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PROJUDI - Recurso: 0019138-39.2018.8.16.0021 - Ref. mov. 25.

2 - Assinado digitalmente por Luiz Osorio Moraes Panza:7682, Marcus Vinicius de


Lacerda Costa:11216
21/02/2019: EXPEDIÇÃO DE COMUNICAÇÃO AO JUIZ DE ORIGEM. Arq: Acórdão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
5ª CÂMARA CRIMINAL - PROJUDI
Pç. Nossa Senhora de Salette - Palácio da Justiça, s/n - Sala Des. Haroldo da Costa Pinto - Anexo, 1º
Andar - Centro Cívico - Curitiba/PR - CEP: 80.530-912

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Apelação Criminal n° 0019138-39.2018.8.16.0021
4ª Vara Criminal de Cascavel
Apelante(s): ADEILDO SOUZA PRADO e LEONARDO XAVIER VEDOVATO
Apelado(s): Ministério Público do Estado do Paraná
Relator: Desembargador Luiz Osório Moraes Panza

APELAÇÕES CRIME – ROUBO MAJORADO (ART. 157, §2º, II, CP) –


SENTENÇA CONDENATÓRIA – RECURSOS DEFENSIVOS –
BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIARIA GRATUITA – NÃO
CONHECIMENTO DO APELO DE LEONARDO NESSE PONTO –
MATÉRIA AFETA AO JUÍZO DA EXECUÇÃO – PLEITO
ABSOLUTÓRIO – IMPOSSIBILIDADE – AUTORIA E MATERIALIDADE
DEVIDAMENTE COMPROVADAS – TRÂMITE PROCESSUAL QUE
APONTAM OS RÉUS COMO AUTORES DOS DELITOS – PALAVRA DOS
POLICIAIS MILITARES QUE EFETUARAM A PRISÃO EM
FLAGRANTE DOS ACUSADOS, CORROBORADA PELAS DEMAIS
PROVAS COLHIDAS NA INSTRUÇÃO –ADEILTO QUE EMPRESTOU A
ARMA UTILIZADA NO DELITO E POSTERIORMENTE RECEBEU
PARTE DO PRODUTO DO DELITO – AUXÍLIO MATERIAL –
CONCURSO DE AGENTES DEMONSTRADO – MANUTENÇÃO DA
CONDENAÇÃO E DA MAJORANTE DO INCISO II DO PARÁGRAFO 2º
DO ARTIGO 157 DO CÓDIGO PENAL – FARTO CONJUNTO
PROBATÓRIO QUE CONFIRMA O USO DE GRAVE AMEAÇA – RÉU
QUE CONFIRMOU TER USADO SIMULACRO DE USO DE ARMA –
GRAVE AMEAÇA CONFIGURADA – MANUTENÇÃO DA
CONDENAÇÃO PELO CRIME DE ROUBO – AUSÊNCIA DE
INSURGÊNCIA QUANTO À DOSIMETRIA DA PENA – NECESSIDADE
DE READEQUAÇÃO DA PENA-BASE DE ADEILDO EX OFFICIO –
CONSIDERAÇÃO DE ANTECEDENTES QUE TRANSPUSERAM O
PRAZO DEPURADOR – AFASTAMENTO – PRECEDENTES DO STF –
READEQUAÇÃO, DE OFÍCIO, DA PENA DE MULTA IMPOSTA A
LEONARDO – PENA QUE NÃO ATENDEU A PROPORCIONALIDADE
COM A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. RECURSO DE LEONARDO
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE, NÃO PROVIDO.
PROJUDI - Recurso: 0019138-39.2018.8.16.0021 - Ref. mov. 25.2 - Assinado digitalmente por Luiz Osorio Moraes Panza:7682, Marcus Vinicius de
Lacerda Costa:11216
21/02/2019: EXPEDIÇÃO DE COMUNICAÇÃO AO JUIZ DE ORIGEM. Arq: Acórdão

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APELO DE ADEILDO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. ADEQUAÇÃO,
DE OFÍCIO, DAS PENAS.

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VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Crime nº 19138-39.2018.8.16.0021 da 4ª Vara Criminal da
Comarca de Cascavel, em que são apelantes 1) ADEILDO SOUZA PRADO e 2) LEONARDO XAVIER
VEDOVATO tendo como apelado o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ.

O Ministério Público do Estado Do Paraná, por meio de seu representante, denunciou ADEILDO SOUZA PRADO
e LEONARDO XAVIER VEDOVATO como incursos nas sanções do art. 157, §2º, II, do Código Penal pela
pratica do fato assim narrado na exordial (mov. 31.1):

No dia 06 de junho de 2018, por volta das 15h05min, em uma Lanchonete situada à Rua Paraguai,

175, bairro Alto Alegre, neste Município e Comarca de Cascavel, os denunciados ADEILDO SOUZA

PRADO e LEONARDO XAVIER VEDOVATO, livres e conscientemente, cientes da ilicitude e

reprovabilidade de suas condutas, somando esforços e conjugando vontades, mediante grave ameaça

exercida contra Lucimara Possel e Marinete Aparecida Bertolini, consistente em portar

ostensivamente 01 (uma) arma de pressão (apreendida - fl. 13) com o propósito de intimidá-las,

subtraíram para ambos R$203,00 (duzentos e três reais) em espécie, pertencentes ao aludido

estabelecimento-vítima.

Conforme apurado, coube ao denunciado LEONARDO ir até o estabelecimento e anunciar voz de

assalto, portando a arma e subtraindo a res furtiva, ao passo que ao denunciado ADEILDO coube o

fornecimento da arma utilizada no delito, para que posteriormente dividissem os lucros (cf. declinado

pelos Policiais Militares em fls. 06/012).

Proferida sentença (mov. 95.1), a pretensão contida na denúncia foi julgada procedente, a fim de condenar os
acusados LEONARDO XAVIER VEDOVATO pela prática do crime tipificado no art. 157, §2º, II, do Código
Penal à pena de 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 87
(oitenta e sete) dias-multa e ADEILDO SOUZA PRADO pela prática do crime descrito no art. 157, §2º, II c/c art.
29, caput e §1º, ambos do Código Penal à pena de 04 (quatro) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão,
em regime semiaberto, além do pagamento de 19 (dezenove) dias-multa.

Devidamente intimados (mov. 109.1 e 118.1), os acusados interpuseram recurso de apelação.


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ADEILDO, em suas razões (mov. 105.1), sustenta não haver provas de que a arma lhe pertencia; e ainda que fosse
sua, não restou demonstrado que eventualmente sabia que o corréu praticaria um crime com o objeto que teria o
emprestado. Afirma, ainda, não ter recebido qualquer quantia do corréu após a prática do roubo, fato que corrobora
sua versão de que não participou de qualquer modo do crime. Sucessivamente aduz que a integralidade do valor
roubado foi encontrada em posse de Leonardo, consoante depoimento das vítimas, pelo que requer sua absolvição.

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Pleiteia, ao final, a fixação de honorários advocatícios em prol de seu defensor nomeado.

