Edição Lisboa • Ano XXX • n.º 10.

575 • 1,70€ • Sábado, 6 de Abril de 2019 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Directora de Arte: Sónia Matos

Entrevista a Graça Fonseca

“Quero que a Colecção
do Estado vá pelo país,
que descentralize”
Chaves vai receber pólo do Museu
do Chiado. Ministra admite
candidatura à Câmara de Lisboa
Destaque, 2 a 5

Governo falha aposta e hospitais

de Lisboa perdem 100 camas
Há um ano, o Ministério da Saúde queria aumentar a lotação para mais quase 300 camas. JustiÄcação para
quebra são obras de beneÄciação, mas em dez anos a capital perdeu 751 lugares de internamento Sociedade, 20
MIGUEL MANSO

Cristas renova Ministério

lista do CDS às
legislativas com esconde
ex-jornalistas documentos
Líder centrista equilibrou
experiência com novidades. sobre fogos
Teresa Caeiro sai p14
de 2017
Tribunal Administrativo de
Lisboa “intima” Ministério
da Administração Interna a
entregar documentos
pedidos pelo PÚBLICO p10/11

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2 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
DESTAQUE
GRAÇA FONSECA
“Até acho que a
Cultura devia pedir
mais do que 1%
do Orçamento”
Ultrapassados vários dossiers polémicos, a ministra da Cultura
aposta na descentralização das colecções do Estado: Chaves
terá um pólo do Museu do Chiado, Coimbra Äcará com a
Colecção de FotograÄa do Novo Banco
Entrevista
Inês Nadais e
São José Almeida
C
hamada em Outubro a
tutelar (e a paciÆcar) uma
área que deu ao Governo
mais problemas do que o
primeiro-ministro
esperaria, a ex-secretária de
Estado da Modernização
Administrativa Graça Fonseca
assume estar a pensar as políticas
públicas para a Cultura numa lógica
de médio a longo prazo, bem para lá
do horizonte deste mandato. É
nessa perspectiva “duradoura” que
a meta simbólica do 1% do
Orçamento de Estado (OE) para a
Cultura até se pode revelar
insuÆciente, mas para reivindicar
mais, argumenta, é preciso deÆnir
primeiro para quê. Ultrapassadas as
tormentas da Lei do Cinema e do
modelo de apoio às artes, a terceira
ministra da Cultura desta legislatura
está agora focada na concretização
do novo regime de autonomia de
gestão para os museus,
monumentos e palácios nacionais e
numa gestão descentralizada das
colecções do Estado.
António Costa restabeleceu o
Ministério da Cultura (MC) , mas
com uma dotação que, no seu
melhor, em 2019, anda nos 0,4%
do OE. Não é uma contradição?
Não. O Governo deixou claro que
tinha dois grandes objectivos
estruturais: retirar Portugal do
procedimento por déÆce excessivo
e devolver rendimentos. Para os
cumprir e, em simultâneo,
prosseguir o esforço de
investimento em políticas públicas,
não seria possível retomar níveis
pré-crise. Ainda assim, o
orçamento da Cultura foi o que mais
cresceu ao longo destes três anos e
meio, cerca de 40%. É suÆciente?
Não, acho que é possível e desejável
ir mais longe, e o primeiro-ministro
sente o mesmo, só que o esforço de
investimento tem de abranger a
saúde, a educação, a segurança
social… Mas há áreas em que
conseguimos retomar os níveis de
2009, como o do apoio às artes.
Com alguma dor do sector…
Sim, e neste caso nem foram dores
de crescimento… Mas quando
tomei posse assumi dois objectivos:
resolver os problemas prementes e
paciÆcar as relações com as artes, o
cinema, o património e os museus;
e começar a preparar o futuro numa
lógica de médio prazo. Há um bom
exemplo que costumo dar, que é [a
acção] do Mariano Gago na Ciência:
fez-se um caminho deÆnindo por
que é que era importante mais
investimento, que impacto teria,
qual devia ser o crescimento para
Portugal se aproximar da média
europeia. Na Cultura devíamos
fazer o mesmo: não basta dizer que
queremos 1% , até acho que
podíamos dizer mais…
Já não seria mau, atendendo ao
historial…
Mas por que é que temos de partir
do menos mau?
Porque ainda estamos nos 0,4%.
Certo, mas não é uma questão de
números. Queremos 1% (ou 2% ou
3%…) do OE com que política? O
que é que queremos conseguir nos
próximos dez anos para o teatro, o
património, o cinema? Eu percebo
o ponto, é simbólico, mas gostaria
de discutir numa base diferente. Se
calhar precisaremos de mais do que
1%, mas há que identiÆcar para quê.
Herdou um ministério
descredibilizado pelos atrasos
nos apoios às artes. Viu-se na
posição de ter de salvar a face do
Governo junto de um sector que
até lhe seria favorável?
Tive de reconstruir uma relação que
estava fragilizada pelo atraso nos
concursos, mas também pela forma
como as estruturas experienciaram
a mudança do modelo [de apoio às
artes]. Quando chegámos, foi essa a
prioridade — e havia muito a fazer.
Começámos pelas estruturas que
tinham Æcado fora do concurso,
garantindo-lhes apoio para um ano
de transição: trabalhámos com a
Seiva Trupe, o Ensemble, a Karnart,
a Barraca... Um segundo passo foi
aceitar todas as propostas
consensuais do grupo de trabalho
[criado para rever o modelo de
apoio]. Terceiro, um reforço de dois
milhões de euros face ao concurso
anterior. Quarto, a simpliÆcação dos
formulários: ouvi companhias dizer
que a plataforma era muito
complicada, experimentei e percebi
que não conseguiria preencher
alguns campos. Finalmente:
comprometemo-nos a abrir [os
concursos] no primeiro trimestre
do ano. O concurso para o biénio
2015/2016 abriu a 9 de Dezembro de
2014. Quando as companhias
souberam se eram apoiadas já
tinham decorrido pelo menos cinco
meses do biénio a ser apoiado. Não
é possível a nenhuma estrutura, ou
empresa, programar nestas
condições. Abrir [o concurso para o
biénio 2020/2021] ainda em Março
exigiu um esforço enorme da
Direcção-Geral das Artes (DGArtes),
mas era um compromisso de honra.
Se tudo correr como previsto, a
primeira resposta chega às
companhias já no Ænal de Julho.
Depois da turbulência de há um
ano, e do recente rodízio de
directores-gerais, a DGArtes está

finalmente em condições de
fazer o seu trabalho?
Sinto que conseguimos aos poucos
ir reconectando com as estruturas e
com os artistas. O orçamento global
para as artes em 2019 é de 94
Há tanto para fazer milhões, estamos a chegar a níveis
pré-2010, e há um conjunto de
no enorme activo factores que indiciam maior
cultural que é estabilidade entre a tutela e o
sector. Vamos ver como corre, mas
Portugal — digo mais uma vez: fala-se sempre
de dinheiro, e o dinheiro é
devíamos importante, mas há uma coisa que é
quase tão importante quanto isso,
concentrar-nos na que é conseguir estabelecer uma
projecção relação de conÆança em que as
pessoas sentem que são ouvidas,
internacional do país que têm algo a ver com o que está a
acontecer, que as coisas não se
através dos seus mudam só porque sim.
Os artistas plásticos, que se
criadores dizem abandonados pelo Estado,
defendem a criação de uma
Graça Fonseca agência autónoma para as artes
Ministra da Cultura visuais. Está em cima da mesa?
Nos últimos quatro meses chegámos
a um entendimento com os artistas
e já temos um regulamento e uma
RUI GAUDÊNCIO
comissão constituída por curadores,
historiadores e artistas para gerir o
fundo de aquisições de 300 mil
euros que o primeiro-ministro criou.
O passo seguinte é identiÆcar outras
medidas de política pública de
apoio às artes plásticas. Alguns
artistas defendem a criação de uma
agência; não tenho a certeza de que
seja necessário. Decisivo é que haja
uma gestão integrada e estratégica
das colecções do Estado, porque
temos um modelo muito
heterogéneo: há a Colecção do
Estado, a impropriamente chamada
Colecção SEC, e colecções que, não
sendo do Estado, estão hoje na sua
esfera de gestão, caso da Colecção
Novo Banco, que pelo segundo ano
(reÆro-me à parte de pintura)
distribuímos por 15 museus. E há
agora uma terceira componente,
resultado de um desaÆo que
lançámos sobretudo a bancos e
instituições Ænanceiras: se em vez de
terem as vossas colecções em
gabinetes onde só entra a
administração as quiserem ter em
museus, ganham as colecções e
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 3
ganham as pessoas. O primeiro
acordo vai levar a colecção do
Millennium BCP a três salas do
Museu do Chiado; assinámos
entretanto com a COSEC outro
acordo que incide em 15 obras da
sua colecção, incluindo uma Vieira
da Silva e uma Menez.
Também estamos a tentar corrigir
desequilíbrios na rede: em Lisboa,
os museus precisam de reabilitação
e alargamento, porque lhes falta
espaço para mostrar tudo o que têm
em acervo, enquanto há museus em
diferentes partes do país com mais
condições e acervos muito
inferiores. Aproveito para anunciar
que haverá um pólo descentralizado
do Museu do Chiado no Museu
Nadir Afonso, em Chaves.
As obras adquiridas pelo fundo
integrarão a Colecção do Estado?
Sim, sim, para serem alvo dessa
gestão Çexível de que falava. A área
da gestão de património cultural
móvel não é fácil, às vezes penso
que era bom haver um
curador-geral do Estado para fazer a
curadoria dessa grande exposição
que é a colecção nacional — a
curadoria de um país, se quiser.
A Colecção do Estado começou a
ser inventariada nesta
legislatura, com o objectivo de se
lhe dar um destino…
O destino deverá ser muito
heterogéneo e multiterritorial.
Aquilo que hoje está em caves do
Museu do Chiado vai para Chaves,
da mesma maneira que se decidiu
que os Mirós iriam para o Porto, ou
que as pinturas da Vieira da Silva
Æcariam na Fundação Arpad
Szenes-Vieira da Silva. A ideia é que
a Colecção do Estado vá pelo país,
que descentralize.
E a Colecção de Fotografia
Contemporânea do Novo Banco?
O Convento de São Francisco, em
Coimbra, continua a ser a
hipótese mais provável?
De facto, chegou-se a pensar no
Convento de São Francisco. O
problema é que necessitaria de
obras de adaptação, porque a
fotograÆa exige condições técnicas
de conservação muito particulares.
E não iremos arriscar colocar a
colecção num local que não está
tecnicamente preparado.
Continuamos a analisar a
possibilidade de Coimbra, noutro
local. E estamos a fazer um esforço
para tentar ter mais duas decisões
importantes, a conclusão das
questões da Colecção Ellipse e da
Colecção BPN.
Assumiu como prioridade
corrigir as assimetrias de género
na arte portuguesa. O Governo
terá uma política de quotas?
A ideia não é haver uma política de
quotas, até porque falamos de áreas
com dinâmicas próprias que não
têm tutela directa do Estado. Mas
estamos a preparar um programa
muito vocacionado para as
mulheres — fundamentalmente, nas
artes plásticas. Não está em causa
que Vieira da Silva, Paula Rego,
Helena Almeida ou Lourdes Castro
sejam extraordinárias artistas, pelo
contrário, mas a verdade é que
demorou muitos anos a serem
reconhecidas. O programa, que
estamos a construir com outra
instituição, terá três peças: uma
exposição que dará visibilidade a
mulheres artistas desde 1900 até aos
nossos dias; um módulo de
conteúdos audiovisuais com a
história destas artistas; e um terceiro
módulo para as escolas. Não se trata
de dar a descobrir quem felizmente
hoje em dia já todos descobriram,
mas de garantir que esta
sub-representação não se perpetua.
Mas, além da questão das mulheres,
acho que há também necessidade
de projectar internacionalmente os
grandes artistas portugueses de
forma mais veemente. Revisitei os
painéis do Almada Negreiros nas
gares marítimas de Alcântara e da
Rocha do Conde de Óbidos, que em
Guadalajara foram um
extraordinário sucesso. Temos de
reposicionar um Almada Negreiros,
ou uma Sarah Afonso, com um
orgulho nacional diferente. Há tanto
para fazer no enorme activo cultural
que é Portugal — devíamos
concentrar-nos na projecção
internacional do país através dos
seus criadores.
Vários países europeus iniciaram
o processo de restituição de
obras de arte adquiridas ou
apropriadas em contexto
colonial. O MC já está a
trabalhar na definição de
orientações gerais?
Não tivemos nenhum pedido formal
de devolução. Se vier a existir,
ver-se-á.
ines.nadais@publico.pt
sao.jose.almeida@publico.pt
4 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
DESTAQUE
GRAÇA FONSECA
“Não há sacrifício
do director do
Museu Nacional
de Arte Antiga”
Graça Fonseca admite ir mais longe na
autonomia de gestão para museus e
monumentos. Mas frisa que a saída de
António Filipe Pimentel é uma decisão
“única e exclusivamente” do próprio
Inês Nadais
G
raça Fonseca acredita que o
novo regime de autonomia
para os museus, monumen-
tos e palácios nacionais
resolve muitos dos bloqueios
criados pelo downgrade de
2013, ainda que no futuro faça senti-
do ir mais longe. Gostaria que todos
os directores, e não apenas o do
Museu Nacional de Arte Antiga
(MNAA), pudessem prosseguir o
“trabalho extraordinário” que têm
feito “em tempos muito difíceis” e
não vê qualquer problema em entre-
gar a Lisboa metade das receitas do
futuro Museu do Tesouro Real.
Não terá tempo para cumprir o
compromisso assumido pelo PS
no seu Programa de Governo de
reversão das “fusões
precipitadas” que geraram
superorganismos como a
Direcção-Geral do Património
Cultural (DGPC). O que acha
absolutamente crucial que se
faça até ao fim do mandato?
Vamos conseguir chegar ao Ænal do
mandato com as grandes bandeiras
do Programa de Governo
praticamente cumpridas. Estamos
a começar a implementação da
autonomia dos museus, que
permitirá reverter algumas das
alterações trazidas pela fusão de
2013 que criou a DGPC — foi aí que
os museus deixaram de ter
autonomia. Repomos os museus
como pessoas colectivas, com
número de identiÆcação Æscal
(NIF); o director volta a ter
natureza de órgão de gestão com
estatuto próprio e passa a poder
ser recrutado fora do âmbito da
função pública e a nível
internacional; os museus voltam a
poder realizar despesa até ao limite
legal de 99 mil euros, com um
fundo de maneio para aquelas
pequenas despesas que muitos
reclamavam e com razão; e há
ainda a possibilidade de
consignação de receitas próprias…
Se calhar, faz sentido que cada
museu seja uma unidade própria;
por agora, não avançámos ainda
para essa tal revisão mais
profunda, mas demos um passo
importante. E criámos um grupo
de trabalho que vai analisar
tendências e perspectivas para os
próximos dez anos. A sua missão
será rever a forma como os museus
são geridos, pensar como podemos
atrair mais pessoas e adaptá-los à
transformação digital… Porque
queremos que o número de
visitantes seja superior.
Já vem crescendo…
Não. Cresceram signiÆcativamente
o Museu Nacional de Arqueologia e
o Museu Nacional do Azulejo, que
são também, juntamente com o
Museu Nacional dos Coches,
aqueles que têm uma relação mais
equilibrada entre receitas próprias
e despesas correntes. Nos outros,
pelo contrário, há uma quebra…
O novo regime jurídico não é
pouco ambicioso, como foram
apontando os dirigentes dos
organismos que regerá? Era
impossível ir mais longe?
Essa auscultação foi feita antes de
se conhecer a versão Ænal do
diploma. A versão aprovada em
Conselho de Ministros é do
conhecimento de todos os
directores — e durante o período
obrigatório de negociação
colectiva, que durou 15 dias, não
recebi nenhuma reclamação. Mais:
muitos directores disseram-me o
oposto, que não esperavam que
fosse possível ir tão longe.
Tem, no entanto, o director do
MNAA a dizer que, também
devido às insuficiências do novo
regime, não se recandidatará,
interrompendo um trabalho
com uma visibilidade especial
no conjunto dos museus
nacionais. Custa-lhe perder o
António Filipe Pimentel no
âmbito deste processo?
Em tudo o que fazemos na vida é
muito perigoso tomar a parte pelo
todo, e também é muito perigoso
tomarmo-nos pelas organizações
Durante o período
obrigatório de
negociação
colectiva [do novo
regime de
autonomia], não
recebi nenhuma
reclamação
que representamos e para as quais
trabalhamos. No dia em que
quebramos a distinção entre o que
somos enquanto líderes
transitórios e aquilo que a
organização é, perdemos a
distância suÆciente para perceber
o que devíamos estar a fazer pela
organização. Dito isto, o director
do MNAA fez um óptimo trabalho
durante os anos em que lá esteve e
a decisão de se afastar foi única e
exclusivamente dele, portanto não
há aqui um sacrifício. Todos os
directores, independentemente da
RUI GAUDÊNCIO
sua maior ou menor presença na
comunicação social, são
extraordinariamente importantes
para o país. O que eu mais desejo
como ministra da Cultura é que o
monumento nacional mais
visitado, o Mosteiro dos Jerónimos,
que representa uma receita
superior a sete milhões de euros
por ano para todos os museus
poderem funcionar, tenha
condições para trabalhar — se
calhar ninguém sabe quem é a
directora dos Jerónimos, mas toda
a gente conhece os Jerónimos.
Gostaria que todos os directores
prosseguissem o trabalho que têm
feito, e muitos têm feito um
trabalho extraordinário em tempos
muito difíceis, mas nós somos uma
coisa e a organização é outra.
A direcção do MNAA foi
demasiado personalista?
Cada um tira as conclusões que
quiser; esta é a forma como eu vejo
o exercício de funções.
O diploma cria um novo museu
nacional, o Museu do Tesouro
Real. As jóias da coroa exigiam
um museu autónomo? Não era
possível pensá-lo no âmbito do
Palácio Nacional da Ajuda?
Merece um museu próprio. A
colecção é extraordinária, são
milhares de peças de ourivesaria e
joalharia que contam uma história
incrível e estão escondidas das

pessoas. Faz todo o sentido que
seja criado no Palácio da Ajuda,
mas com uma presença própria.
Com um director e uma equipa
técnica próprios?
Sim.
Por que razão decidiu o MC
concessioná-lo à Associação de
Turismo de Lisboa (ATL)? Não
deveria ser o Estado a explorá-lo?
Pode ser que desta vez eu consiga
que a verdade seja transcrita. O
Palácio da Ajuda estava por
concluir há muito tempo, numa
zona da cidade que também para a
Câmara Municipal de Lisboa (CML)
é importante, porque acima de
Belém, acima dos Coches, não há
massa crítica suÆciente do ponto
de vista da capacidade de atracção
de turismo cultural. A CML,
juntamente com a ATL, decidiu
que parte das receitas do turismo
de Lisboa devia ser investida no
chamado remate do Palácio da
Ajuda e para a construção, dentro
desta obra, do Museu do Tesouro
Real. O que está no protocolo é que
compete à ATL e à câmara, através
das verbas do Fundo de Turismo
de Lisboa, fazer a obra do palácio e
do museu; compete à DGPC o
projecto museológico e cientíÆco.
Não há uma concessão à ATL, há
uma coisa que talvez seja difícil as
pessoas perceberem, uma parceria
pública-pública.
Mas com que contrapartidas?
Ao nível da biheteira.
E o Estado não teria interesse
em ficar com essa receita?
As receitas da bilheteira que serão
entregues à ATL [50% do total, por
um prazo de 20 anos] servem para
remunerar o investimento num
equipamento que não é local, não é
da câmara. Mas, na área da
recuperação do património, a
partilha de responsabilidades entre
o Governo e as autarquias não é
nada de extraordinário.
Não é pelo menos questionável
que Lisboa arrecade metade das
receitas de uma colecção
nacional?
E é expectável que uma câmara
municipal invista 20 milhões de
euros na recuperação de um
monumento nacional?
Quando abrirá o museu?
A obra terminará no primeiro
semestre de 2020. Esperamos
poder instalar o museu no segundo
semestre.
Presidente da Câmara de Lisboa? “Quem sabe, um dia...”
São José Almeida
e Inês Nadais
S
e o PS ganhar eleições e
voltar a ser convidada,
Graça Fonseca quer
continuar a ser ministra da
Cultura. E aÆrma que foi
“desde o início favorável” à
aliança de esquerda porque “a
indeÆnição alimenta o populismo”.
Aceitou ser ministra da Cultura
por dez meses ou é de admitir
que, se o PS ganhar as eleições,
estará disponível para reassumir
a pasta?
Assumi a pasta por dez meses, é
verdade. Numa perspectiva de, se o
PS ganhar eleições, e o
primeiro-ministro continuar a ter a
conÆança que teve para novamente
me convidar, continuar o trabalho
que tenho estado a fazer. Em última
análise, o primeiro-ministro decide
como quer formar Governo.
Enquanto dirigente do PS já em
2015, como viu o seu
secretário-geral assumir pela
primeira vez uma aliança de
poder com o PCP e o BE?
Sempre fui favorável à actual
solução. Sempre defendi e continuo
a defender que o pior para a
democracia são as soluções pouco
deÆnidas ou muito Çuidas. A
indeÆnição é algo que, na minha
opinião, alimenta o populismo, o
crescimento dos extremos. Por
outro lado, era a oportunidade
histórica de Ænalmente quebrar
com este estigma de nunca ter
existido um Governo de esquerda.
Sente a Modernização
Administrativa como uma obra
também sua?
É um trabalho que vem de 2007, a
altura em que a Maria Manuel
Leitão Marques, com o ministro da
Administração Interna, António
Costa, começaram o programa
Simplex. O que foi feito nos últimos
três anos, sim, tem muito do meu
trabalho e eventualmente a minha
marca pessoal. Tentámos
reinventar o trabalho transversal ao
Governo e de ligação com as
pessoas, os trabalhadores do
Se o primeiro-ministro continuar a
ter a confiança que teve para me
convidar e novamente me convidar,
continuarei a fazer o trabalho que
tenho estado a fazer
Estado, as empresas, envolver
diferentes áreas e actores
importantes, ir a mais território,
falar com autarcas, identiÆcar
problemas e soluções. Essa é uma
marca que conseguimos deixar,
readaptando o programa às
mudanças sociais e económicas dos
últimos dez anos.
Já antes, como vereadora da
Câmara de Lisboa, esteve ligada
a áreas importantes: a inovação,
as startups, as Lojas com História
e, sobretudo, uma coisa que
deixou uma grande marca na
cidade: a reforma das freguesias.
Com essa sua experiência como
vereadora, admite um dia vir a
candidatar-se a presidente da
Câmara de Lisboa?
Não estou a trabalhar para outra
candidatura que não seja para o
próximo Governo. Se me pergunta
se eu gostei muito do trabalho em
Lisboa, gostei muito. Estive seis
anos na câmara com António Costa
e gostei mesmo muito do trabalho
que realizámos, porque nos permite
essa ligação às pessoas, ver aquilo
que estamos a fazer. Quando
Æzemos as Lojas com História, a
reforma da cidade, quando abrimos
a primeira incubadora de empresas
na Baixa… a Baixa fechava ao
sábado e ao domingo, não tinha
pessoas na rua. O trabalho que foi
possível fazer ao longo daqueles
anos, muito com o João
Vasconcelos, que recentemente
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 5
faleceu, mudou muito a cidade.
Foram seis anos bastante felizes,
como também tem sido aquilo que
tenho feito. Quem sabe... O trabalho
autárquico é algo que eu gostarei
um dia de voltar a fazer, como
presidente de câmara ou com outra
função qualquer. É um trabalho
muito gratiÆcante.
Tem familiares no Governo ou há
familiares de outros socialistas
no seu gabinete?
Vou dar-lhe o exemplo da minha
chefe de gabinete, que já foi notícia
por ter uma relação familiar com
um deputado do PS [Marcos
Perestrelo]. Conheço-a há 20 anos,
foi minha chefe de gabinete na
câmara, trabalhei com ela [antes]
quer no Ministério da Justiça, quer
no da Administração Interna. As
pessoas recrutam outras em função
de competência e conÆança. Um
chefe de gabinete é alguém com
quem temos de ter uma relação de
conÆança. Se perguntar ao
contrário, se pelo facto de ela ter
uma relação com um deputado do
PS eu não a posso convidar quando
acho que é a pessoa mais indicada,
isso faz algum sentido? Na minha
cabeça, não. Não é por ela ser
familiar de um deputado do PS que
vou deixar de a convidar para
minha chefe de gabinete. Porque sei
que grande parte do sucesso do
meu cargo depende deste lugar.
No início do mandato esteve
envolvida em várias polémicas —
RUI GAUDÊNCIO
touradas, ler ou não jornais,
Lusa —, que, vistas de longe,
parecem ter sido ampliadas pela
pressão das redes sociais. Isso
aconteceu pela sua proximidade
com Costa?
Tenho diÆculdade em responder
centrada em mim. É um sinal dos
tempos. São casos diferentes. O
caso das touradas é uma posição
assumida pelo Governo da qual fui
porta-voz; o OE já tinha sido
aprovado quando tomei posse. Há
um empolamento que começa no
meio político e extravasa,
alimentado fundamentalmente
pelas redes sociais. O tema animais
é daqueles que suscitam os dois
extremos de forma muito radical,
que suscitam reacções de
radicalização — e, por um lado,
ainda bem. Hoje a comunicação é
hiper-rápida e tem uma lógica quase
irracional. Tinha acabado de chegar
ao MC. Estava no Governo como
secretária de Estado, mas não tinha
a notoriedade de agora. O facto de
tutelar a área da Cultura, que tem
tido uma grande instabilidade
governativa e de relação com os
sectores, de ser dirigente nacional,
de ter alguma proximidade com o
primeiro-ministro, tudo isto
contribui para a atenção ser mais
concentrada em mim.
Acha que nessa hiperatenção
que lhe foi reservada pode ter
sido influenciada pelo facto de
numa entrevista ao Diário de
Notícias ter assumido a sua
orientação sexual?
Isso, claramente, acho. Aí há uma
lógica, que reporto também à
autora da entrevista. No tipo de
reacções e comentários que recebi
na altura, ao contrário de agora,
houve de facto muito uma reacção
política, mesmo partidária, mais à
direita, mas não só. E agora quando
sou nomeada ministra da Cultura e
alguém diz que pela primeira vez há
uma ministra que assume
publicamente [ser lésbica], quando
isto volta outra vez, percebe-se que
é uma reacção para tentar, de
alguma maneira,
descredibilizar-me. Isso respondo
aÆrmativamente que sim.
6 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019

ESPAÇO PÚBLICO
O Conselho Nacional do CDS ficou a
conhecer ontem as propostas da líder do
partido para as legislativas. Cristas fez um
esforço e apresentou os nomes seis meses antes das
eleições — a ideia da líder dos centristas é ter os
candidatos a deputados a trabalhar já na campanha
das europeias. Os nomes são surpreendentes e
mostram uma grande aposta na renovação de
quadros. Resta saber se o partido está preparado
Assunção Cristas para tamanha mudança. (Pág. 14) S.S.
Num tempo em que o multilateralismo
definha, especialmente devido às posições
dos norte-americanos, o papel da ONU tem
vindo a empalidecer. É por isso de assinalar quando
o próprio secretário-geral é apanhado no meio de
um conflito, num país, a Libía, que queria ver
estabilizado através de uma conferência nacional.
Uma forma de nos lembrar que as Nações Unidas
continuam a ser relevantes em muitas partes do
António Guterres planeta. (Pág. 32) D.P.

A esquerda e o regresso ao Douro salazarento

região agrária do país se trava uma
luta de classes entre os agricultores
explorados e os exportadores
oligopolistas. No futuro, a Casa do
Douro será uma instituição pública
Manuel Carvalho (o que contraria os modelos de
Editorial gestão das restantes regiões
privilégios que se arruinou em
negócios insensatos que abriram
portas a gestores arrivistas e
irresponsáveis. Mudar este estado de
coisas que tinham deixado ao Estado
uma dívida de 160 milhões de euros
exigiu uma solução que, face à
Estado nos assuntos durienses,
advoguem o regresso da Casa do
Douro salazarenta ainda se percebe.
Mas o que quer o PS, ao questionar o
princípio da liberdade de associação?
Como vai lidar o Governo com todos
os viticultores que, no exercício dos

O
que ontem aconteceu no
Parlamento do Portugal
democrático Æca para a
posteridade: os deputados dos
três partidos de esquerda
aprovaram o regresso da Casa do
Douro ao seu funesto passado
salazarista. Hoje, como no tempo do
ditador, o que mobiliza a inteligência
e a preocupação dos deputados é a
mesma mesquinhez paternalista, o
mesmo grau de convencimento de
que os lavradores do Douro só
sobrevivem sob a asa protectora do
Estado, a crença de que na mais rica
vitivinícolas do país e da Europa) e,
mais grave, quem quiser produzir
vinho do Douro ou do Porto terá de
se inscrever obrigatoriamente na
instituição. O Portugal da esquerda
recuperou o Portugal de 1932,
ressuscitando no Douro um modelo
inspirado no corporativismo de
Salazar.
Convém saber como chegámos até
aqui para se ter um perfeito juízo
sobre o monstro legal ontem parido
pelo Parlamento. A Casa do Douro
manteve os seus privilégios
corporativos até muito depois do 25
de Abril. Foi sob a égide desses
gravidade dos problemas, jamais
poderia ser perfeita. Fez-se um
concurso público para determinar a
organização que ficaria encarregada
de representar os interesses dos
lavradores e para herdar o
património remanescente da outrora
majestática Casa do Douro. Fez-se o
possível, sem que esse figurino
institucional impedisse o sucesso dos
vinhos do Douro e a notável
resiliência dos vinhos do Porto.
Eis senão que a ideologia dos
pobres e oprimidos regressa ao vale.
Que o Bloco e o PCP, desde sempre
defensores da mão de ferro do
seus direitos, quiserem produzir
vinho e recusarem inscrever-se e
pagar quotas à nova/velha Casa do
Douro? Como vai explicar à
Comissão Europeia essa aberração
jurídica? No Douro submetido a
regras de gestão que resistem há 70
anos era preciso fazer mudanças e
acompanhar o sinal dos tempos — até
para reequilibrar a lamentável
distribuição da riqueza gerada no
Douro. Os deputados da esquerda
preferiram acentuar esse apego ao
passado.
manuel.carvalho@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
Cavaco Silva
A imagem da Presidência da
República deixada pelo anterior
ocupante de Belém não parece ter
sido do agrado da pluralidade de
tantos de nós.
Será por estarmos em campanha
eleitoral europeia, será por atacar —
invariavelmente — o Governo e o
actual Presidente? Será por estar
colado ao seu partido de sempre? E
parece sempre zangado com quem
não “está com ele e o segue”, tendo a
imperiosa necessidade de vir acertar
contas com o passado, ou justiÆcar
esse mesmo “seu” passado.
Como verbalizou não há muito
tempo o anterior Rei de Espanha
ao anterior Presidente da
Venezuela, dada a agressividade, e
com todo a deferência: “Porque
não te calas?”
Augusto Küttner de Magalhães,
Porto
Tem razão
Agustín Galán
José Pacheco Pereira, ainda
inebriado pelo seu passado de
revolucionário maoísta, resolveu,
no pretérito dia 16 de Março,
escrever no PÚBLICO um artigo
intitulado “Ao nosso lado” em
que escreveu disparates sobre a
Catalunha, alicerçando,
paradoxalmente, esses disparates
nas fake news. Em boa hora o
director de comunicação da
Embaixada de Espanha em Lisboa,
Agustín Galán, o esclareceu, em 8
alíneas, num artigo publicado no
PÚBLICO a 29 de Março intitulado
“As notícias falsas aqui ao lado”
(vale a pena ler). De facto, Galán
rebateu Pacheco Pereira. Certos
líderes catalães “querem impor a
sua própria vontade à vontade do
país”, como lembrou Galán no seu
artigo. Salientando-se do corpo do
artigo, o director de comunicação
da Embaixada de Espanha lançou
um repto a Pacheco Pereira: “O que
diria P.P. se um autarca comunista
pusesse a foice e o martelo na
varanda da câmara e fosse a
Bruxelas em nome dos vizinhos e
dissesse que Portugal é uma
ditadura?” Responda, Pacheco
Pereira, se é capaz…
António Cândido Miguéis
Vila Real
Uma comissão inócua
Face aos procedimentos de alguns
deputados, foi criada a 20 de Abril
de 2016 a Comissão da
Transparência para aprovar
propostas que permitissem
aperfeiçoar o Estatuto dos
Deputados ao nível das
incompatibilidades, ofertas e
viagens — algo reconhecido como
urgente e fundamental para a
actividade política. Todavia, a
conclusão prevista para um prazo
de 180 dias arrastou-se por mais
1000 dias. E, como tal, Æcámos a
saber recentemente que os
representantes do povo podem
exercer em simultâneo cargos de
advocacia, consultoria,
administrador e até accionista de
empresas desde que não
detenham mais de 10% do seu
capital social. Além disso, as
prendas superiores a 150 euros são
admissíveis, desde que
comuniquem aos serviços do
Parlamento e mereçam a sua
concordância, bem como os
convites/viagens no caso de
considerados como um acto de
cortesia ou urbanidade. Em suma,
uma comissão inócua que
pretende tapar o sol com a peneira
aos olhos de quem os elegeu.
Manuel Vargas
Aljustrel
 Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 7

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

Há muitas causas nobres em que o partido
Pessoas-Animais-Natureza se tem
empenhado na tentativa de diminuir o
sofrimento dos animais. Mas atacar as corridas de
galgos, que não têm grande implantação entre nós e
onde não parecem existir grandes provas de maus
tratos dos animais, já parece ir um pouco para lá do
razoável. A razão perde-se muitas vezes quando se
leva uma boa ideia para além de certos limites e o
André Silva PAN fá-lo com muita frequência. (Pág. 22-23) D.P.
Rosa Valente de Matos
Num só ano, os grandes hospitais de Lisboa
perderam uma centena de camas. Isto
depois de, em Março de 2018, a então
secretária de Estado da Saúde, Rosa Valente de
Matos, ter assinado uma portaria que preconizava
um aumento de camas na região previsto para o
terceiro trimestre de 2018, no âmbito de uma
reestruturação da rede de cuidados de saúde. Em
Outubro, deixou o Governo e o número de camas
tinha, afinal, diminuído. (Pág. 20) P.S.D.

ESCRITO NA PEDRA
Olha a
Cultura não é ler muito, nem saber muito;
é conhecer muito. felicidade
Fernando Pessoa, 1888-1935, poeta

Diário
Parlamento, que é o modo representativo era para mim uma segunda pátria; e não
Miguel Esteves Cardoso

É
de governo, nunca quis, nem quer, sair da me reconheço na Inglaterra dos remainers.
União Europeia. Desconfio que o Ainda ontem
Parlamento, ainda que por caminhos ínvios,
Um gosto apagado, como uma

Vasco Pulido Valente

vai ganhar.
5 de Abril felicidade antiga que nem a
memória é capaz de devolver.

2 de Abril O problema com as famílias do PS é que

não é um problema de família. É um
É como ver uma fotograÆa de
quando tínhamos quatro anos.

30 de Março António Costa anda em campanha

Para perceber que estamos mesmo fora do
sistema solar, basta ver o uso cada vez mais
frequente da expressão “facto objectivo”.
eleitoral. Mas não precisa de se esforçar.
Numa sociedade de pobreza, o maior valor
é a segurança, e hoje a segurança é o PS.
Mesmo sem uma maioria absoluta, o PS
será sempre o poder decisivo e tem, aliás,
na sua história um precedente importante:
problema de seita. Aquela esquerda, como
toda a esquerda, é uma seita. Não tolera
nenhuma espécie de contradição. Para
viver com ela tem de se partilhar os
pressupostos, os preconceitos e as
referências de uma certa visão do mundo.
Quem fica de fora não passa de um
estranho, de uma presença incómoda e
Olhamos e dizemos que
parecíamos felizes — mas já não nos
lembramos se éramos, se é que
alguma vez soubemos.
Nesses anos era preciso obrigar
as pessoas a sorrir. Na era antes das selfies
havia menos sorrisos postiços e mais
sinceridade, por muito mal paga que fosse.

31 de Março o “PS sozinho” de Zenha e Soares de 1976 a

Os senhores advogados da Assembleia da
República deram esta semana um
pequeno escândalo, quando se
autorizaram a si próprios a fazer tudo o
que lhes apetecesse, sem prestar contas a
ninguém. As virgens do costume vieram
logo dizer que a qualidade de
representante da nação era incompatível
com o baixo mundo dos interesses. O país
não se comoveu. E fez bem. Se os
senhores advogados em causa fossem
sinceros, deviam reconhecer duas coisas.
Primeira, que procuram em São Bento,
principalmente, alguma notoriedade que
de outra maneira não conseguiriam.
Segundo, que não têm qualquer poder ou
influência, a não ser a que, por acaso, lhes
dá uma posição no partido, que manda
neles, como no resto.
1979.
3 de Abril
A velha polémica entre quem quer um
défice baixo, ou nulo, e as contas do Estado
bem reguladas, e quem quer baixar os
impostos voltou à cena política.
Infelizmente é uma polémica muito velha e
sem resolução. A carga fiscal é alta, não
porque o Estado seja particularmente
ineficiente, mas por causa do papel central
que tem na sociedade portuguesa, que
ninguém se propõe, ou pode, diminuir.
4 de Abril
Desconfiei bem. A resistência de um
parlamento plebeu à última tentativa
hostil, que deve ser combatida. Não admira
que, quando a seita chega ao poder,
suspeite do mundo inteiro e prefira os seus
fiéis ao resto da humanidade.
O que se perde nisto não resulta do famoso
“afunilamento da classe política”; o que se
perde nisto resulta de um “afunilamento”
intelectual e político.
5 de Abril
à noite
A televisão anuncia hoje que António Costa
descobriu um bode expiatório para os seus
sarilhos. Foi um secretário de Estado
qualquer, certamente um bom homem, que
nomeou o primo para o gabinete. Em 1980,
também nomeei uma ex-cunhada para o
meu gabinete, na maior paz de espírito.
Gostava dela e ela conhecia a “casa”. Não
me ocorreu que estivesse a cometer um
Era-se recompensado por não se ser
mentiroso. Hoje é-se recompensado pela
situação contrária: por parecer que
acreditamos na mentira que dizemos.
Na sexta-feira comemos, à chuva de Abril,
os primeiros morangos do ano. Nasceram
por causa do sol de Março, prematuramente
confundidos, tão enganados como
deliciosos.
Comi os meus à inglesa com natas frescas
da Longa Vida. É um triste monopólio. A
monotonia não enjoa, mas irrita.
Eram morangos bio sem pesticidas,
adubos ou fungicidas. Não é uma modernice:
só há umas poucas décadas é que existem
essas novidades, que são para esquecer,
como um interlúdio de loucura e de
ganância.
Custa-me não me guiar por ideologias — é o
mais fácil que há. É melhor e mais difícil
guiar-me pelo sabor de cada coisa que se me
apresenta. É bom? É mau? Que decida o céu
da minha boca, que decida a minha língua:
são elas que sabem o que eu deveras sinto.

1 de Abril de política imperial ganhou o dia.

O referendo, que é um modo tumultuário
de governo, manifestou a vontade dos
britânicos de saírem da União Europeia. O
May tem agora de se entender com Corbyn
para um soft “Brexit”, ou seja, para um
fingimento de “Brexit.”
Tenho pena. Cresci e até me eduquei na
Inglaterra antiga, inigualitária e snob, que
tenebroso acto de nepotismo. Precisava de
confiança e discrição, e aquela era uma
nomeação política: a minha ex-cunhada
desaparecia comigo e não deixava rasto.
Historiador. Escreve ao sábado
É caso a caso que se chega à sabedoria. A
inteligência só nos ajuda a gastar mais
tempo, a não sermos estúpidos e a não nos
deixarmos governar por preconceitos.
A felicidade é mais um acaso do que uma
recompensa. Que pena — ou ainda bem?
8 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019

ESPAÇO PÚBLICO

Por que é que o #MeToo e suas variantes

são reaccionários e puritanos
O RUÍDO DO MUNDO

José Pacheco Pereira

O facto de ser crítico
do #MeToo não me coloca

P
entre os que desvalorizam
a questão do machismo
ara se ver o estado em que as coisas
estão, começa por se considerar que
um artigo desta natureza não
deveria, ou não poderia, ser escrito
por um homem. Logo à cabeça,
diga-se o que se disser, a leitura
preconceituosa do artigo é moldada,
antes de tudo, pelo género de quem
o escreve. Há, de imediato, um
espontâneo processo de intenção,
que dita que, seja o que for que eu escrever, o
facto de não concordar com a solução do
#MeToo, tira valor ao facto de entender que há
um problema perverso nas relações
homem-mulher nesta sociedade. O facto de
ser crítico do #MeToo não me coloca entre os
que desvalorizam a questão do machismo,
mas todos olharão para a recusa do #MeToo
como desclassiÆcando a preocupação com o
machismo, diga o que disser. É como um
branco a escrever sobre o racismo — como não
é negro nem cigano, não sabe do que fala,
nem sente “na pele” o racismo.
Um dos aspectos da falência da
racionalidade nos dias de hoje é a ideia de que
o direito à palavra pertence naturalmente à
parte mais fraca e de que, num debate
público, os homens e mulheres não são
julgados pelos argumentos racionais, pelo
logos, mas pelo pathos, da experiência vivida
e intransmissível por cima do género. Que eu
saiba, “no sentir na pele”, a “pele” não pensa,
mas sim a cabeça. Este tipo de anátemas e
reducionismos no debate público é cada vez
mais comum e empobrecem-no muito.
Não tenho dúvidas de que há uma prática
estabelecida de abuso das mulheres por
parte dos homens, numa cultura machista,
e que tal não deve ser menosprezado e deve
ser combatido. E não é das mulheres sobre
os homens é dos homens sobre as mulheres.
As mulheres são as vítimas de incontáveis
actos de abuso, uns mais graves do que os
outros, mas praticados sempre no âmbito
de uma cultura dominantemente machista.
Não é um comportamento pontual e
conjuntural, está no âmago da cultura da
sociedade em que vivemos, dos EUA à
Suécia, de França a Portugal.
Se há seta do progresso, ela compreende a
desmachização das sociedades
contemporâneas, um processo lento, difícil,
que deve sempre mais às mulheres do que
aos homens. Daí que o arranque do
movimento do #MeToo tenha sido
fundamental para revelar a extensão do
problema, as suas formas mais disfarçadas, e
instituir um mecanismo de prevenção pelo
medo. Os homens que abusavam têm agora a
consciência de que podem pagar um preço
bem caro por esse abuso. Isto foi o melhor do
movimento inicial do #MeToo. Só que,
depois, a coisa descambou.
Hoje, movimentos como o #MeToo e
outras variantes mais ou menos
radicalizadas, mais ou menos feministas, não
são uma resposta, são uma parte do
problema, a parte do problema que emigrou
de um lado para o outro, da cultura machista
para uma nova variante de cultura puritana,
socialmente reaccionária. Essa cultura
agressiva está muito longe do movimento
inicial e gera um terreno muito ambíguo que,
no limite, pode sempre criminalizar a
sedução, gerar uma gramática das relações
afectivas muito rígida e burocrática, criando
um extenso rol de regras que só falta colocar
no papel, numa espécie de contrato de
consentimento, cuja validade pode durar uns
segundos, porque o “sim” de há segundos
pode dar origem a um “não” a seguir.
Ninguém se relaciona afectivamente assim na
prática, mas pode ser comportamentos impróprios ou ambíguos na
perseguido assim sua forma. Comportamentos que eram
com a maior socialmente aceitáveis, nos dois lados, homens
facilidade. e mulheres, ou seja, que não eram “sentidos”
Depois, o #MeToo, como sendo de abuso, hoje são
Que eu saiba, hoje, é um
movimento
retrospectivamente apontados como sendo
abusivos. Este processo gera um efeito de
“no sentir claramente hostil à trivialização do abuso que o torna na acusação
na pele”, heterossexualidade,
outra coisa que
mais comum para destruir vidas e carreiras. O
facto de, em muitos casos, haver razão nas
a “pele” também não se pode acusações não pode fazer esquecer a facilidade
não pensa, dizer no pensamento em acusar sem provas que sejam mais do que
policiado dos dias de impressões, quase sempre a posteriori.
mas sim hoje. Quem são os Movimentos radicais, como algumas
a cabeça maus e em que sequelas feministas do #Me Too, na prática, o
contexto são eles os que fazem é criminalizar a sexualidade,
maus? Quase sempre, homens numa relação reduzi-la a um contrato codiÆcado de normas
heterossexual. Embora todos saibamos que e regras, num movimento que resulta num
há abusos em relações homossexuais com a puritanismo moderno, ou numa
mesma mecânica e quase a mesma forma subvalorização do sexo cuja relação com o
entre homens e homens e mulheres e abuso habitual torna impuro. O sexo é o lugar
mulheres, a grande ofensiva é no contexto do abuso, a sede do abuso, e só burocratas o
heterossexual. Pode dizer-se que tal é natural, podem fazer deitados em cima de um código
devido à prevalência maioritária desse tipo de de costumes. Em teoria, porque nada disto
relações, mas há um julgamento de acontece na prática, e nem as mais radicais
perigosidade maior sobre as relações feministas fazem sexo assim. Dá bons slogans
heterossexuais do que sobre as relações feministas nos cartazes das manifestações,
homossexuais, como se o abuso residisse mas são completamente irrealistas. Pelo
preferencialmente nas primeiras. contrário, acentuam o policiamento de
Depois — e isto é um problema crescente — corpos e cabeças, e isso é bem real.
casos graves, mesmo crimes de violação, são
tratados do mesmo modo do que Historiador. Escreve ao sábado

