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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0006105-38.2015.8.05.0103
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : FORD MOTOR COMPANY BRASIL LTDA

Recorrido(s) JOAO RODRIGUES GOMES

Origem : 3ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - ILHÉUS

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. VÍCIO DO PRODUTO. RESPONSABILIDADE CIVIL


OBJETIVA POR DANOS AO CONSUMIDOR. NOTEBOOK. PROBLEMA NÃO
SOLUCIONADO NO PRAZO LEGAL DE 30 (TRINTA) DIAS. RETORNO DA
ASSISTÊNCIA COM OS MESMOS DEFEITOS. DESCUMPRIMENTO DO ART.18 DO
CDC. DANOS MORAIS CONFIGURADOS NO CASO CONCRETO. ESSENCIALIDADE
DO PRODUTO. QUANTUM ARBITRADO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou


parcialmente procedente o pedido, nestes termos: “Ante o exposto, julgo PROCEDENTE
o pedido para:CONDENAR a acionada, ante a responsabilidade objetiva e solidária, a pagar a
promovente, a título de danos morais, a importância de R$ 5.000,00 (Cinco mil reais), devendo ser
monetariamente corrigido pelo INPC, a partir da presente decisão (Súmula nº 362 STJ), bem
como incidir juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês (CC. Art. 406 e CTN art. 161, §1º), a
partir da citação (art. 405 do CC).CONDENAR a acionada, ao abatimento proporcional do preço
do veículo correspomdente a 10% do valor pago pelo veículo,nos termos do art. 18, inciso III, do
CDC devidamente corrigido a partir do ajuizamento e acrescido de juros legais desde a
citação...”.

2. A recorrente busca a reforma da sentença, e aduz, em síntese, que não


praticara ato ilícito, que não houve falha na prestação dos serviços, que não há
qualquer valor a ser restituído à parte autora, bem como que não existem provas
acerca da ocorrência do dano moral, requerendo ainda, em caráter eventual, a
redução do quantum arbitrado.

3. A sentença impugnada não merece reforma. Em que pese a alegação da


empresa demandada, esta não apresenta qualquer prova que a eximisse da
responsabilidade pelo vício do produto constatado no caso em apreço. Com efeito,
restou incontroverso que a parte requerente adquiriu veículo de marca da
demandada, RANGER LIMITED, 3.2, 20v, 4x4, automático, diesel, fabricado em
2013/modelo 2014 e que em pouco tempo de uso, em 18/06/2014, após um ano de
uso, passou a apresentar vício de qualidade, tendo ido e retornado da assistência
técnica por mais de 10 ( dez) vezes.

4. Assevera a parte autora que após certo período de uso o notebook começou a
apresentar defeito, tendo enviado o mesmo à assistência técnica por três vezes
seguidas, todavia não houve a resolução do problema,.tendo este retornado com
os mesmos problemas, sem que lhe fosse dada sequer justificativa plausível pela
assistência, diante da afirmativa de que as peças necessárias para o conserto não
se encontravam cobertas pela garantia.

5. Nesses termos, diante das alegações da parte autora, dotadas de


verossimilhança, corroboradas com as provas colacionadas, em especial a
nota fiscal de compra do produto, nota de serviço comprovando a estadia na
concessionária para reparos, e diante da ausência de provas acerca de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora, patente que
houve o descumprimento do quanto disposto no art.18 do CDC, na medida
em que o réu, devidamente cientificado acerca do defeito, não adotara
quaisquer das providências previstas no mencionado dispositivo legal, não
solucionando o vício apresentado no prazo legal de 30 ( trinta) dias, como
impõe o CDC. Patente, portanto, a ocorrência do ato ilícito, passível de
reparação, diante dos danos causados à parte autora.
6. Resta caracterizada, portanto, a abusividade da conduta do réu,
constituindo tal fato em manifesta falha na prestação dos serviços, devendo
o mesmo responder pelos prejuízos causados e comprovados nos autos à
parte autora, máxime em se tratando do lapso de tempo decorrido entre a
detecção do vício e a sua plena solução, não sendo desconsiderado que o
veículo, para além de mero meio de transporte, representa verdadeiro
instrumento de trabalho. Eventuais falhas e vícios, quando não resolvidos
tempestivamente, possuem o condão de gerar frustração na legítima
expectativa nutrida pelo consumidor de usufruir do bem que adquiriu.
7. Presentes, ademais, os requisitos caracterizadores da
responsabilidade objetiva. O art. 14 do CDC, dispondo sobre a
responsabilização do fornecedor pelo fato do produto ou serviço, preleciona
que: “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência
de culpa pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos.”
8. O conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do dano moral que
muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em situação que por certo
lhe trouxe intranqüilidade e sofrimento, máxime diante do dispêndio de tempo e
energias da parte autora para que o problema fosse solucionado, e diante da
relutância da empresa em atender ao legítimo pleito da autora, bem como da
essencialidade do produto em tela para a manutenção das atividades cotidianas.
9. Reconhecida a ocorrência dos danos morais na espécie, mister seja
arbitrado o seu quantum. No particular, o prudente arbítrio do magistrado exige
não deva ser considerada, apenas, a situação econômica do causador do dano,
porque, se tal for o critério, resvalar-se-á para o extremo oposto, com amplas
possibilidades de propiciar ao ofendido o enriquecimento sem causa. Há que se
atender, porém, e também com moderação, ao efeito inibidor da atitude repugnada.
10. O valor da indenização fixado pelo juiz sentenciante, a título de danos
morais, guarda compatibilidade com o comportamento do recorrente e com a
repercussão do fato na esfera pessoal da vítima e, ainda, está em harmonia com
os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser mantido.
11. Portanto, CONHEÇO DO RECURSO INTERPOSTO E NEGO-LHE
PROVIMENTO, para manter a sentença objurgada pelos próprios fundamentos.
Custas processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que arbitro em 20%
sobre o valor da condenação.

12. Salvador, Sala das Sessões, 10 de Novembro de 2016.


13. BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
14. Juíza Presidente e Relatora
15.
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0006105-38.2015.8.05.0103
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : FORD MOTOR COMPANY BRASIL LTDA

Recorrido(s) JOAO RODRIGUES GOMES

Origem : 3ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - ILHÉUS

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA
AUXILIADORA SOBRAL LEITE –Presidente e Relatora , ISABELA SANTOS LAGO e
ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte decisão: RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento. Custas
processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que arbitro em 20% sobre o valor
da condenação.
Salvador, Sala das Sessões, 10 de Novembro de 2016.
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Presidente e Relatora

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