Adicione um título ao seu documento 1
Deglutição
A deglutição é resultante de um complexo mecanismo
neuromotor que tem como função transportar o
alimento da cavidade oral para o estômago. No recém-
nascido a laringe está aproximadamente em nível de C1
para C4, descendo, em adultos, para C4 a C7, perdendo
o contato da epiglote com o palato mole. No ser
humano adulto, isso pode aumentar o risco de aspiração
de alimento para as vias aéreas, em função da
proximidade da entrada do esôfago e da laringe e do
caminho em comum (faringe) pelo qual o ar e o bolo
deglutido devem passar.
A deglutição é um padrão motor que incorpora
informação sensorial periférica em direção a uma
resposta motora. O impulso sensório dos nervos
trigêmeo (V), facial (VII), glossofaríngeo (IX) e vago (X),
que desencadeia a deglutição, é conduzido,
principalmente, ao núcleo do trato solitário. O impulso
aferente do V e do VII também realiza sinapse no núcleo
trigeminal primário, e algumas fibras alcançam o núcleo
do trato solitário. A área formada pelo núcleo do trato
solitário e pela formação reticular ventromedial,
constitui o centro bilateral da deglutição, a qual recebe
adequada informação aferente da periferia ou de outros
centros cerebrais superiores e programa uma resposta
de deglutição mediada pelos neurônios motores V, VII,
IX, X e XII.
Duas grandes teorias foram propostas para descrever o
mecanismo da deglutição: a hipótese da corrente
reflexa e a do gerador de padrão central. O processo
biomecânico de deglutição pode ser dividido nas fases
preparatória, oral, faríngea e esofágica, sendo duas
voluntárias (preparatória e oral) e duas involuntárias
(faríngea e esofágica).
Fase Oral Preparatória
A primeira fase a ocorrer durante a função de
deglutição é a preparatória, que consiste em preparar o
material na boca para ser deglutido. Dois padrões de
posicionamento do bolo alimentar em relação a língua
podem ser observados: o padrão tipper (língua mantém
o bolo em sua superfície dorsal); e o dipper (posição do
bolo no sulco sublingual anterior).
Os materiais sólidos ou semissólidos são mastigados,
misturados com a saliva e preparados para serem
deglutidos, a ponta da língua é posicionada contra o
incisivo superior ou rebordo alveolar da maxila. A
cavidade oral posterior é isolada, em caso de bolo
alimentar maior, pela elevação da base da língua contra
o palato mole.
Músculos orbiculares e bucinadores têm grande
importância durante a mastigação. Durante a fase oral
da deglutição, esses músculos se contraem levemente
para estabilizar a mandíbula, os lábios e as bochechas.
A coordenação entre a fase mastigatória e as outras
fases da deglutição e respiração é necessária para evitar
a aspiração.
Fase Oral
Na fase oral da deglutição, a língua eleva primeiro a sua
ponta e depois a sua base e, por meio de movimentos
ondulatórios e peristálticos, faz contato sequencial com
o palato duro e mole, conduzindo o bolo para a faringe.
Os movimentos linguais tornam-se descendentes e
anteriores para ampliar as cavidades da orofaringe e
hipofaringe e para empurrar o bolo a orofaringe. Em
suma, a língua age como um êmbolo de força que
direciona o bolo da orofaringe para o esôfago, e essa
propulsão é gerada, principalmente, pela força da
língua aplicada sobre a cauda do bolo.
Assim, nota-se que a língua está envolvida na
preparação e condução do alimento. Seus músculos
extrínsecos favorecem a protrusão, retrusão e
lateralização, e sua musculatura intrínseca são
responsáveis por alterar sua forma e o seu tamanho.
Simultaneamente a esse processo, ocorre o
fechamento da nasofaringe, isolando a rinofaringe e
ampliando a zona do esfíncter glossofaríngeo, o qual
permanece fechado na presença de alimento na
cavidade oral, para prevenir o escape prematuro em
direção a orofaringe, abrindo durante a deglutição. O
fechamento desse esfíncter é gerado por músculos
específicos do palato e da língua, de forma que o palato
é puxado para baixo em direção à região posterior da
língua, sob ação do músculo palatoglosso, enquanto a
língua é tracionada para cima e posteriormente contra
o palato pelos músculos estiloglosso e palatoglosso.
