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A identificação
Seminário 1961-1962
Jacques Lacan
A Identifcaç
ão
Seminário
1961-1962
CENTRO
DE ESTl'DOS
L'IDENTIFICATION
Publicação intera da Association freud
ienne intemationale
TRADUTORES
Ivan Corrêa
Marcos Bagno
REVISORES
Dominique Fingermann
Francisco Settineri
Letícia P Fonsêca*
Lca, Jacques
'.\OO:\
lo11p11·:,:,11 1111 111,isil
AVISO AO LEITOR
comercial.
Agadecendo a todos que colabraa con
osco tornando possível
esta edição, fca aqui um convite àquel
es que queiram levar
adiante este projeto, através de sugestões o
u correções, que serão
sempre bem-vindas, faendo circular a pa
lavra de Lcan.
LT
Sumário
1 ............................. 11
Lição II, 22 de novembro
de 1961 ...........................
. 25
Lição Ili, 29 de novembro
de 1961 ..........................
37
Lição IV 6 de dezembro d
e 1961 .............................
51
Lição V 13 de dezembro
de I 961 ...........................
.. 67
Lição VI, 20 de dezembro
de 1961 ...........................
79
Lição VII, 10 de janeiro d
e 1962 ............................
.. 95
Lição VIII, 17 de janeiro
de 1962 ..........................
. 115
Lição IX, 24 de janeiro de
1962 ............................. 1
33
Lição X, 21 de fevereiro d
e 19G2 ............................
147
Lição XI, 28 de fevereiro
de 1962 ..........................
159
Lição XII, 7 de março de
19G2 ...............................
173
Lição XIII. 14 de março d
e I 862 ............................
189
Lição XIV 21 de março d
e 1962 .............................
205
Liçtw XV 28 de março de
Jnfi2 ..............................
219
Lição XVI, 4 de abril de 1
9G2 .................................
237
Liç:io XVII, 11 de abril de
I Di2 ..............................
251
Lição XVIII, 2 de maio de
19G2 ..............................
277
Lição XIX, 9 de maio de
1962 ................................
305
Lição XX, I 6 de maio de
1962 ................................
319
Lição XXI, 23 de maio de
1 �lCi2 .............................
. 331
Lição XXII, 30 de maio de
1962 ............................. 3
45
Lição XXIII, 6 de junho d
e 1962 ............................
:m1
1
Lição XXVI, 27
.ll!l
nho de 1%2 ............
..
LIÇAO I
1 5 de novembro de 1961
A Identificação, est
e é meu título e meu a
ssunto deste ano. É u
m
bom tÍlulo, mas não é u
m assunto cômodo. Não
penso que vocês tenha
m
a idéia de que seja uma
operação ou um process
o muito fácil de conceber
.
Se é fácil constatá-lo, s
eria, entretanto, talvez pr
eferível, para bem const
atá
lo, que fzéssemos um
pequeno esforço para c
oncebê-lo. Segurament
e
temos encontrado efeito
s suficientes disso para n
os mantermos no sumári
o,
quero dizer, em coisas
que são sensíveis, inclu
sive em nossa experiên
cia
interna, para que você
s tenham um certo sent
imento do que seja. Es
se
esforço para concebe
r lhes parecerá juslific
ado, posteriormente -
ao
menos este a
no, quer dizer, um ano
que não é o primeiro
de nosso
ensino - sem dúvida al
guma pelo lugar, pelos
problemas aos quais es
se
esforço nos conduzirá
.
Va mos dar hoje um p
rimeiríssimo passo ness
e sentido. Peço desculpa
s,
isto vai levar-nos, talv
ez, a fazer esses esfor
ços que chamamos, pa
ra
falar propriamente, de p
ensamento. Isto não nos
ocorrerá freqüentemente
,
a nós não mais que aos
outros.
A ldenlifcação, se a t
omamos por título, por t
ema de nossa exposiçã
o,
convém que falemos
dela de maneira difere
nte do que sob a form
a,
podemos dizer, mítica, s
ob a qual a deixei no an
o passado. Havia qualqu
er
coisa dessa ordem, emi
nentemente da ordem d
a identifcação, que esta
va
implicada, vocês se lem
bram, nesse ponto onde
deixei minha exposlç,1o
-12-
Liçiio de 15 de 1w11embro de 1961
-13-
1l lde11t(1cação
qu e é um problema de
sprovido de sentido co
mo tal.
Não obstante, não é m
enos verdade que , se
Russell po de dar em
seus Princípios matem
áticos um valo r à equa
ção , ao estabeleciment
o
da igual da de de A = A
, po r seu lado Wi ttgens
tein opo r-se-á a ela, e
m
ra záo prop riamente de
impasses que lhe parece
m re sultar daí, em nome
dos princípios de partida,
e essa re cusa será mes
mo fixada algeb ri cament
e,
sendo tal igual dade ob ri
ga da a um desvio de no
tação , para encont ra r o
que pode se rvi r de equ
ivalente ao re conhe cim
ento da identidade A é A.
-14-
Lição de 15 de novembro de 1961
f, que virão a
fu ncionar para designar a identidade. Portan
to, esta espécie de metá fra
permane nte na locução francesa, penso ,
não é por nada que nús a
destacamos aqui, e nos interrogamos.
Deix aremos entrever que talvez ela não dei
xe de ter rel ação com o
fato de um nível bem outro, de que seja em fr
ancês , qu ero di zer, <1111
Descartes, que se tenha po dido pensar o s
er como incrente ao st\jt·ilo,
de um modo, em suma, que diremos bastante
cativante, pelo q11c, d<·sde
-15-
A Identicação
acordo
co m nosso uso, gos tari
a de assinala r que é ess
a fó rmula - que cu repito
,
q11c sob sua forma conc
en trada, só a encon tra
mos em De sca rtes em
-- 18
Lição de 15 de 11ove111fmJ dl' !%!
-19-
A Identificação
ma is nenh um probl em
a. Epimêni de s pode di
zê-lo, pela razão ele qu
e
ex presso assim, ele não d
iz, em ab soluto, que haja
alguém, me smo Cre ten s
e,
qu e possa mentir se m
parar, sobretudo quand
o nos aperc ebemos qu
e
111entir tenaz mente i
mpl ica uma memória f
ir me, que ter minaria p
or
or ien tar o discurso no s
en tido equivalen te a um
a confissão, el e maneira
q11e, mesmo se "Todos
os Cretenses são menti
rosos" queira dizer que
11iw l1á um só Creten
se que não queira menti
r se m parar, a vcrcaclc
l<'l"lt1i 11ar :í mesmo por
escapar -lh e na virada, e
na mccli cl a mesma do
ri gor dessa von ta de. O
que é o sen tido mais pla
usível el a con fissão do
( ' 1r1t·11se Epimênicles, d
e que todos os Creten se s
sã o mentirosos, o senti do
-20-
Lição de i5 de novembro de 1961
-21-
A Identificação
eendemo
nos com o núme ro de
incidências nas quais
esse penso não é nada
-· 22 -
Lição de 15 de novembro de 1961
-23-
A Identiicação
ao saber. O saber é i
n te rsubje tivo, o que n
ão quer dizer que seja
o
saber de todos, nem q
ue seja o saber do Ou tr
o, com A mai úsculo. E
o
Ou tro, nó s afirmamo
s, é essen cial mantê -
lo assim, o Outro não é
um
sujei to, é um lugar ao
qual nos esforçamos, di
z Aristóteles, por tran sfe
rir
o sa ber do sujei t. Nat
uralmen te, por esses es
forços, re sta o que Heg
el
desdobrou como a hist
ória do sujeito ; ma s isto
não quer absolu tamente
dizer que o sujeito sai
ba um tico a mai s sobr
e o assunto em questã
o.
Ele não tem perturbaç
ão, se posso dize r, a n
ão ser em funçüo de u
ma
su posição in devida , a s
a ber, que o Outro saiba, q
ue haja um saber ab solut
o,
mas o Outro sabe disso a
inda menos que ele, pela
simples razão .justamente
,
de que ele não é um s
ujei to.
O Oucro é o Jeposic,írio
dos rcprcsentarcs rcpresc
macirs dessa suposiç,io
de saber, e é isso que
chamamos de inconsci
ente, na medida em qu
eo
sujei to perdeu -se, ele
mesmo, nessa suposiçã
o de saber. Ele provoc
a
isto sem sabê-lo. Isso, s
ão os destroços que lhe
voltam do que sofreu su
a
realidade nesta coisa,
destroços mais ou men
os irreconhecíveis. Ele
os
vê volta r, pode dizer, o
u não dizer: "É isso me
smo ", ou até: "não é ist
o
de jei to nenhum ", con t
udo, é realmen te isso.
A função do sujeito e
m Descartes é, daqui
que retomaremos noss
o
discurso na próxima ve
z, com as ressonância
s que dele encontramo
s
na análise. Tenta rem
os, na próxima vez, as
sinalar as referências
à
fenomenologia do neu
rótico obsessivo numa
escansão significante
onde o sujeito se enco
ntra imanente a toda a
rticulação.
-24 -
LIÇAO II
22 de novembro de 1961
-25-
A Identicação
., dil,·1,·11�·a que há e
ntre tal ou tal escola, a
de Praga, à qual perten
ce
1.,J.. 11k;c111, a qucrn m
e rcf'iro tão frcq ücntcmcn
tc, a el e Copenh ague, à
• 1 11:il l l,itil111slcv deu
su a orientação soh um tf
tulo de gl ossemática, qu
e
:11 11ila 11:io evoquei di
ante de vocês. Vo cê s ve
rão, é quase fatal que me
qu e se suce de m se mp
re idênticos a cada dia ,
nfw terem ab solutament
e,
ne m em seu material, e
at é mesmo na composiç
ão de sua ca de ia, senã
o
elementos, e mesmo u
ma estrutura real difere
nte. É claro, o que há d
e
verdade em uma tal af'ir
mação su põe, precis a
mente, na const itu iç ã
o
fabuloso encadeamento
de organização signif'i
cante que deve entrar
no real por interm édio
de
se re s fala dos. Hesta q
ue isto te m um valor de
alguma maneira exempl
ar,
par a de finir o que que
ro dizer quan do profiro,
de entrada, o que quer
o
tentar articular para voc
ês, [que ] são as leis da
identifcação en quanto
identificação de sign ifi
cantes. Assinalemos ai
n da, como um lembret
e,
que para nos atermos
a uma oposição que sej
a para vocês um suport
e
suficiente, o que se op
õe a esta, aquilo de q
ue ela se distingue , q
ue
necessita que elaborem
os sua funç ão, é que a
identificação da qual ela
se distancia é a iden ti
ficação ima gin ár ia , a
quela da qual, há muit
o
tempo, cu ten tava mo
strar a vocês o ex tre m
o no plano de fundo do
está dio do espelho, no
que eu chamare i de efe
ito orgân ico da imagem
do scmcll1antc, o cfci lo
de assimil ação que apr
een demos em tal ou tal
ponto da história na tu
ral, e o exemplo que
me agra dou mostrar i
n
-26-
lição de 22 de novembro de 1961
imagem
da qual encontraremos to das as espécies
de for mas cm níveis muito
diferen tes ela fs ic a e até no mundo in animad
o, vocês sabem, se defn imos
imagem como todo arranjo físico que tem
por resultado constituir uma
concord ância biunívoca entre dois sistem
as, cm qualqu er nív el qu e
seja. É uma fórmula bem apropriada, e qu
e se aplicará tanto ao efito
qu e acabo de dizer, por exemplo, quanto à
qu ele da formação de uma
imagem, mesmo virtual, na natu reza, pelo i
nterméd io de uma superfície
pl ana, sej a a de um espelho, ou a que ev
oquei há alg um tempo, da
superfície do lago que rellctc a mont anha.
Isso quer dizer que, co1 110 é a tendência, e t
c11dê11cia que se espalha
sob a influência de uma espécie, cu di ria, el
e embriagu ez, que alcança
re ccn le mcnt e o pensamento científico p
elo fato el a irrupção do qu e
,
aquela qu e só po de chegar a nos faz er es
qu ecer os níveis próprioi do
que el eve comporta r uma in frmação, se
queremos dar-lhe um 11111 ro
valor além daquele vago qu e só chegaria, af
nal de contas, a da r 1111111
• aq11I, Ira via
-27 -
A Identicação
até o complexo, do in
anima do até o anima
do. É algo que tem, se
m
dúvi da, se u enigma e
se u valor próprio, sua o
rdem de reali da de, ma
s
que é diferente - é is t
o que pre tendo articul
ar aqui com vocês co
m
toda a sua frça - do que
nos traz de novo, na no
va perspectiva cie ntífca
,
a valorização , a distinçã
o do que é tra zido pela
experiência da ling uage
m
e do que a relação sign
ifica nte nos permi te int
ro d uzir como dimensã
o
original que se tra ta de
dis tinguir ra dicalmente
do real , sob a frma da
dime ns ão simbólica. N
ão é, vocês vêem, por a
í que abordo o problema
ma neira em recorrer a
isso, porque é apenas
uma das fo rmas do qu
e
denunciei no fm de meu
disc urso da úl tima vez,
so b o nome de suje ito
supos to saber.
Eis aí porque começ
o des ta maneira , es te
ano, minha introdução
à
questão da identifca çã
o, é que se trata de par
tir da própria dificulda d
e,
aquela que nos é prop
osta pelo próprio fa to
de nossa experiência,
de
onde ela par te, disso a
par tir do qual nos é nec
essário ar tic ulá-la, teori
zá
la. É que não po demos,
de modo al gum, nem se
quer como aproximação,
-28-
Lição de 22 de novembro de 1961
-29-
A Identificação
c·sse impossível qu e c
ons titui o preço e o valo
r desse suj ei to qu e no
s
prpiie Descartes, se n
ão es tá aí se1üo o su
j eito cm toro do qual
a
<"11gitação sempre girou
antes, gira desde e11L;io,
é claro que nossas o�jeçi
es,
l'III nosso último discu
rso, ganha m todo o s
eu peso, o próprio pes
o
implic ado na etimologi
a do verbo francês pen
sar, que não quer dizer
ou tra coi sa senão pesar
; o que funda r sob re cu
penso, se sab emos, nós
E é porque a fórmul a d
e Descart es nos interro
ga para saber se não h
á
ao menos es te pon to
privil egia do do eu pen
so pu ro, sobre o qual n
ós
possamos nos fu ndar;
e é porque é ao menos
impor tan te qu e eu os
detenha aí um ins tan t
e.
Essa f"círrula parec
e implicar que seria ne
cessário qu e o sujeito
se
preocupasse cm pensar
a todo instante, para asse
gu rar-se de ser, condição
já bem estranha, mas ai
n da sufic ien te? Ba sta
qu e ele pense se r, par
a
alcançar o ser pens an t
e ? Pois é justamen te
aí que Descartes, ness
a
in crível magia do disc
u rso das primeiras du
as Meditações, nos deix
a
suspensos. Ele chega a f
az er sustentar, <li go , cr
seu tex to, não o momen t
o
cm que o professor de
t1111a sú palavra : eu .�
crpcnso U'êtrcpcnsc], co
mo se diz j'outrecuide
l·omo nossos hábitos el e a
nal istas nos fazem dizer eu
compenso Ue compense],
-30-
Lição de 22 de novembro de 196 1
um bom Deus ;
por estar ali, por alimentar ilusões, chega
até ao gê nio maligno, ao
men ti roso radical, àquilo que me extravi
a por ex traviar-me, é o que
chamamos a dúvida hiperbólica. Não se vê
de nenhuma maneira como
essa dúvida pode poupar esse eu LJe] e d
eixá-lo, en tretanto, fa lando
propri amente, em uma vacilação fun dam
ental.
Há duas maneiras de articular essa vacil
ação. A articulação cl;íssica
que encontrei com prazer, que já se encontra
na Psicologia ele llni111a110,
-31-
A Identicação
língua s vizinhas, as qu
ais, pa ra não ir mui to
longe, fço a alusão agora,
é antes do ve rbo que cai
esta parte deco mpo sta,
chamemo -la assim po r
ago ra, da negação que
é o não [ne] em fancês
.
Segu ra men te o não [ne]
não é próprio nem único
do francê s; o não [ne ]
do latim apre senta-se
pa ra nós co m toda a
mesma problemática, q
ue
não faço aqui senão int
roduzir, e so bre a qual
re tornaremos.
Você s sabem, já fz alu
são ao que Pichon nos t
rouxe de indicações, a
propó sito da negação e
m francê s; não pen so ,
e ta mbém não é novo,
indi quei-l he s nesse m
esmo tempo, que as for
mulações de Pichon so b
re
o for clusivo e o discorda
ncial po ssam re solv er
a que stão, ainda que os
- 12 -
Lição de 22 de novembro de 1961
Mas, colocando
à parte esse traço qu e deixamos aqui pro
visori amente de lado pelo
valor de sua rc llexüo inicial, bem longe diss
o, ele re su lta em algo bem
diferen te.
Os professores, a pro pósito da dúvida carte
siana, es forçam-se muito
para sublinhar que ela é me tódica. Eles faze
m ques tão disso. Metódico,
is to quer dizer dúvida a frio. Certament e, me
sm o em um certo con tex to,
consumiam -s e pra tos fios, mas na ve rdad
e, não creio que seja es ta a
mane ira jus ta de considerar as coisas, nã
o que eu qu eira, de alguma
forma incitá-los a cons iderar o caso psicoló
gico de Descartes, por mais
apaixonante que possa pa re cer en con trar em
sua biografa, nas con dições
de seus paren te scos, e mesmo cm sua descen
dência, alguns dess es traços
que, reunidos, po dem con fo rma r uma fgura, p
or meio da qual encontraremos
- 33 -
A Identicação
em absolutamente
nada dis to que Des ca rt
es se emp enha. Des car
tes não tem, em nenhum
a
pa rte seu luga r na Fe n
omenologia elo E.�pírito,
ele co lo ca em ques tão o
do que chamamos, em
nosso vocabulári o, de u
ma passagem ao ato.
O prime iro te mpo da
meditação ca rtesiana te
m o traço de uma passag
em
ao ato. Ele se situa ao n
ível desse estado neces
sariamente ins uficiente
,
e, ao mesmo tempo, ne
cessariamen te primordi
al, to da ten tativa tendo
- 35 -
A Ide nticação
-37-
A Identicação
.
,
pr imeiro de um pensam
ento para expulsar
real, o que
l '' " l1·11111s 1·11lrever é
entrevê -l o também no m
eio de tanto ser - em uma
monstro Chapalu:
".\q111'11· que come não
está mais só". Cer tament
e , para que o ser ve nha
é bem ela que, no fu nd
o, regula
111d11 Claro que a verd
adeira ambigüidade des
sa vinda à luz da verdad
e
1· 11 que configura o ho
rizonte de toda a nossa
prá tica, ma s não nos é
momento
.1t 11al 110 hor izonte d
e nossa imaginação, est
ão aí para nos lembrar d
o
.il1'111 de onde se pode
delinear o ponto de vist
a da verdade. Mas não
é
.1 1·1111ti11�ência que
fa z com que eu esteja a
q ui a flar diante de você
s
,,,,l 111• as con dições do
verdadeiro. É um inciden
te muito ma is minúsculo
11 11 w p< o desafio d
e tomar con ta de vocês
enquanto punhado de
1•1.11 :1 1 1alistas, aos q
uais lembro que a verdad
e, você s certamente não
a
11·111 para mvender, m
as que, mesmo assim, é
esse o peixe que vocês
\"1 " 1ld1·111
-38-
Lição de 29 de novembro de 1961
- �9
A Identicação
vo u fze r girar em to rn
o da estrutura da ling u
age m tudo isto que lhe
s
, que me
voltei para uma experi
ência próxima, ime d i
ata,
curta, sensível e agrad
ável, que é a mi nha, e
que talvez esclareça qu
e
também te nho minha
noção do pré-verbal q
ue se articula no interi
or
da re lação do sujei to
co m o verbo, de uma
manei ra que talvez nã
o
te nha aparecido para v
o cês.
Pe rto de mim, nas i
mediações do Mitsein js
crcom J, onde me suste
nto
como Dasein jscrprese
ntel, tenho uma cadel a
que chamei de Justine,
em homenagem a Sade,
sem que, acreditem, cu e
xerça sobre ela qual q ue
r
maltrato te ndencioso. Mi
nha cadela, no meu ente
nder e sem ambigüida de
,
fala. Minha cadela te m a
palavra, sem nenhuma d
úvida. Isso é impo rta nte
,
po rque não quer dizer
que ela tenha totalment
e a linguagem. A medid
a
na qual ela te m a palav
ra sem te r a re lação hu
mana co m a linguagem,
- 40 -
Lição de 29 de novembro de 1961
-41 -
A Identiicação
de restabelecer o cort
e entre a espécie cani
na e a espécie human
a.
Isso é para diz er-lhes
que vocês estariam co
mpletamente equivocad
os
em acreditar que o pri
vilégio dado po r mim
à linguagem participa
de
algum orgulho de escon
der essa espéc ie de pr
econcei to que fari a do
homem, justamente, al
guma culminação do se
r. Relativizarei esse cort
e
dizendo-lhes que se falt
a à minha ca dela essa
espécie de possibilidad
e,
não realçada como aut
ônoma antes da existê
ncia da análise, que s
e
chama de capaci dade d
e tran sferência, isso nã
o quer dizer, em absol u t
o,
que isso red uza com se
u parceiro, quero dizer, c
omigo mesmo, o campo
patético do que, no sen
tido corren te do termo,
chamo justam en te de
rel ações humanas. E
stá manifesto na condu
ta de minh a cadela, n
o
que concerne prec isam
ente ao refuxo so bre se
u próp rio ser dos efeito
s
do conforto, das posiçõ
es de prestígio, que um
a grande parte, digamo
s,
minha
próp ria relaç ão, por
exemplo, com uma m
ulher do mundo, está
aí,
in teiramente completo
. Quero dizer que, qua
ndo el a ocupa um lug
ar
priv ilegiado como este
, que consiste em estar
em cima do que chamo
de minha cama, dito d
e outra maneira, o leit
o matrimoni al, o tipo d
e
olhar de onde me fita n
essa ocasião, suspenso
entre a glória de ocupar
-42-
Lição de 29 de novembro de 1961
-43 -
A Identicação
Pa ra que imaginem de
sde já o que é es ta oc
lus ão, vou dar-lhes um
exemplo. O fneticista a
borda, de uma só vez,
e não sem razão, você
s
ver ão, o fnema pa e o fo
nema ap, o que lhe permi
te colocar os princípios
de anúncio de um cer
to ponto de onde, você
s irão ver, os co nduzir
ei
após alguns rodeios. Sir
vo-me, simples mente, d
o que disse sobre minha
-44-
Lição de 29 de novembro de 1961
-45 -
A Identicação
ro , no níve l de tal ex
periên cia, nas relações a
destacar, os testemunhos
:rl11111dam. O ser hu
mano - cabe saber por
que é com ele que ess
as
acontece m - contr
ariamente à minha cadel
a, o ser human o rconhe
ce
111 1 smgimento de tal a
nimal , o personagem qu
e acaba de perd er, quer
i;t· 1 ra te de sua famíli
a ou de tal personagem
eminente de sua tribo,
o
1 ' 111!1'1• ou não, presi d
ente de tal sociedade de j
ovens, ou qualquer ou tr o
;
i'· ,·lc, esse bisão, é ele
, ou como naquela lend
a céltica, da qual é puro
mim, uma vez que ser
ia preciso que eu
Lrl:rsse durante a eterni
dade para lhes dizer tudo
que me pode desper tar
- 46-
Lição de 29 de novembro de 1961
-47-
A Identiicação
Geral] de De Saussure,
que ter mina na págna 1
75. Este capítulo termin
a
por um parágraf que c
omeça à página 17 4 e le
io para vocês o par ágraf
o
seguinte: "a plicado à uni
da de , o princípio de di f
eren ciação pode frm ular
se assim : as ca ra cterí
sticas da unidade conf
undem -se com a pr ópr
ia
unidad e. Na l111gua, co
mo cm todo sistema semi
ol6gi co " - islo mer eceria
ser discutido - "o que di
stingue um signo [signe].
