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Conhecimento e fé

"Não esqueças as coisas que os teus olhos viram e para que não saiam do teu coração
todos os dias da tua vida; e as farás conhecer aos teus filhos e aos filhos de teus filhos –
no dia em que estiveste diante do Eterno, teu D'us, em Horeb, quando o Eterno me
disse: 'Junta-me o povo e o farei ouvir as Minhas palavras, para aprender a temer-Me
todos os dias em que viver na terra, e para que as ensinem a seus filhos'".
(Deuteronômio 4:9-10)

Edição 83 - Abril de 2014

A história que leremos, a seguir, versa sobre Rabi Levi-Yitzhak de Berditchev, um dos
maiores mestres do Movimento Chassídico. Logo após seu casamento, ele pediu
permissão ao sogro para viajar a Mezeritch, onde queria estudar com o líder dos
Chassidim, o Rabi Dov Ber, conhecido como o Grande Maguid, o Grande Pregador. O
sogro negou-lhe a permissão, mas o Rabi Levi-Yitzhak insistiu e perturbou-o até que ele
cedeu, dando-lhe permissão de passar seis meses estudando em Mezeritch.

Rabi Levi-Yitzhak viaja, então, para estudar com o Grande Maguid. Ao voltar para
casa, decorridos os seis meses, o sogro o recebe com um sorriso zombador. “Diga-me,
Levi, o que foi que aprendeu em Mezeritch? O que aprendeu com aquelas pessoas
estranhas – os Chassidim – que não pudesse ter aprendido aqui?”, perguntou. Rabi Levi-
Yitzhak volta-se para o sogro e diz: “Agora sei que D’us existe”. Seu interlocutor fica
chocado com a resposta. Agora ele sabe que D’us existe? Teria sua filha se casado com
um ateu, um agnóstico?

O sogro chama, a seguir, uma mocinha que trabalhava em sua casa. Aponta para o céu,
a grama, as árvores e pergunta a ela: “Diga-me, como surgiu tudo isso?”. A garota
responde, sem hesitar: “D’us o criou, claro!”. “Você está dizendo que D’us existe?”,
perguntou. “Claro que D’us existe!”, ela disse, olhando-o como se ele tivesse perdido a
razão.

Voltando-se para Rabi Levi-Yitzhak, o sogro diz: “Você está vendo, Levi? Ela não
estudou em Mezeritch. Na verdade, ela nunca frequentou uma Yeshivá aqui na cidade, e
ela sabe que D’us existe”. Rabi Levi Yitzhak volta-se para o sogro e, dessa vez, é ele
quem sorri ao falar: “Você não entende... Ela diz que D’us existe. Eu sei que D’us
existe”…

A Verdade, segundo o Judaísmo

Esse relato representa a própria definição de religião de acordo com o judaísmo. A


religião não consiste em dizer ou acreditar em certos fatos – mas em saber certos fatos.
Segundo o judaísmo, a religião é a busca da Verdade. Religião e Verdade são
sinônimos. D’us e Verdade são sinônimos. A palavra hebraica para Verdade, Emet, é
um dos nomes de D’us, e, como ensina o Talmud, é a própria chancela Divina. A busca
por D’us, portanto, é a busca pela Verdade.
Segundo o Talmud, a grafia em si da palavra Emet define o que realmente constitui a
Verdade. Essa palavra hebraica é formada por três letras: Alef, Mem e Taf. Alef é a
primeira letra do alfabeto hebraico, Mem é a letra do meio e Taf é a última. A grafia de
Emet nos ensina que a Verdade precisa ser consistente: algo só é verdadeiro quando é
consistentemente verdadeiro; quando seu início, seu meio e seu fim são verdadeiros.
Algo que é uma meia-verdade, incoerente ou inconsistente, não é Verdade.

Muitos julgam que a religião e a Verdade são nitidamente opostas. Acreditam que a
religião e o conhecimento são, em geral, contrários – que a religião exige que
substituamos o conhecimento pela fé. O judaísmo rejeita, categoricamente, essa visão.
Proclama que D’us e Sua Torá – que é Sua Vontade e Sabedoria – são a Verdade
Suprema, e que se encontrarmos uma contradição entre a Torá e a Ciência, isso se deve
ao fato de termos uma compreensão errônea de uma das duas – ou de ambas.

