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ATUALIZAÇÕES

LEGISLATIVAS DO CÓDIGO
PENAL

 Lei 13.606/18
 Lei 13.654/18
 Lei 13.715/18
 Lei 13.718/18
 Lei 13.771/18
 Lei 13.772/18

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SUMÁRIO

LEI 13.606/18.................................................................... 2

LEI 13.654/18.................................................................... 3

1) ALTERAÇÕES NO DELITO DE FURTO ........................... 3

2) ALTERAÇÕES NO DELITO DE ROUBO ........................... 6

MAJORANTE RELATIVA AO EMPREGO DE ARMA DE FOGO .. 6

ROUBO DE EXPLOSIVOS OU COM A UTILIZAÇÃO DE


EXPLOSIVOS ........................................................................ 8

AUMENTO DA PENA DA FIGURA QUALIFICADA PELA LESÃO


CORPORAL GRAVE ................................................................ 9

LEI 13.715/18.................................................................. 10

LEI 13.718/18.................................................................. 12

1) INTRODUÇÃO ......................................................... 12

2) IMPORTUNAÇÃO SEXUAL ......................................... 13

3) DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO E DE ESTUPRO DE


VULNERÁVEL, E DE SEXO OU PORNOGRAFIA ............................ 15

CAUSA DE AUMENTO DE PENA ..................................... 19

EXCLUDENTE DE ILICITUDE ......................................... 20

4) IRRELEVÂNCIA DO CONSENTIMENTO E DA EXPERIÊNCIA


SEXUAL NO CONTEXTO DO CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL 20

5) NATUREZA DA AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A


DIGNIDADE SEXUAL .............................................................. 24

6) ESTUPRO COLETIVO E CORRETIVO ........................... 26

LEI 13.771/18.................................................................. 27

LEI 13.772/18.................................................................. 31

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LEI 13.606/18

A Lei 13.606/18 foi publicada no Diário Oficial da União em


18/04/2018 e teve como objeto principal instituir o Programa de
Regularização Tributária Rural, ou seja, não é uma lei eminentemente
penal.

Todavia, promoveu uma alteração no código penal ao inserir o §


4º ao art. 168-A, delito de apropriação indébita previdenciária. Tal
delito consiste em:

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as


contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
convencional:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Um exemplo seria o estabelecimento bancário que tem


autorização para receber do contribuinte a contribuição previdenciária
que deixar de repassar os valores recolhidos à autarquia no prazo
estabelecido pela lei.

Note que não se pode imputar a prática do crime à pessoa


jurídica por ausência de previsão legal, razão pela qual responderá pelo
delito o seu administrador.

Mas vamos direto à alteração promovida pela Lei 13.606/18.

A lei autorizava, no § 3º do art. 168-A, o juiz a aplicar somente


a pena de multa (livrando o agente da pena de reclusão) ou até mesmo
a deixar de aplicar a pena quando o agente fosse réu primário e tivesse
bons antecedentes nos casos em que o valor das contribuições devidas,
inclusive acessórios, não ultrapassasse o valor mínimo exigido para
ajuizamento da execução fiscal.

Por determinação da Portaria 75/2012 do Ministério da Fazenda,


o referido valor mínimo para ajuizamento da ação de execução fiscal é

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de 20.000,00 (vinte mil reais), tendo em vista que o custo para se
ajuizar a referida ação é muito elevado.

Pois bem, o que fez o § 4º, acrescentado pela Lei 13.606/18, foi
esclarecer que no cálculo desse valor limite deve-se levar em
consideração o valor total do parcelamento dos débitos (quando for o
caso), incluídos os acessórios, nestes termos:

§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos


casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos
acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente,
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

LEI 13.654/18

A Lei 13.654/18, publicada no Diário Oficial da União em


24/04/2018, promoveu diversas alterações nos crimes de furto e de
roubo.

No delito de furto inseriu duas novas qualificadoras (§§ 4º-A e


7º), enquanto no delito de roubo alterou o tratamento dado às causas
de aumento de pena e recrudesceu as penas das modalidades
qualificadas pela lesão corporal grave e morte.

1) ALTERAÇÕES NO DELITO DE FURTO

A primeira alteração promovida no delito de furto foi o acréscimo


do § 4º-A, segundo o qual:

§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e


multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que
cause perigo comum.

Percebe-se que a Lei 13.654/18 criou mais uma qualificadora de


ordem objetiva, ou seja, relacionada ao meio de execução do delito.
Desde a sua vigência, portanto, o furto praticado mediante emprego

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de explosivo ou de artefato análogo tem pena de 4 a 10 anos de
reclusão.

É nítido que a referida lei teve por objetivo punir mais


severamente a conduta cada vez mais recorrente daqueles que se
utilizam de substâncias explosivas para furtar caixas eletrônicos em
agências bancárias, supermercados e etc.

À primeira vista parece se tratar de uma nova lei que prejudica


o réu, aumentando sobremaneira a sanção pelo delito cometido,
todavia, essa primeira impressão não sobrevive a uma análise mais
aprofundada sobre o tema.

Precisamos analisar qual era a sanção aplicável ao agente antes


da vigência da nova lei para perceber que, na verdade, essa
qualificadora acaba por beneficiar o réu que praticou um delito de furto
com emprego de explosivos antes da vigência da Lei 13.654/18.

Isso porque antes da vigência da nova qualificadora do furto,


prevalecia o entendimento de que o agente que utilizasse substância
explosiva para prática do furto deveria responder, em concurso formal
impróprio, pelos crimes de furto qualificado pelo rompimento de
obstáculo (art. 155, §4º, I) e de explosão majorada pela finalidade de
obtenção de vantagem pecuniária (art. 251, § 2º).

Ou seja, ao agente que praticasse a referida conduta a sanção


mínima aplicável seria de 6 anos, tendo em vista que o furto qualificado
tem pena mínima de 2 anos e o delito de explosão tem pena mínima
de 3 anos, subindo para 4 anos com a incidência da causa de aumento
de pena de 1/3 em razão da finalidade de obtenção de vantagem
pecuniária.

