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Universidade Federal do Ceará

INTRODUÇÃO À DIFRAÇÃO
DE RAIOS-X EM CRISTAIS

Lucas Bleicher
José Marcos Sasaki
Setembro de 2000
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Introdução
Quando se fala em raios-x, a pri- boa parte dele envolve apenas aspectos
meira aplicação que vem à mente da mai- geométricos simples.
oria das pessoas é a radiografia, processo Após um histórico traçado desde a
que usa os raios-x para visualizar o inte- descoberta dos raios-x por Röntgen, será
rior de objetos (ou de pessoas) ao coloca- explicada a produção de raios-x, o fenô-
los entre uma fonte de raios-x e uma meno da difração, e como esse fenômeno
chapa fotográfica. De fato, essa é a mais se relaciona com planos de um cristal.
comum das aplicações desse tipo de radi- Falaremos mais de cristais na seção se-
ação e a primeira a ser utilizada desde a guinte e na próxima, onde o leitor terá
descoberta desses raios. Porém, devido ao contato com a geometria utilizada em
fenômeno da difração de raios-x, é possí- cristalografia. E finalmente, na seção
vel estudar materiais a nível atômico, mais avançada do material, irá se mostrar
descobrindo e estudando sua estrutura. o cálculo de intensidade de picos de di-
Ao se estudar Química e Física no fração (até lá o leitor já estará a par do
segundo grau, é comum que se estranhe significado de intensidade de picos de
como é possível estudar e determinar mo- difração).
delos para coisas tão pequenas que ne- Este material foi escrito em um
nhum tipo de microscópio pode visuali- nível que pode ser acompanhado por
zar. Isso se deve ao fato de que, ao longo qualquer aluno de graduação. A intenção
dos anos, várias técnicas foram surgindo inicial foi justamente fornecer um mate-
para “observar indiretamente” tais entes, rial que servisse como primeiro contato
e entre essas técnicas se enquadram a com a difração de raios-x para potenciais
difração de raios-x, os diferentes tipos de alunos de iniciação científica nessa área.
espectroscopia, etc.
No presente material, direcionado Sugestões e críticas a esse mate-
a quem nunca travou contato com a difra- rial são aceitas e encorajadas. Os autores
ção de raios-x, pretendemos mostrar podem ser contactados através dos se-
como é possível obter dados de estruturas guintes endereços eletrônicos:
da ordem de ångstroms através dessa téc-
nica. E o leitor irá verificar que esse tipo bleicher@who.net (Lucas Bleicher)
de estudo não é difícil de entender, pois sasaki@fisica.ufc.br (José Marcos Sasaki)
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Histórico
A descoberta dos Raios-X se deu a lico sobre o papel fluorescente, Röntgen
partir de experimentos com os “tubos passou a pensar na radiação como uma
catódicos”, equipamentos exaustivamen- forma de luz invisível.
te utilizados em experimentos no final do
século XIX que consistiam em um tubo
de vidro, ligado a uma bomba de vácuo,
onde era aplicada uma diferença de
potencial entre dois terminais opostos,
gerando uma corrente elétrica dentro do
tubo. No final do século XIX, foi estabe-
lecido que os raios provenientes do cá-
todo eram absorvidos pela matéria e que a
sua absorção era inversamente relacio-
nada com a voltagem de aceleração. E
mais: incidindo essa radiação em alguns
cristais, era provocada a emissão de luz
visível, chamada “fluorescência”. Em Figura 1. Wilhelm Conrad Röntgen, físico que
1896, Thomson demonstrou que os raios primeiramente estudou os Raios-X.
provindos do cátodo eram compostos por
pequenas partículas carregadas negativa- Percebendo que se tratava de algo
mente, tendo massa aproximadamente novo, a radiação passou a ser estudada
igual a 1/1800 do menor átomo, o Hidro- exaustivamente por ele, e dessa forma
gênio. Essa partícula passou a ser cha- descobriu-se suas principais propriedades,
mada de elétron, e teve sua carga absoluta como a propagação em linha reta (daí
(1,601x1019C) medida por Robert Mi- formar sombras bem delimitadas), alta
likan em 1910. capacidade de penetração, indiferença à
O físico alemão Wilhelm Conrad campos magnéticos e capacidade de im-
Röntgen (Fig. 1) passou a estudar os pressionar chapas fotográficas. Tais pro-
chamados “raios catódicos” (nome utili- priedades ora aconteciam com a luz, ora
zado na época para designar o fluxo de com os “raios catódicos”. Tentativas de
elétrons gerado no tubo) em 1894, e no verificar reflexão, refração ou difração
ano seguinte começou a observar a radia- foram feitas, sem sucesso. Assim, Rön-
ção que chamaria de “Raios-X”, por sua tgen supôs que era algo diferente de todas
natureza desconhecida. Primeiramente, as radiações conhecidas, chegando a
Röntgen verificou que um papel pintado sugerir que fossem ondas eletromagné-
com platino-cianeto de bário na mesma ticas longitudinais.
mesa do tubo fluorescia mesmo estando o Após o estudo da radiação, Rön-
tubo completamente envolto em papelão tgen publicou um trabalho sobre a nova
preto. A radiação tinha então proprieda- radiação e enviou separatas do artigo para
des semelhantes à da luz, mas não era vários cientistas influentes da época,
possível que fosse esse tipo de radiação, acompanhada de algumas radiografias
já que o experimento havia sido feito com (Fig. 2).
o tubo blindado. Mas depois que o cien-
tista percebeu a sombra de um fio metá-
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espaçados periodicamente em três dimen-


