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Luiz
A.
C.
Souza,
CECOR
-‐
Centro
de
Conservação
e
Restauração
de
Bens
Culturais
Moveis,
Escola
de
Belas
Artes
-‐
Universidade
Federal
de
Minas
Gerais,
Belo
Horizonte
31270-‐901
-‐
MG
-‐
Brasil
Resumo
Neste
artigo
discutimos
alguns
aspectos
básicos
da
relação
entre
o
comportamento
material
e
físico-‐
químico
de
obras
de
arte
e
de
valor
histórico
e
o
meio
ambiente
no
qual
estas
se
encontram,
o
que
é
fundamental
para
sua
conservação.
Fatores
de
degradação
como
luz,
umidade,
poluentes
e
catástrofes
são
discutidos,
bem
como
são
apresentadas
algumas
sugestões
de
como
minimizar
o
efeito
degradador
destes
agentes.
A
importância
da
conservação
preventiva
para
a
preservação
dos
acervos
é
enfatizada.
Introdução
O
simples
fato
de
que
os
objetos
culturais
são
compostos
por
matéria
já
é
um
fator
primordial
para
que
sua
existência
seja
influenciada
pelo
ambiente
no
qual
estes
são
conservados.
Numa
primeira
classificação,
bastante
abrangente,
podemos
dividir
os
materiais
que
compõem
os
bens
culturais
em
dois
grupos
principais:
materiais
orgânicos
e
materiais
inorgânicos.
Dentre
os
primeiros
estão
envolvidos
materiais
diversos
como
papel,
tecidos,
pergaminho,
couro,
fios
e
fibras,
corantes,
óleos,
resinas,
colas,
madeira,
além
dos
diversos
materiais
orgânicos
sintéticos.
Dentre
os
materiais
inorgânicos
citamos
como
exemplo
vidros,
metais,
pedras,
etc.
A
composição
química
de
obras
de
arte
depende
da
tecnologia
utilizada
para
sua
fabricação,
mas
geralmente
estas
contém
tanto
materiais
orgânicos
quanto
inorgânicos.
As
pinturas
a
óleo,
por
exemplo,
são
constituídas
por
camadas
de
tinta
preparadas
à
partir
de
pigmentos
inorgânicos
sintéticos
ou
naturais,
fixados
em
uma
camada
através
de
um
meio
oleoso
(óleo
secativos
como
óleo
de
linhaça,
de
nozes,
de
papoula,
etc.),
que
com
o
passar
do
tempo
forma
um
retículo
tridimensional
que
mantém
coesa
a
camada
de
pintura
e
os
pigmentos
nela
presentes.
Tais
camadas
de
tinta
encontram-‐se
sobre
um
suporte
que
pode
ser
de
madeira,
metal,
vidro,
tecido,
etc.
Outras
obras
podem
ser
compostas
somente
de
materiais
inorgânicos
como
esculturas
em
bronze,
em
pedra,
etc.
As
causas
de
degradação
de
obras
de
arte
envolvem
diversos
fatores
como
a
luz,
umidade,
poluentes,
agentes
biológicos
(
como
microrganismos
e
insetos)
e
mesmo
o
fator
humano,
que
por
diversas
vezes
é
o
principal
responsável
pela
degradação
de
obras.
A
ação
humana
para
a
degradação
de
obras
de
arte
caracteriza-‐se
as
vezes
por
vandalismo,
negligência
e
até
mesmo
por
ignorância
de
condições
mais
adequadas
para
a
armazenagem,
transporte
e
exibição
de
obras
de
arte.
Não
podemos
ainda
deixar
de
mencionar
catástrofes
naturais
como
inundações,
furacões,
terremotos
e
um
dos
mais
eficazes
agentes
de
degradação
de
bens
culturais,
que
é
a
guerra.
Nos
tópicos
seguintes,
apresentamos
algumas
características
da
degradação
de
materiais
por
alguns
dos
fatores
acima
citados.
