Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Helmut Renders
Para a equipe editorial
Em dezembro 2013
Helmut Renders
In the name of the editors team
In December 2013
2
Revista Caminhando v. 18, n. 2, p. 2, jul./dez. 2013
Rainer Kessler: Ética profética para um mundo sustentável
DOSSIÊ
DOSSIER
DOSIER
Resumo
Este ensaio procura mostrar que na Bíblia o conceito sustentabilidade engloba
não somente o cuidado com a natureza, mas também o cuidado com as pessoas
mais vulneráveis da sociedade: “Que não haja pobres em teu meio” (Dt 15.4).
Mostra que houve uma evolução na compreensão dos textos bíblicos a partir
da hermenêutica da sustentabilidade e vice-versa. O mundo sustentável é um
processo contínuo, um fazer caminho. Os erros do passado, como o dilúvio
causado pela violência (hamas) do ser humano, ensinam que se a justiça (ze-
daqah) não correr como um rio caudaloso (Am 5.24), outra vez a humanidade
se autodestruirá. Uma pista poderá ser a teologia do serviço construída pelo
povo de Deus no exílio, de onde resgatamos o verbo “sustentar” (tamach): “Eis
o meu servo a quem sustenho” (Is 42.1).
Palavras-chave: Sustentabilidade; hermenêutica; violência; justiça; serviço.
Abstract
This essay seeks to show that in the Bible the concept sustainability encompasses
not only the care of nature, but also the care of the most vulnerable people in
society: “Let there be no poor among you” (Dt 15:4). Shows that there has been
an evolution in the understanding of the biblical texts from the hermeneutics of
sustainability and vice versa. The sustainable world is a continuous process,
one way to do. The errors of the past, as the flood caused by violence (hamas)
human, teach that if justice (zedaqah) does not run like a raging river (Amos
5:24), again humanity will self-destruct. A clue may be the theology of the service
built by the people of God in exile, where rescued the verb “support” (tamach):
“Behold my servant, whom I uphold” (Isaiah 42:1).
Keywords: Sustainability; hermeneutics; violence; justice; service.
Resumen
Este ensayo pretende demostrar que en la Biblia el concepto de sostenibilidad
abarca no sólo el cuidado de la naturaleza, sino también el cuidado de las
personas más vulnerables de la sociedad: “Que no haya pobres entre vosotros”
(Deuteronomio 15:04). Indica que se ha producido una evolución en la compren-
sión de los textos bíblicos de la hermenéutica de la sostenibilidad y viceversa. El
mundo sostenible es un proceso continuo, una forma de hacerlo. Los errores del
pasado, como la inundación causada por la violencia (hamas) humano, enseñan
que si la justicia (zedaqah) no se ejecuta como un río embravecido (Amos 5:24),
una vez más la humanidad se autodestruirá. Una pista puede ser la teología del
servicio construida por el pueblo de Dios en el exilio, donde rescató el verbo
“support” (tamach): “He aquí a mi siervo, a quien sostengo” (Isaías 42,1).
Palabras clave: La sostenibilidad; la hermenêutica; la violencia, la justicia; el
servicio.
Manuel Bandeira
Memória
Escrevo esse artigo inspirado pela Bíblia, não como exegeta, mas
como militante. Escrevo livremente como pessoa de fé, idealista, sonha-
dor, pastoralista. Por isso, quero começar fazendo memória de pessoas
que nos precederam nessa tarefa e que bem antes de nós perceberam
a seriedade desse tema, indicaram o caminho e pagaram o preço. Paga-
ram com aquilo que tinham de mais valioso, a vida. Pagaram o preço de
sangue, seu sangue. Falo de pessoas como Dorothy Stang, que já vai
para o seu nono aniversário de vida martirial: 12 de fevereiro de 2005,
em Anapu, PA, dia do seu batismo de sangue. Deveria falar também de
Chico Mendes ou o casal Maria Aparecida do Espírito Santo (reúne em
seu nome todas as formas da fé do povo brasileiro) e de tantos e tantas
mártires da América Latina e Caribe. Destaco Dorothy Stang nesta longa
fila de mártires, demasiada longa, não por ela ser estadunidense ou por
ser irmã religiosa, mas por ser anciã. É impressionante, o exemplo de
luta desta mulher de 72 anos cheia de coragem juvenil. Como é impres-
sionante até onde pode chegar a covardia de homens assassinos como
aqueles que lhe tiraram a vida. Uma flor sem defesa, não tinha a mínima
possibilidade de se defender. Estava totalmente à mercê dos que a gol-
pearam. Dorothy, como outros mártires, alimentava o sonho de um mundo
sustentável. E, com o seu pequeno projeto junto aos sem-terra, mostrava
que isso era possível. Que, portanto, não se tratava só de um sonho.
O martírio mostra que estavam certos, que esse é o caminho a seguir.
Por isso é elementar que mantenhamos vivas suas memórias e aquilo
pelo que lutaram e deram o que tinham de mais precioso, a vida. Que o
sangue desta mulher, anciã com utopia e coragem juvenil, não seque, se
mantenha aquecido em nossa memória e em nossa luta.
Referências
BAKKEN, P. W.; ENGEL, J. R. Ecology, justice, and Christian faith: a critical guide
to the literature. Santa Barbara, CA: Greenwood Press, 1995.
BEOSO, J. O. (Org.). Ecologia: cuidar da vida e da integridade da criação. Curso
de verão ano XX. São Paulo: Paulus, 2006.
BOFF, L. O casamento entre o céu e a terra: Contos dos povos indígenas do
Brasil. São Paulo: Salamandra, 2001.
______. Sustentabilidade – o que é – o que não é. Petrópolis: Vozes, 2011.
EL POPOL VUH. Las antiguas historias Del Quiché. Manágua: Ediciones Distri-
buidora Cultural, 1983.
KESSLER, R. História social do Antigo Israel. São Paulo: Paulinas, 2009.
MESTERS, C. Paraíso terrestre: Saudade ou esperança? Petrópolis: Vozes, 2001.
MUNDURUKU, D. Contos indígenas brasileiros. São Paulo: Global, 2002.
REIMER, H. Toda a criação. Ensaios de Bíblia e Ecologia. São Leopoldo: Oikos,
2006.
REIS, O. Nachhaltigkeit-Ethik-Theologie: Eine theologische Beobachtung der
Nachhaltigkeitsdebatte. Münster, Hamburg, Berlin, Wien, London: Litt Verlag, 2004.
SANTOS, B. de S. A gramática do tempo – para uma nova cultura política. São
Paulo: Cortez, 2008.
SISTO, C. Mãe África: Mitos, lendas, fábulas e contos. São Paulo: Paulus, 2007.
VV.AA. A criação e o dilúvio segundo os textos do Oriente Médio Antigo. São
Paulo: Paulus, 1990.
Resumo
Depois de uma breve definição dos termos sustentabilidade e ética profética
desenvolve-se o tema em relação ao profetismo literário e à formação da Torá
como reação à crise social, para finalizar com o aspecto ecológico específico
da sustentabilidade na profecia veterotestamentária. Foca-se no entrelaçamento
dos temas justiça social e a fertilidade da natureza.
Palavras-chave: Antigo Testamento; ética profética; Torá; sustentabilidade;
fertilidade da natureza.
Abstract
After a brief definition of the terms sustainability and prophetic ethics up, is
developed the theme in relation to the prophetic literature and the formation of
Torah as a response to social crisis, to finalize with the specific ecological aspect
of sustainability in Old Testament prophecy. Focus is on the intertwining themes
of social justice and fertility of nature.
Keywords: Old Testament; prophetic ethics; Torah; sustainability; fertility of nature.
Resumen
Después de una breve definición de los términos de la sostenibilidad y de la ética
profética desarrolla el tema en relación a la literatura profética y la formación de
la Torá como una respuesta a la crisis social, para finalizar el aspecto ecológico
específico de la sostenibilidad en la profecía del Antiguo Testamento. Se centra
en los temas entrelazados de la justicia social y de la fertilidad de la naturaleza.
Palabras clave: Antigo Testamento, la ética profética; la Torá, la sustentabilidad;
la fertilidad de la naturaleza.
2
Para a história social do antigo Israel cf. Kessler , “O nascimento de Israel como sociedade
baseada no parentesco” (2009, p. 52-81), “Do estado primitivo ao estado desenvolvido em
Israel e Judá” (2009, p. 81-136) e “A formação de uma antiga sociedade de classes”
(2009, p. 136-153).
4
Textus corruptus. Tradução mais provável: e as espigas florescerão como a erva da terra
(cf. NEB: y broten las espigas como hierba del campo).
Referências
CRÜSEMANN, F. A Torá. Teologia e história social da lei do Antigo Testamento.
2. ed. Tradução de H. Reimer. Petrópolis: Vozes, 2002.
______. Gottes Fürsorge und menschliche Arbeit. Ökonomie und soziale Ge-
rechtigkeit in biblischer Sicht. In: CRÜSEMANN, F. (Ed.). Maßstab: Tora. Israels
Weisung und christliche Ethik. Gütersloh: Chr. Kaiser / Gütersloher Verlagshaus,
2003, p. 190-207.
FRITZ, V. Die Entstehung Israels im 12. und 11. Jahrhundert v. Chr. Stuttgart et
al.: Verlag W. Kohlhammer, 1996. (Biblische Enzyklopädie, 2).
KESSLER, R. História social do antigo Israel. Tradução de H. Reimer. São Paulo:
Paulinas, 2009 (Coleção cultura bíblica).
Resumo
Esse artigo reflete sobre o pensamento do redator dos três primeiros capítulos
do livro bíblico denominado Gênesis, na busca de conceitos éticos em relação
a uma volta, um retorno, uma releitura, do capítulo três desse mesmo livro aos
capítulos dois e um. Trata-se de uma volta ao paraíso, do lugar chamado Éden.
É a tentativa da contribuição significativa do olhar da religião e da ética na busca
de respostas, diante de um universo fragmentado no plano social e individual.
Tem por objetivo um trabalho interdisciplinar, com a proposta de oferecer aos/
às acadêmicos/as instrumentos de leitura e de interpretação das experiências
existenciais.
Palavras-chave: Deus; ética; vida; morte; retorno; natureza; ser humano.
Abstract
This article seeks to reflect on the thought of the writer of the first three chapters
of the biblical book called Genesis, in the pursuit of ethical concepts in relation
to a return, a return, a retelling of the third chapter of the same book to two one
chapters. It is a return to paradise, the place called Eden. It is the attempt of the
significant contribution of the gaze of religion and ethics in search of answers,
in a universe fragmented along social and individual. Objective interdisciplinary
work and intends to offer academic reading instruments and interpretation of
existential experiences.
Keywords: God; ethics; life; death; return; nature; man.
Resumen
Este artículo busca reflexionar sobre el pensamiento del autor de los tres primeros
capítulos del libro bíblico llamado Génesis, en la búsqueda de conceptos éticos
en relación con el retorno, un retorno, un recuento del tercer capítulo del mismo
libro a dos un capítulos. Es una vuelta al paraíso, el lugar llamado Edén. Es
el intento de la importante contribución de la mirada de la religión y la ética en
la búsqueda de respuestas, en un universo fragmentado a lo largo de social e
individual. Trabajo interdisciplinario objetivo y la intención de ofrecer instrumen-
tos de lectura académica y la interpretación de las experiencias existenciales.
Palabras clave: Dios; ética; vida; muerte, retorno; naturaleza; hombre.
Introdução
A ideia desse artigo é fundamentada no livro de Frei Carlos Mesters
Paraiso Terrestre: saudade ou esperança?1 Escrito na década de 1970 a
1
MESTERS, Carlos. Paraíso terrestre: saudade ou esperança? Petrópolis: Vozes, 1983.
2
JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecno-
lógica. Rio de Janeiro: Contraponto: PUC-Rio, 2006, p. 31.
3
No texto bíblico que se usar A Bíblia Anotada abreviaremos com as letras BA e no texto
que se usar a Nova Tradução na Linguagem de Hoje usaremos as letras NTLH.
Um novo sentido
É no capítulo 2, versículos 18, 23 e 24 (NTLH, 2000, p. 15), que o
texto nos mostra que o relacionamento marido-mulher, em que a mulher
não era dominada pelo marido, mas sim sua companheira, igual ao ho-
mem, ela era a ajudadora do homem, era alguém que poderia conversar
com ele: “Depois o Senhor disse: Não é bom que o homem viva sozinho.
Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra me-
tade”. Por seu lado, o homem reconhecia nessa mulher uma dignidade,
uma igualdade “Então o homem disse: Agora sim! Esta é carne da minha
carne e osso dos meus ossos.” e que ela era digna de respeito, uma
atração mútua, uma união sem dominação de qualquer um dos dois “[...]
e os dois se tornam uma só pessoa”.
Não há mais morte na vida, pois ela continua para sempre, mas
agora a vida já não morre, é verdade que a imortalidade não está dentro
das possibilidades naturais do ser humano por mais que deseje, porém
o criador responde a esse desejo profundo do ser humano e faz brotar
no versículo 9: “No meio do jardim ficava a árvore que dá vida” (NTLH,
2000, p. 15). A morte foi eliminada e já não entristece a vida.
Gênesis 1.28: “[...] e os abençoou, dizendo: Tenham muitos e muitos
filhos; espalhem-se por toda terra e a dominem” (NTLH, 2000, p. 14), não
existe a dor nem o medo da morte na gestação, sem dores de parto uma
vez que o ser humano não morre, isto é, não existe a aflição da imorta-
lidade e nem precisa perpetuar sua descendência, não existe o desejo
de prolongar a vida em seu filho quando de sua morte. O pensamento
aqui não é somente sobre um casal Adão e Eva, mas sim um olhar sobre
todos os casais de todas as épocas.
4
Lugar imaginário criado pelo inglês James Hilton em 1925, em seu livro Horizonte Perdido,
é descrito como um lugar paradisíaco situado nas montanhas do Himalaia.
Conclusão
Esses relatos dos capítulos 1, 2 e 3 do livro de Gênesis, entre cen-
tenas que existem na Bíblia, visam ressaltar a contribuição inestimável
que o redator do texto oferece à história da humanidade, expressa na
linguagem acerca das forças da natureza, o relacionamento do ser humano
com o espiritual, assim como com os outros seres humanos e também
dos animais e a terra.
Wilson vê a atividade humana sem controle como um grande mal
para a natureza. Ele afirma:
Referências
A Bíblia Anotada. Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada. São Paulo:
Mundo Cristão, 1994.
Resumo
O Gênesis convida a uma reflexão sobre a sustentabilidade. O mandamento
divino de “crescei, multiplicai-vos e governai a terra” se contradiz com o cuidado
sobre ela que o mesmo texto nos prescreve? Boff vê outro paradigma com o
cosmos e a vida no centro do mundo.
Palavras-chave: Gênesis 1.28a e 2.15; sustentabilidade; ecologia; governar a
terra; cuidar da terra.
Abstract
The book of Genesis invites to a reflection about the sustainability. Does the divine
precept that says “Be fruitful, increase in number and rule the earth” contradict
the care by it that this same text recommends us? Boff sees another paradigm
with the cosmos and the life in the center of the world.
Keywords: Genesis 1.28a e 2.15; sustainability; ecology; rule the earth; caring
for the earth.
Resumen
Génesis convida a una reflexión sobre la sustentabilidad. ¿El mandamiento divino
de “crecer, multiplicarse y gobernar en la tierra” se contradice con el cuidado
sobre ella, que el mismo texto nos prescribe? Boff ve otro paradigma con el
cosmos y la vida en el centro del mundo.
Palabras clave: Génesis 1.28a e 2.15; sustentabilidad; ecología; gobernar la
tierra; cuidado de la tierra.
Introdução
Os fragmentos do texto bíblico Gênesis 1.28a e Gênesis 2.15 per-
mitem reflexões diversas sobre quem somos e como nos relacionamos
com a criação, incluindo nós mesmos e a natureza. “Deus os abençoou
e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra, submetei-a.”
(Gn 1.28a). “Iahweh tomou o homem e o colocou no jardim de Éden para
o cultivar e o guardar.” (Gn 2.15).
46 José Antonio Correa Lages: Como superar a contradição entre crescimento e cuidado
a exploração e destruição. Como o ser humano foi criado à imagem de
Deus, o seu governo sobre a natureza deve ter como modelo o governo
de Deus e deve espelhar-se no seu caráter (MANUAL, 2009). A Terra não
é inimiga do ser humano. Essa expressão “submeter” outra coisa não
era senão uma expressão jurídica formal, uma vez que, de acordo com
os costumes daquela época, um novo proprietário tomava posse de sua
propriedade pondo os pés publicamente nela.
O governo sobre a natureza deve ser entendido a partir do significado
da raiz do verbo hebraico aqui empregado. Ele aponta para o pastor que
perambula com seu rebanho a procura de água e pastagem, que protege
os animais fracos do seu rebanho contra os fortes e defende todos contra
os perigos externos. Para Krauss e Kuchler:
1
A expressão Pegada Ecológica é uma tradução do inglês ecological footprint e refere-se,
em termos de divulgação ecológica, à quantidade de terra e água que seria necessária para
sustentar as gerações atuais, tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos
gastos por uma determinada população. O termo foi primeiramente usado em 1992 por
William Rees, ambientalista e professor na Universidade de Colúmbia Britânica, no Canadá.
48 José Antonio Correa Lages: Como superar a contradição entre crescimento e cuidado
Cuidar do planeta é uma premissa que existe desde o início da his-
tória humana. Somos os seus gestores. Temos as condições para cres-
cermos no jardim, mas também temos o poder e a capacidade de cuidar
deste mesmo jardim. O Gênesis já expressava este conhecimento do ser
humano há 600 ou 700 anos antes da nossa era. Esta contradição do
Gênesis – crescei e cuidai - mostra que devemos, sim, ser sustentáveis,
precisamos compreender que vivemos num mundo com recursos finitos.
A responsabilidade desta geração é iniciar o processo de harmonia entre
Gênesis 1.28a e Gênesis 2.15. Literalmente, é a superação da contradição
e a construção de um mundo novo.
O olhar sobre a Terra como um objeto extenso, inerte e desprovido
de espírito, como quer a modernidade ocidental, entregue ao ser humano
para nela expressar a sua vontade de poder e de intervenção criativa e
destrutiva permitiu que aparecesse o desejo de explorar de forma ilimi-
tada toda a sua riqueza, até chegarmos aos níveis atuais de verdadeira
devastação da biodiversidade, dos recursos não renováveis e dos seus
serviços, e ao desequilíbrio ecológico do sistema-Terra. Boff (2012) chama
a atenção para a emergência, na contracorrente deste processo destruti-
vo, de uma nova percepção de que a Terra e a Humanidade possuem o
mesmo destino e que temos condições de transformar a possível tragédia
numa crise de passagem do paradigma prometeico de destruição para
outro de cuidado e de sustentação da vida.
50 José Antonio Correa Lages: Como superar a contradição entre crescimento e cuidado
Uma ecologia em defesa de Gaia: uma ética para a sustentabilidade
Podemos perceber que a ecologia é melhor entendida a partir das
teorias da Complexidade e da Teoria do Caos. Pois estas teorias tratam
de sistemas dinâmicos não lineares, autorreguladores, adaptativos e
coevolutivos que conhecem incertezas, ambiguidades e bifurcações.
Pois é exatamente assim que se comporta a natureza. “Tudo se encon-
tra intra-retro-conectado, formando redes e redes de redes compondo
o grande sistema do cosmos, da Terra e da vida. O sistema é sempre
aberto, trocando a todo momento matéria, energia e informação e assim
se auto-criando, auto-regulando e co-evoluindo” (BOFF, 2009, p. 102).
O aspecto singular deste saber ecológico consiste na transversalidade
e deste procedimento resulta o holismo (hólos em grego significa totali-
dade) sobre uma nova realidade. Ele não significa a soma dos saberes
ou das várias perspectivas de análise. Isso seria apenas um somatório.
O holismo traduz a captação da totalidade orgânica da realidade e do
saber sobre essa totalidade. Isso representa uma qualidade nova, um novo
olhar sobre o todo. A ecologia transformou-se hoje numa crítica radical
do tipo de civilização que construímos. É neste sentido que o argumento
ecológico é sempre levado em conta em todas as questões que dizem
respeito à qualidade de vida, à vida humana no mundo e à salvaguarda
ou ameaça da totalidade planetária ou cosmológica.
Para Boff (2009), precisamos criar outro tipo de civilização 2 que tra-
balhe junto com a Terra, que use racionalmente os recursos escassos,
que salvaguarde a capacidade de regeneração dos ecossistemas, que
recicle os dejetos e que dê lugar ao coração, ao pathos, ao sentimento
para que nos sintamos de fato irmãos e irmãs da grande comunidade de
Gaia, vivendo de forma respeitosa e cuidadosa dentro dos limites impostos
pela única Casa Comum.
Mas sustentabilidade não se refere apenas aos recursos e aos
ecossistemas. Possui um lado social imprescindível, necessariamente
integrado com a natureza. Boff afirma:
[...] uma sociedade só pode ser considerada sustentável se ela mesma, por
seu trabalho e produção, se tornar mais e mais autônoma; se tiver supe-
rado níveis agudos de pobreza ou tiver condições de diminuí-la [...]; uma
sociedade é sustentável se seus cidadãos forem socialmente participativos
e destarte poderem construir uma democracia socioambiental, aberta a
contínuas melhorias (BOFF, 2009, p. 113).
2
A Carta da Terra, concluída após oito anos de trabalho internacional em março de 2000 e
assumida oficialmente pela UNESCO em 2003, nos adverte enfaticamente: ‘Como nunca
antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Isto requer
uma mudança na mente e no coração’.
Conclusão
Os fundadores do paradigma moderno, Galileu Galilei, René Des-
cartes, Francis Bacon, Isaac Newton e outros moldaram o pensamento
ocidental que até muito pouco tempo atrás considerávamos natural e
normal. Descartes ensinava que nossa intervenção na natureza é para
fazer-nos “mestres e donos da natureza” (2008, p. 60). Bacon dizia que
devemos tratar a natureza como o inquiridor trata o inquirido: “pressioná-
3
Mas importa reconhecer um limite: se por trás da ética não existe uma nova espirituali-
dade, quer dizer, um novo acordo do ser humano com todos os demais seres, fundando
uma nova religação (donde vem religião), se não houver um novo sentido de viver em
harmonia com a comunidade de vida e com o universo, há o risco de que esta ética
degenere em legalismo, moralismo e hábitos de comportamento de contenção e não de
realização jovial da existência em relação cuidadosa, reverente e para com todos os
demais seres.
52 José Antonio Correa Lages: Como superar a contradição entre crescimento e cuidado
-la para entregar todos os seus segredos, amarrá-la a nosso serviço e
fazê-la nossa escrava” (cf. MOLTMANN, 1993, p. 51).
Assistimos hoje à emergência de um novo paradigma, ou seja, uma
nova forma de diálogo com a totalidade dos seres e de suas relações.
Evidentemente, permanece o paradigma clássico das ciências com seus
famosos dualismos, como a divisão do mundo entre material e espiritu-
al, a separação entre a natureza e cultura, entre ser humano e mundo,
razão e emoção, feminino e masculino, Deus e mundo. Impera ainda a
atomização dos saberes científicos, particularmente nas universidades e
centros científicos. Predomina enormemente aquilo que Boaventura de
Sousa Santos (2010) chama de monoculturas dos saberes 4.
Apesar de tudo isso, está se desenvolvendo uma nova sensibili-
zação com o planeta como um todo. Surgem novas formas de pensar
alternativamente: o Pensamento Complexo (Edgard Morin), a Teoria do
Caos (Prigogine), o Pensamento Lateral (Edward De Bono). Não nasceu
totalmente ainda. Mas começa já um novo diálogo com a natureza e o
universo. Com base nesta nova percepção, sentimos a necessidade de
uma utilização nova da ciência e da técnica com a natureza, em favor da
natureza e jamais contra ela. Impõe-se, pois, a tarefa de ecologizar tudo
o que fazemos e pensamos, rejeitar os conceitos fechados, desconfiar das
causalidades unidirecionadas, das soluções únicas, propor-se ser inclusivo
contra todas as exclusões, conjuntivo contra todas as disjunções, holístico
contra todos os reducionismos, complexo contra todas as simplificações.
A complexidade exige outro tipo de racionalidade e de ciência. A
ciência clássica se orientava pelo paradigma da redução e da simplifica-
ção. Antes de mais nada arrancava-se o fenômeno de seu ecossistema
para analisá-lo em si mesmo. Excluía-se tudo o que fosse meramente
conjuntural, temporal e ligado a contingências passageiras.
