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MODALIDADE DE ED. E FOR. : EFA NS – FOR.

MODULAR NÍVEL 4
ÁREA DE ED. E FOR.: 862 – SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO

ÁREA DE COMPETÊNCIA – CHAVE: STC CÓDIGO E DESIGNAÇÃO: 862208 – T. DE SEG. E HIGIENE NO TRAB

NÚCLEO GERADOR: Urbanismo e Mobilidade TEMA: Ruralidade e Urbanidade DR II

1.1 S ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA


1.1.1 AS FRAGILIDADES DOS SISTEMAS AGRÁRIOS

Ao longo do tempo, e à semelhança do que tem acontecido em outros países da União


Europeia, o peso da agricultura na economia nacional tem vindo a diminuir, sendo esse
valor ainda elevado quando comparado com a média europeia.
O espaço rural
O espaço rural corresponde ao espaço ocupado, preponderantemente por actividades
ligadas à agricultura, à pecuária e à silvicultura. Caracteriza-se por baixas densidades
populacionais, por populações autóctones dispersas ou aglomeradas em núcleos de
pequena dimensão, com forte ligação à terra.
No contexto do espaço rural, destaca-se o espaço agrário, que corresponde à área ocupada
pela produção agrícola e/ou criação de gado, pastagens, floresta e também pelas infra-
estruturas e equipamentos de apoio à agricultura, como por exemplo as casas de
habitação dos agricultores, os armazéns, os caminhos, ou os canais de distribuição de
água.

1.2 AS PRINCIPAIS PRODUÇÕES


Produçãovegetal

1.2.1 Trigo – Cereal de sequeiro, cultivado em sistema extensivo, que ocupa a maior parte da
área dedicada às culturas cerealíferas e apresenta uma produção anual irregular, muito
dependente e vulnerável face às condições meteorológicas. O Alentejo é a região onde se
registam os maiores valores de produção, seguido de Trás-os- Montes e do Ribatejo e
Oeste.
1.2.2 Milho – Cereal de regadio, cujos valores máximos de produção são obtidos nas
regiões agrárias de Entre Douro e Minho, Beira Litoral e Ribatejo e Oeste.

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1.2.3 Arroz – exige em solos alagados e temperaturas elevados, localizando-se nas áreas de
produção nas planícies aluviais dos principais rios portugueses (Mondego, Tejo, Sado,
Sorraia).
1.2.4 Batata – a sua cultura está disseminada por todo o território nacional, registando-se os
maiores valores de produção nas regiões agrárias da Beira Litoral, de Entre Douro e Minho,
de Trás-os-Montes e do Ribatejo e Oeste.
1.2.5 Vinha – cultivada por todo o país, sustenta uma produção de grande significado
económico, representando mais de metade do valor das explorações portuguesas de
produtos agrícolas. A produção vitivinícola organizada em Regiões Demarcadas apresenta
uma grande diversidade.
1.2.6 Azeite – Mediterrâneo por excelência, é um dos produtos maisimportantes da nossa
agricultura, encontrando-se me todo o território continental.

Culturas industriais
 Tomate – a sua cultura tem como objectivo, a transformação industrial para a obtenção
de concentrados.
 Girassol – cultura de introdução recente, a sua cultura destina-se à produção de
óleos alimentares.
 Tabaco - a área e o volume de produção do tabaco tem vindo a aumentar
progressivamente, sendo a Beira Interior a região onde a sua cultura tem mais
expressão.

Fruticultura - o clima português oferece óptimas condições para a cultura de um variado


leque de produtos frutícolas, apresentando-se como um dos sectores com maiores
potencialidades. Destacam-se a pêra rocha, a maçã e frutos tropicais, como a banana, o
ananás e o Kiwi.
Horticultura – Portugal tem excelentes condições para o desenvolvimento da horticultura.
Nas últimas décadas assiste-se à difusão da produção em estufa de várias espécies.
Floricultura – produção de alto rendimento económico que se encontra em fase de
expansão no nosso país, realizada sobretudo em estufas.

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1.3 PRODUÇÃO ANIMAL
Gado bovino – a criação de gado bovino reveste-se de grande interesse no contexto da
actividade agro-pecuária, registando-se um aumento significativo no total de efectivos
criados e na introdução de novas espécies.
Gado ovino e caprino - é o suporte de desenvolvimento de certas produções regionais de
grande quantidade (queijo da serra da Estrela).
Suinicultura – a criação de gado suíno em moldes industriais tem registado um aumento
significativo, assumindo um lugar de destaque na pecuária nacional.
Avicultura – a criação de aves em aviários, tendo em vista a produção de carne e de ovos,
tem registado um aumento significativo a nível nacional.

1.4 AS CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO AGRÍCOLA


Estrutura etária
Às características da mão-de-obra sublinha-se a elevada percentagem de população
activa empregue neste sector, sinónimo de um atraso tecnológico significativo, contudo,
tem se vindo a verificar, nas últimas décadas, o seu progressivo decréscimo, especialmente
na consequência do êxodo rural e da emigração, e só mais recentemente uma certa
modernização.
Reforça-se o forte e crescente envelhecimento da população agrícola, como resultado do
abandono da actividade pelos mais jovens, o que constitui um dos maiores obstáculos
ao desenvolvimento da agricultura.
O envelhecimento da mão-de-obra traduz uma menor capacidade de abertura às inovações,
de adaptação a novas tecnologias e técnicas de produção e até de capacidade física
para o trabalho. O envelhecimento da mão-de-obra é responsável pela manutenção dos
baixos níveis de rendimento e de produtividade.
Nível de instrução e de formação profissional
Relacionados com o envelhecimento da mão-de-obra agrícola estão os baixos níveis de
instrução e de qualificação nacional, também responsáveis pelo atraso estrutural da
agricultura.

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Nível de instrução em %
Sem Inferior ao 2º
2º e 3º ciclo Secundário Superior
Regiões Agrárias instrução Ciclo

Entre Douro e Minho 17 50 25 5 2


Trás-os-Montes 17 52 20 7 4
Beira Litoral 11 77 9 1 2
Beira Interior 20 53 17 6 4
Ribatejo e Oeste 15 53 21 7 4
Alentejo 19 47 20 8 6
Algarve 19 54 17 7 3
Açores 14 49 28 6 3
Madeira 23 48 21 6 2
Portugal 18 67 10 2 3
Quadro 1 – Nível de instrução do produto agrícola, por regiões agrárias, em percentagem (fonte INE)

A análise do quadro 1 permite reter que a maioria dos agricultores portugueses apresenta
níveis baixíssimos de instrução, inferior ao 2º ciclo. Um valor significativo de produtores sem
instrução, situação que tem vindo a atenuar devido à introdução da escolaridade
obrigatória e ao abandono da actividade pelos mais idosos.
Pluriactividade
Com os baixos salários auferidos que se revelam insuficientes para as necessidades
familiares, origina que procuram emprego noutras actividades onde beneficiam de
remunerações fixas e mais elevadas. Não abandonando as explorações agrícolas, a
agricultura passa a ser exercida a tempo parcial, na qualidade de actividade secundária,
destinada à produção de auto consumo. Esta pluriactividade que traduz ao
plurirrendimento permite melhorar a qualidade de vida do agricultor, ajudando a travar o
abandono das áreas rurais. Predomina nas regiões de pequena propriedade e assume maior
expressão na proximidade dos centros urbanos, onde são mais abundantes as
oportunidades de emprego noutras actividades.

