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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSOS Nº 0023444-59.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: JAIRA NUNES OLIVEIRA
RECORRIDA: COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA –
COELBA
JUIZ PROLATOR: LUCIANA VIANA BARRETO
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA.


ALEGAÇÃO DE FRAUDE NA MEDIÇÃO DO CONSUMO,
ENSEJANDO A SUSPENSÃO DO SERVIÇO. SENTENÇA QUE
RECONHECEU A INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL DO
JUIZADO ESCOLHIDO PARA O JULGAMENTO DO FEITO,
EXTINGUINDO O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO.
COMPETÊNCIA FIXADA NOS TERMOS DO PARÁGRAFO
ÚNICO, DO ART. 4º, DA LEI 9.099/95, IMPONDO A REFORMA DO
JULGADO. CAUSA MADURA PARA JULGAMENTO NO
SEGUNDO GRAU, NO ESTADO EM SE ENCONTRA,
CONFORME PRECEITUA O ART. 515, § 3º, DO CPC. INSPEÇÃO
UNILATERAL. PROVA CARENTE DE ISENÇÃO, INCAPAZ DE
TORNAR INEQUÍVOCA A VIOLAÇÃO DO MEDIDOR DE
ENERGIA INSTALADO NA UNIDADE CONSUMIDORA.
LANÇAMENTO POR ESTIMATIVA INVÁLIDO. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS, DECORRENTES, SOBRETUDO, DO CORTE
REALIZADO SEM PRÉVIO AVISO. PROVIMENTO DO
RECURSO PARA DECLARAR O CANCELAMENTO DO DÉBITO
IMPUTADO INDEVIDAMENTE À CONSUMIDORA, COM
ORDEM DE RESTITUIÇÃO, NA FORMA SIMPLES, DOS
VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A ESSE TÍTULO, QUE
RESTAREM EFETIVAMENTE COMPROVADOS, FIRMANDO,
AINDA, CONDENAÇÃO PELOS DANOS MORAIS
CONFIGURADOS, DEVENDO A CONCESSIONÁRIA
RESTABELECER IMEDIATAMENTE O SERVIÇO DISCUTIDO
SOB PENA DE MULTA DIÁRIA POR EVENTUAL
DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER AQUI
DETERMINADA.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que a Recorrente, JAIRA NUNES OLIVEIRA, pretende a reforma da sentença
lançada nos autos, que extinguiu o processo, sem resolução do mérito, reconhecendo a
incompetência territorial do JEC da Comarca de Salvador, escolhido pela Recorrente para o
julgamento da ação, considerando que a parte autora tem domicílio em comarca diversa,
Dias D'Ávila, tendo o fato gerador da lide ocorrido nesta comarca, não havendo obrigação a
ser satisfeita na comarca onde fora proposta a ação, buscando, assim, o reconhecimento da
inexistência de prova inequívoca e isenta da irregularidade na medição do consumo de
energia na unidade de sua responsabilidade, com ordem de cancelamento do débito

1
imputado a título de diferença de consumo de energia, condenando, ainda, a Recorrida,
COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA - COELBA, ao
pagamento de indenizações por danos materiais e morais, face à suspensão do serviço que
reputa indevida.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual – rogando a incidência do art.
515, § 3º, do CPC, porquanto configuradas as condições necessárias à apreciação de todos os
aspectos fáticos e jurídicos apresentados pelas partes nas respectivas peças trazidas ao
processo, especialmente às relacionadas ao mérito da causa – submeto aos demais membros
desta Egrégia Turma.

VOTO

No que concerne ao juízo competente para apreciação do litígio, entendo


que razão assiste à Recorrente.

Embora o inciso III, do art. 4º, da Lei nº 9.099/95 1, estabeleça que, "nas
ações para reparação de dano de qualquer natureza", o foro competente para os julgamentos
será "do domicílio do autor ou do local do ato ou fato", o parágrafo único do mesmo artigo 2
expressa que, "em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso
I", o qual faculta o ajuizamento da ação no "domicílio do réu ou, a critério do autor, do local
onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento,
filial, agência, sucursal ou escritório".

Analisando as hipóteses construídas pelo legislador no art. 4º, da Lei nº


9.099/95, Joel Dias Figueira Júnior ensina que: "Não há, nessa sequência, uma ordem rígida
a ser seguida pela autora, podendo optar por qualquer uma delas, inclusive fazer opção pelo
foro que não seja onde o réu exerça sua atividade principal, mas que, dentro de sua
conveniência, se enquadre numa das situações previstas em lei".

