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ARAPIRACA/ AL
2019
Isabel França de Souza
ARAPIRACA/ AL
2019
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 04
1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 05
1.1 Ações desenvolvidas para produção do documento ................................... 07
1.2 Coleta, Organização e Sistematização de Dados .......................................... 07
1.3 Produção dos croquis esquemáticos ............................................................ 08
1.4 Procedimentos Metodológicos para elaboração dos programas
urbanísticos. .................................................................................................... 08
1.5 Cronograma de trabalho ................................................................................. 09
2 PROBLEMÁTICA ................................................................................................. 10
3 OBJETIVOS ......................................................................................................... 30
3.1 Objetivos gerais .............................................................................................. 30
3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 30
4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 31
5 DIRETRIZES E LINHAS DE AÇÃO ..................................................................... 50
5.1 Diretrizes e linhas de ação geral .................................................................... 50
5.2 Proposta de zoneamento ................................................................................ 51
5.3 Diretrizes e linhas de ação específicas ..........................................................55
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................57
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 59
INTRODUÇÃO
4
1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para dar início a elaboração do programa urbanístico, antes de tudo, foi
necessário fazer a análise das informações documentos que foram apresentados
pelas equipes anteriormente, intitulado de “Diagnóstico físico-territorial”. A análise
deste documento foi o ponto de partida para a elaboração da problemática da equipe,
uma vez que nele continha todas as informações acerca dos problemas e
potencialidades da área de estudo. A partir disto, e da análise de dados obtidos pela
equipe, o presente relatório pode elaborar as diretrizes do programa urbanístico para
os bairros Brasiliana e Planalto.
A etapa de construção dos relatórios para o programa urbanístico foi
desenvolvida entre os dias 07 de fev. de 2019 a 10 de abril de 2019, composta por
aulas teóricas, apresentação de seminário com textos base para a construção do
programa (Ver Quadro 1), e assessoramentos. Os assessoramentos foram em
conjunto com os professores Carlos Jacinto Agostinho e Edler Oliveira Santos,
professores das disciplinas de Projeto de Urbanismo II e Instalações e Infraestrutura
Urbana, respectivamente. O produto deste relatório foi feito com base nestas duas
disciplinas.
Quadro 1 – Temas e equipes do seminário
TEMA DO SEMINÁRIO EQUIPE
O desafio do espaço público nas cidades do século XXI
DIAS, Fabiano. O desafio do espaço público nas cidades do século XXI. Arquitextos, São Taisa e
Paulo, a. 6, n. 061.05, jun. 2005. Disponível
em:<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.061/453>. Ruan
Ecogênese
Infraestrutura Verde
BENINI, Sandra Medina. Infraestrutura verde aplicada à drenagem urbana. In: ______.
Infraestrutura verde como prática sustentável para subsidiar a elaboração de planos de Laryssa e
drenagem urbana: estudo de caso da cidade de Tupã/SP. 2015. 220 f. Tese (Doutorado Vinícius
emGeografia) -Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista,
Presidente Prudente. Disponível
em:<http://www2.fct.unesp.br/pos/geo/dis_teses/15/dr/sandra_benini.pdf>
5
Resgate local : O caso dos mapas ambientais produzidos pelos moradores do Varjão
LACERDA, Hiatiane Cunha de; ANDRADE, Liza. Reabilitação urbana sustentável por meio
do resgate da identidade local: o caso dos mapas ambientais produzidos pelos moradores
do Varjão –DF. In: Seminário Internacional NUTAU/USP: "Espaço
Sustentável: inovações em edifícios e cidades”, 7., 2008, São Paulo. Anais... São Paulo: Karine e
Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo , 2008. v. 1.
Disponível em: <http://www.usp.br/nutau/CD/170.pdf> Anderlânia
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1.1 Ações desenvolvidas para produção do documento
Abaixo está elencado todo as atividades realizadas para o desenvolvimento
deste documento (Ver Quadro 2).
