Sei sulla pagina 1di 84

Luci Kikuchi Veloso

Luiz Alves de Souza

FONÉTICA E FONOLOGIA
DO INGLÊS

Montes Claros - MG, 2010


Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

REITOR IMPRESSÃO, MONTAGEM E ACABAMENTO


Paulo César Gonçalves de Almeida Gráfica Yago

VICE-REITOR PROJETO GRÁFICO E CAPA


João dos Reis Canela Alcino Franco de Moura Júnior
Andréia Santos Dias
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Giulliano Vieira Mota EDITORAÇÃO E PRODUÇÃO
Alcino Franco de Moura Júnior - Coordenação
CONSELHO EDITORIAL Andréia Santos Dias
Maria Cleonice Souto de Freitas Bárbara Cardoso Albuquerque
Rosivaldo Antônio Gonçalves Clésio Robert Almeida Caldeira
Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho Débora Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida
Wanderlino Arruda Diego Wander Pereira Nobre
Gisele Lopes Soares
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA Jéssica Luiza de Albuquerque
Wanessa Pereira Fróes Quadros Karina Carvalho de Almeida
Rogério Santos Brant
REVISÃO TÉCNICA
Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira

Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes


Ficha Catalográfica:

2010
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.

EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39041-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Universidade Aberta
do Brasil - UAB

Ministro da Educação
Fernando Haddad

Secretário de Educação a Distância


Carlos Eduardo Bielschowsky

Coordenador Geral da Universidade Aberta do Brasil


Celso José da Costa

Governador do Estado de Minas Gerais


Antônio Augusto Junho Anastasia

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior


Alberto Duque Portugal

Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes


Paulo César Gonçalves de Almeida

Vice-Reitor da Unimontes
João dos Reis Canela

Pró-Reitora de Ensino
Maria Ivete Soares de Almeida

Coordenadora da UAB/Unimontes
Fábia Magali Santos Vieira

Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes


Betânia Maria Araújo Passos

Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH


Mércio Coelho Antunes

Chefe do Departamento de Comunicação e Letras


Ana Cristina Santos Peixoto

Coordenadora do Curso de Letras/Inglês a Distância


Hejaine de Oliveira Fonseca
AUTORES

Luci Kikuchi Veloso


Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
possui especialização em tradução pela Universidade de São Paulo (USP).
Possui graduação em Língua e Literatura Inglesas pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), graduação em Secretário
Executivo Bilíngue Português-Inglês pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP). Professora de Linguística e de Língua Inglesa do
Departamento de Comunicação e Letras da Universidade Estadual de
Montes Claros - UNIMONTES.

Luiz Alves de Souza


Especialista em Linguística Aplicada pela UNIMONTES e mestrando em
Linguística na Universidade de Franca/SP. Licenciado em Letras/Inglês pela
UNIMONTES, é professor do Curso de Letras/Inglês e de Língua Italiana no
Núcleo de Ensino e Estudos de Línguas do Departamento de Comunicação e
Letras desta mesma universidade.
SUMÁRIO
DA DISCIPLINA

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
Unidade I: Fonética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
1.1 Sistema Sonoro do Português x Sistema Sonoro do Inglês . . . 09
1.2 Grafemas e Fonemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 As Consoantes do Inglês . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Unidade II: As Vogais do Inglês. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1 Os Fonemas Vocálicos do Inglês . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.3 Vídeos Sugeridos para Debate. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Unidade III: Regras de Pronúncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.1 Algumas Regras de Pronúncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2 A Importância da Transcrição Fonética no Inglês e as Regras de
Pronúncia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.3 A Sílaba. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.4 As Regras de Pronúncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Unidade IV: Fonologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.1 Fala em Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.2 Entoação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.3 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Referências Básica, Complementar e Suplementar . . . . . . . . . . . . . . 69
Atividades de Aprendizagem - AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
APRESENTAÇÃO

Caro aluno,

Olá! Este é o material que será utilizado na disciplina Fonética e


Fonologia do Inglês, com carga horária de 75 (setenta e cinco horas/aula).
Essa disciplina lida com os sons da língua inglesa e, assim como a
Fonética do Português, a fala é o foco. Em uma língua estrangeira, podemos
afirmar que a dificuldade maior do aprendiz está na compreensão auditiva e
na fala. Esta disciplina auxiliará muito nestas duas habilidades, sendo um
elemento motivador no seu aprendizado aqui neste curso de Letras-Inglês.
Como já mencionamos na Fonética e Fonologia do Português, o objeto de
estudo tanto da fonética quanto da fonologia é a fala humana.
Nesse curso, discutiremos as características das consoantes e vogais
do inglês, com mais detalhamento, sua distribuição para a formação da fala e
também o porquê da dificuldade de aquisição de uma segunda língua pelo
aprendiz brasileiro. Portanto, é muito importante rever os conceitos e teorias
da Fonética e Fonologia do Português, pois a teoria linguística é a mesma, a
diferença entre estas duas disciplinas está primeiramente no sistema sonoro
e, neste curso, discutiremos o sistema sonoro do inglês.
A disciplina tem como objetivos:
Explicitar a produção articulatória das vogais e consoantes do
?
inglês britânico padrão e americano padrão e contrastar com as do
português brasileiro;
? Resgatar conceitos como a sílaba, a tonicidade e conceitos da
fonologia como fonemas, alofones, processos fonológicos e aplicá-los nesta
disciplina;
Praticar a transcrição fonética do inglês para que vocês consigam
?
ler a pronúncia correta de qualquer palavra do inglês nos dicionários.
Expor e praticar regras de leitura, ou a relação de grafema e
?
fonema da língua inglesa.
É imprescindível que você, caro aluno, faça uma leitura atenta de
todos os textos e desenvolva todas as atividades propostas, uma vez que a
disciplina Fonética e Fonologia do Inglês traz especificidades próprias do
funcionamento da língua inglesa. Assim, você perceberá que a disciplina é
muito importante para o ensino da língua inglesa.

07
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Optamos pela Escola de Fonética Britânica, pois além da Inglaterra


ser o berço desta ciência, é a mais utilizada em livros de fonética e pronúncia
publicados. No entanto, faremos um paralelo entre a pronúncia britânica e a
americana, devido à predileção do brasileiro pela pronúncia americana.
Lembramos também que os símbolos fonéticos utilizados, assim
como os símbolos do curso de Fonética e Fonologia do Português, são do IPA
– International Phonetic Alphabet (Alfabeto Fonético Internacional), um
alfabeto desenvolvido pela Associação Fonética Internacional para fornecer
símbolos que representam quaisquer sons das línguas naturais existentes
(McARTHUR, 1992). É considerado o alfabeto fonético oficial pelos
principais linguistas.
Você verá que o texto está estruturado em unidades e subunidades,
sendo as Unidades I e II referentes à Fonética do Inglês, a unidade III
referente às regras de pronúncia e a unidade IV referente à Fonologia do
Inglês. Esta subdivisão tem a função de oferecer um ambiente propício para
a discussão e reflexão, acompanhadas de sugestões que remetem a outros
ambientes de aprendizagem, tais como: participação em fórum, acesso a
bibliotecas virtuais na web, sites na internet, informações, atividades e dicas
que aparecem com os seguintes ícones:

DICAS PARA REFLETIR

B GC
GLOSSÁRIO E ATIVIDADES
A F
Esperamos que você possa usufruir dos novos conhecimentos
oferecidos pela disciplina.

Boa sorte!
Os autores.

08
1
UNIDADE 1
FONÉTICA

As Consoantes

1 INTRODUÇÃO

Quando pensamos em aprender uma língua estrangeira, no caso, o


inglês, qual o primeiro pensamento?
Falar inglês. Concorda?
Porém, a compreensão auditiva precisa ser trabalhada
anteriormente. Muitas pessoas tendem a considerar a fala como o maior
objetivo no aprendizado de língua inglesa, pois, como afirma O’Connor
(1996), Language starts with the ear. Portanto, a compreensão auditiva
também é muito importante, precedendo a fala. Assim como quando
adquirimos a língua materna, também captamos os sons primeiramente pelo
ouvido. Através dele, internalizamos informações linguísticas para produzir
elocuções. Na sala de aula, os alunos escutam mais do que falam. A
competência da compreensão auditiva é universalmente maior que a
competência na fala (BROWN, 1994).
Tradução dos autores: A língua inicia pelos ouvidos.

Figura 1: Primeiro escutamos e depois falamos.


Fonte: www.childrenmatternetwork.org

Então, se a fala depende da compreensão auditiva e os livros “não


falam”, qual é o caminho para entender e falar inglês?
Vamos escutar o máximo de inglês possível, mas, para isto, temos
?
que conhecer os sons da língua inglesa para alcançar a intelecção, a
compreensão auditiva.
A compreensão auditiva está intimamente ligada a uma boa
?
pronúncia.

09
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

? Precisamos adotar um modelo de pronúncia inglesa padrão, o


B.B.C English (Inglês da BBC): inglês utilizado nas transmissões da BBC de
Londres ou o G.A General American - Inglês americano padrão e escutar. A
partir desta escolha, tentar repetir e utilizar esta pronúncia. Ao adotar um
modelo, temos a garantia de treinar nossos ouvidos com um inglês que
qualquer falante, nativo ou não, poderá entender.

Figura 2: Americano padrão Figura 3: Britânico Padrão


Fonte: www.travelpod.com Fonte: http//tugas.co.uk

E como podemos ajudar a atingir os objetivos acima?


Podemos alcançar tal objetivo, contando com seu esforço pessoal
no sentido de aplicar os conhecimentos obtidos por meio da Fonética e
Fonologia do Inglês. Pois, quando começamos a aprender uma língua
estrangeira, não conseguimos entender os sons que não são familiares ou
mesmo a diferença entre estes (BAKER, 1996). E por desconhecermos as
consoantes e as vogais desta língua, não captamos a mensagem. Parece
óbvio, mas não escutamos o que não conhecemos. Por isso é recomendável
aprender como estes sons são produzidos, além de escutá-los.
Então, nossa primeira proposta é, através da Fonética e Fonologia
do Inglês, conhecer os sons da língua inglesa
para que vocês consigam entender o falante
de inglês. Expor também as regras fonéticas
e fonológicas para que vocês captem os
sons, as sílabas, as palavras e os enunciados
com palavras encadeadas. Está aqui a
principal vantagem desta disciplina: é o
primeiro passo para que vocês entendam Figura 4: Speaking and Listening
Fonte: www.connectedonline.co.uk
(Listening) e, consequentemente, falem
(speaking).
Portanto, iniciaremos nosso estudo com uma comparação do
sistema sonoro do inglês e do português.

10
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

1.1 O SISTEMA SONORO DO PORTUGUÊS X O SISTEMA SONORO DO


INGLÊS

Como já mencionado no curso de Fonética e Fonologia do


Português, cada língua possui um sistema sonoro próprio, que é composto
pelas consoantes e as vogais faladas. Observe, a seguir, as duas tabelas: a
TAB. 1 apresenta as consoantes do sistema sonoro do português, que vocês
já conhecem, e a TAB. 2 apresenta as consoantes do inglês padrão.
Os fonemas sublinhados fazem parte tanto do sistema consonantal
do português quanto do inglês. Observe:

DICAS

O áudio destas consoantes da


tabela 1 está disponível no site
http://www.cefala.org/fonologia
/quadro_fonetico.php

Tabela 1 - As consoantes do Português


PARA REFLETIR
As Consoantes do Inglês – The English Consonants
As línguas
Há mais de 6.800 línguas no
Observe que colocamos os nomes técnicos da fonética na tabela
mundo.
abaixo em inglês. Percebem alguma semelhança? Nós, falantes de O inglês é falado por 1,5
português, temos uma grande vantagem perante o inglês, devido a presença, bilhões de pessoas;
O chinês por 1,2 bilhão;
na nossa língua, dos cognatos. São palavras de duas línguas, no nosso caso,
O hindu por um bilhão;
português e inglês, com a mesma origem greco-romana. Elas têm a forma e o 51 línguas são faladas por uma
significado semelhantes como vocês podem verificar abaixo. Utilizem esta pessoa;
1.500 línguas são faladas por
estratégia de inferir o significado por meio dos cognatos nesta disciplina e em
menos de mil pessoas;
qualquer outra da língua inglesa, pois a probabilidade de acerto é muito alta. 240 línguas são faladas por
96% dos seres humanos.
Acredita-se que daqui a l00
anos restarão 100 línguas;
24 daqui a 300 anos.
O inglês, chinês e espanhol
sobreviverão.
O português será incorporado
pelo espanhol.
Fonte:
http://www.cruiser.com.br/giria

11
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

DICAS

O áudio destas consoantes do


inglês está disponível no site

http://www.teachingenglish.org.
uk/try/activities/phonemic-chart

Nesta mesma página, se você


clicar no quadro semelhante ao
abaixo,
Tabela 2 - As consoantes do Inglês
Attachment Size Fonte: adaptado de ROACH, 2003.
pron_chart_vector.hqx 3.12 MB
PC_pron_chart_vector.exe 1.64 MB

Os fonemas que o português e o inglês


conseguirá baixar este quadro
possuem em comum devem ser utilizados na fala do
fonético em seu computador!
inglês à vontade! Você sabia que utilizamos os sons do
português em uma segunda língua que aprendemos
automaticamente, mas não percebemos? Às vezes dá
certo, às vezes não...
Por isso sublinhamos as consoantes que estas
duas línguas têm em comum nas tabelas 1 e 2 para
serem usadas intercambiavelmente sem dor na consciência.
Observe e escreva:
Observe as tabelas 1 e 2.
1. Quais sons consonantais o inglês e o português têm em comum?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
2. Quais sons o inglês possui e o português não?
______________________________________________________________
______________________________________________________________

Fromkin (2003, p. 381) afirma que o aprendiz de segunda língua


dispõe de uma gramática internalizada da sua língua materna. O mesmo não
ocorre com a criança em situação de aquisição de sua língua materna. Ou
seja, já temos um inventário de sons e regras fonéticas e fonológicas de nossa
língua materna internalizados. Entendemos como regras fonéticas e
fonológicas as regras utilizadas para combinação de sons formando
enunciados para a comunicação. Partindo do princípio de que na aquisição
de uma segunda língua, baseamo-nos na língua materna, transferindo as
regras e os fonemas da língua materna para a língua em aprendizagem,

12
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

podemos afirmar que os sons da questão 2 acima poderão apresentar


problemas na hora de pronunciar. O’Connor (1996) afirma que nossa língua
é feita de uma combinação de sons que fazem parte de nossa gramática
internalizada. Os sons inexistentes em nossa língua materna são substituídos
por outros existentes que são similares, por exemplo, o som do grafema ‘th’
desvozeado tende a ser substituído por /f/ ou /s/, sons existentes no
português.