Como se percebe, o momento ecológico deve estar presente em
todas as disciplinas: caso contrário não se alcança uma sustentabilidade
generalizada. Depois que irrompeu o paradigma ecológico, nos conscien-
tizamos do fato de que todos somos ecodependentes. Participamos de
uma comunidade de interesses com os demais seres vivos que conosco
compartilham a biosfera. O interesse comum básico é manter as condi-
ções para a continuidade da vida e da própria Terra, tida como Gaia. É
o objetivo último da sustentabilidade.
Precisamos estar conscientes de que não se trata apenas de in-
troduzir corretivos ao sistema que criou a atual crise ecológica, mas de
agir para sua transformação. Isto implica superar a visão reducionista e
mecanicista que ainda impera e assumir a cultura da complexidade. Ela
4
Para Boaventura de Souza Santos (2010) as principais monoculturas são as do saber cien-
tífico, do tempo linear, das hierarquias, do universal e do global e da eficiência capitalista.
Referências
DESCARTES, R. O Discurso do Método. São Paulo: Escala, 2008.
KRAUSS, H.; KUCHLER, M. As Origens: um estudo de Gênesis 1-11. São Paulo:
Paulinas, 2007.
BOFF, L. A Opção Terra: a solução para a Terra não cai do céu. Rio de Janeiro:
Record, 2009.
________. Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres. Rio de Janeiro: Sextante,
2003.
________. Sustentabilidade e Educação. Blog Leonardo BOFF.com. Disponível
em: <http://leonardoboff.wordpress.com/2012/05/06/sustentabilidade-e-educacao/>.
Acesso em: 22 maio 2013.
LOVELOCK, J. A vingança de Gaia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2006.
LUTZENBERGER, J. A. Fim do Futuro? Porto Alegre: Movimento, 1980.
MOLTMANN, J. Doutrina Ecológica da criação. Petrópolis: Vozes, 1993.
PRADO, T. E não é que a Bíblia já pregava a sustentabilidade? São Paulo: Editora
Abril, Revista Superinteressante, edição de 27 abril 2009. Disponível em: <http://
super.abril.com.br/blogs/planeta/e-nao-e-que-a-biblia-ja-pregava-a-sustentabilida-
de>. Acesso em: 19 maio 2013.
TONNERA JR., J. “O evangelho da paz da sustentabilidade de Gênesis e de
Wangari Maathai”. In: Essa novidade de vida. Disponível em: <http://jorge-no-
vidadedevida.blogspot.com.br/2012/02/o-evangelho-da-paz-da-sustentabilidade.
html?m=1 >. Acesso em: 19 maio 2013.
SANTOS, B. S. A Gramática do Tempo: por uma nova cultura política. 3. ed.
São Paulo: Cortez Editora, 2010.
MANUAL de Sustentabilidade Ambiental. Perspectiva bíblica do meio ambiente.
In: ROOTS 13. TEARFUND, 2009. Seção 2, pp 21-38. Disponível em: < http://tilz.
tearfund.org/~/media/Files/TILZ/Publications/ROOTS/Portuguese/Environmental%20
Sustainability/ROOTS_13_P_Section%202.pdf >. Acesso em: 15 maio 2013.
54 José Antonio Correa Lages: Como superar a contradição entre crescimento e cuidado
Homo sustentabilis: considerações
na base dos discursos do novo ser
humano durante o século 20 e na
epístola aos Efésios
Homo sustentabilis: considerations on the basis of
the discourse of the new human being during the
20th century and the Epistle to the Ephesians
Resumo
O artigo discute o conceito do homo sustentabilis a partir da compreensão
secular e religiosa do homo noeno no século 20. Para isso, investiga o papel
do conceito em fascismo e socialismo, no mito de superman, e nos projetos
católicos e pentecostais da eclesiogênese e da antropogênese, e confronta com
as respectivas passagens na epístola aos Efésios.
Palavras-chave: Antropologia teológica; homo sustentabilis; novo ser humano;
Fascismo; Socialismo; mito de Superman; Efésios.
Abstract
The article discusses the concept of homo sustentabilis in dialog with the secular
and religious understanding of the homo noeno in the 20th century. For this, the
paper investigates the function of concept in fascism and socialism, in the myth
of Superman, and the Catholics and Pentecostals projects of the ecclesiogenesis
and anthropogenesis. Finally, confronts them with the corresponding passages
in the Epistle to the Ephesians.
Keywords: Theological anthropology; homo sustentabilis; new human being;
Fascism; Socialism; Superman myth; Ephesians.
Resumen
El artículo analiza el concepto de homo sustentabilis a partir de la comprensión
secular y re-ligioso do homo noeno en el siglo 20. Para ello, el trabajo investiga el
concepto de en el fascismo y socialismo, en el mito de Superman, y los proyectos
católicos y pentecostales de la eclesiogénesis y antropogénesis. Finalmente, los
confronta con los pasajes correspondientes en la Epístola a los Efesios.
Palabras clave: Antropología teológica; homo sustentabilis; nuevo ser humano;
el fascismo; el socialismo; mito del Superman; Efesios.
56 Helmut Renders: Homo sustentabilis: considerações na base dos discursos do novo ser humano
ro, por causa das imensas dificuldades das democracias modernas de
implantar políticas ecológicas eficazes, o que faz alguns discutirem a
opção por estruturas políticas mais autoritárias. Segundo, pela falência
desses sistemas totalitaristas no passado, inclusive por causa da sua
plena incompatibilidade com qualquer projeto de sustentabilidade. Além
disso, queremos ainda olhar como um mito urbano da década de 1930,
o do “Superman”, por influenciar o imaginário religioso brasileiro popular
parcialmente quanto a sua antropologia teológica.
A nação ou raça é vista como uma comunidade orgânica que supera qual-
quer outro tipo de lealdade e deve ser glorificada. Seu mito se refere a um
renascimento como cultura ou estado, depois de um tempo de decadência.
Consequentemente, quer ou preservar esta vivência por excluir outros grupos
ou poderes considerados uma ameaça. Típico são a ênfase na masculinida-
de, juventude, união mística e a força regenerativa de violência ou guerra
(LYONS, 2004.
Foi o coração aquecido pela ideia do domínio que levou o jovem Alexandre
[...] a construir um dos maiores impérios. [...] Foi o coração aquecido pela
ideia da supremacia que levou Hitler a provocar uma guerra mundial. É tal
experiência interior que leva os homens a conquistas e realizações de gran-
des coisas, boas e más (CABRAL, 2ª quinzena 05/1985, p. 13).
1
Veja também um exemplo de uma crítica em Renders (2009, p. 109-128).
58 Helmut Renders: Homo sustentabilis: considerações na base dos discursos do novo ser humano
(ARAÚJO, 2010) em igrejas protestantes, e isso apesar de que não fal-
taram vozes proféticas de alerta (SILVEIRA, 1943).
2
Em 1962 Heleny era casada com Ulysses T. Guariba Netto. Ele e Caio N. de Toledo,
também redator da revista, seriam mais tardes importantes historiadores brasileiros.
60 Helmut Renders: Homo sustentabilis: considerações na base dos discursos do novo ser humano
Superman não é uma figura do cotidiano, mas, do mundo da ascese
e da transcendência dos limites e da ilusão. O logotipo com a letra “s”
lembra os nomes dos criadores (Jerry Siegel e Joe Shuster) e da figura.
O seu nome criptoniano, “Kal-El”, soa como אל-( קלkolel), voz de Deus,
lembrando dos anjos Gabriel, Rafael e Micael. Isso cria o imaginário de
um mensageiro de Deus, herói divino ou até salvador, no sentido do le-
gendário Golem. Como extraterrestre ele compensa sua vulnerabilidade,
recorrendo a soluções supranaturais. “No mundo moderno, ele (Superman,
o autor) parece dizer que somente um ser humano com superpoderes
consegue sobreviver e ser próspero” (CLARKE, 1971, p. 4). Assim, con-
sidera Umberto Eco (2000, p. 261) o leitor de Superman
“heterodirigido” [...] um homem que
vive numa comunidade de alto nível
tecnológico e particular estrutura
social e econômica [...] e a quem
constantemente se sugere [...] o
que deve desejar e como obtê-lo
segundo certos canais pré-fabrica-
dos que o isentam de projetar pe-
rigosamente e responsavelmente.
Numa sociedade desse tipo a pró-
pria opção ideológica é “imposta”
através de um cauteloso controle
das possibilidades emotivas do lei-
tor, e não promovida através de um
Figura 4: O logotipo de Superman
estímulo à reflexão e à avaliação
reacional. integrado ao nome de Jesus
3
O conceito refere-se, em geral, a teorias quanto à origem da humanidade.
62 Helmut Renders: Homo sustentabilis: considerações na base dos discursos do novo ser humano
3. O segundo Efésios
Queremos confrontar estas articulações do ser humano novo do sé-
culo 20 com a metáfora bíblica correspondente, a do “ser humano novo”,
deixando uma segunda, a da “nova criatura” 4, ao lado.
Interessantemente, aparece a metáfora do “novo ser humano” 5 na
carta aos Efésios, ou seja, em um momento que a igreja precisa lidar
com a possibilidade de uma presença mais douradora na terra, em tem-
po e espaço. O “ ”, “renovado no Espírito” e “criado
segundo Deus”, vive a “verdadeira justiça e a verdadeira santidade 6” (cf.
Schlier, 1991, p. 291). 7 O novo ser humano assume o compromisso de
viver a justiça – como contínua busca da superação da inimizade – e a
misericórdia e a bondade, – como sinal da sua “santidade” e “pureza”,
da sua pertença a Deus. Schlier (1991, p. 291) lembra que δικαιοσυνη
(dikaiosune) e oσιοτης (hosiotes) descrevem no grego antigo “a justiça
em relação às demais pessoais e ao mundo [...] e a justiça em relação
a Deus e os santos”, 8 ou seja, céu e terra, o cristo cósmico, a igreja e
mundo são vistos como correlacionados e campos da ação do fiel.
Os versículos de Efésios 4.22-23 deixam claro que isso requer ca-
pacidades éticas, a capacidade de discernimento (moral), acompanhada
por atitude. Πνεύματι (pneumati) significa aqui o interior como disposição
e νοòς (noos) a faculdade da razão onde se localizam a compreensão, o
discernimento e o propósito ou querer da pessoa.
Atitude e discernimento partem de uma nova visão do mundo que
foca, segundo Efésios 2.15, justamente nas estruturas legais, consideradas
uma forma de “inimizade instalada”. Em outras palavras, estas estruturas
reproduzem o mal, isso é, a injustiça. A igreja enfrenta esta realidade na
convicção que Jesus “na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos
mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos
dois um novo homem, fazendo a paz”.
... νóμον των εντολων εν δóγμασιν... (nomon ton entolon en dogma-
sin) não pode ser reduzidos unicamente a leis religiosas, refere-se também
as estruturas do mundo greco-romano (SCHLIER, 1991, p. 291). Νóμος
(nomos), εντολή (entole) e δóγμα (dogma) descrevem a ordem legal do
mundo da polis e dos respectivos cultos. Νóμος (nomos) refere-se à lei
como sistema legal, εντολή (entole) fala dos mandamentos particulares
4
Ou “nova criação”.
5
A tradução “novo homem” (Almeida) é errada. ΛνθρωπoV (anthropos) se refere à espécie
como toda (cf. JEREMIAS, 1933, p. 365).
6
Oσιοτης (hosiotes) traduz na LXX a palavra ( דיסחchasid).
7
Cf. também Lc 1.75.
8
Um significado parecido carrega na antiguidade a dupla διακαιοσυνη (diakaiosune) e
ευσεβεια (eusebeia) (cf. TUOR-KURTH, 2010, p. 99-111; também SEECK, 1997).
Considerações finais
O aparecimento da metáfora ou do ideal do “novo ser humano” em
sistemas totalitaristas ou radicalmente idealistas representa um desafio
para a educação e para a ética. No caso das vertentes citadas, eles inte-
graram uma lógica sacrifical operacionalizada pela justificação da guerra
como caminho da purificação, pela identificação de bodes expiatórios e
pela insistência na necessidade de pagar um preço, especialmente, nas
fases da sua implantação. O novo ser humano é aquele que assume estes
sacrifícios como “salvíficos” para um povo, um estado, uma classe social,
obedecendo, sobretudo, o seu líder ou colocando os seus ideais acima
de tudo. Obviamente, há vertentes religiosas que seguem este esquema.
