Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
buscar por assuntos e pessoas
Fúlvio Abramo: 60 anos de luta
conteúdo complementar
pelo socialismo Feed
Eleição das Mesas
Memória é a especialidade do Centro de Documentação Mário
Diretoras do Congresso mais acessadas
Em resolução aprovada o
Pedrosa, o Cemap. Memória é, também, a herança viva dos PT defende a
A s manifestações de junho
revolucionários das gerações passadas que depositam todo o seu de 2013 na cidade de São
proporcionalidade das Paulo
aprendizado na construção do jovem Partido dos Trabalhadores. bancadas na Câmara e no
Marilena Chaui
Memória, por excelência, é o terreno privilegiado da atividade política Senado como um direito
de Fúlvio Abramo, 78 anos de idade e 60 de combate socialista. constitucional
Fundador e presidente do CEMAP desde 1981, ele é também militante Como funciona uma
do Partido dos Trabalhadores. Comentários estação de tratamento de
esgoto
Dentro do Cemap, um dos poucos núcleos que têm como objetivo opiniões Cecília Figueiredo
E a greve, Fúlvio?
A greve de 17 alterou totalmente o nosso ritmo de vida. Parecia uma
revolução dentro da nossa rotina. A gente morava no lpiranga,
pertinho do centro das grandes greves das indústrias têxteis dos Jaffé,
e das indústrias de móveis. A gente assistiu a diferença entre os dias
comuns e os dias de greve. Nós sofremos o bloqueio da cidade,
quando o comitê de greve tomou conta da cidade inteira e organizou
a distribuição de alimentos para a população. Para nós estes alimentos
não chegavam. Passamos quase vinte dias comendo somente pombas
- nós tínhamos uma grande criação de pombas - e polenta (risos). Eu
me lembro muito bem. Havia falta de tudo, até de bondes. Os bondes
não circulavam no lpiranga e muitas vezes passavam colunas de
operários organizados pela avenida Independência, onde a gente
morava. De repente os bondes voltaram e eu ouvi dizer, já naquele
tempo, que os estudantes de Direito do largo de São Francisco tinham
tomado a direção dos bondes.
Voltando a seu avô. Ele foi responsável por suas primeiras leituras
anarquistas?
Mas é claro. Eu passava boa parte de minhas férias na casa de meu
avô, que fazia com que eu lesse pra ele, em voz alta, os velhos
anarquistas, como Kropotkin e Bakunin. Eu tinha dez, onze anos. Era
uma forma muito inteligente dele fazer a gente se interessar pelo
assunto. Como já líamos muito bem o italiano... porque em português
não havia nada.
Até 1930, você então contesta sistematicamente o PC. Como foi que
isso se desenvolveu?
A Revolução de 30 vai me encontrar num grupo que havia começado
comigo, com Aziz Simão, minha irmã Lélia e meu primo Arnaldo,
praticamente em 1928, e entramos no Partido Socialista, com mais
outras pessoas.
Então o PC aderiu?
Só na véspera. Na última noite, na noite do dia 6, quando não havia
como não aderir, por causa da pressão dos militantes de São Paulo,
principalmente da juventude comunista. Décio Pinto de Oliveira, que
morreu com um tiro na nuca, foi um dos que pressionaram pela
adesão da direção do PCB. E Aristides Lobo, da direção da Liga, deixou
de aderir e ainda nos denunciou a todos como aventureiros. Depois
ele foi expulso, claro.
Logo depois disso você foi preso pela primeira vez, não é?
É. O Mário estava ferido e eu fui visitá-lo na Santa Casa. Lá fui preso.
Eu fui para o presídio Paraíso. Fiquei apenas 22 dias, mas tive uma
infecção seriíssima no dente, que chegou a espalhar-se pelo peito.