1.5 A AGRICULTURA BIOLÓGICA


No âmbito da agricultura europeia, tem vindo crescentemente a impor-se a produção
biológica de produtos animais e vegetais.
A agricultura biológica constitui um sistema de produção que tende a aproximar a
agronomia da ecologia, recuperando técnicas e práticas tradicionais, mas
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tendo presente algumas das novas técnicas e tecnologias. A agricultura biológica é um
sistema de produção que visa a manutenção da produtividade do solo e das culturas, para
proporcionar nutrientes às plantas e controlas as infestantes, parasitas e doenças, com
utilização de rotações de culturas, adição de subprodutos agrícolas (estrumes,
leguminosas, detritos orgânicos, rochas ou minerais triturados) e controlo biológico de
pragas, evitando-se o uso de fertilizantes e pesticidas de síntese química, reguladores de
crescimento e aditivos de rações.

1.6 AS NOVAS OPORTUNIDADES PARA AS ÁREAS RURAIS


A (re)descoberta da multifuncionalidade do espaço rural

O espaço rural português, pela sua extensão que ocupa, pela população que nele reside e
pelo grande e diversificado potencial de recursos naturais, humanos e culturais que
encerra, deve ser valorizado de forma a promover o desenvolvimento económico e social
e de acesso às condições de suporte à vida e à actividade das empresas. Só assim será
possível esbater os contrastes entre as áreas urbanas e áreas rurais, e contribuir para um
país territorialmente mais equilibrado.
As áreas rurais, apesar de apresentarem graves insuficiências e fragilidades em relação às áreas
urbanas, não são, contudo, uniformes. Exibem entre si profundos contrastes. As que se localizam
no litoral, junto aos grandes centros urbanos, apresentam um forte dinamismo económico,
proporcionado por essa proximidade, e uma organização ao nível do território e da empresa que
torna difícil, por vezes, estabelecer limites entre os espaços urbanos e os espaços rurais.
Representam áreas densamente povoadas, urbanizadas e ocupadas, já de forma significativa,
por actividades ligadas a outros sectores de actividade, como o secundário e o terciário. A agricultura
praticada é moderna, voltada para o mercado e marcada pela pluriactividade da mão-de-obra,
proporcionada pela difusão das referidas actividades.

No interior do país, a realidade é completamente diferente. O espaço rural apresenta


características muito vincadas, permitindo estabelecer, de forma bem nítida, as
diferenças que o separam do espaço urbano.

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A estas áreas rurais encontram-se associados graves problemas: envelhecimento
demográfico, despovoamento, baixo nível de instrução e de qualificação da mão-de-
obra, oferta insuficiente de equipamento (ao nível da saúde, educação, cultura, transporte,
lazer), baixo nível de vida da população, entre muitos outros.

Estas fragilidades têm contribuído para a diminuição da população activa, para o abandono
das actividades ligadas ao sector, para a desvitalização continuada destas áreas, cada vez
com menos capacidade em atrair população e em fixá-la.

Estas áreas encerram recursos valiosos que são encarados como potenciais vectores de
desenvolvimento. Entre esses recursos aponta-se o património ao nível do ambiente, da
paisagem, da história, da cultura ou da arquitectura. Trata-se de património cuja
preservação é crescentemente acarinhada pelo valore inerente e pelo papel que
desempenha na consolidação da identidade do país e da região.

Neste sentido, o espaço rural deixa de ser considerado exclusivamente como um espaço de
produção (agrícola, pecuária ou silvícola) e passa a ser entendido como espaço de regulação
(preservação de recursos e de qualidade ambiental, conservação da natureza), de informação
(manutenção da identidade e património cultural) e de suporte (lazer e turismo, qualidade
de vida).
A multifuncionalidade atribuída às áreas rurais pressupõe uma diversificação ao nível das
actividades económicas a desenvolver, promotora da pluriactividade. A população activa
passará a dispor de actividades alternativas e complementares, que além de contribuírem
para melhorar o seu nível e qualidade de vida, ajudarão à preservação dos recursos, à
diminuição das assimetrias nacionais, ao mesmo tempo que determinarão a contenção do
êxodo rural.
Face à diversidade funcional que pode ser assumida nas áreas rurais, variadas são também
as actividades que podem ser desenvolvidas, como por exemplo as que se ligam ao turismo,
à indústria, aos serviços, às produções locais de qualidade, à silvicultura ou às
energias renováveis.

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O turismo
A partir dos meados do século XX, com o desenvolvimento dos meios de transporte, a
melhoria do nível de vida e a conquista de importantes regalias sociais (direito a férias,
subsidio de férias, etc), o turismo transformou-se num fenómeno de massas e numa
actividade de grande importância económica, não só pelo número de empregos que dá
origem, como pelos capitais que atrai. Constitui-se como um importante sector de
desenvolvimento regional. A actividade turística é encarada como potencializadora das
regiões, principalmente pelos efeitos que produz ao nível de outras actividades, impulsiona
a construção civil, promove o desenvolvimento da restauração e hotelaria, contribui para
a dinamização do sector dos transportes, incentiva o desenvolvimento dos serviços,
estimula o artesanato, contribui para a preservação do património.
O turismo balnear é em Portugal, o tipo de turismo que detém maior expressão, o que
se explica pelas características climáticas do país, com verões quentes e secos, e pela
extensão e diversidade da costa.
A implementação e expansão desta forma de turismo nem sempre corresponderam a
um desenvolvimento equilibrado e harmonioso do litoral. Pelo contrário, deu origem em
muitos casos a um crescimento urbano caótico, descaracterizado e ambientalmente
degradado, relativamente aos princípios de um processo de desenvolvimento sustentável.
Como alternativa ao turismo massificado começaram a ganhar expressão outras ofertas
turísticas, enquadradas por novas perspectivas de ocupação dos tempos livres, pelo desejo de
maior contactam com a Natureza e pela procura de serviços mais personalizados.
Estes serviços, dominados pelo alojamento, arrancaram em Portugal no inicio dos anos 80. A
designação Turismo em Espaço Rural (TER) passa a ser utilizada na legislação de 1986, quando são
definidos os principais tipos: “turismo de habitação”, “turismo rural” e“agro-turismo”.

De acordo com a legislação publicada em 2008 os tipos existentes são os “ empreendimentos de


turismo de habitação” e os “empreendimentos de turismo no espaço rural”.

Empreendimentos de turismo de habitação são estabelecimentos de uma natureza


familiar instalados em imóveis antigos particulares que, pelo seu valor arquitectónico,
histórico ou artístico, sejam representativos de uma determinada época, nomeadamente
palácios e solares, podendo localizar-se em espaços rurais ou urbanos.
Empreendimentos de turismo no espaço rural são estabelecimentos que se destinam a
prestar, em espaços rurais, serviços de alojamento a turista, disponho para o seu
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funcionamento de um adequado conjunto de instalações, estruturas, equipamentos e
serviços complementares, tendo em vista a oferta de um produto turístico completo e
diversificado no espaço rural. Devem contribuir para preservar, recuperar e valorizar o
património arquitectónico, histórico, natural e paisagístico dos lugares onde se situam
através da reconstrução, reabilitação ou ampliação de construções existentes, sendo
classificados em casas de campo, agro-turismo e hotéis rurais.
As casas de campo situam-se em aldeias e espaço rurais que se integrem pela sua raça,
materiais de construção e de mais características, na arquitectura típica local. As casas de
campo quando localizadas em aldeias com uma gestão integrada são consideradas
turismo de aldeia.
O agro-turismo inclui os empreendimentos situados em explorações agrícolas que permitam
aos hóspedes o acompanhamento, o conhecimento, e em alguns casos, a participação na
actividade agrícola.
Os hotéis rurais são estabelecimentos hoteleiros situados em espaços rurais que, pela sua
traça arquitectónica e materiais de construção, respeitem as características
dominantes da região onde estão implantados.