Já segundo o mito de superman, a conquista do futuro e superação
das ambiguidades depende de forças supernaturais ou extraordinárias. A
figura do Superman, porém, é atemporal e, em consequência, mítica, ou
seja, é possível relacioná-la ou aproximá-la da figura do próprio Jesus,
não como figura histórica, mas como figura mística e transcendente, além
dos males e das vulnerabilidades do cotidiano. A historicidade garante
também que o sujeito não sinta a falta de um projeto, e favorece “[...]
o estabelecimento de uma pedagogia paternalista, qual requer, justa-
mente, a secreta convicção de que o sujeito não seja responsável pelo
próprio passado, nem dono do projeto futuro [...] (ECO, 2000, p. 262).
Em termos religiosos, favorece uma leitura mítica de Jesus e o ideário
da divinização do ser humano.
O novo ser humano, segundo Efésios, não segue nem as lógicas
sacrificais nem o ideário misticista. O novo ser humano nasce – neste
sentido trata-se de uma antropogênese – da experiência da graça universal
e do amor incondicional. Porém, não se trata de uma divinação unilateral
que substitui a colaboração humana. Efésios visa um ser humano em
construção e responsável e nos convida a imaginar o homo sustentabilis
9
Εχθρα pode significar hostilidade, mal-intencionalidade e até ódio. Isso pode aqui
representar os aspectos discriminatórios de legislações.
64 Helmut Renders: Homo sustentabilis: considerações na base dos discursos do novo ser humano
como ser humano em processo contínuo do amadurecimento. Em analogia
ao conceito do justo – aquele que está praticando a justiça, e não aquele
que é perfeito em sua retidão – o homo sustentabilis representa também
um horizonte que indica a direção da caminhada. Conhecimento, atitude
e visão partem da interação com o seu mundo e a sua religião. Assim
considera-se tanto o conhecimento de Deus como o conhecimento do
mundo centrais para o homo sustentabilis. Aos seus deveres diante do
mundo e de Deus correspondem as suas atitudes, e sua visão visualiza
a superação da inimizade pela paz.
Referências bibliográficas
ARAÚJO, J. D. de. Inquisição sem fogueiras: a história sombria da igreja presbi-
teriana do Brasil. 3. ed. São Paulo: Fonte Editorial, 2010. 222 p.
BOFF, L. “Eclesiogênese: As comunidades eclesiais de base re-inventam a Igreja”.
SEDOC IX, p. 393-438 (1976).
______. Eclesiogenese: as Comunidades Eclesiais de Base reinventam a igreja.
Petrópolis, Vozes, 1977, 113 p.
CABRAL, J. “Aldersgate: principalmente um coração aquecido”. In: Expositor
Cristão, vol./ano 100, n. 10 (2ª quinzena 05/1985), p. 13.
CLARKE, G. “Time essay: the comics on the couch”. In: Time Magazine
(13 dez. 1971). Disponível em: < http://www.time.com/time/magazine/arti-
cle/0,9171,910181,00.html >. Acesso em: 20 maio 2013. 4p.
DREHER, M. N. Igreja e germandade. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2003.
ECO, U. “O mito do Superman” (1970). In: Ibidem, Apocalípticos e integrados. 5.
ed. São Paulo: Perspectiva, 2000, p. 239-280.
GUARIBA, H.; TOLEDO, C. “Os incompreendidos”. In: Cruz de Malta, p. 25 (set./
out. 1962).
GUEVARA, E. “O Socialismo e o Homem em Cuba”. In: Semanário Marcha,
Montevideo. Março de 1965. Disponível em: < http://www.marxists.org/portugues/
guevara/1965/03/homem_cuba.html >. Acesso em: 24 abr. 2013.
JEREMIAS, J. “ανθρωποV; ανθρωπινοV”. In: ThWNT, vol. 1. Stutgart: W. Kohl-
hammer Verlag, 1933, p. 365-367.
LEPP, N.; ROTH, M.; VOGEL, K. (Eds.). Der neue Mensch: Obsessionen des 20.
Jahrhunderts. Katalog zur Ausstellung im Deutschen Hygiene-Museum Dresden.
22.04.-08.08.1999. Dresden: Hygiene-Museum Dresden, 1999. [Tradução do título:
O novo ser humano: obsessões do século 20...]
LYONS, M. N. What is fascism? Some general ideological features. 12 jan. 2004;
Tradução de Alfred Schober. In: KAUFFMANN, H.; KELLERSHOHN H.; PAUL, J.
(Eds.): Völkische Bande. Dekadenz und Wiedergeburt. Münster 2006.
RENDERS, H. “Compromisso pastoral, clareza teológica e cidadania: a Declaração
Teológica de Barmen como resultado de uma interação entre Igreja e academia
teológica”. In: Caminhando, vol. 14, n. 2, p. 109-128 (jul. / dez. 2009). Disponível
66 Helmut Renders: Homo sustentabilis: considerações na base dos discursos do novo ser humano
Ecologia: um tema ainda incipiente
entre os batistas brasileiros
Ecology: a still incipient theme among Brazilian
baptists
Resumo
Os batistas, pertencentes à mesma matriz teológica e histórica do protestantismo
de missão que se instala no Brasil a partir do século 19, são, de certa maneira,
herdeiros da mentalidade que se produziu na Modernidade. O desenvolvimento
histórico-eclesiástico dos batistas se deu a partir de temas que estavam em
pauta na Modernidade como a liberdade individual e o progresso científico.
Esses valores ajudaram a sedimentar a denominação nos Estados Unidos e,
consequentemente, no Brasil. Para uma denominação que, comprovadamente
na sua trajetória, sempre se aliou com os temas correntes do seu tempo, os
batistas brasileiros ainda não se deram conta de um tema de grande importância
para a sociedade – a questão ecológica. É a partir de algumas constatações
no âmbito denominacional que o artigo pretende contribuir para um agir mais
significativo com o tema proposto – ecologia e os batistas – com uma leitura
teológica engajada.
Palavras-chave: Ecologia; protestantismo; Igreja Batista; escatologia; práxis
religiosa.
Abstract
Baptists, belonging to the same theological and historical matrix of the socalled
Protestantism of Mission that came to in Brazil from the 19th century onward,
are, in a sense, heirs of the mentality that produced in Modernity. The historical
ecclesiastical development of the Baptist Church is linked to typical topics of
Modernity as individual freedom and scientific progress. These values helped
to sediment the denomination in the United States, and consequently, in Brazil.
Beside this fact to be part of a denomination that has always shown the capacity
to allied himself with the key issues of his time, Brazilian Baptists have not yet
embraced a topic of great importance for society – the topic of ecology. This
paper, based on some denominational documents, aims to contribute to a more
significant involvement with the theme proposed – ecology and Baptists – by an
engaged theological reading of the respective texts.
Keywords: Ecology; protestantism; Baptist Church; eschatology; religious praxis.
Resumen
Bautistas, que pertenecen a la misma matriz teológica e histórica del protes-
tantismo de la misión que se instala en el Brasil con el siglo 19, son, en cierto
sentido, los herederos de la mentalidad que produjo la Modernidad. El desarrollo
histórico de las iglesias bautistas-tomó de los temas que estaban en la agen-
Introdução
Conversando com um jovem da igreja (batista), ele dizia que fora
visitar outra igreja e lá o assunto foi sobre o lixo e de como as pessoas
deveriam cuidar do meio ambiente. Esse foi o tema do sermão naquele
dia. Fiquei impressionado com o rapaz quando comentou: “Por que vou a
uma igreja para ouvir sobre o lixo e o meio ambiente? Igreja não é lugar
para se falar disso!”. Infelizmente a compreensão daquele jovem de que
meio ambiente e igreja não tem qualquer relação é compartilhada por
muitos membros das igrejas, acostumados a enxergar o cristianismo como
tendo apenas um sentido, o vertical. É claro que existem alguns motivos
para essa dissociação entre igreja e ecologia/sustentabilidade. Não se
ouve sermões abordando o tema e quando há, ele é desqualificado como
não sendo espiritual o bastante; a educação cristã fornecida no período
que comumente chamamos de Escola Bíblica Dominical (EBD) não se
aborda o assunto de maneira sistemática por entender que o mesmo não
faz parte da missão da igreja e, por isso, não é necessário ficar ocupando
o tempo das pessoas com esse assunto.
Indubitavelmente essa concepção não surgiu no vazio, ela é fruto de
uma maneira de entender e enxergar a vida e suas ramificações como
independentes entre si. No caso do protestantismo, gestado na gênese do
progresso científico, ou seja, ele é herdeiro de uma era em que o futuro
é pensado a partir da máquina tendo no avanço econômico o termôme-
tro do desenvolvimento humano, essa dissonância entre vida religiosa e
meio ambiente é ignorada, até porque os paradigmas que favoreciam o
pensamento e a dinâmica da vida eram outros.
A Modernidade, enquanto produtora de conhecimento e ideologia teve
como patrocinadores Francis Bacon e René Descartes, seus principais
expoentes fornecendo subsídios teóricos. O primeiro viveu na opulência
econômica da Inglaterra e elaborou um método científico que ia além da
mera análise empírica. Para Bacon, a natureza deveria ser dissecada,
inquirida, como se faz com um réu no tribunal (BRAGA; GUERRA; REIS,
2004, p. 54) para tirar dela todas as suas possibilidades. Quanto ao se-
gundo, Descartes, este concebeu o ser humano como uma máquina e o
1
Faço uso do conceito Utilitarismo pensando na corrente filosófica que atribuía valor à
finalidade prática de um elemento, fenômeno ou processo com o fim de produzir o má-
ximo de felicidade ao maior número possível de pessoas. Um dos representantes dessa
corrente foi o economista inglês John Stuart Mill (1806-1873).
2
Seu livro, A celebração do indivíduo: a formação do pensamento batista brasileiro, é fruto
de sua tese de doutorado em Filosofia na Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro.
A igreja tem uma única missão neste mundo: levar pessoas destinadas a
passar a eternidade no inferno ao conhecimento salvador de Jesus Cristo
e à eternidade no céu. Se as pessoas morrerem em um governo comunista
ou em uma democracia, sob um ditador tirano ou benevolente, acreditando
que a homossexualidade é certa ou errada, ou acreditando que o aborto é
direito fundamental de escolha da mulher ou simplesmente um homicídio
em massa, nada disso tem relação com onde elas passarão a eternidade.
Se elas nunca conheceram Cristo e nunca o receberam como Senhor e Sal-
vador passarão a eternidade no inferno. [...] Um dia o Senhor voltará para
estabelecer o seu próprio reino perfeito. Então finalmente perceberemos o
que temos esperado com tanta ansiedade – e o que os discípulos de Cristo
do primeiro século desejavam ver - Cristo governar na terra e os povos do
mundo prostrados de joelhos perante Ele (MACARTHUR, 2009, p. 193).
Os batistas e a ecologia
Os batistas, devido ao seu sistema de governo eclesiástico, no qual
cada igreja é autônoma e democrática, têm dificuldade em desenvolver
algo que chame a atenção do País para a questão ecológica. O que é
frequente entre as comunidades, em algumas, é o trabalho de base, a
reflexão bíblica e teológica com os membros da igreja em relação ao tema.
Quando essa reflexão for possível em âmbito nacional, poderemos ver
pessoas que, acostumadas a enxergarem a igreja apenas como “porta
para o céu”, a entender que a vida é uma teia que envolve todas as áreas
da existência e a espiritualidade pode, perfeitamente, ser empregada na
militância por um bairro mais arborizado, por um rio mais limpo, por uma
área verde mais preservada.
A igreja não está isenta da atividade econômica do sistema globa-
lizado capitalista que visa meramente o lucro e não respeita, na maior
parte das vezes, a diversidade da vida, a formação geográfica natural de
um lugar, a nascente de um rio, a biodiversidade de uma mata. Por viver
neste contexto ela precisa enxergar o meio ambiente como alvo da missão
de Deus, por entender que a presença de Deus perpassa a criação e que
o ser humano é parte integrante desse ecossistema.
Dois importantes eventos mobilizaram os batistas para a reflexão
ecológica. O primeiro deles foi a 91ª Assembleia da Convenção Batista
Brasileira que aconteceu na cidade de Niterói, RJ e o tema, muito opor-
tuno, foi “Vida plena e meio ambiente”. O segundo foi a Rio+20 que teve
participação da Aliança Batista Mundial.
No primeiro evento, foi criada a chamada Carta de Niterói (2011).
