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GESTÃO E ELABORAÇÃO
DE PROJETOS SOCIAIS
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3 INTRODUÇÃO
4 UNIDADE 1 - Eixos da educação social
5 1.1 Diferentes perspectivas da educação social

8 UNIDADE 2 - Pedagogia social: impasses, desafios e perspectivas em construção


9 2.1. Pedagogia Social: uma obra em construção

13 UNIDADE 3 - Distinções entre educação não formal, formal e informal


15 3.1 Educação informal ou Educação Não-formal?

16 3.2 Educação formal e educação não-formal

SUMÁRIO
18 UNIDADE 4 - A educação não-formal: campos e problemas
19 4.1 Algumas Características da Educação Não-Formal: Metas, e Metodologias

21 4.2 A Educação Não-Formal em Ação

23 4.3 Novos espaços de formação e informalidade da educação

26 UNIDADE 5 - Projetos sociais


27 5.1 Por que projetos sociais?

29 5.2 Elaboração de Projetos Sociais

33 UNIDADE 6 - A empresa e seu papel social


34 6.1Responsabilidade Social

36 CONCLUSÃO
37 REFERÊNCIAS
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INTRODUÇÃO

A educação de uma pessoa começa nos


seus primeiros instantes de vida. Desde o
momento em que nasce, o ser humano co-
meça a receber orientação e treinamento,
aprende a reagir perante situações criadas
pela natureza, pela sociedade e vai adqui-
rindo hábitos que farão parte de seu modo
de ser. E quando começa a observar o meio
em que está inserido e a ter a possibilidade
de tomar decisões, inicia seu processo de
integração na vida social. E daí por diante
cada fato e cada situação exercerão influ-
ência sobre a definição de sua personali-
dade. A pessoa adulta será o resultado da
educação recebida desde os primeiros ins-
tantes de vida.
Como se verifica, a educação de uma
pessoa começa na família ou no meio social
em que a criança nasceu e passa a viver.
Essa é chamada educação informal ou não-
-formal, que é dada fora do ambiente esco-
lar, tanto à criança quanto ao adolescente
e ao adulto. Ao lado dessa, existe, ou pelo
menos deve existir, a educação formal, que
é dada na escola. Não pode dizer que seja
mais importante do que a outra, pois na re-
alidade ambas podem ter influência decisi-
va na vida de qualquer pessoa.
Educação, hoje, é tarefa de todos e con-
dição para o desenvolvimento pessoal e
do país. Assegurar às crianças e jovens o
sucesso na escola e na vida requer a par-
ticipação dos que acreditam nisso e se dis-
põem a enfrentar essa batalha. Cabe ao
voluntário, empresário – unido à família e à
comunidade escolar e local – dar a sua con-
tribuição para que, através de ações com-
plementares à escola.
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UNIDADE 1 - Eixos da educação social

RODRÍGUEZ FERNÁNDEZ (1999) instrumentalista cujo meio é a autonomia


analisa uma série de elementos que pessoal, independentemente do contexto
considera os eixos da educação so- no qual se encontra o indivíduo.
cial: c) a educação social é uma prática social
a) o âmbito socioeducativo é o espaço que medeia a socialização dos indivíduos.
disciplinar onde se realiza a práxis da edu- Para articular a sua prática educativa, a
cação social. Na perspectiva desta ação educação social obtém fundamentos cien-
prima a dimensão social do sujeito, já que tíficos na pedagogia social. Esta, portanto,
este não o é senão no contexto da sua pre- articula a intervenção sobre o seu obje-
sença na comunidade. Por seu lado, a ação to através da educação social, o que lhe
socioeducativa é entendida como ajuda confere uma natureza epistemológica de
social, e esta se formula desde o apoio e a tecnologia socioeducativa e, por seu lado,
mediação social. Aqui é onde entra a edu- encontra as balizas científicas na pedago-
cação social que, do mesmo modo que ou- gia social. Assim, a função socializadora é,
tras disciplinas sociais, exerce a mediação em si mesma, o objeto de intervenção da
para prevenir as situações de escassez e educação social. QUINTANA (1998) atribui
garantir a promoção dos indivíduos. à educação social o desenvolvimento da
ação educativa que atua sobre a socieda-
b) a educação social pretende corrigir a
de. A forma de materializar um dos objeto
concepção clássica de institucionalização.
que são específicos da pedagogia social é
Esta afirmação não significa que a educa-
cuidar da correta socialização do indivíduo.
ção social se encontre à margem de estru-
turas, já que o indivíduo o é e se mostra em d) a educação social propõe ações
todos os espaços. Nesta concepção, o que alheias ao subsidiário e ao assistencial. A
se faz é afirmar a ideia de que a educação dimensão educativa da educação social é
social não se esgota no não-formal, muito a que traz qualidade de vida e bem-estar
pelo contrário, deve abarcar todos os espa- social ao indivíduo (PARCERISA, 1999). A
ços e todos os momentos, já que o homem sua didática deve promover no indivíduo a
se aperfeiçoa em qualquer âmbito – formal sensibilização e tomada de consciência das
ou não formal – e ao longo de toda a sua suas necessidades não sentidas para que
vida. estas possam ser percebidas e procuradas
(necessidades exprimidas). A educação so-
Por outro lado, desenvolver a autono-
cial deve intervir naquelas circunstâncias
mia dos sujeitos quando se encontram em
que geram situações de necessidade nas
contextos institucionalizados de interna-
pessoas, sendo esta precisamente a fun-
mento (centros penitenciários, centros de
ção preventiva, a qual, logicamente, deve
menores) implica um indubitável “handi-
antepor-se à cronificação dos problemas.
cap” para a sua consecução, da mesma ma-
neira que se limitam as possibilidades de Para finalizar, queremos fazer nossas as
interação. Na realidade, a educação social palavras de PETRUS (1994): Para muitos
promove estratégias didáticas de caráter autores a educação social é hoje sinônimo
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de socialização correta, seja ela socializa- cação social adaptativa é um processo de


ção primária, secundária ou terciária, ou contínuas adaptações do homem ao meio
seja, a educação seria o processo de trans- ambiente. A educação social seria, pois, a
formação do indivíduo biológico em indiví- expressão do desenvolvimento adaptativo
duo social, seria a aquisição das capacida- do educando, como ser vivo, às necessida-
des para participar e integrar-se no grupo des sociais em permanente mutação.
no qual lhe corresponde viver.
– Como socialização: a educação so-
Contudo, a educação social, para além cial é entendida, por alguns, como o pro-
de solucionar determinados problemas de cesso que torna possível a integração so-
convivência, tem uma função não menos cial dos indivíduos, assimilando as normas,
importante, que é a de ser um instrumen- valores e atitudes que lhes permitem uma
to igualitário e de melhoria da vida social convivência normalizada. Nesta perspecti-
e pessoal. Estamos convencidos de que va, este tipo de educação consistiria numa
só uma estratégia criativa e inovadora de aprendizagem social que permitiria ao ho-
proteção e educação social poderá evitar o mem e à mulher a entrada no grupo social.
risco de conviver com situações injustas e
Cabe aqui falar de três tipos de socializa-
conducentes a atitudes violentas, já que a
ção: a socialização primária é a que se pro-
violência social, em múltiplas ocasiões, é a
duz, fundamentalmente, no núcleo fami-
expressão da insatisfação sentida por um
liar e refere-se à aprendizagem afetiva dos
setor da população que se vê privado da
comportamentos do grupo; a socialização
possibilidade de fazer parte dessa socie-
secundária é o resultado das interações
dade do bem-estar a que tem direito.
que se produzem em nível do ecossistema,
com grupos mais gerais e menos afetivos
(escola).
1.1 Diferentes perspectivas Com este tipo de socialização consegue-
da educação social -se interiorizar o sistema de valores que as
instituições se encarregam de transmitir;
PETRUS (1998) percorre as diferentes por último, falamos de socialização terci-
perspectivas sobre a educação social que ária para nos referirmos a ressocialização,
foram elaboradas a partir da cultura do reeducação social, etc., ou seja, o processo
bem-estar, sendo esta entendida dos se- mediante o qual se pretende que um indi-
guintes modos: víduo se reintegre na sociedade depois de
– Como adaptação: entendida assim, ter revelado condutas anti-sociais, asso-
a educação social consistiria na aquisição, ciais ou dissociais.
por parte do indivíduo, das características – Como aquisição de competências
intelectuais, sociais e culturais necessá- sociais: a educação social entendida des-
rias à sua adaptação e que lhe permitem te modo é uma ação educativa que procura
viver num ambiente social concreto. Deve que os indivíduos pertencentes a uma de-
considerar-se que esta adaptação social se terminada sociedade se formem e adqui-
dá ao longo de toda a vida e não apenas em ram as habilidades e competências sociais,
determinados momentos ou fases. A edu- consideradas necessárias para alcançar
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a integração social. Educar para a partici- e marginalização social. A educação social,