é tudo o que o co nstitui.
É a difrença que faz a
característica, como e
la confere o valor e a
unid ade ". Dito de outr
a maneira, diferenteme
nte do signo, e vo cês
o
vcrf10 confirmar-se por
pouco que leiam o ca p
í tulo, o que distingue o
- 48 -
Lição de 29 de novembro de 1961
-51-
A Ie nticação
ca11sá-lo, a saber, o de
sapa recimento, e aí vo
cês se ap roximam de u
m
dos segredos da identif
icaçã o, que é aquele a
o qual te ntei remetê -
los
1111 f11lclore da identifc
ação, essa assunção, es
pontânea para o sujeito,
-52-
Lição de 6 de deze mbro de 1961
e é na
própria medida em que é do sujeito que s
e tra ta, que temos que nos
interroga r sobre a relação dessa identifi
cação do sujeito com o que é
uma dimens ão difrente de tu do o que é
da ordem do aparecime nto e
do desaparecimento, a sabe r, o es tatu to
do signi fica nte. Que nossa
expe riê ncia nos mos tra que os di ferente
s modos, os difrentes fngulos
sob os quais somos levados a nos identifi
car como suje itos, ao menos
para uma pa rte dentre eles, supõem o
signifcante para articulá-lo,
inclusive sob a forma na 111aioria das ve
zes am b ígua, imprópria, mal
A Ide ntificação
111a11ejável e sujeita a t
odas as espécies de rese
rva e de distinções que é
o A 1i A. É pa ra lá que
quero levar sua atenção
; e antes de mais na da
quero dizer, sem per de r
mais tempo , mostrar-
lhes que, se temos a cha
nce
de dar um pa sso a mai
s ne ste se ntido, é tenta
ndo articula r o estatuto
do significante como ta
l.
Indico-o ime diatament
e, o si gnificante não é o s
igno. Vamo s nos esforçar
1w que co ncerne o pr
oblema da identifca çã
o , na medida em que
a
-54-
Lição de 6 de deze mbro de 1961
sentido
que tem, por exem plo, no texto de Desc a
rtes, quando se vai um pouco
mais longe, vê-se surgi r a distinçáo concern
en te às idéias, de sua re ali dade
atual com sua re ali dade objetiva, e natu
ralmen te os professores nos
- 55 -
A Identiicação
poderíamos sustentar o
contrário, a saber, que é j
ustamente para recolocar
as cavilhas em seus ve
rda deiros buracos que
a guerra começa, ou, a
o
contrário, que é para fze
r novos peq uen os burac
os para velhas pequenas
propósito do estatuto
do nome próprio, do qu
al nã o flaremos hoje. S
eja como for, o que está
em questão em me u av
ô é meu avô, quer dizer i
ss o, que esse execrável
pelos laços do
casamento, ser pai de
meu pai, já que é justa
men te do nascimento
des te que se tra ta no at
o em ques tã o.
Vocês vêem até qu
e ponto me u avô é me u
avô não é uma ta utol ogia
.
Isso se aplica a todas
as ta utologias, e não d
á uma fórmula unívoca
,
porque aqui se tra ta de
uma relaçã o do real co
m o simbólico. Em outro
s
casos, have rá uma rcla
çfo do imaginário com o
simbólic o e, !"ci tas toda
s
as séries de perm utaçõ
es, tra ta -se de ver quai
s são váli das. Não poss
o
comprometer-me por
essa via, porque, se lh
es falo disso, que é, d
e
cert a forma, uma man
eira de descartar as fal
sas ta utologias que sã
o
si 111plcsmcnlc o uso c
omum, permanente da l
ing uagem, é para dizer
-
-56 -
Lição de 6 de dezembro de 1961
- 57-
11 !de ntU1cação
-58-
lição de 6 de deze mbro de 1961
- 59 -
A Identicação
-60-
Lição de 6 de deze mbro de 1961
-61-
A Ie nticação
acl'rca da experiência
mais ordinária dos mor
tais, para sentir uma ta
l
11<:ccssidade de se de
marcar na sucessão de
suas re alizações sex uai
s;
todavia, não é impensá
vel que, em algumas é
pocas fvorecidas da vid
a,
algo possa torn ar-se v
ago, no pon to ex ato e
m que se está no campo
da
numeração decimal.
O que é importante
no entalhe, no traço en
talh ado, é algo que nã
o
podemos ignorar que a
qui surge algum a coisa
nova em re lação ao qu
e
se pode ch am ar de im
anência de alguma ação
essen cial, qualquer qu
e
seja. Es te se r, que pod
emos im agin ar ainda d
esprovido desse modo d
e
orientação, o que ele fa
rá no fim de um tempo b
as tan te curto e limi tad
o
pela intuição, para não
se sentir simplesmen te
soli dá rio de um presen
te
semp re fa cilmente re
nov ado, no qual nada
lhe permite discernir m
ais
o que ex is te como difere
n ça no re al ? Não basta
dizer, já es tá bem eviden
te
que ess a diferença es
tá na vivência do sujeit
o, do mesmo modo qu
e
não basta dize r, "mas
de todo jeito, esse fula
no não sou eu! ". Não
é
simplesmen te porque
Lapl an che tem os cab
elos assim , e que eu o
s
tenha assado, e que el
e tenh a os olhos de cer
ta maneira, e que ele n
ão
ten ha ex atamente o
mesmo sorriso que eu,
que ele é diferente. Vo
cês
dirão : "Laplanche é La
planche, e Lacan é Lac
an". Mas é justamente
aí
que está toda a questão,
já que jus tamen te, na a
nálise coloca-se a questã
o
de se Laplan che não é
o pensamento de Lacan
, e se Lacan não é o ser
de Lapl anche, ou inve
rsamen te. A questão n
ão está sufcien temen t
e
re sol vi da no re al. É
o signifcante que decid
e , é ele que in troduz a
diferen ça como tal no re
al, e jus tamente na medi
da em que o que importa
imediatamente, porque
lhes mostrarei mais em
detalhes e de uma form
a
mais articulada - que é
bem por isso que, apare
n temente , a única cois
a
que ela não sabe, é qu
e ela mesma é. E que e
la mesma seja, devemo
s
procurar sob qual modo
isto está suspenso a es
sa espécie de dis tinção
-62-
Lição de 6 de deze mbro de 1961
alguma coisa � S
(signo)
alguém
-63 -
A Identificação
muito exatamente, no qu
e se chama elemento do
s conjuntos. Isto não
está bem marcado no tex
to ao qual faço alusão, p
or uma célebre razão,
justamente essa refl
exão sobre o que é um 1 n
ão está bem elaborada,
inclusive por aqueles qu
e, na teoria matemática
mais moderna, fazem
disso, no en tan to, o uso
m1is claro e o mais mani
festo.
Este 1 como tal, en,
clalilO m.c1ca da difere
nça pura, é a ele que
vamos nos refrir para co
locar à prova, em nossa
próxima reunião, as
relações do sujeito com
o significante. Te remos
, em primeiro lugar,
que distinguir o significan
te do signo, e mostrar e
m que sentido o passo
que é fr anqueado é aqu
ele da coisa apagada; os
diversos apaga mentos
29
- 64 -
Lição de 6 de dezembro de 1961
EUCLIDES - Elementos, 4
, VII.
qualquer maneira, cm m
a té ria de matem á tica ,
só pode ser considerado
notável
porque artic ulada por u
m geôme tra , do que é
a unidade, pois está af
o
sen tido da palavra µova
ç, é a unidade no sen tid
o preciso com que ten tei
- 67 -
A Identificação
a observar no próprio te
xto de Fre ud como o ein
ziger Zug, aquilo por
meio do qual cada um dos
entes é dito ser um um , co
m toda a ambigüidade
que traz este en neutr
o de eis que quer dizer
um em grego , sendo
precisamente o que se p
ode empregar, tan to em
grego como em francês,
para designar a fu nção
da unidade enquanto el
a é o ftor de coerência
pelo qual alguma coisa
se distingue daquilo que
a cerca, faz um todo,
um I no sentido unitário
da fu nção. Portanto, µ
ovaç é por intermédio
da unidade que cada um
desses seres vem a ser
dito um. O advento, no
dizer, dessa unidade co
mo característica de cad
a um dos entes é aqui
designado, ele vem do u
so da µovaç, que não é
nada mais que o traço
único. Essa coisa merec
ia ser realçada justamen
te sob a pluma de um
geômetra, isto é, de algu
ém que se situa na mate
mática de uma maneira
tal, aparentemente, qu
e para ele, no mínimo,
devemos dizer que a
intuição conservará todo
seu valor original. É ver
dade que não se trata
de um geômetra qualqu
er, dado que, em suma,
podemos distingui-lo
na história da geometria
como aquele que, pela p
rimeira vez, introduziu,
como devendo absoluta
mente dominá-la, a exig
ência da demonstração
sobre o que se pode cha
mar de experiência, de f
miliaridade do espaço.
Te rmino a tradução da cit
ação : " ... que o número
, ele, nada mais é que
essa espécie de multiplic
idade que surge precisa
mente pela introdução
das unidades", das môn
adas, no sentido como s
ão entendidas no texto
de Euclides.
Se identifco essa fu nção
do traço un:írio, se faço de
la a figura desvelada,
daquele einziger Zug d
a identificação, onde fm
os levados por nosso
caminho no ano passado
, apontemos aqui, an tes
de avançarmos mais,
e para que vocês saibam
que o contato não é nunc
a perdido com aquilo
que é o campo mais diret
o de nossa referência téc
nica e teórica a Freud,
apontemos que trata-se
da identificação da seg
unda espécie, página
1 17, volume 13 das Ges
ammelte We rke de Fre ud
.
,:: exatamente na co
nclusão da definição da
segunda espécie de
idcnlif'icação, que ele ch
ama de regressiva, tanto
quanto está ligada a
11111 certo abandono do
objeto que ele define com
o o objeto amado [que
s1• d1·sig11a humoristic
amente, no desenho de T
o epffer, com um traço
d1· 1111i:1ol. Esse obje
to amado vai da mulher [
eleita] aos livros raros
1"1"1", 1·01110 dizia alg
uém de meu meio, com a
lguma indignação pela
111i11!1a hihliol'ilial 1:: se
mpre, em algum grau, lig
ado ao abandono ou à
1wrda d1·ss1· ohjl'lo que
se produz, nos diz Freud,
essa espécie de estado
-68-
Lição de 13 de deze mbro de 1961
-69 -
A Identicação
. ..
i
.
1·111 '1111 · ,·ssc lcrcciro
el emento, qu e até aí nã
o era absolutamente, em
- 70-
Lição de 13 de dezembro de 1961
-71-
A Ide ntificação
-72-
Lição de 13 de deze mbro de 1961
junção, de parentesco
entre as formações naturais e as organizaç
ões estruturais, à medida
que eles surgem e são defníveis apenas a partir
da combinatória significante,
é aquela que faz disso a frça subjetiva, a eficá
cia desse ponto ontológico
onde nos fi deixada alguma coisa da qual l
emos muita necessidad1\
que é, a saber, se há alguma relação que jus
lifica essa in lrocl ução ao
modo de relha do efeito <lo signiicante no real.
Mas isso não nos cor1cerrw,
porque esse não é o campo que nos ocupa;
nós não estamos aqui para
julgar o grau de natural da física moderna,
ainda que ele possa nos
interessar. É o que faço de tempos cm Lcmpos,
diante <l e vocês, algumas
vezes, ao mostrar que historicamente é justa
men te na medida cm q1ic
ela negligenciou inteiramente o natural das coi
sas que a física comcço11
a entrar no real.
A Gestalt contra a qual coloco-lhes em gu
arda é uma Gestalt que
vocês o observarão ao contrário daquilo a
que se sentem ligados os
iniciadores da teoria da Gestalt-dá uma rferên
cia puramente confusio11al
à fnção da Gestalt, que é aquela que chamo
de Gestalt antropomórfca,
seja, confunde o que traz nossa experiência
com a velha referência analítica do macroco
smo e do microcosmo, do
homem universal, registros bem curtos no f
i nal das contas, e que a
análise, na medida em que ela acreditou se e
ncontrar aí, não faz scn:10
mostrar uma vez mais a relativa infecundi
dade. Isso não quer dizer
que as imagens que evoquei há pouco, humo
risticamente, não tenha111
seu peso , nem que elas não estejam aí para
que nós nos sirvamos ddas
ainda. Para nós mesmos deve ser indicativa
a maneira que há 11111i10
tempo preferimos deixar na sombra. Não se f
ala mais, absolutame11l1·,
senão a uma certa distância . Elas estão ali, pa
ra empregar uma metáfora
freudiana, como uma dessas sombras que, no
campo dos infernos, estrw
prontas a surgir. Nós não podemos, verdadeir
amente, reanimá-las; 11iio
lhes demos sem dúvida bastante sangue a beb
er. Mas afnal, tanto melhor,
não somos necromantes.
É justamente aqui que se insere essa cham
ada característica do q111·
lhes ensino, que está aí para mudar inteiram
ente a face das coisas, a
saber, de mostrar que o contundente do que tr
azia a descoberta freudiana
A Identicação
-74-
Lição de 13 de dezembro de 1961
-7 5-
A Identiicação
-76-
Lição de 13 de dezembro de 1961
-80-
Lição de 20 de deze mbro de 1961
- 81-
A Identicação
111;1111·ira, se podemos
dizer, que é sem compens
ação, sem recurso, sem
:;;1ída, é a fu nção de a
rtifcio que lhes mostrei
ser aquela da fbia, na
1111 �11 ida cm que ela in
troduz um mecanismo signif
cante chave que permite
ao s11jcito preservar o qu
e está em questão, para el
e, a saber, esse mínimo
d1· a 11coragem, de cen
tragem de seu ser, que lh
e permite não se sentir
11111 ser completament
e à deriva do capricho m
aterno. É disso que se
1 ra la, mas o que quero
indicar nesse nível é o s
eguinte: é que, numa
produção eminentemen
te pouco sujeita à cauç
ão, na ocasião - digo
isso lanto mais porque tu
do aquilo para o qual se o
rientou precedentemente
o pequeno I-Ians, pois D
eus sabe que o orien ta
m, como lhes mostrei,
nada disso é de natureza
a colocá-lo num campo d
este tipo de elaboração
o pequeno !-Ians mostr
a-nos aqui, sob uma figur
a fe chada certamente,
ras exemplar, o salto, a pa
ssagem, a tensão entre o
que defni primeiramente
como os dois extremos
do sujeito, o sujeito ani
mal que representa a
mãe, mas também com
seu pescoço grande, ni
nguém duvida, a mãe
enquanto ela é esse im
enso flo do desejo, ter
minando ainda no bico
fminto deste animal vora
z; e o outro, alguma cois
a sobre uma superfcie
de papel - retornaremos
sobre essa dimensão da
superfcie - esse algo
que não é desprovido de
todo acento subjetivo, po
rque se vê bem toda a
trama de que se trata, a
gande giraf, vendo-o bri
ncar com a pequena
amarrotada, gita bem alt
o, até que fnalmente ela
se cansa, esgota seus
1r ritos, e o Pequeno Han
s, sancionando de al
posse, a Besitzung de qu
e se trata, a trama mister
iosa do caso, senta-se
encima, draufg esetzt.
Essa bela mecânica de
ve nos fazer sentir o que
está em causa, se é de
sua identifcação fu ndam
ental, da defesa dele mes
mo contra essa captura
ori�nal no mundo da mã
e, como ninguém natural
mente duvida, no ponto
cm que estamos da elucid
ação ela fobia . Aqui jú ve
mos excmpli1cacla essa
!'unção do sigifcante.
É exatamente aí que
quero me deter hoje ain
da, no que concere ao
1 >onto de partida do que
temos a dizer sobr a ident
cação. A fnção sigcate,
enquanto ponto de amarr
ação de al
1·� o que vai fazer com qu
e eu me detenha um instan
te, hoje, sobre algo que,
parece-me, deve vr natur
almente ao espírito, não
apenas por razões de
lúgica geral, mas também
por al
1•xpcriência de vocês, qu
ero dizer: a fnção do nom
e.
-82-
Lição de 20 de dezembro de 1961
-83 -
A Identicação
operações lógicas e ma
temáticas que não se po
de deixar de levar em
conta, quando se entra
nesse campo. Portanto,
Russell, em uma de
suas obras, dá uma cert
a defnição inteiramente p
aradoxal - o paradoxo
é, aliás, uma dimensão a
qual ele está longe de rep
ugnar para se deslocar,
bem ao contrário: ele, i:,
oc sua vez, serve-se dela
mais freqüen temente
- M. Russell trouxe, por
tanto, concernente ao n
ome próprio, algumas
observações que colocar
am literalmente M. Gardin
er fora de si. A querela
é, em si mesma, basta
nte signifcativa, de ma
neira que acho dever,
hoje, introduzi-los nela e
, nesse sentido, acresce
ntar observações que
me parecem importantes
. Por qual ponta vamos c
omeçar? Por Gardiner
ou por Russell? Comece
mos por Ru ssell.
Russel se encontra n
a posição do lógico. O ló
gico tem uma posição
que não data de ontem
. Ele faz fu ncionar um c
erto aparelho ao qual
ele dá diversos títulos, r
azões, pensamentos. El
e descobre um certo
número de leis implícita
s. Num primeiro tempo,
ele destaca essas leis,
são aquelas sem as quais
não haveria nada que fos
se da ordem da razão,
que fosse possí
vel . É no curso dessa pe
squisa inteiramente origi
nal do
pensamento que nos gov
erna, [a refexão grega].
que apreendemos, por
exemplo, a importância
do princípio de contradiç
ão. Esse princípio de
contradição descoberto
, é em torno do princípi
o de contradição que
alguma coisa se despren
de e se organiza, que mo
stra seguramente que,
se a contradição e seu prin
cípio fossem apenas algu
ma coisa de tautológca,
a tautologia seria singula
rmente fec unda, pois nã
o é simplesmen te em
algumas páginas que se
desenvolve a lógica arist
otélica.
Com o tempo, contudo, o
fto histórico é que, longe
do desenvolvimento
da lógica se dirigir para
uma ontologia, uma refe
rência radical ao ser
que se suporia ser visado
nessas leis mais gerais d
o modo de apreensão
necessário à verdade, el
e se orienta para um fo r
malismo, ou seja, que
àquilo a que se consag
ra o líder de uma escol
a de pensamento tão
importante, tão decisiva
na orientação que ela d
á a todo um modo de
pensamento em nossa é
poca, que é Bertrand Ru
ssell, chegue a colocar
tudo o que concerne à
crítica das operações e
m jogo no campo da
lógca e da matemática, n
uma frmalização geral tão
estrita, tão econômica
quanto possível. Em sum
a, a correlação do esfrço
de Russell, a inserção
do esforço de Russell ne
ssa mesma direção, em
matemática�. termina
na frmação do que se c
hama de teoria dos con
juntos, cujo alcance
feral se pode caracteriza
r pelo que se esfrça em
reduzir todo o campo
-84-
Lição de 20 de dezembro de 1961
- 85 -
A Ide ntiicação
, 1111· ,,·1•
- 86 -
Lição de 20 de dezembro de 1961
- 87 -
A Ie nticação
-88 -
Lição de 20 de dezembro de 1961
- 89 -
A Identicação
..
I<' ll lí
-91-
A Ie nticação
- 92 -
Lição de 20 de deze mbro de 1961
- 93 -
A Identiicação
- 94 -
LIÇAO VII
I O de janeiro de 1962
- 95-
A Identiicação
- 96 -
Lição de 1 O de ja neiro de 1962
- 97 -
A Identicação
-98-
Lição de 1 O de ja neiro de 1962
-99 -
A Identicação
. -100 -
Lição de 1 O de ja neiro de 1962
é exatam ente
em torno disso que estamos de tidos,
e em to rno do qu e não é sem
promessa que tenhamos feito, se se po
de dizer, uma descoberta - pois
acredito que é uma - esta indicação de q
u e há , digamo s, num tempo ,
um tempo recup erável, historicamente
defnido, um momen to em que
alguma coisa está al i para ser lida , lida
com a linguagem quando ainda
não há escri ta . E é pela inversão dessa re
lação, e dessa rel ação de leitura
do signo , que pode nascer em seguida a
escrita, uma vez qu e ela pode
servir para co no tar a fnematização.
Mas se parece, nesse nível, que justa
mente o nome próprio, enquanto
ele especifca como tal o enraizamento do s
ujeito, está mais especialm ente
ligado qu e um out ro, não à fo nematiz
ação como tal , à estrutura da
linguagem , mas àquilo que já na língua
está pronto, se podemo s dizer
assim, para receber essa infrmação do t
raço ; se o nome próprio ainda
traz a marca disso até para nós e em nos
so uso, sob essa forma qu e de
uma língua para outra não se traduz, já q
u e ele ap enas se transpõe, se
transfre , e é exa tam ente essa sua cara
cterística - eu me chamo Lacan
em todas as línguas e vocês também, ca
da um por seu nom e. Isso não
é um fato co ntingente, um fato de limit
ação , de importância, um fto
sem sentido , posto qu e, ao co ntrá rio , é aqu
i que jaz, que resid e a propriedade
muito particular do nome, do nom e pró
prio na signifcação. Não será
isso feito para fazer com qu e no s interr
oguemos sobre o que há nisso,
nesse ponto radical , arcai co, que precis
amo s com toda a necessidade
supor na origem do inconsciente, isto é,
dessa alguma coisa pela qual,
enquanto o suj eito fala, ele só pode av
a nçar sempre mais adiante na
cadeia, no desenrolar dos enunciado s, mas
que, dirigndo -se ao s enunciados,
po r esse fto mesmo , na enunciação ele
elide al go que é, propriam ente
fla ndo , o que ele não pode sa be r, isto é,
o nome do que ele é enqua nto
suj eito da enu nciação. No ato da enunci
ação há essa nominação latente
que é concebível como sendo o primeiro
núcleo, como significante, do
que em seguida vai se orga nizar como ca de
ia gira tó ria, tal como rep resen tei
-101 -
A Identicação
-102-
lição de 10 de jceiro de 1962
-103 -
A Ide ntificação
ao passar do inconscien
te para o pré-consciente,
o que se constituiu no
inconsciente encontra
um discurso já existente
, se se pode dizer, um
jogo de signos em liberd
ade, não somente interfer
indo com as coisas do
rea, mas pode-se dizer est
reitamente, tal um micélo, t
ecido em seus itervalos.
Do mesmo modo, não é
aí que está a razão verd
adeira do que se pode
chamar de fascinação, d
e estorvo Idealista? Na ex
periência flosófca, se o
homem se apercebe, ou
crê se aperceber que nun
ca tem mais que idéias
das coisas, isto é, que das
coisas ele só conhece enfm
as idéias, é justamente
porque, já no mundo das
coisas, esse embrulho nu
m universo do discurso
é algo que não é de frma
alguma desembaraçável.