sões, com distâncias da ordem de 10-8cm.
Dos experimentos de Röntgen, Laue sabia
que o comprimento de onda dos raios-x
era dessa ordem. Logo, um cristal serviria
como uma grade ideal para a difração dos
raios-x. Experimentos foram feitos para
detectar o fenômeno, e em 1912 Laue
conseguiu obter o primeiro diagrama de
difração, utilizando o sulfato de cobre.
Aplicando seus conhecimentos sobre a
difração da luz por grades de uma e duas
dimensões, Laue formulou uma teoria de
difração de raios-x para estruturas tridi-
mensionais (cristais), obtendo assim o
prêmio Nobel de Física em 1912.
Figura 2. A clássica radiografia feita por
Röntgen em 1895, mostrando a mão de sua
esposa.

Sua descoberta espalhou-se muito


rapidamente, e a sua principal aplicação,
a radiografia, passou a ser utilizada pelos
hospitais, e, mais tarde, pelas indústrias
em todo o mundo. Com seu feito,
Röntgen foi premiado com o primeiro
prêmio Nobel de Física.
Röntgen já havia verificado que
ânodos de metais pesados emitiam raios-x
mais penetrantes que aqueles emitidos por
ânodos de metais mais leves. Barkla veri-
ficou que havia uma radiação caracterís-
tica para cada metal utilizado como alvo,
o que foi explicado pelo modelo atômico
de Niels Bohr (e que será discutido na
próxima seção). Tal contribuição rendeu a
Barkla o prêmio Nobel de Física em
1917.
O estudo da difração dos raios-X
em cristais se deu com Laue a partir de
1912, quando este cientista esteve discu-
tindo aspectos da propagação da luz em
cristais com P. P. Ewald, que estava des-
envolvendo sua tese de doutorado sobre o
assunto. Chamou a atenção de Laue o
modelo teórico de Ewald para os cristais,
que consistia em pequenos osciladores
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A Produção de Raios-X

Figura 3. A produção de Raios X a nível atômico

Os Raios-X são gerados quando uma partícula de alta energia cinética é rapidamente
desacelerada. O método mais utilizado para produzir raios-X é fazendo com que um elétron
de alta energia (gerado no cátodo do tubo catódico) colida com um alvo metálico (ânodo).
Na figura acima, analisamos o fenômeno a nível atômico. Quando esse elétron atinge o alvo
(I), um elétron da camada K de um átomo do material é liberado na forma de fotoelétron
(II), fazendo com que haja uma vacância nessa camada. Para ocupar o espaço deixado por
esse elétron, um outro elétron de uma camada mais externa passa à camada K (III),
liberando energia na forma de um fóton de Raio-X (IV). A energia desse fóton corresponde
à diferença de energia entre as duas camadas. Durante os primeiros estudos sobre a geração
de Raios-X, foi percebido que ao aumentar a diferença de potencial entre os terminais,
aumenta-se a intensidade e a faixa de comprimentos de onda produzidos pelo tubo, como
mostra o gráfico abaixo:
Analisando o espectro, nota-se que para
voltagens mais altas, produzem-se certos
comprimentos de onda em intensidades bem
mais altas que as demais. É a chamada radi-
ação característica do alvo. Os demais
comprimentos de onda são chamados de
radiação branca, pois assim como a luz
branca e o ruído branco, é formada por vá-
rios comprimentos de onda. Usa-se também
o termo bremsstrahlung (do alemão “radia-
ção de frenamento”). Quanto mais se au-
menta a diferença de potencial (cada curva
mostrada ao lado representa o espectro para
uma determinada voltagem), mais a radiação
característica se destaca em relação à radia-
Figura 4. A relação entre a diferença de potencial ção contínua, possibilitando a utilização de
entre os terminais do tubo e as intensidades de um comprimento de onda pré-determinado.
cada comprimento de onda produzido
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A maneira como se comporta o espectro de


raios-X é explicada através das transições de
níveis atômicos de energia. Para cada dife-
rente transição de níveis de energia, um
comprimento de onda diferente é emitido. A
radiação Kα1, mostrada ao lado, é produzida
quando um elétron transita da camada LIII
para a camada K, enquanto que a radiação
Kβ1 é gerada quando o elétron transita da
camada MIII para K. Figura 5. Os níveis atômicos de energia e as emis-
sões de radiação referentes a cada transição

Como foi dito anteriormente, a Outra forma de gerar raios-x é em


energia do fóton emitido equivale a dife- aceleradores síncrotron, como o que
rença de energia entre as duas camadas. existe em Campinas-SP. Nesses grandes
Para a radiação Kα1, teríamos Efóton=φK- equipamentos, elétrons são acelerados a
φLIII. Com essa energia, podemos então grandes velocidades, próximas à da luz,
obter o comprimento de onda através da por campos magnéticos, e ao serem desa-
equação λ=hc/(φK-φLIII). Como a energia celerados, produzem raios-X em vários
para cada nível varia com o elemento comprimentos de onda (nesse caso não há
atômico (alvo), cada tipo de alvo produz a radiação característica). A figura abaixo
radiações características em diferentes ilustra o esquema de um acelerador para
comprimentos de onda. A tabela ao lado produção de luz síncrotron.
mostra os comprimentos de onda para os
materiais mais utilizados em tubos de
Raios-X.

