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visão geral

A Iluminação da Arquitetura
e seu Impacto Sobre a Cidade
City Beautification x L’Urbanisme Lumière
Por José Canosa Miguez

luz artificial é um fenômeno fascinante. Ao contrário da luz A luz nas cidades desempenha um papel estrutural para o

A geral vinda do sol, cujas características são determinadas


pela natureza, a luz elétrica é específica, particular. Pode-
mos modificar a fonte luminosa, sua posição, intensidade, cor,
olhar do cidadão: orienta, destaca, esconde, transforma, inte-
gra ou isola. Seu complemento, a sombra, trabalha em sintonia,
para melhor sublinhar ou ocultar, para melhor descobrir ou dissi-
obter efeitos múltiplos, criando e recriando diferentes climas em mular. Pelas luzes e pelas sombras as paisagens da natureza e
um mesmo espaço. Com ela é possível revestir sem estuque, as obras criadas pelo gênio humano podem ter suas visões no-
pintar sem tinta. Provocar um efeito pode ser tão rápido quanto turnas alteradas, modificadas em seus aspectos originais. Nes-
atenuá-lo, ou até retirá-lo. A luz é um agente muito poderoso e é tes espaços iluminados poderão ser criadas novas ambiências
importante ter controle sobre ela. e diferentes condições de convívio.

Museu de Arte
Contemporânea
Niterói - RJ

Foto: César Duarte

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O interesse em iluminar as fachadas as quais
se atribui importância, seja afetiva ou cultural, refle-
te também a auto-estima dos cidadãos por sua ci-
dade, por suas construções, por seus monumentos
e por suas paisagens - seus pontos de referência. A
luz destaca. E só se destaca o que se aprecia, ou o
que se quer fazer apreciar.
A atividade criativa do lighting designer, ao pro-
jetar a iluminação dos volumes urbanos mais signi-