O pré-consciente, em
suma, está desde já no r
eal, e o estatuto do incon
sciente, por sua vez, se
ele levanta um problem
a, é porque se constituiu
num nível totalmente
outro, num nível mais ra
dical da emergência do a
to de enunciação. Não
há, a princípio, objeção à
passagem de algo do inc
onsciente para o pré
consciente, o que tende a
se manifestar, cuj o caráter
contraditório Laplanchc
e Leclaire notam muito b
em. O inconsciente tem,
como tal, seu estatuto
como algo que, por posiç
ão e por estrutura, não p
oderia penetrar no nível
em que é suscetível de u
ma verbalização pré-
consciente. E, no entanto
,
dizem-nos, esse inconsci
ente, a todo momento, fa
z esfrço, empurra em
direção a fzer-se conh e
cer. Seguramente, e não
sem razão, é que ele
está em sua casa, se po
demos dizer, em um uni
verso estruturado pelo
discurso. Aqui, a passage
m do inconsciente para o
pré-consciente não é,
pode-se dizer, mais que
uma espécie de efeito d
e irradiação normal do
que gra na constituição do i
nconsciente como tal; daqu
ilo que no inconsciente,
mantém presente o fnci
onamento primeiro e rad
ical da articulação do
sujeito enquanto sujeito
flante. O que é preciso v
er é que a ordem que
seria aquela do inconscient
e pré-consciente e depois
chegaria à consciência,
não pode ser aceita sem s
er revista, e pode-se dizer
que, de certo modo, já
que devemos admitir o qu
e é pré-consciente como
defnido, como estando
na circulação do mundo,
na circulação real, devem
os conceber que o que
se passa no nível do pré
-consciente é algo que t
emos de ler da mesma
maneira, sob a mesma es
trutura, que é aquela que
cu tentava fazer vocês
sentirem, nesse ponto de
raiz onde algo vem trazer
à linguagem o que se
poderia chamar de sua úl
tima sanção, esta leitura
do signo.
-104 -
Lição de 10 de ja neiro de 1962
r-
No nível atual da vida do sujeito constituíd
o, de um sujeito elaborado por
uma longa história de cultura, o que se pass
a é, para o sujeito, uma leitura
do lado de fra do que é ambiente, pelo fto d
a presença da linguagem no
real, e no nível da consciência este nível qu
e, para Feud, sempre pareceu
ser um problema; ele nunca deiou de indica
r que era certamente o objeto
de uma futura precisão, de uma articulação
mais prcisa quanto à sua fnção
econômica. No nível em que ele no-lo descr
eve no começo, no momento
em que se liberta seu pensamento, lembremo
-nos de como ele nos descreve
essa camada protetora que ele designa com
o termo j; é antes de tudo algo
que, para ele, deve ser comparado com a p
elícula de superfcic dos órg.os
sensoriais, isto é, essencialmente como alg
o que filtra, que fecha, que só
retém esse índice de qualidade cuja fnção
nós mostramos ser homóloga
com esse índice de realidade que nos permit
e até apreciar o estado em que
estamos, bastante para fcarmos seguros de
que não sonhamos, se se trata
de algo análogo. É, na verdade, algo do vis
ível o que vemos. Da mesma
forma, a consciência, em relação ao que co
nstitui o pré-consciente e nos
faz este mundo estreitamente tecido por noss
os pensamentos, a consciência
é a superfcie por onde alguma coisa que está
no coração do sujeito recebe,
se se pode dizer, de fora seus próprios pensa
mentos, seu próprio discurso. A
consciência ali está para que o inconsciente,
se se pode dizer assim, recuse
o que lhe vem do pré-consciente ou escolh
a ali da maneira mais estreita
aquilo de que ele tem necessidade para seu
s ofcios.
Préc. - Cons
lcs
comme parole
lcs
-105 -
A Identicação
11H·o11sciente é re pre
sentado por ele como u
m fluxo, como um mund
o,
,·,11110 uma cadeia de p
e nsamentos. Sem dúvid
a a consciência também
,. l°dla da coe rência das
pe rcepções. O te ste de
re alidade é a articulação
-106 -
Lição de 10 de ja neiro de 1962
����������
-107 -
A Identicação
- -108 -
Lição de 1 O de ja neiro de 1962
-109 -
A Identicação
- -
O importante é que isso
quer dizer que se vocês
eftuarem as operações
de que se trata, vocês terã
o, portanto, os valores que
, se vocês os reportarem,
tomarão aproximadam
ente essa forma, até vi
r a convergir sobre um
valor perfitamente con
stante que se chama d
e limite:
,
1+
-
=2
- li 1 --
A Identiicação
1 , etc
\+
i +1 primeiro termo da
série,
j+--
- terceiro t
1+ --: segundoermo.
termo da
,e
Vocês encontrarão pe
riodicamente, isto é, cad
a três vezes na série,
esse mesmo valor, esses
mesmos três valores que
vou dar. O primeiro é
i + 1, isto é, o ponto de
enigma em que estamo
s para perguntar-nos
qual valor poderíamos d
ar a i para conotar o suj
eito enquanto sujeito
de antes de toda nomin
ação. Problema que nos
interessa. O segundo
valor que vocês encontr
arão, a saber
. 1
í+1
é estritamente 2
a
-112-
Lição de 10 de janeiro de 1962
-113-
LIÇÃO VIII
17 de janeiro de 1962
-115-
A Identicação
do sentido do sujeito, t
al como ele se evoca n
a meditação cartesiana
,
não acredito fzer nad
a - mesmo se piso nu
m domínio tantas vez
es
percorrido, que acaba
parecendo tornar-se re
servado a alguns - não
- -116-
Lição de 17 de janeiro de 1962
-117-
A Identicação
-118-
Lição de 17 de janéiro de 1962
-119 -
A Identiicação
.-120-
Lição de 17 de janeiro de 1962
-121 -
A Ienticação
de um buraco, ea aus
ência, exprime bem ao
contrário a redução, o
desaparecimento talvez,
mas não acabado, deixa
ndo atrás dele as marcas
-122 -
lição de 17
il y a longtemps qu
e je nc l' ai vu supõ
e que o próximo en
contro é
sempre possível.
Vocês vêem com que
prudência o exame, a
investigação desses t
ermos
deve ser manejada.
É por isso, no mom
ento de tentar expor
, não a
dicotomia, mas um
quadro geral dos di
versos níveis da ne
gação, na
qual nossa experiên
cia nos traz entrada
s de matrizes de out
ro modo
mais ricas do que tu
do o que se tinha fit
o no nível dos filóso
fs, desde
Aristóteles até Kant -
e vocês sabem como
elas se chamam, essa
s entradas
de matriz: privação,
frustração, castraçã
o. São elas que va
mos tentar
retomar, para confro
ntá-las com o supor
te significante da ne
gação, tal
como podemos tent
ar identificá-lo. Pas
un homme qui ne men
te . É o
proposição que lhes
apresento sob a form
a típica da afrmativa
universal,
-123 -
A Ide ntiicação
- 124 -
de janeiro de 1962
E
A omnis homo no
omnls homn mendax
o mendax nullus homo
nullus homomendax
non mendax aliquis homo
aliquis non mendax
mo menda non omnis h
non omnis homoomo mendax
non mendax
Contrárias
E
A
/ �
subcontrárias o
Observem primeiramente
que, se aqui introduzo o no
n omnis homo
mendax, O, o pas tout (não t
odo) , o termo pas incindindo
sobre a noção
de tout como defnindo a p
articular, não é que isso se
ja legtimo, pois
precisamente Aristóteles se
opõe a isso de uma maneira
que é contrária
a todo desenvolvimento que
pode ter em seguida a espe
culação sobre a
lógca frmal, a saber, um de
senvolvimento, uma explica
ção em extensão
fzendo intervir a carcaça s
imbolizável por um círculo
, por uma zona
na qual os objetos que consti
tuem seu suporte são agrupa
dos: Aristóteles,
mui precisamente, antes d
os Primeiros Analíticos, pel
o menos na obra
que antecede no agrupame
nto de suas obras, mas que
aparentemente
o antecede logicamente, s
enão cronologicamente qu
e se chama Da
Interpretação, fz observar
que - e não sem ter provo
cado o espanto
dos historiadores - não é s
obre a qualificação da univ
ersalidade que
deve incidir a negação. É, p
ois, exatamente por algum
homem, aliquis,
que se trata e de um algum
homem que devemos enqua
nto tal interrogar
como mentiroso. A qualifc
ação portanto do omnis, d
a omnitude, da
-125 -
A Identicação
paridade da categoria u
niversal é aqui o que es
tá em causa. Será que
é
alguma coisa que seja
do mesmo nível, do nív
el de existência do que
pode suportar ou não s
uportar a afrmação ou
a negação? Será que h
á
homogeneidade entre e
sses dois níveis? Dito d
e outra forma : será qu
e
é de alguma coisa que
simplesmente supõe a
coleção como realizad
a
que se trata, na diferen
ça que há da universal
para a particular?
Subvertendo o alcance
daquilo que estou tenta
ndo explicar-lhes, vou
propor-lhes algo, algo q
ue é feito de certa frma
para responder a quê?
À questão que liga, jus
tamente, a defnição do
sujeito como tal àquela
da ordem de afrmação
ou de negação na qual
ele entra na operação
- e se se buscar a que
m isso remonta, vou di
zer-lhe, não deixa de s
er
qual proponho a vo
[
1
]
traços verti
cais. A fun
ção traço v
ai
preencher a
do sujeito e
a fnção verti
cal
-126 -
de ja neiro de 1962
-127 -
A Identiicação
28 -
Lição de 17 de ja neiro de 1962
-129 -
A Identicação
A
N
todo tra Não há
ço é ver nem tra
tical ço nem
vertical
(=quand
o não h Nome d
á vertic o pai
al,
não a tr Profess
aço) or anal
Todo pai fabeto
e Deus
(não há
outro pa Pai nã
i senão o-pai
Deus)
O profe causa
ssor se f perdida
unda so
bre a let
ra
PHASIS
Há t
raço
s ve
rtica
is (A.
P)
Há pa
is que
preec
hem
+ ou
- a fu
nção Nen
simbó hu
lica m tr
do No aço
me do é v
pai erti
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fessor
não s Há
e fund alg
a uns
senão que
parcia não
lment
e sob
re a l Nen
etra hu
mp
rofe
ssor
se
fun
da
sob
re a
lexi
s
-130 -
Lição de 17 de janeiro de 1962
fenomenologia, a coisa
mais simples de manejar.
Está em muitos lugares,
e depois acontece todo te
mpo que ela escorrega ent
re nossos dedos. Vo cês
viram, por exemplo, d
a última vez, durante u
m instante a respeito do
, non nullus non menda
x, vocês me viram coloc
ar este non, retirá-lo, e
recolocá-lo. Isto se vê t
odos os dias. Aguém me
assinalou, no intervalo,
que nos discursos daq
uele que alguém num bil
hete, meu pobre e caro
amigo Merleau-Ponty, c
hamava "o grande home
m que nos governa", num
discurso que o dito gra
nde homem pronunciou,
escuta-se "não se pode
não crer que as coisas s
e passarão sem problema
s". Sobre isso, exegese:
o que ele quer dizer? O
interessante não é tanto
o que quer dizer, é que
evidentemente compre
endemos muito bem, just
amente, o que quer dizer
e, se analisarmos logca
mente, veremos que diz
o contrário. É uma bela
fórmula na qual se desli
za sem cessar para dizer
a alguém : "vocês não
... [vous n'
êtes pas sans ... ). Não são
vocês que estão errados,
é a relação do sujeito com
o signifcante que de temp
os em tempos emerge.
Não são simplesmente p
equenos paradoxos, lap
sos que aponto aí, de
passagem. Encontraremo
s essas fórmulas pelo ca
minho, e penso dar-lhes
a chave desse porque "v
ocês deixam de ignorar",
quer dizer, o que vocês
-134 -
Lição de 24 de ja neiro de 1962
-135 -
A Identicação
representa o sujeito p
ara um outro signifca
nte. Isso vocês o verã
o
-136 -
Lição de 24 de janeiro de 1962
-137 -
A Identicação
Te m manifestamente alg
uma relação
com a pequena frma hu
mana ,, em geral despro
vida de braços. Aqui,
como é de um grande q
ue se trata, há braços. I
sto, i nada tem a ver
com o que se passa qua
ndo vocês acrescentare
m esse signo, Á, com o
, - trata-se de um
parágrafo que vocês po
derão encontrar nos liv
ros do pa Wieger, ao
alcance de todos. O que
quer que seja, outros al
ém dele esclareceram
esse caminho, principa
lmente Marcel Granet,
que, afnal, vocês não
perdem nada em abrir s
eu belo livro sobre as da
nças e lendas e sobre
-138 -
Lição de 24 de janeiró de 1962
Isso, i,
naturalmente, não tem absolutaente nenhu
ma relação com essa conjunção.
g
-139 -
A Ientiicação
de lógca formal, só se ap
oiando estritamente no si
g ifcante, se interditando
toda relação e, portant
o, todo apoio intuitivo
no que pode se insurgi
r
do significado, no caso
em que fazemos erros.
Em geral, é nisso que
nós nos referenciamos
, raciocino mal, porque
, nesse caso, resultaria
qualquer coisa: minha
avó de cabeça pra baix
o. O que é que isto pod
e
nos fzer? Em geral nã
o é com isto que nós
somos guiados, porqu
e
somos muito intuitivos.
Se faz-se lógica formal,
só se pode sê-lo.
Ora, o divertido é que o li
vro de base de uma ló gc
a simbólica encerrando
todas as necessidades d
a criação matemática, os
Principia Mathematica
de Bertrand Russel e W
hitehead, chega a algo q
ue está bem perto de se
r
a fnalidade, a sanção
de uma lógica simbólic
a digna desse nome, d
e
encerrar todas as neces
sidades da criação mate
mática, mas os próprios
autores bem perto se d
etêm considerando co
mo uma contradição d
e
natureza a questionar t
oda a lógica matemátic
a, esse paradoxo dito d
e
Bertrand Russel. Trata-
se de algo cujo viés ati
nge o valor da teoria dit
a
dos conjuntos. Em que
se distingue um conjun
to de uma defnição de
classe, a coisa é deixad
a numa relativa ambigui
dade, uma vez que o qu
e
. 140-
Lição de 24 de janeiro de 1962
-141-
A Identiicação
- 142 -
Lição de 24 de janeiro de 1962
-143 -
A Identicação
seio
O que é o a? Coloque
mos no seu lugar a pe
quena bola de pingue
pongue, isto é, nada, o
que quer que seja, qual
quer suporte do jogo de
alterância do sujeito no f
ort-da. Aí vocês vêem que
não se trata estrtamente
de nada além e que, atra
passagem do vés disso
de a+ a a-
vemos, na relação de i
dentificação - uma vez
que sabemos que niss
o
que o sujeito assimila,
é ele, na sua frustraçã
o, nós sabemos que a
relação do g com esse ,
1/A - ele, 1,
-144 -
Lição de 24 de janeiro de 1962
encontra no erótico or
al, erotizado, é na me
dida em que ele é um
a
alguém, após a aula ve
io, aproximando-se de
mim, dizer-me: "Nessa
s
-147 -
A Identiicação
-148 -
Lição de 21 de fe vereiro de 1962
-149 -
A Identicação
esse traço,
essa coisa insituável, es
sa aporia para o pensam
ento que consiste em
que, justamente, nisso el
e é tanto mais apurado,
simplifcado, reduzido
a qualquer coisa. Com s
ufciente enfraqueciment
o de seus apêndices,
ele pode terminar reduzi
ndo-se a isso: um 1. O q
ue há de essencial, e
faz a originalidade diss
o, da existência de um t
raço unário e de sua
função, e de sua introdu
ção , por onde? É justa
mente o que deixo em
suspenso, pois não é tã
o claro que isso seja pel
o homem, se é, por um
certo lado, possível, pro
vável, cm todo o caso, p
osto em questão por
nós que é de lá que o ho
mem tem saído. Então, e
sse um, seu paradoxo
é just ament e isso: é qu
e tanto mais se assemelh
a, quero dizer, quanto
mais a diversidade das s
emelhanças se apaga, qu
anto mais ele suporta,
-150 -
Lição de 21 de fe veréiro de 1962
-151 -
A Identicação
-152-
Lição de 21 de fe vereiro de 1962
-153 -
A Identiicação
-154 -
Lição de 21 de fe vereiro de 1962
-155 -
A Identiicação
� 156-
Lição de 21 de fe vereiro de 1962
completamente diferent
e. Em outros termos, o
amor é uma frça natural
.
Éisto que justifca o pont
o de vista que chama
mos de biologzante, d
e
Freud. O amor é uma re
alidade. É por isso, aliás,
que lhes digo, os deuses
Isso não causava espan
to a ninguém. Permitam
-me um jogo de palavra
s
muito bonito. Foi um dos
meus mais divinos obses
sivos que o fez, há algun
s
dias: "A horroros
Quero dizer
a dúvida doque não pos
mafrodita". so
fazer menos senão pen
sar nisso, desde que ev
dentemente acontecera
m
coisas que nos fizeram
deslizar da Afrodite à ho
rrorosa dúvida. Há muit
o
a dizer em fvor do Crist
ianismo; eu não saberi
a sustentá-lo bastante,
e
especialmente qu anto a
o desprendimento do de
sejo como tal. Não quer
o
deflorar demais o sujeilo
, mas estou decidido, a
esse respeito, <e avanç
ar
para vocês coisas incrív
eis que, contudo, para o
bter entre todos esse fi
m
louvável, esse pobre am
or tenha sido colocado n
a posição de tornar-se u
m
mandamento, e, de qua
lquer modo, ter pago ca
ro a inauguração dessa
busca que é a do desej
o. Naturalmente, nós, m
esmo assim, os analista
s,
seria preciso que soubé
ssemos resumir um pou
quinho a questão sobre
o
sujeito, que o que nós
adiantamos sobre o am
or, é que ele é a fonte
de
todos os males. Isso os fz
rr!? A núnima conversa es
tá aí para lhes demonstrar
que o amor de mãe é a
causa de tudo. Não di
go que se tenha sempr
e
razão, mas é ainda assi
m por essa via que nos e
xercitamos todos os dias.
É
o que re sulta de nossa
experiência cotidiana.
Portanto, está bem clar
o
que, concernente à bus
ca do que é, na análise,
o sujeito, a saber, a que
convé m identifcá-lo, e
mbora fsse só de manei
ra alternante, não poder
ia
se tra tar senão do sujeit
o cio desejo.
,:: nisso que cu lhes dei
xarei hoje, não sem faz
er-lhes observar ainda
que, claro, estejamos n
a postura de fazê-lo mu
ito melhor do que fi feit
o
pelo pensador que vou
nomear, não estamos t
anto no no man 's land.
Quero dizer que, logo a
pós Kant, há alguém q
ue lembrou disso, que
se
chama He gel, do qual toda
A fe omeologia do espírit
o parte da, da Berg ierde.
Só havia um erro, o de n
ão ter nenhum conhecim
ento, ainda que se poss
a
aí designar o seu lugar,
do que seria o estádio
do espelho. Donde ess
a
irredutível confusão que
põe tudo sob o ângulo d
a relação do mestre e d
o
escravo, e que toma inop
erante essa caminhada,
e que é necessáro retom
ar
todas as coisas a partir d
aí. Quanto a nós, espera
mos que, fvorecidos pelo
gênio de nosso mestre
, possamos fcar, de m
aneira mais satisftóra,
a
questão do sujeito do de
sejo.
-158 -
LIÇAO XI
28 de fe vereiro de 1962
-159 -
A Ide ntiicação
--160 -
Lição de 28 de fe vereiro de 1962
-161 -
A Ienticação
-162 -
Lição de 28 de fe vereiro de 1962
-163 -
A Identiicação
fundamentalmente apo
iada numa argumentaç
ão matemática que se
fnda no que poderíamos
chamar de época geom
etrizante da matemática.
É na medida em que a g
eometra euclidiana está i
ncontestada, no moment
o
em que Kant prossegue
sua meditação, que é s
ustentável para ele que
haja, na ordem espaço-
temporal, certas evidênci
as intuitivas. Basta abaix
ar
se, abrir seu texto, par
a recolher exemplos da
quilo que pode parecer
,
agora, a um aluno med
ianamente avançado n
a iniciação matemática
,
-164 -
Lição de 28 de fe vereiro de 1962
-165 -
A Identiicação
-166 -
Lição de 28 de fe vereiro de 1962
-167 -
A Ide ntiicação
- 168 -
Lição de 28 de fe vereiro de 1962
-169 -
A Identicação
-170 -
Lição de 28 de fe vereiro de 1962
-171 -
A Identicação
inconsciente é oráculo, ta
ntos hiatus quanto há de
signifcantes distintos,
tantos saltos qu�nto se
produz de metonfmias .
É porque há um sujeito
que se marca a si mesm
o ou não com o traço un
ário, que é 1 ou -1, que
pode haver um -a, que
o sujeito pode identifcar
-se com a bolinha do
neto de Freud e especi
almente na conotação d
e sua flta, não há, ens
privativum. Obviament
e, há um vazio e é daí q
ue vai partir o sujei to :
leerer Gegenstand ohne
Begriff.
Das quatro definiçõe
s do nada que Kant dá
e que retomaremos na
próxima lição, só uma se
mantém com rigor: há ali
um nada. Observem
que no quadro que lhes de
i dos três termos, castraçã
o, fr ustração, privação,
a contraparti da , o agente
possível, o sujeito propria
mente falando imagnáro
do qual pode derivar a p
rivação, a enunciação d
a privação, é o sujeito
da onipotência imaginári
a , isto é, da imagem inv
ertida da impotência.
Ens rationis, leerer Begrif
f ohne Gegenstand, conc
eito vazio sem objeto,
puro conceito da possibil
idade, eis o quadro em q
ue se situa e aparece
o ens privativum.
Kant, sem dúvida , não d
eixa de ironizar sobre o u
so puramente formal
da fórmula que parece
ser óbvia: todo real é p
ossível. Quem dirá o
contrário? Fo rçosament
e! E ele dá o passo mais
ousado, fa zendo-nos
notar que, portanto, alg
um real é possível, mas
que isso pode querer
dizer também que algum
possível não é real, que
há possível que não é
real. Da mesma forma, s
em dúvda, o abuso filosó
fico que se pode fazer
disso é aqui denunciado
por Kant. O que nos imp
orta é que percebamos
que o possível de que
se trata aqui não é nad
a senão o possível do
sujeito. Só o sujeito pod
e ser esse real nega tiva
do por um possível que
não é real. O -1, consti
tutivo do ens privativu
m, nós o vemos assim
ligado à estrutura a mais
primitiva de nossa experi
ência do inconsciente,
na medida em que ela é
aquela, não do interdito,
nem do dito que não,
mas do não-dito, do po
nto onde o sujeito não e
stá mais para dizer se
ele não é mais mestre des
sa identifcação ao 1, ou d
essa ausência repentina
do 1, que poderia mar
cá-lo. Aqui se encontra
sua força e sua raiz. A
possibilidade do hiatus,
do saltus, casus, factus,
é justamente aquilo
que espero, a partir da p
róxima sessão, mostrar-
lhes : qual outra forma
de intuição pura e mes
mo espacial está especi
almente implicada na
função da superfcie, en
quantu a creio capital, p
rimordial, essencial a
toda articulação do suje
ito que poderemos form
ular.