Quadro 2 – Calendário de acompanhamento das atividades
Data Hora Atividade Local
Aula–Programa Urbanístico/
13:00 – Laboratório de
07/12 Divisão de Temas dos Seminários
15:20 Informática - UFAL
13:00- Laboratório de
14/02 Apresentação dos seminários
15:20 Informática - UFAL
15:20- Laboratório de
18/02 Apresentação dos seminários
17:00 Informática - UFAL
15:20- Laboratório de
21/02 Assessoramento da problemática
17:00 Informática - UFAL
Horários
22/01 Produção dos mapas Online
diversos
Reunião da equipe para ajustar a
Horários
06/03 problemática e definir objetivos e diretrizes Reunião online
diversos
gerais
08:00- Reunião na casa da
07/03 Definição das diretrizes específicas
12:00 Isadora Gouveia
Assessoramento – objetivos, diretrizes,
15:20- Laboratório de
11/03 linhas de ação e mapas
17:00 Informática - UFAL
Horários Produção do documento da proposta
13/03 Online
diversos urbanística
13:00 – Assessoramento da parte escrita do Laboratório de
14/03
17:00 documento e dos mapas Informática - UFAL
Horários Produção do documento da proposta
15/03 Online
diversos urbanística
Horários Produção do documento da proposta
16/03 Online
diversos urbanística
Horários Produção e revisão do documento da
17/03 Online
diversos proposta urbanística
15:20- Avaliação do programa urbanístico – Laboratório de
18/03
17:00 Entrega e apresentação Informática - UFAL
7
As informações para a construção deste relatório foram obtidas por todos os
membros da equipe, por meio da leitura do material referencial, elaboração de
fichamentos e presença e elaboração de material para os assessoramentos em sala.
8
g) Desenvolver a proposta de intervenção urbanística para os bairros Brasiliana e
Planalto.
9
2. PROBLEMÁTICA
11
questões fossem resolvidas, propondo cidades tidas como ideais. Reunidas no
formato de teorias utópicas do Urbanismo, tais parâmetros assumem com objetivo
principal o de estabelecer a ordem, considera como meio pelo qual se resolveria a
desordem então implantada no contexto de uma cidade.
Embora de grande relevância para a compreensão de como as propostas de
solução dos problemas urbanos foram efetivadas, as mesmas teorias utópicos não
serão objetos de análise da presente discussão. Basta sabermos que esses modelos
abrangeram parâmetros contemplados como utópicos, justamente “[...] por não poder
dar uma forma prática ao questionamento da sociedade” (CHOAY, 2005, p.7),
permanecendo, portanto, apenas na imaginação – embora não possam ser tidos,
meramente, como abstratos, como aponta Choay, na mesma obra referenciada.
Diversas foram as propostas de organização urbana, contudo, assim como as
correntes urbanistas que se convencionou chamar de Progressista e Culturalista.
Seriam panoramas que, embora observassem para a mesma problemática,
propunham soluções antagônicas entre si. Nas palavras de Kohlsdorf, as “[...] duas
correntes filosóficas que dominam a discussão da cidade a partir da Revolução
Industrial opõem, além de olhares, atitudes e procedimentos” (KOHLSDORF, 1996, p.
7), estando associadas à noção contrária de tempo, seja prestigiando o passado (sob
a forma de nostalgia) ou o futuro (sob a concepção de progresso).
A concentração desses modelos recai sobre os centros urbanos,
evidentemente; ainda assim, o foco dessas proposta, como já fora mencionado por
Jan Gehl, em seu livro Cidade para Pessoas, são as necessidades de todos os
indivíduos responsáveis por dar vida a cidade (GEHL, 2013, p. 06). Além do autor
citado, inúmeros outros propõem análises quanto a problemática da expansão urbana
sem planejamento. Podem variar quanto ao foco ou o objetivo de suas observações,
embora o ponto de partida evidencie sempre uma mesma finalidade: as questões
percebidas nas cidades, revelando-se como graves problemas urbanos, devem ser
resolvidas, dado o fato de serem insustentáveis – interferindo não apenas no âmbito
dos centros, mas ultrapassando-o. No que diz respeito a esse ponto exposto,
Gonçalves afirma
12
da realidade e abdicando da ação prática e imediata para se
dedicarem as suas utopias. Essa retirada pode ser entendida em
alguns casos como escapismo, mas na verdade deve ser lida como
uma tentativa de escapar das inevitáveis limitações intrínsecas à
prática arquitetônica daquele momento. Sua inspiração em muitos
casos advinha da ideia de que uma reconstrução radical das cidades
seria a solução não só para a crise urbana, mas também para a crise
social trazida pela era industrial. (GONÇALVES, 2014, p.27)
13
deste último como sendo seguro se torna efetiva. Para tanto, a cidade deve possuir
uma estrutura coesa, possibilitando aos indivíduos “[...] curtas distâncias a pé,
espaços públicos atrativos e uma variedade de funções urbanas” (GEHL, 2013, p. 06),
que transmitam a ideia de segurança. Ambos os autores, Jacobs e Gehl, apontam
ideologias complementares, sempre evidenciando a necessidade em se priorizar o
indivíduo que usufrui da cidade. Locais com separação de uso, esse último
evidenciando-se como diversificado; espaços bem iluminados (nos quais a qualidade
física seja evidente) e adequadamente sombreados (mediante locação de vegetação);
uso de calçadas adequadas aos transeuntes; espaços que são favoráveis às crianças,
passíveis de brincadeiras (permanecendo seguros as mesmas), são alguns dos
pontos facilmente conectados, encontrados nos relatos de ambos os autores, que
objetivam tornar os espaços de uma cidade com utilização constante. No que
concerne a esse ponto da discussão, Gehl aponta
14
Figura 1 – Relação ambiente construído com o uso dos espaços
15
Figura 2 – Influência dos espaços no desenvolvimento de atividades
17
confortável para os usuários, o que aconteceu com a ocorrência de concurso para a
seleção de propostas arquitetônicas, resolvendo questões relacionadas a
acessibilidade, a locação de fiações elétricas (mediante aterramento) e equipando
as calçadas com mobiliário urbano, iluminação e paisagismo adequados.