LEONARDO, por seu turno (mov. 127.1), alega que restou demonstrado que praticou o delito sozinho, sem a
participação de nenhuma outra pessoa, motivo pelo qual requer a exclusão da majorante do concurso de agentes.
Sustenta, ainda, que não pretendia lesionar as vítimas, tanto que utilizou uma arma de pressão para efetuar a
subtração, pelo que deve ter sua conduta desclassificada para furto simples. Sucessivamente postula pela fixação de
regime mais brando para o início de cumprimento da reprimenda. Ao final requer a concessão da benesse da
assistência judiciária gratuita.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ apresentou contrarrazões (mov. 134.1), pugnando pelo
conhecimento e não provimento dos apelos.

Nesta instância, os autos foram remetidos à douta Procuradoria Geral de Justiça, que se manifestou pelo a)
conhecimento parcial e, na parte conhecida, pelo não provimento do recurso de Leonardo; b) conhecimento e
parcial provimento do apelo de Adeildo, tão-só para arbitrar honorários em prol de seu defensor nomeado (mov.
8.1-TJ).

Vieram-me os autos conclusos.

É o relatório.

Voto.

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto de Adeildo. Entretanto, ausente o


interesse recursal no tocante ao pedido de Leonardo concernente à concessão da assistência judiciária gratuita,
impõe-se o conhecimento parcial de seu apelo defensivo.

Explico.

Preliminarmente, pleiteia a defesa de Leonardo pela concessão dos benefícios da justiça gratuita, afirmando não ter
o réu condições de arcar com o pagamento das custas e despesas processuais.

A pretensão, entretanto, não merece conhecimento.


O pagamento das custas processuais é uma imposição legal decorrente do fato de o recorrente ter sido vencido na
ação, nos termos do art. 804 do Código de Processo Penal. In verbis:

Art. 804. A sentença ou o acórdão, que julgar a ação, qualquer incidente ou recurso, condenará nas
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custas o vencido.

Com efeito, alinhando-me ao posicionamento do Colegiado, a possibilidade do pagamento de tal ônus processual
deve ser analisada apenas na fase executória, quando a situação econômica do condenado determinará a
possibilidade de sua aplicação. Sobre o tema, cito os seguintes julgados:

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CRIME DE ROUBO CIRCUNSTANCIADO - PROVA CONSISTENTE - DESCLASSIFICAÇÃO

PARA RECEPTAÇÃO CULPOSA - IMPOSSIBILIDADE - CONDENAÇÃO MANTIDA -

RECONHECIMENTO NA FASE INDICIÁRIA - VALIDADE - REGIME PRISIONAL CORRETO

- PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA - NÃO CONHECIMENTO - APELAÇÃO 01 DESPROVIDA.

APELAÇÃO 02 CONHECIDA EM PARTE E DESPROVIDA. Não se conhece do pedido de

concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita fundado na situação socioeconômica

do apelante, porque não incidem custas no recurso criminal não está sujeito ao pagamento de

custas e a questão relativa ao pagamento das custas processuais e da pena pecuniária é questão

a ser resolvida no Juízo da Execução Penal. (...). (TJPR - 5ª C.Criminal - AC - 1734758-1 -

Piraquara - Rel.: Rogério Coelho - Unânime - J. 17.05.2018; grifo nosso).

APELAÇÃO CRIME. TRÁFICO DE DROGAS, COM ENVOLVIMENTO DE ADOLESCENTE.

CONDENAÇÃO. DOSIMETRIA. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE CIRCUNSTÂNCIA

JUDICIAL DESFAVORÁVEL (QUANTIDADE DE DROGA). ACOLHIMENTO.

AFASTAMENTO DA APLICAÇÃO DA CAUSA ESPECIAL DE REDUÇÃO DA PENA.

IMPROCEDÊNCIA. REDUÇÃO, DE OFÍCIO, DA FRAÇÃO PARA 2/3, PELA CAUSA

ESPECIAL. REFLEXO NA PENA DEFINITIVA. PLEITOS DE FIXAÇÃO DO REGIME

INICIALMENTE FECHADO E SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR

RESTRITIVA DE DIREITOS. PREJUDICIALIDADE. RECURSO CONHECIDO. MÉRITO

PARCIALMENTE PROVIDO. CONTRARRAZÕES: PEDIDO DE CONCESSÃO DO

BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. MATÉRIA AFETA AO JUÍZO DA EXECUÇÃO.

(TJPR - 5ª C.Criminal - 0015776-36.2017.8.16.0030 - Foz do Iguaçu - Rel.: Maria José de Toledo

Marcondes Teixeira - J. 17.05.2018; grifo nosso).

Sendo assim, deixo de conhecer deste pedido.

- Do mérito

Como visto, Adeildo requer sua absolvição do delito, ao argumento de que inexiste provas de que a arma era sua;
sucessivamente alega não haver demonstração de que sabia da intenção criminosa do corréu Leonardo ao
supostamente emprestar-lhe a arma de pressão. Leonardo, a seu turno, insurge-se contra o reconhecimento da
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majorante do concurso de agentes, afirmando ter agido sozinho.

Pois bem.

A materialidade dos delitos está comprovada pelo Auto de Prisão em Flagrante (mov. 1.2), Auto de Exibição e

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Apreensão (mov. 1.5), Auto de Entrega (mov. 1.7), Boletim de Ocorrência (mov. 1.14) Auto de Reconhecimento
Pessoal (mov. 28.4), Laudo de Exame de Arma de Pressão (mov. 93.1), além das demais provas produzidas e
juntadas aos autos.

Quanto à autoria delitiva do crime patrimonial, em que pesem as alegações da defesa, esta se mostrou induvidosa
durante a instrução processual.

Apesar de Adeildo negar ter participado de qualquer modo do delito, e Leonardo igualmente afirme ter praticado o
crime sozinho, há prova bastante de que aquele, sabendo da intenção deste e aderindo a sua conduta, forneceu-lhe
auxílio material para a perpetração do delito, tendo inclusive recebido parcela do objeto do roubo.

Em seu interrogatório judicial Adeildo contou:

“eu estava na minha casa, arrumando um fusca que estava todo desmontado; quando o rapaz

(Leonardo) chegou; eu não conhecia ele, conheci naquele dia inclusive; eu não vi que ele tinha

escondido a arma lá e continuei fazendo minhas tarefas; ele conversou com os filhos do dono da casa,

que moram lá também, e logo saiu; uns 15 minutos depois os policiais chegaram; Leonardo não me

deu nenhum dinheiro, não vi se ele deu para os meninos; nunca usei droga com Leonardo; não mostrei

para os policiais onde estava a arma, eu não sabia onde estava;” (transcrição realizada nas

contrarrazões – mov. 134.1)

Conquanto Adeildo negue conhecer Leonardo, nas oportunidades em que este foi ouvido ele sempre confirmou se
conhecerem; inclusive Leonardo confessou ter dado dinheiro a Adeildo, mas afirmou que o fez para que ele
comprasse drogas.

