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A teoria dos modelos (theory of models) possibilita o estudo de modelos reduzidos/aumentados de máquinas
de fluxo, com o objetivo de diminuir o risco de execução errônea das máquinas de grande/pequeno porte. Pode
também ser usada para avaliar o comportamento de máquinas de fluxo ditas semelhantes.
Para garantir que o teste do modelo seja útil para prever o comportamento do protótipo, é necessário que
alguns requisitos sejam respeitados. Estas regras que garantem a similaridade entre o modelo e o protótipo serão
vistas nesse capítulo.
A teoria da semelhança diz que duas máquinas de fluxo são semelhantes (ou fisicamente similares) se, com
diferentes características de projeto (n, D, etc), submetidas a diferentes condições operacionais (Q, H, ρ, μ), guardarem
entre si semelhanças geométricas, cinemáticas e dinâmicas.
A completa semelhança física de condições operacionais requer:
a. Semelhança geométrica: o modelo deve ser geometricamente semelhante ao protótipo;
b. Semelhança cinemática: o modelo deve ser cinematicamente semelhante ao protótipo; e
c. Semelhança dinâmica: o modelo deve ser dinamicamente semelhante ao protótipo.
Semelhança Geométrica
A semelhança geométrica requer que modelo e protótipo tenham a mesma forma, que suas dimensões
lineares respeitem um fator de escala constante, que exista igualdade de ângulos, e que não ocorra nenhuma omissão
ou adição das partes.
Considerando duas máquinas de fluxo (MF’ e MF”) geometricamente semelhantes, trabalhando sob alturas
de queda (ou elevação) H’ e H”, com diâmetros D’ e D”, e com alturas de pás b’ e b”, a relação de semelhança
geométrica, definido pelo fator de escala “λ” será:
(8.1)
D4" b4" D5" b5"
' ' ' '
D4 b4 D5 b5
Desta forma a relação de áreas será:
A4" A5"
2 ' (8.2)
A4' A5
8‐1
Além da semelhança geométrica, os ângulos construtivos devem ser iguais.
" "
(8.3)
A rugosidade é uma dimensão linear que dificilmente respeita a semelhança geométrica, o que traz alguns
problemas relacionados à semelhança dinâmica e que serão discutidos mais adiante.
Semelhança Cinemática
A condição de semelhança cinemática impõe que as velocidades e acelerações em pontos
correspondentes devem ser vetores paralelos e devem ter relações constantes entre seus módulos. Desta forma
os triângulos de velocidades de duas máquinas cinematicamente semelhantes devem ser semelhantes em pontos
correspondentes (ou homólogos).
Considerando semelhantes os triângulos de velocidades traçados a partir dos pontos homólogos
(semelhantes) M” e M’ mostrados na Fig.8.1, situados sobre as pás de duas máquinas de fluxo MF” e MF’
geometricamente semelhantes, tem‐se:
" " " " " " " " " " " "
(8.4)
A relação “K” chama‐se razão de semelhança cinemática e é constante para qualquer posição homóloga
dos pontos M” e M’. Máquinas cinematicamente semelhantes são também geometricamente semelhantes.
Figura 8.1 – Máquinas geometricamente semelhantes
Utilizando a equação de Euler (ou equação fundamental das máquinas de fluxo):
2 (8.5)
Aplicando esta equação à duas máquinas de fluxo semelhantes MF” e MF’, tem‐se:
2 , (8.6)
" " " " " "
2 , (8.7)
Multiplicando os dois lados da Eq.(8.6) por K2 e substituindo “K” do lado direito por suas respectivas relações
dadas pela Eq.(8.4):
Pode‐se verificar que:
. (8.8)
Lembrando que:
8‐2
(8.9)
O coeficiente “a” é igual para máquinas geometricamente semelhantes, então:
. (8.10)
Ou ainda, levando em conta que a energia teórica (Ht) e as perdas internas (“Jh”) estão relacionadas à energia
hidráulica (H) efetivamente entregue ao fluido por:
J (8.11)
Sendo Jh” e Jh’ perdas internas de origem hidráulicas, podendo ser proporcionais ao quadrado das velocidades,
podem ser representadas por:
J" . J (8.13)
Substituindo a eq.(8.11) em (8.10) e usando (8.13):
"
J" . J
"
. .J J
"
. .J .J
"
. 0
H"
K= (8.14)
H'
Para chegar à Eq. (8.14) assumiu‐se a premissa de que as constantes const’ e const” na Eq.(8.12) são iguais.
