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Frege

http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/viewFile/1059/959
http://ghiraldelli.files.wordpress.com/2008/07/frege.pdf

http://pt.wikipedia.org/wiki/Gottlob_Frege

Friedrich Ludwig Gottlob Frege (Wismar, 8 de


novembro de 1848 — Bad Kleinen, 26 de julho de
1925) foi um matemático, lógico e filósofo alemão.

Trabalhando na fronteira entre a filosofia e a


matemática, Frege foi o principal criador da lógica
matemática moderna, sendo considerado, ao lado de
Aristóteles, o maior lógico de todos os tempos.

Estudou nas universidades de Jena e Gotinga e tornou-


se professor de Matemática em Jena, onde lecionou
primeiro como docente e, a partir de 1896, como
catedrático, onde permaneceu até sua morte. Em 1879
publicou Begriffsschrift (1879, Ideografia
(Ideography) é uma tradução sugerida em carta pelo
próprio autor, outra opção seria Notação Conceptual),
onde, pela primeira vez, se apresentava um sistema matemático lógico no sentido
moderno.

Em parte incompreendido por seus contemporâneos, tanto filósofos como matemáticos,


Frege prosseguiu seus estudos e publicou, em 1884, Die Grundlagen der Arithmetik (Os
Fundamentos da Aritmética), obra-prima filosófica que, no entanto, sofreu uma
demolidora crítica por parte de Georg Cantor, justamente um dos matemáticos cujas
idéias se aproximavam mais das suas. Em 1903 publicou o segundo volume de
Grundgesetze der Arithmetik (Leis básicas da Aritmética), em que expunha um sistema
lógico no qual seu contemporâneo e admirador Bertrand Russell encontrou uma
contradição, que ficou conhecida como o paradoxo de Russell. Esse episódio impactou
profundamente a vida produtiva de Frege. Segundo Russell, apesar da natureza de suas
descobertas marcarem época, sua obra permaneceu na obscuridade até 1903, quando o
próprio filósofo e matemático inglês chamou atenção para a relevância dos escritos. O
grande contributo de Frege para a lógica matemática foi o criação de um sistema de
representação simbólica (Begriffsschrift, conceitografia ou ideografia) para representar
formalmente a estrutura dos enunciados lógicos e suas relações, e a contribuição para a
implementação do cálculo dos predicados. Esse parte da decomposição funcional da
estrutura interna das frases (em parte substituindo a velha dicotomia sujeito-predicado,
herdada da tradição lógica Aristotélica, pela oposição matemática função-argumento) e
da articulação do conceito de quantificação (implícito na lógica clássica da
generalidade), tornado assim possível a sua manipulação em regras de dedução formal.
(As expressões "para todo o x", "existe um x", que denotam operações de quantificação
sobre variáveis têm na obra de Frege uma de suas origens).
Ao contrário de Aristóteles, e mesmo de Boole, que procuravam identificar as formas
válidas de argumento, e as assim chamadas "leis do pensamento", a preocupação básica
de Frege era a sistematização do raciocínio matemático, ou dito de outra maneira,
encontrar uma caracterização precisa do que é uma “demonstração matemática”. Frege
havia notado que os matemáticos da época freqüentemente cometiam erros em suas
demonstrações, supondo assim que certos teoremas estavam demonstrados, quando na
verdade não estavam. Para corrigir isso, Frege procurou formalizar as regras de
demonstração, iniciando com regras elementares, bem simples, sobre cuja aplicação não
houvesse dúvidas. O resultado que revolucionou a lógica foi o desenvolvimento do
cálculo de predicados (ou lógica de predicados).

1 [editar] Três noções de sentido (Sinn) em Frege


Tyler Burge, intérprete de Frege, distingue três noções de sentido na obra de Frege:[1]

1. O modo de apresentação (contendo valor informativo) associado a uma


expressão.
2. O determinante da referência/denotação associada à expressão. (O sentido
singulariza a referência de um termo singular.)
3. O que providencia entidades a serem denotadas em contextos oblíquos.

2 [editar] O quebra-cabeça de Frege


Em "Sobre o Sentido e a Referência" (1892) Frege apresenta um paradoxo envolvendo
semântica e epistemologia, e também uma solução para o mesmo. O paradoxo envolve
sinônimos e a possibilidade de uma pessoa desconhecer a relação de sinonímia.

Vejamos um exemplo. Os nomes "Cícero" e "Túlio" designam exatamente a mesma


pessoa, o filósofo e orador romano autor de De Finibus. Todavia, as frases "Cícero é
Cícero" e "Cícero é Túlio" não tem o mesmo valor cognitivo. "Cícero é Cícero" é uma
frase desinteressante que simplesmente expressa a identidade de uma coisa consigo
mesma (lei de Leibniz). "Cícero é Túlio", por outro lado, tem valor informativo. Uma
pessoa que descobre que "Cícero" e "Túlio" designam a mesma coisa não está
meramente descobrindo a relação de identidade que uma coisa tem consigo mesma, pois
isso ela já sabia, ao menos implicitamente.

Mas, como podem as duas frases serem diferentes do ponto de vista informativo, visto
que os nomes envolvidos designam a mesma coisa?

A solução proposta por Frege para o problema consiste em articular o significado dos
designadores em dois elementos, o sentido (Sinn) e a referência (Bedeutung). (Essa
posição de Frege foi um dos alvos de Saul Kripke em *Naming and Necessity*.)

Os nomes "Cícero" e "Túlio" têm a mesma referência, o filósofo romano. Mas não têm
o mesmo sentido, ou valor cognitivo. É por isso que quem diz "Cícero é Túlio" não está
dizendo algo trivial.
O assim chamado quebra-cabeça de Frege representa um dos desafios ao millianismo a
respeito dos nomes: a posição segundo a qual a contribuição de um nome para o
conteúdo das frases em que ocorrem é seu referente.

3 Referências
1. ↑ Ver Tyler Burge, "Belief de Re" (The Journal of Philosophy 74, no. 6 (1977):
338-62), p. 356.

http://www.cobra.pages.nom.br/fmp-kant.html

IMMANUEL KANT
Vida, filosofia e obras de Immanuel Kant

Página de Filosofia Moderna


escrita por Rubem Queiroz Cobra
(Site original: www.cobra.pages.nom.br)

Ética, Política, Estética e Obras, vide em Kant, continuação

Vida:

Immanuel Kant, filósofo alemão, em geral considerado o pensador mais influente dos
tempos modernos, nasceu em Königsberg, atual Kaliningrado, em 22 de abril de 1724.
Não casou nem teve filhos, falecendo em 1804 aos 80 anos.

Kaliningrado, situa-se onde foi a Prússia Oriental, um território no litoral sul do Báltico,
parte da Rússia desde 1946.

O território da Prússia foi adquirido à Polônia por Frederico Guilherme o Grande Eleitor
de Brandenburgo de 1640 a 1688. Em 1701, Frederico III de Brandemburgo teve
permissão de Leopoldo I, Imperador do Sacro Império Romano, para usar o título de
Frederico I, rei da Prússia. Seu filho, Frederico Guilherme I (1713-1740), formou um
exército bem equipado (o terceiro da Europa, depois da Rússia e da França) e levantou a
economia do reino principalmente com a indústria de lã com que vestia o exército.
Casou com Sofia Dorotéa, filha de George Luís, eleitor de Hanôver (O último dos três
patronos a que Leibniz serviu em Hanôver), que veio a ser George I da Inglaterra.
Frederico II, O Grande (1740-1786), sucessor de Frederico Guilherme, usou o poderoso
exército da Prússia para tomar a grande e próspera província da Silésia à Áustria dos
Habsburgo (1740), e sob seu reinado o filósofo viveu a maior parte de sua vida, toda ela
vivida em Königsberg..
Kant era filho de um artesão que trabalhava couro e fabricava selas. Sua mãe, de origem
alemã, embora não tivesse estudo, foi mulher admirada pelo seu caráter e pela sua
inteligência natural. Ambos seus pais eram do ramo pietista da Igreja Luterana, uma
subdenominação que requeria dos fieis vida simples e integral obediência à lei moral.

Estudos primários. A influência de seu pastor permitiu a Kant, o 4o. de 11 crianças,


porém o mais velho sobrevivente, entrar na escola pietista onde estudou por oito anos e
meio principalmente os clássicos latinos. Ele confessou a sua preferência de então pelo
naturista Lucrécio, e talvez o tenha impressionado o livro IV do poema De rerum
natura, onde Lucrécio descreve a mecânica dos sentidos e do pensamento.

Em 1740, aos dezesseis anos, Kant entrou para a universidade de Königsberg onde
estudou até aos 21 anos. Apesar de ter assistido a cursos de teologia e até pregado
alguns sermões, ele foi atraído mais pela matemática e a física. Ajudado por um jovem
professor, Martin Knutzen, que havia estudado com Christian Wolff, um sistematizador
da filosofia racionalista, e que também era um entusiasta da ciência de Sir Isaac
Newton, ele começou a ler os trabalhos deste físico inglês e, em 1744, iniciou seu
primeiro livro, o qual tratava de um problema relativo a forças cinéticas: "Ideias sobre a
Maneira Verdadeira de Calcular as Forças Vivas".

Aos 21 anos – apesar de que a esta altura tivesse decidido a seguir uma carreira
acadêmica –, com a morte de seu pai em 1746 e o seu fracasso em obter o posto de sub-
tutor em uma das escolas ligadas à universidade, Kant se viu obrigado a desistir
temporariamente de seu projeto e a buscar meios imediatos de se manter. Foi compelido
a suspender os estudos universitários e ganhar a vida como tutor particular. Durante
nove anos manteve essa ocupação, atividade em que foi bem sucedido e que lhe
permitiu conviver com a sociedade mais influente e refinada de seu tempo. Serviu a três
famílias diferentes, tendo nesse período viajado à cidade próxima de Arnsdorf. Em 1755
ele retornou a Königsberg e lá passou o restante de sua vida.

Retorno à universidade: Em 1755, ajudado pela bondade de um amigo, Kant pode


completar seus estudos na universidade. Obteve seu doutorado e assumiu a posição de
livre docente (Privatdozent, professor sem salário). Três dissertações que ele apresentou
na habilitação a esse posto indicam o interesse e rumo de seu pensamento nessa época.
Em uma, "Sobre o fogo", ele argumenta, muito ao jeito aristotélico, que os corpos agem
uns sobre os outros através de uma matéria sutil e elástica uniformemente difusa que é a
substância básica de ambos calor e luz.

A seguir, por 15 anos, ele ensinou na universidade, primeiro dando aulas de ciência e
matemática, mas gradualmente ampliando seu campo de interesse a quase todos os
ramos da filosofia. A Física newtoniana o impressionou, não apenas pelas suas
implicações filosóficas quanto pelo seu conteúdo científico. Impressionou-o igualmente
as asserções leibnizianas, as quais criticaria no futuro.