À boleia do passe
Demétrio Alves
Sem o trabalho realizado
pelas áreas metropolitanas
H
desde 2015, nada disto teria
sido possível
ouve quem falasse em revolução
referindo-se à criação dos passes
intermodais sociais (PIS).
Os PIS (p.ex., Navegante,
Andante, etc.) são títulos válidos
para diferentes modos e meios
de transporte, com
aplicabilidade em amplos
territórios interligados e
usufruíveis a preços
socioeconómicos acessíveis porque
coÆnanciados pelo Estado e autarquias numa
proporção signiÆcativa.
Uma adequada mobilidade é fator
indispensável aos direitos de cidadania.
Nos artigos 65.º e 66.º da CRP registam-se
o direito à existência de “uma rede adequada
de transportes” e, como incumbência do
Estado, a “prevenção e controlo da
poluição” e o “ordenamento do território,
tendo em vista uma correta localização das
atividades, um equilibrado desenvolvimento
socioeconómico”.
Não parece possível respeitar os citados
princípios sem redes de infra-estruturas e
equipamentos de transportes que
respondam, em qualidade e quantidade, às
necessidades coletivas. E, fundamental, o
respetivo sistema de bilhética deve ser
racional, amigável, legível e integrado por
títulos de transporte com preços baixos.
Há países/regiões em que os títulos são
mesmo gratuitos (ou quase) porque, no
balanço de custos-benefícios, os interesses
comuns saem a ganhar na perspetiva
socioeconómica e ambiental quando as
pessoas se deslocam em transportes
públicos coletivos em detrimento do
transporte individual.
Entre nós foi possível avançar com PIS nas
áreas metropolitanas e nas comunidades
intermunicipais aderentes, mobilizando
através do OE 2019 cerca de 120 milhões de
euros para o PART — Programa de Apoio à
Redução Tarifária.
Embora ainda muito esteja por fazer no
domínio das infraestruturas e equipamentos
— há situações de gravíssimo atraso —, era
expectável que tal programa tivesse um
grande impacte. Não é coisa de somenos
passível de abordagem neutral.
As reações político-partidárias
polarizaram-se em duas grandes direções: a
do partido do governo e, em variadas
proporções, as daqueles que suportam a
maioria parlamentar emergente das eleições
de 2015, que se louvam na medida; e a da
oposição minoritária que, crítica e
amedrontada, entrou numa espiral falaciosa
que evidencia desnorte. Neste caso
utilizam-se argumentos com pouquíssima
fundamentação, como, p.ex., falar-se na
desigualdade de tratamento ao longo do país.
Era expectável este alinhamento, mesmo
nos excessos registados.
Tendas, macarrons parisienses,
PowerPoints apelativos, viagens pendulares
e múltiplas declarações e discursos: os
governantes socialistas utilizam-nos para
faturarem política e eleitoralmente. É um
facto! Mas é ilegal ou ilegítimo? Há
alternativas credíveis?
Quando o PCP diz, assertivo, “há 22 anos
que propomos esta medida”, logo aparece
alguém do PS dizendo que, “se hoje falamos
nos passes sociais, não esqueçamos que foi
graças a um programa deste Governo, bem
antes de o assunto estar na ordem do dia”!
Aqui chegados, não posso deixar de,
assumindo a primeira pessoa do singular,
aÆrmar, com conhecimento factual direto,
que se não tivesse havido um amplo, difícil e
profundo trabalho técnico e institucional
realizado pelas áreas metropolitanas desde
2015 teria sido impossível ao presidente da
Câmara de Lisboa ou a qualquer outro
anunciar, subitamente, no início de 2018,
que se iria preparar o lançamento do passe
social. Claro, fê-lo com sentido de
oportunidade, ou, como há quem diga, de
forma oportunista.
Porque tinha as
costas quentes pelo
governo e porque
sabia que havia
Uma adequada muito trabalho de
base já realizado.
mobilidade É importante
é fator clariÆcar que, no
indispensável caso da Área
Metropolitana de
aos direitos Lisboa, a missão
de cidadania executiva e técnica
foi particularmente
complexa porque
variados atores
intervenientes
desacreditaram,
obstaculizaram e
tudo Æzeram para
que a entidade não
se assumisse como
autoridade de transportes.
Agora, como os passes se conÆguram um
êxito, já se acotovelam, todos, para Æcar na
primeira linha da fotograÆa. Isto, sim,
parece-me comportamento revelador de
falta de seriedade e rigor.
Investigador FCSH/UNL
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 9
ESPAÇO PÚBLICO
Viver o desporto,
abraçar o futuro
O
ALEXANDROS AVRAMIDIS/REUTERS
José Manuel Constantino
Comité Olímpico de Portugal
(COP) mantém desde 2016 um
programa de apoio a
refugiados. O objetivo tem sido
o de mobilizar a comunidade
desportiva no apoio a pessoas
que fogem de países devastados
pela guerra, aproveitando as
potencialidades de um
fenómeno global, como é o
desporto, na provisão de recursos essenciais
e que ajudem aqueles que procuram
Portugal a refazer as suas vidas. Feliz ou infelizmente, estes apoios têm
O desporto é reconhecido como uma via sido possíveis sem qualquer
de promoção do desenvolvimento e à acompanhamento, político ou Ænanceiro,
inclusão social, porém, a sua ação, neste das autoridades nacionais, de mecenas ou do
domínio, está muito longe de se esgotar na tecido empresarial.
gestão mediática dos seus intervenientes e O desaÆo que se depara pela frente é bem
dos eventos pontuais que se realizam com mais difícil do que um simples impulso
propósitos solidários. reativo e uma resposta, por certo importante,
Muitos dos exemplos mais mediatizados a uma situação de emergência devida a um
alertam-nos para a necessidade de auxílio acontecimento extraordinário que salta para
em cenários de crise, mas não devem desviar a ordem do dia. Mas que, no essencial, se
o foco político das reais prioridades no que dissipa na voragem da torrente informativa.
concerne ao papel do desporto no apoio Este trabalho precisa de se transformar
social a situações de crise e de carência. num esforço permanente e genuíno. De
O programa de apoio que tem sido efetivamente transitar de um expediente
desenvolvido atingiu perto de um milhar de assistencialista para uma visão solidária
refugiados e deslocados em busca de asilo, contínua, que exista com consistência e
através do apetrechamento dos centros de qualidade e que,
apoio a refugiados em material desportivo de sobretudo, exista
diversas modalidades, do acompanhamento independentemente
na integração no tecido associativo daqueles do número de
com capacidades desportivas para a vertente câmaras de televisão
competitiva e nas comunidades locais presentes.
dispersas pelo território nacional. O programa Para tal, o reforço
Nestes locais, uma bola, uma bicicleta, uns de apoio do COP da cooperação com
sapatos desportivos, o contacto humano que
a refugiados
as autoridades
o desporto proporciona são experiências de desportivas, as
um valor social inestimável. A alegria precisa de se organizações
vivenciada contrasta com a amargura da
transformar empresariais, as
chegada a um novo e estranho destino,
rompendo com as barreiras linguísticas, num esforço
diversas redes e
plataformas não
étnicas e culturais na comunhão universal
permanente governamentais são
em torno de uma bola ou de uma outra
atividade desportiva. e genuíno
o caminho a seguir
em projetos locais e
Estas experiências desportivas são, de há em ações
muito, o que de pouco positivo tiveram nos humanitárias.
tempos mais chegados, e um elemento de Lembrá-lo no dia
coesão entre si e a comunidade de em que se assinala o
acolhimento, conferindo expressão efetiva à Dia Internacional do
unidade na diversidade. Desporto para o
Num outro plano tem sido prestado apoio Desenvolvimento e a
direto a dois refugiados com passado Paz é aÆrmar que o
desportivo de mérito e que nas modalidades valor social do desporto não é uma simples
de atletismo e de boxe procuram garantir a retórica discursiva, que se esgota numa
participação desportiva nos próximos Jogos oportunidade ou que se usa numa
Olímpicos de Tóquio 2020. circunstância, mas um bem que importa
Este programa de apoio a refugiados tem valorizar e proteger.
tido o contributo Ænanceiro da Comissão
Europeia, da Solidariedade Olímpica e do Presidente do Comité Olímpico de
próprio Comité Olímpico de Portugal. Portugal
10 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
POLÍTICA
Governo esconde documentos
sobre fogos há mais de um ano
O tribunal intimou Ministério da
Administração Interna a entregar
documentos pedidos pelo PÚBLICO. Até
ontem, a sentença ainda não havia sido
cumprida nem o MAI tinha recorrido
Incêndios
Liliana Valente
Há mais de um ano que o Ministério
da Administração Interna (MAI) tem
vindo a recusar, diÆcultar ou protelar
o acesso a informações e a documen-
tação pedida pelo PÚBLICO relacio-
nada com os incêndios de 2017. Os
pedidos começaram ainda nesse
ano, sem que o MAI tivesse mostrado
vontade para ceder as informações
solicitadas, excepto quando a isso foi
obrigado. Agora o Tribunal Adminis-
trativo do Círculo de Lisboa veio dar
razão ao PÚBLICO e “intima” o
ministério liderado por Eduardo
Cabrita a fornecer toda a informação
requerida, o que ainda não aconte-
ceu, decorrendo ainda o prazo para
o poder fazer ou para recorrer da
sentença.
A história começou logo após os
incêndios de Pedrógão Grande, mas
as diÆculdades em aceder a informa-
ção acentuaram-se com a entrada
para a pasta do actual ministro da
Administração Interna, Eduardo
Cabrita. O PÚBLICO pediu acesso a
variada documentação que permiti-
ria ter mais informações sobre o que
aconteceu nos trágicos incêndios
daquele ano. No pedido inicial do
jornal, era requerido acesso ao rela-
tório interno da Autoridade Nacional
da Protecção Civil (ANPC) sobre a
actuação daquela entidade no fogo
que vitimou 66 pessoas, que o
PÚBLICO acabou por revelar em pri-
meira mão em Maio do ano passado,
tendo o Governo recusado enviar o
documento alegando “segredo de
justiça” que não se veriÆcava.
No mesmo pedido, que foi sendo
repetido ao longo dos primeiros
meses de 2018, era requerido o rela-
tório com as falhas da rede de emer-
gência nacional — SIRESP — detecta-
das pelo MAI e o despacho ou outro
documento oÆcial em que a secreta-
ria-geral do MAI informava a SIRESP,
S.A., a empresa que gere a rede, que
a iria multar. Sobre este tema, foi
ainda enviado um pedido para con-
sulta do processo da Inspecção-Geral
da Administração Interna ao secre-
tário-geral adjunto do MAI, Francis-
co Gomes, sobre as alegadas respon-
sabilidades que teve na gestão do
SIRESP, ainda por concluir.
O requerimento do PÚBLICO con-
tinha um total de 15 pontos, com
perguntas e pedidos de documentos
sobre o SIRESP, meios aéreos,
nomeadamente os helicópteros do
Estado, Kamov, que continuam para-
dos, sobre o aferimento feito pelo
MAI dos valores pagos às empresas
de locação de meios aéreos extraor-
dinários de combate a incêndios
naquele ano (Eduardo Cabrita pro-
longou a época de incêndios até ao
Ænal de Novembro de 2017) e ainda
sobre assessoria jurídica, nomeada-
mente com o escritório de advoga-
dos Linklaters, do qual era sócio o
agora ministro adjunto e da Econo-
mia, Pedro Siza Vieira. Sobre este
lote de perguntas, o MAI, ao longo
deste ano, foi cedendo algumas res-
postas, obrigado a isso pela CADA ou
pelos requerimentos entregues em
tribunal (ler textos ao lado).
O juiz decidiu
Contudo, nos pontos mais sensíveis,
o PÚBLICO continua a aguardar res-
postas. “Inexistindo qualquer funda-
mento legal de recusa, deve a enti-
dade requerida ser condenada a documentos e por isso entende “ade- tipo de segredo protegido por lei, ou
prestar as informações solicitadas, quado o tribunal prever, desde já, seja, não invocou qualquer justiÆca-
autorizando, permitindo o acesso que em caso de não-cumprimento ção legalmente aceitável para não
aos documentos que as contêm”, atempado ou de apresentação de prestar informações solicitadas e/ou
lê-se na sentença do Tribunal Admi- justiÆcação legalmente aceitável des- impedir o acesso à documentação
nistrativo do Círculo de Lisboa pro- Deve a entidade se incumprimento, no mesmo prazo, correspondente”.
ferida a 20 de Março, como resposta será a entidade requerida demanda- Por isso, a conclusão do tribunal é
à intimação para prestação de infor- requerida ser da condenada no pagamento de san- a de “intimar a entidade requerida
mações e passagem de certidões que condenada a ção pecuniária compulsória”. [MAI]” à satisfação dos pedidos
o PÚBLICO fez ao MAI em Agosto do Além disso, o tribunal não encon- “prestando as informações requeri-
ano passado, decorridos todos os prestar as tra razão para o não-envio da infor- das e/ou permitindo o acesso aos
prazos legais para que o MAI desse informações mação, uma vez que durante o tem- documentos que as contêm ou infor-
as respostas ao jornal. po do processo, que começou com a mando que estes não existem”.
Na sentença, o juiz considera que solicitadas queixa à CADA, o ministério não res-
se veriÆca “da tramitação dos pre- Tribunal Administrativo do pondeu “não querer, não poder por, Expedientes do MAI
sentes autos que a entidade requeri- Círculo de Lisboa por exemplo, não ter na sua posse a Ao longo de um ano de troca de
da tem vindo a retardar, protelar ou documentação pretendida ou por o requerimentos, primeiro com a
mesmo impedir o acesso” a alguns acesso peticionado ir contra algum Comissão de Acesso a Documentos

As perguntas
(sem resposta)
começaram
ainda antes de
Eduardo Cabrta
suceder a
Constança
Urbano de Sousa
Administrativos (CADA) e depois
com o tribunal, o MAI escudou-se em
diferentes expedientes para não for-
necer dados, inclusivamente, res-
pondendo que tinha prestado infor-
mações (mas que, na realidade, não
correspondiam ao pedido original)
ou justiÆcando que o que era reque-
rido era “apresentado de forma
genérica” ou “não era balizado”.
No verão do ano passado, a CADA
concluía no seu parecer que “deverá
ser facultado o acesso no quadro
exposto”, recusando os argumentos
do MAI que os pedidos eram genéri-
cos. “O pedido em causa parece con-
creto e balizado no tempo”, escreveu
a CADA sobre um dos pontos do
PAULO CUNHA/LUSA
requerimento do PÚBLICO, relativo
à lista de contratos para assessoria
jurídica.
Além deste aspecto, o MAI tentou
que o processo não avançasse, uma
vez que, dizia, tinha começado fora
do tempo previsto pela lei. “Tendo a
presente acção sido instaurada em
28.8.2018, forçoso é concluir pela
sua tempestividade, não se veriÆcan-
do, consequentemente, a questão
prévia invocada” pelo MAI, senten-
ciou o tribunal. Depois da sentença,
o MAI tem dez dias para recorrer ou
ceder a informação. Até à data, tal
não aconteceu.
liliana.valente@publico.pt
Helicópteros extras custaram cinco milhões
Em 2017, assim que chegou ao Minis-
tério da Administração Interna
(MAI), na sequência da demissão de
Constança Urbano de Sousa, Eduar-
do Cabrita ordenou um prolonga-
mento da época de incêndios até dia
15 de Novembro, contratando por
ajuste directo 27 aviões e helicópte-
ros de combate aos fogos. No total,
os meios desse mês extra, entre 16
de Outubro e 15 de Novembro, terão
custado cinco milhões de euros. Os
aviões não terão voado muito em
Novembro, Æcando de prevenção.
Só foi possível fazer as contas
depois de o MAI ter respondido ao
PÚBLICO, já com o processo a correr
em tribunal, sobre os valores des-
pendidos de 1 a 15 de Novembro: “O
montante efectivamente pago, fruto
da aplicação das cláusulas contra-
tuais, foi de 1,9 milhões euros, acres-
cido do IVA”, o que dá 2,3 milhões.
Estes aviões e helicópteros foram
alugados tendo como base um con-
MAI e Linklaters sem contrato escrito
Depois dos incêndios, Constança
Urbano de Sousa abriu uma guerra
com operadora da rede de emergên-
cia nacional, o consórcio SIRESP, S.
A., mas com a mudança de ministro
muito mudou também na relação
com a empresa. No Verão de 2017, a
então ministra deu uma conferência
de imprensa, munida de um parecer
do escritório de advogados Linkla-
ters, que lhe dava força não só para
exigir o pagamento de penalidades
contratuais (ver página seguinte)
como para exigir “responsabilida-
des, enquanto operadora, pelo fun-
cionamento do sistema”. Este segun-
do processo, que se entendia ser
uma acção na justiça, Æcou logo pelo
caminho. O pagamento de multas
também não chegou a acontecer.
Nos bastidores desta intenção de
Constança Urbano de Sousa estava
a Linklaters, da qual era sócio, à épo-
ca, o agora ministro Pedro Siza Viei-
ra. Aliás, tinha sido esse mesmo
escritório a fazer o contrato inicial
com a SIRESP do lado do Estado. Do
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 11
[MAI] não invocou qualquer
justiÄcação legalmente
aceitável para não prestar
informações
Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa
trato que tinha uma remuneração
Æxa e outra variável, descontando ou
acrescentando pagamento por horas
de voo, conforme tivessem sido rea-
lizadas ou não. O PÚBLICO quis
saber como tinha o MAI apurado o
valor, pedindo um descritivo por
contrato, com o número de horas
voadas ou não voadas.
Foi já em Janeiro deste ano que o
MAI entregou um quadro com os
valores por contrato, percebendo-se
assim que os aviões alugados terão
voado muito pouco ou não voado de
todo. Quantas horas? Não é possível
saber, uma vez que o MAI continua
sem responder a essa pergunta.
Contudo, no quadro entregue, é
possível veriÆcar que, para os aviões
anfíbios, os valores pagos são infe-
riores aos contratados, o que revela
que houve um abatimento por estes
não terem sido usados, Æcando
aquém das horas contratualizadas.
No Ænal, os quatro aviões médios
lado do consórcio estava outro socia-
lista: Francisco André, que meses
mais tarde viria a ser chefe de gabi-
nete do primeiro-ministro.
Desde o início que o PÚBLICO quis
perceber quais as relações contra-
tuais entre a Linklaters e o Estado,
mas só meses depois é que o Minis-
tério da Administração Interna (MAI)
informou que o escritório tinha sido
contratado na “aquisição de serviços
de assessoria jurídica” para obter um
“parecer jurídico” e esclarecer o
âmbito e condições de aplicação da
cláusula ‘força maior’ do contrato
SIRESP” — a cláusula que poderia
ilibar a empresa de responsabilida-
des se os incêndios fossem conside-
rados “força maior”. Visão diferente
teve a Linklaters — mas o seu parecer
não chegou a ser utilizado.
O referido contrato, informou o
MAI, teve o valor de 4500 euros
(mais IVA) e não integrou “a celebra-
ção de contrato escrito”, devido ao
valor, e por se tratar “de uma aqui-
sição de serviços ao abrigo do regime
Fireboss contratados à Agro-Mon-
tiar por 387 mil euros (com IVA)
custaram 165 mil euros, menos de
metade. O mesmo para outros dois
aviões alugados à mesma empresa,
que tinham um custo previsto de 153
mil euros e que Æcaram por 88,8
mil. Já os dois pesados Canadair alu-
gados à Babcock tinham uma previ-
são de 526,8 e custaram 474,2. Nos
helicópteros tal não aconteceu, ten-
do sido pago o valor contratualiza-
do.
No total, pelos meios de 1 a 15 de
Novembro foram pagos 2,3 milhões
de euros, a que se juntam 2,7 milhões
pelos de Outubro, perfazendo cinco
milhões de euros. Entre os dias 16 de
Outubro e 15 de Novembro foram
realizados 11 contratos por ajuste
directo com várias companhias de
aluguer de meios aéreos: Babcock,
Helibravo, HTA-Helicópteros, Heli-
Portugal, Everjets e Agro-Montiar.
Liliana Valente
simpliÆcado previsto no Código dos
Contratos Públicos”.
O PÚBLICO quis ainda ter acesso
à lista de contratos celebrados entre
o MAI e escritórios de advogados
desde o início da legislatura, uma vez
que o gabinete de Eduardo Cabrita
não tem qualquer informação sobre
contratos de assessoria jurídica no
Portal BASE. Mas o MAI respondeu,
meses depois de a pergunta ter sido
feita, que celebrou apenas um, em
Dezembro de 2016, para “prestação
de serviços de patrocínio judicial, no
âmbito da acção administrativa
intentada contra o Ministério da
Administração Interna pelo ex-di-
rector nacional do SEF, à Sociedade
de Advogados Correia, Seara, Caldas,
Simões e Associados, no valor de
4867,50 euros, acrescido do IVA”.
Tal como decidido pelo tribunal,
o PÚBLICO aguarda ainda que o MAI
ceda a lista com todas as relações
contratuais entre o gabinete de
Eduardo Cabrita e escritórios de
advogados. L.V.
12 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
POLÍTICA
Cabrita referiu dados errados no Parlamento
Liliana Valente
Números a que o PÚBLICO
teve acesso sobre SIRESP
não coincidem com
informações dadas
pelo governante na AR
Estávamos em Abril do ano passado,
o ministro da Administração Interna
ainda estava fresco no lugar, e a von-
tade de multar a SIRESP, S.A. pelas
falhas da rede de emergência nacio-
nal nos incêndios de 2017 ainda era
um desígnio do Governo. Nessa altu-
ra, Eduardo Cabrita disse na Assem-
bleia da República que o SIRESP tinha
falhado nove mil horas em 2017, ou,
na linguagem contratual, 540 mil
minutos. Os dados certos, no entanto,
andam muito longe dos números
referidos pelo ministro, que recusou
ao longo do último ano e meio dar ao
PÚBLICO os relatórios oÆciais sobre
as falhas da rede de emergência
nacional ou mostrar os documentos
que comprovassem os dados que
usou. O resultado? A empresa não
será multada como inicialmente foi
prometido pelo Governo.
“O levantamento que foi feito apon-
ta para nove mil horas de indisponi-
bilidade da rede SIRESP em 2017, e
daí tiremos sem demagogias as res-
ponsabilidades necessárias”, aÆrmou
aos deputados a 4 de Abril de 2018.
Mas nem as falhas detectadas chega-
ram a esse valor nem o Governo tirou
as “responsabilidades necessárias”.
De acordo com dados a que o
PÚBLICO teve acesso, os valores glo-
bais não chegam a 200 mil minutos,
menos de metade dos dados referidos
pelo ministro, e representam uma
disponibilidade acima de 99,9%, tor-
nando impossível a multa à empresa.
O PÚBLICO pede estes dados ao
Ministério da Administração Interna
desde Janeiro de 2018, sem sucesso,
apesar da queixa apresentada pelo
jornal à Comissão de Acesso a Docu-
mentos Administrativos e posterior-
mente ao tribunal.
É importante referir que esta é um
O levantamento que foi feito
aponta para 9000 horas
de indisponibilidade da rede
SIRESP em 2017
Eduardo Cabrita
Ministro da Administração Interna
Contrato blindado faz com que seja quase impossível aplicar multas à SIRESP, S.A.
conta global que os técnicos não
fazem, porque em termos de contra-
to há, na verdade, duas formas de
contabilizar as indisponibilidades da
rede: uma que avalia o funcionamen-
to dos “elementos críticos” do siste-
ma (avalia 672 elementos de entre
milhares); e outra que contabiliza o
funcionamento geral da rede. Para
ambos os indicadores, em relação a
2017, a SIRESP ainda tinha muitas
horas, ou mesmo dias, em que pode-
ria estar indisponível sem que fosse
multada por isso.
O problema está no contrato inicial,
que, embora seja público, tem partes
conÆdenciais, entre eles o chamado
“anexo 29”, no qual é descrito o “pro-
cedimento de aferição das deduções
por falhas de disponibilidade e por
falhas de desempenho”. O contrato
com a SIRESP, S.A., feito por Daniel
Sanches do Governo de Durão Barro-
so e renegociado por António Costa
enquanto ministro da Administração
Interna do Governo de José Sócrates,
com a assessoria do escritório de
advogados Linklaters, tem uma espé-
cie de blindagem face a penalidades,
tornando quase impossível a aplica-
ção de multas.
Para se ter uma ideia, explica um
especialista na matéria ao PÚBLICO,
para que o Estado pudesse multar a
empresa pelo não funcionamento da
rede, esta teria de estar totalmente
em baixo cerca de dois meses. Ou
seja, mesmo com as falhas documen-
tadas de 2017, os valores Æcaram mui-
to abaixo do que está previsto no
contrato para que a empresa possa
vir a ser responsabilizada.
MAI esconde dados
Para contar esta história é preciso
recuar novamente no tempo. Os rela-
DANIEL ROCHA
tórios sobre os incêndios de 2017, de
Pedrógão Grande e de 15 de Outubro,
tanto o da Comissão Técnica Inde-
pendente como o do professor Xavier
Viegas, apontam para o facto de a
rede de emergência nacional ter
falhado, diÆcultando o combate aos
incêndios e o trabalho de socorro e
resgate das vítimas. Por exemplo, só
na hora em que morreram mais pes-
soas em Pedrógão, houve 537 chama-
das falhadas.
Perante estes dados, o Governo
depressa afirmou ser sua intenção
exigir o pagamento de penalidades
previstas no contrato, era ainda Cons-
tança Urbano de Sousa ministra da
Administração Interna.
Nessa altura, o PÚBLICO começou
a pedir ao Ministério da Administra-
ção Interna o acesso aos relatórios
que sustentavam a decisão, sobretu-
do os que mostram o apuramento das
falhas da rede de emergência nacio-
nal. Os primeiros pedidos ainda
foram com a anterior ministra, actual
deputada, repetidos por várias vezes
desde Janeiro de 2018 ao actual minis-
tro. Pedidos que continuam sem res-
posta.
Em Março de 2018, o MAI, já com
Eduardo Cabrita à frente, respondia
ao PÚBLICO que o relatório sobre as
falhas ainda não estava concluído,
mas um mês depois, Eduardo Cabrita
dizia na Assembleia da República que
tinham sido contabilizadas nove mil
horas de falhas. Esta declaração moti-
vou novas perguntas do PÚBLICO,
que permaneceram sem retorno
durante meses. Em Outubro, no meio
de uma resposta a um requerimento
escrito do PSD, o MAI dizia que não
tinham sido aplicadas multas por não
terem sido “recolhidas evidências do
incumprimento dos níveis de serviço
contratualmente estabelecidos”.
No mesmo mês, o gabinete de
Eduardo Cabrita responderia ainda
ao PÚBLICO que “o MAI não ‘desis-
tiu’” da aplicação de multas, mas que
foi feita uma “veriÆcação” da dispo-
nibilidade da rede e que, “após a rea-
lização dessa veriÆcação”, se concluiu
“que a operadora cumpriu os níveis
de serviço contratualmente estabele-
cidos, pelo que não houve lugar à
aplicação de penalidades”.
O PÚBLICO interpôs uma acção em
tribunal contra o MAI no Verão do
ano passado. Em Fevereiro, o MAI
respondeu ao tribunal que a docu-
mentação sobre a SIRESP poderia ser
consultada se o PÚBLICO fosse às ins-
talações da Secretaria-Geral do MAI.
Assim aconteceu, a 8 de Fevereiro.
Nesse encontro, esperava o PÚBLICO
o secretário-geral adjunto Francisco
Gomes, para uma reunião para expli-
car o funcionamento do sistema, sem
que tivesse autorização para fornecer
os dados pedidos.
O Tribunal Administrativo do Cír-
culo de Lisboa decidiu a 20 de Março
que o MAI tem de os entregar, mas até
à data nem foram entregues ao
PÚBLICO nem o MAI recorreu.
liliana.valente@publico.pt
14 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
POLÍTICA
Cristas “feliz” com “renovação e
experiência” nas listas de deputados
Líder do CDS-PP deu lugar de destaque a três independentes que são também ex-jornalistas: Sebastião
Bugalho, Raquel Abecasis e Rui Lopes da Silva. ConÄrma-se a saída de Teresa Caeiro das listas
Legislativas
Sofia Rodrigues
É com uma dose de experiência par-
lamentar e outra de renovação que
Assunção Cristas considera ter
encontrado o “equilíbrio” para cons-
truir as listas de deputados para as
legislativas. As três novidades são
ex-jornalistas que vão para lugar de
destaque como independentes:
Sebastião Bugalho, que trabalhou
para o jornal i e é colunista do Obser-
vador; Raquel Abecasis, que saiu da
Rádio Renascença para ser candida-
ta autárquica em 2017 e é chefe de
gabinete de Cristas enquanto verea-
dora em Lisboa; e Rui Lopes da Silva,
seu chefe de gabinete no partido, ex-
jornalista da RTP e antigo assessor
da então ministra da Agricultura no
Governo de Passos Coelho.
Raquel Abecasis e Rui Lopes da
Silva vão encabeçar a lista de Leiria
e de Coimbra, respectivamente.
Sebastião Bugalho, que tem 23 anos,
irá em sexto lugar por Lisboa (que é
elegível), distrito que terá como
cabeça de lista a própria líder.
A quota da direcção nacional cor-
responde a 18 cabeças de lista, cinco
em Lisboa e três no Porto. “As esco-
lhas têm a preocupação de encontrar
equilíbrio entre a experiência parla-
mentar e a novidade. Há uma reno-
vação e tem a preocupação de uma
grande abrangência etária”, disse ao
PÚBLICO Assunção Cristas, mostran-
do-se “muito feliz” com as escolhas.
Exemplos dessa abrangência são
Sebastião Bugalho e Francisco Rodri-
gues dos Santos, líder da Juventude
Popular, de 29 anos, que ocupa o
segundo lugar na lista do Porto.
No total, são 14 novos cabeças de
lista, sem contar com os que já foram
o primeiro nome indicado pelo CDS
na coligação com o PSD em 2015. Em
20 nomes, nove são deputados.
Em Lisboa, depois de Assunção
Cristas, o segundo lugar foi para a
deputada Ana Rita Bessa, que faz
parte da equipa que está a elaborar
o programa eleitoral para as legisla-
tivas. A terceira posição é do líder da
distrital de Lisboa, João Gonçalves
Pereira, deputado e vereador em
Lisboa. O secretário-geral do CDS-PP,
Assunção Cristas defendeu as suas escolhas, ontem à noite,perante o conselho nacional do CDS
Porto, “uma cidade para inglês ver?”
O
s sociais-democratas
instalam hoje os primeiros
outdoors no Porto que
visam questionar as
políticas de Rui Moreira à frente
da autarquia. À mesma hora,
realizam-se as jornadas
autárquicas.
A pesada derrota eleitoral que
o PSD sofreu no Porto em 2017
parece ter despertado o partido
para a importância das eleições
locais. O PSD reúne-se, esta
manhã, também na cidade, para
fazer uma reflexão sobre o
mandato em termos autárquicos
e, ao mesmo tempo, avaliar o
trabalho do PSD quer na câmara,
quer na assembleia municipal.
“Estamos claramente a querer
preparar as próximas eleições
autárquicas e vamos querer
envolver a sociedade do Porto
na construção de um projecto
de cidade que queremos ver
implementado a partir de 2021”,
disse ao PÚBLICO o presidente
da comissão política concelhia
do PSD-Porto, Hugo Neto.
Esta reflexão acontecerá no
decurso das jornadas
autárquicas do partido que
decorrem num hotel da cidade,
na qual vão participar autarcas e
ex-autarcas, dirigentes,
simpatizantes do partido e
também o eurodeputado e
cabeça de lista do PSD às
europeias, Paulo Rangel, e o
líder, Rui Rio.
À hora em que começam os
trabalhos das jornadas, serão
colocados em três pontos
diferentes da cidade cartazes
com a mesma mensagem: “O
Porto dos portuenses está-se a
perder. Uma cidade para inglês
ver?” M. G.
PAULO PIMENTA
Pedro Morais Soares, ocupa o quarto
lugar, e Isabel Galriça Neto, actual
deputada, Æca em quinto.
Entre os que saem das listas está
Teresa Caeiro, que era deputada des-
de 2002. Para cabeça de lista de Faro
— o distrito em que Teresa Careiro foi
eleita em 2015 — foi indicado João
Rebelo, deputado desde 1999, sem-
pre eleito por Lisboa (actualmente é
também coordenador autárquico).
Nos primeiros lugares do Porto
também não está Álvaro Castello
Branco. A lista portuense é liderada
por Cecília Meireles, deputada e vice-
presidente do partido. No número
dois, Assunção Cristas assumiu o
compromisso com a Juventude
Popular de lhe dar um lugar e é aí
que está Francisco Rodrigues dos
Santos. À semelhança do que acon-
tece em Lisboa, o líder da distrital,
Fernando Barbosa, ocupa a terceira
posição, e no lugar seguinte foi colo-
cada a líder da concelhia, Isabel
Menéres. A distrital do Porto é uma
das que têm dado sinais de descon-
forto pela forma como as escolhas
foram feitas, defendendo que as
estruturas devem ter mais peso nos
nomes que são propostos.
Do actual grupo parlamentar, a
deputada Ilda Araújo Novo eleita por
Viana do Castelo (para substituir
Abel Baptista, que saiu entretanto do
CDS) não se mantém. Para esse lugar
foi indicado Filipe Anacoreta Cor-
reia, que em 2015 foi candidato por
Lisboa e que acabou por se estrear
no Parlamento com a saída do ex-lí-
der Paulo Portas.
A deputada Vânia Dias da Silva,
que foi candidata por Braga em 2015,
não foi incluída na quota da direcção
nacional. Telmo Correia volta a ser o
cabeça de lista por Braga, João Almei-
da mantém-se como número um em
Aveiro (distrital que também deverá
acolher António Carlos Monteiro,
Hélder Amaral será o primeiro can-
didato por Viseu e Patrícia Fonseca
é de novo a candidata em Santarém.
O líder parlamentar, Nuno Maga-
lhães, mantém-se como cabeça de
lista por Setúbal.
Cristas, que ontem deu a conhecer
as suas escolhas ao conselho nacio-
nal do CDS, assume que gostaria de
ter mantido neste grupo Vânia Dias
da Silva, mas que não foi possível
nesta fase. A centrista congratula-se
por já ter aprovado os principais can-
didatos às legislativas de Outubro,
reiterando que quer estar “um passo
à frente” dos outros partidos. Só
depois das europeias, em Maio,
quando estes candidatos já estive-
rem no terreno, em campanha, ao
lado de Nuno Melo, é que as distritais
deverão propor os seus nomes para
completar as listas de deputados.
Para os distritos do interior, onde
é o terreno é mais difícil para o CDS,
os cabeças de lista também já estão
escolhidos: Vila Real (Patrick
Alves); Bragança (Nuno Moreira);
Castelo Branco (Assunção Vaz Pato);
Portalegre ( José Manuel Rato Nunes);
Beja (Inês Palma Teixeira); e Évora
(Paulo Pessoa de Carvalho). Para o
círculo da Europa, Cristas escolheu
Melissa da Silva, de 27 anos, que é da
segunda geração de emigrantes em
França. No círculo Fora da Europa,
o CDS terá Gonçalo Nuno dos Santos,
ex-militante do PSD.
srodrigues@publico.pt

“Se entendem que não devem
legislar, no futuro, indignem-se
menos”, diz Marcelo
Nomeações
Leonete Botelho
O Presidente da República
defende que os legisladores
(Parlamento e Governo)
devem discutir limites para
nomeações de familiares
O Presidente da República insistiu
ontem na defesa de que o Parlamen-
to e o Governo devem debater os
limites às nomeações de familiares
de políticos para gabinetes e decidir
se a lei deve ser alterada nesse senti-
do, como ele próprio defende. Mas,
se não o Æzerem, avisa: “No futuro,
indignem-se menos”.
coprodução
Teatro Nacional
de São Carlos
Parsifal
Richard Wagner
Concerto (excertos do I ato e III ato completo)
direção musical Graeme Jenkins
Parsifal Erin Caves
Gurnemanz Ante Jerkunica
Amfortas Michael Kraus
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
maestro titular Giovanni Andreoli
Orquestra Sinfónica Portuguesa
maestrina titular Joana Carneiro
12.04.2019
21:00
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 15
POLÍTICA
“É preciso decidir se se justiÆca 20, dez anos, que hoje não admite”. Na quinta-feira, o Presidente já
haver um regime próprio para os que
Para o
Presidente, Agora, sublinha, “há uma indigna- tinha aconselhado a rever o Código
trabalham em gabinetes de gover- quando se chega ção”. “Parece-me estranho que, do Procedimento Administrativo,
nantes e de parlamentares”, disse à conclusão de havendo essa indignação sobre prin- em particular o artigo 69.º, que esta-
Marcelo Rebelo de Sousa à RTP, ten- que a ética não cípios, não tirem essa consequência. belece que um titular de um órgão
tando esclarecer o que dissera na chega, é preciso Se os legisladores entendem que não ou agente da Administração Públi-
a lei
véspera, quando defendeu que “vale devem tirar consequências, no futu- ca não pode intervir em acto em que
a pena rever a lei”, numa ideia idên- ro, indignem-se menos”, avisou. tenha interesse um parente ou aÆm
tica à avançada por António Costa. não chega, é preciso a lei. Estamos a O recado para o Parlamento, na linha recta ou até ao 2.º grau na
A esquerda admite entrar no deba- chegar à conclusão de que a ética sobretudo para a direita, é claro: “Eu linha colateral (irmão ou cunhado).
te se alguém apresentar propostas, não chega, é preciso mudar a lei tam- sei que é difícil estar a pedir aos legis- “Aquilo que pode ser discutido é se
mas a direita mostra-se muito relu- bém no que respeita à nomeação de ladores, sobretudo no Æm de uma esses limites que existem para a
tante, ou porque se trata apenas de colaboradores de titulares de cargos legislatura, que ponderem matérias administração pública em geral não
uma matéria de bom senso, como políticos”, defende. destas, consideradas sensíveis. Mas deviam funcionar também para os
diz o CDS, ou de matéria legislativa O Presidente lembra que a nomea- o que não é possível é indignarem-se colaboradores de titulares de cargos
da competência do Governo, como ção de familiares era comum na I com situações que existem, mas não políticos, supondo que não são já
aÆrmou Marques Guedes (PSD). República e na ditadura e também já se indignarem ao ponto de pondera- aplicáveis por analogia”, aÆrmou
Marcelo tem outro entendimento. aconteceu em democracia. Mas “o rem deÆnir regras e acolher princí- agora o antigo professor de Direito.
“É uma questão ética, mas quando país mudou os seus juízos de ética pios sobre essas situações. Elas vão
se chega à conclusão de que a ética social, porque admitia coisas há 30, continuar a repetir-se”. leonete.botelho@publico.pt
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16 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019

POLÍTICA

PÚBLICO & NOTÓRIO 11.492

Os operacionais, distribuídos
por 2653 equipas, que integram
o Dispositivo Especial de
Combate a Incêndios Rurais
para o ano de 2019. Há ainda
2493 veículos de apoio e 60
aeronaves

FOTO DA SEMANA AS FRASES

DR

“A tudo o que é relevante

Bastidores
A casa do provedor
da Santa Casa
Está tão difícil alugar uma casa
em Lisboa, que a Santa Casa da
Misericórdia faz um desconto
de 10% aos seus dirigentes e
funcionários. Quem não gostou
de saber que Edmundo Pedro
vive numT4 da instituição,
situado na Alameda D. Afonso
Henriques e arrendado por
1620 euros mensais, foi o PSD,
que ontem fez chegar uma
pergunta ao ministro do
Trabalho, da Solidariedade e da
Segurança Social. O PSD não
propõe que a Santa Casa
despeje o seu provedor, mas
quer saber: “O que vai fazer a
tutela para pôr termo a esta
situação?”
O filho pródigo ajuda
na campanha
Há muitos dias que as relações
familiares no Governo e na
política andam a fazer estragos,
mesmo quando os familiares,
aparentemente, só querem
ajudar. É o caso de Pedro
Tadeu Costa — filho do
primeiro-ministro e secretário-
-geral doPS —, vogal da
Junta de Freguesia de Campo
de Ourique, que é também
um dos operacionais da
direcção de campanha do PS
para as eleições europeias.
“Como militante, tenho a
obrigação de participar de
modo a que o PS possa ter o
melhor resultado”, disse Pedro
Tadeu Costa ao jornal i. Na
verdade, numa altura destas,
é possível que um familiar
na campanha ajude menos
do que seria de esperar.
João Galamba, secretário de
Estado da Energia, foi ontem
notícia no Jornal Económico, por
ter ordenado aos funcionários
do seu gabinete que passassem a
usar a porta das traseiras e o
elevador, em vez das escadas de
madeira, que rangem.
A REFERÊNCIA CAROLINA SALGADO EM TANCOS
Não esteve em pessoa,
evidentemente. Mas o seu nome
foi referido, en passant, na
comissão parlamentar de
inquérito a Tancos. Claro que
nada teve a ver com o roubo dos
paióis. E está à margem do
achamento na Chamusca do
material furtado. Mas, na até
agora semana mais quente das
audições, em que foram ouvidos
vários dos arguidos no processo
judicial e diversos oficiais da
Polícia Judiciária Militar, a menção
do seu nome surpreendeu. O
papel couché das revistas
cor-de-rosa, nas quais desfilam os
êxitos e incidentes da lusa
Depois de explicar ao jornal que
a ordem vigorou durante um
período de obras, Galamba
reagiu à notícia com humor.
Publicou a foto que replicamos
acima na rede social Twitter, da
qual é um utilizador activo, e
escreveu: “Aqui se vê o
sociedade, sobrepôs-se aos
relatórios, inquéritos e
memorandos.
Foi pelo conhecimento de um
dos arguidos que Carolina
Salgado, a mais conhecida das
ex-mulheres de Pinto da Costa, foi
mencionada na sala 6 das
comissões de inquérito da
Assembleia da República.
secretário de Estado da Energia,
num exercício de puro
autoritarismo, a enÆar de forma
extremamente autoritária
pessoas no elevador do
ministério”. E acrescentou: “[É
a] Única reacção possível a uma
‘notícia’ sem nexo”.
A PALAVRA CORRUPÇÃO
O antigo ministro da Economia de
Passos Coelho, Álvaro Santos
Pereira, não esteve na
apresentação do último relatório
da OCDE sobre as perspectivas
económicas porque, disse mais
tarde no Parlamento, percebeu
que houve “pelo menos algum
incómodo” com a sua evental
presença. De quem e porquê? Da
delegação portuguesa na OCDE e
de um membro do Governo,
porque, explicou, “manifestaram
a sua intenção de remover a
palavra corrupção do relatório,
porque disseram que o problema
da corrupção, em Portugal, não é
dos mais graves”.
na vida política do país,
ninguém liga
absolutamente nada”
Pacheco Pereira
Comentador
Com 100 mil euros e uma
pequena equipa, posso
deitar abaixo o Governo
deste país em 15 dias”
José Tribolet
Professor universitário
“Já ninguém investiga
os sinais exteriores
de riqueza”
Paulo Ralha
Presidente do Sindicato dos
Trabalhadores dos Impostos
“O ministro das Finanças
é o grande trunfo do PS
para ganhar eleições”
Marques Mendes
Comentador da SIC
“Ninguém deve ganhar
mais do que o
primeiro-ministro”
Rui Rio
Líder do PSD
“A política precisa de
talentos. Não precisa só
de jeito e habilidade”
Bagão Félix
Economista
18 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019