19
desenvolvimento urbano é um fator que persiste. Quantos as consequências dessa
questão, nas palavras de Barros,
[...] Arapiraca não ter atualizado seu Plano Diretor, e não ter criado e
nem atualizado sua legislação, portanto não consta normatização
específica para parâmetros urbanísticos de edifícios [...] na cidade e
por seu código e obras e edificação ter sido aprovado em 2000. (Idem,
p.29)
20
Além de legislação desatualizada que contribuir para a ineficiente das
edificações, quanto analisados do ponto de vista da qualidade de vida dos indivíduos,
a autora aponta para a existência de uma resistência a implementação de novos
obras, sendo justificada pelas inúmeras limitações de serviço público relacionado a
infraestrutura (a exemplo dos frequentes corte do abastecimento de água). De forma
complementar ao exposto por Leão, esses mesmos problemas de infraestrutura
podem ser enfatizados como os fatores responsáveis por limitar o crescimento da
cidade (DAMASCENO, et.al., 2016, s.p), ou mesmo contribuir para que esse
avanço urbano ocorra de forma inapropriada.
Na cidade, principalmente nas regiões periféricas menos desenvolvidas,
percebe-se o quão claras se revelam questões relacionadas à despejo irregular de
lixo, ausente saneamento básico – com despejo inapropriado de esgoto
(permanecendo a céu aberto) –, além de problemas relacionados a pavimentação de
vias de circulação – pavimentação essa restrita às vias de transição de veículos (com
degradação em determinados segmentos), permanecendo quase que ausentes em
ruas localizadas nas proximidades de residências (dificultando a livre transição dos
usuários, além de favorecer o despejo irregular de esgoto). Agregado a tais fatores,
os moradores não contam com acesso a uma adequada segurança pública.
É perceptível a relação existente entre os problemas de infraestrutura,
observados em Arapiraca, e a sensação de insegurança então citada. No geral, essa
mesma sensação é intensificada pela ausência de aspectos ligados, por exemplo, a
iluminação pública adequada para ruas e calçadas. Visto essa última se revelar como
precária, constata-se uma redução na taxa de circulação de indivíduos nos espaços
públicos, portanto, podendo ser tido como fator determinante para a insegurança da
população. No que diz respeito a essa questão, Jacobs afirma que “[...] quando temem
as ruas, as pessoas as usam menos, o que torna as ruas ainda mais inseguras”
(JACOBS, 2011, p.30).
Para a autora referenciada, a preocupação para com a qualidade de vida dos
usuários (portanto, uma adequada ambiência dos espaços urbanos) devem começar
pelas ruas já que essas são os “órgãos mais vitais” de uma cidade (Idem, p. 29),
tornando-a deveras interessante para seus moradores. Tais peculiaridades
contribuem para a transmissão de segurança para todos os que transitam os espaços
urbanizados, acarretando no uso constantes desses sendo que, além de propiciar
21
benefícios para a dinamicidade no município, tornam a área objeto de estudo um
espaço acessível e adequadamente qualificado em sua infraestrutura.
Além das observações já realizadas, Arapiraca ainda apresentam efêmeras
vínculos quando a questão sustentabilidade é analisada. Além de problemas
relacionados a poluição dos espaços, mesmo na área mais desenvolvida, a ausência
de áreas verdes é evidente. Como menciona Gehl, “O perfil da cidade confortável às
pessoas foi seguido por uma extensa estratégia ‘verde’ que inclui o plantio anual de
[...] novas árvores para proteger o caráter local e para dar sombras as calçadas”
(GEHL, 2013, p. 15) – ver imagem 4.