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Sistematizando, temos:

Agente que explodiu um caixa eletrônico para subtrair


dinheiro de seu interior

ANTES DA LEI 13.654/18 DEPOIS DA LEI 13.654/18

Pena mínima: 6 anos Pena mínima: 4 anos

Pena máxima: 16 anos Pena máxima: 10 anos

Crimes: furto qualificado pelo


rompimento de obstáculo +
Crime: furto qualificado pelo
explosão majorada em razão da
emprego de substância
finalidade de obtenção de
explosiva.
vantagem pecuniária (concurso
formal impróprio)

Portanto, percebe-se o vacilo do legislador, que na tentativa de


enrijecer o tratamento dispensado ao criminoso acabou por beneficiá-
lo.

E não se pode esquecer que até mesmo aqueles já condenados


antes da vigência da Lei 13.654/18 pelos delitos de furto qualificado e
explosão majorada em concurso formal impróprio, serão beneficiados
por ela, tendo em vista que a lei penal benéfica deve retroagir para
melhorar a situação do réu, não devendo respeito nem mesmo à coisa
julgada.

A segunda alteração promovida no delito de furto foi a inclusão


do § 7º ao art. 155 nos seguintes termos:

§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa,


se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego.

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Nesse § 7º foi introduzida uma qualificadora atinente ao objeto
material do delito. Substância explosiva é aquela capaz de provocar
detonação, estrondo, em razão da decomposição química associada ao
violento deslocamento de gases.

2) ALTERAÇÕES NO DELITO DE ROUBO

Enquanto no delito de furto apenas duas novas qualificadoras


foram acrescentadas, no delito de roubo houve mais alterações: (i)
revogação da causa de aumento de pena atinente ao emprego de
arma; (ii) acréscimo da causa de aumento de pena referente à
subtração de explosivos; (iii) acréscimo do aumento de pena referente
ao emprego de arma de fogo; (iv) acréscimo da causa de aumento de
pena referente à utilização de explosivos para a prática do roubo; e,
por fim, (v) aumento na pena da figura qualificada pela lesão corporal
grave.

MAJORANTE RELATIVA AO EMPREGO DE ARMA DE FOGO

Inicialmente vamos abordar o ponto mais polêmico da alteração


legislativa. O inciso I, do § 2º, do art. 157, do código penal previa que:

§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

Portanto, antes da alteração promovida pela Lei 13.654/18 a


causa de aumento de pena era relativa ao emprego de arma, sendo
certo que o termo “arma” deveria ser interpretado de maneira
extensiva, ou seja, considerando-se arma todo objeto capaz de
vulnerar a integridade física da vítima (tais como faca, canivete,
garrafa de vidro quebrada, estilete e etc.).

Todavia, o legislador entendeu por bem revogar o dispositivo


supracitado e inserir no inciso I do recém criado § 2º-A uma causa de
aumento de pena relativa ao emprego de arma de fogo:

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§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma


de fogo;

Perceba que com essa alteração a lei passou a considerar como


causa de aumento de pena tão somente o emprego de arma de fogo,
excluindo dessa possibilidade qualquer outro artefato capaz de causar
danos à integridade física da vítima.

Observando as alterações acima citadas (revogação do inciso I,


§ 2º e acréscimo do § 2º-A, inciso I, ambos do art. 157 do código
penal), podemos tirar duas conclusões:

a) O emprego de arma de fogo passou a ter tratamento


mais rigoroso: antes recebia aumento de pena de 1/3 até a
metade e passou a receber aumento de pena de 2/3);
b) O emprego de armas brancas (facas, facões e etc.) e
outros artefatos capazes de vulnerar a integridade
física da vítima (caco de vidro, chave de fenda, espeto
de churrasco) passou a ter tratamento mais benéfico:
antes recebia aumento de pena de 1/3 até a metade e passou
a não ser mais considerado causa de aumento de pena.

Sistematizando temos que:

ANTES DA LEI DEPOIS DA LEI


13.654/18 13.654/18

Aumento de pena de Aumento de pena


ARMA DE FOGO
1/3 até a metade de 2/3

Aumento de pena de Não é causa de


ARMAS BRANCAS
1/3 até a metade aumento de pena

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ROUBO DE EXPLOSIVOS OU COM A UTILIZAÇÃO DE
EXPLOSIVOS

Outro ponto alterado pela Lei 13.654/18 foi o acréscimo de duas


causas de aumento de pena relacionadas a substâncias explosivas. A
primeira foi acrescentada ao § 2º, no inciso VI:

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade

VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de


acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação,
montagem ou emprego.

Causa de aumento de pena atinente ao objeto material do delito.


Substância explosiva é aquela capaz de provocar detonação, estrondo,
em razão da decomposição química associada ao violento
deslocamento de gases.

A segunda causa de aumento foi acrescentada no inciso II do §


2º-A:

§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços

II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o


emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum.

Também relacionada a explosivos, porém mais severa que a


anterior, pune com aumento de pena de 2/3 a conduta do agente que
utiliza substância explosiva para prática do roubo.

Nesse ponto deve-se observar que na eventualidade de um roubo


praticado com emprego de arma de fogo e com a utilização de
substâncias explosivas para romper obstáculo simultaneamente, deve
incidir sobre a conduta um aumento de pena de 2/3 relativo ao
emprego da arma de fogo, sendo a circunstância da utilização do
explosivo analisada como circunstância agravante no momento da
dosimetria da pena.

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Por exemplo, se o sujeito empregando arma de fogo rende os
funcionários de um supermercado e com a utilização de explosivos
explode o caixa eletrônico ali situado para subtrair o dinheiro,
responderá pelo delito de roubo com causa de aumento de pena de 2/3
pelo emprego de arma de fogo e com a agravante da utilização de
explosivo (prevista no art. 61, II, alínea d, do código penal).

Situação diferente encontramos na hipótese em que incida


simultaneamente uma causa de aumento de pena do § 2º e outra do
§ 2º-A, por exemplo, um roubo praticado em concurso de pessoas
(§2º, II) e com o emprego de arma de fogo (§ 2º-A, I). Nessa hipótese
deve ser aplicada a previsão do art. 68, parágrafo único, do código
penal:

Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de


diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só
aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
mais aumente ou diminua.