Vejamos em que caso isto ocorre.
Sabendo que a perda hidráulica está relacionada com a perda de carga (Hp) que é função de:
J f C , , , g, Re . C
As constantes serão função de:
const f , , ,
Desta forma, para que as constantes sejam iguais, é necessário que entre as duas máquinas:
a. tenham a mesma relação L/D;
b. as rugosidades relativas (e/D) sejam as mesmas;
c. ação da gravidade seja a mesma para ambas as máquinas; e
d. os números de Reynolds sejam os mesmos.
8‐3
Se as máquinas tiverem semelhança geométrica completa (incluindo rugosidade) os itens “a” e “b” são
respeitados. Se as máquinas trabalham em regiões onde as variações da aceleração da gravidade (g) são
desprezíveis, então o ítem “c” é respeitado. O ítem “d” será respeitado se as máquinas tiverem o mesmo número
de Reynolds, para isto basta que se respeite a semelhança dinâmica, que será visto a seguir.
Logo, se existe semelhança geométrica, cinemática e dinâmica, as constantes da Eq. (8.12) serão iguais, e
a relação dada pela eq. (8.14) é válida.
Semelhança Dinâmica
A condição para obtenção da semelhança dinâmica é que tipos idênticos de força sejam vetores paralelos e
que a relação entre seus módulos seja constante para pontos correspondentes.
Duas máquinas de fluxo hidráulicas são dinamicamente semelhantes se houver simultaneamente a igualdade
do número de Reynolds e do número de Euler1.
De forma a simplificar o estudo dos modelos e protótipos, busca‐se identificar qual das forças é preponderante
no fenômeno que se quer estudar, e com base nisto usar o número adequado para cada um dos casos. De um modo
geral, para máquinas de fluxo, o número de Reynolds é a condição mais importante para semelhança dinâmica.
Os requisitos para semelhança dinâmica são os mais restritivos. A semelhança cinemática requer semelhança
geométrica. Já a semelhança cinemática é um requisito necessário, mas não suficiente, para semelhança dinâmica.
Suponha que o protótipo (“a”) de uma turbina hidráulica seja investigado pelo uso de um modelo (“b”)
geometricamente semelhante, e 5 vezes menor. Dessa forma a semelhança geométrica diz que:
Da
5
Db
Supondo que o mesmo fluido será usado e que pretenda‐se observar a semelhança dinâmica, ou seja, os Re
devem ser iguais nos dois casos:
1
A semelhança dinâmica exige que todas as forças que são importantes no escoamento sejam consideradas, ou seja, de inércia,
viscosas, de pressão, de tensão superficial, de compressibilidade e outras. Nesse caso foram consideradas somente as forças de inércia, viscosas
e de pressão.
8‐4
Supondo que o protótipo terá rotação de 600 rpm, o modelo que será usado deverá ter uma rotação de:
Valor que é inaceitável para uma turbina. Logo, o modelo que será avaliado deve trabalhar com um Re menor
que o protótipo, o que implica em rendimento também menor.
Considerando o rendimento hidráulico (ηh) de uma máquina de fluxo dado por,
H . (8.17)
Substituindo a Eq. (8.17) na relação dada pela Eq. (8.10),
. (8.18)
Assim, para que a eq.(8.14) seja válida, então,
"
Este resultado pode ser estendido aos rendimentos totais das duas máquinas de fluxo. O rendimento total
é o produto do rendimento hidráulico pelo rendimento mecânico pelo rendimento volumétrico. É de se esperar
que o rendimento volumétrico das duas máquinas sejam iguais, uma vez que depende das vazões, que são função
da velocidade e da área, ou seja, respeitadas as semelhanças geométrica e cinemática, espera‐se que o
rendimento volumétrico de máquinas semelhantes sejam os mesmos. Quanto ao rendimento mecânico, são
valores próximos à unidade, logo pode‐se considerar neste caso,
"
(8.19)
Caso a semelhança geométrica não possa ser seguida a nível de rugosidade (fator de escala), ou a
semelhança dinâmica não seja uma consideração válida, então:
H
Ht
h 1
Substituindo em (8.10):
1
H" H' "
H K H
" 2 '
K 2
H " K H ' h' 2
t t
" 1
h ' 1
h h
1
H " h'
K
H ' h"
8‐5
Para casos em que não são considerados iguais rendimentos, algumas fórmulas empíricas podem ser usadas
para corrigir o rendimento. Algumas são dadas a seguir.