Em Portugal, o maior número de unidades de turismo de habitação e de turismo em


espaço rural encontram-se no Norte, com cerca de 44% dos estabelecimentos e 41%
da capacidade de alojamento em 2008.
Em síntese, as principais vantagens do turismo em espaço rural residem na:

 Diversificação das actividades económicas e de ordem turística;

 Promoção e conservação dos recursos humanos e naturais das áreas rurais;

 Melhoria da qualidade de vida das populações residentes.

O Turismo em Espaço Rural tem sido responsável pelo potenciar dos recursos endógenos
das áreas rurais contribuindo para assegurar a melhoria da qualidade de vida das
populações residentes para estimular processos de desenvolvimento sustentável,
promovendo uma oferta turística mais respeitadora do património natural e urbano.
A importância atribuída na actualidade, à manutenção física e ao bem-estar obtido com
tratamentos preventivos, veio dar um novo impulso às termas e ao contributo que dão
no desenvolvimento de áreas do interior com poucas opções ou alternativas para além da
exploração de recursos naturais.
As áreas termais continuam a representar para um número reduzido de utentes, uma
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forma de tratamento de problemas de saúde, sobretudo no descanso e na fuga ao stress
urbano ou no apoio a outras actividades para além das termas, que se tem baseado a
“recuperação” do turismo termal.
Um fenómeno recente relacionado com as termas, e que vem alterar a relação entre as
termas e as nascentes termais, prende-se com o aparecimento de vários hotéis
classificados nos segmentos mais altos, a exemplo de quatro estrelas, que assentam a
promoção na existência de actividades de balneário, acrescentando serviços
relacionados com a denominação spa (saúde pela água).

A indústria
O processo de industrialização no nosso país conheceu um forte crescimento da década de
60, altura em que se modernizam e expandem sectores da indústria tradicional (têxteis,
confecção, calçado…) em que se assiste à implementação de novas indústrias (indústria de
plásticos, indústria química…), caracterizadas por sistemas de produção assentes em
técnicas e tecnologias modernas.
O crescimento do sector secundário fez-se sentir sobretudo nos distritos do litoral
ocidental, onde é mais fácil recrutar mão-de-obra onde abundam serviços de apoio à
indústria e onde os transportes e as comunicações se apresentam mais desenvolvidos.
Começam a acentuar-se as assimetrias regionais. Nas áreas rurais, a persistência de uma
agricultura tradicional, de baixo rendimento e produtividade, incentiva ao êxodo rural e à
emigração. Assiste-se ao progressivo despovoamento e envelhecimento demográfico
dessas áreas, ao mesmo tempo, nos distritos industrializados do litoral, onde a oferta de
trabalho é maior, se conhece um período de forte crescimento populacional e económico.
É nas áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto que se verifica a maior concentração
industrial o que se traduz na existência de numerosos postos de trabalho e onde o sector
secundário regista o maior peso no contexto económico nacional.
Outros distritos do litoral, como Braga, Aveiro e Leiria, revelam também um
desenvolvimento industrial como significativo, dominando no primeiro as indústrias têxteis e
de confecção e nos restantes as indústrias ligadas ao vidro, à cerâmica, à celulose, aos
moldes para plástico, entre várias outras.
A expansão e melhoria de rede viária, assim como a construção de infra- estruturas de
base para a indústria tem imprimido uma certa dinâmica a alguns distritos do Centro
interior, como Castelo Branco e Guarda, assistindo-se a um significativo
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desenvolvimento industrial, ligado quer a indústrias tradicionais que têm por base a
exploração de recursos endógenos como é o caso de lanifícios quer a novas indústrias.

Os restantes distritos do interior e as Regiões Autónomas apresentam-se pouco


industrializados encontrando-se as unidades existentes ligadas, frequentemente à
exploração de recursos endógenos, nomeadamente aos do subsolo (como acontece no
Alentejo, onde a exploração dos mármores, do cobre e de outros minerais, constitui o
suporte da indústria da região), ou dos produtos alimentares (caso da Região
Autónoma dos Açores, onde a indústria de lacticínios assume uma enorme importância ao
nível da economia da região).
A actividade industrial em Portugal reveste-se de grande interesse não só pelos numerosos
postos de trabalho que assegura, mas também pela contribuição do PIB e ainda pela criação
de numerosas actividades do sector terciário a que dá origem.
As áreas rurais, principalmente as que se localizam no interior do país, apresentam um
défice de desenvolvimento, quando comparadas com as do litoral, que decorre de um vasto
conjunto de factores de ordem natural e humana. A persistência de práticas agrícolas
tradicionais, explicada pela falta de investimento e inovação, resultou numa agricultura
de subsistência de baixo rendimento e produtividade, incapaz de dar resposta aos
condicionalismos impostos pelo mercado cada vez mais exigente e competitivo. Essa
situação, traduziu-se, por sua vez, na decadência do sector primário, que desencadeou o
êxodo rural, a desertificação e o envelhecimento demográfico, assim como a estagnação
económica das regiões do interior.
Neste contexto, a implantação da actividade industrial nessas regiões, pelo número de
empregos que gera e pelo desenvolvimento de outras actividades (muitas delas ligadas ao
sector terciário) que exige, pode ajudar à fixação da população, contribuindo para o
declínio do êxodo rural e para inverter o processo de despovoamento. Pode
contribuir para a redução do envelhecimento demográfico.

Os efeitos da implantação da actividade industrial serão tanto mais significativos quanto


mais assentarem na exploração dos recursos endógenos (quer a ao nível das matérias-
primas, quer ao nível da mão-de-obra) e quanto menos poluentes forem as indústrias.

O incentivo à implantação da actividade industrial em meio rural passa pela adopção de


algumas medidas, quer a nível nacional: atribuição de benefícios fiscais; concessão de
subsídios; formação de mão-de-obra; criação de zonas e de parques industriais, entre

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outras.

Os serviços
Nas últimas décadas do século XX, assistiu-se no nosso país a um forte crescimento do
sector terciário, que se apresenta fundamental para o funcionamento e para a
competitividade do sistema produtivo.
Apesar da crescente terciarização da economia portuguesa e do que esse processo em
termos de dinamismo económico e de melhoria de vida da população, o nosso país
apresenta ainda valores muito inferiores ao da média comunitária. Por outro lado, a
distribuição da actividade activa ligada ao sector revela-se muito irregular no território
nacional, detectando-se fortes assimetrias regionais. É nos distritos do litoral que se
observam os valores mais elevados, com destaque para os distritos do Porto e Lisboa. Os
valores mais baixos ocorrem nos distritos do interior e nas regiões autónomas. Esta
situação reflecte os contrastes observados noutros domínios no nosso país,
nomeadamente no que se refere ao desenvolvimento industrial e à expansão urbana.
A implantação e a diversificação dos serviços nas áreas rurais revelam-se fundamentais.
Permitem melhorar as condições de vida da população, uniformizando o acesso à utilização
e contribuindo para a criação de novos empregos. Servem de suporte ao
desenvolvimento das actividades ligadas ao turismo e à indústria.

A silvicultura
A floresta, pode ser um sector a valorizar, não só sob o ponto de vista económico, da
produção obtida, mas também na perspectiva ambiental, pela importância de que se
reveste na preservação dos solos e dos recursos aquíferos, assim como no sequestro de
carbono.
Não é, também, de menosprezar a sua importância enquanto ecossistema e sustentáculo
de biodiversidade ou quando encarada como espaço de lazer e turismo.