Como houve concurso de causas de aumento de pena previstas


em dois dispositivos diferentes (§§ 2º e 2º-A do art. 157), o juiz poderá
aplicar somente a mais grave ou as duas simultaneamente.

AUMENTO DA PENA DA FIGURA QUALIFICADA PELA LESÃO


CORPORAL GRAVE

Por fim, a última alteração promovida no delito de roubo diz


respeito à pena cominada à figura qualificada do roubo pelo resultado
lesão corporal de natureza grave, que antes variava de 7 a 15 anos, e
passou a ser de 7 a 18 anos.

Essa passou a ser a nova redação do parágrafo 3º, do art. 157


do código penal:

§ 3º Se da violência resulta

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I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18
(dezoito) anos, e multa;

II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos,


e multa.

LEI 13.715/18

Em relação ao código penal, a Lei 13.715/18 alterou o art. 92,


II, que trata do efeito extrapenal específico da perda do poder familiar.
Antes de adentrar na análise das alterações promovidas pelo nova lei,
é importante tecer alguns comentários em relação ao que seria esse
efeito extrapenal específico da condenação.

Pois bem, trata-se de um efeito de caráter civil que pode decorrer


de uma condenação criminal. Trata-se de um efeito não automático da
condenação, portanto, exige que se tenha motivação concreta sobre
sua necessidade na sentença condenatória.

Para entendermos bem as alterações promovidas vamos fazer


um quadro comparativo entre a redação anterior e a nova redação do
dispositivo:

REDAÇÃO ANTERIOR NOVA REDAÇÃO (LEI


13.715/18)

Art. 92. São também efeitos da Art. 92. São também efeitos da
condenação (...) condenação (...)
II - a incapacidade para o II – a incapacidade para o
exercício do pátrio poder, tutela exercício do poder familiar, da
ou curatela, nos crimes dolosos, tutela ou da curatela nos crimes
sujeitos à pena de reclusão, dolosos sujeitos à pena de
cometidos contra filho, tutelado reclusão cometidos contra
ou curatelado; outrem igualmente titular do
mesmo poder familiar, contra
filho, filha ou outro descendente
ou contra tutelado ou
curatelado;

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Comparando as redações podemos detalhar cada uma das
alterações.

A primeira alteração teve por objetivo apenas ajustar uma


questão de nomenclatura, tendo em vista que sob a vigência do código
civil antigo a expressão pátrio poder era utilizada para definir o
conjunto de direitos e deveres conferido aos pais em relação ao
filho menor de 18 anos (não emancipado), dentre eles o poder de
dirigir a criação e a educação, de conceder consentimento para casar,
de exigir que preste obediência, dentre outros.

Com a vigência do código civil de 2002 a expressão para designar


esse conjunto de poderes passou a ser poder familiar, razão pela qual
o legislador alterou a redação nesse ponto para adequar a norma penal
ao termo correto.

A segunda alteração, bem mais importante, diz respeito à


extensão do efeito extrapenal da condenação. Com a vigência da Lei
13.715/18, quando o agente comete um crime doloso punido com pena
de reclusão contra outra pessoa com quem divide o poder familiar,
pode vir a perder esse poder familiar.

Por exemplo, se um pai pratica crime doloso punido com pena de


reclusão contra a mãe de seus filhos, ou vice-versa. Perceba que aqui,
o efeito extrapenal aplica-se indistintamente ao homem e à mulher que
tenham sido condenados à pena de reclusão por crime doloso.

A terceira alteração incluindo filha ou outro descendente deve ser


analisada em dois momentos distintos. Em relação à filha, o acréscimo
foi completamente desnecessário, tendo em vista que a previsão legal
anterior já abarcava todo e qualquer filho.

Já em relação à expressão outro descendente, podemos imaginar


a situação de um sujeito que pratica crime de estupro contra a sua
neta e vem a perder o poder familiar sobre a sua filha. Um acréscimo

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importante para preservar os vulneráveis em relações familiares
conturbadas.

LEI 13.718/18

1) INTRODUÇÃO

Recentemente, no dia 25/09/2018, foi publicada no Diário Oficial


da União a Lei 13.718/18, que promoveu inúmeras alterações no
âmbito do Título VI do Código Penal (“Dos crimes contra a dignidade
sexual”), além de revogar a conhecida contravenção penal da
“Importunação ofensiva ao pudor” (artigo 61, do Dec. Lei 3.688/41,
agora revogado).

Resumidamente, a Lei 13.718/18 promoveu as seguintes


alterações ao Código Penal: (i) inseriu o art. 215-A, que tipificou o
delito de “Importunação sexual”; (ii) inseriu o art. 218-C, que tipificou
o delito de divulgação de cena de estupro e de estupro de vulnerável,
e de sexo ou pornografia sem autorização dos envolvidos; (iii)
introduziu o § 5º ao art. 217-A tratando sobre a irrelevância do
consentimento e da experiência sexual no contexto do crime de estupro
de vulnerável; (iv) modificou a redação do art. 225, modificando a
natureza da ação penal nos crimes contra a dignidade sexual; (v)
introduziu o inciso IV ao art. 226 criando causas de aumento de pena
nos casos de estupro coletivo e corretivo; (vi) e, por fim, modificou as
causas de aumento de pena previstas no art. 234-A.

Some-se às alterações acima a revogação do art. 61 do Dec. Lei


3.688/41 (contravenção penal da importunação ofensiva ao pudor) e,
ufa... É fácil perceber que a referida Lei não mudou pouca coisa! Mas
abordaremos todas elas de maneira sistematizada e organizada para
facilitar o seu estudo.

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2) IMPORTUNAÇÃO SEXUAL

Como dito anteriormente, o delito de importunação sexual foi


inserido no Código Penal por meio do art. 215-A nos seguintes termos:

Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato


libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de
terceiro:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui


crime mais grave.

Prima facie percebemos que trata-se de um delito de médio


potencial ofensivo tendo em vista que a pena máxima supera os dois
anos e a sua pena mínima não ultrapassa 1 ano, permitindo dessa
forma a concessão do benefício da suspensão condicional do
processo previsto no art. 89 da Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados
Especiais).

