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Shillinsburs / Jacobi / Brackctt

para Restaurações Metálicas e de Porcelana

r
-

Edição do
Estudante quintessence
books
índice

Introdução ................................................................................................................ 9

Capítulo1 Princípios Biomecânicos dos Preparos ....................................................... 13

Capítulo2 Linhas de Terminação e o Periodonto ......................................................... 45

Capítulo3 Instrumentos Cortantes Rotatórios - (ICR)................................................. 61

Capítulo4 Coroa Total Veneer ...................................................................................... 83

Capítulo5 Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior............................................................. 95

Capítulo6 Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior ............................................................... 115

Capítulo7 Coroa Parcial 3/4 ......................................................................................... 133

Capítulo8 Coroas Parciais 3/4 Modificadas com Pino................................................. 153

Capítulo9 Coroa Parcial 7/8 ......................................................................................... 173

Capítulo10 Meia Coroa Proximal.................................................................................. 189

Capítulo11 Incrustações ............................................................................................... 205

Capítulo12 MOD com Cobertura Oclusal .................................................................... 237

Capítulo13 Coroas Metalocerâmicas para Dentes Anteriores .................................... 259

Capítulo14 Coroas Metalocerâmicas para Dentes Posteriores .................................. 279

Capítulo15 Coroas Totais em Cerâmica Pura ............................................................. 295

Capítulo16 Modificações de Preparos em Dentes Danificados .................................. 321

Capítulo17 Modificações dos Preparos para Situações Especiais ............................. 359

índice de Autores............................................................................................................. 377

índice Remissivo... 385


Introdução

As restaurações metálicas fundidas e de certa tendência em se considerar a fase de


porcelana constituem um importante capí- preparos dentários com negligência e, do
tulo da odontologia restauradora. Devido a ponto de vista técnico, de pouca importân-
sua resistência e configuração circular, as cia; afinal, o dente preparado será "inteira-
coroas fundidas permitem a reconstrução mente recoberto". Ninguém o verá. Um
de dentes individuais e a reposição de den- planejador de currículo odontológico chegou
tes perdidos de maneira permanente, o que a declarar que ele poderia treinar chimpan-
não era possível por outros meios de trata- zés para realizar preparos para coroas to-
mento. As coroas de porcelana podem ser tais (talvez os mesmos chimpanzés que a
confeccionadas de tal maneira que o paci- NASA planejou para o uso no "consagrado"
ente, numa observação rápida, teria dificul- programa espacial!).
dade em distingui-las dos dentes vizinhos O preparo dentário é a fase mais impor-
íntegros. É possível que uma coroa fundida tante do tratamento; embora alguns clíni-
confeccionada com cuidado em um padenle cos nunca o realizem conscientemente.
12
motivado dure 30 ou mesmo 40 anos . In- Deve ser realizado com carinho e meticulo-
felizmente, vemos muitos casos contrários. sa atenção aos pormenores, como vitalida-
O sucesso das restaurações protéticas de da polpa, saúde periodontal, bom resul-
cimentadas, seja metálica, de porcelana ou tado estético, oclusão funcional, proteção
uma combinação de ambas, começa com das estruturas remanescentes pois a longe-
um diagnóstico preciso e um plano de tra- vidade da restauração dependerá deste
tamento racional. O melhor tratamento só procedimento cuidadoso. O Dr. Lloyd Miller
poderá ser obtido se o material e o dese- resumiu este pensamento suscintamente
nho dos preparos forem combinados com quando escreveu: "Nenhum outro procedi-
as necessidades do paciente. Nesta época mento clínico na prótese fixa revela mais o
do "Fiscodontics", com ênfase nas quotas cuidado, a delicadeza e o bom-senso usa-
de produção diária, vale a pena lembrar que dos por um dentista do que a qualidade de
as necessidades do paciente devem preva- um preparo dentário"3.
lecer sobre as do dentista. Os preparos dentários nem sempre foram
A importância dos preparos dentários é considerados procedimentos importantes.
frequentemente perdida no emaranhado do Sua importância cresceu rapidamente com
plano de tratamento, - manutenção perio- o desenvolvimento da tecnologia que permi-
dontal, materiais e técnicas de moldagem, tiu uma adaptação mais precisa das restau-
oclusão, cimentação e estética. Há uma rações fundidas. Com a melhora da tecnolo-
Introdução

gia na obtenção das restaurações fundidas, timos 100 anos muitos cirurgiões-dentistas
houve também desenvolvimento simultâ- contribuíram nos desenhos e técnicas dos
neo na complexidade dos desenhos das res- preparos, como veremos nas páginas se-
taurações e, portanto, em sua aceitação guintes. Alguns desenhos e técnicas foram
como retentores nas próteses mais sofistica- experimentados e abandonados, seguidos
das. mais tarde por "novo desenvolvimento"
Embora Fauchard, por volta de 17464, quando instrumentos ou materiais se torna-
empregasse uma coroa tipo pivô com um ram aceitáveis para fazer o velho conceito
pino projetando-se no conduto radicular, funcionar.
para retenção, foi a coroa laminada de ouro Sempre tentamos identificar todas as
de Beers, com soldas laterais e cúspides pessoas associadas a uma ideia, mesmo
estampadas, desenvolvida em 1849 e pa- que tradicionalmente elas não acreditem no
tenteada em 1873, que permitiu a obtenção seu desenvolvimento. Sem dúvida, às ve-
de restauração de dente totalmente recober- zes temos fracassos porém sempre defen-
5
to . Essa coroa foi modificada por Matherson demos os profissionais que trabalham para
em 1883 para coroa com uma face desco- melhorar a qualidade das restaurações
berta, e a verdadeira coroa parcial veneer dentárias o que anteriormente não reconhe-
4
apareceu com Benneti, em 1885 , chamada cíamos.
de coroa parcialmente coberta. Este con- De início, os procedimentos restaurado-
ceito foi mais bem desenvolvido e reco- res eram empíricos e mais limitados pela
nhecido como coroa três quartos de Carmi- tecnologia acessível do que pela falta de
6
chael em 1901 . engenhosidade dos dentistas. O conceito de
As coroas três quartos antigas não eram G.V. Black sobre extensão para prevenção
fundidas. Eram obtidas com lâmina de ouro era fundamentado em parte pela instrumen-
adaptada nas paredes do preparo do dente tação primitiva acessível em 1 S9"\9. Os. YTY=>-
e em seguida soldadas com fios de ouro trumentos de seu tempo eram grosseiros e
trabalhados e adaptados nos sulcos de re- facilmente deformáveis. Aproximadamente
tenção do preparo. As incrustações também meio século depois é que se desenvolve-
eram obtidas de maneira semelhante: a sol- ram os instrumentos rotatórios diamantados
da era escoada dentro de uma lâmina de e de carbide para uso odontológico, e a efi-
matriz e adaptada à cavidade preparada. A ciência desses instrumentos não foi com-
adaptação de ambas, isto é, da restauração pleta até o aumento dramático das veloci-
intra e extracoronária foi melhorada quando dades das peças de mão.
Taggart adaptou a técnica da^era perdida Estes avanços tecnológicos não diminuí-
na odontologia, em 19077. ram a necessidade de os dentistas aprimo-
No mesmo período em que novos tipos •
• rarem suas habilidades e conhecimentos
de restaurações totalmente metálicas esta- técnicos. Ao contrário, exigem muita destre-
vam sendo desenvolvidas, foram estudos za e conhecimento elevado. A tecnologia e
realizados para a confecção de restaurações a habilidade manual do operador permitem
que melhorassem o paciente - estética e N obter mais rendimentos e em alta qualida-
funcionalmente. A melhor fase nesta dire- de. Poí^m,^ej^Q^^uveL±íahíMa.úe^ejíí>
ção foi o desenvolvimento da coroa de por- rnínio da profissão, a_Jecj3elo4jia_^impies-
8
celana, introduzida por Land em 1886 . mente possibilita reajjzartrabalhos desas-
Esses desenvolvimentos técnicos exigi- trosos.
ram modificações nas formas de preparos E nosso desejo proporcionar ao leitor me-
existentes para melhor aproveitamento do lhor compreensão e racionalização dos de-
material e desenho da restauração. Nos úl- senhos dos preparos dentários. Esperamos

10
Introdução

mostrar claramente a técnica atual, de ma- de Odontologia este livro apresenta infor-
neira simples, para auxiliar o iniciante a trei- mações pormenorizadas sobre os desenhos
nar sua habilidade manual e tornar-se um usados menos frequentemente, servindo
bom dentista restaurador. Para o estudante como revisão de princípios básicos.

Referências

1. Smith, D. E. Fixed bridgework in the vanous phases of 5. Talbot, E. S. Gold crowns. Dent. Cosmos 22:463,
dental practice. J. South. Calif. Dent. Assoe. 9:13, 1880.
1942. 6. Carmichel, J. P. Attachment for inlay and bridgework.
2. Stibbs, G. D. Individual intracoronal cast restorations. Dent. Rev. 15:82, 1901.
Oper. Dent. 10:138, 1985. 7. Taggart, W. H. A new and accurate methodof making
3. Miller, L. A clinician's interpretation of tooth prepara- inlays. Dent. Cosmos 49:1117, 1907.
tions and the design of metal substructures for metal- 8. Land, C. H. A new system of restormg baldy decayed
ceramic restorations. pp. 173-206 In J. W. McLean teeth means of an enamelled coating. Independem
(ed.) Dental Ceramics: Proceedmgs of the 1st Interna Pract. 7:407, 1886.
tional Symposium on Ceramics. Chicago: Quintessen- 9. Sigurjons, H. Extension for prevention: Histoncal de-
cePublishingCo., 1983. velopment and current status of G. V. Black's concept.
4. Lovel, R. W. The restoration ofteeth bycrowing. Dent/ Oper. Dent. 8:57, 1983.
Pract. 1:336, 1951.

11
Capítulo 1

Q Princípios Biomecânicos dos Preparos

de quanta estrutura do dente pode ser se-


guramente removida, ou qual a profundida-
de necessária de um preparo, a média da
O desenho e o preparo de um dente para espessura do esmalte e da dentina para os
restauração metálica fundida ou de porce- dentes permanentes da arcada superior são
lana são regidos por cinco princípios: apresentadas na Tabela 1-1 e a dos dentes
p_ermanentes^a^rçada inferior são apre,-
í *•§ 1. preservação da estrutura do dente; sentadas na Tabela 1-2.
2. forma de retenção e resistência;
3. durabilidade da estrutura da restaura A mais comum violação deste princípio é
ção; vista no uso indiscriminado da coroa total
4. integridade marginal e de porcelana, na situação onde se poderia
5. preservação do periodonto. usar uma restauração parcial 4/5 metálica.
É verdade que a coroa totalmente metálica
ou com faceta estética é reconhecida pelos
Às vezes é necessário comprometer um clínicos como a mais duradoura e oferece
1
ou mais princípios por causa de outro. Por maior retenção e resistência. Isto foi rejei-
exemplo.li estrutura íntegra de um dente tado nos últimos anos por vários estudos
njTdfi ser sacrificada para obter melhor for- experimentais.24 Entretanto, é bem prová-
jria retentiva, para criar espaço destinado vel que a mudança da ênfase da restauração
ao volume de material restaurador neces.- parcial 4/5 para coroa total esteja relacio-
sárioà durabilidade da estrutura, para uma nada com a facilidade e conveniência asso-
5 7
coroa estética veneer ou então, para a res- ciadas ao preparo. A decisão para indicar
taujjigão assentar com vedamento perfeito a coroa total veneer só pode ser tomada
das margens. O julgamento da integridade depois de confirmado que a restauração par-
deve ser interpretado segundo os compro- cial 4/5 é inadequada frente a necessidade
8 11
missos e requisitos de uma situação indivi- de retenção ou de estética. "
dual, fazendo-se uma rigorosa análise.
A preservação da estrutura dental exige
mais do que simplesmente evitar a destrui-
Preservação da estrutura do dente ção excessiva; requer também planejamen-
to da restauração para reforçar e proteger
A excessiva remoção da estrutura do o esmalte e a dentina remanescentes, mes-
dente pode ter efeito danoso. Se um dente mo que isto signifique sacrificar uma peque-
for reduzido com muita inclinação ou for na quantidade de estrutura dental adicional
muito curto, será um sacrifício desneces- na superfície oclusal para proteger as cús-
sário para a retenção e resistência. A hiper- pides subjacentes.
sensibilidade térmica, inflamação da polpa
e necrose podem resultar da aproximação
demasiada da câmara pulpar. Como guia

13
£ Tabela 1-1 Espessura do esmalte e dentina em dentes maxilares (mm)*

Oclusal Meio da Coroa JCE


M F D
Material Incisai F Centro L L M F D L

Incisivo Central 0,9 0,7 1,0 0,7 0,7 1,6 1,4 1,6 1,0
Esmalte Dentina 3,4 2,2 2,5 2,3 3,1

Incisivo Lateral 0,9 0,8 1,0 0,6 0,7 1,2 1,1 1,2 0,9
Esmalte Dentina 3,3 1,8 2,2 1,7 2,4
(^\^( ]KO "flj »\ v^v W sC -

ííi
Canino ^ d° Cfttói**!
Esmalte 1,1 "*" 0,7 0,8 0,8 0,7 1,8 2,0 2,2 2,0
Dentina 4,4 2,0 2,7 2,2 2,9

Sulco Cúspide
Primeiro pré-molar Cúspide 1,5 1,3 1,8 3,1
Esmalte Dentina 3,0 3,3 1,2 1,3 1,3 1,4 2,2 2,6 2,2 2,7

Sulco Cúspide
Segundo pré-molar Cúspide 1,7 1,3 1,7 3,2
Esmalte Dentina 3,3 3,4 1,1 1,3 1,1 1,4 2,0 2,2 1,9 2,3

MF DF Centro ML DL

Cúspide 1,8 Fossa Cúspide Cúspide


Primeiro molar Cúspide 1,9
3,9 0,6 1,9 1,9 4,0
Esmalte Dentina 1,3 1,5 1,4 1,6 2,5 2,8 2,6 2,8
Segundo molar Cúspide 2,0 Cúspide 1,9 Fossa Cúspide Cúspide 1,3 1,4 1,3 1,6 2,6 2,9 2,6 3,0
Esmalte Dentina 3,8 0,5 2,1 1,9 4,4

* Modificado de H. T. Shillingburg e C.S. Grace, Espessura de esmalte e dentina, J. South. Calif. Dent. Assoe., 41:33,1973.
Tabela 1-2 Espessura do esmalte e dentina em dentes maxilares (mm)*

Oclusal Meio da Coroa JCE

Material Incisai F Centro L M F D L M F D L


Incisivo
Esmalte 0,9 0,6 0,9 0,7 0,6
Dentina 3,7 1,1 1,1 1,2 0,9 1,5 2,3 1,5 2,4

Canino

Esmalte 1,0 0,6 0,8 0,8 0,6


Dentina 3,6 2,0 2,0 2,1 1,7 2,1 2,8 2,2 2,9

Primeiro pré-molar Cúspide Sulco Cúspide

Esmalte 1,3 1,2 1,1 1,0 1,2 1,0 1,1


Dentina 3,2 2,0 3,0 2,1 2,5 2,1 2,8

Segundo pré-molar Cúspide Sulco Cúspide

Esmalte 1,6 1,3 1,6 1,1 1,3 1,1 1,2


Dentina 3,4 2,7 3,8 2,2 2,6 2,2 2,5

MF DF D Centro ML DL

Primeiro molar Cúspide Cúspide Cúspide Fossa Cúspide Cúspide

Esmalte 2,0 1,8 1,9 0,5 1,9 1,8 1,2 1,5 1,3 1,3
Dentina 3,8 3,3 3,7 3,3 2,5 2,8 2,7 2,6

Segundo molar Cúspide Cúspide Fossa Cúspide Cúspide

Esmalte 2,0 1,9 0,5 1,8 1,8 1,4 1,6 1,5 1,5
Dentina 3,6 3,6 3,3 3,6 2,5 3,0 2,8 2,6

* Modificado de H. T. Shillingburg e C.S. Grace, Espessura de esmalte e dentina, J. South. Calif. Dent. Assoe., 41:33,1973.
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Retenção e Resistência adesão específica e ainda, devido à sua


baixa resistência tênsil, não evita completa-
Se a restauração não permanecer firme mente a separação de uma das superfícies
e encaixada no dente, não se obtém os re- adendas. Os cimentos de policarboxilatos
quisitos funcional, biológico e estético. A sua e os ionômeros de vidro apresentam algu-
capacidade de retenção e resistência de- mas propriedades adesivas sob certas con-
vem ser o suficiente para resistir às forças dições, porém, suas resistências à tração
de deslocamento encontradas em todos os são ainda consideradas baixas, quando
movimentos funcionais. A estimativa das comparadas às suas respectivas resistên-
forças oclusais predominantes em pacien- cias à compressão. Com a recente técnica
tes pode ser avaliada pelo grau de desgas- de ataque ácido entre o metal e a superfície
te ou facetas existentes nos demais den- do esmalte e das resinas, pôde ser alcan-
tes, pela integridade do osso de suporte e çado o valor de resistência tênsil entre 2.270^
2 14
pelo volume dos músculos mastigatórios. Ao a 2.500 Ibjtooi , sob ótimas condições ex-
contrário da expectativa dos estudantes, o perimentais, porém estes valores ainda são
retentor para prótese fixa requer maior re- baixos para permitir-nos ignorar a retenção
tenção e resistência do que uma simples geométrica e a forma de resistência.
restauração individual. Se a força aplicada for paralela à pelícu-
A forma geométrica do preparo é sem la de cimento (Fig. 1 -1 B), o movimento nas
dúvida, um dos fatores mais importantes que interfaces cimento-dente e cimento-metal é
está sob o controle do operador, e é ela que mais facilmente impedido pelas pequenas
determina se a restauração cimentada per- irregularidades das superfícies, do que
manecerá ou não no seu preparo. É ainda quando a força é de simplesmente tensão.
a forma geométrica que determina a orien- O movimento dentro da película de cimento
tação das interfaces dente-restauração, re- é neutralizado automaticamente pela sua
lacionadas com a direção das forças inci- maior resistência ao cizalhamento. Uma for-
dentes. Isto, por sua vez, define se o ci- ça inclinada atuando na superfície da res-
mento numa dada área estará sujeito à ten- tauração forma um componente paralelo e
são, cizalhamento ou compressão. outro perpencidular à união das superfícies
Todos os cimentes apresentam alta re- cimentadas (Fig. 1-1 C). Assim, o cimento
sistência à compressão, baixa resistência está sujeito a uma combinação de forças
à tensão e, à resistência ao cizalhamento, de cizalhamento e de compressão, e o mo-
o valor é intermediário. O cimento de fos- vimento é neutralizado de uma maneira
fato de zinco, por exemplo, apresenta re- melhor do que se as forças fossem pura-
sistência à compressão, ao cizalhamento e mente de tensão ou de cizalhamento. A for-
resistência tênsil de 14.000, 7.900 e ça de compressão, perpendicular à pelícu-
1.300 Ib/pol2, respectivamente.12 Quando la de cimento não produz movimento de
uma parte da restauração é tracionada di- deslocamento da restauração cimentada no
retamente do dente, a separação é evitada dente, a não ser que a magnitude dessa
somente pela baixa resistência à tração e força seja tão grande a ponto de romper o
as propriedades adesivas do cimento (Fig. cimento e deformar as estruturas (Fig.
1-1A). 1-1 D). Essa força raramente é encontrada
Os cimentes dentário se retêm principal- fisiologicamente.
mente pelo embricamento mecânico da pro- A retenção e a resistência podem ser
jeção do cimento nas pequenas irregulari- aumentadas pela forma de preparo, de tal
dades das superfícies em justaposição. O maneira que suas superfícies possam ofe-
cimento de fosfato de zinco não apresenta recer esforços de compressão e cizalha-

16
Princípios Biomecânicos dos Preparos

JÍL

Fig. 1-1 A direção da força aluando sobre um segmentada restauração determina o tipo de pressão à qual a película
de cimento está sujeita. Uma força resultante dirigida para longe do dente produz fadiga de tensão (A), enquanto
uma força paralela à interface produz torção (B). Uma força dirigida de modo a formar ângulo com o dente, produz
uma combinação de torção e compressão (C). Quando a força é perpendicular ao dente resulta em força de com-
pressão (D).

mento quando a restauração estiver sujeita rão estar sujeitas às forças de tensão e
a uma força de deslocamento. •4 Na cizalhamento.
prática, a retenção e a resistência estão
intimamente relacionadas e nem sempre
aparecem claramente distinguíveis. Retenção
Retenção é a habilidade do preparo de im-
pedir o deslocamento da restauração segun- A restauração pode ser deslocada pelas
do a linha de inserção. Sob esta condição, forças direcionadas ao longo do eixo da in-
a película de cimento está sujeita à ação serção, durante a mastigação de alimentos
das forças de tensão e cizalhamento. Re- pegajosos. Se a restauração for um retentor
sistência, por outro lado, é a habilidade do de prótese fixa, uma força direcionada
preparo em prevenir o desalojamento da res- apicalmente ou incidindo em outra parte da
tauração quando submetida às forças em prótese pode produzir uma força de tensão
direção apical, oblíqua ou horizontal. Onde em direção oclusal no retentor e originar
existe resistência efetiva, a película de ci- efeito de alavanca. Há quatro fatores que
mento estará sob compressão, porém, al- estão sob o controle do profissional duran-
gumas partes da restauração ainda pode- te o preparo do dente e que influenciam na

17
Princípios Biomecànicos dos Preparos

100

80


•<
O

40
LU
cr

20

10 15 20 25 30 35 40 45 50
GRAU DE COMICIDADE

Fig. 1-2 Quando aumenta o grau de conicidade de um preparo, a sua capacidade de reter uma restauração diminui
(depois, Jorgensen15).

retenção: (1) grau de inclinaçãou ou conici- cidade (Fig. 12). Teoricamente, o preparo
dade,15 (2) área total da superfície da pelí- mais retentivo seria aquele com paredes
cula de cimento,16 (3) área de cimento sob paralelas. Entretanto, a redução deve ser
efeito de cizalhamento e (4) aspereza da suficiente para permitir um perfeito assenta-
superfície do dente.17 mento da restauração durante a cimenta-
ção e para se conseguir isto, as paredes
devem apresentar ligeira conicidade. Por
Conicidade e Retenção isso, uma conicidade de 2 a 6,5 graus é
considerada ótima.18'23 Isto foi baseado
A habilidade de adesão do cimento para numa inclinação aproximada de 3 graus em
suportar a força de deslocamento depen- cada face, externa ou interna, pela forma
de fundamentalmente da direção da inci- cónica da broca. O resultado seria uma co-
dência dessa força em relação às super- nicidade ideal ou um ângulo de convergên-
fícies cimentadas. Com isto, poderíamos cia de 6 graus (Fig. 1-3).
supor que as paredes opostas de um pre- Estudos sobre preparos para coroas rea-
paro deveriam ser paralelas, o mais pró- lizados por estudantes, mostraram uma mé-
ximo possível, e assim teríamos maior dia de conicidade entre 13 a 29 graus2426.
retenção. Isto foi demonstrado experimen- Modelos de trabalho tomados aleatoriamen-
talmente por Jorgensen,15 que afirmou que, te por Eames e cols. nos laboratórios co-
a retenção diminui quando aumenta a coni- merciais mostraram uma média de coni-

18
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Área da superfície do preparo


Evidentemente, uma área maior de em-
bricamento da película de cimento no den-
te preparado e as características internas
da restauração constituem fatores para ob-
tenção de maior retenção da peça cimenta-
da. Portanto, quanto maior a área da su-
perfície do preparo, maior será a retenção
16 3133
da restauração. A área total da super-
fície peparada é influenciada pelo volume
do dente, pela extensão da cobertura pela
restauração e por outras características
como sulcos ou caixas adicionais no dente
preparado.

Área sob ação de cizalhamento

Para a retenção, a área de cimento que


sofrerá cizalhamento ao invés de esforço
de tração, quando a restauração é sujeita a
Fig. 1 -3 Para produzir uma conicidade ótima de 6 graus,
forças ao longo do eixo de inserção, é mais
ou ângulo de convergência, cada parede axial opos- importante que a área total da superfície.
ta deve ter uma inclinação de 3 graus com o plano de Para diminuir os erros potenciais é essen-
inserção. cial minimizar o esforço de tração.
Para melhorar a resistência ao ciza-
lhamento do cimento a ser utilizado, as pa-
27
cidade acima de 20 graus. Kent e cols. redes opostas do preparo, isto é, duas su-
encontraram conicidade de preparos feitos perfícies em planos separados devem se
por profissionais experientes numa média apresentar quase paralelas entre si e com
de 8,6 a 26,6 graus, dependendo da locali- a linha de inserção. As superfícies opostas
zação na boca, da visualização e acessibi- podem ser internas como as paredes vesti-
lidade. Os sulcos e caixas dos preparos bular e lingual da caixa proximal de um pre-
apresentavam-se com conicidade bem me- paro para incrustação (Fig. 1-4) ou exter-
nor. A média geral desse estudo foi de 14,7 nas, como as paredes axiais de um prepa-
graus.28 ro para coroa total veneer (Fig. 1-5). Po-
Uma conicidade ou convergência total de dem também ser uma combinação de pa-
16 graus é considerada como clinicamente redes internas e externas em oposição. Com
viável e também porporciona retenção ade- as paredes nesta configuração, a restaura-
quada .29'30 A tendência dos operadores ção não poderá ser removida em nenhuma
executarem preparos desnecessariamente direção sem vencer a resistência ao ciza-
cónicos deveria ser evitada, realizando-os lhamento do cimento, que está em contato
com o máximo de cautela para obter coni- com as paredes opostas.
cidade adequada, efetivando-se assim, uma Para se obter uma área cimentada maior
maior retenção, segundo a situação. sob efeito de cizalhamento, as direções nas

19
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1 -4 Uma incrustação (A) depende da retenção in-


terna para mante-la dentro do seu preparo. A retenção
interna é criada pela justeza de adaptação de uma res-
tauração em duas ou mais paredes internas opostas,
ligeiramente divergentes (setas, B).

Fig. 1-5 Uma coroa (A) depende primeiramente da


B retenção externa para resistir à remoção. A retenção
externa é obtida pela aproximação da restauração às
paredes axiais externas do preparo (setas, B).

Fig. 1-6 A retenção é aumentada restringindo-se os pos-


síveis eixos de inserção ou de retirada. O cone truncado
excessivamente cónico tem um número infinito de eixos
de inserção ao longo dos quais uma coroa pode ser re-
tirada (A). A adição de sulcos paralelos ao plano de in-
serção (B) limita o eixo de remoção a uma direção, re-
duzindo assim, a possibilidade de deslocamento.

Fig. 1-7 Um preparo para uma coroa métalo-cerâmica


tem um plano de inserção limitado e excelente retenção
(A). Contudo, se uma das quatro paredes axiais for per-
dida ou ficar descoberta (B), os eixos de inserção e de
remoção serão muito aumentados e a retenção ficará
comprometida.