ηt ‐ rendimento total,
D ‐ diâmetro
H ‐ altura de elevação.
ηt : rendimento total
Re: número de Reynolds para as duas máquinas semelhantes, definido por:
Re 2. g. H (8.22)
D: diâmetro característico da turbina, normalmente o diâmetro externo,
ν: viscosidade cinemática
g: aceleração da gravidade e
Hn : altura de queda nominal ou de projeto.
" /
(8.23)
"
D: diâmetro característico do rotor, normalmente D4.
"
(8.24)
" /
0,5 0,5. (8.25)
"
sendo ηe o rendimento estático ótimo e Re o número de Reynolds para as duas máquinas. Com Reynolds dado por:
π. n. D
Re
ν
n: velocidade de rotação do ventilador em [rps]
D: diâmetro característico do ventilador, normalmente “D5” em [m] para ventiladores radiais e “De” em [m] para
ventiladores axiais,
ν: viscosidade cinemática [m2s‐1]
2
Segundo Stepanoff, em STEPANOFF, A.J. Centrifugal and Axial Pumps
3
De acordo com a NB‐580
4
De acordo com a AMCA standard.
8‐6
Fórmula V de CAMMERER
" , /
(8.26)
, /
"
A teoria das máquinas de fluxo mecanicamente semelhantes permite determinar, com excelente
aproximação, as principais características de uma grande turbina protótipo, por exemplo, partindo de resultados
de ensaios feitos sobre uma pequena turbina modelo (ou padrão). Mas esta teoria não é um rigor absoluto e
certamente haverá pequenos desvios entre o protótipo e o modelo. Estes desvios podem ser favoráveis (como é
o caso dos rendimentos), ou preocupantes (como nos fenômenos de cavitação).
Aplicando as leis aproximadas da semelhança, que ignoram a semelhança dinâmica e requerem como
condição de semelhança apenas a semelhança geométrica e cinemática, a semelhança de duas máquinas de fluxo
MF’ e MF” é caracterizada por:
Razão de semelhança geométrica (λ)
Razão de semelhança cinemática (K)
Igualdade entre os rendimentos totais (dado pela Eq.8.19)
A razão de semelhança geométrica pode ser fixado arbitrariamente e a razão de semelhança cinemática
“K” depende das alturas de queda ou elevação sob as quais irão funcionar as duas máquinas. Como a queda do
modelo, a ser construído, vai ser fixada em conformidade com as disponibilidades técnicas do laboratório, fica
implícito que o coeficiente “K” também pode ser fixado arbitrariamente.
Este tipo de semelhança em que o projetista tem dois graus de liberdade – fixação dos coeficientes λ
e K – recebe o nome particular de semelhança de Combes‐Rateau e permite a obtenção das seguintes escalas.
A similaridade Combes‐Rateau (similaridade parcial das turbomáquinas) exige três condições:
Semelhança geométrica dos dois rotores que se compara
Semelhança cinemática para pontos homólogos nos rotores
Razão constante entre a pressão e o quadrado da velocidade
′.R' (8.28)
Dividindo a Eq.(8.27) pela Eq.(8.28) e isolando “n”, resulta:
" ′. . (8.29)
Escala de vazões
Genericamente tem‐se que:
" "
" (8.30)
8‐7
A' (8.31)
Dividindo a Eq.(8.30) pela eq.(8.31) e isolando Q”, resulta:
" ′. . (8.32)
Genericamente tem‐se que:
Usando a Eq. (8.15),
1
" ' 3 2 h"
P Ph K '
"
h
' h
Se os fluidos são os mesmos e se há igualdade de rendimentos, então:
Genericamente tem‐se que:
Ph"
Pef"
" 1
t
Ph'
Pef'
t
' 1
Dividindo uma pela outra
1 1
" " t'
P Pef' K 32 h'
"
"
'
ef
h t
1
" ' '
P Pef' K 3 2 m" V"
"
' mV
ef
Se é o mesmo fluido e se há igualdade de rendimentos então:
8‐8
Escala de momentos
Genericamente tem‐se que:
As leis da variação (similarity laws) relacionam, para uma mesma máquina de fluxo, parâmetros como alturas
de queda/elevação, vazão e potência em função da variação da velocidade de rotação. Para isto são usadas as relações
aproximadas de semelhança, que consideram a semelhança geométrica e cinemática, desconsiderando a semelhança
dinâmica, e considerando a igualdade de rendimentos.