SOCIEDADE
“Não digo que o rio seque,
mas tenho muito medo”
“Sequestrado” por quem decide quando
se liberta água das barragens e minguado
pela falta de chuva, o Tejo tem zonas em
que parece mais uma ribeira do que o
maior rio da Península Ibérica
Reportagem
Patrícia Carvalho (texto)
e Teresa Abecasis (fotos)
A vista que aguarda quem espreita
pelo miradouro de S. Bento, em
Santarém, não é tranquilizadora. Lá
em baixo está o Tejo, ou o que resta
dele, entre os inúmeros bancos de
areia que quase não deixam espaço
para a água, na base da antiga ponte
de ferro, que liga a cidade a
Almeirim. Mas, se o panorama
parece trágico para um visitante
menos avisado, não assusta uma
das funcionárias do café do
miradouro que, de pescoço
esticado, espreita a paisagem à sua
frente e sentencia: “Hoje até é dos
melhores dias. Tem estado como
nunca o vi.”
A grande tragédia do Tejo pode
ser que estas pequenas tragédias já
não surpreendam alguém. Há muito
que os problemas de caudais,
assoreamentos e poluição fazem
parte da vida do rio. Mas, este ano,
até Arlindo Marques — conhecido
como o “guardião do Tejo” e que
em 2018 ganhou o Prémio Nacional
coberto de água]. Talvez tenha sido
no ano passado, em Novembro.”
Houve uma excepção: há dias, a TSF
emitiu uma peça a denunciar o
baixo caudal do Tejo, e a água
chegou de repente, durante a tarde,
obrigando Arlindo a fugir à pressa
com uma equipa de televisão que se
tinha deslocado a Ortiga. Mas foi só
por umas horas. Depois, o rio voltou
a sumir-se para o pequeno curso de
água que tem sido.
Em Constância, Gonçalo Neves,
47 anos, usa um termo para explicar
estas variações: “Sequestrado.” O
que o empresário da área do lazer
diz é: “Nós todos, como sociedade,
é que somos os donos do rio e
estamos a Æcar com um rio
sequestrado por estas empresas que
tanto lançam o mesmo caudal de
Inverno, com o rio com muitos
metros cúbicos por segundo, como
agora, que o rio vai muito curto,
com muito pouca água.” Com várias
barragens ao longo do seu curso, e o
grande transvase Tejo-Segura, em
Espanha, o rio não vive só ao sabor
das chuvas. Longe disso.
Rodrigo Proença de Oliveira,
especialista em Hidrologia,
Um horizonte de nuvens eleitorais

do Ambiente — aÆrma que se está
perante algo mais grave. “Eu não
prevejo nada de bom. Ando aqui
neste rio desde pequeno, vou fazer
54 anos, e praticamente venho aqui
todos os dias. Isto tem vindo a
piorar, mas este ano, para mim, foi
o pior, porque no Inverno não
passou água.” Fala em cima das
pedras arredondadas que são o leito
do Tejo, junto à localidade de
Ortiga, em Mação. No ponto onde se
encontra, apenas cerca de um
quarto do leito do rio está ocupado
por água. O maior rio da Península
Ibérica não parece ali mais do que
uma ribeira larga.
Não é que isto não tenha
acontecido antes, explica o
ambientalista que integra o proTejo
— Movimento pelo Tejo, mas não
durante um período tão extenso. “Já
não me lembro [de ver todo o leito
Recursos Hídricos e Alterações
Climáticas e professor no Instituto
Superior Técnico, explica o porquê
de o caudal do Tejo poder variar
tanto e tão rapidamente. “Se
queremos garantir caudais em
volume suÆciente, é preciso
armazenar em albufeiras. Isto tem
sido feito ao longo dos anos e a
capacidade de armazenamento
tem vindo a crescer. O que existe é
um regime de escoamento que é
artiÆcial e as águas são retidas para
serem desviadas para vários usos.
Em Espanha, muito para a
agricultura. O que as alterações
climáticas vêm trazer é um agravar
desta assimetria de distribuição de
águas entre períodos secos e
húmidos.” E essas alterações, no
Sul da Europa, passam por chover
menos e, quando chove, é em
períodos mais concentrados.
“E
ste Governo do PSOE
[Partido Socialista
Operário Espanhol] era
bem melhor do que o
anterior executivo socialista
[liderado por José Luíz Rodriguez
Zapatero]”, observava, há dias,
um técnico português envolvido
na última década do século XX
nos trabalhos da Convenção de
Albufeira, assinada em 1998, na
cidade algarvia com o mesmo
nome, e em vigor desde Janeiro
de 2000 para a gestão conjunta
dos recursos hídricos dos rios
internacionais, Douro, Tejo e
Guadiana. A melhoria notada em
Lisboa era relativa às grandes
traves da política ambientalista
do outro lado da fronteira do
Governo de Pedro Sánchez e,
sobretudo, da ministra para a
Transição Ecológica, Teresa
Ribera. No seu ministério, foram
reunidos as funções
tradicionalmente atribuídas às
pastas de Energia e Ambiente.
Só que o horizonte próximo está
marcado por nuvens, pelas
eleições antecipadas de 28 de
Abril, e já foi marcado pela
mudança de cor política do
executivo regional andaluz, em
que o Partido Popular (PP) e o
Cidadãos substituíram o
tradicional poder socialista.
A mais de 20 dias das eleições,
não são conhecidas as políticas
de ambiente defendidas pelo PP
e Cidadãos (CD´s), nem a sua
possível articulação na coligação
que poderá levar aqueles dois
partidos ao poder. O Leitmotiv da
campanha é retirar do poder o
PSOE de Sánchez. Apenas se
conhece o tradicional apego do
PP às políticas de transferências
de água, sobretudo do Tejo, para
as comunidades autónomas que
lhe são afins politicamente.
“Não tem sentido pensar que
vamos apoiar macroprojectos
urbanísticos ou grandes
explorações de regadio, ainda
que não haja [água] e supondo
que no-la darão”, anunciou a
ministra Teresa Ribera em
entrevista ao El País. E disse
mais: “Uma coisa extraordinária,
como as transferências de água
[entre bacias hidrográficas] não
se pode converter em regra.”
Qual a vontade dos futuros

dirigentes, quais os paradigmas
defendidos por quem tem
possibilidades de vir a governar
é uma incógnita. A mudança de
orientação política na Andaluzia,
com o PSOE a ser preterido a
favor de uma coligação do PP
com os Cidadãos, e com o apoio
parlamentar da ultradireita do
Vox, não permite qualquer pista.
O responsável do sector
hidrográfico andaluz já
nomeado escapa ao “radar” dos
técnicos portugueses. É um
desconhecido. À margem desta
indefinição está a sociedade
civil e as ONG dos dois países,
cuja colaboração foi dinamizada
pelas novas políticas de Madrid.
Só neste campo, o horizonte é
claro. Nuno Ribeiro
Uma das actividades principais da
Aventur, de Gonçalo Neves, é a
canoagem — há 15 dias abriu, em
complemento, um Çuviário, que
permite aos visitantes passear entre
as diferentes espécies do rio Zêzere.
A descida do Zêzere e do Tejo é uma
actividade que atrai à sua empresa
“sete ou oito mil pessoas por ano”.
Mas o baixo caudal dos rios, que
tem sido muito frequente, é uma
ameaça ao negócio.
Hoje, Gonçalo está no cais do
Zêzere que Æca a cerca de um
quilómetro do local onde o rio se
junta ao Tejo. À primeira vista, até
parece possível que alguém passe ali
de canoa, aproveitando o sol, mas o
empresário garante que isso não é
possível. “No rio Zêzere não
conseguimos trabalhar. Parece-nos,
olhando para trás de mim, que ainda
existe algum leito, que até corre
qualquer coisinha, até é um sítio
afável e agradável para usufruir do
rio, mas este bocadinho é muito
pequeno. Mais para montante temos
zonas em que o rio corre entre as
rochas, em que se espraia em todo o
leito e se esta pouca água que vemos
atrás de nós a correr, em vez de
correr em dez metros, correr em
cerca de 50 metros, Æca com meio
palmo de altura. Ninguém passa.”
Para a frente, já no Tejo e nesta
zona, as canoas conseguem sempre
movimentar-se, diz. Mas também aí
os atractivos diminuem. O Castelo
de Almourol, tradicionalmente
instalado numa ilha no meio do rio,
está cada vez mais acessível a pé por
uma das margens. É isso que
acontece hoje, onde quase não há
água a separar o monumento da
margem, permitindo o acesso
(desaconselhado em avisos ali
colocados) a quem se arriscar a
Em Santarém, os
bancos de areia
do Tejo são
enormes. Arlindo
Marques, no leito
do rio, em Ortiga
Estamos a Äcar
com um rio
sequestrado por
estas empresas que
lançam o mesmo
caudal tanto de
Inverno como
agora
Gonçalo Neves
Empresário
passar pelas várias linhas de pedras
que chegam à “ilha”.
O cenário leva Branca Marques,
67 anos, a não conseguir reprimir
uma expressão de espanto: “Ai,
meu Deus, como isto está! A água
chegava à rampa.” Chegou de
Lisboa, com o marido e o cão, para
um passeio, e não consegue evitar a
comparação com a última visita que
ali fez, há alguns anos. A água era
suÆciente para quase arrastar o cão,
aÇito, que se aventurara no Tejo em
perseguição de um pato. “Isto está
caótico, não chove.”
Não chove e a barragem de
Castelo de Bode, diz Gonçalo Neves,
“está vários metros abaixo do nível
máximo que devia ter” (77% da
capacidade, em Março, segundo o
Sistema Nacional de Informação
dos Recursos Hídricos). O Zêzere
que ainda corre aos seus pés leva,
sobretudo, “água do Nabão”.
Mesmo assim, está longe do caudal
que seria normal para o início da
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 19
Primavera. “Não estão reunidas as
condições para que as pessoas
consigam colocar-se dentro de uma
canoa em segurança, dentro de
água. O rio devia estar meio metro,
pelo menos, acima disto.”
O principal receio do empresário
é que os visitantes, simplesmente,
deixem de aparecer. “Porque se ao
Æm de dois, três anos, nunca têm
caudais, isto causa uma
transformação no nosso cliente.”
Quem já se deu conta das
mudanças no seu trecho de rio, na
zona de Ortiga, foi João Durão. A
tarde está quase a chegar ao Æm
quando o pescador de 50 anos traz
o Corrécio até à margem. Vem com
uma caixa cheia de muge. “Este
peixe que aqui tem não é nada. No
ano passado por esta altura bastava
uma rede e íamos embora. A gente
hoje foi a três sítios para apanhar
isto”, diz, antes de descrever o
estado do rio como “péssimo”.
“Não me lembro de há quantos anos
não via o Tejo assim.”
À sua volta, as pedras despontam
de vários pontos, deixando-se ver
entre as águas baixas. “Secar, o rio
nunca pode secar, mas que vai ser
complicado, vai. Não só para a
pesca, como para tudo.”
Um penedo a descoberto
Arlindo conduziu até ao ponto onde
João pára o barco, por uma estrada
que, num Inverno normal, Æcaria
parcialmente submersa pelo Tejo.
Junto à barragem de Belver o
espelho de água parece um
indicador de normalidade, mas o
guarda prisional feito defensor do
rio avisa logo: “Na barragem do
Belver, não dá para ver. A
verdadeira água do Tejo,
praticamente, é esta. E eu
praticamente nunca o vi mais baixo
do que isto. Para Æm de Inverno é
muito pouco.”
De novo na zona onde o rio deixa
à mostra a maior parte do seu leito,
Arlindo Marques aproxima-se de
um penedo entre as pedras. Diz que
é conhecido como o Penedo de
Santo António e que o habitual, no
Ænal do Inverno, era que a rocha
que se ergue vários metros acima da
sua cabeça estivesse quase
submersa. “Às vezes, só vejo o bico
da pedra.” Hoje só há umas poças
em seu redor. “É isto, é isto o rio
Tejo. Aqui, como a água se
concentra, pode ter se calhar dois
Este é o segundo de uma série
de três trabalhos sobre a seca
em Portugal. Mais artigos,
mapas interactivos e vídeos
em www.publico.pt
palmos de altura, mas se formos ali
[mais à frente] praticamente
passa-se, a água não dá pelos
joelhos, dá-me pelos tornozelos.”
Tendo sido, nos últimos anos, a
voz mais crítica da poluição do Tejo,
não se cansa de salientar que, agora,
ele está muito mais limpo. Mas os
vestígios das descargas poluentes
ainda são visíveis, já não nas águas,
mas nas pedras do leito a
descoberto. “Eram todas
branquinhas, cor-de-rosa… Estão
todas negras, precisamos é de água
para as lavar, Æcou cá tudo metido.”
Mas, hoje, recorda, o tema não é a
poluição, e caminha ligeiro até uma
ribeira que desagua mesmo ali ao
lado. São ribeiras como esta e os
rios Ponsul, Sever e Ocreza que
estão a alimentar o Tejo, insiste. Só
que esta ribeira, haja ou não seca,
desaparece sempre antes do Verão.
Ele questiona-se sobre o que pode
acontecer se as outras, fruto da
ausência de chuva, também
secarem. “Não digo que o rio seque,
mas tenho muito medo.”
Resta a esperança de que as
barragens vão libertando água. O
Governo diz que Espanha tem
cumprido os caudais mínimos
decididos na Convenção de
Albufeira, mas a necessidade de
renegociar o acordo é um tema
constante. Rodrigo Proença de
Oliveira diz que, no modelo actual,
basta que Espanha liberte a água
acordada em seis horas de um dia,
para que sejam considerados
cumpridos os limites semanais
estabelecidos. “Há muito que
Portugal está a tentar ultrapassar
isto, tentando incluir cláusulas
adicionais nos acordos.” A decisão
recente do Supremo Tribunal
espanhol de anular parcialmente o
Plano Hidrológico do Tejo, por
causa do volume de água
transvasada, e obrigando a Æxar
níveis de caudais ecológicos para os
reservatórios, “pode vir a ajudar
nas negociações”.
Nem Arlindo, nem João, nem
Gonçalo escondem as dúvidas. A
seca é ainda pior em Espanha,
porque haveria o país de libertar a
água de que precisa? “Vamos culpar
quem? Se chovesse, estava tudo
bem”, diz Arlindo, com um
encolher de ombros, junto ao seu
Tejo despido de água.
patricia.carvalho@publico.pt
20 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
SOCIEDADE
Grandes hospitais de Lisboa perdem
uma centena de camas só num ano
A tutela queria aumentar a lotação dos hospitais de Lisboa e Vale do Tejo, mas aconteceu o contrário: as
camas diminuíram. Há obras de beneÄciação que implicam a “redução temporária de lotações”, justiÄca
Saúde
Alexandra Campos
Numa década, os três grandes centros
hospitalares de Lisboa perderam 751
camas de internamento. A redução
da lotação é uma tendência que se
veriÆca há anos e, apesar de uma
ligeira inversão entre 2015 e 2017, vol-
tou a veriÆcar-se na capital em 2018,
mesmo depois de a tutela ter deter-
minado, por portaria, que os hospi-
tais de Lisboa e Vale do Tejo (LVT)
deveriam criar quase mais três cente-
nas de camas.
Dados revelados por mais de duas
dezenas de unidades a pedido do Blo-
co de Esquerda (BE) — que quis fazer
uma radiograÆa da situação na última
década — indicam, porém,que na
região de LVT aconteceu exactamen-
te o contrário do que pretendia a tute-
la, sobretudo nos três centros hospi-
talares da capital (Lisboa Norte, Cen-
tral e Ocidental), que perderam 96
camas de 2017 para 2018.
A redução da lotação nos hospitais
públicos tem sido justiÆcada com o
gradual aumento das cirurgias em
ambulatório, que não implicam inter-
namento, e com o crescimento dos
lugares disponíveis na rede de cuida-
dos continuados. Mas, na portaria
assinada em 20 de Março de 2018 pela
então secretária de Estado da Saúde,
Rosa Matos, que delineou a “reestru-
turação da rede de cuidados de saú-
de” em LVT, preconizou-se um
aumento das 7871 camas (no Ænal de
2017) para 8149 no terceiro trimestre
de 2018. Ou seja, mais 278. Um ajus-
tamento necessário devido ao “agra-
vamento do envelhecimento da
população” e ao “aumento da com-
plexidade” dos “doentes crónicos”,
justiÆcava-se. Segundo a Administra-
ção Central do Sistema de Saúde, em
Novembro, a região tinha uma lota-
ção de 7799 camas.
Os dados já conhecidos em respos-
ta ao pedido do BE (enviados por 21
das 37 unidades do país) indicam que
nos maiores centros hospitalares de
LVT, e ainda do Centro e do Alentejo,
a redução da lotação continuou, ape-
sar de em alguns hospitais ter acon-
tecido o contrário, caso do Amadora-
Sintra, que no ano passado tinha mais
A redução da lotação é uma tendência que se verifica há anos
Públicos fazem maioria das urgências
O
s hospitais públicos fizeram
mais de 80% das urgências,
mais de 70% dos
internamentos e cerca de
dois terços das consultas
médicas em Portugal em 2017.
Mas, tal como aconteceu em
anos anteriores, é nos hospitais
privados que a produção mais
está a crescer, segundo os
dados ontem divulgados pelo
Instituto Nacional de Estatística.
Em 2017, o número de
hospitais manteve-se (225), tal
como a sua repartição: há 107
públicos e quatro geridos em
parceria público-privada e 114
privados, tal como em 2016, ano
em que, pela primeira vez, os
últimos superaram o número de
públicos. Segundo o INE, em
2017 os privados registaram um
acréscimo de produção tanto
nas cirurgias (3,6%), como nos
internamentos (4%), nas
consultas médicas (4,5%) e nos
exames e actos
complementares (7,1%). Mesmo
assim, nesse ano, dos 7,6
milhões de atendimentos nos
serviços de urgência, 83,8%
foram realizados nos hospitais
do SNS. No entanto, quando se
comparam os últimos dez anos,
percebe-se que o sector privado
está a crescer de forma
significativa, tendo quase
duplicado as “urgências”, que
totalizaram cerca de 1,2 milhões
em 2017, acentua o INE. Nas
doenças de declaração
obrigatória, aumentaram os
casos de sífilis e de gonorreia
(8,8 e 6,2 casos por 100 mil
habitantes em 2017). E os casos
diagnosticados de hepatite A
dispararam (542 em 2017 contra
51 em 2016).
PAULO PIMENTA
21 camas do que em 2017 e no Garcia
de Orta (Almada), com mais 28.
Em resposta ao PÚBLICO, a Admi-
nistração Regional de Saúde de Lis-
boa e Vale do Tejo prefere destacar os
acréscimos “signiÆcativos” na lotação
de vários hospitais, dando estes dois
exemplos e o do Barreiro-Montijo. A
ARS explica que nalguns serviços
decorrem obras de beneÆciação que
“implicam uma redução temporária
de lotações” e lembra que este ano “a
maior parte dos hospitais” da região
vão “iniciar projectos de hospitaliza-
ção domiciliária que serão responsá-
veis por um acréscimo de cerca de
100 camas”.
No longo prazo, a diminuição do
número de camas nos hospitais do
Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem
sido acentuada. Ontem, o Instituto
Nacional de Estatística voltou, aliás, a
destacar a quebra no SNS — menos
cerca de três mil camas — em contra-
ponto com o aumento nos privados
(mais 1700), entre 2007 e 2017.
Esta diminuição reÇecte-se num
acréscimo do recurso ao privado, quis
também saber o BE. Apesar de ainda
faltarem as respostas das 16 unidades
do Norte e do Algarve, alguns respon-
deram que sim. Constata-se que “há
uma perda generalizada de camas,
que em algumas instituições está a
obrigar que recorram à contratação
privada, o que determinou apenas
em 2018 uma despesa de cerca de
quatro milhões de euros”, sintetiza o
deputado bloquista Moisés Ferreira.
A maior fatia da despesa registou-
se no Centro Hospitalar Universitário
de Lisboa Norte (CHULN), que integra
o Santa Maria e o Pulido Valente, e
que no ano passado indica ter contra-
tualizado 116 camas no sector priva-
do, com um gasto superior a 2,1
milhões de euros. “Este é um caso
paradigmático, porque no ano passa-
do este centro encerrou enfermarias
e recorre abundantemente à presta-
ção privada”, acentua o deputado.
Moisés Ferreira destaca igualmen-
te o caso do hospital Amadora-Sintra,
onde a lotação aumentou, mas, mes-
mo assim, foi necessário recorrer no
ano passado a privados para garantir
o internamento de quase uma cente-
na de utentes. E se a maior parte das
camas se destinaram a cuidados con-
tinuados (31) e a internamento social
(34), também foi necessário contra-
tualizar fora “camas clínicas” (doen-
tes que ainda não têm alta), durante
o Inverno. A despesa com o recurso
aos privados ascendeu a quase 1,5
milhões de euros. “Isto é preocupan-
te”, lamenta.
Na região Centro, também o Centro
Hospitalar Tondela-Viseu, que numa
década perdeu 63 camas, revelou ter
contratualizado com os privados
“entre 20 e 24 camas” de Janeiro a
Março de 2018, no âmbito do plano
de contingência do Inverno.
O Centro Hospitalar Universitário
de Coimbra perdeu igualmente um
número substancial de camas nesta
década (368), mas aÆrma não recor-
rer a privados para internamentos de
doentes agudos. “Apenas os doentes
mentais crónicos” são “encaminha-
dos para instituições privadas (ordens
religiosas e outras instituições), assu-
mindo o CHUC o respectivo encargo
Ænanceiro”, responde a unidade sem
especiÆcar a despesa.
acampos@publico.pt

Regulador dos media
pede lei para punir quem
faz e divulga fake news
Comunicação social
João Pedro Pereira
e Maria Lopes
Estudo entregue no
Parlamento defende reforço
de instrumentos legais e
mecanismos para fomentar
literacia para os media
A Entidade Reguladora para a Comu-
nicação Social (ERC) sugeriu ao Par-
lamento que pondere a criação de
legislação para deÆnir e sancionar a
desinformação online. A proposta faz
parte de um conjunto de medidas
para combater um fenómeno tam-
bém conhecido por fake news e que
tem motivado a preocupação de enti-
dades europeias e nacionais numa
altura em que se aproximam as elei-
ções para o Parlamento Europeu.
Num estudo entregue ontem, e fei-
to a pedido do presidente da Assem-
bleia da República, a ERC defende a
“necessidade de consolidação do
conceito de desinformação e a even-
tual consagração de norma especíÆca
que preveja a sua divulgação como
conduta reprovável”. Hoje, “não há
qualquer disposição legal que consi-
dere as fake news ilícitas e que per-
mita punir os seus autores e divulga-
dores”, diz ao PÚBLICO o vice-presi-
dente da ERC, Mário Mesquita,
supervisor do estudo.
Para isso, é preciso também que o
Parlamento redeÆna a noção legal de
órgão de comunicação social, de for-
ma a “considerar também os que
reproduzem, agregam e difun-
dem online conteúdos de comuni-
cação social”, descreve Mário Mes-
quita, lembrando que as actuais
competências da ERC sobre o cum-
primento do rigor informativo não
abrangem as plataformas online —
“que é o nó górdio de tudo isto”,
admite o responsável. Isto implicaria
ainda mudanças nas leis da televisão,
rádio e imprensa.
O regulador também coloca a hipó-
tese de divulgar, em conjunto com
órgãos de comunicação e plataformas
digitais, listas de sites que publicam
desinformação, como forma de aju-
dar o público a perceber a origem dos
conteúdos que circulam online.
A presidente da Comissão de Cul-
tura e Educação, que irá organizar
uma conferência sobre o assunto no
Parlamento no dia 15 e em que será
ERC sugere lei para sancionar a desinformação online
apresentado o estudo em detalhe,
disse ao PÚBLICO esperar que os par-
tidos tomem alguma iniciativa legis-
lativa a partir das sugestões da ERC.
Edite Estrela admite que seja mesmo
o PS, que há um mês apresentou ape-
nas uma recomendação ao Gover-
no para criar uma estratégia de com-
bate à desinformação — e impediu
que os outros partidos Æzessem pro-
postas —, a ir agora mais longe e pro-
por algumas alterações legislativas.
Porém, a socialista avisa que “o
principal problema é o timing”, não
sabendo se “haverá condições” para,
até Julho, fazer alguma coisa pelo
menos na questão da “redeÆnição da
noção de órgão de comunicação
social” como pede a ERC, ou para dar
poderes à entidade reguladora para
intervir ao nível do digital, que hoje
não está nas suas competências.
Eleições nos EUA
A desinformação online tornou-se
um tema de discussão após as elei-
ções presidenciais norte-americanas
de 2016, quando surgiram múltiplos
indícios de que entidades fora dos
EUA, incluindo entidades russas,
tinham procurado manipular opi-
niões de cidadãos americanos através
das redes sociais e de sites criados
para o efeito. As estratégias incluíam
a disseminação de publicidade, a cria-
ção de grupos no Facebook sobre
temas potencialmente fracturantes,
como o racismo ou a posse de armas,
e a publicação de sites que se faziam
passar por órgãos de comunicação.
No diagnóstico do regulador, este
problema “é susceptível de semear
desconÆança nas pessoas e alimentar
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 21
SOCIEDADE
Massagista tailandesa
suspeita de assassinar
funcionária cuja cabeça
apareceu numa praia
DANIEL ROCHA
Ainda não foi descoberto o resto do
Justiça corpo.
Mariana Oliveira Os exames feitos pelo Instituto
Uma mulher de 52 anos, de naciona-
Nacional de Medicina Legal à cabeça
da vítima permitiram perceber que
lidade tailandesa e dona de um cen- se tratava de uma mulher asiática na
tro de massagens, foi detida na quar- casa dos 40 anos. Foram estes dados,
ta-feira à noite por suspeitas de envol- cruzados com o registo de desapare-
vimento no homicídio qualiÆcado e cidos, que permitiram identiÆcar a
profanação de cadáver de uma outra vítima.
tailandesa, cuja cabeça apareceu há A PJ estranhou desde cedo o facto
cerca de um mês na praia de Leça da de a patroa da vítima, com quem
Palmeira, em Matosinhos. esta vivia, não ter apresentado quei-
O anúncio da detenção foi feito xa do desaparecimento da massagis-
ontem pela Directoria do Norte da PJ, ta, o que foi feito por amigos desta.
através de um comunicado. O PÚBLI- A nota da PJ adianta que na origem
CO apurou que a vítima era uma mas- do crime “está a existência de uma
sagista tailandesa, de 40 anos, que dívida da arguida à vítima, que esta
trabalhava para a detida, a proprie- insistia em ver saldada”. com Sónia
tária de um centro de massagens. Trigueirão
tensões sociais, chegando, no limite, PUBLICIDADE
a representar ameaças à segurança
interna, incluindo processos eleito-
rais, especialmente quando estão
envolvidos ciberataques”. O estudo
n o t a a i n d a qu e a exp re s -
são fake news é “enganadora”:
“Uma notícia, por deÆnição, não é
falsa. Falsas são as narrativas que,
embora anunciadas como notícias e
contendo partes de textos copiados
de jornais ou de sites do mesmo
género, integram conteúdos ou infor- PROCESSO PARA A SELEÇÃO DOS DIRETORES
mações falsas, imprecisas, enganado-
DOS DEPARTAMENTOS UNIVERSITÁRIOS E ESCOLAS
ras, concebidas, apresentadas e pro-
POLITÉCNICAS DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO
movidas para intencionalmente cau-
sar dano público ou obter lucro.” Estão a decorrer na Universidade de Aveiro
Entre as conclusões entregues no os Processos para a Seleção dos Diretores
Parlamento, o regulador diz também das seguintes unidades orgânicas de ensino e investigação:
considerar indispensável “a aprova-
ção da legislação e reforço dos meios · Departamento de Ciências Médicas (SD05)
necessários para garantir” a transpa- · Departamento de Comunicação e Arte (SD06)
rência do Ænanciamento das campa- · Departamento de Educação e Psicologia (SD07)
nhas políticas online, a gestão dos · Departamento de Engenharia Mecânica (SD08)
· Departamento de Geociências (SD09)
riscos de cibersegurança e ainda a
· Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia de Produção
aplicação do Regulamento Geral de Aveiro-Norte (SD10)
Protecção de Dados, uma lei europeia · Escola Superior de Saúde de Aveiro (SD11)
que entrou em vigor no ano passado, · Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (SD12)
mas cuja adaptação às leis portugue- · Instituto Superior de Contabilidade e Administração da
sas ainda está a ser discutida no Par- Universidade de Aveiro (SD13)
lamento.
Os respetivos Editais e outra documentação relevante estão disponíveis
O relatório defende a necessidade em: http://www.ua.pt/comitedeescolha/
de medidas que fomentem a literacia
Brevemente irão ser abertos os Processos para a Seleção dos Diretores
mediática nos currículos escolares e de outras unidades orgânicas de ensino e investigação desta
diz ser “importante incentivar medi- Universidade.
das de co e auto-regulação”. A este
respeito, a ERC advoga a existência Universidade de Aveiro, 02 de abril de 2019
de provedores do leitor, espectador O Reitor da Universidade de Aveiro
ou ouvinte em todos os órgãos de Professor Doutor Paulo Jorge Ferreira
comunicação social, até com o apoio
Ænanceiro público.
universidade de aveiro www.ua.pt
jppereira@publico.pt
22 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
SOCIEDADE
Um piquenique veloz.
Corridas de galgos podem estar na recta final
Campeonato nacional tem
corridas aos Äns-de-semana
entre Fevereiro e Setembro.
Após relatos de “treinos difíceis,
abandono e condições indignas”,
PAN quer proibir desporto
amador. “Estão a pegar no que se
passa nos outros países”, acusa
quem nele participa
Começa cedo um domingo passa-
Renata Monteiro do a duas velocidades. Ainda antes
de o sino badalar as 10h, “os atletas”,
A
pista foi improvisada como por aqui lhes chamam, come-
num descampado çam a chegar em atrelados de onde
em frente da igreja só saem para correr e que anunciam
de Nine, Famalicão. a letras gordas o que trazem dentro
O resto do terreno
continua irregular,
— “galgos de desporto”. Mas se na
pista o ritmo é vertiginoso, no meio
mas, ao longo de 190 de quem se junta a vê-los correr o
metros, Hélder Rus- passo é o de um domingo de pique-
so esforçou-se por nique entre família e amigos.
deixar a terra lisa:
não queria que nenhum dos 90 gal-
Da mala das carrinhas saem guar-
da-sóis, mesas e cadeiras, farnel,
gos inscritos na corrida se lesionasse arcas-frigoríÆcas, fogareiros. No
ao pisá-la — os seus incluídos. chão, dispõem-se taças com água e
TIAGO LOPES
bacias com Betadine e água oxigena-
da, prontas para limpar as patas e as
feridas de cães que podem atingir os
60 quilómetros por hora, num sprint
atrás de uma pele de lebre que nun-
ca chegam a caçar.
A prova, prevista para ocupar o
dia inteiro a quem tiver os cães mais
velozes, está atrasada. Culpa da
pequena Æla que se forma junto à
tenda das inscrições, supervisionada
pela Associação de Galgueiros e
Lebreiros do Norte. Para participar,
os “galgueiros” (donos de galgos de
corrida) devem provar “que os cães
estão legais” — mostrando os certiÆ#

cados de registo de sócios nas asso-
ciações e na junta de freguesia —, que
têm vacinas em dia e, ainda, pagar
dez euros por galgo. Por não ter
todos os “documentos em ordem,
houve quem já tivesse ido embora”,
garante Hélder Russo.
Cala-se a música. “Peço a todos os
proprietários que estejam atentos à
chamada”, anuncia agora a voz do
megafone, antes de começar a cha-
mar cada “trela”, divididas em gru-
pos de seis galgos e por classes:
cachorros, adultos, importados (nor-
malmente da Irlanda). Madonna;
Mogly; Trovão; Dubai; Choné; Musa-
zinha.
Hélder Russo desperta. Todos os
cães do canil RussiForever têm
nomes que terminam com os dimi-
nutivos “inho” ou “inha”. Todos eles
também são ou foram galgos de com-
petição. Os quatro que Hélder leva
para as corridas aos domingos, as
duas cadelas que já não correm e por
isso Æcam no canil ali perto e um
cachorro que, em breve, vai começar
a treinar. Para trazer sorte, ao peque-
no (mas enérgico) galgo cinzento de
olhos azuis chamou Coraçãozinho.
Foi com o mesmo nome que bapti-
zou o único campeão que, até agora,
lhe passou pelas mãos, quando, em
2016, venceu o Campeonato do Nor-
te, na categoria de cachorros.
“Depois, não correu nunca mais”,
lamenta. “Lesionou-se. É desgaste
nas articulações. Inchavam.” Ficou
com o galgo até há dois meses, garan-
te, altura em que o deu a “uma pes-
soa de conÆança, para correr com os
cavalos, no Gerês”. Este, lamenta
Cristiana Gonçalves, da KateFriends,
instituição que oÆcializou há nove
anos para combater o abandono de
galgos e promover a sua reabilitação
e adopção, nem sempre é o caminho
seguido pelos “galgueiros” quando
já não “precisam de um cão”.
Por mês, Cristiana dá para adop-
ção uma média de dez galgos —
“todos provenientes de corridas”,
garante. Os sinais são quase sempre
os mesmos: “Na grande maioria che-
gam extremamente assustados”,
“não se deixam apanhar (exceptuan-
do quando já estão muito debilita-
dos)”, têm “cicatrizes nos focinhos,
por causa dos açaimes, e no pescoço,
culpa do corte para extraírem chip”.
Apresentam “uma parte muscular
extremamente desenvolvida, princi-
palmente a nível de peito e dos cor-
tes traseiros”, onde “normalmente
não têm pêlo por causa dos treinos
com noras metálicas”, um dispositi-
vo que roda e obriga os cães a anda-
rem ou correrem em círculos.
Através da KateFriends, a activista
vê um lado do desporto que não cor-
re na pista nos dias de competição.
“Nós temos de encarar isto como um
negócio. Se as corridas acabassem,
não havia necessidade de reproduzir
os galgos desta forma absurda, só
para Æcarem com um ou dois e
darem os outros.” Ainda esta semana
foi buscar uma ninhada a Évora. “A
senhora que me ligou recolheu os
galgos porque os ‘galgueiros’ os iam
matar.”
Chegam-lhe pedidos de ajuda para
resgatar cachorros, mas principal-
mente cães reformados das corridas
— isto, diz, acontece quando o animal
“ainda é muito jovem” —, e depois da
procriação ou da doação de sangue,
abandonados “porque não têm cora-
gem de os matar e têm ali uma des-
pesa que já não lhes dá rendimen-
to”.
É do Alentejo — Beja, Cuba, Elvas,
Borba, Reguengos — que lhe chega a
maior parte dos alertas, tanto de
“pessoas que encontram os animais
debilitados nas ruas” como de asso-
ciações, canis municipais ou até mes-
mo “galgueiros”. “Já há muitos ‘gal-
gueiros’ que concordam comigo” e
“desabafam sobre coisas que se pas-
sam lá e que os revoltam, que eles
gostavam de mudar”, diz. “Mas não
deixam de ser ‘galgueiros’.”
Hélder Russo é “galgueiro” desde
2008. Desde aí já teve, conta rapida-
mente, “12 ou 13 galgos”; deu “três
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 23
FOTOS: TIAGO LOPES
Os cães podem atingir os
60km/hora na pista
improvisada. “Peço a todos os
proprietários que estejam
atentos à chamada”, anuncia-se
no megafone
ou quatro” que já não serviam para
competir. “Todos os cães que tenho,
aproveito-me deles ao máximo. São
bem tratados, bem alimentados. Só
se houver uma lesão é que os passo
para a parte da reprodução ou não
correm mais.” Se os vê como animais
de companhia? Mais do que aos
outros dois “rafeiritos” que, em vez
de dormirem num canil alugado,
partilham com ele o sofá de casa,
garante. ”É um cão diferente, são
muito meigos.”
Ao todo, calcula, os seus galgos
participam em 14 provas por ano,
onde correm numa pista a direito
atrás de uma pele de lebre puxada
por uma máquina e cada vez menos
atrás de lebres vivas. Algumas provas
são Æscalizadas pela GNR e têm a
presença de médicos veterinários;
há outras que decorrem com apoios
ou patrocínios de câmaras e juntas
de freguesia. Neste caso, a “Câmara
Municipal de Famalicão não apoia e
não tem conhecimento” da realiza-
ção da corrida, para a qual também
não recebeu um pedido de licencia-
mento. “As corridas de galgos no
nosso concelho não são uma tradi-
ção, excepto no contexto histórico
da realização das Festas Antoninas”,
respondeu uma fonte do gabinete de
comunicação, ao P3.
Desta corrida, augura, nenhum
dos cães que trouxe vai sair com o
prémio máximo de cem euros. A
pontuação que ali Æzerem conta para
o campeonato anual disputado e
organizado a nível nacional, com
provas desde o Ænal de Janeiro até ao
Ænal de Setembro. Mas a previsão
não lhe ensombra o domingo soa-
Todos os cães que lheiro. “Tenho-os porque gosto, pelo
convívio. Isto é bonito. Passa-se um
tenho, aproveito-me dia espectacular. Os animais adoram
deles ao máximo. o que fazem, não são obrigados a
nada. Eu pedia a Deus que nunca
São bem tratados, acabassem.”
Ri-se quando lhe perguntamos
bem alimentados. Só sobre os treinos. “Os treinos para
mim são uma caminhada.” Conhece
se houver uma lesão quem use ou tenha usado máquinas
é que os passo para de auxílio aos treinos. É mais reticen-
te quanto à dopagem dos animais:
a parte da “Antigamente funcionava assim, por-
que as pessoas alimentavam os cães
reprodução ou não com restos e depois nas corridas...
Agora já não. As pessoas hoje em dia
correm mais optam antes por ter uma boa alimen-
tação e bem vitaminados, só.”
Hélder Russo Em 2017, foram encontrados ves-
“Galgueiro” tígios de benzoilecgonina, um meta-
bólito primário da cocaína, na urina
de Clonbrien Hero, o vencedor de
uma das mais prestigiadas corridas
de galgos irlandeses. Quando se
citam casos como este, Hélder quei-
SOCIEDADE
xa-se de estarem a importar “o se
passa nos outros países”: “Eles vivem
dos galgos lá. Há apostas, prémios
monetários elevados. Nós aqui não,
temos os galgos porque é um prazer.
Eu não conseguia viver nesse meio.
Abri-vos a porta ao meu canil. Apos-
to convosco que se forem a 30 ‘gal-
gueiros’ eles vos abrem a porta tam-
bém. Ninguém tem nada a escon-
der.”
Projecto do PAN
Há cinco anos que organiza a corrida
em Nine, uma das primeiras do ano.
Se o projecto de lei apresentado
recentemente pelo PAN — Pessoas-
Animais-Natureza for aprovado, por
organizar uma corrida, Hélder Russo
poderá enfrentar desde uma multa
a dois anos de prisão.
A mesma pena seria aplicada a
quem ajudasse na divulgação, ven-
desse bilhetes, disponibilizasse ins-
talações ou prestasse auxílio mate-
rial. Quem se inscrevesse para parti-
cipar, lê-se no documento, poderia
arriscar uma pena de prisão até um
ano.
Já em 2016, e no seguimento de
uma reportagem da revista Visão, o
PAN questionou por duas vezes o
Ministério da Agricultura, Florestas
e Desenvolvimento Rural sobre a
“legalidade das corridas”, a existên-
cia de “acções de fiscalização”, as
condições de bem-estar dos cães.
Mas todas as perguntas ficaram sem
esclarecimento. O ministério fez
saber que “não tem conhecimento
da existência de corridas de gal-
gos”.
O partido quer proibir as corridas
de cães em Portugal. Alegam que o
desporto federado encaixa no grupo
das “actividades que perpetuam a
exploração dos animais”, sujeitan-
do-os “a treinos particularmente
difíceis, ao abandono e a condições
de vida indignas”. Lembram que a
prática tem vindo a ser “abolida em
vários países do mundo”, onde era
até um desporto proÆssionalizado.
E defendem que, por cá, também
“não é isenta de contestação” e de
“forte indignação social”.
Por saber disto é que as primeiras
palavras de Hélder foram logo de
satisfação: “Ainda bem que vieram.
Andava mesmo morto para que isto
acontecesse.” E por saber disto é que
o presidente da Associação de Gal-
gueiros e Lebreiros do Norte — em
Portugal, além da Federação Nacio-
nal de Galgueiros, sediada em Vila
do Conde, existem ainda as associa-
ções do Norte (130 associados), Cen-
tro, Sul e de Cuba — decidiu estar
presente na corrida, pronto “a rece-
ber os protestantes” que se manifes-
taram contra ela nas redes sociais.
Tirando os galgos a ladrar nos atre-
lados, não se ouviram protestos.
renata.monteiro@publico.pt
24 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
LOCAL
CML quer pôr Abril na habitação
e recuperar o cooperativismo
Entrega de casas, aprovação de um novo regulamento, lançamento de obras, criação de incentivos. O 45.º
aniversário do 25 de Abril é o pretexto escolhido pela câmara para mostrar serviço em matéria de habitação
Lisboa
João Pedro Pincha
Agarra Abril, constrói Abril é o nome
da iniciativa lançada pela vereadora
da Habitação da Câmara de Lisboa,
Paula Marques, que tem uma agen-
da preenchida durante todo o mês.
O dia 24 será o mais cheio, pois nes-
sa data a autarca levará três propos-
tas a reunião de câmara. Uma delas
visa dar, segundo a vereadora, “um
novo fôlego à habitação cooperati-
va”, que praticamente desapareceu
da cidade.
“O sector cooperativo foi funda-
mental no pós-25 de Abril para a
A falta de habitação a preços acessíveis em Lisboa tem gerado críticas à câmara
promoção de habitação. Hoje, há
um conjunto alargado de concida-
dãos nossos, milhares de pessoas,
que vivem em habitação cooperati-
va”, diz Paula Marques. Num
momento em que a cidade atraves-
sa uma crise habitacional reconhe-
cida unanimemente, a vereadora
entende que é o momento de pro-
mover “uma terceira via”, entre o
público e o privado, de onde as res-
postas não têm surgido.
Com as reservas do Tribunal de
Contas à vertente público-privada
do Programa de Renda Acessível a
engulharem os planos do executivo,
Paula Marques quer agilizar os pro-
cessos cooperativos para que essa
hipótese também esteja em cima da
mesa. Vai, por isso, apresentar um
“programa-chapéu que possa aco-
modar os vários modelos de habita-
ção cooperativa” e que permita
operações de pequena e média esca-
la, ao invés do que foi hábito depois
da Revolução, em que as operações
eram geralmente grandes.
“Não desistimos de chamar os
privados a participarem no esforço
de cumprimento do direito à habi-
tação”, garante a vereadora, asse-
gurando igualmente que a câmara
está à procura de “mais localizações
para promover construção cem por
cento pública”. Para já, o que está
previsto neste capítulo é o que foi
anunciado para a Operação Integra-
Câmara vai da de Entrecampos: edifícios na Av.
apresentar um das Forças Armadas, ainda sem data
prevista para arrancarem; prédios
“programa-chapéu de escritórios da Segurança Social
que possa reconvertidos em casas.
Na próxima semana, será adjudi-
acomodar os cado o contrato de obras para o pri-
vários modelos de meiro destes prédios da Segurança
Social, o da Avenida da República,
habitação n.º 102, e será lançado o concurso
cooperativa” e que para a quinta operação, na Avenida
dos Estados Unidos. A vereadora
permita operações diz-se satisfeita com a procura veri-
de pequena e Æcada nos quatro concursos já lan-
çados: “Entraram entre seis e oito
média escala propostas”.
Ainda no dia 24, será discutido o
NUNO FERREIRA SANTOS
novo Regulamento Municipal de
Direito à Habitação, um documento
que tem a ambição de abranger os
vários tipos de habitação — renda
apoiada, renda convencionada, etc.
— e que terá uma primeira apresen-
tação pública na próxima segunda-
feira. Depois da discussão em câma-
ra, ainda será sujeito a consulta
pública e posterior votação na
assembleia municipal.
Também na segunda-feira, há
entrega de 50 casas no Bairro Muni-
cipal da Boavista, que está pratica-
mente a ser reconstruído na íntegra.
“Começámos a sonhar isto em 2013
com os moradores, a junta, o Antó-
nio Costa”, diz Paula Marques. Os
novos fogos, acrescenta a vereado-
ra, seguem o princípio de que a
habitação social não tem de ser
habitação de segunda, e por isso
têm um conjunto de detalhes pouco
usuais nestes bairros, como elevada
exposição solar, logradouros ajardi-
nados ou entradas independentes.
Para o dia 24 está ainda agendada
a aprovação de um novo concurso
Habitar o Centro Histórico, destina-
do exclusivamente a pessoas despe-
jadas ou em risco de despejo em
cinco freguesias: Santa Maria Maior,
Misericórdia, São Vicente, Estrela e
Arroios. Na primeira edição, a autar-
quia atribuiu cerca de 100 casas e a
vereadora avisou que não havia
muito mais património municipal
disponível. Desta vez, haverá 50
fogos a concurso.
joao.pincha@publico.pt
 Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 25

LOCAL
RUI GAUDÊNCIO

Câmara de Lisboa
prolonga suspensão
de novos alojamentos
locais
Regulamento
João Pedro Pincha
A Câmara de Lisboa vai prolongar
por mais uns meses a suspensão de
registo de novos estabelecimentos
de alojamento local (AL). As zonas
abrangidas são as mesmas que já
tinham sido “fechadas” em Novem-
bro: Alfama, Mouraria, Castelo, Bair-
ro Alto, Príncipe Real, Bica, Madra-
goa e parte da Graça.
Esta suspensão é uma medida
transitória enquanto não entra em
vigor o novo regulamento para o alo-
jamento local, que está em fase Ænal
de elaboração. Esse documento
Medina falou da importância do turismo para Lisboa: 10 mil milhões de euros, mais de 150 mil empregos deverá ver a luz do dia nas próximas
semanas, mas será depois colocado
As zonas vedadas a novos AL assim
deverão continuar depois de o regu-
lamento ser aprovado, e até não é
improvável que mais zonas sejam
incluídas na proibição, uma vez que
já em Novembro a câmara apontava
áreas de risco, aquelas em que a per-
centagem de AL estava quase a ultra-
passar 25% do total de fogos.
A intenção da autarquia lisboeta
é forçar o mercado a olhar para lá
do centro histórico, alargando a
oferta nas freguesias mais periféri-
cas, para onde o AL tem estado a
expandir-se, como revelou uma
análise feita pelo PÚBLICO em Outu-
bro do ano passado.
O alojamento local foi um dos
temas em debate no Fórum de Autar-
cas para o Turismo Urbano Susten-

Turista ou residente, a cidade em consulta pública e discutido tan-

to na câmara como na assembleia
municipal, o que signiÆca que ainda
tável, que se realizou ontem em Lis-
boa, onde Fernando Medina se com-
prometeu a ter uma cidade “boa

tem de ter lugar para todos vai passar algum tempo até que este-
ja em vigor. Daí o prolongamento da
suspensão, que a lei estabelece que
para os residentes e também para os
visitantes”.

possa ir até ao máximo de um ano. joao.pincha@publico.pt

que antecedeu a assinatura da decla-
Forum de Turismo ração. Para Zurab Pololikashvili, este
João Pedro Pincha Fórum de Autarcas para o Turismo
Urbano Sustentável tem a vantagem
Lisboa é uma das 16 cidades de pôr cara a cara os presidentes de
que assinaram uma carta câmara de cidades de várias partes
do mundo (Lisboa, Barcelona, Bru-
de intenções para ges, Dubrovnik, Tblissi, São Paulo e
promover um turismo Seul, entre outras) e representantes
mais sustentável de empresas, como o Airbnb, que
PUBLICIDADE
promovem uma relação holística
entre visitantes e residentes”. Ou a
alinhar as suas políticas de turismo
com os Objectivos de Desenvolvi-
mento Sustentável, sobretudo o 11º,
que reza: “Fazer cidades inclusivas,
seguras, resilientes e sustentá-
veis.”
Da lista de intenções constam ain- MUNICÍPIO DE OEIRAS
da “a integração das comunidades ASSEMBLEIA MUNICIPAL