Relevante também observar que a criação desse tipo penal se


deu em substituição a contravenção penal da importunação ofensiva
ao pudor, revogada pela mesma Lei 13.718/18 (como já mencionado).

Uma simples leitura do dispositivo revogado e do novo tipo penal


permite perceber que as condutas desviadas que antes se
enquadravam na Lei de contravenções penais continuam penalmente
ilícitas, mas agora se subsumindo perfeitamente ao art. 215-A do
Código Penal.

Dessa forma, chegamos a mais uma conclusão importante para


as provas de concursos públicos: a revogação da contravenção
penal da importunação ofensiva ao pudor não gerou a abolitio
criminis do comportamento, uma vez que a conduta ali prevista
continuou sendo considerada ilícita, mas agora no art. 215-A do Código
Penal.

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Ou seja, estamos diante da aplicação do famoso princípio da
continuidade normativo-típica, segundo o qual a mera revogação
formal de um tipo penal incriminador (a revogação do artigo de lei),
não é suficiente para produzir o fenômeno da abolitio criminis,
notadamente quando a conduta formalmente revogada permanece
materialmente tipificada na lei penal (o comportamento não deixa de
ser penalmente ilícito, mas apenas “muda de endereço” no
ordenamento jurídico).

Em relação aos sujeitos do crime, trata-se de um crime bi-


comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa contra
qualquer pessoa. Todavia, precisamos de cuidado com um detalhe
nesse ponto, vejamos.

No delito de importunação sexual, o agente criminoso objetiva a


satisfação da própria lascívia ou de terceiro e o faz mediante a prática
de ato libidinoso. Pois bem, a exemplo do que ocorre no art. 215-A, no
art. 218-A do Código Penal (satisfação de lascívia mediante presença
de criança ou adolescente) o agente busca a satisfação da própria
lascívia ou de terceiro mediante a prática de ato libidinoso, mas o faz
na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induz o menor
a presenciar tal ato.

Dessa forma, é importante diferenciar os dois dispositivos.

Dito isso, devemos lembrar agora que o dispositivo ora analisado


trata-se de uma resposta do legislador a episódios recentes, tais como
o que ocorreu no Estado de São Paulo em que determinado indivíduo
masturbou-se no interior de um ônibus, ejaculando contra o pescoço
de outra passageira que ali estava.

Mas isso não quer dizer que a masturbação em público sempre


caracterizará a importunação sexual, é importante diferenciá-la do
delito de ato obsceno previsto no art. 233 do CP. Enquanto no ato
obsceno o agente ultraja (abala) as pessoas presentes, mas sem

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direcionar o seu comportamento a nenhuma delas especificamente, na
importunação sexual o agente direciona a sua conduta contra alguém
específico.

Por exemplo, ao se masturbar em uma praça pública sem visar


nenhuma pessoa específica, o agente comete o delito de ato obsceno,
diferentemente do que ocorre com aquele que resolve se masturbar
em frente a alguém que lhe despertou interesse sexual repentino (art.
215-A).

Finalizando a análise desse delito, atente-se para o seu preceito


secundário, que prevê a denominada subsidiariedade expressa. O art.
215-A aduz que a pena do delito é de 1 a 5 anos de reclusão, se o ato
não se constituir em crime mais grave.

Isso porque, havendo, por exemplo, o emprego de violência ou


grave ameaça com o intuito de constranger a vítima a se submeter ao
ato libidinoso, estaremos diante do delito de estupro (art. 213 do CP).

Feitas as considerações pertinentes ao delito de importunação


sexual, passamos a análise do art. 218-C, a outra figura delituosa
acrescentada pela Lei 13.718/18.

3) DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO E DE ESTUPRO DE


VULNERÁVEL, E DE SEXO OU PORNOGRAFIA

A conduta de divulgação de cena de estupro e de estupro de


vulnerável, e de sexo ou pornografia foi tipificada no art. 218-C do
Código Penal nos seguintes termos:

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou


expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio -
inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática
ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que
contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça
apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima,
cena de sexo, nudez ou pornografia:
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Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui
crime mais grave.

Antes de detalhar o tipo penal em si, que é bastante extenso,


três pontos assumem papel importante na análise deste delito: o
primeiro é que se trata de crime de médio potencial ofensivo,
sendo cabível a concessão da suspensão condicional do processo, nos
termos do art. 89, da Lei 9.099/95;

O segundo é que se trata de delito expressamente


subsidiário, ou seja, somente será aplicável diante da inocorrência de
delito mais grave (como é o caso dos delitos dos artigos 241 e 241-A
do ECA, que analisaremos em detalhes mais a frente).

O terceiro e último é que se trata de um tipo penal misto


alternativo, ou seja, o legislador previu nove condutas criminosas:
Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda,
distribuir, publicar ou divulgar, bastando a prática de qualquer uma
delas para que o delito se consume, lembrando que a prática de mais
de uma conduta no mesmo contexto fático configura crime único, por
exemplo, o sujeito que expõe os registros à venda e vende-os
posteriormente, pratica crime único, tendo em vista o princípio da
alternatividade.

Ainda no tocante às condutas é importante observar que o tipo


penal não exige do agente necessariamente o elemento subjetivo
específico de buscar lucro com a distribuição das imagens, portanto,
ainda que os registros sejam distribuídos, oferecidos ou transmitidos
gratuitamente, restará configurado o delito em análise.

Em relação aos sujeitos do crime, trata-se de crime comum,


ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa e contra qualquer
vítima, DESDE QUE não seja criança ou adolescente.

Isso porque, tratando-se de vítima criança ou adolescente haverá


a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente, que tipifica em

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seus artigos 241 e 241-A as mesmas condutas elencada no art. 218-C
do Código Penal, a saber:

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro


que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir,


publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema
de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

A conclusão de que o ECA deve prevalecer sobre o Código


Penal nessas hipóteses se impõe, seja pela aplicação do princípio da
especialidade em que a norma especial (ECA) deve prevalecer sobre a
geral (Código Penal); seja pelo princípio da subsidiariedade, tendo em
vista que o Código Penal foi expresso ao afirmar que o delito do art.
218-C somente seria aplicável diante da inexistência de outro crime
mais grave (e as penas cominadas no ECA são superiores àquela
prevista no CP).