20
6069? dS-OSO • 869i
VJ. SUN3Q yoti
VHI3IA O VTO9 ^/NV 8JBrincípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-8 Quando uma parede axial estiver descoberta, a retenção será obtida substituindo-se a parede perdida por
sulcos (A), caixas (B) ou pequeno conduto para pino (C).

quais a restauração pode ser removida pre- cial 4/5, colocada no dente será deslocada
cisam ser limitadas somente em uma única para línguo-incisal ou para qualquer outra
35
direção. Assim, a maior parte da superfí- direção (Fig. 1-7B). Para criar uma forma
cie do preparo deve ser ligeiramente para- mais retentiva, caixas, sulcos e pequenos
lela ao eixo de inserção e remoção. Os pre- condutos devem substituir a parede axial
paros exageradamente cónicos têm muitas perdida (Fig. 1-8).36 Essas características
direções para que a força de tração possa retentivas são também usadas para aumen-
remover a coroa (Fig. 1-6A), então, uma tar a retenção num dente severamente
restauração num dente preparado estará danificado.
sujeita a essas forças durante a função. Se
Para tornar o sulco mais eficiente na
características retentivas, como caixas, sul-
substituição da parede vestibular não pre-
cos, etc., forem adicionadas aos preparos,
parada, a parede lingual do sulco deve ser
de tal maneria que uma força que atue em
precisa e perpendicular à superfície axial
uma única direção remova a restauração
adjacente (Fig. 1-9A). Por outro lado, o des-
sem causar a compressão na película de
cimento contra uma ou mais superfícies, a locamento orientado por uma força lingual
retenção será aumentada (Fig. 1-6B). Mes- pode causar o desligamento da curva ao
mo contra a força ao longo do eixo de re- longo dos planos inclinados das paredes lin-
moção, essas características adicionais de guais dos meios, abrindo as paredes axiais
retenção aumentam a área total do filme de e as margens (Fig. 1-9B)
cimento, embora boa parte dessa área adi- - f A altura do preparo é um fator importante
cional esteja sujeita ao cizalhamento puro, na retenção: um preparo altoJBtn mais_
independentemente de outros componentes letejjção do que-um preparo baixo.31'32 37 Isto
da força de tensão. é devido, pelo menos em parte, por sua área
O preparo para a coroa total veneer tem maior (Fig. 1-10) e também pelo fato da
excelente retenção, porque as paredes me- área adicional estar sob efeito de ciza-
sial, distai, vestibular e lingual convergem lhamento maior do que de tensão.
para a direção de inserção numa pequena
-' Devido a sua área de superfície maior, o
área (Fig. 1-7A). Entretanto, se a superfície
preparo que apresenta diâmetro maior (em
vestibular não for preparada, a coroa par-
circunferência) terá então maior retenção do

21
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1 -9 Uma força lingual que atua sobre uma coroa três-quartos recebe resistência efetiva se as paredes linguais do
sulco forem perpendiculares à direção de deslocamento (A). Contudo, as paredes dos sulcos em V atuam como planos
inclinados que eventualmente fazem com que as paredes da restauração se abram (B).

Fig. 1 -10 Todos os outros fatores permanecendo cons- Fig. 1-11 Entre dois preparos com altura e conicidade
tantes, quanto maior for a área superficial da película de iguais, o mais largo (A) tem maior retenção do que o
cimento, maior será a retenção. Por isso, uma restaura- mais estreito (B). Duplicando-se o diâmetro de um pre-
ção em um preparo alto (A) pode suportar uma força paro, dobra-se a área de suas paredes axiais sob tor-
que poderia remover a restauração de um preparo mais ção, e o quádruplo da área da superfície oclusal, onde o
baixo com diâmetro igual (B). Dobrando-se a altura de cimento está sob tensão.
um preparo, quase se duplica a área de suas paredes
axiais.

22
Princípios Biomecânicos dos Preparos

que teria um preparo estreito e com a mes- Ação da Alavanca e Resistência


ma altura (Fig. 1-11 ).3'-38
. As forças principais que atuam durante a
função mastigatória são dirigidas apical-
^Rugosidade da Superfície mente e podem produzir esforços de ten-
são e de cizalhamento na película de cimen-
A adesão do cimento dentário depende
to, porém, isto acontece somente com o
primariamente da projeção do cimento den-
efeito ç|a alavanca. Este efeito é provavel-
tro das irregularidades microscópicas e em
mente o fator predominante no deslocamen-
pequenas retenções de superfícies a serem
to das restaurações cimentadas que ocorre
unidas, portanto, a superfície do preparo
quando a linha de ação da força passa fora
não deveria ser altamente polida. Dilo e
da área da superfície do preparo ou quan-
Jorgensen descobriram que a retenção de
do a estrutura metálica se flexiona. Em con-
uma restauração cimentada com cimento de
sequência desse mecanismo, todas as es-
fosfato de zinco em modelos padrão com
truturas, nestas situações, deveriam ser
conicidade de 10 graus era duas vezes
consideradas rígidas.
maior em preparos com 40 um de rugo-
sidade comparada com a de preparos com Se a força passar dentro da margem do
10 um de rugosidade, enquanto Smith não preparo, ela não inclinará a restauração
encontrou diferenças significantes nas res- (Fig. 1-12A). As margens em todos os la-
taurações cimentadas em preparos com 14 dos da restauração são suportadas pelo
graus de conicidade cuja rugosidade varia- preparo. O torque meramente produzido ten-
va por um fator de 24 da mais lisa para a de a assentar ainda mais a coroa. Se a mesa
mais rugosa.39 oclusal da restauração for larga, a força ver-
tical pode passar fora da superfície supor-
tada pelo preparo e produzir torque des-
trutivo (Fig. 1 -12B). Isto pode também ocor-
Resistência
rer nas coroas colocadas em dentes incli-
nados e nos retentores de prótese fixa em
A resistência previne o deslocamento da
cantilever.
restauração pelas forças direcionadas
apical, oblíqua ou horizontalmente. Se a pe- Se a força aplicada na coroa cimentada
lícula do cimento for rompida pelo escor- formar um ângulo oblíquo, poderá produzir
regamento da restauração ou pela inclina- uma linha de ação que passará fora da es- ^
ção exagerada das paredes do preparo por trutura do dente de suporte (Fig. 1-13). O ^
uma pequena fricção de um milímetro, a ponto sobre a maraem cervical situado mó.- u
restauração será danificada pela ação de ximo da linha je ação da força é chamado <$
fluido de percolação, com dissolução do ci- fulcro ou centro de rotação. A magnitude de -^
mento e recidiva de cáries. A resistência ao torque produzido é igual à força aplicada
escorregamento e a inclinação devem ser multiplicada pelo seu braço de alavanca, que é a
planejadas no preparo para formar paredes menor distância entre a linha de ação da
que impeçam os movimentos previstos. força e o fulcro. Em equilíbrio, este torque é
1
Quanto majs perpendjculaies ajorça, maior balanceado pela soma da resistência
será a resistência proporcionada peja SUJL tênsil, do cizalhamento e do esforço de com-
rjerííciajle surjorte, isto porque o cimento pressão, gerados na película de cimento.
40
será comprimido e os erros serão menos Quanto mais longe do fulcro estiverem essas
prováveis de ocorrer por compressão do que forças de resistência, maior será a sua
por cizalhamento.41 vantagem mecânica.

23
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-12 Quando a linha de ação de uma força aplicada


passa dentro das margens cervicais de uma restaura-
ção, não há produção secundária de forças de desloca-
mentos (A). Quando a linha de ação passa fora das
margens da restauração, produz-se um torque que ten-
de a inclinar ou girar a coroa ao redor de um ponto na
margem (B).

______ ]\
B

Fig. 1 -13 Em P,, o arco de rotação é tangente à super-


fície do preparo, e a película de cimento fica sujeita ape-
nas ao cizalhamento. Existe um componente de com-
pressão em P2 e em todos os pontos para oclusais a P,,
que torna-se maior, quanto mais alta for a localização
do ponto. Em P3 e em todos os pontos para apical do
ponto tangente, as forças têm um componente
de tensão. A resistência mecânica é obtida somente
por pontos oclusais ao ponto tangente.

24
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1 -14 Se os pontos tangentes de todos os arcos de


rotação ao redor de um determinado eixo estiverem
conectados, eles formam uma linha tangente. A área
acima da linha tangente (vermelho) é a área de resis-
tência, que impede a rotação de uma restauração ao
redor do eixo (depois de Hegdahl e Silness42). Para que
um preparo tenha resistência efetiva, a linha tangente
deve estender-se pelo menos até a metade para baixo
do preparo.

*Se o sentido da força incidir no centro de ção do grau de compressão, bem como de
rotação e for perpendicular à película de ci- cizalhamento, enquanto todos os outros
mento na parede oposta do preparo, opon.- pontos da superfície do preparo sofrerão
to onde a linha de força intercepta a pelícu- pouca variação de grau de tensão e contri-
la de cimento pode ser tomado comogonto buirão o mínimo para a resistência ao des-
tpnggnte Neste ponto, o arco de rotação locamento do preparo.
ao redor do fulcro é tangente à superfície
do preparo e aí a película de cimento está
sujeita somente ao efeito de cizalhamento.
Todos os pontos oclusais ao ponto tangen- Altura do Preparo e Resistência
te estão sujeitos aos esforços de tensão e
compressão. Quanto mais oclusal estiver A altura do preparo tem forte influência
um ponto do ponto tangente, maior será a na resistência ao deslocamento. Um pre-
componente de força de compressão. O paro baixo terá, proporcionalmente, uma
ponto situado próximo à superfície oclusal diminuição da área de resistência (Fig.
do preparo contribui mais para o efeito da 1-15). A habilidade da restauração resistir
resistência do que a sua situação próxima ao deslocamento depende não somente do
ao ponto tangente, não somente devido a preparo, mas também da magnitude de
vantagem mecânica do seu longo braço de torque. Se duas coroas fundidas com altu-
alavanca, mas também por causa da força ras diferentes forem colocadas em dois pre-
que é dirigida para o ângulo mais inclinado paros com mesma altura e em seguida sub-
da superfície do preparo. metidas a forças idênticas, será mais pro-
Se a linha for projetada passando pelos vável a coroa mais alta falhar, isto porque,
pontos tangentes dos arcos ao redor do eixo a força nela atua através de um longo bra-
de rotação, a película de cimento ao longo ço de alavanca (Figs. 1-16 e 1-17).
desta linha estaria sujeita ao cizalhamento Quando uma coroa relativamente alta for
puro ocasionado por algumas forças apli- colocada num preparo baixo, a forma adicio-
cadas perpendicularmente ao eixo de rota- nal de resistência ao deslocamento, usual-
ção (Fig. 1-14). A área envolvida por esta mente na forma de núcleo, deve ser criada
linha tangente é referida como "área de re- antes de ser colocada a coroa fundida. A
sistência" por Hegdahl e Silness.42 Dentro técnica para este caso será discutida com
desta área, o cimento está sujeito à varia- maiores detalhes no capítulo 16.

25
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-15 A diminuição do comprimento de um preparo


cónico causa uma diminuição desproporcional na área
de resistência. Uma coroa com paredes axiais relativa-
mente alongadas pode resistir a uma força de rotação
grande (A). Embora um preparo que tenha mais da me-
tade do comprimento da precedente, ele tem menos da
metade da área de resistência. Sua coroa fica debilitada
sob uma força que poderia ser facilmente resistida pelo
preparo mais longo (B).

B
Fig. 1 -16 É menos provável que uma restauração baixa
colocada num preparo baixo falhe sob uma força de ro-
tação do que uma restauração alta no mesmo preparo.
A resistência desse preparo é adequada para evitar que
a coroa gire sob a força aplicada (A). Embora o preparo
e a força aplicada sejam idênticas às de (A), a coroa
falha por causa da maior altura da restauração (B).

Fig. 1 -17 O comprimento do braço da alavanca é a me-

^ /
nor distância da linha de ação da força à margem mais
próxima (A). Sobre essa coroa baixa, a força de rotação
é pequena porque o braço de alavanca primário é pe-
quena. Com uma coroa alta (B), a mesma força produz

\
um torque maior porque sua linha de ação passa mais
longe do ponto de rotação.

'

6
t

............ -- L ..
6 A B

26
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-18 Por causa do diâmetro menor, alinha tangente desse preparo estreito localiza-se mais a baixo na parede
oposta ao eixo de rotação resultando em uma área de maior resistência (A). O preparo B é mais largo que o A, mas sua
altura e conicidade são as mesmas. Por causa do raio muito maior do arco de rotação, sua área de resistência é menor
do que a do preparo mais estreito.

Resistência e Largura do dente dente estreito e pela diminuição da área de


superfície axial.
Como foi explicado anteriormente, um A resistência ao deslocamento de um
preparo largn tpm mainr retftnnãn dn qiifl preparo num dente largo e curto pode ser
Um prgparn fi.qtrQÍtr> °Ho maomc. alti 11-3 Sob aumentado pela adição de sulcos (Fig.
certas circunstâncias, a coroa colocada num 1 -19). O raio menor de rotação entre o pon-
dente estreito pode ter maior resistência ao to de fulcro e o sulco forma o arco de rota-
deslocamento do que quando colocada num ção, tangente à superfície de resistência na
dente com largura maior. Isto ocorre por- parede do sulco, num ponto baixo, que será
que a coroa colocada num dente estreito melhor do que um longo raio de rotação com
tem raio de rotação menor, resultando em fulcro longe da parede axial. Uma área gran-
uma linha de tangente mais baixa, e uma de da parede do sulco forma um ângulo
área maior de resistência ao deslocamento agudo com o arco de rotação, proporcio-
(Fig. 1-18). Esta vantagem é compensada, nando assim o aumento da resistência ao
em parte, pelo braço da alavanca menor do deslocamento.

27
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1 -19 A fraca resistência de um preparo pequeno e largo (A) pode ser melhorada pela adição de sulcos verticais
(B). Ao lado, em (C), pode ser visto que o arco do raio r2 está efetivamente bloqueado pela área de resistência das
paredes do sulco, enquanto o arco do raio r, encontra pouca ou nenhuma resistência na parede axial.

Fig. 1-20 A área de resistência diminui quando a conicidade do preparo aumenta. Para um cilindro sem conicidade, a
área de resistência deveria cobrir metade das paredes axiais (A). Para um preparo com conicidade ideal, a área de
resistência cobre um pouco menos que a metade das paredes axiais (B). Um preparo supercônico (20 graus) tem
apenas uma pequena área de resistência, perto da superfície oclusal (C).

28
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Tabela 1-3 Dimensões do preparo e suas conicidades máximas*.

Diâmetro do preparo (mm)

Altura do
preparo (mm) 10 11 12 13 14

graus

2 16 12 10 8 7 6 6 5 5 4 4 4
3 24 18 14 12 10 9 8 7 7 6 6 5
4 33 24 19 16 14 12 11 10 9 8 8 7
5 33 + 31 24 20 17 15 13 12 11 10 9 9
6 28 + 37 29 24 21 18 16 14 13 12 11 10
7 24 + 32 + 35 28 24 21 19 17 15 14 13 12
8 21 + 28 + 35 + 33 28 24 21 19 17 16 15 14
9 19+ 25 + 31 + 37 + 31 27 24 22 20 18 17 15
10 17 + 23 + 28 + 33 + 35 31 27 24 22 20 18 17

* Os cálculos são baseados na pressuposição de um preparo simétrico, com paredes axiais retas e uma área de
resistência máxima que é 80% da altura do preparo.
+ Essa é a conicidade máxima do preparo para a altura e diâmetro de um determinado preparo.

Conicidade e Resistência cidade do preparo que ainda permitirá uma


área resistente efetiva para um preparo com
A área de resistência ao deslocamento a altura igual à largura, é o dobro da permi-
de um preparo cilíndrico inclui metade da tida em preparos onde a altura é a metade
superfície axial (Fig. 1-20A). Quando o grau da largura (Fig. 1 -21). As conicidades máxi-
de conicidde aumenta, a linha tangente mas permissíveis para preparo para várias
aproxima-se da superfície oclusal, diminuin- combinações de altura e largura são mos-
do então a área de resistência ao desloca- trados na tabela 1-3.
mento (Fig. 1 -20 B e C). Quanto mais cónico As fórmulas usadas para calcular as coni-
o preparo, menor será a sua resistência ao cidades permissíveis do preparo (ângulos
deslocamento. Um dente curto, pode tor- de convergência) e para determinar a altu-
nar-se facilmente muito cónico durante o seu ra do ponto tangente e a altura do preparo
preparo, perdendo totalmente a sua forma são:
de resistência ao deslocamento.
Um preparo alto e estreito pode ter maior
T = are. sen (2r/W)
conicidade do que um preparo curto e lar-
r = (W sen T)/2 e
go, e ainda, não comprometer a resistência.
h = [W tg (90° - T/2)]/2
Ao invés de um preparo com paredes cur-
tas e largas, elas devem ser conservadas
aproximadamente paralelas para obter for- T = conicidade do preparo em graus r =
ma de resistência adequada. A conicidade altura do ponto tangente em mm W =
permissível de um preparo é diretamente largura do preparo em mm h = altura do
proporcional à relação altura-largura. A coni- preparo em mm

29
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-21 A inclinação das paredes de um preparo que


ainda oferecem resistência efetiva depende da propor-
ção altura/largura. Um preparo com proporção altura/
largura de 1:1 (A) pode ter inclinação de parede de 15
graus e ainda ter resistência efetiva. Um preparo com
proporção de 1:2(B) pode ter inclinação de uma parede
que não seja maior que 7 graus, sem comprometer seria-
mente a resistência. A resistência é arbitrariamente con-
siderada efetiva se a área de resistência se esten-
der pelo menos até a metade para baixo da parede axial.

Rotação ao redor do eixo vertical tacional de deslocamento (Fig. 1-23A). Com


a adição de sulcos obtêm-se área de resis-
Apesar dos exemplos prévios que mos- tência em ângulo reto com o arco da rota-
tramos exclusivamente com a inclinação ou ção, bloqueando o seu efeito (Fig. 1-23B).
rotação da restauração ao redor de um eixo É possível colocar uma coroa total num
horizontal, também é possível a rotação so- preparo cilíndrico e girar o suficiente para
bre um eixo vertical. Quando uma coroa é romper a película de cimento, frente a uma
submetida a uma força horizontal excêntri- força de compressão horizontal (Fig. 1-24A).
ca, os movimentos de torque ocorrem ao As formas geométricas, tais como sulcos
redor de um eixo vertical, bem como no eixo ou "aletas" (Fig. 1-24B) aumentam a resis-
horizontal (Fig. 1-22). Uma coroa parcial tência ao deslocamento pelo bloqueio da
4/5, sem sulcos tem pouca resistência ro- rotação ao redor do eixo vertical.

30
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1 -22 O componente horizontal da força oclusal pode


ter uma influência de rotação sobre a coroa em um pla-
no horizontal.

Fig. 1 -23 Uma coroa parcial veneer que não tem sulcos Fig. 1-24 A simetria axial de um preparo para uma co-
(A) tem pouca resistência à rotação ao redor de um eixo roa total veneer pode permitir rotação da restauração
vertical. Quando há presença de sulcos, suas paredes ao redor do preparo (A). A resistência pode ser obtida
linguais fornecem resistência bloqueando o arco de formando-se planos verticais (aletas), perpendiculares
rotação (B). ao arco de rotação (B).

31
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1 -25 O eixo de inserção ideal para uma coroa total


veneer posterior ou coroa parcial 4/5 é paralelo ao longo
eixo do dente.

Fig. 1 -26 O fato de fazer o eixo de inserção de uma coroa parcial 4/5 anterior, paralelo ao longo eixo do dente pode
resultar em uma exposição desnecessária de metal (A). O eixo de inserção preferido para um preparo anterior é
paralelo aos dois terços incisais da superfície vestibular(B). Isso não só minimiza a exposição de metal, como também
permite que os sulcos sejam mais longos e mais retentivos.

Eixo de inserção prometer a polpa ou os dentes adjacentes.


O eixo de inserção para coroa total e
Antes de reduzir a estrutura de um den- coroa parcial 4/5 em dentes posteriores é
te, o eixo de inserção deverá ser decidido, usualmente paralelo ao longo eixo do dente
lembrando os princípios previamente discu- (Fig. 1 -25). Entretanto, o paralelismo do eixo
tidos. Isto é especialmente importante nos de inserção numa coroa parcial 4/5 anterior,
preparos de elementos de suporte de uma paralela ao longo eixo do dente, produz um
ponte fixa, pois vários eixos de inserção efeito antiestético porque mostra o metal
devem estar paralelos entre si. O eixo de na vestibular (Fig. 1-26A). A estrutura den-
inserção deve ser selecionado para permi- tária na incisai também fica debilitada, tor-
tir que os retentores entrem com suas mar- nando-a susceptível à fratura. Ao invés dis-
gens bem justas nas suas respectivas linhas to, o eixo de inserção para coroa parcial
de terminação do preparo, e sejam removi- 4/5 anterior deverá ser inclinado e paralelo
dos com um mínimo de fricção com a es- aos dois terços incisais da face vestibular
trutura do dente. A redução do preparo, se- (Fig. 1-26B), permitindo que a restauração
gundo o eixo de inserção, não deverá com- não tenha metal visível pela face vestibular.

32
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-27 O percurso de inserção para uma coroa total veneer em um dente posterior com alinhamento normal é
paralelo ao longo eixo do dente (A). Um dente inclinado deve ser manuseado de modo diferente (B). Se o eixo de
inserção em um dente inclinado for paralelo ao longo eixo, a coroa será impedida de assentar pelas partes dos dentes
adjacentes que se projetam no eixo de inserção (C). O eixo correto de inserção desse tipo de dente é perpendicular ao
planooclusal(D).

Esta inclinação também permite executar ser bloqueado pelos contornos proximais de
sulcos longos, com melhor retenção e re- dentes adjacentes (Fig. 1-27C). Neste caso,
sistência ao deslocamento. o plano de inserção é obtido perpendicular-
Normalmente, para uma coroa total em mente ao plano oclusal (Fig. 1-27D).
dentes posteriores ter estrutura durável, de- A perda de contato proximal de longa data
ve apresentar contornos correios e seu eixo é usualmente acompanhada pela inclina-
de inserção deve ser paralelo ao longo eixo ção do dente adjacente no espaço aberto
do dente (Fig. 1-27A). Entretanto, se o den- (Fig. 1-28A). Quando isso ocorre, o eixo de
te for inclinado (Fig. 1-27B), o eixo de inser- inserção, paralelo ao longo eixo do dente
ção paralelo ao longo eixo do dente pode não permite que a coroa assente, mesmo

33
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-28 Como o dente migrou para o


espaço formado por uma lesão cariosa
de longa duração (A), um eixo de in-
serção vertical não permite o assenta-
mento sem a remoção de quantidade
excessiva de estrutura da superfície
proximal do dente adjacente (B). O
problema pode ser solucionado de
modo menos destrutivo, inclinando-se
o eixo de inserção ligeiramente no sen-
tido mesial e removendo pequenas
quantidades de esmalte de ambos os
dentes adjacentes (C). Um caso mais
grave pode exigir verticalização
ortodôntica para se readquirir o espa-
ço necessário.

34
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-29 Quando vistas com um olho a uma distância Fig. 1-30 A visão binocular nunca deve ser empregada
de 30 cm, pode-se ver todas as superfícies axiais de para avaliar um preparo com conicidade correta. Com
um preparo com conicidade ideal ou ângulo de conver- ambos os olhos abertos, um preparo retentivo pode apa-
gência de 6 graus. rentar um grau de conicidade aceitável.

se sua parede distai apresentar contornos Toda a conicidade negativa ou retenção


grosseiros (Fig. 1-28B). O espaço entre os por desgaste insuficiente deve ser elimina-
dentes adjacentes deve ser maior do que o da para que a restauração possa ser ajus-
diâmetro mésio-distal do dente preparado, tada perfeitamente. Para avaliar a conicida-
na linha de terminação gengival. Um acor- de do preparo, o profissional deve examiná-
do aceitável pode ser alcançado inclinan- la com um olho a uma distância aproxima-
do-se o eixo de inserção para que a remoção da de 30 cm ou 12 polegadas (Fig. 1-29).
de uma pequena quantidade de esmalte de Desta maneira, é possível simultaneamen-
cada dente adjacente permita o assenta- te ver todas as paredes axiais do preparo
mento da coroa no dente preparado (Fig. com uma adequada conicidade. Um prepa-
1-28C). Se a perda do espaço for tão gran- ro retentivo, com conicidade negativa de 8
de que seja necessária a remoção de mais graus aproximados, pode serviste usando-
de 50% da espessura do esmalte dos den- se ambos os olhos (Fig. 1-30).
tes adjacentes, ou se não houver espaço Onde for difícil examinar o preparo com
adequado para as ameias gengivais, o dente visão direta, pode-se usar espelho bucal
deverá ser separado e verticalizado (Fig. 1-31). O exame completo da linha de
ortodonticamente. terminação de uma posição fixa deve ser

35
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-31 Usa-se um espelho para avaliar


um preparo onde a visão direta não é pos-
sível. Uma visão desobstruída de toda li-
nha de terminação, fora de circunferên-
cia da superfície oclusal, indica a
conicidade correta.

Fig. 1-32 A combinação dos eixos de inserção de elementos de suporte de uma prótese fixa podem ser avaliados
centralizando-se a imagem de um preparo no espelho e a seguir, movendo o espelho pelo corpo, sem inclinação, até
que-o segundo preparo fique centralizado. Toda a linha de terminação do segundo preparo deve ser visível. Se a
angulaçao do espelho tiver que ser alterada para se ver a linha de acabamento do segundo preparo, os eixos de
inserção dos dois preparos não combinam e é preciso fazer correções.

visível com um olho, sem obstrução por uma movimentado sem mudar de angulaçao, até
parte do dente preparado ou por nenhum que a imagem do segundo preparo seja tam-
dente adjacente. Para verificar o paralelismo bém centralizada (Fig. 1-32). Se a angula-
dos eixos de inserção dos elementos de çao do espelho necessita ser mudada para
suporte de uma prótese fixa, a imagem dos se ver todas as linhas de terminação, isto
preparos é centralizada no espelho. Então, significa que, existem discrepâncias entre
com os dedos apoiados firmes, o espelho é os eixos de inserção dos dentes preparados.

36
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-33 O espaço inter-oclusal existente sobre as cúspides mesiais de um dente inclinado pode ser suficiente para o
preparo de coroa, sem qualquer redução. A redução oclusal uniforme nesse caso, pode produzir espaço inter-oclusal
excessivo e uma parede mesial axial desnecessariamente reduzida (A). Deve-se remover apenas a estrutura do dente
necessária para proporcionar o espaço exigido para a restauração (B). Alguma superfície oclusal original pode não
precisar de nenhuma redução.

Durabilidade da estrutura da que implicam na durabilidade da restaura-


restauração ção: (1) redução oclusal, (2) redução axial
e (3) provisão para reforçar as estruturas.
A restauração fundida deve ser rígida o
suficiente para não sofrer a deflexão e rom-
43
per a película de cimento. Por isso, a es- Redução Oclusal
trutura do dente deverá ser removida até
criar espaço necessário para obter um ade- A estrutura necessária deveria ser remo-
quado volume de material restaurador, que vida da superfície oclusal de um preparo do
será reproduzido sem aumentar os contor- dente, isto porque, quando a restauração
nos normais do dente. Existem três fatores terminada é colocada no dente, ela deve ter

37
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-34 A redução oclusal correta é paralela aos planos oclusais do dente antagónico (A). A redução oclusal plana de
um único plano pode resultar em espessura insuficiente da restauração sob os sulcos e fossa (B). A redução em um só
plano, suficientemente profunda para proporcionar espessura adequada do metal, na área de sulco central, resulta em
perda desnecessária de dentina sobre os cornos da polpa e excessiva diminuição de altura das paredes axiais, com
perda de retenção (C).

volume suficiente para resistir ao desgaste pleto assentamento da restauração fundi-


pelo uso e as possíveis distorções. A espes- da. Pode-se diminuir os esforços ao redor
sura oclusal da restauração varia em fun- dos ângulos evitando-se sulcos profundos
45
ção do material usado. A coroa de ouro re- no centro da superfície oclusal, e também,
quer aproximadamente 1,5 mm de espaço conservando a angulação dos planos oclu-
46
nas cúspides funcionais e 1,0 mm nas cúspi- sais rasos.
des não funcionais. As ligas com alta dure- Às vezes, é necessário o equilíbrio oclusal
za requerem espessura um pouco menor. dos dentes antagonistas ou mesmo a redu-
Se numa coroa metalocerâmica, a porcela- ção das extrusões, que serão feitos antes
na cobrir toda superfície oclusal, será ne- de começar a confecção da restauração.
cessário uma redução adicional de 0,5 mm Também pode-se encontrar cúspides fratu-
de espaço. radas ou fora da oclusão, as quais deverão
A quantidade de redução oclusal não é ser reconstruídas através do enceramento
sempre a mesma como vimos anteriormen- de diagnóstico, para determinar a quanti-
te. Frequentemente, uma parte do dente in- dade de redução oclusal no dente a ser pre-
clinado está mais baixa que o plano oclusal, parado.
21
e neste local a redução oclusal terá menos A superfície oclusal plana é indesejável.
desgaste do que num dente com oclusão Se a superfície oclusal for plana e a re-
ideal (Fig. 1-33). dução conservadora e insuficiente, o me-
A redução oclusal reflete a imagem geo- tal na área de confecção de sulcos fica-
métrica dos planos inclinados, conforme a rá muito fino com risco de perfuração
morfologia da coroa terminada,44 seguindo (Fig. 1-34B). Uma tentativa de evitar este
os planos das cúspides vestibulares e lin- problema rebaixando toda a mesa oclusal
guais antagónicas, como vemos na (Fig. pode causar destruição excessiva da estru-
1-34A). Deve-se evitar planos muito incli- tura do dente e perda de altura das pare-
nados e com ângulos agudos, porque aí se des axiais, comprometendo a retenção e a
concentram os esforços e se impede o com- resistência (Fig. 1-34C).