Sua fama como professor e escritor aumentou constantemente durante seus 15 anos
como livre-docente. Cedo ele já lecionava sobre muitos assuntos além de física e
matemática, incluindo lógica, metafísica, e filosofia moral. Até mesmo ensinou sobre
fogos de artifício e fortificações e cada verão, por 30 anos, deu um curso popular sobre
geografia física. Seu estilo, que diferia grandemente daquele de seus livros, era
humorístico e vivo, vivificados por muitos exemplos de suas leituras em literatura
inglesa e francesa, viagem e geografia, ciência e filosofia.

Apesar de que as aulas e os trabalhos escritos nesses 15 anos como livre-docente


estabeleceram sua reputação como um filósofo original, ele não recebeu uma cadeira na
universidade até 1770, quando foi feito professor de lógica e metafísica, uma posição
que manteve até 1797, continuando nesses 27 anos a atrair grande número de estudantes
para Königsberg.

Conflito com o governo. O ensino não ortodoxo de religião de Kant, que era baseado no
racionalismo mais que na revelação, o colocaram em conflito com o governo da Prússia,
e em 1792 ele foi proibido pelo rei Frederico Guilherme II de ensinar ou escrever sobre
temas religiosos. Ele obedeceu essa ordem por cinco anos, até a morte do Rei e então
sentiu-se liberado dessa proibição. Em 1798, o ano que se seguiu a sua aposentadoria da
universidade, publicou um resumo de seus pontos de vista religiosos.

Sedentarismo. Apesar de que ele falhou duas vezes em obter uma cátedra em
Konigsberg, Kant recusou aceitar ofertas que o teriam levado para fora, inclusive o
professorado de literatura em Berlim, que lhe teria dado grande prestígio. Preferiu a paz
de sua cidade natal para trabalhar e desenvolver seu pensamento. Sua filosofia crítica
brevemente estava sendo ensinada em cada universidade de língua alemã importante, e
os jovens afluíam a Königsberg como à Meca da Filosofia. Em alguns casos o governo
prussiano até pagava- lhes as despesas. Kant passou a ser consultado como um oráculo
em todo tipo de questão, inclusive em assuntos como a legalidade da vacinação.

Vida sistemática. As muitas homenagens não interromperam os hábitos regulares de


Kant, que seguiu sempre sua rotina de trabalho e investigação filosófica sobre a vasta
gama de tópicos que se pode ver da lista de seus trabalhos. Com pouco mais de 1,50 m
de altura, com o peito deformado e sofrendo de saúde precária, Kant manteve através da
sua vida um severo regime. Era um sistema cumprido com tal regularidade que as
pessoas diziam poder acertar os relógios de acordo com sua caminhada diária ao longo
da rua que depois recebeu o nome, em sua homenagem, de "Caminhada do Filósofo".
Até que a idade o impediu, sabe-se que ele somente perdeu sua aparição regular na
ocasião em que o "Emile", de Rousseau o fascinou tanto que, por vários dias, ele ficou
em casa ocupado com sua leitura..

Morte. Após um declínio gradual que foi muito doloroso para seus amigos tanto quanto
para ele próprio, Kant morreu em Königsberg em 12 de fevereiro de 1804. Suas últimas
palavras foram "isto é bom".

Filosofia:

Durante o período de sua carreira acadêmica, estendendo de 1747 a 1781, Kant, como
professor, seguiu a filosofia então prevalecente na Alemanha, que era a forma
modificada do racionalismo dogmático de Wolff com fundamento em Leibniz. Porém,
as aparentes contradições que ele descobriu nas ciências físicas, e as conclusões a que
Hume havia chegado na sua análise do princípio de causa, dizendo que a relação de
causa e efeito é uma questão de hábito e não uma "verdade de razão" como supunha
Leibniz, acordaram-no para a necessidade de revisão ou criticismo de toda experiência
humana do conhecimento, com o propósito de permitir um grau de certeza para as
ciências físicas, e também para o propósito de colocar sobre uma fundação sólida as
verdades metafísicas que o ceticismo fenomenalista de Hume tinha destruído.

Kant achou que o velho racionalismo dogmático havia dado muita ênfase aos elementos
a priori do conhecimento e que, por outro lado, a filosofia empírica de Hume tinha ido
muito longe quando reduziu todo conhecimento a elementos empíricos ou a posteriori.
Portanto, ele se propõe passar o conhecimento em revista em ordem a determinar
quanto dele deve ser consignado aos fatores a priori ou estritamente racionais, e quanto
aos fatores a posteri resultantes da experiência. Ele mesmo afirmava que o negócio da
filosofia é responder a três questões: O que eu sei? O que devo fazer? O que devo
esperar? No entanto, as respostas para a segunda e terceira perguntas dependem da
resposta para a primeira: nosso dever e nosso destino podem ser determinados somente
depois de um profundo estudo do conhecimento humano.

Metafísica

O problema fundamental de toda a metafísica é a questão "que é que existe?" E quanto a


essa questão fundamental, as principais correntes que, no final do século XVIII Kant se
propõe a conciliar, são o realismo, o seu oposto o idealismo, o racionalismo e seu
oposto o empirismo.

O realismo sustenta que, no conhecimento humano, os objetos do conhecimento são


intuídos, apreendidos e vistos como eles realmente são em sua existência fora e
independente da mente. Então, conhecer uma coisa significa encontrar entre os
conceitos possíveis aquele que está adequado a essa coisa (a essência). Se a isso
acrescentamos os caracteres acidentais individuais da substância, então chegamos ao
conhecimento pleno da realidade.

O idealismo, ao contrário, sustenta que as coisas existem conforme a mente pode


construí-las; tudo que existe é conhecido para o homem nas dimensões que são mentais,
como idéias ou através de idéias. O idealismo metafísico sustenta a idealidade da
realidade, e o idealismo epistemológico sustenta que, no processo do conhecimento, os
objetos da mente estão condicionados pela sua perceptibilidade.

O racionalismo tem a razão como suprema fonte e teste do conhecimento, sustentando


que a realidade, ela mesma, tem uma estrutura lógica inerente; para o racionalismo
existe uma classe de verdades que o intelecto pode intuir diretamente, além do alcance
da percepção sensível.

Ao racionalismo opõe-se o empirismo, que sustenta que todo conhecimento vem, e


precisa ser testado, pela experiência sensível.

Já se vê que essa última corrente, a do empirismo, tende a negar a Metafísica, porque


esta trata das possibilidades de intuição, do conhecimento para além das coisas
apreendidas pelos sentidos, para além da experiência, e testa se uma proposição à qual
se chega assim, pelo raciocínio, pela razão, e que não expressa apenas a simples soma
de dados da realidade concreta, pode ser verdadeira, e, neste caso, que princípios se
pode tomar para verificar e garantir que tal proposição seja, de fato, verdadeira.
A filosofia de Kant vai tocar em todas essas correntes, como veremos abaixo. E para
tentar compreendê-la vamos necessitar primeiro aclarar uma complicada nomenclatura
que classifica as proposições, ou juízos; de outro modo não será possível compreender o
pensamento do filósofo, porque o que elet faz de importante é precisamente renomear e
reclassificar certos conceitos relativos às proposições metafísicas, mediante uma visão e
uma teoria, inteiramente novas, do conhecimento.

Proposições ou juízos. Toda proposição ou juízo consiste num sujeito lógico do qual se
diz algo, e um predicado, que é aquilo que se diz desse sujeito. Kant, como os filósofos
aristotélicos, diferenciava modos de pensar –, ou seja, as proposições ou juízos – em
analíticos e sintéticos.

Os juízos analíticos, são o resultado de se tomar parte do sujeito como predicado, sem
referência imediata à experiência. Leibniz os chamou "Verdades de razão"; todos os
juízos analíticos são a priori, porque a ligação, o nexo, neles, é percebido sem apelo à
experiência.

Os juízos analíticos são sempre verdadeiros, visto que não dizem mais como predicado
que aquilo que já está no sujeito mesmo, de tal forma que os juízos em questão
consistem apenas em um processo de análise. Assim, nos juízos analíticos, dentro do
conceito do sujeito tem que estar os seus próprios predicados. Uma proposição analítica
é uma na qual o predicado está contido no sujeito como na afirmação: "A casa verde é
casa". São universais, porque o que dizem é independente de tempo e lugar, e são
necessários porque não podem ser de outro modo; distinguem-se do conhecimento
empírico pela universalidade e necessidade.. São, pois, como dito acima, a priori, "sem
apelo à experiência", razão pura, que não tem sua origem na experiência. Conforme o
exemplo, uma casa é uma casa, mesmo que não exista nenhuma casa no mundo.

Kant usa indiferentemente o termo "a priori" e o termo "puro". Razão pura é razão a
priori; intuição pura é intuição a priori. Puro e a priori, ou independente da experiência,
são expressões que ele utiliza como sinônimos. A verdade, neste tipo de proposição, é
evidente, porque afirmar o inverso seria fazer a proposição contraditória. Tais
proposições são chamadas analíticas porque a verdade é descoberta pela análise do
próprio conceito.

A filosofia de Leibniz, que Kant conhece através de Christian Wolff, estava baseada no
princípio supremo da não-contradição. Qualquer conceito que contenha uma
contradição não expressa a possibilidade, e por isso não pode expressar a realidade. Por
isso a proposição analítica é a verdadeira, porque diz algo necessário, inescapável, de
que não se pode fugir de admitir, conclusão obrigatória, contra o que não se pode
levantar uma contradição. Mas torna-se um juízo óbvio, tautológico. Kant diz que o
juízo analítico não faz avançar o conhecimento porque fica dentro dos conceitos da
mesma proposição, e nada avança além dos dados desses conceitos. O juízo analítico
está fundado no princípio de identidade e não é mais do que uma tautologia; repete no
predicado aquilo que já está enunciado no sujeito.

Os juízos sintéticos, diferentemente, são aqueles em que não se pode chegar à verdade
por pura análise de suas proposições. Os juízos sintéticos, as proposições sintéticas, são
resultado de se "juntar" (síntese) os fatos, ou dados, da experiência. Ainda de acordo
com os aristotélicos, todos os juízos sintéticos são a posteriori, porque eles são
dependentes da experiência.

As proposições ou juízos sintéticos unem o conceito expresso pelo predicado ao


conceito do sujeito, e nos informa alguma coisa de novo. Na proposição "A casa é
verde", preciso ver a casa para confirmar que é, de fato, verde (No caso "A casa verde é
verde", um juízo analítico, eu não precisaria da experiência para saber que a casa é
verde porque isto já está expresso no próprio sujeito "casa verde"). Os juízos sintéticos
são feitos com fundamento na experiência, na percepção sensível. Nos juízos sintéticos,
o conceito do predicado não está contido no conceito do sujeito. Como, por exemplo,
quando dizemos que as ondas eletromagnéticas produzem em nós a sensação do calor e
igualmente dilatam os corpos. Todas as proposições resultantes da experiência do
mundo são sintéticas.