Como veremos a seguir, a fé não significa o abandono da razão ou do conhecimento. O


Talmud, espinha dorsal da Lei e tradição Judaicas, é quase inteiramente baseado no
conhecimento e lógica. Rabi Shimon Bar Yochai, o grande místico e autor do Zohar,
obra fundamental da Cabalá, que também foi um dos maiores Sábios do Talmud,
defende a ideia de que há um motivo racional para as leis da Torá. O conceito de
dogma, de fé cega, de aceitação do absurdo e do ilógico, é estranho ao judaísmo. É
verdade que como D’us e Sua Sabedoria são Infinitos, nós, criaturas finitas, jamais O
entenderemos ou a Sua Torá por completo. Isso, no entanto, não significa que não
entendamos nada acerca d’Ele ou de Sua Sabedoria. Fazendo uma analogia: há vários
problemas na Matemática que não foram solucionados. Isso não significa que nada
saibamos sobre essa ciência. Há uma diferença abismal entre não saber tudo e não saber
nada.

Ser humano algum, nem mesmo Moshé Rabenu, pode entender plenamente D’us e Sua
Vontade. Mas isso não significa que a Torá exige aceitação cega. Mesmo suas leis
conhecidas como Chukim, popularmente definidas como as “leis não racionais”, não são
dogmas. As Chukim não são ilógicas: simplesmente requerem um grande cabedal de
conhecimento e sabedoria para serem compreendidas. Por exemplo, algumas pessoas
creem que a proibição de comer carne e leite juntos seja ilógica – algo que pode ser
aceito apenas através da fé. Mas para alguém que estudou o judaísmo em profundidade
e compreende o funcionamento das Sefirot – e o que a carne e o leite representam – as
razões para a proibição de comê-los juntos ficam muito claras. O mesmo se aplica a
todos os mandamentos da Torá. Nada é absurdo ou ilógico, mas algumas leis requerem
muita sabedoria e conhecimento para serem compreendidas.

Qual seria, então, o papel da fé no judaísmo? Sem dúvida, um papel central, mas não da
maneira como o crê a maioria das pessoas. A palavra hebraica para fé, “Emuná” não
significa fé cega – a suspensão da razão e da lógica. Essa palavra origina-se da raiz
“Aman”, que significa basear-se seguramente ou confiar em algo. Segundo a Torá,
Emuná significa acreditar naquilo que é de confiança. O motivo para a fé ter um papel
central no judaísmo é por desempenhar um papel fundamental na vida. Quer o saibamos
ou não, todos os seres humanos – até os mais céticos – utilizam a Emuná. Nós a
empregamos todos os dias, em cada momento de nossa vida, consciente ou
inconscientemente, ativa ou passivamente.
Exercemos uma medida de fé mesmo quando estamos em casa, sem fazer nada: temos
fé que o teto não vá ruir e que o edifício não vá desmoronar-se, apesar de sabermos que
coisas assim acontecem. Exercemos a fé quando viajamos de avião: acreditamos que a
aeronave esteja funcionando adequadamente e que o piloto saiba o que está fazendo,
apesar de não podermos garantir nenhuma das duas situações. Também empregamos a
fé quando lemos o jornal e acreditamos no que lemos, mesmo sabendo que os jornais
são, geralmente, subjetivos e, ocasionalmente, contêm informações erradas. Exercemos
a fé quando acreditamos no que nossos professores e livros de História nos ensinam.

O que sabemos é, em maior ou menor extensão, baseado em Emuná, porque não


podemos ter certeza de nada. Sequer podemos ter certeza de que nosso mundo não é um
mundo da fantasia, uma ilusão, como o creem os místicos orientais. Diante da
inexistência da prova absoluta, temos que fazer uso da Emuná; temos que presumir
muitas coisas e tentar buscar a verdade de forma honesta, o que significa ser
intelectualmente honesto e consistente – sem empregar padrões morais duplos – dois
pesos e duas medidas, ou utilizar argumentos emocionais para tentar silenciar os
racionais.

