicáveis”. coisa’)”.

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Ora, é exatamente isso que ocorre na concessão: o direito que público? A mesma pergunta pode ser feita em relação a contrato
é concedido (de gerir um serviço público) deriva e faz parte de pelo qual o Estado ceda por algumas décadas terreno, no qual o
um direito da Administração (de ser o senhor do serviço em todos particular se obriga a construir e operar a preços populares um
os seus aspectos), sendo criado a partir dele. O conteúdo daque- teatro público, com o correspectivo direito de construir e explorar
le corresponde ao conteúdo de uma das faculdades que integram um shopping no restante do imóvel.
esse. Há, então, a segregação daquela faculdade de gestão e a sua Tradicionalmente considera-se ser essencial à conceituação
autonomização em um direito autônomo, que é o direito do qual de determinado contrato como concessão de serviço público que
o concessionário passa a ser o titular enquanto viger o contrato de a atividade dele objeto seja reservada ao Estado; que o particular
concessão. Embora fique por prazo determinado sem essa faculda- só possa explorá-la mediante a concessão, mas, nos casos acima,
de (gestão do serviço), a Administração mantém todas as demais a atividade em si (estacionamento, teatro etc.) não é exclusiva do
faculdades inerentes ao seu direito sobre o serviço (de fiscalizá-lo, Estado. O que é exclusivo do Estado é a possibilidade de elas se-
de alterar as condições de sua prestação, de retomá-lo etc.). rem exploradas em bens públicos.
Para que essa manutenção da titularidade estatal sobre o ser- O principal requisito econômico desses contratos é a titula-
ridade do Estado sobre o bem, não sobre a atividade, razão pela
viço público se materialize, não sendo meramente nominal, com o
qual alguns poderiam ver esses contratos mais como concessão de
que a atividade deixaria de ser serviço público, a Constituição e a
uso de bem público do que de serviço público. Todavia, mesmo as
Lei Federal n. 8.987/95 asseguram uma série de prerrogativas do
concessões de serviços públicos também são sempre complexas,
Estado sobre o serviço concedido, tais como a de alterar as con-
no sentido de geralmente implicarem a realização de alguma obra
dições de sua prestação, encampá-lo, intervir e controlar as tarifas pública e utilização ou até modificação de bens públicos.
cobradas pela concessionária. Estão, assim, mais próximas das concessões de serviços pú-
O art. 2º da Lei n. 8.987/95 se refere, além da concessão de blicos precedidos da realização de obra pública (art. 2º, III, Lei n.
serviço público (inc. II), à concessão de serviço público precedi- 8.987/95), e não de uma concessão pura e simples de uso de bem
da da execução de obra pública (inc. III). Trata-se da fórmula há público. A Lei n. 8.987/95 é-lhes, portanto, plenamente aplicável.
muito conhecida da concessão de obra pública, pela qual o conces- De fato, em relação a atividades econômicas stricto sensu
sionário compromete-se a executar determinada obra pública, sem exercitáveis em bens públicos, a concessão “se relaciona com a
receber pagamento do Poder Púbico, como ocorre com os contra- atribuição de direitos de gerir atividades que não são públicas,
tos de empreitada, remunerando-se com os pagamentos efetuados mas que, por estarem conexas com bens públicos, não podem ser
pelos usuários da obra pública após a sua conclusão (p. ex.: os exercidas por qualquer pessoa. Estão, portanto, aqui em causa ati-
pedágios das estradas construídas pelo concessionário). vidades materialmente privadas que, quando exercidas em certos
Os autores não são unânimes quanto à exata caracterização locais (bens públicos), a lei reserva à Administração. (...) Embora
das concessões de obra pública. Alguns não a distinguem da con- esteja implicada uma utilização privativa de bens públicos, não é,
cessão de serviço público, já que em toda prestação de serviço há no entanto esse o objeto (principal) da concessão. De resto, é por
também, em menor ou maior escala, a realização de obra pública e isso que estas concessões criam vinculações especiais quanto ao
vice-versa. O que haveria na concessão de obra pública seria ape- exercício da atividade (‘garantia de qualidade de serviço prestado
nas a preponderância deste elemento. Outros entendem que nela aos utentes’) e não apenas quanto à utilização dos bens. (...) É por
há uma duplicidade de objetos: a realização da obra pública e a isso que, já há algum tempo, a doutrina se refere a um princípio de
posterior prestação do serviço. atração do regime das concessões dominiais pelo regime das con-
À exceção da definição própria constante do art. 2º, III, e das cessões de serviços. (...) A necessidade de uma concessão dominial
maiores exigências quanto ao cronograma de execução das obras acabou por legitimar um regime próprio da concessão de atividade
públicas (art. 23, parágrafo único), a Lei n. 8.987/95 trata indistin- econômica.”
tamente essas duas modalidades de concessão. Essas concessões complexas – concomitantemente de bem, de
Merecem menção como espécies de concessão, juntamente obra e de serviços públicos – atenuam a exigência de as atividades
objeto de concessões de serviços públicos deverem ser titulariza-
com a concessão de serviço público e a concessão de obra pública,
das com exclusividade pelo Estado.
a concessão de uso de bem público, contrato pelo qual o particu-
Integram a inegável tendência contemporânea de tornar pas-
lar passa a ter o direito de uso, e às vezes também de fruição, de
sível de gestão delegada privada não apenas os serviços públicos
determinado bem público com exclusão de outros particulares e,
econômicos (titularizados pelo Estado) – seu objeto clássico –,
enquanto viger o contrato, do próprio Poder Público. como também as atividades econômicas stricto sensu e os serviços
Há também a concessão de exploração de atividade econômi- públicos sociais e culturais que a iniciativa privada pode explorar
ca stricto sensu monopolizada pelo Estado, também chamadas de por direito próprio, isto é, sobre as quais não há publicatio.
concessões industriais, a exemplo das concessões de loterias e das Nos casos dos serviços públicos sociais e culturais, em vez
concessões da exploração e produção de petróleo (art. 177, CF). de ser transferido ao particular o direito de exercer uma atividade
Há dificuldades quanto à exata caracterização de alguns con- que, sem a concessão, lhe seria vedada, lhe é conferido o direito
tratos complexos celebrados com a Administração envolvendo, de explorar determinada atividade com o apoio (através de suporte
além da prestação de serviço, a realização de obra pública e a utili- financeiro, da cessão de bens públicos etc.) do Estado. Em outras
zação de bens públicos. Por exemplo, o contrato para um particular palavras, a atividade em si poderia até ser explorada pelo particular
construir e operar por prazo determinado estacionamento subterrâ- livremente ou sujeita apenas à fiscalização de poder de polícia,
neo em praça pública, revertendo ao Estado o estacionamento ao mas, para ele poder explorá-la com o apoio (e correspectivamente
final do contrato, é uma concessão de serviço público ou de bem com a interferência) do Estado, precisa da concessão.

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A gestão privada dessas atividades é uma das principais cau- tendo em vista que a Constituição os outorga à União. É diferente
sas do surgimento de algumas das mais recentes modalidades de dos serviços públicos não exclusivos do Estado, como os da saúde
delegação de serviços públicos, a exemplo das concessões admi- e educação, que a Constituição, ao mesmo tempo em que os prevê,
nistrativas, previstas na Lei das PPPs, e dos contratos de gestão nos artigos 196 e 205, como deveres do Estado (e, portanto, como
com organizações sociais. serviços públicos próprios), deixa aberta ao particular a possibili-
Na subconcessão, existe a delegação de uma parte do próprio dade de exercê-los por sua própria iniciativa (arts. 199 e 209), o
objeto da concessão para outra empresa (a subconcessionária); por que significa que se incluem na categoria de serviços públicos im-
exemplo, uma concessionária de dez linhas de ônibus faz a sub- próprios; nesse caso, a autorização não constitui ato de delegação
concessão de duas dessas linhas. de atividade do Estado, mas simples medida de polícia.
O contrato de subconcessão tem que ser autorizado pelo poder A permissão de serviço público é, tradicionalmente, consi-
concedente, está sujeito à prévia concorrência e implica, para o derada ato unilateral, discricionário e precário, pelo qual o Poder
subconcessionário, a sub-rogação em todos os direitos e obriga- Público transfere a outrem a execução de um serviço público, para
ções do subconcedente, dentro dos limites da subconcessão. A sub- que o exerça em seu próprio nome e por sua conta e risco, median-
concessão tem a mesma natureza de contrato administrativo que o te tarifa paga pelo usuário.
contrato de concessão e é celebrado à imagem deste. A subconces- A diferença está na forma de constituição, pois a concessão
sionária responde objetivamente pelos danos causados a terceiros, decorre de acordo de vontades e, a permissão, de ato unilateral; e
com base no artigo 37,§6º, da Constituição. A subcontratação, dis- na precariedade existente na permissão e não na concessão.
ciplinada pelo artigo 25, corresponde à terceirização ou contrata- Consoante Celso Antonio Bandeira de Mello (2008:747), a
ção de terceiros para a prestação de serviços ou de obras ligados à permissão, pelo seu caráter precário, seria utilizada, normalmen-
concessão. São contratos de direito privado que não dependem de te, quando: “a) o permissionário não necessitasse alocar grandes
autorização do poder concedente, nem de licitação (a não ser que capitais para o desempenho do serviço; b) poderia mobilizar, para
a concessionária seja empresa estatal), não estabelecendo qualquer diversa destinação e sem maiores transtornos, o equipamento uti-
vínculo com o poder concedente. Por isso mesmo, perante este e lizado; ou, ainda, quando c) o serviço não envolvesse implantação
perante o usuário, quem responde é a própria concessionária. física de aparelhamento que adere ao solo, ou, finalmente, quando
A transferência da concessão, prevista no artigo 27 da Lei d) os riscos da precariedade a serem assumidos pelo permissioná-
nº 8.987, significa a entrega do objeto da concessão a outra pes- rio fossem compensáveis seja pela rentabilidade do serviço, seja
soa que não aquela com quem a Administração Pública celebrou pelo curto prazo em que se realizaria a satisfação econômica al-
mejada”.
o contrato. Há uma substituição na figura do concessionário. As
Com base na lição de Hely Lopes Meirelles (2003:383), pode-
únicas exigências são a de que o concessionário obtenha a anuên-
-se acrescentar a essas hipóteses, em que seria preferível a per-
cia do poder concedente, sob pena de caducidade da concessão, e
missão, aquela em que os serviços permitidos são “transitórios,
a de que o pretendente atenda às seguintes condições: satisfaça os
ou mesmo permanentes, mas que exijam frequentes modificações
requisitos de capacidade técnica, idoneidade financeira e regulari-
para acompanhar a evolução da técnica ou as variações do inte-
dade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; e compro-
resse público, tais como o transporte coletivo, o abastecimento da
meta-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor. Não há
população e demais atividades cometidas a particulares, mas de-
exigência de licitação, o que implica burla à norma do artigo 175 pendentes de controle estatal”.
da Constituição. Relativamente à permissão de serviço público, as suas carac-
Diferente é a hipótese de transferência do controle societário terísticas assim se resumem:
da concessionária, pois, nesse caso, não existe alteração na pessoa 1. é contrato d e adesão, precário e revogável unilateralmente
do concessionário, já que os sócios possuem personalidade jurídi- pelo poder concedente (em conformidade com o art.175, parágrafo
ca distinta da entidade. Apenas se exige que haja autorização do único, inciso 1, da Constituição, e do art. 40 da Lei nº 8.987/95),
poder concedente e que a transferência de controle não afete as embora tradicionalmente seja tratada pela doutrina como ato uni-
exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regulari- lateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, intuitu per-
dade jurídica e fiscal necessárias à prestação do serviço. sonae.
2. depende sempre d e licitação, conforme artigo 175 da Cons-
Concessão, Permissão e Autorização de Serviço Público tituição;
Conforme o artigo 175 da Constituição, “incumbe ao poder 3. seu objeto é a execução de serviço público, continuando a
público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão titularidade do serviço com o Poder Público;
ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços 4. o serviço é executado e m nome d o permissionário, por sua
públicos”. conta e risco;
Este dispositivo não faz referência à autorização de serviço 5. o permissionário sujeita-se à s condições estabelecidas pela
público, talvez porque os chamados serviços públicos autorizados Administração e a sua fiscalização;
não sejam prestados a terceiros, mas aos próprios particulares be- 6. como ato precário, pode ser alterado ou revogado a qualquer
neficiários da autorização; são chamados serviços públicos, por- momento pela Administração, por motivo de interesse público;
que atribuídos à titularidade exclusiva do Estado, que pode, dis- 7. não obstante seja de sua natureza a outorga sem prazo, tem a
cricionariamente, atribuir a sua execução ao particular que queira doutrina admitido a possibilidade de fixação de prazo, hipótese em
prestá-lo, não para atender à coletividade, mas às suas próprias que a revogação antes do termo estabelecido dará ao permissioná-
necessidades. São as hipóteses mencionadas no artigo 21, incisos rio direito à indenização; é a modalidade que Hely Lopes Meirelles
XI e XII. Não são atividades abertas à iniciativa privada, nem su- (2003:382) denomina de permissão condicionada e Cretella Júnior
jeitas aos princípios da ordem econômica previstos no artigo 170, (1972:112-113) de permissão qualificada.

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Segundo entendemos, a fixação de prazo aproxima de tal for- Não depende de licitação, porque, sendo o serviço prestado no
ma a permissão da concessão que quase desaparecem as diferenças interesse exclusivo ou predominante do beneficiário, não há viabi-
entre os dois institutos. Em muitos casos, nota-se que a Adminis- lidade de competição. O serviço é executado em nome do autoriza-
tração celebra verdadeiros contratos de concessão sob o nome de tário, por sua conta e risco, sujeitando-se à fiscalização pelo poder
permissão. Isto ocorre porque a precariedade inerente à permissão, público. Sendo ato precário, pode ser revogado a qualquer momen-
com possibilidade de revogação a qualquer momento, sem indeni- to, por motivo de interesse público, sem dar direito a indenização.
zação, plenamente admissível quando se trata de permissão de uso Quanto ao estabelecimento de prazo, aplica-se o quanto foi
de bem público (sem maiores gastos para o permissionário), é in- dito em relação às permissões com prazo.
teiramente inadequada quando se cuida de prestação de serviço pú-
Parcerias Público-Privadas
blico. Trata-se de um empreendimento que, como outro qualquer,
Embora existam várias espécies de parceria entre os setores
envolve gastos; de modo que dificilmente alguém se interessará,
público e privado, a Lei nº 11.079/04 reservou a expressão parceria
sem ter as garantias de respeito ao equilíbrio econômico-financei- público-privada para duas modalidades específicas. Nos termos do
ro, somente assegurado pelo contrato com prazo estabelecido. artigo 2º, “parceria público-privada é o contrato administrativo de
Daí as permissões com prazo, que desnaturam o instituto; e concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa”.
daí, também, o fato de já haver quem impugne o caráter de per- O dispositivo legal, na realidade, não contém qualquer concei-
missão de determinados atos que a lei assim denomina (cf. Mei- to, porque utiliza expressões que também têm quer ser definidas, o
relles Teixeira, in RDP 6/100 e 7/114) e até quem pregue, por que consta dos §§ 1 º e 2º do mesmo artigo.
sua inutilidade, a extinção do instituto (cf. Ivan Barbosa Rigo- Pelo § 1º, “concessão patrocinada é a concessão de serviços
lin,1988:639-644) . Talvez por isso a Constituição, no artigo 175, públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13-
parágrafo único, inciso 1, refira-se à permissão como contrato, em- 2-95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuá-
bora com uma redação que enseja dúvidas de interpretação. rios, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
A Lei nº 8.987/95 referiu-se à permissão em apenas dois dis- privado”.
positivos: no artigo 2º, inciso IV, e no artigo 40, pelos quais se ve- E, pelo §2º, “concessão administrativa é o contrato de pres-
tação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária
rifica que a permissão é definida como contrato de adesão, precário
direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou forneci-
e revogável unilateralmente pelo poder concedente (melhor seria mento e instalação de bens”.
que, ao invés de falar em revogação, que se refere a atos unilate- Do artigo 2º e seus parágrafos resulta que a parceria público-
rais, o legislador tivesse falado em rescisão, esta sim referente a -privada pode ter por objeto a prestação de serviço público (tal
contratos; o emprego errôneo do vocábulo bem revela as incerte- como na concessão de serviço público tradicional) ou a prestação
zas quanto à natureza da permissão). de serviços de que a Administração seja a usuária direta ou indireta
A primeira e a última características apontadas não servem (o que também pode corresponder a serviço público), envolvendo
para distinguir a permissão da concessão, porque todos os contra- ou não, neste segundo caso, a execução de obra e o fornecimento
tos administrativos são de adesão e passíveis de rescisão unilateral e instalação de bens; na primeira modalidade, tem-se a concessão
pela Administração Pública. A precariedade poderá servir para dis- patrocinada, em que a remuneração compreende tarifa do usuário
tinguir a permissão da concessão, desde que seja entendida como e contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro pri-
contrato sem prazo estabelecido. Trata-se de exceção à regra do vado; na segunda modalidade, tem-se a concessão administrativa,
artigo 57, §3º, da Lei nº 8.666, de 21-6-93, que veda os contratos em que a remuneração é feita exclusivamente por contraprestação
do parceiro público ao parceiro privado, o que aproxima essa mo-
com prazo de vigência indeterminado (v. Di Pietro, 1999:118-122).
dalidade do contrato de empreitada.
Outra distinção é que a lei no inciso IV do artigo 2º, ao definir Para englobar as duas modalidades em um conceito único,
a permissão, não fez referência à concorrência como modalidade pode-se dizer que a parceria público-privada é o contrato adminis-
de licitação obrigatória, ao contrário do que ocorre no inciso II, trativo de concessão que tem por objeto (a) a execução de serviço
relativo à concessão. público, precedida ou não de obra pública, remunerada mediante
Ainda outra distinção: a concessão de serviço público só pode tarifa paga pelo usuário e contraprestação pecuniária do parcei-
ser feita a pessoa jurídica (art. 2º, II, da Lei nº 8.987/95), enquanto ro público, ou (b) a prestação de serviço de que a Administração
a permissão de serviço público pode ser feita a pessoa física ou Pública seja a usuária direta ou indireta, com ou sem execução de
jurídica (inciso IV do mesmo dispositivo legal). obra e fornecimento e instalação de bens, mediante contrapresta-
A forma pela qual foi disciplinada a permissão (se é que se ção do parceiro público.
pode dizer que ela foi disciplinada) pode tornar bastante proble-
mática a utilização do instituto ou, pelo menos, possibilitar abusos, Concessão Patrocinada
por ensejar o uso de meios outros de licitação, que não a concor- A concessão patrocinada é uma concessão de serviço públi-
co sujeita a regime jurídico parcialmente diverso da concessão de
rência, sob pretexto de precariedade da delegação, em situações
serviço público comum, ordinária ou tradicional, disciplinada pela
em que essa precariedade não se justifique.
Lei nº 8.987/95. É a própria Lei nº 11.079/04 que o diz no conceito,
Com relação à autorização de serviço público, constitui ato já transcrito, contido no artigo 2º, §1º. E é o que resulta também do
unilateral, discricionário e precário pelo qual o poder público dele- § 3º do mesmo dispositivo, quando estabelece que “não constitui
ga a execução de um serviço público de sua titularidade, para que o parceria público-privada, a concessão comum, assim entendida a
particular o execute predominantemente em seu próprio benefício. concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a
Exemplo típico é o da autorização dos serviços de energia elétrica Lei nº 8.987, de 1995, quando não envolver contraprestação pecu-
previstos no artigo 7º da Lei nº 9.074, de 7-7-95. niária do parceiro público ao parceiro privado”.

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
No que diz respeito ao conceito, a principal diferença entre a i) subconcessão (art. 26);
concessão patrocinada e a concessão de serviço público comum é j) transferência da concessão (art. 27), com as restrições con-
a que diz respeito à forma de remuneração; assim mesmo, essa di- tidas no artigo 9º da Lei nº 11.079 quanto à transferência d e con-
ferença pode desaparecer se, na concessão tradicional, houver pre- trole acionário;
visão de subsídio pelo poder público, conforme previsto no artigo k) formas de extinção, abrangendo advento do termo, encam-
17 da Lei nº 8.987. Também existe diferença no que diz respeito pação, caducidade, rescisão ou anulação (arts. 35 a 39);
(a) aos riscos que, nas parcerias público-privadas, são repartidos l) reversão (art. 36);
com o parceiro público, (b) às garantias que o poder público presta m) licitação (arts. 15, §§ 3º e 4º, 18, 19 e 21), no que não con-
ao parceiro privado e ao financiador do projeto, e (c) ao compar- trariarem as normas dos artigos 11 a 13 da Lei nº 11.079;
tilhamento entre os parceiros de ganhos econômicos decorrentes n) controle da concessionária (art. 30 da Lei nº 8.987/95, e
da redução do risco de crédito dos financiamentos utilizados pelo arts. 31 e 36 da Lei nº 9.074/95).
parceiro privado. Embora a concessão patrocinada seja equiparada, pela própria
As diferenças não são conceituais, mas de regime jurídico, lei, à concessão de serviços públicos, existem algumas distinções
parcialmente diverso na concessão patrocinada. Tanto assim que no que diz respeito ao regime jurídico:
a) a forma de remuneração, que deve estar prevista no con-
o artigo 32, §12, da Lei nº 11.079 determina que “as concessões
trato entre as cláusulas essenciais (art. 5º, N) e que abrange, além
patrocinadas regem-se por esta Lei, aplicando-se-lhes subsidiaria-
da tarifa e outras fontes de receita previstas no artigo 11 da Lei nº
mente o disposto na Lei nº 8.987, de 1995, e nas leis que lhe são
8.987/95, a contraprestação do parceiro público ao parceiro pri-
correlatas”.
vado;
A semelhança entre os dois institutos quase permitiria afirmar b) a obrigatoriedade de constituição de sociedade de propósi-
o contrário: a concessão patrocinada rege-se pela Lei nº 8.987 em tos específicos para implantar e gerir o objeto da parceria (art. 9º);
tudo o que não for derrogado pela Lei nº 11.079. c) a possibilidade de serem prestadas, pela Administração Pú-
Sendo a concessão patrocinada uma concessão de serviços blica, garantias de cumprimento de suas obrigações pecuniárias
públicos, inúmeros são os pontos comuns com a modalidade disci- (art. 8º);
plinada pela Lei nº 8.987. d) o compartilhamento de riscos (art. 4º, VI, e art. 5º, III) e
a) existência de cláusulas regulamentares no contrato, resul- de ganhos econômicos efetivos do parceiro privado decorrentes
tantes da atividade hoje chamada de regulação; da redução do risco de crédito dos financiamentos utilizados pelo
b) outorga de prerrogativas públicas ao parceiro privado; parceiro privado (art. 5º, IX);
c) sujeição do parceiro privado aos princípios inerentes à e) normas específicas sobre licitação, derrogando parcialmen-
prestação de serviços públicos: continuidade, mutabilidade, igual- te as normas das Leis nºs 8.987/95 e 8.666/93 (arts. 10 a 13);
dade dos usuários, além dos mencionados no artigo 62 da Lei nº f) possibilidade de aplicação de penalidades à Administração
8.987/95; Pública em caso de inadimplemento contratual (art. 5º, II);
d) reconhecimento de poderes ao parceiro público, como en- g) normas limitadoras do prazo mínimo e máximo d o contrato
campação, intervenção, uso compulsório de recursos humanos e (art. 5º, I);
materiais da empresa concessionária, poder de direção e controle h) imposição de limite de despesa com contratos de parcerias
sobre a execução do serviço, poder sancionatório e poder de de- público-privadas (arts. 22 e 28, este último alterado pela Lei nº 12
cretar a caducidade; .766, de 27-12-12 , conversão da Medida Provisória nº 575/12);
e) reversão, ao término do contrato, de bens do parceiro priva- i) vedação de utilização da concessão patrocinada quando o
do afetados à prestação do serviço; contrato for inferior a R$20.000.000,00 (vinte milhões de reais),
f) natureza pública dos bens da concessionária afetados à conforme artigo 2º,§4º, I, da Lei nº 11.079/04; essa exigência não
prestação do serviço; existe para os contratos de concessão de serviço público.
g) responsabilidade civil, por danos causados a terceiros, re-
gida por normas publicísticas, mais especificamente o artigo 37, § A Lei nº 11.079/04, no artigo 10, prevê a obrigatoriedade de
licitação para a contratação de parceria público-privada, na moda-
62, da Constituição;
lidade de concorrência, condicionando a abertura do procedimento
h) efeitos trilaterais da concessão: sobre o poder concedente, o
à observância de determinadas formalidades, que abrangem, em
parceiro privado e os usuários.
resumo: (a) autorização pela autoridade competente, devidamen-
Mencionando especificamente a Lei nº 8.987/95, aplicam-se à
te motivada com a demonstração da conveniência e oportunidade
concessão patrocinada as normas referentes a: da contratação; (b) demonstração de cumprimento da Lei de Res-
a) direitos e obrigações dos usuários (art. 72); ponsabilidade Fiscal - Lei Complementar nº101, de 4-5-2000; (c)
b) política tarifária (arts. 92 a 13), no que couber; submissão da minuta do edital e do contrato a consulta pública;
c) cláusulas essenciais do contrato (art. 23), no que não con- e (d) licença ambiental prévia ou diretrizes para o licenciamento
trariarem os incisos do artigo 52 da Lei nº 11.079; ambiental do empreendimento, na forma do regulamento, sempre
d) encargos do poder concedente (art. 29); que o objeto do contrato exigir.
e) encargos do concessionário (art. 31); Quanto à autoridade competente para a autorização de abertu-
f) intervenção (arts. 32 a 34); ra da licitação e à motivação, a Lei nº 11.079 disciplina o assunto
g) responsabilidade por prejuízos causados ao poder conce- nos artigos 14 e 15, dos quais se deduz que as minutas de edital
dente e a terceiros (art. 25, caput); serão elaboradas pelo Ministério ou Agência Reguladora em cuja
h) subcontratação (art. 25, §§ 1ºa 3º); área de competência se insira o objeto do contrato. A autoriza-

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ção para a contratação será dada pelo órgão gestor, instituído, na do o Poder Público quer incentivar a iniciativa privada de interesse
União, pelo Decreto nº 5.385, de 4-3-05, alterado pelo Decreto público. Ao invés de o Estado desempenhar, ele mesmo, deter-
nº 6.037, de 7-2-07, com o nome de Comitê Gestor de Parceria minada atividade, opta por incentivar ou auxiliar o particular que
Público Privada - CGP; essa autorização será precedida de estudo queira fazê-lo, por meio de auxílios financeiros ou subvenções,
técnico sobre a conveniência e a oportunidade da contratação e o financiamentos, favores fiscais etc. A forma usual de concretizar
cumprimento de disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal; esse incentivo é o convênio.
sobre esse estudo técnico, haverá manifestação fundamentada do O convênio não se presta à delegação de serviço público ao
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, quanto ao mé- particular, porque essa delegação é incompatível com a própria
rito do projeto, e do Ministério da Fazenda, quanto à viabilidade natureza do ajuste; na delegação ocorre a transferência de ativi-
da concessão de garantia e à sua forma, relativamente aos riscos dade de uma pessoa para outra que não a possui; no convênio,
para o Tesouro Nacional e ao cumprimento do limite de que trata pressupõe-se que as duas pessoas têm competências comuns e vão
o artigo 22. prestar mútua colaboração para atingir seus objetivos.
Segundo esse dispositivo, a União somente poderá contratar O convênio está disciplinado pelo art. 116 da Lei nº 8.666/93,
parceria público-privada quando a soma das despesas de caráter segundo o qual as disposições dessa lei são aplicáveis, no que cou-
continuado derivadas do conjunto das parcerias já contratadas não ber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congê-
tiver excedido, no ano anterior, a 1% da receita corrente líquida neres celebrados por órgãos e entidades da Administração.
do exercício, e as despesas anuais dos contratos vigentes, nos dez O §1º do dispositivo exige prévia aprovação de competente
anos subsequentes, não excedam a 1% da receita corrente líquida plano de trabalho proposto pela organização interessada, o qual
projetada para os respectivos exercícios. deverá conter, no mínimo, as seguintes informações: I - identifi-
cação do objeto a ser executado; II – metas a serem atingidas; III
Convênio - etapas ou fases de execução; IV - plano de aplicação dos recur-
O convênio não constitui modalidade de contrato, embora seja sos financeiros; V - cronograma de desembolso; VI - previsão de
um dos instrumentos de que o Poder Público se utiliza para asso- início e fim da execução do objeto, bem assim da conclusão das
ciar-se com outras entidades públicas ou com entidades privadas. etapas ou fases programadas; VII - se o ajuste compreender obra
Define-se o convênio como forma de ajuste entre o Poder Pú- ou serviço de engenharia, comprovação de que os recursos pró-
blico e entidades públicas ou privadas para a realização de objeti- prios para complementar a execução do objeto estão devidamente
vos de interesse comum, mediante mútua colaboração. assegurados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre
a entidade ou órgão descentralizador.
O convênio tem em comum com o contrato o fato de ser um
acordo de vontades. Mas é um acordo de vontades com caracterís-
Consórcio Administrativo
ticas próprias. Isto resulta da própria Lei nº 8.666/93, quando, no
Doutrinariamente, consórcio administrativo é o acordo de
art. 116, caput, determina que suas normas se aplicam aos convê-
vontades entre duas ou mais pessoas jurídicas públicas da mesma
nios “no que couber”. Se os convênios tivessem natureza contra-
natureza e mesmo nível de governo ou entre entidades da adminis-
tual, não haveria necessidade dessa norma, porque a aplicação da
tração indireta para a consecução de objetivos comuns.
Lei já decorreria dos artigos 1 º e 22.
Desvirtuando inteiramente um instituto que já estava consa-
O artigo 241 da Constituição, com a redação dada pela Emen- grado no direito brasileiro, principalmente como forma de ajuste
da Constitucional nº 19/98, determina que “a União, os Estados, entre Municípios para desempenho de atividades de interesse co-
o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei mum, a Lei nº 11.107, de 6-4-05, veio estabelecer normas sobre
os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os en- consórcio, tratando-o como pessoa jurídica, com personalidade de
tes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos direito público ou de direito privado. No primeiro caso, integra a
bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, administração indireta de todos os entes da Federação consorcia-
pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferi- dos (art. 6º).
dos”. Por ter a natureza de acordo de vontades, o consórcio público,
Quanto ao convênio entre entidades públicas (União, Estados, pertinente à Administração Indireta, sendo tratados neste capítulo
Distrito Federal e Municípios), a possibilidade de cooperação por os consórcios administrativos sem personalidade jurídica. Os con-
meio de convênios ou consórcios já decorria implicitamente do sórcios administrativos (ainda celebrados como acordos de vonta-
artigo 23 da Constituição, para as atividades de competência con- de, sem adquirir personalidade jurídica) têm pontos comuns com
corrente, como saúde, assistência social, proteção dos deficientes, os convênios, porque em ambos o objetivo é o de reunir esforços
proteção dos documentos, obras e outros de valor histórico, pre- para a consecução de fins comuns às entidades consorciadas ou
servação das florestas etc. Agora essa possibilidade de cooperação conveniadas. Em ambos, existe um acordo de vontades que não
ou de “gestão associada” consta expressamente da Constituição, chega a ser um contrato, precisamente pelo fato de os interesses
no artigo 241, com a redação dada pela Emenda Constitucional serem comuns, ao passo que, no contrato, os interesses são con-
nº 19/98. A Lei nº 11.107, de 6-4-05, veio disciplinar a matéria, trapostos. As entidades têm competências iguais, exercem a mes-
prevendo, como instrumentos de gestão associada, o consórcio ma atividade, objetivam o mesmo resultado, estabelecem mútua
público (como pessoa jurídica de direito público ou privado, con- cooperação. Portanto, a semelhança entre convênio e consórcio é
forme a lei o estabelecer, o contrato de programa e o convênio de muito grande; só que o convênio se celebra entre uma entidade
cooperação). pública e outra entidade pública, de natureza diversa, ou outra en-
Quanto a o convênio entre entidades públicas e particulares, tidade privada. E o consórcio é sempre entre entidades da mesma
ele não é possível como forma de delegação de serviços públicos, natureza: dois ou mais Municípios, dois ou mais Estados, duas ou
mas como modalidade de fomento. É normalmente utilizado quan- mais entidades autárquicas etc.

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O consórcio, como acordo de vontades, existe também no di- Dessa forma, os bens das pessoas jurídicas de direito público, se-
reito privado, como modalidade de concentração de empresas, em jam elas entes da Federação ou pessoas jurídicas de direito público
que elas se associam mutuamente para assumir atividades e encar- da sua Administração Indireta, são bens públicos. Já os bens das
gos que, isoladamente, não teriam força econômica e financeira, pessoas jurídicas de direito privado da Administração Indireta são
nem capacidade técnica para executar. De acordo com o artigo bens privados (art. 98, in fine, CC), o que não quer dizer que não
278, §1º, da Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404, de 15-12- estejam sujeitos a algumas limitações publicistas.
76), “o consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas O Código Civil contempla, portanto, uma visão subjetiva dos
somente se obrigam nas condições previstas no respectivo contra- bens públicos, dependente exclusivamente da natureza da pessoa
to, respondendo cada uma por suas obrigações, sem presunção de jurídica a que pertença: será público o bem que pertencer a pessoa
solidariedade”. de direito público. Não integra o conceito qualquer consideração
O consórcio administrativo (desde que não alcançado pela Lei de ordem finalística, da finalidade do bem: se o bem for de pessoa
nº 11.107/05), não adquire personalidade jurídica. As entidades jurídica de direito público será bem público ainda que não esteja
se associam, mas dessa associação não resulta a criação de nova sendo utilizado para qualquer finalidade de interesse público (os
pessoa jurídica. Em decorrência disso, sempre se discutiu, em bens dominicais); e se pertencer a pessoa jurídica privada será bem
doutrina, qual a melhor forma de administrá-lo. Essa dificuldade privado ainda que esteja por exemplo afetado a serviço público,
é que levou o legislador federal a disciplinar de forma diferente a com as peculiaridades que veremos adiante.
matéria, por meio da Lei nº 11.107/05. No entanto, tal dificulda- A CF, de maneira não exaustiva, reparte uma série de bens pú-
de nunca se constituiu em empecilho para que consórcios fossem blicos, principalmente bens naturais, entre os entes da Federação.
constituídos, principalmente no âmbito municipal. Assim, à União cabem os bens enumerados no art. 20, e aos Es-
Diferentes soluções foram propostas, como a constituição de tados, os que constam do art. 26. Da competência dos Municípios
uma sociedade civil, comercial ou industrial, com o fim precípuo para os assuntos de interesse predominantemente local (art. 30, I e
de executar os termos do consórcio em todos os seus termos. II) e do art. 30, VIII, pode ser extraído que deles são os bens urba-
A melhor solução seria a d e criar uma comissão executiva nos de uso comum do povo (praças, ruas, calçadas etc.).
para administrar o consórcio e assumir direitos e obrigações (não Naturalmente que os entes políticos possuem muitos outros
em nome próprio, já que a Comissão não tem personalidade jurídi- bens além dos enumerados na Constituição, principalmente os que
ca), mas em nome das pessoas jurídicas que compõem o consórcio adquirem do patrimônio de particulares por atos negociais ou com-
e nos limites definidos no instrumento do consórcio. Também é pulsórios da Administração Pública (herança jacente, desapropria-
possível, à semelhança do consórcio de empresas, indicar um dos ção, compra e venda, doação etc.).
partícipes como líder, hipótese em que ele pode (desde que previs- Há grandes divergências quanto à natureza jurídica dos bens
to no instrumento do consórcio e autorizado em lei) instituir uma das pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administra-
entidade (autarquia ou fundação) para gerir os assuntos pertinentes
ção Indireta. Apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado,
ao consórcio. Outra alternativa é a instituição de um fundo consti-
há os que entendem que são bens públicos, com destinação espe-
tuído com verbas dos vários partícipes, que funcionaria vinculado
cial e administração privada. Como a sua destinação é de interesse
a órgão de um dos entes integrantes do consórcio .
público, seria um bem vinculado ao interesse público, mas com a
Seja qual for a maneira de administração do consórcio, ele
administração confiada à entidade privada.
estará gerindo dinheiro público e serviço público. Por isso mesmo,
A afetação do bem a um interesse público, e mais especial-
as suas contratações de pessoal dependem de concurso público e
mente a um serviço público, necessariamente o torna de certa ma-
os contratos de obras, serviços, compras e alienações dependem
de licitação. neira sujeito ao direito público, ainda que pertencente a uma pes-
Quanto à necessidade de autorização legislativa para a cele- soa jurídica de direito privado, integrante ou não da Administração
bração de convênio ou consórcio, embora exigida em algumas leis Indireta, inclusive concessionárias de serviços públicos. CHAR-
orgânicas, a exigência é inconstitucional, por implicar o controle LES DEBBASCH afirma que os bens reversíveis nas concessões
do Legislativo sobre atos administrativos do Poder Executivo, em de serviços públicos, ou seja, os bens afetados ao serviço público
hipótese não prevista na Constituição. Nesse sentido o entendi- delegado, não perdem a sua natureza pública.
mento do STF (RDA 140/68). No entanto, se o convênio ou o con- Em nossa opinião, os bens das entidades privadas da Adminis-
sórcio envolverem repasse de verbas não previstas na lei orçamen- tração Indireta são bens privados, o que não impede, contudo, que,
tária, daí sim é necessária autorização legislativa. se estiverem afetados ao serviço público, sofram, a exemplo dos
bens afetados das concessionárias particulares de serviços públi-
cos, algumas limitações quanto à sua disponibilidade e penhorabi-
lidade. Mas, fora dessas hipóteses, os bens das estatais são regidos
BENS PÚBLICOS. pelas normas de direito privado, observados os princípios e regras
republicanos por serem entidades controladas pelo Estado (ex.: os
imóveis de estatais não podem ser alienados livremente, sem um
processo seletivo público).
Alguns autores dividem o domínio patrimonial do Estado em
Para este tópico traremos os ensinamentos do autor Alexandre domínio público, vinculado ao uso comum do povo ou a algum
Santos de Aragão, que discorre sobre: serviço público, e domínio privado do Estado, composto dos bens
O art. 98 do Código Civil considera públicos os bens “per- sem destinação pública ou destinados somente a gerar rendas para
tencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os o Estado. Todavia, como ressalta ODETE MEDAUAR, esta dife-
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.” rença deve ser bastante relativizada em nosso direito positivo, uma

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
vez que a CF e as leis (ex.: art. 17, Lei n. 8.666/93) atribuem a to- redação dada pela EC n. 62/2009), a CF excluiu os bens públicos,
dos os bens do Estado (pessoas jurídicas de direito público), inde- mais uma vez sem distinção quanto à sua afetação ou não, da pe-
pendentemente da sua utilização, basicamente a mesma disciplina nhora judicial.
(relativa inalienabilidade, impenhorabilidade, insuscetibilidade de Suscita muitas discussões a penhorabilidade ou não dos bens
serem usucapidos, aplicabilidade dos mesmos instrumentos de uso (privados) de pessoas jurídicas de direito privado que estiverem
privativo por particulares etc.). afetadas ao serviço público, prevalecendo atualmente a posição de,
Bens públicos são, portanto, no Direito brasileiro, os bens de mesmo sendo bens privados, considerá-los impenhoráveis em res-
propriedade das pessoas jurídicas de direito público. peito ao Princípio da Continuidade do Serviço Público.
4) Impossibilidade de Oneração: Como os bens públicos não
Características podem ser penhorados, não podem ser objeto de direitos reais de
Colocado o conceito de bens públicos e as pessoas aptas a garantia. Um imóvel público, por exemplo, não pode ser hipote-
deles serem titulares, vejamos as suas principais características: cado pelo Estado para garantir uma dívida, pois o destino natural
1) Relativa Inalienabilidade: Trata-se da impossibilidade de de um bem hipotecado em caso de inadimplemento do devedor é a
os bens públicos serem alienados. sua penhora e posterior leilão judicial, que não poderá ocorrer em
face do art. 100, CF.
Este é um dos principais critérios que parte da doutrina usa
Opinião em sentido diverso era sustentada por SEABRA
para diferenciar o bem público de uso comum e especial dos bens
FAGUNDES, que afirmava a onerabilidade apenas dos bens sem
públicos dominicais, já que apenas estes seriam alienáveis.
afetação, em razão da sua alienabilidade. Ora, como vimos, hoje
Todavia, como adverte MARCELLO CAETANO, a doutrina o nosso Direito estabelece a mesma inalienabilidade relativa para
que trata dos bens públicos está repleta de considerações universa- todos os bens públicos. Porém, adaptando-se às mesmas razões de
listas, que, no entanto, devem ter a sua pertinência aferida diante SEABRA FAGUNDES, pode ser cogitada a onerabilidade desde
de cada Direito positivo. que sejam atendidas as condições estabelecidas pelo art. 17 da Lei
O Código Civil dispõe que “os bens públicos de uso comum n. 8.666/93 no que couberem.
do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conser- Quem, nas mesmas condições, pode o mais (alienar) poderia o
varem a sua qualificação, na forma que a lei determinar” e que os menos (dar em garantia).
“bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exi-
gências da lei” (arts. 100 e 101). Sendo assim, apesar de em prin- Afetação e Desafetação
cípio fixar a inalienabilidade daqueles e a alienabilidade destes, A afetação é a vinculação do bem a determinada finalidade
remete, em ambos os casos, à legislação específica as condições pública. O máximo de afetação que um bem público pode ter é a
para a alienação. sua destinação ao uso pela coletividade em geral (ex.: uma rua)
É neste contexto normativo que, em razão desta dupla seguida da sua afetação apenas a determinado serviço público (ex.:
remissão, continuam sendo aplicáveis os arts. 17 a 19 da Lei n. uma escola). Pode ainda o bem público ficar desafetado, ou seja,
8.666/93, que estabelecem as condições para que os bens públicos sem qualquer finalidade pública imediata, a não ser eventualmente
sejam alienados, sem fazer qualquer distinção quanto à sua a geração de renda (ex.: um terreno sem utilização do Estado).
afetação ou espécie. Em se tratando de bem público, sempre haverá alguma finalidade
A Lei n. 8.666/93, no que diz respeito aos bens imóveis, exige pública, ainda que futura ou mediata (ex.: o bem que está apenas
a prévia autorização legislativa para a alienação dos bens públicos, alugado para auferir renda tem a função de ajudar no financiamen-
afetados ou não. A doutrina costumava diferenciar os bens afeta- to das atividades-fim da Administração Pública, mas não tem uma
dos e os bens não afetados quanto à inalienabilidade, em virtude afetação propriamente dita, por não estar servindo diretamente a
da necessidade de prévia desafetação daqueles, desafetação hoje nenhum interesse público primário), sob pena de omissão ilícita
juridicamente implícita na autorização legislativa exigida para a na gestão do bem.
alienação de qualquer bem público imóvel. A lei não mais distin- Tanto a afetação como a desafetação (respectivamente vincu-
lação ou desvinculação a algum uso público) podem se dar (1)
gue onde a doutrina (adotada aparentemente pelo Código Civil,
expressamente, por lei ou por ato administrativo, (2) tacitamente
mas deixando uma remissão para o direito público) distinguia.
ou (3) por fato jurídico em sentido estrito, seja executado material-
Assim, a inalienabilidade de todos os bens públicos é apenas
mente pela Administração ou não. Assim, por exemplo, a constru-
relativa: desde que haja licitação (ressalvados os casos de dispen- ção e subsequente funcionamento de uma escola em um terreno
sa), avaliação prévia e, no caso de imóveis, autorização legislativa, público vazio leva à sua afetação ipso facto ao serviço público de
os bens públicos, de qualquer espécie, podem ser alienados. educação; a abertura de um forte da Marinha à visitação pública
2) Insuscetibilidade à Usucapião: Os arts. 183, § 3º, e 191 da permanente muda a sua afetação à função estatal de defesa para a
Constituição Federal e o art. 102 do Código Civil vedam que os de um bem público afetado ao uso comum; o assoreamento de um
bens públicos, de qualquer natureza, sejam passíveis de usucapião. rio navegável o desafetaria da utilidade de transporte etc.
Há formas de legitimação da posse de particulares sobre bens pú- Note-se que pode haver alteração da afetação dentro do mes-
blicos, como veremos mais adiante, mas não a aquisição automá- mo grau (ex.: escola que é transformada em hospital; rio que deixa
tica da propriedade pelo mero fato da posse. Portanto, apenas a de ser destinado à navegação para ser destinado a pesquisas agro-
posse prolongada de particular sobre bem público não é capaz de pecuárias).
torná-lo proprietário como se daria se o bem fosse de outro parti- Discute-se se a desafetação pode se dar por fato jurídico (ex.:
cular. o rio que seca; uma escola que se incendeia). Há autores para os
3) Impenhorabilidade: Ao estabelecer que as dívidas judiciais quais a desafetação só pode ser feita por lei. Seria, porém, despre-
das pessoas jurídicas de direito público sejam quitadas mediante zar o aspecto eminentemente fático e material do qual a afetação e
precatório, excetuadas as pequenas dívidas (art. 100, CF, com a a desafetação se revestem.

Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O que não se permite é que a mera ação dos administrados Já os poderes de oneração e disponibilidade, inerentes ao
afete ou desafete um bem. Ex.: a invasão de uma praça por fave- direito de propriedade, só podem ser exercidos com autorização
lados não lhe retira a condição de bem de uso comum do povo, legal específica, já que extrapolam os poderes de mera administra-
transformando-o em unidade habitacional; a passagem das pessoas ção, nos quais não estão incluídos atos de disposição.
por determinado bem dominial não o torna, ipso facto, rua. Dentro da competência para administrar os bens públicos está
É a espécie de afetação ou desafetação dos bens públicos que a competência para fiscalizar o seu uso e ocupação pelos cidadãos,
gera uma de suas mais relevantes classificações, expressamente mantendo-os dentro da afetação/destinação dada ao bem pelo Po-
contemplada pelo art. 99 do Código Civil. Vejamos: der Público.
1) Bens de uso comum do povo (também chamados de bens Alguns autores chamam estas competências fiscalizatórias de
do “domínio público”): São os bens cujo uso é facultado a todos “polícia dos bens públicos”, entendida como o conjunto de pode-
os indivíduos que atenderem às condições gerais de seu uso. Ex.: res que a Administração Pública possui para proteger os seus bens
mares, praias, rios, estradas, ruas e praças. São destinados pela e a destinação a eles atribuídas.
própria natureza ou pela lei ao uso coletivo, sendo muitas vezes Ressalva-se, porém, com ODETE MEDAUAR, que a nomen-
expressão do próprio direito fundamental de ir e vir. clatura – poder de polícia –, apesar de comumente utilizada para
É admissível, no entanto, por exemplo, a restrição ao tempo a situação, não é tecnicamente correta, uma vez que não se trata
de estacionamento em via pública ou a proibição de se dormir da conformação da liberdade dos indivíduos ao bem-estar da co-
em bancos de praças públicas, o que se dá justamente como meio letividade, mas simplesmente da adoção das medidas, jurídicas ou
de, ponderando todos os direitos exercitáveis sobre aquele bem, não (ex.: limpeza), para a conservação dos bens públicos e da sua
garantir o exercício do mesmo direito por todas as pessoas. destinação.
Quanto às estradas para cujo trânsito é imposto o pagamento Se o Poder Público estivesse fiscalizando a utilização de bens
de pedágio, não se descaracterizam pela doutrina atualmente majo- particulares (ex.: a construção neles), estaríamos diante de poder
ritária como bens de uso comum do povo para passarem a ser bens de polícia; mas a utilização de bens públicos constitui esfera jurí-
de uso especial pela simples existência desse condicionamento ao dica pública (ex.: fiscalizar se o concessionário de uso de um bem
seu uso. Continua sendo de uso de todos que atenderem a certas público – calçada – para instalação de uma banca de jornal o está
condições, entre as quais encontra-se o pagamento de pedágio (da realmente utilizando para este fim constitui uma fiscalização do
mesma forma que nas rodovias também não se pode locomover cumprimento do contrato sobre um bem do Estado). Nesses casos
acima de certas velocidades).
o Estado não está limitando a esfera privada, mas protegendo a
2) Bens de uso especial (ou do patrimônio administrativo):
esfera pública-estatal.
Destinam-se à execução de serviços públicos lato sensu, devendo
A única exceção que faríamos a essa assertiva é para as hipó-
as pessoas que a eles desejarem ter acesso atender a certos requisi-
teses em que a utilização de bens públicos por particulares consis-
tos, normalmente serem usuários ou servidores daquele determina-
tir no exercício de direitos fundamentais (ex.: o direito de ir e vir
do serviço. Ex.: escolas, hospitais, prédios de repartições públicas,
nas ruas), constituindo, aí sim, poder de polícia administrativa, que
quartéis etc. Ao contrário das estradas pedagiadas, que todos que
pagarem podem usar (e por isso, ao nosso ver, continuam sendo não incidirá sobre o bem em si, mas na liberdade que sobre ele se
bens de uso comum), as escolas públicas, por exemplo, só podem pretende exercer. O poder de polícia de trânsito, por exemplo, limi-
ser usadas pelas crianças que nelas estiverem matriculadas. ta a liberdade de as pessoas transitarem de um lugar para o outro,
Em condições especiais, e desde que não atrapalhe o servi- não propriamente a utilização das ruas.
ço, a Administração pode autorizar em bens de uso especial, sem O Poder Público deve zelar pela destinação dos bens públi-
desnaturá-los como tal, o seu uso comum acessório (ex.: quadra cos, pela sua posse e propriedade, podendo até valer-se, quando
desportiva de escola que no fim de semana é usada por toda a co- presentes os respectivos requisitos, de seu poder de autoexecu-
munidade). toriedade, defendendo-as independentemente de ordem judicial.
3) Bens dominiais (dominicais ou “do patrimônio disponí- Ex.: O Município pode e deve demolir barreira de segurança que
vel”). São os bens não destinados ao uso pelo povo em geral, nem os moradores de determinada rua coloquem e que impeça o livre
empregado em algum serviço específico. Ex.: terras devolutas, acesso das pessoas; tirar mendigos de praça etc. O TJRJ já chegou
títulos de crédito, bens de heranças jacentes, terrenos sem utili- a responsabilizar civilmente o Estado pelos prejuízos causados a
zação, investimentos financeiros feitos pelo Estado etc. Podem banco em cuja calçada mendigos ficaram acampados por um longo
servir apenas para auferir renda (interesse público secundário) ou tempo; e a determinar ao Município a desocupação de bem público
estarem aguardando para serem utilizados em alguma finalidade ocupado por favela.
pública futura, com o que perderiam a classificação como domi-
nial, passando a ser de uso comum ou de uso especial. Pela Lei de A utilização dos Bens de Uso Comum
Licitações possuem hoje os mesmos requisitos de alienação que os Trata-se do uso facultado a todos os cidadãos que se enqua-
outros bens públicos. drem na destinação dada ao bem público de uso comum e que
atendam às condições necessárias para não turbarem o mesmo uso
Administração dos Bens Públicos pelos demais membros da coletividade. Uso geral pelo povo não
Os atos de mera administração dos bens públicos independem quer dizer que seja um uso sem disciplina e limites.
de autorização legislativa, já que envolvem apenas a sua guarda, Como expõe MARCELLO CAETANO, o uso comum pode
conservação e aprimoramento, implícitos na própria titularidade ser ordinário, quando de acordo quantitativa e qualitativamente
do bem. Em sentido amplo, a administração também envolve a com a destinação normal do bem (ex.: caminhar por uma calçada);
alienação de bens inúteis de irrisório valor e a aquisição de novos ou extraordinário, se implicar uso com intensidade ou quantidade
bens necessários ao serviço público. maior do que a ordinária típica do bem. Como exemplos de usos

Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
comuns extraordinários podemos citar: o uso da rua para mara- A utilização ordinária de bens de uso especial sempre deverá
tona; o trânsito de carreta de peso excepcional por estrada; o rio atender às condições de uso necessárias à prestação dos serviços
navegável que é usado para um campeonato de pescaria, impe- específicos a que se destina (ex.: o acesso a uma escola é restrito
dindo temporariamente a navegação; utilização de praça para um aos alunos ali matriculados, aos pais em determinadas circunstân-
comício. cias, aos servidores lá lotados; o acesso a um estádio de futebol
O uso comum extraordinário é condicionado a remuneração e/ está sujeito à existência de lugares e ao pagamento do ingresso
ou depende de ato de licença ou de autorização da Administração etc.).
Pública. O seu caráter extraordinário não se confunde, no entanto, Mas, excepcionalmente, poderá, por ato prévio da Adminis-
com o uso privativo. O uso continua sendo comum, mas o usuário tração Pública, ser admitido o uso comum extraordinário do bem
tem necessidades especiais em relação ao bem, o que, em uma de uso especial para finalidade que não constitua o seu escopo
ponderação dos interesses envolvidos, leva a uma atenuação tem- principal (ex.: escola usada nos fins de semana para lazer da co-
porária do uso ordinário do bem de uso comum. É diferente, por munidade) ou o seu uso extraordinário, mas também especial (ex.:
exemplo, da pessoa física que ocupa um pedaço da calçada com utilização de estádio de futebol para a realização de concurso pú-
exclusividade para implantar uma banca de jornal, esse sim, um blico).
uso privativo, ainda que acessório, de bem público de uso comum. Em alguns casos os particulares não se apresentam como
usuários anônimos de bens de uso comum ou como usuários de
Seguindo as lições de MARCELLO CAETANO, os bens pú-
serviços públicos, mas como indivíduos aos quais se atribui o uso
blicos de uso comum regem-se por determinados princípios: (a)
exclusivo da totalidade ou de parte de determinado bem público.
Generalidade: todos podem utilizar o bem, mas respeitando as pos-
O uso privativo pode incidir sobre bens públicos de uso comum do
síveis utilizações que o bem pode ter (ex.: uma ciclovia não pode
povo, de uso especial ou dominicais, desde que, no caso dos dois
ser utilizada por pedestres); (b) Igualdade: todos que cumprirem primeiros, não comprometa a sua destinação principal, salvo se,
as condições necessárias, se existentes, têm o mesmo direito à uti- naturalmente, o próprio bem como um todo for desafetado.
lização. Isso faz com que, havendo impossibilidade de utilização RENÉ CHAPUS enumera algumas modelagens de uso priva-
conjunta, prevaleça o administrado que primeiro ocupou o bem tivo de bens públicos por particulares: (a) com ou sem a realização
(ex.: o que primeiro sentou no banco da praça); (c) Liberdade: a de benfeitorias fixas; (b) usos conforme a destinação do bem (ex.:
utilização independe de prévia decisão da Administração Pública, boxes em mercados públicos) ou apenas não incompatíveis com a
mas as exigências concernentes aos usos comuns extraordinários destinação do bem (ex.: mesas de bares em calçadas; lanchonetes
constituem uma importante exceção a essa regra; e (d) Gratuidade: em escolas públicas); (c) usos em que se conciliam o interesse pú-
a utilização independe de remuneração. A regra comporta muitas blico e o interesse do particular (ex.: bancas de jornal nas calçadas;
exceções, principalmente quando a remuneração for necessária utilização empresarial por particular de bem dominial) e os em que
para ordenar a utilização por todos (ex.: o pagamento para atracar predomina o interesse público (ex.: área pública lindeira utilizada
em portos públicos, ou para o estacionamento de veículos). por empreiteiro para executar obra pública; banheiros e vestiários
Interessante questão diz respeito ao direito de reunião e mani- explorados por particulares em praias).
festação coletiva em ruas e praças públicas (comícios, passeatas). A utilização privativa de bens públicos deve, como exposto
Segundo LUCAS ROCHA FURTADO, “nos termos da Constitui- por MARCELLO CAETANO, atender aos seguintes princípios
ção Federal, todos têm direito de reunir-se pacificamente em lo- básicos:
cais abertos ao público, ‘independentemente de autorização, desde 1) Compatibilidade com o Interesse Público: O interesse pú-
que não frustrem outra reunião convocada para o mesmo local, blico pode predominar ou apenas ser compatível com o uso priva-
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente’ (CF, do. O que não é admissível é que o interesse privado na utilização
art. 5º, XVI). Com essa regra o texto constitucional retira do ad- privativa de bem público contrarie o interesse público a ele perti-
ministrador público a discricionariedade da decisão de consentir nente.
ou denegar o direito de reunião em locais públicos e transforma 2) Remuneração: Via de regra a utilização de bem público por
o direito de reunião em hipótese de uso ordinário dos bens de uso particular deve ser remunerada, sendo, todavia, permitida, de acor-
comum”. O único reparo que na nossa opinião deve ser feito à do com a legislação de cada ente, a utilização gratuita em alguns
casos, principalmente em favor de instituições sem fins lucrativos,
assertiva do autor é que o uso continua, pela sua própria natureza,
observada a Lei n. 8.666/93. A permanência de particulares em
sendo comum extraordinário, ao qual, no entanto, a Constituição
bens públicos com remuneração abaixo do valor de mercado ou
Federal expressa e excepcionalmente exclui a necessidade de um
em inadimplência constitui omissão administrativa violadora dos
consentimento prévio da Administração.
princípios da moralidade e da economicidade, podendo inclusive
Alguns autores situam esta utilização como uma espécie au- levar à responsabilização por improbidade administrativa.
tônoma, enquanto outros a colocam como uma espécie de uso co- 3) Consentimento da Administração: Ao contrário do uso
mum, sujeito, no entanto, a algumas peculiaridades, consistentes ordinário dos bens públicos, que se afina com a sua destinação
na existência de maiores requisitos para a utilização do bem, requi- normal e atende ao princípio da igualdade de todos perante a Ad-
sitos estes que, todavia, são abertos a todos do povo que atenderem ministração, o uso privativo de bem público deve ser precedido de
às mesmas condições de usuários daqueles serviços. ato administrativo ou contrato com a Administração Pública que o
Apesar de essa opinião ser bem razoável, preferimos o primei- consinta. O uso privativo de bem público sem a prévia habilitação
ro posicionamento em razão da especificidade dos mencionados administrativa constitui infração administrativa do particular ocu-
requisitos e a geralmente grande limitação do número de cidadãos pante e omissão do Estado no exercício da fiscalização da destina-
que podem ter acesso aos bens de uso especial. ção do bem público.

Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
4) Sujeição às regras da Administração Pública: Ao obter a Nada impede, contudo, que lei do ente federativo ou o próprio
utilização privativa do bem público, os particulares passam a estar título habilitante, desde que não contrarie a lei que o discipline,
sujeitos às normas legais e administrativas pertinentes, não pos- estabeleçam o direito de o particular ter a posse do bem até o final
suindo direito adquirido ao estatuto respectivo, sem embargo de a do prazo, vedada qualquer retomada do bem pelo Estado. Também
confiança legítima por eles depositada na Administração Pública é possível que o título dispusesse, desde a licitação, que, mesmo
dever, a depender do caso concreto, ser respeitada. que extinguível unilateralmente, o particular só pode ser obrigado
5) Precariedade ou Rescindibilidade (conforme a utilização a sair do bem após o Estado lhe pagar a indenização devida e de
privativa se dê respectivamente por meio de ato ou de contrato ad- preferência também de antemão já prefixada. O que não nos parece
ministrativo): Como a utilização privativa dos bens públicos tem possível é que a mera previsão de prazo impeça a revogação ou
de ser pelo menos compatível com o interesse público, a alteração rescisão do título habilitante, com todas as consequências inde-
deste, em princípio apenas por fatos supervenientes ou pelo princí- nizatórias delas resultantes. Do contrário, seria dar maior estabi-
pio do erro e tentativa (trial and error) das políticas públicas, leva lidade, por exemplo, a uma autorização de uso com determinado
à modificação ou extinção da outorga administrativa de consenti- prazo do que às concessões de serviço público, que, obviamente,
mento e, consequentemente, do respectivo uso privativo, sempre também possuem prazos determinados.
observado o devido processo legal. De toda sorte, após emitido o título habilitante, o particular
poderá impô-lo a terceiros e à própria Administração. Esta pode,
Deitemo-nos um pouco mais sobre este último princípio da
como visto, extinguir unilateralmente o título, mas, enquanto ele
utilização privativa de bens públicos, o da precariedade.
estiver vigente, ela própria deverá respeitá-lo. A intensidade da
Quando o uso privativo tiver prazo fixo, será, em princípio,
precariedade ou, no caso de contratos, da rescindibilidade depende
devida indenização ao particular pelos prejuízos que sofrer, mas,
da modalidade adotada, mas a Administração, para retomar o bem,
salvo as exceções que veremos adiante, será admissível a extin- tem que antes extinguir o ato que outorgou o uso.
ção unilateral. Deve também ser aferido em cada caso concreto
se o prazo está fixado como garantia ao particular ou como mera Aquisição e Alienação
limitação ao gozo de benefícios públicos, que não podem ser in- Os bens públicos podem ser adquiridos pelo Estado dos par-
determinados, hipótese em que sequer indenização será devida. O ticulares de várias formas: voluntariamente, inter vivos (ex.: com-
ideal, tanto para a Administração Pública como para o particular, é pra e venda, permuta, doação) ou causa mortis (por testamento ou
que todas as consequências de eventual extinção da utilização pri- pela herança jacente prevista nos arts. 1.593 e 1.594 do Código
vativa e as suas circunstâncias já estejam o mais objetiva e exaus- Civil, caso em que serão arrecadados em favor dos Municípios);
tivamente enumeradas no instrumento habilitante do uso privativo involuntariamente (ex.: usucapião em favor do Estado); ou com-
do bem público e, sobretudo, na licitação que o tiver antecedido. pulsoriamente (ex.: aquisição pelo Município das áreas que nos
Porém o que, independentemente disso, não é admissível é a loteamentos destinar-se-ão ao uso comum – Lei n. 6.766/79 –, de-
instabilização da relação jurídica apenas em razão da mera mudan- sapropriação, perda de bens produtos de crime – art. 91, II, Código
ça de opinião do administrador público sobre qual seria o retórico Penal). Há também os bens de propriedade de entes da Federação
“interesse público” em relação ao bem. por decisão direta do Poder Constituinte (ex.: art. 20, CF).
A revogação de ato administrativo de consentimento da utili- Nos casos em que a aquisição se dê mediante contrato, deve-
zação privativa de bem público é, como qualquer ato do Estado, rá ser precedida de licitação, salvo se se enquadrar em algumas
condicionado pelo ordenamento jurídico. Veja-se o seguinte acór- das hipóteses de dispensa ou inexigibilidade previstas na Lei n.
dão do STJ: “ADMINISTRATIVO – AUTORIZAÇÃO – BANCA 8.666/93, arts. 17, 24 e 25. Note-se que, no caso da União, a Lei
DE JORNAIS – REVOGAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE MOTIVO n. 11.906/2009, que instituiu o Instituto Brasileiro de Museus –
– IMPOSSIBILIDADE – ANULAÇÃO. A autorização conferida IBRAM, autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura,
para exploração de banca de jornais e revistas só pode ser cancela- previu como sua competência o exercício, em nome da União, do
da se houver motivo superveniente que justifique tal ato. Existindo direito de preferência na aquisição de bens culturais móveis tom-
mais de uma banca no mesmo local, a revogação operada a apenas bados, respeitada a precedência pelo órgão federal de preservação
uma fere o princípio da igualdade. Tratando-se de ato arbitrário, do patrimônio histórico e artístico (art. 4º, XVII).
Ademais, o Decreto n. 7.746/2012, o qual regulamentou a al-
é cabível sua anulação pelo Poder Judiciário. Recurso provido”.
teração no art. 3°, caput, da Lei n. 8.666/1993, a qual incluiu o
Devemos lembrar, inclusive, que são muito comuns títulos ha-
desenvolvimento nacional sustentável entre os objetivos das licita-
bilitantes que admitem a utilização privativa do bem público pelo
ções, bem como a Instrução Normativa n. 10/2010 do Ministério de
particular com a obrigação de este construir certas benfeitorias,
Planejamento, Orçamento e Gestão, dispõem sobre critérios de sus-
que, ao final do prazo previsto, retornarão ao Estado, com o bem, tentabilidade ambiental na aquisição de bens pela Administração.
sem qualquer indenização. Nesse sentido, foram editados atos normativos estaduais, den-
Porém até nos contratos de concessão de serviços públicos, tre os quais se destaca o Decreto Estadual n. 46.105/2012 de Minas
em que, via de regra, há elevadíssimos investimentos, o Estado Gerais, o qual estabelece diretrizes para a promoção do desenvolvi-
pode retomar o serviço e os bens da concessionária a ele afetados mento sustentável nas contratações realizadas pela Administração.
a qualquer tempo, desde que atenda a determinados requisitos for- Já a alienação de bens públicos pode se dar pelos diversos
mais e pague ampla indenização, inclusive lucros cessantes, nos meios admitidos pelo Direito para essa finalidade (ex.: venda do
termos da Lei n. 8.987/95. Uma coisa é a impossibilidade de ex- bem público), e também mediante alguns meios específicos de di-
tinção unilateral, outra é a sua possibilidade, mas desde que acom- reito público. Um deles é a investidura, cujo conceito clássico cons-
panhada da devida indenização, que é o que geralmente ocorre. ta do inciso I do § 3º do art. 17 da Lei n. 8.666/93.

Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Outro instituto dentro dessa perspectiva é a concessão de do- As terras indígenas são bens federais (art. 20, XI, CF), defi-
mínio, que tem a sua origem nas concessões de sesmarias e, atual- nidos e regulamentados pelos arts. 231 e 232 da Constituição, e,
mente, só é utilizada como concessões de terras devolutas (art. 188, infraconstitucionalmente, pelo Decreto n. 1.775/96. São indispo-
§ 1º, Constituição Federal). Na verdade, é uma venda ou doação níveis e só podem ser destinadas às comunidades indígenas que
de terras públicas. Se a concessão de domínio for para outra entida- as ocupem tradicionalmente, ressalvada a exploração mineral nos
de estatal, consuma-se pela lei, independentemente de registro. Se termos do art. 231, § 3º, CF.
para particulares, demanda escritura e inscrição no Registro Geral As águas públicas são os mares, rios, lagos e lagoas que per-
de Imóveis – RGI. tençam ao Poder Público nos termos dos arts. 1º e seguintes do
Ao contrário das concessões de uso, pessoal ou real, de bem pú- Código de Águas, podendo constituir bens de uso comum do povo
blico, a concessão de domínio implica a transferência da proprieda- ou dominicais. A Constituição partilha as águas públicas entre a
de, da mesma forma que, para alguns autores, a concessão de uso es- União e os Estados (arts. 20, III, e 26, I, CF), não fazendo referência
pecial para fins de moradia prevista no art. 22-A da Lei n. 9.636/98. a águas municipais, razão pela qual há autores que entendem que o
Além desses exemplos de modalidades específicas de direito art. 29 do Código de Águas, que atribuía águas públicas aos Muni-
público de perda da propriedade pelo Estado, podemos ainda aludir cípios em seu inciso III, não teria sido recebido pela Constituição
à perda da propriedade de bens desapropriados mediante a retroces- de 1988.
são, prevista no art. 1.150 do CC, e à incorporação de bens públi- As jazidas minerais, aí incluídas as de petróleo e gás, são bens
cos ao patrimônio de entidades da Administração Indireta, inclusive públicos da União, distintas da propriedade do solo onde se en-
para a integralização de capital. contram, que pode ser privado. Veja-se que, enquanto não há a la-
Os principais preceitos legislativos sobre a alienação de bens vra da jazida, o minério lá contido é parte indissociável da jazida.
públicos constam da Lei n. 8.666/93, especialmente do seu art. 17. Ocorre que a exploração econômica das jazidas permite a extração
A alienação de bens imóveis depende de autorização legislativa, do minério e derivados, sendo que, a partir de então, esses frutos
prévia avaliação e licitação na modalidade concorrência, dispensada (petróleo) se destacam do bem (reservatório ou jazida), podendo ser
esta nos casos enumerados no inciso I do art. 17 da Lei n. 8.666/93. individualmente considerados e quantificados. Eles deixam, assim,
No âmbito da União a alienação de imóvel dependerá de auto- de integrar o bem público (a jazida), e passam a fazer parte do pa-
rização do Presidente da República e, no caso de venda, de licitação trimônio de quem realizar a lavra da jazida.
por concorrência ou leilão (arts. 23 e 24, Lei n. 9.636/98). Discute-se As florestas públicas também são inalienáveis como as jazidas
se esses requisitos seriam cumulativos com o da autorização legisla- (art. 225, § 5º, CF). Ocorre que, em decorrência do título que per-
tiva prevista na Lei n. 8.666/93, ou se a Lei n. 9.636/98, por ser pos- mite a exploração da floresta (a concessão florestal, regida pela Lei
terior, específica e da mesma hierarquia, teria derrogado a exigência
n. 11.284/2006), o seu concessionário pode extrair madeira caída,
de autorização legislativa para a alienação de imóveis federais.
colher castanha ou látex, por exemplo, e estes produtos serão por
Para a alienação de móveis são exigidas apenas a prévia ava-
ele apropriados como parte da exploração da floresta concedida.
liação e licitação na modalidade que for cabível conforme o valor,
Não há de se falar em alienação da floresta, uma vez que esta con-
admitido o leilão nos casos previstos nos arts. 17, § 6º, e 22, § 5º. A
tinua sendo bem público, mas sim do direito à apropriação, pelo
alienação de móveis prescindirá de licitação nas hipóteses elencadas
concessionário, dos frutos resultantes da exploração econômica
no inciso II do art. 17 da Lei n. 8.666/93.
O Supremo Tribunal Federal – STF – suspendeu a eficácia do desse bem público.
§ 1º do art. 17 da Lei n. 8.666/93 e de parte do seu inciso I, b e c e Os terrenos reservados surgiram com a Lei nº 1.507, de 26-
a do inciso II para Estados, Distrito Federal e Municípios, por não 9-1867, cujo artigo 39 estabelece: “fica reservada para a servidão
considerá-los normas gerais de contratos administrativos, mas sim pública nas margens dos rios navegáveis e de que se fazem os na-
normas específicas, válidas, portanto, somente na esfera da União. vegáveis, fora do alcance das marés, salvas as concessões legítimas
Há alguns bens públicos que, em razão da sua importância, feitas até a data da publicação da presente lei, a zona de sete braças
transcendência ou especificidades, possuem um estatuto jurídico contadas do ponto médio das enchentes ordinárias para o interior e
próprio. o Governo autorizado para concedê-la em lotes razoáveis na forma
É o caso, exemplificativamente, das terras devolutas, que, não das disposições sobre os terrenos da marinha”.
possuindo proprietário privado, após o devido processo discrimina- Ficaram com essa denominação porque foram reservados para
tório regido pela Lei n. 6.383/76, são declarativamente oficializadas servidão pública de trânsito, conforme se constata pela redação do
como do Estado. Ex vi dos arts. 20, II, e 26, IV, da CF, as terras dispositivo.
devolutas pertencem aos Estados, tendo sido atribuídas à União A Faixa de Fronteira é designada como faixa de fronteira a
apenas as que atendam aos objetivos consignados no art. 20, II. área de 150 km de largura, paralela à linha divisória terrestre do
Os terrenos de marinha e seus acrescidos, pertencentes à União território nacional, considerada indispensável à segurança nacional.
(art. 20, VII, CF), são definidos pelos arts. 2º e 3º do Decreto-Lei n. A faixa de fronteira é prevista desde a Lei nº 601, de 1850, cujo
9.760/46, e são transpassáveis aos particulares mediante aforamen- art. 1º fixava uma largura de dez léguas. Essa faixa foi fixada depois
to/enfiteuse (art. 49, § 3º, ADCT). em 100 km (Decreto nº 24. 643, de 10-7-34, art. 29, 1, e); depois
Os terrenos marginais, ou seja, aqueles que margeiam os rios passou a ser de 150 km (Decreto-lei nº 852, de 11-11-38, art. 2º, V);
e lagos, tais como definidos no art. 4º do Decreto-Lei n. 9.760/46 atualmente, é mantida essa largura pela Lei nº 6.634, de 2-5-79, e
– 15 metros a partir da linha média das enchentes –, pertencem pelo art. 20, §2º, da Constituição Federal.
ao ente ao qual pertencer o respectivo rio ou lago (art. 20, III, da Desde a Constituição de 1891 foi definida como pertencente à
CF). Como são de propriedade pública, não são indenizáveis em União a porção do território indispensável à defesa das fronteiras.
caso de desapropriação pelo mesmo ente das áreas a ele contíguas Pela Constituição atual, são bens da União as terras devolutas indis-
(Súmula n.479, STF). pensáveis à defesa das fronteiras (art. 20, II).

Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
De acordo com o artigo 20, IV, da Constituição, alterado pela Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
Emenda Constitucional nº 46/05, são bens da União as ilhas flu- todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re-
viais e lacustres situadas nas zonas limítrofes com outros países, muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
bem como as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afeta- emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
das ao serviço público e a unidade ambiental e as referidas no art.
26, II. Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber,
Pertencem aos Estados as áreas, nas ilhas oceânicas e costei- àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
ras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qual-
da União, Municípios ou terceiros Além disso, pertencem também quer forma direta ou indireta.
aos Estados “as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União”
(art. 26, III) ; ou seja, ficam excluídas do domínio dos Estados as Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia
ilhas situadas nas zonas limítrofes com outros países. são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de
Ao falar em ilhas fluviais e lacustres, quer-nos parecer que a legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos
Constituição somente se refere àquelas que se formam nas águas assuntos que lhe são afetos.
públicas; as situadas em águas particulares a estes pertencem,
conforme artigo 23 do Código de Águas. As ilhas públicas podem Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
constituir bens dominicais ou de uso comum do povo, conforme omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o
estabelece o artigo 25 do Código de Águas. integral ressarcimento do dano.

Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente


público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA seu patrimônio.
NA LEI Nº 8.429/92.
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimô-
nio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade
administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministé-
rio Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992.
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressar-
cimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos
enriquecimento ilícito.
casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,
emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
fundacional e dá outras providências.
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
desta lei até o limite do valor da herança.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: CAPÍTULO II
Dos Atos de Improbidade Administrativa
CAPÍTULO I Seção I
Das Disposições Gerais Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enri-
quecimento Ilícito
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importan-
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do do enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patri-
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incor- monial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função,
porada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta
custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquen- lei, e notadamente:
ta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
forma desta lei. imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire-
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades des- ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
ta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido
entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação agente público;
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cin- II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa-
quenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel,
nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
contribuição dos cofres públicos. preço superior ao valor de mercado;

Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des-
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o for- personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens,
necimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
de mercado; mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui- legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
nas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprieda- IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
de ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas
1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empre- no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas,
gados ou terceiros contratados por essas entidades; por preço inferior ao de mercado;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual- VI - realizar operação financeira sem observância das normas
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô-
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta nea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob-
ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação
servância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade,
espécie;
peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo
fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
indevidamente; (Vide Lei nº 13.019, de 2014)  (Vigência)
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autori-
cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo zadas em lei ou regulamento;
valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda,
agente público; bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio pú-
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con- blico;
sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha XI - liberar verba pública sem a estrita observância das nor-
interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omis- mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
são decorrente das atribuições do agente público, durante a ativida- irregular;
de; XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação queça ilicitamente;
ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natu-
ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara- reza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
ção a que esteja obrigado; mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en- XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
tidades mencionadas no art. 1° desta lei; objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão asso-
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores ciada sem observar as formalidades previstas na lei;(Incluído pela
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. Lei nº 11.107, de 2005)
1° desta lei. XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as for-
Seção II malidades previstas na lei.(Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo XVI a XXI - (Vide Lei nº 13.019, de 2014)  (Vigência)
ao Erário
Seção III
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
os Princípios da Administração Pública
lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que aten-
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º ta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
desta lei, e notadamente: omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, le-
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpora- galidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
ção ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das diverso daquele previsto, na regra de competência;
entidades mencionadas no art. 1º desta lei; II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofí-
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica cio;
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acer- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
vo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem das atribuições e que deva permanecer em segredo;
a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicá- IV - negar publicidade aos atos oficiais;
veis à espécie; V - frustrar a licitude de concurso público;

Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de ter- em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo,
ceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida polí- emprego ou função.
tica ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
serviço. público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público
VIII - XVI a XXI - (Vide Lei nº 13.019, de 2014)  (Vigência) que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo
IX - (Vide Lei nº 13.146, de 2015)  (Vigência) determinado, ou que a prestar falsa.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da
CAPÍTULO III declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
Das Penas Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda
e proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações,
Art. 12.  Independentemente das sanções penais, civis e ad- para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo .
ministrativas previstas na legislação específica, está o responsá-
vel pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que CAPÍTULO V
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial
a gravidade do fato:(Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad-
ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quan- ministrativa competente para que seja instaurada investigação des-
do houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políti- tinada a apurar a prática de ato de improbidade.
cos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e
o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o assinada, conterá a qualificação do representante, as informações
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credi- sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha
tícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa conhecimento.
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação,
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, per-
em despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades
da dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a
concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão
representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta
dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa
lei.
civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando
cinco anos;
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos
houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos disciplinares.
de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o
valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contra- Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis-
tar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im-
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de probidade.
três anos. Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conse-
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o lho de Contas poderá, a requerimento, designar representante para
juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o acompanhar o procedimento administrativo.
proveito patrimonial obtido pelo agente.
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a
CAPÍTULO IV comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria
Da Declaração de Bens do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do
seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam con- ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
dicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que § 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o
compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no ser- disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
viço de pessoal competente. (Regulamento)    (Regulamento) § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação,
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e
bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, dos tratados internacionais.
quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do
cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será pro-
sob a dependência econômica do declarante, excluídos apenas os posta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada,
objetos e utensílios de uso doméstico. dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.

Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos
que trata o caput. políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações condenatória.
necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa com-
público. petente poderá determinar o afastamento do agente público do
§  3o   No caso de a ação principal ter sido proposta pelo exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remune-
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do ração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965
. (Redação dada pela Lei nº 9.366, de
1996) Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nu- quanto à pena de ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº 12.120,
lidade. de 2009).
§ 5o  A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
causa de pedir ou o mesmo objeto.       (Incluído pela Medida
provisória nº 2.180-35, de 2001)
§  6o  A ação será instruída com documentos ou justificação Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Mi-
que contenham indícios suficientes da existência do ato de nistério Público, de ofício, a requerimento de autoridade admi-
improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de nistrativa ou mediante representação formulada de acordo com o
apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração de inquérito
vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Có- policial ou procedimento administrativo.
digo de Processo Civil.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
45, de 2001) CAPÍTULO VII
§  7o   Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará Da Prescrição
autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer
manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções pre-
e justificações, dentro do prazo de quinze dias.(Incluído pela Me- vistas nesta lei podem ser propostas:
dida Provisória nº 2.225-45, de 2001) I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de
§ 8o  Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, cargo em comissão ou de função de confiança;
em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da ine- II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
xistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço
inadequação da via eleita. (Incluído pela Medida Provisória nº público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
2.225-45, de 2001)
§ 9o  Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresen- CAPÍTULO VIII
tar contestação.       (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, Das Disposições Finais
de 2001)
§ 10.  Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
de instrumento.       (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45,
de 2001) Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de
§  11.   Em qualquer fase do processo, reconhecida a
1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições
inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo
em contrário.
sem julgamento do mérito.       (Incluído pela Medida Provisória
nº 2.225-45, de 2001)
§ 12.  Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e
processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, 104° da República.
do Código de Processo Penal.       (Incluído pela Medida Provisória
nº 2.225-45, de 2001)

Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de repa- SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR
ração de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente PÚBLICO. REGIME JURÍDICO ÚNICO
determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, (LEI Nº 8.112/90).
em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.

CAPÍTULO VI
Das Disposições Penais
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida-
de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis
da denúncia o sabe inocente. da União, das autarquias e das fundações públicas federais.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº   8.112, DE
sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou 11 DE DEZEMBRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART. 
à imagem que houver provocado. 13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997.

Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - readaptação;
Título I VI - reversão;
Capítulo Único VII - aproveitamento;
Das Disposições Preliminares VIII - reintegração;
IX - recondução.
Art.  1o   Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime Seção II
especial, e das fundações públicas federais. Da Nomeação

Art. 2o  Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente Art. 9o  A nomeação far-se-á:
investida em cargo público. I  -  em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de
provimento efetivo ou de carreira;
Art.  3o  Cargo público é o conjunto de atribuições e II  -  em comissão, inclusive na condição de interino, para
responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem cargos de confiança vagos.  (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
ser cometidas a um servidor. 10.12.97)
Parágrafo  único.   Os cargos públicos, acessíveis a todos os Parágrafo único.  O servidor ocupante de cargo em comissão
brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e ven- ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, in-
cimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter terinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atri-
efetivo ou em comissão. buições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar
pela remuneração de um deles durante o período da interinida-
Art. 4o  É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os de. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
casos previstos em lei.
Art. 10.  A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado
Título II de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
Substituição classificação e o prazo de sua validade.
Capítulo I Parágrafo único.  Os demais requisitos para o ingresso e o de-
Do Provimento senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão
Seção I estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira
Disposições Gerais na Administração Pública Federal e seus regulamentos. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art.  5o   São requisitos básicos para investidura em cargo
Seção III
público:
Do Concurso Público
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos;
Art.  11.   O concurso será de provas ou de provas e títulos,
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a
V - a idade mínima de dezoito anos; inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital,
VI - aptidão física e mental. quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de
§ 1o  As atribuições do cargo podem justificar a exigência de isenção nele expressamente previstas.(Redação dada pela Lei nº
outros requisitos estabelecidos em lei. 9.527, de 10.12.97)   (Regulamento)
§  2o   Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o
direito de se inscrever em concurso público para provimento de Art.  12.   O concurso público terá validade de até 2 (dois )
cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.
que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% § 1o  O prazo de validade do concurso e as condições de sua
(vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
§ 3o  As universidades e instituições de pesquisa científica e Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, § 2o  Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os aprovado em concurso anterior com prazo de validade não
procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97) expirado.
Art. 6o  O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante Seção IV
ato da autoridade competente de cada Poder. Da Posse e do Exercício

Art. 7o  A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. Art. 13.  A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo,
no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi-
Art. 8o  São formas de provimento de cargo público: lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão
I - nomeação; ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados
II - promoção; os atos de ofício previstos em lei.

Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§  1o  A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da tomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído
publicação do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova
de 10.12.97) sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§  2o  Em se tratando de servidor, que esteja na data de §  1o   Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença
publicação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será
I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, contado a partir do término do impedimento. (Parágrafo renume-
VIII, alíneas «a», «b», «d», «e» e «f», IX e X do art. 102, o prazo rado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
será contado do término do impedimento. (Redação dada pela Lei § 2o  É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos
nº 9.527, de 10.12.97) no caput.  (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o  A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
§ 4o  Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por Art. 19.  Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada
nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, res-
§  5o   No ato da posse, o servidor apresentará declaração de peitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas
bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito ho-
ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública. ras diárias, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de
§ 6o  Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse 17.12.91)
não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo. § 1o  O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança
submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado
Art. 14.  A posse em cargo público dependerá de prévia inspe- o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver
ção médica oficial. interesse da Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Parágrafo único.  Só poderá ser empossado aquele que for jul- 10.12.97)
gado apto física e mentalmente para o exercício do cargo. §  2o  O disposto neste artigo não se aplica a duração de
trabalho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270,
Art. 15.  Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do de 17.12.91)
cargo público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97) Art. 20.  Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para car-
§ 1o  É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em
go de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por
cargo público entrar em exercício, contados da data da posse.(Re-
período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
§ 2o  O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem
observados os seguinte fatores: (vide EMC nº 19)
efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não
I - assiduidade;
entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o
II - disciplina;
disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - capacidade de iniciativa;
§ 3o  À autoridade competente do órgão ou entidade para onde
IV - produtividade;
for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) V- responsabilidade.
§ 4o  O início do exercício de função de confiança coincidirá § 1o  4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro-
com a data de publicação do ato de designação, salvo quando batório, será submetida à homologação da autoridade competente
o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão
motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
término do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da
publicação. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a
V do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 16.  O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do §  2o   O servidor não aprovado no estágio probatório será
exercício serão registrados no assentamento individual do servi- exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente
dor. ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.
Parágrafo único.  Ao entrar em exercício, o servidor apresen- § 3o  O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer
tará ao órgão competente os elementos necessários ao seu assen- cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia
tamento individual. ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente
poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de
Art. 17.  A promoção não interrompe o tempo de exercício, Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-
que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
de publicação do ato que promover o servidor. (Redação dada pela equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 4o  Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81,
Art. 18.  O servidor que deva ter exercício em outro município incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar
em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para
ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máxi- outro cargo na Administração Pública Federal. (Incluído pela Lei
mo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a re- nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 5o  O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim 45, de 4.9.2001)
na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado § 1o  A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante
a partir do término do impedimento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de sua transformação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
de 10.12.97) 45, de 4.9.2001)
§  2o   O tempo em que o servidor estiver em exercício será
Seção V considerado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela Me-
Da Estabilidade dida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§  3o   No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo,
Art. 21.  O servidor habilitado em concurso público e empos- o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
sado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no ser- ocorrência de vaga. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45,
viço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (pra- de 4.9.2001)
zo 3 anos - vide EMC nº 19) §  4o   O servidor que retornar à atividade por interesse da
administração perceberá, em substituição aos proventos da
Art. 22.  O servidor estável só perderá o cargo em virtude de aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer,
sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra- inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia
tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. anteriormente à aposentadoria.  (Incluído pela Medida Provisória
nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Seção VI §  5o   O servidor de que trata o inciso II somente terá os
Da Transferência proventos calculados com base nas regras atuais se permanecer
pelo menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória
Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§  6o   O Poder Executivo regulamentará o disposto neste
Seção VII artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Da Readaptação
Art. 26.  (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
Art. 24.  Readaptação é a investidura do servidor em cargo de 4.9.2001)
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
Art. 27.  Não poderá reverter o aposentado que já tiver com-
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em
pletado 70 (setenta) anos de idade.
inspeção médica.
§ 1o  Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
Seção IX
será aposentado.
Da Reintegração
§  2o  A readaptação será efetivada em cargo de atribuições
afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e Art.  28.  A reintegração é a reinvestidura do servidor está-
equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de vel no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua
cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão ad-
até a ocorrência de vaga.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de ministrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
10.12.97) § 1o  Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará
em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.
Seção VIII § 2o  Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
Da Reversão será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou
(Regulamento Dec. nº 3.644, de 30.11.2000) aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.
Art.  25.   Reversão é o retorno à atividade de servidor apo- Seção X
sentado:  (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de Da Recondução
4.9.2001)
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insub- Art. 29.  Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
sistentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela Medida anteriormente ocupado e decorrerá de:
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela II - reintegração do anterior ocupante.
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Parágrafo único.  Encontrando-se provido o cargo de origem,
a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida Provisó- o servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art.
ria nº 2.225-45, de 4.9.2001) 30.
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela Medi-
da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Seção XI
c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida Provi- Da Disponibilidade e do Aproveitamento
sória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores Art. 30.  O retorno à atividade de servidor em disponibilidade
à solicitação;  (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui-
4.9.2001) ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.

Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 31.  O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determi- III -  a pedido, para outra localidade, independentemente do in-
nará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em teresse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi-
Pública Federal. dor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União,
Parágrafo  único.   Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslo-
servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob respon- cado no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527,
sabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Admi- de 10.12.97)
nistração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em b)  por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro
outro órgão ou entidade. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu
10.12.97) assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta
médica oficial; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 32.  Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em
a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo que o número de interessados for superior ao número de vagas,
legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial. de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
em que aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
Capítulo II 10.12.97)
Da Vacância
Seção II
Art. 33.  A vacância do cargo público decorrerá de: Da Redistribuição
I - exoneração;
II - demissão; Art.  37.   Redistribuição é o deslocamento de cargo de pro-
III - promoção; vimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de
IV -  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia
V -  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) apreciação do órgão central do SIPEC,     observados os seguintes
VI - readaptação; preceitos: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VII - aposentadoria; I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
VIII - posse em outro cargo inacumulável; 10.12.97)
IX - falecimento. II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)
Art. 34.  A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do III - manutenção da essência das atribuições do cargo; (Incluí-
servidor, ou de ofício.
do pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único.  A exoneração de ofício dar-se-á:
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e comple-
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
xidade das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II  -  quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação
exercício no prazo estabelecido.
profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as fina-
Art. 35.  A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de
lidades institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº
função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
9.527, de 10.12.97)
10.12.97)
§  1o   A redistribuição ocorrerá  ex officio para ajustamento
I - a juízo da autoridade competente;
II - a pedido do próprio servidor. de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços,
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão
ou entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Capítulo III §  2o   A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
Da Remoção e da Redistribuição mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos
Seção I e entidades da Administração Pública Federal envolvidos. (Incluí-
Da Remoção do pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§  3o   Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou
Art. 36.  Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no
de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será
sede. colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527,
por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de de 10.12.97)
10.12.97) §  4o  O servidor que não for redistribuído ou colocado em
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão
nº 9.527, de 10.12.97) central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei entidade, até seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
nº 9.527, de 10.12.97) 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Capítulo IV Art. 43.  (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98)   (Vide Lei
Da Substituição nº 9.624, de 2.4.98)

Art. 38.  Os servidores investidos em cargo ou função de dire- Art. 44.  O servidor perderá:


ção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, justificado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou enti- II  -  a parcela de remuneração diária, proporcional aos atra-
dade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) sos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata
§  1o   O substituto assumirá automática e cumulativamente, o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função de horário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabe-
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, lecida pela chefia imediata. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do 10.12.97)
cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um de- Parágrafo  único.  As faltas justificadas decorrentes de caso
les durante o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da
de 10.12.97) chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercí-
§ 2o  O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo cio. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial,
nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, Art.  45.   Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
superiores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou proven-
de efetiva substituição, que excederem o referido período. (Reda- to.  (Vide Decreto nº 1.502, de 1995)    (Vide Decreto nº 1.903,
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de 1996)       (Vide Decreto nº 2.065, de 1996)     (Regulamen-
to)   (Regulamento)
Art. 39.  O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares § 1o  Mediante autorização do servidor, poderá haver
de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, a
critério da administração e com reposição de custos, na forma
Título III definida em regulamento.   (Redação dada pela Lei nº 13.172, de
2015)
Dos Direitos e Vantagens
§ 2o  O total de consignações facultativas de que trata o §
Capítulo I
1  não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração
o
Do Vencimento e da Remuneração
mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente
para:  (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
Art. 40.  Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício
I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de
de cargo público, com valor fixado em lei.
crédito; ou   (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
Parágrafo  único.  (Revogado pela Medida Provisória nº 431,
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão
de 2008).  (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008) de crédito.  (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
Art. 41.  Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres- Art. 46.  As reposições e indenizações ao erário, atualizadas
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servi-
§ 1o  A remuneração do servidor investido em função ou cargo dor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo
em comissão será paga na forma prevista no art. 62. máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do inte-
§ 2o  O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou ressado.  (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
entidade diversa da de sua lotação receberá a     remuneração de 4.9.2001)
acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93. §  1o   O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao
§ 3o  O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou
de caráter permanente, é irredutível. pensão.(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
§  4o  É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos 4.9.2001)
de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre § 2o  Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês
servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita
individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. imediatamente, em uma única parcela. (Redação dada pela Medida
§ 5o  Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
salário mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 §  3o   Na hipótese de valores recebidos em decorrência de
cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença
Art. 42.  Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados
título de remuneração, importância superior à soma dos valores até a data da reposição. (Redação dada pela Medida Provisória nº
percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no 2.225-45, de 4.9.2001)
âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por
membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribu- Art. 47.  O servidor em débito com o erário, que for demitido,
nal Federal. exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cas-
Parágrafo único.  Excluem-se do teto de remuneração as van- sada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação
tagens previstas nos incisos II a VII do art. 61. dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)

Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único.  A não quitação do débito no prazo previsto Art.  54.  A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela Medi- do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo
da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) exceder a importância correspondente a 3 (três) meses.