-172 -
LIÇÃO XI I
07 de março de 1962
Ao reagupar os pensament
os difceis aos quais estamos s
endo conduzidos,
em torno dos quais deixei v
ocês da última vez , começ
ando a abordar
pela privação o que conce
rne ao ponto mais central
da estrutura da
identifcação do sujeito, ao r
eagrupar tais pensamentos
eu me apreendi
partindo novamente de alg
umas observações introdut
órias. Não é do
meu costume retomar abs
olutamente ex-abrupto o fi
o interrompido;
essas observações faziam e
co a alguns desses estranh
os personagens
de que lhes falava, na última
vez, e que chamávamos de f
lósofs, grandes
ou pequenos. Essa observa
ção era mais ou menos esta
, no que nos diz
respeito: que o sujeito se en
gana. Está aí, com certeza,
para todos nós,
analistas , tanto quanto fló
sofos, a experiência inaug
ural. Mas se ela
nos interessa, a nós, é clar
amente, e direi, exclusiva
mente pelo fato,
que ele pode se dizer. E es
se dizer se demonstra infnit
amente fe cundo
e mais especialmente fecund
o na análise que alhures , ao
menos gostamos
de supor assim. Ora, não es
queçamos de que a observa
ção foi fe ita por
eminentes pensadores, que
o que está em questão, no c
aso, é o real, a
via dita da retifcação dos
meios do saber poderia b
em - é o mínimo
que se pode dizer - afasta
r-nos indefinidamente do
que se trata de
atingir, isto é, do absoluto,
pois, trata-se simplesment
e do real. Tr ata
se disso. Tr ata-se de atingir
o que é visado como indepe
ndente de todas
as nossas amarras; na proc
ura do que é visado, é isso q
ue se chama de
absoluto; portanto, soltem
tudo até o fi m, toda sobrec
arga. É sempre
uma maneira mais sobrecar
regada que tende a estabel
ecer os critérios
da ciência, na perspectiv
a flosófca, entendo eu. N
ão estou flando
-173 -
A Identicação
-174 -
Lição de 7 de março de 1962
-175 -
A Identiicação
a priori. E, obviamente
a experiência nos mostr
a ali apenas o que se
organizou para encontr
ar antes de tudo.
É um parêntese que c
onfrma isso, que o sujeit
o conta bem antes de
aplicar seus talentos a u
ma coleção qualquer, ai
nda que, é claro, uma
de suas primeiras atividad
es concretas, psicológcas,
seja constituir coleções.
Mas ele está implicado co
mo sujeito na relação dita
do cômputo, de maneira
muito mais radicalment
e constituinte do que se
quer imaginar, a partir
do fncionamento do seu
sensorium e de sua motri
cidade. Uma vez mais
aqui, o gênio de Freud u
ltrapassa a surdez, se p
osso dizer, daqueles a
quem ele se dirige com t
oda a amplidão das adve
rtências que ele lhes dá
e que entram por um ou
vido e saem pelo outro.
O que provavelmente
justifca o apelo ao tercei
ro ouvido místico do Sr.
Thedor Reik, que não
estava naquele dia muito
inspirado, pois para quê
um terceiro ouvido se
já não se ouve nada com
os dois que se tem i O se
nsorium em questão,
quanto ao que Feud nos
ensina, serve para quê?
Será que isso não quer
nos dizer que só serve p
ara isso, para nos mostra
r que o que já está ali
no cálculo do sujeito é
bem real, existe bem?
Em todo caso, é o que
Feud diz, é com ele que
começa o julgamento de
existência, isso serve
para verifcar as contas,
o que, de qualquer man
eira, é uma posição
estranha para alguém que
é tido como ligado em linh
a direita ao positivismo
do século XIX.
Então, re tomemos as
coisas onde as havíamos
deixado, já que se trata
de cálculo, e da base, e
do fundamento do cálculo
para o sujei to : o traço
unário. Po is, obviament
e, se começa tão cedo a
função do contar, não
andemos demasiadamen
te depressa quanto ao qu
e o sujeito pode saber
de um número mais eleva
do. Parece pouco pensáve
l que 2 e 3 não venham
bastante depressa, mas, q
uando nos dizem que certa
s tribos ditas primitivas
do lado da desembocadur
a do Amazonas só pudera
m descobrir recentemente
a virtude do número quat
ro e lhe erguerem altares,
não é o lado pitoresco
dessa história de selvag
ens que me surpreende; i
sso me parece mesmo
óbvo, pois, se traço uná
rio é o que lhes digo, a s
aber, a diferença, e a
dierença não somente q
ue suporta, mas que pre
ssupõe a subsistência,
ao lado dele, de 1 + 1 +
1 ... [um, mais um, e ain
da um) o mais estando
ali apenas para marcar a
subsistência radical dess
a diferença. Ali onde
começa o problema, é ju
stamente que se possa
adicionar-lhes, dito de
outro modo, que dois, q
ue três têm um sentido.
Visto desse ponto de
vista, isso apresenta dific
uldades, mas não há por
que se espantar com
-176 -
Lição de 7 de março de 1962
-177 -
A Ie ntiicação
afirmativa e negativa.
Unidade e totalidade a
parecem aqui na tradiç
ão como solidáras, e
não é por acaso que volt
o a elas sempre para del
as fazer surgr a categori
a
fundamental. Unidade e
totalidade, ao mesmo te
mpo solidárias, ligadas
uma a outra nessa rel aç
ão que se pode chamar
de rel ação de inclusão,
a
o que fnda a totalidade
como tal, ao lançar a un
idade em direção a ess
e
-178-
Lição de 7 de março de 1962
-179 -
A Identiicação
-180 -
Lição de 7 de março de 1962
-181 -
A Identiicação
__
�
�
-182 -
Lição de 7 de março de 1962
-183 -
A Identiicação
- 1 84 -
Lição de 7 de março de 1962
-185 -
A Ientificação
como construção do e
spírito, ele tem toda a
resistência de um real.
o tiver demonstrado, vo
cês estão no direito de
me opor esse impossíve
l.
Por que não seis? Por q
ue não oito?
Agora, continuemos. Nã
o há apenas aquela arg
ola que nos interessa
como irredutível. Ilá ou
tras que vocês podem
desenhar na superfície
do toro e das quais a m
enor é o que podemos c
hamar de o mais interno
desses círculos, que ch
amaremos de círculos
vazios. Eles dão a volt
a
em torno do buraco. Po
demos fzer muitas cois
as com ele. O que há d
e
vocês podem esvaziá-
lo - o toro de vocês, co
mo uma bóia - e colocá
-lo
primeiramente desenha
ra em cheio, depois
cm pon tilhados, isso vai d
ar uma bobina. Vejam,
portanto, a série elas v
oltas que fazem, na
re petição unária, com q
ue o que volta seja o
que caracteriza o sujeito p
riário em sua relação
significante de automatis
mo de repetiç.o. Por
que não levar a bobinage
m até o fim, até que
essa pequena serpente d
e bobina morda sua
própria cauda? Não é uma
imagem a se estudar
como analista que existe
sob a pluma do Sr.
]ones. O que se passa no
fnal desse circuito?
-186 -
Lição de 7 de março de 1962
-187 -
A Identiicação
-188 -
LIÇÃO XIII
14 de março 1962
-189 -
A Identificação
-190-
Lição de 14 de março de 1962
-191-
A Identicação
satsftoriamente assegur
adas, nem onde a tradiç
ão está mais assegurad
a,
a neurose seja mais rar
a. Longe de ser assim !
O que quer dizer a neur
ose? Qual é, para nós, a
autoridade, se posso
dizer, da neurose? Isso n
ão está simplesmente lig
ado à sua pura e simples
exstência. A posição é
demasiado fácil naquel
es que, em tais casos,
atrbuem seus efeitos a u
ma espécie de deslocam
ento da humana faqueza
.
Quero dizer que aquilo q
ue se verifca, efetivame
nte, faco na organização
social como tal, é lanç
ado sobre o neurótico,
do qual se diz que é u
m
inadaptado. Que provai
Parece-me que o direito,
a autoridade que deriva
do que temos a aprend
er do neurótico, é a estr
utura que ele nos revela
.
E, no fundo, aquilo qu
e ele nos revela, a par
tir do momento em qu
e
compreendemos que se
u desejo é exatamente
o mesmo que o nosso,
e
não sem razão, o que,
pouco a pouco, vem re
velar a nosso estudo, o
que confre a digidade a
o neurótico, é que ele q
uer saber. E, de algum
a
maneira, é ele quem in
troduz a psicanálise. O
inventor da psicanálise
não é Feud, mas Anna
O, como todos sabem,
e, bem entendido, por
trás dela muitos outros,
nós todos.
O neurótico quer sabe
r o quê? Aqui, vou dim
inuir o ritmo do meu
discurso, para que voc
ês compreendem bem,
pois cada palavra tem
importância. Ele quer
saber o que há de real
naquilo de que ele é a
paião, ou seja, o que h
á de real no efeito do si
gnifcante, o que supõe
,
é claro, que já avança
mos sufcientemente lo
nge para sabermos qu
eo
que se chama de desejo
, no ser humano, é impe
nsável a não ser dentro
dessa relação com o si
gnifcante e os efitos qu
e ali se inscrevem. Ess
e
signifcante que ele mes
mo é por sua posição , o
u seja, enquanto neuros
e
vva, é - se vocês se re
portarem a minha defni
ção do significante - é,
aliás, inversamente o
que a justifca, é que el
a é aplicável, aquilo po
r
que esse criptograma qu
e é uma neurose, o que
o fz assim, o neurótico,
como tal um signifcant
e e nada mais, pois o
sujeito a que ele serv
e
justamente está em outr
a parte : é o que chama
mos de seu inconscient
e.
E é por isso que ele é,
segundo a defnição q
ue lhes dou, enquanto
neurose, um signifcant
e : é que ele represent
a um sujeito oculto. Ma
s
para quê? Para nada m
ais que um outro signifi
cante.
Que o que justifca o ne
urótico como tal, porqu
anto a análise - deixo
passar esse termo tomad
o emprestado do discurs
o de meu amigo Lagache
,
ontem - o valoriza é por
que sua neurose vem c
ontribuir para o advento
desse discurso exigi
do por uma erótica
enfm constituída. El
e,
-1.92 -
Lição de 14 de março de 1962
-193 -
A Identicação
efetivamente dormido co
m Beatriz. Isso não muda
em nada o problema.
Queremos crer que não,
mas isso não é fundame
ntal na relação. Te ndo
feito tais observações, o
que defne o neurótico?
O neurótico se entrega
a uma curiosa retransf
rmação daquilo de que
ele sofe o efeito. O
neurótico, em suma, é
um inocente: ele quer s
aber. Para saber, ele
parte na direção mais n
atural, e é naturalmente
por isso mesmo que
ele é logrado. O neurót
ico quer retransformar
o signifcante naquilo
de que ele é o signo. O
neurótico não sabe, e n
ão sem razão, que é
enquanto sujeito que ele f
omentou isso : o advento
do sigifcante enquanto
o significante
principal da coisa
é o apagador
; que é ele, o suj
eito que,
ao apagar todos os traç
os da coisa, fz o signifc
ante. O neurótico quer
apagar esse apagamento
, quer fzer com que isso
não tenha acontecido.
Esse é o sentido mais pr
ofundo do comportament
o sumário , exemplar,
do obsessivo. Aquilo so
bre o qual ele volta sem
pre, sem jamais poder,
obviamente, abolir seu ef
eito - pois cada um de se
us esfrços para aboli
lo só fz refrçá-lo - é fzer
com que esse advento d
a função de sigifcante
não se tenha produzido,
que se encontre o que h
á de real na origem, a
saber, aquilo de quê tud
o isso é signo. Isso, eu
o deixo aqui indicado,
introduzido, para voltar m
ais tarde de uma frma ge
neralizada e ao mesmo
tempo mais diversificada,
ou seja , segundo as três
espécies de neuroses:
fo bia, histeria e obsess
ão, depois que eu tiver
dado a volta à qual tal
preâmbulo está destinad
o a trazer-me de volta, e
m meu discurso.
Esse desvio, portant
o, foi feito para situar,
e justifcar ao mesmo
tempo, a dupla perspectiva
de nossa investigação, que
é a que perseguimos ,
este ano, no terreno da ide
ntifcação. Por mais extrem
amente metapsicológca
que nossa investigação
possa parecer, a alguns,
para não prossegui-la
exatamente sobre a mes
ma aresta onde a prosse
guimos, porquanto a
análise só se concebe ne
ssa perspectiva das mais
escatológicas, se assim
posso exprimir-me, de u
ma erótica, mas impossív
el também sem manter,
ao menos num certo nív
el, a consciência do sent
ido dessa perspectiva
de fazer com conveniên
cia na prática, o que vo
cês têm a fzer, isto é,
obviamente, não pregar
uma erótica, mas se vir
ar com o fto de que ,
mesmo entre as pessoa
s mais normais e no in te
rior da aplicação plena
e inteira, e de boa vonta
de, das normas, bem ! Is
so não funciona. Que
não apenas como La R
ochfoucauld disse, "há b
ons casamentos, mas
não os há deHciosos ", p
odemos acrescentar que,
desde então , tudo se
deteriorou um pouco mai
s, já que não os há tampo
uco bons, digo, dentro
-194 -
Lição de 14 de março de 1962
-195 -
A Identicação
quadrante, é preciso, n
esse nível, ainda consi
derá-la como destacad
a.
O -1, que é o sujeito ne
sse nível em si mesmo
, não é de frma alguma
subjetivado, não se tra
ta ainda, de frma algu
ma, de saber ou de nã
o
ma coisa da ordem desse
advento aconteça, é nece
ssário
que todo um ciclo seja fc
hado, ciclo do qual a priv
ação é apenas, portanto,
o primeiro passo. A pri
vação em questão é pri
vação real, para a qual
,
com o suporte da intuiç
ão, da qual vocês me c
oncederão que eu poss
a
ter o direito, tudo o que f
ço aqui é seguir as própr
ias pegadas da tradição,
e a mais pura. Conced
e-se a Kant o essencial
de seu procedimento, e
tal fundamento do esqu
ematismo, procuro um
melhor para tentar torn
á
lo sensível a vocês, int
uitivo. O mecanismo d
essa privação real, eu
o
frjei. É, portanto, some
nte depois de um longo
desvio que pode advir,
para o sujeito, esse sa
ber de sua rejeição ori
ginal. Mas, daqui até lá
,
digo-lhes logo em segui
da, muitas coisas se pa
ssarão para que, quand
o
vier à luz, o sujeito saib
a não apenas que esse
saber o rejeita, mas que
esse saber, ele próprio,
deve ser rejeitado, uma
vez que ele se mostrará
estar sempre ou além
ou aquém do que é ne
cessário atingir, para a
realização do desejo. D
ito de outro modo, se ja
mais o sujeito - o que é
seu objetivo desde o te
mpo de Parmênides - c
hega à identificação, à
afrmação de que é -o a
u-o, o mesmo, que pens
ar e ser, uoetu xat EtUat
,
nesse momento aí ele p
róprio se encontrará irre
mediavelmente dividido
entre seu desejo e seu ide
al. Isso, se posso dizer, es
tá destinado a demonstrar
o que eu poderia cha
mar de estrutura objeti
va do toro em questão
.
Mas, por que me recu
sariam esse uso da pa
lavra objetivo, já que é
clássico, no que conce
rne ao domínio das idéi
as, e ainda empregado
até Descartes?
No ponto, pois, em que
estamos, e para não m
ais voltar a ele, aquilo
de que se trata de real
é perfitamente tocável,
e só se trata disso. O
que nos levou à constr
ução do toro, no ponto
em que estamos, foi a
-196 -
Lição de 14 de março de 1962
-197 -
A Ie ntiicação
segunda dimensão, u
ma vez que ela é funç
ão radical de sua própr
ia
referência em sua estr
utura, ainda que metafr
icamente, mas não se
m
pretender atingir, nes
sa metáfra, a própria
estrutura da coisa, nó
s
chamamos de estrutura d
e toro essa segunda dim
ensão, já que ela constitu
i,
em meio a outras, a e
xistência de laços irre
dutíveis a um ponto, d
e
laços não evanescentes.
É no Outro que vem nec
essariamente se encarna
r
essa irredutibilidade da
s duas dimensões, por
que, se ela é, em algu
m
lugar, sensível , isso só
pode ser - posto que, at
é o momento, o sujeito s
ó
é sujeito porque fla - n
o domínio do simbólic
o. É na experiência d
o
simbólico que o sujeito d
eve encontrar a limitação
de seus deslocamentos,
que lhe faz entrar em p
rimeiro lugar na experi
ência, a ponta, se poss
o
dizer, o ângulo irredutí
vel dessa duplicidade
das duas dimensões.
É
para isso que o esquem
atismo do toro vai-me s
ervir ao máximo - vocês
vão ver - e a partir da
experiência majorada
pela psicanálise e pel
a
observação que ela des
perta.
O sujeito pode empree
nder dizer o objeto de
seu desejo. Ele só faz
isso mesmo. É mais que
um ato de enunciação;
é um ato de imaginação
.
Isso suscita nele uma
manobra da função im
aginária, e, de um mod
o
necessário, essa fu nção
se revela presente, tão l
ogo aparece a fustração.
Vocês sabem a importâ
ncia, o acento que tenh
o posto, depois de outro
s,
depois sobretudo de S
anto Agostinho, sobre
o momento do despert
ar
da paixão ciumenta na
constituição desse tipo
de objeto que é o mesm
o
que construímos como
subjacente a cada uma
de nossas satisfções :
a
criancinha, presa da p
aixão ciumenta, diante
de seu irmão que, par
a
ela, em imagem, fz sur
gir a posse desse objet
o, o seio principalment
e,
que até então fi apena
s o objeto subjacente,
elidido, mascarado par
a
ele por trás desse retor
no de uma presença lig
ada a cada uma de sua
s
satisfações; que não fi
- nesse ritmo em que s
e inscreveu, em que s
e
sente a necessidade
de sua primeira depen
dência - senão o objet
o
metonímico de cada um
de seus re tornos; ei-lo r
epentinamente produzid
o
para ele na claridade,
nos efitos para nós ass
inalados por sua palide
z
mortal, a claridade dess
a alguma coisa de nova
que é o desejo. O desej
o
do objeto como tal, uma
vez que ele repercute at
é no próprio fundamento
do sujeito, que ele o aba
la bem além de sua con
stituição, como satisfeito
ou não, como repentin
amente ameaçado no
mais íntimo de seu ser
,
como revelando sua flt
a fundamental, e isso n
a forma do Outro, com
o
trazendo à luz ao mesmo
tempo a metonímia e a p
erda que ela condiciona.
-198-
Lição de 14 de- março de 1962
-199 -
A Ide ntificação
-200 -
Lição de 14 de março de 1962
1'
- b'-+ -_.
2'
que o que isso torna sensível é que, do po
nto de vista do espaço exigdo,
estes dois espaços [superfcies], o interior e
o exterior, a partir do momento
em que nos recusamos a lhes dar outra s
ubstância que não topológica,
são os mesmos. É o que vocês verão expr
esso na fase [que o indica] já,
no relatório de Roma, o uso que eu cont
ava fzer disso para vocês, a
saber, que a propriedade do anel, enquanto
simboliza a fun ção do sujeito
-201-
A Ide ntiicação
intuitivamente, é que o
próprio objeto como ta
l,
enquanto objeto do
desejo, é o efeito d
a
impossibilidade do Outro
para responder à deman
da.
é que à dita demanda, qu
alquer que seja seu desej
o,
e
forçosamente
a descoberto
a maior parte
da
estrutura. Dito
de outro modo,
que o sujeito n
ão
é envolvido, como se a
credita, no todo, que pe
lo
menos no nível do sujei
to que fala, o Umwelt nã
o
envolve seu Inncnwelt .
Que se houvesse algo
a
fazer, para imaginar o s
ujeito em relação à esfe
ra
ideal, desde sempre o
modelo intuitivo e ment
al
Alça
que o sujeito fo
se, se posso per mo
mitir-me avançar, do
D
de o fazer - su
a imagem intui
tiva, seria
na dita esfera e
seu suplemento
por duas suturas
.
cósmica. A sup
erfcie de uma e
sfera infnita é u
m
Segunda
prolongado. Eis
sutura
sujeito: um burac
o quadrangular,
-202-
Lição de 14 de março de 1962
-203 -
A Identicação
com a coisa?
Retomemos as coisas onde
as deixamos na última vez,
e onde eu
indicava a vocês o que est
á implicado em nossa própr
ia experência:
há, nesse nó com o Outro,
posto que ele nos é ofereci
do como uma
primeira aproximação sensí
vel, talvez fácil demais - ver
emos que o é,
uma relação de engodo. Ret
ornemos aqui ao atual, ao ar
ticulado dessa
-205 -
A Identiicação
de frustração se degra
da: ela degenera até r
eduzir-se ao defeito d
e
gratifcação concernent
e ao que, em último ter
mo, não pode mais ser
concebido senão como
a necessidade. Ora, é i
mpossível não se lembr
ar
do que o gênio de Fr e
ud nos assegura origin
almente quanto à funç
ão
do desejo, aquilo de que
ele partiu ao dar seus pri
meiros passos, deixemos
de lado as cartas a Flie
ss, comecemos pela Ci
ência dos Sonhos e não
nos esqueçamos de que
To tem e tabu era seu liv
ro preferido, e o que o
gênio de Feud nos asseg
ura é o seguinte : que o d
esejo é fndamentalmente
,
radicalmente estrutura
do por esse nó que se
chama de Édipo, e de
onde é impossível elimi
nar esse nó interno que
é o que tento sustentar
diante de vocês por e
stas fguras, esse nó i
nterno que se chama
de
Édipo, uma vez que ele
é essencialmente o quê
? Ele é essencialmente
o seguinte: uma rel aç
ão entre uma demand
a que toma um valor tã
o
privilegado que se torn
a o comando absoluto,
a lei, e um desejo que
é
o desejo do Outro, do
Outro de que se trata,
no Édipo. Essa deman
da
articula-se assim: tu nã
o desejarás aquela qu
e fi meu desejo. Ora, ,
é
isso que funda em su
a estrutura o essencia
l, o ponto de partida d
a
verdade feudiana. E e
stá aí, é a partir daí qu
e todo desejo possível
-206 -
Lição de 21 de março de 1962
-207 -
A Identicação
-208 -
Lição de 21 de março de 1962
-209 -
A Identicação
.210-
Lição de 21 de março de 1962
o de instrumento
nossos dois toros, a fu nçã
o de aglomerado
-211-
A Ide ntificação
quanto o pensamento o r
ecusa. É de outro ponto
que devemos partir e
da posição da questão
ao Outro, da questão s
obre seu desejo e sua
satisfção. Se há um engo
do, ele deve decorrer, em
algum ponto, daquilo
que chamei , há pouco,
de duplicidade radical d
a posição do sujeito. E
é o que eu gostaria de f
azê-los sentir, no nível p
róprio do signifcante,
tal como ele se especifc
a por duplicidade da po
sição subjetiva, e por
um instante pedir a vocês
que me sigam em algum
a coisa que se chama,
em último termo, a difr
ença pela qual o graf
ao qual , durante um
certo tempo de meu discurs
o , mantive vocês presos , é
, paa fa ar propramente,
forjado. Essa diferença
se chama de diferença
entre a mensagem e a
questão. Esse graf se in
screveria tão bem aqui.