Sendo assim, para que uma boa qualidade de vida seja alcançada
(influenciando na ambiência urbana da área de estudo), diretrizes que estipulam a
arborização dos espaços públicos devem ser incorporadas no processo de
urbanização, assumindo como prerrogativa o conforto ambiental e estético dos
usuários. Para reforça sua afirmação, evidenciando o papel estético imediato que uma
espécime arbórea e o quão necessária se faz a inclusão desta no âmbito da cidade,
Gehl aponta
22
Árvore, paisagismo e flores tem um papel fundamental entre os
elementos do espaço urbano. As árvores fornecem sombra nos meses
quentes de verão, refrescam e limpam o ar, definem o espaço urbano
e ajudam a destacar pontos importantes. Uma grande arvore numa
praça sinaliza: “aqui é o lugar”. Árvores ao longo de alamedas
ressaltam a sequência linear, e árvores que espicham seus ramos
sobre a rua sugerem a presença de um espaço verde na cidade.
(Idem, p. 180)
23
Figura 5 – Ficus benjamina
24
Figura 6 – Localização hidrográfica da área de intervenção
25
Figura 7 – Lançamento de esgoto in natura
26
atenção pelo nível de deterioração. Sob a ótica urbana, o conjunto de todos os fatores
definem um centro urbanizada com ausente vitalidade. Trazendo-se a discussão para
a perspectiva dos usuários, além de propiciar um desconto para com a cidade,
contribui para que a ocorrência de ambientes insalubres, influenciando a saúde de
todos os indivíduos.
Analisando-se as características do município, nota-se que essas viriam a ser
distintas entre em si. Em consideração ao Plano Diretor Municipal, as regiões que
viriam a compor Arapiraca atestam distintos graus de consolidação socioeconômica e
de níveis de infraestrutura, saneamento ambiental e serviços públicos. No geral, nota-
se que as regiões centrais de uma determinada cidade atesta um melhor
desenvolvimento, quando comparada a área periférica – sendo que, com o município
objeto de estudo da presente discussão, não seria diferente. Tendo em vista tal
diferenciação, essa macrozona urbana fora dividida em 7 zonas distintas entre si, para
as quais foram definidos objetos diferenciados.
Frente aos fatos expostos, chega-se ao foco da discussão, representada pela
problemática: a morte do espaço público diante da precária ambiência urbana. A
discussão parte de um objeto de estudo, representado pela área de intervenção
compreendida pelos bairros Brasiliana e Planalto, ambos situados no município de
Arapiraca – Al. A problemática citada fora definida após um processo de investigação
do área de estudo – cujo fator resultante fora representado pelo diagnóstico
urbanístico físico-territorial dos citados bairros. Fora mediante a tal diagnóstico que
distintos problemas foram observados, relacionados, como já fora comentado ao
crescimento acelerado e desorganizado da malha urbana.
O objetivo da presente análise consiste na proposta de requalificação do
espaço urbanístico dos bairros citados, através de propostas de melhoria do tecido
urbano que visem suprir as necessidades de seus usuários. Partindo-se do uso e da
forma de ocupação atualmente observadas na área analisada, a intervenção proposta
assume como finalidade última a de promover uma densificação e variedade de usos
com qualidade, garantindo assim uma maior vivacidade da área, além de atrair novos
usuários e permanência dos residentes. Ademais, pensa-se em propiciar o conforto
dos usuários do local, influenciando, de forma direta, na qualidade de vida dos
mesmos.
27
Compreendem a chamada zona de Recuperação Urbana – conforme o Plano
Diretor do município – a área de estudo evidencia uma acentuada densidade
populacional, sendo o uso residencial predominante, com núcleos habitacionais de
baixa renda. Assim como distintos centros urbanos, a expansão dos bairros – bem
como do município, no geral – não atestou um efetivo planejamento. Como já
mencionado, centros urbanos que crescem não vinculados a esse último se destacam
por inúmeros problemas de ordem urbana, sendo que com os bairros analisados não
seria diferente, possibilitando perceber carência de infraestrutura dos espaços
públicos.