Art. 48.  O vencimento, a remuneração e o provento não serão Art. 55.  Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se
objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de pres- afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo.
tação de alimentos resultante de decisão judicial.
Art. 56.  Será concedida ajuda de custo àquele que, não sen-
Capítulo II do servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com
Das Vantagens mudança de domicílio.
Parágrafo único.  No afastamento previsto no inciso I do art.
Art. 49.  Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando ca-
as seguintes vantagens: bível.
I - indenizações;
II - gratificações; Art. 57.  O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de cus-
III - adicionais. to quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no
§  1o  As indenizações não se incorporam ao vencimento ou prazo de 30 (trinta) dias.
provento para qualquer efeito.
§  2o   As gratificações e os adicionais incorporam-se ao Subseção II
vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em lei. Das Diárias
Art. 50.  As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem Art. 58.  O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em ca-
acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acrésci- ráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacio-
mos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico funda- nal ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas
mento. a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada,
alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regula-
Seção I
mento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Das Indenizações
§  1o  A diária será concedida por dia de afastamento, sendo
devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite
Art. 51.  Constituem indenizações ao servidor:
fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as
I - ajuda de custo;
despesas extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela
II - diárias;
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - transporte.
§  2o   Nos casos em que o deslocamento da sede constituir
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
Art. 52.  Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos § 3o  Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar
I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou
serão estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente
11.355, de 2006) instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países
limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e
Subseção I servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver per-
Da Ajuda de Custo noite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre
as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional. (In-
Art. 53.  A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a
ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em ca- Art.  59.   O servidor que receber diárias e não se afastar da
ráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmen-
qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete- te, no prazo de 5 (cinco) dias.
nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma Parágrafo único.  Na hipótese de o servidor retornar à sede em
sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as
§  1o  Correm por conta da administração as despesas de diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.
transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem,
bagagem e bens pessoais. Subseção III
§ 2o  À família do servidor que falecer na nova sede são asse- Da Indenização de Transporte
gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem,
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. Art. 60.  Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor
§ 3o  Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo-
remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições
36.(Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Subseção IV Art. 60-E.  No caso de falecimento, exoneração, colocação de
Do Auxílio-Moradia imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel,
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.  (Incluído
pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 60-A.  O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das
despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel Seção II
de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empre- Das Gratificações e Adicionais
sa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa
pelo servidor. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) Art. 61.  Além do vencimento e das vantagens previstas nes-
ta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições,
Art.  60-B.   Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se gratificações e adicionais:  (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 10.12.97)
2006) I  -  retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servi-
assessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
II - gratificação natalina;
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) III  -  (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou 4.9.2001)
tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigo-
promitente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer sas ou penosas;
o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (In- VI - adicional noturno;
cluído pela Lei nº 11.355, de 2006) VII - adicional de férias;
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. (Incluído
V  -  o servidor tenha se mudado do local de residência para pela Lei nº 11.314 de 2006)
ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-
-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Subseção I
Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluí- Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Che-
do pela Lei nº 11.355, de 2006) fia e Assessoramento
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou fun- (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ção de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em
relação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído Art. 62.  Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
pela Lei nº 11.355, de 2006) função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo exercício.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração
inferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.(Redação
nº 11.355, de 2006) dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº
Art.  62-A.  Fica transformada em Vantagem Pessoal Nomi-
11.355, de 2006)
nalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de
exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de
2006. (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007)
Parágrafo único.  Para fins do inciso VII, não será considerado provimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem
o prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comis- os arts. 3o e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da
são relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela Medida Provisó-
ria nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 60-C.  (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014) Parágrafo único.  A VPNI de que trata o  caput deste artigo
somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos
Art. 60-D.   O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a servidores públicos federais. (Incluído pela Medida Provisória nº
25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, fun- 2.225-45, de 4.9.2001)
ção comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado.  (In-
cluído pela Lei nº 11.784, de 2008 Subseção II
§ 1o  O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte Da Gratificação Natalina
e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (Incluí-
do pela Lei nº 11.784, de 2008 Art. 63.  A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze
§ 2o  Independentemente do valor do cargo em comissão ou avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezem-
função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem bro, por mês de exercício no respectivo ano.
os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
oitocentos reais). (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 será considerada como mês integral.

Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 64.  A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês Art. 74.  Somente será permitido serviço extraordinário para
de dezembro de cada ano. atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite
Parágrafo único. (VETADO). máximo de 2 (duas) horas por jornada.

Art. 65.  O servidor exonerado perceberá sua gratificação na- Subseção VI


talina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre Do Adicional Noturno
a remuneração do mês da exoneração.
Art. 75.  O serviço noturno, prestado em horário compreen-
Art. 66.  A gratificação natalina não será considerada para cál- dido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do
culo de qualquer vantagem pecuniária. dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por
cento), computando-se cada hora como cinquenta e dois minutos
Subseção III e trinta segundos.
Do Adicional por Tempo de Serviço Parágrafo  único.   Em se tratando de serviço extraordinário,
o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração
Art. 67.  (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de prevista no art. 73.
2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999)
Subseção VII
Subseção IV Do Adicional de Férias
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Ativi-
dades Penosas Art. 76.  Independentemente de solicitação, será pago ao ser-
vidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3
Art. 68.  Os servidores que trabalhem com habitualidade em (um terço) da remuneração do período das férias.
locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tó- Parágrafo  único.   No caso de o servidor exercer função de
xicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão,
sobre o vencimento do cargo efetivo.
a respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de
§ 1o  O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e
que trata este artigo.
de periculosidade deverá optar por um deles.
§ 2o  O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
Subseção VIII
cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
causa a sua concessão.
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 69.  Haverá permanente controle da atividade de servi-
dores em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou
perigosos. Art. 76-A.  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Parágrafo único.  A servidora gestante ou lactante será afasta- é devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº
da, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais 11.314 de 2006)  (Regulamento)
previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvi-
e em serviço não penoso e não perigoso. mento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da ad-
ministração pública federal; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 70.  Na concessão dos adicionais de atividades penosas, II - participar de banca examinadora ou de comissão para exa-
de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situa- mes orais, para análise curricular, para correção de provas discur-
ções estabelecidas em legislação específica. sivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento
de recursos intentados por candidatos; (Incluído pela Lei nº 11.314
Art.  71.   O adicional de atividade penosa será devido aos de 2006)
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades III - participar da logística de preparação e de realização de
cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e li- concurso público envolvendo atividades de planejamento, coor-
mites fixados em regulamento. denação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando
tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições
Art. 72.  Os locais de trabalho e os servidores que operam com permanentes; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de
permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultra- exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas
passem o nível máximo previsto na legislação própria. atividades. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Parágrafo único.  Os servidores a que se refere este artigo se- § 1o  Os critérios de concessão e os limites da gratificação de
rão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os
seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Subseção V I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas
Do Adicional por Serviço Extraordinário a natureza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela
Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 73.  O serviço extraordinário será remunerado com acrés- II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120
cimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de
trabalho. excepcionalidade, devidamente justificada e previamente apro-

Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
vada pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá Art. 79.  O servidor que opera direta e permanentemente com
autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecu-
anuais; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) tivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos qualquer hipótese a acumulação.
seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
da administração pública federal: (Incluído pela Lei nº 11.314 de
2006) Art.  80.   As férias somente poderão ser interrompidas por
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tra- motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para
tando de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço de-
artigo;(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) clarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade.(Redação
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)    (Férias de Ministro - Vide)
de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo. Parágrafo único.  O restante do período interrompido será go-
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) zado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. (Incluído pela
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente Lei nº 9.527, de 10.12.97)
será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste artigo
forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que o Capítulo IV
servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga Das Licenças
horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na Seção I
forma do § 4o do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.314 de Disposições Gerais
2006)
§ 3o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se Art. 81.  Conceder-se-á ao servidor licença:
incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito I - por motivo de doença em pessoa da família;
e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da III - para o serviço militar;
aposentadoria e das pensões. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) IV - para atividade política;
V - para capacitação;  (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
Capítulo III
VI - para tratar de interesses particulares;
Das Férias
VII - para desempenho de mandato classista.
§ 1o  A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem
Art. 77.  O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem
como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame
ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de neces-
por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta
sidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)  (Férias
§ 2o    (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de Ministro - Vide)
§ 3o  É vedado o exercício de atividade remunerada durante o
§ 1o  Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos
período da licença prevista no inciso I deste artigo.
12 (doze) meses de exercício.
§ 2o  É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. Art. 82.  A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do
§ 3o  As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde término de outra da mesma espécie será considerada como pror-
que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração rogação.
pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)
Art. 78.  O pagamento da remuneração das férias será efetuado Seção II
até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observando- Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família
-se o disposto no § 1o deste artigo.   (Férias de Ministro - Vide)
§ 1° e § 2°  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 83.  Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo
§ 3o  O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do
perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas
direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante com-
efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela provação por perícia médica oficial.  (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 8.216, de 13.8.91) 11.907, de 2009)
§ 4o  A indenização será calculada com base na remuneração § 1o  A licença somente será deferida se a assistência direta do
do mês em que for publicado o ato exoneratório. (Incluído pela Lei servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente
nº 8.216, de 13.8.91) com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, na
§  5o   Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor forma do disposto no inciso II do art. 44.(Redação dada pela Lei
adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição nº 9.527, de 10.12.97)       
Federal quando da utilização do primeiro período. (Incluído pela § 2o  A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
Lei nº 9.525, de 10.12.97) poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)

Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a Seção VI
remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) Da Licença para Capacitação
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu- (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
neração.  (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
§ 3o  O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a Art. 87.  Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servi-
partir da data do deferimento da primeira licença concedida. (In- dor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício
cluído pela Lei nº 12.269, de 2010) do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três me-
§ 4o  A soma das licenças remuneradas e das licenças não ses, para participar de curso de capacitação profissional. (Redação
remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
em um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto Parágrafo  único.   Os períodos de licença de que trata o  ca-
no § 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos put não são acumuláveis.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
I e II do § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) 10.12.97)

Art.  88.  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)


Seção III
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
Art. 89.   (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 84.  Poderá ser concedida licença ao servidor para acom- Art. 90.  (VETADO).
panhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro pon-
to do território nacional, para o exterior ou para o exercício de Seção VII
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
§ 1o  A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração.
  §  2o   No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou Art. 91.  A critério da Administração, poderão ser concedidas
companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em es-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal tágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo
e dos Municípios, poderá haver exercício provisório em órgão prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.(Redação
ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
fundacional, desde que para o exercício de atividade compatível Parágrafo único.  A licença poderá ser interrompida, a qual-
com o seu cargo.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) quer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.(Reda-
ção dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Seção IV
Da Licença para o Serviço Militar Seção VIII
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista
Art.  85.  Ao servidor convocado para o serviço militar será
concedida licença, na forma e condições previstas na      legislação Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
específica. muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe-
Parágrafo único.  Concluído o serviço militar, o servidor terá deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre-
até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
do cargo. ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar ser-
Seção V viços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso
VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e
Da Licença para Atividade Política
observados os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 11.094,
de 2005)  (Regulamento)
Art. 86.  O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2
durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção (dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada pela Lei nº
§ 1o  O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde 12.998, de 2014)
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados,
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a 8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a § 1o  Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos
Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. (Redação para cargos de direção ou de representação nas referidas entidades,
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) desde que cadastradas no órgão competente. (Redação dada pela
§  2o  A partir do registro da candidatura e até o décimo dia Lei nº 12.998, de 2014)
seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados § 2o  A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº 12.998,
meses. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de 2014)

Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Capítulo V I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará
Dos Afastamentos afastado do cargo;
Seção I II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de vereador:
Art.  93.  O servidor poderá ser cedido para ter exercício em a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: (Reda- b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do
ção dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) (Regulamento)    (Vide cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
Decreto nº 4.493, de 3.12.2002)  (Regulamento) § 1o  No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confian- para a seguridade social como se em exercício estivesse.
ça; (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) §  2o  O servidor investido em mandato eletivo ou classista
II - em casos previstos em leis específicas.(Redação dada pela não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade
Lei nº 8.270, de 17.12.91) diversa daquela onde exerce o mandato.
§ 1o  Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou
entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o Seção III
ônus da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, man- Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
tido o ônus para o cedente nos demais casos. (Redação dada pela
Lei nº 8.270, de 17.12.91) Art. 95.  O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo
§ 2º  Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Pre-
sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas, sidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração Tribunal Federal.
do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo § 1o  A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a mis-
em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das são ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida
despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. (Redação nova ausência.
dada pela Lei nº 11.355, de 2006) § 2o  Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será
concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular
§ 3o  A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário
antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a
Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento.
§  4o   Mediante autorização expressa do Presidente da
§ 3o  O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em
carreira diplomática.
outro órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro
§ 4o  As hipóteses, condições e formas para a autorização de
próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo. (Incluído
que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do
pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
servidor, serão disciplinadas em regulamento. (Incluído pela Lei nº
§ 5º  Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou
9.527, de 10.12.97)
servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste
artigo.(Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002) Art. 96.  O afastamento de servidor para servir em organismo
§ 6º  As cessões de empregados de empresa pública ou de internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-
sociedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro -se-á com perda total da remuneração. (Vide Decreto nº 3.456, de
Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento 2000)
de pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I e II
e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado cedido Seção IV
condicionado a autorização específica do Ministério do Plane- (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
jamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-
cargo em comissão ou função gratificada.  (Incluído pela Lei nº -Graduação Stricto Sensu no País
10.470, de 25.6.2002)
§ 7°  O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Art. 96-A.  O servidor poderá, no interesse da Administração, e
com a finalidade de promover a composição da força de trabalho desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com o
dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar-se
determinar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para
independentemente da observância do constante no inciso participar em programa de pós-graduação stricto sensu  em insti-
I e nos §§ 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.470, de tuição de ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907, de
25.6.2002)    (Vide Decreto nº 5.375, de 2005) 2009)
§ 1o  Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá,
Seção II em conformidade com a legislação vigente, os programas de
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo capacitação e os critérios para participação em programas de pós-
graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão
Art. 94.  Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se avaliados por um comitê constituído para este fim. (Incluído pela
as seguintes disposições: Lei nº 11.907, de 2009)

Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§  2o  Os afastamentos para realização de programas de §  2o   Também será concedido horário especial ao servidor
mestrado e doutorado somente serão concedidos aos servidores portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por
titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo junta médica oficial, independentemente de compensação de
menos 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para douto- horário. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
rado, incluído o período de estágio probatório, que não tenham §  3o   As disposições do parágrafo anterior são extensivas
se afastado por licença para tratar de assuntos particulares para ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de
gozo de licença capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 deficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de
(dois) anos anteriores à data da solicitação de afastamento.(Incluí- horário na forma do inciso II do art. 44. (Incluído pela Lei nº 9.527,
do pela Lei nº 11.907, de 2009) de 10.12.97)
§ 3o  Os afastamentos para realização de programas de pós- § 4o  Será igualmente concedido horário especial, vinculado
doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um)
cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos
quatro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não I e II do caput do art. 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares 11.501, de 2007)
ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data
da solicitação de afastamento. (Redação dada pela Lei nº 12.269, Art. 99.  Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse
de 2010) da administração é assegurada, na localidade da nova residência
§ 4o  Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere,
nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício em qualquer época, independentemente de vaga.
de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do Parágrafo único.  O disposto neste artigo estende-se ao cônju-
afastamento concedido. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) ge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam
§ 5o  Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com
ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência autorização judicial.
previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade,
na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, Capítulo VII
dos gastos com seu aperfeiçoamento. (Incluído pela Lei nº 11.907, Do Tempo de Serviço
de 2009)
§ 6o  Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou Art. 100.  É contado para todos os efeitos o tempo de serviço
seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
5o deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de
caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade. Art. 101.  A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen-
§ 7o  Aplica-se à participação em programa de pós-graduação tos e sessenta e cinco dias.
no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nos §§ 1o a 6o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 102.  Além das ausências ao serviço previstas no art. 97,
Capítulo VI são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em
Das Concessões virtude de:
I - férias;
Art. 97.  Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar- II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão
-se do serviço:  (Redação dada pela Medida provisória nº 632, de ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Dis-
2013) trito Federal;
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; III - exercício de cargo ou função de governo ou administra-
II - pelo período comprovadamente necessário para alistamen- ção, em qualquer parte do território nacional, por nomeação do
to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2 Presidente da República;
(dois) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) IV  -  participação em programa de treinamento regularmen-
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : te instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no
a) casamento; País, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº
b)  falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou 11.907, de 2009)
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos. V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, muni-
cipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por mereci-
Art. 98.  Será concedido horário especial ao servidor estudan- mento;
te, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afas-
§  1o   Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a tamento, conforme dispuser o regulamento;  (Redação dada pela
compensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, Lei nº 9.527, de 10.12.97)
respeitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo renumerado VIII - licença:
e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) a) à gestante, à adotante e à paternidade;

Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e Parágrafo único.  O requerimento e o pedido de reconsidera-
quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público ção de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no
prestado à União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de Art. 107.  Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
efeito de promoção por merecimento; (Redação dada pela Lei nº §  1o   O recurso será dirigido à autoridade imediatamente
11.094, de 2005) superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e,
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades.
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; (Reda- § 2o  O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
f) por convocação para o serviço militar;
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
Art. 108.  O prazo para interposição de pedido de reconside-
X - participação em competição desportiva nacional ou con-
vocação para integrar representação desportiva nacional, no País ração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação
ou no exterior, conforme disposto em lei específica; ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº
XI - afastamento para servir em organismo internacional de 12.300, de 2010)
que o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97) Art. 109.  O recurso poderá ser recebido com efeito suspensi-
vo, a juízo da autoridade competente.
Art. 103.  Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e Parágrafo único.  Em caso de provimento do pedido de recon-
disponibilidade: sideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municí- ato impugnado.
pios e Distrito Federal;
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família Art. 110.  O direito de requerer prescreve:
do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa-
período de 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse
2010) patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o; II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quan-
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato ele- do outro prazo for fixado em lei.
tivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso
Parágrafo único.  O prazo de prescrição será contado da data
no serviço público federal;
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Pre- da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interes-
vidência Social; sado, quando o ato não for publicado.
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que Art.  111.   O pedido de reconsideração e o recurso, quando
exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art. cabíveis, interrompem a prescrição.
102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§  1o   O tempo em que o servidor esteve aposentado será Art. 112.  A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
contado apenas para nova aposentadoria. relevada pela administração.
§ 2o  Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às
Forças Armadas em operações de guerra. Art. 113.  Para o exercício do direito de petição, é assegurada
§ 3o  É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de procurador por ele constituído.
órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal
e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia Art. 114.  A administração deverá rever seus atos, a qualquer
mista e empresa pública. tempo, quando eivados de ilegalidade.
Capítulo VIII
Art. 115.  São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
Do Direito de Petição
neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
Art. 104.  É assegurado ao servidor o direito de requerer aos
Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo. Título IV
Do Regime Disciplinar
Art. 105.  O requerimento será dirigido à autoridade compe- Capítulo I
tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que Dos Deveres
estiver imediatamente subordinado o requerente.
Art. 116.  São deveres do servidor:
Art.  106.   Cabe pedido de reconsideração à autoridade que I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não poden- II - ser leal às instituições a que servir;
do ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010) III - observar as normas legais e regulamentares;

Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- XII  -  receber propina, comissão, presente ou vantagem de
mente ilegais; qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
V - atender com presteza: XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, geiro;
ressalvadas as protegidas por sigilo; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito XV - proceder de forma desidiosa;
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. serviços ou atividades particulares;
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori- XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
dade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
de 2011) XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando so-
VII - zelar pela economia do material e a conservação do pa- licitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
trimônio público; Parágrafo único.  A vedação de que trata o inciso X do ca-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; put deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído pela
IX - manter conduta compatível com a moralidade adminis- Lei nº 11.784, de 2008
trativa; I - participação nos conselhos de administração e fiscal de
X - ser assíduo e pontual ao serviço; empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
XI - tratar com urbanidade as pessoas; mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po- constituída para prestar serviços a seus membros; e (Incluído pela
der. Lei nº 11.784, de 2008
Parágrafo  único.  A representação de que trata o inciso XII II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de
superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao re- interesses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
presentando ampla defesa.
Capítulo III
Capítulo II Da Acumulação
Das Proibições
Art. 118.  Ressalvados os casos previstos na Constituição, é
Art. 117.  Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
2.225-45, de 4.9.2001) § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
I  -  ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
autorização do chefe imediato; sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
II  -  retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, Estados, dos Territórios e dos Municípios.
qualquer documento ou objeto da repartição; § 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada
III - recusar fé a documentos públicos; à comprovação da compatibilidade de horários.
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documen- § 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção de ven-
to e processo ou execução de serviço; cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu-
da repartição; nerações forem acumuláveis na atividade.  (Incluído pela Lei nº
VI  -  cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos 9.527, de 10.12.97)
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua res-
ponsabilidade ou de seu subordinado; Art.  119.   O servidor não poderá exercer mais de um cargo
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art.
associação profissional ou sindical, ou a partido político; 9o, nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica à remu-
civil; neração devida pela participação em conselhos de administração
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou- e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista,
trem, em detrimento da dignidade da função pública; suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou
X - participar de gerência ou administração de sociedade pri- entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha par-
vada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, ex- ticipação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser
ceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação legislação específica.  (Redação dada pela Medida Provisória nº
dada pela Lei nº 11.784, de 2008 2.225-45, de 4.9.2001)
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários Art. 120.  O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acu-
ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou mular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo
companheiro; de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos

Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de ho- Parágrafo único.  O ato de imposição da penalidade mencio-
rário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autori- nará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.(Redação dada (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 129.  A advertência será aplicada por escrito, nos casos de
Capítulo IV violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX,
Das Responsabilidades e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamen-
tação ou norma interna, que não justifique imposição de penalida-
Art. 121.  O servidor responde civil, penal e administrativa- de mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mente pelo exercício irregular de suas atribuições.
Art. 130.  A suspensão será aplicada em caso de reincidência
Art. 122.  A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou das faltas punidas com advertência e de violação das demais proi-
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário bições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demis-
ou a terceiros. são, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 1o  A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário §  1o   Será punido com suspensão de até 15 (quinze)  dias o
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a ins-
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. peção médica determinada pela autoridade competente, cessando
§ 2o  Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. § 2o  Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
§ 3o  A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50%
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, fi-
recebida. cando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Art. 123.  A responsabilidade penal abrange os crimes e con- Art. 131.  As penalidades de advertência e de suspensão te-
travenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
rão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cin-
co) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não
Art.  124.  A responsabilidade civil-administrativa resulta de
houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou
Parágrafo único.  O cancelamento da penalidade não surtirá
função.
efeitos retroativos.
Art. 125.  As sanções civis, penais e administrativas poderão
Art. 132.  A demissão será aplicada nos seguintes casos:
cumular-se, sendo independentes entre si.
I - crime contra a administração pública;
Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servidor será II - abandono de cargo;
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do III - inassiduidade habitual;
fato ou sua autoria. IV - improbidade administrativa;
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na reparti-
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci- ção;
vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su- VI - insubordinação grave em serviço;
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, sal-
autoridade competente para apuração de informação concernente à vo em legítima defesa própria ou de outrem;
prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ain- VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
da que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
pública.(Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011) cargo;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na-
Capítulo V cional;
Das Penalidades XI - corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções pú-
Art. 127.  São penalidades disciplinares: blicas;
I - advertência; XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
II - suspensão;
III - demissão; Art.  133.   Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se
V - destituição de cargo em comissão; refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua che-
VI - destituição de função comissionada. fia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez
Art.  128.   Na aplicação das penalidades serão consideradas dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará
a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela procedimento sumário para a sua apuração e regularização ime-
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou diata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas
atenuantes e os antecedentes funcionais. seguintes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co- Parágrafo único.  Constatada a hipótese de que trata este arti-
missão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultanea- go, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em
mente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da destituição de cargo em comissão.
apuração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II  -  instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e Art. 136.  A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indis-
III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da
§ 1o  A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo ação penal cabível.
nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos
cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação Art. 137.  A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o
do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico. (Reda- ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) prazo de 5 (cinco) anos.
§ 2o  A comissão lavrará, até três dias após a publicação do Parágrafo único.  Não poderá retornar ao serviço público fede-
ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas ral o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão
as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como pro- por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
moverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio
de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar Art. 138.  Configura abandono de cargo a ausência intencional
defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
observado o disposto nos arts. 163 e 164. (Redação dada pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97) Art. 139.  Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
§  3o   Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, durante o período de doze meses.
em que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre
a licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo Art. 140.  Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
dispositivo legal e remeterá o processo à autoridade instauradora, habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
para julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) refere o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação dada
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§  4o   No prazo de cinco dias, contados do recebimento do
I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº
processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-
9.527, de 10.12.97)
se, quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167. (Incluído pela
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
§  5o  A opção pelo servidor até o último dia de prazo para
trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias
automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. (In-
de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou su-
cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
perior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze
§  6o   Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má- meses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de II  -  após a apresentação da defesa a comissão elaborará re-
aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos latório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do
ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará
que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. (In- o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono
cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior
§  7o  O prazo para a conclusão do processo administrativo a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
contados da data de publicação do ato que constituir a comissão,
admitida a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circuns- Art. 141.  As penalidades disciplinares serão aplicadas:
tâncias o exigirem. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas
§ 8o  O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-
artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, -Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de
as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respec-
9.527, de 10.12.97) tivo Poder, órgão, ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
Art. 134.  Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior     quando
do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
demissão. III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
Art. 135.  A destituição de cargo em comissão exercido por ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
sujeita às penalidades de suspensão e de demissão. tratar de destituição de cargo em comissão.

Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 142.  A ação disciplinar prescreverá: Capítulo II
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis- Do Afastamento Preventivo
são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
cargo em comissão; Art. 147.  Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; venha a influir na apuração da irregularidade, a  autoridade instau-
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen-
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em que o to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
fato se tornou conhecido. prejuízo da remuneração.
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se Parágrafo  único. O afastamento poderá ser prorrogado por
às infrações disciplinares capituladas também como crime. igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de processo concluído o processo.
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
por autoridade competente. Capítulo III
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a Do Processo Disciplinar
correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
Art.  148.   O processo disciplinar é o instrumento destinado
Título V
a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no
Do Processo Administrativo Disciplinar
exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
Capítulo I
Disposições Gerais ções do cargo em que se encontre investido.

Art. 143.  A autoridade que tiver ciência de irregularidade no Art. 149.  O processo disciplinar será conduzido por comissão
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse- competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará,
gurada ao acusado ampla defesa. dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
§ 1o   (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
§ 2o    (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da autori- de 10.12.97)
dade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão §  1o   A Comissão terá como secretário servidor designado
ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularida- pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus
de, mediante competência específica para tal finalidade, delegada membros.
em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da Repúbli- § 2o  Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
ca, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribu- inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consan-
nais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do güíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências
para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído pela Lei nº Art. 150.  A Comissão exercerá suas atividades com indepen-
9.527, de 10.12.97) dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida-
ção do fato ou exigido pelo interesse da administração.
Art. 144.  As denúncias sobre irregularidades serão objeto de Parágrafo único.  As reuniões e as audiências das comissões
apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do terão caráter reservado.
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten-
ticidade. Art. 151.  O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
Parágrafo único.  Quando o fato narrado não configurar evi-
fases:
dente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquiva-
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
da, por falta de objeto.
missão;
II  -  inquérito administrativo, que compreende instrução, de-
Art. 145.  Da sindicância poderá resultar:
I - arquivamento do processo; fesa e relatório;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de III - julgamento.
até 30 (trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar. Art. 152.  O prazo para a conclusão do processo disciplinar
Parágrafo único.  O prazo para conclusão da sindicância não não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do
excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual perío- ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual
do, a critério da autoridade superior. prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
§  1o   Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo
Art.  146.   Sempre que o ilícito praticado pelo servidor en- integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do
sejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 ponto, até a entrega do relatório final.
(trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponi- § 2o  As reuniões da comissão serão registradas em atas que
bilidade, ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a deverão detalhar as deliberações adotadas.
instauração de processo disciplinar.

Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I Art. 160.  Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
Do Inquérito acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo
Art. 153.  O inquérito administrativo obedecerá ao princípio menos um médico psiquiatra.
do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utili- Parágrafo  único.   O incidente de sanidade mental será pro-
zação dos meios e recursos admitidos em direito. cessado em auto apartado e apenso ao processo principal, após a
expedição do laudo pericial.
Art. 154.  Os autos da sindicância integrarão o processo disci-
plinar, como peça informativa da instrução. Art. 161.  Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
Parágrafo  único.   Na hipótese de o relatório da sindicância indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputa-
concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a au- dos e das respectivas provas.
toridade competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério §  1o   O indiciado será citado por mandado expedido pelo
Público, independentemente da imediata instauração do processo presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de
disciplinar. 10 (dez) dias, assegurando-se lhe vista do processo na repartição.
§ 2o  Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e
Art. 155.  Na fase do inquérito, a comissão promoverá a to- de 20 (vinte) dias.
mada de depoimentos, acareações, investigações e diligências ca- § 3o  O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para
bíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessá- diligências reputadas indispensáveis.
rio, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação § 4o  No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
dos fatos. da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em
termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a
Art. 156.  É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o assinatura de (2) duas testemunhas.
processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular Art. 162.  O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
quesitos, quando se tratar de prova pericial. comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
§  1o   O presidente da comissão poderá denegar pedidos
considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de Art. 163.  Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sa-
bido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e
nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio
§  2o   Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a
conhecido, para apresentar defesa.
comprovação do fato independer de conhecimento especial de
Parágrafo único.  Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
perito.
será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.
Art. 157.  As testemunhas serão intimadas a depor mediante
Art. 164.  Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun-
citado, não apresentar defesa no prazo legal.
da via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos.
§ 1o  A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo
Parágrafo único.  Se a testemunha for servidor público, a ex- e devolverá o prazo para a defesa.
pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da § 2o  Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora
repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados do processo designará um servidor como defensor dativo, que
para inquirição. deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível,
ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.(Re-
Art. 158.  O depoimento será prestado oralmente e reduzido a dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.
§ 1o  As testemunhas serão inquiridas separadamente. Art. 165.  Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
§  2o   Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencio-
infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. nará as provas em que se baseou para formar a sua convicção.
§ 1o  O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou
Art. 159.  Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão à responsabilidade do servidor.
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi- § 2o  Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão
mentos previstos nos arts. 157 e 158. indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
§ 1o  No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações
sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre Art. 166.  O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
eles. será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
§ 2o  O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, julgamento.
bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado
interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém,
reinquiri-las, por intermédio do presidente da comissão.

Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção II II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obri-
Do Julgamento gados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de
missão essencial ao esclarecimento dos fatos.
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimen-
to do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. Seção III
§ 1o  Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori- Da Revisão do Processo
dade instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade
competente, que decidirá em igual prazo. Art. 174.  O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer
§ 2o  Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem     fatos novos ou
o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a
pena mais grave. inadequação da penalidade aplicada.
§ 3o  Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de § 1o  Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autori- do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão
dades de que trata o inciso I do art. 141. do processo.
§  4o   Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, § 2o  No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão
a autoridade instauradora do processo determinará o seu será requerida pelo respectivo curador.
arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos
autos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art.  175.   No processo revisional, o ônus da prova cabe ao
requerente.
Art. 168.  O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
quando contrário às provas dos autos. Art. 176.  A simples alegação de injustiça da penalidade não
Parágrafo único.  Quando o relatório da comissão contrariar as constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos,
provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, ainda não apreciados no processo originário.
agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
responsabilidade. Art. 177.  O requerimento de revisão do processo será dirigido
ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar
Art. 169.  Verificada a ocorrência de vício insanável, a autori- a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade
dade que determinou a instauração do processo ou outra de hierar- onde se originou o processo disciplinar.
quia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, Parágrafo único.  Deferida a petição, a autoridade competente
no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149.
de novo processo.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o  O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade Art. 178.  A revisão correrá em apenso ao processo originário.
do processo. Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e
§ 2o  A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo arrolar.
IV do Título IV.
Art. 179.  A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a
Art. 170.  Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade conclusão dos trabalhos.
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi-
duais do servidor. Art. 180.  Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do
Art. 171.  Quando a infração estiver capitulada como crime, processo disciplinar.
o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para
instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição. Art.  181.   O julgamento caberá à autoridade que aplicou a
penalidade, nos termos do art. 141.
Art. 172.  O servidor que responder a processo disciplinar só Parágrafo único.  O prazo para julgamento será de 20 (vinte)
poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a
após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, aca- autoridade julgadora poderá determinar diligências.
so aplicada.
Parágrafo único.  Ocorrida a exoneração de que trata o pará- Art.  182.   Julgada procedente a revisão, será declarada sem
grafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão, efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
se for o caso. do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão,
que será convertida em exoneração.
Art. 173.  Serão assegurados transporte e diárias: Parágrafo único.  Da revisão do processo não poderá resultar
I  -  ao servidor convocado para prestar depoimento fora da agravamento de penalidade.
sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado
ou indiciado;

Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Título VI c) auxílio-reclusão;
Da Seguridade Social do Servidor d) assistência à saúde.
Capítulo I § 1o  As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas
Disposições Gerais pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os
servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
Art. 183.  A União manterá Plano de Seguridade Social para o § 2o  O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude,
servidor e sua família. dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido,
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não sem prejuízo da ação penal cabível.
seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na
administração pública direta, autárquica e fundacional não terá Capítulo II
direito aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exce- Dos Benefícios
ção da assistência à saúde. (Redação dada pela Lei nº 10.667, de Seção I
14.5.2003) Da Aposentadoria
§ 2o   (Revogado pela Medida Provisória nº 689, de
2015)    Produção de efeito Art. 186.  O servidor será aposentado:  (Vide art. 40 da Cons-
§ 3o  Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem tituição)
remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de I  -  por invalidez permanente, sendo os proventos integrais
Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
mensal da contribuição própria, no mesmo percentual devido pelos ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e
servidores em atividade, acrescida do valor equivalente à contri- proporcionais nos demais casos;
buição da União, suas autarquias ou fundações, incidente sobre II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-
a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício de suas tos proporcionais ao tempo de serviço;
atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vanta- III - voluntariamente:
gens pessoais.   (Redação dada pela Medida Provisória nº 689, de a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
2015)  Produção de efeito (trinta) se mulher, com proventos integrais;
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o b)  aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de
segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com
servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e proventos integrais;
execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e
vencimento. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos
Art. 184.  O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo
aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e com- de serviço.
preende um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguin- § 1o  Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis,
tes finalidades: a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, in- mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior
validez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave,
reclusão; doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espon-
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; diloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do
III - assistência à saúde. mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência
Parágrafo único.  Os benefícios serão concedidos nos termos Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina
e condições definidos em regulamento, observadas as disposições especializada.
desta Lei. §  2o   Nos casos de exercício de atividades consideradas
insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art.
Art.  185.   Os benefícios do Plano de Seguridade Social do 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, «a» e «c», observará o
servidor compreendem: disposto em lei específica.
I - quanto ao servidor: § 3o  Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta
a) aposentadoria; médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a
b) auxílio-natalidade; incapacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a
c) salário-família; impossibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela
d) licença para tratamento de saúde; Lei nº 9.527, de 10.12.97)
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
f) licença por acidente em serviço; Art. 187.  A aposentadoria compulsória será automática, e de-
g) assistência à saúde; clarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço
satisfatórias; ativo.
II - quanto ao dependente:
a) pensão vitalícia e temporária; Art. 188.  A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigora-
b) auxílio-funeral; rá a partir da data da publicação do respectivo ato.

Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1o  A aposentadoria por invalidez será precedida de licença § 1o  Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de
para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e 50% (cinqüenta por cento), por nascituro.
quatro) meses. § 2o  O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor
§  2o  Expirado o período de licença e não estando em público, quando a parturiente não for servidora.
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor
será aposentado. Seção III
§  3o  O lapso de tempo compreendido entre o término da Do Salário-Família
licença e a publicação do ato da aposentadoria será considerado
como de prorrogação da licença. Art. 197.  O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao
§  4o  Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão inativo, por dependente econômico.
consideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade Parágrafo  único.   Consideram-se dependentes econômicos
ensejadora da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído pela para efeito de percepção do salário-família:
Lei nº 11.907, de 2009) I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados
§  5o  A critério da Administração, o servidor em licença até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e
para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
convocado a qualquer momento, para avaliação das condições que II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autoriza-
ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº ção judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do
11.907, de 2009) inativo;
III - a mãe e o pai sem economia própria.
Art. 189.  O provento da aposentadoria será calculado com ob-
servância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e Art. 198.  Não se configura a dependência econômica quando
proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores o beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho
em atividade. ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da apo-
Parágrafo  único.   São estendidos aos inativos quaisquer be- sentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
nefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores
em atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou Art. 199.  Quando o pai e mãe forem servidores públicos e vi-
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria. verem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando
separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição
Art. 190.  O servidor aposentado com provento proporcional dos dependentes.
ao tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias es- Parágrafo único.  Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a
pecificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
considerado inválido por junta médica oficial passará a perceber
provento integral, calculado com base no fundamento legal de Art. 200.  O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,
concessão da aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, nem servirá de base para qualquer contribuição,      inclusive para
de 2009) a Previdência Social.

Art. 191.  Quando proporcional ao tempo de serviço, o pro- Art. 201.  O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
vento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da ativi- não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
dade.
Seção IV
Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Da Licença para Tratamento de Saúde

Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 202.  Será concedida ao servidor licença para tratamento
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
Art. 194.  Ao servidor aposentado será paga a gratificação na- prejuízo da remuneração a que fizer jus.
talina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao
respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido. Art. 203.  A licença de que trata o art. 202 desta Lei será con-
cedida com base em perícia oficial.  (Redação dada pela Lei nº
Art. 195.  Ao ex-combatente que tenha efetivamente participa- 11.907, de 2009)
do de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos § 1o  Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada
termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se
aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos encontrar internado.
de serviço efetivo. § 2o  Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde
se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor,
Seção II e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art.
Do Auxílio-Natalidade 230, será aceito atestado passado por médico particular. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 196.  O auxílio-natalidade é devido à servidora por moti- § 3o  No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente produzirá
vo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci- efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos
mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto. do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)

Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§  4o  A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) § 4o  No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora
dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
afastamento será concedida mediante avaliação por junta médica
oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) Art. 208.  Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá
§ 5o  A perícia oficial para concessão da licença de que trata o direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial
previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas Art. 209.  Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis
hipóteses em que abranger o campo de atuação da odontologia. meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra-
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois
períodos de meia hora.
Art.  204.  A licença para tratamento de saúde inferior a 15
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perí- Art. 210.  À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial
cia oficial, na forma definida em regulamento. (Redação dada pela de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa)
Lei nº 11.907, de 2009) dias de licença remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008)
Parágrafo  único.   No caso de adoção ou guarda judicial de
Art. 205.  O atestado e o laudo da junta médica não se refe- criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este
rirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de artigo será de 30 (trinta) dias.
lesões produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou
qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1o. Seção VI
Da Licença por Acidente em Serviço
Art. 206.  O servidor que apresentar indícios de lesões orgâni-
cas ou funcionais será submetido a inspeção médica. Art. 211.  Será licenciado, com remuneração integral, o servi-
dor acidentado em serviço.
Art.  206-A.   O servidor será submetido a exames médicos
periódicos, nos termos e condições definidos em regulamento.(In- Art.  212.   Configura acidente em serviço o dano físico ou
mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imedia-
cluído pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento).
tamente, com as atribuições do cargo exercido.
Parágrafo único.  Para os fins do disposto no caput, a União e
Parágrafo único.  Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi-
Lei nº 12.998, de 2014)
dor no exercício do cargo;
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo ór-
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
gão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; (Incluído
-versa.
pela Lei nº 12.998, de 2014)
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parce-
Art. 213.  O servidor acidentado em serviço que necessite de
ria com os órgãos e entidades da administração direta, suas autar- tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada,
quias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) à conta de recursos públicos.
III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistên- Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médi-
cia à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que pos- ca oficial constitui medida de exceção e somente será admissível
suam autorização de funcionamento do órgão regulador, na forma quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição pú-
do art. 230; ou (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) blica.
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato
administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de Art. 214.  A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez)
junho de 1993, e demais normas pertinentes. (Incluído pela Lei nº dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
12.998, de 2014)
Seção VII
Seção V Da Pensão
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Paterni-
dade Art. 215.   Por morte do servidor, os dependentes, nas hipó-
teses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, obser-
Art. 207.  Será concedida licença à servidora gestante por 120 vado o limite estabelecido no inciso XI do  caput do art. 37 da
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. Constituição Federal e no art. 2o da Lei no 10.887, de 18 de junho
(Vide Decreto nº 6.690, de 2008) de 2004.    (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 1o  A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês
de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. Art.  216.  (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de
§ 2o  No caso de nascimento prematuro, a licença terá início 2014)    (Vigência)  (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)
a partir do parto. Art. 217.  São beneficiários das pensões: 
§  3o   No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do
evento, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada I - o cônjuge;    (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
apta, reassumirá o exercício. a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)

Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
b) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se compro-
c) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) vada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na
d) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de
e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defe-
fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicial- sa. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
mente;      (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 221.  Será concedida pensão provisória por morte presu-
b) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) mida do servidor, nos seguintes casos:
c) Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária compe-
d) (Revogada);       (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) tente;
III - o companheiro ou companheira que comprove união está- II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou
vel como entidade familiar;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) acidente não caracterizado como em serviço;
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguin- III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo
tes requisitos:(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) ou em missão de segurança.
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº Parágrafo único.  A pensão provisória será transformada em
13.135, de 2015) vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos
b) seja inválido;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor,
c)(Vide Lei nº 13.135, de 2015)  (Vigência) hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado.
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do
regulamento;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 222.  Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do I - o seu falecimento;
servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência concessão da pensão ao cônjuge;
econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no
III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário
inciso IV.(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando de bene-
§ 1o  A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os
ficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição, em se
incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos incisos
tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou mental que
V e VI.       (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
o torne absoluta ou relativamente incapaz, respeitados os períodos
§ 2o  A concessão de pensão aos beneficiários de que trata
mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” e “b” do inciso
o inciso V do  caput  exclui o beneficiário referido no inciso
VII;  (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
VI.       (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho
§ 3o   O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho
mediante declaração do servidor e desde que comprovada ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
dependência econômica, na forma estabelecida em regulamento. V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº 13.135,
de 2015)
Art. 218.  Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão, VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I
o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
habilitados.(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que
§ 1o  (Revogado).       (Redação dada pela Lei nº 13.135, de o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se
2015) o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos
§ 2o  (Revogado).       (Redação dada pela Lei nº 13.135, de de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor; (Incluído pela Lei nº
2015) 13.135, de 2015)
§ 3o  (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo
com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de
Art.  219.  A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois)
prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5 anos após o início do casamento ou da união estável:  (Incluído
(cinco) anos. pela Lei nº 13.135, de 2015)
Parágrafo único.  Concedida a pensão, qualquer prova poste- 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de ida-
rior ou habilitação tardia que implique exclusão de beneficiário ou de; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
redução de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos
oferecida. de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove)
Art. 220.  Perde o direito à pensão por morte: (Redação dada anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
pela Lei nº 13.135, de 2015) 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e
servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de ida- Art. 228.  Em caso de falecimento de servidor em serviço fora
de. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de trans-
§ 1o   A critério da administração, o beneficiário de pensão porte do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou
cuja preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou fundação pública.
por deficiência poderá ser convocado a qualquer momento para
avaliação das referidas condições. (Incluído pela Lei nº 13.135, Seção IX
de 2015) Do Auxílio-Reclusão
§ 2o  Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no
inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, ambos Art. 229.  À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclu-
do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de qualquer são, nos seguintes valores:
natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independente- I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo
mente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade
da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união está- competente, enquanto perdurar a prisão;
vel. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtu-
§ 3o  Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde de de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determi-
que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano ne a perda de cargo.
inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspon-
§ 1o  Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor
dente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer,
terá direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os
§ 2o  O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em ato do Mi-
nistro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido que condicional.
incremento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) § 3o   Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão
§ 4o  O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos
Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) dependentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei nº
será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições 13.135, de 2015)
mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do  caput.
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Capítulo III
Da Assistência à Saúde
Art. 223.  Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a
respectiva cota reverterá para os cobeneficiários.  (Redação dada Art. 230.  A assistência à saúde do servidor, ativo ou inati-
pela Lei nº 13.135, de 2015) vo, e de sua família compreende assistência médica, hospitalar,
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica
II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção da
saúde e será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta-
Art. 224.  As pensões serão automaticamente atualizadas na mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor,
mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos ou mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio,
dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. mediante ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor,
189. ativo ou inativo, e seus dependentes ou  pensionistas com planos
ou seguros privados de assistência à saúde, na forma estabelecida
Art. 225.  Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.302 de 2006)
cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou compa- §  1o   Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida
nheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões. (Redação perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou
dada pela Lei nº 13.135, de 2015) junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade
celebrará, preferencialmente, convênio com unidades de
Seção VIII
atendimento do sistema público de saúde, entidades sem fins lucra-
Do Auxílio-Funeral
tivos declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional
Art. 226.  O auxílio-funeral é devido à família do servidor fa- do Seguro Social - INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
lecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês §  2o   Na impossibilidade, devidamente justificada, da
da remuneração ou provento. aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade
§ 1o  No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será promoverá a contratação da prestação de serviços por pessoa
pago somente em razão do cargo de maior remuneração. jurídica, que constituirá junta médica especificamente para esses
§ 2o  (VETADO). fins, indicando os nomes e especialidades dos seus integrantes,
§  3o   O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) com a comprovação de suas habilitações e de que não estejam
horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família respondendo a processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora
que houver custeado o funeral. da profissão. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o  Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a
Art. 227.  Se o funeral for custeado por terceiro, este será in- União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas
denizado, observado o disposto no artigo anterior. a:(Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)

Didatismo e Conhecimento 63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - celebrar convênios exclusivamente para a  prestação de ser- Art. 239.  Por motivo de crença religiosa ou de convicção filo-
viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados sófica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer
ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem
grupos familiares definidos, com entidades de autogestão por elas eximir-se do cumprimento de seus deveres.
patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente ce-
lebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam Art. 240.  Ao servidor público civil é assegurado, nos termos
autorização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo que da Constituição Federal, o direito à livre associação      sindical e
os convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de auto- a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substi-
gestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo tuto processual;
de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o
também aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de final do mandato, exceto se a pedido;
2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas
21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de em assembleia geral da categoria.
assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do d)   (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 
órgão regulador; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) e)    (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III -  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
§ 4o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) Art.  241.   Consideram-se da família do servidor, além do
§ 5o  O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e
pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de constem do seu assentamento individual.
assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) Parágrafo único.  Equipara-se ao cônjuge a companheira ou
companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
Capítulo IV
Do Custeio Art. 242.  Para os fins desta Lei, considera-se sede o município
onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercí-
Art. 231.  (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99) cio, em caráter permanente.

Título VII Título IX


Capítulo Único Capítulo Único
Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Pú- Das Disposições Transitórias e Finais
blico
Art. 243.  Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos
Poderes da União, dos ex-
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) Territórios, das autarquias, inclusive as em regime especial, e
das fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro
Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou
pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) -Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto os contratados por
prazo determinado, cujos contratos não poderão ser prorrogados
Título VIII após o vencimento do prazo de prorrogação.
Capítulo Único §  1o  Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no
Das Disposições Gerais regime instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na
data de sua publicação.
Art. 236.  O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte §  2o   As funções de confiança exercidas por pessoas não
e oito de outubro. integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm
exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas
Art. 237.  Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe- enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou
cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcio- entidades na forma da lei.
nais, além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira: § 3o  As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas
I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam
que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos extintas na data da vigência desta Lei.
operacionais; § 4o  (VETADO).
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, con- § 5o  O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários
decoração e elogio. da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber.
§ 6o  Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade
Art.  238.   Os prazos previstos nesta Lei serão contados em no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade
dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do brasileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo
vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, órgão ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos
o prazo vencido em dia em que não haja expediente. de carreira aos quais se encontrem vinculados os empregos.

Didatismo e Conhecimento 64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 7o  Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo, Para um bom entendimento deste assunto utilizaremos par-
não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucio- te do trabalho desenvolvido pelo professor Ronaldo Rocha, como
nais Transitórias, poderão, no interesse da Administração e con- segue a seguir.
forme critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados me- O cargo público pode ser em comissão ou efetivo; o primeiro é
diante indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo destinado àqueles que exercem direção, chefia ou assessoramento e
exercício no serviço público federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, dependem, tão somente, da vontade da autoridade competente para
de 10.12.97) ingresso da pessoa no serviço público, admitindo-se a função de
§ 8o  Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na confiança interinamente. Já o segundo (efetivo) pode ser isolado
declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações (não tem promoção) ou de carreira (tem promoção) e que o ingres-
isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista so no serviço público se dá por meio de concurso público.
no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Ambos (em comissão ou efetivo) dependem da nomeação
§  9o   Os cargos vagos em decorrência da aplicação do (provimento originário), para tomar posse e entrar em exercício
disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando do cargo público.
considerados desnecessários.  (Incluído pela Lei nº 9.527, de A respeito de provimento podemos, ainda, elencar mais seis:
10.12.97) promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração
e recondução. A promoção é uma forma de provimento deriva-
Art. 244.  Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos da vertical, onde ocorre aumento do nível de complexidade das
aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em atribuições e, consequentemente, do vencimento (verticalidade); a
anuênio. readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e
responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido
Art. 245.  A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica;
nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada reversão forma de provimento derivada por reingresso do servidor
em licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 aposentado em decorrência de cessação da invalidez ou a pedido,
a 90. no interesse da Administração, até os setenta (70) anos; aprovei-
tamento é retorno à atividade de servidor em disponibilidade que
Art. 246. (VETADO).
se fará obrigatoriamente em cargo de atribuições e vencimentos
compatíveis com o anteriormente ocupado; reintegração é a rein-
Art. 247.  Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, ha-
vestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou
verá ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente ao
no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua
período de contribuição por parte dos servidores celetistas abran-
demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimen-
gidos pelo art. 243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) 
to de todas as vantagens; e recondução que é o retorno do servidor
Art. 248.  As pensões estatutárias, concedidas até a vigência estável ao cargo anteriormente ocupado e que poderá decorrer de
desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo ou reinte-
do servidor. gração do anterior ocupante.
Sobre a posse é importante lembrar que ela se dará 30 dias
Art.  249.  Até a edição da lei prevista no §  1o do art. 231, após a nomeação, salvo no caso do servidor em licença ou afas-
os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e tado, hipótese em que o prazo será contado do término. A posse
nos percentuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da pode se dar por procuração específica e os requisitos mínimos são:
União conforme regulamento próprio. nacionalidade brasileira; gozo dos direitos políticos; quitação com
as obrigações militares e eleitorais; nível de escolaridade exigido
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, para o cargo; mínimo de 18 anos; e aptidão física e mental; mas
dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposenta- existem outros requisitos a serem cumpridos: prévia inspeção mé-
doria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos dica; declaração de bens e valores; declaração de não acumulação
Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de ou- de cargos públicos ou empregos públicos; e assinatura do termo de
tubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele posse com os direitos e atribuições (deveres e obrigações).
dispositivo.      (Mantido pelo Congresso Nacional) Em regra, o empossado no cargo público tem o prazo de 15
dias para entrar em exercício, salvo nas hipóteses de já ser servi-
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dor público em remoção, redistribuição, requisição, cedido ou em
posto de exercício provisório em outro município; nesses casos o
Art. 252.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, prazo mínimo será de 10 e o prazo máximo de 30 dias. Já no caso
com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subsequen- de licença ou afastamento o prazo será contado a partir do término.
te. Quando em exercício o servidor público terá a jornada de tra-
balho de 40 horas semanais, podendo ter o limite mínimo de 6
Art. 253.  Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de horas e limite máximo de 8 horas diárias, com dedicação integral,
1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais salvo se houver compatibilidade de horário e local.
disposições em contrário. O estágio probatório pode ser de 24 meses ou 3 anos (depen-
de do que o edital estipular) e a homologação do desempenho do
Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independência e servidor, que ocorrerá 4 meses antes do seu término, observará os
102o da República. seguintes requisitos: assiduidade, disciplina, capacidade de inicia-

Didatismo e Conhecimento 65
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tiva, produtividade e responsabilidade. O servidor reprovado em 4- reversão;
estágio probatório (se estável) será reconduzido ao cargo anterior- 5- aproveitamento;
mente ocupado; este se vago dá-se provimento; se extinto fica em 6- reintegração e
disponibilidade; se estiver ocupado o ocupante fica e o reconduzi- 7- recondução.
do será aproveitado. Se o servidor não for estável será exonerado. A posse acontecerá no prazo improrrogável de 30 dias, contados
O servidor estável perde o cargo na hipótese de demissão por da publicação da nomeação. O servidor empossado em cargo público
sentença judicial transitada em julgado (não cabe mais recurso); entrará em exercício no prazo também improrrogável de 15 dias, con-
demissão mediante PAD (processo administrativo disciplinar); tados da data da posse.
exoneração mediante procedimento de avaliação periódica de de- O Superior Tribunal de Justiça, entende que ao entrar em exer-
sempenho na forma de lei complementar; e exoneração por limite cício o servidor nomeado para cargo efetivo ficará sujeito a estágio
de gasto com pessoal (50% receita líquida da União e 60% dos probatório por período de 3 anos, e não 24 meses como dispõe a
demais entes). lei acima.
O servidor em estágio probatório não pode receber as licenças Em relação à licença e afastamento, dentro do estágio proba-
para capacitação profissional, nem para o desempenho de mandato tório, fica proibido nas seguintes situações:
classista e muito menos para cuidar de assuntos particulares, mas pode - Licença para Capacitação;
exercer cargos em função comissionada ou em comissão. - Licença para Tratar de Interesses Particulares;
Vacância é o desprovimento do cargo e pode se dar das seguintes - Licença para Desempenho de Mandato Classista;
formas: readaptação; recondução; promoção; falecimento; aposenta- - Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade e
doria; demissão; exoneração; e, até mesmo, por posse em cargo ina- - Afastamento para participação em Programa de Pós-Gra-
cumulável. duação Stricto Sensu no País.
A acumulação em cargo público é vedada, salvo se houver dois E também dentro do estágio probatório as seguintes licenças
cargos de professor; um cargo de professor e outro de técnico ou cien- e afastamentos, suspendem a contagem de tempo para o mesmo:
tífico; dois cargos privativos de médico ou da área de saúde; - Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família;
A diferença entre exoneração e demissão é que a primeira não - Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge;
tem o caráter punitivo e ocorrerá a pedido do servidor; ou quando o - Licença para Atividade Política;
servidor não for aprovado em estágio probatório; ou quando o servi- - Afastamento para servir em organismo internacional de que
dor não entrar em exercício no prazo indicado por lei... (é na esfera
o Brasil participe ou com o qual coopere e
administrativa), diferentemente da demissão, que já tem a natureza
- Participação em curso de formação decorrente de aprovação
punitiva seja em razão do cometimento de algum crime praticado por
em concurso para outro cargo na Administração Pública Federal.
servidor público contra a administração pública.
É de suma importância que conceituemos alguns termos,
Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício do cargo,
como a readaptação que é a investidura do servidor em cargo de
que não pode ser irredutível, nem menor que um salário mínimo. Re-
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
muneração já é a remuneração mais as vantagens.
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em
São vantagens as indenizações, as gratificações e os adicionais. E
inspeção médica.
são formas de indenizações as ajudas de custo, as diárias, os transpor-
tes realizados por meio próprio para execução de serviço externo por A reversão significa o retorno à atividade de servidor apo-
força do cargo e o auxílio moradia. sentado por invalidez, quando junta médica oficial declarar in-
As ajudas de custo são de até 3 remunerações; com despesas de subsistentes os motivos da aposentadoria ou no interesse da ad-
instalação de caráter permanente; vedado o duplo pagamento; a Ad- ministração.
ministração arca com o transporte do servidor e sua família (bens, Já a reintegração é a reinvestidura do servidor estável no car-
passagens e bagagens); e em caso de falecimento da família do servi- go anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transfor-
dor, este terá 1 ano para requerer a indenização de retorno a terra de mação, quando invalidada a sua demissão por decisão administra-
origem. tiva ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
As diárias serão concedidas por dia; em afastamento da sede em E a recondução é o retorno do servidor estável ao cargo ante-
caráter eventual ou transitório; concedida pela metade quando não riormente ocupado e decorrerá de inabilitação em estágio proba-
houver pernoite; não será paga quando for característica do cargo; não tório relativo a outro cargo ou reintegração do anterior ocupante.
será paga se for o afastamento em regiões limítrofes. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade se fará
O auxílio moradia será concedido para o ressarcimento de despe- mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e
sas com aluguel ou hospedagem 1 mês após a comprovação; só será vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.
concedido se não existir imóvel funcional; cônjuge ou companheiro A vacância do cargo público (estado vago, cargo enquanto
não for ocupante de imóvel funcional; não houver relação de compra não é preenchido) poderá acontecer em sete situações: exonera-
de imóvel na sede do exercício (12 meses antes); nenhuma pessoa que ção; demissão; promoção; readaptação; aposentadoria; posse em
resida com o servidor já tenha o auxílio moradia, entre outros... outro cargo inacumulável e falecimento.
A remoção do servidor publico, ou seja, seu deslocamento
A investidura no cargo público ocorrerá com a posse, isso po- ocorrerá a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com
derá ocorrer através de sete maneiras de provimento de cargo público: ou sem mudança de sede. Já a redistribuição é o deslocamento
1- nomeação; de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
2- promoção; quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo
3- readaptação; Poder.

Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Quando isto acontecer, o servidor poderá ser indenizado atra- É importante destacarmos o conceito de Seguridade Social,
vés de ajuda de custo, diárias, transporte e auxílio-moradia. Mas para isso iremos destacar trechos do artigo científico de Luzia Go-
é importante que se ressalve que estas indenizações não se incor- mes da Silva, no qual aborda a respeito: no Brasil, ampliou-se o
poram ao vencimento ou provento para qualquer efeito de cálculo. conceito de seguridade social, a partir da Constituição de 1988,
Em relação a gratificações, retribuições e adicionais, ficam conhecida como a Constituição Cidadã, preconizando-se que to-
instituídas aos servidores públicos: dos devem ter o direito aos benefícios que ela distribui e o dever
- retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as- de contribuir para manter a solidariedade entre gerações. (ARAÚ-
sessoramento; JO, 2006; MARTINEZ, 1999).
- gratificação natalina; Esse ideário orientou políticas sociais, após a Segunda Guer-
- adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ra Mundial, nos países mais desenvolvidos e transformou aquelas
ou penosas; sociedades em Estados de Bem-Estar Social (welfare state). É vá-
- adicional pela prestação de serviço extraordinário; lido ressaltar que esse resultado foi uma atitude deliberada das
- adicional noturno; sociedades através do apoio à intervenção do Estado, e não uma
- adicional de férias; consequência da ação do mercado. Essa foi, sem dúvida, a base
- outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho; sobre a qual se assentou o desenvolvimento econômico e social
- gratificação por encargo de curso ou concurso. das sociedades mais evoluídas. (ARAÚJO, 2006).
Estas sim (as gratificações e os adicionais) incorporam-se ao
vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em lei. Principais pontos da referida legislação:
Passado o estágio probatório, são sete licenças que o servidor A União manterá Plano de Seguridade Social para o servidor
tem direito: e sua família.
1- por motivo de doença em pessoa da família; O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem di-
2- por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; reito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial
3- para o serviço militar; internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual
4- para atividade política; coopere, ainda que contribua para regime de previdência social no
5- para capacitação; exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Se-
6- para tratar de interesses particulares e guridade Social do Servidor Público enquanto durar o afastamento
7- para desempenho de mandato classista. ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do
Já o afastamento são 4 situações:
mencionado regime de previdência.
1- afastamento para servir a outro órgão ou entidade;
Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem re-
2- afastamento para exercício de mandato eletivo;
muneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
3- afastamento para estudo ou missão no exterior e
Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento
4- afastamento para participação em programa de pós-gra-
mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido
duação stricto sensu no País.
pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total
Em relação a atos disciplinadores da conduta do servidor, são
do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, computan-
penalidades disciplinares a advertência, a suspensão, a demissão,
do-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais.
a cassação de aposentadoria ou disponibilidade, a destituição de
cargo em comissão e a destituição de função comissionada.
Uma vez aberta sindicância, esta poderá resultar em adver- Objetivo do Plano de Seguridade Social:
tência e/ou suspensão de até 30 dias. Visa a dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor
As sanções civis, penais e administrativas poderão ser apli- e sua família, e compreende um conjunto de benefícios e ações que
cadas cumulativamente, sendo independentes entre si. A respon- atendam às seguintes finalidades:
sabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, in-
absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. validez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e
A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omis- reclusão;
sivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou função. - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
Já a responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou co- - assistência à saúde.
missivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor com-
a terceiros e a responsabilidade penal abrange os crimes e contra- preendem:
venções imputadas ao servidor, nessa qualidade. - quanto ao servidor:
O servidor que foi demitido ou destituído do cargo em comis- a) aposentadoria;
são por ter cometido os seguintes delitos não poderá retornar ao b) auxílio-natalidade;
serviço público federal: c) salário-família;
- crime contra a administração pública; d) licença para tratamento de saúde;
- improbidade administrativa; e) licença à gestante, à adotante e licença paternidade;
- aplicação irregular de dinheiros públicos; f) licença por acidente em serviço;
- lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na- g) assistência à saúde;
cional e h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho
- corrupção. satisfatórias;

Didatismo e Conhecimento 67
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- quanto ao dependente: ria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo. Quando o pai e
a) pensão vitalícia e temporária; mãe (padrasto/madrasta) forem servidores públicos e viverem em
b) auxílio-funeral; comum, o salário-família será pago a um deles; quando separados,
c) auxílio-reclusão; será pago a um e outro, de acordo com a distribuição dos depen-
d) assistência à saúde. dentes.
O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, não acar-
Tipos de benefícios: reta a suspensão do pagamento do salário-família.
→ Aposentadoria: tipos –
- por invalidez permanente, sendo os proventos integrais → Licença para Tratamento de Saúde: será concedida ao ser-
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional vidor licença para tratamento de saúde, a pedido ou de ofício, com
ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e base em perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer
proporcionais nos demais casos; jus.
- compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos A licença que exceder o prazo de 120 dias no período de 12
proporcionais ao tempo de serviço; meses a contar do primeiro dia de afastamento será concedida me-
- voluntariamente: diante avaliação por junta médica oficial. Já a licença para tra-
a) aos 35 anos de serviço, se homem, e aos 30 (trinta) se mu- tamento de saúde inferior a 15 dias, dentro de 1 ano, poderá ser
lher, com proventos integrais; dispensada de perícia oficial.
b) aos 30 anos de efetivo exercício em funções de magistério O servidor será submetido a exames médicos periódicos, com
se professor, e 25 se professora, com proventos integrais; isto a União e suas entidades autárquicas e fundacionais poderão:
c) aos 30 anos de serviço, se homem, e aos 25 se mulher, com - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo ór-
proventos proporcionais a esse tempo; gão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor;
d) aos 65 anos de idade, se homem, e aos 60 (sessenta) se mu- - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parceria
lher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço. com os órgãos e entidades da administração direta, suas autarquias
Doenças graves contagiosas ou incuráveis: e fundações;
- tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neo- - celebrar convênios com operadoras de plano de assistência
plasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que possuam
hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irre- autorização de funcionamento do órgão regulador; ou
- prestar os exames médicos periódicos mediante contrato ad-
versível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
ministrativo.
grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante),
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a
→ Licença à Gestante, à Adotante e da Licença Paternidade:
lei indicar, com base na medicina especializada.
será concedida licença à servidora gestante por 120 dias consecu-
A aposentadoria compulsória será automática; a aposentado-
tivos, sem prejuízo da remuneração. Poderá ter início no primei-
ria por invalidez será precedida de licença para tratamento de saú-
ro dia do nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição
de, por período não excedente a 24 meses. médica. No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens partir do parto. No caso de natimorto, decorridos 30 dias do even-
posteriormente concedidas aos servidores em atividade, inclusive to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta,
quando decorrentes de transformação ou reclassificação do cargo reassumirá o exercício. Já em caso de aborto atestado por médico
ou função em que se deu a aposentadoria. Quando proporcional ao oficial, a servidora terá direito a 30 dias de repouso remunerado.
tempo de serviço, o provento não será inferior a 1/3 (um terço) da Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses, a
remuneração da atividade. servidora lactante terá direito, durante a jornada de trabalho, a uma
hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois períodos de
→ Auxílio-natalidade: é devido à servidora por motivo de meia hora. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de
nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor vencimento criança até 1 ano de idade, serão concedidos 90 dias de licença
do serviço público, inclusive no caso de natimorto. O auxílio será remunerada.
pago ao cônjuge ou companheiro servidor público, quando a par-
turiente não for servidora. → Da Licença por Acidente em Serviço: será licenciado, com
remuneração integral, o servidor acidentado em serviço. Configura
→ Salário-família: é devido ao servidor ativo ou ao inativo, acidente em serviço o dano físico ou mental sofrido pelo servidor,
por dependente econômico. São considerados dependentes econô- que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do
micos: cargo exercido. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
- o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor
até 21 anos de idade ou, se estudante, até 24 anos ou, se inválido, no exercício do cargo;
de qualquer idade; - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-ver-
- o menor de 21 anos que, mediante autorização judicial, viver sa.
na companhia e às expensas do servidor, ou do inativo;
- a mãe e o pai sem economia própria. → Pensão: por morte do servidor, os dependentes fazem jus
Não se configura a dependência econômica quando o bene- a uma pensão mensal de valor correspondente ao da respectiva
ficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho ou de remuneração ou provento, a partir da data do óbito; as pensões
qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da aposentado- distinguem-se, quanto à natureza, em vitalícias e temporárias.

Didatismo e Conhecimento 68
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas permanentes, O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia ime-
que somente se extinguem ou revertem com a morte de seus be- diato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda que
neficiários. condicional.
- A pensão temporária é composta de cota ou cotas que podem
se extinguir ou reverter por motivo de morte, cessação de invalidez
ou maioridade do beneficiário. LEI FEDERAL Nº 8.027, DE 12 DE
São beneficiários das pensões: ABRIL DE 1990, E DECRETO FEDERAL Nº
- vitalícia: 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 - CÓDIGO
a) o cônjuge; DE ÉTICA DOS SERVIDORES PÚBLICOS.
b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada,
com percepção de pensão alimentícia;
c) o companheiro ou companheira designado que comprove
união estável como entidade familiar;
d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do
LEI Nº 8.027, DE 12 DE ABRIL DE 1990.
servidor;
e) a pessoa designada, maior de 60 anos e a pessoa portadora
Dispõe sobre normas de conduta dos servidores públicos civis
de deficiência, que vivam sob a dependência econômica do servi-
dor; da União, das Autarquias e das Fundações Públicas, e dá outras
- temporária: providências.
a) os filhos, ou enteados, até 21 anos de idade, ou, se inváli-
dos, enquanto durar a invalidez; O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
b) o menor sob guarda ou tutela até 21 anos de idade; gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
c) o irmão órfão, até 21 anos, e o inválido, enquanto durar a
invalidez, que comprovem dependência econômica do servidor; Art. 1º Para os efeitos desta lei, servidor público é a pessoa
d) a pessoa designada que viva na dependência econômica do legalmente investida em cargo ou em emprego público na adminis-
servidor, até 21 anos, ou, se inválida, enquanto durar a invalidez. tração direta, nas autarquias ou nas fundações públicas.
A pensão será concedida integralmente ao titular da pensão
vitalícia, exceto se existirem beneficiários da pensão temporária. Art. 2º São deveres dos servidores públicos civis:
Não tem direito à pensão o beneficiário condenado pela prá- I - exercer com zelo e dedicação as atribuições legais e regu-
tica de crime doloso de que tenha resultado a morte do servidor. lamentares inerentes ao cargo ou função;
Será concedida pensão provisória por morte presumida do ser- II - ser leal às instituições a que servir;
vidor, nos seguintes casos: III - observar as normas legais e regulamentares;
- declaração de ausência, pela autoridade judiciária compe- IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta-
tente; mente ilegais;
- desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou V - atender com presteza:
acidente não caracterizado como em serviço; a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
- desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo ou ressalvadas as protegidas pelo sigilo;
em missão de segurança. b) à expedição de certidões requeridas para a defesa de direito
A pensão provisória será transformada em vitalícia ou tem- ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
porária, conforme o caso, decorridos 5 anos de sua vigência, res- VI - zelar pela economia do material e pela conservação do
salvado o eventual reaparecimento do servidor, hipótese em que o patrimônio público;
benefício será automaticamente cancelado.
VII - guardar sigilo sobre assuntos da repartição, desde que
envolvam questões relativas à segurança pública e da sociedade;
→ Auxílio-funeral: é devido à família do servidor falecido na
VIII - manter conduta compatível com a moralidade pública;
atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da re-
muneração ou provento. No caso de acumulação legal de cargos, IX - ser assíduo e pontual ao serviço;
o auxílio será pago somente em razão do cargo de maior remu- X - tratar com urbanidade os demais servidores públicos e o
neração. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do público em geral;
local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte XI - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po-
do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou fun- der.
dação pública. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XI des-
te artigo será obrigatoriamente apreciada pela autoridade superior
→ Auxílio-reclusão: à família do servidor ativo é devido o àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representado
auxílio-reclusão, nos seguintes valores: ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
- dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de
prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade Art. 3º São faltas administrativas, puníveis com a pena de ad-
competente, enquanto perdurar a prisão; vertência por escrito:
- metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determine autorização do superior imediato;
a perda de cargo. II - recusar fé a documentos públicos;

Didatismo e Conhecimento 69
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - delegar a pessoa estranha à repartição, exceto nos casos V - revelação de segredo de que teve conhecimento em função
previstos em lei, atribuição que seja de sua competência e respon- do cargo ou emprego.
sabilidade ou de seus subordinados.
Art. 6º Constitui infração grave, passível de aplicação da pena
Art. 4º São faltas administrativas, puníveis com a pena de de demissão, a acumulação remunerada de cargos, empregos e
suspensão por até 90 (noventa) dias, cumulada, se couber, com a funções públicas, vedada pela Constituição Federal, estendendo-se
destituição do cargo em comissão: às autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista
I - retirar, sem prévia autorização, por escrito, da autoridade da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
competente, qualquer documento ou objeto da repartição; fundações mantidas pelo Poder Público.
II - opor resistência ao andamento de documento, processo ou
à execução de serviço; Art. 7º Os servidores públicos civis são obrigados a decla-
III - atuar como procurador ou intermediário junto a reparti- rar, no ato de investidura e sob as penas da lei, quais os cargos
ções públicas; públicos, empregos e funções que exercem, abrangidos ou não
IV - aceitar comissão, emprego ou pensão de Estado estran- pela vedação constitucional, devendo fazer prova de exoneração
geiro, sem licença do Presidente da República; ou demissão, na data da investidura, na hipótese de acumulação
V - atribuir a outro servidor público funções ou atividades constitucionalmente vedada.
estranhas às do cargo, emprego ou função que ocupa, exceto em § 1º Todos os atuais servidores públicos civis deverão
situação de emergência e transitoriedade; apresentar ao respectivo órgão de pessoal, no prazo estabelecido
VI - manter sob a sua chefia imediata cônjuge, companheiro pelo Poder Executivo, a declaração a que se refere o caput deste
ou parente até o segundo grau civil; artigo.
VII - praticar comércio de compra e venda de bens ou servi- § 2º Caberá ao órgão de pessoal fazer a verificação da incidência
ços no recinto da repartição, ainda que fora do horário normal de ou não da acumulação vedada pela Constituição Federal.
expediente. § 3º Verificada, a qualquer tempo, a incidência da acumulação
Parágrafo único. Quando houver conveniência para o serviço, vedada, assim como a não apresentação, pelo servidor, no prazo
a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base a que se refere o § 1º deste artigo, da respectiva declaração de
de cinqüenta por cento da remuneração do servidor, ficando este acumulação de que trata o caput, a autoridade competente
obrigado a permanecer em serviço. promoverá a imediata instauração do processo administrativo para
a apuração da infração disciplinar, nos termos desta lei, sob pena
Art. 5º São faltas administrativas, puníveis com a pena de de-
de destituição do cargo em comissão ou função de confiança, da
missão, a bem do serviço público:
autoridade e do chefe de pessoal.
I - valer-se, ou permitir dolosamente que terceiros tirem pro-
veito de informação, prestígio ou influência, obtidos em função do
Art. 8º Pelo exercício irregular de suas atribuições o servidor
cargo, para lograr, direta ou indiretamente, proveito pessoal ou de
público civil responde civil, penal e administrativamente, poden-
outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
do as cominações civis, penais e disciplinares cumular-se, sendo
II - exercer comércio ou participar de sociedade comercial,
umas e outras independentes entre si, bem assim as instâncias ci-
exceto como acionista, cotista ou comanditário;
III - participar da gerência ou da administração de empresa vil, penal e administrativa.
privada e, nessa condição, transacionar com o Estado; § 1º Na aplicação das penas disciplinares definidas nesta lei,
IV - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serão consideradas a natureza e a gravidade da infração e os danos
serviços ou atividades particulares; que dela provierem para o serviço público, podendo cumular-
V - exercer quaisquer atividades incompatíveis com o cargo se, se couber, com as cominações previstas no § 4º do art. 37 da
ou a função pública, ou, ainda, com horário de trabalho; Constituição.
VI - abandonar o cargo, caracterizando-se o abandono pela § 2º A competência para a imposição das penas disciplinares
ausência injustificada do servidor público ao serviço, por mais de será determinada em ato do Poder Executivo.
trinta dias consecutivos; § 3º Os atos de advertência, suspensão e demissão mencionarão
VII - apresentar inassiduidade habitual, assim entendida a fal- sempre a causa da penalidade.
ta ao serviço, por vinte dias, interpoladamente, sem causa justifi- § 4º A penalidade de advertência converte-se automaticamente
cada no período de seis meses; em suspensão, por trinta dias, no caso de reincidência.
VIII - aceitar ou prometer aceitar propinas ou presentes, de § 5º A aplicação da penalidade de suspensão acarreta o
qualquer tipo ou valor, bem como empréstimos pessoais ou vanta- cancelamento automático do valor da remuneração do servidor,
gem de qualquer espécie em razão de suas atribuições. durante o período de vigência da suspensão.
Parágrafo único. A penalidade de demissão também será apli- § 6º A demissão ou a destituição de cargo em comissão
cada nos seguintes casos: incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo pú-
I - improbidade administrativa; blico federal, pelo prazo de cinco anos.
II - insubordinação grave em serviço; § 7º Ainda que haja transcorrido o prazo a que se refere o
III - ofensa física, em serviço, a servidor público ou a particu- parágrafo anterior, a nova investidura do servidor demitido ou
lar, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; destituído do cargo em comissão, por atos de que tenham resultado
IV - procedimento desidioso, assim entendido a falta ao dever prejuízos ao erário, somente se dará após o ressarcimento dos
de diligência no cumprimento de suas atribuições; prejuízos em valor atualizado até a data do pagamento.

Didatismo e Conhecimento 70
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 8º O processo administrativo disciplinar para a apuração das ANEXO
infrações e para a aplicação das penalidades reguladas por esta lei Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
permanece regido pelas normas legais e regulamentares em vigor, Poder Executivo Federal
assegurado o direito à ampla defesa. CAPÍTULO I
§ 9º Prescrevem: Seção I
I - em dois anos, a falta sujeita às penas de advertência e sus- Das Regras Deontológicas
pensão;
II - em cinco anos, a falta sujeita à pena de demissão ou à pena I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos
de cassação de aposentadoria ou disponibilidade. princípios morais são primados maiores que devem nortear o ser-
§ 10. A falta, também prevista na lei penal, como crime, vidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já
prescreverá juntamente com este. que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus
atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preser-
vação da honra e da tradição dos serviços públicos.
Art. 9º Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemen-
inativo que houver praticado, na ativa, falta punível com demissão, to ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre
após apurada a infração em processo administrativo disciplinar, o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o incon-
com direito à ampla defesa. veniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o
Parágrafo único. Será igualmente cassada a disponibilidade honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37,
do servidor que não assumir no prazo legal o exercício do cargo ou caput, e § 4°, da Constituição Federal.
emprego em que for aproveitado. III - A moralidade da Administração Pública não se limita à
distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de
Art. 10. Essa lei entra em vigor na data de sua publicação. que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade
e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá conso-
Art. 11. Revogam-se as disposições em contrário. lidar a moralidade do ato administrativo.
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-
Brasília, 12 de abril de 1990; 169º da Independência e 102º tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e
da República. por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-
trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, em
fator de legalidade.
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público
comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio
Civil do Poder Executivo Federal.
bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito
desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições VI - A função pública deve ser tida como exercício profissio-
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o nal e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor públi-
disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 co. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em
da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito
da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992, na vida funcional.
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações po-
DECRETA: liciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública,
a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso,
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servi- nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo
dor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa. constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão
comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Fe- a negar.
deral direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as provi- VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode
dências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria
mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integra- pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito
da por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou
do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes-
emprego permanente. mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será co- IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados
municada à Secretaria da Administração Federal da Presidência ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar
da República, com a indicação dos respectivos membros titulares mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente
e suplentes. significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a
qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o,
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106° de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas
da República. esperanças e seus esforços para construí-los.

Didatismo e Conhecimento 71
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua
solução que compete ao setor em que exerça suas funções, per- ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativa-
mitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de mente em todo o sistema;
atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude con- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-
tra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi-
moral aos usuários dos serviços públicos. dências cabíveis;
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens le- n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
gais de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimen- guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
to, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o ção;
descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem
corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a
função pública. realização do bem comum;
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase exercício da função;
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-
sempre conduz à desordem nas relações humanas.
viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instru-
organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, co-
ções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto
labora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre
pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrande- em boa ordem.
cimento da Nação. s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem
de direito;
Seção II t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
Dos Principais Deveres do Servidor Público que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos ju-
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: risdicionados administrativos;
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
emprego público de que seja titular; ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen- que observando as formalidades legais e não cometendo qualquer
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações violação expressa à lei;
procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so-
outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; cumprimento.
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de Seção III
duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum; Das Vedações ao Servidor Público
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es-
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a XV - E vedado ao servidor público;
seu cargo; a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo,
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan- posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si
do o processo de comunicação e contato com o público; ou para outrem;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-
res ou de cidadãos que deles dependam;
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú-
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
blicos;
com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res-
de sua profissão;
peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuá- d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
rios do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho ou material;
político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu
dano moral; alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re- f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
em que se funda o Poder Estatal; público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de hierarquicamente superiores ou inferiores;
contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa- g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou
imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pes-
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências es- soa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro
pecíficas da defesa da vida e da segurança coletiva; servidor para o mesmo fim;

Didatismo e Conhecimento 72
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami- for o caso, à entidade em que, por exercício profissional, o servidor
nhar para providências; público esteja inscrito, para as providências disciplinares cabíveis.
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten- O retardamento dos procedimentos aqui prescritos implicará com-
dimento em serviços públicos; prometimento ético da própria Comissão, cabendo à Comissão de
j) desviar servidor público para atendimento a interesse par- Ética do órgão hierarquicamente superior o seu conhecimento e
ticular; providências. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autoriza- XXI - As decisões da Comissão de Ética, na análise de qual-
do, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio quer fato ou ato submetido à sua apreciação ou por ela levantado,
público; serão resumidas em ementa e, com a omissão dos nomes dos in-
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito teressados, divulgadas no próprio órgão, bem como remetidas às
interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de ami- demais Comissões de Ética, criadas com o fito de formação da
gos ou de terceiros; consciência ética na prestação de serviços públicos. Uma cópia
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual- completa de todo o expediente deverá ser remetida à Secretaria da
mente; Administração Federal da Presidência da República.  (Revogado
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo
empreendimentos de cunho duvidoso. parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do
faltoso.
CAPÍTULO II XXIII - A Comissão de Ética não poderá se eximir de fun-
DAS COMISSÕES DE ÉTICA damentar o julgamento da falta de ética do servidor público ou
do prestador de serviços contratado, alegando a falta de previsão
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pú- neste Código, cabendo-lhe recorrer à analogia, aos costumes e aos
blica Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qual- princípios éticos e morais conhecidos em outras profissões; (Revo-
gado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
quer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo po-
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético,
der público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada
entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei,
de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no
contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza
tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin-
permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição
do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento
financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór-
susceptível de censura.
gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas,
XVII -- Cada Comissão de Ética, integrada por três servi-
as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de
dores públicos e respectivos suplentes, poderá instaurar, de ofí-
economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse
cio, processo sobre ato, fato ou conduta que considerar passível do Estado.
de infringência a princípio ou norma ético-profissional, podendo XXV - Em cada órgão do Poder Executivo Federal em que
ainda conhecer de consultas, denúncias ou representações formu- qualquer cidadão houver de tomar posse ou ser investido em fun-
ladas contra o servidor público, a repartição ou o setor em que haja ção pública, deverá ser prestado, perante a respectiva Comissão
ocorrido a falta, cuja análise e deliberação forem recomendáveis de Ética, um compromisso solene de acatamento e observância
para atender ou resguardar o exercício do cargo ou função públi- das regras estabelecidas por este Código de Ética e de todos os
ca, desde que formuladas por autoridade, servidor, jurisdicionados princípios éticos e morais estabelecidos pela tradição e pelos bons
administrativos, qualquer cidadão que se identifique ou quaisquer costumes. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
entidades associativas regularmente constituídas. (Revogado pelo
Decreto nº 6.029, de 2007) Questões:
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organis-
mos encarregados da execução do quadro de carreira dos servido- 01. (TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Contadoria -
res, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir FCC/2014). Determinado órgão da Administração pública federal
e fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos pretende contratar, para evento cultural comemorativo aberto ao
próprios da carreira do servidor público. público, um profissional do setor artístico. De acordo com as dis-
XIX - Os procedimentos a serem adotados pela Comissão de posições da Lei nº 8.666/93, referida contratação
Ética, para a apuração de fato ou ato que, em princípio, se apresen- (A) deve ser precedida de procedimento licitatório, mediante
te contrário à ética, em conformidade com este Código, terão o rito carta convite a, pelo menos, cinco profissionais consagrados pela
sumário, ouvidos apenas o queixoso e o servidor, ou apenas este, crítica especializada.
se a apuração decorrer de conhecimento de ofício, cabendo sempre (B) prescinde de licitação, que se afigura inexigível desde que
recurso ao respectivo Ministro de Estado.(Revogado pelo Decreto o artista seja consagrado pela crítica especializada ou opinião pú-
nº 6.029, de 2007) blica.
XX - Dada a eventual gravidade da conduta do servidor ou sua (C) deve, necessariamente, ser precedida de procedimento li-
reincidência, poderá a Comissão de Ética encaminhar a sua decisão citatório.
e respectivo expediente para a Comissão Permanente de Processo (D) prescinde de prévio procedimento licitatório, se o valor da
Disciplinar do respectivo órgão, se houver, e, cumulativamente, se contratação for de até R$80.000,00 (oitenta mil reais).

Didatismo e Conhecimento 73
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(E) pode ser feita com dispensa de licitação desde que se trate (A) deve ser precedida de procedimento licitatório, mediante
de profissional de notória especialização. carta convite a, pelo menos, cinco profissionais consagrados pela
crítica especializada.
02. (Câmara Municipal de São Paulo/SP - Procurador Le- (B) prescinde de licitação, que se afigura inexigível desde que
gislativo - FCC/2014). No tocante aos serviços técnicos especia- o artista seja consagrado pela crítica especializada ou opinião pú-
lizados, a Lei Federal nº 8.666/93 determina: blica.
(A) A empresa de prestação de serviços técnicos especializa- (C) deve, necessariamente, ser precedida de procedimento li-
dos que apresente relação de integrantes de seu corpo técnico em citatório.
procedimento licitatório ou como elemento de justificação de dis- (D) prescinde de prévio procedimento licitatório, se o valor da
pensa ou inexigibilidade de licitação, ficará obrigada a garantir que contratação for de até R$80.000,00 (oitenta mil reais).
os referidos integrantes realizem pessoal e diretamente os serviços (E) pode ser feita com dispensa de licitação desde que se trate
objeto do contrato. de profissional de notória especialização.
(B) Publicado o aviso de licitação, o prazo mínimo para rece-
bimento das propostas será de 60 (sessenta) dias, quando o con- 05. (PC/DF - Delegado de Polícia - FUNIVERSA/2015). A
trato a ser celebrado contemplar a prestação de serviços técnicos respeito do regime diferenciado de contratações públicas, é correto
especializados. afirmar que
(C) A Administração só poderá contratar, pagar, premiar ou (A) não é possível a contratação de duas ou mais empresas
receber projeto ou serviço técnico especializado desde que o autor para executar o mesmo serviço, sob pena de caracterizar fraciona-
ceda os direitos patrimoniais e morais a ele relativos e a Adminis- mento da obra, com perda da economia de escala.
tração possa utilizá-lo de acordo com o previsto no regulamento de (B) é vedado contratar, no mesmo instrumento administrativo,
concurso ou no ajuste para sua elaboração. a elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo,
(D) Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a reali-
contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais espe- zação de testes, a pré-operação e outras operações necessárias para
cializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a a entrega final do objeto.
realização de licitação do tipo técnica e preço. (C) a administração pública poderá negociar com os demais
(E) É hipótese de dispensa de licitação a contratação de ser- licitantes, definido o resultado da fase de julgamento, condições
viços técnicos enumerados no art. 13 da Lei Federal nº 8.666/93, mais vantajosas, mesmo que a proposta vencedora esteja abaixo
de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória es- do orçamento estimado.
pecialização. (D) o contratado que retardar a execução ou a entrega do ob-
jeto contratado sem motivo justificado será impedido de licitar e
03. (SEFAZ/RJ - Auditor Fiscal da Receita Estadual - Pro- contratar com a União, os estados, o Distrito Federal ou os muni-
va 1 - FCC/2014). No curso da execução de um contrato adminis- cípios pelo prazo de cinco anos.
trativo, de prestação de serviços, subordinado ao regime da Lei nº (E) somente será chamado para a fase de habilitação o licitan-
8.666/93, a Administração manifesta ao particular contratado sua te vencedor, não sendo possível realizar essa fase antes da apresen-
decisão unilateral de suprimir parte do objeto contratual de modo a tação das propostas.
provocar redução de 40% no valor do contrato. O particular reage,
expressando para a própria administração a ilegalidade da medida. 06. (MPE/SP - Promotor de Justiça - MPE/SP/2015). Assi-
Ouvindo os argumentos do particular, a administração propõe, en- nale a alternativa que contém afirmação incorreta:
tão, que a mesma redução ocorra por acordo das partes, com o que (A) A responsabilidade civil do Estado pela integridade física
o particular consente. Nessa situação, o resultado final é dos detentos tem natureza objetiva.
(A) ilegal, pois a supressão para além de 25% só é possível no (B) Tem cunho subjetivo a responsabilidade civil do Estado
caso de reforma de edifício ou equipamento. pela prestação de serviço médico-hospitalar na rede pública, quan-
(B) legal, na medida em que a Lei nº 8.666/93 acolhe a possi- do a mesma é delegada a terceiro.
bilidade de alteração de contrato, com supressão no patamar indi- (C) c Não é obrigatória a denunciação à lide de empresa con-
cado, se decorrente de acordo das partes. tratada pela Administração para prestar serviço de conservação de
(C) ilegal, pois a ilegalidade inicial, decorrente da decisão de rodovias nas ações de indenização baseadas na responsabilidade
alteração unilateral, não pode ser sanada pelo acordo do particular. civil objetiva do Estado.
(D) legal, como de todo modo também seria legal se decorren- (D) É quinquenal o prazo de prescrição para a propositura de
te de alteração unilateral imposta pela administração. ação de indenização por ilícito extracontratual contra a Fazenda
(E) ilegal, pois a apreciação da ilegalidade da decisão admi- Pública.
nistrativa caberia ao Poder Judiciário e não à própria administra- (E) O termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento
ção. de ação de indenização contra ato do Estado ocorre no momento
em que constatada a lesão e os seus efeitos, conforme o princípio
04. (TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Informática da actio nata.
- Banco de Dados - FCC/2014). Determinado órgão da Admi-
nistração pública federal pretende contratar, para evento cultural 07. (MPE/SP - Promotor de Justiça - MPE/SP/2015). Sobre
comemorativo aberto ao público, um profissional do setor artís- a proibição da prática de nepotismo, é correto afirmar que:
tico. De acordo com as disposições da Lei nº 8.666/93, referida (A) a competência para a iniciativa de lei sobre o nepotismo é
contratação privativa do Chefe do Poder Executivo.

Didatismo e Conhecimento 74
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(B) a vedação do nepotismo exige a edição de lei formal que (A) Estão todas as afirmativas incorretas.
coíba a sua prática. (B) Apenas a afirmativa III está incorreta.
(C) é necessária a prova de vínculo de amizade ou troca de (C) Apenas as afirmativas I e IV estão incorretas.
favores entre o nomeante e o nomeado para a caracterização do (D) Estão todas as afirmativas corretas.
nepotismo.
(D) a Súmula Vinculante n. 13, do Supremo Tribunal Federal, 10. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Registros
esgotou todas as possibilidades de configuração de nepotismo na - CESPE/2014). No que concerne à administração pública, seus
Administração Pública. órgãos e agentes, assinale a opção correta.
(E) ressalvada situação de fraude à lei, a nomeação de paren- (A) Os notários e registradores são classificados como agentes
tes para cargos públicos de natureza política não configura nepo- particulares em colaboração com o Estado, por vontade própria.
tismo na Administração Pública. (B) O fomento, a polícia administrativa e o serviço público são
abrangidos pela administração pública em sentido objetivo.
08. (CAIP/IMES - Gestor de Políticas Públicas Regionais (C) A administração pública em sentido estrito restringe-se às
- Consórcio Intermunicipal Grande ABC/2015). A administra- funções políticas e administrativas exercidas pelas pessoas jurídi-
ção pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, cas, por órgãos e agentes públicos.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos (D) Os órgãos públicos possuem personalidade jurídica de di-
princípios de: reito público interno.
I- legalidade. (E) No direito brasileiro, adota-se a teoria da representação,
II- tempestividade. formulada pelo alemão Otto Gierke, para a conceituação dos órgãos
III- eficiência. públicos.
IV- impessoalidade.
V- publicidade. 11. (TJ/MG - Titular de Serviços de Notas e de Registro -
VI- moralidade. CONSULPLAN/2015). É correto afirmar que além dos princípios
VII- oportunidade. expressos no caput do art. 37 da Constituição Federal, a Adminis-
Com base nas informações acima, indique a alternativa cor- tração Pública também se orienta pelos seguintes princípios:
reta. (A) legalidade, autotutela, indisponibilidade, continuidade dos
(A) Apenas as afirmativas IV e VII estão incorretas. serviços públicos e segurança jurídica.
(B) Apenas as afirmativas I, II, III, V, VI e VII estão corretas. (B) supremacia do interesse público, autotutela, indisponibili-
(C) Todas as afirmativas estão corretas. dade, publicidade e continuidade dos serviços públicos.
(D) Apenas as afirmativas II e VII estão incorretas. (C) supremacia do interesse público, autotutela, indisponibili-
dade, continuidade dos serviços públicos e segurança jurídica.
09. (CAIP/IMES - Gestor de Políticas Públicas Regionais (D) supremacia do interesse público, eficiência, indisponibili-
- Consórcio Intermunicipal Grande ABC/2015). Leia as afirma- dade, continuidade dos serviços públicos e segurança jurídica.
tivas.
I- O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento 12. (MANAUSPREV - Procurador Autárquico - FCC/2015).
ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o Considere que os municípios de região metropolitana de determi-
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconvenien- nado Estado, em consenso com o Estado do qual fazem parte, bem
te, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto como com a União, pretendem buscar uma solução integrada para a
e o desonesto, consoante às regras contidas no art. 37, caput, e § questão de saneamento e seus impactos ambientais em seus limites
4°, da Constituição Federal. territoriais, tendo em vista que a questão envolve competências de
II- A moralidade da Administração Pública não se limita à dis- todos os entes. Para tanto, podem
tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que (A) encaminhar projetos de lei para suas respectivas esferas
o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a legislativas, para obtenção de autorização para criação de autarquia
finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar plurifederada, constituída para exercício das competências dos di-
a moralidade do ato administrativo. versos entes envolvidos no projeto, dos quais será delegatária.
III- Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de so- (B) firmar contrato de gestão, para exercício associado das
lução que compete ao setor em que exerça suas funções, permitin- competências constitucionais que lhes foram atribuídas, não sendo
do a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso necessária a criação de pessoa jurídica específica para tanto.
na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a (C) criar uma empresa pública com natureza jurídica de direito
ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano mo- público, com participação societária de todos os envolvidos, pro-
ral aos usuários dos serviços públicos. porcionalmente ao envolvimento no projeto, a fim de desenvolver
IV- O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais as atividades necessárias à implantação do projeto.
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, (D) constituir um consórcio público, por meio de contrato que
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o desca- seja precedido de protocolo de intenções onde constem as condi-
so e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir ções e detalhamento das atividades desenvolvidas pelo ente, inclu-
e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função sive gestão associada dos serviços.
pública. (E) firmar um protocolo de intenções por meio do qual dele-
Com base nas informações acima, indique a alternativa cor- guem uns aos outros as competências constitucionais envolvidas na
reta. execução do projeto.