Carta de Niterói
Nós, batistas brasileiros, reunidos na cidade de Niterói/RJ, em janeiro de 2011
1. CREMOS que o Universo e o ser humano foram criados por Deus
para a sua glória; a vida e o Universo, em todos os sentidos, foram
dados ao ser humano como um presente de Deus; o Universo foi
dado ao ser humano para a sua morada, sustento e para o desen-
volvimento de sua história de vida; o ser humano foi criado como um
Considerações finais
Referências
ALVES, R. Religião e repressão. São Paulo: Teológica/Loyola, 2005.
AZEVEDO, I. B. de. A celebração do indivíduo: a formação do pensamento batista
brasileiro. São Paulo: Vida Nova, 2004.
BOFF, L. Ética da vida. Brasília: Letraviva, 1999.
BRAGA, M.; GUERRA, A.; REIS, J. C. Breve história da ciência moderna: das
máquinas do mundo ao universo-máquina (séc. XV a XVII). Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2004, Vol. 2.
CUNHA, M. do N.; RENDERS, H., SOUZA, J. C. As igrejas e as mudanças
sociais: 50 anos da Conferência do Nordeste. São Bernardo do Campo: ASTE/
EDITEO, 2012.
GOUVÊA, R. Q. “Quarenta livros que fizeram a cabeça dos evangélicos brasileiros
nos últimos quarenta anos”. In: Ultimato, edição 315 (nov./dez. 2008). Disponível
em: < http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/315/quarenta-livros-que-fizeram-
-a-cabeca-dos-evangelicos-brasileiros-nos-ultimos-quarenta-anos >. Acesso em:
20 ago. 2013.
LESSA, H. S. Ação social. [Rio de Janeiro]: [1964]. Disponível em: < http://www.
scribd.com/doc/32351078/Acao-Social-Crista-Helcio-da-Silva-Lessa >. Acesso
em: 12 set. 2013.
LOPES, N.; RENDERS, H. “Manifesto dos Ministros Batistas do Brasil de 1963:
o evangelho social num documento direcionado às Igrejas da Convenção Batista
Brasileira”. In: Caminhando, v. 15, n. 2, p. 212-221 (jul./dez. 2010). Disponível
em: < https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/CA/article/
view/2137/2270 >. Acesso em: 20 ago. 2013.
MACARTHUR, JR., J. A sós com Deus: o poder e a paixão pela oração. Brasília:
Palavra, 2009.
MENDONÇA, A. G. “Evolução histórica e configuração atual do protestantismo no
Brasil”. In: MENDONÇA, A. G.; FILHO VELASQUES, P. Introdução ao protestan-
tismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2002, p. 11-59.
MOLTMANN, J.; BASTOS, L. O futuro da criação. Rio de Janeiro: Mauad X/Ins-
tituto Mysterium, 2011.
SHEDD, R. P. Escatologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1983.
SILVA, N. T. Do confronto ao diálogo: o estilo batista de ser e a questão ecumênica
no Brasil. São Paulo: Fonte Editorial, 2013.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Centauro,
2001.
RESUMO
O tema deste artigo é a consciência planetária pela vida considerando as preo-
cupações ambientais que afligem a humanidade e o planeta, e as consequentes
mobilizações no âmbito da religião e da educação. Parte do surgimento do mundo
como um novo objeto e busca resposta na concepção da religião como fornece-
dora de sentido para uma consciência planetária pela vida e da educação como
a impressora desses valores em todos os níveis da vida do educando. O texto
passa pelo conceito de consciência planetária, detecta o problema da falta de
consciência e da necessidade decorrente para, então, encontrar na educação
seu lugar de consciência planetária.
Palavras-chave: Desequilíbrio ecológico; religião; educação; consciência pla-
netária.
ABSTRACT
The topic of this article is the planetary consciousness for life considering envi-
ronmental concerns that plague humanity and the planet, and the consequent
mobilization within the religion and education. Part of the rise in the world as a
new object search and response in the design of religion as providing direction
for a planetary consciousness for life and Education as the printer of these va-
lues at all levels of the life of the student. The text is replaced by the concept
of planetary consciousness, detects the problem of lack of awareness and the
need arising to, then, find its place in the education of planetary consciousness.
Keywords: Ecological imbalance; religion; education; planetary consciousness.
RESUMEN
El tema de este artículo es la conciencia planetaria em favor de la vida teniendo
en cuenta los problemas ambientales que afectan a la Humanidad y al Planeta,
y las consiguientes movilizaciones dentro de la religión y de la educación. Parte
del aparecimiento del mundo como un nuevo objeto y busca una respuesta en
la concepción de la religión como un proveedor de sentido para una conciencia
planetaria en favor de la vida y la educación como la impresora de estos valores
en todos los niveles de la vida del alumno. El texto camina por el concepto
de conciencia planetaria, detecta el problema de la falta de conciencia y la
necesidad que surge a continuación, encontrar su lugar en la formación de la
conciencia planetaria.
Palabras clave: Desequilibrio ecológico; religión; educación; conciencia pla-
netaria.
1. Um problema planetário
Na perspectiva bíblica, o o ser humano foi criado da Terra (Gn 2.7) e
responsabilizado por seu cuidado e cultivo (Gn 1.28-30; 2.15). Contudo,
esse homem vê a natureza não como o objeto de seu cuidado, mas como
a fonte de sua riqueza; vê a Terra, não como a pátria primeira e última,
mas como seu objeto inesgotável de exploração; ele a vê como o lugar
para dominar, vencer e não como o lugar onde está e vive.
Nessa perspectiva, o filósofo francês Edgar Morin (2000) faz uma
revisão histórica da era planetária. Retroage ao início da história humana,
quando se deu a chamada diáspora planetária da Humanidade, pela qual
o ser humano foi disperso pelo planeta afetando, assim, todos os conti-
Dentre esses valores está o direito que o ser humano tem a um meio
ambiente saudável e seu igual, um “[...] dever ético, moral e político de
preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (MANUAL, 2005, p. 7).
A consolidação desse princípio é um ato de cidadania e uma condição
essencial para a construção de uma sociedade sustentável no Brasil. Essa
construção passa pelo reconhecimento da necessidade de preservação,
além da possibilidade de percepção do outro.
Nessa perspectiva Morin (2000, p. 114) declara que “[...] enquanto a
espécie humana continua sua aventura sob a ameaça de auto-destruição,
o imperativo tornou-se salvar a Humanidade, realizando-a”. Essa necessi-
1
Considerado efetivo instrumento de política pública construída, conduzida e coordenada
pelos atores governamentais, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Educação
do Brasil.
3.1.1 A ecoteologia
O termo ecoteologia é usado, aqui, no sentido estrito apontado
por sua etimologia: ecologia (do grego oikos + logia), estudo sobre o
lugar onde vivemos e theologia (do grego Theos + logia), estudo sobre
Deus. Refere-se, portanto, estritamente ao estudo do meio ambiente da
perspectiva teológica ou à teologia cristã da criação conforme narrada
no Gênesis, e suas variadas inter-relações. Isso remete a abordagem
ecológica à perspectiva bíblica.
A Bíblia é qualificada como Escrituras Sagradas do Judaísmo (Antigo
Testamento) e do Cristianismo (Antigo e Novo Testamentos). A relação de
vida ou morte entre o ser humano e a natureza encontra-se entranhada
nesse livro e a teologia bíblica traz à luz a questão. Sendo assim, não se
trata meramente de um tema pescado na literatura ecológica, nem de um
mero termo captado dos noticiários sobre meio ambiente; trata-se, de fato,
de uma ecologia cristã ou, em linguagem mais recente, de ecoteologia.
3
O teísmo distingue-se das visões materialista e panteísta quanto ao tema.
4
Esse tratado inspirou a Política Nacional de Educação Ambiental, que legisla sobre o
tema desde 1999, e influencia os programas de responsabilidade socioambiental de
empresas e instituições como a Itaipu Binacional.
Considerações finais
Esse artigo dimensionou o problema no âmbito mundial, tratou da
necessidade de uma resposta no mesmo nível e apresentou uma sele-
ção de dois entes envolvidos nessa resposta: a religião e a educação.
Foram dois atos de salvação da humanidade: no primeiro, os valores;
no segundo, seu ensino.
Para atingir seu objetivo, trouxe o conceito de consciência planetária
em favor da vida como sendo um conjunto de ideias e valores que sub-
sidiam as ações referentes à relação ser humano-natureza cuja base é a
compreensão e o sentimento de pertença mútua que une o ser humano
à sua pátria primeira e última, a Terra.
Referências
BERGER, P. L. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da
religião. São Paulo: Paulinas, 1985.
BOFF, L. Consciência planetária e religião: desafios para o Século XXI. OLIVEIRA,
P. A. R. SOUZA, J. C. A. (Orgs.). São Paulo: Paulinas, 2009.
BOFF, L. “Consciência planetária e Carta da Terra”. In: OLIVEIRA, P. A. R.; SOU-
ZA, J. C. A. (Orgs.). Consciência planetária e religião: desafios para o século XXI.
Belo Horizonte/São Paulo: PUC-Minas/Paulinas, 2009.
______. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. São Paulo: Ática, 1995.
BRASIL. Poder Executivo. Decreto n. 4281, de 25 de junho de 2002.
______. Poder Executivo. Lei n. 9795, de 27 de abril de 1999.
COELHO, L. D. Trânsito religioso: uma revisão exploratória do fenômeno
brasileiro. Vox Faifae: Revista de Ciências Humanas e Letras das Faculdades
Articles
Artículos
“The Words Get in the Way”: Rethinking
John Wesley’s Idea of Christian Perfection
Rex D. Matthew
Resumo
O artigo explora o significado do conceito da perfeição cristã nas obras de John
Wesley (1703-1791), as suas releituras pelo metodismo ao longo do tempo e às
suas bases etimológicas. Depois, problematiza seu uso no século 21 e propõe
no sentido da sua atualização contemporânea a metáfora da maturidade cristã.
Palavras-chave: Metodismo; John Wesley; Perfeição cristã; maturidade cristã.
Abstract
The article explores the meaning of the concept of Christian perfection in the
works of John Wesley (1703-1791), their reinterpretations over the times by Me-
thodism and its etymological bases. Then it discusses its use in the 21st century
and proposes the metaphor of Christian maturity as a contemporary expression.
Keywords: Methodism; John Wesley; Christian perfection; Christian maturity.
Resumen
El artículo explora el significado del concepto de la perfección cristiana en la
obra de John Wesley (1703-1791), sus reinterpretaciones por el metodismo en
el tiempo y sus bases etimológicas. A continuación se analiza su uso en el siglo
21, y propone a su actualización contemporánea mediante la metáfora de la
madurez cristiana.
Palabras-clave: Metodismo; John Wesley; la perfección cristiana; la madurez
cristiana.
1
Scott J. Jones (2002, p. 210-216) provides a very similar assessment. William J. Abraham
(2009, p. 587-601) expresses an even more pessimistic view in his article.
2
For an excellent case study of this sort of development in the American Holiness tradition,
see (1993, p. 59-127). Cf. the broader historical account by Dieter (1996). For British
Wesleyan traditions, the brief sketches provided by Bebbington (2000), are useful.
3
Albert C. Outler (1996, p. 117-131) outlined much of this development in his 1974 lectures
on “Theology in the Wesleyan Spirit”.
One can see John Wesley struggling here to articulate his views
clearly. What kind of “perfection” is this, if it is something that can grow
or increase? something that can be lost or destroyed? something that
happens “in a moment” but is both preceded and followed by a gradual
work? something that is not absolute? something that does not produce
infallability or sinlessness? This seems to be a very imperfect sort of
“perfection”! The paradox is that “perfection” as Wesley understood it
could co-exist with “imperfections” or infirmities of various kinds, since
its essence is an unbroken relationship of love of God and neighbor (Cf.
NOBLE, 2013, p. 73-96).
4
The text goes on to consider at some length an 11th proposition about whether or not
Christian perfection is “instantaneous”; that section is omitted here.
5
Letter from John Wesley to Charles Wesley, 27 January 1767 (WESLEY, 1931 [vol. 5], p.
38-39). This letter was annexed to later editions of A Plain Account of Christian Perfection
as “Brief Thoughts on Christian Perfection” (WESLEY, 1779 [vol. 11], p. 446).
6
In this regard see in particular his important sermons “On Sin in Believers” (1763), “The
Scripture Way of Salvation” (1765), and “The Repentance of Believers” (1767).
7
Sermon 17 “The Circumcision of the Heart” (1733/1748), in John Wesley, Sermons, ed.
Albert C. Outler, Vols. 1-4 in The Works of John Wesley (Nashville: Abingdon Press,
1984-87), 1:398-414. Hereafter Sermons.