Figura 5: Tentativa de produção do som do ‘th’ do inglês por um estrangeiro.


Fonte: http://en.wordpress.com/snap

Portanto, quais consoantes podem ser transferidas de uma língua


para outra sem causar erro de pronúncia?
Resposta:

Quais sons do inglês podem causar sotaque ou até mesmo uma


pronúncia incorreta quando um falante brasileiro os utiliza tendo em mente
um som semelhante do português - por exemplo, com um ponto de
articulação semelhante? Lembramos que uma pronúncia incorreta causa
danos na comunicação.
Resposta:

Afinal, o que é uma boa pronúncia?


Hockett (1972) define que uma boa pronúncia é aquela que faz o
nativo prestar atenção ao assunto que está em pauta e não ao MODO como
você fala. Quando isso não acontece, certamente ocasiona “ruídos” na
comunicação. Para evitarmos esta situação, nada melhor que o aprendizado
da compreensão auditiva do inglês.

13
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Em outras palavras, precisamos melhorar nossa pronúncia,


enquanto falantes de língua estrangeira, minimizando nosso sotaque e
sendo, portanto, melhor compreendidos. A partir dessa reflexão, podemos
conceituar:
Como afirmamos acima, possuímos a gramática da língua materna
já internalizada por sermos adultos, portanto, nada mais natural que fazer
um paralelo entre grafema (letra) e fonema (som) no inglês, assim como foi
feito no curso de Fonética e Fonologia do Português. Digamos que é o modo
mais fácil de associar o som e a letra e também de internalizar as regras de
fonema e grafema do inglês.
B GC
GLOSSÁRIO E 1.2 GRAFEMAS E FONEMAS
A F
Pronúncia: é o ato ou Nunca devemos misturar grafemas (letras) com fonemas (sons).
resultado da produção de sons
da fala para comunicação. Grafemas são escritos e os fonemas são falados. É muito útil usar as letras para
remeter aos seus sons correspondentes e, ao contrário do português, a
Ruido: o leitor pode entender relação letra e som do inglês é mais complexa. Observe as palavras abaixo:
como pertubação de ordem
sonora, e não barreiras ou City busy women pretty village
dificuldades na comunicação. As letras i, y, u, o, e, a, respectivamente, são pronunciadas com o
Sotaque: é um modo de
mesmo som vocálico, o [I] (O’CONNOR, 1996), algo que não ocorre no
pronunciar que reflete o lugar português. Mas, por que o que se fala no inglês é tão diferente da escrita?
de origem e/ou classe social Porque ao longo dos séculos, a pronúncia de certas palavras mudou
(MCARTHUR, 1992).
enquanto a escrita se manteve (BOWLER & CUNNINGHAM, 1996). Pode
parecer difícil, mas em português temos algo semelhante com o som /s. Este
pode ser escrito com as letras s, c, ss, sc, sç, ç, x, xc, não é mesmo? No inglês,
a relação grafema e fonema é maior. No entanto, lembrem-se de que a
diversidade é o elemento comum entre as línguas naturais. No inglês,
existem muitas palavras homônimas, palavras com a mesma pronúncia, mas
significado e escrita diferentes (CEGALLA, 2008), e os falantes de língua
inglesa exploram muito este recurso nas piadas. Por isso, muitas vezes não
achamos graça nas piadas americanas ou inglesas. Observe a oração abaixo:
Last weak, I cent my sun to the shops to bye a pair.
Considerando apenas a forma escrita, a oração acima não faz
sentido algum, ao passo que, quando lida em voz alta, o seu sentido é
completo (Hancock, 2003). As palavras incorretas na escrita estão em
negrito. A correta seria:
Last week, I sent my son to the shops to buy a pear.
E a transcrição fonética das duas orações é:

14
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Este é outro ponto a favor para se familiarizar com a fonética do B GC


inglês. Você potencializa sua percepção auditiva ao adquirir conhecimento GLOSSÁRIO E
do sistema fonético do Inglês. A F
Além disso, o inglês possui regras diferentes de leitura, algo que o Gramática: Conjunto de regras
da língua dominado pelo
nativo de língua inglesa habitua a fazer e treinar desde criança, assim como
indivíduo a partir de sua
treinamos as nossas regras de leitura desde a infância. Para tal, exporemos a internalização, ou a gramática
relação de grafema e fonema da língua inglesa. internalizada (visão científica,
desenvolvida no século XX a
Na seção seguinte, discutiremos cada um dos fonemas partir do gerativismo, baseada
consonantais do BBC English ou britânico padrão. Apresentaremos os pares na proposição de que a criança
de consoantes – desvozeadas e vozeadas, sua classificação (ponto e modo de em fase de aquisição de uma
língua, à medida que é a ela
articulação, vozeamento), exemplos e relação fonema e grafema. exposta, internaliza suas regras.
Iniciaremos apenas com os fonemas e, quando pertinente, mencionaremos Esta gramática não existe em
os alofones. forma de manual, está
arquivada em nossa mente.
(Esta definição foi retirada do
1.3 AS CONSOANTES DO INGLÊS seu curso do primeiro período,
Introdução à Linguística.)

Observe o trato vocal abaixo: Letra = grafema


Som = segmento

Fonema: unidade da fonologia;


tem um valor distintivo, porque
a mudança de um fonema
implica em mudança de
significado ou outra palavra.
Exemplo no português:
contraste entre ‘mato’ e ‘pato’.

O alofone é uma realização do


fonema e, ao contrário do
fonema, em duas palavras, a
substituição de um alofone por
outro não muda o significado.

Figura 6: O trato vocal - Pontos de articulação dos sons consonantais. Conhecer os articula- DICAS
dores, os locais e modos de articulação bem como o posicionamento da língua na produção
dos fonemas facilita a percepção e compreensão de diversos processos fonológicos.
Fonte: www.umanitoba.ca/faculties/arts/linguistics/russell/138/sec1/anatomy.htm

Utilizando a estratégia dos cognatos, perceba a semelhança entre a Se você tiver curiosidade em
rever as palavras com o som /s/,
nomenclatura em inglês e os seus termos correspondentes em português:
veja uma gramática do
português.

15
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Alveolar ridge = Alvéolos


DICAS
Tongue tip = Ponta da língua
Tongue blade = Lâmina da língua
Você pode baixar gratuitamente o Tongue body = Corpo da língua
programa "silipa93.exe" que
permite o uso dos símbolos Tongue root = Raiz da língua
fonéticos da IPA. Esse é instalado
como um tipo de fonte a mais na Lanrynx = Laringe
janela do Windows um tipo de
fonte a mais no seu computador. Epiglottis = Epiglote
Você pode digitar diretamente
alguns desses símbolos no seu Pharynx = Faringe
teclado e inserir outros na opção
INSERIR/SÍMBOLOS, optando pelo Uvula = Uvula
SILSophia IPA93. Acesse
http://scripts.sil.org/cms/scripts/page Soft palate = Palato mole
.php?site_id=nrsi&item_id=encore
-ipa-download e procure: Hard palate = Palato duro
Download "silipa93.exe", Windows
application, 450KB [48840
downloads]. Outra dica: Acesse a 1.3.1 Classificação e Transcrição das Consoantes do Inglês
Internet e entre no site www. B.B.C
Learning English. Na seção
Pronunciation tips, você terá acesso As consoantes são uniformes em todos os dialetos do inglês,
a inúmeros exercícios para treinar
o contraste entre pares de sons. portanto, não colocamos esta observação nas consoantes descritas abaixo.
Iniciaremos com as consoantes oclusivas ou stop or plosives em inglês.
Estamos usando uma tabela semelhante à utilizada no curso de Fonética e
Fonologia do português.
DICAS
Na tabela consonantal você encontrará:
a) O símbolo fonêmico;
b) A classificação da consoante com a figura com a articulação para
Releia a Unidade 2 (‘A produção visualizar a produção de cada som;
dos sons da fala’ até o tópico
c) Cada palavra dada como exemplo contém:
‘Maneira Utilizada para obstruir a
corrente de ar: a maneira de . A tradução no português;
articulação) do seu material de
Fonética e Fonologia do português . Sua transcrição fonética de acordo com o IPA;
para revisar alguns conceitos. Estes . Pode ter a figura correspondente para ilustrar;
não serão repetidos neste caderno.
.A relação grafema e fonema, ou seja, a letra ou as letras grifadas
A produção dos sons e a produção
correspondem ao som. Não colocamos todas as combinações de grafemas
de consoantes são iguais em todas
as línguas naturais, assim como os existentes para cada som, apenas as mais frequentes.
conceitos de:
. Mecanismo e direção da corrente
d) Observações pertinentes também foram inseridas.
de ar,
. Vibração das cordas vocais,
. Consoantes nasais, 1.3.1.1 The Stop Consonants – As Consoantes Oclusivas
O lugar e modo de articulação
entre o inglês e o português
possuem poucas diferenças. Oclusivas (ou stop consonants ou plosives) são consoantes formadas
Para que você também escute os
por meio da obstrução total do fluxo de ar. Vindo dos pulmões, este ar é
sons e os exemplos, bloqueado porque os lábios ou a língua podem tocar alguma região na parte
vá ao site http://www.uiowa.edu/~
acadtech/phonetics/english/
superior da boca. No caso de /p/ e /b/, o ar é bloqueado porque os lábios se
frameset.html juntam; em /t/ e /d, o ar é bloqueado porque a ponta da língua toca o
alvéolo; no caso de /k/ e /g/, o ar é bloqueado porque a parte posterior da

16
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

língua toca o véu palatino. O inglês possui 6 consoantes oclusivas ( stop B GC


GLOSSÁRIO E
consonants). Os pontos ou lugares de articulação ( place of articulation) são
iguais aos do português.
A F
Voiceless: desvozeado, ou
Tabela 3: The Stop Consonants of English
seja, as cordas vocais estão
abertas para a passagem do ar.

Voiced: vozeado, as cordas


vocais estão vibrando.

Aspiração: Quando uma


consoante deve ser aspirada,
significa que você tem que
segurar um pouco mais o ar
antes de soltá-lo. Em inglês, as
oclusivas desvozeadas no início
da palavra sempre têm que ser
aspiradas. Um bom método é,
segure uma folha de papel ao
pronunciar /p t k/. Ao
pronunciar estes sons, o papel
tem que mover, como na figura
abaixo:

Figura 7: Aspiração
Fonte: www.coolscienceexperiment
sforkids.com

17
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

1.3.1.2 The Fricative Consonants – As Consoantes Fricativas

Consoantes fricativas (ou fricatives) são consoantes formadas com


impedimento parcial do fluxo de ar no trato vocal. O ar força a passagem
entre dois articuladores que se aproximam, causando fricção. O inglês
possui oito fricativas, sendo que duas não existem no português brasileiro.
Os pontos ou lugares de articulação (place of articulation) são iguais aos do
português, com exceção do som interdental: Inter = entre e dental =
dental.

Tabela 4: The Fricative Consonants of English

18
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

1.3.1.3 The Affricate Consonants – As Consoantes Africadas

The affricates ou consoantes africadas são formadas bloqueando o


fluxo de ar em algum lugar do trato vocal e, então, liberando o ar com dois
articuladores que estão próximos, produzindo uma fricção. Ou seja, uma
africada é:
Uma oclusiva + uma fricativa
Assim como o português, o inglês possui duas africadas, uma
vozeada e outra desvozeada. Observe a FIGURA abaixo, lembrando que os
pontos ou lugares de articulação (place of articulation) são iguais aos do
português:

Tabela 5: The Affricate Consonants of English

19
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Vocês repararam que as africadas podem ser escritas com várias


combinações de letras? É a relação fonema x grafema.

1.3.1.4 The Nasal Consonants – As Consoantes Nasais

Figura 8: O palato mole, as amí-


dalas, a língua e a úvula
Fonte: www.goldbamboo.com

Para as consoantes nasais (ou nasals) os articuladores produzem


uma obstrução completa da passagem de ar através da boca; o véu palatino
encontra-se abaixado (observe a FIG. 5), o que permite a passagem de ar
para a cavidade nasal. Observe as três FIGURAS correspondentes às três
consoantes nasais do inglês. Os pontos ou lugares de articulação (place of
articulation) são iguais aos do português.

Tabela 6: The Nasal Consonants of English

20
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

1.3.1.5 The Lateral Consonants – As Consoantes Laterais

Consoantes laterais (ou lateral consonants) são aquelas que, ao


serem produzidas, permitem que o ar escape pelas laterais da língua. Roach
(2005) classifica apenas o /l/ como lateral. No inglês, temos dois tipos de ‘l’: o
claro e o escuro. O l claro não apresenta problemas para nós brasileiros,
porém o l escuro, que ocorre no final de palavra ou no meio, como em
“cold”, tende a ser pronunciado como‘u’. No nosso curso de Fonética e
Fonologia do Português, abordamos este processo denominado vocalização
do l. Relembremos:
‘O L ortográfico em final de sílaba, em certos dialetos brasileiros, é
pronunciado como uma vogal u. Este processo é denominado vocalização
do l, como em sal .Em português, este processo é articulado sem
danos na comunicação, porém, no inglês, este não é permitido. Em palavras
como cold e will .
Os pontos ou lugares de articulação (place of articulation) são iguais
aos do português.

Tabela 7: The Lateral Consonants of English

1.3.1.6 The Approximant Consonants – As Consoantes Aproximantes

As consoantes aproximantes (ou approximant consonants) são


produzidas com a aproximação de dois articuladores, mas não chegam a
produzir uma plosiva, nasal ou uma fricativa. Este termo é apenas usado para
consoantes (ROACH, 2005). Explicaremos estas consoantes
separadamente:
/r/ - A ponta da língua aproxima-se da área alveolar, mas não toca
nenhuma parte do céu da boca. Apresenta a mesma pronúncia do ‘r’
“caipira” do português.

21
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

/j/ e /w/ - São consoantes que são foneticamente vogais, mas


fonologicamente são consideradas consoantes no inglês. Sob o ponto de
vista fonético, têm o som de i e u respectivamente, porém, no inglês, são
usados como consoantes (ROACH, 2005). Estes sons são também
conhecidos como semivogais e semiconsoantes.
Os pontos ou lugares de articulação (place of articulation) são iguais
aos do português.

Tabela 8: The Approximant Consonants of English

DICAS

Para praticar a pronúncia do


inglês, além dos sites
mencionados nas
REFERÊNCIAS, vá também ao
sitehttp://cambridgeenglishonli
ne.com Apresentamos o inventário de segmentos consonantais do inglês. A
/Phonetics_Focus e divirta-se! vantagem das consoantes inglesas é que várias são semelhantes ou iguais às
do português. Podemos fazer uma transferência positiva utilizando as
mesmas consoantes. Na próxima unidade, estudaremos as vogais inglesas.

