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TURBULÊNCIAS AFETIVAS NA SOCIEDADE DE CONTROLE

Sonia Regina Vargas Mansano


(Psicologia – Universidade Estadual de Londrina)

Palavras-chave: controle; subjetividade; resistência.

Um simples passeio pelas ruas centrais de uma cidade qualquer pode servir para
observar o quanto estamos rodeados por dispositivos de controle os mais variados.
Alguns deles, visivelmente dirigidos para a segurança pública, são facilmente
identificados como os controladores de velocidade, as câmeras de vigilância que nos
convidam a sorrir ou mesmo a presença ostensiva de policiais ou seguranças contratados
pela iniciativa privada. Outros dispositivos são menos óbvios como as campanhas de
incentivo aos cuidados com a saúde ou os ensaios publicitários que convocam a
população às diferentes formas de consumo, pretendendo, com isso, monitorar e
controlar seus hábitos e suas preferências.
A emergência histórica desses dispositivos foi estudada pelos filósofos Michel
Foucault e Gilles Deleuze. Este último, recorrendo a William Burroughs, denominou
essa organização social como “Sociedade de Controle” que, desde o final da Segunda
Guerra Mundial, vem sendo sistematicamente construída, contando com a participação
efetiva da população (Deleuze, 1992).
É atentando para essa paisagem social e subjetiva transformada que este estudo
toma forma. Afinal: qual política de subjetivação está em vias de ser abandonada e qual
vem sendo sistematicamente construída em nosso tempo histórico?
Para compreender essas transformações cabe considerar, primeiramente, a
organização social que, segundo esses autores, estamos deixando para trás. Michel
Foucault foi quem melhor caracterizou o modo de subjetivação que se fazia presente na
chamada sociedade disciplinar (século XVIII) majoritariamente organizada por meio de
instituições. Ele chama a atenção para um modo de existência no qual a noção de
indivíduo era de importância fundamental. Este indivíduo pode ser compreendido como
alguém sujeitado a diferentes regimes de verdade que se materializavam na obediência
às leis jurídicas, aos procedimentos higiênicos e às normas disciplinares vigentes
naquela época. As instituições, bastante fortalecidas, ocupavam-se em difundir a
importância do trabalho, do respeito à hierarquia e do aumento da produção como
valores que deveriam ser assumidos pelo indivíduo dito “normal”. Nesse sentido,
Foucault diz que, na sociedade disciplinar, estamos diante de um poder que se consolida
por intermédio da lei. Assim, parte-se da idéia de que o indivíduo é aquele “que
obedece” (Foucault, 1988, p. 82).
Para concretizar esse modo de subjetivação obediente, todo um trabalho
minucioso foi realizado a fim de que o indivíduo se reconhecesse como alguém que
estava sendo permanentemente vigiado por uma rede hierárquica extensa que era
composta por profissionais contratados e especializados “no olhar”. Por estar submetido
a esse dispositivo disciplinar e conhecer parte do seu funcionamento, ele sabia que
poderia ser submetido a diferentes penalidades, caso fosse pego fazendo algo que
contrariasse os códigos normativos.
Pode-se dizer, então, que o modo de subjetivação firmado naquele tempo histórico
priorizava a posse de uma identidade a partir da qual era possível fixar os indivíduos nas
instituições e nos papéis sociais, o que facilitava a sua localização num espaço social
amplamente esquadrinhado e institucionalizado. Atendo-se a isso, Deleuze assinala que
na sociedade disciplinar o indivíduo não pára de passar de um espaço fechado a outro:
“primeiro a família, depois a escola (“você não está mais na sua família”), depois a
caserna (“você não está mais na escola”), depois a fábrica, de vez em quando o
hospital, eventualmente a prisão, que é o meio de confinamento por excelência”
(Deleuze, 1992, p. 219).
Em cada um desses espaços fechados, o indivíduo deveria atualizar um papel
social pré-determinado. Nota-se, dessa maneira, que o modo de subjetivação produzido
naquela época era bastante rígido e identitário, destacando-se alguns papéis como: o pai,
o detento, o estudante, o trabalhador e assim por diante. Consciente das funções sociais
a serem assumidos em cada momento da sua existência, o indivíduo, aos poucos,
internalizou os valores de obediência que passaram a ser encarnados também em sua
vida privada, especialmente no núcleo familiar.