A
degradação
causada
pela
luz
se
refere
praticamente
aos
danos
causados
a
materiais
orgânicos.
A
luz
afeta
a
camada
superficial
dos
objetos,
provocando
por
vezes
mudanças
que
chegam
a
descaracterizar
por
completo
a
obra.
Citemos
como
exemplo
a
degradação
de
aquarelas.
Pelo
fato
de
que
a
camada
de
tinta
na
aquarela
é
muito
tênue,
o
aglutinante
(meio
orgânico
que
segura
os
pigmentos)
e
os
pigmentos
e
corantes
ficam
praticamente
expostos
à
luz,
fazendo
com
que
a
descoloração
de
aquarelas
pela
luz
seja
um
fenômeno
bastante
conhecido.
Os
fenômenos
de
degradação
estão
ligados
à
foto-‐oxidação
dos
materiais.
A
capacidade
da
radiação
de
causar
degradação
está
ligada
ao
seu
comprimento
de
onda,
sendo
que
quanto
menor
o
comprimento
de
onda
maiores
são
os
danos
causados.
A
luz
ultravioleta,
por
exemplo,
causa
maior
degradação
de
materiais
orgânicos
que
a
radiação
visível
ou
mesmo
a
radiação
infravermelho.
Uma
constatação
deste
fenômeno
é
por
exemplo
o
fato
de
nos
preocuparmos
com
a
proteção
de
nossa
pele
dos
raios
ultravioleta
da
radiação
solar.
Objetos
expostos
em
museus
e
arquivos
devem
ter
suas
condições
de
armazenamento
e
exposição
checados
para
se
verificar
qual
o
nível
de
iluminação
a
que
estes
estão
expostos,
afim
de
se
evitar
os
danos
irreversíveis
causados
pela
exposição
a
luz.
Além
disto,
é
importante
verificar
qual
o
tipo
de
iluminação
a
qual
o
objeto
está
exposto,
pois
fontes
diferentes
de
iluminação
provocam
fenômenos
de
degradação
diferentes.
A
luz
solar
direta,
por
exemplo,
é
extremamente
danosa.
A
iluminação
com
lâmpadas
fluorescentes
também
é,
em
geral,
perigosa
pois
as
lâmpadas
fluorescentes
possuem
uma
considerável
emissão
de
luz
ultravioleta.
O
tempo
de
exposição
à
luz
também
é
um
fator
a
ser
levado
em
conta,
uma
vez
que
os
efeitos
de
fotodegradação
são
cumulativos.
Sensibilidade à luz
De acordo com a sensibilidade à luz, podemos classificar os objetos da seguinte forma:
Praticamente
todo
ambiente
contem
água,
seja
sob
a
forma
de
líquido
ou
de
vapor.
Em
uma
sala
de
museu,
por
exemplo,
existe
sempre
uma
quantidade
de
água
na
forma
de
vapor
presente
no
ar,
e
esta
quantidade
de
água
varia
dependendo
das
condições
de
temperatura
e
da
pressão
(altitude
relativamente
ao
nível
do
mar)
do
ambiente.
Mesmo
em
climas
muito
secos,
como
os
climas
desérticos,
existe
ainda
uma
certa
quantidade
de
vapor
de
água
na
atmosfera.
Nestes
casos,
os
objetos
tendem
a
perder
água
para
o
ambiente,
fazendo
com
que
estes
se
tornem
muito
ressequidos.
As
pesadas
roupagens
de
habitantes
do
deserto,
por
exemplo,
são
para
evitar
que
o
corpo
perca
água
por
transpiração.
Nos
climas
muito
úmidos,
a
quantidade
de
vapor
de
água
no
ambiente
é
substancial,
o
que
faz
com
que
ocorra
condensação
de
água
em
superfícies
frias,
como
nas
paredes
por
exemplo.
Por
vezes,
a
quantidade
de
vapor
de
água
no
ambiente
é
tão
elevada
que
se
chega
ao
ponto
de
saturação,
ou
ponto
de
orvalho.