Didatismo e Conhecimento 75
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
13. (PGE/PR - Procurador do Estado - PUC/PR/2015). A Gabarito:
propósito dos órgãos e entidades da Administração Pública brasi-
leira, assinale a alternativa CORRETA. 01. B
(A) As agências reguladoras são as autarquias federais autori- 02. A
zadas por lei e instituídas pelo Poder Executivo, com o escopo de 03. B
disciplinar setores estratégicos da economia nacional que detêm 04. B
independência administrativa e patrimônio próprio. 05. D
(B) As agências executivas são autarquias ou fundações assim 06. B
qualificadas por ato do Presidente da República, desde que pos- 07. E
suam um plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento 08. D
institucional em desenvolvimento e tenham celebrado contrato de 09. D
gestão com o respectivo Ministério supervisor. 10. B
(C) As fundações públicas são entidades dotadas de persona- 11. C
lidade jurídica de direito privado, criadas por lei e instituídas pelo 12. D
Poder Executivo, que manejam prerrogativas de direito público 13. B
com independência administrativa e patrimônio próprio. 14. C
(D) Os consórcios públicos são pessoas jurídicas de direito 15. A
privado, autorizadas por lei federal e instituídas pelo Poder Exe-
cutivo, formadas a partir da conjugação de duas ou mais pessoas
políticas para a gestão associada de atividades estatais.
(E) As agências reguladoras podem figurar como Poder Con-
cedente em contratos de concessão de serviço público e de parceria
público-privada, nos termos do respectivo plano estratégico e con-
trato de gestão firmado com o Ministério supervisor.

14. (MPE/SP - Promotor de Justiça - MPE/SP/2015). Assi-


nale a alternativa correta sobre o poder de polícia:
(A) Ele é passível de delegação a particulares.
(B) Tem, como atributos exclusivos, a discricionariedade e a
coercibilidade.
(C) Inexiste vedação constitucional para que pessoas admi-
nistrativas de direito privado possam exercê-lo na sua modalidade
fiscalizatória.
(D) Qualifica-se como atividade positiva da Administração.
(E) Os atos a ele inerentes não se sujeitam ao princípio da
anterioridade.

15. (IF/RS - Professor Direito - IF/RS/2015). Assinale a al-


ternativa INCORRETA:
(A) o mérito do ato administrativo, como espaço de avaliação
de conveniência e oportunidade, está presente tanto nos atos vin-
culados quanto nos discricionários.
(B) o princípio da publicidade, que está inserido no art. 37
da Constituição Federal, determina a ampla divulgação dos atos
praticados pela administração pública, ressalvadas as exceções
previstas em lei.
(C) o poder discricionário vincula o administrador à forma e
à finalidade do ato.
(D) ato vinculado impõe ao agente público a restrição rigorosa
aos preceitos legais, sem liberdade de ação.
(E) o ato administrativo é um ato jurídico, pois se trata de
uma declaração que produz efeitos jurídicos. É uma espécie de
ato jurídico, marcado por características que o individualizam no
conjunto dos atos jurídicos.

Didatismo e Conhecimento 76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Não cabem também, nos textos oficiais, coloquialismos, neo-
DOCUMENTAÇÃO; CONCEITUAÇÃO: logismos, regionalismos, bordões da fala e da linguagem oral, bem
ATA, ATESTADO, CERTIDÃO, como as abreviações e imagens sígnicas comuns na comunicação ele-
CIRCULAR, COMUNICADO, CONVITE, trônica.
CONVOCAÇÃO, EDITAL, MEMORANDO, Diferentemente dos textos escolares, epistolares, jornalísticos
OFÍCIO, ORDEM DE SERVIÇO, ou artísticos, a Redação Oficial não visa ao efeito estético nem à ori-
PORTARIA, REQUERIMENTO; ginalidade. Ao contrário, impõe uniformidade, sobriedade, clareza,
objetividade, no sentido de se obter a maior compreensão possível
com o mínimo de recursos expressivos necessários. Portarias lavradas
sob forma poética, sentenças e despachos escritos em versos rimados
Redação Oficial pertencem ao “folclore” jurídicoadministrativo e são práticas inacei-
táveis nos textos oficiais. São também inaceitáveis nos textos oficiais
Conceito os vícios de linguagem,provocados por descuido ou ignorância, que
constituem desvios das normas da línguapadrão. Enumeramse, a se-
Entendese por Redação Oficialo conjunto de normas e práticas guir, alguns desses vícios:
que devem reger a emissão dos atos normativos e comunicações do
poder público, entre seus diversos organismos ou nas relações dos ór- - Barbarismos: São desvios:
gãos públicos com as entidades e os cidadãos. - da ortografia: “ advinhar” em vez de adivinhar; “excessão” em
A Redação Oficial inscrevese na confluência de dois universos vez de exceção.
distintos: a forma regese pelas ciências da linguagem (morfologia, - da pronúncia: “rúbrica” em vez de rubrica.
sintaxe, semântica, estilística etc.); o conteúdo submeteseaos princí- - da morfologia: “interviu” em vez de interveio.
pios jurídicoadministrativos impostos à União, aos Estados e aos Mu- - da semântica: desapercebido(sem recursos) em vez de desper-
nicípios, nas esferas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. cebido(não percebido, sem ser notado).
Pertencente ao campo da linguagem escrita, a Redação Oficial - pela utilização de estrangeirismos: galicismo (do francês): “mi-
deve ter as qualidades e características exigidas do texto escrito desti- seenscène” em vez de encenação; anglicismo (do inglês): “delivery”
em vez de entrega em domicílio.
nado à comunicação impessoal, objetiva, clara, correta e eficaz.
Por ser “oficial”, expressão verbal dos atos do poder público, essa
- Arcaísmos:Utilização de palavras ou expressões anacrônicas,
modalidade de redação ou de texto subordinase aos princípios consti-
fora de uso. Ex.: “asinha” em vez de ligeira, depressa.
tucionais e administrativos aplicáveis a todos os atos da administração
pública, conforme estabelece o artigo 37 da Constituição Federal:
- Neologismos: Palavras novas que, apesar de formadas de acor-
do com o sistema morfológico da língua, ainda não foram incorpora-
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Po-
das pelo idioma. Ex.: “imexível” em vez de imóvel, que não se pode
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios mexer;“talqualmente” em vez de igualmente.
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência( ... )”. - Solecismos: São os erros de sintaxe e podem ser:
- de concordância: “sobrou” muitas vagas em vez de sobraram.
A forma e o conteúdo da Redação Oficial devem convergir na - de regência: os comerciantes visam apenas “o lucro” em vez
produção dos textos dessa natureza, razão pela qual, muitas vezes, não de ao lucro.
há como separar uma do outro. Indicamse, a seguir, alguns pressupos- - de colocação: “não tratavase” de um problema sério em vez de
tos de como devem ser redigidos os textos oficiais. não se tratava.
Padrão culto do idioma - Ambiguidade: Duplo sentido não intencional. Ex.: O desco-
nhecido faloume de sua mãe. (Mãe de quem? Do desconhecido? Do
A redação oficial deve observar o padrão culto do idioma quanto interlocutor?)
ao léxico (seleção vocabular), à sintaxe (estrutura gramatical das ora-
ções) e à morfologia (ortografia, acentuação gráfica etc.). - Cacófato: Som desagradável, resultante da junção de duas ou
Por padrão culto do idioma devese entender a língua referendada mais palavras da cadeia da frase. Ex.: Darei um prêmio por cada elei-
pelos bons gramáticos e pelo uso nas situações formais de comunica- tor que votar em mim (por cada e porcada).
ção. Devemse excluir da Redagão Oficial a erudição minuciosa e os
preciosismos vocabulares que criam entraves inúteis à compreensão - Pleonasmo: Informação desnecessariamente redundante.
do significado. Não faz sentido usar “perfunctório” em lugar de “su- Exemplos: As pessoas pobres, que não têm dinheiro, vivem na mi-
perficial” ou “doesto” em vez de “acusação” ou “calúnia”. São des- séria; Os moralistas, que se preocupam com a moral, vivem vigiando
cabidos também as citações em língua estrangeira e os latinismos, tão as outras pessoas.
ao gosto da linguagem forense. Os manuais de Redação Oficial, que
vários órgãos têm feito publicar, são unânimes em desaconselhar a A Redação Oficial supõe, como receptor, um operador linguís-
utilização de certas formas sacramentais, protocolares e de anacronis- tico dotado de um repertório vocabular e de uma articulação verbal
mos que ainda se leem em documentos oficiais, como: “No dia 20 de minimamente compatíveis com o registro médio da linguagem. Nesse
maio, do ano de 2011 do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, sentido, deve ser um texto neutro, sem facilitações que intentem suprir
que permanecem nos registros cartorários antigos. as deficiências cognitivas de leitores precariamente alfabetizados.

Didatismo e Conhecimento 1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Como exceção, citamse as campanhas e comunicados destinados Vale lembrar que os pronomes de tratamento são obrigatoriamen-
a públicos específicos, que fazem uma aproximação com o registro te regidos pela terceira pessoa. São erros muito comuns construções
linguístico do públicoalvo. Mas esse é um campo que refoge aos ob- como “Vossa Excelência sois bondoso(a)”; o correto é “Vossa Exce-
jetivos deste material, para se inserir nos domínios e técnicas da pro- lência é bondoso(a)”.
paganda e da persuasão. A utilização da segunda pessoa do plural (vós), com que os textos
Se o texto oficial não pode e não deve baixar ao nível de com- oficiais procuravam revestirse de um tom solene e cerimonioso no
preensão de leitores precariamente equipados quanto à linguagem, passado, é hoje incomum, anacrônica e pedante, salvo em algumas
fica evidente o falo de que a alfabetização e a capacidade de apreensão peças oratórias envolvendo tribunais ou juizes, herdeiras, no Brasil,
de enunciados são condições inerentes à cidadania. Ninguém é verda- da tradição retórica de Rui Barbosa e seus seguidores.
deiramente cidadão se não consegue ler e compreender o que leu. O Outro aspecto das formalidades requeridas na Redação Oficial
domínio do idioma é equipamento indispensável à vida em sociedade. é a necessidade prática de padronização dos expedientes. Assim, as
prescrições quanto à diagramação, espaçamento, caracteres tipográfi-
Impessoalidade e Objetividade cos etc., os modelos inevitáveis de ofício, requerimento, memorando,
aviso e outros, além de facilitar a legibilidade, servem para agilizar o
Ainda que possam ser subscritos por um ente público (funcioná- andamento burocrático, os despachos e o arquivamento.
rio, servidor etc.), os textos oficiais são expressão do poder público e É também por essa razão que quase todos os órgãos públicos edi-
é em nome dele que o emissor se comunica, sempre nos termos da lei tam manuais com os modelos dos expedientes que integram sua rotina
e sobre atos nela fundamentados. burocrática. A Presidência da República, a Câmara dos Deputados, o
Não cabe na Redação Oficial, portanto, a presença do “eu” Senado, os Tribunais Superiores, enfim, os poderes Executivo, Le-
enunciador, de suas impressões subjetivas, sentimentos ou opiniões. gislativo e Judiciário têm os próprios ritos na elaboração dos textos e
Mesmo quando o agente público manifestase em primeira pessoa, em documentos que lhes são pertinentes.
formas verbais comuns como: declaro, resolvo, determino, nomeio,
exonero etc., é nos termos da lei que ele o faz e é em função do cargo Concisão e Clareza
que exerce que se identifica e se manifesta.
O que interessa é aquilo que se comunica, é o conteúdo, o objeto Houve um tempo em que escrever bem era escrever “difícil”. Pe-
da informação. A impessoalidade contribui para a necessária padroni- ríodos longos, subordinações sucessivas, vocábulos raros, inversões
zação, reduzindo a variabilidade da linguagem a certos padrões, sem o sintáticas, adjetivação intensiva, enumerações, gradações, repetições
que cada texto seria suscetível de inúmeras interpretações. enfáticas já foram considerados virtudes estilísticas. Atualmente, a ve-
Por isso, a Redação Oficial não admite adjetivação. O adjetivo, locidade que se impõe a tudo o que se faz, inclusive ao escrever e ao
ao qualificar, exprime opinião e evidencia um juízo de valor pessoal ler, tornou esses recursos quase sempre obsoletos. Hoje, a concisão, a
do emissor. São inaceitáveis também a pontuação expressiva, que am- economia vocabular, a precisão lexical, ou seja, a eficácia do discurso,
plia a significação (! ... ), ou o emprego de interjeições (Oh! Ah!), que são pressupostos não só da Redação Oficial, mas da própria literatu-
funcionam como índices do envolvimento emocional do redator com ra. Basta observar o estilo “enxuto” de Graciliano Ramos, de Carios
aquilo que está escrevendo. Drummond de Andrade, de João Cabral de Melo Neto, de Dalton Tre-
Se nos trabalhos artísticos, jornalísticos e escolares o estilo indivi- visan, mestres da linguagem altamente concentrada.
dual é estimulado e serve como diferencial das qualidades autorais, a Não têm mais sentido os imensos “prolegômenos” e “exórdios”
função pública impõe a despersonalização do sujeito, do agente públi- que se repetiam como ladainhas nos textos oficiais, como o exemplo
co que emite a comunicação. São inadmissíveis, portanto, as marcas risível e caricato que segue:
individualizadoras, as ousadias estilísticas, a linguagem metafórica
ou a elíptica e alusiva. A Redação Oficial prima pela denotação, pela “Preliminarmente, antes de mais nada, indispensável se faz que
sintaxe clara e pela economia vocabular, ainda que essa regularidade nos valhamos do ensejo para congratularmonos com Vossa Excelên-
imponha certa “monotonia burocrática” ao discurso. cia pela oportunidade da medida proposta à apreciação de seus no-
Reafirmase que a intermediação entre o emissor e o receptor nas bres pares. Mas, quem sou eu, humilde servidor público, para abordar
Redações Oficiais é o código linguístico, dentro do padrão culto do questões de tamanha complexidade, a respeito das quais divergem os
idioma; uma linguagem “neutra”, referendada pelas gramáticas, di- hermeneutas e exegetas.
cionários e pelo uso em situações formais, acima das diferenças indi- Entrementes, numa análise ainda que perfunctória das causas
viduais, regionais, de classes sociais e de níveis de escolaridade. primeiras, que fundamentaram a proposição tempestivamente enca-
minhada por Vossa Excelência, indispensável se faz uma abordagem
Formalidade e Padronização preliminar dos antecedentes imediatos, posto que estes antecedentes
necessariamente antecedem os consequentes”.
As comunicações oficiais impõem um tratamento polido e res-
peitoso. Na tradição iberoamericana, afeita a títulos e a tratamentos Observe que absolutamente nada foi dito ou informado.
reverentes, a autoridade pública revela sua posição hierárquica por
meio de formas e de pronomes de tratamento sacramentais. “Exce- As Comunicações Oficiais
lentíssimo”, “Ilustríssimo”, “Meritíssimo”, “Reverendíssimo” são
vocativos que, em algumas instâncias do poder, tornaramse inevitá- A redação das comunicações oficiais obedece a preceitos de ob-
veis. Entenda-se que essa solenidade tem por consideração o cargo, a jetividade, concisão, clareza, impessoalidade, formalidade, padroni-
função pública, e não a pessoa de seu exercente. zação e correção gramatical.

Didatismo e Conhecimento 2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Além dessas, há outras características comuns à comunicação - Do Poder Judiciário - Ministros dos Tribunais Superiores;
oficial, como o emprego de pronomes de tratamento, o tipo de fecho Membros de Tribunais; Juizes; Auditores da Justiça Militar.
(encerramento) de uma correspondência e a forma de identificação
do signatário, conforme define o Manual de Redação da Presidência Vocativos
da República. Outros órgãos e instituições do poder público também
possuem manual de redação próprio, como a Câmara dos Deputados, O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos che-
o Senado Federal, o Ministério das Relações Exteriores, diversos go- fes de poder é Excelentíssimo Senhor,seguido do cargo respectivo:
vernos estaduais, órgãos do Judiciário etc. Excelentíssimo Senhor Presidente da República; Excelentíssimo Se-
nhor Presidente do Congresso Nacional; Excelentíssimo Senhor Pre-
Pronomes de Tratamento sidente do Supremo Tribunal Federal.
As demais autoridades devem ser tratadas com o vocativo Senhor
A regra diz que toda comunicação oficial deve ser formal e poli- ou Senhora,seguido do respectivo cargo: Senhor Senador / Senhora
da, isto é, ajustada não apenas às normas gramaticais, como também Senadora; Senhor Juiz/ Senhora Juiza; Senhor Ministro / Senhora Mi-
às normas de educação e cortesia. Para isso, é fundamental o emprego nistra; Senhor Governador / Senhora Governadora.
de pronomes de tratamento, que devem ser utilizados de forma corre-
ta, de acordo com o destinatário e as regras gramaticais. Endereçamento
Embora os pronomes de tratamento se refiram à segunda pessoa
(Vossa Excelência, Vossa Senhoria), a concordância é feita em terceira De acordo com o Manual de Redação da Presidência, no en-
pessoa. velope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades
tratadas porVossa Excelência,deve ter a seguinte forma:
Concordância verbal:
Vossa Senhoria falou muito bem. A Sua Excelência o Senhor
Vossa Excelência vai esclarecer o tema. Fulano de Tal
Vossa Majestade sabe que respeitamos sua opinião. Ministro de Estado da Justiça
70064900 Brasília. DF
Concordância pronominal:
Pronomes de tratamento concordam com pronomes possessivos A Sua Excelência o Senhor
na terceira pessoa. Senador Fulano de Tal
Vossa Excelência escolheu seu candidato. (e não “vosso...”). Senado Federal
70165900 Brasília. DF
Concordância nominal:
Os adjetivos devem concordar com o sexo da pessoa a que se A Sua Excelência o Senhor
refere o pronome de tratamento. Fulano de Tal
Vossa Excelência ficou confuso. (para homem) Juiz de Direito da l0ª Vara Cível
Vossa Excelência ficou confusa. (para mulher) Rua ABC, nº 123
Vossa Senhoria está ocupado. (para homem) 01010000 São Paulo. SP
Vossa Senhoria está ocupada. (para mulher)
Conforme o Manual de Redação da Presidência, “em comuni-
Sua Excelência - de quem se fala (ele/ela). cações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD) às
Vossa Excelência - com quem se fala (você) autoridades na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se
ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evo-
Emprego dos Pronomes de Tratamento cação”.

As normas a seguir fazem parte do Manual de Redação da Pre- Vossa Senhoria:É o pronome de tratamento empregado para as
sidência da República. demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é: Se-
nhor Fulano de Tal / Senhora Fulana de Tal.
Vossa Excelência: É o tratamento empregado para as seguintes
autoridades: No envelope, deve constar do endereçamento:
Ao Senhor
- Do Poder Executivo - Presidente da República; Vice-preside- Fulano de Tal
nIe da República; Ministros de Estado; Governadores e vicegoverna- Rua ABC, nº 123
dores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais generais das Forças Ar- 70123-000 – Curitiba.PR
madas; Embaixadores; Secretáriosexecutivos de Ministérios e demais
ocupantes de cargos de natureza especial; Secretários de Estado dos Conforme o Manual de Redação da Presidência, em comunica-
Governos Estaduais; Prefeitos Municipais. ções oficiais “fica dispensado o emprego do superlativo Ilustríssimo
- Do Poder Legislativo - Deputados Federais e Senadores; Mi- para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e
nistro do Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais e Distri- para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Se-
tais; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Presidentes das nhor. O Manual também esclarece que “doutor não é forma de trata-
Câmaras Legislativas Municipais. mento, e sim título acadêmico”. Por isso, recomenda-se empregá-lo

Didatismo e Conhecimento 3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham concluído (espaço para assinatura)
curso de doutorado. No entanto, ressalva-se que “é costume designar Nome
por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Chefe da SecretariaGeral da Presidência da República
Medicina”.
(espaço para assinatura)
Vossa Magnificência: É o pronome de tratamento dirigido a rei- Nome
tores de universidade. Correspondelhe o vocativo: Magnífico Reitor. Ministro de Estado da Justiça

Vossa Santidade: É o pronome de tratamento empregado em co- “Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em
municações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é: Santís- página isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a
simo Padre. última frase anterior ao fecho”, alerta o Manual.

Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima: São os Padrões e Modelos


pronomes empregados em comunicações dirigidas a cardeais. Os vo-
cativos correspondentes são: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Emi- O Padrão Ofício
nentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal.
O Manual de Redação da Presidência da República lista três tipos
Nas comunicações oficiais para as demais autoridades eclesiás- de expediente que, embora tenham finalidades diferentes, possuem
ticas são usados: Vossa Excelência Reverendíssima(para arcebispos e formas semelhantes: Ofício, Aviso e Memorando. A diagramação
bispos); Vossa ReverendíssimaouVossa Senhoria Reverendíssima(pa- proposta para esses expedientes é denominada padrão ofício.
ra monsenhores, cônegos e superiores religiosos); Vossa Reverên- O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as seguintes
cia(para sacerdotes, clérigos e demais religiosos). partes:

Fechos para Comunicações - Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que
o expede. Exemplos:
De acordo com o Manual da Presidência, ofecho das comunica-
ções oficiais “possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a Of. 123/2002-MME
de saudar o destinatário”, ou seja, o fecho é a maneira de quem expede Aviso 123/2002-SG
a comunicação despedirse de seu destinatário. Mem. 123/2002-MF
Até 1991, quando foi publicada a primeira edição do atual Ma-
nual de Redação da Presidência da República, havia 15 padrões de - Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à direita.
fechos para comunicações oficiais. O Manual simplificou a lista ere- Exemplo:
duziu-os a apenas dois para todas as modalidades de comunicação
oficial. São eles: Brasília, 20 de maio de 2011

Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive o presi- - Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
dente da República.
Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia ou de Assunto: Produtividade do órgão em 2010.
hierarquia inferior. Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.

“Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a - Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a
autoridades estrangeiras, que atenderem a rito e tradição próprios, comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o ende-
devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das reço.
Relações Exteriores”, diz o Manual de Redação da Presidência da
República. - Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento de
A utilização dos fechos “Respeitosamente” e “Atenciosamente” documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
é recomendada para os mesmos casos pelo Manual de Redação da
Câmara dos Deputados e por outros manuais oficiais. Já os fechos Introdução:que se confunde com o parágrafo de abertura, na
para as cartas particulares ou informais ficam a critério do remeten- qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso
te, com preferência para a expressão “Cordialmente”, para encerrar a das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpreme
correspondência de forma polida e sucinta. informar que”,empregue a forma direta;
Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto con-
Identificação do Signatário tiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em
parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
Conforme o Manual de Redação da Presidência do República, Conclusão:em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada
com exceção das comunicações assinadas pelo presidente da Repú- a posição recomendada sobre o assunto.
blica, em todas as comunicações oficiais devem constar o nome e o
cargo da autoridade que as expede, abaixo de sua assinatura. A forma Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos
da identificação deve ser a seguinte: em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.

Didatismo e Conhecimento 4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Quando se tratar de mero encaminhamento de documentos, a es- - todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser impres-
trutura deve ser a seguinte: sos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
Introdução:deve iniciar com referência ao expediente que soli- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
citou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido Rich Text nos documentos de texto;
solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, - dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter
que é encaminhar,indicando a seguir os dados completos do docu- o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveita-
mento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de mento de trechos para casos análogos;
que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, segundo a - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser
seguinte fórmula: formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do docu-
mento + palavraschave do conteúdo. Exemplo:
“Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011, en-
caminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010, do
Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do “Of. 123 relatório produtividade
servidor Fulano de Tal.” ano 2010”

ou Aviso e Ofício (Comunicação Externa)

“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do São modalidades de comunicação oficial praticamente idênticas.
telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Presidente da Confe- A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusivamente
deração Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de moderniza- por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao
ção de técnicas agrícolas na região Nordeste.” passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos
têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos
Desenvolvimento:se o autor da comunicação desejar fazer algum da Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com
comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescen- particulares.
tar parágrafos de desenvolvimento;em caso contrário, não há parágra- Quanto a sua forma, Aviso e Ofícioseguem o modelo do padrão
fos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento. ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário, seguido
de vírgula. Exemplos:
- Fecho.
- Assinatura.
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
- Identificação do Signatário
Senhora Ministra,
Forma de Diagramação Senhor Chefe de Gabinete,

Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte for- Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes
ma de apresentação: informações do remetente:
- nome do órgão ou setor;
- deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 - endereço postal;
no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; - telefone e endereço de correio eletrônico.
- para símbolos não existentes na fonte TimesNew Roman, poder-
seãoutilizar as fontes symbol e Wíngdings; Obs: Modelo no final da matéria.
- é obrigatório constar a partir da segunda página o número da
página; Memorando ou Comunicação Interna
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direita O Memorandoé a modalidade de comunicação entre unidades
terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”); administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquica-
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância mente em mesmo nível ou em nível diferente. Tratase, portanto, de
da margem esquerda; uma forma de comunicação eminentemente interna.
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado
3,0 cm de largura;
para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc. a serem adotados
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 por determinado setor do serviço público.
pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não com- Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do me-
portar tal recurso, de uma linha em branco; morando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela sim-
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, plicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer aumento do número de comunicações, os despachos ao memorando
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do devem ser dados no próprio documento e, no caso de falta de espa-
documento; ço, em folha de continuação. Esse procedimento permite formar uma
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel espécie de processo simplificado, assegurando maior transparência a
branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e tomada de decisões, e permitindo que se historie o andamento da ma-
ilustrações; téria tratada no memorando.

Didatismo e Conhecimento 5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão - se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orçamen-
ofício, com a diferença de que seu destinatário deve ser mencionado tária anual; se não, quais as alternativas para custeála;
pelo cargo que ocupa. Exemplos: - valor a ser despendido em moeda corrente;
- Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente se o
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração ato proposto for medida provisória ou projeto de lei que deva tramitar
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos. em regime de urgência). Mencionar:
- se o problema configura calamidade pública;
Obs: Modelo no final da matéria. - por que é indispensável a vigência imediata;
- se se trata de problema cuja causa ou agravamento não tenham
Exposição de Motivos
sido previstos;
- se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já pre-
É o expediente dirigido ao presidente da República ou ao vice
vista.
-presidente para:
- informá-lo de determinado assunto; - Impacto sobre o meio ambiente (somente que o ato ou medida
- propor alguma medida; ou proposta possa vir a tê-lo)
- submeter a sua consideração projeto de ato normativo. - Alterações propostas. Texto atual, Texto proposto;
- Síntese do parecer do órgão jurídico.
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da Re-
pública por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto tra- Com base em avaliação do ato normativo ou da medida proposa
tado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos deverá à luz das questões levantadas no ítem 10.4.3.
ser assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acarretar,
chamada de interministerial. a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, a devo-
Formalmente a exposição de motivos tem a apresentação do pa- lução do projeto de ato normativo para que se complete o exame ou
drão ofício. De acordo com sua finalidade, apresenta duas formas bá- se reformule a proposta.
sicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclusivamente O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de mo-
informativo e outra para a que proponha alguma medida ou submeta tivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição de ato
projeto de ato normativo. normativo tem como finalidade:
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente - permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca
leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, sua
resolver;
estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
- ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do proble-
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presi-
ma e dos defeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição do
dente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a
que lhe apresente projeto de ato normativo, embora sigam também a ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na
estrutura do padrão ofício, além de outros comentários julgados perti- elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Executivo
nentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar: (v. 10.4.3.)
- na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da - conferir perfeita transparência aos atos propostos.
medida ou do ato normativo proposto;
- no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas na
ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alter- elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, o texto
nativas existentes para equacionálo; da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e formam um
- na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação profunda e direta
qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. de toda a situação que está a reclamar a adoção de certa providên-
cia ou a edição de um ato normativo; o problema a ser enfrentado e
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as
motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo alternativas existentes. O texto da exposição de motivos fica, assim,
previsto no Anexo II do Decreto nº 4.1760, de 28 de março de 2010. reservado à demonstração da necessidade da providência proposta:
Anexo à exposição de motivos do (indicar nome do Ministério ou por que deve ser adotada e como resolverá o problema.
órgão equivalente) nº ______, de ____ de ______________ de 201_. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (no-
meação, promoção, ascenção, transferência, readaptação, reversão,
- Síntese do problema ou da situação que reclama providências;
aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração,
- Soluções e providências contidas no ato normativo ou na me-
dida proposta; demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário
- Alternativas existentes às medidas propostas. Mencionar: o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos.
- se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; Ressalte-se que:
- se há projetos sobre a matéria no Legislativo; - a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não
- outras possibilidades de resolução do problema. dispensa o encaminhamento do parecer completo;
- Custos. Mencionar: - o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos pode
- se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orçamen- ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos comentá-
tária anual; se não, quais as alternativas para custeála; rios a serem alí incluídos.

Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a - Indicação de autoridades: As mensagens que submetem ao Se-
atenção aos requisitos básicos da Redação Oficial (clareza, concisão, nado Federal a indicação de pessoas para ocuparem determinados car-
impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de gos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presi-
linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal dentes e diretores do Banco Central, ProcuradorGeral da República,
modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos Chefes de Missão Diplomática etc.) têm em vista que a Constituição,
Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Na-
Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada no cional competência privativa para aprovar a indicação. O currículum
Diário Oficial da União, no todo ou em parte. vitae do indicado, devidamente assinado, acompanha a mensagem.
Mensagem - Pedido de autorização para o presidente ou o vicepresidente
da República se ausentarem do País por mais de 15 dias: Tratase de
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Pode-
res Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a autoriza-
Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administra- ção é da competência privativa do Congresso Nacional.
ção Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão O presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quan-
legislativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem do a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a
de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer cada Casa do Congresso, enviandolhes mensagens idênticas.
comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e
da Nação. - Encaminhamento de atos de concessão e renovação de con-
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios à cessão de emissoras de rádio e TV: A obrigação de submeter tais atos
Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação final. à apreciagão do Congresso Nacional consta no inciso XII do artigo
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Na- 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a outorga ou
cional têm as seguintes finalidades: renovação da concessão após deliberação do Congresso Nacional
(Constituição, art. 223, § 3º). Descabe pedir na mensagem a urgência
- Encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar ou prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1º do art. 223 já
financeira:Os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados define o prazo da tramitação.
em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Constituição, Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensagem o
art. 64, §§ 1º a 4º). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado correspondente processo administrativo.
sob o regime normal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, com
solicitação de urgência.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do Con-
gresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Ci- - Encaminhamento das contas referentes ao exercício ante-
vil da Presidência da República ao Primeiro Secretário da Câmara dos rior:O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a
Deputados, para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as
caput). contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV),
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constituição,
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adi- art. 166, § 1º), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada
cionais), as mensagens de encaminhamento dirigemse aos membros do de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disciplinado no
Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao Pri- art. 215 do seu Regimento Interno.
meiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Cons-
tituição impõe a deliberação congressual sobre as leis financeiras em - Mensagem de abertura da sessão legislativa: Ela deve conter o
sessãoconjunta, mais precisamente, “na forma do regimento comum”. plano de governo, exposição sobre a situação do País e solicitação de
E à frente da Mesa do Congresso Nacional está o Presidente do Senado providências que julgar necessárias (Constituição, art. 84, XI).
Federal (Constituição, art. 57, § 5º), que comanda as sessões conjuntas. O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvido no da República. Esta mensagem difere das demais porque vai encader-
âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame técnico, ju- nada e é distribuída a todos os congressistas em forma de livro.
rídico e econômicofinanceiro das matérias objeto das proposições por
elas encaminhadas.
- Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos): Esta
Tais exames materializamse em pareceres dos diversos órgãos in-
mensagem é dirigida aos membros do Congresso Nacional, encami-
teressados no assunto das proposições, entre eles o da Advocacia Geral
da União. Mas, na origem das propostas, as análises necessárias cons- nhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se originaram os
tam da exposição de motivos do órgão onde se geraram, exposição que autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se restituem
acompanhará, por cópia, a mensagem de encaminhamento ao Congres- dois exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente
so. da República terá aposto o despacho de sanção.

- Encaminhamento de medida provisória: Para dar cumprimento - Comunicação de veto: Dirigida ao Presidente do Senado Fede-
ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presidente da República enca- ral (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a decisão
minha mensagem ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões
para o Primeiro Secretário do Senado Federal, juntando cópia da me- do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União,
dida provisória, autenticada pela Coordenação de Documentação da ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se restringe à no-
Presidência da República. tícia do seu envio ao Poder Legislativo.

Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
- Outras mensagens: Também são remetidas ao Legislativo com nologicamente superada, deve restringirse o uso do telegrama apenas
regular frequência mensagens com: àquelas situações que não seja possível o uso de correio eletrônico
- encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, também em razão
ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I); de seu custo elevado, esta forma de comunicação deve pautarse pela
- pedido de estabelecimento de alíquolas aplicáveis às operações concisão.
e prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art. 155, § Não há padrão rígido, devendose seguir a forma e a estrutura dos
2º, IV); formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio na
- proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida Internet.
consolidada (Constituição, art. 52, VI);
- pedido de autorização para operações financeiras externas Obs: Modelo no final da matéria.
(Constituição, art. 52, V); e outros.
Fax
Entre as mensagens menos comuns estão as de:
- convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constitui- O fax (forma abreviada já consagrada de facsímile) é uma forma
ção, art. 57, § 6º); de comunicação que está sendo menos usada devido ao desenvolvi-
- pedido de autorização para exonerar o ProcuradorGeral da Re- mento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens urgen-
pública (art. 52, XI, e 128, § 2º); tes e para o envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento
- pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobiliza- há premência, quando não há condições de envio do documento por
ção nacional (Constituição, art. 84, XIX); meio eletrônico. Quando necessário o original, ele segue posterior-
- pedido de autorização ou referendo para celebrara paz (Consti- mente pela via e na forma de praxe.
tuição, art. 84, XX); Se necessário o arquivamento, devese fazêlo com cópia xerox
- justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua pror- do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se
rogação (Constituição, art. 136, § 4º); deteriora rapidamente.
- pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constitui- Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura
ção, art. 137); que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o do-
- relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de cumento principal, de folha de rosto, isto é, de pequeno formulário
defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); com os dados de identificação da mensagem a ser enviada.
- proposta de modificação de projetas de leis financeiras (Consti-
tuição, art. 166, § 5º); Correio Eletrônico
- pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou rejeição O correio eletrônico (“email”), por seu baixo custo e celeridade,
do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8º); transformouse na principal forma de comunicação para transmissão
- pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas de documentos.
com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1º); etc. Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estru-
As mensagens contêm: tura. Entretanto, devese evitar o uso de linguagem incompatível com
- a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizontal- uma comunicação oficial.
mente, no início da margem esquerda: O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem
deve ser preenchido de modo a facilitar a organização documental
Mensagem nº tanto do destinatário quanto do remetente.
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, pre-
- vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do ferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha
destinatário, horizontalmente, noinício da margem esquerda: algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.
Sempre que disponível, devese utilizar recurso de confirmação
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem pedi-
do de confirmação de recebimento.
- o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de cor-
- o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e hori- reio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser acei-
zontalmentefazendocoincidir seu final com a margem direita. A men- ta como documento original, é necessário existir certificação digital
sagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
não traz identificação de seu signatário.
Apostila
Obs: Modelo no final da matéria.
É o aditamento que se faz a um documento com o objetivo de
Telegrama retificação, atualização, esclarecimento ou fixar vantagens, evitandose
assim a expedição de um novo título ou documento. Estrutura:
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os pro- - Título: APOSTILA, centralizado.
cedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda - Texto: exposição sucinta da retificação, esclarecimento, atuali-
comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex etc. Por se zação ou fixação da vantagem, com a menção, se for o caso, onde o
tratar de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos e tec- documento foi publicado.

Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
- Local e data. Se o gabinete usar cartas com frequência, poderá numerálas.
- Assinatura: nome e função ou cargo da autoridade que consta- Nesse caso, a numeração poderá apoiar-se no padrão básico de dia-
tou a necessidade de efetuar a apostila. gramação.
O fecho da carta segue, em geral, o padrão da correspondência
Não deve receber numeração, sendo que, em caso de documento oficial, mas outros fechos podem ser usados, a exemplo de “Cordial-
arquivado, a apostila deve ser feita abaixo dos textos ou no verso do mente”, quando se deseja indicar relação de proximidade ou igualda-
documento. de de posição entre os correspondentes.
Em caso de publicação do ato administrativo originário, a apos-
tila deve ser publicada com a menção expressa do ato, número, dia, Obs: Modelo no final da matéria.
página e no mesmo meio de comunicaçao oficial no qual o ato admi-
nistrativo foi originalmente publicado, a fim de que se preserve a data Declaração
de validade.
É o documento em que se informa, sob responsabilidade, algo
Obs: Modelo no final da matéria. sobre pessoa ou acontecimento. Estrutura:
- Título: DECLARAÇÃO, centralizado.
ATA - Texto: exposição do fato ou situação declarada, com finalidade,
nome do interessado em destaque (em maiúsculas) e sua relação com
É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos fatos e a Câmara nos casos mais formais.
deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou assembleia. Estru- - Local e data.
tura: - Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso de autorida-
- Título ATA. Em se tratando de atas elaboradas sequencialmen- de, função ou cargo.
te, indicar o respectivo número da reunião ou sessão, em caixaalta.
- Texto, incluindo: Preâmbulo registro da situação espacial e A declaração documenta uma informação prestada por autorida-
temporal e participantes; Registro dos assuntos abordados e de suas de ou particular. No caso de autoridade, a comprovação do fato ou o
decisões, com indicação das personalidades envolvidas, se for o caso; conhecimento da situação declarada deve serem razão do cargo que
Fecho termo de encerramento com indicação, se necessário, do reda- ocupa ou da função que exerce.
tor, do horário de encerramento, de convocação de nova reunião etc. Declarações que possuam características específicas podem rece-
ber uma qualificação, a exemplo da “declaração funcional”.
A ATA será assinada e/ou rubricada portodos os presentes à reu-
nião ou apenas pelo presidente e relator, dependendo das exigências Obs: Modelo no final da matéria.
regimentais do órgão.
A fim de se evitarem rasuras nas atas manuscritas, devese, em Despacho
caso de erro, utilizar o termo “digo”, seguido da informação correta a
ser registrada. No caso de omissão de informações ou de erros consta- É o pronunciamento de autoridade administrativa em petição que
tados após a redação, usase a expressão “Em tempo” ao final da ATA, lhe é dirigida, ou ato relativo ao andamento do processo. Pode ter ca-
com o registro das informações corretas. ráter decisório ou apenas de expediente. Estrutura:
- Nome do órgão principal e secundário.
Obs: Modelo no final da matéria. - Número do processo.
- Data.
Carta - Texto.
- Assinatura e função ou cargo da autoridade.
É a forma de correspondência emitida por particular, ou autori-
dade com objetivo particular, não se confundindo com omemorando O despacho pode constituirse de uma palavra, de uma expressão
(correspondência interna) ou o ofício (correspondência externa), nos ou de um texto mais longo.
quais a autoridade que assina expressa uma opinião ou dá uma infor-
mação não sua, mas, sim, do órgão pelo qual responde. Em grande Obs: Modelo no final da matéria.
parte dos casos da correspondência enviada por deputados, devese
usar a carta, não o memorando ou ofício, por estar o parlamentar emi- Ordem de Serviço
tindo parecer, opinião ou informação de sua responsabilidade, e não
especificamente da Câmara dos Deputados. O parlamentar deverá É o instrumento que encerra orientações detalhadas e/ou pontuais
assinar memorando ou ofício apenas como titular de função oficial para a execução de serviços por órgãos subordinados da Administra-
específica (presidente de comissão ou membro da Mesa, por exem- ção. Estrutura:
plo). Estrutura: - Título: ORDEM DE SERVIÇO, numeração e data.
- Local e data. - Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade que
- Endereçamento, com forma de tratamento, destinatário, cargo expede o ato (em maiúsculas) e citação da legislação pertinente ou por
e endereço. força das prerrogativas do cargo, seguida da palavra “resolve”.
- Vocativo. - Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido em
- Texto. itens, incisos, alíneas etc.
- Fecho. - Assinatura: nome da autoridade competente e indicação da fun-
- Assinatura: nome e, quando necessário, função ou cargo. ção.

Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
A Ordem de Serviço se assemelha à Portaria, porém possui cará- - Título RELATÓRIO ou RELATÓRIO DE...
ter mais específico e detalhista. Objetiva, essencialmente, a otimiza- - Texto registro em tópicos das principais atividades desenvolvi-
ção e a racionalização de serviços. das, podendo ser indicados os resultados parciais e totais, com desta-
que, se for o caso, para os aspectos positivos e negativos do período
Obs: Modelo no final da matéria. abrangido. O cronograma de trabalho a ser desenvolvido, os quadros,
os dados estatísticos e as tabelas poderão ser apresentados como ane-
Parecer xos.
- Local e data.
É a opinião fundamentada, emitida em nome pessoal ou de órgão - Assinatura e função ou cargo do(s) funcionário(s) relator(es).
administrativo, sobre tema que lhe haja sido submetido para análise e
competente pronunciamento. Visa fornecer subsídios para tomada de No caso de Relatório de Viagem, aconselhase registrar uma des-
decisão. Estrutura: crição sucinta da participação do servidor no evento (seminário, cur-
- Número de ordem (quando necessário). so, missão oficial e outras), indicando o período e o trecho compreen-
- Número do processo de origem. dido. Sempre que possível, o Relatório de Viagem deverá ser elabora-
- Ementa (resumo do assunto). do com vistas ao aproveitamento efetivo das informações tratadas no
- Texto, compreendendo: Histórico ou relatório (introdução); Pa- evento para os trabalhos legislativos e administrativos da Casa.
recer (desenvolvimento com razões e justificativas); Fecho opinativo Quanto à elaboração de Relatório de Atividades, devese atentar
(conclusão). para os seguintes procedimentos:
- Local e data. - absterse de transcrever a competência formal das unidades ad-
- Assinatura, nome e função ou cargo do parecerista. ministrativas já descritas nas normas internas;
- relatar apenas as principais atividades do órgão;
Além do Parecer Administrativo, acima conceituado, existe o Pa- - evitar o detalhamento excessivo das tarefas executadas pelas
recer Legislativo, que é uma proposição, e, como tal, definido no art. unidades administrativas que lhe são subordinadas;
126 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. - priorizar a apresentação de dados agregados, grandes metas rea-
O desenvolvimento do parecer pode ser dividido em tantos itens lizadas e problemas abrangentes que foram solucionados;
(e estes intitulados) quantos bastem ao parecerista para o fim de me- - destacar propostas que não puderam ser concretizadas, identi-
lhor organizar o assunto, imprimindolhe clareza e didatismo. ficando as causas e indicando as prioridades para os próximos anos;
- gerar um relatório final consolidado, limitado, se possível, ao
Obs: Modelo no final da matéria. máximo de dez páginas para o conjunto da Diretoria, Departamento
ou unidade equivalente.
Portaria
Obs: Modelo no final da matéria.
É o ato administrativo pelo qual a autoridade estabelece regras,
baixa instruções para aplicação de leis ou trata da organização e do Requerimento (Petição)
funcionamento de serviços dentro de sua esfera de competência. Es-
trutura: É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma au-
- Título: PORTARIA, numeração e data. toridade administrativa um direito do qual se julga detentor. Estrutura:
- Ementa: síntese do assunto. - Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja, da
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade que autoridade competente.
expede o ato e citação da legislação pertinente, seguida da palavra - Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente
“resolve”. (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação: nacionalida-
- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido em de, estado civil, profissão, documento de identidade, idade (se maior
artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens. de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do processo, se-
- Assinatura: nome da autoridade competente e indicação do car- gundo a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor
go. da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação civil deve ser
colocado o número do registro funcional e a lotação); Exposição do
Certas portarias contêm considerandos, com as razões que justifi- pedido, de preferência indicando os fundamentos legais do requeri-
cam o ato. Neste caso, a palavra “resolve” vem depois deles. mento e os elementos probatórios de natureza fática.
A ementa justificase em portarias de natureza normativa. - Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
Em portarias de matéria rotineira, como nos casos de nomeação - Local e data.
e exoneração, por exemplo, suprime-se a ementa. - Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

Obs: Modelo no final da matéria. Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, reivindicação
ou manifestação, o documento utilizado será um abaixoassinado, com
Relatório estrutura semelhante à do requerimento, devendo haver identificação
das assinaturas.
É o relato exposilivo, detalhado ou não, do funcionamento de A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do
uma instituição, do exercício de atividades ou acerca do desenvolvi- pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em
mento de serviços específicos num determinado período. Estrutura: defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 51,

Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
XXXIV, “a”), sendo que o exercício desse direito se instrumentaliza por meio de requerimento. No que concerne especificamente aos servidores
públicos, a lei que institui o Regime único estabelece que o requerimento deve ser dirigido à autoridade competente para decidilo e encaminhado
por intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente (Lei nº 8.112/90, art. 105).

Obs: Modelo no final da matéria.

Protocolo

O registro de protocolo (ou simplesmente “o protocolo“) é o livro (ou, mais atualmente, o suporte informático) em que são transcritos progres-
sivamente os documentos e os atos em entrada e em saída de um sujeito ou entidade (público ou privado). Este registro, se obedecerem a normas
legais, têm fé pública, ou seja, tem valor probatório em casos de controvérsia jurídica.
O termo protocolo tem um significado bastante amplo, identificando-se diretamente com o próprio procedimento. Por extensão de sentido,
“protocolo” significa também um trâmite a ser seguido para alcançar determinado objetivo (“seguir o protocolo”).
A gestão do protocolo é normalmente confiada a uma repartição determinada, que recebe o material documentário do sujeito que o produz
em saída e em entrada e os anota num registro (atualmente em programas informáticos), atruibuindo-lhes um número e também uma posição de
arquivo de acordo com suas características.
O registro tem quatro elementos necessários e obrigatórios:
- Número progressivo.
- Data de recebimento ou de saída.
- Remetente ou destinatário.
- Regesto, ou seja, breve resumo do conteúdo da correspondência.

Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Exemplo de Ofício

(Ministério)
(Secretaria/Departamento/Setor/Entidade)
(Endereço para correspondência)
(Endereço – continuação)
(Telefone e Endereço de Correio Eletrônico)

Ofício nº 524/1991/SG-PR

Brasília, 20 de maio de 2011

A Sua Excelência o Senhor


Deputado (Nome)
Câmara dos Deputados
70160-900 – Brasília – DF
3 cm 297 mm
1,5 cm
Assunto: Demarcação de terras indígenas

Senhor Deputado,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama nº 154, de


24 de abril último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em
sua carta nº 6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas
pelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituído
pelo Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa).
2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que –
na definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração
as características sócio-econômicas regionais.
3. Nos termos do Decreto nº 22, a demarcação de terras indígenas
deverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto
no art. 231, § 1º, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectos
etno-históricos, sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste último
aspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual
competente.
4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão
encaminhas as informações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. É
igualmente assegurada a manifestação de entidades representativas da sociedade
civil.
5. Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio
serão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e
das entidades civis acima mencionadas.
6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido
assegura que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os
limites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos
necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária
transparência e agilidade.

Atenciosamente,

(Nome)
(cargo)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Exemplo de Aviso

Aviso nº 45/SCT-PR

Brasília, 27 de fevereiro de 2011

A Sua Excelência o Senhor


(Nome e cargo)
297 mm

3 cm
1,5 cm
Assunto: Seminário sobre o uso de energia no setor público

Senhor Ministro,

Convido Vossa Excelência a participar da sessão de abertura do Primeiro


Seminário Regional sobre o Uso Eficiente de Energia no Setor Público, a ser
realizado em 5 de março próximo, às 9 horas, no auditório da Escola Nacional de
Administração Pública – ENAP, localizada no Setor de Áreas Isoladas, nesta
capital.
O Seminário mencionado inclui-se nas atividades do Programa Nacional das
Comissões Internas de Conservação de Energia em Órgãos Públicos, instituído
pelo Decreto nº 99.656, de 26 de outubro de 1990.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)
(cargo do signatário)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já
manifestou seu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Exemplo de Exposição de Motivos de Caráter Informativo

5 cm

EM nº 00146/1991-MRE

5 cm Brasília, 24 de maio de 2011

3 cm 1,5 cm

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

2,5 cm
O Presidente George Bush anunciou, no último dia 13, significativa
mudança da posição norte-americana nas negociações que se realizam – na
Conferência do Desarmamento, em Genebra – de uma convenção multilateral de
proscrição total das armas químicas. Ao renunciar à manutenção de cerca de dois
por cento de seu arsenal químico até a adesão à convenção de todos os países em
condições de produzir armas químicas, os Estados Unidos reaproximaram sua
postura da maioria dos quarenta países participantes do processo negociador,
inclusive o Brasil, abrindo possibilidades concretas de que o tratado a ser
concluído e assinado em prazo de cerca de um ano. (...)
1 cm
2,5 cm
Atenciosamente,
2,5 cm

(Nome)
(cargo)

Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Exemplo de Mensagem

5 cm

Mensagem nº 118

4 cm

297 mm

Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,

2 cm 1,5 cm

3 cm
Comunico a Vossa Excelência o recebimento das mensagens SM nºs
106 a 110, de 1991, nas quais informo a promulgação dos Decretos Legislativos
nºs 93 a 97, de 1991, relativos à exploração de serviços de radiodifusão.

Brasília, 28 de março de 2011

210 mm

Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Exemplo de Telegrama

[órgão Expedidorl
[setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]

Destinatário: _________________________________________________________
Nº do fax de destino: _________________________________ Data: ___/___/_____
Remetente: __________________________________________________________
Tel. p/ contato: ____________________Fax/correio eletrônico: ________________
Nº de páginas: esta + ______Nº do documento: _____________________________
Observações: _________________________________________________________
_____________________________________________________________________


Exemplo de Apostila

APOSTILA

A Diretora da Coordenação de Secretariado Parlamentar do Departamento de Pessoal declara que


o servidor José da Silva, nomeado pela Portaria CDCC-RQ001/2004, publicada no Suplemento ao Boletim
Administrativo de 30 de março de 2004, teve sua situação funcional alterada, de Secretário Parlamentar
Requisitado, ponto n. 123, para Secretário Parlamentar sem vínculo efetivo com o serviço público, ponto n.
105.123, a partir de 11 de abril de 2004, em face de decisão contida no Processo n. 25.001/2004.

Brasília, em 26/5/2011

Maria da Silva
Diretora

Exemplo de ATA
CAMARA DOS DEPUTADOS
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
Coordenação de Publicações

ATA

As 10h15min, do dia 24 de maio de 2011, na Sala de Reunião do Cedi, a Sra. Maria da Silva, Diretora
da Coordenação, deu início aos trabalhos com a leitura da ala da reunião anterior, que foi aprovada, sem
alterações. Em prosseguimento, apresentou a pauta da reunião, com a inclusão do item “Projetos Concluídos”,
sendo aprovada sem o acréscimo de novos itens. Tomou a palavra o Sr. José da Silva, Chefe da Seção de
Marketing, que apresentou um breve relato das atividades desenvolvidas no trimestre, incluindo o lançamento
dos novos produtos. Em seguida, o Sr. Mário dos Santos, Chefe da Tipografia, ressaltou que nos últimos
meses os trabalhos enviados para publicação estavam de acordo com as normas estabelecidas, parabenizando
a todos pelos resultados alcançados. Com relação aos projeXos concluídos, a Diretora esclareceu que todos
mantiveram-se dentro do cronograma de trabalho preestabelecido e que serao encaminhados à gráfica na
próxima semana. Às 11h45min a Diretora encerrou os trabalhos, antes convocando reunião para o dia 2 de
junho, quarta-feira, às 10 horas, no mesmo local. Nada mais havendo a tratar, a reunião foi encerrada, e eu,
Ana de Souza, lavrei a presente ata que vai assinada por mim e pela Diretora.

Diretora

Secretária

Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Exemplo de Despacho

CÂMARA DOS DEPUTADOS


PRIMEIRASECRETARIA

Processo n . .........
Em .... / .... /200 ...

Ao Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, por força do disposto no inciso I do art. 70 do Regimento
do Cefor, c/c o art. 95, da Lei n. 8.112/90, com parecer favorável desta Secretaria, nos termos das informações e
manifestações dos órgãos técnicos da Casa.

Deputado José da Silva


PrimeiroSecretário

Exemplo de Ordem de Serviço

CÂMARA DOS DEPUTADOS


CONSULTORIA TÉCNICA

ORDEM DE SERVIÇO N. 3, DE 6/6/2010

O DIRETOR DA CONSULTORIA TÉCNICA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso de suas


atribuições, resolve:
1. As salas 3 e 4 da Consultoria Técnica ficam destinadas a reuniões de trabalho com deputados,
consultores e servidores dos setores de apoio da Consultoria Técnica.
2. As reuniões de trabalho serão agendadas previamente pela Diretoria da Coordenação de Serviços
Gerais.
................................................................................................................................
6. Havendo mais de uma solicitação de uso para o mesmo horário, será adotada a seguinte ordem de
preferência:
1 reuniões de trabalho com a participação de deputados;
11 reuniões de trabalho da diretoria;
111 reuniões de trabalho dos consultores;
IV . ..................................................................................................................................
V . ....................................................................................................................................
7. O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Diretoría da Coordenação de
Serviços Gerais.

José da Silva
Diretor

Didatismo e Conhecimento 18
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Exemplo de Parecer

PARECER JURÍDICO

De: Departamento Jurídico


Para: Gerente Administrativo

Senhor Gerente,

Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou não, da empregada Fulana de Tal, passamos
a analisar o assunto.
O artigo 10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto.
Nesta hipótese, existe responsabilidade objetiva do empregador pela manutenção do emprego, ou seja, basta
comprovar a gravidez no curso do contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade provisória no
emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o
nascituro, assegurando a dignidade da pessoa humana.
A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-se à afirmativa médica do estado gestacional
da empregada e não exige que o empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste sentido tem sido as
reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n. 244, que assim disciplina a questão:
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização
decorrente da estabilidade. (art. 10, II, “b” do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do
contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. (ex-Súmula nº
244 – Res 121/2003, DJ 19.11.2003).
III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de
experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa arbitrária ou
sem justa causa. (ex-OJ nº 196 - Inserida em 08.11.2000).
No caso colocado em análise, percebe-se que não havia confirmação da gestação antes da dispensa. Ao contrário,
diante da suspeita de gravidez, a empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial, o que foi feito, não
tendo sido confirmada a gravidez. A empresa só dispensou a empregada depois que lhe foi apresentado o resultado negativo
do teste de gravidez. A confirmação do estado gestacional só veio após a dispensa.
Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez confirmada no curso aviso prévio indenizado
garante ou não a estabilidade.
O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão de aviso
prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este entendimento
exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez ocorre após a rescisão contratual.
A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio indenizado, não assegura a estabilidade. Contudo, na
hipótese dos autos, embora a gravidez tenha sido confirmada no curso do aviso prévio indenizado, certo é que a empregada
já estava grávida antes da dispensa, como atestam os exames trazidos aos autos. A conclusão da ultrossonografia obstétrica
afirma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecografica era de pouco mais de 13 semanais, portanto, na data do
afastamento a reclamante já contava com mais de 01 mês de gravidez.
Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto da estabilidade da gestante, considerando
que a responsabilidade do empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando que o desconhecimento do
estado gravídico não impede o reconhecimento da gravidez, conclui-se que:
a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio indenizado;
b) fica assegurada a estabilidade quando, embora confirmada no período do aviso prévio indenizado, a gravidez
ocorre antes da dispensa.
De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve proceder a reintegração da empregada diante da
estabilidade provisória decorrente da gestação.
É o parecer.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).


(assinatura)
(nome)
(cargo)

Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Exemplo de Portaría

CÂMARA DOS DEPUTADOS


DIRETORIAGERAL

PORTARIA N. 1, de 13/1/2010

Disciplina a utilização da chancela eletrônica nas requisições de


passagens aéreas e diárias de viagens, autorizadasem processos
administrativos no âmbito da Câmara dos Deputados e assinadas
pelo DiretorGeral.

O DIRETORGERAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso das atribuições que lhe confere o
artigo 147, item XV, da Resolução n. 20, de 30 de novembro de 1971, resolve:
Art. 11 Fica instituído o uso da chancela eletrônica nas requisições de passagens aéreas e diárias de
viagens, autorizadas em processos administrativos pela autoridade competente e assinadas pelo DiretorGeral, para
parlamentar, servidor ou convidado, no âmbito da Câmara dos Deputados.
Art. 21 A chancela eletrônica, de acesso restrito, será válida se autenticada mediante código de segurança
e acompanhada do atesto do Chefe de Gabinete da DiretoriaGeral ou do seu primeiro substituto.
Art. 31 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida


DiretorGeral

Modelo de Relatório

CÂMARA DOS DEPUTADOS


ÓRGÃO PRINCIPAL
órgão Secundário

RELATÓRIO

Introdução
Apresentar um breve resumo das temáticas a serem abordadas. Em se tratando de relatório de viagem,
indicar a denominação do evento, local e período compreendido.

Tópico 1
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
........................................................................................................................

Tópico 1.1
Havendo subdivisões, os assuntos subseqüentes serão apresentados hierarquizados à temática geral.
. ................................................................................ ....

Tópico 2
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
.........................................................................................................................

3. Considerações finais
.........................................................................................................................

Brasília, . .......................... de de 201...

Nome
Função ou Cargo

Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Modelo de Requerimento

CÂMARA DOS DEPUTADOS


ÓRGÃO PRINCIPAL
Órgão Secundário

(Vocativo)
(Cargo ou função e nome do destinatário)

.................................... (nome do requerente, em maiúsculas) ..........................


.......................................................... (demais dados de qualificação), requer .................
............................................................................................................................................

Nestes termos,
Pede deferimento.

Brasília, ....... de .................. ���������������������������������������������������������� de 201.....

Nome
Cargo ou Função

Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
- Entender e estabelecer diretrizes para seu negócio;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO: - Gerenciar de forma mais eficaz a empresa e tomar decisões acer-
CONCEITOS BÁSICOS; tadas;
- Monitorar o dia-a-dia da empresa e tomar ações corretivas quan-
do necessário;
- Conseguir financiamentos e recursos junto a bancos, governo,
Sebrae, investidores, capitalistas de risco etc;
Administração significa a maneira de governar organizações ou - Identificar oportunidades e transformá-las em diferencial compe-
parte delas. titivo para a empresa; e
É o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de - Estabelecer uma comunicação interna eficaz na empresa e con-
recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de ma- vencer o público externo (fornecedores, parceiros, clientes, bancos, in-
neira eficiente e eficaz. vestidores etc.).

Técnicas Administrativas são ferramentas utilizadas para a Eficá- As rotinas administrativas são as funções que o profissional realiza
cia dos Sistemas, com foco no desenvolvimento de Rotinas Funcionais. dentro de uma empresa ou escritório, que são as seguintes:
São várias as ferramentas e técnicas administrativas disponíveis - Realizar a entrega de materiais diversos;
na administração. Vamos abordar aquelas que são mais corriqueiras - Manter materiais e documentos organizados
em concursos públicos, como: Plano de Negócios, Administração de - Desenvolver e preparar expedientes administrativos sob orienta-
Marketing, Vendas, Qualidade, Comunicação, Inteligência Emocional ção dos superiores.
e Administração do Tempo. - Controlar a entrega e saída de materiais;
- Controlar o registro de frequência de funcionários;
Plano de Negócios - Inteirar dos serviços dos setores diversos da empresa visando
Plano de negócios é um documento usado para descrever um em- orientar e facilitar a função de dados, documentos e outras solicitações
preendimento e o modelo de negócios que sustenta a empresa. Sua ela-
dos superiores;
boração envolve um processo de aprendizagem e autoconhecimento. E
- Atuar como responsável fiscalizador pela manutenção da ordem
ainda, permite ao empreendedor situar-se no seu ambiente de negócios.
nos ambientes;
O plano de negócios é uma ferramenta administrativa que possui
- Operar equipamentos diversos como: e-mail, fax, máquina de xé-
uma linguagem que descreve de forma completa o que é ou o que pre-
rox, projetor de multimídia;
tende ser a empresa.
- Realizar e atender chamadas telefônicas;
Plano de Negócios é um documento pelo qual o empreendedor
- Emitir notas fiscais, emitir contra-cheques de funcionários;
formalizará os estudos a respeito de suas ideias transformando-as num
- Realizar depósito de dinheiro.
negócio.
A principal utilização do Plano de Negócios é a de prover uma
ferramenta de gestão para o planejamento e desenvolvimento inicial de O Assistente Administrativo é o profissional que presta assistência
uma start-up. No entanto, o PN tem atingido notoriedade como instru- na área administrativa de uma empresa, auxiliando o administrador em
mento de captação de recursos financeiros junto a capitalistas de risco, suas atividades rotineiras e no controle de gestão financeira, adminis-
principalmente no tocante às empresas de tecnologia e internet dos Es- tração, organização de arquivos, gerência de informações, revisão de
tados Unidos. documentos entre outras atividades.
No PN estarão registrados o conceito do negócio, os riscos, os con- Um Assistente Administrativo controla os recebimentos e remes-
correntes, o perfil da clientela, as estratégias de marketing, bem como sas de correspondências e documentos, coordenando as atividades
todo o plano financeiro que viabilizará o novo negócio. Além de ser um administrativas, financeiras e de logística da unidade, organizando os
ótimo instrumento de apresentação do negócio para o empreendedor arquivos e gerenciando informações.
que procura sócio ou um investidor. Está sob a responsabilidade de um Assistente Administrativo re-
Pode- se dizer que o plano de negócios é uma ferramenta que ex- ceber e remessar correspondências e documentos, controlar as contas
plica a forma de pensar sobre o futuro dos negócios e o descreve. É a pagar, controlar os recebimentos da empresa, emitir notas fiscais,
mais um processo do que um produto. É um instrumento de negociação preparar e encaminhar documentos, tirar cópias, coordenar trabalho de
interna e que é um instrumento que serve para obtenção de financia- logística da empresa, enviar documentos para o departamento contábil e
mento. Essa ferramenta de gestão administrativa pode e deve ser usada fiscal, atender telefonemas e esclarecer dúvidas sobre o financeiro, ela-
por todo e qualquer empreendedor que queira transformar seu sonho borar e apresentar relatório financeiro coordenando o departamento de
em realidade, seguindo o caminho lógico e racional que se espera de compras e sempre manter organizados arquivos e cadastros da empresa.
um bom administrador. O Assistente Administrativo deve estar em constante atualização
Espera-se que um Plano de Negócio seja uma ferramenta adminis- relacionada à área ter conhecimentos de informática, além de boa co-
trativa para o empreendedor expor suas ideias em uma linguagem que municação, responsabilidade, saber administrar bem o tempo, saber
os leitores do PN entendam e, principalmente, que mostre viabilidade lidar com números, boa comunicação, boa memória, bom humor, pa-
e probabilidade de sucesso em seu mercado. O Plano de negócios se ciência e confiabilidade.
aplica tanto no lançamento de novos empreendimentos quanto no pla-
nejamento de empresas maduras. O Assistente Administrativo por ser um profissional que presta
Com a elaboração de um Plano de Negócios é possível executar assistência, se relaciona com toda a área relacionada à Administração
várias tarefas na empresa dentre elas pode-se destacar: dentro de uma empresa.

Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
É importante que as empresas mantenham todos os colaboradores Nessa fase, a definição de suas atribuições se torna mais criteriosa,
informados sobre as mudanças de planejamento, lançamento de novos ou seja, aqui a estrutura formal pode alcançar proporções imensas.
produtos ou serviços, alterações na rotina de trabalho, vagas de promo- No desenvolvimento da estrutura formal deve-se considerar os
ção e movimentações de setores, dentre outros. Em uma empresa pe- seus componentes, seus condicionantes e seus vários níveis de influên-
quena essa tarefa pode ser descomplicada, mas em uma grande multina- cia. Pois será, a partir de uma estrutura bem implementada que uma
cional é necessário um esforço muito maior, a seguir algumas dicas para empresa irá alcançar seus objetivos estabelecidos.
fazer e divulgar um comunicado interno de maneira rápida e eficiente. Os principais fatores para a criação de uma estrutura formal em-
A linguagem utilizada no comunicado interno deve ser objetiva e presarial são:
de fácil compreensão, quanto menos dificuldades de absorver a infor- - Focar os objetivos estabelecidos pela empresa;
mação os colaboradores obtiverem,mais rápido a empresa irá obter os - Realizar atividades que podem chegar nesses objetivos;
resultados desejados. Existem diversos motivos para divulgar um co- - Distribuir as funções administrativas para cada funcionário de-
municado interno, dentre os já citados e que estão relacionados á parte sempenhar;
administrativa da empresa, se pode também divulgar frases motivacio- - Levar em consideração habilidades e limitações tecnológicas;
nais,parabenizações por resultados obtidos, campanhas e gincanas para - Tamanho da Empresa.
atingimento de metas, etc.
A tecnologia deve ser uma grande aliada para as grandes empre- E os componentes chaves para o bom funcionamento dessa for-
sas neste momento, pois com uma grande quantidade de funcionários é malidade são:
mais difícil fazer com que todos recebam o comunicado. Duas alterna- - Sistema de Responsabilidade? que é constituído pela departa-
tivas excelentes são a intranet ou envio de e-mails corporativos. A intra- mentalização, especialização.
net é um canal de comunicação privado e exclusivo para os funcionários - Sistema de Autoridade? nada mais é que a distribuição de poder;
da empresa, em que são publicados os comunicados, treinamentos e - Sistema de Comunicação? é a interação entre todas as unidades
informações sobre folha de pagamento, dentre outros. Os funcionários da empresa
podem receber individualmente um e mail corporativo, utilizado ape- - Sistema de Decisão? que é ato de poder entender, e poder definir
nas para fins profissionais e que pode facilmente se tornar o meio de e decidir uma ação solicitada.
comunicação mais fácil com a empregadora. Certamente são as duas
melhores opções para se divulgar um comunicado interno de forma rá- Uma estrutura organizacional se resume, simplesmente, em um
pida e sem muitos custos. organograma, que é um desenho gráfico onde mostra cada integrante
Empresas menores, que possuem uma baixa quantidade de funcio- de uma empresa se delegando a uma área especifica. Podemos identifi-
nários geralmente não possuem serviços de intranet ou e mail corpora- car num organograma simples de uma pequena empresa por exemplo,
tivo, nesta situação os comunicados internos podem ser transmitidos composta por: Presidência; Diretoria Administrativa; Diretoria Finan-
pessoalmente através dos seus superiores ou em reuniões coletivas. ceira e seus respectivos subordinados.
Os cartazes também podem ser utilizados para transmitir as infor- A estrutura é a representação de um pequeno organograma, mos-
mações internas e devem ser posicionados em um lugar estratégico, de trando a formalidade existente dentro de uma certa empresa.
fácil visualização para todos os colaboradores e longe da vista de clien-
tes caso se trate de uma empresa que presta serviços e atenda pessoal- ORGANIZAÇÃO FORMAL
mente o grande público. Hierarquia oficial como ela se apresenta no papel. Piramidal.
Os comunicados internos são fundamentais para manter um am-
biente de trabalho transparente e agradável para todos, a iniciativa de Status
padronizar o conhecimento dos funcionários deve ser levada em conta •Diferença entre operários e pessoal do escritório.
por todas as companhias do mercado, e cabe aos colaboradores tam- •Status medido pela opulência do escritório. Cada um em sua po-
bém procurar por essas informações e absorve-las da melhor maneira sição.
possível, contribuindo com o crescimento da empresa e com a própria •Pessoas do mesmo departamento, juntas.
carreira profissional.
Autoridade e Poder:
• de cima para baixo

TIPOS DE ORGANIZAÇÃO; ESTRUTURAS Ordens para baixo e informações para cima.


ORGANIZACIONAIS; As informações sempre são relativas à produção e nunca em rela-
ção aos problemas humanos e ressentimentos.
Informações relativas a assuntos pessoais circulam em forma de
cochichos. (não oficiais)
Estrutura organizacional é a forma pela qual as atividades desen- Comitês – tratar assuntos emocionais, pessoais e técnicos. Limi-
volvidas por uma organização são divididas, organizadas e coordena- tam-se a tratar de assuntos e queixas triviais e formais.
das. Ressentimentos se manifestam: greves, sabotagens, absenteísmo,
etc.
ESTRUTURA FORMAL
Essa é a estrutura que a grande maioria das empresas adotam, é a Firma do tipo autoritário leva o trabalhador a um estado de civili-
estrutura deliberadamente planejada, e formalmente representada, em dade e disciplina superficial.
alguns aspectos, em organogramas. Trabalham na presença do “chefe”. Atmosfera de medo.

Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Promoção DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Gerentes promovem pessoas bem adaptadas ou que adotem seu É uma divisão do trabalho por especialização dentro da estrutura
ponto de vista. “Escolhidas” do gerente. organizacional da empresa.
Ou Departamentalização é o agrupamento, de acordo com um
Características das organizações formais critério específico de homogeneidade, das atividades e correspondente
1. deliberadamente impessoal; recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em unidades
2. baseada em relações ideais; organizacionais.
3. baseada na “hipótese da gentalha” sobre a natureza humana. Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organizações de-
(a competição leva a máxima eficiência, luta de cada um por si leva a cidem sobre a configuração organizacional que será usada para agrupar
servir aos melhores interesses do grupo, homem unidade isolada que as várias atividades. O processo organizacional de determinar como as
podem ser deslocadas de um trabalho para o outro...) iguala o bem da atividades devem ser agrupadas chama-se Departamentalização.
organização com o bem dos indivíduos que a compõem. Formas de Departamentalizar:
1- Função
Estrutura de trabalho 2- Produto ou serviço
• Organização em linha. 3- Território
Divisão básica na estrutura de trabalho – baseada na autoridade – 4- Cliente
função definida (cada um tem um chefe e é responsável por chefiar). 5- Processo
Quanto maior o nível de estrutura maior a distância social. 6- Projeto
• Organização funcional. 7- Matricial
Baseada no tipo de trabalho a ser feito. Na subdivisão do trabalho. 8- Mista
Status de função. Fonte de conflito. (mesma linha hierárquica, im-
portância do trabalho) Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações usam
• Organização do estado-maior. uma abordagem da contingência à Departamentalização: isto é, a maio-
Fundamentada na especialização. ria usará mais de uma destas abordagens usadas em algumas das maio-
Posição de aconselhamento – não possuem autoridade na organi- res organizações. A maioria usa a abordagem funcional na cúpula e ou-
zação. tras nos níveis mais baixos.
Podem ser integradas na organização em linha.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FUNÇÕES
FRAQUEZAS NA TEORIA DA ORGANIZAÇÃO FOR-
A Departamentalização funcional agrupa funções comuns ou ati-
MAL
vidades semelhantes para formar uma unidade organizacional. Assim
• Problemas de coordenação ►deficiências na comunicação devi-
todos os indivíduos que executam funções semelhantes ficam reunidos,
do ao fator tempo, espaço e as divisões naturais da estrutura.
• Tempo ►pouco contato entre turnos e pessoas, problemas todo o pessoal de vendas, todo o pessoal de contabilidade, todo o pes-
são deixados para o outro turno, vagas trocas de informações. soal de secretaria, todas as enfermeiras, e assim por diante.
• Espaço ►unidades podem estar amplamente separadas, quanto A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer nível
maior a separação maior dificuldade de coordenação. Distância espacial e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula.
tende a levar distância social. Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional são:
• Divisões da estrutura ►funções diferentes, vários departamentos • Mantém o poder e o prestígio das funções principais
na mesma linha horizontal – difícil o membros de um nível apreciar o • Cria eficiência através dos princípios da especialização.
trabalho de outro nível. • Centraliza a perícia da organização.
• Permite maior rigor no controle das funções pela alta adminis-
A organização formal não pode ser eliminada; é inevitável e essen- tração.
cial, pois nenhuma organização pode ser compreendida sem o conheci- • Segurança na execução de tarefas e relacionamento de colegas.
mento da organização formal, é quase impossível também compreendê • Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de pro-
-la apenas nessa base. dutos.

Vantagem da grande empresa - resolver os problemas humanos - Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na aborda-
solução de problemas, esquemas de participação, benéficos, etc, dando gem funcional.
segurança aos trabalhadores. • Entre elas podemos dizer:
Desvantagem – sua natureza impessoal, dificuldade de comunica- • A responsabilidade pelo desempenho total está somente na cú-
ção. pula.
• Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita
A estrutura de uma firma e sua organização influenciam o com- • O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo é li-
portamento dos indivíduos e grupos. Assim como os atos individuais só mitado.
podem ser compreendidos em relação ao grupo e o comportamento de • A coordenação entre as funções se torna complexa e mais difícil
grupo só pode ser compreendido num contexto de um grupo maior ao quanto à organização em tamanho e amplitude.
qual pertencem. • Muita especialização do trabalho.

Para se estudar pequenos grupos faz-se necessário o conhecimento DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE PRODUTO


das estruturas maiores. O grupo sofre influências de fatores vindos de É feito de acordo com as atividades inerentes a cada um dos produ-
fora do mesmo. tos ou serviços da empresa.

Didatismo e Conhecimento 24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Exemplos de Departamentalização de produto: As atividades de uma fábrica podem ser grupadas em perfuração,
1- Lojas de departamentos esmerilamento, soldagem, montagem e acabamento, cada qual em seu
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mercury e departamento.
Lincoln Continental. Você perceberá uma modificação deste agrupamento organizacio-
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, como nal quando comprar um hamburguer em um restaurante de serviço rápi-
cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. do. Note que algumas pessoas estão assando a carne, outras estão fritan-
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização de do as batatas, e outras preparando a bebida. Usualmente há um anotador
produtos são: de pedidos que também recebe o pagamento e compõe o pedido.
• Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produtos ou Vantagens:
serviços. • Maior especialização de recursos alocados.
• A coordenação de funções ao nível da divisão de produto torna-se • Possibilidade de comunicação mais rápida de informações téc-
melhor. nicas.
• Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro.
• Facilita a coordenação de resultados. Desvantagens:
• Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo de • Possibilidade de perda da visão global do andamento do processo.
produto. • Flexibilidade restrita para ajustes no processo.
• Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETO
Desvantagens: Aqui as pessoas recebem atribuições temporárias, uma vez que o
• Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí resultar projeto tem data de inicio e término. Terminado o projeto as pessoas são
duplicação desnecessária de recursos e equipamento. deslocadas para outras atividades.
• Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de ativi- Por exemplo: uma firma contábil poderia designar um sócio (como
dade nos vários grupos de produtos. administrador de projeto), um contador sênior, e três contadores junio-
• Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se tor-
res para uma auditoria que está sendo feita para um cliente.
nam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da empresa.
Uma empresa manufatureira, um especialista em produção, um
engenheiro mecânico e um químico poderiam ser indicados para, sob a
DEPARTAMENTALIZAÇÃO TERRITORIAL
chefia de um administrador de projeto, completar o projeto de controle
Algumas vezes mencionadas como regional, de área ou geográfi-
de poluição.
ca. É o agrupamento de atividades de acordo com os lugares onde estão
localizadas as operações. Uma empresa de grande porte pode agrupar Em cada um destes casos, o administrador de projeto seria desig-
suas atividades de vendas em áreas do Brasil como a região Nordeste, nado para chefiar a equipe, com plena autoridade sobre seus membros
região Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as filiais de bancos são esta- para a atividade específica do projeto.
belecidas desta maneira.
As vantagens e desvantagens da Departamentalização territorial DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE MATRIZ
são semelhantes às dadas para a Departamentalização de produto. Tal A Departamentalização de matriz é semelhante à de projeto, com
grupamento permite a uma divisão focalizar as necessidades singulares uma exceção principal. No caso da Departamentalização de matriz, o
de sua área, mas exige coordenação e controle da administração de cú- administrador de projeto não tem autoridade de linha sobre os membros
pula em cada região. da equipe. Em lugar disso, a organização do administrador de projeto é
sobreposta aos vários departamentos funcionais, dando a impressão de
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTE uma matriz.
A Departamentalização de cliente consiste em agrupar as ativida- A organização de matriz proporciona uma hierarquia que responde
des de tal modo que elas focalizem um determinado uso do produto ou rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é tipicamente encon-
serviço. A Departamentalização de cliente é usada principalmente no trada em organização de orientação técnica, como a Boeing, General
grupamento de atividade de vendas ou serviços. Dynamics, NASA e GE onde os cientistas, engenheiros, ou especialis-
As lojas de departamentos, por exemplo, podem ter uma seção tas técnicos trabalham em projetos ou programas sofisticados. Também
para o grupo dos catorze aos vinte anos, uma seção para gestantes ou é usada por empresas com projetos de construção complexos
uma seção de roupas masculinas sociais, sem mencionar os departa- Vantagens: Permitem comunicação aberta e coordenação de ati-
mentos para bebês e crianças. Em cada caso, o esforço de vendas pode vidades entre os especialistas funcionais relevantes. Capacita a organi-
concentrar-se nos atributos e necessidades especificas do cliente. zação a responder rapidamente à mudança. São abordagens orientadas
A principal vantagem da Departamentalização de cliente é a adap- para a tecnologia.
tabilidade uma determinada clientela. Desvantagens: Pode haver choques resultantes das prioridades.
As desvantagens são:
• Dificuldade de coordenação. A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR
• Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes para Para evitar problemas na hora de decidir como departamentalizar,
concessões especiais em benefício de seus próprios clientes. pode-se seguir certos princípios:
• Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso de
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROCESSO OU EQUI- uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição.
PAMENTO • Principio do maior interesse – o departamento que tem maior in-
É o agrupamento de atividades que se centralizam nos processos teresse pela atividade deve supervisiona-la.
de produção ou equipamento. É encontrada com mais frequência em • Principio da separação e do controle – As atividades do controle
produção. devem estar separadas das atividades controladas.

Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
• Principio da supressão da concorrência – Eliminar a concorrência Contudo, possui suas desvantagens:
entre departamentos, agrupando atividades correlatas no mesmo depar- - Desconhecimento de chefia;
tamento. - Dificuldade de controle;
- Atrito entre pessoas.
Outro critério básico para departamentalização está baseado na di-
ferenciação e na integração, os princípios são: Com tudo isso, podemos notar que, se um executivo astuto sabe
• Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades dife- muito bem conciliar esse tipo de informalidade na sua estrutura orga-
rentes devem ficar em departamentos separados. A diferenciação ocorre nizacional
quando:
• O fator humano é diferente,
• A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes,
ORGANOGRAMAS E FLUXOGRAMAS;
• Os ambientes externos são diferentes,
• Os objetivos e as estratégias são diferentes.

A integração – Quanto mais atividades trabalham integradas, maior ORGANIZAÇÃO


razão para ficarem no mesmo departamento. Uma organização é uma combinação de esforços individuais que
Fatores de integração são: tem por finalidade realizar propósitos coletivos. Por meio de uma or-
• Necessidade de coordenação. ganização torna-se possível perseguir e alcançar objetivos que seriam
inatingíveis para uma pessoa. Uma grande empresa ou uma pequena
DEPARTAMENTALIZAÇÃO MISTA oficina, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma
É o tipo mais frequente, cada parte da empresa deve ter a estrutura escola são todos exemplos de organizações.
que mais se adapte à sua realidade organizacional. Uma organização é formada pelo soma de pessoas, máquinas e
outros equipamentos, recursos financeiros e outros.
ESTRUTURA INFORMAL A organização então é o resultado da combinação de todos estes
Esse tipo de estrutura se consiste numa rede de relações sociais e elementos orientados a um objetivo comum.
pessoais que não é estabelecida formalmente, ou seja, a estrutura sur-
A qualidade é o resultado de um trabalho de organização.
ge da interação entre as pessoas, desenvolvendo-se espontaneamente
Organização é uma palavra originada do Grego “organon” que sig-
quando as pessoas se reúnem entre si.
nifica instrumento, utensílio, órgão ou aquilo com que se trabalha. De
A informalidade, é geralmente, mais instável, pois está sujeita aos
um modo geral, organização é a forma como se dispõe um sistema para
sentimentos pessoais, pois se trata de uma natureza mais subjetiva, ela
atingir os resultados pretendidos.
não possui uma direção certa e obrigatória.
Podemos falar de organização escolar, organização empresarial,
Hoje, em qualquer tipo de empresa, existe as estruturas informais.
organização pessoal, organização de eventos, organização doméstica,
É errado pensar na hipótese de que grupos informais apenas se formam
dentro de um grupo religioso, ou até mesmo dentro de uma sala de aula, etc. Em todas essas aplicações, o sentido de organização se baseia na
muitas estruturas informais existem dentro de grandes empresas, e apre- forma com as pessoas se inter-relacionam entre si e na ordenação e dis-
sentam diferentes níveis de atuação. tribuição dos diversos elementos envolvidos, com vista a uma mesma
Os lideres dos grupos informais surgem por várias causas, como finalidade.
por exemplo: Em Administração de Empresas, entende-se por organização uma
- Idade; entidade social formada por duas ou mais pessoas que trabalham de for-
- Competência; ma coordenada em determinado ambiente externo visando um objetivo
- Localização no Trabalho; coletivo. Envolve a divisão de tarefas e atribuição de responsabilidades.
- Conhecimento; Dependendo do tipo de organização, há uma pessoa que exerce um
- Personalidade; papel fundamental nas funções de liderança, planejamento e controle
- Comunicação; dos recursos humanos e de outros recursos materiais, financeiros e tec-
- Dentre varias outras situações. nológicos disponíveis na empresa.
A estrutura de uma organização pode ser formal ou informal. Uma
Vale lembrar que a estrutura informal é um bom lugar para lideres organização formal é planejada e estruturada seguindo um regulamento
formais se desenvolverem, porem nem sempre um grande líder infor- interno. Organização informal são as relações geradas espontaneamen-
mal será um grande líder formal, pois eles podem falhar com o medo da te entre as pessoas, resultado do próprio funcionamento e evolução da
responsabilidade formal. empresa.
Algumas vezes, a estrutura informal se torna uma força negativa Existe um conjunto de elementos que estão diretamente associados
dentro da empresa, porém se a administração conseguir conciliar e/ou a uma organização, tais como: clientes, fornecedores, concorrentes, co-
integrar os grupos formais com os informais, haverá uma harmonização municação social, entre outros.
nas tarefas, o que ai sim, se torna uma condição favorável de rendimen-
to e produção. ORGANOGRAMA
Sendo assim a estrutura informal possui algumas vantagens como O Organograma é uma representação gráfica da estrutura hierár-
por exemplo: quica da empresa.
- Rapidez no processo; Pode ser bastante útil dentro de uma organização, pois facilita as
- Redução de comunicação entre chefe e empregado; decisões relacionadas com a gestão e comunicação entre os departa-
- Motiva e integra os grupos de trabalho. mentos ou membros.

Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
É relativamente simples de perceber, mas pode facilmente tornar- _ O fluxograma visa o melhor entendimento de determinadas roti-
se complexo quanto maior for a empresa e a complexidade entre os nas administrativas, através da demonstração gráfica. (Existem estudos
vários membros que a compõe. que comprovam que o ser humano consegue gravar melhor uma men-
sagem, quando esta é acompanhada de imagens).
Fazendo um organograma: É importante ressaltar que os fluxogramas procuram mostrar o
O primeiro passo é determinar todas as fun- modo pelo qual as coisas são feitas, e não o modo pelo qual o chefe
ções e setores que serão apresentadas no organogra- diz aos funcionários que a façam; não a maneira segundo o qual o che-
ma, e definir suas posições hierárquicas. Faça uma lista. fe pensa que são feitas. Eles são, portanto, uma fotografia real de uma
situação estudada.
1 Presidente
2 Gerentes (Produto, Comercial e Financeiro) Alguns símbolos básicos
4 Engenharia, produção; vendas, contabilidade.

Quanto maiores a responsabilidade e autonomia, mais alta será a


posição ocupada pelo cargo/setor. Definidos os cargos e posições, trans-
fira-os para retângulos distribuídos verticalmente e ligados por linhas
que representarão a comunicação e hierarquia dos itens.

Funções de Staff, que respondem a um superior, mas não têm au-


toridade total sobre os níveis abaixo, são colocadas em níveis interme-
diários e ligados à linha principal do superior correspondente. A função
Staff é quem assessora, faz recomendações, alternativas de trabalho. Por
exemplo, o RD responde à Direção, mas sua autoridade limita-se aos
assuntos da Qualidade, portanto somente nesses assuntos ele tem ascen-
dência sobre os gerentes, não em outros temas. Veja como fica:

Um fluxograma simples mostrando como lidar com uma lâm-


pada que não funciona.

Num Organograma, todos os membros estão dispostos em níveis


hierárquicos, ou seja, quanto mais alto for o nível, maior será a impor-
tância desse membro. A ligação hierárquica entre os membros de uma
organização é representada por linhas verticais, linhas laterais, e caixas
que representam os membros.

Fluxograma

Representa uma sequência de trabalho qualquer, de forma detalha-


da (pode ser também sintética), onde as operações ou os responsáveis e
os departamentos envolvidos são visualizados nos processo.

Principais objetivos:
_ Uma padronização na representação dos métodos e os procedi-
mentos administrativos;
_ Pode-se descrever com maior rapidez os métodos administrati-
vos;
_ Pode facilitar a leitura e o entendimento das rotinas administra-
tivas;
_ Pode-se identificar os pontos mais importantes das atividades
visualizadas;

Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Segue abaixo um outro exemplo de fluxograma, agora com
mais detalhes. NOÇÕES DE FUNÇÕES
ADMINISTRATIVAS: PLANEJAMENTO,
Processos: A Administração envia o pedido de material para o setor ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE;
de recebimento, que foi feito no papel. Este analisa p pedido para aguar-
dar o fornecedor. O Pedido é arquivado. Depois recebe o caminhão do
fornecedor e pega a NF em 2 vias. Anexa o pedido do material com as
notas fiscais. Orienta o local para o descarregamento do material. Con-
fere as notas fiscais com os materiais. PLANEJAMENTO E FERRAMENTAS
Estando tudo certo: Envia as notas fiscais e pedidos para o balcão
de recebimento, o material é guardado no estoque. A Administração, em seus primórdios – introdução do estudo cien-
Estando com problemas, analisa os possíveis problemas, relata os tífico (Henry Fayol) –, definiu 5 funções básicas, no final do século IX,
eventuais problemas e volta novamente para aprovação do pedido. atrelados à Teoria da Administração Clássica.
• Planejar
• Organizar
• Coordenar
• Comandar
• Controlar
Entretanto, com a evolução nos estudos, por volta dos anos 50 (sé-
culo XX), surgiu a Teoria Neoclássica da Administração, cuja propo-
sição era retomar as abordagens da Teoria Clássica com “roupagem”
diferente, dando destaque em:
• ênfase na prática da administração;
• reafirmação relativa das proposições clássicas;
• ênfase nos princípios gerais de gestão;
• ênfase nos objetivos e resultados.

A Teoria Neoclássica redefiniu as funções básicas da Administra-


ção ao aglutinar as funções “Coordenar” e “Comandar”, dando-lhes
outra nomenclatura: Dirigir. Portanto, as funções da Administração na
Teoria Neoclássica passaram a ser:
• Planejar
• Organizar
• Dirigir
• Controlar

Tanto na Teoria Clássica, quanto na Neoclássica, as funções da


Administração estão ligadas ao Processo Administrativo (PA). Aqui, o
PA é totalmente desassociado do Processo Administrativo Disciplinar
(PAD) contido na Lei N°. 9784/99, que estabelece normas básicas sobre
o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e
indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados
e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

 PLANEJAMENTO
É a primeira das funções, já que servirá de base diretora à operacio-
nalização das outras funções.
Estabelece os objetivos, especificando a forma como serão alcan-
çados. Parte de uma sondagem do futuro, desenvolvendo um plano
de ações para atingir as metas traçadas. É a função administrativa que
define objetivos e decide sobre os recursos e tarefas necessários para
alcançá-los adequadamente.
De forma resumida, podemos dizer que a função do Planejamento
é antever o futuro, trazer para o presente o que se quer atingir como
meta.
A principal decorrência do Planejamento são os Planos. Estes fa-
cilitam no alcance das metas e objetivos do Planejamento. Funcionam
também como guias para assegurar os seguintes aspectos:

Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
1. Definem recursos – materiais, humanos, financeiros, tecnológicos, ambientais, etc.
2. Integrar os vários objetivos a serem alcançados, com vistas à coordenação e integração.
3. Permitem que as pessoas trabalhem em diferentes atividades.
4. Dão racionalidade ao processo.
5. Permitem monitorar e avaliar o processo.

Passos/Processos do Planejamento
O Planejamento é constituído de forma sequencial de 6 passos:
1. definição de objetivos
2. verificar qual a situação atual em relação aos objetivos
3. desenvolver premissas quanto às condições futuras – quanto mais pessoas estiverem atuando na elaboração e compreensão do Planejamento e
quanto mais se obter envolvimento para utilizar premissas consistentes, tanto mais coordenado será o Planejamento.
4. alternativas de ação
5. escolha de uma ação dentre a cesta de ações
6. implementar o plano e avaliar os resultados

Todos os passos/processos do Planejamento devem considerar suas viabilidades e aceitação pelos envolvidos no Planejamento (colaboradores).

Filosofia do Planejamento
De forma ontológica (essência), o Planejamento está subordinado a filosofia de ação. Diz-se que o Planejamento é a ação do pensamento.
1a – Planejamento Conservador – Voltado para a estabilidade e para a manutenção da situação existente. As decisões são tomadas no sentido de
obter bons resultados, mas não necessariamente os melhores possíveis. Está mais preocupado em identificar e sanar deficiências e problemas internos
do que explorar oportunidades ambientais futuras.
2a – Planejamento Otimizante – Voltado para a adaptabilidade e inovação. As decisões são tomadas no sentido de obter os melhores resultados
possíveis, seja minimizando recursos, seja maximizando o desempenho. Em geral, está baseado na preocupação em melhorar as práticas atualmente
vigentes. Sua base é incremental (melhora contínua).
3a – Planejamento Adaptativo – Voltado para as contingências e para os diferentes interesses envolvidos. Sua base é aderente no sentido de ajustar-
se às demandas ambientais e preparar-se para as futuras contingências.