Leibniz e Hume. Esclarecida essa nomenclatura, precisamos tocar de leve o pensamento


de Leibniz e Hume, os dois filósofos envolvidos na questão que Kant queria elucidar,
que era a natureza da verdade científica, se ela podia ser garantida pela Metafísica como
verdade de razão.

Leibniz deu à Metafísica um par de primeiros princípios que garantiriam os juízos


analíticos que, como visto, são a priori, são "verdades de razão", absolutamente
incontestáveis. Leibniz os chamava o "princípio de contradição" e o "princípio de razão"
ou "causa suficiente".

Leibniz construiu esses princípios para estabelecer o que é possível e o que é


impossível. Leibniz sustentava que esses princípios são sabidos se sustentarem, eles
próprios, a priori (independentemente da experiência) e Wolff, seu discípulo, até
mesmo tentou fazer derivar o princípio de razão suficiente do princípio de não
contradição.

Conquanto o princípio de não contradição seja de aceitação fácil, já o princípio de causa


suficiente logo suscitou dúvidas, e principalmente a David Hume. Esse princípio
estabelece que cada fato existente ou verdadeiro tem uma causa, uma razão que o
constitui e impede as coisas de serem de outro modo. E Hume vem a contestar que uma
proposição pudesse ser analítica, - a priori, absolutamente incontestável -, simplesmente
por via de uma razão ou causa suficiente. Isto porque a relação de causa e efeito para ele
representava experiência, hábito em ver causa e efeito em tudo o que acontece, e não
seria "razão", ligação inconteste entre um sujeito e um predicado como requerem as
proposições analíticas.

Diz Hume "Quando observamos os objetos ao nosso redor, e consideramos a operação


de causa, nunca podemos, em um único caso, descobrir qualquer poder ou conecção
necessária; qualquer qualidade que ligue o efeito a causa, e torne uma a conseqüência
infalível da outra. Nós apenas verificamos que uma, na verdade, de fato, segue-se à
outra" (Enquiry, Section VII, Part I). A conecção é feita por um ato da mente "Quando
dizemos, portanto, que um objeto está ligado a outro, queremos apenas dizer que ele
adquiriu uma conecção em nosso pensamento, e isto parece fundado em evidencia
suficiente" (Idem, Part II).
Então, segundo Hume, esse princípio da causa eficiente não podia dar proposições
analíticas como deveriam ser os princípios metafísicos, quer dizer, não se podia inferir
diretamente de um fato a sua causa, de modo a priori, com o uso exclusivo da razão,
como nas proposições analíticas, nas quais o predicado já está contido no sujeito, -
como no exemplo acima "A casa verde é casa"- , extraindo-a do próprio enunciado. Era
preciso juntar, sintetizar fatos da experiência, o que transformava a proposição em
sintética, em verdade a posteriori, o que quer dizer que ela incorporava outros fatos
para formar o predicado, e então não podia ser um princípio metafísico, uma verdade
validada pela razão. A proposição sintética por si não garante verdade.

Kant, professor de Metafísica, estava diante de um problema. Era evidente que as


verdades da experiência não eram menos verdade só porque derivavam da experiência.
Elas eram a posteriori a primeira vez, mas de algum modo se tornavam a priori no
sentido de que, independentemente de novas experiências, a razão já lhes dava um
tratamento a priori como verdades. Apesar de sintéticas, eram a priori, como se
houvessem se tornado, de sintéticas, em analíticas. Por isso era necessário achar um
modo para que tais proposições pudessem ser parte da metafísica.

Juízos sintéticos a priori. Ao mesmo tempo que os juízos sintéticos são tomados como
base do conhecimento científico, o qual se baseia na observação, eles se tornam leis que
pretendem ser verdadeiras todo o tempo, e universais. Portanto, tais juízos teriam que
ser conhecimento sintético a priori, porque, uma vez suas leis estabelecidas pela
observação, passam a ser universais e independentes da experiência. Efetivamente,
Newton havia demonstrado, na Física, a possibilidade de reduzir a fórmulas
matematicamente exatas as leis fundamentais da natureza. A ciência está, portanto,
constituída por juízos a priori que são sintéticos, e não juízos analíticos.

Intuição sensível. A arrojada tese de Kant na "Crítica da Razão Pura" é que é possível
fazer juízos sintéticos a priori. Essa posição filosófica é usualmente conhecida como
transcendentalismo. Mas para isso ele introduz um conceito novo na metafísica: o de
intuição sensível.

A intuição sensível é a condição para que o ato do conhecimento se faça segundo juízos
sintéticos que são também a priori, apesar de obtidos fora da análise conceitual própria
da razão pura, uma vez que resultam da intuição exercida sobre a observação e a
experiência, e somente poderiam ser particulares e momentâneos. Mas, abrindo na razão
esse comportamento da intuição sensível, Kant podia agora fazer importantes correções.

O que era preciso corrigir na metafísica: A metafísica vinha considerando intuição de


racionalidade apenas a intuição de causa e efeito, de causa suficiente, para validar as
verdades de razão, quando existiam outras formas de intuição que podiam garantir
também verdades de razão. A correção indispensável é que era preciso admitir todas as
formas de intuição racionais, não apenas a de relação de causa e efeito, mas também a
de quantidade, a de qualidade, e a de modalidade, e por meio de todas elas, é claro, o
espírito intuía verdades de razão.

Em geral, Kant acredita que a tarefa de mostrar como juízos sintéticos podem ser feitos
a priori é a primeira tarefa da Metafísica. Ele sustentou que os grandes metafísicos do
passado falharam em fazer isto. Intuição intelectual é uma ficção. Nenhuma inferência
além da experiência, na intuição intelectual, se justifica. Análises de conceitos não irão
produzir verdades além de puras tautologias, quando o que, de fato, conduz a um
conhecimento novo são as verdades sintéticas, por via da intuição sensível.

O que era preciso corrigir em Leibniz: Leibniz corretamente construiu o princípio da


"causa suficiente" como a priori, mas classificou-o erradamente como analítico. Se
estava numa relação causal, o juízo era sintético, não podia ser analítico. Mas,
ressalvado que era sintético, continuaria a ser a priori como queria Leibniz, pois o
princípio de "causa suficiente" referia-se a uma forma de intuição e toda intuição é um
conhecimento a priori.

O que era preciso corrigir em Hume: Hume corretamente construiu o juízo causal como
sintético mas, incorretamente, concluiu que ele era por isso exclusivamente empírico, a
posteriori, não correspondia a verdades de razão, como queria Leibniz (que o havia
tomado erradamente como analítico). Ora, corrigido que o juízo causal não era analítico,
como havia pretendido Leibniz, mas sintético, intuído da experiência, era também
verdade de razão, era intuição, por isso gerava conhecimento a priori, necessário, do
mesmo modo que os conhecimentos a priori intuídos das proposições analíticas.

O espaço e o tempo. Revirando na mente a questão das intuições Kant foi descobrindo
mais coisas. O espaço e o tempo eram duas formas fundamentais de sensibilidade,
formas indispensáveis à intuição sensível. E disse o que chocaria muita gente não fosse
dito por ele, Kant, que as proposições ou juízos matemáticos eram sintéticos, porque
dependiam dessas formas fundamentais, e, no entanto, estava convencido de que eram
verdades necessárias.

A solução de Kant então é essa, que o conhecimento sintético depende de formas de


sensibilidade e intelecção previamente existentes na qual as impressões são colocadas. É
porque possui o espaço como uma estrutura inerente à sua sensibilidade que o sujeito
cognoscente pode perceber os objetos como relacionados espacialmente. Pode-se pensar
o espaço sem coisas, mas não as coisas sem o espaço.

Para a geometria, o espaço puro é o primeiro suposto. A geometria supõe o espaço sob
os seus conceitos de polígonos. Ex: "A linha reta é a distância mais curta entre dois
pontos" (qualquer linha reta = universalidade; em quaisquer condições = necessidade).
Embora não tenha em si o princípio de não contradição, e dependa da intuição de espaço
e portanto é sintética, essa firmação é conhecimento puro ou a priori porque a intuição
do espaço está na mente. Uma vez concebida, não depende mais da experiência
sensível. É verdade de razão, distinguindo-se do empírico pela universalidade e
necessidade.

O que foi esquecido, contesta Kant (em um rodapé no Apêndice de seu livro
"Prolegomena a qualquer futura Metafísica"), é que ha um tipo de conhecimento a
priori associado com os sentidos. Em particular, as verdades matemáticas são
conhecidas porque espaço e tempo são "formas de intuição sensível". Eles são pré-
requisitos absolutos para a representação de objetos sensíveis; qualquer objeto da
experiência precisa ser representado em espaço e tempo. A Geometria é a ciência do
espaço e a aritmética a ciência do tempo, e suas proposições são verdades necessárias
relativas aos objetos no espaço e no tempo. Em fim, nós raciocinamos sobre as
condições de representação, e a intuição intelectual torna-se dispensável.
No entanto, fora do espaço e do tempo elas não são absolutamente necessárias. Para que
fossem, seu oposto precisava implicar a contradição. Mas Kant reconhece a consistência
de geometrias alternativas, que podem implicar proposições contrárias. Assim, uma
proposição pode ser verdade em uma e falsa em outra (p. ex. a soma dos ângulos de um
triângulo é 180 graus, o que é verdade na geometria euclidiana mas falsa nas geometrias
não euclidianas).

De outro lado, Kant reconheceu o princípio da razão suficiente (para coisas no tempo:
cada alteração de uma coisa tem uma causa) como uma verdade necessária. Kant alegou
que os princípios da matemática são necessários enquanto forem condições da
representação sensível. Podemos agora dizer que eles são sintéticos, quanto a que seu
oposto não implica uma contradição. Princípios de "ciência natural pura" tal como o
princípio causal acabado de ser mencionado, são também sintéticos e conhecido a
priori. Eles são condições para a coerência ou "unidade" da experiência. São
necessários para que nós sejamos capazes de representar um mundo de objetos como
pertencentes a uma única experiência.

O espaço é intuição pura, a priori. É um subposto que o homem coloca à sua


experiência com os objetos, mas é absolutamente independente da experiência; não
podemos ter experiência de nada senão no espaço. O espaço não deriva da experiência e
também não é um conceito. O conceito compreende uma multiplicidade. O conceito de
homem, por exemplo, é a unidade mental sintética daqueles caracteres que definem
todos os homens. Ao contrário do conceito, a intuição toma conhecimento diretamente
de uma individualidade: o espaço é único; é intuição pura.

Igualmente, é porque a representação do tempo lhes serve de fundamento que a


simultaneidade ou sucessão das coisas pode ser percebida; as coisas e os fatos não
existem sem o tempo, mas o tempo existe sem as coisas. Também o tempo é a priori, ou
seja, independente da experiência. Algo acontece porque no decurso do tempo esse algo
vem a ser. Podemos conceber o tempo sem acontecimentos, mas não um acontecimento
sem o tempo.