Logo após ser preso em flagrante Leonardo contou (mov. 1.11):

QUE REALMENTE UTILIZOU A ARMA APRESENTADA, PRA PRATICAR O ROUBO NA

LANCHONETE, QUE ESTAVA SOZINHO. QUE A ARMA FOI O INTERROGADO QUEM

ESCONDEU NO SOFÁ DESMONTADO NA CASA DE ADEILDO; QUE RESIDE NO MESMO

LOTE DO INTERROGADO. QUE NA ARMA O INTERROGADO PAGOU R$ 50,00

RECENTEMENTE. QUE DISSE QUE ESTÁ ROUBANDO PORQUE A SOCIEDADE NÃO LHE

DÁ SERVIÇO (...)
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Em juízo o acusado Leonardo apresentou outra versão, contradizendo-se diversas vezes ao longo de seu
interrogatório. De todo modo confirmou conhecer a pessoa de Adeildo, a quem efetuou o pagamento de R$ 20,00
logo após a prática do roubo. Inicialmente afirmou que entregou o dinheiro para que ele escondesse a arma;
posteriormente que deu o dinheiro para ele comprar entorpecentes para fumarem droga juntos; ao final que o valor

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se destinava para os demais moradores da residência, que também eram usuários.

“pratiquei o assalto; por necessidade financeira e por causa das drogas; sou usuário de drogas; entrei

na lanchonete, deixei a bicicleta na frente; tirei a arma de pressão e falei “moça passa o dinheiro do

caixa”; saí, deixei a bicicleta no mato; fui na casa do “piá” (Adeildo), escondi, dei R$ 20,00 pra ele e

escondi a arma; essa arma não é dele, peguei emprestado do “piá” perto de casa; Adeildo estava em

casa; eu sou amigo dos “piá” que moram lá com ele; tem um monte de carro velho eu levei e escondi

a arma lá; escondi debaixo do banco do carro, eu mostrei onde estava; a hora que eu tava saindo do

mato eu vi a polícia e sai correndo, ai entrei na casa do meu padrinho; eu não paguei nada pro

Adeildo; cheguei lá escondi a arma, peguei umas drogas para fumar; dei vinte reais pra ele, peguei as

drogas e escondi a arma; só dei R$ 20,00 porque estava com dinheiro na mochila, não pela droga nem

pela arma; dei dinheiro pros piá que usam drogas que nem eu; eu dei 20 reais para Adeildo buscar

droga; não combinei com ele de que ia rachar o lucro do assalto; quem mostrou onde estava a arma fui

eu;” (transcrição realizada nas contrarrazões – mov. 134.1).

Conquanto neguem terem agido em conluio, as demais provas produzidas nos autos demonstram o contrário.

O policial militar Fernando César Nunes Alves, ouvido logo após realizar a prisão dos acusados, contou (mov. 1.4):

A EQUIPE POLICIAL REALIZAVA PATRULHAMENTO PARA RUA MAXAKALIS, NO

BAIRRO SANTA CRUZ, QUANDO UM HOMEM VESTINDO UMA CALÇA CAMUFLADA E

UM MOLETOM VERMELHO, DE BONÉ PRETO NA CABEÇA E COM UMA MOCHILA

PRETA NAS COSTAS SAIU DE UMA MATA QUE FICA AS MARGENS DESTA VIA, HOMEM

ESTE QUE QUANDO AVISTOU A VIATURA COMEÇOU A EMPREENDER FUGA,

CORRENDO ATÉ A RUA GUARANI, ADENTRANDO NUMA RESIDÊNCIA QUE ESTAVA

COM O PORTÃO ABERTO, CASA ESTA DE NÚMERO 90, PORÉM O INDIVÍDUO FOI

ABORDADO PELA EQUIPE NA CALÇADA DA CASA AINDA COM A MOCHILA NAS

COSTAS. DE IMEDIATO FORAM FEITAS BUSCAS PESSOAIS NO HOMEM E LOCALIZADO

DENTRO DE SUA MOCHILA UM GRANDE NÚMERO DE NOTAS DE REAIS DE DIVERSOS

VALORES. O HOMEM FOI IDENTIFICADO COMO SENDO LEONARDO XAVIER

VEDONATO. QUESTIONADO SOBRE A PROCEDÊNCIA DO DINHEIRO, O MESMO

AFIRMOU EM PRIMEIRA CONVERSA QUE SERIA DE UM SUPOSTO TRABALHO DE

PEDREIRO. NAQUELE MOMENTO A EQUIPE TOMOU POSSE DE INFORMAÇÃO QUE


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HAVIA ACONTECISO UM ROUBO A MÃO ARMADA AS 15H DESTA MESMA DATA A

UMA LANCHONETE DE NOME BORBOLETA NA RUA PARAGUAI, NÚMERO 175 E QUE

SERIA UM HOMEM DE CARACTERÍSTICAS SEMELHANTES MAS QUE O MESMO SE

EVADIU DE BICICLETA DE COR VERMELHA COM O GUIDÃO PRATA E QUE TERIA SE

EVADIDO DESCENDO A RUA CUIABÁ SENTIDO SANTA CRUZ. FOI ENTÃO NOVAMENTE

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QUESTIONADO SOBRE A PROCEDÊNCIA DO DINHEIRO, ENTÃO LEONARDO

CONFESSOU PARA EQUIPE QUE REALMENTE HAVIA PRATICADO ESTE ROUBO E

QUE A ARMA USADA PARA COMETER ESTE CRIME SERIA DA PESSOAL DE

ADEILDO, E DISSE AINDA QUE ADEILDO JÁ TERIA PRATICADO OUTROS DELITOS

COM ELE E QUE NESSA TARDE ELE ESTARIA NA RESIDÊNCIA AONDE MORA, NA

RUA TCHUCARRAMÃES, NÚMERO 125, AGUARDANDO PARA ESCONDER A ARMA

DO CRIME, BEM COMO PARA POSTERIORMENTE DIVIDIREM O VALOR ROUBADO.

FOI ENTÃO ACIONADO OUTRAS EQUIPES DE APOIO E DESLOCADO NESSE OUTRO

ENDEREÇO, O QUAL JÁ É CONHECIDO NO MEIO POLICIAL, POR OCORRER TRÁFICO DE

DROGAS ENTRE OUTROS DELITOS. CHEGANDO NO LOCAL A PESSOA DE ADEILDO

APRESENTOU UM AR DE SURPRESA COM A CHEGADA DAS EQUIPES E PERMANECEU

NERVOSO E TENSO NO MOMENTO DA ABORDAGEM, E QUE APÓS FOI IDENTIFICADO

COMO ADEILDO SOUZA PRADO, FOI CONSTATADO QUE EM DESFAVOR DO MESMO

HAVIA UM MANDADO DE PRISÃO EM ABERTO PELO CRIME DE FURTO QUALIFICADO.

EM CONVERSA COM ADEILDO, JÁ CIENTE DO CRIME QUE SEU COLEGA HAVIA

ACABADO DE COMETER E TAMBÉM QUE JÁ SERIA ENCAMINHADO PELO MANDADO

DE PRISÃO, ENTÃO CONFESSOU QUE TERIA SIM EMPRESTADO A ARMA PARA

LEONARDO E QUE O MESMO JÁ TERIA DEVOLVIDO A ARMA E MOSTROU AONDE

A ESCONDEU, QUE FOI LOCALIZADA PELA EQUIPE DENTRO DO ESTOFADO DE UM

BANCO DE VEÍCULO QUE ESTAVA LOCALIZADO DENTRO DA RESIDÊNCIA AONDE

MORA. A ARMA FOI CONSTATADA SER PRESSÃO DE MARCA BEEMNAN P17 DE COR

PRETA, A QUAL FOI UTILIZADA POR LEONARDO E CONFESSO PELO MESMO NA

EXECUÇÃO DO CRIME DESTA TARDE.