Entretanto, também esse modo de organização social conheceria seus limites.
Analisando as mudanças experimentadas especialmente após a Segunda Guerra
Mundial, Deleuze destaca que o avanço do capitalismo contribuiu de maneira decisiva
para desencadear algumas transformações. A competitividade entre as empresas, o
maior consumo de mercadorias, a necessidade de transitar por diferentes contextos e
diferentes regiões geográficas consolidaram-se como novos requisitos que praticamente
exigiram uma ruptura para com aquele modo de subjetivação mais obediente e
identitário.
Para acompanhar esse cenário mutante e competitivo, Negri e Hardt (2001)
assinalam que a cristalização em papéis sociais rígidos e servis tornou-se,
gradativamente, pouco funcional, requerendo do indivíduo novas habilidades a partir
das quais seria possível atender a necessidade crescente de maior movimento entre as
diferentes instituições. E, mais especificamente, a habilidade de transitar por diversos
contextos sociais que se tornaram mais acessíveis com o avanço tecnológico nas áreas
da informação e do transporte.
Assim, contando com uma disciplina já internalizada, capaz de funcionar para
além dos muros institucionais e, portanto, atuando também em um contexto mais aberto
e diversificado, aquela padronização em papéis rígidos que deveriam ser simplesmente
reproduzidos por indivíduos obedientes foi aos poucos perdendo sua eficácia, tornando-
se, em alguma medida, obsoleta. Analisando essas mudanças Foucault assinala:
“Examinei como a disciplina foi desenvolvida [...], como ela mudou segundo o
desenvolvimento da sociedade industrial e o aumento da população. A disciplina, que
era eficaz para manter o poder, perdeu parte de sua eficácia. Nos paises industrializados,
as disciplinas entraram em crise” (Foucault, 2003, p. 267-268).
Mais adiante ele ainda sustenta que hoje os indivíduos estão “cada vez mais
diversos, diferentes e independentes”. Frente a esse novo cenário, Foucault anuncia,
então, a necessidade de pensarmos uma “sociedade sem disciplina” (Foucault, 2003, p.
268).
Mas, como compreender essa nova organização social que já está sendo
construída há algumas décadas? Numa primeira argumentação, Deleuze alerta para uma
série de reformas que vem acontecendo nas instituições disciplinares e que as
distanciam do seu modo de funcionamento anterior, marcado pelo confinamento.
Paralelo a essas reformas é possível perceber que novas regras e novas sanções vêm
sendo sistematicamente elaboradas no intuito de organizar as relações sociais bem como
o cotidiano das cidades valendo-se, para isso, dos diversos dispositivos de controle que
são cada vez mais disponibilizados e popularizados.
Acompanhar essas transformações ganha relevância neste estudo principalmente
no que se refere às rupturas que entram em cena na produção dos modos de
subjetivação. Assim, é visível o quanto as novas redes de controle aperfeiçoam e
otimizam a circulação de um maior número de informações em estado livre, ou seja,
sem necessariamente contar com a intervenção das instituições disciplinares para
selecioná-las ou distribuí-las. Nesse sentido, a invenção de novos modos de
subjetivação se multiplicou e eles são desenhados num movimento complexo de
ruptura, legitimação ou indiferença em relação aos dispositivos.
Um indício dessa nova configuração pode ser encontrado no fato de que hoje
qualquer indivíduo tem condições de tornar-se um participante ativo na construção ou
na execução dos dispositivos de controle, independentemente de ser portador de um
conhecimento específico, ou mesmo de fazer parte do quadro de profissionais que são
contratados para executar essa função.
À medida que os conhecimentos produzidos pelas mais diversas áreas de saber
são disseminados em uma rede ampla e fina da população, esta vem sendo convocada e
também capacitada para participar ativamente deste processo de reforma das instituições
e de disseminação das formas de controle. Pode-se constatar, assim, que já está em
andamento a construção de uma política de subjetivação diferenciada por meio da qual
o indivíduo, em larga medida, sai da posição meramente dócil e obediente para assumir
a condição de “participante ativo e responsável” numa rede ampla e complexa de
controle. E essa participação, por vezes, acontece em nome da “cidadania” onde ele é
solicitado a expor suas observações e avaliações, bem como denunciar aquilo que julga
como suspeito.