Matthew 5.48
Latin, Vulgate: estote ergo vos perfecti sicut et Pater vester caelestis per-
fectus est.
English, King James Version (KJV, 1611): Be ye therefore perfect, even as
your Father which is in heaven is perfect. The New Revised Standard Version
(NRSV, 1989) is very similar, also using perfect in both places.11
Portuguese, João Ferreira de Almeida Atualizada (AA, 1681): Sede vós, pois,
perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial. Almeida Revista e Atualizada
(RA, 1959) is very similar, also using perfeitos / perfeito.
Spanish, Reina-Valera Antigua (RVA, 1602): Sed, pues, vosotros perfectos,
como vuestro Padre que está en los cielos es perfecto. Reina-Valera Revi-
sado (RVR, 1960) is identical.
Italian, Giovanni Diodati Bible (GDB, 1649): Voi adunque siate perfetti, come
è perfetto il Padre vostro, che è ne’ cieli. Nuova Riveduta Bible (NRB, 1927)
is very similar, also using perfetti and perfetto.
French, Ostervald (1744): Soyez donc parfaits, comme votre Père qui est
dans les cieux est parfait. Louis Segond (LSG, 1927) and La Nouvelle Edi-
tion de Genève (NEG, 1979) are very similar, also using parfaits and parfait.
The following chart highlights the similarity of forms of the key terms
in the modern languages to the Latin of the Vulgate:
8
Sermon 40, “Christian Perfection” (1741), Sermons, 2:97-124.
9
Sermon 76, “On Perfection” (1784), Sermons, 3:70-87.
10
These statistics come from Albert C. Outler’s introductory comments to Sermon 76, “On
Perfection” Sermons, 3:70. See also “Register of John Wesley’s Preaching Texts,” compi-
led and annotated by Wanda Willard Smith, online at the Duke Center for Studies in the
Wesleyan Tradition, https://divinity.duke.edu/initiatives-centers/cswt/research-resources/
register (accessed 24 June 2013). The records in this register indicate the importance
of Heb. 6:1 to the elderly Wesley: in the last three years of his life, he preached on this
text a total of thirty times—eleven times in 1788, eight times in 1789, and eleven times
in 1790.
11
It is interesting to note that John Wesley’s own translation of Matthew 5.48 is “There-
fore ye shall be perfect; as your Father who is in heaven is perfect.” This converts the
imperative of the KVJ (“be ye perfect”) into a promise (“ye shall be perfect”). See his
Explanatory Notes Upon the New Testament, 3rd corrected edition (Bristol: Graham and
Pine, 1760–62; reprinted Grand Rapids: Baker Book House, 1981). Hereafter NT Notes.
Hebrews 6.1
English, King James Version (KJV, 1611): Therefore leaving the principles
of the doctrine of Christ, let us go on unto perfection. The New Revised
Standard Version (NRSV, 1989) is very similar, also using perfection.
Italian, Giovanni Diodati Bible (GDB, 1649): Perciò, lasciata la parola del
principio di Cristo, tendiamo alla perfezione. Nuova Riveduta Bible (NRB,
1927) uses a different construction: Perciò, lasciando l’insegnamento ele-
mentare intorno a Cristo, tendiamo a quello perfetto.
Again, the following chart shows the similarity of forms of the key
terms in the modern languages to the Latin of the Vulgate:
Latin: perfectionem
English: perfection
Portuguese: perfeição
Spanish: perfección
Italian: perfezione / a quello perfetto
French: perfection / ce qui est parfait
(Mt 5.48) esesthe oun umeis teleioi, ōsper o patēr umōn o en tois ouranois
teleios estin.
(Hb 6.1) Dio, aphentes ton tēs archēs tou Christou logon, epi tēn teleiotēta
pherōmetha.
Both teleios and teleiosis come from the root telos, which has the
basic meaning of end, goal, objective, destination. Depending on context,
both terms can also carry the sense of completion, fulfillment, consum-
mation, accomplishment, wholeness, or maturity.12 At the risk of creating
an artificially sharp dichotomy between them, the differences of meaning
and implication of the Latin perfectus and the Greek teleiosis can be
summarized as follows.
perfectus teleiosis
• static state • dynamic process
• finished action • ongoing development
• passive/receptive • active/operative
• past/present • present/future
• flawless, unchangeable • improvable
• fixed, unmovable • can change, increase or decrease
Translating “Perfection”
The Greek teleiosis was translated into the Latin of the Vulgate as
perfectus, and from there came into English as perfection (and the cognate
terms in the other languages mentioned above). That is not a mistake:
perfectus (Latin) or perfection (English) is an entirely good and appropriate
translation of the Greek term teleiosis, at least in certain contexts. Howe-
ver, in other contexts, the Greek terms teleios / teleiosis can equally well
be translated into English as whole / wholeness, complete / completion, or
mature / maturity. Several recent English versions of the Bible have chosen
to use some of these terms rather than perfect / perfection in translating
Matthew 5.48 and/or Hebrew 6.1.
New International Version (1973):
(Mt 5.48) Be perfect, therefore, as your heavenly Father is perfect [maintai-
ning the tradition of the KJV and NRSV].
(Hb 6.1) Therefore let us move beyond the elementary teachings about Christ
and be taken forward to maturity.
Contemporary English Version (1995):
(Mt 5.48) But you must always act like your Father in heaven. [The actual
terms disappear here, but the meaning is the much the same.]
(Hb 6.1) We must try to become mature and start thinking about more than
just the basic things we were taught about Christ.
Bible in Basic English (2011):
(Mt 5.48) Be then complete in righteousness, even as your Father in heaven
is complete.
(Hb 6.1) For this reason let us go on from the first things about Christ to
full growth.
Common English Bible (2011):
(Mt 5.48) Therefore, just as your heavenly Father is complete in showing
love to everyone, so also you must be complete.
(Hb 6.1) So let’s press on to maturity, by moving on from the basics about
Christ’s word.
Rethinking “Perfection”
These reflections and observations prompt an important question: Do
we face a situation today in which, to quote the 1980s hit song of Gloria
Estefan, “the words get in the way”? Has the term “perfection,” even when
qualified by the adjective “Christian,” become such a “turn off” that it has
become essentially dysfunctional in the life of the church today? Could
we today better express what John Wesley really meant by speaking about
“Christian perfection” if we now speak instead about “Christian wholeness”
or “Christian maturity”? Randy Maddox has suggested something like this
move in his discussion of Christian perfection in Wesley’s thought: “One
of Wesley’s most characteristic descriptions of those who have attained
Christian perfection was that they are now adult—or mature—Christians.”14
Scott Jones agrees that the best way to interpret Wesley’s thinking about
Christian perfection is “to use the image of maturity” (JONES, 2002, p.
213). And Stephen Rankin explores this trajectory in his recent book Aiming
at Maturity: The Goal of the Christian Life, in which he provides what I
find to be a profoundly sensible and pastoral reinterpretation of Wesley’s
vision of Christian perfection without dwelling on the term:
14
Maddox, Responsible Grace, 187.
15
Sermon 107, “On God’s Vineyard” (1787), §I.6-7, Sermons, 3:506-507. See also Sermon
19, “The Great Privilege of Those that are Born of God” (1748), §I.1-10, Sermons, 1:432-
35; and Sermon 45, “The New Birth” (1760), §II.4-5, Sermons, 2:192-94.
16
A particularly important example is found in the journal entry for 6 June 1738: see John
Wesley, Journal and Diaries, ed. W. Reginald Ward and Richard P. Heitzenrater, Vols.
18–24 in The Works of John Wesley (Nashville: Abingdon Press, 1988–2006), 1:254.
Hereafter Journal and Diaries. The incident recounted here marks the beginning point of
Wesley’s development of the notion of “degrees of faith” and thus “degrees of salvation.”
17
Sermon 40, “Christian Perfection” (1740), §II.1 Sermons, 2:105.
18
Sermon 83, “On Patience” (1783), §10, Sermons, 3:175.
19
Sermon 46, “The Wilderness State” (1760), §III.14, Sermons, 2:220. See also Sermon 8,
“The First-fruits of the Spirit” (1746), §II.5, Sermons, 1:239; Sermon 13, “On Sin in Believers”
(1763), §II.1-III.7, IV.2-3 Sermons, 1:319-25; Sermon 24, “Upon our Lord’s Sermon on the
Mount, IV” (1748, §I.4, Sermons, 1:534-35; Sermon 35 “The Law Established through Faith,
I” (1750), §I.2, Sermons, 2:22; Sermon 55, “On the Trinity” (1775), §17, Sermons, 2:385-85;
Sermon 61, “The Mystery of Iniquity” (1783), §12, Sermons, 2:456; Sermon 78, “Spiritual
Idolatry” (1781), §1, Sermons, 3:103; Sermon 103, “What is Man?” (1788), introduction,
Sermons, 3:455; Sermon 107, “On God’s Vineyard” (1787), §I.7, Sermons, 3:507; Sermon
117, “On the Discoveries of Faith” (1788), §§16-17, Sermons, 4:37-38.
A babe in Christ (of whom I know thousands) has the witness sometimes.
A young man (in St. John’s sense) has it continually. I believe one that is
perfected in love, or filled with the Holy Ghost, may be properly termed a
father. This we must press both babes and young men to aspire after—yea,
to expect. And why not now? I wish you would give another reading to the
Plain Account of Christian Perfection. 23
It is certain every babe in Christ has received the Holy Ghost, and the
Spirit witnesses with his spirit that he is a child of God. But he has not
obtained Christian perfection. Perhaps you have not considered St. John’s
threefold distinction of Christian believers: little children, young men, and
fathers. All of these had received the Holy Ghost; but only the fathers were
perfected in love. 24
20
NT Notes, Heb. 5:12-14.
21
NT Notes, 1 Peter 2:1-2.
22
Sermon 1, “Salvation by Faith” (1738), §II.7, Sermons, 1:124-25.
23
Letter to Joseph Benson (Mar. 16, 1771), Letters, 5:229.
24
Letter to John Fletcher (Mar. 22, 1775), Letters, 6:146.
25
Maddox, Responsible Grace, 187.
26
On all of this see Maddox (1990, p. 29–53), McCormick (1991, p. 38-103), Christensen
(1996, p. 71-94); the collection of papers from the first Consultation on Wesleyan and
Orthodox Spirituality edited by Kimbrough (2002); and Christensen and Jeffery (2008, p.
219-230).
For Wesley, Christian perfection (or real Christian maturity) “is nothing
higher and nothing lower than this: the pure love of God and man—the
loving God with all our heart and soul and our neighbor as ourselves.
It is love governing the heart and life, running through all our tempers,
words, and actions” (WESLEY, 1779 [vol. 11], p. 397). In Wesley’s view,
“Pure love reigning alone in the heart and life … is the whole of scriptural
perfection.” 28 He put it this way in one of the most poetically beautiful
images in his writings: “What is the most perfect creature in heaven or
earth in thy presence but a void, capable of being filled with thee and by
thee?”29 Theodore Runyon beautifully captures the point of this powerful
Wesleyan language:
The best starting point for reinterpreting and reappropriating Wesley’s doc-
trine of Christian perfection ... is the perfection of God’s love as we receive
it from Christ through the Holy Spirit. But in rethinking this doctrine it is im-
portant to focus first of all not on our own perfection but on the perfection of
that which we receive. God’s love is perfect … We receive and participate
in perfect love.30
27
Noble, Holy Trinity: Holy People, 91.
28
Ibid., Works (Jackson) 11:401.
29
Ibid., Works (Jackson) 11:440.
30
See Runyon (1998, p. 225). Although he has a somewhat different reading of Wesley’s
soteriology, Collins (2007, p. 302) agrees that in the final analysis “Christian perfection .
. . is another term for holy love”.
We are called not just to receive but to reflect this perfect love into the world,
to share it with our fellow creatures—and to share it perfectly, that is, to share
it in such a way that it can be received and appropriate by others as a love
whose source is God. . . . Our sanctifying is linked to and directed toward
the sanctifying of the world, and as such is an ever-beckoning, never-finished
project, even though the love we redirect is complete as it comes from the
divine source (Runyon, 1998, p. 225).