Vantagens do Planejamento
- Aumento do foco e da flexibilidade – Orientado para resultados, para prioridades, para vantagens e para mudanças.
- Melhoria na coordenação – Hierarquia de objetivos é uma série de objetivos interligados juntos de modo que os objetivos em níveis mais ele-
vados são apoiados e suportados por objetivos de nível mais baixo. Os objetivos hierarquizados criam uma rede integrada de cadeias de meios-fins.
- Melhoria no controle – Avaliação dos resultados do desempenho e a tomada de ação corretiva para melhorar as coisas quando necessário.
- Administração do tempo

Tipos de Planejamento
São 3 os tipos de Planejamento: Estratégico, Tático e Operacional. Cada um desses tipos está associado ao nível organizacional, ao conteúdo, ao
tempo e à amplitude. Dessa forma, a tabela abaixo retrata de maneira fidedigna o entrelaçamento dessas variáveis.

NÍVEL TIPO DE CONTEÚDO TEMPO AMPLITUDE


ORGANIZACIONAL PLANEJAMENTO

Institucional Estratégico Genérico e Longo Macroorientado


Sintético Prazo (aborda a organização
como um todo)
Intermediário Tático Menos genérico e Médio Aborda cada unidade
mais detalhado Prazo organizacional em
separado
Operacional Operacional Detalhado e Curto Microorientado
analítico Prazo (aborda cada
operação em
separado)

Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
O Planejamento Estratégico está relacionado à adaptação em um 2a – Setor em que se opera
ambiente mutável. Portanto, sujeito à incerteza a respeito dos eventos Ameaça de novos concorrentes que ingressam no setor;
ambientais. Está orientado para o futuro e é compreensivo, ou seja, en- A intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes;
volve a totalidade dos envolvidos, abarcando todos os seus recursos. A ameaça de produtos ou serviços substitutos;
Constrói consenso e é uma forma de aprendizagem (aprende-se com os O poder de barganha dos clientes;
erros de planejamento). O poder de barganha dos fornecedores.

O Planejamento Tático envolve-se com o nível intermediário de 3a – Organização em si


Recursos
uma organização: um departamento ou divisão. Envolvem:
- Humanos (experiência, capacidades, conhecimentos, habilida-
• Planos de produção
des, e julgamento de todos os funcionários da empresa);
• Planos financeiros - Organizacionais (os sistemas e processos da empresa);
• Planos de marketing - Físicos (instalações equipamentos, localização geográfica, aces-
• Planos de RH so a matérias-primas, rede de distribuição e tecnologia)
• Planos tecnológicos
A análise do ambiente possui os seguintes objetivos:
Atenção: As Políticas constituem exemplos de planos táticos. Fun- - Conhecer as forças e fraquezas da organização (variáveis inter-
cionam como orientações para tomadas de decisão e definem limites nas e controláveis).
e fronteiras dentro dos quais as pessoas podem tomar suas decisões. - Identificar oportunidades e ameaças (variáveis externas e incon-
Dessa forma, as Políticas são, em certo ponto, limitadores do grau de troláveis).
liberdade para a tomada de decisão. Especifica como os funcionários - Correlacionar os pontos fortes e fracos com as oportunidades
deverão se comportar frente ao seu conteúdo. e ameaças.

O Planejamento Operacional está inserido na lógica de sistema Construção de Cenários


fechado, voltada para a otimização e maximização de resultados. Seu
foco é a busca da eficiência (ênfase nos meios). Classificam-se em 4 A função Planejamento pode e deve se valer da construção cená-
tipos: rios. Trata-se de ensaios que visam incluir o Planejamento em condições
específicas, de forma a dar-lhe dimensões semiverdadeiras. Condições
- Procedimentos
semiverdadeiras refere-se a um certo grau de subjetividade que os ce-
- Orçamentos
nários trazem. Ao tentar definir cenários para o Planejamento, pergun-
- Programas – ou programações estão relacionadas ao tempo e as tamo-nos: caso uma das variáveis seja alterada, qual o novo resultado
atividades. do novo cenário?
Os cronogramas constituem os mais importantes tipos de progra- Não há limites de cenários, pois estes variam de acordo com as
mas. Entretanto, há outros como o gráfico Gantt (colunas predetermina- variáveis que as organizações estão inseridas, os aspectos culturais, as
das em semanas) e o PERT (Program Evaluation Review Technique – pessoas que contribuirão na realização do Planejamento, dentre outros
sistema lógico baseado em 5 elementos principais: 1° - rede básica, sub- aspectos. Esse dinamismo dá caráter indefinido do número de cenários.
dividida em eventos, atividades e relações; 2° - alocação de recursos;
3° - considerações de tempo e de espaço; 4° - rede de caminhos; e 5° Os cenários podem conter duas abordagens ou categorias:
caminhos críticos). O PERT permite acompanhar e avaliar o progresso - Exploratória: começando de tendência do passado e do presente
dos programas e projetos em relação aos padrões de tempo predeter- e levando para futuros prováveis.
minados, constituindo também um esquema de controle e avaliação. - Desejado ou Normativos: é a expressão do futuro baseada na
Facilita a localização de desvios e indica as ações corretivas necessárias vontade (factível) de uma coletividade, refletindo seus anseios e expec-
em tempo mínimo. tativas.

Matriz SWOT Outras abordagens à construção de cenários:


O Planejamento em geral e a análise SWOT em particular tiveram
Lógica Indutiva - a essência desta abordagem está em encontrar
suas origens na Academia de Políticas e Negócios da Harvard Business
meios de mudar o pensamento dos gestores de modo que consigam an-
Schools e na American Business Schools no anos 60. O Planejamento
tecipar o futuro e preparar a organização para este futuro. Isto é feito
utiliza a estratégia, contida nos planos,  para atingir os objetivos traça- através da criação de um conjunto de histórias sobre o futuro, coerentes
dos. Dessa forma, o uso da Matriz SWOT é uma ferramenta da escola e realistas, para testar os planos e os projetos de negócios, incitando o
de Planejamento com vistas a identificar os pontos fortes, pontos fracos, debate público e a convergência de opiniões. Esta abordagem pressupõe
oportunidades e ameaças. Em inglês, SWOT (Strenghts, Weaknesses, que a tomada de decisões da organização é baseada em um conjunto
Opportunities, Threats). complexo de relações entre fatores econômicos, tecnológicos, sociais
e políticos.
A escola da estratégia envolve 3 análises: A maioria destes fatores são externos à organização, mas devem
1a – Análise Macroambientais    ser entendidos para melhorar as decisões relativas ao desenvolvimen-
Político-Legal to de produtos, expansão de capacidade e estratégias organizacionais.
Econômico Alguns dos fatores são precisos, quantitativos e de certo modo previ-
Tecnológico síveis. A análise de cenários é um meio de avaliar riscos, antecipar os
Sociais momentos–chave de mudança e identificar trade-off entre as metas da

Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
organização. O ponto forte desta abordagem é sua habilidade em desen- • Organização Informal: É a organização que emerge espontânea
volver cenários flexíveis e consistentes sob uma perspectiva intuitiva, e naturalmente entre as pessoas que ocupam posições na organização
dispensando modelos matemáticos de difícil adaptação em certas or- formal e a partir dos relacionamentos humanos como ocupantes de
ganizações. cargos. Formase a partir das relações de amizade e do surgimento de
grupos informais que não aparecem no organograma ou em qualquer
Análise dos Impactos Tendenciais -  esta abordagem enfoca o outro documento formal.
efeito de determinados eventos nas tendências das variáveis analisadas,
em um dado período de tempo. Ao contrário da Lógica Intuitiva que b) Organização como função administrativa e parte integrante do
procura perturbações e rupturas de tendências, este método procura cap- processo administrativo: Nesse sentido, organização significa o ato de
organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos incumbidos de
turar as tendências, extrapolá-las e verificar os efeitos de certos eventos
sua administração e estabelecer as relações entre eles e as atribuições
relevantes na evolução da tendência.
de cada um. Trataremos da organização sob o segundo ponto de vista,
Esta abordagem une métodos tradicionais de previsão como análi- ou seja, a organização como a segunda função administrativa e que de-
ses de séries de tempo e econometria com fatores qualitativos, forçando pende do planejamento, da direção e do controle para formar o processo
o usuário a identificar explicitamente os eventos que influenciam a va- administrativo. Organizar consiste em:
riável analisada e avaliar as probabilidades de sua ocorrência e de seus • Determinar as atividades específicas necessárias ao alcance dos
impactos. Este método não verifica possíveis efeitos de uma variável objetivos planejados (especialização).
sobre a outra. • Agrupar as atividades em uma estrutura lógica (departamentali-
zação).
Análise de Impactos Cruzados -   é uma técnica para analisar • Designar as atividades às específicas posições e pessoas (cargos
sistemas complexos e se concentra no estudo dos modos que as for- e tarefas).
ças internas ou externas de uma empresa podem interagir produzindo
efeitos maiores que a soma de suas partes e na análise da ampliação de A organização pode ser estruturada em três níveis diferentes:
uma única força através de feedbacks. Este método tem sido útil em a) Organização ao nível global: É a organização que abrange a
ambientes onde é possível identificar forças dominantes e modelá-las, empresa como uma totalidade. É o chamado desenho organizacional,
facilitando o entendimento dos gestores. É um modelo matemático que que pode assumir três tipos: Organização linear, organização funcional
apresenta como resultado final um cenário estático, exigindo do admi- e organização o tipo linha-staff.
nistrador a capacidade de imaginar um caminho entre cenário projetado  
DIREÇÃO
e estado atual da ambiência ou empresa.
Está relacionada com a maneira pela qual os objetivos devem ser
alcançados através da atividade das pessoas e da aplicação dos recursos
Atualmente, as organizações trabalham em contextos de incertezas que compõem a organização.
e constantes alterações. Isso leva os gestores a trabalharem em abor- Direção é a atividade consistente em conduzir e coordenar o pes-
dagens projetivas, pois são mais flexíveis e de fáceis alterações. Já a soal na execução de um plano previamente elaborado. Assim, dirigir
abordagem projetiva requer ambientes estáveis, sem alterações signifi- uma organização pública ou privada significa dominar a habilidade de
cativas de sua forma. conseguir que os seus subordinados executem as tarefas para as quais
foram designados por força do cargo (setor público) ou por força do
ORGANIZAÇÃO contrato de trabalho (setor privado).
  Os meios normalmente utilizados para o desempenho de uma dire-
A palavra organização pode assumir vários significados: ção eficaz são: a) ordens e instruções, b) motivação, c) comunicação e
a) Organização como uma entidade social: Uma organização so- d) liderança, sendo que um bom gestor sabe que os melhores resultados
cial dirigida para objetivos específicos e deliberadamente estruturada. de gestão surgirão do uso combinado delas.
A organização é uma entidade social porque é constituída por pessoas. Ou seja, não basta dar ordens e instruções, é preciso saber motivar
É dirigida para objetivos porque é desenhada para alcançar resultados, seus subordinados na execução das tarefas. E isso se faz, por exemplo,
como gerar lucros, proporcionar satisfação social, etc. É deliberada- através de uma comunicação eficiente entre chefe e subordinado. É pre-
mente estruturada pelo fato que o trabalho é dividido e seu desempenho ciso dizer à equipe o motivo pelo qual aquele determinado trabalho é
é atribuído aos membros da organização. Nesse sentido, a palavra orga- importante para a organização. Estes conceitos, apesar de simples, são
comumente esquecidos pelos dirigentes de organizações públicas e pri-
nização significa qualquer empreendimento humano moldado intencio-
vadas, trazendo-lhes sérios prejuízos financeiros e operacionais a curto
nalmente par atingir determinados objetivos. Essa definição é aplicável
prazo sem falar na perda da credibilidade do trabalho executado pelo
a todos os tipos de organizações, sejam elas lucrativas ou não, como gestor perante seus subordinados, pares e superiores.
empresas, bancos, financeiras, hospitais, clubes, igrejas etc. Dentro des-  
se ponto de vista, a organização pode ser visualizada sob dois aspectos CONTROLE
distintos: Controlar significa garantir que o planejamento seja bem execu-
tado e que os objetivos estabelecidos sejam alcançados da melhor ma-
• Organização formal: É a organização baseada em uma divisão neira possível.
de trabalho racional que especializa órgãos e pessoas em determinadas  A função administrativa de controle está relacionada com a ma-
atividades. É, portanto, a organização planejada ou a organização que neira pela qual os objetivos devem ser alcançados através da atividade
está definida no organograma, sacramentada pela direção e comunicada das pessoas que compõem a organização. O planejamento serve para
a todos por meio dos manuais de organização. É a organização forma- definir os objetivos, traçar as estratégias para alcançá-los e estabelecer
lizada oficialmente. os planos de ação. A organização serve para estruturar as pessoas e re-

Didatismo e Conhecimento 31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
cursos de maneira a trabalhar de forma organizada e racional. A direção As principais funções da administração financeira são:
mostra os rumos e dinamiza as pessoas para que utilizem os recursos - Análise e planejamento financeiro: analisar os resultados finan-
da melhor maneira possível. Por fim, o controle serve para que todas as ceiros e planejar ações necessárias para obter melhorias;
coisas funcionem da maneira certa e no tempo certo. - A boa utilização dos recursos financeiros: analisar e negociar a
 O controle verifica se a execução está de acordo com o que foi captação dos recursos financeiros necessários, bem como a aplicação
planejado: quanto mais completos, definidos e coordenados forem os dos recursos financeiros disponíveis;
planos, mais fácil será o controle. - Crédito e cobrança: analisar a concessão de crédito aos clientes e
administrar o recebimento dos créditos concedidos;
- Caixa: efetuar os recebimentos e os pagamentos, controlando o
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO: saldo de caixa;
FINANCEIRA, DE PESSOAS E DE - Contas a receber e a pagar: controlar as contas a receber relativas
MATERIAIS; às vendas a prazo e contas a pagar relativas às compras a prazo, impos-
tos e despesas operacionais;
As primeiras providências que a empresa deve tomar em relação
às finanças são:
- Organizar os registros e conferir se todos os documentos estão
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. sendo devidamente controlados.
- Acompanhar as contas a pagar e a receber, montando um fluxo de
Gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos ad- pagamentos e recebimentos.
ministrativos que envolvem o planejamento, a análise e o controle das - Controlar o movimento de caixa e os controles bancários.
atividades financeiras da empresa. O objetivo da gestão financeira é me- - Classificar custos e despesas em fixos e variáveis.
lhorar os resultados apresentados pela empresa e aumentar o valor do - Definir a retirada dos sócios.
patrimônio por meio da geração de lucro líquido proveniente das ativi- - Fazer previsão de vendas e de fluxo de caixa.
dades operacionais. No entanto, é muito comum que empresas deixem - Acompanhar a evolução do patrimônio da empresa, conhecer lu-
de realizar uma adequada gestão financeira.
cratividade e rentabilidade.
Uma correta administração financeira permite que se visualize a
atual situação da empresa. Registros adequados permitem análises e co-
NOÇÕES SOBRE RECURSOS HUMANOS
laboram com o planejamento para otimizar resultados.
A falta da administração financeira adequada pode causar os se-
O departamento pessoal ou recursos humanos é parte integrante da
guintes problemas:
estrutura organizacional de praticamente todas as empresas, excetuan-
- Não ter as informações corretas sobre saldo do caixa, valor dos
do-se apenas aquelas de porte muito pequeno. O departamento pessoal
estoques das mercadorias, valor das contas a receber e das contas a pa-
ou de recursos humanos é imprescindível para o bom funcionamento
gar, volume das despesas fixas e financeiras. Isso ocorre porque não é
feito o registro adequado das transações realizadas; dos negócios.
- Não saber se a empresa está tendo lucro ou prejuízo em suas ati- O departamento pessoal ou recursos humanos executa algumas
vidades operacionais, porque não é elaborado o demonstrativo de re- funções básicas para o andamento das atividades de uma empresa: ad-
sultados; missão de funcionários, controle de presença, treinamento e orientação,
- Não calcular corretamente o preço de venda, porque não são co- e desligamento.
nhecidos seus custos e despesas; A atividade de admissão executada pelo departamento de pessoal
- Não conhecer corretamente o volume e a origem dos recebimen- envolve todo o processo de avaliação de necessidade (abertura de va-
tos, bem como o volume e o destino dos pagamentos, porque não é ela- gas), desenvolvimento junto ao setor envolvido do perfil de trabalhador
borado um fluxo de caixa, um controle do movimento diário do caixa; procurado, formas de divulgação da vaga, recepção, avaliação e seleção
- Não saber o valor patrimonial da empresa, porque não é elabora- de candidatos.
do o balanço patrimonial; O departamento de pessoal também é o responsável pela contrata-
- Não saber quanto os sócios retiram de pró-labore, porque não é ção, dentro das normas trabalhistas vigentes no país. A admissão é, por-
estabelecido um valor fixo para a remuneração dos sócios; tanto uma rotina departamento pessoal. Mas o papel do departamento
- Não saber administrar corretamente o capital de giro da empresa, pessoal ou recursos humanos não se encerra com a admissão, cabendo a
porque o ciclo financeiro de suas operações não é conhecido; ele integrar o novo funcionário à empresa e a sua nova função, treinan-
- Não fazer análise e planejamento financeiro da empresa, porque do, acompanhando e supervisionando.
não existe um sistema de informações gerenciais (fluxo de caixa, de- Outra rotina departamento pessoal é a relativa ao controle de fre-
monstrativo de resultados e balanço patrimonial). quência, chamado usualmente de compensação de pessoal. Cabe ao
Muitas empresas começam com pessoas que trabalham ou traba- departamento de pessoal efetuar o controle de frequência, calcular os
lharam em outras empresas. Isso acontece também em outros setores da salários, impostos, benefícios e outros adicionais previstos em contrato
economia. Poucas pessoas têm experiência em administração financei- e legislação e efetuar o pagamento desses valores. Essa atividade está
ra, e isso interfere nos resultados. Muitas vezes, as atividades são inicia- intrinsecamente ligada ao departamento financeiro ou contábil da em-
das com pequena dimensão e, conforme os negócios se desenvolvem, presa. Envolve contínua atualização quanto a leis trabalhistas e outras
a administração financeira não acompanha o crescimento da empresa específicas. O departamento pessoal necessita estar constantemente a
porque os gestores não têm conhecimentos necessários nesta área de par das modificações ocorridas na área e informar e efetuar as mudanças
gestão e se envolvem excessivamente com a produção. necessárias com agilidade e precisão.

Didatismo e Conhecimento 32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
O departamento de pessoal também é o responsável pelo desliga-
mento de funcionários da empresa. A rotina de departamento pessoal Ao referir-se à “função” RH, em vez de área, departamento ou di-
envolvida nessa atividade inclui os procedimentos estabelecidos em lei, retoria, deve-se deixar claro que a responsabilidade pelas relações entre
incluindo cálculo de valores, representação da empresa junto à aos vá- a organização e seus colaboradores é de todos os que nela trabalham,
rios órgãos da Justiça do Trabalho ou a sindicatos, entre outros. dentro de um processo essencialmente interativo.
O moderno departamento de recursos humanos também tem a im- Assim, não faz sentido entender o papel do RH como uma respon-
portante função de treinar e orientar a força de trabalho na empresa. Isso sabilidade limitada a uma área específica da organização, no caso a área
envolve desde atividades básicas de treinamento para a função, passan- de RH. Da mesma maneira, a atividade financeira não é responsabili-
do por aperfeiçoamento ou revisão de conhecimentos de interesse da dade isolada de uma Controladoria; e a função Vendas também não se
empresa ou setores da empresa, até o estabelecimento de programas restringe à área de Vendas. Todos são responsáveis pela saúde financeira
de educação continuada e especializada para funcionários. Os Recursos da organização, utilizando adequadamente os recursos dessa natureza,
Humanos pode trabalhar de diversas formas nesses casos. Inclui desen- do mesmo modo que todos são responsáveis pelos resultados de ven-
volvimento de cursos ou atividades de treinamento próprias ou a con- das, por meio de um desempenho interno que concorra para viabilizar a
atuação da área de vendas propriamente dita e de uma projeção externa
tratação de terceiros para a execução dessas atividades. Pode também
de imagem que favoreça essa atuação. “Do ajudante ao diretor... todo
envolver a alocação de recursos financeiros para o pagamento de cursos
mundo é vendedor”. Até os vendedores.
externos para funcionários.
Essa visão holística da organização, em que todos são interati-
De qualquer forma, apesar de não ser considerada uma rotina de-
vamente responsáveis pelos seus resultados, está totalmente coerente
partamento pessoal, as atividades de treinamento, orientação e educação e convergente com as concepções atuais que estão mudando comple-
continuada são cada vez mais consideradas peças fundamentais para tamente e configuração das relações de trabalho (relações estas vistas
o sucesso de qualquer empresa competindo num mundo globalizado. da maneira mais ampla) nas organizações – a visão da própria pessoa
Uma força de trabalha bem treinada produz mais e melhor, significando como um ser holístico, a participação responsável, a democratização
ganhos e lucros para o empregador. das informações, a busca de objetivos comuns, a valorização e o respei-
Qualquer rotina do departamento pessoal, em suas várias ativida- to pelo indivíduo etc. E é essa mudança da configuração das relações de
des e atribuições, envolve extensa e complexa legislação. Os funcio- trabalho que está fazendo a diferença entre organizações ganhadoras e
nários do setor devem se manter constantemente atualizados e infor- perdedoras. A máxima é inexorável – “não mudou, dançou”.
mados. Essa atualização pode ser em rotinas usuais, como admissão e Essa mudança na configuração das relações de trabalho leva, inevi-
desligamento, por exemplo. Mas também podem ser feitas para temas tavelmente, a uma mudança no papel na área de RH.
específicos, como participação de empregados em resultados da empre- Deve-se começar pela mudança do próprio nome da área: em vez
sa, novas técnicas de avaliação de candidatos, legislação de contratos de continuarmos a chamar a função e a área de Recursos Humanos,
terceirizados e outros inúmeros assuntos. Tributação e fiscalização são vamos passar a identificá-la como “Gestão de Pessoas”. A mudança
também dois assuntos que abrangem várias atividades do departamento no papel no papel da área e da função de Gestão de Pessoas passa então
pessoal e que exigem constante atualização para que a rotina do depar- por uma reformulação total. Os principais aspectos dessa mudança são:
tamento pessoal seja executada corretamente. • a área de Gestão de Pessoas deixa de ser uma área centrali-
Para os interessados na área, mas sem conhecimentos iniciais, o zada e centralizadora e passa a ser descentralizada pelas várias áreas da
melhor caminho é um curso de departamento pessoal. Esse curso de organização e a ter uma função muito mais orientadora (exercendo a
departamento pessoal pode ser feito de forma presencial, oferecido por “liderança” da organização no que diz respeito às relações de trabalho);
escolas e instituições como SENAC, por exemplo. Outras opções para • a função Gestão de Pessoas passa a ser exercida por todas as
quem deseja aprender é adquirir um curso de departamento pessoal dis- pessoas na organização, com base em diretrizes gerais oriundas e apro-
ponível, por exemplo, em CD-ROM. Esse tipo de curso envolve parte vadas por toda a organização e coerentes com os objetivos das pessoas
teórica e exercícios práticos. Cada qual possui suas vantagens e des- e da própria organização;
vantagens. • os esforços da área de Gestão de Pessoas passam a se con-
centrar muito mais nos aspectos estratégicos de sua atuação do que nos
O curso de departamento pessoal do tipo oferecido pelo SENAC
aspectos operacionais propriamente ditos. Isso implica mudanças pro-
oferece a chance do estudante praticar cada rotina do departamento
fundas também no perfil dos profissionais que atuam na área de Gestão
pessoal, familiarizando-o com os procedimentos. Além disso, muitos
de Pessoas, que se devem tornar muito mais generalistas e empreende-
desses cursos oferecem certificação, o que pode ser útil no momento de
dores, deixando as especializações para empresas terceirizadoras;
procurar um emprego no mercado de trabalho. • o poder público da área de Gestão de Pessoas (poder público
Os cursos virtuais ou em forma de apostila de departamento pes- no sentido de ocupação de espaço para contribuir para os resultados
soal oferecem a vantagem de permitir ao aluno que estude em seu pró- da organização) não está mais ligado ao seu poderio “militar” (grandes
prio ritmo. O aluno escolhe seu horário e seu ambiente de estudo. È estruturas e poder de mando), mais sim à sua competência em contribuir
mais útil para quem já está empregado e quer melhorar seus conheci- efetivamente para que a organização alcance seus resultados. Isso im-
mentos, pois não oferecem certificado. plica áreas de Gestão de Pessoas menores, descentralizadas, composta
Para os cargos de chefia, supervisão e gerência em recursos huma- de profissionais com competência mais abrangente que visualizam os
nos ou departamento de pessoal, quase sempre é necessário o curso de objetivos da organização (tema que será melhor detalhado no decorrer
contabilidade, ciências contábeis, direito, administração ou psicologia. do trabalho).
Além disso, para o emprego nesse nível em departamentos de recursos
humanos, é necessário experiência no setor e perfil adequado para o
cargo.

Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
RECRUTAMENTO, SELEÇÃO E DESENVOLVIMENTO No mercado de trabalho hoje se busca um profissional que alie
DE PESSOAL competências técnicas às comportamentais. Mas por quê? Em um am-
biente onde o tempo é determinante, muitas empresas optam por buscar
Mais do que em qualquer outro momento da história das corpo- profissionais já capacitados, pois estes darão um retorno mais rápido às
rações, as pessoas e suas competências estão no centro das atenções. É organizações. No entanto, num ambiente em constantes transformações
a competência dos empregados a condição essencial para a competiti- onde a vantagem competitiva das empresas está na atuação sinérgica
vidade e sobrevivência das empresas. Saber escolher os colaboradores dos seus colaboradores, competências como comunicação, relaciona-
adequados é prover os meios para se ganhar as etapas da corrida – e mento interpessoal, cooperação, habilidade em lidar com mudanças,
assim se distanciar dos concorrentes. solução de problemas e conflitos, visão sistêmica e empreendedora tem
sido o diferencial na escolha dos candidatos. Para níveis de gestão não
Dentre os subsistemas de RH, é a atividade de Atração e Seleção
podemos esquecer das competências voltadas a gestão de pessoas.
que identifica e provê, interna ou externamente, as competências indivi-
duais necessárias ao alcance das estratégias organizacionais. DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL
É responsabilidade desta área planejar e implantar mecanismos
que garantam um processo de atração dos talentos necessários bem Desenvolver pessoas não é o mesmo que treinar pessoas. Esse con-
como definir e implantar políticas e ferramentas que garantam a escolha ceito de desenvolvimento de pessoas é mais amplo, pois tem como o
dos profissionais adequados. objetivo principal capacitar as pessoas para serem profissionais de su-
Mas cabe aqui esclarecermos diferenças entre os conceitos de cesso.
“Recrutamento” e “Atração”: Desenvolvimento é o processo de longo prazo para aperfeiçoar as
“Recrutamento” é um conjunto de técnicas e procedimentos que capacidades e motivações dos empregados a fim de torna-los futuros
visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar membros valiosos da organização.
cargos dentro da organização. É basicamente um sistema de formação, Claro que não será desenvolvido o profissional perfeito, já que a
através do qual a organização divulga e oferece ao mercado de recursos perfeição humana não existe, mas o que se busca é estabelecer um perfil
humanos, oportunidades de emprego que pretende preencher. O Recru- dentro do ideal que a empresa deseja, para isso é importante saber que o
tamento é feito a partir das necessidades presentes e futuras dos Recur- profissional plenamente desenvolvido é uma pessoa com boa formação,
sos Humanos da organização. Esse recrutamento requer um cuidadoso experiência garantida na área, uma pessoa disposta a aprender sempre
planejamento. mais, tem vínculos fortes de amizade, conquista com facilidade o res-
peito das pessoas e de preferência ser arbitrário quando existir conflitos.
As fontes de recrutamento podem vir de dentro da empresa ou de
Mas qual a necessidade de se ter profissionais desenvolvidos?
fora, neste caso, correspondendo à pesquisa no mercado de recursos
No mundo de hoje é primordial. O mercado de trabalho vem pas-
humanos. Exemplos de fontes de recrutamento são: recomendação ou sando por mudanças radicais do qual algumas empresas passaram a ser
indicação de empregados; ex-empregados; anúncios em jornais ou re- multinacionais e funcionários com um outro idioma em nível avançado
vistas; Sites Corporativos ou de Empregos; Escolas e Universidades; à fluente, com as características descritas acima tem grandes chances
sindicatos e Associações de Classe; caçadores de talentos – headhun- de ser o representante principal dessa multinacional e conquistar os be-
ters; consultorias na área de Recursos Humanos; banco de talentos das nefícios que todo profissional sonha quando inicia uma carreira, como
empresas; redes sociais profissionais na internet como Linke-in, Plaxo altos salários, benefícios estendido a família, respeito dentro da empresa
e Via6 - vêm crescendo o uso de Redes Sociais onde os profissionais pelos demais colaboradores, reconhecimentos dos concorrentes. Para
se cadastram evidenciando suas experiências e qualificações e formam essas empresas, os profissionais precisam ter não só o aprendizado no
uma rede com outros profissionais do seu network. Nessas redes, os idioma, como experiência internacional, com viagens e cursos no exte-
profissionais podem fazer recomendações em relação aos outros con- rior e uma grande habilidade de relacionamento, pois estará enfrentando
tando o que observaram quando trabalharam juntos. uma cultura e pessoas muito diferentes do convívio do país nativo.
Já o termo “atração” destaca mudanças na forma de se buscar Outros motivos que levam as empresas desenvolverem os funcio-
profissionais no mercado de trabalho. Reflete o investimento feito por nários são os aumentos de concorrentes (a maior realidade no momen-
algumas organizações para aperfeiçoar seus procedimentos. O processo to), sendo que muitos dos concorrentes não são empresas físicas e sim
de seleção é um processo de “duas mãos”, ou seja, a empresa escolhe virtuais, que prestam um serviço tão qualificado que os clientes prefe-
e é escolhida. Pesquisas brasileiras que estudam os fatores de atração e rem buscar os produtos necessários nas empresas virtuais no conforto
da casa, pois sabe que serão bem atendidos e algumas vezes até mais
retenção no trabalho demonstram que a imagem da empresa no merca-
rápido que se comprar algum produto em loja física.
do, a oferta de desafios, as perspectivas de crescimento, a liberdade de
Nem sempre o desenvolvimento profissional parte da empresa,
ação e um clima organizacional favorável despertam mais o interesse muitas vezes os funcionários deverão se demonstrar proativos e bus-
dos profissionais do que a remuneração. As organizações que desejam car com seus próprios recursos o desenvolvimentos que tanto precisam.
atrair profissionais competentes devem cuidar de suas imagens. A forma Alguns percebem que podem estar ficando para trás por faltar alguma
como a responsabilidade social com os diversos grupos – empregados, competência, que também podemos chamar de CHA (conhecimento,
comunidade e sociedade – influencia os conceitos que terão para o can- habilidade e atitude), e o mesmo tem que buscar se habilitar para viver a
didato potencial. concorrência interna, ou seja, entre os próprios funcionários da empresa.
Cabe ainda a área de Seleção avaliar o sucesso obtido no processo O desenvolvimento de pessoal está cada vez mais ganhando des-
visando readequá-lo ser for o caso. taque, porque ele tem como objetivo estratégico o crescimento e a sus-
Uma área de Recrutamento e Seleção atuando de forma mais estra- tentabilidade das organizações para enfrentar as rápidas mudanças que
tégica pode, a partir do entendimento do plano estratégico da empresa os tempos atuais e a globalização estão proporcionando, assim com fun-
e do acompanhamento dos indicadores de gestão, planejar, antecipada- cionários desenvolvidos, as empresas conseguem buscar o crescimento
mente, as demandas em relação ao preenchimento de vagas. e até mesmo a manutenção dela na posição de liderança no mercado.

Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
A Administração de Recursos Materiais é definida como sendo Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diversidade
um conjunto de atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, de de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso de haver
forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a simplificação,
os materiais necessários ao desempenho normal das respectivas atribui- ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simplificarmos um material,
ções. Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento, favorecemos sua normalização, reduzimos as despesas ou evitamos que
inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o for- elas oscilem. Por exemplo, cadernos com capa, número de folhas e for-
necimento dos mesmos aos órgãos requisitantes, até as operações gerais mato idênticos contribuem para que haja a normalização. Ao requisitar
de controle de estoques etc. uma quantidade desse material, o usuário irá fornecer todos os dados
A Administração de Materiais destina-se a dotar a administração (tipo de capa, número de folhas e formato), o que facilitará sobrema-
dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescindíveis ao neira não somente sua aquisição, como também o desempenho daque-
funcionamento da organização, no tempo oportuno, na quantidade ne- les que se servem do material, pois a não simplificação (padronização)
cessária, na qualidade requerida e pelo menor custo. pode confundir o usuário do material, se este um dia apresentar uma
A oportunidade, no momento certo para o suprimento de mate-
forma e outro dia outra forma de maneira totalmente diferente.
riais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do momento
• Especificação
oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das necessidades
Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação do ma-
imediatas da organização. Por outro lado, a providência do suprimento
após esse momento poderá levar a falta do material necessário ao aten- terial, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor entendi-
dimento de determinada necessidade da administração. mento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de material a ser
São tarefas da Administração de Materiais: Controle da produção; requisitado.
Controle de estoque; Compras; Recepção; Inspeção das entradas; Ar- • Normalização
mazenamento; Movimentação; Inspeção de saída e Distribuição. A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utili-
zados os materiais em suas diversas finalidades e da padronização e
⇒ CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS. identificação do material, de modo que o usuário possa requisitar e o
estoquista possa atender os itens utilizando a mesma terminologia. A
Sem o estoque de certas quantidades de materiais que atendam re- normalização é aplicada também no caso de peso, medida e formato.
gularmente às necessidades dos vários setores da organização, não se • Codificação
pode garantir um bom funcionamento e um padrão de atendimento de- É a apresentação de cada item através de um código, com as infor-
sejável. Estes materiais, necessários à manutenção, aos serviços admi- mações necessárias e suficientes, por meio de números e/ou letras. É uti-
nistrativos e à produção de bens e serviços, formam grupos ou classes lizada para facilitar a localização de materiais armazenados no estoque,
que comumente constituem a classificação de materiais. Estes grupos quando a quantidade de itens é muito grande. Em função de uma boa
recebem denominação de acordo com o serviço a que se destinam (ma- classificação do material, poderemos partir para a codificação do mes-
nutenção, limpeza, etc.), ou à natureza dos materiais que neles são rela- mo, ou seja, representar todas as informações necessárias, suficientes e
cionados (tintas, ferragens, etc.), ou do tipo de demanda, estocagem, etc. desejadas por meios de números e/ou letras. Os sistemas de codificação
Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma, di- mais comumente usados são: o alfabético (procurando aprimorar o sis-
mensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar confusão, ou tema de codificação, passou-se a adotar de uma ou mais letras o código
seja, um produto não poderá ser classificado de modo que seja confun- numérico), alfanumérico e numérico, também chamado “decimal”. A
dido com outro, mesmo sendo semelhante. A classificação, ainda, deve escolha do sistema utilizado deve estar voltada para obtenção de uma
ser feita de maneira que cada gênero de material ocupe seu respectivo codificação clara e precisa que não gere confusão e evite interpretações
local. Por exemplo: produtos químicos poderão estragar produtos ali- duvidosas a respeito do material. Este processo ficou conhecido como
mentícios se estiverem próximos entre si. “código alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codificação está a
Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo se-
de afastar todos os elementos de confusão que porventura se apresenta-
gundo critérios adotados, agrupando-o de acordo com a semelhança,
rem na pronta identificação de um material.
sem, contudo, causar confusão ou dispersão no espaço e alteração na
O sistema classificatório permite identificar e decidir prioridades
qualidade.
Um sistema de classificação e codificação de materiais é funda- referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de estoques,
mental para que existam procedimentos de armazenagem adequados, em que os materiais necessários ao funcionamento da empresa não fal-
um controle eficiente dos estoques e uma operacionalização correta do tam, depende de uma boa classificação dos materiais.
estoque. Deve considerar os atributos para classificação de materiais:
O objetivo da classificação de materiais é definir uma catalogação, Abrangência, a Flexibilidade e Praticidade.
simplificação, especificação, normalização, padronização e codificação • Abrangência: deve tratar de um conjunto de características,
de todos os materiais componentes do estoque da empresa. em vez de reunir apenas materiais para serem classificados;
O sistema de classificação é primordial para qualquer Departamen- • Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos
to de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle eficiente de classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerenciamento
dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento correto do al- do estoque;
moxarifado. • Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
O princípio da classificação de materiais está relacionado à: Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária uma
• Catalogação divisão que norteie os vários tipos de classificação.
A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação de
materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um conjunto de
dados relativos aos itens identificados, codificados e cadastrados, de
modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da empresa.

Didatismo e Conhecimento 35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
- Contínuo: oferecido sem risco de interrupção, sendo obrigatório
QUALIDADE NO ATENDIMENTO: o planejamento e a adoção de medidas de prevenção para evitar a des-
COMUNICAÇÃO TELEFÔNICA E continuidade.
FORMAS DE ATENDIMENTO;
Usuários/ Clientes
Existem dois tipos de usuários ou clientes de uma organização:
•externos - recebem serviços ou produtos na sua versão final.
•internos –fazem parte da organização, de seus setores, grupos e
ATENDIMENTO E QUALIDADE atividades.
A globalização, os desafios do desenvolvimento tecnológico e cul- Para identificar esses tipos de usuários, as pessoas da organização
tural e a competição entre as organizações trazem como consequência o devem responder o seguinte:
interesse pela qualidade de seus produtos e serviços. - Com que pessoas mantenho contato enquanto trabalho?
Esse interesse não se restringe às empresas privadas e se estende, - Quem recebe o resultado do meu trabalho?
também, ao setor público. - Qual o nível de satisfação das pessoas que dependem do resulta-
Assim, vemos que - Os empresários buscam aperfeiçoar o desem- do dos serviços executados por mim?
penho em suas áreas de atuação (produtos ou serviços) e o relaciona-
mento com os seus clientes. Princípios para o bom atendimento na gestão da qualidade
- O setor público enfrenta os desafios de melhorar a qualidade de 1. Foco no Cliente. Nas empresas privadas, a importância dada a
seus serviços, aumentar a satisfação dos usuários e instituir um atendi- esse princípio se deve principalmente ao fato de que o sucesso da ven-
mento de excelência ao público. da (lucro financeiro) depende da satisfação do cliente com a qualidade
Os clientes e usuários das organizações públicas e privadas tam- do produto e também com o tratamento recebido e com o resultado da
bém se mostram mais exigentes na escolha de serviços e produtos de própria negociação.
melhor qualidade. Assim, a relação com estes clientes e usuários passa No setor público, este princípio se relaciona sobretudo aos concei-
ser um novo foco de preocupação e demanda esforços para sua melho- tos de cidadania, participação, transparência e controle social.
ria.
Para cumprir este princípio é necessário ter atenção com dois as-
QUALIDADE
pectos:
O conceito de qualidade é amplo e suscita várias interpretações.
- verificar se o que é estabelecido como qualidade atende a todos
As mais expressivas se referem, por um lado, à definição de qualidade
os usuários, inclusive aos mais exigentes;
como busca da satisfação do cliente, e, por outro, à busca da excelência
- fazer bem feito o serviço e, depois, checar os passos necessários
para todas as atividades de um processo.
para a sua execução.
Na mesma vertente, a qualidade é também considerada como fator
Deve se lembrar que tais atitudes levam em conta tanto o atendi-
de transformação no modo como a organização se relaciona com seus
clientes, agregando valor aos serviços a ele destinados. mento do usuário quanto as atividades e rotinas que envolvem o serviço.
Em face dessa diversidade de significados, cabe às organizações
identificar os atributos ou indicadores de qualidade dos seus produtos 2. O serviço ou produto deve atender a uma real necessidade do
e serviços do ponto de vista dos seus usuários. Entre estes, podem ser usuário. Este princípio se relaciona à dimensão da validade, isto é, o
destacados a eficiência, a eficácia, a ética profissional, a agilidade no serviço ou produto deve ser exatamente como o usuário espera, deseja
atendimento, entre outros. ou necessita que ele seja.
No Brasil, a questão da qualidade na área pública vem sendo abor-
dada pelo Programa de Qualidade no Serviço Público que tem por ob- 3. Manutenção da qualidade. O padrão de qualidade mantido ao
jetivos elevar o padrão dos serviços prestados e tornar o cidadão mais longo do tempo é que leva à conquista da confiabilidade.
exigente em relação a esses serviços. Para tanto, o Programa visa a A atuação com base nesses princípios deve ser orientada por algu-
transformação das organizações e entidades públicas no sentido de va- mas ações que imprimem qualidade ao atendimento, tais como:
lorizar a qualidade na prestação de serviços ao público, retirando o foco - identificar as necessidades dos usuários;
dos processos burocráticos. - cuidar da comunicação (verbal e escrita);
O programa estabelece que o cidadão como principal foco de aten- - evitar informações conflitantes;
ção de qualquer órgão público federal. Define padrões de qualidade do - atenuar a burocracia;
atendimento e prevê a avaliação de satisfação do usuário por todos os - cumprir prazos e horários;
órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, indireta e - desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade;
fundacional que atendem diretamente ao cidadão. - divulgar os diferenciais da organização;
Nesse sentido considera-se que o serviço público deve ter as se- - imprimir qualidade à relação atendente/usuário;
guintes características: - fazer uso da empatia;
- Adequado: realizado na forma prevista em lei devendo atender - analisar as reclamações;
ao interesse público; - acatar as boas sugestões.
- Eficiente: alcança o melhor resultado com menor consumo de
recursos; Essas ações estão relacionadas a indicadores que podem ser perce-
- Seguro: não coloca em risco a vida, a saúde, a segurança, o patri- bidos e avaliados de forma positiva pelos usuários, entre eles: compe-
mônio ou os direitos materiais e imateriais do cidadão-usuário; tência, presteza, cortesia, paciência, respeito.

Didatismo e Conhecimento 36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciência, desres- Barreiras e ruídos
peito, imposição de normas ou exibição de poder tornam o atendente No atendimento é preciso cuidado para evitar ruídos na comuni-
intolerável, na percepção dos usuários. No conjunto dessas ações deve cação, ou seja, é necessário reconhecer os elementos que podem com-
ainda ser ressaltada a empatia como um fator crucial para a excelência plicar ou impedir o perfeito entendimento das mensagens. Às vezes,
no atendimento ao público. A utilização adequada dessa ferramenta no uma pessoa fala e a outra não entende exatamente o que foi dito. Ou,
momento em que as pessoas estão interagindo é fundamental. No bom então, tendo em vista a subjetividade presente na mensagem, muitas
atendimento é importante a utilização de frases como “Bom-dia”, “Boa- vezes, o emissor tem uma compreensão diferente da que foi captada
tarde”, “Sente-se por favor”, ou “Aguarde um instante, por favor”, que, pelo receptor.
ditas com suavidade e cordialidade, podem levar o usuário a perceber o Além dessas dificuldades, existem outras que interferem no proces-
tratamento diferenciado que algumas organizações já conseguem ofere-
so de comunicação, entre elas, as barreiras tecnológicas, psicológicas e
cer ao seu público-alvo.
de linguagem. Essas barreiras são verdadeiros ruídos na comunicação.
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO As barreiras tecnológicas resultam de defeitos ou interferências
São elementos do processo de comunicação: dos canais de comunicação. São de natureza material, ou seja, resultam
• emissor – o que emite ou envia a mensagem de problemas técnicos, como o do telefone com ruído.
• receptor – o que recebe a mensagem As barreiras de linguagem podem ocorrer em razão das gírias,
• mensagem – 0 que se quer comunicar regionalismos, dificuldades de verbalização, dificuldades ao escrever,
• canal – o meio de comunicação pelo qual se transmite a mensa- gagueira, entre outros. As barreiras psicológicas provêm das diferenças
gem individuais e podem ter origem em aspectos do comportamento huma-
• ruídos –tudo aquilo que pode atrapalhar a comunicação . no, tais como:
- seletividade: o emissor só ouve o que é do seu interesse ou o que
O processo de comunicação é o centro de todas as atividades coincida com a sua opinião;
humanas. No entanto, além de usar palavras corretas e adequadas ao - egocentrismo: o emissor ou o receptor não aceita o ponto de
contexto, o emissor deve transmitir à outra pessoa, o receptor, infor- vista do outro ou corta a palavra do outro, demonstrando resistência
mações, ideias, percepções, intenções, desejos e sentimentos, ou seja, para ouvir;
a mensagem do processo de comunicação. Ao mesmo tempo, para que - timidez: a inibição de uma pessoa em relação a outra pode causar
a comunicação ocorra, não basta transmitir ou receber bem as mensa- gagueira ou voz baixa, quase inaudível;
gens. É preciso, sobretudo, que haja troca de entendimentos. Para tanto,
- preconceito: a percepção indevida das diferenças socioculturais,
as palavras são importantes, mas também o são as emoções, as ideias,
as informações não-verbais. raciais, religiosas, hierárquicas, entre outras;
- descaso: indiferença às necessidades do outro.
Comunicação verbal e não verbal
A comunicação verbal realiza-se oralmente ou por meio da escrita. ATENDIMENTO TELEFÔNICO
São exemplos de comunicações orais: ordens, pedidos, debates, dis- Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocutor se
cussões, tanto face-a-face quanto por telefone, rádio, televisão ou outro sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da utilização de
meio eletrônico. Cartas, jornais, impressos, revistas, cartazes, entre ou- um canal de comunicação a distância. É preciso, portanto, que o proces-
tros, fazem parte das comunicações escritas. so de comunicação ocorra da melhor maneira possível para ambas as
A comunicação não-verbal realiza-se por meio de gestos e expres- partes (emissor e receptor) e que as mensagens sejam sempre acolhidas
sões faciais e corporais que podem reforçar ou contradizer o que está e contextualizadas, de modo que todos possam receber bom atendimen-
sendo dito. Cruzar os braços e as pernas, por exemplo, é um gesto que to ao telefone.
pode ser interpretado como posição de defesa. Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações para o
atendimento telefônico:
Colocar a mão no queixo, coçar a cabeça ou espreguiçar-se na ca- • não deixar o cliente esperando por um tempo muito longo. É me-
deira podem indicar falta de interesse no que a outra pessoa tem a dizer. lhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retornar a ligação em
Também são gestos interpretados como forma de demonstrar de- seguida;
sinteresse durante a comunicação: ajeitar papéis que se encontrem sobre
• o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem de se
a mesa, guardar papéis na gaveta, responder perguntas com irritação ou
empenhar em explicar corretamente produtos e serviços;
deixar de respondê-las.
A linguagem é um código utilizado pelos indivíduos para processar • atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo que o aten-
pensamentos, ideias e diálogos interiores, ou comunicar-se com outros. dente não possa fornecer, é importante oferecer alternativas;
A linguagem pode ser representada por uma língua ou pela não-verba- • agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia” ou “boa-
lização. tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição são atitudes
É importante observar que algumas palavras assumem diferentes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o nome do cliente e tratá
significados para cada pessoa. -lo pelo nome transmitem a ideia de que ele é importante para a empresa
Palavras como amor, solidariedade, fraternidade, igualdade, entre ou instituição. O atendente deve também esperar que o seu interlocutor
outras, servem de rótulos para experiências universais, mas têm signi- desligue o telefone. Isso garante que ele não interrompa o usuário ou
ficados particulares para cada indivíduo. A realidade subjetiva de cada o cliente. Se ele quiser complementar alguma questão, terá tempo de
pessoa é formada pelo seu sistema de valores, pelas suas crenças, pelos retomar a conversa.
seus objetivos pessoais e pela sua visão de mundo. Daí a importância de
checarmos a linguagem utilizada no processo de comunicação e adap- No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal para
tarmos nossa mensagem ao vocabulário, aos interesses e às necessida- garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso que o aten-
des da pessoa a quem transmitimos alguma informação. dente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas demandas de maneira

Didatismo e Conhecimento 37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
cordial, simples, clara e objetiva. O uso correto da língua portuguesa e - concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evitar dis-
a qualidade da dicção também são fatores importantes para assegurar trair-se com outras pessoas, colegas ou situações, desviando-se do tema
uma boa comunicação telefônica. É fundamental que o atendente trans- da conversa, bem como evitar comer ou beber enquanto se fala);
mita a seu interlocutor segurança, compromisso e credibilidade. - comportamento ético na conversação – o que envolve também
Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir, procedi- evitar promessas que não poderão ser cumpridas.
mentos para a excelência no atendimento telefônico:
• identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém gosta de ATENDIMENTO PRESENCIAL
falar com um interlocutor desconhecido, por isso, o atendente da cha- Nessa modalidade de atendimento devem ser incorporados alguns
mada deve identificar-se assim que atender ao telefone. Por outro lado, princípios relativos ao atendimento telefônico, além de outros específi-
deve perguntar com quem está falando e passar a tratar o interlocutor cos a serem abordados a seguir.
pelo nome. Esse toque pessoal faz com que o interlocutor se sinta im- Por se tratar de uma modalidade de comunicação de grande impac-
portante; to junto ao usuário, o atendente deve sempre demonstrar simpatia, com-
• assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que atende ao petência e profissionalismo e ter atenção com as expressões do rosto,
telefone deve considerar o assunto como seu, ou seja, comprometer-se da voz, dos gestos, do vocabulário e de aparência. E da mesma forma,
e, assim, garantir ao interlocutor uma resposta rápida. Por exemplo: não considerar os seguintes princípios.
deve dizer “Não sei”, mas “Vou imediatamente saber” ou “Daremos
uma resposta logo que seja possível”. Se não for mesmo possível dar Princípios para a qualidade ao atendimento presencial:
uma resposta ao assunto, o atendente deverá apresentar formas alter-
nativas para o fazer, como: fornecer o número do telefone direto de al- • Competência - O usuário espera que cada pessoa que o atenda
guém capaz de resolver o problema rapidamente, indicar o e-mail ou o detenha informações detalhadas sobre o funcionamento da organização
número do fax do responsável procurado. A pessoa que ligou deve ter a e do setor que ele procurou.
garantia de que alguém confirmará a recepção do pedido ou chamada; • Legitimidade - O usuário deve ser atendido com ética, respeito,
• não negar informações: nenhuma informação deve ser negada, imparcialidade, sem discriminações, com justiça e colaboração.
mas há que se identificar o interlocutor antes de a fornecer, para con- • Disponibilidade - O atendente representa, para o usuário, a ima-
firmar a seriedade da chamada. Nessa situação, é adequada a seguinte gem da organização. Assim, deve haver empenho para que o usuário
frase: Vamos anotar esses dados e depois entraremos em contato com não se sinta abandonado, desamparado, sem assistência. O atendimento
deve ocorrer de forma personalizada, atingindo-se a satisfação do clien-
o senhor.
te.
• não apressar a chamada: é importante dar tempo ao tempo, ouvir
• Flexibilidade - O atendente deve procurar identificar claramente
calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e mostrar que o diálogo
as necessidades do usuário e esforçar-se para ajudá-lo, orientá-lo, con-
está sendo acompanhado com atenção, dando feedback, mas não inter-
duzi-lo a quem possa ajudá-lo adequadamente.
rompendo o raciocínio do interlocutor;
• sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demonstra que o Para que o cliente ou usuário possa se sentir bem atendido, exis-
atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada; tem, também, algumas estratégias verbais, não-verbais e ambientais.
• ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catastrófica: as
más palavras difundem-se mais rapidamente do que as boas; Estratégias verbais
• manter o cliente informado: como, nessa forma de comunicação, - Reconhecer, o mais breve possível, a presença das pessoas;
não se estabelece o contato visual, é necessário que o atendente, se tiver - pedir desculpas se houver demora no atendimento;
mesmo que desviar a atenção do telefonedurante alguns segundos, peça - se possível, tratar o usuário pelo nome;
licença para interromper o diálogo e, depois, peça desculpa pela demo- - Demonstrar que quer identificar e entender as necessidades do
ra. Essa atitude é importante porque poucos segundos podem parecer usuário;
uma eternidade para quem está do outro lado da linha; - Escutar atentamente, analisar bem a informação, apresentar
• ter as informações à mão: um atendente deve conservar a infor- questões;
mação importante perto de si e ter sempre à mão as informações mais
significativas de seu setor. Isso permite aumentar a rapidez de resposta e Estratégias não-verbais
demonstra o profissionalismo do atendente; - Olhar para a pessoa diretamente e demonstrar atenção;
• estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga: quem - Prender a atenção do receptor;
atende a chamada deve definir quando é que a pessoa deve voltar a ligar - Não escrever enquanto estiver falando com o usuário;
(dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição vai retornar a - Prestar atenção à comunicação não-verbal;
chamada.
Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitudes no Estratégias ambientais
atendimento telefônico: - Manter o ambiente de trabalho organizado e limpo;
- receptividade - demonstrar paciência e disposição para servir, - Assegurar acomodações adequadas para o usuário;
como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns dos usuários - Evitar pilhas de papel, processos e documentos desorganizados
como se as estivesse respondendo pela primeira vez. Da mesma forma sobre a mesa.
é necessário evitar que interlocutor espere por respostas;
- atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, dizer pala- Atendimento e tratamento
vras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário, anotar a mensa-
gem do interlocutor); O atendimento está diretamente relacionado aos negócios de uma
- empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pronunciar organização, suas finalidades, produtos e serviços, de acordo com suas
o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expressões como “meu normas e regras. O atendimento estabelece, dessa forma, uma relação
bem”, “meu querido, entre outras); entre o atendente, a organização e o cliente.

Didatismo e Conhecimento 38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada por in- empresarial ou de uma organização, é importante saber fazer a distinção
dicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente a: entre líder e chefe. Um chefe tem a autoridade para mandar e exigir
• competência – recursos humanos capacitados e recursos tecnoló- obediência dos elementos do grupo porque muitas vezes se considera
gicos adequados; superior a eles. Um bom líder aponta a direção para o sucesso, exercen-
• confiabilidade – cumprimento de prazos e horários estabelecidos do disciplina, paciência, compromisso, respeito e humildade.
previamente; Muito tem sido falado sobre a relação entre liderança e motivação.
• credibilidade – honestidade no serviço proposto; Afirma-se que o líder exerce um papel fundamental, o de manter sua
• segurança – sigilo das informações pessoais; equipe motivada a fim de obter altos níveis de desempenho. Sustenta-se
• facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal de con- que liderança é a capacidade de inspirar e motivar as pessoas a alcan-
tato; çarem suas metas e ultrapassar seus limites. Declara-se que o líder é
• comunicação – clareza nas instruções de utilização dos serviços. capaz de influenciar as pessoas a atingirem seus próprios objetivos bem
O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao cliente como os da organização, e que, para isso, é necessário compreender o
e interage com ele, orientando-o, conquistando sua simpatia. Está rela- comportamento humano e o que o motiva, ou seja, é preciso identificar
cionada a: as necessidades das pessoas para facilitar o processo motivacional e au-
- presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando pronta- mentar a produtividade.
mente a solicitação do usuário; Embora seja verdade que o comportamento do líder tem, de fato,
- cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cordialidade; influência sobre a motivação da equipe, a ênfase que inúmeros tex-
- flexibilidade – capacidade de lidar com situações não-previstas tos têm colocado nessa relação induz os leitores a pensar que a única
preocupação do líder deve ser com o fator motivacional. Essa restrição
NOÇÕES DE LIDERANÇA, MOTIVAÇÃO E COMUNI- implica deixar de lado outros elementos, igualmente poderosos, que
CAÇÃO; exercem considerável influência sobre a produtividade e o desempe-
nho dos funcionários. É conveniente, pois, alargar o foco para incluir
LIDERANÇA na discussão essas outras variáveis. Como consequência, em vez de dis-
Liderança é a arte de comandar pessoas, atraindo seguidores e in- cutirmos a relação entre liderança e motivação, analisaremos a relação
fluenciando de forma positiva mentalidades e comportamentos. entre liderança e desempenho. Começaremos examinando os fatores
A liderança pode surgir de forma natural, quando uma pessoa se que afetam o desempenho e, posteriormente, o papel da liderança na
destaca no papel de líder, sem possuir forçosamente um cargo de lide- conformação desses fatores.
rança. É um tipo de liderança informal. Quando um líder é eleito por
uma organização e passa a assumir um cargo de autoridade, exerce uma DESEMPENHO E SEUS FATORES DETERMINANTES
liderança formal. Desempenho (ou performance) é um conjunto de características ou
Um líder é uma pessoa que dirige ou aglutina um grupo, podendo capacidades de comportamento e rendimento de um indivíduo, de uma
estar inserido no contexto de indústria, no exército, etc. Não existe um organização ou grupo de seres humanos, ou de outros seres vivos, de
único tipo de líder, mas vários, em função das características do gru- máquinas ou equipamentos, de produtos, sistemas, empreendimentos
po (unidade de combate, equipe de trabalho, grupo de adolescentes). ou processos, em especial quando comparados com metas, requisitos
O líder proporciona a coesão necessária para realizar os objetivos do ou expectativas previamente definidos.
grupo. Um líder eficaz sabe como motivar os elementos do seu grupo Uma definição comum para a palavra “Gerente” é: um indivíduo
ou equipe. que dirige o trabalho de outras pessoas e que, portanto, é responsável
Novas abordagens sobre o tema defendem que a liderança é um pelo trabalho dessas pessoas. Outro conceito para esse termo é o de
comportamento que pode ser exercitado e aperfeiçoado. As habilidades que Gerente é o profissional que obtém resultados por meio de outras
de um líder envolvem carisma, paciência, respeito, disciplina e, princi- pessoas. Esta definição ressalta o fato de que o gerente contribui para
palmente, a capacidade de influenciar os subordinados. os objetivos da organização fazendo com que outras pessoas, e não ele
mesmo, executem as tarefas que são necessárias. Essas pessoas, cujo
Tipos ou estilos de liderança trabalho o gerente dirige, são exatamente os indivíduos por meio dos
Os três estilos clássicos de liderança, que definem a relação entre o quais o gerente obtém resultados. Em tais condições, o gerente torna-se
líder e os seus seguidores, são: Autocrática, Democrática e Liberal (ou responsável pelo desempenho das pessoas que ele dirige. Assim, para
Laissez-faire). que um gestor possa se desincumbir satisfatoriamente dessa responsa-
Liderança Autocrática: É um tipo de liderança autoritária, na qual bilidade, ele precisa conhecer os fatores que influenciam o desempenho
o líder impõe as suas ideias e decisões ao grupo. O líder não ouve a dos indivíduos no trabalho.
opinião do grupo. De que fatores depende o desempenho das pessoas em uma organi-
Liderança Democrática: O líder estimula a participação do grupo e zação? Há uma infinidade deles mas, de modo geral, pode-se agrupá-los
orienta as tarefas. É um tipo de liderança participativa, em que as deci- em quatro categorias: 1) qualificação; 2) motivação; 3)problemas am-
sões são tomadas após debate e em conjunto. bientais; e 4) problemas pessoais. Os dois primeiros fatores descrevem
Liderança Liberal: Há liberdade e total confiança no grupo. As de- as relações do indivíduo com o que ele faz, isto é, com o conteúdo de
cisões são delegadas e a participação do líder é limitada. seu serviço. São fatores que atuam de modo positivo. O terceiro fator,
que descreve a relação do ser humano com o ambiente em que ele rea-
Liderança na Organização liza seu trabalho, bem como o quarto fator, agem no sentido negativo.
Em uma organização, a liderança é um tema de fundamental im- Se qualquer um desses quatro grandes fatores estiver em desordem, o
portância, pois está relacionado com o sucesso ou o fracasso, com con- desempenho do funcionário será afetado. Vamos examinar cada catego-
seguir ou não atingir os objetivos definidos. Principalmente no contexto ria para entender o que significa.

Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
MOTIVAÇÃO Embora seja verdade que o comportamento do líder têm, de
As várias teorias existentes indicam que a motivação de um indi- fato, influência sobre a motivação da equipe, a ênfase que inúme-
víduo para o trabalho depende de vários fatores: grau de interesse na ros textos têm colocado nessa relação induz os leitores a pensar
função que ele executa, possibilidades de desenvolvimento profissional, que a única preocupação do líder deve ser com o fator motiva-
possibilidade de progresso na carreira, existência de metas e objetivos cional. Essa restrição implica deixar de lado outros elementos,
desafiantes, feedback, reconhecimento, grau de autonomia e de parti- igualmente poderosos, que exercem considerável influência sobre
cipação nas decisões que afetam seu trabalho e outros. A motivação é, a produtividade e o desempenho dos funcionários. É conveniente,
igualmente, um fator que atua positivamente, ou seja, sua presença é pois, alargar o foco para incluir na discussão essas outras variá-
indispensável para um desempenho satisfatório. veis. Como consequência, em vez de discutirmos a relação entre
liderança e motivação, analisaremos a relação entre liderança e
CONCEITO DE MOTIVAÇÃO desempenho. Começaremos examinando os fatores que afetam o
Necessidade, motivo ou motivador é um estado ou condição inter- desempenho e, posteriormente, o papel da liderança na conforma-
na que predispõe o indivíduo a agir. Em contrapartida, temos o que se ção desses fatores.
chama de fator de satisfação, que nada mais é do que aquilo que satisfaz
uma necessidade. Satisfação é, pois, o atendimento ou eliminação de DESEMPENHO E SEUS FATORES DETERMINANTES
uma necessidade. Em tais condições, define-se motivação como uma Uma definição comum para a palavra “Gerente” é: um in-
inclinação para a ação que tem origem em um motivo (necessidade). divíduo que dirige o trabalho de outras pessoas e que, portanto,
A motivação, portanto, decorre das necessidades humanas, razão pela é responsável pelo trabalho dessas pessoas. Outro conceito para
qual uma pessoa não pode motivar outra. É possível oferecer ou negar esse termo é o de que Gerente é o profissional que obtém resulta-
dos por meio de outras pessoas. Esta definição ressalta o fato de
às pessoas fatores de satisfação de necessidades tais como água, vestuá-
que o gerente contribui para os objetivos da organização fazendo
rio, elogios etc., mas isto não significa oferecer ou negar motivação. Isto
com que outras pessoas, e não ele mesmo, executem as tarefas
significa simplesmente satisfazer ou não satisfazer as necessidades da
que são necessárias. Essas pessoas, cujo trabalho o gerente dirige,
pessoa. Um fator de satisfação só fará sentido se corresponder a uma ne-
são exatamente os indivíduos por meio dos quais o gerente obtém
cessidade do indivíduo. As necessidades humanas não são criadas pelo resultados. Em tais condições, o gerente torna-se responsável pelo
oferecimento ou negação de fatores de satisfação; elas existem simples- desempenho das pessoas que ele dirige. Assim, para que um ges-
mente em decorrência da natureza humana. Assim, definimosMotiva- tor possa se desincumbir satisfatoriamente dessa responsabilidade,
ção como o desejo, a disposição, a vontade de fazer um esforço para ele precisa conhecer os fatores que influenciam o desempenho dos
satisfazer uma necessidade ou um objetivo individual. Definimos ain- indivíduos no trabalho.
da Motivação para o trabalho como o desejo, a disposição, a vontade De que fatores depende o desempenho das pessoas em uma
de fazer um esforço para alcançar um objetivo organizacional. Não se organização? Há uma infinidade deles mas, de modo geral, pode-
deve, portanto, confundir motivação com esforço. Motivação é algo que -se agrupá-los em quatro categorias: 1) qualificação; 2) motiva-
o indivíduo possui antes de iniciar a ação, ou seja, antes de começar a ção; 3)problemas ambientais; e 4) problemas pessoais. Os dois
se esforçar. primeiros fatores descrevem as relações do indivíduo com o que
Em decorrência do conceito de motivação exposto acima, usare- ele faz, isto é, com o conteúdo de seu serviço. São fatores que atu-
mos, a partir de agora, o verbo “motivar” como sinônimo de “oferecer am de modo positivo. O terceiro fator, que descreve a relação do
o fator de satisfação de uma necessidade”. ser humano com o ambiente em que ele realiza seu trabalho, bem
como o quarto fator, agem no sentido negativo. Se qualquer um
desses quatro grandes fatores estiver em desordem, o desempenho
do funcionário será afetado. Vamos examinar cada categoria para
NOÇÕES DE LIDERANÇA, entender o que significa.
MOTIVAÇÃO E COMUNICAÇÃO;
MOTIVAÇÃO
As várias teorias existentes indicam que a motivação de um
indivíduo para o trabalho depende de vários fatores: grau de in-
teresse na função que ele executa, possibilidades de desenvolvi-
LIDERANÇA, DESEMPENHO E MOTIVAÇÃO mento profissional, possibilidade de progresso na carreira, exis-
Muito tem sido falado sobre a relação entre liderança e mo- tência de metas e objetivos desafiantes, feedback, reconhecimento,
grau de autonomia e de participação nas decisões que afetam seu
tivação. Afirma-se que o líder exerce um papel fundamental, o de
trabalho e outros. A motivação é, igualmente, um fator que atua
manter sua equipe motivada a fim de obter altos níveis de desem-
positivamente, ou seja, sua presença é indispensável para um de-
penho. Sustenta-se que liderança é a capacidade de inspirar e mo-
sempenho satisfatório.
tivar as pessoas a alcançarem suas metas e ultrapassar seus limites.
Declara-se que o líder é capaz de influenciar as pessoas a atingirem CONCEITO DE MOTIVAÇÃO
seus próprios objetivos bem como os da organização, e que, para Necessidade, motivo ou motivador é um estado ou condição
isso, é necessário compreender o comportamento humano e o que interna que predispõe o indivíduo a agir. Em contrapartida, temos
o motiva, ou seja, é preciso identificar as necessidades das pessoas o que se chama de fator de satisfação, que nada mais é do que
para facilitar o processo motivacional e aumentar a produtividade. aquilo que satisfaz uma necessidade. Satisfação é, pois, o aten­
dimento ou eliminação de uma necessidade. Em tais condições,

Didatismo e Conhecimento 40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
define-se motivação como uma inclinação para a ação que tem ori- Assim, a organização, como um ente coletivo, tende a consi-
gem em um motivo (necessidade). A motivação, portanto, decorre derar o próprio modo de fazer como o mais correto.
das necessidades humanas, razão pela qual uma pessoa não pode Uma forte cultura organizacional oferece aos funcionários
motivar outra. É possível oferecer ou negar às pessoas fatores de uma compreensão clara da maneira como as coisas são feitas. Ela
satisfação de necessidades tais como água, vestuário, elogios etc., oferece estabilidade à organização. Toda organização tem uma cul-
mas isto não significa oferecer ou negar motivação. Isto signifi- tura e que, dependendo de sua força, pode ter uma influência sig-
ca simplesmente satisfazer ou não satisfazer as necessidades da nificativa sobre o comportamento e as atitudes de seus membros.
pessoa. Um fator de satisfação só fará sentido se corresponder a A cultura funciona assim então como uma espécie de contro-
uma necessidade do indivíduo. As necessidades humanas não são le do comportamento individual, tornando-o mais semelhante aos
criadas pelo oferecimento ou negação de fatores de satisfação; elas dos demais membros da organização.
existem simplesmente em decorrência da natureza humana. Assim, Podemos dizer que a cultura organizacional, num sentido bem
definimos Motivação como o desejo, a disposição, a vontade de ampliado, é como um conjunto de mecanismos de controle - pla-
fazer um esforço para satisfazer uma necessidade ou um objetivo nos, receitas, regras, instruções - para governar o comportamento.
individual.4 Definimos ainda Motivação para o trabalho como o Por constituir-se num poderoso mecanismo de controle do
desejo, a disposição, a vontade de fazer um esforço para alcançar comportamento, a cultura organizacional tem forte impacto sobre
um objetivo organizacional. Não se deve, portanto, confundir mo- grande parte das dimensões organizacionais tais como produtivi-
tivação com esforço. Motivação é algo que o indivíduo possui an- dade, comprometimento, rotatividade, autoconfiança, motivação,
tes de iniciar a ação, ou seja, antes de começar a se esforçar. exercício do poder, etc.
Em decorrência do conceito de motivação exposto acima, Buscar os fatores que tomam parte do processo de aprendiza-
usaremos, a partir de agora, o verbo “motivar” como sinônimo de gem cultural parece ser, então, um passo importante para o estudo
“oferecer o fator de satisfação de uma necessidade”. da cultura organizacional.
A verdadeira cultura da organização é revelada muito mais pe-
CULTURA ORGANIZACIONAL las práticas de tratamento aos empregados, fornecedores e clientes
Quando uma organização assume uma vida própria, indepen- do que pelo discurso dos seus líderes.
dente de seus fundadores ou qualquer de seus membros, ela adqui- Lamentavelmente, o discurso dissociado da prática vem sendo
re a imortalidade. A institucionalização opera para produzir uma o recurso preferencial de algumas organizações do nosso meio.
compreensão comum, entre os membros da organização sobre o Podemos concluir que a cultura organizacional produz com-
que é o comportamento apropriado. Partindo desta noção é que se portamentos funcionais que contribuem para que se alcancem as
compreende a cultura organizacional. metas da organização. É também uma fonte de comportamentos
A cultura organizacional influencia as percepções, os valores desajustados que produzem efeitos adversos ao sucesso da orga-
e os sentimentos, tornando os comportamentos das pessoas mais nização.
semelhantes entre si. Uma função importante da cultura organizacional é distinguir
Focalizar a empresa na dimensão de sua forma ou configu- uma organização de outras e de seu ambiente, proporcionando a
ração organizacional pode ajudar a identificar aspectos de sua esta uma identidade externa. Ela atua como um filtro de percepção,
estrutura, da natureza do trabalho executado dentro dela e outras encorpado com estórias e mitos, os quais ganham significado a
particularidades de sua anatomia. Mas, ainda que este enfoque seja partir da rotina, eventos vivenciados frequentemente, assim como
da maior importância para a compreensão dos fenômenos orga- em situações únicas.
nizacionais, não devemos esquecer que a organização é constitu- Finalmente, cultura é um mecanismo de controle social. Atra-
ída de pessoas que se comportam. E isto altera dramaticamente a vés da cultura – particularmente uma forte e efetiva – a organiza-
abordagem para o seu entendimento. Na verdade, para começar- ção define a realidade com a qual os seus membros irão viver. Estas
mos a compreender uma organização necessitamos, além da sua socializam os novos membros de uma forma peculiar de fazer as
estrutura, estudar também os seus processos psicossociais dentro coisas e periodicamente re-socializa seus membros mais antigos.
do contexto cultural específico onde eles ocorrem. A análise da A maior disfunção – consequência negativa – da cultura orga-
cultura da organização é, portanto, um requisito essencial para a nizacional é a de criar barreiras à mudança. Uma organização de
compreensão do comportamento das pessoas que nela trabalham. cultura forte produz membros com um conjunto de comportamen-
Se estivermos com os nossos olhos e mentes, bem abertos ob- tos explícitos que funcionaram bem no passado.
servaremos na organização certas regularidades de comportamen-
Naturalmente, a expectativa é de que estes comportamentos
tos. Podem ser facilmente notadas como, por exemplo, nos modos
também serão eficientes no futuro.
de vestir das pessoas, nos adornos e na utilização dos espaços fí-
Paradoxalmente, uma cultura forte pode produzir rigidez na
sicos do trabalho, nas maneiras como são tomadas as decisões ou
organização, dificultando as necessárias mudanças para as novas
nas manifestações de disputa pelo poder entre as gerências. Podem
ser também acontecimentos de comportamentos padronizados condições. Outra disfunção da cultura é que ela pode criar confli-
pouco perceptíveis, como certas crenças não explicitadas clara- tos dentro da própria organização. Como sabemos, sub-culturas
mente, mas compartilhadas por muitos membros da organização. (pequenos grupos altamente coesos) emergem frequentemente nas
A cultura organizacional, até certo ponto, cega as pessoas para organizações. Subculturas podem se tornar tão coesas que acabam
outras realidades ou formas de fazer, parece que tudo aquilo que desenvolvendo valores suficientemente distintos que separam o
foi pregado é reconhecido como natural e normal. A partir daí, subgrupo do resto da organização. Outro tipo de comportamento
qualquer outra maneira de ser parece estranha e até inaceitável. disfuncional é o de sub-culturas que se desenvolvem em velocida-

Didatismo e Conhecimento 41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
des diferentes de outras unidades da organização. Isto resulta em INDICADORES DO CLIMA ORGANIZACIONAL
falta de coordenação interna que afeta adversamente as relações 1) Turnover
externas. Por exemplo, um departamento de Tecnologia da Infor- 2) Absenteísmo
mação pode implantar sistemas computadorizados que estejam 3) Avaliações de desempenho
além das habilidades da maioria dos empregados médios. Mesmo 4) Programas de sugestões
com treinamento, trabalhadores podem resistir à nova tecnologia 5) Pichações no banheiro
ou vivenciar um longo período de aprendizado. Relacionado com 6) Greves
isto, sub-culturas orientadas para a mudança podem vivenciar con- 7) Conflitos interpessoais e interdepartamentais
flitos com sub-culturas que não valorizam mudanças. Isto os impe- 8) Desperdício de material
de de explorar novas soluções para os problemas da organização, 9) Reclamações no serviço de medicina
criando uma cultura onde predomina a indecisão. O indicador só nos alerta de alguns fatores importantes, daí
A cultura é um sistema de crenças (como as coisas funcio- teremos que lançar mão de algumas estratégicas para realmente
nam) e valores (o que é importante) compartilhados (vivenciado avaliar o clima de uma empresa. A pesquisa é uma estratégia e
por todos) e que interagem com (penetrações nos sistemas e sub- muitas empresas têm ações constantes para monitorar a questão do
sistemas) as pessoas, as estruturas e mecanismos de controle para clima dentro da empresa. Algumas práticas encontradas são:
produzir (efeitos) as normas de comportamento características da- Café da manhã com o presidente
quela organização (como fazemos as coisas por aqui).
Ombudsman da empresa (ouvidor clientes, fornecedores, co-
munidade)
RELAÇÕES ENTRE CULTURA E CLIMA:
Reuniões constantes com as áreas
Entre clima e cultura há uma relação de causalidade. A cultura
Entrevista de desligamento
sendo a causa e o clima a consequência. Clima e cultura são fenô-
menos intangíveis, apesar de se manifestarem de forma concreta.
Apesar disso vemos a cultura se manifestar através de arqui- PARADIGMAS QUE PRECISAM SER MUDADOS
teturas, vestuários, comportamentos de colaboradores, Ela irá se - O sentimento que os sucessos do passado garantem o suces-
tangibilizar através do relacionamento da empresa com seus par- so do futuro
ceiros comerciais. - Desequilíbrio na valorização das competências técnicas em
Clima é um fenômeno temporal, refere-se aquele dado mo- detrimento das competências emocionais e de gestão
mento. Já a cultura é decorrente de práticas recorrentes ao longo - Falta de foco nos resultados da empresa, gestão focada nos
do tempo. interesse setoriais ou pessoais, falta de visão sistêmica
- Falta de transparência nas comunicações
CLIMA ORGANIZACIONAL: - Falta de comprometimento com os valores da empresa
CONCEITOS DE CLIMA - Falta de coerência entre o discurso e a ação
O clima é o indicador do grau de satisfação dos membros de
uma empresa, em relação a diferentes aspectos da cultura ou reali- PESQUISA DE CLIMA
dade aparente da organização, tais como políticas de RH, modelo É o mais importante instrumento de apoio para implementa-
de gestão, missão da empresa, processo de comunicação, valoriza- ções consistente de processo de melhoria contínua.
ção profissional e identificação com a empresa. Visa conciliar as aspirações dos empregados com as aspira-
Clima e cultura são tópicos complementares. Clima refere-se ções do empregador.
aos modos pelos quais as organizações indicam aos seus partici- É uma ferramenta de gestão onde será analisado o ambiente
pantes, o que é considerado importante para a eficácia organiza- interno buscando visualizar os alavancadores e as vulnerabilidades
cional. do planejamento estratégico da empresa.
Em todos os conceitos citados acima 03 elementos se repetem
em quase toda definição: OBJETIVOS DA PESQUISA
1) Satisfação dos funcionários: que se remete ao grau de sa- A pesquisa pode ter como objetivos o seguinte:
tisfação dos trabalhadores em relação ao clima de uma empresa. - Avaliar o grau de satisfação dos funcionários em relação à
2) Percepção dos funcionários: trata-se da percepção dos co- empresa (mais usual);
laboradores sobre aspectos que podem influenciá-lo positiva ou - Determinar o grau de prontidão de uma empresa para a im-
negativamente. plementação de uma mudança.
3) Cultura organizacional: cultura e clima, a cultura influen- - Avaliar o grau de satisfação dos funcionários, decorrente do
ciando o clima de uma empresa, faces complementares de uma impacto de algumas mudanças.
mesma moeda como diz Ricardo Luz. - Avaliar o grau de disseminação de determinados valores cul-
turais entre os funcionários.

Didatismo e Conhecimento 42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
BENEFÍCIOS DO CLIMA BEM TRABALHADO NAS Na primeira metade do século XX criaram-se comissões que visa-
ORGANIZAÇÕES vam tornar mais eficiente o uso dos documentos por parte da adminis-
-Retenção de Talentos tração pública.
-Diminuição do índice de doenças psicossomáticas Vale ressaltar que durante esse período, as instituições arquivísti-
-Treinamentos sintonizados com os objetivos da empresa, ge- cas (públicas) caracterizavam-se pela função de órgãos estritamente de
rando resultado apoio à pesquisa, comprometidas com a conservação e o acesso aos
-Maior produtividade documentos considerados de valor histórico.
-Melhoria na comunicação interna Paralelamente iniciava-se a era da chamada administração “cien-
-Aumento do comprometimento dos funcionários com a em- tífica”, que procurava mostrar aos administradores como racionalizar o
presa processo administrativo, desenvolvendo suas atividades de forma me-
-Integração nos dispendiosa, melhor e mais rápida. A palavra-chave das administra-
-Credibilidade ções dos países desenvolvidos - sobretudo gestão de documentos os E.
U. A. - passou a ser eficiência.
A aplicação dos princípios da administração científica para a so-
Perguntas do tipo podem surgir: do que adianta pesquisar o
lução dos problemas documentais gerou o conjunto de princípios da
clima da organização se sabemos que o grande problema da orga-
gestão de documentos, os quais resultam, sobretudo, na necessidade
nização é o salário baixo? Sabemos que o salário não é o grande
de se racionalizar e modernizar as administrações. Não se tratava de
causador de problemas de motivação a motivação está ligada a:
uma demanda setorizada, produzida a partir das próprias instituições
Desafio arquivísticas. A gestão de documentos veio a contribuir para as funções
Perspectiva de desenvolvimento arquivísticas sob diversos aspectos: • ao garantir que as políticas e ativi-
Reconhecimento dades dos governos fossem documentadas adequadamente; • ao garan-
Sentido de Utilidade tir a melhor organização desses documentos, caso tivessem valor per-
Segurança manente; • ao inibir a eliminação de documentos de valor permanente;
Autonomia • ao definir criteriosamente a parcela dos documentos que constituiriam
Remuneração justa o patrimônio arquivística do país, ou seja, 5% da massa documental
produzida (segundo a UNESCO). • No VIII Congresso Internacional de
Arquivos, realizado em Washington, em 1976, gerou maior consciência
em todo o governo, no caso norte-americano, quanto ao significado dos
documentos, qualquer que fosse o suporte, e as suas necessidades de
conservação.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA; As instituições arquivísticas públicas, particularmente os Arqui-
vos Nacionais dos Estados Unidos e do Canadá, adquiriram uma nova
feição, assumindo também a função de órgão de apoio à administração
pública, com a competência de orientar programas de gestão de docu-
mentos nos diversos órgãos governamentais.
A Arquivologia tem por objetivo o conhecimento das informações Os arquivos como instituição tiveram origem na antiga civiliza-
registradas e dos princípios e técnicas a serem aplicados nos processos ção grega. Nos séculos V e IV a.c. os atenienses guardavam seus do-
de constituição, organização, desenvolvimento e utilização. cumentos de valor no templo da mãe dos deuses (Metroon). O impe-
Desde o desenvolvimento da Arquivologia como disciplina, a
rador Justiniano ordenou que se reservasse um prédio público no qual
partir da segunda metade do século XIX, talvez nada tenha sido tão
o magistrado pudesse guardar os documentos, escolhendo alguém que
revolucionário quanto o desenvolvimento da concepção teórica e dos
os mantivesse sob custódia. A finalidade era a de impedir a adulteração
desdobramentos práticos da gestão.
e propiciar as condições necessárias para que pudessem ser encontra-
A gestão de documentos é uma operação arquivística, o processo
dos rapidamente. Entretanto foi a partir da Revolução Francesa que
de reduzir seletivamente a proporções manipuláveis a massa de docu-
se reconheceu definitivamente a importância dos documentos para a
mentos, que é característica da civilização moderna, deforma a conser-
sociedade. Desse reconhecimento resultou em três importantes realiza-
var permanentemente os que têm um valor cultural futuro, sem menos-
prezar a integridade substantiva da massa documental para efeitos de ções no campo arquivístico: a) criação de uma administração nacional
pesquisa. e independente dos arquivos; b) proclamação do princípio de acesso do
Embora sua concepção teórica e prática tenha se desenvolvido público aos arquivos; c) reconhecimento da responsabilidade do Estado
após a Segunda Guerra Mundial, a partir dos E.U.A. e do Canadá, a pela conservação dos documentos de valor, do passado Vário razões
gestão de documentos teve suas raízes no final do século XIX, em fun- levaram os países a instituir arquivos públicos: a) necessidade prática
ção dos problemas detectados nas administrações públicas destes dois de incrementar a eficiência governamental; b) motivos de ordem cultu-
países, referentes ao uso e guarda da documentação. ral, visto que os arquivos públicos constituem uma espécie de fonte de
cultura, ao lado de livros, manuscritos e peças de museus; c) razões de
interesse pessoal, especialmente na França, que objetivando a aniquila-
ção de uma sociedade antiga e acreditando que tais documentos eram
imprescindíveis à proteção de direitos feudais e privilégios, criaram um
órgão especial – Agence Temporaire des Titres – cuja atividade princi-
pal era separar, para eliminação, todos os documentos alusivos a tais
direitos e privilégios.

Didatismo e Conhecimento 43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Entretanto, até bem pouco tempo os documentos serviam apenas Documento: é toda informação registrada em um suporte material,
para estabelecer ou reivindicar direitos. Quando não atendiam mais a suscetível de consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprova fatos,
essa exigência, eram transferidos para museus e bibliotecas, surgindo fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determina-
daí a ideia de arquivo administrativo e arquivo histórico. Em meados da época ou lugar.
do século XIX começa a desabrocharam crescente interesse pelo valor No momento em que o homem registra sua ideia em um suporte,
histórico dos arquivos e os documentos ganham o status de testemunhos dá origem a um documento. Com o aparecimento da escrita, o volume
da história. de documentos criados foi se tomando cada vez maior e surgiu a ne-
cessidade de se criarem técnicas que permitissem organizar esta massa
Arquivos: Elementos e Definições. documental de forma a permitir sua imediata localização quando neces-
O primeiro elemento essencial refere-se à razão pela qual os ma- sário. A partir de então, surgiram os primeiros arquivos.
teriais foram produzidos e acumulados. Serão arquivos os documen- Pelo art. 2º da lei 8.159/91 Arquivos são: [...] conjuntos de do-
tos criados e acumulados na consecução de algum objetivo. Em nível cumentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de
governamental, tal objetivo é o cumprimento de sua finalidade oficial caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de
(valor primário). Assim, filmes cinematográficos, por exemplo, quando atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o
produzidos ou recebidos por uma administração no cumprimento de suporte da informação ou a natureza dos documentos.
funções específicas, podem ser considerados arquivos. Documentos es- É importante destacar:
critos, ainda que classificados como manuscritos históricos, se tiverem • Os documentos de arquivo, além de serem produzidos pela insti-
sido produzidos em decorrência de uma atividade organizada – como, tuição, podem também ser recebidos pela mesma.
por exemplo, os de uma igreja, uma empresa, ou mesmo de um indiví- • Os documentos de arquivo podem estar registrados em variados
duo – poderão ser considerados arquivos. suportes e ser de vários tipos (textual, iconográfico, audiovisual etc.),
O segundo elemento essencial diz respeito aos valores pelos quais ao contrário da ideia básica de que documentos de arquivo seriam ba-
os arquivos são preservados. Para que os documentos sejam arquivados sicamente na forma textual e em suporte papel. Alguns documentos,
devem ser preservados por razões outras que não apenas aquelas para as inclusive, têm seu suporte alterado pelos arquivos, visando garantir a
quais foram criados e acumulados. Essas razões tanto podem ser oficiais permanência das informações ali depositadas (processo de microfilma-
quanto culturais. Serão então preservados para o uso de outros além de gem, mudança de mídia de documentos digitais etc.).
seus próprios criadores (valor secundário). • Ao se produzir documentos no decorrer de suas atividades, po-
Devem ainda satisfazer a condição de serem realmente documen- demos destacar que os documentos de arquivo possuem uma caracte-
tos do órgão que os oferece. rística chamada organicidade, que significa que o mesmo foi criado em
Para que se possa garantir a integridade dos documentos preser- função de uma atividade realizada pela instituição, de forma que o mes-
vados deve-se mantê-los conservados num todo como documentos do mo servirá de prova das transações realizadas pela organização. Assim,
órgão que os produziu, deve-se ainda guardá-los na sua totalidade, sem ao se estudar os documentos de um arquivo, pode-se ter uma ideia clara
mutilação, modificação ou destruição de parte deles. das atividades realizadas por aquele órgão.
Conquanto não haja uma definição de arquivo que possa ser consi- O termo arquivo pode também ser usado para designar:
derada definitiva, pode-se defini-los como, os documentos de qualquer • conjunto de documentos;
instituição pública ou privada que hajam sido consideradas de valor, • móvel para guarda de documentos;
merecendo preservação permanente para fins de referência e de pes- • local onde o acervo documental deverá ser conservado;
quisa e que hajam sido depositados ou selecionados para depósito, num • órgão governamental ou institucional cujo objetivo seja o de
arquivo permanente. guardar e conservar a documentação;
Arquivo é o conjunto de documentos oficialmente produzidos e
recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas IMPORTÂNCIA DO ARQUIVO
atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efei- A importância do arquivo para a instituição está ligada ao aumento
tos futuros. expressivo do volume de documentos que a mesma utiliza no exercí-
Pode-se dizer que a finalidade de um arquivo é a de servir à Admi- cio de suas atividades e a necessidade de se estabelecerem critérios de
nistração; e sua função é a de tornar disponíveis as informações contidas guarda e de eliminação de documentos, quando estes já não são mais
no acervo documental sob sua guarda. úteis para a organização. A adoção de técnicas arquivísticas adequadas
permite não apenas a localização eficiente da informação desejada, mas
PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS também a economia de recursos para a instituição.
O arquivo da instituição funcionará como o guardião das infor-
mações ali existentes. Assim, para entendermos o conceito de arquivo, FINALIDADE DO ARQUIVO
devemos antes conhecer três conceitos básicos que integram a área: in- A principal finalidade dos arquivos é servir à administração cons-
formação, suporte e documento. tituindo-se, consequentemente, em base do conhecimento da História.
Informação: pode ser definida como ideia ou conhecimento. Ainda podemos destacar como finalidades do arquivo:
Suporte: meio no qual a informação é registrada. • Guarda dos documentos que circulam na instituição, utilizando
Entende-se por suporte qualquer meio utilizado para gravar a in- para isso técnicas que permitam um arquivamento ordenado e eficiente;
formação. O papel é hoje o suporte mais utilizado, mas não é o único. • Garantir a preservação dos documentos, utilizando formas ade-
No passado, tivemos o pergaminho e o papiro como suportes bastante quadas de acondicionamento, levando em consideração temperatura,
utilizados. Com o avanço de novas tecnologias ligadas à informática, é umidade e demais aspectos que possam danificar os mesmos;
cada vez maior o número de instrumentos capazes de servir de suporte • Atendimento aos pedidos de consulta e desarquivamento de do-
para a informação. Dentre os meios mais utilizados, podemos destacar: cumentos pelos diversos setores da instituição, de forma a atender rapi-
disquete, CD, DVD e fita VHS. damente a demanda pelas informações ali depositadas.