As escalas definidas a seguir consideram que o rendimento hidráulico varia muito pouco, mesmo com grandes
variações da rotação, podendo ser considerado o rendimento constante.
Aplicando a condição de D”=D’, ou seja λ 1 , às Eqs. (8.29), (8.32) e (8.35) e usando a Eq. (8.14) resulta:
"
" ′. (8.39)
"
H" H. (8.40)
"
P" P′. (8.41)
Caso o rendimento não seja considerado constante, então:
3
n" t
'
P" P' "
n' t
Continuando com as premissas da seção 8.3, alterando os índices, e aplicando H1=1 [mca] às Eqs.(8.39) à (8.41)
resultam as grandezas unitárias dadas por,
/
Velocidade relativa: n n. H (8.42)
/
Vazão relativa: Q Q. H (8.43)
/
Potência relativa: P P. H (8.44)
As equações anteriores dão a lei da variação da rotação, vazão e potência no eixo para uma mesma máquina
de fluxo trabalhando com alturas de queda/elevação variáveis.
Os índices nesta seção se relacionam com os índices das equações (8.39) a (8.41) da seguinte forma:
H’→H1 ; Q’→Q1 ; n’→n1 e P’→P1
5
Souza (2011, p. 72) define essas como grandezas relativas
8‐9
H”→H ; Q”→Q ; n”→n e P”→P
Na seção 8.4 foram consideradas as relações de semelhança para uma mesma máquina, ou seja, D”=D’. Agora
será considerada uma máquina semelhante (semelhança aproximada) que tem D11=1 [m] e H11=1[mca] resultam as
relações biunitárias. Usando as eqs. (8.29), (8.32) e (8.34):
/
∙ ∙ (8.45)
/
P P∙D ∙H (8.46)
/
n∙D∙ (8.47)
/
M∙ ∙ (8.48)
As relações acima são as grandezas biunitárias e, supondo rendimentos constantes, são iguais para máquinas
de fluxo semelhantes. Isto permite o seu uso na transposição de valores entre um modelo e a máquina em tamanho
real (protótipo). Devido ao efeito de escala, a correção de rendimento, se necessária, será efetuada pela utilização das
fórmulas já apresentadas anteriormente.
Os índices nesta seção se relacionam com os índices das equações (8.39) a (8.41) da seguinte forma:
H”→H11 ; Q”→Q11 ; n”→n11 e P”→P1
H’→H ; Q’→Q ; n’→n e P’→P
Apesar de o conceito ser o mesmo em todas as literaturas, é importante observar as unidades que são
apresentadas nas tabelas e diagramas. Seguem as diferentes rotações específicas.
“Máquinas homólogas são aquelas que são semelhantes geometricamente e têm a mesma rotação
específica. Se não tem o mesmo Re então não terão o mesmo rendimento”. (Souza, 2011, p. 75).
É a velocidade de operação na qual a máquina produz altura unitária a uma vazão volumétrica unitária.
Considerando‐se duas máquinas hidráulicas com similaridade de Combes‐Rateau, e considerando que se
uma das máquinas hidráulicas trabalhar nas condições de altura de queda (H’) de 1,0 [mca] e vazão (Q`) de
1,0 [m3/s], tem‐se:
′.
" ′. . ⇒
"
" ′. .
Substituindo uma em outra com Q’=1 e resolvendo para n’:
6
Souza (2011, p. 74) define essas como as grandezas unitárias “antigas”
8‐10
, ,
′ ". " .
Lembrando que K=(H/H)1/2 e H’=1 [mca]:
, /
′ ". " . "
Suprimindo os índices:
/ /
. . (8.49)
n – [rpm]
Q – [m3s‐1]
H – [mca]
Neste caso, a M.F. que gira com rotação “n” é semelhante à M.F. que gira com rotação nq , dando 1,0 mca
(H) e 1 m3/s (Q). Todas as M.F. semelhantes a esta M.F. de referência pertencem à mesma “família”.