pação social implica, fundamentalmente, não só deve dar resposta aos problemas
melhorar as relações em todos os âmbitos da inadaptação, mas também, entre ou-
relacionais da pessoa, é preparar o homem tras coisas, deve desenvolver e promover
para atuar com habilidade social no campo a qualidade de vida dos cidadãos, aplicar
das relações laborais, é gerar mudanças de estratégias para prevenir os desequilíbrios
atitude, face à cultura e às outras culturas, sociais, etc. Torna-se assim claro que a fun-
é, finalmente, assumir os princípios bási- ção da educação social não se esgota no
cos de uma justa convivência social. âmbito da inadaptação social.
– Como didática do social: nesta – Como formação política do cida-
perspectiva a educação social é uma inter- dão: desde o início que a educação social
venção sócio-comunitária em função de foi influenciada pelos poderes públicos
problemas e de determinadas orientações com fins políticos, quer dizer, entendida
institucionais. Vista desta maneira, é algo como formação social e política do cidadão.
parecido a uma ciência da intervenção face No entanto, na atualidade, esta perspecti-
aos problemas sociais. É uma didática do va não goza de muitos adeptos. A influên-
social. cia das políticas sociais dos Estados provi-
dência são as que dão forma e identidade
No entanto, é necessário esclarecer que
às parcelas mais importantes da educação
este nos parece um posicionamento num
social.
paradigma radicalmente tecnológico, que
é contrário aos princípios da educação so- – Como prevenção e controlo social:
cial, e isto porque, nesta perspectiva, só se a educação social, entendida como pre-
procura a solução dos problemas sem que venção e controlo social, supõe um conjun-
se coloquem os princípios éticos em que to de procedimentos por meio dos quais se
se baseiam umas soluções ou outras, bem procura que os membros de uma socieda-
como os possíveis problemas delas deriva- de cumpram as normas consideradas ne-
dos. cessárias para conseguir a ordem social. No
Estado-providência todo o processo edu-
– Como ação profissional qualifica-
cativo transporta consigo controlo social,
da: a educação social é concebida também
moral e cultural. O controlo é também uma
como a ação qualificada dos profissionais,
prevenção dos desvios e, por isso, a educa-
os quais, mediante a utilização dos recur-
ção social implica uma função preventiva
sos necessários e oportunos, procuram
do desvio social.
dar solução a determinados problemas e
necessidades de pessoas ou grupos que se A relação entre política social e educa-
encontram em situação de risco ou neces- ção social é clara, porém, a primeira não
sidade social. deve exercer um controlo severo, determi-
nismo ou intrusismo nos princípios peda-
– Como ação próxima da inadapta-
gógicos desta. A educação social alcançará
ção social: há quem utilize a expressão
o seu verdadeiro espaço quando conseguir
educação social para referir, de forma ex-
melhorar a convivência entre os cidadãos.
clusiva, a intervenção educativa que se re-
Se o trabalho sócio-educativo é uma ativi-
aliza diante de problemas de inadaptação
dade que surge da própria necessidade da
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vida em convivência, a relação entre edu- aceito a ideia de que a educação não se li-
cação, prevenção e controlo parece evi- mita de forma exclusiva ao âmbito escolar.
dente.
O educador faz parte de um sistema
– Como trabalho social educativo: mais amplo – espaço escolar e extra-esco-
muitos profissionais da educação social lar, no qual se informa o indivíduo. Nesta
entendem que o seu trabalho tem todas as perspectiva, pode justificar-se a ideia de
características de um trabalho social, mas entender a educação social como paidoce-
há que deixar claro que o trabalho destes nosis, ou seja, como uma ação educadora
profissionais deve ser sempre realizado a da sociedade.
partir de uma perspectiva educativa, não
Este tipo de educação converteu-se
se centrando exclusivamente, como até a
num instrumento da inclusão social, mas
não demasiados anos, nas atividades de
não deve limitar-se a isso, deve ser um
caráter assistencial. Esse compromisso
recurso para melhorar a própria socieda-
educativo é precisamente o que dará uma
de numa constante revisão dos princípios
nova dimensão às suas intervenções, de
nos quais esta se apóia e a própria educa-
tal modo que se gerará um compromisso
ção social, propugnando que uma e outra
para a mudança no sentido de uma socie-
se fundamentem em princípios éticos e de
dade mais justa.
eficácia.
A educação social é uma atividade pe-
– Como educação extra-escolar: al-
dagógica inserida no âmbito do trabalho
guns autores defendem uma posição ex-
social; por seu turno, este e os serviços so-
cludente relativamente à educação social
ciais podem encontrar nas teorias, modelos
e utilizam os termos de educação não for-
e métodos pedagógicos uma fundamen-
mal para a situar, isto é, recorrem ao con-
tação e consistência que seria injustificá-
ceito de extra-escolaridade.
vel recusar por problemas principalmente
corporativos. A intervenção social confi- Portanto, nesta perspectiva, a educa-
gura-se a partir de uma perspectiva inter- ção social abarcaria toda a intervenção
disciplinar e, em consequência, a educação educativa estruturada que se encontra à
social pode ser concebida a partir de duas margem do sistema educativo regulamen-
perspectivas complementares: em primei- tado. Também é frequente a afirmação de
ro lugar, será função da educação social a que não deve ter a responsabilidade da ati-
correta socialização do indivíduo e, em se- vidade escolar.
gundo lugar, a intervenção para aliviar as
necessidades geradas pela convivência,
tarefa esta que, pelo seu caráter global,
deve ser partilhada com outros profissio-
nais como os trabalhadores sociais, psicó-
logos, sociólogos, etc.
– Como paidocenosis: poucos autores
duvidam hoje que a educação é o resulta-
do de um conjunto variado de estímulos e
circunstâncias. Atualmente, é comumente
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UNIDADE 2 - Pedagogia social: impasses,
desafios e perspectivas em construção
Há 30 anos atrás, as questões proemi- também é responsável pela pobreza, pela
nentes que preocupavam os cientistas desigualdade e exclusão social, não só no
sociais, educadores, eram temas ligados Brasil, mas em todas as regiões latino-a-
ao desenvolvimento econômico, a moder- mericanas.
nização, a participação política, a democra-
Reafirmadas em estudos e pesquisas
cia ou a mobilidade social ligadas direta ou
que comprovam esta relação, seja por falta
indiretamente à educação. Hoje a pobreza
de recursos, instrumentos e ou mecanis-
e a exclusão social, são temas dominantes,
mos para a melhora de qualidade da edu-
que requerem imediatamente atenção e
cação e o pleno êxito do aprendiz no que
definição de foco, no âmago da totalida-
se refere ao seu espírito crítico, criativo e
de socioeconômica das que geram pobre-
participativo, a partir de uma aprendiza-
za, desigualdade social e injustiças para a
gem competente e consequente, ampla e
maioria da população excluída da socieda-
inquietante, questionadora e discernida.
de.
Há um movimento em marcha, na socie-
Sem dúvida, nunca estes temários esti-
dade global, onde as manifestações da so-
veram ausentes da discussão e do debate
ciedade civil se propõem, a novas crenças e
social, no entanto, hoje se colocam em pri-
capacidades de organizar-se, mobilizar-se
meiro plano, no que se referem às perspec-
e conquistar, por si própria, aquilo que os
tivas paradigmáticas e conceituais, ligadas
setores públicos não conseguem propor-
diretamente a políticas públicas concretas
cionar, frente à pobreza e a exclusão.
e emergentes, além de necessárias e ur-
gentes. No artigo 7° da Constituição Brasilei-
ra de 1988, há uma listagem de 34 itens
O quadro ou o cenário da realidade é
que consagram a noção de que, além dos
profundamente complexo, em relação aos
direitos políticos, os cidadãos brasileiros
acontecimentos históricos, aos valores,
também tem obrigatoriamente direitos so-
interesses econômicos contraditórios, as
ciais, que vão desde o direito ao emprego
causas e efeitos geradores da exclusão
e a educação até o direito ao atendimento,
social que requerem e exigem uma recons-
pelo setor público, de suas necessidades
trução histórica profunda com identifica-
de saúde, lazer, seguro social, dentre ou-
ção refeita e redimensionada de concep-
tros.
ções reconstruídas e reconceitualizadas
do ponto de vista holístico, heurístico e in- Parece óbvio, a execução destes direi-
terdisciplinar. tos, mas ainda estamos muito longe de
começar a concretizar esta jornada.Na so-
Neste amplo cenário sócio-econômico-
ciedade brasileira, portanto os processos
-cultural, reaparece a educação, cuja má
de exclusão passam por acesso a emprego,
qualidade, a falta de formação de seus
renda e benefícios dos desenvolvimentos
agentes, a pouca infra-estrutura onde
econômicos, restritos a determinados seg-
ocorre, dentre outros inúmeros fatores,
mentes da sociedade.
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A economia brasileira se situa entre as lítica de sua comunidade, votar, ser votado,
mais desenvolvidas da região, mas social- etc.;
mente geram níveis de exclusão e desi-
Sociais: são os direitos que se vinculam
gualdade entre os países piores do mundo,
à vida digna e a convivência social, educa-
muitas pesquisas apontam, de os pobres
ção, saúde, trabalho dentre outros.
vivem com até US$ 1 por dia por mês. A
pobreza é urbana localizada nas periferias Reafirmam-se outras formas de inclu-
das grandes cidades e constituída por pes- são social cidadã, quando se concebem e
soas em grande parte oriundas do campo, se preenchem ausências de mecanismos
ou de regiões pauperizadas do Brasil, como de participação e controle como conselhos
é o nordeste. paritários – Estado e Sociedade Civil – or-
çamentos participativos e a implementa-
Há uma análise geral feita por especialis-
ção de organizações não governamentais
tas de que não só a desigualdade da renda
e movimentos sociais que promovem as
no país, são determinantes, mas incluem a
políticas públicas.
diferença de educação. Com a escassez da
educação, relacionada à pobreza, há ne- As contribuições positivas da educação
cessidade de reverter e alterar substan- para a sociedade destacam-se duas: a re-
tivamente esta situação: com aumentos organização da cidadania, pela criação de
significativos de custos, programas focali- uma ordem mais justa, fraterna e o desen-
zados nas necessidades, com políticas re- volvimento das habilidades, competências
distributivas. para a vida, que permitam menos exclusão
e as desigualdades sociais e econômicas,
O conceito de exclusão, portanto se liga
levando-se em conta a diversidade e o
aos diagnósticos da pobreza e da desigual-
multiculturalismo.
dade, por não propiciarem efetivação da
cidadania, apesar da legislação social e do Ainda ressalta-se, a priorização de valo-
esforço das políticas públicas, assim não res cívicos, culturais, sociais e morais, com
pertencem à comunidade política e social, ênfase no meio ambiente e na ética, além
uma vez que não tem acesso ao consumo da pluralidade cultural balizadas pelo co-
dos bens e serviços de cidadania. nhecimento científico, técnico e humanis-
ta na formação dos aprendizes. A educa-
Portanto a concepção de exclusão social
ção é uma atividade para vida, que ocorre
é inseparável do conceito de cidadania e se
na família, na rua, na igreja, no trabalho, na
refere aos direitos que as pessoas têm de
escola e em todos os espaços sociais.
participar da sociedade e usufruir dos be-
nefícios e bens produzidos por ela. Sejam
os direitos civis, políticos e sociais defini-
dos como: 2.1. Pedagogia Social: uma
Civis: aqueles que protegem o cidadão obra em construção
contra o arbítrio do Estado, facultando di- “A mão estendida é o início do abraço,
reito de ir e vir, se expressar com liberdade; esta é a nossa intenção, o ponto de
Políticos: são aqueles direitos que facul- partida, o marco inaugural do longo
tam o papel do cidadão na organização po- processo de busca da justiça, da liber-
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dade, da igualdade... nossa utopia. que badala ou os acordes da viola; tudo