38
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-35 Um bisel da cúspide funcional em um plano paralelo ao das cúspides opostas, permite a espessura adequada
da restauração sem sacrificar indevidamente a estrutura (A). Se o bisel da cúspide funcional for omitida, é provável que
a restauração fique muito fina nessa área, sujeito à pressão (B). Se a espessura da restauração for obtida fazendo-se
a parede axial supercônica, a retenção fica comprometida (C). Frequentemente, na ausência de um bisel da cúspide
funcional, o técnico faz a coroa muito volumosa (D). Isso pode resultar em sobreoclusão da restauração que poderia
ser corrigida somente por redução oclusal do dente antagónico.

Biselado da cúspide funcional centração de grande esforço. O ângulo


47

das cúspides não funcionais é arredondado


Como parte da redução oclusal, deve ser levemente.
realizado um biselado largo nas cúspides O biselado da cúspide funcional é nor-
funcionais dos dentes posteriores para pro- malmente realizado nas cúspides vestibu-
porcionar durabilidade a estrutura nesta área lares dos dentes inferiores e nas cúspides
crítica. O biselado promove também o arre- palatinas dos dentes superiores num plano
dondamento da linha de ângulo cavo-super- paralelo à inclinação da vertente da cúspide
ficial oclusal, onde poderia ocorrer a con- antagónica (Fig. 1-35A). A localização ina-

39
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1 -36 Quando os dentes estão em relação de mordi-


da cruzada, o bisel da cúspide funcional é colocado nas
cúspides vestibulares dos dentes superiores e nas lin-
guais dos dentes inferiores.

dequada do biselado na cúspide funcional frequente é uma coroa com sobrecontorno


pode resultar em áreas finas e enfraque- que (Fig. 1-37C),48-52 como demonstra Perel,
cimento da restauração (Fig. 1-35B). A resultará em inflamação gengival.53
conjunção do alívio necessário pelo des-
gaste da parede axial pode produzir um pre-
paro muito inclinado diminuindo a retenção
(Fig. 1-35C). Compensar a falta de desgaste Reforço da estrutura
com uma coroa volumosa causará um con-
tato oclusal prematuro (Fig. 1-35D). A durabilidade da estrutura das margens
Na relação oclusal de mordida cruza- de uma coroa totalmente metálica é relati-
da, as cúspides funcionais são invertidas vamente fácil de ser obtida, porque a liga
(Fig. 1-36), e o biselado da cúspide funcio- apresenta alta resistência tênsil. As pare-
nal é colocado nas cúspides vestibulares des axiais circunferenciais da coroa abra-
dos dentes superiores e nas linguais dos çam-se integralmente entre si, como um
dentes inferiores. É importante examinar a barril, e são seguras pelos seus aros. Entre-
oclusão antes de iniciar o preparo do dente. tanto, quando uma ou mais superfícies do
dente são deixadas descobertas, como na
coroa parcial 4/5, a ligadura circunferencial
é perdida. As margens da restauração po-
Redução axial dem ser distorcidas durante a fabricação,
na cimentação e especialmente quando sub-
O segundo pré-requisito para a durabili- metidas às forças oclusais, a não ser que
dade da estrutura é obter uma redução axial essas características negativas sejam com-
54 55
adequada. Quando a redução axial é sufi- pensadas com o reforço da estrutura. '
ciente, as paredes da restauração podem O reforço é efetuado num preparo mésio-
ter espessura satisfatória sem sobrecontor- ocluso-distal (MOD), com cobertura oclusal,
no (Fig. 1-37A). Se a redução axial for ina- através do istmo unindo as caixas proximais
dequada, a restauração com contornos nor- (Fig. 1 -38). Num preparo para coroa parcial
mais será fina e deformável (Fig. 1-37B), e 4/5 é realizada uma canaleta para trans-
seria difícil para o técnico esculpir, revestir formá-la em uma viga metálica unindo os
e fundir sem distorção. Portanto, o resulta- sulcos proximais e proporcionar "efeito de
do de uma redução axial inadequada mais amarria".5657 Este reforço em viga é obtido

40
Princípios Biomecânicos dos Preparos

Fig. 1-37 A redução axial adequada cria espaço para um volume correto de metal dentro dos contornos normais do
dente (A). A redução axial inadequada pode resultar coroa fina e com paredes fracas (B). Provavelmente uma coroa de
contornos volumosos promove retenção de placa bacteriana(C).

Fig. 1-38 Os blocos fundidos de restauração parcial são Fig. 1-39 Criam-se espaços para as vigas de reforço
reforçados por uma viga de metal nas suas porções in- de metal através das superfícies oclusais de coroas
ternas oclusais. Essa viga une as vigas verticais de metal parciais 4/5 posteriores, fazendo-se degrau nas verten-
das caixas ou sulcos proximais para formar estruturas tes internas oclusais das cúspides vestibulares, não
rígidas. funcionais, dos dentes superiores e nas vertentes exter-
nas das cúspides vestibulares, funcionais, dos dentes
inferiores.

41
Princípios Biomecânicos dos Preparos

por meio de canaleta no preparo em dentes porque aparece menos metal. O degrau é
superiores. Nos dentes inferiores realiza-se indicado para proteger as margens, frente
um degrau oclusal (Fig. 1-39). O sulco oclu- a distorção, pelos impactos mastigatórios
sal em forma de canaleta é usado nas cus- na superfície oclusal que incidem nas suas
pides não funcionais dos dentes superiores, proximidades.

--.••

42
Capítulo 2

Linhas de Terminação e o Periodonto

Existem três requisitos básicos para o as linhas de terminação do preparo devem


sucesso das margens da restauração: (1) ter formas que permitam obter um aca-
devem ser bem justas nas linhas de termi- bamento com borda fina nas margens da
nação do preparo para minimizar a espes- restauração.
sura da película de cimento exposto; (2) de- Ainda assim, as melhores coroas falham,
vem ter resistência suficiente para supor- por alguns micrômetros, no seu completo
tar as forças de mastigação e (3) sempre assentamento (Fig. 2-1). Se a superfície pre-
que possível, as margens devem ser loca- parada, que é adjacente à linha de termina-
lizadas nas áreas onde o dentista possa ção, for perpendicular ao eixo de inserção
dar acabamento final das terminações, como um degrau, a fenda marginal, d, será
inspecioná-las e também o paciente possa tão grande quanto a distância D pela qual a
higienizá-las. coroa falha no seu assentamento. Porém,
Um preparo com conicidade adequada é se a superfície interna da margem da res-
essencial para um perfeito vedamento da tauração formar um ângulo m menor que
margem. Não pode haver deficiência na re- 90° com o eixo de inserção, como acontece
dução do preparo ou irregularidade nas pa- com o bisel ou chanfro, d será então menor
redes axiais que impeçam o assentamento que D.
completo da restauração ou que deformem A menor distância da margem da restau-
as margens da restauração durante a inser- ração com a estrutura dentária d, pode ser
ção. Asperezas na superfície do dente, prin- calculada em função de D e o seno do ân-
cipalmente nas margens, podem impedir a gulo m ou o cosseno do ângulo p, que é o
12
justeza de adaptação, portanto todas as ângulo entre a superfície do bisel e o eixo
arestas e superfícies do bisel devem ser de inserção (180 - m):
alisadas com instrumentos finos para se
obter, no acabamento final, linhas de termi-
nação bem nítidas. Discos de granulações d = D sen m, ou d
finas e bocas de carbide são as preferidas = D cos p
3
neste procedimento.
Historicamente, o bisel foi usado como Quando o ângulo m é reduzido, seu seno
meio para compensar a contração de solidi- torna-se menor (Tabela 2-1), assim também,
8
ficação das ligas usadas na fabricação das para d. Quanto mais obtuso o ângulo da
restaurações fundidas.4 estrutura dentária na linha de terminação
horizontal e mais aguda a margem da res-
As margens da estrutura metálica devem tauração, menor a distância entre a margem
ter ângulo agudo na sua borda e evitar ân- da restauração e o dente. Evidentemente,
gulo reto, pois isto facilita um ajuste bem
se o ângulo da borda marginal tornar-se
vedado, M512 Para este procedimento,
muito agudo, a referida distância também

45
Linhas de Terminação e o Periodonto

Fig. 2-1 Um bisel permite uma aproximação mais íntima da margem da coroa ao dente. A distância D, pela qual a coroa
deixa de assentar (A), é refletida na abertura marginal, d, ern uma junção de topo (B). Contudo, na presença de um
bisel, a menor distância da margem à estrutura dentária é menor que D e é uma função do seno do ângulo agudo da
margem, m, ou do cosseno do ângulo obtuso da linha de terminação, p (C).

Tabela 2-1 Senos e cossenos para vários ângulos.

Ângulo (graus)

Função 15 30 45 60 75 90
Seno 0 0,259 0,500 0,707 0,866 0,966 1,000
Cosseno 1,000 0,966 0,866 0,707 0,500 0,259 0

46
Linhas de Terminação e o Periodonto

10C

55C

Fig. 2-2 Quanto menor for o ângulo entre a superfície do dente preparado na linha de terminação e o eixo de inserção,
menor será a abertura marginal para a mesma quantidade de assentamento incompleto. A largura da abertura marginal
para ângulos selecionados é dada como uma porcentagem da distância, pela qual a restauração não assenta. Para
ângulos maiores que 50 graus, a redução não é significante. Os ângulos menores que 25 graus podem produzir uma
margem muito fina e fraca.

será diminuída em grande parte (Fig. 2-2). faceta de cerâmica era empregada dizendo
Portanto, um ângulo de 30 a 45 graus é que, a margem deveria apresentar um ân-
213
considerado ótimo. Se a margem for gulo de 10 a 20 graus para que pudesse
15
muito aguda, pode tornar-se friável. A borda cumprir o objetivo pretendido. O uso do
aguda de algumas ligas pode ser brunida bisel pode aumentar a justeza marginal da
contra a margem do preparo, para melho- restauração, embora exija um mínimo de
10 14
rar a adaptação marginal. ' extensão na profundidade subgengival, e em
McLean e Wilson refutaram a superiori- caso contrário, o uso da coroa veneer com
dade do bisel, onde uma coroa veneer com faceta de cerâmica é inaceitável. Pascoe

47
Linhas de Terminação e o Periodonto

Fig. 2-3 Os impactos que incidem no esmalte próximo de um bisel podem ser suportados sem dano (esquerda). No
entanto, onde não há bisel, os prismas de esmalte desprotegidos, próximos da restauração podem serfraturados mais
facilmente (direita).

Fig. 2-4 Sem um bisel, o preparo pode ter uma borda aguda de esmalte sem apoio (A). As forças oclusais podem
deformar suficientemente a fina camada de ouro subjacente e f raturar o esmalte friável (B). A margem pode ser refor-
çada colocando-se um simples bisel de terminação (C) ou, se a situação estética permitir, um contrabisel (D). Se a
inclinação da superfície oclusal for relativamente plana, o ângulo cavo-superficial pode ser tão obtuso que um bisel
53
para reforço é desnecessário (E). (Depois de Ingraham. )

B
48
Linhas de Terminação e o Periodonto

encontrou que restaurações com sobrecon- na aresta aguda e volume de metal nas pro-
torno com bisel tinham uma discrepância ximidades das margens. A cobertura fina do
16
marginal maior que aquelas com degrau. metal sobre a cúspide pode tornar-se mais
Prado, por outro lado, advogou diferen- resistente, aumentando-se o volume atra-
cialmente restaurações com excesso mar- vés de um bisel colocado no ângulo do pla-
ginal (obtidas de troqueis aliviados até qua- no inclinado da cúspide. Este efeito pode
se as linhas de terminação) em preparos ser demonstrado fazendo-se um vinco per-
com bisel.17 Gavelis e col. afirmaram que to da borda de uma folha de papel. A parte
os preparos com terminação em lâmina de do papel com vinco pode ser segura hori-
faca produziram o melhor selamento, en- zontalmente pela sua borda, ao passo que,
quanto que, com degrau permitiram maior a parte do papel sem vinco inclina-se pelo
facilidade no assentamento de algumas res- seu próprio peso.
taurações em que eles testaram outras ca-
racterísticas marginais.
A resistência e a rigidez da margem de
Biselados
uma restauração podem ser obtidas aumen-
tando-se ligeiramente o volume do metal nas
suas proximidades. Isto pode ser proporcio- A linha de terminação vertical de um pre-
nado por redução oclusal maior ou por de- paro MOD com ou sem cobertura oclusal,
grau, istmo, sulco vertical, caixa ou degrau ou ainda, de um preparo para coroa parcial
gengival. O volume é parte integral de ter- 4/5, é terminada com um biselado, formando
minação marginal em chanfro. borda aguda no metal da restauração fun-
dida, que promoverá uma extensão numa
área acessível. Um biselado difere do bisel
Bisel Oclusal porque é um plano geométrico, ligeiramen-
te inclinado, em relação ao eixo de inser-
As margens do preparo devem ser loca- ção (Fig. 2-5A), e o desgaste é feito atra-
lizadas com a distância mínima de 1,0 mm vés do contorno do dente. Um bisel, por ou-
fora dos contatos oclusais cêntricos para tro lado, segue o contorno do dente e é usa-
evitar distorsão da margem ou fratura da do somente nas linhas de terminação, mais
parede de esmalte contíguo.19 Os ângulos ou menos perpendiculares ao eixo de inser-
cavossuperficiais da parte oclusal do pre- ção. Se um bisel for colocado na linha de
paro terminam em bisel para evitar extremi- terminação vertical, inevitavelmente produ-
dade em ângulo reto que tornaria a aresta zirá retenção, por causa da convexidade do
da estrutura dentária friável e com facilida- dente (Fig. 2-5B).
de de fratura. A aresta aguda do metal e o Nas superfícies mesiais, por serem facil-
ângulo obtuso do esmalte, criados por bisel, mente visíveis, o biselado deverá estender-
podem suportar impactos mastigatórios mui- se, com muita cautela, na espessura de uma
to melhor do que uma aresta de esmalte extremidade do explorador. Nas áreas me-
(Fig. 2-3). nos visíveis, o biselado poderá estender-se
Ò bisel usado como linha de terminação ligeiramente para a superfície vestibular ou
oclusal em restaurações MOD com cober- lingual.
tura oclusal e coroas parciais 4/5 em den- Os planos de dois biselados vestibulares
tes superiores promove uma combinação de um mesmo dente deveriam, a princípio,
de proteção do dente, reforço da estrutura inclinar-se um contra o outro, e convergir
fundida e acabamento marginal (Fig. 2-4). para um ponto qualquer da face vestibular
Obtém-se assim, o requisito que proporcio- do dente. Os planos dos biselados linguais

49
Linhas de Terminação e o Periodonto

Fig. 2-5 Um biselado formado adequadamente é uma superfície plana que corta o dente em ângulo agudo (A). O uso
incorreto de um bisel no lugar de um biselado nas linhas de terminação verticais produz retenções indesejáveis por
causa dos contornos naturais do dente (B).

Fig. 2-6 Os planos de dois biselados vestibulares de-


vem se cruzar ligeiramente vestibular ao eixo de inser-
ção e bem acima na superfície oclusal. Os planos dos
biselados linguais devem se cruzar lingualmente ao eixo
de inserção. Nesta vista oclusal, as linhas escuras são
projeções de linhas desenhadas ao longo dos compri-
mentos de biselados adequadamente colocados.

50
Linhas de Terminação e o Periodonto

Fig. 2-7 Os biselados são adequadamente formados pela remoção de quantidades iguais de estrutura dentária das
paredes de uma caixa ou sulco e a partir da superfície externa do dente (A). Os biselados obtidos às custas da
estrutura dentária interna serão quase paralelos às paredes da caixa (B), resultando em margens que não são suficien-
temente agudas e provavelmente também são insuficientemente estendidas. Os biselados obtidos muito às custas da
superfície externa do dente são muito planos (C). As margens resultantes serão finas, fracas e possivelmente super-
estendidas e com retenções gengivais.

também deveriam convergir para a face lin- ou do sulco, a margem da restauração en-
gual do dente (Fig. 2-6). Um biselado com contrará a linha de terminação do preparo
sua própria inclinação será estreito nas pro- muito próxima da união na parede do pre-
ximidades da linha de terminação gengival paro/parede axial externa do dente, não
e mais largo no sentido da superfície oclusal. podendo estender-se necessariamente para
O biselado deve ser reduzido igualmente na vestibular ou lingual (Fig. 2-7B). Se, por ou-
superfície axial externa do dente e nas pa- tro lado, o biselado for reduzido demasiada-
redes vestibular ou lingual da caixa ou do mente na superfície axial externa do dente,
sulco (Fig. 2-7A). Se o biselado for reduzido as margens da restauração tornar-se-ão
com excesso, avançando nas paredes in- muito finas e enfraquecidas (Fig. 2-7C).
ternas vestibular ou lingual da caixa proximal

51
Linhas de Terminação e o Periodonto

Fig. 2-8 Quando o eixo de inserção precisa desviar marcadamente do longo eixo de um dente, é indicada uma linha de
terminação em lâmina de faca na parede axial, em direção a qual o dente está inclinado. A formação de um degrau ou
um chanfro aqui pode requerer a remoção de muita estrutura dentária e o esmalte na linha de terminação pode tornar-
se muito frágil.

Linha de Terminação Gengival em lâmina de faca não é recomendada pela


dificuldade de se obter nitidez na terminação
Os tipos mais comumente usados de li- no dente e no modelo. Embora esta termina-
nhas de terminação são em forma de lâmina ção produza um bom selamento, a margem
de faca, em degrau simples, degrau biselado da restauração torna-se enfraquecida.20 O
e em chanfro. A linha de terminação em lâ- resultado mais frequente da linha de termi-
mina de faca foi muito popular antes do de- nação em lâmina de faca é obter coroas com
senvolvimento da alta rotação e materiais sobrecontorno.21'22
de moldagem com precisão. É ainda usada Em contraste, o degrau simples é uma
nos preparos em dentes inclinados, onde a distinta linha de terminação que proporcio-
parede axial do dente forma com o eixo de na volume adequado de material na margem
inserção um ângulo maior do que 15 graus (Fig. 2-9). Porém, com o degrau não se con-
(Fig. 2-8). Neste caso, a terminação em lâ- segue a borda fina do metal e ele pode se
mina de faca formará uma linha de ter- tornar frágil, não protegendo a terminação
minação distinta com redução da estrutura marginal da estrutura do dente. Este tipo
do dente menor que a necessária para um de terminação é recomendado somente pa-
degrau ou um chanfro, e evitará uma borda ra a coroa de porcelana pura.
frágil de esmalte sem suporte, que poderia O degrau biselado é recomendado no
ocorrer em uma daquelas linhas de termina- caso de paredes extremamente baixas, pois
ção em superfície inclinada. permite que a porção crítica das paredes
Quando a redução da superfície axial é axiais coronárias, até a linha de terminação,
quase paralela ao eixo de inserção, a linha fique aproximadamente paralela ao eixo de
de terminação em lâmina de faca produz inserção (Fig. 2-10). A inclinação das pare-
18
melhor selamento marginal. Em muitas des aproximadamente paralelas aumenta a
situações, entretanto, a linha de terminação retenção e proporciona uma redução ade-

52
Linhas de Terminação e o Periodonto

Fig. 2-9 Um degrau sem bisel é indicado onde a margem da restauração será para coroa de porcelana pura. A porce-
lana fratura muito facilmente quando termina em borda aguda.

Fig. 2-10 Pode-se usar um degrau com bisel em paredes axiais curtas para criar retenção e forma de resistência
máximas. Um bisel aqui deve deixar a maior parte da parede com conicidade aumentada. O bisel permite uma borda
aguda de metal na margem.

53
Linhas de Terminação e o Periodonto

Fig. 2-11 Na maioria dos casos, a chanfradura preenche melhor os requisitos de uma linha de terminação para restau-
rações de metal. Ele permite uma borda aguda de metal com um volume próximo e minimiza a tensão na película
de cimento.

quada para evitar sobrecontorno da coroa. Preservação do Periodonto


23
Um bisel de 0,3 a 0,5 mm é recomendado
para formar uma linha de terminação obtusa, A localização das linhas de terminação
que por sua vez, acomodará a margem fina de um preparo é governada por todos os
da restauração. O degrau biselado pode princípios previamente discutidos, sendo
também ser usado nas coroas metalocerâ- que, o fator mais simples e importante é a
micas nas áreas onde um pequeno colar não preservação do periodonto. De uma manei-
será cosmeticamente prejudicial, ou onde o ra tradicional, as margens de terminação
degrau resultou de remoção de cáries ou gengival localizam-se subgengivalmente.
uma restauração existente. Esta forma original nasceu de uma crença
A linha de terminação em chanfro é am- errada de que o sulco gengival era uma zona
plamente considerada como a linha de ter- imune à cárie. Em 1891, G. V. Black afir-
minação gengival de escolha na maioria das mou, "cárie não ocorre nos sulcos enquan-
coroas totais.20-21-24"29 Com essa terminação é to estiverem cobertos por tecido gengival
possível se obter a desejada margem fina razoavelmente saudável".33 Como resulta-
da restauração com suficiente espessura do, a posição recomendável era abaixo da
2634
para a resistência. A concavidade arredon- crista gengival, a meia distância da pro-
35
dada produz baixa concentração de esfor- fundidade do sulco e, em alguns casos,
ços dentro da película de cimento, diferen- quase no ligamento epitelial.36
temente do que ocorre com o ângulo inter- Entretanto, numerosos clínicos e pesqui-
no agudo de um degrau.3031 O chanfro pode sadores observaram-a correlação entre mar-
facilmente ser formado usando-se broca de gem subgengival e inflamação gengival ou
ponta fina, torpedo diamantado e broca car- periodontites.3744 Larato encontrou inflama-
2232
bide. Estes instrumentos rotatórios pro- ção gengival em cerca de 83% de 219 co-
duzem linhas de terminação que são facil- roas com margem subgengival, e nas coroas
mente visíveis em ambos, dente e troquei. com margens ao nível ou acima da gengiva

54
Linhas de Terminação e o Periodonto

ele encontrou somente 21 % de 327 coroas, de gengival no grupo de pacientes cuidado-


cujas margens da gengiva estavam apenas samente selecionados, frente a rigorosa hi-
45 56
ruborizadas. Em um estudo subsequente giene oral e com retornos periódicos.
ele encontrou bolsas nas proximidades da Estes estudos não contradizem a gran-
margem gengival que tinham profundidade de evidência da ligação entre a localização
em média de 0,7 mm maiores do que naque- da margem e a inflamação gengival. Eles
les dentes não restaurados.46 O mecanismo mostram que a localização não é crítica
pela qual a margem gengival da restauração
quando o operador habilidoso coloca a res-
causa prejuízo periodontal, parece estar di-
tauração com uma margem bem ajustada
retamente relacionado com irritação e reten-
na boca do paciente motivado e cooperativo.
ção da placa bacteriana.47 Lang encontrou
um aumento de bactérias Gram-negativas É importante lembrar que as margens
nos sulcos em associação com a margem localizadas subgengivalmente tornam-se
subgengival da restauração, representando difíceis de se avaliar. Christensen demons-
um distúrbio no equilíbrio ecológico dentro trou com sua experiência em dentística res-
deste microcosmo.
48 tauradora que poderia passar despercebi-
do o defeito de margens tão grandes como
Não é muito surpreendente que diversas 120 um, quando elas estivessem localiza-
pesquisas mostrem que as margens da res- 57
das subgengivalmente. Num estudo de
tauração situadas mais profundamente no 225 radiografias de ambas as arcadas, Bjorn
sulco gengival apresentem uma resposta e col. encontraram que 83% de margens
4952
mais severa à inflamação. Silness, com- proximais em coroas de ouro e 74% das
parando as superfícies linguais de 385 den- margens proximais nas coroas de porcela-
tes de suportes em relação aos dentes con- na tiveram defeitos. Destes defeitos, 68%
tíguos não restaurados, encontrou inflama- das coroas de ouro tinha espaço maior que
ção violenta da margem gengival, e com 0,2 mm, equanto 5706 das coroas de por-
menor intensidade ao redor das coroas com celana apresentava-se com defeitos maio-
margens lisas em relação ao tecido gengival. res que 0,3 mm.
58
Não houve diferenças significantes entre as
gengivas normais com margem subgengival O peso da evidência mostra que, na prá-
e em dentes controle não restaurados.53 Es- tica, a colocação das margens subgengival-
tes achados discordam de um estudo expe- mente não é um procedimento aceitável. As
rimental realizado por Marcum, no qual indi- margens de restaurações fundidas deve-
cou que as restaurações com margens lisas riam ser colocadas, sempre que possível,
5976
em contato com as cristas marginais produ- supragengivalmente. Somente deverão
ziam menos inflamação do que aquelas com ser colocadas subgengivalmente quando
margens subgengival ou supragengival.54 as condições forem inevitáveis. Schõler esti-
mou que, apesar da aceitabilidade da colo-
Richter e Ueno não encontraram diferen- cação da margem supragengival, as mar-
ça significante na resposta gengival nas gens subgengivais são necessárias em
margens da restauração subgengival ou su- cerca de 50% das coroas colocadas. Entre
5

pragengival e concluíram que a justeza e as verdadeiras necessidades de se levar


acabamento das margens eram mais impor- as margens para subgengival estão a exis-
tantes do que a sua localização. Eles reco- tência de cáries,273244656769 extensão das
2732446567 69
mendaram que as margens, de preferên- restaurações antigas, ' retenções,
27 445965676971
cia, deveriam ser colocadas supragengival- 27,32.44,65,67-70 estética, - ' ' ' ' ' fratu-ras
mente.55 Koth mostrou que não existe inter- subgengivais do dente4565 e sensibilidade do
3267
relação entre localização da margem e saú- colo.

55
Linhas de Terminação e o Periodonto

Fig. 2-12 A distância da inserção epitelial à crista do osso alveolar foi descrita como o "espaço biológico". Normalmente
tem 2,0 mm de largura, incluindo a inserção epitelial (rosa) e a inserção de tecido conjuntivo (vermelho).

A margem da coroa deve ser colocada margem deverá ser colocada no ou perto
aproximadamente em 2,0 mm acima da cris- do nível da crista alveolar, deve-se requisi-
ta alveolar, senão o osso pode reabsorver- tar a cirurgia periodontal para manter os
72
se. A largura combinada do epitélio com contornos corretos. Todo cuidado deve ser
os ligamentos do tecido conectivo é normal- tomado na referida cirurgia para não cau-
mente cerca de 2,0 mm (Fig. 2-12).73 Se sar outros problemas, pela perda excessi-
a margem intruir neste "espaço biológico" va de gengiva inserida ou suporte ósseo dos
72
resultará em inflamação (Fig. 2-13), e o os- dentes adjacentes. Outro meio é a erup-
so retrairá até atingir, outra vez, cerca de ção forçada do dente antes da restauração.
2,0 mm da margem da coroa (Fig. 2-14). Ambas as soluções resultarão em uma ra-
Isto pode ocorrer, "num beco sem saída" zão coroa/raiz menos favoráve-l. Se restau-
interproximal ou bolsa infra-óssea que se- rar o dente com extensão subgengival pode
ria impossível de se manter num estado de comprometer a saúde de dentes adjacen-
saúde. tes, em certas condições é preferível extrair
Quando as condições indicarem que a o dente e colocar aí uma prótese fixa.

56
Linhas de Terminação e o Periodonto

Fig. 2-13 Quando a margem de uma restauração se introduz no espaço biológico, a inflamação e a atividade osteoclástica
são estimuladas.