Ademais, constou no Boletim de Ocorrência lavrado pelos policiais militares (mov. 1.14):

LEONARDO CONFESSOU PARA A EQUIPE QUE REALMENTE HAVIA PRATICADO

ESTE ROUBO E QUE A ARMA USADA PARA COMETER ESTE CRIME SERIA DA

PESSOA DE ADEILDO, E DISSE AINDA QUE ADEILDO JÁ TERIA PRATICADO

OUTROS DELITOS COM ELE E QUE NESSA TARDE ELE ESTARIA NA RESIDÊNCIA

AONDE MORA, NA RUA TCHUCARRAMÃES, NÚMERO 125, AGUARDANDO PARA

ESCONDER A ARMA DO CRIME, BEM COMO PARA POSTERIORMENTE DIVIDIREM

O VALOR ROUBADO. (...)


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Os policiais militares, ouvidos também na fase judicial, confirmaram suas anteriores declarações.

O policial Luciano de Andrade, nessa oportunidade, narrou:

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em patrulhamento pela Rua Maxakalis, um indivíduo saiu do mato, que fica a margem dessa via, e

quando visualizou a viatura, empreendeu fuga, saindo correndo com uma mochila nas costas; na Rua

Guarani adentrou no quintal de uma residência, quando a equipe logrou êxito na abordagem; foram

realizadas buscas e localizado dentro da mochila a quantia de R$203,00 em diversas notas;

primeiramente informou que era de um trabalho que havia realizado como pedreiro, porém,

posteriormente a equipe recebeu informações de que houve um roubo em uma lanchonete, sendo que

as características do autor batiam com a do indivíduo abordado; indagado novamente, ele informou

que havia efetuado o roubo e que a arma estaria em outra residência que ele havia deixado, que

pertence a Adeildo e se tratava de arma de pressão; deslocado até a referida residência, Adeildo já

sabia do crime cometido por Leonardo, pois este havia deixado a arma logo após o roubo;

Adeildo mostrou o local em que a arma estava, dentro do forro do banco de um veículo; Adeildo

disse que sempre emprestava a arma para Leonardo pra fazer “correria”; Leonardo afirmou

que depois eles dividiam o dinheiro do crime; na delegacia, a vítima reconheceu o autor do roubo,

tinha imagens de câmeras, as quais mostraram ser Leonardo; Leonardo abandonou a bicicleta próximo

a um rio, e quando correu da equipe estava sem a bicicleta (transcrição realizada nas contrarrazões –

mov. 134.1)

Ademais, não se pode perder de vista a importância da prova testemunhal advinda dos depoimentos dos policiais
militares, que, tanto em Juízo como durante o inquérito policial, narraram com exatidão e detalhes, de forma
uníssona, os atos de praticados pelos réus.

Acrescento, com relação aos depoimentos dos policiais, que compartilho do entendimento majoritário relativamente
à sua validade como meio de prova para sustentar condenação, uma vez que seria incoerente presumir que referidos
agentes, cuja função é justamente manter a ordem e o bem-estar social, teriam algum interesse em prejudicar
inocentes.

Com relação à utilização do depoimento dos policiais para validar um édito condenatório, esta Corte já decidiu:

APELAÇÃO CRIME - DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE - AUSÊNCIA DE

INTERESSE RECURSAL - NÃO CONHECIMENTO DESTE PONTO - CERCEAMENTO DE

DEFESA - AUSÊNCIA DO DEFENSOR NO INTERROGATÓRIO POLICIAL - PRELIMINAR

REJEITADA - CRIME DE TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS (ARTIGO 33, CAPUT, DA LEI Nº


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11.343/2006) - PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO, POR AUSÊNCIA DE PROVAS -

IMPOSSIBILIDADE - AUTORIA E MATERIALIDADE DO CRIME COMPROVADAS -

CONJUNTO PROBATÓRIO ROBUSTO - DEPOIMENTO PRESTADO PELOS POLICIAIS

QUE CONSTITUI MEIO DE PROVA IDÔNEO - DELITO DE RECEPTAÇÃO (ART. 180,

CAPUT, DO CÓDIGO PENAL) - PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - AUTORIA

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E MATERIALIDADE DELITIVA EM RELAÇÃO À PARTE DOS FATOS NARRADOS NA

DENÚNCIA DEVIDAMENTE COMPROVADOS - ACUSADO PRESO NA POSSE DA ‘RES’ -

INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - CONDENAÇÃO QUE SE JUSTIFICA - REGIME INICIAL

DE CUMPRIMENTO DE PENA FIXADO COM BASE NO DISPOSTO NO §1º, DO ARTIGO 2º

DA LEI 8.072/90 - INCONSTITUCIONALIDADE DO REFERIDO DISPOSITIVO LEGAL

DECLARADA PELO STF - ALTERAÇÃO DE REGIME PARA O ABERTO - RECURSO DE

APELAÇÃO CONHECIDO EM PARTE, E NA PARTE CONHECIDA, PARCIALMENTE

PROVIDO. (TJPR - 5ª C.Criminal - AC - 1221236-5 - Curitiba - Rel.: Maria Mercis Gomes Aniceto

- Unânime - - J. 05.02.2015). Destaquei.

Há precedente, no mesmo sentido, proferido pela Corte Superior:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. NÃO CABIMENTO.

TRÁFICO DE DROGAS. FALTA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME

PROBATÓRIO. CONDENAÇÃO COM BASE NO DEPOIMENTO DE POLICIAIS

MILITARES. MEIO DE PROVA IDÔNEO. PLEITO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA PORTE

DE DROGAS. REEXAME PROBATÓRIO. REDUÇÃO DA PENA-BASE NO MÍNIMO LEGAL.

MINORANTE DO TRÁFICO PRIVILEGIADO. PATAMAR DIVERSO DE 2/3. AUSÊNCIA DE

JUSTIFICATIVA IDÔNEA. ILEGALIDADE. CUMPRIMENTO DA PENA. REGIME INICIAL

MAIS RIGOROSO. RÉU PRIMÁRIO. PENA-BASE NO MÍNIMO LEGAL. GRAVIDADE

ABSTRATA. HABEAS CORPUS DE OFÍCIO. REDIMENSIONAMENTO. (...) 2. O depoimento

dos policiais prestado em juízo constitui meio de prova idôneo a resultar na condenação do

paciente, notadamente quando ausente qualquer dúvida sobre a imparcialidade das

testemunhas, cabendo à defesa o ônus de demonstrar a imprestabilidade da prova, fato que não

ocorreu no presente caso. (...) (HC 165.561/AM, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA

TURMA, julgado em 02/02/2016, DJe 15/02/2016). Destaquei.