Vamos ampliar os limites de nossas isto se refere à cultura popular. Frei Beto,
fronteiras na composição do novo. na contra capa da Pedagogia da Autonomia
Vamos ousar... invadir o interior das afirma:
pessoas... causar uma reviravolta...
“O que existem são culturas para-
revelando e revisando desejos, pra-
lelas, distintas e socialmente com-
zeres, paixões. Junte-se a nós”.(Pe.
plementares. (...) o pobre sabe, mas
Antonio Vieira -1994 )
nem sempre sabe que sabe. E quando
Nesse sentido é que nascem as palavras aprende é capaz de expressões como
e as ações diante da comunidade de educa- esta que ouvi da boca de um senhor
dores que nos cercam, em todos os lugares alfabetizado aos 60 anos:” agora sei
onde ocupamos qualquer território: escola, quanta coisa não sei““.
família, rua, igreja, comunidade. São mo-
A pedagogia freireana há quatro déca-
mentos perenes onde o diálogo rompe o
das propiciou transformações incríveis,
silêncio dando espaço para a conversa, cir-
não só em educadores, mas também em
culando o ato de aprender e de ensinar si-
educandos, que saíram de sua ingenuida-
multaneamente.Foi a pedagogia freireana,
de para esfera crítica, da passividade para
que possibilitou esta reflexão e ação junto
a militância em movimentos sociais, sindi-
aos mais pobres e excluídos da sociedade.
cais e populares, da descrença para a es-
Foi esta relação social educativa que perança de que as coisas possam mudar e
permitiu aos pobres tornarem-se sujeitos da resignação para a utopia, convencidos
políticos, pois para Paulo Freire, toda edu- de que são sujeitos históricos capazes de
cação é um ato político. Os excluídos con- ocupar a vida política do brasileiro, indig-
tribuíram com sua pedagogia própria, suas nados com a pobreza, com a exclusão e a
crenças, valores e principalmente histórias desigualdade social.
de migração, de subsistência e sobrevivên-
Estas representações sociais são toma-
cia em territórios áridos, propiciou que pro-
das como denúncias das condições de po-
duzissem, não discursos abstratos e sem
breza que ocorre na sociedade, marcada
consistência empírica concreta, mas um
por desigualdades de oportunidades nos
discurso vivo, plástico, estético e poético
diversos segmentos sociais excluídos. En-
baseado na vida.
tendemos por representação social, como
Discursos plenos e transbordantes de a forma intercalada e assimilada de todas
metáforas, onde não escrevem ou moldam as coisas que entramos em contato, seja
conceitos, mas denunciam fatos aconteci- com o corpo – relações concretas vividas
mentos existenciais, carregados de emo- – seja com o pensamento – relações ima-
ção, profundidade e dignidade ética. Lêem ginárias – as quais aprendemos a significar
o mundo, através dos sentidos, quando ou valorizar.
apreciam um quadro, quando vêem uma
A pedagogia social caracteriza-se, pois,
multidão se manifestando, quando dizem
como um projeto radical de transformação
poesias de cordel, criadas no íntimo do co-
política e social, uma vez que:
ração dilacerado ou retratam um folguedo
infantil; ou ouvem o anúncio de um ensino A. propõe inicialmente criar uma teo-
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ria renovada de relação homem, sociedade entidade única, como conceitua Gramsci
e cultura, com uma ação pedagógica que (1984):
pretende fundar, a partir do exercício em
“O próprio povo não é uma coletivi-
todos os níveis e modalidades da pratica
dade homogênea, mas apresenta
social, uma educação libertadora;
numerosas estratificações culturais,
B. realiza-se no domínio específico da variadamente combinadas; estra-
prática social com classes sociais popula- tificações que em sua pureza, nem
res, a partir de um trabalho político educa- sempre podem ser identificadas em
cional de libertação popular, com o intuito determinadas coletividades popula-
de ser conscientizador com sujeitos, gru- res históricas, sendo certo, porém,
pos e movimentos das camadas excluídas; que o grau maior ou menor de isola-
mento histórico de tais coletividades
C. concretiza-se como ação educativa
fornece a possibilidade de uma certa
com agentes e sujeitos comprometidos,
identificação”.
onde se estabelece através da relação dia-
lógica, um sistemático processo de inter- Além disso, os agentes da pedagogia
câmbio de conhecimento e saberes, onde social, que efetuaram a animação popular,
a troca de experiências é primordial; precisam buscar e caracterizar os compo-
nentes ideológicos das classes populares,
D. Orienta-se pela pedagogia liberta-
expressar organizar, com estímulos dife-
dora protagônica baseada fundamental-
renciados, as ideologias dominadas em
mente na memória histórica na identidade
suas múltiplas formas de manifestação,
coletiva, na dinâmica cultural, na possibili-
empregando estratégias (técnicas e méto-
dade entre a capacidade lógica de compre-
dos) criativas de comunicação com o povo
ender os liames capitalistas e a valorização
e utilizando meios e instrumentos ajusta-
da participação comunitária e, auto-esti-
dos à melhor divulgação dessas ideologias
ma, autovalorização, autoconfiança e au-
para o conjunto da sociedade civil, ganhan-
todeterminação de sujeitos que tentam
do amplitude paulatinamente e conquis-
construir uma nova ordem social, econômi-
tando aliados.
ca e cultural.
É nesse sentido que os intelectuais liga-
Para efetivar uma pedagogia social com-
dos a essa área produzem conhecimentos
petente e consequente historicamente, é
reconstituindo o real, buscando explicação
imprescindível: de um lado, buscar conhe-
e previsão, aplicando conceitos e catego-
cer a sabedoria popular expressa em seus
rias de interpretação de dados por suas te-
códigos, dramaturgia, religiosidade, pro-
orias e modelos, trabalhando para estrutu-
dutos culturais e senso comum, base fun-
rá-los e hierarquizá-los em conformidade
damental que deve servir de plataforma
com as variações históricas, ou redefinindo
para ele (indivíduo, grupo, classe popular)
os já existentes, ou criando novos, sempre
e os intelectuais orgânicos possam chegar
como consequência da interação teórico-
à hegemonia da sociedade civil no proces-
-prática.
so concomitante de sua libertação social,
econômica e política; de outro, entender Como Luiz Wanderley ( 2003) coloca:
que o povo não se apresenta como uma
“Uma condição relativa ao trabalho
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dos intelectuais com o povo repor-


ta-se a determinadas qualidades
pessoais e coletivas que esses in-
telectuais devem ter nas atitudes e
comportamentos da sua prática efe-
tiva junto ao trabalho de libertação
das classes populares. Ou seja, é ne-
cessária sua identificação pela cons-
ciência e pela prática com as classes
populares, o que implica a obtenção
de novas adesões para a hegemonia
das classes a que se quer vincular or-
ganicamente. Para ganhar a confian-
ça e o respeito mútuo do povo, princi-
palmente para vencer a desconfiança
das palavras inúteis e das falsas pro-
messas a que os trabalhadores em
geral se acostumaram, exige-se dos
intelectuais um esforço permanen-
te de sobrepujar modos de agir e de
pensar adquiridos historicamente em
nosso país, configurados no que se
tem cognominado de uma ‘filosofia
tutelar’ – exemplificada, entre outras,
pelas características de autoritaris-
mo, de paternalismo, de clientelismo,
de individualismo e de elitismo -, que
impede a solidariedade fundamental
para a comunhão de interesses e tem
servido para atrasar a história irrepa-
ravelmente”.
Há que se preocupar também com ou-
tro aspecto profundamente importante na
prática de pedagogia social, que diz respei-
to ao uso de manipulação e massificação
ante os grupos trabalhados e às alianças e
compromissos típicos do jogo político, que
dessa experiência emanam, ligados à luta
e à disputa pelo poder.
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UNIDADE 3 - Distinções entre educação não
formal, formal e informal
A educação não-formal designa um pro- experiências, principalmente em espaços
cesso com várias dimensões tais como: a e ações coletivos cotidianas.
aprendizagem política dos direitos dos in-
Vamos tentar demarcar melhor
divíduos enquanto cidadãos; a capacitação
essas diferenças por meio uma série
dos indivíduos para o trabalho, por meio da
de questões, que são aparentemente
aprendizagem de habilidades e/ou desen-
extremamente simples, mas nem por
volvimento de potencialidades; a apren-
isso simplificadoras da realidade, a
dizagem e exercício de práticas que capa-
saber:
citam os indivíduos a se organizarem com
objetivos comunitários, voltadas para a so- Quem é o educador em cada campo
lução de problemas coletivos cotidianos; a de educação que estamos tratando?
aprendizagem de conteúdos que possibili-
Em cada campo, quem educa ou é o
tem aos indivíduos fazerem uma leitura do
agente do processo de construção do sa-
mundo do ponto de vista de compreensão
ber? Na educação formal sabemos que são
do que se passa ao seu redor; a educação
os professores. Na não- formal, o grande
desenvolvida na mídia e pela mídia, em es-
educador é o outro, aquele com quem inte-
pecial a eletrônica etc.
ragimos ou nos integramos. Na educação
Em suma, consideramos a educação informal, os agentes educadores são os
não-formal como um dos núcleos básicos pais, a família em geral, os amigos, os vizi-
de uma Pedagogia Social. Quando trata- nhos, colegas de escola, a igreja paroquial,
mos da educação não-formal, a compara- os meios de comunicação de massa etc.
ção com a educação formal é quase que
Onde se educa? Qual é o espaço fí-
automática. O termo não-formal também
sico territorial onde transcorrem os atos
é usado por alguns investigadores como
e os processos educativos? Na educação
sinônimo de informal. Consideramos que
formal estes espaços são os do território
é necessário distinguir e demarcar as dife-
das escolas, são instituições regulamen-
renças entre estes conceitos.
tadas por lei, certificadoras, organizadas
A princípio podemos demarcar seus segundo diretrizes nacionais. Na educação
campos de desenvolvimento: a educação não -formal, os espaços educativos locali-
formal é aquela desenvolvida nas escolas, zam-se em territórios que acompanham as
com conteúdos previamente demarcados; trajetórias de vida dos grupos e indivíduos,
a informal como aquela que os indivíduos fora das escolas, em locais informais, locais
aprendem durante seu processo de so- onde há processos interativos intencio-
cialização - na família, bairro, clube, ami- nais (a questão da intencionalidade é um
gos etc., carregada de valores e culturas elemento importante de diferenciação).
próprias, de pertencimento e sentimen- Já a educação informal tem seus espaços
tos herdados: e a educação não-formal é educativos demarcados por referências
aquela que se aprende “no mundo da vida”, de nacionalidade, localidade, idade, sexo,
via os processos de compartilhamento de religião, etnia etc. A casa onde se mora, a
14

rua, o bairro, o condomínio, o clube que se portamentos, modos de pensar e de se


frequenta, a igreja ou o local de culto a que expressar no uso da linguagem, segundo
se vincula sua crença religiosa, o local onde valores e crenças de grupos que se fre-
se nasceu etc. quenta ou que pertence por herança, des-
de o nascimento Trata-se do processo de
Como se educa? Em que situação, em
socialização dos indivíduos.
qual contexto? A educação formal pressu-
põe ambientes normatizados, com regras A educação não- formal capacita os indi-
e padrões comportamentais definidos pre- víduos a se tornarem cidadãos do mundo,
viamente. A não-formal ocorre em ambien- no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de
tes e situações interativos construídos co- conhecimento sobre o mundo que circunda
letivamente, segundo diretrizes de dados os indivíduos e suas relações sociais. Seus
grupos, usualmente a participação dos objetivos não são dados a priori, eles se
indivíduos é optativa, mas ela também po- constroem no processo interativo, geran-
derá ocorrer por forças de certas circuns- do um processo educativo.
tancias da vivência histórica de cada um.
Um modo de educar surge como resul-
Há na educação não-formal uma intencio-
tado do processo voltado para os interes-
nalidade na ação, no ato de participar, de
ses e as necessidades que dele participa.
aprender e de transmitir ou trocar saberes.
A construção de relações sociais baseadas
Por isso, a educação não-formal situa-se
em princípios de igualdade e justiça social,
no campo da Pedagogia Social- aquela que
quando presentes num dado grupo social,
trabalha com coletivos e se preocupa com
fortalece o exercício da cidadania.
os processos de construção de aprendiza-
gens e saberes coletivos. A informal opera A transmissão de informação e forma-
em ambientes espontâneos, onde as rela- ção política e sócio- cultural é uma meta
ções sociais se desenvolvem segundo gos- na educação não formal. Ela preparar os
tos, preferências, ou pertencimentos her- cidadãos, educa o ser humano para a civili-
dados. dade, em oposição à barbárie, ao egoísmo,
individualismo etc. Quais são os principais
Qual a finalidade ou objetivos de
atributos de cada uma das modalidades
cada um dos campos de educação assina-
educativas que estamos diferenciando?
ladas?
A educação formal requer tempo, local
Na educação formal, entre outros obje-
específico, pessoal especializado. Organi-
tivos destacam-se os relativos ao ensino
zação de vários tipos (inclusive a curricu-
e aprendizagem de conteúdos historica-
lar), sistematização sequencial das ativida-
mente sistematizados, normalizados por
des, disciplinamento, regulamentos e leis,
leis, dentre os quais destacam-se o de
órgãos superiores etc. Ela tem caráter me-
formar o indivíduo como um cidadão ativo,
tódico e, usualmente, divide-se por idade/
desenvolver habilidades e competências
classe de conhecimento.
várias, desenvolver a criatividade, percep-
ção, motricidade etc. A educação informal não é organizada,
os conhecimentos não são sistematizados
A educação informal socializa os indiví-
e são repassados a partir das práticas e ex-
duos, desenvolve hábitos, atitudes, com-
periência anteriores, usualmente é o pas-
15