O princípio parece simples: as cida-
des têm de ser boas para quem as
habita e para quem as visita. Da teo-
ria à prática vai, no entanto, uma
grande distância e é hoje reconheci-
do em muitos sítios que a balança
está desequilibrada, o que se traduz
em consequências económicas,
sociais e ambientais.
Para começar a encarar o proble-
ma de frente, autarcas de 16 cidades,
governantes e representantes de
organizações internacionais assina-
ram ontem em Lisboa a declaração
“Cidades para todos: construindo
cidades para cidadãos e visitantes”.
Mais do que propor acções concre-
tas, o documento é uma carta de
intenções para que o turismo urbano
seja mais sustentável.
“Talvez estejamos um bocadinho
atrasados”, reconheceu o secretário-
geral da Organização Mundial do
Turismo na conferência de imprensa
têm revolucionado a forma de fazer
turismo e também as cidades onde
operam.
Turismo e sustentabilidade: um
casamento que “não é incompatível”
e que “é essencial para o desenvolvi-
mento futuro do turismo”, disse
Fernando Medina, anÆtrião do
encontro, sublinhando a grande
importância económica deste sector
para Lisboa: 10 mil milhões de euros
gerados; mais de 150 mil empregos.
“O nosso futuro como cidade está
ligado a sermos bem sucedidos em
tudo”, aÆrmou. “Higiene urbana,
transportes públicos, habitação,
autenticidade” são, para o autarca,
alguns dos desaÆos que a procura
turística exacerbou e que precisam
de resposta adequada.
Na declaração, com 15 pontos, os
signatários comprometem-se, por
exemplo, a “considerar os turistas
como ‘residentes temporários’ e
garantir que as políticas do turismo
locais na cadeia de valor turística”,
“incentivar práticas sustentáveis que
promovam um uso mais eÆciente
dos recursos e a redução de emissões
e de lixo”, “investir em tecnologia,
inovação e parcerias para promover
destinos inteligentes” ou “promover
produtos e experiências turísticas
inovadoras (…) que permitam à cida-
de diversiÆcar a procura no tempo e
no espaço, promover estadias mais
longas e atrair os segmentos de visi-
tantes adequados”.
Também presente no encontro, o
ministro da Economia congratulou-
-se por Portugal ter hoje “a mais bai-
xa taxa de sazonalidade da Europa”,
o que signiÆca que consegue “atrair
turistas ao longo de todo o ano”.
Pedro Siza Vieira disse ainda que a
linha de apoio à sustentabilidade no
turismo já Ænanciou 21 projectos,
num total de seis milhões de euros.
joao.pincha@publico.pt
E D I T A L N.º 14/2019
ELISABETE MARIA DE OLIVEIRA MOTA RODRIGUES DE OLIVEIRA, Presidente da As-
sembleia Municipal, faz saber que tem lugar no próximo dia 9 de abril, 3.ª feira, às 15
horas, no Auditório Municipal, sito no Edifício da Biblioteca Municipal de Oeiras, em
Oeiras, a SESSÃO EXTRAORDINÁRIA N.º 7/2019, com a seguinte:
ORDEM DE TRABALHOS
1. Apreciação e Votação da Proposta CMO N.º 146/19 – DMOTOA/DHRU/DRU – relativa
à Aprovação das Novas Áreas de Reabilitação Urbana de Algés, Cruz Quebrada/Dafun-
do, Carnaxide, Oeiras, Paço de Arcos, Caxias e Laveiras;
2. Apreciação da Proposta CMO N.º 139/19 – DMAG/GAEP – relativa ao Relatório refe-
rente ao 1.º Semestre de 2018, da Parques Tejo – Parqueamentos de Oeiras, E.M., S.A.;
3. Apreciação da Proposta CMO N.º 176/19 – DMAG/GAEP – relativa ao Relatório Tri-
mestral de Execução Orçamental referente ao 3.º Trimestre de 2018, da “Parques Tejo
– Parqueamentos de Oeiras, E.M., S.A.”;
4. Apreciação da Proposta CMO N.º 177/19 – DMAG/GAEP – relativa ao Relatório Tri-
mestral de Execução Orçamental referente ao 4.º Trimestre de 2018, da “Parques Tejo
– Parqueamentos de Oeiras, E.M., S.A.”;
5. Apreciação da Proposta CMO N.º 178/19 – DMAG/GAEP – relativa ao Relatório e
Contas de 2018, com Parecer do Fiscal Único da “Parques Tejo – Parqueamentos de
Oeiras, E.M., S.A.”;
6. Apreciação da Proposta CMO N.º 179/19 – DMAG/GAEP – relativa ao Relatório e Con-
tas de 2018, da “Oeiras Viva – Gestão de Equipamentos Culturais e Desportivos, E.M.”.
Findo o Período da Ordem de Trabalhos haverá lugar à Intervenção do Público.
Para constar se publica este Edital e outros de igual teor, que vai ser afixado nos lugares
de estilo.
Oeiras e Assembleia Municipal, aos 3 dias do mês de abril do ano 2019
A PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Elisabete Maria de Oliveira Mota Rodrigues de Oliveira
26 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
ECONOMIA
Progressão nas carreiras especiais
duplica com tempo de serviço
Professores podem escolher receber
tempo já em 2019 de forma faseada,
o que levará a que as progressões nesta
classe mais do que dupliquem este ano
em relação ao previsto
Função Pública
Clara Viana
e Raquel Martins
As progressões nas carreiras que
dependem da contagem do tempo
de serviço vão duplicar este ano em
relação ao que estava previsto antes
da aprovação dos dois diplomas que
consagram a recuperação do tempo
congelado nas carreiras especiais.
Concretamente, segundo contas
apresentadas pelo secretário de
Estado do Orçamento, João Leal,
serão cerca de 60 mil os funcionários
públicos que vão subir de escalão em
2019 de um universo que ronda os
160 mil.
João Leal falava numa conferência
de imprensa realizada ontem e que
juntou mais seis secretários de Estado
para prestarem esclarecimentos
sobre os impactos do diploma apro-
vado pelo Governo nesta quinta-feira
e que visa “mitigar” os efeitos do con-
gelamento das carreiras (2011-2017)
nos magistrados, oÆciais de justiça e
militares das forças armadas e da
GNR. O diploma agora aprovado vem
juntar-se ao decreto-lei sobre a recu-
peração do tempo de serviço aos pro-
fessores aprovado a 7 de Março e que
já se encontra em vigor.
São estas as cinco carreiras que têm
em comum o facto de o tempo ser
preponderante na progressão e que
estão por isso abrangidas pelo artigo
17.º da Lei do Orçamento de Estado
para 2019, que obrigou o Governo a
negociar a recuperação do tempo
com os sindicatos, especiÆcou o
secretário de Estado da Presidência
do Conselho de Ministros, Tiago Antu-
nes. E é por essa razão que nem os
polícias, nem os guardas-prisionais
são abrangidos pelo diploma aprova-
do nesta quinta-feira, esclareceu a
Secretária de Estado da Administra-
ção e do Emprego Público, Fátima
Fonseca.
Ambas as carreiras têm um mode-
lo de avaliação de desempenho “em
que o factor tempo não se aplica”,
referiu, o que levou a que 15 mil polí-
cias já tenham progredido desde que
o descongelamento das carreiras se
iniciou em Janeiro de 2018.
Docentes: mais 17 mil
De regresso às carreiras onde o factor
tempo é preponderante e que são
abrangidas pelos diplomas em ques-
tão, o Governo apontou dois exem-
plos do impacto esperado. O diploma
aprovado nesta quinta-feira irá per-
mitir que na GNR o número de pro-
gressões passe de 3600 (derivadas
apenas do descongelamento) para
cerca de oito mil; também entre os
professores o número dos que pode-
rão mudar de escalão já em 2019 pas-
sará de 13 mil para perto de 30 mil, o
que representará mais 17 mil progres-
sões do que estava previsto.
No que respeita aos professores,
isto só será válido se estes escolherem
o modelo que foi aprovado para
outras carreiras e não aquele que se
encontra consignado no diploma
aprovado em Março e que os tinha
como únicos destinatários. A possibi-
lidade de optarem por um dos dois
modelos é uma das novidades apre-
sentadas agora pelo Governo.
O diploma de Março estabelece
que os professores recebem de uma
só vez o tempo congelado (no caso
dois anos, nove meses e 18 dias), mas
que tal só começará a ser aplicado
nas progressões registadas a partir
de 1 de Janeiro de 2019. O que faz
que os cerca de 46 mil que progre-
diram em 2018 tinham de esperar
quatro anos para beneÆciar da recu-
peração do tempo de serviço. Os
docentes poderão agora optar pelo De acordo com a secretária de vado ontem e, assim sendo, vai-lhes 2018 poderão ter mais vantagens em
modelo das outras carreiras espe- Estado da Educação, Alexandra permitir antecipar bastante o momen- escolher o modelo” agora aprovado,
ciais, onde se prevê que a recupera- Leitão, os docentes terão de to em que ocorre a progressão. Quase reiterou Alexandra Leitão. Os sindi-
ção do tempo de serviço congelado comunicar a sua escolha até 31 todos os professores que iam progre- catos de professores têm alertado que
será atribuída em três momentos de Maio dir em 2020 passam a progredir em muitos destes professores iriam ser
diferentes ( Junho de 2019, de 2020 2019 e quase todos aqueles que iam ultrapassados na carreira por outros
e de 2021), independentemente do progredir em 2021 e 2022 passam a com menos tempo de serviço, o que
tempo em que ocorram as novas tes terão de comunicar a sua escolha progredir em 2020. Depois, como vão colocaria o diploma de Março em
progressões. até 31 de Maio. beneÆciar de uma recuperação do perigo de “inconstitucionalidade”.
De acordo com o que foi explica- Contas apresentadas por João Leal: tempo, terão uma nova progressão
do pela secretária de Estado da Edu- “Os professores poderão beneÆciar passado um ano e três meses”, Sindicatos contestam
cação, Alexandra Leitão, os docen- do anterior diploma e do que foi apro- “Os docentes que progrediram em Questionado se esta foi uma das

razões para a nova opção deixada
agora aos professores, Tiago Antu-
nes optou apenas por referir que o
novo modelo resulta “da natureza
distinta das carreiras [a dos docen-
tes é horizontal, as outras são verti-
cais]” em causa, que “obrigou a
ponderar outro momento a partir
da qual o tempo será recuperado”.
“Constatando-se que esta mecânica
também pode ser aplicada aos pro-
fessores, entendemos oferecer a
MIGUEL MANSO
estes a possibilidade de opção”
entre os dois modelos, explicou.
O diploma de recuperação do tem-
po de serviço dos professores já se
encontra na Assembleia da República
para ser sujeito a uma apreciação par-
lamentar.
Deste processo, que se inicia no
próximo dia 16, e que contou com o
apoio de todos os partidos à esquer-
da e à direita do PS, poderão resultar
alterações ao decreto-lei de modo a
instituir a recuperação integral do
tempo de serviço.
E, se tal acontecer, o executivo esta-
rá obrigado a alargar esta norma às
restantes carreiras? “Ao Governo não
compete antecipar o que o Parlamen-
to fará”, respondeu o secretário de
Estado da Presidência do Conselho de
Ministros.
Quem não se deixa convencer pelo
Governo são mais uma vez os sindi-
catos. “Um roubo é sempre um rou-
bo, aconteça no âmbito de um assalto
à mão armada ou pelo método do
esticão. Também neste caso o que o
Governo propõe aos professores é
que escolham o método de serem
assaltados”. Esta é a posição da Fede-
ração Nacional de Professores
(Fenprof ), num comunicado divulga-
do ontem.
Para além disso, diz a Fenprof, pre-
tende-se “limpar inconstitucionalida-
des presentes no Decreto-Lei n.º
36/2019, que decorrem da ultrapas-
sagem de docentes que, por terem
maior antiguidade, tinham progredi-
do em 2018, após o descongelamento
das carreiras”. Que acusa ainda o
Governo de estar a “criar ruído junto
da opinião pública e confusão na
Assembleia da República”, quando
precisamente se aproxima a aprecia-
ção parlamentar do diploma sobre os
professores.
O presidente do Sindicato dos
Magistrados do Ministério Público,
António Ventinhas, também já fez
saber que considera a proposta apro-
vada pelo Governo manifestamente
insuÆciente”. “Só podemos ver isto
como um primeiro passo”, já que
esta proposta “resolve o problema
da recuperação do tempo de servi-
ço” dos procuradores, adiantou.
Também o dirigente do Sindicato
dos OÆciais de Justiça, Carlos Almei-
da, reiterou que a única proposta
aceitável para esta classe é a recupe-
ração integral do tempo de serviço
congelado.
Quanto ao que irão fazer face ao
diploma já aprovado pelo Governo,
refere que “está tudo em cima da
mesa”. “Vamos esperar pelo que o
Presidente da República fará, quan-
do for a altura da promulgação, para
decidir em concreto, mas não abdi-
camos de expor esta falácia que está
a ser apresentada aos portugueses”,
disse.
cviana@publico.pt
raquel.martins@publico.pt
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 27
1312
Descongelamento das carreiras
que está em curso e a contagem
do tempo prevista nos dois
diplomas terão um impacto de
1312 milhões de euros entre
2019 e 2021
Recuperação do tempo
custa 40 milhões em 2019
A solução encontrada pelo Governo
para recuperar parte do tempo de
serviço congelado nas carreiras dos
professores, magistrados, oÆciais de
justiça, militares e GNR vai custar
40,3 milhões de euros em 2019, um
valor que está “dentro da margem
que é possível acomodar” no Orça-
mento do Estado. A garantia foi dei-
xada pelo secretário de Estado do
Orçamento, João Leão, tendo assumi-
do pela primeira vez que o OE acomo-
da a contagem do tempo e que, partir
de 2021, o impacto anual da medida
passará a ser de 241 milhões.
Este impacto é o resultado da apli-
cação de um decreto-lei que já está
em vigor e que atribui aos professores
dois anos, nove meses e 18 dias do
tempo congelado e do diploma apro-
vado pelo Governo na quinta-feira que
permite às carreiras da defesa, da jus-
tiça e da administração interna recu-
perar uma parte do tempo de serviço
congelado entre 2011 e 2017. Contas
feitas, os dois diplomas permitem
acelerar as progressões nestas carrei-
ras especiais, o que faz com quem
2019 duplique o número de trabalha-
dores que mudam de escalão.
A solução que o Governo quer apli-
car, e que é contestada pelos sindica-
tos e associações proÆssionais, não
prevê que os trabalhadores das car-
reiras especiais recuperem os sete
anos em que as progressões estive-
ram congeladas (entre 2011 e 2017).
O que se propõe é, em alternativa,
que estes trabalhadores recebam 70%
do tempo que demoram em média a
subir de escalão e que difere consoan-
te a carreira. Por exemplo, um juiz
desembargador, que leva em média
cinco anos para subir de escalão,
receberá um bónus de tempo de três
anos e seis meses. Os oÆciais de justi-
ça, que progridem de três em três
anos, recuperam dois anos, um mês
e seis dias. Nas forças armadas, há
oÆciais que recuperam um ano, qua-
tro meses e 24 dias, enquanto outros
postos recuperam um ano e 11 meses.
Já na GNR, um guarda, que demora
2,86 anos a progredir, recupera dois
anos e um tenente-general recupera
apenas um ano, quatro meses e 24
dias. De acordo com a secretária de
Estado da Administração Pública,
Fátima Fonseca, esta foi a forma
encontrada para garantir a equidade
entre estas carreiras e o equilíbrio
face às carreiras gerais que têm mode-
los de progressão assentes na avalia-
ção de desempenho.
Antes, o secretário de Estado da
Presidência, Tiago Antunes, já tinha
deixado claro que o racional dos 70%
“visa dar equidade a todas as carrei-
ras”. “O racional encontrado é exac-
tamente o mesmo para todas as car-
reiras que progridem em função do
tempo e baseia-se no modelo das
outras carreiras que progridem em
função de pontos de avaliação por
mérito”, aÆrmou.
De acordo com o diploma agora
aprovado, o tempo será atribuído em
três momentos diferentes aos traba-
lhadores: um terço em Junho de 2019,
outro terço em Junho de 2020 e outro
em Junho de 2021. Como a recupera-
ção do tempo é feita de forma fasea-
da, o impacto orçamental não se
sente todo na mesma altura. Assim,
Secretário de
Estado João Leão
precisou ontem
que, este ano,
o impacto será
de 40,3
milhõesde euros
precisou o secretário de Estado João
Leão, este ano, o impacto será de 40,3
milhões, em 2020 acrescem mais 100
milhões e, em 2021, a factura sobe
outros 100 milhões. Daí em diante, o
orçamento terá de contar com 241
milhões de euros todos os anos para
fazer face a este encargo. Parte signi-
Æcativa deste valor, à volta de 200
milhões de euros, diz respeito aos
professores, adiantou ainda.
De acordo com as contas do Gover-
no, o descongelamento das carreiras
que está em curso e a contagem do
tempo prevista nos dois diplomas
terão um impacto de 1312 milhões de
euros entre 2019 e 2021, sendo que
quase 40% (514 milhões de euros) são
relativos aos docentes. Raquel Mar-
tins e Clara Viana
28 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
ECONOMIA
Deputados aprovam
regresso da Casa do Douro
à inscrição obrigatória
Vinho
Luísa Pinto
Deputados falam em “dia
histórico para a região do
Douro”. Presidente da
Federação Renovação
Douro fala em “retrocesso”
A Assembleia da República viabilizou
a alteração dos estatutos da Casa do
Douro e o seu regresso à Ægura de
associação pública de inscrição obri-
gatória. À terceira foi de vez, e as
propostas apresentadas pelo Bloco
de Esquerda, PCP e PS, depois de
terem sido adiadas uma semana pelo
PSD e outra pelo CDS-PP, acabaram
viabilizadas na Comissão de Agricul-
tura e foram ontem aprovadas em
plenário no Parlamento.
Em declarações ao PÚBLICO, Car-
los Matias, deputado do Bloco de
Esquerda, o primeiro partido a apre-
sentar esta solução, disse que se tra-
tava “de um dia histórico para a
região do Douro” e a devolução da
“histórica instituição duriense” aos
viticultores.
Numa declaração enviada aos jor-
nais, também os deputados do Par-
tido Socialista eleitos pelo distrito de
Vila Real se congratularam com a
legislação aprovada ontem.
“Hoje é um dia feliz, porque esta-
mos a culminar um processo político
longo, que exigiu ponderação, par-
ticipação e diálogo, para alcançar
consenso alargado”, escreve Francis-
co Rocha depois da aprovação na
especialidade. O deputado socialista
salienta o grande consenso em torno
da proposta, não só “com os partidos
de esquerda, mas também com o
PSD, que pela voz dos seus autarcas
representados na Comunidade Inter-
municipal (CIM) do Douro”, que
“aÆrmaram e votaram o seu apoio
unânime a esta visão estatutária para
a nova Casa do Douro”.
A proposta em causa também anu-
la a inscrição do edifício da sede da
Casa do Douro, localizado no muni-
cípio do Peso da Régua, distrito de
Vila Real, a favor de qualquer outra
entidade e preconiza que ele volte a
ser património da instituição.
O estatuto de associação de utili-
dade pública de que beneÆciava a
instituição histórica, fundada em
1932, foi retirado em Dezembro de
2014, durante o Governo de Passos
Instituição histórica dos vinhos da região do Douro foi fundada em 1932
do Douro, a organização que venceu
“Estamos o concurso público que foi lançado
sobretudo para ocupar o lugar deixado vazio
pela extinção da Casa do Douro e
expectantes com encontrar a agremiação que conti-
o que ainda falta nuaria a representar os viticultores
do conselho interproÆssional do
aprovar e Instituto do Vinho do Douro e do
regulamentar”, diz Porto.
Lencastre considera que esta legis-
António Lencastre, lação traz um retrocesso para a
presidente da região, “porque foi uma intervenção
directa da Assembleia da República
federação em assuntos que a região estava a
resolver”, e porque teme que não
Coelho, que se viu obrigado a resol- haja uma participação efectiva e
ver as elevadas dívidas ao Estado que representativa no processo eleitoral
asÆxiavam a instituição. Foi então que se adivinha.
posto em marcha um plano que O presidente da Federação Reno-
incluiu uma alteração legislativa, vação do Douro receia que os quase
transformando o estatuto de direito 70% de produtores que têm menos
público e inscrição obrigatória em de dois hectares de produção — e que
associação de direito privado e de são aqueles que podem participar no
inscrição voluntária. acto eleitoral — não se interessem
A reestruturação Ænanceira da ins- pelo acto eleitoral, ao mesmo tempo
tituição foi entregue a uma comissão que os outros que também estão no
independente cujo mandato foi comércio e promoção Æquem arre-
renovado. dados do processo. “Estamos sobre-
tudo expectantes com o que ainda
“Um retrocesso” falta aprovar e regulamentar”, aÆr-
Posição menos exultante com a ma António Lencastre.
aprovação teve António Lencastre, “Nós demos um passo em frente
presidente da Federação Renovação para devolver a Casa do Douro aos
PAULO PIMENTA
produtores. Criámos as condições
para isso, mas agora terão de ser as
gentes do Douro a encarar os gran-
des desaÆos que têm pela frente”,
diz Carlos Matias, do Bloco de
Esquerda. Para o PS, o projecto de
lei aprovado “leva em linha de conta
os desaÆos e oportunidades da
Região Demarcada do Douro e deve
ajudar a resolver ou a mitigar as suas
fragilidades e diÆculdades”.
“Ao apresentarmos este modelo
estatutário, pretendemos resolver de
forma perene, transparente e parti-
cipada a solução deixada em forma
de herança pelo PSD-CDS, em véspe-
ras de eleições legislativas de 2015, e
cuja legitimidade esteve, desde sem-
pre, em causa”, defendem os depu-
tados do PS.
De acordo com o texto aprovado
em Assembleia da República, a ini-
ciativa legislativa cria um novo siste-
ma de representação “com a valori-
zação do conselho geral e a existên-
cia de um conselho de direcção que
articula a presença nos interproÆs-
sionais” e prevê ainda um outro sis-
tema de Æscalização e controlo com
a nomeação de Æscal único pelo
Governo.
luisa.pinto@publico.pt
Bruxelas
acusa BMW,
Daimler e
VW de cartel
Automóveis
Comissão Europeia acusa
as empresas de “conluio”
na restrição do
desenvolvimento de
tecnologias limpas
A Comissão Europeia considerou
ontem que a BMW, Daimler e
Volkswagen (VW) violaram as leis de
concorrência da União Europeia
(UE), entre 2006 e 2014, por um ale-
gado cartel que limitou a concorrên-
cia na área das tecnologias limpas.
Em causa está uma comunicação
formal feita ontem a estas empresas,
ainda numa versão preliminar, na
qual Bruxelas as acusa de “violar as
regras concorrenciais da UE, entre
2006 a 2014, por conluio que restrin-
giu a concorrência no desenvolvi-
mento de tecnologias limpas para as
emissões de gasolina e diesel nos
carros de passageiros”.
“As empresas podem cooperar de
várias maneiras para melhorar a
qualidade dos seus produtos, mas,
segundo as regras de concorrência
da UE, não podem fazer exactamen-
te o contrário: não melhorar os seus
produtos e não concorrer com qua-
lidade”, vinca em comunicado a
comissária europeia para a área da
Concorrência, Margrethe Vestager.
A responsável admite que Bruxe-
las está “preocupada com a possibi-
lidade de este ser um desses casos”,
já que, a ter-se concretizado, “os
consumidores europeus podem ter
sido impedidos de comprar carros
com a melhor tecnologia disponível”
no Espaço Económico Europeu
(EEE).
Segundo Margrethe Vestager, Bru-
xelas vai agora investigar estas sus-
peitas, dando oportunidade às fabri-
cantes de “responder às dúvidas” do
executivo comunitário. Se, depois
de ouvidas estas empresas, o execu-
tivo comunitário considerar que
existem provas suÆcientes de infrac-
ção, pode impor uma multa até 10%
do volume de negócios anual de
cada empresa.
A investigação aprofundada teve
início em Setembro de 2018, após
inspecções às instalações da BMW,
Daimler e VW, na Alemanha, em
Outubro de 2017. Bruxelas não apon-
ta, contudo, um prazo para chegar a
uma conclusão. Lusa
 Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 29

ECONOMIA

A SEMANA 80
Com a despesa a subir a um ritmo
maior do que a receita e se nada
for feito para travar esta
evolução, a ADSE corre o risco de
entrar em défice dentro de cinco
anos. O alerta é deixado por um
estudo elaborado pelo conselho
geral e de supervisão (CGS) da
ADSE, que avaliou um cenário
em que, até 2023, entrariam no
sistema 100 mil novos
beneficiários com contratos
individuais de trabalho, a que
acresceriam 67 mil familiares.
Nesse cenário, conclui o
documento, “a ADSE obteria um
excedente estimado em 80
milhões de euros (soma dos
excedentes de todos os anos do
período) a preços correntes”.

A FIGURA A FOTO DA SEMANA AS FRASES

MÁRIO CENTENO

O ministro das Finanças fez várias
intervenções públicas nos últimos
dias desde que o Instituto
Nacional de Estatística divulgou
um aumento da carga fiscal para
um valor recorde de 35,4% em
2018. Em entrevista ao PÚBLICO,
explicou que “a carga fiscal é um
conceito que relaciona a receita
fiscal com o PIB”. “Acontece que
não há nenhum imposto cuja base
de incidência seja o PIB. Ninguém
paga o seu IRS com base na
evolução do PIB.” E acrescenta:
“O que eu acho, quando fazemos
a conta para a carga fiscal, é que
falta PIB para esta economia.”
Um dia depois, o Ministério das
Finanças emitiu uma nota
explicativa sobre este tema, em
que sugere uma fórmula de
cálculo alternativa para levar em
conta os encargos que irão recair
sobre as gerações futuras. Com
esta nova fórmula de cálculo, a
carga fiscal até desce. Isto,
porque “julgar a carga fiscal sobre
os contribuintes apenas pela
receita fiscal de um ano resulta
numa medida parcial e
imprecisa”, explica,
acrescentando que se deve ter
também em consideração os
impostos futuros que são criados
em cada ano.
Percebe-se o afã de Mário
Centeno — que vai mantendo um
curioso tabu sobre a sua eventual
recondução como ministro das
Finanças. É que em ano eleitoral,
e se Portugal seguir um padrão —
ainda que mais ligeiro — global,
os impostos prometem ser uma
dádiva contabilística para a
campanha dos partidos da
oposição mais à direita da
“geringonça”.
Pedro Ferreira Esteves
ADRIANO MIRANDA
A ADSE acumulou,
no passado, mais de
350 milhões de euros
de reservas, que,
infelizmente, não estão
a render praticamente
nada, pois o Governo
obrigou a ADSE a
depositá-las no IGCP,
cuja taxa de juro é
praticamente zero,
mesmo inferior à paga
pela banca privada
Estudo do conselho geral
e de supervisão da ADSE
Não se consegue
compreender.
É caso para perguntar
Os contribuintes que no ano porque as contas bancárias no plena campanha de entrega do por que razão
passado eram clientes do cartão estrangeiro, como é o caso, têm IRS, que vai estudar uma solução se regulamentaram
internacional Revolut ou do
banco digital N26 vão precisar de
de ser indicadas na declaração.
Esta é uma realidade que também
para resolver o problema dos
contribuintes que são clientes
as pré-reformas
atenção redobrada, quando é novidade para a Autoridade Revolut e que têm de entregar a José Abraão
entregarem o IRS este ano, Tributária, que disse ontem, em declaração. Secretário-geral da Fesap
O GRÁFICO AS MAIS LIDAS O que está na
Índice em pontos 1
Impostos
6
Telecomunicações regulamentação [da
5400
Var.
1,97%
Portal das Finanças com Depois de Paris, Isabel dos pré-reforma] é para os
falhas devido a elevado número Santos e Oi enfrentam-se em
5350 de acessos Amesterdão indesejáveis, que assim
5300 2
Impostos
7
Banca são chutados para fora,
Guia para o IRS digital: saiba BCP vai cobrar pelas
5309,40
como conseguir o bónus fiscal transferências MB Way
e para os amigos,
5250
que conseguem uma
5200
29 Mar.
5206,61
05 Abr. 3
Transportes
O que muda nos transportes
8
Mário Centeno
“Não estamos a abrir a porta
prestação de 100%
Fonte:Euronext PÚBLICO
públicos às pré-reformas” Ana Avoila
Coordenadora
O principal índice da Bolsa de da Frente Comum
Lisboa encerrou ontem a perder Comboios Impostos
4 9
0,16%, para 5309,40 pontos, na CP acaba com comboio Surpresa no IRS: quem usa
sessão diária. O PSI-20 registou turístico na linha do Douro cartão Revolut tem de o declarar
contudo um ganho semanal de
quase 2%. Das 18 cotadas que
integram o índice, seis subiram e Patentes Entrevista
5 10
12 caíram. No resto da Europa, as Huawei rejeita acordo com “[Reforço de Neeleman na
principais praças encerraram inventor português e vai para TAP] só mostra que a gente está
mistas. tribunal no caminho certo”
30 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
MUNDO
“Os populistas não precisam
de ganhar para causar estragos”
Mark Leonard O Governo de Itália
trouxe um perigo novo para a UE: um
modelo de cooperação entre radicais,
que pode ser usado no Parlamento
Europeu para desmantelar as instituições
Entrevista
Maria João Guimarães
Uma maioria descontente que se vê
como minoria costumava abster-se,
mas nestas eleições europeias
prevê-se que vá votar e opte por
partidos antieuropeus, diz Mark
Leonard, co-fundador e director do
European Council of Foreign
Relations, que esteve em Lisboa no
Ænal de Março para uma
conferência na Fundação Calouste
Gulbenkian.
Como está a Europa na véspera
das eleições para o Parlamento
Europeu?
É uma Europa que se está a
fragmentar em tribos cada vez mais
pequenas. Primeiro a crise
económica separou Norte e Sul, a
isso sobrepôs-se a invasão da
Crimeia, que dividiu Leste e Oeste, e
a crise migratória, que ainda dividiu
mais. Isto levou a uma paralisia
entre os Governos europeus, e as
eleições europeias acontecem no
Æm de um período profundo de
crise, com vários partidos que
apoiam a integração europeia
tradicional sob enorme pressão.
É provável que as eleições
acelerem este processo de
transformação política a nível
nacional e levem a uma União
Europeia ainda mais fragmentada.
E isto acontece numa altura em
que o sistema político em volta da
União Europeia também está numa
mudança muito profunda. Imagino
que a grande questão é se a
destruição deste ambiente vai unir
mais a Europa ou vai acelerar este
processo de fragmentação interna
dos últimos dez anos. Espero que
reverta e que os europeus
consigam alguma unidade face aos
desaÆos externos. Mas ainda é
demasiado cedo para dizer.
Um exemplo poderia ser o
“Brexit”? Parece ter conseguido
uma unidade europeia, ainda
que os países tenham interesses
e preocupações diferentes...
Sim, o “Brexit” tem sido, no curto
prazo, muito bom para a unidade
europeia. Primeiro, deu
oportunidade às instituições
políticas em Bruxelas de retomarem
o controlo — é a primeira crise em
que estão a controlar, o que não
aconteceu na crise do euro, que foi
sobretudo acção
intergovernamental, nem em
nenhuma das crises de política
externa. Segundo, mudou
totalmente a opinião pública em
muitos países, antes do “Brexit”,
falava-se de “Grexit” [saída da
Grécia na sequência da crise do
euro], “Frexit” [saída de França],
“Nexit” [saída da Holanda], e agora
em todos os Estados-membros, sem
excepção, os níveis de apoio à
pertença à União Europeia estão
mais altos do que há algum tempo.
Há alguns exemplos de
mudanças marcadas?
Até em países que estão muito
incomodados com alguns aspectos
da União Europeia os partidos
populistas mudaram, e em vez de
serem a favor de sair do euro ou da
UE, agora têm uma ideia de
reformar a Europa para respeitar a
soberania nacional. A Frente
Nacional defendia que a França
devia sair do euro e agora já não diz
isso. Em Itália, a Liga Norte e o 5
Estrelas criticam muita coisa na
Europa, mas já mudaram também a sido como fazer previsões sobre o precisamente um deputado em que o Labour pudesse desaparecer,
sua posição sobre o euro. estado do tempo inglês. Não se sabe 650, e o Partido Social-Democrata, e o UKIP assustou David Cameron,
Agora, o que acontece a seguir é como vai estar, mas sabe-se que não que foi uma cisão do Partido levando-o a convocar o referendo,
menos previsível. Porque, se houver vai estar bom. Trabalhista e nunca teve mais de 25 que levou à possibilidade do
um acordo com Theresa May, será Defende que os partidos entre os 650. Mas o impacto que “Brexit”. Por isso, é possível ter um
mais difícil manter essa unidade na populistas vão ganhar mesmo se tiveram foi o modo como mudaram, grande efeito na política sem chegar
próxima ronda de discussões. conseguirem apenas um terço respectivamente, o Partido a primeiro-ministro ou ser o maior
Numa negociação sobre comércio, dos lugares do Parlamento Conservador e o Partido partido.
os interesses dos Estados-membros Europeu. Porquê? Trabalhista. Mas há outro modo: no caso das
já não serão tão alinhados. Muitos destes partidos estão a Isso não será um erro do lado europeias, com um terço dos
E ninguém sabe também o que mudar a política a nível nacional e dos partidos que decidiram deputados do Parlamento Europeu
vai acontecer no próprio Reino poderão fazê-lo a nível europeu. Por mudar, ou seja, do Partido consegue-se bloquear uma série de
Unido, não é? exemplo, na política britânica, nas Trabalhista e do Conservador, medidas, como acordos comerciais
Um dos meus colegas no European últimas décadas, pode dizer-se que que caíram numa armadilha? ou procedimentos de Estado de
Council on Foreign Relations que os partidos mais inÇuentes foram o Não penso que tenha sido uma direito contra a Hungria ou Polónia,
tem a pasta do “Brexit” diz que UKIP [Partido para a Independência armadilha. O New Labour de Tony pode-se ter um papel importante na
fazer previsões sobre o “Brexit” tem do Reino Unido], que elegeu Blair foi uma reacção ao medo de selecção da próxima Comissão

Europeia, ter comissários... Penso
que vão ter um grande impacto.
O objectivo deles é criar uma
federação dos vários partidos
anti-establishment da esquerda com
os anti-imigração da direita, para
tentar transformar e desmantelar
grande parte das instituições da
União Europeia por dentro, e as
eleições europeias são a plataforma
para isso.
Mas já tentaram fazê-lo numa
aliança dos populistas de direita
e direita radical nas últimas
eleições e não conseguiram. O
que mudou agora?
Muitos dos partidos e das ideias não
NUNO FERREIRA SANTOS
são novos, mas há coisas que
mudaram. Uma foi a formação do
actual Governo italiano, que criou
um modelo para união destes dois
tipos de populismo, que teriam
Æcado cada um na sua ala, e não
teriam sido muito eÆcazes a
trabalhar juntos.
E Viktor Orbán e Matteo Salvini
estão a tentar levar isto um passo
em frente, com a ajuda de Steve
Bannon. Pode não resultar, mas é
um projecto político muito mais
ameaçador do que os anteriores,
em que havia vários tipos de
populistas, mas tão divididos que
não conseguiam trabalhar juntos.
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 31
O ‘Brexit’ tem sido, Em França, apenas uma em cada
dez pessoas acha que o sistema
no curto prazo, funciona, tanto no país como na
muito bom para a Europa. Isso explica o apoio aos
Coletes Amarelos. Há uma
unidade europeia. sensação de que o compromisso de
Deu oportunidade que se trabalhassem, seguissem as
regras, os Ælhos teriam um futuro
às instituições melhor, falhou: muitos acham que
políticas em isto já não funciona. O sistema
económico não é justo, não
Bruxelas de conÆam nos media, há um
retomarem o sentimento muito alargado de que
os sistemas políticos não
controlo — é a representam pessoas como eles.
primeira crise em Muitos dos partidos mainstream
deixaram muita gente para trás —
que estão a os de esquerda não representam os
controlar antigos trabalhadores industriais,
por isso são vistos como
representantes de minorias
Com um terço dos étnicas, indústrias criativas,
funcionários públicos; e os
deputados no partidos à direita já não
Parlamento representam os mais
conservadores rurais, tentaram
consegue-se agradar a mais pessoas apoiando
bloquear uma coisas como casamento gay e
quiseram ser mais progressistas, e
série de medidas, aproximaram-se das grandes
como acordos empresas... e esses são os grupos a
que os novos partidos apelam.
comerciais ou Esses eleitores costumavam ver-se
procedimentos de como uma maioria e agora têm
medo de se tornar uma minoria
Estado de direito odiada nos seus próprios países, e
contra a Hungria usam métodos que as minorias têm
utilizado para se defender, dando
ou a Polónia, origem ao fenómeno da “maioria
pode-se ter um ameaçada”. E isso tem sido um
tema muito poderoso para estes
papel importante novos partidos “minarem”.
na próxima Às vezes, é um pouco frustrante
ver como as forças não-
Comissão extremistas reagem a estes
partidos, caindo na “agenda”
deles...
A segunda coisa que mudou é o É interessante, porque os
facto de tantas pessoas em tantos estrategos políticos tentam
países estarem a querer mudança. demasiadas vezes lutar por causas
Nas nossas sondagens uma perdidas, e muitos partem do
pergunta reveladora foi: “Acha que princípio de que em 2015 houve
o sistema, nacional e europeu, um momento de cataclismo, o
funciona ou não?” Em quase todos mundo Æcou diferente depois da
os países há uma minoria crise da imigração e as eleições vão
substancial e às vezes mesmo uma ser um referendo à política de
maioria que pensa que o sistema imigração: em muitas campanhas
não funciona. E estas pessoas não esse é o foco central.
estão a afastar-se do processo Mas a imigração não é a
político: no passado, tenderiam principal preocupação da
simplesmente a não votar, e agora maioria dos cidadãos...
pretendem votar. Para a maioria das pessoas, na
São pessoas que se sentem maioria dos países, a imigração é
excluídas? um tema importante, mas não é o
mais importante ou dominante, e
há muitos outros com que se
preocupam. Há pessoas que se
preocupam com o radicalismo
islâmico (o mesmo número, mas
outras pessoas), a economia, um
número surpreendentemente alto
teme o nacionalismo, também as
alterações climáticas e o ambiente,
em especial os mais jovens, e em
alguns países a política externa —
na Polónia, é a Rússia. A imigração
já não é tão importante como era, e
já não é tão polarizadora porque já
não há partidos políticos a favor de
fronteiras abertas.
Há 14 anos, escreveu um livro em
que falava da UE como um
exemplo que poderia influenciar
o mundo inteiro. Como vê agora
o que escreveu na altura?
O livro era uma tentativa de
descrever a UE e celebrá-la como é,
uma história de amor com um
projecto político que era algo
totalmente novo. Combinava ter
escala nas coisas onde era preciso
escala, um enorme mercado,
regras ambientais, por exemplo, e
ao mesmo tempo deixava decisões
mais perto das pessoas ao manter o
Estado-nação, mas permitindo-nos
escapar aos erros do passado
europeu. Na altura, esperava que
se espalhasse de várias maneiras:
com países a juntar-se, com
transformações nos vizinhos, na
altura havia as revoluções
coloridas, havia outras
organizações de países, a ASEAN, a
Liga Árabe, etc, e pensei que podia
haver um mundo com mais
alianças destas.
Tudo o que elogiei no projecto
europeu — a união, Estado de
direito, o modo de lidar com
disputas, de dividir o poder militar
— são características que se
mantêm maravilhosas, únicas e
interessantes. Onde mudei o que
penso: primeiro, estou muito mais
consciente de quão vulneráveis são
estas coisas, precisamos de as
defender e não as tomar como
certas; segundo, à escala global, é
pouco provável que muitos outros
países sigam o exemplo europeu. O
que vejo agora não é um modelo
universal, mas sim algo
excepcional, frágil, e que precisa
de ser defendido — e isso foi uma
grande mudança psicológica.
mjguimaraes@publico.pt
32 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019

MUNDO

Guterres apela a que se “evite

uma luta sangrenta” na Líbia
Secretário-geral da ONU foi apanhado no meio de anúncio de ofensiva do marechal Haftar para
conquistar todo o país, durante uma visita para preparar a muito esperada Conferência Nacional
REUTERS

Norte de África
António Rodrigues
O secretário-geral da ONU deixou
ontem a Líbia “profundamente preo-
cupado e com o coração pesado” por
causa da crise político-militar, dando
a entender que será difícil travar a
vontade do marechal Khalifa Haftar
de marchar para Trípoli, a capital.
Numa mensagem no Twitter,
depois do encontro em Bengasi com
Haftar, António Guterres disse ainda
acreditar “na possibilidade de evitar
uma luta sangrenta em Trípoli e nos
arredores”, numa frase que dá a
entender a probabilidade de conti-
nuarem os combates pelo controlo da
capital entre as forças de Haftar, que
domina, a partir do Leste, mais de
metade do país, e as milícias aliadas
do Governo de Fayez al-Sarraj.
O anúncio da ofensiva do Exército
Nacional Líbio, ENL, comandado por
Haftar, apanhou Guterres de surpresa
nesta sua primeira visita à Líbia para
preparar a Conferência Nacional
sobre o futuro do país, marcada para
14 a 16 deste mês em Gadamés, oásis
berbere na fronteira com a Tunísia e
a Argélia. “Fui surpreendido por uma
série de movimentos militares e
declarações públicas quecausam
grande preocupação”, disse Guterres,
na capital líbia. O secretário-geral da
ONU apelou “à contenção, à calma”.
Pediu o desagravamento da tensão e António Guterres encontrou-se com Aguila Saleh, presidente do Parlamento da Líbia, emTobruk
sublinhou que “não há solução mili-
tar para os problemas da Líbia”. escreveu Guterres. da de combates na cidade de Aziza, a de uma centena de homens do ENL
Guterres reuniu-se com Haftar, Na quinta-feira, após a conquista 50km a sudoeste da capital. foram feitos prisioneiros.
depois de em Tobruk, também no da cidade de Gharyan, 90km a sul de A imprensa líbia refere a fuga de Se os combates prosseguirem no
Leste da Líbia, se ter reunido com Trípoli, o marechal que fez a revolu- vários chefes de milícias e membros terreno, cai por terra o empenho da
Aguila Saleh, presidente da Câmara ção com Muammar KadhaÆ no Æm do Governo de Al-Sarraj para a Tuní- ONU para encontrar uma solução
dos Representantes, que também não A ONU está dos anos 1960, mas depois se exilou sia e a Turquia, com receio dos avan- política para a Líbia — desde a queda
reconhece o Governo de Al-Sarraj, nos EUA (onde viveu quase duas ços dos homens do Leste. de KadhaÆ dividida entre facções que
apoiado pela ONU. empenhada em décadas e obteve a cidadania ameri- Al-Sarraj ordenou às milícias que usam os 20 milhões de armas deixa-
Se do encontro com Saleh ainda ajudar a encontrar cana), disse aos seus homens que apoiam o executivo saído do Acordo das pela guerra civil para manter o
houve um comunicado conjunto, “chegou a hora” de avançar para a Nacional Líbio de 2015 para estarem país no caos —, depois dos esforços
embora sem grandes especiÆcida- uma solução capital. Chamou “Libertar Trípoli” à prontas “para enfrentar qualquer para convencer todas as partes a sen-
des, da reunião com Haftar nem política e, aconteça ofensiva. ameaça”, recebendo o apoio de vários tarem-se à mesma mesa em Gadamés.
duas ou três linhas lacónicas — só o Com o Conselho de Segurança reu- senhores da guerra da Líbia Ocidental A ONU prometera uma solução polí-
tom pesado do secretário-geral da o que acontecer, nido de emergência ontem, a pedido para “deter o avanço maldito dos tica líbia para um problema líbio, sem
ONU, que deixa transparecer a von- quer ajudar o povo do Reino Unido, as forças de Haftar apoiantes de Haftar”. Ontem, o pri- interferência estrangeira, mas o mare-
tade do senhor da guerra do Leste. eram travadas a uma trintena de qui- meiro-ministro visitou o checkpoint chal Haftar parece mais inclinado
“A ONU está empenhada em ajudar líbio lómetros da capital líbia, em Zawiya, 27, em Wershièana, onde o avanço para outro tipo de solução líbia, a das
a encontrar uma solução política e, António Guterres com 145 dos seus homens e 60 veícu- das forças de Haftar rumo a Trípoli foi armas.
aconteça o que acontecer, está Secretário-geral das Nações los capturados por forças próximas travado após combates nocturnos.
empenhada em ajudar o povo líbio”, Unidas do Governo. A imprensa líbia fala ain- Fontes do Governo dizem que mais antonio.rodrigues@publico.pt
34 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
MUNDO
May continua a apostar
num “Brexit” até 30 de Junho,
Tusk sugere adiar um ano
União Europeia
Rita Siza, Bruxelas
Primeira-ministra britânica
escreveu a repetir pedido
já recusado. Presidente do
Conselho da UE aconselha
prazo mais longo e flexível
Uma, duas e três vezes, a primeira-
ministra britânica, Theresa May, já
mostrou que não é mulher para desis-
tir quando lhe dizem que não. E,
assim, endereçou ao presidente do
Conselho Europeu, para discussão na
cimeira extraordinária de quarta-fei-
ra, novo pedido para um prolonga-
mento curto do prazo do Artigo 50.º
do Tratado Europeu — até 30 de
Junho. Essa data já foi rejeitada pelos
27 chefes de Estado e Governo da
União Europeia.
Nada leva a supor que, à segunda
tentativa, os líderes europeus concor-
dem. Os argumentos que usaram
para desconsiderar a proposta de
May foram de que a data interferia
com o calendário das eleições euro-
peias, pondo em causa a legitimidade
do futuro Parlamento Europeu (PE),
e que continuava a não existir uma
maioria na Câmara dos Comuns que
assegurasse a aprovação do acordo
de saída do Reino Unido da UE.
Os 27 Æxaram uma nova data-limi-
te, 12 de Abril, para os britânicos
aprovarem o acordo de saída, solici-
tarem um adiamento prolongado das
negociações ou conformarem-se com
um “Brexit” caótico — um desfecho
que May foi mandatada pelo Parla-
mento a evitar a todo o custo, mas
que ainda pode acontecer, acidental-
mente, à meia-noite da próxima sex-
ta-feira.
Na missiva enviada a Tusk, a pri-
meira-ministra insiste que a política
do seu Governo sempre foi a de “sair
da UE de forma ordenada e sem atra-
sos”, mas reconhece que, sem um
novo adiamento, o cenário no dia 12
de Abril será o do no-deal. Para o evi-
tar, conÆrma que o seu Governo ini-
ciará os procedimentos para a orga-
nização da votação para o Parlamen-
to Europeu, ainda que acredite que
eleger mais eurodeputados britânicos
“não é do interesse nem do Reino
Unido nem da UE”.
Aliás, o Governo ainda espera deÆ#
nir um calendário para a ratiÆcação
do acordo de saída que “permita ao
Theresa May ainda acredita que haverá “Brexit” rapidamente
Primeira-ministra
britânica conÄrma
que o Governo
iniciará
procedimentos
para a organização
da votação
para o PE
Reino Unido deixar a UE antes de 23
de Maio e, portanto, cancelar as elei-
ções para o Parlamento Europeu”.
May lembra que estão a decorrer
contactos políticos com o líder da
oposição, Jeremy Corbyn, para con-
certar uma solução que permita
ultrapassar o impasse relativo à rati-
Æcação do acordo de saída pela Câma-
ra dos Comuns. Um impasse que,
lamenta, está a “criar incerteza e a
prejudicar a conÆança nos políticos”
no lado britânico, ao mesmo tempo
que está a travar “o desejo legítimo
da UE de tomar decisões sobre o seu
próprio futuro”.
Não houve uma reacção oÆcial,
nem de Bruxelas, nem das capitais, à
carta de Theresa May. Há duas sema-
nas que os dirigentes da UE andam a
repetir que já não há margem para
prolongamentos curtos e que a inac-
ção em Londres torna o cenário do
no-deal muito provável, senão mes-
mo inevitável. E há meses que lem-
bram que o acordo de saída não está
aberto a renegociações, embora a
declaração política sobre a relação
futura possa ser ajustada para reÇec-
tir uma mudança nas linhas verme-
OLIVIER HOSLET/EPA
lhas do Reino Unido.
Durante a manhã, os embaixadores
discutiram várias opções para evitar
o salto no abismo a 12 de Abril, entre
as quais a ideia de uma “extensão Çe-
xível” que foi apresentada pelo pre-
sidente do Conselho Europeu.
A sugestão de Donald Tusk é que
seja concedido um adiamento de um
ano ao Reino Unido, para que o pro-
cesso político interno possa produzir
resultados: ou a aprovação do acordo
de separação (e uma saída ordenada),
ou um reposicionamento com uma
nova estratégia para o “Brexit”, expli-
cou uma fonte diplomática.
No Æm da reunião não havia ainda
um consenso em torno de uma opção
“preferida”, uma vez que os países
ainda estão alinhados em campos
distintos, conforme a sua “benevo-
lência” ou “intransigência” com as
manobras de May. “Haverá certamen-
te desenvolvimentos que vão alterar
o retrato até à véspera da cimeira. Os
líderes tomarão uma decisão políti-
ca”, acautelou a mesma fonte.
A Comissão Europeia tem mantido
a pressão com a divulgação, a cada
dia, das medidas de contingência
adoptadas em cada sector para miti-
gar o impacto de uma saída abrup-
ta.
Ontem, o comissário para as Pes-
cas, Karmenu Vella, garantiu que em
2019 as frotas europeias e britânica
continuarão a ter acesso recíproco às
águas, e que se os pescadores euro-
peus forem afectados na sua activida-
de poderão ser compensados Ænan-
ceiramente.
rita.siza@publico.pt
Rumores de abertura
de fronteiras causam
confrontos entre polícia
e refugiados na Grécia
Europa
João Ruela Ribeiro
Milhares de migrantes
abandonaram campo perto
de Salónica onde estavam
para chegar à fronteira
com a Macedónia do Norte
A polícia grega entrou ontem em
confronto com um grupo de milha-
res de refugiados que se concentra-
ram perto de Salónica, quando esta-
vam a caminho da fronteira com a
Macedónia do Norte. Em Atenas, um
protesto de migrantes causou a sus-
pensão dos serviços ferroviários.
Na origem dos distúrbios esteve
um rumor que circulou nas redes
sociais de que a fronteira seria rea-
berta, segundo a imprensa grega. Os
migrantes, na sua maioria com ori-
gem no Médio Oriente, chegaram à
Grécia nos últimos anos, mas preten-
dem abandonar o país e chegar ao
Norte da Europa, onde muitos têm
familiares e esperam ter mais pers-
pectivas de conseguir trabalho.
Na quinta-feira, cerca de 600 refu-
giados acamparam num terreno
aberto perto do campo de Diavata,
nos arredores de Salónica, um dos
muitos espalhados pela Grécia e que
se encontram sobrelotados. Tenta-
vam chegar à fronteira com a Mace-
dónia do Norte para seguir para
países como a Alemanha, França, ou
Holanda. Segundo o jornal Kathime-
rini, entre a multidão havia famílias
inteiras com crianças pequenas.
O grupo foi interceptado pela polí-
Refugiados queriam chegar à fronteira com a Macedónia do Norte
cia antimotim, que cortou uma das
estradas que ligam à fronteira norte.
Ontem, juntaram-se mais de duas
mil pessoas perto do campo de Dia-
vata, segundo o Kathimerini. Alguns
atiraram pedras e paus à polícia, que
respondeu com granadas de gás
lacrimogéneo.
Em Atenas, meia centena de refu-
giados organizou um protesto na
principal estação ferroviária da capi-
tal, bloqueando os carris. A circula-
ção de comboios chegou a ser sus-
pensa, diz a Reuters. Os manifestan-
tes pediam a abertura da fronteira e
lançavam gritos de “Alemanha”.
O Governo grego esclareceu que
as notícias de abertura das fronteiras
são “mentira” e deixou apelos aos
migrantes para que regressem aos
campos de refugiados. O ministro
das Migrações Miltiadis Klapas disse
que as movimentações em Diavata
são “resultado de informação com-
pletamente infundada de que irá
haver uma concentração maciça nas
fronteiras e que assim elas irão
abrir”. “As fronteiras estão encerra-
das pela iniciativa de outros países”,
acrescentou.
Episódios semelhantes foram noti-
ciados na Turquia, onde também
circulou um rumor de que a frontei-
ra com a Grécia tinha sido aberta.
Grupos de refugiados tentaram che-
gar à fronteira, mas foram impedidos
pela polícia, que deteve 1200 pes-
soas, segundo a imprensa local. A
Turquia e a União Europeia assina-
ram em 2016 um acordo para travar
os refugiados.
joao.ruela@publico.pt
ALEXANDROS AVRAMIDIS/REUTERS