O controle motor dos lábios, das bochechas e da boca
está relacionado ao nervo facial (VII), o da língua, ao
nervo hipoglosso (XII), e os movimentos da mandíbula,
ao nervo trigêmeo (V). O controle sensorial dessa fase
refere-se aos seguintes nervos cranianos: V, relacionado
a forma e a textura; VII e IX, ao paladar; V, a posição da
articulação temporomandibular (ATM).
Pedro Philippo

Fase Faríngea
O estádio faríngeo representa a sequência de eventos
fixos, mas fatores como volume e consistência do bolo
alimentar podem influenciar essa dinâmica.
O controle neurológico da fase faríngea referente à
faringe, laringe e cricofaríngeo está relacionado aos
pares cranianos V, IX e X. Alguns estão relacionados ao
impulso sensorial que elicia e guia a deglutição, e outros,
relacionados às sensações da parte posterior da língua,
da úvula e palato mole. O controle motor é efetuado
pelos pares: V, VII, IX, X e XII.
A faringe é constituída pela nasofaringe, orofaringe e
hipofaringe, e as suas paredes, pelos músculos
constritores superior, médio e inferior da faringe. A fase
faríngea inicia-se com a entrada do bolo na faringe. Tal
fase é coincidente com a elevação do palato mole
contra a parede faríngea posterior, permitindo que o
bolo deixe a boca, além de isolar a nasofaringe da
possibilidade de regurgitação. Essa fase requer
realização bem-sucedida de duas condições: o
transporte completo do bolo através da faringe para
esfíncter superior do esôfago e proteção do caminho
aéreo de aspiração do material deglutido. O
encurtamento dos músculos faríngeos também ajuda a
elevar a laringe e ampliar o diâmetro transverso do
esfíncter superior do esôfago.
O início da peristalse faríngea coincide com o contato
entre a base da língua e a parede faríngea posterior, no
término do movimento posterior da língua, de modo
que o bolo é impulsionado para o esôfago superior.
Nessa fase, sobre a “calda” do bolo, é aplicada uma
força de propulsão em direção à hipofaringe,
favorecendo seu trânsito. O início da fase faríngea está
relacionado ao início do movimento do hioide.
Adicione um título ao seu documento 2
O nervo laríngeo superior é o mais importante para
disparar o reflexo da deglutição, sendo responsável pela
sensibilidade da mucosa laríngea até o nível das pregas
vocais. É responsável pela aferência da mucosa faríngea,
epiglote, valécula, vestíbulo da laringe, prega
ariepglótica e mucosa do dorso das cartilagens
aritenoides.
Para início do reflexo da deglutição, as áreas mais
sensíveis são a epiglote e a laringe. Dessa forma, a
estimulação da epiglote e a entrada do bolo ejetado na
orofaringe podem iniciar deglutição, apneia, adução
das cordas vocais e ativação dos músculos expiratórios.
A laringe realiza excursão anterossuperior pela
contração dos músculos supra-hióideos, tireo-hióideos,
e elevadores da faringe, favorecendo a abertura por
tração do esfíncter do esôfago e a ampliação da faringe
para entrada do bolo. Finalmente, o fluxo pelo esfíncter
é completado durante a descida da laringe para sua
posição de repouso.
O fechamento do vestíbulo laríngeo, para proteção do
caminho aéreo durante a função de deglutição, ocorre
por meio da elevação do complexo hiolaríngeo e pela
contração dos músculos intrínsecos da laringe:
 Fechamento da epiglote sobre a cartilagem
aritenoide;
 Fechamento das falsas pregas vocais;
 Inclinação das aritenoides anteriormente, para
baixo e medialmente;
 Fechamento das pregas vocais verdadeiras.