Conhecimento, Fé e Falácias

Para discutir adequadamente o papel que o conhecimento e a fé desempenham no


judaísmo, é necessário primeiro reconsiderar nossas definições de ambos os conceitos.
A quase totalidade de nosso conhecimento se baseia em dois pontos: a probabilidade e a
fé de que fatos históricos foram corroborados por fontes independentes antes de serem
aceitos como verdadeiros. Quase todo o conhecimento científico se baseia em
probabilidades – há poucos fenômenos, se é que existe algum, que sejam infalíveis.

Consideremos o seguinte cenário: um cassino é acusado de adulterar a roleta, mas se


nega veementemente a admiti-lo. A roleta é dividida em 37 segmentos, numerados de 0
a 36. Suponhamos que tenha girado 1.000 vezes e que sempre pare no mesmo número.
Pode-se concluir daí que houve adulteração? Provavelmente – mas não há certeza.
Estatisticamente, não é impossível que a roleta pare no mesmo número 1.000 vezes
seguidas. Na verdade, pode-se fazer girar a roleta de agora até o infinito, e a mesma
poderia sempre parar no mesmo número sem que estivesse adulterada. As chances de tal
fato acontecer são infinitesimais, mas existem. Se afirmássemos saber que o cassino
havia adulterado a roleta e o considerássemos responsável pela fraude, estaríamos
empregando uma medida de fé – ou seja, apesar de não estarmos absolutamente seguros
do que dizíamos, acreditávamos que a roleta estivesse adulterada em virtude de ser
muito pequena a probabilidade de não o estar.

No entanto, há uma enorme diferença entre algo improvável e algo impossível. Uma
chance em um trilhão não é a mesma coisa que chance zero. No caso da roleta, não há
chance alguma de que pare no número 40, simplesmente porque este não é um de seus
números. Mas sempre há uma chance, por menor que seja, de que alguém possa fazê-la
girar indefinidamente e ela sempre pare no mesmo número.

Como no exemplo acima, quase todo o conhecimento científico é calcado em


probabilidades – em tentativa e erro. Qualquer cientista honesto e competente pode
confirmar que as Ciências se baseiam em teorias – não em leis absolutas. A certeza
absoluta não existe – nem mesmo no reino das “ciências exatas”. Exemplificando: A
Ciência pode mostrar-nos, na teoria e na prática, a razão pela qual alguém que ande
descalço sobre brasas de carvão incandescente queima os pés. Contudo, há pessoas que
andam sobre brasas – o fenômeno religioso praticado em várias regiões do planeta,
chamado de “Andar sobre fogo”– sem queimar nem ferir os pés.

Quando se trata de conhecimento acerca de eventos, como sabemos o que é ou não


verdade? Como sabemos que Hiroshima sofreu um ataque nuclear durante a 2ª Guerra
Mundial e que o Rio de Janeiro nunca foi atacado? Muitos de nós não tínhamos nascido
nessa época; como saber, então, o que realmente aconteceu? Baseamo-nos no
testemunho de terceiros. Quanto maior for a corroboração – quanto mais testemunhas
independentes houver, reduzindo a possibilidade de conluio – mais disposição teremos
para considerar o fato como verdadeiro. Nenhum de nós pode voltar no tempo ou estar
em mais de um lugar ao mesmo tempo. Além do mais, não dispomos dos recursos nem
do tempo para corroborar pessoalmente tudo o que nos conta a imprensa escrita ou
falada. Usamos de boa-fé ao acreditar que as notícias transmitem a verdade porque há
fontes independentes – jornalistas que trabalham em mídias concorrentes – que se
beneficiariam se pudessem desacreditar a concorrência. Mesmo se vivêssemos em um
regime totalitário, com controle da mídia, os oponentes internos ou externos do governo
deixariam vazar a verdade. Um governo pode mentir se assim o quiser, e pode controlar
a imprensa e silenciar a oposição, mas não pode forçar seu povo a acreditar nas
mentiras, nem, muito menos, a transmiti-las a seus filhos. O excelente romance político
de George Orwell, 1984, descreve o quão difícil é, mesmo para a mais brutal das
sociedades totalitárias, fazer lavagem cerebral em todo um povo. Como o disse,
brilhantemente, Abraham Lincoln: “Você pode enganar uma pessoa por muito tempo;
algumas por algum tempo; mas não consegue enganar a todas por todo o tempo”.