Argélia: um pouco de História
não faz mal a ninguém
Ponto de Vista
Jorge Almeida Fernandes
Muitos argelinos esperam que a
demissão de BouteÇika signiÆque o
atestado de óbito do “sistema” que
governa o país desde a
independência, em 1962. É uma
expectativa optimista, mas
justiÆcada. “Historicamente,
Abdelaziz BouteÇika sempre esteve
presente nos episódios em que o
poder civil teve de ceder o terreno
ao poder militar”, escreve o seu
biógrafo Mohamed Benchicou. O
regime de partido único (até 1989) e
a supremacia do poder militar
sobre o civil não foram uma
fatalidade da guerra de
independência. Foram impostas
pela força e contra a maioria dos
líderes históricos.
Comecemos por uma nota
biográÆca. BouteÇika nasceu em
1937, na cidade marroquina de
Oudja, para onde os pais tinham
emigrado. O local de nascimento
determinará a sua vida. Aos 19
anos, no Æm do ensino secundário,
inscreve-se na Frente de Libertação
Nacional (FLN). Aí conhece o
coronel Houari Boumédiène, que
comandava as “forças do exterior”
do Exército de Libertação Nacional
(ALN), em Marrocos e na Tunísia.
Torna-se no seu homem de
conÆança. Passa a integrar o “clã de
Oudja” que, em breve, conquistará
o poder.
A sua primeira grande missão
será ir a França, em Dezembro de
1961, visitar os chefes da FLN
detidos no Château Aulnoy.
Boumédiène tinha força militar,
mas não tinha estatura política.
Precisava da aliança com um líder
histórico. Apostava em Mohamed
Boudiaf. O emissário, depois de
algumas conversas, aconselhou a
aliança com Ahmed Ben Bella, que
tinha força política, mas não tinha
apoios militares à medida da sua
ambição. Bormédiène concordou.
Esta aliança mudará a História da
Argélia. BouteÇika (na foto, no
funeral de Boumédiène) tinha
então 24 anos.
A guerra da independência, com
mais de 200 mil mortos, começou
com a vaga de atentados do 1.º de
Novembro de 1954. Em 1956, a FLN
e o ALN estavam num estado de
debilidade e anarquia.
O político e o militar
Os dois dirigentes da FLN em
Argel, Ramdane Abane e Larbi Ben
M’hidi, convocaram os chefes
militares do interior e um delegado
do exterior para o Congresso de
Soummam, numa aldeia da
Cabília, em Agosto de 1956. Dele
saíram um Comité de Coordenação
e Execução (CCE, com os
dirigentes do interior) e um
Conselho Nacional da Revolução
Argelina (CNRA), com líderes do
interior e do exterior.
O congresso aprovou dois
princípios fundamentais: primeiro,
a primazia do político sobre o
militar; segundo, a primazia do
interior sobre o exterior. “O partido
comanda a espingarda”. A direcção
estratégica estaria no interior e ao
exterior caberia municiar a
guerrilha e conduzir a campanha
diplomática.
Soummam uniÆcará a acção
militar, com um plano global. Por
outro lado, Abane e Ben M’hidi vão
lançar a “batalha de Argel”, com
uma escalada de acções terroristas,
primeiro contra alvos
político-militares e, depois,
também civis. Qual era a sua
estratégia?
Explicou Abane em Æns de 1956:
“Os irmãos sabem que a nossa
inferioridade frente ao Exército
colonial, em número e material,
não nos permite obter grandes e
decisivas vitórias militares”. A CCE
lançou a “batalha de Argel” não
para conquistar o controlo da
cidade, mas “para ganhar a batalha
de Nova Iorque, o combate na
Assembleia Geral das Nações
Unidas”, resumiu o historiador
americano Matthew Connelly.
Num estudo clássico (A
Diplomatic Revolution: Algeria’s
Fight for Independence), Connelly
explica a derrota da França, apesar
de ter vencido no plano militar: a
FLN ganhou no plano diplomático e
mediático. Esta “grande estratégia”
foi elaborada ainda antes da
fundação da FLN e da luta armada
pelo jovem Hocine Ait Ahmed. Os
argelinos conseguiram isolar a
França e fazer-lhe pagar um preço
político-diplomático insuportável.
EnÆm, será a guerra da Argélia a
fazer cair a IV República e a colocar
De Gaulle no poder.
O que Æcou da “batalha de
Argel”? Houve o terrorismo e as
vítimas civis. Mas prevaleceu outra
imagem: a da repressão, que uniu a
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 35
JACQUES PAVLOVSKY/GETTY IMAGE
Historicamente,
Abdelaziz
BouteÅika sempre
esteve nos
episódios em que o
poder civil teve de
ceder terreno ao
poder militar
população contra os franceses e,
sobretudo, a “mancha da tortura,
que provocou a denúncia
internacional dos pára-quedistas
dos generais Massu e Bigeard,
dilacerando também a opinião
pública francesa.
Ben M’Hidi será preso e
enforcado em Março de 1957. Abane
será estrangulado na Tunísia, em
Dezembro de 1957, por ordem de
AbdelhaÆd Boussouf, seu colega na
CCE e membro do “clã de Oudja”,
com a cumplicidade de outros
dirigentes. Os princípios de
Soummam serão enterrados.
A conquista de Argel
A Argélia torna-se independente
no dia 5 de Julho de 1962. Estalara
já a luta pelo poder. O Governo
Provisório da República Argelina
MUNDO
(GPRA), então presidido por Ben
Khedda, vai ser afastado do poder
pela aliança Ben-Bella-
-Boumédiène. O “exército do
exterior”, rebaptizado Exército
Nacional Popular (ANP), dispõe de
35 mil homens bem treinados, com
blindados e armas pesadas.
“Semeando cadáveres pela sua
estrada, Boumédiène procedia à
conquista da Argélia”, escreverá
mais tarde Ferhat Abbas, antigo
presidente do GPRA.
Foi uma guerra civil dentro da
FLN — com violentos combates e
milhares de mortos — entre o
“exército do exterior” e os
combatentes do ALN. Há
confrontos sangrentos no próprio
Casbah de Argel. Boumédiène é
acusado de nunca ter utilizado as
suas armas pesadas contra os
franceses mas de as usar contra os
combatentes do interior. A
população da capital manifesta-se
gritando: “Sete anos basta!” E
manifesta-se também pelo poder
dos civis.
Ben Bella autoproclama-se
“director da revolução” e anuncia a
institucionalização do partido
único, contra a opinião da maioria
do GPRA e contra “chefes
históricos” como Boudiaf, Ait
Ahmed, Ben Khedda ou Krim
Belkacem. E contra a memória de
Abane ou Ben M’hidi.
No dia 9 de Setembro, as tropas
de Boumédiène entram em Argel. A
conquista está consumada. Ben
Bella será Presidente. O coronel
será o seu “vice”, com a Defesa e os
serviços secretos. BouteÇika entra
no Governo e, um ano depois, será
ministro dos Negócios Estrangeiros.
Em 1965, Ben Bella afasta dois
ministros do “clã de Oudja” e
decide demitir um terceiro,
BouteÇika. Boumédiène responde
com o golpe de Estado de 19 de
Junho de 1965. O círculo autoritário
está fechado.
BouteÇika é o último elo da
cadeia. Há hoje, Ænalmente, um
corte de gerações. Mas o “sistema”
tem raízes de meio século. Os
vencedores de 1962 criaram aquela
Argélia que os manifestantes das
sextas-feiras querem agora demolir.
Olhando a História, será um
trabalho de Hércules.
Jornalista. Escreve ao sábado
jafernandes@publico.pt
36 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
CIÊNCIA
A aventura dos primos
Fiennes pelo Nilo
Série de três episódios sobre a viagem de Ranulph e Joseph Fiennes estreia-se hoje à tarde na National
Geographic. Os dois primos percorrem o Egipto no 50.º aniversário da expedição ao longo do rio Nilo
Documentário
Teresa Sofia Serafim,
em Londres
Num sítio arqueológico em El Minya
(no Egipto), o actor Joseph Fiennes e
o explorador Ranulph Fiennes des-
cem a um anexo subterrâneo onde
encontram cobras, escorpiões e sar-
cófagos com múmias. Como o sítio
tinha sido descoberto há poucas
semanas, o actor e o explorador são
dos primeiros visitantes. Mas o que
estão eles ali a fazer? Esta é uma das
paragens da série Explorar o Egipto
com Ranulph e Joseph Fiennes. Nesta
série de três episódios de 60 minutos,
que se estreia hoje na National Geo-
graphic às 15h30, os dois primos per-
correm o Egipto para assinalar o 50.º
aniversário da expedição de Ranulph
Fiennes ao longo do rio Nilo.
Joseph Fiennes e Ranulph Fiennes
conheceram-se há 20 anos numa fes-
ta de família. “Quando conheci o meu
primo, Æquei logo com vontade de
trabalhar com ele”, conta o actor
numa conversa com o PÚBLICO e
outros jornalistas durante a apresen-
tação da série em Londres. “AÆnal,
cresci com as histórias incríveis do
Ran contadas pelo meu pai.”
Ranulph Fiennes, agora com 75
anos, fez a sua primeira expedição ao
glaciar de Jostedal, na Noruega, em
1967. A partir daí já explorou pratica-
mente todo o planeta: subiu ao cume
do Evereste, liderou a expedição que
descobriu uma cidade perdida em
Omã e atravessou a Antárctida a pé.
Já Joseph Fiennes é conhecido pelo
seu papel no Ælme A Paixão de Shakes-
peare (1998) e actualmente é o coman-
dante Fred Waterford na série The
Handmaid’s Tale.
Como juntar um actor e um explo-
rador num projecto? Ranulph Fiennes
começou por sugerir que Joseph Fien-
nes interpretasse um papel no Ælme
Killer Elite (2011) inspirado no seu livro
The Feather Men (1991). Mas o papel
acabou por ir para Robert de Niro.
A ideia de uma nova viagem ao Nilo
acabou por vir de um colega de
Joseph Fiennes, que o alertou para a
comemoração do 50.º aniversário da
expedição de Ranulph Fiennes pelo
rio Nilo. Nessa expedição — uma
O actor, Joseph Fiennes, e o explorador , Ranulph Fiennes, durante as filmagens da série
No total,
percorreram 2500
quilómetros
durante 21 dias. A
temperatura mais
alta que
enfrentaram foi 51
graus Celsius
homenagem aos exploradores do
século XIX Samuel Baker e Richard
Burton — , o explorador percorreu o
Egipto, o Sudão e o Uganda em 45
dias. “Li o livro de 1970 A Talent for
Trouble [sobre a expedição de 1969]
e pensei que tínhamos de a repetir”,
relembra Joseph Fiennes.
O aprendiz e o mestre
“Sou o Joe Fiennes e estou no Egipto
para uma aventura única.” É assim
que o actor nos recebe no primeiro
episódio da série Explorar o Egipto
com Ranulph e Joseph Fiennes. A partir
daí, vemos Joseph Fiennes a conduzir
no trânsito em Alexandria ou no
deserto do Sara a 48 graus Celsius.
Vemos um “encantador de cobras” a
adormecer as “criaturas mais mortí-
feras do deserto” e o medo na cara de
Joe Fiennes. Observamos ainda como
Ran Fiennes detecta o medo do seu
primo. Mas também há momentos
mais intimistas, como quando o
explorador conta ao actor que o seu
pai morreu depois de uma batalha na
Segunda Guerra Mundial.
“No fundo, esta série foi uma explo-
ração da minha relação com o meu
primo e do nosso legado”, diz Joseph
Fiennes aos jornalistas. “O meu objec-
tivo é que quando alguém vir esta
série Æque inspirado e vá procurar um
segundo primo e faça o mesmo que
eu. Tudo se resume à história e aos
nossos legados. Se nos movermos pela
ignorância e não pelo passado, iremos
repetir coisas terríveis.”
Ao todo, os primos Fiennes percor-
reram 2500 quilómetros durante 21
dias. A temperatura mais alta que
enfrentaram foi 51 graus Celsius e a
PAUL BASSGRAFO/FOTÓNATIONAL GEOGRAPHIC
viagem mais longa de 12 horas. Mas
se estas condições eram normais para
Ranulph Fiennes, não foram para
Joseph Fiennes. AÆnal, esta foi a sua
primeira viagem deste género.
Mas o actor contou com um mes-
tre nestas andanças. “Aprendi que
tenho de me preparar muito bem
para não correr nenhum risco.
Aprendi com o Ran que para fazer o
que ele faz temos de ter tudo planea-
do”, refere Joe Fiennes. Outro dos
desaÆos foi ter de viajar pelo deserto
num Land Rover sem GPS. “Tens de
conÆar nas pessoas que estão conti-
go e tens de seguir as estrelas e as
constelações.”
Também teve a oportunidade de
conhecer outras curiosidades sobre
o seu primo. “A minha maior surpre-
sa foi que ele adora chocolate. Tem
sempre um bocadinho, porque pre-
cisa de energia.” Embora esta viagem
tenha sido sobre o que Ranulph Fien-
nes lhe poderia ensinar, Joseph Fien-
nes descobriu que é competitivo.
Como? O actor decidiu que queria
fazer um desvio do Nilo e ir ver o mar
Vermelho, mas o explorador não tor-
nou esse objectivo fácil de concreti-
zar. “Estávamos sempre a competir
para ver se eu conseguia lá chegar.”
No Ænal, Joseph Fiennes conseguiu
mesmo ir ver o mar Vermelho.
Joseph Fiennes assume que será
sempre um explorador diferente do
seu primo. “Acho que a exploração
está um pouco em todos nós. Não
preciso de ir para outro país para ser
um explorador. Quando estou a estu-
dar personagens também estou a ser
um explorador”, considera.
E, mesmo sendo um principiante
em expedições, Joseph Fiennes reve-
la que o medo não foi um inimigo.
“Ouvi falar nas víboras que nos fazem
sangrar os olhos e nos matam em 20
minutos, mas não tive tempo de ter
medo, porque estava feliz e me senti
um sortudo por ter esta oportunida-
de.” O único momento em que sentiu
que estava em perigo foi no anexo
subterrâneo por causa dos escorpiões
e do perigo de desmoronamento.
A situação que mais marcou o actor
deu-se na Grande Pirâmide de Gizé,
onde passou uma noite. “Houve um
momento em que o Ran estava a can-
tar uma música na Grande Pirâmide
e a acústica era incrível. Lá todos
podemos ser a Maria Callas”, conta.
Já para Ranulph Fiennes o grande
momento foi quando visitaram El
Alamein. “Estou mesmo agradecido
por ter lá ido, porque o meu pai mor-
reu em Itália, mas Æcou gravemente
ferido na Batalha de Alamein [duran-
te a Segunda Guerra Mundial]”, reve-
la num comunicado da National Geo-
graphic.
Agora, Joseph Fiennes assume que
Æcou com o “bichinho” por este tipo
de viagens e que gostaria de conhecer
povos indígenas e entender como
respeitam a natureza. Também reve-
la que o seu primo já lhe sugeriu outra
expedição. Mas, aos jornalistas, o
actor apenas adianta: “Com um sor-
riso na cara, o Ran falou-me numa
viagem com água fria e gelo. Ele já
tem tudo planeado.” Podemos então
dizer que a aventura está no ADN da
família Fiennes.
teresa.serafim@publico.pt
O PÚBLICO viajou a convite
da National Geographic
 Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 37

CIÊNCIA

Aves e indicadores:
do Renascimento à actualidade
consolidar o seu simbolismo: das 39 espécies associadas aos 37% no período 1998-2016. Esta aves comuns na Europa mostram
alimenta-se de sementes diversas, meios agrícolas da Europa, a ave insectívora está representada duas realidades distintas: o grupo
alguns artrópodes, cardos e outras maioria se encontra em declínio! no logótipo da Conferência Bird das espécies Çorestais apresenta
plantas espinhosas, facto que foi Monitorizar animais que são Numbers 2019, evento que uma relativa estabilidade nos
interpretado como uma alusão à comuns pode parecer bizarro decorrerá entre 8 e 13 de Abril na últimos 10-15 anos; ao invés, as
coroa de espinhos de Cristo. E por numa óptica de conservação da Universidade de Évora sob o lema aves associadas aos meios agrícolas
Opinião serem tão coloridos e conspícuos, biodiversidade, pois é usual “Contar aves conta”. mostram um declínio
João E. Rabaça os pintassilgos sempre foram considerarmos que os esforços e E conta realmente muito para a impressionante de 57% desde
facilmente reconhecidos, o que recursos devem ser dirigidos a sociedade! Conhecer as dinâmicas 1980.
No primeiro piso de Gli Uêzi em facilitou a difusão do seu valor espécies raras e ameaçadas. E isso em ganhos e perdas das aves O que justiÆca este declínio? A
Florença, a magníÆca, há uma sala alegórico. Na verdade, mesmo é verdade! Mas monitorizar aves comuns dá-nos mais informação resposta detalhada não cabe neste
dedicada a Raèaello Sanzio, mestre quem hesita em distinguir um assaz distribuídas e muitas vezes do que o mero progresso das suas texto, mas as mudanças nas
de Urbino e expoente do pardal-doméstico de outros abundantes tem uma enorme populações. Revisitemos o práticas agrícolas que ocorreram
Renascimento. Aí se encontra uma pássaros, é capaz de identiÆcar um vantagem: como são numerosas e PECBMS: o seu principal objectivo nas últimas décadas (intensiÆcação
das obras mais expressivas do seu pintassilgo. têm uma distribuição alargada, a é o de utilizar as aves comuns e especialização), o
período Çorentino: Madonna del Deixemos o Ægurativo e falemos detecção de variações temporais como indicadores do estado do desaparecimento de sebes naturais
cardellino. Raèaello representou da realidade: os pintassilgos dos seus efectivos é robusta e ambiente na Europa, através da e habitats marginais e o aumento
Maria ainda jovem, João Baptista e ocorrem nas paisagens rurais da atenua os efeitos do acaso nas monitorização em larga escala e a do uso de fertilizantes e pesticidas
Jesus como infantes e dispôs as três Europa desde o Sul da oscilações numéricas das longo prazo das suas populações têm contribuído para este
Æguras num desenho geométrico. Escandinávia à região populações locais — ou seja, se as nidiÆcantes. Porquê o foco nas impressionante decréscimo.
As mãos do profeta seguram uma mediterrânica. Os dados mais abundâncias duma espécie populações nidiÆcantes? Porque é
ave que Jesus acaricia com a mão recentes do PECBMS (o Programa comum mostrarem um biologicamente importante e Investigador do Instituto de
direita. Os meninos cruzam os Pan-Europeu de Monitorização de decréscimo à escala do metodologicamente útil: na Ciências Agrárias e Ambientais
olhares e Maria Æta João com a Aves Comuns) mostram um continente, há segurança nessa reprodução está em jogo o Mediterrânicas da Universidade
serena profundidade de quem incremento moderado das suas tendência. É o caso da rola-brava, recrutamento da geração seguinte de Évora, coordenador do
indaga o futuro. O animal no centro populações entre 1980 e 2016. Num uma ave migradora cujas e, portanto, o êxito ou fracasso do LabOr-Laboratório de
geométrico do quadro é um artigo anterior aludi ao PECBMS e à populações diminuíram 80% (!!) crescimento populacional; e como Ornitologia, delegado nacional
pintassilgo e representa a Paixão de sua importância na sinalização de entre 1980 e 2016 (29% nos neste período a maioria das aves do European Bird Census
Cristo, numa associação à lenda que indicadores do estado do últimos dez anos) e do está acantonada espacialmente, Council e um dos organizadores
explica as penas vermelhas que lhe ambiente. Expliquei o que são picanço-barreteiro, um migrador isso facilita a sua amostragem. da conferência Bird Numbers
rodeiam o bico: na via crucis de “espécies comuns” e referi que, nidiÆcante com um declínio de Os dados mais recentes sobre as 2019
Jesus, um pintassilgo voou para a DR
Sua cabeça e, enquanto retirava um
espinho da coroa, um jorro do Seu
sangue manchou-o. Para sempre.
O pintassilgo foi copiosamente
representado na pintura sacra do
Renascimento e em períodos
posteriores, evocando sobretudo a
Ressurreição, mas também a morte
e sacrifício. Em 1946, o zoólogo
americano Herbert Friedmann
publicou The Symbolic GoldÆnch: Its
History and SigniÆcance in European
Devotional Art e listou 486 pinturas
com representações do pintassilgo
atribuídas a 254 pintores, quase
todos italianos. Qual a razão para
este domínio alegórico de um
pássaro polícromo e comum nas
paisagens da Europa? Friedmann
referiu que o simbolismo do
pintassilgo provinha de lendas
disseminadas desde o séc. XIII.
Umas delas, já a referi; outra
baseia-se no livro apócrifo sobre a
infância de Jesus: os Seus
companheiros de folia traziam-Lhe
pássaros de barro que Ele,
milagrosamente, fazia renascer.
O pintassilgo simbolizava
primordialmente a Ressurreição e a
Paixão. Mas há algo de real nos
hábitos do pintassilgo que ajudou a
38 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
CULTURA
Warrior, ou a série que
Bruce Lee deixou por fazer
Antes da sua morte, o ícone das artes marciais tinha proposto uma série que nunca passou do projecto.
Quase 50 anos depois, Warrior chega à televisão pelas mãos da sua Älha Shannon e de Justin Lin
Cinema
Jorge Mourinha,
em Nova Iorque
“É uma história que tem Bruce Lee
a correr nas veias, que concretiza um
objectivo que ele tinha estabelecido
em vida: ser capaz de mostrar um
retrato autêntico da sua cultura, das
suas origens.” Shannon Lee tem três
razões para ser tão peremptória em
relação a Warrior. Primeira: é Ælha
daquela Ægura icónica das artes mar-
ciais, que morreu em 1973, aos 32
anos. Segunda: é a responsável pela
gestão da herança do pai. Terceira:
é a produtora executiva de Warrior,
nova série televisiva que começa
hoje no serviço HBO Portugal (um
dia depois da estreia americana) e
que se baseia numa história nunca
Ælmada, escrita pelo seu pai em
1971.
No pico da sua popularidade como
actor em Ælmes de artes marciais
(mas antes da sua entrada pela porta
grande em Hollywood com O Dragão
Ataca, último Ælme que estreou em
vida), Lee propôs uma série televisi-
va sobre um imigrante chinês na
América do século XIX. Não conse-
guiu convencer as produtoras —
embora a viúva de Lee tenha sempre
defendido que Kung Fu (1972-1975),
a popular série sobre um monge de
Shaolin no velho Oeste, era um
“decalque” do projecto do marido
(Lee chegou a estar na corrida para
o papel principal, que coube a Car-
radine).
E esse tratamento inédito, já então
intitulado Warrior, está agora na ori-
gem da nova série de dez episódios
(com esperança de que possa ter
mais temporadas). Acompanha Ah
Sahm (o actor inglês Andrew Koji),
que chega em 1878 da China a São
Francisco num período conturbadís-
simo, com as guerras entre facções
chinesas rivais a levar a cidade por-
tuária ao rubro pelo meio de um
forte movimento anti-imigração
(paradoxalmente liderado pelos…
imigrantes irlandeses).
Se a série tivesse chegado a ser fei-
ta em 1971, teria sido Lee a interpre-
tar Ah — “porque o meu pai estava
sempre à procura de um veículo para
FOTOS:CINEMAX/HBO
expressar o que ele achava ser a via-
gem interior de um praticante de
artes marciais”, como diz Shannon
Lee à imprensa reunida nos escritó-
rios nova-iorquinos da HBO. “E a
acção não é apenas uma questão de
espectáculo. É uma questão de vida
e de morte. O meu pai sempre quis
que cada golpe fosse sentido pelo
espectador como algo que deixasse
marca, que fosse visceral.”
Mantendo intacta a dimensão
kung fu das cenas de acção, a trama
foi retrabalhada e expandida pelo
escritor e argumentista Jonathan
Tropper (Banshee) e pelo realizador
taiwanês Justin Lin, que tornou o
O actor inglês Andrew Koji interpreta a personagem Ah Sahm franchise Velocidade Furiosa um
fenómeno global de popularidade.
Mas, aos jornalistas, Tropper explica
que o essencial da série já estava
todo deÆnido no documento redigi-
do por Lee há quase 50 anos.
“Bruce Lee pôs a mesa mas tive-
mos de ser nós a fazer o jantar”,
explica. “Foi ele que escolheu este
período histórico, que criou esta per-
sonagem principal, o conÇito inte-
rior que ela enfrenta. A política, a
questão da imigração, a xenofobia e
o racismo para com os asiáticos, isso
já lá estava. O que Æzemos foi com-
preender esse mundo — pesquisá-lo,
compreendê-lo, construí-lo e povoá-
lo com todas as personagens.”
Warrior é mais um passo em fren-
te para uma comunidade geralmen-
Rich Ting e Jason Tobin (ao centro) são dois dos actores do elenco te sub-representada no cinema e na
televisão, mas que, recentemente,
tem vindo a demonstrar o seu
“peso”, com o êxito da sitcom Fresh
off the Boat ( exibida nos canais Fox
Comedy e Fox+) ou o sucesso fulgu-
rante da comédia romântica Crazy
Rich Asians. “Em termos puramente
práticos, é uma série que não pode-
ria ter sido feita em nenhum outro
momento da história”, como diz Jus-
tin Lin, também presente nos escri-
tórios da HBO. “Há dez anos nin-
guém a quereria fazer! É um reÇexo
dos avanços que Æzemos enquanto
sociedade. Mas os problemas conti-
nuam a existir.”
A Ælha de Lee conÆrma. “Os asiá-
ticos ainda são vistos como ‘o outro’,
e não ajuda sermos uma população
relativamente pequena na totalidade
Justin Lee, Shannon Lee e Jonathan Tropper dos EUA. Ainda perguntam a amigos
meus da segunda geração a nascer
no país de onde é que são, ainda
somos muito estereotipados como o
cromo marrão ou a senhora da mer-
cearia… Foi preciso que pessoas
como o Justin alcançassem uma posi-
ção de poder no sistema para poder
dizer que não, que somos seres
humanos com vivências especíÆcas.
Se a série tivesse sido feita quando o
meu pai a propôs, tenho certeza de
que ele teria sido o único asiático no
elenco.”
“A questão é que não estamos a
contar uma história chinesa, como
o Justin sempre disse”, aponta Tro-
pper, sublinhando o melting pot — o
caldeirão de culturas imigrantes que
formou o país. “Estamos a contar
uma história americana, que se pas-
sa nos Estados Unidos, com ameri-
canos de origem asiática como per-
sonagens principais. Não há muita
coisa escrita sobre eles nos registos
históricos, infelizmente: os livros de
história não falam muito da comuni-
dade imigrante chinesa. Os próprios
chineses não registavam muitas coi-
sas, e grande parte do que guarda-
ram ardeu no terramoto de São Fran-
cisco de 1906. Por isso tivemos de
fazer um trabalho de pesquisa minu-
cioso, picando coisas aqui e ali e cru-
zando capítulos soltos de livros com
o que sabíamos do período.”
“Mas atenção, isto não é um docu-
mentário!”, contrapõe Lin. “O
essencial era honrar a essência do
que Bruce Lee queria fazer, porque
o próprio tratamento já de si tinha
um olhar muito moderno, muito à
frente do seu tempo.” “Queríamos
arranjar uma maneira de tornar a
série contemporânea e relevante”,
como explica Shannon Lee. “Sabía-
mos que íamos estar a jogar com as
convenções dos géneros — o wes-
tern, o Ælme de kung fu —mas que
não íamos querer respeitá-las. Que-
ríamos virar tudo do avesso, levar o
espectador a pensar que estamos a
ir numa direcção quando estamos
a levá-los noutra. Estamos a libertar-
nos das restrições da tradição do
género — muito como o meu pai fez
em vida.”
O PÚBLICO
viajou a convite da HBO

Voz de José Afonso volta
a ouvir-se em Carreço,
quatro décadas depois
Música
Nuno Pacheco
Livro-disco com gravações
inéditas é lançado hoje em
Viana do Castelo. E Setúbal
vai assinalar os 90 anos
do nascimento do cantor
O livro-disco José Afonso ao Vivo, com
dois CD e um LP de gravações inéditas
feitas em 1968 e em 1980, vai ser lan-
çado hoje numa sessão pública em
Carreço, distrito de Viana do Castelo,
na mesma sala onde José Afonso ali
actuou em 23 de Fevereiro de 1980: a
da Sociedade de Instrução e Recreio
de Carreço. Este é um dos concertos
inéditos que integram José Afonso ao
Vivo, ambos gravados por particula-
res, à época, e agora tratados digital-
mente. O outro fora registado em
Coimbra, em 4 de Maio de 1968. O de
Carreço ocupa um dos CD integrados
no livro-disco, enquanto o de Coim-
bra surge em CD e também em vinil.
Com edição da Tradisom e textos
do jornalista Adelino Gomes, que ao
longo das mais de 80 páginas que tem
o álbum conta pormenorizadamente
as histórias e episódios que rodearam
os dois concertos, recordados em
dezenas de depoimentos, o livro-dis-
co teve um período de pré-venda que,
segundo o editor, José Moças, correu
muito bem. Dos 4000 exemplares
editados (tiragem única), terão sido
já vendidos 2400. O apelo à compra
antecipada tinha um “prémio”: a
inclusão, no livro-disco, dos nomes
de todos os compradores individuais.
E foram cerca de 780. A estes, somem-
se 1125 exemplares em compras insti-
tucionais e mais meio milhar em
encomendas para venda em loja.
A sessão em Carreço, com a lotação
praticamente esgotada (350 pessoas),
começa às 21h, e nela participam mui-
tos dos que testemunharam à época
o concerto que ali deu José Afonso,
acompanhado pelos músicos Júlio
Pereira, Guilherme Inês e Henrique
Tabot, numa sala onde se juntaram
perto de 400 pessoas.
José Moças, editor da Tradisom,
entusiasma-se ao falar deste lança-
mento e do seu signiÆcado: “Além da
Zélia e dos Ælhos do Zeca há muita
gente que vem de Lisboa, das Astú-
rias, da Galiza, e será descerrada uma
placa alusiva ao evento (é a Zélia que
a vai descerrar). Vai ser uma noite
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 39
José Afonso cantou em Coimbra em 1968 e em Carreço em 1980
muito interessante, com surpresas
que ainda não contei a ninguém, nem
possa contar agora.”
A apresentação da edição está a
cargo do escritor José Manuel Men-
des, por sugestão de Adelino Gomes,
que também falará, tal como José
Moças e o crítico musical e bloguista
Ricardo Romano, que no livro analisa
as interpretações de José Afonso.
Estará também na sessão o autor da
iniciativa que levou à gravação do
concerto, Manuel Mina, e a sessão
musical contará, entre outros, com
João Afonso e Luis Pastor.
A sessão de Carreço é apenas a
primeira onde José Afonso ao Vivo
será apresentado. Haverá várias ao
longo deste mês, e também em Maio.
A próxima será dia 12 de Abril à tar-
de, em Setúbal, na Casa da Cultura
(onde a apresentação estará a cargo
do radialista António Macedo), com
concerto à noite no Luísa Todi pelo
projecto Por Terras do Zeca, com Fili-
pa Pais, João Afonso, Maria Anadon,
Zeca Medeiros, Firmino Pascoal e
Vítor Paulo, sob direcção de Davide
Zaccaria. Esta sessão tem outra par-
ticularidade: coincide com a inaugu-
ração de uma exposição de desenhos
do ilustrador Pedro Sousa Pereira,
todos feitos a partir dos capítulos do
livro-disco.
Comemorações em Setúbal
Ainda em Setúbal, a Associação José
Afonso (AJA) anunciou anteontem
um programa de comemorações dos
90 anos do nascimento de José Afon-
so, das quais constam um concerto
de rua com “companheiros de estra-
da” do cantor e a edição de um rotei-
PUBLICIDADE
CULTURA
DR
ro com “os lugares do Zeca” nesta
cidade. Na conferência de imprensa,
segundo a agência Lusa, a escolha de
Setúbal para tal anúncio foi justiÆca-
da com o facto de as geograÆas do
“poeta, andarilho e cantor” se cru-
zarem com a cidade — onde se Æxou
em 1967, e onde morreu em 23 de
Fevereiro de 1987.
Além de um concerto ao ar livre
com “companheiros de estrada, de
estúdio e de vida” de José Afonso (os
nomes não foram ainda revelados,
por não estarem concluídos todos os
contactos), as comemorações do nas-
cimento do autor de Grândola, Vila
Morena (em 2 de Agosto de 1929, em
Aveiro) integram ainda uma exposi-
ção com capas de edições discográÆ#
cas pouco conhecidas, patente a par-
tir de 21 de Abril na Casa da Cultura,
que acolherá também “tertúlias”
sobre a sua obra.
Para 28 de Abril está marcada a
sessão Baladas e Cantares do Andari-
lho, pelo músico Rui Pato, que come-
çou a acompanhar José Afonso à vio-
la, aos 16 anos, em Coimbra, e com
quem, na década de 1960, gravou
vários discos; e no dia 26 de Maio há
uma tertúlia chamada Contos velhos,
rumos novos e traz outro amigo tam-
bém, com Mário Correia, autor de
livros sobre José Afonso. Serão,
ambas, moderadas pelo jornalista
Viriato Teles.
A nível nacional, a AJA anunciou
ainda a edição em livro de correspon-
dência inédita entre José Afonso e a
família do jornalista e fotógrafo Rocha
Pato, pai do músico Rui Pato.
nuno.pacheco@publico.pt
40 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
CULTURA
Cortem-me a cabeça,
se não é um Caravaggio!
O especialista Eric Turquin insiste que a Judite e Holofernes descoberta em 2014 num sótão de Toulouse é
de Caravaggio. Outros duvidam. A tela vai a leilão em Junho e pode chegar aos 150 milhões de euros
Artes
Luís Miguel Queirós
A polémica em torno da atribuição
a Caravaggio de uma tela encontrada
em 2014 num sótão de Toulouse,
mostrando Judite a decapitar o gene-
ral assírio Holofernes, voltou a rea-
cender-se com a aproximação do dia
27 de Junho, quando a obra irá ser
leiloada na mesma cidade francesa
onde foi descoberta. A licitação abri-
rá nos 30 milhões de euros, mas
estima-se que o preço Ænal possa
situar-se perto dos 150 milhões,
valores que diÆcilmente alguém
desembolsará sem estar muito certo
de que a pintura é mesmo do grande
mestre italiano Michelangelo Merisi
da Caravaggio (1571-1610).
Eric Turquin, respeitado especia-
lista francês em pintura antiga, que
trabalhou alguns anos na Sotheby’s,
em Londres, antes de se estabelecer
como consultor independente em
Paris, sempre defendeu que a tela
de Toulouse é a segunda versão, há
muito desaparecida, que Caravaggio
teria pintado da cena bíblica em que
uma viúva judia chamada Judite,
protagonista do livro deuterocanó-
nico homónimo, decapita o general
assírio Holofernes.
Turquin defende que há provas
documentais de que Caravaggio, que
já tinha pintado uma Judite e Holo-
fernes em 1598 ou 1599 — a que se
encontra em Roma, no Palácio Bar-
berini, um dos núcleos da Galeria
Nacional de Arte Antiga —, voltou ao
tema em 1607, quando se encontra-
va em Nápoles, onde se refugiara no
ano anterior, sob a protecção da
poderosa família Colonna, após ter
morto um homem em Roma. A ser
assim, esta segunda Judite e Holofer-
nes seria do mesmo ano de uma das
mais admiradas obras-primas de
Caravaggio, as Sete Obras de Miseri-
córdia, conservada na igreja e museu
Pio Monte della Misericordia, em
Nápoles.
Nem todos, contudo, aceitam
como facto incontestável que Cara-
vaggio tenha efectivamente pintado
uma segunda versão da tela. O his-
toriador e crítico de arte Jonathan
Jones, colaborador regular do diário
Cinco anos após a sua descoberta, a atribuição desta pintura a Caravaggio continua a suscitar debate
inglês The Guardian e um dos mais
veementes adversários da tese de
Turquin, faz notar que o que se sabe
ao certo é que um “discípulo menor”
do pintor, o artista Çamengo Louis
Não faço ideia Finson, terá tentado vender em
Nápoles, em 1607, uma Judite e Holo-
quando foi fernes de Caravaggio, e que os espe-
pintada, nem por cialistas especulam que a tela com o
mesmo tema actualmente exposta
quem, nem onde, no palácio napolitano Zevallos pos-
mas querer sa ser uma cópia executada pelo
mesmo Finson a partir de uma pin-
atribuir a tura desaparecida do seu mestre.
Caravaggio esta Mas o próprio Jones reconhece que
o quadro encontrado em Toulouse
Judite e Holofernes revela uma competência que não
desleixada é um estaria ao alcance do Çamengo.
A pintura, muito suja e com
insulto à sua pequenos danos provocados por
subtileza uma fuga de água, foi encontrada
em 2014 num sótão de Toulouse,
Jonathan Jones onde se estaria talvez há mais de
Crítico de arte cem anos, por um leiloeiro local,
Marc Labarbe. Quando o seu cliente
lhe mostrou o quadro, Labarbe diz
ter Æcado muito impressionado pela
força da composição e aÆrma ter
suspeitado desde logo de que pode-
ria ser um Caravaggio. Chamou
então Turquin, que dedicou dois
anos a uma minuciosa investigação
antes de concluir que a tela era mes-
mo do mestre italiano pioneiro do
chiaroscuro.
A descoberta só chega aos meios
de comunicação na Primavera de
2016 e é então que estala a polémica.
Uma das primeiras pessoas a quem
Turquin mostra a pintura é à italiana
Mina Gregori, professora emérita da
Universidade de Florença, que não
se deixa convencer pelos seus argu-
mentos e que virá a declarar publi-
camente a sua convicção de que
também esta tela será obra de Louis
Finson, juízo depois partilhado por
outro professor da mesma universi-
dade, Gianni Papi, reconhecido
especialista em Caravaggio.
Uma vez limpa e restaurada, a pin-
tura foi mostrada no Louvre , que
não tomou posição sobre a eventual
autoria de Caravaggio. Mas o Minis-
tério da Cultura impediu então a
obra de ser exportada para fora do
país por um período de três anos,
prazo que expirou em Dezembro
passado. E, não tendo aparecido
entretanto nenhuma instituição
pública disposta a adquirir a obra,
esta pode agora ser livremente ven-
dida.
Na sua edição online da passada
quarta-feira, o jornal Art Newspaper
retoma a discussão, ouvindo os
argumentos de Turquin, cujas con-
clusões poderão ter saído reforçadas
com os resultados de uma análise
cientíÆca que demonstrou que o
artista fez alterações relevantes em
vários pormenores, tornando menos
plausível que se trate de uma cópia.
“São tantas as razões que me con-
vencem da sua autenticidade”, diz
Turquin, “que estenderia o pescoço
para me cortarem a cabeça, como a
Holofernes!”
Mas o Art Newspaper publica na
mesma edição um artigo de Jonathan
Jones, crítico de arte do Guardian e
autor de vários livros sobre a arte do
Renascimento, que não se mostra
menos veemente a recusar a autoria
de Caravaggio. Embora reconhecen-
do que a tela tem todos os sinais
exteriores do seu estilo, detecta uma
“falta de sensibilidade no uso da luz”
que “rouba à pintura a sua força psi-
cológica”. E exempliÆca: “Judite
parece distraída (…), empunha a
faca descuidadamente, e é também
frouxo o gesto com que agarra os
cabelos de Holofernes.”
E conclui: “Não faço ideia quando
foi pintada, nem por quem, nem
onde, mas querer atribuir a Cara-
vaggio esta Judite e Holofernes des-
leixada é um insulto à sua subtile-
za.”
Isso não impede Marc Labarbe de
estar conÆante de que a pintura,
agora liberta de quaisquer entraves
à exportação, poderá vir a ser arre-
matada por um valor próximo dos
150 milhões de euros no leilão que
irá promover em Toulouse no dia
27 de Junho, montante até hoje só
muito raramente alcançado por
obras de pintura antiga. Até lá, tem
procurado mostrá-la o mais possí-
vel. O quadro esteve já exposto em
Londres, na Galeria Colnaghi, e pas-
sará ainda por Nova Iorque antes
do leilão.
lmqueiros@publico.pt
Nascemos num tempo
em que caíam muros.
E ajudámos a derrubá-los.
Acertando o passo da informação
Com um mundo em mudança.
Estivemos na linha da frente.
Em palcos de guerra ou de concórdia
De decisões históricas
De novos conflitos e ameaças
Em lugares de dor ou de esperança
Unindo o rigor à ousadia
Para dignificar o jornalismo.
Agora que se erguem novos muros
E a mentira se faz arma,
Só uma informação
independente e rigorosa
É garantia de liberdade.
Nela alicerçámos o nosso passado.
Com ela desafiamos o futuro.

Pense bem,
pense Público
Assinar o PÚBLICO é participar
na construção de um país melhor

A falta de aposta na floresta levou a tragédias

como a de Pedrógão. Nunca um incêndio em
Portugal fizera tantas mortes
42 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019

CLASSIFICADOS Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30
1350-352 Lisboa
pequenosa@publico.pt
De seg a sex das 09H às 19H
Sábado 11H às 17H

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL

Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares DA COMARCA DA COMARCA DA COMARCA
DE LISBOA DE LISBOA OESTE DE LISBOA OESTE
Agrupamento de Escolas de Ovar Sul Juízo Local Cível de Sintra Juízo Local Cível de Sintra
Juízo Local Cível de Lisboa
AVISO Juiz 2 Juiz 3 Juiz 3
Nos termos dos n.ºs 2 e 4 do artigo 30.º, artigos 33.º a 38.º da Lei Geral do Trabalho
em Funções Públicas (LTFP), aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, e do
Processo: 6655/19.5T8LSB Processo: 5480/19.8T8SNT

disposto no artigo 19.º da Portaria n.º 83-A/2009, de 22 de janeiro, com as alterações
ANÚNCIO
introduzidas pela Portaria n.º 145-A/2011, de 6 de abril, torna-se público que se encon- Acompanhamento de Maior
Requerente: Manuel Soares Silva
tra aberto pelo prazo de 10 dias úteis a contar da data da publicação deste anúncio, o
Requerido: Celso Moisés da En-
procedimento concursal comum para ocupação de um posto de trabalho em regime carnação Soares Silva
de Contrato de Trabalho em Funções Públicas Por Tempo Indeterminado, para exer- Faz-se saber que foi distribuído
cício de funções de Assistente Operacional.
neste tribunal, o processo de
Acompanhamento de Maior, em
que é requerido/beneficiário:
Para mais informações consultar os serviços administrativos ou Portal do Agrupamen-
to de Escolas de Ovar Sul em: www.aeovarsul.net.
Celso Moisés da Encarnação
Soares Silva, nascido em 06-10-
1986, filho de Manuel Soares da
Ovar, 4 de abril de 2019 Silva e de Maria Vitória da Encar-
O Diretor, Nuno Filipe da Silva Gomes
nação, com domicílio: Rua Padre
Joaquim Alves Correia, Lote 4
- 4.º-B em 1800-929, com vista
a serem definidas medidas ade-
quadas de acompanhamento.
EDIFÍCIO DIOGO CÃO N/ Referência: 385743766
DOCA DE ALCÂNTARA NORTE, LISBOA Lisboa, 02-04-2019.
(JUNTO AO MUSEU DO ORIENTE)
A Juíza de Direito
Dr.ª Maria Filomena Ribeiro
HORÁRIO: 2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H Mendes Leão Alves
SÁBADO: 11H – 17H O Oficial de Justiça
Moisés Anunciada Paiva
INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010 Público, 06/04/2019
ANÚNCIO
Processo: 5594/19.4T8SNT
ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público Requerente: Ministério Público
Beneficiário: Bruno Miguel Ro-
Beneficiária: Edmilsa Monteiro
Santos drigues da Silva
Faz-se saber que foi distribuído
Faz-se saber que foi distribuído
neste Tribunal, o processo de neste Tribunal, o processo de
Acompanhamento de Maior Acompanhamento de Maior,
em que é requerida Edmilsa em que é requerido Bruno
Monteiro Santos, nascida em Miguel Rodrigues da Silva, na-
02-01-2000, filha de Rui Monte scido em 22-07-1980, filho de
Rosa dos Santos e de Ivone António Virgílio da Silva e de
Maria Bartolomeu Monteiro dos Rosa Maria Ubaldina Rodrigues
Santos, com domicílio na Rua da Silva, com domicílio na Av.
Estocolmo Primeiro Direito, 11- Dom Nuno Álvares, 44 - 4.º Fte.,
B, 2605-755 Casal de Cambra, Agualva, 2735-145 Cacém, com
com vista a serem definidas vista à determinação de medi-
medidas de acompanhamento. das de acompanhamento.
N/ Referência: 118679543 N/ Referência: 118687220
Sintra, 03-04-2019 Sintra, 03-04-2019
A Juíza de Direito A Juíza de Direito
Dra. Susana Achemann Dra. Susana Achemann
A Oficial de Justiça A Oficial de Justiça
Dulce Sabino Dulce Sabino
Público, 06/04/2019 Público, 06/04/2019
Anúncio
Avisam-se os interessados que se encontra publicado no Diário
da República, 2.ª Série n.º 68 de 05 de abril, o Aviso n.º 6266/2019
e publicado na Bolsa de Emprego Público com o código de oferta
OE201904/0225 o Procedimento Concursal Comum para constituição
de relação jurídica de emprego público por tempo indeterminado de 4
postos de trabalho na carreira e categoria de Assistente Técnico para
a área Financeira para as Unidades Orgânicas do Instituto Politécnico
de Lisboa.
Caraterização dos postos de trabalho a ocupar, em conformidade com
o estabelecido no mapa de pessoal do IPL aprovado para 2019, e es-
pecificado no Aviso.
Requisitos habilitacionais:
a) Ser detentor do 12.º ano de escolaridade, não havendo possibilidade
de substituição do nível habilitacional por formação ou experiência
profissional;
A candidatura deverá ser formalizada mediante a apresentação do
modelo de formulário de candidatura, aprovado por Despacho n.º
11321/2009 de 08.05., disponível no sítio institucional do IPL www.ipl.pt
e remetido através de correio registado com aviso de recepção para o
Instituto Politécnico de Lisboa, sito na Estrada de Benfica, nº 529, 1549-

/(,/®2(/(75Ð1,&2
WŽƌ ĚĞƚĞƌŵŝŶĂĕĆŽ ĚŽ džŵŽ͘ ĚŵŝŶŝƐƚƌĂĚŽƌ ĚĞ /ŶƐŽůǀġŶĐŝĂ͕ ĐŽĂĚũƵǀĂŵŽƐ ŶĂ ǀĞŶĚĂ ƉŽƌ >ĞŝůĆŽ ůĞƚƌſŶŝĐŽ Ă ƐĞƌ
020 Lisboa, no prazo de dez dias úteis a contar da data de publicação
do presente aviso no Diário da República publicação, devendo constar
os seguintes elementos:
ĂŶƵŶĐŝĂĚŽŶŽƐŝƚĞǁǁǁ͘ůĞŝůŽǀĂůŽƌ͘ĐŽŵ͕ĚŽďĞŵŝŵſǀĞůĚŽ/ŶƐŽůǀĞŶƚĞΗ:ŽĆŽWĞĚƌŽ&ůŽƌġŶĐŝŽĂĞƚĂŶŽ͘Η͕ŶŽƐƚĞƌŵŽƐ
ĚŽƐƌƚ͘ǑϭϲϰǑĚŽ/ZĞϴϯϰ͘ǑĚŽ͘W͘͘ŶŽƋƵĞĨŽƌĂƉůŝĐĄǀĞů͕ĐŽŶƐƚĂŶƚĞƐĚŽƵƚŽĚĞƉƌĞĞŶƐĆŽĚĞĞŶƐ͕ũƵŶƚŽĂŽ
a) Curriculum Vitae atualizado, do qual conste eventual portfolio das ativ-
AdRA - Águas da Região de Aveiro, S.A.
ƉƌŽĐĞƐƐŽĚĞŝŶƐŽůǀġŶĐŝĂŶǑϴϵϰϰͬϭϱ͘ϵdϴ^EdƋƵĞĐŽƌƌĞƚĞƌŵŽƐĚŽdƌŝďƵŶĂů:ƵĚŝĐŝĂůĚĂŽŵĂƌĐĂĚĞ>ŝƐďŽĂKĞƐƚĞ͕
:ƵşnjŽĚĞŽŵĠƌĐŝŽĚĞ^ŝŶƚƌĂͲ:Ƶŝnjϱ͘ idades relevantes na área aberta a concurso;
b) Documentos comprovativos das habilitações literárias, da formação
9HQGD(OHWUyQLFDDVHUUHDOL]DGDQRVLWHZZZOHLORYDORUFRP
FRPLQtFLRQRGLDSHODVK profissional e todos que considere relevantes para comprovar as
AVISO H¿PQRGLDSHODVK declarações prestadas;
INTERRUPÇÃO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA c) Cópia do BI ou exibição do Cartão do Cidadão (não é aplicável a
9,6,7$62%0$5&$d­2 exclusão por não apresentação do documento de identificação, me-
WƌĂĕĂWĞĚƌŽEƵŶĞƐ͕ůŽĐŽ͕ŶǑϭϰϬ͕ϭǑ&ƌƚͮĨŽŶƐŽĞŝƌŽͲDŽŶƟũŽ diante apresentação de documento alternativo, comprovativo dos
08/04/2019 – DAS 14:00H ÀS 16:00H requisitos necessários ao exercício de funções pública, previstos nas
$SDUW7FP alíneas a) e b) do ponto 8.1 do presente Aviso);
d) Os candidatos, para além dos elementos indicados no número ante-
Rua dos Emigrantes, Rua do Ansião e Rua do Comércio
rior devem ainda entregar:
– União de Freguesias de Fonte Angeão e Covão do Lobo –
Município de Vagos
 i) Declaração emitida pelo organismo ou serviço onde o candidato
exerce funções ou pertence, devidamente atualizada e autentica-
da, da qual conste, de forma inequívoca, a modalidade da relação
jurídica de emprego público de que é titular, a carreira e categoria
que detém, a antiguidade na carreira, na categoria e na função
pública, bem como as avaliações de desempenho relativas aos
últimos três anos;
Investimento ao serviço das populações: ii) Declaração de conteúdo funcional emitida pelo organismo ou
serviço onde o candidato exerce funções ou pertence, devida-
mente atualizada e autenticada, da qual conste a caraterização
9DORU%DVHGH9HQGD¼ das atividades que se encontra a exercer inerentes ao posto de
9DORU0tQLPRGH9HQGD¼ trabalho que ocupa e o grau de complexidade das mesmas, ou,
sendo trabalhador em situação de requalificação, que por último
2EHPVHUiYHQGLGRQRVHXHVWDGRDWXDOItVLFRHMXUtGLFR 6HUiHQWUHJXHXPFDWiORJR
FRPDGHVFULomRGREHPFRQGLo}HVHRVYDORUHVGHYHQGDDWRGRVRVSUHVHQWHVHLQWHUHVVDGRV *361: ocupou.
Š
5RWXQGDžGH0DLRQžž6DOD9DORQJR
O Presidente do Conselho de Administração 7HO)D[7OP Instituto Politécnico de Lisboa, 05 de abril de 2019 – O Presidente do
ZZZOHLORYDORUFRP_JHUDO#OHLORYDORUFRP
Fernando Vasconcelos, Eng. /HLORHLUD$XWRUL]DGDQRVWHUPRVGRDUWLJRžGR'HFUHWR/HLQžGHGH$JRVWR
IPL – Prof. Doutor Elmano da Fonseca Margato.

TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE SETÚBAL
Juízo de Competência
Genérica de Sesimbra - Juiz 1
Processo: 222/19.0T8SSB

ANÚNCIO
AdRA - Águas da Região de Aveiro, S.A. AdRA - Águas da Região de Aveiro, S.A.
Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público
Acompanhada: Maria do Carmo
Carvalho Fernandes de Abreu
AVISO AVISO Faz-se saber que foi distribuído
neste Tribunal, o processo de
INTERRUPÇÃO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA INTERRUPÇÃO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA Acompanhamento de Maior em
que é requerida Maria do Carmo
Carvalho Fernandes de Abreu,
09/04/2019 – DAS 09:00H ÀS 12:00H nascida em 09-12-1942, filha de
DAS 16:00H DE 08/04/2019 ATÉ ÀS 02:00H DE 09/04/2019 Isaura Conceição Carvalho e de
Joaquim Fernandes, nacional de
Rua da Mota e Zona Industrial da Mota, Lugar da Gafanha d’ Áquem Lugar de Nogueira, Cristelo, Sóligo, Grela e Cruzeiro
Portugal, com domicílio: Est. Na-
cional 379 - Prédio Delgado, 1.º
)UHJXHVLDGH6mR6DOYDGRU² Município de Ílhavo )UHJXHVLDGH3HVVHJXHLURGR9RXJD- Município de Sever do Vouga Drt. Maça, 2970-139 Sesimbra,
com vista à determinação de me-
didas adequadas.
N/ Referência: 88064758
Sesimbra, 05-04-2019
A Juíza de Direito
Dra. Susana Castro Esteves
A Oficial de Justiça
Ana Filipa Horta Batista
Público, 06/04/2019
Investimento ao serviço das populações:

EMPREGO
INSCREVA-SE EM
O Presidente do Conselho de Administração EMPREGO.PUBLICO.PT
O Presidente do Conselho de Administração EM PARCERIA COM
Fernando Vasconcelos, Eng.
Fernando Vasconcelos, Eng.
 Público ClassiÄcados • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 43

Leilões Eletrónicos
Leilão encerra no dia 09 de Maio de 2019͕ĂƉĂƌƟƌĚĂƐϭϱŚϬϬ͘ /ŶƐŽůǀġŶĐŝĂĚĞEΘ&ͲŽŵĠƌĐŝŽĞŝƐƚƌŝďƵŝĕĆŽůŝŵĞŶƚĂƌ͕>ĚĂ͘ͲProcesso nº 772/16.0T8VIS

WŽƌƟŵĆŽ- Loja ƌŵĂĕĆŽĚĞWĞƌĂ - Lojas WŽƌƟŵĆŽ- Lojas

Verba nº 3: Fracção “BA”: Loja 46, 217,59m2, Verba nº 5: Fracção “A”: Loja, 131m2, R/C Verba nº 6: Fracção “A”: Loja, 90m2, R/C Direito,
Piso 0, sito no Edifício Páteo da Rocha – Sitio do Direito Nascente, Fracção “B”: Loja, 72,5m2, R/C sito na Rua Diogo Gonçalves, nº9, C.R.P.
Pontal, Blocos A,B,C,D, C.R.P. Portimão: Centro Poente,Arrendamento, Rua Bartolomeu Portimão (Portimão): 6116, Matriz (Portimão):
3310,Matriz (Portimão): 10297. Dias e Rua Dr. Manuel Arriaga, C.R.P. de Silves 4864 e Fracção “A”: Loja, 300m2, Cave, sito na
(Armação Pera): 327, Matriz (Armação Pera): Rua França Borges, nº2 e 2A, C.R.P. Portimão
Obs.: O imóvel encontra-se arrendado com 1173. Obs.: Os imóveis (fracção A + fracção B) (Portimão): 6581, Matriz (Portimão): 4865.
valor de renda mensal de 581,44€. encontram-se arrendados com valor de renda Obs.: Os imóveis encontram-se arrendados
mensal de 508,33€. com valor de renda mensal de 921,10€.
Valor de venda: ϭϯϴ͘ϱϱϬ͕ϬϬΦ Valor de venda: ϳϲ͘ϳϱϱ͕ϬϬΦ Valor de venda: ϭϮϭ͘ϯϴϬ͕ϬϬΦ

^ŝůǀĞƐ- Loja ^ŝůǀĞƐ- Armazém + Moradia

Verba nº 7: Fracção “A”: Loja, 482m2, R/C, sito Verba nº 9: Edifício destinado a comércio e escritório, composto por pavilhão
nas Ruas João de Deus do Correio e Dr. Nobre (zona escritórios com 6 divisões assoalhadas, 2 WC, Vestíbulo e corredor), zona
de Oliveira, 52, C.R.P. de Silves (Silves): 1883, do comércio (2 divisões, 2 WC e vestíbulo) e logradouro, área total 21.322m2,
Matriz (Silves): 6095. sito no Poço Deão, Lote 16, C.R.P. Silves (Silves): 607, Matriz (Silves): 4914,
Moradia térrea, 3 assoalhadas e logradouro, a.t. 330m2, C.R.P. Silves: 6504,
Obs.: O imóvel encontra-se arrendado com matriz (Silves): 5898.
valor de renda mensal de 2.846,65€.

Valor de venda: Ϯϳϭ͘ϭϴϵ͕ϱϳΦ Valor de venda: ϭ͘ϵϯϲ͘ϯϬϬ͕ϬϬΦ

^͘'ŽŶĕĂůŽĚĞ>ĂŐŽƐ- Loja KĞŝƌĂƐ- Loja ůƚƵƌĂ- Loja

Verba nº 10: Fracção “B”: Loja, 130m2, Cave Sul
A, sito na Rua Infante Sagres, nº162-164, C.R.P.
Lagos (Lagos, S. Sebastião): 3156, Matriz (União
Freg. Lagos – S. Sebastião e S. Maria): 15.
Verba nº 12: Fracção “A”: Loja, 285m2, Cave, Verba nº 13: Fracção “B”: Loja de 2 pisos,
sito na Praceta de Cabinda, nº1, 1ª C.R.P. Oeiras 143m2, R/B Poente, sito na Urb. Alagoa, Praia
(Oeiras e S. Julião da Barra): 194, Matriz (União Sul, Lote A1 e A2, C.R.P. Castro Marim (Altura):
das Freguesias de Oeiras e S. Julião da Barra, 2024, Matriz (Altura): 2580.
Paço de Arcos e Caxias): 3243.
Obs.: O imóvel encontra-se arrendado com
valor de renda mensal de 711,66€.

Valor de venda: ϳϳ͘ϯϬϳ͕ϱϬΦ Valor de venda: ϮϬϱ͘ϵϭϮ͕ϱϬΦ Valor de venda: ϭϱϭ͘ϳϮϱ͕ϬϬΦ

ůďƵĨĞŝƌĂ- Loja ůďƵĨĞŝƌĂ- Loja ŽůŝƋƵĞŝŵĞͲZƷƐƟĐŽ

Verba nº 17: Fracção “AQ”: Loja, 290m2, R/C, Verba nº 20: Fracção “BQ”: Loja 61, 240m2, Piso Verba nº 25: Prédio rústico, com 1.200m2,
sito na Albufeira Jardim Páteo - Cerro da 0, sito no Edifício Vila Magna – Centro composto de Terra de Pastagem, confrontan-
Piedade, Lote A, Vale Santa Maria, C.R.P. de Comercial, Lote 110, C.R.P. Albufeira (Albufeira): do a Norte: José Cabrita da Ponte; Sul e
Albufeira (Albufeira): 1238, Matriz (Albufeira e 10707, Matriz (Albufeira e Olhos de Agua): 8. Nascente: Alexandre da Piedade Martins e
Poente: Sebastião Gomes, sito no Barranco da
Olhos de Agua): 5673. Alfarrobeira, C.R.P. Loulé (Boliqueime): 2649,
Matriz (Boliqueime): 4446.

Valor de venda: ϭϮϴ͘Ϯϰϯ͕ϳϱΦ Valor de venda: ϳϳ͘ϳϰϭ͕ϬϬΦ Valor de venda: ϭ͘ϳϯϰ͕ϬϬΦ

Leilão encerra no dia 13 de Maiode 2019͕ĂƉĂƌƟƌĚĂƐϭϱŚϬϬ͘ /ŶƐŽůǀġŶĐŝĂĚĞ^ĂŶƚŽƐΘŝĂƐ͕^͘͘ͲProcesso nº 13148/14.5T2SNT

YƵĞůƵnj - Escritório/Loja ŐƵĂůǀĂͲĂĐĠŵ - Loja ^ŝŶƚƌĂ- Estacionamento

Verba nº 2: Escritório com 51,25m2, 2º Andar Verba nº 4: Loja com 31m2, 3ª Cave – Loja 32, Verba nº 5: Estacionamento coberto e
Direito, denominado como fracção autónoma denominada como fracção autónoma “AI”, sita fechado, GAR63, com 33,86m2, na 5ª Cave,
“D”; Verba nº 3: Loja com 41,53m2, R/C – Loja na Rua Luis de Camões, nº2, 2ª e 4, tendo denominado como fracção autónoma “BR”, sito
A, denominada como fracção autónoma “A”, também os nº.s 22, 22A e 24 da Av. D. Nuno na Rua Francisco Salgado Zenha, n.ºs 35 e 37 e
ambas sitas na Rua Heliodoro Salgado, nº45, Alvares Pereira, Agualva, união das freguesias Rua Fernando Lopes Graça, nºs 10, 10-A, 10-B,
Queluz, união das freguesias de Queluz e de Agualva e Mira Sintra, concelho de Sintra, 10-C e 12, 12-A, 12-B, Tapada das Mercês,
Belas, concelho de Sintra, C.R.P. de Queluz: C.R.P. de Agualva-Cacém: 233, matriz u: 56. freguesia de Algueirão-Mem Martins, concelho
2065, matriz u: 4461. de Sintra, 1ª CRP de Sintra: 1705, matriz u: 9649.
Valor de venda: (v2)ϯϱ͘ϳϬϬ͕ϬϬΦ; (v3)Ϯϯ͘ϰϬϬ͕ϬϬΦ Valor de venda: ϱ͘ϱϬϬ͕ϬϬΦ Valor de venda: ϵ͘ϰϴϳ͕ϴϲΦ

^͘WĞĚƌŽĚĞWĞŶĂĨĞƌƌŝŵͲZƷƐƟĐŽ >ĂŐŽƐ - Garagem ŵĂĚŽƌĂ- 34,1% da Moradia

Verba nº 12: Prédio rústico com 34.600m2, Verba nº 14: Estacionamento coberto e Verba nº 18: 34,1% da Moradia de cave, R/C e
composto de Mato e Eucaliptal, denominado fechado, Garagem nº9, com 18,75m2, na cave, 1º Andar, Tipologia T4, Moradia “D”, denomina-
como Cancelo, sito em Fonte do Forno, limites denominado como fracção autónoma “Y”, sito da como fracção autónoma “D”, sita na Rua Dr.
de S. Pedro de Sintra, união das freguesias de no Largo do Rossio da Trindade, bloco C, Azevedo Neves, nº 35,35-A, 35-B, 35-C, 37,
Sintra (S. Maria e S. Miguel, S. Martinho e S. freguesia de São Gonçalo de Lagos, concelho 37-A, 37-B e 37-C, Amadora, freguesia Mina de
Pedro de Penaferrim), C.R.P. de Sintra (S. Pedro de Lagos, CRP de Lagos: 729, matriz u: 3326. Agua, concelho Amadora, C.R.P. de Amadora:
de Penaferrim): 209, matriz r: 53, secção: J. 1670, matriz u: 5354.

Valor de venda: ϭϭϰ͘ϵϬϬ͕ϬϬΦ Valor de venda: ϴ͘ϵϭϰ͕ϲϴΦ Valor de venda: ϵϬ͘ϱϮϱ͕ϬϬΦ

Olivais ͲƉĂƌƚĂŵĞŶƚŽ;dϮͿŝƌĞŝƚŽƐƵƉĞƌİĐŝĞ hƌƌĂͬWŽƌƚĂůĞŐƌĞ

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dĞƌƌĞŶŽƐƉͬĐŽŶƐƚƌƵĕĆŽ
Leilão encerra no dia de de ͕ĂƉĂƌƟƌĚĂƐ ϭϱŚϬϬ.
Leilão encerra no dia Ϭϳ de Maio de 2019͕ĂƉĂƌƟƌĚĂƐϭϱŚϮϱ͘ Leilão encerra no dia 20 de Maio de 2019͕ĂƉĂƌƟƌĚĂƐϭϱŚϬϱ͘ /ŶƐŽůǀġŶĐŝĂĚĞ&ĂƵƐƟŶŽ:ŽƐĠŝĂƐĂĐŚŽůĂĞŶĂZŝƚĂ'ĂƐƉĂƌ&ŝŐƵĞŝƌĂĂĐŚŽůĂͲProcesso nº 1379/13.0TBEVR
/ŶƐŽůǀġŶĐŝĂĚĞEĞůƐŽŶ>ĞŵŽƐĂƌǀĂůŚŽͲProcesso nº 807/04.0TYLSB Loteamento da Amoreira, freguesia de Urra, concelho e distrito de Portalegre, C.R.P. de Portalegre.
džĞĐƵĕĆŽĚĞDĂƌŝĂĂƚĂƌŝŶĂ^ŽĮĂĂůďŝŶŽͲProcesso nº 10855/12.0YYLSB
sĞƌďĂ ĞƐĐƌŝĕĆŽ ƌĞĂƐ;ŵ2) ZĞŐ͘WƌĞĚŝĂů DĂƚƌŝnj sĂůŽƌĚĞsĞŶĚĂ
Direito de superfície do apartamento T2, 6º C,
com 61,35m2, denominado como fracção 5 Lote de terreno para construção, Lote 2 420,00 908 1943 WƌŽƉŽƐƚĂƐ^ƵũĞŝƚĂƐĂĂƉƌŽǀĂĕĆŽ
autónoma “Z”, sito na Rua Dr. José Saraiva, nº8, 6 Lote de terreno para construção, Lote 3 390,00 909 1944 WƌŽƉŽƐƚĂƐ^ƵũĞŝƚĂƐĂĂƉƌŽǀĂĕĆŽ
freguesia dos Olivais, concelho de Lisboa, C.R.P. de 7 Lote de terreno para construção, Lote 4 420,00 910 1945 WƌŽƉŽƐƚĂƐ^ƵũĞŝƚĂƐĂĂƉƌŽǀĂĕĆŽ
Lisboa (Santa Maria dos Olivais): 1289, matriz u: 8 Lote de terreno para construção, Lote 5 420,00 911 1946 WƌŽƉŽƐƚĂƐ^ƵũĞŝƚĂƐĂĂƉƌŽǀĂĕĆŽ
2654. 9 Lote de terreno para construção, Lote 9 450,00 915 1950 WƌŽƉŽƐƚĂƐ^ƵũĞŝƚĂƐĂĂƉƌŽǀĂĕĆŽ
10 Lote de terreno para construção, Lote 12 437,00 918 1953 WƌŽƉŽƐƚĂƐ^ƵũĞŝƚĂƐĂĂƉƌŽǀĂĕĆŽ
11 Lote de terreno para construção, Lote 13 425,00 919 1954 WƌŽƉŽƐƚĂƐ^ƵũĞŝƚĂƐĂĂƉƌŽǀĂĕĆŽ
12 Lote de terreno para construção, Lote 14 450,00 920 1955 WƌŽƉŽƐƚĂƐ^ƵũĞŝƚĂƐĂĂƉƌŽǀĂĕĆŽ
13 Lote de terreno para construção, Lote 15 540,00 921 1956 WƌŽƉŽƐƚĂƐ^ƵũĞŝƚĂƐĂĂƉƌŽǀĂĕĆŽ
Valor de venda: ϭϰϰ͘ϵϮϱ͕ϬϬΦ 16 Lote de terreno para construção, Lote 18 774,00 924 1963 WƌŽƉŽƐƚĂƐ^ƵũĞŝƚĂƐĂĂƉƌŽǀĂĕĆŽ

ZĞŐŝƐƚŽŽďƌŝŐĂƚſƌŝŽƉĂƌĂƉĂƌƟĐŝƉĂĕĆŽŶŽ>ĞŝůĆŽůĞƚƌſŶŝĐŽʹZĞŐŝƐƚŽŐƌĂƚƵŝƚŽ͘ -Não dispensa a consulta das Condições Gerais de Venda (Disponíveis no site e na brochura). ŝĂƐĞŚŽƌĄƌŝŽƐĚĞǀŝƐŝƚĂƐĚŝƐƉŽŶşǀĞŝƐŶĂƐƌĞƐƉĞĐƟǀĂƐďƌŽĐŚƵƌĂƐĚĞǀĞŶĚĂ͘

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44 • Público ClassiÄcados • Sábado, 6 de Abril de 2019

#OMÒOÒAPOIOÒDA #OMÒOÒAPOIOÒDA #OMÒOÒAPOIOÒDA

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Insolvência de Vítor e Anabela Sociedade de Construção Civil, Lda. Insolvência de Joaquim dos Santos Ribeiro Insolvência de Isaura de Oliveira Carvalho
Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - Juízo de Comércio de Lisboa – Juiz 5 Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - Juízo de Comércio de Lisboa – Juiz 5 E Domingos Filipe da Silva Carvalho
Processo nº 1691/12.5TYLSB Processo nº 16044/16.8T8LSB Tribunal Judicial da Comarca de Braga - Juízo de Comércio de Vila Nova de Famalicão – Juiz 1
Processo nº 535/17.6T8VNF

BOX (17,80m2) T3 (85m2) T2 (102,40m2)

5.695,00€ 59.967,50€ c/garagem nº14
66.600,00€
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Rua da Bela Vista nº 44 e 44-A 3VB
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#OMÒOÒAPOIOÒDA

MATERIAL DE CONFECÇÃO MATERIAL DE ESCRITÓRIO

DE VESTUÁRIO Secretárias, Cadeiras,
Armários de Arquivo, Computadores,
Ò$%Ò-!)/ÒmÒÒ&%)2!ÒmÒ( Impressoras, Mesas digitalizadoras
www.cparaiso.pt e Ploter
Insolvência de Moritex - Moniz Ferreira & Santos Lda.
Tribunal Judicial da Comarca de Braga - Juízo de Comércio de Guimarães - Juiz 2
Processo nº 96/19.1T8GMR LOTE DE MATÉRIA PRIMA
E LOTE DE VÁRIOS TIPOS
GUIMARÃES DE ACESSÓRIOS
4 VIATURAS Máquina de Mosquear,
Máquina de Pregar Molas, Prensa de transferes,
A venda é feita
Máquina de corte e cose, na globalidade pelo valor
Máquina de ponto corrido, Máquina de Casear,
Máquina de Pregar Botões,
170.420,00€
(Nota: Se a venda se manifestar frustrada, prosseguirá lote a lote)
Máquina de recobrimento, Máquina de vincar,
Máquina de pregar bolsos, Cavalete, VISITAS: dia 18 abril e no dia do leilão das 9h ás 11h
Carro de estender, Máquina de Limpar nódoas, LOCAL DO LEILÃO: Rua 4 de Outubro 494, Breia, Pinheiro
Porta Paletes, Balança de plataforma, Estantes, GUIMARÃES
Carro de transporte de malha, Empilhador a gás,
(62-F3-84)
1FVHFPU
1BSUOFS
t
(27-EJ- 19) Peugeot Partner Tear recto, Compressores, Caldeira a gás #!4Ž,/'/3Ò/.,).%
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(79-76-SQ)
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(20-61-MO) Mercedes Sprinter 412D e armazém robotizado

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 Público ClassiÄcados • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 45

#OMÒOÒAPOIOÒDA Com o apoio da: #OMÒOÒAPOIOÒDA

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Insolvência de Joaquim Amândio dos Santos Costa
Tribunal Judicial da Comarca do Porto Este - Juízo de Comércio de Amarante – Juiz 2 FIM DO LEILÃO: 7 DE MAIO, 3ª FEIRA ÀS 10H15 &)-Ò$/Ò,%),/ÒÒ$%Ò-!)/ÒÒ&%)2!ҍ3Ò(
www.cparaiso.pt
Processo nº 628/18.2T8AMT

1/ 5 LOTE DE TERRENO Insolvência de Francisco José Marçal E Lucília Almeida Ferreira Marçal
www.cparaiso.pt
Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste - Juízo de Comércio de Sintra – Juiz 2

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$0/4536±°0
t
7.052,53€ Processo nº 3384/11.1TBTVD

Insolvência de Hortamix - Comércio Hortícolas e Frutícolas Lda.
Tribunal Judicial da Comarca de Aveiro - Juízo de Comércio de Aveiro – Juiz 3
(Área total de 388m2) SANTO ANDRÉ Processo 2113/18.3T8AVR

SANTIAGO DO CACÉM MOBILIÁRIO DE ESCRITÓRIO,

REFEITÓRIO E SISTEMA DE FRIO
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18.500,85€ MÁQUINA DE EMBALAR LEGUMES,
R/C destinado a comércio BALANÇAS, PORTA PALETES,
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1&/"'*&- (A.C. 314m2 e A.D. 260m2) MÁQUINA DE ETIQUETAR/PESAGEM,
LUGAR DA AVELEIRA EMPILHADOR, LAVADORA,
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E Poente: Joaquim Amândio dos Santos Costa

LINHA DE EMBALAR MELÕES,
DEPÓSITO DE GASÓLEO,
# !4Ž, /'/Ò /.,).% E GUINDASTE
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COSTA DE SANTO ANDRÉ
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Norte e Nascente: Álvaro Costa Santos, António Farinha
e Carlos Manuel Guerra Pereira Matias
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Sul: Estrada da Costa
Poente: Herdeiros de Manuel Rodrigues
IMÓVEL EM
#OMÒOÒAPOIOÒDA

OLIVEIRA DO BAIRRO
FERNÃO FERRO
SEIXAL
5&33&/0
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t
221.816,00€
(com 5.100m2)

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Insolvência de Manuel António Leal Cortes
ARMAZÉM
t
,00€
E Mariana Assunção Ludovino Pereira
Tribunal Judicial da Comarca de Évora - Juízo de Competência Genérica do Redondo
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EF
7JMB
7FSEF
MPUF

Processo nº 138/17.5T8RDD Pinhal do General, Casal do Sapo lote 32 (AT 4917m2 e AC 1657,5m2)
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CASA TÉRREA DE R/C /BTDFOUF
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(A.C. 109,10m2 e A.D. 1390,90m2)
28.800,00€ 13²%*0
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t
199.240,00€ VIATURAS
(A.C. 336m2 e A.D. 4764m2) RENAULT MAGNUM (13-27-SZ)
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(25-GJ-36)
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(72-99-RI)
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²703" Pinhal do General, Casal do Sapo lote 38

Norte, Sul e Nascente: Imperavis - Soc. Agropecuária Lda. Visitas: dia 12 de abril das 15h às 16h
Norte e Nascente: Herdeiros de Manuel Leal
Sul: José Mendes e Poente - Estrada Poente: Lote via pública. e dia 03 de maio das 09h às 10h

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Público ClassiÄcados • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 47
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INSOLVÊNCIA DE COMPANHIA AGRICOLA DE PENHA GARCIA, S.A.

Proc. n.º 657/17.3T8FND - Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco - Juízo de Comércio do Fundão

VENDA POR RECEÇÃO DE PROPOSTAS EM CARTA FECHADA

No âmbito do processo supra mencionado, vem o Administrador Judicial, Dr. Jorge Calvete ouvido o credor garantido por hipoteca sobre os bens imóveis e o Juiz do
Processo de Insolvência, promover a venda judicial, de acordo com o disposto nos Art. 162º e 164º do CIRE, e conforme as condições expressas no presente anúncio:

Estabelecimento Comercial designado por Herdade de Vale Feitoso, correspondentes a lote único, composto pelos bens móveis e imóveis correspondentes às verbas:
Imóveis:
- VERBA N.º 1 - Prédio urbano composto por terreno para construção, com área total de 1.560,00m2, sito em Herdade do Couto de Baixo (Zona Industrial) - Lote nº 7, Penha Garcia, Idanha-a-Nova, descrito na Conservatória do Registo
Predial de Idanha-a-Nova sob o n.º 1010/Penha Garcia e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 1609 da freguesia de Penha Garcia.
- VERBA N.º 2 - Prédio urbano, destinado a habitação, composto por uma casa térrea com a fachada por rebocar, de construção antiga e em mau estado, possuindo 1 vão e 2 divisões, com área total de 26,50m2, sito em Rua do Castelo
n.º 7, Penha Garcia, Idanha-a-Nova, descrito na Conservatória do Registo Predial de Idanha-a-Nova sob o n.º 2044/Penha Garcia e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 49 da freguesia de Penha Garcia.
- VERBA N.º 3 - Prédio misto, cuja parte urbana é composta por várias edificações em condições muito deficientes de habitabilidade e a parte rústica composta por cultura arvense, pinhal, eucaliptal, olival, prado natural e dependência
agrícola, confronta a norte com Ribeiro da Bazágueda, Carlota Pina Ferraz e Ornelas e José Justino, a sul com freguesia de Monfortinho, a nascente com Espanha, rio Erges e a ponte com Mariana Reynoldes da Fonseca de Castro, José
Pedro Baleiras, António André Pires, Alexandre Chamusca, António Ramos Serrano, Maria do Rosário Claro e Filhos, Manuel Serrano André e outros, com área total de 72.878.253,00m2, sito em Sítio da Granja ou Vale Feitoso - limite das
freguesias de Penha Garcia e Penamacor, Penha Garcia, Idanha-a-Nova, descrito na Conservatória do Registo Predial de Idanha-a-Nova sob o n.º 105/Penha Garcia e inscrito na matriz predial rústica sob o artigo 1 secção BAB12, e na
matriz predial urbana sob o artigo 418, 419, 420, 421, 422, 423, 424, 425, 426, 427, 428, 429, 430, 431, 432, 433, 434, 435, 436, 437, 438, 439, 440, 441, 442, 819, 820, 821, 822, 823, 824, 825, 826, 827, 828, 829, 830, 831, 832,
833, 834, 835, 836, 837, 838, 839, 840, 841, 842, 843, 844, 845, 846, 847, 848 da freguesia de Penha Garcia.
- VERBA N.º 4 - Prédio rústico composto por construção rural, cultura arvense, castanheiros, oliveiras, sobreiros, mato, pinhal e leito curso de água, confronta a Norte com Ribeiro da Bazágueda, a Sul com limite do concelho de Penamacor
e António Alberto Justino, a Nascente com limite do concelho de Penamacor e Ribeiro da Bazágueda, e a Poente com Instituto Social Cristão Pina Ferraz, José Cigano, José Joaquim Canilho e António Alberto Justino, com área total de
4.386.000,00m2, sito em Granja ou Vale Feitoso, Penamacor, descrito na Conservatória do Registo Predial de Penamacor sob o n.º 502/Penamacor e inscrito na matriz predial rústica sob o artigo 1 secção BC da freguesia de Penamacor.
- VERBA N.º 5 - Prédio rústico composto por castanheiros e prado natural, com área total de 4.000,00m2, sito em Vale Trovelho, Penha Garcia, Idanha-a-Nova, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Idanha-a-Nova e inscrito
na matriz predial rústica sob o artigo 18 secção D da freguesia de Penha Garcia.
Móveis:
- VERBAS 1 a 39 – Bens móveis melhor descritos no Auto de apreensão (Anexo 1).
Nota: Trabalhadores (Anexo 2)- obrigatoriedade de incorporação dos trabalhadores com vínculo à data da transmissão do estabelecimento, conforme listagem a fornecer, com indicação da categoria profissional, salário auferido e
antiguidade.

Regulamento e Condições de Venda:

1. Os interessados na aquisição dos bens integrantes do lote único devem remeter a sua proposta reduzida a escrito, por carta fechada, enviada por correio registado com aviso de receção, contendo a referência “Insolvência de
Companhia Agrícola Penha Garcia, S.A., dirigida ao Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco – Juízo do Comércio do Fundão, para a morada Palácio da Justiça – Rua Dr. Alfredo Mendes Gil, 6230-287 Fundão, a ser rececionada
no referido local até às 11h do dia 08/05/2019. Em alternativa, a proposta poderá ser entregue em mão, no mesmo prazo, na referida morada do Tribunal.
2. O Lote único será vendido no estado físico e jurídico em que se encontra, livre de ónus e encargos, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos inerentes à compra.
3. As propostas deverão ser apresentadas em envelope em carta fechada, contendo, sob pena de exclusão, os seguintes elementos: identificação do proponente (nome ou denominação social, morada, número de identificação fiscal ou
de pessoa coletiva, telefone e fax); termo de aceitação integral das presentes condições; identificação do preço oferecido por extenso, expresso em euros.
Caso a proposta seja apresentada por uma sociedade, deve a proponente identificar eventuais sociedades participantes e participadas respeitando as condições acima descritas, os respetivos acionistas e as participações de cada um,
e bem assim os seus beneficiários últimos, sob pena de exclusão da mesma.
(Esta obrigatoriedade resulta do facto de estarmos perante a venda de um estabelecimento que contém um conjunto de ativos imobiliários, que à data de hoje são objeto de arresto preventivo em processo crime, e a libertação de tal
arresto carecer da apreciação da identificação do comprador).
4. Em simultâneo com a apresentação da proposta, o proponente deverá entregar caução à ordem da Massa Insolvente da Companhia Agrícola Penha Garcia, S.A., num valor correspondente a 20% do valor sua proposta, sob pena de
exclusão automática da mesma. A caução deverá ser prestada através de cheque bancário ou cheque visado emitido por ou sacado sobre instituição de crédito de primeira ordem com sede em Portugal ou por sucursal portuguesa de
instituição de crédito estrangeira ou através uma garantia bancária autónoma, incondicional e à primeira solicitação prestada por uma instituição de crédito com as mesmas características.
5. A retirada de alguma proposta entregue ou o incumprimento pelo proponente do dever de celebração do contrato de compra e venda implica a perda do valor da caução apresentada pelo respetivo proponente nos termos do ponto 4.
anterior, a favor da Massa Insolvente da Companhia Agrícola Penha Garcia, S.A., podendo a caução ser acionada para este efeito.
6. Em caso de retirada da proposta entregue ou de incumprimento do dever de celebração do contrato de compra e venda do Estabelecimento pelo proponente que tenha feito a proposta de valor mais elevado, a Massa Insolvente da
Companhia Agrícola Penha Garcia, S.A. reserva-se no direito de celebrar o contrato de compra e venda com o proponente que tenha apresentado a proposta de valor mais elevado imediatamente seguinte e desde que considerada como
válida nos termos do Ponto 3. das presentes condições de venda.
7. A adjudicação do Estabelecimento será feita pelo Administrador da Insolvência pela proposta válida de valor mais elevado, após verificação da condição expressa no ponto 14. Caso se verifiquem várias propostas e o valor mais elevado
tenha sido oferecido por mais de um proponente, proceder-se-á imediatamente, aquando do ato de abertura das propostas, à licitação entre eles, aceitando-se o lance de maior valor.
8. As propostas serão abertas na presença do Juiz do Processo de Insolvência, no Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco, Juízo de Comércio do Fundão, às 11h do dia 08/05/2019. Ao ato de abertura das propostas poderá
assistir qualquer credor da Insolvente e qualquer proponente, sem prejuízo de também poder estar presente qualquer servidor da justiça que intervenha no processo-crime já referido. Da sessão de abertura de propostas será lavrada
uma ata, na qual se mencionará a identificação das pessoas que estiverem presentes ou representadas, o nome dos eventuais proponentes, as propostas com indicação dos respetivos preços oferecidos e valor de sinal. A ata e as
propostas serão de imediato remetidas aos autos do processo de insolvência para consulta pelos credores e demais interessados.
9. Eventuais direitos de preferência serão acautelados e respeitados nos termos legais.
10. O Lote único apenas poderá considerar-se transmitido ao proponente vencedor depois de paga a totalidade do preço oferecido e celebrado o competente contrato de transmissão do Estabelecimento, a celebrar, em data e local a
indicar pelo Administrador da Insolvência, no prazo de 60 (sessenta) dias contados da data da abertura das propostas, salvo motivo justificativo que leve a Massa Insolvente da Companhia Agrícola Penha Garcia, S.A. (e apenas esta) a
ter de dispor de um prazo adicional para celebração da contrato. O prazo de 60 (sessenta) dias é estabelecido simultaneamente a favor da Massa Insolvente da Companhia Agrícola Penha Garcia, S.A. e do proponente vencedor. O
pagamento do valor remanescente pelo proponente vencedor deverá ser efetuado por cheque bancário, cheque visado ou transferência bancária no momento da celebração do contrato de transmissão, sob pena de rejeição imediata da
proposta e de se considerar vencedora a proposta que tenha sido classificada no lugar imediatamente abaixo.
11. Valor Mínimo de Venda: 32.745.700,00€.
12. Este valor corresponde aos valores dos imóveis do lote único supra descritos como verbas 1 a 5, com os valores unitários de 20.994,10€, 4.260,00€, 30.795.580,55€, 1.884.411,70€, 3,65€ respetivamente, acrescido de 40.450,00€,
relativo aos Bens Móveis.
13. Poderão ser analisadas propostas de valor inferior ao Valor Mínimo de Venda, pelo Administrador Judicial, ouvidos o credor garantido por hipoteca e o Juiz do processo, com vista a poder ser consideradas e ser efetuada adjudicação
em conformidade.
14. A adjudicação só será efetivamente concretizada, mesmo que seja ultrapassado o valor mínimo de venda, após validação do comprador pelo Administrador da Insolvência e pelo Juiz do processo, em virtude do arresto preventivo em
processo-crime, que incide sobre os bens imóveis e que, após a venda, irá incidir sobre o seu produto.
Todas as informações sobre a venda serão prestadas pelo Administrador da Insolvência, podendo o mesmo ser contactado através dos contactos adiante referidos.
As visitas ao Estabelecimento far-se-ão de segunda a sexta-feira, entre as 10h00m e as 18h00m até ao dia útil anterior ao termo limite do prazo de apresentação de propostas, por marcação prévia junto do Administrador da Insolvência,
através de telefone ou e-mail, e agendadas por ordem de chegada.
Administrador da Insolvência: Jorge Calvete
Telefone: 244801349 - 916891918 – 919052599
Morada: Rua Arq. Camilo Korrodi, Terraços do Marachão, Bloco 4, 2º E 12, 2400-111 Leiria
E-mail: calvete@causaefeito.pt
Os Anexos 1 (Auto de Apreensão) e 2 (Listagem de Trabalhadores) acima referidos encontram-se disponíveis para consulta em www.jorgecalvete.pt.