22
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

REFERÊNCIAS

BAKER, Ann. Introducing English Pronunciation: A Teacher’s Guide to Tree


or three and Ship or Sheep? An Intermediate pronunciation course. Great
Britain: Cambridge University Press, 1996.

BOWLER, B. & CUNNINGHAM, S. Headway Pronunciation Upper-


intermediate. Oxford University Press. Oxford, 1996.

BROWN, H. Douglas. Teaching by Principles: an interactive approach to


language pedagogy.Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall Regents, 1994.

CEGALLA, D.P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo:


Companhia Editora Nacional, 2008.

CRISTÓFARO SILVA, Thaïs. Pronúncia do inglês: para falantes do português


brasileiro: os sons. Belo Horizonte: FALE UFMG, 2005.

FROMKIN, V. & RODMAN, R. & HYAMS, N. An Introduction to language.


7th Ed. Boston: Thomson Wadsworth, 2003.

HANCOCK, M. English Pronunciation in Use. Cambridge: Cambridge


University Press, 2004.

HOCKETT, C.F. Learning Pronunciation. CROFT, Kenneth. (Ed.) Readings on


English as a Second Language. Massachusetts: Cambridge, 1972.

JONES, Daniel. English Pronouncing Dictionary. 15th ed. Cambridge:


Cambridge University Press, 1997.

MCARTHUR, Tom. (Ed.). The Oxford Companion to the English Language.


Oxford: Oxford University Press, 1992.

O’CONNOR, J.D. Better English Pronunciation. Cambridge: Cambridge


University Press, 1996.

ROACH, Peter. English Phonetics and Phonology: A Practical


Course.Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

____________.A Little Encyclopaedia of Phonetics. 2002. Disponível em


www.cambridge.org/elt/peterroach/resources/Glossary.pdf.

SMALL, Larry. Fundamentals of phonetics: a practical guide for students.


Boston: Allyn & Bacon, 1999.

NOBRE OLIVEIRA, D. Sheep ou Ship? Men ou man? O Papel da Hierarquia


de restrições na aquisição das vogais coronais do inglês como língua estran-
geira. 2003. 90f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) - Faculdade
de Letras, Universidade Católica de Pelotas, Rio Grande do Sul, 2003.

23
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

http://www.uiowa.edu/~acadtech/phonetics/english/frameset.html

http://facweb.furman.edu/~wrogers/phonemes/phono/phcons.htm

http://www.cambridge.org/elt/resources/skills/interactive/pron_animations/
index.htm

24
2
UNIDADE 2
AS VOGAIS DO INGLÊS

2 AS VOGAIS DO INGLÊS

Após termos estudado os fonemas


consonantais da língua inglesa, estudare-
mos as suas vogais e classificação para
auxiliar na leitura e produção de transcri-
ções fonêmicas e fonéticas. O objetivo é
Fonte: education.smarttech.com/ste/e
explicitar a produção articulatória das n-US/Ed+Resource/Lesson+activities/
vogais do inglês britânico padrão e contras- Notebook+activities/Browse+Notebo
ok/United+States
tar com as do português brasileiro.
A ordem escolhida – primeiro as
consoantes e depois as vogais – não é aleatória, mas intencional, tendo em
vista que, em relação às consoantes, o estudo das vogais apresenta uma
maior complexidade (OLIVEIRA, 2003, p. 10). Esta complexidade ocorre
devido ao fato de a cavidade oral ser um espaço bastante amplo – desde a
glote até os lábios (veja a FIG. 9 a seguir) – e por não haver locais e modos de
articulação bastante exatos para a produção das vogais, ao contrário das
consoantes, como você já viu no capítulo anterior.
Assim, pequenas diferenças na posição da língua e no grau de
arredondamento dos lábios produzem diferentes vogais com consequentes
implicações fonológicas, ou seja, podemos formar palavras diferentes e,
assim, gerarmos sentidos diferentes em enunciados apenas com a alternân-
cia de uma vogal; veja exemplo em bat, bet, bit e but.

Figura 9: Trato onde ocorre a produção das vogais orais. A produ-


ção do som se inicia na glote e sofre alterações acústicas segundo
o posicionamento da língua e formato dos lábios. Note que, neste
caso, o véu palatino encontra-se levantado, o que impede a nasali-
zação do som. Essa é a posição do véu para a produção isolada de
todas as vogais da língua inglesa.
Fonte: GODOY, 2006.

25
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Observe a Figura 9. Essa mostra o trato oral onde são produzidas as


vogais sem qualquer constrição ou bloqueio apreciável do fluxo egressivo da
corrente de ar proveniente dos pulmões, sendo esta a principal diferença
entre vogais e consoantes (SMALL, 1999).
A produção dos sons se dá pela passagem do fluxo de ar
proveniente dos pulmões e, no caso das vogais, pela simultânea vibração das
pregas vocais (localizadas no interior da laringe). As diferentes alturas do
corpo da língua e do seu grau de anterioridade/posterioridade, juntamente
com a posição assumida pelos lábios – arredondados ou estendidos –
produzem diferentes modulações correspondentes às vogais orais. Por
exemplo, produza o ‘i’ do português da palavra ‘tiro’. Você produz esta vogal
posicionando a língua na parte anterior
(frente) da cavidade oral, e próxima aos
DICAS alvéolos, pois esta é uma vogal alta anterior.
Sentiu? E ainda por cima, seus lábios ficam
estendidos, observe seus lábios no espelho.
Se você arredondar seus lábios, deixando a
Qualidade Vocálica língua exatamente onde está, você produzirá
Sugerimos que você reveja o
o “famoso” ‘i’ do francês, da palavra ‘Tu’ (tu),
item 2.3.2.2 (Qualidade
Vocálica) do Caderno Didático como na FIG. 10. Aí está a única diferença
Figura 10: O “biquinho” do francês
da Disciplina ‘Fonética e entre o nosso ‘i’ e o do francês, apenas no Fonte: finissimo.com.br/spfw/verao
Fonologia do Português’. Esse 2010/2009/06/18/faz-biquinho-para
arredondamento dos lábios (lip rounding).
item faz a apresentação de -o-finissimo-mon-amour/
aspectos que são aprofundados
nesta seção sobre os sons
O Termo Vogal
vocálicos e suas propriedades.

Nos estudos da fonética e da fonologia, o termo vogal refere-se


unicamente aos sons vocálicos, ou seja, aos fonemas, e não aos 5 grafemas
vocálicos (a, e, i, o, u) do alfabeto latino como é normalmente utilizado na
educação infantil. Os grafemas vocálicos do inglês são os mesmos do
português, mas esses 5 grafemas, sozinhos ou em combinação, podem
representar as 12 vogais do inglês britânico padrão. Assim, no estudo desta
disciplina, fique alerta para não confundir ‘vogal’ (fonema) com ‘grafema
vocálico’, que corresponde à letra.

26
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

2.1 OS FONEMAS VOCÁLICOS DO INGLÊS


DICAS
Na introdução desta disciplina, na Unidade 1, você pôde observar a
existência de duas variedades referenciais no ensino e aprendizagem da
língua inglesa: Inglês Britânico Padrão e Inglês Americano Padrão. Cada uma Se necessário, reveja a
dessas variedades tem o seu conjunto de fonemas e uma rede de contrastes Unidade 2 do Caderno
Didático da disciplina Fonética
foneticamente realizados a que chamamos sistema (CRYSTAL, 2000). do Português. Essa contém
Essa divisão tem implicações amplas para o estudo da fonética e mais detalhes sobre o
fonologia deste idioma, sobretudo no caso da pronúncia ou realização das mecanismo de produção dos
sons da linguagem humana,
vogais. A proposta desta seção do nosso caderno didático é conhecer o válidos para todas as línguas
sistema vocálico da língua inglesa e isso se dá inicialmente com o inventário naturais.
dos fonemas vocálicos dessa língua.
Conforme o exposto – por questões didáticas – optamos por
descrever as vogais dentro do sistema britânico, levando em conta o seu
número e as convenções na realização das transcrições fonêmicas, como
geralmente empregadas em materiais didáticos e pela maioria dos
dicionários recomendados no ensino do inglês no Brasil e no exterior.
O inventário das vogais usado aqui é proposto por Daniel Jones e
Peter Roach, autores britânicos de referência nos estudos da fonética e
fonologia do inglês. Quando houver relevância prática em algum ponto,
serão feitos esclarecimentos quanto à diferença entre os dois sistemas
mencionados. Para visualizar as vogais do inglês, utilizaremos o método das
Vogais Cardeais.

Figura 11: Peter Roach – Professor de fonética na Uni-


versidade de Reading – Inglaterra. As vogais classificadas
neste caderno didático são aquelas descritas por ele. Essa
definição é necessária por haver variação no número e na
qualidade dos sons vocálicos do inglês, mesmo no âmbito
da Grã-Bretanha.
Fonte: http://www.pgchile.cl/f05.jpg

27
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

2.1.1 O Método das Vogais Cardeais

Este método será utilizado para demonstrar a posição das vogais do


inglês dentro da cavidade oral, ou seja, dentro da sua boca. Como várias
vogais do inglês não existem no português, este método pode auxiliá-lo
muito! As vogais cardeais são um conjunto de pontos de referência utilizados
para a identificação e classificação de vogais de qualquer língua (CRYSTAL,
2000). Elas são apenas parâmetros, não existindo em sua totalidade em
nenhuma língua natural.
O método das vogais cardeais foi proposto por Daniel Jones no
início do século passado. Em 1917, ele classificou as vogais do inglês
utilizando-se desse método, mas, na verdade, este torna possível a
caracterização de qualquer segmento vocálico de qualquer língua natural
através da fixação de um ponto padrão de referência – o chamado ponto
cardeal – estabelecido dentro do limite da área vocálica, ao qual qualquer
outro ponto vocálico pode ser relacionado diretamente (ABERCROMBIE,
1967:151).

O Limite Vocálico

Daniel Jones (1969) estabeleceu uma linha vocálica na altura do


palato na boca, simbolizada pela linha pontilhada que aparece na FIG. 12 a
seguir:

Figura 12: O limite vocálico Durante a articulação de um som, se a lín-


gua ultrapassar a linha vocálica, ocorre um som friccional que caracteriza
um segmento consonantal. Por outro lado, se a língua não ultrapassar a
linha vocálica (e, portanto, se não ocorrer fricção audível), teremos a
produção de um segmento vocálico.
Fonte: JONES, 1969.

28
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Portanto, o conceito de vogais cardeais está associado a um método


de identificação e classificação de vogais de uma língua e são as vogais
produzidas nas extremidades máximas possíveis de articulação de vogais na
boca. Pois, se na produção das vogais altas, a língua ultrapassar um limite no
palato duro ou mole, conforme proposta do Limite vocálico de Jones (1969),
já discutido anteriormente no curso de Fonética e Fonologia do Português,
serão produzidas consoantes. Elas são pontos fixos ideais que formam um
sistema representado pelo quadrilátero das 8 vogais cardeais primárias
ilustradas na Figura 13.

Figura 13: Quadrilátero ilustrativo dos posicionamentos da língua para as 8 vogais cardeais
primárias. Todas as vogais de qualquer língua podem ser posicionadas nessa figura e, portanto,
classificadas a partir dos 8 pontos referenciais. Veja o quadrilátero com as 12 vogais britânicas
na FIG.16.
Fonte: Jones, 1969.

2.1.2 O Inventário dos Fonemas


Vocálicos do Inglês

O sistema vocálico britânico é


composto por 20 fonemas vocálicos
distribuídos como mostra a Tabela 9. Os
fonemas vocálicos de uma língua
englobam as vogais simples ou
monotongos (por exemplo, e e os
ditongos (por exemplo, e ) que, Figura 14: Daniel Jones (1881–1967)
embora sejam compostos por duas vogais propôs o método das vogais cardeais
que continua sendo utilizado na des-
simples, formam um único fonema. crição de línguas que ainda não pos-
suem a escrita, como as línguas indí-
genas do Brasil, ou para comparação
de vogais de línguas ou dialetos dife-
rentes.
Fonte: ucl.ac.uk/news/news-articles/06
09/06090601

29
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Tabela 9: The British Vowels


Fonte: ROACH, 2000.

DICAS
Das vogais listadas na Tabela 9, apenas a vogal simples é
tipicamente britânica. Quanto às demais vogais simples, pode-se dizer que
são muito semelhantes àquelas do inglês americano padrão. O ditongo
Se você quiser escutar as vogais é pronunciado neste outro dialeto e nos ditongos
cardeais na voz do próprio o fonema é substituído por /r/. Abaixo, na Tabela 10, temos as 12 vogais
Daniel Jones, vá ao Youtube no
britânicas seguidas de um exemplo e a respectiva transcrição fonêmica da
link
http://www.youtube.com/ palavra.
watch?gl=BR&v=6UIAe4p2I7
4.

Tabela 10: As 12 vogais britânicas


Fonte: Roach, 2000.

Dos fonemas da Tabela 9, vamos focalizar, em um primeiro


momento, para efeito de classificação, as doze vogais simples ou
monotongos. Os ditongos serão vistos em outra seção do nosso caderno
didático.

30
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

ATIVIDADES

Conhecendo as vogais da
Língua Inglesa
Entre em um dos sites
indicados abaixo e,
com o recurso de áudio do seu
computador, confira o som de
cada vogal do quadro dado.
É essencial que você
reconheça, distinga e saiba
produzir adequadamente cada
um dos fonemas apresentados.
Ao ouvir cada fonema, repita-
o; depois de ter praticado a
audição, faça o oposto,
pronunciando o fonema e, logo
Tabela 11 em seguida, conferindo com a
pronúncia dada pelos sites:
http://www.oup.com/elt/global/
Nasalização na Língua Inglesa products
/englishfile/elementary/c_pronu
nciation
Como você pôde observar no quadro das vogais da língua inglesa e /pronunciation01
na realização da Atividade 1 (Conhecendo as vogais da Língua Inglesa), o http://www.teachingenglish.org.
inglês, ao contrário do português, não possui vogais nasais distintas uk/try/
activities/phonemic-chart
(CRYSTAL, 2000 p.180). Em inglês não há vogais nasais como fonemas, ou
seja, sua substituição por uma oral não muda o significado. Contudo, pode-
se ouvir uma nasalização em vogais quando influenciadas por consoantes
nasais adjacentes, como em hand ou
Note que, nos exemplos dados, a consoante nasal continua sendo ATIVIDADES
pronunciada:
Nesses casos, quando a nasalidade decorre de outros fonemas – Tendo realizado a Atividade 1
“Conhecendo as vogais da
desencadeada por um processo chamado assimilação – temos uma vogal
língua inglesa”, complete a
nasalizada. Essas não têm traço distintivo como ocorre com as palavras mato Tabela 11 com outra palavra
manto , do português. que tenha o mesmo fonema
(Exemplo 2), que está
numerado, dando a respectiva
2.1.3 Comparação das vogais da Língua Portuguesa e da Língua Inglesa transcrição retirada de um
dicionário que contenha os
símbolos fonéticos da IPA –
Como mencionado anteriormente, no processo de aprendizagem
International Phonetic
de uma segunda língua geralmente ocorre a transferência de diversos Association. O primeiro site da
aspectos gramaticais e fonéticos, por exemplo, da língua materna para a Atividade 1 traz esses
exemplos.
língua que está sendo aprendida.
Em relação ao inglês, é fundamental que os estudantes brasileiros
conheçam, reconheçam e reproduzam adequadamente todos os fonemas
que ela contém para terem um bom desempenho e, consequentemente,
serem bem compreendidos.

