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Geografias, Políticas Públicas e Dinâmicas Territoriais

De 07 a 10 de outubro de 2013

METODOLOGIA GEOSSISTÊMICA E O USO DA BACIA HIDROGRÁFICA


ENQUANTO TÁXON DE ANÁLISE1

CARLOS EDUARDO DAS NEVES2


GILNEI MACHADO3

1 – Introdução

Através da Constituição de 1988, eleva-se a bacia hidrográfica à escala de unidade


de análise para o planejamento geográfico regional, o que destaca sua importância ao nível
geossistêmico. Diante disso, formulam-se duas perguntas: Se os geossistemas e suas
escalas são esforços de abstração do pesquisador, porque delimita-los e hierarquizar suas
unidades por meio das bacias hidrográficas? E como o geossistema pode auxiliar no
entendimento das interações e dinâmicas socioambientais em bacias hidrográficas?
A partir desses questionamentos, objetiva-se evidenciar a importância da utilização
do potencial teórico-metodológico geossistêmico em pesquisas de bacia hidrográfica. E
como exemplo, ao fim do artigo, realiza-se um esboço metodológico de delimitação de
unidades geossistêmicas para a bacia hidrográfica do rio Tibagi (Paraná), devido a sua
grande importância regional.
A escolha da teoria e método geossistêmico deve-se ao fato do mesmo se mostrar
eficiente e aplicável metodologicamente a uma série de trabalhos científicos que objetivaram
o entendimento e preservação do meio ambiente através da análise integrada de bacias
hidrográficas.
Desse modo, ao concentrar-se na integração dos elementos componentes da bacia
hidrográfica, no que condiz seu funcionamento, focaliza-se a mesma como unidade
geomorfológica fundamental ao estudo geográfico, pois como o geossistema, a bacia
evidencia a relação entre potencial ecológico, exploração biológica e ação antrópica em sua
modelagem, permitindo, assim, uma aproximação desses conceitos.

1
Este trabalho contempla algumas ideias iniciais do projeto de mestrado do autor, apresentado ao
programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual de Londrina (Londrina/PR) no
ano de 2012, intitulado “Teoria e Método Geossistêmico: uma análise das pesquisas realizadas entre
1971 a 2011 para o estado de São Paulo”.
2
Mestrando em Geografia (UEL) - Bolsista CAPES - e-mail: eduneves_uel@hotmail.com.
3
Doutor em Geografia UNESP/FCT (Presidente Prudente) - Docente do Departamento de
Geociências e da pós-graduação em Geografia (UEL), e-mail: gilmachad@yahoo.com.br.
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Portanto, afirma-se a possibilidade de destacar unidades geossistêmicas em bacias


hidrográficas, visando o entendimento do sistema ambiental, tão necessária à gestão e ao
planejamento ambiental local e regional, visando à sustentabilidade ambiental.

