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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSO Nº 0118632-79.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: BANCO PAN S.A.
RECORRIDO: LEONARDO SANTOS ALMEIDA
JUIZ PROLATOR: MÁRCIO REINALDO MIRANDA BRAGA
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. FINANCIAMENTO DE VEÍCULO.


COBRANÇA DE TARIFA ADMINISTRATIVA DENOMINADA
CORRESPONDENTES NÃO BANCÁRIOS. ILICITUDE. CUSTOS
NECESSÁRIOS APENAS AO DESENVOLVIMENTO DA
ATIVIDADE ECONÔMICA DO FORNECEDOR, A PAR DA
ABUSIVIDADE DOS VALOR IMPOSTO, EXCESSIVAMENTE
ONEROSO AO CONSUMIDOR ENVOLVIDO. PROVIMENTO
PARCIAL DO RECURSO PARA, MANTENDO-SE A ORDEM DE
RESTITUIÇÃO DOS VALORES INDEVIDAMENTE COBRADOS,
DETERMINAR QUE A MESMA OCORRA NA FORMA SIMPLES,
EXCETUANDO-SE A COBRANÇA A TÍTULO DE TARIFA DE
CADASTRO.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que o Recorrente, BANCO PAN S.A., pretende a reforma da sentença lançada nos
autos que declarou abusiva a cobrança prevista em contrato de financiamento, denominada
“serviços de correspondentes não bancários”, ordenando sua restituição, em dobro, em favor
do Recorrido, LEONARDO SANTOS ALMEIDA.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais membros
desta Egrégia Turma.

VOTO

A sentença recorrida, tendo analisado corretamente os aspectos


fundamentais da lide, merece confirmação quase integral por seus próprios e jurídicos
fundamentos, carecendo apenas de pequeno reparo nos termos aqui expostos:

Como norma de ordem pública constitucional (arts. 5º, XXXII, e 170, V, da


CF), o Código de Defesa do Consumidor foi promulgado com o objetivo precípuo de
garantir o equilíbrio de direitos e deveres entre o consumidor e o fornecedor nas relações de
consumo, pautado nos princípios da boa-fé e lealdade, consagrando como direito básico do
consumidor “a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem” (art. 6º, III).

1
Nessa esteira, o CDC determina que as cláusulas e condições contratuais
devem ser redigidas de forma a facilitar a compreensão pelo consumidor dos sentidos e
alcances, desobrigando o cumprimento daquelas não levadas ao seu conhecimento de forma
clara e induvidosa, por força do art. 46 do CDC.

Assim, ao fornecedor cabe provar não somente a qualidade dos serviços


prestados e dos produtos inseridos no mercado de consumo, mas também que todas as
informações a respeito do negócio foram devidamente prestadas ao consumidor, sobretudo
quando envolve financiamento, (art. 52, III, CDC), sob pena de invalidação do contrato ou
dos aspectos não esclarecidos, ônus que o Recorrente não se desincumbiu, já que não consta
no contrato qualquer esclarecimento do serviços prestados relacionados à tarifa cobrada.

Também o CDC, protege o consumidor “contra a publicidade enganosa e


abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços” (art. 6º, IV).

Ainda de acordo com o CDC, “é vedado ao fornecedor de produtos ou


serviços, dentre outras práticas abusivas”: - “exigir do consumidor vantagem manifestamente
excessiva”, bem como “executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e
autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre
as partes” (Art. 39, incisos V e VI), sendo “nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: - “estabeleçam obrigações
consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou
sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.” (art. Art. 51, IV), presumindo “exagerada,
entre outros casos, a vantagem que” (§ 1º.): “se mostra excessivamente onerosa para o
consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e
outras circunstâncias peculiares ao caso.” (III )

Assim, à luz do CDC há se reputar abusiva a cobrança de tarifas


administrativas que transferem ao consumidor custos necessários apenas ao desenvolvimento
da atividade econômica do fornecedor, não implicando na prestação de qualquer serviço em
benefício do consumidor, sendo, portanto, despesas de sua exclusiva obrigação, título que se
enquadra a rubrica cobrada pelo Recorrente, aqui discutida, sobretudo porque imposta sem
qualquer esclarecimento sobre a natureza.

Com isso, por ser abusiva a cobrança da tarifa informada e se mostrar


excessivamente onerosa ao consumidor envolvido, a cobrança destacada, nula de pleno
direito (artigo 51, IV, e § 1°, III, CDC), foi, acertadamente, afastada pelo julgamento
realizado no primeiro grau.

Todavia, no tocante à devolução do valor cobrado a título de Tarifa de


Cadastro-TC razão não assiste ao Recorrido.

A regulamentação vigente, Resolução nº 3.919, de 25 de novembro de


2010, altera e consolida as normas sobre cobrança de tarifas pela prestação de serviços por
parte das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN,
ficando revogadas, a partir de 1º de março de 2011, as Resoluções nº 3.518, de 06 de
dezembro de 2007 e nº 3.693, de 26 de março de 2009.