31
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Na unidade anterior, você observou as diferenças e semelhanças do


sistema consonantal entre essas duas línguas. Nesta seção, também vamos
fazer o mesmo com o sistema vocálico das duas línguas. Observe a TAB. 12
(Tabela Comparativa simples das vogais do português e do inglês). Essa tabela
apresenta as vogais comuns entre as duas línguas (de 1 a 10) que, como você
pode observar, constituem a maioria. Isso facilita bastante o processo de
aprendizagem.
Do item 11 ao 15, temos os fonemas do português que não ocorrem
sistematicamente na língua inglesa. São os fonemas nasais (Veja o quadro
PARA REFLETIR - Nasalização na Língua Inglesa, do item 2.1.2) que não
devemos transpor para a nossa fala em inglês, pois podem interferir
negativamente na comunicação.
Do item 16 ao 19, temos aqueles fonemas do inglês que não
ocorrem no português e, por isso, os aprendizes devem aprender tais
fonemas. Há uma tendência do estudante do inglês em transformar tais sons
em sons semelhantes existentes no português, causando, como no caso
anterior, problemas na comunicação.
É importante salientar que o português possui vogais abertas e
fechadas em posição tônica como em avô e avó . A letra ‘o’
nas duas palavras são fonemas, pois a troca de uma vogal aberta por uma
fechada muda o significado. No entanto, isso não ocorre no inglês. Se você
pronunciar ‘egg’ com o ‘e’ aberto ou fechado, não muda o significado. O
mesmo ocorre com os ditongos, se você pronunciar boi no português,
você entende que estamos referindo-nos ao macho da vaca. Se
pronunciarmos , você entende boy de ‘office boy’. No inglês, tanto as
sequencias ou se referem à mesma ideia, ‘boy’ (menino).

Figura 15: Égg ou êgg é a mesma coisa no inglês!


Fonte: http://www.foodsubs.com/Eggs.html

A Tabela 12 mostra as semelhanças e diferenças entre as duas


línguas estudadas:

32
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

PARA REFLETIR

Qual dicionário usar ou


recomendar?

Os dicionários de inglês mais


recomendados são aqueles que
contêm as transcrições
fonêmicas com os símbolos
atualizados da IPA –
International Phonetic
Association. O Alfabeto
Fonético Internacional foi
revisado em 1993 e corrigido
em 1996. Dicionários de
editoras vinculadas às
universidades são boas
referências.
Os símbolos contidos no
Alfabeto Fonético Internacional
são úteis na aprendizagem da
pronúncia das palavras e são
comumente empregados em
materiais didáticos de idiomas,
como é o caso deste caderno
didático. Veja se o dicionário
contém esses símbolos
fonéticos. Outro critério de
escolha de um dicionário de
inglês é a disponibilidade de
Tabela 12: Tabela comparativa simples das vogais do português e do inglês
CDs com recursos de áudio
para verificação de pronúncia
2.1.4 Classificação das vogais da Língua Inglesa - Vowel Classification das palavras nele contidas.

Assim como no português, as vogais do inglês também são


classificadas de acordo com determinados traços articulatórios que essas
apresentam. Esses traços serão explicados nesta seção seguindo as
classificações didáticas de Larry Small (1999), pois as categorizações
vocálicas podem apresentar alguma diferença de um teórico para outro.
Small (1999) apresenta uma classificação primária – que é aquela
relacionada à altura e ao grau de anterioridade/posterioridade do corpo da
língua – e outra, a classificação secundária, que é aquela referente ao grau de
arredondamento dos lados e ao comprimento ou tensão da vogal.
De certa forma, essas classificações podem tornar-se bem visíveis e
concretas se observarmos o quadrilátero das vogais, baseado no método das
vogais cardeais, associando-o com a posição da língua, formato dos lábios e
duração do som. Veja, por exemplo, a FIG. 16 e observe as diferentes alturas
do corpo da língua (low/baixo – mid/médio – high/alto) e do seu grau de
anterioridade e posterioridade (front/anterior – central/central –
back/posterior).

33
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

PARA REFLETIR

Qual transcrição fonêmica


aprender e usar?

Essa opção depende de alguns


fatores, inclusive da pronúncia
que se quer representar.
Didaticamente, sugere-se que
você comece a lidar e a
praticar as transcrições
fonêmicas de apenas uma
modalidade: a britânica ou
aquela da Escola Americana,
pois cada uma reflete a
pronúncia dos seus falantes.
Normalmente essa
aprendizagem é fixada através
de dicionários que usam os
símbolos da IPA em suas
transcrições. Os mais
comercializados no Brasil
contêm os símbolos britânicos Figura 16: A posição da língua na produção das vogais. Mostra as diferentes alturas do corpo
e – mesmo com esses símbolos da língua (low – mid – high) e do seu grau de anterioridade e posterioridade (front – central –
– também trazem, em geral, a back) para a produção das vogais do inglês.
pronúncia americana quando a Fonte: Adaptado de GODOY, 2006.
diferença é significativa. Tais
diferenças geralmente Sabemos que cada uma das vogais de uma determinada língua se
envolvem as vogais. diferencia acusticamente das demais. O que causa essa diferença? A
Não é didaticamente
resposta a esta questão está diretamente relacionada à classificação
recomendável o uso mesclado
de símbolos, pois esses detalhada na sequência.
refletem a fala e essa
normalmente tende para uma
variedade ou outra. Você já 2.1.4.1 Classificação Primária
percebeu a diferença entre o
inglês britânico e o americano?
Qual desses modelos você
A – Tongue height: low, mid, high (Altura da língua: baixa, média, alta).
tende a usar na pronúncia do
inglês? Essa é uma escolha
A classificação primária agrupa as vogais em baixas, médias e altas,
pessoal!
segundo a altura da língua na cavidade oral no momento da produção de um
fonema vocálico.
A Figura17 mostra duas vogais anteriores (front) em posições
extremas e opostas quanto à altura do corpo da língua no trato oral. A linha
pontilhada indica a posição mais inferior da língua proporcionada pela
mandíbula; nessa posição, tem-se a produção da vogal (como em
cat), anterior baixa (low front). O oposto se verifica para a vogal
(como em see), classificada como anterior alta (high front).

34
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

DICAS

Sugerimos que você reveja a


classificação das vogais orais do
português e, então, prossiga
com o estudo das vogais do
inglês. Isso possibilita a
comparação dos dois sistemas
vocálicos e permite uma fácil
compreensão da classificação
das vogais do inglês que são
em menor número quando
comparado ao português
brasileiro.

PARA REFLETIR

Diante de um espelho, observe


o que acontece com a posição
da lâmina da língua e com o
formato dos lábios ao se
Figura 17: Posições do corpo da língua na produção dos fonemas e . pronunciar cada uma das
Fonte: ROACH, 2000. vogais

A classificação primária (altura) das vogais em posições extremas no


Lembre-se:
quadrilátero pode ser visualizada na Figura. 18.

Figura 18: Posições extremas das vogais do inglês no quadrilátero e suas classificações primá-
rias.
Fonte: LADEGOGED, 1982.

35
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

B – Tongue advancement: front, central, back – (Grau de anterioridade


ou posterioridade da língua: anterior, central, posterior)

Simultaneamente ao movimento vertical do corpo da língua, há


também uma categorização primária relacionada ao grau de anterioridade
ou posterioridade do corpo da língua.
Observando os quadros da Figura 19, contraste o posicionamento
do corpo da língua quanto ao seu grau de anterioridade ou posterioridade.
Note que a altura do corpo da língua é a mesma na produção de ambas as
vogais, pois são ambas vogais altas.

Figura 19: Ilustração esquemática contrastiva do grau de anterioridade e posterioridade do


corpo da língua para produção das vogais altas e .
Fonte: SMALL, 1999.

C – Comparação da altura do corpo da língua na produção de vogais com


a posição dos símbolos dos fonemas vocálicos no Quadrilátero das
Vogais

A Figura 20 é um desenho esquemático que mostra a altura do


corpo da língua na produção de algumas vogais do inglês. Essa altura está
representada pelas linhas com as respectivas indicações das vogais. A altura
máxima é para (vogal alta); essa diminui para (vogal média) até
atingir a posição mínima em (vogal baixa). Fixe a sua mão sob o queixo
ao pronunciar sequencialmente essas vogais; você perceberá que, na
verdade, é a mandíbula que proporciona as diferentes alturas do corpo da
língua.

36
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Figura 20: Altura do corpo da língua


na produção de vogais.
Fonte: www.translationdirectory.com

Na sequência, observe a Figura 21 e localize as vogais


no quadrilátero Note que para a altura média (mid), temos vogais
que tendem para cima (high), como , ou para baixo, como .
A classificação de uma vogal como média-alta ou média-baixa advém
dessas aproximações. DICAS

Observe que, na Figura 21:

A simbologia é diferente, mas o


som é o mesmo. O
quadrilátero não traz o
diacrítico de duração da vogal.

Figura 21: O quadrilátero das vogais


Fonte: Adaptado de Small, 1999.

2.1.4.2 Classificação Secundária

A classificação secundária envolve a categorização das vogais


quanto ao grau de arredondamento dos lábios, duração e tensão.

A – Lip rounding: rounded, unrounded (retracted) - Arredondamento dos


lábios: arredondados X estendidos.

37
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Na língua inglesa, como no português, há uma relação previsível


entre o grau de posterioridade da língua e o arredondamento dos lábios.
Assim, as vogais anteriores (front) – – são, em geral,
produzidas com os lábios estendidos e as vogais posteriores (back)
– – são produzidas com os lábios arredondados. As
vogais centrais (central) – –, em geral, são neutras (neutral)
quanto ao grau de arredondamento, ou seja, os lábios não estão
arredondados nem estendidos.
Esse arredondamento das vogais posteriores
pode ser relacionado à altura delas. Observe a Figura 22, que mostra
diferentes exemplos de formatos dos lábios na produção de vogais anteriores
(front) e posteriores (back). Note que as vogais anteriores são todas
estendidas. Roach (2000, p. 17) descreve ( v o g a l b a i x a ) c o m o
ligeiramente arredondada; as demais vogais, , ele descreve
como arredondadas.

Figura 22: Exemplos de formatos dos lábios na produção de


vogais anteriores (front sounds) e posteriores (back sounds).
Sequencialmente, de baixo para cima, essas vogais são classi-
ficadas como baixas , médias e
altas .
Fonte: UNDERHILL,1998.

38
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Para se ter uma visão geral do grau de arredondamento das vogais


britânicas, observe a Figura 23. Veja que apenas as posteriores (back) são
arredondadas; todas as centrais (central) e anteriores (front) são estendidas
ou não arredondadas.
Essa classificação quanto ao arredondamento ou não
arredondamento das vogais não é tanto do domínio da teoria, mas da prática
da interatividade comunicativa. Saber distinguir um fonema de outro
implica em reconhecer as qualidades de um determinado som que se liga a
outro, formando palavras e enunciados.
Comparando o Quadrilátero da Vogais com a Tabela
DICAS

Observe o quadrilátero
vocálico (Figura 23). Nesse,

E lembre-se de que no inglês


todas as front são unrounded,
todas as back são rounded e as
Figura 23: Quadrilátero das Vogais Inglesas
central são neutral ou
Fonte: Adaptado de SMALL, 1999. unrounded.

B GC
GLOSSÁRIO E
A F
Duração: termo usado na
fonética para indicar a
Tabela 13: As vogais do inglês
extensão de tempo envolvida
na articulação de um som ou
B – Length: short x long (Duração: curta x longa)
sílaba; faz referência à
Tenseness: tense x lax (Tensão: tensa x frouxa) quantidade.

Tensão: na classificação
As vogais do inglês também podem ser classificadas em termos de fonética dos sons da fala, o
duração ou em termos de tensão. Roach (2000) descreve as vogais em termo se refere à tensão
muscular produzida por um
termos de duração, classificando-as em curtas ou longas.
som.
Quanto a esse mesmo aspecto de quantidade vocálica, Small (Definições de Crystal, 2000)
(1999) descreve as vogais do inglês como frouxas (lax) ou tensas (tense) e
explicita que as vogais tensas são geralmente mais longas em duração e
exigem um esforço muscular maior que as vogais frouxas.

39
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Assim, na descrição das vogais do inglês, aquelas curtas são também


DICAS
frouxas, e as longas são também tensas. Observe a Tabela 14 com a
classificação das 12 vogais britânicas quanto à duração e tensão.
Observe a Tabela 14 e note o uso do diacrítico para indicar a
Duração e Tensão maior duração de um fonema. Indiretamente, esse símbolo gráfico pode
também indicar um maior grau de tensão de uma vogal. Na língua inglesa,
Sugerimos que você reveja os
esse traço acústico afeta diretamente a qualidade vocálica, com
itens 2.3.2.4 (Duração) e
2.3.2.5 (Tensão) do Caderno consequente alternância de significado, como em bit/ beat, fit/feet,
Didático da Disciplina sun/soon. Esses pares de palavras são considerados pares mínimos (minimal
‘Fonética e Fonologia do
pairs).
Português’. Esses itens fazem
uma apresentação geral desses
conceitos com uma abordagem
comparativa entre a língua
portuguesa e a língua inglesa.

Tabela 14: Classificação das 12 vogais quanto à duração

A troca de um fonema vocálico por outro pode mudar o significado,


B GC observe a charge abaixo:
GLOSSÁRIO E
A F
Par mínimo (minimal pair) –
termo usado na fonologia para
indicar que duas palavras se
distinguem em significado pela
alternância de apenas um som.
As palavras feel (sentir)
e fill (encher) são pares
mínimos, pois se distinguem
acusticamente apenas pela
alternância de um fonema.
Assim como pêra e
para no português. Figura 24: Exemplo de ‘ruído’ de comunicação envolvendo pares mínimos hit/heat.