O tempo também não é conceito, porque não existem muitos tempos: o tempo, como o
espaço, é intuição.

Em sua filosofia, Kant reformula o racionalismo, ao demonstrar que o conhecimento a


priori, próprio da razão pura, pode originar-se também da experiência, e isto porque a
experiência envolve elementos que são intuições puras, a priori, e estas são
principalmente as intuições de espaço e tempo.

Dá um golpe mortal no realismo ao olhar o mundo material como fruto da intuição


sensível. Os objetos do mundo material são fundamentalmente incognocíveis: do ponto
de vista da razão eles servem meramente como a matéria prima da qual as sensações são
formadas. Os objetos eles mesmos não tem existência, e o espaço e o tempo existem
somente como partes da mente, como "intuições" pelas quais as percepções são medidas
e julgadas.

Importância relativa entre espaço e tempo. O Espaço e tempo são "subpostos" como
condições de conhecimento, condições que, partindo do sujeito, precisam realizar-se
para que o objeto seja efetivamente objeto do conhecimento. Esses subpostos Kant
chama "condições transcendentais da objetividade". Espaço e tempo seriam, assim, duas
condições sem as quais é impossível conhecer, mas são formas de sensibilidade, por
isso Kant os trata na Estética Transcendental.

O espaço é a forma da experiência ou percepções externas; o tempo é a forma das


vivências ou percepções internas. Porém, ao mesmo tempo que eu percebo a coisa
sensível, tenho, além de sua percepção como coisa externa, a sua "apercepção" interna,
dando-me conta de que a percebo. Por conseguinte, o tempo tem uma posição
privilegiada em relação ao espaço, porque é forma da sensibilidade externa e interna,
com referência a objetos exteriores e a acontecimentos interiores, abrangendo assim a
totalidade das vivências possíveis.

Rubem Queiroz Cobra

Doutor em Geologia e bacharel em Filosofia

Lógica - Gottob
Frege
Frege (1848-1925) e Peano
(1858-1932) trabalharam para
fornecer bases mais sólidas à
álgebra e generalizar o raciocínio
matemático.

Gottlob Frege ocupa um lugar


de destaque dentro da Lógica.
Embora não tão conhecido em
seu tempo e bastante incompreendido, deve-se ressaltar
que ainda hoje torna-se difícil descrever a quantidade de
conceitos e inovações, muitas revolucionárias, que
elaborou de forma exemplar pela sua sistematização e
clareza. Muitos autores comparam seu Begriffsschrift aos
Primeiros Analíticos de Aristóteles, pelos pontos de vista
totalmente geniais.

Frege foi o primeiro a formular com precisão a diferença


entre variável e constante, assim como o conceito de
função lógica, a idéia de uma função de vários
argumentos, o conceito de quantificador. A ele se deve
uma conceituação muito mais exata da teoria aristotélica
sobre sistema axiomático, assim como uma clara distinção
entre lei e regra, linguagem e metalinguagem. Ele é autor
da teoria da descrição e quem elaborou sistematicamente
o conceito de valor. Mas isto não é tudo, pois todas estas
coisas são apenas produtos de um empreendimento muito
maior e fundamental, que o inspirou desde suas primeiras
pesquisas: uma investigação das características daquilo
que o homem diz quando transmite informação por meio
de juízos.

Na verdade o que Frege chamou de Lógica - assim como


seus contemporâneos Russell e Wittgenstein - não é o
que hoje é chamado Lógica, fruto do formalismo e da
teoria dos conjuntos que acabaram por predominar entre
os matemáticos, mas sim nossa semântica, uma disciplina
sobre o conteúdo, natureza desse conteúdo e estrutura.
Frege gastou considerável esforço na separação de suas
concepções lógicas daquelas concepções dos 'lógicos
computacionais' como Boole, Jevons e Schröeder. Estes
estavam, como já foi dito, empenhados no
desenvolvimento de um cálculo do raciocínio como
Leibniz propusera, mas Frege queria algo mais ambicioso:
projetar uma lingua characteristica. Dizia ele que uma
das tarefas da filosofia era romper o domínio da palavra
sobre o espírito humano. O uso de um sistema simbólico,
que até então somente se pensava para a matemática,
procurou-o usar Frege também para a filosofia: um
simbolismo que retratasse o que se pode dizer sobre as
coisas. Ele buscava algo que não somente descrevesse ou
fosse referido a coisas pensadas, mas o próprio pensar.

Os lógicos tradicionais estavam basicamente interessados


na solução de problemas tradicionais de lógica, como por
exemplo a validade. O objetivo de Frege foi mais além:
entrou no campo da semântica, do conteúdo, do
significado, onde encontrou o fundamento último da
inferência, da validade, etc. Frege acabou derivando para
uma filosofia da lógica e da matemática e influenciou
diretamente a Russell, David Hilbert, Alonzo Church e
Carnap. Destes, Hilbert e Church têm um papel decisivo
na História conceitual da Ciência da Computação.

Frege desejava provar que não somente o raciocínio usado


na matemática, mas também os princípios subjacentes -
ou seja, toda a matemática - são pura lógica. Porém ele
expressou suas buscas e resultados - pelos quais acabou
sendo considerado um dos pais da Lógica moderna, de
uma forma excessivamente filosófica, em uma notação
matemática não convencional. O mérito maior de Frege
foi elaborar uma concepção lógica mais abrangente do
que a Lógica de Aristóteles. Em um procedimento que
lembra a "characteristica universalis", Frege construiu um
sistema especial de símbolos para desenvolver a lógica de
maneira exata e foi muito além das proposições e dos
argumentos. Em sua grandes obras, Begriffsschrift
(Ideografia ou Conceitografia) e Grundgesitze (Leis
Fundamentais da Aritmética, Ideograficamente
Deduzidas), está contida de modo explícito e plenamente
caracterizado uma série de conceitos - conectivos, função,
função proposicional, quantificadores, etc. - que seriam
vitais para a Lógica Matemática a partir de então

Foi através do contato com a obra de Frege que Bertrand


Russell procurou levar avante a idéia de construir toda a
matemática sobre bases lógicas, convencido de que ambas
são idênticas. Os postulados fregianos, adotados
primeiramente por Peano, foram incorporados por
Russell, que extendeu as teses logicistas de Frege à
Geometria e às disciplinas matemáticas em geral.

Peano tinha
objetivo
semelhante a
Frege, mas
mais realista.
Ele
desenvolveu
uma notação
formal para
raciocínio
matemático
que
procurasse
conter não só
a lógica
matemática
mas todos os
ramos mais
importantes
dela. O simbolismo de Peano e seus axiomas - dos quais
dependem tantas construções rigorosas na álgebra e
análise - "representam a mais notável tentativa do século
de reduzir a aritmética comum, e portanto a maior parte
da matemática, a um puro simbolismo formal. Aqui o
método postulacional atingiu novo nível de precisão, sem
ambigüidade de sentido, sem hipóteses ocultas"

Já Hilbert procurou colocar em prática a teoria da


demonstração de Frege, e pode-se ver nessas palavras de
Frege as idéias implementadas posteriormente no
programa hilbertiano: "a inferência procede pois, em meu
sistema de escrita conceitual (Begriffsschrift), seguindo
uma espécie de cálculo. Não me refiro a este em sentido
estrito, como se fosse um algoritmo que nele
predominasse, (...), mas no sentido de que existe um
algoritmo total, quer dizer, um conjunto de regras que
resolvem a passagem de uma proposição ou de duas, a
outra nova, de tal forma que nada se dá que não esteja de
acordo com estas regras. Minha meta é pois uma
ininterrupta exigência de precisão no processo de
demonstração, e a máxima exatidão lógica, ao mesmo
tempo que clareza e brevidade"

Pode-se notar a partir desse momento uma guinada no


conceito de Lógica: o objeto da investigação lógica já não
são mais as próprias fórmulas, mas as regras de operação
pelas quais se formam e se deduzem.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Zen%C3%A3o_de_C%C3%ADtio

Zenão de Cítio
4 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Zenão de Cítio

Busto de Zenão de Cítio no museu de Pushkin.


334 AC
Nascimento
Cítio, Chipre
Morte 262 AC
Ocupação Filósofo
Escola/tradição Estoicismo
Principais
Lógica, Física e Ética
interesses
Idéias notáveis Funadador do Estoicismo
Cinismo, Crates de Tebas, Diodorus Cronus, Heráclito
Influências de Éfeso, Hipparchia de Maroneia, Philo o Dialético,
Polemon, Stilpo.
Cleanthes, Crisipo de Solis, Panaetius, Posidónio,
Influenciados
Séneca, Epicteto, Marco Aurélio

Zenão de Cício (340 a.C. - 264 a.C.) foi um filósofo helenista, fundador do estoicismo.

Zenão nasceu em Cítio, na ilha de Chipre. Transferiu-se para Atenas por volta de 312 ou
311 a.C., atraído pela filosofia (ou, segundo outros, após perder sua fortuna em um
naufrágio na costa da Ática).

Em Atenas, Zenão foi discípulo de Crates de Tebas e estudou os antigos filósofos


(dentre estes, Heráclito de Éfeso, que muito o influenciou). Aos 42 anos, fundou a
escola estóica, reunindo seus alunos sob os pórticos (em grego, "stoa" ) de templos,
mercados e ginásios.

Zenão propôs uma tripartição na filosofia: lógica, física e ética. A lógica fornece um
critério de verdade. A física constitui um materialismo monista e panteísta. A ética
regula as ações humanas, cujo objetivo é a conquista da felicidade e esta deve ser
perseguida segundo a natureza.

A doutrina filosófica de Zenão de Cítio afirma que o ser humano atinge a plenitude e a
felicidade quando abandona todas as paixões terrenas, contrariedades, aborrecimentos e
desassossegos. Para Zenão a única forma de viver sem essas contrariedades é viver em
ataraxia ou apatia, ou seja, abandonado ao destino, impassivamente, nada receando e
nada esperando.

Apesar de compartilhar diversos conceitos básicos da filosofia de Epicuro de Samos,


Zenão e o estoicismo em geral divergem do epicurismo por entender que a virtude, e
não o prazer, constitui o bem supremo. Além disso, consideram que o princípio chave
do universo é a lei racional da natureza, e não e o movimento aleatório dos átomos.

http://www.consciencia.org/estoicismobrehier.shtml

1.1 O Antigo Estoicismo


por
Émile Bréhier

Tradução de Miguel Duclós

Foram utilizadas as seguintes edições para o estabelecimento desse texto:


• Histoire de la Philosophie – Tome Premier, L’Antiquité et le Moyen Age – 2 – Période
Hellénistique et Romaine, Presses Universitaires de France, Paris, 1948.
• Historia de la Filosofía, 1ºvol., Traducción por Demetrio Náñez, Buenos Aires, Editorial
Sudamericana, 1948.