CINEMA
Dupla Os Incorruptíveis contra a
Droga
Fox Movies, 21h15
Um violento policial de William
Friedkin (Compromisso de Honra),
com um desempenho notável de
Gene Hackman. Dois agentes da
polícia de Nova Iorque travam uma
luta sem tréguas para interceptar
um carregamento de heroína. O
Ælme ganhou cinco dos oito Óscares
para os quais foi nomeado:
melhores Actor, Realizador, Filme,
Montagem e Argumento Adaptado.
A seguir, às 22h54, a sequela: o
detective de narcóticos Jimmy
“Popeye” Doyle (Gene Hackman)
continua a investigar Alain Charnier
(Fernando Rey), o cabecilha de
droga que terá conseguido escapar.
Tully
TVC1, 21h30
Com o nascimento do seu terceiro
Ælho, Marlo sente-se esgotada. Por
isso, aceita o conselho do irmão e
contrata uma ama para cuidar do
bebé durante a noite. É assim que a
doce Tully entra na vida daquela
família. Percebendo os efeitos de
uma boa noite de sono, Marlo
sente-se revigorada. E entre as duas
mulheres nasce uma amizade,
baseada numa conÆança que dará a
Marlo a força de que tanto
necessitava. Uma comédia
dramática de Jason Reitman, com
Mackenzie Davis e Charlize Theron.
Quaresma
RTP2, 23h46
David é casado, tem uma Ælha
pequena e está a poucos dias de
partir para o estrangeiro com a
família. Mas a morte do avô
obriga-o a uma viagem inesperada,
em que acaba por conhecer uma
mulher e se apaixonar loucamente.
Um tempo de redescobertas
Ælmado por José Álvaro Morais,
com Filipe Cary, Beatriz Batarda,
Rita Durão e Laura Soveral.
DANÇA
Alonzo King Lines Ballet - Meyer
e Writing Ground
RTP2, 22h16
Dois bailados de uma criatividade
extraordinária e pura emoção do
famoso coreógrafo americano
Alonzo King, pela companhia de
dança contemporânea Alonzo King
Lines Ballet. Em Meyer e Writing
Ground, King revela-se como um
verdadeiro escultor do espaço e da
sensualidade dos corpos, cuja
criação transpõe o clássico para o
auge da modernidade. Curiosidade:
o primeiro, Meyer, resulta da
colaboração com compositor e
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Espaço Zig Zag 8.00 Bom Dia
Portugal Fim-de-Semana 10.08 Grande
É Belo 10.57 Aqui Portugal: Portimão
12.50 À Roda da Alimentação 13.00
Jornal da Tarde 14.10 Voz do Cidadão
14.35 Aqui Portugal: Portimão 19.59
Telejornal 21.00 Joker 21.50 História da
Gastronomia Portuguesa: Chef Nuno
Bergonse, Século XVII 22.42 Um Índio
em Pé de Guerra - Vida e Obra de
António-Pedro - 2.ª Parte 23.52 A3.30
0.48 Flash 1.38 Samba 3.35
Televendas
RTP 2
7.00 Euronews 8.00 Espaço Zig Zag
12.57 A Casa da Árvore 13.04 Sim, Eu
Consigo 13.25 Quico - O Pequeno
Herói 15.00 Desporto 2 16.58 Armário
17.34 Biosfera 18.08 Volta à Terra 19.27
O Comissário Montalbano 21.30 Jornal
2 22.16 Alonzo King Lines Ballet - Meyer
e Writing Ground 23.46 Quaresma
1.22 Grandes Quadros Portugueses
1.49 Euronews
SIC
6.15 Etnias 6.50 Tobots 7.20 Força
Ralph 9.10 Olhò Baião! 12.15 Nosso
Mundo: The Hunt 13.00 Primeiro Jornal
14.00 Alta Definição 15.00 E-Especial
15.50 Footloose - A Música Está do Teu
Lado 18.15 Vestido a Rigor 19.57 Jornal
da Noite 21.55 Alma e Coração 23.25
Quem Quer Namorar com o
Agricultor? - A Semana 1.00 Atracção
Fatal 3.15 Rio, Eu Te Amo
TVI
6.15 Os Batanetes 6.30 Campeões e
Detectives 8.00 Detective Maravilhas
8.50 Portal do Tempo 9.41 Inspector
Max 13.00 Jornal da Uma 14.42
Conta-me como És 15.52 Ágata ao
vivo, 40 anos 17.46 Apanha se Puderes
19.57 Jornal das 8 21.55 Valor da Vida
23.00 A Teia 0.00 Guerreiros do
Amanhã 2.03 GTI 2.18 Remédio Santo
3.21 Amanhecer 4.45 TV Shop
TVC1
9.50 Marshall 11.55 Hotel Transylvania
3: Umas Férias Monstruosas (v.p.)
13.35 Kodachrome 15.25 Só para
Bravos 17.40 Mark Felt - O Homem Que
Derrubou a Casa Branca 19.25 A Forma
da Água 21.30 Tully (2018) 23.10
Os mais vistos da TV
Quinta-feira, 4
Valor da Vida II
% Aud. Share
TVI 11,3 24,7
Quem quer namorar SIC 10,8 26,9
Jornal da Noite SIC 10,4 21,9
Jornal das 8 TVI 10,0 21,1
Alma e Coração SIC 9,0 19,4
FONTE: CAEM
Chama-me pelo Teu Nome 1.25 Três
Cartazes à Beira da Estrada 3.25 Covil
de Ladrões 5.50 Kodachrome
FOX MOVIES
9.05 Caminho para a Perdição 10.53 O
Rei Escorpião 12.15 O Homem do Tai
Chi 13.48 Os Três Mosqueteiros (2011)
15.26 Guerra É Guerra 16.52 Gangsters
da Velha Guard+a 18.52 Gladiador
21.15 Os Incorruptíveis contra a Droga
22.54 Os Incorruptíveis contra a Droga
2 0.47 Max Payne 2.23 A Praia 4.17
Sangue Quente
CANAL HOLLYWOOD
10.10 Uma Família à Beira de Um
Ataque de Nervos 11.50 Não há Família
Pior! 13.35 Divertida-Mente (v.p.) 15.15
Ladrões com Estilo 16.50 O Medalhão
18.25 O Último Viking 20.10 Ataque ao
Poder 22.25 A Força em Alerta 0.10
Força em Alerta 2 1.55 Piranha XXL
3.20 Pecado Capital 5.05 A
Conspiração de Echelon
AXN
14.48 Cowboys do Espaço 17.02
Homens de Honra (2000) 19.19 Em
Parte Incerta 21.55 Ronin 0.06 Missão
Impossível 2.02 Billy Lynn: A Longa
Caminhada 3.57 Homem-Aranha 2
AXN BLACK
14.51 Alexandre, o Grande 17.36
Anónimo 19.40 Básico 21.14 Heat -
Cidade sob Pressão 0.00 Star Trek:
Gerações 1.55 Atraídos pelo Crime
4.07 Dos Homens sem Lei 5.56
iZombie
AXN WHITE
13.20 A Teoria do Big Bang 13.42 Não
Mexas no Meu Periscópio 15.17
Desejos, o Amor Faz-se 16.59 Os
Estagiários 18.47 Professor Lazhar
20.21 A Teoria do Big Bang 22.00
Sommersby, o Regresso de Um
Estranho 23.53 Eyjafjallajökull: Dupla
Catástrofe 1.25 A Mãe É Que Sabe 2.55
Professor Lazhar 4.30 Família de
Acolhimento 5.56 Young Sheldon
FOX
15.05 Os Três Duques 17.09 Kirot -
Assassina Profissional 19.16 Homens
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 51
RTP1 13,8%
RTP2 1,5
SIC 19,7
TVI
17,4
Cabo
35,0
de Coragem 21.20 Die Hard 4.0 - Viver
ou Morrer 23.46 Joshua Tree - A Fúria
de Um Duro 1.38 Pronto a Matar 3.19
Chicago P.D.
FOX LIFE
13.29 Anatomia de Grey 15.12 Vow of
Violence 16.53 The Perfect Stalker
18.43 Big Driver 20.32 O Novo
Namorado da Minha Mãe 22.20 O
Outro Lado do Coração 0.02 Guia para
Um Final Feliz 2.14 Rainha do Sul
DISNEY
15.20 Mickey Mouse 15.25 K.C. Agente
Secreta 16.12 Mickey Mouse - Edição
Especial 17.00 Rua Dálmatas 101 17.25
Patoaventuras 17.50 Gravity Falls 18.37
Mickey Mouse 18.42 A Irmã do Meio
19.30 Miraculous - As Aventuras de
Ladybug 20.17 Rua Dálmatas 101 20.41
Patoaventuras 21.25 A Irmã do Meio
22.10 Gravity Falls 22.55 Miraculous -
As Aventuras de Ladybug 23.17 Gravity
Falls
DISCOVERY
17.15 Grandes Felinos 19.05 O Segredo
das Coisas 21.00 O Império da Sucata
22.55 Irmãos Diesel 0.40 Corridas
Ilegais 3.00 Os Caçadores de Mitos
4.30 Guerra de Propriedades 5.00
Leilões sem Limites 5.25 Pesca Radical
HISTÓRIA
17.24 Forjado no Fogo 19.29 Forjado
no Fogo: Faca ou Morte 20.53
Tecnologia Impossível 0.18 O Preço da
História 3.46 O Último Neandertal
ODISSEIA
17.41 O Tigre Milagroso 18.03 O Tigre
Milagroso 18.26 Amor na Natureza
19.19 Clima Extremo Viral 20.02 Perigo
Extremo 20.51 América do Norte Vista
do Céu: Cidades 24H 21.43 América do
Norte Vista do Céu: Cidades 24H
22.35 A Era dos Tanques 23.30
Slutever 23.52 Slutever 0.15 Resgate
na Praia 0.38 Resgate na Praia 1.01
América do Norte Vista do Céu:
Cidades 24H 1.53 A Era dos Tanques
2.47 Slutever 3.10 Slutever 3.33
Resgate na Praia 3.55 Resgate na Praia
4.18 Resgate na Praia 4.53 A Vida
Secreta dos Cangurus 5.41 A Vida
Secreta dos Cangurus
FICAR
contrabaixista Edward Meyer,
vencedor de um Grammy.
DOCUMENTÁRIOS
Volta à Terra
RTP2, 18h08
Uz é uma pequena aldeia minhota
de casas em pedra, onde ainda se
podem ver construções cobertas
com telhados de colmo. Depois de
quase toda a população ter
emigrado, restaram menos de 50
habitantes, que ainda hoje
subsistem da agricultura e da
pastorícia. Entre a recordação do
passado e a esperança no futuro,
este Ælme-documento mostra como
são as vidas destas pessoas durante
as quatro estações de um ano. De
João Pedro Plácido, um Ælme
premiado que celebra “a simbiose
dos seres humanos com a
natureza”.
Especial II Guerra Mundial
O Último Ano de Hitler
National Geographic, 22h30
A partir deste sábado,
semanalmente, pelas 22h30, o
canal dedica a sua programação à II
Guerra Mundial. Hoje, o relato do
último ano da guerra no teatro
europeu, desde o desembarque do
Dia D, na Normandia, em Junho de
1944, até à rendição alemã, em
Maio de 1945.
MAGAZINE
Explorar o Egipto com Ranulph
e Joseph Fiennes
National Geographic, 15h30
Estreia. O aventureiro Ranulph
Fiennes volta ao cenário de uma
das suas primeiras explorações — a
expedição pelo rio Nilo, em 1968. E,
nesta sua nova jornada, está pronto
para novas aventuras, surpresas e
desaÆos. A acompanhar a sua
odisseia, o primo Joseph Fiennes,
actor conhecido por A Paixão de
Shakespeare.
INFANTIL
Divertida-Mente
Hollywood, 13h35
Quando o pai de Riley muda de
emprego, toda a família se vê
obrigada a ir para São Francisco.
Para uma jovem prestes a entrar na
adolescência, esta mudança é um
pesadelo. Apesar disso, ela conta
com a Alegria, o Medo, a Raiva, a
Repulsa e a Tristeza — as cinco
emoções que vivem no
quartel-general do seu cérebro —
para se adaptar. Os problemas
começam quando a Alegria e a
Tristeza se perdem dentro da
cabeça da menina...
52 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
SAIR
CINEMA
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Correio de Droga M14. 17h10; Green Book -
Um Guia Para a Vida M12. 21h40; Como
Treinares o Teu Dragão: O Mundo Secreto
M6. 11h05 (V.P./2D); O Filme Lego 2 M6.
11h05 (V.P./2D); Snu M12. 15h15; Chuva É
Cantoria Na Aldeia Dos Mortos M12. 19h25;
Dumbo M6. 11h10, 13h20, 15h20, 17h30 (V.P./2D),
21h50 (V.O./2D); Mirai 13h20, 15h30, 19h50
(V.O./2D); Ayka M16. 17h40, 19h50, 22h; Cai
na Real, Corgi M6. 11h15, 13h15 (V.P./2D);
Shazam! M12. 13h25, 15h55, 18h40, 21h30
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
Festival Cortex 18h15, 22h; Diamantino M14.
20h; Chuva É Cantoria Na Aldeia Dos Mortos
M12. 16h10; Tito e os Pássaros M6. 14h45
CinemaCity Campo Pequeno
Centro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420
Green Book - Um Guia Para a Vida M12.
21h45; Snow: A Pedra dos Desejos M6. 11h20
(V.P./2D); Como Treinares o Teu Dragão: O
Mundo Secreto M6. 11h25, 15h35 (V.
P./2D); O Filme Lego 2 M6. 11h20, 16h (V.
Port./2D); Capitão Marvel M12. 13h40,
16h10, 19h, 21h35, 00h15; Snu M12. 13h40,
17h50; Nós M16. 19h45, 22h10, 00h30;
Captive State - Cercados M12. 13h10,
00h25; Dumbo M6. 11h15, 13h35, 15h20,
17h40, 18h20 (V.P./2D), 15h55, 19h15, 21h30,
00h10 (V.O./2D); Kursk M14. 13h40, 21h25,
24h; Cai na Real, Corgi M6. 11h45, 13h45,
15h45, 17h45, 19h45 (V.P./2D); Samitério de
Animais M16. 15h20, 17h30, 20h, 22h,
00h20; Shazam! M12. 13h10, 15h50, 18h40,
21h20, 21h40, 00h05; Marnie e os Amigos
M6. 11h10 (V.P./2D); Piercing M18. 19h40,
23h55
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996
Réplicas M12. 13h30, 16h, 18h30, 21h10,
23h50; Destino: Casamento M12. 18h40;
Green Book - Um Guia Para a Vida M12.
20h40, 23h40; Alita: Anjo de Combate M12.
13h15, 16h, 18h45, 21h30, 00h15; O Filme
Lego 2 M6. 10h50, 13h25 (V.P./2D); Capitão
Marvel M12. 13h10, 15h55, 18h40, 21h30,
00h20; Nós M16. 13h15, 15h55, 18h55, 21h35,
00h15; Captive State - Cercados M12.
13h50, 16h25, 21h50, 00h30; Dumbo M6.
10h40, 13h25, 16h10, 18h55 (V.P./2D), 21h40,
00h25 (V.O./2D); Kursk M14. 13h10, 15h50,
18h35, 21h15; Cai na Real, Corgi M6. 10h55,
13h20, 15h30, 17h40 (V.P./2D); Samitério de
Animais M16. 14h, 16h30, 18h50, 21h35,
24h; Shazam! M12. 11h, 13h50, 17h, 21h,
24h; DragonBall Super: Broly M6. 19h10 (V.
O./2D); Piercing M18. 14h, 16h20, 21h10,
23h35
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco T. 16996
Fevereiros M12. 12h40, 15h, 17h10, 19h20,
21h50, 00h15; O Poder da Palavra M12. 13h10,
15h40, 18h; Green Book - Um Guia Para a
Vida M12. 12h30, 15h20, 18h20, 21h10, 00h05;
Snu M12. 13h40, 16h10, 18h50, 21h, 23h20;
Gabriel M14. 20h50, 23h30; Nós M16.
21h40, 00h20; Dumbo M6. 13h, 15h50 (V.
P./2D), 18h30, 21h20, 24h (V.O./2D); Cai na
Real, Corgi M6. 12h50, 15h10, 17h20, 19h30 (V.
P./2D)
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Destino: Casamento M12. 18h35; Capitão
Marvel M12. 12h30, 15h20, 18h10, 21h,
23h50; Gabriel M14. 13h40, 16h20, 18h40,
21h50, 00h15; Nós M16. 13h20, 16h10,
18h45, 21h30, 00h20; Captive State -
Cercados M12. 22h, 00h35; Dumbo M6.
13h30, 16h, 18h30 (V.Port./2D), 21h20,
00h10 (V.Orig./2D); Kursk M14. 12h50,
15h55, 20h40, 23h30; Cai na Real, Corgi
M6. 13h10, 15h25, 17h40, 19h50 (V.P./2D);
Samitério de Animais M16. 13h, 15h40, 18h,
20h50, 23h40; Shazam! M12. 12h40, 15h30,
Em estreia
lazer@publico.pt
Ayka
De Sergei Dvortsevoy. Com
Samal Yeslyamova, Zhipara
Abdilaeva, Sergey Mazur. POL/
RUS/ALE/Cazaquistão/FRA.
2018. 100m. Drama. M16.
Ayka é uma jovem que tenta
sobreviver a todo o custo em
Moscovo. Depois de dar à luz num
hospital local, resolve abandonar o
bebé, antes que alguém descubra a
situação miserável em que vive e a
leve de volta para o Quirguistão.
Com a saúde debilitada, vai ter de
enfrentar a solidão, a fome e a
perseguição da máÆa, a quem deve
dinheiro.
Almas Mortas
De Wang Bing. SUI/FRA. 2018.
495m. Documentário. M16.
Na província de Gansu, no
noroeste da China, encontram-se
os restos de inúmeros prisioneiros
abandonados no Deserto de Gobi
há sessenta anos. Designados
“ultra-direitistas” na Campanha
Anti-Direitista de 1957 do Partido
Comunista, morreram à fome em
campos de reeducação.
Besta
De Michael Pearce. Com Johnny
Flynn, Jessie Buckley, Emily
Taaffe, Geraldine James, Trystan
Gravelle. GB. 2017. 107m. Drama,
Thriller. M16.
Moll vive numa pequena ilha, sob o
cuidadoso controlo da mãe. Um dia,
conhece Pascal, recém-chegado à
cidade, por quem se sente
imediatamente atraída e com quem
inicia uma história de amor. Quando
ele se transforma no principal
suspeito pela morte de várias
jovens, ela recusa-se a acreditar.
Cai na Real, Corgi
De Ben Stassen. Com Tom
Courtenay (Voz), Jon Culshaw
(Voz), Kulvinder Ghir (Voz).
BEL. 2019. 92m.
Animação, Comédia.
M6.
Rex, um cão de raça corgi,
foi oferecido à rainha pelo
rei de Inglaterra. A
soberana adora-o mais do
que qualquer outra criatura
viva e, para desgosto de
muitos, não há nada que
possa ser feito para
alterar esse facto. Um
dia, ele perde-se na
confusão da cidade...
Diamantino
De Gabriel Abrantes, Daniel
Schmidt. Com Carloto Cotta,
Cleo Tavares, Anabela Moreira.
POR. 2018. 96m. Comédia,
Fantasia. M14.
Diamantino, exímio jogador de
futebol, é uma estrela mundial.
Um dia, depois de um episódio
que o deixa bastante abalado,
perde a desenvoltura em campo e
vê a sua carreira terminar
abruptamente. Em busca de um
novo propósito para a vida, vai
deparar-se com coisas sobre as
quais nunca tinha refectido.
O Carteiro de Pablo Neruda
De Michael Radford. Com Linda
Moretti, Maria Grazia Cucinotta,
Massimo Troisi, Philippe Noiret.
ITA/BEL/FRA. 1994. 116m.
Drama, Romance. M12.
Baseada no livro de Antonio
Skármeta, esta longa-metragem
conta a história da amizade entre o
poeta chileno Pablo Neruda,
exilado numa pequena ilha
italiana, e o seu carteiro - um
homem simples e quase analfabeto
que pretende conquistar o coração
da bela Beatrice com poesia.
Piazzolla - Os Anos do Tubarão
De Daniel Rosenfeld. FRA/ARG.
2018. 90m. Documentário.
O Ælho de Astor Piazzolla divulga
pela primeira vez neste Ælme
imagens de arquivo inéditas, que
estiveram na base do retrato
cinematográÆco daquele lendário
compositor e bandoneonista, que
mudou para sempre a história do
tango.
Piercing
De Nicolas Pesce. Com
Christopher Abbott, Mia
Tito e os Pássaros
Wasikowska, Laia Costa. EUA.
2018. 81m. Thriller. M18.
Num dia igual a tantos outros,
Reed despede-se da mulher e da
Ælha bebé e sai de casa,
supostamente para uma viagem de
negócios. A verdade é que
tenciona entrar num quarto de
hotel, contratar uma prostituta e
assassiná-la com o picador de gelo
que leva escondido na mala.
Samitério de Animais
De Kevin Kölsch, Dennis
Widmyer. Com Jason Clarke,
John Lithgow, Amy Seimetz,
Naomi Frenette, Jeté Laurence.
EUA. 2019. 101m. Terror, Thriller.
M16.
Cansado das grandes cidades,
Louis Creed muda-se para uma
casa numa pequena cidade do
Maine (EUA) com a mulher e os
dois Ælhos. Tudo lhes parece
perfeito até se darem conta de
uma série de contrariedades que
surgem constantemente e sem
justiÆcação. É então que
descobrem que ali se esconde um
antigo cemitério outrora usado por
indígenas para ressuscitar os
mortos.
Shazam!
De David F. Sandberg. Com
Zachary Levi, Lovina Yavari,
Michelle Borth, Mark Strong,
Djimon Hounsou, Asher Angel.
EUA. 2019. 132m. Acção,
Aventura. M12.
Billy Batson tem 14 anos e todas as
inseguranças características da
idade. Quando um poderoso mago
lhe concede o poder de se tornar
um super-herói, a sua vida muda
completamente. A transformação
acontece sempre que ele disser
intencionalmente a palavra
“Shazam“. Portanto, tem tudo
controlado. Ou não.
Tito e os Pássaros
De Gustavo Steinberg, Gabriel
Bitar, André Catoto. BRA. 2018.
73m. Drama, Animação. M6.
Tito, de dez anos, vive sozinho com
a mãe desde que o pai, um inventor
prodigioso, desapareceu sem
deixar rasto. Quando uma
epidemia provocada pelo medo se
alastra pela população, Tito dá-se
conta de que a cura para a doença
está de algum modo relacionada
com as investigações do progenitor.
18h20, 21h10, 24h; Shazam! M12. Sala IMAX
13h05, 16h, 18h50, 21h40, 00h30
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Capitão Marvel M12. 12h30, 15h20, 18h10,
21h, 23h45; Snu M12. 21h40, 23h55; Nós M16.
13h40, 16h20, 18h55; Nós M16. 21h10, 23h50
Dumbo M6. 10h45, 13h20, 16h, 18h45 (V.P./2D),
21h20, 24h (V.O./2D); Cai na Real, Corgi M6.
11h, 13h10, 15h30, 17h50 (V.P./2D); Samitério
de Animais M16. 13h30, 16h50, 19h10, 21h50,
00h10; Shazam! M12. 12h40, 15h40, 21h30,
00h20 (2D), 18h35 (3D)
Medeia Monumental
Av. Praia da Vitória, 72. T. 213142223
Greta - Viúva Solitária 21h30 (antestreia); O
Homem-Pykante - Diálogos com Pimenta
M12. 17h30; Almas Mortas M16. 12h (1.ª parte)
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
French Can-can M12. 12h30; Diamantino
M14. 18h, 19h45; A Pereira Brava M14.
14h30, 21h30
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31.
O Poder da Palavra M12. 13h50; Destino:
Casamento M12. 14h05, 16h35, 21h30,
23h50; A Pereira Brava M14. 21h35; Correio
de Droga M14. 24h; A Favorita M16. 16h15,
21h25; Vice M14. 18h45; Nós M16. 16h10,
21h45, 00h20; Uma Nação, Um Rei M14.
18h40; Kursk M14. 13h35, 16h20, 18h55,
21h25, 00h10; Samitério de Animais M16.
14h, 16h40, 19h15, 21h55, 00h15; Shazam!
M12. 13h30, 16h15, 21h45, 00h25 (2D), 19h
(3D); Besta M16. 19h; Uma Criança Como
Jake M12. 13h45; Festa do Cinema
Italiano Vários horários
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estrada Caminho Municipal, 1011 -
Vale de Mourelos. T. 16996
Fevereiros M12. 19h05; Réplicas M12. 13h15,
16h05, 18h35, 21h25, 00h05; Diamantino
M14. 13h40, 16h, 18h20, 20h50, 23h30;
Destino: Casamento M12. 20h55, 23h40;
Como Treinares o Teu Dragão: O Mundo
Secreto M6. 13h20, 16h15, 18h45 (V.
P./2D); O Filme Lego 2 M6. 10h30, 12h45 (V.
P./2D); Capitão Marvel M12. 12h35, 15h20,
18h10, 21h, 24h; Snu M12. 12h50, 15h25, 18h,
20h45, 23h20; Gabriel M14. 21h55,
00h15; Nós M16. 13h10, 15h50, 18h50,
21h40, 00h25; Captive State - Cercados
M12. 13h50, 16h25, 21h05, 23h45;
Dumbo M6. 12h40, 15h40, 18h40 (V.P./2D),
21h20, 00h10 (V.O./2D); Kursk M14. 12h55,
15h45, 18h25, 21h10, 23h55; Cai na Real,
Corgi M6. 13h, 15h10, 17h30, 19h40 (V.
P/2D); Samitério de Animais M16. 13h45,
16h10, 19h, 21h50, 00h20; Shazam! M12.
12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30;
Piercing M18. 15h15, 17h20, 19h30, 22h,
00h15; Shazam! M12. Sala 4DX - 13h30,
16h20, 19h, 21h45, 00h20
Amadora
CinemaCity Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
Destino: Casamento M12. 13h35, 17h55,
19h55, 00h30; Astérix: O segredo da Poção
Mágica M6. 11h15 (V.P./2D); Green Book - Um
Guia Para a Vida M12. 21h25; Snow: A Pedra
dos Desejos M6. 11h15 (V.P./2D); Vice M14.
21h45; Como Treinares o Teu Dragão: O
Mundo Secreto M6. 11h25, 13h15, 15h20 (V.
P./2D); O Filme Lego 2 M6. 11h20, 15h25,
17h40 (V.P./2D); Capitão Marvel M12. 13h40,
16h15, 17h25, 21h30, 00h10; Snu M12. 13h35,
15h30, 20h; Gabriel M14. 00h05; Nós M16.
13h15, 19h, 21h55, 00h20; Captive State -
Cercados M12. 21h35, 23h55; Dumbo M6.
11h20, 16h, 17h55, 18h30, 21h50, 00h15 (V.
P./2D), 11h15, 13h25, 15h35, 19h40, 21h35,
24h (V.O./2D); Cai na Real, Corgi M6. 11h35,
13h35, 15h35, 17h35, 19h35 (V.P./2D);
Samitério de Animais M16. 11h20, 13h20,
15h20, 17h30, 19h30, 22h, 00h15; Shazam!
M12. 13h10, 15h50, 17h35, 18h40, 21h20,

21h40, 00h05; Marnie e os Amigos M6.
11h15 (V.P./2D); Dragon Ball Super: Broly M6.
00h25
UCI Dolce Vita Tejo
C.C. Amadora, Est Nacional 249/1, Venteira.
Réplicas M12. 00h15; Como Treinares o Teu
Dragão: O Mundo Secreto M6. 16h25 (V.
P./2D); Capitão Marvel M12. 13h45, 16h35,
19h10, 21h50, 00h25; Snu M12. 19h10; Tito e
os Pássaros M6. 14h, 16h45, 19h25 (V.P./2D);
Gabriel M14. 13h45, 16h25, 21h35, 00h05;
Nós M16. 13h40, 16h40, 19h10, 21h50,
00h25; Dumbo M6. 13h40, 16h15, 18h50,
21h20 (V.P./2D), 14h10, 16h40, 19h10, 21h55,
00h25 (V.O./2D); Tripla Ameaça M12. 19h15,
21h35, 23h50; Cai na Real, Corgi M6. 13h50,
16h10, 18h40, 21h25 (V.P./2D); Samitério de
Animais M16. 13h50, 16h30, 19h15, 21h40,
00h10; Shazam! M12. 13h25, 16h15, 19h05,
21h55, 23h55; Marnie e os Amigos M6. 14h15
(V.P./2D); Captive State - Cercados M12. 14h,
16h25, 21h45, 00h20; Shazam! M12. 18h50
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
CascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996
Capitão Marvel M12. 12h20, 15h, 17h50, 20h40,
23h30; Nós M16. 12h50, 15h30, 18h40, 21h20,
00h10; Captive State - Cercados M12. 21h30,
24h; Dumbo M6. 10h30, 13h10, 16h, 18h50
(V.P./2D), 21h40, 00h25 (V.O./2D); Kursk M14.
12h40, 15h15, 17h55, 20h50, 23h40; Cai na
Real, Corgi M6. 11h, 13h, 15h10, 17h15, 19h20
(V.P./2D); Samitério de Animais M16. 13h20,
15h40, 18h, 21h10, 23h30; Shazam! M12.
12h30, 15h20, 18h10, 21h, 23h50; Kursk M14.
Sala IMAX ? 13h05, 15h50, 18h30, 21h35, 00h20
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla
Shopping Center). T. 215887311
O Carteiro de Pablo Neruda M12. 14h45,
17h, 19h15, 21h30; Destino: Casamento M12.
13h45, 15h40, 17h35, 19h30, 21h40; Snu M12.
21h30; Uma Nação, Um Rei M14. 19h,
21h30; Dumbo M6. 11h, 14h, 16h30, 19h (V.
P./2D), 11h (V.O./2D); Kursk M14. 14h20,
16h45, 19h10, 21h35; Cai na Real, Corgi M6.
11h, 14h40, 16h50 (V.P./2D);
Sintra
Cinema City Beloura
R. Matos Cruzadas, EN 9. T. 219247643
Destino: Casamento M12. 21h45, 23h45;
Green Book - Um Guia Para a Vida M12.
18h30, 21h25, 00h05; Como Treinares o
Teu Dragão: O Mundo Secreto M6. 15h25
(V.Port./2D); O Filme Lego 2 M6. 11h25,
16h10 (V.P./2D); Capitão Marvel M12. 13h45,
21h30, 00h10; Snu M12. 13h35, 00h25; Nós
M16. 24h; Dumbo M6. 11h20, 13h40, 15h30,
16h, 17h55, 18h20 (V.P./2D) 11h15, 13h35,
15h45, 17h40, 19h10, 21h35 (V.O./2D); Kursk
M14. 13h10, 22h, 00h30; Cai na Real, Corgi
M6. 11h45, 13h45, 15h45, 17h45, 19h45 (V.
P./2D); Samitério de Animais M16. 11h10,
13h40, 15h40, 19h50, 21h50, 00h15;
Shazam! M12. 13h10, 15h50, 17h50, 18h40,
21h20, 21h40, 00h05; Marnie e os Amigos M6.
11h35 (V.P./2D); Dragon Ball Super: Broly M6.
11h30 (V.P./2D)
Castello Lopes - Fórum Sintra
Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352
Diamantino M14. 13h20, 15h20, 19h20, 21h40,
00h20; Destino: Casamento M12. 18h20; O
Filme Lego 2 M6. 11h, 13h15 (V.P./2D); Capitão
Marvel M12. 15h40, 18h20, 21h25, 24h; Nós M16.
19h10, 21h40, 00h10; Captive State -
Cercados M12. 21h15, 23h50; Dumbo M6.
11h, 13h30, 16h10 (V.P./2D), 18h50, 21h30,
00h10 (V.O./2D); Cai na Real, Corgi M6. 11h,
13h05, 15h10, 17h10 (V.P./2D); Samitério de
Animais M16. 13h30, 16h, 18h50, 21h50,
00h15; Shazam! M12. 15h30, 21h20 (2D),
12h50, 18h30, 00h15 (3D); Dragon Ball Super:
Broly M6. 11h (V.P./2D)
Leiria
Cinema City Leiria
R. Dr. Virgílio Vieira da Cunha. T. 244845071
Diamantino M14. 20h, 21h55, 00h10; Destino:
Casamento M12. 13h40, 20h10, 00h30;
Ladrões de Tuta e Meia M12. 13h15; Como
Treinares o Teu Dragão: O Mundo Secreto
M6. 11h40 (V.P./2D); Como Treinares o Teu
Dragão: O Mundo Secreto M6. 15h30, 17h45
(V.P./2D); O Filme Lego 2 M6. 11h15 (V.P./2D);
Capitão Marvel M12. 15h10, 21h35; Nós M16.
00h10; Captive State - Cercados M12. 20h,
00h05; Dumbo M6. 11h20, 13h40, 16h, 15h20,
17h40, 21h40 (V.P./2D), 19h35, 21h45, 00h15
(V.O./2D); Cai na Real, Corgi M6. 11h15,
13h35, 15h35, 17h35, 19h35 (V.P./2D);
Samitério de Animais M16. 11h20, 13h20,
15h20, 17h35, 22h10, 00h20; Shazam! M12.
11h30, 15h40, 17h20, 18h30, 19h, 21h20,
21h50, 00h05; Dragon Ball Super:
Broly M6. 11h30 (V.P./2D)
Cineplace - Leiria Shopping
CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516
Como Treinares o Teu Dragão: O Mundo
Secreto M6. 13h50 (V.P./2D); O Filme Lego
2 M6. 16h30 (V.P./2D); Capitão Marvel
M12. 16h, 21h30, 00h05 (2D), 18h50 (3D);
Snu M12. 23h45; Nós M16. 21h20, 23h45;
Captive State - Cercados M12. 14h, 18h50;
Dumbo M6. 13h40, 16h10 (V.P./2D), 18h40
(V.O./3D), 21h20 (V../2D); Tripla Ameaça
M12. 18h; Cai na Real, Corgi M6. 13h10,
15h10, 17h10, 19h10 (V.P./2D); Samitério
de Animais M16. 13h10, 15h20, 17h30,
19h40, 21h50, 24h; Shazam! M12. 13h40,
16h20, 21h10, 21h40, 23h50 (2D), 19h (3D);
Dragon Ball Super: Broly M6. 14h (V.P./2D);
Piercing M18. 16h10, 20h10, 22h, 23h55
Loures
Cineplace - Loures Shopping
Quinta do Infantado, Loja A003.
Destino: Casamento M12. 21h50, 23h45;
Como Treinares o Teu Dragão: O Mundo
Secreto M6. 13h40, 16h (V.P./2D); O Filme
Lego 2 M6. 13h40 (V.P./2D); Capitão Marvel
M12. 16h, 18h40, 21h20, 24h; Snu M12. 19h30;
Nós M16. 23h45; Captive State - Cercados
M12. 21h40, 00h05; Dumbo M6. 13h50, 16h20,
18h50 (V.P./2D), 21h20 (V.O./2D); Tripla
Ameaça M12. 17h20; Cai na Real, Corgi M6.
13h40, 15h40, 17h40, 19h40 (V.P./2D);
Samitério de Animais M16. 13h, 15h10,
17h20, 19h30, 21h40, 23h50; Shazam! M12.
13h30, 16h10, 21h30, 00h10 (2D), 18h50 (3D);
Marnie e os Amigos M6. 15h20 (V.P./2D);
Dragon Ball Super: Broly M6. 13h10 (V.P./2D)
Piercing M18. 18h20, 20h10, 22h, 23h55
Santarém
Castello Lopes - Santarém
Largo Cândido dos Reis. T. 243309340
Destino: Casamento M12. 19h30, 21h40,
00h10; Capitão Marvel M12. 13h, 15h40,
18h20, 21h05, 23h40; Snu M12. 13h40,
18h50, 21h10; Nós M16. 13h20, 15h50, 18h15,
21h20, 23h45; Captive State - Cercados M12.
15h45, 24h; Dumbo M6. 11h, 13h30, 16h,
18h30 (V.P./2D), 21h30, 23h50 (V.O/2D); Cai
na Real, Corgi M6. 11h, 13h10, 15h20, 17h30
(V.P./2D); Shazam! M12. 12h50, 15h30,
18h40, 21h25, 00h05; Dragon Ball Super:
Broly M6. 11h (V.P./2D)
Setúbal
Cinema City Alegro Setúbal
C. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853
Diamantino M14. 13h30, 15h25, 20h, 21h55,
00h10; Destino: Casamento M12. 13h35,
19h55, 00h30; Como Treinares o Teu Dragão:
O Mundo Secreto M6. 11h20, 15h25 (V.P./2D);
O Filme Lego 2 M6. 11h25, 16h20 (V.P./2D);
Capitão Marvel M12. 13h35, 16h10, 21h35,
00h15; Gabriel M14. 22h, 00h05; Nós M16.
13h35, 17h40, 21h50, 00h20; Captive State
- Cercados M12. 11h25, 19h20, 23h55
Dumbo M6. 11h15, 13h40, 15h20, 16h, 17h40,
21h30 (V.P./2D), 13h10, 19h15, 21h40, 00h10 (V.
O./2D); Mirai 20h (V.O./2D); Mia e o Leão
Branco M6. 11h25 (V.P./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 11h30, 13h30, 15h30, 17h30,
19h30 (V.P./2D); Samitério de Animais M16.
11h20, 13h20, 15h20, 17h30, 19h30, 21h40,
23h50; Shazam! M12. 13h40, 15h50, 17h20,
18h35, 19h, 21h20, 21h45, 00h05; Marnie e
os Amigos M6. 11h10 (V.P./2D); Dragon Ball
Super: Broly M6. 11h20 (V.P./2D)
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C. C. Fórum Algarve. T. 289887212
Capitão Marvel M12. 12h50, 15h35, 18h15,
21h, 23h40; Nós M16. 13h30, 16h, 18h35,
21h10, 23h45; Captive State - Cercados
M12. 21h55, 00h25; Dumbo M6. 10h50,
13h20, 15h50, 18h25 (V.Port./2D), 10h40,
21h20, 23h50 (V.Orig./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 11h, 13h10, 15h25, 17h40, 19h45 (V.
Port./2D); Samitério de Animais M16. 13h,
15h15, 17h30, 19h50, 22h05, 00h20
TEATRO
Lisboa
Centro Cultural de Belém
Praça do Império. T. 213612400
Timão de Atenas De Teatro Praga. De 5/4 a
8/4. 2ª e Sáb às 21h. Dom às 16h. M/16.
Teatro Aberto
Praça de Espanha. T. 213880089
Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 53
A Mentira Enc. João Lourenço. De 8/12 a
14/4. 5ª e Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/14.
Teatro Armando Cortez
Estrada da Pontinha, 7. T. 217110890
Monólogos da Vagina Enc. Paulo Sousa
Costa. De 21/3 a 2/6. 5ª a Sáb às 21h30. Dom
às 18h. M/12.
Teatro da Politécnica
Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281
Ballyturk Comp.: Artistas Unidos. Enc.
Jorge Silva Melo. De 27/3 a 4/5. 3ª e 4ª às
19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h.
Teatro da Trindade
Largo da Trindade, 7A. T. 213420000
#Emigrantes Enc. Ricardo Boléo. De 20/3 a
28/4. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h.
Teatro do Bairro
Rua Luz Soriano, 63. T. 213473358
Terror e Miséria no Terceiro Reich Enc.
António Pires. De 20/3 a 14/4. 4ª a Sáb às
21h30. Dom às 17h. M/12.
Teatro Municipal São Luiz
R. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650
Paris > Sarah > Lisboa Enc. Miguel Loureiro.
Com Beatriz Batarda. De 4/4 a 14/4. 5ª a Dom
às 19h. M/12. Duração: 50m.
Teatro Nacional D. Maria II
Praça Dom Pedro IV. T. 800213250
Frei Luís de Sousa Enc. Miguel Loureiro. De
1/3 a 7/4. 4ª e Sáb às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Dom
às 16h. M/12. Rosa. Espinho. Dureza. Enc.
Gabriel Ferrandini. De 4/4 a 6/4. 5ª a Sáb às
21h30 (BoCA 2019). M/14. Duração: 50m.
Teatro Tivoli BBVA
Avenida da Liberdade, 182. T. 213572025
Doidas e Santas Enc. Ernesto Piccolo. De
27/3 a 14/4. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h.
MÚSICA
Lisboa
Altice Arena
Parque das Nações. T. 218918409
Dave Matthews Band Dia 6/4 às 20h.
Lisboa Ao Vivo
Av. Infante D. Henrique. T. 215847000
Comethazine Dia 6/4 às 23h.
Lux Frágil
Av. Infante D. Henrique. T. 218820890
Michael Mayer + Rui Vargas Dia 6/4 às
23h45. Conan Osiris Dia 6/4 às 23h.
MusicBox
Rua Nova do Carvalho, 24. T. 213430107
Emmy Curl Dia 6/4 às 22h30.
Praça de Touros do Campo Pequeno
Campo Pequeno. T. 210414078
Djodje Dia 6/4 às 21h30.
RCA Club
Rua João Saraiva, 18. T. 211972610
PSI Dia 6/4 às 21h30.
Teatro e Cinema Capitólio
Parque Mayer.
Capitão Fausto Dia 6/4 às 22h.
Teatro Nacional de São Carlos
Largo de São Carlos, 17. T. 213253045
L’Étoile Até 6/4. Sáb às 16h.
Carnaxide
Auditório Municipal Ruy de Carvalho
Rua 25 de Abril, Lote 5. T. 214170109
David Fonseca Dia 6/4 às 21h30.
Estoril
Casino Estoril
Avenida Dr. Stanley Ho. T. 214667700
Piaf! The Show Dia 6/4 às 22h. M/12
DANÇA
Lisboa
Teatro Municipal São Luiz
R. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650
Bisonte Coreog. Marco da Silva Ferreira.
De 5/4 a 6/4. 6ª e Sáb às 21h. M/12.
SAIR
FARMÁCIAS
Lisboa/Serviço Permanente
Almeida (Campo de Ourique) - Rua Silva
Carvalho, 136 - Tel. 213881726 Alvalade (Alvalade)
- Av. da Igreja, 18 - A - Tel. 218492070 Confiança
(Igraja dos Anjos) - Avenida Almirante Reis, 46 - A
- Tel. 218121653 União (Benfica) - Estrada de
Benfica, 592 - 594 - Tel. 217111072
Outras Localidades/Serviço Permanente
Abrantes - Duarte Ferreira (Rossio ao Sul do Tejo)
Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense
Albufeira - Albufeira Alcácer do Sal -
Misericórdia Alcanena - Correia Pinto Alcobaça -
Campeão Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco)
Alcoutim - Caimoto Alenquer - Nobre Rito,
Varela Aljustrel - Dias Almada - Vaz Carmona
Almeirim - Mendonça Almodôvar - Aurea
Alpiarça - Aguiar Alter do Chão - Alter, Portugal
(Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro
Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços),
Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho
Amadora - Jardim, Soares Correia Ansião -
Medeiros (Avelar), Pires (Santiago da Guarda)
Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista,
Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos
Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz
Azambuja - Miranda, Peralta (Alcoentre), Ferreira
Camilo (Manique do Intendente) Barrancos -
Barranquense Batalha - Moreira Padrão, Silva
Fernandes (Golpilheira) Beja - Fonseca Belmonte
- Costa, Central (Caria) Benavente - Miguens
Bombarral - Franca Borba - Carvalho Cortes
Cadaval - Misericórdia Caldas da Rainha - Rosa
Campo Maior - Central Cartaxo - Abílio Guerra
Cascais - Do Rosário, Vilar (Carcavelos) Castelo
Branco - Ferrer Castelo de Vide - Freixedas
Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim
Maria Cabeça Constância - Vila Farma
Constância, Carrasqueira (Montalvo) Coruche -
Misericórdia Covilhã - Santana (Boidobra) Cuba -
Da Misericórdia Elvas - Europa Entroncamento -
Terra Estremoz - Godinho Évora - Central Faro -
Almeida, Da Penha Ferreira do Alentejo -
Salgado Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro,
Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró
dos Vinhos - Campos (Aguda), Vidigal Fronteira -
Costa Coelho Fundão - Avenida Gavião - Mendes
(Belver), Pimentel Golegã - Lusitano Grândola -
Pablo Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova)
Lagoa - Sousa Pires Lagos - Telo Loulé - Pinto
Loures - Alto da Eira, Lúcia Soares Lourinhã -
Correia Mendes (Moita dos Ferreiros), Leal (Rio
Tinto) Mação - Catarino Mafra - Barros (Igreja
Nova), Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha
Grande - Guardiano Marvão - Roque Pinto
Mértola - Nova de Mértola Monchique - Moderna
Monforte - Jardim Montijo - União Mutualista
Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central
(Pavia) Moura - Ferreira da Costa Mourão -
Central Nazaré - Silvério, Maria Orlanda (Sitio da
Nazaré) Nisa - São Damião Óbidos - Vital
(Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras),
Oliveira Odivelas - Sena Belo, Aniceto Ferronha
(Urb. Bons Dias - Odivelas) Oeiras - Oeiras
Figueirinha Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito
- Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes
(Orvalho-Oleiros) Olhão - Brito Ourique - Nova
(Garvão), Ouriquense Pedrógão Grande - Baeta
Rebelo Penamacor - Nova Peniche - Higiénica
Pombal - Paiva Ponte de Sor - Varela Dias
Portalegre - Chambel Suc. Portel - Fialho
Portimão - Amparo Porto de Mós - Lopes
Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos
(Sobreira Formosa) Redondo - Holon Redondo
Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio Maior -
Ferraria Paulino Salvaterra de Magos - Costa
(Foros de Salvaterra/Salvaterra de Magos)
Santarém - Pereira Santiago do Cacém - Corte
Real Sardoal - Passarinho Seixal - Fogueteiro
Serpa - Serpa Jardim Sertã - Patricio, Farinha
(Cernache do Bonjardim) Sesimbra - Leão
Setúbal - Santiago, Brasil Silves - Dias Neves,
Sousa Coelho Sines - Atlântico, Monteiro
Telhada (Porto Covo) Sintra - Portela, Vitor
Manuel, Araújo e Sá (Cacém de Cima) Sobral
Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes
Dordio (Cano), Andrade Tavira - Central Tomar -
Dias Costa Torres Novas - Pereira Martins
(Pedrogão) Torres Vedras - do Choupal Vendas
Novas - Santos Monteiro Viana do Alentejo -
Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva
Domingos Vila Franca de Xira - Simões Dias
(Bom Sucesso), Higiénica (Póvoa de Santa Iria),
Moderna Vila Nova da Barquinha - Tente
(Atalaia), Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira
Vila Real de Santo António - Carmo Vila Velha de
Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia
Ansião - Moniz Nogueira Montemor-o-Novo -
Sepúlveda Ourém - Avenida Redondo - Alentejo
54 • Público • Sábado, 6 de Abril
ril de 2019

CRIANÇAS
lazer@publico.pt

Lisboa
TEATRO Vamos à Caça do Urso

Porto
Areias — Teatro de Formas Animadas
Auditório Eugénio de Andrade (Rua do
Passeio Alegre, 584, Foz do Douro) T.
226105991 / 962317717 /
imaginardogigante@gmail.com
Hoje às 17h30
Uma produção da Imaginar do Gigante
que conta a história de uma menina que
“bordava os nomes dos camelos debaixo
das montanhas, onde o ouro se dilatava
em fios de água coloridos.
Delicadamente, extraía das areias um
tesouro submerso que os seus
antepassados guardaram. Alquimista,
destilava na abóbada celeste cores que
navegavam o espaço em liberdade.”. Um
espectáculo que é também um livro,
escrito por Pedro Saraiva e ilustrado pela
Anabela Dias. “Fala dos milhões de
deslocados que todos os dias procuram
um lugar para colorir.”
Casa do Coreto (R. Neves Costa, 45
Carnide). T. 938018777/ 966046448 /
teatro@luacheia.pt
Livros
Hoje às 16h. Para todos
Percurso sensorial guiado cheio de
possibilidades de descoberta, que
pretende que as crianças tomem contacto
com diferentes texturas, sons e cheiros.
Proporciona momentos divertidos e
envolve as crianças na história Vamos à
Caça do Urso de forma lúdica e interactiva.
Uma produção da Associação A Par.
FÉRIAS OCUPADAS
Baixa da Banheira
Actividades no Centro de
Experimentação Artística e na Biblioteca
Câmara Municipal da Moita (Praça da
República 14). T. 212806715 / 912214692.
CEA: 211810030 /cea@mail.cm-moita.pt;
Biblioteca: 210888902
De 15 a 18 de Abril, das 14h30 às 17h30.

