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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSO Nº 0003801-83.2014.8.05.0141
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: BANCO ITAUCARD S/A
RECORRIDO(A): MARTA DUARTE OLIVEIRA LAGO
JUIZ PROLATOR: GLAUCO DAINESE DE CAMPOS
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACORDO


PARA PAGAMENTO DE DÍVIDA. PRESTAÇÃO LIQUIDADA.
INSCRIÇÃO INDEVIDA DA CONSUMIDORA EM ÓRGÃO
RESTRITIVO DE CRÉDITO. ATIVIDADE ILÍCITA. DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. ARBITRAMENTO EM VALOR
MODERADO. MANUTENÇÃO INTEGRAL DO JULGADO. NÃO
PROVIMENTO DO RECURSO.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que o Recorrente, BANCO ITAUCARD S/A, pretende a reforma da sentença
lançada nos autos que, considerando indevida a inscrição do nome da Recorrida, MARTA
DUARTE OLIVEIRA LAGO, em órgão restritivo de crédito, condenou-a ao pagamento de
indenização por danos morais, no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), determinando, ainda,
a exclusão do nome da consumidora dos registros dos órgãos restritivos de crédito.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais membros
desta Egrégia Turma.

VOTO

A sentença recorrida, tendo analisado corretamente todos os aspectos do


litígio, merece confirmação integral, não carecendo, assim, de qualquer reparo ou
complemento dentro dos limites traçados pelas razões recursais, culminando o julgamento do
recurso com a aplicação da regra inserta na parte final do art. 46 da Lei nº 9.099/95, que
exclui a necessidade de emissão de novo conteúdo decisório para a solução da lide, ante a
integração dos próprios e jurídicos fundamentos da sentença guerreada.

A título de ilustração apenas, fomentada pelo amor ao debate e para realçar


o feliz desfecho encontrado para a contenda no primeiro grau, alongo-me na fundamentação
do julgamento, nos seguintes termos:

Por atingir diretamente a dignidade, honra e imagem da pessoa, a inscrição


em órgão restritivo de crédito só encontra legitimação com a certeza absoluta da existência de
dívida líquida, certa e exigível, reclamando ainda a notificação prévia do suposto devedor,
nos termos do art. 43, § 2º, do CDC, sob pena de invalidação e imputação ao responsável pela
negativação irregular de todos os prejuízos daí advindos.

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No caso, restou provado que a prestação informada, alusiva ao acordo
realizado para o pagamento de dívida, tinha sido paga pela Recorrida.

Assim, não existindo o débito consolidado, a inscrição do nome da


Recorrida em órgão restritivo de crédito se deu de forma absolutamente indevida.

De qualquer forma, ainda que fosse legítima a inscrição, após o pagamento


da prestação era rigor a exclusão das restrições creditórias realizadas, providência não
adotada pelo Recorrente.

Não somente a negativação indevida, como também a permanência


imerecida do nome do consumidor em cadastros de inadimplentes, caracterizam eventos
ilícitos que ocasionam prejuízos de natureza moral, passíveis, portanto, de compensações
pecuniárias.

Encontrando previsão no sistema geral de proteção ao consumidor inserto


no art. 6º, inciso VI, do CDC, com recepção no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal, e
repercussão no art. 186, do Código Civil, o dano eminentemente moral, sem consequência
patrimonial, não há como ser provado, nem se investiga a respeito do animus do ofensor.
Consistindo em lesão de bem personalíssimo, de caráter subjetivo, satisfaz-se a ordem
jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele existe simplesmente pela conduta
ofensiva, sendo dela presumido, tornando prescindível a demonstração do prejuízo concreto.

Com isso, uma vez constatada a conduta lesiva e definida objetivamente


pelo julgador, pela experiência comum, a repercussão negativa na esfera do lesado, surge a
obrigação de reparar o dano moral.

Na situação em análise, a Recorrida não precisava fazer prova da


ocorrência efetiva dos danos morais decorrentes da inscrição e/ou da permanência de seu
nome em cadastro de inadimplentes de forma absolutamente imerecida. Os danos dessa
natureza se presumem pelos próprios fatos apurados, os quais, inegavelmente, vulneram sua
intangibilidade pessoal, sujeitando-a ao aborrecimento, transtorno e incômodo, oriundos da
atividade ilícita do Recorrente.

Quanto ao valor da indenização, entendo que, não se distanciando muito


das lições jurisprudenciais, deve ser prestigiado o arbitramento do juiz que atuou no primeiro
grau que, próximo dos fatos, pautado pelo bom senso e atentando para o binômio
razoabilidade e proporcionalidade, respeita o caráter compensatório e inibitório-punitivo da
indenização, que dever trazer reparação indireta ao ofendido e incutir temor no ofensor para
que não dê mais causa a eventos semelhantes.

In casu, entendo que o MM. Juiz a quo respeitou as balizas assinaladas,


tendo fixado indenização em valor moderado, não caracterizando, assim, enriquecimento sem
causa da Recorrida, nem ocasionando abalo financeiro ao Recorrente face ao seu potencial
econômico.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e


NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto, confirmando, consequentemente, todos os
termos da sentença hostilizada, com a condenação do Recorrente, BANCO ITAUCARD
S/A, ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que arbitro em 20%

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(vinte por cento) da condenação pecuniária imposta, atentando, especialmente, para a
natureza e a importância econômica da ação, bem como o trabalho do profissional que
defendeu os interesses da parte recorrida, especialmente em sede de contra razões.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 30 de junho de 2015.

Rosalvo Augusto Vieira da Silva


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO Nº 0003801-83.2014.8.05.0141
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: BANCO ITAUCARD S/A
RECORRIDO(A): MARTA DUARTE OLIVEIRA LAGO
JUIZ PROLATOR: GLAUCO DAINESE DE CAMPOS
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACORDO PARA


PAGAMENTO DE DÍVIDA. PRESTAÇÃO LIQUIDADA. INSCRIÇÃO INDEVIDA
DA CONSUMIDORA EM ÓRGÃO RESTRITIVO DE CRÉDITO. ATIVIDADE
ILÍCITA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. ARBITRAMENTO EM VALOR
MODERADO. MANUTENÇÃO INTEGRAL DO JULGADO. NÃO PROVIMENTO
DO RECURSO.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS,
EDSON PEREIRA FILHO e ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto,
confirmando, consequentemente, todos os termos da sentença hostilizada, com a
condenação do Recorrente, BANCO ITAUCARD S/A, ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios, que arbitro em 20% (vinte por cento) da
condenação pecuniária imposta, atentando, especialmente, para a natureza e a
importância econômica da ação, bem como o trabalho do profissional que defendeu os
interesses da parte recorrida, especialmente em sede de contra razões.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 30 de junho de 2015.

JUIZ WALTER AMÉRICO CALDAS


Presidente

JUIZ ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator
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