Fig. 2-14 A reabsorção do osso continua até que a crista do osso alveolar esteja, pelo menos, a 2,0 mm da margem da
restauração. O melhor resultado que se pode esperar é que as inserções epitelial e do tecido conjuntivo se restabele-
çam em um nível mais apical. É provável que haja continuidade da inflamação, com formação de bolsa.

57
Capítulo 3

Instrumentos Cortantes
Rotatórios - (ICR)

Os preparos de dentes para restaura- dentária com baixa rotação até obter des-
ções fundidas tiveram influência, pelo me- gaste efetivo, o dentista era obrigado a usar
nos em parte, do desenvolvimento da tec- pedras diamantadas, de grande dimensão,
nologia dos instrumentos cortantes rotató- rodas e discos, que reduziam grandes vo-
rios. Percebemos que, com esse desenvol- lumes do esmalte e da dentina. Os instru-
vimento iniciou-se o uso de peças de mãos, mentos cortantes rotatórios eram delinea-
usando-se brocas abrasivas com poder de dos conforme a forma geométrica do pre-
corte aumentado. As máquinas de costura paro; os slices eram realizados com linha
do tipo Sínger e Howe serviram de mode- de terminação em forma de lâmina de faca
los para Morrison desenvolver o primeiro ou comumente em biselado e com exten-
motor dentário acionado com o pé. 1 De- são exagerada. Os preparos MOD simples
pois, a adaptação de motores elétricos para ou com cobertura, eram realizados onde as
acionar as brocas deram avanço ao equi- caixas apresentavam desenhos despropor-
pamento para preparar dentes, e isto ocor- cionais e inadequados para receberem
reu a partir das primeiras quatro décadas retentores de pontes fixas.
do século 20.
Com o advento de motores com capaci-
Mudanças significativas começaram a dade de rotação superior a 100.000 rpm,
ocorrer depois da Segunda Grande Guer- foi possível realizar redução suficiente com
ra. Entre elas, o desenvolvimento das bro- brocas pequenas e fazer sofisticados dese-
cas diamantadas fabricadas na Alemanha nhos de preparo. Também a redução de es-
nos fins de 1930, e a introdução das brocas malte hígido tornou-se muito mais operável
carbides em 1947.1 O maior acontecimento do que antes. Infelizmente, alguns dentis-
na história da Dentística Restauradora foi o tas saudaram a nova tecnologia mais como
aumento de rotações nas peças de mãos, meio de aumentar a sua produtividade do
depois de 1950, sendo que os primeiros mo- que como meio de produzir alta qualidade,
tores a corda tornaram-se empíricos, apare- usando preparos conservadores e fazendo
cendo então as peças de mãos movidas à com que os preparos ganhassem popular-
turbina. mente desenhos mais destrutivos.

Anteriormente a esta data, os instrumen-


tos rotatórios, usados na prática clínica,
apresentavam em geral, rotações inferiores
a 12.000 rpm. O preparo dentário era um Resfriamento com Ar-Água
procedimento laborioso para o dentista e
inconfortável para o paciente. Para conse- Com instrumentos cortantes rotatórios de
guir a redução necessária da superfície alta rotação, o problema de superaqueci-

61
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

mento durante o preparo de dente tornou- compressão controlada de 150 g, tornando-


se crítico. Preparo a seco com alta rotação, se mais efetivos e também quando o fluxo
produz aproximadamente três vezes mais de água é aumentado de 3 para 21 ml/min.
a destruição da dentina do que o preparo Se for usada compressão leve (50 g) pode
realizado com resfriamento a água2, e a haver aumento moderado da eficiência, po-
variação de temperatura pode resultar em rém, o corte torna-se irregular, quando o
3 4
inflamação ou necrose da polpa. fluxo de água cai para 7 ml/min.
Brown e Cols. calcularam a temperatura Os principiantes geralmente não usam
da dentina a uma distância de 0,5 mm da corretamente a água para resfriamento, tal-
broca de alta rotação, aluando a seco e vez porque eles sintam que ela interfira na
encontraram 245°F (118°C).5 Com modera- visibilidade, provavelmente devido aos exer-
ção, Zach afirmou que, mesmo que a tem- cícios a seco, que eles realizaram em ma-
peratura suba apenas 20°F, pode causar a nequim na faculdade. Atualmente, o resfria-
mortificação pulpar em 60% dos dentes, o mento a água chega até a aumentar a visi-
que na verdade, constitui um problema sé- bilidade em muitos casos, visto que elimina
6
rio. Ainda assim, nos dentes despolpados, sangue e resíduos que vão se formando
o preparo a seco, com alta rotação, pode durante o corte. A visão indireta também
causar a microfratura do esmalte, resultan- pode ser usada, mesmo com umidade, se
do numa falha marginal da restauração no no espelho bucal for aplicado um filme de
5
futuro. detergente. Isto permite que a água forme
O uso de ar isolado, como resfriamento, uma película transparente na superfície do
é danoso à polpa,7 portanto não é aceito espelho, com uma moderada diminuição da
como um substituto de resfriamento com ar visibilidade.
e água. A prolongada desidratação durante Muitos pacientes não gostam de fluxo de
o corte da dentina hígida aumentará o peri- água na boca, mesmo com sucção e em
go à polpa,8 produzindo o deslocamento dos posição correta na cadeira. Do ponto de
4
odontoblastos Para minimizar o trauma vista do paciente, um fluxo de água na bo-
da polpa, o resfriamento a água deve ser ca é sem dúvida, menos desagradável do
sempre usado durante o preparo com alta que sentir o "cheiro de pena de frango quei-
918
rotação. mada", resultante da carbonização da
O uso do resfriamento a água com dentina.
"spray" não garante que a polpa fique com-
pletamente protegida do perigo. Uma quan-
tidade deficiente de água, mal direcionada, Instrumental
resulta em resfriamento insuficiente e pode
permitir áreas carbonizadas na dentina.4 Baseado no seu uso operatório, os ins-
Um pequeno orifício que produz bom es- trumentos cortantes rotatórios comumente
guicho de água é melhor do que a saída empregados nos preparos dentários podem
de ar com turbulência ao redor da ponta da ser classificados em uma das três catego-
18
broca. rias: broca diamantada, broca carbide de
A água em "spray" aumenta a eficiência tungsténio e broca helicoidal (ver Fig. 3-1).
rotativa da broca de alta rotação, isto por- As brocas removem a estrutura do dente
que, ao mesmo tempo conserva a superfí- por abrasão ou por redução da superfície.
cie limpa, eliminando resíduos de corte. O abrasivo mais eficiente para remover a
19 20
Eames e Cols. mostraram que, o maior estrutura do dente é a broca diamantada.
fluxo de água evita o entupimento, quando As brocas são miniaturas de máquina de
as brocas diamantadas são usadas com a moagem, apresentando lâminas para fra-

62
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-1 Os três tipos de instrumentos cortantes rota-


tórios usados no preparo dentário são da esquerda
para a direita: broca diamantada, broca carbide e broca
helicoidal.

cionar a estrutura do dente pela superfície, balhada à máquina, conforme o desenho


21
cortando inicialmente, com os lados do seu planejado do instrumento final. Cada par-
corpo. As brocas em forma de espiral (Twist tícula desgasta uma mínima quantidade de
drills), com corte nas bordas de sua extre- estrutura do dente. As brocas diamantadas
midade, são usadas para perfurar orifício são fabricadas em máquina especial e em
de pequeno diâmetro na estrutura do den- diversos tamanhos, formas e granulações.
te. São pouco usadas como instrumentos São muito efetivas para remover esmalte e
cortantes rotatórios. desgastar peças de porcelana. Eames e
O preparo de dentes para restauração cols. notaram que as brocas diamantadas
metálica fundida e de porcelana não exige cortam a estrutura do dente, duas ou três
muitos instrumentos cortantes rotatórios. De vezes mais rapidamente que as brocas co-
19
fato, é importante que o iniciante aprenda a muns, e possuem de uma a três camadas
executar o preparo usando o menor núme- de partículas diamantadas sobre o corpo.
ro possível de instrumentos. Por outro lado, As melhores delas têm partículas abrasivas
considerável tempo pode ser perdido expe- uniformemente depositadas sobre a super-
22
rimentando-se muitos instrumentos que são fície metálica da parte ativa. As partículas
também inadequados para o caso ou en- diamantadas estão em íntimo contato entre
tão, muito similares àqueles já experimen- si e com o material de fixação.
tados. O operador inexperiente, substitui os Em adição ao que está sendo descrito, a
instrumentos cortantes rotatórios desneces- configuração e o tamanho das partículas
sariamente, pensando em encontrar o cer- diamantadas depositadas nas brocas, po-
to, porém, o essencial é saber dominar a dem ainda ser classificadas pela uniformi-
habilidade no uso de instrumentos cortan- dade dos grãos e sua distribuição na super-
tes rotatórios montados nas peças de mãos. fície envolvida. O tamanho atual das partí-
culas usadas para qualquer classificação
pode ser "regular" e varia de fabricante pa-
Brocas Diamantadas ra fabricante. As partículas usadas pelas
quatro firmas americanas conceituadas
Existem em numerosos tipos: brocas "US dental", são comparadas às da US
diamantadas de tamanho pequeno, em for- Mesh-Standart equivalente à medida métri-
ma irregulares, diamantadas de pontas fi- ca (Tabela 3-1).
nas, as quais são obtidas por eletrode- Enquanto muitos tamanhos e formas de
posição de níquel ou cromo, incrustados brocas diamantadas podem ser usados em
num cilindro de aço com a parte ativa tra- aplicações especiais e para satisfazer o

63
g Tabela 3-1 Comparação das granulações de instrumentos rotatórios diamantados por tamanho de partícula.
Variação do tamanho de partícula
+
Brasseler* Densco Star* Union Broach§

Malha padrão Malha padrão Malha padrão Malha padrão


Granulações americana JU.m americana ju.m americana _ju.m americana jj.m
Extra-fina 15-30 320-400 38-45 325-400 38-45 X X
Fina 24-40 230-270 53-63 200-230 63-75 270 53
Regular 120-200 75-125 100-170 90-150 140-170 90-106 140 106
Grossa 100-140 100-150 100-120 125-150 100-120 125-150 120-130 115-125
Extra-grossa 80-120 125-180 60-80 180-250 X X X X
•Brasseler USA Inc., Savannah, Ga.
+
Teledyne Densco, Denver, Colo.
*Syntex Dental Products, Valley Forge, Pa.
§Union Broach Corp., New York

Tabela 3-2 Dimensões das brocas diamantadas e das combinações diamantada/carbide.


Diâmetro Diâmetro Comprimento Inclinação Ângulode conver-
da ponta da base da base por lado gência da ponta
(mm) (mm) (mm) (graus) (graus)
Diamantada cónica de
extremidade redonda i,0 1,6 8,0 2,0 -
Diamantada cónica de
extremidade plana 1.0 1,6 8,0 2,0 -
Diamantada fina e longa 0.5 1,2 9,0 3,0 -
Diamantada fina e curta 0,5 1,2 6,0 3,5 -
Diamantada de roda pequena - 4,0 1,4 0 -
Diamantada em torpedo - 1,0 6,0 0 60
Broca carbide em t orpedo - 1,0 6,0 0 60
Diamantada em chama - 1,0 8,0 0 12
Broca carbide em chama - 1,0 8,0 0 12
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-2 Essas cinco brocas diamantadas fazem parte Fig. 3-3 O conceito de instrumentação dupla diamanta-
do conjunto de instrumentos gerais padrão usado para da/carbide, primeiramente desenvolvido por Lusting em
preparar os dentes para restaurações metálicas e de sua série RCB36, está baseado em brocas diamantadas
cerâmicas. São elas (da esquerda para a direita): e brocas carbide de tamanho e forma combinados.
broca diamantada tronco-cônica de extremidade A broca diamantada (877-010)* e a broca (282-010)*
arredondada (856-016)*, diamantada tronco-cônica torpedo, à esquerda, fazem parte do jogo RCB. À di-
com extremidade chata (847-016)*, diamantada fina e reita, vê-se uma broca diamantada de granulação fina
longa (30006-012)*, diamantada fina e agulha curta (862-010)* e uma broca carbide (H48L-010), ambos em
(852-012)* e diamantada em roda pequena com aresta forma de chama.
arredondada (909-040)*.

gosto do operador, há algumas delas que As brocas diamantadas de pequeno diâ-


são incluídas numa coleção básica de ins- metro e com extremidades finas devem ser
trumentos cortantes rotatórios: broca tron- usadas cautelosamente. Para conservar a
co-cônica com extremidade arredondada, sua forma original e evitar a perda de partí-
com extremidade plana, com parte ativa lon- culas diamantadas desprendidas de mate-
ga e fina, curta e fina, e em forma de roda, rial de fixação, alguns fabricantes usam par-
com arestas arredondadas (Fig. 3-2). Ainda tículas menores nas zonas de menor diâ-
existem mais duas brocas comumente usa- metro das brocas. Estas áreas também
das, o torpedo e a chamada de vela, que apresentam mais baixas velocidades peri-
são frequentemente comparadas às brocas féricas do que as partes com maiores diâ-
carbides pelas formas equivalentes (Fig. 3- metros, tornando-se então, as partículas
3). As dimensões dessas brocas estão na mais finas, com menor efeito de corte. A
tabela 3-2. resposta normal - a evitar - seria usar maior
Algumas brocas de tamanho e forma es- compressão. Isto pode resultar na ruptura
peciais, são fabricadas por vários fabrican- de adesão das partículas e perda de capa-
23
tes, enquanto que as de tipos genéricos são cidade abrasiva.
fabricadas por um único fabricante. As bro-
cas usadas para obter certos pormenores
de um preparo específico, poderiam ser Brocas Carbide de Tungsténio
substituídas por outras somente depois de
um cuidadoso exame de suas característi- Estas brocas são melhores para realizar
cas, para aumentar a segurança de que elas preparos uniformes e lisos, tanto no esmal-
sejam similares o suficiente para serem usa-
das indiferentemente. *Brasseler USA Inc., Savannah, Ga.

65
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-4 Um pino de carbureto de tungsténio (A,


esquerda) é ligado a um bastonete de aço (A, direita),
com um pequeno ponto soldado no meio. A ponta de
B carbureto soldada é torneada (B) e diminuída(C) para
formar a parte ativa na qual a broca terá o corte.*

Fig. 3-5 O recorte da ponta de carbureto é submetido


a diversos processos de torneamento (esquerda para
a direita): diminuição; pré-acabamento da ponta ou
parte ativa; pré-acabamento do colo e acabamento da
ponta e da lâmina (esmerilhado).*

Fig. 3-6 Esta radiografia mostra o recorte de carbureto


e a haste de aço (esquerda), depois da solda (segun-
do a partir da esquerda), depois de acabamento ini-
cial da ponta (segundo a partir da direita) e depois
do esmerilhamento da lâmina (direita). Os segmentos
de carbureto de tungsténio aparecem como áreas bran-
cas densas nas radiografias. Com esse aumento, não
há porosidades nas áreas de ligação entre a haste de
aço e a parte ativa de carbureto.* (A radiografia foi cedi-
da pela Sra. Beverly Dye, de Oklahoma City).

'Specimens shown are courtesy of Brasseler USA Inc.,


savannah, Ga.

66
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-7 Depois que a parte ativa da broca está com-


pletamente formada (A), a haste é cortada (B) e a
seguir é diminuída, para formar o instrumento final,
que neste caso, é uma broca FG de retenção por
fricção (C).

te como na dentina. Uma aplicação lógica é até 40 lâminas. A aresta cortante de cada
a sua capacidade de planificar e realizar li- lâmina é formada pela junção de duas super-
nhas de terminação lisas. As brocas carbi- fícies, a da frente e a de trás (Fig. 3-8).
de podem também ser usadas para cortar O ângulo agudo formado entre a parte
metal, porém, tanto as brocas de carbide posterior da lâmina e a superfície ativa de
como as diamantadas podem ser usadas corte é um fator que tem influência na es-
na redução de dentina hígida. pessura do metal encontrado próximo a
O metal, na extremidade da broca car- aresta cortante da lâmina da broca. Há um
bide é formado por "sintering", ou moldagem ótimo ângulo agudo em cada diâmetro e o
por pressão de pó de carboneto de tungs- maior diâmetro requer menor ângulo agu-
20 24
ténio e pó de cobalto sob calor e vácuo. O do. Quanto menor o ângulo, mais eficiente
carboneto de tungsténio é cortado em pe- será o corte da lâmina. Entretanto, se o
quenos cilindros, e estes são ligados nos ângulo tornar-se muito pequeno, a parte
bastões de aço ou cabo pela soldagem, for- posterior da lâmina pode desgastar-se, au-
mando pequenos espaços (Fig. 3-4). A ca- mentando então, a fricção durante o corte
beça ou a parte ativa da broca carbide é da superfície, gerando com isto, calor e di-
trabalhada em máquina, usando-se discos minuição da eficiência.
grandes e diamantados para criar uma ca- O ângulo que, na face da lâmina encon-
beça específica que se adapta a cada tipo tra uma linha estendida da borda do corte
de broca que se está formando (Fig. 3-5). A para o longo eixo da broca é conhecido
ligação da cabeça da broca carbide no cor- como ângulo de apoio.25 Quanto mais agudo
po é feita por um processo seguro (Fig. 3-6), for o ângulo de apoio (Fig. 3-9), mais aguda
e a ruptura e qualquer parte da broca é rara. será a borda de lâmina e assim, mais efeti-
Somente quando o processo for completado va será a ação do corte. Um ângulo de apoio
é que o cabo da broca é encurtado, chanfra- positivo, infelizmente, torna a borda fraca.
do ou diminuído de diâmetro para ser preso Entretanto, as lâminas são feitas usualmen-
à peça de mão como trinco ou em retenção te em ângulo negativo ou, com ângulo de
por fricção (Fig. 3-7). apoio neutro (radial) e bisel largo. Com isto,
A maioria das brocas destinam-se prima- há uma ligeira deficiência no corte, porém,
riamente para o corte e são fabricadas com o seu volume maior evita a possibilidade de
seis e ocasionalmente oito lâminas. Usual- fratura.
mente apresentam doze lâminas, mas elas As lâminas apresentam-se em forma de
podem ter até 20, ou ainda, como muitas, espiral ao redor da broca e estão separa-

67
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-8 Uma broca típica de corte tem seis lâminas (dentes) separados porestrias (espaços de descamação). Cada
lâmina tem três superfícies: anterior, plana (entre estrias) e posterior, embora a plana e a posterior possam
se mesclar em uma única superfície curvada. O ângulo entre a anterior e a linha radial é chamado de ângulo de
incidência (R). O ângulo entre a plana e a superfície ativa é o ângulo de elevação (C). Esses dois ângulos deter-
minam a agudeza da borda da lâmina.

das uma das outras por meio de "canaletas" tram algo mais efetivo do que as não-fissu-
que são sulcos trabalhados entre as lâmi- radas.27 Apesar dessa informação, as brocas
nas. A quantidade de espiral ou ângulo he- não-fissuradas, são as preferidas principal-
licoidal das lâminas atua conforme as ca- mente quando usadas nos preparos para
racterísticas do corte da broca. O ângulo restaurações fundidas. Isto porque, as bro-
helicoidal maior, produz a lisura da superfície cas fissuradas promovem estrias profundas
do preparo e reduz o "salto" a vibração da em ângulos retos com a direção do eixo de
broca na superfície do dente.24 Reduz ainda inserção do preparo.2829
o desgaste da broca de carbide durante o Diversas brocas carbide apresentam
uso e também evita que os resíduos obs- formas específicas e estão incluídas num
26
truam as "canaletas" entre as lâminas. conjunto padrão. Aí, incluem, pelo menos,
Algumas brocas apresentam as lâminas duas brocas cónicas de fissuras, que são
interrompidas por cortes transversais em longas e com comprimento padronizado,
relação às lâminas verticais. Com esta con- uma broca com parte ativa na extremidade,
figuração, elas são conhecidas como bro- e uma broca esférica número 4, de alta ro-
cas dentadas ou fissuradas ou ainda, com tação (Fig. 3-10). Para remover cáries pro-
cortes cruzados. As brocas fissuradas mos- fundas usa-se uma broca esférica, de bai-

68
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-9 Os três tipos de ângulo de incidência são (A) Ângulo de incidência positivo: o plano da superfície anterior
fica atrás da linha radial. Embora isso forme uma lâmina de corte mais eficiente no início, a borda afiada descama
e deslustra rapidamente o esmalte. (B) Ângulo de incidência radial ou neutro: o plano da superfície anterior coincide
com a linha radial. (C) Ângulo de incidência negativo: o plano da superfície anterior fica na frente da linha radial. Isso
permite um maior volume de metal bem atrás da borda cortante, para maior durabilidade da broca. A maioria das brocas
tem ângulo de incidência negativo ou neutra.

xa rotação número 6, lentamente, até que a degrau na base da parede. Há um número


dentina hígida seja encontrada distinta da- de brocas tronco-cônicas para acabamento,
quela amolecida, pela grande resistência sendo que elas apresentam o comprimento
ao corte. e diâmetro relativamente grande e com isto,
As brocas tronco-cônicas com fissuras obtém-se melhor rendimento. Os tamanhos
são mais usadas nos preparos de dentes mais usados encontram-se na Fig. 3-11 e
para receber restaurações fundidas e de as dimensões são dadas na Tabela 3-3.
porcelana. Além disso são usadas nos pre- Quatro instrumentos cortantes rotatórios
paros de sulcos, caixas e istmos e, espe- usados, mais frequentemente, podem ser
cialmente na planificação vertical de super- incluídos no instrumental padronizado, como
s
fícies axiais. As brocas convencionais e sem uma broca cónica invertida n 34, uma bro-
s
fissuras, de seis lâminas, série 170, são ca esférica n 1/2 e uma broca em forma de
pouco usadas na planificação e sua peque- espiral (Twist drill) com 0,6 mm (0,024 pole-
na extremidade pode criar rugosidade e gadas) (Fig. 3-12).

69
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-10 Essas brocas carbide são necessárias


no conjunto básico de instrumentos para preparo
dentário de restaurações de metal e porcelana. Da es-
querda para a direita: nQs 169L, 170, 171, 957 4 e 6.

Fig. 3-11 Pode-se usar diversas brocas fissuradas


tronco-cônicas, mais ou menos intercambiáveis:
nes 169L, 170, 171,713-012, 375-012 e 375-014. Os
instrumentos de diâmetro menor são melhores para
iniciar sulcos e acentuar caixas, enquanto os maiores
são melhores para alisar as paredes axiais.

Tabela 3-3 Dimensões de brocas fissuradas tronco-cônicas não-dentadas

Diâmetro da Diâmetro da Comprimento Inclinação por


Broca ponta (mm) base (mm) da parte ativa lado (graus)
169 0.54 0.9 4.2 2,5

169L 0,50 0.9 5.2 2,0


170 0,56 1.0 4.2 3,0
170L 0,58 1.0 6.0 2,0
171 0,76 1,2 4.2 3,0
171L 0,78 1,2 6.0 2,0
172 1,14 1,6 4,4 3,0
172L 1,18 1,6 6,0 2,0
H375-012* + 0,8 1,2 7,0 3,0
H375-014* + 0,8 1.4 8,0 2,0
7702-010* 0,7 1.0 5,2 2,0
7713-012* 0,8 1,2 5,2 2,0
7204-014* 0,6 1,4 9,0 2,5
7205-016* 0,7 1,6 9,0 3,0

*broca de acabamento lãmina-12


sem extremidade cortante
Instrumentos Cortantes Rotatórios- ICR

Fig. 3-12 Esses três instrumentos cortantes rotatórios


também podem ser usados para preparar dentes: ne 34,
n9 1/2 e broca de 0,6 mm (0,024 polegadas).

Brocas em forma de espiral A broca "Twist drill" é usada diferentemen-


(Twist drills) te das convencionais. Elas não cortam atra-
vés de esmalte e tendem a "escorregar"
quando um pequeno conduto é feito numa
Essa broca é fabricada em aço, tendo superfície inclinada. Porém, um pequeno
corte somente na sua extremidade, e é conduto raso pode ser realizado com uma
usada comprimindo-a na estrutura do den- broca esférica nfi 1/2, sobre um estreito ni-
te em direção ao longo eixo da broca. Apre- cho horizontal, para assegurar que a perfu-
senta duplas hélices cortantes, com suas ração seja feita com precisão, numa posição
lâminas convergindo em forma de flecha e previamente planejada.
em espiral (Fig. 3-13), para auxiliar a remo- Portanto, um pequeno conduto principal
ção de resíduos do conduto. Esta broca é é aprofundado com uma broca de baixa ro-
usada para formar pequenos condutos tação, montada em peça de mão, usando
uniformes e com paredes paralelas na movimentos de bombear para auxiliar na
dentina e para receber retenção de restau- remoção de resíduos e prevenir o aumento
ração com pinos. Por isso, é imperativo que do calor. As brocas em forma de espiral não
os pequenos condutos apresentem-se bem devem ser usadas em alta rotação, pois elas
precisos e alinhados. não podem ser adequadamente resfriadas,
O diâmetro da broca deve ser ligeira- e o perigo de se fraturarem dentro do con-
mente maior que o do pino que virá incor- duto é muito grande.
porado na restauração, permitindo assim, A rotação não deve ser interrompida en-
espaço para cimentação. A parte ativa da quanto a broca estiver dentro do conduto.
broca é de 3,0 a 5,0 mm de comprimento. Se for interrompida, ela poderá travar e tor-
Para ela perfurar o pequeno conduto e reter cer bruscamente, fraturando-se, o que re-
o núcleo de resina composta ou de sultará na impossibilidade de ser removida
amálgama, deve apresentar o diâmetro li- do dente. Se a broca travar no conduto, a
geiramente menor do que aquele ante- maneira mais segura é soltar o trinco e a
riormente visto. Na base da ponta ativa, peça de mão. Depois ele será retirado com
tem um pequeno colar limitante para con- o dedo indicador e o polegar, evitando-se
servar uma profundidade ótima de 2,0 mm assim, a fadiga que seria introduzida, se fos-
(Fig. 3-14). se retirado ainda montado na peça de mão.

71
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-13 Vista de perto de broca helicoidal de Fig. 3-14 A broca helicoidal de 0,6 mm de diâmetro à
0,6 mm de diâmetro, mostrando a ponta cortante (CT) esquerda, usada para fazer pequenos condutos para
e as estrias helicoidais (HF). pinos paralelos que fazem parte de uma restauração
fundida, tem uma parte cortante de 5,0 mm e compri-
mento. A broca Kodec de 0,5 mm*, à direita, usada
para criar pequenos condutos para pinos rosqueados
Minim, *que retêm núcleos de amálgama e de resina
composta, tem um colar de 2,0 mm a partir da extre-
midade, para impedir o corte excessivo na profundi-
dade do conduto do pino.

Fig. 3-15 Para produzir os resultados mais consisten-


tes, a broca diamantada usada no preparo de dente e a
broca carbide para acabamento devem ser feitos de
hastes fresadas na mesma configuração. A configura-
ção do desenho à esquerda é usada para a broca
diamantada em chama (862-010)* que está no meio e
à direita para a broca carbide (H48L-010).*

II 'Brasseler USA Inc., Savannah, Ga.


+Whaledent International, New York.