Em suma, tais carências viriam a ser responsáveis por tornar os espaços
inutilizados por parte dos usuários locais – em outras palavras, a precária ambiência
urbana percebida no local de investigação, como fora comentado, revela-se como
sendo fator determinante para a “morte” do espaço público –, o que acaba por
disseminando entre os mesmo a sensação de insegurança. Se partirmos da afirmação
de Bestetti, no que diz respeito à relação ambiência/bem-estar social, logo percebe-
se que a qualidade de vida dos moradores locais permanece prejudicada. Nas
palavras da autora, ambiência inclui um conjunto de fatores que conectam critérios
relacionados ao conforto térmico, acústico, ou mesmo o visual e químico, com a
preocupação para com as emoção e prazer dos indivíduos que usufruem do espaço
urbano. Tal conexão seria possibilitada pela inserção de elementos
[...] tais como a boa sinalização, seja gráfica, tátil ou sonora, que
possibilite maior autonomia aos usuários de espaços coletivos,
diminuindo riscos de desorientação. Também a adequação dos
equipamentos complementares aos espaços, tais como assentos,
apoios e dispositivos de acesso, que garanta maior produtividade com
menor esforço, sem causar danos à saúde. Além disso, ao definir-se
uma organização adequada para a circulação de pessoas, deve-se
levar em conta a utilização do espaço territorial necessário ao homem
e que influencia seu relacionamento com os outros. (BESTETTI, 2014,
p.603)
29
3. OBJETIVOS
30
4. JUSTIFICATIVA
Além disso, área de estudo é cortada pela AL- 220, que conecta Arapiraca ao
sertão e ao litoral do estado, permite o escoamento da produção e facilita o
deslocamento entre a zona leste e oeste da cidade. Também é margeada pela linha
férrea que corta a cidade e pertence a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN).
Desde o início dos anos 80, o percurso está sem trens de passageiros, a linha está
totalmente abandonada e sendo depreciada pela ação do tempo (figura 9).
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Também, outro grave problema é a falta de sinalização nas vias. Apenas as
vias rua Benjamim Freire de Amorim, rodovia AL-220, Avenida Pio XII, rua Filadelfo
Macedo, rua Maria Genusir Soares e rua Vinte Um de Maio apresentam sinalização,
o que contribui para a ocorrência de acidentes de trânsito.
Quanto ao transporte público, há cinco linhas de ônibus que passam nessa
área: linha Cohab Nova, Lagoa do Rancho, Circular Verde, Nossa Senhora Aparecida
e Bom sucesso. Além disso, na rodovia AL-220 passam linhas de vans de várias
cidades da região norte e oeste de Alagoas como: Craíbas, Folha Miúda, Palmeira
dos Índios e Igaci. Essas vans são regularizadas pela Agência Reguladora de
Serviços Públicos do Estado de Alagoas (ARSAL) e tem como destino o centro de
Arapiraca. Assim, essa área consegue ser contemplada por várias linhas de transporte
público.
Quanto ao sistema de iluminação, os postes aparentam bom estado de
conservação, entretanto muitas lâmpadas necessitam ser substituídas. Durante à
noite muitas ruas ficam bem escuras e desertas (ver figura 10), o que gera uma
sensação de medo e insegurança em quem passa por elas.
Figura 10 - Vista noturna da Rua Professora Levy Alves, bairro Brasiliana.
45c
m
33
Figura 12 – Mapeamento da qualidade dos passeios públicos.
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Além disso, a área de estudo é carente de equipamentos públicos, possui
apenas uma praça, uma escola de ensino fundamental, quatro igrejas evangélicas e
alguns mercados. Os moradores reclamaram principalmente da falta de locais
públicos que incentivem o lazer e recreação. Muitos moradores alegaram que para
fazer uso de locais como praças, parques ou área verde, se deslocam para o centro
da cidade. A Praça Getúlio Vargas Gomes, a única praça da área de estudo, localiza-
se no bairro Planalto, não possui piso e os únicos mobiliários existentes são dois
bancos quebrados e mesas e cadeiras de plástico que os próprios moradores
colocaram (figura 13).
Como pode ser observado no Figura 14, as vias que são mais utilizadas pelos
usuários se encontram em áreas com maior densidade urbana e diversidade de uso
do solo. Por essas áreas também passam linhas de ônibus municipais, que
possivelmente contribui para a sua vitalidade. Essas condições corroboram com o
discurso de Jane Jacobs (2014) acerca da necessidade de estabelecimentos de
diferentes funções e de usuários transitando ininterruptamente para tornar a via mais
atrativa.
Através desse mapa também é possível constatar na área de estudo o nível
de infraestrutura urbana possui pouca influência na intensidade de uso do espaço
público. A exemplo disso, a área que possui chácaras de padrão médio e alto e o
Residencial Morumbi apresenta boa infraestrutura urbana, entretanto o trecho da rua
Benjamim Freire dessa área é pouco utilizado por moradores e outros usuários. Essa
situação pode ser resultado da sensação de insegurança pela falta de olhos na rua,
pois essas residências possuem altos muros fechados.