sado orientando o presente. Ela atua no a contribuição para um sentimento


campo das emoções e sentimentos. É um de identidade com uma dada comunidade;
processo permanente e não organizado.
forma o indivíduo para a vida e suas
A educação não -formal tem outros adversidades (e não apenas capacita-o
atributos: ela não é, organizada por sé- para entrar no mercado de trabalho);
ries/ idade/conteúdos; atua sobre aspec-
quando presente em programas
tos subjetivos do grupo; trabalha e forma
com crianças ou jovens adolescentes a
a cultura política de um grupo.Desenvolve
educação não-formal resgata o sentimen-
laços de pertencimento. Ajuda na constru-
to de valorização de si próprio (o que a mídia
ção da identidade coletiva do grupo (este
e os manuais de auto-ajuda denominam,
é um dos grandes destaques da educação
simplificadamente, como a auto-estima);
não-formal na atualidade).
ou seja dá condições aos indivíduos para
Ela pode colaborar para o desenvolvi- desenvolverem sentimentos de auto-va-
mento da auto-estima e do empowerment lorização, de rejeição dos preconceitos que
do grupo, criando o que alguns analistas lhes são dirigidos, o desejo de lutarem para
denominam, o capital social de um grupo. de ser reconhecidos como iguais (enquanto
Fundamenta-se no critério da solidarieda- seres humanos), dentro de suas diferenças
de e identificação de interesses comuns e (raciais, étnicas, religiosas, culturais etc.);
é parte do processo de construção da cida-
os indivíduos adquirem conheci-
dania coletiva e pública do grupo.
mento de sua própria prática, os indivíduos
Quais são os resultados esperados em aprendem a ler e interpretar o mundo que
cada campo assinalado? os cerca.
Na educação formal espera-se, além da
aprendizagem efetiva (que, infelizmen-
te nem sempre ocorre), há a certificação 3.1 Educação informal ou
e titulação que capacitam os indivíduos Educação Não-formal?
a seguir para graus mais avançados. Na
educação informal os resultados não são Você sabe qual é a diferença entre edu-
esperados, eles simplesmente acontecem cação não-formal e educação informal?
a partir do desenvolvimento do senso co- Segundo PARK e FERNANDES, 2005,
mum nos indivíduos, senso este que orien- (...) entende-se que educação informal é
ta suas formas de pensar e agir esponta- toda gama de aprendizagens que realiza-
neamente. mos (tanto no papel de ensinantes como
A educação não- formal poderá de- de aprendizes), e que acontece sem que
senvolver, como resultados, uma sé- haja um planejamento específico e, muitas
rie de processos tais como: vezes, sem que nos demos conta (Trilla,
2003).
consciência e organização de como
agir em grupos coletivos; Acontece ao longo da vida, constitui um
processo permanente e contínuo e não
a construção e reconstrução de con- previamente organizado (Afonso, 2002).
cepção (s) de mundo e sobre o mundo,;
16

Keis, Lang, Mietus e Tiapula (apud Brem- “toda atividade educacional organizada,
beck, 1974) ainda fazem uma sutil diferen- sistemática, executada fora do quadro do
ciação entre educação informal e inciden- sistema formal para oferecer tipos selecio-
tal. Para eles, este termo diz respeito “a nados de ensino a determinados subgru-
algumas experiências educacionalmente pos da população” (La Belle, 1982:2). Uma
não-intencionais, mas não menos podero- definição que mostra a ambiguidade des-
sas”. sa modalidade de educação, já que ela se
define em oposição (negação) a um outro
Os resultados são tão comuns e são
tipo de educação: a educação formal. Usu-
produzidos tão completamente sem cons-
almente define-se a educação não-formal
ciência ou intenção que são comumente
por uma ausência, em comparação com a
pensados como sendo ‘naturais’ ou ‘ine-
escola, tomando a educação formal como
rentes’. O fato é que são aprendidos”, “as
único paradigma, como se a educação for-
mesmas experiências ou similares podem
mal escolar também não pudesse aceitar a
ser conscientemente examinadas e delibe-
informalidade, o “extra-escolar”.
radamente incrementadas através de con-
versa, explanação, interpretação, instru- Gostaria de definir a educação não-for-
ção, disciplina e exemplo de pessoas mais mal por aquilo que ela é, pela sua especifi-
velhas, de pares e de outros, tudo dentro cidade e não por sua oposição à educação
do contexto de vivência individual e social formal. Gostaria também de demonstrar
do dia-a-dia. que o conceito de educação sustentado
pela Convenção dos Direitos da Infân-
Alguns incrementos podem pretender
cia ultrapassa os limites do ensino escolar
ser educativo, mas as próprias experiências
formal e engloba as experiências de vida,
não são planejadas conscientemente para
e os processos de aprendizagem não-for-
isso. Alguns incrementos de experiências
mais, que desenvolvem a autonomia da
da vida real constituem a educação infor-
criança.
mal”. Fazem parte deste rol de aprendiza-
gens e conhecimentos a percepção gestu- Como diz Paulo Freire “Se estivesse claro
al, moral, comportamentos, provenientes para nós que foi aprendendo que aprende-
de meios familiares, de amizade, de traba- mos ser possível ensinar, teríamos enten-
lho, de socialização, midiática, nos espaços dido com facilidade a importância das ex-
públicos em que repertórios são expressos periências informais nas ruas, nas praças,
e captados de formas assistemáticas. Tais no trabalho, nas salas de aula das escolas,
experiências e vivências acontecem, inclu- nos pátios dos recreios, em que variados
sive, nos espaços institucionalizados, e a gestos de alunos, de pessoal administra-
apreensão se dá de forma individualizada, tivo, de pessoal docente se cruzam cheios
podendo, posteriormente, ser socializada. de significação” (Freire, 1997:50).
A educação formal tem objetivos cla-
ros e específicos e é representada princi-
3.2 Educação formal e edu- palmente pelas escolas e universidades.
cação não-formal Ela depende de uma diretriz educacional
centralizada como o currículo, com estru-
Define-se educação não-formal como turas hierárquicas e burocráticas, determi-
17

nadas em nível nacional, com órgãos fiscali- sociado ao conceito de cultura. Daí ela estar
zadores dos ministérios da educação. ligada fortemente a aprendizagem política
dos direitos dos indivíduos enquanto cida-
A educação não-formal é mais difusa,
dãos e à participação em atividades grupais,
menos hierárquica e menos burocrática.
sejam esses adultos ou crianças.
Os programas de educação não-formal não
precisam necessariamente seguir um sis- Segundo GOHN (1999:98-99), a educa-
tema sequencial e hierárquico de “progres- ção não-formal designa um processo de
são”. Podem ter duração variável, e podem, formação para a cidadania, de capacitação
ou não, conceder certificados de aprendiza- para o trabalho, de organização comuni-
gem. tária e de aprendizagem dos conteúdos
escolares em ambientes diferenciados. Por
Toda educação é, de certa forma, educa-
isso ela também é muitas vezes associada à
ção formal, no sentido de ser intencional,
educação popular e à educação comuni-
mas o cenário pode ser diferente: o espaço
tária.
da escola é marcado pela formalidade, pela
regularidade, pela sequencialidade. O es- A educação não-formal estendeu-se de
paço da cidade (apenas para definir um ce- forma impressionante nas últimas décadas
nário da educação não formal) é marcado em todo o mundo como “educação ao lon-
pela descontinuidade, pela eventualidade, go de toda a vida” (conceito difundido pela
pela informalidade. A educação não-formal UNESCO), englobando toda sorte de apren-
é também uma atividade educacional orga- dizagens para a vida, para a arte de bem vi-
nizada e sistemática, mas levada a efeito ver e conviver.
fora do sistema formal. Daí também alguns
“A difusão dos cursos de auto-conheci-
a chamarem impropriamente de “educação
mento, das filosofias e técnicas orientais
informal”. São múltiplos os espaços da edu-
de relaxamento, meditação, alongamentos
cação não-formal.
etc. deixaram de ser vistas como esotéricas
Além das próprias escolas (onde pode ser ou fugas da realidade. Tornaram-se estraté-
oferecida educação não -formal) temos as gias de resistência, caminhos de sabedoria.
Organizações Não-Governamentais (tam- É também um grande campo de educação
bém definidas em oposição ao governamen- não-formal” (GOHN, 1999:99).
tal), as igrejas, os sindicatos, os partidos,
Não se trata, portanto, aqui, de opor a
a mídia, as associações de bairros, etc. Na
educação formal à educação não-formal.
educação não-formal, a categoria espaço é
Trata-se de conhecer melhor suas potencia-
tão importante como a categoria tempo.
lidades e harmonizá-las em benefício de to-
O tempo da aprendizagem na educação dos e, particularmente, das crianças.
não-formal é flexível, respeitando as dife-
Gostaria, a seguir, de me referir a um
renças e as capacidades de cada um, de cada
exemplo concreto de um espaço cada vez
uma. Uma das características da educação
mais utilizado para na educação tanto for-
não-formal é sua flexibilidade tanto em re-
mal quanto não-formal. Trata-se do ciberes-
lação ao tempo quanto em relação à criação
paço da formação propiciado pelo avanço
e recriação dos seus múltiplos espaços.
das novas tecnologias.
Trata-se de um conceito amplo, muito as-
18
UNIDADE 4 - A educação não-formal: cam-
pos e problemas
A educação não-formal designa um pro- ção, devemos traduzir isto em: como viver
cesso com quatro campos ou dimensões, ou conviver com o stress.
que correspondem a suas áreas de abran-
A educação não-formal também tem
gência.
conseguido um grande campo na difusão
-O primeiro envolve a aprendizagem po- dos cursos de auto-conhecimento, das fi-
lítica dos direitos dos indivíduos enquan- losofias e técnicas orientais de relaxamen-
to cidadãos isto é, o processo que gera a to, meditação, alongamentos etc. deixa-
conscientização dos indivíduos para a com- ram de ser vistas como esotéricas ou fugas
preensão de seus interesses e do meio so- da realidade. Tornaram-se estratégias de
cial e da natureza que o cerca, por meio da resistência, caminhos de sabedoria.
participação em atividades grupais.
A Educação transmitida pelos pais na fa-
-O segundo se refere à capacitação dos mília, no convívio com amigos, clubes, tea-
indivíduos para o trabalho, por meio, seja, tros, leitura de jornais, livros, revistas etc.
da aprendizagem de habilidades ou desen- são considerados como temas da educação
volvimento de potencialidades. informal. O que diferencia a educação não-
-formal da informal é que na primeira exis-
-O terceiro, a aprendizagem e exercício
te intencionalidade de dados sujeitos, em
de práticas que capacitam os indivíduos a
criar ou buscar determinadas qualidades e/
se organizarem com objetivos comunitá-
ou objetivos.
rios, voltados para a solução de problemas
coletivos cotidianos. A educação informal decorre de proces-
sos espontâneos ou naturais, ainda que
-O quarto, mas não menos importante,
seja carregada de valores e representa-
é a aprendizagem dos conteúdos da esco-
ções, como é o caso da educação familiar
larização formal, escolar, em formas e es-
que ocorre nos espaços de possibilidades
paços diferenciados. Aqui o ato de ensinar
educativas no decurso da vida dos indiví-
se realiza de forma mais espontânea, e as
duos, como a família, tendo, portanto ca-
forças sociais organizadas de uma comuni-
ráter permanente. Mas o termo informal
dade têm o poder de interferir na delimita-
não abrange as possibilidades da educação
ção do conteúdo didático ministrado bem
não-formal que se destaca neste texto, ou
como estabelecer as finalidades a que se
seja, as ações e práticas coletivas organi-
destinam àquelas práticas.
zadas em movimentos, organizações e as-
-O quinto é a educação desenvolvida na sociações sociais.
mídia e pela mídia, em especial a eletrôni-
Usualmente se define a educação não-
ca, que alguns educadores ainda não têm
-formal por uma ausência, em comparação
dado muita atenção a esta modalidade.
ao que há na escola (algo que seria não-in-
Finalmente, deve-se registrar ainda o tencional, não planejado, não estrutura-
campo da educação para a vida ou para a do), tomando como único paradigma à edu-
arte de bem viver. Em tempos de globaliza- cação formal.Conclui-se que os dois únicos
19

