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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSO Nº 0086900-17.2013.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: JOILTON DE LIMA REBOUÇAS
RECORRIDO(A): COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA –
COELBA
JUIZ PROLATOR: MÁRCIO REINALDO MIRANDA BRAGA
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA.


QUEDA DA ENERGIA, DANIFICANDO A FIAÇÃO ELÉTRICA
(CABO E DISJUNTOR) O QUE PROMOVEU A SUSPENSÃO DO
SERVIÇO NA UNIDADE CONSUMIDORA. SENTENÇA QUE
JULGOU IMPROCEDENTE A PRETENSÃO DEDUZIDA.
EMPRESA RECORRIDA SOMENTE CONCLUIU A TROCA DO
EQUIPAMENTO DANIFICADO APÓS TRÊS DIAS, NÃO
OBSTANTE OS DIVERSOS CHAMADOS REALIZADOS PELO
CONSUMIDOR. PRESTAÇÃO DEFEITUOSA DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DA FORNECEDORA DO
SERVIÇO NÃO ILIDIDA POR CAUSA LEGAL EXCLUDENTE.
PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO DO CONSUMIDOR
PARA ARBITRAR VALOR INDENIZATÓRIO ADEQUADO AOS
FATOS E CIRCUNSTÂNCIAS APURADOS.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que o Recorrente, JOILTON DE LIMA REBOUÇAS, pretende a reforma da
sentença lançada nos autos que julgou improcedente a pretensão deduzida, buscando a
condenação da Recorrida, COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA
BAHIA – COELBA, ao pagamento de indenização por danos morais, face à suspensão dos
serviços de energia na unidade consumidora, em razão de queda de energia que danificou as
instalações elétricas, somente tendo a empresa fornecedora reparado o problema após três
dias.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO

Assiste razão ao Recorrente, senão vejamos:

A Recorrida não se desincumbiu do ônus de provar qualquer causa


excludente da responsabilidade civil objetiva consagrada no CDC, nos termos de seu art. 14,
caput e § 3º, razão pela qual deve ser compelida a ressarcir todos os prejuízos sofridos pelo
Recorrente, que teve a fiação elétrica (disjuntor e cabo) danificados na forma caracterizada
nos autos, em decorrência das oscilações da tensão elétrica fornecida pela Recorrente à
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unidade consumidora informada.

No caso, a Recorrida não fez qualquer prova de que o serviço de reparo


dos equipamentos (disjuntor e cabo) foi prestado a contento, vez que, foram necessários três
dias para a conclusão do conserto e diversos chamados abertos pelo Recorrente, que ficou
durante esse período privado de serviço essencial.

Discutindo-se a prestação defeituosa de serviço incide a responsabilidade


civil objetiva inerente ao próprio risco da atividade econômica, consagrada no art. 14,
caput), do CDC, que impõe ao fornecedor o ônus de provar causa legal excludente (§ 3º do
art. 14), algo que a Recorrida não se desincumbiu, já que não carreou aos autos o áudio das
reclamações recebidas, demonstrando que solucionou o problema em tempo hábil. Ao
contrário, a Recorrida limitou-se a negar a má prestação do serviço sob o fundamento de que
o Autor não teria informado o problema ou mesmo realizado qualquer reclamação.

Por outro lado, consoante documentos coligidos aos autos, o Autor por
diversas vezes informou os números de protocolos das ligações realizadas para comunicar à
Recorrida acerca da suspensão do serviço de energia.

Assim, no que concerne aos danos morais, entendo que razão assiste ao
Recorrente.

Encontrando previsão no sistema geral de proteção ao consumidor inserto


no art. 6º, inciso VI, do CDC, com recepção no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal, e
repercussão no art. 186, do Código Civil, o dano eminentemente moral, sem consequência
patrimonial, não há como ser provado, nem se investiga a respeito do animus do ofensor.
Consistindo em lesão de bem personalíssimo, de caráter subjetivo, satisfaz-se a ordem
jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele existe simplesmente pela conduta
ofensiva, sendo dela presumido, tornando prescindível a demonstração do prejuízo concreto.

Com isso, uma vez constatada a conduta lesiva e definida objetivamente


pelo julgador, pela experiência comum, a repercussão negativa na esfera do lesado, surge a
obrigação de reparar o dano moral.

Na situação em exame, o Recorrente não precisava fazer prova da


ocorrência efetiva dos danos morais relacionados aos fatos apurados. Os danos dessa
natureza se presumem pela suspensão da prestação do serviço de energia, tido como
essencial, de forma reputada indevida, o que, inegavelmente, vulnerou sua intangibilidade
pessoal, sujeitando-o ao constrangimento, grave aborrecimento e incômodo, tendo a esfera
íntima agredida ante a atividade ilícita da Recorrida.

Através da reparação do dano moral não se busca refazer o patrimônio, já


que este não foi diminuído, mas sim dar à pessoa lesada uma espécie de satisfação, que lhe
passou a ser devida em razão da sensação dolorosa experimentada. Não se procura, assim,
pagar a dor ou atribuir-lhe um preço e sim atenuar o sofrimento experimentado, que é
insuscetível de avaliação precisa, mormente em dinheiro.

Como não há fórmula de equivalência entre a lesão moral e quantia em


dinheiro, e como os fatos repercutem diferentemente no ânimo de cada indivíduo, a doutrina
e jurisprudência são unânimes em admitir o caráter meramente compensatório da reparação
dos danos morais. A par dessa compensação erigida em favor da vítima, o ressarcimento do
dano moral se impõe também como forma de punir o ofensor, incutindo-lhe temor para que
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não mais dê causa a eventos semelhantes. A indenização, assim, deve ter caráter reparatório
e inibitório-punitivo. Outrossim, embora a reparação deva ser a mais ampla possível, o valor
da indenização não pode gerar enriquecimento ilícito, transformando o dano em fonte de
lucro, agravando, sem proveito, a obrigação do ofensor, nem pode ser inexpressiva, a ponto
de servir de estímulo a novas violações, e causar frustração e melancolia à vítima tão grande
quanto a própria ofensa.