Nesse passo, para afastar a presumida idoneidade dos policiais militares Luciano de Andrade e Fernando César
Nunes Alves (ou ao menos suscitar dúvida, o que já favoreceria os réus), seria preciso que se constatassem
importantes contradições em seus relatos, ou que estivesse demonstrada alguma desavença com os acusados
(séria o bastante para torná-los suspeitos), o que, no caso em questão, não foi minimamente demonstrado nos
autos.
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No presente caso, a palavra dos policiais está alicerçada em outros elementos probatórios, especialmente a
apreensão da arma na residência de Adeildo e o depoimento informal prestado pelo réu Leonardo, demonstrativos
de que Adeildo detinha ciência do roubo.

Ora, Adeildo claramente aderiu à conduta de Leonardo, tendo fornecido a arma utilizada durante a prática do roubo.

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Ademais, após a prática do delito ficou esperando a chegada do corréu para dividirem o produto do roubo.

Ainda na fase inquisitorial, a vítima Lucimara contou (mov. 1.6):

QUE NESTA DATA A DECLARANTE ESTAVA TRABALHANDO NA LANCHONETE

BORBOLETAS, QUE FICA NO BAIRRO ALTO ALEGRE, NA RUA PARAGUAI, 175, QUANDO

LÁ CHEGOU UMA PESSOA MORENA, ESTATUTA MÉDIA, O QUAL ESTAVA COM UMA

BOLSA DE COR PRETA, E QUE TIROU DELA UMA ARMA TIPO PISTOLA, DE COR PRETA,

CANO LONGO E DEU VOZ DE ASSALTO DIZENDO: ‘FILHA DUMA PUTA’, PASSA TURO.

NISSO ELE MOSTROU A ARMA; QUE JUNTO ESTAVA A IRMÃ DA PROPRIETÁRIA,

MARINETE, QUE ENTÃO DISSE PASSE TUDO, NO CASO O DINHEIRO DO CAIXA; QUE

JUNTOU O DINHEIRO QUE TINHA E REPASSOU PARA TAL PESSOA. LEMBRA QUE

TINHA NOTAS DE VINCE, DEZ, CINCO E DOIS REAIS; QUE PASSAVA DE DUZENTOS

REAIS.

Durante a oitiva extrajudicial, as vítimas não afirmaram que o roubo foi de apenas R$ 203,00. Em realidade
contaram que o acusado Leonardo levou mais de R$ 200,00, mas não souberam precisar o valor exato.

Somente judicialmente, após terem recuperado o dinheiro apreendido na posse daquele (mov. 1.7) a vítima
Lucimara afirmou que roubaram cerca de R$ 203,00. Contudo, como visto da colheita das demais provas resta
demonstrado que o valor apontado por ela foi um pouco aquém do efetivamente subtraído.

Isso porque nas oportunidades em que ouvido, o corréu Leonardo confirmou que entregou parcela do dinheiro a
Adeildo; apenas alterou sua versão dos fatos sobre a razão de tal pagamento.

Ou seja, é evidente que Leonardo roubou valor superior a R$ 203,00 e entregou parte do dinheiro ao corréu Adeildo
(conforme ele mesmo confessou judicialmente).

Assim sendo, restou cabalmente demonstrado que Adeildo prestou auxílio material para o corréu Leonardo,
devendo, pois, responder pelo delito, motivo pelo qual mantenho o reconhecimento de sua participação no crime e a
redução da reprimenda em 1/3 por conta do disposto no art. 29, §1º, CP.

Quanto aos pedidos sucessivos do apelante Leonardo de i) desclassificação para o delito de furto, mediante a
alegação de que inexistiu violência ou intenção de provocar mau às vítimas; ii) desclassificação para roubo simples,
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tampouco lhe assiste razão.

De acordo com o disposto no artigo 157, caput, do CP, pratica o crime de roubo, quem “subtrair coisa móvel
alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência”.

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Diferentemente do que ocorre no tipo penal de roubo – em que o agente atua mediante o emprego de violência e/ ou
grave ameaça para consumar o apossamento da res da vítima -, no furto, o agente não se utiliza do meio violento
contra a pessoa. É o que se extrai:

Art. 155 - “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”.

No caso em apreço, portanto, é necessário elucidar se houve ou não o emprego de violência ou grave ameaça contra
as vítimas para a efetivação do delito.

Instado acerca dos fatos, como visto, o acusado Leonardo confirmou ter gritado com as vítimas e as ameaçado,
postando ostensivamente uma arma de chumbo (que elas acreditavam se tratar de uma arma de fogo)

Assim, ao revés da alegação recursal, verifica-se, sem qualquer esforço, que o apelante, de fato, agiu com grave
ameaça para consumar o delito.

Em caso semelhante, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, "Verificado que houve o anúncio de assalto em
circunstâncias capazes de configurar a grave ameaça, suficiente, pois, para tipificar o crime de roubo, não há
[1]
como prosperar o pleito de desclassificação para o delito de furto, como pretendido”

Feitas tais considerações, estando nitidamente comprovado que o apelante se utilizou da grave ameaça para
consumar a empreitada criminosa, mostra-se inadmissível a desclassificação para o delito de furto.

Ademais, como visto anteriormente, restou cabalmente comprovado o concurso de agentes na prática do roubo.

Diante do reconhecimento do concurso de agentes, cumpre manter o reconhecimento da majorante do art. 157, §2º,
II, do Código Penal.

Aliás, acerca da configuração desta majorante em casos como o presente, em que o delito é praticado por um
agente, enquanto o outro atua como partícipe, é o escólio de Guilherme de Souza Nucci:

“sempre mais perigosa a conduta daquele que age sob a proteção ou com o auxílio de outra pessoa.

Assim, o autor de roubo, atuando com um ou mais comparsas deve responder mais gravemente pelo

que fez. (...) basta haver o concurso de duas ou mais pessoas, sem necessidade de estarem todas

presentes no local do crime. Afinal, não se pode esquecer da participação, moral ou material, também
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componente do quadro do concurso de agentes.” (in “Código Penal Comentado”, 13ª ed., São Paulo:

RT, 2013, p. 818)

Mantenho, desta feita, a condenação imposta na sentença.

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- Dosimetria

Não existe qualquer insurgência em relação ao quantum da pena aplicada. Entretanto, vislumbro a necessidade da
readequação da reprimenda de Adeildo, de ofício. Senão vejamos.

Na primeira fase da dosimetria, o juízo a quo assim fundamentou a necessidade de exasperação da pena:

a) Quanto à culpabilidade, a conduta do réu se reveste de grau normal de reprovabilidade,

considerando suas condições pessoais e a natureza do delito, especialmente por ter atuado apenas

como partícipe. Assim, não há um plus no dolo do réu, capaz de exigir valoração na culpabilidade; b)

O réu possui uma condenação anterior, transitada em julgado, cuja pena foi extinta, pelo

cumprimento, há mais de 5 anos da data dos fatos ora julgado, conforme informações

processuais extraídas do sistema Oráculo, evento 12.4. Tal circunstância não configura

reincidência, mas pode ser valorada como antecedente, nesta fase; c) A conduta social do réu é

considerada boa ante a ausência de informações desabonadoras nos autos; d) Não há elementos nos

autos que permitam aferir a personalidade do réu e esta magistrada não possui conhecimentos técnicos

necessários para fazer tal análise, que fica adstrita a outras ciências, como psicologia e psiquiatria; e)

Os motivos do crime são intrínsecos ao tipo penal consubstanciados na obtenção de lucro fácil em

detrimento do patrimônio alheio e do trabalho honesto; f) As circunstâncias dão conta de que o crime

foi cometido no estabelecimento comercial das vítimas, mediante concurso de agentes, circunstância

que será considerada na 3ª fase; g) O crime não deixou maiores consequências ou sequelas, além do

abalo psicológico momentâneo das vítimas, eis que os valores foram recuperados; h) O

comportamento das vítimas em nada contribuiu para a ocorrência do crime.