elementos diferenciadores que têm sido metas como um campo a ser desenvolvido
assinalados pelos pesquisadores são rela- pela Pedagogia Social:
tivos à organização e à estrutura do pro-
Aprendizado quanto a diferenças -
cesso de aprendizado.
aprende-se a conviver com demais. Socia-
Os espaços onde se desenvolvem ou liza-se o respeito mútuo;
se exercitam as atividades da educação
Adaptação do grupo a diferentes
não-formal são múltiplos, a saber: no bair-
culturas, e o indivíduo ao outro, trabalha o
ro-associação, nas organizações que es-
“estranhamento”;
truturam e coordenam os movimentos
sociais, nas igrejas, nos sindicatos e nos Construção da identidade coletiva
partidos políticos, nas Organizações Não- de um grupo;
-Governamentais, nos espaços culturais,
Balizamento de regras éticas relati-
e nas próprias escolas, nos espaços intera-
vas às condutas aceitáveis socialmente.
tivos dessas com a comunidade educativa
etc. Entretanto, as categorias de espaço e O que falta na educação não-formal:
tempo também têm novos elementos na
Formação específica a educadores a
educação não-formal porque usualmente
partir da definição de s eu papel e ativida-
o tempo da aprendizagem não é fixado a
des a realizar;
priori, e sim são respeitadas as diferenças
existentes para a absorção e reelaboração Definição de funções e objetivos de
dos conteúdos, implícitos ou explícitos, no educação não formal;
processo ensino-aprendizagem.
Sistematização das metodologias
Na educação não-formal a cidadania é o utilizadas no trabalho cotidiano;
objetivo principal, e ela é pensada em ter-
Construção de instrumentos meto-
mos de coletivo. Organizam-se processos
dológicos de avaliação e análise do traba-
de acesso à escrita e à leitura - por meio de
lho realizado;
métodos de alfabetização - para coletivos
específicos, a saber: grupos de trabalha- Construção de metodologias que
dores, grupos de jovens, adultos etc. Ou possibilitem o acompanhamento do traba-
organizam-se processos de reciclagem ou lho realizado;
formação, segundo determinadas deman- Construção de metodologias que
das sociais. possibilitem o acompanhamento do traba-
lho de egressos que participaram de pro-
gramas de educação não formal;
4.1 Algumas Características Criação de metodologias e indica-
da Educação Não-Formal: dores para estudo e análise de trabalhos
Metas, e Metodologias da educação não formal em campos não
sistematizados. Aprendizado gerados pela
A seguir listamos algumas característi- vontade do receptor;
cas que a educação não formal pode atingir
em termos de metas. Consideramos estas Mapeamento das formas de educa-
ção não formal na auto- aprendizagem dos
20

cidadãos (principalmente jovens no campo turas burocráticas. É dinâmica. Visa à for-


da auto-aprendizagem musical). mação integral dos indivíduos.
Neste sentido tem um caráter humanis-
ta. Ambiente não formal e mensagens vei-
Metodologias
culadas “falam ou fazem chamamentos”
A questão da metodologia merece um às pessoas e coletivos, e as motivam. Mas
destaque porque é um dos pontos mais como há intencionalidades nos processos
fracos na educação não-formal e a compa- e espaços da educação não-formal, há ca-
ração com as outras modalidades educa- minhos, percursos, metas, objetivos estra-
tivas que utilizamos no item anterior não tégicos que podem se alterar constante-
nos ajuda muito. De toda forma, na edu- mente.
cação formal as metodologias são, usual-
Há metodologias, em suma, que preci-
mente, planificada previamente segundo
sam ser desenvolvidas, codificadas, ainda
conteúdos prescritos nas leis.
que com alto grau de provisoriedade pois
As metodologias de desenvolvimen- o dinamismo, a mudança, o movimento da
to do processo ensino/aprendizagem são realidade segundo o desenrolar dos acon-
compostas por um leque grande de moda- tecimentos, são as marcas que singulari-
lidades, temas e problemas e não vamos zam a educação não-formal.
adentrar neste debate porque não é nossa
Qualquer que seja o caminho metodo-
área de conhecimento. A educação infor-
lógico construído ou reconstruído, é de
mal tem como método básico à vivência e a
suma importância atentar para o papel dos
reprodução do conhecido, a reprodução da
agentes mediadores no processo: os edu-
experiência segundo os modos e as formas
cadores, os mediadores, assessores, faci-
como foram apreendidas e codificadas.
litadores, monitores, referências, apoios
Na educação não-formal, as metodolo- ou qualquer outra denominação que se dê
gias operadas no processo de aprendiza- para os indivíduos que trabalham com gru-
gem parte da cultura dos indivíduos e dos pos organizados ou não.
grupos. O método nasce a partir de proble-
Eles são fundamentais na marcação de
matização da vida cotidiana; os conteúdos
referenciais no ato de aprendizagem, eles
emergem a partir dos temas que se colo-
carregam visões de mundo, projetos socie-
cam como necessidades, carências, desa-
tários, ideologias, propostas, conhecimen-
fios, obstáculos ou ações empreendedoras
tos acumulados etc. Eles se confrontarão
a serem realizadas; os conteúdos não são
com os outros participantes do processo
dados a priori. São construídos no proces-
educativo, estabelecerão diálogos, confli-
so. O método passa pela sistematização
tos, ações solidárias etc.
dos modos de agir e de pensar o mundo
que circunda as pessoas. Penetra-se por- Eles se destacam no conjunto e por meio
tanto no campo do simbólico, das orienta- deles podemos conhecer o projeto sócio-
ções e representações que conferem sen- -educativo do grupo, a visão de mundo que
tido e significado às ações humanas. Supõe estão construindo, os valores defendidos e
a existência da motivação das pessoas que os que são rejeitados. Qual o projeto políti-
participam. Ela não se subordina às estru- co-cultural do grupo em suma.
21

Para finalizar a primeira parte deste tex- seguintes eixos:


to destacamos que diferenciamos a educa-
a) Educação para justiça social;
ção não- formal de outras propostas edu-
cativas, que também se apresentam como b) Educação para direitos (humanos, so-
educação social, mas que tem um caráter ciais, políticos, culturais etc.);
conservador. A maioria dessas propostas
c) Educação para liberdade;
se voltam para os grupos sociais dos exclu-
ídos objetivando, na maior parte das vezes d) Educação para igualdade;
apenas inseri-los no mercado de trabalho,
e) Educação para democracia;
com práticas assistencialistas apoiadas por
políticas sociais compensatórias. f) Educação contra discriminação;
Entendemos a educação não - formal g) Educação pelo exercício da cultura, e
como aquela voltada para o ser humano para a manifestação das diferenças cultu-
como um todo, cidadão do mundo, homens rais.
e mulheres, numa perspectiva da emanci-
pação, numa pedagogia libertadora e não
integradora a uma dada ordem social desi- 4.2 A Educação Não-Formal
gual.
em Ação
Em hipótese NENHUMA a educação
não-formal substitui ou compete com a Observa-se que inúmeras inovações no
Educação Formal, com a educação escolar. campo democrático advêm das práticas ge-
Poderá ajudar na complementação dessa radas pela sociedade civil que alteram a re-
última, via programações específicas, ar- lação estado-sociedade ao longo do tempo
ticulando a escola e a comunidade educa- e constroem novas formas políticas de agir,
tiva localizada no território de entorno da especialmente na esfera pública não esta-
escola. tal. De fato, são inúmeras as novas práti-
cas sociais expressas em novos formatos
A educação não- formal tem alguns de institucionais da participação, tais como
seus objetivos próximos da educação for- os conselhos, os fóruns, as assembléias
mal, como a formação de um cidadão ple- populares e as parcerias. Em todas elas a
no, mas ela tem também a possibilidade de educação não-formal está presente, como
desenvolver alguns objetivos que lhes são processo de aprendizagem de saberes aos
específicos, via a forma e os espaços onde e entre seus participantes.
se desenvolvem suas práticas, a exemplo
de um conselho ou a participação em uma Ao analisarmos as possibilidades de
luta social, contra as discriminações, por participação da comunidade educativa
exemplo, a favor das diferenças culturais em uma escola, articulando-a aos proces-
etc. sos de aprendizagem não-formal que os
métodos de gestão participativa desen-
Resumidamente podemos enume- volvem, não podemos deixar de tecer al-
rar os objetivos da educação não-for- gumas considerações sobre as estruturas
mal como sendo: uma educação para de participação que já existem no interior
cidadania. Esta educação abrange os das escolas, a exemplo dos distintos e di-
22