No caso, apesar de as partes possuírem domicílio em comarcas diversas


daquela onde a ação foi proposta, não havendo, de fato, obrigação a ser cumprida na
Comarca de Salvador, a competência do juízo a quo decorre do fato de a Recorrida manter
ali agência ou filial, onde, inclusive, fora citada, exercitando a Recorrente, assim, faculdade
outorgada pelo parágrafo único, do art. 4º, da Lei nº 9.099/95.

Apreciando o mérito do litígio, considerando a causa madura para


julgamento no estado em que se encontra, entendo que merece acolhimento parcial a
pretensão deduzida pela parte Autora.

Realçando a necessidade da investigação dos fatos à luz das normas e


princípios consagrados no CDC, inspirados na Constituição Federal, não basta à
comprovação de fraude na medição do consumo de energia a mera inspeção realizada pela
própria empresa prestadora do serviço, sem a efetiva prova da participação da consumidora,
cuja exigência não se conforma com o simples acompanhamento, mas sim com a garantia da
possibilidade de contrapor as suas conclusões técnicas, não havendo melhor lugar para isso
do que no próprio Judiciário.
1

Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro:


III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de qualquer natureza.
2

Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.

2
Não se pode considerar isenta uma prova técnica produzida
unilateralmente por prepostos da própria parte que aproveita. Esse tipo de privilégio
outorgado por órgãos desprovidos de competência legislativa, sobretudo de cunho
constitucional, não se harmoniza com o sistema de proteção ao consumidor, servindo apenas
para tornar mais ainda desequilibrada a relação jurídica de consumo, com a qual o Judiciário
não pode compactuar.

Por outro lado, não se admite também o lançamento por estimativa advindo
da suposta constatação de fraude em medidor de energia, sobretudo quando não restar
demonstrado o aumento do referido consumo após as providências para eliminação da
hipotética irregularidade.

Com isso, sem a prova inequívoca e isenta da fraude imputada, há de se dar


guarida à pretensão de cancelamento do débito atribuído à parte autora, com ordem de
restituição, na forma simples, dos valores efetivamente pagos.

A reiteração das cobranças indevidas derivadas do faturamento irregular,


com suspensão do serviço de natureza essencial, na forma apurada, gerou para a parte autora
inequívoco prejuízo de natureza moral, impondo-se, consequentemente, a devida
compensação pecuniária.

Encontrando previsão no sistema geral de proteção ao consumidor inserto


no art. 6º, inciso VI, do CDC, com recepção no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal, e
repercussão no art. 186, do Código Civil, o dano eminentemente moral, sem consequência
patrimonial, não há como ser provado, nem se investiga a respeito do animus do ofensor.
Consistindo em lesão de bem personalíssimo, de caráter subjetivo, satisfaz-se a ordem
jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele existe simplesmente pela conduta
ofensiva, sendo dela presumido, tornando prescindível a demonstração do prejuízo concreto.

Com isso, uma vez constatada a conduta lesiva e definida objetivamente


pelo julgador, pela experiência comum, a repercussão negativa na esfera do lesado, surge a
obrigação de reparar o dano moral.

Na situação em análise, a parte autora não precisava fazer prova da


ocorrência efetiva dos danos morais decorrentes do evento descrito. Os danos dessa natureza
se presumem, sobretudo pela suspensão da prestação do serviço de energia, tido como
essencial, de forma indevida, o que, inegavelmente, vulnerou a intangibilidade pessoal da
Recorrente, sujeitando-a ao constrangimento, aborrecimento, grave dissabor e incômodo,
tendo a esfera íntima agredida ante a atividade ilícita da Recorrida.

Não se tratou, assim, de um aborrecimento tolerável pelo homem médio


que vive em sociedade e que deve se acostumar com seus acasos. Não se pode considerar
como razoavelmente cabível que uma empresa do porte da parte recorrida trate o consumidor
com o descaso apresentado. Seu dever é primar pela prestação de serviço ágil, mas eficiente,
sendo inaceitável qualquer espécie de atividade que venha causar prejuízo. O consumidor
não pode ser obrigado a suportar as consequências da má organização e ineficiência daqueles
que devem um comportamento sem reparos, mostrando-se, portanto, absolutamente
necessária a condenação da parte recorrida ao pagamento de indenização por danos morais.

Assim, buscando o arbitramento dos danos morais vislumbrados, observo


que não são abundantes os elementos coligidos para efeito de sua precisa quantificação,
havendo a certeza apenas de que a Recorrente em nada contribuiu para o evento.