Ainda em relação à comparação entre os dois diplomas legais


(ECA e Código Penal), devemos ficar atentos ao grande deslize
cometido pelo legislador no art. 218-C do Código Penal ao não
tipificar criminalmente a conduta daquele que adquire, possui
ou armazena os conteúdos ilícitos descritos no tipo penal.

Exatamente! O art. 218-C não será aplicável em situação na qual


um indivíduo mantenha armazenado em seu notebook, celular, pen
drive, CD ou qualquer outra mídia, registros audiovisuais de várias
cenas de estupro ou cenas de sexo, nudez ou pornografia e não tenha

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intenção de vendê-las ou distribuí-las a qualquer título, nem divulgue-
as.

Afinal, o legislador elencou nove condutas hábeis a


caracterização do referido delito: Oferecer, trocar, disponibilizar,
transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, e
nenhuma delas pune a conduta de adquirir, armazenar ou possuir os
registros ilícitos. Andou muito mal o legislador nesse ponto.

Mas nem tudo está perdido, em se tratando de vítimas crianças


ou adolescentes, as condutas de adquirir, armazenar ou possuir os
registros ilícitos configura delito previsto no art. 241-B, do ECA, nos
seguintes termos:

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,


fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Em relação aos objetos materiais do delito, devemos observar


que a Lei elenca o seguinte rol: fotografia, vídeo ou outro registro
audiovisual. E somente terão importância aqueles que registram (i)
cena de estupro ou de estupro de vulnerável, (ii) material que faça
apologia ou induza a prática dos citados delitos sexuais, ou (iii)
materiais que registrem cena de sexo, nudez ou pornografia sem o
consentimento da vítima.

Em relação às cenas de estupro de vulnerável, somente


caracteriza o delito do código penal aquela que envolve vulnerável por
enfermidade ou deficiência mental que não tenha o necessário
discernimento para a prática do ato, ou aquele que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência. Sendo vulnerável menor de 14
anos, o delito será aquele previsto no ECA, como já demonstrado.

No caso das cenas de estupro, observação semelhante se impõe:


sendo a vítima do estupro (praticado mediante violência ou grave

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ameaça, nos termos do art. 213 do CP) uma pessoa maior de 14 e
menor de 18 anos (portanto, adolescente), aplicar-se-á o ECA em
atendimento aos artigos 241 e 241-A daquele diploma legal. Somente
no caso de vítima maior de 18 anos estaremos diante do crime previsto
no Código Penal.

No tocante aos materiais que façam apologia ou induzam a


sua prática, não é necessário que as imagens veiculem cenas
sexuais, afinal o que se pune é o registro audiovisual em que se esteja
fazendo apologia ou induzimento à prática de estupro, como um vídeo
em que alguém defenda a legitimidade da prática ou de alguma forma
a instigue.

No que diz respeito a registros de cenas de sexo, nudez ou


pornografia sem o consentimento da vítima, observe que não se trata
de cenas de violência sexual, mas de sexo, nudez ou pornografia sem
que a pessoa fotografada ou gravada tenha concordado com a
distribuição, ainda que tenha permitido o registro das cenas em
momento anterior.

CAUSA DE AUMENTO DE PENA

A Lei 13.718/18 estabeleceu também duas causas de aumento


de pena ao delito de divulgação de cena de estupro e de estupro de
vulnerável, e de sexo ou pornografia, aduzindo em seu § 1º que:

§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços)


se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido
relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou
humilhação.

Atente-se para o fato de que são duas circunstâncias


absolutamente independentes, ou seja, se o agente tem a finalidade
de se vingar ou humilhar a vítima, não é necessário que tenha havido
entre eles uma relação íntima de afeto para que incida o aumento de
pena; ao passo que se houve ou há relação íntima de afeto entre autor
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e vítima, pouco importa a finalidade do agente para a incidência da
majorante.

EXCLUDENTE DE ILICITUDE

Por fim, encerrando a análise do dispositivo, lembramos de seu


§ 2º, que diz:

§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas


no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica,
cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a
identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja
maior de 18 (dezoito) anos.

Observe que a excludente de ilicitude abrange duas situações


distintas: aquela em que o profissional responsável pela publicação das
imagens toma as cautelas necessárias para preservar a identidade da
vítima; ou quando a própria vítima, maior de 18 anos, autoriza
previamente a divulgação do material, caso em que a preservação da
imagem se faz desnecessária.

Todavia, atenção a um detalhe: o consentimento prévio só é


capaz de afastar a ilicitude quando concedido por maior de 18 anos,
caso a vítima seja menor, o consentimento é irrelevante e a falta de
cautela para preservação da imagem atrai a incidência do tipo penal.

4) IRRELEVÂNCIA DO CONSENTIMENTO E DA EXPERIÊNCIA


SEXUAL NO CONTEXTO DO CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL

O delito de estupro de vulnerável está previsto no art. 217-A do


Código Penal nos seguintes termos:

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso


com menor de 14 (catorze) anos

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

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§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas
no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

Observe que o código penal tipifica como estupro de vulneráveis


duas situações bastante distintas entre si: a primeira na qual a vítima
é um menor de 14 anos e a segunda na qual a vítima é alguém que
não possui o necessário discernimento para a prática do ato (em razão
de enfermidade ou deficiência mental) ou não pode naquele momento
oferecer resistência (por qualquer outra causa).

Tanto é assim que o caput do dispositivo aborda somente a


primeira hipótese (menor de 14 anos) e apenas no § 1º equipara a
segunda hipótese àquela prevista inicialmente. Mas porque preciso
compreender tão bem essa distinção, se na prática o agente será
punido com as mesmas penas em qualquer hipótese?

Essa distinção entre as situações é fundamental para


entendermos o âmbito de abrangência do comando inserido pela Lei
13.718/18 no § 5º do art. 217-A, in verbis:

§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo


aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato
de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.

Observe que de acordo com o dispositivo supracitado, o crime de


estupro de vulnerável se consuma no momento em que o agente
mantém conjunção carnal ou pratica outro ato libidinoso diverso com
a vítima, tornando expressa e totalmente irrelevantes o consentimento
da vítima ou a existência de vida sexual ativa pretérita ao fato.