ferenciados colegiados e conselhos. Nos comportam assim? Porque, na maioria dos


conselhos se entrecruzam necessidades casos, estão presentes para referendar
advindas da prática da educação formal/ demandas corporativas, ou para fortalecer
escolar, com a educação não-formal, prin- diretorias centralizadoras.
cipalmente no que se refere à participação
Como elo mais fraco do poder, eles par-
dos pais e outros membros da comunidade
ticipam para “compor”, para dar número e
educativa nas suas reuniões.
quorum necessários aos colegiados, con-
Observa-se que o processo brasileiro tribuindo com esse comportamento para
de descentralização da educação não des- não construir nada e nada mudar. Por que
centralizou, de fato, o poder no interior das isso ocorre? Porque, embora os colegiados
escolas. Usualmente, esse poder continua sejam um espaço legítimo e de direito, e
nas mãos da diretora ou gestora, que o uma conquista para o exercício da cidada-
monopoliza, faz a pauta das reuniões dos nia, até por serem previstos em lei, essa
conselhos e colegiados escolares, não a di- cidadania tem que ser qualificada e cons-
vulga com antecedência etc. A comunida- truída na prática.
de externa e os pais não dispõem de tempo
Os projetos políticos dos representan-
e, muitas vezes, nem avaliam a relevância
tes dos diferentes segmentos e grupos,
de participar ou de estarem presentes nas
seus valores, visões de mundo etc. inter-
reuniões. Além disso, usualmente, esses
ferem na dinâmica desses processos parti-
pais não estão preparados para entender
cipativos. Para terem como meta projetos
as questões do cotidiano das reuniões,
emancipatórios, eles devem ter como las-
como as orçamentárias.
tro de suas ações os princípios da igualdade
Só exercem uma participação ativa nos e da universalidade. Os colegiados devem
colegiados aqueles pais com experiência construir ou desenvolver essa sensibilida-
participativa anterior, extra-escolar, reve- de por meio de um conjunto de valores que
lando a importância da participação dos venham a ser refletidos em suas práticas.
cidadãos (ãs) em ações coletivas na socie-
. Sem isso, temos uma inclusão exclu-
dade civil. O caráter educativo que essa
dente: aumento do número de alunos nas
participação adquire, quando ela ocorre
escolas e estruturas descentralizadas que
em movimentos sociais comunitários, or-
não ampliam de fato a intervenção da co-
ganizados em função de causas públicas,
munidade na escola. Temos setores que
prepara os indivíduos para atuarem como
pretensamente estão representando o
representantes da sociedade civil organi-
interesse público, mas que na realidade
zada. E os colegiados escolares são uma
defendem o interesse de grupos e corpo-
dessas instâncias.
rações, ou a manutenção do poder tradi-
Muitos funcionários das escolas são cional, cujo papel é exercer o controle, a vi-
membros dos conselhos e dos colegiados gilância em razão de uma falsa participação
escolares mas, usualmente, exercitam um ordeira e voltada para a responsabilização
pacto do silêncio, não participando de fato da comunidade (pais, mães e outros mais)
e servindo de “modelo passivo” para ou- nas ações em que o Estado se omite (vide
tros setores da comunidade educativa que SILVA, 2003).
compõem um colegiado. Por que eles se
23

Não se deve perder de vista que, por in- 4.3 Novos espaços de for-
termédio dos Conselhos, a sociedade civil
exercita o direito de participar da gestão mação e informalidade da
de diferentes políticas públicas, tendo a educação
possibilidade de exercer maior fiscalização
As novas tecnologias da informação
e controle sobre o Estado, em suas políti-
criaram novos espaços do conhecimento.
cas públicas. Os fóruns são frutos das redes
Agora, além da escola, também a empresa,
tecidas nos anos 70/80 que possibilitaram
o espaço domiciliar e o espaço social torna-
aos grupos organizados olhar para além da
ram-se educativos. Cada dia mais pessoas
dimensão do local; têm abrangência nacio-
estudam em casa, podendo, de lá, acessar
nal e são fontes de referência e compara-
o ciberespaço da formação e da apren-
ção para os próprios participantes.
dizagem à distância, buscar fora das esco-
As assembléias e plenárias têm ganhado las a informação disponível nas redes de
formatos variados que vão de encontros computadores interligados, serviços que
regulares e periódicos entre especialistas, respondem às suas demandas pessoais de
interessados e gestores públicos, como no conhecimento.
caso da saúde, a observatórios e grupos
Por outro lado, a sociedade civil
semi-institucionalizados do orçamento
(ONGs, associações, sindicatos, igrejas...)
participativo. As novas práticas consti-
está se fortalecendo, não apenas como
tuem, assim, um novo tecido social denso e
espaço de trabalho, mas também como
diversificado, tencionam as velhas formas
espaço de difusão e de reconstrução de
de fazer política e criam novas possibilida-
conhecimentos. Como previa Herbert Mar-
des concretas para o futuro, em termos de
shall McLuhan (1969), na década de 60, o
opções democráticas.
planeta tornou-se a nossa sala de aula e o
As novas práticas de interação escola/ nosso endereço.
representantes da sociedade civil orga-
O ciberespaço rompeu com a ideia de
nizada devem ser examinadas à luz dos
tempo próprio para a aprendizagem. O es-
processos da educação não-formal carac-
paço da aprendizagem é aqui, em qualquer
terizados na primeira parte deste texto.
lugar; o tempo de aprender é hoje e sem-
São aprendizagens que estão gerando sa-
pre.Hoje vale tudo para aprender. Isso vai
beres. Processos difíceis, tensionados mas
além da “reciclagem” e da atualização de
educativos para todos, pelo que trazem de
conhecimentos e muito mais além da “as-
novo, pela resistência ou pela reiteração
similação” de conhecimentos. A socieda-
obstinada do velho, que não quer ceder à
de do conhecimento é uma sociedade de
pressão das novas forças.
múltiplas oportunidades de aprendi-
zagem.
As consequências para a escola, para
o professor e para a educação em geral são
enormes. É essencial saber comunicar-se,
saber pesquisar, ter raciocínio lógico, saber
organizar o seu próprio trabalho, ter disci-
24

plina para o trabalho, ser independente e Frente à disseminação e à generali-


autônomo, saber articular o conhecimento zação da informação, é necessário que a
com a prática, ser aprendiz autônomo e a escola e o professor, a professora, façam
distância. uma seleção crítica da informação, pois há
muito lixo e propaganda enganosa sendo
Nesse contexto, o professor é muito
veiculados. Não faltam, também na era da
mais um mediador do conhecimento, diante
informação, encantadores da palavra que
do aluno que é o sujeito do sua própria for-
desejam tirar algum proveito, seja econô-
mação. O aluno precisa construir e recons-
mico, seja religioso, seja ideológico. Isso é
truir conhecimento a partir do que faz. Para
válido tanto para a educação formal quan-
isso o professor também precisa ser curio-
to para a educação não-formal.
so, buscar sentido para o que faz e apontar
novos sentidos para o que fazer dos seus Para que serve o conhecimento?
alunos. Ele deixará de ser um lecionador
O conhecimento serve primeiramente
para ser um organizador do conhecimento
para nos conhecer melhor, a nós mesmos e
e da aprendizagem. O professor se tornou
todas as nossas circunstâncias. Serve para
um aprendiz permanente, um construtor
conhecer o mundo. Serve para adquirirmos
de sentidos, um cooperador, e, sobretudo,
as habilidades e as competências do mun-
um organizador da aprendizagem. É aquele
do do trabalho; serve para tomar parte nas
que “cuida” da aprendizagem.
decisões da vida em geral, social, política,
O “cuidado” (Boff, 1999) é uma catego- econômica. Serve para compreender o pas-
ria essencial na tarefa de educador. Não se sado e projetar o futuro. Finalmente, serve
trata do cuidado no sentido assistencial, para nos comunicar, para comunicar o que
mas do cuidado no sentido da atenção e conhecemos, para conhecer melhor o que
da responsabilidade ético-política do edu- já conhecemos e para continuar aprenden-
cador. De nada adiantará ensinar, se os do.
alunos não conseguirem organizar o seu
Conhecer é importante porque a edu-
trabalho, serem sujeitos ativos da apren-
cação se funda no conhecimento e este na
dizagem, auto disciplinados, motivados. E
atividade humana.Para inovar é preciso co-
não é suficiente oportunizar o acesso e a
nhecer. A atividade humana é intencional,
permanência na escola para todos: o direi-
não está separada de um projeto.Conhe-
to à educação implica o direito de apren-
cer não é só adaptar-se ao mundo. É con-
der.
dição de sobrevivência do ser humano e
Hoje as teorias do conhecimento estão da espécie. Antes de conhecer o sujeito se
centradas na aprendizagem. Mas só apren- “interessa” (Habermas). É “curioso”, é “es-
demos quando nos envolvemos profunda- perançoso” (Freire). Daí a importância do
mente naquilo que aprendemos, quando trabalho de “sedução” (Nietzsche -2005)
o que estamos aprendendo tem sentido do professor, da professora, frente ao alu-
para as nossas vidas. Conhecer e apren- no, à aluna.
der são processos “autopoiéticos” (Matu-
Seduzir no sentido de encantar pela be-
rana & Varela, 1995), auto-organizativos.
leza e não como técnica de manipulação.
Só conhecemos realmente o que constru-
Daí a necessidade da motivação, do encan-
ímos autonomamente.
25

tamento. Motivação que deve vir de den-


tro do próprio aluno e não da propaganda.
É preciso mostrar que “aprender é gostoso,
mas exige esforço”, como dizia Paulo Freire
no primeiro documento que encaminhou
aos professores, na forma de carta, quan-
do assumiu a Secretaria Municipal de Edu-
cação de São Paulo, em janeiro de 1989.
Não podemos estabelecer fronteiras
muitas rígidas hoje entre o formal e o
não-formal. Na escola e na sociedade, in-
teragem diversos modelos culturais. O
currículo consagra a intencionalidade ne-
cessária na relação intercultural preexis-
tente nas práticas sociais e interpessoais.
Uma escola é um conjunto de relações in-
terpessoais, sociais e humanas onde se in-
terage com a natureza e o meio ambiente.
Os currículos monoculturais do pas-
sado, voltados para si mesmos, etnocên-
tricos, desprezavam o “não-formal” como
“extra-escolar”, ao passo que os currícu-
los interculturais de hoje reconhecem a
informalidade como uma característica
fundamental da educação do futuro.
O currículo intercultural engloba todas
as ações e relações da escola; engloba o
conhecimento científico, os saberes da
humanidade, os saberes das comunida-
des, a experiência imediata das pessoas,
instituintes da escola; inclui a formação
permanente de todos os segmentos que
compõem a escola, a conscientização, o
conhecimento humano e a sensibilidade
humana, considera a educação como um
processo sempre dinâmico, interativo,
complexo e criativo.
26

UNIDADE 5 - Projetos sociais

Primeiramente vamos definir o que são Mas por que trabalhar com projetos?
projetos.
Quando um grupo de voluntários decide
De acordo com o Dicionário Aurélio, um aliar-se à escola para estabelecer uma par-
projeto é “uma ideia de executar ou reali- ceria, nada mais justo e conveniente do que
zar algo no futuro. Um plano. Um empre- partir dos desafios existentes e, numa atu-
endimento a ser realizado dentro de de- ação solidária e cooperativa, colocar mãos à
terminado esquema.” Já a palavra “social” obra. Aí entra o projeto que é o planejamen-
é definida como “da sociedade ou relativo to das ações a serem desenvolvidas para
à sociedade, comunidade ou agremiação.” fazer frente às necessidades detectadas
Logo, um projeto social é uma ideia, um – num levantamento prévio – pela comuni-
plano a ser executado para o benefício da dade escolar e pelos próprios voluntários.
sociedade, comunidade, agremiação etc.
O projeto tem, então, o propósito de
Apesar do termo projeto implicar ne- costurar ações e participações, direcio-
cessariamente ideias propostas para uma nando-as para um objetivo comum que se
ação futura, convencionou-se, entre os pretende alcançar. Somam-se forças e ma-
especialistas da área, chamar de projeto ximizam-se resultados sempre que se tem
tanto o esquema de planejamento como a um horizonte único, tarefas integradas e
própria execução das ações planejadas. definição clara do papel a ser desempenha-
do por cada uma das partes envolvidas. E,
Assim, se você consultar mais de uma
até que se estabeleça uma relação de con-
publicação sobre o assunto, encontrará
fiança e de cooperação entre escola e vo-
diversas definições, na verdade semelhan-
luntários é prudente ir se aproximando aos
tes e de certa forma complementares, nas
poucos.
quais os projetos sociais são tratados como
“meios”, “empreendimentos”, “atividades”. Transparência e compromisso dos vo-
luntários com a proposta são fatores que
Ficam, portanto, bem claros alguns
reforçam a credibilidade e abrem portas.
pontos relativos a projetos:
Por outro lado, uma reunião, uma oficina,
têm a intenção de provocar mu- atividades recreativas, entre tantas ou-
danças; têm limites de tempo e recur- tras possibilidades, são ações pontuais que
sos; abrem espaço para se pensar e realizar um
visam a melhorar as condições projeto coletivo.
de vida dos beneficiários;são ações Por esse caminho é possível saber mais
planejadas e coerentes entre si. a respeito da realidade e das necessidades
A escola continua tendo o papel central das crianças e jovens brasileiros e definir
no processo educativo, mas pode partilhar metas e passos do projeto. É por aí, tam-
responsabilidade criando um espaço de co- bém, que se consegue maior envolvimento
-responsabilidade em ações que visem a e, com isso, maior probabilidade de suces-
aprofundar o que já está sendo ensinado. so.
27