ACTIVIDADES Para crianças dos 6 aos 12 anos

Torres Vedras
Brincar em Liberdade
Atelier dos Brinquedos (Parque do Choupal).
T. 261331040 / galeria@cm-tvedras.pt
Dia 13 de Abril às 11h. Para crianças dos 4
aos 12 anos (com um adulto)
Oficina integrada nas comemorações do
45.º aniversário da Revolução dos Cravos,
promovidas pelo Município de Torres
Vedras. “Para esta actividade, é convidada
uma família que contribui para a história do
brinquedo português há várias gerações: a
Pepe Jato, que tem como alguns dos
brinquedos de referência táxis, aviões e
furgonetas ‘pão-de-forma’.”
O Centro de Experimentação Artística, no
Vale da Amoreira, promove a iniciativa “Por
Mundos e Vales: Oficina de
Fotografia-Cianotipia nas Férias da
Páscoa”, dirigida a crianças e jovens dos 8
aos 12 anos, e dinamizado por Imagerie —
Casa de Imagens. Os participantes vão
criar desenhos e recolher objectos, de
modo a imprimir em cianotipia as matrizes
criadas e recolhidas. No final, cada um
construirá o seu livro. De 16 a 18 de Abril,
das 15h30 às 17h, a biblioteca promove
Hora e Meia de Diversão, para participantes
dos 6 aos 12 anos. “Decoração de Ovos da
Páscoa”, “Uma Viagem pelo Universo — O
Satélite” e “Um Mergulho nas Profundezas
do Oceano — O Polvo” são os temas de
cada dia.
Os Rumplings
e a Aventura dos Sabores
Texto Francisco Moreira
Ilustração Luís Frasco
Edição Oficina do Livro
128 págs., 10,90€
Os Rumplings são umas criaturas
peludas que adoram comidinha e
vivem na barba de um humano…
Leram bem, leram. Segundo a
editora, em declarações à Lusa, o
local inesperado onde as
personagens vivem pode ser
motivo de gozo para uns e de
surpresa para outros. “Mas, para
nós, é certamente o ponto de
partida para a criação de uma
colecção que foge ao sobre o seu modo de vida. Até a na Assembleia, assusta-os e
tradicionalismo e que pode pequena introspectiva Jodie, afasta-os ainda mais. Eles
prender o interesse dos mais pergunta se os Rumplings da Casa preferem ir viver com o Snifer e
pequenos.” Tem razão. dos Alimentos e dos Sabores serão os outros, do que terem de
A dada altura nem nos mesmo um povo grandioso. O enfrentar a realidade. Mal sabiam
lembramos da localização responsável pelo desaparecimento eles que o Xamã Ruffalo estava
geográfica… da Vila de Kaér, onde dos habitantes é o Snifer, que com certo!” Karina, Alloro e Bogard
habitam as singulares criaturas promessas de alimentação e de também integram um elenco
cuja existência gira à volta dos habitação gratuitas, alicia os criado e desenhado com
alimentos. Mineiros e os Salteadores de imaginação e sentido de humor.
O resumo deste livro, que foi Alimentos a juntarem a ele e à Os leitores esperam agora novas
inicialmente publicado em inglês, Igreja dos Alimentos no Stratus aventuras e nunca mais olharão
faz-se assim: “O Rocket e o Xamã Superior. O Xamã Ruffalo tem uma para os barbudos… da mesma
Ruffalo preocupam-se para onde premonição de uma grande maneira. Nem para os
andarão a desaparecer os seus catástrofe, mas ao partilhar a sua alimentos.
conterrâneos e questionam-se visão com os restantes RRumplings, Rita Pimenta
 Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 55

JOGOS

CRUZADAS 10.575 TEMPO PARA HOJE

Horizontais: 1. Abecedário. Situado no Verticais: 1. Fio metálico. Requerer pres-
centro. 2. Que rói. Instrumento que faz sa. 2. Manada de bois. Deserto. 3.
avançar na água embarcações pequenas. Adequada. Procede. 4. Redução das
3. Encolerizar. Administrar anfetaminas. formas linguísticas “de” e “a” numa só. Viana do Bragança
4. Matemática (abrev.). Acordo interna- Pequeno bode. 5. Cumprimento, mesura. Castelo 1º 8º
cional. 5. Devorador. Espreita. 6. Capital Sufixo (agente). 6. Érbio (s.q.). Tosquiar 5º 13º
Braga
do Cazaquistão. 7. Suspensão aparente (animais lanígeros). 7. Jogo, que num
5º 14º Vila Real
da vida. Elas. 8. Normas. Caule. 9. tabuleiro quadrado, jogam dois parcei-
Rebanho de gado miúdo. Casta de videira ros, cada um com doze peças. Reduzo a 13º Porto 2º 9º
cultivada em Portugal. 10. Forma que o pó. 8. Brinquedo constituído por uma 6º 13º
prefixo «in» toma quando a palavra se- tábua montada em duas rodas, uma à
Viseu
guinte começa por b ou p. Segmento de frente e outra atrás, e munida de uma
3º 9º Guarda
tronco de árvore. Altar. 11. Grande hélice haste com guiador que dirige a roda da 5,5-3m Aveiro
de eixo vertical que nos helicópteros frente. 9. Conserta. Lavrar. 10. Querida. 1º 6º
8º 14º Penhas
assegura a sustentação. Enfeitar com Levantara. 11. Correia dupla que sustenta
oiro. o estribo. Deixar só. Douradas
Coimbra -2º 2º
Depois do problema resolvido encontre 7º 13º
o título de uma obra de Amor Towles (4 Castelo
Branco
palavras).
Leiria 5º 12º
7º 14º

Santarém
Portalegre
Solução do problema anterior: 7º 15º
4º 10º
Horizontais: 1. Bedel. Apaga. 2. Exir. Brotar. 3. MAL. Lacre. 4. Geleia. Nau. 5. Gemada.
Mana. 6. Arado. FAZER. 7. No. Horal. 8. Fatal. 9. Adorável. Mi. 10. Iam. Xe. Adem. 11. Lisboa
Areeiro. Ola. 9º 15º
Verticais: 1. BEM. Gandaia. 2. Exagero. Dar. 3. Dilema. Fome. 4. Er. Ladrar. 5. Ledo. Táxi.
6. Baia. HAVER. 7. Arca. Fole. 8. POR. Mar. LA. 9. Atenazar. Do. 10. Ga. Anel. Mel. 11. Setúbal
Arruar. Lima. 9º 16º Évora
Provérbio: Por bem fazer, mal haver. 5º 14º
AMANHÃ

15º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 9º 15º
6º 14º

Dador: Norte Esta linha de jogo consiste em evitar Problema 3-3,5m

Vul: NS que Este tenha a mão. O primeiro passo
a dar é entrar com o Ás de paus do mor- 8926 Sagres
to. De seguida, desbloqueamos o Ás e o Dificuldade: Faro
9º 17º
NORTE Rei de ouros. Agora um trunfo para o 9, 9º 17º
Ƅ KJ9 livre-se de tirar mais do que esta volta a
Fácil
16º
Ɔ 853 trunfo — deitaria tudo a perder. 1,5-2m
Ƈ J1064 No morto, apresentamos o Valete de
ƅ AQJ ouros com o intuito de o fazer correr, a Açores
não ser que Este cubra com a Dama. O Corvo
que baldou quando Este jogou peque- Graciosa
na? Esperemos que não tenha baldado Terceira
OESTE ESTE Solução do Flores
Ƅ6 uma copa, seria fatal! A balda correcta é S. Jorge 13º 17º
Ƅ 752 problema 8924 12º 19º
Ɔ AJ76 Ɔ Q109 o 7 de paus da mão. Oeste faz a Dama e
joga de novo ouros, para o corte de 16º 15º
Ƈ Q853 Ƈ 972 Pico
ƅ 10982 Este. Recortamos e jogamos trunfo para
ƅ K653 Faial
1,5-2,5m
o Valete. Estaremos perante um déjà
vu? Dama de paus do morto e a história 13º 18º
repete-se: se Este cobrir com o Rei, cor- 2,5-3m S. Miguel
SUL tamos, voltamos ao morto no Rei de 14º 17º
Ƅ AQ10843 trunfo (percebeu agora porque é que Ponta
Ɔ K42 não pode tirar mais do uma volta de 17º Delgada
Ƈ AK trunfo no início?) e o Valete de paus ser- 2,5m
ƅ 74 virá para baldar uma copa da mão; ain- Madeira Sta Maria

da há tempo para jogar copa para o Rei

para tentar a vaza a mais. Se Este jogar Porto Santo
pequena sobre a Dama de paus, balda- Problema
14º 19º
Oeste Norte Este Sul mos uma copa, Oeste pode muito bem 8927 18º
1Ƈ passo 1Ƅ fazer o seu Rei que não conseguirá im-
passo 1ST passo 2ƅ (1) pedir-nos de voltar ao morto para encai- Dificuldade:
passo 2Ƅ (2) passo 4Ƅ (3) xar o Valete de paus e baldar outra copa Difícil Funchal
2,5-3m
Todos passam (a não ser que tome a iniciativa de jogar 1m 14º 21º
18º
copas e nessa altura o nosso Rei fará
Leilão: Qualquer forma de Bridge. (1) uma vaza). Passagens para quê?
Novo menor forcing ou check-back Sol Lua Quarto Crescente
Stayman (2) Mínimo com 3 cartas de fit Considere o seguinte leilão:
Nascente 07h14
(3) Se o parceiro estivesse máximo, ain- Oeste Norte Este Sul
Poente 20h04 12 Abr. 20h06
da faríamos uma tentativa de cheleme 1Ƈ Solução do
— assim não vale a pena. passo 1Ƅ passo ? problema 8925

Carteio: Saída: 10ƅ. Qual a melhor for- O que marca em Sul com a seguinte Marés
ma de jogar este jogo? mão?
Leixões Cascais Faro
ƄKQ98 ƆK86 ƇAKJ9 ƅK10
Solução: Não será difícil prever que, se
a passagem a paus falhar, o contrato fi- Resposta: Marque 4 espadas. Esta mar- Preia-mar 04h24 3,4 04h00 3,4 04h08 3,3
cará em sérios apuros, Este contra-ata- cação reflecte esta força e normalmen- 16h41 3,4 16h17 3,4 16h24 3,3
cará copas por certo e a defesa poderá te este tipo de distribuição.
encaixar de imediato mais três vazas e o Baixa-mar 10h31 0,6 10h05 0,7 09h58 0,6
cabide. Existe uma forma de garantir o 22h46 0,6 22h19 0,8 22h11 0,6
contrato, seja qual for a colocação das
João Fanha/Pedro Morbey
figuras de paus e de copas. Fonte: www.AccuWeather.com
(bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
56 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
INICIATIVAS
AGENDA
Quinta-feira, 11
Colecção Batman 80 Anos
Volume 8 – Batman: O Cavaleiro
das Trevas Volta a Atacar Vol. 1
Para comemorar os 80 anos do
mais mítico super-herói da BD de
todos os tempos, o PÚBLICO e a
Levoir reúnem os autores mais
memoráveis das histórias do
Homem-Morcego. São dez livros
inéditos em português, em capa
dura. Todas as quintas, com o
PÚBLICO.
Sábado, 13
Garrafeira PÚBLICO
Saca-Rolhas
Dez Tostões Rosé 2018
(Alentejo)
Projecto com a chancela
Garrafeira PÚBLICO, com
sugestão mensal de um vinho
para degustar com a melhor
companhia e as melhores
refeições.
Em Abril, não pode perder o Dez
Tostões Rosé 2018.
Alentejo fresco
Garrafeira PÚBLICO
Saca-Rolhas
Dez Tostões Rosé 2018
Sábado, 13 de Abril
Por + 6€
De norte a sul do país, a natureza
começa a despontar com a chegada
da Primavera. Nas videiras, é ainda
cedo para sonhar com os cachos de
uvas que o calor estival vai maturar,
mas começa já a sentir-se a promessa
dessas bagas que irão encher os ces-
tos da grande festa das vindimas em
Setembro, altura em que o vinho, o
néctar com que os deuses presentea-
ram os homens, é celebrado por
todos os que o apreciam, recriando
tradições que perduraram além dos
séculos e remontam à Roma Antiga.
“Composto de humor líquido e luz”,
segundo Galileu Galileu, o vinho tor-
nou-se obrigatório em todos as mesas
onde havia festa e onde se juntavam
os amantes da boa comida, da bebi-
da, da vida em geral. Reza a lenda
que a qualidade dos vinhos portugue-
ses foi reconhecida pelos próprios
O cavaleiro das Trevas: o regresso de Frank Miller
Banda Desenhada
80 Anos de Batman Vol 8
Batman: O Cavaleiro das Trevas
Volta a Atacar Vol 1
Argumento e Desenhos – Frank
Miller
Quinta, 11 de Abril
Por + 11,90 €
Nos próximos dois volumes da colec-
ção dedicada aos 80 anos de Batman,
que se cumpriram precisamente no
passado dia 30 de Março, vai estar em
grande destaque o autor que mais con-
tribuiu para a popularidade do Cava-
leiro das Trevas, através de duas his-
tórias absolutamente seminais, publi-
cadas na década de 80, mas que ainda
hoje se mantêm como clássicos incon-
tornáveis. Essas histórias são O Regres-
so do Cavaleiro das Trevas e Batman:
Ano Um e o seu autor é, como já terão
adivinhado, Frank Miller.
Depois de ter publicado esses dois
clássicos na colecção dedicada aos 75
anos do Homem-Morcego, o PÚBLI-
CO e a Levoir lançam agora em dois
volumes O Cavaleiro das Trevas Volta
romanos quando conquistaram o
território nacional. Depois de prova-
rem os vinhos das regiões de Lisboa
e de Setúbal, Æzeram questão de
agradecer a Baco por essa dádiva e
levaram consigo várias garrafas para
a capital do império.
Foi, porém, no século XV que os
vinhos portugueses começaram a ser
degustados noutras partes do mun-
do. Percebendo o potencial da bebi-
da, o infante D. Henrique enviou-a
nas suas caravelas como forma de
apresentação do país. Duzentos anos
depois, em 1703, o Tratado de
Methuen, assinado com o Reino Uni-
do, marcaria o início das exportações
efectivas do tão precioso e apreciado
néctar.
Actualmente, os vinhos portugue-
ses chegam a países tão distintos
como França, Reino Unido, Angola,
Alemanha, Bélgica ou Estados Unidos
e Portugal é já o 11.º maior produtor
mundial. Em 2017, segundo dados da
Viniportugal, a produção vinícola
nacional cresceu 10% face ao ano
anterior, para 6,6 milhões de hecto-
litros, e as exportações subiram 7,5%,
para 778 milhões de euros. Se os
a Atacar, a inesperada sequela que
assinala o regresso de Frank Miller ao
universo distópico e futurista de um
Batman envelhecido, que regressa ao
activo para combater o crime.
Publicada originalmente entre 2001
e 2002, 15 anos após a publicação da
saga original, como uma mini-série
em três edições de luxo, O Cavaleiro
das Trevas Volta a Atacar surpreendeu
aqueles que esperavam uma conti-
nuação linear do primeiro Cavaleiro
das Trevas. Embora a acção desta
sequela decorra apenas três anos
depois da aparente morte de Bruce
Wayne, no mundo real passaram-se
15 anos. Quinze anos em que o mundo
mudou e Frank Miller também, algo
que é bem evidente no traço estilizado
de Miller, cada vez mais longe do rea-
lismo do início da sua carreira, mas
sobretudo nas cores de Lynn Varley,
habitual colorista — e, à época, casada
com Frank Miller — que aqui troca as
cores a aguarela, que tão bem usou
em Ronin, O Regresso do Cavaleiro das
Trevas e 300, pelas cores digitais do
Photoshop. Cores propositadamente
artiÆciais, que acentuam a dimensão
artiÆcial desse mundo aparentemen-
vinhos portugueses fazem muito
sucesso lá fora, dentro de portas nin-
guém tem dúvidas de que um bom
vinho é essencial para regar uma boa
conversa ou refeição. Por isso mes-
mo, no mês de Abril, o PÚBLICO
sugere-lhe o Dez Tostões Rosé.
É na Herdade da Maroteira,
uma propriedade agrícola per-
tencente a uma das famílias
anglo-portuguesas estabelecidas
na região do Alentejo há mais de
cinco gerações, que nasce este
vinho. Abrangendo uma área
de 540 hectares, no sopé da
serra d’Ossa, 20 quilómetros
a sul de Estremoz e 35 a nor-
te de Évora, esta herdade
dedica-se à preservação do
montado de sobro e azinho,
numa lógica de sustentabi-
lidade agro-silvo-pastoril.
Mais recentemente, a pro-
priedade decidiu, porém,
apostar em novas áreas de
negócio, tais como o turis-
mo e a vitivinicultura, pro-
duzindo as uvas que dão
corpo ao reconhecido vinho
Cem Reis.
te perfeito, onde reina a paz e a har-
monia, mas onde até o próprio Presi-
dente dos Estados Unidos da América
não passa de um holograma. É essa
utopia de fachada que vai ser destruí-
da por um regressado Batman, que
vai reunir todos os seus aliados para
combater a ameaça de Lex Luthor.
Outra diferença fundamental de O
Efectivamente, a Herdade da
Maroteira tem vindo a fomentar o
seu potencial produtivo através do
desen-volvimento de actividades
complementares à silvicultura, ten-
do plantado, em 2003, dez hectares
de vinha, numa zona de vale aber-
to. A escolha das castas recaiu
sobre a Alicante Bouschet, Ara-
gonêz, Touriga Nacional e Syrah.
Grande parte da produção vití-
cola é vendida, sendo que ape-
nas uma pequena selecção — as
uvas de qualidade superior — é
aproveitada para a produção
de vinho da Herdade da
Maroteira. É a partir desta
cuidadosa selecção que é
produzido o Dez Tostões
Rosé, um vinho de cor rosa-
blush cristalino, com notas
intensas de morangos
maduros e um toque de
nata. Uma bebida fresca,
ideal para acompanhar pra-
tos de peixe, marisco, sala-
das ou, até mesmo, sushi.
Uma proposta perfeita para
os dias quentes que se adi-
vinham.
Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar em
relação ao seu antecessor é a presen-
ça alargada do panteão da DC, com
personagens como Jimmy Olsen, Brai-
niac, Lex Luthor, Shazam, o Flash,
Lanterna Verde, o Átomo, o Questão
e Diana, a Mulher-Maravilha, que esti-
veram ausentes em O Regresso do
Cavaleiro das Trevas, a serem fulcrais
no evoluir da intriga desta história,
em que a trindade dos maiores heróis
da DC, constituída pelo Batman,
Super-Homem e Mulher-Maravilha,
brilha a grande altura, tal como Carrie
Kelley, a Robin de O Regresso do Cava-
leiro das Trevas, que se mantém como
braço direito do Batman, mas agora
enquanto Catgirl.
Se, em termos gráficos, o registo
escolhido pode não ser consensual,
em termos narrativos, não há dúvi-
das quanto ao virtuosismo de Miller.
Basta ver a forma como gere a pre-
sença do Batman, que permanece
nas sombras durante bastante tem-
po, para surgir finalmente em toda
a sua glória apenas no final do pri-
meiro livro, para voltar a enfrentar
o Super-Homem. João Miguel
Lameiras
58 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019

DESPORTO
FC Porto manteve sangue-frio
em derby comandado à distância
Boavista tentou fechar todos os caminhos para a baliza de Bracali, mas a estratégia tornou-se obsoleta
a partir do momento em que os “dragões” conseguiram chegar à vantagem, num penálti de Soares
FOTÓGRAFO

FC Porto
Soares 41’ (g.p.), Otávio 48’
Boavista
Estádio do Dragão, no Porto
Espectadores 39.129
FC Porto Casillas, Corona (Maxi
Pereira, 64’), Pepe, Militão, Manafá,
Otávio, Danilo (Loum, 86’), Herrera,
Brahimi, Marega, Soares (Hernâni, 77’).
Treinador Sérgio Conceição
Boavista Bracali, Carraça, Raphael
Silva, Jubal a90+3’, Neris, Sauer a31’
(Mateus, 79’), Alberto Bueno, Matheus
Índio, Rafael Costa, Rafael Lopes
(Falcone, 60’), Yusupha (Edu Machado,
54’). Treinador Lito Vidigal
Árbitro Rui Costa (AF Porto)
Positivo/Negativo
Soares
Voltou a marcar de penálti,
depois de ter estado muito
perto de romper o bloqueio
“axadrezado”, faltando
apenas bater Bracali.
Desenhou alguns lances
interessantes para Otávio.
Otávio
O golo que marcou no
arranque do segundo
tempo teve o condão de
praticamente acabar com
as esperanças do rival.
Bracali
Retardou o golo portista
com um par de
intervenções a negar a
felicidade a Soares. Menos
feliz no remate de Otávio,
mas ainda assim com uma
passagem positiva pela
antiga casa.
Raphael Silva
Vítima das circunstâncias
ao tentar travar Brahimi.
Um lance determinante e
que poderia ter tido outra
abordagem.
2
0 e o resultado na primeira
Soares celebra com Corona o golo que colocou o FC Porto na frente do marcador
Crónica de jogo
Augusto Bernardino
O FC Porto cumpriu a tradição e
superou, mais uma vez, o rival da
cidade (2-0) nos derbies disputados
em território do “dragão” — apesar
da ausência dos respectivos técnicos
nos bancos —, passando de novo a
batata quente ao BenÆca, no arran-
que da 28.ª jornada da Liga.
Com a meta do campeonato cada
vez mais próxima, os campeões em
título não podiam conceder um
metro a um Boavista longe dos anos
dourados, mas sempre um adversá-
rio temível e perigoso em momentos
de grandes decisões.
Comandado e visto à distância, o
Boavista apresentou-se com um
aspecto coriáceo, adoptando uma
estratégia que granjeou conquistas
às legiões romanas. A táctica da tar-
taruga, com Yusupha a espreitar
uma oportunidade para golpear o
“dragão”, foi concebida a partir de
uma linha de cinco defesas, resguar-
dada por uma segunda barreira de
quatro médios, com a curiosidade de
integrar gente com capacidade e dis-
ponibilidade para sair rápido na ten-
tativa de poder surpreender um FC
Porto com alterações importantes no
sector mais recuado.
Sem Felipe (castigado) nem Alex
Telles (lesionado), Sérgio Conceição
mexia as pedras de um ponto eleva-
do, apostando na dupla Pepe e Mili-
tão — com o futuro reforço do Real
Madrid de regresso ao eixo — e com
Manafá e Corona nos corredores. A
grande novidade residiu no regresso
de Brahimi, o melhor abre-latas para
desmontar o bloqueio preparado
pelos “axadrezados”.
A dinâmica da primeira meia-ho-
ra, altura em que Raphael Silva tra-
vou Brahimi na área de Bracali, mos-
trava um FC Porto de assalto, em
busca do golo que atraísse o vizinho
a usar o elevador. Soares testava Bra-
cali, com o ex-portista a responder à
altura, dando tempo a Matheus Índio
para disparar a primeira Çecha à bali-
za de Casillas. O Boavista controlava
os instintos em nome de um desígnio
maior, accionando Carraça na direi-
ta apenas pela certa, quando o adver-
sário se descompensava, e munician-
do uma batalha de nervos que Vidi-
gal acreditava ser suÆciente para
minar a conÆança “azul e branca”.
Os lances de bola parada, especiali-
dade da casa, também não surtiam
efeito, apesar dos esforços de Pepe
e Danilo nos cantos de Corona.
Mas a dedicação do Boavista aca-
baria por ser traída por um penálti
que Soares transformou na vanta-
gem possível em 45 minutos de insis-
tência que ainda tiveram um golo
anulado a Marega, depois da inter-
venção acertada do VAR.
Ao intervalo, a diferença mínima
alimentava a ilusão de Lito Vidigal,
obrigado a repensar o jogo três minu-
tos depois do reatamento da partida,
agitada pela bomba de Otávio, a
deÇagrar nas redes do rival.
O derby estava bem encaminhado
REACÇÕES
“Criámos várias ocasiões
parte peca por escasso.
Depois do 2-0, de forma
inconsciente começámos
a gerir um pouco o jogo
já a pensar no Liverpool”
Vítor Bruno
FCPorto
“Entrámos bem no jogo.
O FC Porto foi mais
pressionante mas
estivemos organizados.
A estratégia era segurar o
empate até ao intervalo,
mas não conseguimos”
Prof. Neca
Boavista
para os campeões nacionais, a quem
competia, então, gerir com astúcia
uma vantagem que o Boavista come-
çava a desaÆar após a troca de
Yusupha e Rafa Lopes por Edu
Machado e, especialmente, por Fal-
cone. Mais musculado, o vizinho do
Bessa tinha, contudo, que enfrentar
o nervo de Maxi Pereira, com o uru-
guaio a dobrar a barreira dos 300
jogos ao serviço do FC Porto e a mos-
trar ao opositor que o corredor direi-
to estava interditado.
Apesar de todas as tentativas, com
a entrada do angolano Mateus, o
Boavista já não ia a tempo de inverter
um resultado que o FC Porto ainda
poderia ter reforçado, mas a que
nem Hernâni deu uma cor mais viva.
Percebia-se, nessa altura, a preocu-
pação de Sérgio Conceição em salva-
guardar alguns jogadores, como
Soares e Danilo Pereira, já a anteci-
par a deslocação a Liverpool para a
Liga dos Campeões.
augusto.bernardino@publico.pt
 Público • Sábado, 6 de Abril de 2019 • 59

DESPORTO

Abel Ferreira,
JOSÉ SENA GOULÃO

CLASSIFICAÇÕES
I LIGA orgulhoso,
Jornada 28
FC Porto-Boavista
Nacional-Desp. Aves
2-0
15h30, SPTV5
assume luta
Bel. SAD-Santa Clara
V. Guimarães-Desp. Chaves
Moreirense-Sp. Braga
15h30, SPTV1
18h, SPTV1
20h30, SPTV1
pelo pódio
V. Setúbal-Marítimo amanhã, 15h30, SPTV2
Feirense-Benfica amanhã, 17h30, SPTV1
Sporting-Rio Ave amanhã, 20h, SPTV2
Tondela-Portimonense 2.ª feira, 20h15, SPTV1

1. FC Porto
J
28
V E
22 3
D
3
M-S
58-17
P
69
Futebol
2. Benfica 27 21 3 3 73-23 66
3. Sporting 27 18 4 5 53-28 58 Treinador do Sp. Braga
4. Sp. Braga 27 18 4 5 46-27 58
5. Moreirense 27 14 3 10 33-34 45
subscreve críticas de
6. V. Guimarães 27 12 6 9 31-24 42 Salvador e lembra que o
7. Belenenses SAD 27 9 11 7 33-29 38
8. Santa Clara 27 10 5 12 33-33 35
caminho rumo ao sonho do
9. Rio Ave 27 8 8 11 36-40 32 título está a ser cumprido
10. Portimonense 27 9 5 13 36-43 32
11. Marítimo 27 9 3 15 19-33 30 O treinador Abel Ferreira frisou o
12. Desp. Aves 27 8 5 14 28-39 29
13. Boavista 28 8 5 15 22-36 29
sentimento de “orgulho” pelo traba-
14. V. Setúbal 27 6 10 11 21-27 28 lho que tem feito no Sp. Braga, assu-
15. Nacional 27 7 5 15 30-58 26 mindo que lutar pelo terceiro lugar
16. Tondela 27 6 7 14 29-41 25 da Liga com o Sporting é agora o
17. Desp. Chaves 27 6 6 15 20-39 24
18. Feirense 27 2 9 16 16-46 15
objectivo da equipa minhota.
“É o nosso desaÆo para esta última
Próxima jornada Desp. Chaves-Belenenses SAD,
Pedro Proença durante a reunião de ontem, no Estádio da Luz, em Lisboa fase da época, lutar contra um dos
Santa Clara-Moreirense, Portimonense-FC Porto,
Desp. Aves-Sporting, Rio Ave-V. Guimarães, três ‘grandes’. Tem sido esse o gran-

Protecção dos campeonatos

Marítimo-Feirense, Boavista-Nacional, de objectivo dos últimos anos, apro-
Sp. Braga-Tondela, Benfica-V. Setúbal.
ximarmo-nos e estar na luta. Foi com
II LIGA
isso que me comprometi e é isso que

é “fundamental”
Jornada 28
Benfica B-Farense 3-1 estou a fazer”, aÆrmou na antevisão
Académica-FC Porto B 11h, SP-TV1 da deslocação ao terreno do Morei-
Cova da Piedade-Ac. Viseu 16h
rense, esta noite (20h30).

para a Associação de Ligas

Mafra-Sp. Braga B 16h
Varzim-Arouca 18h O Sp. Braga é quarto classiÆcado,
Leixões-Famalicão amanhã, 11h15, SP-TV1 em igualdade de pontos com os
Paços de Ferreira-Oliveirense amanhã, 16h
Sp. Covilhã-Estoril amanhã, 16h “leões”, e Abel lembrou que a equipa
V. Guimarães B-Penafiel 2.ª feira, 18h chegou às meias-Ænais da Taça da
J V E D M-S P Liga, que perdeu nos “penáltis” com
1. Paços de Ferreira 27 19 3 5 39-16 60 poderá ter esta nova forma de distri- da mais longe e garantiu que um o Sporting, e às meias-Ænais da Taça
2. Famalicão
3. Benfica B
27
28
15 6
14 5
6
9
37-25
39-27
51
47
Futebol buição de receitas e os fossos que eventual avanço da UEFA nesse sen- de Portugal, tendo sido eliminada
4. Académica 27 14 4 9 31-28 46
pode criar entre os clubes que mais tido merecerá uma luta cerrada, pelo FC Porto. Numa conferência de
5. Estoril 27 13 6 8 37-27 45 Projecto para reformular ganham e aqueles que menos inclusive nos tribunais. imprensa dominada pela palavra
6. FC Porto B 27 11 8 8 35-30 41 ganham”, aÆrmou o presidente da “Não vai haver essa competição, “orgulho”, que sente enquanto trei-
7. Sp. Covilhã 27 10 7 10 32-30 37
a Liga dos Campeões
Liga Portuguesa de Futebol ProÆs- nem reformas estranhas da Liga dos nador — orgulho nos jogadores e em
8. Penafiel 27 10 5 12 34-34 35 a partir de 2024 continua sional (LPFP). Campeões. Estou contra a que nos “pertencer a um clube com uma
9. Mafra 27 9 8 10 37-38 35
10. Leixões 27 10 5 12 27-29 35 a gerar oposição Na declaração proferida no Ænal obriguem a reduzir jornadas e estou ambição desmedida” —, o técnico
11. Arouca 27 9 7 11 31-33 34 da assembleia geral da EPFL, que contra os jogos europeus ao Æm-de- assumiu que “há um caminho que
12. Farense 28 8 8 12 30-29 32 A Associação de Ligas Europeias de decorreu no Estádio da Luz, em Lis- semana. São ideias que se têm no está a ser percorrido”.
13. Oliveirense 27 7 10 10 31-37 31
14. Ac. Viseu 27 8 7 12 34-44 31
Futebol ProÆssional (EPFL), organis- boa, durante os últimos dois dias, bar às cinco da manhã. Ninguém vai O Moreirense, quinto classiÆcado,
15. Cova da Piedade 27 8 7 12 19-37 31 mo que agrega 32 Ligas e cerca de Pedro Proença contestou também poder obrigar a Liga espanhola ou tem sido a grande surpresa do cam-
16. Sp. Braga B 27 9 2 16 28-37 29 900 clubes, vincou ontem a oposi- um dos pontos mais polémicos, ale- qualquer outra Liga. Iremos impug- peonato e Abel Ferreira espera “um
17. Varzim 27 7 7 13 20-31 28 ção às ideias da UEFA, que podem gadamente, em discussão na UEFA: nar, contestar em Bruxelas ou nos jogo contra uma grande equipa, que
18. V. Guimarães B 27 6 9 12 26-35 27
dar primazia às provas europeias a realização de jogos das competi- órgãos que sejam necessários”, avi- joga muito bem e teve a competência
Próxima jornada Sp. Braga B-Cova da Piedade, sobre as competições nacionais. ções europeias aos Æns-de-semana, sou. de escolher jogadores com muita
Oliveirense-Benfica B, Famalicão-Académica,
FC Porto B-Paços Ferreira, Penafiel-Varzim,
Perante os indícios de uma “revo- sacriÆcando, obviamente, o espaço A EPFL vai reunir-se com a Asso- qualidade técnica”.
Ac. Viseu-V. Guimarães B, Farense-Estoril, lução” que pode tornar a Liga dos habitual dos jogos dos campeonatos ciação de Clubes Europeus (ECA), Sobre as críticas do presidente,
Arouca-Sp. Covilhã, Leixões-Mafra Campeões mais elitista e restritiva a nacionais. nos dias 6 e 7 de Maio, seguindo-se António Salvador, às arbitragens,
partir de 2024, à medida dos maiores “A protecção às Ligas nacionais é um encontro com a UEFA, a 8 de considerando que estas impediram
MELHORES MARCADORES clubes europeus, Pedro Proença absolutamente fundamental. É Maio. Para o líder das Ligas euro- o Sp. Braga de lutar pelos troféus
I Liga salientou o impacto que esses pro- fomentando as Ligas nacionais que peias, Lars-Christer Olsson, a expec- nacionais, o treinador disse que o
16 golos Seferovic (Benfica) jectos podem ter numa “Liga de podemos ter boas competições inter- tativa é que seja a “primeira de mui- dirigente “é o porta-voz do grupo” e
II Liga
12 golos Pires (Penafiel), Fabrício (Famalicão)
média dimensão, como a portugue- nacionais. [Os Æns-de-semana] são tas reuniões” para se protegerem as que no clube “se fala a uma só voz”.
sa”, e um eventual aumento do fosso um espaço vital para o desenvolvi- competições nacionais. Do lado do Moreirense, a conÆan-
entre os emblemas mais poderosos mento do futebol nacional. Parece- “As competições mais importantes ça também é a palavra de ordem.
e os restantes. “Há uma preocupação me desajustado e em nada beneÆcia- são as provas domésticas, são o “Vamos correr atrás do nosso objec-
das Ligas pela forma como estas ria o futebol português. Estamos esqueleto das competições. Estas são tivo, que é conseguir uma vitória,
novas competições podem ter absolutamente contra. Temos de mais importantes para os adeptos do mas tendo a consciência de que
impacto nas competições nacionais, encontrar pontos de equilíbrio”, que as provas internacionais. Espe- vamos jogar com uma equipa que
não só os novos formatos e como assinalou. ramos que o desenvolvimento das andou 80% do campeonato entre os
podem ocupar alguns dos espaços A posição da Liga portuguesa foi Ligas domésticas possa acontecer três primeiros lugares”, vincou o
preenchidos pelas competições partilhada pelo líder da congénere em paralelo com as competições técnico Ivo Vieira, admitindo que “é
nacionais, mas também o efeito que espanhola, Javier Tebas, que foi ain- internacionais”, concluiu. Lusa difícil atribuir favoritismo” no jogo.
60 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
DESPORTO
Planisférico
Mujikijera, o soldador
que nunca jogou futebol
Futebol
Tiago Pimentel
A história de um jogador
que tenta regressar ao país
do qual foi expulso por ter
usado uma identidade falsa
AÆnal, Albert Mujikijera era Tapiwa
Simon Musekiwa. Mujikijera trabalha
como soldador na capital da Namíbia,
Windhoek, e não tinha qualquer car-
reira paralela no futebol. A sua iden-
tidade foi usurpada por Musekiwa,
cidadão do Zimbabwe, mas que esta-
va a actuar no futebol namibiano ao
serviço de um clube chamado Young
African. Que, no meio deste enredo,
levou aos ombros todo o azar: foi
expulso do campeonato, enquanto o
futebolista impostor conseguiu um
novo contrato para continuar a actuar
no principal escalão.
Esta não é a primeira nem a segun-
da história de identidades trocadas
(ou suspeitas) no futebol em países
africanos. Mas tem a originalidade de
envolver um soldador que provavel-
mente nunca jogou futebol. Albert
Mujikijera foi um futebolista que
reforçou o promovido Young African
em 2017-18 e contribuiu para o quinto
lugar na época de estreia do clube no
principal escalão. Mas, aÆnal, Albert
Mujikijera era, segundo o diário The
Namibian, o nome de um soldador de
Windhoek cuja identidade foi usur-
pada — em Janeiro, no início da pre-
sente temporada, a mentira foi des-
coberta. O Young African foi multado
em 50 mil dólares namibianos (apro-
ximadamente 3150 euros) e expulso
do campeonato por ter registado e
utilizado um futebolista com docu-
mentação falsiÆcada.
Albert Mujikijera era, aÆnal, Tapiwa
Simon Musekiwa. Cidadão do Zim-
babwe e (talvez) futebolista.
“Musekiwa não é conhecido no seu
país natal porque nunca jogou futebol
proÆssional no Zimbabwe”, escreveu
o diário The Herald. A fraude foi des-
coberta quando o Young Chiefs, um
dos clubes despromovidos no cam-
peonato da Namíbia em 2017-18, apre-
sentou queixa à Liga. A denúncia
apresentava detalhes sobre a forma
como o futebolista e o clube actuaram
para registar o reforço com um pas-
saporte “cuja foto não correspondia
aos dados pessoais que apareciam no
documento”.
DR
Musekiwa com a camisola do Young African
O The Herald citava o depoimento
“Utilizei este nome que o jogador prestou à polícia da
por indicação da Namíbia, em que confessou a falsiÆ#
cação: “Utilizei este nome por indi-
pessoa que me cação da pessoa que me ajudou a
ajudou a fazer o fazer o registo. O meu passaporte
estava indisponível, porque eu tinha
registo. O meu viajado de emergência. Declaro por
passaporte estava este meio que sou Tapiwa Simon
Musekiwa, nascido a 13 de Fevereiro
indisponível, de 1992 em Kwekwe, no Zimbabwe.
porque eu Quero utilizar o meu nome e docu-
mentos originais.”
tinha viajado Desde então, nos relvados, Mujiki-
de emergência” jera passou a ser Musekiwa. E, apesar
da controvérsia, a carreira do futebo-
lista nascido no Zimbabwe até evoluiu
favoravelmente. Mudou-se para o
African Stars, campeão em título da
Namíbia, mesmo tendo confessado
uma prática criminosa. “Desconhece-
se a razão por que a Liga ainda não
puniu Musekiwa, e também como foi
possível ele ter um contrato registado
com o African Stars apesar de conti-
nuar a ter assuntos por resolver com
as autoridades — sejam os serviços de
imigração ou a polícia”, escreveu o
diário The New Era, da Namíbia.
“Farto-me de ouvir falar em crime,
mas esse tipo de actividades não é da
jurisdição da Liga. Se alguém vê um
aspecto criminoso neste caso, é livre
de apresentar queixa à polícia”, fri-
sou o presidente da Premier League
da Namíbia, Patrick Kauta, acrescen-
tando que o jogador já tinha cumpri-
do a suspensão de sete jogos que lhe
fora aplicada. Kauta é também presi-
dente do African Stars, clube que
contratou Musekiwa após a despro-
moção do Young African, e chegou a
liderar a empresa estatal petrolífera
da Namíbia.
Mas, a 9 de Fevereiro, a impunida-
de acabou. Durante um jogo do Afri-
can Stars no campeonato, a polícia
e os serviços de imigração foram
buscar Musekiwa, cujo visto ia expi-
rar a 22 de Fevereiro, para o levar
para Windhoek. Musekiwa saltou a
vedação do estádio após ser substi-
tuído ao intervalo, e seria mais tarde
detido a dez quilómetros do local,
escreveu a agência NAMPA. Desde
então, o impostor regressou ao Zim-
babwe enquanto o clube tenta obter
um novo visto. “Contratámos o joga-
dor para esta época e queremos
mantê-lo, por isso aguardamos que
os serviços se pronunciem”, aÆrmou
o director executivo do clube, Salo-
mo Hei.
Para o Young African, que sofreu
as maiores consequências pela fraude
de Musekiwa, é que não há esperan-
ça. Os dirigentes contestam a expul-
são do campeonato, mas é difícil que
a decisão venha a ser alterada. Mais
dramática é a situação de quem esta-
va ligado ao clube: 27 futebolistas,
dez técnicos e três outros funcioná-
rios do Young African terão Æcado
sem salários por causa da situação
provocada por Musekiwa.
tiago.pimentel@publico.pt
Planisférico é uma rubrica
semanal sobre histórias
e campeonatos
de futebol periféricos
Ver mais em
www.publico.pt/planisferico
“Barça” quer
dar a Messi
um contrato
vitalício
Futebol
Miguel Dantas
Presidente do clube
expressou o desejo de
manter o argentino em
Camp Nou, “como jogador
ou noutras funções”
Josep Maria Bartomeu, presidente do
Barcelona, manifestou ontem a inten-
ção de oferecer um contrato vitalício
a Lionel Messi. A estrela argentina
tem um vínculo válido até 2021, mas
o dirigente “blaugrana” revelou que
irá iniciar negociações para a renova-
ção na próxima temporada.
“Messi mostra em cada partida
que é o melhor do mundo. Quere-
mos renovar com ele, porque é
homem de um só clube e a relação
com o Barcelona vai perdurar para
sempre. Às vezes uso o exemplo do
Pelé, que jogou sempre no Santos
[acabou a carreira no Cosmos, nos
EUA]. Queremos o Messi para sem-
pre no noutras funções”, assinalou
Josep Maria Bartomeu, em entrevis-
ta à estação televisiva norte-ameri-
cana ESPN.
Lionel Messi terá 34 anos quando
Lionel Messi é
descrito pelo
actual presidente
do Barcelona
como “um
homem de
um só clube”
o actual contrato chegar ao Æm. O
presidente, porém, desvaloriza a
questão da idade, aÆrmando que o
argentino tem a capacidade de rein-
ventar o estilo de jogo: “Apesar de
ainda faltarem mais dois anos de
contrato, trata-se de um jogador
jovem, que está sempre a inovar o
jogo. Acredito que Messi terá muitos
anos pela frente. Ainda é cedo, mas
no próximo ano vamos ter de falar
com ele. Queremos que tenha uma
carreira muito longa, para poder-
mos continuar a desfrutar do seu
futebol”, acrescentou Bartomeu.
A última renovação com os “blau-
grana” foi em Novembro de 2017,
com a cláusula de rescisão Æxada num
valor próximo dos 700 milhões de
euros.
miguel.dantas@publico.pt
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62 • Público • Sábado, 6 de Abril de 2019
DESPORTO
Na final muito equilibrada do campeonato da época passada, o Sporting levou a melhor, por 3-2
Sporting quer reeditar
2017-18, Benfica tenta
terminar a época em alta
Voleibol
Nuno Sousa
Arranca hoje, no Pavilhão
João Rocha, a final do
play-off da Liga portuguesa.
“Encarnados” têm levado
a melhor nos derbies
Para o Benfica, o derby desta tarde
(18h) assinala a 10.ª final consecutiva
do campeonato nacional de voleibol.
Para o Sporting, que retomou a
modalidade em 2017, representa a
possibilidade de renovar o título con-
quistado no ano passado. No fundo,
o momento de todas as decisões reú-
ne as duas melhores equipas do
panorama português, reeditando o
tira-teimas da temporada anterior.
Recordemos a trajectória dos dois
candidatos até agora. O Benfica, que
relançou o projecto nesta época com
um novo treinador (o brasileiro Mar-
cel Matz), depois do longo reinado
de José Jardim, dominou por com-
pleto a fase regular. Em 26 jogos, só
averbou uma derrota (nos Açores, na
11.ª jornada, diante da Fonte do Bas-
tardo) e somou 75 pontos, mais qua-
tro do que o Sporting (duas derrotas,
ambas frente aos “encarnados”).
De resto, esta será a quinta vez que
os dois rivais se enfrentam na pre-
sente temporada, em que até à data
o Benfica venceu todos os jogos. O
primeiro embate remonta à Super-
taça, conquistada pelas “águias”
com um 3-0 (25-22, 27-25, 36-34), o
segundo aconteceu na final do tor-
neio das Vindimas, em Setembro,
por 3-2 (25-19, 23-25, 18-25, 25-19, 15-
13), e os dois restantes dizem respei-
to ao campeonato: 2-3 no pavilhão
João Rocha (25-22, 22-25, 27-25, 23-25,
10-15) e 3-0 no pavilhão da Luz (26-
24, 25-15, 25-20).
No play-off, já respeitante à divisão
de elite, Benfica e Sporting fizeram
percursos semelhantes. Os “encar-
nados” impuseram-se por 3-0 à Fon-
te do Bastardo no conjunto da elimi-
natória (triunfos por 0-3, 3-1, 3-0), os
“leões” aplicaram o mesmo resulta-
do ao Sp. Espinho (vitórias por 1-3,
3-1 e 3-0). À imagem do que sucedeu
nas meias-finais, a final que hoje
começa será decidida à melhor de
cinco partidas — na edição 2018-19
foi mesmo necessário recorrer à
“negra” para se encontrar o vence-
dor.
“O ambiente está muito bom, é o
momento a que todos os jogadores
planearam chegar. Chegamos muito
bem a esta fase, ainda que seja difícil
MIGUEL A. LOPES/LUSA
alguma equipa chegar na melhor
forma possível, porque existe um
desgaste da temporada nos dois
lados. No entanto, chegamos bem
preparados e confiantes para fazer
um bom play-off final”, assinalou
Marcel Matz à BTV.
Palavras que não se desviam mui-
to das do homólogo do Sporting. “As
pessoas trabalham o ano todo para
chegar a este momento. Agora é
fazer valer todo o esforço que todos
Æzeram e as Ænais, como alguém dis-
se, são para se ganhar”, sublinhou
Hugo Silva. “Tudo está a ser feito por
esta equipa para trazer aquilo que
tanto queremos, que é revalidar o
título, que é nosso. As coisas menos
boas que aconteceram são passado.
Nós Æzemos o nosso estudo, tal como
o adversário, e tudo está lançado
para ser um grande jogo”, acrescen-
tou à Sporting TV.
Depois deste primeiro round, em
Alvalade, o derby prossegue no pavi-
lhão da Luz, no dias 13 e 14 de Abril,
regressando ao Pavilhão João Rocha
no dia 20. Se for preciso recorrer a
um quinto encontro, respeitando o
critério que decorre da classificação
da fase regular, será o Benfica a
actuar na condição de anfitrião.
nsousa@publico.pt
Breves
Râguebi
Selecção de sevens
derrotada pela França
em Hong Kong
A selecção portuguesa de
râguebi de sevens estreou-se
no circuito mundial de 2018-19
com uma derrota frente à
França, por 40-7, na 1.ª jornada
do Grupo B da etapa de Hong
Kong. A superioridade e maior
rotina dos “gauleses” foram
evidentes ao longo de todo o
encontro, com Portugal a
conseguir apenas um ensaio,
já perto do intervalo, por Fábio
Conceição, transformado por
Jorge Abecasis. Com este
resultado, Portugal terminou o
primeiro dia do torneio no
último lugar do grupo, uma
vez que a Argentina venceu o
Canadá por 19-14. A selecção
nacional volta a entrar hoje
em acção, defrontando a
Argentina (6h35 em Lisboa)
e o Canadá (10h17).
Xadrez
Magnus Carlsen já
está no comando do
memorial Gashimov
Magnus Carlsen está no bom
caminho para conseguir
conquistar o troféu do
memorial Gashimov, o que, a
acontecer, será o seu quarto
triunfo em outras tantas
participações. Completada
metade da prova, o campeão
do mundo soma três empates
e duas vitórias (sobre
Viswanathan Anand e David
Navara), o suficiente para
seguir isolado no comando.
Navara venceu na quinta
ronda o número três do
ranking, o chinês Ding Liren, e
Anand reduziu para meio
ponto a distância para o líder,
vencendo os números 4 e 5 do
mundo, Shakhiar Mamediarov
e Anish Giri. A partilhar a
segunda posição com o
indiano continua o russo
Sergei Karjakin, um dos
carrascos de Anish Giri.
Caíram mais
dois recordes
nacionais
absolutos
Natação
Em Coimbra, Rafaela
Azevedo e Miguel
Nascimento brilharam
nos 100m costas e nos 50m
livres, respectivamente
Os nadadores Rafaela Azevedo
(júnior) e Miguel Nascimento (sénior)
alcançaram ontem recordes absolu-
tos na segunda sessão do segundo
dia dos campeonatos nacionais de
natação em juvenis, juniores e abso-
lutos, que decorrem em Coimbra.
Depois de na quinta-feira ter bati-
do o recorde absoluto na prova de
50 metros costas (juniores), Rafaela
Azevedo alcançou o recorde nacio-
nal absoluto nos 100m costas, com
o tempo de 1m01,97s. “Já queria ten-
tar uma Ænal no Europeu, mas agora
que melhorei o meu tempo em mais
um segundo é muito bom indicador
de que posso chegar ao Europeu e
fazer algo que nunca esperei”, disse
a nadadora do Algés, de 17 anos.
O último recorde absoluto na dis-
tância pertencia a Camila Rodrigues
Rebelo, do Louzan Natação/Efapel,
e tinha sido alcançado ontem na pri-
meira sessão da segunda jornada dos
campeonatos nacionais, com o tem-
po de 1m03,31s.
“Eu queria não só fazer mínimos
para o Mundial, como fazer melhor
do que a Camila [Rebelo]”, referiu
Rafaela Azevedo, salientando que, se
“continuar a gostar de nadar”, acre-
dita que vai ser possível atingir pata-
mares mais altos.
Além do recorde nacional absolu-
to, a nadadora do Algés alcançou os
mínimos para a participação nos
Campeonatos da Europa e do Mundo
de juniores.
Já Miguel Nascimento, do BenÆca,
obteve o recorde nacional absoluto
na prova dos 50 metros livres, com
o tempo de 22,7 segundos, tirando
19 centésimos ao anterior recorde,
que pertencia a Alexandre Escudier
Agostinho desde 2009.
“Era uma prova muito íntima para
mim, pois cresci a nadá-la e hoje
[ontem] consegui bater o recorde
de um amigo e de um ídolo, o que
signiÆcou muito para mim”, salien-
tou o nadador, de 24 anos, que con-
seguiu também os mínimos para
participar nos Campeonatos do
Mundo. Lusa
Sábado, 6 de Abril de 2019

BARTOON LUÍS AFONSO

O RESPEITINHO NÃO É BONITO

Pela boca morreu Cavaco

MIGUEL MANSO
genuinamente a classe política, é Couto dos Santos. E a lista não
esta: por que razão o país “está a acaba mais! É a história completa
cair para a lanterna vermelha” da de como não há família que se
Europa, mostrando-se incapaz de perca neste governo.” O amor à
alcançar os níveis de crescimento família, como se vê, é antigo, e
de outros países intervencionados transversal aos partidos.
João Miguel Tavares

E
u não sou daqueles que
acham que os antigos
presidentes da República
devam estar condenados a
vaguear como múmias pelo
espaço público, muito
recatados e em prudente silêncio,
para não se salpicarem com a
espuma dos dias, nem
perturbarem a paz da pátria. Acho
óptimo que falem quando lhes
apetece, e Cavaco nem sequer tem
falado mal: esteve bem quando
protestou contra a
não-recondução de Joana Marques
Vidal à frente da
Procuradoria-Geral da República;
e esteve novamente bem na
intervenção que fez esta semana,
lembrando duas coisas: 1) que o
dinheiro que o Estado perdeu com
a descida do IVA na restauração e
com o regresso às 35 horas foi
dinheiro que depois lhe faltou
para investir no Sistema Nacional
de Saúde; 2) que a grande questão
que deveria dominar o debate
público em Portugal, e preocupar
pela troika?
Tudo isto está certíssimo, e o
país (a parte lúcida, pelo menos)
agradece-lhe que seja lembrado. Só
que depois há invariavelmente um
momento infeliz, em que Cavaco
dá um passo maior do que a perna
— e está quase sempre relacionado
com o puxar dos galões do
passado, e com aquela mania
absurda de alimentar a soberba do
homem impoluto, em relação ao
qual é preciso nascer duas vezes
para alcançar tamanha
honestidade. Isso já lhe correu mal
várias vezes, mas Cavaco insiste, e
por isso disse, a propósito do
Familygate: “Fui veriÆcar a
composição dos meus três
governos durante os dez anos em
que fui primeiro-ministro e não
detectei lá — espero não me ter
enganado — nenhuma ligação
familiar.”
Que ele se enganou já toda a
gente sabia, mas a dimensão do
engano foi crescendo à medida que
os jornais foram investigando o
passado dos governos de Cavaco.
Após o trabalho do site Polígrafo,
Assim sendo, temos de juntar à
falta de vergonha dos socialistas a
hipocrisia dos sociais-democratas,
entre os quais Luís Marques
Mendes, que anda na SIC a falar
excelentemente destes temas, e
que ainda há pouco tentou ser
muito transparente ao abordar a
situação da sua irmã e do seu pai,
mas que, por azar, se esqueceu de
referir a sua mulher — e custa a
acreditar que não se recordasse da
sua nomeação nos anos 1990.
Portanto, estou com Marcelo, que
parece que estacionámos (até ver) Ænalmente entendeu que há aqui
nos 15 familiares. Nem sequer um problema: “Quando a ética não
faltou a recuperação de uma capa chega, é preciso mudar a lei.” E se
antiga do semanário O até o próprio António Costa (que
Independente, com o título “A também entendeu que há aqui um
Há invariavelmente mulher do próximo”, onde se
podia ler, em Fevereiro de 1992:
problema — iupi!) pediu isso
mesmo no Parlamento, ao menos
um momento infeliz “Discretamente, sem ninguém ver, que se aproveite esta triste
em que dá um passo eles decidiram usar o governo para
dar emprego às respectivas
confusão para extrair daqui alguma
coisa de útil para o país. É arranjar
maior do que a perna senhoras. A mulher de Fernando uma lei séria e bem feita, e acabar
com aquela mania de Nogueira foi parar ao Ministério da com o regabofe doméstico de uma
Saúde. A de Dias Loureiro está na vez por todas.
alimentar a soberba Cultura. SoÆa Marques Mendes deu
de homem impoluto entrada na Agricultura. A senhora Jornalista
de Arlindo Cunha trabalha com jmtavares@outlook.com

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