Para ventiladores:
/
/ ∆p
. . γ (8.50)
n – [rpm]
Q – [m3s‐1]
ϒ– [N m‐3]
Δp – [Pa]
Que é a rotação específica a vazão7 cujo conceito é de ser a rotação de uma máquina semelhante à
original que sob a queda de 1 [mca] é atravessada por uma vazão de 1 [m3s‐1]. É muito utilizada no estudo
das bombas hidráulicas e ventiladores.
É a velocidade de operação na qual a máquina produz potência unitária a uma carga unitária.
Considerando‐se duas máquinas hidráulicas geometricamente semelhantes cujos escoamentos obedecem
aos critérios de semelhança de Combes‐Rateau, e considerando que se uma das máquinas hidráulicas trabalhar
nas condições de altura de queda (H’) de 1,0 [mca] e potência (Pef`) de 1,0 [CV], tem‐se:
" ′. .
" ′. .
Se uma destas máquinas trabalhar sob uma altura de 1,0 mca (H’) e produzir a potência de 1,0 CV (P’)
com o mesmo rendimento da MH”, tem‐se:
, ,
" ′. . ⇒ " .
, ,
" ′. . ⇒ " ′. . . "
Resolvendo para n’, resulta:
7
Ou velocidade de rotação específica ou coeficiente de forma
8‐11
, ,
′ ". " .
Como k=(H”/H’)1/2, resulta:
, /
′ ". " . " (8.51)
À velocidade de rotação n’, deu‐se a designação de rotação específica8. Sua definição é como sendo
a rotação de uma máquina semelhante à original, que sob a queda de 1,0 mca fornece uma potência de 1,0
CV. Esta é uma grandeza específica que depende do fluido, bem como do rendimento total da máquina,
permitindo comparar somente máquinas que trabalhem com mesmo fluido e mesmo rendimento.
Se houver uma comparação entre as máquinas de fluxo MF’ e MF”, ou MF’ e MFn, e resultar para n’
sempre o mesmo valor, pode‐se concluir que duas máquinas de fluxo em semelhança de Combe‐Rateau
possuem a mesma rotação específica, cujo símbolo é ns.
, /
. . (8.52)
n – [rpm]
Pef – [CV]
H – [mca]
Suas dimensões no sistema métrico são [rpm.CV1/2.m‐5/4]. Alguns autores consideram ns em [rpm],
porque a potência e a altura unitária possuem módulo unitário, mas dimensão tal que torna ns e n com a
mesma dimensão. Outros autores utilizam ns/n e chamam‐no de coeficiente de rotação específica
(adimensional).
Considerando como fluido a água (ρ=1000 kg.m‐3) pode‐se relacionar as duas rotações específicas:
, /
ρQH / / / /
. . n . 3,65. η . . .
75η
Como a premissa inicial considera duas máquinas semelhantes de rendimentos iguais, então pode‐se
considerar a potência efetiva ou hidráulica para obtenção de ns, desta forma, o rendimento é desconsiderado, e:
3,65. (8.53)
Na literatura pode‐se achar outro índice denominado “nqA”, que é o coeficiente de forma segundo
Addison9, dado por:
/ /
3. . . (8.54)
n – [rpm]
Q – [m3s‐1]
H – [mca]
8
Zulcy Souza (nst) e a define como a rotação específica relacionada a potência
9
ADDISON, H. Centrifugal and other rotodynamic pumps.
8‐12
Os valores de n, Q e H são os valores de melhor rendimento (projeto). Caso a máquina tenha vários
estágios (rotores em série) o “H” utilizado corresponde ao salto energético de cada rotor. Para o caso de
dupla sucção, a vazão será considerada em um dos lados de sucção, normalmente sendo a metade da vazão
que passa pelo rotor.
Em bombas com rotor de dupla sucção, para o cálculo das rotações específicas deve‐se dividir
a vazão por dois.
Em bombas multi‐estágio deve‐se dividir a carga (H) pelo número de estágios para obter o
valor de H por estágio e este valor deve ser usado na fórmula
Dada a curva característica QxH de uma bomba pode‐se calcular as rotações específicas para
cada ponto. Por isto, padronizou‐se o cálculo deste parâmetro no ponto de máximo
rendimento, e também é conhecida como “velocidade específica tipo”.