• E para cotejamento e comparação: História da Filosofía – Tomo Primeiro – A Antiguidade


e a Idade Média – II – Período Helenístico e Romano, Tradução de Eduardo Sucupira
Filho. Editora Mestre Jou, São Paulo, 1978.

Chama-se época helenística o período de tempo durante o qual a cultura grega passa a
ser o bem comum de todos os países mediterrâneos, impondo-se, desde a morte de
Alexandre até os dias das grandes conquistas romanas, do Egito a Síria até Roma e
Espanha, nos meios judeus médio instruídos como na nobreza romana. A língua grega,
na forma de dialeto comum (koiné) é o instrumento desta cultura.

Em alguns aspectos este período é um dos mais importantes da história da civilização


ocidental. Assim como as influências gregas chegam ao Extremo Oriente, de modo
inverso, a partir das expedições de Alexandre vemos o Ocidente grego aberto às
influências do Oriente e do Extremo Oriente. Assim seguimos, em sua maturidade e em
seu declínio brilhante, para uma filosofia que, longe das preocupações políticas, aspira
descobrir as regras universais da conduta humana e conduzir as consciências.
Assistimos, durante este declínio, à ascenção gradual das religiões orientais e do
cristianismo. Depois vem a invasão dos bárbaros, a decomposição do império e o longo
recolhimento silencioso que prepara a cultura moderna.

I – Os Estóicos e o Helenismo

O grande século filosófico de Atenas, o século IV a.C., representa um magnífico


impulso idealista, que impregna de pensamento filosófico toda a civilização, mas que
logo se detém e morre em dogmas cristalizados; é um voltar-se para si dos homens que
renega a cultura para não buscar apoio senão em si mesmo, na sua vontade tensa pelo
esforço, ou no gozo imediato de suas impressões. A partir do século IV a.C., as ciências,
expulsas da filosofia, continuarão sua vida com autonomia, e o século III a.C. é o século
de Euclides (330-270), de Arquimdes (287-212) e de Apolônio (260-240), um grande
século para as matemáticas e para a astronomia, enquanto que, no Museu de Alexandria,
cujo bibliotecário é o geógrafo Erastótenes (275-194), as ciências de observação e a
crítica filológica se desenvolvem paralelamente.

Quanto à filosofia, é evidente que toma uma forma completamente nova e não continua
nenhuma das direções que até então tinha tomado. Os grandes dogmatismos que vemos
nascer então – estoicismo e e epicurismo – em nada se parecem ao que lhes precede;
ainda que sejam muitos os pontos de contato com seus antecessores, seu espírito é
completamente novo. Este é caracterizado por dois traços brilhantes: o primeiro é que é
impossível ao homem encontrar regras de conduta ou alcançar a felicidade sem apoiar-
se em uma concepção do universo determinada pela razão; a investigação acerca da
natureza das coisas não tem um fim em si mesma, na satisfação da curiosidade
intelectual, mas exigem também a prática. O segundo traço, mais ou menos manifesto, é
a tendência à disciplina de escola, segundo o qual o novo filósofo não tem que buscar o
que já foi encontrado antes e a razão e o raciocínio só servem para consolidar nele os
dogmas da escola e dar-lhes uma segurança inabalável; mas nestas escolas não se trata,
muito menos, da investigação livre, desinteressada e ilimitada da verdade, mas de se
assimilar uma verdade já encontrada.

Através da primeira destas características, os novos dogmatismos rompiam com a


incultura dos socráticos e devolviam à filosofia a preocupação com o conhecimento
racional; pela segunda, rompiam com o espírito platônico, ao não serem afeiçoados com
a investigação independente, como o Platão socrático, nem autoritários e inquisidores,
como o autor do livro X das Leis. Racionalismo, se se quer, mas racionalismo
doutrinário que encerra as questões, e não, como em Platão, raciocínio de método que
abre as questões.

Tantos traços novos não foram aceitos sem resistência, e já veremos que continua, no
século III, por debaixo dos grandes dogmatismos, a tradição dos socráticos.

Para compreender bem o alcance e o valor destes dois traços, convém perguntar quem
eram os homens que introduziram estas novidades e como reagiram ante as novas
circustâncias históricas criadas pela hegemonia macedônica.

Atenas continua sendo o centro da filosofia, mas nenhum dos novos filósofos é
ateniense, nem mesmo grego continental. Todos os estóicos conhecidos do século III
são metecos vindos de países que estão às margens do helenismo, da grande tradição
cívica e pan-helênica, influenciados por muitas outras correntes que não a helênica, em
especial a dos povos vinhos da raça semita. Uma cidade de Chipre, Citio, deu
nascimento a Zenão, o fundador do estoicismo, e a seu discípulo Perseo; o segundo
fundador da escola, Crisipo, Antipater e Arquedemo também são de Tarso. De países
propriamente semitas vem Herilo de Cartago, discípulo de Zenão, e Boeto de Sidón,
discípulo de Crisipo. Os procedentes das comarcas mais próximas são Cleantos de
Assos (costa eólia) e outros dois discípulos de Zenão, Estero de Bósforo e Dionísio de
Heraclea, em Bitinia, sobre o Ponto Euxino. Na geração que se segue à de Crisipo,
Diógenes da Babilônia e Apolodoro de Selêucia vem da remota Caldéia.

A maior parte destas cidades não tinha atrás de si, como as cidades da Grécia
continental, longas tradições de independência nacional, e seus habitantes estavam
acostumados a viajar até os mais longínquos países por motivos comerciais. Se diz que
o pai de Zenão de Cítio era um comerciante chipriota que, quando vinha a Atenas para
seus negócios, comprava livros dos socráticos, cuja leitura inspirou no filho o desejo de
escutar tais mestres. [1]

Mas estes semi bárbaros se mantinham totalmente indiferentes à política local das
cidades gregas. Assim o comprova a atitude política dos protagonistas da escola durante
o século que vai desde a morte de Alexandre (323) até a intervenção dos romanos nos
assuntos gregos, em 205.

Conhecemos as grandes linhas da história política da Grécia nesta época; é um campo


fechado em que se enfrentam os sucessores de Alexandre, principalmente os reis da
Macedônia e os Ptolemeus. As cidades, ou ligas de cidades, não sabem fazer mais do
que apoiar-se em uma das duas potências para evitar serem dominadas pela outra. A
constituição das cidades muda pela vontade dos senhores do momento que, conforme o
caso, se apóiam no partido oligárquico ou democrático. Atenas, em especial, nada faz
senão sofrer passivamente os resultados de uma conflagração que se estende por todo o
Oriente. Depois de uma vã tentativa para recuperar sua independência, Atenas se
entrega, pela paz de Demades (322), ao macedônico Antipater, que estabelece ali o seu
governo aristocrático e torna-se dono de toda a Grécia. Há um momento em que o
regente da Macedônia que o sucede, Polispercón, restabelece a democracia em Atenas,
para assegurar uma aliança (319); mas Cassandro, o filho de Antipater, expulsa a
Polispercón, restabelece o governo aristocrático em Atenas, sob a presidência de
Demetrio Faléreo, e se mantém na Grécia apesar dos esforços dos outros diádocos,
Antígono da Ásia e Ptolemeu, que se apóiam na liga das cidades eólias contra ele. Em
307 verifica-se nova mudança. Demetrio Faléreo é expulso de Atenas pelo filho de
Antígono da Ásia, Demetrio Poliorcetes, que devolve a Atenas sua liberdade,
desempossa o macedônio da Grécia inteira e se proclama seu libertador. Os atenienses,
abandonados por ele, são bastante fortes para deter, com o auxílio da liga etólia, a
Cassandro da Macedônia, que passa as Termópilas em 300 e é derrotado em Elateia.
Alguns anos (295) depois da morte de Cassandro, Demetrio Poliorcetes toma o trono da
Macedônia, que seus descendentes conservarão. A partir desse momento, a influência
macedônica predomina em Atenas quase sem oposição; apenas em 263, no reinado de
Antígono Gonatas, filho de Demetrio, Ptolemeu Evergetes se declara protetor de Atenas
e do Peloponeso e Atenas, sustentada por ele e pela Lacedemônia, faz um último e vão
esforço para recuperar sua independência (Guerra de Cremônides). Desde então, não
encontra mais sucesso. Contudo, a resistência aos macedônicos ainda está viva no
Peloponeso, onde a Macedônia planeja apoiar sua influência nos tiranetes das cidades.
Em 251, Arato de Sicione estabelece a democracia em sua pátria, e depois, tomando a
presidência da liga aquéia, expulsa os macedônicos de quase todo o Peloponeso e
reconquista Corinto. Mas, apesar de seus esforços, e ainda que planeje corromper com
dinheiro o governador macedônico da Ática, não pode fazer entrar na liga os atenienses
e busca apoio em Ptolemeu. É conhecido o triste fim deste último esforço da Grécia
pela sua independência; Arato encontra ante si um inimigo grego, Cleómenes, rei de
Esparta, renovador da antiga constituição espartana e aspirante a exercer de novo a
hegemonia no Peloponeso. Contra tal inimigo, Arato chama como aliado os reis da
Macedônia, que, desde a morte de Policrates, eram tradicionais inimigos das liberdades
gregas. Antígono Doson e seu sucessor, Felipe V, o ajudam, efetivamente, a derrotar
Cleómenes, mas voltam a se apoderar da Grécia até Corinto. Arato é vítima de seu
protetor, que o envenena, bem como a dois oradores atenienses que gostavam do povo
em demasia. Por fim, os romanos, no ano 200, livram os atenienses do jugo
macedônico, mas não para lhes dar a independência.