A pausa respiratória é um dos eventos mais precoces
durante a fase de deglutição. Pode persistir por meio da
fase faríngea, podendo haver o envolvimento do
sistema cerebral superior ou simplesmente de um
reflexo oroglotal. O fechamento do vestíbulo é
incompleto e não persiste durante toda a realização da
função. A máxima adução das pregas vocais precede o
aparecimento das ondas peristálticas na orofaringe, e é
o primeiro evento a ocorrer e permanece na sequência
da deglutição orofaríngea.
Durante o período de apneia, há uma pausa na ação dos
músculos expiratórios, associado com o fechamento do
istmo velofaríngeo e da laringe. Essa transiente
interrupção do ar durante a ação da deglutição ocorre
não só por fechamento mecânico do caminho aéreo
superior, mas também pela inibição da atividade
respiratória do SNC.
O intervalo de apneia termina antes de completada a
deglutição, e a ocorrência da expiração depois de seu
Pedro Philippo

término pode ser considerada um mecanismo
fisiológico para prevenir aspiração.
Fase Esofágica
A transição entre as fases faríngea e esofágica da
deglutição é marcada pela passagem da onda
peristáltica faríngea pelo cricofaríngeo, encerrando o
relaxamento do ESE. A retroalimentação sensorial do
bolo alimentar, à medida que ele passa pelo esôfago, é
um importante componente na inibição do peristaltismo
esofágico. O peristaltismo esofágico ocorre,
normalmente, como uma suave e ininterrupta onda de
contração, que atravessa o esôfago inteiramente.
O esfíncter superior do esôfago é uma zona de alta
pressão. Sua função primária é permitir a passagem de
alimentos para o esôfago e prevenir a ingestão de ar.
Ele permite o refluxo do material do esôfago para a
faringe, durante o vômito ou eructação. Durante a
deglutição, esses músculos normalmente relaxam,
acompanhando a abertura do esfíncter. O cricofaríngeo
é o músculo mais importante do ESE, com contribuição
do constritor faríngeo inferior e da musculatura
proximal do esôfago.
O mecanismo de abertura do ESE pode ser dividido em
5 fases:
1) Relaxamento;
2) Abertura;
3) Distensão;
4) Colapso;
5) Fechamento
O relaxamento do esfíncter precede a abertura, a qual
é um evento que ocorre no curso de elevação laríngea. A
ocorrência de excursão superior e anterior da laringe é
fundamental para abertura do ESE. Um vácuo é criado
por esse movimento, que, com a gravidade, puxará o
bolo para o esfíncter superior, além disso, a pressão do
Adicione um título ao seu documento 3
bolo deve ser suficiente para maximizar a abertura do
ESE. A junção da laringe com o hioide, permite que essas
estruturas, junto com o ESE, funcionem como uma única
estrutura durante a deglutição.
Sendo assim, o relaxamento do esfíncter superior do
esôfago ocorre precocemente, durante o movimento
anterior do hioide, e a abertura do esfíncter somente
ocorre após a excursão anterior e superior.
A distensão do esfíncter após a abertura é modulada
mais pela pressão do bolo do que pelo movimento do
hioide. No período denominado colapso, após sua
distensão, o esfíncter diminui seu diâmetro e a pressão
intrabolo retorna a um valor próximo a zero.
Portanto, todas as forças devem agir adequadamente.
Ou seja, o osso hioide deve estar no seu deslocamento
máximo, a fim de que o músculo cricofaríngeo possa ser
puxado para que ocorra a sua abertura máxima,
permitindo a passagem do bolo pelo ESE.
Quando bolo atravessa o ESE e chega à parte proximal
do esôfago, é desencadeada uma contração peristáltica
que atravessará todo o esôfago, até o fechamento do
esfíncter inferior, na transição esofagogástrica. Essa
contração é peristaltismo primário. O secundário é
quando a contração é desencadeada sem que tenha
havido deglutição.
O material deglutido chega rapidamente ao esfíncter
inferior. O peristaltismo ocorre como uma contração
esofágica que oblitera a luz do órgão e se propaga
progressivamente da parte proximal para a distal.
Quando acontece deglutição, o EIS relaxa, permitindo
a passagem do material deglutido.
Pedro Philippo