Didatismo e Conhecimento 44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
FUNÇÃO A classificação e a caracterização da correspondência são dois fa-
O arquivo é o instrumento principal para servir de controle à ação tores da maior importância no desenvolvimento das tarefas de registro
administrativa de qualquer empresa pública ou privada. e protocolo.
Sua função básica é a guarda e a conservação dos documentos, Mas, o que vem a ser, afinal, correspondência?
visando a sua utilização futura, presente e passada. Considera-se correspondência toda e qualquer forma de comu-
Para alcançar estes objetivos, é necessário que o arquivo disponha nicação escrita, produzida e destinada a pessoas jurídicas ou físicas, e
dos seguintes requisitos: vice-versa, bem como aquela que se processa entre órgãos e servidores
• contar com pessoal qualificado e em número suficiente; de uma instituição.
• estar instalado em local apropriado; Quanto ao destino e procedência pode-se classificar a correspon-
• dispor de instalações e materiais adequados; dência em externa e interna.
• utilizar sistemas racionais de arquivamento, fundamentados na Por externa entende-se aquela correspondência trocada entre uma
teoria arquivística moderna; instituição e outras entidades e/ou pessoas físicas, como ofícios, cartas,
• contar com normas de funcionamento; telegramas.
Interna é a correspondência trocada entre os órgãos de uma mesma
• contar com dirigente qualificado, preferencial, mas não obriga-
instituição. São os memorandos, despachos, circulares.
toriamente, até pela escassez dos mesmos, formado em Arquivologia.
A correspondência pode ser ainda oficial e particular.
Oficial é aquela que trata de assunto de serviço ou de interesse es-
A principal finalidade dos arquivos é servir a administração, cons- pecífico das atividades de uma instituição.
tituindo-se, com o decorrer do tempo, em base do conhecimento da Particular é a de interesse pessoal de servidores de uma instituição.
história. Quando a correspondência é encaminhada, em geral fechada, a
Destaca ainda que a função básica do arquivo é tornar disponível as uma instituição, há que se identificá-la por suas características externas,
informações contidas no acervo documental sob sua guarda. Observa- para que, se oficial, possa ser aberta, devidamente registrada e remetida
se, portanto, que o arquivamento não consiste apenas em guardar docu- ao destino correto.
mentos, mas em servir de fonte de pesquisa para toda a administração,
sendo base para eventuais tomadas de decisões. CLASSIFICAÇÃO DOS ARQUIVOS
Dependendo do aspecto sob o qual os arquivos são estudados, eles
DISTINÇÃO ENTRE ARQUIVO, MUSEU E BIBLIOTECA podem ser classificados segundo:
Embora arquivo, museu e biblioteca tenham a mesma finalidade • as entidades mantenedoras (públicos ou privados);
(guardar e permitir o acesso aos documentos), seus objetivos são dife- • a natureza dos documentos (especial ou especializado);
rentes, tendo em vista os tipos documentais de que cada instituição trata. • aos estágios de sua evolução (corrente, intermediário e perma-
Poderíamos assim definir cada instituição: nente);
Arquivo: é o conjunto de documentos, criados ou recebidos por • a extensão de sua atuação (setorial e central).
uma instituição ou pessoa, no exercício de sua atividade, preservados • a natureza do assunto ostensiva e sigilosa.
para garantir a consecução de seus objetivos.
Biblioteca: é o conjunto de material, em sua maioria impresso e Classificação segundo as entidades mantenedoras
não produzido pela instituição em que está inserida, de forma ordenada Os arquivos podem ser classificados segundo a instituição em que
para estudo, pesquisa e consulta. Normalmente, é constituída de cole- estejam inseridos da seguinte forma:
ções temáticas e seus documentos são adquiridos por meio de compra, Arquivos públicos: são aqueles mantidos por entidades de caráter
doação ou permuta, diferentemente dos arquivos, cujos documentos são público, seja na esfera federal, estadual ou municipal. Ex.: arquivo do
produzidos ou recebidos pela própria instituição. STJ, arquivo da Prefeitura de São Paulo e arquivo do Senado Federal.
Museu: é uma instituição de interesse público, criada com a finali- Arquivos privados: são aqueles mantidos por instituições de cará-
ter particular. Ex.: arquivo do Bradesco, arquivo das Lojas Americanas
dade de conservar, estudar e colocar à disposição do público conjuntos
e arquivo da Rede Globo.
de peças e objetos de valor cultural.
Podemos verificar que, enquanto o arquivo tem finalidade funcio-
Classificação segundo a natureza dos documentos
nal, a finalidade das bibliotecas e dos museus é essencialmente cultural, Arquivos especiais: chama-se arquivo especial aquele que tem sob
embora o arquivo também possa adquirir, com o tempo, caráter cultu- sua guarda documentos de tipos diversos — iconográficos, cartográfi-
ral, a partir do caráter histórico que alguns de seus documentos podem cos, audiovisuais — ou de suportes específicos — documentos em CD,
adquirir. documentos em DVD, documentos em microfilme — e que, por esta
Destaca-se, ainda, que os documentos de arquivo são produzidos razão, merece tratamento especial não apenas no que se refere ao seu
em uma única via ou em limitado número de cópias, enquanto os do- armazenamento, como também ao registro, acondicionamento, contro-
cumentos das bibliotecas são produzidos em numerosos exemplares, de le, conservação etc.
forma a atender suas necessidades. Arquivo especializado: é aquele que guarda documentos de de-
terminado assunto específico, independentemente da forma física que
CORRESPONDÊNCIAS, SUA CLASSIFICAÇÃO E CARAC- apresentam, como por exemplo, os arquivos médicos, os arquivos jor-
TERIZAÇÃO nalísticos e os arquivos de engenharia.
Dentro do gênero de documentos escritos, a correspondência me- Classificação pela sua evolução
rece tratamento especial por se constituir numa parte considerável dos Os documentos arquivísticos são identificados como correntes, in-
acervos arquivísticos, uma vez que as ações administrativas são, em ge- termediários e permanentes, o que corresponde ao ciclo vital das infor-
ral, desencadeadas por seu intermédio. mações, também chamado de teoria das três idades:

Didatismo e Conhecimento 45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
a) arquivos correntes: são aqueles em curso, ou que, mesmo sem Operações e rotinas para a classificação e arquivamento de docu-
movimentação, constituam objeto de consultas frequentes. mentos
b) arquivos intermediários: são aqueles que, não sendo de uso Estudo: consiste na leitura de cada documento, a fim de verificar
corrente nos órgãos produtores, por razões de interesse administrativo, sob que código deverá ser classificado e quais referências cruzadas que
aguardam a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. lhe corresponderão.
c) arquivos permanentes: conjuntos de documentos de valor his- Referência cruzada: mecanismo adotado quando o conteúdo diz
tórico, probatório e informativo que devem ser definitivamente preser- respeito a dois assuntos, neste caso o documento é arquivado na pasta
vados. relativa ao assunto principal, registrando os dados do documento em
folhas de referência a serem arquivadas nas pastas correspondentes aos
Classificação pela extensão de sua atuação assuntos secundários.
Quanto à sua extensão, os arquivos podem ser classificados em
setoriais, estabelecidos junto aos setores de trabalho da empresa, ou em Características dos documentos de arquivo
arquivos centrais ou gerais, ou seja, aqueles que reúnem sob sua guarda
Por se constituírem em instrumentos das atividades institucionais e
documentos provenientes de diversos setores de uma instituição.
pessoais, os documentos de arquivos são fontes primordiais de informa-
Os arquivos setoriais são aqueles estabelecidos junto aos órgãos
ção e prova para as conclusões relativas a estas atividades, sua criação,
operacionais, cumprindo funções de arquivo corrente.
manutenção, eliminação e modificação.
Os arquivos gerais ou centrais são os que se destinam a receber os
documentos correntes provenientes dos diversos órgãos que integram a Características
estrutura de uma instituição, centralizando, portanto, após um período • Autenticidade: os documentos são produtos de rotinas proces-
as atividades do arquivo corrente. Por exemplo: os documentos produ- suais que visam ao cumprimento de determinada função ou consecução
zidos pelas penitenciárias estaduais - que são componentes da SSP-PE de alguma atividade, e são autênticos quando são criados e conservados
- geram arquivos setoriais. Após um determinado período e análise, essa de acordo com procedimentos regulares que podem ser comprovados a
documentação passará para o arquivo intermediário - já sob guarda do partir dessas rotinas estabelecidas.
Arquivo Público. O Arquivo Público Estadual de Pernambuco é o ar- • Naturalidade: os registros arquivísticos são acumulados de Forma
quivo central do Estado, com legislação específica para administrar e natural nas administrações, em função dos seus objetivos práticos; os
guardar a documentação produzida pelo Estado de Pernambuco. registros arquivísticos se acumulam de maneira contínua e progressiva,
surge de um instrumento de coesão espontânea, embora estruturada.
Classificação de documentos quanto a natureza do assunto • Inter-relacionamento: os documentos estabelecem relações no
A classificação de documentos quanto a natureza do assunto diz decorrer do andamento das transações para as quais foram criados.
respeito ao acesso aos documentos, eles se classificam em: • Unicidade: cada registro documental assume um lugar único na
1. Ostensivos ou ordinários – Qualquer pessoa pode consultar o estrutura documental do grupo ao qual pertence.
documento a sua divulgação não é prejudicial. • Princípio da Legalidade: os registros arquivísticos são provas
2. Sigilosos – Acesso restrito requer medidas especiais de salva- confiáveis das ações e que se referem e devem esta confiabilidade às
guarda (adotar medidas de proteção e segurança para a custódia e disse- circunstâncias de sua criação e as necessidades de se prestar contas.
minação de documentos)
Documentos que devem ser mantidos sob sigilo: PRINCÍPIOS:
São dados ou informações cujo conhecimento irrestrito(livre) ou Os princípios arquivísticos constituem o marco principal da dife-
divulgação possa acarretar risco a: rença entre a arquivística e as outras “ciências” documentárias. São eles:
A segurança da sociedade e do Estado; Princípio da Proveniência: Fixa a identidade do documento, re-
A intimidade da vida privada, honra e imagem da pessoa. lativamente a seu produtor. Por este princípio, os arquivos devem ser
organizados em obediência à competência e às atividades da instituição
Graus de sigilo
ou pessoa legitimamente responsável pela produção, acumulação ou
Ultrassecreto – máximo de 30 anos
guarda dos documentos. Arquivos originários de uma instituição ou de
Secreto – máximo de 20 anos
uma pessoa devem manter a respectiva individualidade, dentro de seu
Confidencial – máximo de 10 anos
contexto orgânico de produção, não devendo ser mesclados a outros de
Reservado – máximo de 5 anos
origem distinta.
Procedimentos para documentos sigilosos Princípio da Organicidade: As relações administrativas orgânicas
Classificação – Atribuição de grau de sigilo. Começam a vigorar a se refletem nos conjuntos documentais. A organicidade é a qualidade se-
partir da data de produção do dado ou informação. gundo a qual os arquivos espelham a estrutura, funções e atividades da
Reclassificação – Alteração da classificação entidade produtora/acumuladora em suas relações internas e externas.
Desclassificação – Cancelamento da classificação. Torna o docu- Princípio da Unicidade: Não obstante, forma, gênero, tipo ou su-
mento ostensivo (deixa de ser sigiloso e torna o acesso livre) porte, os documentos de arquivo conservam seu caráter único, em fun-
ção do contexto em que foram produzidos.
Prorrogação dos prazos de classificação de documentos sigilosos Princípio da Indivisibilidade ou integridade: Os fundos de arquivo
A prorrogação pode ocorrer uma vez, por igual período, pela au- devem ser preservados sem dispersão, mutilação, alienação, destruição
toridade hierarquicamente superior. Se não houver prorrogação, a des- não autorizada ou adição indevida.
classificação é automática devido ao transcurso do prazo previsto, que Princípio da Cumulatividade: O arquivo é uma formação progres-
ocorrerá no final do prazo. siva, natural e orgânica.

Didatismo e Conhecimento 46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
EXERCÍCIOS 07. (CESPE/MCTI/2012/ASSISTENTE EM C&T) As demons-
trações de cortesia do servidor público manifestam-se não só por meio
01. (CESPE/2005/TRT-16/ANALISTA JUDICIÁRIO/ ÁREA da educação, como também da urbanidade.
JUDICIÁRIA) Alexandre, gerente de atendimento de um órgão do Po- A. CORRETA
der Judiciário, pauta sua gestão nos princípios de confiabilidade e fide- B. INCORRETA
dignidade da informação, atenção e cortesia nas relações interpessoais,
discrição e objetividade no tratamento das necessidades dos clientes e 08. (CESPE/MCTI/2012/ASSISTENTE EM C&T) O servidor
rapidez no atendimento. Nessa situação, é correto afirmar que os prin- público mostra eficiência ao realizar simultaneamente a tarefa de aten-
cípios que norteiam a conduta de Alexandre, como gestor, conferem dimento ao cidadão e a consulta ao sistema de dados.
eficiência e eficácia no atendimento ao público. A. CORRETA
B. INCORRETA
A. CORRETA
B. INCORRETA
09. (TÉCNICO EM ARQUIVOS- 2012- UFFS- MÉDIO)Deno-
minam-se documentos correntes:
02. (CESPE/MCTI/2012/ASSISTENTE EM C&T) Ainda que A.aqueles já arquivados e microfilmados e que não necessitam de
a solicitação de um cidadão não tenha sido atendida, por não estar de consultas frequentes.
acordo com a legislação, o servidor público deve ser paciente com ele B.aqueles que não apresentam movimentação e que poderão rece-
e ouvir sua queixa. ber consultas públicas.
A. CORRETA C.aqueles em curso ou que, mesmo sem movimentação, consti-
B. INCORRETA tuam de consultas frequentes.
D.aqueles já arquivados ou que, mesmo sem movimentação, cons-
03. (CESPE/MCTI/2012/ASSISTENTE EM C&T) A eficiência tituam de consultas públicas.
do servidor público na realização de suas tarefas caracteriza-se pela E. aqueles já arquivados definitivamente ou que, mesmo sem mo-
qualidade do serviço prestado ao cidadão ou do produto a ele entregue, vimentação, constituam de consultas públicas.
não importando o tempo que o servidor despendeu para tanto.
A. CORRETA 10. (TÉCNICO EM ARQUIVOS- 2012- UFFS- MÉDIO)Deno-
B. INCORRETA minam-se documentos intermediários:
A. aqueles de uso corrente nos órgãos produtores, e que por razões
04. (FCC/2010/SERGIPE GÁS S.A/ ASSISTENTE ADMINIS- de interesse administrativo, aguardam a reativação processual.
B. aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos produtores,
TRATIVO) Expressões adequadas no atendimento telefônico são:
por razões de interesse administrativo, aguardam a sua eliminação ou
a) vou transferir a ligação; pêra aí; meu amor.
recolhimento para guarda permanente.
b) alô; chuchu; espere um pouquinho.
C.aqueles de uso corrente nos órgãos produtores, e que por razões
c) fofa; um momento, por favor; heim. de interesse administrativo, aguardam a sua eliminação ou recolhimen-
d) bom dia; às ordens; à disposição. to para guarda permanente.
e) anjo; oi; por favor. D. aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos produtores,
por razões de interesse administrativo, estão ainda em tramitação ad-
05. (CESPE/MCTI/2012/ASSISTENTE EM C&T) Um assisten- ministrativa.
te administrativo que trabalha no atendimento ao público deve comuni- E.aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos produtores,
car-se por meio do jargão técnico, de forma a demonstrar seu conheci- por razões de interesse administrativo, estão em tramitação na esfera
mento do assunto aos cidadãos que atende e transmitir-lhes segurança. judiciária ou na esfera legislativa.
A. CORRETA
B. INCORRETA 11. (ADMINISTRAÇÃO GERAL- ARQUIVOLOGIA- INPI-
2013)Em relação à gestão de documentos, julgue os itens que se se-
06. (FCC/2010/AL-SP/AGENTE LEGISLATIVO DE SERVI- guem.
ÇOS TÉCNICOS) Um dos fatores de qualidade no atendimento ao I. O programa de gestão de documentos gerencia os documentos
público é a empatia. Empatia é: nas fases corrente e permanente e o centro de documentação gerencia os
a) a capacidade de transmitir sinceridade, competência e confiança documentos na fase intermediária.
II. A análise e a revisão do fluxo de documentos é uma tarefa fun-
ao público.
damental que deve ser executada no planejamento do programa de ges-
b) a capacidade de cumprir, de modo confiável e exato, o que foi
tão de documentos.
prometido ao público.
III. O dicionário de termos controlados é considerado um instru-
c) o grau de cuidado e atenção individual que o atendente demons- mento obrigatório em um programa de gestão de documentos.
tra para com o público, colocando-se em seu lugar para um melhor en- IV. A avaliação de documentos faz parte da fase de utilização e
tendimento do problema. conservação do programa de gestão de documentos.
d) a intimidade que o atendente manifesta ao ajudar prontamente V. A gestão arquivística de documentos é composta pela definição
o cidadão. da política arquivística e pela designação de responsabilidades.
e) a habilidade em definir regras consensuais para o efetivo aten- Assinale a alternativa CORRETA
dimento. A. Estão corretas todas as alternativas.

Didatismo e Conhecimento 47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
B. Estão erradas Todas as alternativas.
C. Os itens III, III e V estão corretos. DIREITO ADMINISTRATIVO:
D. Os itens II e III estão errados. ATO ADMINISTRATIVO: CONCEITO,
E. Os itens I e IV estão corretos. ELEMENTOS/REQUISITOS,
ATRIBUTOS, CONVALIDAÇÃO,
12. (Esaf / CGU 2006) O processo administrativo compõe-se de DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO;
quatro funções básicas. Indique a opção correta.
a) A função organização refere-se ao sistema de definição de ob-
jetivos, alocação de recursos e os meios para alcançá-los. A de direção
ao agrupamento das atividades em órgãos e cargos, definindo níveis de
autoridade e responsabilidade. CONCEITO:
b) A função planejamento possibilita o monitoramento do desem-
penho organizacional e a tomada de ações corretivas. A de organização Atos administrativos são espécies do gênero “ato jurídico”, ou seja,
a divisão do trabalho e designação de processos e atividades. são manifestações humanas, voluntárias, unilaterais e destinadas direta-
c) A função controle permite a execução de atividades e alocação mente à produção de efeitos no mundo jurídico.
de recursos para atingir os objetivos. A de direção o exercício da lide- De acordo com os ensinamentos do jurista Celso Antônio Bandeira
rança e coordenação de esforços. de Mello, ato administrativo pode ser conceituado como: “declaração
d) A função planejamento possibilita a definição da missão orga- do Estado (ou de quem lhe faça às vezes – como, por exemplo, um con-
nizacional e a programação de atividades. A de direção a orientação da cessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas públicas,
mão-de-obra e a coordenação de esforços. manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a
e) A função controle permite desenhar o trabalho a ser executado título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por
e coordenar atividades. A de organização o exercício da comunicação, órgão jurisdicional”.
liderança e motivação. Segundo o conceito formulado por Hely Lopes Meirelles, temos
que: “ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade
13. (Esaf / CGU 2004) Assinale a opção que indica corretamente da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim
as principais funções do processo administrativo. imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
a) Planejamento, organização, direção e controle. direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.
b) Planejamento, verificação, execução e ação. Para Maria Sylvia Di Pietro, ato administrativo pode ser definido
c) Comunicação, ação, correção e fiscalização. como: “a declaração do Estado ou de quem o represente, produz efei-
d) Execução, organização, direção e verificação. tos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
e) Fiscalização, comunicação, correção e controle. direito público e sujeita a controle pelo Judiciário”.
Dessa forma, temos que é por meio do ato administrativo que a
GABARITO função administrativa se concretiza, sendo toda a exteriorização da von-
tade do Estado, executada pelos agentes públicos, objetivando alcançar
1 A o interesse coletivo.
2 A Portanto, ato administrativo é a manifestação ou declaração da
3 B Administração Pública, editada pelo Poder Público, através de seus
agentes, no exercício concreto da função administrativa que exerce, ou
4 D de quem lhe faça às vezes, sob as regras de direito público, com a fina-
5 B lidade de preservar e alcançar os interesses da coletividade, passível de
6 C controle Jurisdicional.
7 A
ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:
8 B
9 C Entende-se por atributos as qualidades ou características dos atos
administrativos, uma vez que requisitos dos atos administrativos cons-
10 B
tituem condições de observância obrigatória para a sua validade, os
11 C atributos podem ser entendidos como as características dos atos admi-
12 D nistrativos.
13 A Os atributos dos atos administrativos citados pelos principais auto-
res são: presunção de legitimidade; imperatividade; autoexecutoriedade
e tipicidade.

Presunção de Legitimidade: A presunção de legitimidade, ou le-


galidade, é a única característica presente em todos os atos administra-
tivos.
Assim, uma vez praticado o ato administrativo, ele se presume
legítimo e, em princípio, apto para produzir os efeitos que lhe são ine-
rentes, cabendo então ao administrado a prova de eventual vício do ato,

Didatismo e Conhecimento 48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
caso pretenda ver afastada a sua aplicação, dessa maneira verificamos A competência é a condição primeira de validade do ato adminis-
que o Estado, diante da presunção de legitimidade, não precisa compro- trativo, onde deve haver uma análise sobre a incidência ou não da capa-
var a regularidade dos seus atos. cidade específica e legalmente definida para a prática do ato.
Dessa maneira, mesmo quando eivado de vícios, o ato administra- Importante observar que a noção de competência do agente, na
tivo, até sua futura revogação ou anulação, tem eficácia plena desde o esfera do Direito Administrativo, alcança, além do agente, também o
momento de sua edição, produzindo regularmente seus efeitos, poden- órgão do Estado que ele representa.
do inclusive ser executado compulsoriamente. Dessa forma, conclui-se que competência é prerrogativa do Esta-
do, exercitada por seus agentes, respeitada a hierarquia e distribuição
Imperatividade: Pelo atributo da imperatividade do ato adminis- constitucional de atribuições.
trativo, temos a possibilidade de a administração pública, de maneira A competência é um elemento, ou requisito, sempre vinculado, ou
unilateral, criar obrigações para os administrados, ou então impor-lhes seja, não há possibilidade de escolha na determinação da competência
restrições. para a prática de um ato, tendo em vista que tal vinculação decorre de
Importante esclarecer que nem todos os atos administrativos são lei.
revestidos de imperatividade, mas, da mesma forma que ocorre relativa- Para os estudos sobre o requisito da competência do ato adminis-
mente à presunção de legitimidade, os atos acobertados pela imperativi- trativo, se mostra necessário e oportuno mencionar a existência das fi-
dade podem, em princípio, ser imediatamente impostos aos particulares guras da avocação de competência e a delegação de competência.
a partir de sua edição. A avocação é o ato mediante o qual o superior hierárquico traz
para si o exercício temporário de certa competência atribuída por lei a
Autoexecutoriedade: O ato administrativo possui força executória um subordinado, devendo ser medida excepcional e de caráter precário,
imediatamente a partir de sua edição, isso ocorre porque as decisões ad- sendo que a avocação não será possível quando se tratar de competência
ministrativas trazem em si a força necessária para a sua auto execução. exclusiva do subordinado.
A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-se na A delegação, doutro modo é o ato mediante o qual o superior hie-
natureza pública da atividade administrativa, cujo principal objetivo é o rárquico delega para seu subordinado ou a outro órgão, competência
atendimento ao interesse público. que lhe pertence, também tem a característica de ser temporário e revo-
Assim, a faculdade de revestimento do ato administrativo pela ca- gável a qualquer momento, devendo seguir os limites previstos em lei,
racterística da autoexecução de seus atos se manifesta principalmente Nos casos em que houver avocação ou delegação de competência
pela supremacia do interesse coletivo sobre o particular. não se verifica a transferência da titularidade da competência, apenas o
Os atos autoexecutórios são aqueles que podem ser materialmente seu exercício. Importante salientar que o ato de delegação ou avocação
implementados pela administração, de maneira direta, inclusive me- de competência é discricionário e revogável a qualquer momento.
diante o uso de força, caso seja necessário, sem que a Administração Quando o agente público ou órgão atua fora, ou além, de sua esfe-
Pública precise de uma autorização judicial prévia. ra de competência, temos presente então uma das figuras de abuso de
poder, ou excesso de poder, que, nem sempre está obrigado à anulação
Tipicidade: Para a Profª. Maria Sylvia Di Pietro, a tipicidade é: do ato, visto que o vício de competência admite convalidação, salvo
“o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figu- quando se tratar de competência em razão da matéria ou de competên-
ras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados cia exclusiva.
resultados”.
Visando a segurança jurídica aos administrados, o atributo da ti- Finalidade: Ao editar determinado ato administrativo, o Poder Pú-
picidade garante que o ato administrativo deve corresponder a figuras blico deve perseguir o interesse público. É o objetivo principal que a
previamente estabelecidas pelo ordenamento jurídico vigente. Administração Pública pretende alcançar com a prática do ato admi-
nistrativo.
REQUISITOS E ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATI- Dessa maneira a finalidade do ato deve ser sempre o interesse da
VO: coletividade e a finalidade específica prevista em lei para aquele ato da
administração.
A doutrina administrativa é pacifica em apontar cinco requisitos Sendo requisito de validade do ato, é nulo qualquer ato praticado
básicos, ou elementos dos atos administrativos: competência, finalida- visando exclusivamente o interesse privado, ou seja, o desatendimento
de, forma, motivo e objeto. a qualquer das finalidades do ato administrativo configura vício insa-
Além dos requisitos elaborados pela doutrina administrativa, apli- nável, com a obrigatória anulação do ato. O vício de finalidade é deno-
cam-se aos atos administrativos os requisitos gerais de todos os atos minado pela doutrina como desvio de poder, configurando em uma das
jurídicos perfeitos, como agente capaz, objeto lícito e forma prescrita modalidades do abuso de poder.
ou não proibida em lei.
Trata-se de requisitos fundamentais para a validade do ato admi- Forma: é o modo de exteriorização do ato administrativo. Todo ato
nistrativo, pois o ato que for editado ou praticado em desacordo com o administrativo, em principio, deve ser formal, e a forma exigida pela lei
que o ordenamento jurídico estabeleça para cada requisito, será, via de quase sempre é escrita, em atendimento inclusive ao principio constitu-
regra, um ato nulo. cional de publicidade.
A forma, ou formalidade é o conjunto de exterioridades que devem
Competência: O requisito da Competência pode ser definido como ser observadas para a regularidade do ato administrativo. Assim, temos
o poder legal conferido ao agente público para o desempenho regular e que todo ato administrativo é formal, pelo que sua falta resulta, necessa-
específico das atribuições de seu cargo. riamente, na inexistência do ato administrativo.

Didatismo e Conhecimento 49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
A forma do ato administrativo pode ser entendido em dois senti- Atos Internos e Atos Externos: Atos administrativos internos, são
dos, no amplo e no estrito. aqueles destinados a produzir efeito somente no âmbito da Administra-
Em sentido amplo, a forma do ato administrativo é o procedimento ção Publica, atingindo de forma direta e exclusiva seus órgãos e agentes.
previsto em lei para a prática regular do ato. Atos administrativos externos são os que atingem os cidadãos ad-
Seu sentido estrito refere-se ao conjunto de requisitos formais que ministrados de forma geral, criando direitos ou obrigações gerais ou
devem constar no próprio ato administrativo, de acordo com suas for- individuais, declarando situações jurídicas. Para esses atos é necessário
malidades próprias. que haja a publicação em imprensa oficial, como condição de vigência
e eficácia do ato.
Motivo: É a causa imediata do ato administrativo, é a situação fá-
tica, ou jurídica, que determina ou possibilita a atuação administrativa,
Atos Simples, Complexo e Composto: Ato administrativo simples
razão pela qual todo ato administrativo deve ser motivado, assim temos
que o motivo é elemento integrante do ato. é aquele que decorre de uma única manifestação de vontade, de um úni-
O motivo do ato administrativo não se traduz apenas como um co órgão, unipessoal ou mediante apreciação de colegiado. Assim, o ato
elemento, mas também como um pressuposto objetivo do ato em si, simples esta completo somente com essa manifestação, não dependen-
pois o motivo que deu origem ao Ato Administrativo tornou-se regra do de outra, seja concomitante ou posterior, para que seja considerado
jurídico-administrativa obrigatória. perfeito, não dependendo ainda de manifestação de outros órgãos ou
Diante da possibilidade legal de controle externo do ato adminis- autoridades para que possa produzir seus regulares efeitos.
trativo (exercido pelo Poder Judiciário e Poder Legislativo) analisando Ato administrativo complexo é o que necessita, para sua formação
a legalidade e legitimidade dos atos, a doutrina administrativa formulou e validade, da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos, ou au-
a teoria dos motivos determinantes, que vincula a realização do ato toridades, diferentes.
administrativo com os motivos que o originaram, sendo certo que o ato Ato administrativo composto é aquele cujo conteúdo resulta de
deve ser praticado por agente competente e de acordo com as determi- manifestação de um só órgão, mas a sua edição ou a produção de seus
nações legais. regulares efeitos dependem de outro ato que o aprove. A atribuição des-
A teoria dos motivos determinantes vincula a existência e a per- se outro ato é simplesmente instrumental, visando a autorizar a prática
tinência dos motivos (fáticos e legais) à efetiva realização do ato, de- do ato principal, ou então conferir eficácia a este. Ressalta-se que o ato
monstrando os motivos que declarou como causa determinante a prática acessório ou instrumental em nada altera o conteúdo do ato principal.
do ato.
Dessa maneira, caso seja comprovada a não ocorrência do motivo
Ato Válido, Ato Perfeito e Ato Eficaz: Ato válido é o que esta em
ou a situação declarada como determinante para a prática do ato, ou
total conformidade com o ordenamento jurídico vigente, atendendo as
então a inadequação entre a situação ocorrida e o motivo descrito na lei,
o ato será nulo. exigências legais e regulamentares impostas para que sejam validamen-
Não se pode confundir Motivo com Motivação, visto que Motiva- te editadas, não contendo qualquer vício ou defeito, irregularidades ou
ção é a declaração expressa dos motivos que determinaram e justifica- ilegalidades.
ram a prática do ato administrativos. Ato administrativo perfeito é o qual está pronto, acabado, que já
esgotou e concluiu o seu ciclo, foram exauridas todas as etapas de for-
Objeto:O objeto é o próprio conteúdo material do ato. O objeto do mação, já esgotaram todas as fases necessárias para a sua produção.
ato administrativo identifica-se com o seu conteúdo, por meio do qual a Ato administrativo eficaz é aquele que já está disponível e apto a
administração manifesta sua vontade, ou simplesmente atesta situações produzir seus regulares efeitos, sendo capaz de atingir sua plenitude e
preexistentes. alcance.
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, o objeto do ato
administrativo “é aquilo que o ato dispõe, isto é, o que o ato decide, CONVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:
enuncia, certifica, opina ou modifica na ordem jurídica”
Pode-se dizer que o objeto do ato administrativo é a própria altera- Temos como regra geral que, os ato administrativos quando eiva-
ção na esfera jurídica que o ato provoca, é o efeito jurídico imediato que dos de vícios de legalidade ou legitimidade devem ser anulados. En-
o ato editado produz. tretanto, algumas hipóteses de vicios de legalidade dão origem a atos
administrativos meramente anuláveis, ou seja, atos que, a critério da
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:
Adminstração Pública poderão ser anulados ou então convalidados.
Desta forma, convalidar um ato administrativo é corrigi-lo ou regu-
Atos Gerais e Atos Individuais: Os atos administrativos gerais
caracterizam-se por não possuir destinatários diretos e determinados, larizá-lo, desde que não acarretem lesão os interesse público nem mes-
apresentam apenas situações normativas aplicáveis a todos os admi- mo prejuízo a terceiro, assim, verificados as condições acima, os atos
nistrados e hipóteses fáticas que se enquadrem nos casos descritos de que apresentarem defeitos sanáveis, ou passiveis de correção, poderão
forma abstrata. ser convalidados pela Própria Administração Pública.
Assim, é possível dizer que tais atos possuem como característica Temos, portanto, que para a possibilidade de convalidação de ato
a generalidade e abstração. administrativo, é necessário atender as seguintes condições:
Os atos administrativos individuais são aqueles que possuem des-
tinatário final certo e determinado, produzindo seus efeitos de maneira - O defeito seja sanável;
direta e concreta e de forma individualizada, seja constituindo ou de-
clarando situações jurídico-administrativa particulares. O ato individual - O ato convalidado não poderá acarretar lesão ao interesse público;
pode ter um único destinatário – ato singular – ou então diversos desti-
natários, desde que determinados e identificados – atos plúrimos. - O ato convalidado não poderá acarretar prejuízos a terceiros.

Didatismo e Conhecimento 50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Por defeitos sanáveis temos aqueles cujos vícios são relativos à Muito embora a expressão poder pareça apenas uma faculdade de
competência quanto à pessoa que editou o ato, desde que não se trate de atuação da Administração Pública, o fato é que os poderes administra-
hipótese de competência exclusiva, e ainda quando ocorrer vício quanto tivos envolvem não uma mera faculdade de agir, mas sim um dever de
à forma, desde que a lei não considere a forma um elemento do ato atuar diante das situações apresentadas ao Poder Público.
essencial à validade do mesmo. Trata-se, portanto, de um poder-dever, no sentido de que a Admi-
A convalidação pode incidir sobre atos vinculados e atos discricio- nistração Pública deve agir, na medida em que os poderes conferidos ao
nários, pois não se trata de controle de mérito, mas sim de legalidade Estado são irrenunciáveis. Entende-se dessa maneira a noção de deve-
e legitimidade, relativos a vícios do ato administrativo sanável, cuja res administrativos oriundos da obrigação do Poder Público em atuar,
análise recai sobre os elementos de competência e forma, pois, caso a utilizando-se dos poderes e prerrogativas atribuídos mediante lei.
analise fosse feita sobre os elementos de motivo ou objeto, o controle
O dever de agir está ligado à própria noção de prerrogativas públi-
seria no mérito administrativo do ato.
cas garantidas ao Estado, que enseja, por consequência, outros deveres:
ATOS VINCULADOS E DISCRICIONÁRIOS: dever de eficiência, dever de probidade, dever de prestar contas, dever
de dar continuidade nos serviços públicos, entre outros.
Os atos vinculados são os que a Administração Pública pratica sem
qualquer margem de liberdade de decisão, tendo em vista que a lei pre- PODER VINCULADO:
viamente determinou a única medida possível de ser adotada sempre
que se configure a situação objetiva descrita em lei. O poder da Administração Pública ocorre por meio de força vincu-
Os atos discricionários são aqueles que a Administração Pública lante que lhe é imposta e garantida pela Constituição Federal de 1988,
pode praticar com certa liberdade de escolha e decisão, sempre dentro mais precisamente em seu artigo 37, onde há vinculação dos atos admi-
dos termos e limites legais, quanto ao seu conteúdo, seu modo de reali- nistrativos ao princípio da legalidade, ou seja, à força do enunciado das
zação, sua oportunidade e conveniência administrativa. leis editadas pelo Estado.
Dessa maneira, na edição de um ato vinculado a administração O conhecido Poder Vinculado é aquele de que dispõe a administra-
Pública não dispõe de nenhuma margem de decisão, sendo que o com- ção pública para a prática de atos administrativos em que é mínima ou
portamento a ser adotado pelo Administrador está regulamentado em então inexistente a possibilidade de atuação do administrador público,
lei, enquanto na edição de um ato discricionário, a legislação outorga ao em outras palavras é o poder de que ela se utiliza quando esta diante de
agente público determinada margem de liberdade de escolha, diante da uma situação em que a lei previamente já vinculou uma única forma de
avaliação de oportunidade e conveniência da pratica do ato. atuação.
Neste sentido, oportuno esclarecer a expressão “Mérito Adminis-
Dessa maneira, no tocante aos atos vinculados, não é possível a
trativo”. O mérito do ato administrativo não é considerado requisito
administração pública formular considerações de oportunidade e con-
para a formação do ato, mas tem implicações com o motivo e o objeto
do ato, e consequentemente, com as suas condições de validade e efi- veniência, sendo certo que sua atuação está limitada nos estritos con-
cácia. teúdos legais.
O mérito administrativo consubstancia-se, portanto, na valoração Analisadas as considerações iniciais sobre o Poder Vinculado, é
dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Administração possível então concluir que não se trata especificamente de uma prerro-
incumbida de sua prática quando autorizada a decidir sobre a conve- gativa, assim entendida como poder, mas sim como um dever da admi-
niência, oportunidade e justiça do ato a realizar. nistração em cumprir e vincular-se ao que dispõe a lei, quando não se
O merecimento é aspecto pertinente apenas aos atos administra- verifica liberdade do administrador de escolhas.
tivos praticados no exercício de competência discricionária. Nos atos Assim, temos que o poder vinculado da Administração Pública
vinculados não há que se falar em mérito, visto que toda a atuação do obriga ao administrador obedecer ao principio da legalidade, e dessa
Poder Executivo se resume no atendimento das imposições legais. forma, somente poderá emanar o ato, desde que esteja de acordo com
Quanto ao mérito administrativo a Administração decide livremente, e o que dispõe a lei, não havendo flexibilidade sobre a execução do ato,
sem possibilidade de correção judicial, salvo quando seu proceder ca- tendo em vista que está diretamente vinculado a lei.
racterizar excesso ou desvio de poder.
PODER DISCRICIONÁRIO

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO; Temos pelo Poder Discricionário aquele mediante o qual o admi-
nistrador tem a liberdade de praticar a ação administrativa, escolhendo
por parâmetros de conveniência, necessidade, oportunidade e conteúdo
do ato, mas dentro dos limites impostos pela lei.
DOS PODERES ADMINISTRATIVOS A conveniência se identifica quando o ato interessa, convém ou
satisfaz ao interesse público. Há oportunidade quando o ato é pratica-
A Administração é dotada de poderes ou prerrogativas instrumen- do no momento adequado à satisfação do interesse público. São juízos
tais que garantem o efetivo desempenho de suas atribuições que lhe são subjetivos do agente competente que levam a autoridade a decidir, nos
legalmente definidas. termos da lei, que se incumbe de indicar quando é possível essa atuação.
Os poderes administrativos são o conjunto de prerrogativas que a O Poder Discricionário tem como base a autorização legal confe-
Administração Pública possui para alcançar os fins almejados pelo Es- rida ao administrador público decida, nos limites da lei, sobre a conve-
tado, tais poderes são inerentes à Administração Pública para que esta niência e oportunidade da prática do ato discricionário, bem como de
possa proteger o interesse público. Encerram prerrogativas de autorida- escolher seu conteúdo, sendo passível de análise sobre o mérito admi-
de, as quais, por isso mesmo, só podem ser exercidas nos limites da lei. nistrativo.

Didatismo e Conhecimento 51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
A discricionariedade atribuída à Administração trata-se efetiva- Em se tratando de servidor público, as penalidades disciplinares
mente de uma prerrogativa, um poder conferido pela lei à Administra- vêm definidas dos respectivos Estatutos.
ção, entretanto, não remete ao livre arbítrio para o exercício de suas Cumpre ressaltar que a atuação do Poder Disciplinar deve obe-
atribuições, cabendo, contudo, à Administração a análise livre da con- decer necessariamente aos princípios informativos e constitucionais
veniência e da oportunidade para a prática de qualquer ato, obedecidas da Administração, entre eles o principio da legalidade e o principio da
as regras vinculativas definidas pelo direito positivo. A discricionarieda- motivação, aos quais se anexa ao principio da ampla defesa, do contra-
de encontra limites na lei, nos princípios gerais de direito e nos preceitos ditório e do devido processo legal.
de moralidade administrativa.
PODER REGULAMENTAR
PODER HIERÁRQUICO
O Poder Regulamentar é o poder inerente e privativo do Chefe do
O Poder Hierárquico é o poder de que dispõe o Executivo para dis- Poder Executivo, indelegável a qualquer subordinado, trata-se do poder
tribuir e escalonar as funções de seus órgãos e a atuação de seus agentes, atribuído ao chefe do Poder Executivo para editar atos, com o objetivo
estabelecendo assim a relação de subordinação. de dar fiel cumprimento ás leis.
Importante esclarecer que hierarquia caracteriza-se pela existên- Temos por regulamento como ato normativo, expedido através de
cia de níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos, sempre decreto, com o fim de explicar o modo e a forma de execução da lei,
no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Assim, podemos verificar a ou prover situações não disciplinadas em lei, importante destacar que o
presença da hierarquia entre órgãos e agentes na esfera interna da Admi- regulamento não tem a capacidade e a competência de inovar o direito
nistração Direta do Poder Executivo, ou então hierarquia entre órgãos e previsto em lei, não cria obrigações, apenas explica e detalha o direito,
agentes internamente de uma fundação pública. e, sobretudo, uniformiza procedimentos necessários para o cumprimen-
Caracterizam-se pelo poder de comando de agentes administra- to e execução da lei.
tivos superiores sobre seus subordinados, contendo a prerrogativa de O regulamento, portanto, constitui-se em um conjunto de normas
ordenar, fiscalizar, rever, delegar tarefas a seus subordinados. que orientam a execução de uma determinada matéria.
É o poder que dispõe o Executivo para distribuir e organizar as Diante de tais conceitos podemos concluir que o regulamento é a
funções de seus agentes e órgãos, estabelecendo relação de subordina-
explicitação da lei em forma de decreto executivo, não se inscrevendo
ção entre seus servidores, tal subordinação, vale destacar, é de caráter
como tal os decretos autônomos, até porque não há em nosso ordena-
interno, somente é aplicável dentro da própria Administração Pública.
mento jurídico o instituto dos regulamentos autônomo com força de lei,
A hierarquia estabelece uma ordem de importância gerando forma
cuja competência de edição fica sob a responsabilidade do Chefe do
às relações de coordenação e de subordinação entre os agentes públicos,
Poder Executivo.
adquirindo assim uma relação de subordinação escalonada objetivando
a ordem das atividades administrativas.
Para a preservação do principio hierárquico é indispensável men- PODER DE POLÍCIA:
cionar que o descumprimento de ordem de superior hierárquico consti-
tui-se em ato ilícito, passível de punição administrativa e penal. Assim o A partir da Constituição Federal e das leis em nosso ordenamento
servidor público subalterno deve estrita obediência às ordens e demais jurídico, foi conferido uma série de direitos aos cidadãos, que por sua
instruções legais de seus superiores. vez, tem o seu pleno exercício vinculado com o bem estar social.
Assim, é por meio do Poder de Polícia que a Administração limita
PODER DISCIPLINAR o exercício dos direitos individuais e coletivos com o objetivo de as-
segurar a ordem pública, estabelecendo assim um nível aceitável de
O Poder Disciplinar é o poder de punir internamente não só as in- convivência social, esse poder também pode ser denominado de polícia
frações funcionais dos servidores, sendo indispensável à apuração re- administrativa.
gular da falta, mas também as infrações de todas as pessoas sujeitas à É o poder deferido ao Estado, necessário ao estabelecimento das
disciplina dos órgãos e serviços da Administração. medidas que a ordem, a saúde e a moralidade pública exigem. O prin-
Decorre da supremacia especial que o Estado exerce sobre todos cipio norteador da aplicação do Poder de Polícia é a predominância do
aqueles que se vinculam à Administração. interesse público sobre o interesse privado.
O Poder Disciplinar não pode ser confundido ainda com o Poder O Poder de Polícia resume-se na prerrogativa conferida a Adminis-
Hierárquico, porém a ele está vinculado e é correlato. Pelo descumpri- tração Pública para, na forma e nos limites legais, condiciona ou restrin-
mento do poder hierárquico o subalterno pode ser punido administrativa ge o uso de bens, exercício de direitos e a pratica de atividades privadas,
ou judicialmente. É assim a aplicação do poder disciplinar, a faculdade com o objetivo de proteger os interesses gerais da coletividade.
do hierarca de punir administrativamente o subalterno, dentro dos limi- Assim, é a atividade do Estado que consiste em limitar o exercício
tes legais, dessa faculdade de punir verifica-se a existência, mesmo que dos direitos individuais em benefício do interesse público.
mínima, da discricionariedade administrativa, pois há análise de conve- Mesmo sendo considerado como poder discricionário da Adminis-
niência e oportunidade. tração, o Poder de Polícia é controlado e limitado pelo ordenamento
Também não se confunde com o poder punitivo do Estado, que é jurídico que regulam a atuação da própria Administração, isto porque
realizado através do Poder Judiciário e é aplicado com finalidade social, o Estado deve sempre perseguir o interesse público, mas sem que haja
visando à repressão de crimes e contravenções devidamente tipificados ofensa aos direitos individuais garantidos por lei.
nas leis penais. Dessa forma, podemos concluir que o Poder de Polícia é um poder
O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva interna da de vigilância, cujo objetivo maior é o bem-estar social, impedindo que
Administração Pública e por isso mesmo só abrange as infrações rela- os abusos dos direitos pessoais possam ameaçar os direitos e interesses
cionadas com o serviço público. gerais da coletividade.

Didatismo e Conhecimento 52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Decorre, portanto do Poder de Polícia, a aplicação de sanções para As penalidades no caso da polícia administrativa incidem exclu-
fazer cumprir suas determinações, fundamentadas na lei, e assim, diver- sivamente em produtos e serviços, enquanto as penalidades previstas
sas são as sanções passiveis de aplicação, previstas nas mais variadas para a atuação da polícia judiciária recaem sobre pessoas, podendo em
e esparsas leis administrativas, que podem ser aplicadas no âmbito da alguns casos ocorrer em face de apreensão de produtos, desde que se-
atividade de polícia administrativa. jam de origem criminosa.

Poder de Polícia Administrativa: Características do Poder de Polícia:


O Poder de Polícia Administrativa tem o objetivo principal da ma- A doutrina administrativa majoritária considera as principais carac-
nutenção da ordem pública em geral, atuando em situações em que é terísticas do Poder de Polícia:
possível a prevenção de possíveis cometimentos de infrações legais, en-
tretanto, poderá atuar tanto preventivamente como de forma repressiva, - Autoexecutoriedade: Constitui prerrogativa aos atos emanados
porem, em ambos os casos, a atuação da Policia Administrativa tem a por força do poder de polícia a característica autoexecutória imediata-
finalidade de evitar e impedir comportamentos dos indivíduos que pos- mente a partir de sua edição, isso ocorre porque as decisões administra-
sam causar prejuízos para a sociedade. tivas trazem em si a força necessária para a sua auto execução.
O Poder de Polícia Administrativa visa à proteção específica de Os atos autoexecutórios do Poder de Polícia são aqueles que po-
valores sociais, vedando a práticas de condutas que possam ameaçar a dem ser materialmente implementados pela administração, de maneira
segurança pública, a ordem pública, a tranquilidade e bem estar social, direta, inclusive mediante o uso de força, caso seja necessário, sem que
saúde e higiene coletiva, a moralidade pública, entre outras. a Administração Pública precise de uma autorização judicial prévia.
Importante esclarecer que o poder de polícia administrativa incide A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-se na
sobre atividades e sobre bens, não diretamente sobre os cidadãos, haja natureza pública da atividade administrativa, em razão desta, atendendo
vista que não existem sanções aplicadas decorrentes do poder de polícia o interesse público, assim, a faculdade de revestimento do ato admi-
administrativa que impliquem em restrição ao direito de liberdade das nistrativo pela característica da autoexecução de seus próprios atos se
pessoas como detenção e prisão. manifesta principalmente pela supremacia do interesse coletivo sobre
Assim, várias são as sanções decorrentes do poder de polícia ad- o particular.
ministrativa, tais como: multa administrativa; demolição de construções
irregulares; apreensão de mercadorias com entrada irregular no terri- - Coercibilidade: Trata-se da imposição coercitiva das decisões
adotadas pela Administração Pública, objetivando a garantia do cum-
tório nacional; interdição de estabelecimento comerciais que estão em
primento, mesmo que forçado, do ato emanado mediante o Poder de
desacordo com a lei; embargos administrativos a obras, entre outras.
Polícia.
Cumpre esclarecer que todo ato de Polícia tem caráter imperativo
Poder de Polícia Judiciária:
e obrigatório, ou seja, temos a possibilidade de a administração pública,
A Polícia Judiciária desenvolve e executa atividades de caráter
de maneira unilateral, criar obrigações para os administrados, ou então
repressivo e ostensivo, ou seja, possui o dever de reprimir atividades
impor-lhes restrições.
infratoras a lei por meio da atuação policial em caráter criminal, com Dessa forma, não existe ato de polícia de cumprimento facultativo
sua consequente captura daqueles que infringirem a lei penal. pelo administrado, haja vista que todo o ato adotado com fundamento
Assim, a Polícia Judiciária atua em defesa dos preceitos estabele- no Poder de Polícia admite a coerção estatal para fim de torná-lo efetivo,
cidos no Código Penal Brasileiro, com foco em sua atuação nas ativida- sendo certo que tal coerção independe de prévia autorização judicial.
des consideradas crime pela lei penal, tendo características e prerrogati-
vas ostensivas, repressivas e investigativas. - Discricionariedade: Os atos discricionários são aqueles que a
A atuação da Polícia Judiciária incide sobre as pessoas, sendo exer- Administração Pública pode praticar com certa liberdade de escolha e
cido pelos órgãos especializados do Estado como a Polícia Civil e a decisão, sempre dentro dos termos e limites legais, quanto ao seu con-
Polícia Militar, sendo certo que tais atividades repressoras e ostensivas teúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e conveniência admi-
objetiva auxiliar o Poder Judiciário, em sua atividade jurisdicional, na nistrativa.
aplicação da lei em casos concretos, fornecendo o conjunto probatório Dessa maneira, na edição de um ato discricionário, a legislação
suficiente para condenar ou absolver o cidadão apresentado a Justiça outorga ao agente público certa margem de liberdade de escolha, diante
Pública. da avaliação de oportunidade e conveniência da pratica do ato.

Diferenças entre Polícia Administrativa e Polícia Judiciária: Limites do Poder de Polícia:


Diante dos conceitos e explicações acima formuladas, passamos a Muito embora a Discricionariedade seja característica do ato ema-
identificar as principais diferenças entre a atuação da policia administra- nado com fundamento no Poder de Polícia, a lei impõe alguns limites
tiva e a polícia judiciária. quanto à competência, à forma e aos fins almejados pela Administração
A Polícia Administrativa é regida pelas normas do Direito Admi- Pública, não sendo o Poder de Polícia um poder absoluto, visto que
nistrativo, sendo considerada infração administrativa a não observância encontra limitações legais.
aos preceitos normativos constantes das normas e regulamentos admi- Não podemos perder de vista que toda a atuação administrativa,
nistrativos, enquanto que a polícia judiciária é regulamentada pelas nor- seja em que esfera for, deve obediência ao principio administrativo
mas do Direito Penal e Processual Penal. constitucional da Legalidade, devidamente previsto no artigo 37 da
A atividade de polícia administrativa é executada pelos órgãos e Constituição Federal.
agentes públicos escalonados e mantidos pela Administração Pública, a Assim, toda atuação administrativa pautada dentro dos limites le-
polícia judiciária por sua vez tem suas atividades executadas privativa- gais, seja quanto à competência do agente que executou a atividade ad-
mente por organizações especializadas no combate e repressão a pratica ministrativa ou então a forma em que foi realizada, será considerada um
criminosa, ou seja, pela Polícia Civil e Polícia Militar. ato legal e legítimo, desde que atenda o interesse coletivo.

Didatismo e Conhecimento 53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
De outra forma, o ato administrativo que for praticado com vícios - Inicialmente é necessário que cada ato administrativo que com-
de competência, ilegalidades, ilegitimidades, ou ainda que contrariem o põe a cadeia sequencial do procedimento possua autonomia, individua-
interesse público, será considerado um ato ilegal, praticado com abuso lidade jurídica, objetivando conservar sua identidade própria;
ou desvio de poder.
Os limites impostos à atuação do poder de polícia se destinam a - Em uma segunda etapa da formação do procedimento adminis-
vedar qualquer manifestação administrativa revestida de arbitrariedade trativo, estes diversos atos devem estar encadeados, concatenados de
e ilegalidade por parte do agente público, sendo certo que todo e qual- maneira sequencial, com o objetivo de alcançar a conclusão sobre de-
quer ato administrativo poderá ser levado a analise de legalidade pelo terminada matéria;
Poder Judiciário, que tem o poder jurisdicional de anular ato ilegal ou
ilegítimo. - Ao final, temos como terceiro requisito, a existência da relação
de causalidade, entre os diversos atos administrativos, que, de acordo
ABUSO DE PODER Celso Antônio Bandeira de Mello, “um determinado ato suponha o an-
terior e o ato final suponha a todos eles”.
O exercício ilegítimo das prerrogativas conferidas pelo ordena-
mento jurídico à Administração Pública caracteriza de modo genérico, OBJETIVO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
o denominado abuso de poder.
Dessa maneira, o abuso de poder ocorre diante de uma ilegitimi- De maneira acertada, os doutrinadores administrativos identifica-
dade, ou, diante de uma ilegalidade, cometida por agente público no ram dois objetivos principais do procedimento administrativo:
exercício de suas funções administrativas, o que nos autoriza a concluir
que o abuso de poder é uma conduta ilegal cometida pelo agente públi- - resguardar o direito dos administrados
co, e, portanto, toda atuação fundamentada em abuso de poder é ilegal.
Importante destacar que é plenamente possível o abuso de poder - tornar a atuação administrativa mais transparente e organizada
assumir tanto a forma comissiva, quanto à omissiva, ou seja, o abuso
tanto pode ocorrer devido a uma ação ilegal do agente público, quanto Assim, temos inicialmente que o primeiro objetivo da realização
de uma omissão considerada ilegal. do procedimento administrativo, é justamente ofertar ao administrado
O abuso de poder pode ocorrer de duas maneiras, quais sejam: ex-
a possibilidade de suas razões serem levadas em consideração, antes
cesso de poder ou desvio de poder.
mesmo da tomada de decisão, pela autoridade administrativa, que irá
afetá-lo diretamente.
- Excesso de Poder: Ocorre quando o agente público atua fora dos
De outro lado, temos outro objetivo do procedimento adminis-
limites de sua competência, ou seja, o agente público não tinha a compe-
trativo, que é a transparência das atividades administrativas durante o
tência funcional prevista em lei para executar a atividade administrativa.
processo. Tal objetivo visa alcançar e complementar a garantia da de-
fesa jurisdicional, tendo em vista que durante seu curso processual, a
- Desvio de Poder: Ocorre quando a atuação do agente é pautada
dentro dos seus limites de competência, mas contraria a finalidade ad- autoridade administrativa deve buscar a tomada da decisão mais bem
ministrativa que determinou ou autorizou a sua atuação. informada, mais responsável, auxiliando dessa maneira a adoção da
melhor solução para os interesses públicos, que somente será possível
com a organização sistemática do procedimento adotado, conferindo
transparência aos atos administrativos processuais, pautados na justiça
PROCESSO ADMINISTRATIVO, e obediência a legislação.
LEI Nº. 9.784/99;
FASES DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

CONCEITO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO Durante o procedimento administrativo, conforme ensina o Ilus-


tre Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, verifica-se a presença de
Conceitualmente, temos que processo administrativo, ou então, diferentes fases processuais. Assim, temos a sistematização das fases
procedimento administrativo é uma sucessão concatenada de atos ad- divididas e escalonadas da seguinte maneira:
ministrativos, que transitam todos para um único resultado final e con-
clusivo. - Fase de iniciativa, ou propulsória;
Assim, para existir o processo administrativo é necessário que haja - Fase instrutória;
uma sequência de atos encadeados, ordenados entre si, objetivando um - Fase dispositiva;
ato derradeiro, todavia, cumpre esclarecer que, apesar de estarem liga- - Fase controladora ou integrativa, e;
dos entre si, cada ato conserva em sua essência sua identidade funcional - Fase de comunicação
própria, dessa forma, cada ato cumpre uma função especifica e autôno-
ma, porém são organizadas de tal maneira, que é possível alcançar uma Fase iniciativa ou propulsória: Tal fase corresponde ao impulso
expressão decisiva a respeito de determinada matéria. que inicia o processo, que tanto poderá ser gerado pelo administrado,
quando requer uma autorização, licença ou então uma permissão, ou
REQUISITOS DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO então poderá ser produto de uma decisão administrativa “ex officio”,
que é exatamente o que ocorre quando a administração pública inicia
A doutrina administrativa identifica e admite 03 requisitos essen- a abertura de um concurso público para preenchimento de cargos, ou
ciais para a formação do procedimento administrativo, quais são: então o início de uma licitação pública;

Didatismo e Conhecimento 54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Fase Instrutória: Em sequencia passamos pela fase instrutória, na - Princípio da motivação: Este princípio vincula obrigatoriamente
qual a Administração Pública deve escolher os elementos que serão uti- a administração pública em explicitar tanto o fundamento normativo
lizados como subsídios para a tomada mais acertada da decisão final. quanto o fundamento fático da decisão prolatada durante o procedimen-
Importante esclarecer que nesta fase deverá ser ouvido aquele to administrativo, bem como em sua decisão final.
que será diretamente atingido pela decisão final da autoridade admi-
nistrativa, e ainda a demonstração de todos os elementos probatórios - Princípio da revisibilidade: Tal princípio consiste simplesmente
necessários para formar o convencimento da autoridade julgadora do no direito do administrado recorrer de decisão administrativa que lhe
procedimento administrativo. seja desvaforável, seja em sua totalidade ou em parte.
É exatamente neste estágio do procedimento que é ofertado a pos-
sibilidade de fazer averiguações, perícias, exames, estudos técnicos, pa- - Princípio da representação: Durante o trâmite processual, é lícito
receres, e todo e qualquer elemento probatório; ao administrado requerer o acompanhamento de determinadas peças
técnicas de auxiliar capacitado para lhe representar e assessorar.
Fase dispositiva: Pela fase dispositiva temos que é o momento do
- Princípio da lealdade e boa-fé: Temos por este princípio que a ad-
procedimento administrativo na qual a Administração Pública irá expla-
ministração, em todo o trâmite processual esta obrigada a agir de manei-
nar a sua decisão, fundamentando todos os tópicos de sua sentença final,
ra leal, em obediência a boa-fé administrativa, ficando proibida adoção
decidindo então a questão.
de medidas ardilosas, capazes de colocar o administrado em nível de
inferioridade no transcorrer do processo.
Fase controladora ou integrativa: É nesta fase que é disponibilizado
as autoridades administrativas diversas que tiveram participação no pro- - Princípio da verdade material: Consiste no fato da administração
cedimento administrativo, para avaliarem de maneira objetiva se houve pública demonstrar a verdade real dos fatos, independente das provas
o satisfatório transcurso das varias fases processuais, e ainda se o que foi apresentadas nos auto do procedimento administrativo.
decidido esta de acordo com o interesse público e se devem confirmar
ou não a decisão final. - Princípio da celeridade processual: Este princípio norteador do
processo administrativo orienta a administração pública em atuar no
Fase de comunicação: Por fim, temos a fase de comunicação, em processo com presteza e célere, a fim de garantir duração razoável do
que a providencia conclusiva, ou seja, a decisão confirmada pelas au- processo durante sua tramitação.
toridades administrativas deve ser transmitida pelos meios de comuni-
cação que a lei exigir para cada caso, objetivando dar publicidade das - Princípio da gratuidade: Este princípio tem a finalidade de garan-
decisões administrativas, com seus fundamentos. tir que o procedimento administrativo não seja motivo de ônus econô-
micos ao administrado, para que assim, a falta de recursos econômicos
PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. e financeiros não sejam motivos de impedir que o administrado figure
em qualquer dos pólos do processo.
Não existe em nosso ordenamento jurídico lei reguladora especi-
fica que cuida de identificar de forma taxativa quais são os princípios LEI FEDERAL Nº 9.784/99:
norteadores do procedimento administrativo, entretanto, em análise a
Constituição Federal e as demais legislações administrativas esparsas, Para os estudos acerca da regulamentação do processo adminis-
podemos facilmente identificar alguns princípios passiveis de adoção trativo no âmbito da Administração Pública Federal, é imprescindível
no processo administrativo, os quais serão objetos do presente estudo. a leitura atenta do que dispõe a Lei 9.784/1999, sobre as disposições
gerais, os direitos e os deveres dos administrados.
- Princípio da audiência do interessado: Por tal princípio verifica-
LEI Nº 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999
mos a incidência de um direito fundamental de todo acusado, previsto
constitucionalmente, que é o do contraditório, que não se deve resumir
Regula o processo administrativo no âmbito da Administração
em uma única manifestação durante todo o transcurso do procedimento,
Pública Federal.
mas deve a parte que será afetada pela decisão ter oportunidade de se
manifestar durante todo o procedimento administrativo. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congres-
so Nacionaldecreta e eu sanciono a seguinte Lei:
- Princípio da acessibilidade: Deve estar à disposição e acessível á
parte interessada o exame de toda a documentação constantes dos autos CAPÍTULO I
do procedimento administrativo, não podendo ser obstada vista dos au- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
tos a parte interessada, bem como os documentos que o compõe, com
o objetivo de ter conhecimento pleno de todo o teor do procedimento. Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo admi-
nistrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visan-
- Princípio da ampla instrução probatória: Por tal princípio, temos do, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor
o direito do administrado, não apenas de oferecer e produzir provas du- cumprimento dos fins da Administração.
rante o tramite processual, mas também o poder de fiscalizar a produção § 1o  Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos
das provas por parte da Administração, objetivando sanar equívocos e Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de
se defender de provas duvidosas. função administrativa.

Didatismo e Conhecimento 55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: CAPÍTULO III
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Adminis- DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
tração direta e da estrutura da Administração indireta;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurí- Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem
dica; prejuízo de outros previstos em ato normativo:
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de I - expor os fatos conforme a verdade;
decisão. II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
III - não agir de modo temerário;
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos prin- IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar
cípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcio- para o esclarecimento dos fatos.
nalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência. CAPÍTULO IV
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, DO INÍCIO DO PROCESSO
entre outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito; Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pe-
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou dido de interessado.
parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que
promoção pessoal de agentes ou autoridades; for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; seguintes dados:
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hi- I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
póteses de sigilo previstas na Constituição; II - identificação do interessado ou de quem o represente;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obri- III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comu-
gações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente nicações;
necessárias ao atendimento do interesse público; IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fun-
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determi-
damentos;
narem a decisão;
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos di-
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de
reitos dos administrados;
recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado
quanto ao suprimento de eventuais falhas.
grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de ale-
Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar mo-
gações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos
delos ou formulários padronizados para assuntos que importem preten-
processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;
sões equivalentes.
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as
previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tive-
da atuação dos interessados; rem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor único requerimento, salvo preceito legal em contrário.
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação
retroativa de nova interpretação. CAPÍTULO V
DOS INTERESSADOS
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS Art. 9o  São legitimados como interessados no processo adminis-
trativo:
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Adminis- I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direi-
tração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: tos ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação;
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas interesses que possam ser afetados pela decisão a ser     adotada;
obrigações; III - as organizações e associações representativas, no tocante a di-
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que reitos e interesses coletivos;
tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de do- IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a
cumentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas; direitos ou interesses difusos.
III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão,
os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato normativo
obrigatória a representação, por força de lei. próprio.

Didatismo e Conhecimento 56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
CAPÍTULO VI Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que
DA COMPETÊNCIA tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados
ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos terceiro grau.
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de de-
legação e avocação legalmente admitidos. Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser obje-
to de recurso, sem efeito suspensivo.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros CAPÍTULO VIII
órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de for-
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à de- ma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
legação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presi- § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em ver-
dentes. náculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autori-
dade responsável.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: § 2o  Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente
I - a edição de atos de caráter normativo; será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
II - a decisão de recursos administrativos; § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. feita pelo órgão administrativo.
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmen-
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados te e rubricadas.
no meio oficial.
§ 1o  O ato de delegação especificará as matérias e poderes trans- Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no
feridos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o pro-
delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da cesso.
atribuição delegada. Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autori- atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do procedi-
dade delegante. mento ou cause dano ao interessado ou à Administração.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explici-
tamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado. Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou au-
toridade responsável pelo processo e dos administrados que dele par-
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos rele- ticipem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de
vantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência força maior.
atribuída a órgão hierarquicamente inferior. Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até
o dobro, mediante comprovada justificação.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publica-
mente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente
fundacional competente em matéria de interesse especial. na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for o local de
realização.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo ad-
ministrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau CAPÍTULO IX
hierárquico para decidir. DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS

CAPÍTULO VII Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de
decisão ou a efetivação de diligências.
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor § 1o A intimação deverá conter:
ou autoridade que: I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade admi-
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; nistrativa;
II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemu- II - finalidade da intimação;
nha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, III - data, hora e local em que deve comparecer;
companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se re-
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interes- presentar;
sado ou respectivo cônjuge ou companheiro. V - informação da continuidade do processo independentemente
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento do seu comparecimento;
deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar. VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento § 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis
constitui falta grave, para efeitos disciplinares. quanto à data de comparecimento.

Didatismo e Conhecimento 57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de
via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em reu-
assegure a certeza da ciência do interessado. nião conjunta, com a participação de titulares ou representantes dos ór-
§ 4o  No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou gãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.
com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de
publicação oficial. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado,
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e
prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua do disposto no art. 37 desta Lei.
falta ou irregularidade.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão re-
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconheci- gistrados em documentos existentes na própria Administração respon-
mento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado. sável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão compe-
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido
tente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou
direito de ampla defesa ao interessado.
das respectivas cópias.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da to-
resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou
restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, mada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências
de seu interesse. e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do
processo.
CAPÍTULO X § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motiva-
DA INSTRUÇÃO ção do relatório e da decisão.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamen-
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e com- tada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, im-
provar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício pertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuí-
zo do direito dos interessados de propor atuações probatórias. Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas
dados necessários à decisão do processo. intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condi-
§ 2o  Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados ções de atendimento.
devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão
competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão,
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas não se eximindo de proferir a decisão.
obtidas por meios ilícitos.
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao in-
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de inte- teressado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não
resse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho motivado, atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apre-
abrir período de consulta pública para manifestação de terceiros, antes sentação implicará arquivamento do processo.
da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada.
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência
meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam exami- ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se
nar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas.
data, hora e local de realização.
§ 2o  O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão con-
condição de interessado do processo, mas confere o direito de obter da
sultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias,
Administração resposta fundamentada, que poderá ser comum a todas
salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo.
as alegações substancialmente iguais.
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apre-
da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pública para sentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso.
debates sobre a matéria do processo. § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emiti-
do no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevan- com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu
te, poderão estabelecer outros meios de participação de administrados, no atendimento.
diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente re-
conhecidas. Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser pre-
viamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e estes não
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela
meios de participação de administrados deverão ser apresentados com a instrução deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de quali-
indicação do procedimento adotado. ficação e capacidade técnica equivalentes.

Didatismo e Conhecimento 58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
CAPÍTULO XIII
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de ma- DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO
nifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legal- PROCESSO
mente fixado.
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, de-
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública po- sistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a
derá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a prévia direitos disponíveis.
manifestação do interessado. § 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge
somente quem a tenha formulado.
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter § 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não
certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que o inte- prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar
gram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por que o interesse público assim o exige.
sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impos-
decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo sível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.
das fases do procedimento e formulará proposta de decisão, objetiva-
mente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente. CAPÍTULO XIV
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
CAPÍTULO XI
DO DEVER DE DECIDIR Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conve-
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir niência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclama-
ções, em matéria de sua competência. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrati-
vos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo compro-
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Admi-
vada má-fé.
nistração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadên-
por igual período expressamente motivada.
cia contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida
CAPÍTULO XII
de autoridade administrativa que importe impugnação à     validade do
DA MOTIVAÇÃO
ato.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indi-
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão
cação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção CAPÍTULO XV
pública; DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licita-
tório; Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de ra-
V - decidam recursos administrativos; zões de legalidade e de mérito.
VI - decorram de reexame de ofício; § 1o  O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão,
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à
discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; autoridade superior.
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo
de ato administrativo. independe de caução.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo § 3o  Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria
consistir em declaração de concordância com fundamentos de anterio- enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da deci-
res pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, se- são impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar
rão parte integrante do ato. o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplica-
§ 2o  Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser bilidade da súmula, conforme o caso.       (Incluído pela Lei nº 11.417,
utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, de 2006).
desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três ins-
de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. tâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.

Didatismo e Conhecimento 59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo: Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções po-
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; derão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando sur-
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afeta- girem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a
dos pela decisão recorrida; inadequação da sanção aplicada.
III - as organizações e associações representativas, no tocante a di- Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agra-
reitos e interesses coletivos; vamento da sanção.
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses
difusos. CAPÍTULO XVI
DOS PRAZOS
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo
para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência
ou divulgação oficial da decisão recorrida. Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientifica-
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo ção oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se
deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebi- o do vencimento.
mento dos autos pelo órgão competente. § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguin-
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorro- te se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este
gado por igual período, ante justificativa explícita. for encerrado antes da hora normal.
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data.
recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, poden- Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início
do juntar os documentos que julgar convenientes. do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os
efeito suspensivo.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou prazos processuais não se suspendem.
incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a
imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito sus- CAPÍTULO XVII
pensivo ao recurso. DAS SANÇÕES

Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhe- Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente,
cer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de
dias úteis, apresentem alegações. não fazer, assegurado sempre o direito de defesa.

Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: CAPÍTULO XVIII
I - fora do prazo; DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
II - perante órgão incompetente;
III - por quem não seja legitimado;
Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a
IV - após exaurida a esfera administrativa.
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autorida- reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os
de competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. preceitos desta Lei.
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração
de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão admi- Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou
nistrativa. instância, os procedimentos administrativos em que figure como parte
ou interessado:       (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá con- I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;      (In-
firmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão cluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
recorrida, se a matéria for de sua competência. II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;       (Incluído
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder pela Lei nº 12.008, de 2009).
decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado III – (VETADO)       (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
para que formule suas alegações antes da decisão. IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neo-
plasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardio-
Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enunciado da sú-
mula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará patia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefro-
as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o patia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget
caso.       (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imuno-
deficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da
Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclama- medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após
ção fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á o início do processo.      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento § 1o  A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova
do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administrativa compe-
casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas tente, que determinará as providências a serem cumpridas.       (Incluído
cível, administrativa e penal.      (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). pela Lei nº 12.008, de 2009).

Didatismo e Conhecimento 60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§ 2o  Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria d) imperatividade, desde que tenha sido praticado por autori-
que evidencie o regime de tramitação prioritária.       (Incluído pela Lei dade competente, vez que o desrespeito à competência é o único vício
nº 12.008, de 2009). passível de ser questionado quando se trata deste atributo.
§ 3o  (VETADO)      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). e) presunção de veracidade, que enseja a presunção de confor-
§ 4o  (VETADO)      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). midade do ato com a lei, afastando a possibilidade de dilação probatória
sobre a questão fática.
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
04. (TRT 15R - 2011 - TRT - 15ª Região - Juiz do Trabalho)São
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o  da Independência e 111o  da considerados atributos dos atos administrativos os seguintes, exceto:
República. a) finalidade;
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO b) presunção de legitimidade;
Renan Calheiros  c) autoexecutoriedade;
Paulo Paiva d) imperatividade;
e) tipicidade
Bibliografia
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito adminis- 05. (FCC - 2012 - TCE-AM - Analista de Controle Externo -
trativo descomplicado. 19. Ed. São Paulo: Método, 2011. Auditoria de Obras Públicas)O ato administrativo vinculado
BRAZ, Petrônio;Tratado de direito municipal – volume 1. 3ª ed. a) pode ser objeto de controle judicial, quanto aos aspectos de
Leme/SP: Mundo Jurídico, 2009. legalidade, conveniência e oportunidade.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 22. ed. b) pode ser revogado pela Administração, por razões de conve-
São Paulo: Atlas. 2009. niência e oportunidade, ressalvados os direitos adquiridos e assegurada
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo. 32. ed. São a apreciação judicial.
Paulo: Malheiros, 2006. c) possui todos os elementos definidos em lei e pode ser objeto
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administra- de controle de legalidade pelo Judiciário e pela própria Administração.
tivo. 29. Ed. São Paulo: Malheiros, 2012. d) possui objeto, competência e finalidade definidos em lei,
cabendo à Administração a avaliação dos aspectos de conveniência e
EXERCÍCIOS oportunidade para sua edição.
e) pode ser objeto de controle pelo Poder Judiciário em relação
01. (CESPE - 2012 - ANATEL - Analista Administrativo)Com aos elementos definidos em lei, constituindo prerrogativa exclusiva da
relação aos atos administrativos, julgue os itens seguintes. Administração a sua revogação por razões de conveniência e oportu-
Competência, finalidade, forma, motivo e objeto são requisitos de nidade.
validade de um ato administrativo.
( ) Certo 06. (CESPE - 2012 - IBAMA - Técnico Administrativo)No que
( ) Errado concerne à administração pública, julgue os itens a seguir.
Mesmo estando no exercício do poder disciplinar, a autoridade
02. (FCC - 2011 - TRE-PE - Técnico Judiciário - Área Admi- competente não pode impor penalidade administrativa ao agente públi-
nistrativa)Analise o seguinte atributo do ato administrativo: co sem o devido processo administrativo.
O atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figu- ( ) Certo
ras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados ( ) Errado
resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar
existe um ato definido em lei. (Maria Sylvia Zanello Di Pietro, Direito 07. (FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado)É correto
Administrativo) afirmar que o poder de polícia, conferindo a possibilidade de o Estado
Trata-se da limitar o exercício da liberdade ou das faculdades de proprietário, em
a) Presunção de Legitimidade. prol do interesse público,
b) Tipicidade. a) gera a possibilidade de cobrança de preço público.
c) Imperatividade. b) se instrumentaliza sempre, e apenas, por meio de alvará de
d) Autoexecutoriedade. autorização.
e) Presunção de Veracidade. c) para atingir os seus objetivos maiores, afasta a razoabilidade,
em prol da predominância do interesse público.
03. (FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador)O ato administrativo d) deve ser exercido nos limites da lei, gerando a possibilidade
distingue-se dos atos de direito privado por, dentre outras razões, ser de cobrança de taxa.
dotado de alguns atributos específicos, tais como
a) autodeterminação, desde que tenha sido praticado por autori- 08.(FCC - 2012 - TST - Analista Judiciário - Área Administra-
dade competente, vez que o desrespeito à competência é o único vício tiva) Exemplifica adequadamente o exercício de poder disciplinar por
passível de ser questionado quando se trata deste atributo. agente da administração a
b) autoexecutoriedade, que autoriza a execução de algumas me- a) interdição de restaurante por razão de saúde pública.
didas coercitivas legalmente previstas diretamente pela Administração. b) prisão de criminoso efetuada por policial, mediante o devido
c) presunção de legalidade, que permite a inversão do ônus da mandado judicial.
prova, de modo a caber ao particular a prova dos fatos que aduz como c) aplicação de penalidade administrativa a servidor público que
verdadeiros. descumpre seus deveres funcionais.

Didatismo e Conhecimento 61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
d) aplicação de multa de trânsito. 12. (CEPERJ - 2012 - PROCON-RJ – Advogado) Adminis-
e) emissão de ordem a ser cumprida pelos agentes subordina- tração Pública organiza-se de forma escalonada. Quando determinado
dos. órgão detém a possibilidade de avocação de processos administrativos,
encontra-se diante do poder:
09. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judi- a) eficiente
ciária)Assinale a opção correta com relação aos poderes hierárquico e b) moralizador
disciplinar e suas manifestações. c) hierárquico
a) As delegações administrativas emanam do poder hierárquico, d) razoável
não podendo, por isso, ser recusadas pelo subordinado, que pode, contu- e) regulamentar
do, subdelegá-las livremente a seu próprio subordinado.
b) Toda punição disciplinar por delito funcional acarreta conde- 13. (Analista de Controle Área Jurídica TCE/PR – FCC 2011).
nação criminal. De acordo com a legislação que disciplina o processo administrativo
c) No âmbito do Poder Legislativo, o poder hierárquico mani-
(Lei Federal no 9.784/99), os recursos administrativos
festa-se mediante a distribuição de competências entre a Câmara dos
(A) podem ser interpostos, não apenas por aqueles que forem parte
Deputados e o Senado Federal.
no processo, mas também por aqueles cujos direitos ou interesses forem
d) O poder disciplinar da administração pública autoriza-lhe a
indiretamente afetados pela decisão recorrida.
apurar infrações e a aplicar penalidades aos servidores públicos e de-
mais pessoas sujeitas à disciplina administrativa, assim como aos inva- (B) podem ter como titulares de direitos e interesses apenas os que
sores de terras públicas. forem parte no processo e as organizações e associações de classe no
e) A aplicação de pena disciplinar tem, para o superior hierár- tocante aos direitos individuais atingidos.
quico, o caráter de um poder-dever, uma vez que a condescendência na (C) tramitam, no máximo, por duas instâncias administrativas, ad-
punição é considerada crime contra a administração pública. mitindo-se a reconsideração pela autoridade prolatora da decisão, que
deve se manifestar no prazo máximo de 10 dias.
10. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Auxiliar Judiciário)No tocante aos (D) tramitam, no máximo, por três instâncias administrativas, não
poderes da administração e ao uso e abuso do poder, assinale a opção cabendo juízo de reconsideração pela autoridade prolatora da decisão.
correta. (E) podem ser interpostos apenas em relação às razões de legalida-
a) O poder regulamentar da administração pública manifesta-se de da decisão, vedada a discussão do mérito administrativo, e exigem
por meio de atos de natureza normativa, instituidores de direito novo de o oferecimento de caução, salvo quando dispensada pela autoridade
forma ampla e genérica, com efeitos gerais e abstratos, expedidos em recorrida.
virtude de competência própria dos órgãos estatais.
b) Decorrem do poder de polícia da administração pública os 14. (Analista de Controle Externo Apoio Administrativo Jurí-
atos que se destinam à limitação dos interesses individuais em favor do dico TCE/AP – FCC 2012). A Administração promoveu determinado
interesse público, sendo a autoexecutoriedade a principal característica servidor, constando, a posteriori, que não estavam presentes, no caso
de todas as medidas de polícia. concreto, os requisitos legais para a promoção. Diante desse cenário,
c) Segundo a doutrina, o abuso de poder, que pode assumir o ato
duas formas, comissiva ou omissiva, efetiva-se quando a autoridade (A) somente poderá ser anulado pela via judicial, em face do ato
competente, ao praticar ou omitir ato administrativo, ultrapassa os li- jurídico perfeito e do direito adquirido do servidor.
mites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas, (B) poderá ser anulado ou convalidado, de acordo com os critérios
circunstâncias em que o ato do agente somente poderá ser revisto pelo de conveniência e oportunidade, avaliando o interesse público envol-
Poder Judiciário. vido.
d) A prerrogativa de que dispõe a administração pública para
(C) não poderá ser anulado ou revogado, uma vez que operada a
não só ordenar e coordenar, mas também para corrigir as atividades de
preclusão, exceto se comprovar má-fé do servidor, que tenha concorrido
seus órgãos e agentes resulta do poder hierárquico, cujo exercício limi-
para a prática do ato.
ta-se ao controle de legalidade.
(D) deve ser anulado, desde que não decorrido o prazo decadencial
e) A administração, no exercício do poder disciplinar, apura
infrações e aplica penalidades aos servidores e particulares sujeitos à previsto em lei.
disciplina administrativa, por meio do procedimento legal, assegurados (E) poderá ser revogado, se ficar entendido que a promoção não
o contraditório e a ampla defesa. atende o interesse público, vedada, contudo, a cobrança retroativa de
diferenças salariais percebidas pelo servidor.
11. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário)Acerca dos pode-
res administrativos e do uso e abuso do poder, julgue os itens subsecutivos. 15. (FCC - 2012 - TCE-AM - Analista de Controle Externo -
Auditoria de Obras Públicas) Autoridade administrativa proferiu de-
Como fator que decorre do poder hierárquico, a relação de subordina- cisão que contrariou pretensão de determinado cidadão. De acordo com
ção tem caráter interno e se estabelece entre órgãos de uma mesma pes- a Lei no 9.784/99, que disciplina o processo administrativo no âmbito da
soa administrativa; a vinculação, ao contrário, possui caráter externo e Administração Pública federal, referido cidadão poderá
resulta do poder de supervisão que os órgãos detêm sobre as entidades a) apresentar recurso à autoridade que proferiu a decisão, o qual
a eles vinculadas, como, por exemplo, o que uma secretaria de estado será, obrigatoriamente, recebido com efeito suspensivo.
exerce sobre uma autarquia. b) interpor recurso perante a autoridade superior àquela que
( ) Certo proferiu a decisão, somente sendo conferido efeito suspensivo mediante
( ) Errado depósito de caução.

Didatismo e Conhecimento 62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
c) apresentar, simultaneamente, pedido de reconsideração à au- 19. (FCC - 2012 - TST - Analista Judiciário - Área Judiciária)
toridade que proferiu a decisão e recurso à autoridade superior, ambos A Lei no 9.784/99 traz um rol de direitos do administrado, perante a Ad-
sem efeito suspensivo. ministração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados. Sobre
d) apresentar recurso ao órgão competente, o qual, uma vez in- esse assunto, considere as seguintes afirmações:
deferido, impede a revisão de ofício do ato. I. Contar com a inércia da Administração, que só pode agir, na
e) interpor recurso perante o órgão competente, que poderá mo- condução do processo, mediante provocação dos interessados.
II. Ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que
dificar a decisão recorrida inclusive gerando gravame para o recorrente
tenha a condição de interessado, ter vista dos autos e retirá-los para con-
que, nesse caso, deverá ser cientificado para que formule suas alegações sulta fora da repartição.
antes da decisão. III. Fazer-se assistir, por advogado, salvo quando expressamente
renunciar a esse direito.
16. (FCC - 2012 - TRF - 5ª REGIÃO - Analista Judiciário -
Execução de Mandados) De acordo com a Lei no 9.784/1999, que NÃO consta daquele rol o que se afirma em
regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal, a) I e II, apenas.
a) os atos de caráter normativo podem ser objeto de delegação a b) II e III, apenas.
órgão de composição colegiada. c) I e III, apenas.
d) I, apenas.
b) a decisão de recursos administrativos pode ser delegada à au-
e) I, II e III.
toridade superior ou por esta avocada.
c) as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade 20. (FCC - 2011 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciá-
podem ser objeto de avocação. rio - Área Administrativa)Segundo a Lei no 9.784/1999, que regula o
d) um órgão administrativo pode delegar competência a outro processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é
órgão, se não houver impedimento legal, quando for conveniente em direito dos administrados:
razão de circunstâncias de índole técnica. a) não agir de modo temerário.
e) é possível a delegação a outro órgão ou titular, quando não b) prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar
expressamente vedada, salvo para órgãos hierarquicamente subordina- para o esclarecimento dos fatos.
dos ao detentor da competência original. c) expor os fatos conforme a verdade.
d) proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé.
e) fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quan-
17. (NUCEPE - 2012 - PM-PI - Agente de Polícia – Cabo) Se-
do obrigatória a representação, por força de lei.
gundo a lei 9.784/99, o particular que requereu a instauração de proces-
so administrativo: GABARITO:
a) não pode desistir do processo;
b) pode desistir do processo, gerando necessariamente sua ex-
01 CERTO
tinção;
c) pode desistir do processo, competindo à autoridade proces- 02 B
sante a faculdade discricionária de aceitar a desistência ou não, por seu 03 B
livre convencimento; 04 A
d) pode desistir do processo, o qual no entanto poderá prosse-
05 C
guir se o interesse público assim o justificar;
e) apenas poderá desistir do processo se obtiver autorização ju- 06 CERTO
dicial. 07 D
08 C
18. (ESAF - 2012 - Receita Federal - Analista Tributário da
09 E
Receita Federal - Prova 1 - Gabarito 1) Quanto ao recurso adminis-
trativo previsto na Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o 10 E
processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é 11 CERTO
incorreto afirmar que: 12 C
a) salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito
suspensivo. 13 A
b) em regra, a interposição de recurso administrativo depende 14 D
de caução prestada pelo requerente. 15 E
c) o recurso administrativo tramitará, no máximo, por três ins-
16 D
tâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
d) entre outros, têm legitimidade para interpor recurso admi- 17 D
nistrativo as organizações e associações representativas, no tocante a 18 B
direitos e interesses coletivos. 19 E
e) quando interposto fora do prazo, o recurso não será conhe-
20 E
cido.

Didatismo e Conhecimento 63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mo-
CONSTITUCIONAL: OS PODERES DO biliária federal;
ESTADO E AS RESPECTIVAS FUNÇÕES; XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Fe-
deral, observado o que dispõem os arts. 39, §4º; 150, II; 153, III; e 153,
§2º, I.

Dispositivos constitucionais pertinentes ao tema: Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos inter-
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, nacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patri-
que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. mônio nacional;
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos. II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a cele-
brar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos
povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Ter- previstos em lei complementar;
ritório e no Distrito Federal. III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se
§1º. O número total de Deputados, bem como a representação por ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o
proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
§2º. Cada Território elegerá quatro Deputados. VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Se-
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Esta- nadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153,
dos e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. III, e 153, §2º, I;
§1º. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da Re-
mandato de oito anos. pública e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37,
§2º. A representação de cada Estado e do Distrito Federal será re- XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I;
novada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Re-
§3º. Cada Senador será eleito com dois suplentes. pública e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Ca-
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as delibera- sas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;
ções de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face
votos, presente a maioria absoluta de seus membros. da atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente emissoras de rádio e televisão;
da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da
dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente União;
sobre: XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ativida-
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; des nucleares;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveita-
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; mento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desen- XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras
volvimento; públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens
do domínio da União; Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas; titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da Repú-
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; blica para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previa-
VIII - concessão de anistia; mente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e sem justificação adequada.
da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciá- §1º. Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Fede-
ria e do Ministério Público do Distrito Federal; ral, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun- iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor
ções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; assunto de relevância de seu Ministério.
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração §2º. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal po-
pública; derão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Esta-
XII - telecomunicações e radiodifusão; do ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições finan- em crime de responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo
ceiras e suas operações; de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.

Didatismo e Conhecimento 64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de art. 89, VII.
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Mi- XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributá-
nistros de Estado; rio Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quan- administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal
do não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias e dos Municípios.
após a abertura da sessão legislativa; Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará
III - elaborar seu regimento interno; como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a con-
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, denação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Se-
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus ser- nado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o
viços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, ob- exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
servados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; cabíveis.
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art.
89, VII. Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penal-
mente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: §1º. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os §2º. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançá-
mesma natureza conexos com aqueles; vel. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros,
os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional resolva sobre a prisão.
do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado- §3º. Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
Geral da União nos crimes de responsabilidade; ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública,
Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado
a escolha de:
e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final,
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
sustar o andamento da ação.
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presi-
§4º. O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no
dente da República;
prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central; Mesa Diretora.
e) Procurador-Geral da República; §5º. A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; o mandato.
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em ses- §6º. Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar
são secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter per- sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do
manente; mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de inte- informações.
resse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos §7º. A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores,
Municípios; embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais licença da Casa respectiva.
para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Dis- §8º. As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante
trito Federal e dos Municípios; o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados
crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a
dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo execução da medida.
Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
da União em operações de crédito externo e interno; I - desde a expedição do diploma:
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público,
dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; cláusulas uniformes;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclu-
de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu sive os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades constantes
mandato; da alínea anterior;
XII - elaborar seu regimento interno; II - desde a posse:
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, cria- a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que
ção, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito pú-
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, blico, ou nela exercer função remunerada;
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamen- b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad nutum”,
tárias; nas entidades referidas no inciso I, “a”;

Didatismo e Conhecimento 65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades I - inaugurar a sessão legislativa;
a que se refere o inciso I, “a”; II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. comuns às duas Casas;
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: República;
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
anterior; §4º. Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse
parlamentar; de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição ime-
parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou diatamente subsequente.
missão por esta autorizada; §5º. A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente,
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no
Constituição; Senado Federal.
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em §6º. A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:
julgado. I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de
§1º. É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização
definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do
a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens inde- Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República;
vidas. II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara
§2º. Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será deci- dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos
dida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público
absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido po- relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maio-
lítico representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. ria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
§3º. Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada §7º. Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional so-
pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de mente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada
qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Con- a hipótese do §8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indeniza-
gresso Nacional, assegurada ampla defesa. tória, em razão da convocação.
§4º. A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou §8º. Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação
possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efei- extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente in-
tos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. cluídas na pauta da convocação.

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões per-
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Terri- manentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições
tório, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefei- previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
tura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária; §1º. Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada,
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos
tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa. §2º. Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
§1º. O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regi-
em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte mento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um déci-
dias. mo dos membros da Casa;
§2º. Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do man- III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre
dato. assuntos inerentes a suas atribuições;
§3º. Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de
pela remuneração do mandato. qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades
públicas;
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de de- VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e se-
zembro. toriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
§1º. As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para §3º. As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes
o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados, domin- de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros pre-
gos ou feriados. vistos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara
§2º. A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
projeto de lei de diretrizes orçamentárias. mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração
§3º. Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câma- de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o
ra dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a respon-
para: sabilidade civil ou criminal dos infratores.

Didatismo e Conhecimento 66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§4º. Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da
Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Pú-
do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, blico e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da Territórios;
representação partidária. e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pú-
blica, observado o disposto no art. 84, VI;
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento
de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferên-
I - emendas à Constituição;
cia para a reserva.
II - leis complementares; §2º. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câ-
III - leis ordinárias; mara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por
IV - leis delegadas; cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados,
V - medidas provisórias; com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um
VI - decretos legislativos; deles.
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, re- Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da Repú-
dação, alteração e consolidação das leis. blica poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo sub-
metê-las de imediato ao Congresso Nacional.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: §1º. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputa- I - relativa a:
dos ou do Senado Federal; a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e
direito eleitoral;
II - do Presidente da República;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a car-
da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa reira e a garantia de seus membros;
de seus membros. d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e crédi-
§1º. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de inter- tos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, §3º;
venção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular
§2º. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso ou qualquer outro ativo financeiro;
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em am- III - reservada a lei complementar;
bos, três quintos dos votos dos respectivos membros. IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Na-
§3º. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câ- cional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
mara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de §2º. Medida provisória que implique instituição ou majoração de
ordem. impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só pro-
§4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente duzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida
em lei até o último dia daquele em que foi editada.
a abolir:
§3º. As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12
I - a forma federativa de Estado; perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do §7º, uma vez por
III - a separação dos Poderes; igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
IV - os direitos e garantias individuais. legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
§5º. A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida §4º. O prazo a que se refere o §3º contar-se-á da publicação da
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do
legislativa. Congresso Nacional.
§5º. A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre
qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado o atendimento de seus pressupostos constitucionais.
Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Su- §6º. Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e
premo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Ge- cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência,
subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, fi-
ral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta
cando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais delibe-
Constituição. rações legislativas da Casa em que estiver tramitando.
§1º. São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis §7º. Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de
que: medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publi-
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; cação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso
II - disponham sobre: Nacional.
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administra- §8º. As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara
ção direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; dos Deputados.
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orça- §9º. Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar
mentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apre-
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, ciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do
provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; Congresso Nacional.

Didatismo e Conhecimento 67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida §7º. Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas
provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por pelo Presidente da República, nos casos dos §3º e §5º, o Presidente do
decurso de prazo. Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao
§11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o §3º até ses- Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
senta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as
relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente
sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa,
§12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto origi- mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das
nal da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até Casas do Congresso Nacional.
que seja sancionado ou vetado o projeto.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da Re-
Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista: pública, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, §1º. Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusi-
ressalvado o disposto no art. 166, §3º e §4º;
va do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos
II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da
Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complemen-
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do
tar, nem a legislação sobre:
Ministério Público.
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a car-
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do reira e a garantia de seus membros;
Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e elei-
Superiores terão início na Câmara dos Deputados. torais;
§1º. O Presidente da República poderá solicitar urgência para apre- III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
ciação de projetos de sua iniciativa. §2º. A delegação ao Presidente da República terá a forma de reso-
§2º. Se, no caso do §1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Fede- lução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os ter-
ral não se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, mos de seu exercício.
em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais delibera- §3º. Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Con-
ções legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo gresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.
constitucional determinado, até que se ultime a votação. Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria ab-
§3º. A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos soluta.
Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o
disposto no parágrafo anterior. Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera-
§4º. Os prazos do §2º não correm nos períodos de recesso do Con- cional e patrimonial da União e das entidades da administração direta
gresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código. e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno
outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou de cada Poder.
promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica,
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa ini- pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
ciadora. dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o
projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancio-
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será
nará.
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual com-
§1º. Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou
pete:
em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á
total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Re-
do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Pre- pública, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta
sidente do Senado Federal os motivos do veto. dias a contar de seu recebimento;
§2º. O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por
parágrafo, de inciso ou de alínea. dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta,
§3º. Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder
República importará sanção. Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio
§4º. O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admis-
maioria absoluta dos Deputados e Senadores. são de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, in-
§5º. Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para pro- cluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetua-
mulgação, ao Presidente da República. das as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como
§6º. Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no §4º, o veto a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as
será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as de- melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato con-
mais proposições, até sua votação final. cessório;

Didatismo e Conhecimento 68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, §2º. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhi-
do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e dos:
auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Se-
patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Exe- nado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros
cutivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento;
cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos II - dois terços pelo Congresso Nacional.
termos do tratado constitutivo; §3º. Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos con-
Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à
gêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40.
por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, §4º. O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas
sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais
trimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa
ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabele- Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão,
cerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
erário; I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual,
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providên- a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;
cias necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à efi-
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comuni- cácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos
cando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abu- recursos públicos por entidades de direito privado;
sos apurados. III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias,
§1º. No caso de contrato, o ato de sustação será adotado direta- bem como dos direitos e haveres da União;
mente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institu-
Executivo as medidas cabíveis.
cional.
§2º. Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de
§1º. Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conheci-
noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o
Tribunal decidirá a respeito. mento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao
§3º. As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
multa terão eficácia de título executivo. §2º. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é
§4º. O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilega-
anualmente, relatório de suas atividades. lidades perante o Tribunal de Contas da União.

Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que
§1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a for- couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Con-
ma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, tas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conse-
poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo lhos de Contas dos Municípios.
de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tri-
§1º. Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insu- bunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselhei-
ficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo ros.
sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
§2º. Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se jul- Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Repúbli-
gar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia ca, auxiliado pelos Ministros de Estado.
pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Minis-
tros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em
em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
previstas no art. 96. houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente.
§1º. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados §1º. A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Pre-
dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: sidente com ele registrado.
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; §2º. Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado
II - idoneidade moral e reputação ilibada; por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computa-
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e fi- dos os em branco e os nulos.
nanceiros ou de administração pública; §3º. Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva ativi- votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do
dade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-
anterior. se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

Didatismo e Conhecimento 69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§4º. Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desis- IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
tência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os re- X - decretar e executar a intervenção federal;
manescentes, o de maior votação. XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional
§5º. Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em se- por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País
gundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar- e solicitando as providências que julgar necessárias;
se-á o mais idoso. XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessá-
rio, dos órgãos instituídos em lei;
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os
posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus
manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a inde-  XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros
pendência do Brasil. do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governa-
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a pos- dores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e
se, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado
tiver assumido o cargo, este será declarado vago. em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tri-
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suce- bunal de Contas da União;
der-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constitui-
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras ção, e o Advogado-Geral da União;
atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos
Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais. do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presi- de Defesa Nacional;
dente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente cha- XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado
mados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputa- pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no
dos, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar,
total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Re-
Nacional;
pública, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
§1º. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período pre-
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-
sidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da
ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
temporariamente;
§2º. Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto
de seus antecessores. de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos
nesta Constituição;
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de
e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes
ao exercício anterior;
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não pode- XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma
rão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por perío- da lei;
do superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos
do art. 62;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atri-
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção supe- buições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos
rior da administração federal; Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advoga-
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos do-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas
nesta Constituição; delegações.
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expe-
dir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente,
VI - dispor, mediante decreto, sobre: contra:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando I - a existência da União;
não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do
públicos; Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Fe-
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; deração;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
representantes diplomáticos; IV - a segurança interna do País;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos V - a probidade na administração;
a referendo do Congresso Nacional; VI - a lei orçamentária;

Didatismo e Conhecimento 70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania na-
estabelecerá as normas de processo e julgamento. cional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como mem-
bros natos:
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por I - o Vice-Presidente da República;
dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou III - o Presidente do Senado Federal;
perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. IV - o Ministro da Justiça;
§1º. O Presidente ficará suspenso de suas funções:
V - o Ministro de Estado da Defesa;
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
crime pelo Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo VII - o Ministro do Planejamento.
pelo Senado Federal. VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
§2º. Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não §1º. Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da
regular prosseguimento do processo. paz, nos termos desta Constituição;
§3º. Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio
comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão. e da intervenção federal;
§4º. O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispen-
pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas fun- sáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso,
ções. especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preserva-
ção e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciati-
maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos. vas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras democrático.
atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: §2º. A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e de Defesa Nacional.
entidades da administração federal na área de sua competência e refe-
rendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regula-
mentos; I - o Supremo Tribunal Federal;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua I-A o Conselho Nacional de Justiça;
gestão no Ministério; II - o Superior Tribunal de Justiça;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outor- III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
gadas ou delegadas pelo Presidente da República. IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e VI - os Tribunais e Juízes Militares;
órgãos da administração pública. VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Ter-
ritórios.
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do §1º. O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça
Presidente da República, e dele participam: e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
I - o Vice-Presidente da República; §2º. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; jurisdição em todo o território nacional.
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Fe-
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; deral, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes
VI - o Ministro da Justiça;
princípios:
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substitu-
anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois
eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, to, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação
todos com mandato de três anos, vedada a recondução. da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do
bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obede-
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre: cendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por an-
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições de- tiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:
mocráticas. a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes conse-
§1º. O Presidente da República poderá convocar Ministro de Es- cutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;
tado para participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício
questão relacionada com o respectivo Ministério. na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lis-
§2º. A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho ta de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem
da República. aceite o lugar vago;

Didatismo e Conhecimento 71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos cri- XV - a distribuição de processos será imediata, em todos os graus
térios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição de jurisdição.
e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos
de aperfeiçoamento; Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais,
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será com-
o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus mem- posto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de
bros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repe- carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada,
tindo-se a votação até fixar-se a indicação; com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.
em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista
sem o devido despacho ou decisão; tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequen-
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade tes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância;
IV - previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do processo I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois
de vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido por anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deli-
escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados; beração do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos,
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores correspon- de sentença judicial transitada em julgado;
derá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Mi- II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na for-
nistros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magis- ma do art. 93, VIII;
trados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37,
conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I.
podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função,
subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em salvo uma de magistério;
qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, §4º; II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependen- em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
tes observarão o disposto no art. 40;
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui-
VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização
ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as
do tribunal;
exceções previstas em lei;
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magis-
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou,
trado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria
antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria
absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, as- ou exoneração.
segurada ampla defesa;
VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de co- Art. 96. Compete privativamente:
marca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas alí- I - aos tribunais:
neas “a”, “b”, “c” e “e” do inciso II; a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos,
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão pú- com observância das normas de processo e das garantias processuais
blicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, poden- das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos res-
do a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a pectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos
do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o inte- que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correi-
resse público à informação; cional respectiva;
X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de
sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria ab- carreira da respectiva jurisdição;
soluta de seus membros; d) propor a criação de novas varas judiciárias;
XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos,
poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o má- obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários
ximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições admi- à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em
nistrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, lei;
provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e
eleição pelo tribunal pleno; aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados;
XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado fé- II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos
rias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado
dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão o disposto no art. 169:
permanente; a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcio- b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus ser-
nal à efetiva demanda judicial e à respectiva população; viços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fi-
XIV - os servidores receberão delegação para a prática de atos de xação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais
administração e atos de mero expediente sem caráter decisório; inferiores, onde houver;

Didatismo e Conhecimento 72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Fede-
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; ral, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária,
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos
Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de
nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicio-
Justiça Eleitoral. nais abertos para este fim.
§1º. Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles de-
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros correntes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas comple-
ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais de- mentações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por
clarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença
judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no §2º deste
artigo.
criarão:
§2º. Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e
(sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório,
leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de
ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, se-
causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor po-
rão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor
tencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, per- equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no §3º
mitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o
recursos por turmas de juízes de primeiro grau; restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo §3º. O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de
voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e compe- precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em
tência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em
em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer virtude de sentença judicial transitada em julgado.
atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras pre- §4º. Para os fins do disposto no §3º, poderão ser fixados, por leis
vistas na legislação. próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo as
§1º. Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do
âmbito da Justiça Federal. maior benefício do regime geral de previdência social.
§2º. As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao §5º. É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito
custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de
sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administra- apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exer-
tiva e financeira. cício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.
§1º. Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro §6º. As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consig-
dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de nados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribu-
diretrizes orçamentárias. nal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral
§2º. O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos
interessados, compete: de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orça-
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Fe- mentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da
deral e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tri- quantia respectiva.
bunais; §7º. O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo
ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de preca-
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos
tórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também,
Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos
perante o Conselho Nacional de Justiça.
tribunais.
§8º. É vedada a expedição de precatórios complementares ou su-
§3º. Se os órgãos referidos no §2º não encaminharem as respec- plementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou
tivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de total ao que dispõe o §3º deste artigo.
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na §9º. No momento da expedição dos precatórios, independentemen-
lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados te de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação,
na forma do §1º deste artigo. valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em
§4º. Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública
encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados
§1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação admi-
consolidação da proposta orçamentária anual. nistrativa ou judicial.
§5º. Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá ha- §10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à
ver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapo- Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob
lem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos
previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares que preencham as condições estabelecidas no §9º, para os fins nele pre-
ou especiais. vistos.

Didatismo e Conhecimento 73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da en- i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quan-
tidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios para do o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos este-
compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. jam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou
§12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atua- se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
lização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de da autoridade de suas decisões;
compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual m) a execução de sentença nas causas de sua competência origi-
de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a nária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos pro-
incidência de juros compensatórios. cessuais;
§13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam dire-
precatórios a terceiros, independentemente da concordância do deve- ta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos
dor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou
§14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após co- indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça
municação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e
e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qual-
à entidade devedora.
quer outro tribunal;
§15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucio-
Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para pagamen- nalidade;
to de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regu-
dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo lamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso
de liquidação. Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas
§16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de
assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
Municípios, refinanciando-os diretamente. r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Con-
selho Nacional do Ministério Público;
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Minis- II - julgar, em recurso ordinário:
tros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de a) o “habeas-corpus”, o mandado de segurança, o “habeas-data”
sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais
ilibada. Superiores, se denegatória a decisão;
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão b) o crime político;
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas
pela maioria absoluta do Senado Federal. em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
guarda da Constituição, cabendo-lhe: c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta
I - processar e julgar, originariamente: Constituição.
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou §1º. A arguição de descumprimento de preceito fundamental, de-
ato normativo federal; corrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Fe-
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice deral, na forma da lei.
-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Minis- §2º. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo
Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações
tros e o Procurador-Geral da República;
declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade,
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tri- e municipal.
bunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de §3º. No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a
missão diplomática de caráter permanente; repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos
d) o “habeas-corpus”, sendo paciente qualquer das pessoas refe- termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso,
ridas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o “habeas-da- somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
ta” contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos membros.
Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a ação declaratória de constitucionalidade:
União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; I - o Presidente da República;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o II - a Mesa do Senado Federal;
Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
da administração indireta; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; do Distrito Federal;

Didatismo e Conhecimento 74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo
VI - o Procurador-Geral da República; Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; competente de cada instituição estadual;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacio- dos Advogados do Brasil;
nal. XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
§1º. O Procurador-Geral da República deverá ser previamente indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de §1º. O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribu-
competência do Supremo Tribunal Federal. nal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente
§2º. Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para do Supremo Tribunal Federal.
tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder compe- §2º. Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presi-
tente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de dente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta
órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. do Senado Federal.
§3º. Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucio- §3º. Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste
nalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.
o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado. §4º. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e
financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcio-
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por nais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou me-
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. diante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por
§1º. A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a efi- membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, re-
vê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao
cácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual
exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de
entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que
Contas da União;
acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de proces-
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos
sos sobre questão idêntica.
do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias
§2º. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a apro-
e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por
vação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por
delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da compe-
aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. tência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar proces-
§3º. Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a sú- sos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou
mula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo
Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará defesa;
que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a
o caso. administração pública ou de abuso de autoridade;
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos discipli-
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 nares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;
(quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e
recondução, sendo: sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; do Poder Judiciário;
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo res- VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar
pectivo tribunal; necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo
respectivo tribunal; Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Su- abertura da sessão legislativa.
premo Tribunal Federal; §5º. O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem confe-
Tribunal de Justiça; ridas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado,
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo relativas aos magistrados e aos serviços judiciários;
Tribunal Superior do Trabalho; II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de cor-
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Tra- reição geral;
balho; III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições,
X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Dis-
Procurador-Geral da República; trito Federal e Territórios.

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§6º. Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos
e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
§7º. A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações e denún- c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo
cias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder Judi- internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou
ciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao domiciliada no País;
Conselho Nacional de Justiça. III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recor-
trinta e três Ministros. rida:
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei fe-
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber deral;
jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuí-
absoluta do Senado Federal, sendo: do outro tribunal.
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Jus-
terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em tiça:
lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magis-
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do trados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos ofi-
Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, ciais para o ingresso e promoção na carreira;
alternadamente, indicados na forma do art. 94. II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma
da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes
I - processar e julgar, originariamente: correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito
Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos
I - os Tribunais Regionais Federais;
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais
II - os Juízes Federais.
Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho,
os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mí-
do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
nimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Minis-
tro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáu- nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de
tica ou do próprio Tribunal; trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva
pessoas mencionadas na alínea “a”, ou quando o coator for tribunal su- atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com
jeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, mais de dez anos de carreira;
do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais
Eleitoral; de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alternada-
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalva- mente.
do o disposto no art. 102, I, “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele §1º. A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribu-
não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; nais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede.
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; §2º. Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante,
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdi-
da autoridade de suas decisões; cional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e equipamentos públicos e comunitários.
judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e §3º. Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descen-
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o
União; pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regula-
mentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência I - processar e julgar, originariamente:
do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Jus-
Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; tiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de respon-
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exe- sabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a
quatur às cartas rogatórias; competência da Justiça Eleitoral;
II - julgar, em recurso ordinário: b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou
a) os “habeas-corpus” decididos em única ou última instância pe- dos juízes federais da região;
los Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Dis- c) os mandados de segurança e os “habeas-data” contra ato do pró-
trito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; prio Tribunal ou de juiz federal;

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d) os “habeas-corpus”, quando a autoridade coatora for juiz fede- §5º. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procu-
ral; rador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos huma-
Tribunal; nos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tri-
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes bunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente
federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
área de sua jurisdição.
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: uma seção judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e varas loca-
lizadas segundo o estabelecido em lei.
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pú-
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribui-
blica federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes
ções cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local,
ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as na forma da lei.
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:
Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; I - o Tribunal Superior do Trabalho;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Esta- II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
do estrangeiro ou organismo internacional; III - Juízes do Trabalho.
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detri-
mento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades au- Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte
tárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco
a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da Repú-
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, blica após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no
deste artigo; art. 94;
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos de- II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,
oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal
terminados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-
Superior.
financeira;
§1º. A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do
VII - os “habeas-corpus”, em matéria criminal de sua competência Trabalho.
ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não este- §2º. Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
jam diretamente sujeitos a outra jurisdição; I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magis-
VIII - os mandados de segurança e os “habeas-data” contra ato de trados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os
autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
federais; II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exer-
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalva- cer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, finan-
da a competência da Justiça Militar; ceira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus,
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangei- como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
ro, a execução de carta rogatória, após o “exequatur”, e de sentença
estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas
inclusive a respectiva opção, e à naturalização; comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de di-
XI - a disputa sobre direitos indígenas. reito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
§1º. As causas em que a União for autora serão aforadas na seção
judiciária onde tiver domicílio a outra parte. Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição,
§2º. As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiça
do Trabalho.
seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver
ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de
§3º. Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do direito público externo e da administração pública direta e indireta da
domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;
seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre
poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
pela justiça estadual. IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quan-
§4º. Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sem- do o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
pre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição traba-
primeiro grau. lhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”;

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VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decor- Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presi-
rentes da relação de trabalho; dente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Fe-
VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos deral, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; de Justiça.
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no
art. 195, I, “a”, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de
que proferir; cada Estado e no Distrito Federal.
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na §1º. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
forma da lei. I - mediante eleição, pelo voto secreto:
§1º. Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger ár- a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
bitros. b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal
§2º. Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à de Justiça;
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do  Trabalho decidir do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, es-
o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao tra- colhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
balho, bem como as convencionadas anteriormente. III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes
§3º. Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, in-
de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá dicados pelo Tribunal de Justiça.
ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o §2º. O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice
conflito. -Presidente- dentre os desembargadores.

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e compe-
mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e tência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de §1º. Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes
das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes for
trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva
§2º. Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado,
atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios
com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no
consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo
art. 94;
mesmo processo, em número igual para cada categoria.
II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por anti-
§3º. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral,
guidade e merecimento, alternadamente.
salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de «ha-
§1º. Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itine-
beas-corpus» ou mandado de segurança.
rante, com a realização de audiências e demais funções de atividade ju- §4º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente ca-
risdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se berá recurso quando:
de equipamentos públicos e comunitários. I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição
§2º. Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar des- ou de lei;
centralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais
o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um eleições federais ou estaduais;
juiz singular. IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eleti-
vos federais ou estaduais;
Art. 117. Revogado pela Emenda Constitucional nº 24/99. V - denegarem “habeas-corpus”, mandado de segurança, “habeas-
data” ou mandado de injunção.
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
I - o Tribunal Superior Eleitoral; Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
II - os Tribunais Regionais Eleitorais; I - o Superior Tribunal Militar;
III - os Juízes Eleitorais; II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
IV - as Juntas Eleitorais.
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Mi-
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, nistros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de
de sete membros, escolhidos: aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-
I - mediante eleição, pelo voto secreto: generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; elevado da carreira, e cinco dentre civis.
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presi-
seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados dente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos,
pelo Supremo Tribunal Federal. sendo:

Didatismo e Conhecimento 78
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I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta iliba- §3º. O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária
da, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional; dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros §4º. Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta
do Ministério Público da Justiça Militar. orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamen-
tárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da pro-
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes posta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vi-
militares definidos em lei. gente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do §3º.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamen- §5º. Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for enca-
to e a competência da Justiça Militar. minhada em desacordo com os limites estipulados na forma do §3º, o
Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consoli-
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princí- dação da proposta orçamentária anual.
pios estabelecidos nesta Constituição. §6º. Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá ha-
§1º. A competência dos tribunais será definida na Constituição do ver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapo-
Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal
lem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se
de Justiça.
previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares
§2º. Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitu-
ou especiais.
cionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face
da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir
a um único órgão. Art. 128. O Ministério Público abrange:
§3º. A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de I - o Ministério Público da União, que compreende:
Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos a) o Ministério Público Federal;
juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo b) o Ministério Público do Trabalho;
próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Esta- c) o Ministério Público Militar;
dos em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
§4º. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os mili- II - os Ministérios Públicos dos Estados.
tares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações ju- §1º. O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-
diciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre inte-
júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir grantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de
sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das pra- seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para
ças. mandato de dois anos, permitida a recondução.
§5º. Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e §2º. A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciati-
julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as va do Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da
ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho maioria absoluta do Senado Federal.
de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os §3º. Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e
demais crimes militares. Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na for-
§6º. O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, ma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será
constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos,
jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. permitida uma recondução.
§7º. O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a rea- §4º. Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e
lização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta
limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamen- do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.
tos públicos e comunitários.
§5º. Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é
facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organi-
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça
proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva zação, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observa-
para questões agrárias. das, relativamente a seus membros:
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação juris- I - as seguintes garantias:
dicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio. a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o
cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, median-
à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem te decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa;
indisponíveis. c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, §4º, e
§1º. São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, §2º, I;
a indivisibilidade e a independência funcional. II - as seguintes vedações:
§2º. Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários,
administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao percentagens ou custas processuais;
Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxilia- b) exercer a advocacia;
res, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função
organização e funcionamento. pública, salvo uma de magistério;

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e) exercer atividade político-partidária; IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exce- V - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem
ções previstas em lei. dos Advogados do Brasil;
§6º. Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada,
art. 95, parágrafo único, V. indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
§1º. Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público se-
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: rão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei.
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; §2º. Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o con-
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços trole da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do
de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, pro- cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhe:
movendo as medidas necessárias a sua garantia; I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a prote- Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua com-
ção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros inte- petência, ou recomendar providências;
resses difusos e coletivos; II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou me-
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação diante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por
para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, po-
nesta Constituição; dendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da
indígenas; competência dos Tribunais de Contas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus
na forma da lei complementar respectiva; serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correi-
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da cional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso,
lei complementar mencionada no artigo anterior;
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com sub-
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de in-
sídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras
quérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifesta-
sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
ções processuais;
IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disci-
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
plinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judi-
julgados há menos de um ano;
cial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
V - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar
§1º. A legitimação do Ministério Público para as ações civis pre-
necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as ativida-
vistas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses,
segundo o disposto nesta Constituição e na lei. des do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84,
§2º. As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por XI.
integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva §3º. O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor
lotação, salvo autorização do chefe da instituição. nacional, dentre os membros do Ministério Público que o integram, ve-
§3º. O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante dada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem
concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Or- conferidas pela lei, as seguintes:
dem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacha- I - receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, rela-
rel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando- tivas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares;
se, nas nomeações, a ordem de classificação. II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correi-
§4º. Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no ção geral;
art. 93. III - requisitar e designar membros do Ministério Público, dele-
§5º. A distribuição de processos no Ministério Público será ime- gando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Ministério
diata. Público.
§4º. O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais do Brasil oficiará junto ao Conselho.
de Contas aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a direitos, §5º. Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério
vedações e forma de investidura. Público, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer
interessado contra membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe- contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho
se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, de- Nacional do Ministério Público.
pois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal,
para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, dire-
I - o Procurador-Geral da República, que o preside; tamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e
II - quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que
representação de cada uma de suas carreiras; dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de con-
III - três membros do Ministério Público dos Estados; sultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

Didatismo e Conhecimento 80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§1º. A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Ge- Já o Senado Federal compõem-se de representantes dos Estados
ral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre e do Distrito Federal, eleitos no sistema eleitoral majoritário simples.
cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e re- Cada Estado/Distrito Federal elege três Senadores (totalizando, assim,
putação ilibada. oitenta e um Senadores), para mandato de oito anos, renovando-se o
§2º. O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de Senado a proporções de um terço e dois terços (isto é, se na eleição atual
que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de provas e tí- se elege um Senador, significa que na eleição seguinte se elegerá dois
tulos. Senadores. Jamais se elege três Senadores ao mesmo tempo). Por fim,
§3º. Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a represen- vale lembrar que cada Senador será eleito com dois suplentes (os quais
tação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, obser- não são votados).
vado o disposto em lei. Disso infere-se que o número de Deputados Federais varia de Es-
tado para Estado, enquanto o número de Senadores é sempre o mesmo
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, orga- por Estado, a saber, três. Tal fato se dá porque, enquanto são os Deputa-
nizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público dos os representantes do povo, são os Senadores os representantes dos
de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Estados/Distrito Federal.
Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a con- Já no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, o Poder Legis-
sultoria jurídica das respectivas unidades federadas. lativo é representado pelas Assembleias Legislativas (no Distrito Fede-
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegu- ral, esta é chamada “Câmara Legislativa”), que é órgão unicameral (ou
rada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação seja, não há nos Estados duas Casas Legislativas como há na esfera da
de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstancia- União). O número de Deputados à Assembleia Legislativa, por força
do das corregedorias. da cabeça do art. 27, da Constituição da República, corresponderá ao
triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os
sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profis- Deputados Federais acima de doze.
são, nos limites da lei. Por fim, no âmbito dos Municípios, o Poder Legislativo será de-
sempenhado pela Câmara de Vereadores, que é órgão unicameral (ou
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função ju- seja, não há nos Municípios duas Casas Legislativas, como há em nível
risdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, da União). Os limites máximos de composição da Câmara de Vereado-
em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV. res seguem o art. 29, IV, da Constituição.
§1º. Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União
e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para 1.1 Reunião do Congresso Nacional. Ordinariamente, o Con-
sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe gresso Nacional se reunirá de dois de fevereiro a dezessete de julho
inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus (primeira parte), e de primeiro de agosto a vinte e dois de dezembro
integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advo- (segunda parte). Quando estas datas caírem em sábado, domingo e fe-
cacia fora das atribuições institucionais. riado, as reuniões serão marcados para o primeiro dia útil subsequente.
§2º. Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia A tal período se dá o nome de “sessão legislativa”. Uma “legislatura”
funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária (quatro anos), pois, é o resultado de quatro sessões legislativas.
dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e su- Por sua vez, extraordinariamente, o Congresso pode se reunir du-
bordinação ao disposto no art. 99, §2º. rante o recesso parlamentar. Nestes casos, a convocação se fará pelo
§3º. Aplica-se o disposto no §2º às Defensorias Públicas da União Presidente do Senado Federal (em caso de decretação de estado de defe-
e do Distrito Federal. sa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação
de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Vice-Presidente-Presidente da República), conforme dispõe o primeiro
Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, inciso, do sexto parágrafo, do art. 57, CF; ou pelo Presidente da Repú-
§4º. blica, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas (em caso
1 Poder Legislativo. O Poder Legislativo, no âmbito da União, é de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste
exercido pelo Congresso Nacional, que é formado pelo Senado Federal inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas
e pela Câmara dos Deputados. O Brasil adota, portanto, o sistema de do Congresso Nacional), conforme dispõe o segundo inciso, do sexto
bicameralismo (duas Casas Legislativas). parágrafo, do art. 57, CF.
A Câmara dos Deputados é formada por representantes do povo Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somen-
(hoje são 513 Deputados), de maneira que o número total de Deputa- te deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, vedado o pa-
dos, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será gamento de parcela indenizatória em razão da convocação. Havendo
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, de medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do
maneira que nenhuma unidade da federação terá menos de oito e mais Congresso Nacional, serão elas incluídas na pauta de convocação.
que setenta Deputados. Vale lembrar que, conforme já dito outrora, ape-
sar de inexistirem, no Brasil, Territórios federais, caso estes existissem, 1.2 Atribuições do Congresso Nacional. Com supedâneo no art.
cada um elegeria quatro Deputados. 48, da Constituição, cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Pre-
Os Deputados são eleitos pelo sistema eleitoral proporcional, para sidente da República (salvo nos casos dos arts. 49, 51 e 52), dispor sobre
mandato de quatro anos, permitidas ilimitadas reconduções ao poder. todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

Didatismo e Conhecimento 81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
A) Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas (inciso J) Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Ca-
I); sas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta
B) Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, (inciso X);
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado (inciso K) Zelar pela preservação de sua competência legislativa em face
II); da atribuição normativa dos outros Poderes (inciso XI);
C) Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas (inciso L) Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de
III); emissoras de rádio e televisão (inciso XII);
D) Planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvol- M) Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da
vimento (inciso IV); União (inciso XIII);
E) Limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens N) Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades
do domínio da União (inciso V); nucleares (inciso XIV);
F) Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Ter- O) Autorizar referendo e convocar plebiscito (inciso XV);
ritórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas P) Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento
(inciso VI); de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais (inciso
G) Transferência temporária da sede do Governo Federal (inciso XVI);
VII); Q) Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras pú-
H) Concessão de anistia (inciso VIII); blicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares (inciso XVII).
I) Organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e
da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciá- 1.4 Competência privativa da Câmara dos Deputados. São
ria e do Ministério Público do Distrito Federal (inciso IX); elas, nos moldes do art. 51, CF:
J) Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun- A) Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de
ções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b (inciso X); processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Mi-
K) Criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração nistros de Estado (inciso I);
pública (inciso XI); B) Proceder à tomada de contas do Presidente da República, quan-
L) Telecomunicações e radiodifusão (inciso XII);
do não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias
M) Matéria financeira, cambial e monetária, instituições financei-
após a abertura da sessão legislativa (inciso II);
ras e suas operações (inciso XIII);
C) Elaborar seu regimento interno (inciso III);
N) Moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliá-
D) Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
ria federal (inciso XIV).
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus ser-
O) Fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Fede-
viços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, ob-
ral, observado o que dispõem os arts. 39, §4º; 150, II; 153, III; e 153,
servados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias
§2º, I, todos da Constituição (inciso XV).
(inciso IV);
1.3 Competência exclusiva do Congresso Nacional. Vejamos o E) Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art.
que prevê o art. 49, da Constituição da República: 89, VII, da Constituição (inciso V).
A) Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos inter-
nacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patri- 1.5 Competência privativa do Senado Federal. Vejamos o que
mônio nacional (inciso I); preceitua o art. 52, da Constituição da República:
B) Autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a cele- A) Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli-
brar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território ca nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e
nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes
previstos em lei complementar (inciso II); da mesma natureza conexos com aqueles (inciso I);
C) Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se au- B) Processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal,
sentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias (inciso III); os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional
D) Aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-
estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas (inciso IV); Geral da União nos crimes de responsabilidade (inciso II);
E) Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do C) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (inciso V); escolha de (inciso III): magistrados, nos casos estabelecidos na Consti-
F) Mudar temporariamente sua sede (inciso VI); tuição (alínea “a”); Ministros do Tribunal de Contas da União indicados
G) Fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Sena- pelo Presidente da República (alínea “b”); Governador de Território
dores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, (alínea “c”); Presidente e diretores do banco central (alínea “d”); Procu-
e 153, §2º, I, todos da Lei Fundamental (inciso VII); rador-Geral da República (alínea “e”); titulares de outros cargos que a
H) Fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da Repú- lei determinar (alínea “f”);
blica e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, D) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em ses-
XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da Constituição (inciso são secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter per-
VIII); manente (inciso IV);
I) Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Repú- E) Autorizar operações externas de natureza financeira, de inte-
blica e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo resse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
(inciso IX); Municípios (inciso V);

Didatismo e Conhecimento 82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
F) Fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais Tais comissões terão poderes de investigação próprios das autori-
para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Dis- dades judiciais (além de outros previstos nos Regimentos das respecti-
trito Federal e dos Municípios (inciso VI); vas Casas), podendo ser criadas, no âmbito da União, pela Câmara dos
G) Dispor sobre limites globais e condições para as operações de Deputados, pelo Senado Federal, ou pelas duas Casas conjuntamente
crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e (caso em que serão chamadas “Comissões Parlamentares Mistas de
dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Inquérito”).
Poder Público federal (inciso VII); Trata-se de um instrumento das minorias, haja vista que poderão
H) Dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia ser criadas mediante o requerimento de um terço dos membros da Casa
da União em operações de crédito externo e interno (inciso VIII); em que ocorrerão (ou um terço de cada Casa, caso se trata se comissão
mista), para apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo
I) Estabelecer limites globais e condições para o montante da dívi-
suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público,
da mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (inciso
para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
IX); Em primeiro lugar, há se observar que uma CPI (ou CPMI) tem po-
J) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada deres próprios de autoridade judicial, resguardadas as matérias sujeitas
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal à chamada “reserva constitucional de jurisdição”. Desta maneira, uma
(inciso X); CPI pode ouvir uma testemunha, interrogar um acusado, determinar
K) Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, uma quebra de sigilo bancário, ou determinar a condução coercitiva de
de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu alguém. São matérias sujeitas à “reserva de jurisdição”, contudo, a de-
mandato (inciso XI); terminação de interceptação telefônica, o sigilo judicialmente imposto
L) Elaborar seu regimento interno (inciso XII); a processo, a determinação de prisão preventiva de alguém, bem como
M) Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, a violação de domicílio. Nestes casos, a CPI não pode agir de ofício,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus ser- fazendo-se necessário o socorro do Poder Judiciário, daí o significado
viços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, ob- do termo “reserva de jurisdição”.
servados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias Em segundo lugar, uma CPI é criada para apurar fato certo. Disso
(inciso XIII); infere-se que não pode tal comissão ser utilizada como instrumento de
N) Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. constrangimento político, destinada a apurar algo sem que saiba o quê,
89, VII, da Constituição (inciso XIV); afinal, está sendo investigado. Isso não impede que a CPI amplie seus
O) Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário objetivos se, durante as investigações, fatos desconhecidos à época da
instauração da CPI vierem à tona.
Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das
Em terceiro lugar, uma CPI deve ter prazo determinado (afinal, tra-
administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e
ta-se de espécie de comissão temporária). Neste diapasão, uma Comis-
dos Municípios (inciso XV). são Parlamentar de Inquérito nunca pode ultrapassar uma legislatura.
Desta maneira, ela termina ou com o atingimento dos objetivos dos tra-
1.6 Comissões Parlamentares. As Comissões, disciplinadas no balhos, ou com o fim do prazo estabelecido (com ou sem prorrogação),
art. 58, da Lei Fundamental, podem ser permanentes ou temporárias, ou com o fim da legislatura;
e a elas cabe, de acordo com sua competência previamente estabeleci- D) Comissão representativa. Consagrada no quarto parágrafo, do
da, discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimen- art. 58, da Constituição Federal, durante o recesso legislativo haverá
to, a competência do plenário, salvo se houver recurso de um décimo uma comissão do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na últi-
dos membros da Casa (art. 58, §2º, I, CF); realizar audiências públicas ma sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas
com entidades da sociedade civil (art. 58, §2º, II, CF); convocar Mi- no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quando possível,
nistros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a a proporcionalidade da representação partidária. Esta também é uma
suas atribuições (art. 58, §2º, III, CF); receber petições, reclamações, espécie de comissão temporária, pois somente dura no período do re-
representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões cesso parlamentar.
das autoridades ou entidades públicas (art. 58, §2º, IV, CF); solicitar
depoimento de qualquer autoridade ou cidadão (art. 58, §2º, V, CF); 1.7 Garantias e privilégios dos Deputados e Senadores. Tratam-
apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de se de atribuições institucionais (pertencem ao cargo que ocupam os
desenvolvimento e sobre eles emitir parecer (art. 58, §2º, VI, CF). parlamentares), razão pela qual um parlamentar a elas não pode renun-
ciar. Iniciam-se com a diplomação, e duram até o término do mandato.
Isto posto, há se falar sobre tais Comissões:
Vejamos:
A) Comissões permanentes. Criadas para durarem por tempo in-
A) Imunidade material. Os Deputados e Senadores são inviolá-
determinado, acabam existindo durante sucessivas legislaturas para os veis, civil e penalmente, por suas opiniões, palavras e votos. Eis o teor
temas para os quais são pensadas. Como exemplos, se pode mencionar do caput, do art. 53, da Constituição Federal. Esta imunidade material
a Comissão de Constituição e Justiça, a Comissão de Direitos Humanos também é chamada “inviolabilidade”, e somente alcança as manifes-
e Minorias, dentre outras; tações dos parlamentares que guardarem nexo com o desempenho das
B) Comissões temporárias. São criadas para fins específicos, e funções;
duram o tempo necessário para a realização de seus trabalhos ou um B) Imunidade formal. Desde a expedição do diploma, os membros
tempo previamente estabelecido; do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de
C) Comissão parlamentar de inquérito. Trata-se de uma espécie crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte
de comissão temporária, a qual optou-se por estudar em separado em e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
razão de sua larga utilização na história política do país. membros, resolva sobre a prisão.

Didatismo e Conhecimento 83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado por crime Nada obstante, de acordo com o art. 55, da Lei Fundamental, per-
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência derá o mandato o Deputado ou Senador:
à Casa respectiva (significa que, se o crime for praticado antes da diplo- A) Que infringir qualquer das proibições estabelecidas no art. 54,
mação, não é preciso essa ciência), que, por iniciativa de partido político que se acabou de ver (inciso I). Eis uma hipótese de votação aberta por
nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até parte dos parlamentares, mais a necessidade de maioria absoluta, dada
a decisão final, sustar o andamento da ação. Tal pedido de sustação será a Emenda Constitucional nº 76/2013, que alterou o segundo parágrafo,
apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e do art. 55, CF;
cinco dias do seu recebimento pela Mesa diretora. Ademais, a sustação B) Cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro
do processo suspende a prescrição enquanto durar o mandato; parlamentar (inciso II). Eis uma hipótese de votação aberta por parte
C) Privilégio de foro por prerrogativa de função. Os Deputados dos parlamentares, mais a necessidade de maioria absoluta, dada a
e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julga- Emenda Constitucional nº 76/2013, que alterou o segundo parágrafo,
mento perante o Supremo Tribunal Federal. Esta prerrogativa somente do art. 55, CF;
alcança os parlamentares diplomados, não seus suplentes (salvo se estes
C) Que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça
assumirem chegarem a assumir o cargo, interina ou definitivamente).
parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou
Vale lembrar que, por força da Súmula nº 704, do Supremo Tri-
missão por esta autorizada (inciso III);
bunal Federal, não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa,
e do devido processo legal, a atração por conexão ou por continência D) Que perder ou tiver suspensos os direitos políticos (inciso IV);
do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos E) Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta
denunciados. Constituição (inciso V);
Vale lembrar, por fim, que conforme entendimento mais recente do F) Que sofrer condenação criminal em sentença transitada em jul-
STF, se o parlamentar renuncia ao cargo deliberadamente para não ser gado (inciso VI). Eis uma hipótese de votação aberta por parte dos
julgado no foro privilegiado, configurando abuso de direito, a renúncia parlamentares, mais a necessidade de maioria absoluta, dada a Emen-
não tem o condão de mudar a competência. Este parlamentar, mesmo da Constitucional nº 76/2013, que alterou o segundo parágrafo, do art.
tendo renunciado, continuará a ser julgado onde se dá seu foro privile- 55, CF.
giado; Por outro lado, com supedâneo no art. 56, da Lei Fundamental, não
D) Inviolabilidade profissional. Os Deputados e Senadores não se- perderá o mandato o Deputado ou Senador:
rão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas A) Investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Ter-
em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes con- ritório, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Pre-
fiaram ou deles receberam informações. Eis o teor do sexto parágrafo, feitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária (inciso I).
do art. 53, da Constituição Federal; Neste caso, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração
E) Serviço militar obrigatório. A incorporação às Forças Armadas do mandato;
de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de B) Licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para
guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva (art. 53, §7º, tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso,
CF); o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa
F) Subsistência das imunidades. As imunidades de Deputados ou (inciso II).
Senadores subsistirão durante o estado de sítio (bem como durante o
Estado de Defesa, menos gravoso), só podendo ser suspensas mediante 1.9 Processo legislativo. A vida em sociedade (entre particulares),
o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos bem como as relações entre agente particular e agente estatal, devem
praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompa- ser reguladas por normas de conduta, sejam elas meramente esclarece-
tíveis com a execução da medida. Veja-se, pois, que para atos praticados doras, ou então permissivas, concessoras de direitos, proibitivas, puni-
dentro do recinto do Congresso Nacional, não é possível qualquer sus- tivas, dentre outras.
pensão das imunidades.
Ao Estado compete a atividade legislativa, e, mais especificamen-
te, ao Poder Legislativo compete tal processo. É óbvio que, atipicamen-
1.8 Restrições a Deputados e Senadores. Com fulcro no art. 54,
te, outras funções da República também podem legislar, mas nenhuma
da Constituição, os Deputados e Senadores não poderão:
A) Desde a expedição do diploma. Firmar ou manter contrato com delas tem a mesma abrangência que a feita pelo Poder Legislativo.
pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, socieda- O processo legislativo, neste diapasão, nada mais é que a regulação
de de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, da criação de normas.
salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes (inciso I, alínea Isto posto, nos termos do art. 59, da Constituição Federal, são es-
“a”); aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusi- pécies normativas:
ve os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades constantes da A) Emendas à Constituição;
alínea anterior (inciso I, alínea “b”); B) Leis complementares;
B) Desde a posse. Ser proprietários, controladores ou diretores de C) Leis ordinárias;
empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica D) Leis delegadas;
de direito público, ou nela exercer função remunerada (inciso II, alínea E) Medidas provisórias;
“a”); ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad nutum”, F) Decretos legislativos;
nas entidades referidas no inciso I, “a” (inciso II, alínea “b”); patrocinar G) Resoluções.
causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o Convém lembrar que Lei Complementar disporá sobre a elabora-
inciso I, “a” (inciso III, alínea “c”); ser titulares de mais de um cargo ou ção, redação, alteração e consolidação das leis. Esta lei já existe, e é a
mandato público eletivo (inciso II, alínea “d”). Lei Complementar nº 95/1998.

Didatismo e Conhecimento 84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
1.9.1 Emenda à Constituição Federal. Vejamos: E) Quórum de aprovação. Deve haver maioria relativa para lei or-
A) Iniciativa. A Constituição poderá ser emendada mediante pro- dinária, isto é, mais de cinquenta por cento dos presentes na votação. Já
posta de um terço (no mínimo), dos membros da Câmara dos Deputa- para lei complementar, o quórum de aprovação é de maioria absoluta,
dos ou do Senado Federal; mediante proposta do Presidente da Repúbli- isto é, mais de cinquenta por cento dos membros da Casa Parlamentar.
ca; ou mediante proposta de mais da metade das Assembleias Legislati-
vas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela 1.9.3 Lei delegadas, decretos legislativos, resoluções. Consoante
maioria relativa de seus membros; o art. 68, da Constituição da República, as leis delegadas serão elabo-
B) Votação. A proposta será discutida e votada em cada Casa do radas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se ob- Congresso Nacional. Com efeito, não serão objeto de delegação os atos
tiver, nas quatro votações, três quintos dos votos dos respectivos mem- de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência
bros (maioria qualificada); privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria
C) Hipóteses em que a Constituição Federal não poderá ser emen- reservada à lei complementar, nem legislação sobre organização do Po-
dada. Vale lembrar que a Constituição Federal não poderá ser emenda- der Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
da na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado membros, sobre nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos
de sítio; e eleitorais, e sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orça-
D) Promulgação da emenda. A emenda à Constituição será pro- mentos.
mulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Ademais, a delegação ao Presidente da República terá a forma
com o respectivo número de ordem; de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e
E) Nuança temporal acerca da emenda. Matéria constante de os termos de seu exercício (se a resolução determinar a apreciação do
proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser projeto pelo Congresso Nacional, esta a fará em votação única, vedada
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Assim, se uma qualquer emenda).
proposta foi rejeitada no ano de 2012, p. ex., não pode ela ser reapresen- Por sua vez, os decretos legislativos são manifestações do Con-
tada neste mesmo ano, mas tão somente em 2013. gresso Nacional no desempenho de sua competência exclusiva pre-
F) Cláusulas pétreas. Conforme o quarto parágrafo, do art. 60, CF,
vista no art. 49, CF.
não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a
Por fim, as resoluções são manifestações das Casas do Congres-
forma federativa de Estado (inciso I); o voto direto, secreto, universal e
so Nacional, no exercício de suas atribuições previstas no art. 51
periódico (inciso II); a separação dos Poderes (inciso III); e os direitos e
(Câmara dos Deputados) e 52 (Senado Federal), da Constituição.
garantias individuais (inciso IV).
1.9.4 Medidas provisórias. Há se dividir o estudo em tópicos:
1.9.2 Leis complementares e ordinárias. Convém fazer um es-
tudo conjunto: A) Conceito. Trata-se de espécie normativa com força de lei, ado-
A) Hierarquia entre leis complementares e ordinárias. Isso já foi tada em caso de relevância e urgência, e que deve ser submetida de
tema bastante divergente, mas, atualmente, tanto o Supremo Tribunal imediato ao Congresso Nacional, valendo ressaltar que sua votação é
Federal como o Superior Tribunal de Justiça afirmam não haver qual- iniciada na Câmara dos Deputados;
quer hierarquia entre estas duas espécies normativas. A única diferença B) Matérias vedadas. É vedada a edição de medidas provisórias
é que as matérias que a Constituição Federal quer que sejam tratadas por sobre matéria (art. 62, §1º, CF): relativa à (inciso I) nacionalidade, ci-
lei complementar são “matérias reservadas”, de maneira que, quando o dadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral (alínea
texto constitucional disser que uma determinada matéria “compete à “a”); direito penal, processual penal e processual civil (alínea “b”);
lei”, apenas, significa que essa lei é ordinária, por não ser matéria reser- organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e
vada, pois, quando quiser que a matéria seja tratada por lei complemen- a garantia de seus membros (alínea “c”); planos plurianuais, diretrizes
tar, dirá “compete à lei complementar”; orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressal-
B) Iniciativa. A iniciativa das leis complementares e ordinárias vado o previsto no art. 167, § 3º, da Constituição (alínea “d”); que vise à
cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro
Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ativo financeiro (inciso II); reservada a lei complementar (inciso III);
ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador- já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e
Geral da República e aos cidadãos. pendente de sanção ou veto do Presidente da República (inciso IV);
Vale lembrar que a discussão e a votação dos projetos de lei de ini- C) Trancamento da pauta de votações. Se a medida provisória não
ciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação,
Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados; entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada Casa do
C) Possibilidade de uma matéria de lei complementar poderá ser Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação,
tratada por lei ordinária. Isso não é possível. Se lei ordinária tratar de todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver trami-
matéria de lei complementar, esta lei será formalmente inconstitucional; tando;
D) Possibilidade de uma matéria de lei ordinária ser tratada D) Conversão em lei. Em regra, se não forem as medidas provisó-
por lei complementar. Isso é perfeitamente possível, e se dá por uma rias convertidas em lei no prazo de sessenta dias contados de sua publi-
questão de economia legislativa (afinal, se a lei complementar trata de cação, prazo este prorrogável uma única vez por igual período (o prazo
matéria reservada, não deve haver óbice que trate de matéria não reser- suspende-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional), as
vada). Ademais, às vezes, pode ser que haja dúvida se a matéria deva medidas provisórias perderão sua eficácia, devendo o Congresso Nacio-
ser tratada por lei complementar ou lei ordinária, de forma que é melhor, nal disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decor-
assim, para evitar eventual invalidação, regulamentar a questão por lei rentes. Por sua vez, aprovado o projeto de lei de conversão alterando o
complementar. Num caso assim, a lei será formalmente complementar, texto original da medida provisória, esta se manterá integralmente em
mas materialmente ordinária. vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto;

Didatismo e Conhecimento 85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
E) Nuança temporal. É vedada a reedição, na mesma sessão le- e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indi-
gislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha reta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
perdido sua eficácia por decurso de prazo. subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacio-
nal, mediante controle externo, com auxílio do Tribunal de Contas da
1.9.5 Procedimento legislativo ordinário. É o procedimento apli- União, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
cável para a elaboração de leis ordinárias.
Em primeiro lugar, convém falar que o projeto de lei aprovado por 1.10.1 Atribuições do Tribunal de Contas da União. São elas,
uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e vota- previstas no art. 71, da Constituição da República:
ção, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Re-
ou arquivado, se o rejeitar. Caso a Casa revisora promova alterações pública, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta
substanciais no projeto de lei, este deverá retornar à Casa embrionária, dias a contar de seu recebimento (inciso I);
para que as alterações sejam votadas e aprovadas ou não. B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por
Ato contínuo, a Casa na qual tenha sido concluída a votação en- dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, in-
viará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o cluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Pú-
sancionará. Todavia, se o Presidente da República considerar o projeto, blico federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
no todo ou em parte, inconstitucional (veto jurídico) ou contrário ao outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público (inciso II);
interesse público (veto político), promoverá o veto total ou parcialmen- C) Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão
te, no prazo de quinze dias úteis (contados da data do recebimento), e de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluí-
comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado das as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas
Federal os motivos do veto. Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
do Presidente da República importará sanção. concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as me-
Urge lembrar que o veto parcial somente abrangerá texto integral lhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato conces-
de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. Não se pode vetar parte sório (inciso III);
do texto de um parágrafo, p. ex. D) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados,
Também, o veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trin- do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e
ta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional
da maioria absoluta dos Deputados e Senadores (não mais se permite o e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
escrutínio secreto para essa derrubada do veto, por força da Emenda Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas na hipótese “B”
Constitucional nº 76/2013, que alterou o quarto parágrafo, do art. 66, (inciso IV);
CF, retirando este requisito). Neste diapasão, se o veto não for mantido, E) Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de
será o projeto enviado para promulgação ao Presidente da República, cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos
que deverá promulgar a lei no prazo de quarenta e oito horas (não o termos do tratado constitutivo (inciso V);
fazendo, o Presidente do Senado promulgará, e, se este não o fizer em F) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo). União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos con-
Por fim, a matéria constante de projeto de lei rejeitado somente gêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município (inciso VI);
poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, G) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional,
mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões,
Casas do Congresso Nacional. sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa-
trimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas (inciso
1.9.6 Procedimento legislativo sumário. Tal procedimento é pre- VII);
visto no primeiro parágrafo, do art. 64, da Constituição Federal, e ocorre H) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
quando o Presidente da República solicitar urgência na apreciação dos irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá,
projetos de sua iniciativa. entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário
Neste caso, se a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não (inciso VIII);
se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em ate I) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providên-
quarenta e cinco dias, ficarão sobrestadas todas as demais deliberações cias necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade
legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo (inciso IX);
constitucional determinado, até que se ultime a votação (tais prazos não J) Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comuni-
correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam cando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal (inciso
aos projetos de Código). X);
K) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abu-
1.9.7 Procedimento legislativo especial. É o procedimento uti- sos apurados (inciso XI).
lizado para determinadas espécies normativas, como é o caso das Como se não bastasse, o Tribunal de Contas da União (“TCU”)
emendas constitucionais, das leis complementares, das leis delegadas, encaminhará ao Congresso Nacional, trimestralmente e anualmente,
da conversão das medidas provisórias em leis, da lei de diretrizes orça- relatório de suas atividades.
mentárias etc.
1.10.2 Composição do Tribunal de Contas da União. O TCU
1.10 Fiscalização contábil, financeira e orçamentária (controle tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoa e jurisdição em
externo). A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional todo o território nacional, sendo formado por nove Ministros.

Didatismo e Conhecimento 86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Ademais, para ser Ministro do TCU é preciso, consoante o primei- 2.1 Eleições para Presidente e Vice-Presidente da República.
ro parágrafo, do art. 73, CF: As eleições para Presidente e Vice-Presidente da República se realiza-
A) Ter mais de trinta e cinco e menos de sessenta anos de idade rão no primeiro domingo de outubro (em primeiro turno), e no último
(inciso I); domingo de outubro (em segundo turno), se houver, do ano anterior ao
B) Ter idoneidade moral e reputação ilibada (inciso II); término do mandato presidencial vigente. A eleição do Presidente da
C) Ter notórios conhecimentos jurídicos, contáveis, econômicos e República importará a do Vice-Presidente com ele registrado, e, será
financeiros ou de administração pública (inciso III); considerado eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos,
D) Ter mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva ativi- não computados os em branco e os nulos.
dade profissional que exija os conhecimentos mencionados na hipótese Mas, se antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desis-
anterior (inciso IV). tência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os re-
manescentes, o de maior votação (isto é, aquele que ficou em terceiro
1.10.3 Modo de escolha dos Ministros do TCU. Um terço é es- lugar no primeiro turno).
colhido pelo Presidente da República, com aprovação pelo Senado Fe- O mandato do Presidente da República é de quatro anos (permitida
deral, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Minis- a reeleição uma única vez), e terá início em primeiro de janeiro do ano
tério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, seguinte ao da sua eleição.
segundo os critérios de antiguidade e merecimento. Ademais, o Presidente e o Vice-Presidente da República não pode-
Os outros dois terços são escolhidos pelo Congresso Nacional. rão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do país por perío-
Vale lembrar que os Ministros do TCU terão as mesmas prerroga- do superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
tivas, garantias, impedimentos, vantagens e vencimentos dos Ministros
do Superior Tribunal de Justiça (já o auditor, quando em substituição a 2.2 Posse do Presidente da República e do Vice-Presidente da
Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando República. O Presidente da República e seu Vice tomarão posse em
no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz do Tribunal sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de:
Regional Federal). A) Manter, defender e cumprir a Constituição;
B) Observar as leis;
1.11 Controle interno. Se o controle externo será desempenhado C) Promover o bem geral do povo brasileiro;
pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da União, D) Sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
o controle interno é exercido por cada Poder, por meio de seus próprios Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou
órgãos. o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o
Neste diapasão, com fulcro no art. 74, CF, são finalidades do sis- cargo, este será declarado vago. O Vice-Presidente substitui o Presiden-
tema de controle interno, o qual deve ser mantido de forma integrada: te no caso de impedimento, ou sucede-o no caso de vacância.
A) Avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual,
a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União (in- 2.3 Impedimento/vacância dos cargos de Presidente e Vice
ciso I); -Presidente da República. Neste caso, com supedâneo nos arts. 80 e
B) Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à efi- 81, da Constituição Federal, observar-se-á a linha sucessória da Presi-
cácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos dência da República, isto é, o Presidente da Câmara dos Deputados,
órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de o Presidente do Senado Federal, e o Ministro Presidente do Supremo
recursos públicos por entidades de direito privado (inciso II); Tribunal Federal, nesta ordem.
C) Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, Nestes casos, os agentes acima mencionados assumem apenas in-
bem como dos direitos e haveres da União (inciso III); terinamente. Isto porque, se a vacância/impedimento do Presidente/Vi-
D) Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institu- ce-Presidente da República se der nos dois primeiros anos de mandato,
cional (inciso IV). deve ser feita eleição no prazo de noventa dias depois de aberta a última
Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento vaga. Agora, se a vacância ocorrer nos dois últimos anos de mandato,
de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribu- a eleição para ambos os cargos deve ser feita no prazo de trinta dias
nal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. depois de aberta a última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma de
Vale lembrar, por fim, que qualquer cidadão, partido político, as- lei (esta é uma exceção de eleições indiretas no Brasil).
sociação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar Em qualquer dos casos, os eleitos apenas completarão o período
irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. de seus antecessores.

2 Poder Executivo. Ao Poder Executivo são atribuídas as funções 2.4 Atribuições do Presidente da República. Elas estão, essen-
de chefia, tanto de Estado como de Governo, decorrentes do sistema cialmente, previstas no art. 84, da Lei Fundamental, segundo o qual
presidencialista adotado no Brasil. Sua função precípua é a administra- compete privativamente ao Presidente da República:
tiva, razão pela qual há quem também o chame de “Poder Administra- A) Nomear e exonerar os Ministros de Estado (inciso I);
tivo” (ou “função administrativa”). B) Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção supe-
Em âmbito nacional, o Poder Executivo é exercido pelo Presidente rior da administração federal (inciso II);
da República, com auxílio dos Ministros de Estado; em âmbito estadual C) Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos na
e distrital, o é pelo Governador de Estado (no caso do Distrito Federal, Constituição (inciso III);
se utiliza a expressão “Governador Distrital”), com auxílio dos Secretá- D) Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expe-
rios de Estado; em âmbito municipal, o é pelo Prefeito Municipal, com dir decretos e regulamentos para sua fiel execução (inciso IV);
auxílio dos Secretários Municipais. E) Vetar projetos de lei, total ou parcialmente (inciso V);

Didatismo e Conhecimento 87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
F) Dispor mediante decreto sobre (inciso VI): organização e fun- 2.5 Responsabilidades do Presidente da República. De acordo
cionamento da administração federal, quando não implicar aumento de com o art. 85, da Constituição Federal, são crimes de responsabilidade
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (alínea “a”), bem os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição
como sobre extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos (alí- Federal e, especialmente, contra (a Lei nº 1.079/50 também trabalha
nea “b”); com os crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da Re-
G) Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus re- pública):
presentantes diplomáticos (inciso VII); A) A existência da União (inciso I);
H) Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a B) O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do
referendo do Congresso Nacional (inciso VIII); Ministério Público, e dos Poderes constitucionais das unidades da Fe-
I) Decretar o Estado de Defesa e o Estado de Sítio (inciso IX);
deração (inciso II);
J) Decretar e executar a intervenção federal (inciso X);
C) O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais (inciso
K) Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional
por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do país III);
e solicitando as providências que julgar necessárias (inciso XI); D) A segurança interna do país (inciso IV);
L) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessá- E) A probidade na administração (inciso V);
rio, dos órgãos instituídos em lei (inciso XII); F) A lei orçamentária (inciso VI);
M) Exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os G) O cumprimento das leis e das decisões judiciais (inciso VII).
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus Se está trabalhando, aqui, com o “impeachment” do Presidente da
oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos (in- República, medida de cunho político destinada a destituir determinadas
ciso XIII); autoridades de seus cargos.
N) Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Admitida a acusação contra o Presidente da República (por dois
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores terços da Câmara dos Deputados), será ele submetido a julgamento pe-
de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os dire- rante o Supremo Tribunal Federal (nas infrações penais comuns), ou
tores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei perante o Senado Federal (nos crimes de responsabilidade).
(inciso XIV); Neste caso, o Presidente ficará suspenso de suas funções? Sim.
O) Nomear, observado o disposto no art. 73, CF, os Ministros do Veja-se:
Tribunal de Contas da União (inciso XV); A) Nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-
P) Nomear os magistrados, nos casos previstos na Constituição, e crime pelo STF, o Presidente da República ficara suspenso;
o Advogado-Geral da União (inciso XVI);
B) Nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo
Q) Nomear membros do Conselho da República, nos termos do
art. 89, VII, CF (inciso XVII); pelo Senado Federal também.
R) Convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Mas, se decorrido o prazo de cento e oitenta dias o julgamento não
Defesa Nacional (inciso XVIII); estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do
S) Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado regular prosseguimento do processo de “impeachment”.
pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no Posto isto, para finalizar este tópico sobre a responsabilidade do
intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, Presidente da República, alguns detalhes fundamentais merecem ser
total ou parcialmente, a mobilização nacional (inciso XIX); lembrados:
T) Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso A) Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações
Nacional (inciso XX); comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão;
U) Conferir condecorações e distinções honoríficas (inciso XXI); B) O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não
V) Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forçar pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas fun-
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam tem- ções;
porariamente (inciso XXII); C) No processo e julgamento do Presidente da República por crime
X) Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de de responsabilidade, o Senado Federal será presidido pelo Presidente do
lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos na Supremo Tribunal Federal, limitando-se à condenação (que será profe-
Constituição (inciso XXIII); rida se houver o voto de dois terços dos membros do Senado Federal)
Z) Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta
à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de
dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercí-
cio anterior (inciso XXIV); função pública, sem prejuízo das demais sanções cabíveis;
W) Prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma de lei D) Tanto no julgamento por crimes de responsabilidade, como por
(inciso XXV); crimes comuns, deve ser assegurado ao Presidente da República as ga-
Y) Editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. rantias do devido processo legal, do contraditório, e da ampla defesa.
62, CF (inciso XXVI).
Vale frisar que tal rol é exemplificativo, afinal, o inciso XXVII, 2.6 Ministros de Estado. Os Ministros de Estado serão escolhidos
do art. 84, da Constituição, dispõe que, além destas, o Presidente da dentre brasileiros maiores de vinte e um anos, para auxiliar o Presidente
República pode exercer outras atribuições desde que previstas na Lei da República no comando do Poder Executivo.
Fundamental. São algumas atribuições dos Ministros de Estado, consoante prevê
Por fim, as atribuições mencionadas nas letras “F”, “L”, e “W” o parágrafo único, do art. 87, da Lei Fundamental:
primeira parte, poderão ser delegadas pelo Presidente da República aos A) Exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e
Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República, ou ao Advoga- entidades da administração federal na área de sua competência e refe-
do-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas rendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República (inciso
delegações. I);

Didatismo e Conhecimento 88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
B) Expedir instruções para a execução das leis, decretos e regula- B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na for-
mentos (inciso II); ma do art. 93, VIII, da Constituição Federal (inciso II);
C) Apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua C) Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37,
gestão no Ministério (inciso III); X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da CF (inciso IV).
D) Praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outor-
gadas ou delegadas pelo Presidente da República (inciso IV). 3.3 Vedações impostas aos juízes. Aos juízes é vedado (parágrafo
único, do art. 95, da Constituição):
3 Poder Judiciário. Hoje, seguindo o entendimento consagrado A) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função,
do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Ferreira Mendes, são
salvo uma de magistério (inciso I);
atribuições do Poder Judiciário:
B) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação
A) O Poder Judiciário faz a defesa de direitos fundamentais. Não
há se falar em Poder Judiciário sem a defesa dos direitos fundamentais; em processo (inciso II);
B) O Poder Judiciário defende a força normativa da Constituição. C) Dedicar-se à atividade político-partidária (inciso III);
Há muito as Constituições deixaram de ter conteúdo político, não vin- D) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições
culador dos Poderes e dos entes da Administração Pública. Hoje, as de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exce-
Constituições têm conteúdo jurídico, normativo. Isso demonstra que a ções previstas em lei (inciso IV);
Constituição não é um recado, não é um aviso, não é uma declaração E) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou,
de intenções, não é um pedido. A Constituição é uma norma jurídica, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria
com imperatividade reforçada simplesmente pelo fato de “ser Consti- ou exoneração (inciso V).
tuição”;
C) O Poder Judiciário faz o seu autogoverno.É o chamado “auto- 3.4 Supremo Tribunal Federal. O Supremo Tribunal Federal
governo dos tribunais”: o Poder Judiciário elege os seus órgãos direti- (STF) é o guardião da Constituição Federal. Trata-se da corte suprema
vos, cria seus regimentos internos, organiza seus próprios concursos, de justiça deste país, para onde vão todas as questões de cunho consti-
tudo com base nesse autogoverno; tucional.
D) O Poder Judiciário resolve o conflito entre os demais Poderes;
E) O Poder Judiciário edita a chamada “legislação judicial”, que é 3.4.1 Composição do STF. O Supremo Tribunal é formado por
aquela decorrente da atividade criativa do juiz, sobretudo oriunda das onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco
Cortes Constitucionais. Esse é um tema bastante “complexo”, e passível
anos e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídi-
de amplas discussões. É aqui que se encontram as discussões em torno
do chamado “ativismo judicial”, da jurisdição constitucional, das sen- co e de reputação ilibada.
tenças aditivas, da constitucionalidade da Súmula Vinculante, os recen- Convém obtemperar, desde logo, que o número de Ministros
tes entendimentos tomados pelo STF em sede de mandado de injunção (onze) é uma cláusula pétrea implícita, e, portanto, tal número não pode
etc. Alega-se que isso representa a invasão, pelo Poder Judiciário, da ser aumentado ou diminuído por Emenda Constitucional.
atribuição típica de legislar do Poder Legislativo. É óbvio que o Judiciá-
rio tem atribuições atípicas para legislar, mas tais atribuições, por serem 3.4.2 Requisitos para ser Ministro do Supremo Tribunal Fe-
atípicas, precisam estar consagradas constitucionalmente, como de fato deral. São eles:
estão. Contudo, dentre estas atribuições, não está prevista a atividade A) Ser brasileiro nato (art. 12, §3º, IV, CF). A razão para essa exi-
legislativa do Poder Judiciário de forma constante como vem aconte- gência é a linha sucessória da Presidência da República. Em caso de
cendo. impedimento/vacância do cargo por parte do Presidente da República,
assume o Vice-Presidente da República. Se este não puder assumir, é
3.1 Órgãos do Poder Judiciário. São eles, consoante o art. 92, da chamado o Presidente da Câmara dos Deputados. Se este não puder
Constituição Federal: assumir, assume o Presidente do Senado. Se este não puder assumir, é
A) O Supremo Tribunal Federal; a vez do o Ministro-Presidente do Supremo Tribunal Federal (art. 80,
B) O Conselho Nacional de Justiça; CF);
C) O Superior Tribunal de Justiça; B) Idade mínima de trinta e cinco anos. Aos trinta e cinco anos, o
D) Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais;
cidadão adquire a chamada “capacidade política absoluta” (ou “pleni-
E) Os Tribunais e Juízes do Trabalho
tude dos direitos políticos”), isto é, a capacidade de votar, e, o que aqui
F) Os Tribunais e Juízes Eleitorais;
G) Os Tribunais e Juízes Militares; importa, de ser votado para todos os cargos. Trinta e cinco anos é a idade
H) Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Ter- exigida para ser Presidente da República, Vice-Presidente da República,
ritórios. e Senador da República. E, se o Ministro do Supremo Tribunal Federal
O STF, o CNJ, e os Tribunais Superiores, têm sede em Brasília, pode vir a ser Presidente da República, deve ter este trinta e cinco anos;
capital do país. C) A idade máxima para posse é sessenta e cinco anos. Isto se
Ademais, a jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribu- dá em razão daaposentadoria compulsória aos setenta anos (a chamada
nais Superiores se estende por todo o território nacional. “expulsória”). O cidadão precisa ter desenvolvido suas atividades por,
no mínimo, cinco anos, e, depois, se aposentar compulsoriamente aos
3.2 Garantias gozadas pelos juízes. São elas, conforme o art. 95, setenta anos;
da Constituição: D) Notável conhecimento jurídico. Trata-se de conceito absoluta-
A) Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois mente indeterminado o que vem a ser “notável conhecimento jurídico”.
anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deli- Em linhas gerais, a expressão traduz o conhecimento que dispensa pro-
beração do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, vas, ou seja, é sabido de todos que o cidadão é um grande conhecedor
de sentença judicial transitada em julgado (inciso I); das ciências jurídicas;

Didatismo e Conhecimento 89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Para ter “notável conhecimento jurídico”, exige-se que o indivíduo que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impe-
seja formado em Direito? Já houve, na história longínqua do STF, um didos ou sejam direta ou indiretamente interessados; 13) Os conflitos de
Ministro que não fosse formado em Direito (Barata Ribeiro, um médi- competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais,
co). Hoje, entende-se que, no mínimo, é preciso ser bacharel em Direito. entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; 14)
Não é mais possível, com o avanço da ciência jurídica, ter “notável co- O pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalida-
nhecimento jurídico” sem que seja bacharel em Direito. Não é preciso de; 15) O mandado de injunção, quando a elaboração da norma regu-
ser “especialista”, “mestre”, ou “doutor em direito”, nem mesmo ter lamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso
uma carreira acadêmica consolidada. Se o notável conhecimento puder Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de
ser verificado por outra forma, esta valerá sem maiores problemas; uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um
E) Reputação ilibada, idônea. Trata-se de uma vida passada sem dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; 16)
qualquer nódoa, sem quaisquer percalços que ponham em xeque a ho- As ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho
nestidade do cidadão. Nacional do Ministério Público;
B) Em sede de recurso ordinário: 1) O habeas corpus, o mandado
3.4.3 Forma de escolha dos Ministros do STF. Para escolher um de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em
Ministro para o Supremo Tribunal Federal, o Presidente da República única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; 2)
indica brasileiros que preencham os requisitos vistos no item anterior. O crime político;
Assim, o Presidente vai indicar um nome para o Senado, que, após C) Em sede de recurso extraordinário, as causas decididas em
sabatiná-lo, deve aprová-lo por maioria de votos. única ou última instância, quando a decisão recorrida: 1) Contrariar
Mas o que é essa “sabatina”? “Sabatina” não é concurso, não é dispositivo desta Constituição; 2) Declarar a inconstitucionalidade de
prova. Na sabatina, o Senado vai apenas querer saber a posição do in- tratado ou lei federal; 3) Julgar válida lei ou ato de governo local con-
dicado a respeito de temas nevrálgicos do país, como a posição sobre o testado em face desta Constituição; 4) julgar válida lei local contestada
aborto de feto anencefálico, sobre a legalização das drogas etc. em face de lei federal.
O problema é que, no Brasil, esta sabatina não é “levada a sério”. Some-se a isso a competência exclusiva para o julgamento da ar-
Muitas vezes, o ato se torna apenas um referendamento da escolha pré- guição por descumprimento de preceito fundamental, prevista no pri-
via feita pelo Presidente da República, graças a conchavos políticos meiro parágrafo, do art. 103, da Constituição Federal, bem como a com-
pré-estabelecidos. petência para receber reclamação constitucional por violação a preceito
de Súmula Vinculante (art. 103-A, §3º, CF).
3.4.4 Competência de julgamento do STF. O principal nicho de
competências previstas está no art. 102, da Constituição Federal. 3.4.5 Súmula Vinculante. O Supremo Tribunal Federal (e ape-
Isto posto, compete ao Supremo processar e julgar: nas ele) poderá, de oficio ou por provocação, mediante decisão de dois
A) Originariamente: 1) A ação direta de inconstitucionalidade de terços de seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria consti-
lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de cons- tucional, aprovar súmula, a qual terá, a partir de sua publicação da im-
titucionalidade de lei ou ato normativo federal; 2) Nas infrações penais prensa oficial, efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Judiciário e em relação à Administração Pública direta e indireta, nas
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da esferas federal, estadual e municipal.
República; 3) Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabi- É possível revisar/cancelar Súmula Vinculante? Sim, pelo mesmo
lidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exér- procedimento de sua edição. Os legitimados a provocar a revisão ou o
cito e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros cancelamento de súmula são os mesmos para propor a ação direta de
dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os che- inconstitucionalidade/ação declaratória de constitucionalidade.
fes de missão diplomática de caráter permanente; 4) O habeas corpus, Neste diapasão, do ato administrativo ou decisão judicial que con-
sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o trariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá re-
mandado de segurança e o “habeas-data” contra atos do Presidente da clamação constitucional ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplica-
próprio Supremo Tribunal Federal; 5) O litígio entre Estado estrangeiro ção da súmula, conforme o caso.
ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou 3.5 Conselho Nacional de Justiça. O Conselho Nacional de Jus-
o Território; 6) As causas e os conflitos entre a União e os Estados, a tiça foi introduzido no ordenamento pátrio como órgão integrante do
União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respecti- Poder Judiciário pela Emenda Constitucional nº 45/2004. Trata-se de
vas entidades da administração indireta; 7) A extradição solicitada por instituição absoluta nova no país, embora não no mundo.Experiências
Estado estrangeiro; 8) O habeas corpus, quando o coator for Tribunal semelhantes foram promovidas, num rol não-exauriente, em Portugal
Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário (Conselho Superior da Magistratura, no art. 218, da Constituição Lu-
cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribu- sitana), na França (Conselho Superior da Magistratura, no art. 65 da
nal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma úni- Constituição Gália), e na Itália (Conselho Superior da Magistratura, no
ca instância; 9) A revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; art. 104 de sua Lei Fundamental).
10) A reclamação para a preservação de sua competência e garantia da
autoridade de suas decisões; 11) A execução de sentença nas causas de 3.5.1 Composição. O CNJ é composto por quinze membros com
sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para mandato de dois anos, sendo admitida uma recondução. São seus inte-
a prática de atos processuais; 12) A ação em que todos os membros da grantes, conforme o art. 103-B, da Lei Fundamental:
magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em A) O Presidente do Supremo Tribunal Federal (inciso I);

Didatismo e Conhecimento 90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
B) Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo res- F) Elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e
pectivo tribunal (inciso II); sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos
C) Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo do Poder Judiciário (inciso VI);
respectivo tribunal (inciso III); G) Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar
D) Um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Su- necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades
premo Tribunal Federal (inciso IV); do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo
E) Um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal (in- Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da
ciso V); abertura da sessão legislativa (inciso VII).
F) Um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior
Tribunal de Justiça (inciso VI); 3.5.3 Função de corregedoria do CNJ. O Ministro do Superior
G) Um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça (in- Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor, e fica-
ciso VII); rá excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe,
H) Um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tri- além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da magis-
bunal Superior do Trabalho (inciso VIII); tratura, as seguintes (quinto parágrafo, do art. 103-B, CF):
I) Um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Traba- A) Receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado,
lho (inciso IX); relativas aos magistrados e aos serviços judiciários (inciso I);
J) Um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Pro- B) Exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de cor-
curador-Geral da República (inciso X); reição geral (inciso II);
K) Um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo C) Requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições,
Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Dis-
competente de cada instituição estadual (inciso XI); trito Federal e Territórios (inciso III).
L) Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil (inciso XII); 3.6 Superior Tribunal de Justiça. O Superior Tribunal de Justiça
M) Dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, foi criado em 1988, com a Constituição Federal do mesmo ano (até
indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal 1988, havia o hoje extinto “Tribunal Federal de Recursos”).
(inciso XIII). O “Tribunal da Cidadania”, como é usualmente conhecido, foi
O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal criado para ser um uniformizador da jurisprudência da Justiça Comum
Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do Estadual e da Justiça Comum Federal. Assim, questões constitucionais
Supremo Tribunal Federal. passaram a ser enviadas exclusivamente para o Supremo Tribunal Fe-
Ademais, junto ao CNJ oficiarão o Procurador-Geral da República deral, enquanto questões infraconstitucionais passaram a ser enviadas
e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. para o Superior Tribunal de Justiça. STF e STJ, portanto, formam as
chamadas “Cortes de Superposição” do país.
3.5.2 Competência do CNJ. Compete ao Conselho o controle da
atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumpri- 3.6.1 Composição. Com efeito, o STJ se compõe de, no mínimo,
mento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras trinta e três juízes. Isso significa que, diferentemente do STF, onde o
atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura número de onze Ministros não pode ser alterado, é possível que haja
(quarto parágrafo, do art. 103-B, CF): mais Ministros no STJ, desde que respeitado um número mínimo de
A) Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento trinta e três julgadores.
do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no
âmbito de sua competência, ou recomendar providências (inciso I); 3.6.2 Requisitos para ser Ministro do “Tribunal da Cidada-
B) Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou me- nia”. Vejamos:
diante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por A) Ser brasileiro. Pode ser nato ou naturalizado. Mesmo porque,
membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, re- o Ministro do STJ não está na linha sucessória da Presidência da Re-
vê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao pública;
exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de B) Idade mínima de trinta e cinco anos, e máxima de sessenta e
Contas da União (inciso II); cinco anos. Tal como foi visto para o STF. A idade foi mantida, por
C) Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos questão de paridade com o Supremo Tribunal Federal;
do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias C) Notável conhecimento jurídico. Tal como foi visto para o STF;
e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por D) Reputação idônea, ilibada. Tal como foi visto para o STF.
delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da compe-
tência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar proces- 3.6.3 Forma de escolha do Ministro do STJ. Aqui, existe uma
sos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou diferença em relação à escolha dos Ministros do Supremo Tribunal Fe-
a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo deral.
de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla Quem escolhe os Ministros do STJ é o Presidente da República, tal
defesa (inciso III); como o é para o STF. Entretanto, sua escolha é vinculada a categorias (o
D) Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a que não ocorre no STF), já que a composição do STJ deve ser paritária
administração pública ou de abuso de autoridade (inciso IV); na seguinte proporção:
E) Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos discipli- A) 1/3 dentre os desembargadores dos Tribunais de Justiça. As-
nares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano sim, necessariamente onze Ministros do STJ devem ser oriundos dos
(inciso V); Tribunais de Justiça;

Didatismo e Conhecimento 91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
B) 1/3 dentre os desembargadores dos Tribunais Regionais Fede- 3.6.5 Órgãos que funcionarão junto ao Superior Tribunal de
rais. Assim, necessariamente onze Ministros do STJ devem ser oriun- Justiça. São eles, segundo o parágrafo único, do art. 105, CF:
dos dos Tribunais Regionais Federais; A) A “Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Ma-
C) 1/3 dentre advogados e membros do MP. São cinco advogados, gistrados”, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos
cinco membros do Ministério Público, e a vaga remanescente é alterna- oficiais para o ingresso e promoção na carreira (inciso I);
da, ora para a advocacia, ora para o Ministério Público. B) O “Conselho da Justiça Federal”, cabendo-lhe exercer, na for-
Isto posto, o Presidente da República escolhe brasileiros dessas ma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal
categorias, indica ao Senado, que aprova por maioria absoluta de vo- de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com po-
tos, após a sabatina já explicada quando se falou do Supremo Tribunal deres correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante (inciso II).
Federal.
3.7 Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais. Tratam-se
3.6.4 Competência de julgamento do STJ. A competência de jul- dos órgãos da justiça federal.
gamento está essencialmente prevista no art. 105, CF, segundo o qual
compete ao STJ: 3.7.1 Composição dos Tribunais Regionais Federais. Os Tri-
A) Processar e julgar, originariamente: 1) Nos crimes comuns, bunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes,
os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Pre-
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Es- sidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de
tados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos sessenta e cinco anos, sendo:
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva
Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conse- atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com
lhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público mais de dez anos de carreira;
da União que oficiem perante tribunais; 2) Os mandados de segurança B) Os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de
e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamen-
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; 3) te.
Os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pes-
3.7.2 Competência dos Tribunais Regionais Federais. Compete
soas mencionadas na alínea “a”, ou quando o coator for tribunal sujeito
aos Tribunais Regionais Federais:
à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do
A) Processar e julgar, originariamente: 1) Os juízes federais da
Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleito-
área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do
ral; 4) Os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado
Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do
o disposto no art. 102, I, “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não
Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Elei-
vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; 5) As revisões toral; 2) As revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus
criminais e as ações rescisórias de seus julgados; 6) A reclamação para ou dos juízes federais da região; 3) Os mandados de segurança e os
a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas de- “habeas data” contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; 4) Os
cisões; 7) Os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas “habeas corpus”, quando a autoridade coatora for juiz federal; 5) Os
e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da B) Julgar, em grau de recurso: 1) As causas decididas pelos juízes
União; 8) O mandado de injunção, quando a elaboração da norma regu- federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da
lamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da área de sua jurisdição.
administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência
do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça 3.7.3 Nova configuração dos Tribunais Regionais Federais. An-
Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; 9) A homologação tes da Emenda Constitucional nº 73/2013, se falava em cinco Tribunais
de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogató- Regionais Federais, com a seguinte composição:
rias; A) Tribunal Regional Federal da Primeira Região (sede em Bra-
B) Julgar, em recurso ordinário: 1) Os habeas corpus decididos sília). Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mara-
em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou nhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima, e
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando Tocantins;
a decisão for denegatória; 2) Os mandados de segurança decididos em B) Tribunal Regional Federal da Segunda Região (sede na cidade
única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais do Rio de Janeiro). Rio de Janeiro e Espírito Santo;
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a C) Tribunal Regional Federal da Terceira Região (sede na cidade
decisão; 3) As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou or- de São Paulo). São Paulo e Mato Grosso do Sul;
ganismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa D) Tribunal Regional Federal da Quarta Região (sede em Porto
residente ou domiciliada no País; Alegre). Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina;
C) Julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou E) Tribunal Regional Federal da Quinta Região (sede em Recife).
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão re- Com a Emenda Constitucional nº 73/2013, contudo, que acresceu
corrida: 1) Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; 2) um décimo primeiro parágrafo ao art. 27, do Ato das Disposições Cons-
Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; 3) titucionais Transitórias, são criados quatro novos Tribunais Regionais
Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro Federais, de modo que, uma vez instalados, a composição completa dos
tribunal. TRF’s ficará a seguinte:

Didatismo e Conhecimento 92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
A) Tribunal Regional Federal da Primeira Região (sede em Bra- K) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangei-
sília). Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Pará, Amapá, Maranhão, ro, a execução de carta rogatória, após o “exequatur”, e de sentença
Piauí e Tocantins; estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade,
B) Tribunal Regional Federal da Segunda Região (sede na cidade inclusive a respectiva opção, e à naturalização (inciso X);
do Rio de Janeiro). Rio de Janeiro e Espírito Santo; L) A disputa sobre direitos indígenas (inciso XI).
C) Tribunal Regional Federal da Terceira Região (sede na cidade Serão, todavia, processadas e julgadas na justiça estadual, no foro
de São Paulo). São Paulo; do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem
D) Tribunal Regional Federal da Quarta Região (sede em Porto parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comar-
Alegre). Rio Grande do Sul; ca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição,
E) Tribunal Regional Federal da Quinta Região (sede em Recife). a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, e Sergipe; julgadas pela justiça estadual. Vale lembrar que, nesta hipótese, os re-
F) Tribunal Regional Federal da Sexta Região (sede na cidade de cursos cabíveis serão sempre para o Tribunal Regional Federal na área
Curitiba). Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul; de jurisdição do juiz de primeiro grau.
G) Tribunal Regional Federal da Sétima Região (sede em Belo
Horizonte). Minas Gerais; 3.7.6 Incidente de deslocamento de foro. Nas hipóteses de grave
H) Tribunal Regional Federal da Oitava Região (sede em Salva- violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com
dor). Bahia e Sergipe; a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
I) Tribunal Regional Federal da Nona Região (sede em Manaus). tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil faz parte,
Acre, Rondônia, Roraima, e Amazonas. poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento da competên-
3.7.4 Nuanças acerca dos Tribunais Regionais Federais. São cia para a Justiça Federal.
elas:
A) Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, 3.8 Tribunais e juízes do trabalho. São órgãos da Justiça do Tra-
com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdi- balho:
cional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de A) O Tribunal Superior do Trabalho;
equipamentos públicos e comunitários; B) Os Tribunais Regionais do Trabalho;
B) Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descen- C) Os Juízes do Trabalho.
tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o
pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. 3.8.1 Composição do Tribunal Superior do Trabalho. O TST
compõe-se de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com
3.7.5 Competência dos Juízes Federais. Aos juízes federais com- mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo
pete processar e julgar (art. 109, CF): Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Se-
A) As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pú- nado Federal, sendo:
blica federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva
ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho (inciso I); com mais de dez anos de efetivo exercício;
B) As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e B) Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,
Município ou pessoa domiciliada ou residente no País (inciso II); oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal
C) As causas fundadas em tratado ou contrato da União com Esta- Superior.
do estrangeiro ou organismo internacional (inciso III);
D) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detri- 3.8.2 Órgãos que funcionarão junto ao Tribunal Superior do
mento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades au- Trabalho. Funcionarão junto ao TST, com base no que dispõe o art.
tárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada 111-A, §2º, da Constituição Federal:
a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral (inciso IV); A) A “Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magis-
E) Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, trados do Trabalho”, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar
quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira (inciso I);
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente (inciso V); B) B) O “Conselho Superior da Justiça do Trabalho”, cabendo-
F) As causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º, do lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária,
art. 109, da Constituição Federal (inciso V-A); financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo
G) Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos de- graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vincu-
terminados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico- lante (inciso II).
financeira (inciso VI);
H) Os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou 3.8.3 Composição dos Tribunais Regionais do Trabalho. Os
quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juí-
diretamente sujeitos a outra jurisdição (inciso VII); zes recrutados, quando possível na respectiva região, e nomeados pelo
I) Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autori- Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos
dade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais de sessenta e cinco anos, sendo:
(inciso VIII); A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva
J) Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
a competência da Justiça Militar (inciso IX); com mais de dez anos de efetivo exercício;

Didatismo e Conhecimento 93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
B) Os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por anti- B) As outras duas vagas são ocupadas por indicação do Presidente
guidade e merecimento, alternadamente. da República, de dois dentre seis advogados de notável saber jurídico
e idoneidade moral indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Ou seja,
3.8.4 Nuanças acerca dos Tribunais Regionais do Trabalho. o STF indica seis advogados, e o Presidente da República escolhe dois
São elas: deles.
A) Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itine- Em suma, o Tribunal Superior Eleitoral é formado por três Minis-
rante, com a realização de audiências e demais funções de atividade tros do STF, dois Ministros do STJ, e dois advogados indicados pelo
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo- Presidente da República.
se de equipamentos públicos e comunitários;
B) Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descen- 3.9.3 Composição dos Tribunais Regionais Eleitorais. Haverá
tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o um Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na Capital de cada Estado, for-
pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. mado por sete membros, escolhidos da seguinte forma:
A) Mediante eleição, com voto secreto, de dois juízes dentre os de-
3.8.5 Composição das Varas do Trabalho. Nas Varas do Traba- sembargadores do Tribunal de Justiça, bem como de dois juízes dentre
lho, a jurisdição será exercida por um juiz singular. juízes de direito escolhidos também pelo Tribunal de Justiça;
3.8.6 Competência da Justiça do Trabalho. Compete à Justiça B) Por um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital
do Trabalho processar e julgar (art. 114, CF): do Estado ou no Distrito Federal em que está o TRE, ou, se não houver
A) As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes TRF na Capital do Estado em que está o TRE, o escolhido será um
de direito público externo e da administração pública direta e indireta juiz federal. Em qualquer caso, a escolha é feita pelo Tribunal Regional
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (inciso I); Federal, independentemente de eleição;
B) As ações que envolvam exercício do direito de greve (inciso II); C) As outras duas vagas são ocupadas por indicação do Presidente
C) As ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre da República, de dois dentre seis advogados de notável saber jurídico e
sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores (inciso idoneidade moral indicados pelo Tribunal de Justiça. Ou seja, o Tribu-
III); nal de Justiça do Estado em que está o TRE indica seis advogados, e o
D) Os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data,
Presidente da República escolhe dois deles.
quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição (in-
ciso IV);
3.10 Tribunais e Juízes Militares. São órgãos da Justiça Militar:
E) Os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição traba-
A) O Superior Tribunal Militar;
lhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”, da Constituição (inciso
B) Os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
V);
F) As ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decor-
rentes da relação de trabalho (inciso VI); 3.10.1 Composição do Superior Tribunal Militar. O STM é
G) As ações relativas às penalidades administrativas impostas aos composto de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho (in- República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo
ciso VII); três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais
H) A execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica (todos da ativa
195, I, “a”, e II, CF, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças e do posto mais elevado da carreira), e cinco dentre civis.
que proferir (inciso VIII); Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República
I) Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na for- dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:
ma da lei (inciso IX). A) Três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta iliba-
da, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional;
3.9 Tribunais e Juízes Eleitorais. A Justiça Eleitoral é uma “Jus- B) Dois, por escolha paritária, dentre auditores e membros do Mi-
tiça Federal especializada”. Não existe, todavia, no Brasil, um quadro nistério Público e da Justiça Militar.
próprio de juízes eleitorais. A Justiça Eleitoral “toma emprestado” juí-
zes da Justiça Estadual e da Justiça Federal. Portanto, não há se falar em 3.10.2 Tribunal de Justiça Militar. A lei estadual poderá criar,
“concurso para juiz eleitoral”. mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual,
Ademais, todos aqueles que exercem cargos na Justiça Eleitoral, o constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos
fazem por mandato de dois anos, permitindo-se uma única recondução de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça ou por
por mais dois anos. Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja
superior a vinte mil integrantes.
3.9.1 Órgãos da Justiça Eleitoral. São eles:
A) O Tribunal Superior Eleitoral; 3.10.3 Competência da Justiça Militar da União. Compete pro-
B) Os Tribunais Regionais Eleitorais; cessar e julgar os crimes militares definidos em lei.
C) Os Juízes Eleitorais;
D) As Juntas Eleitorais. 3.10.4 Competência da Justiça Militar dos Estados. Compete
processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares de-
3.9.2 Composição do Tribunal Superior Eleitoral. O TSE é for- finidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
mado por, no mínimo, sete membros, escolhidos da seguinte forma: ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo
A) Por eleição em voto secreto, de três Ministros do Supremo Tri- ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
bunal Federal, e de dois Ministros do Superior Tribunal de Justiça; oficiais e da graduação das praças.

Didatismo e Conhecimento 94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
3.11 Tribunais e Juízes dos Estados. A competência da Justiça Isto posto, ao Ministério Público é assegurada autonomia fun-
Comum Estadual é residual, ou seja, não sendo hipótese de competên- cional e administrativa, podendo propor ao Legislativo (observado o
cia de nenhuma outra justiça, à Justiça Estadual caberá decidir a matéria. art. 169, CF) a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares,
Assim, não há um rol de competências previamente estabelecidas provendo-os por concurso de provas ou de provas e títulos, bem como
para os Tribunais de Justiça, como o há para o Supremo Tribunal Fe- a política remuneratória e os plano de carreira. Ademais, a lei disporá
deral, para o Superior Tribunal de Justiça, para os Tribunais Regionais sobre a organização e o funcionamento do Ministério Público. Por fim,
Federais, e para os juízes federais, p. ex. o Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos
Exatamente por isso, o art. 125, §1º, da Constituição Federal, pre- limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
ceitua que a competência dos tribunais (no âmbito estadual) será defini-
da na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de 4.1.3 Garantias atribuídas aos membros do Ministério Públi-
iniciativa do Tribunal de Justiça. co. São elas:
Ademais, há se lembrar que o Tribunal de Justiça poderá funcionar A) Vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder
de forma descentralizada, podendo constituir Câmaras regionais, a fim
o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;
de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, me-
do processo.
diante decisão da maioria absoluta de órgão colegiado do Ministério
Também, por força da Emenda Constitucional nº 45/2004, o sé-
timo parágrafo, do art. 125, da Constituição, preceitua que o Tribunal Público, assegurada ampla defesa, obviamente;
de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências C) Irredutibilidade de subsídio, em regra.
e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comu- 4.1.4 Vedações aos membros do Ministério Público. São elas:
nitários. A) Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários,
Por fim, de acordo com o art. 126, CF, também acrescido pela percentagens ou custas processuais;
Emenda nº 45, para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça B) Exercer a advocacia;
proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva C) Participar de sociedade comercial, na forma de lei;
para questões agrárias. D) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função
pública, salvo uma de magistério;
4 Funções essenciais à justiça. É sabido que a justiça, para ser E) Exercer atividade político-partidária, em regra;
plena, eficaz, e abrangente, deve contar com o envolvimento de vários F) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições
agentes. Há se prezar, por isso, pelo respeito às partes, ao magistrado, de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exce-
bem como aos auxiliares da justiça, e um bom começo para isso é co- ções previstas em lei.
meçar legislando constitucionalmente sobre as “funções essenciais à
justiça”, disciplinada curiosamente - ou não - logo após o Poder Judi- 4.1.5 Funções institucionais do Ministério Público. Elas estão
ciário. previstas no art. 129 da Constituição Federal, a saber:
É ululante que os preceitos pertinentes ao tema não se esgotam A) Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da
no que diz a Lei Fundamental. Para se saber melhor sobre o Ministé- lei (inciso I);
rio Público, p. ex., é interessante a leitura de sua Lei Orgânica (Lei nº B) Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços
8.625/93) ou da Lei Complementar nº 75/93. de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, pro-
“Trocando em miúdos”, aqui se debruçará especialmente sobre o movendo as medidas necessárias a sua garantia (inciso II);
contido na Constituição Federal. C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses
4.1 Ministério Público. O Ministério Público é instituição perma-
difusos e coletivos (inciso III);
nente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a de-
D) Promover a ação de inconstitucionalidade ou representação
fesa da ordem jurídica, do regime democrático, e dos interesses sociais
para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos
e individuais indisponíveis.
nesta Constituição (inciso IV);
4.1.1 Órgãos formadores do Ministério Público. São eles: E) Defender judicialmente os direitos e interesses das populações
A) O Ministério Público da União. Este, por sua vez, compreen- indígenas (inciso V);
de o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o F) Expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua
Ministério Público Militar, e o Ministério Público do Distrito Federal competência, requisitando informações e documentos para instruí-los,
e Territórios; na forma da lei complementar respectiva (inciso VI);
B) Os Ministérios Públicos dos Estados. G) Exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior (inciso VII);
4.1.2 Princípios institucionais do Ministério Público. São eles, H) Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inqué-
previstos no parágrafo primeiro, do art. 127, da Constituição Federal: rito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
A) A unidade. Todos os membros do Ministério Público formam processuais (inciso VIII);
um órgão único; I) Exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
B) A indivisibilidade. Todos os membros do Ministério Público compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judi-
formam um órgão indivisível; cial e a consultoria jurídica de entidades públicas (inciso IX).
C) A independência funcional. A independência funcional decorre Vale lembrar, neste diapasão, que a legitimação do Ministério Pú-
da autonomia do Ministério Público, que é tanto administrativa, como blico para o manejo da ação civil pública não impede a de terceiros, nas
normativa e financeira. mesmas hipóteses.

Didatismo e Conhecimento 95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
4.1.6 Conselho Nacional do Ministério Público. Trazido à Cons- 4.2 Advocacia-Geral da União. É a instituição que, diretamente
tituição Federal pela Emenda Constitucional nº 45/2004 juntamente ou através de órgão vinculado, representa a União judicial ou extraju-
com o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do Ministé- dicialmente, cabendo-lhe as atividades de consultoria e assessoramento
rio Público (CNMP) compõe-se de quatorze membros nomeados pelo jurídico do Poder Executivo.
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria Com efeito, a Lei Complementar nº 73/1993, conhecida por “Lei
absoluta do Senado Federal, para mandato de dois anos, admitida uma Orgânica da Advocacia-Geral da União”, dispõe que a AGU compreen-
recondução, sendo: de, como órgãos de direção superior, o Advogado-Geral da União, a
A) O Procurador-Geral da República, que o preside; Procuradoria-Geral da União e a da Fazenda Nacional, a Consultoria
B) Quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a Geral da União, o Conselho Superior da Advocacia-Geral da União, e
representação de cada uma de suas carreiras; a Corregedoria-Geral da Advocacia da União; como órgãos de execu-
C) Três membros do Ministério Público dos Estados; ção, as Procuradorias Regionais da União e as da Fazenda Nacional e
D) Dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e ou- as Procuradorias da União e as da Fazenda Nacional nos Estados e no
tro pelo Superior Tribunal de Justiça; Distrito Federal e as Procuradorias Seccionais destas, a Consultoria da
E) Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem União, as Consultorias Jurídicas dos Ministérios, da Secretaria-Geral e
dos Advogados do Brasil; das demais Secretarias da Presidência da República e do Estado-Maior
F) Dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, in- das Forças Armadas; e, como órgão de assistência direta e imediata ao
dicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. Advogado-Geral da União, o Gabinete do Advogado-Geral da União.
Isto posto, ao CNMP compete o controle da atuação administrativa
e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres fun- 4.2.1 Chefe da Advocacia-Geral da União e forma de nomea-
cionais de seus membros, cabendo-lhe (art. 130-A, §2º, CF); ção. O chefe da AGU é o Advogado-Geral da União, de livre nomeação
A) Zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco
Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua com- anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
petência, ou recomendar providências;
B) Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou me- 4.2.2 Forma de ingresso na AGU. Se dá mediante concurso pú-
diante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por blico de provas e títulos.
membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, po-
dendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as 4.3 Procuradores dos Estados/do Distrito Federal. Os Procura-
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da dores dos Estados/Distrito Federal exercerão a representação judicial e a
competência dos Tribunais de Contas; consultoria jurídica da unidade da federação a quem pertencem.
C) Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos
do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus 4.3.1 Ingresso no cargo de Procurador do Estado. O ingresso
serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correi- depende de concurso público de provas e títulos, com a participação da
cional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases.
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com sub-
sídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras 4.3.2 Estabilidade dos Procuradores dos Estados. Aos Procura-
sanções administrativas, assegurada ampla defesa; dores dos Estados é assegurada estabilidade, após três anos de efetivo
D) Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disci- exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos pró-
plinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados prios, após relatório circunstanciado das corregedorias.
julgados há menos de um ano;
E) Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar 4.4 Advogado. O advogado, com base no que prevê o art. 133, da
necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as ativida- Constituição Federal, é indispensável à administração da justiça, sendo
des do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos
XI, CF. limites da lei.
Com relação à sua função de corregedoria, o Conselho escolherá, Maiores especificações à carreira advocatícia podem ser encontra-
em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre os membros do das na Lei nº 8.906/94, também conhecido por “Estatuto da Advocacia
Ministério Público que o integram, vedada a recondução, competindo- e da Ordem dos Advogados do Brasil”.
lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
A) Receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, 4.5 Defensoria Pública. É instituição essencial à função jurisdi-
relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços au- cional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em
xiliares; todos os graus, dos necessitados.
B) Exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correi- O ingresso na classe inicial do cargo de Defensor Público se dá por
ção geral; meio de concurso público de provas e títulos, assegurada a seus inte-
C) Requisitar e designar membros do Ministério Público, dele- grantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia
gando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Ministério fora das relações institucionais.
Público. Ademais, convém lembrar que às Defensorias Públicas Estaduais
Por fim, há se lembrar que o Presidente do Conselho Federal da são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de
Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho Nacional sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de di-
do Ministério Público. retrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, §2º, CF.