2 - O geossistema: escala de análise e hierarquização

Surge após a segunda metade do século XX a necessidade de tratar o meio


ambiente na Geografia de forma integrada, principalmente, devido às mazelas
socioambientais geradas através da relação contraditória entre a sociedade (capitalista) e a
natureza (dominada). Essas contradições apelaram para métodos e conceitos que
explicassem a realidade de forma mais concreta e menos setorizada, como até então se
fazia e ainda se faz. A aplicação destas concepções teórico-metodológicas integradas levam ao
surgimento do conceito de Geossitema
O geossistema surge com a inserção da discussão sistêmica e os princípios da
modelagem nas Ciências Ambientais e em especial na Geografia, aprofundando-se ao
ganhar base teórica e metodológica com a Teoria Geral dos Sistemas, difundida em 1968
pelo biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy, através do livro “General Systems Theory”.
Apesar do vanguardismo desse livro, Bertalanffy já havia discutido os princípios dessa
teorização para os campos da Física e da Biologia desde 1932, com destaque para o artigo
“The theory of open systems in Physics and Biology” (BERTALANFFY, 1950)
Nesta perspectiva, ao longo dos anos, vários autores procuraram entender e
empregar o conceito de geossistema de forma distinta, visando à explicação dinâmica de
seus campos analíticos (geomorfologia, biogeografia, climatologia, etc.). Ressalta-se aqui, a
importância que a análise sistêmica teve no bojo da análise geográfica. Neste momento,
sobretudo, na análise da Geografia Física, por meio da criação de modelos quantitativos,
como evidenciado por Chorley e Kennedy (1971).
Na Geografia, tal conceito teve como principal idealizador o russo Victor Sotchava
(1962), pois o mesmo acreditava que sistematizar o parcelamento do meio era indispensável
para a elaboração de cartas para o conhecimento do território e das paisagens (landschaft).
A esse respeito, Penteado (1980) frisa que os autores russo-siberianos, entre 1960 e 1970,
ressaltam a importância da classificação das paisagens, visando melhor organizar-se
geograficamente para aperfeiçoar a produção agroindustrial da URSS, desenvolvendo de
forma teórica e prática a concepção de regionalização ambiental, através da conceituação
de geossistema.

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Sotchava (1978), representando a Escola Siberiana da Paisagem, realiza sua


discussão geossistêmica em torno das unidades espaciais (portanto, possíveis de serem
delimitadas), considerando os aspectos físicos, ecológicos e sociais da paisagem e sua
relação com os fluxos termodinâmicos de matéria e energia. Para o autor os geossistemas
destacam classes peculiares de sistemas dinâmicos abertos e hierarquicamente
organizados, sendo este influenciado pela ação antrópica que em seu estudo não era o
cerne da questão, referindo-se a imagem de homogêneo e diferenciado, como princípios
impares para a classificação geossistêmica. Os geossistemas para Sotchava (1978) são
apresentados através de axiomas, apresentados por meio de uma hierarquia estrutural,
dividida em ordem dimensional, onde se destaca o nível planetário, regional e nível
topológico, divididos entre geômeros e geócoros em relação de interdependência. Para
Sotchava as áreas homogêneas são onde ocorrem as biogeocenoses (geômeros
elementares), estas são os pontos de partida para classificação dos geossistemas. Já na
outra fileira encontram-se as áreas diferenciadas (geócoros elementares), as quais
asseguram um mínimo de ligações para a existência dos geossistemas. Esta assertiva se
consolida ao se destacar a dinamicidade temporal e espacial dos geossistemas, por meio da
relação imprecisa e não linear entre a sociedade e a natureza.
A esse respeito, Penteado (1980, p. 160) ressalta que “toda a categoria dimensional
de geossistema (topológica, regional e planetária) possui suas próprias escalas e
peculiaridades qualitativas da organização geográfica”. Esta conceituação se aproxima da
concepção de Chorley e Kennedy (1971) acerca dos sistemas enquanto elementos
interligados em várias escalas e complexidades, encontrando-se interligados entre si e
formando sistemas hierárquicos.
Tricart (1982) realiza serias criticas as conceituações de Sotchava (1962, 1977,
1978) em torno do geossistema, as quais se baseiam, especialmente, na necessidade de
exemplos mais precisos e mais dialéticos sobre sua aplicação, e assim, menos verbais e
vagos. Nesta perspectiva, Bertrand (1968) também não contente com os pressupostos
geossistêmicos de Sotchava (1962) cita a relação entre potencial ecológico, exploração
biológica e ação antrópica, como princípios ímpares para a formação do geossistema. Para
o autor o geossistema consiste em dados ecológicos relativamente estáveis que resultam da
combinação de inúmeros fatores físico-geográficos. Bertrand (1968) ao aperfeiçoar a
conceituação de Sotchava (1962), no que condiz a maior inserção da importância da ação
antrópica, direciona ao geossistema a acuidade da dinâmica social e sua relevância para a
modificação da paisagem, principalmente, ao criar taxonomias para a delimitação das

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unidades de paisagem, destacando: zonas superiores (Zona, Domínio e Região) e zonas


inferiores (Geossistema, Geofácie e Geótopo) por meio de escalas temporo-espaciais.