-212 -
Lição de 21 de março de 1962
-213-
A Identicação
da própria questão e n
ão na resposta à quest
ão, que a mensagem s
e
esclarece. É, portanto,
nesse ponto preciso, pr
ecioso pela articulação
da diferença entre enu
nciação e enunciado,
que era necessário no
s
determos um instante. Es
sa possibilidade do nada,
se ela não é preservada,
ado esta onipresença qu
e está no princípio
de toda articulação pos
sível propriamente subj
etiva, esta hiância que
está igualmente mui pre
cisamente encarnada n
a passagem do signo a
o
signifcante, onde vemos
aparecer o que é que di
stingue o sujeito nessa
difrença.
É ele signo, afnal de
contas, ou signifcante?
Signo, signo de quê? É
justamente o sigo de na
da. Se o sigifcante se de
fne como representando
o sujeito junto a outro s
ignifcante, remessa ind
efinida dos sentidos, e
se isso signifca alguma
coisa, é porque o signi
fcante signifca, junto
do outro signifcante, es
sa coisa privilegiada q
ue é o sujeito enquanto
nada. É aqui que nossa e
xperiência nos permite pô
r em relevo a necessidade
da va por onde se supor
ta nenhuma realidade n
a estrutura identifcável,
ir nossa experiência. O
Outro
não responde, portanto,
nada, a não ser que nad
a é seguro, mas isso só
ma coisa da qual ele n
ão quer saber
nada e muito precisam
ente dessa questão. N
esse nível, a impotênci
a
do Outro se enraíza nu
m impossível, que é exa
tamente o mesmo sobre
a via do qual nós já tín
hamos conduzido a qu
estão do sujeito. Não
possível era esse vazio
onde vinha surgir, em s
eu valor divisório, o traç
o
unário. Aqui, vemos ess
e impossível tomar corp
o e unir-se ao que vimos
,
há pouco, ser defnido p
or Feud da constituição
do desejo na interdição
original. A impotência d
o Outro em responder s
e deve a um impasse, e
- 214-
Lição de 21 de março de 1962
-215-
A Identiicação
-216-
Lição de 21 de março de 1962
-217-
A Identicação
-219-
A Identificação
-220-
Lição de 28 de março de 1962
-221 -
A Identicação
a metonímia de todas es
sas demandas. E
vocês vêem aí a encarn
ação viva dessas
refrências às quais lhe
s tornei flexíveis,
habituados ao longo d
o meu discurso,
principalmente ao da
metáfora e da
metonímia. Aqui, a meton
ímia encontra, de
algum modo, sua aplicaç
ão mais sensível,
como sendo manifestada
pelo desejo, sendo
este o que nós articulam
os como suposto
na sucessão de todas as d
emandas, enquanto
elas são repetitivas. Nós
nos encontramos
em fce de alguma coisa
onde vocês vêem
que o círculo
qui descrito me
rece que
___
atribuamos a el _
e o símbolo D
maiúsculo,
como símbolo da Dem
anda. Esse algo,
concernente ao círculo i
nterior, deve estar
relacionado com o que c
hamarei de desejo
metonímico. Bem, há ent
re esses círculos, a prov
a que podemos fazer,
um círculo privilegiado qu
e é fácil de descrever: é
o círculo que, partindo
do exterior do toro, enc
ontra o meio de fechar-
se, não simplesmente
inserindo o toro na sua e
spessura de alça, não si
mplesmente ao passar
através do buraco central,
mas ao circundar o buraco
central sem, contudo,
passar pelo buraco centr
al. Esse círculo aí tem o
privilégio de fazer as
duas coisas ao mesmo t
empo. Ele passa atravé
s e o circunda. Ele é,
então, a soma desses d
ois círculos, quer dizer,
ele representa D+d, a
soma da demanda e do d
esejo, e de algum modo n
os permite simbolizar
a demanda com sua subj
acência de desejo.
Qual é o interesse disso?
O interesse é que, se cheg
amos a uma dialética
elementar, como a da opo
sição de duas demandas,
se é no interior desse
mesmo toro que eu simb
olizo por um outro círcul
o análogo a demanda
do outro, com o que ele
vai comportar para nós d
e "ou ... ou ... ", "ou o
que eu demando", ou o qu
e tu demandas". Nós vem
os isso todos os dias,
na vida cotidiana. Isso p
ara lembrar que, nas co
ndições privilegiadas,
no nível onde vamos pro
curá-la, interrogá-la na a
nalise, é preciso que
nos lembremos disto, a sa
ber, da ambigüidade que e
xiste sempre no próprio
uso do termo ou, ou ent
ão, esse termo da disjun
ção, simbolizado em
lógca assim : A v B.
-222 -
Lição de 28 de março de 1962
lógica por n. A
relação do desejo com uma certa inter
seção, comportando certas leis,
não é simplesmente chamada para col
ocar no local, matter of fa ct, o
que se pode chamar o contrato, o acord
o das demandas; é considerando
se a heterogeneidade profunda que exis
te entre esse campo [ l) aquele
[2], sufcientemente simbolizado por isto: a
qui estamos fente ao fechamento
da superfície [ 1], e aí, fa lando claram
ente, ao seu vazio interno. [2) É
isso que nos propõe um modelo que n
os mostra que se trata de outra
coisa, e não de apreender a parte comu
m entre as demandas. Em outras
palavras, tratar-se-á, para nós, de saber
em que medida essa fo rma pode
nos permitir simbolizar como tais os con
stituintes do desejo, na medida
em que o desej o, para o sujeito, é ess
e algo que ele tem que constituir
no caminho da demanda. Desde já, m
ostro-lhes que há dois pon tos,
duas dimensões que podemos privilegi
ar, nesse círculo particularmente
significativo na topologia do toro: por u
m lado, é a distância que junta
o centro do vazio central com esse ponto
que ocorre ser, que pode defnir
se como uma espécie de tangência, gra
ças ao que um plano que corta o
toro vai nos permitir destacar, da man
eira mais simples, esse círculo
-223 -
A Identicação
-22 4 -
Lição de 28 de março de 1962
- 22 5-
A Identiicação
· -226 -
Lição de 28 de março de 1962
-227 -
A Identicação
escorregamos regularm
ente entre duas inclinaç
ões. A inclinação comu
m,
que tende em direção a u
m nada de destruição, é
a inoportuna interpretaçã
o
da agressividade, consid
erada como puramente r
edutível ao poder biológc
o
de agrssão, que não é, d
e maneira alguma, suficie
nte senão por degadação
,
para suportar a tendê
ncia ao nada, tal qual
ela aparece num cert
o
porém acrescentemos,
sem conceito, sem ser
possível agarrá-lo com
a
mão. É por isso, para in
troduzi-lo, que tive de re
colocar, diante de vocês
,
a rede de todo o grafo,
a saber, a rede constit
utiva da relação com o
Outro e todas as suas c
onexões.
Eu gostaria, para lh
es conduzir nesse cami
nho, de ladrilhar essa v
ia
com flores . Vou exerc
itar-me nisso hoje, que
ro dizer, marcar minha
s
intenções. Quando lhe
s digo que é a partir da
problemática do além d
a
demanda que o objeto
se constitui como objet
o do desejo ; quero diz
er
que é porque o Outro n
ão responde a não ser
nada pode ser, que o pio
r
não é sempre certo, q
ue o sujeito vai encontr
ar num objeto as própri
as
virtudes de sua dema
nda inicial. Entendam q
ue é para lhes ladrilhar
a
via com 11ores que lh
es lembro essas verdad
es de experiência comu
m,
da qual não se reconh
ece bastante a signi!
icação, e tratar de lhes
fazer
sentir que não é aca
so, analogia, compara
ção, nem somente flor
es,
mas afinidades profu
n das que me farão lhe
s indicar a afinidade, p
or
fim, do objeto com e
sse Outro - com O ma
iúsculo - enquanto, po
r
exemplo, que ela se m
anifesta no amor, que o
famoso trecho que Elian
te,
no Misantropo, retom
ou do De natura rerum
de Lucrécia :
-228 -
Lição de 28 de março de 1962
-229 -
A Identifi cação
_ -230 -
Lição de 28 de março de 1962
-231 -
A Identiicação
-232 -
Lição de 28 de março de 1962
-233 -
A Identicação
-234 -
Lição de 28 de março de 1962
-235 -
LIÇAO XVI
04 de abril de I 962
-237 -
A Identicação
-238 -
Lição de 4 de abril de 1962
-239 -
A Identicação
-240 -
Lição de 4 de abril de 1962
-241 -
A Ide ntifi cação
-242 -
Lição de 4 de abril de 1962
-243 -
A Identiicação
de altura. É a proporçã
o correta para guc cu t
enha o tamanho do dit
o
macho. Além do mais,
estou vestindo uma pe
le do tamanho do dito
compreender as divers
as vias que toma o ne
urótico, para se arranja
r
nessa relação com o de
sejo do Outro.
' _
- !+ -
Lição de 4 de ábril de 1962
-245 -
A Id entificação
· -246-
Lição de 4 de abril de 1962
-247 -
A Identiicação
sustentar o desejo no lu
gar do obje to, na neuro
se obsessiva, é o morto
.
O sujeito tem o falo, p
ode mesmo ocasional
mente exibi-lo, mas é
o
morto quem é chama
do a servir-se dele. N
ão é à-toa que aponte
ia
história do "Homem do
s ratos", a hora noturn
a em que, depois de te
r
se longamente contem
plado em ereção no es
pelho, ele vai à porta d
e
entrada abrir para o fa
ntasma do pai, pedir-
lhe que verifque que tu
do
está pronto para o supre
mo ato narcísico que é, p
ara o obsessivo, o desejo
.
Aqui, então, não se esp
an tem vocês que com t
ais meios, a angústia s
ó
aílore de tempos em te
mpos, que ela não apar
eça ali o tempo todo, qu
e
ela seja mesmo muito
mais e muito melhor afa
stada no histérico que n
o
obsessivo, já que a co
m placência do Outro é
muito maior que aquela
,
todavia, de um morto q
ue é sempre difícil, tod
avia, manter presente,
se
pode dizer. É por isso q
ue o obsessivo, ele tem
pos em tempos, cada ve
z
que não pode ser repe
tido à saciedade todo o
arranjo que lhe permite
arranjar-se com o desej
o do Outro, vê ressurgir
, eviden temente de um
a
maneira mais ou meno
s transbordante, o efeit
o de angústia.
Daí apenas, para voltar u
m pouquinho para tr(,s, vo
cês podem compreender
que a história fóbica m
arca um primeiro pass
o, nessa tentativa que
é
propriamente o modo
neurótico ee resolver o
problema do desejo do
-249 -
LIÇÃO XVII
de abril 1962
-251 -
A Identicação
invés de esclarecer, o
sentido verdadeiro da f
órmula : a angústia é
o
desej o do Outro, com o
maiúsculo. Pode aconte
cer desse Outro encarna
r
se para a mocinha, num
momento de sua existên
cia, em al
qualquer. Isto nada tem
a ver com a questão qu
e levantei na última vez
e com a introdução do
desejo do Outro como
tal para dizer que é a
angústia, mais exatame
nte que a angústia é a s
ensação desse desej o.
Hoje vou, portanto,
retornar à minha via d
este ano, e tanto mais
rigorosamente porque,
na última vez, tive de f
zer uma excursão. E é
prática de identifcar o q
ue quer que seja do ca
mpo de nossa experiênc
ia.
É preciso partir dos esq
uemas, apesar de tudo,
digamos, in abalados no
pensamento de vocês,
inabalados por duas ra
zões: primeiro, porque
eles remetem àquilo que
chamarei de uma certa in
capacidade, propriament
e
falan do, típica do pensa
mento intuitivo ou, mais s
implesmente, da intuição,
o que quer dizer das pr
óprias bases de uma ex
periência marcada pela
organização daquilo qu
e se chama de sentido
visual. Vo cês se darão
conta muito facilmente d
essa impotência intuitiva
, se eu tiver a felicidade
de que, depois dessa
pequena conversa, voc
ês se ponham a coloca
r
para si mesmos simple
s problemas de represe
ntação sobre o que vou
-253 -
A Identicação
r, aqui, em B. A negaçã
o, vocês a verão - se
-254 -
Lição de 11 de abril de 1962
O+O
união u x
Vocês vêem, portanto, que esses círc
ulos de Euler - não foi Euler
que se serviu deles com esse fm. Fo i n
ecessário, depois dele, que se
introduzisse a obra de Boole, depois a
de De Morgan, para que isso
fosse plenamente articulado. Se retorno a e
sses círculos de Euler, portanto,
não é porque ele próprio tenha feito tão
bom uso assim deles, mas é
- 255 -
A Identicação
O campo de intersecção
está compreendido dentr
o do campo de reunião.
No que se chama de ál
gebra de Boole, mostra
-se que, até pelo meno
s
um certo ponto, essa op
eração da reunião é bas
tante análoga à adição,
para que se possa simbol
izá-la pelo sinal da adição
(+). Mostra-se igualmente
-257 -
A Identicação
-258 -
Lição de 11 de abril de 1962
E : conjuntos que se
copreendem eles mesmos
-259 -
A Ide ntiicação
-260 -
Lição de 11 de abril de 1962
-261-
A Identiicação
-262 -
Lição de 11 de abril de 1962
podem, puxand f
o um pouco, abr x
ir '
como uma pele
presa pelas quat
ro
pontas; defnir as propriedades de corres
pondência dessas bordas uma
com a outra, de correspondência tamb
ém de seus vértices, os quatro
vértices reunindo-se num ponto, e ter
assim, de maneira muito mais
acessível a suas fculdades de intuição
ordinária, um meio de estudar
o que se passa geometricamente sobre o
toro. Isto é, haverá um desses
tipos de círculo que se representará po
r uma linha como essa [2], um
outro tipo de círculos por linhas como ess
a [3) representando dois pontos
opostos [x-x', y-y'], defnidos de maneira p
révia como sendo equivalentes
sobre o que se chama de bordas da supe
rfície desdobrada, aplainada, o
aplainamento, como tal, sendo impossí
vel, já que não se trata de uma
superfície que seja metricamente identif
icável a uma superfície plana,
repito-o, puramente metricamente, não
topologicamente. Aonde isso
nos leva? O fato de que duas secções d
essa espécie sejam possíveis,
aliás, com necessidade de se recortar u
ma ou outra sem fragmentar de
frma alguma a superfície, deixando-a i
nteira, deixando-a como uma
só fixa, se posso dizer, isso basta para
defnir um certo gênero de uma
superfcie. Todas as superfcies estão longe
de ter gênero. Se vocês fazem,
-263-
A Identicação
AI n 81
-264 -
lição de 11 de ·a bril de 1962
certa
simbolização do limite - que per
mite
simbolizar esse limite, enquanto ele se ret
oma
a si mesmo, se identifca a si mesmo. R
eduzam cada vez mais a distância
1
-265 -
A Identicação
-262 -
Lição de 11 de abril de 1962
podem, puxand f
o um pouco, abr x
ir '
como uma pele
presa pelas quat
ro
pontas; defnir as propriedades de corre
spondência dessas bordas uma
com a outra, de correspondência tamb
ém de seus vértices, os quatro
vértices reunindo-se num ponto, e ter
assim, de maneira muito mais
acessível a suas fculdades de intuição
ordinária, um meio de estudar
o que se passa geometricamente sobre
o toro. Isto é, haverá um desses
tipos de círculo que se representará por
uma linha como essa [2] . um
outro tipo de círculos por linhas como es
sa [3] representando dois pontos
opostos [x-x', y-y']. defnidos de maneira
prévia como sendo equivalentes
sobre o que se chama de bordas da sup
erfcie desdobrada, aplainada, o
aplainamento, como tal, sendo impossí
vel, já que não se trata de uma
superfície que sej a metricamente identif
icável a uma superfície plana ,
repito-o, puramente metricamente, não
topologicamente. Aonde isso
nos leva? O fato de que duas secções d
essa espécie sejam possíveis,
aliás, com necessidade de se recortar u
ma ou outra sem fragmentar de
forma alguma a superfície, deixando-a
inteira, deixando-a como uma
só fixa, se posso dizer, isso basta para
defnir um certo gênero de uma
superfcie. Todas as superfcies estão longe
de ter gênero. Se vocês fazem,
-263 -
A identi
sua autodifrença
? Pois, de duas c
oisas, uma : ou el
es a apreendem
ou
não a apreende
m ... Mas há uma
coisa, em todo ca
so, que tudo que
se
passa nesse nív
el da apreensão
implica e necessi
ta, é que esse al
go
exclui toda refexã
o desse objeto so
bre si mesmo. Qu
ero dizer, suponh
am
que é do objeto
a que se trate - c
omo já indiquei,
que era aquilo p
ara
que aqueles círc
ulos iam servir - i
sso quer dizer qu
e a , o campo assi
m
definido, é o mes
mo campo que e
sse que está ali,
ou seja, não a ou
- a.
Suponham, por e
nquanto, não diss
e que estava dem
onstrado, digo qu
e
lhes forneço hoj
e um modelo, u
m suporte intuiti
vo para algo qu
eé
precisamente aqu
ilo de que precisa
mos, no que diz r
espeito à constitui
ção
do desejo. Talve
z lhes pareça ma
is acessível, mai
s imediatamente
ao
alcance de vocês f
azer disso o símbo
lo da auto-
diferença do desej
o consigo
próprio, e o fato
de que é precisa
mente no desdo
bra mento sobre
si
mesmo que vem
os aparecer o qu
e ele encerra, se
esgueira e fge e
m
direção ao que o
envolve. Vo cês
dirão: pare, deix
e a coisa por aq
ui,
pois não é realm
ente o desejo qu
e entendo simbol
izar pelo duplo la
ço
desse oito interi
or, mas algo que
convém muito m
ais à conjunção
do
objeto a, do objet
o do desejo, com
o tal, consigo me
smo.
Para que o des
ejo, efetivamente,
seja inteligenteme
nte suportado nes
sa
refrência intuiti
va à superfície
do toro, convé
m fa zer entrar
ali ,
evidentemente, a
dimensão da de
manda. Essa dim
ensão da deman
da,
eu lhes disse, por
outro lado, que os
círculos encerran
do a espessura d
o
toro, como tal po
diam servir muito
inteligivelmente
para representá-
la,
e que algo - aliá
s, que é em part
e contingente, q
uero dizer, ligad
oa
uma percepção in
teiramente exterio
r, visual, ela própri
a demasiadament
e
marcada pela int
uição comum par
a não ser refutáv
el, vocês verão,
mas
e·nfm - tal como
vocês são frçado
s a representar o
toro, a saber, alg
o
como esse anel,
vocês vêem facil
mente quão com
odamente o que
se
-266 -
Lição de 11 de abril de 1962
-267 -
A Ie nticação
demanda e comportam
então esse campo de d
ifrença de si mesma, d
e
autodifrença, que é aq
uilo que ressaltamos h
á pouco,
-26-
Lição de 11 de ·a bril de 1962
-269 -
A Identicação
B'
B
O mesmo não se dá se é,
ao contrário, o oito interior
que simbolizamos,
pois então ele se aprese
nta assim. Eis um desse
s campos : é definido
pelas partes sombread
as aqui. Ele, definitivam
ente, não é simétrico
com o que resta do outr
o campo, por mais que v
ocês se esforcem por
recompô-lo. É bastante ev
idente que vocês podem r
ecompô-lo da seguinte
maneira, que esse elem
ento aqui, digamos o x,
vindo para cá, esse y
vindo aqui e este z vind
o aqui, vocês têm a frm
a definida pela auto
diferença desenhada pe
lo oito interior.
Isso, cuja utilização vere
mos em seguida, pode p
arecer a vocês um
pouco fstidioso, até supé
rfuo, no momento mesm
o em que tento articulá
lo para vocês. Todavia, go
staria de fazê-los observa
r para que serve isso.
Vocês vêm bem: todo o a
cento que ponho na defini
ção desses campos é
destinado a mostrar-lhes
em que eles são utilizáv
eis, esses campos da
diferença simétrica e do q
ue chamo de autodiferenç
a, em que são utilizáveis
para um certo fm e em qu
e eles se sustentam com
o existindo em relação
a um outro campo que ele
s excluem. Em outros term
os, se, para estabelecer
sua função dissimétrica,
dou-me a todo esse trab
alho, é porque há uma
razão. A razão é a seg
uinte: é que o toro, tal c
omo está estruturado
-270-
Lição de 11 de abril de 1962
- 2 71 -
A Ide ntiicação
-272 -
Lição de 11 de abril de 1962
-273 -
A Iden ticação
Toro exterior
To ro interior
um Innenwelt, de uma do
minação colocada de saíd
a na divsão do interior
e do exterior, será que nã
o colocaríamos tudo o qu
e experimentamos e,
mormente em análise, na di
mensão do que chamei, out
ro dia, de subterrâneo,
a saber, o corredor que
se perde na profundeza,
ou seja, no máximo,
.274 -
Lição de 11 de abril de 1962
-275 -
A Identiicação
Chegamos, pois, a um fr
acasso a mais, digo, à i
mpossibilidade, por
uma referência a uma ter
ceira dimensão, aqui rep
resentada pela esfra,
de simbolizar esse algo q
ue ponha o toro, se se po
de dizer, em seu lugar
em relação à sua própri
a dissimetria. O que ve
mos, uma vez mais,
manifestar-se, é algo que
é introduzido por esse si
mplíssimo significante
que eu lhes trouxe no in
ício, do oito interior, ou
seja, a possibilidade
de um campo interior com
o sendo sempre homogên
eo ao campo exterior.
Isso é uma categoria tão
essencial de se marcar,
de imprimir no espírito
de vocês, que achei dev
er hoje, sob o risco de c
ansá-los, até de fatigá
los, insistir durante uma
só de nossas aulas. Esp
ero que vocês venham
a ver a utilidade disso, d
aqui em diante.
-276 -
LIÇÃO XVIII
2 de maio 1962
-277 -
A Identiicação
fr ente à angústia,
na psicose, por exemplo
, pôde-se ver que, se nã
o se tenta definir melhor
as relações existentes e
ntre afeto e verbalizaçã
o, pode-se chegar a um
a
espécie de paradoxo q
ue se exprimiria assim:
por um lado, o psicótico
seria alguém particular
mente sujeito à angústi
a - é mesmo na respost
a
em espelho que ele su
scitaria no analista que
se deveria buscar uma
das dificuldades maior
es da cura - por outro l
ado, foi-nos dito que el
e
.- 278 -
Lição de 2 de maio de 1962
-279 -
A Identifcação
-280 -
Lição de 2 de maio de 1962
-281 -
A Identicação
. -282 -
Lição de 2 de maio de 1962
-283 -
A Ie nticação
- !84 -
Lição de 2 de maio de 1962
-285 -
A Identicação
e286 -
Lição de 2 de maio de 1962
-287 -
A Ientificação
-289 -
A Identicação
: 290 -
Lição de 2 de maio de 1962
-291 -
A Ie ntificação
-292 -
Lição de 2 de maio de 1962
-293 -
A Identicação
impressão de que
aquilo do qual ele quer
se assegurar é que as m
udanças são do espelho.