A Note on Resources
In addition to the now-standard works on John Wesley and his the-
ology as whole by Colin Williams, Albert Outler, Dick Heitzenrater, Ted
Runyon, Walter Klaiber & Manfred Marquardt, Randy Maddox, and Ken
Collins, the classic works exploring Wesley’s idea of Christian perfection,
or entire sanctification, include Flew (1934), Lindström (1946/1998); and
Greathouse (1979). More recent studies that are particularly relevant to
the issues discussed here include Mann (2006); Rankin (2011); and Noble
(2013). Given the current theological environment of the Methodist Church
in Brazil, readers there may be particularly interested in the exchange of
views presented in the article by Wood (1999, p. 24-63); and the response
by Maddox (1999, p. 78–110).
Referências
ABRAHAM William J. “Christian Perfection”. In: William J. Abraham e James E.
Kirby (eds.). The Oxford Handbook of Methodist Studies, ed.. Oxford: Oxford
University Press, 2009, p. 587-601.
BASSETT, Paul M. “Culture And Concupiscence: The Changing Definition of Sanc-
tity in the Wesleyan Holiness Movement, 1867-1920”. In: Wesleyan Theological
Journal vol. 23, p. 59-127 (primaveira-outuno 1993).
BEBBINGTON, David. Holiness in Nineteenth-Century England. London: Pater-
noster Press, 2000.
Resumo
Este artigo trata da evangelização e doutrinamento ocorrido no período da co-
lonização da América Latina, com destaque ao Brasil e os motivos pelos quais
não se levou em conta o nativo como individuo autônomo. Analisa os aspectos
da teologia que reforçava a ideia da construção religiosa imposta pela Igreja
Apostólica Católica Romana provocando a marginalização do nativo, assim
sendo, partia-se da concepção de que o nativo era apenas um pagão carente
de salvação e de doutrinamento, não levando em conta que esse modelo de
evangelização provocava a sua anulação como indivíduo e como agente de si
mesmo no processo de escolha ou não de uma religião.
Palavras chaves: América Latina; Brasil; povos indígenas; evangelização; co-
lonização; conversão.
Abstract
This article deals with evangelism and indoctrination occurred during the coloni-
zation of Latin America and especially in Brazil and the reasons why not to take
into account the individual as autonomous native. We analyze aspects of theology
that reinforced the idea of building and hence the marginalization of the native,
treating it as Pagan needy of salvation and indoctrination costing its annulment
as an individual and as agent for itself in the selection process or not a religion.
Keywords: Conversion; Latin America; Brazil; native Latin Americans; evangeli-
zation; colonization; conversion.
Resumen
Este artículo trata de la evangelización y adoctrinamiento ocurrido durante la
colonización de América Latina, especialmente en Brasil y las razones por las
cuales no se tienen en cuenta los nativos como un ser individual. Examina los
aspectos de la teología que reforzaban la idea de las construcciones religiosas
impuestas por la Iglesia Católica Apostólica Romana provocando la marginación
de los nativos, por lo tanto, su origen en la idea de que el nativo era un pagano
en necesidad de salvación y el adoctrinamiento, sin tener en cuenta de que este
modelo de evangelización causó su cancelación como individuo y como agente
para sí mismo en la elección de una religión o no.
Palabras clave: América Latina, Brasil, indígenas, la evangelización, la coloni-
zación y la conversión.
Referências
Bíblia Sagrada NVI. São Paulo: Vida, 2005.
RETAMAR, R. F. Caliban e outros ensaios. Tradução Maria Elena Matte Hiriart e
Emir Sader. São Paulo: Busca Vida, 1988, p. 13-73.
HÖFFNER, J. Colonização e evangelho. Ética da colonização espanhola no século
de ouro. Rio de Janeiro: Presença, 1977.
Resumo
A escravidão havia sido drasticamente reduzida no mundo no começo do século
16, quando o descobrimento da América e das costas ocidentais e orientais
da África ofereceram ocasião para o seu ressurgimento. Este artigo pretende
avaliar as reflexões de Wesley sobre a escravidão a partir das suas publicações
sobre o tema, ocorridas no ano de 1774. O diálogo sobre o tema na atualidade
é favorecido por este esforço para mapear os debates sobre a escravidão negra
no contexto do metodismo nascente.
Palavras-chave: Escravidão negra; metodismo; teologia wesleyana; ética cristã.
Abstract
Slavery had been drastically reduced in the world at the beginning of the sixteenth
century, when the discovery of America and the western and eastern coasts of
Africa offered the occasion for its revival. This article aims to assess the reflec-
tions of Wesley on slavery from their publications on the subject, occurred in the
year 1774. The dialogue on the topic today is favored by this effort to map the
debates about black slavery in the context of Methodism spring.
Keywords: Slavery of african americans; methodism; wesleyan theology; chris-
tian ethics.
Resumen
La esclavitud se ha reducido drásticamente en el mundo a principios del siglo
16, cuando el descubrimiento de América y las costas este y oeste de África
ofreció la ocasión para su reactivación. Este artículo tiene como objetivo evaluar
los reflejos de Wesley sobre la esclavitud de sus publicaciones sobre el tema,
se produjo en el año 1774. El diálogo sobre el tema de hoy es favorecido por
este esfuerzo para asignar los debates sobre la esclavitud negro en el contexto
de la primavera metodismo.
Palabras clave: La esclavitud de los afroamericanos; metodismo; teología
wesleyana; ética cristiana.
Considerações finais
Wesley conclui as “Reflexões sobre a escravidão” com uma oração e
um desejo: “Que Deus tenha compaixão desta gente desprezada, pisada
como esterco sobre a terra!” Seguindo o pensamento paulino, Wesley
lembra em sua oração: “No son éstos obre de tus manos, adquirida por
la sangre de tu Hijo?” (WESLEY, 1997 [vol. 7], p. 127). Para Wesley,
mesmo a descendência escrava de Cam foi comprada pelo sangue do
Filho de Deus. Sua oração e desejo é que Jesus, o Salvador de todos,
possa fazê-los livres, para que sejam livres de verdade (WESLEY, 1997
[vol. 7], p. 128).
Referências
BARBOSA, J. C. Negro não entra na igreja – espia da banda de fora. Protestan-
tismo e escravidão no Brasil Império. Piracicaba: UNIMEP, 2002.
HEITZENRATER, R. P. Wesley e o povo chamado metodista. Rio de Janeiro/São
Bernardo do Campo: EDITEO/Pastoral Bennett, 1996.
OLIVEIRA, M. D. de. A religião mais negra do Brasil. São Paulo: Mundo Cristão,
2005.
REILY, D. A. Momentos decisivos do metodismo. São Bernardo do Campo: Im-
prensa Metodista, 1991.
RUNYON, T. A nova criação: a teologia de João Wesley hoje. São Bernardo do
Campo: EDITEO, 2002.
SILVA, G. W.. Lima e. Herança maldita? A inserção do metodismo no Brasil:
uma interpretação histórico-teológica da ação missionária metodista na segunda
metade do século XIX. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São
Paulo, 2005. Monografia.
______. “O metodismo primitivo e a valoração da cultura africana: reflexões sobre
os direitos humanos em Wesley”. In: Caminhando, vol. 13, n. 2 [antigo n. 21], p.
135-146 (jan./jun. 2008).
VVAA. Teologia em perspectiva wesleyana. São Bernardo do Campo: EDITEO,
2005.
WESLEY, J. Obras de Wesley. Editor General: Justo L. González. Franklin, Ten-
nessee: Providence House Publishers, 1996-1998.
Resumo
A pesquisa relacionou duas dimensões fundamentais da fé cristã que é a missão
e a perspectiva ecumênica. As bases metodológicas de análise foram avaliações
de contribuições de diferentes perspectivas teológicas para o tema da missão
diante do pluralismo religioso, como as de Michael Amaladoss e de Christine
Lienemann-Perrin e a dos teólogos metodistas Wesley Ariarajah e Inderjit Bhogal.
Como resultado, indicamos perspectivas fundadas no valor do humano e da ética
social para o diálogo inter-religioso e para a prática missionária, as possibilidades
de uma unidade aberta, convidativa e integradora no âmbito das religiões e como
a aproximação e diálogo influem na defesa dos direitos humanos e como eles
redimensionam a missão cristã. Nossa intenção foi realçar as possibilidades de
uma teologia da missão, de inspiração dialogal e ecumênica, tendo como eixo
articulador a preocupação pela paz, pela justiça e pela integridade da criação.
Palavras-chave: Missão; teologia das religiões; direitos humanos, diálogo,
metodismo.
Abstract
This paper brings together two fundamental dimensions of the Christian faith:
mission and the ecumenical perspective. The methodological framework is
composed of some critical contributions from different theological perspectives
on mission and religious pluralism: those of Michael Amaladoss and Christine
Lienemann-Perrin, and two Methodist theologians, Wesley Ariarajah and Inderjit
Bhogal. As a result we will indicate some perspectives based on human value
and social ethics for interreligious dialogue, and for missionary practice; we will
consider the possibilities of an open unity that invites and integrates religious life.
We show how this proximity and dialogue have an influence in the struggle for
human rights, and reshape Christian mission. We will highlight the possibilities
of a theology of mission, inspired by dialogue and ecumenism, and oriented by
peace, justice and the integrity of creation.
Keywords: Mission; theology of religions; human rights; dialogue, Methodism.
Resumen
Este texto relacionó dos dimensiones fundamentales de la fe cristiana: la misión
y la perspectiva ecuménica. Las bases metodológicas del análisis se componen
del uso crítico de las contribuciones de diferentes perspectivas teológicas para
el tema de la misión delante del pluralismo religioso: las de Michel Amaladoss, y
Christine Lienemann-Perrin; y las de dos teólogos metodistas: Wesley Ariarajah
e Inderjit Bhogal. Como resultado, indicamos perspectivas fundadas en el valor
de lo humano y de la ética social para el diálogo inter-religioso y para la práctica
misionera; consideramos las posibilidades de una unidad abierta, que nos invita
e integra constantemente en el ámbito de las religiones; indicamos también como
este acercamiento y diálogo influyen en la cuestión de la defensa de los derechos
Introdução
O tema da missão é algo crucial na prática da fé cristã e que tem
sido analisado e reinterpretado diante do horizonte de uma cultura religio-
samente plural. Trata-se de tema desafiador, pois a perspectiva do diálogo
pode ser interpretada em diferentes sentidos, incluindo o receio pela perda
da identidade religiosa e da assimilação de práticas sincréticas e também
o temor em relação ao fato da missão ser inviabilizada pelo diálogo inter-
-religioso. Daí ser fundamental a reflexão sobre a prática missionária no
contexto de uma teologia ecumênica das religiões.
A perspectiva do diálogo leva os grupos cristãos a repensarem a
missão que se centrou em um mero exercício de tentar convencer as
pessoas com crenças distintas ao cristianismo para se converterem à re-
ligião cristã e aos seus princípios e crenças tradicionalmente construídas.
No espaço do diálogo, as tradições religiosas interpelaram-se levando as
suas vivências para caminhos mais profundos. Trata-se de uma abertura
para a escuta, para a mudança e para uma maior compreensão do próprio
espaço de fé, pois no diálogo há uma mudança e a criação de um lugar
fértil para a espiritualidade.
Como referência teórica e metodológica, temos as reflexões de
destacadas pessoas no campo teológico, todas comprometidas com
ações missionárias relevantes. O primeiro passo metodológico utilizado
na pesquisa foi avaliar a importância do diálogo e da defesa dos direitos
humanos na visão missionária, a partir de escritos de Michael Amaladoss
e de Christine Lienemann-Perrin. Ambos indicam que uma comunicação
mais dialógica entre as religiões oferece condições para que todas identifi-
cassem suas próprias limitações e se voltassem, assim, para a promoção
dos valores humanos e para a justiça e para o bem-estar de todas as
pessoas, pressupondo que esse é o sentido missionário fundamental.
O segundo passo metodológico foi sintetizar a visão de Wesley
Ariarajah que elabora uma teologia da missão dentro do horizonte da
teologia das religiões, a partir de sua vivência missionária inter-religiosa.
Para tanto, ele procura uma releitura do texto bíblico relacionada com as
pessoas de outras fés e pesquisa, entre outros temas, o diálogo entre o
evangelho e as culturas. Nessa mesma perspectiva está a contribuição
de Inderjit Bhogal. O aporte teórico-prático, relevante nas reflexões sobre
a missão cristã em perspectiva ecumênica vem a partir da sua experi-
ência de sikh-cristão. A pesquisa procura identificar a importância que o
[...] deverá ter, entre outras, três características: apoio à vida, experiência
de vida em comunidade e consciência da transcendência. Para dar corpo
a essas perspectivas, temos necessidade de comunidades contraculturais
que às vezes serão ‘modelos de’ e ‘modelos para’ as comunidades do Reino
de Deus. Elas não devem ser institucionais, nem liminares. No mundo de
hoje, essas comunidades serão inter-religiosas, formadas por pessoas de
diferentes credos e ideologias, mas unidas na mesma luta contra Mamon
(AMALADOSS, 2000, p. 150).