3 - A bacia hidrográfica enquanto táxon de análise para sistemas ambientais

Pesquisas experimentais, como medições de bacias de drenagem, são realizadas


desde o final do século XIX, mas é depois da segunda metade do século XX que a bacia
hidrográfica, enquanto unidade de análise, ganha destaque junto aos geógrafos físicos,
principalmente, com a repercussão dos estudos realizados por Horton (1945) e Strahler (1950)
que descreverem o sistema de drenagem enquanto um sistema aberto em estado
constante. Gregory (1985) destaca o pioneirismo, em 1960, do projeto da Vigil Network, que
analisou as modificações em canais fluviais, movimento de massa, modificação da
vegetação, da chuva e sedimentação. Destaca-se também, nesta época, o estudo
experimental de Hubbard Brook através do monitoramento, em grande detalhe, dos efeitos
da derrubada da vegetação, bem como a consequência do uso de herbicidas em área de
bacia. No entanto, os retornos desses projetos eram pequenos, devido, principalmente, ao
desconhecimento das estruturas, padrões e fluxos contidos na bacia hidrográfica.
Neste âmbito, o uso da bacia hidrográfica como unidade espacial de análise vem
ocorrendo desde o final da década de 1960, mas é somente nas duas últimas décadas do
século XX que a mesma (enquanto unidade ambiental) transpõe o uso, predominantemente,
da Geografia, expandindo-se a muitas áreas das Ciências Ambientais e Agrárias, uma vez
que além de ser célula básica de análise do meio ambiente, ela permite diagnósticos e
prognósticos acerca dos processos interacionais, por meio de uma visão sistêmica e
integrada.
O forte vinculo da visão sistêmica junto à bacia hidrográfica subsidiou muitas
pesquisas, principalmente as geomorfológicas, no entendimento da relação sociedade-
natureza, sendo a bacia hidrográfica um recorte possível, principalmente, no que condiz a
aceitação de modelos empíricos para a inferência das entradas e saídas de matéria e
energia do sistema, como é caso do uso da EUPS (Equação Universal de Perda de Solo)
em pesquisas ambientais na escala de médias e pequenas bacias hidrográficas.
Neste âmbito, destaca-se Scheidegger (1970 apud Christofoletti, 1991) com os
estudos de formas e processos na geomorfologia, onde a abordagem dos sistemas
dinâmicos se apresentam relevantes na relação entre sistemas e meio ambiente, por meio

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de análise teórica e analítica. Destaca-se também, a coletânea de Shen (1979 apud