A sua gestão implica o desenvolvimento de numerosas actividades ligadas quer à produção


quer à manutenção.
Os problemas estruturais que a floresta portuguesa encerra exigem, para uma exploração
que se quer sustentável, que se adoptem medidas que os ajudem a solucionar.

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Uma das medidas fundamentais prende-se com a criação de instrumentos de gestão e de
ordenamento da floresta, como é o caso dos Planos Regionais de Ordenamento
Florestal (PROF).

Energias renováveis
O aproveitamento de recursos naturais para produção de energias renováveis pode
constituir uma mais-valia para as áreas rurais, na medida que se cria riqueza, gera
emprego, ajuda à preservação do ambiente, porque se trata de energias limpas, e contribui
para a diminuição da despesa pública, pois permite reduzir as importações de energias
fósseis.
A biomassa florestal, o biogás ou os biocombustíveis utilizados para a produção de
energia podem constituir bons exemplos de formas de energias renováveis a explorar.

Produtos regionais de qualidade


Os produtos locais obtidos através de sistemas de produção “ amigos do ambiente”
podem constituir uma grande oportunidade para as áreas rurais, na medida em que são uma
fonte de rendimento e podem projectar a sua imagem no exterior, devendo ser
valorizados.

Estratégias integradas no desenvolvimento rural


A promoção do desenvolvimento rural, no quadro da União Europeia, encontra- se consagrada
como o segundo pilar da PAC e os seus objectivos visam contribuir para o desenvolvimento da
agricultura europeia multifuncional, sustentável e repartida por todos os espaços da União, e
para a diversificação económica e social dos territórios rurais europeus. A qualidade de vida
das pessoas residentes nestes territórios e a sua participação nos processos de
desenvolvimento constituirão os indicadores-chave para avaliar o sucesso desta estratégia.
Em Portugal, os contrastes de desenvolvimento entre as áreas urbanas e as áreas rurais
são acentuados, pelo que, face às razões objectivas acima assinaladas mas por opção às
políticas de desenvolvimento rural têm vindo a ocupar um lugar reforçado na luta por
uma sociedade territorialmente mais equilibrada.

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1.7 AS ÁREAS URBANAS: DINÂMICAS INTERNAS

Espaço rural – espaço urbano


Distinguir espaço urbano de espaço rural é uma tarefa cada vez mais difícil. O crescimento
populacional e o aumento da mobilidade têm conduzido à difusão espacial da
população, das actividades económicas e do modo de vida urbano, que se vão, de forma
gradual, expandido para o espaço rural. O crescimento urbano é um processo responsável
pela dinamização das relações cidade – campo e pela crescente diversificação funcional e
profissional, registadas nas áreas rurais, ocupadas por residência de população
crescentemente ligada a actividades dos sectores secundários e terciários.
Já se trata de um processo global, a expansão urbana, intimamente associada a profundas
transformações económicas e sociais, traduz-se em normas formas de organização e
apropriação do espaço.

Definir cidade
Os critérios para definir cidade variam de país para país e por vezes, no mesmo país, são
aplicados de maneira diferente podendo também sofrer alterações ao longo do tempo, como
aliás tem acontecido em Portugal. Os critérios mais utilizados são a população absoluta, a
e a distribuição da população activa pelos sectores de actividade.

População absoluta – o total de habitantes de um aglomerado constitui um dos critérios mais


vulgarmente utilizados.

Densidade populacional – De uma maneira geral, nas cidades o valor da densidade


populacional é elevado. Esse critério também não é universal, registando-se disparidades
muito grandes de país para país.
Distribuição da população activa pelos sectores de actividade – segundo este critério, um
aglomerado populacional só pode considerado cidade se a maior parte da sua população se
empregar no sector secundário ou terciário.

As cidades apresentam, alguns aspectos comuns, que permitem caracterizá-las:


 Estão dotadas de certos equipamentos sociais e culturais (hospitais, escolas,
transportes públicos, cinemas, teatros, etc).

 Apresentam uma forte concentração de imóveis;

 O preço do solo é elevado;


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 Registam um movimento intenso de pessoas e veículos;

 Exercem influência económica, cultural, social e político-administrativa na área


envolvente, de acordo com a importância das suas funções, à escala local, regional,
nacional ou mesmo internacional.

Actualmente, é a Assembleia da República e as Assembleias Regionais das Autónomas


dos Açores e da Madeira que conferem a categoria de cidade aos aglomerados que
combinem o total de 8000 eleitores com um conjunto de equipamentos e infra-
estruturas, seguindo o determinado na Lei nº. 11/82, de 2 de Junho. É de salientar que
nem sempre o processo de elevação de um aglomerado à categoria a cidade segue
esses critérios, constituindo iniciativas de carácter fundamentalmente político-
administrativo ao abrigo do artigo 14º da mesma Lei, “importantes razões de natureza
histórica, cultural e arquitectónica poderão justificar uma ponderação diferente destes
requisitos”.
A partir de 1960, o Instituto Nacional de Estatística passou a considerar como centro
urbano todos os aglomerados com mais de 10 000 habitantes ou todos aqueles que, não
atingindo essa dimensão populacional, fossem capitais de distrito.
Os termos urbanos e cidade são muitas vezes empregues com o mesmo sentido, o que
pode ser erróneo, uma vez que ao conceito centro urbano se associa unicamente um
critério ligado a um determinado total de habitantes, enquanto, que ao conceito de cidade
se prendem, para além de critérios ligados a um certo número de habitantes, outros de
carácter funcional (predomínio de actividades ligadas ao sector secundário e terciário),
politico e administrativo e também a oferta de determinados bens e serviços,
proporcionada pela existência de certos equipamentos.
A população urbana tem registado no nosso país, desde 1960, um crescimento
percentualmente superior ao da população absoluta, o que significa que, em Portugal, os
movimentos da população do meio rural para os centros urbanos foram significativos,
pelo menos até à década de 90, especialmente em direcção às cidades do litoral e
particularmente para as áreas que se localizam nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e
Porto. Algumas cidades do interior com maior dinamismo registaram também um
considerável crescimento, destacando-se algumas capitais de distrito: Castelo Branco,
Guarda, Viseu e Évora, entre outras. Verifica-se até em alguns distritos (como é o caso de

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Bragança) um aumento da taxa de urbanização, ao mesmo tempo que se regista uma
diminuição da população absoluta. Também a imigração é responsável pelo crescimento
da taxa de urbanização, quer da parte das cidades, quer nalgumas de menor dimensão.

Os transportes e a organização urbano


A tendência geral para o aumento da taxa de urbanização em Portugal, com reflexos no
despovoamento do meio rural é, em grande medida, o resultado da evolução verificada
nos transportes que veio melhorar a acessibilidade em todo o território nacional.
Ao aumentar a mobilidade, aumenta a número de ligações entre as cidades e o restante
território. Constituindo pólos de elevado poder de atracção, as cidades começaram a
crescer em número e em dimensão geográfica.
A própria organização interna das cidades pode ser alterada em resultado de novas acessibilidades
criadas no interior do tecido urbano. O crescimento dos subúrbios e o despovoamento dos centros
de algumas cidades podem ser explicados por alterações aos transportes. A renda locativa (preço do
solo) aumenta de forma proporcional ao aumento da acessibilidade dos lugares e, com ela, a
especulação fundiária, assim como o surgimento de áreas de solo expectante.