5.1 Por que projetos so- de boas práticas sociais, quanto atuarem
na gestão e execução de políticas já exis-
ciais? tentes.
Os projetos sociais nascem do desejo de Políticas públicas são aquelas ações
mudar uma realidade. Os projetos são pon- continuadas no tempo, financiadas prin-
tes entre o desejo e a realidade. São ações cipalmente com recursos públicos, volta-
estruturadas e intencionais, de um grupo das para o atendimento das necessidades
ou organização social, que partem da re- coletivas. Resultam de diferentes formas
flexão e do diagnóstico sobre uma deter- de articulação entre Estado e sociedade.
minada problemática e buscam contribuir, A tomada de decisão quanto à direção das
em alguma medida, para “um outro mundo ações de desenvolvimento, sua estrutura-
possível”. Uma boa definição é formulada ção em programas e procedimentos espe-
por Domingos Armani: “Um projeto é uma cíficos, bem como a dotação de recursos, é
ação social planejada, estruturada em ob- sancionada por intermédio de atores go-
jetivos, resultados e atividades, baseados vernamentais.
em uma quantidade limitada de recursos
(...) e de tempo” (Armani, 2000:18). Num modelo de gestão participativa, é
desejável que estas políticas resultem de
Os projetos sociais tornam-se, assim, uma boa articulação da sociedade civil com
espaços permanentes de negociação en- o Estado, permitindo que a sociedade civil
tre nossas utopias pessoais e coletivas – o compartilhe não apenas a execução, mas,
desejo de mudar as coisas –, e as possibi- sobretudo, os espaços de tomada de deci-
lidades concretas que temos para realizar são, atuando no planejamento, monitora-
estas mudanças – a realidade. mento e avaliação destas políticas.
A elaboração de um projeto implica em O desafio das políticas públicas é asse-
diagnosticar uma realidade social, identi- gurar uma relação de participação e boa
ficar contextos sócio-históricos, compre- articulação entre os setores sociais envol-
ender relações institucionais, grupais e vidos nas instâncias de gestão comparti-
comunitárias e, finalmente, planejar uma lhada. Este é o caso dos conselhos gesto-
intervenção, considerando os limites e as res que vêm se estabelecendo em várias
oportunidades para a transformação so- áreas das políticas sociais tendo como fina-
cial. lidade um modelo de gestão participativa.
Os projetos sociais não são realizações Um projeto social é uma unidade menor do
isoladas, ou seja, não mudam o mundo so- que uma política e a estratégia de desen-
zinhos. Estão sempre interagindo, atra- volvimento social que esta implementa.
vés de diferentes modalidades de relação, Os projetos contribuem para transfor-
com políticas e programas voltados para o mação de uma problemática social, a partir
desenvolvimento social. Um projeto não é de uma ação geralmente mais localizada
uma ilha. no tempo e focalizada em seus resulta-
Neste sentido, os projetos sociais po- dos. A política pública envolve um conjunto
dem tanto ser indutores de novas políticas de ações diversificadas e continuadas no
públicas, pelo seu caráter demonstrativo tempo, voltadas para manter e regular a
28

oferta de um determinado bem ou serviço, assim, nestes casos, os projetos estarão


envolvendo entre estas ações projetos so- ocupando um espaço de mediação e inter-
ciais específicos. locução com as políticas públicas nacionais
no campo do desenvolvimento social. Ou
Finalmente, vale lembrar que há tam-
seja, também são públicos.
bém muitos projetos sociais que não estão
diretamente ligados a uma política pública
governamental. Operam com recursos pú-
blicos e privados provenientes de agências
de cooperação internacional. Mas, ainda

Por que, atualmente, se fala tanto ram-se esta ferramenta tão difundida, é
em projetos sociais? necessário perceber as mudanças ocorri-
das nas últimas décadas, tanto nas esferas
Por que, cada vez mais, as formas
estatais como na Sociedade Civil brasileira.
de intervenção ou iniciativas de ação social
Tais mudanças apontam para formas alter-
acontecem em forma de projetos?
nativas de implementação das políticas so-
Por que, de forma crescente, o mais ciais.
variado tipo de instituições vêm exigindo a
Em outras palavras, houve uma demo-
apresentação de projetos?
cratização em aspectos fundamentais da
Os projetos sociais são uma importante intervenção do Estado na sociedade, tais
ferramenta de ação , amplamente utiliza- como eleições livres e diretas, descentrali-
da pelo Estado e pela Sociedade Civil. Para zação, formação de mecanismos mais am-
entender porque os projetos sociais torna- plos de comunicação e de controle social,
29

implementação de instrumentos de gover- vimento de um conjunto de atividades a


nança com maior visibilidade, além de no- serem executadas: quais são os objetivos,
vas formas de participação na elaboração que meios serão utilizados para atingi-los,
dos orçamentos e das políticas públicas. quais recursos serão necessários, onde se-
rão obtidos e como serão avaliados os re-
Estamos falando de orçamentos partici-
sultados.
pativos, conselhos de direitos, elaboração
de estatutos de cidadania, fóruns, entre A organização do projeto em um docu-
outras formas de democratização das ativi- mento nos auxilia sistematizar o trabalho
dades do Estado.Ao mesmo tempo em que em etapas a serem cumpridas, compar-
a Sociedade Civil, com sua heterogeneida- tilhar a imagem do que se quer alcançar,
de, vem se fortalecendo e desenvolvendo identificar as principais deficiências, a su-
novas formas de organizações (não-gover- perar e apontar possíveis falhas durante a
namentais, redes,entre outras), ela se con- execução das atividades previstas.
verte em protagonista da ação social.
Alguns itens devem ser observados na
Isto quer dizer que vem atuando de for- formulação de projetos:
ma direta nas questões sociais e também
- Estabelecimento correto do proble-
participando ativamente na elaboração de
ma - deve ser significante em relação aos
políticas públicas. Atualmente, um amplo
fatores de sucesso no negócio; deve ter
conjunto de organizações sociais conse-
dimensão administrável; deve ser mensu-
gue uma melhor articulação entre si e com
rável.
o Estado no desenvolvimento de agendas
de ação conjunta. - Identificação das pessoas e institui-
ções a quem afeta resolver o problema,
buscando criar vínculos com os mesmos
desde o início do projeto;
5.2 Elaboração de Projetos
Sociais - Busca adequada de fontes de finan-
ciamento.
“Projeto é um empreendimento plane-
jado que consiste num conjunto de ativi-
dades inter-relacionadas e coordenadas, 1. Roteiro básico para apresenta-
com o fim de alcançar objetivos específicos ção de projetos:
dentro dos limites de um orçamento e de
Os principais itens que compõem a apre-
um período de tempo dados”. ( PROCHONW,
sentação de um projeto relacionam-se de
Schaffer, 1999 apud ONU, 1984)
forma bastante orgânica, de modo que o
Um projeto surge em resposta a um pro- desenvolvimento de uma etapa necessa-
blema concreto. Elaborar um projeto é, an- riamente leva à outra.
tes de mais nada, contribuir para a solução
Apresentação de um projeto deve con-
de problemas, transformando IDEIAS em
ter os seguintes itens:
AÇÕES. O documento chamado projeto é o
resultado obtido ao se “projetar” no papel a) Título do projeto
tudo o que é necessário para o desenvol-
Deve dar uma ideia clara e concisa do(s)
30

objetivo(s) do projeto. c) Objetivos


b) Caracterização do problema e jus- A especificação do objetivo responde as
tificativa questões: PARA QUE? e PARA QUEM?
A elaboração de um projeto se dá intro- A formulação do objetivo de um projeto
duzindo o que pretendemos resolver, ou pode considerar de alguma maneira a re-
transformar. De suma importância, geral- formulação futura, positiva das atuais con-
mente é um dos elementos que contribui dições negativas do problema.
mais diretamente na aprovação do projeto
Os objetivos devem ser formulados
pela(s) entidade(s) financiadora(s).
sempre como a solução de um problema
Aqui deve ficar claro que o projeto é uma e o aproveitamento de uma oportunida-
resposta a um determinado problema per- de. Estes objetivos são mais genéricos e
cebido e identificado pela comunidade ou não podem ser assegurados somente pelo
pela entidade proponente. sucesso do projeto, dependem de outras
Deve descrever com detalhes a região condicionantes.
onde vai ser implantado o projeto, o diag- É importante distinguir dois tipos
nóstico do problema que o projeto se pro- de objetivos:
põe a solucionar, a descrição dos antece-
- Objetivo Geral: Corresponde ao pro-
dentes do problema, relatando os esforços
duto final que o projeto quer atingir. Deve
já realizados ou em curso para resolvê-lo.
expressar o que se quer alcançar na região
A justificativa deve apresentar respos- a longo prazo, ultrapassando inclusive o
tas a questão POR QUE? tempo de duração do projeto. O projeto não
Por que executar o projeto? Por que ele pode ser visto como fim em si mesmo, mas
deve ser aprovado e implementado? como um meio para alcançar um fim maior.