Fonte: GODOY, 2006.

Portanto, cuidado na hora de falar!


Observe a Figura 25. As ilustrações referentes aos pares 1 e 2, 3/4,
5/6, 7/8 e 9/10, ilustrados no quadro, mostram a oposição entre sons curtos e
longos em palavras do inglês. Os ímpares são todos curtos
e os pares, longos . Na ordem numérica dada, os
desenhos representam as seguintes palavras:

40
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Figura 25: Vogais longas e curtas.


Fonte: OXENDEN, 2004.

2.1.5 Classificação geral das vogais do inglês

A Tabela 15 traz a classificação geral das vogais britânicas conforme


visto neste caderno didático. Na segunda coluna temos a classificação das
vogais na seguinte ordem: height (altura), tongue advancement (grau de
anterioridade ou posterioridade da língua), length (duração) e lip rounding
(arredondamento dos lábios).
A terceira coluna traz alguns exemplos representativos de padrões
da escrita, ou seja, como estes sons são representados na escrita; salientamos
que a relação grafema/fonema do inglês requer estudo específico que está
além do propósito desta disciplina.

Classificação
- height (altura) Examples of Usual
- Tongue Spelling (Em geral,
Símbolo
advancement escrito com as letras Observação
- Length abaixo)
- Lip rounding
1- ?
??? High i – his, six Este som equivale ao ‘e’
front átono final português,
?
short como em ‘mole’ ? ? ?
?
? ??? ?
unrounded Este som é escrito com a
letra ‘i’ entre consoantes no
inglês.?
?
2- ?
?
??
High e – me, he Este som equivale ao ‘i’
front ee – meet, see tônico do português, como
long ea – eat em:
unrounded ‘livro’ ? ??? ???? .
‘leave’ ? ?????? ?
3- ?
??
* Mid No sistema brit ânico, e ste
front som quase equivale ao
short e – egg, pet, red ? ??
?do português, mas
*US: unrounded pode ser aberto , como em
?
?
? fé, ou fechado, como em
? crê. O sistema americano
usa o símbolo ?? ?para
indicar o som aberto,
deixando ? ???
apenas para
o caso do ditongo ?
?
??
.

41
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

4-?
?
??
Low Este som só é escrito com
front o grafema ‘a’ e não ocorre
short a – at, cat, Black? em final de palavras . Não
unrounded há correspondente em
português.
?
5- ?
?
??
Low a* – father *No inglês britânico, esta
central ar** – far, car, start vogal ocorre
long frequentemente
unrounded (**neste caso, não precedendo sons fricativos,
pode ocorrer um ‘e’ na como em dance [? ??? ???e
sequência, como em
glasses ? ? ?? ?
??? ?, em
fare e care)
oposição ao americano
que usa ? ? ?
?
?
?
6- ?Low o – hot, pot, box Este som é escrito com a
back often, office letra ‘o’ entre consoantes
short ou no início de palav ras
rounded precedendo uma
consoante. Só ocorre no
inglês britânico.
?
?
7- ?
??
Mid or – door, for Este s om é também muito
back al – all, fall, wall comum na combinação
long aw – draw, saw ‘ought’, como em thought,
rounded bought, brought, etc.

8- ?? ? High u – bull, put, full Este som equivale ao ‘o’


back oo – good, book, look átono final português,
short
Tabela 15: As Vogais do Inglês

2.1.6 Os ditongos do Inglês (English Diphthongs)

Os ditongos são fonemas compostos por uma sequencia de dois


elementos vocálicos: vogal + semivogal (ou semiconsoante ou glide
). Esse movimento de um som para outro ocorre dentro de uma única sílaba.
O segundo elemento é sempre uma semivogal.
Na prática da comunicação da leitura oral, por exemplo, a troca de
uma vogal simples por um ditongo, ou vice-versa, traz implicações para a
compreensão do enunciado. Roach (2003) afirma que esse é um dos erros
de pronúncia mais comuns entre os aprendizes de inglês. Os pares mínimos
seguintes exemplificam essa oposição de significado:

42
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

A - Transcrevendo os ditongos

Você já conhece as 12 vogais britânicas simples. Em combinação,


elas formam 8 ditongos do sistema britânico e 5 no sistema americano. Há
dois fonemas que só ocorrem em ditongos: /a/ e /o/; são os mesmos da língua
portuguesa constantes na tabela 12.
Veja a Tabela 16, na sequência. As 5 vogais simples que formam
ditongos estão sublinhadas na linha dos 12 monotongos; na linha dos
ditongos, há o fonema /a/ compondo os ditongos e . Ao contrário
do sistema do português, a vogal /a/ ocorre apenas nos ditongos na língua
inglesa.

Tabela 16: As vogais simples e ditongos formados por elas

Dicionários e materiais didáticos podem trazer transcrições


fonéticas diferentes para os ditongos, como ocorre também para a
transcrição das vogais. A Tabela 17 traz, na área sombreada, as principais
diferenças entre o sistema britânico (UK) e o americano (US) envolvendo
essas transcrições.

Tabela 17: As principais diferenças entre o sistema britânico (UK) e o americano (US)
envolvendo as transcrições dos ditongos

B - Classificação dos ditongos

Há diversas possibilidades de classificação dos ditongos em inglês.


Essa classificação não é uniforme entre o sistema britânico e o americano,
pois, como você percebeu, o número de ditongos é diferente, e há também
abordagens diferentes entre autores. Consideraremos apenas a classificação
dos ditongos britânicos.
A classificação britânica divide os 8 ditongos em dois grupos:
fechados e centralizados. Os ditongos fechados são aqueles finalizados em
e são cinco:

43
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Os outros três ditongos tipicamente britânicos são classificados


como ditongos centralizados pois o segundo elemento
do ditongo é o schwa, uma vogal central. Esses ditongos centralizados
marcam a variação dialetal entre o inglês britânico e o americano.
(CRISTÓFARO-SILVA, 2005).
Você pode visualizar os 8 ditongos britânicos na Figura 26, na
sequência.

Figura 26: Os oito ditongos britânicos


Fonte: OXENDEN, 2006, p. 158.

Na ordem numérica dada na Figura 26, os desenhos representam as


seguintes palavras:

Esta unidade discutiu os fonemas vocálicos da língua inglesa.


Esperamos que a exposição tenha ampliado a sua compreensão do sistema
fonológico da língua inglesa. A próxima unidade apresenta algumas regras de
pronúncia que irão ajudar você a melhorar a habilidade de ler em inglês.

Figura 27
Fonte: Godoy, 2006.

44
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

REFERÊNCIAS

ABERCROMBIE, David. Elements of General Phonetics. Edinburgh:


Edinburgh University Press, 1967.

JONES, Daniel. The pronunciation of English. 4th ed. Cambridge:


Cambridge University Press, 1969.

LADEFOGED, Peter. A Course in Phonetics. London: Hartcourt Brace &


Jovanovich,1982.

CRISTÓFARO SILVA, Thaïs. Pronúncia do inglês: para falantes do português


brasileiro: os sons. Belo Horizonte: FALE UFMG, 2005.

CRYSTAL, David. Dicionário de Linguística e Fonética. Rio de Janeiro:


Jorge Zahar Editor, 2000.

NOBRE OLIVEIRA, D. Sheep ou Ship? Men ou man? O Papel da Hierarquia


de restrições na aquisição das vogais coronais do inglês como língua estran-
geira. 2003. 90 f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) -
Faculdade de Letras, Universidade Católica de Pelotas, Rio Grande do Sul,
2003.

OXENDEN, Clive & LATHAM-KOENIG, Christina. New English File


Elementary: student´s book. Oxford: Oxford University Press, 2006.

ROACH, Peter. English Phonetics and Phonology: A Practical Course.


Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

SMALL, Larry. Fundamentals of phonetics: a practical guide for students.


Boston: Allyn & Bacon, 1999.

UNDERHILL, Adrian. Sound Foundations: Learning and Teaching


Pronunciation. Oxford: McMillan Publishers Ltda, 1994.

http://www.fonetiks.org/

45
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

VÍDEOS SUGERIDOS PARA DEBATE

Minha Bela Dama


Título Original: My Fair Lady (Estados Unidos,
1964).
Direção: George Cukor
Elenco: Audrey Hepburn, Rex Harrison,Stanley
Holloway, Wilfrid Hyde-White e Gladys Cooper
Gênero: musical / comédia
Sinopse: Um culto professor de fonética, Henry
Figura 28: Capa do filme
Higgins, aposta com um amigo que é capaz de Fonte: http://www.teachwi
transformar uma simples vendedora de flores numa thmovies.org/guides/my-fai
r-lady.html
dama da alta sociedade, num espaço de seis meses.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/My_Fair_Lady).

Observe a bibliografia desta unidade e você verá o


autor Peter Ladefoged. Esse autor, um dos maiores
linguistas, falecido em 2006, ficou famoso como
consultor deste filme, My Fair Lady. Ele ensinou o
professor Henry Higgins (Rex Harrison) a falar como
um linguista da era Eduardiana. Dentre seus trabalhos,
seu livro didático, A Course in Phonetics, é o mais
Figura 29: Peter Lade- usado nas universidades para ensinar fonética.
foged (1925-2006) Peter Ladefoged ainda tem um site disponível em
Fonte: linguistics.ucla.
edu/people/ladefoge/r http://www.linguistics.ucla.edu/people/ladefoge/
emember/

46
3 UNIDADE 3
REGRAS DE PRONÚNCIA

3.1 ALGUMAS REGRAS DE PRONÚNCIA

Neste capítulo faremos uma analogia


entre a linguagem escrita e falada e
exporemos algumas regras de leitura. Vocês
não encontrarão as regras expostas neste
capítulo em livros de fonética e fonologia do
inglês, mas em livros de pronúncia do inglês. Fonte: http://ccm.um.edu.my/ccm
/navigation/staff-activities/staff-acti
vities/um-survey-camp/rules-and-r
3.2 A IMPORTÂNCIA DA TRANSCRIÇÃO egulations/
FONÉTICA NO INGLÊS E AS REGRAS DE
PRONÚNCIA

Nós, brasileiros, não temos muitos problemas com a leitura de


palavras desconhecidas, ou seja, mesmo quando não sabemos o significado
de uma palavra, conseguimos ler sem dificuldade. Não ocorre o mesmo com
os nativos da língua inglesa, que às vezes têm que usar o dicionário para
checar a pronúncia de palavras de sua própria língua (GODOY et al., 2006).
Por isso, os dicionários de língua inglesa mostram a transcrição fonética e os
de português não. O português é considerado uma língua com uma
correspondência próxima entre som e escrita, o inglês não. Por causa dessa
característica da língua inglesa, é importante, que nós, aprendizes de inglês
como língua estrangeira também saibamos ler transcrição fonética para
checar a pronúncia correta no dicionário de inglês, sem precisar perguntar a
ninguém. Esta capacidade lhe dará autonomia e independência. Por isso
nosso curso utiliza a transcrição fonética e está aí a importância do curso de
Fonética e Fonologia do português, que fornece um conhecimento prévio
para o de Fonética e Fonologia do Inglês. Este curso vai dar-lhe ferramentas
para escutar, ler e falar inglês!

Fonte: http://languagelog.ldc.
upenn.edu/nll/?p=282

47
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Para auxiliá-los nesta tarefa, além da leitura de transcrição,


mostraremos algumas regras de pronúncia, a relação da pronúncia e a
linguagem escrita, pois elas também existem no inglês. Muitas pessoas
afirmam que não há regras de pronúncia no inglês e que a pronúncia das
palavras deve ser assimilada uma a uma. Isso é considerado um mito no
ensino de língua inglesa, pois existem regras de pronúncia no inglês. Não são
iguais às do português, mas auxiliam e são essas que são utilizadas pelos
faltantes nativos do inglês.
Primeiramente, vamos revisar o conceito de sílaba do curso de
Fonética e Fonologia do Português, pois esse é essencial para entender as
regras de pronúncia do inglês.

3.3 A SÍLABA

A sílaba pode ser considerada uma unidade reconhecida por todo e


qualquer falante (ABERCROMBIE, 1967). É composta de três partes: um
pico ou núcleo que é obrigatório, geralmente preenchido por um segmento
vocálico. As outras duas partes são periféricas e opcionais e são preenchidas
por segmentos consonantais. No português, o núcleo da sílaba é sempre um
segmento vocálico. No inglês, o núcleo da sílaba pode ser preenchido por
um som vocálico ou um por um som consonantal! Um exemplo de sílaba
cujo núcleo é preenchido por uma consoante em inglês é a palavra “little”
que possui duas sílabas e a segunda é a consoante que ocupa o
núcleo ou pico da sílaba. Utilizamos um ponto final [.] para indicar o limite
silábico.

ATENÇÃO

O núcleo da sílaba é tipicamente preenchido por uma vogal e


lembre-se: o ditongo é um som vocálico. Observe os exemplos:

Em português – pai - uma sílaba


Em inglês – nice (agradável) - uma sílaba

Acima, temos duas palavras nas duas línguas em estudo que


são monossilábicas, pois as duas possuem um ditongo e este é considerado
um som vocálico.

48
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Estes conceitos ajudarão você a entender as regras de pronúncia


envolvendo vogais, consoantes e também aqueles aspectos relacionados à
PARA REFLETIR
tonicidade.
Este site http://www.starfall.com/n/level-k/index/load.htm?f ensina No inglês, a separação de
crianças nativas da língua inglesa a ler. Se você quer relembrar os sons das sílabas na escrita não é
comum, pois se a fizermos,
vogais e consoantes no abecedário e/ou saber os sons relacionados a eles, teremos que olhar no
divirta-se neste site. dicionário, palavra por palavra.
As regras de uma língua não são absolutas, lembre-se que sempre Isso não ocorre no português,
pois esse possui regras claras
há exceções. que aprendemos desde a
alfabetização. Portanto, no
inglês você tem duas opções na
3.4 AS REGRAS DE PRONÚNCIA escrita:

Quando quiser separar a sílaba,


Iniciaremos com algumas regras de pronúncia de vogais, que
olhe um bom dicionário de
funcionam com muitas palavras (GILBERT, 2001): inglês, ou

Não separe a sílaba, pule a


3.4.1 Regras com Vogais Escritas linha e escreva a palavra
inteira.
A - Esta primeira regra é denominada “A
Regra das duas vogais” – “The Two-vowel Rule”. DICAS
Quando há duas vogais escritas em uma
sílaba:
a primeira vogal tem a pronúncia dela
?
Este site
mesma no alfabeto, http://www.starfall.com/n/level-
a segunda vogal não é pronunciada.
? k/index/load.htm?f ensina
Fonte: instantdisplay.co.
crianças nativas da língua
Observe os exemplos: inglesa a ler. Se você quer
uk/free.htm
relembrar os sons das vogais e
consoantes no abecedário e/ou
saber os sons relacionados a
eles, divirta-se neste site.
A? ??? ? e [i? ] i?? ???o ?? ??? u?? ?? ?
??
cake (bolo) tea (chá) Ice (gelo) Cone cube (cubo)
???? ???? ?? ????[? ?? ???(cone) ????? ?
? ?? PARA REFLETIR
?
?
???? ?
?
Tabela 18
As regras de uma língua não
são absolutas, lembre-se que
B - A regra da vogal única sempre há exceções.
Quando há apenas uma letra vocálica em uma sílaba:
A letra vocálica não é pronunciada como é no alfabeto, mas com DICAS
seu som relativo. (Ver Tabela 19)
A segunda linha dos exemplos abaixo é composta apenas por
nomes próprios. (observe que o ponto marca o final da sílaba). No Youtube, você vai encontrar
a música “Vowel Song”, na
qual estas regras estão inseridas
na letra. O link é
www.youtube.com/watch?
v=bMvwhfQRIAc&feature=rel
ated

49
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

a??? ? e [?] i?? ? ?o? ? ??u???? ?