3
Desse modo, entendo que emerge a importância R$ 8.000,00 (oito mil
reais), como valor próximo do justo, capaz de compensar, indiretamente, os desgastes
emocionais advindos à Recorrente, e trazer a punição suficiente à agente causadora, sem
centrar os olhos apenas na sua inegável capacidade econômica.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR


PROVIMENTO PARCIAL ao recurso interposto pela Recorrente, JAIRA NUNES
OLIVEIRA, para, reformando integralmente a sentença hostilizada, condenar a Recorrida,
COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA – COELBA, ao
pagamento de indenização por danos morais, na quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais),
com juros moratórios, na taxa de 1% ao mês, incidentes a partir da citação, nos termos dos
arts. 405 e 406, do CC complementados pelo disposto no § 1º, do art. 161, do CTN, e
correção monetária a partir do julgamento do recurso, declarando, ainda, a inexigibilidade do
débito discutido com ordem de restituição, na forma simples, dos valores efetivamente pagos
pela consumidora, bem como para que proceda o restabelecimento imediato do serviço de
energia elétrica na residência de sua responsabilidade sob pena de multa diária que arbitro no
valor de R$ 100,00 (cem reais) até o limite do teto dos Juizados Especiais.

Face ao desfecho do recurso, que exclui, a meu ver, a incidência do art. 55,
caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95, destinada ao recorrente vencido e não ao
recorrido vencido, deixo de condenar a Recorrida ao pagamento de custas e honorários
advocatícios.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 16 de junho de 2015.

Rosalvo Augusto Vieira da Silva


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSOS Nº 0023444-59.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: JAIRA NUNES OLIVEIRA
RECORRIDA: COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA –
COELBA
JUIZ PROLATOR: LUCIANA VIANA BARRETO
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA.


ALEGAÇÃO DE FRAUDE NA MEDIÇÃO DO CONSUMO,
ENSEJANDO A SUSPENSÃO DO SERVIÇO. SENTENÇA QUE
RECONHECEU A INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL DO
JUIZADO ESCOLHIDO PARA O JULGAMENTO DO FEITO,
EXTINGUINDO O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO.
COMPETÊNCIA FIXADA NOS TERMOS DO PARÁGRAFO
ÚNICO, DO ART. 4º, DA LEI 9.099/95, IMPONDO A REFORMA DO
JULGADO. CAUSA MADURA PARA JULGAMENTO NO
SEGUNDO GRAU, NO ESTADO EM SE ENCONTRA,

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CONFORME PRECEITUA O ART. 515, § 3º, DO CPC. INSPEÇÃO
UNILATERAL. PROVA CARENTE DE ISENÇÃO, INCAPAZ DE
TORNAR INEQUÍVOCA A VIOLAÇÃO DO MEDIDOR DE
ENERGIA INSTALADO NA UNIDADE CONSUMIDORA.
LANÇAMENTO POR ESTIMATIVA INVÁLIDO. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS, DECORRENTES, SOBRETUDO, DO CORTE
REALIZADO SEM PRÉVIO AVISO. PROVIMENTO DO
RECURSO PARA DECLARAR O CANCELAMENTO DO DÉBITO
IMPUTADO INDEVIDAMENTE À CONSUMIDORA, COM
ORDEM DE RESTITUIÇÃO, NA FORMA SIMPLES, DOS
VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A ESSE TÍTULO, QUE
RESTAREM EFETIVAMENTE COMPROVADOS, FIRMANDO,
AINDA, CONDENAÇÃO PELOS DANOS MORAIS
CONFIGURADOS, DEVENDO A CONCESSIONÁRIA
RESTABELECER IMEDIATAMENTE O SERVIÇO DISCUTIDO
SOB PENA DE MULTA DIÁRIA POR EVENTUAL
DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER AQUI
DETERMINADA.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS,
EDSON PEREIRA FILHO e ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso
interposto pela Recorrente, JAIRA NUNES OLIVEIRA, para, reformando
integralmente a sentença hostilizada, condenar a Recorrida, COMPANHIA DE
ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA – COELBA, ao pagamento de indenização
por danos morais, na quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais), com juros moratórios, na
taxa de 1% ao mês, incidentes a partir da citação, nos termos dos arts. 405 e 406, do CC
complementados pelo disposto no § 1º, do art. 161, do CTN, e correção monetária a
partir do julgamento do recurso, declarando, ainda, a inexigibilidade do débito
discutido com ordem de restituição, na forma simples, dos valores efetivamente pagos
pela consumidora, bem como para que proceda o restabelecimento imediato do serviço
de energia elétrica na residência de sua responsabilidade sob pena de multa diária que
arbitro no valor de R$ 100,00 (cem reais) até o limite do teto dos Juizados Especiais.
Face ao desfecho do recurso, que exclui, a meu ver, a incidência do art. 55, caput, segunda
parte, da Lei nº 9.099/95, destinada ao recorrente vencido e não ao recorrido vencido,
deixo de condenar a Recorrida ao pagamento de custas e honorários advocatícios.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 16 de junho de 2015.

JUIZ WALTER AMÉRICO CALDAS


Presidente

JUIZ ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator

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