A velocidade específica independe da rotação na qual a bomba é operada. Considerando que
uma bomba tem sua máxima eficiência com a rotação n1, com Q1 e H1, e mude‐se a rotação
para n2, sendo n2/n1=C, então,
/ / / / / /
. . . . . .
8.9 Exercícios
1. Uma turbina Francis de 1020 mm de diâmetro que trabalha no Paraguai (frequência de rede: 50Hz) sob uma queda líquida de 61 mca
e gera uma potência de 2717 CV com um rendimento total de 83,5% a uma rotação de 375 rpm, foi comprada por uma empresa
brasileira que deverá instalá‐la sob uma queda de 156 mca. Supondo‐se que a máquina tenha o mesmo rendimento, qual será a vazão
do rio que deverá ser desviada para a turbina, qual será a nova potência eficaz da máquina e quantos pares de pólos deverá ter o novo
gerador a ser comprado? (R. 6,4 m3/s; 11.129 CV; 6 pares de pólos)
2. Uma turbina pequena cujo diâmetro é de 38 cm fornece uma potência eficaz de 10 CV com uma vazão de 340 l/s e uma altura de 2,70
m. A velocidade de rotação é de 180 rpm. Se uma turbina geometricamente semelhante de 1,20 m de diâmetro deve funcionar sob
uma altura de 7,60 m, quais serão os valores de sua velocidade, vazão e potência eficaz? Determinar ainda o valor dos rendimentos e
ns das duas turbinas. (R. 96 rpm; 5,69 m3/s; 417,2 CV; 81,7%; ns=165)
3. Os ensaios realizados sobre uma turbina pequena, dez vezes menor do que outra, indicam que com uma carga de 4,5 m que
correspondem a 45 m na outra, o eixo da primeira sofre um torque de 54 N.m quando a vazão é de 56 l/s, sendo de 80% seu
rendimento. Qual será a rotação da turbina menor e os correspondentes valores de rotação, momento, vazão e rendimento da turbina
maior? (R. 440 rpm; 138 rpm; 53,9 kN.m; 17,7 m3/s; 80,0%)
4. Uma turbina possui as seguintes características D’=0,5 [m]; ηt=80%; H’=30 m, Q’=50 l/s; e n’= 310 rpm. Deseja‐se construir outra
turbina geometricamente semelhante a anterior, porém que gire a uma velocidade síncrona de 180 rpm sob a mesma carga da
anterior. Determine a vazão requerida por esta turbina, o valor de seu diâmetro e sua potência. (R. 0,148 m3/s; 0,86 m; 34,8 kW)
5. Uma turbina tem seu rendimento ótimo sob uma queda líquida de 6 m, a 100 rpm e gerando uma potência de 400 CV. O diâmetro da
turbina é de 1300 mm. Pergunta‐se a rotação de uma máquina geometricamente semelhante a anterior, porém com metade do
diâmetro sob uma queda líquida de 9 m, e qual potência gerará esta segunda turbina. (R. 244 rpm; 181,6 CV)
6. Calcular a rotação, potência eficaz e vazão de uma turbina de 1 m sob uma altura de queda de 10 mca, que é geometricamente
semelhante a outra de 400 mm de diâmetro, queda líquida de 5 mca, que com uma vazão de 400 l/s gira a 150 rpm e tem rendimento
total de 70%. (R. 1875 rpm; 329,7 CV ; 3,53 m3/s)
7. Uma turbina deve desenvolver 312 CV sob uma carga de 24 m e seu rotor deve ser geometricamente semelhante a outro de 0,5 m de
diâmetro que desenvolve 21 CV quando gira a 130 rpm sob a carga de 10 m. Qual será a vazão da turbina menor e os correspondentes
valores do diâmetro, da rotação e da vazão na turbina maior? Considerar o rendimento de 80%. (Q’=1,2183 m3/s; Q”=0,1968 m3/s;
D’: 1 m; n’=403 rpm).