Vejam: a angústia a
parece no momento e
m que ele teme que e
u
possa tornar-me um ob
jeto de desejo; pois, a
partir desse momento,
o
surgimento de seu desej
o implicaria, para ele, a
necessidade de assumir
o que chamei de "a falt
a fundamental que o c
onstitui". A partir dess
e
momento, a angústia a
parece, pois sua posiçã
o de fantasma [a ntôme]
.
de robô, não é mais su
stentável: ele corre o ri
sco de não mais poder
- ]. Lacan - Eu gostar
ia muito, antes de ten
tar apontar o lugar
desse discurso, que algu
mas das pessoas que vi
com mímicas diversas,
interrogativas, de espera,
mímicas que foram precis
as nesse ou naquele
momento do discurso da
Sra. Aulagnier, queiram
simplesmente indicar
as sugestões, os pensa
mentos produzidos nel
as, nesse ou naquele
ponto desse discurso, c
omo um sinal de que es
se discurso fi ouvido.
Só lamento uma coisa:
ele fi lido. Isso me forne
cerá os apoios sobre
os quais acentuarei mai
s precisamente os com
entários.
- X. Audouard - O que
me surpreendeu asso
ciativamente foi, de
fato, o exemplo clínico
que a Sra . nos trouxe
no fim da palestra, fi
essa frase <o doente s
obre a palavra, que ele
compara a uma roda
da qual diversas pesso
as não vêem nunca a
mesma parte. Isso me
pareceu esclarecer tud
o o que a Sra. disse, e
abre - e não sei por
quê, aliás - toda uma a
mpliação dos temas qu
e a Sra. apresentou.
Creio ter compreendid
o mais ou menos o sen
tido da palestra. Não
-294 -
Lição de 2 de maio de 1962
-295 -
A Identicação
- ]. Lacan - Estamos e
xatamente no coração d
o problema. Vocês
estão vendo imediatament
e, aqui, o ponto em que a
gente se embaralha.
Acho que esse discurso é
excelente, na medida em
que a manipulação
de algumas das noções q
ue encontramos aqui per
mitiu à Sra. Aulagnier
valorizar, de um jeito qu
e não lhe teria sido poss
ível de outra frma,
várias dimensões de su
a experiência.
Vou retomar aquilo que m
e pareceu importante naqu
ilo que ela produziu.
Di go, logo de saída, qu
e esse discurso me pare
ce ficar na metade do
caminho. É uma espéci
e de conversão, não ten
ham dúvida, é bem o
que tento obter de voc
ês por meu ensino, o q
ue não é, meu Deus,
afinal de contas uma pr
etensão tão única na hi
stória, a ponto de ser
considerada exorbitante.
Mas, o certo é que toda u
ma parte do discurso
da Sra. Aulagnier, e mu
ito precisamente a pass
agem em que, numa
preocupação com a intel
igibilidade, tanto sua qua
nto daqueles a quem
ela se dirige, a quem el
a crê se dirigir, retorna
a fó rmulas que são
aquelas contra as quais t
enho advertido vocês, te
nho preparado vocês,
tenho-os posto em guar
da, e nunca simplesmen
te porque isso é como
uma mania que eu tenha
ou uma espécie de aver
são, mas porque sua
coerência com alguma ,
·oisa que se trata de ab
andonar radicalmente
se mostra sempre, cada
vez que a gente as emp
rega, feita com boas
razões. A idéia de uma a
ntinomia, por exemplo, q
ualquer que seja, da
palavra com o afto, ainda
que seja da experiência e
mpiricamente verifcada,
não é, todavia, algo sobr
e o qual possamos articul
ar uma dialética, se é
que o que tento fazer, di
ante de vocês, tem um v
alor, ou seja, permitir
a vocês desenvolverem,
tanto quanto possível, to
das as conseqüências
do el'ilo de que o homem
seja um animal condenad
o a habitar a linguagem.
Através disso, não pode
ríamos de maneira algu
ma considerar o afeto
como o que quer que seja
, sem dar numa primaried
ade qualquer. Nenhum
afeto si gnificativo, nenhu
m desses de que nos ocu
pamos, da angústi a à
cólera e a todos os demai
s, não pode sequer começ
ar a ser compreendido
senão numa referência, o
nde a relação de x com o
signifcante é primeira.
Antes de marcar distorç
ões, quero dizer que em
relação a algumas
ultrapassagens que seri
am a etapa ulterior, quer
o, obviamente, marcar
o positivo daquilo que já
lhe permitiu o simples u
so desses termos, no
primeiro plano dos quais
estão,aqueles de que ela
se serviu eom justeza
e destreza: o desejo e a
demanda. Não basta ter
ouvido flar disso, se se
-296 -
Lição de 2 de maio de 1962
-297 -
A Identiicação
. -298 -
Lição de 2 de maio de 1962
-299 -
A Identificação
-300 -
Lição de 2 de maio de 1962
-301 -
A Identifi cação
sentimento de que se e
só há um esboço, um pa
eito à experiência, em
todo caso para uma hipóte
se de pesquisa que pode
nos servir para alguma
coisa, se quiserem admit
ir que não há nada de be
m estabelecido além
- ejá é sufcientemente ri
co e complicado - da exp
eriência da superfcie.
Mas is;o não quer dizer
que não possamos enco
ntrar, na experiência
da superfcie sozinha, o te
stemunho de que ela, sup
erfcie, está mergulhada
num espaço que não é d
e forma alguma esse que
vocês imaginam, com
sua experiência visual d
a imagem especular.
-3
Lição de 2 de maio de 1962
-303 -
LIÇAO XIX
9 de maio de 1962
-305 -
A Identiicação
é o desejo. Obviamente, i
sso só faz sentido a parti
r do momento em que
começamos a articu lar,
a situar a que distância,
através de que truque,
que não é de tela interm
ediária, mas de constitui
ção, de determinação,
podemos situar o desejo.
Não é que a demanda n
os separe do desejo - se
bastasse afastar a
demanda, para encontrá
-lo! -sua articulação signi
fcante me determina,
me condiciona como de
sejo. Esse é o longo ca
minho que já fiz vocês
percorrerem. Se o tornei t
ão longo é porque era pr
eciso que fo sse assim
para que a dimensão qu
e isso supõe lhes faça fz
er, de alguma maneira,
a experiência mental de
apreendê-lo. Mas esse
desejo, assim levado,
retransportado numa dist
ância, articulado assim -
não além da linguagem,
por causa da impotência
dessa linguagem, mas es
truturado como desejo
por causa dessa mesma
potência - é ele agora qu
e se tem de reencontrar
para que eu consiga faze
r com que vocês conceba
m, apreendam, e há,
na apreensã
o, na Begrif
algumael, alguma coisa
a de sensív
de
uma estética transcenden
tal que não deve ser aque
la até aqui concebida,
já que é justamente naq
uela até aqui concebida
que o lugar do desejo,
até o presente, se tem e
squivado. Mas é o que
explica a vocês minha
tentativa, que espero te
nha êxito, de levá-los p
or caminhos que são
também os da estética,
na medida em que eles t
entam agarrar alguma
coisa que nunca foi vista
em todo seu relevo, em t
oda a sua fecundidade
no nível das intuições, n
ão tanto espaciais quant
o topológicas, pois é
preciso que nossa intuiç
ão do espaço não esgot
e tudo o que é de uma
certa ordem, posto que t
ambém aqueles mesmos
que se ocupam disso
com a maior qualifcação,
os matemáticos, tentam
de todas as maneiras,
e conseguem, extrapolar
a intuição.
Levo-os por esse camin
ho, afnal, para dizer as c
oisas com palavras
que sejam palavras de o
rdem; trata-se de escap
ar à preeminência da
intuição da esfera como a
quela que, de alguma ma
neir a, comanda muito
intimamente, mesmo qu
ando não pensamos nel
a, nossa lógica. Pois,
evidentemente, se há u
ma estética que se cha
ma de transcendental,
que nos interessa, é por
que é ela que domina a l
ógica. É por isso que
àqueles que me dizem: "
Será que você não poder
ia dizer-nos realmente
as coisas, fazer-nos com
preender o que se passa
com um neurótico e
com um perverso, e em q
ue é diferente, sem passa
r pelos seus pequenos
toros e outros desvios? ",
eu responderei que é, to
davia, indispensável,
-306 -
Lição de 9 de maio de 1962
-307 -
A Identicação
e muito estreitamente,
deixando, ao mesmo t
empo, um campo abert
o
que, não somente não
é excluído por eles, ma
s os fz reunir-se e, ness
e
movimento de torção,
se se pode dizer, dá s
ua frma, propriamente
-308 -
Lição de 9 de maio de 1962
etável de uma
maneira intuitiva na
ão de engodo
tal como nos é dada
experiência
1
biológica, por exemplo.
É outra coisa
e é o que faz lembra
r a vocês a
frmalização do fantasma
·----- ...
como sendo
constituído em sua relação
pelo conjunto
,
$ desejo de a /$ <
a situação
dessa fórmula no
que mostra
homologicamcnte, por
a posição no
estágio superior que
az homóloga,
do i(a) do estágio
or, enquanto
ele é o suporte do
m minúsculo
aqui, assim como
sejo de a é o
-309 -
A Identicação
é o desejo. Obviamente, i
sso só faz sentido a parti
r do momento em que
começamos a articular, a
situar a que distância, at
ravés de que truque,
que não é de tela interm
ediária, mas de constitui
ção, de determinação,
podemos situar o desejo.
Não é que a demanda n
os separe do desejo - se
bastasse afastar a
demanda, para encontrá
-lo! - sua articulação sign
ifcante me determina,
me condiciona como de
sejo. Esse é o longo ca
minho que já fz vocês
percorrerem. Se o tornei t
ão longo é porque era pr
eciso que fosse assim
para que a dimensão que
isso supõe lhes faça faze
r, de alguma maneira,
a experiência mental de
apreendê-lo. Mas esse d
esejo, assim levado,
ret ransportado numa dist
ância, articulado assim - n
ão além da linguagem,
por causa da impotência
dessa linguagem, mas es
truturado como desejo
por causa dessa mesma
potência - é ele agora qu
e se tem de reencontrar
para que eu consiga faze
r com que vocês conceba
m, apreendam, e há,
na apreens
ão, na Begrif
alguma el, alguma coisa
a de sensív
de
uma estética transcenden
tal que não deve ser aque
la até aqui concebida,
já que é ju stamente naq
uela até aqui concebida
que o lugar do desejo,
até o presente, se tem e
squivado. Mas é o que
explica a vocês minha
tentativa, que espero te
nha êxito, de levá-los p
or caminhos que são
também os da estética,
na medida em que eles t
entam agarrar alguma
coisa que nunca foi vista
em todo seu relevo, em t
oda a sua fecundidade
no nível das intuições, n
ão tanto espaciais quant
o topológicas, pois é
preciso que nossa intuiç
ão do espaço não esgot
e tudo o que é de uma
certa ordem, posto que t
ambém aq ueles mesmo
s que se ocupam disso
com a maior qualifcação,
os matemáticos, tentam
de todas as maneiras,
e conseguem, extrapolar
a intuição.
Levo-os por esse camin
ho, afinal, para dizer as
coisas com palavras
que sejam palavras de o
rdem; trata-se de escap
ar à preeminência da
intuição da esfera como a
quela que, de alguma ma
neira, comanda muito
intimamente, mesmo qu
ando não pensamos nel
a, nossa lógica. Pois,
evidentemente, se há u
ma estética que se cha
ma de transcendental,
que nos interessa, é por
que é ela que domina a l
ógica. É por isso que
àqueles que me dizem: "
Será que você não poder
ia dizer-nos realmente
as coisas, fazer-nos com
preender o que se passa
com um neurótico e
com um perverso, e em q
ue é di ferente, sem pass
ar pelos seus pequenos
toros e outros desvios? ",
eu responderei que é, to
davia, indispensável,
-306 -
Lição de 9 de maio de 1962
-307 -
A Identificação
-308 -
Lição de 9 de maio de 1962
homologicamc ntc, po
r sua posição no
estágio superior que
·---
a faz homóloga, ····· '
do i(a) do estágio in
ferior, enquanto
ele é o suporte do e
u, m minúsculo
aqui, assim como $
desejo de a é o
suporte do desejo. O que isso que
r dizer? É que o fantasma está ali
onde o sujeito se apreende, naquilo q
ue lhes apontei por estar em questão
no segundo estágio do grafo, sob a
forma retomada no nível do Outro,
no campo do Outro, nesse ponto aqu
i do grafo , da questão: "O que isso
quer?", que é igualmente aquela qu
e tomará a forma: "Que quer ele? "
se alguém soube tomar o lugar, pro
jetado pela estrutura, do lugar do
Outro, a saber, esse lugar de quem
é o mestre e o garante. Isto quer
dizer que, no campo e no percurso d
essa questão, o fantasma tem uma
função homóloga àquela de i(a) , do e
u ideal, eu imagi nário sobre o qual
repouso; que essa função tem uma di
mensão, sem dúvida algumas vezes
apontada e mesmo mais de uma vez
, da qual é preciso aqui que eu lhes
lembre que ele antecipa a função do
eu ideal, como isso se representa
no graf para vocês, que é por uma
espécie de retorno que permi te,
assim mesmo, um curto-circuito cm r
elação à condução intencional do
discurso considerado como con stit ui
nte do sujeito, neste primeiro andar,
que aqui, antes que significado e sig
nifcante, se cruzando novamente,
ele ten ha constituído sua frase, o sujei
to imaginariamente antecipa aquele
-309 -
A Identicação
-310-
Lição de 9 de maio de 1962
-a
-311-
A Identificação
da relação do sujeito c
om o mundo nisso, que
esquecemos sempre, é
que esse objeto não p
ermanece como objeto
da necessidade. É pel
o
fato de ter sido toma
do no movimento rep
etitivo da demanda, n
o
automatismo de repeti
ção, que ele se torna o
bjeto do desejo.
É o que quis lhes m
ostrar no dia em que,
por exemplo, tomando
o
seio como signilkante da
demanda oral, eu mostra
va-lhes que é justamente
por causa disso que, ev
entualmente - era o que
eu tinha de mais simples
mostrando-nos uma ve
z mais que a função do
significante exclui que o
si1rillcante possa se sig
nificar a si mesmo. É jus
tamente porque o objeto
se toma reconhecível
como si!nil'icante de u
ma demanda latente q
ue
ele toma valor de um d
esejo que é de um outr
o registro. A dimensão
libidinal, pela qual se
começou a entrar na a
nálise como marcando
todo desejo humano, n
ão quer dizer, não pode
querer dizer outra coisa
-312-
Lição de 9 de maio de 1962
-313-
A Identiicação
função do objeto.
O esquema topológic
o que vou formar para v
ocês e que consiste, e
m
rel ação ao que primeir
amente se apresentou
para vocês sob essa fr
ma
do oito invertido, está
destinado a advertir vo
cês da problemática d
e
todo uso limitativo do s
ignificante, já que, por
ele, um campo limitado
não pode ser identifica
do àquele puro e simpl
es de um círculo.
O campo marcado no in
terior não é tão simples
quanto isso aqui, quant
o
o que marcava um ce
rto significante de fora
. Há, em algum lugar,
necessariamente, pelo
fato do signifcante se r
edobrar, ser chamado
à
função de se signifcar
a si mesmo, um camp
o produzido que é de
exclusão e pelo qual o
sujeito é rejeitado no ca
mpo exterior. An tecipo
e
profiro que o ralo, cm s
ua runç:1o radical, é ap
enas sig11if'ica11lc, ma
s,
embora ele possa se sig
nificar a si mesmo, ele é
inominável como tal. Se
ele está na ordem do si
gnifcante - pois é um si
gnificante e nada mais
-
ele pode ser colocado sem
difrir de si mesmo. Como c
oncebê-lo intuitivamente?
-314-
Lição de 9 de maio de 1962
-315-
A Identificação
<
�' ..
-317-
LIÇAO X
de maio 1962
Essa elucubração da su
perfcie, justifico sua neces
sidade, é evidente
que o que lhes dou é o resul
tado de uma reflexão . Você
s não esqueceram
que a noção de superfcie,
em topologia, não é evide
nte e não é dada
como uma intuição. A super
ficie é algo que não é evide
nte. Como abordá
la' A partir daquilo que n
o real a introduz, ou seja
, o que mostraria
que o espaço não é essa e
xtensão aberta e desprezív
el, como pensava
Bergson. O espaço não é
tão vazio quanto ele o cria
, o espaço guarda
muitos mistérios.
Coloquemos, de saída, a
lguns termos. É certo qu
e uma primeira
coisa essencial na noção
de superfcie [surface] é a
de face: haveria 2
fces ou 2 lados. Isso é evi
dente, se nós mergulharm
os essa superfície
no espaço. Mas, para traz
er até nós aquilo que, para
nós, pode tomar a
noção de superfcie, é prec
iso que saibamos o que el
a nos oferece das
suas próprias dimensões.
Ver o que ela pode nos of
erecer, enquanto
superfície que divide o es
paço com suas próprias di
mensões, sugere
nos o ponto de partida q
ue vai nos permitir recon
struir o espaço de
outra maneira diferente da
quela cuja intuição acredita
mos ter. Em outros
termos, proponho a você
s considerar como mais e
vidente [devido à
captura imaginária], mais
simples, mais certo [porqu
e ligado à ação],
mais estrutural partir da
superfície para definir o
espaço - do qual
tenho certeza de que esta
mos pouco seguros - diga
mos, defnir o lugar
antes que partir do lugar
para defnir a superfície.
[Vocês podem se
reportar, aliás, ao que a fl
osofa pode dizer do lugar]
. O lugar do Outro
já tem seu lugar em nosso
seminário.
-31 9 -
A Identicação
-- --
-- --
--- --
-.
Fi g
.1
Fig .2
20 -
de maio de 1962
éc
on
str
uíd
oq
ua
nd
oa
ge
nte
o
.3
forma
poliédrica, ou seja, reco
nduzindo-o a seu polígo
no fundamental. Aqui,
esse polígono fundament
al é um quadrilátero .
Se vocês dobrarem es
se quadrilátero sobre si
mesmo, terão um tubo
cujas bordas se encontra
m. Ve torizam-se essas bo
rdas, convencionando
se que só podem ser col
ados um a outro os vetor
es que vão na mesma
direção, o início de um v
etor aplicando-se ao pon
to em que termina o
outro vetor. Desde então
, teremos todas as coord
enadas para defnir a
defnido [fg.
Fig.
sso daria duas Fig 4
ordas 4-1 -2
ou mesmo uma
ó; vocês obteriam
o que
-321 -
A Identicação
. . --- ---
Fig. 5
Em corte com sua go
ela de maxilar, não é o q
ue vocês estão pensand
o.
Isso [fig. 5] é uma linha
de penetração graças
à qual o que está antes
,
abaixo é uma semi-
esfera ; acima, a pare
de passa por penetraç
ão na
parede oposta e retorn
a adiante. Por que ess
a forma aí e não outra
?
Seu polígono fun damen
tal é distinto daquele do
toro [fg. 6]. Um polígono
cujas bordas são marc
adas por vetores de m
esma direção, e distint
o
daquele do toro, que p
arte de um ponto para i
r ao ponto oposto, o qu
e
isso dá como superfcie
?
A partir de agora, sobre
ssaem
pontos problemáticos
dessas
superfícies. Eu introd
uzi para
vocês as superfcies se
m borda,
a propósito da fce. Se
não há
borda, como defnir a f
ace? E,
se nós nos interditarm
os, tanto
quanto possível, de m
ergulhar
demasiadame
cross ca
nte depressa
o nosso
p
modelo na
erceira dime
nsão, ali
onde não
bordas, esta
remos
certos de que há um ext
erior e um interior. É o q
ue sugere essa superfci
e
sem borda, por excelê
ncia, que é a esfra. Vo
u livrá-los dessa intuiç
ão
indecisa: existe o que e
stá dentro e existe u qu
e está fo ra. No entanto
,
para as outras superfíci
es, essa noção de exter
ior e interior desaparece
.
Para o plano infinito,
ela não bastaria. Para
o toro, a intuição serv
e
aparentemente bem,
porque há o interior d
e uma câmara de ar e
o
-322 -
Lição de 16 de maio de 1962
- --- - - -
Fig. 7
-323-
A Ide ntiicação
- 324 -
Lição de 16 de maio de 1962
- 32 5 -
A Identicação
organismo se defender
dela, aquela que manté
m a homeostase, pois o
organismo não reconh
ece o mesmo que se r
enova como difrente.
A
memória orgânica mesm
o-riza. Nossa memória é
outra coisa: ela intervém
em função do traço uná
rio marcando a vez únic
a, e tem como suporte a
-326 -
Lição de 16 de maio de 1962
o: Fig. 9
-327 -
A Ide nticação
...
,//
Fig. 11
-328 -
de maio de 1962
-329-
LIÇAO XI
23 de maio de 1962
-33 1 -
A Identicação
estamos habituados a t
ê-los, da mesma manei
r a que temos montes d
e
coisas assim: nós temo
s a República ... Como
dizia um camponês co
m
quem eu conver sava
não faz muito tempo: "
este ano nós tivemos
o
gr anizo, e logo depois,
os escoteir os". Qualque
r que seja a precar iedad
e
da defnibilidade, par a o
camponês, desses met
eoros, o verbo ter, aqui,
de colocar no primeiro
plano a questão do qu
e é ser psicanalisado.
-332-
Lição de 23 de maio de 1962
pelo f
Mas, no que se refre ao psicana da ato
lista, não é aquilo que se trata sua c
apreender, se queremos compreen onjun
der a concepção do psicanalista,ção c
om o
saber o que é que isso fz, ao psicanal
predic
ista, ser psicanalisado, isso enquanto
psicanalista, e não da parte dosado "
sicanalisados. Não sei se me mortal
entender, mas quero reconduzi-los ", e q
ao bê-á-bá, ao elementar. ue é b
Se, ainda assim, para entender em po
o mais velho exemplo da lógca,r
primeiro passo que se dá para lançarisso
Sócrates no buraco, a saber : "todosque n
os homens são mortais ... ", pelo ós co
mpo que nos enchem os ouvidos rremo
m s atrá
essa fórmula ... eu sei que vocês s de
veram tempo de se endurecer, qualq
uer c
,
oisa.
para todo ser um pouco fesco, o Quan
prio fto da promoção desse exemplo do fla
mos
no âmago da lógica não pode deixa do
r de ser fnte de algum mal-estar,
algum sentimento de escroqueria.
Pois em que nos interessa umahome
m, é j
frmula, se é o homem que se ustam
ta de apreender? A menos queente n
esse t
trate - e é justamente o que os círcul
os concêntricos da inclusão eulerianurbilh
a ão, ne
escamoteiam - não de saber quesse b
uraco
á um círculo dos mortais e no interio
r que s
o círculo do homem, o que estrita e pro
mente não tem nenhum interesse duz al
, i
mas de saber o que é que isso no m
faz, a ele, homem, ser mortal, saca eio, e
r m alg
um lu
o turbilhão que se produz em algum gar, q
lugar no centro da noção de homem, ue nó
s tocamos.