Partindo do mínimo legal, elevo a pena em 1/8 sobre o intervalo abstrato da pena (pena máxima

menos pena mínima), para cada circunstância desfavorável (antecedentes), fixando a PENA-BASE

em 04 anos e 09 meses de reclusão. (destaquei)

Da leitura do trecho acima, percebe-se que a pena-base foi exasperada unicamente por conta da valoração negativa
dos antecedentes do acusado.

Entretanto, consoante assentado na decisão, foi considerado como mau antecedente uma sentença criminal extinta
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mais de 05 anos antes dos fatos ora analisados

Não se nega que existe divergência de entendimento nesta Colenda Câmara, no Superior Tribunal de Justiça e no
próprio Supremo Tribunal Federal quanto à aplicabilidade do prazo depurador de 05 (cinco) anos previsto no art.
64, inciso I, do Código Penal, aos maus antecedentes.

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Tal questão aguarda manifestação do plenário do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a repercussão geral no
RE 593.818, hoje de relatoria do Excelentíssimo Ministro Roberto Barroso.

Porém, o que se depreende dos julgados mais recentes da Suprema Corte é que os maus antecedentes também serão
atingidos pelo referido prazo depurador. Senão vejamos:

PENAL. HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO PRETÉRITA CUMPRIDA OU EXTINTA HÁ

MAIS DE 5 ANOS. UTILIZAÇÃO COMO MAUS ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE.

APLICAÇÃO DO ART. 64, I, DO CÓDIGO PENAL. PRECEDENTES DA SEGUNDA TURMA.

ORDEM CONCEDIDA. I - Nos termos da jurisprudência desta Segunda Turma, condenações

pretéritas não podem ser valoradas como maus antecedentes quando o paciente, nos termos do

art. 64, I, do Código Penal, não puder mais ser considerado reincidente. Precedentes. II -

Parâmetro temporal que decorre da aplicação do art. 5°, XLVI e XLVII, b, da Constituição Federal de

1988. III – Ordem concedida para determinar ao Juízo da origem que afaste o aumento da pena

decorrente de condenação pretérita alcançada pelo período depurador de 5 anos. (HC 142371,

Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 30/05/2017,

PROCESSO ELETRÔNICO DJe-124 DIVULG 09-06-2017 PUBLIC 12-06-2017). Destaquei.

PENAL. HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO PRETÉRITA CUMPRIDA OU EXINTA HÁ

MAIS DE 5 ANOS. UTILIZAÇÃO COMO MAUS ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE.

APLICAÇÃO DO ART. 64, I, DO CÓDIGO PENAL. PRECEDENTES DA SEGUNDA TURMA.

ORDEM CONCEDIDA. I - Nos termos da jurisprudência desta Segunda Turma, a existência de

condenações pretéritas não podem ser valoradas como maus antecedentes quando o paciente,

nos termos do art. 64, I, do Código Penal, não puder mais ser considerado reincidente.

Precedentes. II – Ordem concedida, para determinar ao Juízo da origem que afaste o aumento da pena

decorrente da valoração como maus antecedentes de condenação pretérita alcançada pelo período

depurador de 5 anos, previsto no art. 64, I, do CP. (HC 138802, Relator(a): Min. RICARDO

LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 25/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-095

DIVULG 05-05-2017 PUBLIC 08-05-2017). Destaquei.

HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO (CP, ART. 157, § 1º). CONDENAÇÃO. PENA DE 4

(QUATRO) ANOS E 8 (OITO) MESES DE RECLUSÃO EM REGIME FECHADO.

IMPETRAÇÃO DIRIGIDA CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR DA CAUSA

NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO NÃO SUBMETIDA AO CRIVO DO

COLEGIADO. AUSÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO INTERNO. NÃO

EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA ANTECEDENTE. PRECEDENTES. NÃO CONHECIMENTO


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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
DO WRIT. ILEGALIDADE FLAGRANTE CONFIGURADA. PENA-BASE MAJORADA EM

DECORRÊNCIA DE MAUS ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE. CONDENAÇÕES

EXTINTAS HÁ MAIS DE 5 (CINCO) ANOS. INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO INCISO I

DO ART. 64 DO CÓDIGO PENAL. FIXAÇÃO DA PENA-BASE NO MÍNIMO LEGAL.

AUSÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. FIXAÇÃO DO REGIME

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PRISIONAL ABERTO (CP, ART. 33, § 2º, ALÍNEA A). ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1.

Impetração dirigida contra decisão singular não submetida ao crivo do colegiado competente por

intermédio de agravo regimental, o que configura o não exaurimento da instância antecedente,

impossibilitando o conhecimento do writ. Precedentes. 2. Quando o paciente não pode ser

considerado reincidente, diante do transcurso de lapso temporal superior a 5 (cinco) anos,

conforme previsto no art. 64, inciso I, do Código Penal, a existência de condenações anteriores

também não caracteriza maus antecedentes. Precedentes. 3. O regime fechado foi alicerçado i) na

presença de circunstância judicial desfavorável ao paciente, vale dizer, os maus antecedentes,

afastados por conta da incidência do art. 64, inciso I, do Código Penal, e ii) na opinião do julgador a

respeito da gravidade em abstrato do delito. Logo, ele não mais se sustenta, pois, segundo a pacífica

jurisprudência da Corte, afigura-se inadmissível, por contrastar com as Súmulas nºs 718 e 719 do

Supremo Tribunal Federal, a fixação do regime inicial mais gravoso com base na mera opinião do

julgador sobre a gravidade em abstrato do crime. Precedentes 4. Writ extinto. 5. Ordem concedida de

ofício para se fixar a pena-base do paciente no mínimo legal, bem como para estabelecer o regime

inicial aberto, nos termos do art. 33, § 2º, alínea a, do Código Penal. (HC 137173, Relator(a): Min.

DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 04/10/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-234

DIVULG 03-11-2016 PUBLIC 04-11-2016). Destaquei.

HABEAS CORPUS. PENAL. TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33 DA LEI 11.343/2006).

DOSIMETRIA. EXASPERAÇÃO DA PENA. QUANTIDADE DA DROGA. FUNDAMENTAÇÃO

IDÔNEA. MAUS ANTECEDENTES. TRANSCURSO DO PRAZO DEPURADOR (ART. 64, I,

DO CÓDIGO PENAL). IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES 1. Revela-se idônea a exasperação

da pena-base com fundamento na quantidade da droga apreendida. Precedentes. 2. Não obstante a

pendência do julgamento do RE 593.818/SC (Tema 150), é de se aplicar a jurisprudência

dominante desta Corte, no sentido de que, “quando o paciente não pode ser considerado

reincidente, diante do transcurso de lapso temporal superior a 5 (cinco) anos, conforme previsto

no art. 64, inciso I, do Código Penal, a existência de condenações anteriores não caracteriza

maus antecedentes” (HC 130613, DJe de 18-12-2015). 3. Ordem parcialmente concedida. (HC

128153, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 10/05/2016, PROCESSO

ELETRÔNICO DJe-159 DIVULG 29-07-2016 PUBLIC 01-08-2016). Destaquei.