Como
exemplo,
podemos
citar
nossas
noites
frias
de
inverno,
quando
numa
conversação
em
um
ambiente
externo,
notamos
que
o
vapor
emanado
se
condensa
quando
falamos,
formando
uma
espécie
de
fumaça.
Em
ciência
utilizamos
o
conceito
de
umidade
relativa
como
a
percentagem
de
vapor
de
água
presente
na
atmosfera,
relativamente
à
quantidade
máxima
possível
(100%)
na
mesma
temperatura.
Geralmente
as
obras
de
arte
são
compostas,
como
já
foi
afirmado
acima,
de
diversos
tipos
de
materiais,
que
reagirão
de
maneira
diferente
às
variações
de
U.R.,
fazendo
com
que
ocorram
tensões
localizadas
e
o
posterior
aparecimento
de
rachaduras
(craquelês)
em
superfícies
como
madeira,
vernizes,
pinturas.
Além
disso
devemos
citar
que
a
madeira,
tecidos
e
o
papel,
em
condições
de
U.R.
abaixo
de
40%
tornam-‐se
bastante
ressecados
e,
consequentemente,
quebradiços.
Valores
elevados
de
U.R.,
geralmente
acima
de
70%,
também
não
são
recomendáveis,
uma
vez
que
são
criadas
condições
propícias
para
o
desenvolvimento
de
insetos
e
microrganismos.
Objetos
metálicos
submetidos
a
elevados
valores
de
U.R.
apresentam
problemas
de
corrosão.
Os
objetos
em
uma
coleção
são
compostos
de
materiais
que
podem
ser
hidrófilos,
ou
seja,
que
apresentam
afinidade
por
água.
Os
materiais
hidrófilos
como
papel,
madeira,
tecido,
couros,
pergaminhos
e
diversos
outros
são
extremamente
sensíveis
às
variações
de
umidade
relativa.
Existe
sempre
uma
tendência
ao
equilíbrio
entre
o
conteúdo
de
umidade
do
material
e
a
umidade
relativa
do
ambiente
no
qual
este
se
encontra.
A
presença,
em
maior
ou
menor
extensão,
de
água
no
material,
implica
em
mudanças
dimensionais
que
farão
com
que
o
material
se
movimente
quando
da
mudança
das
condições
de
umidade
relativa
ambiente.
Desta
maneira,
a
maioria
dos
materiais
hidrófilos
apresenta
dilatações
volumétricas
em
condições
de
elevada
umidade
relativa,
tendendo
a
se
contrair
em
condições
de
umidade
relativa
baixa.
São
estas
movimentações
devidas
as
variações
de
U.R..
que
são
a
principal
causa
de
degradação
de
diversos
objetos
como
esculturas
em
madeira,
livros,
obras
sobre
papel,
pinturas
sobre
tela
e
sobre
madeira,
pergaminhos,
couros,
etc.
Sistemas
de
ar
condicionado
e
suas
consequências
Uma
discussão
muito
atual
entre
os
especialistas
refere-‐se
às
recomendações
para
valores
de
umidade
relativa
para
a
exposição
e
armazenagem
de
objetos.
Todos
sabemos
pela
experiência
diária
que
metais
não
devem
ser
armazenados
em
lugares
muito
úmidos,
devido
à
corrosão.
Entretanto,
os
especialistas
hoje
se
debruçam
sobre
o
problema
de
quais
os
parâmetros
recomendados
para
outros
objetos
como
objetos
orgânicos,
coleções
etnográficas,
pinturas,
esculturas
em
madeira.
Até
poucos
anos
atrás
era
comum
a
utilização,
mesmo
no
Brasil,
de
parâmetros
de
UR
recomendados
para
a
Europa.