72
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Brocas Diamantadas finas (10 m) são relativamente profundas e


aumentam a retenção sem comprometer a
29
justeza.
As brocas diamantadas removem a es-
trutura do dente com mais eficiência do que Mesmo com cuidado na redução da pare-
as brocas comuns, porém, elas deixam as de axial de um preparo para coroa veneer,
superfícies rugosas e as linhas de termina- feita com broca diamantada em forma de
ção cavo-superficial irregulares.
3034 torpedo no final, a superfície apresenta-se
com algumas irregularidades. Um cuidadoso
As brocas carbide produzem linhas de exame da linha de terminação pode revelar
terminação lisas e paredes internas preci- algumas dessas irregularidades que dificul-
sas, porém, o corte é realizado lentamente. tarão a moldagem e depois a daptação na
Entretanto, para se conseguir vantagens das margem da restauração (Fig. 3-16A e B). Se
melhores características de ambos os tipos uma broca diamantada, em forma de torpe-
de brocas, as dimantadas deveriam ser usa- do, for usada na redução da superfície axial,
das na redução volumosa e as brocas car- pode-se em seguida, alisar o preparo usan-
bide para o acabamento de preparo e colo- do uma broca carbide com doze lâminas,
ração das características internas retentivas também em forma de torpedo, para obter
como o sulco, caixas e istmos, etc. linha de terminação com o mínimo de defei-
A técnica de escolha para indicar as bro- tos (Fig. 3-17A e B). Schàrer demonstrou em
cas diamantadas ou carbide, de diversos seu estudo, que a lisura de diferentes tipos
tamanhos e configurações, é descrita por de linhas de terminação é essencial para que
Lustig.35'36 Estas brocas são fabricadas, o técnico possa confeccionar restaurações
com boa adaptação marginal.40
tanto as diamantadas como as outras, obe-
decendo a uma configuração comum (Fig. Barkmeier e cols. demonstraram que a
3-15). Isto assegura que a forma das bro- broca longa de fissura produz ótima lisura
cas e a superfície reduzida do dente corres- de terminação distinta em bisel e entre as
pondam exatamente quando as brocas dia- brocas testadas, estavam incluídas as de
mantadas e carbide de acabamento são 12 lâminas, 40 lâminas e brocas diaman-
usadas em cada fase do preparo. tadas muito finas.30 Examinando o bisel de
um preparo na superfície oclusal, onde foi
O desempenho potencial da superfície usada uma broca tronco-cônica de fissura
lisa na retenção de uma restauração foi dis- não dentada (Fig. 3-18A e B), notou-se que
cutida no capítulo 1. Enquanto as ranhuras o bisel apresentava uma lisura mais acen-
e irregularidades na superfície do preparo tuada e linhas de terminação mais nítidas
podem auxiliar na retenção da restauração, que aquele com broca diamantada em for-
esta vantagem deve ser avaliada compa- ma de chama (Fig. 3-19A e B).
rando-se com as desvantagens. Uma su-
O bisel gengival deve ser realizado com a
perfície lisa permitirá melhor precisão da
37 ponta da broca, ao invés de sua parte late-
moldagem. Se a superfície for muito ru-
ral. Neste local do dente, não é prático usar
gosa, a moldagem será realizada com dis-
uma broca tronco-cônica de fissura porque
torção e consequentemente, perda de por-
a ponta quadrangular pode danificar o bisel
menores no modelo obtido. Talvez seja mais
ou dente adjacente ou ainda dilacerar o te-
importante lembrar que com a rugosidade
cido gengival. Uma broca diamantada fina
na linha de terminação não se obtém a
em chama produz um bisel com algumas
adaptação justa da margem da restaura-
38 estrias horizontais (Fig. 3-20). Se o bisel for
ção. As ranhuras microscópicas deixadas
realizado com uma broca diamantada em
pelas brocas carbides (2um) e diamantadas

73
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Figs. 3-16 A e B Essas MEEs da parede axial e da linha de terminação de um preparo, instrumentadas com uma
broca diamantada torpedo, mostram a aspereza da superfície perto do chanfro.

Fig.3-16B700x.

Fig.3-16A35x.

Figs. 3-17 A e B Essas MEEs demonstraram reduções axiais de preparo para coroa total e linhas de terminação
em chanfro que foram feitas com uma broca diamantada em torpedo e, a seguir, alisadas com uma broca carbide.

Fig.3-17A35x. Fig. 3-17B700X.

74
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Figs. 3-18 A e B Um bisel oclusal preparado com uma broca diamantada áspera.

Fig.3-18A35x. Fig.3-18B700x.

Figs. 3-19 A e B Um bisel oclusal reduzido com uma broca carbide n3 170 é muito mais liso do que o feito com
diamantada.

Fig. 3-19A35x. Fig. 3-19B700x.

75
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-20 Este bisel gengival foi feito com uma broca Fig. 3-21 Se o bisel gengival preparado com uma
diamantada em forma de chama (35x). broca diamantada em forma de chama for retraçado e
retocado com uma broca carbide em forma de chama,
ele será muito mais liso (35x.)

Fig. 3-22 O bisel gengival feito com broca carbide em Fig. 3-23 O bisel criado por uma broca de acabamento
forma de torpedo é mais liso do que feito com de lâmina-40 não é tão liso e bem instrumentado como
diamantada, mas a superfície fica ondulada (35x). o criado por uma broca de 6 lâminas ou 12 lâminas (35x).

76
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-24 O bisel criado por uma pedra montada usa- Fig. 3-25 Um degrau criado com nada mais que uma
da para acabamento da margem gengival é inaceitavel- broca diamantada de extremidade chata será uma
mente áspero (35x.) linha de acabamento muito áspera (35x).

chama e depois, alisado e polido com a pon- e com ponta chata é muito rugoso para
ta de uma broca carbide também em chama, permitir a confecção de restauração com
o resultado será um bisel gengival com alto margem justa (Fig. 3-25). O degrau deve-
grau de lisura (Fig. 3-21). ria ser terminado com uma broca carbide
O bisel gengival feito com a ponta de uma de ponta ativa e apoiada no esmalte para
broca comum produz bom resultado para as assegurar a lisura da linha de terminação
mãos experientes do operador, porém, o (Fig. 3-26).
procedimento é técnico-sensitivo e surgem O acabamento das faces proximais, bem
certas dificuldades no seu uso. A broca car- sensíveis, poderá ser obtido com disco de
4143
bide torpedo tende a produzir sulcos no bisel papel abrasivo. Entretanto, necessita de
e na linha de terminação, porque ela não um leve toque superficial para evitar o su-
pode ser guiada em contato com a parede peraquecimento e deve ser trocado com fre-
axial (Fig. 3-22). A broca carbide de 40 lâmi- quência para assegurar corte efetivo da
nas produz bisel ondulado, quando a sua estrutura do dente. Esses discos são limi-
ponta for usada (Fig. 3-23). O recortador de tados às áreas da boca com bom acesso, e
margem gengival é usado principalmente no deve-se tomar muito cuidado para evitar
acabamento da terminação da parede gen- injúria ao paciente. Embora os discos pos-
gival do preparo para amálgama, sendo que, sam produzir uma lisura ótima e com linhas
o seu uso é pouco recomendável no prepa- de terminação distintas, muitos discos gros-
ro para restaurações fundidas, porque ela seiros deixarão sulcos no biselamento do
produz bisel rugoso e irregular (Fig. 3-24). preparo, e quando estão muito gastos irão
O degrau preparado com broca diaman- arredondar e deixar o término do preparo
tada tronco-cônica de granulação regular com pouca nitidez (Fig. 3-27).

77
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Fig. 3-26 O degrau pode ser melhorado com mais Fig. 3-27 Esse biselado proximal foi feito com um disco
instrumentação usando uma broca de extremidade de carborundum médio, seguindo por um disco de
ativa e instrumento manual cortante (40x). granulação grossa. Observe o arredondamento sobre
a linha de terminação no segmento gengival (35x).

Fig. 3-28 Foi usada uma broca diamantada em forma Fig. 3-29 Usou-se uma broca de acabamento em forma
de chama para preparar esse biselado. Ele combina de chama de 12 lâminas, para alisar esse biselado,
bem com o bisel gengival, mas há estrias horizontais na depois que ele foi feito com uma broca diamantada em
superfície (25x). forma de chama (25x).

78
Instrumentos Cortantes Rotatórios - ICR

Uma broca diamantada em forma de cha- siduais dando a mesma configuração à su-
ma, com os lados paralelos, é melhor do perfície, como a obtida com a broca de 12
que uma broca ligeiramente tronco-cônica, lâminas ou em forma de chama. Para con-
pois a primeira produz superfície plana e re- seguir o máximo de eficiência, a broca de
gular. A habilidade daquela broca com la- 12 lâminas pode ser usada somente para
dos paralelos, frente a lisura, combina-se alisar o bisel ou o biselado depois que for
biselado vertical com o bisel no degrau previamente reduzido com a broca dia-
gengival, auxiliando então para produzir li- mantada em forma de chama de vela. Usa-
nha de terminação que vai de uma superfí- se a broca diamantada, como instrumento
cie a outra do dente. Não obstante, essa primário de corte, porém, obtém-se super-
broca não alisa completamente o acaba- fícies ligeiramente rugosas e produzem-se
mento, porque as superfícies reduzidas no linhas de terminação não acabadas, segun-
biselado da parede vertical bisel ou na linha do essa fase de procedimento.
de terminação não são perfeitamente lisas Discos diamantados de tamanho grande
(Fig. 3-28). não podem ser descritos como instrumen-
Uma broca carbide longa com 12 lâminas tos de preparo, pois na opinião dos auto-
em forma de chama* é usada para comple- res, não devem ser usados na moderna
tar o acabamento da linha de terminação Dentística Restauradora como instrumento
com superfícies lisas do bisel horizontal e de redução proximal ou de aplainamento.
biselado da superfície vertical (Fig. 3-29). Eles são perigosos para o paciente e po-
Pode-se usar também uma broca com 1,0 dem facilmente superestender o preparo
mm de diâmetro para reduzir saliências re- com o seu uso.

*NS H48L-010, Brasseler USAInc., Savannah, Ga.

79
Capítulo 4

Coroa Total Veneer

A coroa total veneer foi, por muitos anos, Os termos "coroa total", "coroa total fun-
considerada como um trabalho de rotina em dida" e "coroa completa" podem ser usados
restaurações fundidas, portanto, é uma indiferentemente com "coroa total veneer"
restauração com muitas indicações. Pode para descrever uma restauração feita intei-
ser usada onde a destruição coronária foi ramente de metal fundido. A diminuição no
severa1"3 em extensão, por isso é descrita uso do ouro e sua substituição pelas ligas
na Dentística Operatória como "último recur- não preciosas, fez com que a "coroa total
4
so para preservar um dente". É, também, em ouro", em termo comum, se tornasse
muito útil naquelas situações em que o dente inaceitável como descrição genérica.
a ser restaurado precisa ser remodela-
1 245
do, ' visto que essas mudanças podem Remover inteiramente a forma anatómica
18
ser consideradas no contorno normal do da coroa clínica é um procedimento radical, e
dente quando todas as superfícies axiais es- às vezes, é defendida com uma crença
tão envolvidas. errada de que está protegendo o dente con-
tra cáries. Enquanto quaisquer superfícies
Apesar da coroa total veneer constituir axiais descalcificadas de um dente devem ser
uma parte valiosa e insubstituível da Dentís- cobertas quando uma restauração é feita, é
tica Restauradora, provavelmente é usada errado pensar que todas as superfícies de-
em excesso. As estatísticas de seguro odon- vem ser cobertas para evitar que tenham
tológico indicam que 93% das restaurações cáries futuramente. A cobertura total não de-
fundidas realizadas são restaurações com ve ser usada para prolongar a longevidade
cobertura total de alguma forma.6 Provavel- de uma coroa em uma boca cujo meio bioló-
mente, a popularidade de coroa total veneer gico não está sob controle. Em tais casos, a
é pelo menos em parte, devido à facilidade restauração fundida não é indicada enquan-
de confecção e uso.
7 to o processo carioso não for controlado.
As figuras 4-1 a 4-33 ilustram as fases,
Os clínicos sabem empiricamente que as em corte, de um preparo clássico para co-
coroas totais são superiores a outros de- roa veneer em um molar inferior. As fases
senhos em retenção248"13 e em resistência.14 básicas são, praticamente, as mesmas para
Isto foi confirmado por estudos laboratoriais todos os dentes posteriores, exceto o bisel
15
de Lorey e Meyers, Reisbick e da cúspide funcional, que seria colocado na
Shillingburg e Potts e cols.17 Uma restau-
16
cúspide palatina dos molares superiores.
ração com cobertura total é indicada quando
for necessário obter retenção máxima, e As figuras 4-34 a 4-37 são exemplos clíni-
quando o resultado estético não for impor- cos de coroas totais veneer e preparos para
tante, pode ser usada uma coroa totalmen- coroas totais veneer usados nas restaura-
te metálica. ções em molares inferiores e superiores.

83
Coroa Total Veneer

Preparação para coroa total veneer em


dentes inferiores (Figs. 4-1 a 4-33)

RETENÇÃO COMPARATIVA DE RESISTÊNCIA COMPARATIVA DE


DESENHOS DE PREPAROS DESENHOS DE PREPAROS
300

3000
Cfl 250 243 rr
< rr m

200
LU 2000 O
O Q
•z.
O LU

150 ^ 1500
><
O oO
O
o o 106 114 o
cr
2 UJ 1000
LU
Q
LU
100 Q
rr O 500
CC
O O

50
rr 3119
O
LL

il
o ro

^ o

%8
CD p

1
o 1366
1140
PREPAROS PREPAROS

Fig. 4-1 Os valores de retenção são comparados para Fig. 4-2 Os valores de resistência são mostrados para
1719 20
cinco desenhos de reparos comumente usados. - A os mesmos cinco preparos mostrados na Figura
retenção de uma coroa total é significantemente maior 4-1,17192° A resistência da coroa total é claramente su-
do que a dos diversos desenhos de coroa parcial. perior à dos outros desenhos de preparos.
84
Coroa Total Veneer

Fig. 4-3 Redução oclusal: broca diamantada cónica de


extremidade arredondada e broca carbide n9171.

Fig. 4-4 Usar uma broca diamantada cónica de extremi-


dade arredondada para fazer sulcos de orientação pro-
fundos nas cristas triangulares e nos sulcos principais
de desenvolvimento.

Fig. 4-5 Para obter uma redução oclusal desejada de


1,0 a 1,5 mm,21 a profundidade dos sulcos de orienta-
ção deve ser de 1,5 nas cúspides funcionais (cúspides
linguais dos superiores e vestibuares dos inferiores), e
1,0 mm de profundidade nas cúspides não funcionais
(cúspides vestibulares superiores e linguais inferiores).
A profundidade pode ser aferida pelo diâmetro da broca
diamantada usada para a redução.

Fig. 4-6 Também pode-se usar instrumento manual de


1,0 ou 1,5 mm para remover o esmalte na profundidade
(dependendo da redução desejada) no sulco de orienta-
ção, para determinar mais precisamente a profundida-
de do sulco.

85
Coroa Total Veneer

Fig. 4-7 A redução oclusal consiste em remover a es-


trutura do dente remanescente, entre os sulcos de orien-
tação. Ela é feita em um padrão de plano inclinado,22
que também pode ser descrito como seguindo os con-
tornos das cúspides,3 ou preservando a morfologia
23
oclusal geral dessa forma, a redução oclusal adequada
é assegurada sem reduzir demais o dente.

Fig. 4-8 Bisel da cúspide funcional: broca diamantada


tronco cónica de extremidade arredondada e broca
carbiden s171.

Fig. 4-9 Coiocar os sulcos de orientação de profundi-


dade para formar um bisel na cúspide funcional através
do ângulo vestíbulo-oclusal do pré-molar ou molar infe-
rior ou através do ângulo linguo-oclusal de um dente
superior.

Fig. 4-10 O bisel da cúspide funcional deve ser feito


com a mesma broca diamantada tronco cónica de ponta
arredondada usada nos passos anteriores. Ela deve ser
paralela às inclinações vestibulares internas das
cúspides dos dentes opostos, e a uma profundidade de
1,5 mm, formando um ângulo de 45 graus com a parede
axial.24

86
Coroa Total Veneer

Fig. 4-11 Verificar o espaço interoclusal fazendo com


que o paciente oclua totalmente sobre uma tira de cera
vermelha com aproximadamente a mesma largura da di-
mensão mésio-distal do dente preparado.

Fig. 4-12 Examinar a impressão da superfície na cera.


Comparar a translucidez da cera sobre as partes do pre-
paro que possuem espaço adequado com translucidez
das cúspides e áreas do preparo que estão muito dis-
tantes lingualmente para serem vistas na boca. Se as
impressões dos segmentos não visíveis forem mais
transparentes do que as do espaço adequado conheci-
do, é necessária mais redução nas regiões não visíveis.
Embora a espessura da cera possa ser medida com um
aferidor de espessura, é muito difícil de se medir por
causa da maciez da cera.

Fig. 4-13 Redução axial vestibular e lingual: com broca


diamantada em forma de torpedo.

Fig. 4-14 A redução axial vestibular é feita com broca


diamantada torpedo, produzindo ao mesmo tempo uma
linha de terminação em chanfro bem definida. O chanfro
é amplamente preferido na linha de terminação gengi-
val^3,i5-27 p0rque e retido e fácil de copiar em uma moldagem,
faz uma união deslizante entre a margem da coroa e do
preparo, proporcionando espaço para uma espessura
adequada de metal na margem.26 Se a linha de ter-
minação precisar estender-se subgengivalmente, colocá-
la supragengivalmentè primeiro, e depois abaixá-la, após
obter a redução axial suficiente, para permitir a entrada
da ponta da broca diamantada no sulco, sem lacerar
excessivamente a gengiva.

87
Coroa Total Veneer

Fig. 4-15 A redução axial vestibular é realizada o


mais longe possível das ameias, sem atingir os dentes
adjacentes.

Fig. 4-16 A redução axial lingual é feita com a mesma


broca diamantada. Por causa da inclinação lingual de
muitos molares inferiores, o chanfro nessa área deve
ser menos pronunciado. Deve-se envidar todos os es-
forços para produzir uma terminação em chanfro em vez
de uma lâmina de faca, para garantir espaço suficiente
para a restauração. A redução inadequada em geral re-
sulta em sobrecontorno da restauração.26 Prefere-se uma
inclinação mínima da superfície preparada, em relação
à superfície vestibular242830 não preparada, de 2,5 a
6,5 graus.

Fig. 4-17 A redução axial lingual também se estende


para as regiões interproximais ao máximo enquanto pu-
der ser facilmente excretada ou o mais proximalmente
possível quanto possa ser facilmente executada.

Fig. 4-18 Uma visão oclusal do dente preparado nesse


estágio revela áreas isoladas de estrutura intacta do
dente ao redor de cada contato proximal.

88
Coroa Total Veneer

Fig. 4-19 Redução axial completa: brocas diamantadas


torpedo e troncônica pequena e fina.
n

Fig. 4-20 A broca diamantada, cónica, pequena e fina é


colocada contra a superfície vestibular da estrutura
interproximal remanescente. Ela é mantida em vertical e
movida para cima e para baixo, sendo direcionada
lingualmente com ligeira pressão.

Fig. 4-21 Pode ser necessário usar a ponta em áreas


especialmente apertadas ou colocar a broca diamantada
horizontalmente ao longo da crista marginal. Não usar
exclusivamente a ponta por período muito longo, porque
as lascas de diamante podem se desagregarem da
extremidade do instrumento.

Fig. 4-22 Uma vez que se produziu espaço suficiente,


deslizar a broca diamantada pequena e fina para a fren-
te e para trás, aplanando a superfície mesial até que
fique lisa. Ter cuidado para não inclinar a broca de dia-
mante na direção do centro do dente que está sendo
preparado, pois a preparação ficaria supercônica.

89
Coroa Total Veneer

Fig. 4-23 Repetir o processo na superfície distai com a


broca diamantada cónica pequena e fina, operando-a
primeiro em pequenos movimentos. Quando já se obte-
ve espaço suficiente, fazer movimentos maiores para
alisar a superfície.

Fig. 4-24 Agora, voltar para ambas as superfícies


proximais com a broca diamantada em torpedo. Isso
produz uma linha de terminação em chanfro e aumenta
a profundidade axial da redução. Também evita o pro-
blema comum da superfície proximal subpreparada que
leva ao sobrecontorno da restauração.31

Fig. 4-25 Pode ocorrer um erro comum nas linhas de


ângulos do preparo, onde a redução proximal e a axial
vestibular ou lingual se encontram. Essas superfícies
são reduzidas com movimentos longos da peça de mão
em um plano, com tendência de formar "ondulações"
em cada linha de ângulo. É provável que o resultado
seja redução inadequada adjacente à linha de termina-
ção. Essa é uma área especialmente crítica para redu-
ção inadequada e como resultado pode originar
sobrecontorno da coroa.23'26

Fig. 4-26 Fazer um esforço especial para obter mais


redução axial em cada área de transição ao redor de
uma linha de ângulo de terminação, prestando atenção,
particularmente, para criar uma linha de terminação con-
tínua e lisa. Tomar o cuidado de não inclinar a broca
diamantada ao fazer isso, pois os ângulos da prepara-
ção ficarão supercônicos.

90
Coroa Total Veneer

Fig. 4-27 Terminação em chanfro: broca carbide


torpedo.

Fig. 4-28 Ir sobre as paredes axiais com a broca carbide


torpedo, assegurando-se também que está retocando
o bisel para produzir uma linha de terminação nítida e
distinta.

Fig. 4-29 Ter o cuidado especial de arredondar os ân-


gulos do preparo e produzir um bisel liso e contínuo nes-
sa área do preparo também.

Fig. 4-30 Sulco de retenção: broca carbide ng 171.

91
Coroa Total Veneer

Fig. 4-31 Faz-se um sulco de retenção na superfície


axial, com uma broca fissurada cónica não-dentada. O
sulco deve ser preparado no diâmetro total da broca e
deve estender-se gengivalmente a um ponto a 0,5 mm
acima do chanfro. Esse sulco primariamente ajuda a
guiar a coroa para o lugar durante a cimentação. Pode-
se acrescentar um segundo sulco em outro lugar do pre-
paro, o qual, se não for reproduzido na restauração fi-
nal, será um excelente escape de cimento que permitirá
um assentamento completo da coroa.32 3

Fig. 4-32 Preparo para uma coroa total veneer


terminado.

Fig. 4-33 As características de um preparo para coroa


total veneer e a função de cada uma delas.

Redução da superfície oclusal


Estabilidade estrutural

Bisel da cúspide funcional


Durabilidade estrutural

Redução axial
Retenção e resistência
Sulco de assentamento
Retenção e resistência

92
Coroa Total Veneer

Exemplos clínicos: preparos em dentes


inferiores e superiores (Figs. 4-34 a 4-37)

Fig. 4-34 Está sendo mostrada um preparo para coroa


total veneer em um molar inferior que vai servir como
retentor de ponte. Por causa da naureza não conserva-
dora desse preparo, raramente ele é visto na forma clás-
sica não modificada, preparado na estrutura do dente
natural.

Fig. 4-35 Um preparo para coroa total veneer em molar


superior, visto por vestibular.

Fig. 4-36 O aspecto oclusal do mesmo preparo para


uma coroa total veneer clássica mais comum, na qual o
dente foi construído com um núcleo de amálgama.

Fig. 4-37 Vistas oclusal (esquerda) e vestibular (direita)


de um modelo de gesso de preparo para uma coroa total
veneer de um molar superior, que exibem todas as ca-
racterísticas discutidas anteriormente. Se o dano no
dente é menos extenso, usa-se um preparo modificado
(ver capítulo 16).

93
Capítulo 5

Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

A coroa parcial 4/5 representa uma filo- ajusta melhor do que um segmento horizon-
6
sofia de prática, bem como uma forma de tal da margem.
tratamento. É, na realidade, a restauração A consideração da coroa parcial 4/5 é as-
mais conservadora e requer um mínimo de sunto de exercício mental. O desenho con-
redução da estrutura do dente do que a servador, deve ser a primeira consideração
maioria dos casos. Seu uso é baseado na sempre que a restauração fundida for proje-
opinião simples de que, estrutura íntegra do tada, porém ela não é, provavelmente, para
7
dente não deveria ser desnecessariamente ser usada em absoluto. A coroa parcial 4/5
1
removida. A coroa parcial veneer* deve ser é inadequada nos dentes com destruição
empregada ponderadamente, assim não fi- extensa quando há necessidade de máxima
cará sujeita às exigências às quais não é retenção ou exigência de estética.
capaz de se opor. A coroa parcial 4/5 é indicada naqueles
Além disso, para preservar a estrutura ín- casos onde existem face vestibular ínte-
tegra do dente, a coroa parcial 4/5 permite gra,8"9 pequenas cáries,8"10 altura média ou
10
a precisão de justeza e pode ser avaliada longa e boa higiene.
nas margens expostas. O cimento pode es- Foi demonstrado que a coroa parcial 4/5
coar com mais facilidade, permitindo, então tem menos retenção e resistência do que a
um assentamento mais perfeito. Finalmente coroa total veneer1113 e, portanto, deve ser
a parede intacta serve de guia na reprodu- restrita naquelas situações onde uma reten-
ção natural dos contornos e torna possível ção moderada é suficiente. Este tipo de res-
o teste de vitalidade pulpar.2 tauração fundida pode ser empregado com
A grande extensão do perímetro margi- muito sucesso como retentor de prótese fixa
nal da coroa parcial 4/5 apresenta suas com pequeno espaço protético.
margens localizadas supragengivelmente, Numa recente pesquisa da Educação
portanto, uma vantagem adicional para a Odontológica, Grosso e Carreno encontra-
2 5
saúde da gengiva marginal. " Alguns clíni- ram algumas controvérsias acerca do uso
cos evitam o uso da coroa parcial 4/5 di- da coroa parcial 4/5 na situação onde a es-
zendo que ela apresenta maior extensão de tética era considerada importante. Educa-
margem do que uma coroa total. Isto é ver- dores odontológicos em diversas regiões
dade, apesar de não ser necessariamente dos Estados Unidos sentiram que essas
relevante. Há margem adicional na coroa coroas eram reservadas para aquelas situa-
parcial 4/5, mas é inteiramente vertical e se ções, nas quais a estética não era solici-
10
tada. Esta opinião não era unânime nem
aceita.
Se o desenho for habilidoso, a coroa par-
14
*NT: coroa parcial veneer, ou seja, coroa veneer cial 4/5 pode ser muito estética. É uma
com faceta estética natural ou coroa parcial 4/5. restauração que pode ser usada com muito

95
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

sucesso nos dentes posteriores da arcada proteger as cúspides funcionais, então os


superior, onde a solicitação estética é razoa- preparos para esses dentes diferem, signi-
velmente moderada. O metal não será to- ficativamente, o suficiente para assegurar
talmente invisível, porém será imperceptí- um capítulo separado (ver capítulo 6).
vel na conservação normal. Se o paciente As coroas parciais 4/5 têm pouca reten-
vir a restauração com um espelho de au- ção e resistência menores em comparação
mento, poderá surpreender-se pelo filete de com as coroas totais veneer, porém maio-
metal à vista, ou se ele ou ela exerce ativi- res do que outros tipos de restauração com
dade que impede a exposição de metal, cobertura parcial (ver Figuras 5-1 e 5-2). Os
então a coroa parcial 4/5 é sem dúvida con- procedimentos, passo a passo, para o pre-
tra-indicada. paro 4/5 clássico, num pré-molar superior,
Uma coroa parcial 4/5, do tipo padrão, serão apresentados nas Figs. 5-3 a 5-49.
para um pré-molar superior é aquela em Exemplos clínicos de coroas parciais 4/5
que, deixa a face vestibular sem cobertura. colocadas nos pré-molares da arcada su-
Nas faces vestibulares de dentes da arca- perior serão vistos nas Figs. 5-50 a 5-58.
da inferior, necessita uma extensão para

96
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Preparo para coroa parcial 4/5 do arco


superior (Figs. 5-1 a 5-49)

RETENÇÃO COMPARATIVA DE
RESISTÊNCIA COMPARATIVA DE
DESENHOS DE PREPAROS
300 - 1 ---- í DESENHOS DE PREPAROS
Cfl f -----
(B 3119
— H l — -—1 < 3000 _ 1 1
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PREPAROS LL
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PREPAROS

Fig. 5-1 Valores de retenção, mostrados em três Fig. 5.2 Valores de resistência comparados para as
variações de coroa parcial 4/5 e três outros tipos de variações de coroa parcial 4/5 e outros três desenhos
13 15 13 K
preparos. - de preparo. -

97
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-3 Redução oclusal: broca diamantada tronco-cônico de


ponta arredondada e broca carbide nQ 171.

Fig. 5-4 Pode ser muito útil para o iniciante, ter algum
tipo de moldagem com a qual julgar a redução para o
preparo. Para fazer uma, deve-se adaptar meia medi-
da de silicone sobre o dente a ser preparado e um ou
dois dentes adjacentes. Isso pode ser feito na boca do
paciente, enquanto se espera pela anestesia, ou pode
ser preparado antes, em um modelo de diagnóstico
lubrificado.