Este é o quadro em que se desenrola a história do Antigo Estoicismo, presidida por seus
três grandes escolarcas: Zenão de Cítio (324-264), Cleanto (264-232) e Crisipo (232-
204). Esta breve recapitulação histórica foi necessária para se compreender a atitude
política estóica, que é perfeitamente clara. Entre as cidades gregas que fazem os últimos
esforços para conservar suas antigas liberdades e os diádocos, que fundam extensos
estados, estes filósofos não duvidam: toda a sua simpatia é para os diádocos e,
particularmente, para os reis da Macedônia. Continuam assim a tradição dos cínicos,
admiradores de Alexandre e Ciro. Zenão e Cleanto jamais pediram o direito de
cidadania ateniense, e Zenão, segundo relatos, se vangloriava do título de Cidadão de
Cítio [2] . Os reis concendiam-lhes dádivas e lisonjas, pois compreenderam que havia
em tais escolas uma força moral que não podia se desprezar. Principalmente Antígono
Gonatas é um grande admirador de Zenão, escuta suas lições quando vai a Atenas,
assim como depois as de Cleanto, e envia um e a outro subsídios. Quando morre Zenão,
ele é quem toma a iniciativa de pedir à cidade de Atenas que erga um monumento à sua
honra no bairro de Cerâmico. Era um personagem suficientemente importante para que
não deixassem de visitá-lo os embaixadores que Ptolemeu enviava a Atenas. [3]
Antígono gostava de rodear-se de filósofos; tinha um na sua corte, Arato de Soles, autor
de Fenômenos, onde se encontra exposta a astronomia de Eudoxio; quis levar consigo
Zenão, como conselheiro e diretor de consciência; este, já ancião, recusou, mas lhe
enviou dois de seus discípulos: Filónides de Tebas e Perseu, jovem de Cítio que havia
sido seu servidor e cuja educação filosófica havia orientado. Perseu se converteu num
cortesão, e sua influência era intensa o bastante para receber as adulações do estóico
Aristón, se dermos crédito ao poema satírico de Tímon. Muitos anos depois, em 243, o
encontramos como chefe da guarnição macedônica de Acrocorinto no momento em que
a cidade é sitiada por Arato de Sicione, e parece que perdeu a vida defendendo a causa
macedônica contra as liberdades da Grécia.Nós o vemos intervir nas negociações que
um outro filósofo megárico, Menedemo de Eretria, político importante de sua cidade
natal, tinha entabulado com Antígono para livrar a Eretria dos tiranos e estabelecer nela
a democracia. E Perseu, ao que parece, serviu somente à política macedônica,
sustentada por toda a parte pelos tiranos, quando procura impedir que Antígono
satisfaça as petições de Menesdemo. [4]

Assim como Zenão envia a Perseu Antígono, Cleanto envia Esfero Ptolemeu Evergetes.
Este Esfero era o mestre estóico que havia ensinado filosofia em Esparta, onde contava
entre seus alunos Cleómenes, [5] que restabeleceu em Esparta a constituição de Licurgo
e se inspirou, talvez, no estoicismo para suas reformas políticas; mas na realidade,
carecia do espírito helênico que animava seu inimigo, o chefe da Liga Aqueía, Arato de
Sicione.

O universo político do estóicos é, pois, muito distinto do de Platão. Se conservam na


cidade de Atenas postos de consideração, não são nela conselheiros políticos; Diógenes
Laércio (VII, 10) nos transmitiu os decretos pelo qual o povo ateniense concedia a
Zenão uma coroa de ouro e uma sepultura de no cerâmico. E ali se dizia: "Zenão de
Cítio, filho de Mnáseas, ensinou filosofia durante anos em nossa cidade, era um homem
de bem, aconselhava a virtude e a temperança aos jovens que o procuravam, os punha
no bom caminho e oferecia a todos, como exemplo, sua própria vida, que estava de
acordo com as teorias que predicava". Há a maior admiração por suas qualidades
morais, mas nenhum vestígio de seu papel político.

II – Como Conhecemos o Antigo Estoicismo

Não temos senão um conhecimento indireto dos ensinamentos de Zenão e de Crisipo.


Dos numerosos tratados de Zenão e dos setecentos e cinco de Crisipo não resta mais do
que uma parte dos títulos, conservados por Diógenes Laércio, e alguns breves
fragmentos. As únicas obras estóicas que possuímos, as de Seneca, Epicteto e Marco
Aurélio são da época imperial, quatro séculos depois da fundação do estoicismo.
Buscando as características que o antigo estoicismo deixou nos seus próprios escritores
ou em outros, se pode reconstituir seus ensinamentos, ainda que com grande
dificuldade, porque nossas principais fontes são de época muito posterior. Umas
procedem dos ecléticos, como Cícero, cujos escritos filosóficos são de meados do
século I. a.C, ou como Fílon de Alexandria (início da nossa era); outras, de adversários,
como Plutarco, que, no final do século I escreveu as obras Contra os Estóicos e
Contradições dos Estóicos, ou o cético Sexto Empírico, do final do século II da nossa
era, ou do médico Galeno, que na mesma época escreveu contra Crisipo; e finalmente os
padres da Igreja, e em particular Orígenes, no século III. Essas exposições, parciais ou
adversárias, é tudo o que resta ao todo, se deixarmos de lado a principal fonte
constituída pelo compêndio de lógica estóica que Diógenes Laércio no seu livro VII,
retirou do Resumo de Filósofos de Diocles Magnésio, um cínico amigo de Meleagro de
Gadara, que vivia no começo do primeiro século antes da nossa era. Salvo essa exceção,
toda essa literatura nasceu de conflitos que existiram desde o século II d.C., entre o
dogmatismo estóico e a Academia dos céticos. Assim, a principal fonte acerca da
doutrina estóica do conhecimento está nos Acadêmicos de Cícero, que foi escrita
expressamente para combatê-la. Este espírito polêmico desfavorecia uma exposição
serena e exata, e Plutarco, principalmente, deturpa muitas vezes o pensamento dos
estóicos para melhor colocá-los em contradição consigo mesmos. Ademais, estes
escritos são de época tardias e, a menos que os autores destas doutrinas sejam
designados pelos seus nomes, muitas vezes fica difícil fazer uma separação entre as
opiniões dos estóicos antigos, os do século III a. C, e as opiniões dos estóicos médios,
os do século II e I a.C. Há também no desenvolvimento do Antigo Estoicismo
divergências que diminuem a concordância geral. Não se deve, pois, disfarçar o caráter
algo artificial de uma exposição panorâmica do estoicismo, já que é feita com tão
poucos dados. Partindo da doutrina de Zenão, indicaremos aproximadamente o que seus
sucessores Cleanto, ou Crisipo, modificaram nela.

III – As Origens do Estoicismo

Zenão de Cítio foi aluno de Crates, o cínico, de Estilpón, o megárico, de Xenócrates e


de Polémon, dirigentes da Academia. Estava em frequente relação com Diodoro Cronos
e seu discípulo Fílon, o dialético. Aí está um grupo de influências bem variadas. Zenão
se vangloriava de "ler os antigos" e sua doutrina se considera em certos aspectos como
uma renovação do heraclitismo. Mas estas influências assinaladas pelos historiadores
antigos (em particular Apollonius de Tyr, em seu livro Sobre Zenão) [6] continuam
deixando enigmática a eclosão do estoicismo. Sem dúvida, pegou dos megáricos o gosto
por esta dialética seca e abstrata que caracteriza o ensino do estoicismo antigo.
Ademais, aquele que mais frequentou, Estílpon, passa por haver tido o mesmo desdém
que os cínicos tinham pelos preconceitos e por haver posto o bem soberano na alma
impassível [7] . O acadêmico Xenócrates exagerava, de sua parte, o papel da virtude,
que tinha como condição para a felicidade [8] . Polemon aceitava, como os cínicos, o
valor superior da ascese sobre a educação meramente dialética, e definia a vida perfeita
como uma vida de acordo com a natureza. Espeusipo, de sua parte, não havia se
levantado contra o prazer quase com tanta violência quanto Antítenes? Todo esse
movimento, rigorista e naturalista, generalizado nas escolas na época de Alexandre,
contribuíram para afirmar e reforçar a influência do cínico Crates, mais moderado,
entretanto, pelas doutrinas menos exaltadas da Academia.

Mas há ainda grande distância entre estas influências gerais e a doutrina estóica, que
não se reduz a uma pedagogia moral, mas é uma ampla visão do universo que irá
dominar o pensamento filosófico e religioso durante a toda antiguidade e parte dos
tempos modernos. Há no estoicismo algo como um novo zarpar e não a continuação das
agonizantes escolas socráticas.

Devemos procurar suas origens no solo grego? Provavelmente sim, pelo menos em
parte. O pensamento do século IV não se esgota nem no conceitualismo de Aristóteles e
de Platão e nem nos ensinamentos dos socráticos, mas se mostra muito mais
diversificado. As escolas médicas eram prósperas, e se ocupavam cuidadosamente das
questões da natureza da alma e da estrutura do universo. Recordemos as inesperadas
aparições da medicina no Fedro e, sobretudo, no Timeu de Platão.

Em seu livro Contra Juliano, o médico Galeno, uma das melhores fontes para a história
do estoicismo, nos ensina que Zenão, Crisipo e outros estóicos escreveram amplamente
sobre as doenças; que, de resto, uma escola médica, a escola metódica, se dizia
inspirada por Zenão, e finalmente, que as teorias médicas dos estóicos eram as mesmas
de Aristóteles e de Platão. Ele as resume assim: Há no corpo vivo quatro qualidade
opostas, duas a duas: o quente e o frio, o seco e o úmido; estas qualidades tem como
suporte quatro humores: bílis e atrabílis, o fleuma ácido e o fleuma salgado; a saúde se
deve à mistura acertada destas quatro qualidades, e a doença (ao menos a doença de
regime) se deve ao excesso ou carência de uma destas qualidades, ainda que outras
enfermidades se originem na ruptura da continuidade das partes do corpo. Acontece
também que estas e outras opiniões físicas dos estóicos (sobre o assento da alma no
coração, sobre a digestão, sobre a duração da gravidez), são afastadas por Fílon de
Alexandria [9] como opiniões tomadas dos médicos pelos filósofos da natureza.

Se pode precisar o alcance destes exames graças aos fragmentos que restam da obra de
Diokles de Karystos, um médico do século IV citado por Aristóteles. Segundo esta
doutrina fisológica atribuída aos estóicos, Diokles pensava que todos os fenômenos da
vida dos animais são governadas pelo quente e o frio, o seco e o úmido, e que há em
cada corpo vivo um calor inato que, ao alterar os alimentos ingeridos, produz os quatro
humores: o sangue, a bílis e os dois fleumas, cujas proporções explicam a saúde e a
doença. Mas, por outro lado, vemo-os admitir que o ar externo, atraído até o coração
pela laringe, o esôfago e os poros, se converte dentro do coração no sopro psiqúico em
que reside a inteligência, dá temperatura e sustenta o corpo, se estendendo por todo ele,
e origina os movimentos voluntários. "Os corpos vivos, diz Diokles, são assim
compostos de duas coisas, o que conduz e o que é conduzido. O que conduz é a
potência, o que é levado ao corpo". Muitas doenças devem-se à obstrução desta
potência, idêntica ao sopro, quando impedida de circular pelos vasos por causa da
acumulação de humores.

Análogas são as teorias dos estóicos sobre o ser vivo, mas a explicação para eles se
generaliza e todo corpo, animado ou inanimado, é concebido à maneira de um ser vivo.
Há nele um sopro (pneuma) cuja tensão sustenta as partes. As diversas gradações de
tensão explicam a dureza do ferro assim como a solidez da pedra. O universo todo
(como no Timeu, tão impregnado de idéias médicas) é também um ser vivo cuja alma,
sopro ígneo estendido através de todas as coisas, sustenta as partes.