Somente
nos
anos
mais
recentes
é
que
a
comunidade
internacional
de
conservadores
e
cientistas
começa
enfim
a
reconhecer
a
necessidade
de
estudos
mais
aprofundados
quanto
a
estabilidade
das
coleções
e
a
diversidade
climática
do
globo.
Em
Ouro
Preto,
por
exemplo,
vamos
encontrar
esculturas
em
madeira
em
muito
boas
condições,
apesar
da
média
elevada
umidade
relativa
do
ambiente.
Os
antigos
"padrões"
de
(50
ou
55
+-‐
5)%
para
umidade
relativa
já
não
são
mais
sequer
uma
recomendação
confiável,
dependendo
da
coleção
à
qual
nos
referimos.
Em
geral,
um
objeto
que
se
encontre
em
uma
região
com
umidade
relativa
média
elevada
(75%
de
umidade
relativa
por
exemplo)
vai
chegar
a
um
estado
de
equilíbrio
com
o
ambiente,
ou
seja,
o
material
vai
se
adaptar
a
estas
condições
de
elevada
umidade
relativa.
Caso
a
umidade
relativa
baixe
muito
(nos
dias
de
inverno
por
exemplo)
ou
o
objeto
seja
levado
para
locais
onde
a
umidade
relativa
é
baixa
o
que
com
certeza
vai
ocorrer
será
a
readaptação
deste
objeto
às
novas
condições,
provocando
portanto
o
aparecimento
de
rachaduras,
fissuras,
desprendimento
de
camadas
de
pintura,
etc.
Este
comportamento
dos
materiais
frente
às
condições
do
ambiente
é
extremamente
importante
para
o
transporte
de
obras
de
arte
e
exposições
itinerantes,
uma
vez
que
regiões
geográficas
diferentes
podem
apresentar
características
climáticas
bem
distintas.
Recomendações
A
título
de
sugestões
práticas
para
evitar
a
degradação
de
materiais
por
ação
da
umidade,
sugerimos
as
seguintes
medidas:
-‐
checar
constantemente
o
telhado
do
edifício,
para
evitar
surpresas
desagradáveis
com
goteiras;
-‐ manter em bom estado de conservação as instalações hidráulicas do edifício;
-‐
orientar
o
pessoal
de
limpeza
para
a
sensibilidade
das
coleções
a
umidade,
evitando
o
uso
de
água
e
panos
molhados,
que
podem
seriamente
provocar
danos
aos
objetos
pela
influência
na
elevação
da
umidade
relativa
(
o
uso
de
aspirador
de
pó
seria
mais
aconselhável);
-‐
verificar
com
frequência
as
portas
e
janelas
que
dão
para
o
exterior,
checando
para
possíveis
infiltrações
de
água;
-‐
checar
os
arredores
do
edifício,
para
verificar
a
presença
de
poças
de
água,
jardins
com
regagem
diária,
que
podem
ser
fonte
de
umidade
para
o
interior
do
edifício.
-‐
em
caso
de
ambientes
muito
úmidos,
procurar
forçar
a
ventilação
do
ar,
através
de
abertura
de
janelas,
portas
ou
mesmo
a
colocação
de
ventiladores.
-‐
evitar
ao
máximo
o
armazenamento
de
papéis
e
materiais
orgânicos
em
lugares
úmidos
e
sem
ventilação.
-‐
quando
do
transporte
de
obras
de
arte
entre
regiões
com
características
climáticas
distintas
observar
qual
a
época
do
ano
na
qual
a
umidade
relativa
destas
duas
regiões
é
a
mais
próxima
possível
(período
de
chuvas,
por
exemplo),
para
evitar
que
as
peças
não
sofram
movimentos
de
dilatação
e
contração
drásticos
devidos
à
mudança
de
ambiente.
•
Ozônio:
causa
o
esmaecimento
de
corantes
e
pigmentos;
torna
os
têxteis
quebradiços;
reage
com
aglutinantes
de
pinturas
como
óleos,
gomas.