Vejamos um exemplo. Diante da divulgação sistemática dos índices de violência
urbana, uma série de iniciativas sociais que busca combatê-la está ganhando
visibilidade. Recentemente, num bairro da cidade de Londrina, era possível encontrar
placas com o seguinte enunciado: “Vizinhança Solidária”. Tratava-se de um grupo de
moradores dispostos a despender uma parte do seu tempo para prestar atenção nas
pessoas e nos movimentos estranhos que porventura pudessem acontecer na rua ou na
casa de seus vizinhos. Adotando a justificativa, amplamente aprovada, de instaurar uma
espécie de cuidado coletivo, cada morador assumia para si o papel de vigilante que, até
bem pouco tempo, era realizado preferencialmente por uma instituição específica: a
polícia.
Assim, torna-se possível perceber que à medida que as instituições disciplinares
enfraquecem e perdem suas delimitações, a lógica de vigilância institucional espalha-se
pelo conjunto da sociedade e, diante dela, também a noção de indivíduo sofre
mudanças. Agora, já não é mais exigida dele a posse de uma identidade que o liga a
uma instituição específica a cada momento de sua vida. Ao contrário, o indivíduo
precisa assumir posições cada vez mais flexíveis para dar conta de realizar diferentes
tarefas, acolher diferentes papéis e, principalmente, transitar por contextos sociais
distintos. E, tudo isso, ao mesmo tempo. Negri & Hardt descrevem então a emergência
histórica de uma “subjetividade híbrida” em que o indivíduo: “É operário fora da
fábrica, estudante fora da escola, detento fora da prisão, insano fora do asilo – tudo ao
mesmo tempo. Não pertence a nenhuma identidade e pertence a todas”. Ainda segundo
esses autores, “as subjetividades da sociedade de controle têm constituições mistas”
(Hardt & Negri, 2001, p. 353).
É nessa direção que vemos crescer a importância atribuída ao indivíduo comum
que é permanentemente convocado a assumir a responsabilidade pelo controle de
diferentes atividades, situações e pessoas. Dentre essas responsabilidades destacamos
aqui os processos de aprendizagem, os cuidados com a saúde, a fiscalização sobre a
manutenção dos bens públicos e a preocupação com a segurança. Daí a proliferação de
frases como: “Visite nossa cozinha”; “Como estou dirigindo?” ou mesmo “Denuncie” e
“Faça a sua parte”. Vale ressaltar que cada uma dessas atividades pode ser realizada de
maneira concomitante: basta ter a iniciativa para vigiar, denunciar, consumir e para
fazer conexões com os agentes especializados, oferecendo-lhes informações que são
precisas e que, por isso mesmo, possibilitam o exercício de um controle mais eficiente.
Também é possível perceber, em nossos dias, que algumas funções até bem
pouco tempo realizadas exclusivamente por profissionais especializados desprenderam-
se desses trabalhadores, sendo assumidas aleatoriamente pelo indivíduo em seu
cotidiano. Assim, é notável a freqüência com que assuntos médicos, jurídicos e
econômicos são debatidos em conversas informais sendo, por vezes, acompanhados da
prescrição de medidas preventivas e remediativas que são indicadas a partir da
experiência privada. Nota-se que pela emergência, disseminação e expansão das redes
de informação estamos nos tornando agentes de vigilância ilimitada e de controle
imediato de uns sobre os outros.
Um outro dado a ser considerado na análise dessa paisagem social mutante é que
as redes de informação e os equipamentos tecnológicos estão cada vez mais acessíveis à
população em geral. Trata-se da disponibilização de produtos e de serviços que
facilitam o monitoramento. Mas afinal, quais são os alvos desse controle? Segundo
Deleuze, o controle atualmente incide sobre a passagem dos diferentes fluxos que
circulam no espaço social e que envolve desde pessoas, mercadorias, animais e dinheiro
até vírus, células e substâncias químicas, para ficar em apenas alguns exemplos de uma
lista que só cresce. Para monitorá-los os “operadores auxiliares de controle” se
multiplicam e são os mais diversos, compreendendo os circuitos internos de TV em
prédios residenciais, comerciais e públicos, os rastreadores de carros e de celulares por
satélite, os equipamentos médicos que permitem o acesso a imagens minúsculas do
corpo que outrora eram praticamente invisíveis, além de muitos outros que são criados e
aperfeiçoados a cada dia.