1.7.1 A ORGANIZAÇÃO DAS ÁREAS URBANAS


A distribuição das várias actividades observáveis no espaço urbano assim como a residência
da população não se processem ao acaso. É possível identificar regularidades espaciais
nessa distribuição, podendo individualizar-se áreas funcionais, quer dizer, áreas que se
apresentam uma homogeneidade da função dominante que se destacam das restantes em
virtude de apresentarem características próprias. A individualização destas áreas resulta da
variação do preço do solo, o qual, por seu lado, depende da acessibilidade.
O preço do terreno é tanto maior quanto menor for a distância ao centro, uma vez que á aí
que se cruzam os eixos de comunicação, constituindo a área de maior acessibilidade no
interior do espaço urbano e, por isso, mais atractiva para muitas actividades do sector
terciário que aí tendem a instalar-se. Da concentração de actividades resulta uma forte
competição pelo espaço, verificando-se uma procura superior à oferta, criam-se as
condições para a especulação imobiliária com a subida dos preços do solo.
À medida que aumenta a distância ao centro, a acessibilidade diminui, decrescendo a
procura do solo pelas actividades terciárias e consequentemente o seu preço. Outras

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actividades se vão instalando, nomeadamente as que se encontram ligadas á indústria e
à função residencial.
Apesar da distância ao centro, outros factores podem condicionar a ocupação do solo,
existindo áreas, que apesar de muito afastadas do centro, podem ser objecto de grande
procura, existindo-se à subida do preço dos terrenos. Como causas dessa situação pode-se
apontar a proximidade de boas vias de comunicação, a existência de um bom serviço de
transportes públicos, um meio ambientalmente bem conservado, entre outras.

As áreas terciárias
CBD (Central Business District) – Esta área, mais vulgarmente designada entre nós por Baixa
ou Centro, caracteriza-se por uma elevado grau de acessibilidade, uma vez que aí
convergem os transportes públicos. Muita atractiva para numerosas actividades do
sector terciário cuja rentabilidade depende da existência de clientela numerosa.
O CBD é considerado o centro financeiro da cidade, uma vez que aí se concentram
grande número de sedes bancárias, de companhias de seguros, de escritórios das
grandes empresas e comércio grossista e a retalho, geralmente muito especializado e
também a localização de restaurantes, hotéis e salas de espectáculos. Muitas actividades
administrativas e escritórios de profissões liberais encontram aí uma área preferencial
para se localizarem.
A procura destas áreas faz com que o solo se revele escasso, dificuldade que é ultrapassada,
em parte, pela construção em altura, um dos aspectos mais característicos das áreas
mais centrais das cidades.
Nesta área, a distribuição das actividades apresenta-se diferenciada, quer no plano vertical
quer no plano horizontal. No plano vertical é vulgar observar-se a ocupação dos pisos
térreos pelo comércio destinando-se os últimos pisos à residência e os pisos intermédios a
escritórios e armazéns.
A análise da organização do plano horizontal revela a existência de áreas de forte
especialização no interior do CBD: destacam-se o centro financeiro, a área de comércio a
retalho, a área de comércio grossista, a área de hotéis e restauração.
Em muitas cidades tem-se assistido à descentralização de muitas actividades terciárias do
centro para outras áreas da cidade, pela crescente falta do espaço, agravada pelos
valores excessivos dos preços dos terrenos, como pelo congestionamento do tráfego
urbano, cuja intensidade se vai traduzindo em crescentes dificuldades de deslocação e
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de estacionamento. Esta tendência é reforçada pelo aumento da acessibilidade a
outras áreas da cidade, associada à construção de novas vias de comunicação e a
sistemas de transportes públicos mais eficazes. Nos últimos anos, em Portugal, em
muitas cidades, a construção de hipermercados e de gigantescos centros comerciais
nas áreas periféricas, que se constituem como uma alternativa comercial ao centro e são
responsáveis pelo declínio deste.
As áreas centrais de algumas cidades caracterizam-se, actualmente, por um progressivo
despovoamento, resultado da perda da função residencial. Durante muito tempo considerada
uma área residencial por excelência, observa-se hoje o abandono pelos moradores,
principalmente os mais jovens, que procuram na periferia habitações com mais espaço, mais
modernas e inseridas em meios ambientalmente mais agradáveis e a preços
convidativos.
Esta tendência é reforçada pela evolução das vias de comunicação, pela
modernização e desenvolvimento dos sistemas de transportes públicos e pela
capacidade de aquisição de veículos particulares que, no seu conjunto, permitem
aumentar a distância entre o local de trabalho e o local de residência. Deste modo, os
residentes de áreas centrais que ainda resistem são os mais idosos e os grupos sociais de
fracos recursos económicos. As habitações destacam-se, na sua maioria, por uma
degradação generalizada e pela consequente falta de condições de habitabilidade e até de
segurança.
Outro aspecto característico do CBD é a flutuação de população ao longo das 24 horas do
dia, que se traduz num trânsito intensíssimo de peões e veículos durante o dia e o
despovoamento durante a noite.
Assiste-se a novos fenómenos ao nível da animação cultural e nocturna nas grandes
cidades, com novos restaurantes, cafés, bares, lojas e galerias de arte, que têm atraído
para o centro populacional jovens, contribuindo para o seu dinamismo e ajudando a
combater o crescente abandono.

As áreas residenciais
A função residencial encontra-se disseminada por todo o espaço urbano. A análise da
distribuição e organização das áreas residências revela a existência de fortes contrastes, que
evidenciam a classe socioeconómica dos seus residentes. O preço do solo, o
desenvolvimento dos transportes públicos, as características ambientais é os factores que
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contribuem para a individualização de áreas residenciais diferenciais.
As classes sociais de rendimentos mais elevados escolhem como área de residência as
zonas mais aprazíveis da cidade, pouco poluídas, com espaços verdes e de lazer, bem
servidas por boas vias de comunicação onde os preços do solo atingem, em média, valores
elevados. As residências podem inserir-se em bairros de moradias unifamiliares ou em
edifícios de vários andares. Têm em conjunto um aspecto arquitectónico mais ou
menos cuidado, materiais de construção de boa qualidade, superfícies amplas. O comércio
que serve estas áreas é geralmente pouco concentrado e, frequentemente, de luxo.
A classe média ocupa a maior parte do espaço urbano e as áreas residenciais apresentam
aspectos muito diversificados. Os blocos de habitação plurifamiliares apresentam uma
certa uniformidade do ponto de vista arquitectónico e materiais de construção de menor
qualidade. Localizam-se em áreas bem servidas de transportes, com equipamentos sociais
diversificados (escolas, centros de saúde, por exemplo) e algum comércio de proximidade.
Assiste-se, assim, à crescente expansão das áreas residenciais da classe média para a
periferia, principalmente por famílias jovens.
As residências da população mais carenciada, ocupam regra geral, os espaços mais
degradados e insalubres das cidades. As habitações são, em muitos casos, de construção
ilegais, pelo que não dispõem de infra-estruturas e equipamentos não oferecendo
condições de habitabilidade condignas. Estão neste caso os “bairros de lata”, onde a
maior parte da população vive abaixo do limiar da pobreza, em construções precárias.
Também na área central das cidades, abandonada pelos moradores mais jovens e abastados,
reside uma população de fracos recursos económicos em condições degradadas.
Os bairros de habitação social construídas pelo Estado destinam-se a acolherem as
classes de menos recursos, muitas vezes com o objectivo de realojar população afectada
por calamidades ou no âmbito de programas que têm em vista a erradicação de “barracas”.
De construção económica e simples, muito semelhantes entre si, localizam-se, por vezes,
em áreas de fraca acessibilidade, caracterizando-se pela falta de qualidade dos materiais de
construção, pela pequena dimensão da área de habitação e por deficiências ao nível das
infra-estruturas.