Idéias médicas procedentes da filosofia pré-socrática e que sistematizam de novo em


uma física e uma cosmologia, parecem ser a origem da imagem estóica do universo. Por
outro lado, os estóicos não são os primeiros que, nesta época, a partir de teorias
médicas, instituíram uma cosmologia vitalista. Também existiram pitagóricos na
segunda metade do século IV. Aristóxeno de Tarento, discípulo de Aristóteles e
conhecido por defender que a alma era a harmonia do corpo, havia escutado aqueles
pitagóricos e nos deixou o nome de quatro deles [10] . Alexandre Polihístor, polígrafo
do século I a.C., nos deixou um resumo da cosmologia pitagórica, retirado das Notas
Pitagóricas. Esta cosmologia concorda em detalhes com as opiniões dos jônicos do
último período (Alcméon e Diógenes) e com as dos médicos do século IV: teoria dos
pares de força, quente e frio, seco e úmido, cuja distribuição desigual produz as
diferentes estações no mundo e as doenças no corpo; caráter divino do calor, causa da
vida, cujos raios emanados do sol produzem a vida das coisas; a alma, fragmento de éter
quente mesclado ao frio e imortal como o ser de onde procede, alimentada de efluvios
de sangue; a razão, de onde emanam as sensações; e outras tantas características que
não é necessário explicar – como se tem feito – como uma influência tardia dos estóicos
sobre os neopitagóricos IIº ou Iº século, já que todos coicidem numa época anterior ao
estoicismo. Desde logo, alguns, como a tríplice divisão da alma em razão (frénes),
inteligência (nous) e coração (thymón) têm, segundo a expressão de que servem, um
aspecto muito antiquado. Este pitagorismo, impregnado de idéias físicas e médicas,
então precedeu o estoicismo. No mais, observamos que a teoria da alma-harmonia de
Aristóxenes de Tarento está em estreita ligação com as idéias médicas; o caráter musical
da metáfora quase desaparece quando essa harmonia se compara à saude do corpo,
baseada na participação igual dos quatro elementos [11] . Tem como compensação a
teoria médica da vida e a teoria cosmológica dos pitagóricos que nos dá Alexandre
Polihístor.

Assim se reconstituía o vitalismo médico, que difere tão fortemente do mecanismo


matemático para o qual tendia Platão. E o mundo animado dos estóicos vem
evidentemente de uma tradição jônica, visível, por outro lado, até no mundo
matematizado de Platão, considerado no Timeu como um ser vivo. Mas, ainda que
admitidas estas influências, o principal continua sem se explicar. No lugar que os
estóicos dão a Deus, na maneira como concebem a relaçao de Deus com o homem e
com o universo, há traços novos que jamais havíamos encontrado entre os gregos. O
Deus helênico, o do mito popular, igual ao bem de Platão ou o pensamento de
Aristóteles, é um ser que tem, por assim dizer, sua vida a parte e que, em sua existência
perfeita, ignora as agitações e os males da humanidade, bem como as vicissitudes do
mundo; é o ideal do homem e do universo, mas não atua sobre ele a não ser pela atração
de sua beleza; sua vontade nada tem a ver com eles e Platão condena os que crêem que
se pode comovê-lo com preces. Também havia condenado Platão, por certo, as velhas
crenças que admitiam um deus cioso de suas prerrogativas; mas a bondade que ele
opunha a este zelo é uma perfeição intelectual que nada tem de bondade moral, e a cujo
respeito a ordem do mundo é como uma irradiação sua. Sem dúvida também, ao lado
destes Olímpicos, os gregos reconheciam em Dionisos um deus, cujas mortes e
renascimentos periódicos davam um ritmo à vida dos seus fiéis; a fé se associa ao drama
divino; sofrendo e gozando de algum modo a paixão de deus, se identifica com ele
mediante a orgia mística; tampouco no culto báquico o deus desce até o homem, mas
deixa que o homem se eleve até ele.

Mas o deus dos estóicos não é um olímpico nem um Dionisos, é um deus que vive em
sociedade com os homens, com os seres racionais, e que dispõe todas as coisas do
universo em favor deles. Sua potência penetra todas as coisas e nenhum detalhe, por
ínfimo que seja, escapa à sua providência. É uma maneira completamente nova de
conceber a relação divina com o homem e com o universo. Já não é aquele solitário
estranho ao mundo que atrai por sua beleza, ele é o autor mesmo do mundo, cujo plano
concebeu em seu pensamento. A virtude do sábio não é nem a assimilação de Deus que
sonhava Platão, nem a simples virtude cívica e política que pintava Aristóteles; ela é a
aceitação da obra divina e a colaboração desta obra graças à inteligência do sábio. Está
aqui a idéia semítica do Deus todo-poderoso que governa o destino dos homens e das
coisas, tão diferente da concepção helênica. Zenão, o fenício, vai dar o tom ao
helenismo. Certamente, esta não é uma importação brusca dentro do pensamento grego:
o Deus de Platão, no Timeu, é um demiurgo, o das Leis se ocupa dos homens e dirige o
Universo em todos os detalhes, e o deus de Sócrates e de Xenofonte, que deu aos
homens seus sentidos, inclinações e inteligência, os guia também mediante os oráculos
e a adivinhação. Anunciava-se assim o tema demiúrgico e providencialista que com
Zenão se converte na chave da filosofia. Veremos, na continuação desta história, como
estas duas concepções – semita e helênica – fundem-se e às vezes se enfrentam com
pleno conhecimento de suas divergências, e talvez encontraremos nas diversas formas
que seu conflito toma, até a época contemporânea, uma das mais profundas oposições
da natureza humana.

IV – O Racionalismo Estóico

A este tema fundamental se subordina o resto da doutrina. Zenão é, sobretudo, o profeta


do logos, e a filosofia nada mais é do que a consciência que se toma de que nada existe
à parte dele. É "ciência das coisas humanas e divinas", isto é, de tudo o que é racional,
ou seja, de todas as coisas, visto que a natureza mesma se considera absorvida nas
coisas divinas. Sua tarefa está, desde logo, totalmente determinada, e, quer ela trate da
lógica e da teoria do conhecimento ou da moral da física ou da psicologia, em qualquer
caso, há que se eliminar o irracional e crer que apenas a pura razão atua tanto na
natureza como na conduta. Mas este racionalismo não deve iludir-nos. Não é, de modo
algum, o sucessor do racionalismo da inteligência ou do intelectualismo de Sócrates,
Platão, Aristóteles. Este racionalismo baseava toda a sua realidade em um método
dialético que permitira ultrapassar os dados do sentido e alcançar formas brilhantes ou
essências inteligíveis. Não se vê nenhum procedimento deste gênero no dogmatismo
estóico. Aqui não se trata de ultrapassar os dados imediatos e sensíveis. Mas, pelo
contrário de procurar que a razão tome corpo neles, e não há nenhum progresso entre o
sensível e o racional, porque não se vê diferenças entre eles. Ali onde Platão acumula as
diferenças, para fazer-nois sair da caverna, o estóico não vê senão identidades. Como
nos mitos gregos, as lendas de deuses permanecem à margem das histórias dos homens,
enquanto que, na Bíblia, a história humana é por si mesma um drama divino; assim, no
platonismo, o inteligível está à margem do sensível, enquanto que, para o estoicismo, é
precisamente nas coisas sensíveis que a razão adquire a plenitude de sua realidade.

http://www.brasilescola.com/biografia/george-boole.htm

1.2 George Boole

George Boole nasceu em Lincoln - Inglaterra em 2 de Novembro de 1815, filho de um


sapateiro pobre. A sua formação base na escola primária da National Society foi muito
rudimentar.
Autodidata, fundou aos 20 anos de idade a sua própria escola e dedicou-se ao estudo da
Matemática.
Em 1840 publicou o seu primeiro trabalho original e em 1844 foi condecorado com a
medalha de ouro da Royal Society pelo seu trabalho sobre cálculo de operadores.
Em 1847 publica um volume sob o título The Mathematical Analysis of Logic em que
introduz os conceitos de lógica simbólica demonstrando que a lógica podia ser
representada por equações algébricas.
Este trabalho é fundamental para a construção e programação dos computadores
eletrônicos iniciada cerca de 100 anos mais tarde.
Na Álgebra de Boole existem apenas três operadores E, OU e NÃO (AND, OR, NOT).
Estas três funções são as únicas operações necessárias para efetuar comparações ou as
quatro operações aritméticas base.
Em 1937, cerca de 75 anos após a morte de Boole, Claude Shannon, então estudante no
MIT - Boston, USA - estabeleceu a relação entre a Álgebra de Boole e os circuitos
eletrônicos transferindo os dois estados lógicos (SIM e NÃO) para diferentes diferenças
de potencial no circuito.
Atualmente todos os computadores usam a Álgebra de Boole materializada em
microchips que contêm milhares de interruptores miniaturizados combinados em portas
(gates) lógicos que produzem os resultados das operações utilizando uma linguagem
binária.

Álgebra Booleana

Para descrever os circuitos que podem ser construídos pela combinação de portas
lógicas, um novo tipo de álgebra é necessário, uma em que as variáveis e funções
podem ter apenas valores 0 e 1. Tal álgebra é denominada álgebra booleana, devido ao
seu descobridor, o matemático inglês George Boole (1815 - 1864).
Do mesmo modo que existem funções em álgebra "comum", também existem funções
na álgebra booleana. Uma função booleana tem uma ou mais variáveis de entrada e
fornece somente um resultado que depende apenas dos valores destas variáveis.
Como uma função de n variáveis possui apenas 2n conjuntos possíveis de valores de
entrada, a função pode ser descrita completamente através de uma tabela de 2n linhas,
cada linha mostrando o valor da função para uma combinação diferente dos valores de
entrada. Tal tabela é denominada tabela verdade.

ABC000010100111
Acima temos a tabela verdade de uma função básica a função AND , ela e um conjunto
de funções da álgebra booleana têm implementação eletrônica através de transistores e
são conhecidas como portas lógicas.
Um circuito digital é regido pela álgebra de Boole, e com as portas lógicas existentes é
possível implementar qualquer função da álgebra booleana. A seguir veremos as
principais portas lógica, simbologia e tabela verdade.

-NOT

A função NOT é implementada na conhecida porta inversora.

A B 0 1 1 0 (a)

(b)

(a) tabela verdade, (b) símbolo


-AND

A função AND pode ser definida em linguagem natural como 1 se todas as entradas
forem 1 e 0 se apenas uma das entradas for 0.

ABS000010100111

-OR

A função OR também pode ser definida em linguagem natural ela é 0 se todas as


entradas forem 0 e 1 se existir uma entrada em 1.

ABC000011101111

-XOR

A função XOR conhecida como exclusive OR é muito parecido com a OR.

ABC000011101111

Temos acima algumas das principais portas lógicas existente, não são as únicas mas as
outras portas existentes são combinações destas portas básicas, e todos os circuitos
digitais podem ser montados somente com estas portas.