Recentemente, eu abria um
elente livro de um autor americano
,
do qual pode-se dizer que a obra
umenta o patrimônio do pensament
o
e da elucidação lógca. Não lhes direi
seu nome, porque vocês vão procurar
- 333 -
A Identiicação
em questão, há muito
tempo que ele está mo
rto, e seu pequeno oit
o
interor precede inconte
stavelmente sua prom
oção aqui. Mas, quand
o
ele adentra no seu exa
me do universal afirmat
ivo, ele usa um exempl
o
que tem o mérito de não
dispersar. Ele diz: "Todo
s os santos são homens,
todos os homens são ap
aixonados, logo todos os
santos são apaixonados".
--334 -
Lição de 23 de maio de 1962
-335 -
A Identicação
,----- a ,------ b
,,,'
, ,,'
-337 -
A Identificação
-338 -
Lição de 23 de maio de 1962
-339 -
A Identiicação
articular-se de outra ma
neira. Sobre o buraco
aqui desenhado na s
uperfície da esfera,
podemos enunciar, frmu
lar, almejar que cada
ponto seja unido a seu p
onto antipódico, que,
, a hiância
se organiza a lin
m superfcie ha d
essa maneira e ap
que aren
a escamotei te p
a completam enet
ente sem o raçã
meio o
[medium] dest da
a divisão inter sup
mediária. Eu erfí
hes cie
mostrei, na atra
tima vez, e vés
ostrarei de del
vo ; am
isso nos dá es
superficie qu ma,
alificada de que
oné é
ou de cross-
cap, isto é, nece
uma coisa ssári
qual a par
a rep
convém não
rese
esquecerem
n tá-
que a image
la e
m que m no
lhes dei não sso
é mais que espa
ma imagem, ço.
por
Isto
assim dizer, que
rcida, uma vez indi
que o que par co a
qui, de mane
ira tremida,
-341 -
A Ide nticação
aparentemente aqui de r
ecruzamento e de penetr
ação,
para levá-lo a estender
-se, a se desenvolver a
ssim
em direção à metade i
nfrior da figura e, porta
nto,
a se isolar aqui em um
a frma no exterior da fi
gura,
deverá sempre aqui con
tornar alguma coisa que
não
lhe permite, de maneir
a alguma, transfrmar-
se no
que seria sua outra fr
ma, a forma privilegia
da de
um círculo, na medida
em que faz a volta do p
onto
privilegiado e que ele d
eve ser representado a
ssim
sobre a superfcie em q
uestão. Esta aqui, de f
ato, não poderia, de jeit
o
algum, ser-lhe equivale
nte, pois essa forma é
algo que passa em torn
o
do ponto privilegado, do
ponto estrutural, cm toro
do qual está sustentada
toda a estrutura da su
perfcie assi definida. E
sse ponto duplo e pont
o
simples ao mesmo tempo,
em torno do qual se suste
nta a própria possibilidade
da estrutura entrecruz
ada do boné ou do cro
ss-cap, é por esse pont
o
que simbolizamos o qu
e pode introduzir um ob
jeto a qualquer, no luga
r
do buraco. Esse ponto p
rivilegiado, nós conhece
mos suas fu nções e su
a
natureza, é o flo, na
medida em que é por
ele, enquanto operad
or,
que um objeto a pode
ser posto no lugar mes
mo onde nós, em uma
outra estrutura [a saber,
o toro) . não apreendem
os senão seu contorno.
Eis aí o valor exempla
r da estrutura do cross-
cap, que tento articula
r
diante de vocês, o luga
r do buraco, é no princí
pio esse ponto de uma
-342 -
Lição de 23 de mato de 1962
. _____
-343 -
A Ide nticação
-345 -
A Identicação
- 34 6 -
Lição de 30 de maio de 1962
-347 -
A Ide ntiicação
que se chamavam, se
quiserem, então fonem
as, que admitiam, pois,
serem separados do q
ue precede e do que s
egue, fzer uma cadeia
ao
menos pontualmente in
terrompida, essa geom
etria do mundo sensíve
l,
à qual, na última vez,
os incitei a se referire
m com a leitura de Je
an
Nicod e a obra assim i
ntitulada, vocês verão,
em um capítulo central
,
a importância que tem
essa análise da linha e
nquanto pode ser, poss
o
dizer, defnida por suas
propriedades intrínsec
as, e que comodidade
lhe teria dado a coloc
ação em primeiro pla
no radical da fu nção
do
corte, para a elaboraç
ão teórica que ele dev
e arquitetar com a mai
or
dificuldade e com contr
adições que não são ou
tras senão a negligênci
a
dessa função radical. Se
a própria linha é corte, ca
da um de seus elemento
s
será, portanto, secção
de corte, e é isso, em s
uma, que introduz ess
e
elemento vivo, se posso
dizer, do signifcante, qu
e chamei de oito interior
,
a saber, precisamente o
laço. A linha se recorta.
Qual
é o interesse dessa obse
rvação? O corte levado s
obre
o real aí manifesta, no re
al, o que é sua caracterí
stica
e sua função, e o que ele
introduz em nossa dialéti
ca,
contrariamente ao uso
que dele se fa z, que o r
eal é
o diverso, o real, desde
sempre, eu me servi de
ssa
fu nção original, para d
izer-lhes que o real é o
que
retorna sempre ao mes
mo lugar.
O que isso quer dizer, se
não que a secção de cor
te, em outras palavras,
o significante sendo a
quilo que nós dissemo
s, sempre diferente del
e
mesmo
-348 -
Lição de 30 de maio de 1962
oreal revelado,
palavras, só o real o fecha
mas,
Uma curva fechada é
- 349 -
A Identicação
essas repetições,
esses retornos na forma
do toro, esses laços que
se renovam fzendo o
que, para nós, no espaço i
magnado do toro, apresent
a-se como seu contoro.
Esse retorno à sua orige
m nos permite estruturar,
exemplifcar de forma
maior um certo tipo de r
elações do signifcante c
om o sujeito que nos
permite situar em sua opo
sição a função D da dema
nda e aquela de a, do
objeto a, o objeto do dese
jo, D, a escansão da dem
anda.
Vocês puderam observa
r que, no grafo, vocês têm
os símbolos seguintes:
s(A) , A, no estágio sup
erior S (/) , $<>D [$ bar
rado corte de D], nos
dois estágios in termediár
ios, i (a) , m, e do outro l
ado $< >a ($ barrado
-350 -
Lição de 30 de maio de 1962
-351 -
A Identicação
'
I
;
,. ____
-352 -
Lição de 30 de maio de 1962
- 353 -
A Identiicação
-354 -
Lição de 30 de maio de 1962
---
D
decalque
1�
-355 -
A Identiicação
-356-
Lição de 30 de maio de 1962
-357 -
A Identificação
supostamente a destru
ição do Outro. E como
os fnomenologistas nã
o
são, digamos - bem fito p
ara eles ! - autênticos sá
dicos, mas simplesmente
-358 -
Lição de 30 de maio de 1962
A'
B'
Continuaremos hoje a elabora
r a função do que se pode chama
r de
signifcante do corte, ou ainda d
e oito interior, ou ainda de laço,
ou
ainda o que eu chamei, na última
vez, o significante polonês. Gost
aria
de poder dar-lhe um nome ainda
menos sigifcativo, para tentar apro
ximar
o que ele tem de puramente signif
cante. Te mos avançado nesse ter
reno
tal como ele se apresenta, isto é,
dentro de uma notável ambigüida
de,
pois que, pura linha, nada indica
que ele se recorte, como a frma
em
que o desenhei ali, vocês se lembr
am, mas ao mesmo tempo deixa a
berta
a possibilidade desse recorte. Res
umindo, esse signil'icante não prej
ulga
em nada a respeito do espaço on
de ele se situa. Entretanto, para
dele
fazer alguma coisa, nós coloca
mos que é em torno desse signif
cante
do corte que se organiza o que ch
amamos de superfície, no sentido
cm
que nós a en tendemos aqui. D
a última vez, lembrava a vocês -
pois
não é a primeira vez que eu o apr
esen tava - como se pode constru
ir a
superfície do toro ao redor, e a
o redor somente, de um corte, d
e um
corte ordenado, manipulado des
sa maneira quadrilátera que a fr
mula
expressa pela sucessão de um
A, de um B, depois de um A" e d
e B',
nossas testemunhas, respectiva
mente, posto que podem ser refri
dos,
ligados aos precedentes, em uma
disposição que podemos qualifcar,
em
geral, por dois termos: orientada
por um lado, cruzada por outro la
do.
-361 -
A Ienticação
-362 -
Lição de 6 de junho de 1962
- 363-
A Identiicação
Entretanto, eu lhes di
sse, se supomos, não e
sses círculos simples
desenhados nesta prop
n dade, nessa defnição
topológica particular,
de ao mesmo tempo circ
undar o buraco e atrave
ssá-lo, mas de fzê-lo
fzer duas vezes a traves
sia do buraco, e uma vez
apenas seu contorno,
-364 -
Lição de 6 de junho de 1962
'.
[t t�
�r
corresponde à fu nção do objeto e
à transfrência, sobre o decalque
sobre o outro toro, em duas vezes,
da demanda segundo fórmula de
equivalência que é, para nós, nesta o
casião preciosa, é simbolizar isto
que, em uma certa forma de estrutur
a subjetiva, a demanda do sujeito
consiste no objeto do Outro, o objeto
do sujeito consiste na demanda do
Outro. Recorte, então, a superposição
dos dois termos, após a báscula,
não é mais possível. Após a báscula
de 90 , o corte é este aqui, o qual
não se superpõe à forma precedente. Re
conhecemos aí ura correspondência
que já nos é fmiliar, visto que o que
podemos exprimir da re laç;o do
neurótico com o Outro, na medida e
m que ele condiciona, ao último
termo, sua estrutura, é precisame
nte essa equivalência cruzada
da demanda do sujeito ao objeto do Ou
tro, do objeto do sujeito à demanda
do Outro. Sentimos, ali, ura espéci
e de impasse, ou pelo menos de
-365-
A Identicação
- -- '
báscula
decalque
ambigüidade, a realizaç
ão da identidade dos doi
s desejos . Esse aqui
está tão abreviado quan
to possível, como frmula
, e certamente supõe
já uma fmiliaridade adq
uirida com essas refrên
cias, as quais supõem
todo nosso discurso ant
erior.
A questão, portanto, per
manecendo aberta, sendo a
quela que abordaremos
hoje de uma estrutura q
ue nos permita formaliz
ar de modo exemplar,
rico de recursos, de sug
estões, que nos dá um s
uporte daquilo para o
qual aponta nossa pesqui
sa, precisamente, a saber,
a função do fntasma ;
é para esse fm que pod
e nos servir a estrutura p
articular dita do cross
cap ou do plano projeti
vo, visto que já lhes dei t
ambém uma indicação
suficiente para que ess
e objeto lhes seja, senão
fmiliar, ao menos que
vocês já tenham tentado
aprfundar o que ele repres
enta como propriedades
exemplares. Eu me des
culpo, então, por entrar,
a partir de agora, em
uma explicação que,
por um instante, vai fc
ar muito estreitamente
ligada a esse objeto de
uma geometa particular.
dita toplógca, geometa
não métrica. mas topol
ógca. da qual já os fz no
tar, tanto quanto pude
na passagem , qual idé
ia \"Ocês de\"em fazer d
ela, com o rsco de que,
após terem se dado o t
rabalho de me seguir, nis
so que vou explicar-lhe
.ü:1 YtCê srá' -
<c--�,?�sdo plo
que n0 pt
-�-
Lição de 6 de junho de 1962
-367 -
A Identificação
-369-
A Identificação
está aí o procedimento
de Heidegger e é exata
mente o mesmo - não
creio dizer aí nada que pos
sa ser tomado como uma c
rítica que, certamente,
afinal, quanto conheço
do pensamento e dos di
zeres de Claude Lévi
Strauss, nos pareceria m
esmo o procedimento mai
s oposto ao seu, tendo
em vista que o que ele d
á, como estatuto, à pesq
uisa de etnografia, só
se produziria numa posiç
ão de aversão em relação
à pesquisa metafísica,
ou até ultra-metafsica de
Heidegger - no entanto,
é bem a mesma que
encontramos nesse prim
eiro passo pelo qual Cla
ude Lévi-Strauss tenta
nos introduzir ao pensam
ento selvagem, sob a for
ma dessa bricolagem,
que não é outra coisa se
não a mesma análise, si
mplesmente em termos
diferentes, uma iluminaç
ão apenas modifcada, u
ma perspectiva, sem
dúvida, distinta dessa m
esma relação à utensilid
ade como sendo o que
um e outro consideram
como anterior, como pri
mordial em relação a
essa espécie de acesso
estruturado que é o noss
o, em relação ao campo
da investigação científic
a, na medida em que el
e permite distingui-lo
como fundado sobre uma
articulação da objetividad
e que seja de alguma
maneira autônoma, indep
endentemente do que é,
propriamente falando,
nossa existência, e que n
ão guardamos mais com
ele, senão essa relação
dita sujeito-objeto, que é
o ponto onde se resume
, atualmente, tudo o
que podemos articular d
a epistemologia.
Muito bem, digamos, para
fixá-lo ura vez, aquilo que
nossa empreitada,
na medida cm que está f
u ndada sobre a experiê
ncia analítica, tem de
distinto em rel ação tant
o a uma quanto à outra
dessas investigações,
cujo caráter paralelo acab
o de mostrar-lhes: é que n
ós também procuramos
aqui esse estatuto, por as
sim dizer, anterior ao aces
so clássico do estatuto
do objeto, inteiramente
concentrado na oposiçã
o do sujeito-objeto. E
nós o procuramos em que
? Nesse algo que, qualqu
er que seja seu caráter
evidente de aproximação,
de atração no pensament
o, tanto no de Heideger
quanto no de Claude Lé
vi-Strauss, é, no entant
o, distinto dele, tendo
em vista que nem um,
nem outro nomeia com
o tal esse objeto como
objeto do desejo. O est
atuto primordial do obje
to para, digamos, em
todo caso, um pensame
nto analítico, não pode
ser e não poderia ser
outra coisa senão o obje
to do desejo. To das as c
onfusões em que até
agora a teoria analítica s
e embaraçou são conse
qüências do seguinte:
de uma tentativa, de mais
de uma tentativa, de todos
os modelos possíveis
de tentativa para reduzir
o que se impõe a nós, a
saber, essa busca do
estatuto do objeto do de
sejo, para reduzi-lo a ref
erências já conhecidas,
-370 -
lição de 6 de junho de 1962
-371 -
A Ide ntiicação
:372 _
Lição de 6 de junho de 1962
-373-
A Identicação
- �74 -
Lição de 6 de ju nho de 1962
-375 -
A Ide ntiicação
)a
duas espécies de abas ou Se
de asas bambas voc
aqui superpostas, que se ês f
acham, em suma, aze
pelo corte, isoladas da i md
nchação inferior, ois
e no nível superor essas du cort
as asas se cruzam es,
uma com a outra. Não é m que
uito inconcebível . não
Se vocês estvesm inter essa se
dos nese objeto
recr
a tanto tempo quanto eu, e
uza
videntemente isso
m,
lhes pareceria pouco surpr
sob
eendente, pois na
re u
verdade, o privilégo desse d
mt
uplo corte é muito
oro,
interessante. É muito.intere
tent
ssante no sentido
em
em que, no que se refer ima
e ao toro, já lhes gin
mostrei, se vocês fzem u ar
m corte [a], isto o
transforma em uma faix
a. Se fazem um isso
segundo [b) . que atraves , vo
sa o primeiro, isto cês
não o fragmenta, entretant op
o. É isso que lhes õe
pennite desenrolá-lo como m, f
um belo quadrado. orç
osamente, em dois
pedaços. b
Aqui, sobre o cross-
cap, com um corte
que é um corte simples,
como aquele que
se pode desenhar assim,
vocês abrem essa
superfcie. Divirtam-se faz
endo o desenho,
será um ótimo exercício
intelectual saber
-377 -
A Identiicação
Fig. 2
Existe, aliás, uma coisa
que não é menos in tere
ssante, é que essa
dupla volta, com esse r
esultado, é algo que vo
cês não podem repetir
uma única vez a mais.
Se fizerem uma tripla v
olta, serão levados a
desenhar, sobre a superfc
ie, alguma coisa que se r
epetirá indefnidamente,
à maneira dos laços ané
is que vocês operam so
bre o toro, quando se
entregam à operação d
e bobinagem, de que lh
es
falei no início, só que, a
qui, a linha não se reuni
rá
jamais, não morderá jamai
s o rabo. O valor priviegad
o
dessa dupla volta está, po
rtanto, bastante assegurad
o
por essas duas proprieda
des.
Consideremos, agora, a sup
erfcie que isola essa dupla
volta sobre o plano projeti
vo. Vo u fazer-lhes observ
ar
nela certas propriedades. Pa
ra começar, é o que podemo
s
chaar de superfcie - chaa
emos assim, pela rapidez
,
entre nós, se posso dizer,
uma vez que vou recordar
o
-378 -
Lição de 6 de junho de 1962
Ve rso
Frente
-379 -
A Identicação
prto, de wa deta qu
e s tta, fndaental na
frma des suprcie.
A prova é que vocês têm a
baio alguma coisa que é a i
magem dessa superfcie
assim defida sobre noss
o duplo laço, no espelho.
Ei-la.
Nós devemos nos resgu
ardar de que, como em to
do corpo dissimétrico, a
imagem no espelho não l
he seja sobreponível, assi
m como nossa imagem
no espelho, a nós, que
não somos simétricos, a
pesar de acreditarmos
nisso, não se sobrepõe a
bsolutamente a nosso pr
óprio apoio. Se temos
um sinal na fce direita,
esse sinal estará na fce
esquerda da imagem
no espelho. Entretanto,
a propriedade dessa sup
erfície é tal que, como
vocês vêem, basta fzer
levantar um pouquinho
esse laço ali [a) . e é
legtimo fzê-lo passar po
r cima do outro, dado q
ue os dois planos não
se atravessam realme
nte, para que vocês te
nham uma imagem
absolutamente idêntica
[b] e, portanto, sobrepo
sta à primeira, àquela
da qual partimos. Vocês v
ejam o que acontece: leva
ntem aquilo lentamente,
progressivamente até aqui
, e vejam o que vai aconte
cer, a saber, a ocultação
dessa pequena parte em
pontilhado situada aqui, é
a realização idêntica
do que está na imagem pri
miliva . Isso nos sctc para il
ustrar essa propriedade
que lhes disse ser aquel
a de a enquanto objeto
do desejo, de ser essa
coisa que é ao mesmo t
empo orientável e certa
mente muito orientada,
mas que não é, se assim
posso dizer, especularizáv
el. Nesse nível radical,
que constitui o sujeito e
m sua dependência em
relação ao objeto do
desejo, a função i (a) , fu
nção especular, perde su
a infuência, se se pode
dizer. E tudo isso é coman
dado pelo quê? Por essa
coisa que é, justamente,
esse ponto [ponto central],
na medida em que ele pert
ence a essa superfcie.
b
a
imagem
-381 -
A Ide ntiicação
Fig. 3
c
d
-382 -
Lição de 6 de junho de 1962
-383 -
A Identificação
todos os privilégos de u
ma superfcie, ela, orienta
da, não é especularizada
.
Pois observem bem que
, essa superfície, não se
pode dizer, como sobre
a superfcie de Moebius,
que um ser infnitament
e plano passeando se
reencontrará de repent
e sobre essa superfcie
em seu próprio avesso.
Cada fce está bem sep
arada da outra, nessa
aqui. Essa propriedade
,
certamente, é algo que
deixa aberto um enigma
, pois não é tão simples.
É tão menos simples
quanto a superfcie tot
al, é bem evidente, não
é
reconstituível, e recon
stituível imediatamente
, senão a partir dessas
aqui. É bem preciso, po
rtanto, que as proprieda
des mais fu ndamentais
-384 -
LIÇÃO XIV
13 de junho de 1962
Fig. 2
-385 -
A Identiicação
do raciocínio, superpost
os. Convém, ao contrário
, marcar que eles não
o são. O plano anterior d
a fg. 1 (A) , e que passa
do outro lado, encontrou
se rebaixado até o pont
o que chamamos, desd
e então, simplesmente
de o ponto, enquanto qu
e, no alto, vemos produz
ir-se o seguinte: uma
linha que chega ao alto
do objeto e que, por trás
, passa do outro lado.
Quando praticamos, nes
sa fgura, uma travessia,
obtemos algo que se
apresenta como um oc
o aberto para a frente.
O traço pontilhado vai
passar por trás dessa es
pécie de orelha e encont
ra uma saída do outro
lado, a saber, o corte ent
re essa borda aqui e aqu
ilo que, do outro lado,
é simétrico a essa espéc
ie de cesto, mas por trás
. É preciso considerar
que atrás existe uma saí
da.
Eis a figura 3, que é
uma figura intermediári
a. Aqui, vocês vêem
ainda o entrecruzament
o na parte superior do p
lano anterior, que se
torna posterior para vo
ltar em seguida. E voc
ês podem refzer isso
indefnidamente, já os f
iz observar. É mesmo
o que se produziu no
nível extremo. É a mesm
a coisa que aquela borda
que vocês encontram
-386 -
lição de 13 de júnho de 1962
a
mã
descrita na fgura 1. o,
Essa parte que indi ess
co aa
na fgura 1, vamos c qui
hamá-la de A. É iss pas
oo sa
que se mantém nes atr
se lugar, na fgura 2. ás
des
A continuidade d
sa
essa borda (fg. 4) s
ore
e fz
lha
com aquilo que, atrá
s da superfcie de ce
qu
rto
ee
modo oblíqua, assim stá
desprendida, se redo em
bra co
por trás, uma vez q nti
ue vocês começara nui
ma da
afrouxar o todo, de de
maneira que, se fss pel
em af
colocadas de novo, ent
isso se reuniria co ec
mo om
na fgura 3. Eis porq as
ue a indiquei em az up
ul, erfí
no meu desenho [tr cie.
aço com setas] . O O
azul qu
é, em suma, tudo o ev
que perpetua o cort oc
e ês
mesmo. O que resu en
lta disto? É que voc co
ês ntr
am
têm um oco, um bols
por
o, no qual vocês pod
em
introduzir alguma co
trá
isa. Se vocês passa
sé
m
um
a superfcie que cor
responde ao
fundo do cesto, ma
s separado do que f
ca
Fig
.3
B
Fig
.4
sobre a direita, a saber, essa superfc
ie que vem para a frente, ali, e
que se redobra para trás, na fgura 2. Se
guindo um caminho como aquele,
vocês têm uma seta cheia, depois em
pontilhado, porque ela passa por
· trás da orelha que corresponde a A.
Ela sai aqui, porque é a parte do
corte que está atrás. É a parte que pos
so designar por B. A orelha, que
é desenhada aqui pelos limites desse
pontilhado na fgura 2, podera
achar-se do outro lado. Essa possibilida
de de duas orelhas é o que vocês
encontrarão, no momento em que tivere
m
realizado o duplo corte e que vocês isola
m
no cross-cap algo que se fbrica aqui.
O
que vocês vêem, nesse pedaço centra as
si
isolado da figura 5 é, em suma, um plan
o
tal que vocês apagam agora o resto d
o
objeto, de maneira que vocês não terã
o
mais que colocar
pontilhados aqui, Fi
nem g.
mesmo de travessia 5
. Resta apenas o pe
daço
central.