•
Dióxido
de
nitrogênio:
muda
a
cor
de
corantes;
causa
o
amarelecimento
e
torna
quebradiças
fibras
de
Nylon,
seda,
lã,
Rayon;
•
Acido
nítrico:
ataca
pedras
calcárias
e
papéis
tamponados;
corrói
ligas
de
cobre
como
bronze,
por
exemplo.
•
Dióxido
de
enxôfre:
é
absorvido
pela
celulose;
reage
com
couro
e
pergaminho;
quando
em
contato
com
umidade
e
metais
de
transição
é
convertido
em
ácido
sulfúrico
que,
por
sua
vez,
reage
com
qualquer
substrato
sensível
a
ácidos
como:
pigmentos,
corantes,
metais,
minerais,
etc.
•
Material
particulado:
degradação
em
potencial
para
materiais
sensíveis
a
ácidos;
partículas
de
sal
são
altamente
corrosivas
para
a
maioria
dos
metais.
As
partículas
de
poeira
que
se
depositam
sobre
os
objetos
podem
trazer
em
sua
superfície
esporos
de
microrganismos,
o
que
pode
provocar,
em
casos
de
elevada
umidade
relativa,
o
aparecimento
de
fungos.
•
Acido
fórmico
e
ácido
acético:
provocam
a
corrosão
de
bronzes
que
contenham
chumbo;
corróem
a
maioria
dos
metais
não-‐nobres;
podem
causar
a
degradação
da
celulose,
atacam
cascas
de
ovos,
vidros
e
materiais
calcáreos.
Ainda
com
relação
a
poluentes,
é
extremamente
importante
ressaltar
que
os
materiais
utilizados
na
confecção
de
vitrines
para
exposição
e
armários
de
acondicionamento
podem
ser
causas
de
degradação
de
coleções,
devido
aos
poluentes
que
estes
emitem.
Armários
e
vitrines
de
madeira,
por
exemplo,
dependendo
da
madeira,
podem
emanar
gases
como
formaldeído
e
acetaldeído,
provocando
a
posterior
degradação
dos
objetos
que
se
encontram
na
vitrine.
É
comum,
por
exemplo,
a
degradação
de
pequenas
esculturas
de
bronze
e
coleções
de
historia
natural
como
conchas
marinhas
práticamente
devido
ao
acondicionamento
inadequado.
As
coleções
que
se
encontram
em
regiões
costeiras,
por
exemplo,
devem
ser
protegidas
contra
a
brisa
marinha,
que
normalmente
contém
micro-‐gotículas
de
água
do
mar,
que
contem
sais
dissolvidos.
Quando
estas
micro-‐gotas
se
depositam
sobre
a
superfície
de
um
objeto,
ao
secar
deixam
um
depósito
de
sal,
que
pode
causar
degradação
de
metais,
por
exemplo.
É
muito
importante
manter
a
limpeza
regular
tanto
das
reservas
técnicas
quanto
das
vitrines,
para
não
deixar
acumular
poeira,
que
como
já
afirmado
anteriormente,
pode
ser
um
foco
de
infestação
por
microrganismos.
Para
o
armazenamento
de
livros
raros,
por
exemplo,
é
importante
que
estes
sejam
acondicionados
em
caixas,
de
preferência
de
papel
cartão
neutro.
Além
de
propiciar
uma
maior
proteção
mecânica
ao
livro,
a
caixa
ainda
funciona
como
uma
barreira
contra
variações
de
umidade
relativa
e
a
penetração
de
poluentes.
4
-‐
A
problemática
da
adaptação
edifício/museu
Prédios antigos
Esta
adaptação
de
edifícios
para
funcionarem
como
museus
é,
apesar
de
todos
os
seus
inconvenientes,
uma
prática
comum
e
estamos
certos
de
que
irá
continuar,
o
que
nos
obriga
então
a
apenas
chamar
a
atenção
para
este
problema
em
particular,
enfatizando
que
préviamente
a
uma
adaptação
sejam
efetuados
estudos
de
viabilidade
e
projeção
das
necessidades
futuras
do
prédio
quanto
aos
sistemas
hidráulico,
elétrico,
segurança
contra
roubo,
incêndio,
localização
da
reserva
técnica,
definição
das
salas
de
exibição,
etc.