Segundo construção jurisprudencial, o valor a ser arbitrado deve obedecer


ao binômio razoabilidade e proporcionalidade, devendo adequar-se às condições pessoais e
sociais das partes envolvidas. As características, a gravidade, as circunstâncias, a repercussão
e as conseqüências do caso, a eventual duração do sofrimento, tudo deve servir de baliza
para que o magistrado saiba dosar com justiça a condenação do ofensor. “O arbitramento da
condenação a título de dano moral deve operar-se com moderação, proporcionalmente ao
grau de culpa, ao porte empresarial das partes, suas atividades comerciais, e, ainda, ao
valor do negócio, orientando- se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela
jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à
realidade da vida, notadamente à situação econômica atual, e às peculiaridades de cada
caso”. (STJ - Ac. unân. da 4ª T., publ. em 8-3-2000 - AG-Al 244.708-MG - Rel. Min. Sálvio
de Figueiredo). Tais aspectos só podem ter influência – vale a ressalva – na definição do
quantum indenizatório e nunca no reconhecimento da existência do dano moral, já que ele se
mostra presente a partir da comprovação da ocorrência do ilícito causador, sendo
desnecessária a prova do prejuízo moral efetivamente sofrido.

Buscando parâmetros para o arbitramento dos danos morais vislumbrados,


lembro que a Recorrida tem reiterado na prática de acusar consumidores de desvio de
energia através de inspeções unilaterais, suspendendo a prestação do serviço, e, mesmo
seguidamente condenada ao pagamento de indenizações por danos morais tem persistido nos
comportamentos desrespeitosos aos consumidores, indicando que as admoestações
econômicas são para ela desprezíveis.

No entanto, embora convencido de que, na forma descrita nos autos, o


evento atacou valores subjetivos individuais, naturalmente caros para o Recorrente, o valor
da indenização pedido, ou seja, R$ 27.120,00 (vinte e sete mil, cento e vinte reais), mostra-
se excessivo, capaz de gerar um acréscimo patrimonial injustificado.

Assim, atendendo às peculiaridades do caso, entendo que emerge a quantia


de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) como próxima do justo, o qual se mostra capaz de
compensar, indiretamente, os sofrimentos e desgastes emocionais ocasionados a sua pessoa,
reconhecidos na sentença, e trazer a punição suficiente ao agente causador.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR


PROVIMENTO PARCIAL ao recurso interposto pelo Recorrente, JOILTON DE LIMA
REBOUÇAS, para, reformando integralmente a sentença hostilizada, condenar a
Recorrida, COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA – COELBA,
ao pagamento de indenização a título dos danos morais, aqui arbitrados na importância de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), acrescida de juros, contada da citação, e correção monetária,
contada a partir do julgamento do recurso.

Não se destinando a regra inserta na segunda parte do art. 55, caput, da Lei
9.099/95, ao recorrido, mas ao recorrente vencido, deixo de condenar a parte recorrida ao
pagamento de custas e honorários advocatícios.

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Salvador-Ba, Sala das Sessões, 14 de abril de 2014.

Rosalvo Augusto Vieira da Silva


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO Nº 0086900-17.2013.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: JOILTON DE LIMA REBOUÇAS
RECORRIDO(A): COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA –
COELBA
JUIZ PROLATOR: MÁRCIO REINALDO MIRANDA BRAGA
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA.


QUEDA DA ENERGIA, DANIFICANDO A FIAÇÃO ELÉTRICA
(CABO E DISJUNTOR) O QUE PROMOVEU A SUSPENSÃO DO
SERVIÇO NA UNIDADE CONSUMIDORA. SENTENÇA QUE
JULGOU IMPROCEDENTE A PRETENSÃO DEDUZIDA.
EMPRESA RECORRIDA SOMENTE CONCLUIU A TROCA DO
EQUIPAMENTO DANIFICADO APÓS TRÊS DIAS, NÃO
OBSTANTE OS DIVERSOS CHAMADOS REALIZADOS PELO
CONSUMIDOR. PRESTAÇÃO DEFEITUOSA DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DA FORNECEDORA DO
SERVIÇO NÃO ILIDIDA POR CAUSA LEGAL EXCLUDENTE.
PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO DO CONSUMIDOR
PARA ARBITRAR VALOR INDENIZATÓRIO ADEQUADO AOS
FATOS E CIRCUNSTÂNCIAS APURADOS.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS,
EDSON PEREIRA FILHO e ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso
interposto pelo Recorrente, JOILTON DE LIMA REBOUÇAS, para, reformando
integralmente a sentença hostilizada, condenar a Recorrida, COMPANHIA DE
ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA – COELBA, ao pagamento de indenização a
título dos danos morais, aqui arbitrados na importância de R$ 5.000,00 (cinco mil reais),
acrescida de juros, contada da citação, e correção monetária, contada a partir do julgamento
do recurso. Não se destinando a regra inserta na segunda parte do art. 55, caput, da Lei
9.099/95, ao recorrido, mas ao recorrente vencido, deixo de condenar a parte recorrida ao
pagamento de custas e honorários advocatícios.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 14 de abril de 2014.

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JUIZ WALTER AMÉRICO CALDAS
Presidente

JUIZ ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator

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