Fig. 5-5 Cortar a moldagem obtida na metade no plano


mésio-sagital do dente que está sendo preparado. As-
sentar a metade distai na boca, para verificar a adapta-
ção da impressão ao dente não preparado sob ela.

Fig. 5-6 Começar a redução oclusal fazendo sulcos de


orientação, com uma broca diamantada tronco-cônica
de ponta arredondada nas cristas triangulares e nos
sulcos principais de desenvolvimento da superfície
oclusal. Os sulcos devem ser aprofundados no diâme-
tro total da broca diamantada, que é de aproximadamente
1,0 mm. O diamante da broca com ponta arredondada
usada para esse fim, deve medir 1,6 mm na extremida-
de da parte ativa, e com diâmetro de 1,3 mm no ponto
médio. A broca diamantada deve ficar aprofundada
na estrutura do dente, em seu diâmetro total perto da
ponta da cúspide lingual (funcional) também. Isso pro-
duz redução oclusal na variação recomendada de 1,0
a 1,5 mm,1618 e com 1,5 mm na cúspide funcional.1

98
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-7 Os sulcos de orientação devem estender-se


através do ângulo de linha ocluso-vestibular, mas, para
minimizar o aparecimento do metal na margem oclusal
da restauração final, os aprofundamentos têm apenas
0,5 mm de profundidade no ângulo dessa linha.

Fig. 5-8 Prosseguir com a redução oclusal, removen-


do o remanescente da estrutura do dente entre os
sulcos de orientação, com uma broca diamantada de
ponta arredondada. A redução é feita de modo a pre-
servar a morfologia oclusal geral,19 isto é, reproduzindo
o padrão de plano inclinado geométrico das
cúspides.720 A redução será de 1,5 mm na cúspide
funcional (cúspide lingual em dentes superiores) e
1,0 mm na cúspide não funcional (aqui, vestibular). A
profundidade da redução oclusal deve ser diminuída
perto da ponta da cúspide vestibular, para minimizar o
aparecimento do metal.14'21

Fig. 5-9 Bisel da cúspide funcional: broca diaman-


tada tronco-cônica de ponta arredondada e broca car-
bide.n8 171.

Fig. 5-10 Começar com o bisel da cúspide funcional


colocando de três a cinco sulcos de orientação com
aproximadamente 1,5 mm de profundidade na inclina-
ção lingual da cúspide lingual superior. Manter a broca
diamantada em um ângulo de aproximadamente 45
graus com o longo eixo do preparo. Os sulcos vão de-
saparecendo nas extremidades apicais.

99
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-11 Completar o bisel da cúspide funcional remo-


vendo a estrutura dentária remanescente entre os sul-
cos. O bisel deve estender-se a partir do sulco central
de uma superfície proximal para o sulco central da outra
superfície proximal. Essa característica fornece espa-
ço para o volume necessário de metal na inclinação vol-
tada para fora do bisel da cúspide funcional, para juntar
com o espaço na inclinação voltada para dentro, que foi
obtida pela redução oclusal.

Fig. 5-12 Colocar a moldagem mésio-sagital nos


dentes, para verificar o espaço. Observar que é maior
na cúspide lingual e torna-se progressivamente menor
perto da ponta da cúspide vestibular.

Fig. 5-13 Alisar a redução oclusal e o bisel da cúspide


funcional com uma broca carbide na 171.

Fig. 5-14 Redução axial lingual: broca diamantada


torpedo.

100
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-15 Começar a redução axial lingual com a broca


diamantada torpedo. Tomar cuidado para não inclinar
muito a parede lingual. A superinclinação das paredes
axiais é um erro comum, pois os molares e especial-
mente os pré-molares superiores têm inclinações vesti-
bulares naturais. Não é preciso preocupar-se com a
redução insuficiente no terço oclusal da parede lingual,
se a broca for mantida em vertical. O bisel da cúspide
funcional proporciona o espaço necessário naquela
área.

Fig. 5-16 Redução axial proximal: broca diamantada


com ponta fina e curta e broca em forma de torpedo.

Fig. 5-17 Ao preparar um dente adjacente ao espaço


edêntulo, é possível continuar da superfície lingual ao
redor do ângulo linear e sobre a superfície proximal com a
mesma broca diamantada torpedo.

Fig. 5-18 Quando a redução axial está feita, forma-se uma


linha de terminação em chanfro. Isso também serve como
um guia para produzir a redução axial adequada. A broca
diamantada deve reduzir a estrutura do dente de modo que, a
extremidade da broca fique coincidente com a linha de
terminação. Isso garante a remoção de uma quantidade de
estrutura de dente na linha de terminação, igual à metade do
diâmetro da broca, ou 0,5 mm. Ela torna-se progressivamente
maior na direção da superfície oclusal. Fazer a redução da
superfície lingual para a proximal o mais lisa e contínua
possível, sem ângulos agudos na redução axial ou
rugosidades no chanfro.

1
01
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-19 Começar a redução axial onde há um dente


adjacente, com a broca diamantada de ponta fina e cur-
ta. Esse tipo de broca, provavelmente, é mais efetivo
nessa área, se for usado com um movimento "de serra"
para cima e para baixo.

Fig. 5-20 Continuar na direção da superfície vestibular


até que o contato com o dente adjacente seja rompido.
Onde a estética é importante, como aqui, na superfície
mesial de um primeiro pré-molar superior maxilar não
fazer cortes com esse instrumento, a partir do aspecto
vestibular. A superextensão e o aparecimento desa-
gradável do metal são os resultados.

Fig. 5-21 A subextensão da redução proximal em dire-


ção vestibular pode resultar em sulcos curtos.22 A ex-
tensão inadequada em direção gengival na superfície
proximal oposta ao pôntico, pode levar ao fracasso pre-
maturo de uma prótese fixa por causa da deficiência em
retenção e resistência.23 Outro erro comum é a subexten-
são do ângulo gengivo-vestibular mostrada nesta figu-
ra,19 causada por uma tendência de puxar oclusalmente
com a broca diamantada, quando ela é elevada para ves-
tibular. É importante concentrar-se em manter a linha
de terminação no mesmo nível apicalmente em todo o
seu comprimento, uma vez que o ângulo gengivo-vesti-
bular tenha sido identificado como a área mais provável
de falha da margem da coroa parcial 4/5.24

Fig. 5-22 Uma vez que se obteve espaço suficiente com


a broca diamantada de ponta fina, pode-se usar uma
broca maior, capaz de produzir uma linha de terminação
em chanfro contínuo, bem como a redução axial ade-
quada. Pode ser necessário usar a broca diamantada
em forma de chama como instrumento intermediário,
antes de prosseguir com a broca diamantada em torpe-
do. Embora ambos tenham o mesmo diâmetro na parte
ativa da broca, a broca em chama tem ponta mais longa
e fina que facilita seu uso onde há abertura proximal
mínima. A redução é completada com uma broca
diamantada em torpedo, para produzir um bom bisel na
superfície proximal. Assegurar-se de arredondar ade-
quadamente o ângulo mésio-lingual, para garantir um
chanfro contínuo e a redução adequada na própria área
do ângulo.

102
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-23 Acabamento axial: broca carbide torpedo.

Fig. 5-24 Seguir sobre todas as superfícies axiais e todo


o comprimento do chanfro, com uma broca de acaba-
mento de carbide estriada de 12 lâminas, em forma de
torpedo. Prestar atenção especial aos ângulos línguo-
proximais, assegurando-se de que o chanfro seja
definido e contínuo nessas áreas.

Fig. 5-25 O preparo quase completo é visto pela oclusal,


antes de se acrescentar os sulcos e as características
oclusais. Observe a extensão mínima no ângulo mésio-
vestibular do dente.

Fig. 5-26 Sulcos proximais: broca carbide n s 171.

103
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-27 O alinhamento e a posição são aspectos im-


portantes da localização dos sulcos. Eles foram des-
critos formando uma "trava lingual"25 ou direcionados
para o ângulo lingual oposto do dente.1 Tjan e cols. re-
comendaram que o sulco fosse preparado em uma linha
paralela à linha tangente à curvatura mais externa do
dente.26 Frequentemente, os sulcos são colocados de
modo que o lado da broca corte a estrutura do dente
ao longo de uma linha perpendicular à superfície externa
do esmalte, no ponto onde o sulco é colocado.

Fig. 5-28 Antes de tentar iniciar os sulcos, desenhar o


esboço dos sulcos na superfície oclusal, com um lápis
afilado. Os sulcos devem ser colocados o mais distante
possível, vestibularmente, sem abalar a parede vesti-
bular.2729 Em dente posterior, os sulcos devem ser pa-
ralelos ao longo eixo do dente.117'27'29'31

Fig. 5-29 Começar com o sulco mesial marcando pri-


meiro um "gabarito" na superfície oclusal, com a broca
carbide n9170. Ela deve seguir a diretriz exata traçada
com o lápis anteriormente e deve ter 1,0 mm ou menos
de profundidade. O sulco final será do tamanho da
broca carbide n-171, mas o iniciante obtém melhores
resultados se usar uma broca menor, pois ela permite
ajustes na direção, sem aprofundar demais o sulco.

Fig. 5-30 Continuar a estender o sulco mesial mais


apicalmente. A distância vai depender da prática e da
confiança do operador. Ele pode ser feito 0,5 mm de
uma vez, ou em incrementos de 2,0 mm pelo operador
que tem mais senso do que está tentando obter.

104
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-31 O sulco é finalmente estendido em seu com-


primento total, o mais distante possível no sentido
gengival, terminando cerca de 0,5 mm acima da linha
de terminação em chanfro.26 Ele deve formar um degrau
definido, em vez de ir desaparecendo.1'17'2426'32 Embora os
sulcos em forma de V tenham sido, em certa época,
2027 3334
largamente utilizados, - eles proporcionam apenas 68%
da retenção e 57% da resistência dos sulcos arre-
dondados ou côncavos.15 Os sulcos devem ser coloca-
dos na estrutura do dente, pelo menos no diâmetro total
da broca utilizada para prepará-los. Uma vez que, uma
das funções do sulco é proporcionar resistência à rota-
ção lingual,35 é importante que ele tenha uma parede
lingual definida.1 Para evitar o dano ao esmalte vestibu-
lar e as "aletas" agudas sem apoio da estrutura lingual
do sulco, a sua direção para o meio do dente deve ser
em ângulos retos com a superfície externa do dente, na
área onde o sulco está localizado.

Fig. 5-32 O sulco distai é cortado de modo que seja


paralelo ao sulco mesial. Pode ser útil para o iniciante,
colocar broca fissurada cónica no sulco mesial, para
propocionar um indicador de fácil visualização da dire-
ção do sulco. Se o sulco distai for adjacente a um espa-
ço edêntulo, como neste exemplo, pode ser preparado
com mais facilidade e não será necessário realizá-lo em
pequenos incrementos.

Fig. 5-33 Biselados proximais: brocas diamantadas e


carbide em forma de chama.

Fig. 5-34 O biselado vestibular é preparado do sulco


para fora, para evitar superextensão. Pode não ser pos-
sível usar mais do que a broca diamantada em chama,
se a extensão vestibular da linha de terminação estava
sendo mantida conservadora. O biselado deve ser es-
tendido o sufciente, para ser alcançado pelo explora-
dor e pela escova de dente, mas não tão longe, de modo
a causar um aparecimento notável do metal. A distân-
cia real varia de dente para dente, dependendo da pri-
oridade dada à estética e da possibilidade de limpeza.
O biselado é uma figura geométrica plana que é pre-
parado igualmente às custas da parede vestibular do
sulco e da superfície externa do dente.

105
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-35 Quando se usa uma broca diamantada em


forma de chama, deve-se completar a instrumentação
desse biselado com uma broca carbide em forma
de chama, com a mesma configuração e diâmetro de
1,0 mm da broca diamantada. Usar movimentos peque-
nos na peça de mão e broca, em apenas uma direção.
Movendo-se a broca para trás e para frente pode-se
arredondar a linha de terminação.

Fig. 5-36 Nas áreas onde o limite da extensão vestibu-


lar é crítico por razões estéticas, o biselado deve ser
feito com um cinzel para esmalte largo e pouco agudo
(1,5 a 2,0 mm).

Fig. 5-37 Onde o acesso é bom, pode-se usar um disco


de lixa média para dar forma ao biselado. Enquanto esse
método pode produzir um plano altamente desejável, ele
pode resultar em uma linha de terminação indefinida ou
arredondada, se o disco for usado depois que o abrasivo
estiver gasto. Certificar-se de proteger os lábios e a
bochecha com os dedos da mão esquerda, para
evitar lesões no paciente.

Fig. 5-38 Biselado oclusal: brocas carbide ns 171 e 957.

106
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-39 Começar a canaleta oclusal com a extre-


midade de uma broca na 171. A canaleta forma uma
borda de 1,0 mm de largura ou um "terraço" plano sobre
a inclinação lingual da cúspide vestibular. Ela conecta
os sulcos e mantém uma distância uniforme da linha
de terminação ocluso-vestibular, assumindo a forma de
um V invertido. Essa característica desempenha um
papel importante na rigidez na fundição, mantendo
juntos os sulcos proximais para formar um grampo de
14 1
. 6'8.21,23,24,26,28.36

Fig. 5-40 Prosseguir na canaleta oclusal com uma


broca carbide cortante ne 957. Isso alisa a canaleta,
garantindo que ela seja uma borda plana e não um
sulco em V.

Fig. 5-41 Usar uma broca carbide nQ 170, para arre-


dondar o ângulo formado entre a parede vertical da
canaleta e a inclinação lingual da cúspide vestibular.

Fig. 5-42 A mesma broca também pode ser usada


para arredondar os ângulos agudos entre as inclinações
linguais da cúspide vestibular e os biselados proximais.

107
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-43 Bisel vestibular: broca diamantada em forma de


chama e broca carbide ne 170.

~~

Fig. 5-44 Colocar um bisel de acabamento oclusal es-


treito ao longo da linha do ângulo ocluso-vestibular
tomando o cuidado de mante-lo perpendicular ao eixo
de inserção. O bisel não deve ser maior que 0,5 mm
de largura. Levar o bisel ao redor do ângulo em cada
biselado proximal, mantendo a borda externa do bisel
contínua com a borda externa dos biselados. O bisel,
ambos os biselados e o outro chanfro devem conec-
tar-se uniformemente para formar uma linha de termi-
nação contínua, sem ângulos agudos.

Fig. 5-45 A moldagem de silicone é colocada sobre


o preparo para demonstrar a profundidade e forma da
redução, bem como a localização e tamanho relativo;
características como o bisel ocluso-vestibular, cana-
leta oclusal e bisel da cúspide funcional.

Fig. 5-46 Preparo para coroa parcial 4/5 terminado


em um pré-molar superior.

108
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-47 Uma variação comum de preparo para


coroa parcial 4/5, empregada quando há presença
de cáries ou restaurações prévias nas superfícies
proximais, é aquela onde as caixas são substituí-
das por sulcos. 14.17.27.28,31,32,34 A coroa parcial 4/5
com caixas é mais retentiva do que o desenho
clássico com dois sulcos.12'15 Contudo, as caixas
são muito destrutivas em termos de estrutura den-
tal, de modo que seu uso pode ser justificado ape-
nas quando a estrutura já foi destruída por cáries
ou restaurações anteriores. A caixa também é
usada para acomodar conectores não rígidos.

Fig. 5-48 Uma alternativa menos destrutiva para au-


mentar a retenção e resistência é um preparo para
coroa parcial 4/5 que utiliza dois sulcos em cada
superfície proximal.38 Não existe diferença signifi-
cante entre a retenção proporcionada pelos sulcos
e a proporcionada pelas caixas.

Fig. 5-49 Características de uma coroa parcial 4/5


superior, no maxilar e função exercida por cada uma
delas.

Sulco proximal Terminação em chanfro


Retenção e Integridade marginal
resistência Preservação periodontal
Durabilidade Redução axial
estrutural Retenção e resistência
Durabilidade estrutural
Preservação periodontal
Bisel da cúspide funcional
Durabilidade estrutural
Biselado proximal
Integridade marginal

Acabamento
do bisel vestibular
Integridade marginal
109
Redução do plano oclusal
Durabilidade estrutural
Canaleta oclusal
Durabilidade estrutural
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Exemplos clínicos: dentes posteriores


da arcada superior (Figs. 5-50 a 5-58)

Fig. 5-50 Fez-se um preparo clássico de coroa parcial


4/5 neste primeiro pré-molar superior, que vai ser usado
como elemento suporte da prótese. A extensão mesial
foi mantida mínima para evitar um aparecimento des-
necessário do metal.

Fig. 5-51 Este elemento de suporte da prótese, no


primeiro pré-molar superior, era um pouco menor que o
ideal, de modo que usou-se sulcos duplos em cada
superfície proximal. O fato de que as superfícies
proximais estavam livres de cáries ou de restaurações
anteriores, excluiu o uso de caixas. O dente preparado
é visto à esquerda, enquanto o modelo de gesso do
preparo é visto à direita.

Fig. 5-52 Usou-se uma coroa parcial 4/5 para res-


taurar este primeiro molar superior depois do tér-
mino de tratamento endodôntico e da colocação de
um núcleo de amálgama (esquerda). Como o den-
te tinha uma coroa clínica pequena, usou-se múlti-
plos sulcos para ampliar a retenção e resistência.
Eles podem ser vistos em maior detalhe no molde
de gesso do dente preparado (direita).

Fig. 5-53 Foram feitos preparos para coroas par-


ciais 4/5 ligeiramente modificadas em ambos os ele-
mentos de suporte com envolvimento periodontal,
para uma prótese que vai substituir um segundo pré-
molar superior.

110
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-54 O modelo de gesso das duas coroas par-


ciais 4/5 mostra mais claramente as duas caixas
usadas no preparo do primeiro pré-molar e a com-
binação de uma caixa mesial e múltiplos sulcos
usados no primeiro molar.

Fig. 5-55 A vista vestibular da prótese colocada nos


preparos para coroas 4/5 modificadas mostra a
extensão da recessão gengival ao redor dos elementos
de suporte. Os retentores para prótese fixa
metalocerâmica poderiam ter sido desnecessaria-
mente destruídos. A paciente escolheu coroas parciais
4/5 quando lhe foram explicadas as opções. Ela achou
que o mínimo aparecimento de metal era aceitável.

Fig. 5-56 Foi feito um preparo para coroa parcial 4/5


nesse primeiro molar superior, depois de tratamento
endodôntico e inserção de um núcleo de amálgama. O
preparo é visto na boca (esquerda) e no modelo de
gesso (direita). As extensões vestibulares foram
mínimas tanto na superfície mesial quanto na distai.

Fig. 5-57 A restauração completa é vista por vesti-


bular. As extensões mínimas nas superfícies proxi-
mais e o bisel oclusal, combinados com o arredon-
damento do ângulo de linha oclusal durante o acaba-
mento intra-oral da restauração fundida, resultou em
um leve aparecimento de ouro em uma vista vesti-
bular direita.

111
Coroa Parcial 4/5 do Arco Superior

Fig. 5-58 Na distância em que se conversa, o metal


em volta da superfíce vestibular do dente é invisível. O
desenho da restauração foi mais adequado para os
requisitos estéticos desse paciente de 26 anos de
idade.

112
Capítulo 6

Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

O preparo para coroa parcial 4/5 nos pré- ve proporcionar espaço para um volume
molares e molares do arco inferior difere do adequado de metal e reforçar a margem,
preparo para os dentes posteriores da arca- prendendo-se em dois sulcos próximos para
da superior, isto porque as cúspides vesti- formar uma "amarria" de reforço. As carac-
bulares dos dentes posteriores da arcada terísticas da margem volumosa e reforço
inferior são cúspides de suporte. O preparo são localizadas nas vertentes vestibulares
nestes dentes precisa compensar e proteger das cúspides correspondentes, e é desne-
as cúspides vestibulares e as margens da cessário colocar esses reforços como com-
restaurações. Em caso contrário ou a não- pensação na vertente lingual das cúspides.
proteção, as cúspides podem fraturar-se ou
O primeiro pré-molar inferior é um pobre
então a coroa em pouco tempo pode sofrer
candidato para receber uma coroa parcial
desgaste nas proximidades da margem ves- 10
tíbulo-oclusal. 4/5. Esse dente é frequentemente muito
baixo ou muito pequeno em volume para
Por esta razão, a recente versão da co- proporcionar adequada retenção e resistên-
roa parcial 4/5 do arco inferior deverá ser cia para retentor de ponte fixa. Ainda, a sua
recoberta por vestibular, deixando a super- posição na arcada faz com que a coloca-
16
fície da cúspide não funcional descoberta. ' ção de uma coroa parcial 4/5, de tipo pa-
A cobertura completa da face vestibular drão, torne-se esteticamente inaceitável
torna-se esteticamente inaceitável, porém pela maioria dos pacientes.
um diferente desenho pode ser desenvol-
vido para os dentes posteriores da arcada A coroa parcial 4/5 é, entretanto, restrita
inferior. ao uso como retentor de prótese fixa ou em
restauração em dente isolado, ou ainda, no
A coroa parcial 4/5 reversa, com cobertu- segundo pré-molar e molares de pacientes
ra completa da face vestibular é usada oca- que não rejeitam ligeira exposição do me-
sionalmente e está reservada para uma ou tal. Essa coroa parcial 4/5 não poderá ser
outra situação: (1) é ideal quando os mola- usada nos molares inferiores inclinados para
res inferiores estão muito inclinados para mesial, porque é impossível, durante o pre-
7
lingual e (2) pode também ser usada nos paro, compensar a conicidade das paredes
molares inferiores que sofreram destruição mesial e distai, que inevitavelmente ocor-
da face vestibular e não a da lingual.8 rem em tais situações, não envolvendo a
superfície vestibular do dente. Como resul-
A superfície vestibular é deixada íntegra tado, este tipo de preparo não é frequente-
79
e as cúspides são recobertas. ' A linha de mente usado como retentor de prótese fixa
terminação em oclusal pode ser realizada nos segundos molares inferiores, mesmo
9
em chanfro acentuado, ou em degrau com que as superfícies vestibulares estejam
78
bisel. ' Ou ainda, a linha de terminação de- íntegras.

115
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

As fases para realizar o preparo para Alguns exemplos clínicos de coroas par-
coroa parcial 4/5 clássica, num molar infe- ciais 4/5 colocadas nos dentes posteriores
rior são apresentadas nas Figs. 6-1 a 6-44. da arcada inferior são apresentadas nas
Diferem do preparo para coroa parcial 4/5 Figs. 6-45 a 6-55.
em molares superiores (capítulo 5) porque
as cúspides funcionais são as vestibulares,
no inferior e linguais no superior.

Preparo para coroa parcial 4/5 do arco


inferior (Figs. 6-1 a 6-44)

Fig. 6-1 Redução da superfície oclusal: broca dia-


mantada tronco-cõnica de ponta redonda e broca carbi-
dene171.

Fig. 6-2 Fazer os sulcos de orientação na superfí-


cie oclusal, com a broca diamantada tronco-cõnica
de ponta arredondada. Esses sulcos devem ser
colocados nos sulcos principais de desenvolvimen-
to e na parte elevada das cristas triangulares. Es-
ses sulcos de referência devem ter 1,5 mm de pro-
fundidade nas cúspides vestibulares e 1,0 mm de
profundidade nas linguais.

Fig. 6-3 Completar a redução oclusal com a broca


diamantada tronco-cõnica de ponta arredondada, remo-
vendo a estrutura remanescente entre os sulcos de orien-
tação, mantendo os planos geométricos da superfície
oclusal.

116
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-4 Bisel da cúspide funcional: broca diaman-


tada tronco-cônica de ponta redonda e broca carbi-
dene 171.

Fig. 6-5 Com os dentes posteriores do paciente em


oclusão, usar um lápis para traçar o contorno das
cúspides vestibulares superiores opostas, nas
superfícies vestibulares do dente inferior.

Fig. 6-6 O contorno traçado das cúspides vestibu-


lares superiores proporciona um padrão para a li-
nha de terminação do bisel da cúspide funcional
quando ela for preparada.

Fig. 6-7 Colocar sulcos de orientação com 1,5 mm


de profundidade no ângulo da linha oclusal, seguin-
do mais ou menos a linha de terminação traçada no
passo anterior. Embora essa linha usualmente siga
um percurso para cima e para baixo nas cúspides,
não se faz nenhum esforço especial para reprodu-
zir precisamente esse padrão anatómico nos mola-
res. Nos pré-molares, contudo, é importante repro-
duzir o padrão da cúspide nas superfícies vestibu-
lares. Há menos metal aparecendo na porção cen-
tral da superfície vestibular. O metal presente é
menos visível, porque a estrutura remanescente
reproduz um padrão de cúspide natural, que com-
bina melhor com outros dentes no arco.

117
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-8 Completar o bisel da cúspide funcional re-


movendo a estrutura remanescente entre os sulcos
de orientação com uma broca diamantada tronco-côni-
ca de ponta arredondada.

Fig. 6-9 Usar a broca carbide ns 171 para alisar a redu-


ção oclusal e o bisel da cúspide funcional. Embora a
redução oclusal possa reproduzires planos inclinados
da superfície oclusal,2'1112 não deve haver ângulos agudos
ou pontas de cúspide porque eles impedem o
assentamento completo do bloco fundido mais tarde.

Fig. 6-10 O espaço uniforme fornecido pela redução


oclusal e o bisel da cúspide funcional podem ser vistos
por mesial do molar inferior preparado e de molar supe-
rior oposto.

Fig. 6-11 Degrau oclusal: brocas de carbide ns 171


e957.

118
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-12 Preparar o degrau oclusal com uma broca


carbide ns 171, seguindo alinha de terminação dese-
nhada previamente.

Fig. 6-13 Planificar o degrau oclusal com uma broca


carbide n9 957. Assegurar-se de que todo o degrau
tenha 1,0 mm de largura da broca usada.

Fig. 6-14 Quando este preparo é usado em um pré-


molar inferior, as extensões são mantidas no míni-
mo, por razões estéticas e pode não haver espaço
para um degrau. Nesta circunstância, deve-se usar
um chanfro acentuado em vez de um degrau.

Fig. 6-15 Redução axial lingual: broca diamantada em


torpedo.

119
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-16 Começar a redução axial lingual movimen-


tando a broca diamantada em torpedo de mesial para
distai, mantendo a broca alinhada com o eixo de
inserção do preparo. Inicialmente, isso resulta em
redução somente da porção oclusal da parede lin-
gual. Se o iniciante ficar impaciente e tentar produ-
zir a linha de terminação gengival nessa hora, a
broca pode ficar alinhada com a parede lingual do
dente, em vez de com o eixo de inserção, resultan-
do na formação de retenção.

Fig. 6-17 Completar a redução axial lingual, esten-


dendo-a o mais próximo possível das ameias mesial
e distai, sem traumatizar os dentes adjacentes.
Quando se remove um volume adequado de estru-
tura do dente, a extremidade da broca diamantada
torpedo produz um chanfro como a linha de termi-
nação gengival lingual. Uma vez que a broca tem
1,0 mm de diâmetro e sua extremidade é uma ponta
aguda, se a broca for pressionada no dente até a
metade do seu diâmetro, a redução axial será de
0,5 mm imediatamente oclusal ao chanfro. Ela tor-
na-se progressivamente maior na direção da super-
fície oclusal.

Fig. 6-18 Redução axial proximal: brocas diaman-


tadas com ponta fina e curta e em torpedo.

Fig. 6-19 Começar a redução intefproximal mesial


com a broca diamantada com ponta fina. Usar um
movimento para cima e para baixo, sem fazer ex-
cessiva pressão na ponta. Evitar o toque nos den-
tes adjacentes, e também não deixar a parede axial
muito cónica.

120
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-20 Estender pela superfície proximal a partir da


superfície lingual, até que o contato com a superfície
distai do dente adjacente seja quebrado. Não ser dema-
siadamente conservador na extensão vestibular ou
pode-se encontrar dificuldade desnecessária na
moldagem, terminação das margens ou higienização.
Uma extensão de 1,0 mm para vestibular, na área de
contato funcional é aceitável.