Didatismo e Conhecimento 96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Esta autonomia funcional e administrativa também se aplica para a 7 Existe hierarquia entre normas gerais e normas específicas?
Defensoria Pública da União e do Distrito Federal, por força da Emenda Sim, pois as normas específicas devem observar o que é previsto pelas
Constitucional nº 74, de seis de agosto de 2013, que acresceu um tercei- normas gerais.
ro parágrafo ao art. 134, da Constituição Federal, para sanar esse lapso
do constituinte quanto a estas Defensorias. 8 Hierarquia dos Tratados Internacionais de que o Brasil seja
signatário. Quando a Constituição Federal de 1988 entrou em vigor,
o Supremo Tribunal Federal entendia que todo e qualquer Tratado In-
HIERARQUIA DAS NORMAS; ternacional, fosse ou não sobre direitos humanos, tinha “status” de lei
ordinária.
Tal entendimento vigorou até o advento da Emenda Constitucio-
nal nº 45/2004, que acresceu ao art. 5º da Constituição um parágrafo
1 Espécies normativas existentes. São elas, nos termos do art. terceiro, segundo o qual os tratados e convenções internacionais sobre
59, da Constituição Federal: direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
A) Emendas à Constituição; Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
B) Leis complementares; membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
C) Leis ordinárias; Mas como fica a situação dos Tratados Internacionais que não fo-
D) Leis delegadas; rem (ou não foram) aprovados pelo quórum de Emenda Constitucional?
E) Medidas provisórias; Com isso, o STF revisou seu posicionamento, e, atualmente, os Trata-
F) Decretos legislativos; dos Internacionais possuem tripla hierarquia em nosso ordenamento:
G) Resoluções. A) Se versar sobre direitos humanos, e for aprovado pelo quórum
Convém lembrar que Lei Complementar disporá sobre a elabora- de Emenda Constitucional, o “status” do Tratado Internacional será de
ção, redação, alteração e consolidação das leis. Esta Lei já existe, e é a Emenda Constitucional;
Lei Complementar nº 95/1998. B) Se versar sobre direitos humanos, mas não for aprovado pelo
quórum de Emenda Constitucional, o “status” do Tratado Internacional
2 Existe hierarquia entre uma lei complementar e uma lei ordi- será de norma supralegal, isto é, abaixo da Constituição, mas acima do
nária? Isso já foi tema bastante divergente, mas, atualmente, tanto o Su- ordenamento infraconstitucional;
premo Tribunal Federal como o Superior Tribunal de Justiça afirmam C) Se não versar sobre direitos humanos, o Tratado Internacional
não haver qualquer hierarquia entre estas duas espécies normativas. A terá o “status” de lei ordinária, conforme o entendimento primeiro do
única diferença é que as matérias que a Constituição Federal quer que Supremo Tribunal Federal.
sejam tratadas por lei complementar são “matérias reservadas”, de ma-
neira que, quando o texto constitucional disser que uma determinada
matéria “compete à lei”, apenas, significa que essa lei é ordinária, por PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CF/88;
não ser matéria reservada, pois, quando quiser que a matéria seja tratada
por lei complementar, dirá “compete à lei complementar”.

3 Uma matéria de lei complementar poderá ser tratada por lei A seguir, há se estudar os quatro primeiros artigos da Constituição
ordinária? Não. Se lei ordinária tratar de matéria de lei comple- Federal, que trazem os princípios fundamentais da República Federati-
mentar, esta lei será formalmente inconstitucional. va do Brasil. Para tanto, convém a análise de cada dispositivo separada-
mente, para sua melhor compreensão.
4 Uma matéria de lei ordinária pode ser tratada por lei com-
plementar? Sim, perfeitamente. Isto se dá por uma questão de econo- 1 Art. 1º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar o enten-
mia legislativa (afinal, se a lei complementar trata de matéria reservada, dimento do leitor:
não deve haver óbice que trate de matéria não reservada). Ademais, às
vezes, pode ser que haja dúvida se a matéria deva ser tratada por lei Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indis-
complementar ou lei ordinária, de forma que é melhor, assim, para evi- solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
tar eventual invalidação, regulamentar a questão por lei complementar. Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
Num caso assim, a lei será formalmente complementar, mas material- I - a soberania;
mente ordinária. II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
5 Qual o quórum de aprovação da lei ordinária? E o quórum IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
de aprovação de lei complementar? Deve haver maioria relativa para V - o pluralismo político.
lei ordinária, isto é, mais de cinquenta por cento dos presentes na vo- Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
tação. Já para lei complementar, o quórum de aprovação é de maioria meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons-
absoluta, isto é, mais de cinquenta por cento dos membros da Casa Par- tituição.
lamentar.
Os “princípios fundamentais” da República Federativa do Brasil
6 Existe hierarquia entre leis federais, estaduais e municipais? estão posicionados logo no início da Constituição pátria, após o preâm-
Não, pois o fundamento de todas as leis deve ser a Constituição pá- bulo constitucional, e antes dos direitos e garantias fundamentais. Re-
tria de 1988. O tribunal competente para julgar em última instân- presentam as premissas especiais e majoritárias que norteiam todo o
cia um conflito entre lei federal e lei municipal é o Supremo Tribu- ordenamento pátrio, como a dignidade da pessoa humana, o pluralismo
nal Federal (até a Emenda Constitucional nº 45/2004, esta era uma político, a prevalência dos direitos humanos, a harmonia entre os três
atribuição do Superior Tribunal de Justiça). Poderes etc.

Didatismo e Conhecimento 97
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Há se tomar cuidado, contudo, para eventuais “pegadinhas” de 2 Art. 2º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar o enten-
concurso. Se a questão perguntar “quais são os fundamentos da Repú- dimento do leitor:
blica Federativa do Brasil”, há se responder aqueles previstos no art. 1º,
caput, CF. Agora, se a questão perguntar “quais são os objetivos fun- Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si,
damentais da República Federativa do Brasil”, há se responder aqueles o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
previstos no art. 3º. Por fim, se a questão perguntar “quais são os princí-
pios seguidos pelo Brasil nas relações internacionais”, há se responder São três os Poderes da República, a saber, o Executivo (ou Admi-
aqueles previstos no art. 4º, da Lei Fundamental. nistrativo), o Legislativo e o Judiciário, todos independentes e harmô-
nicos entre si.
1.1 Significado de “República Federativa do Brasil” (art. 1º, Por independência, significa que cada Poder pode realizar seus
caput, CF). Com efeito, a expressão “República Federativa do Brasil”, próprios concursos, pode destinar o orçamento da maneira que lhe con-
usada no art. 1º, caput, CF, revela, dentre outras coisas: vier, pode estruturar seu quadro de cargos e funcionários livremente,
A) A forma de Estado: o Brasil é uma federação, isto é, o resultado pode criar ou suprimir funções, pode gastar ou suprimir despesas de
da união indissolúvel de Estados-membros, dos Municípios e do Distri-
acordo com suas necessidades, dentre inúmeras outras atribuições.
to Federal. Inclusive, por força do art. 60, §4º, I, CF, a forma federativa
Por harmonia, significa que cada Poder deve respeitar a esfera de
de Estado é cláusula pétrea constitucionalmente explícita.
B) A forma de governo: O Brasil é uma república. atribuição dos outros Poderes. Assim, dentro de suas atribuições típicas,
ao Judiciário não compete legislar (caso em que estaria invadindo a es-
1.2 Significado de “Estado Democrático de Direito” (art. 1º, fera de atuação típica do Poder Legislativo), ao Executivo não compete
caput, CF). Ato contínuo, o mesmo art. 1º, caput, prevê que esta união julgar, e ao Executivo não compete editar leis (repete-se: em sua esfera
indissolúvel dos membros da federação constitui-se um “Estado De- de atribuições típica).
mocrático de Direito”, Estado este que representa o resultado de uma Essa harmonia, também, pode ser vista no controle que um Poder
revolução histórica, por ser o sucessor, nesta ordem, dos Estados Liberal exerce sobre o outro, na conhecida “Teoria dos Freios e Contrapesos”.
e Social. É óbvio que cada Poder tem suas funções atípicas (ex.: em alguns
casos o Judiciário legisla) (ex. 2: em alguns casos o Legislativo julga).
1.3 Significado de “soberania” (art. 1º, I, CF). Significa poder Isso não representa óbice, todavia, que a atuação funcional de cada Po-
político, supremo e independente. Soberania, aqui, tem significado de der corra de maneira independente, desde que respeitada a harmonia de
“soberania nacional”. É totalmente diferente da “soberania popular”, de cada um para com seus “Poderes-irmãos”, obviamente.
que trata o parágrafo único, do art. 1º, CF, segundo a qual todo poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou di- 3 Art. 3º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar o enten-
retamente, nos termos da Constituição. dimento do leitor:

1.4 Significado de “cidadania” (art. 1º, II, CF). É o direito de Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federa-
ter direitos. O cidadão, por meio da cidadania, pode contrair direitos e tiva do Brasil:
obrigações. I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
1.5 Significado de “dignidade da pessoa humana” (art. 1º, III, III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualda-
CF). A dignidade humana é o elemento mais forte que a Constituição des sociais e regionais;
Federal consagra a um ser humano, apesar de independer desta consa- IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
gração constitucional para que o ser humano tenha o direito à existência sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
digna.
Consiste a dignidade numa série de fatores que, necessariamente
Logo no início do estudo dos “princípios fundamentais”, localiza-
devem ser observados para que o homem tenha condições de sobrevi-
vência. Não é à toa que a dignidade da pessoa humana tem “status” de dos entre os arts. 1º e 4º, da Constituição, foi dito que os “fundamentos
sobreprincípio constitucional, isto é, está acima até mesmo dos princí- da República Federativa do Brasil” não são a mesma coisa que os “ob-
pios (é o entendimento que prevalece na doutrina). jetivos fundamentais da República Federativa do Brasil”.
1.6 Significado de “valores sociais do trabalho e da livre ini- Melhor explica-se: por “fundamentos” entende-se aquelas situa-
ciativa” (art. 1º, IV, CF). É o reconhecimento de que adotamos o ca- ções que já são inerentes ao sistema constitucional pátrio. A dignidade
pitalismo (iniciativa privada), mas um “capitalismo humanista”, isto é, da pessoa humana, p. ex., não é um objetivo a ser alcançado num futuro
fortemente influenciado pelos valores sociais do trabalho. É exatamente próximo, mas uma exigência prevista para o presente. Já os “objetivos
por isso, p. ex., que os arts. 7º e 8º, da Constituição Federal, consagram fundamentais” são as premissas a que o Brasil se compromete a alcan-
uma série de direitos aos trabalhadores e rurais. É exatamente por isso çar o quanto antes em prol da consolidação da sua democracia.
também, p. ex., que não se pode impor pena de trabalhos forçados, que Graças a este art. 3º, pode-se falar que o Brasil vive à égide de uma
se considera o trabalho escravo crime, e que se exige que o trabalho Constituição compromissária, dirigente. O art. 3º nos revela que temos
deve ser justamente remunerado de acordo com sua complexidade. um caminho a ser percorrido. O art. 3º é a busca pela concretização dos
princípios fundamentais do art. 1º.
1.7 Significado de “pluralismo político” (art. 1º, V, CF). Por ser E, como objetivos fundamentais, se elenca a construção de uma so-
o Brasil um país cuja identidade é resultante da miscigenação étnica, ciedade livre, justa e solidária (art. 3º, I), a garantia do desenvolvimento
religiosa, racial, ideal, o pluralismo político assegura que todas estas nacional (art. 3º, II), a erradicação da pobreza e da marginalidade, e a
nuanças sejam devidamente respeitadas, constituam elas ou não uma redução das desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III), e a promoção
maioria. É dizer, desta forma, que o pluralismo político representa o do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, idade, cor, e
respeito às minorias, também. quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, IV).

Didatismo e Conhecimento 98
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3.1 Significado da expressão “construir uma sociedade livre, I - independência nacional;
justa e solidária” (art. 3º, I, CF). A “fraternidade” não é consagrada II - prevalência dos direitos humanos;
explicitamente na Constituição, tal como o são a “liberdade” e a “igual- III - autodeterminação dos povos;
dade”, somente se lhe fazendo menção no preâmbulo constitucional, IV - não intervenção;
quando se utiliza a expressão “sociedade fraterna”. V - igualdade entre os Estados;
Por “sociedade livre”, se entende a não submissão deste país a VI - defesa da paz;
qualquer força estrangeira (tal como já foi este país colônia de Portugal) VII - solução pacífica dos conflitos;
bem como por qualquer movimento totalitário nacional (tal como já foi VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
este país vítima do regime militar). IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
Por “sociedade justa” há se entender aquela que respeita e que faz X - concessão de asilo político.
ser respeitada, não permitindo atrocidades políticas, abusos econômi- Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in-
cos, ou violações à dignidade humana. tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Por fim, por “sociedade solidária” há se entender a observância ao
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
terceiro vetor da Revolução Francesa, a saber, a “fraternidade”, repre-
nações.
sentativa da cooperação interna e internacional.
O art. 4º é a revelação de que vivemos em um “Estado Constitucio-
3.2 Significado da expressão “garantir o desenvolvimento na-
cional” (art. 3º, II, CF). Mais à frente se estudará a chamada “terceira nal Cooperativo”, expressão esta utilizada por Peter Häberle, defensor
geração/dimensão” de direitos fundamentais, ligada ao valor “fraterni- de uma concepção culturalista de Constituição. Por “Estado Constitu-
dade”, dentro da qual estariam, dentre outros, o direito ao progresso, ao cional Cooperativo” se entende um Estado que se disponibiliza para
meio ambiente, e o direito de propriedade sobre o patrimônio comum outros Estados, que se abre para outros Estados, mas que exige algum
da humanidade. grau de reciprocidade em troca, a bem do desenvolvimento de um cons-
Este “desenvolvimento nacional” deve ser entendido em sentido titucionalismo mundial, ou, ao menos, ocidental.
amplo, isto é, para mais que um simples progresso econômico. Englo-
ba, também, o desenvolvimento político, social, cultural, ideal, dentre 4.1 Significado de “independência nacional” (art. 4º, I, CF). É
tantos outros. a consequência da “soberania nacional”, constante do art. 1º, I, CF. Afi-
nal, é graças à independência deste país que se autoriza a chamá-lo de
3.3 Significado da expressão “erradicar a pobreza e a margi- nação soberana.
nalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (art. 3º,
III, CF). Trata-se de desdobramento da garantia do desenvolvimento 4.2 Significado de “prevalência dos direitos humanos” (art. 4º,
nacional do art. 3º, II, CF. II, CF). Os direitos humanos são proteções jurídicas necessárias à con-
O Brasil é uma nação de diferenças socioeconômicas gritantes no cretização da dignidade da pessoa humana.
que atine à sua população, com a majoritária concentração de rique- Em verdade, os direitos fundamentais nada mais são que os direi-
za nas mãos de poucos. Sendo assim, como um processo osmótico, do tos humanos internalizados em Constituições.
meio mais para o menos concentrado, é preciso que parte dessa riqueza Desta forma, tal como os direitos fundamentais devem prevalecer
seja transferida aos grupos populacionais mais carentes. no plano interno, também os direitos humanos devem ser a tônica no
Veja-se que, neste aspecto, o texto constitucional foi feliz em seu plano internacional. Disso infere-se que tanto faria ao constituinte ter
texto: é preciso “erradicar” a pobreza e a marginalização, mas “reduzir” consagrado, neste art. 4º, II, CF, a “prevalência dos direitos humanos”
as desigualdades sociais e regionais. Ora, bem sabem todos que sempre (como o fez) ou a “prevalência dos direitos fundamentais”. O resultado
haverá discrepâncias sociais e regionais (a concentração da produção pretendido é o mesmo.
industrial, p. ex., obviamente se concentra em sua maior parte na região
sudeste e em menor parte na região norte do país). O que se deve é,
4.3 Significado de “autodeterminação dos povos” (art. 4º, III,
apenas, atenuar estas desigualdades.
CF). Esse princípio é um “recado” às demais nações. Por tal, o Brasil
Já a pobreza “é pobreza em qualquer lugar” (com o perdão da li-
afirma que não aceita nem adota a prática de que um povo seja sub-
cença poética), e, portanto, deve ser extirpada deste país.
metido/subordinado a outro. Todos têm direito a um Estado, para que
3.4 Significado da expressão “promover o bem de todos, sem possam geri-lo, autonomamente, da maneira que melhor lhes convier.
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação” (art. 3º, IV, CF). Eis o reconhecimento do 4.4 Significado de “não intervenção” e “defesa da paz” (art. 4º,
“pluralismo” como elemento norteador da nação (o “pluralismo”, como IV e VI, CF). A República Federativa do Brasil é um Estado não belige-
já dito outrora, é muito mais que o simples conceito de “democracia”). rante. Não é uma tendência deste país as “guerras de conquistas” nem as
A promoção do bem de todos deve ser feita sem qualquer diferen- “guerras preventivas”, tal como é praxe na cultura norte-americana, mas
ciação quanto às posições políticas, religiosas, étnicas, ideais, e sociais. só as “guerras defensivas”, isto é, as guerras de proteção ao território
e ao povo brasileiro, ainda que, para isso, precise lutar fora do espaço
4 Art. 4º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar o enten- territorial pátrio. Em outras palavras, “guerra defensiva” não significa
dimento do leitor: esperar ser invadido, como erroneamente se possa pensar.
Para a solução dos conflitos, busca-se a arbitragem internacional,
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações os acordos internacionais, a mediação, o auxílio das Nações Unidas etc.
internacionais pelos seguintes princípios: O belicismo só deve ser utilizado em último caso.

Didatismo e Conhecimento 99
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4.5 Significado de “igualdade entre os Estados” (art. 4º, V, CF).
Trata-se de princípio autoexplicativo. O Brasil não reconhece a exis- DIREITOS E GARANTIAS
tência de Estados “maiores” ou “melhores” que os outros tão-somente FUNDAMENTAIS;
por seu poderio bélico, econômico, cultural etc. Sendo iguais todas as
nações, todas podem proteger-se e ser protegidas contra ameaças es-
trangeiras, tal como o Brasil se autoriza a fazer.

4.6 Significado de “solução pacífica dos conflitos” (art. 4º, VII, A seguir, há se estudar as quatro espécies de direitos e garantias
CF). Trata-se de desdobramento dos princípios da “não intervenção” fundamentais previstas na Constituição Federal: direitos e deveres indi-
e da “defesa da paz” já estudados. Para a solução dos conflitos, busca- viduais e coletivos, direitos sociais, direitos da nacionalidade, e direitos
se a arbitragem internacional, os acordos internacionais, a mediação, o políticos. Para tanto, cada espécie será estudada separadamente.
auxílio das Nações Unidas etc. O belicismo só deve ser utilizado em
último caso. 1 Direitos e deveres individuais e coletivos. Reproduzamos o art.
5º, CF, para facilitar o estudo:
4.7 Significado de “repúdio ao terrorismo e ao racismo” (art.
4º, VIII, CF). “Repúdio” tem significado de repulsa, contrariedade. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
“Racismo” é um termo amplo para designar qualquer tipo de discrimi- natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
nação, seja ela de raça ou não. País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segu-
O Brasil não tem uma tipificação específica para crimes de ter- rança e à propriedade, nos termos seguintes:
rorismo, como o tem para os crimes de racismo. A “Lei de Segurança I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos ter-
Nacional” (Lei nº 7.170/83) apenas fala em “atos de terrorismo” em seu mos desta Constituição;
art. 20, sem especificar, contudo, o que seriam estes atos e como puni II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
-los. Por tratar-se de conceito indeterminado, há se defender que, hoje, o senão em virtude de lei;
Brasil não pune de forma autônoma o crime de terrorismo. III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano
ou degradante;
4.8 Significado de “cooperação entre os povos para o progresso IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
da humanidade” (art. 4º, IX, CF). Um bom exemplo da aplicação nimato;
deste princípio está no parágrafo único, do art. 4º, da Constituição Fede- V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
ral, segundo o qual a República Federativa do Brasil buscará a integra- além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
ção econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo as-
visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
segurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da
Tal objetivo acabou sendo em parte alcançado com a criação do MER-
lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
COSUL, ainda não totalmente implementado.
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
Essa ideia de cooperação entre os povos remonta a uma proposta
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
defendida pelo globalismo, de formação de blocos econômico-políticos
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re-
de desenvolvimento recíproco. Some-se a isso o fato de que, o art. 4º,
ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
IX, CF, em sua parte final, faz menção ao “progresso da humanidade”,
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
o qual é considerado um direito fundamental de terceira dimensão/ge-
prestação alternativa, fixada em lei;
ração, aliado ao valor “fraternidade”, na abrasileirada classificação de
Paulo Bonavides. IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica
Assim, unindo a ideia de fraternidade à de criação de grupos de e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
países (como o MERCOSUL, como a União Europeia etc.), forma-se X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima-
o princípio de cooperação entre os povos para o progresso de cada país gem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material
e da humanidade. ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
4.9 Significado de “concessão de asilo político” (art. 4º, X, CF). penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
“Asilo político” é a proteção que um Estado dá a nacionais de outros delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por deter-
Estados que estiverem sofrendo perseguições políticas em razão de sua minação judicial;
ideologia, crença, etnia etc. O Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80) XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
regula a condição do asilado. Em seu art. 28, se afirma que o estrangeiro telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
admitido no território nacional na condição de asilado político ficará su- caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
jeito, além dos deveres que lhe forem impostos pelo direito internacio- para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
nal, a cumprir as disposições da legislação vigente e as que o Governo XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
brasileiro lhe fixar. atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o
sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou
dele sair com seus bens;

Didatismo e Conhecimento 100


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de
abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; ou ameaça a direito;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
de caráter paramilitar; perfeito e a coisa julgada;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperati- XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
vas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
seu funcionamento; que lhe der a lei, assegurados:
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas a) a plenitude de defesa;
ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no b) o sigilo das votações;
primeiro caso, o trânsito em julgado; c) a soberania dos veredictos;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a
associado; vida;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autoriza- XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
das, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extraju- prévia cominação legal;
dicialmente; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XXII - é garantido o direito de propriedade; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; liberdades fundamentais;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
Constituição; graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade compe- drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evi-
indenização ulterior, se houver dano;
tá-los, se omitirem;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre
Estado Democrático;
os meios de financiar o seu desenvolvimento;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, pu-
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser,
blicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo
tempo que a lei fixar; nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: o limite do valor do patrimônio transferido;
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades des- outras, as seguintes:
portivas; a) privação ou restrição da liberdade;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras b) perda de bens;
que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às c) multa;
respectivas representações sindicais e associativas; d) prestação social alternativa;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privi- e) suspensão ou interdição de direitos;
légio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações XLVII - não haverá penas:
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art.
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento 84, XIX;
tecnológico e econômico do País; b) de caráter perpétuo;
XXX - é garantido o direito de herança; c) de trabalhos forçados;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será re- d) de banimento;
gulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasilei- e) cruéis;
ros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consu- acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
midor; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa- moral;
ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalva- permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
das aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
do Estado; caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de compro-
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do paga- vado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
mento de taxas: forma da lei;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime polí-
ou contra ilegalidade ou abuso de poder; tico ou de opinião;

Didatismo e Conhecimento 101


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela auto- LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popu-
ridade competente; lar que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente
devido processo legal; e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
os meios e recursos a ela inerentes; aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
ilícitos; sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma
de sentença penal condenatória; da lei:
LVIII - o civilmente identificado não será submetido à identifica- a) o registro civil de nascimento;
ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; b) a certidão de óbito;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e,
na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania;
esta não for intentada no prazo legal;
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são as-
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
segurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; celeridade de sua tramitação.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem §1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos têm aplicação imediata.
casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos §2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não ex-
em lei; cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados,
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou seja parte.
à pessoa por ele indicada; §3º. Os tratados e convenções internacionais sobre direitos huma-
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de nos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
advogado; equivalentes às emendas constitucionais.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua §4º. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacio-
prisão ou por seu interrogatório policial; nal a cuja criação tenha manifestado adesão.
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária; 1.1 Direito à vida. O art. 5º, caput, da Constituição Federal, dispõe
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei que o direito à vida é inviolável. Dividamos em subtópicos:
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; A) Acepções do direito à vida. São duas as acepções deste direito à
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável vida, a saber, o direito de permanecer vivo (ex.: o Brasil veda a pena de
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia morte, salvo em caso de guerra declarada pelo Presidente da República
e a do depositário infiel; em resposta à agressão estrangeira, conforme o art. 5º, XLVII, “a” c.c.
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer art. 84, XIX, CF), e o direito de viver com dignidade (ex.: conforme
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de o art. 5º, III, CF, ninguém será submetido à tortura nem a tratamento
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; desumano ou degradante) (ex. 2: consoante o art. 5º, XLV, CF, nenhuma
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos de lei, es-
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quan-
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
do o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pú-
patrimônio transferido) (ex. 3: são absolutamente vedadas neste ordena-
blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
mento constitucional penas de caráter perpétuo, de banimento, cruéis, e
Público; de trabalhos forçados) (ex. 4: a pena será cumprida em estabelecimentos
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apena-
a) partido político com representação no Congresso Nacional; do, conforme o inciso XLVIII, do art. 5º, CF) (ex. 5: pelo art. 5º, XLIX,
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral);
mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em de- B) Algumas questões práticas sobre o direito à vida. Como fica o
fesa dos interesses de seus membros ou associados; caso das Testemunhas de Jeová, que não admitem receber transfusão
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de de sangue? Como fica a questão do conflito entre o direito à vida e a
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liber- liberdade religiosa? O entendimento prevalente é o de que o direito à
dades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à vida deve prevalecer sobre a liberdade religiosa.
soberania e à cidadania; E o caso da eutanásia/ortotanásia? São escassas as decisões judi-
LXXII - conceder-se-á habeas data: ciais admitindo o “direito de morrer”, condicionando isso ao elevado
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pes- grau de sofrimento de quem pede, bem como a impossibilidade de re-
soa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de enti- cuperação deste. Há se lembrar que, tal como o direito de permanecer
dades governamentais ou de caráter público; vivo, o direito à vida também engloba o direito de viver com dignidade,
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por e conviver com o sofrimento físico é um profundo golpe a esta digni-
processo sigiloso, judicial ou administrativo; dade do agente.

Didatismo e Conhecimento 102


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
E a legalização do aborto? Também há grande celeuma em torno E se não houver prestação alternativa fixada em lei, fica inviabi-
da questão. Quem se põe favoravelmente ao aborto o faz com base no lizada a escusa de consciência? Não, a possibilidade é ampla. Mesmo
direito à privacidade e à intimidade, de modo que não caberia ao Estado se a lei não existir, a pessoa poderá alegar o imperativo de consciência,
obrigar uma pessoa a ter seu filho. Quem se põe de maneira contrária ao independentemente de qualquer contraprestação.
aborto, contudo, o faz com base na vida do feto que se está dando fim E se a pessoa se recusa a cumprir, também, a prestação alternativa?
com o procedimento abortivo. Ficará com seus direitos políticos suspensos (há quem diga que seja
E a hipótese de fetos anencéfalos? O Supremo Tribunal Federal hipótese de perda dos direitos políticos, na verdade), por força do que
decidiu pela possibilidade de extirpação do feto anencefálico do ventre prevê o art. 15, IV, da Constituição Federal.
materno, sem que isso configure o crime de aborto previsto no Código B) Liberdade de locomoção.Consoante o inciso XV, do art. 5º, da
Penal. Isto posto, em entendendo que o feto anencefálico tem vida, ago- Lei Fundamental, é livre a locomoção no território nacional em tempos
ra são três as hipóteses de aborto: em caso de estupro, em caso de risco de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos de lei (essa lei é a de nº
à vida da gestante, e em caso de feto anencefálico. Por outro lado, em 6.815 - Estatuto do Estrangeiro), nele entrar, permanecer ou dele sair
entendendo que o feto anencefálico não tem vida, não haverá crime de com seus bens.
Isso nada mais representa que a “liberdade de ir e vir”;
aborto por se tratar de crime impossível, afinal, para que haja o delito é
C) Liberdade da manifestação do pensamento. Conforme o art. 5º,
necessário que o feto esteja vivo. De toda maneira, qualquer que seja o
IV, da Constituição pátria, é livre a manifestação do pensamento, sendo
entendimento adotado, agora é possível tal hipótese, independentemen-
vedado o anonimato. Por outro lado, o inciso subsequente a este asse-
te de autorização judicial.
gura o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem.
1.2 Direito à liberdade. O direito à liberdade, consagrado no caput Veja-se, pois, que a Constituição protege a “manifestação” do pen-
do art. 5º, CF, é genericamente previsto no segundo inciso do mesmo samento, isto é, sua exteriorização, já que o “pensamento em si” já é
artigo, quando se afirma que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de livre por sua própria natureza de atributo inerente ao homem.
fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Tal dispositivo representa a Ademais, a vedação ao anonimato existe justamente para permitir
consagração da autonomia privada. a responsabilização quando houver uma manifestação abusiva do pen-
Trata-se a liberdade, contudo, de direito amplíssimo, por com- samento;
preender, dentre outros, a liberdade de opinião, a liberdade de pensa- D) Liberdade de profissão. É livre o exercício de qualquer trabalho,
mento, a liberdade de locomoção, a liberdade de consciência e crença, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei es-
a liberdade de reunião, a liberdade de associação, e a liberdade de ex- tabelecer (art. 5º, XIII, CF).
pressão. Trata-se de norma constitucional de eficácia contida, seguindo a
Dividamos em subtópicos: tradicional classificação de José Afonso da Silva, pois o exercício de
A) Liberdade de consciência, de crença e de culto. O art. 5º, VI, da qualquer trabalho é livre embora a lei possa estabelecer restrições. É o
Constituição Federal, prevê que é inviolável a liberdade de consciência caso do exercício da advocacia, p. ex., condicionado à prévia composi-
e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e ção dos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil por meio de exame
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas litur- de admissão.
gias. Ademais, o inciso VIII, do art. 5º, dispõe que é assegurada, nos Tal liberdade representa tanto o exercício de qualquer profissão
termos de lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e como a escolha de qualquer profissão;
militares de internação coletiva. E) Liberdade de expressão.Trata-se de liberdade amplíssima. Con-
Há se ressaltar, preliminarmente, que a “consciência” é mais algo forme o nono inciso, do art. 5º, da Lei Fundamental, é livre a expressão
amplo que “crença”. A “crença” tem aspecto essencialmente religioso, da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, indepen-
enquanto a “consciência” abrange até mesmo a ausência de uma crença. dentemente de censura ou licença.
Isto posto, o “culto” é a forma de exteriorização da crença. O culto Tal dispositivo é a consagração do direito à manifestação do pen-
se realiza em templos ou em locais públicos (desde que atenda à ordem samento, ao estabelecer meios que deem efetividade a tal direito, afinal,
o rol exemplificativo de meios de expressão previstos no mencionado
pública e não desrespeite terceiros).
inciso trata das atividades intelectuais, melhor compreendidas como o
O Brasil não adota qualquer religião oficial, como a República Islâ-
direito à elaboração de raciocínios independentes de modelos preexis-
mica do Irã, p. ex. Em outros tempos, o Brasil já foi uma nação oficial-
tentes, impostos ou negativamente dogmatizados; das atividades artís-
mente católica. Com a Lei Fundamental de 1988, o seu art. 19 vedou o
ticas, que representam o incentivo à cena cultural, sem que músicas,
estabelecimento de religiões oficiais pelo Estado. livros, obras de arte e espetáculos teatrais, por exemplo, sejam objeto de
O que é a “escusa de consciência”? Está prevista no art. 5º, VIII, censura prévia, como houve no passado recente do país; das atividades
da Constituição, segundo o qual ninguém será privado de direitos por científicas, aqui entendidas como o direito à pesquisa e ao desenvolvi-
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo mento tecnológico; e da comunicação, termo abrangente, se considera-
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recu- da a imprensa, a televisão, o rádio, a telefonia, a internet, a transferência
sar-se a cumprir prestação alternativa fixada em lei. de dados etc.;
Enfim, a escusa de consciência representa a possibilidade que a F) Liberdade de informação. É assegurado a todos o acesso à in-
pessoa tem de alegar algum imperativo filosófico/religioso/político para formação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercí-
se eximir de alguma obrigação, cumprindo, em contrapartida, uma pres- cio profissional (art. 5º, XIV, CF).
tação alternativa fixada em lei. Tal liberdade engloba tanto o direito de informar (prerrogativa de
A prestação alternativa não tem qualquer cunho sancionatório. É transmitir informações pelos meios de comunicação), como o direito de
apenas uma forma de se respeitar a convicção de alguém. ser informado.

Didatismo e Conhecimento 103


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Vale lembrar, inclusive, que conforme o art. 5º, XXXIII, da Cons- 1.4 Direito à segurança. A segurança é tratada tanto no caput do
tituição, todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de art. 5º, como no caput do art. 6º, ambos da Constituição Federal.
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres- No caput do art. 6º, se refere à segurança pública, que será estuda-
tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas da quando da análise dos direitos sociais. A segurança a que se refere o
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; caput do art. 5º é a segurança jurídica, que impõe aos Poderes públicos
G) Liberdade de reunião e de associação. Pelo art. 5º, XVI, CF, o respeito à estabilidade das relações jurídicas já constituídas.
todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao Engloba-se, pois, o direito adquirido (o direito já se incorporou a
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem seu titular), o ato jurídico perfeito (há se preservar a manifestação de
outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo ape- vontade de quem editou algum ato, desde que ele não atente contra a
nas exigido prévio aviso à autoridade competente. Eis a liberdade de lei, a moral e os bons costumes), e a coisa julgada (é a imutabilidade
reunião. de uma decisão que impede que a mesma questão seja debatida pela
Já pelo art. 5º, XVII, CF, é plena a liberdade de associação para via processual novamente), consagrados todos no art. 5º, XXXVI, da
fins lícitos, sendo vedado que associações tenham caráter paramilitar. Constituição Federal.
Eis a liberdade de associação.
O que diferencia a “reunião” da “associação”, basicamente, é o es- 1.5 Direito de propriedade. Conforme o art. 5º, caput e inciso
paço temporal em que existem. As reuniões são temporárias, para fins XXII, da Constituição Federal, é assegurado o direito de propriedade.
específicos (ex.: protesto contra a legalização das drogas). Já as asso- Há limitações, contudo, a tal direito, como a função social da proprie-
ciações são permanentes, ou, ao menos, duram por mais tempo que as dade. Para melhor compreender tal instituto fundamental, pois, há se
reuniões (ex.: associação dos plantadores de tomate). dividi-lo em temas específicos:
Ademais, a criação de associações independe de lei, sendo vedada A) Função social da propriedade. A função social, consagrada no
a interferência estatal em seu funcionamento (art. 5º, XVIII, CF). As as- art. 5º, XXIII, CF, não é apenas um limite ao direito de propriedade,
sociações poderão ter suas atividades suspensas (para isso não se exige mas, sim, faz parte da própria estrutura deste direito. “Trocando em
decisão judicial transitada em julgado), ou poderão ser dissolvidas (para miúdos”, só há direito de propriedade se atendida sua função social (há,
isso se exige decisão judicial transitada em julgado) (art. 5º, XIX, CF). minoritariamente, quem pense o contrário).
Aliás, é esta função social da propriedade que assegura que a pe-
Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou manter-se associado,
quena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
contudo (art. 5º, XX, CF).
pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos de-
Também, o art. 5º, XXI, da CF, estabelece a possibilidade de repre-
correntes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
sentação processual dos associados pelas entidades associativas. Trata-
financiar o seu desenvolvimento (art. 5º, XXVI, CF);
se de verdadeira representação processual (não é substituição), que de-
B) Inviolabilidade do domicílio. A Constituição Federal assegura,
pende de autorização expressão dos associados nesse sentido, que pode
em seu art. 5º, XI, que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
ser dada em assembleia ou mediante previsão genérica no Estatuto.
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
1.3 Direito à igualdade. Um dos mais importantes direitos funda- por determinação judicial.
mentais, convém dividi-lo em subtópicos para melhor análise: Veja-se que, em caso de flagrante delito, para prestar socorro, ou
A) Igualdade formal e material. A igualdade deve ser analisada evitar desastre, na casa se pode entrar a qualquer hora do dia. Se hou-
tanto em seu prisma formal, como em seu enfoque material. ver necessidade de determinação judicial, a entrada na residência, salvo
Sob enfoque formal, a igualdade consiste em tratar a todos igual- consentimento do morador, somente pode ser feita durante o dia;
mente (ex.: para os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito C) Requisição da propriedade. A Constituição Federal prevê duas
anos, o voto é facultativo. Todos que se situam nesta faixa etária têm o hipóteses de requisição: no caso de iminente perigo público, a autori-
direito ao voto, embora ele seja facultativo). dade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
Ademais, neste enfoque formal, a igualdade pode ser na lei (nor- proprietário indenização ulterior, se houver dano (art. 5º, XXV, CF); e
mas jurídicas não podem fazer distinções que não sejam autorizadas no caso de vigência de estado de sítio, decretado em caso de comoção
pela Constituição), bem como perante a lei (a lei deve ser aplicada grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem
igualmente a todos, mesmo que isso crie desigualdade). a ineficácia da medida tomada durante o estado de defesa, é possível a
Já sob enfoque material, a igualdade consiste em tratar de forma requisição de bens (art. 139, VII, CF).
desigual os desiguais (ex: o voto é facultativo para os analfabetos. To- Na requisição civil não há transferência de propriedade. Há ape-
davia, os analfabetos não podem ser votados. A alfabetização é uma nas uso ou ocupação temporários da propriedade particular. Trata-se de
condição de elegibilidade. Significa que, se o indivíduo souber ler e es- ocupação emergencial, de modo que só caberá indenização posterior, e,
crever, poderá ser votado. Se não, há óbice constitucional a que ocupe ainda, se houver dano.
cargo eletivo); A requisição militar também é emergencial. Também só haverá
B) Igualdade de gênero. A CF é expressa, em seu art. 5º, I: homens indenização posterior, diante de dano;
e mulheres são iguais nos termos da Constituição Federal. Isso significa D) Desapropriação da propriedade. Prevista no art. 5º, XXIV, da
que a CF pode fixar distinções, como o faz quanto aos requisitos para CF, é cabível em três casos: necessidade pública; utilidade pública; e
aposentadoria, quanto à licença-gestante, e quanto ao serviço militar interesse social.
obrigatório apenas para os indivíduos do sexo masculino, p. ex. Quanto Na desapropriação, dá-se retirada compulsória da propriedade do
à legislação infraconstitucional, é possível fixar distinções, desde que particular.
isso seja feito em consonância com a Constituição Federal, isto é, sem Se em razão de interesse social, exige-se indenização em dinheiro
excedê-la ou for-lhe insuficiente. justa e prévia, como regra geral.

Didatismo e Conhecimento 104


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E, nos casos de necessidade e utilidade pública, o particular não A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio tem-
tem culpa alguma. Trata-se, meramente, de situação de prevalência do porário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais,
interesse público sobre o interesse privado. A indenização, como regra à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
geral, também deve ser prévia, justa, e em dinheiro. distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecno-
Ainda, no caso de desapropriação por interesse social, pode ocor- lógico e econômico do país (art. 5º, XXIX, CF);
rer a chamada “desapropriação sanção”, pelo desatendimento da função H) Direito de herança. Tal direito está previsto, de maneira pionei-
social da propriedade. Nesse caso, diante da “culpa” do proprietário, a ra, no trigésimo inciso, do art. 5º, CF. Nas outras Constituições, ele era
indenização será prévia, justa, porém não será em dinheiro, mas sim em apenas deduzido do direito de propriedade.
títulos públicos. Com efeito, são duas as hipóteses de desapropriação- Ademais, a sucessão de bens de estrangeiros situados no país será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos bra-
sanção: desapropriação-sanção de imóvel urbano, prevista no art. 182,
sileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de
§4º, III, CF (o pagamento é feito em títulos da dívida pública, com pra- cujus” (art. 5º, XXXI, CF).
zo de resgate de até dez anos); desapropriação-sanção de imóvel rural,
prevista no art. 184, CF (ela é feita para fins de reforma agrária, e o 1.6 Direito à privacidade. Para o estudo do Direito Constitucio-
pagamento é feito em títulos da dívida agrária, com prazo de resgate de nal, a privacidade é o gênero, do qual são espécies a intimidade, a honra,
até vinte anos, contados a partir do segundo ano de sua emissão); a vida privada e a imagem. Neste sentido, o inciso X, do art. 5º, da
E) Confisco da propriedade. O confisco está previsto no art. 243 da Constituição, prevê que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
CF. Também é hipótese de transferência compulsória da propriedade, honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo
como a desapropriação. Mas, dela se distingue porque no confisco não dano material ou moral decorrente de sua violação:
há pagamento de qualquer indenização. A) Intimidade, vida privada e publicidade (imagem). Pela “Teoria
Isto posto, são duas as hipóteses de confisco: as glebas de qualquer das Esferas”, importada do direito alemão, quanto mais próxima do in-
região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psico- divíduo, maior a proteção a ser conferida à esfera (as esferas são repre-
trópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destina- sentadas pela intimidade, pela vida privada, e pela publicidade).
das ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios Desta maneira, a intimidade merece maior proteção. São questões
e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem pre- de foro personalíssimo de seu detentor, não competindo a terceiros in-
juízo de outras sanções previstas em lei (art. 243, caput, CF); bem como vadir este universo íntimo.
todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do Já a vida privada merece proteção intermediária. São questões que
apenas dizem respeito a seu detentor, desde que realizadas em ambiente
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverte-
íntimo. Se momentos da vida privada são expostos ao público, pouco
rá em benefício de instituições e pessoal especializado no tratamento e pode fazer a proteção legal que não resguardar a honra e a imagem do
recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de indivíduo.
fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas Por fim, na publicidade a proteção é mínima. Compete à proteção
substâncias (art. 243, parágrafo único, CF); legal apenas resguardar a honra do indivíduo, já que o ato é público;
F) Usucapião da propriedade (aquelas previstas na Constituição). B) Honra. O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos
Há duas previsões constitucionais acerca de usucapião, em que o prazo pertinentes à reputação do cidadão sujeito de direitos. Exatamente por
para aquisição da propriedade é reduzido: usucapião urbano (aquele isso o Código Penal prevê os chamados “crimes contra a honra”.
que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizan- 1.7 Direitos de acesso à justiça. São vários os desdobramentos
do-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, des- desta garantia:
de que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural, conforme A) Defesa do consumidor.Conforme o inciso XXXII, do art. 5º, da
o art. 183, caput, da CF); e usucapião rural (aquele que, não sendo Constituição, o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consu-
proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos midor. Tal lei existe, e foi editada em 1990. É a Lei nº 8.078 - Código de
ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior Defesa do Consumidor;
a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua B) Inafastabilidade do Poder Judiciário. A lei não excluirá da apre-
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade, consoante ciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito (art. 5º, XXXV,
CF). Junte-se a isso o fato de que os juízes não podem se furtar de deci-
o art. 191, caput, da CF).
dir (proibição do “non liquet”). Isso tanto é verdade que, na ausência de
Não custa chamar a atenção, veja-se, que as hipóteses constitucio-
lei, ou quando esta for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
nais também exigem os requisitos tradicionais da usucapião, a saber, analogia, os costumes e os princípios gerais de direito (art. 4º, da Lei de
a posse mansa e pacífica, a posse ininterrupta, e a posse não-precária. Introdução às Normas do Direito Brasileiro);
Não custa lembrar, por fim, que imóveis públicos não podem ser C) Direito de petição e direito de certidão.São a todos assegurados,
adquiridos por usucapião; independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Po-
G) Propriedade intelectual. A Constituição protege a propriedade deres públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
intelectual como direito fundamental. poder (art. 5º, XXXIV, “a”, CF), bem como a obtenção de certidões em
Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situa-
ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo ções de interesse pessoal (art. 5º, XXXIV, “b”, CF);
que a lei fixar (art. 5º, XXVII, CF). D) Direito ao juiz natural.A Constituição veda, em seu art. 5º,
São assegurados, nos termos de lei, a proteção às participações XXXVII, a criação de juízos ou tribunais de exceção. Desta maneira,
individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz huma- todos devem ser processados e julgados por autoridade judicial previa-
nas, inclusive nas atividades esportivas (art. 5º, XXVIII, “a”, CF), bem mente estabelecida e constitucionalmente investida em seu ofício. Não
como direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras é possível a criação de um tribunal de julgamento após a prática do fato
que criarem ou de que participarem (art. 5º, XXVIII, “b”, CF). tão somente para apreciá-lo.

Didatismo e Conhecimento 105


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Em mesmo sentido, o art. 5º, LIII, CF prevê que ninguém será pro- Objetiva-se fazer cessar as pelejas judiciais infindáveis. Para se
cessado nem sentenciado senão pela autoridade competente; aferir a duração razoável do processo, é preciso analisar o grau de com-
E) Direito ao tribunal do júri.Ao tribunal do júri compete o jul- plexidade da causa, a disposição das partes no resultado da demanda, e
gamento dos crimes dolosos contra a vida, salvo se tiver o agente prer- a atividade jurisdicional que caminhe no sentido de prezar ou não por
rogativa de foro assegurada na Constituição Federal, caso em que esta um fim célere (mas com qualidade).
prerrogativa prevalecerá sobre o júri (é o caso do Prefeito Municipal, p.
ex., que será julgado pelo Tribunal de Justiça, pelo Tribunal Regional 1.8 Direitos constitucionais-penais. Vejamos:
Federal ou pelo Tribunal Regional Eleitoral a depender da natureza do A) Princípio da legalidade. Não há crime sem lei anterior que o
delito perpetrado). defina, nem pena sem prévia cominação legal (art. 5º, XXXIX, CF).
Ademais, além da competência para crimes dolosos contra a vida, Ademais, a lei penal somente retroagirá se para beneficiar o acusado
norteiam o júri a plenitude de defesa (que é mais que a ampla defesa), o (art. 5º, XL, CF);
sigilo das votações, e a soberania dos veredictos; B) Princípio da pessoalidade das penas. Nenhuma pena passará da
F) Direito ao devido processo legal. Ninguém será privado da li- pessoa do condenado (apenas a obrigação de reparar o dano e a decre-
berdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, LIV). Em tação do perdimento de bens podem passar da pessoa do condenado, se
verdade, o termo correto é “devido procedimento legal”, pois todo pro- estendendo aos seus sucessores até o limite do patrimônio transferido).
cesso, para ser processo, deve ser legal. O que pode ser legal ou ilegal Eis o teor inciso XLV, do art. 5º, da Lei Fundamental pátria;
é o “procedimento”. C) Princípio da presunção de inocência (ou presunção de não cul-
Ademais, há se lembrar que também na esfera administrativa (e pabilidade). Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julga-
não só na judicial) o direito ao procedimento é devido. do de sentença penal condenatória (art. 5º, LVII, CF). Assim, enquanto
Por fim, insere-se na cláusula do devido processo legal o direito ao for possível algum recurso, a presunção do acusado é de inocência.
duplo grau de jurisdição, consistente na possibilidade de que as deci- Isso não represente um óbice à imposição de prisões processuais/
sões emanadas sejam revistas por outra autoridade também constitucio- medidas cautelares diversas da prisão, todavia;
nalmente investida; D) Crimes previstos na Constituição. A prática do racismo consti-
G) Direito ao contraditório e à ampla defesa. “Contraditório” e tui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
“ampla defesa” não são a mesma coisa, se entendendo pelo primeiro o termos da lei (art. 5º, XLVV).
direito vigente a ambas as partes de serem informadas dos atos proces- A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
suais praticados, e pelo segundo o direito do acusado de se defender das
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles res-
imputações que lhe são feitas. Assim, enquanto o contraditório vale para
pondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
ambas as partes, a ampla defesa só vale para o acusado.
omitirem (art. 5º, XLIII, CF).
O contraditório e a ampla defesa vigem tanto para o procedimento
Por fim, constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
judicial como para o administrativo. Neste sentido, o art. 5º, LV, CF
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
prevê que aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
Estado Democrático (art. 5º, XLIV, CF);
acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa,
E) Direitos relacionados a prisões. Em regra, toda prisão deve ser
com os meios e recursos a ela inerentes; determinada pela autoridade judicial, mediante ordem escrita e funda-
H) Inadmissibilidade de provas ilícitas. São inadmissíveis no pro- mentada, salvo se em caso de flagrante delito (art. 5º, LXI, CF).
cesso tanto as provas obtidas ilicitamente (quanto contrárias à Consti- Ato contínuo, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
tuição) como as obtidas ilegitimamente (quando contrários aos procedi- tre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do
mentos estabelecidos pela lei processual). Prova “ilícita” e “ilegítima” preso ou à pessoa por ele indicada (art. 5º, LXII, CF).
são espécies do gênero “prova ilegal”. Nada obstante, o preso será informado de seus direitos, dentre os
O art. 5º, LVI, CF diz “menos do que queria dizer”, por se referir quais o de permanecer calado (direito a não autoincriminação), sendo-
apenas às provas ilícitas; lhe assegurada a assistência da família e de advogado (art. 5º, LXIII,
I) Direito à ação penal privada subsidiária da pública.O titular da CF).
ação penal pública é o Ministério Público, e a ele compete, pois, mane- O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão
jar esta espécie de ação penal. Se isto não for feito por pura desídia do ou por seu interrogatório policial (art. 5º, LXIV, CF), valendo lembrar
órgão ministerial, é possível o manejo de ação penal privada subsidiária que toda prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judi-
da pública pela vítima (art. 5º, LIX, CF); cial (art. 5º, LXV, CF).
J) Direito à publicidade dos atos processuais. Todos os atos pro- Ademais, ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a
cessuais serão públicos (art. 5º, LX, CF) e as decisões deverão ser devi- lei admitir a liberdade provisória com ou sem fiança (art. 5, LXVI, CF).
damente fundamentadas (art. 93, IX, CF). É possível impor o sigilo pro- Por fim, às presidiárias serão asseguradas condições para que pos-
cessual se o interesse público ou motivo de força maior assim indicar; sam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação
K) Direito à assistência judiciária. O Estado prestará assistência (art. 5º, L, CF);
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recur- F) Penas admitidas e vedadas pelo ordenamento pátrio. São ad-
sos (art. 5º, LXXIV, CF). À Defensoria Pública competirá tal função, mitidas as penas de privação ou restrição de liberdade, perda de bens,
nos moldes do art. 134, caput, da Constituição Federal. multa, prestação social alternativa, bem como suspensão ou interdição
Ademais, são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma de direitos.
da lei, o registro civil de nascimento (art. 5º, LXXVI, “a”, CF) e a certi- Por outro lado, não haverá penas de morte (salvo em caso de guer-
dão de óbito (art. 5º, LXXVI, “b”, CF); ra declarada pelo Presidente da República contra nação estrangeira), de
L) Direito à duração razoável do processo. Trata-se de inciso acres- caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis. Eis o
cido à Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 45/2004. teor do inciso XLVI, do art. 5º, da Magna Carta pátria;

Didatismo e Conhecimento 106


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
G) Uso de algemas. Consoante a Súmula Vinculante nº 11, só é A importância deste “writ” é tão grande que, nos termos do segun-
lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de do parágrafo, do art. 654, do Código de Processo Penal, os juízes e os
fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do pre- tribunais têm competência para expedir de ofício o remédio quando, no
so ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena curso do processo, verificarem que alguém sofre ou está na iminência
de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade de sofrer coação ilegal;
e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuí- E) Legitimidade passiva. Pode ser tanto um agente público (auto-
zo da responsabilidade civil do Estado; ridade policial ou autoridade judicial, p. ex.) como um agente particular
H) Sigilosidade do inquérito policial para o defensor do acusa- (diretor de uma clínica de psiquiatria, p. ex.).
do. De acordo com o art. 20, do Código de Processo Penal, a autori- F) Hipóteses de coação ilegal. A coação será considerada ilegal,
dade policial assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação nos moldes do art. 648, CPP, quando não houver justa causa para tal;
do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Mas, esse sigilo não é quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
absoluto, pois, em verdade, tem acesso aos autos do inquérito o juiz, o quando quem tiver ordenado a coação não tiver competência para fazê
promotor de justiça, e a autoridade policial, e, ainda, de acordo com o -lo; quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; quando
art. 5º, LXIII, CF, com o art. 7º, XIV, da Lei nº 8.906/94 (“Estatuto da não for alguém admitido a prestar fiança nos casos em que a lei auto-
Ordem dos Advogados do Brasil”), e com a Súmula Vinculante nº 14, o riza; quando o processo for manifestamente nulo; ou quando extinta a
advogado tem acesso aos atos já documentados nos autos, independen- punibilidade.
temente de procuração, para assegurar direito de assistência do preso e Vale lembrar, por outro lado, que o segundo parágrafo, do art. 142,
investigado. da Constituição, veda tal remédio constitucional em relação a punições
Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e irrestri- disciplinares militares;
to. Seu acesso é apenas às informações já introduzidas nos autos, mas G) Competência para apreciação. A competência é determinada
não em relação às diligências em andamento. de acordo com a autoridade coatora. Assim, se esta for um Delegado
Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos já de Polícia, o “writ” será endereçado ao juiz de primeiro grau; se for o
documentados, é cabível reclamação ao STF para ter acesso às infor- juiz de primeira instância, endereça-se ao tribunal a que é vinculado; se
mações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), habeas corpus for o promotor de justiça, para um primeiro entendimento endereça-se
em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é o mandado de ao juiz de primeira instância e para um segundo entendimento endere-
segurança em nome do próprio advogado, já que a prerrogativa violada ça-se ao tribunal respectivo equiparando, pois, a autoridade ministerial
de ter acesso aos autos é dele. ao magistrado de primeiro grau; se a autoridade coatora for o juiz do
JECRIM, competente para apreciar o remédio será a turma recursal.
1.9 Habeas corpus. Vejamos o primeiro dos chamados “remédios Vale lembrar, ainda, que o STF (arts. 102, I, “d”, “i” e 102, II, “a”,
constitucionais”: CF) e o STJ (arts. 105, I, “c” e 105, II, “a”, CF) também têm competên-
A) Surgimento. A Magna Carta inglesa, de 1215, foi o primeiro cia para apreciar habeas corpus.
documento a prevê-lo, enquanto o “Habeas Corpus Act”, de 1679, pro- H) Procedimento. O procedimento está previsto no Código de Pro-
cedimentalizou-o pela primeira vez. No Brasil, o Código de Processo cesso Penal, entre seus arts. 647 e 667;
Penal do Império, de 1832, trouxe-o para este ordenamento, enquanto a I) Algumas considerações finais. Pela Súmula nº 695, do Supremo
primeira Constituição Republicana, de 1891, foi a primeira Lei Funda- Tribunal Federal, não cabe HC quando já extinta a pena privativa de
mental pátria a consagrar o instituto (é da época da Lei Fundamental a liberdade.
chamada “Doutrina Brasileira do Habeas Corpus”, que maximizava o Pela Súmula nº 693, STF, não cabe habeas corpus contra decisão
instituto a habilitava-o a proteger qualquer direito, inclusive aqueles que condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infra-
hoje são buscados pela via do Mandado de Segurança). Hoje, a previsão ção penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
constitucional do habeas corpus está no art. 5º, LXVIII, da Constituição Pela Súmula nº 690, STF, compete ao Supremo o julgamento de
da República; habeas corpus contra decisão de turma recursal dos juizados especiais
B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional (e não de criminais.
“recurso processual penal”, veja-se) de natureza tipicamente penal que Por fim, pela Súmula nº 694, do Supremo, não cabe tal “writ” con-
almeja a proteção das liberdades individuais de locomoção quando esta tra a imposição de pena de exclusão de militar ou de perda de patente
se encontra indevidamente violada ou em vias de violação. ou de função pública.
Vale lembrar que, apesar de ser uma ação tipicamente penal, não há
qualquer óbice a que se utilize o habeas corpus em outras searas como a 1.10 Mandado de segurança. Vejamos:
cível, num caso de indevida privação de liberdade por dívida de alimen- A) Surgimento. Trata-se de remédio trazido ao Brasil (há quem
tos, p. ex., ou na trabalhista, caso alguém seja indevidamente impedido defenda, prevalentemente, que o instituto seja criação genuinamente
de exercer seu labor, noutro exemplo; brasileira) pela Lei Fundamental de 1934, e, desde então, a única Cons-
C) Espécies. O habeas corpus pode ser preventivo (quando houver tituição que não o previu foi a de 1937. Hoje, o mandado de segurança
mera ameaça de violação ao direito de ir e vir, caso em que se obterá individual está constitucionalmente disciplinado no art. 5º, LXIX, e o
um “salvo-conduto”), ou repressivo (quando ameaça já tiver se mate- mandado de segurança coletivo no art. 5º, LXX, todos da Lei Maior
rializado); pátria;
D) Legitimidade ativa. É amplíssima. Qualquer pessoa pode mane- B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional, de rito su-
já-lo, em próprio nome ou de terceiro, assim como o Ministério Público. mário e especial, destinada à proteção de direito líquido e certo de pes-
A pessoa que o maneja é chamada “impetrante”, enquanto que a pessoa soa física ou jurídica não amparado por habeas corpus ou habeas data
que dele se beneficia é chamada “paciente” (desta maneira, é perfeita- (com isso já se denota a natureza subsidiária do “writ”: ele somente é
mente possível que impetrante e paciente sejam a mesma pessoa). cabível caso não seja hipótese de habeas corpus ou habeas data).

Didatismo e Conhecimento 107


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Ademais, apesar de ser mais comum sua utilização no âmbito cí- CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais
vel, óbice não deve haver a sua utilização nas searas das justiças crimi- Regionais Eleitorais denegarem habeas corpus, mandado de segurança,
nal e especializada; habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF); e aos Tribu-
C) Espécies. O “writ” pode ser preventivo (quando se estiver na nais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele vinculados;
iminência de violação a direito líquido e certo), ou repressivo (quando F) Procedimento. Não há lei regulamentando o mandado de injun-
já consumado o abuso/ilegalidade); ção, se lhe aplicando, por analogia, a Lei nº 12.016/09, inclusive no que
D) Legitimidade ativa. Deve ser a mais ampla possível, abrangen- atine ao mandado de injunção coletivo;
do não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estrangeira, resi- G) Diferença do mandado de injunção para a ação direta de in-
dente ou não no Brasil, bem como órgãos públicos despersonalizados e constitucionalidade por omissão. O mandado de injunção é remédio
universalidades reconhecidas por lei (espólio, condomínio, massa falida habilitado a socorrer o particular numa situação concreta, isto é, busca-
etc.). Vale lembrar que esta legitimidade pode ser ordinária (se postula- se um pronunciamento apto a atender uma especificidade. Já a ADO
se direito próprio em nome próprio) ou extraordinária (postula-se em é instrumento adequado a atender o particular numa situação abstrata,
nome próprio direito alheio); sendo dotado, por conseguinte, de conteúdo e finalidade mais abrangen-
E) Legitimidade passiva. A autoridade coatora deve ser autorida- te que seu antecessor em razão de seu raio de alcance. Em outras pala-
de pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do vras, seria dizer que o mandado de injunção se baseia em um comando
Poder Público; da emergência, e a ADI por omissão se baseia em um dispositivo de
F) Mandado de segurança coletivo. O mandado de segurança co- urgência.
letivo poderá ser impetrado por partido político com representação no H) Efeitos da decisão concedida em sede de mandado de injunção.
Congresso Nacional ou por organização sindical, entidade de classe ou Aqui há divergência na doutrina e na jurisprudência.
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos Para uma primeira corrente (“corrente não concretista”), deve
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; o Judiciário apenas cientificar o omisso em prol da edição normativa
G) Competência. A competência se fixa de acordo com a autori- necessária, dando à injunção concedida natureza declaratória apenas.
dade coatora. Assim, pode apreciar mandado de segurança um juiz de Este posicionamento imperou por muito tempo no Supremo Tribunal
primeiro grau, estadual ou federal; os Tribunais estaduais ou federais; o Federal.
STF (arts. 102, I, “d” e 102, II, “a”, CF); e o STJ (arts. 105, I, “b” e 105,
Já um segundo entendimento, subdividindo-se, confere caráter
II, “b”, CF);
condenatório ou mandamental à ciência da mora, nos moldes de uma
H) Procedimento. É regulado pela Lei nº 12.016/09, que revogou a
“obrigação de fazer” referida no art. 461 ou de uma “execução contra
Lei anterior, de nº 1.533, que vigia desde 1951.
a Fazenda Pública” referida nos arts. 730 e seguintes, todos do Código
de Processo Civil, ensejando a necessidade de execução de sentença,
1.11 Mandado de injunção. Vejamos:
própria no caso condenatório, ou imprópria no caso mandamental. Há
A) Surgimento. Prevalece que é uma criação genuinamente brasi-
julgados esparsos no STF perfilhando-se aos posicionamentos conde-
leira, tendo sido previsto por primeira vez na Carta Fundamental pátria
natório e mandamental.
de 1988. Institutos com nomes semelhantes podem ser encontrados no
direito anglo-saxão, embora, neste, sua finalidade é distinta daquela Um terceiro entendimento (“corrente concretista individual in-
para a qual a Constituição brasileira o criou. Atualmente, o mandado termediária”) entende que, constatada a mora legislativa, é o caso de
de injunção está disciplinado no art. 5º, LXXI, da Constituição Federal; assinalar um prazo razoável para a elaboração da norma regulamenta-
B) Natureza jurídica. Cuida-se de ação constitucional que obje- dora. Findo tal prazo e persistindo a omissão, é caso de indenização por
tiva a regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada perdas e danos a ser buscada perante o Estado.
(omissas, portanto), assegurando, deste modo, o intento de aplicabilida- Por sua vez, uma quarta corrente (“corrente concretista individual
de imediata previsto no parágrafo primeiro, do art. 5º, da Constituição pura”) acena pelo caráter constitutivo da injunção concedida via pro-
Federal; nunciamento judicial, mas que a criação normativa se limita apenas aos
C) Legitimidade ativa. Toda e qualquer pessoa, nacional ou estran- litigantes. Assim, admite-se atividade legislativa do Judiciário, mas com
geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito funda- alcance restrito às partes. Esse é o posicionamento atualmente prevalen-
mental não materializável por omissão legislativa do Poder público; te no Guardião da Constituição Federal.
D) Legitimidade passiva. Pertence à autoridade ou órgão responsá- Por fim, uma quinta corrente (“corrente concretista geral”) enten-
vel pela expedição da norma regulamentadora; de, sim, ser constitutiva a natureza da injunção concedida, tomando de
E) Competência. No tocante ao órgão competente para julgamento, um caso específico a inspiração necessária para a edição de uma nor-
o tal “writ” apresenta competência “móvel”, de acordo com a condição ma geral e abstrata. Seria o exercício atípico de “atividade legislativa”
e vinculação do impetrado. Assim, tal incumbência caberá ao Supremo do Judiciário. Consoante tal entendimento, o STF sanaria ele próprio
Tribunal Federal, quando a elaboração de norma regulamentadora for a ausência de regulamentação a normas constitucionais de eficácia e
atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câ- aplicabilidade limitada.
mara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Ca-
sas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais 1.12 Habeas data. Vejamos:
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, A) Surgimento. A origem do habeas data está no direito norte-ame-
CF); ao Superior Tribunal de Justiça, quando a elaboração da norma re- ricano, através do “Freedom of Information Act”, de 1974, com a finali-
gulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, dade de possibilitar o acesso do particular aos dados ou às informações
da administração direta ou indireta, excetuados os casos da competência constantes de registros públicos ou particulares permitidos ao público.
do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça No Brasil, a Constituição Federal de 1988 foi a primeira a trazê-lo, em
Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, seu art. 5º, LXXII;

Didatismo e Conhecimento 108


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional, que obje- B) Não cabimento. Segundo o art. 1º, parágrafo único, da LACP
tiva assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do - Lei da Ação Civil Pública, não será cabível ação civil pública para vei-
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades cular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias,
governamentais de caráter público, bem como a retificação de dados, FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários po-
quando não se prefira fazê-lo por procedimento sigiloso, judicial ou dem ser individualmente determinados;
administrativo; C) Objeto. De acordo com o art. 3º, LACP, a ação civil poderá ter
C) Legitimidade ativa. Tal “writ” pode ser impetrado por pessoa por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação
física, brasileira ou estrangeira, ou por pessoa jurídica. Ainda, há quem de fazer ou não fazer;
defenda sua impetração por entes despersonalizados, como a massa fa- D) Legitimidade ativa. Consoante o art. 5º, da LACP, tem legitimi-
lida e o espólio; dade ativa tanto para a ação principal como para a cautelar o Ministério
D) Legitimidade passiva. Figurarão no polo ativo entidades gover- Público (inciso I); a Defensoria Pública (inciso II); a União, os Estados,
namentais da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas, o Distrito Federal e os Municípios (inciso III); a autarquia, empresa pú-
bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas blica, fundação ou sociedade de economia mista (inciso IV); e a asso-
prestadores de serviços de interesse público que possuam dados relati- ciação que, concomitantemente, esteja constituída há pelo menos um
vos à pessoa do impetrante; ano nos termos da lei civil (inciso V, alínea “a”) e inclua, entre suas
E) Competência. A Constituição Federal prevê a competência do finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor,
Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior Tribunal de à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, es-
Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, tético, histórico, turístico e paisagístico (inciso V, alínea “b”);
“c”), bem como dos juízes federais (art. 109, VIII); E) Legitimidade passiva. Não há, em regra, limitação quanto a
F) Procedimento. A disciplina do habeas data está prevista na Lei quem deva figurar no polo passivo da ação civil pública.
nº 9.507/97.
2 Direitos sociais. Convém reproduzir os dispositivos constitucio-
1.13 Ação popular. Vejamos:
nais pertinentes ao tema:
A) Surgimento. Sua origem vem da época do Império Romano,
quando os cidadãos romanos dirigiam-se ao magistrado para buscar a
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
tutela de um bem, valor ou interesse que pertencesse à coletividade. O
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a pro-
primeiro texto legal sobre a ação popular surgiu na Bélgica, em 1836.
teção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
No Brasil, a primeira Lei Fundamental pátria a disciplinar a ação
popular foi a de 1934. Suprimida na de 1937, mas restabelecida na de forma desta Constituição.
1946, tem estado presente em todas as Cartas desde então. Na Constitui-
ção Federal de 1988, sua previsão se encontra no art. 5º, LXXIII; Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional, que visa outros que visem à melhoria de sua condição social:
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô- sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indeniza-
nio histórico e cultural; ção compensatória, dentre outros direitos;
C) Requisitos para a propositura da ação popular. Há um requi- II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
sito objetivo (o legitimado ativo deve ser cidadão) e outro subjetivo (a III - fundo de garantia do tempo de serviço;
proteção do patrimônio público, da moralidade administrativa, do meio IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz
ambiente, do patrimônio histórico, e do patrimônio cultural); de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
D) Legitimidade ativa. Deve ser “cidadão”, isto é, aquele que es- moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans-
teja no pleno gozo dos direitos políticos. Se está falando, pois, do cida- porte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o
dão-eleitor. Inclusive, o parágrafo terceiro, do art. 1º, da Lei nº 4.717/65, poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
que regula a ação popular, dispõe que a prova da cidadania para ingres- V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do tra-
so em juízo será feita com o título eleitoral ou com o documento a que balho;
ele corresponda; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou
E) Legitimidade passiva. Nos moldes do art. 6º, da Lei nº 4.717/65, acordo coletivo;
sempre haverá um ente da Administração Pública, direta ou indireta, ou VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
então pessoa jurídica que de algum modo lide com dinheiro público; percebem remuneração variável;
F) Competência. Será fixada de acordo com a origem do ato ou VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou
omissão a serem impugnados. Vale lembrar que, quanto ao procedimen- no valor da aposentadoria;
to, a Lei nº 4.717/65, que disciplina tal ação, afirma que segue-se o rito IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
ordinário previsto no Código de Processo Civil, com algumas modifi- X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua re-
cações. tenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remu-
1.14 Ação civil pública.Vejamos: neração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, con-
A) Cabimento. Conforme o art. 1º, da Lei nº 7.347/85, é cabível forme definido em lei;
ação civil pública em caso de danos patrimoniais e morais causados ao XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador
meio ambiente (inciso I); ao consumidor (inciso II); a bens e direitos de de baixa renda nos termos da lei;
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (inciso III); a XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias
qualquer outro interesse difuso ou coletivo (inciso IV); por infração da e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e
ordem econômica e da economia popular (inciso V); e à ordem urba- a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de tra-
nística (inciso VI); balho;

Didatismo e Conhecimento 109


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou admi-
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domin- nistrativas;
gos; IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sis-
em cinquenta por cento à do normal; tema confederativo da representação sindical respectiva, independente-
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
mente da contribuição prevista em lei;
terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sin-
com a duração de cento e vinte dias; dicato;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incen- coletivas de trabalho;
tivos específicos, nos termos da lei; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas or-
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no ganizações sindicais;
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor- registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e,
mas de saúde, higiene e segurança; se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insa-
se cometer falta grave nos termos da lei.
lubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria; Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga-
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nasci- nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as
mento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; condições que a lei estabelecer.
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
trabalho; Art. 9º. É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalha-
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; dores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do emprega- que devam por meio dele defender.
dor, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer §1º. A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
em dolo ou culpa; sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de tra- §2º. Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
balho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores ur-
banos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho; Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e emprega-
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções dores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses pro-
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; fissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegu-
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e rada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de
intelectual ou entre os profissionais respectivos; promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, 2.1 Finalidade dos direitos sociais. Os direitos sociais pertencem
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
à segunda geração/dimensão de direitos fundamentais, ligando-se ao
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
empregatício permanente e o trabalhador avulso. valor “igualdade”.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores Com efeito, o grande objetivo dos direitos sociais é concretizar a
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, igualdade material, através do reconhecimento da existência de dife-
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI renças na condição econômico-financeira da população, o que faz ne-
e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a cessário uma atuação do Estado na busca deste substrato da igualdade.
simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e Disso infere-se, pois, que a principal (mas não única) finalidade dos
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os direitos sociais é proteger os marginalizados e/ou os hipossuficientes.
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
integração à previdência social.     2.2 Reserva do possível. Esta expressão surgiu numa decisão do
Tribunal Constitucional Federal alemão, em 1972, em resposta à de-
Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o
seguinte: manda promovida por estudantes de medicina solicitando seu ingresso
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de em uma universidade alemã, nada obstante a carência de vagas para
sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder isso.
Público a interferência e a intervenção na organização sindical; No julgado em que surgiu a reserva do possível, se disse que, caso
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em o órgão público pratique atos para sanar as carências fundamentais da
qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, população, e, ainda assim, o efeito não atinja a totalidade das pessoas,
na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou em- não é dado aos excluídos acionar judicialmente o Estado solicitando o
pregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Muni- suprimento destas carências uma vez que o Estado agiu na medida do
cípio; que permitia seu orçamento.

Didatismo e Conhecimento 110


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
No caso dos estudantes de medicina alemães, ainda que a Consti- 2.4 Vedação ao retrocesso social. A vedação de retrocesso social
tuição germânica não consagre direitos sociais, ficou demonstrado que se refere à concretização infraconstitucional dos direitos sociais. Portan-
o Estado aumentou o número de vagas nas universidades destinadas aos to, não se dirige ao Poder Constituinte, mas sim aos Poderes Públicos.
postulantes ao curso de medicina, mas, mesmo assim, isso não acompa- Com efeito, a concretização de um direito social deve ser conside-
nhou a demanda de candidatos às vagas. Tivesse o Estado ficado inerte, rada materialmente constitucional. Isto porque, ao efetivar um direito
não lhe competiria alegar a reserva do possível. Como não ficou, a tese social por meio de legislação infraconstitucional, o conteúdo dessa lei
foi considerada perfeitamente válida. é constitucional e passa a ter esse “status”, o que impede sua redução/
Grande parte da doutrina sustenta que a reserva do possível não extinção pelo Poder Público. Veja-se, pois, que a partir do momento que
poderia ser aplicada na realidade brasileira, em que há uma pobreza se confere “status” constitucional a certa lei, veda-se a retirada dessa
imensa, faltando direitos básicos à população. concretização.
Já outra parte, minoritária, sustenta exatamente o contrário, isto 2.5 Direitos sociais em espécie. São os previstos no art. 6º, da
é, afirma que a reserva do possível se aplicaria com muito mais razão Constituição Federal, em rol não exauriente:
A) Direito social à educação. Possui o direito social à educação
no direito brasileiro em virtude da limitação de recursos orçamentários
grande assunção de conteúdo auto obrigacional pelo Estado, nos arts.
aqui existentes.
205 a 214 da Constituição.
Isto posto, são três as dimensões da reserva do possível (conforme Destes, o art. 205 afirma que a educação é “dever do Estado”, o art.
Ingo Sarlet): 206, I, preceitua que a “igualdade de condições para o acesso e perma-
A) Possibilidade fática. Consiste na disponibilidade de recursos nência na escola” é um dos princípios norteadores do tema, o art. 208,
necessários à satisfação do direito prestacional. Ou seja, analisa-se a I, normatiza que o dever do Estado com a educação será efetivado me-
disponibilidade financeira para atendimento da prestação de forma ge- diante a garantia de “educação básica obrigatória e gratuita dos quatro
neralizada; aos dezessete anos de idade, assegurada sua oferta gratuita para todos
B) Possibilidade jurídica. Consiste na análise da existência de au- os que a ela não tiverem acesso na idade própria”, e o inciso IV do
torização orçamentária para cobrir as despesas, e do respeito às compe- mesmo dispositivo fala em “educação infantil em creche e pré-escola
tências federativas; para crianças de até cinco anos de idade”. Ademais, os parágrafos pri-
C) Razoabilidade da exigência e proporcionalidade da prestação. meiro e segundo do art. 208 cravam, respectivamente, que o “acesso ao
A prestação solicitada deve ser proporcional, razoável (é preciso saber, ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”, e que o “não
p. ex., se mais vale destinar os recursos para a compra de um medi- oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua ofer-
camento de alto custo para atender uma única pessoa, ou destinar os ta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente”. Por
mesmos recursos para comprar medicamentos de baixo custo para um fim, o art. 212 e seus parágrafos tratam da porcentagem de distribuição
sem-número de pessoas). de tributos pelas pessoas da Administração Pública Direta entre si e na
educação propriamente.
2.3 Mínimo existencial. Essa expressão também surgiu no direito Interessante notar, em primeira análise, que o Estado se exime da
alemão, em decisões do Tribunal Administrativo Federal prolatadas a obrigatoriedade no fornecimento de educação superior, no art. 208, V,
partir da década de 1950. quando assegura, apenas, o “acesso” aos níveis mais elevados de ensi-
No Brasil, a expressão foi utilizada, pela primeira vez, por Ricardo no, pesquisa e criação artística. Fica denotada ausência de comprome-
Lobo Torres, em 1989. timento orçamentário e infraestrutural estatal com um número suficien-
Qual o fundamento do mínimo existencial? O mínimo existencial te de universidades/faculdades públicas aptas a recepcionar o maciço
é resultado da conjugação de 3 normas constitucionais: contingente de alunos que saem da camada básica de ensino, sendo,
A) A dignidade da pessoa humana; pois, clarividente exemplo de aplicação da reserva do possível dentro
da Constituição. Aliás, vale lembrar, foi esse o motivo - o direito à ma-
B) A liberdade material;
trícula numa universidade pública - que ensejou o desenvolvimento da
C) O princípio do Estado social.
“reserva” no direito alemão, com a diferença de que lá se trabalha com
E qual o conteúdo do mínimo existencial? Existem, ao menos,
extensão territorial, populacional e financeira muito diferente daqui. En-
duas posições doutrinárias acerca do conteúdo do mínimo existencial: fim, “trocando em miúdos”, tem-se que o Estado apenas assume com-
A) Para Ricardo Lobo Torres, o mínimo existencial não tem um promisso no acesso ao ensino superior, via meios de preparo e inclusão
conteúdo definido. Seu conteúdo varia de acordo com a época e com para isso, mas não garante, em momento algum, a presença de todos
a sociedade; que tiverem este almejo neste nível de capacitação.
B) Já Ana Paula de Barcellos procura delimitar o conteúdo do mí- Noutra consideração ainda sobre o inciso V, é preciso observar que
nimo existencial na realidade brasileira. Para ela, o mínimo existencial se utiliza a expressão “segundo a capacidade de cada um”, de forma que
engloba o direito à educação básica, o direito à saúde, a assistência aos o critério para admissão em universidades/faculdades públicas é, so-
desamparados, bem como o acesso à justiça (instrumento para garantia mente, pelo preparo intelectual do cidadão, a ser testado em avaliações
do conteúdo do mínimo existencial). com tal fito, como o vestibular e o exame nacional do ensino médio.
Qual a natureza jurídica do mínimo existencial? O entendimento, Trata-se de método no qual, através de filtragem darwinista social, se
aqui, é bem equilibrado. Vejamos: define aqueles que prosseguirão em seu aprendizado, formando massa
A) Para considerável parcela da doutrina, o mínimo existencial tem rara de portadores de diploma universitário.
natureza de regra, de forma que não se pode alegar ao “mínimo” a reser- Assim, o que se observa é que o Estado assume compromisso edu-
va do possível. Isto porque, o mínimo existencial teria caráter absoluto; cacional com os brasileiros de até dezessete anos de idade, via educação
B) Para outra considerável parcela doutrinária, o mínimo existen- infantil em creche e pré-escola até os cinco anos (art. 208, IV, CF), e via
cial exige um ônus argumentativo maior do Estado no que se refere à educação básica e obrigatória dos quatro até dezessete anos (art. 208, I).
reserva do possível. Assim, o mínimo existencial, por ter natureza de Afora esta faixa etária, somente terão acesso à educação básica aqueles
princípio, seria relativizável. que não a tiveram em seu devido tempo;

Didatismo e Conhecimento 111


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
B) Direito social à saúde. De maneira indúbia, é no direito à saúde Em análise à gama de direitos atrelados ao trabalho, percebe-se que
que se concentram as principais discussões recentes do Direito Consti- se pode distribuí-los em blocos, de forma que a Constituição enfatiza o
tucional. direito de trabalhar - isto é, o direito de não ficar desempregado, como
Esse acirramento de ânimos no que diz respeito à saúde se dá tan- quando assegura o mercado de trabalho da mulher (art. 7º, XX), ou
to porque, de todos os direitos sociais, este é o que mais perto está do quando protege os trabalhadores contra a automação (art. 7º, XXVII) -,
direito fundamental individual à vida, do art. 5º, caput, da Constituição o direito de trabalhar com dignidade - isto é, a preconização da necessi-
pátria, como porque são visíveis os avanços da medicina/indústria far- dade de condições humanas de trabalho, como quando prevê adicional
macêutica nos últimos tempos - embora não sejam menos cristalinos de remuneração para atividades penosas, insalubres ou perigosas (art.
os preços praticados no setor. É dizer: o direito fundamental à saúde 7º, XXIII) ou trata da duração do trabalho normal não superior a oito ho-
tem custo de individualização exacerbado, se comparado com o anterior ras diárias e quarenta e quatro horas semanais (art. 7º, XIII) -, bem como
direito social à educação. o direito de perceber rendimentos pelo trabalho - isto é, a remuneração
Como se não bastasse, é ululante o caráter híbrido da saúde, em devida pelo labor, como quando trata do salário mínimo (art. 7º, IV) ou
considerando seus enfoques positivo - o direito individual de receber do décimo terceiro salário (art. 7º, VIII);
saúde -, e negativo - o dever do Estado de fornecer saúde.
E) Direito social à moradia. Tal direito não encontra regulamenta-
Tal direito está disciplinado na Lei Fundamental nos arts. 196 a
ção no texto constitucional, tal como o direito social à alimentação, já
200, e, dentre estes, o art. 196 afirma ser a saúde “direito de todos e
que a moradia só foi acrescida à Constituição Federal no ano 2000, pela
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e outros agravos e ao acesso Emenda Constitucional nº 26.
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção A moradia é mais uma promessa feita pelo Estado de conceder
e recuperação”, e o art. 198, parágrafos primeiro a terceiro, tratam da um lar a quem não o tenha, bem como de oferecer saneamento básico
distribuição de recursos para manutenção desta garantia fundamental. àqueles que já tenham um lar, embora vivam em condições insalubres.
Some-se a isso o fato do direito à saúde ser amplíssimo, bastando A “tese do patrimônio mínimo”, ou a proteção do bem de família
para essa conclusão a análise superficial do rol de funções do Sistema são materializações do direito social à moradia;
Único de Saúde contido no art. 200 da Constituição, pelo qual, dentre F) Direito social ao lazer. A Constituição não tem tópico específi-
outras, são atribuições do SUS a execução de ações de vigilância sani- co destinado a explicar “o quê” é o direito social ao lazer, podendo-se
tária e epidemiológica (inciso II), a ordenação da formação de recursos extraí-lo, sem pretensões exaurientes ao tema, da cultura (arts. 215 e
humanos na área (inciso III), a participação da formulação da política 216) e do desporto (art. 217). Ademais, o lazer aparece como compo-
e da execução das ações de saneamento básico (inciso IV), a colabora- nente teleológico do salário mínimo, no art. 7º, IV, da Lei Fundamental;
ção na proteção do meio ambiente, nele comprometido o do trabalho G) Direito social à segurança. O art. 196 da Constituição Federal
(inciso VIII) etc. Outrossim, há ainda outra extensa gama de questões preceitua que a saúde é “direito de todos e dever do Estado”. Em mesma
circundantes, como a determinação de internação de pacientes em uni- frequência, o art. 205 diz que a educação é “direito de todos e dever
dades de terapia intensiva, a insuficiência de leitos hospitalares comuns, do Estado e da família”. Já o art. 144 prevê que a segurança pública é
o fornecimento de medicamentos importados e de alto custo, o envio de “dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”.
pacientes para tratamento no exterior etc.; Nos casos dos direitos fundamentais sociais à saúde e à educação,
C) Direito social à alimentação.Há ausência de regulamentação toma-se o sentido direito-dever, isto é, primeiro se assegura ao cidadão
deste direito no Texto Constitucional, tendo em vista sua inclusão ape- o direito, depois se cobra do agente estatal o dever. Já na segurança pú-
nas em 2010, pela Emenda Constitucional nº 64. blica essa ordem é invertida, somente se reconhecendo o direito depois
Com efeito, o conceito de “alimentação” é amplíssimo, não se res- de atribuído ao Estado o dever.
tringindo apenas ao estritamente necessário à sobrevivência, abrangen- Essa factualidade, mais que um mero desapercebimento do cons-
do, também, aquilo que seja fundamental para uma existência digna. tituinte, se dá por três motivos: o primeiro é a vedação da justiça por
Ou seja, não basta sobreviver, é preciso que se viva com dignidade e mãos próprias, que impede, como regra, a autotutela, inclusive havendo
respeito;
previsão penal para o exercício arbitrário das próprias razões, tudo em
D) Direito social ao trabalho. O trabalho é o direito fundamental
prol da jurisdicionalização dos conflitos particulares; o segundo, pela
social que maior guarida encontra na Constituição, haja vista a gran-
própria impossibilidade do cidadão se defender proficuamente da vio-
de quantidade de mecanismos assecuratórios dos arts. 7º a 11 - que só
perdem para o art. 5º -, dentre os quais se podem destacar, no art. 7º, o lência fruto da marginalização social à sua volta, o que faz com que a
“seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário” (inciso II), segurança pública seja, sim, imprescindível à manutenção de um estado
o “salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de almejado de tranquilidade; e o terceiro, pela natural exigibilidade pelo
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com mora- cidadão em face do Estado, de ordem, caso se sinta ameaçado em seus
dia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e direitos individuais.
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder É ululante, pois, o conteúdo prestacional da segurança pública
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim” (inciso IV), como direito social, neste terceiro enfoque. Não menos notória, contu-
a “remuneração do trabalho noturno superior à do diurno” (inciso IV), o do, é a exígua carga principiológica do art. 144 e parágrafos da Consti-
“salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa tuição, cujo caput se limita a falar na segurança pública “exercida para
renda nos termos da lei” (inciso XII), o “gozo de férias anuais remu- a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
neradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal” patrimônio”. Afora isso, o que se tem é uma básica previsão funcional
(inciso XVII), a “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante de cada uma das polícias elencadas nos cinco incisos do artigo em evi-
incentivos específicos, nos termos da lei” (inciso XX), a “redução dos dência;
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e H) Direito social à previdência social. O direito fundamental so-
segurança” (inciso XXII), a “proteção em face da automação, na forma cial à previdência social está mais bem regulamentado nos arts. 201
da lei” (inciso XXVII), dentre outros. e 202 da Constituição - sem prejuízo do contido em legislação infra-

Didatismo e Conhecimento 112


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
constitucional, instância na qual abunda a matéria -, sendo destinado E) Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do tra-
à cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada balho (inciso V);
(inciso I), proteção à maternidade, especialmente à gestante (inciso II), F) Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou
proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário (inciso acordo coletivo (inciso VI);
III), salário-família e auxílio-reclusão (inciso IV), e pensão por morte G) Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que per-
(inciso VI), todos do art. 201 da Lei Fundamental. cebem remuneração variável (inciso VII), bem como décimo terceiro
Com efeito, a previdência decorre de situações justificadas nas salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria
quais o labor não se faz possível, de maneira que o indivíduo só não (inciso VIII);
está trabalhando porque já adquiriu este direito ou porque acontecimen- H) Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno (inciso
to superveniente impediu isso. Só que o fato da pessoa não trabalhar
IX);
não enseja autorizativo para que possa, simplesmente, deixar de receber
I) Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua reten-
rendimentos, mesmo porque há quem, além do próprio incapacitado,
necessite da renda para subsistência; ção dolosa (inciso X);
I) Direito social à proteção à maternidade e à infância. O direito J) Participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remune-
fundamental social à proteção à maternidade e à infância não se encon- ração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, confor-
tra concentrado em parte específica da Constituição, numa seção autô- me definido em lei (inciso XI);
noma, como a previdência social e a educação, p. ex., mas espalhado K) Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador
por toda a Lei Fundamental. É o que se pode inferir se analisado o art. de baixa renda nos termos da lei (inciso XII), bem como duração do
5º, L, que assegura às presidiárias “condições para que possam perma- trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
necer com seus filhos durante o período de amamentação”, o art. 7º, semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,
XVIII, que prevê a licença à gestante, o art. 7º, XXI, que constituciona- mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho (inciso XIII);
liza a “assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento L) Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos inin-
até cinco anos em creches e pré-escolas”, o art. 201, II, que protege a terruptos de revezamento, salvo negociação coletiva (inciso XIV);
maternidade, especialmente a gestante, o art. 203, I, que prevê como M) Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domin-
objetivo da assistência social à proteção “à família, à maternidade, à gos (inciso XV);
infância, à adolescência e à velhice”, o art. 203, II, que normatiza “o N) Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo,
amparo às crianças e adolescentes carentes”, dentre outros; em cinquenta por cento à do normal (inciso XVI);
J) Direito social à assistência aos desamparados. O direito funda- O) Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço
mental à assistência aos desamparados encerra com maestria o longo rol
a mais do que o salário normal (inciso XVII), bem como licença à ges-
de direitos sociais constitucionalmente assegurados no art. 6º. Primeiro,
por seu cristalino conteúdo prestacional, típico dos direitos sociais de tante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e
segunda dimensão, e, segundo, por tentar, tal como um revisor de direi- vinte dias (inciso XVIII);
tos, suprir eventuais lacunas que tenham sido deixadas pelo constituinte P) Licença-paternidade, nos termos fixados em lei (inciso XIX);
ao regulamentar outros direitos sociais. É dizer: a assistência aos desam- Q) Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incenti-
parados é um típico “direito tampão”. vos específicos, nos termos da lei (inciso XX);
Neste prumo, prevê o art. 203 da Constituição que a assistência R) Aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no míni-
social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de con- mo de trinta dias, nos termos da lei (inciso XXI). Vale chamar a atenção
tribuição à seguridade social, tendo por objetivos a proteção à família, à para este inciso, tendo em vista a edição da Lei nº 12.506/11, que regu-
maternidade, à infância, à adolescência e à velhice (inciso I), o amparo lamentou tal norma de eficácia até então limitada. Segundo tal coman-
às crianças e adolescentes carentes (inciso II), a promoção da integração do legislativo, o aviso-prévio respeitará um mínimo de trinta dias para
ao mercado de trabalho (inciso III), a habilitação e a reabilitação das os empregados que contêm até um ano de serviço na mesma empresa,
pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida e que serão acrescidos três dias por ano de serviço prestado na mesma
comunitária (inciso IV), e a garantia de um salário mínimo de benefício empresa até o máximo de sessenta dias, perfazendo, portanto, noventa
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovarem dias;
não possuir meios de provimento da própria manutenção ou de tê-las S) Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas
providas por familiares (inciso V). de saúde, higiene e segurança (inciso XXII), bem como adicional de
remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na
2.6 Direitos dos trabalhadores urbanos e rurais. Eles estão pre-
forma da lei (inciso XXIII);
vistos no art. 7º, da Constituição Federal:
A) Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou T) Aposentadoria (inciso XXIV), bem como assistência gratuita
sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indeniza- aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos de idade em
ção compensatória, dentre outros direitos (inciso I); creches e pré-escolas (inciso XXV);
B) Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário (in- U) Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de tra-
ciso II); balho (inciso XXVI), bem como proteção em face da automação, na
C) Fundo de garantia do tempo de serviço (inciso III); forma da lei (inciso XXVII);
D) Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz V) Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,
de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans- dolo ou culpa (inciso XXVIII), bem como ação, quanto aos créditos
porte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim (inciso anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
IV); após a extinção do contrato de trabalho (inciso XXIX);

Didatismo e Conhecimento 113


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X) Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de 2.7 Direito de greve dos trabalhadores. O art. 9º, da Constitui-
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (in- ção, preceitua que é assegurado o direito de greve aos trabalhadores,
ciso XXX), bem como proibição de qualquer discriminação no tocante competindo-lhes decidir sobre sua oportunidade de exercê-lo e sobre os
a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência interesses que devam por meio dele defender.
(inciso XXXI); Ademais, o parágrafo primeiro, do mencionado dispositivo, prevê
Z) Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelec- que a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o
tual ou entre os profissionais respectivos (inciso XXXII), bem como atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de de- Por fim, o segundo parágrafo, do art. 9º, prevê que os abusos não
zoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na con- serão tolerados, e sujeitarão os responsáveis às penas da lei.
dição de aprendiz, a partir de quatorze anos (inciso XXXIII); Com efeito, a Lei nº 7.783/89 disciplina o direito de greve para os
W) Igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empre- trabalhadores da iniciativa privada.
gatício permanente e o trabalhador avulso (inciso XXXIV).
Y) À categoria dos trabalhadores domésticos, após a alteração 3 Direitos da nacionalidade. Dispositivos constitucionais perti-
promovida pela Emenda Constitucional nº 72/2013, são assegurados, nentes ao tema:
dentre os direitos previstos no art. 7º, CF, aqueles dispostos nos incisos
IV (salário mínimo fixado em lei e nacionalmente unificado, capaz de Art. 12. São brasileiros:
atender a necessidades vitais básicas), VI (irredutibilidade do salário, I - natos:
salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo), VII (garantia de a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais
salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
variável), VIII (décimo terceiro salário com base na remuneração inte- b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,
gral ou no valor da aposentadoria), X (proteção do salário na forma da desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do
lei, constituindo crime sua retenção dolosa), XIII (duração do trabalho Brasil;
normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou ve-
acordo ou convenção coletiva de trabalho), XV (repouso semanal re-
nham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
munerado, preferencialmente aos domingos), XVI (remuneração do
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à
II - naturalizados:
do normal), XVII (gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exi-
nos, um terço a mais que o salário normal), XVIII (licença à gestante,
gidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência
sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias), XIX (licença-paternidade, nos termos fixados em lei), XXI (aviso por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
prévio proporcional ao tempo de serviço), XXII (redução dos riscos ine- b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Repú-
rentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança), blica Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem
XXIV (aposentadoria), XXVI (reconhecimento das convenções e acor- condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
dos coletivos de trabalho), XXX (proibição de diferença de salários, de §1º. Aos portugueses com residência permanente no País, se hou-
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, cor, ver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos
idade ou estado civil), XXXI (proibição de qualquer discriminação no inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de defi- §2º. A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e
ciência) e XXXIII (proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezes- §3º. São privativos de brasileiro nato os cargos:
seis anos, salvo a partir de catorze anos na condição de aprendiz), todos I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
do art. 7º, e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e III - de Presidente do Senado Federal;
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
previstos nos incisos I (relação de emprego protegida contra despedida V - da carreira diplomática;
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que pre- VI - de oficial das Forças Armadas;
verá indenização compensatória, dentre outros direitos), II (seguro-de- VII - de Ministro de Estado da Defesa.
semprego, em caso de desemprego involuntário), III (FGTS - Fundo de §4º. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
Garantia por Tempo de Serviço), IX (remuneração do trabalho noturno I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em vir-
superior à do diurno), XII (salário-família, pago em razão do dependen- tude de atividade nociva ao interesse nacional;
te do trabalhador de baixa renda nos termos da lei), XXV (assistência II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos:
gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos de a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estran-
idade em creches e pré-escolas) e XXVIII (seguro contra acidentes de geira;
trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasi-
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa), bem como sua inte- leiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência
gração à previdência social. Com efeito, a Emenda Constitucional nº 72 em seu território ou para o exercício de direitos civis.
ampliou os direitos assegurados aos trabalhadores domésticos, já que o
antigo parágrafo único, do art. 7º, da Constituição pátria já previa aos Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fede-
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, rativa do Brasil.
XV, XVII, XVIII, XIX e XXIV, bem como a sua integração à previdência §1º. São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o
social. hino, as armas e o selo nacionais.