Christofoletti, 1991), onde se apresentaram diversas modelagens em pesquisas fluviais,
para predição quantitativa do comportamento dos cursos d’água, onde a bacia hidrográfica
apresenta lugar especial. Como destacado é após a década de 1980 que estudos
sistêmicos e de modelagem, acerca de bacias hidrográficas, evidenciaram maior relevância
no entendimento sustentável em pequenas bacias, analisando-as por meio da relação
economia e componentes naturais da bacia, como destacado por Trudgill (1995) ao
considerar os processos ecossistêmicos e hidrogeoquímicos na criação de modelos
quantitativos, objetivando com isso, o manejo sustentável de bacias hidrográficas.
Através desses modelos de sistemas ambientais, procurou-se destacar como as
relações sociais de produção do espaço sobre o meio ambiente podem ser explicadas por
meio de cálculos estatísticos e matemáticos e de pressupostos sistêmicos de análise de
conjunto e hierarquização, os quais objetivam diagnosticar e prognosticar mudanças
ambientais (mudanças nos padrões, formas e processos), ocasionadas ou não pelo homem.
Com isso, expõe-se o homem como mais um componente pertencente ao sistema
ambiental bacia hidrográfica, o qual modifica o comportamento natural da bacia,
condicionando-a e sendo condicionado por ela. Por isso, a importância de entendimento da
apropriação e a transformação da bacia hidrográfica pelo homem em sociedade, por meio
da exploração biológica, que afeta o equilíbrio climáxico da mesma, o que gera implicações
resistásicas, uma vez que a alteração em qualquer ponto de um subsistema pode repercutir
na totalidade do sistema maior.
As alterações nos subsistemas possuem cunho inicialmente natural, mas se
intensificam com o trabalho humano sobre a bacia, alterando a relação de morfodinâmica
das áreas e agindo em conjunto com o processo de morfogênese, a qual segundo Tricart
(1977) é o componente mais importante da dinâmica da superfície terrestre.
De tal modo, ao aproximar a perspectiva geossistêmica da “bacia hidrográfica”,
fornece-se a mesma característica de “geocomplexo ambiental”, ao passo que “uma torrente
na cabeceira de um curso d’água pode ser considerada um sistema a partir (um subsistema)
de uma escala inferior”, onde este “se relaciona com o curso d’água maior que se identifica
como um sistema a nível imediatamente superior”, e assim por sua vez irá integrar uma
bacia hidrográfica, que pode ser definida como outro sistema maior que o curso d’água
anteriormente citado (PENTEADO, 1980, p. 156).
Com base nessa discussão aponta-se a pesquisa de Neves (2012) para Londrina,
Paraná, em que o autor realiza mapeamento de geofácies para a bacia do ribeirão Cambé

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através do uso do solo, considerando as unidades elementares de Bertrand (1968) acerca


dos elementos botânicos e das unidades valoradas pelo homem. No mesmo estudo
realizam-se mapeamentos de geótopos em dois afluentes do ribeirão Cambé, o córrego
Água Fresca (área urbana) e afluente superior do córrego dos Periquitos (área rural).
Evidencia-se, com o estudo a tarefa de isolar um sistema e hierarquiza-lo, destacando, de
acordo com Penteado (1980, p. 156) que “onde a hierarquização já é mais ou menos
definida como nos casos das bacias hidrográficas” a delimitação de unidades sistêmicas
(geofácies e geótopos) se torna mais fácil.
Cunha e Freitas (2004) também utilizaram os geossistemas para a avaliação de sua
área de estudo. Os autores objetivaram entender a área de forma complexa e integrada,
para isso realizaram uma análise geossistêmica da bacia hidrográfica do Rio São João – RJ,
atentando-se à gestão e ao planejamento ambiental. Através dos mapeamentos e
resultados delimitaram-se cinco unidades geossistêmicas (hólons) através da integração de
variáveis ambientais, físicas, ecológicas e sociais, o que fomentou um estudo mais integrado
e pleno da bacia hidrográfica.
Pissinati e Archela (2008) também contribuíram para a análise geossistêmica,
possuindo como escala de análise a bacia hidrográfica que comporta o Distrito Rural “Água
de Sete Ilhas”, no intento de compreender a dinâmica da paisagem rural sob a ótica do
sistema GTP (Geossistema-Território-Paisagem). As autoras por meio de características
geomorfológicas delimitam distintas classes de geofácies relacionadas às unidades
geomorfológicas da bacia e classes de geótopos referentes ao uso e ocupação da terra,
unidades geomorfológicas e biogeográficas, evidenciando ao fim do artigo a relevância de
entender a bacia hidrográfica enquanto um geocomplexo ambiental.
Estes, entre vários outros estudos com base na temática, buscaram realizar
diagnósticos e prognósticos para o melhor uso da bacia, pautados em planejamento e
gestão ambiental mais adequado. Ao passo que agredir a bacia hidrográfica pelo uso e
manejo inadequado, cria-se uma diminuição da superfície de infiltração e aumento da
velocidade da água e consequentemente a mudança da vazão, especialmente em bacias
urbanizadas, contribuindo para que haja a formação de geossistemas regressivos ligados à
ação antrópica.