Elemento Kα1 (Å) Kβ1(Å)


Cu 1.54056 1.39221
Mo 0.70930 0.63228 Figura 6. Esquema ilustrativo de uma fonte de
Cr 2.28970 2.08487 luz síncrotron
Co 1.78896 1.62079
W 0.20901 0.18437
Ni 1.65791 1.50013
Fe 1.93604 1.75661

Tabela 1: Radiações características dos princi-


pais materiais utilizados em tubos de raios-x
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O Fenômeno da Difração de Raios-X


O espalhamento e a conseqüente Em 1914, Laue montou um expe-
difração de raios-X é um processo que rimento em que um feixe de raios-X inci-
pode ser analisado em diferentes níveis. dia em um cristal e por trás do cristal ha-
No mais básico deles, há o espalhamento via uma chapa fotográfica, como mos-
de raios-X por um elétron. Esse espalha- trado abaixo:
mento pode ser coerente ou incoerente.
No espalhamento coerente, a onda espa-
lhada tem direção definida, mesma fase e
mesma energia em relação à onda inci- Figura 8. Experimento de Laue
dente. Trata-se de uma colisão elástica. Verificando a chapa fotográfica,
No espalhamento incoerente, a onda es- Laue observou que se formava um padrão
palhada não tem direção definida. Ela não de difração, como o mostrado na figura 9:
mantém a fase nem a energia (é o cha- Havendo difração,
mado Efeito Compton). A colisão é ine- estava provada a na-
lástica, e a energia referente à diferença tureza ondulatória dos
entre a onda incidente e a onda espalhada raios-X. A difração
traduz-se em ganho de temperatura (vi- tornou-se útil para a
bração do átomo). Quando duas ondas determinação de es-
em fase incidem no átomo, pode aconte- truturas cristalinas,
Figura 9. Padrão de
cer a conformação mostrada abaixo: Laue impresso na como veremos adi-
Observa-se que para que chapa fotográfica ante.
haja uma interferência A formação desses picos de difra-
construtiva das ondas es- ção se deve justamente à lei de Bragg
palhadas, é necessário que quando vista em nível de planos cristali-
seja obedecida a condição nos. A figura a seguir ilustra o fenômeno:
Figura 7. Inter-
ferência entre mostrada abaixo (onde θ é
raios a nível o ângulo de incidência):
atômico

λ = 2d senθ
Essa equação é conhecida como a
Lei de Bragg. É importante frisar que ela
deve ser aplicada a nível atômico (como
mostrado acima), pois só assim ela poderá Figura 10. Interferência entre raios a nível
planar
ser novamente aplicada a nível de planos
cristalinos, como será mostrado a seguir. As linhas horizontais representam os pla-
É interessante também notar que, como é nos cristalinos, e as setas representam os
impossível saber se os elétrons do átomo raios-x incidentes no cristal. Quando a
estarão na conformação mostrada na
condição λ = 2d senθ é obedecida, há um
figura, determinar como um átomo irá
pico de intensidade, responsável pelos
difratar um feixe de raios-X é um pro-
pontos mais claros no padrão de Laue.
cesso probabilístico.
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Cristais e suas estruturas


Numa definição simples e concisa, entre seus parâmetros de rede. Os seis
cristais são arranjos atômicos ou molecu- parâmetros de rede definem a célula uni-
lares cuja estrutura se repete numa forma tária da seguinte forma: a, b e c indicam o
periódica tridimensional. Um exemplo comprimento dos três eixos, enquanto α,
simples é o do sal de cozinha, NaCl, cuja β e γ são os três ângulos existentes em um
estrutura consiste em átomos de Sódio e vértice da célula. No caso do cristal de
Cloro dispostos de forma que um átomo NaCl (de simetria cúbica) a = b = c =
de sódio terá sempre átomos de cloro 5.64Å e α = β = γ = 90 o.
como vizinhos e vice-versa, como mos- Definiremos agora quais as rela-
trado na figura abaixo. ções entre os sete tipos de simetria e os
parâmetros de rede de suas células unitá-
rias:

Sistema Parâmetros de rede


Cúbico a=b=c
α = β = γ = 90o
Tetragonal a=b≠c
α = β = γ = 90o
Ortorrômbico a≠b≠c
α = β = γ = 90o
Romboédrico a=b=c
α = β = γ ≠ 90o
Figura 11. Célula unitária do NaCl
Hexagonal a=b≠c
α = β = 90o; γ ≠ 120o
O que vemos na figura mostrada é Monoclínico a≠b≠c
a célula unitária do NaCl. Célula unitária α = γ = 90o ≠ β
é a menor estrutura que representa um Triclínico a≠b≠c
cristal, isto é, um cristal é formado por α ≠ β ≠ γ ≠ 90o
diversas células unitárias arranjadas tri-
dimensionalmente (esse arranjo é também A partir desses sete sistemas po-
chamado de rede cristalina). Existem demos obter as chamadas 14 redes de
células unitárias com sete tipos de sime- Bravais, que serão mostradas após uma
tria: cúbica, tetragonal, ortorrômbica, introdução sobre a geometria utilizada em
romboédrica (ou trigonal), hexagonal, cristalografia.
monoclínica e triclínica. O que diferencia
esses tipos de células unitárias é a relação
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Geometria
Para simplificar a representação Quando temos um cristal hexago-
de planos cristalinos, utiliza-se uma re- nal, o sistema de índices utilizados é dife-
presentação chamada espaço recíproco. rente. A figura abaixo mostra a célula
Trata-se da utilização de três índices, h, k unitária de um cristal hexagonal:
e l (conhecidos como índices de Miller) A célula unitária do
que correspondem ao inverso do valor em cristal é delimitada pelos
que o plano corta os eixos convencionais. traços mais fortes. As
Para facilitar o entendimento, mostrare- outras duas partes do
mos a representação de dois planos que prisma hexagonal cor-
cortam um cristal cúbico no espaço real e respondem à rotações da
seus índices no espaço recíproco: célula unitária.
No exemplo ao Note que nesse caso há quatro ei-
lado, o plano corta xos: a1, a2, a3 e c. Seus índices de Miller
o cristal seguindo a são chamados h, k, i e l. É importante
diagonal das faces. observar que o vetor i é o simétrico da
Ele corta os eixos b soma dos vetores h e k (isto é, h + k = -i).
e c em 1 e não corta Vamos exemplificar a representação de
o eixo a. planos em um cristal hexagonal a seguir:
Logo, para calcular os índices de Nesse primeiro exem-
Miller dos planos, fazemos: plo, o plano corta o cris-
h = 1/∞ = 0 tal verticalmente. Note
k = 1/1 = 1 que tanto para o eixo a1
l = 1/1 = 1 como para o a3, o plano
Pode-se então chamar o plano de (011). corta o eixo em –1. Em
a2, o plano corta o eixo
Já no caso ao lado, em ½ .
o plano passa no Assim, fazemos:
eixo c em ½, cor- h = 1/(-1) = -1
tando o cristal em k = 1/(½ ) = 2
dois paralelepípe- i = - (h + k) = - (1) = -1
dos iguais. l = 1/∞ = 0 (o plano não corta o
Temos então que: eixo c)
h = 1/∞ = 0
k = 1/∞ = 0 O plano pode então ser represen-
l = 1/(½) = 2 tado por:
Assim, podemos chamar este plano de (1 2 1 0)
(002).
A vantagem da utilização do espaço recí-
proco (cuja origem remonta ao século
XVIII com Abbé Haüy, e foi populari-
zada por W. H. Miller no século seguinte)
é que um plano pode ser representado não
utilizando uma equação geométrica, mas
apenas três índices.
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O vetor ao lado tem valor


Nesse exemplo, temos um 1 para a componente a2 e
plano que corta o eixo a1 c, e valor zero para a
em 1, o eixo a2 em –1 e componente a1. Assim,
não corta nem o eixo a3 pode ser representado
nem o eixo c. Assim, os como [011]
índices de Miller serão:

Mas pode-se representar direções em


h = 1/1 = 1 cristais hexagonais utilizando quatro índi-
k = 1/(-1) = -1 ces. Para isso, utilizam-se as seguintes
i = 1/∞ = 0 equações de transformação:
l = 1/∞ = 0 U=u–t
V=v–t
O plano pode então ser represen- W=w
tado por: Onde U, V e W são os índices no sistema
(1 1 00) de três eixos, e u, v, t e w são os índices
Já para direções cristalográficas, no sistema de quatro eixos.
utiliza-se a notação dos índices de Miller Das equações acima vem que:
entre chaves, como exemplificado abaixo. u = (2U – V)/3
O vetor mostrado v = (2V – U)/3
ao lado tem valor 1 t = -(U+V)/3
para as componen- w=W
tes b e c, e está na
direção oposta ao Para o vetor do exemplo anterior, temos:
vetor a, deslocando- u = (2*0 – 1)/3 = 1/3
se de 2/3 do parâ- v = (2*1 – 0)/3 = 2/3
metro de rede a. t = –(0 + 1)/3 = –1/3
Dessa forma, podemos chamar os w=1
seus índices de Miller serão –2/3, 1 e 1. Representamos então a direção
Mas não estamos interessados no módulo como [12 1 3] após multiplicar os índices
do vetor, logo podemos multiplicar cada por 3 como no exemplo anterior.
índice por 3, o que alteraria seu módulo, Dessa forma está definida a ma-
mas conservaria sua direção e sentido, neira de representar planos e direções
que é o que realmente se deseja cristalográficas. A utilização dos índices
representar. Assim, essa direção cristalo- de Miller para representação de planos é
gráfica pode ser escrita como: prática por necessitar apenas de três (ou
[ 233] quatro) índices (e não de expressões ge-
Mais uma vez, a representação ométricas) para representar planos, e a
para cristais hexagonais requer cuidados. inversão dos valores para a obtenção dos
Há duas formas de representar direções índices tem um significado geométrico. O
em cristais hexagonais. A primeira utiliza plano (200) é o plano que corta a célula
três índices, referentes aos eixos a1, a2 e c, em duas partes iguais, enquanto o (300)
como mostrado a seguir. corta o cristal a 1/3 de sua largura, e as-
sim por diante.
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Utilizando essa representação de tabela 1), um dos materiais mais