A partir dessa disseminação do controle, realizada por meio de instrumentos
tecnológicos e também pela vigilância humana, aqueles muros institucionais que
caracterizavam a sociedade disciplinar deixam de ser a condição fundamental para
manter a suposta ordem social. Isso se deve ao fato de que hoje o indivíduo já não
transita mais de uma instituição para outra, como que obedecendo a uma seqüência
lógica e temporal, mas ocupa-se das funções de várias delas ao mesmo tempo e sem
necessariamente estar nelas incluído.
Vivemos, então, em um tempo distinto: as intervenções institucionais se
livraram dos muros que até bem pouco tempo as restringiam a um determinado espaço e
passaram a circular em estado livre. Deleuze continua sua argumentação dizendo que
nos últimos anos estamos vivendo um “controle incessante em meio aberto” (Deleuze,
1992, p. 216) cuja ação é mais rápida, eficaz e localizada. Esse aperfeiçoamento dos
dispositivos de controle possibilita intervenções imediatas sobre as mais diferentes e
inusitadas situações do cotidiano.
Diante desse novo cenário, aqui parcialmente descrito, onde a circulação de
informações é muito mais veloz e onde o controle é efetuado por múltiplos agentes e em
diferentes direções, cabe-nos questionar: Como o sujeito se constitui em meio a essas
diferentes formas de controle?
Para ensaiar uma resposta parcial a essa questão, recorremos a uma concepção
de subjetividade que tem como ponto de partida a sua dimensão processual, ou seja,
trata-se de uma concepção que evidencia o quanto ela é cotidianamente construída. A
matéria prima utilizada nesse processo pode ser encontrada nos dados com os quais
cada sujeito toma contato no decorrer da trajetória de sua vida, bem como nos afetos
que emergem de cada um dos encontros por ele vividos. Assim, a maneira como cada
um experimenta e se apropria desses dados é o que coloca em movimento essa produção
dos modos de subjetivação, a produção dos modos de vida.
Os dados e as possibilidades de apreendê-los são diversos. Quando no início
descrevemos o modo de subjetivação disciplinar vimos o quanto naquele contexto o
sujeito tendia a obediência e estava submetido a uma hierarquia institucional vigilante.
Trata-se de uma maneira de existir que, apesar de datada, continua viva em nossos
corpos e relações. O diferencial é que a esse modo de existir foram acrescidas as novas
formas de controle pelas quais o sujeito está cada vez mais bem informado e disposto a
participar de movimentos que buscam reformar, reverter ou mesmo transgredir certas
decisões institucionais. Assim, o que temos hoje é a coexistência de diferentes modos de
existir e de se posicionar diante da vida que podem variar entre os indivíduos ou se
alternar num mesmo indivíduo dependendo das circunstâncias e das forças que estão em
cena a cada momento de sua vida.
Obviamente esse movimento gera uma série de incômodos, visto que aquela
“subjetividade híbrida”, caracterizada por Negri e Hardt, não necessariamente tem mais
facilidade para acolher e elaborar as transformações e rupturas que ora estão em curso.
Assim, transitando entre o desejo por uma identidade mais duradoura e a
experimentação inevitável dos múltiplos acontecimentos que perturbam essa
estabilidade, uma espécie de “turbulência afetiva” passa a ser mais freqüentemente
experimentada nessa paisagem social. Ela pode emergir a cada novo acontecimento e
expressar-se nas sensações de ameaça e medo de desintegração, no risco de “perder o
controle” e ainda num mal-estar difuso e aterrorizante que não cessa de se manifestar
sendo, por vezes, intensificado em sintomas e traumas psicológicos. A constatação de
que essa “turbulência” pode ser precipitada a cada novo encontro com o outro pode
fomentar ainda mais o desejo de ver os dispositivos de controle instaurados e em pleno
funcionamento.