8. Uma bomba centrifuga tem as seguintes características de funcionamento: potência eficaz de 16CV, rotação de 2850 rpm, vazão de
3000 l/min, e altura de elevação de 25 mca. Deseja‐se substituir o motor elétrico que aciona esta bomba por um diesel de acionamento
direto a 3100 rpm. Qual será a altura de elevação, a vazão e a potência eficaz nesta nova condição? (R. 29,6 mca; 54,4 l/s; 20,59 CV).
9. Uma bomba centrífuga girando a 500 rpm proporciona uma vazão de água de 18000 l/min a uma altura manométrica de 5 mca.
Calcular a velocidade que deve girar uma bomba geometricamente semelhante a anterior que dá uma vazão de 50% da anterior e uma
altura de elevação de 10 m. Calcular também as relações de semelhança entre as bombas. (R. 1198 rpm; k=1,313; λ=0,59)
8‐13
10. Uma bomba centrífuga dá uma vazão de 50 l/s a uma altura de elevação de 100 m, girando a 1450 rpm. O rendimento da bomba é de
67%. Pretende‐se que a bomba trabalhe sob uma nova condição de 130 m. Supondo um rendimento igual, calcular a vazão, a potência
de acionamento e a rotação nesta condição. (R. 57 l/s; 66,2 CV; 1653 rmp)
11. Um ventilador proporciona uma vazão de 12000 m3/h a 500 rpm, e tem um diâmetro de 970 mm. O ventilador dá uma pressão estática
de 6 mmca, sendo o peso específico do ar de 1,2 kg/m3. A potência consumida é de 0,43 CV. Alterando‐se o sistema de polias que
aciona o ventilador de maneira que ele tenha rotação 20% menor, pergunta‐se: qual a nova vazão, a nova pressão estática, a nova
potência eficaz e os rendimentos? (R. 9600 m3/h; 3,84 mmca ; 0,22 CV; 62%; 62%)
12. Se o ventilador do problema anterior passar a trabalhar a 500 rpm, porém com um ar de peso específico de 0,96 kg/m3, qual será a
nova vazão, a nova potência consumida, e o rendimento neste caso?
13. As características de um ventilador de 800 mm de diâmetro, girando a 450 rpm com um ar cujo peso específico é de 1,12 kgf/cm3 são:
vazão de 4000 m3/h; pressão estática de 50 mmca; e rendimento total de 50%. Outro ventilador geometricamente semelhante a este
de 1,0 m de diâmetro tem a mesma rotação. Calcule para as mesmas condições do ar, vazão a potência eficaz e a rotação do segundo
ventilador.
14. Um ventilador operando em seu ponto de projeto, com ar de massa específica igual a 1,2 kg/m3, desenvolve uma diferença de pressão
total de 7357,5 Pa e uma vazão de 38 m3/s, quando gira a uma velocidade de rotação de 1480 rpm. Para um modelo reduzido que
desenvolve a mesma diferença de pressão total, girando a uma velocidade de 2960 rpm, determinar: a) a vazão do modelo (Resp. 9,5
m3/s); b) o tipo de ventilador (Resp. centrífugo, com nqA=219,45), o fator de escala geométrica (Resp. λ=2), a potência no eixo do
modelo, considerando seu rendimento igual ao do protótipo de 75% (Resp. 93,16 kW).
15. Determine o coeficiente de pressão e o coeficiente de vazão para um ventilador que deve operar com uma rotação de 1200rpm e
trabalha com uma vazão de 5000 m3/h vencendo uma pressão total de 600 Pa. Considere o diâmetro do rotor igual a 500 mm.
Considere o ar a 20ºC. Resposta: KP:0,5 KQ=0,7
16. Mostre que o coeficiente “a” é igual para duas máquinas geometricamente semelhantes:
1
a 1 2 2
1 r4
Z
r5
Referências Bibliográficas:
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FOX, R.W.; McDonald, A.T.; Pritchard, P.J. Introdução à mecânica dos fluidos. 6ªed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
HENN, E.A.L. Máquinas de fluxo. Santa Maria: UFSM, 2006.
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MATTOS, E.E.; FALCO, R. Bombas industriais. Rio de Janeiro: Interciência, 1998.
SOUZA, L.A.V. Apostila: Máquinas hidráulicas. Curitiba: Apostila UFPR, 1990.
SOUZA, Z. Projeto de Máquinas de Fluxo: Tomo I. Rio de Janeiro: Interciência, 2011.
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