planos, podemos aplicá-la à lei de Bragg utilizados como alvo em tubos de raio-x.
da seguinte forma: O significado desses cálculos é
Para calcular a distância entre dois que, incidindo um feixe de raios-x a um
planos cristalinos (distância interplanar), ângulo de incidência de 22.7o, haverá um
quando α=β=γ=90o, utilizamos a expres- pico de intensidade, devido ao plano 220.
são abaixo: Se incidirmos o feixe em ângulos variá-
1 veis em uma amostra com uma certa
d hkl = distribuição de pequenos cristalitos
2
h k2 l2 (amostra na forma de pó) e colocarmos
+ +
a2 b2 c2 essas intensidades em função do ângulo
(a expressão geral para distâncias interplanares se encontra no apêndice)
de espalhamento 2θ (ângulo entre a onda
Onde a, b e c são os parâmetros de incidente e a onda espalhada), iremos
rede do cristal considerado. Como exem- obter um gráfico chamado difratograma,
plo, calcularemos a distância entre dois mostrado abaixo:
planos 220 (hkl=220) do cristal de NaCl
(simetria cúbica, com parâmetros de rede 25000 200
a=b=c=5.640Å).
1 20000

d hkl = 220
Intensidade (u. a.)

22 22 02 15000
+ +
5.640 2 5.640 2 5.640 2 10000

1 420
= 5000
111
222
422

4 4 0 400
+ + 0
311 331

31.8096 31.8096 31.8096


1 20 40 60 80

= = 1.994 Å 2θ (graus)
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Figura 12. Padrão de difração de pó
31.8096 (difratograma) do NaCl
Substituindo então o valor na lei
de Bragg, podemos encontrar o ângulo de Esse padrão de difração é único
Bragg (ângulo onde há um pico de inten- para cada tipo de cristal. Dessa forma, é
sidade devido à interferência construtiva possível descobrir a composição de mate-
das ondas espalhadas) relativo a esse riais através da difração de raios-x. Esse
plano: processo é chamado caracterização.
λ = 2d hkl sen θ Tendo conhecimento da geometria
1.54 = 2(1.994) sen θ utilizada na cristalografia, iremos intro-
duzir o conceito das 14 redes de Bravais.
1.54
sen θ = = 0.386
3.988
θ = 22.7 o

Note que usamos 1.54Å para o


valor de λ. Trata-se do comprimento de
onda Kα1 do Cobre (como mostrado na
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As 14 Redes de Bravais
Em 1848, o cristalógrafo francês A. Bravais mostrou que na natureza só há 14 redes
cristalinas encontradas, redes essas que levam hoje seu nome e estão mostradas nas figuras
abaixo:

Cúbico Simples Cúbico Corpo Centrado Cúbico Face Centrada

Ortorrômbico Ortorrômbico Ortorrômbico Base Ortorrômbico Face


Simples Corpo Centrado Centrada Centrada

Romboédrico Hexagonal Monoclínico Monoclínico Base


Simples Centrada

Tetragonal Simples Tetragonal Corpo Triclínico


Centrado

Sabe-se que cristais podem ter estruturas das mais diversas, e nem sempre as
posições atômicas em suas células unitárias irá coincidir com as posições dos pontos das
redes de Bravais. Como fazer então para definir qual a rede de Bravais a qual pertence um
cristal? Para isso, vamos definir três tipos de translação:
Corpo-centrado: 0 0 0, ½ ½ ½ (movimenta a célula de metade de seu parâmetro de
rede nas três direções)
Face-centrada: 0 0 0, 0 ½ ½, ½ 0 ½, ½ ½ 0 (movimenta a célula de metade de seu
parâmetro de rede nas 3 direções, duas a duas)
Base-centrada: 0 0 0, ½ ½ 0 (movimenta a célula de metade de seu parâmetro de
rede em apenas duas direções)
Essas três translações estão exemplificadas na figura mostrada a seguir.
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Corpo-centrado Face-centrada Base-centrada


Uma célula unitária será de cada um desses tipos se, ao fizermos a translação que
leva seu nome, ela comece e termine em átomos do mesmo tipo. Para explicar melhor como
isso acontece, descobriremos qual a rede de Bravais do cristal de CsBr:

A estrutura do cristal de CsBr é a (origem) irá encontrar o átomo de Bromo


mostrada na figura abaixo: no centro. Como são átomos de espécies
diferentes, não se trata de uma rede cú-
bica de corpo centrado. Assim, como a
célula não tem espécies em suas faces,
não podendo então ser do tipo face-cen-
trada, trata-se de uma rede cúbica sim-
ples.
Voltemos agora à Figura 10, que
mostra a estrutura cristalina do NaCl.
Vemos que há átomos tanto no centro da
célula unitária como em suas faces. Logo,
devemos utilizar as translações para des-
cobrir qual o tipo de rede nesse caso. Se
utilizarmos a translação de corpo cen-
Figura 13. Estrutura cristalina do CsBr. Os trado, o átomo de sódio da origem irá
átomos externos são os de Césio e o central é o
Bromo.
encontrar um átomo de cloro no centro.
À primeira vista, pode-se pensar Logo, descarta-se a possibilidade de rede
que trata-se de um cristal do tipo cúbico cúbica de corpo centrado. Testemos agora
de corpo centrado. Não é o que acontece, a translação de face-centrada. Fazendo as
porém. Quando fazemos a translação de três translações, haverá sempre o encon-
corpo centrado (isto é, movendo a célula tro de um átomo de sódio com outro de
unitária de ½ de seus parâmetros de rede mesma espécie. Sendo assim, trata-se de
nas três direções), o átomo de Césio que uma rede cúbica de face-centrada.
se encontrava no canto da célula unitária
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Cálculo da Intensidade
Analisando o padrão de difração (observe o i no expoente de e) é que ele
do policristal de NaCl (NaCl na forma de expressa tanto a amplitude quanto a fase
pó), mostrado na figura 12, verificamos da onda.
que os picos referentes a planos diferentes Calcularemos aqui o fator de es-
têm intensidades diferentes. Se trutura para o cristal de NaCl quando te-
construíssemos o padrão de difração mos reflexão no plano 002 (exemplo feito
usando apenas aspectos geométricos (lei anteriormente, que, usando a lei de Bragg,
de Bragg), seria esperado que, como em implicou no ângulo 22.7).
todos os picos há interferência constru- O valor tabelado para o fator de
tiva, eles deveriam ter a mesma intensi- espalhamento atômico para Na e Cl na
dade. Porém, há vários aspectos físicos reflexão 220 são 7.618 e 10.632, respecti-
que interferem na intensidade. O primeiro vamente, para senθ/λ=0.25Å-1. Temos
a ser considerado é o fator de espalha- então:
mento atômico (f). Tal valor indica o N

quanto um átomo pode espalhar a um F220 = ∑ f n e 2πi(2un +2vn +0wn )


n=1
dado ângulo e um certo comprimento de
onda (geralmente os valores tabelados são [
= 4 ⋅ 7.618⋅ e2πi(2⋅0+2⋅0+0⋅0) + 10.632⋅ e 2πi(2⋅0.5+2⋅0.5+0⋅0.5) ]
dados para valores de senθ/λ), sendo = 4 ⋅ [7.618⋅ e + 10.632⋅ e
0 4πi
]
expressado como o quociente entre a
= 4 ⋅ [7.618+ 10.632]
amplitude da onda espalhada por um
átomo sobre a amplitude da onda = 73
espalhada por um elétron. Há diversas
formas de calcular o fator de Agora devemos definir o fator de
espalhamento atômico. Utilizaremos o multiplicidade. Há planos que, por terem
resultado do artigo de Z. Su e P. Coppens, a mesma distância interplanar, difratam
citado na bibliografia dessa apostila, que no mesmo pico. É o caso, por exemplo,
propõe aproximações analíticas para o seu dos planos 100, 010 ou 001 numa célula
valor em átomos neutros de número cúbica. Somando-se a esses três os planos
atômico 1 a 54. O próximo passo é calcu- com –1 ao invés de um, temos 6 planos
lar o fator de estrutura do cristal. Assim contribuindo para a mesma reflexão, im-
como o fator de espalhamento atômico, o plicando em um fator de multiplicidade 6.
fator de estrutura é um quociente de duas O apêndice do presente material contém
amplitudes, no caso, a amplitude da onda uma tabela com os diferentes fatores de
espalhada por todos os átomos da célula multiplicidade para cada caso.
unitária e a amplitude da onda espalhada Para chegar na expressão da inten-
por um elétron. Para calcular o fator de sidade, precisamos ainda de mais três
estrutura, F, usamos a seguinte equação fatores de correção. Os dois primeiros se
N 2πi ( hu n + kv n + lwn ) referem a fatores geométricos que afetam
Fhkl = ∑ f ne :
a intensidade difratada: são o fator de
Lorentz e o fator de polarização.
n =1
Costuma-se expressar ambos conjunta-
Isto é, deve-se calcular o somatório para
mente, como mostrado abaixo:
todos os N átomos na célula unitária. A
razão de F ser um número complexo
15