Um dia, a verdade vem à tona, especialmente se o assunto diz respeito a muitas pessoas.
Fica relativamente fácil corroborar sua veracidade.

O que hoje é notícia, amanhã é história. Acreditamos que eventos históricos


importantes, que envolveram um grande número de pessoas, realmente ocorreram
porque há muitas testemunhas independentes que poderiam confirmar sua veracidade e
deixar vazar a verdade, no caso de uma deturpação da realidade.

Quando alegamos saber algo, o que estamos realmente dizendo é que a probabilidade
daquilo ser verdade é indubitável, está além de qualquer dúvida. Ser indubitável é o
padrão de evidência exigido para validar uma condenação criminosa. Se alguém é
acusado de ter cometido um crime por uma única testemunha, ele pode alegar que a
testemunha está mentindo. Se houver mais testemunhas, ele pode alegar que estão
conspirando contra ele. Quando são milhares de testemunhas, a probabilidade de
estarem enganadas no que viram ou estarem conspirando, é muito pequena – está
praticamente além de qualquer dúvida.

Mentiras e tramas conspiratórias que envolvam milhões ou mesmo milhares de pessoas


têm vida curta porque é enorme a possibilidade de vazamentos. Pois, como convencer
milhares de pessoas a contar uma mesma história deturpada? Como convencer todas
essas pessoas a nunca contar a verdade a ninguém – a nenhum amigo, nem a seus filhos
ou netos? Os recentes escândalos envolvendo Edward Snowden e a Agência Nacional
de Segurança dos EUA (NSA) evidenciam que basta um indivíduo vazar os segredos
que envolvem um grande número de pessoas. Nas palavras do próprio Snowden: “…
informar ao público o que é feito em seu nome e o que é feito contra eles”.

Quanto maior a mentira, a deturpação ou a conspiração, e quanto mais pessoas


estiverem envolvidas, mais fácil será refutá-la.

Revelação Pública: a Base do Judaísmo

Muitos acreditam, erroneamente, que a fé judaica se baseia no Êxodo do Egito – nas


pragas e na divisão do Mar dos Juncos. Eles talvez argumentem que se esses fenômenos
pudessem ser racionalmente explicados, a veracidade do judaísmo seria questionada.
Trata-se de uma concepção muito errada – não apenas porque a fé judaica ensina que
D’us opera através das leis da natureza que Ele criou – mas porque, no que toca ao
judaísmo, milagres e maravilhas pouco provam. As pragas e a divisão do mar serviram
a um propósito prático – libertar o Povo Judeu do Egito – mas não têm praticamente
influência alguma em nossas crenças.

A Torá nos ensina que a fé judaica não é calcada em milagres. Quando D’us aparece,
pela primeira vez, a Moshé, ordenando-lhe que volte ao Egito e informe ao Povo Judeu
que Ele os libertará da escravidão, Ele lhe diz: “Porque estarei contigo, e isto será para ti
o sinal de que Eu te enviei; depois de haveres tirado o povo do Egito, servireis a D’us
sobre este monte” (Êxodo, 3-12)”. D’us informou a Moshé que o Povo Judeu acreditaria
nele em virtude da revelação que ocorreria “na montanha”, o Monte Sinai, e não por
causa dos milagres e maravilhas que a antecederiam.