A área mais difícil para o diálogo e missão tem a ver com a nossa compre-
ensão de Cristo e de sua relação com o mundo. Muito do pensamento da
missão se baseia em três ou quatro versos-chave na Bíblia. Estes incluem a
chamada Grande Comissão de Mateus 28, de “ir por todo o mundo e pregar
o Evangelho a todas as nações”, a afirmação de João 14.6, de que Jesus
é o “caminho, a verdade e a vida, e ninguém vem ao Pai exceto por mim”,
e as afirmações de Atos dos Apóstolos de que Jesus é o único mediador
entre Deus e os seres humanos. Muitas vezes, estes versos são isolados
de seus contextos imediatos e isolados de todo o restante da mensagem
da Bíblia para argumentar que cada ser humano deve aceitar Jesus Cristo
como seu salvador para ser salvo.
Aqueles que dialogam demonstraram que a mensagem geral de Bíblia é
muito mais complexa do que se presume por uma leitura seletiva da Bíblia.
Ela começa com Deus como criador de todo o mundo; que Deus é alguém
que cuida e nutre a todos. Nas Escrituras hebraicas, mesmo que Israel seja
escolhido como “luz para as nações” e para “viver a justiça de Deus entre as
nações”, Deus permanece sendo o Deus de todas as nações. Nenhuma nação
e ninguém estão fora do amor providencial de Deus (ARIARAJAH, 2011, p. 34).
Considerações finais
Nossa reflexão girou em torno da reflexão missionária diante do plura-
lismo religioso e do papel das religiões nos processos de estabelecimento
da paz, da justiça e da sustentabilidade da vida. Consideramos, por suposto,
que as grandes questões que afetam a humanidade e toda a criação re-
querem indicações teológicas consistentes e que há processos de abertura
e de diálogo entre distintas religiões, em diversas frentes de ação, assim
como há processos de enrijecimento das perspectivas religiosas, fortale-
cimento de práticas e valores fundamentalistas, acirramento de conflitos e
reforço de culturas de violência. O quadro religioso vive intensamente essa
ambiguidade e as reflexões teológicas precisam considerá-la atentamente.
Outra pressuposição importante com que trabalhamos foi que diante
das diversas indagações sobre a vida, em especial os temas que envolvem
a paz e a justiça no mundo, são necessários eixos norteadores para que
a reflexão teológica possua a abrangência capaz de ser relevante diante
dos desafios que a sociedade apresenta na atualidade. Nossa proposição
é que a perspectiva ecumênica, uma vez articulada com as dimensões
sociais, políticas, econômicas e culturais, dentro dos variados contextos
históricos, pode oferecer densidade e amplitude para a reflexão teológica.
Os esforços que valorizam a capacidade de diálogo e de sensibilidade
ecumênica e aqueles que destacam a importância pública das religiões
partem da concepção de que a perspectiva ecumênica, tanto em nível
prático quanto em nível teórico-metodológico, requer e possibilita uma
compreensão mais apurada da realidade, um aperfeiçoamento de visões
dialógicas e o cultivo de maior sensibilidade para a valorização da vida
e para a promoção da paz e da justiça.
Destacamos, com base nas contribuições de diferentes perspectivas
teólógicas, o valor do humano e da ética social para o diálogo inter-reli-
gioso, as possibilidades de uma unidade aberta, convidativa e integradora
no âmbito das religiões e como esse influi na defesa dos direitos humanos
e como ele redimensiona a missão cristã. Nossa intenção foi realçar as
possibilidades de uma teologia da missão, de inspiração dialogal e ecu-
mênica, tendo como eixo articulador a preocupação pela paz, pela justiça
e pela integridade da criação.
Helmut Renders
Introdução
A ética de Hans Jonas (1979, port: 2006) reflete sobre a responsabi-
lidade da nossa geração a respeito das futuras gerações. Com isso ela é,
por um lado, uma terceira forma da ética de responsabilidade – depois da
proposta de Max Weber (1919, 1992, por. 2000) de uma ética da respon-
sabilidade em prol da polis, e da ética de Dietrich Bonhoeffer (1949, 1992,
port.: 2008) da responsabilidade diante de Deus, ou, segundo Hartmann
(1992), uma ética da responsabilidade existencial – e, por outro lado, pa-
recida com uma ética parental, uma ética na tradição da responsabilidade
de pais para com os seus filhos. Com isso, ela combina dois aspectos
importantes para o exercício do discernimento moral, os elementos da
responsabilidade em sociedade e da afetividade, construindo uma respon-
sabilidade motivada, no mínimo, de forma secundária, pela afetividade.
O texto em seguida, escrito por Walter Rauschenbusch (1861-1918),
se destaca pelo fato de articular uma idéia parecida, a da responsabilida-
de com as futuras gerações, ou como ele escreve, para com aqueles que
“virão depois de nós”, e a da construção de uma relação afetiva, mediante
Tradução
For those who come after us1 Pelos que virão depois de nós
GOD, we pray thee for those Ó DEUS, rogamos-te por
who come after us, for our children, aqueles que virão depois de nós,
and the children of our friends, and pelos nossos filhos e os filhos de
for all the young lives that are mar- nossos amigos e por todas as jo-
ching up from the gates of birth, vens vidas que vêm do berço, pu-
pure and eager, with the morning ras e ardentes, com o resplendor
simshine on their faces. We re- da manhã nos seus semblantes.
member with a pang that these will Lembramo-nos com ânsia de que
live in the world we are making for estes viverão no mundo que es-
them. We are wasting the resources tamos preparando para eles. Des-
of the earth in our headlong greed, perdiçamos as reservas da terra
and they will suffer want. We are na nossa precipitada cobiça, e eles
building sunless houses and joyless sofrerão necessidade. Construímos
cities for our profit, and they must casas sem sol e cidades sem ale-
dwell therein. We are making the gria para nosso proveito e nelas
burden heavy and the pace of work eles morarão. Tornamos o fardo
pitiless, and they will fall wan and pesado e o passo do trabalho sem
sobbing by the wayside. We are misericórdia e eles cairão pálidos e
poisoning the air of our land by our soluçando à beira da estrada. Enve-
lies and our uncleanness, and they nenamos o ar de nossa terra com
will breathe it. as nossas mentiras e impurezas e
O God, thou knowest how we eles o respirarão.
have cried out in agony when the Ó Deus, tu conheces a ago-
sins of our fathers have been vi- nia com que choramos quando os
sited upon us, and how we have pecados de nossos pais foram vi-
1
Walter Rauschenbusch (1910, p. 109-110). sitados em nós, e como lutamos
146 Helmut Renders: Uma expressão da ética parental 69 anos antes Jonas
struggled vainly against the inexo- em vão contra a lei inexorável que
rable fate that coursed in our blood corria em nosso sangue ou fazia de
or bound us in a prison-house of nossa vida um cárcere. Livra-nos
life. Save us from maiming the in- de mutilar os inocentes que vêm
nocent ones who come after us by depois de nós com a crueldade de
the added cruelty of our sins. Help nossos pecados. Ajuda-nos a que-
us to break the ancient force of evil brar a velha força do mal com a
by a holy and steadfast will and to nossa santa e firme vontade para
endow our children with purer blood dotarmos nossos filhos com sangue
and nobler thoughts. Grant us grace mais puro e mais nobres pensa-
to leave the earth fairer than we mentos. Concede-nos a graça de
found it; to build upon it cities of deixarmos a terra mais bela do que
God in which the cry of needless a encontramos; de construirmos
pain shall cease; and to put the nela cidades de Deus nas quais
yoke of Christ upon our business não haverá o pranto de desneces-
life that it may serve and not des- sário sofrimento; e de pormos o
troy. Lift the veil of the future and jugo de Cristo na nossa vida de
show us the generation to come negócios, para que ela sirva e não
as it will be if blighted by our guilt, destrua. Levanta o véu do futuro e
that our lust may be cooled and we mostra-nos as gerações vindouras
may walk in the fear of the Eternal. tais como serão, se forem arruina-
Grant us a vision of the far-off ye- das pela nossa culpa, a fim de que
ars as they may be if redeemed by se arrefeça a nossa concupiscência
the sons of God, that we may take e possamos caminhar no temor do
heart and do battle for thy children Eterno. Concede-nos a visão de
and ours. como hão de ser os dias futuros,
se forem redimidos pelos filhos de
Deus, para que nos animemos e
combatamos pelos teus filhos e
pelos nossos.
Referências
BONHOEFFER, Dietrich. Ethik. Ed. Eberhard Bethge. München: C. Kaiser, 1949.
300p. Edição crítica: Ethik. Ilse Tödt et al. (ed.). Obras de Dietrich Bonhoeffer,
vol. 6. Gütersloh: Gütersloher Verlagshaus, 1992 [Português: BONHOEFFER,
Dietrich. Ética: Tradução de Helberto Michel; Compilação de Eberhard Bethge.
8. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2008. 217p.].
HARTMANN, Wolfgang. Existenzielle Verantwortungsethik: eine moraltheologische
Denkform als Ansatz in den theologisch-ethischen Entwürfen von Karl Rahner und
Dietrich Bonhoeffer. Münster: Lit Verlag, 2005. [Tradução do título: Ética existencial
da responsabilidade: uma forma moral-teológica de pensar como ponto de partida
nos esboços de Karl Rahner e Dietrich Bonhoeffer].
148 Helmut Renders: Uma expressão da ética parental 69 anos antes Jonas
10 anos da aliança
anglicano-metodista inglesa
10 Years of the English Anglican-Methodist
Covenant
Introdução
A aliança entre a Igreja Metodista da Grã-Bretanha e da Igreja da
Inglaterra foi assinada 10 anos atrás em 1º de novembro de 2003. Depois
de um breve preâmbulo do texto do convênio estabelece sete afirmações
mútuas e seis compromissos mútuos. O pacto coloca as duas Igrejas em
um caminho de sempre, além de aprofundar as relações de confiança
mútua e da cooperação na estrada para uma unidade mais rica envolven-
do todos os que chamam a si próprios discípulos de Cristo. A Igreja da
Inglaterra e a Igreja Metodista da Grã-Bretanha entraram no seu compro-
-misso de aliança após conversas de vários anos. Na sua reunião em
Llandudno, em junho de 2003, a Conferência Metodista aprovou o pacto
por uma maioria substancial. Pouco depois, em uma reunião em Nova
York em julho de 2003, o Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra também
votou por uma maioria substancial para entrar na aliança.
A assinatura formal nacional do pacto teve lugar na Metodista Cen-
tral Hall, Westminster, no sábado, 1º de novembro de 2003, na presença
de Vossa Majestade a Rainha e antes de uma assembleia convidados.
Os arcebispos de Canterbury e York e do secretário-geral do Sínodo
Ge-ral, assinado em nome da Igreja da Inglaterra. O Presidente, Vice-
-Presidente e Secretário da Conferência Metodista, assinado em nome da
Igreja Metodista. A cerimônia prosseguiu na Aba-dia de Westminster com
um culto de agradecimento e dedicação. A Igreja da Inglaterra e a Igreja
Metodista da Grã-Bretanha entraram no seu compromisso de aliança após
conversas de vários anos.
Uma página na internet informa sobre diversos aspectos da colabo-
ração em nível da igreja local1 .
* Introdução e tradução.
1
Disponível em: <http://www.anglican-methodist.org.uk/index.htm>. Acesso em: 10 maio
2013.
RESUMO
Resenha de Revista Bíblica: GARMUS, Ludovico. Ética e Sustentabilidade.
Estudos Bíblicos, vol. 30, n. 117, jan./mar. 2013. Petrópolis: Vozes, 2013. 101
p. ISSN 1676-4951.
ABSTRACT
Biblical Journal Review: GARMUS, Ludovico. Ética e Sustentabilidade. Estudos
Bíblicos, vol. 30, n. 117, jan./mar. 2013. Petrópolis: Vozes, 2013. ISSN 1676-4951.
RESUMEN
Reseña del Revista Bíblico: GARMUS, Ludovico. Ética e Sustentabilidade. Es-
tudos Bíblicos, vol. 30, n. 117, jan./mar. 2013. Petrópolis: Vozes, 2013. ISSN
1676-4951.