Estabelece a Resolução nº 3.919/2010 que somente poderão ser cobrados


os serviços constantes da lista de serviços da tabela I anexa à referida Resolução, dentre os
quais se destaca a tarifa de cadastro, que, ressalte-se, não se confunde com a TAC.
2
Quanto às demais cobranças indevidas, emerge a necessidade de
condenação à devolução da importância paga pelo Recorrido para não gerar enriquecimento
sem causa do fornecedor, a qual, no entanto, a meu ver, deve ocorrer de forma simples e não
em dobro, porque, na esteira de julgados absorvidos por esta Turma Recursal 1, não incide a
regra inserta no parágrafo único, do art. 42, do CDC, a qual pressupõe exigibilidade de
pagamento sem causa, ausente na hipótese ante a previsão contratual.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR


PROVIMENTO PARCIAL ao recurso interposto pelo Recorrente, BANCO PAN S.A.,
para, confirmando a ordem de restituição dos valores pagos a título de “serviços de
correspondentes não bancários”, reformá-la no tocante à sua forma de devolução, que
deverá ocorrer na forma simples, daí excetuada a cobrança a título de Tarifa de Cadastro-TC
face à sua legalidade.

Como o Recorrente logrou êxito em parte do recurso, não há condenação


de sucumbência, nos termos do Enunciando nº 11 das Turmas Recursais dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais da Bahia, publicado no DPJ em 20 de agosto de 2008.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 14 de julho de 2015.

Rosalvo Augusto Vieira da Silva


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO Nº 0118632-79.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: BANCO PAN S.A.
RECORRIDO: LEONARDO SANTOS ALMEIDA
JUIZ PROLATOR: MÁRCIO REINALDO MIRANDA BRAGA
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. FINANCIAMENTO DE VEÍCULO.


COBRANÇA DE TARIFA ADMINISTRATIVA DENOMINADA
CORRESPONDENTES NÃO BANCÁRIOS. ILICITUDE. CUSTOS
1
(...) A penalidade prevista no parágrafo único do art. 42 do CDC - Pagamento em dobro - Tem como pressuposto a falha no
serviço de cobrança de prestações nos contratos de consumo, e não a cobrança de valores que encontram suporte em cláusula
contratual, ainda que esta tenha sido considerada abusiva, porque até então estava em plena vigência. (TJDFT - Proc.
20060510096614 - (383658) - Rel. Des. J. J. Costa Carvalho - DJe 22.10.2009 - p. 69)
- CONTRATO BANCÁRIO - REVISÃO - INDÉBITO - RESTITUIÇÃO SIMPLES - Se as cobranças efetuadas pelo
credor resultaram de cláusulas contratuais até então vigentes, não tem lugar a aplicação do preceito do parágrafo único do art.
42 do CDC, ou seja, devolução em dobro dos valores cobrados a maior. (TJMG - AC 1.0024.04.370467-5/001 - 18ª C.Cív. - Rel.
Guilherme Luciano Baeta Nunes - DJe 04.08.2009)
“(...) Afronta os artigos 39, V e 51, IV, do código de defesa do consumidor a cobrança da tarifa de abertura de
crédito e tarifa de avaliação de bens, uma vez que tais tarifas têm por escopo repassar o custo da atividade financeira para o
consumidor. Precedentes. 6- A devolução em dobro dos valores pagos indevidamente, com fulcro no artigo 42 do código de
defesa do consumidor , pressupõe, necessariamente, a má-fé da instituição financeira. Não se vislumbra má-fé do fornecedor de
serviços quando cobra valores com base nos termos do contrato. Apelações cíveis parcialmente providas. Maioria. (TJDFT - Proc.
20110111067152 - (581806) - Rel. p/o Ac. Des. Angelo Passareli - DJe 30.04.2012 - p. 153)

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NECESSÁRIOS APENAS AO DESENVOLVIMENTO DA
ATIVIDADE ECONÔMICA DO FORNECEDOR, A PAR DA
ABUSIVIDADE DOS VALOR IMPOSTO, EXCESSIVAMENTE
ONEROSO AO CONSUMIDOR ENVOLVIDO. PROVIMENTO
PARCIAL DO RECURSO PARA, MANTENDO-SE A ORDEM DE
RESTITUIÇÃO DOS VALORES INDEVIDAMENTE COBRADOS,
DETERMINAR QUE A MESMA OCORRA NA FORMA SIMPLES,
EXCETUANDO-SE A COBRANÇA A TÍTULO DE TARIFA DE
CADASTRO.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, EDSON PEREIRA FILHO, ROSALVO
AUGUSTO VIEIRA DA SILVA e ELIENE SIMONE SILVA OLIVEIRA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso
interposto pelo Recorrente, BANCO PAN S.A., para, confirmando a ordem de
restituição dos valores pagos a título de “serviços de correspondentes não bancários”,
reformá-la no tocante à sua forma de devolução, que deverá ocorrer na forma simples, daí
excetuada a cobrança a título de Tarifa de Cadastro-TC face à sua legalidade. Como o
Recorrente logrou êxito em parte do recurso, não há condenação de sucumbência, nos
termos do Enunciando nº 11 das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais da Bahia, publicado no DPJ em 20 de agosto de 2008.

Salvador, Sala das Sessões, 14 de julho de 2015.

JUIZ EDSON PEREIRA FILHO


Presidente

JUIZ ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator

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