Foto: César Duarte


ficativos, estará permanentemente balizada pela
consciência de que, em várias oportunidades ele es-
tará trabalhando sobre a obra de terceiros, seja ele
a própria natureza ou um outro artista.
Portanto, iluminar os espaços, construções e
obras de arte das cidades exige um sentimento de à convivência entre os cidadãos. A luz proporciona Na iluminação
profundo respeito pelo trabalho daqueles que as uma sensação de segurança, ordenando a visão de monumentos
conceberam e construíram. Impõe responsabilida- noturna nas vias e edificações da cidade. e fachadas os grandes
contrastes devem ser
de em preservar a identidade dos monumentos e Na iluminação viária, quando os espaços ilu-
considerados.
edifícios. A iluminação não é mais importante que a minados estão justapostos, é importante conser- A variação adequada
obra iluminada. Deve, sim, expressar a releitura no- var uniformidade nos níveis de iluminamento para entre superfícies
turna desta obra através da sensibilidade criativa e evitar a formação de “buracos negros” com con- iluminadas e
da consideração profissional de quem ilumina. trastes muito grandes para os motoristas. sombreadas oferece
Já na iluminação de monumentos e fachadas uma boa leitura
noturna
As potencialidades da luz os grandes contrastes devem ser considerados. A
da edificação.
variação adequada entre as superfícies iluminadas
Por muito tempo relegada a um papel estrita- e aquelas sombreadas é que, na maioria das vezes, Paço Imperial – RJ
mente utilitário, a iluminação nas cidades ainda tem vai oferecer uma boa leitura noturna da edificação e
como objetivo maior garantir uma boa visibilidade. conferir qualidade ao projeto de luz. Uma edifica-
Esta responsabilidade apenas funcional, de permi- ção percebida como adequadamente iluminada
tir a visão noturna, encobriu por muito tempo todas pode se tornar sombria quando vista inserida em
as outras potencialidades da luz: um ambiente mais intensamente iluminado. Parale-
● a fantástica capacidade de criação de cenogra- lamente, uma fachada fracamente iluminada pode-
fias urbanas, rá parecer destacada quando inserida em um entor-
● a sutil possibilidade de definição de ambiênci- no obscuro.
as psicológicas e simbólicas e A pesquisa de um nível de iluminamento pontu-
● a importante participação na sinalética. al ou médio e as noções de luminância das superfí-
Vamos analisar estas importantes funções da cies iluminadas em relação aos tipos de revestimento
iluminação urbana para permitir uma noção inte- constituem valores luminotécnicos importantes,
grada do tema. Enfatizando o desenho de luz da embora sejam insuficientes, para qualificar o proje-
arquitetura, objeto desta edição, vamos então co- to de iluminação de monumentos e fachadas.
mentar os principais programas de iluminação de
monumentos e fachadas que acontecem nas gran-
des cidades. Iluminar os espaços, construções
e obras de arte das cidades exige
Garantir segurança à visão noturna:
uniformidade e contraste um sentimento de profundo respeito
A possibilidade de distinguir as coisas é neces-
pelo trabalho daqueles
sária à apropriação visual dos espaços da cidade e que as conceberam e construíram.
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O potencial cenográfico da luz organiza o caos e, para nossos antepassados, se
opunha às “forças maléficas” escondidas nas som-
É a mais importante potencialidade, no que diz bras da noite, nas vielas das cidades antigas.
respeito à iluminação de monumentos e fachadas: o A falta de luz é também considerada como um
uso competente de todas as múltiplas possibilidades fator de insegurança. O medo do cidadão se con-
de manipulação das fontes de luz. O conhecimento funde então com o medo da noite e o clarão da luz
técnico, a sensibilidade e a criatividade do lighting simboliza o refúgio.
designer são fundamentais para selecionar o partido A luz pode também ser metafórica: ela restitui a
adequado entre tantas possibilidades que a ilumina- idéia de fausto, de cerimônia, de festa. Pode ser lúdi-
ção artificial oferece. (Ver artigo O Potencial Ceno- ca, alegre, surpreendente, como nos múltiplos símbo-
gráfico da Iluminação de Monumentos e Fachadas). los e cartazes dos quarteirões da Broadway ou nos
cassinos e hotéis de Las Vegas. Ela participa da insti-
A definição de uma ambiência tuição ou da redescoberta de ritos: guirlandas de Na-
psicológica e simbólica tal, procissões de velas, cortejos de lamparinas, etc.
Estas características simbólicas da luz come-
Os componentes sensoriais, psicológicos e sim- çam a ser exploradas na iluminação da arquitetura
bólicos da luz são os elementos subjetivos para o e dos espaços urbanos. Sendo portadora de sím-
projeto do lighting designer, pois em todos os casos bolos fortes, a luz pode agregar um suplemento de
determinarão a atmosfera, o clima do local. A luz sentimento à visão noturna da obra arquitetônica ou
gera impressões psicológicas, imprime de maneira do monumento.
duradoura e diferenciada a nossa percepção do
espaço ou a imagem de um local. Ela provoca sen- A participação no grafismo
sações e nos associa a símbolos que permitem qua- dos sinais urbanos
lificar a ambiência do espaço que percorremos. Por
exemplo, a simples escolha de lâmpadas com uma A luz é também um dos elementos da sinalética
determinada tonalidade e cor pode facilmente gerar – ciência dos sinais e da comunicação. Ela subli-
associação às noções de calor e de frio pela maio- nha um eixo, indica uma direção, afirma uma inten-
ria das pessoas. ção. Com a iluminação pode-se marcar uma pers-
A luz tem sido sempre relacionada com a obs- pectiva, redesenhar uma trajetória e guiar o cida-
curidade ou com as sombras sempre que se quer dão na cidade.
simbolizar uma evolução ou uma dualidade. Ela tem A cidade noturna é invadida por um feixe de
sido muitas vezes identificada com o divino. A luz sinais e de informações que muitas vezes pertur-
bam a leitura dos espaços. Mas estes signos lumi-
Foto: Divulgação

nosos, abstratos ou significativos, podem explicitar


um espaço, como marcos luminosos ao longo do
contorno de uma praça, exprimir trajetórias gráfi-
cas, perspectivas importantes, percursos reais,
imaginários ou poéticos, e permitir visualizar algu-
mas das tramas que tecem a malha urbana, como
as vias subterrâneas, os canais, as linhas de ôni-
bus ou de trem, etc.