RECURSO ESPECIAL – REDISCUSSÃO FÁTICA – INADMISSIBILIDADE. Descabe ao Superior

Tribunal de Justiça, na via afunilada do especial, revolver matéria fática. ANTECEDENTES –

CONFIGURAÇÃO. Decorridos mais de cinco anos desde o cumprimento da pena, o afastamento


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da reincidência inviabiliza o reconhecimento dos maus antecedentes. (HC 115304, Relator(a):

Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 26/04/2016, PROCESSO ELETRÔNICO

DJe-198 DIVULG 15-09-2016 PUBLIC 16-09-2016). Destaquei.

HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM

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JULGADO HÁ MAIS DE CINCO ANOS. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO PARA

CARACTERIZAÇÃO DE MAUS ANTECEDENTES. ORDEM CONCEDIDA. 1. Condenação

transitada em julgado há mais de cinco anos utilizada nas instâncias antecedentes para

consideração da circunstância judicial dos antecedentes como desfavorável e majoração da

pena-base. Impossibilidade. Precedentes. 2. Ordem concedida. (HC 133077, Relator(a): Min.

CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 29/03/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-077

DIVULG 20-04-2016 PUBLIC 22-04-2016). Destaquei.

HABEAS CORPUS. 2. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. CONDENAÇÃO. 3. AUMENTO DA

PENA-BASE. NÃO APLICAÇÃO DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO DO § 4º DO ART. 33, DA LEI

11.343/06. 4. PERÍODO DEPURADOR DE 5 ANOS ESTABELECIDO PELO ART. 64, I, DO

CP. MAUS ANTECEDENTES NÃO CARACTERIZADOS. DECORRIDOS MAIS DE 5 ANOS

DESDE A EXTINÇÃO DA PENA DA CONDENAÇÃO ANTERIOR (CP, ART. 64, I), NÃO É

POSSÍVEL ALARGAR A INTERPRETAÇÃO DE MODO A PERMITIR O

RECONHECIMENTO DOS MAUS ANTECEDENTES. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA

RAZOABILIDADE, PROPORCIONALIDADE E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 5.

DIREITO AO ESQUECIMENTO. 6. FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL INICIAL FECHADO

COM BASE NA VEDAÇÃO DA LEI 8.072/90. INCONSTITUCIONALIDADE. 7. ORDEM

CONCEDIDA. (HC 126315, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em

15/09/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-246 DIVULG 04-12-2015 PUBLIC 07-12-2015).

Destaquei.

Da íntegra dos julgados acima extrai-se que o posicionamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal visa impedir
a possibilidade de perpetuação da valoração dos maus antecedentes, valendo-se do prazo previsto no art. 64, inciso
I, do Código Penal.[2]

Deve-se levar em conta, ainda, que o Código Penal prevê a possibilidade de realibitação do condenado, a qual
alcança todas as penas contra eles fixadas[3]. Portanto, permitir que os maus antecedentes sejam utilizados para
todo o sempre seria uma forma de contrariar a reabilitação prevista na lei penal.

Também deve-se ter em mente as disposições previstas na Carta Magna, que em seu art. 5º dispõe:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:


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a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

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XLVII - não haverá penas:

(...)

b) de caráter perpétuo;”

Dessa forma, alinho-me ao posicionamento de que as penas extintas há mais de cinco anos não poderão configurar
maus antecedentes, pelo que a sentença deverá ser reformada neste aspecto.

Sendo assim, readequo a pena-base fixada em face de Adeilto para o mínimo legal de 04 anos de reclusão, valor
mantido na segunda fase da dosimetria, tendo em vista a inexistência de qualquer atenuante ou agravante.

Na terceira fase, em decorrência do reconhecimento da majorante do concurso de agentes (1/3), e da minorante da


participação de menor importância (1/3), resta a pena definitiva fixada em 03 (três) anos, 06 (seis) meses e 20
(vinte) dias de reclusão, além de 09 (nove) dias-multa.

Tendo em vista o montante da reprimenda, altero o regime inicial para cumprimento da pena para o aberto, sendo
vedada a substituição por medida restritiva de direito, em razão de ter sido o crime praticado com emprego de
violência

Apesar de inexistir insurgência contra a pena de multa fixada contra Leonardo, entendo que tal também deve ser
revista de ofício.

Durante a dosimetria da pena, em sua primeira fase, o julgador de primeiro grau fixou a pena privativa de liberdade
no mínimo legal, qual seja, 04 anos de reclusão, por entender todas as circunstâncias judiciais em favor do réu.

Em seguida, na segunda fase, o sentenciante promoveu a compensação entre a agravante da reincidência com a
atenuante da confissão, mantendo a pena-base já fixada.

Na derradeira fase, o juiz singular reconheceu a causa de aumento prevista no art. 157, §2º, II, do Código Penal,
aumentando a pena em 1/3 (um terço), aplicando em definitivo a reprimenda de 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão, além de 87 (oitenta e sete) dias-multa.

Constato, então, que o quantum da pena de multa não fora proporcional à pena privativa de liberdade.

Diante disso, imperiosa se faz a readequação da pena de multa estabelecida pelo juízo a quo, a fim de obter
proporcionalidade e correlação entre as penas de multas e privativa de liberdade.

Estabeleço, então, a pena de multa em 13 (treze) dias-multa, acompanhando o único incremento de 1/3 na terceira
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fase da dosimetria.

Por fim, observo que a pena corporal de Leonardo foi fixada em quantum superior a quatro anos, mas inferior a
oito. Ainda assim, diante do reconhecimento da reincidência, cumpre manter, porque adequado, o regime fechado

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para o cumprimento da pena, nos exatos termos do art. 33, §2º, ‘b’, do Código Penal.

- Doshonorários do defensor dativo

Ao final, o réu Adeildo postulou o arbitramento de honorários advocatícios em favor do seu defensor dativo.

Com razão.

Em relação ao defensor nomeado pelo Juízo, o arbitramento dos honorários deve ser mensurado pelo próprio
Magistrado, observados alguns requisitos, tais como o grau de zelo do profissional, a natureza da causa, a
complexidade do trabalho desenvolvido, e a quantidade de atos processuais praticados, não estando este vinculado
aos valores dispostos na Tabela da Ordem dos Advogados do Brasil.

Referida tabela consiste em uma referência acerca da remuneração mínima a ser prestada aos advogados pelos atos
por eles praticados no caso de contratação do patrono de forma voluntária pela parte.