A implantação da indústria
O espaço urbano constituiu uma área de localização preferencialmente para numerosas
indústrias, o que se justificava pela abundância de mão-de-obra, infra- estruturas,
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equipamentos e serviços de apoio à produção que aí se encontravam. A exigência das
indústrias modernas em espaços cada vez mais vastos, associada à sua crescente escassez
no interior das cidades, à poluição provocada por muitas delas e às dificuldades do trânsito
urbano, actuou como factor repulsivo, obrigando à sua deslocação para a periferia das
aglomerações. A sua implantação faz-se em espaços previamente destinados para esse
efeito, isto é, em parques industriais. No interior das cidades subsistem indústrias não
poluentes, pouco exigentes em espaço, consumidores de matéria-prima pouco volumoso
e que, para subsistirem, necessitam de estar próximos da clientela, em lugares de grande
acessibilidade, como por exemplo as indústrias de confecção, de artes gráficas e de
panificação.

1.7.2 A EXPANSÃO URBANA


O crescimento da taxa de urbanização em Portugal, é significativo a partir da década de 80
e vai reflectir-se numa nova organização do espaço, é imposta pela afirmação de novos
modelos de comércio e por meios de transporte mais rápidos e eficazes que servem um
território urbano fortemente expandido.
O crescimento das cidades caracteriza-se, numa primeira fase por fase centrípeta,
pela concentração de população e das actividades económicas no seu interior. Esta
situação vai conduzir à alteração das condições de vida urbana, que se traduz, quase
sempre, na diminuição da qualidade de vida. A falta de habitação, a poluição sonora e
atmosférica, a insuficiência dos espaços verdes e de lazer e o aumento do trânsito são
exemplos que a população se passa a debater-se e que estão na origem de um movimento de
sentido contrário. Assiste-se, então, à deslocação da população da população e das
actividades económica para a periferia das aglomerações urbanas. Este movimento
corresponde à fase centrífuga do crescimento das cidades, ou sejam à fase de
desconcentração urbana.

1.7.3 OS SUBÚRBIOS E AS ÁREAS PERIFÉRICAS


O espaço da periferia vai sendo ocupado de uma forma tentacular, a expansão faz-se ao
longo das vias de comunicação, urbanizando-se progressivamente, segundo um processo a
que se dá o nome de suburbanização.
A deslocação da população e das actividades económicas resulta da conjugação de vários
factores, nomeadamente do desenvolvimento dos transportes públicos suburbanos e
do aumento do número do aumento de automóveis particulares, responsável pela maior
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mobilidade da população, tornando possível a separação entre o local de trabalho e o local
de residência. Aponta-se a maior disponibilidade de terrenos na periferia e o menor valor
do solo, como importantes factores de atracção para a instalação de actividades económicas
exigentes em espaço, assim como para a aquisição de habitação.
O crescimento dos subúrbios traduz-se em problemas económicos e sociais e na diminuição da
qualidade de vida da população, podendo-se salientar: crescimento muito rápido e desordenado, que
não é acompanhado pela construção, ao mesmo ritmo, de infra-estruturas e equipamentos;
intensificação dos movimentos pendulares com todas as consequências negativas daí resultantes
(aumento do consumo de energia, da poluição e desperdício de tempo); destruição de solos com boa
aptidão agrícola; aumento da construção clandestina, realizada à margem dos processos de
planeamento.

Os subúrbios, cujo crescimento inicial resultou da função residência, começaram a


desenvolver-se à custa da implantação de um leque cada vez mais variado de
actividades económicas, tendo em vista a responder às necessidades de uma população
residente dia a dia mais numerosa.

Muitos aglomerados suburbanos, antigos povoados rurais, vão-se expandido e ganhando


vida própria. A construção de modernas vias de comunicação, a ligar os vários centros
urbanos dos subúrbios, entre si e ao centro principal e o aumento da taxa de motorização,
faz crescer as relações de complementaridade entre eles. No caso português, este
processo de crescimento urbano é marcado, também, pela aquisição de casa própria,
que tem alimentado um processo de metropolização policêntrico.
Nalguns casos mais recentes, o planeamento cuidado que tem orientado o crescimento
de alguns subúrbios, conjugado com boas acessibilidades, com qualidade ambiental e com
oferta de serviços diversificados criou novas centralidades com elevado poder atractivo,
promovendo a competição com a cidade principal, através de fixação da população
residente pertencente a classes economicamente mais privilegiadas.
Esta nova realidade conduz à ruptura com a imagem de subúrbios caracterizados pelos
caos urbanístico, pela função quase exclusiva de “dormitório”, pela insuficiência de
residentes pertencentes a classes económicas de menores recursos.
O crescimento das cidades para além dos seus limites torna cada vez mais difícil estabelecer
fronteiras do espaço urbano e do rural, podendo observar-se, para além da cintura formada
pelos subúrbios, áreas onde actividades e estruturas urbanas se desenvolvem, misturando-
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se com outras de carácter rural, processo conhecido pela designação de
periurbanização.
Estes espaços caracterizam-se pelo declínio do espaço agrícola, pela progressiva fragmentação
da propriedade agrícola, pela implantação de actividades ligadas à indústria, pela ocupação difusa
do espaço pelas construções, pelo incremento de actividades ligadas ao comércio e aos
serviços, pelas baixas densidades de ocupação do espaço.

Neles se esbatem os limites entre a cidade e o campo, entre o modo de vida urbano e o
modo de vida rural.

A rurbanização
Nos países mais desenvolvidos assiste-se a uma nova forma de expansão urbana.,
abrangendo áreas mais vastas, conhecida por rurbanização. Trata-se de uma forma de
progressão urbana mais difusa que, invadindo os meios rurais, não se traduz, contudo, na
urbanização contínua do espaço. Constitui uma nova tendência de deslocação da
população urbana para os espaços rurais, em busca de condições de vida com mais
qualidade do que as que encontra nas cidades e nos subúrbios. Reflecte-se em
alterações significativas de aspectos sociais e culturais que caracterizam os meios
rurais.
As áreas Metropolitanas
A deslocação da população e das actividades económicas para os espaços periféricos
das cidades tem conduzido ao processo de suburbanização, assistindo-se ao crescimento de
alguns aglomerados que acabam, assim, por se expandir e adquirir alguma dinâmica própria.
Decorrendo deste processo continuado, formam-se as Áreas Metropolitanas que constituem
amplas áreas urbanizadas, englobando uma grande cidade, que exerce um efeito
polarizador sobre as restantes aglomerações urbanas. Neste espaço desenvolve-se um
complexo sistema de inter-relações entre a cidade principal e as cidades envolventes
que, por sua vez, também se encontram interligadas.
As cidades e os centros urbanos das Áreas Metropolitanas formam um sistema
policênctrico, ligado por relações de complementaridade, que reforçam a coesão do
território e promovem maior eficácia de funcionamento e dinamismo económico.
As Áreas Metropolitanas detêm um elevado potencial polarizador do território, uma
vez que o seu dinamismo económico atrai população e emprego. O dinamismo funcional e

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territorial assenta numa densa rede de transportes multimodal, onde se concretizam
intensos fluxos de pessoas e bens, quer inter, quer intra- urbanos, motivados, para
além do trabalho, por razões ligadas ao ensino, á cultura ou ao desporto, entre outras e
cada vez mais assumem maior importância. Os movimentos pendulares constituem um
dos aspectos relevantes desses fluxos que atingem o seu auge nas horas de ponta e que
traduzem uma urbanização territorial nova, em que não se verifica coincidência entre o
local de residência e o local de trabalho.

A expansão dos subúrbios traduz-se na perda demográfica das áreas mais centrais da
cidade principal. A deslocação da população para os subúrbios é acompanhada pela
descentralização das actividades ligadas ao sector secundário e terciário, que vão
reforçar o dinamismo dos centros periféricos e criar novas centralidades.