A luz pode também ser metafórica:


ela restitui a idéia de fausto,
de cerimônia, de festa.

Fachada da Harrods
Londres – UK

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exemplos nos EUA e bastante repercussão no Bra-

Fonte: Reprodução do Livro L’Urbanisme Lumière de Roger Narboni


sil, já têm algumas propostas. Eventualmente sob a
rubrica de projetos de City Beautification, são de-
senvolvidos projetos pontuais, limitados a iluminar
aqui e ali um ou outro edifício ou monumento, po-
rém em geral desvinculados de referências concei-
tuais ou urbanísticas, descompromissados em es-
tabelecer relações definidas e consistentes com o
entorno. Esta expressão, já bastante difundida, tam-
bém abriga outras intervenções voltadas para me-
lhoria da qualidade de vida urbana, e que não são
necessariamente ligadas à iluminação. Estes pro-
gramas ainda necessitam de uma conceituação cla-
ra e responsável, especialmente sobre o impacto
urbanístico que provocam.
Já a proposta francesa - L’Urbanisme Lumière -
encerra em si uma abordagem integradora,
O Plano Diretor de A luz da mídia também se constitui hoje em im- conceituando que a iluminação da cidade não é uma
Ambiências Luminosas portantíssimo componente da iluminação urbana. In- intervenção que vai simplesmente sobrepor um es-
do Rio Sena em Paris, corpora com rapidez as mais recentes tecnologias e paço da cidade. É sim uma arte que se define no
concebido por Roger
necessita ser convenientemente monitorada, pois mesmo momento da conceituação do projeto urba-
Narboni, considerou a
provoca grande impacto na ambientação da cidade. nístico, formulando também as ambiências que a
iluminação das duas
margens do rio, cidade deverá proporcionar durante a noite. E com
em plano e em L’Urbanisme Lumière a mesma atenção e detalhe com que é definido o
elevação. x City Beautification espaço para o uso diurno. É intervenção de ampli-
tude urbanística, no momento em que organiza e
Buscando requalificar os espaços das cidades, recria o espaço e a ambiência noturna da cidade.
diversas intervenções têm sido postas em prática Sob esta ótica integradora, todos os sistemas
pelos governantes, em especial a iluminação de de iluminação da cidade, públicos e privados, até
monumentos significativos, centros históricos impor- hoje considerados pelos urbanistas apenas pela sua
tantes, edifícios de valor arquitetônico e histórico, simples presença como mobiliário urbano, são defi-
paisagens de interesse turístico, etc. Paralelamen- nidos em níveis mais precisos, devendo vincular-se
te, entidades particulares e religiosas também se e reportar-se aos partidos adotados pelo planeja-
sentem motivadas a iluminar seus edifícios, que mento do espaço urbano, sendo utilizados pelos
poderiam se incluir na categoria de patrimônio afeti- urbanistas como os principais instrumentos gerado-
vo dos cidadãos. res das impressões noturnas das cidades.
Ocorre que estas intervenções, sempre fortes Assim definido, L’Urbanisme Lumière resgata
na paisagem noturna das cidades, se dão sem mui- o papel da iluminação urbana, que evolui em sua
tas considerações com relação ao impacto que pro- compreensão e importância, já que a luz fabrica
vocam sobre o cenário urbano. A ausência de ins- imagens, comunica e principalmente, recria a ci-
trumentos reguladores destas intervenções, como dade. Vai além do simplesmente funcional, propi-
Planos Diretores de Iluminação Pública e Privada, ciando a segurança necessária para ir e vir, pois
concorre ainda mais para a leitura desorganizada leva em conta a singularidade da cidade, sua his-
da cidade noturna que a arquitetura iluminada sem tória, sua morfologia, sua personalidade, com vis-
critérios pode produzir. tas a criar uma silhueta noturna original e inovado-
Alguns destes movimentos ganham difusão, ra, buscando a interação entre os espaços ilumi-
estimulando as Prefeituras a investir na iluminação nados e o entorno próximo ou distante, pensando
de suas cidades. Os programas de iluminação de de uma forma macro a iluminação e as ambiências
monumentos e de centros históricos, com inúmeros da noite das cidades. ■

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