35
Figura 14 – Mapeamento da intensidade de uso das vias, diversidade de uso do solo e nível de infraestrutura urbana.
36
Além disso, esse mapa apresenta áreas vazias ou sem uso definido que são
utilizadas como espaço de lazer, as chamadas áreas públicas informais.
Principalmente grandes lotes vazios e abertos são usados para esse fim (figura 15).
Parte da faixa não edificante de 15 metros da ferrovia, que se encontra desativada,
também é utilizada como área de lazer. Os moradores fizeram o plantio de árvores e
um mobiliário improvisado com pneus (figura 16). Tal situação demonstra a
necessidade de espaços de lazer nessas localidades.
Figura 15 – Vista de lote vazio que é utilizado como campo de futebol – bairro Brasiliana.
Figura 16 – Vista de lote vazio que é utilizado como campo de futebol – bairro Brasiliana
37
Também há poucas atividades de cultura, a maioria das festividades que
acontecem são feitas pela gestão do Programa Saúde da Família (PSF), por escolas
locais e a pela congregação católica do bairro Planalto. As principais festas são as
juninas, as natalinas e a festa da padroeira Nossa Senhora da Conceição que
acontece no dia 08 de Dezembro, na Paróquia N. Sra. da Conceição localizada no
bairro Planalto. Segundo moradores, esta festa é a mais popular e mais esperada do
ano, envolve a população do bairro e de seu entorno e movimenta a economia local.
Como pode ser observado na Figura 17, que apresenta uma síntese do
levantamento de campo dos aspectos do cotidiano e agrupa os diversos usos de
acordo com a sua intensidade, a área de estudo não possui uniformidade em relação
ao uso do espaço público. As áreas com maior densidade urbana são as que possuem
maior diversidade e intensidade de uso do espaço público.
Também é perceptível que embora os usos variem de acordo com as
características locais, a uma certa regularidade da predominância dos usos. Na
extremidade sul da área de estudo próximo a rua Benjamim Freire foram identificados
carros estacionados, pessoas conversando e comércio ambulante. Na área acima do
Riacho Piauí, que contempla a área de maior densidade do Bairro Brasiliana foram
identificados principalmente: carros estacionados, pessoas conversando, pessoas
andando de bicicleta e crianças brincando.
Na área próxima ao Assaí Atacadista foram identificados principalmente:
carros estacionados e crianças brincando. Já na região noroeste da área de estudo,
foram identificados principalmente: pessoas conversando, carros estacionados,
pessoas alimentando-se e andando de bicicleta.
Em síntese, o espaço público da área de estudo como um todo é utilizado
mais como estacionamento para carros e para o diálogo de pessoas. Além disso, é
importante destacar que foram identificadas poucas pessoas sentadas, isso se deve
possivelmente à carência de conforto ambiental, diante da falta de mobiliário urbano
e de arborização nos passeios.
38
Figura 17 – Mapeamento da intensidade e diversidade do uso espaço público.
39
Quanto às questões relacionadas ao saneamento ambiental, levando em
consideração os aspectos de drenagem pluvial, manejo de resíduos sólidos,
esgotamento e abastecimento de água potável, pode-se verificar que em toda área há
uma vasta deficiência, principalmente no que diz respeito aos serviços de drenagem
pluvial, manejo de resíduos sólidos e esgotamento sanitário.
O abastecimento de água, com base em questionamentos feitos à
comunidade no período de levantamento de campo, é eficaz nos dois bairros em
análise. Houve-se apenas algumas considerações quanto as tubulações antigas ainda
presentes na área que, por não suportarem muitas das vezes a pressão da água,
acabam rompendo trazendo transtornos para os moradores. Devido à isso, algumas
residências optaram por soluções alternativas como cacimbas e poços artesianos (ver
figura 18). Contudo, apesar desses transtornos, obteve-se bons resultados referentes
a esse sistema. Assim, o abastecimento de água não será considerado um problema
que deverá ser resolvido na referente temática de estudo.
Figura 18 - Cacimba na calçada (Bairro Brasiliana)
40
Figura 19 - Alagamento em um trecho do Bairro Planalto
41
Figura 21 - Boca de lobo no bairro Brasiliana obstruída por vegetação
42
necessidade de instaurar um sistema drenagem pluvial adequado em toda a área de
intervenção (trecho do bairro Planalto e bairro Brasiliana).
43
A prática de despejo de resíduos sólidos em local inadequado ocasiona
problemas relacionados a saúde pública e limpeza da área. Assim, vê-se a
necessidade de propor medidas capazes de reduzir ou sanar tais problemas.