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§2º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter Já para os estrangeiros advindos de países que não falam a língua
símbolos próprios. portuguesa, as condições estão previstas no Estatuto do Estrangeiro
(Lei nº 6.815/80), cujo art. 112 fala, cumulativamente, em capacidade
3.1 Espécies de nacionalidade. São elas: civil segundo a lei brasileira; registro como permanente no Brasil; resi-
A) Nacionalidade originária (ou primária). É aquela que resulta dência contínua no território nacional pelo prazo mínimo de quatro anos
do nascimento. O Estado atribui-a ao indivíduo num ato unilateral, isto imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; saber ler e escre-
é, independentemente da vontade do indivíduo; ver a língua portuguesa (considerando as condições do naturalizando);
B) Nacionalidade secundária (ou adquirida). É aquela que decorre ter uma profissão e bens suficientes à manutenção própria e da família;
de uma manifestação conjunta de vontades. Ao indivíduo, competirá ter boa saúde (não se exige a prova de boa saúde a nenhum estrangeiro
demonstrar seu interesse em adquirir a nacionalidade de um país; ao que já resida no Brasil há mais de dois anos); ter boa conduta; bem
Estado, competirá decidir se aceita ou não tal indivíduo como seu na- como inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou
cional. no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de pri-
são, abstratamente considerada, superior a um ano.
3.2 Modos de aquisição da nacionalidade. Tratam-se de critérios
Vale lembrar que, neste caso, a concessão da naturalização (que se
através dos quais a nacionalidade é fixada em um país. São eles:
fará mediante “portaria do Ministro da Justiça”) é uma faculdade do
A) Critério territorial (ou jus solis). A nacionalidade é definida
Poder Executivo, ou seja, a existência dos requisitos constantes do art.
pelo local do nascimento. Países que recebem muitos imigrantes cos-
112, da Lei nº 6.815/80, não assegura a naturalização;
tumam adotar tal critério;
B) Critério sanguíneo (ou jus sanguinis). A nacionalidade é defi- B) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na Repú-
nida pelo vínculo de descendência. Países que sofrem uma debandada blica Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem
muito grande de nacionais, em razão de conflitos, doenças, necessida- condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira (art.
des econômicas, ou oportunidades promissoras em terras estrangeiras, 12, II, “b”, CF). Trata-se de hipótese conhecida por “naturalização ex-
costumam adotar tal critério; traordinária”, segundo a qual, uma vez presentes os requisitos, preva-
C) Critério misto. A nacionalidade pode ser definida tanto em ra- lece na doutrina o entendimento de que há direito público subjetivo à
zão do local do nascimento, como pelo vínculo de descendência. Pode- aquisição da nacionalidade.
se dizer que a República Federativa do Brasil adota tal critério, pois tan-
to são brasileiros natos os filhos nascidos no exterior de pais brasileiros 3.5 “Quase nacionalidade”. É aquela prevista no art. 12, §1º, da
desde que qualquer deles esteja a serviço do país (critério sanguíneo), CF. Nesse dispositivo, a Lei Fundamental pátria não atribui nacionali-
p. ex., como o são os nascidos em território nacional, ainda que de pais dade aos portugueses, mas cria uma situação de quase nacionalidade
estrangeiros, desde que qualquer deles não esteja a serviço de seu país desde que exista reciprocidade por parte de Portugal.
(critério territorial), noutro exemplo. Mas, o português é equiparado ao brasileiro nato ou ao naturaliza-
do? Analisando o dispositivo constitucional, verifica-se que há ressalva
3.3 Brasileiros natos. São eles: quanto às previsões constitucionais específicas (utiliza-se a expressão
A) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de “salvo os casos previstos nesta Constituição”). Disso conclui-se que o
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país (art. português (diante de reciprocidade) equipara-se ao brasileiro natura-
12, I, “a”, CF); lizado.
B) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,
desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do 3.6 Diferenças entre brasileiros natos e naturalizados. De acor-
Brasil (art. 12, I, “b”, CF); do com o art. 12, §2º, da Constituição Federal, apenas o texto constitu-
C) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, cional pode fixar distinções entre brasileiros natos e naturalizados. Lei
desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou ve- infraconstitucional não pode fazê-lo, salvo se respeitar ou reforçar o que
nham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer diz a Lei Fundamental pátria.
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira
Neste diapasão, a Constituição Federal fixa cinco diferenças:
(art. 12, I, “c”, CF).
A) Cargos públicos privativos de brasileiros natos (art. 12, §3º,
CF). Há três cargos que, por questão de segurança nacional, apenas
3.4 Brasileiros naturalizados. São eles:
podem ser ocupados por brasileiros natos, a saber, os cargos de diplo-
A) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
exigidas aos originários dos países de língua portuguesa apenas resi- mata, de oficial das Forças Armadas, e de Ministro de Estado da Defesa;
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (art. 12, II, “a”, CF). B) Linha sucessória da Presidência da República (art. 12, §3º,
Trata-se de hipótese conhecida por “naturalização ordinária”; CF). O Presidente da República, o Vice-Presidente da República, o Pre-
Convém observar que, aqui, há um desdobramento em duas situa- sidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado, e os Minis-
ções, a saber, o caso dos estrangeiros que não são originários de países tros do STF, devem ser brasileiros natos. Eis a linha sucessória da Pre-
de língua portuguesa, e o caso dos estrangeiros originários dos países sidência da República, consoante previsto no art. 80, da Constituição;
de língua portuguesa. C) Assentos do Conselho da República (art. 89, VII, da Constitui-
Para os estrangeiros advindos de países de língua portuguesa ção Federal). Integrarão o Conselho da República, nos moldes do art.
(Portugal, Timor Leste, Macau, Angola etc.), a própria Constituição fixa 89, VII, CF, seis brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de
os requisitos: residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos
Prevalece que há direito público subjetivo de quem se encontra nesta pelo Senado Federal, e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos
condição, ou seja, não se trata de mera faculdade do Poder Executivo. com mandato de três anos, vedada a recondução;

Didatismo e Conhecimento 115


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
D) Propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão (art. §5º. O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
222, caput, da CF). A propriedade de empresa jornalística e de radio- Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituí-
difusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou do no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas subsequente.
sob as leis brasileiras e que tenham sede no país. Também, conforme o §6º. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República,
segundo parágrafo do mesmo dispositivo, a responsabilidade editorial os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem
e as atividades de seleção e direção da programação veiculada são pri- renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
vativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em §7º. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge
e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção,
qualquer meio de comunicação social;
do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do
E) Vedação de extradição (art. 5º, LI, da CF). Veda-se, de forma Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
absoluta, a extradição do brasileiro nato. seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
Quanto ao brasileiro naturalizado, a regra é que também não possa candidato à reeleição.
ser extraditado, com duas exceções: em caso de crime comum prati- §8º. O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
cado antes da naturalização (exceto crime político ou de opinião), ou I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da
em caso de tráfico ilícito de entorpecentes, ainda que praticado após a atividade;
naturalização. II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela au-
toridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplo-
3.7 Perda da nacionalidade. A Constituição Federal prevê duas mação, para a inatividade.
hipóteses de perda de nacionalidade, em seu art. 12, §4º: §9º. Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade
A) Se o brasileiro tiver cancelada sua naturalização por sentença e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrati-
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; va, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa
B) Se o brasileiro adquirir outra nacionalidade, salvo em caso de do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a in-
reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira, ou em fluência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo
caso de imposição de naturalização pela norma estrangeira ao brasileiro ou emprego na administração direta ou indireta.
residente em Estado estrangeiro como condição para permanência em §10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Elei-
toral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação
seu território ou para o exercício de direitos civis.
com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
§11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de
4 Direitos políticos e partidos políticos. Convém reproduzir os justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de mani-
dispositivos constitucionais pertinentes ao tema: festa má-fé.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos suspensão só se dará nos casos de:
da lei, mediante: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em jul-
I - plebiscito; gado;
II - referendo; II - incapacidade civil absoluta;
III - iniciativa popular. III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
§1º. O alistamento eleitoral e o voto são: seus efeitos;
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação al-
II - facultativos para: ternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
a) os analfabetos; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §4º.
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na
§2º. Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano
da data de sua vigência.
o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
§3º. São condições de elegibilidade, na forma da lei: Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti-
I - a nacionalidade brasileira; dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático,
II - o pleno exercício dos direitos políticos; o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e ob-
III - o alistamento eleitoral; servados os seguintes preceitos:
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; I - caráter nacional;
V - a filiação partidária; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade
VI - a idade mínima de: ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Repú- III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
blica e Senador; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do §1º. É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua
Distrito Federal; estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatorieda-
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; de de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
d) dezoito anos para Vereador. distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
§4º. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. disciplina e fidelidade partidária.

Didatismo e Conhecimento 116


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§2º. Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, 4.4 Voto. O voto é o exercício do direito de sufrágio. Assim, a
na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Constituição cometeu uma impropriedade ao afirmar que “o voto é se-
Eleitoral. creto e periódico”. O que é “periódico” é o sufrágio, e o que é “secreto”
§3º. Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário é o escrutínio, que se verá a seguir.
e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. Isto posto, são características do voto:
§4º. É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização A) Direto. Em regra, os representantes do povo são escolhidos de
paramilitar. forma direta no Brasil. Há uma única exceção constitucional, em que
haverá eleição indireta, no art. 81, §1º, da Lei Fundamental, segundo o
4.1 Exercício da soberania nacional. Se faz através de: qual, vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República,
A) Plebiscito (art. 14, I, CF). Consiste na consulta prévia à popu- far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. Todavia,
lação acerca de um ato que se pretende tomar. Consoante o primeiro ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a
parágrafo, do art. 2º, da Lei nº 9.709/98, o plebiscito é convocado com eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido prometido; Então, veja-se que, se os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
B) Referendo (art. 14, II, CF). Consiste na consulta posterior à po- República ficarem vagos nos dois primeiros anos do mandato, o cargo
pulação acerca de um ato que já foi praticado, mas que ainda não entrou de Presidente será assumido pelo Presidente da Câmara de forma tem-
em vigor (e somente entrará caso isso seja da vontade da população). porária, porque novas eleições diretas ocorrerão noventa dias depois da
Consoante o segundo parágrafo, do art. 2º, da Lei nº 9.709/98, o referen- abertura da última vaga. Os novos eleitos assumirão um “mandato-tam-
do é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, pão”, pelos dois anos que restam daquele mandato. Mas, se os cargos
cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição; vagarem nos dois últimos anos do mandato, o Presidente da Câmara as-
C) Iniciativa popular (art. 14, III, CF). Consoante o art. 13, da Lei sumirá o cargo temporariamente, determinando a realização de eleições
nº 9.709/98, consiste a iniciativa popular na apresentação de projeto de indiretas, pelo Congresso Nacional, em trinta dias depois da abertura da
lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento última vaga;
do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com B) Igual para todos. O voto de todos tem valor igual;
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Tal C) Periódico. Essa característica decorre da periodicidade das elei-
projeto deve dizer respeito tão somente a um só assunto, e não poderá
ções;
ser rejeitado por vício de forma (caso em que caberá à Câmara dos De-
D) Livre. O que assegura a liberdade no direito de voto é o escru-
putados providenciar a correção de eventuais impropriedades de técnica
tínio secreto;
legislativa ou de redação).
E) Personalíssimo. Ou seja, a pessoa não pode transferir esse direi-
to por meio de procuração ou qualquer outro instrumento.
4.2 Espécies (modalidades) de direitos políticos. Os direitos po-
líticos são divididos em duas grandes espécies:
4.5 Escrutínio. O escrutínio é o modo como o direito de voto é
A) Direitos políticos positivos. Permitem a participação do indiví-
duo na vida política do Estado. exercido (ex.: voto fechado ou voto aberto).
Tais direitos podem ser ativos (capacidade eleitoral ativa), quando
permitem ao indivíduo votar, ou passivos (capacidade eleitoral passi- 4.6 Alistabilidade. É a capacidade eleitoral ativa, isto é, trata-se do
va), quando permitem ao indivíduo ser votado e, se for o caso, eleito; direito de votar.
B) Direitos políticos negativos. Consistem em uma privação dos Isto posto, no Brasil são inalistáveis (isto é, que não podem votar),
direitos políticos. Deles decorrem as inelegibilidades (absolutas e rela- por força do segundo parágrafo, do art. 14, da Constituição Federal:
tivas), a perda, e a suspensão de direitos políticos. A) Conscritos, durante o serviço militar obrigatório. “Conscrito”
é aquele que se alista nas Forças Armadas aos 17/18 anos, prestando o
4.3 Sufrágio. É a própria essência do direito político. É o direito serviço militar obrigatório. O conceito de conscrito abrange também
de participar do processo político, de votar e ser votado. No Brasil, o médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que prestem o serviço
sufrágio é universal e periódico. militar obrigatório após a conclusão do curso superior;
O sufrágio universal é adotado em regimes democráticos, em re- B) Estrangeiros. Exceto os portugueses equiparados (“quase na-
gra. As exigências formais para que o sufrágio seja exercido (idade mí- cionais”);
nima, nacionalidade, etc.) não retiram a qualidade de “universal” do C) Os menores de 16 anos. Conforme entendimento do Tribunal
sufrágio brasileiro. Superior Eleitoral, um menor de dezesseis anos pode requerer seu tí-
Também, existe o “sufrágio restrito”, em que se exige alguma con- tulo de eleitor, desde que possua dezesseis anos completos no dia das
dição específica para que possa haver participação no processo eletivo. eleições.
Há três tipos de sufrágio restrito, nenhum deles vigente no Brasil de
hoje: 4.7 Obrigatoriedade/facultatividade do alistamento e do voto.
A) Censitário. É a exigência de algum tipo de condição econômi- No Brasil, o alistamento e o voto são obrigatórios para os maiores de
ca para que a pessoa possa participar. A Constituição Imperial de 1824 dezoito, e menores de setenta anos.
tinha essa exigência; Desta maneira, uma pessoa com dezesseis anos completos, e me-
B) Capacitário. É a exigência de alguma capacidade especial, ge- nos de dezoito anos, não está obrigada a se alistar (e, conforme enten-
ralmente de natureza intelectual (ex.: somente se autoriza a votar quem dimento do Tribunal Superior Eleitoral, ainda que possua o título de
tem nível superior); eleitor, não está obrigada a votar).
C) Em razão do sexo. Muitos países ainda proíbem a mulher de Também, a pessoa com mais de setenta anos não está obrigada a
votar. No Brasil, esta já foi uma tônica vigente. se alistar ou votar.

Didatismo e Conhecimento 117


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Por fim, o analfabeto não está obrigado a se alistar e/ou votar. E se os agentes aqui mencionados tencionarem concorrer a outros
cargos? Devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes
4.8 Elegibilidade. É a capacidade eleitoral passiva, isto é, trata-se do pleito. O objetivo é que a máquina pública administrativa não seja
do direito de ser votado. utilizada como instrumento de captação de votos;
Quando se atinge a plena cidadania no Brasil? No Brasil, a cida- B) Inelegibilidade em razão do parentesco. Consoante o art. 14,
dania vai se adquirindo progressivamente e, aos trinta e cinco anos, a §7º, da Constituição, são inelegíveis, no território de jurisdição do titu-
pessoa atinge a cidadania plena. Isto porque, é apenas aos trinta e cinco lar, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau
anos que a pessoa passa a poder ser eleita para Presidente da República, ou por adoção, do Presidente da República, do Governador de Estado
Vice-Presidente da República ou Senador da República. ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja subs-
tituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo e já titular de
4.9 Idades mínimas para exercer um mandato eletivo. São elas: mandato eletivo e candidato à reeleição.
A) 35 anos. Presidente da República, Vice-Presidente da República Assim, suponha-se que “X” é Governadora do Estado do Amapá.
e Senador da República; “Y”, seu filho, não pode concorrer à Prefeitura de Macapá, capital do
B) 30 anos. Governador de Estado e do Distrito Federal, e Vice- Amapá, por ser território de circunscrição de “X”, salvo se “Y” apenas
Governador de Estado e do Distrito Federal; estiver tentando à reeleição. Isso não obsta, todavia, que “Y” concorra
C) 21 anos. Prefeito, Vice-Prefeito, Deputado Federal, Deputado a Prefeito por algum Município do Estado do Acre, afinal, isso está fora
Distrital, Deputado Estadual, e Juiz de Paz; da circunscrição do Estado do Amapá, da qual “X”, mãe de “Y”, é Go-
D) 18 anos. Vereador. vernadora.
Noutro exemplo, suponha-se que “A” é Prefeito da cidade do Rio
4.10 Condições de elegibilidade. Elas estão no art. 14, §3º, da CF: de Janeiro. “B”, cônjuge de “A”, não pode se candidatar a Vereador pela
A) Nacionalidade brasileira. Os “quase nacionais” do art. 12, §1º cidade do Rio de Janeiro, salvo se candidato à reeleição. Isso não repre-
(portugueses com residência permanente no Brasil) podem ser eleitos senta óbice a que “A” se candidate a Vereador na cidade de Niterói, pois
(exceto para os cargos privativos de brasileiros natos), desde que haja tal Município está fora da circunscrição da cidade do Rio de Janeiro, da
reciprocidade para os brasileiros que estejam em mesma situação em qual “A” é Prefeito;
Portugal. Trata-se de exceção à exigência da nacionalidade brasileira; C) Elegibilidade do militar alistável. Se contar com menos de
B) Pleno exercício dos direitos políticos. O cidadão não pode in- dez anos de serviço, o militar alistável deverá afastar-se da atividade;
correr em nenhuma hipótese de perda/suspensão de direitos políticos; se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade
C) Alistamento eleitoral. Para ser votado, o indivíduo deve, antes superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação,
de tudo, poder votar, isto é, ser “eleitor”; para a inatividade. Eis a essência do oitavo parágrafo, do art. 14, da Lei
D) Domicílio eleitoral na circunscrição. “Domicílio eleitoral” é a Fundamental pátria.
sede eleitoral em que o cidadão se encontra alistado. Assim, se “X” tem
domicílio eleitoral no Estado de São Paulo, p. ex., e quiser se candidatar 4.13 Possibilidade de estabelecer outras inelegibilidades rela-
a Governador de Estado, só pode fazê-lo pelo Estado de São Paulo, mas tivas. Outras inelegibilidades relativaspoderão ser determinadas por lei
não pelo Estado do Rio Grande do Sul. Noutro exemplo, se “Y” tem complementar. Tal lei já existe, e é a Lei Complementar nº 64/90. A “Lei
domicílio eleitoral na cidade de Belo Horizonte, não pode se candidatar da Ficha Limpa” (Lei Complementar nº 135/2010) promoveu altera-
à Prefeitura pela cidade de Uberlândia, mas apenas pela capital mineira; ções nesta Lei Complementar.
E) Filiação partidária. No Brasil, não se admite “candidato sem
partido”; 4.14 Suspensão ou perda dos direitos políticos. Nos termos do
F) Idade mínima. Já trabalhado alhures. art. 15, caput, da Constituição Federal, é vedada a cassação de direitos
políticos. Só é possível a “perda” (quando se dá de forma definitiva) ou
4.11 Espécies de inelegibilidade. Na condição de “direitos políti- a “suspensão” (quando se dá de forma provisória) dos direitos políticos
cos negativos”, as inelegibilidades podem ser: nos seguintes casos:
A) Inelegibilidades absolutas. São situações insuperáveis, em que A) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em jul-
não será possível a superação do obstáculo. As inelegibilidades absolu- gado. Trata-se de hipótese de perda dos direitos políticos;
tas, por serem restrições graves a direitos políticos, apenas podem ser B) Incapacidade civil absoluta. Trata-se de hipótese de suspensão
estabelecidas pela Constituição Federal. dos direitos políticos, afinal, pode-se recuperar a capacidade;
São duas as hipóteses de inelegibilidade absoluta, constantes do C) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto dura-
art. 14 §4º, da CF, a saber, os inalistáveis (conscritos, menores de dezes- rem seus efeitos. Trata-se de hipótese de suspensão dos direitos polí-
seis anos, e estrangeiros), e os analfabetos; ticos;
B) Inelegibilidade relativa. Aqui, é possível a desincompatibiliza- D) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
ção. alternativa, nos termos do art. 5º, VIII. Aqui há divergência sobre ser
perda ou suspensão dos direitos políticos. Prevalece que é hipótese de
4.12 Espécies de inelegibilidade relativa. Vejamos: suspensão dos direitos políticos;
A) Reeleição para cargos de Chefe do Executivo. Isso foi permiti- E) Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §4º. Trata-
do em 1997, pela Emenda Constitucional nº 16. Conforme o quinto pa- se de hipótese de suspensão dos direitos políticos. Ademais, o juiz deve
rágrafo, do art. 14, da Constituição Federal, o Presidente da República, apontar expressamente essa suspensão em sua sentença.
os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos, e quem
os houver substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para 4.15 Partidos políticos. Os partidos políticos estão genericamente
um único período subsequente. Isso significa que somente é possível tratados em apenas um dispositivo da Constituição Federal, a saber, o
um segundo mandato subsequente, jamais um terceiro. art. 17.

Didatismo e Conhecimento 118


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Sem prejuízo deste dispositivo constitucional, há a Lei nº 9.096/95, I - universalidade da cobertura e do atendimento;
que trata especificamente da organização dos partidos políticos. Esta lei II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às popu-
é usualmente conhecida como “Lei dos Partidos Políticos”. lações urbanas e rurais;
Com efeito, a despeito de outros tempos, ditatoriais, em que a plu- III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e
ralidade de partidos era algo inimaginável, com a redemocratização serviços;
promovida em 1988 tornou-se livre a criação, a fusão, a incorporação, IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
e a extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o V - equidade na forma de participação no custeio;
regime democrático, o pluripartidarismo, e os direitos fundamentais da VI - diversidade da base de financiamento;
pessoa humana. VII - caráter democrático e descentralizado da administração, me-
Veja-se, pois, que uma vez observadas a soberania nacional, o re- diante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
gime democrático, o pluripartidarismo, e os direitos fundamentais, há empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
uma liberdade partidária como nunca se viu na democracia deste país.
Desta maneira, um partido nazista (nacional-socialista), p. ex., por não Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
respeitar os direitos fundamentais nem o regime democrático, tem sua de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos prove-
criação/atuação vedada. Um partido defensor do desmembramento de nientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
parte do Brasil para formar outra nação, p. ex., por atentar contra a segu- Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
rança nacional, tem sua criação/atuação vedada. I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
Ademais, para se criar um partido político, alguns preceitos neces- forma da lei, incidentes sobre:
sitam ser observados. Vejamos: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
A) O caráter nacional. Um partido político deve se propor a agir creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mes-
no país inteiro; mo sem vínculo empregatício;
B) A proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade b) a receita ou o faturamento;
ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes. Exige-se que os c) o lucro;
partidos tenham aspecto nacional. Não pode um partido ser sustentado II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social,
pelo governo da Venezuela, p. ex., pois teme-se que isso atente contra a não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas
soberania pátria; pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
C) A prestação de contas junto à Justiça Eleitoral. A Justiça Elei- III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
toral é fiscal da atuação administrativa/financeira dos partidos políticos; IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a
D) O funcionamento parlamentar de acordo com a lei. Um partido lei a ele equiparar.
político não pode querer ter suas próprias regras de atuação no Congres- §1º. As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
so Nacional, se isso afrontar ao senso comum e às disposições constitu- destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos,
cionais acerca da competência das Casas Legislativas; não integrando o orçamento da União.
E) Não pode um partido político se utilizar de organização para- §2º. A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada
militar. Eis a essência do previsto no parágrafo quarto, do art. 17, CF. de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência
Não pode um partido defender a utilização de armas/violência para o social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades esta-
atingimento de seus objetivos. belecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a
gestão de seus recursos.
§3º. A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade so-
ORDEM SOCIAL: BASE E OBJETIVOS cial, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Pú-
DA ORDEM SOCIAL; SEGURIDADE blico nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
SOCIAL; EDUCAÇÃO, CULTURA E §4º. A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a ma-
DESPORTO; CIÊNCIA E TECNOLOGIA; nutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no
COMUNICAÇÃO SOCIAL; MEIO art. 154, I.
AMBIENTE; FAMÍLIA, CRIANÇA, §5º. Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser
ADOLESCENTE E IDOSO; criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio
total.
§6º. As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que
Dispositivos constitucionais que tratam dos temas: as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no
art. 150, III, «b».
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e §7º. São isentas de contribuição para a seguridade social as entida-
como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. des beneficentes de assistência social que atendam às exigências esta-
belecidas em lei.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado §8º. O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o
de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam
a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados per-
social. manentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, or- uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão
ganizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: jus aos benefícios nos termos da lei.

Didatismo e Conhecimento 119


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§9º. As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.
artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão §4º. Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir
da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do por- agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por
te da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e com-
§10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o plexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os §5º. Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Mu- profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regu-
nicípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. lamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de
§11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar
sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e
montante superior ao fixado em lei complementar. aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
§12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais §6º. Além das hipóteses previstas no §1º do art. 41 e no §4º do art.
as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalen-
serão não-cumulativas. tes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às ende-
§13. Aplica-se o disposto no §12 inclusive na hipótese de substi- mias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos
tuição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do específicos, fixados em lei, para o seu exercício.
inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido §1º. As instituições privadas poderão participar de forma comple-
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do ris- mentar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante
co de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§2º. É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regula-
§3º. É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capi-
mentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita dire-
tais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos
tamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica
em lei.
de direito privado.
§4º. A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facili-
tem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede
transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organiza-
do de acordo com as seguintes diretrizes: e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de co-
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; mercialização.
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preven-
tivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atri-
III - participação da comunidade. buições, nos termos da lei:
§1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de
195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equi-
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. pamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
§2º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplica- II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem
rão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos míni- como as de saúde do trabalhador;
mos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei comple- IV - participar da formulação da política e da execução das ações
mentar prevista no §3º; de saneamento básico;
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arre- V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento cientí-
cadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que fico e tecnológico;
tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de
parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte,
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e ra-
que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e §3º. dioativos;
§3º. Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cin- VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido
co anos, estabelecerá: o do trabalho.
I - os percentuais de que trata o §2º;
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de re-
destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Es- gime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
tados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progres- critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos
siva redução das disparidades regionais; termos da lei, a:
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avan-
com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; çada;

Didatismo e Conhecimento 120


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter comple-
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involun- mentar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de
tário; previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos se- que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.
gurados de baixa renda; §1º. A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao par-
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ticipante de planos de benefícios de entidades de previdência privada
ou companheiro e dependentes, observado o disposto no §2º. o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos
§1º. É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para planos.
a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de pre- §2º. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições
vidência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condi- contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios
ções especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando das entidades de previdência privada não integram o contrato de traba-
se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos lho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedi-
em lei complementar. dos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.
§2º. Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o §3º. É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência priva-
rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário da pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias,
mínimo. fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras
§3º. Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual,
de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do se-
§4º. É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar- gurado.
lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos §4º. Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Esta-
em lei. dos, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias, funda-
§5º. É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na ções, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime pró- indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de pre-
prio de previdência. vidência privada, e suas respectivas entidades fechadas de previdência
§6º. A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por
privada.
base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.
§5º. A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-
§7º. É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência
se-á, no que couber, às empresas privadas permissionárias ou conces-
social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
sionárias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de
entidades fechadas de previdência privada.
contribuição, se mulher;
§6º. A lei complementar a que se refere o §4º deste artigo estabe-
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de
lecerá os requisitos para a designação dos membros das diretorias das
idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores
entidades fechadas de previdência privada e disciplinará a inserção dos
rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em
participantes nos colegiados e instâncias de decisão em que seus interes-
regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garim-
peiro e o pescador artesanal. ses sejam objeto de discussão e deliberação.
§8º. Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior
serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusi- Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
vamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na edu- independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por ob-
cação infantil e no ensino fundamental e médio. jetivos:
§9º. Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recí- I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência
proca do tempo de contribuição na administração pública e na ativi- e à velhice;
dade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
estabelecidos em lei. IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiên-
§10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a cia e a promoção de sua integração à vida comunitária;
ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência social V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa
e pelo setor privado. portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios
§11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,
incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e con- conforme dispuser a lei.
sequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.
§12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social
para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, pre-
que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de vistos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas
sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, ga- seguintes diretrizes:
rantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo. I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordena-
§13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o ção e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução
§12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a
demais segurados do regime geral de previdência social. entidades beneficentes e de assistência social;

Didatismo e Conhecimento 121


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
II - participação da população, por meio de organizações represen- VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação
tativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos básica, por meio de programas suplementares de material didático-es-
os níveis. colar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal §1º. O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público sub-
vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco jetivo.
décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação §2º. O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público,
desses recursos no pagamento de: ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade compe-
I - despesas com pessoal e encargos sociais; tente.
II - serviço da dívida; §3º. Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsá-
investimentos ou ações apoiados. veis, pela frequência à escola.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da fa- Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguin-
mília, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, tes condições:
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exer- I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
cício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes prin- Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino funda-
cípios: mental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensa- §1º. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disci-
mento, a arte e o saber; plina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexis- §2º. O ensino fundamental regular será ministrado em língua por-
tência de instituições públicas e privadas de ensino; tuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos,
na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; §1º. A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Terri-
VII - garantia de padrão de qualidade. tórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá,
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a
educação escolar pública, nos termos de lei federal. garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Es-
considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de pra- tados, ao Distrito Federal e aos Municípios;
zo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito §2º. Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamen-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. tal e na educação infantil.
§3º. Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científi- ensino fundamental e médio.
ca, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao §4º. Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Esta-
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. dos, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração,
§1º. É facultado às universidades admitir professores, técnicos e de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório.
cientistas estrangeiros, na forma da lei. §5º. A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino
§2º. O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa regular.
científica e tecnológica.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito,
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado me- e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento,
diante a garantia de: no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a prove-
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 niente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para §1º. A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União
todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo pre-
III - atendimento educacional especializado aos portadores de defi- visto neste artigo, receita do governo que a transferir.
ciência, preferencialmente na rede regular de ensino; §2º. Para efeito do cumprimento do disposto no «caput» deste arti-
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 go, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e munici-
(cinco) anos de idade; pal e os recursos aplicados na forma do art. 213.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da §3º. A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao
criação artística, segundo a capacidade de cada um; atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos
educando; do plano nacional de educação.

Didatismo e Conhecimento 122


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§4º. Os programas suplementares de alimentação e assistência à Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de na-
saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos prove- tureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
nientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários. portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
§5º. A educação básica pública terá como fonte adicional de finan- grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
ciamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas em- I - as formas de expressão;
presas na forma da lei. II - os modos de criar, fazer e viver;
§6º. As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribui- III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
ção social do salário-educação serão distribuídas proporcionalmente ao IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas re- destinados às manifestações artístico-culturais;
des públicas de ensino. V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públi- §1º. O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promo-
cas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou fi- verá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inven-
lantrópicas, definidas em lei, que: tários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus exceden- formas de acautelamento e preservação.
tes financeiros em educação; §2º. Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola co- documentação governamental e as providências para franquear sua con-
munitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de sulta a quantos dela necessitem.
encerramento de suas atividades. §3º. A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimen-
§1º. Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados to de bens e valores culturais.
a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da §4º. Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na
lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando hou- forma da lei.
ver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da §5º. Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de
residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir reminiscências históricas dos antigos quilombos.
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade. §6º. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo
§2º. As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão
estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita
receber apoio financeiro do Poder Público.
tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos cultu-
rais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de dura-
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
ção decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação
II - serviço da dívida;
em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estraté-
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos
gias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento
do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de investimentos ou ações apoiados.
ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas
que conduzam a: Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regi-
I - erradicação do analfabetismo; me de colaboração, de forma descentralizada e participativa, institui um
II - universalização do atendimento escolar; processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultu-
III - melhoria da qualidade do ensino; ra, democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e
IV - formação para o trabalho; a sociedade, tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano,
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em §1º. O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política na-
educação como proporção do produto interno bruto. cional de cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional
de Cultura, e rege-se pelos seguintes princípios:
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos I - diversidade das expressões culturais;
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais;
valorização e a difusão das manifestações culturais. III - fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e
§1º. O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, bens culturais;
indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do pro- IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e
cesso civilizatório nacional. privados atuantes na área cultural;
§2º. A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta V - integração e interação na execução das políticas, programas,
significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. projetos e ações desenvolvidas;
§3º. A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais;
plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração VII - transversalidade das políticas culturais;
das ações do poder público que conduzem à: VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da socie-
I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; dade civil;
II - produção, promoção e difusão de bens culturais; IX - transparência e compartilhamento das informações;
III - formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em X - democratização dos processos decisórios com participação e
suas múltiplas dimensões; controle social;
IV - democratização do acesso aos bens de cultura; XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos
V - valorização da diversidade étnica e regional. e das ações;

Didatismo e Conhecimento 123


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão
públicos para a cultura. e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
§2º. Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas res- qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
pectivas esferas da Federação: §1º. Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir emba-
I - órgãos gestores da cultura; raço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo
II - conselhos de política cultural; de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII
III - conferências de cultura; e XIV.
IV - comissões intergestores; §2º. É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideo-
V - planos de cultura; lógica e artística.
VI - sistemas de financiamento à cultura; §3º. Compete à lei federal:
VII - sistemas de informações e indicadores culturais; I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder
VIII - programas de formação na área da cultura; e Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
IX - sistemas setoriais de cultura. recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre ina-
§3º. Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sistema Nacio- dequada;
nal de Cultura, bem como de sua articulação com os demais sistemas II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família
nacionais ou políticas setoriais de governo. a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de
§4º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da
seus respectivos sistemas de cultura em leis próprias. propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à
saúde e ao meio ambiente.
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais §4º. A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotó-
e não-formais, como direito de cada um, observados: xicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos ter-
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, mos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário,
quanto a sua organização e funcionamento; advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária §5º. Os meios de comunicação social não podem, direta ou indire-
do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de tamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
alto rendimento;
§6º. A publicação de veículo impresso de comunicação independe
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não
de licença de autoridade.
-profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de cria-
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e
ção nacional.
televisão atenderão aos seguintes princípios:
§1º. O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e infor-
às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei. mativas;
§2º. A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, con- II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção
tados da instauração do processo, para proferir decisão final. independente que objetive sua divulgação;
§3º. O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística,
social. conforme percentuais estabelecidos em lei;
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas.
§1º. A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão
Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências. sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturali-
§2º. A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a zados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as
solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema leis brasileiras e que tenham sede no País.
produtivo nacional e regional. §1º. Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital
§3º. O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão
de ciência, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que delas se ocupem sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente,
meios e condições especiais de trabalho. a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão
§4º. A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesqui- obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da
sa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento programação.
de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração §2º. A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e di-
que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos reção da programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou
ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação
§5º. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela social.
de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e §3º. Os meios de comunicação social eletrônica, independente-
à pesquisa científica e tecnológica. mente da tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deverão ob-
servar os princípios enunciados no art. 221, na forma de lei específica,
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será que também garantirá a prioridade de profissionais brasileiros na execu-
incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e socioe- ção de produções nacionais.
conômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, §4º. Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas em-
nos termos de lei federal. presas de que trata o §1º.

Didatismo e Conhecimento 124


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§5º. As alterações de controle societário das empresas de que trata §4º. A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do
o §1º serão comunicadas ao Congresso Nacional. Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio na-
cional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar conces- que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao
são, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e uso dos recursos naturais.
de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos §5º. São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos
sistemas privado, público e estatal. Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecos-
§1º. O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, §2º sistemas naturais.
e §4º, a contar do recebimento da mensagem. §6º. As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua lo-
§2º. A não renovação da concessão ou permissão dependerá de calização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em vo-
tação nominal. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado.
§3º. O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos le-
§1º. O casamento é civil e gratuita a celebração.
gais após deliberação do Congresso Nacional, na forma dos parágrafos
§2º. O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
anteriores.
§3º. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união es-
§4º. O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido
tável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei
o prazo, depende de decisão judicial. facilitar sua conversão em casamento.
§5º. O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as §4º. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade
emissoras de rádio e de quinze para as de televisão. formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§5º. Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exer-
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso cidos igualmente pelo homem e pela mulher.
Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunica- §6º. O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
ção Social, na forma da lei. §7º. Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do ca-
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente sal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defen- parte de instituições oficiais ou privadas.
dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. §8º. O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada
§1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no
Público: âmbito de suas relações.
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à
do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
material genético; à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a altera- discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
ção e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer §1º. O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de enti-
sua proteção; dades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo
aos seguintes preceitos:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade po-
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saú-
tencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
de na assistência materno-infantil;
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializa-
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técni- do para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental,
cas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualida- bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de
de de vida e o meio ambiente; deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de
a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas §2º. A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte
espécies ou submetam os animais a crueldade. coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
§2º. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recupe- deficiência.
rar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida §3º. O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
pelo órgão público competente, na forma da lei. I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, ob-
§3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio am- servado o disposto no art. 7º, XXXIII;
biente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à es-
os danos causados. cola;

Didatismo e Conhecimento 125


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato Por outro lado, existem direitos sociais que são mais bem trabalha-
infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profis- dos dentro do Título VIII, da Lei Fundamental, o qual trata “Da Ordem
sional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; Social”. Neste bloco, se trata da seguridade social, da saúde, da educa-
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e ção, da previdência social, da assistência social, da cultura e do despor-
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da to, da ciência e tecnologia, da comunicação social, do meio ambiente,
aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; da família, da criança, do adolescente e do idoso, e dos índios.
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, in- Insta frisar, contudo, que nem todos os direitos que são trabalhados
centivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a no Título “Da Ordem Social” são direitos sociais. O direito ao meio
forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; -ambiente, p. ex., é, seguindo a abrasileirada classificação de Paulo Bo-
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à crian- navides, um direito de terceira geração/dimensão, ligado ao valor “fra-
ça, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas ternidade”. Já o direito à comunicação social, p. ex., seguindo a mesma
afins. classificação, é um direito de quarta dimensão/geração.
§4º. A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração Isso permite concluir que nem todos os direitos sociais estão de-
sexual da criança e do adolescente. vidamente regulamentados na Constituição, que a maioria dos direitos
§5º. A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, sociais regulamentados na Constituição estão no título “Da Ordem So-
que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de es- cial”, mas que o título “Da Ordem Social” não trata apenas de direitos
trangeiros. sociais.
§6º. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 2 Base e objetivos da ordem social. A ordem social tem como
designações discriminatórias relativas à filiação. base o primado do trabalho, e como objetivos o bem-estar e a justiça
§7º. No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar- sociais. Eis o teor do art. 193, da Constituição Federal.
se- á em consideração o disposto no art. 204.
§8º. A lei estabelecerá: 2.1 O que significa dizer que a ordem social tem como base
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jo- “o primado do trabalho”? A Lei Fundamental de 1988 assegura uma
vens; série de direitos aos trabalhadores. Eles podem ser observados nos arts.
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando 7º e 8º, da Constituição Federal, essencialmente, dentre os quais se as-
à articulação das várias esferas do poder público para a execução de segura o décimo-terceiro salário, um salário mínimo condizente com
políticas públicas. as necessidades pessoais e familiares, a remuneração da hora noturna
superior à hora diurna, a proibição contra a automação, a equiparação
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito entre trabalhador urbano e rural, o direito de greve, a igualdade de opor-
anos, sujeitos às normas da legislação especial. tunidades para homens e mulheres, dentre outros.
Ademais, se observado o art. 1º, IV, da Constituição Federal, se
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos verá que a República Federativa do Brasil tem como um de seus funda-
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na mentos os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Tal dispositi-
velhice, carência ou enfermidade. vo reconhece o capitalismo como modelo econômico vigente no país.
Entretanto, não se trata de qualquer capitalismo, mas de um capitalis-
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar mo humanista, que, apesar de fomentar a livre iniciativa (o que leva
as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defen- ao aquecimento da economia e a melhores e maiores opções para os
dendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. consumidores), protege seus trabalhadores, garantindo-lhes um mínimo
§1º. Os programas de amparo aos idosos serão executados prefe- de bem-estar.
rencialmente em seus lares. Desta maneira, o trabalho é encarado como um valor social em
§2º. Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade nosso ordenamento, pois junto dele vem o direito de quem trabalha de
dos transportes coletivos urbanos. poder usufruir dos vencimentos (remuneração), de obter chances de au-
mentar suas rendas, de crescer dentro de uma profissão, de garantir o
1 Disposições gerais. A Constituição Federal de 1988 é uma gran- sustento de uma família etc.
de consagradora de direitos fundamentais de cunho social. Desta maneira, quando o art. 193, CF, prevê que a ordem social
Para se ter uma ideia, seu art. 6º, que elenca um rol exemplificati- bem como base o primado do trabalho, significa que se reconhece que
vo de direitos sociais, trata da alimentação, da saúde, do trabalho, da o labor é necessário ao bom desenvolvimento do país. Em outras pa-
educação, da assistência aos desamparados, do lazer, da segurança, lavras, busca-se fazer do trabalho um instrumento com o qual, diante
da previdência social, da moradia, e da proteção à maternidade e à de suas consequências (produção de renda, geração de empregos, e au-
infância. mento da arrecadação do Estado), se concretize ainda mais os direitos
Vale ressaltar que nem todos estes direitos sociais estavam pre- sociais, bem como todos os outros direitos previstos no Título da Cons-
vistos no texto originário da Constituição. A moradia só foi incluída tituição que trata “Da Ordem Social”.
pela Emenda Constitucional nº 26/2000, enquanto a alimentação só foi
acrescida pela Emenda Constitucional nº 64/2010. 2.2 E, o que significa dizer que a ordem social tem como obje-
Disso infere-se que nem todos os direitos sociais que estão previs- tivos o bem-estar e a justiça sociais? A ideia de justiça social implica
tos neste art. 6º encontram posterior regulamentação dentro da própria uma ideia de justiça distributiva, tal como previa John Rawls no início
Constituição. da segunda metade do século passado.

Didatismo e Conhecimento 126


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Quando se utiliza a expressão “justiça social”, não diz respeito F) Diversidade da base de financiamento. A arrecadação vem de
apenas ao acesso ao Poder Judiciário, isto é, à justiça enquanto abstrati- diversas fontes. Toda a sociedade financiará a seguridade social, tanto
zação de um ente jurídico, mas alude, igualmente, a um elemento nor- de forma direta como de forma indireta, mediante recursos provenientes
teador de respeito ao Princípio da Igualdade/Isonomia, como forma de dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
permitir que, perante um prisma da sociedade, todos tenham as mesmas nicípios. Para se ter ideia, como contribuições sociais se prevê aquelas
iniciativas e os mesmos instrumentos para o alcance do sucesso pessoal advindas do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
e profissional. Mas, que essa luta não se dê a mercê da dignidade da forma da lei, aquelas incidentes sobre a receita de concursos e prog-
pessoa humana, a qual é denominador comum de um Estado Demo- nósticos, aquelas incidentes sobre o importador de bens ou serviços do
crático de Direito. exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
Ora, se essa igualdade de oportunidades não resultar em bem-estar G) Caráter democrático e descentralizado da administração, me-
a quem participa deste processo, não haverá qualquer êxito no atingi- diante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
mento da base da “Ordem Social”, afinal, de nada terá adiantado conse- empregadores, dos aposentados, e do Governo nos órgãos colegiados.
guir progredir por meio do trabalho se, em troca, houver abdicação das A “gestão quadripartite” talvez seja a grande característica da segurida-
benesses de se viver com dignidade.
de social. Ela será feita pelos trabalhadores, pelos empregadores, pelos
aposentados, e pelo Governo. Todos os agentes envolvidos em questões
3 Seguridade social. A seguridade social compreende um conjun-
securitárias, seja porque alvos de políticas públicas, seja porque devedo-
to integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da socieda-
de, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência, res de contribuições sociais, seja porque organizadores da distribuição e
e à assistência social. Eis, em essência, o teor do caput, do art. 194, da alocação de recursos, deverão palpitar, democraticamente, em busca de
Constituição Federal. uma medida “que fique melhor para todos”.
Com efeito, há se observar, preliminarmente, que a seguridade so-
cial se destina ao custeio da saúde, da previdência e da assistência so- 3.1 Saúde. No primeiro plano da seguridade social está a saúde,
cial. É esse o tripé fundamental a que se presta o mecanismo securitário. disciplinada entre os arts. 196 e 200, da Constituição.
Todo tipo de arrecadação promovida pela seguridade social destina-se Segundo o art. 196, CF, a saúde é direito de todos e dever do Esta-
à manutenção deste tripé. Assim, quando se fala em “déficit da saúde”, do, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redu-
ou em “rombo da previdência”, p. ex., é porque o problema está, basica- ção do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igua-
mente, na seguridade social, ou na forma como se faz a arrecadação e a litário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
distribuição de recursos. Com efeito, o artigo subsequente, 197, dispõe serem de relevância
Isto posto, são alguns objetivos da seguridade social: pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor,
A) Universalidade da cobertura e do atendimento. Todos os tute- nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle,
lados pela República Federativa do Brasil têm direito à cobertura e ao devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,
atendimento promovidos pela seguridade social. Quando se chega num também, por pessoa física ou jurídica de direito privado (veja-se, pois,
hospital público, p. ex., não importam as condições econômicas daquele que a assistência à saúde é livre à iniciativa privada).
que busca socorro. O atendimento deve ser o mesmo, independente- As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regiona-
mente da cor, credo, “status” econômico, ou etnia. Esta “equação” so- lizada e hierarquizada, e constituem um sistema único (o “SUS”, Siste-
mente funciona porque nem todos precisam se socorrer constantemente ma Único de Saúde), organizado de acordo com as diretrizes da descen-
da seguridade social. Desta forma, todos pagam pelo uso (através de tralização, do atendimento integral, e da participação da comunidade.
contribuições), mas só alguns efetivamente usam; Neste diapasão, são atribuições do sistema único de saúde, com
B) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às popu- fulcro no art. 200, da Constituição da República:
lações urbanas e rurais. Essa ideia de equivaler as populações urbanas A) Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de
e rurais é uma tônica da Constituição Federal de 1988, que já o tinha interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equi-
feito no art. 7º, ao equiparar trabalhadores rurais e urbanos;
pamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos (inciso
C) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e
I);
serviços. Tratam-se de dois princípios inerentes à seguridade social, a
B) Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem
saber, o “Princípio da Seletividade” e o “Princípio da Distributivida-
de”. Pela “seletividade” se determina as áreas prioritárias de atuação, e como as de saúde do trabalhador (inciso II);
pela “distributividade” se faz a devida alocação de recursos; C) Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde (in-
D) Irredutibilidade do valor dos benefícios. É preciso manter o ciso III);
“poder de compra” com os benefícios concedidos. Evita-se a desvalori- D) Participar da formulação da política e da execução das ações de
zação dos benefícios concedidos frente às taxas inflacionárias. Em mes- saneamento básico (inciso IV);
mo sentido, o parágrafo quarto, do art. 201, CF, prevê que é assegurado E) Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científi-
o reajustamento dos benefícios (pertinentes à previdência social) para co e tecnológico (inciso V);
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios F) Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de
definidos em lei; seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano
E) Equidade na forma de participação do custeio. A ideia é que (inciso VI);
cada um contribua na medida de sua capacidade. Uns, invariavelmente, G) Participar do controle e fiscalização da produção, transporte,
por terem melhores condições financeiras, pagarão mais, enquanto ou- guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e ra-
tros, por terem um baixo orçamento mensal, pagarão menos. Isso não dioativos (inciso VII);
significa que quem pagou mais será melhor atendido ou terá prioridade. H) Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o
O atendimento é universal, como já dito; do trabalho (inciso VIII).

Didatismo e Conhecimento 127


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
3.2 Previdência social. A previdência social será organizada sob a A) Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, (inciso I);
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e B) Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensa-
atenderá nos termos de lei, a (art. 201, CF): mento, a arte e o saber (inciso II);
A) Cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade C) Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistên-
avançada (inciso I); cia de instituições públicas e privadas de ensino (inciso III);
B) Proteção à maternidade, especialmente à gestante (inciso II); D) Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais (in-
C) Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntá- ciso IV);
rio (inciso III); E) Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos,
D) Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos se- na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por
gurados de baixa renda (inciso IV); concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas (inciso V);
E) Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge F) Gestão democrática do ensino público, na forma da lei (inciso
ou companheiro e dependentes, observado o disposto no §2º, do art. VI);
G) Garantia de padrão de qualidade (inciso VII);
201, CF (inciso V).
H) Piso salarial profissional nacional para os profissionais da edu-
As Leis nº 8.212/91 (que regulamenta o “plano de custeio”) e nº
cação escolar pública, nos termos de lei federal (inciso VIII).
8.213/91 (que regulamenta os “planos de benefícios”) disciplinam o Ademais, há se lembrar que o ensino é livre à iniciativa privada,
“Regime Geral de Previdência Social”. desde que cumpridas as normas gerais da educação nacional, sujeitan-
do-se à autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
3.3 Assistência social. A assistência social será prestada a quem Também, o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade so- disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino funda-
cial, e tem por objetivos (art. 203, CF): mental.
A) A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência Por fim, o ensino fundamental regular será ministrado em língua
e à velhice (inciso I); portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização
B) O amparo às crianças e adolescentes carentes (inciso II); de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
C) A promoção da integração ao mercado de trabalho (inciso III);
D) A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiên- 4.2 Dever do Estado com a educação. Com supedâneo no art.
cia e a promoção de sua integração à vida comunitária (inciso IV); 208, da Constituição, o dever do Estado com a educação será efetivado
E) A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa mediante a garantia de:
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios A) Educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete
de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que
conforme dispuser a lei (inciso V). a ela não tiveram acesso na idade própria (inciso I). Neste diapasão, a
Some-se a isso a informação constante do art. 204, da Lei Funda- Lei nº 12.796/13 alterou a Lei nº 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases
mental, segundo a qual as ações governamentais na área da assistência da Educação Nacional - para, dentre outros, fazer constar em seu art.
social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, 4º que o dever do Estado com a educação escolar pública será efetiva-
previstos no art. 195, CF, além de outras fontes, e organizada com base do mediante a garantia de educação básica obrigatória e gratuita dos
nas seguintes diretrizes: quatro aos dezessete anos (inciso I), organizada na forma escalonada
A) Descentralização político-administrativa, cabendo a coordena- de pré-escola (alínea “a”), ensino fundamental (alínea “b”) e ensino
ção e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução médio (alínea “c”). Tal preceito nada mais fez que regulamentar o in-
dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a ciso I, do art. 208, CF, com redação atual dada pela Emenda Constitu-
cional nº 59/2009;
entidades beneficentes e de assistência social (inciso I);
B) Progressiva universalização do ensino médio gratuito (inciso
B) Participação da população, por meio de organizações represen-
II);
tativas, na formulação das políticas e no controle (inciso II).
C) Atendimento educacional especializado aos portadores de defi-
O caráter extremamente abrangente da assistência social permite ciência, preferencialmente na rede regular de ensino (inciso III);
denominá-la, inclusive, como verdadeiro “direito-tampão”. A Lei nº D) Educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até cinco
8.742/93 (“Lei de Organização da Assistência Social”) regulamenta os anos de idade (inciso IV);
benefícios, objetivos e finalidades a que se preza tal direito tipicamente E) Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
social. criação artística, segundo a capacidade de cada um (inciso V);
F) Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
4 Educação. A educação é direito de todos e dever do Estado e da educando (inciso VI);
família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da G) Atendimento ao educando, em todas as etapas da educação bá-
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo sica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar,
para o exercício e sua qualificação para o trabalho. transporte, alimentação e assistência à saúde (inciso VII).
Há se chamar atenção ao fato de que a Constituição torna a família O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subje-
compromissária para com o direito social à educação. Nenhuma política tivo. Isto significa que pode um cidadão cobrar do Estado o direito ao
governamental que seja estabelecida para diminuir a evasão escolar será ensino gratuito (inclusive judicialmente), já que se trata de uma garan-
profícua se não contar com o auxílio da família e da sociedade. tia que lhe é pré-estabelecida pelo parágrafo primeiro, do art. 208, da
Constituição. Isso tanto é verdade que o não-oferecimento do ensino
4.1 Princípios que movem o ensino. O art. 206 da Constituição obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa respon-
dispõe que o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: sabilidade da autoridade competente (art. 208, §2º, CF).

Didatismo e Conhecimento 128


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
4.3 Universidades. Conforme o art. 207, da Lei Maior, as univer- D) Cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e pri-
sidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de vados atuantes na área cultural (inciso IV);
gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao “Princípio de indisso- E) Integração e interação na execução das políticas, programas,
ciabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. projetos e ações desenvolvidas (inciso V);
É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cien- F) Complementaridade nos papéis dos agentes culturais (inciso
tistas estrangeiros, na forma da lei. VI);
Tais disposições também se aplicam às instituições de pesquisa G) Transversalidade das políticas culturais (inciso VII);
científica e tecnológica. H) Autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade
civil (inciso VIII);
4.4 Plano Nacional de Educação. A Lei estabelecerá o plano na- I) transparência e compartilhamento das informações (inciso IX);
cional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o J) Democratização dos processos decisórios com participação e
sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir dire- controle social (inciso X);
trizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a K) Descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, eta- e das ações (inciso XI);
pas e modalidades por meio de ações integradas dos Poderes Públicos L) Ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos
das diferentes esferas federativas que conduzam a (art. 214, CF): públicos para a cultura (inciso XII).
A) Erradicação do analfabetismo (inciso I);
B) Universalização do atendimento escolar (inciso II); 5.3 Patrimônio cultural brasileiro. Com supedâneo no art. 216,
C) Melhoria da qualidade do ensino (inciso III); da Constituição Federal, constituem patrimônio cultural brasileiro os
D) Formação para o trabalho (inciso IV); bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
E) Promoção humanística, científica e tecnológica do país (inciso conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
V). diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se in-
F) Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em cluem:
educação como proporção do produto interno bruto (inciso VI). A) As formas de expressão (inciso I);
B) Os modos de criar, fazer e viver (inciso II);
5 Cultura. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direi-
C) As criações científicas, artísticas e tecnológicas (inciso III);
tos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incenti-
D) As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
vará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
destinados às manifestações artístico-culturais (inciso IV);
O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indí-
E) Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, ar-
genas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do proces-
tístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (inciso V).
so civilizatório nacional.
O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá
A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta signi-
e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários,
ficação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas
5.1 Plano Nacional de Cultura. A lei estabelecerá o “Plano Na- de acautelamento e preservação.
cional de Cultura”, de duração plurianual, visando ao desenvolvimen- Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da docu-
to cultural do País e à integração das ações do poder público que condu- mentação governamental e as providências para franquear sua consulta
zem à (art. 215, §3º, CF): a quantos dela necessitem.
A) Defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro (inciso I); A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de
B) Produção, promoção e difusão de bens culturais (inciso II); bens e valores culturais.
C) Formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na for-
suas múltiplas dimensões (inciso III); ma da lei.
D) Democratização do acesso aos bens de cultura (inciso IV); Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de re-
E) Valorização da diversidade étnica e regional (inciso V). miniscências históricas dos antigos quilombos.

5.2 Sistema Nacional de Cultura.O Sistema Nacional de Cultu- 6 Desporto. É dever do Estado fomentar práticas desportivas
ra, organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada e formais e não-formais, como direito de cada um, observados (art. 217,
participativa, institui um processo de gestão e promoção conjunta de CF):
políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas A) A autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações,
entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover quanto a sua organização e funcionamento (inciso I);
o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício B) A destinação de recursos públicos para a promoção prioritária
dos direitos culturais. Tal sistema fundamenta-se na política nacional de do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de
cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cul- alto rendimento (inciso II);
tura, e rege-se pelos seguintes princípios (art. 216-A e §1º, ambos da C) O tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não
Constituição): profissional (inciso III);
A) Diversidade das expressões culturais (inciso I); D) A proteção e o incentivo às manifestações desportivas de cria-
B) Universalização do acesso aos bens e serviços culturais (inciso ção nacional (inciso IV).
II); O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às
C) Fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça des-
bens culturais (inciso III); portiva, regulada em lei.

Didatismo e Conhecimento 129


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, conta- A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da
dos da instauração do processo, para proferir decisão final. programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturali-
O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção so- zados há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação social.
cial.
8.3 Concessão/permissão/autorização para serviço de comu-
7 Ciência e tecnologia. Nos termos do art. 218, caput, da Cons- nicação. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão,
tituição Federal, o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons
científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas. e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas
Neste sentido, são nuanças pertinentes à ciência e tecnologia:
privado, público e estatal.
A) A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do
Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências; O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, §2º e
B) A pesquisa tecnológica voltar-se-á, preponderantemente, para a §4º, CF, a contar do recebimento da mensagem.
solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema A não renovação da concessão ou permissão dependerá de apro-
produtivo nacional e regional; vação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em votação
C) O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas nominal.
de ciência, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que delas se ocupem O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais
meios e condições especiais de trabalho; após deliberação do Congresso Nacional, na forma dos parágrafos an-
D) A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesqui- teriores.
sa, criação de tecnologia adequada ao país, formação e aperfeiçoamento O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o
de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração prazo, depende de decisão judicial.
que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emis-
ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho; soras de rádio e de quinze anos para as de televisão.
E) É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de
sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à
pesquisa científica e tecnológica; 8.4 Conselho de Comunicação Social. Para os efeitos do dispos-
F) O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incen- to na parte da Constituição que trata sobre a “comunicação social”, o
tivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconô- Congresso Nacional instituirá, como órgão auxiliar, o “Conselho de Co-
mico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do país, nos municação Social”, na forma da lei. A lei a que se refere o dispositivo
termos de lei federal. constitucional é a de nº 8.389/91.

8 Comunicação social. Por proteger a Constituição Federal, entre 9 Meio ambiente. Segundo o art. 225, caput, da Constituição Fe-
outros, a liberdade de expressão, a livre manifestação do pensamento, e deral, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
o direito à informação, ganhou a comunicação social importância sin- bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, im-
gularizada na Lei Fundamental, por se tratar do modo como se mate- pondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
rializa os direitos que partem do pensamento como princípio ativo. A preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, Da simples redação do dispositivo constitucional várias informa-
sob qualquer forma, processo ou veículo, pois, não sofrerão qualquer
ções podem ser extraídas.
restrição, observado o disposto na Constituição Federal.
A primeira delas diz respeito ao “meio ambiente ecologicamente
8.1 Princípios que regem a produção e a programação das equilibrado”. A Constituição não assegura apenas, veja-se, o “direito
emissoras de rádio e televisão. São eles, segundo o art. 221, da Cons- ao meio ambiente”, pois, o meio ambiente já é algo natural da espé-
tituição: cie humana, isto é, qualquer espaço físico/social no qual vive a espécie
A) Preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e infor- humana pode ser considerado meio ambiente. Exatamente por isso a
mativas (inciso I); Constituição Federal assegura um meio ambiente “ecologicamente
B) Promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção equilibrado”, assim entendido aquele meio em que a exploração de re-
independente que objetive sua divulgação (inciso II); cursos naturais e minerais se dê nos limites do razoável, seguindo as
C) Regionalização da produção cultural, artística e jornalística, regulamentações existentes sobre o assunto, com a devida recuperação
conforme percentuais estabelecidos em lei (inciso III); da área degradada se for o caso. Se possível, ainda, almeja-se que a har-
D) Respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família (in- monia entre o homem e a natureza (aqui entendida em sentido amplo)
ciso IV). seja uma relação mutualista, protocooperativa.
A segunda informação remonta à expressão “bem de uso comum
8.2 Propriedade de empresa de comunicação social. A proprie-
dade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e ima- do povo”. Com efeito, seguindo-se a abrasileira teoria das gerações/di-
gens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez mensões de direitos fundamentais, de Paulo Bonavides, o meio ambien-
anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que te situa-se na terceira geração/dimensão, ligada ao valor “fraternidade”.
tenham sede no país. Por isso, é errado falar no meio ambiente como um “espaço fechado
Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total para poucos”.
e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão so- No direito civil, os bens de uso comum do povo são aqueles bens
nora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a públicos que permitem o livre acesso das pessoas. É exatamente essa
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão a lógica que se quer fazer valer para o meio ambiente: trata-se de bem
obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da público, de livre acesso à população, desde que este livre acesso não
programação. importe depredação.

Didatismo e Conhecimento 130


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
A terceira informação diz respeito à atribuição de competência para Também, a Constituição Federal assegura, no parágrafo quinto, do
protegê-lo e preservá-lo: o Poder Público e a coletividade. É sabido que art. 226, que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal serão
apenas o Poder Público não basta para promover a conservação e revi- exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. Trata-se da consagra-
talização ambiental. É preciso pessoas, fundações, organizações não- ção do “Princípio da Isonomia/Igualdade”, genericamente previsto no
governamentais etc., com fito de atuar com função auxiliar nas políticas art. 5º, da Constituição Federal, como direito e garantia fundamental
desempenhadas pelo Poder Público. Desta maneira, é equivocado falar individual e coletivo.
que apenas ao Poder Público competem as tratativas ambientais. Ademais, com base no parágrafo terceiro, do art. 226, CF, para
A quarta e última informação extraída do art. 225, caput, diz res- efeito de proteção estatal, é reconhecida a união estável entre homem
peito ao “Princípio da Cooperação Intergeracional”. Preservar o meio e mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão
-ambiente não é um meio de manter o presente. É muito mais do que em casamento.
isso. Consiste em garantir às gerações vindouras o direito ao meio am- E a chamada “união homoafetiva”, como fica? É entendimento
biente ecologicamente equilibrado. A ideia, pois, é que cada geração majoritário nos Tribunais Superiores (STF e STJ) que se deve conferir o
proteja o meio ambiente em nome da sua geração, e da que há de vir. “status” de família a pessoas do mesmo sexo como união estável, nada
Prosseguindo, para assegurar a efetividade do direito ao meio am- obstante o Texto Constitucional exigir “homem e mulher”. Assim, caso
biente, incumbe ao Poder Público (art. 225, §1º): a prova do concurso exija o conteúdo do que está previsto na Consti-
A) Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e pro- tuição Federal, há se responder que, de fato, só se admite união estável
ver o manejo ecológico das espécies e ecossistemas (inciso I); entre “homem e mulher”. Agora, caso se pergunte de acordo com a ju-
B) Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético risprudência reinante pátria, há se responder que a união homoafetiva
do país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de também pode ser reconhecida como entidade familiar. É preciso ficar
material genético (inciso II); atento, pois, ao enunciado do concurso.
C) Definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais e Mas, as alterações na parte constitucional que trata de família não
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração param por aí. Isto porque, a Emenda Constitucional nº 66/2010 regula-
e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utili- mentou o divórcio direto, tornando-o mais prático, abolindo a exigência
zação que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua de certos lapsos temporais para a separação do casal. Agora, veja-se,
proteção (inciso III); não se exige mais prévia separação judicial por um ano, ou a comprova-
D) Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade po- da separação de fato por mais de dois anos. Caso se tenha casado num
tencialmente causadora de degradação ao meio ambiente, estudo prévio dia, e se queira divorciar no outro, agora isso tornou-se possível.
de impacto ambiental, a que se dará publicidade (inciso IV); Por fim, o parágrafo oitavo, do art. 226, CF, dispõe que o Estado
E) Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técni- assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a in-
cas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualida- tegram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas
de de vida e o meio ambiente (inciso V); relações. Com efeito, a Lei nº 11.340/2006 (popularmente conhecida
F) Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e por “Lei Maria da Penha”) deu um grande passo em direção à regula-
a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (inciso mentação deste parágrafo oitavo, ao punir a violência doméstica e fami-
VI); liar contra a mulher.
G) Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de 11 Criança, adolescente e jovem. O “Estatuto da Criança e do
espécies ou submetam os animais a crueldade (inciso VII). Adolescente” (Lei nº 8.069/90) ajuda a disciplinar as tratativas perti-
Ademais, acerca de atividades específicas, a Lei Fundamental de nentes à criança e ao adolescente: considera-se criança a pessoa até 12
1988 assegura que as usinas que operem com reator nuclear deverão (doze) anos incompletos, e adolescente a pessoa entre 12 (doze) e 18
ter sua localização definida em lei federal (sem a qual não poderão ser (dezoito) anos de idade. Ademais, não se pode esquecer que o “Estatuto
instaladas). Quanto às atividades de exploração de recursos minerais, da Juventude” foi recentemente aprovado (Lei nº 12.852, de 5 de agosto
aquele que assim o faz fica obrigado a reparar o ambiente degradado, de de 2013), e considera como “jovem” as pessoas com idade entre 15
acordo com a solução técnica exigido pelo órgão público competente, (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade. Vale lembrar, pois, que aos
na forma da lei. adolescentes entre 15 (quinze) e 18 (dezoito) anos de idade, que são
Por fim, há se lembrar que a Floresta Amazônica brasileira, a Mata albergados por ambos os Estatutos, aplica-se prioritariamente o “Esta-
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira tuto da Criança e do Adolescente”, e, subsidiariamente, o “Estatuto da
são patrimônio nacional, e sua utilização se fará dentro de forma que Juventude” (art. 1º, §2º, da Lei nº 12.852/2013).
assegure a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos Isto posto, dando prosseguimento às reflexões, a cabeça do art.
recursos naturais. 227, da Lei Fundamental, preconiza ser dever da família, da sociedade
e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com abso-
10 Família. Segundo o art. 226, caput, da Constituição Federal, a luta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
família é a base da sociedade, e, por isso, merece especial proteção do lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberda-
Estado. de e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
Essa proteção especial exercida pelo Estado não configura auto- toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, cruel-
rizativo, contudo, a que se intervenha no livre planejamento familiar. dade e opressão.
Com efeito, tal planejamento familiar é livre decisão do casal, com- A leitura do art. 227, caput, da Constituição Federal permite con-
petindo ao Estado apenas propiciar recursos educacionais e científicos cluir que se adotou, neste país, a chamada “Doutrina da Proteção In-
para o exercício de tal direito, vedada qualquer forma coercitiva por tegral da Criança”, ao lhe assegurar a absoluta prioridade em políticas
parte de instituições oficiais ou privadas. públicas, medidas sociais, decisões judiciais, respeito aos direitos hu-

Didatismo e Conhecimento 131


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
manos, e observância da dignidade da pessoa humana. Neste sentido, o tude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do
parágrafo único, do art. 5º, do “Estatuto da Criança e do Adolescente”, poder público para a execução de políticas públicas (inciso II). Nada
prevê que a garantia de prioridade compreende a primazia de receber obstante a exigência constitucional desde 2010, somente bem recente-
proteção e socorro em quaisquer circunstâncias (alínea “a”), a prece- mente o Estatuto da Juventude foi aprovado (Lei nº 12.852/2013), como
dência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública visto acima, carecendo, ainda, o Plano Nacional de Juventude de maior
(alínea “b”), a preferência na formulação e na execução das políticas regulamentação infraconstitucional.
sociais públicas (alínea “c”), e a destinação privilegiada de recursos pú-
blicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude 12 Idoso. Consoante o art. 230, caput, da Constituição, a família,
(alínea “d”). a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, as-
Ademais, a proteção à criança, ao adolescente e ao jovem repre- segurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade
e bem-estar e garantindo-lhes a vida. A lógica de funcionamento da
senta incumbência atribuída não só ao Estado, mas também à família
doutrina e da jurisprudência para os idosos é muito próxima daquela
e à sociedade. Sendo assim, há se prestar bastante atenção nas provas aplicada para as crianças/adolescentes, dada a condição excepcional de
de concurso, tendo em vista que só se costuma colocar o Estado como sujeitos historicamente desprotegidos que ocupam.
observador da “Doutrina da Proteção Integral”, sendo que isso também Ademais, o “Estatuto do Idoso” (Lei nº 10.741/03) ajuda a discipli-
compete à família e à sociedade. nar as questões pertinentes aos idosos. Dentre seus dispositivos, cumpre
Nesta frequência, o direito à proteção especial abrangerá os seguin- reproduzir o parágrafo único, do art. 3º, segundo o qual a garantia de
tes aspectos (art. 227, §3º, CF): prioridade ao idoso compreende:
A) A idade mínima de dezesseis anos para admissão ao trabalho, A) Atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos
salvo a partir dos quatorze anos, na condição de aprendiz (inciso I de órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população (inciso
acordo com o art. 7º, XXXIII, CF, pós-alteração promovida pela Emen- I);
da Constitucional nº 20/98); B) Preferência na formulação e na execução de políticas sociais
B) A garantia de direitos previdenciários e trabalhistas (inciso II); públicas específicas (inciso II);
C) A garantia de acesso ao trabalhador adolescente e jovem à es- C) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacio-
cola (inciso III); nadas com a proteção ao idoso (inciso III);
D) A garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição do D) Viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e
ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por convívio do idoso com as demais gerações (inciso IV);
profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica E) Priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em
detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou ca-
(inciso IV);
reçam de condições de manutenção da própria sobrevivência (inciso V);
E) A obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e F) Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos (inciso
aplicação de qualquer medida privativa de liberdade (inciso V); VI);
F) O estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, G) Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação
incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais
forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado (in- de envelhecimento (inciso VII);
ciso VI); H) Garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência
G) Programas de prevenção e atendimento especializado à criança, social locais (inciso VIII);
ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins I) Prioridade no recebimento da restituição do imposto de renda
(inciso VII). (inciso IX).
Prosseguindo, o parágrafo sexto, do art. 227, da Constituição,
garante o “Princípio da Igualdade entre os Filhos”, ao dispor que os
filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-
os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações ADMINISTRATIVA DO ESTADO;
discriminatórias relativas à filiação.
Assim, com a Constituição Federal, os filhos não têm mais “va-
lor” para efeito de direitos alimentícios e sucessórios. Não se pode falar
Dispositivos constitucionais cobrados no presente tópico, referen-
em um filho receber metade da parte que originalmente lhe cabia por
tes à organização político-administrativa:
ser “bastardo”, enquanto aquele fruto da sociedade conjugal receber a
quantia integral. Aliás, nem mesmo a expressão “filho bastardo” pode Art. 18. A organização político-administrativa da República Fede-
mais ser utilizada, por representar uma forma de discriminação desig- rativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os
natória. Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
Também, o art. 229 traz uma “via de mão dupla” entre pais e filhos, §1º. Brasília é a Capital Federal.
isto é, os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e §2º. Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, trans-
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, ca- formação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão regula-
rência ou enfermidade. Tal dispositivo, inclusive, permite que os filhos das em lei complementar.
peçam alimentos aos pais, e que os pais peçam alimentos aos filhos. §3º. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou des-
Por fim, há se mencionar o acrescentado parágrafo oitavo (pela membrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados
Emenda Constitucional nº 65/2010), ao art. 227, da Constituição Fede- ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamen-
ral, segundo o qual a lei estabelecerá o estatuto da juventude, destinado te interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
a regular os direitos dos jovens (inciso I), e o plano nacional de juven- complementar.

Didatismo e Conhecimento 132


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§4º. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de 5 Repartição de competências e o princípio da predominância
Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado do interesse. Segundo o “Princípio da Predominância do Interesse”,
por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, me- à União cumpre as matérias e questões de interesse geral; aos Estados
diante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divul- cumprem as matérias de interesse regional; e aos Municípios cumprem
gação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados as matérias de interesse local. O Distrito Federal terá competências tan-
na forma da lei. to de Estado como de Município, a depender da matéria legislada, isto
é, se de interesse regional ou local, respectivamente.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: 6 Princípio da simetria constitucional. Tal axioma exige uma
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, emba- correlação entre o disposto na Constituição Federal e o previsto nas
raçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes Constituições Estaduais; e, por sua vez, entre o disposto na Constituição
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola- de um Estado e o previsto nas Leis Orgânicas dos Municípios afetados
boração de interesse público; cada qual ao seu respectivo Estado. Desta maneira, visa-se formar um
II - recusar fé aos documentos públicos; conceito de unidade, em nível escalonado decrescente (do meio federal
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. para o municipal), entre o previsto na Constituição Federal da Repú-
blica Federativa do Brasil, nas Constituições dos Estados, e nas Leis
1 Organização político-administrativa. Com supedâneo no art. Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal.
18, caput, da Constituição Federal, a organização político-administrati-
va da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, nos termos da Lei Fundamental de ORÇAMENTO PÚBLICO: CONCEITOS
1988. E PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS.
Desta maneira, a primeira informação que se extrai é a de que são
entes da federação: União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Os
Territórios não são entes da federação.
Mas o que são os Territórios, então? Os Territórios federais inte- Dispositivos constitucionais cobrados no presente tópico:
gram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração
serão reguladas em lei complementar. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
Ademais, há se lembrar que, desde 21 de abril de 1960, em subs- I - o plano plurianual;
tituição à cidade do Rio de Janeiro (que, por sua vez, substituiu a cida- II - as diretrizes orçamentárias;
de de Salvador em 1763), Brasília é a capital federal (e também sede III - os orçamentos anuais.
do Distrito Federal). Vale obtemperar, neste diapasão, que “Brasília” e §1º. A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma
“Distrito Federal” não são expressões sinônimas. “Brasília” é apenas regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública
uma cidade, contida no “Distrito Federal”, o qual é formado também federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as
por terras e por outras cidadelas, conhecidas por “cidades-satélite”. relativas aos programas de duração continuada.
§2º. A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e
2 Vedações à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de
nicípios. Veda-se aos entes da federação: capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração
A) Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, emba- da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tri-
raçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes butária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola- oficiais de fomento.
boração de interesse público (art. 19, I, CF); §3º. O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerra-
B) Recusar fé aos documentos públicos (art. 19, II, CF); mento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.
C) Criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si (art. §4º. Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previs-
19, III, CF). tos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano
plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.
3 Possibilidade dos Estados incorporarem-se entre si, subdivi- §5º. A lei orçamentária anual compreenderá:
direm-se ou desmembrarem-se para se anexarem a outros, ou for- I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos,
marem novos Estados ou Territórios Federais. Neste caso, exige-se órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive funda-
aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, ções instituídas e mantidas pelo Poder Público;
bem como aprovação do Congresso Nacional por lei complementar. A II - o orçamento de investimento das empresas em que a União,
Lei nº 9.709/98 ajuda a disciplinar a questão. direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito
a voto;
4 Criação, incorporação, fusão e desmembramento de Muni- III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entida-
cípios. Isso será feito por lei estadual, dentro do período determinado des e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem
por lei complementar federal, de forma que tudo dependerá de consulta como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, §6º. O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demons-
após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados trativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente
e publicados na forma da lei. A Lei nº 9.709/98 ajuda a disciplinar a de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza fi-
questão. nanceira, tributária e creditícia.

Didatismo e Conhecimento 133


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
§7º. Os orçamentos previstos no §5º, I e II, deste artigo, compati- §8º. Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição
bilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspon-
desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional. dentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos espe-
§8º. A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à ciais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.
previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição
a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de Art. 167. São vedados:
operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamen-
da lei. tária anual;
§9º. Cabe à lei complementar: II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a ela- que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
boração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orça- III - a realização de operações de créditos que excedam o montante
mentárias e da lei orçamentária anual; das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos su-
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da ad- plementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder
ministração direta e indireta bem como condições para a instituição e Legislativo por maioria absoluta;
funcionamento de fundos. IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretri- se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações
zes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do
apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regi- ensino e para realização de atividades da administração tributária, como
mento comum. determinado, respectivamente, pelos arts. 198, §2º, 212 e 37, XXII, e a
§1º. Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de recei-
Deputados: ta, previstas no art. 165, §8º, bem como o disposto no §4º deste artigo;
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autori-
e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da Repúbli- zação legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes;
ca; VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recur-
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacio- sos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para
nais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acom- outro, sem prévia autorização legislativa;
panhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recur-
demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de
sos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade
acordo com o art. 58.
ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos men-
§2º. As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre
cionados no art. 165, §5º;
elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia auto-
das duas Casas do Congresso Nacional.
rização legislativa.
§3º. As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos proje-
X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de emprés-
tos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:
timos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de dire- Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas
trizes orçamentárias; com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Fede-
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os prove- ral e dos Municípios.
nientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições so-
a) dotações para pessoal e seus encargos; ciais de que trata o art. 195, I, “a”, e II, para a realização de despesas
b) serviço da dívida; distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municí- social de que trata o art. 201.
pios e Distrito Federal; ou §1º. Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício
III - sejam relacionadas: financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual,
a) com a correção de erros ou omissões; ou ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabili-
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. dade.
§4º. As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não §2º. Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exer-
poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual. cício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização
§5º. O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Con- for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em
gresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orça-
este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte mento do exercício financeiro subsequente.
cuja alteração é proposta. §3º. A abertura de crédito extraordinário somente será admitida
§6º. Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamen- para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes
tárias e do orçamento anual serão enviados pelo Presidente da Repú- de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o dispos-
blica ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se to no art. 62.
refere o art. 165, §9º. §4º. É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos
§7º. Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que
contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas ao proces- tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia
so legislativo. ou contra garantia à União e para pagamento de débitos para com esta.

Didatismo e Conhecimento 134


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, C) Princípio da legalidade. Não só os orçamentos públicos, mas
compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos todo o sistema depende de lei.
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da
Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em 2 Matérias que serão estabelecidas por leis de iniciativa do Po-
duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, der Executivo. Vejamos:
§9º. A) O plano plurianual. A lei que instituir o plano plurianual es-
tabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Esta- Administração Pública federal para as despesas de capital e outras delas
dos, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada;
estabelecidos em lei complementar. B) As diretrizes orçamentárias. A lei de diretrizes orçamentárias
§1º. A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remunera- compreenderá as metas e prioridades da Administração Pública federal,
ção, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequen-
de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qual- te, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as
quer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta,
alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação
inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só pode-
das agências financeiras oficiais de fomento;
rão ser feitas:
C) Os orçamentos anuais. A lei orçamentária anual compreenderá:
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender
às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; 1) O orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, ór-
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamen- gãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações
tárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia instituídas e mantidas pelo Poder Público; 2) O orçamento de investi-
mista. mento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha
§2º. Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida a maioria do capital social com direito a voto; 3) O orçamento da segu-
neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão ime- ridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados,
diatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem instituídos e mantidos pelo Poder Público.
os referidos limites. Ademais, o projeto de lei orçamentária será acompanhado de de-
§3º. Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste monstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decor-
artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a rente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as se- financeira, tributária e creditícia.
guintes providências: Por fim, há se lembrar que a função precípua do orçamento anual
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos é a de reduzir as desigualdades inter-regionais, segundo critério popu-
em comissão e funções de confiança; lacional.
II - exoneração dos servidores não estáveis.
§4º. Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não 3 Vedações em matéria de orçamentos. Consoante o art. 167, da
forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei Lei Fundamental, são vedados:
complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o A) O início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamen-
cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes espe- tária anual (inciso I);
cifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto B) A realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas
da redução de pessoal. que excedam os créditos orçamentários ou adicionais (inciso II);
§5º. O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior C) A realização de operações de créditos que excedam o montante
fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos su-
ano de serviço.
plementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder
§6º. O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores
Legislativo por maioria absoluta (inciso III);
será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função
D) A vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos.
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que
§7º. Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas
na efetivação do disposto no §4º. se referem os arts. 158 e 159, da Constituição, a destinação de recursos
para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desen-
1 Alguns princípios aplicáveis aos orçamentos públicos. São volvimento do ensino e para realização de atividades da administração
eles: tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, §2º, 212
A) Princípio da exclusividade. A lei orçamentária anual não con- e 37, XXII, todos da CF, e a prestação de garantias às operações de cré-
terá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, dito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §8º, CF, bem como
não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos o disposto no §4º do art. 167, da Lei Fundamental (inciso IV);
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por an- E) A abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia auto-
tecipação de receita, nos termos da lei. rização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes (inciso
B) Princípio da programação. Os planos e programas nacionais, V);
regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em F) A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos
consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Na- de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro,
cional. sem prévia autorização legislativa (inciso VI);

Didatismo e Conhecimento 135


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
G) A concessão ou utilização de créditos ilimitados (inciso VII); (A) dez dias.
H) A utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos (B) quinze dias.
dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou (C) vinte dias.
cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos menciona- (D) vinte e cinco dias.
dos no art. 165, §5º, da Constituição (inciso VIII); (E) trinta dias.
I) A instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autori-
zação legislativa (inciso IX); 4. (FUNASA - Todos os Cargos - 2013 - CESPE) No que diz
J) A transferência voluntária de recursos e a concessão de emprés- respeito aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item seguinte,
timos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e com base no que dispõe a Constituição Federal de 1988 (CF): “Plebis-
Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas cito e referendo são formas de exercício direto da soberania popular e
com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Fede- expressam os contornos do regime democrático brasileiro, o qual possui
ral e dos Municípios (inciso X); tanto elementos de uma democracia direta quanto de uma democracia
K) A utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais
representativa”.
de que trata o art. 195, I, “a”, e II, ambos da Constituição, para a reali-
zação de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral
de previdência social de que trata o art. 201, CF (inciso XI). 5. (PGE/BA - Analista de Procuradoria - 2013 - FCC)Ao enun-
Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício fi- ciar a liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção de partidos
nanceiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, políticos, a Constituição Federal determina expressamente que o exer-
ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabi- cício desse direito deve resguardar determinados bens ou valores cons-
lidade. titucionais. Encontram-se, entre eles:
Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício (A)  o pluripartidarismo, a soberania nacional e a separação dos
financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for poderes.
promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, (B) a forma federativa de Estado, os direitos fundamentais da pes-
reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento soa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
do exercício financeiro subsequente. (C) o pluralismo político, a forma federativa de Estado e a redução
A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para das desigualdades regionais e sociais.
atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de (D) a soberania nacional, os direitos fundamentais da pessoa hu-
guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto mana e a forma federativa de Estado.
no art. 62, CF. (E) o pluripartidarismo, a soberania nacional e o regime democrá-
É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impos- tico.
tos a que se referem os arts. 155 e 156, CF, e dos recursos de que tratam
os arts. 157, 158 e 159, I, “a” e “b”, e II, todos da Lei Fundamental, para
a prestação de garantia ou contra garantia à União e para pagamento de 6.(TRT/1ª Região - Técnico Judiciário - 2013 - FCC)De acordo
débitos para com esta. com a Constituição Federal, um brasileiro naturalizado, analfabeto, com
21 anos de idade e residente no Brasil:
QUESTÕES DE FIXAÇÃO (A) não é obrigado ao alistamento eleitoral e ao voto, sendo, ainda,
inelegível.
1. (TRT/9ª Região - Analista Judiciário - 2013 - FCC)Considere (B) é obrigado ao alistamento eleitoral e ao voto, embora não possa
as seguintes situações hipotéticas: Matias, membro do Tribunal Regio- candidatar-se a deputado federal.
nal do Trabalho da 9a Região, praticou crime comum. Fabiolo, Gover- (C) é obrigado ao alistamento eleitoral e ao voto, embora seja ine-
nador do Estado do Paraná, também praticou crime comum. De acordo legível.
com a Constituição Federal brasileira, em regra, terá competência para (D) não é obrigado ao alistamento eleitoral e ao voto, podendo, no
processar e julgar, originariamente, Matias e Fabiolo, o: entanto, candidatar-se a deputado estadual.
(A) Supremo Tribunal Federal. (E) é obrigado ao alistamento eleitoral e ao voto, podendo candi-
(B) Superior Tribunal de Justiça. datar-se a vereador.
(C)  Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal,
respectivamente. 7. (TRT/18ª Região - Juiz do Trabalho - 2012 - FCC)Segundo
(D) Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, a literalidade constitucional, o salário mínimo, fixado em lei, nacional-
respectivamente.
mente unificado, deve ser capaz de atender às necessidades vitais bá-
(E) Tribunal Regional Federal competente.
sicas dos trabalhadores urbanos e rurais e às da sua família, dentre as
2.(PGE/BA - Assistente de Procuradoria - 2013 - FCC)A defesa quais:
da Constituição compete precipuamente: (A) saúde, previdência social e turismo.
(A) ao Presidente da República. (B) educação, saúde e turismo.
(B) às Forças Armadas. (C) lazer, vestuário e felicidade.
(C) ao Supremo Tribunal Federal. (D) moradia, alimentação e felicidade.
(D) ao Congresso Nacional. (E) higiene, vestuário e transporte.
(E) aos Ministros de Estado.
8.  (TRT/1ª Região - Técnico Judiciário - 2013 - FCC)Tendo em
3.(MP/MS - Analista - 2013 - FGV)De acordo com a Constitui- vista a disciplina da Constituição Federal a respeito do direito de greve,
ção Federal, é competência exclusiva do Congresso Nacional, autorizar considere as seguintes assertivas:
o Presidente e o Vice Presidente da República a se ausentarem do país, I. É vedado, em qualquer hipótese, o exercício do direito de greve
quando a ausência exceder o período de: pelo empregado público.

Didatismo e Conhecimento 136


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Assistente em Administração
II. A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre (E) a lei considerará crime inafiançável e imprescritível a prática
o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. da tortura, por ele respondendo os mandantes, os executores e os que,
III. O exercício válido e regular do direito de greve por toda e podendo evitá-lo, se omitirem.
qualquer categoria profissional depende de prévia previsão em lei que
o autorize. GABARITO
Está correto o que se afirma apenas em: 1. Alternativa “B”
(A) I. 2. Alternativa “C”
(B) I e II. 3. Alternativa “B”
(C) II e III. 4. Afirmação correta
(D) II. 5. Alternativa “E”
(E) III. 6. Alternativa “A”
7. Alternativa “E”
9. (TCE/RO - Procurador - 2010 - FCC) Em demandas judiciais 8. Alternativa “D”
brasileiras, a reserva do possível é alegada pela Administração Pública 9. Alternativa “E”
como uma limitação para a efetivação de direitos fundamentais de or- 10. Alternativa “D”
dem social. Este conceito, todavia, é interpretado, na atual jurisprudên-
cia do STF com o seguinte sentido: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(A)  a efetivação de direitos sociais está condicionada ao rol de
direitos fundamentais de natureza prestacional que uma determinada CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de direito constitucional. 6.
Constituição positiva em dado momento histórico; assim, pretensões ed. Salvador: JusPODIUM, 2012.
sociais que não estão previstas no texto constitucional não podem ser
judicialmente cobradas do Estado. FACHIN, Zulmar. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro:
(B) normas constitucionais que preveem direitos sociais dependem Forense, 2013.
de complementação legislativa para produzir efeitos e, pelo fato de o
Poder Judiciário não estar legitimado a obrigar o Poder Legislativo a
LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mínimo
elaborar a norma, resta à Administração Pública implementar políticas
existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em face da
sociais no limite da disponibilidade normativa já positivada.
realidade. Curitiba: Juruá, 2012.
(C) em Estados que adotam o federalismo, como é o caso do Bra-
sil, as políticas públicas na área social dependem de ações promovidas
pela União em conjunto com as demais unidades federadas; assim, se ______; BERNARDI, Renato. Ensaios escolhidos de direito cons-
não houver a participação de um determinado Estado- Membro ou Mu- titucional. Brasília: Kiron, 2013.
nicípio na execução da política pública, a demanda por direitos sociais
não será plenamente atendida. MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires;
(D) apesar de muitos direitos sociais estarem positivados na Cons- BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 5.
tituição, a falta de recursos orçamentários para a prestação de políticas ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
públicas nesta área é uma barreira intransponível que impede a efetiva-
ção das normas constitucionais. SILVA, José Afonso da.  Curso de direito constitucional positi-
(E) a falta de recursos orçamentários para a execução de direitos vo. 35. ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
sociais previstos no texto constitucional é um óbice, mas não pode ser
um limite que nulifique o atendimento dessa demanda, já que as normas LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 17. ed. São
constitucionais consubstanciam direitos exigíveis e não simplesmente Paulo: Saraiva, 2013.
promessas dependentes do alvedrio do administrador.
VADE MECUM SARAIVA. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
10.(TJ/SC - Juiz - 2013 - TJ/SC)De acordo com a redação do art.
5º da Constituição Federal, assinale a alternativa correta:
(A) todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu-
reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança,
à dignidade da pessoa humana e à propriedade.
(B) é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e
de comunicação, independentemente de censura ou licença, salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
(C) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
abertos ao público, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, dependendo apenas de autorização da
autoridade competente.
(D) a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
meios de financiar o seu desenvolvimento.

Didatismo e Conhecimento 137

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