Fig. 6-21 Repetir o processo na superfície distai. Preo-


cupar-se especialmente com a inclinação mésio-distal
da broca diamantada nessa superfície. O acesso é mais
difícil na superfície distai e a visibilidade é limitada. Os
iniciantes têm uma tendência de inclinar o instrumento
no sentido mesial para acomodar a abertura limitada e,
inconscientemente, para evitar o toque na superfície
mesial do dente adjacente. O acesso limitado é melhor
compensado pela inclinação da broca no sentido vesti-
bular ou lingual.

Fig. 6-22 Onde o acesso e a visibilidade são limita-


dos, o próximo passo pode exigir o uso de broca
diamantada em forma de chama. Embora ela tenha
o mesmo diâmetro de 1,0 mm como a broca diaman-
tada torpedo, na parte ativa do instrumento, ela tem
ponta mais fina e longa que permite que ela seja
usada para aumentar a redução axial, sem bater no
dente adjacente na região gengival.

Fig. 6-23 A broca diamantada em torpedo agora é usa-


da para terminar a redução axial nas superfícies
proximais, garantindo espaço adequado para a restau-
ração, sem sobrecontorno. Usar o instrumento para cri-
ar uma transição lisa da superfície proximal para a lin-
gual, com profundidade axial igual de redução. A linha
de terminação em chanfro, formada dessa maneira, deve
ser tão distinta nos ângulos mésio-lingual e disto-lingual,
quanto é no meio de qualquer das superfícies axiais. A
linha e terminação deve estar no mesmo nível gen-
givalmente na área transicional.

121
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-24 Acabamento axial: broca carbide torpedo.

Fig. 6-25 Prosseguir em todas as superfícies axiais


com a broca carbide torpedo prestando especial aten-
ção à redefinição e alisamento da própria linha de
terminação em chanfro.

Fig. 6-26 Sulcos proximais: broca carbide r\Q 171.

Fig. 6-27 É bom para o iniciante, desenhar o contorno


dos sulcos na superfície oclusal com um lápis. Desse
modo, sua posição exata pode ser visualizada, antes
que o instrumento toque no dente. Esse passo é desne-
cessário depois que o operador tem experiência para
colocar os sulcos.

122
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-28 Começar o sulco mesial com uma broca car-


bide ne 170, aprofundando-o em um comprimento de
aproximadamente 1,0 mm.

Fig. 6-29 Uma vez que o dentista está satisfeito com


o contorno do sulco preparado, estendê-lo gengival-
mente em pequenos incrementos (aproximadamente
1,0 mm por vez).

Fig. 6-30 Estender o sulco até o seu comprimento


gengival total, terminando aproximadamente a 0,5 mm
da linha de terminação em chanfro.

Fig. 6-31 Inicia-se o segundo sulco. O sulco distai


da preparação parcial 4/5 em um molar inferior é
uma das características mais difíceis de preparar
adequadamente na boca, devido ao difícil acesso e
à má visibilidade. Neste exemplo, é visto uma bro-
ca no sulco mesial, como um auxílio para visualizar
a direção do segundo sulco. O iniciante pode que-
rer que isso seja realizado em um preparo em ma-
nequim, mas é impossível fazer isso na boca. É im-
portante manter o segundo sulco alinhado com o
primeiro, porque há uma tendência comum de ir para
o centro do dente.

123
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-32 Estender o sulco a seu comprimento total, em


pequenos aprofundamentos.

Fig. 6-33 Quando ambos os sulcos estiverem pre-


parados em sua extensão total, em alinhamento pró-
prio, terminá-los com uma broca 171, para garantir
que eles sejam profundos e definidos. Consideran-
do o tamanho da restauração e a área da superfície
vestibular pela qual são substituídos, é importante
que os sulcos sejam de tamanho adequado. Tjan
e Miller recomendam uma broca ainda maior que a
n a 171 para os molares. 13 Os sulcos pequenos e
indistintos não têm finalidade útil.

Fig. 6-34 Com uma broca carbide ns 171 ou 170, na


peça de mão, chanfrar ou arredondar ligeiramente
as bordas agudas na superfície oclusal do preparo.

Fig. 6-35 Biselado proximal: broca diamantada e broca


carbide em forma de chama.

124
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-36 Usar a da broca diamantada em forma de


chama, para começar o biselado proximal.

Fig. 6-37 Quando há maior espaço para manobra, o


corpo da broca em forma de chama pode entrar em ação
porque não é perigoso manter a extensão mínima em
um molar inferior. O biselado deve formar uma superfí-
cie essencialmente plana, mais largo no sentido oclusal
do que no gengival, e com uma linha de terminação
bem definida. O acesso é muito restrito nessa área
da boca, para se tentar o uso de um disco de lixa.

Fig. 6-38 Para produzir uma superfície lisa adjacente


à linha de terminação atual, deve-se usar um broca
carbide em forma de chama e comprida, de mesmo
diâmetro e configuração que as da broca diamantada
para fazer o acabamento do biselado.

Fig. 6-39 Bisel vestibular: broca diamantada em forma


de chama e broca carbide ng 170.

125
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-40 Embora a broca diamantada em chama


possa ser usada para a instrumentação inicial do bisel
no degrau oclusal, o preparo final desse bisel de 45 graus
Q
deve ser obtido com uma broca carbide n 170 ou com
broca carbide em forma de chama.

Fig. 6-41 Assegure-se de arredondar o ângulo entre


o bisel oclusal vestibular e o biselado proximal, manten-
do uma linha de terminação lisa e não interrompida,
de uma para a outra.

Fig. 6-42 A vista proximal do preparo terminado mostra


a continuidade da linha de terminação do bisel oclusal
ao biselado e ao chanfro, bem como a adequação da
redução oclusal.

Fig. 6-43 Vista oclusal do preparo terminado.

126
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Bisel da cúspide funcional Redução do plano oclusal


Durabilidade estrutural Durabilidade estrutural

Degrau oclusal Sulco proximal


Durabilidade estrutural Retenção e resistência
Durabilidade estrutural

Redução axial
Retenção e resistência
Durabilidade estrutural
Bisel vestibular
Preservação do periodonto
Integridade marginal
Chanfro
Biselado proximal Integridade marginal
Integridade marginal

Fig. 6-44 Características de um preparo para coroa parcial 4/5 em um molar inferior e função de cada
uma delas.

127
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Exemplos clínicos: dentes posteriores


inferiores (Figs. 6-45 a 6-55)

Fig. 45 Foi feito um preparo para coroa parcial 4/5 neste


segundo molar inferior, para receber um retentor de
prótese. O modelo de gesso desse preparo típico é mos-
trado à direita.

Fig. 6-46 Vista mesial do preparo para coroa parcial


4/5, mostrando a colocação dos sulcos e o degrau oclu-
sal em detalhe.

Fig. 6-47 Selecionou-se um desenho de coroa parcial


4/5 para uma restauração unitária neste primeiro molar
inferior, depois da colocação de um núcleo de amálgama
bem grande. A forma de caixa pequena acrescentada
para incorporar um sulco vestibular defeituoso pode ser
vista claramente no modelo de gesso à direita.

Fig. 6-48 Vista vestibular da coroa parcial 4/5 com-


pletada, cujo preparo é visto na Fig. 6-47. A pequena
projeção na margem ocluso-vestibular cobre a forma
de caixa no preparo, o qual foi acrescentado para
incorporar o sulco vestibular carioso.

128
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-49 Preparo para coroa parcial 4/5 em um pré-


molar inferior que será usado como suporte de uma
prótese. Ele é visto na boca (esquerda) e no modelo
(direita).

6-50 Foi feito um preparo para coroa parcial 4/5 modifi-


cada neste primeiro pré-molar inferior, utilizando dois
sulcos em cada superfície proximal para aumentar a
resistência (esquerda) e uma linha de terminação ocluso-
vestibular em chanfro, acentuado, com extensão míni-
ma na superfície vestibular (direita).

Fig. 6-51 Uma vista mésio-distal da prótese terminada,


na qual o pré-molar é o elemento de suporte preparado,
que é visto na Fig. 6-50.

Fig. 6-52 Este preparo para coroa parcial 4/5 para


uma restauração unitária de um primeiro molar inferior,
faz uso de um chanfro acentuado para a linha de termi-
nação ocluso-vestibular, com forma de caixa estreita
para o sulco vestibular.

129
Coroa Parcial 4/5 do Arco Inferior

Fig. 6-53 Vista vestibular da coroa parcial 4/5 terminada


sobre o preparo anterior.

Fig. 6-54 Usou-se um preparo de coroa parcial 4/5


inversa nesse segundo molar inferior direito com cárie
vestibular e superfície lingual intacta (esquerda).
O modelo de gesso (direita) mostra mais claramente
a caixa usada na superfície mesial e os dois sulcos
colocados na distai.

Fig. 6-55 Vista lingual da coroa, mostrando uma coroa


parcial 4/5 invertida no segundo molar.

130
Capítulo 7

Coroa Parcial 3/4

A primeira e original coroa parcial 3/4 foi As coroas metalocerâmicas possibilita-


desenvolvida por Carmichael, que usou fio, ram benefício à Odontologia, porque elas
lâmina e solda, antes do advento da técni- oferecem resistência, durabilidade e poten-
ca de fundição de precisão na Odontologia.1 cial estético, o que faltava em outros tipos
Na sua técnica, a lâmina de ouro era adap- de restaurações, como as coroas parciais
tada no dente preparado e um fio de irídio- 3/4 em dentes anteriores. Indiscutivelmente,
platinum era adaptado em cada sulco proxi- existem muitas situações clínicas, nas quais
mal do preparo. A cera era usada para ligar as coroas metalocerâmicas são restaura-
os fios na lâmina e o conjunto, era retirado ções de eleição: nos casos de cárie ou res-
da boca e em seguida incluído. A soldagem taurações antigas que afetaram a face ves-
era realizada ligando os fios à lâmina, for- tibular ou ângulo incisai do dente, excessiva
mando, então, a restauração. Com esta hu- destruição da estrutura coronária, desagra-
milde iniciativa, a construção e o uso da res- dáveis descolorações de esmalte por con-
tauração metálica aumentaram. Por muitos dições sistémicas e em coroas clínicas cur-
anos era o único meio de se obter retentores tas de elementos de suporte de uma prótese
estéticos para ponte fixa. fixa, são algumas das mais indicações fre-
O desenho do preparo para coroa parcial quentes. Alguns dentes anteriores íntegros
3/4 corretamente empregado é originário são destruídos em nome da estética, quan-
direto da restauração anteriormente vista. do uma coroa parcial 3/4 poderia ser usa-
Este tipo de preparo não era usado frequen- da. Obter aparência e contorno natural em
temente como na atualidade. Um retentor porcelana é difícil. A advertência de Tinker
convenientemente estético como coroa to- em 1920 era "...conservação da estrutura
tal veneer era colocado nos casos onde do dente é absolutamente importante", e é
2
grande retenção e estabilidade eram exigi- sempre valiosa essa recordação.
das. As coroas parciais 3/4 incorretamente As coroas parciais 3/4 quando bem exe-
executadas com desagradável e frequente- cutadas evitam o desagradável aparecimen-
3
mente desnecessária exposição de ouro, to de metal e podem ser muito estéticas.
têm dado à restauração um conceito impró- Entretanto, elas exigem mais tempo do pro-
prio perante o público em geral e à profis- fissional, que as coroas totais veneer,4 que
são odontológica. Associada com a facili- não são indicadas para todos os dentes e
dade, com a qual o dente é preparado para todos os pacientes. O sucesso no uso da
receber uma coroa metalocerâmica, isto tem coroa parcial 3/4 em dentes anteriores de-
contribuído em quase o total desapareci- penderá da cuidadosa avaliação de cada
mento de coroa parcial 3/4 em dentes ante- caso antes de iniciar o tratamento. Elas são
riores, sendo, portanto, o desenvolvimento bem indicadas como retentores de prótese
mais infeliz. fixa com espaço profético pequeno e em

133
Coroa Parcial 3/4

elementos de suporte com pequenas res- fundamental de retenção de uma coroa


taurações ou livres de cáries.5'6 parcial 3/4 é a presença de paredes opos-
11 12
A morfologia do dente em questão tam- tas. ' Nestes preparos, uma ou mais su-
bém deve ser levada em consideração. A perfícies, ficarão descobertas, assim a co-
espessura, forma quadrangular do dente roa parcial 3/4 não apresenta capacidade
13 15
anterior, um adequado volume vestíbulo-lin- retentiva como a coroa total veneer. '
gual da estrutura, sem dúvida, formam o Recursos clínicos como pequenos condu-
melhor candidato para receber uma coroa tos, sulcos ou caixas devem ser realizados
parcial 3/4.7 Dentes cónicos e estreitos não para substituir as paredes axiais não pre-
16
têm condições para receber os sulcos de paradas. Estes recursos clínicos aumen-
retenção ou pinos. Para preservar a estéti- tam a área da superfície do preparo, au-
ca e facilitar o paralelismo dos preparos de mentando, então, a capacidade retentiva da
13
elementos de suporte, os dentes devem se restauração fundida. No preparo para co-
apresentar bem alinhados no arco. Uma roa parcial 3/4, do tipo padrão, em dente
sobremordida profunda complica a obten- anterior, as características de retenção e
ção de planejamento para uso de uma co- resistência mais usadas são os sulcos
roa parcial 3/4, pois ela requer excessiva proximais. O plano de inserção é determina-
redução por lingual. O requisito final exige do comumente na colocação dos sulcos
que o paciente apresente boa higiene oral. que devem ser corretamente localizados
17
Como ulterior complemento, é mais pro- para assegurar uma restauração estética.
vável que a coroa parcial 3/4 apresente in- É imperativo que a extensão do preparo
tegridade marginal do que a coroa com co- seja mínima.18 A coroa parcial 3/4 é usada
bertura total da coroa clínica, isto porque a em casos cuidadosamente selecionados,
primeira, poderá ser visualmente inspecio- para obter ambos os objetivos, estética e
8
nada. Christensen demonstrou que os clí- conservação.
nicos são mais exigentes na sua avaliação As Figuras 7-1 a 7-46 ilustram as fases
visual das margens do que aqueles que do preparo para coroa parcial 3/4 no canino
9
avaliam através de sensação tátil isolada. superior. O preparo para um incisivo difere
Em adição, as margens da coroa parcial somente na face lingual, incisai e no cíngulo,
3/4 cimentada apresentam melhor justeza onde a redução será levemente executada
de adaptação. Uma coroa total veneer age e com ligeira superfície côncava. O preparo
como uma câmara hidráulica fechada, du- para coroa parcial 3/4 em dentes anteriores
rante a cimentação,10 enquanto que a co- da arcada inferior parece aproximadamen-
roa parcial 3/4, com uma face aberta, não te com o preparo de dentes anteriores do
confinará o cimento para produzir pressão arco superior em duplicado.
hidráulica, portanto, proporcionará comple- Exemplos clínicos de coroas parciais 3/4
to assentamento durante a cimentação. colocadas no arco superior são apresenta-
Como acontece com todos os preparos dos nas Figs. 7-47 a 7-55.
para restaurações fundidas, o componente

134
Coroa Parcial 3/4

Preparo para coroa parcial 3/4 em cani-


no superior (Figs. 7-1 a 7-46)

Fig. 7-1 A moldagem de silicone pode ser mais útil


no controle da redução, para os inexperientes com este
tipo de preparo. Antes de começar o preparo para a
coroa parcial 3/4, adaptar meia medida de silicone
pesada nas faces vestibular e lingual do dente a ser
preparado e de um dente distai a ele.

Fig. 7-2 Uma moldagem mésio-sagital é muito útil


para julgar a redução lingual. Ela é feita, cortando-se
a impressão em segmentos mesial e distai, alinhando-
se os cortes com a linha média do dente, vestíbulo-
cervical para vestíbulo-incisal e para linguocervical.

Fig. 7-3 Pode-se usar uma moldagem horizontal ao


redor dos suportes da prótese, como ilustra aqui.
Faz-se um corte horizontal na pasta, no ponto médio
inciso-gengival do dente a ser preparado.

Fig. 7-4 Redução lingual: pequena roda diamantada.

135
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-5 Antes de começar a redução lingual, fazer pelo


menos quatro sulcos de orientação na superfície lingual,
para garantir que a quantidade adequada de estrutura
do dente seja removida.

Fig. 7-6 Usar uma broca diamantada esférica e pe-


quena de diâmetro 1,4 mm maior que a haste do
instrumento. Quando aprofundado no esmalte, até
a haste, a profundidade do corte será aproximada-
mente 0,7 mm.

Fig. 7-7 Usar a roda diamantada de borda arredon-


dada pequena para criar uma superfície côncava
sobre a superfície lingual do dente de incisai ao
cíngulo. Deixa-se uma leve crista em um canino
superior, resultando em duas depressões côncavas
na superfície lingual. As superfícies linguais de in-
cisivos e caninos inferiores são ininterruptos. A re-
dução deve ser feita até a profundidade dos sulcos
de orientação e deve remover toda a estrutura re-
manescente entre eles. Evitar a redução excessiva
de estrutura de dente da parede vertical do cíngulo.

Fig. 7-8 Redução incisai: pequena roda diamantada.

136
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-9 Fazer sulcos de orientação na borda incisai.


Elas devem apenas romper o ângulo de linha vestíbulo-
incisal.

Fig. 7-10 Na direção da junção entre a borda incisai


e a superfície lingual, os sulcos de orientação devem
ter cerca de 0,7 mm de profundidade.

Fig. 7-11 A redução incisai real, que é paralela à inclina-


ção da borda incisai não cortada, é feita com a roda
diamantada de borda arredondada e pequena. Em um
dente canino, essa redução segue as inclinações me-
sial e distai naturais da borda lingual em um incisivo,
a redução incisai será em linha reta.

Fig. 7-12 Redução axial lingual: broca diamantada em


torpedo.

137
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-13 Começar a redução da parede vertical do


cíngulo com a broca diamantada em torpedo, criando
uma linha de terminação em chanfro e bem definida.

Fig. 7-14 Concentre-se em manter a broca paralela


aos dois terços incisais do dente, que finalmente
torna-se o eixo de inserção para o preparo. Em con-
junto com os sulcos, que serão acrescidos a se-
guir, essa parede lingual vertical desempenha um
papel essencial na retenção da restauração.3-19'21 Se
o cíngulo for pequeno, pode ser necessário fazer
uma linha de terminação em degrau biselado na
superfície lingual, de modo a mover a parede mais
para o centro do dente, onde ela será mais compri-
da. Para compensar a parede lingual muito insufi-
ciente, pode-se acrescentar um pino.2-4-5-19 Lorey e
Meyers encontraram que o pino colocado no cíngulo
aumentou a retenção de uma coroa parcial 3/4 em
31 %.13 O conduto para pino do cíngulo deve ser co-
locado equidistante entre a superfície externa do
dente e da polpa. Lorey e cols.22 e Dilts e cols.23
mostraram que os pinos cimentados são mais
retentivos quando colocados em uma profundidade
de 4,0 mm.

Fig. 7-15 Redução axial proximal: brocas diaman-


tadas ou fina e longa em forma de torpedo.

Fig. 7-16 Na superfície proximal adjacente a qualquer


espaço edêntulo, a redução axial é estendida com a
mesma broca diamantada em torpedo usado na super-
fície lingual. Trazê-la vestibularmente para o ângulo li-
near na maioria das circunstâncias.

138
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-17 Na superfície axial adjacente a outros


dentes, usar a broca diamantada fina e longa, para
fazer a redução inicial. Tomar cuidado para não ras-
par o dente adjacente, nem inclinar muito a broca
para o centro do dente que está sendo preparado.
Não ficar demasiadamente preocupado com a lisu-
ra ou aspereza da superfície preparada ou da linha
de terminação gengival nesse momento. Uma vez
que obteve um pequeno espaço para manobra, a
superfície axial pode ser alisada.

Fig. 7-18 Um problema particular a estar alerta é a


subextensão do ângulo vestíbulo-gengival, que pro-
duz uma diminuição da parede e do sulco proximal.
Esse problema é devido, em parte, a dois fatores.
Um é a tendência de puxar a broca incisalmente
(onde a broca é, de fato, mais fina) para evitar o
corte do dente adjacente. O outro é o alargamento
do dente na área de contato. Se o operador con-
centrar em manter uma profundidade uniforme de
redução centralmente, usando a porção mais incisai
(que é mais visível) da redução axial como um indi-
cador, a broca diamantada produz um slice através
da parte mais grossa do dente e não se estende
gengivalmente para a região cervical, onde o dente
é mais estreito.

Fig. 7-19 Ao estendera broca diamantada vestibu-


lar e gengivalmente, enquanto se faz simulta-
neamente a redução axial para o centro do dente,
pode-se atingir a extensão correta no ângulo vestí-
bulo-gengival do preparo.

Fig. 7-20 A extensão em uma direção vestibular


deve apenas romper o contato com o dente adja-
cente. O preparo deve ser instrumentado a partir
de lingual para evitar superextensão. É permissível
uma extensão maior na distai de um canino do que
em qualquer outro lugar na porção anterior da boca,
porque o aspecto distai dos caninos superiores não
são visíveis numa "conversação" normal, na maio-
ria dos pacientes.

139
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-21 Uma vez que se criou espaço com a broca


diamantada fina e longa, é possível introduzir a broca
diamantada em chama na área interproximal sem pres-
sionar a parede do preparo e a superfície do dente
adjacente. Depois de instrumentar a superfície proximal
com a broca diamantada em forma de chama, usar a
broca diamantada em forma de torpedo para garantir
uma linha de terminação em chanfro bem definida
interproximalmente.

Fig. 7-22 Acabamento axial: broca carbide torpedo.

Fig. 7-23 Agora, usar uma broca carbide torpedo para


criar uma linha de terminação definida e lisa ao longo de
toda a extensão gengival do preparo.

s
Fig. 7-24 sulcos proximais: brocas de carbide n s 169L
e 170.

140
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-25 Para facilitar a colocação adequada dos


sulcos, é bom desenhar seu contorno na área inciso-
lingual do preparo. Esse passo simples é muito eficaz
para garantir que os sulcos não sejam colocados em
algum lugar indesejado, muito para vestibular ou
lingualmente das posições pretendidas.

Fig. 7-26 Começar o primeiro sulco, usualmente na


superfície mesial, com um "gabarito" raso. Ele é
cortado com uma broca carbide ne 170, a uma pro-
fundidade de 1,0 mm, seguindo exatamente a linha
desenhada no dente. O sulco deve progredir
gengivalmente, em pequenos aprofundamentos, até
que alcance seu comprimento total. Embora o sul-
co final tenha o tamanho de uma broca n- 170, é
melhor que o operador inexperiente utilize uma bro-
ca ns 169L, para iniciar a colocação. Isso permite
que se ajuste a direção do sulco, sem aprofundar
demais. Para garantir a retenção máxima, os sul-
cos proximais devem satisfazer a diversos critérios.
Diferentemente dos sulcos da coroa parcial 4/5, que
são paralelos ao longo eixo do dente, os sulcos do
preparo da coroa parcial 3/4, devem ser paralelos
à metade dois terços incisai da superfície vestibu-
lar.2781925"27 Essa ligeira inclinação lingual possibilita
um sulco muito mais longo. Também diminui a
probabilidade de desgastar demais os ângulos ves-
tíbulo-incisais, que poderia resultar em um apare-
cimento desagradável de metal.

Aumento de retenção (Fig. 7-27) Os sulcos devem se localizar o mais vesti-


229
bularmente possível. A colocação vestibular
Para a eficiência máxima os sulcos proxi- resultará em sulco mais longo e proporcio-
mais devem ser distintos, ser o mais para- nará a manutenção da integridade marginal,
lelos possível e ter uma adaptação gengival permitindo-se, então, espaço para o volume
12 20
bem definida (ver Fig. 7-27). - Esses sul- do metal próximo à borda aguda da margem.
cos que substituem a face vestibular do pre- Ocasionalmente, o sulco será substituído
paro, promovem uma "trava" no dente.8 O pela caixa, sendo então a melhor maneira
efeito da trava nos sulcos proporciona re- de englobar no preparo a restauração ou a
sistência à torção e formará uma parede lin- cárie existente.3*30 As caixas estreitas e bem
gual definida no sulco.7'16 definidas também aumentam a retenção do
12
Essa forma de resistência é definida co- preparo. Entretanto as caixas podem per-
28
mo "gancho lingual". É feita posicionando manecer estreitas para conservar a forma
a broca verticalmente e levando-a diago- de resistência, se a parede lingual da caixa
nalmente em direção ao ângulo oposto do torna-se curta quando ela é preparada mais
dente. para lingual.

141
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-27 Quando o sulco foi estendido em seu com-


primento total, avaliar sua direção e tamanho. Colocar
a broca de volta no sulco e mover a peça de mão
vestibularmente, mantendo o pulso rígido para evitar
qualquer variação na angulação da broca.

Fig. 7-28 Posicione a broca contra a superfície proxi-


mal não preparada e aprofunde o segundo sulco. No-
vamente, os melhores resultados são obtidos apro-
fundando-se o sulco em incrementos. Consulte fre-
quentemente a inclinação do primeiro sulco, às vezes é
útil, especialmente em exercícios de laboratório, pren-
der uma broca fissurada no primeiro sulco com cera.
Ela serve como uma guia em relação à qual, a direção
do segundo sulco pode ser verificada.

Fig. 7-29 Biselados proximais: broca diamantada e


broca carbide em forma de chama.

Fig. 7-30 Usar a broca diamantada em forma de


chama para criar o biselado na face vestibular do
sulco. O biselado é uma superfície plana e é mais
largo na extremidade incisai do que na gengival. A
parte lateral do instrumento pode ser usado adja-
cente a um espaço edêntulo, como é visto aqui.
Onde o acesso é restrito interproximalmente, a ponta
fina da boca diamantada em forma de chama é usa-
da para iniciar o biselado em sua extremidade
gengival. Então, a broca é trazida para linha do ân-
gulo formada pela parede vestibular do sulco e o
lado externo do dente.

142
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-31 Prosseguir com a broca de carbide para obter


um biselado liso e uma linha de terminação definida.
Novamente, como com a broca diamantada em forma
de chama, pode ser possível usar somente a ponta do
instrumento no biselado adjacente a outro dente.

Fig. 7-32 Na região anterior da boca é possível usar


um disco de lixa para formar o biselado. Esta técnica é
mais certa para criar uma superfície plana no biselado.
É possível que ele cause arredondamento da linha
de terminação atual, representando assim, um certo
risco para o paciente, a menos que se tome cuidado.

Fig. 7-33 Onde se deseja uma extensão mínima abso-


luta do biselado, caso mais comum nos incisivos, usar
um cinzel de esmalte de 1,5 ou 2,0 mm (também pode
ser uma machadinha, como se vê aqui, ou um cinzel
biangulado). Esteticamente, a linha de terminação dis-
tai de um canino é a área menos crítica do segmento
anterior do arco.

Fig. 7-34 Biselado incisai: broca carbide n5 171.

143
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-35 A canaleta incisai, obtida com a broca carbide


n9 171, fica a uma distância uniforme a partir da borda
incisai. Ela é colocada o mais próximo possível da bor-
da incisai, sem minar o esmalte, proporcionando espa-
ço para o volume de metal necessário para a integrida-
de da margem de ouro, subjacente ao bisel estreito de
acabamento, colocado na borda incisai. Em um canino,
ela forma um V invertido, mas em um incisivo ela segue
uma linha reta através da borda incisai. Embora haja
omissão de alguns operadores, a canaleta incisai
amplia a durabilidade da estrutura e a integridade mar-
ginal.29 Ela reforça a restauração em uma área frágil e
atua como grampo ou "amarria" de reforço.3 83(KJ4

Fig. 7-36 Arredondar o ângulo agudo entre a parede


vertical da canaleta é redução incisai, com uma broca
carbide nQ 171. Isso deixa espaço para aumentar o me-
tal perto da margem e remove os ângulos agudos que
podem impedir no assentamento da restauração.

Fig. 7-37 Usar a mesma broca fissurada tronco-cônica


não dentada, para arredondar o ângulo entre a redução
incisai e cada canaleta.