DICAS
Can ?
?? ?
?
? pencil Finger Hot summer
Mack ?
?
? ??? ? ?
?
???
???? ?? John Russ
Jenny Kitty
?
??? ?? ??
?
No Youtube, você vai encontrar
Tabela 19
a música “Vowel Song”, na
qual estas regras estão inseridas
na letra. O link é C - A letra ‘e’ no final de palavras
http://www.youtube.com/watch A letra ‘e’ no final de palavras não é
?
v=bMvwhfQRIAc&feature=rel pronunciada, exceto em monossílabos com uma
ated única vogal. Por exemplo:

Fonte: ajaneladajoana.blogspot.
DICAS com/2009/02/letra-e.html

Godoy, Gontow & Marcelino (2006) propõem uma variação para


estas 3 regras anteriores:
Muitas vezes você (vê) lê a) Na coluna um, as letras ‘a’, ‘o’ e ‘i’ entre consoantes têm som de
palavras em inglês e não sabe a
respectivamente.
pronúncia correta. Vá ao site
www.dictionary.com onde você b) Regra da letra ‘e’ que não é pronunciada - Na coluna 2, quando
terá a palavra com a tradução, uma vogal está em uma palavra entre consoantes seguidas pela letra ‘e’, esta
transcrição fonética e o áudio
de várias outras. vogal é pronunciada como uma vogal longa ou ditongo. Compare:

Tabela 20

Tabela 21

Tabela 22

A regra da letra ‘e’ que não é pronunciada é muito útil para prever a
pronúncia de muitas palavras. De acordo com esta regra, a letra ‘e’ muda
indica que a vogal anterior é pronunciada como o som da letra.
Por exemplo: em lake o ‘e’ final não é pronunciado.

Esta letra ‘a’ é pronunciada , portanto a pronúncia é .

50
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Figura 30: A lake


Fonte: deskmodshow.blogspot.com/2008/02/wallpa
per-frozen-lake.html

Observe a Tabela 23 abaixo que ilustra a regra acima.

Tabela 23

Fonte: www.crayola.com/lesson-plans/detail/long
-or-short-vowels?-lesson-plan/

D - O som /i:/ é geralmente escrito com as letras ee ou ea, como em


tea, see.
Também é frequentemente escrito com a letra ‘e’ em
monossilábicos, como em we, she, he, be.
As Letras ie e ei têm o som /i:/

51
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

A combinação ‘ei’ com o som de /i:/ não é comum no inglês, apenas


quando temos a letra c + ei. Normalmente as letras ‘ie’ resultam neste som.
Tanto que as crianças sendo alfabetizadas em inglês aprendem a rima: ‘i’
antes de ‘e’, só depois de ‘c’ (SWAN, 1980).
Observe abaixo, temos a letra c + ei com o som de /i:/:
Ceiling deceive receive receipt
E as outras consoantes + ie
Believe chief field grief

3.4.2 Regras envolvendo a grafia das Consoantes

A - A Letra ‘g’
A letra “g” tem o som de se é seguido pelas letras e, i ou y. Por
exemplo:
giraffe, giant, gypsy, general, raging
Em outros ambientes, tem o som de /g/ como em “goose.”
As exceções a esta regra são palavras fáceis e de raiz germânica;
essas não se enquadram na regra, como em:
give, get, girl, forgive, forget
B - A combinação de letras ‘igh’ entre consoantes
Esta combinação de letras ‘igh’ entre consoantes resulta em
como em:
night, fight, right, sight, bright
C - As letras ‘-gn’ são pronunciadas /n/ no final ou no começo de
palavras (o ‘g’ é mudo), como em :
sign, foreign, gnome
D - As letras ‘kn’ no início de palavras são pronunciadas /n/ (o k é
mudo), como em:
know, knife, knee
E - As letras ‘-mb’ e ‘-mn’ são pronunciadas /m/ no final de palavras,
como em:
slimb, comb, bomb, hymn, autumn
F - As letras ‘ps-, pn- e pt-‘ são pronunciadas /s/, /n/ e /t/
respectivamente (o p é mudo nos 3 casos), como em:
psychic, pneumatic, pterodactyl
G - A combinação de letras ‘-stle’ e ‘sten’ é pronunciada /sl/ e /sn/ no
final de palavras (o ‘t’ é mudo), como em:
whistle, castle, listen, fasten
H - A Letra ‘w’ sempre em início de palavra

52
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

1) As letras ‘w’ + a resultam em um som


de um ó ou , como em: PARA REFLETIR
want, wash, wander, watch, swan,
swap, wallet, waddle, wadding, waffle, wallaby As palavras:
ou Quad, quality, qualify, what, quadratic.
Fonte: pt.dreamstime.com/letra 2) As letras ‘w’ + o em geral transforma
-w-image4148311 a letra ‘o’ em , como em:
won, wonder, worry
3) Quando encontramos a combinação de letras ‘w’ + ‘h’ + ‘o’, o
‘w’ não é pronunciado, sendo o som inicial o de ‘h’. Como em: right (certo),

who, whom, whose, whole


4) Quando encontramos a combinação de letras ‘w’ + ‘r’, o ‘w’ não
é pronunciado, como em:
write, wrong, wrangler
Listamos algumas regras neste capítulo que podem facilitar seu
aprendizado de leitura do inglês. Não se esqueça de considerar também a write (escrever),
relação grafema e fonema da tabela de consoantes e de vogais das Unidades
1 e 2, que também funciona como regra de leitura.

REFERÊNCIAS Wright (sobrenome)

possuem a mesma pronúncia,


ABERCROMBIE, David. Elements of general phonetics. Edinburgh: portanto são palavras
Edinburgh University Press, 1967. homófonas.

CUNNINGHAM, S. MOOR, P. New Headway Pronunciation Course


Elementary - Student’s book. Oxford: OUP, 2003. DICAS
GODOY,S.M.B. , GONTOW & C. MARCELINO, M. English Pronunciation
for Brazilians: The Sounds of American English. São Paulo: Disal Editora,
2006. Para praticar a pronúncia do
inglês, além dos sites
GILBERT J. B. Clear Speech from the start: basic pronunciation and listening mencionados nas
comprehension in North American English - Student’s book. Cambridge: REFERÊNCIAS, vá também ao
site
Cambridge University Press, 2001. http://cambridgeenglishonline.c
om/
SWAN, M. Practical English Usage. Oxford: OUP, 1980. Phonetics_Focus também e
divirta-se!
Some rules of English pronunciation disponível em O site
http://www.virtual.net.au/~bhandley/phonics.pdf http://english.glendale.cc.ca.us/
phonics.html disponibiliza
testes para praticar algumas das
regras mencionadas acima.

53
4
UNIDADE 4
FONOLOGIA

4.1 CONNECTED SPEECH (A Fala


Encadeada)

Nos estudos da fonética


articulatória você pôde perceber as
propriedades acústicas de cada fonema
vocálico e consonantal quando
produzido isoladamente. Fonte: http://www.magopaco.com/2008
/11/page/2/
Quando produzidos em
conjunto, formando palavras, esses
fonemas podem sofrer alterações em decorrência dos sons adjacentes. Na
união de palavras para formar enunciados, também podemos notar que
fonemas, sílabas e palavras se alteram ou até mesmo podem desaparecer.

Figura 30: A cup of tea é pronun-


ciado a cuppa tea com a velocida-
de da fala.
Fonte: http://www.zazzle.co.uk/cu
ppa_tea_mug-168288841178597
258
Isso se dá porque na nossa fala, por uma questão de rapidez, as
palavras não são pronunciadas isoladamente, uma por uma. Naturalmente,
essas se unem e formam uma cadeia sonora. Essas alterações sonoras que
ocorrem nas formas básicas das palavras, na fala, são estudadas pela
fonologia e são denominadas processos fonológicos.
A produção de um enunciado pode variar drasticamente quando se
compara a sua forma pausada com a fala encadeada (connected speech)
(SMALL, 1999, p.161).

4.1.1 Linking

Na língua inglesa, este processo fonológico une normalmente


palavras terminadas em consoantes com as seguintes, iniciadas em vogais (o
s í m b o l o representa o linking).

54
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Exemplos:
DICAS

As palavras ditas isoladamente


4.1.2 Assimilação em uma língua, como no caso
do inglês e do português,
podem sofrer modificações
Assimilação é um fenômeno fonológico que consiste na mudança quando ditas em um discurso
de um som em outro devido à influência de sons adjacentes (LADEFOGED, falado natural.
1982).
Small (1999) explica que isso se dá por um processo de B GC
coarticulação em que simplesmente não há tempo suficiente para os GLOSSÁRIO E
articuladores produzirem o fonema da mesma forma em que esse é A F
produzido pausadamente. Você pode perceber isso, por exemplo, na Connected speech: fenômeno
pronúncia das seguintes palavras: que resulta da união de duas
ou mais palavras na formação
do enunciado (SMALL, 1999).

Coarticulação: processo de
Na produção de seat , o fonema tem a sua articulação
assimilação em que
regular em que, por exemplo, os lábios estão estendidos; em suit determinado articulador não
por sua vez, os lábios se tornam arredondados na produção do p o r envolvido no som da fala
começa a mover-se para a
assimilação do formato arredondado da vogal .
produção de uma articulação
necessária para o som seguinte.
No caso de seat e , que você acabou de ver, temos um
caso de assimilação regressiva em , pois o fonema influencio Alofone: é a realização
u a produção de um fonema anterior a ele. Esse é o caso de maior ocorrência diferente de um mesmo
fonema, não implicando na
e normalmente envolve mudança no local de articulação do fonema.
mudança de significado da
Na assimilação regressiva, um som se modifica por causa do som palavra.
seguinte. Exemplo: good night , pronúncia regular, para
, pronúncia assimilada. O som , de good, se modificou
DICAS
para por causa do som seguinte .
Outro exemplo de assimilação regressiva pode ser visto na palavra
question . Essa palavra pode também ser pronunciada
Os casos mais descritos de
. A africada palatal influenciou a realização do tornan assimilação são aqueles
do-o (SMALL, 1999, p.163). O mesmo ocorre em envolvendo consoantes
(ROACH, 1991).
português quando falamos ‘linguística’, ‘Cristina’ ou ‘vestidinho’. Peça para
um colega (mineiro) falar estas 3 palavras e perceba que o som de [s] é
pronunciado . PARA REFLETIR
Um caso de assimilação progressiva, em que um fonema anterior
influencia a produção do fonema seguinte, ocorre na pronúncia do morfema Você sabia que, no português,
‘ed’, indicando passado de verbo em inglês. O ‘d’ , é pronunciado p o r a palavra muito tem uma
nasalização em ‘ui’ por um
um processo de assimilação após as fricativas desvozeadas . processo de assimilação
Assim, em kissed , por exemplo, temos pronúncia progressiva? O som
assimilada. O som modificou-se para por causa do som anterior se modificou para
por causa do som anterior ,
, desvozeado. nasal.

55
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Na assimilação progressiva, o som se modifica por causa do som


anterior. Exemplo: de it is , pronúncia regular, para it´s ,
pronúncia assimilada: O som se modificou para p o r c a u s a d o s o m
anterior , desvozeado.
A Figura 32 mostra apenas exemplos de assimilação regressiva
DICAS resultantes de alveolar para outro local de articulação. Este quadro é
meramente ilustrativo; o importante é que você compreenda os processos
de assimilação e por que eles ocorrem.

Você não precisa 4.1.3 Elisão


necessariamente realizar os
processos de assimilação, mas
é importante saber reconhecê- Elisão é a eliminação de fonemas durante a produção de
los na fala dos nativos e
enunciados devido a certos contextos fonéticos. Por exemplo, em “camera”
usuários da língua inglesa.
Realizá-los torna a fala mais , uma vogal é apagada ou omitida por elisão.
natural. Esse processo também não altera o significado da palavra. Esse
também ocorre no português falado em certas regiões como em Belo
Horizonte, onde pode haver a elisão da sílaba átona final como em “mesmo”
que é pronunciado como . Veja, portanto, que há processos
fonológicos que são comuns a várias línguas.
Outros exemplos:

Nesses exemplos, e foram eliminados na produção do


enunciado.

4.1.4 Epêntese

Epêntese é a inserção de um ou mais sons no meio da palavra, como


em “sense” [sents].
A silabação de maior ocorrência em todas as línguas do mundo é a
de estrutura CV, ou seja, consoante e vogal. O falante brasileiro, mesmo ao
falar português, obedece esta tendência inserindo vogais entre duas
consoantes como em “advogado” . E por sua vez, no inglês,
palavras como abrupt (duas sílabas), o brasileiro pronuncia ,
inserindo vogais após o encontro consonantal e a consoante final, criando,
assim, duas sílabas. Essa transferência negativa deve ser evitada, pois
interfere na comunicação.
Observe a ocorrência de outros exemplos de epêntese nas
seguintes sentenças. Estes são comuns e não interferem na comunicação.

56
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Exemplos:
PARA REFLETIR

Evite a criação de sílabas em


palavras do inglês, pois essa
Um caso muito comum de epêntese ocorre nos encontros vocálicos geralmente causa mudança de
entre palavras, como no exemplo seguinte: significado da palavra! Veja os
exemplos: sun x sunny; wave x
Note, em ambos os casos, a inserção do fonema /w/ em destaque. wavy. Qual é o significado
desses pares? Anne e
Anny , por sua vez,
são nomes distintos no inglês.