-387 -
A Identiicação
-388 -
Lição de 13 de junho de 1962
-389 -
A Ide ntiicação
acredito, mereceriam a
atenção. Em todo caso,
se não insisti nisto, é
que certamente não é n
esse sentido que desejo
me engajar. Se falo
disso, agora, é ao mes
mo tempo para despert
ar em vocês um pouco
mais de interesse por es
sas estruturas tão cativa
ntes por si mesmas, e
também para autentic
ar uma observação qu
e me fi fita, de que a
embriologia teria o que
dizer aqui, ao menos a t
ítulo il ustrativo.
-39 0 -
Lição de 13 de junho de 1962
-39 1 -
A Jdentitcação
-392-
Lição de 13 de junho de 1962
- 393 -
A Identiicação
se juntando, permanece
rá o fato de que seria ne
cessário, para que se
tratasse mesmo de uma f
ixa de Moebius, que cons
ervássemos sob uma
forma tão reduzida quan
to possível a existência
de um buraco. É bem
eftivamente o que nos i
ndica o caráter irredutí
vel da função desse
ponto. E, se tentarmos a
rticulá-lo, mostrar sua fu
nção, somos levados,
desenhando-o como pon
to-origem da organização
da superfcie sobre o
plano projetivo, a encontr
ar nele propriedades que
não são completamente
aquelas da borda da sup
erfcie de Moebius, mas q
ue são, ainda assim,
alguma coisa que tanto
é um buraco que, se se
quiser süprimi-lo por
essa operação de secçã
o, pelo corte passando p
or esse ponto, é, em
todo caso, um buraco qu
e se fz aparecer da mane
ira mais incontestável.
O que é que isso quer
dizer, ainda? Para que es
sa superfcie funcione
com suas propriedades
completas, e particularm
ente a de ser unílátera,
como a faixa de Moebiu
s - a saber, que um sujei
to infnitamente plano,
passeando, pode, partindo
de um ponto qualquer, ext
erior de sua superfcie,
retornar por um caminh
o extremamente curto,
e
sem ter de passar por n
enhuma borda, ao pont
o
avesso da superfcie de
onde ele partiu - para qu
e
isso possa acontecer, é p
reciso que, na construção
-394 -
Lição de 13 de junho de 1962
-395 -
A Identicação
-396 -
Lição de 13 de junbo de 1962
- 397 -
A Identicação
-398 -
Lição de 13 de junbo de 1962
-399 -
A Ide ntiicação
-400 -
Lição de 13 de junho de 1962
convergência,
se, esse falo, penso poder articular para v
ocês, por um lado, sua !'unção
no nível do $ do fantasma e no nível do a, qu
e para o desejo ele autentifca.
-40 1 -
A Identicação
-402 -
Lição de 13 de junho de 1962
Aproxima-se o tempo do té
rmino deste ano. Meu discurs
o sobre a
identifcação não terá podido, be
m entendido, esgotar seu campo.
Ta mpouco
pude experimentar qualquer se
ntimento de ter fa lhado com vo
cês. Esse
campo, de fato, alguém no in
ício se inquietava um pouco,
não sem
razão, que eu tivesse escolhid
o uma temática que lhe pareci
a permitir
ser instrumento, mesmo par
a nós, do tudo está em tudo .
Te ntei, ao
contrário, mostrar-lhes o que
nele se prende de rigor estrut
ural. Eu o
fiz, partindo do segundo mod
o de identificação distinguido
por Freud,
aquele que acredito, sem falsa
modéstia, ter tornado doravante i
mpensável,
a não ser sob o modo da funç
ão do traço unário.
O campo em que estou, d
esde que introduzi o significa
nte do oito
interior, é o do terceiro modo
de identificação, essa identifi
cação na
qual o sujeito se constitui com
o desejo, e na qual todo noss
o discurso
anterior evitava desconhecer
que o campo do desejo não é
concebível
para o homem senão a partir
da função do Outro. O desejo
do homem
se situa no lugar do Outro, e
aí se constitui precisamente c
omo esse
modo de identificação origi
nal que Freud nos ensina a
separar
empiricamente - o que não sig
nifica que seu pensamento, ne
ste ponto,
seja empírico - sob a forma d
o que nos é dado em nossa e
xperiência
clínica, especialmente
a propósito dessa forma tão mani
festa da constituição
do desejo, que é a da histérica.
Contentar-se em dizer : "há a id
entifcação
ideal e depois há a identificaçã
o do desejo ao desejo", isso po
de servir
certamente para um primeiro
clescmlaraçamcnto do negóc
io, vocês
devem perceber. O texto de Fr
eud não deixa as coisas aí, e nã
o deixa as
-405 -
A Identificação
coisas aí na medida em
que, já dentro das obras
maiores de sua terceira
tópica, ele nos mostra a
relação do objeto, que s
ó pode ser aqui o objeto
do desejo, com a const
ituição do próprio ideal;
ele o mostra no plano
da identificação coletiv
a, do que é, em suma,
uma espécie de ponto
de
convergência da experi
ência, pelo quê a unari
dade do traço, se poss
o
dizer, meu traço un ári
o, é isso que cu gostari
a de dizer, refl ete-se n
a
unicidade do modelo to
mado como aquele que
fu nciona na constituiçã
o
dessa ordem de realida
de coletiva que é a mas
sa, se se pode dizer, co
m
uma cabeça, o lidcr. Es
se problema, por local q
ue seja, é, sem dúvida,
aquele que oferecia a Fr
e ud o melhor terreno pa
ra ele mesmo apreender
,
no ponto cm que ele e
laborava as coisas ao
nível da terceira tópica,
-406 -
Lição de 20 de junho de 1962
- 407 -
A Identicação
., r,H:dida em que, em a
lgum
lugar, lhe aparece, sob
uma fo rma desvelada,
um de seus termos, é
aquilo pelo que cada um d
aqueles que temos nomea
do neurótico, perverso
e psicótico, é normal. O
psicótico é normal em su
a psicose, e além do
mais, porque o psicótic
o, em seu desejo, se de
para com o corpo. O
-408-
Lição de 20 de junho de 1962
-409-
A Identificação
absolutamente manifes
to nos fatos, a saber, q
ue, como não é preciso
posterior e construída
para nos dar, se posso
dizer, a idéia primitiva
que se pode ter do qu
e é um corpo, como d
e um ali, constituinte d
e
certas dimensões de pr
esença, e não quero ref
azer Heidegger, porque
,
se lhes fa lo disso, é qu
e logo vocês vão ter ess
e texto que eu lhes diss
e
que é fá cil, acreditem
. Em todo caso, a facil
idade com que o lemo
s
agora prova bem que o
que ele lançou na corr
ente está perfeitament
e
em circulação. Essas dim
ensões de presença, seja
como fr que as chamem
de o Mi tsein, esse esta
r-ali e tudo o que vocês
quiserem, ln-der-Welt
sein, todas as mundani
dades tão diferentes e
tão distintas, pois trat
a
se justamente de distin
gui-las do espaço latum
, longum e profundum, o
-410-
Lição de 20 de junho de 1962
-411 -
A Identicação
apenas o bê-á-bá do q
ue se nos ensina, estiv
emos alhures, na direç
ão
do que claudicava, do
que tocava, no centro,
o nó libidinal. É por iss
o
que todo resultado sanc
ionável, no sentido da a
daptação - perdão, esto
u
fzendo um pequeno de
svio por essas banalida
des, mas há banalidade
s
que é preciso sempre r
ecordar, sobretudo porq
ue, afinal, recordadas d
e
uma certa maneira, as
banalidades podem, às
vezes, passar por pouc
o
banais - todo sucesso t
erapêutico, isto é recon
duzir as pessoas ao be
m
estar da sua Sorge, de
suas pequenas ocupaç
ões, é sempre, para nó
s,
mais ou menos - no fu
ndo o sabemos, é por i
sso que não temos qu
e
nos gabar disso - um q
uebra galho, um álibi,
um desvio de fundos, s
e
posso me exprimir assi
m. De fato, o que é aind
a bem mais grave, é qu
e
nós nos interditamos d
e fazer melhor, sabend
o que essa ação, que é
a
nossa, da qual vez por
outra podemos nos ga
bar como de um êxito,
é
fita por vias que não con
cernem o re sultado. Gra
ças a essas vias trazemo
s
- num lugar complementa
r que elas não concerne
m, senão por re ssonânci
a
- re toques, é o máximo
do que se pode dizer.
Quando é que nos aco
ntece recolocar um suj
eito cm seu desejo? É
uma questão que coloco
àqueles aqui que têm al
guma experiência como
analistas, evidenteme
nte, não aos outros. S
erá concebível que um
a
análise tenha como res
ultado fzer um sujeito e
ntrar em desejo, como
se diz, entrar em transe
, no cio, na religião? É
por isso que me permit
o
colocar a questão em
um ponto local, o únic
o, afnal de contas, qu
e
seja decisivo, porque não
somos apóstolos, é, se e
ssa questão não merece
ser preservada quando s
e trata de analistas, pois
para os outros, o problem
a
colocado é: o que é o
desejo, para que ele
possa subsistir, persist
ir
nessa posição paradoxal
? Pois, enfim, está bem
claro que de modo algu
m
não emito, com isso, se
não o voto de que o efeit
o da análise vá encontra
r
aquele realizado desde
sempre pelas sessões
místicas, cujas operaçõ
es
famosas, sem dúvida e
nganadoras, feqüentem
ente duvidosas, em tod
o
caso, na maior parte
do tempo, não são aq
uilo cm que lhes peç
o
especialmente que se
interessem, ainda que
não seja para situá-los
.412 -
Lição de 20 de junho de 1962
-413 -
A Identificação
-415-
A Identicação
em função de imagens
do sujeito, digamos, par
a andar rápido, ainda
que aí eu corra riscos d
e confusão, no espelho
que constitui o grande
Outro, digamos, no espaç
o desenvolvido pelo grand
e Outro, pois é preciso
retirar esse espelho para
fazer dele, então, essa es
pécie de espelho que
chamamos, sem dúvida,
não por acaso, de feiticei
ra, quero dizer, esses
espelhos com uma cert
a concavidade, que com
portam em seu interior
um certo número de out
ros, concêntricos, nos q
uais vocês vêem sua
própria imagem refetida
tantas vezes quantas ho
uver desses espelhos
dentro do grande. É que
está bem ali o que se pas
sa; vocês têm presente,
no fntasma, o que não
é talvez definível, acess
ível, senão pelas vias
de nossa experiência, o
u talvez, não sei nada di
sso, e me preocupo um
pouco com isso ainda as
sim, pelas vias das experi
ências a que fiz alusão
ainda agora, o que é da n
atureza do objeto do desej
o - e isso é interessante,
porque é uma referênci
a lógica - o objeto cono
tado, marcado pelos
círculos de Euler, é o obj
eto dessa fu nção que se
chama de classe. Eu
lhes mostrarei sua relaçã
o estreita, estrutural, com
a função de privação,
quero dizer o primeiro d
esses três termos que ar
ticulei como privação
fustração-castração.
Apenas, o que vela co
mpletamente a verdadeir
a função da privação ...
ainda que se possa abo
rdá-la, é dai que parti, p
ara fzer para vocês o
esquema das proposiçõe
s universais e particulare
s; lembrem-se, quando
lhes disse "todo professo
r é letrado ", isso não sign
ifica que existe apenas
um professor. A coisa é s
empre verídica, contudo.
O motor da privação,
da privação como traço
unário, como constituinte
da função da classe,
está ali suficientemente i
ndicado. Mas tal é a funç
ão da razão dialética,
não desagrada ao senh
or Lé1i -Strauss, que crê
que ela não passa de
um caso particular da ra
zão analítica, é que justa
mente ela não permite
apreender suas fses selv
agens senão a partir de s
uas fases elaboradas .
Ora, isso não é para dizer
q11, , lúgica das classes s
eja o estado selvagem
da lógica do objeto do d
esejo. Se se pode estab
elecer uma lógica das
classes - vou pedir-lhes
para dedicar nosso próx
imo encontro a esse
objeto - é porque existia
o acesso que a gente se
recusava a uma lógica
do objeto do desejo; em
outras palavras, é à luz
da castração que se
pode compreender a fe
cundidade do tema priv
ativo. O que eu quis
indicar-lhes apenas, hoje
, é essa função que , há
muito tempo, eu havia
marcado para mostrá-la
a vocês como exemplar
das incidências mais
decisivas do signifcant
e, até mesmo as mais c
ruéis na vida humana,
-416-
Lição de 20 de jzmho de 1962
-417 -
A Identiicação
-419-
A Identiicação
-420 -
Lição de 27 de junho de 1962
-42 1-
A Identicação
-422 -
Lição de 27 de junho de 1%2
-423-
A Identicação
-.424 -
Lição de 27 de junho de 1962
- 425-
A Identiicação
-426 -
Lição de 27 de junho de 1962
-427-
A Identificação
.428 -
Lição de 27 de junho de 1962
-429-
A Identicação
-430 -
Lição de 27 de junho de 1962
-431 -
A Identiicação
Concedo-lhes essas pa
ssagens que vão desse "e
nquanto que, empoleirada
s
sobre seus ombros, a
palavra ele e a palavra
eu []e] começavam sua
-4�2 -
Lição de 27 de junho de 1962
, , 1. é porque, no momento
de deixá-los, este ano, quero dizer-
lhes que freqüentemente tenho
consciência de não fazer outra coisa aq
ui, senão permitir-lhes serem
levados comigo ao ponto onde, à nossa v
olta, múltiplos, já conseguem
os melhores. Outros puderam notar o pa
ralelismo que há entre tal ou
qual das pesquisas que prosseguem no m
omento, e aquelas que juntos
elaboramos. Vale a pena, eu lembrar que,
por outros caminhos, as obras,
e depois as reflexões sobre as obras feita
s por ele mesmo, de um Pierre
Klossowski, convergem com o caminho
da pesquisa <lo fantasma, tal
como o elaboramos este ano.
Pequeno i de pequeno a, sua diferença,
sua complementari<lade e a
máscara que um constitui para o outro, ei
s o ponto aonde eu lhes terei
conduzi<lo este ano. Pequeno i de pequeno
a, sua imagem não é, portanto
sua imagem, ela não o representa, esse
objeto da castração; ela nã, ,·
de maneira alguma, esse representante
da pulsão sobre o qual inciue,
eletivamente, o recalque, e, por uma dupl
a razão, é que ela não é, essa
imagem, nem a Vo rstellung, pois que ela
é, ela própria, um objeto, uma
imagem real - reportem-se ao que escrevi
sobre esse assunto, em minhas
Notas sobre o Relatório de Daniel Lag
ache - um objeto que não é o
mesmo que pequeno a, que não é tampou
co seu representante. O desejo,
não esqueçam, onde se situa ele no grafo
? Ele visa S barrado corte de
a, o fantasma, sob um modo análogo àque
le do m minúsculo, onde o Eu
-433 -
A Identicação
-434-
Lição de 27 de junho de 1962
-435 -
A Identiicação
com o Einverleibung, é
do lado do pai, deixado
inteiramente de lado,
que é preciso olhar.
Eu o deixei inteiramente
de lado, porque teria si
do preciso que os
introduzisse - mas qua
ndo o frei? - em toda u
ma tradição que se
pode chamar de mística
e que certamente, por su
a presença na tradição
semítica, domina toda a
aventura pessoal de Fre
ud. Mas, se há uma
coisa que se demanda
à mãe, não lhes parece
chocante que seja a
única coisa que ela não
tem, a saber, o falo? To
da a dialética destes
últimos anos, até e inclu
sive a dialética kleiniana
, que entretanto, mais
se aproxima disto, fica fl
seada, porque a ênfse n
ão é colocada sobre
essa divergência essenci
al.
É também porque é i
mpossível corrigi-la, imp
ossível também nada
compreender do que
constitui o impasse da
relação analítica, e
especialmente na transm
issão da verdade analític
a tal como ela se faz,
a análise didática, é que
é impossível introduzir aí
a relação com o pai,
que não se é o pai de
seu analisado. Já flei d
isso o bastante, e fiz
bastante para que ningu
ém ouse mais, ao meno
s na minha vizinhança,
se arriscar a dizer que se
pode ser aí a mãe. No en
tanto, é disso que se
trata. A fnção da anális
e, tal como se insere ali
onde Fre ud deixou
aberta sua seqüência, o
rastro hiante, situa-se ali
onde sua pena caiu,
a propósito do artigo sobr
e o splitting do Eu, no p
onto de ambigüidade
a que isso leva, o objeto
da castração é esse ter
mo bastante ambíguo
para que, no próprio mo
mento em que o sujeito
dedicou-se a recalcá
lo, ele o instaure mais fi
rme que nunca, num Ou
tro.
Tanto quanto não tere
mos reconhecido que es
se objeto da castração
é o próprio objeto pelo q
ual nos situamos no ca
mpo da ciência, quero
dizer que ele é o objeto d
e nossa ciência, como o
número ou a grandeza
podem ser o objeto da
matemática, a dialética
da análise, não apenas
sua dialética, mas sua pr
ática, sua contribuição m
esma, e até a estrutura
de sua comunidade, fc
arão em suspenso. No
próximo ano, tratarei
para vocês, como prosse
guimento, estritamente d
o ponto onde os deixei
hoje, a angústia.
Notas
J
libidinais, graças
à elisão especular,
enfocado no Semi
2
nário XV III,
na lição de 21 de
junho de 1961.
No original: ]'aí eu
3beau fa íre, je ne p
ouvaís fa íre du be
au - vemos
4 repetir-se essa al
aproximar-se da r
eferência sobre a b
eleza, mas que se
perde na
tradução.
No original: ]e me
vous fa ís pas la pa
rtíe trop belle : 'não
fa cilito o
jogo para vocês',
permite a Lacan br
incar mais uma ve
z com a
beleza .
Dentro desse parág
raf, há, pois, uma r
epetição de beau, b
elle,
ompõem, em cada s
mbellir,
intagma, um valor s
emântico
diferente.
beauté,
Refere-se à duplic
em
ação, no francês c
sorrente de: moí-
même, toi
ctc.
6
No original: analys
és .
7
Mets les píeds da
ns le plât, que, tex
tualmente, quer di
zer 'botar os
pés no prato', é u
8
ma expressão fran
9
cesa que signifca '
abordar uma
questão delicada c
om uma fanqueza b
rutal'; ou 'cometer u
ma tremenda
gafo, um engano
grosseiro'.
Rennomée: renom
e, fama, reputação
.
FleiLT au fusíl - lite
ralmente 'a for no
fu sil'; significa 'c
om
entusiasmo e ale
gria'.
10
Marron : literalment
e, castan ha; tem t
ambém o sent ido
ele 'coisa
clandestina, ilegal
'.
-43 7 -
A Identiicação
-438 -
23
Fa ire des batons: expressão empregada antigamente pelos professores
primários, na fse de pré-alfbetização, para ensinar aos alunos a
caligrafa, seja, 'fazer traços verticais no caderno'.
24 Cf. nota 17, acima.
25
O descobrimento, em 1860, de uma gruta de ossos pré-históricos em
Aurignac (capital do cantão da Haute-Garonne, França) deu o nome
de Aurignaciana a uma cultura paleolítica superior, que havia se
estendido entre 30.000 e 25 .000 anos a.C. Essa cultura, marcada
pela presença do homo sapiens, está caracterizada pelo emprego de
fe rramentas de pedra muito aperfeiçoadas e pela primeira aparição
no Ocidente da arte figurativa (pintura parietal e escultura) . [Nota
da versfw em espanhol ela I11teretJ
Georges Cuvier (1 769- 1 832), naturalista francês, criador da anatomia
comparada e da paleontologia, autor, entre outras obras, da Descrição
elementar da história natural dos animais. [idem]
27 Membros de uma tribo sul-africana .[idem]
28
No original: 'les coups ... qu'il tira'. A expressão 'tirer un coup' signifca
ter um orgasmo (no homem) , ou, ainda, na gíria, 'uma trepada'. A
metáfora é a da arma de fogo, símbolo transparente do erotismo fálico.
29
Com o neologismo "effa çons" Lacan condensa a questão da frma
(façon) do significante e o seu valor de apagamento (effacement) da
coisa . [Lacan retoma esse neologsmo no Seminário XVI, De Um Outro
ao ou tro (lição de 14/05/69) e duas vezes em Radiofo nia - em Autres
Ecrits p. 427 e p.434 Seuil.]
arroteamento, cultivo de terreno; 2. em sentid o fgurado:
esclarecimento inicial.
31
Mimicry : do inglês, signifca mimetismo ; arremedo; protecting mimicry :
mimetismo animal. cf Novo Michaelis, Ed. Melhoramentos, São Paulo,
1966. Te m o sentido ainda de 'arte de imitar', também 'semelhança
natural de um organismo com outro, ou com objetos naturais no
meio dos quais se vive, que assegura proteção, esconderijo, ou outra
vantagem'. Cf. We bster 's Seventh New Collegiate Dictionary G&C
Merriam Company, Massachusetts, U.S.A. 1963.
32
Connaissance: conhecimento; alude ainda a um jogo de palavras ao
escandir-se a primeira sílaba, co-naissance, co-nascimento .
-439 -
A Identifi cação
As negações, em francês,
na origem, tinham seu obj
eto : passo, pessoa,
34
nada, ponto, migalha e
gota.
Tra ce : rastro, vestígio, p
egada.
35
]'sais pas : frma coloqui
al do francês je ne sais
36
pas que elide o ne;
enquanto a elisão do pas
em je ne sais é literária
e maneirista.
No original : Marivaux,
3sinon rivaux.
No original béance:
Tr ata-se da conferência
40
e intitulada Do que eu e
nsino, reproduzida
43
em anexo na versão fan
cesa deste seminário.
No original temos annal
iste, com dois n: o que r
emete a
annalyste, autor de ana
is, historiador. Cf. Dicio
nário Robert.
Pas de sens: signifca tan
to 'passo de sentido' co
mo 'ausência de
sentido' cf Seminário V
, ]. Lacan.
No original, pi r: que te
m homofonia com pierre
= pedra.
Desiderium, do latim : d
esejo, saudade, pesar, o
bjeto de ternura,
carinho, necessidade fí s
ica, precisão.
Regret : pesar, desgosto,
remors
o, queixa , lamento.
No original deconnogra p
he: sugere neologismo cr
iado a partir de
déconner, que significa
dizer besteiras, donde de
connogra phe
poderia ser traduzido p
or besteirógrafo.
45
A fase alude a um troca
dilho que se perde na tr
46
adução: affreux
doute de l'hermaplzrodit
47
e.
48
Se pourrait-il qu'il n'y ai
t mamme?: trata-se aqu
i do ne cxpletivo,
49
68
i;u
cr. nota 37 acima.
70
Idem.
71
Idem
72
Essaycr d'y couper = essa yer cl'éviler le pire, la cas tration : tentar
evitar o pior a castração; tu n'y couperas pas =não vai con seguir evitar.
74
-441 -
A Identiicação
No original me-connais:
75
partindo de méconnais [
desconhece] temos,
secionando a sílaba, o s
entido de 'me conheço', c
ujo jogo de palavras
se perde na tradução. Te
mos, então, sucessivam
ente: méconnaitre,
me-connaitre - 'desconh
ecer', 'me conhecer'; mé
connait, me-connait
- 'desconhece', 'me con
hece'.
6
Tipo de florescom uma fo
rma
bonitas, gigantes,
topologicamente
muito interessante.
77 Cf. nota 75 acima.
JerzuíTomaz
Josilene Xavier
Letícia P. Fonsêca
Marc ilene Dória
M Emília Lapa
M de Fátima Belo
M Lúcia Santos
Mônica Vieira
-443 -