Sobre o tema, a jurisprudência desta Corte é pacífica:

“APELAÇÃO CRIME - ROUBO MAJORADO TENTADO - PEDIDO DE ASSISTÊNCIA

JUDICIÁRIA GRATUITA - NÃO CONHECIMENTO - MATÉRIA AFETA AO JUÍZO DA

EXECUÇÃO - PLEITO ABSOLUTÓRIO - ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE PROVAS PARA

A CONDENAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS -

DECLARAÇÕES DAS VÍTIMAS - RELEVÂNCIA - CONJUNTO PROBATÓRIO SÓLIDO E

HARMÔNICO - ÉDITO CONDENATÓRIO MANTIDO - PREPONDERÂNCIA DA

REINCIDÊNCIA SOBRE A CONFISSÃO ESPONTÂNEA ESCORREITA - EXISTÊNCIA DE

DUAS CONDENAÇÕES A TÍTULO DE REINCIDÊNCIA QUE IMPEDEM A COMPENSAÇÃO

COM A CONFISSÃO ESPONTÂNEA - FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL SEMIABERTO -

FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS PELA ATUAÇÃO EM SEGUNDO GRAU - DEFENSOR

DATIVO - PROVIMENTO - TABELA DA OAB - INAPLICABILIDADE - VALOR

ARBITRADO DE ACORDO COM O ZELO DO PROFISSIONAL E A COMPLEXIDADE DA

CAUSA -- RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E NA PARTE CONHECIDA

PARCIALMENTE PROVIDO POR UNANIMIDADE. (...) (Apelação Crime n.º 1.300.761-5,

Relatora: Des.ª Sônia Regina de Castro, 3ª Câmara Criminal, Julgamento em 30/04/2015).” (TJPR - 5ª

C.Criminal - AC - 1326550-2 - Apucarana - Rel.: José Laurindo de Souza Netto - Unânime - J.

30.07.2015; grifei).
PROJUDI - Recurso: 0019138-39.2018.8.16.0021 - Ref. mov. 25.2 - Assinado digitalmente por Luiz Osorio Moraes Panza:7682, Marcus Vinicius de
Lacerda Costa:11216
21/02/2019: EXPEDIÇÃO DE COMUNICAÇÃO AO JUIZ DE ORIGEM. Arq: Acórdão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
“RECURSO DE APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS - NULIDADE -

NÃO OCORRÊNCIA - DESCLASSIFICAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE, NO CASO - DOSIMETRIA

- CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA - REDUÇÃO, DE OFÍCIO -

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SUBSTITUIÇÃO DA PENA - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - TABELA DA OAB -

INAPLICABILIDADE, NA ESPÉCIE - SENTENÇA REFORMADA - RECURSO NÃO

PROVIDO. "(...)" A verba honorária a que faz jus o defensor dativo não se confunde com a

contratação do advogado pela parte. Neste caso, no mínimo, deve incidir a tabela da OAB. Naquele,

trata-se de valor a ser mensurado pelo Magistrado, observado o zelo e o trabalho desenvolvido.

Apelação conhecida e não provida, com a redução, de ofício, da pena.” (TJPR, Ap. Crime nº

871.571-5, da 5ª CCrim. Rel. Des. Jorge W. Massad. J. em 14.06.2012; grifei).

Além disso, deve-se atentar ao disposto na Resolução Conjunta nº 13/2016-PGE/SEFA, que institui também uma
tabela de valores para honorários advocatícios relativos à defensoria dativa.

Assim, considerando tais parâmetros, fixo os honorários advocatícios do defensor nomeado relativos à sua atuação
em grau recursal em R$ 900,00 (novecentos reais), valor que reputo adequado ao grau de zelo do profissional.

- Conclusão

Diante do exposto, voto no sentido de i) conhecer parcialmente do recurso interposto por Leonardo e, na parte
conhecida, negar-lhe provimento; ii) conhecer do apelo interposto por Adeildo e negar-lhe provimento.

Adequo, de ofício, a reprimenda fixada a Adeildo para 03 (três) anos, 06 (seis) meses e 20 (vinte) dias de
reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 09 (nove) dias-multa. Fixo, ainda, honorários advocatícios
em prol do defensor nomeado de Adeildo.

Adequo, também de ofício, a pena de multa fixada a Leonardo, restando fixada em 13 (treze) dias-multa.

Importante destacar que a Corte Suprema tem se manifestado quanto à possibilidade de início imediato da execução
de acórdão penal condenatório, proferido em sede de apelação, sem que haja ofensa ao princípio da presunção de
inocência.

Na ocasião, o saudoso Ministro Teori Zavaski, Relator do HC nº 126.292/SP, salientou que é “no âmbito das
instâncias ordinárias que se exaure a possibilidade de exame de fatos e provas e, sob esse aspecto, a própria
fixação da responsabilidade criminal do acusado”[4] (grifo nosso).

No mais, em recente decisão proferida pela mesma corte, o Supremo Tribunal Federal indeferiu o pedido liminar
feito em duas Ações Diretas de Constitucionalidade (ADC’s 43 e 44), na data de 05/10/2016, que buscavam, de
imediato, a reiteração de validade do contido no art. 283, CPP, que dispõe sobre a prisão apenas após o trânsito em
PROJUDI - Recurso: 0019138-39.2018.8.16.0021 - Ref. mov. 25.2 - Assinado digitalmente por Luiz Osorio Moraes Panza:7682, Marcus Vinicius de
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julgado.

Com a presente decisão, por maioria, a Corte Maior ratificou a interpretação dada naquele anterior habeas corpus,
permitindo-se, agora com efeito vinculante, a possibilidade de execução da pena a partir da decisão proferida em
segundo grau, como no caso concreto.

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Portanto, seguindo esta linha de entendimento, determino seja comunicado o juízo a quo acerca das alterações aqui
realizadas e para que dê início à execução provisória da reprimenda tão logo esgotados os recursos nesta instância,
nos termos da fundamentação

Deste modo, i) conheço parcialmente do recurso interposto por Leandro e, na parte conhecida, nego-lhe
provimento; ii) conheço do apelo interposto por Adeildo e nego-lhe provimento. Adequo, de ofício, a pena de multa
imposta a Leonardo e a pena de Adeildo, e fixo honorários em prol do defensor nomeado deste.

Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 5ª Câmara Criminal do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por
maioria de votos, em julgar pelo (a) Não-Provimento do recurso de ADEILDO SOUZA PRADO e, por maioria de
votos, em julgar pelo (a) Conhecimento em Parte e Não-Provimento do recurso de LEONARDO XAVIER
VEDOVATO, com declaração de voto vencido pelo Revisor quanto ao prazo depurador.

O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Marcus Vinicius de Lacerda Costa (voto vencido), com voto, e dele
participaram Desembargador Luiz Osório Moraes Panza (relator) e a Desembargadora Maria José de Toledo Marcondes
Teixeira.

Curitiba, 14 de fevereiro de 2019

LUIZ OSÓRIO MORAES PANZA

Relator

--

[1]HC 174.261, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 14.2.2012.

--

[2]Art. 64 - Para efeito de reincidência:

I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de
tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;

[3]Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o
seu processo e condenação.
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Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na
situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo.

--

[4]CONSTITUCIONAL. HABEAS CORPUS. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º,
LVII). SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA CONFIRMADA POR TRIBUNAL DE SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO.

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EXECUÇÃO PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. 1. A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação,
ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo
artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal. 2. Habeas corpus denegado. (HC 126292, Relator (a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal
Pleno, julgado em 17/02/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-100 DIVULG 16-05-2016 PUBLIC 17-05-2016).

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