4.1.5 Word stress (Sílaba tônica das palavras)

Fonte: nurseweb.villan
ova.edu/womenwithdi
sabilities/Cardiac/Cardi
ac.htm

Na escrita das palavras do inglês, ao contrário do que ocorre no


português, não há registro gráfico (acento agudo ou circunflexo) para indicar
a sílaba tônica de uma palavra.
Assim, para saber o stress (sílaba tônica) de uma palavra inglesa com
mais de uma sílaba, o aprendiz necessita ouvir a palavra corretamente ou,
então, verificar a sua transcrição no dicionário.
Contudo, há certos padrões previsíveis para a sílaba tônica das
palavras do inglês. Os mais comuns são mostrados na sequência. As sílabas
tônicas estão sublinhadas para uma melhor visualização.
Alguns Padrões e Regras de Sílaba Tônica do Inglês

A maioria dos adjetivos e substantivos com duas sílabas é paroxítona.


Exemplos: students, pretty
A maioria dos verbos com duas sílabas é oxítono.
?
Exemplos: begin, convince
Adjetivos finalizados com os morfemas ‘ic’ são paroxítonos.
?
Exemplos: public, specific
Adjetivos finalizados com os morfemas ‘cy, gy, my, ‘ty’, phy, são
?
proparoxítonos.
Exemplos: democracy, policy, energy, agronomy, entity, phylo-
sophy,

57
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

? Palavras polissílabas geralmente têm mais de uma sílaba tônica,


DICAS ou seja, têm um acento primário e um secundário (primary stress /secondary
stress). Geralmente isso ocorre em palavras com um prefixo e, em geral, são
palavras da área técnica.
Exemplos: international, antibiotic
Lembre-se de que em palavras
com mais de um grafema vogal Em substantivos compostos, o primeiro elemento é o tônico.
?
(time, house), o ‘e’ final não é Exemplos: housewife, e-mail, internet
pronunciado e, portanto, esse
não forma uma sílaba (time e Em verbos compostos, o segundo elemento é o tônico.
?
house são monossílabos). Exemplos: understand, overlook
Em adjetivos compostos, o segundo elemento é o tônico.
?
Exemplos: old-fashioned, good-looking
Palavras finalizadas em ‘sion’ ou tion’ são paraxítonas.
?
Exemplos: dimension, communication
Siglas são geralmente pronunciadas como oxítonas.
?
Exemplos: BBC, USA, IBM.

4.1.6 Vowel reduction/Weak Forms

Muitas palavras podem ser pronunciadas de duas formas na


conversação, tendo uma forma forte (strong form) e outra fraca (weak form).
Isso depende de diversos aspectos gramaticais (preposições e artigos, por
exemplo, não são enfatizados) e pragmáticos (o que o falante quer enfatizar
na sentença).

Fonte: andreadams.com/the_cart
oon_express_bodybuilder.htm

A forma forte (strong form) ocorre na pronúncia isolada da palavra,


numa enumeração, por exemplo. É a pronúncia regular normalmente
trazida nas transcrições fonéticas dos dicionários. De regra, são enfatizadas
palavras de conteúdo (content words), como verbos principais da sentença,
substantivos, adjetivos, advérbios, e formas negativas (don´t, can´t, didn´t,
couldn´t), que são, em geral, as palavras pronunciadas fortemente na oração
(ROACH, 2003).

58
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Por exemplo:
Did Tom travel?
?
Yes, he went to the beach for his holiday.
?
Well, he didn´t tell me so.
?
Se estas palavras têm mais de uma sílaba, sua sílaba tônica é a de
maior proeminência na pronúncia (strong form). Em oposição a estas
palavras, temos as palavras de estrutura ou de função (structure or function
words), que são pronunciadas em sua forma fraca (weak form). A forma fraca
(weak form), que é o foco desta seção, geralmente ocorre quando a palavra é
pronunciada em cadeia na sentença (connected speech), normalmente com
maior rapidez. Dessa forma, não são enfatizadas palavras gramaticais
(Exemplos: pronomes, preposições, artigos, verbos auxiliares na interrogati-
va ou na afirmativa e conjunções) e esses termos sofrem, em geral, um
processo de redução vocálica (vowel reduction).
Na redução vocálica (vowel reduction), as vogais longas se tornam
curtas e todas elas podem se tornar a vogal átona mais curta da língua
inglesa: um schwa /«/. Na sequencia, você pode comparar as vogais longas e
curtas da forma forte (Tabela 24 - Gradação da duração das vogais do inglês)
e contrastar com suas formas reduzidas nas Figura 32 e 33.

Tabela 24
Gradação da duração das vogais do inglês

Veja nas Figura 32 e 33 alguns exemplos de weak forms. Compare


os dois quadros; neles você pode observar que nas ‘weak forms’ não há uma
regularidade na transcrição, pois essas representam a oralidade.

Figura 32: Strong and weak forms of some grammar words


Fonte: KNOWLES, 2002, p.6.

59
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Figura 33: Strong and weak forms of some grammar words in phrases.
Fonte: LADEFOGED, 2008 p. 108.

Vá ao site http://davidbrett.uniss.it/phonology/aspects_of_connect
ed_speech_inde.htm e faça os exercícios de Connected Speech.
As tonicidades na palavra (Word stress) e na oração (sentence stress)
formam o ritmo do inglês (GILBERT, 1990). Estes dois elementos são
importantes para que o nativo da língua inglesa entenda o que você está
falando. As orações do inglês são formadas pelas content words, palavras que
carregam o maior significado e as structure words, palavras de suporte. As
content words ou sua sílaba tônica são pronunciadas com mais força e as
structure words são pronunciadas com menos proeminência e em geral,
com sua vogal reduzida a . O ato de falar pode ser comparado ao de
cantar. Assim é formado o ritmo do inglês, aquela ‘bela música’ que você
escuta quando alguém fala esta língua.

4.2 INTONATION – Entoação

Como vimos na seção anterior, a tonicidade fornece o ritmo do


inglês; nesta seção, veremos que a entoação fornece a melodia. A entoação
refere-se aos vários tons da voz. Ao estudá-la, entendemos como o tom de
voz se eleva ou cai e como os falantes usam esta variação de tom para
expressar o significado pragmático e linguístico (WELLS, 2006). Ou seja,
usando tons diferentes, o falante pode transmitir significado e expressão a
aquilo que ele fala. Os tons podem ser altos ou baixos, podem subir ou cair,
(Maciel, 2009).
A entoação é a melodia da fala, então
vejamos sua importância:
Em primeiro lugar, a entoação carrega
significado. Por exemplo, se alguém diz:
Você sabe?
Fonte: http://modinhas.wordpress.
Há uma subida no tom de voz. com/

60
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Você sabe. B GC
Há uma descida no tom de voz. GLOSSÁRIO E
E, segundo, se ela não existisse, nossa fala seria A F
monótona. Nossa fala soaria como se fôssemos robôs. Suprasegmental: Termo em
fonética e linguística, usado em
Qualquer falante do português sabe a diferença entre a
especial nos EUA, para se
primeira fala (Você sabe) e a segunda. Apesar de usarmos referir a elementos de
exatamente as mesmas palavras, as frases possuem Fonte: terapias-inoc tonicidade e entoação. Supra-
= acima. Na Grã-Bretanha,
significados diferentes. Ou seja, estas duas frases entes.blogspot.com/
2008/02 usa-se o termo equivalente,
diferenciam-se quanto aos aspectos suprasegmentais, prosódia (MCARTHUR, 1992).
estes definem os traços prosódicos que são relevantes
Paralinguístico: Termo usado
para a análise linguística da fala. Além dos traços prosódicos, usamos traços
no estudo da comunicação
paralinguísticos, como o tom de voz. Temos, por exemplo, o tom de voz humana para se referir a
autoritário, irônico. aspectos de expressão vocal ou
corporal que transmitem
Padrões entoacionais da fala envolvem aspectos do ritmo de fala,
significado, porém, menos
dos tons e da entoação, foco desta seção. Estes padrões relacionam-se à estruturada que a própria fala
análise suprasegmental da fala, sendo que Suprasegmentos e segmentos (MCARTHUR, 1992). Exemplo:
o tom de voz.
(vogais e consoantes) interagem para construir um significado (CRISTÓFARO
SILVA, 1999).
Algo peculiar perante o ensino de entoação é que professores de
inglês, em geral, negligenciam este aspecto. O resultado é o professor não
ensina e o aluno não aprende. Assim, como outros elementos da língua,
alguns alunos com dom para o aprendizado de idiomas vão ‘pegar’ a
entoação do inglês inconscientemente, mas a maioria não vai perceber. Aqui
nesta seção, exporemos alguns aspectos relevantes da entoação de acordo
com Hancock (2004).
a) Em afirmações, como em português, abaixamos o tom de voz.
b) Entoação para indicar que a informação é nova ou velha.
Em uma conversa, frequentemente referimo-nos a algo já
mencionado, ou a dita informação velha. Se já conhecemos o conteúdo
desta informação, o tom de voz abaixa no final da frase. Também dizemos ao
ouvinte algo que ele não sabe, acrescentando informação nova. Neste caso,
a voz em geral, abaixa no final. Observe os diálogos abaixo. No diálogo 1, o
tom aumenta no final porque a última palavra, ‘tomorrow’, já foi
mencionada.
1. A: I’ll come in tomorrow.

B: We’re closed tomorrow.


No diálogo 2, a voz abaixa porque a última palavra, ‘tomorrow’,
não tinha sido mencionada.
2. A: When are you closed?

B: We’re closed tomorrow.

61
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Entoação para continuar ou terminar.


Quando estamos contando alguma novidade, checamos
frequentemente se o ouvinte tem conhecimento prévio sobre a estória que
estamos contando. Neste caso, o tom de voz se eleva no final, e quando
finalmente contamos a novidade, o tom abaixa, indicando que não temos
mais nada a comentar. Por exemplo:
c) Do you know Paul and Linda?

And you know they live in Montes Claros.

Well, they said they are moving to São Paulo!

A seguir, exporemos a diferença na entoação do inglês em relação


ao português. Em interrogativas em português, tipicamente subimos o tom
de voz, diferentemente do português. Baker (1981) descreve a diferença:

d) Em perguntas “Wh” (Who? What? Why? When? Where? How?),


em geral, o tom abaixa. E em perguntas com auxiliares, na qual a resposta
esperada é ‘Yes/no’, o tom de voz levanta.
Para entender a teoria exposta sobre entoação, vá ao site
http://www.oup.com/elt/global/products/englishfile/elementary/d_
phrasebank/ef_elem_audiophrase/, clique no FILE 3 e escute as seguintes
afirmativas e interrogativas clicando nas flechas. Perceba as diferenças entre
as perguntas ‘Wh’, ‘yes/no’ e na afirmativa:

Pretendemos abordar apenas alguns aspectos da entoação do


inglês. Se você achou interessante e quiser aprofundar neste e outros
assuntos abordados neste capítulo, consulte os livros da referência deste
capítulo. O mesmo se aplica aos outros assuntos abordados neste nosso
curso.

62
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

Esperamos que vocês tenham se divertido, assim como nós nos


divertimos elaborando este material. Esperamos, também, que esta
informação seja útil para o seu aprendizado do inglês; porém, se acharam
que não foi o caso, não se preocupem. O dia em que tiverem aprendido
mais inglês, verão uso nesta disciplina. Algumas “fichas demoram a cair”
para todos, inclusive para nós, professores. De qualquer jeito, esperamos
que tenham se interessado por esta disciplina fantástica e útil chamada
Fonética e Fonologia do Inglês!

REFERÊNCIAS

CRISTÓFARO SILVA, Thaïs. Fonética e Fonologia do Português: roteiro de


estudos e guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 1999.

KNOWLES, David. Clear Speaking for International Business. São Paulo:


Editora SBS, 2002.

HANCOCK, M. English Pronunciation in Use. Cambridge: Cambridge


University Press, 2004.

ROACH, Peter. English Phonetics and Phonology: A Practical Course.


Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

SMALL, Larry. Fundamentals of phonetics: a practical guide for students.


Boston: Allyn & Bacon, 1999.

WELLS, J.C. English Intonation: An Introduction. Cambridge: Cambridge


University Press, 2006.

www.rubervalmaciel.com/arquivo/materias.../1239982260.ppt

63
RESUMO

Unidade I

A compreensão auditiva é tão importante quanto a fala na aquisição


de uma língua estrangeira. Assim como quando adquirimos a língua
materna, também captamos os sons primeiramente pelo ouvido. Através
dele, internalizamos informações linguísticas para produzir elocuções. Na
sala de aula, os alunos escutam mais do que falam. A competência da
compreensão auditiva é universalmente maior que a competência na fala
(BROWN, 1994).
Podemos entender e falar inglês escutando o máximo de inglês
possível, mas, para isto, temos que conhecer os sons da língua inglesa para
alcançar uma intelecção, a compreensão auditiva. A compreensão auditiva
está intimamente ligada a uma boa pronúncia, aquela que não causa ruído
na comunicação. Precisamos adotar um modelo de pronúncia inglesa
padrão, assim como o B.B.C. English ou RP Pronunciation - Britânico padrão
ou o G.A. General American - Inglês americano padrão e escutar. Então,
tentar repetir e utilizar esta pronúncia. A fonética e a fonologia do inglês
poderão facilitar este processo todo.
Os seguintes sons consonantais, o inglês e o português têm em
comum:
Estes sons o inglês possui e o português não:
O aprendiz de segunda língua já dispõe de uma gramática
internalizada, ou seja, já tem um inventário de sons e regras utilizadas para
combinação de sons usados para a fala. Os sons inexistentes em nossa língua
materna podem ser substituídos por outros existentes que são similares, por
exemplo, o som do grafema ‘th’ desvozeado tende a ser substituído por [f]
ou [s], sons existentes no português.
Grafemas são escritos e os fonemas são falados. É muito útil usar as
letras para nos lembrar seus sons correspondentes e, ao contrário do
português, a relação letra e som do inglês é mais complexa. E o motivo é que
a fala no inglês evoluiu, mas a escrita permaneceu a mesma.
As consoantes do inglês são uniformes em todos os dialetos, e a
nomenclatura da fonética e fonologia do inglês é muito semelhante à do
português, devido ao fato dos termos técnicos terem origem latina.

65
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

b) The affricates ou consoantes africadas são formadas por uma


sequência de uma oclusiva e uma fricativa.

c) Fricatives ou consoantes fricativas são formadas ao impedir


parcialmente o fluxo de ar no trato vocal.

66
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

d) Nasals ou consoantes nasais são formadas com o abaixamento da


úvula permitindo a passagem de ar para a cavidade nasal.

e) Laterals ou consoantes laterais são consoantes formadas ao


permitir que o ar escape pelas laterais da língua.

f) Approximants ou consoantes aproximantes são produzidas com a


aproximação de dois articuladores, mas não chegam a produzir uma plosiva,
nasal ou uma fricativa.