Todavia, há nesse § 5º um grande equívoco por parte do


legislador, um problema que deverá ser resolvido pelo intérprete da lei
penal: a Lei não fez distinção alguma entre as duas situações
totalmente distintas que configuram o estupro de vulnerável.

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Muito pelo contrário, afirmou expressamente que o
consentimento ou a experiência sexual eram irrelevantes no contexto
dos crimes previstos no caput (contra menor de 14 anos) e no seu §
1º (pessoas sem o necessário discernimento ou incapazes de oferecer
resistência).

Ora, andou muito mal o legislador nesse ponto, criando um claro


conflito entre os §§ 1º e 5º do art. 217-A do código penal. Isso porque
o § 1º é claro ao afirmar que só se equiparam a estupro de vulnerável
duas situações:

A primeira quando a vítima não é capaz de oferecer


resistência, ou seja, não é capaz de consentir com a prática do ato
sexual por qualquer causa que lhe tenha retirado a consciência (por
exemplo, abuso no consumo de substâncias entorpecentes). A
segunda quando a pessoa com enfermidade ou deficiência mental não
tiver o necessário discernimento para a prática do ato.

Ou seja, ainda que portadora de enfermidade ou deficiência


mental, se a pessoa possui capacidade de discernimento para consentir
com a prática do ato sexual não haverá crime algum. O mesmo ocorre
com a pessoa momentaneamente incapaz de resistir, caso o fosse, não
haveria crime algum.

E isso é expressamente dito pelo próprio código penal no § 1º,


do art. 217-A.

Aliás, o fato de que a deficiência não deve ser tratada como algo
que torne a pessoa necessariamente incapaz de praticar os atos da
vida civil foi reforçado com o advento do Lei 13.146/15 (estatuto da
pessoa com deficiência), que em seu artigo 6º, inciso II, aduz que:

Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa,


inclusive para:

II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;

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Além disso, o Brasil é signatário da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência, incorporada em nosso
ordenamento jurídico com status constitucional por meio do Decreto
6.949/09. A referida Convenção prevê em seu artigo 23:

Artigo 23

Respeito pelo lar e pela família

1.Os Estados Partes tomarão medidas efetivas e


apropriadas para eliminar a discriminação contra pessoas com
deficiência, em todos os aspectos relativos a casamento, família,
paternidade e relacionamentos, em igualdade de condições com as
demais pessoas, de modo a assegurar que:

c) As pessoas com deficiência, inclusive crianças, conservem sua


fertilidade, em igualdade de condições com as demais pessoas.

Dessa forma, em relação às figuras previstas no § 1º não é


possível ignorar a existência do consentimento para a prática do ato
sexual como fator excludente da própria tipicidade formal do ato.
Afinal, o § 1º, diferentemente do caput, exige a ausência de capacidade
de consentimento para a consumação do delito.

Por isso, tendo a pessoa envolvida na prática do ato sexual a


capacidade de discernimento necessária para tanto, não há subsunção
do fato à norma e, portanto, não se opera a tipicidade formal, sendo
fato irrelevante para o direito penal.

Situação diametralmente oposta diz respeito à aplicação do § 5º


ao estupro de vulnerável contra menores de 14 anos.

Isso porque mesmo antes da publicação da Lei 13.718/18 já


prevalecia na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que a
incapacidade do menor de 14 anos para consentir com a prática do ato
sexual era presumida e absoluta.

Ou seja, para os menores de 14 anos, o consentimento para a


prática do ato sexual ou a existência de vida sexual ativa pretérita ao

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fato, nunca se constituíram em fatos capazes de excluir a incidência do
tipo penal.

O entendimento era amplamente majoritário na doutrina e


inclusive sumulado pelo STJ no enunciado de número 593:

“Súmula 593 do STJ: O crime de estupro de vulnerável se


configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com
menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima
para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de
relacionamento amoroso com o agente”

Portanto, acreditamos que a única forma de adequar o § 5º do


art. 217-A ao ordenamento jurídico brasileiro é fazer uma interpretação
restritiva de seu comando a fim de limitar o seu alcance apenas aos
casos de estupro de vulneráveis contra os menores de 14 anos,
previstos no caput do art. 217-A do código penal, excluindo do âmbito
de sua incidência as figuras previstas no § 1º, do art. 217-A, do código
penal.

5) NATUREZA DA AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A


DIGNIDADE SEXUAL

Antes da Lei 13.718/18, em regra, a ação penal nos crimes


sexuais era pública condicionada à representação da vítima. Essa regra
somente se alterava nos casos de crimes praticados contra menores
de 18 anos ou pessoas vulneráveis.

Agora, com a alteração trazida pela nova Lei, todos os delitos


sexuais, em qualquer hipótese passam a ser perseguidos por
ação penal pública incondicionada, nos termos da nova redação
dada ao artigo 225 do código penal:

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,


procede-se mediante ação penal pública incondicionada.

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É inevitável tangenciar a discussão sobre a repercussão que tal
alteração legislativa provoca na questão dos direitos individuais
fundamentais nas vítimas dos delitos sexuais, que agora não possuem
mais o poder de decidir se querem ou não se submeter ao profundo
constrangimento e revitimização característicos dessa espécie de
processo.

A meu sentir, não me parece ter sido o caminho mais adequado


do ponto de vista humano o legislador ter colocado o direito penal
subjetivo (jus puniendi, direito de punir do Estado) acima dos direitos
individuais das vítimas destes delitos.

Todavia, a alteração legislativa se demonstra muito eficiente do


ponto de vista jurídico (desprendida de todo o aspecto sociológico
acima descrito), tendo em vista que põe fim a um sem número de
discussões doutrinárias e jurisprudenciais a respeito da natureza da
ação penal nos crimes contra a dignidade sexual em determinadas
ocasiões.

Discutia-se, por exemplo, qual deveria ser a natureza da ação


penal nos crimes sexuais qualificados pelo resultado lesão corporal
grave ou morte (permaneceria sendo pública condicionada à
representação ou passaria a ser incondicionada?). Agora, sendo a ação
pública incondicionada em qualquer circunstância, a discussão perde o
seu objeto.