Prédios novos
Infelizmente,
da
mesma
forma
que
a
adaptação
de
prédios
antigos
a
novas
funções
como
museu
apresenta
seus
problemas,
a
experiência
mostra
que
o
design
e
a
construção
de
prédios
novos
projetados
originalmente
como
museus
apresenta
também
inúmeros
inconvenientes,
principalmente
devido
à
falta
de
diálogo
e
interação
entre
os
arquitetos,
os
engenheiros
e
os
curadores
e
restauradores.
Idealmente,
o
projeto
de
um
novo
museu
deveria
ser
decidido
em
conjunto
por
um
grupo
de
profissionais
composto
de
museólogo,
curador,
restaurador/conservador,
arquiteto
e
engenheiro.
É
extremamente
importante
que
a
conservação
da
coleção
seja
levada
em
conta
desde
o
início
do
projeto.
A
própria
escolha
do
terreno
onde
o
prédio
será
localizado
já
e
muito
importante,
devendo
ser
evitadas
áreas
sujeitas
a
inundações,
áreas
de
risco
de
desmoronamento
e
mesmo
áreas
a
beira-‐
mar
ou
muito
próximas
de
lagos
ou
rios,
devido
a
problemas
futuros
que
poderiam
surgir
por
infiltração
de
água
vinda
do
subsolo.
Decisões
quanto
à
localização
relativa
das
salas
de
exposição,
reserva
técnica,
salas
de
recepção
de
peças,
de
preparação
de
exposições,
tipo
de
iluminação
e
controle
ambiental
devem
necessariamente
passar
pela
avaliação
do
conservador/restaurador,
para
evitar
problemas
futuros
quando,
certamente,
já
será
muito
tarde
para
se
voltar
atrás
e
corrigir
as
eventuais
falhas
do
edifício
para
a
conservação
das
obras
que
este
encerra.
É
muito
importante
que
os
arquitetos
sejam
abertos
a
discussão
e
que
se
convençam
de
que
o
prédio
que
estão
projetando
será
como
um
organismo
vivo,
contendo
diversos
órgãos
internos,
que
poderão
não
funcionar
adequadamente
para
a
finalidade
de
conservação
das
obras
se
não
houver
um
perfeito
planejamento
que
vá
muito
além
dos
aspectos
estéticos
do
edifício.
5
-‐
A
preparação
para
catástrofes
Um
outro
aspecto
de
conservação
preventiva
que
tem
cada
vez
mais
ocupado
um
espaço
importante
na
administração
de
museus
e
na
conservação
de
acervos
é
a
preparação
para
catástrofes.
Catástrofes
naturais
e
catástrofes
como
incêndios,
inundações,
terremotos,
não
deveriam
jamais
ser
considerados
como
fatos
inesperados
ou
surpresas
desagradáveis.
Cabe
a
direção
de
museus
e
arquivos
providenciar
para
que
seja
organizado
um
plano
de
ação,
de
modo
que
na
ocorrência
de
alguma
catástrofe
cada
um
dos
membros
da
equipe
que
trabalha
no
edifício
saiba
exatamente
o
que
fazer,
de
uma
forma
organizada
e
sem
pânico.
A
preparação
para
catástrofes
envolve
a
elaboração
de
um
plano
de
emergência
para
diversas
situações
às
quais
o
museu,
arquivo
ou
biblioteca
podem
estar
sujeitos.
No
plano
devem
estar
previstas
quais
ações
serão
tomadas
e
por
quem
estas
deverão
ser
efetuadas.
Uma
lista
com
telefones
de
contato
em
casos
de
urgência
deve
ser
elaborada.