Fig. 7-38 A canaleta incisai pode ser instrumentada


com um cinzel de esmalte de 1,0 mm de largura, como
o cinzel biangulado visto aqui. Se for necessário o
acabamento da canaleta, ele é obtido mais comumente
com uma broca de extremidade cortante ne 957.

144
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-39 Bisel incisai: broca diamantada em forma


de chama e broca carbide nQ 170.

Fig. 7-40 Segurar a broca nQ 170 em ângulo reto com o "


eixo de inserção do preparo e movê-la ligeiramente de
um ângulo inciso-proximal ao outro, criando um bisel de
acabamento de cerca de 0,5 mm de largura. Pode-se
usar uma broca diamantada e uma broca carbide em
forma de chama para a mesma finalidade, mas o bisel
final deve ser feito com uma broca carbide para formar
a linha de terminação mais aguda. Não abaixar a peça
de mão no sentido vestíbulo-gengival, pois isso cria
um "bisel inverso". Pode resultar um aparecimento
desnecessário do metal.

Fig. 7-41 Arredondar o ângulo agudo interno com a


broca carbide nQ 170. Isso facilita o assentamento da
restauração.

Fig. 7-42 Vista lingual incisai do preparo terminado.

145
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-43 A moldagem horizontal seccionada dá uma


visão clara da quantidade de redução lingual obtida no
meio do preparo inciso-gengivalmente.

Fig. 7-44 A moldagem mésio-sagital vertical mostra


a quantidade de redução lingual feita no meio do pre-
paro mésio-distalmente.

Fig. 7-45 Uma variação comum da coroa parcial 3/4 que


utiliza um pino no cíngulo para aumentar a retenção em
um dente com pouco ou nenhum cíngulo, ou em um
dente para servir como suporte de uma prótese fixa.

146
Coroa Parcial 3/4

Linha de terminação
em chanfro
Durabilidade estrutural

Redução axial Sulco proximal


Retenção e resistência Retenção e resistência
Durabilidade estrutural Durabilidade estrutural
Preservação
do periodonto

Redução lingual
Durabilidade estrutural

Canaleta incisai
Durabilidade estrutural
Biselado Integridade marginal
Integridade marginal
Bisel incisai

Fig. 7-46 Características de uma coroa parcial 3/4 e a função de cada uma delas.

147
Coroa Parcial 3/4

Exemplos clínicos: dentes anteriores


superiores (Figs. 7-47 a 7-55)

Fig. 7-47 Os retentores de coroa parcial 3/4 foram


selecionados para esta prótese para substituir um
incisivo central superior. A prótese foi removida,
com uma certa dificuldade, depois de 21 anos, por
causa de uma faceta de pôntico irreparavalmente
fraturada. O único preparo realizado nessa ocasião
foi o retoque dos biselados e dos chanfros, para
corrigir algum pequeno dano ocasionado durante a
remoção da restauração antiga.

Fig. 7-48 Vista lingual do preparo em modelos de


gesso.

Fig. 7-49 Uma vista vestibular da prótese termina-


da, mostra as mínimas extensões das linhas de ter-
minação mesial e distai em ambos os suportes. A
extensão conservadora e o acabamento cuidadoso
da margem incisai garantem que a luz seja refletida
para baixo, fazendo com que as bordas incisais
pareçam como sombras em vez de metálicas, para
o observador.3 Como resultado, elas combinam com
o fundo escuro da cavidade oral.

Fig. 7-50 Usou-se uma coroa parcial 3/4 como retentor


para esse canino suporte da prótese. Por causa do
grande tamanho do dente e da pequenez relativa do
pôntico, empregou-se um desenho do preparo não
modificado.

148
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-51 A vista lingual do mesmo preparo do canino


apresentando mais detalhe,5 bem como o comprimento
do dente.

Fig. 7-52 Vista parcial da prótese terminada. O apa-


recimento do metal na borda incisai é mínimo
enquanto as margens de metal proximal estão com-
pletamente escondidas.

Fig. 7-53 O preparo de coroa parcial 3/4 nesse canino


como suporte da prótese, empregou sulcos duplos nas
superfícies proximais, para proporcionar retenção adi-
cional de uma prótese posterior que substitui dois den-
tes. Observe a extensão mesial mínima.

Fig. 7-54 Esta vista vestibular direta da prótese ter-


minada não revela aparecimento do metal na mar-
gem mesial. O metal visto no aspecto distai do ca-
nino nesta vista, não pode ser prontamente visto em
uma observação mésio-vestibular normal de "con-
versação". O retentor distai é uma coroa parcial sete
oitavos.

149
Coroa Parcial 3/4

Fig. 7-55 Duas vistas de outro suporte canino com pre-


paro de coroa parcial 3/4. A vista incisai do preparo na
boca (esquerda) mostra uma extensão mesial mínima.
Uma vista distai do preparo em um modelo de gesso
(direita) mostra o comprimento dos sulcos e a direção
deles para se juntarem através de um biselado para
aumentar a rigidez do retentor.

150
Capítulo 8

Coroas Parciais 3/4 Modificadas com Pino

A coroa parcial 3/4 modificada com pino resina composta e ataque ácido ou então,
é reconhecida como uma restauração esté- com coroa metalocerâmica, na atualidade.
tica e conservadora.13 Ela responde ple- É melhor reservara coroa parcial 3/4 para
namente na substituição da superfície não os incisivos centrais e caninos da arcada
14
preparada pelos pequenos condutos colo- superior, embora possa ser colocada tam-
cados na parede lingual do preparo e é sem bém nos incisivos laterais superiores, com
dúvida, a mais conservadora entre as coro- volume apreciável, para seguramente aco-
as parciais 3/4 em porcentagem da parede modar o preparo com pequeno conduto.
axial de esmalte conservada íntegra. Como é uma restauração estética que evita
Entretanto, a retenção é obtida interna- a colocação da margem total ou quase to-
mente pela colocação de pequenos condu- talmente na região subgengival, ela é perio-
tos na dentina. Dependendo da morfologia, dicamente preferida a alguns tipos de coroas
15
tamanho do dente e habilidade do operador total em porcelana.
que poderia realizar o pequeno conduto mui- A coroa parcial 3/4 modificada com pino
to próximo, ou ainda, acidentalmente pene- é um velho tipo de restauração que mere-
trar na câmara pulpar. ceu ser melhorada na tecnologia, nos últi-
Por esta razão, é contra-indicada nos mos anos. As formas de retenção degrau-
dentes pequenos,4 dentes com pequena pequeno conduto, utilizando pino colocado
56
espessura vestíbulo-lingual, , dentes com sobre uma plataforma de apoio ou "asas"
7
câmara pulpar volumosa e nos dentes mal de metal, estendendo-se do pôntico para a
posicionados. superfície lingual dos dentes de suporte pre-
A coroa parcial 3/4 modificada com pino parados, foram descritos em 1880 por Litch16
17
é considerada o retentor de escolha quan- e em 1896 por Gabriel. A forma mais tí-
do um dente íntegro é usado como elemen- pica de coroa parcial 3/4 com degrau-
to de suporte de uma prótese fixa e em uma pequeno conduto foi apresentada por
8 1
área esteticamente crítica. Mais recente- Burgess, que fluiu solda de ouro sobre lâ-
18
mente, os retentores colocados com resina mina de matriz adaptada ao redor do pino.
e ataque ácido (ver Capítulo 17) tornaram- Outra modificação chamada "pitledge" que
se popular nestas situações. Com cobertu- usava "pits" ou covas feitas sobre o degrau,
fi
ra menor da superfície proximal, a coroa usando uma broca carbide n 560, per-
parcial 3/4 modificada com pino é uma ex- furando-se numa profundidade de 1,0 mm
celente restauração para reparar a abrasão para retenção.19 Não era usada até 1960,
811
lingual severa. Era usada antigamente a porém, a restauração tornou-se popular com
restauração classe IV com fratura do ângu- o desenvolvimento da broca em forma heli-
lo incisai,891213 porém, é mais provável que coidal. "Twist Drill", própria para perfuração,
este tipo de dano possa ser restaurado com e também, com o aparecimento de cerdas

153
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

de nylon, foi então possível o dentista, per- Pinos longos produzem mais retenção,
furar o pequeno conduto com precisão e pois seria uma vergonha causar falha de
obter com facilidade a reprodução pela uma prótese conservadora por ter os pinos
20
moldagem. muito curtos para reter a prótese. Essas são
A coroa parcial 3/4 modificada com pino, as falhas destrutivas, visto que o outro
depende necessariamente de pinos para retentor raramente falha ao mesmo tempo.
retenção, porém, muitos autores têm volta- O pequeno conduto pode tornar-se acessí-
do sua atenção para vários aspectos deste vel para o fluido bucal e microorganismos
dispositivo de retenção. A retenção pode ser que penetram na profundidade do dente.
aumentada pelo uso de pinos com diâme- Este processo frequentemente atinge, às
tro ou comprimento maior.2122 Ainda, a re- vezes, antes de ser detectado. Entretanto,
tenção pode ser melhorada, aumentando o se os pequenos condutos tiverem profundi-
22 8
número de pinos. De dois a quatro pinos, ~ dade adequada, não há razão para dese-
2426
porém existem sugestões com um óti- nhar um retentor diferente ou outra opção a
mo número de pinos, com três, sendo es- ser selecionada.
te número recomendado frequentemen- Nem todos os pinos usados na retenção
32026 28
te. ' De fato, se o dente for volumoso de coroas parciais 3/4 modificada com pino
pode-se colocar três pinos, desde que se são de variedades de lados paralelos. Exis-
encontre os requisitos para posicioná-los tem pinos cónicos, de diâmetro e configura-
Q
pelo menos com 1,0 mm de distância (ou, ção semelhantes aos de uma broca n 700,
de outra forma, posicioná-los onde há, no sendo também usados extensivamente para
mínimo, 0,5 mm de dentina ao redor de cada retenção de restauração fundida.1238'40 Estes
10
conduto). tipos de pinos são escritos como sendo
Os pequenos condutos deveriam ser cinco vezes mais rígidos que os de 0,55 mm
conservados a 1,5 mm da junção dentina (0,022 polegadas) e são pinos com lados
esmalte,2528 para evitar dano ao esmalte paralelos. Lorey e Moyers apresentaram
e possível escurecimento decorrente da uma coroa parcial 3/4 com três pinos cóni-
cor opaca do metal, visto através do cos num canino e afirmaram ser igual em
esmalte. retenção como uma coroa parcial 3/4, do
42
Os pinos serrilhados apresentam melho- tipo padrão, com um pino no cíngulo. Um
21 2229
res retenções do que os pinos lisos. ' Os pino de plástico cónico de tamanho e coni-
pinos serrilhados de irídio-platinum são cidade de uma broca 700, é usado para re-
preferidos, uma vez que permitem usar, produzir o pequeno conduto na moldagem
pequenas cerdas de nylon para obter pa- e depois obter o pino por fundição.
drão de cera e posterior fundição. Os pequenos condutos nos preparos, são
O diâmetro do pino mais comumente re- muito pequenos para serem reproduzidos
comendado é de 0,6 mm (0,024 polegadas), com perfeição usando material de molda-
embora pinos de 0,7 mm (0,028 polegadas) gem. Por isso, cerda de plástico ou de nylon,
sejam ocasionalmente usados.4'24'31 O com- ligeiramente menor que o diâmetro da bro-
202443
primento do pino recomendado na literatu- ca, é colocada no pequeno conduto.
ra é variável e os clínicos antigos, ineficien- Um pino metálico também pode ser usado
temente cortavam com brocas de aço ten- para esta finalidade.44 A moldagem é feita,
tando colocar num pequeno conduto raso inicialmente, envolvendo ao redor do pino e
153233 34
de 1,0 mm ou 1,5 mm. Isto foi au- quando a moldagem é retirada, a cabeça
mentado para 2,0 ou 3,0 mm por autores do pino fica presa no material de moldagem,
recentes,3A13'24'25 Lorey recomenda 4,0 mm21 e portanto, é "colhido" ou "capturado" pela
Hughe, 3,0 mm a 5,0 mm.28'3135'37 moldagem. Quando a moldagem é preen-

154
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

chida, os pequenos condutos são reprodu- rosqueável deve estender-se através do


zidos pelas cerdas de plásticos projetadas dente, pela superfície vestibular, com um
no material de moldagem. As cerdas usual- pequeno escaridor sobre a superfície vesti-
mente permanecem presas no gesso quan- bular para acomodar a cabeça do pino quan-
do a impressão e o modelo são separados, do ele é rosqueado. Foi primeiro descrito
tornando-se impossível obter mais que um por Weissman50 e a técnica foi subsequen-
preenchimento completo da impressão. A temente modificada por Courtade, que adi-
45
reprodução do pequeno conduto é difícil, e cionou um pequeno pino guia paralelo, co-
se não obtiver a fidelidade, a restauração locado no cíngulo.51
não será bem-sucedida. A gerulização periodontal pode também
Obter paralelismo dos pequenos condu- ser feita com pinos horizontais paralelos
44
tos também é tarefa difícil. Se vários pe- para proporcionar melhor retenção. Os pe-
quenos condutos são usados em diversos quenos condutos são perfurados com um
preparos de elementos de suporte, o me- dispositivo de paralelismo fazendo com que
lhor resultado será obtido com o uso de um os pinos penetrem pela superfície lingual
dispositivo do paralelismo*, para auxiliar na passando para vestibular do dente até sair
orientação correta na colocação.25'2MM7 na superfície do esmalte.52
Algumas técnicas preconizam o uso de Outra variação interessante da restau-
pinos não paralelos na retenção. Timmer- ração com retenção a pino, descrita na lite-
mans e Courtade empregaram um peque- ratura, utiliza uma bucha na restauração,
no pino guia paralelo em cada preparo.48 que se ajusta sobre o pino rosqueável antes
Entre os guias eles colocaram, pelo menos, de ser perfurado, sendo o pino de 0,1 mm
mais dois não paralelos em cada preparo. menor do que a bucha.53 A retenção obtida,
Os pinos paralelos são fabricados com fio desta maneira, é superior à retenção feita
de irídio-platinum no padrão de cera, en- por pinos cimentados, pois estes são
quanto os pinos não paralelos são feitos em parte integrante da restauração.54 Entre-
padrão de cera e mantidos com pino de ní- tanto, a técnica não é largamente usada na
quel-prata, durante a inclusão e fundição. atualidade.
Após a fundição, a restauração é removida A sequência técnica é apresentada nas
e adaptada no preparo. Na cimentação da Figs. 8-1 a 8-45, descrevendo o método de
restauração os pinos da coroa são inseri- preparo para um incisivo receber uma co-
dos nos pequenos condutos da estrutura do roa parcial 3/4 modificada com pino. O de-
49
dente. senho foi adaptado para retentor de uma
As restaurações fundidas para "feru- prótese fixa com cobertura da superfície
lizações periodontais" de dentes anteriores axial, imediatamente adjacente ao espaço
da arcada inferior podem ser fixadas com protético.
pinos horizontais não paralelos. O pino Exemplos de casos clínicos são apresen-
tados, inclusive a técnica e preparo para
coroas parciais 3/4 modificadas com pino,
*Paramax, Whaledent International, New York, N.Y. nas Figs. 8-46 até 8-51.

155
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Preparo para coroa parcial 3/4 modifica-


da com pino (Figs. 8-1 a 8-45)

Fig. 8-1A Adapta-se uma meia medida e pasta silicone


à superfície vestibular do dente a ser preparado e em
pelo menos dois dentes adjacentes.

Fig. 8-1B A pasta de silicone adaptada à superfície


lingual.

Fig. 8-2 A moldagem silicone é cortada nas metades


vestibular e lingual ao longo das bordas incisais dos
dentes. A seguir, a metade lingual é cortada uniforme-
mente nas metades incisai e gengival. Colocar a porção
linguogengival atrás, sobre os dentes, para assegurar
que fique bem adaptada.

Fig. 8-3 Também pode-se fazer uma moldagem, cor-


tando-se a pasta adaptada em um plano mésio-sagital
ao logo da linha média do dente a ser preparado.

156
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-4 Redução lingual: roda diamantada pequena.

Fig. 8-5 Fazer sulcos de orientação na superfície lin-


gual do dente para auxiliar na remoção de estrutura ade-
quada. Usar uma broca diamantada esférica pequena
cujo diâmetro da cabeça excede ao diâmetro da haste
tem 1,4 mm. Quando é aprofundada no esmalte até a
haste como se observa aqui, a profundidade do corte
será de aproximadamente 0,7 mm.

Fig. 8-6 Criar uma superfície côncava numa vista


lingual do dente na profundidade dos sulcos de orien-
tação, usando a roda diamantada pequena. Evitar re-
dução maior na parede vertical do cíngulo do que seja
absolutamente necessário.

Fig. 8-7 Usar uma moldagem de silicone para verificar


a redução linguogengival e garantir que a profundidade
da redução seja suficiente e uniforme.

157
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-8 Como medida alternativa pode-se preferir o uso


de uma moldagem mésio-sagital, que permite julgar a
redução da borda incisai à margem gengival na linha
média da superfície lingual. Para o iniciante que quer
ambos é necessário adaptar duas misturas de pasta e
recortar apropriadamente.

Fig. 8-9 Redução axial lingual: broca diamantada


em torpedo.

Fig. 8-10 A redução da parede vertical lingual e a


formação da linha de terminação em chanfro na lingual,
são obtidas com uma broca diamantada torpedo.
Terminar a redução bem perto, lingualmente, do contato
proximal com o dente adjacente, de modo que a margem
esteja na ameia lingual, onde pode ser terminada no
local de fácil higienização e manutenção pelo paciente.
Se o cíngulo for extremamente pequeno, pode ser
necessário usar um degrau biselado, para levar a
parede lingual mais para o centro do dente,
encompridando-o, dessa forma.

Fig. 8-11 Redução da parede axial proximal: brocas


diamantadas fina e longa e em torpedo.

158
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-12 Usar a mesma broca diamantada torpedo


para estender a redução axial até a face vestibular,
diminuindo a redução até formar um biselado na li-
nha de terminação atual. Essa extensão é crítica.
Se ficar subestendida, pode levar a um conector
falho, muito pequeno e fraco.10 O conector deve vir
até a margem, tornando possível o acabamento ade-
quado. Se esse preparado for feito em um dente
que não é suporte da prótese, onde o acesso
interproximal é difícil, a broca diamantada fina e lon-
ga poderia obter a redução inicial necessária para
permitir o acesso para a broca diamantada torpedo
maior.

Fig. 8-13 Acabamento axial: broca carbide torpedo.

Fig. 8-14 Alisar a redução axial e a linha de terminação


em chanfro com uma broca de carbide torpedo.

Fig. 8-15 Sulcos proxímais: brocas carbide ns 169L


e 170.

159
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Características de retenção e resistência Kishimoto e cols. demonstraram que dois


sulcos são equivalentes a uma caixa em um
55
pré-molar. Em dentes anteriores eles são
A Figura 8-16 mostra que as característi- certamente superiores, visto que a superfí-
cas primárias de retenção/resistência para cie lingual se inclina drasticamente para
as superfícies axiais são colocadas adjacen- línguo-gengival, assim o sulco irá encurtar,
tes ao espaço edêntulo. Se a superfície diminuindo a resistência marcadamente.56
proximal do dente foi restaurada previamen- Haverá então duas paredes linguais, com
te, ou se há presença de cárie, uma caixa uma delas posicionadas mais para vestibu-
será usada ao invés de sulco para reten- lar e portanto, muito mais longa oferecendo
ção. A caixa é um recurso muito destrutivo maior resistência do que a parede lingual
para superfície intacta. única e curta de uma caixa.

Fig. 8-16 O primeiro sulco, mais vestibular, é feito


com uma broca carbide na 170. O operador
inexperiente pode começar os sulcos com uma
broca carbide ns 169L, para evitar desgaste
excessivo. Se a broca carbide ne 169L for usada,
faz-se inicialmente sulcos rasos, para serem che-
cados quanto à posição e direção. Se eles forem
satisfatórios aprofunda-se com a broca carbide
n9 170, no guia do sulco experimental, até diâmetro
total da broca.

Fig. 8-17 Fazer o segundo sulco, mais para lingual,


tomando o cuidado de que ele seja paralelo ao pri-
meiro. Coloca-se uma broca no sulco vestibular,
para mostrar o paralelismo da colocação do instru-
mento. Se desejar, pode-se cortar a haste de uma
broca carbide n- 170 descartável, de modo que o
iniciante possa colocá-la no sulco vestibular, presa
com um pouco de cera mole, para ver o paralelismo
mais claramente.

160
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-18 Um terceiro sulco muito menor que os dois


primeiros é colocado no lado oposto do cíngulo. Ele é
feito na extensão mais vestibular da redução axial
naquela superfície.

n
»)

Fig. 8-19 Biselados proximais: broca diamantada e


broca carbide em forma de chama.

Fig. 8-20 Os biselados proximais são formados facil-


mente com a broca diamantada em forma de chama.
Um biselado deve ser mais largo incisalmente do que
gengivalmente se for para projetar. Ele praticamente
elimina a parede vestibular do sulco em sua extremi-
dade incisai.

Fig. 8-21 No biselado do cíngulo pequeno, o sulco é


feito com a ponta da broca diamantada em forma de
chama.

161
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-22A Seguir nos biselados distais com a bro-


ca carbide em forma de chama. Tomar cuidado para
não arredondar a linha de acabamento que está
realizando.

Fig. 8-22B Prosseguir novamente nos biselados


mesiais.

Fig. 8-23 Quando o acesso é fácil, como realmente


é em um dente anterior adjacente a um espaço
edêntulo, pode-se usar um pequeno disco de lixa
para formar o biselado. Ao usar o disco nessa área,
é extremamente importante retrair com segurança
o lábio, para protegê-lo de traumatismo com o disco.

Fig. 8-24 Nichos e biselados incisais: broca carbide


na171.

162
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-25 Fazer um nicho ou buraco no ângulo incisai


oposto ao sítio do sulco proximal, com a broca carbide
n9 171. Ele deve ficar bem distante gengivalmente da
borda incisai, para que possa entrar na dentina e termi-
nar lingualmente à linha de terminação incisai. Também
deve-se fazer um nicho no meio cíngulo. Esses nichos
proporcionam degraus para iniciar a perfuração dos
pequenos condutos para pino. Isto permite uma mano-
bra precisa, sem que a broca deslize em uma superfí-
cie inclinada. Eles também fornecem espaço para um
volume de metal ao redor da base dos pinos, que ajuda
a suportar a pressão de distorção sobre os pinos.57

Fig. 8-26 Unir o nicho incisai e o sulco proximal com


uma canaleta incisai. Usar uma broca carbide n-171.

Fig. 8-27 Vista por proximal, a canaleta incisai é um


degrau plano e estreito, perpendicular ao eixo de
inserção do preparo.

!
Fig. 8-28 Unir os nichos incisai e do cíngulo, com uma faj^í
canaleta em forma de V. O metal nessa área linguo-
proximal reforça a restauração. '
163
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-29 Pequenos condutos: broca ns 1 /2 e broca em


espiral de 0,6 mm.

Fig. 8-30 Iniciar o pequeno conduto no nicho incisai


perfurando um orifício raso com a broca redonda ne 1/2.
Esse orifício piloto facilita iniciar o orifício exatamente
onde for desejado.

Fig. 8-31 Fazer outro orifício raso no nicho do cíngulo,


com a broca redonda ne 1/2.

Fig. 8-32 Alinhar cuidadosamente a broca em espi-


ral de 0,6 mm (0,024 polegadas) com os sulcos e
outras características verticais do preparo, na dire-
ção vestíbulo-lingual.

164
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-33 Repetir o processo em uma direçao mésio-


distal, tomando cuidado para não mudar a orientação
no plano vestíbulo-lingual. É necessário usar um espe-
lho para boca. Verificar novamente a orientação do
plano vestíbulo-lingual antes de prosseguir no apro-
fundamento do pequeno conduto.

Fig. 8-34 Acionar a peça de mão antes de tocar o


dente com a broca, e colocar o pequeno conduto a
uma profundidade de 3,0 mm ou mais. A profundi-
dade ótima para pinos cimentados apresentada por
Dilts e cols.56 é de 3,0 a 4,0 mm. Em nenhuma cir-
cunstância a peça de mão deve parar com a broca
no pequeno conduto para pino. Quando isso acon-
tece, é quase certo que ela se rompe.

Fig. 8-35 Colocar um pino de nylon no primeiro orifício e


usá-lo como guia para alinhar a broca para fazer o se-
gundo pequeno conduto ou qualquer outro deles. Certi-
fique-se de que esteja alinhado em um plano vestíbulo-
lingual primeiro.

Fig. 8-36 Verificar a direçao da broca mésio-dis-


talmente. Pode ser útil para o operador inexperiente,
observar a orientação da broca em um plano, en-
quanto a assistente verifica em outro.

165
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-37 Perfurar o pequeno conduto no meio do nicho


do cíngulo a uma profundidade mínima de 3,0 mm.

Fig. 8-38 Biselado incisai: broca diamantada e carbide


em forma de chama.

Fig. 8-39 Usar a broca diamantada em forma de chama


para biselar o ângulo entre a parede vestibular da
canaleta incisai e a borda incisai de estrutura não pre-
parada. Tomar cuidado para não estender muito
vestibularmente esse bisel pois pode aparecer o metal
na superfície vestibular.

Fig. 8-40 Arredondar o ângulo entre o biselado e o bisel


incisai, com a broca diamantada em forma de chama.

166
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-41 Repetir a instrumentação dos ângulos


incisais arredondando com a broca diamantada, em
forma de chama, usando também a broca carbide
dessa mesma forma. É melhor não usar essa broca
para a redução inicial. Sua ponta não é muito eficien-
te para remoção de volume e como é a diamantada,
facilmente torna-se romba.

Fig. 8-42 A broca carbide em forma de chama é utiliza-


da para biselar ou suavizar os ângulos agudos entre a
superfície lingual e a proximal. Prestar atenção especial
na eliminação de ângulos agudos nas extremidades
incisais dos sulcos.

Fig. 8-43 Usar a broca carbide em forma de chama para


redefinir o bisel que segue na crista marginal do dente,
ao longo da canaleta inciso-cíngulo.

Fig. 8-44 Preparo para coroa parcial 3/4 modificada


com pino, já terminado em um incisivo central superior.

167
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Terminação em chanfro
Bisel incisai
Durabilidade estrutural
Integridade marginal
Redução axial
Retenção e resistência
Durabilidade estrutural
Preservação periodontal
Canaleta

Sulcos próxima is
Resistência e retenção
Durabilidade estrutural
Biselado
Integridade marginal
incisai
Durabilidade
estrutural
Redução lingual
Degrau e pequeno conduto Durabilidade estrutural
Resistência e retenção Canaleta
Sulco proximal Durabilidade estrutural
Retenção e Degrau e pequeno conduto
resistência Resistência e retenção
Durabilidade estrutural

Fig. 8-45 Características de uma coroa parcial 3/4 modificada com pino e a função desempenhada por elas.

168
Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Exemplos clínicos: coroa 3/4 modifica-


da com pino (Figs. 8-46 a 8-51)

Fig. 8-46 Fez-se um preparo para coroa parcial 3/4


modificada com pino nesse canino superior, suporte
de prótese. A forma de sulco foi substituída por caixa
por causa da cárie preexistente.

Fig. 8-47 Prótese terminada no lugar nos dentes pre-


parados vistos na Fig. 8-46.

Fig. 8-48 Selecionou-se uma coroa parcial 3/4 mo-


dificada com pino semelhante, como o desenho de
retentor para esse elemento de suporte de prótese.
A lesão cariosa na face distai desse dente era gran-
de, o suficiente para justificar a colocação do nú-
cleo de amálgama com um sulco, como caracterís-
tica de resistência proximal.

Fig. 8-49 A fotografia do modelo de gesso mostra mais


detalhes desse preparo conservador da prótese.

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Coroas Parciais 3/4 Modificadas em Pino

Fig. 8-50 Coroa parcial 3/4 modificada com pino em


incisivo central superior volumoso (fotografia cedida
pelo Dr. Sumiya Hobo, Tóquio, Japão).

Fig. 8-51 Preparo do pequeno conduto para pino,


feito em um canino superior antes de ser restaurado
com levantamento na oclusão, causado pela abrasão.

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