Os pontos ou lugares de articulação (place of articulation) do


português e do inglês são os mesmos. O único que pode ter uma diferença é
o interdental, que significa a língua entre os dentes.

Unidade II

O sistema vocálico britânico é composto por 20 fonemas vocálicos


distribuídos como mostra a Tabela 9. Os fonemas vocálicos de uma língua
englobam as vogais simples ou monotongos (por exemplo, e e os
ditongos (por exemplo, e ) que, embora sejam compostos por duas
vogais simples, formam um único fonema.

67
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Tabela 9
The British Vowels

Assim como no português, as vogais do inglês também são


classificadas de acordo com determinados traços articulatórios que essas
apresentam. SMALL (1999) apresenta uma classificação primária – que é
aquela relacionada à altura e ao grau de anterioridade/posterioridade do
corpo da língua – e outra, a classificação secundária, é aquela referente ao
grau de anterioridade ou posterioridade da língua e ao comprimento ou
tensão da vogal. Os parâmetros de arredondamento dos lábios e
comprimento vocálicos são também muito importantes para a classificação
das vogais do inglês.
A classificação da escola britânica de fonética divide os 8 ditongos
em dois grupos: fechados e centralizados. Os ditongos fechados são aqueles
finalizados em ou e são cinco:
Os outros três ditongos tipicamente britânicos são classificados
como ditongos centralizados , pois o segundo elemento
do ditongo é o schwa, uma vogal central. Esses ditongos centralizados
marcam a variação dialetal entre o inglês britânico e o americano
(CRISTÓFARO-SILVA, 2005, p. 137).

Unidade III

As regras de pronúncia no inglês existem. Não são iguais aos do


português, mas auxiliam e são estas que são utilizadas pelos faltantes nativos
do inglês.
Quando há duas vogais em uma sílaba:
a) a primeira vogal tem a pronúncia dela mesma no alfabeto,
b) a segunda vogal não é pronunciada.
Quando há apenas uma letra vocálica em uma sílaba, a letra
vocálica não é pronunciada como é no alfabeto, mas com seu som relativo.
A letra ‘e’ no final de palavras não é pronunciada, exceto em
monossílabos com uma única vogal.
A combinação ‘ei’ com o som de /i:/ não é comum no inglês, apenas
quando temos a letra c + ei. Normalmente as letras ‘ie’ resultam neste som.
Tanto que as crianças sendo alfabetizadas em inglês aprendem a rima: ‘i’
antes de ‘e’, só depois de ‘c’ (SWAN, 1980).

68
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

A letra “g” tem o som de se é seguido pelas letras e, i ou y. giant,


gypsy, general, raging.
Em outros ambientes, tem o som de /g/ como em “goose.”
As exceções à esta regra são palavras fáceis e são de raiz germânica,
que não possui esta regra, como em get, girl, forgive, forget.
A combinação de letras ‘igh’ entre consoantes resulta em como
em right, sight, bright.
As letras ‘-gn’ são pronunciadas /n/ no final ou no começo de
palavras (o ‘g’ é mudo), como em sign, foreign, gnome.
As letras ‘kn’ no início de palavras são pronunciadas /n/ (o k é
mudo), como em know, knife, knee.
As letras ‘-mb’ e ‘-mn’ são pronunciadas /m/ no final de palavras,
como em comb, bomb, hymn, autumn.
As letras ‘ps-, pn- e pt-‘ são pronunciadas /s/, /n/ e /t/
respectivamente (o p é mudo nos 3 casos), como em pneumatic,
pterodactyl.
A combinação de letras ‘-stle’ e ‘sten’ é pronunciada /sl/ e /sn/ no
final de palavras (o ‘t’ é mudo), como em castle, listen, fasten.
As letras ‘w’ + a resultam em um som de um ó ou , como em
want, wash, wander, watch, swan.
As letras ‘w’ + o em geral transforma a letra ‘o’ em /Ã/, como em
won, wonder, worry.
Quando encontramos a combinação de letras ‘w’ + ‘h’ + ‘o’, o ‘w’
não é pronunciado, sendo o som inicial o de ‘h’. Como em whom, whose,
whole.
Quando encontramos a combinação de letras ‘w’ + ‘r’, o ‘w’ não é
pronunciado, como em write, wrong.

Unidade IV

Na união de palavras para formar enunciados, também podemos


notar que fonemas, sílabas e palavras se alteram ou até mesmo podem
desaparecer.
A assimilação pode ser regressiva e progressiva. Na assimilação
regressiva, o fonema é afetado pelo fonema seguinte. Na assimilação
progressiva, pelo contrário, o fonema é afetado pelo que vem antes. Em
português, por exemplo, temos as seguintes palavras:
Teste e mesmo /mezmo/

69
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

Podemos perceber que a consoante /s/ é realizada como /s/ na


primeira palavra e /z/ na segunda palavra. Isto ocorre devido ao fenômeno
de assimilação regressiva no português, ou seja, pelo fato do segmento /m/
ser vozeado em “mesmo”, o segmento consonantal /s/ assimila o
vozeamento do segmento consonantal que ocorre depois.
Elisão é a eliminação de fonemas durante a produção de
enunciados devido a certos contextos fonéticos. Por exemplo, em “câmera”
, uma sílaba inteira é apagada ou omitida por elisão.
Epêntese é a inserção de um ou mais sons no meio da palavra, como
em “sense” .
Para saber o stress (sílaba tônica) de uma palavra inglesa com mais
de uma sílaba, o aprendiz necessita ouvir a palavra corretamente ou, então,
verificar a sua transcrição no dicionário. Existem algumas regras também
para detectar a sílaba tônica das palavras inglesas.
Muitas palavras podem ser pronunciadas de duas formas na
conversação, tendo uma forma forte (strong form) e outra fraca (weak form).
Isso depende de diversos aspectos gramaticais (preposições e artigos, por
exemplo, não são enfatizados) e pragmáticos (o que o falante quer enfatizar
na sentença).
As tonicidades na palavra (word stress) e na oração (sentence stress)
formam o ritmo do inglês (GILBERT, 1990).
As orações do inglês são formadas pelas content words, palavras
que carregam o maior significado e as structure words, palavras de suporte.
As content words ou sua sílaba tônica são pronunciadas com mais força e as
structure words são pronunciadas com menos proeminência e, em geral,
com sua vogal reduzida a .
A entoação é a melodia da fala. Ao estudá-la, entendemos como o
tom de voz se eleva ou cai e como os falantes usam esta variação de tom para
expressar o significado pragmático e linguístico (WELLS, 2006).

70
REFERÊNCIAS

BÁSICAS
JONES, Daniel. English Pronouncing Dictionary. 15th ed. Cambridge:
Cambridge University Press, 1997.

LADEFOGED, Peter. A Course in Phonetics. London: Hartcourt Brace &


Jovanovich, 1982.

SMALL, Larry. Phonetics: a practical guide for students. Boston: Allyn and
Bacon, 1999.

COMPLEMENTARES
ABERCROMBIE, David. Elements of General Phonetics. Edinburgh:
Edinburgh University Press, 1967.

BAKER, Ann. Introducing English Pronunciation: A Teacher’s Guide to Tree


or three and Ship or Sheep? An Intermediate pronunciation course. Great
Britain: Cambridge University Press, 1996.

BOWLER, B. & CUNNINGHAM, S. Headway Pronunciation Upper-


intermediate. Oxford: Oxford University Press, 1996.

BROWN, H. Douglas. Teaching by Principles: an interactive approach to


language pedagogy. NJ: Prentice Hall Regents, 1994.

CEGALLA, D.P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo:


Companhia Editora Nacional, 2008.

CRISTÓFARO SILVA, Thaïs. Fonética e Fonologia do Português: roteiro de


estudos e guia de exercícios.São Paulo: Contexto. 1999.

_______________________. Pronúncia do inglês: para falantes do portu-


guês brasileiro: os sons. Belo Horizonte: FALE UFMG, 2005.

CRYSTAL, David. Dicionário de Linguística e Fonética. Rio de Janeiro:


Jorge Zahar Editor, 2000.

CUNNINGHAM, S. MOOR, P. New Headway Pronunciation Course


Elementary. Student’s book. Oxford: OUP, 2003.

FROMKIN, V. & RODMAN, R. & HYAMS, N. An Introduction to language. 7


ed. Boston: Thomson Wadsworth, 2003.

71
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

GILBERT J. B. Clear Speech from the start: Basic Pronunciation and


Listening Comprehension in North American English - Student’s book.
Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

GODOY,S.M.B. , GONTOW & C. MARCELINO, M. English Pronunciation


for Brazilians: The Sounds of American English.. São Paulo: Disal Editora,
2006.

HANCOCK, M. English Pronunciation in Use. Cambridge: Cambridge


University Press, 2004.

HOCKETT, C.F. Learning Pronunciation. CROFT, Kenneth. (Ed.) Readings


on English as a Second Language. Massachusetts: Cambridge, 1972.

JONES, Daniel. The pronunciation of English. 4th ed. Cambridge:


Cambridge University Press, 1969.

KIKUCHI, Luci. Vogais Altas e glides no português brasileiro e no inglês


britânico. 2001. Dissertação (Mestrado em Linguística) -Faculdade de letras,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.

KNOWLES, David. Clear Speaking for International Business. São Paulo:


Editora SBS, 2002.

LADEFOGED, Peter. A Course in Phonetics. 3rd ed. London: Hartcourt


Brace & Jovanovich, 1982.

MCARTHUR, Tom. (Ed.). The Oxford Companion to the English Language.


Oxford University Press. Oxford. 1992.

NOBRE OLIVEIRA, D. Sheep ou Ship? Men ou man? O Papel da Hierarquia


de restrições na aquisição das vogais coronais do inglês como língua estran-
geira. 2003. 90 f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) -
Faculdade de Letras, Universidade Católica de Pelotas, Rio Grande do Sul,
2003.

O’CONNOR, J.D. Better English Pronunciation. Cambridge: Cambridge


University Press, 1996.

OXENDEN, Clive & LATHAM-KOENIG, Christina. New English File


Elementary: student´s book. Oxford: Oxford University Press, 2006.

ROACH, Peter. English Phonetics and Phonology: A Practical Course.


Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

____________. A Little Encyclopaedia of Phonetics. 2002. Disponível em


www.cambridge.org/elt/peterroach/resources/Glossary.pdf.

SWAN, M. Practical English Usage. Oxford: OUP, 1980.

UNDERHILL, Adrian. Sound Foundations: Learning and Teaching


Pronunciation. Oxford: McMillan ELT, 1998.

72
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

WELLS, J.C. English Intonation: An Introduction. Cambridge: Cambridge


University Press, 2006.

Some rules of English pronunciation. Disponível em


http://www.virtual.net.au/~bhandley/phonics.PDF

http://www.uiowa.edu/~acadtech/phonetics/english/frameset.html

http://facweb.furman.edu/~wrogers/phonemes/phono/phcons.htm

http://www.cambridge.org/elt/resources/skills/interactive/pron_animations/
index.htm

http://www.fonetiks.org/

www.rubervalmaciel.com/arquivo/materias.../1239982260.ppt

73
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
- AA

1) Utilizando a estratégia dos COGNATOS, ligue a nomenclatura em inglês


ao correspondente em português, conforme o exemplo:

2) Observe a Figura abaixo e escreva cada articulador, colocando a tradução


em português ao seu lado.

Fonte: ROACH, 2001, p.21.

74
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

3) Passe as transcrições abaixo para a linguagem escrita: (Estes sons existem


no português e o áudio e as respostas estão em
http://www.oup.com/elt/global/products/englishfile/elementary/c_pronunci
ation/pronunciation03/ e pronunciation04).

4) As palavras transcritas abaixo têm sons consonantais que não existem no


português. (Estes sons também estão no site da questão 3 acima).

5) Observe a Figura 22 do SMALL (1999) e complete as vogais abaixo:

Figura 22: As 12 vogais britânicas

75
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

6) As vogais, ao contrário das consoantes, são sons produzidos sem a


aproximação de dois articuladores. Portanto, são mais difíceis de serem
explicadas. Como são classificadas então?

7) Complete o quadro abaixo, com o auxílio da Tabela 15.

8) Há algo errado com os enunciados abaixo?


Se tiver dúvidas, volte à seção 1.2 Grafemas e fonemas deste caderno.

Eye have too suns inn the see.


I can here you, but I can’t sea you.
Their are three bedrooms in hour house.
I don’t no wear Jill lives.
My sun lives near the see.
Know, eye can’t come too your party.
She through sum food away.
You were write. Sally and Peter can’t come four dinner.
The car broke down on the rode. It was two hot.
Sam needs too by sum meet.
Last weak Jane didn’t send her children two school.

76
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

9) Complete os dados abaixo sobre a música transcrita a seguir.

a) A transcrição abaixo é da música tema do filme __________


chamada “My heart will go on”. A cantora chama-se _______
e é canadense.
b) Escute a música e acompanhe a letra, observando bem o som dos
fonemas. (Esta música está disponível no YouTube).
c) Leia a transcrição para familiarizar-se com os símbolos fonéticos.

77
Letras/Inglês Caderno Didático - 3º Período

10) Temos, abaixo, a letra da música ‘Winter Jam’ e transcrição. Após escutá-
la, preste atenção nas palavras sublinhadas. Estas se encaixam nas regras
discutidas na Unidade III.
a) Em qual regra estas palavras se encaixam?

b) Para checar se a regra se aplica, confira com a transcrição fonética.


Exemplo: na palavra winter, a letra ‘i’ da primeira sílaba entre consoantes
tem som de - Regra da vogal única.

Winter Jam - The Underground Project

Moonlight, we spend lifetime together feeling so right


let's make it last forever and I'll hold you tight
it's such a wonderful night

B GC Moonlight, the streets are covered in a snowy white


GLOSSÁRIO E
A F I see the joy it brings when I look in your eyes
you're such a beautiful sight (What a beautiful sight)
Gonna: going to

Ain’t: isn’t, aren’t, am not. I can't get you out of my mind, I can't lie
All I need is you in this special time
and I'm glad to say that you are mine
'cause I can't take it

This ain't nothing but a winter jam


Good times with family and friends woah!
This ain't nothing but a winter jam
We’re gonna celebrate as much as we can

Winter jam alright


Tonight cruisin' down the boulevard starlight
people singing every day and every night
as far as the eye can see

78
Fonética e Fonologia do Inglês UAB/Unimontes

11) Após o exercício, treine a leitura da transcrição fonética da música. Se


tiver dúvida, escute a música novamente.

12) Procure no trecho da música “Winter Jam” abaixo os exemplos de


linking, strong forms, stress in words. Sendo que linking é simbolizado por
e stress por .

79

Potrebbero piacerti anche