44
Assim, percebe-se que há uma demanda urgente de um sistema de
esgotamento sanitário adequado para área, visto que a ausência do mesmo tem
acarretado problemas de saúde pública e ambiental, devido ao fato de boa parte dos
efluentes residenciais e industriais serem direcionados para o riacho Piauí, que possui
sua nascente no bairro Brasiliana.
Outro problema encontrado na área de estudo é a presença de vários vazios
urbanos em contraste com áreas com grande adensamento. Como já mencionado,
estes vazios urbanos são na maioria dos casos utilizados como depósito de entulhos
e acúmulo de lixo das residências mais próximas (Ver figura 27). Em alguns casos
também são utilizados como locais de lazer improvisados, funcionando como espaço
para as crianças brincarem.
Figura 27 – Vazio Urbano servindo como depósito de lixo
45
Figura 28 – Vazio Urbano carente de infraestrutura
Desta forma, ocupar estes vazios urbanos é uma estratégia para promover a
vitalidade do espaço. Assim como possibilita a execução de estratégias de remoção
da população de áreas inadequadas ou muito adensadas, criação de espaços
públicos que são carentes na região e com isto criar um ambiente mais seguro onde
as pessoas possam frequentar.
Outra questão delicada encontrada no bairro é a situação do Riacho Piauí que
corre em uma zona do bairro Brasiliana. O riacho é caracterizado como temporário,
ainda assim, o despejo constante de esgoto domiciliar faz com que o curso d’água se
torne perene.
A cidade de Arapiraca cresceu de forma rápida e, em alguns casos,
desordenada. Desde que houve o adensamento exacerbado do centro e suas regiões
periféricas houve o processo de crescimento da cidade para as adjacências do centro,
e com isso a criação de novos bairros. Estes, quando possível foram instalados
seguindo o entorno das principais nascentes do Riacho Piauí, determinando a
localização dessas nascentes dentro do perímetro urbano, como é o caso da nascente
encontrada entre os bairros Baixa Grande e Brasiliana.
O principal indício desse processo de deterioração pode ser retratado pelo nível
de poluição ao longo do percurso do riacho. Segundo dados do IBGE (Censo
Demográfico – 2010), até 2010, 97.7% da população do município contavam com um
46
serviço de coleta de resíduos. Um número considerável de moradores não possuem
acesso a esse tipo de serviço, sendo os resíduos por eles produzidos lançados de
maneira inadequada em terrenos baldios, ou mesmo em trechos do riacho Piauí. Além
de riscos para a saúde humana, esta quantidade de lixo contribui, de forma
significativa, para a redução da capacidade do riacho, aumentando os riscos de
enchentes.
Na área de estudo o riacho chama atenção por seu descaso, o alto índice de
poluição faz com que a nascente seja muitas vezes confundida com o próprio esgoto
a céu aberto. Há em sua periferia uma grande quantidade de residências que não
possuem sistema de esgotamento sanitário e acabam despejando seu esgoto
diretamente no córrego, assim como águas servidas de chuveiro, pias e tanques,
assim como a água vinda da drenagem urbana (figura 29). Esta situação se torna cada
dia mais insustentável pois além de gerar mais poluição dia após dia a população
também corre riscos à saúde, uma vez que estão em contato direto com os dejetos
que podem ocasionar graves doenças.
Figura 29 – Lançamento de esgoto no Riacho Piauí.
48
Figura 30 – Vista área da área de estudo e do Bosque das Arapiracas.
LEGENDA
Área de estudo
49
5. DIRETRIZES E LINHAS DE AÇÃO
a) Canalizar os esgotos;
b) Ampliar o sistema de drenagem pluvial com criação de lago seco e canais de
infiltração;
c) Pavimentar as vias;
d) Implantar lixeiras containers em pontos estratégicos.
a) Criar uma ciclovia na AL – 220 que possuirá trecho que passará no interior da
área e seguirá até o Bosque das Arapiracas;
b) Aumentar a sinalização das vias, principalmente com a implantação de faixas
de pedestres e semáforos;
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c) Melhorar o sistema de transporte coletivo existente através de novos pontos de
espera com informações das rotas e horários.
51
Figura 31 – Zoneamento proposto da área de estudo.
52
Quadro 4 – Caracterização das zonas do zoneamento proposto.