No nosso país, o processo de suburbanização tem sido particularmente nas cidades do


litoral, com especial destaque para Lisboa e Porto, dando origem à formação das Áreas
Metropolitanas de Lisboa e Porto. Estas duas áreas fortemente industrializadas, registam
uma grande concentração de actividades do sector terciário, assim como de população, pelo
que exercem uma intensa acção polarizadora no território nacional.

As Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto


As Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto foram criadas
administrativamente em 1991 e em 2003 foram
reorganizadas através da Lei nº. 10/2003, passando a ser
designadas por Grandes Áreas Metropolitanas (GAM).
Com base neste novo diploma, solicitaram adesão à
GAM do Porto mais cinco municípios: Arouca, Santa
Maria da Feira, Santo Tirso, São João da Madeira e
Trofa, e em 2008, Oliveira de Azeméis e Vale de
Cambra, passando a Grande Área Metropolitana do
Porto a ser construída por 16 municípios.

Na GAM do Porto concentra-se cerca de 15% da população portuguesa


(aproximadamente 1,5 milhões de habitantes). Tal como acontece na GAM de Lisboa,
também o concelho do Porto tem registado uma diminuição da população residente,

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enquanto os concelhos periféricos se assiste ao acréscimo.
A área Metropolitana do Porto apresenta-se como uma região relativamente jovem, com
um saldo natural superior á média nacional e europeia e com uma proporção de idosos
inferior à média registada nesses dois espaços de referência. O tecido empresarial assenta
em actividades do sector terciário, embora a proporção de mão-de-obra empregue na
indústria registe uma percentagem bastante elevada. A população na Área Metropolitana
do Porto representa níveis de escolaridade relativamente baixos, quando comparados
com o padrão europeu, o que concorre, entre outros factores, nomeadamente ao que diz
respeito à especialização produtiva de região, para explicar o baixo valor do PIB per
capita.
Predominam as indústrias de bens de consumo, sendo de realçar a presença dominante
dos ramos mais tradicionais da indústria portuguesa, nomeadamente a indústria têxtil, de
confecção, de calçado e de mobiliário. Proliferam as empresas de grande dimensão, onde
as tecnologias mais inovadoras têm vindo a penetrar lentamente. As unidades industriais
tendem-se a dispersar-se pela área metropolitana, intercalando-se com os espaços
agrícolas, observando-se cada vez mais uma localização orientada pelos principais
eixos de circulação.
Nos últimos anos assistiu-se a um incremento dos serviços ligados ao ensino superior e à
investigação científica. Ao nível do turismo tem existido iniciativas no sentido de dar mais
visibilidade ao Porto e sua região, tendo como referência o seu património arquitectónico e
cultural.
A distribuição da população nesta área tem registado
grandes alterações nos últimos anos sublinhando-se a
perda da população residente no concelho de Lisboa e
o aumento em concelhos periféricos. Causa desta
desconcentração, aponta-se a crescente
terciarização das actividades do concelho de
Lisboa, que se associa aoaumento do preço do
solo, dificultando a aquisição de habitação, ao
aumento do trânsito urbano e á degradação
ambiental.
O concelho de Lisboa é o que exerce maior poder de atracção sobre os trabalhadores
residentes noutros concelhos, o que se traduz em intensos movimentos pendulares ao longo
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do dia.
Quanto à distribuição dapopulação activa pelos sectores de actividade, o sector terciário é o
que mais mão-de- obra emprega, em parte da função administrativa desempenhada pela
cidade de Lisboa, na qualidade de capital do país, assim como do desenvolvimento ligados ao
sector industrial.
A área Metropolitana de Lisboa constitui a região mais industrializada do país, não só pela
elevada percentagem dos postos de trabalho ligados a essa actividade, como pela
contribuição em termos de PIB. A indústria caracteriza-se por uma diversificação
produtiva, assim como pela forte concentração de indústrias de bens e equipamentos,
dominam indústrias de capital intensivo, que utilizam mão-de-obra muito qualificada e
corresponde à região onde se verifica a maior dimensão de empresas, as quais se
tendem a concentrar-se nos concelhos na periferia de Lisboa, uma vez que o processo de
implantação foi orientado pela construção dos grandes eixos de circulação rodoviária e
ferroviária.

1.7.4 PROBLEMAS URBANOS


As questões urbanísticas e ambientais

O intenso crescimento urbano que caracterizou a última década, realizado muitas vezes
de uma forma caótica tem-se traduzido na expansão de um espaço com problemas
económicos e sociais, nomeadamente ligados à habitação, ao desemprego – que conduz à
exclusão social -, à degradação ambiental, ao trânsito cada vez mais intenso e aos
problemas levantados pela produção e armazenamento de lixos.
A especulação imobiliária tem constituído um obstáculo ao acesso à habitação, traduzindo-se
num dos problemas que mais afectam as cidades portuguesas, especialmente Lisboa e
Porto. As áreas mais antigas caracterizam-se pela presença de edifícios de habitação
extremamente degradados, onde reside uma população maioritariamente envelhecida e
de fracos recursos. A sobrelotação das habitações destas áreas, hoje, cada vez mais um
problema ultrapassado, devido ao despovoamento verificado.
Os “bairros de lata” são outro problema habitacional das cidades. Localizados em áreas
geralmente insalubres (doentias), neles se aglomeram construções precárias que não
dispõem de infra-estruturas essenciais (água, luz, saneamento) e albergam grupos
carenciados e economicamente, muitas vezes imigrantes pertencentes a grupos étnicos
minoritários. As “habitações” são partilhadas agregados numerosos que vivem em situação de
promiscuidade. Constituem espaços muito fechados e não raras vezes focos de
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criminalidade com venda e consumo de droga, prostituição e furto, entre outros.
Há ainda a considerar o caso dos sem-abrigo, aqueles que não dispõem de tecto para se
abrigarem, fazendo da rua sua
verdadeira casa.
O número dos que vivem debaixo do limiar de pobreza
cresce a um ritmo preocupante nas principais cidades
portuguesas, tal como acontece nas outras cidades
europeias. Os grupos mais
atingidos são o dos imigrantes, muitos deles em situação de clandestinidade, o dos
desempregados ou situação de emprego precário, o dos idosos com pensões de
reformas claramente insuficientes e o das minorias étnicas. O dramatismo de algumas destas
situações é por vezes reforçado pela toxicodependência, que aumenta as situações de
mendicidade e incentiva ao tráfico de droga e à criminalidade. O aumento do tráfego
automóvel, especialmente durante as horas de ponta, traduz-se em congestionamentos que
aumentam o tempo de deslocação, a poluição sonora e atmosférica e que conduzem a
estados de grande ansiedade, contribuindo para a diminuição da qualidade de vida e do
bem-estar da população.
Outro problema em que se debatem as cidades e que afecta a qualidade de vida da
população é a crescente produção de resíduos sólidos que, devido à melhoria do nível de
vida da população, resultam do aumento do consumo. Todo o processo de recolha,
tratamento e deposição de resíduos assenta em infra-estruturas que se revelam ainda
mal dimensionadas para dar resposta às necessidades actuais da população.
Idêntica situação se passa com as águas residuais que são, em alguns casos, directamente
escoadas para o mar ou para os rios, sem qualquer tratamento prévio.