Também
é
essencial
que
a
equipe
que
trabalha
no
prédio
seja
treinada
para
os
casos
de
emergência,
através
da
simulação
de
situações.
Como
exemplo
da
eficácia
de
um
plano
de
preparação
para
catástrofes,
podemos
citar
dois
fatos
ocorridos
no
Jean
Paul
Getty
Museum,
na
Califórnia,
Estados
Unidos.
Em
1993,
durante
os
incêndios
que
ocorreram
na
região
de
Malibu,
o
prédio
do
museu
somente
não
foi
atingido
pelas
chamas
devido
ao
fato
de
que
os
arbustos
à
volta
do
prédio
tinham
sido
eliminados
a
uma
certa
distância
de
segurança,
o
que
impediu
que
o
fogo
se
alastrasse.
Mesmo
que
houvesse
um
início
de
incêndio
no
museu,
as
peças
mais
importantes
não
seriam
destruídas,
pois
desde
o
inicio
do
incêndio
nas
vizinhanças
do
museu
estas
já
haviam
sido
deslocadas
para
um
local
seguro,
de
acordo
com
um
plano
de
emergência
previamente
estabelecido.
Em
1994,
quando
do
terremoto
ocorrido
em
17
de
janeiro
na
região
de
Los
Angeles,
os
danos
ocorridos
em
pecas
do
museu
foram
mínimos,
pois
as
diversas
pecas
em
exposição
e
na
reserva
técnica
são
mecanicamente
fixadas
(por
meios
que
não
interferem
na
apresentação
da
peça)
às
suas
bases.
Bibliografia
Darragh,
Joan,
and
Snyder,
James,
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Design:
planning
and
building
for
Art,
Oxford
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Press
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Federation
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Arts,
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1993
La
Conservation
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colloque
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la
Conservation
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8,9
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1987
Thomson,
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London,
1987
Drysdale,
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1990.
Prevenção
e
segurança
nos
museus,
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de
Janeiro,
Comitê
Técnico
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de
Seguranca,
1978
Keck,
Caroline
K.,
Safeguarding
your
collection
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travel,
American
Association
for
State
and
Local
history,
Nashville,
1970
Agradecimentos
Gostaria
de
agradecer
à
Profa.
Beatriz
R.
V.
Coelho,
Diretora
do
CECOR-‐UFMG,
pela
gentil
colaboração
na
revisão
e
comentários
sobre
este
artigo.
Luiz
A.C.
Souza
é
Professor
de
Fundamentos
Científicos
da
Restauração
no
CECOR
-‐
UFMG
desde
1989.
Durante
1987-‐88
Luiz
efetuou
um
estágio
de
aperfeiçoamento
no
Institut
Royal
du
Patrimoine
Artistique,
em
Bruxelas,
Bélgica.
Em
maio
de
1991
Luiz
Souza
participou
do
curso
"Preventive
Conservation:
Museum
Collections
and
their
Environment",
oferecido
pelo
Training
Program
do
Getty
Conservation
Institute,
USA.
Durante
1992
e
1993
Luiz
esteve
trabalhando
como
Research
Fellow
junto
ao
Getty
Conservation
Institute,
em
Los
Angeles,
onde
ele
desenvolveu
um
trabalho
sobre
tecnologia
da
policromia
de
esculturas
mineiras
do
periodo
barroco
e
rococo.
Luiz
é
Mestre
em
Química
pela
UFMG
(1991)
e
está
atualmente
terminando
seu
curso
de
Doutoramento
em
Química
pela
UFMG.
Luiz
Souza
é
membro
da
diretoria
do
ICOM-‐
CC
(International
Council
of
Museums
-‐
Committee
of
Conservation).
Referência desta publicação (para uso em caso de citação em outra publicação):
Souza,
L.A.C.,
A
Importância
da
Conservação
Preventiva,
in:
Revista
da
Biblioteca
Mário
de
Andrade,
52
(1994),
pp.
87-‐93.