NOME
DESCRIÇÃO PRINCIPAIS PROBLEMAS POTENCIALIDADES
DA ZONA
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Carência de iluminação pública Possui lotes vazios que
podem ser utilizados
Caracteriza-se pela
para a construção de
ZONA 5 presença de grandes lotes Falta de pavimentação em uma das conjuntos habitacionais,
vazios vias que circundam essa área equipamentos públicos
e espaços de lazer
54
5.3 Diretrizes e linhas de ação específicas
b) Zona 2 ( área onde está localizada a nascente do riacho Piauí e seu trajeto até
o limite da linha férrea)
I. Remover habitações que se encontram dentro da Área de Preservação
Permanente do Riacho Piauí;
II. Criar programa de reposição de espécies nativas para reabilitar o leito
do Riacho Piauí;
III. Criar parque ecológico na Área de Preservação Permanente do Riacho
Piauí;
IV. Criar rota acessível conectada com o Bosque das Arapiracas.
d) Zona 4 (caracterizada por ser uma área residencial de alto padrão, localizada
no bairro Brasiliana - a Oeste da área de intervenção)
I. Melhorar a acessibilidade e arborização dos passeios.
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e) Zona 5 (localizada na parte central da área de intervenção, composta por um
grande vazio urbano)
I. Propor loteamento dos grandes vazios urbanos com foco na
versatilidade dos usos;
II. Melhorar iluminação pública;
III. Criar novas vias com pavimentação e sistema de saneamento
ambiental:
IV. Criar lago seco para conter as águas pluviais;
V. Implantar de equipamentos públicos.
f) Zona 6 (margeia a AL- 220, estando uma parte no bairro Planalto e a outra
no, Brasiliana)
I. Melhorar a arborização nos espaços públicos;
II. Estimular a abertura de novos estabelecimentos comerciais;
III. Instalar pontos de ônibus;
IV. Melhorar a iluminação pública;
56
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
57
problemas apontados para Arapiraca (em um contexto geral) podem e são observados
para a área referenciada na análise. Notou-se que os espaços dessa última estão em
processo de desvalorização, por parte da população, sendo que as questões de
infraestrutura são decisivas para tal situação – influenciando diretamente na sensação
de segurança dos usuários.
Intervir, mais que possível – pois técnicas existem, e são aplicáveis –, revela-
se como sendo necessário. Como visto, distintas diretrizes foram definidas com o
intuito de revitalizar os espaços dos bairros de estudo. A finalidade é torna a área
“viva”, mediante diversificação do uso, inclusão de áreas verdes – vinculadas à
infraestrutura verde, para contenção das águas pluviais (como a adoção do lago
seco), evidenciando a tentativa em se promover, nos bairros mencionados, uma
abordagem mais sustentável –, além de aprimoramentos em infraestrutura (no que diz
respeito a iluminação e condições físicas do espaços de circulação – tanto de veículos
como de pessoas), fora algumas das diretrizes adotadas. A atuação de todas essas
medidas contribui para tornar os bairros acessíveis e confortáveis, melhorando a
qualidade de vida dos usuários.
O município está em processo de ascensão (econômica, demográfica, ou
mesmo urbana), ainda assim, definir meios de intervir na cidade – na situação em que
o processo de expansão se encontra, cuja característica de maior relevância a ser
citada seja a tendenciosa verticalização dos equipamentos urbanos, perceptíveis no
município –, respeitando as circunstancias locais, devem ser estabelecida, antes que
esse crescimento urbano (desvinculado da ação do planejamento) venha a acarretar
em problemas urbanos mais graves – cujas soluções revelem-se como sendo mais
complexa para se efetuar. Conhecimento de exemplos práticos de tal situação são
palpáveis, pois distintas metrópoles brasileiras convivem com tais dificuldades
urbanas. É necessário, portanto, mudar a forma pensar de todos os que usufruem dos
centros urbanos, estando direta ou indiretamente relacionados ao planejamento do
município.
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REFERÊNCIAS
GEHL, Jan. Cidades Para Pessoas/ Jan Gehl; tradução Anita Di Marco. 2. Ed. São
Paulo: Perspectiva, 2013.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades / Jane Jacobs ; tradução Carlos
S. Mendes Rosa ; revisão da tradução Maria Estela Heider Cavalheiro ; revisão
técnica Cheila Aparecida Gomes Bailão. – 3 ed. – São Paulo: Editora WMF Martins
Fontes, 2011. – (Coleção cidades).
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KOHLSDORF, Maria Elaine. Ensaio sobre o Pensamento Urbanístico. Disponivel
em: < https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/34520821/73778400-
EnsaioPensamentoUrbanista.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&
Expires=1503626401&Signature=t8iwAfNLTjC%2FRtHSA0OESBk97Kc%3D&respon
se-content-disposition=inline%3B%20filename%3D73778400-Ensaio-Pensamento-
Urbanista.pdf> . Acesso: 15 Mar. 2019.
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