A discussão a respeito da aplicabilidade da Súmula 608 do STF


também perde o sentido. Dizia a Súmula 608 do STF:

“No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação


penal é pública incondicionada.”

Agora não há mais razão para diferenciações, sendo todos os


crimes perseguidos por ação penal pública incondicionada, sendo
irrelevante a existência ou não de violência real.

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6) ESTUPRO COLETIVO E CORRETIVO

A Lei 13.718/18 acrescentou ao art. 226 do código penal as


figuras do estupro coletivo e do estupro corretivo, aumentando a
pena do agente de 1/3 a 2/3 em qualquer um dos dois casos.

Estupro coletivo é a situação em que o crime é praticado pelo


concurso de duas ou mais pessoas, enquanto o estupro corretivo
é a situação em que o agente comete o delito com o objetivo de
controlar o comportamento social ou sexual da vítima.

Observa-se que o estupro corretivo é, em regra, praticado contra


transexuais, mulheres homossexuais ou bissexuais, em que o
criminoso pretende redirecionar a orientação sexual ou o gênero da
vítima.

Já em relação ao estupro coletivo, há um detalhe muito


importante. A Lei 13.718/18 criou uma causa de aumento de pena de
1/3 a 2/3 para os estupros praticados em concurso de dois ou mais
agentes (estupro coletivo). Todavia, antes mesmo da edição dessa
nova Lei, o art. 226, em seu inciso I, já previa como causa de aumento
de pena de 1/4 o fato de haver concurso de dois ou mais agentes para
a prática do crime.

Ou seja, atualmente temos dois dispositivos que abordam a


mesma circunstância fática como causa de aumento de pena, mas cada
um deles com um quantum de aumento diferente. Como conciliá-los?

A resposta é simples.

O novo inciso IV introduzido pela nova Lei passa a ser a causa de


aumento de pena aplicável exclusivamente ao delito de estupro,
enquanto o inciso I, que já previa causa de aumento de pena de 1/4
aos crimes praticados em concurso de pessoas, permanece aplicável a
qualquer outro delito dos capítulos I e II, do Título VI, dos crimes
contra a dignidade sexual, com exceção ao delito de estupro.

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Resumindo, se o agente pratica um estupro em concurso de 2 ou
mais agentes, sofrerá aumento de pena de 1/3 a 2/3. Entretanto, se
pratica, por exemplo, assédio sexual, violação sexual mediante fraude
(ou outro delito dos capítulos I e II do título dos crimes contra a
dignidade sexual), sofrerá aumento de pena de 1/4.

Por fim, a Lei 13.718/18 também promoveu alterações nas


causas de aumento de pena do art. 234-A do código penal. Em resumo,
foram as seguintes alterações:

(i) modificou o aumento de pena aos crimes sexuais que resultam


em gravidez para o patamar de metade a 2/3 (antes era aumentada
só de metade).

(ii) modificou o aumento de pena aos crimes sexuais em que o


agente transmite doenças sexualmente transmissível de que sabe ou
deveria saber ser portador para o patamar de 1/3 a 2/3 (antes era
aumentada de 1/6 até a metade).

(iii) acrescentou uma causa de aumento nas situações em que a


vítima é idosa ou pessoa com deficiência no patamar de 1/3 a 2/3.

Pronto! Assim finalizamos todos os detalhes sobre as alterações


produzidas pela Lei 13.718/18 aos crimes contra a dignidade sexual.
Foram quase 20 páginas para que pudéssemos organizar os temas de
forma didática e sistematizada, buscando uma fácil compreensão de
tudo aquilo o que foi exposto.

LEI 13.771/18

Antes de analisar especificamente as alterações produzidas pelo


novo diploma legal, é importante fazermos uma rápida digressão: há
pouco mais de dois anos atrás entrava em vigor a Lei 13.104/15, que
acrescentou ao delito de homicídio a já bastante conhecida

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qualificadora do feminicídio, consistente na prática do homicídio contra
mulher em razão da condição do sexo feminino.

Perceba que o feminicídio não se trata pura e simplesmente do


crime de homicídio praticado contra vítima mulher; vai além, exige que
o crime tenha decorrido da violência de gênero (chamada pelo
legislador de “razões da condição do sexo feminino”), ou seja,
configura o feminicídio aquele homicídio praticado contra a mulher
envolvendo violência doméstica e familiar ou
menosprezo/discriminação à condição de mulher.

Naquela oportunidade, o legislador também estabeleceu que a


pena do feminicídio seria aumentada de 1/3 (um terço) até a metade
sempre que o crime fosse praticado (i) durante a gestação ou nos 3
(três) meses posteriores ao parto; (ii) contra pessoa menor de 14
(catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; ou
(iii) na presença de descendente ou de ascendente da vítima.

Pois bem! Foi justamente essas causas de aumento de pena que


a Lei 13.771/2018 publicada no Diário Oficial da União em 20/12/2018,
alterou. O referido diploma legal alterou duas causas de aumento de
pena já existentes, além de acrescentar uma nova causa introduzindo
um inciso IV, no § 7º, do art. 121 do Código Penal.

Basicamente, foram três alterações importantes, agora, além das


situações já previstas pela legislador em 2015, passam a constituir
causa de aumento de pena de 1/3 até a metade no feminicídio:

 O delito praticado contra vítima portadora de doenças


degenerativas que acarretem condição limitante ou de
vulnerabilidade física ou mental;

 O delito praticado na presença física ou virtual de descendente


ou de ascendente da vítima (antes da alteração não havia
menção expressa á incidência do aumento de pena nos casos de
presença virtual dos ascendentes ou descendentes, o que

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causava discussão doutrinária a respeito da (im)possibilidade de
incidência da majorante);

 O delito praticado em descumprimento das medidas protetivas


de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22
da Lei nº 11.340 (Lei Maria da Penha);

Vamos então analisar juntos os detalhes de cada uma das


alterações promovidas pelo legislador.