1 + cos 2 2θ Como o fator de temperatura influi muito


sin 2θ cosθ pouco para a intensidade (é geralmente
Finalmente, deve-se aplicar o fator bem próximo de um) e envolve cálculos
de temperatura, adicionando à expressão complicados para a sua obtenção, não o
da intensidade o fator e-2M. Isso se deve utilizaremos em nossos cálculos.
ao fato de que o aumento de temperatura Já calculamos anteriormente o fa-
afeta o fenômeno da difração, pois ex- tor de estrutura do NaCl. Calculemos en-
pande a célula unitária e gera efeitos tão a intensidade para a reflexão 220, da
como o deslocamento dos picos, a dimi- qual já dispomos de alguns dados:
nuição da intensidade nos picos e o au- 2 1 + cos 2 (45.4)
I 220 = 73 ⋅ 12 2
mento do background (também chamado sin (22.7 ) cos(22.7 )
de radiação de fundo, trata-se das intensi- 1 + 0.51
dades onde não há picos de difração). I 220 = 5329 ⋅ 12
0.148 ⋅ 0.92
Uma explanação mais completa desses
fatores, que foge ao escopo do presente I 220 = 63948 ⋅ 11.06 = 7.073 ⋅ 10 5 (u.a.)
material, pode ser encontrada nas referên- Obs:. O valor da multiplicidade
cias indicadas no final da apostila. foi obtido da tabela no apêndice.
Unindo todos esses fatores, obtemos a Para a reflexão 200, precisamos
seguinte expressão para a intensidade primeiro calcular o ângulo de Bragg:
difratada: 1
d hkl =
2  1 + cos 2θ  − 2 M
2 2
2 02 02
I = F p 2 e 2
+ 2
+
5.640 2
 sin θ cosθ 
5.640 5.640
1
Onde: d hkl =
I = intensidade 4 0 0
+ +
F = Fator de Estrutura 31.8096 31.8096 31.8096
p = multiplicidade 1
1 + cos 2 2θ d hkl = = 2.82 Å
4
sin 2θ cosθ= Fator de Lorentz e de polarização
-2M 31.8096
e = Fator de temperatura
λ = 2d hkl sen θ
Dessa forma, podemos determinar 1.54 = 2(2.82) sen θ
as intensidades relativas dos picos de
1.54
difração. A equação acima calcula a in- sen θ =
tensidade em unidades arbitrárias. Em 5.64
tabelas de cristalografia, os materiais são sen θ = 0.273
catalogados de forma a informar a inten- θ = 15.86 o
sidade de cada pico em relação ao pico de Consultando a tabela de fatores de
maior intensidade. Consultando o banco espalhamento atômico para
de dados do ICSD, temos uma intensi- senθ/λ=0.15Å , obtemos 9.02 e 13.5 para
-1
dade 1000 para a reflexão 200 do NaCl e os valores de f para o sódio e o cloro,
663.6 para a reflexão 220 (no caso, o pico respectivamente. Podemos então calcular
com a segunda maior intensidade). Cal- o fator de estrutura:
culemos então as intensidades para essas
duas reflexões utilizando a expressão da
intensidade para confrontar os resultados
obtidos com os valores catalogados.
16

N é devido ao fator de espalhamento atô-


F220 = ∑ f n e 2πi(2un +0vn +0wn ) mico utilizado (tabelado). É possível ob-
n=1
ter valores mais precisos para f utilizando
[
= 4 ⋅ 9.02⋅ e 2πi(2⋅0+0⋅0+0⋅0) + 13.5⋅ e 2πi(2⋅0.5+0⋅0.5+0⋅0.5) ] interpolações como aquela mostrada no
= 4 ⋅ [9.02⋅ e + 13.5⋅ e
0 2πi
] artigo citado.
Para construir um difratograma
= 4 ⋅ [9.02+ 13.5]
teórico como o mostrado na figura 12,
= 90 basta centrar em cada pico uma função
Finalmente, calculamos a que o represente. No caso da difração de
intensidade para essa reflexão: nêutrons, outra técnica utilizada para es-
2 1 + cos 2 (31.73) tudos de materiais, é utilizada a conhecida
I 200 = 90 ⋅ 6 2 função normal ou gaussiana. Na difração
sin (15.86) cos(15.86)
de raios-x, é utilizada uma curva chamada
I 200 = 8100 ⋅ 6 ⋅ 23.86 pseudo-Voigt, que corresponde à soma de
I 200 = 11.59 ⋅ 10 5 (u.a.) uma gaussiana e uma lorentziana. Com-
parando difratogramas teóricos com
Basta agora fazer uma regra de aqueles obtidos em laboratório através de
três simples para determinar as intensida- difratômetros, é possível fazer estudos
des relativas: detalhados a respeito da estrutura do ma-
11.59 ⋅ 10 5 7.073 ⋅ 10 5 terial da amostra.
=
1000 I 200
1000 ⋅ 7.073 ⋅ 10 5
I 200 =
11.59 ⋅ 10 5
I 200 = 610

Conseguimos um valor relativo


próximo ao disponível no banco de dados
do ICSD (663.6). O erro de aproximação
17

Exemplos
Nesta seção, analisaremos alguns difratogramas e suas particularidades. Abaixo,
vemos o padrão de difração do quartzo e do NaCl na forma de policristal (amostra na forma
de pó):

4000
25000
3500

3000 20000 NaCl

Intensidade (u. a.)


2500
Intensidade (u. a.)

Quartzo 15000
2000

1500
10000

1000

5000
500

0
0
-500
20 30 40 50 60 70 80 20 40 60 80
2θ 2θ

Quando analisamos uma amostra, é comum que ela seja formada por uma mistura
de diferentes materiais. Abaixo, vemos o resultado de uma medida que contenha uma
mistura de NaCl e Quartzo:
Prestando atenção na
25000 figura, vemos que o difratograma
ao lado é uma superposição dos
20000 dois padrões de difração
Quartzo + NaCl mostrados acima. Dessa forma,
Intensidade (u. a.)

15000
para descobrir que materiais
formam uma determinada amostra
(caracterizá-la), devemos testar
10000
simulações de diferentes materiais
até obtermos um padrão de
5000
difração que coincida com o da
amostra na posição e intensidade
0 dos picos. Esse trabalho é feito
utilizando programas de
20 30 40 50 60 70 80
computador como o DBWS e o
2θ FULLPROF.
18

A figura ao lado Al Ga As (200A)


Calculado
x 1-x
0.01
mostra o padrão de difra- Al Ga As (20A)
x

x
1-x
Al Ga As (200A)
1-x

ção calculado e o experi- 1E-3


GaAs (100A)
.

mental de uma super-rede 1E-4


.
.