Algumas perguntas que podem aju- - Objetivos específicos: Corresponde às


dar a responder esta questão: ações que se propõe a executar dentro de
um determinado período de tempo. Tam-
- Qual a importância desse problema/ bém podem ser chamados de resultados
questão para a comunidade? esperados e devem se realizar até o final
- Existem outros projetos semelhantes do projeto.
sendo desenvolvidos nessa região ou nes- d) Metas
sa temática?
A metas, que muitas vezes são confun-
- Qual a possível relação e atividades didas com os objetivos específicos, são
semelhantes ou complementares entre os resultados parciais a serem atingidos
eles e o projeto proposto? e neste caso podem e devem ser bastan-
- Quais os benefícios econômicos, so- te concretos expressando quantidades e
ciais e ambientais a serem alcançados pela qualidades dos objetivos, ou QUANTO será
comunidade e os resultados para a região? feito. A definição de metas com elementos
quantitativos e qualitativos é conveniente
para avaliar os avanços.
31

Ao escrevermos uma meta, devemos Deve se descrever o tipo de atuação a


nos perguntar: o que queremos? Para que ser desenvolvida: pesquisa, diagnóstico,
o queremos? Quando o queremos? intervenção ou outras; que procedimentos
(métodos, técnicas e instrumentos, etc.)
Quando a meta se refere a um determi-
serão adotados e como será sua avaliação
nado setor da população ou a um determi-
e divulgação.
nado tipo de organização, devemos des-
crevê-los adequadamente. Por exemplo, É importante pesquisar metodologias
devemos informar a quantidade de pes- que foram empregadas em projetos seme-
soas que queremos atingir, o sexo, a ida- lhantes, verificando sua aplicabilidade e
de e outras informações que esclareçam a deficiências, e é sempre oportuno mencio-
quem estamos nos referindo. nar as referências bibliográficas.
Cada objetivo específico deve ter uma Um projeto pode ser considerado bem
ou mais metas. Quanto melhor dimensio- elaborado quando tem metodologia bem
nada estiver uma meta, mais fácil será de- definida e clara. É a metodologia que vai dar
finir os indicadores que permitirão eviden- aos avaliadores/pareceristas, a certeza de
ciar seu alcance. que os objetivos do projeto realmente tem
condições de serem alcançados. Portanto
Nem todas as instituições financiadoras
este item deve merecer atenção especial
exigem a descrição de objetivos específi-
por parte das instituições que elaborarem
cos e metas separadamente. Algumas exi-
projetos.
gem uma forma ou outra.
Uma boa metodologia prevê três pon-
e) Metodologia
tos fundamentais: a gestão participativa,
A metodologia deve descrever as for- o acompanhamento técnico sistemático e
mas e técnicas que serão utilizadas para continuado e o desenvolvimento de ações
executar o projeto. de disseminação de informações e de co-
nhecimentos entre a população envolvida.
A especificação da metodologia do pro-
jeto é a que abrange número de itens, pois f) Cronograma
responde, a um só tempo, as questões
O cronograma responde a pergunta
COMO? COM QUE? ONDE? QUANTO?
QUANDO?
A Metodologia deve corresponder
Os projetos, como já foi comentado, são
às seguintes questões:
temporalmente bem definidos quando
a) Como o projeto vai atingir seus ob- possuem datas de início e término prees-
jetivos? tabelecidas. As atividades que serão de-
senvolvidas devem se inserir neste lapso
b) Como começarão as atividades?
de tempo.
c) Como serão coordenadas e geren-
O cronograma é a disposição gráfica das
ciadas as atividades?
épocas em que as atividades vão se dar e
d) Como e em que momentos haverá a permite uma rápida visualização da sequ-
participação e envolvimento direto do gru- ência em que devem acontecer.
po social?
32

g) Orçamento
Respondendo à questão COM
QUANTO? O orçamento é um resumo ou
cronograma financeiro do projeto, no qual
se indica como o que e quando serão gas-
tos os recursos e de que fontes virão os
recursos. Facilmente pode-se observar
que existem diferentes tipos de despesas
que podem ser agrupadas de forma ho-
mogênea como por exemplo: material de
consumo; custos administrativos, equipe
permanente; serviços de terceiros; diárias
e hospedagem; veículos, máquinas e equi-
pamentos; obras e instalações.
No orçamento as despesas devem ser
descritas de forma agrupada, no entanto,
as organizações financiadoras exigem que
se faça uma descrição detalhada de todos
os custos, que é chamada memória de cál-
culo.
h) Revisão Bibliográfica
Referências bibliográficas que possam
conceituar o problema, ou servir de base
para a ação, podem e devem ser apresen-
tadas. Certamente darão ao financiador
uma noção de quanto o autor está inteira-
do ao assunto, pelo menos ao nível concei-
tual/teórico.
33

UNIDADE 6 - A empresa e seu papel social

Segundo Antoninho Marmo Trevisan, mapeia o desempenho de meia centena de


apesar de todas as dificuldades que en- fundos de investimento éticos, indica que
frenta no seu dia-a-dia, o empresariado três quartos desse tipo de investimen-
nacional percebeu a sua função de prota- to teve um retorno superior à média, em
gonista no contexto das mudanças sociais. 2.000.
O Estado não tem condições de oferecer Esses fundos são chamados éticos por-
respostas tão ágeis e rápidas aos proble- que favorecem empresas social e ambien-
mas da população como as empresas, que talmente corretas. Há dois anos o Figs en-
em tempos de alta competitividade, estão controu apenas dois fundos desse tipo. No
acostumadas a atuarem com mais eficiên- final do ano passado já eram 60 fundos que
cia no seu dia-a-dia. movimentavam US$ 15 bilhões de dólares.
Assim, o setor privado tomou consci- Um fato que me chamou a atenção de-
ência de que precisa ter uma participação finitivamente para o avanço da responsa-
maciça no ambiente social e comunitário bilidade social entre os segmentos profis-
porque é parte integrante dele, e, portan- sionais foi o último congresso anual dos
to depende de seu correto funcionamento. contabilistas. Pelo menos três mil profis-
sionais da área examinaram pela primeira
Os resultados obtidos por diversas em-
vez o papel social do contador. Certamen-
presas no âmbito social indicam que o em-
te, há alguns anos, um tema desse tipo não
presariado é também parte modificadora
atrairia mais que uma dezena de contado-
desse ambiente.
res.
As empresas estão assumindo a sua
A sociedade civil vem assumindo uma
responsabilidade social e promovendo
clara posição ao enfrentar os problemas
uma verdadeira revolução cívica. Segundo
sociais ao invés de deixá-los para o Estado.
pesquisa do Instituto ADVB de Responsa-
Assim, impõe-se às empresas uma mudan-
bilidade Social, com 2.830 empresas que já
ça no processo de condução desses assun-
se preocupam com sua atuação social, são
tos, que assumem uma posição mais estra-
investidos cerca de R$ 98 mil por empresa
tégica na medida em que afetam a imagem
em média por ano em projetos que benefi-
corporativa. Vale lembrar que os brasilei-
ciam aproximadamente 37 milhões de pes-
ros estão cada vez mais predispostos a pu-
soas.
nirem empresas que não sejam socialmen-
Além disso, 67% dos funcionários des- te responsáveis.
sas empresas atuam de forma voluntária
A responsabilidade social das empre-
em projetos sociais. Pode-se dizer tam-
sas aproxima as pessoas dos problemas
bém, que quem investe em empresas que
sociais e os tornam mais reais do que pa-
respeitam o meio ambiente e a comunida-
reciam quando só o Estado participava.
de, recebe um maior retorno. Recente es-
Nesse novo contexto, as questões sociais
tudo feito pelo Finance Institute for Global
ganham um caráter prático porque colo-
Sustentability (Figs), uma entidade que
34

cam as pessoas, e não a instituição estatal, prestar contas aos funcionários, à mídia,
em contato direto com a problemática so- ao governo, ao setor não-governamental
cial dos nossos tempos. e ambiental e, por fim, às comunidades
com que opera. Empresas só têm a ganhar
na inclusão de novos parceiros sociais em
6.1 Responsabilidade Social seus processos decisórios. Um diálogo
mais participativo não apenas representa
As transformações sócio-econômicas uma mudança de comportamento da em-
dos últimos 20 anos têm afetado profun- presa, mas também significa maior legiti-
damente o comportamento de empresas midade social.
até então acostumadas à pura e exclusiva
É distributiva. A responsabilidade
maximização do lucro. Se por um lado o se-
social nos negócios é um conceito que se
tor privado tem cada vez mais lugar de des-
aplica a toda a cadeia produtiva. Não so-
taque na criação de riqueza; por outro lado,
mente o produto final deve ser avaliado
é bem sabido que com grande poder, vem
por fatores ambientais ou sociais, mas o
grande responsabilidade.
conceito é de interesse comum e, portan-
Em função da capacidade criativa já to, deve ser difundido ao longo de todo e
existente, e dos recursos financeiros e hu- qualquer processo produtivo. Assim como
manos já disponíveis, empresas têm uma consumidores, empresas também são res-
intrínseca responsabilidade social. A ideia ponsáveis por seus fornecedores e devem
de responsabilidade social incorporada aos fazer valer seus códigos de ética aos pro-
negócios é, portanto, relativamente re- dutos e serviços usados ao longo de seus
cente. processos produtivos.
Com o surgimento de novas demandas É sustentável. Responsabilidade so-
e maior pressão por transparência nos ne- cial anda de mãos dadas com o conceito de
gócios, empresas se vêem forçadas a ado- desenvolvimento sustentável. Uma atitu-
tar uma postura mais responsável em suas de responsável em relação ao ambiente e à
ações. sociedade, não só garante a não escassez
de recursos, mas também amplia o concei-
Infelizmente, muitos ainda confundem
to a uma escala mais ampla. O desenvol-
o conceito com filantropia, mas as razões
vimento sustentável não só se refere ao
por trás desse paradigma não interessam
ambiente, mas por via do fortalecimento
somente ao bem estar social, mas também
de parcerias duráveis, promove a imagem
envolvem melhor performance nos negó-
da empresa como um todo e por fim leva
cios e, consequentemente, maior lucrati-
ao crescimento orientado. Uma postura
vidade.
sustentável é por natureza preventiva e
A busca da responsabilidade social possibilita a prevenção de riscos futuros,
corporativa tem, grosso modo, as se- como impactos ambientais ou processos
guintes características: judiciais.
É plural. Empresas não devem sa- É transparente. A globalização traz
tisfações apenas aos seus acionistas. Mui- consigo demandas por transparência. Não
to pelo contrário. O mercado deve agora mais nos bastam mais os livros contábeis.
35

Empresas são gradualmente obrigadas a


divulgar sua performance social e ambien-
tal, os impactos de suas atividades e as
medidas tomadas para prevenção ou com-
pensação de acidentes.
Nesse sentido, empresas serão
obrigadas a publicar relatórios anuais,
onde sua performance é aferida nas mais
diferentes modalidades possíveis. Muitas
empresas já o fazem em caráter voluntá-
rio, mas muitos prevêem que relatórios
sócio-ambientais serão compulsórios num
futuro próximo. Muito do debate sobre a
responsabilidade social empresarial já foi
desenvolvido mundo afora, mas o Brasil
tem dado passos largos no sentido da pro-
fissionalização do setor e da busca por es-
tratégias de inclusão social através do se-
tor privado.
36

CONCLUSÃO
A educação de uma pessoa se dá desde
o seu nascimento, até o final de sua vida.
Ela se processa tanto dentro da educação
formal, nas instituições escolares, assim
como nos demais espaços não escolares,
onde se objetiva o desenvolvimento so-
cial, através da promoção de uma melhor
qualidade de vida, saúde, socialização dos
indivíduos, assistência a todas as classes
excluídas, em situação de risco e outros.
Todos os segmentos da sociedade civil,
devem estar envolvidos, para que através
de projetos sociais, se alcancem as metas
propostas.
As Empresas, são um dos segmentos
dessa sociedade civil, que vêm se envol-
vendo e assumindo sua responsabilidade
social, na educação não formal e nos pro-
jetos sociais, onde o empresariado nacio-
nal, está promovendo uma verdadeira re-
volução de cidadania e comprometimento
com o próximo, além de seus funcionários,
atuarem ativamente como voluntários nos
Projetos Sociais.
Gradativamente, as questões sociais,
ganham um novo contexto, um novo para-
digma, mais prático e mais próximo da re-
solução dos problemas que envolvem nos-
sa sociedade.
37

REFERÊNCIAS

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