Fiquei num porão infecto junto com dois militantes do Partido
Comunista, que se negaram a falar comigo. Eles podiam falar com os
familiares, mas eu estava incomunicável. Só saí de lá porque meu pai
conseguiu falar com um deputado estadual, que chegou lá no Paraíso
aos gritos e me tirou de lá. Era ninguém menos que Adhemar de
Barros. Meu pai sabia que eu estava doente pelo carcereiro e foi aí que
o aconselharam a procurar um deputado médico. Adhemar de Barros,
veja só.
O Adhemar sabia que era você o mesmo jovem que ele tinha tirado
do porão da prisão do Paraíso em 1934?
Não. Isso ele foi saber muito tempo depois. Foi quando ele tinha
começado a conspirar contra o golpe de 1964. Eu estava na revista
Manchete, ele me chamou para dar uma entrevista e já adiantou.
Você já não estava no PS?
Com o golpe de 64 eu, o Gikovate e outros companheiros que
combatíamos a direção nacional estávamos perto de derrubá-la. Ou
melhor: nós já estávamos a ponto de assumir a direção, quando o
advento do golpe e do regime militar terminou por fechar o partido.
Mas o Adhemar me deu aquela entrevista que saiu publicada na
Manchete e, paralelamente, me adiantou algumas coisas dos planos
deles. É claro que o ex-governador sabia muito bem quem eu era,
embora ainda não soubesse que era eu naquele porão em 1934. Ele
começou me dizendo assim: "Você tem um amigo no Rio de Janeiro..."
E eu respondi: "Eu sei, o senhor sabe tudo. O senhor está falando de
Bayard Boiteux..." E o Adhemar emendou: "E ele tem dois irmãos
almirantes." De fato, Boiteux era meu companheiro no PS, trotskista, e
que depois dirigiu a guerrilha de Caparaó. Os dois almirantes, irmãos
dele, eram inimigos de 64 desde o primeiro minuto e Adhemar sabia
duas também. Meses depois ele me chamou de novo, em 1966. Pediu
que eu fosse sozinho. Eu me reuni com ele 19 na avenida São Luís, na
casa da amante dele. Ali ele me expôs os seus planos claramente.
Disse que 64 tinha implantado uma ditadura que só acabaria quando a
gente desse um outro golpe. Disse que era preciso organizar a
derrubada do regime militar e me perguntou com que forças eu
poderia contar. Eu respondi que não tinha forças, mas tinha
possibilidade de contatar outras forças poderosas. "Posso contatar os
comunistas e os socialistas com facilidade", eu acrescentei. Ele disse
"eu sei, o senhor tem contatos. A minha polícia funcionava no meu
tempo". Foi aí que eu contei que era eu que ele tinha tirado da cadeia
em 1934 e ele se surpreendeu, pôs a mão na cabeça e se lembrou do
caso, satisfeito. "Puxa vida, então era você!"
...tirou o time.
É. A gente contribuiu para que o Adhemar desistisse de jogar o país
numa nova aventura. "Mas o que vocês estão querendo é uma
revolução social!", ele disse no fim da reunião. "Exatamente", nós
confirmamos.
Você se afastou...
Eu me afastei. Na realidade, foi uma época muito fecunda para mim.
Eu organizei mais de 15 grupos independentes de militantes de base
nas favelas da região de Santo Amaro.
topo
A REVISTA EXPEDIENTE POLÍTICA EDITORIAL POLÍTICA DE PRIVACIDADE TERMOS DE USO FALE COM A REDAÇÃO
filmes
Poesia Políticas públicas PrefeiturasPT Reforma Política
Socialismo Trabalhadores
economia poesia
mídia
http://teoriaedebate.org.br/index.php?q=materias/politica/memoriafulvioabramo60anosdelutapelosocialismo 8/9
17/04/2017 Fúlvio Abramo: 60 anos de luta pelo socialismo | Teoria e Debate
opinião pública
especiais
mundo
comportamento
cinemateca
Creative Commons
Revista Teoria e Debate. Alguns direitos reservados.
http://teoriaedebate.org.br/index.php?q=materias/politica/memoriafulvioabramo60anosdelutapelosocialismo 9/9