4 – Esboço da carta síntese de unidades geossistêmicas do rio Tibagi (Paraná)


A análise da Geografia Física, como um subconjunto da Geografia, tem se
preocupado, segundo Christofoletti (1999), com a explicação dos sistemas ambientais

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físicos que para o autor são os próprios geossistemas. Esta conceituação acaba por não
explicar a complexidade dos impactos socioeconômicos atuais, onde a ação antrópica não
se evidencia enquanto um componente externo, mas sim, enquanto um componente do
próprio geossistema. Neste caso, os produtos dos sistemas socioeconômicos se inserem
nos sistemas ambientais como inputs, interferindo nos fluxos de matéria e energia, bem
como na estruturação espacial dos geossistemas.
Desse modo, a discussão aqui aferida caminha-se em torno, não dos sistemas
ambientais físicos, mas sim no seio dos sistemas socioambientais, que agregam unidades
geossistêmicas antropizadas, que podem ser percebidos na escala de análise da bacia
hidrográfica.
Assim, se utiliza neste esboço metodológico de delimitação de unidades
geossistêmica, a bacia do rio Tibagi, como bacia experimental, especialmente devido as
suas peculiaridades físicas e sua importância em escala estadual, concentrando grandes
núcleos de ocupação, tais como Londrina e parte da sua região metropolitana e Ponta
Grossa, por apresentar grande aproveitamento para a geração de energia, bem como ser
uma região de antiga colonização, o que evidencia uma grande alteração do sistema físico
natural original.
A bacia do rio Tibagi nasce em Palmeira (PR), ao sul do estado, e tem sua foz junto
ao rio Paranapanema, no município de Sertaneja (PR), entre os paralelos 22º 30’ e 25º 30’
de latitude Sul e meridianos 49º 30’ e 51º 30’ de longitude Oeste. O mesmo percorre cerca
de 320 km de comprimento e 72 km de largura, possuindo próximo de 24.715 km² de área.
A bacia apresenta um vasto mosaico paisagístico, visto que possui características
físico-geográficas variadas, referente aos aspectos geológicos (Figura 1), geomorfologicos
(Figura 2), vegetacionais (Figura 3), climáticos (Figura 4), pedológicos (Figura 5), bem como
referente ao uso do solo (Figura 6). Através da correlação das características físicas
dispostas nos mapas, representados pelas Figuras 1, 2, 3, 4, 5, junto ao mapa de uso do
solo na bacia (Figura 6) delimitou-se as oito unidades geossistêmicas, a partir de técnicas
cartográficas, por meio software Adobe Illustrator® e ArcGIS 10® que são adaptadas de Stipp
(2000). A autora realiza um macrozoneamento ambiental da bacia através da identificação
de áreas que evidenciavam semelhanças em suas compartimentações geográficas de
formação da paisagem. Nesse viés, analisa-se a interação entre elementos da natureza e os
da sociedade através da apropriação e exploração ambiental.
Como resultado, obtiveram-se oito unidades geossistêmicas, representadas na
Figura 7, onde as características geomorfológicas e o uso do solo tiveram centralidade ao

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delimitar as unidades, visto que a primeira (geomorfologia) é base da formação da paisagem


junto ao material de origem, sendo que devido à variedade do relevo a incidência de sol e
chuva fornece dinâmicas distintas às unidades, o que cria diferentes paisagens, já a
segunda (uso do solo) é modificador e retrato da inserção e modificação da paisagem pelas
práticas humanas.