Em relação à primeira alteração, andou bem o legislador ao


ampliar a proteção das vítimas vulneráveis, isso porque antes da Lei
13.771/2018 a causa de aumento de pena alcançava apenas as
pessoas que tivessem alguma deficiência física ou mental, assim
definidas pelo Estatuto da pessoa com deficiência (Lei 13.146/15).

Após a alteração foram incluídas também as pessoas portadoras


de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de
vulnerabilidade física ou mental, tais como esclerose múltipla,
esclerose lateral amiotrófica, Parkinson, Alzheimer, osteoporose,
arteriosclerose, diabetes e alguns tipos de câncer.

A segunda alteração foi a que acrescentou expressamente


como causa de aumento de pena a presença virtual de ascendente ou
descendente da vítima no momento da prática do crime. Como
exemplos de presença virtual temos as chamadas de vídeos pela
internet como Skype, WhatsApp, Hangouts, Facetime e etc.

Perceba que antes da alteração legislativa, a lei não mencionava


expressamente que a presença virtual de ascendente ou descendente
da vítima no momento do crime seria suficiente para fazer incidir a
majorante sobre a pena do delito.

Em razão do silêncio da lei nesse sentido, formaram-se duas


correntes sobre o tema na doutrina: uma (amplamente majoritária)
que defendia a necessidade de se fazer uma interpretação extensiva
da norma para que incidisse a causa de aumento nas situações em que

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a presença fosse meramente virtual; outra que defendia a
impossibilidade de se aplicar a causa de aumento de pena diante da
mera presença virtual.

Fato é que com a recente alteração a discussão torna-se inócua


para os casos futuros, nos quais a presença física ou virtual ensejará
causa de aumento de pena ao delito. Todavia, devemos acompanhar
qual será o entendimento adotado em relação aos crimes praticados
antes da vigência da Lei 13.771/18.

Isso porque a partir do momento em que o legislador resolve


incluir expressamente a presença virtual como circunstância majorante
do delito, fica a impressão de que anteriormente não teve a intenção
de fazê-lo, ou seja, anteriormente referia-se apenas à presença virtual
dos ascendentes e descendentes da vítima.

Prevalecendo esse entendimento, a nova lei seria maléfica ao réu


(tendo em vista que criaria uma circunstância nova de aumento de
pena) não podendo retroagir para alcançar os crimes já praticados
antes de sua vigência.

Por fim, a última alteração promovida pelo legislador diz respeito


ao feminicídio praticado com descumprimento de determinadas
medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput
do art. 22 da Lei nº 11.340 (Lei Maria da Penha), quais sejam:

I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com


comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de
22 de dezembro de 2003;

II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a


ofendida;

III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:

a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das


testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o
agressor;
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b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
qualquer meio de comunicação;

c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a


integridade física e psicológica da ofendida;

LEI 13.772/18

A Lei 13.772/18 introduziu um novo delito no código penal, no


art. 216-B, denominado “Registro não autorizado da intimidade
sexual”, nos seguintes termos:

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer


meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de
caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza


montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com
o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso
de caráter íntimo.

Trata-se de delito que protege a intimidade sexual da vítima e se


divide em duas situações distintas: no caput é punida a conduta de
registrar ou produzir por qualquer meio cena de nudez ou ato sexual
ou libidinoso REAL (que de fato aconteceu) sem autorização dos
participantes.

Já no parágrafo único pune-se a conduta de realizar uma


montagem de fotografia, áudio, vídeo ou qualquer outro registro,
produzindo uma CENA FALSA, ADULTERADA em que se envolve a
vítima em um contexto de nudez ou ato sexual ou libidinoso.

Quanto aos sujeitos, o delito é classificado como bi-comum,


tendo em vista que pode ser praticado por qualquer pessoa contra

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qualquer pessoa, não se exigindo qualidades especiais nem do sujeito
ativo e nem do sujeito passivo.

Não se admite a modalidade culposa, portanto o elemento


subjetivo deve ser o dolo, todavia, muito cuidado, porque não se exige
nenhuma finalidade específica de agir.

Ou seja, não é necessário que o agente tenha efetivado o registro


com finalidade de satisfazer a própria lascívia, de se vingar da vítima
ou até mesmo de obter alguma pecuniária. Ainda que tenha feito a
montagem ou o registro da cena real com animus jocandi, ou seja,
intenção de “brincar” com a vítima, haverá a incidência do delito.

Em razão de a pena máxima ser igual a um ano, é classificado


como infração de menor potencial ofensivo e julgado pelo juizado
especial criminal, admitindo, por exemplo, transação penal e
suspensão condicional do processo.

Ademais, é um delito de ação penal pública incondicionada, nos


termos do art. 225 do código penal (com a nova redação dada pela Lei
13.718/18).

Ponto importante de ser observado diz respeito à situação em


que o agente registra a cena de nudez ou ato sexual com a vítima sem
a sua autorização e depois divulga as imagens, por exemplo, para um
grupo no aplicativo de Whatsapp ou qualquer meio de transmissão que
o valha.

Nessa situação teremos a prática de dois crimes em concurso


material (duas condutas e dois resultados lesivos diferentes), tendo em
vista os momentos consumativo distintos.

Primeiramente se consuma o delito do art. 216-B no momento


em que o agente faz o registro clandestino das cenas sexuais. Em
seguida, consuma-se o delito do art. 218-C quando o agente divulga,
sem o consentimento da vítima, a cena registrada.

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Este delito é mais um daqueles em que o consentimento prévio
do ofendido tem o condão de excluir a tipicidade do delito e não a
ilicitude (a exemplo do que ocorre no delito de estupro ou de violação
de domicílio), tendo em vista que o dissentimento é um elemento
essencial do tipo penal.

Ou seja, só existe crime se a cena é registrada sem o


consentimento da vítima; a partir do momento que existe a anuência
para confecção do registro das cenas, não haverá subsunção dos fatos
à norma.

Por fim, apesar de parecer lógico, é importante reforçar que não


basta a autorização de apenas um dos participantes para que se afaste
a incidência do tipo penal. Ou seja, se, por exemplo, em uma relação
sexual entre um casal de namorados, o homem autoriza o registro,
mas não existe o consentimento de sua parceira, obviamente haverá
conduta criminosa no registro das cenas.

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