Acolher, percorrer e compreender essa turbulência, na qual diferentes maneiras
de lidar com os acontecimentos são ensaiadas, adotadas ou abandonadas, permite uma
maior compreensão da vida como um processo de variação complexo, cujo movimento
de mutação revela-se, a cada instante, incontrolável. Diante desse caráter indeterminável
da existência, Deleuze questiona se precisamente essas variações experimentadas nas
“linhas de subjetivação não são o extremo limite de um dispositivo” (Deleuze, 1996, p.
87). Tais linhas, ao serem tecidas no cotidiano dos encontros, tendem a escapar do
controle sem dar pistas de como e de onde o farão. Sua produção pressupõe a criação de
novos modos de existir, o esboço de novos traços subjetivos que podem ou não se
afirmar, evidenciando assim a impossibilidade de um controle sobre o devir. Veja que
aqui um limite toma forma: a divulgação da existência dos dispositivos de controle (e de
suas promessas idealizadas) aumenta a expectativa populacional por uma vida mais
segura e sem imprevistos, mas, ao mesmo tempo, a força abrupta e imprevisível dos
acontecimentos revela a impotência desses mesmos dispositivos frente ao acaso que
ronda a existência.
Por isso mesmo, acompanhar os detalhes e as sutilezas presentes numa
sociedade atravessada pela expectativa idealizada de controle, bem como atentar para as
múltiplas maneiras como o sujeito implica-se com esses dispositivos, produzindo linhas
de subjetivação distintas e mutantes, talvez seja o maior desafio colocado para a
Psicologia atualmente. Deleuze diz ainda que o estudo sobre as variações presentes na
produção de subjetividades “é uma das tarefas fundamentais que Foucault deixou”
(Deleuze, 1996, p. 88). Diante dela, pode-se dizer que as diferentes formas de controle
que incidem sobre os fluxos e os encontros trazem repercussões imprevisíveis para o
corpo, fazendo variar a sua potência de afeto.
E como isso repercute na vida afetiva cotidiana? Muito mais atento à passagem
dos fluxos que atravessam a existência, o sujeito contemporâneo vigia, consome, adota
medidas preventivas de diferentes tipos preenchendo o seu dia com atividades
automatizadas que nem sempre são reconhecidas como sendo de controle. Parte delas é
simplesmente reproduzida por um corpo que, assustado com a velocidade acelerada dos
encontros e com os impactos gerados pelos acontecimentos, tende a permanecer numa
posição defensiva, quase anestesiado e, em alguns casos, imobilizado. E, por vezes, isso
acontece à revelia das repercussões políticas que essas ações trazem tanto para a esfera
da vida privada quanto para a vida pública que, como já assinalado por Richard Sennett
(1998), está em franco declínio.
Penso que é nesse novo cenário, complexo e mutante, que as investigações da
Psicologia fazem mais sentido e podem se afirmar como uma prática política e
comprometida com o seu tempo. Vale dizer, por fim, que detectar como e em quais
encontros os dispositivos de controle tornam-se intoleráveis, diminuindo a potência de
ação do sujeito e da coletividade, lança-nos em um campo problemático que não admite
respostas simples ou definitivas. Daí a necessidade de construir uma prática aberta para
acolher, percorrer e problematizar as novas forças que entram em cena e as novas linhas
de subjetivação que estão em vias de tomar forma nessa paisagem mutante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DELEUZE, Gilles (1992). Conversações. Tradução de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro:
Editora 34.
DELEUZE, Gilles (1996). O Mistério de Ariana. Lisboa: Veja Passagens.
FOUCAULT, Michel (1988). História da Sexualidade I: A Vontade de saber. Tradução
de Maria Thereza de Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro:
Edições Graal.
FOUCAULT, Michel (2003). Ditos e escritos IV: Estratégia, Poder-saber. Tradução de
Vera Lúcia Avellar Ribeiro: Rio de Janeiro: Forense Universitária.
NEGRI, Antonio & HARDT, Michael (2001). Império. Tradução de Berilo Vargas. São
Paulo: Record.
SENNETT, Richard (1998). O Declínio do homem público: as tiranias da intimidade.
Tradução de Lygia Araujo Watanabe. São Paulo: Companhia das Letras.

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