Fonte: Adaptado de Paraná, 2012 Fonte: Adaptado de Paraná, 2012


Org: Carlos Eduardo das Neves Org: Carlos Eduardo das Neves

Fonte: Adaptado de Paraná, 2012 Fonte: Adaptado de Paraná, 2012


Org: Carlos Eduardo das Neves Org: Carlos Eduardo das Neves

Fonte: Adaptado de Paraná, 2012 Fonte: Adaptado de Paraná, 2012


Org: Carlos Eduardo das Neves Org: Carlos Eduardo das Neves

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Figura 7: Unidades geossistêmicas da bacia hidrográfica do rio Tibagi.


Org: Carlos Eduardo das Neves.

A partir da análise das unidades geossistêmicas, ressalta-se que a unidade I


encontra-se no baixo Tibagi, ela apresenta uma concentração de Argissolos que compõem a
região do Planalto Médio Paranapanema, e destaca-se pelo uso intensivo do solo por
práticas agrícolas e encontra-se sob o clima Cfa.
A unidade II, também se encontra no baixo Tibagi, sendo abrangida pelos planaltos
de Londrina, Apucarana, Maringá e Foz de Areia e encontra-se sob a influência do clima Cfa
e predomínio de Latossolos, Nitossolo e em menor escala Neossolos. Destaca-se ainda,
uma intensiva produtividade agrícola e forte urbanização, com média e alta degradação,
devido a forte apropriação e exploração ambiental. Com destaque para as cidades de
Londrina e sua região metropolitana.
No que tange a unidade III, a mesma encontra-se no médio Tibagi e é abrangida
pelos planaltos de Santo Antônio e Ortigueira, sofrendo influências climáticas de Cfa/Cfb,
destacando Neossolos, Nitossolos e Argissolos em grande parte da unidade. Observa-se na
área uso misto, que chega a uma área de 4.761,28 km² em toda a bacia. Apresenta ainda,
média degradação do solo e água.
A IV unidade encontra-se no médio Tibagi, no segundo planalto paranaense e sofre
influências climáticas de Cfa/Cfb, destacando Argissolos e Latossolos na vertente direita e
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Cambissolos e Latossolos em grande parte da vertente esquerda. O grande destaque dessa


unidade é o grande reflorestamento e matas naturais e secundárias próximas aos fundos de
vale. No que confere a aptidão agrícola desta unidade, caracteriza-se como adequada a
culturas temporárias. Atem-se nesta área, as características de Cambissolos dispostos em
grandes inclinações. Para Stipp (2000), esta área é um ecossistema frágil, havendo a
necessidade de estudos detalhados para instalação de práticas antrópicas, principalmente,
devido à erosão dos solos e poluição hídrica.
No que tange a unidade V, a mesma encontra-se no segundo planalto paranaense,
mais precisamente no Planalto de Ponta Grossa, sob o clima Cfb, destacando Argissolos e
Latossolos na vertente direita e Cambissolos e Latossolos em grande parte da vertente
esquerda, com predomínio de agricultura intensiva e pecuária extensiva e degradação de
média a baixa. Apresenta ainda, um relevo suave e ondulado e solos rasos suscetíveis a
erosão quando desprovidos de cobertura vegetal, portanto com restrições ao uso pela
presença de vertentes com alta declividade. Esta unidade, não apresenta aptidão para a
pastagem natural, mas sim para a silvicultura, como percebido em Stipp (2000).
Na unidade VI o relevo é ondulado, com solos derivados do arenito, principalmente,
Cambissolos e Latosolos e clima Cfb. Apresentam-se na área, terras ociosas de
especulação imobiliária ao entorno da cidade de Ponta Grossa. Acerca da degradação
ambiental, apresenta índices de médio a elevado, especialmente, devido à atividade
industrial de grande expressividade na região de Ponta Grossa, bem como pelo intensivo
uso agrícola.
A Unidade VII apresenta o relevo de médio a fortemente ondulado estando na
transição entre o Segundo e o Primeiro Planalto Paranaense, onde se destaca o Planalto de
Jaguariaiva e Prudentópolis, com grande concentração de Neossolos e Latossolos, com
pastagens artificiais e naturais e uso misto, ao norte da unidade no Planalto de Jaguariaiva,
destacando boa aptidão para a silvicultura. Apresenta também, aproveitamento econômico
problemático com degradação ambiental de média a baixa.
No Primeiro Planalto Paranaense, destaca-se a unidade VIII, disposta na formação
geomorfológica regional do Planalto de Castro, com destaque de altitudes entre 900 á 1200
metros, com relevo de médio a fortemente ondulado, onde se destacam Latossolos em topo
de morro e nas vertentes e na área de fundo de vale grande quantidade de Organossolos e
Gleissolos, que são facilmente erodíveis quando desprovidos de cobertura vegetal, e
destaque para o clima Cfb. Há grande uso pela agricultura intensiva, bem como uma