As condições de vida urbana


O rápido crescimento de algumas cidades portuguesas, aliado à especulação imobiliária e a
planeamento pouco eficaz, tem conduzido ao aparecimento de espaços sem qualidade
estética, funcional e social. Constituem autênticas florestas de cimento, onde a
população vive isolada, em completo anonimato, rodeada de centenas de vizinhos, num
espaço incaracterístico e desumanizado. A deterioração das condições de vida urbana
reflecte-se na diminuição do bem-estar e de qualidade de vida dos cidadãos. As cidades
deixaram de ser lugares atractivos para residir e para trabalhar. É urgente inverter este
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processo através da implantação de medidas que tenham em vista um desenvolvimento
mais harmonioso, a preservação do património e a recuperação e revitalização das áreas
mais desqualificadas.
Torna-se imprescindível implementar processos de planeamento territorial que, de forma
eficaz, ajudem à construção de um território ordenado, tendo em vista o seu
desenvolvimento e, simultaneamente, o bem-estar de população.
Para o crescimento mais harmonioso e sustentado das cidades portuguesas muito tem contribuído
a implementação dos PMOT (Planos Municipais de Ordenamento do Território) que variam não
só segundo a área de intervenção, mas sobretudo segundo a escala de intervenção. São eles o
PDM (Plano Director Municipal), o PU (Plano de Urbanização) e o PP (Plano de Pormenor). Os
PDM incidem a sua aplicação ao nível local, isto é, ao nível concelhio, que é promovida pela autarquia.

Com o objectivo de adequar a cidade às novas concepções de vida urbana e manter a


dinâmica das áreas urbanas consolidadas, tem sido incrementadas várias acções de
recuperação e revitalização.
Reabilitação urbana – consiste no melhoramento das condições dos edifícios e dos espaços
públicos, verificando-se no entanto a manutenção das funções existentes, assim como o
estatuto socioeconómico dos moradores. Com este processo pretende- se salvaguardar
determinadas áreas da cidade, através da conservação do património edificado, e também
através da revitalização do seu tecido económico e social, tornando-as áreas mais
atractivas.
A reabilitação urbana tem sido apoiada por vários programas,
entre os quais se destaca o PRAUD (Programa de
Recuperação de Áreas Urbanas Degradadas), que é
implementado em colaboração com as autarquias.

Requalificação urbana – processo que consiste na adaptação


da estrutura física dos imóveis ou de uma área urbana, sem
alterações significativas, a um uso diferente daquele para
que foi inicialmente concebido.
É neste contexto que surge o programa Polis (Programa Nacional de Requalificação
Urbana e Valorização Ambiental das Cidades). O polis tem como objectivo melhorar a
qualidade de vida nas cidades, através de intervenções nas vertentes urbanística e
ambiental, com o fim aumentar a atractividade e a competitividade de pólos urbanos com
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papel relevante no sistema urbano nacional. Renovação urbana – tem como objectivo a
substituição das estruturas existentes, através da demolição e da construção de novos
imóveis e infra-estruturas. Implica alterações da morfologia urbana, do uso do solo e da
estrutura socioeconómica dos residentes.

Parque nas Nações, Lisboa

O aumento da pobreza tem sido fonte de preocupação, procurando-se a resolução


deste problema social através da implementação do programa “Luta contra a Pobreza” que
envolve a dinamização de acções relacionadas com a formação profissional, a inserção
social e a criação de emprego, com o intuito de promover a integração social dos
cidadãos em causa.
Numa tentativa de dar resposta aos problemas decorrentes do trânsito dia a dia mais
intenso, têm vindo a ser implementadas medidas com o objectivo de os debelar. Como
por exemplo a transformação de algumas ruas em zonas estritamente vocacionadas para a
circulação de peões, o desenvolvimento dos transportes públicos tendo em vista torná-los
mais atractivos face à utilização do transporte particular, limitação do estacionamento em
algumas ruas, construção de cinturas rodoviárias na periferia das aglomerações, túneis e
viadutos.

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1.8 A REDE URBANA E AS NOVAS RELAÇÕES CIDADE – CAMPO

1.8.1 AS CARACTERÍSTICAS DA REDE URBANA

As aglomerações urbanas no território

O crescimento urbano iniciado em Portugal nas últimas décadas não pára de aumentar a
um ritmo muito significativo.
Os centros urbanos continuam a atrair população, oferecendo emprego e melhores
condições de vida. As áreas rurais do interior continuam-se a despovoar-se, a registar um
envelhecimento demográfico acentuado e a perder dinamismo, aprofundando-se os
contrastes com o litoral, onde os centros urbanos e cidades crescem em população e
número.
A figura 1 mostra a distribuição das cidades
portuguesas, pondo em evidência as assimetrias
regionais no nosso país ao nível da localização
destes aglomerados. Existem um maior número de
cidades junto ao litoral, especialmente na
proximidade do Porto e de Lisboa, já o interior do
país apresenta um número de cidades inferior ao
litoral e algumas delas com dimensões
populacionais reduzidas. Estas disparidades que
se observam entre o sul e o norte do país,
refletem contrastes de redes de acessibilidades e
transportes.
Tal como no Continente, nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira os principais
aglomerados populacionais se localizam junto ao litoral, próximo dos portos marítimos, elos
fundamentais na ligação ao exterior. O carácter acidentado do relevo das ilhas, que se
reflecte em dificuldades acrescidas nos transportes, nas comunicações, assim como em
solos mais pobres e difíceis de trabalhar, não incentiva à fixação da população no interior.

1.8.2 AS PARCERIAS ENTRE CIDADES E O MUNDO RURAL


As complementaridades funcionais/ as estratégias de cooperação

Área de Comp. Chave: Sociedade, Tecnologia e Ciência UFCD: STC 6 – Urbanismo e Mobilidade Formador: Carlos Duarte Louçano Moura Pires Página:28de29
O espaço urbano e o espaço rural são indissociáveis, já que se organizam e estruturam o território
através do estabelecimento de um conjunto de relações de complementaridade funcional.

As relações de complementaridade sempre existiram, a par da evolução social, tecnológica,


económica que foi marcada a sociedade, alterações ao nível da forma como as ligações
se estabelecem, assim como dos seus efeitos.
A cidade sempre foi procurada pela população rural como local de comércio por
excelência e de concentração de serviços altamente especializados na área da saúde, da
educação ou da justiça, ou ainda como pólo de difusão cultural e de oferta de trabalho.
As áreas rurais sempre foram fundamentais para a dinâmica urbana como áreas produtoras de
bens alimentares como reserva de mão-de-obra.

Com a evolução verificada ao nível dos meios de transporte e com os melhoramentos


das respectivas redes, as relações entre estes dois espaços têm-se intensificado,
principalmente as que se estabelecem entre as áreas urbanas e as áreas rurais mais próximas.
A intensidade das relações vai-se estabelecendo com a distância, com o afastamento das
áreas rurais ditas “marginais”, por dificuldades que, apesar de todos os progressos ainda se
manifestam ao nível das acessibilidades.
As áreas rurais são procuradas também pela paisagem, como espaço de lazer, de habitação
e, pelas oportunidades de emprego que gera, ao nível de vários serviços e até de alguma
indústria.
O crescimento harmonioso do país passa pela redução das disparidades internas e
estas pelo desenvolvimento das áreas rurais, que se desejam mais equilibradas e infra-
estruturadas, de forma a oferecer à população residente condições de vida mais atractivas e
com mais qualidade. É fundamental promover a implantação de serviços e potencializar os
recursos endógenos, de modo a aumentar a dinâmica económica desses espaços.

A valorização das áreas rurais, a diminuição das assimetrias e o desenvolvimento do


país, assentam numa articulação eficiente entre políticas de ordenamento do território e
de conservação da natureza, de desenvolvimento rural, de desenvolvimento regional e de
desenvolvimento urbano.
Nas grandes cidades tem-se assistido ao longo dos anos, à realização de feiras de produtos
biológicos e à abertura de lojas da especialidade.

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