Bibliografia:
Trabalho por Ricardo K. L. Ferreira
Estudante de Ciência da Computação – Mackenzie

http://200.19.92.57/wschui/goodbit/shannon.htm

CLAUDE ELWOOD SHANNON


O PAI do BIT ...
Claude Elwood Shannon
(1916-2001)

Claude Elwood Shannon nasceu em Petoskey, no estado de Michigan, EUA, em 30 de


Abril de 1916. O pai era descendente de pioneiros que se tinham estabelecido em Nova
Jersey e a mãe, filha de imigrantes alemães. Manifestou desde jovem uma grande
inclinação para a mecânica - construía modelos de aviões, miniaturas de barcos com
controle remoto e até mesmo um telégrafo, com o qual se comunicava com os vizinhos.
Na escola, mostrou grande inclinação para as ciências e para a matemática.

Frequentou depois a universidade de Michigan, onde a liberdade de escolha de cadeiras


do sistema norte-americano lhe permitiu obter uma dupla licenciatura, em Engenharia
Eletrotécnica e em Matemática. Continuou os seus estudos no Massachusetts Institute of
Technology (MIT), onde trabalhou com Vannevar Bush (1890-1974) na construção
do analisador diferencial, um pioneiro mecânico dos computadores analógicos e que
era o sistema automático de cálculo mais potente da época.

1.3 ESTUDANDO BOOLE...

Interessado em problemas da computação, estudou Álgebra de Boole,


a álgebra de cálculo lógico baseada na dicotomia zero-um (falso-verdadeiro).

No intervalo da atividade acadêmica trabalhou nos célebres Laboratórios Bell, onde


estudou problemas de comunicação elétrica. Teve então a idéia pioneira de reduzir o
conteúdo da informação a sequências de zeros e uns e de tratá-la segundo as regras
da LÓGICA de BOOLE. "Até hoje, ninguém tinha sequer se aproximado dessa idéia",
disse mais tarde o seu colega Robert Gallager, "foi um avanço que, sem ele, teria
demorado muito a ser conseguido". A idéia foi desenvolvida na sua tese de mestrado de
1938, premiada e publicada numa revista científica. São apenas 11 páginas, mas
condensadas com as inovações essenciais, e sem rodeios nem repetições.
Concluído o mestrado, Vannevar Bush sugeriu-lhe que continuasse os estudos no
departamento de matemática do MIT. Percebeu então que a genética era um ramo
científico com grande potencial de tratamento matemático. Sempre interessado nas
aplicações, concluiu uma tese de doutoramento sobre Uma Álgebra da Genética
Teórica. Apesar da sua notória dificuldade com línguas estrangeiras, exigidas para a
graduação, Shannon consegue seus graus de mestre em Engenharia Eletrotécnica e de
doutor em Matemática em 1940.

Terminados os estudos, Dr. Shannon foi trabalhar para o Instituto de Estudos


Avançados de Princeton com o matemático Hermann Weyl (1885-1955). Passou
depois para os Bell Labs, em Nova Jersey, onde trabalhavam muitos cientistas
extraordinários, como John Pierce, um dos criadores da comunicação por satélite,
Harry Nyquist, pioneiro do tratamento de sinais, e os inventores do transístor,
Brattain, Bardeen e Shockley. Trabalhou em várias áreas: sistemas automáticos de
defesa aérea, sensores ópticos, criptografia e, acima de tudo, teoria da informação.

1.4 TEORIA MATEMÁTICA DA COMUNICAÇÃO (download)

No seu trabalho Uma Teoria Matemática da Comunicação, publicado em 1948 na


revista Bell System Technical Journal, abriu uma área nova e inédita na matemática.
Esta área surgiu essencialmente completa, com as definições e conceitos básicos
formulados, com os teoremas e resultados fundamentais já estabelecidos e, o mais
espantoso, sem precedentes visíveis na literatura existente na época. Raras vezes isso
acontece, pois os avanços da ciência, mesmo que geniais, podem habitualmente se
referir a problemas há muito discutidos ou a teorias em gestação.Nesse trabalho
Shannon desenvolve a teoria da informação e transmissão de sinais digitais,
baseados em sequências de zeros e uns.

É aí que define "o problema fundamental da comunicação como o de reproduzir num


local, de forma aproximada ou exata, uma mensagem selecionada noutro local".
Estabeleceu então o esquema de transmissão de informação hoje clássico, com uma
mensagem que parte de uma fonte, é codificada e emitida por um transmissor, passa por
um canal de comunicação, sofre perturbações designadas por ruídos, e chega depois ao
receptor, passando por um sistema de decodificação. Ao falar de "uma mensagem
selecionada", Shannon refere-se a uma sequência informativa que pode ser escolhida
entre muitas outras, que aparecerão com iguais ou diferentes probabilidades. Define
então a quantidade de informação com base na sua incerteza ou dificuldade de previsão.

Suponha, por exemplo, que um emissor transmite a mensagem "bom dia", letra por
letra. Ao emitir as primeiras letras, há uma expectativa da parte do receptor, que vê
surgir as letras "b", "o", "m", um espaço, e depois "d" e o "i". O "a" final é quase inútil,
pois sua probabilidade de ocorrência é tão grande, para dar sentido à sequência anterior,
que a quantidade de informação transmitida por essa letra é muito menor que a
transmitida pelas primeiras. Para medir a quantidade de informação, Shannon criou o
conceito de entropia, diferente do conceito homônimo encontrado em termodinâmica.
Porque esta denominação foi escolhida? Ao que parece, foi o matemático norte-
americano de origem húngara, John von Neumann (1903-1957), quem sugeriu este
termo. Teria dito, ironicamente, "deve chamá-la de 'entropia' por duas razões: primeiro,
porque essa mesma função matemática já é utilizada em termodinâmica, com esse
nome; segundo, e mais importante, porque pouca gente sabe realmente o que é entropia
e, se usar esse termo numa discussão, sairá sempre ganhando."

1.5 O IMPACTO NAS TRANSMISSÕES

Com o conceito de entropia pode-se definir a quantidade de informação transmitida e os


limites ótimos de compressão dessa informação. Em 1948, quando Shannon anunciou a
sua nova teoria matemática, o cabo elétrico de "banda mais larga" então existente podia
transmitir 1800 conversas telefônicas simultâneas. 25 anos mais tarde, um cabo
telefônico podia transmitir 230 mil conversas simultâneas. Hoje, uma nova fibra ótica
da Lucent (Bell Labs), com a espessura de um cabelo humano, pode comportar 6,4
milhões de conversas. No entanto, mesmo com esta largura de banda, os limites teóricos
de capacidade de canal determinados por Shannon estão muito além dos praticados. Os
engenheiros sabem que ainda há muito o que melhorar.

Embora sua teoria seja bastante técnica, vejamos um exemplo da utilidade que tem tal
unidade de informação. Voltemos ao problema que motivou os estudos de Shannon: o
problema da capacidade de comunicação de um canal transmissor.
A solução do problema é resumida numa fórmula, hoje básica da Teoria da Informação,
a chamada fórmula de Shannon:

ela dá a velocidade máxima Cmax ( em bits por segundo ) com que sinais de potência S
watts podem passar por um canal de comunicação, o qual deixa passar sem distorção
apenas os sinais de frequência até B hertz, e o qual produz ruídos de potência no
máximo N watts ( e esses ruídos são do tipo usual, chamado ruído branco ).

Vejamos um exemplo numérico importante: o caso das linhas telefônicas analógicas,


essas que comumente encontramos aqui no Brasil. Elas são construídas para passar voz
humana, frequência de até 3 400 hertz. Consequentemente:

• para uma relação S/N = 100 temos:


Cmax = 3400 log2 ( 101 ) = 22 600 bits/seg
• para uma relação S/N = 1 000 temos:
Cmax = 3400 log2 ( 1001 ) = 33 900 bits/seg

Dá para V. começar a entender as limitações do modem ligado em seu computador ?

Conhecendo a capacidade de um canal usando os conceitos da Teoria da Informação de


Shannon, pode-se melhorar a transferência de um sinal e filtrar o ruído, alcançando uma
confiabilidade maior. O meio mais simples de contornar o ruído é a repetição. Shannon
demonstrou que, numa transmissão em que os erros acontecem com determinada
probabilidade, pode-se diminuir a probabilidade de erro até ao ponto desejado
introduzindo redundância na informação. Para isso, enquanto o canal estiver
funcionando abaixo da sua capacidade teórica, o caminho consiste em melhorar a
codificação, dando-lhe uma forma mais compacta, e em introduzir sistemas de correção
de erro.
Um destes sistemas é o concebido pelo matemático norte-americano Richard W.
Hamming (1915-1998) em 1950, atualmente utilizado na transmissão de pacotes
digitais de informação com bits adicionais de controle em cada "palavra" base (byte).

1.6 CURIOSIDADES ...

Em 1956, mantendo seu trabalho nos laboratórios da Bell, Shannon aceitou o cargo de
professor no MIT, atividade que exerceu durante muitos anos. Seus alunos lembram-se
dele como sendo "um espírito matemático por excelência". No quadro negro "escrevia
poucas fórmulas e falava muito". Preocupava-se com os conceitos e simplificava ao
máximo a simbologia. Onde outros professores usariam símbolos e mais símbolos,
índices e mais índices, Shannon colocava duas ou três letras e incentivava os alunos a
perceber as relações matemáticas que essas letras traduziam.

Gênio matemático que combinava a intuição, a abstração e as aplicações, Claude


Shannon tinha como passatempos andar de monociclo e construir máquinas
aparentemente inúteis. Construiu várias máquinas de jogar xadrez, um autômato que
procurava a saída num labirinto e aquela a que chamou de "máquina final". Nela, via-se
apenas um interruptor. Ligando-o, o aparelho emitia um som zangado e dele emergia
uma mão mecânica que desligava o interruptor, terminando a brincadeira.

Era um espírito irrequieto. "Apenas gosto de ver como as coisas funcionam", dizia. John
Horgan, que há poucos anos o entrevistou para o Scientific American, disse que o
matemático "não conseguia ficar parado" e que, quando lhe perguntou como tinha
criado a teoria da informação, Shannon respondeu: "Não quer ver as minhas máquinas
antes?".

http://www.forumpcs.com.br/noticia.php?b=150959

Primeiro computador do mundo completa 60 anos

Há exatos 60 anos, foi anunciado o primeiro computador digital eletrônico de grande


escala: o ENIAC (Electrical Numerical Integrator and Calculator). O computador foi
criado em fevereiro de 1946 pelos cientistas norte-americanos John Presper Eckert e
John W. Mauchly, da Electronic Control Company.

Na época, o ENIAC se destacou por realizar 5 mil operações por segundo, velocidade
mil vezes superior à de seus antecessores. Hoje, se comparado com os computadores
atuais, o poder de processamento do ENIAC seria menor do que o de uma simples
calculadora de bolso. O computador começou a ser feito em 1943, durante a Segunda
Guerra Mundial, para auxiliar o exército norte-americano a fazer cálculos de balística. O
computador pesava 30 toneladas e ocupava 180 m² de área construída.

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