de semicondutores. Esse x
10 periodos
1E-5
material consiste em ca- substrato GaAs
reflexão (004)

madas de semicondutores 1E-6

Log (I)(a.u.)
sobrepostas de forma peri- 1E-7
-1500 -1000 -500 0 500 1000 1500
ódica. Esses materiais são
importantes devido às suas 1000
propriedades ópticas, Experimental
sendo utilizados em diver-
sos dispositivos eletrôni- 100
cos. Devido à espessura
muito pequena das
camadas de semiconduto- 10
-1500 -1000 -500 0 500 1000 1500
res (da ordem de angs-
∆theta (sec)
troms), é necessário um
controle rigoroso em sua
produção.
A difração de raios-x de alta resolução (note que o difratograma está em segundos e
não em graus) é utilizada nesse controle. Através dela é possível estudar tensões mecânicas
e deformações microscópicas durante o processo de crescimento.
O próximo exemplo é de um cristal onde se fez implantação iônica. Nesse
processo, íons são acelerados de forma a bombardear um cristal. De acordo com os desvios
de trajetória que ocorrem dentro do alvo, eles ficam implantados a diversas profundidades
(e em diversas concentrações) no cristal.
(004)GaAs CuKα1
No gráfico ao lado, é
200keV Zn
+
mostrado o padrão de difração
13
Dose=1.7x10 cm
-2
de um cristal de GaAs onde
0.6 foram bombardeados íons de
0.5
zinco. No gráfico menor,
vemos a variação de tensão
Intensidade (u. a.)

0.4
em função da profundidade.
Tensão (%)

0.3 Tensão é definida como a


0.2
variação do parâmetro de rede
(devido aos íons implantados,
que fazem com que ele
0.1

0.0
0 200 400 600 aumente), sobre o próprio
800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200

Profundidade (Angstrom)
parâmetro de rede, sendo dado
por uma percentagem. Dessa
forma, é como se houvessem
várias camadas de parâmetros
de rede próximos, resultando
-800 -600 -400 -200 0 200
em picos tão próximos que se
∆θ(segundos) assemelham a picos mais
suaves, como visto ao lado.
19

Apêndice

Tabela de fatores de multiplicidade


Cúbico hkl: 48 hhl: 24 0kl: 24 0kk: 12 hhh: 8 00l: 6
Hexagonal e hk.l: 24 hh.l: 12 0k.l: 12 hk.0: 12 hh.0: 6 0k.0: 6 00. l: 2
romboédrico
Tetragonal hkl: 16 hhl: 8 0kl: 8 hk0: 8 hh0: 4 0k0: 4 00l: 2
Ortorrômbico hkl: 8 hhl: 4 h0l: 4 hk0: 4 h00: 2 0k0: 2 00l: 2
Monoclínico hkl: 4 hhl: 2 0k0: 2
Triclínico hkl: 2

Distância interplanar para qualquer simetria


1
2
1
(
= 2 S11 h 2 + S 22 k 2 + S 33 l 2 + 2S12 hk + 2S 23 kl + 2S13 hl )
d V
Onde:
S11=b2c2sen2α
S22=a2c2sen2β
S33=a2b2sen2γ
S12=abc2(cosα.cosβ–cosγ)
S23=ab2c(cosβ.cosγ–cosα)
S13=ab2c(cosγ.cosα–cosβ)
20

Bibliografia
Artigos
Introdução Histórica:
MARTINS, R. A. A Descoberta dos Raios X: O primeiro comunicado de Röntgen. Revista Brasileira de Ensino
de Física. 20, 373-391 (1998)

Fatores de Espalhamento Atômico Relativísticos:


SU, Z. & COPPENS, P. Relativistic X-ray Elastic Scattering Factors for Neutral Atoms Z = 1-54 from
Multiconfiguration Dirac-Fock Wavefunctions in the 0-12Å-1 sinθ/λ Range, and Six-Gaussian Analytical
Expressions in the 0-6Å-1 Range. . Acta Cryst. A53, 749-762 (1997)

Equações de Takagi-Taupin (utilizadas para a simulação dos difratogramas de


implantação iônica e de super-redes semicondutoras):
TAKAGI, S. P. A Dynamical Theory of Diffraction for a Distorted Crystal. Journal of the Physical Society of
Japan. 26, 1239-1253 (1969)

TAUPIN, D. Theorie Dynamique de la Diffraction des Rayons X par les Cristaux Deformes. Bulletin de la
Societe Francaise Mineralogie et de Cristallographie. 87, 469-511 (1964)

Livros
AZÁROFF, L. V. “Elements of X-Ray Crystallography”. McGraw-Hill Book Company, Inc. (1968)

CULLITY, B. D. “Elements of X-Ray Diffraction”. Addison-Wesley Publishing Company, Inc. (1956)

WARREN, B. E. “X-Ray Diffraction”. Dover Publications, Inc. (1969)

Os primeiros dois livros citados são recomendados como literatura básica. Através
da página do Laboratório de Difração de Raios-x da Universidade Federal do Ceará, ao
qual os autores estão vinculados, é possível obter atualizações dessa apostila e softwares
relacionados à difração de raios-x. O endereço da página está mostrado abaixo:

http://www.fisica.ufc.br/raiosx
(seção download)

Uma grande variedade de informações e também publicações referentes à


cristalografia podem ser obtidas no endereço da União Internacional de Cristalografia
(IUCr), cuja página está no endereço mostrado abaixo:

http://www.iucr.org

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