Maimônides ensina que a verdadeira fé não pode basear-se em milagres porque sempre
resta uma dúvida persistente de que tivessem sido inventados ou realizados por outro
meio que não a intervenção Divina. Ele ainda explica que isso foi a base do temor de
Moshé de que os judeus não acreditassem nele mesmo se ele realizasse milagres para
provar que D’us o havia indicado como Seu agente. “E eles não me crerão”, Moshé
responde a D’us, “nem ouvirão a minha voz, pois dirão, ‘Não apareceu a você o
Eterno’” (Êxodo, 4:1). Moshé percebeu que nem mesmo a maior das maravilhas poderia
induzir à crença perfeita. Para refutar esse medo, D’us lhe assegurou que a Nação
Judaica vivenciaria uma Revelação Divina no Monte Sinai, removendo-lhes qualquer
dúvida. A fé de Israel em Moshé e em sua profecia não se basearia, então, em fatos
sobrenaturais, mas na experiência coletiva de milhões de pessoas no Monte Sinai, onde
lhes ficaria indiscutivelmente claro que D’us falava com eles (Hil. Yesodei Ha’Torá,
8:2). Os milagres, independentemente de quão numerosos ou assombrosos, não podem
ser fonte de crença para ninguém – não apenas porque seja controvertida a própria
definição do que é um milagre – mas porque não apenas o verdadeiro profeta de D’us
tem a capacidade de realizar atos sobrenaturais. Os feiticeiros do Faraó, que eram
idólatras, conseguiram transformar cajados em serpentes e as águas do Egito em sangue.
O profeta Bilaam, que era o mais malvado e depravado dos seres humanos, era um
profeta tão poderoso quanto Moshé. A capacidade de prever o futuro ou de realizar
milagres – milagres verdadeiros, não ilusões ópticas – prova apenas uma coisa: que
quem os realiza possui um talento muito raro.

De fato, povos de quase todas as religiões realizaram milagres. Se os milagreiros


comprovassem a validade de sua religião, teríamos que acreditar em quase todos elas, o
que seria um absurdo teológico e lógico, pois a maioria delas é mutuamente exclusiva.
Acreditamos no judaísmo não por causa de Moshé, nem das pragas ou da divisão do
mar, mas porque D’us, Ele Próprio, Se revelou perante 600.000 judeus e suas famílias,
no Monte Sinai. A veracidade de um evento público testemunhado por milhões de
pessoas é muito difícil de ser refutada. O judaísmo baseia-se em um evento público que
envolveu uma miríade de pessoas, e não no carisma de um líder, poderes da fala, ou
habilidades sobrenaturais. O judaísmo não se baseia no que seu maior líder vivenciou,
mas no que toda a primeira geração de judeus vivenciou. Nós acreditamos no judaísmo
não por acreditar em Moshé, mas porque acreditamos no testemunho de milhões de
judeus.

O grande astrônomo judeu americano, Carl Sagan, disse certa vez que, “Alegações
extraordinárias exigem evidências extraordinárias”. D’us optou por Se revelar ao Povo
Judeu inteiro porque o testemunho de milhões de pessoas constitui evidência
extraordinária que corrobora uma alegação extraordinária. A palavra de um homem –
independentemente de quão sagrado ou poderoso seja – não constitui evidência
extraordinária. Tampouco o é o testemunho de um pequeno grupo de pessoas. Ainda
que sejam verdadeiras, sempre é possível que estejam enganadas acerca do que viram.
No entanto, é muito difícil que três milhões de pessoas fabriquem uma história ou que
estejam erradas no que viram, ouviram e vivenciaram.

À luz do que vimos acima, podemos entender por que a Torá afirma categoricamente
que somente após a Revelação no Sinai o Povo Judeu acreditaria em Moshé para todo o
sempre. Antes do Sinai, alguém o poderia ter desmistificado como um feiticeiro que
derrotara os feiticeiros do Faraó. Poderia argumentar que as pragas no Egito e mesmo a
divisão do mar foram coincidências: aberrações estatísticas, que, como vimos acima,
não constituem provas absolutas. Mas quando milhões de pessoas viram-se diante de
D’us, não houve mais lugar para especulação ou para análise de probabilidades
estatísticas. Mesmo os inimigos e adversários de Moshé, inclusive seu primo Korach,
que tentou organizar um golpe de estado, não puderam negar nem questionar a
veracidade da Revelação Divina no Sinai.