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concentração fundiária de forte a muito forte e condições ambientais de média a baixa,


especialmente onde o uso agrícola não se faz presente.
De acordo com Almeida e Tertuliano (2009) e através da análise das unidades
geossistêmicas, por meio do sistema bacia hidrográfica (conjunto individual/unitário), pode-
se perceber que tanto alterações de ordem natural e social, condicionam a relação entre
processos e formas dentro desse sistema, interferindo nas entradas e saídas (input e output)
dos fluxos de matéria e energia e informação, o que irá alterar esse geocomplexo ambiental
– que pode apresentar em seu cerne unidades geossistêmicas.
Cabe explanar, que a vegetação não se apresentou como fomentadora na
delimitação das unidades geossistêmicas, uma vez que o avanço agropecuário devastou
grande parte da vegetação natural da bacia, por isso, que somente a área de
reflorestamento (Unidade IV) e a área de campus tiveram maior enfoque.

5 – Considerações

Ao concentrar-se na integração dos elementos componentes da bacia hidrográfica,


no que condiz seu funcionamento e estrutura, focaliza-se a mesma como unidade
geomorfológica fundamental ao estudo geográfico dos geossistemas. Há com isso, a
possibilidade da criação de cenários alternativos, que tenham a meta de estabelecer
procedimentos para estudos presentes e futuros, tratando os sistemas ambientais, entre
eles a bacia hidrográfica, a partir de limiares de estabilidade e recuperação dos padrões de
organização espacial, possibilitando o conhecimento dos estágios evolutivos dos
geossistemas e de melhores formas de mitigar os impactos ocorridos nesses sistemas.
Neste âmbito, percebe-se que há a necessidade da conservação e melhor manejo
dos recursos naturais, onde as bacias hidrográficas encontram lugar especial no que condiz
a preocupação de pesquisas acadêmicas e o fomento de politicas públicas para a
recuperação desses “geocomplexos socioambientais”. Neste viés, nota-se que o uso da
bacia hidrográfica pela atividade social age junto à mesma de forma insustentável, ao passo
que a degradação só tende a aumentar nas próximas décadas.
As ações de planejamento voltadas às bacias hidrográficas devem incluir os
aspectos de proteção à vida humana, o cuidado com mananciais de água, proteção da vida
selvagem, bem como o gerenciamento de áreas de lazer, sob uma perspectiva de
sustentabilidade geossistêmica, visto que qualquer estudo voltado ao meio ambiente possui
em seu cerne o escopo de evitar o fim dos recursos e de suas potencialidades.

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Cabe também explanar que ao realizar uma análise sobre qualquer ambiente através
do uso da conceituação e metodologia geossistêmica, o pesquisador deve se ater as
relações escalares dessas áreas analisadas, bem como na delimitação dos elementos
analisados, pois isolar as unidades geossistêmicas do seu conjunto maior cria a
possibilidade de enxerga-las sob a perspectiva de “conjunto individual”, com uma
complexidade inerente a aquela determinada escala.

6 – Referências
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ribeirão Cambé com enfoque no córrego Água Fresca e afluente superior do córrego dos
Periquitos – Londrina – PR. 2012, 85 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
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