Fosse a Torá um livro de mitos ou uma combinação de realidade e ficção, poderíamos


talvez argumentar que a Revelação Divina no Sinai fosse um de seus relatos ficcionais.
Mas os judeus sempre insistiram que os eventos relatados nos Cinco Livros da Torá
devem ser levados ao pé da letra. Portanto, há apenas duas possibilidades reais do que
possa ter acontecido no Sinai: ou foi uma Revelação Divina, como relata a Torá, ou
uma conspiração de massa, envolvendo milhões de pessoas que fabricaram uma
história, ou, no mínimo, concordaram em levar avante essa mentira, evitando, de
alguma forma, que a verdade viesse à tona. Nenhuma dessas pessoas nem nenhum de
seus filhos escreveu seu relato pessoal, contradizendo a Torá. Até mesmo os inimigos
de Moshé, mesmo aqueles que adoraram o bezerro de ouro, nunca tiveram a audácia de
negar a veracidade da Revelação Divina no Sinai.

É muito difícil de crer que milhões de judeus tenham inventado a história da Revelação
ou concordado em respeitá-la, sabendo que era uma falácia. É ainda mais difícil de
acreditar que, fosse uma invenção, ninguém a tivesse desmascarado e revelado a
verdade. Contudo, de fato não há prova absoluta que corrobore esta extraordinária
alegação – assim como não há prova absoluta de nada. Pode-se sempre conjecturar que
talvez o Povo Judeu tenha imaginado ou sonhado sobre a Revelação. Talvez tenham
inventado a história e convencido outros milhões de pessoas, judeus ou não, sobre sua
veracidade. Tudo é possível: às vezes, mesmo as mais improváveis teorias
conspiratórias são comprovadas. É aí que entra em cena a Emuná – a fé verdadeira:
quando optamos por acreditar porque há evidência suficiente para fazê-lo, ainda que não
haja certeza absoluta.

A Emuná que o judaísmo espera dos judeus é a mesma exigida pelos outros campos do
conhecimento. Como o pilar do judaísmo foi um evento público que envolveu milhões
de pessoas, trata-se de verdade histórica, não de fé cega. Isso significa que acreditar na
Revelação Divina no Sinai e, portanto, na verdade do judaísmo, não é um ato de
credulidade, mas sim de Emuná. A verdadeira fé, do tipo que o judaísmo espera de
cada um dos judeus, é uma ponte pequena que liga a probabilidade à certeza.
Precisamos da mesma porque, na verdade, não podemos ter 100% de certeza sobre
nada.

Como na história sobre o Rabi Levi-Yitzhak de Berditchev, há uma diferença abismal


entre dizer que D’us existe e saber que Ele existe. O judaísmo não exige fé cega, mas
não é justo exigir mais corroboração da Torá do que da História ou das Ciências.

O judaísmo é a busca da Verdade, e por isso se iniciou da forma em que tudo ocorreu:
para que nossa conexão com D’us e Sua Torá não fossem produto da fé cega. D’us
poderia ter-Se revelado apenas a Moshé Rabenu e aos judeus que mais o merecessem,
mas Ele optou por revelar-Se a todos, desde o mais simples deles. Era a única maneira
de assegurar que nossa fé em D’us e em Sua Torá não fossem calcadas nos
ensinamentos de um indivíduo ou de um grupo de pessoas. Consequentemente, nós,
judeus, não acreditamos em D’us por acreditar em Moshé, mas sim, acreditamos em
Moshé por acreditar em D’us.

A festa de Shavuot celebra a Revelação Divina no Sinai e a transmissão dos Dez


Mandamentos, que são o núcleo dos 613 mandamentos da Torá. Shavuot é o momento
propício do ano para que todos os judeus fortaleçam sua conexão com D’us e Sua Torá,
não por fé cega ou convenção social, mas porque há evidências avassaladoras que
atestam a veracidade do evento mais extraordinário da História, ocorrido 50 dias após a
libertação de nosso povo do Egito.

Bibliografia:
Rabi Dr. Schochet, Jacob Immanuel, Epistemological Methodology in the Study
of Religion - www.torahcafe.com

Rabi Dr. Schochet, Jacob Immanuel,


What is Faith? - www.torahcafe.com

Rabi Dr. Schochet, Jacob Immanuel,


Did G-d really write the Torah?
www.torahcafe.com

The Stone Chumash - The Torah, Haftaros, and Five Megillos with a commentary from
Rabbinic writings, Editada por Rabi Nosson Scherman, ed. Artscroll Mesorah

http://www.morasha.com.br/shavout/conhecimento-e-fe.html

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